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ANA LUCIA COSTA BITTENCOURT SANDRA MARIA VASCONCELOS DE SOUSA VANIA MARISA DIAS DE MIRANDA ACESSIBILIDADE EM CALÇADAS: MODELO PARA VERIFICAÇÃO EM PROJETOS BÁSICOS DE EDITAIS DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS MONOGRAFIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO RIO DE JANEIRO NOVEMBRO DE 2008

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ANA LUCIA COSTA BITTENCOURT SANDRA MARIA VASCONCELOS DE SOUSA VANIA MARISA DIAS DE MIRANDA ACESSIBILIDADE EM CALÇADAS: MODELO PARA VERIFICAÇÃO EM PROJETOS BÁSICOS DE EDITAIS DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS MONOGRAFIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO RIO DE JANEIRO NOVEMBRO DE 2008

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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Curso de Especialização em Auditoria de Obras Públicas

Acessibilidade em calçadas: modelo para verificação em projetos básicos de editais de obras e serviços de

engenharia pelos Tribunais de Contas

Ana Lucia Costa Bittencourt Sandra Maria Vasconcelos de Sousa

Vania Marisa Dias de Miranda

Orientador: Jean Marcel de Faria Novo

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Ana Lucia Costa Bittencourt Sandra Maria Vasconcelos de Sousa

Vania Marisa Dias de Miranda

Acessibilidade em calçadas: modelo para verificação em projetos básicos de editais de obras e serviços de

engenharia pelos Tribunais de Contas

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Auditoria de Obras Públicas da PUC-Rio, em convênio com a Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Jean Marcel de Faria Novo Orientador, TCE-RJ

Marconi Canuto Brasil TCE-RJ

Celso Romanel PUC-Rio

Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2008.

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Agradecimentos

A Deus,

pelo auxílio em todos os momentos e pela possibilidade de contribuir com

a disseminação de tema tão relevante.

Aos amados familiares, pelo amor, apoio, paciência e incentivo.

Ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e a Escola de Contas e

Gestão, pela oportunidade na aquisição de novos conhecimentos.

Ao nosso amigo Marconi Canuto Brasil, pela paciência em ouvir e alegria

em prestar auxílio especializado, o qual foi indispensável para que este trabalho

fosse realizado.

Ao Jean Marcel pela orientação e incentivo.

Aos colegas do TCE-RJ pela contribuição ao responderem ao questionário

formulado no desenvolvimento deste trabalho, e, em especial, aos queridos

Carlos Alberto, José Luiz, Cláudio Murta, João Carlos e demais colegas da SSO,

pelo apoio e paciência.

Aos queridos Alexandre e Priscila, do Instituto Brasileiro dos Direitos da

Pessoa com Deficiência, pela atenção e informações disponibilizadas.

Aos colegas da Biblioteca Ministro Ivan Lins, que contribuíram durante todo

o andamento deste trabalho, disponibilizando publicações e informações.

Nosso sincero agradecimento!

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Resumo

A cidade deve possibilitar a todos os seus habitantes, de forma segura e autônoma, o lazer, a moradia, o acesso aos serviços públicos e a circulação nas vias, garantindo, inclusive, a acessibilidade às pessoas com deficiência, a qual deve ser plenamente observada por força do Decreto Federal nº 5.296/2004. Neste contexto, o presente trabalho aponta a necessidade da inserção da questão da acessibilidade na análise de projetos básicos, pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), nos editais por concorrência pública de obras e serviços de engenharia, especificamente, em calçadas, requisito básico para a circulação na cidade. Por meio de pesquisa bibliográfica e documental, este trabalho apresenta a conceituação relativa aos elementos urbanos e à Administração Pública, oferecendo, ao final, um modelo para a verificação da acessibilidade em calçadas, objetivando contribuir para a promoção da acessibilidade e para que os projetos e a prestação dos serviços públicos sejam realizados de forma legal, legítima, econômica e com igualdade a todos os cidadãos.

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Abstract

Cities must provide to all its inhabitants equitable conditions and opportunities, which include leisure, housing, and access to public services and circulation routes, ensuring inclusively accessibility to people with disabilities (Federal Decree No 5.296/2004 - Brazil). In this context, this work highlights the need of the Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) to fully consider accessibility in the analysis of basic projects in edicts for public works and engineering services, specifically sidewalks, which are a basic requirement for circulation. Based on both literature and documental research, this work presents the concepts concerning urban elements and public administration, and a model for verifying accessibility on sidewalks is thereafter suggested. The aim of this work is to help promote accessibility for every citizen, as well as assure that all projects and provision of public services are carried out legally, legitimately, economically and with equity.

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Sumário

Agradecimentos................................................................................................... 2

Resumo ............................................................................................................... 3

Abstract ............................................................................................................... 4

Lista de figuras .................................................................................................... 7

Lista de tabelas.................................................................................................... 8

Lista de acrônimos............................................................................................... 9

1. Introdução...................................................................................................... 10

1.1. Relevância do tema .................................................................................... 11

1.2. O Problema................................................................................................. 13

1.3. Objetivos da pesquisa................................................................................. 14

1.4. Metodologia da pesquisa ............................................................................ 15

1.5. Delimitação da pesquisa ............................................................................. 15

1.6. Estrutura da pesquisa ................................................................................. 16

2. Referencial Teórico........................................................................................ 17

2.1. Disposições Legais sobre a acessibilidade das pessoas com deficiência.... 17

2.1.1. Legislação Federal .................................................................................................. 19

2.1.1.1. O Decreto Federal nº 5.296/2004 ........................................................................ 20

2.1.2. Legislação do Estado do Rio de Janeiro................................................................. 22

2.1.3. A NBR 9050 ............................................................................................................ 23

2.2. A calçada.................................................................................................... 24

2.3. A calçada e as pessoas com deficiência..................................................... 25

2.4. Desenho Universal...................................................................................... 28

2.5. Acessibilidade............................................................................................. 28

2.5.1. Barreiras .................................................................................................................. 29

2.6. Definições Técnicas.................................................................................... 31

2.6.1 Calçada .................................................................................................................... 31

2.6.2 Circulação................................................................................................................. 34

2.6.3 Pisos......................................................................................................................... 37

2.6.4 Vagas para veículos................................................................................................. 41

2.7. A contratação de Obras Públicas................................................................ 43

2.7.1. Contrato Administrativo ........................................................................................... 43

2.7.1.1. Contrato de Obras Públicas ................................................................................. 43

2.7.2. Licitação .................................................................................................................. 44

2.7.2.1. Edital de Licitação ................................................................................................ 44

2.7.2.2. Projeto Básico ...................................................................................................... 45

2.7.2.3. Projeto Executivo ................................................................................................. 47

2.8. O Projeto Básico e a questão da acessibilidade ......................................... 48

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2.9. O controle e a Administração Pública ......................................................... 48

2.9.1. Classificação do Controle........................................................................................ 49

2.9.1.1. Quanto ao tipo...................................................................................................... 49

2.9.1.2. Quanto ao momento............................................................................................. 50

2.10. Os Princípios Constitucionais.................................................................... 51

2.10.1. Os princípios enunciados pelo Artigo 70 da CF/1988........................................... 52

2.10.1.1. Princípio da Legalidade...................................................................................... 52

2.10.1.2. Princípio da Legitimidade................................................................................... 53

2.10.1.3. Princípio da Economicidade............................................................................... 54

2.10.1.4. Princípio da Eficiência ........................................................................................ 55

2.11. O controle exercido pelos Tribunais de Contas......................................... 56

3. Referencial Prático......................................................................................... 58

3.1. O TCE-RJ.................................................................................................... 58

3.1.1. Criação .................................................................................................................... 58

3.1.2. Missão ..................................................................................................................... 58

3.1.3. Competências ......................................................................................................... 59

3.1.4. Setores envolvidos na análise de editais ................................................................ 60

3.2. A SSO......................................................................................................... 62

3.2.1. Criação .................................................................................................................... 62

3.2.2. Competência ........................................................................................................... 62

3.2.3. Estrutura .................................................................................................................. 63

3.2.4. Análise de Editais pela SSO ................................................................................... 63

3.3. Exame do projeto básico pela SSO............................................................. 63

3.4. Entendimento dos Analistas........................................................................ 65

3.5. Modelo proposto ......................................................................................... 67

4. Considerações Finais .................................................................................... 69

5. Referências Bibliográficas.............................................................................. 71

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos Analistas da SSO............................ 77

APÊNDICE B – Modelo proposto....................................................................... 78

ANEXO A – Modelo de análise da SSO............................................................. 79

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Lista de figuras

Figura 1. Componentes da via pública.............................................................................................25

Figura 2. Faixas da calçada.............................................................................................................31

Figura 3. Circulação da calçada.......................................................................................................32

Figura 4. Barreiras urbanas formadas por mobiliário urbano...........................................................32

Figura 5. Um pedestre e uma pessoa em cadeira de rodas ............................................................33

Figura 6. Corte da calçada...............................................................................................................34

Figura 7. Tratamento de desníveis ..................................................................................................34

Figura 8. Rebaixamento de guia......................................................................................................35

Figura 9. Rebaixamento de calçadas...............................................................................................36

Figura 10. Piso cromodiferenciado associado ao piso tátil ..............................................................38

Figura 11. Piso tátil de alerta ...........................................................................................................39

Figura 12. Sinalização tátil de alerta – Modulação do piso ..............................................................40

Figura 13. Sinalização tátil direcional – Modulação do piso.............................................................40

Figura 14. Desenho da grelha..........................................................................................................41

Figura 15. Placa de regulamentação de estacionamento em via pública ........................................42

Figura 16. Espaço adicional de circulação associado à rampa de acesso ......................................42

Figura 17. Organograma do TCE-RJ para análise de Editais.........................................................61

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Lista de tabelas

Tabela 1. Prazos para adequação das edificações. ........................................................................21

Tabela 2. Aspectos analisados no item 1 - Projeto Básico constante do Anexo A ..........................64

Tabela 3. Transcrição das respostas relativas à questão nº 1.........................................................65

Tabela 4. Compilação das respostas relativas à questão nº 2.........................................................66

Tabela 5. Compilação das respostas relativas à questão nº 3.........................................................67

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Lista de acrônimos

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CAE – Coordenadoria de Auditoria de Obras e Serviços de Engenharia

Estadual do TCE-RJ

CAM – Coordenadoria de Auditoria de Obras e Serviços de Engenharia

Municipal do TCE-RJ

CEA – Coordenadoria de Estudos e Análise Técnica do TCE-RJ

CEE – Coordenadoria de Análise de Editais do TCE-RJ

CF/1988 – Constituição Federal de 1988

CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

ECG – Escola de Contas e Gestão do TCE-RJ

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAOP – Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas

MPE – Ministério Público Estadual

NBR – Norma Técnica Brasileira

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

SGE – Secretaria Geral de Controle Externo do TCE-RJ

SINAOP – Simpósio Nacional de Auditoria de Obras Públicas

SSO – Subsecretaria de Auditoria e Controle de Obras e Serviços de

Engenharia do TCE-RJ

TAC – Termo de Ajustamento de Conduta

TCE-RJ – Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

TCU – Tribunal de Contas da União

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1. Introdução

Um dos grandes avanços da sociedade brasileira foi a inclusão, na

Constituição Federal de 1988 (CF/1988), de que a cidade deve cumprir sua

função social, a fim de que todos possam usufruir do lazer, da moradia, dos

serviços públicos e da circulação nas vias, o que denota que deverá haver

planejamento adequado, a fim de que os benefícios da urbanização sejam

oferecidos a todos os seus habitantes.

Neste sentido, a Administração Pública tem como principais desafios fazer

cumprir a função social da cidade e aplicar, de forma eficiente, os recursos

financeiros disponíveis em prol do maior número de beneficiários, sem distinção

de cor, raça, idade, condição física ou psicológica, atendendo ao interesse

público e aos princípios constitucionais.

A Constituição Federal contempla, em seu artigo 1º, dentre seus principais

fundamentos, a cidadania e a dignidade da pessoa humana, tendo como um dos

seus objetivos fundamentais, de acordo com o inciso IV do artigo 3º, promover o

bem de todos, sem preconceitos e quaisquer outras formas de discriminação.

Sendo o cidadão o indivíduo no gozo dos direitos e no desempenho dos

deveres de uma vida em sociedade (FERREIRA, 2004), o pleno exercício da

cidadania e a participação ativa em seu meio devem ser garantidos, não

devendo existir restrições ao direito de ir e vir, nem nas vias de circulação

externa, nem no interior dos locais que se quiser acessar.

No § 2º do artigo 227 da CF/1988 consta a previsão para a criação de lei

que disponha sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de

uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir

acesso adequado às pessoas com deficiência. Esta previsão também é

confirmada pelo artigo 244, que dispõe sobre adaptação dos logradouros, dos

edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo já existentes.

Por esse motivo foram editadas as Leis Federais nos 10.048, de 8.11.2000,

e 10.098, de 19.12.2000, regulamentadas pelo Decreto Federal n° 5.296, de

02.12.2004. Este Decreto inseriu diversas obrigações que devem ser observadas

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por instituições públicas e privadas, para a efetivação do direito assegurado na

Constituição, bem como prazos para cumprimento das mesmas.

A abrangência de aplicabilidade do Decreto Federal encontra-se definida

em seu artigo 2º, o qual determina que estão sujeitos ao cumprimento das suas

disposições, sempre que houver interação com a matéria nele regulamentada, a

aprovação de todos os projetos e obras com destinação pública ou coletiva, seja

de natureza arquitetônica, urbanística, de comunicação e informação ou de

transporte, assim como autorizações, outorgas, concessões, financiamento de

projetos com a utilização de recursos públicos, bem como financiamentos

internacionais de qualquer natureza.

O Decreto determina, ainda, de acordo com seus artigos 10 e 11, que para

a aprovação, licenciamento ou emissão de certificado de conclusão de projeto

arquitetônico ou urbanístico, a construção, reforma ou ampliação de edificações

de uso público ou coletivo, ou a mudança de destinação para estes tipos de

edificações, deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem

acessíveis.

Assim, infere-se que todo o empreendimento público, a ser construído ou

existente, deve atender ao interesse público e à função a que se destina, de

forma adequada. Não há como estar atendendo ao público, sem que todos

possam usufruir o espaço construído, tornando-se necessária a promoção da

acessibilidade, que representa a “Possibilidade e condição de alcance,

percepção e entendimento para utilização com segurança e autonomia de

edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos” (ABNT, 2004,

p.2).

De acordo com o artigo 14 do Decreto Federal nº 5.296/2004, para a

promoção da acessibilidade, deverão ser observadas suas regras gerais,

complementadas pelas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, sendo a

vigente para projetos urbanísticos e de edificações, a norma técnica NBR 9050 –

Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, de

31.05.2004.

1.1. Relevância do tema

A promoção da cidadania, que se materializa, também, por meio da

acessibilidade, não é facultativa, trata-se de uma obrigatoriedade a ser

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observada, por imposição legal, a todos os setores da sociedade, tanto nas

novas construções, públicas ou privadas, como nas reformas, o que se inicia

quando da elaboração dos respectivos projetos.

Cabe ressaltar que a falta de acessibilidade do espaço construído, às

pessoas com deficiência, acelera ainda mais o processo de afastamento de

convívio, fazendo com que a exclusão espacial e a exclusão social tenham o

mesmo significado. Portanto, muitas das limitações e incapacidades de algumas

pessoas se deve à deficiência do espaço construído de abrigar diversidades,

demonstrando que “a deficiência em si não é o fator causador da imobilidade e

sim a falta de adequação do meio” (DUARTE e COHEN, 2004, p. 6).

Neste contexto, os ambientes públicos das cidades apresentam várias

interferências e barreiras arquitetônicas, que tornam impraticável a livre

locomoção, em especial das pessoas com deficiência, as quais se deparam com

obstáculos que acentuam suas limitações, impedem a expressão de suas

habilidades e circulação de maneira segura e independente pelas calçadas e

ruas. Tais barreiras contribuem por desestimular essas pessoas a sair de casa, a

pé ou motorizadas, obrigando-as a ver, segundo Rabelo (2008, p.15), “a vida

passar através das janelas” e privando-as de ir ao encontro do exercício pleno

da cidadania com direito à educação, saúde e trabalho.

