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Amanda Cassenote Ribeiro MARKETING DE GUERRILHA E LIVE MARKETING: DA TEORIA À PRÁTICA AOS OLHOS DOS PROFISSIONAIS DE SANTA MARIA, PORTO ALEGRE E SÃO PAULO Santa Maria, RS, Brasil 2015

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Amanda Cassenote Ribeiro

MARKETING DE GUERRILHA E LIVE MARKETING:

DA TEORIA À PRÁTICA AOS OLHOS DOS PROFISSIONAIS DE SANTA MARIA,

PORTO ALEGRE E SÃO PAULO

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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Amanda Cassenote Ribeiro

MARKETING DE GUERRILHA E LIVE MARKETING:

DA TEORIA À PRÁTICA AOS OLHOS DOS PROFISSIONAIS DE SANTA MARIA,

PORTO ALEGRE E SÃO PAULO

Trabalho Final de Graduação II apresentado ao Curso de Publicidade e Propaganda, Área de

Ciências Sociais, do Centro Universitário Franciscano, como requisito para obtenção do grau

de Bacharel em Publicidade e Propaganda.

Prof.ª Me. Caroline De Franceschi Brum

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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Amanda Cassenote Ribeiro

MARKETING DE GUERRILHA E LIVE MARKETING:

DA TEORIA À PRÁTICA AOS OLHOS DOS PROFISSIONAIS DE SANTA MARIA,

PORTO ALEGRE E SÃO PAULO

Trabalho Final de Graduação II apresentado ao Curso de Publicidade e Propaganda, Área de

Ciências Sociais, do Centro Universitário Franciscano, como requisito para obtenção do grau

de Bacharel em Publicidade e Propaganda.

_____________________________________________

Prof.ª Me. Caroline De Franceschi Brum – Orientadora (Unifra)

____________________________________________

Prof.ª Me. Cristina Munarski Jobim Hollerbach – Banca (Unifra)

_____________________________________________

Bel. Gabriel Souza – Banca (UFSM)

Aprovado em ....de...............................de.......

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AGRADECIMENTOS

Não há outro modo de iniciar meus agradecimentos senão por agradecer aos meus pais,

Marizeti e Jorge. Agradeço por tudo que já fizeram e ainda fazem, a cada dia, por mim, por

seu apoio, seus esforços para que nunca me faltasse nada, por acreditarem nos meus sonhos,

nas minhas escolhas, por seu amor e dedicação. Se, em algum momento, eu deixei de

demonstrar a minha gratidão, quero que saibam o quanto os amo e o quanto são essenciais na

minha vida. Também sou grata aos meus familiares, que sempre me apoiaram e me

auxiliaram quando precisei. Isso me mostrou a sorte que eu tenho em pertencer a uma família

batalhadora, unida e carinhosa.

Agradeço aos meus melhores amigos, os irmãos que eu escolhi, Anna, Andriele, Camila e

Matheus, por fazerem parte da minha vida, por me ajudarem quando eu precisei, pelas

conversas, conselhos e afeto. Independente de distância, ideologias e personalidade, sempre

seremos o apoio uns dos outros. Eu também não poderia me esquecer dos amigos que ganhei

nesses quatro anos de faculdade, os quais levarei para a vida toda, Caroline, Beatriz, Eduarda,

Alexandro, Guilherme, entre outras pessoas maravilhosas e talentosas que dividiram comigo

muitas experiências e conquistas e a quem eu desejo todo o sucesso e felicidade.

Por fim, quero agradecer à minha orientadora, Caroline Brum. Sua amizade, seus conselhos e

incentivos foram muito importantes para mim. Você é uma pessoa que eu admiro por sua

inteligência, bom humor, sinceridade e por tudo o que me ensinou. Sua personalidade e suas

conquistas são grandes exemplos para mim. Aos demais professores e professoras do curso,

que me deram a oportunidade de usufruir de seus ensinamentos, que me incentivaram em cada

passo que dei até aqui, também agradeço, pois cada um transmitiu conhecimentos e conselhos

que vou levar para a vida.

A todos, muito obrigada.

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RESUMO

O presente estudo tem como cenário o mercado publicitário brasileiro e o seu objetivo é

questionar e encontrar o entendimento teórico de duas estratégias: Guerrilla Marketing e Live

Marketing, visto que ambas possuem definições confusas e pouco organizadas teoricamente.

Para compreender a diferença, foi proposta uma investigação a partir do ponto de vista de

profissionais e professores da área de publicidade e propaganda e marketing que atuam nas

cidades de São Paulo, Porto Alegre e Santa Maria. Para tanto, foi necessário o prévio

embasamento teórico, apresentado nos seguintes capítulos: Marketing e Planejamento,

Marketing de Guerrilha e Live Marketing. A construção metodológica teve natureza mista

(quali-quantitativa) e caráter exploratório. Averiguou-se o ponto de vista dos respondentes e

entrevistados com relação aos pontos positivos e negativos das estratégias e também

exemplos de ações que já foram realizadas, buscando-se comparar e reorganizar tais conceitos

e, assim, chegar a uma conclusão quanto às suas diferenças e similaridades. Com base no

estudo, verificam-se as diferenciações entre as duas estratégias e também foram pontuados os

objetivos, os pontos positivos e negativos e as similaridades.

Palavras-chave: Comunicação. Estratégias. Live Marketing. Marketing de Guerrilha.

Publicidade.

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ABSTRACT

This study is set in the Brazilian advertising market and its goal is to question and find the

understanding and implementation of two strategies: Guerrilla Marketing and Live Marketing,

as both have confusing and poorly organized theoretical definitions. To understand the

difference between them, it was proposed to investigate the point of view of professionals and

teachers in the area of advertising and marketing that work in São Paulo, Porto Alegre and

Santa Maria. Thus, a prior theoretical framework was necessary, which is presented in the

following chapters: Planning and Marketing, Guerrilla Marketing and Live Marketing. The

methodological construction had a mixed nature (qualitative and quantitative) and was

exploratory. The view of the respondents regarding the strengths and weaknesses of strategies

and also examples of actions that have already been made were investigated in seek to

compare and rearrange the strategies’ concepts in order to come to a conclusion about their

differences and similarities. Based on the study, the differences between the two strategies

were verified as well as their goals, strengths and weaknesses, and similarities.

Keywords: Communication. Live Marketing. Guerrilla Marketing. Strategies. Creativity.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Tanque inflável criado pelo unit 603 Engineers. .................................................... 17 Figura 2 – Caixas de som para propagar efeitos falsos, criadas pelo unit 603 Engineers. ....... 17 Figura 3 – Ação no estádio de futebol de Sevilla realizada pela marca Oscar Mayer. ............ 29 Figura 4 – Cena do filme publicitário. Jogadores no aeroporto, chegando ao Brasil. .............. 30 Figura 5 – Cena do filme publicitário em que o case do violão de um dos jogadores se abre e

espalha garrafas da cerveja Budweiser no aeroporto................................................................ 30 Figura 6 – Embalagem personalizada para a Copa de 2014. .................................................... 31 Figura 7 – Imagem do aplicativo Man of the Match. ............................................................... 31 Figura 8 – Anúncio em 3D na página dos classificados. .......................................................... 32 Figura 9 – Fotos de participantes da promoção #Spoonselfie, ................................................. 33 Figura 10 – Imagem do entortador de colheres Uri Geller no breakfast realizado pela

Kellogg's. .................................................................................................................................. 34 Figura 11 – Caipiroska da Smirnoff. ........................................................................................ 35 Figura 12 – Anúncio do residencial Recoleta. .......................................................................... 35 Figura 13 – Imagem do público na fila para participar da ação. .............................................. 37 Figura 14 – Imagem da ação dentro do globo de neve. ............................................................ 38 Figura 15 – Ativistas do Greenpeace acorrentados na entrada da empresa Vigor. .................. 39 Figura 16 – Ativistas pendurando o banner na lateral do prédio da empresa Vigor. ............... 39 Figura 17 – Gargalhômetro da felicidade da Kibon. ................................................................ 41 Figura 18 – Cena do filme publicitário da ação veiculado no meio on-line. ............................ 41 Figura 19 – Imagens da ação "Caminhão da felicidade" Coca-Cola. ....................................... 42 Figura 20 – “Onde a felicidade irá depois?” ............................................................................ 43 Figura 21 – Famílias chegando ao jantar realizado pela Coca-Cola. ....................................... 44 Figura 22 – Famílias reunidas na ação "Comer juntos alimenta a felicidade". ........................ 44 Figura 23 – Imagem de ação de Guerrilha dos cartões de visita de um dentista. ..................... 46 Figura 24 – Imagem da ação na Trafalgar Square, em Londres. .............................................. 47 Figura 25 – Cantora Pink em meio ao público durante a ação. ................................................ 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9

2 MARKETING E PLANEJAMENTO ............................................................................... 14

3 MARKETING DE GUERRILHA ..................................................................................... 16

4 LIVE MARKETING ........................................................................................................... 20

4.1 Marketing promocional ................................................................................................... 22

5 PERCURSO METODOLÓGICO ..................................................................................... 24

5.1 Instrumentos de coleta de dados ..................................................................................... 25

6 DADOS COLETADOS ....................................................................................................... 27

6.1 Primeiro participante (respondente) .............................................................................. 27

6.2 Segundo participante (respondente) ............................................................................... 28

6.3 Terceiro participante (respondente) ............................................................................... 32

6.4 Quarto participante (respondente) ................................................................................. 34

6.5 Quinto participante (entrevistado).................................................................................. 36

6.6 Sexto participante (respondente) .................................................................................... 38

6.7 Sétimo participante (entrevistado) .................................................................................. 42

6.8 Oitavo participante (entrevistado) .................................................................................. 45

7 ANÁLISES ........................................................................................................................... 50

7.1 Rede semântica ................................................................................................................. 50

7.2 Contradições e proximidades .......................................................................................... 50

7.3 Análises dos pontos positivos e negativos ....................................................................... 51

7.4 Análises dos exemplos ...................................................................................................... 53

7.4.1 Primeiro participante (respondente) ................................................................................ 53

7.4.2 Segundo participante (respondente) ................................................................................ 54

7.4.3 Terceiro participante (respondente) ................................................................................. 55

7.4.4 Quarto participante (respondente) ................................................................................... 57

7.4.5 Quinto participante (entrevistado) ................................................................................... 58

7.4.6 Sexto participante (respondente) ..................................................................................... 60

7.4.7 Sétimo participante (entrevistado) ................................................................................... 61

7.4.8 Oitavo participante (entrevistado) ................................................................................... 63

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 65

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69

APÊNDICE A – Questionário para a entrevista ....................................................................... 74

ANEXO A – As duzentas armas do Marketing de Guerrilha (Adaptado) ............................... 75

ANEXO B – As vinte maneiras como o Marketing de Guerrilha se diferencia do Marketing

Tradicional (Adaptado) ............................................................................................................ 78

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1 INTRODUÇÃO

Com a comunicação, surgiram a Publicidade e o Marketing, que são formas de

divulgar, convencer e informar, de forma criativa, as pessoas sobre produtos e serviços.

Segundo Armando Sant’Anna (2002), a comunicação é um instrumento importante, pois as

sociedades, da primitiva à moderna, baseiam-se na capacidade de transmitir informações,

sentimentos e conhecimentos.

Nos estudos que vêm sendo realizados, não se cuida apenas da comunicação de

massa, como também da comunicação interpessoal: da palavra falada, do sinal, do

gesto, da imagem, da exibição, da impressão, da radiodifusão, do cinema – de todos

os signos e símbolos por meio dos quais os humanos tratam de transmitir

significados e valores a outros humanos (SANT’ANNA, 2002, p. 1).

Segundo o mesmo autor (2002), a criatividade é a criação de algo original, único. E,

no marketing, esse algo novo vem da condição de ser benéfico à empresa, ao seu criador e à

comunidade. Pode-se afirmar, portanto, que “a empresa que, nos dias de hoje, se recusa a ser

criativa está fadada a ser superada muito rapidamente. Essa é a razão por que, desde o início,

dissemos que o marketing é a administração da criatividade” (DUALIBI; SIMONSEN, 2000,

p. 72).

J. B. Pinho (2001) expõe que o termo marketing surgiu no início do século XX, nos

Estados Unidos, a partir da Revolução Industrial. Na década de 1930, a produção das

indústrias estava aumentando, fazendo com que também crescesse a concorrência entre os

fabricantes, forçando-os a buscar novas alternativas de venda, mais eficazes. Em 1937, foi

fundada a American Marketing Association (AMA), uma entidade voltada aos profissionais

da área. No Brasil, o marketing chegou em meados dos anos 1950, através das multinacionais

que vinham dos Estados Unidos e da Europa para instalarem-se no Brasil. Na língua

portuguesa, o termo marketing teria como tradução mais aproximada a palavra mercadologia

ou a expressão comercialização. Todavia, o autor escreve que essas traduções caíram em

desuso por não definirem o processo total do termo original.

O presente estudo apresenta duas visões do conceito de marketing: a brasileira e a

americana, dando destaque aos estudos dos autores Armando Sant’Anna e Philip Kotler.

Sant’Anna (2002) menciona sobre o envolvimento do marketing com todas as atividades

comerciais, tendo como objetivo conhecer o consumidor, saber o que ele necessita, o que ele

deseja, e como produzir e vender o subsequente produto a ele. Dessa forma, o profissional de

marketing precisa estar a par de todas as etapas do processo, desde as tendências do mercado,

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o envolvimento do consumidor com o produto, até a distribuição. Em resumo, adota-se, na

presente pesquisa, a definição de que “marketing é cada contato, por menor que seja que sua

empresa tem com qualquer pessoa no mundo exterior. Cada contato, por menor que seja. Isso

representa um monte de oportunidades de marketing” (LEVINSON, 2010, p. 1). Apesar de

Sant’Anna, neste estudo, ser a referência para Mansano, introdutor do termo Live Marketing,

e Kotler ser a base para Levinson, autor do termo Marketing de Guerrilha, não se pode ignorar

o fato de que é possível encontrar semelhanças entre Levinson e Sant’Anna, assim como entre

Kotler e Mansano.

Kotler e Armstrong (1999, p. 9) acreditam que “marketing significa administrar

mercados para chegar a trocas, com o propósito de satisfazer as necessidades e desejos do

homem”, definindo-o como um processo pelo qual indivíduos e grupos conseguem o que

desejam através de trocas de produtos e valores. O conceito de marketing, para os autores,

sustenta que é preciso determinar as necessidades e desejos dos mercados-alvo para alcançar

as metas organizacionais e proporcionar a satisfação desejada de forma mais eficiente que a

de seus concorrentes.

O marketing opera em um ambiente dinâmico global. Toda década exige que os

gerentes de marketing pensem de novo em seus objetivos e práticas. As mudanças

rápidas podem tornar as estratégias de sucesso de ontem rapidamente desatualizadas

(KOTLER; ARMSTRONG, 1999, p. 13).

O termo estratégia tem como origem a área militar, onde se definia como a “arte do

general em comandar o exército” (LUPETTI, 2007, p. 88). Com o decorrer do tempo, essas

habilidades ganharam conceitos gerenciais. O termo foi inserido no meio empresarial em

meados da década de 1940, com a Teoria dos Jogos, de Von Neumann e Morgenstern. Nela, a

estratégia passou a ser “um plano que especifica quais ações serão feitas em cada situação

possível” (LUPETTI, 2007, p. 88). No caso específico da gestão da comunicação, o termo

estratégia será entendido como ações planejadas e executadas a partir da análise ambiental

interna e externa, de análise dos pontos fortes e fracos da organização, dos públicos

envolvidos, dos objetivos de comunicação determinados e dos posicionamentos estratégico e

específico da gestão da comunicação (LUPETTI, 2007, p. 89).

Neste trabalho, propõe-se estudar especificamente dois tipos de estratégias de

comunicação que atualmente causam certa confusão a partir de suas indefinições teóricas: o

Live Marketing e o Marketing de Guerrilha. Essas estratégias são trabalhadas nas áreas de

Publicidade e Propaganda e de Marketing, como formas de atrair o público-alvo, em

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alternativa aos veículos convencionais. O principal autor norte-americano sobre Marketing de

Guerrilha a ser estudado é Jay Conrad Levinson, que é o publicitário responsável pela criação

do conceito. Quanto ao Live Marketing, não há referência explícita a essa nomenclatura em

textos teóricos presentes em literatura acadêmica ou de negócios. O introdutor ou criador do

termo no mercado brasileiro foi Kito Mansano, Presidente da Associação de Marketing

Promocional (AMPRO) e do Sindicato das Empresas de Live Marketing (Sindilive). Mansano

explica que Live Marketing não é algo novo, mas um novo nome que busca uma melhor

definição.

