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Anais do XI Encontro de Ciências da Vida  Ciência no desenvolvimento social e profissional        Ilha Solteira  SP 

Anais do XI Encontro de Ciências da Vida no ... · Pelo menos quatro espécimes de Caiman, incluindo um crânio completo, foram recuperados em um depósito Pleistocênico proveniente

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Anais do XI Encontro de Ciências da Vida 

 Ciência no desenvolvimento social e 

profissional 

  

 

 

 

 

 

Ilha Solteira – SP 

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XI Encontro de Ciências da Vida 

Ciência no desenvolvimento social e 

profissional 

 

ANAIS 

 

 

Edição: 

 FEIS/UNESP 

 

Organizadores: 

Fernando Shintate Galindo 

Igor Paiva Ramos 

 

 

Ilha Solteira ‐ SP 

05 a 09 de junho de 2017 

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Comissão organizadora  

Presidente: Prof. Dr. Alan Perez Ferraz de Melo 

Vice‐presidente: Ana Carolina Almeida Rollo de Paz 

Secretária: Sara Ferreira de Souza 

1º Tesoureiro: Prof. Dr. João Antonio da Costa Andrade 

2º Tesoureira: Isabela Maria Dias Moyses Fernandes 

XXXIII Semana da Agronomia 

Coordenador docente: Prof. Dr. Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho 

Coordenador discente: Carlos Eduardo Batista 

Secretária discente: Beatriz Batello Rodrigues 

XV Semana da Biologia 

Coordenadora docente: Profa. Dra Aline Redondo Martins 

Coordenador discente: José Daniel Soler Garves 

Secretário discente: Wesller da Silva de Paiva 

XI Semana da Zootecnia 

Coordenador docente: Prof. Dr. Leandro Coelho de Araújo 

Coordenador discente: Matheus Sousa de Paula Carlis 

Secretário discente: João Vitor Storti 

Comissão científica 

Prof. Dr. Igor Paiva Ramos  

Me. Fernando Shintate Galindo 

 

Promoção: Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira Organização: Curso de Ciências Biológicas, Curso de Agronomia e Curso de Zootecnia 

 

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação

Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira.

Encontro de Ciências da Vida (11. : 2017 : Ilha Solteira).

E56a Anais [do] XI Encontro de Ciências da Vida : 05 a 09 de junho de 2017, Ilha

Solteira-SP [recurso eletrônico] / organizadores: Fernando Shintate Galindo, Igor

Paiva Ramos. -- Ilha Solteira : Unesp/FEIS, 2017

299 p. : il.

Inclui bibliografia e índice

Temática do evento: Ciência no desenvolvimento social e profissional

ISBN 978-85-61507-06-0

1. Ciência e tecnologia - Congressos. 2. Pesquisa - Congressos.

3. Desenvolvimento social - Congressos. 4. Formação profissional - Congressos.

4. Ciência e civilização - Congressos. I. Galindo, Fernando Shintate. II. Ramos,

Igor Paiva. III. Título. IV. Ciência no desenvolvimento social e profissional.

CDD 570.7

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Morfologia da fenestra supratemporal dos Caiman da Gruta Ioiô (Pleistoceno, Bahia): Qual a origem da variação?

Alice Barra Freire (1)*, Felipe Chinaglia Montefeltro (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, e-mail: [email protected]

2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução O clado Caimaninae (Alligatoridae, Crocodylia) é representado atualmente pelos gêneros Caiman (3 spp.), Melanosuchus (1 spp.) e Paleosuchus (2 spp) distribuídos na América Latina (Barrios 2013, Grigg, Kirshner 2015). Estes táxons tendem a ser abundantes nos ambientes que ocorrem. Por outro lado, a diversidade fóssil do clado é notavelmente baixa em depósitos Pleistocênicos sendo a maioria dos fósseis fragmentários e não informativos (Fortier, Rincón 2012).

Pelo menos quatro espécimes de Caiman, incluindo um crânio completo, foram recuperados em um depósito Pleistocênico proveniente da Gruta Ioiô (Castro et al. 2014) e representam o mais completo registro do gênero para o Pleistoceno até o momento.

Dentre as variações morfológicas reconhecidas nos espécimes, destaca-se a grande diferença na morfologia da fenestra supratemporal. Esta estrutura assume tamanho e morfologia única em cada um dos espécimes coletados. Em Crocodylia as diferenças da morfologia da fenestra supratemporal podem ser atribuídas a três fatores principais: afinidade taxonômica, ontogenia e condições ambientais.

O presente trabalho objetiva a análise da variação reconhecida nos espécimes de Caiman da Gruta Ioiô e a investigação da origem da variação desta estrutura.

Material e métodos Os materiais de Caiman reanalisados correspondem aos 4 espécimes

descritos preliminarmente (Castro et al. 2014) provenientes da Gruta Ioiô localizada no município de Palmeiras, Bahia, próxima ao parque nacional da Chapada Diamantina (12o23’36.3’’ S, 41o33’11’’ W) e depositados no Laboratório de Paleontologia de Ribeirão Preto-FFCLRP-USP (LPRP/USP 0704, LPRP/USP 0705, LPRP/USP 0706 e LPRP/USP 0707, Figura 1). Os espécimes são atribuídos ao período Pleistoceno com idade aproximada de 18.260 anos através de datação por bioapatita. O estudo se concentrou nos espécimes LPRP/USP 0707 e LPRP/USP 0706 que encontram-se em empréstimo para o Laboratório de Paleontologia e Evolução de Ilha Solteira (LAPEISA). O espécime LPRP/USP 0706 é representado por um crânio parcial fragmentário (Figura 1C) e o espécime LPRP/USP 0707 representado por um crânio parcial desarticulado além de elementos mandibulares fragmentários (Figura 1D). Para o estudo do espécime LPRP/USP 0707, os ossos supraoccipital, parietal, frontal, esquamosal esquerdo, pós-orbital direito e esquerdo, pré-frontais e lacrimais foram rearticulados e fotografado para a análise da fenestra supratemporal.

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Para a comparação da morfologia da fenestra supratemporal dos Caiman da Gruta Ioiô foram utilizados crânios de Caiman latirostris, Paleosuchus palpebrosus, Crocodylus niloticus e Crocodylus siamensis depositados no LAPEISA, bem como de informações provenientes da literatura.

Figura1: Espécimes de Caiman Gruta Ioiô. Fst: Fenestra supratemporal. LPRP/USP 0704 (A); LPRP/USP 0705 (B); LPRP/USP 0706 (C) e LPRP/USP 0707 (D). Barra de escala = 2cm.

Resultados e discussão

A morfologia da fenestra supratemporal dos quatro espécimes são variáveis, tanto em forma, tamanho e extensão da fossa supratemporal. O espécime LPRP/USP 0704 representa um dos extremos entre os espécimes, com a fenestra supratemporal de tamanho avantajado (maior eixo da fenestra aprox. 2 cm) ocupando uma grande área do teto craniano, com o formato da abertura arredondado e com a fossa supratemporal limitando o tamanho da fenestra supratemporal interna (senso Montefeltro et al. 2011). Por outro lado, o espécime LPRP/USP 0707 representa outro extremo possuindo a fenestra supratemporal de tamanho limitado (maior eixo da fenestra com 1 cm) ocupando uma área limitada do teto craniano, com o formato da abertura irregular e sem fossa supratemporal expressiva. Enquanto os espécimes LPRP/USP 0705 e LPRP/USP 0706 apresentam morfologias intermediárias entre estes extremos e como a fenestra com o formato alongado anteroposteriormente (Figura 1B e 1C).

A possibilidade destas variações serem resultantes de afinidades taxonômicas diferentes para os espécimes foi descartada pelo critério topotípico e pelos espécimes compartilharem características anatômicas que suportam uma afinidade única (formato abaulado do rostro, cristas rostrais proeminentes, Brochu 1999, Castro et al. 2014).

A fenestra supratemporal tende a diminuir de tamanho ao longo da ontogenia em Caiman e tendem a se distanciar pelo crescimento do parietal sobre a fenestra (Mook 1921). No entanto, a possibilidade das diferenças nos fósseis analisados serem resultado da variação ontogenética foi preterida, pois todos os espécimes avaliados possuem aproximadamente as mesmas dimensões do teto craniano e dos demais elementos preservados. Deste modo, é possível assumir que se tratam de indivíduos em estágios ontogenéticos próximos pelo crescimento contínuo das espécies de Crocodylia (Iordanski 1973).

Por outro lado, trabalhos anteriores analisando variações dentre espécimes

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selvagens e cativos tem demonstrado que espécimes submetidos a diferentes condições ambientais (ex.: alimentação, locomoção, termorregulação) podem levar a grandes modificações morfológicas em Crocodylia (Meers 2002, Sadleir 2009, Drumheller et al. 2016). Estas diferenças são particularmente visíveis na morfologia da fenestra supratemporal dentre os espécimes cativos que inclusive pode levar ao fechamento completo da fenestra temporal em alguns espécimes (Drumheller et al. 2016). Adicionalmente, os Crocodylia possuem uma estruturação social complexa (Grigg, Kirshner 2015) e indivíduos nos diferentes níveis hierárquicos sociais tendem a ocupar nichos diferentes levando à alimentação, locomoção e termorregulação significativamente diferentes. Assim, as diferenças na morfologia da fenestra supratemporal nos fósseis estudados poderiam ser resultado de espécimes que ocupavam diferentes posições sociais e que em última instancia levaram a morfologias diferentes da fenestra analisada.

Conclusões

Dentre as três possíveis razões levantadas para explicar as diferenças morfológicas das fenestras supratemporais nos quatro indivíduos de Caiman da Gruta Ioiô nós excluímos as explicações taxonômicas e ontogenéticas. Assim, sugerimos que estas diferenças observadas sejam melhor explicadas da perspectiva ecofenotípica sendo as diferentes morfologias em última instância resultantes das interações ecológicas entre os indivíduos.

Referências

BARRIOS, Francisco. Presencia de Caiman latirostris (DAUDIN, 1802) (Crocodylia, Alligatoridae) em la formación Piquete (Plioceno-Plestoceno Temprano) de la Provincia de Salta, Argentina: Implicancias paleoambientales y sistemáticas. Ameghiniana. Neuquén, p. 522-534. maio 2013.

BROCHU, Christopher A.. Phylogenetics, Taxonomy, and Historical Biogeography of Alligatoroidea. Journal Of Vertebrate Paleontology,Austin, p.1-93, 24 ago. 1999.

CASTRO, Mariela C.; MONTEFELTRO, Felipe C.; LANGER, Max C.. The Quaternary vertebrate fauna of the limestone cave Gruta do Ioiô, northeastern Brazil.Quaternary International,Ribeirão Preto, v. 352, n. 352, p.164-175, 26 nov. 2014.

DRUMHELLER, Stephanie K.; WILBERG, Eric W.; SADLEIR, Rudyard W.. The Utility of Captive Animals in Actualistic Research: A Geometric Morphometric Exploration of the Tooth Row of Alligator mississippiensis Suggesting Ecophenotypic Influences and Functional Constraints. Journal Of Morphology. Illinois, p. 1-13. 2016.

FORTIER, Daniel Costa; RINCÓN, Ascanio Daniel. Pleistocene crocodylians from Venezuela, and the description of a new species of Caiman. Quaternary International. Caracas, p. 1-8. jan. 2012.

GRIGG, Gordon; KIRSHNER, David; SHINE, Rick. Biology and Evolution of CROCODYLIANS. New York: Csiro, 2015. 671 p.

IORDANSKY, N.n..The Skull of the Crocodilia.1973. 62 f. Department Of General Biology And Genetics, 2nd Moscow State Medical Instituition, Moscow, 1973.

MONTEFELTRO, Felipe C.; LARSSON, Hans C. E.; LANGER, Max C.. A New Baurusuchid (Crocodyliformes, Mesoeucrocodylia) from the Late Cretaceous of Brazil and the Phylogeny of Baurusuchidae. Plosone, Montre´ Al, Canada, v. 6, n. 7, p.1-26, jul. 2011.

MEERS, MB. 2002. Cross-sectional geometric properties of the crocodylian humerus: An exception to Wolff ’s Law?

MOOK, Charles. INDIVIDUAL AND AGE VARIATIONS IN THE SKULLS OF RECENT CROCODILIA. Bulletin American Museum Of Natural History. p. 51-66. 1921.

SADLEIR, RW. 2009. A morphometric study of crocodylian ecomorphology through ontogeny and phylogeny [dissertation]. Chicago, IL: The University of Chicago

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas  

 

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Influência de piscicultura em tanques-rede sobre a dieta de Pimelodus maculatus no reservatório de Chavantes, SP

Alini Beloto Parra(1)*, Igor Paiva Ramos (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia de Peixes. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes.

Introdução

Atualmente, políticas públicas incentivam a substituição da pesca extrativista por atividades de aquicultura (Pelicice et al. 2014), cuja taxa de crescimento anual em território brasileiro é maior que qualquer outra atividade zootécnica. A recente expansão e o potencial existente para esta atividade geram preocupações dos órgãos gestores dos reservatórios e da comunidade científica quanto as possíveis influências ambientais desta atividade sobre a conservação das comunidades silvestres. O modelo zootécnico nos sistemas de criação de peixes em tanques-rede é o cultivo intensivo, no qual os peixes são cultivados em alta densidade, com intenso aporte de ração. Dessa forma esta atividade atua como fonte de energia secundária ao ecossistema aquático, na forma de sobra de rações e efluentes que atraem a biota adjacente, causando alterações na estrutura da comunidade local. Autores como Beveridge (2004) e Pillay (2004) relatam que até 30% da matéria orgânica destinada à produção do pescado pode ser perdida para o ecossistema aquático, causando modificações ecológicas em áreas próximas a esses sistemas (Beveridge, 2004; Håkanson, 2005; Ramos et al., 2013ab).

Estudos que abordem a influência desses sistemas sobre a ictiofauna silvestre podem fornecer informações importantes para o desenvolvimento de uma aquicultura sustentável. Assim o presente trabalho objetiva avaliar a influência de uma piscicultura em tanques-rede sobre a dieta de Pimelodus maculatus, no reservatório de Chavantes, Rio Paranapanema, SP.

Material e métodos

Coletas mensais foram realizadas no reservatório de Chavantes, Rio Paranapanema, SP, em duas pisiculturas em tanques-rede (área TR) e em duas áreas sem influência desta atividade (área CT) entre os meses de novembro de 2006 a outubro de 2007 (projeto FINEP nº. 3626/05). Para realização das análises, os exemplares das duas áreas sob influência de pisciculturas em tanques-rede foram agrupados em uma única amostra, sendo o mesmo aplicado às áreas sem a influência da atividade aquícola. Os exemplares de P. maculatus foram coletados com auxílio de redes de espera, eutanasiados (IBAMA nº 15549-1) e os estômagos retirados e fixados (formol 4%) para análises laboratoriais. Os conteúdos estomacais foram analisados sob estereomicroscópio, os itens alimentares identificados até o nível taxonômico mais inferior possível, com auxílio de chaves de identificação para algas (Bicudo e Bicudo, 1970) e invertebrados aquáticos (Mugnai et al., 2010). Posteriormente, cada item teve a massa determinada em balança analítica de precisão (0,0001g) conforme método gravimétrico (Hyslop, 1980). Para sumarizar a composição da dieta, os resultados foram expressos por meio da porcentagem da massa de cada item

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alimentar. Para testar possíveis diferenças na composição da dieta entre as áreas TR e CT foi utilizada a análise PERMANOVA. A fim de verificar qual a contribuição de cada item alimentar para a diferença observada, foi aplicado o método de porcentagem de similaridade (SIMPER). Todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software Primer 6.0 + Permanova e o nível de significância adotado foi p<0,05.

Resultados e discussão

Foram coletados um total de 522 indivíduos de P. maculatus, sendo 392 oriundos da área TR e 130 da área CT. Para a área TR foram registrados 20 itens alimentares sendo os principais Ração (88,47%) e Detrito (4,35%), enquanto para a área CT 31 itens alimentares foram registrados, sendo os principais Fragmento de peixe (26,8%), Fragmento vegetal (21,2%), Detrito (14,63%) e Gastropoda (8,7%) (Tabela 1).

Tabela 1 – Itens alimentares registrados em Pimelodus maculatus e suas respectivas porcentagens para as áreas Tanque e Controle.

Categorias/Itens Tanque (%) Controle (%) PROTOZOÁRIOS Tecameba - <0,01 ALGAS/VEGETAIS Alga filamentosa 0,02 0,20 Fragmento vegetal 0,51 21,20 VERTEBRADOS Fragmento de ave - 0,05 PEIXE Fragmento de peixe 2,37 26,80 ESCAMAS Escamas 2,64 2,73 RAÇÃO Ração 88,47 1,02 DETRITO Detrito 4,35 14,63 INVERTEBRADOS Molusco não identificado - 0,06 Bivalve 0,24 3,79 Gastropoda 0,57 8,78 Ovos de invertebrado não identificado

- 1,30

Coleoptero não identificado 0,09 1,77 Odonata não identificado - 0,04 Gomphidae 0,08 2,40 Libelulidae - 0,33 Baetidae <0,01 0,40 Polymitarcidae - 0,34 Camarão 0,29 1,68 Ostracoda <0,01 1,18 Hymenoptera não identificado 0,01 0,08 Tricoptera não identificado 0,12 1,75 Ácaro não identificado - <0,01 Aranae - <0,01 Corixidae <0,01 0,05 Fragmento de inseto aquático 0,08 4,87 Fragmento de inseto terrestre 0,05 0,09 Diptera não identificado 0,00 <0,01 Ceratopogonidae <0,01 0,01 Chironomidae 0,05 3,86 Chaoboridae - <0,01

Quanto à composição da dieta, foi observada diferença entre as áreas TR

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e CT (PERMANOVA p = 0,0001 e F= 80,9), sendo Ração (48,32%), Detrito (14,2%), Gastropoda (5,84%) e Fragmento vegetal (4,62%) os itens que mais contribuíram para a diferença, segundo a análise SIMPER. A diferença na riqueza de itens alimentares possivelmente relaciona-se ao grande consumo de ração na área TR. Assim, exemplares oriundos desta área utilizam estes recursos alóctones como base de sua dieta, deixando de consumir itens autóctones. Tal fato relaciona-se com o hábito alimentar onívoro/generalista, de P. maculatus, que consome itens com maior disponibilidade no ambiente, favorecendo a relação custo-benefício segundo a teoria do forrageamento ótimo (Abelha, Agostinho e Goulart, 2001). Dessa forma, os indivíduos analisados foram capazes de aproveitar a ração, quando esta estava disponível em grande quantidade no ambiente, como também observado por Brandão et al. (2014) e Ramos et al. (2013), no rio Paranapanema.

Conclusões

A atividade de piscicultura em tanques-rede influencia a composição da dieta de P. maculatus.

Referências

ABELHA, M.C.F.; AGOSTINHO, A.A.; GOULART, E. Plasticidade trófica em peixes de água doce. Acta Scientiarum, v. 23, n. 2, p.425-434, 2001.

BEVERIDGE, M.C.M. Cage aquaculture. 3ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. BICUDO, C.E.M.; BICUDO, R.M.T. Algas de águas continentais brasileiras chave ilustrada

para identificação de gêneros. São Paulo: Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências, 1970.

BRANDÃO, H.; SANTANA, J. C. O.; RAMOS, I. P.; CARVALHO, E. D. Influence of cage farming on feeding and reproductive aspects of Pimelodus maculatus Lacépède, 1803 (Siluriformes: Pimelodidae) in the Chavantes reservoir, Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 36, n. 1, p.41-50, 2014.

HÅKANSON, L. Changes to lake ecosystem structure resulting from fish cage farm emissions. Lakes & Reservoir: Research and Management, v. 10, p. 71-80, 2005.

HYSLOP, E. J. Stomach contents analysis-a review of methods and their application. Journal Of Fish Biology, [s.l.], v. 17, n. 4, p.411-429, out. 1980. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1111/j.1095-8649.1980.tb02775.x.

MUGNAI, R.; NESSIMIAN, J.L.; BAPTISTA, D.F. Manual de identificação de macroinvertebrados aquáticos do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Technical Boocks, 2010.

PELICICE, F.M.; VITULE, J.R.S.; LIMA-JUNIOR, D.P.; ORSI, M.L; AGOSTINHO, A.A. A serious new threat to Brazilian freshwater ecosystems: the naturalization of nonnative fish by decree. Conservation Letters, v. 7, n. 1, p. 55–60, 2014.

PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment. 2ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. RAMOS, I.P.; BRANDÃO, H.; ZANATTA, A. S.; ZICA, E. O. P.; SILVA, R. J.; REZENDE-AYROZA,

D. M. M. Interference of cage fish farm on diet, condition factor and numeric abundance on wild fish in a neotropical reservoir. Aquaculture. v. 414-415, p. 56-62, 2013.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

 

 

 

 

 

 

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A utilização de curtas-metragens socioambientais como ferramenta para educação ambiental no ensino formal

Allana Lojó Pizápio(1), João Vitor de Souza Xavier(2)*, Julia Jiacometi

Marcondes(3), Denise Gallo Pizella(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Departamento de Biologia e Zootecnia 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Ba charelado, Departamento de Biologia e Zootecnia. E-mail: [email protected]. 3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, Departamento de Biologia e Zootecnia 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução A educação ambiental é, nos tempos modernos, uma importante

ferramenta para um futuro mais sustentável e a principal maneira de formar cidadãos que pensem criticamente a respeito da realidade social, econômica, ambiental e cultural na qual se inserem, buscando modificar as estruturas de poder que conduzem à exclusão social e aos problemas ambientais vigentes, tornando-se cidadãos ativos em suas comunidades. Na instituição escolar, qual seja, em um ambiente educacional formal, existem formas diversas para se inserir a temática ambiental nos currículos escolares, seja no desenvolvimento de atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora do ambiente escolar, por meio de projetos, dentre outros (SATO, 2002, apud FERREIRA, 2013).

Segundo Tristão (2004), a temática ambiental é facilmente relacionada aos temas apresentados aos alunos em sua grade tradicional de disciplinas, mas, por apresentar uma natureza interdisciplinar, é melhor trabalhada por meio de projetos ou atividades extracurriculares, pois não é possível inseri-la na estrutura curricular, em uma única disciplina. Neste sentido, segundo Rosa (2000) apud Cruz e Fernandes (2013), o emprego de documentários e animações em sala consiste em uma ferramenta para trabalhar a educação ambiental, devido ao apelo às estruturas emocionais do aluno, possibilitando a aprendizagem de conteúdos curriculares apresentados em sala-de-aula.

Este projeto teve como principal objetivo desenvolver o espírito crítico de estudantes da cidade de Ilha Solteira (SP) frente aos problemas socioambientais nacionais e globais, estimulando seu senso crítico de maneira que propusessem soluções ou atitudes que pudessem minimizar tais problemas, por meio de debates em sala de aula, fazendo uso da ferramenta cinematográfica.

Material e métodos O projeto foi desenvolvido durante os meses de abril a novembro de 2016

(com excesso de julho, época de recesso escolar), juntamente a duas escolas da cidade de Ilha Solteira (SP), sendo uma da rede privada e outra pública, juntamente aos anos do Ensino Médio. A metodologia consistiu na exibição mensal de curtas-metragens com temáticas socioambientais em cada uma das turmas, no período de aula, que foi cedido pelo docente responsável. Após a exibição dos curtas-metragens, foram realizados debates com as turmas referentes aos temas abordados e solicitado aos estudantes que respondessem

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a um questionário em duplas, que posteriormente foi analisado, de modo a perceber de que forma o público-alvo apreendeu os conteúdos discutidos. Foram exibidos e discutidos os seguintes curtas-metragens no período: “Entre Rios”, “Rios Voadores”, “Homem Refluxo”, “Nuvens de Veneno”, “Para Onde Foram as Andorinhas” e “Refugiados do Desenvolvimento”.

Resultados e discussão

O primeiro documentário exibido nas duas escolas foi “Nuvens de Veneno”, que trata do uso descomedido de agrotóxicos no Brasil, com os consequentes impactos ambientais e sobre a saúde do trabalhador que ocasionam. No debate proposto para as turmas, foram abordados, sobretudo, os problemas de saúde nos trabalhadores que manuseiam os produtos tóxicos, os impactos ambientais ocasionados ao solo, águas e sobre a biodiversidade, assim como as dificuldades que os produtores de orgânicos enfrentam no país frente à agricultura convencional, visto que grande parte dos resíduos de agrotóxicos chegam à sua produção por meio de ventos, água contaminada e pelas produções agrícolas vizinhas de origem convencional, gerando uma boa discussão com as turmas. Os estudantes se mostraram interessados em saber como funcionava a agricultura orgânica e preocupados com a lavagem dos produtos antes do consumo, além de sugerirem, em algumas respostas, algumas medidas para diminuir ou mesmo substituir os agrotóxicos na agricultura, tais como o controle biológico, a biorremediação de áreas degradadas, a hidroponia, a rotação de culturas e uma maior fiscalização das produções que fazem uso de agrotóxicos.

O segundo documentário foi “Rios Voadores”, que aborda a origem das chuvas que se dão na região sudeste do país, por meio do fenômeno de evapotranspiração da Floresta Amazônica. Em ambas as escolas, percebeu-se que os alunos estavam divididos sobre a influência dos rios voadores no microclima e macroclima em termos gerais, podendo-se perceber pela seguinte resposta: “Os rios voadores são formados a partir da evapotranspiração das plantas, com auxilio dos ventos, e então massas de ar são transportados para outras áreas. Porém, os rios voadores influenciam somente o microclima”.

O documentário “Entre Rios” foi o terceiro a ser exibido, e trata a relação entre as inundações na área urbana da cidade de São Paulo e o processo de ocupação do solo sem planejamento em suas microbacias. Em uma das escolas, os estudantes levantaram questionamentos a respeito do planejamento urbano, tanto nos debates quanto nos questionários respondidos, abordando a necessidade da manutenção das áreas verdes nas cidades, com a preservação dos recursos hídricos e uma melhor gestão ambiental nestes ambientes. Destaca-se a resposta: “Para evitar as enchentes, o governo deve apresentar uma boa gestão urbanística visando a preservação dos recursos hídricos, gestão ambiental digna e saneamento básico adequado”.

O curta metragem “Para onde foram as andorinhas? ”, uma produção do Instituto Socioambiental (ISA), teve como principal objetivo discutir como as alterações ambientais (desmatamento para a agricultura extensiva e intensiva) vem alterando o microclima local e o macroclima global do ponto de vista de indígenas do Rio Xingu (Floresta Amazônica). Durante a discussão, houve uma grande participação dos alunos e um sentimento de revolta de sua parte, visto que os estudantes não demonstraram ter qualquer conhecimento acerca de

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como os povos indígenas são afetados pelo modelo de desenvolvimento adotado no país, sobretudo agrícola.

O curta metragem “Refugiados do desenvolvimento” mostrou a trajetória sócio espacial de deslocamento compulsório das vítimas do modelo de desenvolvimento insustentável provocado pela construção de grandes empreendimentos no Brasil como, por exemplo, as usinas hidrelétricas e as atividades de mineração, provocando impactos irreversíveis ao meio ambiente e nos aspectos socioculturais locais. Quando questionados sobre “como seria um país que, ao invés do modelo de desenvolvimento baseado somente no crescimento econômico, adotasse um modelo de desenvolvimento sustentável?”, destacou-se a seguinte resposta: “Seria um país que utilizaria energia limpa, respeitando a natureza. Haveria melhor distribuição do dinheiro público, e na prática, todos os cidadãos seriam iguais”.

O último documentário apresentado foi o “Homem refluxo”, que apresenta a história de um habitante de um grande centro urbano que ficou sete dias sem destacar os resíduos daquilo que consumia, acumulando-os em uma roupa especial de plástico transparente, de modo a impactar visualmente as pessoas que eram por ele abordadas nos espaços em que frequentava. Quando interrogados sobre como as pessoas poderiam atuar em suas cidades para diminuir o consumo de bens dispensáveis e para auxiliar na reciclagem, destacou-se a resposta: “Consumir apenas o que é necessário, cobrar dos órgãos públicos medidas para o tratamento do lixo, utilizar sacolas de pano ao invés de descartáveis, reaproveitamento de embalagens”.

Conclusões O projeto “Cinema e Meio Ambiente” cumpriu, no período analisado, com o

objetivo de despertar no público alvo, quais sejam, estudantes das redes pública e privada de ensino do município de Ilha Solteira, a importância de se refletir sobre as questões socioambientais, de modo a mobilizar nos estudantes a preocupação e possível busca de soluções para a problemática ambiental que afeta as sociedades humanas como um todo.

Referências

CRUZ, A.B.; FERNANDES, G.W.R. Limites e possibilidades sobre o uso do vídeo documentário científico no Ensino de Física. Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – IX ENPEC, Águas de Lindóia, SP., 10 a 14 de novembro de 2013.

FERREIRA, H.M. A transversalidade nas aulas de Língua Portuguesa: A Educação Ambiental em questão. Anais do SILEL,2013. v.3, n.1. Uberlândia: EDUFU.

TRISTÃO, M. Saberes e fazeres da educação ambiental no cotidiano escolar. Revista brasileira de educação ambiental, 2004. n.0, p.47-56.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Diversidade de estômatos em espécies de leguminosas da Reserva Natural da Serra do Tombador - GO

Alysson Aluízio de Oliveira Rios (1) *, Aline Redondo Martins (2)

Natacha Silva (3), Beatriz Schenaide Vitória (1), Regivan Antonio de Saul (1), Alessandra Fidelis (3)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal. 3UNESP- Rio Claro, Curso de Pós-graduação em Biologia vegetal.

Introdução

No cerrado, a família Leguminosae é uma das mais abundantes em espécies, apresentando uma ampla diversidade morfológica e uma grande variedade de hábitos e comportamentos (Oliveira, 1999; Simon; Penningtony, 2012). É a terceira maior família das Angiospermas, com espécies distribuídas em três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae (Polhill et al. 1981; Lewis et al. 2005).

Segundo Simon e Penningtony (2012) a família tem como característica adaptações evolutivas que ocorrem nos órgãos vegetativos das plantas, uma delas é a presença de diferentes tipos de estômatos, para a realização de trocas gasosas ou até mesmo no controle de perda de água

De acordo com Appezzato-da-Gloria e Carmello-Guerreiro (2012) as classificações estomáticas vão de acordo com o formato e arranjo das células subsidiárias. Os estômatos podem ser classificados como: anomocítico (envolvido por células que não diferem em formato e tamanho das demais células epidérmicas), anisocítico (circundado por três células subsidiárias), paracítico (acompanhado, de cada lado, por uma ou mais células subsidiárias com seu eixo longitudinal paralelo à fenda estomática), diacítico (envolvido por duas células subsidiárias com seu eixo formando um ângulo reto com a fenda estomática) e actinocítico (em torno do qual as células subsidiárias se dispõem radialmente).

O objetivo do presente estudo foi analisar os tipos de estômatos presentes em espécies de leguminosas da Serra do Tombador.

Material e métodos

Foram realizados cortes, (1,0 x 2,00 centímetros) na região mediana das folhas das espécies de Bauhinia dumosa, Chamaecrista claussenii, Mimosa kalunga, Mimosa leiocephala, Mimosa somnians e Senna corifolia, coletadas na Reserva Natural da Serra do Tombador – GO, em maio de 2016. Tais amostras foliares foram fixadas às lâminas histológicas de vidro com cola de secagem rápida, éster de cianoacrilato (Segatto et al., 2004). Após a total secagem da cola o material vegetal foi removido da lâmina restando apenas a impressão foliar nas faces adaxial e abaxial. Em seguida, as lâminas foram fotografadas com as impressões das duas faces com aumento de 40X.

Resultados e discussão

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As seis espécies em estudo apresentaram estômatos do tipo paracítico, no geral em ambas as faces da folha, exceto na espécie B. dumosa onde os estômatos foram encontrados apenas na face abaxial e na espécie M. somnians somente na face adaxial (Figuras 1 e 2). As espécies C. claussenii e M. leiocephala apresentaram também o tipo de estômato anisocítico, presente na face adaxial da folha de C. claussenii e em ambas as faces de M. leiocephala (Figuras 1 e 2). Moreira-Coneglian e Oliveira (2006) mostraram diversidade estomáticas em espécies de leguminosas, sendo que em algumas espécies também foram observados estômatos do tipo paracítico nas faces adaxial e abaxial das folhas. Segundo Moreira-Coneglian e Oliveira (2006) e Appezzato-da-Gloria e Carmello-Guerreiro (2012) a presença de estômatos paracíticos e anisocíticos é característica da família Leguminosae.

Figura 1. A – F. Impressão foliar paradérmica evidenciando estômatos nas espécies B. dumosa, C. claussenii e M. kalunga. A, C e E. face adaxial das três espécies, respectivamente. B, D e F. face abaxial das três espécies, respectivamente.

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Figura 2. A - F. Impressão foliar paradérmica evidenciando estômatos nas espécies M. leiocephala, M. somnians e S. corifolia. A, C e E. face adaxial das três espécies, respectivamente. B, D e F. face abaxial das três espécies, respectivamente.

Conclusões

As seis espécies de leguminosas estudadas apresentaram os estômatos do tipo paracítico, no geral em ambas as faces da folha, com exceção das espécies B. dumosa (somente na face abaxial) e M. somnians (somente na face adaxial).

Na face adaxial foliar da espécie C. claussenii e em ambas as faces da espécie M. leiocephala foram encontrados também estômatos do tipo anisocítico.

Referências

APPEZZATO-DA-GLORIA, B.; CARMELLO-GUERREIRO, S. M. Anatomia Vegetal – 3. Ed. UFV, p.

87-89, 2012. LEWIS, G.; SCHRIRE, B.; MACKINDER, B.; LOCK M. Legumes of the world, Kew Royal Botanic

Gardenspg. 592, 2005. OLIVEIRA, D. M. T. Morfo-anatomia do embrião de leguminosas arbóreas nativas. Revista Brasileira

de Botânica, v. 22, p.413, 1999. POLHIL, L R. M.; RAVEN, P. H., STIRTON, C. H. Evolution and systematics of the Leguminosae.

In: PolhillRM, RavenPH, eds. Advances in legume systematics Part 1. Kew: Royal Botanic Gardens, 1–26. 1981.

SEGATTO, F. B.; BISOGNIN, D. A.; BENEDETTI, M.; COSTA, L. C.; RAMPELOTTO, M. V.; NICOLOSO, F. T. Técnica para o estudo da anatomia da epiderme foliar de batata: A technique for the anatomical study of potato leaf epidermis. Ciência Rural, Santa Maria, Rs, v. 34, n. 5, p.1597-1601, out. 2004.

SIMON, M. F.; PENNINGTON, T. Evidence for adaptation to fire regimes in the tropical savannas of the Brazilian Cerrado. International Journal of Plant Sciences, v. 173, p. 711-723, 2012.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

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Ciclo Reprodutivo do mandi Pimelodus cf. platicirris (Siluriformes: Pimelodidae) sob influência de uma piscicultura

em tanque-rede.

Amanda Pereira dos Santos Silva(1)*, Patricia Postingel Quirino(1), Aymar Orlandi Neto(2) , Igor Paiva Ramos(3), Alexandre Ninhaus Silveira(4),

Rosicleire Veríssimo Silveira(4)

1UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ictiologia Neotropical – LINEO. e-mail: [email protected]* 2UNESP-FEIS, Curso de Biologia, Laboratório de Laboratório de Ecologia - Pirá 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia - Pirá 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical – LINEO

Introdução

A atividade de piscicultura em tanques-rede encontra-se em expansão nas represas brasileiras, entretanto, sabe-se que esta prática tem induzido alterações nas espécies adjacentes a esse cultivo (Ramos et al., 2008; Frazer, 2009). Efluentes como restos de ração, muco, fezes, escamas e peixes mortos, podem induzir a processos de eutrofização ou podem ser utilizados como recurso alimentar pela ictiofauna silvestre, alterando sua dieta, podendo aumentar o comprimento padrão e a massa total, alterar o desenvolvimento das gônadas e a produção de gametas (Pillay, 2004; Ramos et al., 2008; Mallasen et al., 2008). Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de uma piscicultura em tanques-rede sobre a reprodução de fêmeas de Pimelodus cf. platicirris, no reservatório de Ilha Solteira por meio da caracterização morfológica do ciclo reprodutivo da espécie.

Material e métodos As coletas foram realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no

município de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can Can do reservatório de Ilha Solteira, rio Paraná (AT) (50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S), e outra área controle, sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (AC) (50°51'58.94"W e 20°0'13.71"S). Os espécimes foram coletados bimestralmente com auxílio de dois lotes de redes com malhas 3, 4, 5, 6 e 7 cm entre nós não adjacentes e um lote de redes com malhas 7, 8, 10, 12 e 14 cm entre nós não adjacentes, no período de Dez/2014 a Dez/2016).

Todos os procedimentos de coleta e eutanásia foram conduzidos de acordo com os protocolos aprovados pelo SISBIO nº 42229-1, sendo os animais gradativamente resfriados a fim de diminuir rapidamente a sua atividade metabólica. Os ovários de 76 fêmeas seguiram os processos usuais para preparação de lâminas histológicas, corados em Hematoxilina e Eosina, para análise morfológica e definição do ciclo reprodutivo da espécie, comparando a Área Controle (AC) com a Área Tanque (TQ).

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Resultados e discussão Nos ovários de Pimelodus cf. platicirris, o epitélio germinativo contem

ninhos com oogônias A-indiferenciada, A-diferenciada e B, bem como cistos de oócitos em leptóteno, zigóteno, paquíteno e diplóteno. Os oócitos em diplótenos são individualizados pelas células foliculares e membrana basal, formando o folículo ovariano, agora presentes nas lamelas ovulígeras. Nesta região são observados os oócitos em Crescimento Primário, denominados pré-vitelogênicos, de vários tamanhos e oócitos em Crescimento Secundário ou vitelogênicos durante o desenvolvimento gonadal. As definições desses estágios permitiram caracterizar quatro fases ao longo do ciclo reprodutivo de P. cf. platicirris: Em Desenvolvimento, Apto a desova, Regressão e Regeneração.

1) Em Desenvolvimento apresenta em sua maioria, oócitos em Crescimento primário (pré-vitelogênicos) e poucos oócitos em crescimento secundário, caracterizado pelo início de incorporação de grânulos de vitelo e crescimento do oócito (Fig.1A); 2) Apto à Desova: predominância de oócitos vitelogênicos, com núcleo excêntrico próximo a micrópila e um lote menor de oócitos em crescimento primário (Fig.1B); 3) Regressão: presença de complexos pós-ovulatórios e lamelas desorganizadas após a desova (Fig.1C); 4) Regeneração: As lamelas estão se reorganizando para o próximo ciclo, com foliculogênese ativa e oócitos em crescimento primário, os complexos pós ovulatórios ainda estão em reabsorção final (Fig.1D).

Figura 1 – Fases do Ciclo Ovariano de Pimelodus cf. platicirris. A – Desenvolvimento; B – Apto à Desova; C – Regressão e D – Regeneração. Legendas: opv – Oócito pré vitelogênico; ov – oócito vitelogênico; lu – lúmem; la – lamela ovulígera; cpo: complexo pós ovulatório.

Definida as fases do ciclo reprodutivo de P. cf. platicirris, foram comparadas as suas ocorrências nas Áreas Controle (AC) com a Área Tanque (AT). As mesmas fases reprodutivas foram encontradas nos dois pontos: Desenvolvimento, Apto à desova, Regressão e Regeneração. No entanto, a distribuição ocorreu de forma desigual. Isso pode ser visto, por exemplo, a fase de Apto a Desova, em AC, foi observada apenas em dezembro de 2015, já em AT, a mesma, ocorreu em dezembro/2014, 2015 e 2016, além de março de 2015 e fevereiro e abril de 2016 (Fig. 2A,B). Tal fato corrobora com os períodos reprodutivos da maioria das espécies neotropicais e segundo Vazzoler (1996), isso se deve a alta pluviosidade, maior disponibilidade de oxigênio e maior quantidade de alimento no ambiente que irá favorecer a eclosão dos ovos e sobrevivência da prole.

Podemos apontar também a ausência de indivíduos coletados em cinco coletas em AC, já em AT, houve indivíduos por todo o período de coleta, mesmo que em número reduzido (Fig. 2A,B). Esse fato pode ser influenciado pela oferta de efluentes, como restos de ração, servindo como recurso alimentar pela ictiofauna silvestre, sendo este um alimento constante nessas áreas de

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pisciculturas devido ao manejo de criação (Ramos et al., 2008; Mallasen et al., 2008; Brandão et al., 2014). Figura 2 – Comparação das Fases Reprodutivas de Pimelodus cf. platicirris ao longo do período. A - Área Controle; B – Área Tanque.

Conclusões Houve influência da piscicultura sob as fêmeas de Pimelodus cf. platicirris,

pois a dinâmica de reprodução mostrou-se diferente dos espécimes encontrados na área controle, como uma maior diversidade no ciclo em cada coleta, além de maior número de indivíduos durante todo o período experimental.

Agradecimentos Agradecemos a CNPQ Processo nº 140611/2015-0 pelo financiamento da pesquisa e a equipe do Laboratório de Ictiologia Neotropical (LINEO) e Laboratório de Ecologia (Pirá) pelo auxílio nas coletas e estrutura.

Referências BRANDÃO, H.; SANTANA, J. C. O.; RAMOS, I. P.; CARVALHO, E. D. Influence of cage farming on feeding and reproductive aspects of Pimelodus maculatus Lacépède, 1803 (Siluriformes: Pimelodidae) in the Chavantes reservoir, Brazil, Acta Scientiarum. Biological Sciences Maringá, v. 36, n. 1, p. 41-50, 2014. FRAZER, L.N. Sea-cage aquaculture, sea lice, and declines of wild fish. Conservation Biology, v. 23(3), p. 599–607, 2009. MALLASEN, M.; BARROS, H. P.; YAMASHITA, E. Y. Produção de peixes em tanques-rede e a qualidade da água. Revista Tecnologia e Inovação Agropecuária, Campinas, v.1, n.1, p. 47-51, 2008. PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment. 2ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 194p, 2004. RAMOS, I. P.; VIDOTTO – MAGNONI, A. P.; CARVALHO, E. D. Influence of cage fish farming on the diet of dominant fish species of a Brazilian reservoir (Tietê River, High Paraná River basin). Acta Limnológica Brasileira, v. 20, n. 3, p. 245-252, 2008. VAZZOLER, A. E. A . M. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática. Maringá: EDUEM/SBI/CNPq/Nupélia, 169 p,1996.

Nível e área do trabalho: Pós Graduação  

 

 

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Área Controle

Apto a desova

Regressão

A  B 

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Área TanqueApto à desova

Regressão

Regeneração 

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Tamanho ótimo de parcelas em experimentos com frangos de corte pelo método da máxima curvatura

Ana Carolina Almeida Rollo de Paz(1)*, Gláucia Amorim Faria(2), Beatriz

Garcia Lopes(3), Ana Patrícia Bastos Peixoto(4), Rosemeire da Silva Filardi(5)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Estatística Aplicado – LEA. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA 3UNESP-FEIS, Curso de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA 4UEPB-PB, Docente, Centro de Ciência e Tecnologia 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução Em fevereiro de 2017 as exportações brasileiras de carne de frango tiveram

um aumento de 3,2% em volume e 24% em receita, em comparação com fevereiro de 2016 (ABPA, 2017). A produção de frango superou 13,14 milhões de toneladas, passando a ser o segundo lugar mundial em produção, tendo os Estados da região sul como os que mais abateram (ABPA, 2016).

Independente do material experimental utilizado e do ambiente onde será feita a experimentação, o planejamento deve ser feito para que se reduza o erro experimental. O planejamento correto possibilita que a variações entre as unidades experimentais (erro experimental), sejam as menores possíveis (ROSTAGNO et al., 2007).

De certa forma, atualmente essas pesquisas, em sua maioria, passam por problemas limitantes, como o alto custo dos experimentos, e as questões bioéticas e de bem-estar animal, que têm levado à redução do número de animais no processo de experimentação. Nesse contexto, aspectos importantes como o coeficiente de variação, tamanho de parcelas e número amostras, devem ser considerados, uma vez que todos estes têm grande efeito sobre a variação experimental nos ensaios com frangos de corte.

Até o momento não existem estudos que visem o tamanho adequado de parcelas e número de repetições em experimentos na área de avicultura. Havendo, portanto, a necessidade de serem realizadas pesquisas direcionadas a esta questão. Este trabalho tem como objetivo estabelecer o tamanho ótimo da parcela para experimentos com frangos de corte pelo método da máxima curvatura.

Material e métodos

Os dados utilizados para a realização deste trabalho foram provenientes de 116 artigos com frangos de corte em periódicos nacionais e internacionais para a realização deste trabalho, coletados nos sites Google Acadêmico, Scielo e Web of Science no período de setembro de 2016 a janeiro de 2017.

Para determinar-se o tamanho ótimo de parcelas por este método, calcularam-se inicialmente, os coeficientes de variação dos dados de altura das brotações, para os tamanhos de parcelas pré-estabelecidos, em cada ensaio ou tratamento. Os valores percentuais dos foram plotados contra seus respectivos tamanhos de parcela num sistema de eixos de coordenados, obtendo-se uma

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curva que representa a relação entre estas variáveis. Pelo método original essa curva seria traçada à mão livre e o ponto de

máxima curvatura localizado por inspeção visual, conforme Federer (1963); no entanto utilizou-se de instrumento computacional do programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2015) na construção dos gráficos e obtenção das curvas mediante união dos pontos coordenados por meio de segmentos de reta.

O tamanho ótimo da parcela foi considerado como sendo o valor da abscissa correspondente ao ponto sobre a curva no qual ocorre a maior taxa de mudança do coeficiente de variação em resposta ao aumento no tamanho de parcela de acordo com Federer (1963) e Le Clerg (1967).

Resultados e discussão Na estimação do tamanho de parcela por este método foram avaliados 14

tamanhos de parcelas, cujos coeficientes de variação encontram-se na Tabela 1. Os valores dos coeficientes de variação variaram de 9,54% a 16,46% para as variáveis estudadas.

Na Figura 1, encontram-se a representação gráfica da curva obtida da relação entre o coeficiente de variação plotado contra seu respectivo tamanho de parcela, por meio da qual se estimou o tamanho ótimo de parcela para as variáveis. Tabela 1: Estimativas dos parâmetros pelo modelo de máxima curvatura,

coeficiente de variação CV(x), para as variáveis analisadas no levantamento de diferentes experimentos com frangos de corte.

Variáveis

Parâmetros

Coeficiente de variação

Tamanho de parcela

Coeficiente de determinação

a b (%)CV cX 2R

Rendimento de Carcaça

119,07 1,07 9,54 10,41 0,922

Conversão Alimentar

35,40 0,423 16,46 6,09 0,739

Consumo de Ração

29,11 0,395 15,19 5,18 0,738

Ganho de Peso

57,72 0,634 14,67 8,64 0,863

Na Figura 1, encontra-se a representação gráfica da curva obtida da

relação entre o coeficiente de variação plotado contra seu respectivo tamanho de parcela, por meio da qual se estimou o tamanho ótimo de parcela para as variáveis.

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Figura 1: Relação entre o coeficiente de variação CV(%) e tamanho de parcela (Xc) para as variáveis obtidas no levantamento de diversos experimentos com frangos de corte.

Conclusões

Em experimentos com frangos de corte o tamanho ótimo de parcela encontrado foi por volta de 5, 6, 9 e 11 unidades básicas para as variáveis consumo de ração, conversão alimentar, ganho de peso e rendimento de carcaça, respectivamente.

Agradecimentos (opcional)

Ao grupo de pesquisa LEA – Laboratório de Estatística Aplicada. À FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4.

Referências

ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, Relatório Anual, 2016. ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, Receita de embarques de carne de frango

cesce 25% em fevereiro, mar. 2017. FEDERER, W. T. Experimental desing: theory and application. 2nd ed. New York: Macmillan

Company, 1963. 544p. LE CLERC, E. L. Significance of experimental desing in plant breeding. In:FREY, K. J. (Ed.)

Plant breeding symposium. Ames: State University, 1967. p.243-313. R Development Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R

Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051- 07-0, URL http://www.R-project.org. ROSTAGNO, H. S.; BÜNZEN, S.; SAKOMURA, N. K.; ALBINO, L. F. T. Avanços metodológicos

na avaliação de alimentos e de exigências nutricionais para aves e suínos. Rev. Bras. Zootec., v.36, p.295-304, 2007.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

 

 

 

 

 

 

 

 

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Influência de piscicultura em tanques-rede sobre população silvestre de Geophagus proximus (Perciformes: Cichlidae) no

reservatório de Ilha Solteira, SP/MS

Ana Letícia AntonioVital (1)*, Letícia de Oliveira Manoel(2), Rosicleire Verissimo Silveira(3), Cristiéle da Silva Ribeiro(3), Lidiane Franceschini(2),

Igor Paiva Ramos(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado/Licenciatura, Laboratório de Ecologia de Peixes. e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas – Zoologia 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução A aquicultura representa nova fronteira para o crescimento do agronegócio

no país, como indicam políticas públicas que visam expandir tal atividade. Uma delas se constitui no Plano de Desenvolvimento da Aquicultura Brasileira (PDA), criado para ampliar e efetivar as ações que vão orientar o desenvolvimento sustentável da aquicultura no Brasil até o ano de 2020 (MPA, 2015). Diversos trabalhos discutem a problemática desta atividade em águas costeiras e continentais, demonstrando a ocorrência de impactos desde a qualidade da água e do sedimento, até implicações sobre a estrutura das comunidades bentônica, planctônica e de peixes, mudanças nas taxas de parasitismo de peixes silvestres, além dos inerentes escapes de peixes em cultivo, propiciando a introdução de espécies não nativas (Beveridge, 2004; Krkosek et al., 2005; Yucel-Gier et al, 2007; Ramos et al,.2013ab).

Ainda, Ho & Nagasawa (2001) relatam a possibilidade de transmissão de parasitas dos peixes silvestres para os peixes em cultivo, causando perdas econômicas para os produtores. Especificamente, um dos parasitas de peixes mais comumente encontrados na bacia do alto Paraná, são metacercárias de Austrodiplostomum compactum, relatadas em 36 espécies de peixes dulcícolas brasileiros (Ramos et al., 2013b), incluindo Geophagus proximus (Zago et al., 2013). Conforme Yamada et al. (2008), a presença deste parasito, em casos extremos, pode causar exoftalmia, deslocamento da retina, opacidade do cristalino e cegueira ou até a morte.

Dentre diversas espécies de peixes introduzidas no reservatório de Ilha Solteira, G. proximus, conhecida como “porquinho”, constitui o recurso pesqueiro mais significativo para a pesca artesanal. Conforme relato de Carvalho e David (2007), ela é seguida de outras espécies não nativas como a “corvina” (Plagioscion squamosissimus) e o “zoiudo” (Satanoperca pappaterra), no que se refere à relevância econômica local e regional. Embora constitua a base da economia para os pescadores e exerça relevância financeira para toda a região, existem poucos relatos sobre a interferência das explorações piscícolas em reservatórios de água doce neotropicais, particularmente no que diz respeito ao impacto sobre a ictiofauna selvagem (Ramos et al., 2013a). Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência de piscicultura em tanques-rede sobre aspectos populacionais e infecção por metacercárias de A. compactum em G. proximus, no reservatório de Ilha Solteira (Rio Grande, SP).

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Material e métodos As coletas foram realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no

município de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can (vazão média anual = 1,76 m³/s) do reservatório de Ilha Solteira, no rio Grande, bacia do alto Paraná. Atualmente, o empreendimento atua na criação de tilápias-do-nilo (Oreochromis niloticus) e possui aproximadamente 230 tanques de 18 m3, e 18 tanques de 144 m3, com uso de ração de 4.375 kg/dia (inf. pess Michael Kengo Itagaki). Uma das áreas amostrais está localizada próxima aos tanques-rede (TR) (50°55’57.60’’W e 20°02’33.62’’S), e a outra em local a aproximadamente 10 km a montante, com características fisiográficas semelhantes, mas sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (CT) (50°51'58.94"W e 20° 0'13.71"S).

As coletas da ictiofauna foram realizadas bimestralmente entre setembro/2014 e dezembro/2016 conforme autorização SISBio nº 42229-1, com auxílio de redes de espera de diferentes malhagens (3 a 14 cm entre nós não adjacentes) nas duas áreas amostrais. Dos peixes coletados, mensurou-se o comprimento padrão (cm) com auxílio de ictiômetro, e massa total (g) com auxílio de balança analítica (0,01 g). Após, realizou-se incisão longitudinal na superfície ventral dos indivíduos para que todos os órgãos da cavidade visceral fossem retirados e separados. Os olhos dos animais foram examinados individualmente com auxílio de microscópio estereoscópico para a coleta de metacercárias de A. compactum. Os parasitas foram fixados em solução de álcool 70%. Para avaliações parasitológicas analisou-se 69 exemplares de G. proximus para a área Tanque e 48 para a área Controle, perfazendo um total de 117 exemplares. Enquanto que para avaliações populacionais (abundância total, massa total média e comprimento padrão médio) foram analisados 726 exemplares da área Tanque e 340 da área Controle, totalizando 1.066 indivíduos da espécie G. proximus.