Ressalta-se que construir ou tornar os ambientes acessíveis alcançará,

não somente as pessoas com deficiência, mas também pessoas com mobilidade

reduzida, que são aquelas que têm dificuldade de movimentar-se, permanente

ou temporariamente, bem como as pessoas com idade igual ou superior a

sessenta anos, gestantes, lactantes e pessoas com criança de colo.

Mas, como uma obra pública deve contemplar essas pessoas, a fim de que

todos possam exercer sua cidadania? Uma resposta sugerida é: com o devido

planejamento, que se compõe de diversas etapas, dentre as quais destaca-se a

elaboração do projeto básico, elemento obrigatório para licitação, que antecede

a contratação de obras públicas, de acordo com a Lei Federal nº 8.666, de

21.06.1993.

Considerando que os órgãos governamentais, dentro de suas esferas

legais, devem atuar garantindo a promoção da cidadania, direito constitucional

fundamental, do qual a acessibilidade é um de seus instrumentos, destaca-se a

importância da ação dos Órgãos de Controle Externo na promoção da

acessibilidade.

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13

A missão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro que é

“realizar o controle externo, valorizando a efetividade e o planejamento da

gestão pública, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do

Estado do Rio de Janeiro” (TCE-RJ, 2008, p.4), somente poderá ser

desempenhada, em sua plenitude, se estiver voltada para todos os segmentos

da população.

Neste sentido, o TCE-RJ vem atuando, desde o ano de 2001, na análise

dos projetos básicos de editais de concorrência pública na área de obras e

serviços de engenharia, com o objetivo de verificar a legalidade, legitimidade e

economicidade dos atos administrativos dos gestores públicos (Ato Normativo

TCE-RJ nº 58, de 15.03.2001).

Essa análise, realizada antes da execução das obras, que vem sendo

exercida pela Subsecretaria de Auditoria e Controle de Obras e Serviços de

Engenharia (SSO), visa garantir que os aspectos formais, legais e legítimos,

daquela futura contratação, sejam obedecidos, e que os recursos a serem

aplicados tenham sido estimados de forma eficiente.

Assim, é imprescindível que o TCE-RJ, ao realizar a análise dos projetos a

serem licitados, se utilize dos dispositivos legais relativos à questão da

acessibilidade e verifique o cumprimento dos mesmos, de forma a promover a

inclusão das pessoas com deficiência nos espaços físicos, o que contribui,

também, com a inclusão social destas pessoas.

Portanto, resta cristalina a necessidade de criação de modelo para a

verificação da acessibilidade considerando que, além do acima destacado, ao

serem estabelecidos padrões de análise, a organização alcança maior eficiência

e eficácia em suas atividades. Tais padrões e as ações de controle que são

orientadas por manuais, os quais são redigidos pelos próprios analistas do órgão

de controle, tornam-se verdadeiras bases de orientação comum e garantem

maior segurança aos analistas (ALMEIDA, 2007).

1.2. O Problema

O planejamento de uma cidade deve estar voltado ao direito do cidadão

desde o momento que deseja sair de sua casa até alcançar o destino desejado,

de maneira que este possa se transportar, com autonomia, num ambiente

urbano seguro e adequado às possibilidades motoras e sensoriais de todos.

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14

Este transporte pode ser, segundo Rabelo (2008), através de duas

modalidades: a pé, utilizado entre a origem e o embarque, e entre o

desembarque e o destino, e desenvolvido sobre as calçadas da cidade e o

motorizado, desenvolvido nas vias de circulação de veículos, sendo o transporte

a pé o primeiro que possibilita a mobilidade no ambiente urbano, uma vez que o

cidadão dele faz uso assim que deixa sua casa.

Neste contexto, considerando a calçada como requisito básico de

circulação na cidade, o presente trabalho tem como objeto de análise as suas

condições de acessibilidade, visto tratar-se do elemento urbano (ABNT, 1986)

por onde se desenvolve a modalidade de transporte à pé, visando que o

TCE-RJ, quando da análise do projeto básico de novas construções ou

adaptações que contemplem a calçada, verifique, também, a questão da

acessibilidade.

Portanto, o presente trabalho, considerando todo o exposto e a experiência

de seus autores, que são analistas de controle externo do TCE-RJ, na área de

obras e serviços de engenharia, pretende apresentar resposta para a seguinte

questão: Como pode ser verificada, pelo TCE-RJ, a acessibilidade em calçadas,

quando da análise dos projetos básicos dos editais de concorrência de obras e

serviços de engenharia?

1.3. Objetivos da pesquisa

O objetivo final do presente trabalho é oferecer um modelo para verificação

da acessibilidade em calçadas na análise do projeto básico de editais de

concorrência pública relativo a obras e serviços de engenharia.

Todavia, para consecução desse objetivo foi necessário alcançar, também,

os objetivos intermediários a seguir elencados:

• Relatar a trajetória histórica dos direitos das pessoas com deficiência

no Brasil, em face da legislação vigente relacionada à acessibilidade.

• Apresentar a calçada e sua utilização pela pessoa com deficiência

e/ou mobilidade reduzida.

• Relacionar as obrigações constantes do Decreto Federal

nº 5.296/2004 e os itens da NBR 9050/2004, relativos à calçada.

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• Apresentar a relação entre projeto básico e acessibilidade.

• Descrever as competências dos Tribunais de Contas e a estrutura

organizacional do TCE-RJ para análise de editais de concorrência

pública.

• Descrever a atuação da SSO na análise de projetos básicos em

editais de concorrência pública.

• Apresentar o entendimento dos analistas da SSO com relação à

acessibilidade.

1.4. Metodologia da pesquisa

O trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica sobre o tema

em livros, legislações, artigos, dissertações, teses, manuais e documental, em

análises de projetos básicos de editais de licitação por concorrência pública,

relativos a obras e serviços de engenharia, realizadas no TCE-RJ.

A finalidade da pesquisa será exploratória e descritiva (VERGARA, 2006),

considerando que será proposto um modelo específico para análise da

acessibilidade em calçadas, com base no disposto no Decreto Federal

nº 5.296/2004 e na NBR 9050/2004.

1.5. Delimitação da pesquisa

O modelo de análise da acessibilidade ficará restrito ao que dispõe a

legislação federal, especificamente ao Decreto Federal n° 5.296/2004 e à NBR

9050/2004, tendo em vista o maior alcance que estes dispositivos representam.

É imprescindível destacar que o Decreto Federal n° 5.296/2004 aplica-se a

todos os municípios da Federação, mesmo que a legislação municipal existente

não contemple as questões de acessibilidade e que a edição de lei municipal

relativa à questão da acessibilidade será sempre suplementar à legislação

federal ou estadual (CEPAM, 2008), motivo pelo qual o presente trabalho, não

irá contemplar a legislação municipal, limitando-se ao disposto no referido

decreto e na NBR 9050/2004.

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O modelo será aplicado, apenas, à verificação da acessibilidade em

calçadas, considerando seu aspecto arquitetônico e urbanístico, sem contemplar

as travessias nas vias urbanas, bem como a indicação de custos envolvidos e

técnicas de execução.

Cumpre ressaltar que, embora o TCE-RJ tenha criado um setor específico

para realização de trabalhos na área de engenharia no ano de 1997 (Resolução

TCE-RJ nº 206, de 11.12.1997), e iniciado a análise de projeto básico de editais

por concorrência pública no ano de 2001 (Ato Normativo TCE-RJ nº58, de

15.03.2001), este trabalho terá como marco inicial o ano de 2005, quando houve

a ampliação dos referidos trabalhos, a partir da criação da SSO (Resolução

TCE-RJ nº 241, de 15.02.2005).

1.6. Estrutura da pesquisa

No próximo capítulo será apresentado o referencial teórico do presente

trabalho, compreendendo: a legislação relativa à acessibilidade das pessoas

com deficiência e/ou mobilidade reduzida, a conceituação da calçada e a relação

de uso da mesma com estas pessoas, os artigos do Decreto Federal

nº 5.296/2004 e os itens da NBR 9050/2004 relativos à calçada, procedimentos

para a contratação das obras públicas e a definição de projeto básico e controle,

a relação do projeto básico com a acessibilidade, bem como os princípios

constitucionais, no exercício do controle externo, e o papel dos Tribunais de

Contas como órgãos de controle, indispensáveis à fundamentação do tema

abordado.

O terceiro capítulo apresenta o TCE-RJ, desde sua origem até sua

estrutura organizacional atual para análise de editais. Explana, ainda, o

entendimento dos analistas da SSO com relação à questão da acessibilidade e o

modelo proposto para verificação da mesma na análise de projetos básicos. O

quarto capítulo apresenta as considerações finais do trabalho.

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17

2. Referencial Teórico

2.1. Disposições Legais sobre a acessibilidade das pessoas com deficiência

“Justiça só é possível com a promoção da igualdade” Deputada do Estado de São Paulo Célia Leitão,

(Seminário Acessibilidade, 2008)

A igualdade das pessoas com deficiência perante a lei e seus direitos ao

usufruto da cidade passou por um processo histórico, tendo sido inserida quando

da elaboração da CF/1988, a qual se coloca como uma das Constituições mais

avançadas do mundo quanto a essa questão (IBAM, 1998).

Conforme dispõe o inciso I do artigo 3º da CF/1988, o objetivo principal da

República Federativa do Brasil é a construção de uma sociedade livre, justa e

solidária, permitindo o entendimento de que na justiça e na solidariedade se

encontram os pressupostos para se efetivar a igualdade, destacada no caput do

artigo 5º (QUARESMA, 2001).

De acordo com o artigo 5º da CF/1988 todos são iguais perante a lei.

Segundo Botelho (2008) permitir tal igualdade, significa “tratar igualmente os

iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de sua desigualdade” e

este tratamento, segundo Araújo (2007) significa dar aos desiguais o tratamento

diferenciado de que precisam para gozar das mesmas oportunidades dos

demais indivíduos, que se materializa, inclusive, na promoção de acesso a todos

os lugares que estes precisem freqüentar.

Portanto, a igualdade, na medida em que se fundamenta na solidariedade,

pressupõe a adoção de políticas inclusivas, visto que “Sem inclusão é impossível

haver igualdade” (QUARESMA, 2001, p. 5).

Dessa forma, Araújo (2007, p. 26) identifica a acessibilidade como “uma

garantia constitucional do exercício dos direitos à liberdade e à igualdade” e

destaca sua importância na vida das pessoas com deficiência, por oferecer-lhes

condições para o exercício de suas atividades cotidianas com normalidade, de

modo a estarem incluídas na sociedade em que vivem.

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Quaresma afirma (2001, p. 12) que assegurar a eliminação das barreiras

arquitetônicas e obrigar a regulamentação de legislação relacionada à

construção dos logradouros e dos edifícios públicos, bem como da fabricação de

veículos de transporte coletivo, é matéria de fundamental importância para as

pessoas com deficiência, tendo em vista que “o acesso adequado é, após a

preliminar conscientização, o próximo passo para alcançar os demais direitos.”.

Araújo (2007) aponta que as providências adotadas, pelos setores público

e privado, que tiverem por finalidade atribuir um tratamento igualitário às

pessoas com deficiência, dando-lhes condições de circularem de forma livre e

exercerem suas atividades cotidianas com normalidade, estarão de acordo com

a norma constitucional.

Segundo Niess (2003) a inadequação das vias e prédios públicos restringe

o direito de ir e vir e inibe a participação e a integração das pessoas com

deficiência, que, por conseguinte, não podem exercer plenamente sua cidadania

e se vêem afetados em sua dignidade. Assim, as pessoas que não podem

utilizar, por exemplo, parques, ruas e praças, bens de uso comum, têm, na

prática, o seu direito de locomoção violado, decorrente da ação ou da omissão

do poder público.

Cabe ressaltar o que Araújo (2007) aponta com relação ao disposto na

Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, assinada

em março de 2007, que representará, a partir de sua inclusão com equivalência

de emenda constitucional, um considerável avanço para este segmento da

população, pois a mesma modifica o paradigma até então adotado pela

Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmando que não é a pessoa com

deficiência que deve buscar superar suas limitações, e sim a sociedade e o meio

em que ela vive, que devem estar adequados e devidamente acessíveis para

recebê-la.

Neste sentido Sestaro (2008), Conselheiro da Conselho Nacional para

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE), afirmara que, caso

essa Convenção fosse ratificada no Senado, o que ocorreu pela aprovação do

Ato Legislativo nº186, de 09.07.2008, o ambiente sem acessibilidade será

considerado como uma forma de discriminação, condenável do ponto de vista

moral e ético e punível na forma da lei, conforme dispõe seu artigo 2º, a seguir

transcrito (2007):

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19

‘Discriminação por motivo de deficiência’ significa qualquer diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas as formas de discriminação, inclusive a recusa de adaptação razoável.

2.1.1. Legislação Federal

A Lei Federal nº 7.853, de 24.10.1989, a qual foi regulamentada pelo

Decreto Federal nº 3.298/1999, de 20.12.99, estabelece normas gerais que

asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das Pessoas com

Deficiência e sua efetiva integração social e contempla no seu artigo 2º que:

Art. 2º. Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.

No artigo 3º desta mesma lei consta a atuação do Ministério Público

quanto à competência para propor ações públicas em defesa dos direitos das

pessoas com deficiência, conforme transcrição abaixo:

Art. 3º As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência.

No Rio de Janeiro, o Ministério Público Estadual (MPE) tem utilizado o

Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para obrigar os municípios a cumprirem o

que dispõe a legislação vigente, o qual determina as intervenções que o

município deve realizar e estabelece prazos de conclusão para essas

intervenções (MOTA, 2008).

Segundo Mota (2008, p.43) alguns municípios têm firmado os TAC e o

Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro

(CREA-RJ) tem atuado como parceiro do MPE, participando de audiências

públicas, ministrando seminários e desenvolvendo cartilhas para orientação

quanto ao plano de ação dos municípios, bem como na conscientização, “no

sentido de orientar os promotores buscarem o TAC em todos os municípios.”

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20

Os artigos 227, §2º, e 244 da CF/1988 estabelecem a obrigatoriedade da

acessibilidade dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de

transporte coletivo, tendo sido promulgadas, neste sentido, as Leis Federais

nos 10.048, de 8.11.2000, e 10.098, de 19.12.2000.

A Lei Federal n° 10.048 dispõe sobre o benefício da prioridade de

atendimento às pessoas nela especificadas, e a Lei Federal n° 10.098, valoriza a

cidadania e o direito de ir e vir, estabelecendo normas gerais e critérios básicos

para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência física

ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e obstáculos

nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de

edifícios e nos meios de transportes e de comunicação.

A Lei Federal nº 10.098/2000 foi a primeira lei a dispor sobre parâmetros

técnicos de acessibilidade ambiental obrigatórios para arquitetura e urbanismo

em todo o território brasileiro, utilizando expressamente o termo acessibilidade e

a fazer referência, ainda que parcialmente, às normas técnicas de acessibilidade

da ABNT, tendo sido regulamentada pelo Decreto Federal nº 5.296/2004

(DUARTE E COHEN, 2006).

2.1.1.1. O Decreto Federal nº 5.296/2004

A abrangência de aplicabilidade do Decreto Federal nº 5.296/2004

encontra-se definida em seu artigo 2º, o qual determina que estão sujeitos ao

cumprimento das suas disposições, sempre que houver interação com a matéria

nele regulamentada, a aprovação de todos os projetos e obras com destinação

pública ou coletiva, seja de natureza arquitetônica, urbanística, de comunicação

e informação ou de transporte, assim como autorizações, outorgas, concessões,

financiamento de projetos com a utilização de recursos públicos, bem como

financiamentos internacionais de qualquer natureza.

O Decreto determina, de acordo com seus artigos 10 e 11, que para a

aprovação, licenciamento ou emissão de certificado de conclusão de projeto

arquitetônico ou urbanístico, a construção, reforma ou ampliação de edificações

de uso público ou coletivo, ou a mudança de destinação para estes tipos de

edificações, deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem

acessíveis.

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21

De acordo com o § 1º do artigo 11 as entidades de fiscalização das

atividades de Engenharia, Arquitetura e correlatas ao emitir a Anotação de

Responsabilidade Técnica (ART) exigirão a responsabilidade profissional

declarada do atendimento às regras de acessibilidade, previstas nas normas

técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto.