Para compreender melhor essas estratégias, inicialmente, precisamos entender o

marketing e o consumidor. O primeiro deles, o marketing, tem uma forte ligação com a

psicologia. Rapp (2011) descreve que a psicologia desvenda como as pessoas agem, seus

pensamentos, percepções e o motivo de suas ações. Isso tudo também gira em torno dos

desejos de consumo dos consumidores, a persuasão que os atrai e os convence a escolher um

produto ou serviço. Para saber como sensibilizar o público-alvo, precisa-se entender o

comportamento humano, saber como atraí-lo, conquistá-lo. Isso é essencial para se planejar

uma ação de marketing, mas, segundo o autor, a psicologia vem sendo ignorada nessa área.

Para não tornar o marketing defasado, é necessário sempre inovar, surpreender, mas, para

isso, é muito importante conhecer seu púbico.

Devido ao Live Marketing e ao Marketing de Guerrilha serem estratégias que

valorizam o relacionamento e a interação com o consumidor, compreender seu

comportamento é essencial para o sucesso das ações realizadas. Assim, pode-se afirmar que

“a empresa que realmente compreender como os consumidores respondem às diferentes

características, preços e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus

concorrentes” (KOTLER; ARMSTRONG, 1999, p. 97). Os mesmos autores ainda lembram

que os profissionais de marketing precisam compreender como os consumidores respondem

aos esforços desse aspecto realizado pelas empresas. Eles se referem à mente dos

consumidores como uma “caixa-preta”, onde são construídas as respostas das pessoas a

qualquer outro estímulo, e o profissional de marketing precisa compreender como os

estímulos são transformados em reações do consumidor.

Hoje em dia, vivemos em um mundo que está passando por profundas

transformações. A mesma afirmação é absolutamente verdadeira em relação ao

marketing. Mesmo antes do surgimento de todos os atuais desafios econômicos, o

marketing já estava em um processo de mudança de paradigma que foi se

fortalecendo ao longo dos anos. O imenso impacto das mudanças macroeconômicas

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e a reestruturação do mercado aceleram essa transição, intensificando seu efeito

(RAPP, 2011, p. 31).

Levinson (2010) explica que o termo “ter uma noção” significa ver tudo do ponto de

vista do cliente. Além disso, o autor acredita que conhecer o consumidor é uma vantagem

essencial e que, ainda hoje, muitos profissionais do ramo de marketing não estão bem

informados sobre o que é o marketing e todo o seu poder e limitações. Na área da

comunicação, é muito importante entender as possibilidades de se fazer marketing para

adequá-lo, da melhor forma, ao cliente, e saber qual estratégia tem o melhor alcance do

público-alvo. O autor ainda sublinha que “tempo não é dinheiro, mas os insights de marketing

são. Correr atrás do pote de ouro significa manter atualizado com as novas revelações nesse

campo que muda rapidamente” (LEVINSON, 2010, p. 419). Além de se manter atualizado, é

essencial valorizar o cliente, conquistar sua confiança, e isso pode ser alcançado a partir da

interatividade entre a empresa e seu público, seja através de uma ação, o meio online, ou

ainda no próprio atendimento pessoal. Para que se tenha um retorno positivo é necessário que

o marketing e o planejamento mantenham-se sempre presentes.

Com muita frequência, as empresas deixam passar a oportunidade de envolver seus

clientes em um relacionamento interativo, pois elas temem espantar aqueles clientes

potenciais. Entretanto, se a sua publicidade e a sua equipe de atendimento ao cliente

produzirem a impressão adequada, você conquistará confiança e as pessoas lhe

informarão quase tudo. Na verdade elas desejam fazer isso e, por outro lado,

esperam receber valor real (RAPP, 2011, p. 75).

Complementando Ogden e Crescitelli (2007, p. 1) afirmam que “o marketing é uma

das atividades mais conhecidas e ao mesmo tempo uma das menos compreendidas”. Eles

ainda destacam três objetivos importantes: (1) a entrega do valor em detrimento da oferta de

produtos e serviços; (2) o relacionamento com os clientes; (3) a geração de benefícios não

somente para a empresa e seus clientes, mas também para todos os públicos de interesse da

empresa. Margolis e Garrigan (2013, p. 100) acreditam que “às vezes, o público vê iniciativas

de marketing como algo insincero, fabricado e até mesmo manipulativo, o que, às vezes, é

verdade. Logo faça tudo em seu poder para provar que eles estão errados”. Essa análise pode

vir a ser usada no esclarecimento de dúvidas de estudantes da área de comunicação, pois há

muita confusão em compreender que tipos de ações abrangem o Live Marketing e qual a

diferença entre esse e o Marketing de Guerrilha.

Nesse contexto, o problema de pesquisa vem a ser: quais as características, vantagens

e desvantagens do Live Marketing e do Marketing de Guerrilha a partir da relação teórico-

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prática do mercado publicitário de Santa Maria, Porto Alegre e São Paulo? O objetivo geral

busca identificar as características, vantagens e desvantagens do Live Marketing e do

Marketing de Guerrilha para gerar padrão de diferenciação teórico-prático entre os termos,

considerando a opinião de entrevistados. Para alcançar o objetivo geral, foram propostos

quatro objetivos específicos: definir o Live Marketing, dando ênfase aos seus aspectos

positivos e negativos; caracterizar o Marketing de Guerrilha, dando ênfase aos seus aspectos

positivos e negativos; selecionar e analisar exemplos de execução de cada estratégia;

comparar as duas estratégias e seus exemplos práticos, com base nas informações recolhidas

no trabalho de campo. Os objetivos foram formulados para que se possa chagar a uma melhor

compreensão das estratégias de forma que possa vir a ser útil tanto no ensino quanto em

pesquisas de referencial teórico.

Pelo fato de não ter sido encontrado conteúdo teórico referente ao Live Marketing,

devido a sua denominação ser nova, a ideia é que este estudo seja pioneiro na explicitação de

tal assunto, além de estudar um tema diferente e atrativo. Para melhor compreensão, este

trabalho está dividido entre os capítulos: Marketing e Planejamento, com o intuito de criar a

linha de raciocínio desde a compreensão do marketing em geral e a necessidade do

planejamento; Marketing de Guerrilha, que explica o surgimento desse conceito e a sua

definição, através de Levinson (2010), criador do termo, e de outros autores da área; Live

Marketing, também dedicado a explicar o surgimento e a definição conceitual, com base em

Mansano (2012), introdutor do termo, nos profissionais que palestraram no Primeiro

Congresso de Live Marketing e na revista especializada denominada Live Marketing; Percurso

Metodológico, onde se explica a metodologia usada para a realização do trabalho; Dados

Coletados, que mostra o ponto de vista de profissionais da área a partir de entrevista e

questionário; para finalizar, as Considerações Finais, que apresentam os resultados obtidos.

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2 MARKETING E PLANEJAMENTO

Faz-se necessário, nesta seção, reiterar o conceito de marketing: segundo Sant’Anna

(2002), implica em conhecer o que o consumidor necessita ou deseja – além de estudar a

produção dessa necessidade, produzi-la e distribuí-la ao consumidor – e também em ensiná-lo

como consumir esse produto. Agregando a isso, Kotler e Keller (2012) ainda acrescentam que

o valor é o conceito central do marketing, podendo ser considerado como uma combinação de

qualidade, serviço e preço. O marketing pode ser visto, dessa forma, como identificação,

criação. A comunicação, a entrega e o monitoramento do valor para o cliente fazem parte do

conceito de marketing, que é o conjunto de atividades que são exercidas para criar e levar a

mercadoria do produtor ao consumidor final. Por fim, o marketing também estuda as

tendências do mercado, as preferências do consumidor e a distribuição do produto

(SANT’ANNA, 2002).

Sant’Anna (2002) explica que o marketing está presente nas três fases da mercadoria:

“antes”, “também” e “além” – antes: encontra-se na pesquisa de mercado, na busca pela

motivação que antecede a criação das mercadorias segundo os desejos; também: seria o

processo em que se compreende a mercadoria na sua essência, como o objeto ou instrumento

de satisfação do consumidor; ele está além: compreende as atividades de transporte,

financiamento, manuseio, armazenagem e outras funções, mas não necessariamente na

mercadoria. Para se chegar a essa estratégia de comunicação, é necessário, antes, o

planejamento, que, segundo Sant’Anna (2002), tem como objetivo proporcionar soluções

práticas para problemas específicos de marketing e propaganda. O planejamento deve ser uma

previsão e formação de critérios para examinar o futuro e elaborar um plano de ação.

O planejamento é a base para o marketing que vende. Ao fazê-lo Levinson (2010),

aconselha revisar seus objetivos, concorrentes, mercado, forças e fraquezas, além de estarem

atento as tendências na economia. Após esclarecer seu posicionamento, que é imprescindível

para o marketing, é necessário ter certeza quanto ao benefício do serviço ou produto a ser

oferecido, se este se destaca da concorrência, e ainda se é único ou difícil de ser imitado. Cada

detalhe é um risco a menos que a marca possa vir a enfrentar no mercado, é importante prezar

pela qualidade e organização, prevenindo assim, que suas ações venham trazer prejuízo, ou

repercussão negativa.

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Devido à abrangência, à complexidade e à riqueza do marketing, Kotler e Keller

(2012, p. 24) afirmam que os 4P’s tradicionais classificados por McCarthy não representam

mais todo o cenário do marketing. Os autores afirmam que “se os atualizarmos para que

reflitam o conceito de marketing holístico, obteremos um conjunto mais representativo que

envolverá as realidades do marketing moderno: pessoas, processos, programas e

performance”. Assim, os 4P’s da moderna administração de marketing são classificados

como: (1) pessoas: que refletem, em parte, o endomarketing e o fato de que os funcionários

são fundamentais para o sucesso; (2) processo: que se refere à criatividade, à disciplina e à

estrutura incorporada à administração de marketing; (3) programas: que são todas as

atividades da empresa direcionadas aos consumidores; (4) performance: que captura o leque

de possíveis indicadores de resultado que tenham implicações financeiras e não financeiras e

outras que transcendem a própria empresa. Complementando os 4P’s, Pinho (2001, p. 30)

explica os 4A’s que foram criados para descrever a interação do mix de marketing com o

meio ambiente, resultando no Sistema Integrado de Marketing (SIM). Assim, os 4A’s seriam:

(1) análise: para compreender as forças vigentes do mercado em que a empresa opera ou

pretende operar; (2) adaptação: que tem o intuito de adaptar a empresa com base nos

resultados da análise; (3) ativação: sendo o conjunto de medidas destinadas a fazer com que o

produto atinja os mercados pré-definidos e seja adquirido pelo consumidor; para completar,

(4) avaliação: que se propõe a exercer controle sobre os processos de comercialização e de

interpretação de seus resultados a fim de racionalizar os futuros processos de marketing.

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3 MARKETING DE GUERRILHA

A expressão Marketing de Guerrilha surgiu em 1982, inspirada na guerrilha bélica. Os

autores Margolis e Garrigam (2013, p. 10) complementam, explicando que as “táticas de

guerrilha foram criadas por exércitos que não tinham recursos para atingir seus objetivos

políticos e militares através dos métodos usuais. Por isso, eles tiveram que usar os recursos

disponíveis e serem criativos na maneira de como se aproximar e entrar em combate”.

Para uma melhor compreensão sobre o surgimento desse conceito, cita-se um exemplo

de criatividade na guerra, relatado no documentário The Ghost Army, produzido pela PBS, em

2013. O documentário relata a história que foi revelada, em 1996, sobre o exército americano

fantasma unit 603 Engineers, na Segunda Guerra Mundial. Esse exército tinha como objetivo

criar ilusões, para confundir o inimigo, posicionando-se perto das linhas inimigas, usando de

efeitos multimídia para criar a impressão de que havia um número muito maior de soldados e

artilharia do que realmente havia. Para isso, os soldados artistas americanos usaram de

criatividade, planejamento e pouca verba, para alcançar seu objetivo, o de distrair o exército

alemão.

O exército fantasma criou uma frota de infláveis, como tanques, caminhões e até

aviões, para que, vista de cima, o inimigo acreditasse que aquela unidade era muito maior do

que realmente era. Os soldados também captavam sons variados, como ruídos de veículos de

guerra em movimento e martelos batendo, dando a impressão de que estavam sendo

realizadas grandes construções. Segundo Lima (2013, p. 8), “após a captação destes sons, eles

eram mixados em múltiplas pistas de diferentes maneiras com o objetivo de sugerir uma

imagem mental dos mais variados cenários”. Além de criatividade, alguns soldados eram

enviados a cafés franceses para disseminar informações falsas para os espiões alemães. A

seguir, as figuras 1 e 2 (página 16), ilustram algumas das ideias realizadas pelo unit 603

Engineers.

Page 17: Amanda Cassenote Ribeiro MARKETING DE GUERRILHA … · Figura 16 – Ativistas pendurando o banner na lateral do prédio da empresa Vigor. ... introdutor do termo Live Marketing,

Figura 1 – Tanque inflável criado pelo unit 603 Engineers.

Fonte: PBS Video. Disponível em: <http://video.pbs.org/video/2365010175/>. Acesso em: 07 jun. 2015.

Figura 2 – Caixas de som para propagar efeitos falsos, criadas pelo unit 603 Engineers.

Fonte: PBS Video. Disponível em: <http://video.pbs.org/video/2365010175/>. Acesso em: 07 jun. 2015.

O termo Marketing de Guerrilha foi criado pelo publicitário norte-americano Jay

Conrad Levinson como uma estratégia que defende as pequenas e médias empresas podem e

devem competir, no mercado, com as grandes companhias. Levinson (2010, p. 30) esclarece

que “o coração do Marketing de Guerrilha é a utilização adequada das armas que você escolhe

usar”. O autor apresenta duzentas armas do Marketing de Guerrilha, como por exemplo:

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anúncios no cinema, placas exteriores, vitrines, outdoors, mala direta, ação meme, e

testemunhos (ver o Anexo A deste trabalho). Além disso, essa estratégia exige que o

profissional responsável pela comunicação conheça todas as suas opções e, se necessário,

teste muitas delas para, assim, saber quais são as táticas mais eficientes para alcançar seu

objetivo. Segundo o autor (2010, p. 30-32), “o Marketing de Guerrilha costuma ser

praticamente desconhecido pelas grandes empresas, embora algumas já estejam diminuindo

essa lacuna” e complementa ao afirmar que:

Marketing de Guerrilha não é: caro, fácil, comum, dispendioso, ensinado nos cursos

de marketing, encontrado nos livros de marketing comuns, praticado pelas agências

de publicidade ou conhecido pela maioria de seus concorrentes. Agradeça por ele

não ser nenhuma dessas coisas. Porque, se fosse, todos os donos de negócios seriam

guerrilheiros e seu caminho para o sucesso seria uma estrada asfaltada, em vez de

uma trilha secreta até o fim do arco-íris com um pote de ouro bem maior do que

você imagina (LEVINSON, 2010, p. 38).

Levinson (2010) explica melhor o diferencial do Marketing de Guerrilha através de

uma comparação. O autor acredita que as mudanças do marketing no século XX podem ser

explicadas por meio de vinte maneiras que o Marketing de Guerrilha se diferencia do

Marketing Tradicional (ver o Anexo B deste trabalho).

Podemos destacar, dentre as vinte diferenças, que o Marketing de Guerrilha tem como

alma os pequenos negócios, ao contrário do Marketing Tradicional, que foca em grandes

empresas. Por isso, o Marketing Tradicional não pode arriscar fazer opções arriscadas,

utilizando o máximo possível de psicologia, nas leis do comportamento humano. O autor

também lembra que o número mais importante é o lucro, pois é o único que diz a verdade

sobre o foco que se deve tomar. O Marketing de Guerrilha pratica o “marketing do você”, por

meio do qual cada palavra e ideia se referem ao cliente, e ainda argumenta que 68% de todos

os negócios perdidos devem-se à apatia após a venda.

O marketing pode ser mesmo assim tão simples? Pode, se você não complicar as

coisas. Os guerrilheiros adaptam o marketing, a mensagem criativa e toda a filosofia

à realidade dos tempos. Em vez de se insurgir contra as mudanças, eles se adaptam a

ela. E a lucratividade atesta a sabedoria desse tipo de atitude. O objetivo da

mensagem criativa não é o marketing que leva a pessoa a dizer “Isso é de uma

criatividade incrível!”, mas o marketing que leva a pessoa a dizer “Eu quero esse

produto!” (LEVINSON, 2010, p. 102).

Levinson (2010, p. 105), “o contato pessoal toma mais tempo do que qualquer outro

meio de marketing, mas é extremamente eficiente, entretanto esse contato pessoal deve ser

apoiado em métodos de mídia de massa”. Além disso, afirma que o marketing on-line, para os

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guerrilheiros, é um meio dos sonhos, onde a oportunidade de ouro é a interatividade misturada

com ação, conectividade, comunidade, capacidade de atingir o alvo pela economia, tudo isso

se for feito de maneira apropriada. O autor acredita que existam dezesseis segredos do

Marketing de Guerrilha e que, sem conhecê-los e colocá-los em prática, é impossível divulgar

um produto ou serviço com sucesso. Portanto, podem-se resumir os segredos em dezesseis

palavras: compromisso, investimento, consistência, confiança, paciência, diversidade,

consequência, conveniência, surpresa, medida, envolvimento, dependência, arsenal,

consentimento, conteúdo e crescimento.