Calculou-se para os hospedeiros: abundância numérica relativa, massa total média e comprimento padrão médio para ambas as áreas. Também foram calculados os seguintes atributos parasitológicos: prevalência (P), intensidade média de infecção (IMI) e abundância média (AM) de acordo com Bush et al. (1997) para metacercárias de A. compactum, considerando-se as áreas amostrais (Tanque e Controle) isoladamente. Para avaliar a influência da atividade de piscicultura em tanques-rede sobre tais atributos, realizou-se comparação entre as áreas Tanque e Controle, do comprimento padrão médio, massa total média, AM e IMI por meio de teste-U, enquanto para a abundância numérica relativa e P foi utilizado teste-Z. O nível de significância utilizado para todas as análises foi p<0,05, sendo as análises estatísticas realizadas por meio de software BioEstat 5.0 e SigmaStat 3.1.

Resultados e discussão

Para a abundância numérica relativa (z=10,408 e p<0,001) observou-se maior valor na área Tanque. Porém, o mesmo não se constatou para o comprimento padrão médio dos hospedeiros (z(u)=1,15 e p=0,24), massa total média (z(u)=0,54 e p=0,58), abundância média parasitária (z(u)= 0,71 e p=0,47), intensidade média de infecção parasitária (z(u)=0,83 e p=0,41) e prevalência parasitária (z=0,05 e p=0,957), para os quais não se observaram diferenças entre as áreas.

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Assim, atribuí-se os resultados obtidos para a abundância numérica relativa à interferência causada pela sobra de ração em produções piscícolas intensivas, devido ao livre fluxo de água entre o rio e o interior das gaiolas. Em condições naturais, G. proximus alimenta-se principalmente de material vegetal, moluscos, insetos e outros vertebrados aquáticos (Santos et al., 2004). Contudo, até 30% da entrada contínua de matéria orgânica em tanques-rede pode ser disponibilizado para o ecossistema aquático na forma de restos de ração, fezes, muco, escamas e peixes mortos (Pillay, 2004). Desta forma, verifica-se que a facilidade de forrageamento proporcionada pela ração serve como atrativo, elevando a densidade populacional ao entorno de tanques-rede e, consequentemente, interferindo na abundância numérica entre as áreas. Contudo, tais mudanças ambientais não influenciaram até o presente momento no comprimento padrão médio, na massa total média e nos aspectos parasitológicos de G. proximus.

Conclusões

Concluiu-se que a piscicultura em tanques-rede pode influenciar a abundância numérica de peixes silvestres da espécie G. proximus, contudo não foi observada influência para outros parâmetros populacionais e parasitológicos avaliados até o presente momento.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira pela infraestrutura, a Fundunesp (Processo número 0305/001/14-PROPe/CDC) e CNPq (Processo número 443103/2014-3).

Referências

BEVERIDGE, M.C.M. Cage aquaculture. 3ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. BUSH, A.O.; LAFFERTY, K.D.; LOTZ, J.M. E A.W. SHOSTAK. Parasitology meets ecology on its own terms: Margolis revisited. The Journal of Parasitology, 83: 575–583, 1997. CARVALHO, E.D.; DAVID, G.S. Estudo da biologia pesqueira: Levantamento da biologia pesqueira e análise da capacidade suporte ambiental. Botucatu: Projeto Parque Aqüícola FEIS (Ilha Solteira)/IBB (Botucatu), 2007. p. 1-56. HO, J.S.; NAGASAWA, K. Why infestation by Lepeophtheirus salmonis (Copepoda: Caligidae) is not a problem in the coho salmon farming industry in Japan. Journal of Crustacean Biology, 21: 954–960, 2001. KRKOSEK, M.; LEWIS, M.A.; VOLPE, J.P. Transmission dynamics of parasitic sea lice from farm to wild salmon. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, 272: 689–696, 2005. MPA - Ministério da Pesca e Aquicultura. Plano de desenvolvimento da aquicultura brasileira 2015-2020. Brasilia - DF, 2015. PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment (2ª edition). Blackwell Publishing, 212p., 2004. RAMOS, I.P.; BRANDÃO, H.; ZANATTA, A.S.; ZICA, E.O.P.; SILVA, R.J.; REZENDE-AYROZA, D.M.M.; CARVALHO, E.D. Interference of cage fish farm on diet, condition factor and numeric abundance on wild fish in a Neotropical reservoir. Aquaculture, 414-415: 56-62, 2013a. RAMOS, I.P.; FRANCHESCHINI, L.; ZAGO, A.C.; ZICA, E.O.P.; WUNDERLICH, A.C.; CARVALHO, E.D.; SILVA, R.J. New host records and a checklist of fishes infected with Austrodiplostomum compactum (Digenea: Diplostomidae) in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 22(4): 511-518, 2013b. SANTOS, G.M., MÉRONA, B., JURAS, A.A., JÉGU, M. Peixes do Baixo Rio Tocantins: 20 anos depois da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Brasília: Eletronorte; 2004. 216p YAMADA, F.H.; MOREIRA, L.H. DE A.; CESCHINI, T.L.; TAKEMOTO, R.M.; PAVANELLI, G.C. Novas ocorrências de metacercária de Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928) (Platyhelminthes: Digenea) parasito de olhos de peixes da Bacia do Rio Paraná. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 17, n. 3, p.163-166, 2008. YUCEL-GIER, G.; KUCUKSEZGIN, F.; KOCAK, F. Effects of fish farming on nutrients and benthic community structure in the Eastern Aegean (Turkey). Aquaculture Research, 38: 256-267, 2007. ZAGO, A.C.; FRANCESCHINI, L.; ZOCOLLER- SENO, M.C.; R. VERÍSSIMO-SILVEIRA, R.; MAIA, A.A.D.; IKEFUTI, C.V.; SILVA, R.J. The helminth community of Geophagus proximus (Perciformes: Cichlidae) from a tributary of the Paraná River, Ilha Solteira Reservoir, São Paulo State, Brazil. Journal of Helminthology, in press: 87, 203–211, 2013.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Levantamento Florístico de Fabaceae em áreas de vegetação nativa no Mato Grosso do Sul

Andrezza Santos Flores(1)*, Larissa Natiele da Silva (2), Andréia Alves

Rezende(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Herbário de Ilha Solteira (HISA). e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Herbário de Ilha Solteira (HISA). 3UNESP-FEIS, Docente. Departamento de Biologia e Zootecnia, Herbário de Ilha Solteira (HISA).

Introdução Fabaceae apresenta cerca de 770 gêneros e mais de 19.500 espécies

(LPWG, 2013). Dessa forma, a família é morfologicamente, fisiologicamente e ecologicamente diversa, sendo considerado um dos exemplos mais espetaculares de diversificação no decorrer da evolução das plantas. Além disso, vale ressaltar que recentemente foi proposta uma nova classificação das subfamílias, onde Fabaceae passa a ser constituída por seis subfamílias, tais como Detarioideae com 84 gêneros e 760 espécies, Cercidoideae, 12 gêneros e 335 espécies, Duparquetioideae, 1 gênero e 1 espécie, Dialioideae, 17 gêneros e 85 espécies, Caesalpinioideae, 148 gêneros e 4.400 espécies, Papilionoideae, 503 gêneros e 14.000 espécies (LPWG, 2017), e não mais com três subfamílias, como era tratada desde Bentham (1865).

Na maioria dos ecossistemas naturais brasileiros Fabaceae é uma das principais famílias em número de espécies, principalmente devido à simbiose da grande maioria das espécies com as bactérias do gênero Rhizobium fixadoras de nitrogênio (Souza; Lorenzi, 2008). Ainda são atribuídos ao sucesso dessa família os seus métodos de defesa (acúleos, taninos), a eficiência na reprodução e principalmente, a capacidade de adquirir substâncias essenciais para o crescimento (Polhill; Raven, 1981).

De acordo com Lima et al. (2015) no Brasil são reconhecidos 222 gêneros e 2.826 espécies, em contrapartida no Mato Grosso do Sul são reconhecidos 111 gêneros e 501 espécies o que representa aproximadamente 18% das espécies de Fabaceae.

Entretanto, na região onde se encontra a Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da UNESP de Ilha Solteira, não há registro de levantamentos sobre a flora de Fabaceae, justificando assim, uma investigação científica em forma de inventário florístico. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo inventariar as espécies de Fabaceae nas áreas de vegetação nativa da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) localizada no município de Selvíria, MS, além de averiguar o grau de ameaça das espécies identificadas.

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Material e métodos - Área de estudo

Este estudo foi realizado em três áreas de vegetação nativa na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FEIS/UNESP), localizada no município de Selvíria, no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil (20º19’ – 20º24’ S e 51º24’ – 51º23’ W), a margem esquerda do Rio Paraná, na divisa com o Estado de São Paulo. - Coleta e identificação do material botânico

Para a realização do inventário florístico das espécies de Fabaceae da FEPE foram realizadas coletas quinzenais, por um período de doze meses. Foram percorridas trilhas na borda e no interior das áreas de estudo visando à coleta de plantas, em fase reprodutiva e/ ou vegetativa. Os espécimes foram coletados e herborizados de acordo com as técnicas usuais apresentadas por Fidalgo e Bononi (1989). A identificação preliminar do material botânico foi realizada em campo e complementada e/ou conferida pela comparação com materiais depositados no Herbário de Ilha Solteira (HISA), em herbários virtuais na rede mundial de computadores e pela consulta à bibliografia especializada.

As espécies foram ordenadas em gêneros e famílias de acordo com o sistema APG IV (2016). Para a verificação da distribuição geográfica, das sinonímias botânicas, autoria e grafias das espécies amostradas foram consultados os bancos de dados W3 Tropicos do Missouri Botanical Garden (http://www.tropicos.org), International Plant Names Index (http://www.ipni.org) e a Lista de Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br).

Para a classificação das espécies de acordo com o nível de ameaça foi consultado o site da Lista de Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br).

Resultados e discussão No período de doze meses no estado do Mato Grosso do Sul foram

amostrados 173 espécimes, representados em 36 espécies, sendo uma em nível de gênero. Assim, entre os espécimes 132 são árvores, 29 arbustos e 12 trepadeiras.

De acordo com a consulta à Lista de Espécies da Flora do Brasil, as espécies Andira anthelmia (Vell.) Benth e Bauhinia forficata Link são citadas para outros estados brasileiros, mas ainda sem registro no Mato Grosso do Sul, justificando a necessidade de ampliar estudos voltados para inventários florísticos.

Com relação, ao grau de ameaça verificou-se que das 36 espécies duas foram enquadradas em alguma categoria, tais como as Plathymenia reticulata Benth e Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville que se enquadram na categoria de ameaça pouco preocupante (LC), já as demais espécies ainda não foram avaliadas quanto a ameaça. Em contrapartida, cabe salientar que a espécie Bauhinia forficata Link que de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil ainda não foi identificada no centro-oeste, é amplamente difundida na Caatinga, e que atualmente está ameaçada de extinção neste ecossistema (Silva el al., 2003).

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Conclusões

Considerando que há 501 espécies de Fabaceae no Mato Grosso do Sul, e na FEPE foram encontradas apenas 36 espécies, verificamos que há necessidade de intensificar as coletas nos locais do estudo, entretanto foi possível verificar duas novas ocorrências para o Mato Grosso do Sul.

Referências

APG IV. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181:01-20, 2016.

BENTHAM, G. 1865. Leguminosae. In: Bentham, G. & Hooker, J.D. (eds.), Genera plantarum, vol.

1(2). Londini [London]: venit apud Lovell Reeve. p. 434-600. Disponível em: <https://doi.org/10.5962/bhl.title.747>. Acesso em: 03 mai.2017.

FIDALGO, O.; BONONI, V.L.R. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Instituto de Botânica, São Paulo, 1989. 62p.

LIMA, H.C.; QUEIROZ, L.P.; MORIM, M.P.; SOUZA, V.C.; DUTRA, V.F.; BORTOLUZZI, R.L.C.;

IGANCI, J.R.V.; FORTUNATO, R.H.; Vaz, A.M.S.F.; SOUZA, E.R.; FILARDI, F.L.R.; VALLS, J.F.M.; GARCIA, F.C.P.; FERNANDES, J.M.; MARTINS, R.C.V.; PEREZ, A.P.F.; MANSANO, V.F.; MIOTTO, S.T.S.; TOZZI, A.M.G.A.; MEIRELES, J.E.; LIMA, L.C.P.; OLIVEIRA, M.L.A.A.; FLORES, A.S.; TORKE, B.M.; PINTO, R.B.; LEWIS, G.P.; BARROS, M.J.F.; SCHÜTZ, R.; PENNINGTON, T.; KLITGAARD, B.B.; RANDO, J.G.; SCALON, V.R.; CARDOSO, D.B.O.S.; COSTA, L.C.; SILVA, M.J.; MOURA, T.M.; BARROS, L.A.V.; SILVA, M.C.R.; QUEIROZ, R.T.; SARTORI, A.L.B.; CAMARGO, R. A.; LIMA, I.B.; COSTA, J.; SOARES, M.V.B.; SNAK, C.; SÃO-MATEUS, W.; FALCÃO, M. J.; MARTINS, M.V.; REIS, I.P; CORDULA, E. Fabaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2015. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB115>. Acesso em: 20 abr. 2017

LPWG. Legume Phylogeny Working Group. Legume phylogeny and classification in the 21st century:

Progress, prospects and lessons for other species-rich clades. Taxon 62: 217–248, 2013. LPWG. Legume Phylogeny Working Group. A new subfamily classification of the Leguminosae

based on a taxonomically comprehensive phylogeny. Taxon 66 (1) : 44–77. 2017.

POLHILL, R.M.; RAVEN, P.H. Advances in legume systematics. Kew: Royal Botanic Gardens, Ministry of Agriculture, Fisheries and Food (Great Britain), 1981. Part.1-2.

SILVA, G. M. C.; SILVA, H.; CAVALCANTI, M. L. F.; MARTINS, P. L. M. Autecologia Bauhínia

forficata L. – Espécie ameaçada de extinção no ecossistema da Caatinga. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 3, n.2, p. 1-15. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/Biologia/Artigos/ameacada.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2017. ]

SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de

angiosperma da flora brasileira, baseada em APGII. 2.ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 703p.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

 

 

 

 

 

 

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Influência do níquel e nitrogênio no crescimento do algodoeiro tratado com subdose hormética de 2,4-D

Antônio Carlos Candeias Cesário(1) *, Jailson Vieira Aguilar (2), Carlos

Vinícius Sanches(3), Enes Furlani Júnior(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia – Laboratório de Bioenergia, e-mail: [email protected]. 2UNESP-FEIS, Doutorando em Agronomia, Laboratório de Bioenergia e Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal (LFMV). 3UNESP-FEIS, Mestrando em Agronomia, Laboratório de Bioenergia. 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Laboratório de Bioenergia.

Introdução

O algodoeiro é uma planta que oferece uma variada gama de produtos de utilização universal (BALLAMINUT, 2009). Para o estabelecimento favorável da cultura faz-se uso de diversas técnicas de manejo, entre elas está à adubação, tanto com macronutrientes como micronutrientes. No algodoeiro, a adubação nitrogenada exerce efeito positivo sobre a precocidade, massa de cem sementes, produtividade e qualidade de fibra. Feltrin (2007) afirma que N, em doses elevadas prejudicam a produtividade devido ao aumento no crescimento vegetativo e supressão de estruturas reprodutivas. Outro elemento químico que tem sido foco de estudos no cenário agronômico atual é o níquel que teve sua essencialidade provada e é componente da metaloenzima urease, sendo alguns efeitos fisiológicos comprovados nas culturas, como o aumento na taxa fotossintética e alterações na atividade da enzima redutase do nitrato.

Velini et al. (2008) define hormese sendo o uso, em subdoses, de substâncias consideradas tóxicas às plantas, de modo que tais compostos sejam utilizados a fim de estimular o desenvolvimento vegetal, portanto, é de suma importância o conhecimento de doses que provocam tais efeitos nas culturas de interesse, visto que essa técnica pode trazer incrementos significativos em produtividade. Diante ao exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar alguns indicadores de crescimento do algodoeiro em função de doses de nitrogênio e níquel associadas com aplicação, ou não, de uma subdose hormética de 2,4-D.

Material e métodos

O experimento foi instalado no ano agrícola de 2015/16, na área experimental da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FEIS/UNESP no município de Selvíria - MS, em um Latossolo Vermelho Distrófico, para a realização da pesquisa foi empregado um experimento utilizando o delineamento experimental em blocos ao acaso, em esquema fatorial 4x4x2, com 32 tratamentos em 3 repetições, perfazendo um total de 96 parcelas. Os tratamentos foram constituídos pela aplicação de quatro doses de níquel, sendo 0, 300, 450 e 600 g ha-1 e quatro doses de nitrogênio, sendo 0, 40, 80 e 120 kg ha-1, com a aplicação, ou não, de uma dose de 2,4-D sendo 1,8 g.e.a ha-1 de acordo com Américo (2015). Todos os tratamentos foram aplicados aos 55 dias após a emergência (d.a.e.). A aplicação de níquel e nitrogênio foi realizada via solo, o Ni foi aplicado por meio da diluição de sulfato de níquel em 1 L de água e distribuição via solo em cada parcela. A aplicação

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de nitrogênio foi realizada em cobertura na forma de ureia. Foi empregada uma irrigação após a adubação nitrogenada em cobertura. A dose de 2,4-D foi aplicada via foliar com o auxílio de pulverizador costal manual em cada parcela contendo o tratamento de 1,8 g ha-1 tendo como base o produto comercial DMA® 806 BR.

O preparo do solo para a semeadura foi feito no sistema convencional no mês de novembro de 2015, utilizou-se a cultivar de algodoeiro FM 975WS®, sendo semeada no mês de dezembro. Cada parcela experimental foi composta por quatro linhas de cultivo, com 0,90 m de espaçamento e cinco metros de comprimento, sendo a área útil constituída pelas duas linhas centrais da parcela. A adubação básica de semeadura foi feita com 200 kg ha-1 da formula 04-30-10.

Avaliou-se, altura de planta, número de ramos e diâmetro do caule em cinco plantas escolhidas ao acaso em cada parcela, sendo estas analisadas aos 65 e 80 dias após a emergência, os dados obtidos foram submetidos à análise de variância por meio do teste F, as doses de N e Ni foram ajustadas ao modelo de regressão conveniente e a subdose de 2,4-D foi submetida ao teste de Tukey a 5%. O software estatístico utilizado foi o SISVAR 5.1.

Resultados e discussão Na Figura 1, estão apresentados os resultados obtidos para as variáveis de

crescimento do algodoeiro aos 65 e 80 dias após a emergência. Figura 1: Ajustes de regressão linear e quadrática para; (A) Altura x doses de níquel aos

65 e 80 D.A.E., (B) Diâmetro x doses de níquel aos 65 e 80 D.A.E., (C) Altura x doses de

nitrogênio aos 65 e 80 D.A.E., (D) Número de ramos x doses de nitrogênio aos 65 e 80 D.A.E.

Selvíria – MS, 2016.

Linhas de tendência representando apenas os ajustes de regressão que apresentaram significância a 5%.

Não foi verificado efeito significativo para o diâmetro do caule aos 65 d.a.e

e 80 d.a.e em comparação com a aplicação de doses de nitrogênio, o mesmo observado para os dados de número de ramos em ambos os períodos de

A  B

C D

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avaliação em comparação com a aplicação de doses de níquel. Observou-se um ajuste quadrático e positivo para os dados de altura e diâmetro de plantas de algodoeiro aos 80 d.a.e em função do aumento das doses de níquel, indicando que doses de 450 g ha-1 e 600 g ha-1(Figura 1) inibem o crescimento em altura do algodoeiro, no entanto a diminuição da altura de plantas pode acarretar em resultados positivos na produtividade visto que há diminuição do autossombreamento de estruturas reprodutivas. A redução no diâmetro do caule sustenta a tese de que doses de níquel influenciam a arquitetura de plantas de algodão. O aumento nas doses de nitrogênio provocou aumento em altura de plantas aos 80 d.a.e, o que condiz com os dados apresentados na literatura visto que o nitrogênio é o nutriente mais limitante para o crescimento das culturas de maneira geral. O número de ramos do algodoeiro aumentou ao mesmo tempo em que aumentaram-se as doses de nitrogênio tanto aos 65 d.a.e quanto aos 80 d.a.e apresentando significância para o ajuste linear.

Tabela 1: Teste de Tukey para aplicação de, 2,4-D (1,8 g e.a ha-1) para as variáveis de

altura, diâmetro do caule e número de ramos aos 65 e 80 D.A.E. Selvíria – MS, 2016.

Dose de 2,4-D

Altura de plantas (cm) 65 D.A.E 80 D.A.E

Diâmetro de plantas (mm) 65 D.A.E 80 D.A.E

Número de ramos 65 D.A.E 80 D.A.E

0 108,97 a 113,10 a 14,49 a 15,07 a 16,12 a 16,41 a

1.8 110,10 a 114,79 a 14,79 a 15,36 a 16,25 a 16,64 a Letras diferentes para a mesma variável na mesma coluna, não diferem pelo teste de

Tukey a 5% de probabilidade. O teste de Tukey realizado para os dados de crescimento não apresentou

significância para nenhuma das variáveis para a dose hormética de 2,4-D (Tabela 1), no entanto, vale ressaltar que não houve, numericamente, efeito negativo em altura, diâmetro ou número de ramos com a aplicação de 2,4-D em dose hormética

Conclusões Aplicações de níquel acima de 450 g ha-1 afetam a altura e diâmetro do

caule do algodoeiro. Doses crescentes de nitrogênio (até 120 kg ha-1) aumentam a altura de

planta e número de ramos por planta. A dose hormética de 2,4-D (1,8 g.e.a ha-1) não afetou as variáveis de

crescimento. Referências

AMÉRICO, G. P. Crescimento e produtividade do algodoeiro em função da aplicação de subdoses de 2,4 D e Cloreto de Mepiquat. Ilha Solteira, UNESP – Campus de Ilha Solteira-SP, 55 p. 2015. (Dissertação de Mestrado).

BALLAMINUT, C. E. C. Seletividade da cultura do algodoeiro aos herbicidas Diuron, Clomazone, Trifloxysulfuron-sodium e Pirythiobac-sodium. Piracicaba, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 86 p 2009. (Dissertação de Mestrado).

FELTRIN, E. B. Produtividade e qualidade de fibra de cultivares de algodoeiro em função de doses de nitrogênio. Ilha Solteira, UNESP – Campus de Ilha Solteira-SP, 55 p. 2007. (Dissertação de Mestrado).

VELINI, E. D.; ALVES, E.; GODOY, M. C.; MESCHEDE, D. K.; SOUZA, R. T.; DUKE, S. Glyphosate applied at low doses can stimulate plant growth. Pest Management Science, 64:489-489, 2008.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia  

 

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Horta escolar com incentivo a educação e cuidado ambiental

Antonio Larentis Neto1*#, Hemily M. Borges1*,Regina M. M. de Castilho1,2

1UNESP-FEIS, *Curso de Ciências Biológicas, #e-mail: [email protected] 2 Docente, Departamento de Fitotecnia, Tec. de Alimento e Sócio- economia.

Introdução

Existe a urgente necessidade de transformações que resgatem o respeito pela vida, com justiça ambiental, equidade, diversidade, sustentabilidade e beleza (EDUCAÇÃO, 2007). Assim, a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos alunos (JACOBI e LUIZZI, 2004). Portanto, a proposta e ação de projeto que ensine técnicas de cultivo, focando na interação benéfica da natureza para com o homem, e aumentando a percepção do meio ambiente no seu cotidiano, auxilia para desenvolver a preocupação com a natureza, o desperdício e a alimentação saudável desde os primeiros anos de vida. E, como instrumento para tal, a horta é um local onde pode ocorrer a interação criança-natureza, visto que são cultivados vegetais de modo orgânico. Assim, baseado no acima apresentado, o PROJETO HORTA vem sendo desenvolvido no Centro de Convivência Infantil “Catatau” - UNESP / Ilha Solteira – SP.

Material e métodos

O trabalho vem sendo desenvolvido, desde março de 2017, com a turma da faixa dos 3 aos 5 anos do CCI “Catatau”, da FEIS / UNESP, sendo a atividade com 2h/semana. Foram executadas, até o presente as atividades: 1- Regando mudas de árvores com adubo líquido: A atividade foi iniciada com a apresentação da adubação líquida fazendo uma comparação ao suco que as crianças tomam, mostrando à similaridade entre adubação X alimentação. Deste modo, as crianças com seus regadores, aplicaram o fertilizante em mudas de árvores que estão implantadas ao redor do CCI. Ao decorrer da atividade houve uma discussão com as seguintes perguntas: Por onde as plantas “comem”? Como elas vão reagir ao suco feito para elas? Do que elas gostam para crescer? Qual a função das folhas? Sendo respondidas as dúvidas com alusões na vida das crianças para o melhor entendimento; 2 - Preparando o solo: Para as crianças entenderem a importância do solo foi explicado que este é a “cama” da semente, e foi perguntado se eles gostavam de dormir em uma cama dura, sendo a resposta unanime “não”; então foi feita uma similaridade de que a semente só iria se desenvolver se a sua cama fosse “fofinha”, sendo então que o solo precisava de um cobertor para o melhor desenvolvimento da planta e na sequência foi depositado e misturado composto orgânico no solo (20L / m2 solo). Com pás de jardinagem as crianças afofaram o solo; 3 - “Tinta de Terra”: foi feita com o solo, água e cola branca para as crianças desenharem e consequentemente tendo um maior contato com o solo; 4 – Semeadura: Visto a proximidade da Páscoa, foi perguntado o que o coelho gostava de comer e as crianças responderam “cenoura”, e assim foi realizada a semeadura da cenoura explicando ao longo da atividade que a cenoura traz vários benefícios à saúde quando utilizada na alimentação. Foram feitas linhas

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de 2cm de profundidade, espaçadas de aproximadamente 20cm entre si, e cada criança depositou de 10 -15cm, cobrindo as linhas posteriormente.

Resultados e discussões A atividade de regar as mudas com fertilizante líquido possibilitou o

conhecimento a respeito da nutrição das plantas. Foi notado que as crianças possuem conhecimento de que as plantas crescem apenas com Sol e água, mas que também precisam de algo a mais para o seu desenvolvimento completo.

Com relação a preparação do solo, foi realizada com analogias que possibilitaram o melhor entendimento de como o solo deve ser tratado para o desenvolvimento correto da planta. As crianças foram capazes de assimilar que o solo necessita de nutrientes para que consequentemente a planta cresça saudável e mais resistente a patógenos. Aprenderam também que com a natureza (no caso o solo), é possível se divertir através de atividades culturais.

Quanto a semeadura, esta proporcionou conhecimento da maneira correta de semear e uma conversa sobre vitaminas, que despertou maior interesse sobre alimentação saudável, além da abordagem sobre o desperdício de alimentos.

Atividades desenvolvidas – a) Regando mudas de árvores com adubo líquido; b) Semeadura; c e d) Preparando o solo. Ilha Solteira, 2017.

Final da atividade de semeadura de cenoura. Ilha Solteira, 2017.

Conclusões As crianças começam a ter um conhecimento crítico sobre o meio

ambiente e dos eventos naturais e antrópicos que as cercam. Há a

a b

c d 

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conscientização de que elas possuem um papel importante que deve ser exercido.

Agradecimentos Ao Centro de Convivência Infantil “Catatau”.

Referências EDUCAÇÃO, Ministério da. Vamos cuidar do Brasil: Conceitos e práticas em educação ambiental na escola. 2. ed. Brasília: Brasília, 2007. 245 p. v. 1. JACOBI, P.; LUZZI, D. Educação e Meio Ambiente – um diálogo em ação. 2004. 14f. Texto (Educação e Meio Ambiente – um diálogo em ação- Ciências Sociais) - USP, [S.l.], 2004.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas.

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Reflexos da seca entre os anos de 2014-2015 sobre a estrutura da ictiofauna do reservatório de Ilha Solteira-SP

Aymar Orlandi Neto(1)*, Letícia de Oliveira Manoel(2), Rosilene Luciana

Delariva(3), Rosicleire Veríssimo Silveira(4), Lidiane Franceschini(2), Igor Paiva Ramos(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura, Laboratório de Ecologia de Peixes. e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas – Zoologia

3UNIOESTE-CASCAVEL, Docente, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução A recente crise hídrica ocorrida nos anos de 2014 e 2015, possivelmente

provocada por uma variabilidade climática devido à alta pressão atmosférica do anticiclone subtropical do Atlântico Sul durante a estação chuvosa, resultou em baixos índices pluviométricos na região Sudeste (Jacobi, 2015). Ao longo desse período, observaram-se alterações ambientais como a diminuição da vazão, qualidade, nível e aumento da temperatura da água em bacias do Sudeste brasileiro (CPMR, 2015; Ramos, 2016). Tais fatos tiveram como consequências problemas relacionados ao abastecimento urbano, rural e geração de energia elétrica, além de prejuízos para a piscicultura e pesca artesanal (Galvão, 2015).

As variáveis hidrológicas são determinantes nos processos biológicos e ecológicos das assembleias de peixes, sendo o nível da água um dos fatores de forte influência sobre a ictiofauna (Wootton, 1992). Ademais, a produção científica sobre efeitos das mudanças climáticas em ambientes aquáticos é escassa. Assim, monitorar a ictiofauna ao longo de secas severas e em período após estes eventos, pode fornecer importantes informações para futuros manejos de fauna, bem como para equalizar problemas relacionados à pesca artesanal em futuras estiagens.

Nesse contexto, o presente estudo buscou caracterizar e comparar a ictiofauna em período de seca severa entre os anos de 2014/2015 e em período após este evento climático, em área sob influência da piscicultura em tanques-rede e área sem a influência desta atividade aquícola, no reservatório de Ilha Solteira.

Material e métodos As amostragens do período de seca severa foram realizadas

bimestralmente no período de setembro/2014 até agosto/2015, enquanto que para o período de cheia foram realizadas coletas de janeiro/2016 a dezembro/2016. As amostragens dos peixes foram realizadas de acordo com a autorização SISBIO nº 42229-1 e protocolo da Comissão de Ética Animal nº 001/2014, referente ao projeto Universal CNPq (processo nº 443103/2014-3) ao qual o presente estudo vincula-se. Assim, os peixes foram capturados com auxílio de redes de espera de diferentes malhagens (3 a 14 cm entre nós não adjacentes), nas áreas sem influência da piscicultura em tanques-rede (CT) e áreas próximas a piscicultura (TR) no reservatório de Ilha Solteira/SP, com

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esforço amostral padronizado em ambos os períodos. Os dados de nível da água foram obtidos junto ao Sistema de Acompanhamento de Reservatórios (SAR) disponível no site da Agência Nacional de Águas (ANA). Para caracterizar e comparar a ictiofauna em ambas as áreas nos distintos períodos, foram calculadas a abundância numérica relativa de cada espécie, índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) e a riqueza de espécies (S) (Krebs, 1989), aplicando-se o teste z, teste t e teste de Mann-Whitney (U), respectivamente. Todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio dos softwares Past 3.0 e BioEstat 5.0 e o nível de significância adotado foi p < 0,05.

Resultados e discussão Identificou-se no período de setembro de 2014 até agosto de 2015, no

reservatório de Ilha Solteira, a redução do corpo hídrico para abaixo do seu nível normal, que se caracteriza com uma cota hídrica menor que 323 metros (CESP, 2016). Posteriormente, em janeiro de 2016, a cota do reservatório atingiu e ultrapassou sua normalidade, prolongando-se até o final das coletas, em dezembro de 2016.

Foram coletados um total de 2.189 indivíduos, sendo 874 na área CT e 1.315 na área TR. A abundância numérica se mostrou maior na área CT durante o período de cheia (z = 2,2827; p = 0,005), enquanto que na área TR maior abundância numérica foi observada no período de seca (z= 4,993; p = <0,001) (Tabela 1). O índice de diversidade de Shannon-Wiener apresentou maiores valores no período da cheia para ambas as áreas (CT - p = 0,03; t = 8,899 e TR - p < 0,01; t = 3.5986) (Tabela 1). Quanto à riqueza de espécies, para área CT (p = 0,0088; U = 1,50) e TR (p = 0,0163; U = 3,00), maiores valores foram observados no período de cheia (Tabela 1).

Tabela 1: Abundância numérica (N) do total de indivíduos, índice de

diversidade Shannon-Wiener (H') e mediana da riqueza de espécies (S) de áreas sem influência de piscicultura (CT) e com influência de piscicultura em tanques redes (TR), durante os períodos de seca e cheia do reservatório de Ilha Solteira.

ÁREA PERÍODO N H’ S

CT Seca 394 1,45 7,5 Cheia 480* 2,17* 13,0*

TR Seca 750* 1,67 9,5 Cheia 565 2,06* 12,5*

* p > 0,05 Os resultados de abundância para área CT e diversidade e riqueza para

ambas as áreas, maiores no período de cheia, podem estar relacionados ao alagamento de áreas marginais. Este alagamento disponibiliza novas áreas de forrageio e recursos alimentares para organismos aquáticos, atraindo a comunidade de peixes (Junk, 1980; Agostinho et al., 1997). Ainda, oferece abrigo e maior área de fuga para peixes juvenis ou de pequeno porte, diminuindo as taxas de predação e aprisionamento, fatos estes intensificados pela perda de áreas de proteção em períodos de seca (Agostinho et al., 2001; Lowe-Mcconnell, 1999). Como o baixo nível hidrológico diminuindo a quantidade dos alimentos autóctone e alóctones (Junk, 1980), o registro de maior abundância na área TR no período de seca pode estar relacionado ao manejo dos peixes em cultivo nos

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tanques-rede, uma vez que tal atividade aporta parte da ração e matéria orgânica (até 30%) utilizados no cultivo ao ecossistema aquático. Essa matéria orgânica incorporada ao sistema compensa a diminuição de recursos alimentares decorrentes das variações naturais do ciclo hidrológico, permitindo o aumento da agregação de peixes nestas áreas (Ramos et al., 2008).

Conclusões

Inferimos que houve alterações na estrutura da ictiofauna em resposta à variação do nível da água nas áreas avaliadas, sendo que a riqueza e diversidade da área utilizada por pisciculturas em tanques-rede e área sem a influência desta atividade apresentaram a mesma resposta, sugerindo que o alagamento das áreas marginais foi um importante fator estruturador da ictiofauna.

Referências

AGOSTINHO, A. A.; THOMAZ, S. M.; NAKATANI, K. Estrutura trófica. In: VAZZOLER, A.E.A.M. et al. (Ed.). A planície de inundação do alto rio Paraná: aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. Maringá: EDUEM, p. 229-248, 1997.

AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C.; ZALEWSKI, M. The importance of floodplains for the dynamics of fish communities of the upper river Paraná. International Journal of Ecohydrology & Hydrobiology, v. 1, n. 1, p. 209-217, 2001.

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CPRM – Serviço Geológico do Brasil - Acompanhamento da Estiagem na Região Sudeste do Brasil Relatório 1/2015. GALVÃO, J.; BERMANN, C. Crise hídrica e energia: conflitos no uso múltiplo das águas. Estudos

avançados, v. 29, n. 84, p. 43-68, 2015. JACOBI, P. R.; CIBIM, J. C.; SOUZA, A. N. Crise da água na região metropolitana de São Paulo–

2013/2015. GEOUSP: Espaço e Tempo, 19(3), 422-444, 2015. JUNK, W. J. Áreas inundáveis: um desafio para a limnologia. Acta Amazônica 10 (4): 775-795,

1980. KREBS, C. J. Ecological methodology. New York: Harper & Row, 1989. LOWE-MCCONNELL, R. H. Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. Edusp,

São Paulo, 1999. RAMOS, M. A. G. Water Quality Index (WQI) of Jaguari and Atibaia Rivers in the region of Paulínia,

São Paulo, Brazil. Environmental monitoring and assessment, v. 188, n. 5, p. 1-14, 2016. RAMOS, I. P.; VIDOTTO-MAGNONI, A. P.; CARVALHO, E. D. Influence of cage fish farming on the

diet of dominant fish species of a Brazilian reservoir (Tietê River, High Paraná River basin). Acta Limnologica Brasiliensia, v.20, n.3, p.245-252, 2008.

WOOTTON, R. J. Fish Ecology, Chapman and Hall, New York, 1992.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Influências da piscicultura em tanques rede sobre a população de Rhaphiodon vulpinus no Reservatório de Ilha Solteira-SP

Aymar Orlandi Neto(1), José Daniel Soler Garves(1)*, Letícia de Oliveira

Manoel(2), Bruna Caroline Kliemmann(2), Rosilene Luciana Delariva(3), Igor Paiva Ramos(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bach./Lic., Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Pós-Graduação, Departamento de Biologia e Zootecnia 3UNESP-FEIS, Docente, Universidade Estadual do Oeste do Paraná 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução

Atualmente a utilização das águas continentais para aquicultura é uma das atividades que mais crescem no Brasil, com uma produção de 574.164 toneladas de pescado em 2015 (Filho, 2016). Esses sistemas disponibilizam abrigo e recursos alimentares para a biota local, por meio da entrada de matéria orgânica (restos de ração, fezes, muco, escamas e peixes mortos) (PILLAY, 2004). Ainda, segundo RAMOS et al. (2010), essa entrada de matéria orgânica pode causar alterações nas comunidades bentônicas, de peixes, planctônica e no padrão de parasitismo e dieta de animais silvestres. No entanto, estudos sobre explorações piscícolas em reservatórios de água doce neotropicais sobre a ictiofauna silvestre ainda são escassos, principalmente sobre espécies posicionadas nos elos superiores da cadeia alimentar, como os carnívoros.

Neste cenário, a espécie de peixe Rhaphiodon vulpinus, popularmente conhecida como “peixe-cadela” ou “dourado-facão”, é uma espécie de grande porte, piscívora e importante para pesca desportiva e artesanal (FROESE et al., 2008; GRAÇA e PAVANELLI, 2007). Amplamente distribuída na América do Sul e presente na bacia do Alto Paraná, possui morfologia adaptada para captura de presas de superfície e médias profundidades, boca direcionada para cima e dentes caninos bem desenvolvidos (ALMEIDA et al., 1997), alimentando-se principalmente de pequenos peixes, como os da espécie Astyanax altiparanae, conhecida popularmente como “lambari” (HAHN et al., 2004).

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da piscicultura em tanques-rede sobre aspectos populacionais (abundância numérica relativa, massa total média, comprimento padrão médio, atividade alimentar, dieta e infecção parasitária) de peixes silvestres da espécie R. vulpinus no reservatório de Ilha Solteira-SP.

Material e métodos

As coletas dos exemplares de R. vulpinus foram realizadas de setembro/2014 a agosto/2016 com auxílio de redes de espera em duas áreas: uma próxima a um sistema de piscicultura em tanques-rede (TR) e outra sem a influência desta atividade (CT), ambas no reservatório de Ilha Solteira, SP. Após a captura, os exemplares foram individualizados em sacos plásticos e gradativamente resfriados a fim de diminuir rapidamente a sua atividade metabólica até o óbito, de acordo com a autorização SISBIO nº 42229-1 e protocolo da Comissão de ética Animal nº 001/2014, referente ao projeto Universal CNPq (processo nº 443103/2014-3) ao qual o presente estudo vincula-

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se, sendo ainda, mensurados a massa total com auxílio de balança (0,01 g) e comprimento padrão por meio de ictiômetro (0,1 cm).

Posteriormente, os estômagos foram removidos, fixados em formol 4% e conservados em álcool 70%. A análise do conteúdo estomacal foi realizada por meio do método volumétrico (HYSLOP, 1980). Afim de diminuir a influência do tamanho do peixe sobre a composição da dieta, foi aplicado método para ajustar os valores de massa do item alimentar à massa do peixe (WAG = MI/MT), onde MI é a massa do item alimentar e MT a massa total do peixe (Ahlbeck et al., 2012). Os resultados da composição da dieta foram expressos por meio de porcentagem da massa de cada item alimentar. Também, foi examinado cada órgão individualmente para a coleta de ecto e endoparasitas com auxílio de estereomicroscópio, sendo fixados e conservados em solução de álcool a 70%. Para testar possíveis diferenças na dieta e na comunidade componente de parasitas entre as áreas TR e CT, foi empregada a análise Permanova one way. Após, a atividade alimentar, abundância numérica relativa, massa total média e comprimento padrão médio dos peixes também foram comparados entre as áreas CT e TR para verificação de possíveis diferenças. Para a comparação do comprimento padrão e massa total média entre as áreas CT e TR, foi aplicado teste-U, enquanto que para abundância numérica relativa e atividade alimentar foi aplicado teste do Qui Quadrado (χ2). O nível de significância utilizado para todas as análises foi p<0,05, sendo as estatísticas realizadas por meio dos softwares Bioestat 5.3, PAST 3.0 e SigmaStat 3.1.

Resultados e discussão A partir da análise dos dados, não foram observadas diferenças dos

exemplares em relação a dieta (PERMANOVA p = 0,741; F = 0,4643), sendo pequenos peixes o principal alimento consumido em ambas as áreas (CT = 51,33%; TR = 69,99%). Tais fatos podem ser explicados devido ao hábito especialista da espécie R. vulpinus, não permitindo a mesma explorar um amplo espectro alimentar, já que animais especialistas são exigentes e possuem dieta extremamente específica, neste caso, direcionada à pequenos peixes independentemente da área.

Já para massa total média, os exemplares de R. vulpinus pertencentes a área TR apresentou maiores valores (TR = 412.14 ± 132,23 g; CT = 316.01 ± 69,17 g; p = 0,0009; U = 133,00). Tal fato pode ser justificado devido a maior atividade alimentar na área TR (TR = 63% e CT = 37% - χ2 = 6,5876; p<0,005) que pode estar relacionada a maior abundancia de presas (pequenos peixes) na área TR, atraídas pelo aporte de matéria orgânica proporcionada pela piscicultura.

No entanto, o favorecimento na abundância de presas na área TR, não obteve como consequência maior abundância numérica relativa de R. vulpinus nesta área, sendo a maior abundância observada na área CT (TR n = 19 e CT n = 32 - χ2 = 6,4975; p<0,005). Assim, podemos inferir que tais resultados podem estar relacionados a competição interespecífica existente entre espécies de peixes piscívoros abundantes na área TR, como por exemplo a espécie não nativa Plagioscion squamosissimus que apresenta maior abundância na área TR (n = 517) em relação a área CT (n = 391) (MANOEL, 2016). Contudo, não foram observadas diferenças nos exemplares no que se refere ao comprimento padrão (TR = 39.1 ± 4,56 cm; CT = 38.85± 2,37 cm; p = 0,3064; U = 251,50) entre as duas áreas amostradas.

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Quanto aos aspectos parasitológicos, dos 51 exemplares avaliados, 11 estavam parasitados (21,56%). Porém, ambas as áreas apresentaram baixa prevalência (CT = 12,5% e TR = 36,84%; Z = 1,691 p = 0,091) e abundância média (CT = 0,12 ± 0,05 e TR = 1,21 ± 0,041; U = 1,6755 p = 0,09). Tal fato, pode ser explicado devido a espécie R. vulpinus não ser nativa no reservatório de Ilha Solteira. Assim, populações não-nativas são derivadas de subpopulações que podem estar infectadas ou não, diminuindo a probabilidade de infecção por parasitas. Ainda, a riqueza média de parasitas em animais introduzidos pode ser até três vezes menores do que em sua área de ocorrência original e a prevalência de parasitas na área nativa pode chegar ao dobro da registrada na área de ocorrência não natural (TORCHIN et al., 2002). Ainda, a comparação da estrutura da comunidade componente de parasitas entre as áreas CT e TR, não apresentou diferenças (Permanova one-way F= 1,634; p=0,1976).

Conclusões

Com base nos resultados conclui-se que a atividade da piscicultura em tanques-rede influenciou a população de peixes silvestres da espécie R. vulpinus nos seguintes aspectos: abundância numérica relativa, atividade alimentar e massa total média.

Referências

AHLBECK, I., HANSSON, S., HJERNE, O. 2012. Evaluating fish diet analysis methods by individual-based modelling. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 69, 1184-1201.

ALMEIDA, V. L. L., HAHN, N. S. & VAZZOLER, A. E. A. M. Feeding patterns in five predatory fishes of the high Paraná River floodplain (PR, Brazil). Ecol. Freshw. Fish. 6(3):123-133, 1997.

FILHO, J.C. 2016. Conheça os números da produção aquícola de 2015. Revista Panorama da Aquicultura, Disponível em: http,//www.panoramadaaquicultura.com.br/novosite/?p=6342. Acesso em, 15 abril de2017.

FROESE, R.; PAULY, D. Editors. FishBase. World Wide Web publicação eletrônica. <http://www.fishbase.org>, Acesso em: 20 de abril de 2017.

GRAÇA, W. J.; PAVANELLI, C. G. Peixes da planície de Inundação do Alto Rio Paraná e áreas adjacentes. Eduem, Maringá, p. 241, 2007.

HAHN, N. S.; FUGI, R.; ANDRIAN, I. F. Trophic ecology of the fish assemblages. In: The Upper Paraná River and its Floodplain. THOMAZ, S. M.; AGOSTINHO, A. A.; HAHN, N. S. (Ed.). Eduem, Maringá, 2004. p. 247-270.

HYSLOP, E. J. Stomach contents analysis – a review of methods and their application. Jour. Fish. Biol., v. 17, p. 411-429, 1980.

MANOEL, L. O. Avaliação de impactos ambientais de piscicultura em tanques-rede sobre a comunidade de peixes silvestres, no reservatório de Ilha Solteira, SP/MS. Tese de Doutorado em andamento, Instituto de Biociências, UNESP, Brasil, 2016.

PILLAY, T. V. R. Aquaculture and the environment (2ª edition). Blackwell Publishing, 212p., 2004. RAMOS, I. P.; ZANATTA, A. S.; ZICA, E. O. P.; SILVA, R. J.; CARVALHO, E. D. Impactos ambientais

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TORCHIN, M.E., LAFFERTY, K.D., KURIS, M. Parasites and marine invasions. Parasitology, 124: S137-S151, 2002.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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A utilização da análise SWOT como ferramenta de diagnóstico de propriedades rurais

Beatriz Batello Rodrigues(1)*, Omar Jorge Sabbag (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia. E-mail: [email protected]

Introdução

As propriedades do setor agropecuário envolvem cada vez um número maior de atividades; neste sentido, a administração rural compreende a necessidade de gerenciamento e controle destas atividades (ANTUNES, 1999). A administração rural, segundo Hoffmann (1987), visa a obtenção de resultados compensadores contínuos com a utilização mais eficiente de recursos, como a organização das operações agrícolas.

A produção agrícola depende não somente dos aspectos de mercado, mas também da natureza, envolvendo as condições climáticas que podem favorecer ou não a produção; diferentemente da indústria e comércio tradicional. Assim, esta característica reforça que as atividades agrícolas necessitam de uma gestão estratégica (AZEVEDO, 1997).

Ainda assim, Sette (1999) adverte que as propriedades rurais estão estabelecidas em um ambiente formado pelas demais propriedades rurais, além dos outros componentes do sistema. Para o autor, os gestores destas propriedades devem conduzir suas atividades dentro dessa dinâmica de interação, levando em consideração todas as mudanças que possam ocorrer dentro deste ambiente, por meio de um planejamento estratégico.

Neste sentido, a técnica SWOT (Strenghs, Weaknesses, Opportunities and Threats) permite uma avaliação consistente do ambiente interno e dos impactos do ambiente externo para um determinado ambiente, de acordo com os recursos disponíveis, tornando compreensíveis quais áreas em que as mudanças estratégicas poderiam gerar melhores resultados (SILVEIRA, 2001). Fernandes e Berton (2005) afirmam que a análise SWOT identifica os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças. A análise de ameaças e oportunidades abrange o ambiente externo no qual ocorrem as transações entre agricultores e comerciantes, ou outros canais de distribuição, enquanto a análise de pontos fortes e fracos reflete o ambiente interno das propriedades.

Neste contexto, a avaliação por meio de um instrumento de análise pode auxiliar o produtor nas suas atividades operacionais e nas suas decisões, em que a propriedade deve ser administrada como uma empresa, independente do seu porte e infraestrutura.

Assim, o referido trabalho teve como objetivo analisar o ambiente - fatores internos e externos – por meio da ferramenta de planejamento estratégico SWOT, por meio de um estudo multicaso, em propriedades rurais na produção leiteira do município de Ilha Solteira/SP, os quais influenciam diretamente no seu desempenho.

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Material e métodos A pesquisa foi efetuada através de coleta de dados primários no período

de Agosto de 2016, com produtores do Assentamento “Estrela da Ilha”, em Ilha Solteira/SP. Estes foram baseados em uma integração de métodos qualitativos por amostragem intencional (TONGCO, 2007). Para a amostragem intencional ou teórica, ao invés de obter representatividade, o objetivo é refletir a diversidade (BARBOUR, 2009).

Foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado, com questões relacionadas à caracterização econômica do agricultor e da unidade de produção familiar (BERNARD, 1995). Neste sentido, foi utilizado o contexto de uso da técnica SWOT, por meio de um roteiro contendo 64 questões diretivas, que foram aplicadas a um conjunto de 15 propriedades rurais. Neste contexto, foi formulado o diagnóstico da realidade do setor, compreendendo-o de forma prospectiva, por meio da análise SWOT, identificando os pontos fortes e fracos e as oportunidades e ameaças.

A avaliação SWOT foi avaliada quanto ao índice Ávila de favorabilidade, no qual este indica se o ambiente em que a propriedade rural está inserida é favorável ou não para que se desenvolva a atividade (LUZ, 2014). De acordo com as pontuações da análise, a organização terá um índice (em porcentagem) que varia de -200% a +200%, conforme Figura 1. Figura 1. Escala Ávila de Favorabilidade

Fonte: adaptado de Consultoria Luz (2014).

Resultados e discussão Inicialmente, observou-se alguma similaridade de dificuldades entre as

propriedades, dentre as quais a forma de comunicação entre os produtores para benefícios do todo, além de outros problemas, como o descarte de lixo e queima de resíduos em alguns casos.

A ausência de diversificação da produção também foi caracterizada como uma problemática para o agricultor familiar, porque diversificar é vantajoso, podendo garantir uma renda mais estável com menor risco de perda do investimento, além de fornecer uma garantia com relação às possíveis perdas da lavoura com adversidades climáticas, pragas, doenças, dentre outros.

Em relação ao Índice Ávila de Favorabilidade, este mostrou-se positivo (favorável) em 53,3% das propriedades analisadas e em 46,7% apresentou-se negativo, gerando a percepção de que as propriedades necessitam de melhorias.

De acordo com a Figura 2, a propriedade com melhor desempenho possui maior expressividade nas forças e oportunidade, relacionados a algumas características, dentre elas: manter o padrão de qualidade do produto, otimizar a eficiência na mão de obra e possuir diferencial na produção.

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Figura 2. Índices encontrados na Análise SWOT advindos da propriedade de melhor desempenho, Assentamento Estrela da Ilha, 2016.

Fonte: Dados da Pesquisa.

De forma contrária, na propriedade de menor desempenho, houve maior

predominância de fraquezas, como a relação de dependência de poucos clientes e a resistência à implantação de novas tecnologias, como inseminação artificial, o que acarretou em problemas relacionados às oportunidades externas, como a comercialização.

Conclusões A diferença entre as propriedades que possuem uma gestão planejada ou

não é constatada de forma variada, sendo que o planejamento estratégico aplicado ao sistema produtivo permite que a produtividade e lucratividade aumentem.

O trabalho em questão possibilitou analisar as oportunidades internas para reestruturação e desenvolvimento da atividade agropecuária, em detrimento dos fatores externos, constituindo-se de uma importante ferramenta de planejamento para evolução contínua das propriedades.

Referências ANTUNES, L. M. Manual de administração rural: custos de produção. Guaíba: agropecuária, 1999. AZEVEDO, P. F. Comercialização de produtos agroindustriais. In: BATALHA, Mário O. (coord.)

Gestão Agroindustrial. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 1997. p. 49 – 81. BARBOUR, R. Grupos Focais. Porto Alegre: Artmed, 2009. BERNARD, H. R. Research methods in anthropology: qualitative and quantitative approaches.

Walnut Creek, Altamira Press, 1995. FERNANDES, B. H. R, BERTON, L. H. Administração Estratégica, São Paulo, Editora Saraiva,

2005. HOFFMANN, R. Administração da Empresa Agrícola. São Paulo: Pioneira, 1987. LUZ. Laboratório de Ideias Ltda. Índice de favorabilidade e SWOT. 2014. Disponível em:

<www.luz.vc/Planilhas> Acesso em: 17 Jun. 2016. SILVEIRA, H. SWOT. In: Inteligência Organizacional e Competitiva. Brasília. Ed. UNB, 2001. P. 209-

226. SETTE, R. S. Administração estratégica na empresa rural. In: 3 Congresso Brasileiro de

Administração Rural: Administração rural & agronegócio no 3 milênio, 1999, Anais, p. 51 – 63. TONGCO, M.D.C. 2007. Purposive sampling as a tool for an informant selection. Ethnobotany

Research & Applications, n.5, p. 147-158.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

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Regressão linear com platô para estimar o tamanho ótimo de parcelas em maracujazeiro in vitro.

Beatriz Garcia Lopes(1), Glaucia Amorim Faria (2) , Ana Patrícia Bastos

Peixoto(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Licenciatura em Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. e-mail: [email protected]. 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. 3UEPB-PB, Docente, Centro de Ciências e Tecnologia.