De acordo com tal exigência, o profissional do sistema Conselho Federal

de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA)/CREA, ao preencher a ART,

declarará se atendeu ou não às condições de acessibilidade exigidas no Decreto

Federal nº 5.296/2004 e nas normas da ABNT para os projetos de construção,

reforma de edificações de uso privado multifamiliares, de uso público ou coletivo,

nos espaços urbanos (CEPAM, 2008).

O artigo 13 dispõe que o Decreto deve servir de orientação aos Planos

Diretores Municipais; Planos Diretores de Transporte e Trânsito; Código de

Obras; Lei de Uso e Ocupação de Solo; Lei do Sistema Viário; aos estudos

prévios de impacto de vizinhança; às atividades de fiscalização e sanções e os

mecanismos tributários e financeiros utilizados em caráter compensatório ou de

incentivo (CEPAM, 2008).

O Decreto Federal determina, ainda, conforme estabelecem os § 1º e 2º do

artigo 13 que, para a concessão de alvará de funcionamento ou sua renovação,

para qualquer atividade, bem como para a emissão de carta de “Habite-se” ou

habilitação equivalente e para sua renovação, quando esta tiver sido emitida

anteriormente às exigências de acessibilidade, contidas na legislação específica,

deverá ser observado e certificado o estabelecido no decreto e nas normas

técnicas de acessibilidade da ABNT.

Estabelece, ainda, de acordo com o artigo 24, prazo para adequação das

edificações, conforme Tabela 1, a seguir.

Tabela 1. Prazos para adequação das edificações.

TIPO DE EDIFICAÇÃO PRAZO

A ser construído Imediato Uso público Existente 2 de junho de 2007

A ser construído, ampliado ou reformado Imediato Uso coletivo Existente 2 de dezembro de 2008

Fonte: CEPAM (2008).

A possibilidade de aplicação de sanções administrativas, cíveis e penais,

em face de descumprimento dos dispositivos do Decreto Federal nº 5.296/2004

deverão ser definidas em lei, a ser criada conforme dispõem os artigos 3º e 4º. O

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não estabelecimento prévio de penalidades, pelo Decreto, prejudicou

substancialmente a obrigatoriedade da observância de seus dispositivos, porém

fortaleceu as ações dos Conselhos e organizações não governamentais, por

delegar aos mesmos o poder de fiscalização, conforme dispõe seu artigo 4º

(ARAÚJO, 2007).

2.1.2. Legislação do Estado do Rio de Janeiro

A Constituição do Estado do Rio de Janeiro de 1989 (CERJ) tem sido

considerada a Carta Estadual que maior atenção destinou às pessoas com

deficiência, cabendo ressaltar o inciso VII do artigo 234, que estabelece

diretrizes e normas para o desenvolvimento urbano do Estado, a fim de garantir

livre acesso a edifícios públicos e particulares de freqüência aberta ao público e

a logradouros públicos, mediante eliminação de barreiras arquitetônicas e

ambientais (LIMA, 2006).

De acordo com o artigo 338 da CERJ, é dever do Estado assegurar, às

pessoas portadoras de qualquer deficiência, a plena inserção na vida econômica

e social e o total desenvolvimento de suas potencialidades. O inciso V do

referido artigo estabelece, também, que deverá ser elaborada lei que disponha

sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de

fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado

às pessoas com deficiência.

Embora a prescrição para a elaboração de lei atinente ao inciso V do artigo

338 da CERJ tenha sido em 1989, somente 14 anos depois foi editada a Lei

Estadual nº 4.224, de 25.11.2003, que estabelece normas e critérios para

pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, a qual também impõe, em seu

artigo 5º, que o projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e

privados de uso comunitário observem os parâmetros estabelecidos na NBR

9050/2004.

Dando seguimento ao exposto serão apresentados os procedimentos para

a elaboração das normas técnicas brasileiras, especificamente a NBR

9050/2004.

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2.1.3. A NBR 9050

Segundo Fernandino (2006) a Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) como entidade reconhecidamente competente na elaboração de normas

operacionais de apoio à execução de projetos, tem, também, como objetivo, a

normatização em acessibilidade. Esta normatização visa atender aos preceitos

do desenho universal, estabelecendo requisitos que sejam adotados em

edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, meios de transporte,

de comunicação, para que estes possam ser utilizados por pessoas com

deficiência.

A NBR 9050 – Adequação das Edificações e do Mobiliário Urbano à

Pessoa Deficiente foi a primeira norma técnica brasileira sobre acessibilidade,

tendo sido elaborada em 1985 com a participação de diversos profissionais de

diferentes áreas, em conjunto com pessoas com deficiência (IBAM, 1998).

Segundo Calado (2006) a ABNT instalou uma Comissão de estudos,

juntamente com o apoio e iniciativa do governo do Estado de São Paulo, em

1993, para ampliar o alcance e atualizar a NBR 9050, passando a ser nomeada,

em 1994, como Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência às

edificações e espaço, mobiliário e equipamentos urbanos.

Posteriormente, foi substituída a referida norma, no ano de 2004,

passando a estabelecer critérios e parâmetros técnicos a serem observados

quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações,

mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade

(ABNT, 2004).

Para o estabelecimento desses critérios e parâmetros técnicos foram

consideradas diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente,

com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como: próteses, aparelhos de

apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de

audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades individuais

(CALADO, 2006).

De acordo com o item 1.3.1 da NBR 9050/2004, todos os espaços,

edificações, mobiliário e equipamentos urbanos, que vierem a ser projetados,

construídos, montados ou implantados, bem como as reformas e ampliações de

edificações e equipamentos urbanos, devem atender o que ela estabelece para

serem considerados acessíveis.

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Considerando a importância da disponibilização das normas técnicas de

acessibilidade foi firmado um TAC pelo Ministério Público Federal, no qual foi

reconhecida a necessidade de publicidade e facilitação do acesso, via Internet,

das normas da ABNT de interesse social, em especial, aquelas relacionadas às

pessoas com deficiência, tendo em vista a relevância e o caráter público de que

estas se revestem (LIMA, 2006).

Dentre as normas disponibilizadas, consta a NBR 9050/2004, utilizada

como parâmetro, no presente trabalho, considerando a obrigatoriedade de sua

utilização, conforme estabelece o Decreto Federal nº 5.296/2004.

Após a apresentação da legislação relativa ao tema do presente trabalho,

será explanado, a seguir, a conceituação relativa à calçada, a relação do uso da

mesma com as pessoas com deficiência, bem como os dispositivos do Decreto

Federal nº 5.296/2004 e da NBR 9050/2004 que devem ser observados quando

do planejamento de calçadas.

2.2. A calçada

Segundo Yásigi (2000, p. 31) a calçada é o espaço existente entre o lote

do quarteirão e o meio fio, sendo sua superfície situada, normalmente, a cerca

de 17 centímetros acima do leito carroçável das vias urbanas, destacando que

sua denominação mais correta seria a de “passeio”, embora tenha sido

consagrada como calçada. Informa, também, que a palavra tem origem latina:

“calcatura, ae, ação de calcar, pisar...donde, calcanhar, calçada por sua função

no andar.”

Segundo Mumford1 apud Gondim (2001), a circulação de pedestres

separada do tráfego mais pesado surgiu na planificação de Veneza, ainda na

idade média, cujos canais foram projetados para carregar o tráfego mais rápido e

os bairros projetados para a circulação de pedestres, sem que suas rotas fossem

interrompidas pelos canais e nem estes pela circulação de pedestres.

1 MUMFORD, L., Arquitetura, Construção e Urbanismo. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura Portugal, 1965.

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Atualmente é na calçada que são, em geral, instalados os equipamentos

urbanos, a sinalização da via e seu paisagismo e é nela que se desenvolve o

trânsito de pedestres nas vias urbanas, conforme ilustrado na figura 1, a seguir:

Figura 1. Componentes da via pública

Fonte: MELO, 2005.

2.3. A calçada e as pessoas com deficiência

Segundo Lunaro (2006) a maioria das cidades brasileiras teve suas infra-

estruturas urbanas planejadas para atender a um tipo de pessoa, considerada

como padrão, o que exclui pessoas com deficiência e provoca, diariamente,

grandes dificuldades para que essas pessoas possam se locomover nas ruas,

praças e calçadas, expondo-as ao risco de acidentes e à necessidade de

solicitar auxílio de outras pessoas.

Exercer a cidadania plena envolve, dentre outros aspectos, o direito de ir e

vir com segurança e autonomia. Tal direito só está assegurado na grande

maioria das cidades brasileiras aos cidadãos considerados “normais”, que na

utilização do espaço urbano trata naturalmente as barreiras encontradas ou

sequer as percebe (LUNARO, 2006).

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26

No entanto, para as pessoas que apresentam um diferencial físico,

sensitivo ou mental, o exercício de sua cidadania pode significar uma batalha

constante, considerando que a maioria dos espaços não estão adequados para

a utilização desta parcela da população, que, segundo o Censo Populacional

realizado em 2000, pelo IBGE, alcança 24,5 milhões de brasileiros, cerca de

14,5% da população (IBAM, 2004).

A esse percentual, segundo Rabelo (2008), devem ser acrescidas

categorias de indivíduos que não são conhecidos como deficientes. Dentre

esses indivíduos incluem-se os idosos, que devem ser considerados como

pessoas com deficiências múltiplas, por apresentarem mobilidade reduzida e

baixa capacidade sensitiva, as pessoas excessivamente baixas e

excessivamente altas, gestantes e convalescentes que, temporariamente,

apresentam algum tipo de deficiência, seja de locomoção ou de capacidade

sensitiva.

Além das categorias acima mencionadas, toda pessoa, segundo Lunaro

(2006), em algum momento de sua vida, apresenta algum tipo de limitação em

sua mobilidade, seja quando criança, que necessita da assistência de adultos

para atravessar vias urbanas, visto que não possui maturidade para distinguir

perigos, seja quando adulto quando precise desenvolver tarefas que incluam

carregar volumes, empurrar carrinhos.

Neste sentido, o presente trabalho contempla pessoas com deficiência e

com mobilidade reduzida, cuja conceituação encontra-se definida no §1º do

artigo 5º do Decreto Federal nº 5.296/2004, transcrito a seguir:

§ 1º. Considera-se, para os efeitos deste Decreto:

I - pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas na Lei no 10.690, de 16 de junho de 2003, a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias:

a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;

c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for

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igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores;

d) deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:

1. comunicação;

2. cuidado pessoal;

3. habilidades sociais;

4. utilização dos recursos da comunidade;

5. saúde e segurança;

6. habilidades acadêmicas;

7. lazer; e

8. trabalho;

e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências; e

II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.

§ 2º. O disposto no caput aplica-se, ainda, às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos, gestantes, lactantes e pessoas com criança de colo.

Embora o Decreto Federal nº 5.296/2004 denomine o termo pessoa

portadora de deficiência, o presente trabalho utilizará a denominação pessoa

com deficiência, pois segundo Sassaki (2005) os movimentos mundiais de

pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil, concluíram que essas pessoas

querem ser chamadas de pessoas com deficiência em todos os idiomas. Tal

afirmativa foi ratificada na Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa

com Deficiência (BRASIL, 2007), considerando o disposto no seu artigo 1º,

elencado a seguir:

O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e eqüitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. (grifo nosso)

Neste contexto, o ambiente urbano, deve atender, quando de sua

concepção, simultaneamente todas as pessoas, de forma autônoma, segura e

confortável, adotando soluções que torne sua utilização segura, garantindo,

desta forma a acessibilidade a todos, dentro do que se conceitua Desenho

Universal.

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2.4. Desenho Universal

Segundo Fernandino (2006), o desenho universal é o conceito que atribui

igualdade e justiça ao design de ambientes, permitindo, desta forma, sua

utilização por qualquer pessoa, independente de idade e habilidade, dentro de

um limite possível, sem que sejam necessárias adaptações especiais.

Desta forma, segundo Rabelo (2008), o desenho universal pretende

atender ao indivíduo tomando por base as situações extremas de acessibilidade,

desenhando o espaço urbano livre de barreiras. Neste sentido, o desenho

universal se propõe a atender, na medida do possível, a três princípios básicos:

toda a gama antropométrica de indivíduos, reduzir a quantidade de energia

necessária para utilização de espaços e serviços, e torná-los utilizáveis com

autonomia, sem a necessidade da assistência de outras pessoas.

2.5. Acessibilidade

A NBR 9050/2004 (ABNT, 2004) define acessibilidade como a

“Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a

utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário,

equipamento urbano e elementos”.

Segundo Rabelo (2008), acessibilidade pode ser considerada como a

possibilidade de qualquer pessoa, quaisquer que sejam suas condições mentais

ou físicas, de chegar a algum lugar ou de utilizar informações, serviços, bem

como o espaço urbano, com autonomia e segurança, tanto para o trabalho,

quanto para a saúde ou para a educação, que se constituem nos direitos básicos

da cidadania.

Segundo Silva2 apud Rabelo (2008, p. 18), a acessibilidade é uma questão

de exercício de cidadania:

A cidadania como exercício do acesso à cidade oferece possibilidades de interpretações: pelo lado do acesso ao meio urbano podemos ver a luta pela moradia, serviços urbanos, saúde pública dentre outros; pela ótica das pessoas que lutam por acessibilidade ao meio físico despertamos para as questões das barreiras arquitetônicas e ambientais, que impedem o acesso das pessoas com dificuldade de locomoção aos bens e serviços públicos e de uso público.

2 SILVA, Idari Alves da. Construindo a cidadania – uma análise introdutória sobre o direito à diferença.

Programa de Pós-graduação em História e Movimentos Sociais da Universidade Federal de Uberlândia. 2002.

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Segundo Soares (2004) a acessibilidade é uma característica básica que

denota qualidade. Desta forma deve estar presente, sempre que possível, em

todos os ambientes, pois, por meio dela, a maioria das pessoas alcança e

usufrui, de uma forma independente e natural, o espaço público e privado das

cidades, quer seja em áreas construídas ou em espaços naturais.

Conforme entende Araújo (2007), além de proporcionar a liberdade de

circulação às pessoas com deficiência, permitindo-lhes um acesso livre, seguro e

autônomo, a promoção da acessibilidade significa dar um tratamento igualitário a

essas pessoas, tendo em vista que ao suprir suas necessidades especiais, em

função de suas deficiências, se estaria proporcionando as condições mínimas

necessárias para que possam viver da mesma maneira que as demais pessoas.

2.5.1. Barreiras

Barreira é todo obstáculo que impede ou dificulta a circulação de uma

pessoa, pelo espaço público (LUNARO, 2006).

A NBR 9050/2004 define barreira arquitetônica, urbanística ou ambiental

como qualquer elemento que impeça a aproximação, transferência ou circulação

no espaço, mobiliário ou equipamento urbano, seja este elemento natural,

instalado ou edificado.

Segundo Lunaro (2006) para que a qualidade de vida das pessoas com

deficiência ou com mobilidade reduzida melhore, torna-se necessário que

estejam à sua disposição ambientes planejados, tanto para quem anda pelas

calçadas como para quem se desloca através de outros meios de transporte.

Destaca, ainda, que para garantir a acessibilidade a todos e, em especial,

dessas categorias, os espaços públicos precisam ser projetados eliminando

obstáculos físicos que dificultem a movimentação das pessoas.

De acordo com o Manual do Programa Passeio Livre (SÃO PAULO, 2005),

se um espaço público é acessível a uma pessoa com deficiência, qualquer

cidadão conseguirá usufruí-lo.

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30

Segundo Guimarães3 apud Fernandino (2006), as barreiras ambientais,

apresentam como principal característica o fato de serem invisíveis a quem não

possui deficiência, tendo em vista que se situam num nível de conforto

aparentemente suportável para este grupo de indivíduos, podendo a eles, causar

apenas dificuldades e até mesmo exigir um maior esforço na utilização do

espaço urbano, mas nunca impedi-los ou causar estresse como ocorre a uma

pessoa com deficiência.