Pode-se observar que os autores Margolis e Garrigan (2013) apresentam uma opinião

semelhante à de Levinson (2010) ao explicar que um dos principais diferenciais do Marketing

de Guerrilha é que ele não trabalha dentro de um conjunto estabelecido de parâmetros como o

Marketing Tradicional. Também explicam que, sob vários aspectos, os princípios do

Marketing de Guerrilha iniciam por identificar o público-alvo para que, em seguida, criem-se

estratégias para saber onde eles estão, como se pode causar a impressão mais efetiva e, para

finalizar, saber como sensibilizá-los de uma maneira completamente inesperada e impactante.

Os autores acreditam que a Guerrilha se concentra em sensibilizar os consumidores por meio

da criação de uma experiência exclusiva para o público alvo, de maneira criativa, podendo

chegar à imprensa, para que esta o ajude a espalhar a mensagem, pois

[...] a mídia precisa compartilhar algo excitante com os espectadores ou leitores;

algo que eles nunca tenham ouvido falar antes. A essência da nova mídia é produzir

maneiras eficazes e interessantes de aumentar a exposição de sua marca aos

consumidores (MARGOLIS; GARRIGAN, 2013, p. 144).

Pode-se entender, então, que, a partir de uma ação voltada para um pequeno público, a

Guerrilha, considerada criativa, ainda pode alcançar uma grande massa, de forma gratuita,

através daquilo que se refere no campo da comunicação, como mídia espontânea. Pode-se

definir que a mídia espontânea, segundo Kotler e Keller (2012, p. 587), “consiste em todos os

benefícios de relações públicas que uma empresa recebe sem ter pago diretamente por eles”.

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4 LIVE MARKETING

O estudo sobre Live Marketing é construído, aqui, a partir de três bases: Kito

Mansano, introdutor do termo no mercado brasileiro, representantes do mercado publicitário e

de marketing que palestraram no 1º Congresso Brasileiro de Live Marketing no ano de 2013 e

artigos da revista Live Marketing, especializada no assunto. Assim, entende-se que:

O Live Marketing está sintonizado com a diversidade e complexidade da sociedade

atual, pois envolve e emociona as pessoas, em contatos diretos e relevantes, ativando

suas redes de influência naturalmente, aproveitando assim o impulso de

compartilhar (STEIN, p.1 2013).

Stein1 (2013) comenta que o Live Marketing é a união entre ferramentas do marketing

mix e o digital. Nada mais é do que a união do marketing promocional com a interatividade. A

razão da mudança da terminologia é devido ao fato de que as empresas relacionavam

marketing promocional diretamente com promoção. A partir disso, precisa-se entender o que

move o público-alvo, o que o atrai, para que seja possível mobilizá-lo e envolvê-lo em uma

ação divertida ou em uma causa. Promoções, conteúdo especial, campanhas sociais,

ecológicas ou de entretenimento através da cultura ou do esporte são ferramentas que

compõem o Live Marketing2. A partir da localização do cliente, da compreensão de seu

comportamento e anseios, atrai-se a atenção, ativa-se o interesse, promovendo a

experimentação e a compra, porém não finalizando na compra. O Live Marketing ainda tem a

intenção de transformar o cliente em fã da marca, busca criar um relacionamento que vá além

da experiência do dia a dia, mas que tenha a ver com valores, conceitos e causas. Dentro do

Live Marketing, encontram-se várias ferramentas, como está apresentado no quadro 1.

Quadro 1 – Ferramentas de Live Marketing

Sorteios Coleções Convenções

Concursos Material de apoio para vendas Patrocínios

Premiações Treinamentos Festivais

1 Lead Trend Strategist para a América Latina na empresa Trendwatching.com, responsável pela supervisão e

desenvolvimento de estudos sobre as tendências de consumo da América Latina, foi uma das palestrantes no 1º

Congresso de Live Marketing. 2 MANDALA PROMOÇÃO E MARKETING. Live Marketing. Maceió, [201-?]. Disponível em:

<http://www.mandalapromocoes.com.br/live-marketing/>. Acesso em: 10 maio de 2015.

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Ofertas / descontos Degustações Desfiles / eventos

Vale-brinde Demonstrações Feiras / exposições

Liquidações Self liquidating Incentivo a vendas

Remarcações Exibição técnica Brindes

Cross merchandising Material de PDV Samplings / blitz

Fonte: CONGRESSO BRASILEIRO DE LIVE MARKETING, 1., 2013, São Paulo. [Manual de Live

Marketing]. São Paulo: AMPRO. Disponível em:

<http://www.congressolivemarketing.com.br/manual_live.pdf>. Acesso em: 10 maio de 2015. (Os links

relacionados ao 1º Congresso Brasileiro de Live Marketing podem não abrir devido a uma alteração promovida

no site após a realização da segunda edição do evento).

Stein (2013) afirma que os consumidores estão abraçando o imediatismo, a

autenticidade, a exclusividade e a espontaneidade de tudo o que é “ao vivo”, sendo que neste

trabalho entede-se como ao vivo interação entre marca e público-alvo. Também destaca que

experiências e acontecimentos ligados a um lugar e tempo têm mais valor e, por isso, ela

incentiva a investir em intervenções para surpreender o consumidor. Cássia3 afirma, em uma

reportagem da Revista Live Marketing4, que este setor apresenta um crescimento nos últimos

10 anos no Brasil, aproximado a 6% no ano de 2015. E segundo a AMPRO, em sua coluna na

Revista Live Marketing, na mesma edição da reportagem, mais de 35 Agências definidas

como sendo de Live Marketing já fazem parte do grupo certificado pela entidade.

Mansano5, em reportagem da Revista Live Marketing

6, afirma que, para transformar o

discurso em realidade, as agências de promoção começam a apostar no conceito de Live

Marketing, o qual tem como objetivo “envolver o consumidor independente da mídia

utilizada, com ferramentas de vivência ao vivo e resultados imediatos” (LIVE, 2012, p. 14).

Segundo a reportagem, o desafio do Live Marketing é “através das várias ferramentas do

marketing promocional como incentivo, ativação no ponto de venda, eventos, entre outros,

alinhar com as várias possibilidades do digital” (LIVE, 2012, p. 14). Numa visão mais ampla,

3 Diretora da Agência 96, localizada na cidade de São Paulo.

4 CONGRESSO de Live Marketing se consolida e deve surpreender em sua segunda edição. Live Marketing, São

Paulo, ano 3, n. 7, p. 16-27, 2015. 5 Presidente da Associação de Marketing Promocional (AMPRO) e do Sindicato das Empresas de Live

Marketing (Sindilive). 6 LIVE Marketing Explora as Tendências do Marketing Promocional. Live Marketing, São Paulo, ano 1, n. 1, p.

14-17, 2012.

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o conceito “proporciona experiência de marca, gera maior eficiência da ação e possibilita

maior assertividade e mensuração de resultados”.

Com o Live Marketing como guarda chuva, teremos que passar a fazer parte do

planejamento inicial, indicar as ferramentas ideais para se atingir os resultados e

efetivamente, trabalhar com orçamento definido. Dessa maneira, essa pode ser

considerada uma grande revolução. Não será ousadia dizer que é o futuro chegando

e que a partir da utilização do Live Marketing as agências entram em um

maravilhoso mundo novo (MANSANO, 2013, p. 10).

Diego Senise7 informa, em trecho da revista Live Marketing

8, que as abordagens como

o Live Marketing geram sensações nos consumidores e a necessidade de maior criatividade,

inovação e coragem, por parte das empresas, para que as estratégias de promoções ganhem as

ruas, fortalecendo marcas, produtos e serviços, inclusive, com uma visão profissional externa.

Silvana Torres9 afirma que o novo consumidor pede o encantamento, o vivencial, o inusitado,

o agora, “quer ser despertado por uma experiência incrível, conectar-se a sentimentos e

lembranças e, para isso, precisa ser impactado. Ele deixa de ser passivo para ser protagonista”

(TORRES, 2013, p. 6). Ainda, ela esclarece que o consumidor carrega o desejo de

compartilhamento imediato com amigos e parentes e, para isso, utiliza as redes sociais e o

mobile marketing, mas o retorno imediato e o sucesso estão diretamente relacionados com a

estratégia do planejamento.

4.1 MARKETING PROMOCIONAL

Como apresentado anteriormente, o Live Marketing é a união do Marketing

Promocional com a interatividade. A partir da Associação de Marketing Promocional

(AMPRO) (2011, p. 8), pode-se compreender que o Marketing Promocional “é a promoção de

marca com objetivo de incentivar vendas e divulgar imagem por meio de técnicas específicas

e pontos de contato que ativem a compra, o uso ou a experiência de produtos ou serviços”.

Essa estratégia tem como objetivo contribuir com o valor de marca na mente do consumidor,

a partir de suas ferramentas, incentivando a compra, a fidelização de um produto ou serviço.

É válido destacar que, diferente do Live Marketing, o Marketing Promocional está

presente não somente em ações dirigidas aos consumidores, como também pode ser usada

7 CEO da Ilumeo (empresa focada em métodos de análise para aumentar a eficácia das decisões de comunicação

e marketing), participante do 1º Congresso Brasileiro de Live Marketing. 8 SENTIDOS humanos são primordiais no Live Marketing. Live Marketing, São Paulo, ano 1, n. 6, p. 14, 2013.

9 CEO da Holding Up (agência de brand experience), participante do 1º Congresso Brasileiro de Live Marketing.

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para trade de funcionários. Ainda com base na AMPRO (2011), esta estratégia tem como

principal finalidade a distribuição e apresentação do produto ou serviço a partir das

ferramentas, divididas em cinco categorias, apresentadas no quadro 2.

Quadro 2 – Ferramentas do Marketing Promocional

Distribuição e apresentação do produto/serviço a partir de:

Ofertas monetárias Liquidação, Reembolso, Cupons de desconto, Bonificação, Ações

cooperadas, Compensações comerciais ou Concursos de vendas;

Ofertas não monetárias

(de produtos)

Bônus pack, Pacote de produtos, Compre 3 pague 2 ou

Embalagem promocional;

Prêmios e Brindes Concurso, Sorteio, Vale-brinde, Premiação instantânea, Prêmio

auto liquidante, Promoção de continuidade, Junte e troque,

Coleção, Álbum de figurinhas ou Brinde;

Incentivos Prêmios por pontos acumulados, Concursos de venda e Incentivos

à produtividade ou a um determinado comportamento;

Eventos Lançamento de produtos, Eventos, Feiras, Exposições,

Seminários, Fóruns, Simpósios, Congressos, Cursos, Festivais,

Jogos, Desfiles, Shows, Patrocínios, Blitz.

Fonte: Criado pelo grupo de estudos acadêmicos da Associação de Marketing Promocional – AMPRO.

Disponível em: <http://ampro.com.br/estilos/site/arquivos/definicao_do_marketing_promocional(1).pdf>.

Acesso em: 06 jun. 2015.

A partir dessas características pode-se perceber que a criação dessa nova

nomenclatura, tem como principal característica, diferenciar as ferramentas não interativas do

Marketing Promocional de sua adaptação do sensorial das ações de Live Marketing.

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5 PERCURSO METODOLÓGICO

O objetivo desta pesquisa é buscar conhecimento, através dos pontos de vista

conceituais e práticos de profissionais da área de Marketing e Publicidade, exemplificar e

(re)organizar a teoria existente em relação aos dois termos abordados: Marketing de Guerrilha

e Live Marketing. Para isso, realizou-se uma pesquisa de natureza mista, com uso de técnicas

de coleta de dados da pesquisa qualitativa – na fase em que foi necessáro ouvir o que as

pessoas tinham a dizer – e da pesquisa quantitativa – na busca por mensurar, ou melhor,

compreender o conteúdo obtido de forma objetiva.

Segundo Roesch (2009), a pesquisa qualitativa busca colaborar com um determinado

tema, conceito, e até construir uma posição própria sobre o determinado assunto. É apropriada

para contribuir na melhora da efetividade de um programa e, no caso deste trabalho, auxiliar

no estudo acadêmico da área da comunicação sobre a definição correta de Live Marketing,

bem como de suas diferenças com o Marketing de Guerrilha, devido a pouca informação

teórica. Para alcançar o objetivo, a pesquisa quantitativa “implica medir relações entre

variáveis [...] a melhor estratégia de controlar o delineamento da pesquisa pra garantir uma

boa interpretação dos resultados” (ROESCH, 2009, p. 130). Além disso, o trabalho faz uso da

metodologia exploratória, a qual, ainda segundo a autora, pode ser aplicada quando se deseja

explorar um tema pouco estudado.

Com vistas a atingir o resultado, a entrevista em profundidade e o questionário on-line

foram usados como instrumentos de coleta de dados para, então, ser elaborada uma análise do

conteúdo das respostas obtidas. A entrevista em profundidade, segundo Roesch (2009 p. 159),

tem como “objetivo primário entender o significado que os entrevistados atribuem a questões

e situações em contextos que não foram estruturados anteriormente a partir das suposições do

pesquisador”. Ainda, segundo a autora, conceituar o conteúdo pesquisado vai além de apenas

resumir os dados, é necessário muita análise e embasamento teórico do pesquisador para que

este não venha a concluir nenhuma informação errônea. A entrevista foi semiestruturada, pois,

dessa forma, ofereceu a possibilidade de identificar as características de cada prática sob a

óptica dos entrevistados, os quais responderam com suas visões e entendimentos pessoais,

tornando cada resposta única. Na sequência, tais informações foram comparadas, pois, “uma

vez que se deu liberdade para o respondente, respostas inesperadas normalmente surgem, e

estas terão de ser categorizadas, a fim de possibilitar sua interpretação” (ROESCH, 2009, p.

169). Assim como na entrevista, o questionário foi construído a partir das mesmas perguntas.

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Roesch (2009) explica que, ao usar o questionário, o melhor é pensar em questões abertas

mais estruturadas para evitar a colocação de ideias na mente do respondente. O roteiro usado

nas entrevitas e no questionário on-line foi semiestruturado para não haver o risco de desviar

do objetivo da pesquisa (ver o Apêndice A deste trabalho).

A pesquisa foi realizada no período de junho a agosto de 2015. O primeiro contato

com os entrevistados foi via e-mail, com a explicação da proposta do trabalho e o convite para

participar. Para os entrevistados de Porto Alegre e São Paulo, optou-se pelo questionário, que

foi enviado por e-mail. No caso de Santa Maria, foram realizadas as entrevistas agendadas,

com exceção de um dos profissionais, que recebeu questionário.

5.1 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os entrevistados selecionados para a pesquisa são profissionais da área da publicidade

e marketing. Para haver uma compreensão das estratégias com relação ao mercado, foram

analisados pontos de vista em diferentes estruturas: São Paulo, um dos maiores polos

publicitários do Brasil; Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul; Santa Maria, local em

que também há um mercado muito forte, apresentando, neste estudo, a visão mercadológica

de uma cidade do interior. Para os profissionais de São Paulo e Porto Alegre, usou-se, como

instrumento de coleta de dados, o questionário, que:

[...] não é apenas um formulário, ou um conjunto de questões listadas sem muita

reflexão. O questionário é um instrumento de coleta de dados que busca mensurar

alguma coisa. Para tanto, requer esforço intelectual anterior de planejamento, com

base na conceituação do problema de pesquisa e do plano da pesquisa (ROESCH,

2009, p. 142).

Os participantes pesquisados foram profissionais representantes de agências de

publicidade, profissionais de marketing e professores da área de comunicação das cidades de

São Paulo, Porto Alegre e Santa Maria. O questionário on-line criado no site Survio10

ferramenta para pesquisas on-line, ideal para pesquisa de satisfação do cliente, avaliação de

desempenho e pesquisa de mercado.

10

Mais informações estão disponíveis no link: <http://www.survio.com/br/>. Acesso em: 20 jun. 2015.

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Quadro 3 – Relação dos respondentes e entrevistados

Com base na organização explicada na tabela acima, os respondentes e entrevistados

não serão citados pelos seus nomes ao longo do texto, com o intuito de não haver nenhuma

insegurança dos pesquisados quanto às suas respostas. No próximo capítulo, serão

apresentados os dados coletados a partir de cada contato.

Participante Cidade Instrumento de coleta Data

1º São Paulo Questionário 13/07/2015

2º São Paulo Questionário 13/07/2015

3º São Paulo Questionário 21/07/2015

4º Porto Alegre Questionário 30/06/2015

5º Santa Maria Entrevistado 24/07/2015

6º Santa Maria Questionário 23/06/2015

7º Santa Maria Entrevistado 20/08/2015

8º Santa Maria Entrevistado 25/08/2015

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6 DADOS COLETADOS

O trabalho, como foi apresentado anteriormente, tem como objetivo identificar as

características, vantagens e desvantagens do Live Marketing e do Marketing de Guerrilha para

gerar padrão de diferenciação teórico e/ou prático entre os termos, considerando a opinião dos

entrevistados. Para alcançar um esclarecimento dos seus conceitos, relacionando-os com as

referências teóricas. Os principais autores estudados foram Jay Conrad Levinson, americano

criador do termo Marketing de Guerrilha, e Kito Mansano, introdutor do termo Live

Marketing no cenário brasileiro (apesar de não haver referência explícita em textos teóricos

presentes na literatura acadêmica ou de negócios). Também foram utilizados artigos de revista

especializada e depoimentos de palestrantes do mercado publicitário no Congresso de Live

Marketing, realizado na cidade de São Paulo, em 2012. Vale ressaltar que essas estratégias,

que são a base do presente estudo, são trabalhadas, nas áreas de Publicidade e Propaganda e

Marketing, como alternativas.

