Alvaro Martins Tese Vfinal

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  • 7/25/2019 Alvaro Martins Tese Vfinal

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    FUNDAO GETULIO VARGAS

    ESCOLA DE ADMINISTRAO DE EMPRESAS DE SO PAULO

    LVARO LUIZ MASSAD MARTINS

    Papel da Informatizao na Pequena e Mdia Empresa Brasileira: Investimentos em TI,Percepo da Gesto e Impacto nos Resultados

    So Paulo

    2016

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    LVARO LUIZ MASSAD MARTINS

    Papel da Informatizao na Pequena e Mdia Empresa Brasileira: Investimentos em TI,Percepo da Gesto e Impacto nos Resultados

    Tese apresentada Escola de Administrao de

    Empresas de So Paulo da Fundao Getulio

    Vargas, como requisito para obteno do ttulo

    de Doutor em Administrao Empresas.

    Linha de Pesquisa:

    Administrao, Anlise e Tecnologia da

    Informao

    Orientador:

    Prof. Dr. Fernando de Souza Meirelles

    So Paulo

    2016

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    Massad-Martins, lvaro Luiz.Papel da Informatizao na Pequena e Mdia Empresa Brasileira:

    Investimentos em TI, Percepo da Gesto e Impacto nos Resultados/ lvaro Luiz Massad Martins. - 2016.

    105 f.

    Orientador: Fernando de Souza MeirellesTese (doutorado) - Escola de Administrao de Empresas de So Paulo.

    1. Pequenas e mdias empresas - Automao. 2. Tecnologia da informao -Lucros. 3. Desempenho. I. Meirelles, Fernando de Souza. II. Tese (doutorado) -Escola de Administrao de Empresas de So Paulo. III. Ttulo.

    CDU 334.746.3/.4

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    LVARO LUIZ MASSAD MARTINS

    Papel da Informatizao na Pequena e Mdia Empresa Brasileira: Investimentos em TI,

    Percepo da Gesto e Impacto nos Resultados

    Tese apresentada Escola de Administrao de

    Empresas de So Paulo da Fundao Getulio

    Vargas, como requisito para obteno do ttulo

    de Doutor em Administrao Empresas.

    Linha de Pesquisa: Administrao, Anlise e

    Tecnologia da Informao

    Data de Avaliao: 24/02/2016

    Banca Examinadora:

    _____________________________

    Prof. Dr. Fernando de Souza Meirelles

    (Orientador)

    FGV-EAESP

    _____________________________

    Prof. Dr. Alberto Luiz Albertin

    FGV-EAESP

    _____________________________

    Prof. Dr. Eduardo Henrique DinizFGV-EAESP

    _____________________________

    Prof. Dr. Joo Mrio Csillag

    _____________________________

    Prof. Dr. Alexandre CappellozzaUniversidade Metodista de So Paulo

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    Dedico esta tese a minha esposa Patrcia,

    e a minha filha Isabella, com quem tenho

    tido o privilgio de conviver e

    compartilhar amor, sonhos, esperanas e

    alegrias.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo ao bom Deus que sempre tem me abenoado com sade e muita energia.

    Agradeo a meu pai Carlos Henrique, e a minha me Silbeni, pelo amor, apoio e encorajamento,

    que sempre foram e continuam sendo determinantes em minha formao e jornada at aqui.

    Agradeo a minha amada esposa Patrcia que com muito amor vem me brindando com carinho,

    compreenso e tolerncia, nestes anos que tm sido de luta e busca de novos ideais.

    Agradeo a minha amada filha Isabella que tanta luz tem trazido minha vida, fazendo nossavida ser plena de alegrias, sendo minha maior inspirao e fonte de energia.

    Agradeo ao Prof. Dr. Fernando de Souza Meirelles, meu orientador, exemplo e referncia, que

    com sua sabedoria tem me inspirado e direcionado desde o incio deste demandante perodo de

    doutorado at a concluso deste trabalho, sabendo cobrar e tambm incentivar.

    Agradeo ao Prof. Dr. Alberto Luiz Albertin, que tem me acompanhado desde os primeirostempos de ps-graduao nesta Escola, sempre mostrando caminhos e apoiando, alm de

    compartilhando valorosos ensinamentos acadmicos.

    Agradeo aos professores e colegas de doutorado pelos momentos compartilhados e pelo tanto

    que me ensinaram nestes intensos e agradveis anos juntos.

    Agradeo a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, colaboraram para a concluso demais esta importante etapa em minha vida.

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    Uma viso sem ao no passa de um sonho.

    Ao sem viso s um passatempo.

    Mas uma viso com ao pode mudar o mundo.

    Joel Barker

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    RESUMO

    No ambiente de competio globalizada que vemos nos dias atuais, h um crescentereconhecimento do papel central da Tecnologia de Informao (TI) para determinar o sucessoda empresa, levando-a a resultados melhores.As pequenas e mdias empresas tambm adotam a TI com o mesmo objetivo de obter benefciosdesse uso, porm sua realidade , na maioria dos casos, bastante diferente da das grandesempresas, especialmente por no possurem os mesmos recursos e competncias na rea de TI.Alm da competio algumas vezes outros fatores, tais como exigncias legais, no caso

    brasileiro, obrigam as empresas a buscar maior informatizao.Como as empresas se encontram em momentos diferentes no que diz respeito ao estgio deinformatizao, sobretudo ao papel que a rea de TI desempenha para cada uma, esta tese tem

    por objetivo verificar se existe associao entre os gastos e investimentos em TI e o desempenhoda pequena e mdia empresa brasileira.O trabalho busca captar as diferenas no resultado da empresa advindas do uso de TI. Paratanto, observa dados financeiros levando em considerao tambm a percepo dos executivossobre os estgios de informatizao e o papel que a TI desempenha na empresa.A metodologia adotada envolveu a aplicao de questionrios para obteno de dadosquantitativos sobre o perfil do uso de TI e informaes financeiras; bem como dadosqualitativos sobre a percepo do papel que TI desempenha nas empresas.Posteriormente foi aplicada a tcnica de anlise de cluster, que apresentou quatro agrupamentoscom comportamentos distintos em relao s variveis, denominados Digitais; Prudentes;Conservadores e Analgicos.

    Os resultados encontrados apontam evidncias da relao existente entre os gastos einvestimentos em TI e o aumento da lucratividade da empresa, especialmente diante da presenade percepes especficas dos gestores acerca do papel que TI desempenha na empresa.Empresas que apresentam um nvel de gastos e investimentos em TI mais elevado, associadoscom uma forte percepo dos gestores de que a TI pode contribuir positivamente com osobjetivos da empresa, resultam em um nvel de lucratividade superior; enquanto empresas cujosgestores percebem, de maneira intensa, que a TI no pode contribuir positivamente com osobjetivos da empresa, mesmo que faam nveis considerados acima da mdia de gastos einvestimentos em TI, apresentam um nvel de lucratividade inferior.Foram estudadas 355 pequenas e mdias empresas brasileiras, e a principal concluso foi quequanto maior a percepo dos gestores do impacto positivo da TI nos processos de negcio daempresa como um todo, tanto maior o impacto dos gastos e investimentos em TI nalucratividade da empresa.

    Palavras-chave:Tecnologia de Informao e competitividade. Pequenas e mdias empresas(PMEs). Percepo sobre estgios de informatizao e papel de TI. Desempenho e efetividade

    de TI.

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    ABSTRACT

    In this competitive environment globalized that we live nowadays there is a growingrecognition of the central role of Information Technology (IT) to determine the success of thecompany, leading to better results.SMEs have also adopted IT with the same purpose, obtaining benefits of such use, but theirreality is quite different in most cases of the large enterprises, especially for lack of the sameresources and skills in the IT field.Apart from the competition sometimes other factors such as legal requirements in the Braziliancase, requires that companies seeks greater computerization.As companies are in different kind and stages of computerization, and especially also becauseIT plays a different role in each company, this study aims to determine whether there is a

    correlation between spending and IT investments and the performance of small and mediumBrazilian companies.The study seeks to capture the differences in the outcome of the company arising from the useof IT, and for this observes financial data, taking into account also the executive's perceptionsabout the role that IT play in business.The methodology involves the application of questionnaires to obtain quantitative data on the

    profile of the use of IT and financial information; as well as qualitative data on the perceptionof the Information Technology role in business.After what was applied the cluster analysis technique, which presented four groups withdifferent behaviors in relation to variables, called "Digital"; "Prudent"; "Conservatives" and"Analog".

    The results point to evidences of the relationship between IT spending and investments and theincrease of the company's profitability, especially when in the presence of specific perceptionsof managers about the role that IT plays in the company.Companies with a higher level of IT expenditure and investment, combined with a strongawareness of managers that IT can contribute positively to the company's objectives, result ina higher level of profitability, while companies whose managers realize, intensely, that IT cannot contribute positively to the company's goals, even if the IT spending and investments areconsidered above average levels, have a lower level of profitability.This work studied 355 small and medium Brazilian companies, and the main conclusion wasthat the higher the perception of managers of the positive impact of IT in the company's business

    processes as a whole, the greater the impact of IT spending and investments in profitabilitycompany.

