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ALINE MARILIA SCHNEIDER AMBIENTALISMO E RECONSTRUÇÃO DO RURAL: A CONTRIBUIÇÃO DA AGROECOLOGIA CURITIBA 2007

AMBIENTALISMO E RECONSTRUÇÃO DO RURAL: A … · temática do movimento ambientalista e de agricultura ecológica, ... PRA – Programa Regional de ... que desde a escala local até

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ALINE MARILIA SCHNEIDER

AMBIENTALISMO E RECONSTRUÇÃO DO RURAL: A CONTRIBUIÇÃO DA AGROECOLOGIA

CURITIBA 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – SCHLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DECISO

AMBIENTALISMO E RECONSTRUÇÃO DO RURAL: A CONTRIBUIÇÃO DA AGROECOLOGIA

Monografia apresentada à disciplina Orientação Monográfica II como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Dr Alfio Brandenburg.

Curitiba 2007

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À todos àqueles que acreditam que a ousadia

e o erro são caminhos para as grandes realizações.

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AGRADECIMENTOS

Algumas pessoas marcam a nossa vida para sempre, umas porque nos apresentam projetos de sonho, outras porque nos vão ajudando na sua construção e outras ainda porque nos desafiam a construí-los. É por isto que eu agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho, instrumento fundamental de inspiração para novos desafios.

À Deus, princípio e base de tudo. Aos meus pais, pelo apoio incondicional. Ao Jackson, por me possibilitar momentos muito felizes. Aos amigos que me acompanham na peleja do dia-a-dia... Aos amigos da

Universidade... Obrigada pela amizade, pelas sugestões e pela parceria. Aos mestres... Pela transmissão de conhecimento e sabedoria... Em especial ao

Dr. Alfio Brandenburg, por acreditar na minha capacidade. Meus sinceros agradecimentos.

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Reconhecemos que cada um de nós faz parte dos problemas do mundo, e que também fazemos parte da solução. Os perigos e as perspectivas de cura não estão apenas no meio que nos cerca. Começamos a atuar onde estamos. Não há necessidade de esperar até que as condições se tornem ideais. Podemos simplificar nossas vidas e viver em harmonia com valores humanos e ecológicos. Haverá melhores condições de vida porque nos permitimos começar... Portanto podemos dizer que o principal objetivo da política verde é uma revolução interior, o “verdejar do ser”.

Petra Kelly, Pensando Verde

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RESUMO

Esta monografia apresenta uma abordagem e uma contextualização geral acerca da temática do movimento ambientalista e de agricultura ecológica, tendo como ponto de partida a evolução do conceito de sustentabilidade. A pesquisa teve por objetivo geral, o mapeamento dos movimentos ambientalistas do meio rural, ONGs e outras organizações de assessoria da sociedade civil do estado do Paraná, com a posterior organização de uma tipologia, que foi baseada na classificação dos movimentos ambientalistas realizada por Manuel Castells. Esta tipologia serviu de pano de fundo para a análise da atuação de um dos atores – no caso, a Associação de Agricultura Orgânica do Paraná (AOPA), escolhida entre as entidades componentes da categoria Agriculturas Alternativas de Base Ecológica – de modo a verificar em que medida ela contribui com ações que transcendem a agroecologia em direção a um ambiente rural mais sustentável. Palavras-chave: Ambientalismo, Sustentabilidade, Agroecologia, Rural sóciambiental.

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SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................06

LISTA DE SIGLAS.........................................................................................................08

INTRODUÇÃO ...............................................................................................................09

METODOLOGIA.............................................................................................................12

1.0 NA DIREÇÃO DA SUSTENTABILIDADE................................................................15

1.1. A transição: um breve comentário......................................................................15

1.2 Os caminhos do Ambientalismo e a evolução do conceito de sustentabilidade..18

2.0 SOBRE O MOVIMENTO AMBIENTAL.....................................................................23

2.1 O ambientalismo no Brasil...................................................................................23

2.2 A tipologia “castelliana” dos movimentos ambientalistas.....................................31

2.3 O movimento ambientalista no Paraná: ensaio de uma tipologia........................33

3.0 AGROECOLOGIA E A CONSTRUÇÃO DE UM RURAL SOCIOAMBIENTAL.......39

3.1 O movimento de agricultura alternativa de base ecológica: uma breve

contextualização........................................................................................................40

3.2 O enfoque agroecológico.....................................................................................44

3.3 A AOPA enquanto entidade.................................................................................47

3.4 AOPA, agroecologia e práticas sócio-ambientais: uma referência aos dados

de campo...................................................................................................................52

3.5 Agroecologia e sua contribuição para a construção de um rural

sócioambiental..........................................................................................................56

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................61 ANEXOS.........................................................................................................................66

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LISTA DE SIGLAS

ADEA - Associação de Defesa e Educação Ambiental

ANINPA - Associação Nacional de Pesquisa e Preservação Ambiental

AOPA - Associação de Agricultura Orgânica do Paraná

APAC - Associação dos Produtores Agrícolas de Colombo

APLPR - Associação de Pescadores do Litoral do Paraná

APPA - Associação Paranaense de Pescadores Amadores

APPAM - Associação Paranaense de Preservação Ambiental dos Mananciais do Rio

Iguaçu e da Serra do Mar

ASSESSOAR - Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural

CDS - Comissão de Desenvolvimento Sustentável

CEMA - Conselho Estadual de Meio Ambiente

CIEPR - Conselho Indígena Estadual do Paraná

COOPERCICLA - Associação de Agentes Ecológicos e Recicladores

ECOOTOPIA - Associação Cooperativa de Idéias e Soluções para o

Ecodesenvolvimento

FFMA - Associação Flora e Fauna Mata Atlântica

FUNVERDE - Fundação Verde

IEPR - Instituto de Ecoturismo do Paraná

MMC - Movimento das Mulheres Camponesas

MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

OCDE - Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento

ONGs - Organizações Não-Governamentais

ONU - Organização das Nações Unidas

OSCIP - Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público

PRA – Programa Regional de Agroecologia

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

SEAB - Secretaria de Agricultura e do Abastecimento Pr

SEMA - Secretaria Especial de Meio Ambiente

SUSTENTEC - Produtores Associados Para Desenvolvimento de Tecnologias

Sustentáveis

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UNCED - Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

UNCTAD - Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento

UNEP - Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas

UNILIVRE – Universidade Livre do Meio Ambiente

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INTRODUÇÃO

O crescimento acelerado da população, aliado a um consumo excessivo e a uma

economia globalizada, tem trazido grandes preocupações por parte dos especialistas. O

planeta está no seu limite de suporte e seu capital natural/humano acaba sofrendo

profunda alteração, cujos impactos sócioambientais vão desde fome, miséria,

desigualdade, violência, desemprego, à reações adversas da natureza que por sua vez

vêm castigando varias regiões a nível global.

A busca por um planejamento que contemple bases mais sustentáveis vem

sendo assunto cada vez mais freqüente nas discussões sobre desenvolvimento

econômico. A necessidade de se encontrar um ponto de equilíbrio entre acumulação de

capital – que desde a escala local até a escala mundial causa grandes impactos

ambientais – e a apropriação dos recursos naturais de forma sustentável, ocorre em

face da preservação da biodiversidade da natureza aliada às melhorias nas condições

de vida de toda a população.

Sendo um dos componentes mais importantes para o planejamento político e

econômico dos governos, os recursos naturais, o meio ambiente e a própria agricultura

como um todo se tornam uma prioridade. Passam a ser analisados em seu potencial

econômico e vistos como fatores estratégicos, compondo a lista dos temas de

relevância internacional, uma vez que o futuro da humanidade depende da relação

estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis. É

nesse contexto que se iniciam as grandes reuniões mundiais sobre o tema , em que se

formaliza a dimensão internacional das questões relacionadas ao meio ambiente, o que

leva os países a se posicionarem quanto a decisões ambientais de alcance mundial.

As discussões acerca do desenvolvimento parece ter criado um certo consenso

na necessidade da sustentabilidade, principalmente ao tratar dos recursos naturais e,

em especial, da agricultura familiar. É bastante propagada a idéia de que carecemos de

um modelo de desenvolvimento econômico viável, socialmente justo e ecologicamente

sustentável.

A agricultura, por suprir grande parte dessas necessidades e por causar ainda

uma porção considerável da degradação ambiental, é parte importante do sistema que

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busca uma transformação. A produção agrícola foi sempre essencial ao sistema de

produção como um todo, entretanto ele deixou de ser apenas um setor fornecedor de

matéria-prima, para transformar-se também em um grande mercado consumidor. Essa

transformação, decorrente da chamada Revolução Verde, foi capaz de mudar o modo

de vida dos agricultores, especialmente daqueles responsáveis pelas pequenas

produções no meio rural. A decisão dos produtores familiares de aderir à agroecologia

foi influenciada – como pode ser visto ao longo da história do movimento orgânico – por

algumas evidências de intoxicação ocasionadas pela utilização desenfreada de

agrotóxicos, que consequentemente fizeram diminuir as vias de comercialização dos

produtos convencionais. Paralelamente, a procura por produtos orgânicos aumentava,

tornando-se regular e constante. Surgem então organizações de produtores em

associações tornando mais facilitada a inserção destes no mercado.

É preciso considerar, contudo, que o movimento agroecológico ou as

organizações de agricultura ecológica, representa apenas uma vertente dentre os

movimentos ambientalistas, sendo possível identificar isso nos capítulos subseqüentes

deste trabalho. Pretendemos apresentar novas formas de pensar a atuação das

organizações ambientais e rurais, tomando como exemplo a Aopa, e procurando

investigar em que medida ela contribui com ações – manejo de recursos naturais – que

transcendem a agroecologia em direção a um ambiente rural mais sustentável. Para

isto, este trabalho baseia-se na hipótese de que a ação coletiva, além de estar entre os

resultados do processo de ecologização da agricultura, converte-se também em um

importante núcleo dinamizador do processo de ambientalização do rural, uma vez que

os agricultores familiares conseguem, através da sua força propulsora, evoluir em

direção à construção de um rural sócioambiental. E tem por objetivo geral mapear os

movimentos ambientalistas do meio rural, ONGs e outras organizações de assessoria

da sociedade civil de todo o estado do Paraná organizando uma tipologia e

compreender a partir da análise da atuação de um destes atores – no caso, a

Associação de Agricultura Orgânica do Paraná (AOPA) - como se realiza a sua

contribuição para a construção de um rural sócioambiental.

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METODOLOGIA

Este trabalho tem como eixo metodológico pesquisa bibliográfica e pesquisa

qualitativa. Foi utilizada a técnica de entrevista aberta com o objetivo de coletar dados

que auxiliassem na elaboração do trabalho

As pesquisas qualitativas são exploratórias, ou seja estimulam os entrevistados a

pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem emergir

aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de

maneira espontânea. São usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a

natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação. Segundo Minayo

(1996), as pesquisas qualitativas na Sociologia trabalham com significados, motivações,

valores, crenças, e estes não podem ser simplesmente reduzidos às questões

quantitativas, pois que respondem a questões muito particulares. Entretanto, os dados

quantitativos e qualitativos acabam se complementando dentro de uma pesquisa.

Sobre o método de entrevista, ressaltamos a definição feita por Haguete (1997,

p. 86) que a denomina como “um processo de interação social entre duas pessoas na

qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte

do outro, o entrevistado”. É por isto que a avaliamos como um importante método para

a coleta de informações.

Inúmeras são as formas de entrevistas utilizadas nas Ciências Sociais, dentre

elas podemos citar: entrevista estruturada, semi-estruturada, aberta, entrevista com

grupos focais, história de vida e também a entrevista projetiva. Entendemos ser mais

proeminente com a finalidade a que nos propomos a utilização do método de entrevista

aberta, uma vez que nos permite o detalhamento de questões, formulações mais

precisas dos conceitos relacionados e principalmente a total liberdade do entrevistado

para discorrer sobre o tema sugerido, fatos que fazem com que seja possível explorar

mais amplamente as questões.

Entrevistando, consideramos ser possível coletar dados objetivos além de ser, de

certo modo, a única maneira de coletar também dados subjetivos, uma vez que estes

se relacionam diretamente com os valores, as atitudes e às opiniões dos sujeitos

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entrevistados, que são de extrema relevância para a concretização dos objetivos deste

estudo.

Procedimentos de pesquisa

Primeiramente, a idéia de realizar este estudo teve como ponto de partida minha

inclusão, no segundo semestre de 2006, no projeto de iniciação científica que trabalha

com a construção social da agricultura ecológica e desenvolvimento socioambiental, a

partir disso, surgiu a vontade de unir as experiências de pesquisa e tendo como um dos

resultados práticos a realização desta monografia. O trabalho teve inicio a partir da

realização de uma revisão bibliográfica geral acerca das diversas linhas de pesquisa

em comum com nosso objeto de estudo, objetivando realizar um levantamento de

dados acerca da temática e obter um referencial teórico que fundamentasse

adequadamente este trabalho monográfico.

Paralelamente, realizamos um mapeamento dos movimentos ambientalistas do

meio rural, ONGs e outras organizações de assessoria da sociedade civil de todo o

estado do Paraná. Este mapeamento exigiu que dispuséssemos de um amplo tempo na

busca de dados, uma vez que estes estavam espalhados por inúmeras fontes, desde

instituições públicas como a Secretaria de Agricultura de Abastecimento do Estado do

Paraná (SEAB) e o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA) até os mais variados

sites de Organizações Não-Governamentais e Organizações da Sociedade Civil de

Interesse Público (OSCIPs). Foi realmente uma etapa cansativa e que nos fez dispor de

um grande empenho, todavia, consideramos que todo e qualquer esforço foram de

grande valia, já que conseguimos mapear mais de 300 organizações. O trabalho teve

seguimento com a elaboração de uma tipologia - baseada no trabalho realizado por

Manuel Castells acerca do ambientalismo - partindo de uma classificação prévia das

organizações em categorias, sendo cada uma brevemente descrita e distribuída

conforme o tipo/classe, identidade, adversário e objetivo.

Na fase que se seguiu procuramos eleger entre as organizações mapeadas uma

que serviria então de eixo na realização da pesquisa de campo e conseqüente

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realização dos objetivos a que nos propomos de inicio nesta monografia. Buscamos

entre a classe de Agriculturas Alternativas de Base Ecológica, uma organização em

especial, na qual pudéssemos aplicar uma pequena entrevista com pessoas ligadas a

diretoria1, dessa forma, a instituição escolhida foi a Associação de Agricultura Orgânica

do Paraná (AOPA). O trabalho teve continuidade com a elaboração do roteiro de

entrevistas.

A partir da realização do roteiro, pensamos então em verificar na prática se as

perguntas formuladas chegariam a um bom resultado, ou seja, se a entrevista

conseguiria atingir o objetivo a que se propunha. Desse modo, ela foi aplicada logo em

seguida, em uma manhã de sábado do mês de Abril de 2007. O local escolhido foi a

feira de produtos orgânicos realizada no Passeio Público, também conhecida como

Feira Verde, onde é possível encontrar alguns representantes da AOPA. Como nosso

objetivo ali não era o de atrapalhar o trabalho das pessoas nas suas barracas,

chegamos ao local mais tarde, por volta das 11:00, já que a partir deste horário o

movimento não é tão intenso2. Os representantes da instituição selecionados para

responder a entrevista foram muito gentis, demonstrando inclusive grande prazer em

dar sua contribuição e falar sobre o trabalho da associação. Para nosso contento isto

tornou possível que a realização do teste do roteiro se tornasse efetivamente nosso

material de campo e assim julgamos que as entrevistas foram realizadas com sucesso.

Após o processo de coleta de informações através das entrevistas informais o

desenvolvimento do trabalho prosseguiu com a transcrição do material coletado e

posterior análise, para por fim, dar seguimento à conclusão da pesquisa.

1 Consideramos importante conversar com membros da diretoria partindo do princípio de que estes têm

conhecimento da linha de trabalho da instituição, podendo assim, fornecer informações essenciais. 2 O movimento maior da feira é, em geral, sempre no inicio da manhã , já que a disponibilidade dos

produtos é maior e o consumidor tem mais opções da escolha.

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1.0 NA DIREÇÃO DA SUSTENTABILIDADE

1.1. A transição: um breve comentário

O cenário mundial agrícola possui nos últimos cem anos, episódios que

demonstram algumas alterações em sua configuração. Essas transformações são, em

sua maior parte, originárias da relação nem sempre pacífica entre homem e natureza.

Segundo Buttel (1995), dois importantes momentos demarcam este período histórico,

denominados por ele como “transições agroecológicas”.

O advento da chamada Revolução Verde3 caracteriza o primeiro momento de

transição. A produtividade de algumas culturas, em especial daquelas mais dinâmicas,

destinadas a exportação, teve um aumento considerável a partir da introdução deste

modelo produtivista. Ehlers (1996) descreve que durante este período que culminou em

uma ampla divulgação do pacote tecnológico (fertilizantes químicos, melhoramento

genético das plantas, motores e combustão interna, etc) característico deste primeiro

momento de transição, havia uma idéia amplamente aceita entre produtores agrícolas e

cientistas ligados a essa área que o aumento da produção agrícola seria diretamente

proporcional à quantidade de substâncias químicas incorporadas ao solo. Assim sendo,

este modelo implicava também em alguns problemas, tais como a manutenção com alto

custo econômico, a exploração excessiva dos recursos naturais com conseqüentes

implicações degradantes: o uso exaustivo dos solos, poluição dos mananciais,

intoxicação dos agricultores por agrotóxicos, além da prejudicial perda da

biodiversidade natural. Além destes, começam a surgir outros aspectos prejudicados

pelo modelo produtivista da Revolução Verde.