Com relação aos dados pesquisados, transcritos na sequência deste capítulo, esses

foram coletados a partir de questionário on-line e entrevistas pessoais no período entre junho

a agosto de 2015. Foram estudados três níveis de realidade do mercado publicitário brasileiro,

com profissionais das cidades de São Paulo, Porto Alegre e Santa Maria. As questões

abordadas nas entrevistas buscam compreender, sob o ponto de vista dos profissionais, o que

eles entendem como sendo Marketing de Guerrilha e Live Marketing e os pontos positivos e

negativos de cada um, se consideram que as estratégias têm, ou não, o mesmo objetivo e

também conhecer exemplos realizados por eles, ou que chamaram sua atenção.

6.1 PRIMEIRO PARTICIPANTE (RESPONDENTE)

O primeiro respondente é publicitário da cidade de São Paulo, que teve o questionário

enviado no dia 29/06, o qual foi respondido no dia 13/07. Ele acredita que as duas estratégias

têm o mesmo objetivo. Iniciando por Marketing de Guerrilha, nas suas palavras, compreende

que são “ações de marketing utilizadas em campo ou de forma pontual para combater ações

de concorrentes. Geralmente ações de Live marketing são as melhores opções, Marketing de

Guerrilha é uma delas”. O exemplo dado com relação à Guerrilha foi “Colocar promotoras no

ponto de venda fazendo experimentação de um produto para combater a redução do preço do

produto concorrente”. Sobre Live Marketing, o publicitário afirma ser esta:

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[...] a forma mais moderna de fazer marketing. É o conceito maior que engloba

eventos, campanhas de incentivos, marketing promocional, trade marketing e o

digital. O consumidor mudou seu comportamento nos últimos anos e o marketing ao

vivo é a forma mais moderna de atingir os sentimentos do consumidor.

Além disso, o respondente conclui que:

Live Marketing é um conceito que engloba várias atividades da comunicação. Não

são duas estratégias, Marketing de Guerrilha é apenas uma ferramenta do Live

Marketing, assim como promoções, ativações, entre outros. A estratégia é usar Live

Marketing, porém com a ferramenta Marketing de Guerrilha. Poderia ser promoção,

evento, incentivo à equipe de vendas, uma ação digital.

A partir de sua compreensão, argumentou como pontos positivos e negativos que

usar ações de Marketing de Guerrilha é também fazer Live Marketing. Toda ação ao

vivo que gere interação sensorial com o consumidor é uma ação de Live Marketing.

Para ser claro, se estiver fazendo uma ação de Guerrilha usando promotoras no

ponto de venda, por exemplo, está fazendo uma ação de Live Marketing.

Nesse caso, o entrevistado refere-se ao mesmo exemplo dado em Marketing de

Guerrilha para Live Marketing.

6.2 SEGUNDO PARTICIPANTE (RESPONDENTE)

O segundo profissional é da cidade de São Paulo, um administrador da empresa

NIELSEN (voltada a pesquisas de mercado e consumidor) que também respondeu via

questionário (enviado no dia 29/06 e retornado no dia 13/07). No seu ponto de vista, o

Marketing de Guerrilha representa “ações de marketing de alto impacto e geralmente sem alto

custo”. O exemplo exposto quanto a Marketing de Guerrilha foi realizado em um estádio de

futebol do time Sevilla, na Espanha, durante o Campeonato Espanhol, em 2012, onde o banco

dos jogadores reserva foi transformado em um cachorro-quente gigante (figura 3) com o

intuito de divulgar a marca de salsicha Oscar Mayer.

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Figura 3 – Ação no estádio de futebol de Sevilla realizada pela marca Oscar Mayer.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://uolesporte.blogosfera.uol.com.br/2012/03/18/sevilla-inova-no-

marketing-e-guardiola-comanda-barcelona-de-dentro-de-um-cachorro-quente/>. Acesso em: 01 jul. 2015.

Quanto à estratégia de Live Marketing, descreve que “são ações de marketing que

buscam a aproximação e interatividade com o público alvo, reforçando experiências

sensoriais no contato com a marca”. O respondente acredita que as duas estratégias têm

objetivos diferentes e responde que “as ações de Marketing de Guerrilha nem sempre são

interativas e/ou trazem experiências sensoriais, mas em alguns casos são comuns, ou seja,

uma ação de guerrilha pode ser um Live Marketing”. Ele vê, como pontos positivos e

negativos, que:

[...] ambas visam à inovação, à diferenciação, à ousadia, à busca de captar a atenção

através do inusitado. Não vejo pontos negativos caso sejam feitas em sua totalidade,

ou seja, não fiquem apenas na “superfície”. Há que criar a comunicação, a interação

com a marca, porém a mensagem deve ser mais profunda que isso.

Nesse sentido, o exemplo escolhido aconteceu “durante a Copa do Mundo FIFA 2014

no Brasil tanto a Coca-Cola como a AmBev, através da marca Budweiser, criaram várias

ações de Live Marketing nos estádios, através de stands, músicas, danças, proporcionando

uma experiência com a marca antes e depois dos jogos”. A campanha, denominada Rise as

One (figuras 4 e 5), focava nos momentos que unem os torcedores, ligando o esporte e a

música, que já fazem parte da identidade da marca. Ela contava também com um filme

publicitário, com astros do futebol representando uma banda, sendo esses Hulk (Brasil),

Samuel Eto'o (Camarões), Gary Cahill (Inglaterra) e Maya Yoshida (Japão).

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Figura 4 – Cena do filme publicitário. Jogadores no aeroporto, chegando ao Brasil.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://www.revistalivemarketing.com.br/entrevista/budweiser-promove-

acoes-live-para-a-copa>. Acesso em: 02 jul. 2015.

Figura 5 – Cena do filme publicitário em que o case do violão de um dos jogadores se abre e

espalha garrafas da cerveja Budweiser no aeroporto.

Fonte: O filme publicitário da campanha Rise as One disponível no link: <https://youtu.be/7hCZEcXM7bc>.

Acesso em: 02 jul. 2015.

A campanha também criou uma embalagem personalizada da cerveja inspirada na taça

da Copa (figura 6).

Page 31: Amanda Cassenote Ribeiro MARKETING DE GUERRILHA … · Figura 16 – Ativistas pendurando o banner na lateral do prédio da empresa Vigor. ... introdutor do termo Live Marketing,

Figura 6 – Embalagem personalizada para a Copa de 2014.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://www.revistalivemarketing.com.br/entrevista/budweiser-promove-

acoes-live-para-a-copa>. Acesso em: 02 jul. 2015.

Ainda, foi lançado um aplicativo de votação, denominado Man of the Match (figura 7),

para os fãs escolhessem o melhor jogador de cada jogo com base no seu desempenho e suas

habilidades, sendo entregue um troféu aos jogadores eleitos pelos fãs.

Figura 7 – Imagem do aplicativo Man of the Match.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://www.revistalivemarketing.com.br/entrevista/budweiser-promove-

acoes-live-para-a-copa>. Acesso em: 02 jul. 2015.

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Além disso, foi criada uma coleção exclusiva de camisetas inspiradas nas

nacionalidades dos jogadores participantes do filme publicitário e, em uma parceria com o

canal de televisão Fox Sports, foi produzido um documentário de seis episódios que relatava

histórias de perseverança e de como o futebol pode mudar a vida das pessoas.

6.3 TERCEIRO PARTICIPANTE (RESPONDENTE)

Para o terceiro respondente da cidade de São Paulo, gerente de marketing de varejo, o

questionário foi enviado no dia 18/07, sendo respondido em 21/07. Para o participante, o

“Marketing de Guerrilha é uma forma de atingir metas, através de métodos não

convencionais, usando da criatividade e do bom conhecimento do mercado em que atua, para

conquistar novos clientes/consumidores de forma diferenciada e que surpreenda seu

competidor”. Um exemplo de Marketing de Guerrilha que o respondente lembra é de uma

empresa de móveis e decoração da Colômbia, denominada Corona, no ano de 2014,

destacando-se dentro de um veículo tradicional, o jornal (figura 8). Na página de

classificados, a empresa transformou seu anúncio em uma imagem em 3D que chamou a

atenção dos leitores.

Figura 8 – Anúncio em 3D na página dos classificados.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://www.publicitariossc.com/2014/04/marketing-de-guerrilha-para-

pequenas-empresas/>. Acesso em: 20 jul. 2015.

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Sobre Live Marketing, o respondente compreende que este “é uma interlocução

real/viva entre a marca e seus consumidores”. O profissional acredita que as duas estratégias

não têm um mesmo objetivo, mencionando que “A Guerrilha pode usar da Live, a Guerrilha é

mais uma estratégia e a Live Marketing uma ferramenta ou uma ação”. Já sobre os pontos

positivos e negativos, diz que o:

Marketing de Guerrilha busca surpreender e conquistar, mas o uso contínuo pode

criar uma forma de não enxergar a estratégia mais clara de longo prazo da empresa.

O Live Marketing tem a intenção de criar uma relação mais próxima com a marca,

mas se não usado à marca pode destruir a imagem perante o consumidor que teve

contato.

O exemplo de Live Marketing escolhido pelo respondente trata-se de uma ação do

Cereal Kellogg’s, no ano de 2015, em 32 países, convidando seus clientes a participarem da

promoção #Spoonselfie. Os fãs teriam que divulgar, nas redes sociais, uma foto sua refletida

em uma colher para ganhar uma colher personalizada (figura 9).

Figura 9 – Fotos de participantes da promoção #Spoonselfie.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://www.temposemovimentos.com.br/noticia/uri-geller-entorta-

colheres-para-a-kellogs-3932>. Acesso em: 22 jul. 2015.

Além disso, essa ação ainda contou com a participação do paranormal Uri Geller,

famoso por entortar colheres. A ação também foi divulgada em shoppings, com oferecimento

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de um breakfast (café da manhã) com cereal Kellogg’s tendo como mediador Uri Geller

(figura 10).

Figura 10 – Imagem do entortador de colheres Uri Geller no breakfast realizado pela

Kellogg's.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://www.temposemovimentos.com.br/noticia/uri-geller-entorta-

colheres-para-a-kellogs-3932>. Acesso em: 22 jul. 2015.

6.4 QUARTO PARTICIPANTE (RESPONDENTE)

O quarto respondente é um publicitário residente na cidade de Porto Alegre. O seu

questionário foi enviado no dia 29/06 e respondido no dia 30/06. O profissional compreende

Marketing de Guerrilha como “estratégias oportunistas, criativas e com baixo custo para

divulgar um produto ou serviço, ou para estimular vendas”. O respondente usa de exemplo

uma ação que ele mesmo fez: “lancei a Vodka Smirnoff, que não tinha um bom orçamento de

marketing, visitando com uma kombi todos os barraqueiros de praia no verão, de Santos a

Tramandaí, dando duas garrafas de vodka, uma tábua e uma faca, desde que me deixassem

colocar uma tabuleta na barraca, com os dizeres: “AQUI FAZEMOS CAIPIROSKA”. O

nome pegou e a Vodka também”.

Page 35: Amanda Cassenote Ribeiro MARKETING DE GUERRILHA … · Figura 16 – Ativistas pendurando o banner na lateral do prédio da empresa Vigor. ... introdutor do termo Live Marketing,

Figura 11 – Caipiroska da Smirnoff.

Fonte:

https://encryptedtbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTOXiah9NRLEJK7QEdCNELrOJycqMW7RSBU

FnTQ-TjQrQ209G7S9g

Quanto a Live Marketing, o publicitário acredita ser “uma disciplina que envolve o

consumidor, independente da ferramenta promocional utilizada, valorizando a experiência ao

vivo da marca, produto ou serviço, com resultados imediatos”. O publicitário acredita que as

estratégias têm objetivos diferentes e ainda acrescenta que “posso fazer Marketing de

Guerrilha sem uma experiência ao vivo com o consumidor. As duas são eficientes se forem

criativas e não intrusivas e as duas podem incomodar se forem mal feitas e tiver efeito

contrário. As duas geram marketing viral, positivo ou negativo, ou seja, geram muito boca a

boca”. Quanto ao exemplo de Live Marketing, o respondente também usa um exemplo

realizado por ele:

[...] lançamos um empreendimento imobiliário [Recoleta] num bairro de Porto

Alegre chamado Jardim Botânico, de característica bem familiar com moradores

bairristas. Percebemos que a demolição das casas onde subiria a obra estava gerando

muita curiosidade dos moradores. Encaminhamos uma carta a todos os residentes

num raio de 500 metros da obra, pedindo desculpas pelo transtorno, mas que este

compensaria, pois o bairro seria muito valorizado depois da obra pronta. Pedimos

para não demolirem uma das casas e convidamos os moradores para se identificarem

como vizinhos, pois alguns colaboradores estariam lá para mostrar o que seria feito.

Resultado: em 90 dias, 95% dos apartamentos foi vendido aos vizinhos.

Page 36: Amanda Cassenote Ribeiro MARKETING DE GUERRILHA … · Figura 16 – Ativistas pendurando o banner na lateral do prédio da empresa Vigor. ... introdutor do termo Live Marketing,

Figura 12 – Anúncio do residencial Recoleta.

Fonte: enviado pelo entrevistado.

A figura 12 é uma das peças de divulgação do empreendimento imobiliário

mencionado como um exemplo de Live Marketing, o qual foi realizado pela Agência Up and

Go, de Porto Alegre.

6.5 QUINTO PARTICIPANTE (ENTREVISTADO)

O quinto participante, residente de Santa Maria e gerente de marketing, foi

entrevistado pessoalmente no dia 24/07. O entrevistado respondeu que o Marketing de

Guerrilha busca ser “proativo, alcançar o cliente no cotidiano, criando situações que leve a

empresa até o cliente”. No caso de Marketing de Guerrilha, o profissional não falou sobre um

case específico, citando, como exemplo, “Promoters na frente das lojas, distribuição de

folhetos”. Quanto a Live Marketing, compreende este como “ações que convidam as pessoas a

interagir com a marca, divulgando e criando uma experiência entre marca e cliente ao vivo”.

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O participante acredita que as estratégias não têm o mesmo objetivo e que a principal

diferença entre elas seria que “Guerrilha é invasiva e Live convida e depende da pessoa querer

interagir, busca criar fãs da marca”. Já com relação aos pontos positivos e negativos, o

entrevistado comenta que “Guerrilha é necessário quando o público não costuma ir à empresa,

visa convencê-lo a ir. Já o Live tenta criar uma paixão pela marca, mas, ao mesmo tempo em

que a ideia é boa, às vezes, não é tão eficiente. As pessoas esquecem, normalmente só quem

participa lembra”. Já o exemplo de Live Marketing que o entrevistado diz ter vivenciado foi

uma ação da marca de chicletes Trident, que aconteceu em São Paulo no início do inverno do

ano de 2015. A ação #FrenteFresh buscava promover uma nova linha mais refrescante, o

Trident Fresh. Para isso, a marca criou um globo de neve gigante na Avenida Paulista (figuras

13 e 14). O público era convidado a entrar em um espaço com temperatura de 0° grau, com

rajadas de vento de até 100 km/hora, para participar de brincadeiras e tirar fotos para serem

compartilhadas nas redes sociais.

Figura 13 – Imagem do público na fila para participar da ação.

Fonte: Reportagem disponível no link:

<http://www.portaldapropaganda.com.br/portal/component/content/article/16-capa/46609-trident-celebra-

inverno-e-traz-frio-congelante-para-sao-paulo-e-nordeste>. Acesso em: 27 jul. 2015.

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Figura 14 – Imagem da ação dentro do globo de neve.

Fonte: Reportagem disponível no link: Filme publicitário disponível no link:

<https://www.youtube.com/watch?v=7KIBQUjpsl0>. Acesso em: 28 jul. 2015.

Também foi criado um filme publicitário de divulgação da ação, com o ator Sergio

Hondjakoff, fazendo referência entre a emissora de televisão Globo, o globo de gelo da ação e

o fato de o ator estar na “geladeira” (termo usado quando um ator não aparece em um trabalho

na televisão durante muito tempo).