    Keywords: Information Technology and competitiveness. Small and medium enterprises(SMEs). Perception of computerization stages and the role that IT plays. Performance and ITeffectiveness.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1Seis estgios de crescimento de processamento de dados33

    Figura 2Posio de Sistemas de Informao.............35

    Figura 3Grade de impacto estratgico de TI...........................................................................36

    Figura 4Quadrante mgico Gartner.......................................................................................37

    Figura 5 - Dimenses do uso de Tecnologia de Informao em benefcio dos negcios............41

    Figura 6Modelo conceitual do estudo....................................................................................42

    Figura 7Distncias ao agrupar indivduos..............................................................................57

    Figura 8Mtodos hierrquicos aglomerativos........................................................................58

    Figura 9Mtodos de agrupamento hierrquico.......................................................................59Figura 10Papel de TI e gastos com TI.....................................................................................66

    Figura 11Sntese dos clusters.................................................................................................87

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1Porte da empresa.....................................................................................................46Grfico 2Anlise de outliervarivel ML.............................................................................54

    Grfico 3Anlise de outliervarivel MG............................................................................55

    Grfico 4Dendograma: quatro clusters..................................................................................62

    Grfico 5Setor de atividade355 empresas amostra final.....................................................64

    Grfico 6Setor de atividade por cluster..................................................................................68

    Grfico 7Mdia de idade por cluster......................................................................................69

    Grfico 8Mdia de funcionrios por cluster...........................................................................70Grfico 9Mdia de teclados em uso........................................................................................71

    Grfico 10Mdia de receita anual lquida...............................................................................72

    Grfico 11Mdia de lucratividade..........................................................................................73

    Grfico 12Mdia de gastos com TI.........................................................................................74

    Grfico 13Impacto de TI hoje sobre reduo de custos..........................................................75

    Grfico 14Impacto de TI hoje sobre aumento de produtividade.............................................76

    Grfico 15Impacto de TI hoje sobre novos produtos e servios..............................................77

    Grfico 16Impacto de TI no futuro sobre reduo de custos...................................................79

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    Grfico 17Impacto de TI no futuro sobre aumento de produtividade.....................................80

    Grfico 18Impacto de TI no futuro sobre novos produtos e servios......................................81

    Grfico 19Impacto estratgico de TI no futuro.......................................................................82

    Grfico 20Impacto das mudanas legais................................................................................83

    Grfico 21Comportamento dos clusters................................................................................88

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Construtos.................................................................................................................43

    Tabela 2 - Municpios onde se situam as empresas pesquisadas................................................44Tabela 3 - Correlao entre as variveis de percepo...............................................................51

    Tabela 4 - Anlise fatorial com seis variveis............................................................................52

    Tabela 5 - Anlise fatorial com trs variveis e rotao Varimax...............................................53

    Tabela 6 - Caractersticas das empresas que formam a amostra final.........................................64

    Tabela 7 - Caractersticas dos clusters.......................................................................................65

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    ABREVIATURAS E SIGLAS

    MFmdia de funcionrios

    MRmdia de receita

    MLmdia de lucro

    MGmdia de G

    MTmdia de teclados

    IDidade (desde quando a empresa usa TI)

    HRCimpacto de TI hoje sobre reduo de custos

    HAP - impacto de TI hoje sobre aumento de produtividade

    HPS - impacto de TI hoje sobre produtos e serviosFRC - impacto de TI no futuro sobre reduo de custos

    FAP - impacto de TI no futuro sobre aumento de produtividade

    FPS - impacto de TI no futuro sobre produtos e servios

    IEimpacto estratgico de TI no futuro

    IFimpacto das mudanas legais

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    SUMRIO

    1. Introduo..........................................................................................................................14

    2.

    Problema de pesquisa........................................................................................................17

    2.1.Objetivos......................................................................................................................19

    2.1.1. Geral..................................................................................................................19

    2.1.2. Especficos........................................................................................................19

    2.2.Justificativa..................................................................................................................20

    3. Fundamentao terica.....................................................................................................22

    3.1.Tecnologia de Informao e competitividade...............................................................22

    3.2.Desempenho e efetividade de TI...................................................................................253.3.Pequenas e mdias empresas (PMEs) ..........................................................................30

    3.4.Percepo sobre estgios de informatizao e papel de TI............................................33

    4. Metodologia.......................................................................................................................39

    4.1.Abordagem metodolgica............................................................................................40

    4.2.Modelo de pesquisa......................................................................................................42

    4.3.Amostra........................................................................................................................44

    4.4.Coleta de dados............................................................................................................474.5.Tratamento estatstico de dados....................................................................................49

    5. Apresentao e anlise dos resultados.............................................................................64

    6. Concluses..........................................................................................................................84

    Referncias...............................................................................................................................91

    Apndice AQuestionrio preliminar................................................................................104

    Apndice BQuestionrio final...........................................................................................105

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    1. Introduo

    O objetivo final de uma empresa alcanar lucro perene, e, para tanto, busca fazer o melhor

    uso possvel de seus recursos, alocando-os de acordo com as estratgias de negcio traadas,

    para assim buscar competitividade. Muitas so as teorias que nos mostram tal fato (Hamel e

    Prahalad, 1996; Lemos et al. 2011; Yen-Tsang, Csillag e Siegler, 2012).

    Mais recentemente, e cada vez mais, vemos a tecnologia desempenhar um papel relevante nas

    empresas, tornando-se assim um recurso dos mais importantes na busca pelo objetivo final dequalquer empresa, como mencionado em Moraes, Cappellozza e Meirelles (2011).

    Conforme podemos ver em diversos trabalhos j realizados (Bhatt e Grover, 2005; Tallon e

    Kraemer, 2007; Nevo, Wade e Cook, 2010, Higon, 2011, Ollo-Lopez e Aramendia-Muneta,

    2012), a tecnologia sempre foi uma varivel central na teoria organizacional, e o seu uso pelas

    empresas tem-se intensificado, como apontam os gastos cada vez maiores. No Brasil, o total

    anual de gastos e investimentos em TI nas empresas, quando medido como um percentual da

    receita, cresceu a uma taxa mdia de 7,6% ao ano, de 1988 a 2014 (Meirelles, 2015).

    Uma questo tambm central quanto ao uso de TI pelas empresas verificar se tal prtica leva

    melhoria de desempenho, tema j estudado por diversos autores (Melville, Kraemer e

    Gurbaxani, 2004; Lozinsky, 2008; Cao, 2010), mas ainda com resultados controversos, uma

    vez que alguns estudos apontam resultados positivos, enquanto outros dizem que no h

    relao, ou at mesmo que os resultados so negativos, havendo espao para maior

    entendimento.

    Segundo menciona Orlikowski (2000), tanto as organizaes como a tecnologia tm passado

    por dramticas mudanas no formato e funo e consequentemente tambm imperativa a

    mudana nas formas de gesto e de avaliao.

    Viso tambm compartilhada por Nolan e Mc Farlan (2005), para os quais o ritmo vertiginoso

    de mudana no mundo da tecnologia e as mudanas que a TI pode trazer para os negcios

    elevam os assuntos relativos TI a um alto grau de importncia.

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    No mesmo sentido, Albertin (2010) nos mostra que, nessa nova realidade, as organizaes se

    tornam virtuais num ambiente totalmente interconectado, o que tem exigido mudanas

    significativas nas diretrizes organizacionais, inclusive em sua estrutura e regras de autoridade

    e responsabilidade.

    No entendimento de Yoo (2010), as mudanas so to profundas no uso de TI pelas empresas

    e pelas pessoas (levando o conceito de computao ubqua a ser uma realidade presente em

    nossos dias), que at mesmo o estudo da rea deveria levar isso em conta, expandido o escopo

    das pesquisas.

    Weill, Woerner e Mocker (2014) complementam que, neste atual estgio de informatizao, em

    que vemos muitas empresas convivendo em um ambiente chamado por eles de total

    digitalizao, os desafios para a gesto em alto desempenho so enormes.

    Uma complexidade ainda maior encontrada, ao analisar as pequenas e mdias empresas

    (PMEs), que, apesar de desempenharem um importante papel no desenvolvimento econmico

    e social no mundo todo, no podem ser vistas com as mesmas lentes usadas relativamente sgrandes empresas (Devos, Landeghem e Deschoolmeester, 2012).

    Com base nessas mudanas e em alguns fatores, como o crescente ambiente de negcios

    digitais, nota-se o papel de polticos e governos criando leis que obrigam as pequenas empresas

    a se informatizarem, e os fornecedores de tecnologia cada vez mais enxergando as pequenas e

    mdias empresas como potenciais clientes. Encontramos tambm diversos trabalhos

    acadmicos que visam o maior entendimento do tema nas pequenas e mdias empresas (Dierckxe Stroeken, 1999; Southern e Tilley, 2000; Haug, Pedersen e Arlbjorn, 2011).

    No Brasil tambm se encontram alguns trabalhos pesquisando o impacto do uso de tecnologia

    pela pequena e mdia empresa brasileira, como o de Gonalves (1994), que estuda o setor de

    servios, o de Prates e Ospina (2004), que aborda diversos setores, e o de Lunardi, Dolci e

    Maada (2010) que tambm mostra o relacionamento entre a adoo de TI e o seu impacto no

    desempenho organizacional percebido.

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    Devido tanto ao impacto que as constantes e aceleradas mudanas no ambiente produzem nas

    organizaes e na sociedade quanto prpria evoluo da tecnologia, cada vez mais as

    empresas tm optado por maior gasto e investimento em TI, tendo esse tema obtido crescente

    importncia no contexto corporativo. Esta pesquisa abordar o tema com profundidade

    suficiente para melhor entender o assunto sob o aspecto cientfico.

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    levem maior competitividade no basta simplesmente adquirir a TI, mas, sobretudo, fazer um

    bom uso dessa TI, tanto internamente como no relacionamento com outras empresas, o que

    poder resultar na criao de valor para a empresa (Melville, Kraemer e Gurbaxani, 2004;

    Melville, Gurbaxani e Kraemer, 2007; Albertin e Albertin, 2012).

    Segundo os autores Mata, Fuerst e Barney (1995), apesar de ser bastante enfatizado o conceito

    de que a TI uma poderosa arma de competitividade, nem sempre a sustentabilidade dessa

    vantagem competitiva bem explicada. Os autores desenvolveram um modelo para analisar o

    assunto e concluram que somente o que d sustentabilidade a essa vantagem competitiva a

    competncia na gesto da TI.

    Ao combinarem argumentos da teoria de viso baseada em recursos, com teoria sobre comando

    e controle nas organizaes, os autores Ravichandran et al. (2009) desenvolveram trabalho de

    pesquisa junto a indstrias norte-americanas e tambm chegaram concluso de que

    investimentos em TI contribuem para melhor desempenho da empresa.