Alguns aspectos sociais podem ser salientados: as desigualdades e a exclusão

social no meio rural foram aprofundadas ainda mais – aos agricultores familiares em

especial - pelas políticas de desenvolvimento agrícola direcionadas à modernização das

grandes propriedades. Este modelo de desenvolvimento mostrou-se profundamente

3 A Revolução Verde foi difundida em escala mundial a partir da década de 60, sua meta era o aumento da produção e produtividade agrícola, assentando-se no uso intensivo de variedades de alto rendimento melhoradas geneticamente, adubos de síntese química, agrotóxicos, irrigação e mecanização, gerando o que passou a ser conhecido como “pacote tecnológico”.

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desigual também do ponto de vista da inadequação ambiental já que se deu através da

importação de um pacote tecnológico especificamente elaborado para países de clima

temperado, com grandes diferenças físicas se comparado ao território nacional. Ou

seja, os custos ecológicos acabaram se traduzindo, direta ou indiretamente, em custos

sócio-econômicos, sem falar que a deterioração do meio ambiente provocou o

comprometimento da qualidade de vida das populações e das condições de produção,

muitas vezes até tornando-a inviável.

No Brasil algumas dessas conseqüências ambientais e sociais da adoção deste

pacote tecnológico também puderam ser observadas, entre elas está o fato de que as

grandes fazendas foram consideradas as mais adequadas para a adoção deste

padrão4, o que acabou aumentando sem precedentes o êxodo rural.

A constatação dos inúmeros problemas gerados pelo padrão de produção fez

com que o interesse pelo desenvolvimento de um padrão alternativo ficasse bem

visível. O aprofundamento destes impactos sócioambientais tem levado ao

questionamento e à crise do modelo produtivista, impulsionando a segunda transição

agroecológica, que representa, portanto, um processo de “ecologização” da agricultura,

manifestando uma crescente presença de valores ambientais nas práticas e políticas

agrícolas, como também na opinião pública. (BUTTEL, 1995).

A partir da década de 60, um movimento em busca de uma nova forma de

produzir e modelos de sociedade alternativa começam a estruturar-se. A noção de

sustentabilidade emergente desta segunda transição, é descrita como sendo capaz de

solucionar os aspectos da crise do modelo originário da Revolução Verde. No entanto,

não existe consenso a respeito de sua real significação, dando margem a várias

concepções e a diferentes estratégias de desenvolvimento.

Segundo Ehlers (1996), como não existe uma definição clara, única, acerca da

expressão desenvolvimento sustentável, pode-se considerar que a agricultura

sustentável não constitui algum conjunto de práticas especiais – como no caso do

pacote tecnológico da Revolução Verde – mas um objetivo a ser alcançado. Para que

se torne uma alternativa consistente ao modelo da agricultura convencional, ela precisa

4 Isso ocorreu provavelmente por questões políticas já que outros países centrais optaram, mesmo

durante a Revolução Verde, pelo padrão de agricultura familiar

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trilhar um longo caminho no qual se deve aplicar esforços cada vez maiores no

desenvolvimento de tecnologias apropriadas à valorização de ecossistemas complexos.

Este autor relata que existem algumas diretrizes gerais que conseguem reunir grande

parte dos interesses em torno de um modo alternativo de produção: incentivo à

substituição dos sistemas produtivos simplificados (monoculturas) por sistemas

rotacionais diversificados; a reorientação da pesquisa agropecuária para um enfoque

sistêmico e o fortalecimento da agricultura familiar.

Sachs (1994) dentre outros autores, sugerem que a humanidade passe a pensar

numa “segunda revolução verde”, que busque a sustentabilidade ecológica dos

sistemas produtivos, articulando espaços menos susceptíveis ambientalmente e que

associe práticas agrícolas tradicionais aos recursos da ciência moderna, através da

biotecnologia, e que, além disso, proporcione um maior equilíbrio sócio-econômico

entre as sociedades numa esfera planetária.

Em contraposição aos modelos convencionais de agricultura, surgem então

diversos novos estilos de produção agrícola, denominados genericamente de

“alternativos” ou de “agricultura sustentável”5. Ao aprofundar a questão da

sustentabilidade agrícola que se vê é uma grande confusão terminológica, definida por

Guivant (1995, p. 103) como uma “falta de consenso conceitual” 6.

De maneira geral, pode-se dizer que o processo de transição entre a agricultura

tradicional e as formas alternativas de agricultura não é um processo simplificado, de

sentido único e unilateral. A substituição de um modelo de desenvolvimento para outro

– a transição de uma agricultura tradicional para uma agricultura ecológica - supõe um

processo de transição que de modo geral evolui lentamente, podendo trazer mudanças

bruscas e qualitativamente diferenciadas. Inúmeros são os fatores e as variáveis

envolvidas, ampliando assim a complexidade da elaboração de um modelo de

desenvolvimento rural sustentável7.

5 Dentre estes, destacam-se a agricultura de baixos inputs externos, a orgânica, a natural, a ecológica, a biodinâmica, a agroecológica e a permacultura, entre outras denominações. 6 Não coube a este trabalho de pesquisa realizar uma análise mais profunda sobre esta questão, nos restringimos a descrever acerca dos aspectos mais gerais da evolução do conceito de sustentabilidade. 7 Ver tese de Costabeber (1998), Müller (2001), entre outros. Sobre as dificuldades e as premissas do processo de transição para o desenvolvimento sustentável ver textos de Ehlers (1994) e Sachs (1993).

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1.2 Os caminhos do ambientalismo e a evolução do conceito de sustentabilidade

Pensar o conceito de desenvolvimento sustentável a partir de sua a construção e

emergência possibilita a compreensão dos processos - objetivos e subjetivos - que

levaram à consciência do esgotamento do modelo de desenvolvimento experimentado

nas últimas décadas e da necessidade de uma nova concepção de desenvolvimento.

Um enorme esforço vem sendo realizado pelas mais diversas instituições (academias,

ONGs, órgãos governamentais e privados), na tentativa de teorizar o desenvolvimento

sustentável. O resultado dessa elaboração é a multiplicidade de conceitos e propostas,

demonstrando que não existe consenso de doutrina sobre o tema. Aqui, utilizaremos a

definição de que o desenvolvimento sustentável, na sua concepção mais abrangente, é

aquele que satisfaz as necessidades das gerações presentes sem comprometer a

capacidade das gerações futuras para satisfazer suas próprias necessidades (OCDE,

1995).

A década de 60 data o início das discussões acerca dos riscos da degradação do

meio ambiente originaria da preocupação da comunidade internacional com os limites

de desenvolvimento do planeta. A intensidade que tais discussões alcançaram fez com

que a ONU viesse a promover em 1972 na cidade de Estocolmo (Suécia) uma

Conferência sobre o Meio Ambiente com a participação de 113 países. De acordo com

Moura (2000), nessa conferência evidenciou-se a grande diferença entre os países

ricos e os países pobres na visão do problema ambiental.

Ainda no mesmo ano (1972), pesquisadores do “Clube de Roma”8 juntamente

com Dennis Meadows publicaram um estudo acerca dos Limites do Crescimento,

trazendo uma análise do que poderia acontecer se a Humanidade não mudasse seus

métodos econômicos e políticos. Muitas foram as reações de intelectuais do Primeiro

Mundo e dos países subdesenvolvidos contra o tal estudo, dizendo que o mesmo seria

prejudicial ao desenvolvimento econômico destes países a partir de justificativa

ecológica.

8 O Clube de Roma é uma organização internacional formada por pessoas ilustres que se reúnem para

debater um vasto conjunto de assuntos relacionados a política e economia internacional. Sua missão é "agir como um catalisador de mudanças globais, livre de quaisquer interesses políticos, econômicos, ou ideológicos".

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Em consonância com a Conferência de Estocolmo registram-se a criação do

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e de diversos outros

programas com preocupação ecológica e em 1973, ainda neste contexto, o canadense

Maurice Strong lançou o conceito de ecodesenvolvimento.

“Através deste conceito buscava-se caracterizar uma “idéia força que fosse capaz de direcionar, de forma criativa, iniciativas de dinamização econômica sensíveis ao fenômeno da degradação do meio ambiente e da marginalização social, cultural e política” (VIEIRA, 1995, p. 54, grifo do autor)

Todavia, um ano depois Ignacy Sachs reelabora a versão inicial do conceito de

ecodesenvolvimento, propondo entre outras coisas, cinco dimensões do

desenvolvimento sustentável: social, ambiental, territorial, econômico e político. Sendo

os princípios fundamentais: satisfação das necessidades básicas; solidariedade com as

gerações futuras; participação da população envolvida; preservação dos recursos

naturais e do meio ambiente; elaboração de um sistema social que garanta emprego,

segurança social e respeito a outras culturas; programas de educação. Esta teoria

referia-se principalmente às regiões subdesenvolvidas, envolvendo uma crítica à

sociedade industrial. As discussões em torno do ecodesenvolvimento é que abriram

espaço ao conceito de desenvolvimento sustentável.

A Declaração de Cocoyoc, em 1974, é outra realização importante acerca dos

debates sobre desenvolvimento e meio ambiente. Foi o resultado de uma reunião do

Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas - UNEP e da Conferência das Nações

Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento - UNCTAD. A declaração afirmava que a

causa da explosão demográfica era a pobreza, que também gerava a destruição

desenfreada dos recursos naturais. Na reunião, obteve-se avanços sobre o modelo

sugerido por Sachs, trazendo à discussão a conexão existente entre explosão

populacional, pobreza, degradação e a responsabilidade dos países desenvolvidos com

esses problemas, devido a seu elevado nível de consumo, desperdício e poluição. Para

a ONU, não há apenas um limite mínimo de recursos para proporcionar bem-estar ao

indivíduo; há também um máximo.

Em 1975 a ONU voltou a participar na elaboração de um outro relatório, o Dag-

Hammarskjöld, preparado pela fundação de mesmo nome com colaboração de políticos

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e pesquisadores de 48 países. Este relatório completa o de Cocoyok, ambos fazem

grandes críticas à sociedade industrial e aos países industrializados, sendo que os dois

têm em comum a exigência de mudanças nas estruturas de propriedade do campo e a

rejeição pelos governos dos países industrializados.

Em 1987, a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (UNCED), apresentou um documento chamado “O Nosso Futuro

Comum” também conhecido por Relatório Brundtland. Este documento alertava o

mundo para a necessidade urgente de alterar o desenvolvimento econômico em

direção à sustentabilidade, com um menor impacto nos recursos naturais e no

ambiente. O relatório parte de uma visão complexa das causas dos problemas

socioeconômicos e ecológicos da sociedade global, sublinhando a interligação entre

economia, ecologia, tecnologia, sociedade e política e chama também a atenção para

uma nova postura ética, caracterizada pela responsabilidade tanto entre as gerações

quanto entre os membros contemporâneos da sociedade. (BRÜSEKE, 1998)

Em 1988, a Assembléia Geral das Nações Unidas decide realizar uma

conferência sobre meio ambiente e desenvolvimento, que deveria ocorrer até 1992. Em

1989 a Assembléia Geral da ONU confirma que a conferência seria realizada no Brasil,

a coincidir com o dia mundial do meio ambiente, 5 de junho. Então em 1992, vinte anos

depois de Estocolmo, a Conferência Mundial da Eco-929 realizada na cidade do Rio de

Janeiro, fez surgir a nível global o conceito de sustentabilidade. Podemos dizer que de

certa forma a Eco-92 mostrou um crescimento do interesse mundial pelo futuro do

planeta; muitos países deixaram de ignorar as relações entre desenvolvimento sócio-

econômico e modificações no meio ambiente.10 Durante esse congresso foram

estabelecidos diversos acordos, protocolos e convenções, sendo que o mais importante

9 Previsto no Relatório “Nosso Futuro Comum”, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED), conhecida como ECO-92, Cúpula da Terra, Conferência do Rio ou simplesmente Rio-92, foi realizada de 3 a 14 de junho de 1992. A convite do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro foi a sede do encontro que reuniu legisladores, diplomatas, cientistas, a mídia, e representantes de organizações não-governamentais (ONGs) de 179 países, num esforço maciço para reconciliar as interações entre o desenvolvimento humano e o meio ambiente. Considerado o evento ambiental mais importante do século XX, a RIO-92 foi a primeira grande reunião internacional realizada após o fim da Guerra Fria. 10 As discussões da ECO-92 foram ofuscadas pela delegacão dos Estados Unidos, que forçou a retirada dos cronogramas para a eliminação da emissão de CO2 (que constavam do acordo sobre o clima) e não assinou a convenção sobre a biodiversidade.

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deles ficou conhecido como “Agenda 21”11. Na mesma Conferência foi acertada a

criação de uma nova instituição no sistema das Nações Unidas, a fim de monitorar a

implementação da Agenda. Em 1993, foi criada, então, a Comissão de

Desenvolvimento Sustentável (CDS) que promoveu um avançado sistema de parcerias

entre as ONGs e as Nações Unidas, e estimulou, em vários países, a criação de

comissões de desenvolvimento sustentável bem como a definição de estratégias

nacionais de desenvolvimento sustentável.

Guivant (1995, p. 139) sintetiza os resultados da Rio-92 e diz que houve

simultaneamente um avanço extraordinário no plano simbólico e de conscientização – o

“espírito do Rio” , mas também um fracasso no plano político- econômico – “refletido na

incapacidade de construir-se marcos de referências, mecanismos de implementação e

instituições correspondentes à nova consciência e legitimidade”.

“Do ponto de vista do ambientalismo, o aspecto mais forte da Conferência do Rio de Janeiro não foram os acordos, mas precisamente a emergência germinal de uma sociedade civil planetária, expressada na constituição de um espaço público comunicativo onde se encontram as diversas dimensões que compõe o ambientalismo, com raízes tanto no Sul quanto no Norte, no Leste como no Oeste, e pertencentes tanto ao sistema político como aos sistemas social e econômico” (LEIS, 1995, p.34).

Apesar de poucos resultados práticos poderem ser vistos, a Eco-92 entrou para

a história como o momento em que o assunto saiu dos bancos acadêmicos, quando a

relação entre meio ambiente e desenvolvimento foi definitivamente estabelecida.

Após a Rio-92 realizou-se a Rio+ 5, que foi um encontro de iniciativa lançada por

organizações não-governamentais, tendo à sua frente o Conselho da Terra. Teve a

participação da sociedade civil como um todo, setores públicos e privados, além dos

conselhos nacionais de desenvolvimento sustentável ou similares. Já em

Johannesburgo na África do Sul, foi realizada entre o final de agosto e o início de

setembro de 2002 a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento sustentável - Rio+10, que

foi uma tentativa da ONU de reavaliar e implementar as conclusões e diretrizes obtidas

11 De acordo com Holthausen (2000), a Agenda 21 é um programa de 600 bilhões de dólares para o desenvolvimento e o meio ambiente da Terra, um pacto entre os três setores da sociedade: o governamental, o produtivo e o civil organizado.

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na Eco-92, em especial de avançar nas discussões e obter metas mais ambiciosas,

específicas e bem definidas para alguns dos principais problemas ambientais de ordem

global. Em resumo pode-se dizer, que seu objetivo era pôr em prática o conceito de

desenvolvimento sustentável. Mais uma vez, apesar da presença de representantes de

189 países, e de cientificamente, haver uma clara delimitação dos problemas

ambientais globais, a conferência não atingiu de todo modo as expectativas que a

cercavam, terminando com alguns poucos avanços. Diante da demora nas decisões e

no pouco progresso nas negociações, os delegados das nações buscaram uma ação

racional e em caráter de urgência aliando-se aos ambientalistas para que pelo menos

não houvesse algum tipo de retrocesso em relação aos acordos conquistados na Eco-

92, realizada no Rio de Janeiro.

“A disseminação de uma ‘consciência ecológica’ e a proliferação das declarações diplomáticas contrastam, entretanto, com a flagrante incapacidade da maior parte das nações e organismos internacionais de fazer frente à natureza global da questão” (VIEIRA, 1995, p.45, grifo do autor)

Partindo desta contextualização Sachs (1993) não deixa de chamar atenção para

a existência dos muitos problemas que ainda necessitam serem solucionados na busca

da efetivação de um projeto comum de desenvolvimento sustentável: a lenta construção

de uma relação entre cientistas e sociedade civil e a demora em implementar na prática

as declarações assinadas.Todavia, segundo ele, a união entre desenvolvimento e meio

ambiente é o único caminho viável, tanto para ricos como para pobres, que apesar de

apresentarem-se como “castas” totalmente segregadas, vivem dentro do mesmo limite

geográfico – o limite da biosfera – e compartilham, as mesmas necessidades quanto à

preservação do ar e de todos os outros recursos naturais.

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2.0 SOBRE O MOVIMENTO AMBIENTAL

A produção científica na área temática de movimentos sociais foi notavelmente

ampla e variada nas últimas décadas. Gohn (1999) define os movimentos sociais como

ações coletivas de caráter sócio-político, construídas por atores sociais pertencentes a

diferentes classes e camadas sociais. Tais movimentos formam um campo político de

força social na sociedade civil, através da politização de suas demandas.

Dentre outros autores que realizaram trabalhos sobre esta temática, podemos

citar também Alan Scott (1990), autor que introduz um debate acerca das teorizações

sobre "novos movimentos sociais”12. A discussão acerca da ação política dos atores e

movimentos sociais não pode prescindir das reflexões de Habermas (1987) e outros

autores da Escola de Frankfurt a respeito da "razão comunicativa". Já Manuel Castells

(1999; 1997), é definido como sendo membro da corrente contemporânea de estudo

sobre os movimentos sociais na Europa, também denominado neomarxista. Classificou

os movimentos sociais como ações coletivas propositivas que resultam, na vitória ou no

fracasso , em transformações nos valores e instituições da sociedade.