6.6 SEXTO PARTICIPANTE (RESPONDENTE)

A sexta respondente é de Santa Maria, professora do curso de Publicidade e

Propaganda do Centro Universitário Franciscano, que teve o questionário enviado no dia

23/06, sendo respondido no dia 24/06. Ela compreende que Marketing de Guerrilha se define

como:

[...] ações promocionais com o objetivo de chamar a atenção de maneira

contundente, utilizando estratégias não convencionais que causem estranhamento

por parte do público. É uma alternativa para se destacar de forma criativa, com

orçamento não tão alto, com objetivo de causar impacto.

Como exemplo, a professora lembrou-se de uma ação de ativistas do Greenpeace,

realizada na Semana do Consumidor, em frente à empresa Vigor, de São Paulo, em 2008. A

ação tinha o intuito de exigir da empresa que ela informasse aos consumidores brasileiros se

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usa ou não ingredientes transgênicos em seus produtos. Os ativistas se acorrentaram à entrada

da empresa (figura 15). Além disso, os ativistas penduraram um banner na lateral do prédio

com a frase “Vigor, vai rotular?” (figura 16).

Figura 15 – Ativistas do Greenpeace acorrentados na entrada da empresa Vigor.

Fonte: Reportagem disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/greenpeace-pergunta-vigor-

va/>. Acesso em: 28 jun. 2015.

Figura 16 – Ativistas pendurando o banner na lateral do prédio da empresa Vigor.

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Fonte: Reportagem disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/greenpeace-pergunta-vigor-

va/>. Acesso em: 28 jun. 2015.

Com relação à Live Marketing, a respondente acredita que visa “Criar uma

aproximação entre a marca e o público através de ações criativas e diferenciadas. O objetivo é

o engajamento de maneira experiencial, sensorial, aproximativa para conseguir

envolvimento”. A entrevistada também acredita ter objetivos diferentes, explicando que:

Se a análise recai nos conceitos, podemos dizer que o Marketing de Guerrilha não

tem como principal propósito proporcionar o contato de experiência entre a marca e

o público, e, sim, chamar a atenção, se destacar. Diferente do Live Marketing, que

tem o princípio da aproximação.

Ainda, a professora observa serem pontos positivos e negativos questões como:

As duas estratégias são importantes e precisam ser pensadas, planejadas e efetivadas

de maneira criativa. A principal convergência entre as estratégias é o caráter de obter

destaque junto ao público, chamar a atenção de maneira inusitada. Se não estiverem

coordenadas com as demais ações de comunicação da empresa, se não fizerem parte

do planejamento de marketing ou comunicação, ou mesmo se não foram

suficientemente criativas, podem prejudicar a marca e não atingir os objetivos

pretendidos.

O exemplo de Live Marketing referido pela respondente trata-se de uma ação realizada

pela marca Kibon, o “Gargalhômetro da felicidade”, em Pirinópoles/GO (figura 17).

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Figura 17 – Gargalhômetro da felicidade da Kibon.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://poracaso.com/kibon-rua-da-felicidade-gargalhometro/>. Acesso

em: 28 jun. 2015.

Na ação, um container e um microfone foram instalados na rua, atraindo a atenção das

pessoas e convidando-as a participar da brincadeira (figura 18).

Figura 18 – Cena do filme publicitário da ação veiculado no meio on-line.

Fonte: Filme publicitário disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=Cuj1Pp44PiA>. Acesso em:

27 jun. 2015.

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Se alguém conseguisse dar uma gargalhada que atingisse a meta, uma porta se abria e

surgiria uma surpresa para o público. Quando os três níveis foram atingidos, a ação se

transformou em uma grande festa, comemorada com muita alegria e sorvetes Kibon.

6.7 SÉTIMO PARTICIPANTE (ENTREVISTADO)

A sétima entrevistada é publicitária e, atualmente, trabalha como gerente de marketing

na cidade se Santa Maria. Ela foi entrevistada no dia 20/08. A publicitária compreende

Marketing de Guerrilha como “ações mais agressivas, um marketing mais pesado para

alcançar o público alvo”, usando de exemplo uma ação realizada pela marca Coca-Cola,

denominada “Caminhão da felicidade”, realizada em 2011, na cidade do Rio de Janeiro. Um

caminhão de porte pequeno da Coca-Cola com um botão escrito “aperte” atrás, tocando o

jingle da empresa, atraia o público a sua volta. As pessoas se aglomeraram ao redor do

caminhão parado até o mais curioso apertar o botão e começar a brincadeira. Ao apertar o

botão, a pessoa ganhava um presente surpresa, como garrafas do refrigerante, óculos de sol,

camisetas, até uma prancha de surfe, além de espalhar balões coloridos pelo céu quando ia

embora, deixando uma lembrança feliz por onde passava (figuras 19 e 20).

Figura 19 – Imagens da ação "Caminhão da felicidade" Coca-Cola.

Fonte: Filme publicitário disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=Cuj1Pp44PiA>. Acesso em:

27 jun. 2015.

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Figura 20 – “Onde a felicidade irá depois?”

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://www.b9.com.br/20296/web-video/coca-cola-e-o-caminhao-da-

felicidade-no-rio-de-janeiro/>. Acesso em: 21 ago. 2015.

A entrevistada compreende que o Live Marketing “busca experiência entre a

campanha e o consumidor”. A entrevistada também acredita que Marketing de Guerrilha e

Live Marketing possuem o mesmo objetivo, pois, no seu ponto de vista, “o objetivo das duas

estratégias é sensibilizar o público deixando uma lembrança positiva da marca, mas o Live

tem uma interação maior com o público”, acrescentando, ainda, que, dentre os pontos

positivos:

As duas proporcionam uma experiência gerada pelas ações e o contato próximo com

o público. Acredito que todas as ações que fogem do tradicional trazem mais

resultado, porque, hoje, as pessoas não ficam muito tempo assistindo televisão, e

quando há uma interação com o produto, é mais atrativo, é importante, porque,

assim, terá o consumo depois.

Como ponto negativo, destaca que “se não for bem planejada, há a possibilidade de a

ação acabar sendo mais agressiva, a interação pode tornar-se negativa”. Quanto ao exemplo

de Live Marketing, a entrevistada fala da ação “Comer juntos alimenta a felicidade”, também

promovida pela Coca-Cola, realizada em São Paulo, no ano de 2015 (figuras 21 e 22).

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Figura 21 – Famílias chegando ao jantar realizado pela Coca-Cola.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://gshow.globo.com/Comer-Juntos/noticia/2015/06/que-tal-resgatar-

refeicoes-em-familia.html>. Acesso em: 22 ago. 2015.

Figura 22 – Famílias reunidas na ação "Comer juntos alimenta a felicidade".

Filme publicitário disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=36i5VJs_aMU>. Acesso em: 22 ago.

2015.

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A campanha tem como objetivo resgatar momentos em família, que, nos tempos

atuais, são cada vez mais raros. Nesse caso, convida três famílias vizinhas para um jantar em

família, incentivando a mais momentos de união e felicidade.

6.8 OITAVO PARTICIPANTE (ENTREVISTADO)

O oitavo entrevistado, residente em Santa Maria, é professor na Universidade Federal

de Santa Maria. Na entrevista realizada no dia 25/08, o professor comentou sobre o Marketing

de Guerrilha:

Não gosto dessas expressões como marketing de experiência, Marketing de

Guerrilha, entendo que é uma forma de simplificar, só que a palavra marketing é um

conjunto de processos, práticas metodológicas que envolvem uma instituição, como

uma empresa ou pessoa, diferentes públicos, tudo que envolve o mercado. Então,

para chamar algo de marketing, é um processo, gerenciar todo um mercado, entra

um planejamento complexo que envolve muita coisa, o fato de você pegar um

panfleto diferenciado, colocar em um carro e chamar de Marketing de Guerrilha é

você simplificar muito. Por exemplo, simplificam o fato de você fazer um

planejamento de comunicação interno chamando de Endomarketing, então, assim,

tudo parece que pra vender melhor eles chamam de marketing. O próprio marketing

tem vendido coisas muito simples, como se fosse uma coisa mais vendável, o

próprio fato do marketing considerar a comunicação uma subárea do marketing. Não

é, é um complemento, assim como usamos da psicologia, antropologia, só que o

marketing é uma visão mais moderna da administração, com o objetivo de fazer algo

valer mais do que realmente vale. Falando sobre o Marketing de Guerrilha,

começaram a colocar o nome de marketing em tudo, para parecer que o marketing

está envolvido em tudo, isso é uma banalização do marketing. Eu, por exemplo,

chamo de Ações de Guerrilha, Técnica de Guerrilha, eu chamo assim, não quer dizer

que esteja certo. Os guerrilheiros têm poucos recursos, então a gente chama ações de

propaganda, marketing, ações de baixo investimento, só que a Guerrilha, como por

exemplo, Chê Guevara e o Fidel fizeram, além de terem poucos recursos, eles

conseguiram fazer grandes mudanças, criar impacto e até vencer grandes exércitos.

A essência para considerar uma ação de Guerrilha tem que ter baixo investimento,

gerar alto impacto e ter apoio da população local. O que o Chê Guevara e o Fidel

fizeram, eles podiam se esconder nas casas das pessoas, guardar armas, eles

conheciam tanto o terreno que eles conseguiam combater invasores que não

possuíam esses recursos. Para usar a estratégia de Guerrilha, você tem que conhecer

o local, como é a vitrine da loja que está ali na frente, o tempo que o semáforo fica

fechado. Então, o publicitário vai ao local e entende o comportamento das pessoas

daquele local e consegue o apoio delas, ele sabe que a pessoa vai fotografar

compartilhar, chamar pessoas. Existem novas formas de fazer propaganda que

saturam menos as pessoas, que tem menos cara de propaganda e que convida a

participar do processo, e a Guerrilha é uma delas.

Quanto ao questionamento se as duas estratégias teriam o mesmo objetivo, o

entrevistado acredita que:

Eu acho que nenhuma ferramenta tem objetivo, quem tem objetivo é a empresa. A

Guerrilha não é uma ferramenta, uma estratégia ou se ela funciona melhor, ou é

parecida com Live Marketing. A Guerrilha tem uma essência que eu posso aplicar de

milhares de formas, posso usar com centenas de objetivos, como reposicionar minha

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marca, conquistar o público local, posso ter vários objetivos, e o Live Marketing, da

mesma forma, vai depender do objetivo da campanha.

O exemplo de Marketing de Guerrilha mencionado na entrevista foi uma ação de

divulgação de um dentista que transformou um cartaz, colado em postes de rua, em algo que

despertou a curiosidade que quem via, pois representava uma boca, e as pessoas podiam

destacar um cartão de visita em forma de dente (figura 23). Durante este estudo, não foram

encontradas mais informações sobre a ação.

Figura 23 – Imagem de ação de Guerrilha dos cartões de visita de um dentista.

Fonte: https://c2.staticflickr.com/8/7232/7296481536_86bd3f61c9.jpg

Quanto a Live Marketing, o professor fala que:

Acho que eles dão nomes novos para coisas antigas, uma expressão contemporânea

para ações ao vivo. Um Live Marketing pode ser uma Guerrilha, ainda tenho essa

dúvida, será que o ao vivo funciona por ser ao vivo ou na divulgação depois? Acho

que muitas marcas promovem grandes experiências, usando locais como mídia,

mexendo com as experiências das pessoas. A propaganda, hoje, finalmente está

descobrindo que ela não é audiovisual, mas sensorial. Por isso, as pessoas gostam

tanto de postar foto de comida no Instagram, porque eu acho que o sonho da

publicidade hoje é ser culinária. A culinária, ela é visão, o prato tem que ser bonito,

ele é cheiroso, saboroso, e ao vivo é a melhor forma de você trabalhar a propaganda

com as pessoas, porque é onde elas sentem a marca, elas sentem cheiro, textura.

Então, entendo o Live Marketing como ações promocionais ou publicitárias que

envolvem as pessoas presencialmente, e a grande força nisso é que a experiência é

tão forte que as pessoas fazem questão de compartilhar para que outras pessoas

possam imaginar isso também. Acredito que, pra funcionar, tem que ter ações

interligadas. Hoje, com R$50 de anúncio no Youtube, você consegue atingir 35mil

pessoas em média. Acho que as empresas fazem essas ações já pensando em editar e

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fazer novas interfaces publicitárias. É inocência achar que Live Marketing tem uma

experiência muito concreta com os que assistiram na hora e compartilharam e isso

atingiu milhões de pessoas. Hoje, as agências já fazem isso para atingir milhões de

pessoas, mas como uma estratégia transmidiática bem complexa e planejada. Por ser

ao vivo e locativo, muitas vezes não tem o planejamento das contingências, que

ocorra um acidente, que alguém atrapalhe as filmagens, intempéries, empresas que

não são tão amadas e acabam sendo vaiadas e levando a ação para um lado negativo.

Para complementar seu ponto de vista quanto às duas estratégias e o mercado

publicitário, o entrevistado diz que:

Acho que os profissionais da área não sabem o que estão fazendo e nem teorizar. As

pessoas, hoje, têm dificuldade em ver o mundo além do pragmatismo, não

conseguem problematizar a questão. As pessoas não sabem o que estão fazendo, elas

veem uma ação legal e querem fazer parecido, sem estratégia, planejamento. Cada

pessoa é muito particular, o público não se divide mais. Hoje, conseguimos

descobrir que as pessoas não são mais massa, são individualizadas; hoje, as

melhores ferramentas de comunicação são as que acontecem ao vivo, que se

aproximam do cliente. Acredito que temos que focar na redação publicitária para

vitrine, padronização do atendimento nas lojas, que saibam vender falando, mídia

social onde as marcas conversem com as pessoas, porque, hoje, não dá mais para

vender pensando que as pessoas pensam parecido. Por isso, Guerrilha e Live

Marketing são fortes, porque conseguem o apoio local. O sucesso dessas ações vem

do sensorial de quem está no local, e, para as pessoas que veem na internet, elas

imaginam o que quem vivenciou sentiu, não é algo encenado como a publicidade

tradicional, que as pessoas sabem que são atores, que é roteirizado.

O exemplo de Live Marketing citado pelo entrevistado aconteceu no mês de abril de

2009 (figuras 24 e 25), em Londres.

Figura 24 – Imagem da ação na Trafalgar Square, em Londres.

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Fonte: Vídeo da ação disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=orukqxeWmM0>. Acesso em: 26

ago. 2015.

Figura 25 – Cantora Pink em meio ao público durante a ação.

Fonte: Reportagem disponível no link: <http://www.dailymail.co.uk/tvshowbiz/article-1176188/Pink-pops-lead-

13-000-karaoke-singers-Trafalgar-Square.html>. Acesso em: 26 ago. 2015.

A ação foi realizada pela T-Mobile, empresa telefônica alemã, e aconteceu em

Londres, na Trafalgar Square, com a participação da cantora Pink. A ação tinha como objetivo

ser usada como anúncio da empresa posteriormente. Foi montado um telão, além de ser feita a

distribuição de microfones para o público que passava no local. Às 18h, a cantora iniciou o

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karaokê, convidando as mais de 13 mil pessoas que estavam no local a cantarem juntas a

música Hey Jude, dos Beatles.

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7 ANÁLISES

Nesta seção, estão as análises que discutem os dados apresentados no capítulo anterior.

Para tanto, as informações foram divididas entre: rede semântica; contradições e

proximidades; análise dos pontos positivos e negativos; análise dos exemplos. Desse modo,

buscou-se facilitar a compreensão dos dados coletados com relação às estratégias.

7.1 REDE SEMÂNTICA

A Rede semântica busca apontar palavras-chave mencionadas pelos entrevistados e

respondentes quanto às duas estratégias, formando uma linha de raciocínio que possui ligação

com o referencial teórico estudado:

Marketing de Guerrilha – alto impacto, baixo custo, inovação, captar a atenção,

não convencional, criatividade, surpreender, conquistar, oportunistas, estimular vendas, viral,

proativo e impactante.

Live Marketing – moderna, eventos, incentivos, ao vivo, interação,

aproximação, inovação, captar a atenção, envolver, viral, interagir, fãs da marca, criatividade,

sensorial e experiencial, digital.

7.2 CONTRADIÇÕES E PROXIMIDADES

As principais contradições que podem ser observadas nos depoimentos quanto às duas

estratégias aparecem no fato de o primeiro respondente compreender o Marketing de

Guerrilha como uma ferramenta que pode ser usada pela estratégia de Live Marketing,

enquanto o terceiro respondente acredita ser ao contrário. Isto é, ele percebe o Live Marketing

como uma ferramenta que pode ser usada na estratégia de Marketing de Guerrilha. Além

disso, o oitavo entrevistado acredita que Marketing de Guerrilha e Live Marketing podem ser

tanto uma estratégia quanto uma ferramenta, dependendo do planejamento da campanha.

Outra contradição que se destaca é que o quinto entrevistado considera Marketing de

Guerrilha uma ferramenta invasiva, enquanto a sétima entrevistada acredita ser uma ação mais

agressiva, diferente da opinião dos outros entrevistados.