Introdução A determinação do número ideal de repetições e do tamanho ótimo de

parcelas experimentais é uma das maneiras de se aumentar a precisão experimental e, consequentemente, maximizar as informações obtidas em um experimento. O uso do tamanho e forma adequada da parcela são cruciais para diferentes experimentos, pois, independentemente dos seus objetivos, o que se procura detectar é a existência de diferenças significativas entre tratamentos testados, que depende da redução do erro experimental. Nos trabalhos com cultura de tecidos não tem havido um consenso com relação à utilização de um tamanho de parcela adequado e isso se repete com a cultura do maracujazeiro.

Este trabalho teve por objetivo avaliar estatisticamente o modelo de regressão segmentado com platô de resposta linear para determinar o tamanho ótimo de parcelas em experimentos com Passiflora edulis Sims f. edulis e Passiflora giberti N. E. Brown.

Material e métodos

Foi conduzido ensaio em branco, utilizando o delineamento inteiramente casualizado, com 100 repetições, utilizando o meio MS (Murashige & Skoog, 1962; MS). Avaliou-se o comprimento das brotações em cm. As avaliações foram realizadas aos 30, 60 e 90 dias após o estabelecimento dos explantes em meio de cultura.

O modelo platô de resposta linear permite a comparação de combinações alternativas de retas e platôs e escolhe, como melhor opção de ajustamento, a combinação que tenha a soma de quadrados de desvio.

No que se refere a dimensionamento de tamanhos ótimos de parcelas, a teoria dos modelos lineares segmentados com platô é contextualizada da seguinte maneira:

0 1 0( )

0

se

se i i i

xi i

X X XCV

CVP X X

(1)

em que ( )xCV é o coeficiente de variação entre totais de parcela de tamanho X;

X é o tamanho de unidades experimentais básicas agrupadas, 0X é o tamanho

ótimo de parcelas para o qual o modelo linear se transforma em um platô, em relação a abscissa; CVP é o coeficiente de variação no ponto correspondente

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ao platô; 0 1 e são o intercepto e o coeficiente angular, respectivamente, do

segmento linear e i é o erro associado ao ( )xCV supostamente normal e

independentemente distribuído com média 0 e variância 2 constante.

Foi utilizado o instrumento computacional do programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2015).

Resultados e discussão

A aplicação da regressão segmentada com platô permitiu compreender o comportamento da variabilidade das espécies P. edulis Sims f. edulis e P. giberti N. E. Brown, com base no ensaio em branco realizado e nas 3 avaliações (30, 60 e 90 dias). Tabela 1 - Estimativas dos parâmetros do modelo segmentado linear com resposta em platô, do platô de resposta correspondente ao ponto de máxima curvatura ( P ), do valor da abscissa em

que ocorre o ponto de máxima curvatura cX e dos coeficientes de determinação 2R para as

espécies P. edulis Sims f. edulis e P. giberti N. E. Brown.

Espécies Avaliações

Parâmetros

Coeficiente de variação

Tamanho de

parcela

Coeficiente de

determinação

P. edulis Sims f. edulis

30 58,6 -4,20 22,80 8,51 0,86 60 77,1 -5,84 32,30 7,67 0,86 90 78,8 -10,30 32,40 4,51 0,81

P. giberti N. E. Brown 30 53,1 -3,07 12,30 13,30 0,91 60 76,4 -5,80 13,00 10,9 0,92 90 82,4 -7,00 18,10 9,19 0,86

Os coeficientes de variação associados as parcelas variaram de 12,30 a

32,40 %. As estimativas do tamanho de parcela variaram de 5 a 14 ub representando um platô no coeficiente de variação de 12,30 a 32,40% (Tabela 1).

Valores intermediários foram recomendados por (FARIA, 2007), 11 ub para P. edulis Sims f. edulis. e 15 ub para P. giberti N. E. Brown utilizando o método da máxima curvatura modificado e Peixoto et al. (2011) 6 ub pelo método de regressão linear e de 10 ub pelo modelo de regressão quadrático com platô.

Na Figura 1, foi estimada graficamente o comportamento da regressão linear com platô. A união das retas gerada pelo modelo linear em conjunto com a regressão de platô, expressa o tamanho de parcela adequado. Desse modo, a partir do ponto cX , o tamanho de parcela se faz suficiente, não havendo mais

necessidade de aumentá-lo, pois não há ganho em aumento de precisão experimental.

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Figura 1 - Tamanhos de parcela pelo Modelo Linear do Platô de Resposta em 3 ensaios em branco para as espécies P. edulis Sims f. edulis e P. giberti N. E. Brown.

Conclusões

O tamanho ótimo de parcela recomendado para a espécie P. giberti N. E. Brown é de 14 ub e 9 ub para P. edulis Sims f. edulis.

Agradecimentos (opcional)

Ao grupo de pesquisa LEA - Laboratório de Estatística Aplicada. À FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4.

Referências

FARIA, Gláucia Amorim. Tamanho ótimo de parcelas experimentais para experimentos in vitro com maracujazeiro. 2008. 101 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, 2008.

MURASHIGE, T., SKOOG, F. Revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v.15, p.473-497, 1962

PARANAÍBA, P.F.; FERREIRA, D.F.; MORAIS, A.R. Tamanho ótimo de parcelas experimentais: proposição de métodos de estimação. Revista Brasileira de Biometria, v.27, n.2, p.255-268, 2009.

PEIXOTO, Ana Patricia Bastos; FARIA, Gláucia Amorim; MORAIS, Augusto Ramalho de. Modelos de regressão com platô na estimativa do tamanho de parcelas em experimento de conservação in vitro de maracujazeiro. Ciência Rural, Santa Maria, v. 11, n. 41, p.1907-1913, nov. 2011.

R Development Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Tamanho ótimo de parcelas para ensaio em branco com maracujá in vitro pelo modelo de regressão quadrático com

platô.

Beatriz Garcia Lopes (1), Glaucia Amorim Faria (2), Ana Patrícia Bastos Peixoto(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Licenciatura em Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. e-mail: [email protected]. 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. 3UEPB-PB, Docente, Centro de Ciências e Tecnologia.

Introdução O foco central de um experimento é detectar diferenças significativas

entre tratamentos testados, o que depende da precisão experimental. A precisão experimental por sua vez é influenciada por vários fatores: tamanho e forma de parcelas, forma de bloco, número de repetições, delineamento experimental, falhas de plantas nas parcelas e forma de condução do experimento, e todos os fatores citados requerem grande atenção, consequentemente, a caracterização adequada destes contribui para obter precisão nos ensaios experimentais.

O tamanho de parcela e o número de repetições mais convenientes para determinada cultura, não podem ser generalizados, pois devem variar de acordo com espécie, cultivar, local, características avaliadas, métodos utilizados entre outros, desse modo podemos encontrar tamanhos de parcelas diferentes para a mesma espécie, variedade ou cultivar se as variáveis analisadas, bem como a natureza dos dados e objetivo da pesquisa são diferentes.

Nesse contexto, os objetivos do trabalho foram: (a) determinação do tamanho ótimo de parcelas em experimentos in vitro de P. giberti N. E. Brown; (b) determinação do tamanho ótimo de parcelas em experimentos in vitro de P. laurifolia L. a partir de um ensaio em branco com cada uma das espécies.

Material e métodos

Foi conduzido ensaio em branco, utilizando o delineamento inteiramente casualizado, com 100 repetições, utilizando o meio MS (Murashige & Skoog, 1962; MS). Avaliou-se o comprimento das brotações em cm. As avaliações foram realizadas aos 30, 60 e 90 dias após o estabelecimento dos explantes em meio de cultura.

O modelo de regressão segmentado platô de resposta utilizado foi 2

0 1 2 se

se i i i i c

i

i i c

X X X XCV

P X X

, (1)

em que 0 1 2, e são parâmetros a serem estimados e os demais tem definição

idênticas de LRP. Para valores de i cX X , os valores de iCV são explicados

por um modelo quadrático e para valores de > i cX X , a equação explicativa é uma

constante e paralela a abscissa. O ponto cX é considerado desconhecido e deve

ser estimado juntamente com os demais parâmetros do modelo. Este ponto representa a junção do segmento quadrático com o segmento de platô. As

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curvas devem ser contínuas e suavizadas, de modo que as primeiras derivadas com relação a X nos dois segmentos devem ser a mesma no ponto cX . O ponto

e junção entre o modelo quadrático e o platô, o qual define o tamanho de parcela pode ser estimado pela expressão /2 . Substituindo cX na

expressão (1) por obtemos o máximo que corresponde ao platô almejado, dado por /4 . Neste caso, têm-se três parâmetros efetivos, pois tanto cX , quanto são determinados a partir de 0 1 2, e .

Foi utilizado o instrumento computacional do programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2015).

Resultados e discussão

De acordo com os resultados obtidos (Tabela 1) constata-se que, na maioria das variáveis foi possível estimar o tamanho de parcela dentro do intervalo de domínio da amplitude dos tamanhos estudados. Tabela 1 - Estimativas dos parâmetros do modelo de regressão quadrático com resposta em platô, coeficiente de variação que estima o platô de resposta correspondente ao ponto de máxima curvatura ( P ), tamanho da parcela dado pelo valor da abscissa em que ocorre o ponto de

máxima curvatura cX e coeficientes de determinação 2R para as espécies P. giberti N. E.

Brown e P. laurifolia L.

Espécies Avaliações Parâmetros

Coeficiente de

variação

Tamanho de

parcela

Coeficiente de

determinação

2R

P. giberti N. E. Brown

30 53,2 -3,47 0,06 8,25 25,90 0,94

60 81,5 -8,40 0,25 11,70 16,60 0,94

90 87,5 -10,10 0,36 16,80 14,00 0,90

P. laurifolia L.

30 49,7 -9,53 0,56 9,56 8,42 0,89

60 73,3 -17,70 1,30 13,20 6,81 0,94

90 56,8 -10,70 0,67 13,70 8,05 0,91

Os coeficientes de variação das parcelas variaram de 8,25 a 16,80%. As

estimativas do tamanho de parcela variaram de 7 a 26 ub. Para a espécie P. laurifolia L. os valores encontrados foram de 7 a 9 ub e para P. giberti N. E. Brown foi encontrado tamanho de parcela muito variável, aos 30 dias o tamanho de parcela foi superior a 25 unidade básicas, aos 60 e 90 dias quando a cultura já estava estabelecida foi encontrado 17 ub e 14 ub respectivamente.

Valores intermediários foram recomendados por (FARIA, 2008), 9 ub para P. laurifolia L. e 15 ub para P. giberti N. E. Brown utilizando o método da máxima curvatura modificado e Peixoto et al. (2011) 6 ub pelo método de regressão linear e de 10 ub pelo modelo de regressão quadrático com platô.

Na Figura 1, foi estimada graficamente o comportamento da regressão quadrática com platô.

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Figura 1 - Tamanhos de parcela pelo Modelo quadrático Platô de Resposta em ensaios em branco para as espécies P. edulis Sims f. edulis , P. giberti N. E. Brown e P. laurifolia L..

Conclusões

O tamanho ótimo de parcela recomendado para a espécie P. laurifolia L. é de 9 ub e para P. giberti N. E. Brown, 26ub.

Agradecimentos (opcional)

Ao grupo de pesquisa LEA - Laboratório de Estatística Aplicada. À FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4.

Referências

FARIA, Gláucia Amorim. Tamanho ótimo de parcelas experimentais para experimentos in vitro com maracujazeiro. 2008. 101 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, 2008.

LIMA, E.C.; PAIVA, R.; NOGUEIRA, R.C.; SOARES, F.P.; EMRICH, E.B.; SILVA, A.A.N. Callus induction in segments of Croton urucurana Baill. Ciência e Agrotecnologia, v.32, n.1, p.17-22, 2008.

MURASHIGE, T., SKOOG, F. Revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v.15, p.473-497, 1962

PARANAÍBA, P.F.; FERREIRA, D.F.; MORAIS, A.R. Tamanho ótimo de parcelas experimentais: proposição de métodos de estimação. Revista Brasileira de Biometria, v.27, n.2, p.255-268, 2009ª.

PEIXOTO, Ana Patricia Bastos; FARIA, Gláucia Amorim; MORAIS, Augusto Ramalho de. Modelo de regressão com platô na estimativa do tamanho de parcelas em experimento de conservação in vitro de maracujazeiro. Ciência Rural, Santa Maria, v. 11, n. 41, p.1907-1913, nov. 2011.

R Development Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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O enquadramento das águas doces superficiais no Brasil: uma revisão bibliográfica

Beatriz Nunes Herreira¹*, Denise Gallo Pizella2

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução O Brasil possui uma grande quantidade de recursos hídricos disponível em

seu território, mas que se encontram distribuídos de maneira desigual. De acordo com Borsoi e Torres (1997) e Granziera (2003), a Política Nacional de Recursos Hídricos requer instrumentos para sua implementação, divididos em instrumentos de planejamento e voltados ao controle administrativo de seu uso. Segundo Diniz et al. (2006), a Lei n.9433/97 tem a visão de planejamento descentralizado e participativo da água, sendo a bacia hidrográfica a unidade de planejamento, o Comitê de bacia responsável pelas decisões em âmbito regional e o enquadramento das águas o instrumento principal para a manutenção da qualidade dos recursos hídricos.

O enquadramento dos corpos d’água representa o principal instrumento relacionado com a manutenção da água em termos quanti e qualitativo (DINIZ et al., 2006), sendo um instrumento de planejamento que estabelece metas de qualidade dos recursos hídricos a ser alcançadas de acordo com seus usos. Segundo o art. 9º. da Lei 9.433/97, o enquadramento visa “assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que foram destinadas” e “diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes” (BRASIL, 1997, art. 9º.). O enquadramento dos corpos d’água se aplica a todo tipo de segmento hídrico, como reservatórios, lagos, estuários, águas costeiras e águas subterrâneas (ANA, 2013).

Objetivo e metodologia Este trabalho tem por objetivo realizar uma revisão da literatura acerca do

instrumento de gestão dos recursos hídricos “enquadramento das águas superficiais”, compreendendo, brevemente, seu histórico e o procedimento de enquadramento no Brasil, com enfoque para as águas doces. É um trabalho de natureza qualitativa e de análise documental e consistiu na análise crítica da literatura existente sobre o tema em questão.

Resultados

O primeiro sistema de classificação de corpos de água doce superficiais no Brasil foi proposto em São Paulo em 1955, e alguns rios neste Estado foram enquadrados por meio do Decreto Estadual nº 24.806/55. Em âmbito federal, a primeira iniciativa para classificação ocorreu em 1976, onde o Ministério do Interior, por meio da Portaria nº3, classificou as águas doces superficiais conforme os usos preponderantes aos quais se destinavam. Em 1986, a Portaria foi substituída pela Resolução CONAMA nº20, que estabeleceu uma nova classificação para as águas doces, salobras e salinas, distribuídas em nove classes de qualidade, segundo seus usos preponderantes.

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Em 1989, o IBAMA realizou o enquadramento dos corpos d’água de domínio da União na Bacia do Rio São Francisco, de acordo com as classes da Resolução CONAMA nº 20. Em 1991, o Estado de São Paulo instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos, Lei nº 7.663, que representou um marco na política de recursos hídricos, visto que se antecipou à lei federal que foi estabelecida seis anos depois (ANA, 2007).

Em 1997, houve a promulgação da Lei n º 9.433 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, sendo o enquadramento um de seus instrumentos. Em 2005, em substituição à Resolução CONAMA nº 20, foi publicada a Resolução CONAMA 357. Em 2008, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos aprovou a Resolução nº 91/2008, que trata sobre os procedimentos gerais para o enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos (ANA, 2013).

As classes de qualidade em vigor encontram-se previstas na Resolução CONAMA 357/05 que estabelece, em função dos usos, no caso das águas doces, cinco classes de qualidade, onde cada uma possui parâmetros físicos, químicos e biológicos específicos, onde a classe especial apresenta a melhor qualidade e a classe 4, a pior.

Para se estabelecer um objetivo de qualidade da água, é preciso avaliar a condição atual do curso d’água, discutir com a população da bacia a condição de qualidade desejada e sobre a elaboração de metas com os diferentes atores da bacia hidrográfica, considerando as limitações técnicas e econômicas. Quando a qualidade do rio é boa e os atores sociais da bacia já possuem o rio desejado, é necessário discutir e planejar as ações necessárias para manter a qualidade da água. Além disto, é necessário realizar uma análise de quais são os usos das águas que preponderam naquela região. Esta etapa é denominada de diagnóstico da bacia. É importante frisar que, apesar de a gestão dos recursos hídricos preconizar o uso múltiplo das águas, como preservação das comunidades aquáticas, abastecimento doméstico, recreação, irrigação, dessedentação animal, navegação, etc, nem sempre todos os usos podem ser satisfeitos, pois cada um impacta as águas de uma forma e exigem padrões de qualidade hídrica distintos. É neste sentido que a PNRH determina a classificação dos recursos hídricos de acordo com seus usos preponderantes (ANA, 2013).

Em seguida, são elaboradas alternativas de enquadramento para os cursos d’água, considerando os custos financeiros de cada uma, bem como a elaboração do programa preliminar para efetivação do enquadramento, com base nas análises geradas na fase de diagnóstico, para se estabelecer as classes de enquadramento. Por fim, há a etapa de análise da proposta de enquadramento realizada pelo Comitê de Bacia e a deliberação pelo Conselho de Recursos Hídricos (estadual ou federal, dependendo do domínio do corpo d’água), onde será selecionada a alternativa de enquadramento e de seu programa de implementação. O Programa de Efetivação do enquadramento se objetiva a identificar as medidas necessárias para se conseguir o alcance da qualidade hídrica desejada em termos de custos e benefícios socioeconômicos e ambientais ao corpo d’água, assim como os prazos para sua consecução. Tal Programa é continuamente monitorado para que se verifique o atendimento das ações tomadas para a melhoria da qualidade hídrica, as quais podem ser revistas durante seu processo (ANA, 2009).

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Segundo a Resolução CONAMA 357/05, enquanto não aprovado o enquadramento, as águas doces superficiais são consideradas pertencentes à classe 2. As metas de qualidade de água devem ser factíveis e coerentes com o planejamento, pois este deve ser realizado levando em consideração aspectos técnicos, econômicos, sociais e políticos da bacia. Por outro lado, de acordo com a Agência Nacional de Águas, as metas não devem ser modestas, o que levaria à degradação da qualidade da água e o impedimento de seus usos múltiplos. As entidades gestoras de recursos hídricos e de controle ambiental são responsáveis pela fiscalização e monitoramento dos corpos hídricos enquadrados (ANA, 2013).

Conclusões

O enquadramento das águas doces superficiais tem passado por diversas modificações em seus objetivos e normatizações ao longo do tempo, visando seu aperfeiçoamento como instrumento de gestão da qualidade hídrica. Apesar de ainda não implementado da forma necessária, se espera que, com o estabelecimento de etapas progressivas para alcançar o estado desejado das águas, conforme estipulado na CONAMA 357/05, haja maior factibilidade em seu alcance, de modo a produzir uma melhoria na qualidade das águas doces superficiais brasileiras.

Referências bibliográficas

ANA. Cadernos de Recursos Hídricos: Panorama do Enquadramento dos Corpos d'Água e Panorama da Qualidade das Águas Subterrâneas no Brasil. Brasília, DF: Agência Nacional de Águas, v.5. 2007. ANA. Cadernos de Recursos Hídricos: Implementação do Enquadramento em Bacias Hidrográficas e Sistema Nacional de Informações Sobre Recursos Hídricos. Brasília, DF: Agência Nacional de Águas, v.6. 2009. ANA. Caderno de Capacitação em Recursos Hídricos. Brasília, DF: Agência Nacional de Águas, v.5. 2013. BORSOI, Z.M.F.; TORRES, S.D.A. A Política de Recursos Hídricos no Brasil. Revista do Bndes, v.3, p.1-15. 1997. BRASIL. Lei nº 9433 de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial da União, 09 de janeiro de 1997. DINIZ, L.; YAZAKI, L.F.O.; JUNIOR, J.M.M.; PORTO, M.F.A. O enquadramento de cursos d’água na legislação brasileira. In: I Simpósio de Recursos do Sul-Sudeste, São Paulo, p. 1 - 19. 2006. GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas. 2. ed. São Paulo: Atlas. 2003.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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A diversidade de tricomas em folhas de Mimosa do Cerrado brasileiro

Beatriz Schenaide Vitória(1)*, Natacha Silva(2), Katrin Walter(3), Alessandra

Fidelis(2), Aline Redondo Martins(1)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia Vegetal. e-mail: [email protected] 1UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia Vegetal 2UNESP-Rio Claro, Curso de Pós-Graduação em Biologia Vegetal 3University Mainz – Germany, Curso de Biologia com Mestrado em Ciências.

Introdução

O Cerrado apresenta grupos de espécies de plantas com mecanismos de

adaptações ao seu ambiente e é estudado por diversos grupos de pesquisa para compreender como as espécies sobrevivem às condições extremas ali encontradas (Simon et al, 2010). A subfamília Mimosoideae, é encontrada em abundância no Cerrado, apresentando mecanismos de adaptações (Simon et al, 2010). O gênero Mimosa consiste em aproximadamente 540 espécies, sendo o maior gênero dessa subfamília (Santos-Silva eta l., 2015; Luckow, 2005). Para identificar as diferentes espécies de Mimosas, pode ser utilizado descrição de folhas quanto aos seus tricomas (Metcalfe & Chalk, 1979). Mimosa possui uma variedade de tricomas que são descritos em três diferentes tipos (M. Grohar, 2016), os tricomas simples não glandulares, ramificados não glandulares e glandulares (Barneby, 1991; Santos-Silva et al., 2013). O objetivo do presente estudo foi analisar e descrever a morfologia dos tricomas, a ornamentação da cutícula, presença e diversidade dos tricomas nas superfícies adaxial e abaxial da folha de três espécies do gênero Mimosa.

Material e métodos

As sementes e as plantas adultas (Mimosa kalunga, Mimosa leiocephala e Mimosa somnians) foram coletadas em maio de 2016, em campo sujo na Reserva Natural da Serra do Tombador – GO. As sementes foram escarificadas, germinadas, transplantadas para sacos de mudas e cultivadas em casa de vegetação até seis meses de idade. As folhas das plantas adultas e as plântulas/plantas jovens com seis meses de idade foram fixadas em FAA 70 para as análises (Johansen, 1940), logo em seguida foram desidratadas em série etílica (70, 80, 90 e 99%). Após a desidratação, as amostras foram secas até o ponto crítico e metalizada com uma fina camada de ouro. Após a metalização, as amostras foram levadas ao Microscópio Eletrônico de Varredura Zeiss EVO / LS15 para a realização de micrografias eletrônicas. Esta etapa foi realizada no Laboratório de Microscopia Eletrônica do Departamento de Física e Química (QFD) Unesp Ilha Solteira.

Resultados e discussão

Em duas das espécies analisadas (Mimosa kalunga e Mimosa leiocephala) foram encontrados tricomas nas superfícies adaxiais e abaxiais das folhas tanto

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com seis meses de idade e indivíduo adulto (Figura 1). M. kalunga apresentou tricomas não glandulares simples tipo tector e M. leiocephala, não glandulares simples (tector) e glandulares do tipo capitado. Contudo, não foram encontrados tricomas nas folhas de M. somnians (Figura 1). Também foram detectados estômatos nas superfícies abaxial e adaxial das folhas de M. kalunga e M. leiocephala com seis meses de idade e adulto, bem como foram encontrados cristais e o tipo de cutícula lisa. M. somnians apresentou estômatos em maior quantidade na superfície adaxial da folha do que na parte abaxial, a cutícula se mostrou espessa nas superfícies adaxial e abaxial, do tipo escamiforme, com seis meses de idade e adulto. Devido ao clima tropical seco típico do Cerrado Brasileiro, os tricomas e a cutícula espessa podem proteger as folhas da alta exposição ao sol e reduzir a taxa de transpiração (Barneby, 1991; Santos-Silva et al., 2013).

Figure 1. Eletromicrografias de indivíduos adultos de Mimosa kalunga (A-B), M. leiocephala (C-D) e M. somnians (E-F). A, C, E. Superfície adaxial. B, D, F. Superfície abaxial. A e B. Tricomas tectores. C e D. Tricomas tectores e glandulares capitados. E e F. Ausência de tricomas e cutícula espessa do tipo escamiforme.

Conclusões As espécies estudadas apresentam adaptações típicas de plantas do

Cerrado, tais como presença de tricomas glandulares e não glandulares e espessamento da cutícula.

Agradecimentos

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Agradecemos a FAPESP – Projeto Jovem Pesquisador da Dra Alessandra Fidelis – 2015/06743-0, ao CNPq – Bolsa de doutorado (processo: 142121/2016-9), ao Edital Universal – CNPq (processo: 456672/2014-1) pelos auxílios financeiros na realização desse trabalho.

Referências Barneby, R.C. 1991. Sensitivae Censitae. A description of the genus Mimosa L. (Mimosaceae) in the

New World. Mem. New York Bot. Gard., 65: 1-835 Grohar, M., Rosenfeldt, S., Morales, M. 2016. Leaflet trichome micromorphology in the Dolentes-

Brevipedes taxonomic complex (Mimosa L., Mimosideae). Turkish Journal of Botany. 40: 45-58 Johansen, D.A. 1940. Plant Microtechnique, New York: McGraw-Hill Book, New York, 523 pp. Metcalfe, C. R., & Chalk, L. (1979). Anatomy of the dicotyledons. v. 1: Systematic anatomy of leaf

and stem; with a brief history of the subject. v. 2: Wood structure and conclusion of the general introduction. Santos-Silva J, Tozzi AMGA, Fragomeni M, Guedes Urquiza N, Morales M 2013. Evolution of

trichome morphology in Mimosa L. (Leguminosae-Mimosoideae). Phytotaxa 119: 1–20. Santos-Silva, J., Fragomeni, S. M., & Tozzi, A. M. G. D. A. (2015). Taxonomic revision of the species

of Mimosa ser. Leiocarpae sensu lato (Leguminosae-Mimosoideae). Rodriguésia, 66(1), 95-154. Simon M.F., Fábio Bueno dos Reis Jr., Eduardo Gross, Robert M. Boddey, Geoffrey N. Elliott, Nicolau

E. Neto, M. de Fatima Loureiro, Luciano P. de Queiroz, Maria Rita Scotti, Wen-Ming Chen, Agneta Norén, Maria C. Rubio, Sergio M. de Faria, Cyril Bontemps, Silvia R. Goi, J. Peter W. Young, Janet I. Sprent, Euan K. James 2010. Nodulation and nitrogen fixation by Mimosa spp. in the Cerrado and Caatinga biomes of Brazil. New Phytologist. Vol. 186, Issue 4, Pages 934-946.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências biológicas

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Revisão de literatura sobre a análise de estudos de impacto ambiental realizados no Brasil e no mundo

Bianca Oliveira Rocha(1), Denise Gallo Pizella (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução

Dentre os diversos estudos ambientais que perfazem a AIA (Avaliação de Impacto Ambiental), encontra-se o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), necessário para o licenciamento das atividades potencialmente poluidoras listadas no Anexo 01 da Resolução CONAMA 237/97.

No entanto, apesar de legal e institucionalmente estruturado, o licenciamento ambiental no Brasil apresenta uma série de deficiências, dadas em parte pela má qualidade dos Estudos de Impacto Ambiental, quando solicitados. Segundo Agra Filho apud Sánchez (2013), dentre estas se encontram: a debilidade dos Termos de Referência elaborados de forma conjunta com o empreendedor e o órgão licenciador; a desconsideração de alternativas de localização e tecnológicas para a implantação e operação do empreendimento; carência de procedimentos adequados para identificar, prever e avaliar os impactos ambientais (quanto à sua valoração, significado e importância); medidas mitigadoras dos impactos negativos propostas de forma genérica e sem correspondência com as características do ambiente afetado, além de planos de monitoramento superficiais e sem indicadores ambientais adequados.

O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão da literatura a respeito da importância da análise da qualidade dos Estudos de Impacto Ambiental realizados no Brasil e no mundo.

Material e métodos

Em relação à natureza deste trabalho, se trata de uma pesquisa de caráter qualitativo, por meio da interpretação de fenômenos. A metodologia consistiu na revisão bibliográfica do tema em questão.

Resultados e discussão Para Macintosh (2010 apud ALMEIDA et al, 2012), a eficiência da AIA pode

ser analisada de diversas maneiras. Alguns estudos mostram uma análise de todo o processo da AIA, verificando onde são utilizados princípios de boas práticas. Já em outros, percebe-se que os objetivos do estudo são alcançados, contribuindo efetivamente nos momentos de tomadas de decisões e alterações no projeto. De acordo com Rohde (1995 apud OLIVEIRA e BURSZTYN, 2001) a má elaboração dos estudos se dá por meio de informações equivocadas apresentadas nos EIAs pela consultora, que muitas vezes utiliza informações de outros estudos já elaborados; falta de dados primários nos estudos e escassez de informações sobre o meio e até do empreendimento, decorrente da falta de capacitação da consultora.

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Rohde (1995 apud OLIVEIRA e BURSZTYN, 2001) mostra também algumas limitações verificadas na prática de elaboração e análise de EIAs/RIMAs nacionais, tais como: o modelo dos estudos realizados no país se baseia nos EUA, onde a utilização desses estudos são para fins de planejamento e não para obtenção de licenças, como é feito na França e no Brasil; ausência de monitoramento pós EIA, ou seu acompanhamento de forma precária; falta de equipes de consultoria completas, dotadas de equipes interdisciplinares; tomadas de decisões feitas sobre pressão política, dificultando a participação pública.

Outro elemento que pode impor sérias restrições e tentativas de melhorias do processo de Avaliação de Impactos Ambientais é a atual tendência internacional que enfatiza a redução do tamanho e funções do Estado na economia (CARMO; SILVA, 2013).

Tommasi (1994) também aponta uma série de problemas considerados significativos quanto ao EIA no Brasil, tais como: um monitoramento baseado, muitas vezes, em previsões duvidosas contidas no EIA; falta de concordâncias entre o empreendedor, os analistas ambientais e a população diretamente atingida pelo empreendimento; a simples burocratização do processo de licenciamento quando há necessidade de EIA; além da ausência de um planejamento ambiental prévio. Segundo Sánchez (2013) a avaliação técnica de EIAs deve averiguar se o documento considera o que é determinado pela regulamentação apropriada e se o conteúdo presente no estudo possui qualidade técnica para proporcionar uma tomada de decisão concisa.

De acordo com Lee (2000a apud SÁNCHEZ 2013, p.444) um bom EIA: “[...] é aquele que apresenta, de uma forma apropriada para os usuários, constatações e conclusões que cubram todas as tarefas da avaliação, empregando métodos apropriados de coleta de informação, análise e comunicação”. É necessário determinar, segundo Sánchez (2013), quais serão os critérios a serem considerados no momento de análise de um estudo, para assim qualificar o EIA positivamente ou negativamente. Geralmente, verifica-se num EIA: o cumprimento de todas as exigências apresentadas no termo de referência e se o estudo atende as recomendações de boas práticas aplicadas em outros países. Neste sentido, se emprega listas de verificação acerca da forma e conteúdo do EIA.

A aplicação de listas de verificação, critérios de pontuação e outros procedimentos similares “[...] ajuda a estabelecer um método de comparação de EIAs para fins de pesquisa ou de avaliação do desempenho da AIA em uma determinada jurisdição[...]” (SÁNCHEZ, 2013, p. 459). Isso ajuda, de acordo com Sánchez (2013), a averiguar se, com o decorrer dos anos, houve um aperfeiçoamento da AIA ou, ainda, detectar os ramos da economia em que se pode melhorar o EIA, além de subsidiar profissionais com a análise técnica do estudo.

Para Sánchez (2013) essas listas de verificação são ferramentas importantes, pois nelas encontram-se as principais informações e recomendações que um EIA necessita para ser considerado um bom estudo. Quando elaborada, a lista de verificação deve estar de acordo com a legislação da região em que o processo de licenciamento ocorre, não havendo, portanto, uma única lista para todos os EIAs, as quais devem então ser contextualizadas.

Há diferentes metodologias utilizadas no mundo para se avaliar a qualidade dos EIAs. Dentre as mais utilizadas podem-se citar as listas de verificação que

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permitem adaptações para análises de EIAs de diferentes empreendimentos (SÁNCHEZ, 2006). Como uma lista de verificação pode ser facilmente adaptada a situações distintas, o uso das mesmas tem se tornado uma prática constante. Segundo Põder e Lukki (2011 apud ALMEIDA et al, 2012) a metodologia que desencadeou esta ampla utilização de listas de verificação foi desenvolvida por Lee et al (1999) que serviu como estímulo para o surgimento de outras ferramentas. O método de Lee e Colley divide o conteúdo dos EIAs em quatro grandes áreas, sendo elas: I) Descrição do projeto e do ambiente afetado; II) Identificação dos impactos; III) Identificação e avaliação de impactos-chave; IV) Consideração de alternativas e medidas mitigadoras (SÁNCHEZ, 2013). A partir dessas grandes áreas, tem-se uma divisão em categorias, que por sua vez, são divididas em subcategorias. Desta forma, o método também conta com a atribuição de notas que vão de A à F para cada critério em análise, sendo atribuída uma nota final ao EIA. Considera-se satisfatório um estudo que atinge minimamente uma nota “C”, sendo que, caso obtenha notas menores, deverá ser revisto ao todo ou em parte.

Sánchez (2006) desenvolveu, a partir do método de Lee e Colley, uma lista de verificação da qualidade de EIAs adaptada para a realidade brasileira. Tal lista está organizada de acordo com a disposição dos itens presentes nestes estudos e ressalta a importância da análise maneira sistemática dos critérios presentes, possibilitando a justificativa de cada conceito atribuído pelo analista.

Conclusões

Uma das dificuldades presentes no licenciamento ambiental de atividades potencialmente causadoras de impactos ambientais significativos reside na má qualidade dos Estudos de Impacto Ambiental realizados, tanto no Brasil como em outros países. A ausência de critérios definidos que norteiem a realização de EIAs conduzem, por diversas vezes, à incompreensão das possíveis interfaces entre o empreendimento e o meio ambiente a ser afetado, razão de ser destes estudos, os quais deveriam apresentar, da forma mais próxima à realidade possível, se o empreendimento em análise possui ou não viabilidade ambiental.

Neste sentido, foram elaboradas listas de verificação da qualidade de EIAs por diversos autores, visando nortear os pesquisadores em AIA, os órgãos ambientais e as consultoras a aprimorar a qualidade destes estudos e de suas análises, de modo que alcancem seus objetivos.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, M.R.R.; MALFARA, D.T.; MENDES, N.C.; MORAES, M.C.P.; SOUZA, M.P.; MONTAÑO, M. Aplicação de métodos para revisão da qualidade de Estudos de Impacto Ambiental. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, 1(2), p.1-28, 2012. CARMO, A.B do; SILVA, A.S da. Licenciamento ambiental federal no Brasil: perspectiva histórica, poder e tomada de decisão em um campo em tensão. Revista Franco-Brasileira de Geografia: Confins, [s.l.], n. 19, p.1-16, 12 nov. 2013. OpenEdition. http://dx.doi.org/10.4000/confins.8555. Disponível em: <https://confins.revues.org/8555?lang=pt>. Acesso em: 20 abr. 2017. OLIVEIRA, A.A de; BURSZTYN, M. Avaliação de impacto ambiental de políticas públicas. Revista Internacional de Desenvolvimento Local: Interações, Campo Grande, v. 2, n. 3, p.45-56, set. 2001. Disponível em: <http://www.interacoes.ucdb.br/article/view/586>. Acesso em: 5 abr. 2017. SÁNCHEZ, L.E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos. 2006. SÁNCHEZ, L.E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos. 2013. TOMMASI, L. R. Estudo de Impacto Ambiental. São Paulo: Cetesb: Terragraph Artes e Informática, 1994. 353 p.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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A influência de uma piscicultura em tanque-rede no metabolismo proteico de duas espécies de peixes silvestres

Bruno da Silva (1), Lucas Spada (1), Igor Paiva Ramos (3), Rosicleire Veríssimo Silveira (4), Cristiéle da Silva Ribeiro (5)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas- Licenciatura e Bacharelado, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal- LEFISA. e-mail: [email protected] 3Docente no Departamento de Biologia e Zootecnia FEIS/Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá. 4Docente no Departamento de Biologia e Zootecnia FEIS/Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Laboratório de Ictiologia Neotropical- LINeo. 5Docente no Departamento de Biologia e Zootecnia FEIS/Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal- LEFISA.

Introdução

A produção de peixes em tanques-rede faz parte de uma crescente realidade brasileira nestes últimos anos. Este tipo de prática visa a melhora nos níveis de produção de uma maneira sustentável, já que substitui a pesca extrativista e intensiva (PELICICE et al., 2014). Contudo, por mais que haja vários prós à manutenção de peixes nesse tipo de criação, também existem contras com relação a esta prática. O grande aporte de ração oferecido aos animais em cativeiro é um aspecto negativo, já que os resíduos desses alimentos, além de escamas e excretas dos animais confinados, podem se dissipar às regiões adjacentes dos tanques e interferir na dieta dos peixes silvestres, ocasionando possíveis modificações em aspectos do metabolismo energético destes animais (JOHNSON et al., 2008). O objetivo do presente trabalho consistiu, então, em investigar a dinâmica metabólica em exemplares de Geophagus proximus e Plagioscion squamosissimus, com vistas à avaliação do potencial de influência de uma piscicultura sobre o metabolismo proteico desses animais, correlacionando-o a duas estações do ano, verão e outono, notadamente marcadas por regime pluviométrico diferentes, respectivamente cheia e seca. Além disso, compreender como esse manejo acomete os níveis tróficos ocupados por estas espécies na ecologia aquática; no entanto, sem a intenção de comparar os perfis metabólicos entre as espécies.

Material e métodos

As coletas para o presente estudo foram realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no munícipio de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can (vazão média anual = 1,76 m3/s) do reservatório de Ilha Solteira, rio Paraná (50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S). As coletas da ictiofauna silvestre foram realizadas em duas estações do ano, verão e outono, com auxílio de redes de espera de diferentes gradações (3 a 14 cm entre nós não adjacentes) em duas áreas amostrais (Autorização SISBIO- 42229-1), as quais: uma próxima aos tanques-rede (área Tanque) e outra em local a aproximadamente 5 km a montante com características fisiográficas semelhantes, mas sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (área Controle). Para as avaliações

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propostas, foram utilizados 5 exemplares de cada espécie escolhida, por coleta. Para comparação, as mesmas espécies foram coletadas na área Controle e analisadas de forma idêntica aos animais da área Tanque. Após a captura, estes animais foram anestesiados e eutanasiados (Protocolo CEUA- 001/2014/CEUA), com posterior extração e determinação da concentração de proteínas totais nos tecidos hepático, muscular e gonadal pela técnica de determinação colorimétrica desenvolvida por Lowry et al., (1951).

Para verificação do nível de interação entre as variáveis, foi utilizado o Software Sigma Stat 3.1. Utilizou-se o Teste t de Student (α = 5%) para avaliações paramétricas; e aplicou-se o teste de Kruskal Wallis para análises não paramétricas.

Resultados e discussão

O verão é considerado uma estação que compreende o regime de cheia do rio Paraná, e que também se refere a um período de desova das duas espécies analisadas. No entanto, o Geophagus proximus parece não apresentar uma sazonalidade no processo de maturação das gônadas, sendo encontrados em todos os meses do ano espécimes em estágios avançados de maturação gonadal (BRANCO et al., 2010), enquanto que a espécie Plagioscion squamosissimus possui a desova sistematicamente demarcada na estação chuvosa ou de cheia, próximo a dezembro e janeiro (ROCHA et al., 2006).

Percebe-se, contudo, que apenas o porquinho, por se alimentar de ração advinda dos tanques-rede da piscicultura, teve um aumento na concentração de proteínas no tecido hepático no verão (figura 1). Isso pode denotar uma ação prejudicial a este animal, pois quando pensamos em qualidade do meio aquático, é importante se observar um balanço de nutrientes e disponibilidade de alimentos que sejam “naturais” ao perfil do nível trófico desses peixes; entretanto, com a liberação de ração aos meios adjacentes da piscicultura, animais como este se alimentam e armazenam mais proteínas do que o necessário em seus tecidos (neste caso o tecido hepático), podendo ser um fator de desregulação para esta espécie (SHERIDAN, 1994).

Quanto ao outono, a estação referida como regime de seca do rio Paraná, nota-se em G. proximus alta concentração de proteínas no tecido gonadal e hepático, o que remete novamente ao seu nível trófico como onívoro/insetívoro. Este aumento sugere uma desregulação na atividade do fígado quanto órgão de mobilização de substratos para a vitelogênese, já que proteínas perfazem cerca de 80% da constituição da vitelogenina, uma molécula com origem glicolipofosfoproteica, presente em vertebrados e invertebrados que garante o sucesso e crescimento de embriões (JALABERT, 2005); assim como, o acúmulo nas gônadas (órgão de reprodução) de proteína tanto dessa espécie quanto da corvina (esta, fora de época reprodutiva) (figura 2), evidenciando, que o aporte de ração pode sim estar atrelado a um desajuste da reprodução nessas espécies.

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Figura 1. Concentração de proteínas totais teciduais de Geophagus proximus nas estações verão e outono.

Figura 2. Concentração de proteínas totais teciduais de Plagioscion squamosissimus nas estações verão e outono.

Conclusões Conclui-se que todos os tecidos e nas duas espécies o aporte de ração

advindo da produção em tanques-rede teve influência, já que na área tanque houve maior concentração de proteínas, remetendo a uma alarmante preocupação, já que mesmo em período de não reprodução, as gônadas de ambas as espécies estão se preparando energeticamente para uma possível desova. Referências BRANCO, G. S.; BASHIYO-SILVA, C.; ROCHA, R. C. G. A.; SENHORINI, J. A.; NINHAUS-SILVEIRA, A.; VERÍSSIMO-SILVEIRA, R. Utilização da hipófise de Geophagus proximus , proveniente da pesca profissional, na reprodução induzida de Piaractus mesopotamicus. In: IV Encivi,Ilha Solteira: 2010. JALABERT, B. Particularities of reproduction and oogenesis in teleost fish compared to mammals. Reprod. Nutr. Dev., v. 45, p. 261–279, 2005. JOHNSON, M. R.; BOELKE, C.; CHIARELLA, L. A.; COLOSI, P. D.; GREENE, K.; LELLIS DIBBLE, K.; LUDEMANN, H.; LUDWIG, M.; MCDERMOTT, S.; ORTIZ, J.; RUSANOWSKY, D.; SCOTT, M.; SMITH, J. Impacts to marine fisheries habitat from nonfishing activities in the northeastern United States. NOAA. Technical Memorandum, n. NMFS-NE-209, p. 339, 2008. LOWRY, O. H.; ROSEBROUGH, N. J.; FARR, A. L.; RANDALL, R. J. Protein measurement with the Folin phenol reagent. The Journal of biological chemistry, v. 193, n. 1, p. 265–75, 1951. PELICICE, F. M.; VITULE, J. R. S.; LIMA JUNIOR, D. P.; ORSI, M. L.; AGOSTINHO, A. A. A serious new threat to brazilian freshwater ecosystems: The naturalization of nonnative fish by decree. Conservation Letters, v. 7, n. 1, p. 55–60, 2014. ROCHA, J. C.; JURAS, A. A.; CINTRA, I. H. A.; SOUZA, R. F. C. A reprodução da pescada-branca Plagioscion squamosissimus (HECKEL, 1840) (PERCIFORMES: SCIAENIDAE) No reservatório da usina hidrelétrica de Tucuruí (PARÁ-BRASIL). Boletim Técnico Científico do CEPNOR, v. 6, n. 1, p. 49–60, 31. 2006. SHERIDAN, M. A. Regulation of lipid metabolism in poikilothermic vertebrates. Comp Biochem Physiol A, v. 107, n. 4, p. 495–508, 1994.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Estabilidade do Carbono e sua relação com atributos do solo em áreas de cultivo de cana-de-açúcar

Bruno Horschut de Lima1*, Fernando Pavanin Martins1, Gustavo

Oliveira de Paula1, Welinton Yoshio Hirai2, Jean Carlos de Almeida Ramos3, Rafael Montanari4, Alan Rodrigo Panosso5

1Aluno de graduação em Engenharia Agronômica da UNESP de Ilha Solteira - Departamento de Matemática [email protected] 2Aluno de pós-graduação em Estatística e Experimentação Agronômica da ESALQ/USP de Piracicaba 3Aluno de pós-graduação em Agronomia da UNESP de Ilha Solteira 4Professor Dr. do Departamento de Fitossanidade Rural e Solos – FEIS/UNESP 5Professor Dr. do Departamento de Matemática – FEIS/UNESP Introdução

A magnitude da emissão de CO2 do solo (FCO2) varia no tempo e no espaço dependendo das condições ambientais, características do solo e do manejo agrícola adotado. De acordo com Herbst et al. (2009) são poucas as informações a respeito da extensão de dependência espacial de FCO2 sobre as variações dentro de uma determinada área ou parcela experimental. Além disso, as variações espaciais da perda de carbono do solo, expressa por FCO2 são controladas pelos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, cujas numerosas interações, em combinação com diferentes escalas de variação espaçotemporal, tornam difícil a interpretação e separação das relações existentes entre esses atributos.

O objetivo do trabalho foi determinar a estrutura multivariada da variabilidade espacial da estabilidade do carbono do solo expresso pelo constante de decaimento do carbono (k) e suas relações com os atributos do solo em áreas de cultura de cana-de-açúcar no sistema de cana crua.

Material e métodos

A estrutura geoestatística multivariada dos atributos do solo e a suas relações com o constante de decaimento do carbono (k) foram analisadas a partir de um conjunto de dados oriundos de experimentos já conduzidos nos municípios de Guariba, Pradópolis (SP, anos de 2008, 2010 e 2012) e Aparecida do Taboado (MS, ano 2014). Os dados são originários de áreas de cana-de-açúcar no sistema de manejo de cana crua (colheita mecanizada). Nesses experimentos foram avaliadas a emissão de CO2, a temperatura e a umidade do solo, juntamente aos atributos físicos e químicos do solo, na profundidade de 0 a 0,10 m (BICALHO et al., 2014). A emissão de CO2 do solo foi registrada por meio do sistema LI-COR (LI-8100), a temperatura do solo foi monitorada utilizando-se um sensor de temperatura que é parte integrante do sistema ao LI-8100, a umidade do solo foi determinada por meio de um equipamento de TDR (Time Domain Reflectometry - Hydrosense TM, Campbell Scientific, Austrália). O estoque de carbono foi calculado com base na massa de solo equivalente para contabilizar as variações da densidade do solo, nas diferentes áreas de estudo pela equação 1:

1,0.EDsCOCsolo (1)

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Onde, EC é o estoque de carbono (Mg ha-1), CO é o teor de carbono orgânico oxidável (g kg-1), Ds é a densidade do solo (kg dm-3) e E a espessura da camada estudada (0,10 m).

O fator de decaimento ou a constante de decaimento k (tempo-1) foi calculo empiricamente pela equação 2:

solo

COC

C

Fk 2 (2)

Onde 2COCF é a emissão de carbono CO2 determinado nas áreas de estudo

e Csolo é o estoque de carbono do solo (Mg ha-1). A análise de componentes principais foi realizada para o seguinte conjunto de atributos do solo: Umidade do solo (Us), porosidade livre de água do solo (PLA), macroporosidade do solo (Macro), teor de Fósforo disponível no solo (P) e capacidade de troca de cátions do solo (CTC). Para a interpretação dos resultados foram considerados apenas os componentes principais (CPs) que apresentaram os autovalores maiores do que a unidade. A dependência espacial dos atributos do solo e dos CPs foi determinada pela análise do variograma experimental (dados não apresentados) e construção dos mapas de padrão espacial pelo processo de krigagem ordinária (WEBSTER; OLIVER, 1990). A estimativa da semivariância, em uma dada distância de separação h, foi determinada pela fórmula:

)(

1

2)]()([)(2

1)(ˆ

hN

iii hxZxZ

hNh (3)

Em que N(h) é o número de pares de pontos separados pela distância h, Z(xi) é o valor da variável Z no ponto xi e Z(xi+h) é o valor da variável Z no ponto xi+h.

Resultados e discussão

Os valores de estoques de carbono variaram entre 5,1 e 14 Mg ha-1, com maiores valores observados na área e Guariba no experimento de 2010. Por sua vez, a estabilidade do carbono, expressa pelo fator k, esteve entre 0,65 a 4,00 x10-3 tempo-1 nas áreas estudadas. A área de Guariba no experimento de 2010 foi aquela que apresentou os menores valores de k, quando comparada às demais áreas estudadas. Maiores valores de k estão associados a regiões com baixa estabilidade do carbono, ou seja, carbono prontamente decomponível, regiões na área considerada potencial fonte de CO2 para a atmosfera (Figura 1). Por outro lado, menores valores de k indicam regiões das áreas com alta estabilidade do carbono, consideradas potenciais sumidouro de carbono do solo. A análise de componentes principal indicou, que as duas primeiras componentes principais foram capazes de capturar 64%, 55%, 68% e 64% da variabilidade total contida no conjunto de dados originais nas áreas de 2008, 2010, 2012 e 2014, respectivamente. PC1 no ano de 2008 representou um contraste entre PLA (0,98) e Us (-0,9). A análise de correlação linear simples entre os padrões espaciais de k e PC1 indicou valor positivo e significativo (r=0,75; p<0,001). Para o ano de 2010, PC1 também representou um contraste entre PLA (-0,8), Macro (-0,60) e Us (0,61). Para essa área, PC2 representou a ação conjunta de P (-0,74) e CTC (-0,60). Foram observados valores de correlação negativa e significativa (r=-0,18; p<0,05) entre o fator k e PC2. PC1, para o ano de 2012 representou a ação conjunta de PLA (-0,92) e Macro (-0,96) e foi observado coeficiente de correlação negativo e significativo (r=-0,56; p<0,001) entre k e PC1. Para o ano de 2014, na área de Aparecida do Taboado, PC1 representou

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um contraste entre PLA (0,99) e Us (0,99), e PC2 representou a ação conjunta de P (-0,69) e CTC (-0,70). Foram observados valores de correlação negativo e significativo entre k e PC1 (-0,22; p<0,05) e PC2 (r=-0,19; p<0,05), respectivamente (Figura 1).

Figura 1. Mapas de padrão espacial para estoque de carbono (Mg ha-1), constante de decaimento k (tempo-1), scores das componentes principais 1 e 2 da análise de componentes principais nas áreas de cana-de-açúcar estudadas.

Conclusões Os resultados indicam que, dentro de uma mesma área, ocorrem

alterações nos padrões espaciais do fator de decaimento do carbono no solo, havendo regiões com potencial para acúmulo de carbono em áreas de cana-de-açúcar.

Foram observados coeficientes de correlação significativos entre os mapas do fator de decaimento do carbono k e os componentes principais em todas as áreas estudadas, sendo os atributos físicos do solo aqueles principais responsáveis pela perda de carbono do solo, via emissão de CO2 em áreas de cana-de-açúcar no sistema de cana crua.

Agradecimentos

Agradecemos à FAPESP (processos 2010/20364-9) e ao CNPq (PIBIC) pelo apoio financeiro ao projeto por meio de Auxílio a Pesquisa e Bolsas de estudos de Iniciação Científica.

Referências BICALHO, E. S.; PANOSSO, A. R.; TEIXEIRA, D. D. B.; MIRANDA, J. G. V.; PEREIRA, G. T.; LA SCALA, N. Spatial variability structure of soil CO2 emission and soil attributes in a sugarcane area. Agriculture Ecosystems & Environment, v. 189, n., p. 206-215, 2014. IPCC Climate Change 2013: The Physical Science Basis, Intergovernmental Panel on Climate Change. New York: Cambridge University Press, 2013. p. 1535. WEBSTER, R.; OLIVER, M. A. Statistical methods in soil and land resource survey. New York: Oxford University Press, 1990. 328 p.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Preservação criogênica de sêmen de Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) (Characiformes: Prochilodontidae)

Caio de Souza Capuzzo(1)*, Renata Alari Chedid(2), Raphael da Silva Costa(3), Cristiane Bashiyo-Silva(4), Rosicleire Veríssimo-Silveira(5),

Alexandre Ninhaus-Silveira(5)

1UNESP-FEIS, Graduando em Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO). e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, pós doutoranda, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO). 3UNESP-IBB, Pós-graduanda em Ciências Biológicas – Zoologia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO) 4UNESP-IBILCE, Doutor em Biologia Animal, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO) 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO).

Introdução A criopreservação é uma técnica que se utiliza de temperaturas

extremamente baixas para manter a estrutura e funcionalidade de células e tecidos em estado suspenso, conservando-os fisiologicamente e geneticamente viáveis (Pegg, 2007). Contribui para a formação de bancos de germoplasma, com vistas a colaborar com projetos para preservação de espécies ameaçadas e na catalisação da aquicultura, permitindo a inserção de genes nativos ou melhorados no plantel de reprodutores permitindo a redução da endogamia, como também a redução do plantel de reprodutores (Ribeiro e Godinho, 2003). Contudo o sucesso da criopreservação depende de vários fatores como o conhecimento das características seminais da espécie, a determinação de diluentes seminais adequados, dentre outros. Deste modo, este trabalho teve como objetivo avaliar soluções crioprotetoras com vista, ao estabelecimento de uma metodologia eficaz para criopreservação do sêmen da espécie Prochilodus lineatus.

