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Amostragem em Saúde Pública: uma perspectiva médica Raquel B. De Boni, MD, PhD INI Evandro Chagas- FIOCRUZ ESAMP 2017- Cuiabá

Amostragem em Saúde Pública: uma perspectiva médica · Saúde Pública hoje •Detectar, gerar soluções e avaliar as ... –Variáveis explicativas individuais •idade, sexo,

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Amostragem em Saúde Pública: uma perspectiva médica

Raquel B. De Boni, MD, PhD

INI Evandro Chagas- FIOCRUZ

ESAMP 2017- Cuiabá

Médicos e estatísticos falam línguas diferentes

• Ensaios Clínicos Randomizados são o Padrão-Ouro da pesquisa clinica

•Na Série Lancet de 2002•1 artigo sobre estudos descritivos•1 artigo sobre coorte•1 artigo sobre caso-controle•5 artigos sobre ensaios clínicos

Uma limitação de qualquer ECR

voluntáriospreviamente triados

• “Os dados não podem ser generalizados/ a validade externa é limitada”

=• A amostra não é probabilística

Apesar disso...

• Organização Mundial da Saúde (OMS), 1948:

“ Saúde é um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de

enfermidades”.

• No Brasil: transição epidemiológica– Coexistem as doenças infecciosas e as doenças

crônicas não transmissíveis/morte por causas externas

Institute for Health Metrics and Evaluationhttp://www.healthdata.org/brazil

BRASIL

BRASIL

Institute for Health Metrics and Evaluationhttp://www.healthdata.org/brazil

BRASIL

IHME. http://www.healthdata.org/brazil

IHME. http://www.healthdata.org

IHME.http://www.healthdata.org

IHME.http://www.healthdata.org

BRASIL

IHME.http://www.healthdata.org

Saúde Pública hoje

• Detectar, gerar soluções e avaliar as estratégias utilizadas para controlar agravos cujas causas, história natural e desfechos podem ser completamente diferentes

Saúde Pública hoje

• Detectar, gerar soluções e avaliar as estratégias utilizadas para controlar agravos cujas causas, história natural e desfechos podem ser completamente diferentes

Exemplo 1: Estimar a prevalência do uso de álcool e outras

substâncias no município do Rio de Janeiro

Inquérito domiciliar sobre o uso de álcool e drogas e determinantes

sociais de saúde no Rio de Janeiro

Bastos FIPM, De Boni RB, Vasconcellos MTL, Silva DBN, Silva PLN, Ferreira SG, Reis NB

Financiamento: FAPERJ, CNPq

• OBJETIVO GERAL

– Estimar a associação entre os padrões de consumo de álcool e outras substâncias com variáveis de natureza individual e contextual.

Inquérito domiciliar sobre o uso de álcool e drogas e determinantes

sociais de saúde no Rio de Janeiro

– Estimar a associação • modelos para estimar Odds Ratios ajustados

– Padrões de consumo (outcomes)• uso, abuso e dependência

– Variáveis explicativas individuais• idade, sexo, escolaridade, religião, idade do primeiro consumo,

comorbidades clinicas e psiquiátricas

– Variáveis explicativas contextuais • áreas geográficas com condições socioeconômicas e de urbanização

semelhantes

Amostra

1. População de pesquisa foi estratificada em dez estratos geográficos homogêneos – Estratos oriundos de análise fatorial e análise de

grupamento, utilizando os dados do censo 2010, agregados por setor censitário.• De 33 variáveis iniciais foram selecionadas as 11 variáveis que

explicavam 75% da variância total (“número médio de moradores em domicílios particulares permanentes” (DPP), “rendimento mensal de morador de 10 anos ou mais”, “proporção de DPP alugados”, “proporção de DPP com energia elétrica fornecida por distribuidora e medidor exclusivo”, “proporção de pessoas de 5 anos ou mais alfabetizadas”, “proporção de pessoas de raça/cor branca”, “proporção de menores de 12 anos”, “proporção de DPP sem calçada”, “proporção de DPP sem bueiro/boca de lobo”, “proporção de DPP com arborização”)

Estratos de seleção

Amostra

• Tamanho de amostra– idêntico ao LNUD (n=3130 entrevistas)

• Alocação do tamanho da amostra nos 10 estratos– alocação potencia (3/4 da população residente)