Quanto ao objetivo das estratégias, a maioria dos participantes (cinco deles) acreditam

que elas têm objetivos diferentes, enquanto dois veem um mesmo objetivo e um acredita que

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não possuem objetivo, defendendo que este está na campanha. Pode-se perceber, dentre os

exemplos citados, estar claro para os entrevistados e respondentes que, para ser considerada

como Live Marketing, a ação precisa ser ao vivo, criar uma relação sensorial entre a marca e

seu público, com a intenção de que, a partir da experiência, ele vire fã da marca. Então, é

diferente do Marketing de Guerrilha, que não necessariamente usar da interação com o

público de forma ao vivo, mas também pode estar inserido no contexto editorial ou na

programação de um veículo tradicional, como apresentado no exemplo do terceiro

respondente, em que a ação era de baixo custo, criativa e foi divulgada nos classificados do

jornal.

Dentre as proximidades, pode-se perceber que há um consenso entre os respondentes e

entrevistados na compreensão de que o Marketing de Guerrilha tem como princípios baixo

custo, alto impacto, além de buscar chamar a atenção do público, introduzindo-se no seu

cotidiano. Também podemos perceber que os participantes acreditam que o maior diferencial

para a ação ser eficiente está na criatividade e no planejamento. Como mencionado pelo

quarto respondente, ambas estratégias geram uma divulgação posterior em forma de viral on-

line e boca a boca. Outro fato que se pode destacar entre as respostas dos entrevistados, é ser

imprescindível que uma ação, tanto de Marketing de Guerrilha quanto de Live Marketing,

tenha um bom planejamento e conheça o seu público-alvo, a rotina no local em que será

realizada e as necessidades e os desejos do consumidor, visando sempre inovar. É importante

ressaltar o que foi afirmado pela sexta respondente: é necessário que a ação esteja coordenada

com as outras táticas da campanha.

Sant’Anna, Rocha e Garcia (2009, p. 22) observam que “na economia de hoje é o

consumidor que se encontra no ponto central, senhor absoluto do universo comercial. São as

companhas que giram em torno do consumidor e não o inverso”. Esse argumento mostra a

importância do contato com o público, o que as estratégias classificadas como alternativas

buscam realizar, aproximando-se do consumidor de maneira criativa para impactá-lo, seja ao

vivo ou não. Assim, colocam-se como oportunidades de se destacar no mercado e chamar a

atenção do ponto central, o cliente.

7.3 ANÁLISES DOS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

Dentre os pontos positivos e negativos mencionados, observa-se que os participantes

veem como positivo, tanto Marketing de Guerrilha quanto no Live Marketing: o alto impacto,

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por se destacar dentro do ambiente cotidiano do público; a criatividade, essencial para

alcançar um resultado positivo, conquistando o interesse do público; a inovação, pois, ao

realizar uma ação semelhante a outras já promovidas, corre-se o risco de não atrair as pessoas

nem a mídia da forma desejada; a pesquisa e o conhecimento do público-alvo para não

desperdiçar tempo e dinheiro com uma ação mal planejada, que não o sensibilizará; a

aproximação e interatividade, pois, segundo Kotler e Keller (2012, p. 176) argumentam, “a

reação do consumidor não é totalmente cognitiva e racional; pode, em grande parte, ser

emocional e invocar diferentes tipos de sentimento”. Além disso tudo, pode-se observar

também que essas estratégias se destacam por não serem convencionais, gerar mídia

espontânea a partir dos veículos tradicionais, como um viral on-line de vídeos pós-ação, e

conseguir o compartilhamento boca a boca, que, ainda segundo os autores, acontece de forma

espontânea. Uma pessoa pode falar de dezenas de marcas todos os dias, desde produtos de

mídia até entretenimento, o que se expande muito mais com as possibilidade de

compartilhamento via redes sociais. Por isso, as empresas precisam se preocupar em ter

presença on-line.

Sant’Anna, Rocha e Garcia (2009) pontuam sobre a compreensão do público diante

de uma ação publicitária ou de marketing, afirmando que essa compreensão depende de duas

ordens: elementos psicofisiológicos, que ajudam na fixação da atenção, e elementos afetivos,

que comovem o público. São detalhes importantes para a eficiência de uma ação para ambas

as estratégias.

Os pontos negativos abordados pelos participantes referem-se principalmente ao

planejamento das ações, ou, no caso, a falta dele. Independente da estratégia que se escolha

usar, nenhuma ideia trará o resultado esperado se não for bem planejada, analisada, estudada;

cada detalhe é importante para que não haja prejuízos. Como mencionado pelo quinto

entrevistado, se a ação não for eficiente, corre o risco de ser esquecida, ou gerar uma imagem

negativa da empresa perante seu público-alvo. É importante cuidar para não haver maus

entendidos ou duplo sentido na comunicação. Como foi dito pelo terceiro respondente, a ação

não pode ser intrusiva, e deve-se ter cuidado para não usá-la de forma contínua, pois perderia

o objetivo de surpreender o público. Para realizar o planejamento de qualidade, aconselha-se

lembrar dos 4P’s atualizados de Kotler e Keller (2012), que são: pessoas, processo, programas

e performance, pois esta é a forma mais eficiente de criar um planejamento que venha a trazer

resultados positivos, formando uma linha de raciocínio. No tocante ao campo Pessoas,

prioriza-se o ponto de vista dos consumidores, em toda sua amplitude, não apenas como

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compradores. Foca-se, portanto, no Processo, onde se analisam as possibilidades de ações, a

criatividade, a experiência, a campanha em geral. Em Programas, está a definição e

construção das ações que serão realizadas; por fim, chega-se à Performance, onde a empresa

busca mensurar o resultado obtido.

7.4 ANÁLISES DOS EXEMPLOS

Para entender melhor os exemplos escolhidos pelos respondentes e entrevistados, foi

realizada uma análise comparativa dos principais pontos de diferenciação entre os exemplos

expostos como de Marketing de Guerrilha e de Live Marketing, além de relacioná-los com os

autores citados no referencial teórico.

7.4.1 Primeiro participante (respondente)

No caso do primeiro respondente, este acredita que Marketing de Guerrilha é uma

ferramenta que pode ser usada pela estratégia de Live Marketing. O publicitário usou

exemplos de ferramentas para tentar explicar seu ponto de vista, afirmando que é possível

uma ação de Live Marketing, como um evento, usar de Guerrilha, com base em suas

características, como, por exemplo, ter baixo custo, não ser convencional e ser impactante.

Quadro 4 – Exemplos do primeiro participante

Marketing de Guerrilha Live Marketing

Promotoras no ponto de venda fazendo

experimentação de um produto para

combater a redução do preço do produto

concorrente.

Poderia ser promoção, evento, incentivo à

equipe de vendas, ação digital.

O respondente não falou de nenhum exemplo específico já realizado por uma empresa

em que se possa observar sua explicação quanto ao Marketing de Guerrilha como uma

ferramenta. No entanto, Levinson (2010) apresenta 200 armas de Guerrilha, podendo-se

deduzi-las como ferramentas do Marketing de Guerrilha, o que entra em conflito com a

concepção apresentada pelo respondente. No entanto, vale lembrar que, entre as armas, se

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encontram: representantes, entretenimento com a marca e demonstrações gratuitas. Em outras

palavras, pode-se entender como promotoras em ponto de venda oferecendo amostras do

produto, como foi exemplificado pelo participante.

Quanto ao exemplo de Live Marketing, Mansano (2012) explica que o desafio dessa

estratégia é gerar uma aproximação da marca com o seu público-alvo, através das ferramentas

utilizadas no Marketing Promocional, como o meio digital e a experiência ao vivo entre a

marca e o cliente, o que vem ao encontro do exemplo do respondente. Percebe-se que o

participante possui um entendimento vago da teoria do Marketing de Guerrilha, mas que, na

prática, consegue identificar ferramentas de marketing que são usadas na Guerrilha. Em

relação ao Live Marketing, o publicitário possui uma compreensão teórica e prática maior,

mas um tanto difícil de analisar, já que ele não deu um exemplo específico.

7.4.2 Segundo participante (respondente)

A principal diferença nos exemplos do segundo respondente é que, no Marketing de

Guerrilha, não há a uma experiência com o público e há impacto e baixo custo. Já no Live

Marketing há uma comunicação integrada de grande investimento.

Quadro 5 – Exemplos do segundo participante

Marketing de Guerrilha Live Marketing

Estádio de futebol do time Sevilla na

Espanha, durante o Campeonato Espanhol,

em 2012, onde o banco dos jogadores

reserva foi transformado em um cachorro-

quente gigante com o intuito de divulgar a

marca de salsicha Oscar Mayer.

Durante a Copa do Mundo FIFA 2014, no

Brasil, tanto a Coca-Cola como a AmBev,

através da marca Budweiser, criaram várias

ações de Live Marketing nos estádios através

de stands, músicas e danças, proporcionando

uma experiência com a marca antes e depois

dos jogos.

Uma das principais diferenciações do Marketing de Guerrilha, segundo Levinson

(2010), é que esta estratégia defende as pequenas empresas, acreditando que, a partir de uma

ação bem planejada e criativa, chame a atenção, tanto dos participantes quanto da cobertura

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da mídia, chegando a alcançar visibilidade semelhante à de grandes empresas, porém com um

investimento inferior. É isso que se pode verificar no exemplo do segundo respondente, sendo

uma ação de baixo custo e inesperada em um local que gera muita atenção do público

presencial e da mídia, principalmente por ser durante um campeonato que é transmitido por

canais de televisão em vários países. Além disso, a marca aproveitou-se de uma crise que o

estádio estava sofrendo, provando que não houve um custo exacerbado, e, ainda, há o fato de

que a imagem de um cachorro-quente gigante fixa-se na mente dos espectadores do jogo,

fazendo com que sintam vontade de comer. Acredita-se que esse é um exemplo positivo de

uma ação de Guerrilha.

Já o exemplo de Live Marketing trata-se de uma campanha com várias ações

integradas, que buscam uma interação da marca com o público através da música e do futebol.

A primeira diferença que se pode observar é que, nesse caso, não havia barreiras quanto à

verba utilizada, devido à campanha ser de uma grande marca. Como Stein (2013) explica,

pode-se perceber que há uma tentativa de criar ligação com o público, principalmente nos

stands do estádio e através do aplicativo Man of the Match. Segundo Kotler e Keller (2012),

os telefones celulares superam em duas vezes o número de computadores pessoais, sendo a

interatividade uma grande oportunidade de alcançar o público de modo mais atrativo, como

no exemplo do aplicativo.

Quanto às outras ferramentas usadas, ainda que façam parte do Live Marketing, não

usam necessariamente da interação ao vivo com seu público, como, por exemplo, o filme

publicitário da campanha, que, apesar de mostrar uma ação interativa em um aeroporto,

percebe-se que é apenas uma propaganda. Acredita-se que o alcance das ações realizadas foi

positiva, mas não se soube aproveitar todo o seu potencial para transformar o cliente em fã da

marca, pois, apesar de as ações serem interessantes, não podem ser consideradas inusitadas,

mostrando o que Levinson (2010) também postula: o fato de nem sempre a disponibilidade de

verba representar o melhor resultado.

7.4.3 Terceiro participante (respondente)

O exemplo de Marketing de Guerrilha diferencia-se dos outros exemplos

apresentados, pois foi realizado dentro de um veículo tradicional, o jornal, mas destacando-se

com um layout diferenciado, que chamava a atenção do leitor pela criatividade. Já o exemplo

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de Live Marketing tem a interação ao vivo, com a participação de uma pessoa famosa como

mediadora.

Quadro 6 – Exemplos do terceiro participante

Marketing de Guerrilha Live Marketing

Uma empresa de móveis e decoração da

Colômbia, denominada Corona, no ano de

2014, destacou-se com um anúncio nos

classificados no jornal.

Ação do Cereal Kellogg’s, no ano de 2015,

em 32 países, com a participação de Uri

Geller convidando seus clientes a

participarem da promoção #Spoonselfie. Os

fãs teriam que divulgar nas redes sociais uma

foto sua refletida em uma colher para ganhar

uma colher personalizada, além de um

breakfast (café da manhã) oferecido para o

público em um shopping.

Margolis e Garrigan (2013) esclarecem que um dos princípios da Guerrilha é ser

inesperada, o que, nesse caso, mostra-se em um anúncio em 3D na página dos classificados,

no formato de uma cozinha, remetendo aos serviços de decoração de ambiente realizado pela

empresa. Dentre as 200 armas de Levinson (2010), o anúncio no jornal encontra-se como uma

das opções de maximídia. O exemplo citado enquadra-se na teoria de Levinson, unindo baixo

custo, criatividade e impacto. Isso mostra que o respondente compreende o que é Marketing

de Guerrilha, na teoria e na prática. Dentre os pontos positivos do jornal, segundo Kotler e

Keller (2012), estão a flexibilidade, a boa cobertura de mercado local, a ampla aceitação e a

alta credibilidade, que, unidas à criatividade, tornam a campanha eficiente, atingindo os

objetivos.

Já em relação ao Live Marketing, destaca-se a participação de Uri Geller como

anfitrião de um breakfast oferecido para os clientes do shopping, além da promoção

incentivando o público a compartilhar fotos on-line, ambas as ações interagindo com os

consumidores. O Live Marketing também pode ser chamado de Marketing ao vivo, pois essa é

a sua principal característica, a qual está presente no exemplo. A ação ainda conta com

premiação e interação on-line através de compartilhamento de fotografias, que são

ferramentas encontradas na tabela da AMPRO (ver p. 15). O texto publicado na revista Live

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Marketing, “Sentidos humanos são primordiais no Live Marketing” (2013), defende que o

consumidor pede por experiências que mexem com os sentidos, ou seja, o encantamento, o

vivencial. Nessa ação, isso acontece através do breakfast que convida o público a um café da

manhã e é complementada com a campanha on-line de compartilhamento para concorrer a

uma colher personalizada. Tais ações geram uma participação espontânea do público, sendo

uma busca de transformá-lo em fã da marca. Acredita-se que esse exemplo também enquadra-

se com o que foi apresentado no referencial teórico, mostrando que o terceiro participante

compreende o conceito.

7.4.4 Quarto participante (respondente)

Neste caso, também se pode perceber que o exemplo de Marketing de Guerrilha foca

no baixo custo da ação e na criatividade, enquanto o de Live Marketing foca no envolvimento

da empresa com o seu público-alvo.

Quadro 7 – Exemplos do quarto participante

Marketing de Guerrilha Live Marketing

Lançamento da Vodka Smirnoff, que não

tinha um bom orçamento de marketing,

através de visita, com uma Kombi, a todos os

barraqueiros de praia no verão, de Santos a

Tramandaí, presenteando-os com duas

garrafas de vodka, uma tábua e uma faca,

desde que deixassem colocar uma tabuleta na

barraca com os dizeres: “Aqui fazemos

Caipiroska”.

Percebeu-se que a demolição das casas onde

seria erguido um novo residencial estava

gerando muita curiosidade dos moradores.

Por isso, foi encaminhada uma carta a todos

os residentes num raio de 500 metros da

obra pedindo desculpas pelo transtorno, mas

dizendo que este compensaria, pois o bairro

seria muito valorizado depois da obra

pronta. Foi solicitada a não demolição de

uma das casas, e os moradores foram

convidados para se identificarem como

vizinhos, pois alguns colaboradores estariam

lá para mostrar o que seria feito.

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Com relação ao exemplo de Guerrilha, dentre as 200 armas ditas por Levinson (2010),

podemos encontrar, como minimídia, placas exteriores e sem mídia ou o boca a boca, o que se

observa na ação feita pelo respondente. O nome Caipiroska ficou conhecido não apenas por

quem viu este nome estampado em placas nas barraquinhas de praia, mas a partir de

comentários que se espalharam, remetendo ao que foi dito por Margolis e Garrigam (2013),

que argumentam sobre a necessidade de ir além, de tornar sua marca conhecida, mas fazer

com que o público fale sobre ela também. Apesar de esta meta ter sido alcançada com

sucesso, Levinson (2010) traz a ideia de que a Guerrilha tem apoio na mídia espontânea para

alcançar um público de massa. Porém, a ação desse exemplo não teve uma ligação com a

imprensa, e nem na internet se encontra fotos ou qualquer reportagem sobre a origem do

nome Caipiroska. Apenas quem vivenciou ou ouviu a história de alguém que participou sabe

como a campanha aconteceu.

Stein (2013) pontua que o Live Marketing busca criar um relacionamento entre a

marca e o público. Na ação citada pelo participante, o objetivo foi inserir a empresa em um

novo ambiente, tentando agradar os moradores que ali residem. Nesse caso, podemos

considerá-la como um evento, que, segundo Kotler e Keller (2012), busca criar identificação

com o mercado-alvo, acontecendo quando se segmenta o público, destacando o produto ou

serviço que se está interessado em vender, sendo, o qual, no exemplo, não se trata apenas dos

apartamentos, mas da ideia de revitalização do bairro. O exemplo do participante foi um

evento simples, especialmente para os moradores da região, sem a necessidade de gerar mídia

espontânea, já que seu público-alvo era bem específico. E apesar de considerada uma

estratégia de Live Marketing, não se pode entendê-la como criativa e inovadora.