Material e métodos

Indução à Espermiação e Congelamento Seis machos foram induzidos a espermiação aplicando-se dose única de

3 mg/kg de extrato bruto de hipófise de carpa (EBH). Após 230h/grau, para a retirada do sêmen, foi realizada massagem no sentido antero-posterior na região abdominal, sendo o sêmen coletado em tubos Falcon graduados e esterilizados. Para verificar a viabilidade seminal as amostras de sêmen foram avaliadas quanto: ao volume (mL); a motilidade espermática subjetiva (%), a concentração de espermatozóides (sptz/mL), sendo esta última obtida pelo uso de Câmara de Neubauer. Como crioprotetor interno (CPI) foi utilizado dimetilsulfóxido na concentração de 10%. Os diluentes avaliados foram: A) solução composta por glicose (5,4%), gema de ovo de galinha (10%), CPI (10%), água destilada (adqs a 100mL) (Ninhaus-Silveira et al., 2006); B) solução de BTS® a 5% + 10% de CPI (Orfão, 2006) e; C). BTS 5% s/CPI. Para cada tratamento o sêmen foi diluído na razão de 1:5 (sêmen:diluente), envasados em palhetas de 0,5mL, à temperatura ambiente, e imediatamente congelados em vapores de nitrogênio líquido em um

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“container” do tipo seco - CryoPac/CP-100 (Taylor-Warton), à temperatura de -180ºC. Após o congelamento, as palhetas com sêmen foram transferidas para um container do tipo líquido (-195ºC) (Taylor-Warton – XC20) para criopreservação.

Teste de Fertilização

Dois exemplares de fêmeas maduras de Prochilodus lineatus foram induzidos a desova, pela aplicação de duas doses de extrato bruto de hipófise de carpa (EBH). Sendo a 1º dose na concentração de 1mg de EBH/kg de peixe vivo e após 10 horas foi aplicado a 2º na dosagem de 5 mg/kg. Para os machos aplicou-se na segunda dose da fêmea uma solução na dosagem de 3mg EBH/kg. Os oócitos foram extrusados por massagem abdominal e colocados em recipientes secos. As unidades amostrais foram cerca de 434 oócitos. Para o tratamento controle os oócitos foram fertilizados com 0,2mL de sêmen fresco e para os outros tratamentos com 1mL de sêmen descongelado. O sêmen foi descongelado pela imersão da palheta em água a 36ºC por 10s. Para a fertilização dos oócitos, após a mistura com o sêmen, foi colocado água do meio, visando a ativação espermática e hidratação dos ovos, sendo a seguir levados a incubadoras para proceder ao desenvolvimento embrionário. Após 12 horas as larvas eclodidas foram coletadas, fixadas em formalina 10%, para determinação da taxa de eclosão. Para análise dos dados foi utilizado Programa Estatístico R, pelo qual foi aplicada uma ANOVA (α = 0,05) e Tukey para os dados com diferença estatística significativa.

Resultados e discussão

Após indução hormonal, foi obtida uma média de 3,0mL de sêmen, com coloração leitosa e transparente, motilidade espermática subjetiva maior que 80% e duração média de 60 segundos. A análise dos dados indica que o percentual de eclosão do tratamento controle é significativamente (α = 0,05) maior que os outros tratamentos (GEMA-D, BTS-D, BTS) (Fig. 1). A fertilização sêmen congelado com as soluções A e B propiciaram percentuais de eclosão de larvas de 41,73±12,42% e 21,85±6,78% respectivamente. Estes valores demonstraram ser significativamente diferentes, da taxa de eclosão proporcionada pelo uso do sêmen congelado com a solução C (12,92±5,49%) (Fig.1). Entretanto, o percentual de sobrevivência do tratamento GEMA-D foi maior do que BTS-D, demostrando que a solução crioprotetora A propiciou melhores condições de proteção as células espermáticas o que determinou um aumento substancial da taxa de eclosão. Um dos fatores que pode ter sido importante neste resultado, e a presença da glicose que propicia estabilidade a membrana plasmática, como também, a componentes presentes na gema de ovo como a fosfatidilcolina e as lipoproteínas, pois estas além de atuar estabilização da membrana, atuam direto na bicamada lipídica reduzindo as crioinjúrias (Carolsfeld et al., 2003).O tratamento BTS apresentou sobrevivência de 12,92±5,49%, essa pequena porcentagem deve ter ocorrido devido a que solução diluente que tem a função de proporcionar um microambiente osmoticamente favorável, protegendo assim a as células espermáticas Murgas et al. (2007), mas não atuando no abaixamento do ponto crioscópico evitando a produção de grandes cristais de gelo (Ninhaus-Silveira et al., 2006).

Figura 1. Taxa de Eclosão após fertilização dos oócitos. Legendas: DGEMA - solução

composta por glicose (5,4%), gema de ovo de galinha (10%), DMSO (10%), água destilada (adqs

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a 100mL); DBTS - solução de BTS® a 5% + 10% DMSO; BTS - BTS® 5% s/CPI. Barras com diferentes letras indicam diferença significativa (p<0,05), de acordo com teste de Kruskal Wallis.

Conclusões Conclui-se que a solução criprotetora GEMA-D proporcionou melhor

desempenho em proteger as células dos espermatozoides de Prochilodus lineatus durante o congelamento e descongelamento comparado as criosoluções BTS-D e BTS.

Referências CAROLSFELD J., HARVEY B., GODINHO H.P. & ZANIBONI-FILHO E. 2003.Cryopreservation of

sperm in Brazilian migratory fish conservation. Journal of Fish Biology, 63 : 472-489. MURGAS, L. D. S.; MILIORINI, A. B.; FREITAS, R. T. F.; PEREIRA, G. J. M. Criopreservação do

sêmen de curimba (Prochilodus lineatus) mediante adição de diferentes diluidores, ativadores e crioprotetores. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.3, p.526-531, 2007BEAUFILS, E.R. Diagnosis and recommendation integrated system (DRIS). Pietermaritizburg, University of Natal, 1973. 132p. (Soil Science Bulletin, 1).

NINHAUS- SILVEIRA, A., VERÍSSIMO-SILVEIRA, R., SENHORINI, J. A., OKUDA, H. T. 2006. Seminal Analysis, Cryogenic Preservation, and Fertility in Matrinxã Fish, Brycon cephalus (Günther, 1869). Braz. Arch. Biol. Tech., 49(4): 651-659, 2006.

ORFÃO, L. H. Resfriamento e criopreservação de sêmen de curimba Prochilodus lineatus (VALENCIENNES, 1836). 2006. 85 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2006.

PEGG, D. E. Principles of Cryopreservation. In: DAY, J. G.; STACEY, G. N. (Ed). Methods in molecular biology: Cryopreservation and freeze-drying protocols. 2ed. Totowa, NJ: Humana Press Inc. v.368, p.39-58, 2007

RIBEIRO, R. I. M. A.; GODINHO, H. P. Criopreservação do sêmen testicular do teleósteo “piau-açu” Leporinus macrocephalus. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo orizonte, v.55, n. 1, p.75-79, 2003.

SUQUET, M.; DREANNO, C.; FAUVEL, C.; COSSON, J.; BILLARD, R. Cryopreservation of sperm in marine fis. Aquaculture Research, Oxford, v. 31, n. 3, p. 231-243, Marc 2000.

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Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

a

c b

b

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Análise alimentar e parasitológica de Oreochromis niloticus oriundas de escapes de tanques-rede no reservatório de Ilha

Solteira-SP: resultados preliminares

Cibele Diogo Pagliarini(1), Lidiane Franceschini(2), Cristiéle da Silva Ribeiro(3), Rosilene Luciana Delariva(4), João Paulo de Arruda Amorim(4),

Igor Paiva Ramos(5)

1UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas – Zoologia, Laboratório de Ecologia de Peixes. e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas – Zoologia, Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Estudos em Fisiologia Animal- Lefisa 4UNIOESTE-CASCAVEL, Docente, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos de Ecologia de Peixes- Pirá

Introdução O Brasil está entre os países com maior potencial para a aquicultura,

(Brasil, 2013), produzindo aproximadamente 260 mil toneladas/ano de tilápias e suas linhagens (Oreochromis niloticus) (Kubtiza, 2015). Essa espécie pertence a ordem Perciformes, família Cichlidae, tem origem no continente africano, sendo a segunda espécie de peixe mais cultivada no mundo (Oliveira, 2016). Apresenta rápido crescimento, reprodução tardia, boa adaptação ao confinamento e hábito alimentar onívoro, o que permite fácil aceitação de rações artificiais e manejo (David et al., 2006).

Contudo, escapes de animais cultivados são inevitáveis mesmo com manejo adequado, devido a eventos climáticos, por exemplo (Canonico et al., 2005). Animais oriundos de escapes podem causar efeitos negativos ao ambiente, como: invasão de espécies não nativas, mudanças na estrutura das comunidades biológicas, alteração do comportamento alimentar e introdução de parasitas (Pelicice et al., 2014).

Tilápias silvestres consomem alta diversidade de itens alimentares, como: algas, plantas aquáticas, sementes, crustáceos, insetos aquáticos, peixes, entre outros (Kubitza, 2000). Desta forma, exemplares oriundos de escapes podem apresentar o mesmo comportamento alimentar e assim competir por recursos e espaço com espécies de peixes nativas, podendo causar modificações na estrutura da ictiofauna (Zavala-Camin, 1996). Ainda, estudos sobre dieta possibilitam o entendimento sobre a biologia da espécie, organização trófica, oferta de alimento e o alimento mais apropriado nutricionalmente para a espécie (Zavala-Camin, 1996).

Animais oriundos de escapes tem a possibilidade de explorarem recursos alimentares e espaciais diferentes daqueles ofertados aos animais confinados em tanques. Desta forma, podem ser infectados por parasitas que não ocorrem no sistema de cultivo, além de serem potenciais vetores de parasitas em sistema de cultivo para peixes silvestres (Carvalho, 2006). Adicionalmente, algumas

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espécies de parasitas apresentam potencial zoonótico, o que evidencia a importância dos levantamentos e monitoramentos de parasitas em sistemas aquícolas e em espécies de interesse econômico em ambientes naturais (Sutili et al., 2014). Assim, o objetivo desse estudo foi caracterizar a dieta e fauna parasitária de O. niloticus oriundas de escapes de sistemas de pisciculturas em tanques-rede no reservatório de Ilha Solteira, SP.

Material e métodos

A coleta foi realizada em uma piscicultura em tanques-rede no munícipio de Santa Clara D’Oeste – SP, reservatório de Ilha Solteira, Rio Grande, SP. Foram avaliados 11 indivíduos de O. niloticus oriundos de escapes, coletados com auxílio de tarrafa, em área próxima aos tanques. Todos os exemplares foram eutanasiados em solução de benzocaína 0,5% (SISBIO n° 56809-1). Foram mensurados a massa total (g) e o comprimento padrão (cm). Em seguida, foi realizada dissecação para retirada dos estômagos, que foram fixados em formol 4% e conservados em álcool 70%.

Para avaliação de metazoários ectoparasitas, os peixes foram submetidos a raspados de pele, posteriormente congelados e destinados ao Laboratório de Ecologia de Peixes do Departamento de Biologia e Zootecnia da UNESP – FEIS e posteriormente analisados de acordo com Eiras et al. (2006). Em laboratório, o muco da pele, órgãos (brânquias, fígado, intestino, coração, rim, bexiga natatória, gônada, olhos e baço) para verificação de endohelmintos e itens alimentares foram examinados sob estereomicroscópio. Os itens alimentares e parasitas foram identificados até o menor nível taxonômico possível, e os itens alimentares quantificados em balança analítica de precisão (0,0001 g). A composição da dieta foi expressa por meio da porcentagem da massa de cada item alimentar em relação ao volume total observado.

Resultados e discussão Dos 11 exemplares coletados, nove apresentaram conteúdo estomacal. O

espectro alimentar desses indivíduos foi composto por 11 itens alimentares, distribuídos em seis categorias. Oreochromis niloticus provenientes de escapes alimentou-se principalmente de detrito (51,26%), fragmento vegetal (29,90%), Eichhornia sp. (9,52%) e restos de ração (5,95%). Quanto as análises parasitológicas, seis animais estavam parasitados nas brânquias por Lamproglena sp. (Copepoda: Lernaeidae) e apenas um exemplar parasitado com Monogenea gen. sp., encontrado na pele. Não foram encontrados endohelmintos.

Os resultados demonstraram uma composição da dieta variada, sendo que além de restos de ração, os animais consumiram outros recursos de origem autóctone, complementando sua dieta. De maneira semelhante, Baggio (2012) observou que O. niloticus provenientes de escapes acidentais consumiram restos de ração, fragmentos vegetais, matéria orgânica, algas e insetos. Os dados obtidos neste trabalho, corroboram com um padrão de diversificação da dieta quando estes indivíduos encontram-se em ambientes naturais. Tal fato pode demonstrar um possível compartilhamento de recursos alimentares entre tilápias de escapes e espécies nativas que habitam as regiões próximas aos tanques de cultivo. Tal hipótese será testada futuramente com a análise da dieta da ictiofauna associada a estes sistemas de cultivo.

O habitat ocupado pelo animal influencia sua alimentação, sendo esse fato

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diretamente relacionado à fauna e ao nível de infecção parasitária (Braccini et al., 2008). Os animais oriundos de escapes utilizam fontes alimentares naturais, como observado no presente estudo, e possuem livre acesso a novos ambientes, incluindo a zona de sedimentação no fundo dos tanques-rede e área marginal do reservatório. Nessas áreas, habitam vários organismos, sendo que alguns podem atuar como hospedeiros intermediários e/ou paratênicos do ciclo biológico de determinadas espécies de parasitas (Braccini et al., 2008) e podem ser utilizados como recurso alimentar por peixes. Dessa forma, animais de escapes tendem a permanecerem próximos as áreas de cultivo, consumindo restos de ração e alimentos naturais juntamente com a ictiofauna silvestre, podendo estar expostos a infecções parasitárias. Esse comportamento pode facilitar o contato e possível intercâmbio de parasitas entre peixes oriundos de escapes e peixes silvestres, bem como entre peixes silvestres e de escapes com os peixes nos tanques de cultivo (Carvalho, 2006).

Conclusões

Tilápias de escapes utilizam alimentos naturais, podendo ocorrer sobreposição no uso dos recursos alimentares com a ictiofauna silvestre. Tal fato pode facilitar a ocorrência de infecções parasitárias via cadeia alimentar, por contato com hospedeiros paratênicos e/ou intermediários, além do intercâmbio desses parasitas com espécies de peixes silvestres.

Referências

BAGGIO, R. A. Avaliação do status quo da tilápia do Nilo Oreochromis niloticus no reservatório de Itaipu e na Bacia do Rio Uruguai. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas, Área de Concentação em Zoologia) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 99 p., 2012.

BRACCINI, G. L.; VARGAS, L.; RIBEIRO, R. P.; FILHO, L. A.; DIGMAYER, M. Ectoparasitos de Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) cultivados em tanques-rede nos rios do corvo e guairacá, Paraná, Brasil. Rev. Bras. Paras. Vet., v. 12, Supl. 1, p. 24-29, 2008.

BRASIL. Ministério da Pesca e Aquicultura. Bol. Est. Pes. Aqua. Bra. 2011. Brasília: República Federativa do Brasil, 60 p., 2013.

CANONICO, G. C.; ARTHINGTON, A.; MCCRARY, J. K.; THIEME, M. L. The effects of introduced tilapias on native biodiversity. Aqua Cons.: Mar. Fresh. Ecos., v. 15, p. 463-483, 2005.

CARVALHO, E. D. Avaliação dos impactos da piscicultura em tanques-rede nas represas dos grandes tributários do Alto Paraná (Tietê e Paranapanema): o pescado, a ictiofauna agregada e as condições limnológicas. 46 p. Relatório de pesquisa (FAPESP) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil. 2006.

DAVID, G. S. A Tilápia do Tietê: Desafios e contradições da pesca artesanal de tilápias nos reservatórios hipereutróficos do médio rio Tietê. Pan. Aquíc., v. 16, p. 24-27, 2006.

EIRAS, J. C.; TAKEMOTO, R. M.; PAVANELLI, G. C. Métodos de estudo e técnicas laboratoriais em parasitologia de peixes. 2. ed. Maringá: Eduem, 199 p, 2006.

KUBITZA, F. Aquicultura no Brasil: principais espécies, áreas de cultivo, rações, fatores limitantes E desafios. Pan. Aquic., v. 25, p. 10-23, 2015.

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OLIVEIRA, M. A vez da tilápia. Revista Pesquisa Fapesp, n. 249, p. 66-71, 2016. PELICICE, F. M.; VITULE, J. R. S.; LIMA-JUNIOR, D. P.; ORSI, M. L; AGOSTINHO, A. A. A serious

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ZAVALA–CAMIN, L. A. Introdução aos estudos sobre alimentação natural em peixes. Maringá: Eduem, 1996.

Nível e área do trabalho: Pós-graduação/Biologia

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As provas estão nos matando? A qualidade de sono de alunos de Ciências Biológicas da FEIS/UNESP

Cristiéle da Silva Ribeiro(1) *, Alini Beloto Parra(2), Amanda Ribeiro Petroni(2), Barbara Maria Frigieri(2), Beatriz Nunes Herreira(2), Bianca Luany Inha de Godoi(2), Bianca Rafaela Boni(2), Bruna Santos Cardozo(2), Bruno da Silva(2), Cristiane Fernanda Benevente(2), Danitieli Mantovani da Silva Lopes(2), Fernanda Azevedo Dias(2), Gabriela Lozano Olivério(2), Gustavo Afonso Crepald Cardozo(2), Heliana da Rocha Lima(2), Ígor Micheletto Martins(2), Ingrid Camargo dos Reis(2), Jean da Silva Gomes Júnior(2), José Daniel Soler Garves(2), Julia Barros Peroni(2), Julia de Castro Zardo(2), Laís de Souza Teixeira(2), Laís Yeda da Silveira Floriano(2), Marcelo Joho Hiromoto(2), Maria Luiza Ribeiro Delgado(2), Mariane Elisa Pagotto(2), Marilaine Cristina Marques Leite(2), Marina Guimarães Germini(2), Maycon Anderson de Araujo(2), Morgana Ferreira Turunday(2), Pátila de Paula Rafael da Silva(2), Renan Biceglia Ferreira(2), Renata Cannizza Bernardes da Rosa(2), Suellen de Sousa Moreira(2), Yrina Krauss Barretto Alvarenga(2), Alan Rodrigo Panosso (3)

1UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática

Introdução

Desde os primórdios da humanidade o homem demonstra interesse no comportamento do sono (MONTIBELLER DA SILVA et al., 2016). Estudar o papel dos ciclos ambientais na fisiologia humana é algo relativamente novo, antes havia um paradigma que o próprio organismo fosse capaz de controlar seu ritmo biológico, mas essa discussão antiga do papel endógeno versus papel exógeno no funcionamento fisiológico foi finalizando-se durante o século passado (ARAUJO; MARQUES, 2002). Atualmente entende-se que ambos possuem papel preponderante no controle fisiológico, tanto o organismo como os fatores ambientais a que esse é exposto (NETO; DE CASTRO, 2008).

Embora os efeitos circadianos no sono tenham sido estudados extensivamente, a caracterização precisa das influências sociais sobre o sono permanece pouco entendida. Alguns fatores como pesadelos, problemas para dormir, interrupção no sono, preocupações, ansiedade (CARDOSO et al., 2009) podem provocar distúrbios do sono, e esses podem acarretar diversas alterações fisiológicas. Serrão; Klein e Gonçalves, (2007) observaram a qualidade do sono em crianças na fase escolar, destacando uma correlação positiva entre sintomas de depressão infantil e perturbação do sono e correlação negativa entre o rendimento acadêmico e a sonolência diurna. Montibeller Da Silva et al., (2016) apresentam em seu trabalho que a falta de sono acarreta em problemas relacionados a memória, diminuição da imunidade, desenvolvimento de ansiedade além de doenças como diabetes e doenças neurodegenerativas e cardiovasculares.

Tendo em vista que é necessário ter uma rotina adequada de sono e existe uma sobrecarga imposta aos alunos da graduação, este trabalho tem por

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objetivo analisar a influência das atividades avaliativas na qualidade do sono de alunos do curso de Ciências Biológicas da UNESP de Ilha Solteira.

Material e métodos

Este estudo foi realizado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, pelos alunos regularmente matriculados na disciplina Fisiologia Geral e Comparada: Sistemas, no 1º semestre de 2017, que leram e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes do ínicio da coleta de dados.

O estudo foi dividido em duas fases, a primeira sem a presença de atividades avaliativas, considerado período “sem estresse” (20/03/2017 a 26/03/2017) diferentemente da segunda (13/04/2017 a 20/04/2017) em que ocorreram atividades avaliativas, considerado período “com estresse”.

Em ambas etapas foi aplicado questionário contendo 8 questões: nome; idade; gênero; uso de medicação ansiolítica ou outra; data a que se refere; A que horas você foi se deitar ontem?; A que horas você acordou hoje?; Quanto tempo para pegar no sono?; Você se lembra de ter acordado e dormido de novo?; Comparado ao seu sono habitual, hoje sua qualidade de sono foi: Melhor, pior ou igual?; Como você se sentiu ao acordar: Mal ou Bem?; Você participou de uma atividade avaliativa “com estresse” no dia de hoje (provas, trabalhos, seminários): Sim ou Não? Os questionários foram aplicados a um total de 25 indivíduos, com idade entre 20 e 27 anos.

Os dados foram analisados estatisticamente utilizando-se o software R, (R Core Team, 2017). Previamente às análises, a hipótese de normalidade dos dados foi testada por meio do teste de Shapiro-Wilk ao nível de 5% de probabilidade. Portanto, para os itens “duração do sono” e “frequência de despertares” (dados paramétricos, distribuição normal) foi aplicado o teste t de Student, e para os itens “tempo para dormir”, “qualidade do sono” e “sensação ao acordar” (dados não paramétricos, distribuição não normal) foi aplicado o Teste da Soma dos Postos de Wilcoxon.

Resultados e discussão Um dos pilares do padrão de sono humano é determinado justamente pela

autoavaliação de satisfação com o sono. Portanto, é importante que o universitário tenha uma autopercepção eficiente acerca desta rotina, com vistas a exercitar mecanismos de melhora neste aspecto da vida.

Os itens Horas de sono e Frequência de despertares não mostraram diferenças estatísticas significativas na comparação entre os períodos analisados (p>0,10). A frequência de despertares foi de 1,04 vezes por noite e média de duração do sono nos indivíduos analisados foi de 7 horas e 15 minutos, resultado muito similar ao obtido por Araújo et al., (2013), analisando 701 alunos de graduação da UFCE, e próxima ao patamar inferior do ideal de duração de sono em adultos com a mesma faixa etária, que vai de 7 a 9 horas (POYARES; TUFIK, 2003). Adicionalmente, os alunos que foram sujeitos neste trabalho estão matriculados nos últimos anos de graduação em Ciências Biológicas, e 100% destes trabalham ou fazem estágios, de acordo com Depieri et al., (2016), este perfil de alunos está atrelado à piora na qualidade do sono, o que pode ter contribuído para a não diferenciação deste aspecto entre os períodos de coleta. No item Tempo para início do sono, também descrito como período de latência, houve diferença estatística significativa (p= 0,0462) entre os períodos

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“sem estresse” e “com estresse”, com menores valores para o segundo, (Figura 1). Montibeller da Silva et al., (2016) mostrou em seu trabalho que alunos de medicina nos últimos anos apresentaram menor período de latência na comparação com alunos calouros, o que corrobora os resultados obtidos no presente estudo, uma diminuição da latência com o aumento do estresse.

Para o item Qualidade do sono houve também diferença estatística entre os períodos analisados, (p= 0,0683), sendo que, o período “com estresse” evidenciou uma melhoria na autoavaliação dos sujeitos neste parâmetro. Em contraposição, a sensação dos indivíduos ao acordar foi pior no mesmo período em comparação com o período “sem estresse”, (p=0,05349), (Figura 1). A literatura relata que o estresse está associado à baixa qualidade do sono em alunos de graduação (SUCIGAN; CEOLIM, 2011; PASCOTTO; RIECKMANN; SANTOS, 2013), tais resultados não corroboram com os deste trabalho. Atribuímos esta não conformidade à presença de um feriado no período de coleta de dados. Apesar dos indivíduos estarem “estressados” estudando para provas, não houve aula durante três dias, o que pode ter otimizado as atividades associadas ao estresse. O contrassenso na autoavaliação dos alunos do que seria uma boa qualidade de sono e uma sensação desagradável ao acordar provavelmente diz respeito ao cansaço, que traria um sono sem sobressaltos, mais profundo, mas pouco reconfortante, já que não provocaria uma sensação agradável ao despertar.

Figura 1: parâmetros associados à qualidade de sono dos indivíduos analisados; ab mostram

diferença estatística significativa na comparação entre períodos (p<0,10).

Conclusões Os resultados deste trabalho mostraram que o estresse proveniente de

atividades avaliativas alterou parâmetros ligados ao período de latência, qualidade do sono e sensação ao acordar em alunos do curso de graduação em Ciências Biológicas. Sugere-se que outros estudos sejam desenvolvidos com a mesma temática, levando-se em conta períodos sem a interferência de feriados e com maior tempo de coleta de dados, com vistas a diminuir a interferência de variáveis prejudiciais.

Referências ARAUJO, J. F.; MARQUES, N. Cronobiologia : uma multidisciplinaridade necessária. Margem, n. 15, p. 95–112, 2002. ARAÚJO, M. F. M. de; LIMA, A. C. S.; ALENCAR, A. M. P. G.; ARAÚJO, T. M. de; FRAGOASO, L. V. C.; DAMASCENO, M. M. C. Avaliação da qualidade do sono de estudantes universitários de Fortaleza-CE. Texto & Contexto - Enfermagem, v. 22, n. 2, p. 352–360, 2013. CARDOSO, H. C.; BUENO, F. C. de C.; MATA, J. C. da; ALVES, A. P. R.; JOCHIMS, I.; VAZ FILHO, I. H. R.; HANNA, M. M. Avaliação da qualidade do sono em estudantes de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 33, n. 3, p. 349–355, 2009. DEPIERI, N. B.; CÍCERO, L. R.; GUIZELLINI, V. S.; BIANCHI, L. R. de O. Qualidade do Sono e Sonolência entre Universitários Formandos. Arquivos do MUDI, v. 20, p. 33–42, 2016.

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MONTIBELLER DA SILVA, G.; ARRUDA RAMOS, F.; DE SOUSA BERNARDES, L.; RAMOS ALVES, P. R.; FABRO, M. A. Qualidade Do Sono Em Estudantes Do Regime Regular E Internato Médico. Revista Médica da UFPR, v. 3, n. 1, p. 19–24, 2016. NETO, J. a S.; DE CASTRO, B. F. Melatonina, ritmos biológicos e sono - uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Neurologia, v. 44, n. 1, p. 5–11, 2008. PASCOTTO, A. C.; RIECKMANN, B.; SANTOS, M. Dos. Avaliação da qualidade do sono em estudantes de ciências da saúde. Journal of the Health Sciences Institute, v. 31, n. 3, p. 306–10, 2013. R Core Team (2017). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R-project.org/. POYARES, D.; TUFIK, S. I Consenso Brasileiro de Insonia. Hypnos: rev sono, v. 4, n. (Supl 2), p. 5–39, 2003. SERRÃO, F.; KLEIN, J. M.; GONÇALVES, A. Qualidade do sono e depressão: que relações sintomáticas em crianças de idade escolar. Psico-USF (Impresso), v. 12, n. 2, p. 257–268, 2007. SUCIGAN, D. H. I.; CEOLIM, M. F. Sono - Estudantes - Enfermagem. In: XIX Congresso interno de iniciação científica - UNICAMP, Campinas. Campinas: 2011.

Modalidade: Experiência didática

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Acompanhamento do índice de eclosão de ovos de galinha tipo colonial

Daniel Andrade da Silva(1)*, Willian Marinho Dourado Coelho(2), Jadyel da Silva Martins(3), Lucas Fernando Caetano dos Santos(3), Cláudia Mitidiero

Stachissini Arcain(4)

1FEA-FCAA, Discente - Curso de Medicina Veterinária – e- mail: [email protected] 2FEA-FCAA, Professor Doutor- Curso de Medicina Veterinária 3 FEA-FCAA, Discentes- Curso de Agronomia 4CEETEPS, Professora Coordenadora- Curso de Técnico em Agropecuária

Introdução

O sucesso reprodutivo de galinhas caipiras está relacionado com o estado nutricional e sanitário do plantel (EMBRAPA, 2007). Desde os Egípcios e Chineses, criavam-se galinhas cerca de 4000 anos atrás, além disto, incubavam ovos em grande escala. Os Egípcios construíram chocadeiras de tijolos, onde o fogo era mantido aceso por um assistente, sem qualquer outro tipo de termômetro senão a própria pele, a queima era ajustada mantendo a temperatura ao nível requerido para a incubação. Esse processo de incubação foi uma das mais notáveis realizações tecnológicas dos povos que construíram as pirâmides. (Arashiro, 1989). A eclodibilidade pode diminuir quando o período de estocagem dos ovos excede três dias, independentemente da temperatura, uma vez que ocorrem mudanças em certos aspectos físicos (Meijerhof et al., 1994; Tona et al., 2001). Schmidt et al., (2002) retratam sobre a prática de estocagem, sendo muitas vezes necessária na incubação comercial, visando na maior parte das vezes evitar a mistura de ovos de diferentes lotes e idades, ou de lotes com padrão sanitário duvidoso. No processo de incubação artificial, a eclodibilidade dos ovos está diretamente relacionada à ação combinada de um grande número de fatores, em que o prolongamento de um dia no tempo de estocagem pode reduzir em até 1% a eclodibilidade.

O objetivo de deste experimento foi acompanhar a taxa de eclodibilidade de ovos de galinhas tipo colonial perante incubação artificial.

Material e métodos

O estudo foi desenvolvido na cidade de Andradina- SP, nas instalações da Etec Sebastiana Augusta de Moraes- Centro Paula Souza, Estrada Vicinal Sebastião Lourenço da Silva, Km 11- Vila Planalto, no período de 17 de Setembro de 2012 á 28 de Março de 2013.

Foram utilizados 383 (trezentos e oitenta e três) ovos incubáveis, contabilizando seis lotes. Os ovos foram coletados duas vezes por dia, ao amanhecer e entardecer, sendo visualmente selecionados afim de encontrar irregularidades em sua conformação e realizar limpeza a seco com uso de papel toalha descartável.

Os ovos foram incubados em incubadora Chocomaster, com capacidade para 110 ovos, sob temperatura de 37,5ºC, com rolagem de ovos automática, bandejas de água foram depostas no assoalho do incubatório, para garantir a umidade interna. Ovoscopias foram efetuadas no 7° dia de incubação com intuído de descartar aqueles não galados, e no 15° dia de incubação a fim de

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encontrar embriões mortos. No 20° dia de incubação a rolagem automática era desligada, para não

ocorrer nenhum incidente com os neonatos, os mesmo permaneciam na chocadeira após eclosão até que estivessem secos, para sim serem transferidos para o criadouro (gaiola), onde era provido de água, ração e fonte luminosa incandescente.

Durante o decorrer do experimento, preconizou-se diferentes períodos de estocagem 11 a 28 dias lote a lote e um incidente com fornecimento de energia elétrica quando estava incubado o lote quatro.

Resultados e discussão

A eclodibilidade dos seis lotes foi de 32,90% ( 126/ 383), sendo que o lote cinco teve a maior taxa de eclosão 58,82 (30/ 51), por sua vez o lote quatro, devido estocagem de 28 (vinte e oito) dias e falta de fornecimento de energia elétrica no nono e décimo dia de incubação, teve a menor taxa de eclosão 0,0% ( 0/ 80) (Gráfico 1). Gráfico 1- Índice de eclosão de ovos dos seis lotes de acordo com tempo de estocagem, primeira e segunda ovoscopia.

Notou- se neste experimento baixa porcentagem de eclosão perante um

longo período de estocagem maior ou igual a 20 dias, o que condis com Ferreira et al. (2006) e Meijerhof et al. (1994), que retratam sobre a diminuição da taxa de eclosão dos ovos férteis devido ao longo tempo de armazenamento.

O ovo estocado requer maior período de incubação devido retardamento do desenvolvimento embrionário (Reis et al., 1997 ), o que não foi constatado no presente estudo, pois ovos que passaram por um período grande de estocagem, mesmo que incubados por período maior do que, 21 dias não obtiveram resultados.

Os registros de eclodibilidade obtidos neste trabalho concordam com Decuypere e Michels (1992), que relataram a estocagem menor ou igual a 15 dias determina melhores resultados de eclosão.

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LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 LOTE 6

Acompanhamento indice de eclosão

Nº OVOS GALADOS EMBRIÃO VIVO ECLODIDOS

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Conclusões Os resultados obtidos com esta pesquisa sugerem que, quanto maior

tempo de estocagem de ovos para fins de incubação e a não adequação da temperatura durante toda a incubação, menor será o índice de eclosão.

Referências

ARASHIRO, O. A historia da avicultura no Brasil. Gessulli Editores Ltda. São Paulo, 1989. DECUYPERE, K; MICHELS, H. Incubation temperature as a management tool: a review. World´s

Poultry Science Journal, v.48, p.27-38, 1992. EMBRAPA. Sistema Alternativo de Criação de Galinhas Caipiras. Sistemas de Produção. 4. ISSN

1678- 8818. Versão Eletrônica. Novembro. 2007. Disponível em: < https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Ave/SistemaAlternativoCriacaoGalinhaCaipira/Reproducao.htm >. Acesso em: 10 de Janeiro de 2017.

FERREIRA, F. C.; LARA, L. J. C.; BAIÃO, N. C.; LANA, A. M. Q.; LÓPEZ, C. A. A.; MORAES, D. T. Influência da idade da matriz e do período de armazenamento dos ovos sobre a uniformidade dos pintos aos 11 dias de idade. Ver. Bras. Cienc. Avíc., v. 8, p.17, 2006

MEIJERHOF, R.; NOORDHUIZEN, J.P.T.M.; LEENSTRA, F.R. Influence of preincubation treatment on hatching results of broiler breeder eggs produced at 37 and 59 weeks of age. Br. Poult. Sci., v.35, p.249-257, 1994.

REIS, L.H.; GAMA, L.T.; SOARES, M.C. Effects of short storage conditions and broiler breeder age on hatchability, hatching time, and chick weights. Poult. Sci., v.76, p.1459-1466, 1997.

SCHMIDT, G.S.; FIGUEIREDO, E. A. P.; AVILA, V. S. Fatores que afetam a qualidade do pinto de corte. Artigos Embrapa suínos e aves, 2002. Disponível em: <http://www.cnpsa.embrapa.br/?/artigos/2002/artigo-2002-n018.html;ano=2002 >. Acesso em: 21 de Janeiro de 2017.

TONA, K.; BAMELIS, F.; COUCKE, W. et al. Relationship between broiler breeder´s age and egg weight loss and embryonic mortality during incubation in large-scale conditions. J. Appl. Poult. Res., v.10, p.221-227, 2001.

Graduação/Zootecnia

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Recuperação de área de empréstimo em resposta a quinze meses de aplicação de resíduo animal

Danilo Silva Teixeira(1)*, Lucíola Santos Lannes(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia Vegetal. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia Vegetal

Introdução

A construção de usinas hidrelétricas (UHEs) dá origem as áreas em que ocorre remoção total da camada vegetal para a utilização do solo ou subsolo na construção, sendo estes locais denominados “áreas de empréstimo”. Isto ocorreu nas imediações da UHE Ilha Solteira há aproximadamente 50 anos (Alves et al., 2008), tendo eliminado a vegetação de uma grande área de Cerrado na Fazenda Experimental da UNESP. Este procedimento criou condições edáficas e microclimáticas desfavoráveis ao processo de sucessão vegetal.

Ovinos excretam grande parte dos nutrientes que ingerem, assim, fezes de ovelhas podem resultar numa boa fonte de nutrientes para o solo (Shand et al., 2006), contribuindo para o aumento da riqueza de espécies (Gibson et al., 1987).

Este trabalho tem como objetivo geral investigar se a sucessão ecológica pode ser estimulada nestas áreas de empréstimo através da introdução de esterco de ovinos. São objetivos específicos: (i) avaliar se o tratamento estimula o processo de sucessão vegetacional, e (ii) verificar de que maneira diferentes tipos de vegetação herbácea respondem a este tratamento nestas áreas de empréstimo.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental da Unesp de Ilha Solteira (Bovinos), em Selvíria/MS, onde há uma área de empréstimo com trechos em diferentes estágios sucessionais. Em outubro de 2014 foram selecionadas quatro áreas, variando em função do grau e do tipo de cobertura vegetal (Figura 1). Em cada área foram estabelecidas dez parcelas de 1 m2 com espaçamento mínimo de 1 metro. De outubro de 2014 a dezembro de 2015, cinco parcelas receberam 150 g de fezes frescas de ovelhas a cada 15 dias, quantidade correspondente a um evento de defecação de uma ovelha de porte médio. As outras cinco parcelas funcionaram como controles.

Em dezembro de 2015 coletou-se uma amostra dos primeiros 0,10 m de solo para a determinação de nutrientes (Laboratório de Solos – DEFERS/FEIS). Foi realizado um teste t de Student em cada área comparando atributos do solo, e analisando os efeitos da adição de fezes sobre as mesmas. Foi também coletada a biomassa aérea de cada parcela a 5 cm do solo. Estas amostras foram triadas em diferentes grupos funcionais (ver Tabela 1), secas e pesadas. Para comparar as biomassas das parcelas-controle e das parcelas que receberam tratamento entre as áreas utilizou-se ANOVA+Tukey. O teste T de Student foi empregado para comparar as parcelas controles com as parcelas que receberam tratamento, analisando os efeitos da adição de fezes sobre a biomassa. Todas as análises estatísticas foram realizadas no ambiente R versão 2.10.1.

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Figura 1 – Imagens das quatro áreas selecionadas para o estudo: (1) solo muito compactado e desprovido de vegetação, (2) solo pouco compactado e com pouca vegetação, (3) borda de mata com solo orgânico e cobertura vegetal formada por estratos herbáceo e arbustivo-arbóreo, (4) campo limpo dominado por Urochloa decumbens (braquiária).

Resultados e discussão

A introdução de fezes ovinas na área de empréstimo estudada estimulou o desenvolvimento de diversos grupos funcionais e modificou a concentração de nutrientes no solo em todas as áreas (Tabelas 1 e 2). A área 4 significativamente quadriplicou sua biomassa, guiada pelo aumento na biomassa de gramíneas exóticas (Tabela 1). Observou-se também que o tratamento acarretou aumento significativo na concentração de fósforo (P) no solo nesta área (Tabela 2). Esta área é dominada por gramíneas exóticas (Urochloa decumbens) que também são limitadas por fósforo nos Cerrados do Planalto Central (Lannes et al., 2012).

Tabela 1- Peso médio da biomassa vegetal acima do solo (g.m-2) das parcelas controles (PC) e das parcelas que receberam adição de fezes (PF) após quinze meses de experimento, nas quatro áreas analisadas sendo dividido em quatro grupos funcionais. N=5, P (Teste t Student)<0.05.

Diferentes nutrientes limitam os diversos grupos funcionais que compõem a

vegetação no Cerrado, sendo gramíneas exóticas limitadas por P e gramíneas nativas limitadas por outro nutriente que não P ou nitrogênio (N) (Lannes et al., 2016). Esta limitação nutricional diferenciada para os grupos funcionais pode ser corroborada por neste estudo. Por exemplo, diferentemente da área 4, na área 2 houve aumento significativo na biomassa vegetal aérea média total guiada por um aumento significativo na biomassa vegetal aérea de gramíneas nativas. Para este grupo vegetal, ainda não há consenso sobre qual nutriente é limitante ao crescimento, estando excluída limitação e/ou co-limitação por N e/ou P (Lannes et al., 2016). Nesta área, o boro foi o único nutriente a apresentar aumento significativo em decorrência do tratamento (Tabela 2), sugerindo que este micronutriente possa limitar o crescimento de gramíneas nativas neste local.

A área 1 foi a mais beneficiada pelo tratamento, pois era completamente desprovida de vegetação no início do experimento. A introdução de fezes gerou nesta área condições necessárias para a chegada de plantas, o que pode ter

GRUPOS FUNCIONAIS

BIOMASSA

MÉDIA TOTAL GRAMÍNEAS EXÓTICAS

GRAMÍNEAS NATIVAS

HERBÁCEAS LEGUMINOSAS

HERBÁCEAS NÃO

LEGUMINOSAS

Áreas PC PF PC PF PC PF PC PF PC PF1 0 0,6 0 0 0 0,31 0 0 0 0,272 10,8 47,5* 0,02 2,72 10,04 38,55* 0,06 2,34 0 3,88*

3 3,4 3,4 1,58 0,34 0,26 0,54 0,89 0,25 0,67 2,264 52,9 221,6* 48,50 207,65* 0,06 0,91 4,22 8,93 0,20 4,12*

a 2 3 4 1

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sido propiciada pelo aumento significativo na concentração da maioria dos nutrientes. Embora a área 3 (borda de mata) não tenha demonstrado diferença significativa entre os grupos funcionais vegetais mediante adição de fezes de ovinos, diversos nutrientes apresentaram concentrações mais elevadas nas parcelas que receberam o tratamento. É possível especular que a introdução de fezes pode aumentar a atividade microbiana total nesta área através da remediação das diferenciadas limitações nutricionais da flora bacteriana e fúngica, gerando assim, uma maior atividade decompositora da matéria orgânica autóctone (adição de fezes) e alóctone (serrapilheira), consequentemente aumentando a concentração de nutrientes nas parcelas que receberam fezes nesta área.

Tabela 2- Concentrações de nutrientes disponíveis no solo das parcelas controle (CT) e nas que receberam adição de fezes (TR) após quinze meses de experimento. Valores em mg.dm-3. N=5, P(Teste t)<0.05.

Ressalta-se que, além de nutrientes, nesta área de empréstimo há outros

fatores que podem limitar ou co-limitar o desenvolvimento da vegetação, como alta amplitude térmica (Boni, 2017), e baixa disponibilidade de água.

Conclusões

A introdução de fezes ovinas contribui para a recuperação de área de empréstimo na Fazenda Experimental na UNESP em Ilha Solteira por meio do aumento da concentração de nutrientes no solo e estimulação do processo de sucessão vegetal.

Referências

ALVES, M.C.; SOUZA, Z.M. Recuperação de área degradada por construção de hidroelétrica com adubação verde e corretivo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 32:2505-2516, 2008.

BONI, T.S. Vegetação espontânea e atividade microbiológica como indicadores da recuperação de uma área degradada no Cerrado. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Agronomia da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, 2017.

GIBSON, C.W.D.; WATT, T.A.; Brown, V.K. The use of sheep grazing to recreate species-rich grassland from abandoned arable land. Biological Conservation, 42:165-183, 1987.

LANNES, L.S.; BUSTAMANTE, M.M.C.; EDWARDS, P.J.; OLDE VENTERINK, H. Alien and endangered plants in the Brazilian Cerrado exhibit contrasting relationships with vegetation biomass and N:P stoichiometry. New Phytologist,196:816–823, 2012.

LANNES, L.S.; BUSTAMANTE, M.M.C.; EDWARDS, P.J.; OLDE VENTERINK, H. Native and alien herbaceous plants in the Brazilian Cerrado are (co-)limited by different nutrients. Plant Soil, 400:231-243, 2016.

SHAND, C.A.; COUTTS, G. The effects of sheep faeces on soil solution composition. Plant Soil, 285:135-148, 2006.

Nível: Graduação – Ciências Biológicas

ÁREA 1 ÁREA 2 ÁREA 3 ÁREA 4

NUTRIENTE PC PF PC PF PC PF PC PF

Fósforo 1,0 14,6* 1,2 1,6 4,0 6,2* 3,8 7,2*Potássio 0,52 1,88* 0,72 1,08 1,20 1,48* 0,72 0,96Cálcio 2,2 4,0* 4,6 3,0 6,0 8,2* 7,4 8,0

Magnésio 1,4 2,8* 2,6 1,8 6,0 8,2* 6,6 7,6Enxofre 14,6 21,0 20,2 19,0 4,0 4,6* 4,2 4,6

Boro 0,030 0,068* 0,028 0,048* 0,136 0,126 0,070 0,070Cobre 0,30 0,38* 0,34 0,32 2,0 2,12 1,56 1,52Ferro 3,00 4,60* 5,0 4,20 41,60 48,80* 26,60 24,80

Manganês 4,18 3,02 5,60 3,74 34,16 41,62* 20,74 20,80Zinco 0,060 0,220* 0,060 0,060 0,400 0,760* 0,440 2,340

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Efeito do manganês na resposta de crescimento e índice de clorofilas em Lonchocarpus guilleminianus

Dayane Gomes Oliveira(1)*, Ísis Danielle Sousa(1), Letícia Rigonato Lima(2),

Liliane Santos Camargos(3), Lucas Anjos Souza (4)

1IF GOIANO – Campus Rio Verde, Curso de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação – Mestrado, e-mail: [email protected] 2 IF GOIANO – Campus Rio Verde, Graduação em Engenharia Ambiental 3UNESP – FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal 4IF GOIANO – Campus Rio Verde, Docente, Rede Arco Norte/Polo de Inovação em Bioenergia e Grãos

Introdução

O manganês (Mn) é um dos diversos nutrientes minerais, requeridos pelas plantas, e que exerce papel fundamental na fotossíntese pois esse elemento faz parte do complexo fotossistema II. O limite entre beneficio e toxicidade do manganês para as plantas depende de sua concentração biodisponível no solo. Sua toxicidade está relacionada a solos ácidos, onde sua disponibilidade é acentuada (Socha et al., 2014).

Atividades antropogênicas cujas aplicações industriais contaminam o ambiente aumentam as taxas de manganês presentes no solo e cursos d’água. Portanto, o gerenciamento de áreas contaminadas necessita de organização e planejamento que visem às técnicas de manejo adequadas para recuperação do ambiente (Santos et al., 2007).

A fitorremediação de metais tóxicos é uma alternativa que envolve técnicas biológicas, de menor custo e que possibilita a remoção ou estabilização de contaminantes pelos organismos vegetais e, assim, promovendo a descontaminação. A utilização de plantas arbóreas nessa técnica possibilita a permanência da espécie na área, favorecendo a conservação da mesma ao realizar a remoção ou imobilização dos contaminantes. Há um potencial em estudos envolvendo plantas hiperacumuladoras do cerrado, tendo em vista que mesmo com as condições de solos ácidos, característica desse bioma, as plantas se desenvolvem normalmente (Feng et al., 2017).

A espécie Lonchocarpus guilleminianus está distribuída no cerrado, mata atlântica e caatinga, de acordo com a lista de espécies da flora do Brasil. Essa espécie é uma leguminosa arbórea, indicada na recuperação de áreas degradadas devido à simbiose com microrganismos capazes de fixar nitrogênio (Santos et al.,2009). Por isso, esse trabalho visa caracterizar a resposta de L. guilleminianus ao excesso do manganês, possibilitando conhecermos o potencial dessa espécie como componente de programas de recuperação de área degradadas bem como conhecer seu potencial como fitorremediadora.

Material e métodos

O experimento foi realizado em DIC contendo 6 tratamentos incluindo a testemunha com 5 repetições. O solo foi homogeneizado, peneirado e amostrado para análises químicas. O solo controle natural possuí 40 mg dm-3 de Mn (testemunha) e, então, para obtenção das diferentes concentrações de manganês no solo (60, 80,100, 120 e 140 mg dm-3), foi utilizado um volume final

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de 400 mL diluindo uma solução estoque de sulfato de manganês a 10 g L-1 de manganês livre que, posteriormente foi adicionado em 2 dm3 de solo que, então, foi incubado por 15 dias. Não houve compensação de SO4

2- nos tratamentos. Previamente ao plantio, as sementes foram embebidas em água durante

4 horas e então foram semeadas 3 sementes por vaso. Após a germinação completa foi realizado o acompanhamento semanal do crescimento da parte aérea por meio da medida do comprimento do caule.

O índice de clorofilas a e b foi determinado utilizando um clorofilômetro digital (ClorofiLOG v.1.10, Falker Automação Agrícola Ltda) o qual retorna a unidade em ICF Índice de Clorofila Falker. Foram realizadas duas leituras por folha.

Resultados e discussão

Observamos que o crescimento da parte aérea foi superior no tratamento de maior concentração de manganês, enquanto o tratamento de menor concentração do metal apresentou o menor crescimento (Figura 1), sendo essa a concentração natural do metal no solo coletado de acordo com a análise química. Os índices de clorofilas a e b não foram afetados em nenhuma das doses de manganês (Figura 2). De acordo com os efeitos tóxicos de Mn e outros metais sobre diferentes espécies (Santos et al., 2010), nossos resultados sugerem tolerância de L. guilleminianus a altas concentrações de Mn o que é uma característica favorável para recuperação de áreas degradadas do cerrado.

Figura 1 – Crescimento de L. guilleminianus submetido a doses crescentes de manganês.

4

5

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10

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

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mp

rim

en

to (

cm

)

Tempo (Semanas)

Mn 40

Mn 60

Mn 80

Mn 100

Mn 120

Mn 140

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Figura 2 – Índice de clorofilas a e b em L. guilleminianus submetidas a doses crescentes de manganês.

Conclusões O crescimento de L. guilleminianus foi melhor em solo com maior nível de Mn e,

além disso, não houve variação nos índices de clorofila em função das doses aplicadas.

Agradecimentos Os autores agradecem: IF Goiano, PROPPI, DPPG, FAPESP, CNPq,

CAPES. Referências

FENG, N.X. YU, J.; ZHAO, H.M.; CHENG, Y.T.; C.H; CAI, Q.Y.; LI, Y.W.; Li, H.; WONG, M.H. Efficient phytoremediation of organic contaminants in soils using plant–endophyte partnerships, Sci. Total Environ., v.583 , p. 352-368, 2017.

SANTOS, G.C.G., RODELLA, A.A. Efeito da adição de fontes de matéria orgânica como amenizantes do efeito tóxico de B, Zn, Cu, Mn e Pb no cultivo de Brassica juncea. Rev. Bras. Ciênc. Solo, Viçosa , v. 31, n. 4, p. 793-804, 2007.

SANTOS, G.C.G.d.; RODELLA, A.A.; ABREU, C.A. & COSCIONE, A.R. (2010) Vegetable species for phytoextraction of boron, copper, lead, manganese and zinc from contaminated soil, Sci. Agric., v. 67, n.6, p.713-719, Piracicaba, 2010.

SANTOS,E.L.S. COSTA, E.V.; MARQUES, F.A.M.; VAZ, N.P.; MAIA, B.H.L.N.S.; MAGALHÃES, E.G.; TOZZI, A.M. Toxicidade e atividade antioxidante de flavonoides das cascas das raízes de Lonchocarpus filipes Quim. Nova, v. 32, n. 9, p.2255-2258, 2009.

SOCHA, A.L.; GUERINOT, M.L. Mn-euvering manganese: the role of transporter gene Family members in manganese uptake and mobilization in plants, Front Plant Sci, v.5, n.106, 2014.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação

0

10

20

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40 60 80 100 120 140

Índ

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de

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ICF

)

Concetração Mn (mg dm-3)

Clorofila (a) Clorofila (b)

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Efeito do chumbo na resposta de crescimento e índice de clorofilas em Lonchocarpus guilleminianus

Dayane Gomes Oliveira(1)*, Ísis Danielle Sousa(1), Letícia Rigonato Lima(2),

Liliane Santos Camargos(3), Lucas Anjos Souza (4)

1IF GOIANO – Campus Rio Verde, Curso de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação – Mestrado, e-mail: [email protected] 2 IF GOIANO – Campus Rio Verde, Graduação em Engenharia Ambiental 3UNESP – FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal 4IF GOIANO – Campus Rio Verde, Docente, Rede Arco Norte/Polo de Inovação em Bioenergia e Grãos

Introdução A industrialização traz progressos à sociedade, porém, muitos de seus

processos causam contaminação do solo e dos recursos hídricos. O descarte inadequado de resíduos industriais e incineração de lixos pode, por exemplo, causar a contaminação do ambiente por metais tóxicos como o chumbo, sendo considerado um contaminante em potencial, quando suas concentrações superam a capacidade de retenção do solo (Araújo et al., 2007). O chumbo (Pb) é um metal utilizado pelo homem como matéria prima em diversos seguimentos industriais. Devido sua alta aplicabilidade nos diversos produtos da sociedade moderna, esse elemento está presente em todas as esferas terrestres.

Atualmente, existe um crescente interesse em técnicas biológicas para a despoluição de solos e águas contaminadas (Santos et al., 2013) particularmente utilizando plantas, técnica chamada de fitorremediação. O emprego da fitorremediação na despoluição de solos com teores elevados de compostos orgânicos e/ou inorgânicos apresenta-se como promissora, pois, além de menor custo, possibilita a metabolização dos compostos orgânicos, não havendo necessidade de retirada das plantas remediadoras da área contaminada (Feng et al.,2017).

Pertencente à família Fabaceae, o gênero Lonchocarpus possui aproximadamente 120 espécies, sendo 23 nativas não endêmicas do Brasil. Esse gênero está distribuído nos biomas caatinga, mata atlântica e cerrado (Ferreira et al., 1990). Adicionalmente, Lonchocarpus guilleminianus é encontrada principalmente nos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Essa espécie é uma leguminosa arbórea, potencialmente utilizada na recuperação de áreas degradadas devido à simbiose com microrganismos capazes de fixar nitrogênio (Santos et al.,2009). Por isso, esse trabalho visou caracterizar a resposta de L. guilleminianus ao metal chumbo, potencialmente tóxico, assim possibilitando conhecermos o potencial dessa espécie como fitorremediadora.