• Em cada estrato– setores selecionados por PPT sistemático após ordenação

por renda

• Em cada setor– 10 domicílios (amostragem inversa)

• Em cada domicílio– 1 pessoa de 12 -65 anos selecionada por

equiprobabilidade

Saúde Pública hoje

• Detectar, gerar soluções e avaliar as estratégias utilizadas para controlar agravos cujas causas, história natural e desfechos podem ser completamente diferentes

Exemplo 2: Gerar soluções para prevenir doenças

infecciosas

UNAIDS 90-90-90

0,6 0,7 0,4

5,95

14,2

4,9

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Total 15-49(2013)

Male 15-49(2013)

Female 15-49 (2013)

IDU 18+(2011)

PU crack18+ (2013)

Gay/otherMSM 18+

(2010)

FCSW 18+(2009)

HIV no Brasil

•<50% HSH fizeram teste de HIV na vida

Brazilian MoH ( 2016),Relatorio de Monitoramento Clinico do HIV ; UNAIDS(2016), Prevention GAP report; Kerr et al.(2013) AIDS

E-testing para HIV para homens que fazem sexo com homens em Curitiba: um estudo de viabilidade

• 1 de 4 componentes do programa "A Hora é Agora“

– FIOCRUZ, SMS Curitiba, Dpto de AIDS, DST e Hepatites Virais do MS, CDC Brasil, CDC Atlanta

• Desenvolver, implementar e avaliar a factibilidade de uma intervenção via web que

Promove a prevenção do HIVFornece HIVST anonimamente e sem custoPromove a ligação com o cuidado

Para HSH de Curitiba, ≥ 18 anos e com status HIV negativo/desconhecido

E-testing

HIVST= Autotestagem para HIV (é considerada um teste de triagem) Permite o acesso a testagem entre populações estigmatizadas garantir confidencialidade

Método

ETAPA 1: Websurvey para avaliar aceitabilidade da autotestagem entre HSH de Curitiba

ETAPA 2: desenvolvimento e implementação da plataforma para distribuição dos kits

ETAPA 3: estudo de viabilidade da plataforma de e-testing

Plataforma/Website/app

•www.ahoraeagora.org

•Disponível para computadores. smartphones e iPads

•Site em quatro módulos• Informações Gerais acesso irrestrito• Sistema de Entrega de Kits restrito à logística• Sistema de Administração restrito à administração• Monitoramento restrito a pesquisadores

•Sistema para garantir a segurança da informação

Autoteste• HIVST kits

•2 kits Fluido oral (OraQuick).

Site e distribuição de autotestes-Curitiba, 06/02/15 a 28/02/17

101.104

• Visitas ao site• 23.878 visitantes (Google Analytics)

14.295• Questionários iniciados

8.804• Preenchiam os critérios de inclusão

7.480• Solicitações iniciadas

4.793• Solicitações entregues (7.006 testes)

Teste de HIV na vida

62,5

37,5

Teste prévio de HIV na vida

Sim Não

N=8804

Resultados HIVST

• Indivíduos que solicitaram HIVST foram convidados a retornar seus resultados, pelo site ou por correio pré-pago

1 A prevalencia de HIV não pode ser estimada devido a possibilidade de duplicatas

Resultado1

Site (A) Correio (B) Total

(A+B)

Total 770 104 874

Não reagente 724 100 824

Reagente 32 4 36

Indeterminado 14 0 14

18.2% resultadosinformados (n=874/4793

solicitações entregues)

No COA: 64 indivíduos referiram estar fazendo confirmatório após

o e-testing 55 positivos

Desafios

• Intervenções que utilizam internet/redes sociais tem um grande potencial para saúde pública

• Como vamos avaliar o impacto dessas intervenções?

– Como avaliar o impacto da autotestagem na prevenção e tratamento do HIV?

• Parâmetros populacionais para indicar efetividade da autotestagem?

– % HSH testados? Qual o tamanho desta população?

– Incidência de AIDS/ ou de HIV?

Obrigada!

http://www.ias.org.uk/resources/publications/alcoholalert/alert200003/al200003_p16.html

“ I want science to be used for the public good and I am

happy sometimes to be a player in that endeavour provided that none of us

accidentally compromises the integrity of science.”

Professor James Griffith Edwards(1928-2012)