7.4.5 Quinto participante (entrevistado)

Percebe-se que o quinto entrevistado não possui experiência com Marketing de

Guerrilha, pois tem uma visão mais vaga das possibilidades de ações que podem ser

realizadas e a considera uma estratégia invasiva. Quanto a Live Marketing, o gerente de

marketing comenta sobre uma ação que lhe chamou a atenção pela estrutura, criatividade e o

interesse do público em participar.

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Quadro 8 – Exemplos do quinto participante

Marketing de Guerrilha Live Marketing

Promoters na frente das lojas, distribuição de

folhetos.

A ação #FrenteFresh buscava promover uma

nova linha de chicletes, o Trident Fresh. Para

isso, a marca criou um globo de neve gigante

na Avenida Paulista. O público era convidado a

entrar em um espaço com temperatura de 0°

grau, com rajadas de vento de até 100 km/hora,

para participar de brincadeiras e tirar fotos para

serem compartilhadas nas redes sociais.

O participante usa como exemplo de Marketing de Guerrilha promoters e folhetos, os

quais se encontram entre as 200 armas de Guerrilha, mas o conceito vai muito além disso.

Levinson (2010) esclarece que o “coração” do Marketing de Guerrilha é saber adequar os

recursos disponíveis com criatividade para alcançar seu público-alvo de uma maneira que não

apenas chame sua atenção, mas o conquiste.

Pode-se perceber que a intenção da ação de Live Marketing é, através da

interatividade, transformar o público em fã da marca, gerando uma experiência

completamente fora de seu cotidiano, inusitada. Sant’Anna, Rocha e Garcia (2009) afirmam

que é necessário conhecer o consumidor para saber o que ele deseja. No caso, a ação citada

pelo participante foi realizada em uma época de extremo calor na cidade de São Paulo,

tornando a ideia de passar por uma experiência no frio de 0º C tentadora, gerando a sensação

refrescante que a marca buscava. A partir disso e da possibilidade de tirar fotos e postá-las

usando o marcador #FrenteFresh, o público pôde compartilhar fotos participando da ação,

gerando mídia espontânea através dos participantes e também pela mídia, devido à

movimentação no local e à estrutura montada, tornando-a um case de sucesso. Kotler e Keller

(2012) acreditam que o marketing experiencial não apenas comunica atributos e benefícios,

mas conecta a marca com o público através de uma experiência positiva. Em uma pesquisa

com consumidores, quatro entre cinco acreditam que participar de um evento ao vivo atrai

mais a atenção que qualquer outra forma de comunicação. Ainda segundo os autores, o valor

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da empresa vem dos clientes, pois, sem eles, não há negócio; o sucesso está em obter, manter

e expandir a clientela.

7.4.6 Sexto participante (respondente)

No caso do exemplo mencionado pela professora, é possível perceber que, apesar de a

ação de Guerrilha ser com pessoas, ela não busca uma interação, mas chamar a atenção para

um problema, atrair a curiosidade e a mídia espontânea, utilizando-se de pouca verba. O

exemplo de Live Marketing tem como objetivo despertar a curiosidade do consumidor e

proporcionar uma experiência positiva e comemorativa com a marca Kibon.

Quadro 9 – Exemplos do sexto participante

Marketing de Guerrilha Live Marketing

Ação realizada por ativistas do Greenpeace

em frente à empresa Vigor, de São Paulo, em

2008. A ação tinha o intuito de exigir que a

empresa informasse aos consumidores

brasileiros se usa, ou não, ingredientes

transgênicos em seus produtos.

Ação “Gargalhômetro da felicidade”,

realizada pela marca Kibon. Um container e

um microfone foram instalados na rua,

atraindo a atenção e convidando as pessoas a

participar da brincadeira. Se alguém

conseguisse dar uma gargalhada que atingisse

a meta, uma porta se abria e surgia uma

surpresa para o público.

O caso apresentado pela participante traz outro lado do Marketing de Guerrilha, o que

não busca vender um produto ou serviço, mas uma ideia. O Greenpeace é uma organização

global cuja missão é proteger o meio ambiente, promover a paz e inspirar mudanças de

atitudes. Nesse caso, visualiza-se o conceito do Marketing de Guerrilha através do baixo

custo, de chamar a atenção e gerar mídia espontânea, porém com o objetivo de atingir outra

marca. Ou seja, chamou-se a atenção para a empresa Vigor, de forma negativa, com o intuito

de fazer com ela melhorasse de certa forma, sendo honesta com seus consumidores.

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No exemplo de Live Marketing, a ação aparentemente tem um público-alvo bem

reduzido, sendo apenas formado pelos moradores daquele bairro, com grande maioria, como

se pode observar no filme publicitário, de crianças e idosos, dando a entender que o objetivo

não seria o compartilhamento imediato. O principal objetivo foi promover a sensação de

carinho, do humor, para transformar a ação em uma propaganda. Assim, quem assistisse se

sentiria como quem participou, encantando-se com o gesto proposto pela marca. Isso geraria

compartilhamento on-line de forma espontânea dos espectadores. Segundo Pinho (2001), a

publicidade é uma das atividades-chave e não pode ser entendida isolada do marketing.

Margolis e Garrigan (2013) informam que, às vezes, o público vê iniciativas de marketing

como algo insincero, fabricado. Portanto, fazer uma ação com um público real, levando algo

inesperado ao seu dia, pode ser um modo de fugir do clichê das propagandas, do que já não

encanta o público que assiste. Apesar da possibilidade de parecer uma ideia manipuladora, é

uma forma de unir a ação ao vivo, que gere uma experiência positiva a um determinado

público, com a oportunidade de divulgar a marca. Complementando essa questão, Kotler e

Keller (2012, p.172) informam que: “os valores centrais estão em um nível mais profundo do

que o comportamento ou a atitude, e determinam fundamentalmente, as escolhas e desejos das

pessoas a longo prazo”. Pode-se perceber que, através do incentivo a rir e festejar, a

presentear todos da vizinhança, a ação busca alcançar os valores, o emocional de quem

assiste.

7.4.7 Sétimo participante (entrevistado)

A entrevistada apresenta exemplos da Coca-Cola, uma empresa que possui experiência

em ações alternativas e criativas. É uma visão interessante de como uma empresa consegue

adequar as duas estratégias em suas campanhas.

Quadro 10 – Exemplos do sétimo participante

Marketing de Guerrilha Live Marketing

Ação “Caminhão da felicidade”, realizada

pela Coca-Cola, no Rio de Janeiro. Um

caminhão com um botão escrito “aperte”

tocava o jingle da empresa e atraía o público.

Ação “Comer juntos alimenta a felicidade”,

também promovida pela Coca-Cola, realizada

em São Paulo, com objetivo de resgatar

momentos em família. Nesse caso, três

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As pessoas se uniam ao redor do caminhão

até que o mais curioso apertasse o botão para

começar a brincadeira. Ao participar, a

pessoa ganhava um presente surpresa.

famílias vizinhas foram convidadas para um

jantar, incentivando mais momentos de união

e felicidade.

No caso de Marketing de Guerrilha, Sant’Anna, Rocha e Garcia (2009) acreditam que

não se cuida apenas da comunicação em massa, como também a interpessoal, da palavra

falada, do gesto, da imagem, de todos os signos por meio dos quais as pessoas transmitem

significados e valores. A ação da Coca-Cola é um exemplo da teoria do autor: o caminhão

chega de forma inesperada, despertando a curiosidade, fazendo com que as pessoas tomem a

iniciativa de participar. Além disso, ainda ganham presentes que remetem à marca, o que fará

com que a lembrança da experiência esteja sempre presente, além do jingle que toca durante o

trajeto do caminhão, reforçando a marca. Para Kotler e Keller (2012), a propaganda

alternativa pode estar em qualquer lugar, chamando a atenção rapidamente, sendo eficaz para

reforçar a imagem de marca de maneira econômica. O slogan da Coca-Cola é “Abra a

felicidade”. E apesar de ser uma empresa já consagrada no mercado, não deixa de reforçar sua

presença na mídia usando de ações alternativas para transmitir algo que remeta a um

momento de felicidade aos seus consumidores.

O exemplo de Live Marketing também se encaixa na teoria de Sant’Anna, quando

busca conhecer o que o consumidor necessita para, depois, saber como agir. Nesse caso, a

campanha fala dos momentos em família que acabam se perdendo devido à falta de tempo das

pessoas. Essa questão atinge o emocional do público, que, a partir de uma ação que o envolva,

faz com que a marca seja vista positivamente. Stein (2013) destaca que acontecimentos

ligados a um lugar e tempo têm mais valor, que o consumidor atual abraça o ao vivo. No

exemplo da Coca-Cola, são convidadas duas famílias para um jantar especial preparado pela

empresa, como forma de relembrar como é bom a família se reunir, seja no almoço, seja no

jantar. Porém, a ação aparentemente não busca envolver um grande público ao vivo, mas, sim,

fazer com que, posteriormente, quem assistir o vídeo da campanha recorde de suas

lembranças em família e sinta-se como os participantes. Percebe-se que esse caso assemelha-

se ao exemplo de Live Marketing mencionado pelo sexto respondente, por convidar um grupo

específico de participantes para a ação e por ter como objetivo alcançar o público de massa

através da transformação da ação em um vídeo publicitário. A campanha da Coca-Cola

também contava com outros vídeos, semelhantes à ação, porém claramente roteirizadas, o que

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faz com que essa iniciativa de Live Marketing perca um pouco da criatividade,

espontaneidade e do valor que as ações ao vivo buscam transmitir.

7.4.8 Oitavo participante (entrevistado)

O exemplo de Marketing de Guerrilha comentado pelo entrevistado destaca a

simplicidade e criatividade. Já em Live Marketing, há a utilização de flashmob na ação, além

da transformação desta em um vídeo publicitário, uma propaganda tradicional.

Quadro 11 – Exemplos do oitavo participante

Marketing de Guerrilha Live Marketing

Um dentista transformou um cartaz, colado

em postes de rua, em algo que despertou a

curiosidade que quem via, pois representava

uma boca, sendo que as pessoas podiam

destacar um cartão de visita em forma de

dente.

Ação realizada pela T-Mobile, em Londres,

que tinha o objetivo de ser usada como

anúncio da empresa posteriormente. Foi

montado um telão, além da distribuição de ser

feita a microfones para o público que passava

no local, convidando para participar de um

karaokê, onde cantaram juntos a música Hey

Jude dos Beatles.

O exemplo de Marketing de Guerrilha trata-se de um simples cartaz em postes de rua,

com o objetivo de chamar a atenção do público daquela região, mas que gerou mídia

espontânea positiva maior do que a esperada. Como Levinson (2010) defende, a Guerrilha

tem como alma as pequenas empresas, além da falta de recursos e do saber usar as

ferramentas que se têm de forma criativa. O caso do dentista é a prova de que pouca verba

pode, sim, ser criativa e gerar mídia espontânea. Apesar de se não conseguir encontrar mais

informações sobre a ação, esta é referência em criatividade em sites de publicidade e

marketing. Kotler e Keller (2012) ainda complementam afirmando que, nos tempos atuais, os

meios tradicionais já não possuem a eficácia de antigamente, aumentando a oportunidade para

os meios alternativos e sensibilizando as pessoas nos ambientes a que costumam ir em seu

cotidiano.

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Quanto ao exemplo de Live Marketing é interessante a ideia de usar uma experiência

com o público e, posteriormente, transformá-la em um anúncio tradicional, porém criativo,

passando uma sensação diferente do que a da propaganda tradicional, como comentado na

entrevista do oitavo participante. O caráter ao vivo é a principal característica do Live

Marketing. Stein (2013) explica que o Live Marketing envolve e emociona as pessoas, em

contatos diretos e relevantes, ativando suas redes de influência naturalmente.

A empresa T-Mobile é conhecida por realizar flashmob e, dias antes, convocou seu

público-alvo a participar da ação que aconteceria na Trafalgar Square, em Londres, porém o

que aconteceria era uma surpresa a todos, o que despertou mais a curiosidade. Esta ação

convidava as pessoas a cantarem juntas, em um karaokê montado no local, mudando o

cotidiano de quem ali passava, além de contar com a participação de cantora Pink como

mediadora (que remete à cor da logo da empresa, rosa), atraindo a atenção do público e

motivando-o mais a participar. A ação buscava unir as pessoas em um momento de diversão,

proporcionado pela T-mobile, assim como o exemplo da Coca-Cola, reforçando o slogan da

marca, “Life’s For Sharing” (“A vida é para ser compartilhada”), não apenas

compartilhando a experiência, mas compartilhando-a on-line. Essa ação também tinha o

intuito de se transformar em propaganda tradicional, mas, diferente do que foi percebido na

ação de Live Marketing do sétimo participante, esta não escolheu o pequeno público, mas,

sim, atraiu o seu público-alvo, a mídia e quem passava pelo local, criando uma grande festa e

gerando também mídia espontânea. Esse exemplo consegue aproveitar todas as oportunidades

que o Live Marketing proporciona, que são: a aproximação da marca com seu público,

gerando uma experiência que possa vir a transformar o cliente em fã, a mídia espontânea,

tanto pelo boca a boca dos participantes quanto pela mídia, e o uso de uma experiência

positiva, uma propaganda mais humanizada, mais real.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A intenção deste trabalho foi buscar conhecimento, através dos pontos de vista

conceituais e práticos de profissionais da área de Marketing e Publicidade, exemplificar e

(re)organizar a teoria existente em relação aos dois termos abordados: Marketing de Guerrilha

e Live Marketing. Com o intuito de auxiliar os acadêmicos de comunicação e outros

interessados da área, esta pesquisa é uma forma de trazer informações quanto a essas

estratégias de mídia alternativa, a partir do objetivo geral, sendo a busca da identificação das

características, vantagens e desvantagens do Live Marketing e do Marketing de Guerrilha para

gerar padrão de diferenciação teórico-prático entre os termos, considerando a opinião de

entrevistados. Assim como, dos objetivos específicos: definir o Live Marketing, dando ênfase

aos seus aspectos positivos e negativos; caracterizar o Marketing de Guerrilha, dando ênfase

aos seus aspectos positivos e negativos; selecionar e analisar exemplos de execução de cada

estratégia; comparar as duas estratégias e seus exemplos práticos, com base nas informações

recolhidas no trabalho de campo.

Com relação aos objetivos deste trabalho, a partir da pesquisa realizada, alguns

participantes tiveram respostas controversas, como, por exemplo, participantes que não

consideram Live Marketing ou Marketing de Guerrilha como estratégias. Porém, neste estudo,

pode-se concluir que elas são, sim, estratégias, pois possuem suas próprias ferramentas, além

de objetivos diferentes. Nesse contexto, Kotler e Keller (2012) ainda complementam que a

satisfação dos clientes é, ao mesmo tempo, uma meta e uma ferramenta. É importante que as

empresas valorizem a satisfação dos clientes, pois a internet possibilita que os consumidores

insatisfeitos compartilhem suas reclamações com o mundo, podendo prejudicar a marca, pois

o boca a boca é uma das formas mais eficientes de divulgação, tanto positiva quanto negativa,

já que as pessoas confiam e buscam saber a opinião de quem já comprou ou usou o serviço de

uma determinada empresa.

Observou-se que os exemplos citados pelos participantes estão todos corretos, ou seja,

encaixan-se nas categorias de Live Marketing e Marketing de Guerrilha. Contudo, nem todos

aproveitaram sua capacidade, deixando de aproveitar algumas possibilidades, como mídia

espontânea, inovação ou comunicação integrada, com o intuito de agregar a ação. Além disso,

também foram apresentados exemplos de Marketing de Guerrilha realizados por grandes

empresas, mostrando que, apesar de a estratégia ser direcionada aos pequenos negócios, como

uma forma de comunicação adaptada às condições financeiras das pequenas empresas, está

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sendo usada, cada vez mais, por grandes marcas que querem se diferenciar e se destacar no

mercado.

Iniciando por caracterizar o Live Marketing, dando ênfase aos seus aspectos positivos

e negativos, pode-se compreender que esta é uma estratégia voltada à captação de fãs para

uma determinada marca, sensibilizando o público através de experiências ao vivo, com base

nas ferramentas do marketing promocional, sendo elas de baixo custo, ou não, sempre

explorando a criatividade. A estratégia tem como principal diferença, com relação ao

Marketing de Guerrilha, a possibilidade de comunicação integrada, como, por exemplo,

através de promoção on-line, aplicativos para smartphones, ou, ainda, transformando a ação

em uma propaganda tradicional para ser veiculada na televisão e nas redes sociais. Sant’Anna,

Rocha e Garcia (2009, p. 85) pontuam que “quando outras pessoas ao redor de nós

manifestam certos sentimentos, parece natural que sintamos da mesma maneira. Esse sentir

com os outros constitui simpatia”. É com esse intuito que as empresas estão usando o Live

Mareting, como forma de filme publicitário, para que quem assiste gere esta simpatia perante

o sentimento de quem vivenciou. Dentre os pontos positivos e negativos do Live Marketing,

como foi exposto na análise, encontra-se a possibilidade de alto impacto e inovação e a

aproximação com o público através de uma experiência positiva e interativa, focando em suas

emoções e fazendo com que estas se liguem à marca responsável pela ação.