Material e métodos

O experimento foi realizado em DIC contendo 6 tratamentos incluindo a testemunha com 5 repetições. O solo foi homogeneizado, peneirado e amostrado para análises químicas. Para obtenção das diferentes concentrações de chumbo no solo (0 100, 200, 300, 400 e 500 mg dm-3), foi utilizado um volume

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final de 400 mL diluindo uma solução estoque de acetato de chumbo a 10 g L-1 de chumbo livre que, posteriormente foi adicionado em 2 dm3, então o solo foi incubado por 15 dias.

Previamente ao plantio, as sementes foram embebidas em água durante 4 horas e então foram semeadas 3 sementes por vaso. Após a germinação completa foi realizado o acompanhamento semanal do crescimento da parte aérea por meio da medida do comprimento caule.

O índice de clorofilas a e b foi determinado utilizando um clorofilômetro digital (ClorofiLOG v.1.10, Falker Automação Agrícola Ltda) o qual retorna a unidade em ICF Índice de Clorofila Falker. Foram realizadas duas leituras por folha.

Resultados e discussão

Observamos que na concentração de 500 mg dm-3 de Pb, o crescimento de L. guilleminianus foi afetado, assim as plantas apresentaram o menor crescimento, enquanto que na concentração 100 mg dm-3 houve um maior comprimento (Figura 1). Os dados corroboram com o trabalho de Souza et al. (2012), que avaliaram a tolerância de S. parahyba ao chumbo e obtiveram resultados similares, assim demonstrando o potencial tóxico desse elemento. No mesmo trabalho, os autores observaram diminuição no teor de clorofilas, divergindo dos resultados encontrados neste trabalho (Figura 2), onde as doses de chumbo não afetaram os índices de clorofila a e b, o que pode ser indicativo de estratégia de tolerância utilizado por L. guilleminianus quando exposta à metais tóxicos.

Figura 1 – Crescimento de L. guilleminianus submetida a doses crescentes de chumbo.

4

5

6

7

8

9

10

11

12

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Co

mp

rim

ento

(c

m)

Tempo (Semanas)

Pb 0

Pb 100

Pb 200

Pb 300

Pb 400

Pb 500

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Figura 2 – Índice de clorofilas a e b em L. guilleminianus submetidas a doses crescentes de chumbo.

Conclusões

A exposição a doses elevadas de chumbo, principalmente a de 500 mg dm-3 de Pb retardou o crescimento de L. guilleminianus, porém sem afetar a síntese de clorofilas a e b.

Agradecimentos

Os autores agradecem: IF Goiano, PROPPI, DPPG, FAPESP, CNPq, CAPES.

Referências

ARAUJO, R.; WENCESLAU J. GOEDERT, W.J.; LACERDA, M.P.C.Qualidade de um solo sob diferentes usos e sob cerrado nativo R. Bras. Ci. Solo, n.31, p.1099-1108, 2007.

FENG, N.X. YU, J.; ZHAO, H.M.; CHENG, Y.T.; C.H; CAI, Q.Y.; LI, Y.W.; Li, H.; WONG, M.H. Efficient phytoremediation of organic contaminants in soils using plant–endophyte partnerships, Sci. Total Environ., v.583 , p. 352-368, 2017.

FERREIRA, S.A. G. WILSON FERNANDES, W.G.; CARV ALHO, L.C.. Biologia e história natural de Euphaleurus Ostreoides (Homoptera: Psyllidae) cecidogeno de Lonchocarpus guilleminianus (leguminosae), Rev. Brasil. Biol., v.50, p.417-423 Rio de Janeiro, 1990.

SANTOS, C.F.; NOVAK, E. Plantas nativas do cerrado e possibilidades em fitorremediação, Rev. Ci. Amb., v.7, n.1 p. 67-78, 2013.

SANTOS,E.L.S. COSTA, E.V.; MARQUES, F.A.M.; VAZ, N.P.; MAIA, B.H.L.N.S.; MAGALHÃES, E.G.; TOZZI, A.M. Toxicidade e atividade antioxidante de flavonoides das cascas das raízes de Lonchocarpus filipes Quim. Nova, v. 32, n. 9, p.2255-2258, 2009.

SOUZA, S.C.R.; ANDRADE, S.A.L.; SOUZA, L.A.; SCHIAVINATO, M.A. Lead tolerance and phytoremediation potential of Brazilian leguminous tree species at the seedling stage, J. Environ. Manage., v.110, p.299-307, 2012.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação/Biodiversidade e Conservação

0

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40

50

0 100 200 300 400 500

Ind

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clo

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la (

ICF

)

Concetração Pb (mg dm-3)

Clorofila (a) Clorofila (b)

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Pisciculturas em tanques-rede podem influenciar a estrutura de endoparasitas de Pimelodus cf. platicirris no reservatório de

Ilha Solteira, SP?

Denis William Johansem de Campos(1)*, Letícia de Oliveira Manoel(2), Rosilene Luciana Delariva(3), Cristiéle da Silva Ribeiro(4), Lidiane

Franceschini(2), Igor Paiva Ramos(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes. e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas – Zoologia 3UNIOESTE-CASCAVEL, Docente, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução O Brasil possui elevado potencial aquícola, com crescimento anual médio

da atividade de 8% nos últimos anos (Kubitza, 2015). Somente no ano de 2015, a produção de pescado brasileira foi de aproximadamente 574 mil toneladas, sendo a piscicultura em tanques-rede a principal modalidade de produção no país (Carvalho-Filho, 2016). Esse tipo de sistema tem como principal vantagem o aproveitamento de rios, grandes reservatórios, açudes e canais de irrigação, além de uma rápida implantação e expansão (Kubitza, 2003).

Esse crescimento significativo das atividades de pisciculturas tem aumentado a importância dos estudos sobre parasitas e outros patógenos de organismos aquáticos (Luque, 2004; Schalch, 2011). Tais organismos, são uma das maiores causas de perdas econômicas em sistemas aquícolas (Thatcher, 2006). Assim, estudos que avaliem a influência da atividade aquícola sobre aspectos parasitológicos de peixes silvestres são fundamentais para obtenção de conhecimento sobre a estrutura e composição das comunidades de parasitas, uma vez que estes podem atuar como bioindicadores e possuem potencial para infectar peixes cultivados. Assim, o objetivo do estudo é avaliar a influência da piscicultura em tanques-rede sobre aspectos parasitológicos de Pimelodus cf. platicirris no reservatório de Ilha Solteira, SP.

Material e métodos

Exemplares de P. cf. platicirris foram coletados bimestralmente (set/14 a out/16), com auxílio de redes de espera em duas áreas amostrais, uma próxima aos tanques-rede (TR) e outra sem a influência de pisciculturas em tanques-rede (CT) no reservatório de Ilha Solteira, SP. Após a captura, os peixes foram individualizados, eutanasiados (SISBIO nº 42229-1) e encaminhados ao laboratório. Os endoparasitas coletados foram identificados, conservados em álcool 70% (Eiras et al., 2006) e foram calculados os atributos parasitológicos: prevalência (P), abundância média (AM) e intensidade média de infecção (IMI) (Bush et al., 1997). Para comparação de AM e IMI entre as áreas TR e CT aplicou-se teste t, e para P foi utilizado teste Z. Para comparação da estrutura da comunidade componente entre as áreas, aplicou-se a análise PERMANOVA posteriormente aplicou-se a análise SIMPER para verificar a contribuição de cada espécie de parasita para a diferença observada. O nível de significância utilizado para as análises foi p<0,05, sendo realizadas com auxílio do software Past 3.0.

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Resultados e discussão

Foram capturados 164 exemplares de P. cf. platicirris (137 pertencentes à área TR e 27 a área CT). Foram registrados os seguintes táxons na área CT: Procamallanus (Spirocamallanus) pimelodus, Cucullanidae gen. sp. (adulto), cistos e larvas de Anisakidae gen. sp., enquanto que na área TR: Procamallanus (Spirocamallanus) pimelodus, Cucullanidae gen. sp. (adulto), cisto de Nematoda gen. sp., larvas e adultos de Proteocephalidae gen. sp., metacercária de Austrodiplostomum compactum e cisto de Trematoda gen. sp. Os táxons de parasitas encontrados nas áreas amostrais (TR e CT), bem como dados sobre prevalência, IMI, AM e órgão de infecção estão representados na Tabela 1. Não foram observadas diferenças quanto a AM e IMI dos parasitas P. (Spirocamallanus) pimelodus (AM p=0,22, t=1,24 e IMI p=0,33; t=1,15) e Cucullanidae gen. sp. (adulto) (p=0,38, t=0,88 e IMI p=0,25, t=1,27) nas áreas.

Tabela 1. Atributos parasitológicos para Pimelodus. cf. platicirris nas áreas TR (tanques-rede) e CT (sem a influência de pisciculturas em tanques-rede) no reservatório de Ilha Solteira, Rio Grande, SP.

Espécie Área Órgão P (%) AM IMI

Nematoda

Procamallanus (Spirocamallanus) pimelodus (adulto)

CT Intestino 14,81 0,33±0,17

(0-4) 2,25±0,6

(1-4)

TR Intestino 7,30 0,10±0,03

(0-2) 1,5±0,1

(1-2)

Cucullanidae gen. sp. (adulto) CT Intestino 7,41

0,14±0,11 (0-3)

2,0±1,0 (1-3)

TR Intestino 3,65 0,03±0,02

(0-2) 1,2±0,2

(1-2)

Anisakidae gen. sp. (cisto e larva)

CT Intestino e mesentério

22,22 0,48±0,22

(0-5) 2,16±0,6

(1-5)TR - - - -

Nematoda gen. sp. (cisto) CT - - - -

TR Intestino 5,11 0,05±0,02

(0-2) 1,14±0,14

(1-2)Cestoda

Proteocephalidea gen. sp. (adulto)

CT - - - -

TR Intestino 0,73 0,06±0,04 (0-4)

-

Cestoda gen. sp. (larva plerocercoide)

CT - - - -

TR Intestino 1,46 0,01±0,01 (0-1)

4,0±2,0 (1-1)

Trematoda

Austrodiplostomum compactum (metacercária)

CT - - - -

TR Olhos 15,33 0,23±0,05 (0-3)

1,52±0,1 (1-3)

Trematoda gen. sp. (cisto) CT - - - -

TR Órbita ocular, coração, rim e

bexiga natatória

4,47 0,10±0,04 (0-4)

1,35±0,4 (1-4)

Foi observada diferença na estrutura da comunidade entre as áreas

amostrais PERMANOVA (F=2,6432 e p=0,0467), sendo que a espécie que mais contribuiu para a diferença foi P. (Spirocamallanus) pimelodus (12,71%), seguido de cisto e larva de Anisakidae gen. sp. (12,1%) e A. compactum (11,17%). A

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diferença observada pode estar relacionada ao fato de P. cf. platicirris ser uma espécie onívora/generalista, consumiu diferentes itens alimentares autóctones na área CT, enquanto na área TR consumiu quase que exclusivamente ração (Campos et al., 2015). Assim, animais da área CT, podem estar mais suscetíveis a infecção por parasitas com ciclo de vida heteróxeno (indireto), transmitidos via cadeia alimentar, como larvas de nematoides da família Anisakidae, as quais apresentam potencial zoonótico e P. (Spirocamallanus) pimelodus.

Observou-se ocorrência de metacercárias de A. compactum apenas na área TR. Esse parasita possui baixa especificidade e já foi relatado em ao menos 37 espécies de peixes dulcícolas (Ramos et. al., 2013). Os resultados observados podem estar relacionados a disponibilidade de nutrientes pelo sistema de pisciculturas em tanques-rede, que pode causar alterações na abundância de hospedeiros intermediários (moluscos gastrópodes e peixes) e hospedeiros definitivos (aves piscívoras), aumentando a ocorrência das formas infectantes de A. compactum, assim como proposto por Ramos et al. (2014).

Conclusões

Pisciculturas em tanques-rede interferem sobre a estrutura da comunidade de endoparasitas em Pimelodus cf. platicirris.

Agradecimentos

UNESP - FEIS, Fundunesp (0305/001/14-PROPe/CDC) e CNPq (443103/2014-3) pelo auxílio financeiro e bolsa de estudos do primeiro autor.

Referências

BUSH, A.O.; LAFFERTY, K. D.; LOTZ J. M.; SHOSTAK A. W. Parasitology meets ecology on its own terms: Margolis et al. revisited. Journal of Parasitology, 83:575–583, 1997.

CAMPOS, D.W.J.; KLIEMANN, B.C.K. ORLANDI NETO, A.; RUEDA, M.G, FRANCESCHINI, L.; DELARIVA, R.L; SILVEIRA, R. V.; SILVEIRA, A.N.; RAMOS, I.P. Influence of fish farm on fish fauna structure and diet of wild fishes in Ilha Solteira reservoir. In: VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO E SAÚDE DE PEIXES, 2015, BOTUCATU. Anais... BOTUCATU: Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, 2015. p.40.

CARVALHO FILHO, J. Conheça os números da produção aquícola de 2015. 2016. Disponível em: <http://www.panoramadaaquicultura.com.br/novosite/?p=6342>. Acesso em: 19 abr. 2017.

EIRAS, J.C.; TAKEMOTO M.R.; PAVANELLI G.C. Métodos de estudo e técnicas laboratoriais em parasitologia de peixes. 2nd ed. Maringá: EdUEM; 2006.

KUBITZA, F. Qualidade da água no cultivo de peixes e camarões. 1 ed. Jundiaí: F. Kubitza, 2003. 229p.

KUBITZA, F. Aquicultura no Brasil: principais espécies, áreas de cultivo, rações, fatores limitantes e desafios. Panorama da Aquicultura, 25:10-23, 2015.

LUQUE, J.L. Biologia, epidemiologia e controle de parasitos de peixes. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 13:161-165, 2004.

RAMOS, I.P.; FRANCHESCHINI L.; ZAGO A.C.; ZICA E.O.P.; WUNDERLICH A.C.; CARVALHO E.D. New host records and a checklist of fishes infected with Austrodiplostomum compactum (Digenea: Diplostomidae) in Brazil. Revista Brasileira Parasitológia Veterinária, 22:511-518, 2013.

RAMOS, I.P., FRANCESCHINI, L., ZICA, E.O.P., CARVALHO, E.D., SILVA, R.J. The influence of cage farming on infection of the corvine fish Plagioscion squamosissimus (Perciformes: Sciaenidae) with metacercariae of Austrodiplostomum compactum (Digenea: Diplostomidae) from the Chavantes reservoir, São Paulo State, Brazil. Journal of Helminthology v:342–348, 2014.

SCHALCH, S.H.C. Impactos causados por parasitoses em peixes criados na região Noroeste Paulista do Estado de São Paulo. Pesquisa & Tecnologia, 8:1-6, 2011.

THATCHER, V. E. Amazon Fish Parasites. 2.ed. Bulgaria: Pensoft Publishers, 2006. 509p.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

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Quantificação de neutrófilos na parede intestinal de cães naturalmente infectados por Leishmania infantum

Diogo Tiago da Silva(1), Henrique Acunha Urzulin (2) *, Julio Cesar Pereira Spada(1), Maria Luana Alves(1), Tricia Maria Ferreira de Souza Oliveira(3),

Wilma Aparecida Starke-Buzetti (4)

1USP-FMVZ, Curso de Pós graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses, Laboratório de Imunoparasitologia

2FEA-FCAA, Curso de Medicina Veterinária, Laboratório de Imunoparasitologia. e-mail: [email protected] 3USP-FZEA, Docente, Departamento de Medicina Veterinária, Laboratório de Imunoparasitologia

4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Imunoparasitologia.

Introdução

Leishmaniose visceral canina (LVC) é uma doença causada pelo protozoário do gênero Leishmania (Ross, 1903). A principal rota de transmissão do parasita para humanos e outros mamíferos é através da picada de mosquitos da espécie Lutzomyia (L.) longipalpis (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) (Porrozzi et al., 2006). Uma vez inoculado na pele do hospedeiro, o parasita se multiplica dentro do citoplasma de macrófagos, assim causando alterações especialmente no fígado, linfonodos, baço, medula óssea e no intestino.

No trato gastrointestinal, reações inflamatórias à presença de amastigotas de Leishmania infantum intra-macrofagicas foram reportados em cachorros naturalmente infectados (Silva et al., 2016).

Após a infecção, os parasitas são susceptíveis a ação de neutrófilos, mas com a rápida inclusão dos amastigotas nos macrófagos eles escapam contra o mecanismo microbicida dessa célula (Machado et al. 2004), e depois, o parasita começa a proliferar dentro do sistema fagocítico mononuclear celular. A função dos neutrófilos foi avaliada tanto na fase inicial como nos estágios avançados da leishmaniose, na tentativa de compreender a susceptibilidade dos animais à doença. Neutrófilos é a primeira linha de defesa do hospedeiro (Gómez-Ochoa et al., 2010); contudo, os protozoários do gênero Leishmania sp. podem evadir o sistema imune, a fim de continuar a infecção.

Material e métodos

Animais, local e diagnóstico da LVC: Um total de 20 cães, 17 cães com LVC sintomático e 3 cães não infectados (grupo controle) foram inclusos no estudo. Cães com LVC foram gentilmente doados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do município de Ilha Solteira (51°06’35” O e 20°38’44” S) e por uma clínica veterinária do município de Andradina (20° 53’ 38” S e 51° 23’ 1” O) entre janeiro e junho de 2014. O diagnóstico foi confirmado em nosso laboratório por meio dos testes sorológicos, o imunoensaio enzimático indireto (ELISA) e a imunofluorescência indireta (IFAT) de acordo com metodologia descrita por Oliveira et al. (2008), e a reação em cadeia pela polimerase (PCR) conforme descrito por Cortes et al. (2004). Exames parasitológicos fecais (técnica de flutuação direta e concentração por sedimentação espontânea) foram

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executados em todos os 20 cães. Cães com parasitismo intestinal foram excluídos do estudo.

Aspectos éticos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para Uso Animal (CEUA) da FEIS-UNESP, sob protocolo nº 06/2014-CEUA.

Eutanásia e necropsia: Cães infectados foram eutanasiados e necropsiados no CCZ de Ilha Solteira, SP. A eutanásia foi realizada seguindo o procedimento nº 1000/2012 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) de acordo com o Decreto nº. 51.838 da lei Federal Brasileira publicada em 14 de Março de 1963.

Procedimentos histológicos: Para a histoquímica, secções intestinais foram coradas com hematoxilina e eosina (HE), conforme a metodologia padrão. A Imunohistoquímica (IMIQ) das amastigotas L. infantum foi realizada de acordo com os procedimentos descritos por Tafuri et al. (2004).

Divisão dos animais em grupos: Os cães foram divididos em 3 grupos: grupo 1 (G1, n = 8), cães com leishmaniose visceral e com amastigotas intestinais detectadas pela IMIQ e PCR dos tecidos intestinais; grupo 2 (G2, n = 9), cães com leishmaniose visceral, mas sem amastigotas intestinais na IMIQ e PCR de tecidos intestinais; e grupo 3 (G3, n = 3), cães negativos nos exames sorológicos, parasitológicos e moleculares (grupo controle).

Análises quantitativas: Os neutrófilos foram identificados e contados a partir da coloração HE. Na mucosa intestinal do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) e intestino grosso (cólon ascendente) a quantificação de neutrófilos foi representada por unidades de vilo / cripta (UVC). Para cada segmento do intestino foi avaliado 15 UVC por animal. Na submucosa (SB) e camada muscular (CM), esta célula foi quantificada em 15 áreas de 0,5 mm² para cada região correspondente a cada UVC.

Análises estatísticas: A média de comparação entre as regiões intestinais (UVC, SB e CM) nas porções intestinais (duodeno, jejuno, íleo e cólon) e a comparação entre os grupos (G1, G2 e G3) foi feita pelo teste (t), com intervalo de confiança de 95% (p ≤ 0,05), realizado no programa R, versão 3.1.1 (R Core Team, 2017).

Resultados e discussão A presença de amastigotas de L. infantum por IMIQ e PCR foram

identificadas em oito cães (G1) nos segmentos de tecido do intestino delgado e grosso. Na IMIQ observamos maior concentração do parasita L. infantum no intestino grosso do que no intestino delgado, registros semelhantes já foram reportados por Silva et al. (2002) e Silva et al. (2016).

Observamos nas UVCs um aumento significativo de neutrófilos, primeiramente no grupo G2 > G1 > G3, p ≤ 0,05. Na região da submucosa (SB) do duodeno e camada muscular (CM), com exceção do cólon, não foi observado diferença (p ≥ 0,05) para as contagens de os neutrófilos entre G1, G2 e G3.

Diferente da intensidade parasitária, os neutrófilos, estiveram aumentados significativamente no intestino delgado dos cães do G1 em relação ao intestino grosso, indicando que onde havia maior número do parasito L. infantum ocorria uma redução no número de neutrófilos no local. De acordo com Simecka (1998), embora os estímulos antigênicos ocorram em um local particular da mucosa intestinal, como por exemplo, na primeira porção do intestino delgado, a resposta a esse estimulo, tais como secreção de mediadores inflamatórios e sensibilidade celular, pode se estender a outras porções intestinais, possivelmente através de

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circulação sanguínea e linfática drenando toda a mucosa intestinal, as placas de Peyer e/ou linfonodos mesentéricos. Desta forma, a mucosa do intestino e até mesmo outras mucosas adicionais, como a mucosa urogenital e respiratória, poderiam também ser protegidas contra possíveis patógenos (NEVES, 2006).

Conclusões Nós mostramos aqui que a hiperplasia de neutrófilos ocorre no intestino de

cães com LVC, tanto na presença ou na ausência de amastigotas de L. infantum na parede intestinal, sugerindo a participação destas células no mecanismo de controle imune celular e eliminação do parasita. O aumento significativo dessas células no intestino de cães do G2 sugere uma resposta estimulada por órgãos adjacentes ao intestino a fim de contribuir para a não implantação do parasita no local, e após a progressão da doença e estabelecimento do parasita na parede intestinal (G1) sugere-se que os parasitas possam adaptar e ajustar o sistema imunológico do hospedeiro em favor da sua sobrevivência.

Referências CORTES, S.; ROLÃO, N.; RAMADA, J.; CAMPINO, L. PCR as a rapid and sensitive tool in the

diagnosis of human and canine leishmaniasis using Leishmania donovani s.l. - Specific kinetoplastid primers. Trans R Soc Trop Med Hyg 2004; 98(1):12–17.

GÓMEZ-OCHOA, P.; LARA, A.; COUTO, G.; MARCEN, J.M.; PERIS, A.; GASCÓN, M.; CASTILLO, J.A. The nitroblue tetrazolium reduction test in canine leishmaniosis. Veterinary Parasitology, v.172, n.1-2, p.135-138, 2010.

MACHADO, P.R.L. et al. Immune response mechanisms to infections. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v.79, p.647-664, 2004.

NEVES, M. F. Resposta cellular immune-inflamatória e de células caliciformes no intestino delgado de bezerros búfalo naturalmente infectados por Toxocara vitulorum. Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, SP, 2006.

OLIVEIRA, T. M. F. S.; FURUTA, P. I.; CARVALHO, D.; MACHADO, R. Z. A study of cross reactivity in serum samples from dogs positive for Leishmania sp., Babesia canis and Ehrlichia canis in enzyme linked immunosorbent assay and indirect fluorescent antibody test. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 17, n. 1, p. 7-11, 2008.

PORROZZI, R.; PEREIRA, M.S.; TEVA, A.; VOLPINI, A.C.; PINTO, M.A.; MARCHEVSKY, R.S.; BARBOSA, A.A. JR.; GRIMALDI, G. JR. Leishmania infantum induced primary and challenge infections in rhesus monkeys (Macaca mulatta): a primate model for visceral leishmaniasis. Trans Roy So. Trop Med Hyg 2006; 100: 926–937.

ROSS, R. Note on the bodies recently described by Leishman-Donovan. Br Med J. 1903; 2: 1261-1401.

R CORE TEAM (2017). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL http://www.R-project.org/.

SILVA, F.L.; TAFURI, W.L.; OLIVEIRA, M.R.; TAFURI, W.L. Histopathological and immunohistochemical study of the gastrointestinal tract from a dog naturally infected with Leishmania (Leishmania) chagasi: A case report. Arq Bras Med Vet Zootec 2002; 54: 4.

SILVA, D.T.; NEVES, M.F.; QUEIROZ, N.M.G.P.; SPADA, J.C.P.; ALVES, M.L.; FLÓRO, M.S.; COELHO, W.M.D.; PANOSSO, A.R.; NORONHA, JR. A.C.F.; STARKE-BUZETTI, W.A. Correlation study and histopathological description of intestinal alterations in dogs infected with Leishmania infantum. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária (Online), v.25, p.24 - 36, 2016.

SIMECKA, J. W. Mucosal immunity of the gastrointestinal tract and oral tolerance. Advanced Drug Delivery Reviews, Amsterdan, v. 34, p. 235-259, 1998.

TAFURI, W. L.; SANTOS, R. L.; ARANTES, R. M.; GONÇALVES, R.; MELO, M. N.; MICHALICK, M. S.; TAFURI, W. L. An alternative immunohistochemical method for detecting Leishmania amastigotes in paraffin-embedded canine tissues. Journal of Immunological Methods, v. 292, n. 1-2, p. 17-23, 2004.

Nível e área do trabalho: Graduação/Biologia

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Pigmentos fotossintéticos e componentes biométricos no arroz de terras altas em resposta a aplicação de selênio via solo e

foliar

Eduardo Henrique Marcandalli Boleta(1)*, Rafael Lawandovski Porto(1), Vinícius Martins Silva(2), Antônio Candeia Cesário(1), André Rodrigues dos

Reis (3)

1UNESP-FEIS, Graduando em Engenharia Agronômica; e-mail: [email protected]; 2UNESP-FEIS, Pós-graduando em Engenharia Agronômica; 3UNESP-FCE, Docente, Departamento de Engenharia de Biossistemas

Introdução

Os alimentos constituem a fonte primária de nutrientes, minerais e vitaminas, nutrindo animais e seres humanos. O aumento populacional frente aos desafios da produção de alimentos reforça a busca por maiores produtividades. Em 1800 havia um bilhão de habitantes no planeta, em 2014 7,2 bilhões, e estima-se que em 2100 atinja-se 12,3 milhões (GERLAND, 2014). A produção de alimentos tem aumentado nas últimas décadas; Conquanto, a desnutrição também cresceu, principalmente a de micronutrientes essenciais à saúde humana, ou “fome oculta”, devida, em partes, ao melhoramento vegetal visando somente aumentos de produtividade. Estima-se que 0,5 à 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem pela deficiência de selênio (Se), um elemento útil, escasso na crosta terrestre e essencial à vida animal e humana. O Se é componente de uma enzima chave da glândula tireóide, e pode reduzir o índice de doenças vasculares, câncer, incidência da deficiência de vitamina E, como relatado após à adoção de programas de biofortificação agronômica na Finlândia e países do norte da Europa (ALFTHAN et al., 2014).

Nos vegetais o Se atua no metabolismo de enzimas do sistema anti-oxidante tornando-os mais resistentes aos estresses bióticos e abióticos, podendo melhorar aproveitamento dos demais nutrientes, do complexo fotossíntético, e promover incrementos biométricos ou produtivos às culturas. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o índice de clorofila foliar, o número de panículas e a altura de plantas de arroz de terras altas em cultivo irrigado, submetidas à formas e doses de selênio, no cerrado de baixa altitude.

Material e métodos

O experimento foi instalado no dia 28/11/2016 na FEPE (Fazenda de Ensino Pesquisa e Extensão da UNESP) em área irrigada por aspersão (14 mm de lâmina d`água aplicada à cada 48 horas) no município de Selvíria-MS, com clima chuvoso no verão e seco no inverno, sob sistema de plantio direto, utilizando a cultivar BRS Esmeralda (70 kg semente ha-1). O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, sendo 7 doses de Se aplicado via solo (0; 2,5; 5; 7,5; 10; 15 e 20 g ha-1) e 7 doses aplicadas via pulverização foliar (0; 1; 2; 4; 6; 8; 10 g ha-1) com 4 repetições, totalizando 56 parcelas. O Se foi aplicado na forma de selenato de sódio, com bomba tipo costal e volume de calda de 300 L ha-1. Datados 14 dias da aplicação (arrozal recém-florido), no período da manhã (entre 9 e 11 horas) e sob céu sem nebulosidades,

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determinou-se o índice de clorofila foliar à partir de leituras (10 leituras por parcela, adotando-se a folha bandeira como padrão de medição) com o medidor portátil SPAD (SPAD-502, Minolta, Japão). Entre o enchimento de grãos e o início da fase leitosa, foram avaliados altura de plantas (verificando altura [cm] da base da planta às panículas completamente levantadas, em cinco pontos por parcela) e o número de panículas m-2 (contando-se panículas em 1 metro linear no espaçamento 0,34m, de 5 pontos de cada parcela). Os resultados foram submetidos ao teste de Tukey (p < 0,05), utilizando o software de análises estatísticas SISVar.

Resultados e discussão

Quanto ao número de panículas por metro quadrado, e o índice de clorofila foliar, estes não foram influenciados pela aplicação de doses de Se, em nenhuma das formas (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1 – Índice de clorofila foliar, altura de plantas e número de panículas por metro quadrado do arroz de terras altas em resposta a aplicação de Se via solo. Selvíria – MS, 2017.

Doses de Se via solo (g/ha)

Índice de clorofila foliar

Altura de plantas (cm)

Nº de panículas por m2

0 50,39 ns ** 115,00 ab 331,37 ns 2,5 5 7,5 10 15 20

50,20 49,27 48,13 48,42 48,79 49,51

114,33 b 117,00 ab 112,33 b 113,00 b 115,67 ab 119,33 a

352,94 347,06 329,41 333,33 356,86 325,49

Média Geral 49,24 115,24 339,49 D.M.S. (5%) 6,934 4,981 75,519

C.V. (%) 5,05 1,55 7,98 ns: Não significativo (p ≥ 0,05); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si

pelo teste de Tukey (P < 0,05). **: significativo (p < 0,01).

O Se não influenciou a quantidade de panículas, pois essa característica tem sua definição entre a fase de perfilhamento e diferenciação floral, estágio importante que impacta na produtividade, e necessita de cuidados na cultura do arroz. No entanto, quando aplicado via solo permitiu à altura de plantas obter incrementos (tabela 1), mesmo que em estágio reprodutivo, talvez pelo seu papel antioxidante, potencializado pelo rápido transporte via xilema, ou por participar do metabolismo do nitrogênio na fotossíntese, melhorando a fisiologia e permitindo incrementos à cultura.

Tabela 2 - Índice de clorofila foliar, altura de plantas e número de panículas por metro quadrado do arroz de terras altas em resposta a aplicação de Se via foliar. Selvíria – MS, 2017.

Doses de Se via foliar (g/ha)

Índice de clorofila foliar

Altura de plantas (cm)

Nº de panículas por m2

0 49,95 ns 114,67 ns 337,25 ns 1 2 4 6 8 10

45,75 48,69 46,80 46,86 46,60 49,71

112,67 114,67 114,67 115,33 114,67 116,33

376,47 366,67 372,55 360,78 356,86 349,02

Média Geral 47,76 114,62 359,94

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D.M.S. (5%) 7,031 10,452 53,695 C.V. (%) 5,28 3,27 5,35

ns: Não significativo (p ≥ 0,05); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05).

Conclusões

Houve incremento na altura de plantas de arroz em resposta a aplicação de Se via solo até a dose de 20 g ha-1. O Se em baixas concentrações não alterou o índice de clorofila SPAD.

Agradecimentos

Os autores agradecem a bolsa de iniciação científica FAPESP (Processo número 2016/19937-0) do primeiro autor. Agradecimentos também ao Professor Dr. Orivaldo ARF, ao DFTASE, e equipe FEPE, na realização do presente trabalho.

Referências

ALFTHAN, G.; EUROLA, M.; EKHOLM, P.; VENÄLÄINEN, E.; ROOT, T.; KORKALAINEND, K.; HARTIKAINEN, H.; SALMINEN, P.; HIETANIEMI, V.; ASPILA, P.; ARO, A. Effects of nationwide addition of selenium to fertilizers on foods, and animal and human health in Finland: From deficiency to optimal selenium status of the population. Journal of Trace Elements in Medicine and Biology.doi:10.1016/j.jtemb.2014.04.009, 2014.

GERLAND, P.; RAFTERY, A.E.; SVCIKOVA, H.; LI, N.; GU, D.; SPOORENBERG, T.; ALKEMA, L.; FOSDICK, B.K.; CHUNN, J.; LALIC, N.; BAY, G.; BUETTNER, T.; HEILIG, G.K.; WILMOTH, J. World population stabilization unlikely this century. Sciencexpress, p. 1-5, 2014.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

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Análise de reenquadramento do Corpo d’água Ribeirão Lagoa Seca, Região de Jales/SP

Eliana Cristina Mariano Nogarini(1)*, Aline Mantovani Moreira(2), Fernando

Braz Tangerino Hernandez (3)

1UNESP-FEIS, Discente, Curso de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos – PROFÁGUA. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Discente, Curso de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos – PROFÁGUA 3UNESP-FEIS, Docente, Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos – PROFÁGUA

Introdução

Devido ao crescimento populacional desordenado, falta de planejamento do uso e ocupação do solo e aumento constante do uso dos recursos hídricos, a qualidade das águas vem sofrendo decréscimos cada vez maiores.

O enquadramento dos corpos d’água em classe é um instrumento de planejamento essencial para verificação da qualidade das águas frente aos usos preponderantes que crescem diante das demandas requeridas. Assim como o Plano de Recursos Hídricos, o enquadramento também é previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos, determinada através da Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, sendo ambos de extrema importância para manter a gestão dos recursos hídricos do país.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, diante da resolução nº 357, de 17 de março de 2005, é a principal estrutura legislativa que estabeleceu critérios sobre a classificação dos corpos d’água superficiais e diretrizes ambientais para seu enquadramento, bem como as condições e padrões de lançamento de efluentes. A classificação reúne uma série de definições com base na aptidão natural dos cursos d’água, observando a sua qualidade, capacidade, entre outras características específicas.

O Decreto nº 10.755, de 22 de novembro de 1977, dispõe sobre o enquadramento dos corpos de água do Estado de São Paulo, bem como as respectivas bacias ou sub-bacias que compreendem seus formadores e/ou afluentes. Segundo esse decreto, pertencem à Classe 2 todos os corpos hídricos, exceto os que já se encontram classificados.

Neste estudo, o objetivo foi avaliar a necessidade de reenquadramento do corpo d’água Ribeirão Lagoa Seca, situado no município de Jales-SP.

Material e Métodos

A área de estudo do presente trabalho foi o corpo d’água Ribeirão Lagoa Seca, localizado no Estado de São Paulo, na Bacia Hidrográfica do Turvo Grande. Sua nascente se localiza na zona urbana de Jales e possui em torno de 52 km de extensão até desaguar no Rio Grande que faz divisa entre os Estado de São Paulo e Minas Gerais. O Ribeirão Lagoa Seca é usado predominantemente para irrigação.

Os dados foram obtidos através de consulta à legislação e observações in loco.

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Resultados e Discussão Segundo o Mapa da Hidrografia feito pela Companhia Ambiental do Estado

de São Paulo – CETESB (2015), tendo como base o Decreto 10.755/77, o Ribeirão Lagoa Seca, situado na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHI 15, está enquadrado como Classe 2, não sendo encontrado seu enquadramento em nenhum outro decreto ou legislação vigente. Observa-se que a CETESB apenas seguiu o artigo 42 da resolução CONAMA nº 357 (2005), onde estabelece que enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas como Classe 2. Como não foram apresentados novos parâmetros de qualidade das águas do Ribeirão Lagoa Seca, o reenquadramento não ocorreu de fato.

Nas proximidades do Ribeirão Lagoa Seca, foram observados problemas como: irrigação sem outorga; poluição, principalmente por grande quantidade de resíduos sólidos jogados no córrego e nas suas margens; solo com alta suscetibilidade à erosão; manejo inadequado e a baixa porcentagem de cobertura vegetal.

A classe mais exigente é a 1, porém a legislação discorre que a avaliação da evolução da qualidade dos corpos hídricos devem possuir metas progressivas ou mantidas de acordo com os anseios da sociedade sobre os usos preponderantes (CONAMA, 2005).

Para o reenquadramento do Ribeirão Lagoa Seca, é necessário a análise das condições de qualidade das suas águas, exigindo assim uma grande demanda de recursos financeiros, o que acaba dificultando o processo. A falta de recursos financeiros, em muitos casos, é acarretada pelos problemas de gestão, pois os Comitês de Bacias Hidrográficas investem, na maioria das vezes, em estudos, projetos e obras que ajudam a melhorar a qualidade e quantidade da água, não sobrando recurso suficiente para as análises necessárias para o reenquadramento dos cursos d’água presentes nas suas respectivas unidades de gerenciamento.

Havendo a possibilidade de financiamento para o reenquadramento do Ribeirão Lagoa Seca, o mesmo deverá ser desenvolvido em conformidade com o Plano de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica, preferencialmente durante a sua elaboração, devendo conter Diagnóstico, Prognóstico, Propostas de metas relativas às alternativas de enquadramento e programas para sua devida efetivação.

Conclusões

Considerando que o enquadramento dos corpos d´água no Estado de São Paulo foi realizado em 1977, e, portanto, encontrando-se desatualizado, é necessário o reenquadramento, ou seja, sua revisão.

No ponto de estudo, o Ribeirão Lagoa Seca está classificado como Classe 2, porém para melhor gestão das suas águas perante os usos que se fazem no corpo hídrico, o Ribeirão deverá sofrer análise dos seus padrões de qualidade para ser reenquadrado, podendo se tornar Classe 1, ou até mesmo manter a Classe 2, caso haja metas para se manter nesta Classe.

Algumas ações para melhoria das condições de qualidade da água classificados por ordem de importância, frente a restrição financeira e de recursos humanos na bacia:

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1 - Implementar o gerenciamento efetivo dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos (inclui outorga, fiscalização, cobrança), visando assegurar a qualidade das águas superficiais e subterrâneas; 2 - Melhoria na coleta e tratamento de esgoto sanitário, na zona rural; 3 - Incentivar ações de educação ambiental voltada aos produtores rurais, professores e piscicultores; 4 - Elaboração e execução de projeto de recuperação de nascentes; 5 - Implementar ações de recomposição da cobertura vegetal e disciplinamento do uso do solo; 6 - Implementação ou criação de critérios técnicos para a irrigação; 7 - Promover a comunicação social e a difusão ampla de informações alusivas a recursos hídricos; 8 - Ampliar e modernizar a rede de monitoramento hidrológico de quantidade e de qualidade de águas superficiais e subterrâneas, para que se possa conhecer a real situação dos corpos hídricos; 9 - Ampliar ações de proteção e controle de cargas poluidoras difusas, decorrentes principalmente de resíduos sólidos, insumos agrícolas e erosão.

Referências

BRASIL. Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº. 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº. 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 jan. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em: 3 mar. 2017.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO - CETESB. Qualidade das águas superficiais no estado de São Paulo 2015. São Paulo: CETESB, 2015. Disponível em: <http://aguasinteriores.cetesb.sp.gov.br/publicacoes-e-relatorios>. Acesso em: 4 mar. 2017.

Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução n. 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Alterado pela Resolução CONAMA 397/2008. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2017.

SÃO PAULO (estado). ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. Decreto n. 10.755, de 22 de novembro de 1977. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/norma/?id=153028>. Acesso em: 3 mar. 2017.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação/Ciências Biológicas

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Prevalência de infecções causadas por fungos do gênero Candida em raças caninas

Emanueli Floriano(1)*, Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro(2)

1FEA - FCAA, Curso de Medicina Veterinária, Fundação Educacional de Andradina. e-mail: [email protected]. 2FEA - FCAA, Docente, Fundação Educacional de Andradina.

Introdução As leveduras do gênero Candida residem como comensais, fazendo parte

da microbiota normal de animais e seres humanos sadios. No entanto, quando o sistema imune do hospedeiro está comprometido, os fungos desse gênero podem provocar manifestações agressivas e tornarem-se patogênicos. A candidíase já foi descrita em várias espécies animais como pássaros (Tsai et al, 1992), répteis (Schildger, 1988), cães, gatos, bovinos e ser humano (Hargis, 1990). É frequentemente diagnosticada na forma de otites (Kushida, 1990), na forma sistêmica (Guilot et al, 1996) e raramente na forma cutânea (Hargis, 1990; Gross et al, 1992).

O objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento do número de casos de candidíase em cães atendidos no Hospital Veterinário de Andradina, Estado de São Paulo, no período de janeiro a dezembro de 2015 e verificar se há predisposição para a infecção em relação às raças caninas.

Material e métodos Os dados para realização do presente estudo foram extraídos de

prontuários de cães atendidos no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2015 no Hospital Veterinário (H.V.) de Andradina - SP. Foi identificado o número de casos de candidíase durante 1 ano e a predisposição em relação a raça.

Resultados e discussão

Durante o período de janeiro de 2015 a dezembro de 2015 foram atendidos 809 cães no Hospital Veterinário de Andradina - SP, sendo que aproximadamente 1% dos cães foi diagnosticado como positivo para o fungo do gênero Candida. Observou-se que a frequência relativa de ocorrência de candidíase foi a mesma no primeiro e segundo semestre de 2015 (Tabela 1).

Tabela 1 - Número de cães atendidos e diagnosticados com infecções causadas por fungos do gênero Candida no Hospital Veterinário de Andradina – SP, no período de janeiro a dezembro de 2015.

Período Número de cães

atendidos Número de cães

positivos

Frequência relativa

(%) 1° Semestre 2015 402 4 0,99 2° Semestre 2015 407 4 0,98

A prevalência das infecções pelo fungo foi a mesma em cães de raça

definida assim como em cães de raça não definida durante o ano de 2015. As raças acometidas pela infecção foram aquelas que possuem orelhas pendulares

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e com muitos pelos, como por exemplo, Poodle e Yorkshire terrier (Tabela 2). Tabela 2 - Prevalência de infecções provocadas por fungos do gênero Candida em relação às raças de cães atendidos no Hospital Veterinário de Andradina - SP, no período de janeiro a dezembro de 2015.

Raça Número de cães

positivosFrequência relativa

(%) SRD 4 50 CRD 4 50

Poodle 1 12,5 Pit bull 1 12,5

Yorkshire terrier 1 12,5 Border collie 1 12,5

Total 8 100 SRD: Sem raça definida. CRD: Com raça definida.

De acordo com Marques (2002), a anatomia do pavilhão auricular contribui na prevalência de infecções em cães, sendo que os animais que apresentam canal com muitos pelos e mal arejado devido ao formato pendular da orelha tendem a estarem mais propícios a infecções no ouvido causadas por fungos, bactérias e ácaros. O uso indiscriminado de fármacos que alteram as barreiras naturais de defesas dos cães, como antibióticos e corticosteroides associados ao estresse, também é um fator que pode facilitar a proliferação fúngica e permitir a instalação de micoses oportunistas como a candidíase (Cleff et al, 2007).

Conclusões

As infecções em cães por fungos do gênero Candida não são frequentes no Hospital Veterinário de Andradina – SP e não tem diferença quanto a prevalência em relação a cães com ou sem raça definida.

O principal fator que interfere na ocorrência desse tipo de infecção é a anatomia do pavilhão auricular, ou seja, cães com orelhas pendulares e com pelos excessivos estão mais propensos a apresentar infecções por fungos desse gênero.

Referências

CLEFF, M. B. et al. Infecção cutânea em cão por Candida albicans. Vet. e Zootec., v.14, n.2, p. 164-168, 2007. GROSS, T. L. et al. Veterinary dermatopathology. Sto. Louis: Mosby. 1992. p. 14-15. GUILOT, J. et al. Les candidoses des carnivores domestiques actualisation a propos de 10 cas. Point vet., v. 28, n. 175, p. 51-61, 1996. HARGIS, A. M. Sistema tegumentar. In: THOMSON, R.G. Patologia veterinária especial. São Paulo: Manole, 1990. p.35. KUSHIDA, T. Fungal diseases of the external auditory meatus of dogs and cats.Vet. Med. Japan., v. 43, n. 10, p.619- 622, 1990. MARQUES, S. Otites: prevenção é o melhor remédio. 2002. Disponível em: <http://www.arcadenoe.pt/artigo/otites_preven_o_o_melhor_rem_dio/213>. Acesso em: 02 abr. 2017. SCHILDGER, B. J. Diagnosis and treatment of cutaneous and systemic mycoses of reptiles. Regionale Arbeitstgung Sud der DVG-Fachgruppe “Kleintierkrankheiten”, 1988, p. 7-8. TSAI, S. S. et al. Aspergillosis and candidiasis in psittacine passeriforme birds with particular reference to nasal lesions. Avian Pathology, v. 21, n. 4, p. 669-709, 1992.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciência Biológicas

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Incidência de infecções por fungos do gênero Candida em diferentes regiões corpóreas de cães

Emanueli Floriano(1)*, Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro(2)

1FEA - FCAA, Curso de Medicina Veterinária, Fundação Educacional de Andradina. e-mail: [email protected]. 2FEA - FCAA, Docente, Fundação Educacional de Andradina.

Introdução

As micoses oportunistas, como a candidíase, são infecções cosmopolitas causadas por fungos que apresentam baixa virulência e que convivem pacificamente com o hospedeiro. Em condições favoráveis, como distúrbios no sistema imune, esses fungos tornam-se patogênicos e invadem os tecidos do seu hospedeiro (Trabulsi e Alterthum, 2008).

Candida albicans é a espécie mais frequentemente isolada em casos de candidíases em animais (Moretti et al, 2004). Entretanto, outras espécies como C. guilliermondii e C. parapsilosis podem acometer a pele de cães e gatos (Dale, 1972; Mueller et al, 2002).

Os fungos do gênero Candida formam placas esbranquiçadas a amarelas ou cinza, com áreas de ulceração demarcadas por inflamação de intensidade nas superfícies epiteliais de cães. Pode haver a formação de membranas diftéricas no intestino e no trato respiratório. A candidíase pode acometer as superfícies mucosas, trato digestivo, áreas do epitélio escamoso, trato genital, pele, unhas e eventualmente causa infecções respiratórias (Hirsh e Zee, 2003).

O objetivo do presente trabalho foi avaliar quais as regiões corpóreas mais acometidas por infecções causadas por fungos do gênero Candida em cães atendidos no Hospital Veterinário de Andradina, Estado de São Paulo, no período de janeiro a dezembro de 2015.

Material e métodos

Os dados para realização do presente trabalho foram extraídos de prontuários de cães atendidos no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2015 no Hospital Veterinário (H.V.) de Andradina - SP. Foi identificado o número de casos de candidíase durante o ano e às regiões corpóreas mais afetadas por Candida sp.

Resultados e discussão

Durante o ano de 2015 foram atendidos 809 cães no Hospital Veterinário de Andradina, sendo que aproximadamente 1% foi diagnosticado como positivo para infecções causadas por fungos do gênero Candida. As regiões corpóreas mais acometidas pela infecção por Candida sp. foram o meato acústico externo e a genitália (Tabela 1).

A candidíase pode acomete diferentes regiões do corpo do animal como: pele, unha, ouvido, trato urinário, sistema gastrointestinal e reprodutor (Heseltine et al, 2003; Moretti et al, 2004; Jin e Lin, 2005; Garcia et al, 2007; Kivaria e Noordhuizen, 2007). No Brasil, há relatos da presença de espécies de Candida, causando quadros de otite(Duarte et al, 2001).

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Tabela 1 - Região corpórea dos cães acometida por infecções causadas por fungos do gênero Candida no Hospital Veterinário de Andradina – SP, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2015.

Região corpórea Número de animais

positivosFrequência relativa

(%) Meato acústico externo 3 37,5

Genitália 3 37,5 Pele 1 12,5 SLD 1 12,5 Total 8 100

SLD – Sem local definido

A elevada umidade relativa do meato acústico externo, calor, escuridão e natureza abafada de algumas raças de cães, proporciona um ambiente ótimo para o crescimento de microrganismos infectantes (Borjrab, 1986). Esses fatores contribuem para que o meato acústico externo seja uma das regiões do corpo dos cães mais atingidas por Candida sp.

Segundo Marques (2002), a anatomia do pavilhão auricular contribui na prevalência de infecções em cães, sendo que os animais que apresentam canal com muitos pelos e mal arejado tendem a estarem mais propícios a infecções no ouvido causadas por fungos, bactérias e ácaros O gênero Candida é um microrganismo natural do aparelho genital de animais domésticos (Hargis, 1990), essa condição pode facilitar a infecção da genitália dos cães por esse fungo conforme foi observado no presente estudo.

Conclusões

As infecções em cães por fungos do gênero Candida no Hospital Veterinário de Andradina - SP foram mais frequentes no meato acústico externo e na genitália. A ocorrência de candidíase em cães e gatos deve ser alvo da vigilância epidemiológica, para que seja possível compreender a função dos animais domésticos como potenciais vetores desse fungo para o ser humano.

Referência

BOJRAB, M. J. Mecanismos da moléstia na cirurgia dos pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Manole, 1996. p. 140 -147.

DALE, J.E. Canine dermatoses caused by Candida parapsilosis. Veterinary Medicine & Small Animal Clinician, v.67, p.548-549, 1972

DUARTE, E.R. et al. Prevalence of yeasts and mycelial fungi in bovine parasitic otitis in the State of Minas Gerais, Brazil. Journal of Veterinary Medicine Series B - Infectious Diseases and Veterinary Public Health, v.48, p.631-635, 2001.

GARCIA, M.E. et al. Fungal flora in the trachea of birds from a wildlife rehabilitation centre in Spain.

Veterinarni Medicina, v.52, n.10, p.464-470, 2007. HARGIS, A. M. Sistema tegumentar. In: THOMSON, R.G. Patologia veterinária especial. São

Paulo: Manole, 1990. p.35. HESELTINE, J.C. et al. Systemic candidiasis in a dog. Journal of the American Veterinary Medical

Association, v.223, p.821-824, 2003. HIRSH, D.C.; ZEE, Y.C. Microbiologia Veterinária. 2. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

2003. 446p.

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JIN, Y.; LIN, D. Fungal urinary tract infections in the dog and cat: a retrospective study (2001-2004). Journal of the American Animal Hospital Association, v.41, p.373-381, 2005.

KIVARIA, F.M.; NOORDHUIZEN, J.P.T.M. A retrospective study of the aetiology and temporal

distribution of bovine clinical mastitis in smallholder dairy herds in the Dar es Salaam region of Tanzania. Veterinary Journal, v.173, p.617-622, 2007.

MORETTI, A. et al. Diffuse cutaneous candidiasis in a dog: diagnosis by PCR-REA. Revista

Ineroamericana de Micologia, v.21, p.139-142, 2004. MUELLER, R.S. et al. Cutaneous candidiasis in a dog caused by Candida guilliermondii. Veterinary

Record, v.150, p.728-730, 2002. TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5. ed., São Paulo: Atheneu, 2008. 760p.

Nível e área do trabalho: Graduação/ Ciência Biológicas

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Células rodlet no tubo digestivo de Leporinus macrocephalus (Characiformes, Anostomidae)

Évillyn dos Santos Zacheo(1)*, Renata Alari Chedid (2), Ricardo Hideo

Mori(2), Claudemir Kuhn Faccioli(3), Carlos Alberto Vicentini(4), Alexandre Ninhaus Silveira(5)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ictiologia Neotropical. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Pós-Doutorado em Ciência e Tecnologia Animal, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical 3UFU, Docente, Instituto de Ciências Biomédicas 4UNESP-FC, Docente, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Morfologia de Organismos Aquáticos 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical

Introdução Leporinus macrocephalus, conhecido popularmente como piauçu, é um

peixe reofílico, de hábito alimentar onívoro, encontrado em toda Bacia do Paraná e Paraguai (BRITSKI et al., 2007). Trata-se da espécie do gênero Leporinus mais procurada para piscicultura, sendo criada para a pesca recreativa, programas de repovoamento de rios e abastecimento de restaurantes especializados em peixes (BALDISSEROTTO et al., 2010).

As células rodlet são um tipo celular exclusivo de peixes teleósteos e podem ser encontradas em vários órgãos como coração, intestino e brânquias, geralmente associadas ao epitélio (LEINO, 1996). A origem e recrutamento das células rodlet não está totalmente elucidada, mas sua presença tem sido associada a uma resposta do sistema imune a fatores estressores como patógenos e poluentes (FISHELSON et al., 2011). Assim, o objetivo do presente estudo foi descrever a morfologia das células rodlet, buscando fornecer novos conhecimentos que ajudem a estabelecer as características e funções deste tipo celular.

Material e métodos Foram utilizados 20 exemplares adultos de L. macrocephalus, coletados no

rio Paraná, SP (SISBio – nº 37425-1). Os animais foram anestesiados e eutanizados por aprofundamento anestésico com cloridrato de benzocaína, posteriormente realizou-se uma incisão longitudinal na região ventral para exposição dos órgão (Comissão de Ética e Uso Animal: nº 028218/12). Após identificação dos orgãos do trato digestivo, foram coletados fragmentos de esôfago, estômago, cecos pilóricos e intestino, fixados em solução de Karnovsky modificado para posterior processamento e análise sob microscopia de luz e eletrônica a fim de identificar as células rodlet.