Segundo Lunaro (2006, p.12), as barreiras ambientais podem ser do tipo

de transporte, arquitetônica ou urbanística e apresentam as seguintes definições:

• A barreira de transporte constitui-se nos obstáculos que impedem as

pessoas com deficiência, em utilizar com segurança e autonomia os

meios de transportes, tanto públicos quanto privados.

• A barreira arquitetônica se caracteriza por obstáculos existentes em

edifícios públicos ou privados, seja por impedir a circulação por suas

dependências, seja por não sinalizar seus ambientes, ou ainda, por

não proporcionar segurança, através de equipamentos, para utilização

de seus elementos constituintes.

• A barreira urbanística, que ocorre no ambiente urbano, é todo

obstáculo que impede um indivíduo de circular pelas ruas, a pé ou em

veículos, ou ainda, de utilizar um equipamento urbano, sendo, desta

forma, a mais abordada no presente trabalho, considerando que é no

ambiente urbano que se insere a calçada, objeto do presente estudo.

• Este tipo de barreira, segundo Lunaro (2006, p.12), pode ocorrer sob a

forma de calçadas estreitas ou com desníveis e degraus, com

revestimentos inadequados, falta de estacionamento para pessoas

com deficiência, ou mesmo inadequação de mobiliário urbano para

pessoas que utilizam cadeiras de rodas.

3 GUIMARAES, Marcelo Pinto. A Graduação da Acessibilidade Versus a Norma NBR 9050 – 1994. Belo

Horizonte, 1999.

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31

2.6. Definições Técnicas

Serão apresentadas, a seguir, as definições relativas à calçada e aos

elementos que a integram, considerando-se as disposições contidas nos artigos

15, 16 e 25 do Decreto Federal nº 5.296/2004 e os correspondentes itens

constantes da NBR 9050/2004 que contemplam o atendimento dos referidos

artigos.

2.6.1 Calçada

Segundo a NBR 9050 (ABNT, 2004), calçada constitui-se na parte da via,

segregada e em nível diferente, reservada ao trânsito de pedestre e à instalação

de mobiliário urbano, sinalização, vegetação, quando possível.

Segundo Lunaro (2006, p.14), a calçada apresenta três faixas distintas,

conforme Figura 2 a seguir:

1) Faixa de afastamento do meio-fio ou faixa de mobiliário urbano.

2) Faixa de passeio ou faixa livre.

3) Faixa de afastamento das edificações.

Figura 2. Faixas da calçada.

Fonte: <http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias>, acesso em 26.09.2008.

Considerando que na grande maioria das cidades brasileiras, as calçadas

possuem regulamentação própria de construção, de acordo com as leis

municipais, ficando sua fiscalização na esfera municipal, e sua conservação

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transferida aos proprietários dos lotes, Rabelo (2008) destaca que várias

irregularidades são observadas nas calçadas pela inadequação à legislação,

como: acabamento inadequado, inclinação excessiva, descontinuidade na

superfície, ocupação pelo comércio e má conservação.

Rabelo (2008) ressalta, ainda, que o correto planejamento e

dimensionamento de calçada permitirá um padrão adequado de acessibilidade à

calçada, conforme se observa na Figura 3 adiante.

Figura 3. Circulação da calçada

Fonte: CEPAM (2008).

Segundo a NBR 9050/2004 (ABNT, 2004), constitue-se mobiliário urbano

todos os elementos, equipamentos, pequenas construções que possam ser

utilizados ou não, podendo ser implantados em espaços públicos ou privados,

autorizados pelo poder público.

A utilização do mobiliário em calçadas deverá obedecer ao desenho de

faixas, evitando a formação de barreiras urbanísticas nas calçadas, situação

evidenciada na Figura 4.

Figura 4. Barreiras urbanas formadas por mobiliário urbano

Fonte: <http://farm4.static.flickr.com>, acesso em 26.09.2008.

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33

Também deverá ser observado o atendimento ao Decreto Federal

nº5.296/2004, que em seu artigo 16 determina que as características do

desenho e a instalação do mobiliário urbano devem garantir a aproximação

segura e o uso por pessoa portadora de deficiência visual, mental ou auditiva; o

alcance visual e manual para as pessoas portadoras de deficiência física, em

especial àquelas em cadeira de rodas; a circulação livre de barreiras, atendendo

às condições estabelecidas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

Faixa Livre de Circulação é a área, dentro da calçada, destinada

exclusivamente à circulação de pedestres (ABNT, 2004). Conforme estabelece o

item 6.10.4 da NBR 9050/2004, a faixa livre de circulação deve ter largura

mínima recomendável de 1,50 m, sendo o mínimo admissível de 1,20 m. Essa

dimensão possibilita a circulação simultânea de uma pessoa em cadeira de

rodas e um pedestre, conforme se observa pela Figura 5.

Figura 5. Um pedestre e uma pessoa em cadeira de rodas

Fonte: ABNT (2004).

O item 6.10.5 da NBR 9050/2004 dispõe que as faixas livres devem ser

totalmente desobstruídas e isentas de interferências, tais como mobiliário

urbano, vegetação, equipamentos de infra-estrutura urbana aflorados,

rebaixamentos para acesso de veículos, ou qualquer outro tipo de interferência

ou obstáculo que reduza a largura da faixa livre.

Os eventuais obstáculos aéreos, como marquises, faixas e placas de

identificação, vegetação e outros, devem se localizar a uma altura superior a

2,10 m, como mostra a Figura 6.

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34

Figura 6. Corte da calçada

Fonte: CEPAM (2008).

2.6.2 Circulação

No que tange à circulação nas calçadas, deve-se destacar os termos “rota

acessível”, as “rampas” e o “rebaixamento das calçadas”.

Rota acessível é o caminho contínuo, livre de barreiras e sinalizado, que

permite o trânsito de qualquer pessoa de forma segura e autônoma, tanto em

ambientes internos quanto externos. (ABNT, 2004)

No presente trabalho será abordada a rota acessível em ambientes

externos, que pode incorporar, segundo a NBR 9050/2004, calçadas rebaixadas,

faixas para pedestres, estacionamentos, rampas, dentre outros.

Segundo a NBR 9050/2004 (ABNT, 2004) rampa é qualquer superfície que

apresente inclinação superior a 5%. A rampa permite a acessibilidade, entre

pisos de níveis diferentes, de pessoas com mobilidade reduzida ou de

cadeirantes, eliminando a ocorrência de degraus.

De acordo com o item 6.1.4 da NBR 9050/2004, os desníveis de qualquer

natureza devem ser evitados em rotas acessíveis, os quais, sendo inferiores a

5mm, não demandam tratamento especial. Caso os desníveis sejam superiores

a 5mm e até 15mm, os mesmos devem ser tratados em forma de rampa,

conforme Figura 7.

Figura 7. Tratamento de desníveis

Fonte: ABNT (2004).

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35

Para o cálculo da inclinação de rampas, consta no item 6.5.1.1 da NBR

9050 (ABNT,2004) que a inclinação deve ser calculada segundo a seguinte

equação:

c

hI

100×=

onde I é a inclinação, em porcentagem;

h é a altura do desnível;

c é o comprimento da projeção horizontal.

Segundo a NBR 9050/2004 a calçada rebaixada é constituída por uma

rampa com a finalidade de promover a concordância entre a calçada ou o

passeio e o leito carroçável, destacada na Figura 8.

Figura 8. Rebaixamento de guia

Fonte: Cartilha Programa Passeio Livre, Prefeitura da Cidade de São Paulo, 2005.

O item 6.10.11 da NBR 9050/2004 estabelece que, independentemente da

existência de faixa de travessia de pedestres ou de semáforo, as calçadas

devem ser rebaixadas, na direção do fluxo de pedestres, junto às travessias, não

devendo haver desnível entre o término do rebaixamento da calçada e o leito

carroçável, e a inclinação desses rebaixamentos deve ser menor ou igual a

8,33%.

Segundo o item 6.10.11.4 da referida Norma a largura dos rebaixamentos

de calçada deve ser igual à largura das faixas de travessia de pedestres, quando

o fluxo de pedestres calculado ou estimado for superior a 25 pedestres/min/m

(25 pedestres por minuto, em ambos os sentidos, a cada metro de largura. –

item 6.10.8). Em fluxos menores ou iguais a 25 pedestres/min/m, o item

6.10.11.5 dispõe que havendo interferência que impeça o rebaixamento da

calçada, em toda a extensão da faixa de travessia, admite-se rebaixamento da

calçada em largura inferior, até um limite mínimo de 1,20 m de largura de rampa.

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Quando a faixa de pedestre estiver alinhada com a calçada da via

transversal, poderá ser efetuado o rebaixamento total da calçada da esquina, de

acordo com o item 6.10.11.6 da Norma.

O item 6.10.11.9 da NBR 9050 (ABNT, 2004) estabelece que deve ser

garantida uma faixa livre no passeio, de no mínimo 0,80 m, sendo recomendável

1,20 m, além do espaço ocupado pelo rebaixamento, conforme se observa na

Figura 9 – Rebaixamento A.

A Figura 9 ilustra os exemplos de rebaixamentos de calçadas, conforme

estabelecido nos itens supracitados.

Rebaixamento A

Figura 9. Rebaixamento de calçadas

Fonte: ABNT (2004).

Rebaixamento B

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Rebaixamento C

2.6.3 Pisos

Segundo Ferreira (2004), piso é o terreno onde se anda que pode estar ou

não revestido com material e forma apropriados para o tráfego a que se destina.

Conforme dispõe o item 6.1.1 da NBR 9050/2004, os pisos devem ter

superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob qualquer condição, que

não provoque trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de rodas ou

carrinhos de bebê), sendo as inclinações máximas para pisos externos:

transversal de 3% (item 6.10.1) e longitudinal de 8,33% (item 6.10.2).

Segundo Turaud4 apud Barros (2001) a regularidade superficial de um piso

está relacionada, principalmente, com os desníveis, saliências e irregularidades

discretas que possam ocorrer de um ambiente a outro ou em um mesmo

ambiente.

Superfície antiderrapante em calçadas pode ser considerada como aquela

que evita a queda de pedestres por escorregões, especialmente quando

molhadas (Rabelo, 2008).

Segundo a NBR 9050/2004 (ABNT, 2004) piso cromodiferenciado se

caracteriza pela utilização de contrates às demais áreas através de cores, tendo

como objetivo constituir uma guia de balisamento, de maneira a permitir a

complementação de informação visual ou tátil a deficientes visuais. Neste caso

4 TURAUD, Jean. Construction du Bâtiment. 3. ed. Paris : Editions du Moniteur, 1984.

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este piso será utilizado em conjugação ao piso tátil, conforme disposto na Figura

10.

Figura 10. Piso cromodiferenciado associado ao piso tátil

Fonte: <http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias>, acesso em 26.09.2008.

Segundo o Manual do Programa Passeio Livre (SÃO PAULO, 2005), uma

das maiores dificuldades para uma pessoa com deficiência visual é se locomover

de forma independente, pois a mesma utiliza para isto as informações

disponíveis, captadas por meio do uso das percepções táteis, sendo feita

também pela bengala e pelos pés.

Neste sentido, segundo Barros (2001, p. 28), conforto tátil refere-se à

sensação que se tem ao tocar um determinado revestimento, identificando “se o

mesmo é áspero ou liso, ‘frio’ ou ‘quente’, úmido, seco ou molhado”.

Para atendimento ao inciso III do artigo 15 do Decreto Federal 5.296/2004,

a NBR 9050/2004 determina em seu item 5.14 que a sinalização tátil no piso

pode ser do tipo de alerta ou direcional, devendo ter cor contrastante com a do

piso adjacente, conforme Figura 11, a seguir.

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39

Figura 11. Piso tátil de alerta

Fonte: <http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias>, acesso em 26.09.2008.

De acordo com a NBR 9050/2004, os pisos tátil de alerta e direcional

deverão ser utilizados nas condições e características a seguir descritas.

Segundo o Manual do Programa Passeio Livre (SÃO PAULO, 2005), piso

tátil de alerta é um recurso auxiliar à pessoas portadoras de deficiência visual

quanto ao seu posicionamento na calçada.

O item 6.1.2 da NBR 9050/2004 determina que o piso tátil de alerta deve

ser utilizado para sinalizar situações que envolvam risco de segurança. Como

exemplos de situações com risco de segurança, a NBR 9050/2004 aponta: os

rebaixamentos de calçadas, as plataformas de embarque e desembarque ou

pontos de ônibus, o início e término de escadas e rampas, em frente à porta de

elevadores, sob o mobiliário urbano suspenso entre 0,60m e 2,10m e ao longo

de toda a extensão de desníveis e vãos que possam oferecer risco de queda às

pessoas.

O piso tátil de alerta deve ser cromodiferenciado ou estar associado à faixa

de cor contrastante com o piso adjacente. A textura da sinalização tátil de alerta

consiste em um conjunto de relevos tronco-cônicos, cuja modulação deve

garantir a continuidade de textura e o padrão de informação, conforme mostra a

Figura 12.

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Figura 12. Sinalização tátil de alerta – Modulação do piso

Fonte: ABNT, 2004 (NBR 9050/2004).

Segundo o Manual do Programa Passeio Livre (SÃO PAULO, 2005), piso

tátil direcional indica o caminho a ser percorrido. Neste sentido o piso tátil

direcional, segundo o item 6.1.3 da NBR 9050/2004, deve ser utilizado quando

da ausência ou descontinuidade de linha-guia identificável, como guia de

caminhamento, ou quando houver caminhos preferenciais de circulação. Deve

ser instalado no sentido do deslocamento, regularmente disposto e ser

cromodiferenciado em relação ao piso adjacente. Sua textura deve ser

constituída de relevos lineares, de seção trapezoidal, conforme figura 13.

Figura 13. Sinalização tátil direcional – Modulação do piso

Fonte: ABNT, 2004 (NBR 9050/2004).

No item 6.1.5 da NBR 9050/2004 consta a exigência de que as grelhas e

juntas de dilatação devem estar, preferencialmente, fora do fluxo principal de

circulação e que a localização das mesmas deverá ser transversalmente em

rotas acessíveis, conforme Figura 14.

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Figura 14. Desenho da grelha

Fonte: ABNT (2004).

2.6.4 Vagas para veículos

O número de vagas para estacionamento de veículos que conduzam ou

sejam conduzidos por pessoas com deficiência, é estabelecido pelo item 6.12.3

da NBR 9050/2004 que apresenta as seguintes previsões: até 10 vagas,

nenhuma reserva; de 11 a 100 vagas, 1 vaga reservada e acima de 100 vagas,

1% das vagas reservadas. O item 6.12.3.1 da referida Norma, estabelece, ainda,

que as vagas nas vias públicas devem ser reservadas e estabelecidas conforme

critérios do órgão de trânsito com jurisdição sobre a via, respeitado o Código de

Trânsito Brasileiro.

No artigo 25 do Decreto Federal nº 5.296/2004 há prescrição diferente da

Norma NBR 9050/2004, quanto ao número de vagas reservadas nos

estacionamentos externos ou internos, pois prevê 2% (dois por cento) do total de

vagas para veículos que transportem pessoa com deficiência física ou visual,

sendo assegurada, no mínimo, uma vaga, em locais próximos à entrada principal

ou ao elevador, de fácil acesso à circulação de pedestres.

As especificações técnicas de desenho e traçado das vagas deverão estar

de acordo com o estabelecido nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

No modelo oferecido, constante do Apêndice B deste trabalho, será utilizado

esse parâmetro, por ser mais restritivo.

Para a sinalização vertical a alínea “c” do item 6.12.1, da NBR 9050/2004,

estabelece que as vagas em via pública devem apresentar placa com a

simbologia e dimensões, conforme a Figura 15 a seguir.

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Figura 15. Placa de regulamentação de estacionamento em via pública Fonte: ABNT, 2004 (NBR 9050/2004).

Quanto à sinalização horizontal, a mesma deve ser feita através do

símbolo internacional de acesso, que é pintado na área a ser ocupada pelo

veículo, sendo centralizada sobre o eixo longitudinal da vaga, conforme prevê a

alínea “a” do item 6.12.1 da NBR 9050/2004, e é ilustrado pela Figura 16, a

seguir reproduzida.

Figura 16. Espaço adicional de circulação associado à rampa de acesso

Fonte: ABNT (2004).