    Tambm contribuindo para melhor entendimento, Lin (2007) fez interessante estudo com 155

    bancos, no qual nos mostra que a capacidade da TI nas empresas estudadas implica a criaode valor e melhor desempenho; ou seja, o autor mostra que a capacidade da TI pode ser uma

    importante ferramenta para criao de valor econmico.

    Diversos trabalhos nos revelam que os benefcios do uso de TI podem ser mensurados de forma

    tangvel e tambm intangvel, usando para tanto o impacto no resultado financeiro da empresa,

    alm de impactos na melhoria de desempenho do negcio, medidos por meio de reduo de

    custos, aumento de produtividade e maior flexibilidade (Hitt e Brynjolfsson, 1996; Melville;Kraemer e Gurbaxani, 2004; Devaraj e Kohli, 2003; Aral e Weill, 2007).

    Uma vez que, em nosso estudo, temos interesse no nvel de anlise da organizao, trataremos

    de focar as dimenses do uso de TI relacionadas aos seguintes benefcios: custos, produtividade

    e inovao (Albertin, 2009).

    Por outro lado, existem tambm estudos que questionam se a TI tem a capacidade de criar valor

    para a empresa, como nos mostram, em seu trabalho, os autores Mooney, Gurbaxani e Kraemer

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    (1996), que afirmam haver pouca evidncia de que essa criao de valor exista. Entretanto, os

    autores questionam tambm as abordagens que so feitas para estudar essa relao, chegando a

    propor uma nova abordagem para conceituar o impacto da TI no valor da empresa, a qual,

    segundo eles, oferece uma nova perspectiva e um guia prtico para avaliar a criao de valor

    dos negcios da empresa.

    Outros estudos ainda apontam o risco dos investimentos em TI, que podem variar fortemente

    e, algumas vezes, chegar at mesmo a comprometer a continuidade dos negcios, especialmente

    em pequenas e mdias empresas que no contam com os mesmos recursos das grandes empresas

    (Remenyi, Griffiths e Diniz, 2004; Flyvbjerg e Budzier, 2011; Lunardi, Becker, Maada, 2012).

    H muito tempo a relao entre Tecnologia de Informao e competitividade uma fonte de

    bastante discusso, mediante afirmaes de que as empresas gastam muito dinheiro com TI,

    mas no obtm retorno razovel desses investimentos, so os que defendem o chamado

    Paradoxo da Produtividade da TI, os quais afirmam que a era da informtica pode ser vista

    em todos os lugares, menos nas estatsticas de produtividade (Wolff, 1999; Triplett, 1999;

    Gordon, 2001). Outros estudos, como os de Brynjolfsson e Hitt (1995, 1996, 1998, 2000);

    Brynjolfsson e Yang (1996) e Lichtenberg (1995), encontraram forte evidncia de que osinvestimentos em TI podem dar retornos substanciais, refutando o paradoxo da produtividade.

    Nesse contexto de incertezas, percebem-se temas como riscos de fracassos, potencial de

    transformao dos negcios, complexidade de mensurao de retornos, controle de

    resultados, todos abordados pela Governana de TI, crescendo em relevncia, especialmente

    para ajudar na compreenso de como tornar os gastos e investimentos em TI efetivamente em

    benefcios para os negcios (Weill e Ross, 2004; Weill e Ross, 2006; De Haes e Grembergen,2009).

    Dada essa ausncia de consenso sobre o impacto da TI para a empresa, procuramos nesta

    pesquisa contribuir para melhor entendimento do tema, especialmente no caso das pequenas e

    mdias empresas brasileiras.

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    3.2.Desempenho e efetividade de TI

    Apesar de o desempenho ser um conceito-chave em vrias perspectivas tericas como viso

    baseada em recursos, ou gerenciamento de times, e inclusive ser usado em diversos estudos

    acadmicos, na verdade no h um consenso sobre o que seja desempenho, conforme nos

    mostram Glick, Washburn e Miller (2005).

    Na mesma linha de raciocnio, Carneiro e Dib (2006) afirmam que os resultados empricos

    sobre os determinantes do desempenho empresarial tm sido conflitantes, entre outras possveis

    razes, em razo de abordagens inapropriadas usadas para conceituar e medir o fenmeno.

    Na mesma direo, Neely, Gregory e Platts (2005) tambm afirmam que a medio do

    desempenho um tema bastante discutido, mas raramente definido. Literalmente o processo

    de quantificao de ao, em que a medio o processo de quantificao e a ao leva ao

    desempenho.

    Alguns estudiosos de gesto tm fornecido exemplos de definies divergentes de desempenho,

    tais como: "maximizao do lucro, ou mais precisamente, valor presente"; ou "retornos

    elevados durante longos perodos de tempo"; ou "taxa de retorno sobre os ativos"; ou

    "resultados simples baseados em indicadores financeiros (Johnston, Wade e McClean, 2007;

    Ferreira, Goldszmidt e Csillag, 2010; Mithas, Ramasubbu e Sambamurthy, 2011; Gomez e

    Pather, 2012; Mustafa, 2015).

    Conforme tambm salientam Venkatraman e Ramanujam (1986), apesar de o desempenho ser

    um tema recorrente que interessa tanto a administradores como a cientistas, a definio do que

    seja desempenho tambm uma das mais espinhosas questes na pesquisa acadmica. Cada

    vez mais vem crescendo o volume de literatura abordando o tema, o que no nos deixa muita

    esperana de chegar a algum acordo ou consenso sobre uma terminologia bsica e definies.

    Ainda os mesmos autores apresentam um modelo de escopo coberto pelo desempenho da firma,em que o conceito mais restrito o de desempenho financeiro, baseado em indicadores

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    financeiros (por exemplo, crescimento de vendas, lucratividade expressa por retorno sobre

    investimentos, retorno sobre vendas), que refletem o cumprimento das metas financeiras da

    firma.

    Entretanto, conforme nos mostra Chakravarthy (1986), para medir desempenho, existem

    algumas medidas-chave, mas no parece ser verdade que uma nica medida possa avaliar

    corretamente o desempenho; da a sugesto do autor de adotar algum fator multidimensional.

    No estudo publicado pelos autores Bharadwaj, Bharadwaj e Konsynski (1999) sobre como a TI

    contribui para o desempenho da empresa, mais uma vez vemos indicadores financeiros servindo

    para medir desempenho, nesse caso o Q de Tobin foi referenciado como uma boa medida, e osautores concluem que investimentos em TI contribuem para melhor desempenho financeiro da

    empresa.

    Com raciocnio semelhante, Wernerfelt e Montgomery (1988), em seu trabalho sobre a

    importncia do foco para o desempenho empresarial, tambm utilizam o Q de Tobin para medir

    o desempenho.

    Dentro dessa divergente forma de enxergar o que seja desempenho, os estudiosos March e

    Sutton (1997) nos trazem interessantes perspectivas e mostram que muitos estudos de

    desempenho organizacional definem desempenho como uma varivel dependente e buscam

    identificar variveis que produzam variaes no desempenho, o que, segundo os autores, no

    leva em considerao diversas complicaes, como a instabilidade da vantagem competitiva

    vinda de melhor desempenho e a complexidade do ambiente como um todo.

    Os autores ainda afirmam que tais complicaes so bem conhecidas dos estudiosos do assunto,

    mas que, apesar disso, continuam utilizando esse padro devido ao prprio contexto de pesquisa

    organizacional, que, de um lado, demanda e recompensa especulaes sobre como melhorar o

    desempenho organizacional e, de outro, demanda e recompensa a rigorosa aderncia aos

    padres de pesquisa acadmica.

    Da mesma forma, Brito (2007) afirma que o desempenho empresarial ainda um construto em

    busca de uma definio mais precisa e consenso entre os pesquisadores. Para o autor, uma das

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    questes centrais a dimensionalidade desse desempenho e, por conseqncia, a forma de

    medir cada uma de suas dimenses. Com base em pesquisa com gestores brasileiros, o autor

    chega concluso de que a dimenso desempenho financeiro acaba sendo a mais estudada.

    Apoiados em trabalho emprico que analisa resultados de 252 empresas brasileiras entre 1998

    e 2001, Brito e Vasconcelos (2004) concluem que desempenho superior, ou inferior, no fato

    raro; e nos advertem ainda que o desempenho das empresas, contrariamente ao que prev o

    modelo econmico neoclssico, apresenta grande heterogeneidade.

    Para os autores Neely, Gregory e Platts (2005) j citados, o desempenho pode ser medido em

    relao a diversos fatores qualidade, tempo, custo e flexibilidade , como tambm nosmostram Magutu, Muganda e Ondimu (2011) em pesquisa realizada com bancos comerciais do

    Kenya.

    Para Coppeland, Koller e Murrin (2004), o aumento da importncia dos acionistas na maioria

    dos pases desenvolvidos levou um nmero crescente de administradores a concentrar-se na

    criao de valor como medida mais importante do desempenho corporativo. Nesse aspecto, os

    indcios sugerem que a concentrao no valor da empresa seja significante tanto para osacionistas quanto para a economia e as demais partes interessadas.

    Ceolin (2006) argumenta que a informao o insumo bsico no processo de tomada de deciso

    de investimento em ativos e, nas ltimas dcadas, a criao de valor e desempenho das empresas

    tem se tornado motivo de interesse em todos os nveis de mercado.

    Tambm os autores Melville, Kraemer e Gurbaxani (2004) relacionam o valor do impacto daTI no desempenho organizacional, incluindo melhoria de produtividade, de capacidade em

    obter lucro, reduo de custos, vantagem competitiva, reduo de estoques e outras medidas de

    desempenho. Os autores citam como exemplos de mtricas para medir o desempenho da

    empresa associada ao uso de TI os seguintes critrios: satisfao de clientes, giro de estoques,

    pontualidade na entrega, reduo de custos, aumento de receitas, vantagem competitiva e valor

    de mercado da empresa.

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    de maneiras to distintas, com diversas formas de avaliar o impacto de TI no desempenho

    (Callahan, Gabriel e Smith, 2009; Seddon, Calvert e Yang, 2010; Flyvbjerg e Budzier, 2011;

    Albarracn, Erazo e Palacios, 2014).