Resultados e discussão As células rodlet foram identificadas em todas as porções do epitélio do

intestino anterior e cecos pilóricos de L. macrocephalus em estágio imaturo, maduro e/ou degenerativo (Figura 1). Na região basal do epitélio intestinal, foram identificadas células rodlet em estágio imaturo, caracterizado por um núcleo

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eucromático basal com nucléolo evidente. Neste estágio a capsula fibrosa ainda não estava completamente formada.

As células rodlet maduras observadas na porção apical do epitélio apresentaram formato de pera, núcleo arredondado e basal. Os bastonetes estavam localizados na região supranuclear convergindo para o ápice. A membrana plasmática estava envolvida por uma cápsula fibrosa espessa, sendo interrompida apenas na região apical da célula, com abertura para o lúmen intestinal. Ainda, na região apical das células rodlet observou-se junções de membrana com os enterócitos adjacentes (Figura 1 C e D). As etapas degenerativas foram marcadas pelo aumento na densidade citoplasmática e organelas secretoras reduzidas.

De acordo com Fishelson et al. (2011), a células rodlet estão associadas a respostas imunes. A localização do estágio maduro dessas células no ápice do epitélio, bem como os bastonetes que convergem para o ápice celular, podem indicar que suas secreções são liberadas na luz do intestino, promovendo uma resposta mais eficiente a estressores ambientais.

Figura 1 - Células rodlet no intestino anterior e cecos pilóricos de L. macrocephalus. A e B. Micrografias do intestino anterior. Destaque para o epitélio de revestimento com célula caliciforme (cc), enterócitos (et) e célula rodlet (rc). C e D. Eletronmicrografias do intestino anterior evidenciando a presença de células rodlet na porção apical do epitélio. Notar a espessa cápsula fibrosa (cf) envolvendo a membrana plasmática da célula rodlet e as junções de membrana. E e F. Célula rodlet na base do epitélio dos cecos pilóricos. Destaque para o núcleo basal (nr), bastonetes (bt), retículo endoplasmático rugoso e capsula fibrosa delgada.

/

Conclusões Este estudo descreveu de forma inédita, a presença de células rodlet no tubo

digestivo de L. macrocephalus. A presença desse tipo celular pode estar relacionada à resposta imune dos peixes a patógenos ou poluentes no ambiente.

Referências

BALDISSEROTTO, B.; GOMES, L.C. Espécies nativas para piscicultura no Brasil. 2ª ed. Revisada e Ampliada. UFSM, Santa Maria, 468p., 2010.

BRITSKI, H.A.; SIMILON, K.Z.S.; LOPES B.S. Peixes do Pantanal: manual de identificação. 2ª ed. Revisada e Ampliada. Embrapa, Corumbá, 227p., 2007.

FISHELSON, L.; RUSSELL, B.; GOLANI, D.; GOREN, M. Rodlet cells in the alimentary tract of three genera of lizardfishes (Synodontidae, Aulopiformes): more on these enigmatic “gate-guards” of fishes. Cybium, v.35, p.121-129, 2011.

LEINO, R.L. Reaction of rodlet cells to a myxosporean infection in kidney of the bluegill, Lepomis macrochirus. Canadian Journal of Zoology, v.74, p.217–225, 1996.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Saneamento ambiental no assentamento Estrela da Ilha (Ilha Solteira, SP)

Fabielli Souza Leite Martins(1)*, Carolina Buso Dornfeld(2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia - LECBio 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia – LECBio

Introdução A água é um dos compostos de maior distribuição e importância na crosta

terrestre e cobre cerca de 70% da mesma. É o elemento essencial e indispensável à manutenção da vida, não apenas por suas características peculiares, mas pelo fato de que nenhum processo metabólico ocorre sem sua ação direta ou indireta. Nestas condições, torna-se imprescindível que sua presença no ambiente esteja em quantidade e qualidade apropriadas para sua posterior utilização (Esteves, 1998 apud Souza, 2014).

O crescimento demográfico e o desenvolvimento socioeconômico são frequentemente acompanhados de aumentos na demanda por água, cuja quantidade e qualidade são de fundamental importância para a saúde e o desenvolvimento de qualquer comunidade (Bueno et al.,2005).

Segundo Amaral et al. (2003), no meio rural a captação acontece, através de poço cacimba, semi artesianos, cisternas, sendo que o lençol freático de que essa água é proveniente pode estar com algum tipo de contaminação.

Considerando a problemática mencionada acima, o objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento sobre o saneamento ambiental (usos da água e esgotamento sanitário) no Assentamento Rural Estrela da Ilha (Ilha Solteira, SP) considerando que estes fatores podem vir a interferir significativamente no desenvolvimento rural dos assentados.

Materiais e métodos

As atividades foram realizadas no Assentamento Estrela da Ilha. Este assentamento foi criado em setembro de 2005, o mesmo possui uma área de 2.964,3356 ha e é composto por 209 lotes.

Foi realizada uma entrevista utilizando um questionário semi-estruturado em 10 propriedades. As seis questões foram elaboradas considerando as seguintes temáticas: tratamento da água, quantidade de água na propriedade, captação, principais usos e esgotamento sanitário.

As entrevistas aconteceram por meio de visitas lote a lote no período de Junho à Agosto de 2016. A análise das respostas foi realizada por meio de porcentagem, para as questões de múltipla escolha, e por Análise de Conteúdo (Bardin, 1977), para as questões abertas, nas quais foram formadas categorias de respostas.

Resultados e discussão

Quando perguntados sobre a captação de água, todos responderam que a captação é feita por meio de poço (semi-artesiano). Além disso, todos também relataram utilizar caixa d’água, sendo que, dentre os 10 (dez), 2 (dois) possuem

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mais de uma caixa d’água para abastecimento tanto da residência, quanto para o gado.

Quanto aos principais usos da água na propriedade, as respostas obtidas foram: 48% dos entrevistados utilizam a água para consumo humano, 43% para os animais e 9% para irrigação.

Quando questionados sobre o tratamento da água que consomem, 90% não realizam nenhum tipo de tratamento e apenas 10% realizam o tratamento com cloro. A cloração da água em propriedades rurais é simples e barata, segundo Otênio (2010), podendo ser usados produtos à base de cloro líquido (hipoclorito de sódio e outros) e sólidos (cloro granulado ou pastilhas).

Os que não realizam nenhum tratamento justificam que “a água não possui cheiro ruim e nem cor”, afirmando que “nunca tive problema com a água aqui de casa, tem gente de fora que vem buscar”. Segundo Costa et. al. (2014), o bom aspecto da água desperta nos consumidores uma sensação de pureza, levando-os a não tratarem antes de consumir, nem ao menos submetendo-a a um processo de desinfecção, o que diminuiria bastante o risco de enfermidades veiculadas pela própria água, visto que esta, quando contaminada por microrganismos, transmite grande variedade de doenças infecciosas.

Em relação à suficiência da água no lote, 60% responderam que a água é suficiente, porém todos os moradores relataram que antes de perfurar o poço e no começo do assentamento, sofriam escassez e retiravam a água de um poço comunitário existente até hoje no assentamento. Todos os dez entrevistados já buscaram água fora da propriedade e as respostas mais frequentes quanto à sua origem foram: “Poço do INCRA”, “Vizinhos”, “Caixa d'água comunitária no Jd. Aeroporto”, “Na cidade”, “No rio”, “Caminhão pipa”, “Poço comunitário”.

Houve apenas um relato de escassez entre os meses de junho e julho, sendo que o assentado ressalta que não pode plantar, porque não possui água suficiente. Sobre isso, Damião et al. (2010) mencionam que a região de Ilha Solteira apresenta sete meses de déficit hídrico (442 mm) com o mês de agosto como crítico com deficiência de 94 mm.

Apenas 3 (três) dos 10 (dez) entrevistados já tiveram acesso à alguma análise da qualidade de água em sua propriedade, que foi realizada pela prefeitura municipal de Ilha Solteira.

Todas as propriedades participantes possuem esgotamento sanitário por meio de fossa séptica e são simultaneamente servidos por fossa e poço. Quanto a sua distância em metros da residência?, 34% responderam que a distância é de 40 metros e 22% responderam de aproximadamente 50 metros. Em dois lotes foi verificado valores abaixo do indicado, sendo de 15 e 20 metros de distância.

Conforme o artigo 24 da lei N° 1.172 do Governo do Estado de São Paulo, os sistemas particulares de esgotos não ligados ao sistema público deverão ser providos, pelo menos, de fossas sépticas, construídas segundo normas técnicas em vigor, com seus efluentes infiltrados no terreno através de poços absorventes ou irrigação subsuperficial, assegurando-se a proteção do lençol freático.

§ 1° Nas áreas não servidas por sistemas públicos de esgotos sanitários ou de abastecimento de água, a distância mínima entre o poço ou outro sistema de captação de água e o local de infiltração do efluente de fossa séptica será, no mínimo de 30 metros, independentemente da consideração dos limites das propriedades (SÃO PAULO, 1976, p.4).

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Normalmente, as populações que residem na área rural não são contempladas com serviços de saneamento adequados, e sofrem constantemente diante das condições precárias de abastecimento de água, esgotamento sanitário e disposição de resíduos sólidos (FUNASA, 2006).

Finalmente, segundo Martinetti (2009) a maior precariedade dos serviços de saneamento em áreas rurais deve-se ao fato de que muitas pessoas que vivem nessas áreas não dispõem de assistência técnica para obras de saneamento e os investimentos no setor são escassos, o que faz com que os moradores adotem técnicas e práticas inadequadas que prejudicam sua saúde e o meio ambiente.

Conclusões

Após o levantamento sobre as temáticas, foi possível notar que há a preocupação dos moradores com a água de sua propriedade, sendo que a maioria se preocupa com a qualidade da água e com a limpeza de sua caixa d’água, porém assumem não realizar nenhum tipo de tratamento, por afirmarem que é de boa qualidade. Afirmam também não possuir orientação e conhecimento dos riscos de doenças que uma água sem tratamento pode acarretar tanto para os animais quanto para os seres humanos. Os assentados mencionam que procuram fazer o possível para não haver contaminação, mas é evidente que a precariedade desses serviços de saneamento no meio rural afeta a vida diária dos assentados.

Agradecimentos

À PROEX-UNESP pela concessão de auxílio ao projeto e bolsa para a primeira autora.

Referências bibliográficas

AMARAL, L. A. do; NADER FILHO, A.; ROSSI JUNIOR, O.D.; FERREIRA, F.L.A.; BARROS, L.S.S. Água de consumo humano como fatos de risco à saúde em propriedades rurais. Revista Saúde Pública, v. 37 n. 4, p. 510-514, 2003

BUENO, L.F.; GALBIATTI, J.A.; BORGES, M.J. Monitoramento de variáveis de qualidade da água do Horto Ouro Verde-Conchal-SP. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 25, n. 3, p. 742-748, 2005.

COSTA, J.C.S.; DOS SANTOS, J.R.; MOTTIN, V.D. Qualidade da água do manancial subterrâneo em áreas urbanas de Vitória da Conquista, BA. Ciência & Desenvolvimento-Revista Eletrônica da FAINOR, v. 7, n. 2, 2014.

DAMIÃO, J. O.; HERNANDEZ, F. B. T.; SANTOS, G. O.; ZOCOLER, J.L.Balanço hídrico da região de Ilha Solteira, Noroeste Paulista. In: CONIRD – XX Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem. Uberaba - MG, 6 a 8 de dezembro de 2010.

DE SOUZA, J.R.; MORAES, M.E.B. de; SONODA, S.L.; SANTOS, C.R.G. A importância da qualidade da água e os seus múltiplos usos: caso Rio Almada, sul da Bahia, Brasil. REDE-Revista Eletrônica do Prodema, v. 8, n. 01, 2014.

FUNASA. Manual de Saneamento. 3. ed. rev. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006. MARTINETTI, T. H. Análise das Estratégias, Condições e Obstáculos para Implantação de

Técnicas mais Sustentáveis para Tratamento Local de Efluentes Sanitários Residenciais. Caso: Assentamento Rural Sepé-Tiaraju, Serra Azul – SP. São Carlos, SP, 2009. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana, UFSC, 2009.

OTENIO, M.H.; CARVALHO, G.L.O.; SOUZA, A.M.; NEPOMUCENO, R.S.C. Cloração de água para propriedades rurais. Embrapa Gado de Leite. Comunicado Técnico, 60., 2010.

SÃO PAULO. LEI ESTADUAL N° 1.172, DE 17 DE NOVEMBRO DE 1976. Disponível em: <http://www.daee.sp.gov.br/legislacao/arquivos/760/LEI1172_17111976.pdf> , Acesso em: 25 abr. 2017.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Leishmania spp. em Animais Silvestres Atropelados em Rodovias da Região Noroeste do Estado de São Paulo

Felipe Antônio Pereira Mundim(1)*; Wilma Aparecida Starke Buzetti(2); Katia Denise Saraiva Bresciani(3) Willian Marinho Dourado Coelho(4);

1FEA-FCAA, Curso de Medicina Veterinária, Discente. e-mail: [email protected]

2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Imunoparasitologia 3UNESP-FMVA, Docente, Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal 4FEA-FCAA, Curso de Medicina Veterinária, Docente

Introdução

As leishmanioses são doenças parasitárias de caráter antropozoonótico, causadas por protozoários do gênero Leishmania da família Trypanosomatidae, os quais são amplamente distribuídos no mundo, infectando uma grande variedade de animais domésticos, silvestres e eventualmente, o ser humano (Ashford, 1996).

A transmissão de Leishmania spp. se dá primariamente por meio da picada de fêmeas de flebotomíneos dos gêneros Lutzomyia, no Novo Mundo e Phlebotomus no Velho Mundo, ocorrendo a transmissão por meio da inoculação da saliva contaminada com o parasita durante a picada do inseto (Brasil, 2006; Castelano, 2005).

A modificação ambiental promovida pelo ser humano proporcionou a geração de áreas endêmicas para leishmaniose visceral onde os cachorros do mato (Cerdocyon thous) atuam como reservatório primário do agente no ciclo enzoótico rural e os cães domésticos no meio urbano (Brasil, 2006).

Recentes estudos constataram a presença de L. chagasi em Rhipicephalus sanguineus, presentes em cães domésticos e animais silvestres (Dantas-Torres et al., 2006; Szabo et al., 2008).

O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de Leishmania spp. em animais silvestres e seus respectivos ectoparasitos por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), histoquímica e exame parasitológico com imprint de tecidos.

Material e métodos Animais e local Animais silvestres encontrados mortos ou que vieram a óbito durante

o atendimento médico veterinário foram utilizados nesse estudo. Foram avaliadas amostras teciduais (baço, fígado, linfonodos e peles com lesões) e ixodídeos coletados de 38 animais silvestres atropelados ao longo de rodovias do interior do Estado de São Paulo entre os anos de 2007 a 2014. Foram realizados exames histoquímicos e PCR nos tecidos e ixodídeos, além do imprint para os tecidos.

Exames parasitológicos – Imprint e Histoquímica

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Para todos os animais foram realizados imprints de tecidos, sendo levemente pressionados sobre as lâminas de vidro e após secagem natural, as lâminas foram submetidas à técnica de coloração pelo kit Panótico rápido® seguindo as recomendações do fabricante.

Pela histoquímica, cortes histológicos de 5 µm foram fixados em lâminas de vidro e submetidos à técnica padrão de histologia, sendo posteriormente coradas com Hematoxilina e Eosina (HE).

Exame molecular – Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) A extração de DNA do material amostrado foi realizada utilizando-se

o kit comercial DNA Isolation Kit for Cells and Tissues (Qiagen, USA), de acordo com as recomendações do fabricante. Para amplificação do DNA empregou-se a metodologia conforme preconizada por Rodgers et al., (1990).

A infestação por ixodídeos foi determinada com base na contagem de teleógenas com tamanho entre 4 e 8 mm de comprimento, em apenas um dos lados dos animais.

Resultados e discussão

Foram coletadas amostras teciduais de quatro capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), oito tatus peba (Euphractus sexcinctus), três tatus galinha (Dasypus novemcinctus), dois quatis (Nasua nasua), dois bugios (Alouatta caraya), duas seriemas (Cariama cristata), um lobo guará (Chrysocyon brachyurus), uma anta (Tapirus terrestris), três tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), cinco cachorros do mato (Cerdocyon thous), dois catetos (Pecari tajacu), quatro gambás (Didelphis albiventris), um javali (Sus scrofa) e uma onça parda (Puma concolor). A prevalência dos ixodídeos foi de Dermacentor (Anocentor) nitens (33,3%), Amblyomma cajennense (41,6%), Rhipicephalus (Boophilus) microplus (58,3%) e Rhipicephalus sanguineus (25%).

Amplificação positiva para Leishmania spp. foi encontrada em um quati (Nasua nasua), todos proveniente da região do parque estadual do rio Aguapeí.

Nos demais exames, não houve diagnóstico positivo para Leishmania spp. em quaisquer animais ou ixodídeos avaliados. A presença do DNA de Leishmania infantum já foi detectada em canídeos silvestres como Chrysocyon brachyurus, Cerdocyon thous e Speothos venaticus (Jusi et al., 2011). Em felídeos silvestres os resultados ainda são insipientes, porém no Brasil, na região do Pantanal matogrosossense, Jorge (2008) relatou o primeiro caso de jaguatirica (Leopardus pardalis) naturalmente infectada com Leishmania sp. Na Bahia, Sherlock et al. (1988) observaram formas amastigotas em esfregaços de fígado e baço obtidos de gambá (Didelphis albiventris).

Em ixódideos, segundo Mckenzie (1984), foi comprovada a transmissão transestadial de Leishmania em R. sanguineus onde o protozoário foi capaz de sobreviver no carrapato por um período superior a 100 dias, além de apresentar formas promastigotas semelhantes a aquelas encontradas nos flebotomíneos vetores.

Os animais silvestres, tanto em vida silvestre como em cativeiro, podem ser reservatórios e portadores de zoonoses. Vale a pena salientar

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que estes animais em quase totalidade mascaram os sinais clínicos, mesmo estando infectados com agentes etiológicos, constituindo-se importantes fontes de infecção para os animais domésticos e homens (Cubas, 1996).

Conclusões Pode-se concluir que numa área endêmica para leishmaniose em

animais domésticos e seres humanos, diferentes espécies de animais silvestres podem estar igualmente infectados por este gênero de protozoário.

Referências

1. ASHFORD, R.W. Leishmanias is reservoirs and their significance in control. Clin Dermatol, 1996; 14:523-532. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 120 p. 3. CASTELLANO, L.R.C. Resposta imune anti-Leishmania e mecanismos de evasão. VITAE. v. 12, n. 25, out/dez, 2005. 4. CUBAS, Z.S. Special challenges of maintaining wild animals in captivity in South America. Office International des Epizooties Scientific and Technical Review, v. 15, n. 1, p. 267-287, 1996. 5. DANTAS-TORRES, F.; ALMEIDA, F.A.; BRANDAO-FILHO, S.P. Phlebotomine sand flies of an urban focus of visceral leishmaniosis, Pernambuco State. Revista de Patologia Tropical, Goiânia, v. 35, n. 2, p. 157-160, May/Aug. 2006. 6. JORGE, R.S.P. Caracterização do estado sanitário dos carnívoros selvagens da RPPN Sesc Pantanal e de animais domésticos da região. 2008. 119 f. Tese (Doutorado em Ciências) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. 7. JUSI, M.M.G.; STARKE-BUZETTI, W.A.; OLIVEIRA, T.M.F.S.; TENÓRIO, M.S. SOUSA, L. O. MACHADO, R. Z. Molecular and serological detection of Leishmania spp. in wild animals fron Ilha Solteira, SP, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 20, n.3, p. 2019-222, 2011. 8. MCKENZIE, K.K. A study of the transmission of canine leishmaniasis by the tick, Rhipicephalus sanguineus (Latreille), and an ultrastructural comparison of the promastigotes. 1984. 165 p. Tese (Doutorado) - Oklahoma State University, Oklahoma, 1984. 9. RODGERS, M.R.; POPPER, S.J.; WIRTH, D.F. Amplification of kinetoplat DNA as a tool in the detection and diagnosis of Leishmania. Experimental Parasitology, Maryland Heights, v. 3, n. 71, p. 267-275, 1990. 10. SHERLOCK, A.; MIRANDA, J.C.; SADIGURSKI, M.; GRIMALDI Jr, G. Observações sobre o calazar em Jacobina, Bahia: IV-Investigações sobre reservatórios silvestres e comensais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 21, n. 1, p. 23-27, 1988. 11. SZABO, M.P.J.; PASCOLI, G.V.T.; JÚNIOR, O.M.; FRANCHIN, A.G.; TORGA, K. Brown dog tick Rhipicephalus sanguineus parasitizing the bird Coereba flaveola in the Brazilian cerrado. Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 2, p. 543-545, Mar./Apr. 2008.

Graduação/Ciências Biológicas

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Influência de reguladores vegetais no rendimento de benefício do arroz de terras altas irrigado por aspersão.

Fernando de Souza Buzo(1)*, Lucas Martins Garé (1), Orivaldo Arf(2), Tayná Lara Serantoni (1), José Roberto Portugal(3), Flávia Constantino Meirelles(3)

1UNESP-FEIS, Graduando do curso de Eng. Agronômica – e-mail: [email protected]; 2UNESP-FEIS, Professor, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia; 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Eng. Agronômica.

Introdução O arroz (Oryza sativa) é um cereal muito importante no Brasil, com

consumo médio de 108g por pessoa por dia, o que fornece cerca de 14% dos carboidratos e 10% das proteínas da dieta (KENNEDY et al., 2002). Neste ano estima-se que a produção deve chegar a 11.966 mil toneladas, com um aumento de 12,9%, apesar da redução de áreas cultivadas em sequeiro Conab (2017). O arroz de terras altas cultivado com irrigação por aspersão tem proporcionado bom desenvolvimento da cultura, que implica em plantas maiores e mais suscetíveis ao acamamento. Para reduzir esse problema pode-se usar reguladores de crescimento como o etil-trinexapac, como ocorre na cultura do trigo (YAMASHITA, 2013). Por outro lado, Alves et al. (2015) verificaram que reguladores vegetais de efeito citocinínico como o thidiazuron (TDZ) tem forte potencial para elevar a produtividade desta cultura e ainda melhorar a qualidade dos grãos produzidos, sem afetar a altura das plantas.

Desse modo, o presente trabalho objetivou verificar se o uso do TDZ e do etil-trinexapac afeta o rendimento de benefício dos grãos produzidos.

Material e métodos

O trabalho foi realizado em área experimental da FEIS – UNESP, localizada no município de Selvíria-MS. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, disposto em esquema fatorial 4 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos consistiram na combinação da aplicação de thidiazuron em dose fixa de 0,9 g ha-1 (presença e ausência) por ocasião do perfilhamento e da aplicação de doses de etil-trinexapac (0,0; 0,2; 0,4 e 0,6 g ha-1) por ocasião da diferenciação floral. Realizou-se preparo convencional e semeadura mecânica da cultivar BRS Esmeralda. Realizaram-se os tratos culturais indicados para a cultura. Após a colheita, coletou-se uma amostra de 100 gramas de arroz em casca de cada parcela, que foi processada em engenho de prova (SUZUKI), modelo MT, durante 1 minuto, para a obtenção de grãos polidos, que foram pesados e determinou-se o rendimento de benefício. Após isso, esses grãos foram colocados no “trieur” n° 0 por 30 segundos para separação dos grãos inteiros e quebrados, que foram devidamente pesados. Os resultados foram submetidos ao teste F da ANAVA através do programa estatístico Sisvar, com o objetivo de verificar se houve diferença significativa entre os tratamentos e interação entre os fatores. Realizou-se regressão polinomial para as doses de etil-trinexapac.

Resultados e discussão

Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 01. Verifica-se que

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houve apenas efeito significativo para o rendimento de benefício com a aplicação de etil-trinexapac, cujos efeitos podem ser verificados na Figura 01. Também se verifica que o TDZ afetou a porcentagem de grãos quebrados, de modo que a dose de 0,9 g ha-1 reduziu a quantidade de grãos quebrados em 7,98%. Para o rendimento de grãos inteiros, não se verificou diferenças significativas entre os tratamentos aplicados e nem interação entre os fatores. Tabela 1 - Rendimento de engenho da cv. BRS Esmeralda em função da aplicação de thidiazuron e das doses de etil-trinexapac. Selvíria (MS), 2015/16.

Tratamentos R. benefício (%) R. Inteiros (%) Quebrados (%)Thidiazuron (T)

Com 67,44 61,07 6,34bSem 66,30 59,43 6,89a

Doses de Etil-trinexapac (E) 0,0 68,68 61,87 6,840,2 67,13 60,68 6,380,4 66,40 59,59 6,690,6 65,28 58,85 6,55

Teste F

T 2,103 3.126 4,499*E 3,252* 2.016 0,562

TxE 1,053 0.983 0,351D.M.S 1,64 1,93 0,55

CV 3,35 4,36 11,21Média Geral 66,87 60,25 6,62

Figura 1. Rendimento de benefício da cultivar BRS Esmeralda em função das doses de etil-trinexapac. Selvíria (MS), 2015/16.

Conclusões 1. As doses crescentes de etil-trinexapac afetaram negativamente o rendimento

de benefício dos grãos de arroz da cv. BRS Esmeralda. 2. A aplicação de TDZ na dose fixa de 0,9 g ha-1 só mostrou efeito na proporção

de grãos quebrados, reduzindo-a.

Referências Alves, C. J., Arf, O., Garcia, N. F. S., Galindo, F. S., & Galassi, A. D. (2015). Thidiazuron aumenta a produtividade em arroz de terras altas. Pesquisa Agropecuária Tropical, 45(3).

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: grãos: safra 2016/2017: sexto levantamento: março/2017. Brasília, DF, 2017. Disponível em <

http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_03_14_15_28_33_boletim_graos_marco_2017bx.pdf>,. Acesso em 04 abr. 2017.

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KENNEDY, G. et al. Nutrient impact assessment of rice in major rice-consuming countries. International Rice Commission Newsletter, v.51, p.33-42, 2002.

Yamashita, A. S. T. (2013). Doses e épocas de aplicação de etil-trinexapac em arroz de terras altas irrigado por aspersão.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

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Características das sementes de arroz tratado com Azospirillum brasilense e thidiazuron

Fernando de Souza Buzo(1)*, Lucas Martins Garé (1), Gustavo Roberto

Fonseca(1), Eric Hiroki Saito (1), Marco Eustáquio de Sá(2), Orivaldo Arf(2)

1UNESP-FEIS, Graduando do curso de Eng. Agronômica – e-mail: [email protected]; 2UNESP-FEIS, Professor, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia.

Introdução

O arroz (Oryza sativa) está entre os cinco cereais mais cultivados no mundo e ocupa uma posição de destaque no Brasil, sendo importante tanto no ponto de vista econômico quanto social, como alimento básico, fonte de renda, subsistência e consumo da população.

Muitos trabalhos têm sido realizados buscando incrementar a quantidade e a qualidade dos produtos agrícolas e dentre as práticas que tem surgido, destaca-se a inoculação das plantas com Azospirillum brasilense e a aplicação do regulador vegetal citocinínico (ALVES et al, 2015; HUNGRIA, 2011). O potencial germinativo de uma semente é influenciado pelas condições a que foram submetidas durante a produção (Mecelis et al., 1991). Desse modo, resultados positivos têm sido encontrados com as duas práticas, porém não está claro qual o efeito de ambos sobre a qualidade das sementes produzidas a partir da cultura de arroz que receberam tais tratamentos.

Assim, o presente trabalho buscou verificar quais as consequências da aplicação do thidiazuron e do uso de A. brasilense na qualidade das sementes de arroz produzidas, a partir de algumas análises de germinação e vigor.

Material e métodos

O trabalho foi realizado em área experimental da FEIS – UNESP, no município de Selvíria-MS. Usou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, em esquema fatorial 4x2, com quatro repetições. Semeou-se a cultivar ANa 5015. Os tratamentos consistiram na combinação da aplicação foliar de Azospirillum brasilense (presença e ausência) aos 20 dias após a emergência (DAE) e de quatro doses de TDZ (0,0; 0,5; 1,0 e 1,5g ha-1) por ocasião do perfilhamento (30 DAE). Realizou-se a colheita manual aos 95 DAE, a trilha mecânica e os grãos de cada parcela foram colocados em bandejas para secagem natural à sombra e redução da umidade para próximo de 13%.

A análise da qualidade das sementes foi realizada a partir de uma amostra de cada parcela experimental, realizando-se os testes de germinação e de vigor (classificação do vigor das plântulas, comprimento de plântulas e raiz primária, além da massa seca de plântulas). As sementes de cada amostra foram semeadas em rolos de papel toalha tipo germitest, com 4 repetições de 50 sementes por tratamento e quantidade de água equivalente a 2,5 vezes o peso do papel seco. Os rolos foram colocados em sacos plásticos e levados a germinador regulado à temperatura de 25°C constante. Após 7 dias foram realizadas as contagens das plântulas normais conforme Brasil (2009). Foram separadas cinco plântulas aleatórias para a determinação do comprimento da parte aérea e da raiz primária (cm). Também separaram-se 10 plântulas onde se retirou o resto das sementes e o material foi colocado em sacos de papel e

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levados para estufa de circulação forçada de ar, à 65°C até atingir massa constante. Então o material foi pesado em balança de precisão 0,0001 g e calculou-se a massa de matéria seca das plântulas.

Os resultados foram submetidos ao teste F da ANAVA através do programa estatístico Sisvar, para verificar diferenças significativas entre os tratamentos e interação entre os fatores.

Resultados e discussão

Não se verificou para nenhuma das variáveis analisadas efeitos significativos com os tratamentos realizados (Tabela 1). Esse resultado é corroborado pelo trabalho de Radke et al (2015), no qual a aplicação direta de uma citocinina nas sementes de arroz não resultou em modificações na germinação, comprimento de parte aérea e do sistema radicular e matéria seca da parte aérea e radícula das plântulas.

Tabela 1. Resultados para germinação e vigor das sementes de arroz cv. ANa 5015 em função da inoculação foliar com A. brasilense (A) e da aplicação de thidiazuron (T). Safra 2015/16, Selvíria, MS.

Tratamentos Classificação de vigor* Germinação Comprimento (cm) MS de plântulasAlto Médio Baixo (%) Plântula R. Primária (mg)

Azospirillum brasilense (A) Com 0,63 0,64 0,50 95,50 3,06 10,42 4,37Sem 0,63 0,62 0,55 96,25 3,16 10,59 4,50

Doses de Thiadizuron (D) 0,0 0,68 0,61 0,47 95,25 3,00 10,49 4,210,5 0,57 0,67 0,54 95,25 3,07 10,82 4,531,0 0,62 0,64 0,56 98,25 3,11 10,09 4,211,5 0,64 0,61 0,53 94,75 3,26 10,61 4,54

Teste F A 0,01ns 0,45 ns 1,18 ns 0,51 ns 0,91 ns 0,18 ns 0,95 ns

D 0,89 ns 0,86 ns 0,92 ns 2,32 ns 1,06 ns 0,57 ns 1,27 ns

A x D 1,00 ns 0,13 ns 1,46 ns 1,11 ns 1,41 ns 0,12 ns 0,38 ns

D.M.S 0,03 0,06 0,09 2,19 0,22 0,84 0,29CV 20,68 12,50 22,10 3,10 9,41 10,90 8,79

Média Geral 0,63 0,63 0,52 95,88 3,11 10,50 4,43*valores transformados para v = arcsen(x1/2), sendo x o valor determinado para cada classe de vigor em cada tratamento MS: matéria seca; ns: não significativo; DMS: diferença mínima significativa pelo teste de Tukey.

Conclusões

Não se verificou efeito dos tratamentos com thidiazuron nem com Azospirillum brasilense aplicados via foliar nas características analisadas das sementes de arroz, que apresentaram altíssima qualidade.

Referências

Alves, C. J., Arf, O., Garcia, N. F. S., Galindo, F. S., Galassi, A. D. (2015). Thidiazuron aumenta a produtividade em arroz de terras altas. Pesquisa Agropecuária Tropical, 45(3). BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p. HUNGRIA, Mariangela. Inoculação com Azospirillum brasilense: inovação em rendimento a baixo custo. Embrapa Soja, 2011. LAMAS, Fernando Mendes; ATHAYDE, Manoel Luiz Ferreira. Efeito do cloreto de mepiquat e do thidiazuron sobre algumas características das sementes do algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 34, n. 11, p. 2015-2019, 1999. MECELIS, N.R.; SCHAMMASS, E.A.; DIAS, L.M.G.S. Efeitos da adubação nitrogenada sobre a germinação de sementes de capim ramirez. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.13, n.1, p.53-57, 1991.

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RADKE, A.K.; Martins, A.B.N.; Monteiro, M.A.; Xavier, F.; Salau, G.M.; Behenck, J.P.O.; Peres, A.A.O.; Moraes, D.M.. EFEITO DO REGULADOR DE CRESCIMENTO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, Pelotas-RS. Anais... . Cbai, 2015.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

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Comparação de preços pagos a produtores de leite de Ilha Solteira/SP com médias estaduais e federais

Gabriela de Souza Peres Carvalho(1)*, Silvia Maria Almeida Lima Costa(2), Robson Dourado(3), Guilherme Caio Araujo(4), Débora Póvoa Moraes(5),

Mariana Luppi Guedes Pádua(6)

1,5,6UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia. 3FEA, Curso de Medicina Veterinária. 4UNESP-FEIS, Curso de Agronomia.

Introdução A produção leiteira é caracterizada por grande número de produtores

familiares e por preços sazonais em virtude da safra e a entressafra, fazendo com que haja uma variação na quantidade produzida, tendo queda do preço do produto e da lucratividade do produtor (MACHADO; SOUZA; VALVERDE, 2010).

No Brasil e em especial no Estado de São Paulo, a competitividade do segmento enfrenta os desafios de responder às regulamentações legais que impõe normas de qualidade aos processos e produtos. Enfrenta também as dificuldades de negociar com o setor de processamento, representado pelos laticínios.

Este segmento passou por um processo de concentração de mercado, com pequenos laticínios adquiridos por empresas maiores. Assim, os produtores familiares da região noroeste paulista dispõem de poucas opções de negociação para estabelecer vínculos contratuais (formais ou informais) de fornecimento de leite resultando em reduzido conjunto de opções. Como destacou Martins (2004), o cenário empurra o produtor a margens de lucro cada vez menores, levando-o a ampliar a produção e a modernizar-se para reduzir custos que logo se transformarão em redução de preços.

O objetivo foi levantar aspectos da comercialização leiteira praticada por produtores rurais de assentamentos do município de Ilha Solteira, especificamente discutindo canais de distribuição e preços. A abordagem de canais de distribuição tem como referencial teórico as abordagens expostas por Coughan (2002).

Material e métodos

Os dados (preços recebidos) foram coletados diretamente com produtores, no período de dezembro de 2016 a março de 2017.

Para comparar os preços praticados regionalmente com as médias do Estado foram utilizados dados do CEPEA (Esalq – USP). Os dados são apresentados na forma de médias aritméticas simples.

Resultados e discussão

Um fator limitante para se entender a representatividade da produção leiteira na composição da pauta produtiva do município é a não realização de censos agropecuários oficiais recentes.

Os produtores de leite do município de Ilha Solteira são representados por associações que cumprem o papel de reunir em tanques de resfriamento, o leite

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captado pelos associados para depois entregar às agroindústrias compradoras. O trabalho permitiu identificar a disponibilidade de apenas duas opções de

compradores do leite – uma cooperativa que atua com processamento, e uma empresa que cumpre o mesmo objetivo. A estrutura do mercado está concentrada em poucos compradores para um número grande de produtores rurais fornecedores. A ausência de concorrência está na origem das razões que explicam porque os preços praticados regionalmente situam-se abaixo das médias tanto nacionais quanto estaduais dos preços pagos pelo leite líquido. Outro aspecto negativo refere-se à indicação de um possível acordo entre empresa e cooperativa para a prática de preços semelhantes (tabela 1) sugerindo suposta formação de cartel com preços combinados, o que, se confirmado constitui lesão à ordem econômica podendo ser objeto de avaliação. Tabela 1 – Valores pagos em R$ pela Empresa e Cooperativa, comparados com a média estadual e nacional. Período Empresa Cooperativa Média

estadualMédia nacional

Dez 2016 0,98 0,98 1,33 1,29 Jan 2017 1,05 1,05 1,32 1,29 Fev 2017 1,15 1,15 1,34 1,32 Mar 2017 1,23 1,23 1,36 1,34 Média 1,10 1,10 1,33 1,31

*Médias estadual e nacional, retiradas do CEPEA – ESALQ – USP. Nesse contexto, o produtor deixa de ganhar R$ 0,23 por mês frente à média

dos preços praticados no Estado de São Paulo, e R$ 0,22 em relação a todo o país. Quando conflitamos essa realidade com o relato de Martins (2004), é nítida a dificuldade dos produtores ao acesso a modernização e dinamização de seus sistemas, tendo como consequência a redução do valor recebido pelo produto vendido.

Conclusões

A falta de concorrência na comercialização leiteira aos produtores da região, confirma a presença de um mercado oligopsônio, desvalorizando o total a ser pago pela produção e agravando as limitações do produtor, assim dificultando seu empoderamento e perenidade na atividade.

Referências

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. LEITE AO PRODUTOR CEPEA/ESALQ. Brasil: Esalq, 2017. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/br/indicador/leite.aspx>. Acesso em: 17 abr. 2017.

COUGHLAN, Anne T. et al. Canais de marketing e distribuição. São Paulo: Bookman, 2002. MACHADO, Glaucia Rosalina; SOUZA, Eliane Moreira Sá de; VALVERDE, Marcos César Silva. A

ANÁLISE PEST APLICADA À PROSPECÇÃO DE CENÁRIOS PARA O SISTEMA AGROINDUSTRIAL DO LEITE BRASILEIRO. Goiânia: Revista de Administração e Negócios da Amazônia, 2010.

MARTINS, Marcelo Costa. Competitividade da cadeia produtiva do leite no Brasil. Brasil: Revista de Politica Agrícola, 2004.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

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Certificação Florestal “Forest Stewardship Council”: Uma revisão bibliográfica

Gabriela Lozano Olivério (1) *, Denise Gallo Pizella (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução Segundo Barbieri (2007), gestão ambiental pode ser entendida como

diretrizes e atividades administrativas, tais como planejamento, alocação de recursos e outras atividades, com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer evitando, reduzindo ou eliminando os danos e problemas provocados pelas atividades humanas, exercendo o princípio da prevenção. As primeiras iniciativas neste sentido foram estimuladas pelo esgotamento dos recursos naturais que vem crescendo desde o advento da Revolução Industrial e pelo crescimento da consciência ambiental em amplos setores da sociedade. Ao final da década de 80, críticas dos movimentos ambientalistas aos acontecimentos nas regiões tropicais, como desmatamento, incêndios e impactos sociais e também das ações de corte raso em grandes áreas florestais levou a redução dos mercados para produtos florestais e o desafio de promover a valorização econômica da produção de florestas bem manejadas, como forma de conter a expansão da fronteira agrícola e transformar a atividade florestal em um uso da terra atraente para os diferentes agentes sociais e econômicos do meio rural (VIANA, 2003). A partir da ECO-92, cresceu a mobilização de países e organizações em torno da preservação da biodiversidade e do uso sustentável de recursos biológicos. Neste contexto, consolidou-se o conceito da certificação como uma forma de aprimoramento das práticas produtivas, garantindo a valorização dos atributos de qualidade social e ambiental no processo produtivo, desde a retirada da matéria-prima até o consumidor final. Dentro desta perspectiva, surgiu a certificação florestal, como resposta às preocupações sobre o desmatamento global (ZERBINI, 2014).

Objetivos e Metodologia

Esse trabalho tem por objetivo realizar uma revisão de literatura acerca da certificação florestal, em especifico a realizada pelo “Forest Stewardship Council”, compreendendo sua importância e seus pontos fortes e fracos, com foco na certificação FSC. A metodologia consistiu na análise crítica da literatura existente sobre o tema.

Resultados A certificação florestal é um mecanismo de reconhecimento, não

governamental e voluntário, pelo qual se atestam determinadas características do manejo praticado por uma operação florestal de uma organização. Ela é guiada por padrões, compostos por princípios e critérios ambientais, sociais e econômicos que orientam a gestão florestal. Toda essa estrutura organizacional da certificação florestal não constituem barreiras mercadológicas, já que o número de certificados é crescente ao redor do mundo. Além de benefícios

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econômicos, a certificação contribui para confiança do público, melhoria das práticas de gestão e do desempenho das empresas e destaca as não conformidades nos processos florestais de uma organização. A certificação florestal é vista em vários mercados como uma garantia de que as atividades florestais são realizadas de maneira adequada, levando em consideração as preocupações socioambientais (BASSO, 2015). No Brasil, operam três sistemas de certificação que credenciam certificadoras, sendo a FSC, CERFLOR (Certificação Florestal) e a série de normas ISO (International Organization for Standardization) 14000 de manejo florestal, sendo o FSC o principal sistema de certificação vigente no país (SARTORI; BACHA, 2007).

O sistema de certificação FSC foi criado oficialmente em 1993, em Toronto, Canadá, com a participação de 26 países, inclusive o Brasil e, a partir de 2003, passou a ser sediado mundialmente na Alemanha. O padrão FSC de certificação é composto por princípios que abrangem as exigências ambientais, sociais e econômicas para o manejo florestal, sendo aplicável às operações florestais em qualquer país do mundo, por meio do acesso livre dos padrões e documentos normativos (BASSO, 2015).

Os princípios que orientam a certificação FSC na modalidade “Manejo Florestal” estão representados no Quadro 01:

Quadro 1 – Princípios socioambientais que regem o manejo florestal para a certificação florestal do FSC (“Forest Stewardship Council”).

Fonte: FSC-STD-BRA-01-2014 V1-0 PT (2014). 

O aumento da consciência ambiental da população em geral (incluindo

todos os participantes do processo produtivo até seus consumidores), é o propósito do FSC para que o setor de produtos florestais alcance a sustentabilidade. Embora enfrentam algumas falhas sistêmicas, o selo geralmente garante que o produto atendeu à uma série de requisitos ambientais, sociais e econômicos, como os presentes na tabela 01, que não existiam antes

Princípio 1 – Obediência às leis e aos princípios do FSC: As atividades florestais devem respeitar todas as leis ambientais e trabalhistas do país onde se inserem.

Princípio 2 – Direitos e Responsabilidades de posse e uso: Definição detalhada de como se dão os usos e ocupação do solo nos locais a ser certificados, com a documentação legal.Princípio 3 – Direitos dos povos indígenas: Respeito a todos os direitos das comunidades tradicionais e indígenas nos locais de certificação.Princípio 4 – Relações Comunitárias e Direitos dos Trabalhadores: As operações florestais devem promover boas condições de trabalho, higiene e segurança, além de respeitar os costumes e a cultura das comunidades locais.Princípio 5 – Benefícios da Floresta: Incentivo ao uso eficiente dos produtos e serviços florestais. Princípio 6 – Impacto Ambiental: Todos os aspectos e impactos ambientais relacionados com as operações florestais devem ser identificados e minimizados.Princípio 7 – Plano de Manejo: Documento que explica todos os procedimento e práticas utilizadas no manejo florestal da organização.Princípio 8 – Monitoramento e Avaliação: Monitoramento apropriado à escala e intensidade do manejo, com uma avaliação continua das práticas adotadas na organização. Princípio 9 – Manutenção de Floresta de Alto Valor de Conservação: Monitoramento constante, auxiliando na tomada de decisão a respeito de qualquer interferência sobre a fauna e flora presentes em florestas consideradas de alto valor de conservação. Princípio 10 – Plantações: As plantações florestais devem ser planejadas de acordo com os princípios de 1 a 9 do FSC.

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da certificação. A estrutura e normatização do sistema de certificação florestal FSC seguem critérios objetivos, mas sua aplicação muitas vezes não ocorre da maneira devida. Segundo Adeodato (2011), ocorrem fraudes no sistema de certificação, desde o licenciamento ambiental, por meio da liberação de exploração indevida do produto florestal, em termos de sua localização e manipulação de dados por meio, inclusive, de falsificação de registros por madeireiras que contratam hackers para invadir os sistemas operacionais do FSC. Deste modo, se percebe que há pontos fracos no sistema criado pelo FSC, assim como pontos fortes, tais como credibilidade internacional; consideração da questão ambiental em sua complexidade na organização; inclusão de múltiplos atores sociais nas tomadas de decisão e publicação do desempenho ambiental da organização, que deve elaborar resumos públicos após sua certificação (ISHIKAWA, 2012).

Conclusões A certificação florestal possui suma importância para uma adequada gestão

ambiental nas organizações que fazem uso, em seu processo produtivo, de produtos florestais. Uma das formas de certificação é dada pelo “Forest Stewardship Council”, organização sem fins lucrativos que atua em âmbito mundial, inclusive no Brasil. Para receber a certificação FSC, a organização necessita atender a dez princípios que caracterizam um bom manejo florestal, e que incluem a questão ambiental de forma ampla, considerando variáveis ambientais, sociais e econômicas. Em um momento onde a preocupação com as preservação de florestas de diversas formações é elevada, considera-se um ganho socioambiental a certificação de organizações que fazem uso de produtos florestais em alguma parte de sua cadeia produtiva, mesmo frente à existência de pontos fracos no sistema.

Referências

ADEODATO, S.; VILLELA, M.; BETIOL, L.S.; MONZONI, M. Madeira de ponta a ponta: o caminho desde a floresta até o consumo. 1ª edição. São Paulo: FGV RAE. 2011 BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial: Conceitos, Modelos e Instrumentos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 369 p. BASSO, Vanessa Maria. Desafios e oportunidades da certificação do manejo florestal pelo sistema FSC no continente americano. 2015. 212 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciência Florestal, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2015. Disponível em: <http://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/6777/texto completo.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: mar. 2017. FOREST STEWARDSHIP COUNCIL. FSC-STD-BRA-01-2014 V1-0 PT: Avaliação de plantações florestais na República Federativa do Brasil: Padrão Harmonizado entre as Certificadoras. São Paulo: Forest Stewardship Council, 2014. 53 p. Disponível em: <https://br.fsc.org/preview.fsc-std-bra-01-2014-v1-1-ptplantacoesharmonizado.a-927.pdf>. Acesso em: jan. 2017. ISHIKAWA, A. A certificação FSC e sua eficácia no alcance da sustentabilidade da empresa: Um estudo de caso na Klabin. 27 f., FEA-USP, São Paulo, 2012. SARTORI, Roberto Scorsatto; BACHA, Carlos José Caetano. A evolução da certificação florestal no Brasil. In: XLV CONGRESSO DA SOBER "CONHECIMENTOS PARA AGRICULTURA DO FUTURO", 1. 2007, Londrina. Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Londrina: Sober, 2007. p. 1 - 13. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/6/107.pdf>. Acesso em: mar. 2017. VIANA, V.M. História do FSC e perspectivas para a certificação florestal no Brasil. In: Certificação Florestal. Cadernos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Caderno n.º 23. Série Políticas Públicas. São Paulo. 2003. 98p ZERBINI, Fabíola. Cenário da Madeira FSC no Brasil 2012 – 2013. São Paulo: FSC Brasil, 2014. 80 p. Disponível em: <https://br.fsc.org/preview.livro-cenrio-da-madeira-fsc-no-brasil-2012-2013.a-596.pdf>. Acesso em: mar. 2017.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Infecções por fungos Malassezia sp. em gatos: predisposição em relação à raças e região corpórea acometida

Gabrielly Cristina Messias dos Santos(1)*, Juliana Heloisa Pinê Américo-

Pinheiro(2), Emanueli Floriano(3)

1FEA - FCAA, Curso de Medicina Veterinária, Fundação Educacional de Andradina. e-mail: [email protected]. 2FEA - FCAA, Docente, Fundação Educacional de Andradina. 3FEA - FCAA, Curso de Medicina Veterinária, Fundação Educacional de Andradina.

Introdução

A malasseziose é uma enfermidade fúngica comumente diagnosticada em clínicas veterinárias de pequenos animais, sendo a espécie Malassezia pachydermatis o agente mais estudado nas otites e dermatites causadas por esse gênero de leveduras (Rosa et al, 2004).

Os fungos do gênero Malassezia pertencem a microbiota natural dos gatos e cães, no entanto, podem agir como patógenos oportunistas do meato acústico externo, tegumento cutâneo, reto, pele interdigital, sacos anais e vagina causando dermatites e otite externa (Bond et al, 1995; Crespo et al, 2000).

Em gatos, a malasseziose está associada à dermatite esfoliativa generalizada, acne e otite externa (Wilkinson e Harvey, 1996). O prognóstico de malasseziose é valido quando a causa é identificada e corrigida, sendo que a doença apenas é contagiosa em indivíduos imunossuprimidos, não ocorrendo transmissão para animais ou seres humanos sadios (Rhodes, 2005).

Os objetivos do presente trabalho foram realizar um levantamento do número de casos de infecções causadas por leveduras do gênero Malassezia em gatos atendidos no Hospital Veterinário de Andradina, Estado de São Paulo, verificar se há predisposição em relação às raças e identificar a região corpórea mais acometida pelos fungos no período de janeiro a dezembro de 2016.

Material e métodos

As informações utilizadas para realização do presente estudo foram extraídas de prontuários de gatos atendidos no período de janeiro a dezembro de 2016 no Hospital Veterinário (H.V.) de Andradina - SP. Foi identificado o número de casos de malasseziose durante o ano, a predisposição em relação às raças e a região do corpo mais acometida pelos fungos.

Resultados e discussão

Durante o período de janeiro de 2016 a dezembro de 2016 foram atendidos 147 gatos no Hospital Veterinário de Andradina, dos quais 2,72% foram diagnosticados com infecções por fungos do gênero Malassezia. No primeiro semestre 2016 foi constada maior porcentagem de gatos com Malasseziose (Tabela 1). De acordo com Cafarchia et al. (2005), a maior prevalência de casos de infecções por Malassezia em gatos ocorre no período do inverno.

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Tabela 1 - Número de gatos atendidos e diagnosticados com infecções causadas por fungos do gênero Malassezia no Hospital Veterinário de Andradina – SP, no período de janeiro a dezembro de 2016.

Período Número de gatos atendidos

Número de gatos positivos

Frequência relativa (%)

1º Semestre 2016 59 2 3,39 2º Semestre 2016 88 2 2,27

A prevalência das infecções por Malassezia sp. foi a mesma em gatos de

raça definida assim como em gatos de raça não definida durante o ano de 2016 (Tabela 2). Em 100% dos casos positivos, a região do corpo atingida foi o meato acústico externo. Assim, como no meato acústico externo, a secreção de grande quantidade de cerúmen nas orelhas externa e média formam um substrato para a proliferação de leveduras (Huang et al, 1993). Mudanças lipídicas na superfície cutânea resultam no aumento da fonte de nutrientes para Malassezia sp. e promovem a proliferação da levedura (Chen e Hill, 2005). Tabela 2 - Prevalência de infecções causadas por fungos do gênero Malassezia em relação às raças de gatos atendidos no Hospital Veterinário de Andradina, no período de janeiro a dezembro de 2016.

Raça Número de gatos

positivosFrequência relativa

(%) SRD 2 50 CRD 2 50

Siamês 1 25 Persa 1 25 Total 4 100

SRD: Sem raça definida. CRD: Com raça definida.

Conclusões As infecções em gatos por fungos do gênero Malassezia não são

frequentes no Hospital Veterinário de Andradina – SP, não há prevalência em relação a gatos com ou sem raça definida e a única região afetada pelos fungos foi o meato acústico externo.

Referências

BOND, R. et al. Population sizes and frequency of Malassezia pachydermatis at skin and mucosal

sites on healty dogs. Journal Small Animal Practice, v.36, p.147-150, 1995. CAFARCHIA, C. et al. Occurrence and population size of Malassezia spp. In the external ear canal

of dogs and cats both healthy and with otitis. Mycopathologia, v.160, n.2, p.143-149, 2005. CHEN, T.; HILL, P. B. The biology of Malassezia organisms and their ability to induce immune

responses and skin disease. Veterinary Dermatology, v.16, p.4-26, 2005. CRESPO, M. J. et al. Atipical Lipid-Dependent Malassezia Species Isolated from Dogs with Otitis

Externa. Journal of Clinical Microbiology. v. 38, n. 6, p.2383-2385, 2000. HUANG, H. P. et al. Effects of fatty acids on the growth and composition of Malassezia

pachydermatis and their relevance to canine otitis externa. Research in Veterinary Science, v.55, n.1, p. 119 – 23, 1993.

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RHODES, K.H. Dermatologia de Pequenos Animais: consulta em 5 min. 1ed. Rio de Janeiro: Editora Revinter, Rio de Janeiro, 2005, p.13-18.