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O item 6.12.1 alínea “b” prevê, também, a necessidade de um espaço

adicional de circulação, com no mínimo 1,20 m de largura, quando a vaga for

afastada da faixa de travessia de pedestres, podendo ser esse espaço

compartilhado por duas vagas, no caso de estacionamento paralelo, ou

perpendicular ao meio fio, não sendo recomendável o compartilhamento em

estacionamentos oblíquos, conforme apresentado na Figura 16.

Visando a garantia de acessibilidade, os espaços adicionais para

circulação de cadeira de rodas devem estar associados à rampa de acesso à

calçada, conforme dispõe a alínea “d” do mesmo item 6.12.1, além das vagas

deverem estar vinculadas à rota acessível, para que haja interligação destas aos

pólos de atração, conforme prevê a alínea “e” do item 6.12.1.

2.7. A contratação de Obras Públicas

O contrato pode ser definido, conforme apresenta Meirelles (2007, p. 211),

segundo sua idéia geral, ou seja, tanto para a esfera pública quanto para a

esfera privada, como “todo acordo de vontades, firmado livremente pelas partes,

para criar obrigações e direitos recíprocos.” Na Administração Pública a

instituição do contrato adquire características próprias, que o qualificam na

espécie contrato administrativo, sendo o mesmo regulamentado pela Lei Federal

nº 8.666/93, de 21.06.1993.

2.7.1. Contrato Administrativo

Contrato administrativo é conceituado por Meirelles (2007, p. 212) como “o

ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particular

ou outra entidade administrativa para consecução de objetivos de interesse

público, nas condições estabelecidas pela própria Administração.”

2.7.1.1. Contrato de Obras Públicas

A Lei Federal nº 8.666/1993, em seu artigo 6º, inciso I, define obra pública

como “toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação,

realizada por execução direta ou indireta”; logo, o contrato de obras públicas é

todo ajuste administrativo que tenha por objeto uma das atividades descritas.

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Segundo a classificação de Meirelles (2007, p. 254), as obras públicas

podem ser distribuídas nas seguintes quatro modalidades de empreendimento:

• equipamento urbano (ruas, túneis, viadutos, praças, calçamentos,

estádios, redes de energia elétrica etc.);

• equipamento administrativo (instalações e aparelhamentos para o

serviço administrativo);

• empreendimentos de utilidade pública (construções de uso coletivo

tais como: ferrovias, rodovias, aeroportos, represas, e usinas

hidrelétricas) e

• edifícios públicos (repartições públicas, escolas, hospitais, presídios

etc.).

2.7.2. Licitação

A CF/1988, em seu artigo 37, inciso III determina a obrigatoriedade da

licitação para todas as aquisições de bens e contratações de serviços e obras,

realizados pela Administração Pública no exercício de suas funções. Este artigo

foi regulamentado pela Lei nº 8.666/1993.

Para Meirelles (2007, p. 272-273) “licitação é o procedimento

administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta

mais vantajosa para o contrato de seu interesse.”

Conforme assinala Di Pietro (2006, p. 349) a licitação equivale a uma

oferta dirigida à toda coletividade de pessoas, que por preencherem os requisitos

constantes do edital, apresentarão suas propostas, o que corresponderá à

aceitação das condições estabelecidas pela Administração, cabendo a esta

escolher a que for mais conveniente para resguardar o interesse público.

2.7.2.1. Edital de Licitação

Barros (2005, p. 16) define edital como “o instrumento através do qual a

Administração torna público seu interesse em realizar uma contratação”, fixando

suas condições e convocando os interessados.

O edital é o documento através do qual a Administração estabelece todas

as condições da licitação que será realizada e divulga todas as características do

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45

bem ou serviço que será adquirido. Quanto a essa afirmativa Di Pietro (2006,

p. 349) acrescenta que o edital contém também “as normas a serem observadas

no contrato que se tem em vista celebrar;” e que por isso o edital é considerado

a lei da licitação e, conseqüentemente, a lei do contrato.

A licitação pode ocorrer em cinco diferentes formas de modalidades

(concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão), de acordo com o

disposto no artigo 22 da Lei Federal nº 8.666/1993, as quais são determinadas

em função de limites econômicos, conforme seu artigo 23, tendo em vista o valor

estimado da contratação, o qual, para o caso de concorrência, deve ser superior

a R$ 1.500.000,00.

Considerando que as Deliberações TCE-RJ nº244 e nº245, ambas de

18.12.2007, dispõem sobre a obrigatoriedade de envio ao TCE-RJ, por parte dos

jurisdicionados, de todos os editais na modalidade concorrência pública, a fim de

que os mesmos sejam analisados antes da licitação, este trabalho abordará

apenas esta modalidade de licitação.

2.7.2.2. Projeto Básico

Para a caracterização do objeto de obras e serviços de engenharia a Lei

Federal nº 8.666/1993, estabelece como requisito obrigatório, no parágrafo 2º do

artigo 7º, a elaboração de projeto básico. Este, por sua vez, foi definido no inciso

IX do artigo 6º do mesmo estatuto, conforme transcrição a seguir:

IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução [...]

Visando uniformizar o entendimento quanto à definição de projeto básico,

prescrito na referida Lei nº 8.666/1993 e em outras leis e normas pertinentes, o

Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (IBRAOP) editou uma

Orientação Técnica, OT – IBR 001/2006, específica sobre o assunto (IBRAOP,

2008).

Releva acrescentar que, essa OT – IBR 001/2006 foi aprovada como uma

das Moções estabelecidas no 6º Congresso Nacional de Profissionais (CNP),

realizado em outubro de 2007, em Brasília, conforme relata a Carta de Brasília

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(2007), do qual participaram profissionais da engenharia, arquitetura, agronomia,

geologia, geografia e meteorologia, circunscritos pelo Conselho Federal de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA).

Considerando-se a atualidade e a especificidade desse documento, será

apresentada a conceituação de projeto básico, bem como de alguns de seus

elementos, conforme redação da Moção M-02, cujo título é “Recomendar a

divulgação e a adoção nacional da OT – IBR 001/2006 na elaboração de

projetos destinados à licitação e contratação de obras.”

De acordo com a OT – IBR 001/2006 o projeto básico apresenta a seguinte

definição (IBRAOP, 2008) :

Projeto Básico é o conjunto de desenhos, memoriais descritivos, especificações técnicas, orçamento, cronograma e demais elementos técnicos necessários e suficientes à precisa caracterização da obra a ser executada, atendendo às Normas Técnicas e à legislação vigente, elaborado com base em estudos anteriores que assegurem a viabilidade e o adequado tratamento ambiental do empreendimento.

Deve estabelecer com precisão, através de seus elementos constitutivos, todas as características, dimensões, especificações, e as quantidades de serviços e de materiais, custos e tempo necessários para execução da obra, de forma a evitar alterações e adequações durante a elaboração do projeto executivo e realização das obras.

Todos os elementos que compõem o Projeto Básico devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado, sendo indispensável o registro da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica, identificação do autor e sua assinatura em cada uma das peças gráficas e documentos produzidos.

Os desenhos são a representação gráfica do objeto a ser licitado,

elaborada de forma “a permitir sua visualização em escala adequada,

demonstrando formas, dimensões, funcionamento e especificações,

perfeitamente definida em plantas, cortes, elevações, esquemas e detalhes,

obedecendo às normas técnicas pertinentes.” (IBRAOP, 2008).

O memorial descritivo integra o projeto básico, atendendo, de certa forma,

as alíneas “c” e “d” do inciso IX do artigo 6º, da Lei Federal nº 8.666/1993.

Conforme definição da OT – IBR 001/2006, o memorial descritivo

complementa as informações contidas nos desenhos, através de uma “descrição

detalhada do objeto projetado, onde são apresentadas as soluções técnicas

adotadas, bem como suas justificativas, necessárias ao pleno entendimento do

projeto”.

A especificação técnica é o texto onde são fixadas todas as regras e

condições que devem ser seguidas para a execução da obra ou serviço de

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engenharia, caracterizando cada um dos “materiais, equipamentos, elementos

componentes, sistemas construtivos a serem aplicados e o modo como serão

executados cada um dos serviços apontando, também, os critérios para a sua

medição.”(IBRAOP, 2008).

Segundo a definição da OT IBR 01/2006, o orçamento é a avaliação do

custo total da obra, tendo como base os preços dos insumos praticados no

mercado ou valores de referência e levantamentos de quantidades de materiais

e serviços obtidos a partir do detalhamento do projeto, não sendo admitidas

“apropriações genéricas ou imprecisas, bem como a inclusão de materiais e

serviços sem previsão de quantidades.”.

A planilha orçamentária sintetiza o orçamento e deve conter, conforme OT

– IBR 001/2006, no mínimo:

• Discriminação de cada serviço, unidade de medida, quantidade, custo unitário e custo parcial;

• O custo total orçado, representado pela soma dos custos parciais de cada serviço e/ou material;

• O nome completo do responsável técnico, seu número de registro no CREA e assinatura.

2.7.2.3. Projeto Executivo

Conforme descrito em Vilaça (2007, p. 42) “o projeto executivo representa

o conjunto de elementos necessários e suficientes à execução completa da obra,

de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas

Técnicas – ABNT.” Uma vez que existe amparo legal, poderá ser desenvolvido

concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que autorizado

pela Administração.

Considerando que a administração pública deve proceder a contratação de

obras públicas conforme os princípios constitucionais e legislação pertinentes

será exposto adiante o papel dos órgãos de controle nos atos da Administração

Pública.

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48

2.8. O Projeto Básico e a questão da acessibilidade

De acordo com o disposto no artigo 12 da Lei Federal nº 8.666/1993, o

projeto básico deve contemplar diversos requisitos, destacando-se o que dispõe

o seu inciso II, relativo à funcionalidade e sua adequação ao interesse público.

Neste sentido Justen Filho (2005) considera que respeitar o interesse público

seria atribuir à Administração uma competência discricionária para determinar o

modo concreto de satisfação das necessidades coletivas.

Justen Filho ressalta, ainda, que este dispositivo estabelece os critérios

norteadores na fase da elaboração dos projetos, sendo a enumeração constante

do artigo 12 sem cunho exaustivo, pois utiliza a expressão “principalmente”, a

qual, dependendo das necessidades, poderá contemplar outros interesses

considerados relevantes.

Assim, o projeto básico deve estar em conformidade com a legislação

vigente e com os princípios constitucionais, não podendo ser descartado o

aspecto funcional, onde está inserida a acessibilidade, tendo em vista que se

configura como ilegítima a despesa em obra pública que “exclui o acesso de

significativa parcela de brasileiros” (LIMA, 2006).

Segundo Justen Filho (2005) o projeto básico não se destina a disciplinar a

execução da obra ou do serviço, mas a demonstrar a viabilidade e a

conveniência de sua execução. Neste caso, não pode ser viável ou conveniente

a execução de obras públicas sem que todos possam delas usufruir.

Considerando que a administração pública deve proceder à contratação de

obras públicas, conforme os princípios constitucionais e legislação pertinentes,

será exposto adiante o papel dos órgãos de controle nos atos da Administração

Pública.

2.9. O controle e a Administração Pública

Na conceituação de Meirelles (2007, p. 665) “controle, em tema de

administração pública, é a faculdade de vigilância, orientação e correção que um

Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro”.

Conforme destaca Mileski (2003, p. 138-139), uma vez “que o controle é

elemento essencial ao Estado de Direito” e que sua finalidade é assegurar que a

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atuação da Administração esteja de acordo com os princípios “impostos pelo

ordenamento jurídico, pode-se afirmar que o controle constitui poder-dever dos

órgãos” aos quais a lei conferiu essa função, não podendo sua realização ser

renunciada ou retardada, “sob pena de responsabilidade de quem se omitiu”.

2.9.1. Classificação do Controle

São muitos os critérios existentes para classificar as modalidades de

controle, o qual é exercido por todos os Poderes de Estado, em todas as

atividades da Administração, com a função de fiscalizar, avaliar, detectar erros e

falhas e responsabilizar a Administração.

Conforme bem expressa Mileski (2003, p. 140) “independentemente de

forma, existem alguns elementos que constam sempre como referência no meio

doutrinário”, dentre os quais são destacadas as duas classificações mais

pertinentes ao tema deste trabalho, que são apresentadas, segundo a descrição

do referido autor.

2.9.1.1. Quanto ao tipo

Quanto ao tipo o controle pode ser interno ou externo, dependendo do

órgão que realiza a atividade controladora ser integrante, ou não, da própria

estrutura que está sendo fiscalizada.

Controle interno é aquele realizado pelo órgão responsável pela atividade

controlada, no âmbito da própria administração. Ocorre em qualquer controle

exercido pelo Executivo, pelo Legislativo ou Judiciário sobre seu pessoal ou

sobre os próprios atos administrativos praticados.

O controle interno tem amparo constitucional no artigo 74, cujo parágrafo

1º prescreve, ainda, que seus responsáveis ao tomarem conhecimento de

qualquer irregularidade, dela deverão dar ciência ao Tribunal de Contas, sob

pena de responsabilidade solidária.

Já controle externo é o que se realiza por órgão que não integra a

estrutura do órgão controlado. A exemplo de controle externo pode-se citar,

entre outros, a apreciação das contas do Executivo e do Judiciário pelo

Legislativo; a auditoria do Tribunal de Contas sobre a efetivação de determinada

despesa e a anulação de um ato do Executivo por decisão do Judiciário.

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2.9.1.2. Quanto ao momento

O controle da administração pública tem como principal premissa que as

atividades do Estado sejam realizadas de forma regular e adequada, sem a

prática de atos ilegais ou desvios de finalidade, podendo ser exercido em três

momentos distintos, ou seja, antes, durante ou após a realização da atividade

administrativa.

Controle prévio é aquele que antecede à realização do ato administrativo,

com o intuito de evitar procedimento contrário à lei e ao interesse público,

visando que a administração observe os princípios indicados à boa prestação

dos serviços públicos. É o caso, por exemplo, de o Presidente necessitar de

autorização do Congresso Nacional para ausentar-se do país, por período

superior a 15 dias, e, como exemplifica Meirelles (2007, p. 668), os estados, os

municípios e a União só poderem contrair empréstimo externo a partir da prévia

autorização do Senado Federal.

O controle concomitante é o que se realiza no momento em que a

atividade administrativa está sendo executada, acompanhando a regularidade da

ação desenvolvida pela Administração Pública, com o objetivo de evitar

irregularidades e proceder às correções de imediato, visando manter a atuação

pública numa seqüência de procedimentos regulares.

Como exemplo de controle concomitante tem-se, no TCE-RJ, a análise de

editais, que visa o acompanhamento das diversas etapas do procedimento

licitatório, no sentido de preservar a formalidade, a publicidade dos atos e a

igualdade entre os licitantes, bem como a realização de auditorias e inspeções,

para a verificação da execução contratual de obras e serviços de engenharia,

entre outros.

Chmielewski (2007) afirma que a análise de editais é de extrema

relevância: por ser concomitante à realização da licitação, evitando-se prejuízos

antes que eles sejam consumados, e, por auxiliar a Administração a promover

licitações em conformidade com a legislação pertinente, com os aspectos

técnicos e com os princípios basilares da Administração Pública, dentre os quais,

o da economicidade.

O controle a posteriori é o que se realiza após a conclusão do ato

controlado, com o fito de desenvolver uma avaliação sobre a sua correção e

legalidade, com o objetivo de promover a sua aprovação ou homologação e,

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quando encontrados erros, falhas ou vícios, adotar medidas para a devida

correção ou desfazimento.

São exemplos de controle posterior, o julgamento das contas dos

responsáveis por bens ou valores públicos; o exame da legalidade dos atos de

admissão de pessoal e de aposentadorias, realizados pela Administração

Pública; o controle judicial exercido sobre o ato praticado por autoridade pública

etc.

2.10. Os Princípios Constitucionais

Freitas (1999, p.48), ao se referir aos princípios que explícita ou

implicitamente se encontram presentes no texto da Constituição, acentua que

“toda e qualquer norma ou relação no mundo jurídico há de ser pautada por tais

vetores supremos” perante os quais todos os comandos se relativizam e

“encontram o verdadeiro alcance nesta interação de sentidos devidamente

hierarquizados pelo hermeneuta do Direito, mais do que da lei.”.