    Conforme podemos constatar nas referncias acima expostas, muitos so os trabalhos

    relacionando o desempenho com a efetividade da TI e resultando em melhorias tangveis

    (reduo de custos, aumento de receita e lucratividade) e intangveis (melhoria de produtividade

    e maior capacidade de inovao).

    Foi no trabalho de Weill (1992) que surgiu o conceito de converso eficaz da TI ou efetividade

    de converso, em que est destacada a necessidade de separar os diferentes tipos deinvestimento e combin-los com medidas de desempenho organizacionais adequados.

    Posteriormente, Weill e Broadbent (1998) aprofundam a classificao das necessidades

    (objetivos) da TI em necessidades informacional, estratgica, transacional e de infraestrutura.

    E o tema segue evoluindo com diversos outros trabalhos com algumas variaes (Lucas, 1999;

    McKeen, Smith e Parent, 1999; Dehning e Richardson, 2002), porm todos os modelos de

    pesquisa apresentados nesses trabalhos aproximam-se em termos de evidenciao,

    reconhecendo que os investimentos em TI proporcionam efeitos ou impactos no desempenhoda empresa.

    Neste trabalho adota-se como medida de desempenho a dimenso desempenho financeiro,

    assim como fizeram Lefebvre; Mason e Lefebvre (1997), por se tratar de medida bastante aceita

    e de fcil mensurao, uma vez que consideramos tanto informaes sobre receita e lucro

    lquido das empresas quanto aspectos intangveis, medidos pela percepo dos gestores sobre

    o impacto do uso de TI na reduo de custos, produtividade e capacidade de inovao.

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    1) falta de experincia bsica causada por desinteresse, bem como no atrao por novas

    tecnologias, chamado de acesso mental;

    2) ausncia fsica de computadores e conexes, o chamado acesso material;

    3) falta de habilidade digital causada por educao e suporte social inadequados, o

    chamado acesso de habilidades;

    4) ausncia de oportunidades significantes de uso, chamado de acesso ao uso.

    Entretanto, por outro lado, se no for para resolver todas essas questes referentes s barreiras

    ao acesso e adoo de TI pelas PMEs, ao menos para amenizar vemos hoje uma abundante

    presena de novos modelos de negcio que, como o caso da chamada computao em

    nuvem, com condies mais acessveis possibilitam maior acesso tecnologia tambm para

    as PMEs, sobremaneira em pases em desenvolvimento, conforme mostra tambm o trabalho

    de Albarracn, Erazo e Palacios (2014) feito com 1.201 PMEs colombianas.

    Baines (1999) apresenta interessante trabalho em que analisa o papel da tecnologia em empresas

    muito pequenas, muitas vezes compostas de uma nica pessoa, utilizando at mesmo o

    teletrabalho e operando em organizaes virtuais, como as j mencionadas por Albertin (2010)

    e Stanworth (1998), que somente conseguem ter acesso s novas tecnologias por meio desses

    novos modelos de negcio.

    Quando pensamos no impacto que o uso de TI pode ter no desempenho das PMEs, alguns dos

    fatores determinantes so a percepo de importncia e o compromisso com a adoo da alta

    gesto, mais especificamente o dono da empresa, bem como polticas pblicas (Consoli, 2012).

    No Brasil, conforme o Decreto 6.022 de 22/01/2007, foi disponibilizado s empresas o Sistema

    Pblico de Escriturao Digital (SPED), impondo a obrigatoriedade para as empresas de

    apresentao de informaes fiscais de forma digital, a partir do qual as pequenas empresas

    brasileiras tiveram tambm, de alguma forma, que buscar maior informatizao.

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    Ainda no contexto das pequenas e mdias empresas, Lefebvre, Mason e Lefebvre (1997)

    demonstram o poder da percepo do CEO sobre o ambiente da empresa para a definio da

    poltica de tecnologia e a maneira como isso traz um efeito moderador sobre o resultado da

    empresa.

    O trabalho de Southern e Tilley (2000) tambm segue o caminho de apontar as principais

    determinantes da adoo de tecnologia nas pequenas e mdias empresas, e uma vez mais vemos

    a importncia da percepo do proprietrio, ou principal executivo, sobre o papel que a

    tecnologia desempenha na empresa como fator importante.

    Existem diversas qualificaes do que sejam pequenas, mdias e microempresas, variando emtermos de nmero de empregados e faturamento (European Comission, 2003; Devos,

    Landeghem e Deschoolmeester, 2008). O SEBRAEServio Brasileiro de Apoio s Micros e

    Pequenas Empresas tambm faz uma classificao associando ao tempo de existncia da

    empresa, chamando de TEATaxa de Empreendedorismo em Estagio Inicial (SEBRAE, 2014)

    e mostrando interessante relao entre o tempo de vida da empresa e o uso de tecnologias atuais.

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    3.4.Percepo sobre estgios de informatizao e papel de TI

    A respeito da reviso de literatura, podemos encontrar diversas abordagens sobre o papel de TI

    nas organizaes, como os modelos de diagnstico, que fornecem instrumentos e critrios para

    que seja diagnosticado o papel de TI nas organizaes. Nessa categoria, podemos citar alguns:

    A Anlise da Centralizao e Descentralizao de TI (Buchanan e Linowes, 1980 e Donovan,

    1988); Matriz de Intensidade de Informao (Porter e Millar, 1985); Relao entre

    Investimentos em TI e Desempenho Organizacional (Mahmood, 1993; Byrd e Marshall, 1997);

    O Modelo do Alinhamento Estratgico (Henderson e Venkatraman, 1993; Luftman, Lewis e

    Oldach, 1993).

    Neste grupo, encontram-se trabalhos de Nolan (1979) sobre os Estgios de Informatizao das

    Empresas, em que prope seis estgios (iniciao, contgio, controle, integrao, administrao

    e maturidade) apresentados na Figura 1.

    Figura 1Seis estgios de crescimento de processamento de dados

    Fonte: Adaptado de Nolan (1979).

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    Ademais, o modelo inicialmente proposto por McFarlan (1984), apresentado na Figura 2,

    permite visualizar como a TI est relacionada estratgia e operao do negcio da empresa.

    Tal modelo analisa o impacto das aplicaes de TI presentes e futuras no negcio, definindo

    quatro quadrantes que representam a situao para a empresa, comas seguintes definies:

    Suporte - A TI tem pequena influncia nas estratgias atual e futura da empresa. No h

    necessidade de posicionamento de destaque da rea de TI na hierarquia da empresa. Usualmente

    o que acontece em uma manufatura tradicional.

    Fbrica - As aplicaes de TI existentes contribuem decisivamente para o sucesso da empresa,mas no esto previstas novas aplicaes que tenham impacto estratgico. A rea de TI deve

    estar posicionada em alto nvel hierrquico. O exemplo clssico o caso das companhias areas,

    que dependem de seus sistemas de reservas de passagens, mas novos desenvolvimentos apenas

    atualizam essas aplicaes.

    Transio - A TI passa de uma situao mais discreta (quadrante suporte) para uma de maior

    destaque na estratgia da empresa. A rea de TI tende para uma posio de maior importnciana hierarquia da empresa. O exemplo usualmente citado na bibliografia a editorao

    eletrnica. Hoje, o e-commerce apresenta o mesmo perfil, pois de um papel de suporte na

    operao de uma empresa comercial passa a ser agente transformador do negcio.

    Estratgico - A TI tem grande influncia na estratgia geral da empresa. Tanto as aplicaes

    atuais como as futuras so estratgicas, afetando o negcio da empresa. Neste caso, importante

    que a TI esteja posicionada em alto nvel de sua estrutura hierrquica. Nos bancos, por exemplo,a TI apresenta esse papel estratgico.

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    Figura 3Grade de impacto estratgico de TI

    Fonte: Adaptado de Nolan e McFarlan (2005).

    Outra metodologia interessante, e que tambm levamos em considerao neste trabalho, a

    desenvolvida pela empresa de consultoria e pesquisa Gartner, o chamado Quadrante Mgico,

    como o apresentado no trabalho de Stang e Duggan (2015), que oferece uma viso instantnea,anlises aprofundadas e recomendaes prticas que fornecem informaes sobre direo,

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    maturidade e participantes de um mercado. Os Quadrantes Mgicos comparam fornecedores

    com base em uma matriz bidimensional que avalia sua abrangncia de viso e capacidade de

    execuo, conforme se exemplifica na Figura 4.

    Figura 4Quadrante mgico Gartner

    Fonte: Adaptado de Gartner (2015)

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    Esse modelo desenvolvido pelo Gartner apresenta quatro grupos de fornecedores, a saber:

    - Lderes: maior abrangncia de viso e alta capacidade de execuo;

    - Desafiadores:alta capacidade de execuo e menor abrangncia de viso;

    - Visionrios: maior abrangncia de viso e baixa capacidade de execuo;

    - Empresas de Nicho: baixa capacidade de execuo e menor abrangncia de viso.

    Outra referncia bastante relevante para o desenvolvimento desta pesquisa foi obtida no

    trabalho de Lefebvre, Mason e Lefebvre (1997), em que os autores propem um modelo que

    leva em conta a percepo do gestor e o desempenho da empresa, focando exatamente pequenas

    e mdias empresas com 200 funcionrios no mximo. Utilizaram uma amostra de 84 empresas

    do setor industrial da regio de Quebec (Canad).

    Nesta pesquisa desenvolvemos conceitos baseados nesses trabalhos citados acima, aplicados aocontexto das pequenas e mdias empresas brasileiras. Tal escolha se deve ao fato de

    acreditarmos que a combinao desses conceitos, combinados com a verificao do nvel de

    gastos em TI, pode apontar interessantes padres, com indicao de melhores prticas para

    obter melhores resultados do uso de TI.

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    4. Metodologia

    A metodologia adotada envolve a aplicao de questionrios para obteno de dados tanto

    quantitativos sobre o perfil do uso de TI e informaes financeiras quanto qualitativos sobre a

    percepo do papel que a TI desempenha nas empresas.