Entre os movimentos sociais populares existentes o movimento ambientalista se

destaca, apresentando em seus grupos vertentes um pouco diferenciadas, mas que,

desenvolvem em comum uma luta a favor da natureza. São vários os autores que

realizam estudos em torno desta temática, entre eles, Eduardo Viola (1987), que dá sua

contribuição na identificação de grupos e culturas emergentes ao estudar o movimento

ecológico no Brasil, entre 1974-1987. Em outro trabalho ele e Héctor Leis analisam

detidamente a evolução recente do movimento ambientalista global. Ilze Scherer-

Warren (1990) também contribui para o entendimento do tema, realiza, entre outros

estudos, um pioneiro mapeamento dos movimentos sociais no campo com o intuito de

compreender a articulação entre preservação dos recursos naturais e luta pela

sobrevivência.

12

Por “novos” movimentos sociais compreendem-se os movimentos das mulheres, ecológicos, contra a fome e outros, sinalizando em princípio um distanciamento do caráter classista que se configurava nos movimentos sindicais, operários em torno do mundo do trabalho nas décadas de 60 e 70. DESTES, são os movimentos ambientalistas aqueles que maior e mais duradoura influência têm exercido sobre o sistema político (CASTELLS, 1997)

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Sobre o ambientalismo, Castells (2002) entende que o ele constitui um novo tipo

de movimento social. Este autor argumenta que é precisamente pela “sua atuação

descentralizada, multiforme, voltada para um trabalho em rede e altamente propagada

pelo mundo” que se deve reconhecer o movimento ambientalista como um movimento

social. Segundo ele, resgatando uma tipologia que Touraine elaborou ainda nos anos

70, os movimentos sociais são constituídos de três elementos fundamentais, a saber:

uma identidade, que se refere à autodefinição do movimento, sobre o que ele é e em

nome de quem se pronuncia; um adversário que se refere ao principal inimigo do

movimento (contra quem ou o que se posiciona), conforme é declarado pelo próprio e

uma meta societal (ou projeto do movimento) que se refere à visão do movimento sobre

a ordem ou organização social que almeja construir coletivamente. Os movimentos

ambientalistas são assim encarados a luz de sua diversidade social e de sua cultura

compartilhada.

Ainda de acordo com este autor o movimento ambientalista apresenta-se de

forma tão diversificada que não é possível agrupá-lo como sendo um movimento único.

A principal diferenciação estabelecida refere-se aos termos ambientalismo e ecologia.

Todavia, ele sustenta a tese de que é justamente essa dissonância entre teoria e

prática que caracteriza o ambientalismo como uma nova forma de movimento social

descentralizado, multiforme orientado à formação de redes e de alto grau de

penetração.

(...) Por ambientalismo refiro-me a todas as formas de comportamento coletivo que, tanto em seus discursos como em sua prática, visam corrigir formas destrutivas de relacionamento entre o homem e seu ambiente natural, contrariando a lógica estrutural e institucional atualmente predominante. Por ecologia, do ponto de vista sociológico, entendo o conjunto de crenças, teorias e projetos que contempla o gênero humano como parte de um ecossistema mais amplo, e visa manter o equilíbrio deste sistema em uma perspectiva dinâmica e evolucionária. Na minha visão, o ambientalismo é a ecologia na prática, e a ecologia e o ambientalismo na teoria...” (CASTELLS, 199, p. 143-4)

Os movimentos ambientalistas são definidos também como uma rede de grupos

e organizações não-governamentais que visam, através de ação política e social,

prevenir ou impedir a destruição dos recursos naturais Nos últimos anos tiveram um

amplo crescimento, diversificaram a agenda que promovem e instituem no sistema

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político, seguiram processos de profissionalização e institucionalização – que

contemplam a criação de uma estrutura própria com corpos científicos e meios de

comunicação internos e externos – e internacionalização (RUCHT, 1999, apud NETO,

2001). Apesar de originalmente terem sido estigmatizadas vistas como radicais, as

questões ambientais chegaram ao centro do campo político da maioria das sociedades

ocidentais na década de 80, tendo a atenção que lhe é dedicada vindo a intensificar-se

na década seguinte e sendo discutidas ainda mais atualmente devido aos riscos do

aquecimento global.

2.1 O ambientalismo no Brasil

É a partir da metade da década de 70 que o movimento ambiental no Brasil

passa a ter maior destaque, conseqüência, segundo Viola e Leis (1992), de uma

combinação de forças externas e internas. A Conferência de Estocolmo, em 1972, e o

retorno de ativistas políticos exilados após a anistia, em 1979, podem ser citados como

exemplo desta primeira categoria. Já os processos internos são representados pela

superação do mito desenvolvimentista, aumento do desmatamento na Amazônia e as

discussões em torno da qualidade de vida que fizeram surgir uma nova classe média.

Neste período surgem inúmeros grupos ambientalistas que se estruturam portanto, num

momento de liberalização política e estímulo da Conferência de Estocolmo para a

questão ambiental, sendo inclusive fortemente influenciados pelos ideários americanos

e europeus.

Em 1973 é criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente - SEMA, também as

primeiras agências ambientais passam a fazer parte do cenário nacional em alguns

estados mais industrializados com a função de controlar a emissão de poluentes.

Algumas entidades ambientalistas percebem, no entanto, que não há eficiência

no controle da poluição exercido pelas agências, sendo que a principal crítica é pela

alta tolerância destas para com as indústrias poluidoras. Já as agências direcionam

criticas as entidades por acreditar que estas detêm uma postura ingênua para com a

complexidade da relação entre meio ambiente e indústria. Por outro lado, algumas

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dinâmicas articulam aproximações entre as agências ambientais e as entidades

ambientalistas. Assim, se configura uma dinâmica bissetorial entre elas, ou seja, se

estabelece uma relação dialética, baseada no conflito e na cooperação.

A região Sul-Sudeste concentrava a maioria das organizações ambientalistas

neste período, estas eram compostas por ativistas centrados na denúncia e

conscientização pública sobre a degradação ambiental, com ênfase local, mas também

com campanhas de abrangência regional e até mesmo nacional13. Estas últimas foram

bastante repercutidas no exterior e serviram de referência para que se multiplicassem

as pressões contra o governo brasileiro durante os últimos anos de ditadura militar e

representam marcos da ação ambientalista no Brasil, já que denotam o início do

engajamento da comunidade científica e de organizações ambientalistas questionando

as políticas do governo.

Segundo Jacobi (2000, p. 10) é importante ressaltar que:

“as práticas dos movimentos se restringem na maioria dos casos aos setores mais esclarecidos compostos por pessoas vinculadas ao universo acadêmico, aos militantes dos partidos, setores profissionais, ativistas sociais. É pouco freqüente o engajamento de setores circunscritos à mão de obra desqualificada ou aos setores mais carentes da população” .

Uma parte significativa de associações ambientalistas não tinha diálogo algum

com a população mais pobre já que sua atenção se dava majoritariamente sobre as

questões ligadas ao meio ambiente, deixando um pouco de lado as dimensões sócio-

econômicas da crise ambiental.

Viola e Leis ao analisarem a evolução recente do movimento ambientalista14,

sobretudo do ambientalismo brasileiro, chegam a conclusão de que o movimento

iniciado no início da década de 70 a partir de minorias de estudiosos e militantes

ambientalistas, organizados em torno da denúncia de agressões e da defesa dos

13 Como no caso, em 1978, da campanha de denúncia contra o desmatamento da Amazônia, da luta

contra a inundação de Sete Quedas no Rio Paraná (1979-1983), a ação contra a construção das usinas nucleares (1977-1985), a luta pela aprovação de leis de controle e estímulo ao uso de agrotóxicos (1982-1985). (JACOBI, 2000)

14 No Brasil, o conceito de ambientalismo entendido como um movimento histórico complexo e

multidimensional foi elaborado pro Eduardo Viola e colaboradores. Sobre isto ver : VIOLA, Eduardo J. Reflexões sobre a dinâmica do Ambientalismo e o processo de globalização na década de 1990. In: Ecologia e política mundial, Rio de Janeiro: Vozes, 1992.

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ecossistemas, vai gradualmente se ampliando, conquistando novos espaços até ganhar

a feição multissetorial que hoje o caracteriza.15 Do ponto de vista das preocupações e

temáticas orientadoras do movimento, amplia-se o foco de atenção para incluir

questões como a ecologia política, a questão demográfica, a relação entre pobreza e

ecologia, a questão técnico-científica, a questão ética, as relações norte-sul e a busca

de um novo modelo de desenvolvimento. (VIOLA & LEIS, 1991).

A década de 80 é caracterizada por iniciativas que visavam aprimorar os

instrumentos legais de gestão ambiental, pela opção de vários ambientalistas de seguir

carreira política disputando cargos eletivos e uma procura por parte das ONGs

ambientalistas em se profissionalizar16 e buscar uma aproximação com as instituições

sociais.

Neste período o ambientalismo sofre uma expansão e procura se inserir em

outras áreas organizacionais. Essa abertura estimulou o engajamento de grupos

sócioambientais, acadêmicos, movimentos sociais e empresariais que embora não

tivessem a questão ambiental como eixo central, passaram a assumir gradativamente o

discurso de sustentabilidade como uma dimensão relevante de seu trabalho.

Sua importância pode ser conferida mediante o crescimento do número de

entidades não governamentais, movimentos sociais e sindicatos que incorporam a

questão ambiental na sua agenda de atuação.17 A presença destas práticas aponta

para a necessidade de pensar modelos sustentáveis, revelando uma preocupação em

vincular intimamente a questão ambiental à questão social18.

O bissetorialismo que caracterizava a fase anterior dá lugar ao alastramento de

uma consciência ambiental no espaço público brasileiro. Dos valores comuns nasceria

15 Compreende-se que o perfil multissetorial assumido pelo ambientalismo, não significa todavia,

uniformidade de posições, apenas indica que uma multiplicidade crescente de setores sociais reconhecem a legitimidade da questão ambiental e a necessidade de incluí-la , como variável indispensável, no planejamento do desenvolvimento nacional e mundial.

16 Uma das formas utilizadas pelas entidades ambientalistas para se profissionalizar foi a busca por recursos de fundações e ONGs da Europa e Estados Unidos, também doações de empresas, órgãos públicos e cobrança de mensalidade dos associados.

17 Entre 1985 e 1991 ocorre um boom de novas entidades ambientalistas, entretanto, muitas não conseguem se manter ativas por uma incapacidade em aglutinar grupos de militantes e voluntários.

18 Navarro (1999), ressalta o caso das ONGs agrícolas - de modo particular na região sul do Brasil – criadas para implementar tecnologias alternativas em oposição ao modelo agrícola industrial, e que em sua maioria não tiveram suas propostas efetivadas. Poucas conseguiram realmente concretizar um sistema produtivo sustentável bem definido, entre as quais a Aopa.

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o consenso em prol de ideais de desenvolvimento sustentável. O sócioambientalismo

ganha um espaço cada vez maior no interior das organizações não-governamentais e

movimentos sociais, que começam a transcender a prática de denúncia direcionando

suas atividades mais para a formulação de alternativas viáveis de conservação e/ou

restauração de ambientes degradados.

Segundo Jacobi (2000) é interessante notar que as mudanças na forma de

atuação do movimento ambientalista brasileiro é complementada com a transformação

de seu discurso dominante nesta década. Todos estes aspectos citados acima

contribuíram para houvesse uma superação na idéia de que ecologia e economia eram

incompatíveis, diminuindo assim a distância entre os movimentos e o discurso dos

economistas, o que possibilitou que o tema desenvolvimento econômico fosse

incorporado no discurso ambiental.

José Augusto Pádua (1997) procura resumir a caracterização do movimento

ambiental no Brasil ao longo das décadas de 80 e 90 descrevendo o desenvolvimento

de nove tipos de ambientalismo:

1. Ambientalismo governamental: profissionais que assumiram um compromisso com o

conjunto de valores e idéias do ambientalismo e foram atuar na área governamental,

devido à multiplicação de agências governamentais nas várias esferas de governo nos

últimos tempos.

2. Ambientalismo dos cientistas: ambientalismo daqueles que se dirigem à opinião

pública, enquanto cientistas, para fazer denúncias, alertas, pressionar por mudanças,

sem necessariamente aderirem a um grupo ecológico.

3. Ambientalismo das ONGs de desenvolvimento social: são aquelas entidades que

trabalham com o desenvolvimento social e que, por uma série de motivos passaram a

adotar uma preocupação ambientalista, e criaram departamentos para lidar com

questões de meio ambiente dentro dos seus complexos.

4. Ambientalismo sindical ou dos trabalhadores: surgiu entre os seringueiros, na

Amazônia, sob a liderança de Chico Mendes, por uma questão de sobrevivência (a

atividade profissional dos seringueiros depende da natureza) ou entre trabalhadores do

ramo de celulose, como foi o caso do Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de

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Celulose. Também se manifestou na CUT, que criou um departamento de meio

ambiente.

5. Ambientalismo das religiões ou religioso: encontrado nos discursos ambientalistas

visto nas várias religiões.

6. Ambientalismo dos políticos profissionais: surgiu quando políticos passaram a ser

eleitos a partir de um discurso ambientalista.

7. Ambientalismo dos educadores: professores de escolas convencionais que passaram

a trabalhar a questão ambiental com seus alunos.

8. Ambientalismo dos artistas: muitos artistas têm-se dedicado a produzir obras que

promovem a consciência ambientalista e alguns contribuem diretamente com o

movimento ecológico.

9. Ambientalismo de empresários: a primeira resposta dos empresários na área

ambiental normalmente é o marketing, conhecido como “maquiagem verde”, reação que

as grandes empresas têm quando se sentem encostadas contra a parede pelo poder

público ou pelos consumidores. Há entretanto exceções, como alguns empresários que

por vontade própria, por uma questão de valores e princípios, tentam desenvolver

tecnologias ambientalmente mais adequadas.

O autor diz de forma conclusiva que esse ambientalismo setorial está interagindo

com a sociedade brasileira e com a sociedade internacional de forma muito dinâmica. O

surgimento do ambientalismo multissetorial faz com que ele deixe de ser um movimento

social dos ambientalistas, para tornar-se um movimento histórico, de transformação do

conjunto da sociedade, na medida em que os pólos de consciência ambiental vão

crescendo e influenciando outros setores.

As preparações para a conferência do Rio-92 – principal marco de referência

simbólico e organizativo da conjuntura - fizeram com que as novas idéias do

ambientalismo brasileiro se fortalecessem e o tornaram mais inserido na rede

ambientalista internacional. A constituição do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos

Sociais pra o Meio Ambiente e Desenvolvimento19, organizado por iniciativa de algumas

19 O Fórum brasileiro realizou oito encontros plenários nacionais e contava com afiliação de

aproximadamente 1200 organizações em 1992. (JACOBI, 2000)

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organizações não-governamentais juntamente com os preparativos para a Eco-92

tornaram possível uma maior interação das entidades ligadas a questão ambiental.

Pode-se dizer que o grande ponto de inflexão do movimento ambientalista ocorre

com a constituição de fóruns e redes que têm importância estratégica para ativar

expandir e consolidar o caráter multissetorial do ambientalismo. Em alguns setores

ocorre a incorporação de uma multiplicidade de atores, como é o caso das experiências

de participação na gestão de preservação da biodiversidade através da formação de

redes.

Segundo Pedro Jacobi (2000), as redes se fortalecem no plano político e

institucional, sendo cada vez mais reconhecidas pela sociedade como pelos governos,

sendo crescentemente solicitada a participar dos processos decisórios. Têm estimulado

parcerias que potencializem ações que articulam o poder público local com associações

de moradores para pensar o desenvolvimento sócio-econômico.

“As ONGs ambientalistas tem exercido um papel indutivo em diversas iniciativas de formulação e elaboração de Agendas 21 locais com efetiva participação das comunidades locais, além de incorporar uma multiplicidade de atores [...] A partir de 1992 algumas redes e coalizões se estruturam com o objetivo de enfrentar tanto em nível nacional como regional conforme os objetivos e questões em pauta, temas críticos que demandam organização, articulação e mobilização”. (JACOBI, 2000, p. 20).

Sobre isso Scherer-Warren (1999) salienta que as práticas dos movimentos

sociais ecologistas e ambientalistas vêm-se caracterizando por um agir político e pela

construção de representações simbólicas em várias escalas: do local ao global. Ocorre

um salto qualitativo do ambientalismo na medida em que as redes articulam dinâmicas

locais com iniciativas transnacionais, fortalecendo a necessidade dos riscos serem

percebidos como globais, instigando na sociedade uma consciência ambiental,

alertando sobre o seu alcance com a intenção de impedir que ocorram. As redes se

fortalecem no plano político e institucional, ganhando um reconhecimento cada vez

maior da sociedade e também dos governos.

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2.2 A tipologia “castelliana” dos movimentos ambientalistas

Castells (1999, p. 143), ao estudar as ações práticas nos últimos vinte anos dos

movimentos internacionais ambientalistas e ao analisar do ponto de vista histórico as

correntes européias (especialmente na Alemanha) e norte-americanas, concluiu que “as

ações coletivas, políticas e discursos agrupados sob a égide do ambientalismo são tão

diversificados que se torna praticamente impossível considerá-lo um movimento

único”20. Todavia, é exatamente esta diversidade que o caracteriza como uma nova

forma de movimento social descentralizado, multiforme, orientado à formação de redes

e de alto grau de penetração. Estabelece, deste modo, uma diferenciação tipológica

dos componentes que o integram, baseando-se igualmente na mesma tipologia de Alan

Touraine para os movimentos sociais, apresentando como tipos: a preservação da

natureza, a mobilização das comunidades locais em defesa do espaço, o

ambientalismo contracultural, o Greenpeace e a política verde21.