Sublinha ainda Freitas (1999, p.52), ao destacar a importância dos

princípios, que estes se constituem mutuamente e que não se excluem ou

eliminam jamais, de forma diversa do que ocorre com as regras ou normas de

menor escalão, que em caso de conflito, resultam por se excluírem, umas às

outras, total ou parcialmente.

Nesse contexto, Mileski (2003, p.38) destaca que, em razão do Estado

Democrático de Direito, vigente no país, toda prática da ação administrativa

realizada pela Administração Pública, deve estar vinculada ao cumprimento de

todos os princípios insertos na Constituição, dentre os quais sobressai o

princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, cuja

especificidade está no fato de perpassar os demais princípios, ao refletir um

princípio geral do direito, que deriva da principal finalidade “do Estado de realizar

o bem público”.

Embora a Administração Pública esteja obrigada ao cumprimento dos

princípios constitucionais, o artigo 37 da CF/1988 relacionou, em seu caput,

somente os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência, como basilares para sua atuação, e, para a realização de seu

respectivo controle, estabeleceu no artigo 70, que deveriam ser considerados os

princípios da legalidade, da legitimidade e da economicidade.

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2.10.1. Os princípios enunciados pelo Artigo 70 da CF/1988

Uma vez que o contexto deste trabalho está voltado para a atividade de

controle exercida pelo TCE-RJ, são detalhados a seguir os princípios da

legalidade, legitimidade e economicidade, que, de forma explícita, são

apresentados no artigo 70 da CF/1988, bem como da eficiência, como aqueles

que deverão ser considerados para a fiscalização contábil, financeira,

orçamentária, operacional e patrimonial exercidas por este órgão de controle.

2.10.1.1. Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade é a norma básica da CF/1988, por ser o princípio

que dá eficácia a toda atividade administrativa, pois como assinala Meirelles

(2007, p. 88) “administração legítima só é aquela que se reveste de legalidade e

probidade administrativas, no sentido de que tanto atende às exigências da lei

como se conforma com os preceitos da instituição pública”.

Freitas (1999, p. 60) assinala a evolução ocorrida no princípio da

legalidade, recordando que passou de um “legalismo primitivo e

descompromissado para uma posição [...] principiológica e substancialista”,

acrescentando que “a legalidade faz às vezes de valiosíssimo princípio, porém

somente experimentando significado apreciável na correlação com os demais”,

pois é com base nela que os outros princípios adquirem sua força coercitiva.

Como o princípio que configura o Estado de Direito, onde governam as leis

e não os homens, a legalidade faz com que a ação da Administração Pública

esteja restrita aos limites das determinações legais, não realizando mais nem

menos do que o fixado em lei, enquanto, diferentemente, para o particular, é

permitido fazer tudo aquilo que não é proibido pela lei, conforme preceitua o

artigo 5º, inciso II da Constituição Federal, onde “ninguém será obrigado a fazer

ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”.

A legalidade é, portanto, como uma bússola orientadora para os órgãos de

controle, cuja missão compreende a fiscalização contábil, financeira e

orçamentária, pois além de envolver o exame da adequação das atividades da

Administração Pública à lei, se estende também a uma análise da conformidade

destas com os demais princípios constitucionais, com vista a assegurar que toda

a prática administrativa não busque o atendimento de interesse pessoal, antes,

porém, resulte em ações de interesse público. (MILESKI, 2003, p. 247)

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Na prática das atividades de controle desenvolvidas pelos Tribunais de

Contas, um bom exemplo de fiscalização quanto à legalidade, acentuado por

Lima (2006), seria a verificação da conformidade das obras públicas com os

dispositivos constantes da Lei Federal n° 10.098, de 19.12.2000, e do Decreto

Federal nº 5.296/2004, buscando observar a garantia do cumprimento dos

aspectos ligados à acessibilidade, nas obras realizadas com recursos públicos.

2.10.1.2. Princípio da Legitimidade

O princípio da legitimidade, que tem fundamento no artigo 70 da CF/1988,

surge como uma novidade constitucional, servindo, como esclarece Freitas

(1999, p. 87) “de chamamento ao controlador para que não se cinja à

juridicidade estrita”, antes, porém, exerça o exame da legitimidade dos atos

administrativos indo “ao fundo da finalidade apresentada e da motivação

oferecida, de modo a não compactuar, de modo algum, com a ilegitimidade das

mesmas”.

Torres (1991, p. 41), ao tratar sobre o controle da legitimidade, elucida que

é aquele exercido sobre a legalidade e a economicidade da execução financeira

e orçamentária, acrescentando que no atual Estado Social de Direito o controle

das finanças públicas não está fundamentado apenas no exame formal da

legalidade, mas exige também o controle da gestão e a análise de resultados,

com a apreciação do alcance da justa contrapartida, necessária ao cidadão, na

relação custo/benefício.

Este controle mais aprofundado do ato fiscalizado, que se efetua a partir

da conformação da legitimidade, é caracterizado por Mileski (2003, p. 250) como

a “investigação dos elementos ideológicos e teleológicos do ato praticado pelo

administrador, possibilitando a identificação de eventuais desvios de finalidade

ou de poder, de fraude à lei ou de ações contrárias aos princípios do direito”.

Portanto, os Tribunais de Contas, ao controlar a regularidade de atividades

administrativas, que envolvam a elaboração de projetos e a respectiva execução

de obras públicas, as quais não considerem os aspectos de acessibilidade, além

de identificarem a existência de ilegalidade, devem considerar, também,

ilegítimas as despesas, pois, conforme destaca Lima (2006), ocasionam a

exclusão da significativa parcela de brasileiros, na qual se incluem as pessoas

com deficiência.

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54

2.10.1.3. Princípio da Economicidade

O princípio da economicidade é aquele que obriga o administrador público

a atuar tendo o ótimo como parâmetro, ou seja, deve haver o compromisso

indeclinável do administrador em encontrar a solução mais adequada,

economicamente falando, para a gestão da coisa pública (FREITAS, 1999).

Como bem acentua Mileski (2003, p. 251), este princípio merece especial

atenção dos órgãos de controle, pois, embora seja um princípio autônomo,

guarda grande correspondência com o princípio da proporcionalidade, na medida

em que se faz necessária a verificação quanto à proporcionalidade entre o gasto

previsto e o custo do serviço, material ou obra, tendo-se em vista o benefício

decorrente, a fim de se “evitar o desperdício ou o indevido procedimento gerador

de superfaturamento”.

Segundo Justen Filho (2005, p. 54) “não bastam honestidade e boas

intenções para a validação dos atos administrativos”, a adoção de solução mais

conveniente e eficiente, que deve ser perseguida na gestão dos recursos

públicos, é imposta pelo princípio da economicidade, onde a boa alocação do

dinheiro deve alcançar os melhores resultados, do ponto de vista quantitativo e

qualitativo, de modo a atender às necessidades da coletividade.

Um outro aspecto relacionado a este princípio se refere à limitação por ele

imposta à discricionariedade do agente administrativo, pois, conforme descreve

Justen Filho (2005, p. 55), este “não está autorizado a adotar qualquer escolha,

entre aquelas teoricamente possíveis”, devendo optar, diante do caso concreto,

por “aquela que se figure como a mais vantajosa, sob o ponto de vista das

vantagens econômicas”.

À luz destas considerações, releva ressaltar, o que aponta Lima (2006), ao

observar os gastos de uma obra bem planejada, que são bem menores, se

comparados com aqueles despendidos para o refazimento de obras com

projetos deficientes, pois, como bem lembra o autor, projetos que deixam de

considerar a acessibilidade de pessoas com deficiência deverão culminar na

realização de adaptações para garantir a acessibilidade, acarretando maiores

custos ao Erário.

Neste sentido, Alcântara (2005) ressalta que um projeto concebido de

forma adequada às condições de acessibilidade resulta em um acréscimo de 1%

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no valor da obra, enquanto que após a obra concluída, sua adaptação poderá

alcançar o percentual de 25%.

Aos princípios da legalidade, legitimidade e economicidade cabe incluir,

também, o da eficiência, inserido na CF/1988 por meio da Emenda

Constitucional nº 19, de 4.06.1998 e destacado adiante, considerando que

Chmielewski (2007) aponta que para verificar se a Administração Pública está

atenta a este princípio há que ser examinado, à luz da boa técnica, se as

alternativas escolhidas são aquelas que melhor atendem à finalidade da licitação

e ao interesse público.

2.10.1.4. Princípio da Eficiência

Meirelles (2007) infere que o princípio da eficiência exige que a atividade

administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,

sendo o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta

em ser desempenhada apenas com a legalidade, exigindo resultados positivos

para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades de todos os

cidadãos.

Neste contexto cabe ressaltar a visão de Torres (2007) o qual aponta que

a bibliografia especializada costuma utilizar, de algum modo, significados

parecidos para eficácia e eficiência e efetividade, embora os conceitos sejam

diferenciados.

Segundo Torres (2007, p.175), eficácia é o atingimento das metas

almejadas pela ação estatal, sem levar em conta os meios utilizados para este

alcance, enquanto a eficiência busca os meios mais econômicos e viáveis para a

concretização das metas, ou seja, “fazer o melhor com os menores custos,

gastando com inteligência os recursos pagos pelo contribuinte”. A efetividade,

segundo o mesmo autor, não se relacionada estritamente com a idéia de

eficiência, que tem conotação econômica relevante, mas com a verificação da

real necessidade de determinadas ações governamentais.

Sendo assim, será apresentado, a seguir, os assuntos inerentes à atuação

do controle exercido pelos Tribunais de Contas.

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2.11. O controle exercido pelos Tribunais de Contas

O artigo 70 da CF/1988 estabelece que a fiscalização quanto à

regularidade dos atos praticados pela União e pelos órgãos da administração

direta e indireta será exercida pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal

de Contas da União (TCU), mediante controle externo e pelo sistema de controle

interno de cada poder.

Conforme esclarece Justen Filho (2005), embora o referido artigo faça

menção específica ao Congresso Nacional e ao TCU, a regra constitucional

aplica-se aos Estados, Distrito Federal e Municípios, com as devidas adaptações

em cada esfera de atuação, sendo dirigido, portanto, a todos os Tribunais de

Contas do Brasil (TC).

O controle externo estabelecido no artigo 70 da CF/1988, que abrange a

fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, com

obediência aos princípios da legalidade, legitimidade e economicidade, visa,

conforme destaca Meirelles (2007, p. 706), “comprovar a probidade da

Administração e a regularidade da guarda e do emprego dos bens, valores e

dinheiros públicos, assim como a fiel execução do orçamento.”

Ainda segundo Meirelles (2007, p. 707), as atividades exercidas pelos TC

do Brasil se expressam “fundamentalmente em funções técnicas opinativas,

verificadoras, assessoradoras e jurisdicionais administrativas, desempenhadas

simetricamente” tanto na esfera federal, pelo TCU, como nas esferas estaduais e

municipais, pelos respectivos Tribunais Estaduais e Municipais (neste caso,

somente nos municípios do Rio de Janeiro e São Paulo).

A atuação dos TC, na sistemática da CF/1988, é posterior, mas também

preventiva. O registro prévio não foi abraçado pela CF/1988; mas o controle

preventivo dos TC não somente é desejável, como também é impositivo, pois

controle tardio é controle ineficaz (MACHARETE, 2007).

Segundo Lima (2006), os Tribunais de Contas devem atentar para a

verificação dos aspectos ligados à acessibilidade, tendo em vista que assegurar

a acessibilidade nas obras de reforma ou de construção de edificações, insere-

se na missão institucional dos órgãos de controle externo quanto à legalidade,

legitimidade e economicidade, conforme dispõe o art. 70 da CF/1988.

Lima (2006, p.2) ressalta, ainda, que “o exame recente e da jurisprudência

dos Tribunais de Contas revela que tal dispositivo nem sempre é objeto da

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fiscalização exercida pelos órgãos de controle externo”, o que constitui numa

oportunidade de melhoria nas ações dessas fiscalizações.

No capítulo a seguir será apresentada a origem do TCE-RJ e sua estrutura

organizacional atual, para análise de editais por concorrência, destacando-se a

criação da SSO e suas competências, em especial, a análise do projeto básico

nos editais. Serão apresentados, ainda, o entendimento dos analistas da SSO

quanto à questão da acessibilidade, bem como o modelo a ser proposto no

presente trabalho.

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3. Referencial Prático

3.1. O TCE-RJ

3.1.1. Criação

A história da criação do atual Tribunal de Contas do Estado do Rio de

Janeiro apresenta característica peculiar, pois conforme explica Durão (2006, p.

65), decorre de duas transições, a primeira a partir da transferência da Capital

Federal para Brasília, em 1960, quando o então Tribunal de Contas do Distrito

Federal foi transformado em Tribunal de Contas do Estado da Guanabara, e a

segunda advém da fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro.

Embora o antigo Estado do Rio de Janeiro já possuísse uma Corte de

Contas, desde 1947, a partir de sua fusão com o Estado da Guanabara o

Decreto-Lei nº 4, de 15.03.1975, extinguiu os Tribunais de ambos os Estados e

criou o novo Tribunal de Constas do Estado do Rio de Janeiro, com sede na

cidade do Rio de Janeiro e jurisdição em todo o território do novo Estado do Rio

de Janeiro, exceto no município do Rio de Janeiro.

3.1.2. Missão

A missão do TCE-RJ, conforme apresentado no Plano Estratégico da

organização é “Realizar o controle externo, valorizando a efetividade e o

planejamento da gestão pública, contribuindo para o desenvolvimento

econômico e social do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ, 2008, p.4).

Visando complementar sua missão institucional de compromisso social, o

TCE-RJ estabelece como valores a estarem presentes, tanto nas decisões

institucionais, como nas ações de cada um de seus servidores, os seguintes:

comprometimento, consciência ecológica, efetividade, ética, independência,

tempestividade e transparência (TCE-RJ, 2008).

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3.1.3. Competências

O TCE-RJ tem um rol muito diversificado de competências, dentre as quais

configuram como mais significativas as análises de prestações de contas dos

chefes do Poder Executivo do Estado e dos 91 municípios fluminenses, como

também dos chefes do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público e do

próprio Tribunal de Contas.

Quando solicitado, o TCE-RJ deverá prestar “auxílio”, conforme prevê o

artigo 123 da Constituição Estadual, no exercício do controle externo realizado

pela Assembléia Legislativa, bem como poderá atender também ao Executivo,

Judiciário, Ministério Público, Receita Federal, demais tribunais de contas e

outros setores.

Em atendimento ao que dispõe o artigo 1º da Lei Orgânica do TCE-RJ (Lei

Complementar nº 63, de 01.08.1990), quanto à sua competência de realizar a

fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial das

unidades dos poderes do Estado e dos municípios, o Tribunal fiscaliza uma

extensa lista de objetos, se utilizando, na grande maioria das vezes, do

expediente da realização de inspeções e auditorias, conforme estabelece a

Deliberação nº 167, de 10.12.1992, que aprovou o seu Regimento Interno.

Dentre os diversos objetos fiscalizados pelo TCE-RJ assinalam-se: o

dinheiro utilizado pelos administradores públicos para pagamento de

subvenções; administração de royalties do petróleo; pagamentos de pensões e

concessões de aposentadorias de servidores públicos; auditoria de sistemas;

cálculos atuariais; celebração de convênios, contratos e aditivos; editais de

concursos públicos e editais de licitações de concorrências públicas, dentre

outros (CHMIELEWSKI, 2007).

O edital e todos os seus anexos são analisados visando, principalmente, a

garantia de igualdade de condições entre todos os interessados em contratar

com a Administração Pública. O exame é efetuado com vistas a identificar

possíveis regras restritivas do caráter competitivo da licitação, bem como para

assegurar que a futura contratação se estabeleça em valores praticados no

mercado (TCE-RJ, 2005a).

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3.1.4. Setores envolvidos na análise de editais

Uma das principais ações preventivas, realizadas pelo TCE-RJ, para

garantir a correta aplicação dos recursos públicos, é a análise tempestiva dos

editais de concorrência pública, a qual se consolidou, no caso específico do

TCE-RJ, pela Deliberação nº 191/1995, que estabelecia a obrigatoriedade de

envio de cópia dos editais de licitação por concorrência pública, de todos os seus

órgãos jurisdicionados.