    Esta parte do trabalho apresenta a abordagem metodolgica e as etapas efetuadas para executar

    a pesquisa emprica e atender aos objetivos da tese.

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    4.1.Abordagem metodolgica

    Nesta tese, a abordagem adotada positivista, pois assume que a realidade objetiva, cuja

    premissa a existncia de um fenmeno (o uso de TI pelas empresas) relacionado com um

    resultado (desempenho da empresa), que ser investigado com um instrumento predefinido

    (questionrio), na elaborao de inferncias sobre um fenmeno com base na amostra para a

    populao declarada (Orlikowski e Baroudi, 1991). Essa perspectiva vem sendo a dominante

    no campo de estudo de Sistemas de Informao.

    Como abordado por Piccoli e Ives (2005), o foco de pesquisa consiste em uma iniciativa

    especfica de uso de TI como unidade de anlise. No caso deste trabalho, a obrigatoriedade

    imposta pelo governo brasileiro, para que as empresas apresentem suas informaes fiscais de

    forma digital, pode ajudar a minimizar o efeito de outras variveis no resultado.

    Nesta tese, pretende-se explorar o contexto relativo ao uso de TI e o desempenho das empresas,

    tendo como variveis a percepo do papel que a TI desempenha na empresa, o nvel de

    maturidade no uso de TI e o volume de gastos com TI.

    Uma questo recorrente quando se pretende associar os gastos e investimentos em TI ao

    desempenho da empresa diz respeito dificuldade de isolar outros fatores que tambm podem

    vir a impactar o resultado, de forma que se torna difcil mostrar o impacto decorrente somente

    do uso de TI.

    Para tratar essa questo, os pesquisadores da rea vm progredindo relacionando especialmenteo valor de TI s capacidades para melhorar o desempenho da empresa (Devaraj e Kohli, 2003;

    Aral e Weill, 2007; Kohli e Grover, 2008; Mithas et al., 2012).

    No mesmo sentido, focamos o impacto que a TI pode trazer em algumas capacidades

    especficas, levando obteno de benefcios, tais como reduo de custos, aumento de

    produtividade e inovao e criao de novos produtos e servios, de acordo com o modelo

    proposto por Albertin e Albertin (2012) mostrado na Figura 5.

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    Figura 5Dimenses do uso de Tecnologia de Informao em benefcio dos negcios

    Fonte: Albertin e Albertin (2012).

    Este estudo quantitativo, de natureza aplicada e objetivo descritivo-explicativo (Collis e

    Hussey, 2005; Creswel, 2009; Hair et al., 2011), utilizou o procedimento tipo survey (Groves

    et al. 2004), aplicando a tcnica de anlise de cluster, operacionalizada de acordo com as

    indicaes de Hair et al. (2010). A anlise de cluster visa agrupar objetos que apresentem

    caractersticas semelhantes, sendo possvel avaliar o comportamento dos grupos de acordo com

    as variveis discriminadoras.

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    4.2.Modelo de pesquisa

    De acordo com a reviso bibliogrfica, elaborou-se um modelo que melhor atendesse ao

    propsito da pesquisa, que tem por objetivo verificar se existe associao entre os gastos e

    investimentos em TI e o desempenho da pequena e mdia empresa, mediado pela percepo

    dos gestores sobre o papel que a TI representa na empresa, conforme apresentado na Figura 6.

    Alm do mais, verificar a possibilidade de separar as empresas em grupos e examinar esses

    grupos resultantes para checar se existem tipos distintos e, em caso afirmativo, quais so as suas

    caractersticas (Aaker, Kumar e Day, 2010).

    Figura 6Modelo conceitual do estudo

    Fonte: Elaborado pelo autor

    O modelo proposto foi baseado nas teorias j mencionadas, de maturidade no uso de TI, papis

    que a TI representa no negcio, dimenses e benefcios do uso de TI, e tambm em pesquisas

    sobre o uso de TI (Nolan, 1979; McFarlan, 1984; Nolan e McFarlan, 2005; Albertin e Albertin,

    2012; Meirelles, 2015), apresentados os construtos indicados na Tabela 1.

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    Tabela 1 - Construtos

    MG O ndice MG a mdia de trs anos (2012, 2013 e 2014) do gasto total

    anual destinado a TI como um percentual do faturamento anual

    lquido da empresa. O gasto total a soma de todos os investimentos,

    despesas e verbas alocadas em TI, incluindo: equipamento,

    instalaes, suprimentos e material de consumo, software, servios,

    teleprocessamento e custo direto e indireto com pessoal prprio e de

    terceiros trabalhando em sistemas, suporte e treinamento de TI.

    ML O ndice ML a mdia de trs anos (2012, 2013 e 2014) do lucro anual

    lquido da empresa em relao ao seu faturamento lquido.

    HRC Percepo dos gestores em relao ao impacto de TI hoje sobre a

    reduo de custos.

    HAP Percepo dos gestores em relao ao impacto de TI hoje sobre o

    aumento de produtividade.

    HPS Percepo dos gestores em relao ao impacto de TI hoje sobre os

    produtos e servios.

    FRC Percepo dos gestores em relao ao impacto de TI no futuro sobrea reduo de custos.

    FAP Percepo dos gestores em relao ao impacto de TI no futuro sobre

    o aumento de produtividade.

    FPS Percepo dos gestores em relao ao impacto de TI no futuro sobre

    os produtos e servios.

    IE Percepo dos gestores em relao ao impacto estratgico de TI sobre

    os negcios no futuro.IF Percepo dos gestores em relao ao impacto das mudanas legais

    nos gastos e investimentos de TI.

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Nesse modelo relacionamos os construtos referentes percepo dos gestores sobre benefcios,

    tais como reduo de custos, aumento de produtividade, produtos e servios, ao papel que a TI

    desempenha na empresa, podendo ser considerado estratgico ou no, com os dados financeirosde gastos e investimentos em TI e com a lucratividade.

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    4.3.Amostra

    A populao desta pesquisa foi composta de organizaes de variados setores, cujos

    respondentes so profissionais em funo de gesto, os quais foram participantes de cursos de

    ps-graduao em negcios espalhados pelo Brasil, com um total de 420 respostas de empresas

    localizadas em 130 diferentes municpios, e em 14 estados da federao, conforme ilustra a

    Tabela 2, sendo assim uma amostra bastante representativa das condies existentes nas

    empresas do Brasil como um todo (Kohli, Devaraj e Ow, 2012; Ouakouak e Ouedraogo, 2013).

    Como primeiro passo, foi utilizada a estatstica descritiva para tratar os dados coletados,

    verificando-se mdia, mximo, mnimo, desvio-padro, moda. Com isso foi possvel checar se

    existiam discrepncias provenientes, por exemplo, de erros de coleta, o que resultou na

    desconsiderao de 14 questionrios que apresentavam respostas incompletas, sendo

    consideradas missing valuese excludas da amostra, o que nos levou a um nmero final de 406

    respostas vlidas.

    Tabela 2Municpios onde se situam as empresas as pesquisadas

    idade Estado idade Estado

    Acrena GO MonteMor SPAdolfo SP Nepomuceno MG

    guasdeSoPedro SP NovaVeneza SCAnsiodeAbreu PI Olmpia SP

    AparecidadoNorte SP Orlndia SPAraraquara SP Orleans SC

    Atibaia SP Osasco SP

    Barueri SP ParaguauPaulista SPBebedouro SP Paulnia SP

    BentoGonalves RS PereiraBarreto SPBirigui SP Piracaia SP

    BomJesusdasSelvas MA Pirapozinho SPCachoeiradeMinas MG PoosdeCaldas MG

    Campanha MG Porecatu PRCampinas SP PortoAlegre RS

    CapivarideBaixo SC PortoFerreira SPCarlosBarbosa RS Pradpolis SP

    Carolina MA PresidenteBernardes SP

    Cascavel CE PresidentePrudente SPCatanduva SP Quat SP

    CaxiasdoSul RS Quirinpolis GO

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    CocaldoSul SC RibeiroPreto SPContagem MG RiodeJaneiro RJ

    Cotia SP RioVerde GOCravinhos SP Salto SP

    Cricima SC Salvador BACuritiba PR SantaBarbaradoOeste SPDiadema SP SantaBranca SP

    EmbdasArtes SP SantaCruzdoSul RSEspritoSantodoPinhal SP SantaMaria RS

    Farroupilha RS SantaRosadoViterbo SPFloresdaCunha RS SantanadeParnaba SP

    Florianpolis SC SantoAnastcio SPForquilinha SC SantoAndr SP

    Franca SP SantoAntoniodaPatrulha RSGoinia GO Santos SP

    Guarulhos SP SoBernardodoCampo SPGuaxup MG SoCaetanodoSul SPIbiraiaras RS SoCarlos SPIbitinga SP SoJoaquimdaBarra SP

    Iara SC SoJosdoRioPreto SPImperatriz MA SoJosDosCampos SP

    Itajub MG SoLeopoldo RSItanhand MG SoMarcos RS

    ItapecericadaSerra SP SoPaulo SPItu SP SoSebastio SP

    Jaboticabal SP Sertozinho SPJacare SP Siderpolis SC

    Jata GO Sombrio SCJoinville SC Sorocaba SPJundia SP TaboodaSerra SPLajeado RS Taciba SP

    LaranjalPaulista SP TeodoroSampaio SPLins SP Toledo PR

    Macei AL TresLagoas MSManaus AM Tubaro SCMarlia SP Tupandi RSMato SP Turvo SCMau SP Uberaba MG

    Mococa SP Uberlndia MGMogidasCruzes SP Urussanga SC

    MonteAlto SP Vacaria RSMonteAprazvel SP VargemGrandePaulista SP

    MonteAzulPaulista SP Vespasiano MG

    MonteBelo MG Votuporanga SP

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Visto que somente nos interessam as empresas consideradas pequenas e mdias, que, para efeito

    deste trabalho, so aquelas que tm no mximo at 700 teclados em uso, assim como oconsiderado em Meirelles (2015). Chegamos ao total de 361 respostas vlidas, das quais 322

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    so de pequenas empresas (aquelas at com 170 teclados), das quais 244 contam com menos de

    30 teclados; e 39 mdias empresas, aquelas que possuem entre 171 e 700 teclados em uso,

    conforme mostra o Grfico 1.