A estratégia de Live Marketing normalmente costuma convidar seu público-alvo a

participar da ação, não necessariamente contando do que se trata, mas gerando curiosidade

suficiente para que as pessoas queiram se envolver. Leaman citou, em encontro da AMPRO,

em 201511

, uma frase da autora Maya Angelou sobre Live Marketing, explicando que

“pessoas podem esquecer o que você diz. Pessoas podem até esquecer o que você fez. Mas as

pessoas nunca vão esquecer como você as fez sentir”. Este é quesito mais forte dessa

estratégia: envolver seu público de maneira sensorial, oferecendo, às pessoas, momentos que

trarão sentimentos especiais. Além disso, depende do objetivo da campanha a necessidade de

avisar a imprensa ou não, pois se a intenção da ação for se transformar em propaganda

tradicional, não há a necessidade de mídia espontânea. Quanto ao lado negativo, é necessário

muita atenção aos detalhes no planejamento de uma ação desse tipo, justamente por gerar a

interação da empresa pessoalmente. O planejamento não pode correr o risco de imprevistos,

como de intenpéries, principalmente se acontecer ao ar livre, da falta de público, de problemas

técnicos ou de possíveis ambiguidades nas informações divulgadas.

11

EDWARD Leaman fala para profissionais de Live Marketing em São Paulo. Live Marketing, São Paulo, ano

3, n. 17, p. 56. 2015.

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Quanto às características e os pontos positivos e negativos de Marketing de Guerrilha,

esta, por ser uma estratégia mais antiga, já consolidou uma definição menos confusa,

caracterizando-se por defender as pequenas empresas através de ideias criativas e com baixo

custo, apesar de também ser explorada por algumas grandes marcas, buscando gerar impacto

dentro do cotidiano das pessoas. Diferente de Live Marketing, a Guerrilha não é

necessariamente ao vivo, podendo ser um objeto inusitado que atraia a curiosidade e gere

interação, como a distribuição de brindes da marca que gera uma experiência positiva, ou um

simples cartaz criativo, como foi mostrado nos exemplos anteriores. Além disso, ela pode ser

usada inserida no espaço editorial ou na programação dos veículos tradicionais, ou, ainda,

com uma das outras duzentas ferramentes citadas por Levinson (2010), que estão divididas

em: Minimídia, Maximídia, Mídia Eletrônica, Infomídia, Mídia Humana, Marketing sem

Mídia, Características da Empresa e Comportamento da Empresa. A estratégia de Guerrilha

tem como objetivo, destacar a empresa perante o mercado, conquistando novos clientes e

gerando a empatia de seus clientes atuais. Dentre os pontos positivos, além do baixo custo,

destaca-se a atratividade, a possibilidade de gerar curiosidade e mídia espontânea, pois nem

sempre grandes investimentos geram tanta repercussão e resultados positivos quanto uma

ação criativa e inovadora realizada com poucos recursos.

Quanto aos pontos negativos, estes são semelhantes aos de Live Marketing e de

qualquer outro tipo de estratégia, pois em todas é necessário prezar por um bom

planejamento. Para conseguiur alcançar seu objetivo, a ação tem que acontecer no local e na

data certos e a empresa precisa conhecer o cotidiano do local onde a ação pretende ser

realizada. Assim, evita-se correr riscos de interferência ou desaprovação. Levinson (2010, p.

143) acrescenta que a pesquisa “deve servir para estabelecer uma ligação com seus prospects

ou consumidores, que pode levá-lo aonde você quer, mais rápido e com mais lucro”. Por isso,

é preciso conhecer seu público-alvo e sua rotina, conciliando com sua ação, para que haja um

envolvimento positivo entre o público e a marca.

Também é importante lembrar que não adianta criar uma ação de sucesso, seja ela

Marketing de Guerrilha, seja de Live Marketing, se a dedicação e o bom relacionamento com

o cliente não estiverem presentes fora da campanha. Ou seja, a publicidade e o marketing são

apenas uma parte. A empresa também deve comprometer-se em ter um bom relacionamento

interno e externo e cuidado com o atendimento de seus clientes, o gerenciamento da empresa

e a qualidade de seu produto ou serviço, pois de nada adianta conquistar o cliente sem

valorizá-lo. É para eles que a empresa existe, é graças a eles que se consegue manter a

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produtividade do negócio. Além disso, se os funcionários não estiverem satisfeitos com o

trabalho, podem dificultar a relação com os consumidores, dependendo, assim, de a gerência

saber manter um bom relacionamento tanto interno quanto externo. Cada parte desse processo

é o que gera uma empresa criativa, eficiente e admirada pelos consumidores.

Levinson (2010 p. 518) complementa ao afirmar que “para se colocar no mercado no

nível mais puro, é importante agir como se fosse criança. E não estou dizendo que você deva

ter um problema de comportamento, mas ser um mestre do comportamento”. Com isso, o

autor refere-se à persistência das crianças, ao seu costume de fazerem perguntas, à imaginação

fértil, à natureza de serem curiosas, a não aceitarem não como resposta, a gostarem de

aprender, contar as novidades e tornar o dia-a-dia divertido e a falarem até que sejam

compreendidas. Ter um espírito de criança é o que faz o verdadeiro profissional de marketing,

principalmente quando se fala de mídias alternativas.

Os resultados obtidos nesta pesquisa podem contribuir no meio acadêmico como fonte

de estudo tanto para o curso de Publicidade e Propaganda quanto para a área de Marketing.

Além disso, também pode tornar-se uma referência de pesquisa no mercado publicitário a fim

de esclarecer dúvidas, pois, até o dado momento, não há outros artigos que se referem

especificamente à diferenciação das duas estratégias discutidas aqui. Com relação a projeções

futuras, este trabalho pode servir como base para a especialização em planejamento ou

marketing estratégico e a qualificação da área de mídia alternativa e da ação de agências

especializadas em Marketing de Guerrilha ou Live Marketing, que estão ganhando mais

destaque no mercado atualmente.

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APÊNDICE A – Questionário para a entrevista

Pesquisa de TFG sobre Marketing de Guerrilha e Live Marketing12

Primeiramente gostaria de agradecer a participação, sua opinião é essencial para concluir esta

pesquisa.

A intenção deste trabalho é analisar as características, vantagens e desvantagens do Marketing

de Guerrilha e do Live Marketing, para chegar a um melhor esclarecimento de suas definições

e posteriormente auxiliar os acadêmicos da área de comunicação.

É importante destacar que não será divulgado o nome do entrevistado.

Att. Amanda C. Ribeiro

Orientadora: Prof.ª Me. Caroline De Franceschi Brum

Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Franciscano - Santa Maria RS

1. Qual seu nome e sua profissão?

2. O que você compreende como sendo Marketing de Guerrilha?

3. O que você compreende como Live Marketing?

4. Você acredita que estas duas estratégias tem objetivos diferentes?

5. Se você acredita que são diferentes, o que vê como maior diferença entre estas duas

estratégias?

6. Na sua opinião, quais os pontos positivos das 2 estratégias?

7. Na sua opinião, quais os pontos negativos das 2 estratégias?

8. De um exemplo de Marketing de Guerrilha que você lembre ou tenha realizado.

9. De um exemplo de Live Marketing que você lembre ou tenha realizado.

12

Link do questionário on-line: <http://www.survio.com/survey/d/O7W9L2F8M3T1V6E3R>.

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ANEXO A – As duzentas armas do Marketing de Guerrilha (Adaptado)13

13

Tabela criada a partir de LEVINSON (2010, p. 521-528).

MINIMÍDIA

Plano de marketing Agenda de marketing Identidade

Cartões de visita Papelaria Cartas pessoais

Marketing por telefone Telefone gratuito Número pessoal

Páginas amarelas Cartões-postais Anúncios classificados

Propaganda por

pedido/informação

Propaganda gratuita nos

clientes

Mural de avisos de

comunidades

Folhetos Anúncios no cinema Placas exteriores

Faixas de rua Vitrines Cartazes exteriores

Pôsteres Contato pessoal Cartazes nas portas

Discurso de elevador História de valor Vendas posteriores

Cartas de recomendação Participação em feiras Maços de cartões postais

Propaganda

MAXIMÍDIA

Mala direta Anúncios em jornal Spots de rádio

Anúncios em revistas Outdoors Comerciais de televisão

MÍDIA ELETRÔNICA

Computador Impressoras/Fax Salas de bate-papo

Fóruns de debates Murais de aviso na internet Construção de listas

E-mail personalizado Assinatura de e-mail E-mail enlatado

E-mail de massa Cartões postais em áudio ou

vídeo

Nome de domínio

Site na internet Página inicial Conta mercantil

Carrinho de compras Autoresponders Ranking nos sites de busca

Informativos eletrônicos Feeds de RSS Revista eletrônica própria

Propaganda por click de

mouse

Taxa de conversão da internet Anúncios em outras revistas

on-line

E-books Conteúdo para outros sites Webinários

Joint ventures Marketing viral Podcasting

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Sites de leilão Análise de cliques Anúncios pagos por clique

Palavras-chave de busca Adwords no Google Link patrocinado

Trocas recíprocas de links Trocas de banners Blogs

Aprendizagem constante

INFOMÍDIA

Conhecimento do mercado Anúncios em serviços

públicos

Informações específicas dos

consumidores

Estudos de caso Compartilhamento Brochuras/livretos

Catálago Diretório de empresas Estudos de pesquisas

Newsletter Um discurso Consultas grátis

Demonstrações gratuitas Seminários gratuitos Artigo

Coluna Livro Publicação sob demanda

Palestras em clubes Teleseminários Infomerciais

MÍDIA HUMANA

Você Seu próprio círculo de

influência

Representantes e funcionários

Guerrilheiro destacado Roupa dos funcionários Comportamento social

Cumprimento na chegada e

na partida

Utilização das horas de baixo

movimento

Tempo de contato com os

clientes

Histórias Capacidade de ensinar Público-alvo

Treinamento de vendas Insight de marketing Networking

Título profissional Marketing por afiliação Contatos na mídia

Clientes de primeiro time História central Sensação de urgência

Oferta por tempo limitado Chamada à ação Clientes satisfeitos

Marketing subliminar

MARKETING SEM MÍDIA

Benefícios Vantagens Brindes

Serviço Relações públicas Marketing de fusão

Permuta Propaganda boca a boca Bochicho

Envolvimento na

comunidade

Membro de clubes e

associações

Listagens gratuitas em

diretórios

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Estandes em feiras Separatas e imagens

ampliadas

Cartões e etiquetas em

eventos

Caixa de luxo nos eventos Vale-presente Auxílios audiovisuais

Flipcharts Cupons Eventos especiais

Período de teste grátis Garantia Concursos e sorteios

Talento artístico ou culinário Marketing enquanto se espera

ao telefone

Entretenimento com marca

Plano de monitoramento Follow-up Primeira compra

Merchandising Convidado para entrevista no

rádio

Convidado em talk show de

televisão

CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA

Nome Conhecimento de marca Posicionamento

Capacidade de escrever Título do texto Slogan

Entendimento adequado de

marketing

Talento para escrever textos

de propaganda

Disponibilidade de

financiamento

Localização Horário de funcionamento Dias de funcionamento

Aceita cartão de crédito Credibilidade Meme

Reputação Eficiência Qualidade

Serviço Variedade Preço

Espionagem Testemunhos Valor extra

Causa nobre Oportunidade de se fazer

upgrade

Programa de recomendações

COMPORTAMENTO DA EMPRESA

Fácil de fazer negócio Interesse genuíno pelas

pessoas

Comportamento ao telefone

Paixão e entusiasmo Sensibilidade Paciência

Flexibilidade Generosidade Autoconfiança

Limpeza e asseio Agressividade Competitividade

Alta energia Rapidez Foco

Atenção aos detalhes Ação

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ANEXO B – As vinte maneiras como o Marketing de Guerrilha se diferencia do

Marketing Tradicional (Adaptado) 14

Marketing Tradicional Marketing de Guerrilha

O Tradicional prega que, para colocar um

produto adequadamente no mercado, é

necessário investir dinheiro.

A Guerrilha defende que não é necessário

dinheiro se estiver disposto a investir tempo,

energia, imaginação e informação.

É envolto de mística que intimida os donos de

negócios, o que os deixa com receio de errar e

acabam desistindo.

Foge dessa mística, apresentando o marketing

como realmente é, um processo que se pode

controlar, e não o contrário.

Voltado ao big business. Tem como alma os pequenos negócios, mas

com grandes sonhos.

Mede a performance pelas vendas e pelas

respostas a uma oferta, hits num website ou

tráfego nas lojas.

Lembra que o número mais importante é o

tamanho do lucro, pois é o único que diz a

verdade sobre o que se deveria estar

procurando e se esforçando.

Baseia-se em experiência e julgamento. Não pode se dar ao luxo de fazer opções

erradas. Por isso, tem base no máximo possível

de psicologia, nas leis do comportamento

humano.

Sugere que a empresa cresça e depois

diversifique.

Sugere que a empresa cresça, se o crescimento

for algo desejado, mas sem perder o foco.

Afirma que se deve expandir o negócio

linearmente, acrescentando um cliente novo de

cada vez. É uma maneira lenta e cara de se

expandir.

Afirma que a maneira de crescer é geométrica,

aumentando o tamanho de cada transação,

realizando mais transações a cada ciclo de

vendas com um cliente, aproveitando o enorme

poder de recomendações de cada um deles. Ao

mesmo tempo, cresce de maneira tradicional.

Se fizer crescer em quatro direções distintas ao

mesmo tempo, é difícil não mostrar um belo

lucro.

14

Tabela comparativa criada com base em LEVINSON (2010, p. 22-30).

Page 79: Amanda Cassenote Ribeiro MARKETING DE GUERRILHA … · Figura 16 – Ativistas pendurando o banner na lateral do prédio da empresa Vigor. ... introdutor do termo Live Marketing,

Concentra o esforço na consumação das

vendas.

Lembra que 68% de todos os negócios

perdidos se devem à apatia após a venda.

Prega um follow-up febril – manter contato

permanente com os clientes e ouvir o que eles

têm a dizer.

Recomenda que estude o horizonte para saber

quais concorrentes a empresa deve ultrapassar.

Recomenda estudar o mesmo horizonte para

estabelecer que negócios tem os mesmos

prospectos, de modo que possa cooperar com

eles em esforços conjuntos de marketing e

dividindo custos (fusion marketing).

Insiste que se tenha um logotipo que

represente a empresa. Aquilo que o

consumidor vê tem uma taxa de lembrança

78% maior do que aquilo que ouve.

Tem um meme que representa a empresa, um

símbolo verbal ou visual que comunica uma

ideia inteira.

É considerado o “marketing do eu”. Visite

qualquer site de empresa e verá “Quem

somos”, “Nossa história”.

A Guerrilha pratica o “marketing do você”,

por meio do qual cada palavra e ideia se

referem ao cliente, ao visitante do website.

Sempre pensou no quanto poderia “arrancar”

de um cliente.

Tem plena compreensão do valor do tempo e

da vida do cliente, mas também se preocupa

com o que pode dar ao cliente.

Quer que se acredite que a publicidade, com

um site, malas diretas e e-mails, é o que

funciona.

Acredita que isso não faz sentido, o que

funciona são as combinações de marketing.

Os Marqueteiros tradicionais contam dinheiro. Os de Guerrilha contam novos

relacionamentos.

Raramente enfatiza a tecnologia,

principalmente porque, antigamente, era muito

cara, limitada e complicada. No entanto, hoje,

isso já mudou.

Requer que aprecie a tecnologia.

Sempre direcionou sua mensagem a grupo:

quanto maior o grupo, melhor.

Direciona a mensagem para a pessoa e, se tiver

de ser a um grupo, quanto menor, melhor.

Page 80: Amanda Cassenote Ribeiro MARKETING DE GUERRILHA … · Figura 16 – Ativistas pendurando o banner na lateral do prédio da empresa Vigor. ... introdutor do termo Live Marketing,

É, em sua maior parte, não intencional.

Embora ele abrace grandes canhões do

marketing – rádio, televisão, jornais, revistas e

sites –, tende a ignorar os pequenos detalhes.

A Guerrilha sempre é intencional, prestando

atenção aos detalhes.

Acredita que se pode fechar uma venda só com

marketing.

Chama a atenção para a realidade de que o

marketing de hoje só pode ajudar a ganhar o

consentimento das pessoas para receber mais

material.

É um monólogo. Uma pessoa fala ou escreve

tudo. As demais ouvem ou leem. Uma péssima

base para um relacionamento.

Uma pessoa fala ou escreve. Alguém responde

e, então, dá-se início a uma interatividade.

Identifica as grandes armas do marketing:

rádio, televisão, jornais, revistas, mala direta e

internet.

Identifica duzentas armas de marketing, muitas

delas gratuitas (Anexo A).