A Deliberação nº 191/1995 foi posteriormente atualizada, sendo

substituída, em 18 de dezembro de 2007, pelas Deliberações nº244 e nº245, que

normatizam o encaminhamento dos atos praticados pelas entidades e órgãos

jurisdicionados ao TCE-RJ, sendo a primeira dirigida à esfera estadual e a

segunda à esfera municipal.

Em ambas as Deliberações é estabelecido o envio dos editais de licitação

por concorrência pública, pelo inciso II do artigo 3º, no prazo máximo de dois

dias úteis, após a sua publicação. O edital encaminhado ao TCE-RJ, após o

cadastramento pela a Coordenadoria Setorial de Protocolo-Geral (CPG), é

encaminhado à Coordenadoria de Exame de Editais (CEE).

De acordo com a Resolução nº 226, de 14.12.2000, que aprovou o Manual

de Organização do TCE-RJ, a CEE tem como competência a coordenação e o

controle do exame da legalidade e legitimidade dos processos de Editais de

Licitação por Concorrência, dos órgãos e entidades da administração direta e

indireta no âmbito do Estado e dos Municípios, de acordo com as normas legais

vigentes e às decisões do Tribunal.

A CEE é um dos setores subordinados à Secretaria-Geral de Controle

Externo (SGE), a qual tem como competência a coordenação, supervisão e

controle da fiscalização nas diversas áreas de competência do TCE-RJ, inclusive

do exame de editais, sob a ótica da legalidade, legitimidade e economicidade

(TCE-RJ, 2000a).

A análise de editais pelo TCE-RJ é realizada com uma celeridade

diferenciada, sendo adotados procedimentos denominados de rito sumaríssimo,

por terem prazos inferiores aos reservados a processos de outra natureza, tanto

no exame realizado pelo Corpo Instrutivo, quanto na decisão decorrente do

Corpo Deliberativo (TCE-RJ, 2005a).

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No prazo máximo de oito dias úteis, conforme estabelece a alínea “a” do

inciso I, do artigo 2º da Resolução nº 255, de 18.12.2007, a CEE deve realizar a

sua instrução e encaminhar, posteriormente, o processo relativo ao edital aos

demais órgãos, subordinados à SGE, que serão responsáveis pelas respectivas

análises técnicas, sendo este prazo dividido igualitariamente entre os órgãos que

deverão proceder suas instruções.

No caso de editais que se refiram a obras e serviços de engenharia, o

exame técnico, inclusive sob o aspecto da economicidade, é realizado pela

Subsecretaria de Auditoria de Controle de Obras e Serviços de Engenharia

(SSO). A análise da economicidade dos demais fica a cargo da Coordenadoria

de Estudos e Análises Técnicas (CEA) (TCE-RJ, 2005a).

Na Figura 17 estão dispostos os órgãos envolvidos na instrução e

julgamento dos processos relativos a editais por concorrência:

PLENÁRIO

PRESIDÊNCIAGABINETE DOSCONSELHEIROS

SECRETARIAGERAL DECONTROLEEXTERNO

MINISTÉRIO PÚBLICOESPECIAL

Coordenadoria deEstudos e Análises

Técnicas (CEA)

Coordenadoria deExame de Editais

(CEE)

Subsecretaria de Auditoriade Obras e Serviços de

Engenharia (SSO)

Corpo Deliberativo

Corpo Instrutivo

Figura 17. Organograma do TCE-RJ para análise de Editais

Fonte: Elaborada com base na Resolução TCE-RJ nº 255/2007.

Assim, de acordo com o inciso VI do art. 2º do Ato Normativo nº 98, de

26.06.2008, os processos relativos a editais de concorrência serão

obrigatoriamente submetidos, pela SGE, diretamente ao Gabinete da

Presidência, para encaminhamento ao Ministério Público Especial junto ao TCE-

RJ e posterior devolução àquele Gabinete e distribuição subseqüente aos

Senhores Conselheiros, a fim de que os mesmos sejam submetidos à Decisão

do Plenário.

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Considerando a análise tecida pelo corpo instrutivo, e o parecer do

Ministério Público, o Conselheiro Relator realiza seu exame e redige o relatório,

que, ao identificar falhas, omissões, ou demais irregularidades, que

comprometam a lisura do procedimento licitatório, conduz a determinação aos

jurisdicionados para a adoção das medidas de correção necessárias, ou, em

caso contrário, a decisão pelo Conhecimento e Arquivamento do processo.

3.2. A SSO

3.2.1. Criação

Em fevereiro de 2005, através da Resolução nº 241, foi criada a

Subsecretaria de Auditoria e Controle de Obras e Serviços de Engenharia

(SSO), visando à adequação às “diferentes e crescentes demandas da

sociedade em relação à correta aplicação de recursos públicos nessa área.”

(TCE-RJ, 2005b).

Conforme relatado pelo Subsecretário da SSO, a ampliação da estrutura

do setor responsável por auditorias de obras já vinha sendo estudada há algum

tempo, e a partir do IX Simpósio Nacional de Auditoria de Obras Públicas

(SINAOP), realizado em novembro de 2004, pelo TCE-RJ, esta idéia foi

amadurecida (TCE-RJ, 2005b).

3.2.2. Competência

A SSO e os demais órgãos vinculados à Secretaria Geral de Controle

Externo (SGE) tiveram suas atribuições dispostas através do Ato Normativo

nº 80, de 03.03.2005, que estabeleceu, resumidamente, como competência da

SSO: planejar, coordenar e controlar as atividades de auditorias e inspeções das

obras públicas; analisar os editais de concorrência de obras e serviços de

engenharia, elaborar avaliações, perícias e vistorias de imóveis e atuar na área

de auditoria ambiental.

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3.2.3. Estrutura

Para o cumprimento eficaz das atribuições concernentes à SSO, foram

criados cinco núcleos estratégicos onde os servidores foram alocados, quais

sejam: Núcleo de Normatização, de Meio Ambiente, de Avaliação e Perícias, de

Revisão de Processos e Núcleo de Análise de Editais.

O Núcleo de Análise de Editais deve examinar os processos de editais de

concorrência de obras e serviços de engenharia, com base na legislação e nos

elementos do projeto, básico e/ou executivo, considerando os aspectos

ambientais, bem como o aspecto da economicidade, conforme dispõe o inciso II

do Ato Normativo nº 80/2005.

3.2.4. Análise de Editais pela SSO

A CEE, como órgão centralizador da análise de editais, encaminhados ao

TCE-RJ, ao recebê-los e identificar que seu objeto se refere a obras e/ou

serviços de engenharia, os encaminha à SSO, cujo corpo técnico é composto

por analistas de controle externo com formação em engenharia ou arquitetura,

para que sejam verificados aspectos relativos à boa técnica e à observância do

princípio da economicidade.

O escopo da análise de editais realizada pela SSO compreende o exame

do projeto básico, de alguns aspectos do instrumento licitatório e de aspectos

ambientais relativos a licenciamento e gestão de resíduos de construção civil.

Neste trabalho serão destacados, apenas, os aspectos relacionados ao exame

do projeto básico, por ser nele que são apresentadas as questões relativas à

acessibilidade.

3.3. Exame do projeto básico pela SSO

O exame do projeto básico é a principal atividade que integra a análise de

editais realizada pela SSO, onde é verificado, por exemplo: se os elementos do

projeto básico são suficientes para caracterizar com exatidão o objeto desejado;

se existe compatibilidade entre as quantidades da planilha orçamentária e as de

projeto; se há adequação dos valores estimados aos preços de mercado e se

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foram observadas as normas de preservação do meio ambiente

(CHMIELEWSKI, 2007).

Embora não tenha sido elaborado um Manual de Procedimentos para

análise de projeto básico no Núcleo de Editais da SSO, tem sido utilizado, pelos

analistas, um modelo padrão para instrução, no qual constam itens específicos

para inserção de informações sobre os desenhos, planilhas orçamentárias,

memorial descritivo, especificações técnicas, dentre outros.

Esse modelo, constante do Anexo A deste trabalho, é composto de três

itens principais: Projeto Básico, Aspectos do Instrumento Licitatório e Aspectos

Ambientais, e finaliza com o item Conclusão. No item relativo ao projeto básico

não consta indicação ou item específico destinado à questão da acessibilidade, o

que demonstra não ser procedimento de rotina, nas análises que vêm sendo

realizadas pela SSO, a verificação do atendimento às normas de acessibilidade.

De acordo com as informações dos analistas da SSO, que já participaram

ou participam do Núcleo de Editais, obtidas por meio de questionário (Apêndice

A), e a partir da experiência dos autores do presente trabalho, também analistas

da SSO, os aspectos abordados nas análises de Projetos Básicos são os

apresentados na tabela 2, a seguir:

Tabela 2. Aspectos analisados no item 1 - Projeto Básico constante do Anexo A

Aspecto Procedimento

Verificação do encaminhamento dos elementos que compõem o projeto básico

Verifica se foram encaminhados todos os elementos que devem constar no projeto básico, de acordo com o objeto licitado (desenhos, planilhas orçamentárias, memorial descritivo e especificações técnicas).

Suficiência do projeto básico para caracterizar, com precisão adequada, o objeto pretendido.

Analisa as informações que constam nos elementos que compõem o projeto básico de forma a obter o entendimento dos serviços a serem executados

Compatibilidade entre as quantidades constantes das planilhas orçamentárias estimadas com as de projeto

Seleciona os itens de serviços mais relevantes da planilha orçamentária e calcula os respectivos quantitativos com base nos desenhos encaminhados

Verificação da apresentação da ART do projeto básico

Verifica o encaminhamento da ART do projeto básico a fim de que seja devidamente caracterizado o responsável pelo projeto licitado

Adequação dos custos unitários com os preços de mercado

Verifica se os preços estimados estão de acordo com os Sistemas de Custos que integram o Banco de Dados disponíveis na rede interna do TCE-RJ

Compatibilidade dos prazos com as etapas físicas previstas

Analisa a adequação do cronograma físico-financeiro

Fonte: Elaboração própria.

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3.4. Entendimento dos Analistas

No sentido de coletar informações quanto ao entendimento dos analistas

da SSO com relação à questão da acessibilidade e o nível de conscientização

dos mesmos, foi aplicado um questionário (Apêndice A) a um grupo de analistas

de controle externo, lotados na SSO e em suas coordenadorias subordinadas,

que trabalham ou já trabalharam em análise de editais, no total de 12 analistas,

os quais representam um universo de 30% do total de analistas ali lotados.

Na seqüência serão compilados e analisados os dados coletados.

Questão nº 1: O que você entende como acessibilidade para pessoas com

deficiência?

Dos doze analistas, que participaram do questionário, apenas um não

respondeu a essa questão. A seguir foram transcritas as respostas apresentadas

por cada analista da SSO.

Tabela 3. Transcrição das respostas relativas à questão nº 1.

Respostas dos analistas à questão nº 1

“Dispositivos que visam facilitar a utilização de equipamentos (móveis e imóveis) por pessoas com deficiência física”

“Tudo o que possibilita o pleno acesso e trânsito de portadores de deficiência (transporte, rampas, banheiros adaptados, acesso dos cães-guia etc. Direito de ir e vir, um direito constitucional.”

“Possibilidade de acesso a espaços físicos, serviços e informações disponíveis também para os outros.”

“Dar a real oportunidade para os deficientes enfrentarem as atividades cotidianas, de maneira mais próxima das pessoas que naturalmente as realizam.”

“Um projeto arquitetônico e urbanismo que esteja isento de obstáculos à mobilidade de pessoas com alguma dificuldade física de locomoção.”

“O grau de facilidade de acesso e circulação destas pessoas.”

“Projeto que inclue instrumentos que venham facilitar pessoas que são portadoras de deficiência”

“Elementos que garantam o acesso ao uso das vias das edificações e serviços sem constrangimento ou esforços desnecessários aos deficientes físicos.”

“Fazer com que as edificações permitam ao deficiente se locomover e utilizar na plenitude a edificação.”

‘A garantia do direito de ir e vir, assim como a garantia da inclusão social (trabalho, educação, saúde etc).”

“Facilidade a acessos nos deslocamentos”

Fonte: Elaborada a partir da transcrição das respostas relativas à questão nº 1 do Apêndice A.

Na análise das respostas inseridas na Tabela 3 verifica-se que 25% dos

analistas, ou seja, apenas três analistas entendem que acessibilidade se refere a

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facilitar acessos. Conforme entende Ferreira (2004) facilidade é a “ausência de

dificuldades ou obstáculos”, o que atende, em parte, a conceituação utilizada por

este trabalho quanto ao significado de acessibilidade, pois não basta excluir as

barreiras físicas, mas proporcionar acesso seguro e de forma autônoma a todos,

pois acessibilidade é a “Possibilidade e condição de alcance, percepção e

entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações,

espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos” (ABNT, 2004, p.2).

Dessa forma, em face do conceito utilizado por este trabalho quanto ao

significado de acessibilidade, conclui-se que os analistas apresentam

entendimento, ainda que parcial, do que seja acessibilidade.

Questão nº 2: Você tem conhecimento da legislação vigente relativa à

acessibilidade?

Observa-se pelos dados apresentados na Tabela 4, que 58% dos analistas

da SSO não têm conhecimento da legislação relativa à acessibilidade, o que

demonstra a necessidade de que seja transmitido conhecimento específico

sobre o assunto, bem como a elaboração de procedimento para que a respectiva

análise possa ser realizada.

Tabela 4. Compilação das respostas relativas à questão nº 2.

Quantidades de Alternativas Obtidas Respostas

Nº %

Afirmativas 5 42

Negativas 7 58

Fonte: Elaborada a partir da compilação das respostas relativas à questão nº 2 do Apêndice A.

Questão nº 3: Você entende que a acessibilidade para pessoas com

deficiência deve ser analisada no projeto básico?

Os dados apresentados na Tabela 5 demonstram que 67% dos analistas

da SSO entendem que a questão da acessibilidade deve ser analisada no

projeto básico, o que denotaria que a verificação da acessibilidade não é uma

questão unânime na SSO. Entretanto, cabe ressaltar o fato de que os quatro

analistas que responderam negativamente a esta questão, também responderam

que desconheciam a legislação vigente relativa à acessibilidade.

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Dessa forma, a falta de conhecimento específico da legislação vigente

pode justificar o fato de alguns analistas entenderem que não caberia ao TCE

esse tipo de análise.

Tabela 5. Compilação das respostas relativas à questão nº 3.

Quantidades de Alternativas Obtidas Respostas

Nº %

Afirmativas 8 67

Negativas 4 33

Fonte: Elaborada a partir da compilação das respostas relativas à questão nº 3 do Apêndice A.

Questão nº 4: Você entende que o prazo para análise do projeto básico tem

influência nos procedimentos adotados na SSO?

Todos os 12 analistas responderam afirmativamente, ou seja, 100% da

amostra ratificaram o fato de que o prazo tem influência no procedimento de

análise do projeto básico. Dessa forma, para inclusão de novos procedimentos

de análise, os mesmos devem ser bastante claros e objetivos, a fim de facilitar e

agilizar os trabalhos.

3.5. Modelo proposto

Considerando o prazo exíguo para a análise do projeto básico, pela SSO,

foram selecionados os artigos do Decreto Federal n° 5.296/2004 com os

correspondentes dispositivos da NBR 9050/2004, relativos às calçadas, que

devem ser observados nos diferentes elementos que constituem o projeto

básico: desenhos, memorial descritivo e planilhas orçamentárias, que se

encontram indicados no modelo proposto (Apêndice B).

O modelo se restringe aos itens da NBR 9050/2004, pertinentes à fase de

projeto básico, não sendo considerados os quesitos relativos a detalhamento de

projeto básico, que, em geral, integram o escopo do projeto executivo, tendo sido

elaborado em forma de tabela, com as indicações dos respectivos artigos do

Decreto Federal nº 5.296/2004 e os itens da norma, com as correspondentes

descrições dessas exigências.