    Grfico 1 - Porte da empresa

    Fonte: Elaborado pelo autor

    A pesquisa identificou as percepes dos gestores (Sekaran, 2000) sobre aspectos relacionados

    ao uso de TI e os benefcios resultantes, capturando mltiplas perspectivas do desempenho

    empresarial. Assim, a amostra foi heterognea (Lunardi, Becker e Maada, 2012) em diferentes

    tipos de organizaes e com gestores de diferentes reas e posio hierrquica.

    Apesar de se tratar de amostragem no probabilstica por convenincia, que deixa a cargo do

    pesquisador a seleo das unidades amostrais segundo sua convenincia, por meio da qual se

    consegue viabilidade operacional (Aaker, Kumar e Day, 2010), a amostra revelou-se de

    altssima qualidade, visto que os respondentes possuem experincia mnima de cinco anos em

    gesto e conhecimento nos construtos da pesquisa.

    Pequena

    89%

    Mdia

    11%

    Porte da empresa

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    47

    4.4.Coleta de dados

    O instrumento definido para a coleta de dados foi o questionrio, que foi respondido aps a

    fundamentao em sala de aula sobre as questes propostas, esclarecendo dvidas e trazendo

    assim qualidade s respostas.

    Inicialmente foi elaborado um questionrio piloto (Apndice A) com base na reviso

    bibliogrfica, para estar de acordo com as orientaes sobre validade de contedo, nmero de

    categorias, nmero de itens para mensurar os construtos, escolha da escala, obrigatoriedade das

    respostas e o tipo de rtulo usado nas categorias, conforme recomendam Hair et al. (2010).

    Para a validao do instrumento, foi feita uma avaliao de especialistas (pesquisadores,

    professores, executivos do setor) com muitos anos de experincia na rea de TI, que opinaram

    e contriburam para a melhoria da qualidade do questionrio.

    As sugestes acatadas foram as seguintes:

    - reduo do perodo pesquisado de cinco para trs anos, visando assim facilitao para a

    obteno de dados;

    - diminuio do nmero de perguntas para capturar a percepo dos respondentes sobre o papel

    estratgico da TI, passando de dezesseis para oito questes;

    - mudana na formulao de algumas questes para facilitar o entendimento;

    - alterao da escala passando de cinco pontos para quatro pontos, para simplificao na coleta

    e tambm no tratamento dos dados.

    Aps a validao dos especialistas, chegou-se ao questionrio final utilizado neste trabalho

    (Apndice B). Aps foi feito um pr-teste, cujo questionrio foi aplicado a uma amostra de 52

    gestores, o que atende s recomendaes de tamanho mnimo para amostras de pr-teste quevai de 15 a 25 respondentes (Aaker, Kumar e Day, 2010).

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    Para operacionalizar a coleta, foi utilizada tambm uma soluo de questionrio pela Web,

    chamada Survey Monkey (https://www.surveymonkey.com/), que permite a construo de um

    instrumento de pesquisa e disponibilizao dele por meio de linksna Web, facilitando, assim,

    a coleta dos dados, que ocorreu entre maio e outubro de 2015.

    Os questionrios foram compostos de duas partes distintas: a primeira para coletar dados

    (confidenciais) cadastrais das empresas, bem como nmeros relativos ao seu desempenho

    financeiro nos ltimos trs anos (2012 a 2014), de maneira semelhante existente em Meirelles

    (2015); e a segunda, composta de oito questes, para descobrir a percepo dos gestores da

    empresa sobre o papel que a TI desempenha no negcio, cujo processo de desenvolvimentoseguiu o trabalho de Moore e Benbasat (1991).

    A primeira parte do questionrio contempla informaes tanto cadastrais (nome da empresa,

    CNPJ, endereo, setor e ramo de atuao, nome, cargo e e-maildo respondente) quanto sobre

    o tamanho e resultados da empresa nos ltimos trs anos (de 2012 a 2014) nmero total de

    funcionrios da empresa, receita anual lquida, lucro anual lquido, gasto total com TI, nmero

    total de dispositivos da empresa (teclados em uso)e sobre o ano em que a empresa comeoua usar a TI.

    J a segunda parte do questionrio contm seis questes para auferir as percepes dos

    respondentes sobre o papel e a contribuio de TI na empresa, especificamente no que diz

    respeito reduo de custos, ao aumento de produtividade e ao impacto de TI sobre novos

    produtos e servios, tanto no presente como no futuro. As respostas foram medidas por meio

    de escala tipoLikert de 4 pontos, variando de discordo totalmente a concordo totalmente,como fizeram diversos outros trabalhos (Barros e Nahas, 2001, Rajanen, Salminen e Ravaja,

    2015; Wu et al., 2015).

    E, para finalizar o instrumento, tambm foi perguntado sobre a percepo acerca do impacto de

    TI na atuao da empresa em geral no futuro e ainda sobre a percepo do impacto que as

    obrigaes legais para uso de TI causaram nas empresas. Da mesma forma, as respostas foram

    medidas por meio de escala tipo Likert de 4 pontos, variando de discordo totalmente a

    concordo totalmente.

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    4.5.Tratamento estatstico dos dados

    Dado o objetivo deste trabalho, verificar se existe associao entre os gastos e investimentos

    em TI e o desempenho da pequena e mdia empresa, mediado pela percepo dos gestores sobre

    estgios de informatizao e o papel que a TI representa na empresa, conveniente classificar

    a amostra coletada em grupos homogneos segundo as percepes e padres de gastos e

    resultados; assim escolheu-se a chamada tcnica de anlise de cluster.

    Conforme preconiza a referida tcnica, a semelhana entre indivduos de um mesmo grupo

    dever ser maior que aquela entre indivduos de grupos distintos, ou seja, indivduos de grupos

    distintos devem diferir significativamente entre si.

    A anlise de cluster uma tcnica exploratria, em que nenhuma definio prvia feita com

    respeito ao nmero de grupos ou sua estrutura. Os agrupamentos so com base em

    similaridades ou distncias (dissimilaridades). Classificar as empresas em grupos homogneos

    identifica as diferenas de perfil entre elas, o que tambm permite explorar, com maior eficcia,o comportamento das variveis consideradas no conjunto de indivduos e as relaes entre esses

    indivduos. Este trabalho exploratrio permite, alm de sintetizar convenientemente as

    informaes contidas, viabilizar a elaborao ou confirmao de hipteses relativas a esses

    indivduos ou variveis (Corrar, Paulo e Dias Filho, 2009).

    Para proceder classificao em grupos distintos, necessria a definio de quais variveis

    sero utilizadas, visto que a classificao depender das variveis escolhidas.

    As variveis utilizadas para separar os agrupamentos so denominadas drivers ou

    direcionadoras; e as variveis utilizadas para descrever cada agrupamento so as variveis

    discriminadoras.

    No caso deste estudo, as variveis direcionadoras so as seguintes: mdia de gastos com TI

    (MG); mdia de lucro relativo (ML); percepo dos gestores em relao ao impacto de TI hojesobre a reduo de custos (HRC); percepo dos gestores em relao ao impacto de TI hoje

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    sobre o aumento de produtividade (HAP); percepo dos gestores em relao ao impacto de TI

    hoje sobre os produtos e servios (HPS); percepo dos gestores em relao ao impacto de TI

    no futuro sobre reduo de custos (FRC); percepo dos gestores em relao ao impacto de TI

    no futuro sobre aumento de produtividade (FAP); percepo dos gestores em relao ao impacto

    de TI no futuro sobre produtos e servios (FPS).

    E as variveis discriminadoras so estas: setor de atuao da empresa; mdia de nmero de

    funcionrios; mdia de receita anual lquida; tempo em que a empresa utiliza a TI; percepo

    dos gestores em relao ao impacto estratgico de TI no futuro (IE); e percepo dos gestores

    em relao ao impacto das mudanas legais nos gastos e investimentos de TI (IF).

    Em todas as oito variveis relativas percepo dos gestores, foi utilizada uma escala Likert de

    4 pontos (4= Concordo totalmente; 3= Concordo parcialmente; 2= Discordo parcialmente; 1=

    Discordo totalmente), que, para efeito do tratamento estatstico, foram consideradas

    quantitativas, variando de 1 a 4.

    No que diz respeito seleo das variveis direcionadoras relativas percepo sobre o papel

    que a TI desempenha na empresa, partimos de um total de seis variveis que inclumos noquestionrio. Aps uma primeira anlise de dados, especialmente no que diz respeito

    correlao entre essas variveis, conforme ilustra a Tabela 3, pareceu interessante verificar a

    possibilidade de reduzir para um nmero menor de variveis que fossem suficientes para

    representar o impacto de TI, pois se busca medir o impacto especfico em trs dimenses:

    reduo de custos, aumento de produtividade e novos produtos e servios, tanto no presente

    como no futuro, como apresentado na teoria sobre o assunto que serviu de base para a criao

    do questionrio.

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    Tabela 3Correlao entre as variveis de percepo

    Correlation: HRC; HAP; HPS; FRC; FAP; FPS

    HRC HAP HPS FRC FAP

    HAP 0,628

    0,000

    HPS 0,560 0,567

    0,000 0,000

    FRC 0,790 0,611 0,522

    0,000 0,000 0,000

    FAP 0,608 0,825 0,501 0,727

    0,000 0,000 0,000 0,000

    FPS 0,529 0,538 0,833 0,593 0,599

    0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

    Cell Contents: Pearson correlation

    P-Value

    Fonte: Elaborado pelo autor atravs do software estatstico Minitab 17

    Para executar esse procedimento de reduo do nmero de variveis, aplicou-se a tcnica de

    anlise fatorial, que parte do pressuposto de que a correlao entre as variveis surge porque

    essas variveis compartilham ou esto relacionadas pelo mesmo fator (Corrar, Paulo e Dias

    Filho, 2009; Aaker, Kumar e Day, 2010; Hair et al., 2010), inicialmente analisando a matriz de

    correlao entre as seis variveis, o que demonstrou um alto grau de correlao entre algumas

    variveis, conforme podemos ver na Tabela 3, indicando a possibilidade de reduo.