A partir do resgate da tipologia elaborada em 1970 por Touraine, Castells (2002)

diz que os movimentos sociais são constituídos de três elementos fundamentais: uma

identidade, que se refere à autodefinição do movimento, sobre o que ele é ou sobre

quem se pronuncia; um adversário que se refere ao principal inimigo do movimento,

conforme é declarado pelo próprio e uma meta societal (ou projeto do movimento) que

se refere à visão do movimento sobre a ordem ou organização social que almeja

construir coletivamente.

Para um melhor entendimento consideramos relevante realizar uma breve

abordagem acerca do ponto de vista de Castells sobre identidade. O autor concorda

com o ponto de vista sociológico de que toda e qualquer identidade é construída. Para

ele, as identidades coletivas são centrais na produção do social contemporâneo e a

construção da identidade depende da matéria prima proveniente da cultura obtida,

processada e reorganizada de acordo com a sociedade, sendo que essa construção

20 O movimento ambientalista é um dos poucos que tem uma ampla circulação por entre as diversas

identidades culturais que compõem o ambiente pós-moderno. O discurso verde tem ao mesmo tempo amplitude local e global, envolvendo homens e mulheres, negros e brancos, alcançando inclusive aos ricos ao propor um consumo não agressivo à natureza, e oferece esperança para os mais pobres ao defender uma vida sustentável para todos.

21 Ver Tabela em Anexo

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social sempre ocorre em um contexto marcado por relações de poder. Castells, propõe

então, três formas e origens da construção de identidades: identidade legitimadora,

identidade de resistência e identidade de projeto. Cada tipo leva a resultados distintos:

a primeira (legitimadora) dá origem a uma sociedade civil, com organizações e

instituições e se caracteriza por ser a identidade introduzida pelas instituições

dominantes da sociedade com o intuito de expandir e racionalizar sua dominação; a

segunda (de resistência) forma comunidades, formas de resistência coletiva a alguma

opressão e a terceira (de projeto) produz sujeitos, atingindo seu significado pela sua

experiência, ou seja, os atores sociais utilizando-se da qualquer tipo de material cultural

ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz redefinir sua posição na

sociedade e, ao faze-lo, de buscar a transformação de toda estrutura social. Está

relacionada à construção de projetos de vida por prolongamentos da identidade e

experiências do indivíduo, que dão espaço ao surgimento de novos sujeitos - que

formam o ator social coletivo. Este é definido também como um processo de produção

de sujeitos, conforme definido por Alan Touraine22.

As identidades, em relação a como foram construídas, devem ser vistas

dependentes do contexto social. Pode-se dizer que, neste contexto, está inserida no

surgimento da sociedade em rede, que trás a tona novas formas de transformações

sociais, onde o ambientalismo também aparece propondo a construção coletiva de uma

nova perspectiva de vida na qual se impõe como uma “identidade global proposta a

todos os seres humanos, independentemente de seus vínculos sociais, históricos ou de

gênero, ou de credo religioso” (CASTELLS, 1999,p.160). Para ele, o movimento

ambientalista “[...] inspirou a criação de uma nova identidade, uma identidade biológica,

uma cultura da espécie humana como componente da natureza” (Idem, p.159, grifos do

autor). E essa proposta só se espalhou pelo mundo porque “[...] boa parte do sucesso

do movimento ambientalista deve-se ao fato de que, mais do que qualquer outra força

social, ele tem demonstrado notável capacidade de adaptação às condições de

comunicação e mobilização apresentadas pelo novo paradigma tecnológico” (Ibidem, p.

22 Touraine chama de sujeito “o desejo de ser um indivíduo, de criar uma história pessoal, de atribuir

significado a todo o conjunto de experiências da vida individual.. A transformação de indivíduos em sujeitos resulta da combinação necessária de duas afirmações: a dos indivíduos contra as comunidades, e a dos indivíduos contra o mercado”. (TOURAINE, 1995, p. 29-30 apud Castells 1999).

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161). Castells explica que esta identidade biológica proposta pelo movimento

ambientalista é uma nova forma de interferir nas identidades culturais porque ela não

visa substituir algo e sim interagir com as culturas populares, dando origem a uma nova

identidade cultural, duplamente influenciada, extrato de um choque positivo entre o

histórico e o novo. Nessa rede identitária, o movimento ambientalista reforça o ataque

ao Estado-Nação, pois defende a noção de um ecossistema compartilhado

Assim sendo, baseando-se nesta organização tipológica realizada por Castells

para os movimentos ambientalistas, realizamos um mapeamento das organizações

não-governamentais e dos movimentos ambientalistas e rurais do Estado do Paraná,

para em seguida aventurar-se a elaborar uma tipologia.

2.3 O movimento ambientalista no Paraná: ensaio de uma tipologia

A pretensão de realizar uma tipologia dos movimentos ambientalistas do Paraná,

se deu a partir do projeto de iniciação científica “Construção social da agricultura

ecológica e desenvolvimento socioambiental”, que tinha como plano de trabalho a

realização de um mapeamento dos movimentos ambientalistas no meio rural, bem

como das ONGs e outras organizações de assessoria da sociedade civil. A primeira

etapa teve como meta o levantamento de instituições a partir das fontes disponíveis23,

conseguimos levantar um total de 322 entidades. Em seguida buscamos realizar um

levantamento de informações sobre cada uma, elaborando uma tabela na qual

tentamos identificar (quando possível) os seguintes dados:

� Nome da instituição;

� Missão e atividades desenvolvidas;

� Área de atuação temática;

� Área de atuação geográfica (Biorregiões);

� Público alvo;

� Sede;

23 Dados de instituições públicas ligadas a questão ambiental e ao meio rural (SEAB;CEMA) e dados

disponíveis na rede mundial de computadores e através dos sites próprios das ONGs e OSCIPs na Internet.

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� Site e/ou email;

De modo geral, entendemos que o levantamento dos dados teve um resultado

positivo - apesar do grande número de instituições que ficaram com os campos

mencionados em branco – mas consideramos que as informações obtidas foram

extremantes válidas, servindo de arcabouço para a nossa pretensão de elaborar uma

tipologia.24 Entendemos, no entanto, que esta não é uma tarefa simples e por isso

procuramos tomar como base para a realização desta tarefa a tipologia dos movimentos

ambientalistas realizada por Castells e que foi exposta brevemente no item anterior.

Assim, o trabalho seguiu com uma classificação das instituições a partir de três

eixos: identidade, que se refere a identificação dos atores envolvidos, sobre o que ele é

ou sobre quem se pronuncia; um adversário que se refere àquilo que o movimento

busca transpor, ou seja, o inimigo do movimento; e um objetivo (meta societal ou

projeto do movimento) que se refere as metas a serem buscadas, àquilo que se busca

como realização efetiva dos propósitos a que o movimento se propõe.

A partir das informações levantadas a priori sobre cada instituição e de uma

análise apurada de cada uma, procuramos encontrar alguns eixos temáticos buscando

agrupar os movimentos ambientalistas do meio rural, ONGs e outras organizações de

assessoria da sociedade civil do estado do Paraná em categorias. A conclusão a que

chegamos ao congregá-los de acordo com seus focos principais de ação, é de que

doze categorias basilares (Tabela 1 – página seguinte) coexistem na prática e podem

ser identificadas em diferentes discursos e ações.

� Agriculturas Alternativas de Base Ecológica (entre as quais faz parte a AOPA);

� Associações Rurais e de Assistência Rural (Ex:ASSESSOAR; APAC);

� Atividade Pesqueira (Ex: APPA; APLPR);

� Consultoria Ambiental (Ex: FFMA; Unilivre);

� Defesa do Meio Ambiente (Ex: Associação SOS Mata Verde; APPAM);

24 Infelizmente, devido ao tamanho demasiado grande do arquivo (com mais de 50 páginas), não foi

possível anexar neste trabalho a tabela com as informações específicas de cada instituição, todavia, o mapeamento contendo os nomes das instituições pode ser consultado.

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� Desenvolvimento Sustentável/Desenvolvimento Rural Sustentável (Ex:

Associação de Promoção e Desenvolvimento Sustentável Aruanã; SUSTENTEC);

� Educação Ambiental (Ex ADEA; FUNVERDE);

� Movimentos Rurais (Ex: MMC; Sociedade Rural do Paraná);

� Pesquisa/Estudos Ambientais (Ex: ANINPA; ECOOTOPIA) ;

� Questão Agrária / Indígena (Ex: MST; CIEPR);

� Reciclagem (Ex: Mundo Reciclável.Org; COOPERCICLA);

� Turismo Ecológico (Ex: Clube Paranaense de Montanhismo; IEPR);

TABELA 1 – CARACTERIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS AMBIENTALISTAS E RURAIS

DO PARANÁ

TIPOLOGIA DAS ONGs E DOS MOVIMENTOS AMBIENTALISTAS E RURAIS DO ESTADO DO

PARANÁ

Tipo/Classe Identidade Adversário Objetivo

Agriculturas Alternativas de Base Ecológica

Agricultores familiares ecologistas

Agricultura com base nos padrões da Revolução Verde “Agricultura com veneno”

Agricultura que seja, ao mesmo tempo, ambientalmente sustentável, produtiva e rentável.

Associações Rurais e de Assistência Rural

Produtores rurais “Problemas” no campo Articular os indivíduos da classe rural a fim de promover a defesa dos seus direitos e interesses e realizar suas aspirações, bem como o progresso e o aprimoramento da agricultura e pecuária.

Atividade Pesqueira

Pescadores profissionais e artesanais

Pesca predatória Apoio aos pescadores de modo à transformar a pesca numa vida profissional rentável sem colocar em perigo os recursos marinhos existentes.

Consultoria Ambiental

Organizações que prestam consultoria em meio ambiente

Impactos ambientais Ações de manejo e conservação dos recursos naturais, em consonância com a legislação ambiental brasileira vigente.

Defesa do Meio Ambiente

Cidadãos interessados na preservação do meio ambiente

Uso inadequado dos recursos naturais

Harmonizar a convivência do homem com a natureza.

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Desenvolvimento Sustentável / Desenvolvimento Rural Sustentável

Entidades à favor de desenvolvimento com sustentabilidade

Disparidade entre atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade

Promover a harmonia entre os seres humanos e a natureza, através de uma melhor inserção na esfera econômica, estimulando iniciativas que conservem, preservem e recuperem o meio ambiente.

Educação Ambiental

Educadores interessados na defesa da natureza

“Ignorância ambiental” Incutir nos cidadãos uma consciência crítica sobre a problemática ambiental.

Movimentos Rurais

Atores rurais interessados na defesa dos seus direitos

Exclusão social no campo

Lutar pelas causas dos pequenos agricultores, camponeses, mulheres e juventude rural, etc.

Pesquisa Ambiental

Instituições ligadas à pesquisa em meio ambiente

Problemas de ordem ambiental

Criação de uma estrutura multidisciplinar voltada para discussão e estudo sobre temas ambientais.

Questão Agrária / Indígena

Agricultores sem-terra / Indígenas

Exclusão e/ou violação dos direitos humanos dos sem-teto e sem-terra e populações indígenas.

Representatividade dos direitos e interesses dos indivíduos diante da sociedade local, nacional e internacional.

Reciclagem Interessados no reaproveitamento do lixo

Utilização inadequada do lixo

Aproveitar os detritos e reutiliza-los no ciclo de produção de que saíram.

Turismo Ecológico

Amantes da natureza, praticantes de “eco-esportes”

Turismo predatório Utilizar de forma sustentável o patrimônio natural e cultural.

Entendemos uma tipologia como algo que visa à identificação e caracterização

de grupos – considerados homogêneos -, compreendendo as propostas de cada um e

levando em consideração suas especificidades e seus fatores limitantes. No entanto,

temos consciência de que uma tipologia pode se tornar restritiva e, por vezes,

reducionista de aspectos significativos, por isso levamos em consideração a afirmação

de DUPUY (1980, p. 23) quando diz que “as diversas correntes que constituem o

movimento ecológico são tão disparatadas que se pode falar [de uma] nebulosa

ecológica” que se apresenta através de ações conjuntas e propostas políticas as mais

variadas, mas tendo sempre em comum a necessidade de análise e discussão das

relações estabelecidas entre a Natureza e a Sociedade.

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Na visão de Loureiro (2000, p. 21):

“o ambientalismo é (...) concebido como um projeto realista e utópico de múltiplas orientações, que se inscreve na política mundial, simultaneamente, como um posicionamento de apropriação simbólica e material que vai desde o questionamento da sociedade industrial capitalista e das características intrínsecas das leis de mercado, até as iniciativas comportamentais ecologicamente corretas, tendo como eixo analítico o processo de atuação humana no ambiente e a discussão acerca da relação sociedade-natureza, visando a alcançar uma nova base civilizacional”.

Em consonância com os inúmeros referenciais teóricos que permeiam este

estudo, consideramos possível uma compreensão geral e objetiva dos movimentos

ambientalistas como sendo uma resposta da sociedade civil à crescente interferência

humana na Natureza. Tomando como base a tipologia delineada acima das entidades

ligadas a questão ambiental no estado do Paraná e olhando para a tipificação conforme

a identidade, o adversário e os objetivos de cada uma, percebemos que elas trazem

consigo uma enorme complexidade de formas de organização e de interação política

que se expressam por práticas diferentes – todas com uma maneira própria de ação -

mas que convergem sempre, de certo modo, para o mesmo ideal, uma vez que se auto-

definem ambientalistas ou em busca de um desenvolvimento rural orientado para

práticas preservacionistas. Muitas instituições analisadas têm procurado desenvolver

ações conjuntas, em parceria, operando a nível local, regional e nacional, articulando-

se no intuito de implementar projetos comuns.

De modo geral, as propostas se inserem como importantes instrumentos

transformadores da realidade, uma vez que seus princípios, seus objetivos e suas

práticas são permeados por uma ética capaz de produzir alterações significativas de

comportamento nos indivíduos, levando a novos hábitos e atitudes, pautados em

valores que estreitam as relações entre os homens e os colocam como parte integrante

do meio. Agora, uma questão que se coloca é saber se estas propostas são

transformadas em ações práticas do mesmo modo com que são idealizadas, mas esta

resposta não cabe ao presente trabalho, é provável que se torne objeto para reflexões

futuras por parte desta autora.

Faz-se necessário dizer, a esta altura, que a tipologia das ONGs, e dos

movimentos ambientalistas e rurais do Paraná, vai servir de pano de fundo para a

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tentativa de alcançar os objetivos a que nos propomos no início deste trabalho, que

seria: realizar a parir da tipificação, uma análise da atuação de um dos atores – no

caso, a Associação de Agricultura Orgânica do Paraná (AOPA), escolhida entre as

entidades componentes da categoria Agriculturas Alternativas de Base Ecológica - e

verificar como se realiza a sua contribuição para a construção de um rural

sócioambiental.

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3.0 AGROECOLOGIA E A CONSTRUÇÃO DE UM RURAL SOCIOAMBIENTAL

Como visto nos capítulos anteriores, o ambientalismo tem assumido no Brasil

uma influência crescente na formulação e implementação de políticas públicas e na

promoção de estratégias para um novo estilo, sustentável, de desenvolvimento. Ele

ganha novas proporções, expandindo-se e infiltrando-se em outras áreas e dinâmicas

organizacionais, estimulando o engajamento de grupos sócioambientais, científicos,

movimentos sociais e empresariais, onde o discurso do desenvolvimento sustentado

passa a ter papel de preponderância. O ambientalismo entra nos anos 90 como um ator

proeminente que apesar de carregar consigo os sinais do seu processo de afirmação,

consegue assumir um caráter ampliado, baseado num esforço cada vez maior de

diálogo com outros atores sociais.

O movimento agroecológico é um dos movimentos inseridos no ambientalismo, é

uma de suas ramificações. Pode-se dizer que é um contra-movimento ao domínio da

lógica industrial de produção por buscar as chamadas práticas produtivas alternativas

ao modelo mecânico-químico, e apresentar uma proposta de uma agricultura mais

ecologicamente saudável. Dentre os principais atores sociais na construção deste

movimento no Brasil, estão organizações politicamente engajadas, como associações,

organizações não-governamentais e entidades públicas de assistência técnica.

Dentre as doze categorias listadas na tipologia das ONGs e movimentos

ambientalistas e rurais por nós elaborada, separamos uma, a categoria de Agriculturas

Alternativas de Base Ecológica, de modo a analisar a sua atuação – através de uma

entidade que a representa, no caso a Aopa – em direção à práticas sócioambientais

que emergem em direção a um rural sócio ambiental. Para tanto, entendemos ser

relevante contextualizar historicamente os movimentos favoráveis à agricultura

ecológica. Faremos isso brevemente no item seguinte, procurando situar a ordem dos

acontecimentos, citando também o caso brasileiro.

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3.1 O movimento de agricultura alternativa de base ecológica: uma breve

contextualização

A conjuntura que dá início a agricultura ecológica/alternativa se constitui em

torno de um quadro “anêmico” de movimentos sociais, onde a ecologia tem relevância

pouco significativa. Todavia, estes movimentos preconizam a produção de alimentos

livres de produtos químicos, altamente prejudiciais ao ambiente natural, sendo muitas

vezes criticados, inclusive, por sua inspiração romântica de retorno à natureza e por sua

reação contrária ao progresso da técnica e dos meios de produção.