ROSA, C. S. et al.. Malassezia pachydermatis com características lipo-dependentes. In:

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 13., 2004. Anais…Pelotas – RS, 2004. P. 198.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Acúmulo de matéria seca pelos cultivares de algodoeiro GLT 983 e FM 975 WS

Guilherme Gual(1), Jéssica Vettorazzi (2), Enes Furlani Junior(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia agronômica. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia 3UNESP-FEIS, Docente – Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia

Introdução

No Brasil, o plantio do algodão situa-se nas regiões Nordeste e Centro-Sul. Em virtude das diferenças climáticas dessas regiões, o plantio e a colheita efetuam-se em épocas diferentes, o que permite ao país ser o único no mundo a fazer duas colheitas anuais do algodoeiro, em épocas distintas. Recentemente, novas tecnologias para produção de algodão estão sendo disponibilizadas aos produtores, com destaque para a agricultura de precisão, manejo de reguladores de crescimento, tecnologias para o plantio direto e uso de genótipos transgênicos possuidores de genes que conferem resistência a agentes bióticos e abióticos (Beltrão et al., 2008). Por esta razão o desenvolvimento deste trabalho em condições de campo, avaliou o acúmulo de matéria seca pelos cultivares de algodão (Gossypium hirsutum L.) FM 975 WS e GLT 983, para o entendimento do desenvolvimento fisiológico desses cultivares, os quais atualmente são o mais presentes nas principais regiões produtoras.

Material e métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS – UNESP) no município de Selvíria – MS, localizado nas coordenadas geográficas de 22° 22’ de latitude S e 51° 22’ de longitude O, num Latossolo vermelho distrófico de textura argilosa. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso para cada cultivar com quatro repetições, sendo que as parcelas foram constituídas de quatro linhas de plantio. Foram feitas coletas em intervalos de 10 dias, que se iniciaram aos 10 dias após a emergência (d.a.e.) das plântulas, até os 110 de ciclo. Após arrancar as plantas inteiras, foi feita a separação das mesmas em três partes distintas, ramos e parte do sistema radicular, folhas e estruturas reprodutivas (botões flores e maçãs). Assim foi feita lavagem de cada uma das porções destas estruturas em água destilada e posteriormente a secagem em estufa de circulação forçada de ar, mantida a 65ºC até atingir massa em equilíbrio. Após possuir cada porção seca e identificada foi feita a pessagem das amostras. A partir das pesagens foi possível criar a representação gráfica do acúmulo de matéria seca durante o ciclo desses cultivares. Aplicou-se estatística descritiva através da apresentação de figuras.

Resultados e discussão Pode-se verificar que os dois cultivares, FM 975 WS e GLT 983, produziram

uma matéria seca total de aproximadamente 10.500 kg/ha, na qual foi utilizado regulador de crescimento e um estande de 66.666 plantas por hectare. Para

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melhor comparação dos valores acumulados dispõe-se em representação gráfica o valor total acumulado ao final do ciclo, considerando o período em questão o de 110 dias após emergência, de cada um deles (figura 01).

Para as folhas foi observado em ambos os cultivares valores maiores aos 70 dias após emergência (d.a.e.), com valores da ordem de 2500 kg/ha. Na representação gráfica, entende-se por ramo, os ramos que foram analisados juntamente com parte do sistema radicular arrancado, deste modo, para os ramos, os cultivares apresentaram picos de acúmulo simultaneamente aos 80 d.a.e., com valores que chegaram ao patamar de 4000 kg/ha. Já as estruturas reprodutivas que incluíam botões, flores e frutos, alcançaram valores acumulados de 3700 kg/ha também aos 80 d.a.e (Figuras 02 e 03). Ao observar tais figuras, verificou-se que o cultivar FM 975 WS apresenta o aparecimento de estruturas reprodutivas antecipadamente ao cultivar GLT 983, o que pode indicar que existe uma precocidade do cultivar FM 975 WS.

Os dados que representam os valores de massa de matéria seca por hectare, divergem dos resultados apresentados por Percegil (2005), este fato pode estar relacionado aos fatores temporais, climáticos e fitotécnicos, os quais são diferentes dos apresentados pelo autor.

Figura 01 – Acúmulo de matéria seca total (folhas, ramos e estruturas reprodutivas) no período de 110 d.a.e. para os cultivares GLT 983 e FM 975 WS.

Figura 02 – Valores de matéria seca (kg/ha) acumulados pelo cultivar de algodão GLT 983 para uma população de 66666 plantas/ha.

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Figura 03 – Valores de matéria seca (kg/ha) acumulados pelo cultivar de algodão FM 975 para uma população de 66666 plantas/ha.

Conclusões A partir dos dados obtidos e das representações gráficas concluísse que

para os ramos o cultivar GLT 983 acumulou cerca de 280 kg/ha a mais em seu pico que foi aos 80 d.a.e., já para as folhas o cultivar FM 975 WS acumulou cerca de 300 kg/ha a mais em seu pico que foi aos 70 d.a.e., enquanto que para as partes reprodutivas ambos os cultivares acumularam valores próximos a 3700 kg/ha, ambos aos 80 d.a.e.

Referências

BELTRÃO, N. E. de M.; AZEVEDO, D. M. P. de. Agronegócio do algodão no Brasil. Campina Grande: Embrapa, 2008.

PERSEGIL, E. O. Marcha de absorção de nutrientes para os cultivares de algodão (Gossypium hirsutum L.) IAC 24, ITA 90 e DELTA OPAL na região de Selvíria. Ilha Solteira, 2005.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Determinação da marcha de extração de macronutrientes pelas partes reprodutivas no cultivar de algodoeiro FM 975 WS

Guilherme Gual(1), Jéssica Vettorazzi (2), Enes Furlani Junior(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia agronômica. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia 3UNESP-FEIS, Docente – Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia

Introdução

O comércio mundial do algodão movimenta anualmente cerca de US$ 12 bilhões e envolve mais de 350 milhões de pessoas em sua produção, desde as fazendas até a logística, o descaroçamento, o processamento e a embalagem. Para esta cultura a recomendação das adubações, por sua vez, é embasada nos estudos de resposta a fertilização e em sua exigência nutricional. Devido principalmente aos picos de máxima absorção pela planta, a exigência da cultura por nutrientes não pode ser mensurada somente a partir da extração total (Duarte et al., 2003). Por isto faz-se necessário o estudo da extração dos nutrientes em função do tempo, para prever como, quando e quanto de cada elemento nutricional deve ser reposto ao solo. Portanto objetivou-se neste trabalho analisar a marcha de extração foliar de macronutrientes pelas partes reprodutivas para identificar os momentos de máxima exigência destes nutrientes para o cultivar de algodoeiro FM 975 WS.

Material e métodos O experimento foi conduzido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão

(FEPE) da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS – UNESP) no município de Selvíria – MS, localizado nas coordenadas geográficas de 22° 22’ de latitude S e 51° 22’ de longitude O, num Latossolo vermelho distrófico de textura argilosa. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com quatro repetições, sendo que os blocos foram constituídos de faixas com quatro linhas de plantio. Os tratamentos foram constituídos por épocas de coleta que se iniciaram aos 10 dias após a emergência (d.a.e.) das plântulas, em intervalos de 10 dias, até os 120 dias de ciclo. Durante o processo de coleta as partes reprodutivas (botão floral, flores e frutos) foram separadas das outras partes da planta e após serem secas em estufa e moídas, foram submetidas a análise química para determinação dos teores de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e também a determinação da massa da matéria seca. Aplicou-se estatística descritiva através da apresentação de figuras.

Resultados e discussão Constatou-se que para os teores de macronutrientes nas estruturas

reprodutivas um acréscimo apenas para o nutriente S, para todos os outros nutrientes N, P, K, Ca, e Mg ocorreu um decréscimo durante o período avaliado. Assim como observado por Persegil (2005), estes decréscimos estão associados ao uso intenso dos macronutrientes pelas estruturas reprodutivas durante o ciclo da cultura. Quando analisado graficamente (figura 01) é possível perceber que ao iniciar as avaliações,30 e 40 d.a.e, no período inicial do aparecimento das estruturas reprodutivas os teores dos macronutrientes estão mais elevados do

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que no fim do período avaliado 100 d.a.e., assim como no trabalho de Persegil (2005) o período de maior demanda dos nutrientes se encontra entre os 65 d.a.e. e 85 d.a.e., o que graficamente é representado pelos pontos de baixo teor de nutrientes.

Furlani et al. (2001), constataram que os teores de N contido em flores e frutos decresceram com o desenvolvimento da planta, o que também foi observado neste trabalho, no qual obteve um decréscimo contínuo ao longo do ciclo, com pico aos 50 d.a.e. (Figura 01), devido à presença de brácteas e outras estruturas que fazem processo de fotossíntese, o que também foi evidenciado por Furlani et al. (2001), este decréscimo está envolvido com a senescência dos frutos.

Para o potássio(K) ocorreu teor maximo com valor na ordem de 25 g/kg aos 30 d.a.e. (Figura 01), após este evento ocorre uma ligeira queda seguida de uma normalização dos teores, o que permite concluir, que o nutriente K é importante para sua formação das estruturas reprodutivas, porém não tão expressivo para o desenvolvimento destas partes, fato este que foi evidenciado também por Furlani et al. (2001).

Quando analisado o nutriente Ca observa-se dois picos aos 60 e 90 d.a.e., com valores de 12,25 e 11,01 g/kg. O cálcio está associado as partes estruturais da planta, além de ser participante da parede celular e sendo também indispensável para a germinação do grão de pólen e crescimento do tubo polínico (Prado, 2004). Isto possibilita a dedução de que este primeiro acréscimo de seu teor, está diretamente associado ao período de maior formação das flores.

Para os demais macronutrientes ocorreram picos de teores nas estruturas reprodutivas na ordem de 11,8 g/kg de P aos 30 d.a.e., 4,9 g/kg de Mg aos 80 d.a.e. e 9,6 g/kg de S aos 100 d.a.e. (Figura 10).

Figura 01 – Teores de macronutrientes para o cultivar FM 975 WS nas

estruturas reprodutivas.

Conclusões

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Os macronutrientes que apresentaram mais expressividade foram N e K, com picos na ordem de 31,0 e 25 g/Kg respectivamente, e os que apresentaram menos expressividade, porém não menos importante, Ca, P, Mg e S, com picos na ordem de 12,25 g/Kg, 11,8 g/Kg, 4,9 g/Kg e 9,6 g/Kg, respectivamente.

Referências

DUARTE, A. P.; KIEHL, J. C.; CAMARGO, M. A. F.; RECO, P. C. Acúmulo de matéria seca e nutrientes em cultivares de milho originarias de clima tropical e introduzidas de clima temperado. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.2, n.3, p.1-20, 2003. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/104211/1/Acumulo-materia.pdf>.

FURLANI JUNIOR, E.; SILVA, N. M.; BUZETTI, S.; SÁ, M. E.; ROSOLÉM, C. A., CARVALHO, M. A. C. Extração de macroutrientes e crescimento da cultivar de algodão IAC 22. Revista Cultura Agronômica, Ilha Solteira, v.10, n.1, p.71-87, 2001.

PERSEGIL, E. O. Marcha de absorção de nutrientes para os cultivares de algodão (Gossypium hirsutum L.) IAC 24, ITA 90 e DELTA OPAL na região de Selvíria. Ilha Solteira, 2005.

PRADO, R. de M. Cultura do algodão. Nutrição de plantas, 2004. Disponível em: <http://www.nutricaodeplantas.agr.br/site/culturas/algodao/funcoes.php>.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Produção de mudas de beterraba em 2 diferentes substratos, para uso na horta do CCI Catatau.

Hemily M. Borges(1,2*), Antonio Larentis Neto(1,2), Regina M. M. de

Castilho(1,3) 1UNESP- FEIS 2Curso de Ciências Biológicas, e-mail*: [email protected] 3Docente, Departamento de Fitotecnia, Tec. De Alimento e Sócio- economia.

Introdução

Hortas escolares são instrumentos que podem abordar diferentes conteúdos de forma contextualizada e promover vivências que resgatam valores, além de dar oportunidade aos alunos de aprender a cultivar plantas utilizadas como alimentos e criar, na escola, uma área verde produtiva pela qual, todos se sintam responsáveis (PROJETO HORTA, 2017).

A beterraba (Beta vulgaris L. - Chenopodiaceae) é uma hortaliça anual herbácea, tendo como principal parte comestível a raiz tuberosa, que pode ser consumida crua ou cozida (rica em fibras, agentes anti-oxidantes, vitaminas A, do complexo B e C, sendo a última só aproveitada quando as mesmas são consumidas cruas), assim como as folhas, que possuem maiores quantidades de nutrientes e vitaminas por 100 gramas do produto, destacando-se cálcio, ferro, sódio, potássio e vitaminas A, B e C (TIVELLI e TRANI, 2008). Tradicionalmente, a cultura da beterraba tem sido estabelecida por semeadura direta, método que proporciona cultivo desuniforme, e contrariamente ao que ocorre com outras hortaliças tuberosas, adapta-se bem ao transplante (GUIMARAES, ECHER e MINAMI, 2002), sendo as mudas produzidas em bandejas, e transplantadas cerca de 20 a 30 dias após a semeadura, quando apresentam 5 a 6 folhas e 15 cm de altura (TIVELLI e TRANI, 2008).

Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção de mudas de beterraba em 2 (dois) substratos, para uso na Horta do CCI Catatau – UNESP / Ilha Solteira - SP, como parte do Projeto de Extensão “Jardinagem como Instrumento de Percepção do Meio Ambiente para Crianças”.

Material e métodos

O experimento foi realizado na UNESP, Campus de Ilha Solteira, em casa de vegetação (PAD&FAN), sendo instalado e avaliado no período de 08 a 17 de abril de 2017. As sementes de beterraba foram doadas pela Agristar do Brasil, e não passaram por tratamento com fungicida, visto a possibilidade de uso por crianças. A semeadura foi realizada em bandejas de isopor com 128 células, sendo 8 repetições com 16 plantas/repetição, utilizando-se uma semente por célula, sendo essas preenchidas com T1 - Bioplant® e T2 –Basaplant®. Segundo as informações dos fabricantes, o Bioplant® é composto por casca de pinus, fibra de coco, vermiculita, casca de arroz e nutrientes; o Basaplant® possui casca de pinus, turfa, carvão, vermiculita, NPK e micronutrientes; em ambos não há informações dos nutrientes e teores utilizados. Foi avaliado o número de sementes germinadas, aos 10 dias após a semeadura, e o resultado foi submetido a análise de variância com auxílio do

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programa Sisvar (FERREIRA,2000) e teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, e apresentado em porcentagem e gráfico.

Resultados e discussão Pelo Gráfico 1, observa-se que a germinação teve início 5 dias após a semeadura, em ambos substratos, e que para Basaplant o pico foi ao 7º dia, e para Bioplant, no 8º dia. Gráfico 1 – Germinação de sementes de beterraba, em 2 substratos ao longo de 10 dias. Ilha Solteira, abril de 2017.

Verifica-se que o tratamento utilizando substrato Bioplant® apresentou 7,8% a mais na porcentagem de germinação (Tabela1), 10 dias após a semeadura. Utilizando dezesseis diferentes substratos em trabalho com germinação de sementes de beterraba, e contagem final de emergência aos 30 dias, Nascimento, Silva e Carrijo (2017), observaram que as porcentagens ficaram entre 52% a 88%, para Coco Comercial (pH 5,85, CE:0,65) e Multiplan 1052 (pH:5,5, CE: 1,5) respectivamente, sendo que os valores de pH são semelhantes e os de CE inferiores ao do presente trabalho, mostrando que sementes de beterraba podem alcançar melhor porcentagem de germinação com CE entre 1,5 a 2,0 dSm-1. Para Cavins et al. (2000), valores entre 0,76 e 1,25 dSm-1, são adequados ao desenvolvimento da maioria dos cultivos.

Tabela 1 – Porcentagem de germinação de sementes de beterraba (10 dias após semeadura), em 2 substratos. Ilha Solteira, abril de 2017.

Tratamento % Germinação pH* CE*(dSm-1) Bioplant® 63,2% 5,5 a 6,0 1,8 a 2,0 Basaplant® 55,4% 5,8 + / - 0,5 2,5 + / - 0,3

* informações dos fabricantes.

Conclusões Conclui-se que para germinação de sementes de beterraba, avaliado aos

10 dias após a semeadura, o substrato Bioplant® apresentou resultado superior.

Agradecimentos À Agristar do Brasil, na pessoa do Eng. Agr. Maurício Coutinho.

0

20

40

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Quan

tidad

e de 

sementes

Dias após semeadura

Porcentagem de Germinação 

Bi…

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Referências CAVINS TJ; WHIPKER BE; FONTENO WC; HARDEN B; McCALL I; GIBSON JL. Monitoring and managing pH and EC using the PourThru extraction method. Raleigh: Horticulture Information. 2000. GUIMARAES, V. F.; ECHER, M. M.; MINAMI, K.. Métodos de produção de mudas, distribuição de matéria seca e produtividade de plantas beterraba. Hortic. Bras. [online]. 2002, vol.20, n.3 pp.505-509.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-05362002000300022&lng=en&nrm=iso. Acesso em abril 2017. NASCIMENTO, W. N.; SILVA, J. B. C; CARRIJO, O. A. Germinação de sementes de hortaliças em diferentes substratos para produção de mudas. Disponível em: http://www.abhorticultura.com.br/biblioteca/arquivos/Download/Biblioteca/olfg4063C.pdf. Acesso em abril 2017. TIVELLI,S.W.;TRANI,P.E.Hortaliças: Beterraba (Beta vulgaris L.). Disponível em: http://www.infobibos.com/Artigos/2008_3/beterraba/index.htm. Acesso em abril 2017. FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA RBRAS, 45., 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: RBRAS/UFSCar, 2000. p. 255-258. FONTE, Paty. Projeto Horta.. Disponível em: http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/PROJETO%20HORTA_PPD.pdf. Acesso em abril 2017.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Fitorremediação de compostos inorgânicos: levantamento de contribuições científicas no contexto nacional

Ísis Danielle Sousa(1)*, Letícia Rigonato Lima (2), Liliane Santos Camargos(3), Dayane Gomes Oliveira (1), Lucas Anjos Souza(4)

1IF GOIANO – Campus Rio Verde, Curso de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação – Mestrado, e-mail: [email protected] 2 IF GOIANO – Campus Rio Verde, Graduação em Engenharia Ambiental 3UNESP – FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal 4IF GOIANO – Campus Rio Verde, Rede Arco Norte/Polo de Inovação em Bioenergia e Grãos

Introdução

Fontes antrópicas de despejo irregular de metais tóxicos provêm da indústria, lixo doméstico, lodo de esgoto, fertilizantes, fungicidas, pesticidas, combustão de combustíveis fósseis e atividade mineradora (Moreira et al., 2011). Em diversas partes do Brasil, ambientes contaminados precisam ser remediados. Programas para essa finalidade incluem métodos de mitigação da toxicidade e, dentre estes, a fitorremediação, que utiliza plantas tolerantes a diversos poluentes para recuperar solos e corpos hídricos (Ribeiro-Filho et al., 2001).

Os vegetais se adaptam a ambientes extremamente diversos, de forma que muitas espécies possuem a capacidade de interagir simbioticamente com outros organismos. Essa interação é determinante para a adaptação em ambientes como solos salinos, ácidos, pobres ou ricos em nutrientes ou excessivamente contaminados com metais (Chiochetta, 2013).

Diante do exposto e da constatação de haver diversos grupos de pesquisa no Brasil que abordam tal assunto, em nível experimental, percebemos que há poucos projetos piloto em escala de campo utilizando a fitorremediação como uma fitotecnologia limpa e de grande importância para o meio ambiente. Por isso, essa proposta visa realizar um levantamento bibliográfico dos trabalhos sobre fitorremediação de compostos inorgânicos publicados em revistas brasileiras, nos últimos 16 anos.

Material e métodos

Levantamento de dados na base SCIELO O levantamento bibliográfico foi realizado na base de dados Scielo

(Scientific Electronic Library Online). Para a pesquisa, utilizamos o termo de indexação “phytoremediation” que foi buscado em “All indexes”, ou seja, qualquer artigo que tenha utilizado esse termo, em qualquer uma de suas partes, foi recuperado pelo mecanismo de busca da plataforma. Desse modo a pesquisa se tornou bastante abrangente para que pudéssemos realizar todas as análises, pois foram utilizados dados de 15 anos, ou seja, entre os anos de 2001 e 2016. Após a coleta, os trabalhos foram categorizados por compostos inorgânicos.

Agrupamento dos dados por tipo de contaminante A classificação geral dos compostos contaminantes mais estudados no

Brasil, foi feita categorizando os artigos de acordo com o contaminante de

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interesse no estudo.

Distribuição do número de artigos publicados por ano

A frequência das publicações de trabalhos sobre fitorremediação de substâncias inorgânicas foi calculada com a classificação dos artigos em função do ano de publicação.

Agrupamento de artigos publicados por revista As revistas que consideraram o assunto fitorremediação de substâncias

inorgânicas foram relacionadas ao número de artigos totais publicados nos últimos 16 anos.

Análise dos dados Os dados foram analisados e plotados de forma descritiva utilizando o

software Excel®.

Resultados e discussão No período de 10 anos, entre 2001 e 2011, houve um aumento crescente nas publicações relacionadas a fitorremediação de contaminantes inorgânicos, o qual foi seguido por um período de 06 anos apresentando um declínio na frequência de publicações com essa abordagem (Figura 1). Pela análise da séria histórica, evidenciamos que esta queda foi de 64,8% nas publicações entre 2011 e 2016. Observamos, ainda, que os periódicos com escopo em Fisiologia Vegetal e Ciência do Solo são os que mais publicam sobre o tema, apesar da fitorremediação ser uma área de interesse da Ecologia, Engenharia Ambiental e Química Ambiental (Figura 2)

Figura 1 – Número de trabalhos publicados considerando a fitoremediação de contaminantes inorgânicos, entre os anos de 2001 e 2016.

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Figura 2 – Quantidade total de trabalhos publicados por revista científica, com enfoque na fitoremediação de contaminantes inorgânicos, entre os anos de 2001 e 2016.

Conclusões

Não tem havido constância das publicações de trabalhos envolvendo fitorremediação de substâncias inorgânicas em periódicos brasileiros, apesar dos grandes grupos de pesquisa no país.

Agradecimentos

Os autores agradecem: IF Goiano, PROPPI, DPPG, CNPq, CAPES.

Referências CHIOCHETTA, C. G. Remediação de solo ácido pelo uso de resíduos sólidos agroindustriais:

estudo dos aspectos físico-químicos, ecotoxicológicos e agronômicos. 2013. 118 f. (Tese Doutorado - Curso de Ciência e Tecnologia Ambiental, Universidade do Vale do Itajaí).

FELIPE, R. T. A., OLIVEIRA, J. A. D., & LEÃO, G. A. Potencial de Cajanus cajan e Crotalaria spectabilis para fitorremediação: absorção de arsênio e respostas antioxidativas. Rev. Árvore, v.33, n.2, p.245-254. 2009.

MOREIRA, H., MARQUES, A. P., RANGEL, A. O., & CASTRO, P. M. Heavy metal accumulation in plant species indigenous to a contaminated portuguese site: prospects for phytoremediation. Water Air Soil Poll, v. 221, n. 1-4, p. 377-389, 2011.

NASCIMENTO, A. L., SAMPAIO, R. A., CRUZ, S. F. D., JUNIO, Z., GERALDO, R., BARBOSA, C. F., & FERNANDES, L. A. Heavy metals in sunflower fertilized with sewage sludge under different stabilization processes. Rev. Bras. Eng. Agríc. Ambient. v. 18, n. 7, p. 694-699, 2014.

RIBEIRO-FILHO, M. R., SIQUEIRA, J.O., CURI, N. & SIMÃO, J.B.P. Fracionamento e biodisponibilidade de metais em solo contaminado, incubado com materiais orgânicos e inorgânicos. Rev Bras Cienc Solo. v. 25, p. 495-507, 2001.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação

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Fitorremediação de compostos orgânicos: levantamento de contribuições científicas no contexto nacional

Ísis Danielle Sousa(1)*, Letícia Rigonato Lima (2), Liliane Santos Camargos(3), Dayane Gomes Oliveira (1), Lucas Anjos Souza(4)

1IF GOIANO – Campus Rio Verde, Curso de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação – Mestrado, e-mail: [email protected] 2 IF GOIANO – Campus Rio Verde, Graduação em Engenharia Ambiental 3UNESP – FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal 4IF GOIANO – Campus Rio Verde, Docente, Rede Arco Norte/Polo de Inovação em Bioenergia e Grãos

Introdução

A atividade antrópica introduz diversos compostos xenobióticos no ambiente, sejam eles agrotóxicos e fertilizantes de uso agrícola, ou metais, derivados de petróleo, e outros subprodutos e resíduos provenientes de atividade industrial. Grande parte desses compostos atinge o ambiente por aplicação ou descarga direta, ou de forma indireta, por volatilização, percolação e dispersão, expondo e comprometendo a saúde dos organismos ali presentes assim como do próprio ambiente (De Andrea, 2016). Esses compostos, por sua vez, são considerados bioacumulativos.

Ambientes contaminados com metais tóxicos precisam ser remediados, e programas para essa finalidade incluem estratégias para mitigação da toxicidade, como a fitorremediação. Segundo Tavares (2009), a fitorremediação se refere ao uso de plantas e sua microbiota associada na descontaminação de ambientes poluídos, principalmente com metais pesados e poluentes orgânicos, reduzindo os teores desses elementos a níveis seguros à saúde humana, além de contribuir também na melhoria das características físicas, químicas e biológicas destas áreas.

Diante do exposto e da constatação de haver diversos grupos de pesquisa no Brasil, que abordam tal assunto, em nível experimental, percebemos que há poucos projetos piloto em escala de campo utilizando a fitorremediação como uma fitotecnologia limpa e de grande importância para o meio ambiente. Por isso, essa proposta visa realizar um levantamento bibliográfico dos trabalhos sobre fitorremediação de compostos orgânicos realizados e publicados em revistas brasileiras, nos últimos 15 anos.

Material e métodos Levantamento de dados na base SCIELO

O levantamento bibliográfico foi realizado na base de dados Scielo (Scientific Electronic Library Online). Para a pesquisa, utilizamos o termo de indexação “phytoremediation” que foi buscado em “All indexes”, ou seja, qualquer artigo que tenha utilizado esse termo, em qualquer uma de suas partes, foi recuperado pelo mecanismo de busca da plataforma. Desse modo a pesquisa se tornou bastante abrangente para que pudéssemos realizar todas as análises posteriormente. A pesquisa foi realizada utilizando o indexador mencionado acima dentro de uma abrangência de 15 anos, ou seja, entre os anos de 2001 e

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2016. Após a coleta de informações categorizamos os trabalhos realizados com substâncias inorgânicas.

Agrupamento dos dados por tipo de contaminante A classificação geral dos compostos contaminantes mais estudados no

Brasil, foi feita categorizando os artigos de acordo com o contaminante de interesse no estudo.

Distribuição do número de artigos publicados por ano

A frequência das publicações de trabalhos sobre fitorremediação de substâncias inorgânicas foi calculada com a classificados dos artigos em função do ano de publicação.

Agrupamento de artigos publicados por revista Cada revista que consideraram o assunto fitorremediação de substâncias

inorgânicas, foram relacionadas ao número de artigos totais publicados nos últimos 15 ou 16 anos.

Resultados e discussão Observamos que no período de 10 anos, ou seja, entre 2001 e 2011 houve um aumento progressivo nas publicações relacionadas a Fitorremediação de contaminantes orgânicos, seguido por um período de declínio na frequência de publicações com essa abordagem (Figura 1). Pela análise da séria histórica, evidenciamos uma queda em 50% nas publicações entre 2011 e 2016. Observamos, ainda, que o periódico com escopo em planta daninha é o que mais publica sobre o tema, apesar da fitorremediação ser uma área de interesse da fisiologia, ecologia, engenharia ambiental e química ambiental (Figura 2).

Figura 1 - Número de trabalhos com compostos orgânicos publicados durante os anos de 2000 a 2016. Fonte de dados: Scielo.

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Figura 2 - Quantidade total de publicações de trabalhos com compostos orgânicos. Fonte de dados: Scielo.

Conclusões Há constância nas publicações envolvendo fitorremediação de substâncias

orgânicas desde o ano de 2005, além disso, o periódico que mais publica trabalhos nesse tema é especializado em ciência de plantas daninhas. Isso sugere uma preocupação do periódico em divulgar trabalhos que sugerem métodos alternativos de recuperação de ambientes contaminados por substâncias orgânicas.

Agradecimentos

Os autores agradecem: IF Goiano, PROPPI, DPPG, CNPq, CAPES.

Referências DE ANDRÉA, M. M. Uso de minhocas como bioindicadores de contaminação de solos. Acta Zool.

Mex. (ns), 26(2). 2016. TAVARES, S.R.L. Fitorremediação em solo e água de áreas contaminadas por metais pesados

provenientes da disposição de resíduos perigosos. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2009. 371pp (Tese de Doutorado)

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação

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Produção de mudas de noni (Morinda citrifolia L.) em diferentes substratos

Izabela Militão Garcia(1)*, Aparecida Conceição Boliani (2), Antonio Flávio

Arruda Ferreira(3), Marcela Sant’anna Cordeiro da Silva(4) Gabriela Ferreira Ribeiro(5), Jaqueline Cardoso Tofanelli(6)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio - economia. 3ESALQ-USP, Doutor em Fitotecnia. 4UNESP-FCAV, Mestranda em Fitotecnia. 5UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado. 6UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado.

Introdução

O noni (Morinda citrifolia L.), é praticamente desconhecido no Brasil. Essa frutífera, pertencente à família Rubiaceae, nativa do Sudoeste da Ásia, contém de acordo com pesquisas científicas atuais, vários componentes ativos que apresentam diversas propriedades farmacológicas, atuando como antibacteriano, antiviral, antifúngico, antitumoral, analgésico, anti-inflamatório e estimuladores do sistema imunológico (BARROS et al., 2008).

Devido a estas características, a demanda pelo fruto vem crescendo, proporcionando assim a busca por mudas de qualidade para a instalação de pomares comerciais ou mesmo para manutenção de áreas experimentais. Assim, a produção de mudas torna-se uma estratégia para tornar o setor mais competitivo, pois é um dos fatores principais para o bom estabelecimento da cultura, influenciando na produtividade e qualidade dos frutos (SMIDERLE; MINAMI, 2001).

Fatores como o tipo recipiente, o ambiente de cultivo e o tipo de substrato são de suma importância para que se obtenha uma muda vigorosa. Segundo Gomes;Silva (2004), os substratos são compostos por misturas de diferentes materiais, que apresentam todas as propriedades nutricionais e físicas para garantir um bom desenvolvimento da planta. Dessa forma, objetivou-se com esse trabalho avaliar o crescimento de mudas de noni (Morinda citrifolia L.) em diferentes substratos a base de solo e substrato orgânico comercial em viveiro agrícola.

Material e métodos

O experimento foi realizado na FEPE - Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (Pomar) da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Câmpus de Ilha Solteira/SP, entre os dias 25 de julho e 25 de novembro de 2015.

Os frutos foram obtidos via seminífera de plantas matrizes de pomares não comerciais do município de Pereira Barreto/SP, despolpados, e as sementes foram secas sobre papel absorvente, em local sombreado e arejado, à temperatura ambiente de 27 a 30°C durante, quatro dias. Posteriormente, foram semeadas em bandejas de polietileno expandido contendo 200 células

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preenchidas com substrato orgânico comercial (Bioplant®). Aos 120 dias após a semeadura, as plantas de noni foram transplantadas em

sacos de polietileno (15 x 21,5 cm – 2 L) preenchidas com os tratamentos a base de substrato orgânico comercial (Bioplant®) e Latossolo Vermelho distrófico nas seguintes proporções: 100% solo (SO); 80% SO + 20% substrato orgânico comercial (SC); 60% SO + 40% SC; 40% SO + 60% SC; 20% SO + 80% SC; e 100% SC. O experimento foi conduzido em viveiro agrícola com tela de monofilamento de coloração preta, proporcionando 50% de sombreamento. A irrigação foi realizada por microaspersão, 4 vezes ao dia por 5 minutos (1100 cm³/min) e o controle de plantas invasoras foi realizado sempre que necessário de forma manual. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, composto por 20 repetições por tratamento, sendo cada repetição composta por uma planta. Aos 150 dias após o transplantio avaliou-se: diâmetro do caule; número de folhas; comprimento da parte aérea e do sistema radicular (cm) e a relação entre o comprimento parte aérea e do sistema radicular (cm/cm).

Os resultados obtidos foram transformados em √x e avaliados estatisticamente mediante a análise de variância com auxílio do software SISVAR 5.3. (FERREIRA, 2011) e aplicação do teste Scott-Knott a 5% de probabilidade para comparação das médias.

Resultados e discussão

Com relação ao diâmetro do caule, o substrato com 100% de substrato orgânico comercial demonstrou o menor valor para essa variável (2,88 mm), diferindo estatisticamente dos demais tratamentos (Tabela 1). Para número de folhas, o tratamento 80% solo + 20% composto comercial, apresentou-se o melhor resultado, com 14,70 folhas por muda. Já para o comprimento da parte aérea, o substrato 100% solo foi o mais satisfatório (15,48 cm). TABELA 1 - Diâmetro do caule (DC), número de folhas (NF) e comprimento da parte aérea (CPA) de mudas de noni (Morinda citrifolia L.). Ilha Solteira/SP, 2016.

TRATAMENTOS DC (mm) NF CPA (cm)100% SO** 4,3510A* 11,6000 B 15,4800 A

80% SO + 20% SC 4,3950 A 14,7000 A 12,2200 B60% SO + 40% SC 4,0600 A 7,9000 C 11,7700 B40% SO + 60% SC 4,8540 A 9,5000 C 12,2200 B20% SO + 80% SC 3,7710 A 8,9000 C 11,5700 B

100% SC 2,8800 B 8,0000 C 8,6250 C MÉDIAGERAL 4,0922 10,1724 12,0965

C.V. (%) 18,66 18,13 21,56 *Letras iguais maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo Teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Dados sem transformação. **SO = Solo; SC = Substrato orgânico comercial. Fonte: Elaboração do próprio autor, 2016.

Observa-se nos dados de comprimento do sistema radicular que a planta

de noni necessita de um substrato com maior aeração para o desenvolvimento de suas raízes, o que se verifica na Tabela 2 pelos resultados apresentados nos tratamentos com maior porcentagem de substrato orgânico comercial, valores esses acima de 19,48 cm.

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TABELA 2 – Comprimento do sistema radicular (CSR), relação comprimento parte aérea/diâmetro do caule-1 (RPADC) e a relação comprimento parte aérea/comprimento do sistema radicular (RPASR) de mudas de noni (Morinda citrifolia L.). Ilha Solteira/SP, 2016.

TRATAMENTOS CSR (cm) RPADC (cm/mm)

RPASR (cm/cm)

100% SO** 16,6300 B* 3,6479 A 1,0199 A 80% SO + 20% SC 11,8100 B 2,2490 B 1,0841 A 60% SO + 40% SC 19,4800 A 2,8984 B 0,6842 B 40% SO + 60% SC 22,2300 A 2,5417 B 0,5576 B 20% SO + 80% SC 23,6000 A 3,2790A 0,5372 B

100% SC 23,6000 A 3,0450 B 0,4170 B MÉDIAGERAL 28,5000 1,8815 0,7270

C.V. (%) 19,38 13,06 39,61 *Letras iguais maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo Teste de Scott-Knott a 5%

de probabilidade. Dados sem transformação. **SO = Solo; SC = Substrato orgânico comercial. Fonte: Elaboração do próprio autor, 2016.

Os resultados de comprimento da parte aérea e diâmetro do caule se

apresentaram maiores no tratamento 100% solo. Apesar de ter apresentado valor de significância inferior, o tratamento 80% SO + 20% SC é o mais eficiente, uma vez que Moraes et al., (2012) afirmam que quanto menor essa relação melhor será a qualidade das mudas. Entretanto, embora exista essa diferença comparativa entre as duas variáveis, o alto valor da relação comprimento da parte aérea pelo diâmetro do caule não pôde ser observado como estiolamento das plantas ou mudas de baixa qualidade.

Já para a relação comprimento da parte aérea/sistema radicular encontrou-se o melhor resultado no tratamento 80% SO + 20% SC (1,0841 cm/cm).

Conclusões

Os tratamentos compostos de 100% solo e 80% solo + 20% composto orgânico constituem os melhores substratos para o crescimento das mudas de noni (Morinda citrifolia L.)

Referências

BARROS, S. P. N.; MAIA, G. A.; BRITO, E. S.; NETO, M. A. S.; SOUSA, J. A. Caracterização físico-química da polpa de noni (Morinda citrifolia L.), Anais do 20º Congresso Brasileiro de Fruticultura, Vitória – ES, Centro de Convenções de Vitória, 2008.

FERREIRA, D. F., SISVAR: a computer statistical analysis system, Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.35, n.6, p. 1039-1042, 2011.

GOMES, J. M.; SILVA, A. R. Os substratos e sua influência na qualidade de mudas, BARBOSA, J. G. et al. Nutrição e adubação de plantas cultivadas em substratos - UFV, p.190-225, Viçosa – MG, 2004.

MORAES, W. W. C.; SUSIN, F.; VIVIAN, M. A.; ARAÚJO, M. M. Influência da irrigação no crescimento de mudas, Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, v. 32, n. 69, p. 23 – 28; 2012.

SMIDERLE, O. S.; MINAMI, K. Emergência e vigor de plântulas de goiabeira em diferentes substratos, Revista Científica Rural, v. 6, n. 1, p. 38-45, Bagé – RS, 2001.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Análise econômica da produção de tilápia (Oreochromis ssp)

na região de Santa Fé do Sul/SP

Jaqueline Cardoso Tofanelli(1)*, Omar Jorge Sabbag (2),

Emanoelle dos Santos Bezerra(3), Izabela Militão Garcia(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia. 3UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado. 4UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado.

Introdução

A aquicultura comercial brasileira tem se firmado como atividade econômica no cenário nacional de alimentos, sendo majoritariamente constituída por peixes provenientes da piscicultura (AGROSOFT BRASIL, 2011). Neste sentido, o cultivo de tilápias em tanques rede é a modalidade que mais vem se destacando (KUBITZA, 2007).

As principais vantagens do manejo de tilápias em tanques rede estão relacionadas à menor variação dos parâmetros físico-químicos da água durante a criação; maior facilidade de retirada dos peixes para venda; menor investimento inicial (60% a 70% menor do que viveiros escavados); facilidade de movimentação e relocação dos peixes; intensificação da produção; facilidade de observação dos peixes; redução do manuseio dos peixes e diminuição dos custos com tratamentos de doenças (FURLANETO; AYROSA, 2006).

Assim, a obtenção de um planejamento, controle dos custos e receitas torna-se de grande utilidade para os piscicultores, para que estes possam selecionar alternativas diferentes que garantam a rentabilidade do empreendimento, assim como avaliar as tecnologias de produção utilizadas (VILELA et al., 2013).

Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo analisar economicamente a produção de tilápias nas três fases de cultivo, em um estudo multicaso com produtores da região de Santa Fé do Sul/SP, de forma a efetuar os principais custos e indicadores de rentabilidade.

Material e métodos

O presente estudo foi realizado a partir do levantamento de informações junto a produtores de duas pisciculturas comerciais, localizadas nos municípios de Santa Clara D’Oeste (latitude, 20º 06’ 01” S, longitude, 50º 56’ 45” O), intitulada como produtor A e Nova Canaã Paulista (latitude, 20º 23’ 17” S, longitude, 50º 56’ 55” O), intitulada produtor B, localizados no extremo noroeste Paulista. A pesquisa foi conduzida por meio de comparação entre os produtores A e B durante o ano de 2016. Os tanques-rede utilizados por ambos os piscicultores possuem dimensão de 18 m³.

Para a realização do cálculo do custo de produção, foi utilizada uma estrutura do custo operacional de produção utilizada pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), descrito por Matsunaga et al. (1976), que compreendeu em Custo

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Operacional Efetivo (COE), relacionado aos gastos com insumos e mão de obra, bem como o Custo Operacional Total (COT), adicionando-se a depreciação linear.

Os principais indicadores de rentabilidade da produção foram analisados de acordo com Martin (1998), sendo definidos como: Receita Bruta, Lucro Operacional, Índice de Lucratividade e Ponto de Nivelamento (ou equilíbrio).

Resultados e discussão Com relação aos investimentos, o valor total gasto pelo produtor A para a

implantação e utilização da piscicultura foi de R$846.630,00 e para o produtor B, foi de R$507.206,00, considerando este com uma produção inferior de 18,4% relacionados à menor composição dos itens de capital fixo.

Com relação aos custos operacionais de produção (Tabela 1), a mão de obra necessária para o manejo do produtor A representou aproximadamente 23% do COE. Já para o produtor B, a mão de obra necessária para um ciclo de produção representou aproximadamente 36,8% do COE.

Tabela 1. Custo Operacional de Produção de tilápias em tanques-rede, produtores

A e B, região de Santa Fé do Sul/SP, 2016.

Itens Alevinos (produtor) Juvenis (produtor) Engorda (produtor)

(R$) A B A B A B

Mão de Obra 9.698,69 11.070,97 7.112,37 15.222,58 7.758,95 16.606,45

Ração 4.477,96 4.488,94 17.287,20 20.418,40 51.731,00 40.234,32

Alevinos 6.500,00 5.600,00 - - - -

Energia

Elétrica

750,00 146,70 550,00 201,67 600,00 220,00

Combustível 296,06 613,33 217,11 843,33 236,84 920,00

COE 21.722,71 21.919,94 25.166,68 36.685,98 60.326,79 57.980,77

COE/ciclo 107.216,16 116.586,69

Depreciação - - - - 5.799,54 4.666,79

COT/ciclo 113.015,70 121.253,48

Fonte: Dados de pesquisa.

De forma geral, as despesas com ração representaram em média mais de 60% do COT para ambos os produtores.

Com relação aos principais indicadores de rentabilidade (Tabela 2), o índice de lucratividade do produtor A foi de 5,72%, destacando-se que embora de forma limitada, houve rentabilidade favorável, superior em apenas 6% à produção de equilíbrio.

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Tabela 2. Indicadores de rentabilidade para os produtores A e B, região de Santa Fé do Sul/SP, 2016. Itens Produtor A (7 meses) Produtor B (10 meses)Produção de peixes (kg) 27.243 22.230

Preço de venda (R$ kg-1) 4,40 4,30

COT (R$ kg-1) 4,15 5,45

Receita Bruta (R$) 119.869,20 95.589,00

Lucro Operacional (R$) 6.853,50 -25.664,48

Índice de Lucratividade (%) 5,72 -26,85

Ponto de Equilíbrio (Kg) 25.685 28.198

Fonte: Dados de pesquisa.

Por outro lado, o produtor B apresentou prejuízos financeiros na produção, relacionados à genética do alevino e aumento do ciclo produtivo, apresentando resultado operacional negativo. Desta forma, para que este alcançasse um ponto de equilíbrio e não obtivesse perdas, sua produção deveria ser de superior em 26,85% à obtida.

Conclusões

O produtor A, apesar de apresentar baixa rentabilidade, apresentou um sistema mais rentável do que o produtor B.

Já o produtor B, apresentou perdas na produção, inviabilizando seu sistema de cultivo. Tais perdas foram relacionadas à qualidade inferior de um lote de peixes acompanhada por altas taxas de mortalidade.

Agradecimentos Ao Professor Omar Jorge Sabbag, pela orientação e apoio para que este

estudo fosse desenvolvido.

Referências AGROSOFT BRASIL. Oportunidades para o processamento de peixes de água doce. Disponível

em: <http://www.agrosoft.com/br/oportunidades-para-o-processamento-de-peixes-de-agua-doce/tecnologia>. Acesso em: 13 Nov. 2015.

FURLANETO, F. P. B.; AYROZA, D. M. M. R.; AYROZA, L. M. S. Custo e rentabilidade da produção de tilápia (Oreochromis spp.) em tanque-rede no médio Paranapanema, Estado de São Paulo, safra 2004/05. Informações Econômicas, SP, v.36, n.3, 2006.

KUBITZA, F. A produção de pescado no mundo e a aquicultura. Panorama da Aquicultura. Rio de Janeiro, mar/abr. 2007. p. 17.

MARTIN, N. B; SERRA, R; OLIVEIRA, M.D.M; ÂNGELO, J.A; OKAWA, Hl. Sistema “CUSTAGRI”: sistema integrado de custos agropecuários. São Paulo: IEA/SAA, 1997. p. 1-75.

MATSUNAGA, M; BEMELMANS, P.F; TOLEDO, P.E.N; DULLEY, R.D; OKAWA, H; PEDROSO, I.A. Metodologia de custo utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, v.23, n.1, p.123-39, 1976.

VILELA, M. C; ARAUJO, K.D; MACHADO, L.S; MACHADO, M.R.R. Análise da viabilidade econômico-financeira de projeto de piscicultura em tanques escavados. 2013. Disponível em: <http://www.custoseagronegocioonline.com.br/numero3v9/piscicultura.pdf>. Acesso em: 02 Nov. 2016.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Efeito de crioprotetores na viabilidade de embriões de Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 2000 (Teleostei:

Characidae)

João Vitor Cavalcante-Souza (1)*, Cristiane Bashiyo-Silva(2), Geovanna Carla Zacheo Coelho (3), Raphael Silva Costa(4), Rosicleire

Veríssimo-Silveira(5), Alexandre Ninhaus-Silveira(5)

1UNESP-FEIS, Curso de graduação em Ciências Biológicas, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO). Email: [email protected] 2UNESP-IBB, Curso de pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO) 3UNESP-FEIS, Curso de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO) 4UNESP-IBILCE, Doutor em Biologia Animal, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO) 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO)

Introdução

As metodologias atuais de criopreservação de embriões de peixes neotropicais, ainda são pouco efetivas, pois esbarram em problemas fisiológicos ligados a sensibilidade ao frio, aos crioprotetores (CPIs) e a baixa permeabilidade das membranas, levando a perda de sua integridade funcional e estrutural, após a aplicação dos processos de congelamento e descongelamento (NINHAUS-SILVEIRA et al., 2008). A técnica mais promissora para o congelamento de embriões de peixes é a vitrificação. Para tal, é necessário o uso de soluções com altas concentrações de CPIs, o que pode gerar danos aos embriões expostos, afetando o seu desenvolvimento normal (CABRITA et al., 2006). Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos crioprotetores na viabilidade de embriões de Astyanax altiparanae, para posteriores aplicações de técnicas de vitrificação.

Material e Métodos Para realização do experimento, reprodutores adultos e maduros de

Astyanax altiparanae, provenientes do plantel existente no Centro Nacional de Pesquisa Conservação dos Peixes Continentais (CEPTA/ICMBIO), Pirassununga, foram induzidos à desova aplicando dose única de 3 mg/Kg Ovopel® (fêmeas e machos). Após 8 a 12h, os embriões foram coletados e colocados em incubadoras até chegarem na fase embrionária de 20 somitos.

Toxicidade dos crioprotetores

Foram avaliados seis CPIs (Dimetil sulfóxido-DMSO; Dimetil acetamida-DMA; Dimetil formamida-DMF; Metanol-MET; Glicerol-GLI e Propileno glicol-PROP) nas concentrações de 1M, 2M, 3M, 4M, 5M e 6M, por uma exposição de 20 minutos. Cada tratamento foi inicializado pela permeabilização coriônica (Pronase-E 0,25mg/ml/10seg) (Figura 1). Após a exposição às SCPs, os embriões foram lavados em água corrente e acondicionados em incubadoras com fluxo continuo de água, para continuar seu desenvolvimento embrionário até a eclosão. Após as larvas foram fixadas em solução composta por de

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paraformaldeído 4%, glutaraldeído 2%, em tampão fosfato Sorensen 0,1 M, pH 7,2 (Karnovsky) e levadas Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO), do Departamento de Biologia e Zootecnia, UNESP, Campus de Ilha Solteira, para processamento e analise. Para determinar a taxa de eclosão das larvas e avaliar a viabilidade foi utilizado câmera Moticam 2500 (5.0M Pixel USB2.0, programa Motic Image Plus 2.0ML), sob microscopia de luz.

Figura 1. Esquema da metodologia utilizada para o teste de sensibilidade aos crioprotetores. Cada tratamento teve cinco repetições, contendo n=50 embriões em cada uma. Dimetil sulfóxido-DMSO; Dimetil acetamida-DMA; Dimetil formamida-DMF; Metanol-MET; Glicerol-GLI e Propileno glicol-PROP.

Análise estatística

Para avaliar o nível de interação entre as variáveis, foi utilizado o programa estatístico “R” aplicando inicialmente os testes de Bartlett e Shapiro-Wilk, para avaliar a homocedasticidade e normalidade dos dados. Como as premissas paramétricas não foram obtidas, os dados foram realizados através do teste de Kruskal Wallis.

Comitê de Ética

Os autores afirmam que todos os procedimentos que contribuem para este trabalho estão em conformidade com os Princípios Éticos de Experimentação Animal, protocolo nº. 02031.000032/2015-68 CEUA, aprovados pelo CONCEA, e aprovados pelo Comitê de Ética em Uso Animal (CEUA), Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Aquática Continental (CEPTA/ICMBIO), São Paulo, Brasil.

Resultados e discussão

Dentro das substâncias crioprotetoras avaliadas, DMA, DMF e GLI,

apresentaram-se tóxicos para os embriões de A. altiparanae, pois mesmo em osmolaridades baixas de 2M proporcionaram baixas taxas de eclosão (2,63±2,70%; 8,33±15,36% e 10,09±6,31%, respectivamente) (Figura 2). Os crioprotetores DMSO e MET, até a concentração de 3M (71,49±19,99% e 86,81±25,31%, respectivamente) proporcionaram taxas de eclosão de larvas viáveis acima de 50%, mas a partir de 4M sua toxicidade aumentou, produzindo uma queda nas taxas de eclosão e viabilidade larval. Por outro lado, PROP permitiu taxas de eclosão acima de 60% para todas concentrações testadas, entretanto a partir de 6M a viabilidade caiu a zero (Figura 2). Segundo Chao &

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Liao (2001), os efeitos tóxicos estão relacionados a permeabilidade do crioprotetor, ao tamanho de sua molécula e à sensibilidade da espécie ao crioprotetor (Chao e Liao, 2001).

Figura 2. Percentual da taxa de eclosão e a viabilidade dos embriões após exposição aos crioprotetores. Legenda: Dimetil sulfóxido-DMSO; Dimetil acetamida-DMA; Dimetil formamida-DMF; Metanol-MET; Glicerol-GLI e Propileno glicol-PROP. Barras com diferentes letras indicam diferença significativa (p<0,05), de acordo com teste de Kruskal Wallis.

Conclusões Conclui-se que, as soluções de propilenoglicol nas concentrações de 4 e

5M, apesar de estarem em alta concentração, propiciaram altas taxas de eclosão de larvas normais.

Referências

CABRITA, E., ROBLES, V., WALLACE, J.C., SARASQUETE, M.C. & HERRÁEZ, M.P. Preliminary studies on the cryopreservation of gilthead seabream (Sparus aurata) embryos. Aquaculture, v. 251, p.245–55, 2006.

CHAO, N. H.E LIAO, I. C. Cryopreservation of finfish and shellfish gametes and embryos. Aquaculture, v.197, p.161-189, 2001.

NINHAUS-SILVEIRA, A.; FORESTI, F.; AZEVEDO, A., CLAUDI, A. A., VERÍSSIMO-SILVEIRA, R. Cryogenic preservation of embryos of Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) (Characiforme; Prochilodontidae). Zygote, p. 1-11, 2008.

Agradecimentos Ao Centro Nacional de Pesquisa Conservação dos Peixes Continentais

(CEPTA / ICMBio) pela disponibilização das instalações e dos peixes, e a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) pelo suporte financeiro, processo nº 2015/10115-5.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

0

20

40

60

80

100

120

140

0102030405060708090100110120

DMA[1]

DMA[2]

DMA[3]

DMF[1]

DMF[2]

DMF[3]

DMSO

[1]

DMSO

[2]

DMSO

[3]

DMSO

[4]

DMSO

[5]

DMSO

[6]

GLI[1]

GLI[2]

GLI[3]

MET[1]

MET[2]

MET[3]

MET[4]

MET[5]

MET[6]

PROP[1]

PROP[2]

PROP[3]

PROP[4]

PROP[5]

PROP[6]

PER

CEN

TUAL DO Nº TO

TAL  DE 

VIABILIDADE DOS EM

BRIÕES (%)

PER

CEN

TUAL DE TA

XA DE EC

LOSÃ

O (%)

TAXA DE ECLOSÃO VIABILIDADE DOS EMBRIÕES

hij

ab ac 

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kl

abbcbcdcde

cdede effg

gh

hi

hi 

ij jkklkl 

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l

l

l

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Toxicidade da água da Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados – SP para o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia

Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro(1)*, Lucíola Guimarães

Ribeiro(2)

1UNESP-FEIS, Docente, Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulamentação de Recursos Hídricos - PROFÁGUA. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Mestranda, Curso de Pós-Graduação em Gestão e Regulamentação de Recursos Hídricos – PROFÁGUA.

Introdução

A qualidade da água de um manancial pode ser influenciada por diferentes processos, ou seja, qualquer impacto em uma bacia hidrográfica pode causar significativas alterações nas características físicas, químicas e biológicas da água. Essas características podem ser utilizadas para controle e monitoramento de atividades desenvolvidas em uma bacia hidrográfica (Margalef, 1994).

Metodologias tradicionais de monitoramento, baseadas em características físicas, químicas e bacteriológicas, não são suficientes para atender aos usos múltiplos da água, sendo deficientes na avaliação da qualidade ecológica do ambiente (Buss et al, 2003). Assim, é importante considerar a utilização de organismos aquáticos como bioindicadores na avaliação da qualidade da água.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade da água da Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados – SP por meio de ensaios de toxicidade para o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia.