    Dando prosseguimento aplicao da tcnica de anlise fatorial, o mtodo escolhido foi o mais

    comum, chamado de Anlise de Componentes Principais, pelo qual se procura uma combinao

    linear entre as variveis, de forma que o mximo de varincia seja explicado por essa

    combinao. E, como enfatizam Hair et al. (2010), esse deve ser o mtodo escolhido quando o

    objetivo seja um nmero mnimo de fatores venha a explicar a parcela mxima de varincia

    existente nas variveis originais e quando o conhecimento prvio das variveis sugira que a

    varincia especfica e o erro representem uma parcela pequena na explicao da varincia total

    das variveis.

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    Utilizando osoftwareestatstico Minitab 17, e em um primeiro momento considerando ainda

    todas as seis variveis, chegamos ao resultado apresentado na Tabela 4, em que trs fatores so

    suficientes para explicar mais de 90% da varincia no que diz respeito percepo sobre o

    papel que a TI desempenha na empresa. Alm disso, de acordo com outra regra prtica

    relacionada com este assunto, exatamente entre os fatores 3 e 4, ocorre uma queda grande na

    varincia explicada entre ambos os fatores; neste caso, deve-se cortar nesse ponto a escolha do

    nmero de fatores.

    Tabela 4Anlise fatorial com seis variveis

    Factor Analysis: HRC; HAP; HPS; FRC; FAP; FPS

    Principal Component Factor Analysis of the Correlation Matrix

    Unrotated Factor Loadings and Communalities

    Variable Factor1 Factor2 Factor3 Factor4 Factor5 Factor6 Communality

    HRC 0,826 0,213 0,419 -0,257 -0,170 0,040 1,000

    HAP 0,838 0,237 -0,390 -0,248 0,054 -0,159 1,000

    HPS 0,793 -0,545 -0,001 -0,175 0,167 0,130 1,000

    FRC 0,854 0,247 0,317 0,251 0,201 -0,072 1,000

    FAP 0,859 0,288 -0,312 0,202 -0,076 0,190 1,000FPS 0,817 -0,492 -0,027 0,207 -0,175 -0,128 1,000

    Variance 4,1461 0,7846 0,5263 0,3049 0,1366 0,1015 6,0000

    % Var 0,691 0,131 0,088 0,051 0,023 0,017 1,000

    Fonte: Elaborado pelo autor atravs do software estatstico Minitab 17

    Para que se consiga explicar o significado de cada um dos fatores, necessria a anlise de

    parmetros da anlise fatorial que relacionam os fatores com as variveis, as chamadas cargas

    fatoriais. Para resultados melhores em relao sua interpretao, recomendada a utilizaoda rotao dos fatores, pois existem diversos mtodos de rotao que permitem obter fatores

    com maior potencial de interpretao, e o mais utilizado o mtodo Varimax, que utilizamos

    neste trabalho e cujo resultado pode ser visto na Tabela 5(Corrar, Paulo e Dias Filho, 2009).

    Conforme podemos notar, o Fator 1 representa as variveis HPS (percepo dos gestores em

    relao ao impacto de TI hoje sobre os produtos e servios) e FPS (percepo dos gestores em

    relao ao impacto de TI no futuro sobre produtos e servios); j o Fator 2 representa asvariveis HAP (percepo dos gestores em relao ao impacto de TI hoje sobre o aumento de

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    produtividade) e FAP (percepo dos gestores em relao ao impacto de TI no futuro sobre o

    aumento de produtividade); e o Fator 3 representa as variveis HRC (percepo dos gestores

    em relao ao impacto de TI hoje sobre a reduo de custos) e FRC (percepo dos gestores em

    relao ao impacto de TI no futuro sobre a reduo de custos).

    Tabela 5Anlise fatorial com trs variveis e rotao Varimax

    Factor Analysis: HRC; HAP; HPS; FRC; FAP; FPS

    Principal Component Factor Analysis of the Correlation Matrix

    Unrotated Factor Loadings and Communalities

    Variable Factor1 Factor2 Factor3 Communality

    HRC 0,826 0,213 0,419 0,904

    HAP 0,838 0,237 -0,390 0,911

    HPS 0,793 -0,545 -0,001 0,925

    FRC 0,854 0,247 0,317 0,891

    FAP 0,859 0,288 -0,312 0,917

    FPS 0,817 -0,492 -0,027 0,910

    Variance 4,1461 0,7846 0,5263 5,4570

    % Var 0,691 0,131 0,088 0,910

    Rotated Factor Loadings and Communalities

    Varimax Rotation

    Variable Factor1 Factor2 Factor3 Communality

    HRC 0,283 -0,286 -0,861 0,904

    HAP 0,293 -0,860 -0,291 0,911

    HPS 0,899 -0,232 -0,252 0,925

    FRC 0,274 -0,388 -0,816 0,891

    FAP 0,260 -0,841 -0,378 0,917

    FPS 0,870 -0,286 -0,267 0,910

    Variance 1,8729 1,8147 1,7694 5,4570

    % Var 0,312 0,302 0,295 0,910

    Fonte: Elaborado pelo autor atravs do software estatstico Minitab 17

    Como bem esclarecido na teoria sobre o assunto (Corrar, Paulo e Dias Filho, 2009; Aaker,

    Kumar e Day, 2010; Hair et al., 2010), antes de iniciar o processo de classificao em

    agrupamentos, necessrio: 1) excluir os chamados outliers; 2) definir como ser medida a

    similaridade entre os objetos; e 3) decidir se os dados devem ser padronizados.

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    Grfico 3Anlise de outliervarivel MG

    Fonte: Elaborado pelo autor atravs do software estatstico Minitab 17

    As seis observaes muito acima da mdia encontradas para a varivel MGmdia de gastos

    com TIdizem respeito a seis empresas da rea de Tecnologia da Informao, que talvez, pela

    prpria natureza de seu escopo e mercado de atuao, tenham gastos e investimentos mais

    elevados em TI; porm, respeitando a teoria e objetivando no distorcer a estrutura, essas seis

    empresas foram retiradas da amostra, ficando assim este trabalho com um total de 355 empresas

    em sua amostra.

    No que diz respeito ao segundo aspecto mencionado na teoria e no exposto acima, para agruparobjetos, necessrio algum tipo de medida de similaridade ou dissimilaridade, em que os

    objetos similares so agrupados e os demais so colocados em conglomerados separados.

    A similaridade entre objetos pode ser mensurada de vrias maneiras, mas trs mtodos

    dominam as aplicaes da Anlise de cluster: medidas de correlao, medidas de distncia e

    medidas de associao. Cada um desses mtodos representa uma particular perspectiva de

    similaridade, dependendo dos objetos e do tipo de dados. As medidas de correlao e dedistncia requerem dados quantitativos, enquanto as de associao so para dados qualitativos.

    16,00%

    14,00%

    12,00%

    10,00%

    8,00%

    6,00%

    4,00%

    2,00%

    0,00%

    MG

    Boxplot of MG

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    Nesta pesquisa, em que os indivduos (empresas) so caracterizados por variveis quantitativas,

    adotamos o mtodo das medidas de distncias.

    As medidas de distncia so, na verdade, medidas de dissimilaridade, com altos valores

    denotando menor similaridade. A distncia convertida numa medida de similaridade por meio

    de utilizao de uma relao inversa.

    Vrias medidas de distncia esto disponveis e a escolha da medida de distncia depende do

    tipo da escala da varivel. A mais utilizada a distncia euclidiana, que tambm a adotada

    neste trabalho.

    Com respeito padronizao dos dados, que a etapa seguinte na preparao para proceder

    anlise de clusters, devemos entender que a maioria das medidas de distncia, incluindo a

    euclidiana, so totalmente sensveis a diferentes escalas ou magnitude de variveis, por isso

    pode ser interessante a padronizao dos dados, o que adotamos nesta tese com base na

    marcao direta de tal opo nosoftwareestatstico Minitab 17, ao rodar a anlise de cluster.

    Cumpridos esses requisitos preparatrios expostos acima, o prximo passo deve ser a escolhado mtodo de anlise de cluster, que nada mais so regras para agrupar indivduos que, em

    geral, buscam atender a dois critrios:

    - Grande homogeneidade dentro de cada agrupamento, ou seja, a semelhana entre os

    indivduos de um mesmo grupo deve ser a maior possvel.

    - Heterogeneidade entre agrupamentos, ou seja, a distncia entre cada dois grupos deve ser amaior possvel. Em outras palavras, buscam-se agrupamentos que sejam muito diferentes entre

    si.

    Os mtodos devem conduzir coeso interna e isolamento, conforme demonstrado na

    Figura 7.

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    Figura 7Distncias ao agrupar indivduos

    Fonte: Sics (1996)

    Existem muitos mtodos descritos na literatura sobre o assunto (Corrar, Paulo e Dias Filho,

    2009; Aaker, Kumar e Day, 2010; Hair et al., 2010), e os mais utilizados podem ser classificados

    em duas categorias gerais: hierrquicos e no hierrquicos. Entre os mtodos hierrquicos,temos os aglomerativos e os divisivos.

    Nos mtodos hierrquicos aglomerativos, os n indivduos definem inicialmente n grupos;

    a seguir, os dois grupos mais prximos so fundidos e, assim por diante, os grupos vo sendo

    fundidos passo a passo at que se chegue a um nico agrupamento formado por todos os n

    indivduos. A Figura 8ilustra o procedimento para agrupar os indivduos A, B, C, D e E.