O advento da modernidade e a “necessidade” de se consumir alimentos mais

saudáveis, livre de produtos químicos, aliados a urgência ambiental em proteger a

natureza de seus agressores fazem com que, no caso dos agricultores familiares venha

se implementando - cada vez com mais intensidade - sua inserção dentro dos

movimentos de agricultura ecológica e política sócio-ambientais.

Os agricultores praticantes de uma agricultura alternativa no Brasil são

motivados por agentes pastorais da Igreja e por técnicos de entidades não-

governamentais, principalmente, a se organizarem em associações, visando construir

um espaço de discussão sobre as condições de sua existência e formas de

enfrentamento dos problemas relativos à produção e comercialização

(BRANDENBURG, 2002). A origem destas associações pode ser vistas nas diversas

regiões do Brasil de modo que emerge um movimento nacional que busca a construção

de uma via alternativa à modernização conservadora, denominado Agricultura

Alternativa.

Foi na década de 20 que surgiram alguns movimentos contrários à agricultura

moderna: a chamada Agricultura Biodinâmica, coordenada na Europa por Rudolf

Steiner (1924); Agricultura Orgânica, surgida pelas mãos de Sir Albert Howard entre

1925 e 1930 na Inglaterra e difundida nos EUA na década de 40 por Jerome Irving

Rodale; Agricultura Biológica, surgida na Suiça pelas mãos de Hans Peter Müller e

difundida na França por Claude Albert; e Agricultura Natural, que Motiki Okada faz

surgir no Japão em 1935 (Altieri, 1995).

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Como salienta Brandenburg (2002), no Brasil não existem registros de um

movimento semelhante neste período. Todavia, os fundamentos práticos para uma

agricultura ecológica já existiam anteriormente ao período da modernização.

“Imigrantes europeus introduziram sistemas de produção baseados na gestão de recursos naturais oriundos da primeira revolução agrícola, sendo marginalizados pela política da modernização. Pode-se dizer que os nativos , descendentes de índios, dominavam um saber que tinha uma relação direta com os ecossistemas naturais (BRANDENBURG, 2002, p. 12)

Somente na década de 70 é que a agricultura alternativa tem sua origem

enquanto movimento organizado, aparecendo como uma possibilidade aos agricultores

de “escapar” da política de modernização da agricultura. Durante este período o

movimento ficou marcado pela insatisfação e conseqüente contestação em relação à

crescente exclusão social que começa a atingir de maneira mais acentuada aos

pequenos agricultores e ao modelo tecnológico.

Durante a década de 80, a realização de três Encontros Brasileiros de

Agricultura Alternativa (EBAA) – respectivamente em 1981, 1984, 1987 - fez com que o

movimento para uma agricultura alternativa ganhasse força. Nos dois primeiros as

críticas se concentravam nos aspectos tecnológicos e na degradação ambiental

provocado pelo modelo agrícola trazido pela Revolução Verde. O terceiro encontro teve

como foco principal o debate sobre as condições sociais da produção, sobrepondo as

questões políticas sobre as questões ecológicas e técnicas. Este último encontro serviu

de influência para a realização de diversos Encontros Regionais de Agricultura

Alternativa (Pianna, 1999).

Foi também na década de 80 que a Rede Projeto Tecnologias Alternativas –

PTA25 surge. Neste período a denominação “tecnologias alternativas” foi usada para

designar as várias experiências de contestação à agricultura convencional, sendo

substituída num período posterior por agricultura ecológica, identificada como parte da

agroecologia. Em 1993 é realizado em Campinas um encontro com a participação de

25 Atualmente a PTA é conhecida como AS-PTA (Assessoria e Serviços – Projeto Agricultura

Alternativa). Ela possibilitou a expansão do movimento de agricultores alternativos, articulando uma rede de organizações com entidades de 10 estados brasileiros nas regiões sul, sudeste e nordeste (Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

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mais de 100 lideranças nacionais entre técnicos e agricultores representantes de

diversos estados brasileiros, isso se deu a partir do surgimento de um grande número

de grupos interessados em aprender técnicas alternativas de produção. Foi exatamente

neste encontro que surgiram as bases para a organização de uma rede nacional de

fomento às tecnologias alternativas, ou seja, onde o Projeto de Tecnologias Alternativas

teve sua origem (BRANDENBURG, 2002).

Foi somente na década de 80, que o termo Agricultura Ecológica surgiu como

disciplina científica. Com base em estudiosos e pesquisadores nesta área - Altieri,

Gliessman, Noorgard, Sevilla Guzmán, Toledo, Leff – ela tem sido reafirmada como

uma ciência ou disciplina científica, ou seja, um campo de conhecimento de caráter

multidisciplinar que apresenta uma série de princípios, conceitos e metodologias que

nos permitem estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas. 26 Sob o

ponto de vista da pesquisa Agroecológica, os primeiros objetivos não são a

maximização da produção de uma atividade particular, mas sim a otimização do

equilíbrio do agroecossistema como um todo, o que significa a necessidade de uma

maior ênfase no conhecimento, na análise e na interpretação das complexas relações

existentes entre as pessoas, os cultivos, o solo, a água e os animais.

Como salienta Ehlers (2000) é provável que a partir da preocupação com os

aspectos sociais e o enfoque científico dado ao estudo dos agrossistemas é que a

agroecologia teve uma ampla e rápida divulgação (nos EUA e na América Latina).

Assim ela deixa de ser compreendida apenas como disciplina científica que estuda as

relações ecológicas que ocorrem em um sistema agrícola, para tornar-se efetivamente

uma prática agrícola, ou ainda nas palavras deste autor tornar-se um guarda-chuva

conceitual que se permite abrigar inúmeras tendências.

26

Agroecossistemas dizem respeito a sistemas agrícolas, onde os recursos naturais – solo, água, flora e fauna, se inter-relacionam e por sua vez, interagem com o homem com efeitos recíprocos. As propriedades mais importantes destes sistemas resultam de interações complexas entre um meio físico com variabilidade contínua no espaço e no tempo, os organismos domesticados e não-domesticados, e os agricultores com suas práticas de manejo. Ações baseadas no conhecimento das complexas interações ao nível de agroecossistemas representam os instrumentos mais eficientes e econômicos para dar viabilidade à propriedade rural: o manejo agroecológico de animais e de plantas; o planejamento de microbacias hidrográficas; a coordenação de agricultura de grupo.

Fonte: Curso de Mestrado em Agrossistemas – Universidade Federal de Sergipe. Disponível em: http://www.posgrap.ufs.br/cursos/agro/index.htm. Acesso em : 10 de março 2007.

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Brandenburg (2003) descreve que com a Eco-92 a agricultura alternativa irá ser

fomentada por associações, organizações não-governamentais e entidades públicas de

assistência técnica sob a rubrica da agricultura sustentável. A partir da década de 90

emergem assim os processos de certificação ambiental dos produtos agrícolas, um

exemplo disso são os “selos verdes”. A certificação ambiental tem como princípios a

produção com uso de técnicas e processos que não causem prejuízos ao meio

ambiente. Organizações não governamentais é que tem, em geral, tomado a iniciativa

de certificar, estabelecendo para isso os seus próprios critérios, que para a agricultura

refere-se a produtos orgânicos ou biodinâmicos.

Após a mobilização das ONGs brasileiras ligadas direta ou indiretamente com a

agroecologia, é publicada em 1999 a Instrução Normativa 007/99, a qual propõe entre

outras coisas a criação de um Órgão Colegiado Nacional e dos respectivos órgãos

estaduais. Estes ficariam responsáveis pela implementação da Instrução Normativa e

fiscalização das certificadoras e a exigência de que a certificação seja conduzida por

entidades nacionais sem fins lucrativos (BRASIL, 1999). A partir disso surgem inúmeras

certificadoras em quase todo o país, entre as quais o que tem maior abrangência,

sendo por isso mais conhecido, é o Instituto BioDinâmico27 (IBD).

Conforme conclui Brandenburg (2003 p. 22), mesmo que a institucionalização da

agroecologia tenha sido fruto da ação de um movimento que se manteve marginal e

que de certa forma tenha sido ignorado por pesquisadores e representantes políticos, a

partir da década de 90, quando a questão ambiental conseguiu alcançar proeminência,

a agroecologia conseguiu enfim ser reconhecida, passando a ter status de fenômeno

sociológico.

27

Atualmente, estão associados ao IBD cerca de 700 projetos certificados e/ou em processo de certificação abrangendo todas as regiões do país e alguns países da América Latina, representando um universo de mais de 4.500 produtores e 300 mil hectares. Suas atividades se baseiam na certificação da produção e processamento de alimentos orgânicos e biodinâmicos. Além disso desenvolve atividades de treinamento de inspetores. Fonte: Instituto BioDinâmico.

Disponível em: http://www.ibd.com.br/ Acesso em: 31 abril. 2007.

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3.2 O enfoque agroecológico

Para Miguel Altieri, Agroecologia é a ciência ou a disciplina científica que

apresenta uma série de princípios, conceitos e metodologias para estudar, analisar,

dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas, com o propósito de permitir a implantação

e o desenvolvimento de estilos de agricultura com maiores níveis de sustentabilidade.

Ela proporciona, então, as bases científicas para apoiar o processo de transição para

uma agricultura sustentável nas suas diversas manifestações e/ou denominações.

Para Stephen R. Gliessman o enfoque agroecológico pode ser definido como a

aplicação dos princípios e conceitos da Ecologia no manejo e desenho de

agroecossistemas sustentáveis, num horizonte temporal, partindo do conhecimento

local que, integrando ao conhecimento científico, dará lugar à construção e expansão

de novos saberes sócioambientais, alimentando assim, permanentemente, o processo

de transição agroecológica. Corresponde, em essência, à aplicação de conceitos e

princípios da Ecologia, da Agronomia, da Sociologia, da Antropologia, da ciência da

Comunicação, da Economia Ecológica e de tantas outras áreas do conhecimento, no

redesenho e no manejo de agroecossistemas que queremos que sejam mais

sustentáveis através do tempo. Se trata de uma orientação cujas pretensões e

contribuições vão mais além de aspectos meramente tecnológicos ou agronômicos da

produção agropecuária, incorporando dimensões mais amplas e complexas que

incluem tanto variáveis econômicas, sociais e ecológicas, como variáveis culturais,

políticas e éticas. Assim entendida, a Agroecologia corresponde, como afirmamos

antes, ao campo de conhecimentos que proporciona as bases científicas para apoiar o

processo de transição do modelo de agricultura convencional para estilos de

agriculturas de base ecológica ou sustentáveis, assim como do modelo convencional de

desenvolvimento a processos de desenvolvimento rural sustentável (CAPORAL e

COSTABEBER, 2000; 2001).

Durante o processo de modernização da agricultura ou da transição entre formas

tradicionais e formas agroecológicas, muitas vezes ela fica, todavia, circunscrita ao

papel econômico que desempenha, ou que esperam que ela desempenhe. Esquece-se

que a agricultura exerce outros papéis fundamentais que de modo algum podem ser

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negligenciados, tais como: equilíbrio na ocupação territorial, preservação ambiental,

preservação de tradições alimentares e maior qualidade de vida no campo..

Segundo Altieri (1998), o objetivo maior da agricultura sustentável é a

manutenção da produtividade agrícola com o mínimo possível de impactos ambientais e

retornos econômico-financeiros adequados à meta de redução da pobreza, atendendo

assim as necessidades sociais das populações rurais, ou seja, a sua principal meta é a

resolução dos problemas de sustentabilidade. Não obstante, este autor defende que

não basta abordar apenas os aspectos tecnológicos sem considerar as questões

econômicas e sociais.

Predominantemente estratégias de desenvolvimento convencional adotadas no

planeta, mostraram-se fundamentalmente limitadas em sua capacidade de promover

um desenvolvimento homogêneo e sustentável. Não conseguiram alcançar as camadas

mais pobres – resolver o problema da fome, da desnutrição ou as questões ambientais.

As inovações tecnológicas ficaram limitadas a poucos grupos privilegiados, não se

tornaram disponíveis aos pequenos agricultores com poucos recursos, nem se

adequaram às suas condições agroecológicas e socioeconômicas.28

O processo de ecologização da agricultura consiste resumidamente na

introdução de práticas que interagem de forma mais harmoniosa com o ambiente, em

sintonia com o novo paradigma da sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável.

Pode-se dizer que a agricultura de base ecológica torna-se um meio de reação à

exclusão econômica e social, bem como à deterioração ambiente vivida pelos

agricultores familiares no contexto tradicional, utilizando para isso inúmeras formas de

associativismo.

A agricultura ecológica caracteriza-se por possuir estilos diversos de produção.

Entre estes podemos citar a agricultura orgânica, biodinâmica, biológica, natural,

alternativa e sustentável, entre outros. Todavia, Eduardo Ehlers (1996) descreve

agricultura orgânica, dentre as diversas correntes de agricultura ecológica, como sendo

uma alternativa altamente viável para ser aplicada e efetivada no cenário agrícola

nacional, uma vez que poderá orientar o desenvolvimento na agricultura de forma mais

harmoniosa por basear-se nos princípios básicos da sustentabilidade propostos por

28 Para aprofundar sobre este assunto ver Chambers & Ghildyal (1985).

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Sachs, os quais permitem incorporar as complexidades da eficiência econômica e

tecnológica, da qualidade de vida (equidade social) e da preservação ambiental,

assegurando boas condições dos recursos naturais e dos produtos.

As ciências sociais têm buscado nas suas pesquisas mais recentes conhecer o

perfil do “adotador das práticas sustentáveis” (GOMEZ, 1997, p. 114). Todavia, os

pesquisadores desta temática chegam a conclusões diferentes. Há um imenso debate

sobre quais atores sociais se beneficiariam mais com a implantação de uma agricultura

alternativa, ligada diretamente à sustentabilidade. Para uns, são os empresários

agrícolas detentores de capital disponível para investimentos em tecnologias

alternativas. Para outros, os mais abertos à adoção são aqueles que têm status sócio-

econômico inferior – agricultor familiar – depositário de práticas tradicionais de cultivo

próximo da dinâmica agroecossistêmica regional, mais dedicados à vida no campo.

No paradigma ecológico emergente no século vinte, a natureza não constitui uma

exterioridade, ou seja, apreende-se que a natureza e o homem são partes distintas,

mas complementares. Uma está na outra, são integradas efetivamente, tanto na

subjetividade quanto na objetividade. É por isto que em torno do agricultor a natureza

representa muito mais que um cenário ou um simples pano de fundo, representa um

sistema de necessidades comuns. Constitui-se além da racionalidade econômica, faz

parte da relação de preservação da vida. Em síntese, a natureza é para o agricultor

uma reação aos processos de industrialização e de exclusão social, é um retorno à sua

própria origem, uma reapropriação das condições de sua sobrevivência.

O reconhecimento do agricultor como sujeito ecossocial, bem como o

desenvolvimento e a afirmação desta idéia envolvem tanto o âmbito individual como o

dos movimentos sociais. Ambos são igualmente indispensáveis e complementares

neste processo. Essa idéia torna-se evidente na medida em que o desenvolvimento do

agricultor enquanto indivíduo se realiza enquanto ele próprio cria seu projeto de vida,

constroe relações sociais e ambientais por vezes em harmonia com a ecologia, em

outras fundamentadas em conflitos e contradições.

É possível, com base na teoria da estruturação de Giddens (1991), “categorizar o

agricultor enquanto ator social não exclusivamente determinado pelas relações sociais

dominantes, no que se refere a adoção de uma determinada tecnologia, e que não é

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plenamente livre para agir e decidir” (GUIVANT,1995, p. 120). Pode-se apreender que

as práticas sociais apresentam ao mesmo tempo aspectos reprodutivos das relações

sociais dominantes e também frutos de novas relações. Isso implica dizer que apesar

de adotar a agricultura moderna dominante os agricultores fazem isso da maneira que

lhes é conveniente, não exatamente do modo que lhes é pré-determinado. “Os atores

sociais, embora possam não ser conscientes disso, tem uma capacidade

transformadora de fazer ‘uma diferença’ na produção de suas práticas e assim

transformar os padrões de ações sociais dominantes” (Idem, p.121, grifo da autora). O

surgimento dos agricultores ecológicos pode ser definido fundamentalmente como uma

reação destes às práticas dominantes e agroindustriais que os reduz a sujeitos

passivos, como integrantes de uma unidimensionalidade.

O surgimento da agroecologia, cujas bases ainda estão sendo fundadas,

coincidiu com a preocupação desses atores pela preservação dos recursos naturais. Os

critérios de sustentabilidade norteiam sempre as discussões sobre uma agricultura

sustentável, que garanta a segurança alimentar e ao mesmo tempo a preservação do

solo, dos recursos hídricos, da vida silvestre e dos ecossistemas naturais. Neste

trabalho nos propomos a tentar empreender uma análise sobre de que modo os

agricultores ecológicos exercem práticas sócio-ambientais que vão além da produção

de produtos agroecológicos. Escolhemos a Associação de Agricultura Orgânica –

AOPA - para realizar esta análise e entender de que maneira ela orienta os seus

associados na direção do exercício da sustentabilidade transcendendo a agroecologia.