A tabela contempla o total de oito itens para verificação do atendimento

dos dispositivos anteriormente mencionados, tendo sido dividida em oito grupos:

• Características do piso

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• Piso tátil de alerta

• Piso tátil direcional

• Inclinações

• Desníveis e grelhas

• Faixa livre de circulação

• Rebaixamento de calçadas para travessias de pedestre

• Vagas para veículos

Nesta tabela constam lacunas para preenchimento das seguintes

informações:

• Indicação do documento do projeto básico no qual foi observado o

atendimento da respectiva exigência: memorial descritivo (M),

desenho (D) ou planilha orçamentária (P). Esta indicação poderá

ser marcada em um ou mais documentos, considerando que as

informações podem constar em mais de um documento, como, por

exemplo, o piso tátil, cuja indicação deverá constar, no mínimo, no

desenho (planta de situação ou planta baixa do empreendimento

com a indicação até a calçada e na planilha orçamentária).

• Indicação do respectivo atendimento: total (T), parcial (P) ou não

atendimento (N).

• Indicação das folhas do processo onde constam os referidos

documentos, a fim de facilitar a procura das informações no

processo, constituído pelo edital, bem como instruir devidamente

as respectivas informações.

É importante destacar que para a utilização do Apêndice B torna-se

necessário que o analista tenha conhecimento prévio da NBR 9050/2004,

especificamente dos itens ali elencados e que, após o preenchimento da mesma,

caso um ou mais itens não estejam em conformidade com os parâmetros

estabelecidos, deverão ser sugeridas as providências cabíveis para as devidas

correções.

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4. Considerações Finais

O planejamento de uma cidade deve estar voltado ao direito do cidadão de

ir e vir, desde o momento que deseja sair de sua casa até alcançar o destino

desejado. Portanto, considerando o transporte a pé como o primeiro que

possibilita a mobilidade no ambiente urbano, sendo desenvolvido sobre as

calçadas, o desenho urbano não pode ser empecilho para o desenvolvimento

social, devendo estar adequado às possibilidades motoras e sensoriais de todos.

Nesse contexto, a construção e adequação dos espaços públicos, com

acessibilidade, passou a ser uma obrigatoriedade, estabelecida pelo Decreto

Federal nº 5.296/2004, cujo prazo final para cumprimento já expirou em julho de

2008, de acordo com o disposto no § 3º do seu artigo 24.

Dessa forma, o princípio da legalidade, que restringe a ação da

Administração Pública aos limites das determinações legais, fundamenta,

também, os órgãos de controle, a observarem o que prescreve o Decreto

Federal nº 5.296/2004, de forma a garantir o cumprimento dos dispositivos legais

relativos à acessibilidade, antes que os recursos públicos sejam aplicados.

No âmbito do controle externo, exercido pelos Tribunais de Contas, a

análise de editais por concorrência pública se apresenta como um dos

instrumentos de controle a serem utilizados. Ao ser realizada em momento

concomitante ao processo licitatório, e prévio à despesa, a análise de editais

possibilita a verificação da correta estimativa para a aplicação dos recursos

públicos.

O TCE-RJ, que vem utilizando este instrumento de controle, inclusive na

análise de editais de obras públicas, deve promover, também, a verificação das

questões relativas à acessibilidade nos projetos básicos, com vistas a atender,

com maior eficácia, aos princípios constitucionais da legalidade, da legitimidade,

da economicidade e da eficiência.

A observação dos parâmetros de acessibilidade previstos no Decreto

Federal nº 5.296/2004 e na NBR 9050/2004, quando da análise desses projetos,

garantirá o atendimento aos princípios da legitimidade e da economicidade, na

medida em que um projeto concebido de forma adequada, ou seja, que

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considere a acessibilidade, resulta em custo inferior àquele que decorreria de

adaptações realizadas após a obra concluída.

O presente trabalho demonstra que a verificação da acessibilidade na

análise de editais, à luz dos princípios constitucionais da legalidade, legitimidade

e economicidade, busca contribuir para a eficiência da Administração Pública, a

qual deve evitar desperdícios na aplicação de recursos destinados à execução

de obras.

Portanto, considerando que os Tribunais de Contas devem incluir a

verificação da acessibilidade, quando da análise do projeto básico de novas

construções ou adaptações, este trabalho se concentrou no elemento calçada,

por ser esta um requisito básico de circulação na cidade.

Outra evidência observada foi o desconhecimento dos analistas da SSO,

que atuam na análise de editais, quanto à existência do Decreto Federal

nº 5.296/2004, pois, 58% destes não tem conhecimento quanto à referida

legislação, demonstrando o quanto é incipiente a questão da acessibilidade.

A legislação vigente não tem garantido que as cidades possam ser

utilizadas por todos os seus cidadãos, visto que a transformação de atitudes e de

parâmetros tem sido lenta e poucos são os municípios que estão transformando

o direito à acessibilidade, adquirido legalmente, em aquisição concreta do direito

de circular.

Uma vez que a acessibilidade se reflete na qualidade de vida de todos,

faz-se necessária a promoção de cursos direcionados para a disseminação de

conhecimentos técnicos específicos e da legislação vigente quanto a esta

questão, tanto ao corpo técnico dos Tribunais de Contas, quanto aos seus

jurisdicionados.

Portanto, a expectativa é que o modelo oferecido seja uma contribuição,

ainda que modestamente, para que as transformações de atitudes sejam

iniciadas e que o mesmo sirva de exemplo para que outros trabalhos sejam

desenvolvidos, auxiliando na verificação da adequação de projetos básicos de

obras públicas e tornando-se uma ferramenta para a promoção da acessibilidade

no ambiente urbano.

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5. Referências Bibliográficas

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______. Ato Normativo nº 80, de 3 de março de 2005. Dispõe sobre as atribuições da Secretaria-Geral de Controle Externo e dos órgãos a ela vinculados e dá outras providências.

______. Ato Normativo nº 98, de 26 de junho de 2008. Delega competência ao Secretário-Geral de Controle Externo para o encaminhamento de processos ao Ministério Público Especial junto ao TCE-RJ.

______. Deliberação nº 191, de 11 de julho de 1995. Estabelece normas a serem observadas pelos órgãos e entidades estaduais e municipais, da Administração Direta e Indireta, incluídas as fundações públicas e os fundos, sob a jurisdição do Tribunal de Contas, na aplicação da Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com as alterações introduzidas pela Lei Federal nº 8.883 de 8 de junho de 1994, e dá outras providências.

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______. Deliberação nº 241, de 15 de fevereiro de 2005. Dispõe sobre a estrutura orgânica e operacional dos órgãos auxiliares do Tribunal de Contas do estado do Rio de Janeiro.

______. Deliberação nº 244, de 18 de dezembro de 2007. Estabelece normas a serem observadas pelos órgãos e entidades estaduais da Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos Poderes, sob a jurisdição do Tribunal de Contas, visando ao controle e à fiscalização dos atos administrativos que especifica.

______. Deliberação nº 245, de 18 de dezembro de 2007. Estabelece normas a serem observadas pelos órgãos e entidades municipais da Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos Poderes, sob a jurisdição do Tribunal de Contas, visando ao controle e à fiscalização dos atos administrativos que especifica.

______. Resolução nº 206, de 11 de dezembro de 1997. Dispõe Dispõe sobre a estrutura orgânica e operacional dos órgãos auxiliares do Tribunal de Contas do estado do Rio de Janeiro.

______. Resolução nº 226, de 14 de dezembro de 2000. Aprova o Manual de Organização do Tribunal de Contas do estado do Rio de Janeiro.

______. Resolução nº 255, de 18 de dezembro de 2007. Estabelece os prazos e procedimentos referentes ao exame e à tramitação dos atos exigidos pelas Deliberações TCE-RJ nos 244 e 245, de 18 de dezembro de 2007.

TORRES, Marcelo Douglas de Figueiredo. Estado, democracia e administração pública no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2007.

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APÊNDICE A – Questionário aplicado aos Analistas da SSO

Questionário para subsidiar o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) relativo ao Curso de Especialização em Auditoria de Obras Públicas, ministrado pela pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC – Rio.

Rio de Janeiro, ___/___/___.

Setor:

Entrevistado: Matrícula:

1. O que você entende como acessibilidade para pessoas com deficiência?

2. Você tem conhecimento da legislação vigente relativa à acessibilidade?

( ) Sim ( ) Não

3. Você entende que a acessibilidade para pessoas com deficiência deve ser analisada no projeto básico?

4. Você entende que o prazo para análise do projeto básico tem influência nos procedimentos adotados na SSO?

( ) Sim ( ) Não

5. Dentre os aspectos abaixo, marque aqueles que são ou já foram abordados nas referidas análises de que já participou, com relação ao item 1.1 Projeto Básico:

Aspectos Sim Não

Verificação do encaminhamento dos elementos que compõem o projeto básico

Se os elementos do projeto básico são suficientes para caracterizar com precisão adequada o objeto pretendido

Compatibilidade entre as quantidades planilhadas e as de projeto

Verificação da apresentação da ART do projeto básico

Adequação dos custos unitários com os preços de mercado

Compatibilidade dos prazos com as etapas físicas previstas

* * *

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APÊNDICE B – Modelo proposto

Fonte: Elaborada com base em Duarte e Cohen (2006) .

Projeto Básico**

Fls.Proc.

1 M ( ) D ( ) P ( )

2 M ( )

D ( )

P ( )

M ( )

D ( )

P ( )

M ( )

D ( )

P ( )

3 M ( )

D ( )

P ( )

4 M ( ) D ( ) P ( ) M ( ) D ( ) P ( )

5 M ( ) D ( ) P ( ) M ( ) D ( ) P ( )

6

M ( ) D ( ) P ( )

7 M ( )

D ( )

P ( )

M ( ) D ( ) P ( )

M ( ) D ( )

P ( ) M ( ) D ( )

P ( )

M ( )

D ( )

P ( )

8 M ( )

D ( )

P ( )

M ( )

D ( ) P ( )

M ( )

D ( ) P ( )

M ( ) D ( ) P ( )

5.2

Art. 15Inc. I

6.1.4

6.1.5

6.10.1 Inclinação transversal menor ou igual a 3%

Inclinação longitudinal menor ou igual a 8,33%

( )

( )

( )

( )

Desníveis no piso: ( )menor que 5mm ( ) entre 5mm e 15mm ( ) maior que 15mm

( )

Disposição das grelhas ou juntas de dilatação: ( ) fora do fluxo principal ( ) no fluxo principal,a localização está transversalmente à rota acessível

Atende* - T - Atendimento total; P - Atendimento parcial; N - Não atende

( )

Vagas para Veículos

___

Sinalização horizontal

( )

( )

( )

8.2

8.3

7.3

7.4

( )

( )

( )

6.10.11.1Com sinalização (piso tátl de alerta) - Localização: ( )calçadas junto às travessias de pedestres( )foco de pedestres

6.10.11.10

6.10.11.3

6.10.11.9

Art. 15Inc. I

4.26.10.26.10.3

6.12.1c)

6.12.1a)

Desníveis e grelhas

Art. 15Inc. I

Rebaixamento de calçadas para travessia de pedestres

Art. 15Inc. II

( )

2.2

2.3

3.1

8.1

6.1

7.1

7.2

7.5

4.1

5.1

MODELO PARA VERIFICAÇÃO DA ACESSIBILIDADE EM CALÇADAS - Processo TCE nº___________________

1.1

2.1

( )

( )

Quesitos de acessibilidadeDecreto Federal5296/04

NBR9050

Superfície do piso: ( ) regular ( )antiderrapante

As abas laterias dos rebaixamentos: ( ) com projeção horizontal mínima de 0,50m ( ) inclinação igual ou menor que 10%

Inclinação para os rebaixamentos menor ou igual a 8,33%

Marcação de faixa livre: ( ) menor que 0,80m no passeio, à frente do espaço ocupado pelorebaixamento (Obs. : recomenda-se faixa com largura de 1,20m) ( ) igual ou maior que1,20m

Art. 25

Espaço adicional de circulação: ( ) menor que 1,20m ( ) igual ou maior a 1,20m de largura(Obs.: caso de vaga afastada da travessia de pedestres)

6.12.1 b)

Quantidade das vagas: ( ) 2% do total de vagas ( ) no mínimo, uma vaga, em locaispróximos à entrada principal ou ao elevador, de fácil acesso à circulação de pedestres

Sinalização vertical

Projeto Básico** - M - Memorial Descritivo; D - Desenhos; P - Planilha

8.4

Textura da sinalização tátil de alerta com um conjunto de relevos tronco-cônicos

Piso Tátil de Alerta

Faixa livre de circulação: ( )largura igual a 1,20m (mínima) ( ) largura de 1,20m a1,50m (recomendável) ( )altura livre mínima de 2,10m para os obstáculos aéreos tais como: placas, vegetação e toldos

6.10.46.10.5

Faixa livre de Circulação

( )

( )

Piso tátil direcional: ( )com textura de seção trapezoidal ( ) instalado no sentido dodeslocamento ( ) largura entre 20cm e 60cm ( )com cor diferenciada em relação ao pisoadjacente

5.14.2.1

Piso tátil de alerta: ( ) com cor diferenciada do piso adjacente ( )associado à faixa de corcontrastante com o piso adjacente

Piso Tátil Direcional

Art. 15Inc. III

6.1.1

Verificação

Atende *

Características do Piso

Art. 15Inc. I

6.10.11.11Superfície imediatamente ao lado dos rebaixamentos: ( ) com abas laterias ( ) comobstáculos. Exemplo: canteiros, guarda-corpo etc

( )

Art. 15Inc. III

( )5.14.1.2

Localização da sinalização tátil de alerta instalada: ( )perpendicularmente ao sentido dodeslocamento ( ) sob o mobiliário urbano suspenso entre 0,60m e 2,10m ( ) distância de 0,60m em relação ao mobiliário urbano ( ) junto a desníveis (obs.:comoplataformas de embarque e desembarque e ao longo de toda a extensão onde houver risco dequeda) Outros.Especificar:____________________________________________________

5.14.1.1

6.1.2

Inclinações

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ANEXO A – Modelo de análise da SSO

Órgão Jurisdicionado: Objeto: Local: Edital: Valor Estimado: Regime de Execução: Prazo: Tipo de Licitação: Data da licitação:

1. Projeto Básico

1.1 – Elementos do Projeto Básico (“caput” e alíneas “a”, “b”, “c” e “d” do inc. IX, art. 6o, § 5o do art. 7o, inc. VI do art. 12 e inc. I do § 2o do art. 40; Resolução CONFEA no 282/83 e Lei Federal no 5.194/66). 1.1.1. Memorial Descritivo e Especificações 1.1.2. Desenhos 1.1.3. Cronograma 1.1.4. Planilha Orçamentária 1.2 – ART(s) do Projeto Básico (Lei Federal no 6.496/77 c/c Lei Federal no 5.194/66). 1.3 – Consolidação dos quantitativos constantes do Projeto Básico. 1.4 – Medições e Pagamentos (alínea “e”, inc. IX, art. 6o c/c inc. III, § 2o, art. 7o e alínea “b”, inc. XIV, art. 40; bem como ”, inc. III, art.55 da Lei 8.666/93). 1.5 - Planilha Orçamentária (art. 7º, § 2º, II e art. 40, § 2º, II).

2. Aspectos Ambientais

2.1 - Licenciamento ambiental (“caput” do inc. IX do art. 6o c/c inc. VII do art. 12; Resoluções CONAMA; Deliberações CECA; Dispositivos Legais Ambientais aplicáveis). 2.2 - Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (Res. CONAMA 307/02).

3. Aspectos do Instrumento Licitatório

3.1 – Critério de ACEITABILIDADE de preços (art. 40, X). 3.2 – Critério de reajuste de preços (art. 40, XI). 3.3 – Qualificação Técnica (art. 27, II c/ art. 40, VI). 3.4 – Previsão de Critérios para Aditamentos (inc. III do art. 55, C/C § 1º do art. 65).

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80

CONCLUSÃO

SSO, em xx/xx/xxxx.

[nome do analista] [cargo]

Mat.: xx/xxxx À CEE, Ratifico a informação precedente e encaminho o presente processo para que seja ultimada sua análise.

SSO, em xx/xx/xxxx.

[nome do Subsecretário-Adjunto] Subsecretário-Adjunto

Mat.: xx/xxxx

* * *