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    Figura 8Mtodos hierrquicos aglomerativos

    Fonte: Sics (1996)

    Nos mtodos hierrquicos divisivos, os n indivduos definem inicialmente um nico grupo;

    a seguir, esse grupo dividido em dois grupos; depois, cada um deles dividido em outros dois

    grupos e assim por diante, at que se chegue a n grupos, cada um deles formado por um nico

    indivduo.

    Nos mtodos no hierrquicos, formam-se grupos iniciais arbitrrios, e os indivduos vo sendo

    realocados entre grupos, at que a configurao obtida otimize um critrio previamente definidode homogeneidade interna e/ou heterogeneidade entre grupos.

    Segundo a literatura consultada sobre o assunto, no possvel definir definitivamente qual dos

    mtodos o melhor, dependendo muito do tipo de pesquisa e do contexto estudado, sendo as

    mais populares as tcnicas hierrquicas, por serem mais rpidas e exigirem menos tempo de

    processamento, inclusive sendo mais fceis de ler e de interpretar (Bussab, Miazaki e Andrade,

    1990; Sharma, 1996; Sics, 1996; Corrar, Paulo e Dias Filho, 2009; Aaker, Kumar e Day,2010). Desse modo, neste trabalho foi adotado tambm o mtodo hierrquico aglomerativo.

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    Figura 9Mtodos de agrupamento hierrquico

    Fonte: Aaker, Kumar e Day (2010)

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    Aps a definio do mtodo a ser utilizado, necessria tambm a escolha do mtodo de

    ligao, e os mais utilizados so as ligaes simples, completa e mdia, o mtodo Ward e o

    centroide. A Figura 9ilustra esses mtodos diversos.

    O procedimento de ligao simples baseia-se na menor distncia. Ele encontra os dois

    indivduos separados pela menor distncia e os coloca no primeiro grupo. A seguir, encontra-

    se a prxima menor distncia e o terceiro indivduo reunido com os dois primeiros para formar

    um grupo, ou forma-se um novo grupo de dois membros. O processo continua at que todos os

    indivduos estejam em um grupo. Esse procedimento tambm conhecido como abordagem do

    vizinho mais prximo.

    O procedimento de ligao completa semelhante ao da ligao simples, apenas o critrio de

    agrupamento agora o da maior distncia. Por essa razo, ele tambm chamado de abordagem

    do vizinho mais distante.

    O mtodo de ligao mdia comea da mesma forma que os anteriores, mas o critrio de

    agrupamento a distncia mdia existente entre os indivduos em um agrupamento e osindivduos em outro agrupamento.

    O mtodo Ward baseia-se na perda de informao decorrente do agrupamento de indivduos

    em conglomerados, medida pela soma total dos quadrados dos desvios de cada indivduo em

    relao mdia do conglomerado em que o objeto foi inserido.

    No mtodo centroide, a distncia entre os grupos a distncia entre seus centroides. O centroide o ponto cujas coordenadas so as mdias de todas as observaes no agrupamento.

    Nesta tese optamos pelo mtodo Ward de ligao, em virtude de sua caracterstica tender a

    formar agrupamentos de tamanhos semelhantes e assim facilitar a escolha do nmero de

    agrupamentos a considerar.

    J com todas as etapas anteriores cumpridas, conforme descrito acima, o prximo passo foi

    executar o procedimento para obter os agrupamentos, ainda utilizando o softwareestatstico

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    Minitab 17, tendo ento como variveis direcionadoras: mdia de gastos com TI (MG), mdia

    de lucro relativo (ML); Fator 1 PSpercepo sobre novos produtos e servios; Fator 2 AP

    percepo sobre o aumento de produtividade; Fator 3 RCpercepo sobre a reduo de custos.

    Neste momento surge uma questo central na anlise de cluster: o modo como determinar o

    nmero final de grupos a serem formados. Segundo a teoria sobre o assunto, no existe um

    procedimento-padro objetivo de seleo, especialmente pelo fato de no existir um critrio

    estatstico interno usado para inferncia, como testes estatsticos de significncia de outros

    mtodos multivariados. Os pesquisadores fazem uso de diversos mtodos para auxiliar a

    deciso, as chamadas regras de parada, mas ao final cabe ao pesquisador complementar o

    julgamento estritamente emprico com quaisquer aspectos conceituais e tericos acerca dasrelaes estudadas que podem sugerir um nmero natural de grupos (Hair et al., 2010; Corrar,

    Paulo e Dias Filho, 2009, Fvero et al., 2009).

    Uma regra de parada bastante utilizada a anlise da medida chamada distncia entre

    centroides, na qual, quanto maior a distncia, mais os agrupamentos so heterogneos, que

    um dos critrios que se busca atender quando se utiliza a tcnica de anlise de cluster, conforme

    descrito anteriormente (Romesburg, 1990).

    Outro importante elemento para auxiliar na determinao do nmero de agrupamentos e na

    definio de seus elementos a representao grfica, que recebe o nome de dendograma ou

    fenograma.

    Durante a execuo dos procedimentos para a definio dos agrupamentos, com a ajuda do

    software estatstico Minitab 17, chegamos, aps vrias anlises, a quatro agrupamentos,conforme apresentado no dendograma do Grfico 4.

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    Grfico 4Dendograma - quatro clusters

    Fonte: Elaborado pelo autor atravs do software estatstico Minitab 17

    A etapa final da tcnica de anlise de clusterconsiste na validao, descrio e interpretao

    dos agrupamentos, o que feito mediante a comparao do perfil de seus indivduos. Ademais,

    conforme sugere a teoria sobre o assunto, para estudar as diferenas entre os grupos, melhor

    utilizar as variveis em sua forma original, ou seja, sem considerar os fatores e padronizao

    realizados.

    Para descrever os grupos, tambm so utilizadas as variveis que no foram consideradas no

    processo de agrupamento, as chamadas variveis discriminadoras: no nosso caso, setor deatuao da empresa, mdia de nmero de funcionrios, mdia de receita anual lquida, tempo

    em que a empresa utiliza a TI, percepo dos gestores em relao ao impacto estratgico de TI

    no futuro (IE) e percepo dos gestores em relao ao impacto das mudanas legais nos gastos

    e investimentos de TI (IF).

    A utilizao de grficos das distribuies extremamente til para analisar as diferenas entre

    os grupos, bem como a anlise dos perfis permite, em muitos casos, que batizemos cada um dosgrupos obtidos de forma adequada, o que facilita a comunicao dos resultados.

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    -1446,12

    -930,75

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    Observations

    Similarity

    DendrogramWard Linkage; Euclidean Distance

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    Apresentaremos esses procedimentos na seo seguinte de apresentao e anlise dos

    resultados.

    Quando se aplica a tcnica de anlise de clusterpara classificar um conjunto de indivduos,

    espera-se obter uma soluo que seja lgica, ou seja, que possa ser interpretada no contexto do

    problema que se est estudando. Essa interpretao requer a anlise por parte de um especialista

    no assunto.

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    5. Apresentao e anlise dos resultados

    As 355 empresas que fazem parte da amostra final do trabalho esto divididas em setores de

    atividade da seguinte forma: 30% comrcio, 31% indstria e 39% servios, conforme

    demonstrado no Grfico 5. E, na Tabela 6, encontram-se as caractersticas dessas empresas de

    acordo com as informaes coletadas.

    Grfico 5Setor de atividade - 355 empresas da amostra final

    Fonte: Elaborado pelo autor

    Tabela 6Caractersticas das empresas que formam a amostra final

    Fonte: Desenvolvido pelo autor

    Comrcio

    30%

    Indstria

    31%

    Servios

    39%

    Setor de atividade

    Indicador Amostra Completa Comrcio Indstria Servios

    Quantidade de empresas 355 108 110 137H quanto tempo usa TI (mdia idade) 9,1 7,8 10,5 9,0

    Mdia dos ltimos 3 anos de funcionrios 131 33 272 94

    Mdia dos ltimos 3 anos de teclados em uso 58 19 97 57

    Mdia dos ltimos 3 anos de receita (em milhes de reais) 60.896 24.587 114.496 46.483

    Mdia dos ltimos 3 anos de lucratividade (% sobre a receita) 14,03% 11,77% 10,68% 18,51%

    Mdia dos ltimos 3 anos de gastos com TI (% sobre a receita) 2,41% 1,58% 1,33% 3,93%

    Impacto de TI hoje sobre a reduo de custos (HRC) 3,22 3,11 3,31 3,24

    Impacto de TI hoje sobre o aumento de produtividade (HAP) 3,38 3,39 3,23 3,49

    Impacto de TI hoje sobre os produtos e servios (HPS) 3,04 2,99 2,80 3,26

    Impacto de TI no futuro sobre reduo de custos (FRC) 3,52 3,44 3,65 3,48

    Impacto de TI no futuro sobre aumento de produtividade (FAP) 3,56 3,54 3,53 3,61

    Impacto de TI no futuro sobre produtos e servios (FPS) 3,35 3,33 3,20 3,47

    Mdia do impacto - considerando as 6 variveis 3,34 3,30 3,29 3,43

    Impacto estratgico de TI no futuro (IE) 3,18 3,16 3,15 3,23

    Impacto mudanas legais 3,29 3,31 3,45 3,15

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    Figura 10Papel de TI e gastos com TI

    Fonte: Elaborada pelo autor

    O agrupamento 1, batizado de Digitais, composto, em sua grande maioria, de empresas do

    setor de servios, cujos gestores percebem a TI desempenhando hoje um papel estratgico na

    empresa e, no futuro, em todos os aspectos analisados. Consistentes com essa percepo, essas

    empresas so as que mais gastam em TI e, como resultado, elas atingem uma alta lucratividade

    anual lquida. Comparando com a amostra completa, os Digitais gastam quase o dobro em TI

    e atingem uma lucratividade 56% superior que a mdia da amostra.

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    O agrupamento 2, batizado de Prudentes, composto, em sua grande maioria, de empresas

    dos setores do comrcio e da indstria, cujos gestores percebem a TI desempenhando hoje um

    papel estratgico na empresa e, no futuro, em todos os aspectos analisados, porm com menor

    intensidade que os Digitais. Em contrapartida, essas empr