3.3 A entidade Aopa

A AOPA – Associação de Agricultura Orgânica do Paraná – foi fundada em

setembro de 1995 como uma organização sem fins lucrativos. O objetivo era criar

uma organização capaz de representar os agricultores agroecológicos junto à

sociedade e desenvolver novos canais de comercialização da crescente

produção orgânica da região Tem sua atuação concentrada no estado do Paraná, na

região metropolitana de Curitiba, região centro-sul do Paraná, Litoral Paranaense,

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região de Castro e Vale do Ribeira (Paraná e São Paulo) junto a grupos de agricultores

familiares orgânicos. A associação busca a integração e desenvolvimento comercial e

produtivo de agricultores paranaenses. Aproximadamente 350 famílias já foram

envolvidas nessa experiência, sendo que atualmente a instituição trabalha com um total

aproximado de 120 famílias de forma mais direta, com a organização da produção e

comercialização. A matriz da associação é na capital Curitiba29, onde funciona o

escritório central, a central de produção (embalagem e armazenamento) e uma loja

para venda ao consumidor. A produção de produtos é principalmente de olerícolas

(folhosas, cenoura, beterraba, couve-flor, abobrinha, etc), frutas(caqui, pêssego,

morango, etc) e cereais (soja, feijão e milho), sendo estes alimentos revendidos para

restaurantes, supermercados, lojas e pessoas físicas

A AOPA tem como missão promover o desenvolvimento da agroecologia, a

recuperação de nascentes, com mata ciliar, criação de sistemas agroflorestais,

preservação do meio ambiente - viabilizando uma agricultura sustentável. Para isso

vem atuando junto aos agricultores e agricultoras familiares, no sentido de buscar

alternativas para a superação das limitações existentes tanto no campo da produção

quanto da comercialização de produtos agroecológicos, adotando os seguintes eixos de

atuação:

� Eixo Político Institucional: Construção e fortalecimento de parcerias com as

instituições e movimentos sociais populares e órgãos do poder público.

� Eixo Organização da Produção: Apoio ao fortalecimento da organização de

grupos de agricultores e agricultoras, através de ações de formação e capacitação

técnica;

� Eixo Canais alternativos de Mercado: Apoio e participação no desenvolvimento

de canais alternativos de mercado

29 Associação de Agricultura Orgânica do Paraná (AOPA): Rua Gottlieb Rosenau, 158 c, Bairro Tarumã - 82530-330 - Curitiba – PR. Fone/Fax: 0 xx (41) 363. 70 21 - E-mail: [email protected]

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A questão da comercialização é um dos focos primordiais da AOPA desde que

foi criada em 1995. Entre as principais atividades realizadas no contexto do Programa

Regional de Agroecologia (PRA) e executadas pela Associação de Agricultura Orgânica

do Paraná - compreendendo a Região Metropolitana de Curitiba, Centro Sul do Estado

e Vale do Ribeira, com um total de 18 municípios - podem ser destacadas as seguintes:

- Organização em grupos dos agricultores que estavam interessados em desenvolver a

Agroecologia;

- Planejamento da produção, definindo o que cada produtor ou grupo de produtores

deveriam produzir (espécies, volume, qualidade, padronização) de acordo com as

demandas de comercialização;

- Coordenação do processo de certificação;

- Busca de formas alternativas de comercialização: Feiras Verdes, Sacolas – entregas

diretas ao consumidor; Disque-orgânico;

- Negociação direta com redes de supermercados, visando escoar um volume maior de

produtos, especialmente em períodos de safra com grande oferta de produtos;

- Venda de produtos para outras empresas que trabalham com a distribuição, no

Paraná e em São Paulo.

- Estruturação de canal próprio de comercialização, com a abertura da uma loja na sede

da Aopa, a partir de meados de 2000, ampliando a venda direta ao consumidor.

O público diretamente beneficiado com o desenvolvimento destas atividades são

os agricultores familiares, que já totalizaram 350 famílias, e que na sua grande maioria

eram produtores convencionais e vendiam também de forma convencional a sua

produção. Hoje são produtores agroecológicos e que buscam a venda direta de seus

produtos através da organização de grupos em suas comunidades e municípios,

contando para isto com o apoio e acompanhamento da Associação, além de venderem

na Feira Verde, em Curitiba.

Os resultados do trabalho da AOPA são de ordem quantitativa e também

qualitativa. Entre eles estão os seguintes:

Resultados quantitativos:

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� Grupos de famílias de agricultores organizados, com o envolvimento direto e indireto

de um total de 150 famílias.

� Canais alternativos de mercado consolidados: três feiras de produtores com venda

direta aos consumidores; uma loja; uma distribuidora; duas quitandas, através da

iniciativa de terceiros, com o apoio da Associação; dois clientes no mercado

orgânico de São Paulo.

Resultados qualitativos:

� Compromisso, dos agricultores e agricultoras familiares, com a prática da

agroecologia;

� Fortalecimento da organização dos agricultores familiares agroecológicos;

� Participação efetiva na articulação do setor no Paraná;

� Representação política da agricultura familiar orgânica;

� Experiência acumulada quanto à processos de comercialização e quanto à

estruturação do mercado;

� Aprendizado dos agricultores e técnicos quanto às práticas agroecológicas de

produção;

� Eliminação do uso de agroquímicos em centenas de propriedades rurais, reduzindo

os índices de contaminação do meio ambiente e dos alimentos produzidos;

� Fortalecimento da relação dos produtores com os consumidores, através da parceria

com a Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná – ACOPA.

A AOPA define como objetivo central de sua atuação buscar alternativas de

comercialização, onde agricultores e consumidores possam ser sujeitos, definindo as

regras e os caminhos para um mercado mais justo e um consumo consciente e

responsável.

Com o intuito de organizar a produção dos agricultores familiares, a AOPA

promove reuniões e cursos, além de incentivar a certificação participativa dos

associados. Seu trabalho está pautado no enfoque participativo, envolvendo os

agricultores a agricultoras nas decisões e condução das ações realizadas. Para fazer

parte da Associação o agricultor deve participar de um dos 23 grupos de agricultores

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associados à AOPA 30. O estímulo à organização em grupos com autonomia na sua

dinâmica de funcionamento oportuniza um espaço concreto de autogestão e

mobilização em torno de questões objetivas, como a produção e comercialização de

alimentos agroecológicos. Uma vez associado a um grupo, o agricultor passa a fazer

parte da AOPA, que por sua vez integra Rede Ecovida de Agroecologia.

A Associação se organiza através de uma assembléia geral, conselho

representante e uma diretoria executiva que é constituída por agricultores e

agricultoras, eleitos em assembléia geral, com um mandato de dois anos. Entre as

atividades desenvolvidas nestes sete anos de trabalho podemos destacar o

acompanhamento técnico às propriedades agroecológicas e em conversão, a

coordenação do processo de certificação e a fiscalização que garantem segurança ao

consumidor, e a formação e capacitação em agroecologia.

O trabalho da AOPA está baseado em três pilares: atuação político institucional,

organização da produção e busca de canais alternativos de mercado. Na primeira, a

Associação busca a construção e o fortalecimento de parcerias com as instituições da

sociedade civil, movimentos sociais populares e órgãos do poder público que atuem

com vistas ao desenvolvimento sustentável. A associação mantém inúmeras parcerias

com diversas instituições não-governamentais, prefeituras, órgãos governamentais

ligados a questão rural e ambiental, sindicatos rurais e também com entidades de

pesquisa, no caso da Universidade Federal do Paraná. Através destas parcerias são

realizadas pesquisas e análises de produtos agroecológicos, melhoramentos na gestão

da Associação e trocas de experiências entre a associação e especialistas da área.

30 “Existem grupos em cerca de 12 municípios da região metropolitana de Curitiba e em mais de dez

municípios da região centro-sul.Dados fornecidos pela Associação.

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3.4 AOPA, agroecologia e práticas sócio-ambientais: uma referência aos dados de

campo

Sobre trocas de experiência

Segundo dados de campo – entrevista realizada com membros da diretoria da

AOPA – a associação mantém uma ampla possibilidade de troca de experiências entre

os seus associados. Isso fica explícito nas declarações do presidente da instituição

quando diz que “há trocas de experiência em todas as áreas, desde a produção

(organização da produção, forma de produção), na questão social, na questão da

preservação do meio ambiente [...] Intercâmbios na área de agroflorestais, na área de

agroecologia mesmo, na área de comercialização, então... são muitos os assuntos

trabalhados” (Entrevista 1). E confirmado pelos demais entrevistados: “as questões

tratadas abrangem comercialização, como está a situação em si da agricultura familiar,

pra que rumo vai a agroecologia...” (Entrevista 3). O que se observa é que há uma

solidariedade mútua no interior da associação, os produtores são solidários uns com os

outros, ajudando a cumprir compromissos, sanar dúvidas, compartilhar experiências. As

ações vão sempre de encontro com a necessidade dos indivíduos, mas vistas sempre

como algo comum a todos.

As trocas de experiência ocorrem também entre os membros as AOPA e os

demais agricultores, numa espécie de intercâmbio sobre a vida no campo, sobre as

dificuldades diárias vividas por esses atores em seu contexto. “As idéias trocadas vão

desde o problema que você tem na alface até o problema com a vaca, há uma grande

troca de idéias. Você chega na propriedade do outro agricultor e vê que aquele

problema que você tem na sua propriedade ele já resolveu na propriedade dele”

(Entrevista 2). Na maior parte das vezes essas trocas ocorrem em visitas informais

entre vizinhos de propriedade, ou mesmo em encontros relacionados às questões da

agricultura promovidos por alguma entidade. O que se vê é que os produtores buscam

soluções coletivas – tanto dentro quanto longe da associação – tendo como objetivo

obter um bom aproveitamento da produção, se manter no mercado orgânico e fortalecer

a dimensão social e econômica da sustentabilidade.

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Sobre a AOPA e sua orientação para práticas sócio-ambientais

A atuação da AOPA enquanto entidade representativa dos produtores

agroecológicos, promove a capacitação técnica e organizacional destes para práticas

sustentáveis. A associação “trabalha com a questão da água, reposição das matas,

principalmente da mata ciliar”. (Entrevista 1). Os associados, segundo as diretrizes da

entidade, têm o compromisso com a prática da agricultura orgânica, a conservação dos

recursos naturais e a qualidade de vida, que se dá, inicialmente com a eliminação do

uso de agrotóxicos e adubos químicos, fato que reduz os índices de contaminação do

meio-ambiente e os problemas de saúde. Todavia, este é apenas o início de uma

orientação que a AOPA promove em direção às práticas sócio-ambientais.

Como salienta um dos entrevistados: “a agroecologia em si já envolve o meio

ambiente. A AOPA orienta” (Entrevista 2). Essa orientação engloba projetos de

capacitação na área de agroecologia, conservação dos mananciais, fossas sépticas,

tratamento de água, tratamento de esgoto, construção de canteiros ou de estufas para

mudas frutíferas, entre outros. Entre estes, dois projetos recentes foram citados como

importantes neste processo: os projetos Iguatu e Florestando. O primeiro promove a

gestão adequada dos recursos hídricos junto à agricultura familiar, através do

desenvolvimento da Agroecologia. Beneficiando inumeras famílias do Paraná, o

Iguatu31 realiza ações de formação e capacitação, adoção de tecnologias, geração de

referências técnico-científicas, contribuindo para a recuperação e conservação

ambiental e para a melhoria da qualidade de vida dessas comunidades. A premissa

básica que permeia o projeto está na centralidade das decisões das famílias

agricultoras, através da participação efetiva nas diversas etapas que o compõe. Sendo

isto, com a finalidade de garantir a apropriação de todos os processos e produtos

oriundos desse trabalho, promovendo a autonomia, a autodeterminação e o controle de

todas as práticas e atividades implantadas na perspectiva da adequação ambiental. O

31 O projeto é resultado da ação e articulação de seis organizações: Associação para o Desenvolvimento

da Agroecologia (AOPA), Cooperativa Central de Reforma Agrária do Paraná (CCA), Federação dos Agricultores da Agricultura Familiar da Região Sul (FETRAF/SUL) Associação dos Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo (COOPERAFLORESTA), Centro Nacional de Pesquisas em Florestas (Embrapa Florestal) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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segundo projeto citado, o Florestando32, prevê capacitações e a elaboração de uma

cartilha sobre Agrofloresta , abordando o conhecimento técnico/científico e o

conhecimento tradicional dos moradores da região. O objetivo é viabilizar assistência

técnica e extensão florestal aos agricultores familiares, resgatando e valorizando o

saber local, juntamente com a difusão de tecnologias e práticas florestais. Algumas

propostas apresentadas pelo projeto para a preservação da biodiversidade e

construção da agroecologia, buscam a criação de créditos considerando a diversidade

das unidades familiares, financiando a implantação de sistemas agroflorestais, como

forma avançada de agroecologia.

De modo geral, uma proposta central permeia o discurso da associação:

“Nós não somos preservacionistas, preservar pelo preservar, o homem precisa preservar mas também precisa gerar a renda dele nesse processo de preservação. Então, nós trabalhamos na lógica da conservação. Aquilo que eu tenho, preciso conservar e aumentar, mas gerando renda. [...] Não tem como discutir agroecologia sem falar em meio ambiente”. (Entrevista 1)

Ou seja, o que se evidencia através desse discurso é que a AOPA privilegia em

suas práticas que os princípios agroecológicos estejam em compasso com a

preservação dos recursos naturais, e que estas duas práticas sejam parte de um

sistema que gere renda e não promova o endividamento dos agricultores. O que ocorre

é o crescimento da percepção de que é necessário o desenvolvimento de uma

agricultura que seja produtiva sem destruir as bases naturais da produção, seja

geradora de mais e melhores empregos e promova uma apropriação mais justa e

equilibrada do território.

O trabalho com a agricultura sob a ótica da construção de contextos de

sustentabilidade exige, no entanto, por parte dos “agentes de desenvolvimento” (ONGs,

associações, entidades de pesquisa, etc) - neste caso específico, a AOPA -, a

compreensão de que os agricultores no processo de inserção em sua matriz social,

estão submetidos a um contexto ecológico específico e sua socialização ocorre

mediante um processo de aprendizagem, experimentação e erro, mediados pelo

32 O Projeto Florestando é desenvolvido numa parceria entre a Aopa, CCA, Fetraf e Embrapa Florestas.

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conhecimento de processos biológicos e sociais já presentes no seu entorno

sociocultural, sendo que isto deve sempre ser levado em conta.

“O agricultor que procura a agroecologia já está envolvido com o meio ambiente, ele já preserva a natureza, a vida dele já é aquilo. [...] Todo agricultor preserva o meio ambiente, da maneira dele..., às vezes certa ou errada, mas ele tenta preservar porque depende disso. Então, se ele se associa à AOPA, ela vai orientá-lo a como preservar da maneira correta [...]” (Entrevista 2)

“A AOPA possibilita essa mudança de pensamento, ela mostra todos os caminhos [...] Como eu já salientei e volto a lhe falar, eu acho que a agroecologia é a saída hoje não só da Aopa, não só da agricultura, mas do mundo. E a gente ‘friza’ isso muito bem isso juntamente com quem quer implantar a agroecologia no mundo. É a saída pra nossa vida, nossa e de nossos filhos. E a Aopa faz de tudo para que isso aconteça. Agora, o melhor caminho, o melhor método pra que isso ocorra a gente vai aprendendo no dia-a-dia e as vezes até erra [...] se você não errar, você nem começa a fazer” (Entrevista 3)

Uma atuação com base nos princípios da Agroecologia exige a construção de

processos que fortaleçam a organização social dos beneficiários e sua articulação entre

si e com aqueles que consomem sua produção. Exige, da mesma maneira, que as

associações, as ONGs, os extensionistas, ou as entidades de pesquisa, exerçam um

papel diferenciado, sendo não apenas transferidores de tecnologias novas, mas

facilitadores e animadores destes processos. Além disso, requer habilidades para atuar

de forma participativa e educativa. É preciso uma mudança interior e um processo de

capacitação e aprendizagem. “A agroecologia possibilita, com certeza, uma mudança

na maneira como o agricultor vê o meio ambiente, mas primeiro ele precisa mudar o

interior dele, pra ser agroecológico ele precisa ser agroecológico interiormente [...]”

(Entrevista 3). Acreditamos que a capacitação técnica e organizacional é uma forma de

dar autonomia aos agricultores para se desenvolverem e serem agentes de

transformação de sua própria realidade, que terá como eixo de ação, sem dúvida,

práticas sócio-ambientais em direção a um rural sustentável

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3.5 Agroecologia e sua contribuição para a construção de um rural socioambiental

Quando a palavra agroecologia surge no pensamento, é comum imaginarmos

logo uma agricultura menos agressiva ao meio ambiente, que promove a inclusão social

e proporciona melhores condições econômicas para os agricultores. Juntamente com

isso, é igualmente comum fazermos um vínculo direto entre ela e à oferta de produtos

“limpos”, ecológicos, isentos de resíduos químicos, em oposição àqueles característicos

da Revolução Verde. Portanto, a agroecologia nos traz a idéia e a expectativa de uma

nova agricultura, capaz de fazer bem aos homens e ao meio ambiente como um todo,

afastando-nos da orientação dominante de uma agricultura intensiva em capital, energia

e recursos naturais não renováveis, agressiva ao meio ambiente, excludente do ponto

de vista social e causadora de dependência econômica.

Como pôde ser visto de maneira geral nos capítulos anteriores, o movimento de

agricultura orgânica teve sua origem através do envolvimento de especialistas em

agricultura - tanto daqueles com formação formal quanto informal - em reação às

transformações do modelo tecnológico baseado no uso de produtos químicos. Tendo

como perspectiva a visão de que a transformação da realidade dependeria

fundamentalmente da transformação gradativa do padrão tecnológico, sem considerar

os limites e as potencialidades impostas pelo sistema econômico dominante. A

preocupação com a qualidade do produto, com a saúde e qualidade de vida de

agricultores/trabalhadores e consumidores, a justiça social e a preservação do

ambiente, ou seja, os ideais do movimento, são vistos em geral como resultados certos

da expansão da produção orgânica, ou seja, acompanhariam automaticamente a

expansão do mercado. Contudo, aqueles que vivem a realidade do movimento

orgânico sabem exatamente a dificuldade prática que se tem de conciliar a expansão

do mercado com a manutenção destes ideais.

Entre as principais virtudes da Agroecologia enquanto campo de estudos de

caráter multidisciplinar, está o fato de que suas pretensões e contribuições vão muito

além dos aspectos meramente tecnológicos ou agronômicos da produção, incorporando

dimensões mais abrangentes e complexas que incluem tanto variáveis econômicas

(eficiência produtiva), sociais (eficiência distributiva) e ambientais (respeito à natureza),

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como variáveis culturais, políticas e éticas da produção agrícola. Estas são condições

de importância fundamental ao se pensar nas possibilidades de transição da agricultura

convencional para estilos de produção com base ecológica e, portanto, com maiores

graus de sustentabilidade a médio e longo prazo, tornando possível a construção do

rural como um espaço sócioambiental.

Consideramos os movimentos sociais agrários de caráter ecológico ou

ambientalista, como sendo um espaço privilegiado para repensar esta relação entre ser

humano x natureza, a partir dos conflitos de percepções e de valores que surgem nas

experiências práticas. Referenciando a agricultura sustentável como portadora de

características localmente definidas, entidades como a Aopa procuram trabalhar de

forma conjunta com os agricultores fazendo uso do saber local, dos conhecimentos que

eles próprios dispõem. E mais do que transferir tecnologias, ajudando-os nos processos

de aprendizagem, destacando os problemas das práticas agrícolas convencionais e

ajudando na construção de práticas alternativas que vão além da produção

agroecológica em si. A agroecologia apresenta a potência necessária para fazer

florescer novos estilos de agricultura e processos de desenvolvimento rural sustentáveis

que garantam a máxima preservação ambiental, enfatizando os princípios éticos

necessários para que isso aconteça.

Assim, reforçamos a idéia de que as estratégias de desenvolvimento, dos

movimentos de agricultura alternativas, representadas aqui pela agroecologia, devem

assumir uma orientação “multidimensional” que tenha como perspectiva de ação não

simplesmente a acumulação de metas de crescimento econômico, de produção e de

produtividade, mas que aliado a isso ocorra condições de segurança alimentar,

melhores níveis de educação, de saúde e de bem estar, que promovam

simultaneamente uma maior eqüidade social e sustentabilidade ambiental aos sistemas

agrícolas. Trata-se, então, de um enfoque capaz de buscar a necessária

sustentabilidade do processo produtivo agrícola e do desenvolvimento rural, em todas

suas dimensões: econômica, social, cultural, política e ambiental. Neste sentido, a

agroecologia serve de eixo para um processo permanente de aprendizagem e

aplicação prática da utilização consciente dos recursos naturais, uma vez que é

impossível não levar em conta um processo que se vê todos os dias: a relação estreita

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entre o homem e as transformações dos agroecossistemas, inseridos dentro de um

sistema planetário finito. A agroecologia cumpre um papel muito importante dentro

deste processo, possibilitando a conscientização da urgente necessidade de redução

dos efeitos inerentes à transformação dos ecossistemas naturais que ocorrem não só

nos processos produtivos agrícolas, senão também neles. Falar de agroecologia é falar

de mudança. Mudança positiva na cabeça do ser humano em relação ao meio ambiente

e a construção de um rural socioambiental.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme vimos nos capítulos iniciais, faz-se necessário buscar um

planejamento que contemple bases mais sustentáveis, o que inclui a busca por novos

rumos para a agricultura, ou seja, transpor os atuais padrões de desenvolvimento rural

ou de sistemas de produção de baixa sustentabilidade para modelos de agricultura e de

manejo rural que privilegiem e incorporem princípios, métodos e tecnologias de base

ecológica. Esse processo implica, numa busca por uma maior racionalização produtiva

com base nas especificidades biofísicas de cada agroecossistema, juntamente com

uma mudança nas atitudes e valores dos atores sociais em relação ao manejo e

conservação dos recursos. Uma das possibilidades de tornar isso efetivo seria através

da prática de agriculturas alternativas de base sustentável, entre as quais está a

agroecologia. Ela, por ser definida como um campo de estudos de caráter

multidisciplinar, integrando e articulando conhecimentos de diferentes ciências,

associados a saberes populares, possibilita que se construam estratégias e condições

para apoiar esse processo de transformação, tendo-se como referência os ideais da

sustentabilidade em perspectiva de médio e longo prazos. A agroecologia contém os

princípios básicos para o manejo de agroecossistemas sustentáveis, se contrapõe às

práticas danosas ao meio ambiente (flora, fauna, às águas e ao ser humano), além de

orientar a agricultura à sustentabilidade ecológica, social, econômica cultural, política e

ética. O que significa dizer, de certo modo, que utilizar-se de métodos agroecológicos

permite mudar o modelo tecnológico da agricultura e mudar a relação que o homem tem

com a natureza.

A AOPA, enquanto parte dos movimentos que buscam o desenvolvimento de

práticas ambientalmente sustentáveis, colabora na construção social não só de um

projeto como de uma identidade por parte dos agricultores agroecológicos desta prática

produtiva. A ação empreendida pela associação ocorre num contexto mais amplo,

voltado à uma agricultura social e ambientalmente mais justa, que valoriza a ruralidade

como um espaço de produção social. Ela representa a justaposição de interesses tanto

do meio rural quanto do meio urbano, pondo em interação distintos atores sociais. Uma

vez que, por meio da comercialização, viabiliza, que a agricultura – atividade típica do

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meio rural - seja revalorizada pelos próprios agricultores, ao mesmo tempo em que é

valorizada e demandada por segmentos sociais do meio urbano, por meio da oferta de

alimentos saudáveis e em consonância com os requisitos de cuidado com o meio

ambiente.

O protagonismo dos atores - neste caso, os agricultores orgânicos - oferece à

AOPA a função de assessoria, ou seja, de auxiliá-los a recuperar e/ou aprimorar seu

diálogo com a natureza. Esta capacitação dos atores é fundamental para que estes

possam fazer um melhor uso do instrumental participativo junto às comunidades rurais,

de forma a favorecer o melhor uso dos recursos naturais e a utilização sensata da

agricultura em suas unidades de produção. Não apenas no seu aspecto formal, mas,

também, em sua dimensão não institucionalizada, a Associação de Agricultura Orgânica

do Paraná é tida como um significativo instrumento que possibilita a circulação mais

ampla de práticas e conhecimentos, contato mais direto entre as diferentes

experiências e ampliação da capacidade de resistência e auto-organização dos

agricultores envolvidos nas iniciativas locais.

Consideramos relevante concluir esta pesquisa, dizendo que a capacidade dos

associados em cooperar com as atividades e projetos da associação, ou seja, o capital

social do grupo, é um elemento essencial da mudança em direção às práticas

sócioambientais. Sendo isso possível, mediante, principalmente, da capacitação técnica

e organizacional de cada agricultor, complementado pelos vínculos anteriores que cada

um já tinha com organizações ligadas à agricultura, agroecologia e à defesa do meio

ambiente, pelo comprometimento individual em relação aos princípios da agricultura

orgânica e até mesmo pelos laços de amizade no interior do grupo. Acredito, todavia,

que se faz necessária e urgente a construção de políticas públicas de incentivo - apoio

à produção, ao processamento e comercialização de produtos ecológicos, e ao manejo

sustentável dos ecossistemas - que ofereçam subsídios aos agricultores que tem

intenção em mudar de um processo de produção tradicional para o orgânico. Sendo

uma atitude mínima de gestão que preza por uma agricultura sustentável, porque

valorizar a agroecologia é apreciar o desenvolvimento de um rural sócio-ambiental, que

respeita o meio ambiente e a vida neste planeta.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

Fonte: CASTELLS, 1999.

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MAPEAMENTO DOS MOVIMENTOS AMBIENTALISTAS DO MEIO RURAL, ONG´s E OUTRAS ORGANIZAÇÕES DE ASSESSORIA DA SOCIEDADE CIVIL – ESTADO DO PARANÁ

1. AÇÃO POPULAR CAMPOS GERAIS – APONG 2. AGÊNCIA AMBIENTAL PICK-UPAU 3. ALVORECER AÇÃO SOCIAL E EDUCACIONAL 4. AMBIENPLAN DO BRASIL 5. AMBIENS SOCIEDADE COOPERATIVA 6. AMIGAS E COLABORADORAS DA ILHA DAS PEÇAS E O BERÇO DOS GOLFINHOS 7. AMIGOS DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU 8. ANTROPOSPHERA - INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MEIO AMBIENTE 9. ARCO IRIS - ASSOCIAÇÃO PARA DEFESA DA NATUREZA 10. ARTICULAÇÃO NACIONAL DE AGROECOLOGIA – ANA 11. ASSOCIAÇÃO ALDEIA SÃO JOSÉ 12. ASSOCIAÇÃO AMBIENTALISTA BANDEIRA VERDE – AABV 13. ASSOCIAÇÃO AMBIENTALISTA DO IGUAÇÚ E AFLUENTES - AMBIA 14. ASSOCIAÇÃO AMBIENTALISTA SINFONIA EM VERDE E AZUL – AASINVA 15. ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO MEIO AMBIENTE - AMMA 16. ASSOCIAÇÃO ARAYARA 17. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DEFESA AMBIENTAL - ADEAM 18. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DEFESA E RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE – ADEMAVI 19. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE SOJA - APROSOJA 20. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL -ABES 21. ASSOCIAÇÃO CAIGUAVA DE PESQUISAS 22. ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DE PESCADORES PROFISSIONAIS E AMADORES DE PONTAL DO SUL –

ASSCOMPES 23. ASSOCIAÇÃO CONSERVACIONISTA DE PALMEIRA - ACOPAL 24. ASSOCIAÇÃO CONSERVACIONISTA DE PONTA GROSSA - ACPG 25. ASSOCIAÇÃO COOPERATIVA DE IDÉIAS E SOLUÇÕES PARA O ECODESENVOLVIMENTO - ECOOTOPIA 26. ASSOCIAÇÃO DA JUVENTUDE DEFENSORA DA NATUREZA DE MATELÂNDIA 27. ASSOCIAÇÃO DE AGENTES ECOLÓGICOS E RECICLADORES – COOPERCICLA 28. ASSOCIAÇÃO DE AGENTES ECOLÓGICOS E RECICLADORES – ECOPLÁSTICOS 29. ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTURA ECOLÓGICA DE TURVO 30. ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTURA ORGÂNICA DO PARANÁ – AOPA 31. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA AMBIENTAL ILHA GRANDE – ADAIG 32. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA AMBIENTAL DE SANTA FÉ 33. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA AO MEIO AMBIENTE DE UMUARAMA 34. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA À ECOLOGIA E PROTEÇÃO AMBIENTAL DA LAPA 35. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DA ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE DE ASTORGA - ADEMA 36. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO CIDADÃO E DO MEIO AMBIENTE DO LITORAL DO PARANÁ – ADECOM 37. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO DE ANTONINA – ADEMADAN 38. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE DE ARAUCÁRIA – AMAR 39. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL - ADEA 40. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE CASCÁVEL - ADEA 41. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE FOZ DO IGUAÇU 42. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE MARINGÁ 43. ASSOCIAÇÃO DE DEFESA E RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE DO VALE DO IVAÍ - ADEMAVI 44. ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA ENTRE RIOS 45. ASSOCIAÇÃO DE ESTUDOS, ORIENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA RURAL - ASSESSOAR 46. ASSOCIAÇÃO DE MEIO AMBIENTE – ADEMA 47. ASSOCIAÇÃO DE MEIO AMBIENTE DE WENCESLAU BRAZ - AMABRAZ 48. ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DE SHANGRILÁ E IPANEMA 49. ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES DE ITAIPULÂNDIA - ASPI 50. ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES PORTO CAMARGO 51. ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES DE PORTO UBÁ - APPUBÁ 52. ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇÚ 53. ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES DO LITORAL DO PARANÁ

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54. ASSOCIAÇÃO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL DE SARANDI 55. ASSOCIAÇÃO DE PRESERVAÇÃO DA REPRESA DO CAPIVARI CACHOEIRA - APRECAP 56. ASSOCIAÇÃO DE PRESERVAÇÃO ECOLÓGICA DE MARIÓPOLIS 57. ASSOCIAÇÃO DE PROMOÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ARUANÃ 58. ASSOCIAÇÕES DE PRODUTORES RURAIS, DE EXTRATIVISMO MINERAL, COMERCIAL, DA VILA RURAL,

APICULTORES, SERICICULTORES DE LOANDA 59. ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DE CIANORTE - APROMAC 60. ASSOCIAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS PATRULHA ECOLÓGICA DO RIO TIBAG 61. ASSOCIAÇÃO DE USUÁRIOS DE RECURSOS HÍDRICOS DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO IGUAÇU E DO

ALTO RIBEIRA - ASSOCIAÇÃO 62. ASSOCIAÇÃO DO MEIO AMBIENTE DE WENCESLAU BRAZ – AMABRAZ 63. ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DA PEDRA DA PRINCESA - CAIEIRAS 64. ASSOCIAÇÃO DOS PESCADORES E PESCADORAS DA ILHA DAS PEÇAS 65. ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES AGRICOLAS DE COLOMBO - APAC 66. ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE AGRICULTURA E PECUÁRIA ORGÂNICA DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇU -

APROSMI 67. ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE ORGÂNICOS BIOVALE 68. ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - ASSEMA 69. ASSOCIAÇÃO DUEVIZINHENSE DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE - ADUPAM 70. ASSOCIAÇÃO ECOLÓGICA VALE DO SOL / SÃO JOÃO DO IVAÍ 71. ASSOCIAÇÃO FEMININA DE MONTANHISMO DE CURITIBA 72. ASSOCIAÇÃO FFMA - FLORA E FAUNA MATA ATLÂNTICA 73. ASSOCIAÇÃO GUARATUBANA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE - GUARONG 74. ASSOCIAÇÃO JUVENTUDE ECOLÓGICA 75. ASSOCIAÇÃO LONDRINENSE DE CANOAGEM ECOLÓGICA - PATRULHA DAS ÁGUAS 76. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL - ANINPA 77. ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL DO NORTE PIONEIRO - ADESANP 78. ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SOCIAL DA COSTA OESTE – ADESC 79. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE ATIVIDADES SUBAQUÁTICAS – APASUB 80. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE PESCADORES AMADORES - APPA 81. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO RIO IGUAÇÚ E DA SERRA

DO MAR – APPAM 82. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE PROPRIETÁRIOS DE RPPN 83. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE – APPAM 84. ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE PROTEÇÃO E MELHORIA AO MEIO AMBIENTE – APPMMA 85. ASSOCIAÇÃO PONTI AREIA / LOANDA 86. ASSOCIAÇÃO PLANETA AZUL – PONTA GROSSA 87. ASSOCIAÇÃO REAL DOS PESCADORES – ARP 88. ASSOCIAÇÃO REGIONAL SUINOCULTORES 89. ASSOCIAÇÃO SOS MATA VERDE 90. ASSOCIAÇÃO TERRA VIVA AÇÕES AMBIENTAIS 91. ASSOCIAÇÃO XAMA 92. AUTARQUIA DE MEIO AMBIENTE 93. CARAMURU – ORGANIZAÇÃO DE PROTEÇÃO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL 94. CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DO

PARANÁ 95. CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS PUC/PR 96. CENTRO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO, PROFISSIONAL E DE MEIO AMBIENTE DO PARANÁ - CEMAP 97. CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – PONTA GROSSA – CEA 98. CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EM VALORES HUMANOS - AILUÊA-ARATÉ 99. CENTRO DE ESTUDOS, DEFESA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL - CEDEA 100. CENTRO DE ESTUDOS DO MAR/UFPR 101. CENTRO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E INCLUSÃO SOCIAL - CEDIS 102. CENTRO DE FORMAÇÃO URBANO RURAL IRMÃ ARAÚJO - CEFURIA 103. CENTRO DE INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIA DO PARANÁ 104. CENTRO DE PESQUISAS E AÇÕES EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 105. CENTRO DE TECNOLOGIA EM AÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 106. CENTRO INTEGRADO E APOIO PROFISSIONAL – CIAP 107. CENTRO SOCIAL RURAL COMUNITÁRIO LEA LEAL - CENSORURAL

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108. CLÍNICA MÉDICO SOCIAL RURAL DE MANDAGUARI 109. CLUBE EXCURSIONISTA FACE VERDE 110. CLUBE PARANAENSE DE MONTANHISMO 111. COMISSÃO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DE CÉU AZUL 112. COMISSÃO ESPECIAL DE AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE 113. COMISSÃO ESTADUAL DE MULHERES AGRICULTORAS DO PARANÁ 114. COMISSÃO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL - CMDR 115. COMISSÃO MUNICIPAL DE SOLOS E MEIO AMBIENTE DE MATELÂNDIA 116. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – CPT 117. CONSELHO INDÍGENA ESTADUAL DO PARANÁ – CIEPR 118. CONSELHO MUNICIPAL DE AGROPECUÁRIA E MEIO AMBIENTE DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU - COMAM 119. CONSELHO REGIONAL INDÍGENA DE GUARAPUAVA – CRIG 120. CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL PARA A PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO TIBAGI - COPATI 121. CONSÓRCIO PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO TIBAGI – COPATI 122. CONSÓRCIO PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SOCIOCULTURAL DA

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS CINZAS - COPADESC 123. COOPERATIVA DE RECICLAGEM DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS REGIONAL DE CAMBE 124. DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS RURAIS - DESER 125. ECO ARAUCÁRIA DE PALMEIRA 126. ECO BRASIL / PARANAGUÁ 127. ECOCLUBE 128. ECOFORÇA 129. ECO-RIOS 130. ECO PLAN / PARANAGUÁ 131. ELO - AGÊNCIA DE APOIO SOCIAL E AMBIENTAL 132. EMPRESA PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICO E EXTENSÃO RURAL DO ESTADO DO PARANÁ 133. EU – ECOLOGIA URBANA 134. EXECUTARE 135. FALMA / RIBEIRÃO DO PINHAL 136. FEDERAÇÃO DOS PESCADORES DO ESTADO DO PARANÁ 137. FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA FAMILIAR – FETRAF 138. FEDERAÇÃO PARANAENSE DE MONTANHISMO - FEPAM 139. FORÇA, AÇÃO E DEFESA AMBIENTAL – FADA 140. FÓRUM DE ENTIDADES AMBIENTALISTAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 141. FÓRUM DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ONG) 142. FUNDAÇÃO COLIBRI / GUARAPUAVA 143. FUNDAÇÃO CULTURAL XINGU 144. FUNDAÇÃO CRETÃ - FUNDAÇÃO ANGELO CRETÃ DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-

AMBIENTAL – PR 145. FUNDAÇÃO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO RURAL - "FUNDAÇÃO TERRA" 146. FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO – FAPEAGRO 147. FUNDAÇÃO DE PESQUISAS FLORESTAIS DO PARANÁ - FUPEF 148. FUNDAÇÃO ERASMO DE ROTERDAM - FUNROTERDAM 149. FUNDAÇÃO ESTADUAL DE CIDADANIA – FEC 150. FUNDAÇÃO GRUPO ESQUEL BRASIL 151. FUNDAÇÃO JOÃO JOSÉ BIGARELA – FUNABI 152. FUNDAÇÃO OÁSIS CIDADE ABERTA - FOCA 153. FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO À NATUREZA - FBPN 154. FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO RURAL DA REGIÃO CENTRO OESTE DO PARANÁ -

RURECO 155. FUNDAÇÃO PEDRO N. PIZZATTO 156. FUNDAÇÃO PELO DESENVOLVIMENTO DE ITAPOÁ - PRÓ-ITAPOÁ 157. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA 158. FUNDAÇÃO VERDE – FUNVERDE 159. GDA ECOCLUB DE SÃO JOÃO DO IVAÍ 160. GRUPO AMBIENTAL CANDIDO DE ABREU / SÃO JOÃO DO IVAÍ 161. GRUPO AMBIENTALISTA INTERDISCIPLINAR DE APUCARANA - GAIA 162. GRUPO AMBIENTALISTA DO RIO IGUAÇU – GARI 163. GRUPO DE ESTUDOS DE AGRICULTURA ECOLÓGICA

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164. GRUPO DE ESTUDOS ESPELEOLÓGICOS DO PARANÁ – AÇUNGUI - GEEP 165. GRUPO ECOLÓGICO ARINDIANA JONES 166. GRUPO ECOLÓGICO DA ÁRVORE TIA MIDA / RIBEIRÃO DO PINHAL 167. GRUPO ECOLÓGICO DE CORNÉLIO PROCÓPIO - VIDA VERDE 168. GRUPO ECOLÓGICO DE IRATI 169. GRUPO ECOLÓGICO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DO GUARANI 170. GRUPO ECOLÓGICO DOS CAMPOS GERAIS – GECG 171. GRUPO ECOLÓGICO PELA NATUREZA 172. GRUPO ECOLÓGICO "UNIDO VERDE" DE CORNÉLIO PROCÓPIO 173. GRUPO ECOLÓGICO VIDA VERDE DE CORNELIO PROCÓPIO – PR 174. GRUPO ESCOTEIRO SÃO LUIZ DE GONZAGA - GESLG 175. GRUPO ESPÍRITA DA PAZ 176. GRUPO FAUNA DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS – PONTA GROSSA 177. GRUPO UNIVERSITÁRIO DE PESQUISAS ESPELEOLÓGICAS – GUPE 178. HABITAT ICA / LONDRINA 179. INSTITUTO ÁGUA VIVA DE PESQUISA E EXTENSÃO EM AQÜICULTURA E PESCA SUSTENTÁVEIS, MEIO

AMBIENTE E PROCESSAMENTO DE RECURSOS PESQUEIROS 180. INSTITUTO AGROFLORESTAL BERNARDO HAKVOORT – IAF 181. INSTITUTO AMBIENTAL AUSTRAL – PONTA GROSSA – IAAL 182. INSTITUTO AMBIENTAL PARQUE DAS PEROBAS 183. INSTITUTO AMBIENTAL VALE DO IGUAÇÚ, DE DESENVOLVIMENTO E FOMENTO AO TERCEIRO SETOR -

TERCEIRO SETOR 184. INSTITUTO ACQUA&PHYTOS DE OCEANOLOGIA, PRESERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL 185. INSTITUTO AQUA MUNDI – IAM 186. INSTITUTO BIOLÓGICO DO MEIO AMBIENTE – BIOMA 187. INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – IBEAM 188. INSTITUTO BRASILEIRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – IBRADES 189. INSTITUTO BRASILEIRO DE FOMENTO AO EXTRATIVISMO DO PAU PEREIRA – IBRAFEPP 190. INSTITUTO BRASILEIRO DE FLORESTAS - IBF 191. INSTITUTO DA ÁRVORE 192. INSTITUTO DE APOIO E DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL – IADA 193. INSTITUTO DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL THE NATURE CONSERVANCY 194. INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E AÇÃO SOCIAL DO LITORAL 195. INSTITUTO DEDÉ MOCELLIN –IDM 196. INSTITUTO DE ECOLOGIA TERRESTRE 197. INSTITUTO DE ECOTURISMO DO PARANÁ – IEPR 198. INSTITUTO DE FOMENTO AMBIENTAL E SOCIAL - IFAS 199. INSTITUTO DE PESQUISAS AGRÁRIAS E TECNOLOGIA DE TURISMO E MEIO AMBIENTE - TECNO-TERRA 200. INSTITUTO DE PESQUISAS DE GUARAQUEÇABA 201. INSTITUTO DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA IDÉIA AMBIENTAL 202. INSTITUTO DE PRESERVAÇÃO À VIDA E À NATUREZA – PREVINA 203. INSTITUTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – IDS 204. INSTITUTO EDUCACIONAL DE PESQUISA E PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE 205. INSTITUTO ECOPLAN 206. INSTITUTO EQUIPE DE EDUCADORES POPULARES 207. INSTITUTO FLORESTAS TROPICAIS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – IFT 208. INSTITUTO GAIA DO BRASIL 209. INSTITUTO GAUDIUM DE PROTEÇÃO À VIDA 210. INSTITUTO GUARAQUEÇABA - DEFENSORES DA NATUREZA – DNA 211. INSTITUTO GUARDIÕES DA NATUREZA – ING 212. INSTITUTO HÓRUS DE DESENVOLVIMENTO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL 213. INSTITUTO IBIRAÉ - PROJETOS E CONSULTORIA AMBIENTAL 214. INSTITUTO IDEAL 215. INSTITUTO INDIGENISTA E DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS TERRA MATER 216. INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE - ILASMA 217. INSTITUTO MAITRI - PELO DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA NAS RELAÇÕES DE CONSUMO 218. INSTITUTO MAYTENUS PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL 219. INSTITUTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO – INDEP 220. INSTITUTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA SAÚDE E DA ECOLOGIA – INDESE

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221. INSTITUTO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – INNAMA 222. INSTITUTO NATUREZA VIVA 223. INSTITUTO ÔMEGA 224. INSTITUTO OPAB – OPAB 225. INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL E TECNOLÓGICO - IDEA-CÍCLICA 226. INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INTEGRADA AO AMBIENTE E A SAÚDE NO BRASIL -

IDEIAS BRASIL 227. INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO, MEIO AMBIENTE E PAZ VITAE CIVILIS 228. INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MEIO AMBIENTE – ANTROPOSPHERA 229. INSTITUTO PARANAENSE DE PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADE - IPRO-BIO 230. INSTITUTO SANTA CRUZ DE SAÚDE, MEIO AMBIENTE E TECNOLOGIA – ISC 231. INSTITUTO SAÚDE NATURAL 232. INSTITUTO SICOOB PR PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - INSTITUTO SICOOB PR 233. INSTITUTO SOCIAL PARA EDIFICAÇÃO DA CIDADANIA - MOVIMENTO VAMOS CONSTRUIR 234. INSTITUTO SÓCIO-AMBIENTAL – ISA 235. INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL ARINDIANA JONES 236. INSTITUTO SÓCIO-AMBIENTAL LATINHA DA SOLIDARIEDADE 237. INSTITUTO SOCIEDADE POPULAÇÃO E NATUREZA - ISPN 238. INSTITUTO TECNOLÓGICO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - INDESUS 239. INSTITUTO VERDE VIDA DE DESENVOLVIMENTO RURAL – IW 240. INSTITUTO VIDA PARA O ATENDIMENTO À SAÚDE, SANEAMENTO E MEIO AMBIENTE - INSTITUTO VIDA E

SAÚDE 241. INSTITUTO TIMONEIRA 242. IPÊ / PARANAGUÁ 243. KOALA PROTEÇÃO ANIMAL 244. LIGA AMBIENTAL – PR 245. MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO - MAE 246. MOVIMENTO DAS MULHERES CAMPONESAS – MMC 247. MOVIMENTO DE AÇÃO ECOLÓGICA - MAE 248. MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS – MAB 249. MOVIMENTO DOS EDUCADORES POPULARES 250. MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES - MPA 251. MOVIMENTOS DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – MST 252. MOVIMENTO ECOLÓGICO AMIGOS DO CAMBUÍ - MEACAM 253. MOVIMENTO ECOLÓGICO DE PIRAQUARA – MEP 254. MOVIMENTO ECOLÓGICO DO LITORAL – MEL 255. MOVIMENTO ECOLÓGICO INCENTIVO A LIMPEZA E HIGIENE AMBIENTAL - ILHA 256. MOVIMENTO NOSSA TERRA 257. MOVIMENTO SOS BICHO DE PROTEÇÃO ANIMAL 258. MUNDO RECICLÁVEL.ORG - IGV 259. MUSEU REGIONAL DO IGUAÇU - MRI 260. NÚCLEO DE APOIO INTEGRADO PRÓ-IGUAÇU – NAIPI 261. NÚCLEO DE ESTUDOS EM MEIO AMBIENTE – NEMA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – FUEL 262. NÚCLEO DE ESTUDOS EM MEIO AMBIENTE – NUCLEAM - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA -

UEPG 263. NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – NIMAD - UNIVERSIDADE FEDERAL DO

PARANÁ - UFPR 264. ONG AIUÊ-ARATÉ - CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO VALORES HUMANOS 265. ONG ACIENS 266. ONG A MISSÃO 267. ONG CARAMURU 268. ONG COLÔNIA VITÓRIA 269. ONG CHICO MENDES 270. ONG DIREÇÃO VERDE 271. ONG ECÓLOGOS 272. ONG FUNVERDE (MEA) 273. ONG GRAVATA 274. ONG GRUPO INTERAGIR 275. ONG MANANCIAL D' OURO

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276. ONG PRESERVAÇÃO 277. ONG PROJETO ÁGUA - UMUARAMA 278. ONG SOS CULTURA 279. ORGANIZAÇÃO BRASILLINUX 280. ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO SOL NASCENTE 281. ORGANIZAÇÃO E APOIO A PROJETOS AMBIENTAIS E SOCIAIS – URU 282. PATRULHA DAS ÁGUAS 283. PATRULHA ECOLÓGIA DO RIO TIBAGÍ – MOVIMENTO CONTRA BARRAGENS 284. PASTORAL DA JUVENTUDE RURAL – PJR 285. PÓLO DE AGROECOLOGIA DO LITORAL DO PARANÁ 286. POMARIZAR / LONDRINA 287. REA-PARANÁ E INSTITUTO DE TECNOILOGIAS SOCIAIS SUSTENTÁVEIS –TSS 288. RECANTO DA FRATERNIDADE PLANTANDO VIDAS 289. REDE ANTENA VERDE 290. REDE BRASILEIRA PARA CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E NATURAIS - REDADA 291. REDE BRASILEIRA PARA CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E NATURAIS AMIGOS DAS ÁGUAS – ADA 292. REDE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - REDEH 293. REDE ECOVIDA DE AGROECOLOGIA 294. REDE GEA-GEÕES DE EXCURSIONISMO E MEIO AMBIENTE 295. REDE VERDE DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS 296. SECRETARIA DE ARTICULAÇÃO DO MOVIMENTO DE MULHERES TRABALHADORAS RURAIS 297. SERRA DO MAR MONTANHISMO ECOLÓGICO - SMMECO 298. SERTÃO VERDE VIDA 299. SOCIEDADE BATHYBIUS ESPELEOLOGIA LONDRINA – SBEL 300. SOCIEDADE BRASILEIRA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – SOBRADE 301. SOCIEDADE DE AMIGOS DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU 302. SOCIEDADE DE ESTUDOS CONTEMPORÂNEOS - COMISSÃO REGIONAL DE PREVENÇÃO CONTRA ENCHENTES

DO RIO IGUAÇU - SEC CORPRERI 303. SOCIEDADE DE MICROCRÉDITO, PESQUISA, EMPREENDEDORISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO

NORTE PIONEIRO – CREDINORTE 304. SOCIEDADE DE PESQUISA EM VIDA SELVAGEM E EDUCAÇÃO AMBIENTAL – SPVS 305. SOCIEDADE DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL - MOVIMENTO ECOLOGICO AMIGOS DO CAMBUI – MEACAM 306. SOCIEDADE PARANAENSE DE ORQUIDÓFILOS - SPO 307. SOCIEDADE RURAL DO PARANÁ 308. SOCIEDADE SÃO FRANCISCO PROTETORA DOS ANIMAIS 309. SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO AMBIENTAL –

SUDERHSA 310. SUSTENTEC - PRODUTORES ASSOCIADOS PARA DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS 311. TERRA DE DIREITOS 312. TERRA MÃE – AGROVIDA GUARAPUAVA 313. TERRA ROXA INVESTIMENTOS - AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO NORTE DO PARANÁ 314. THE NATURE CONSERVANCY - TNC DO BRASIL 315. TURMA DO MEIO AMBIENTE - TMA 316. TRAMONTRIP EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL – TRAMONTRIP 317. UEM - PROGRAMA MATA CILIAR – CAFEZAL DO SUL 318. UNIÃO DE ENTIDADES AMBIENTALISTAS DO PARANÁ - UNEAP 319. UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE - UNILIVRE 320. VIA CAMPESINA 321. VIDA VERDE \ GAIA - LONDRINA 322. WWF-BRASIL FONTES: ABONG - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS CEMA - CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE CENEA – CADASTRO NACIONAL DE ENTIDADES AMBIENTALISTAS CNO – CADASTRO NACIONAL DE ONG´S ECOLISTA ONLINE IBTS - INSTITUTO BRASILEIRO DO TERCEIRO SETOR IBAMA

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OSCIP - ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO RMA - REDE DE ONGS DA MATA ATLÂNTICA SEAB – SECRETARIA DE AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO PR. SITES: MAPA DO TERCEIRO SETOR – http://www.mapa.org.br/busca.aspx?tipo=1&uf=%c2%9d%c2%a6 SITE AJUDA BRASIL – http://www.ajudabrasil.org/6.372.html RELAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES MAPEADAS – ESTADO DO PARANÁ - http://www.jcf.pop.com.br/ciea/instmape.htm

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ROTEIRO DE ENTREVISTAS PROJETO DE PESQUISA:

CONSTRUÇÃO SOCIAL DA AGRICULTURA ECOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL

Responsável: Alfio Brandenburg – Universidade Federal do Paraná Departamento de Ciências Sociais

Pesquisadora: Aline Marilia Schneider

Nome:......................................................................................................................... 01. Desde quando o Sr(a) é associado à AOPA? 02. Existe cooperação e/ou algum tipo de troca de experiências entre os agricultores ecológicos associados a AOPA?

- Que tipo de questões são tratadas? - Além da agroecologia, são trocadas “idéias” acerca de assuntos relacionados à preservação ambiental? - Também há troca de experiências com os demais agricultores?

03. O Sr.(a) participa de outras associações/ instituições?

- Quais? - Como é a sua participação? (Ex: freqüentando reuniões, sendo membro da diretoria ou membro associado, etc) - Antes de se tornar membro da AOPA o Sr.(a) já participava ?

04. Além da agroecologia a AOPA promove algum tipo de orientação que considere o meio ambiente?

- Quais os temas abordados? 05. O Sr.(a) acha que a agroecologia possibilita uma mudança na maneira que os agricultores ecológicos vêem a natureza?

- Que tipo de mudança? - O Sr(a) considera ser essa a orientação da AOPA?

06. O que o Sr.(a) acha das políticas de preservação ambiental, como no caso daquelas que obrigam o proprietário rural a preservar áreas de vegetação nativa, beiras de rios e nascentes, e fiscalizam a extração de madeira? Ex: SISLEG – É o sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente. É um decreto do estado do Paraná, instituído em 1999, que tem como objetivo preservar as áreas de vegetação nativa, beira de rios e nascentes, proteção dos mananciais de água, recomposição da mata ciliar, fiscalização na extração de madeira. O SISLEG exige a criação da Reserva Legal que é a preservação de 20% da propriedade rural com vegetação nativa. Por exemplo: se a propriedade tem 100 hectares, pelo menos 20 hectares têm que ser de vegetação nativa. 07. O Sr.(a) pratica algum tipo de ação a favor ou contra estas políticas de preservação ambiental?

- Quais?