Material e métodos

A área de estudo do presente trabalho é a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHI 18, que é formada pela Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados e está localizada no Noroeste do Estado de São Paulo.

Os dados referentes aos ensaios de toxicidade com C. dubia foram obtidos por meio do Relatório de Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo de 2015, elaborado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). Para avaliação da toxicidade da água da bacia de estudo para C. dubia, foram utilizados seis pontos de monitoramento (Tabela 1).

As coletas e ensaios de toxicidade foram realizados bimestralmente durante o ano de 2015. Os ensaios ecotoxicológicos foram realizados com amostras de água bruta para verificar a ocorrência de efeitos tóxicos agudos (sobrevivência) e crônicos (reprodução) no microcrustáceo de acordo a metodologia descrita na norma técnica da CETESB SQ PR/LB 088: 2015 (CETESB, 2015).

Foram utilizados os dados de toxicidade para C. dubia no período de 2010 a 2014 do Relatório de Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo de 2015 para comparar com os resultados de 2015 e avaliar se houve melhoria na qualidade da água da bacia.

Tabela 1- Descrição dos pontos de monitoramento na Bacia Hidrográfica do Rio

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São José dos Dourados – SP.

Pontos de monitoramento Código Latitude

(S) Longitud

e (W)Braço do Ribeirão da Ponte Pensa BPEN 02400 20°17’48’’ 50°55’28’’Reservatório de Ilha Solteira ISOL 02995 20°22’35’’ 51°22’30’’Braço do Rio São José do Dourados BJSDO 02900 20°25’58’’ 51°15’28’’Braço do Rio São José dos Dourados BSJDO 02200 20°33’11’’ 50°31’08’’Rio São José dos Dourados SJDO 02500 20°30’31’’ 50°31’08’’Rio São José dos Dourados SJDO 02150 20°43’02’’ 49°46’00’’

Fonte: Modificado de CETESB (2016).

Resultados e discussão Durante o monitoramento da qualidade da água da bacia, observou-se

que no ano de 2015 ocorreu uma melhoria da qualidade da água em relação ao período entre 2010 e 2014 no que se refere à toxicidade para C. dubia.

Apenas no Braço do Rio São José dos do Dourados (BSJDO 02900), localizado na ponte da rodovia dos Barrageiros entre os municípios de Ilha Solteira e Três Fronteiras, a qualidade da água piorou em relação aos 5 anos anteriores ( Tabela 2). Tabela 2 – Porcentagem de valores de amostras de água da Bacia do Rio São José dos Dourados - SP não conformes com os padrões de qualidade da água para o ano de 2015 e no período de 2010 a 2014.

Código dos pontos de

amostragem

Porcentagem de amostras tóxicas em

2015

Porcentagem de amostras tóxicas entre 2010 e 2014

BPEN 02400 0 50 ISOL 02995 0 25

BJSDO 02900 25 0 BSJDO 02200 0 0 SJDO 02500 0 50 SJDO 02150 0 25

As amostras consideradas tóxicas do BSJDO 02900 não apresentaram efeito tóxico agudo para o microcrustáceo, ou seja, não comprometeram a sobrevivência do organismo no período de 48 horas de exposição. No entanto, no período de exposição crônica (7 dias) a reprodução de C. dubia foi comprometida.

Conclusões

A qualidade da água da Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados melhorou no ano de 2015 em relação aos 5 anos anteriores e não compromete a vida aquática, pois não foi tóxica para o microcrustáceo C. dubia.

Referências

BUSS, D. F.; BAPTISTA, D. F.; NESSIMIAN, J. L. Bases conceituais para a aplicação de biomonitoramento em programas de avaliação da qualidade da água de rios. Caderno de Saúde Pública, 19: 465-473, 2003.

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. SQ PR/LB 088: ensaio

ecotoxicológico com Ceriodaphnia dubia – águas superficiais. São Paulo: CETESB, versão 15, 2015. 7 p.

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CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Relatório Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo – Parte 1 Águas Doces 2015. São Paulo: CETESB, 2016.

MARGALEF, R. The place of epicontinetal waters in global ecology. In: MARGALEF, R. Limnology

now: a paradigm of planetary problems. Amsterdam: Elsevier Science, 1994. p.1-8.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação

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A história do Projeto de Jardinagem no CERDIF

Kênia Maria Rezende Silva (1)*, Luana Grenge Rasteiro (2), Regina M. M. Castilho(3), Aline Redondo Martins(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Estudo em Morfologia e Anatomia Vegetal – LEMAV e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Estudo em Morfologia e Anatomia Vegetal – LEMAV. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia. 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudo em Morfologia e Anatomia Vegetal – LEMAV.

Introdução O projeto de Extensão “Jardinagem como Terapia Ocupacional na

Recuperação de Pacientes do Núcleo de Saúde Mental de Ilha Solteira” usa a horticultura e técnicas artesanais na finalidade de auxiliar o tratamento e recuperação de pacientes psiquiátricos e/ou dependentes químicos. Segundo Filipski (2005), a horticultura e a jardinagem podem ser aplicadas a pessoas dependentes de drogas ou álcool, portadoras de necessidades especiais de qualquer faixa etária ou pacientes que estão em tratamento de outras formas de doenças, influenciando, deste modo, positivamente na saúde emocional e comportamental dos mesmos. Sendo assim, além dos pacientes aprenderem técnicas de plantio, manutenção das plantas, preparo do solo, manuseio de ferramentas e construção dos canteiros, eles consequentemente trabalham a comunicação entre seus colegas e alunos participantes do projeto, podendo apresentar melhorias relacionadas a coordenação motora, responsabilidade e rotina no cuidado com a horta, além melhoria na autoestima e socialização.

O projeto vem sendo realizado desde março de 2008, com o acompanhamento de voluntários e bolsista do curso de Ciências Biológicas e Engenharia Agronômica da UNESP - FEIS, além do auxílio das funcionárias do Núcleo. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi analisar os resultados obtidos nos últimos anos de implementação do projeto, bem como o número de pacientes e alunos envolvidos e os benefícios para a comunidade.

Material e métodos

Para a realização da análise, foram utilizados materiais realizados por alunos que já foram participantes do projeto tais como: relatórios, cartilhas, produtos de pesquisa como Trabalho Conclusão de Curso, além de entrevistas feitas com a terapeuta ocupacional e psicóloga do Núcleo de Saúde Mental.

Resultados e discussão

O projeto ocorre há 9 anos, atendendo em média de 4 a 5 pacientes por semana. A participação discente gira em torno de 2 a 3 acadêmicos por ano letivo, obtendo-se, assim, um total aproximado de 74 pessoas envolvidas, desde alunos, usuários, terapeuta e psicóloga. Como produtos gerados, temos uma cartilha completa, dois relatórios finais, um resumo publicado, duas entrevistas e um Trabalho Conclusão de Curso.

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Atualmente, a horta tem como participantes 2 acadêmicas do curso de Ciências Biológicas e 3 pacientes fixos todas as semanas (além de pacientes eventuais). Na Figura 1 observa-se uma foto recentemente tirada da horta.

Figura 1- Horta atualmente instalada pelos alunos e pacientes no Núcleo de Saúde Mental de

Ilha Solteira.

De acordo com a psicóloga do centro de saúde mental, Inayá Weijenborg, o projeto pode ser visto como “um momento privilegiado de compartilhamento de conhecimento acadêmico e pessoal sobre os processos da natureza e os cuidados com a saúde”. Para a psicóloga, “o projeto proporciona a organização subjetiva e o enlaçamento social por meio de uma atividade que segue as diretrizes da saúde Coletiva”. Ela ressalta também a importância de manter essa parceria entre as políticas públicas de saúde mental e os princípios do ensino público.

Já a terapeuta ocupacional do núcleo de saúde, Emília Akiko Seki Sato, “a iniciativa é de suma importância para a interação social, reabilitação psicossocial e oportunidade de aprendizado favorecendo aos usuários uma melhoria no seu estado físico e mental”.

Conclusões

Por meio das análises feitas e entrevistas, conclui-se, que o projeto de extensão tanto contribui na melhora física e mental dos pacientes, quanto nas trocas de experiências e conhecimentos científicos. Diante disso, vale ressaltar a importância de se manter o projeto para que mais pessoas possam ser ajudadas ao longo dos anos.

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Agradecimentos Agradecemos o apoio da terapeuta ocupacional Emília Akiko Seki Sato e

da psicóloga Inayá Weijenborg, ambas do Centro de Saúde Mental, por nos fornecerem uma entrevista que foi essencial para o desenvolvimento do trabalho.

Referências

FILIPSKI, J. Hortiterapia. Disponível em: http://www.gardenforever.com. Acesso em: 30. mar. 2005.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Composição taxonômica de peixes de riachos do Leste Maranhense

Laicia Carneiro Leite(1)*, Alexandre Ninhaus Silveira (2), Luciane Gomes da

Silva(3), Fernanda Viana dos Santos(4), Jorge Luiz Silva Nunes(5)

1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, Laboratório de Ictiologia Neotropical, e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal 4Bióloga, Universidade Federal do Maranhão 5UFMA, Orientador do trabalho, Universidade Federal do Maranhão

Introdução

A região Neotropical possui uma das ictiofaunas de água doce mais diversificada do mundo (Reis et al., 2003). Grande parte dessa diversidade está presente em riachos que são ambientes caracterizados por espécies de peixes de pequeno porte e baixa capacidade de deslocamento (Gerhard, 2005). Apresentando assim, uma característica de isolamento geográfico, o que favorece o surgimento de inúmeras espécies de peixes. O alto grau de endemismo, o desconhecimento das espécies que vivem nestes habitats e a intensa ação antrópica que normalmente estes ambientes sofrem, propicia que o risco de perda da diversidade e alteração nas estruturas populacionais destas espécies de peixes seja muito elevado (Galves et al., 2009). Deste modo, pode-se considerar que os estudos que visam conhecer a ictiofauna destes ambientes são fundamentais, tanto pelo aumento do conhecimento da diversidade de peixes de água doce, como para a preservação destes frágeis ambientes que são os riachos. Deste modo, este trabalho teve por objetivo ampliar o conhecimento sobre ictiofauna de riachos do Leste Maranhense.

Material e métodos

Área de estudo O estudo foi realizado em oito riachos pertencentes à três bacias

hidrográficas do Estado do Maranhão, Brasil. Na bacia hidrográfica do Rio Munim foram estudados os riachos Canto Escuro (4°0'9.65''S e 43°34'48.87''W), Itamacaoca (3°44'30.94"S e 43°19'36.76"W), Prata (03°47'53.3''S e 43°12'26.3''W), Feio (3° 50'54.82''S e 43°17'35.32''W) e Repouso (3°46'15.62''S e 43° 20' 23.71''W). Na bacia hidrográfica do Rio Preguiças foram estudados os riachos Paulino Neves (02° 49' 26,2''S e 042° 32' 38,3''W) e Passagem do Canto (02° 50'45.2''S e 042°51'48.8''W). E da bacia hidrográfica do rio Parnaíba foi estudado apenas o riacho Vista Alegre (02° 46'04.3''S e 042°28'04.0''W) (Figura 1).

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Figura 1. Mapa da área de estudo, os oito riachos do Leste Maranhense.

Amostragem e análise de dados A captura dos animais foi realizada com petrechos de captura passiva, as

redes de espera de fio de nylon 0,20mm, o covo que são armadilhas cilíndricas feitos de talo de palmeira e cipó com 80 cm de altura por 50 cm de diâmetro, e por captura ativa que foram peneiras e puçás que são montadas em uma armação de metal com haste.

As amostras coletadas foram colocadas no formol a 10% ainda em campo depois transferidas para álcool 70%. Posteriormente as espécies foram identificadas no Laboratório de Organismos Aquáticos da Universidade Federal do Maranhão, seguindo-se a descrição morfológica dos espécimes presentes em livros, artigos, dissertações e teses correspondentes à cada grupo de peixes encontrados e por consulta à base de dados Fishbase. Após a identificação das espécies foi criada uma lista taxonômica das principais espécies encontrados nos riachos, sendo realizada também uma análise de riqueza das famílias através do programa Excel.

Resultados e discussão

Foram registradas 58 espécies pertencentes a cinco ordens e 10 famílias. A ordem Characiformes foi a mais representativa com 59% das espécies observadas, seguida pela ordem Siluriformes com 12%, Perciformes com 10%, Cyprinodontiformes com 9% e a ordem Gymnotiformes 3%. A predominância da ordem Characiformes em relação às demais ordens é um padrão geral observado para os ambientes lóticos, principalmente os ambientes de águas continentais sul-americanos (Casatti, 2005; Maccari & Melo, 2014).

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Em relação as famílias a Characidae foi a mais especiosa com 22 espécies, seguida por Cichlidae com cinco espécies e Loricariidae e Poeciliidae ambas com três espécies. Sendo que a maior abundância de caracídeos é um padrão também comum nos riachos neotropicais (Godoi, 2008).

Na comparação entre os riachos o Canto Escuro e Prata, foram os que apresentaram maior diversidade de famílias, sendo que as famílias Characidae, Lebiasinidae e Ciclidae foram as que ocorrerão em todos os riachos. A ocorrência das famílias Characidae, Lebiasinidae e Ciclidae em todos os riachos é explicada por estas apresentarem uma ampla distribuição, sendo que a maior abundância de caracídeos é um padrão também comum nos riachos neotropicais (Godoi, 2008).

Dentre as espécies mais encontradas destacam-se Astyanax bimaculatus, Hemigramus sp., Pristella maxillares, Characidium sp., Bryconops caudomaculatus e Hoplias malabaricus, pertencente à ordem Characiformes e, Crenicichla menezesi, Apistogramma piauiensis da ordem Perciformes e, Eigenmannia virescens, Pimelodella cristata, Poecilia vivipara pertencentes a ordem Gymnotiformes, Siluriformes e Cyprinodontiformes respectivamente.

No estudo também foram encontradas espécies endêmicas, que foram encontradas em riachos específicos como Corydoras julii, Roeboexodon guyanensis no riacho Feio, Brachyhypopomus bebei, no riacho Passagem do Canto e Awaous tajasica e Hemigrammus ocellifer encontradas apenas no riacho Vista Alegre. A restrição dessas espécies provavelmente é em decorrência destes riachos serem de bacias hidrográficas diferentes, sendo resultado de isolamentos que restringem a dispersão, além das mudanças e adaptações a fatores físicos e químicos, que limitam a distribuição (Matos, 2011).

Conclusões

Podemos concluir que os riachos da região leste do Maranhão seguem os padrões gerais de abundância da ordem Characiformes, com a predominância de espécies de pequeno porte.

Referências

REIS, R. E.; KULLANDER, S. O.; FERRARIS JR, C. Check list of the freshwater fishes of South and

Central America. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. GERHARD, P. Comunidades de peixes de riachos em função da paisagem da bacia do Rio

Corumbataí, Estado de São Paulo. Piracicaba, Universidade de São Paulo, 2005. 241p. (Dissertação de doutorado).

GALVES, W.; SHIBATTA, O. A.; JEREP, F. C. Estudos sobre diversidade de peixes da bacia do alto rio Paraná: uma revisão histórica. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, 2009. v. 30, n. 2, p. 141-154.

CASATTI, L. Fish assemblage structure in a first order stream, Southeastern Brazil: longitudinal distribution, seasonality, and microhabitat diversity. Biota Neotropica, 2005. v. 5 (n1).

MACCARI, A.; Melo, C. E. Ocorrência e distribuição de peixes em um córrego de cerrado na vertente norte da Serra Azul, Nova Xavantina-MT. Revista eletrônica interdisciplinar, 2014. v. 1, p. 45-50.

GODOI, D. S. Diversidade e hábitos alimentares de peixes de afluentes do rio teles pires, drenagem do Rio Tapajós, bacia Amazônica. Jaboticabal, Universidade Estadual Paulista, 2008. (Tese de doutorado).

MATOS, P. R. Ecologia de peixes de córregos em duas bacias hidrográficas, Bacia do Rio das Mortes e Bacia do Xingu – MT, Brasil. Nova Xavantina, Universidade Federal de Mato Grosso. 2011. (Dissertação de mestrado).

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação/Biologia

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Emissão de co2 do solo em áreas de floresta plantada no cerrado- MS

Laís de Souza Teixeira1*; Maria Elisa Vicentini2; Carla Regina Pinotti3;

Welinton Yoshio Hirai4; Rafael Montanari5; Alan Rodrigo Panosso6

1Aluna de graduação em Ciências Biológicas da UNESP de Ilha Solteira - Departamento de Matemática - [email protected] 2Aluna de pós-graduação em Agronomia da UNESP de Jaboticabal 3Aluna de pós-graduação em Agronomia da UNESP de Ilha Solteira 4Aluno de pós-graduação em Estatística e Experimentação Agronômica da ESALQ/USP de Piracicaba 5Professor Dr. do Departamento de Fitossanidade Rural e Solos – FEIS/UNESP 6Professor Dr. do Departamento de Matemática – FEIS/UNESP

Introdução Segundo o relatório do painel Intergovernamental sobre Mudança do clima

- (IPCC 2013), a agricultura, o desmatamento, as atividades agropecuárias entre outro uso da terra, são responsáveis por um quarto do total de emissões de gases do efeito estufa (GEE) para atmosfera (~10-12 Gt CO2 eq ano-1), uma vez que, o manejo inadequado do solo pode levar a um rápido declínio dos estoques de carbono, colaborando para o aumento das emissões de CO2 (LAL, 2005). Uma das maneiras de auxiliar na mitigação das altas taxas de GEE para atmosfera é por meio do reflorestamento, dado que, o cultivo de florestas, principalmente nas regiões tropicais, tem sido eficiente no sequestro de carbono em razão do acúmulo deste na madeira e aumento do estoque no solo (PULROLNIK et al., 2009). O objetivo desse trabalho foi caracterizar os padrões temporais de emissão de CO2 solo em áreas de florestas plantadas de eucalipto, pinus e mata ciliar reflorestada no cerrado do Mato Grosso do Sul.

Material e métodos O estudo foi conduzido em três áreas de florestas plantadas sendo estas:

eucalipto (EU), pinus (PI) e mata ciliar reflorestada (MA), situadas na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia Câmpus de Ilha Solteira (UNESP), localizada no município de Selvíria -MS, à margem direita do rio Paraná, com coordenadas 20º 21’ 64” de latitude Sul e 51º 23’ 64’’ de longitude Oeste, com 331 m acima do nível do mar. Nas três áreas avaliadas a determinação da emissão de CO2 (FCO2), temperatura (Ts), umidade (Us) e captura de O2 do solo (EO2), foram realizadas no período de novembro de 2015 a maio de 2016, totalizando 20 dias avaliações por área estudada. As avaliações ocorreram uma vez por semana sempre no pelo período da manhã. A emissão de CO2 do solo (FCO2) foi registrada por meio de câmera de fluxo LI-8100 (LI-COR Bioscience, Nebraska, EUA). A temperatura do solo (Ts) e a umidade do solo (Us) foram avaliadas em todos os pontos estudados, com auxílio do sensor de temperatura do sistema ao LI-8100 e de umidade determinada por meio de um equipamento de TDR (Time Domain Reflectometry Hydrosense TM, Campbell Scientific, Austrália); A determinação da captura de O2 (EO2) realizada por meio de um sensor portátil UV Flux no ambiente a níveis de 0-25%. (CO2Meter, Inc). As variáveis foram analisadas por medidas repetidas no tempo,

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por meio de modelos mistos. Os dados foram avaliados pelo procedimento PROC MIXED do SAS (SAS versão 9.3, SAS instituto, Cary, NC, EUA). As análises de variância e de correlação linear entre as variáveis foram realizadas, utilizando o sistema SAS (SAS versão 9.1, SAS instituto, Cary, NC, EUA).

Resultados e discussão As médias de emissão de CO2 do solo nas áreas estudadas EU, MA, PI,

foram de 5,61; 5,53 e de 4,06 μmol m-2 s-1, respectivamente (Tabela 1 e Figura 1). A emissão do CO2 em PI foi menor (p<0,05) e diferenciou-se estatisticamente das demais. Os valores médios de Ts e Us no EU foram de 26,52 ºC e 10,66% respectivamente, na MA a média de Ts foi de 25,76 ºC e Us 15,62%, diferenciando-se estatisticamente (p< 0,05) das demais medidas de Us e Ts em PI com 26,00 ºC e Us 11,56%, respectivamente.

Tabela 1. Estatística descritiva da emissão de CO2 do solo, absorção de O2 do solo, temperatura e umidade, nas três áreas de experimento em Selviria- MS.

Área Média Mediana DP CV(%) Coef. Ass. Coef. Curt.

Emissão de CO2 (µmol m-2 s-1)Eucalipto 5,61 a 5,365 2,121 37,809 0,71 0,42 Mata Ciliar 5,53 a 5,140 1,848 33,438 0,876 1,00 Pinus 4,06 b 3,850 1,553 38,255 0,837 0,90 Absorção de O2 do solo (mg m-2 s-1)Eucalipto 0,37 a 0,266 0,315 86,013 0,833 6,03 Mata Ciliar 0,34 a 0,254 0,32 93,254 1,049 10,51 Pinus 0,37 a 0,259 0,325 87,818 0,726 4,30 Temperatura do solo (oC)Eucalipto 26,52 a 26,5 1,018 3,839 -1,073 2,64 Mata Ciliar 25,76 a 25,9 1,322 5,13 -1,628 3,45 Pinus 26,00 a 26,3 1,297 4,988 -1,321 1,71 Umidade do solo (%)Eucalipto 10,66 a 10 4,397 41,216 0,993 1,06 Mata Ciliar 15,62 b 15 5,221 33,427 0,416 -0,68 Pinus 11,56 a 11 3,811 32,949 0,231 0,07

1Desvio Padrão (DP); Coeficiente de Variação (CV); Coeficiente de Assimetria (Coef. Ass.); Coeficiente de Curtose (Coef. Curt).

Por meio dos coeficientes de correlação linear de Pearson entre os

atributos estudados, indicou-se que em EU a variável FCO2 apresentou correlações significativas com EO2 (r = 0, 12; p < 0,05) e Us (r=0,31; p < 0,05), consideradas fracas. Em MA não foi observada correlação significativa entre FCO2 e EO2 (p>0,05), no entanto, FCO2 apresentou forte correlação com as variáveis Us e Ts, (r=0,44 p= < 0,05) e (0,63, p= < 0,05) respectivamente. Os mesmos resultados foram observados em PI, com valores de correlações significativas e altas somente entre FCO2 e os atributos Ts (r=0,40; p < 0,05), e Us (r=-0,42; p < 0,05), apresentando correlações positivas e negativas respectivamente. O FCO2 e EO2 se correlacionaram em EU (r=0,12; p< 0,05) correlação fraca, não foi observado relação entre eles tais variáveis nas áreas MA e PI. Também, correlacionou com Us (r=0,32; p< 0,05) e inversamente com Ts (r=-0,60; p< 0,05).

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Figura 1. Variabilidade temporal da emissão de CO2 (a), absorção de O2 (b), temperatura (c) e umidade do solo (d) nas áreas de estudadas.

Conclusões

A Floresta de pinus no Cerrado apresentou os menores valores de emissão total de 7.973,59 kg ha-1 de CO2 do solo, enquanto a floresta de eucalipto uma emissão de 11.266,5 kg ha-1 e mata ciliar 10.995,84 kg ha-1. A menor emissão de CO2 do solo na área de pinus ocorreu devido à constituição da serapilheira, formada por cadeias de ligninas de difícil degradação para os microrganismos do solo. A absorção de oxigênio foi igual nos três sistemas florestais, não sendo observadas diferenças significativas.

Agradecimentos

Agradecemos à FAPESP e ao CNPq pelo apoio financeiro ao projeto por meio de auxílio a pesquisa e bolsa de estudos de iniciação científica.

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Referências IPCC Climate Change 2013: The Physical Science Basis, Intergovernmental Panel on Climate Change. New York: Cambridge University Press, 2013. p. 1535. LAL, R. Soil carbon sequestration for sustaining agricultural production and improving the environment with particular reference to Brazil. Journal of Sustainable Agriculture, v. 26, n. 4, p. 23-42, 2005. PULROLNIK, K.; BARROS, N. F. D.; SILVA, I. R.; NOVAIS, R. F.; BRANDANI, C. B. Estoques de carbono e nitrogênio em frações lábeis e estáveis da matéria orgânica de solos sob eucalipto, pastagem e cerrado no Vale do Jequitinhonha - MG. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 33, n., p. 1125-1136, 2009.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Oogênese em Gymnocorymbus ternetzi (Boulenger, 1895) (Characiformes: Characidae).

Laís Pedroso Borges(1)*, Cristiane Bashiyo-Silva(2), Amanda Pereira

dos Santos Silva(2), Caio de Souza Capuzzo(3), Rosicleire Veríssimo-Silveira(4), Alexandre Ninhaus-Silveira(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO). e-mail: [email protected] 2UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO) 3UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO). 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO)

Introdução

A análise histológica das gônadas durante o ciclo reprodutivo dos peixes, permite estabelecer as fases do desenvolvimento gonadal, baseado em como a oogênese da espécie se processa, permitindo estabelecer como o ciclo reprodutivo da espécie se desenvolve, além fornecer dados que permitirão determinar o estado funcional das gônadas e o tipo de desova (Selman et al.,1989; Lima, 1991; Ishiba et al., 2010). Além de sua aplicação em estudos biotecnológicos para a conservação da espécies. Deste modo, este estudo teve como objetivo caracterizar morfologicamente a oogênese de Gymnocorymbus ternetzi.

Material e métodos

Para realização do experimento, aproximadamente 300 adultos de Gymnocorymbus ternetzi foram alocados em aquários de 30L no Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO) - UNESP Ilha Solteira. E alimentados com ração convencional (Nutreco Fri-Aqua Onívoros Engorda- 35 g/kg de extrato etéreo). Coleta das gônadas e processamento para microscopia de luz

Por um período de seis meses (abril à setembro), mensalmente cinco peixes foram coletados aleatoriamente do aquário, anestesiados com solução de benzocaína (0,1 mg.kg -1). A seguir, foi realizada uma incisão na região ventral do animal, no sentido antero-posterior expondo toda a cavidade abdominal para retirada da gônada. As amostras foram fixadas em solução de paraformaldeído a 4% e glutaraldeído a 2% em tampão fosfato Sorensen 0,1 M pH 7,2 (Karnovsky), “over night”. Depois de fixado, o material foi desidratado em série alcoólica crescente e incluídos em metacrilato glicol (Historesina Leica). Para a confecção das lâminas histológicas, o material foi submetido a cortes de 3 e 5μm de espessura, obtidos em um micrótomo equipado com navalha de vidro LEICA RM 2245; sendo posteriormente corados com Hematoxilina/Eosina. Toda analise histológica foi realizada em um Microscópio óptico Zeiss Axio Scope A1 e fotografadas com máquina fotográfica Axiocam MRc5.

Resultados e discussão

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No ovário de Gymnocorymbus ternetzi foi observado no epitélio germinativo as células primordiais do processo de oogênese, as oogônias, que entram em meiose tornando-se oócitos profásicos dentro de cistos germinativos (Figura 1A,B). O epitélio germinativo provém de lamelas ovulígeras emitidas de septos da túnica albugínea, que reveste o ovário externamente (Santos-Silva et al., 2015). Seguindo o desenvolvimento do oócito, no crescimento primário, oócitos pré vitelogênicos são observados, apresentando citoplasma basófilo, nucléolos na região perinucleolar e camada folicular pavimentosa (Figura 1B,D,H). E posteriormente, ocorre o surgimento da zona radiata bem fina e deposição de alvéolos corticais na periferia (Figura 1C).

Após isso inicia o crescimento secundário, caracterizado pela deposição de pequenos grânulos de vitelo no citoplasma do oócito, na região periférica junto com os alvéolos corticais (Figura 1D) e posteriormente por todo o citoplasma, camada folicular cuboide e espessamento da zona radiata (Figura 1E, F,G). Este tipo de incorporação do vitelo da periferia para o núcleo é observado em outras espécies como Laetacara araguaia (Santos-Silva et al., 2015), Hoplias malabaricus e Surubum lima (Quagio-Grassiotto et al, 2013), já em L. Araguaia o vitelo fica misturado com os alvéolos corticais (Santos-Silva et al., 2015). Na fase de maduro, o oócito apresenta todo o citoplasma preenchido por vitelo, complexo folicular bem desenvolvido e migração da vesícula germinativa em direção à micrópila (Figura 1G).

Quando esses oócitos maduros são liberados na luz do ovário, só é oocitado a região da zona radiata, vitelo e grânulos corticais. O restante, camada da teca e folicular formam o folículo pós-ovulatório (Figura 1H). Oócitos atrésicos (Figura 1I) são caracterizados pela presença de grânulos de vitelo, vasos sanguíneos e células foliculares em degeneração. Com base na descrição dos estágios do desenvolvimento oocitário é possível fazer a classificação das fases reprodutivas das fêmeas (Brown-Peterson et al., 2011). E posteriormente sendo aplicado como ferramenta para descobrir o ciclo reprodutivo da espécie em estudo.

Conclusão

Após análise histológica pode-se concluir que oogênese de G. ternetzi apresentou um desenvolvimento oocitário semelhante a outras espécies de peixes neotropicais.

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Figura 1. Fases da oogênese:- Crescimento Primário: A,B- Oogônia, Cisto germinativo de oócitos profásicos e Oócito pré-vitelogênico; C - Oócito alvéolo cortical. Crescimento Secundário: D,E- Oócito em vitelogenese inicial; F- Oócito em vitelogenese final; G – Oócito Maduro; H- Folículo pós- ovulatório; I - Oócito atrésico. Legendas: n - núcleo; ac - alvéolo cortical; gv - grânulos de vitelo; zr - zona radiata; f - camada folicular; m - micrópila; pv - pré vitelogênico; og – oogônia; cg – cisto germinativo; oa – oócito atrésico; fpo – folículo pós- ovulatório.

Referências

BROWN-PETERSON, N. J.; WYANSKI, D. M.; SABORIDO-REY, F.; MACEWICZ, B. J.; LOWERRE-BARBIERI, S. K. A standardized terminology for describing reproductive development in fishes. Marine and Coastal Fisheries: Dynamics, Management, and Ecosystem Science, Bethesda, v. 3, n. 1, p. 52–70, 2011.

LIMA, R. V. A.; BERNARDINO, G.; VAL-SELLA, M. V.; FAVA-DE-MORAES, F.; BORELLA, M. I. Boletim técnico, Pirassununga, v. 4, n. 1, p. 1-46, jan/jun, 1991.

ISHIBA, R.; QUAGIO-GRASSIOTTO, I.; FRANÇA, G. F., Aspectos estruturais do desenvolvimento gonadal e relação gonadossomática de machos e fêmeas ao longo do ciclo reprodutivo anual em Gymnotus carapo cf. carapo (teleostei: gymnotiformes: gymnotidae). In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA-CIC, 21., 2010, Botucatu.. Anais... Botucatu: UNESP, 2010. p. 1-10.

SANTOS-SILVA, AMANDA PEREIRA; DE SIQUEIRA-SILVA, DIOGENES HENRIQUE; NINHAUS-SILVEIRA, ALEXANDRE; VERISSIMO-SILVEIRA, ROSICLEIRE. Oogenesis in Laetacara araguaiae (Ottoni and Costa, 2009) (Labriformes: Cichlidae). ZYGOTE, v. 24, n. 4, p. 502-510, AUG 2016.

SELMAN, K.; WALLACE, R. A. Cellular aspects of oocyte growth in teleosts. Zoological Science, Tokyo, v. 6, p. 211–231, 1989. JALABERT, B. Particularities of reproduction and oogenesis in teleost fish compared to mammals. Reproduction, nutrition, development, v. 45, n. 3, p. 261–79, 2005.

QUAGIO-GRASSIOTTO, I.; GRIER, H. J.; MAZZONI T. S.; NÓBREGA R. H.; AMORIM, J. P. Activity of the ovarian germinal epithelium in the freshwater catfish, Pimelodus maculatus (Teleostei: Ostariophysi: Siluriformes): germline cysts, follicle formation and oocyte development. Journal of Morphology, Chichester, v. 8, p. 290–306, 2011.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Otimização amostral da granulometria do solo para cultura do sorgo no Mato Grosso do Sul

Larissa de Oliveira Rezende(1)*, Rafael Montanari (2), Renan Francisco

Rimoldi Tavanti(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado – email: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos – email: [email protected] 3UNESP-FEIS, Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Doutorado – email: [email protected]

Introdução

As estratégias de amostragem são importantes para mapear a variabilidade espacial dos solos, pois só a partir de sua modelagem é possível gerar mapas mais consistentes e com precisão. Assim, o estudo dos aspectos da amostragem do solo, a fim de subsidiar a tomada de decisão para a utilização e recomendação destas técnicas em ambientes distintos tem sido preocupação constante dos pesquisadores (GROENIGEN et al., 1999; LARK, 2000). A eficácia das estratégias de amostragem do solo pode ser aumentada com a incorporação de um modelo de variabilidade espacial. Portanto, o perfil de solo, quanto sua textura e granulometria, pode ser de extrema importância na definição de esquemas de amostragem, bem como na definição de zonas de manejo físico e químico do solo. Esta premissa pode ser aplicada às técnicas de simulação de resultados (GROENIGEN et al., 1999), possibilitando a otimização do número de amostras e transferência de informação para ambientes similares.

A geoestatística tem a finalidade de identificar as variáveis dependentes entre planta e solo e que apresentam variabilidade espacial, podendo influenciar na tomada de decisão quanto às práticas de manejo do solo e da cultura, contribuindo para melhores resultados na produtividade e melhora na qualidade do solo.

O objetivo deste trabalho foi utilizar as texturas do solo como critério auxiliar à otimização do esquema amostral na estimação da granulometria dos solos, em áreas sob cultivo de sorgo em Mato Grosso do Sul.

Material e métodos O estudo foi conduzido no ano agrícola 2011/2012 em área de produção

da fazenda Bodoquena, pertencente ao Grupo Votorantim, localizada no município de Miranda, MS, Brasil, situada nas coordenadas geográficas (UTM) 520.070 N e 7.795.19 3E, altitude média de 111,0 m. O clima da região, segundo Köppen (1931), é tropical subúmido do tipo Aw, com estações bem-definidas, sendo chuvosa no verão e seca no inverno, e precipitação pluvial anual variando entre 800 e 1.200 mm (EMBRAPA2013).

Atributos do solo O solo onde a malha geoestatística foi instalada é um Planossolo

Hidromórfico, de textura média e relevo levemente ondulado (EMBRAPA, 2013). As amostragens dos atributos da cultura do sorgo e do solo foram realizadas de

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maneira aleatória, contendo 51 pontos amostrais com espaçamento irregular, numa área de 610.000 m2. As coordenadas em UTM foram obtidas por meio do uso de um receptor GPS etrex. As coletas de solo foram realizadas nas entrelinhas de cultivo para as camadas 1 (0,00-0,10 m) e 2 (0,10-0,20 m), determinando-se a granulometria do solo (areia, silte e argila). Para definir a granulométrica do solo, foi utilizado o método da pipeta, encontrando a fração correspondente de areia, silte e argila. Pesaram-se as amostras de areia, em balança semianalítica, e as de argila, em balança analítica, para determinar o teor de cada atributo, determinadas conforme Embrapa (2013). Análise estatística e geoestatística

A análise estatística inicial foi realizada pelo programa computacional SAS (Schlotzhaver e Littell, 1997). Assim, foram realizados os cálculos de média, moda, mediana, máximo, mínimo, desvio-padrão, coeficiente de variação, curtose e de assimetria para as texturas do solo quanto a sua granulometria. Além disso, foi realizado o teste Shapiro e Wilk (1965), significativos a 1 e 5 %, com a observação dos tipos de distribuição de frequência (normalidade – NO; tendendo à normalidade – TN; e indeterminados – IN).

Otimização de dados pela fórmula de Cline A otimização dos atributos granulométricos do solo foi obtida por meio de cálculo

em planilhas do Excel utilizando a fórmula de Cline (CLINE, 1944) .

%,

onde o resultado de n será o número ideal de amostragem, tx é distribuição do teste t de Studet, CV é o coeficiente de variação e D% é a porcentagem de variação em torno da média (5%). Essa equação permite calcular o número ideal de amostras e estabelecer o grid ideal de amostragem. Para a otimização da granumoletria do solo foi realizado a simulação de acordo com o valor de referência pela tabela de distribuição t de Studet 95% com distribuição bicaudal de 100 e 200 pontos, afim de comparar e obter o número de amostras ideais.

Resultados e discussão Para Shatar e McBratney (1999), uma das principais causas da variação

na produtividade de sorgo é a umidade do solo, influenciada pelo teor de argila e matéria orgânica do solo.

As variáveis areia1, areia2, silte1, silte2, argila1, argila2, com intervalos baixos a médios, como encontrado por outros autores (CAMPOS et al., 2013) em outras classes de solo, demonstrando que essas variáveis variam pouco espacialmente, podendo ser observadas as variações na tabela 1. Por meio da distribuição de frequência, pôde-se visualizar o comportamento das variáveis em estudo, utilizando a média como a medida mais adequada para explicar a normalidade, evidenciando que as variáveis areia1, areia2, silte1, silte2, argila1, argila2 possuem assimetrias dos atributos NO, quando positivas, ficaram estabelecidas de 0,023 a 0,646 e a curtose de 0,074 a 1,643; quando negativas de -0,036 a -0,412 e -0,058 a -0,538.

Nas camadas avaliadas de 0,00-0,10 e 0,10-0,20 m para areia, silte e argila, observou-se baixa diferença entre as duas faixas amostradas. Assim, as condições granulométricas encontradas foram as seguintes: argila 245 > 240 g kg-1, areia 361 > 359 g kg-1 e silte 395 < 400 g kg-1, como pode-se observar na tabela 1.

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Tabela 1 - Valores médios, mínimos, máximos, coeficiente de variação (CV) e número mínimo de amostras necessários para manejo do solo.

Textura

Estatística

Fórmula de Cline

Média Mínimo Máximo CV% DF(a) 100 p(b) 200 pAreia1 (g kg-1) 361

250 455 12,4 NO 24 24 Areia2 (g kg-1) 359 250 441 11,7 NO 22 21Silte1 (g kg-1) 395 250 525 12,0 NO 23 22Silte2 (g kg-1) 400 250 499 11,6 NO 21 21Argila1 (g kg-1) 245 250 400 19,0 NO 57 55Argila2 (g kg-1) 240 250 400 20,0 NO 63 61

(a) DF= distribuição de frequência (sendo NO = normal); (b) p = nº de pontos calculados pela fórmula de cline

Conclusões A partir de uma malha prévia (malha inicial) para análise da variabilidade

espacial dos atributos granulométricos do solo, é possível para num segundo estudo (2º ano) destes mesmos atributos na mesma área otimizar o número ideal de amostras para caracterizar a real variabilidade espacial, reduzindo assim o número de amostras a ser coletada.

Referências

CAMPOS M.C.C, SOARES M.D.R, OLIVEIRA I.A, SANTOS L.A.C, AQUINO R.E. Spatial variability of physical attributes in Alfissol under agroforestry, Humaitá region, Amozonas state, Brazil. R Ci Agron. 2013;56:149-59. CLINE, M.G. Principles of soil sampling. Soil Science, Baltimore, v.58, n.2, p.275-288, 1944. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Pesquisa de Solos; 2013. GROENIGEN, van J.W. et al. Contrained optmisation of soil sampling for minimisation of the kriging variance. Geoderma, Amsterdam, v.87, n.3-4, p.239-259, 1999.. KÖPPEN W. Climatologia. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica; 1931. LARK, R.M. Designing grids from imprecise information on soil variability, an approach based on the fuzzy kriging variance. Geoderma, Amsterdam, v.98, n.1-2, p.35-39, 2000. SHAPIRO S.S, Wilk M.B. An analysis of variance test for normality: Complete samples. Biometrika. 1965;52:591-611. SHATAR T.M, MCBRATNEY A.B. Empirical modeling of relationships between sorghum yield and soil properties. Prec Agric. 1999;1:125-52. SCHLOTZHAVER S.D, LITTELL R.C. SAS system for elementary statistical analysis. 2a ed. Cary: Statistical Analysis Systems; 1997.

Nível e área do trabalho: Graduação/Biologia – Bacharelado.

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Inventário florístico de Bignoniaceae em áreas de vegetação nativa no Mato Grosso do Sul.

Larissa Natiele da Silva(1)*, Andrezza Santos Flores(2), Andréia Alves

Rezende(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Herbário de Ilha Solteira (HISA) e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Herbário de Ilha Solteira (HISA). 3UNESP-FEIS, Docente. Departamento de Biologia e Zootecnia, Herbário de Ilha Solteira (HISA).

Introdução

Bignoniaceae é representada por 08 tribos (Olmstead et al., 2009), sendo que no Brasil são reconhecidos 33 gêneros e 407 espécies, sendo 193 endêmicas. No Estado do Mato Grosso do Sul são reconhecidas 24 gêneros e 62 espécies (Lohmann, 2016), o que representa apenas 15% das espécies de Bignoniaceae.

A região onde o trabalho foi desenvolvido, Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FEIS/UNESP), localizada no município de Selvíria, MS, apresenta um alto grau de ameaça, pois a região vem sendo submetida a uma elevada atividade agropastoril. Sendo assim faz se necessário uma investigação científica em forma de inventário, uma vez que poucas são as informações científicas nesta região.

Além da necessidade do reconhecimento das espécies de uma determinada área, também é importante desenvolver ferramentas para a identificação das espécies. Desta maneira a elaboração de chaves de identificação baseadas em caracteres morfológicos vegetativos são relevantes para os estudos de longo prazo, pois as pesquisas em diferentes áreas do conhecimento utilizam as informações geradas por tais estudos florísticos (Eltink et al., 2011). Portanto, ao disponibilizar uma chave de identificação baseada em caracteres vegetativos das espécies de Bignoniaceae na FEPE, possibilitará a identificação das mesmas em qualquer período do ano, reduzindo assim a necessidade de coleta de material em período fértil, podendo auxiliar em estudos em diversas áreas.

Assim sendo, o objetivo desse trabalho foi inventariar as espécies de Bignoniaceae nas áreas de vegetação nativa da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE), localizada no município de Selvíria, MS, levantar seu grau de ameaça e elaborar uma chave de identificação com base em caracteres vegetativos para as espécies amostradas. 

Material e métodos - Área de estudo Este estudo foi realizado em três áreas de vegetação nativa, na Fazenda

de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FEIS/UNESP), localizada no município de Selvíria, no estado do Mato Grosso

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do Sul, Brasil (20º19’ – 20º24’ S e 51º24’ – 51º23’ W), a margem esquerda do Rio Paraná, na divisa com o Estado de São Paulo.

- Coleta de dados Para inventariar as espécies de Bignoniaceae da FEPE foram realizadas

coletas quinzenais no período de seis meses. Foram percorridas trilhas na borda e no interior da área de estudo, visando à coleta de espécimes em fase reprodutiva e/ou vegetativa. Os espécimes foram coletados e herborizados segundo técnicas usuais e serão incorporados ao Herbário Ilha Solteira (HISA), da UNESP de Ilha Solteira. A identificação preliminar do material botânico foi realizada em campo e complementada e/ou conferida com o auxílio à bibliografia especializada, pela comparação de materiais depositados em Herbários e pela consulta a especialistas. As espécies serão ordenadas de acordo com o sistema APG IV (2016). Para a verificação de sinonímias botânicas, autoria e grafias serão consultados os bancos de dados W3 Tropicos do Missouri Botanical Garden (http://www.tropicos.org), International Plant Names Index (http://www.ipni.org) e a Lista de Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br).

A classificação das espécies, com algum nível de ameaça, seguirá o documentado no site Lista de Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br).

Para a elaboração da chave de identificação foram selecionados caracteres vegetativos de cada espécie, tais como hábito, tipo de folha, presença de glândulas, indumento, forma dos ramos e presença ou ausência de gavinha.

Resultados e discussão

No Estado do Mato Grosso do Sul são reconhecidas 62 espécies de Bignoniaceae. Na FEPE, local em que foi realizado esse estudo, foram inventariadas 25 espécies, o que corresponde a aproximadamente 40% de espécies de Bignoniaceae para todo o estado do Mato Grosso do Sul.

Verificou-se que das 25 espécies inventariadas três foram classificadas em alguma categoria de ameaça, sendo Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex de Souza (EN: em perigo); Handroanthus impetiginosus Mattos (NT: quase ameaçada); Zeyheria montana (LC: menos preocupante).

Com esse inventário de Bignoniaceae no Mato Grosso do sul, verificou-se que cinco espécies Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart.; Dolichandra unguis-cati (L.) L.G.Lohmann; Fridericia chica (Bonpl.) L.G.Lohmann; Fridericia samydoides (Cham.) L.G.Lohmann; Tanaecium pyramidatum (Rich.) L.G.Lohmann, não estão representadas no herbário de Ilha Solteira, tratando de novas ocorrências para a FEPE.

Cinco espécies Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC.; Adenocalymma peregrinum (Miers) L.G.Lohmann; Cuspidaria pulchella (Cham.) K.Schum.; Cuspidaria pulchra (Cham.) L.G.Lohmann; Jacaranda decurrens Cham., foram representadas no herbário e não foram coletadas na FEPE nesse estudo, sendo que isso pode ser devido a necessidade de uma área de amostragem maior; problemas na identificação ou em último caso o desaparecimento dessas espécies na FEPE. Resultado esse que merece uma investigação mais acurada.

De acordo com a Lista de espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/), as espécies Adenocalymma axillare (K.Schum.) L.G.Lohmann, Cuspidaria pulchra (Cham.) L.G.Lohmann, Fridericia samydoides (Cham.) L.G.Lohmann, Jacaranda cuspidifolia Mart., Jacaranda decurrens

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Cham., Jacaranda rufa Silva Manso, Stizophyllum perforatum (Cham.) Miers, não ocorrem no estado do Mato Grosso do Sul, sendo assim trata-se de novas ocorrências dessas espécies no Estado.

A chave de identificação foi elaborada com base em caracteres vegetativos. As espécies foram separadas inicialmente em três grupos principais, tendo como base o hábito (arbustos, árvores e lianas). As espécies de árvores puderam ser separadas pelas características das folhas, tais como o número de folíolos, que em Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) a folha é digitada e Jacaranda cuspidifolia Mart. que apresenta folha bipinada, além disso foram utilizadas características dos ramos; no caso os tetragonais possibilitou a identificação de Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart e cilíndricos para Tabebuia aurea (Silva Manso Benth. & Hook. f. ex S. Moore.).

No caso das lianas foi possível separar as espécies utilizando características da gavinha e do tipo do ramo.

Conclusões

Vale destacar que não só a Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNESP de Ilha Solteira, merece maior atenção aos inventários florísticos, mas também o Estado do Mato Grosso do Sul, além disso, as áreas de vegetação nativa da FEPE devem continuar sendo inventariadas e principalmente, conservadas, pois nesse estudo verificamos que três espécies estão classificadas em alguma categoria de ameaça.

Referências

APG IV. 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181:01-20.

ELTINK, M. et al. 2011. Chave de identificação de espécies do estrato arbóreo da Mata Atlântica em Ubatuba (SP), com base em caracteres vegetativos. Biota Neotropica 11(2): Disponível em: <http://www.biotaneotropica.org.br/v11n2/pt/abstract?identification-key+bn02511022011> Acesso em 20 Abr. 2017.

LOHMANN, L.G. 2016. Bignoniaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico

do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB112305>. Acesso em: 20 Abr. 2017.

OLMSTEAD, R.G. et al. 2009. A molecular phylogeny and classification of Bignoniaceae. American Journal of Botany. 96: 1731-1743.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Análise sensorial de leite caprino e mistura de leite caprino com leite bovino a 50% com achocolatado

Leandro Aparecido Braga (1)*,Carolina Paggioli (2),Lucas Costa

Pereira(3),Marilia Oliveira Ferreira Silva (4), Matheus Sousa de Paula Carlis(5), Rafael Silvio Bonilha Pinheiro (6)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura. e-mail: [email protected] 1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura. e-mail: [email protected] 1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura. e-mail: [email protected] 1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura. e-mail: [email protected] 1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura. e-mail: [email protected] 6UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia. e-mail: [email protected]

Introdução A disponibilidade do leite de algumas espécies, como o de cabra, além do preço mais elevado em relação ao de vaca, são um incentivo para que esse produto seja adulterado com leite de maior disponibilidade e menor preço. No Brasil, tem-se observado esse tipo de adulteração no leite de cabra. Desse modo, a possibilidade de determinar a qualidade do leite que será utilizado para o consumo in natura ou na produção de derivados lácteos caprinos, tem grande importância. Assim, por razões éticas e econômicas, torna-se indispensável desenvolver métodos para a detecção de outros tipos de leite em produtos lácteos originados do leite de cabra, por razões econômicas e por razões de saúde pública.

Material e métodos No dia 7 de abril de 2017 no laboratório de Análise Sensorial foram analisados três tipos de leite (leite de cabra puro, leite de vaca puro e mistura vaca e de cabra). Um total de 64 pessoas participaram da análise sensorial, sendo 33 homens e 31 mulheres. A degustação aconteceu no campus dois da Unesp-Universidade Estadual Paulista, utilizando-se 64 fichas de avaliação. Utilizando três garrafas de plástico de um litro cada uma e três copinhos por pessoas contendo ¼ de leite. Nas fichas de avaliação tinham notas 1 (desgostei muitíssimo), 2 (desgostei), 3 (indiferente), 4 (gostei) e 5 (gostei muitíssimo) para cada tipo de leite, nos quesitos aparência, odor e sabor.

Resultados e discussão Gráfico 1 - Aparência odor e sabor

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Nos quesitos aparência e odor, não se observou diferença considerável entre os dois leites, porém no quesito sabor, o leite de vaca teve maior aceitação de palatabilidade segundo a pesquisa com os participantes da análise sensorial. Como mostra o Gráfico 1, o leite de cabra não obteve boa aceitação pelo público. Gráfico 2 - Aparência

Como mostra o Gráfico 2 o leite misto apresentou melhor preferência pelos participantes da análise sensorial no quesito aparência. Conclusões De acordo com os resultados dos gráficos 1 e 2 observou se que há maior preferência pelo leite misto do que pelo leite de cabra.

Referencias: EGITOI, A.s. et al. Método eletroforético rápido para detecção da adulteração do leite caprino com leite bovino. Belo Horizonte: Scientific Eletronic Library Online, 2006. 58 v. Método eletroforético rápido para detecção da adulteração do leite caprino com leite bovino. Disponível em:

3.63 3.67

2.83

3.86 3.86

3.31

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

4.50

Aparência Odor Sabor

Cabra Misto

12.50%

18.75%

0.00%

2.00%

4.00%

6.00%

8.00%

10.00%

12.00%

14.00%

16.00%

18.00%

20.00%

Cabra Misto

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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352006000500032>. Acesso em: 05 maio 2017.

Nível e área do trabalho: Graduação/ Zootecnia

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Seria possível piscicultura em tanque-redes influenciar os

aspectos parasitológicos de Austrodiplostomum compactum (Digenea: Diplostomidae) em Plagioscion squamosissimus

(Perciformes: Sciaenidae)?

Letícia de Oliveira Manoel(1)*, Maria Luiza Diniz dos Reis(2), Lidiane Franceschini(3), Rosilene Luciana Delariva(4) , Rosicleire Veríssimo

Silveira(5), Igor Paiva Ramos(5)

1UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) - Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá 3UNESP-FEIS, Pós-doutoranda em Ciências Biológicas (Zoologia), Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres - Lapas 4UNIOESTE-CASCAVEL, Docente, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução Atualmente, o Brasil tem investido no desenvolvimento de atividades

aquícolas. Porém, este desenvolvimento em ambiente marinho tem sido associado ao aumento de doenças parasitárias (Nowak, 2007). O efluente (excedentes de ração, fezes, escamas, muco e peixes mortos), gerado por esta atividade atrai animais como aves, peixes e invertebrados (Pillay, 2004), que podem atuar como hospedeiros no ciclo de vida de parasitas. Contudo, poucos estudos que avaliem a interferência deste tipo de atividade sobre aspectos parasitológicos de peixes silvestres de água doce foram realizados. Neste sentido, Plagioscion squamosissimus, espécie não-nativa mais importante na pesca artesanal na região Sudeste do Brasil (Torloni et al., 1993; Agostinho et al., 1995), apresenta altas taxas de infecção por metacercárias Austrodiplostomum compactum (Ramos et al., 2014), sendo, portanto suscetíveis a esse parasita e uma boa espécie modelo para ser avaliada quanto a influência da atividade aquícola sobre peixes silvestres.

Assim, o presente estudo teve como objetivo verificar a infecção por metacercárias de A. compactum no globo ocular de P. squamosissimus no reservatório de Ilha Solteira, em área sob influência de uma piscicultura em tanques-rede.

Material e métodos

Este estudo foi realizado em uma piscicultura em tanques-rede no município de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can do reservatório de Ilha Solteira, Rio Grande, São Paulo. Dez espécimes de P. squamosissimus foram coletados bimestralmente com auxílio de dois lotes de redes com malhas 3, 4, 5, 6 e 7 cm entre nós não adjacentes e um lote de redes com malhas 7, 8, 10, 12 e 14 cm entre nós não adjacentes em duas áreas amostrais: uma próxima aos tanques-rede (Tanque - 50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S) e outra sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (Controle - 50°51'58.94"W e 20°0'13.71"S), entre setembro/14 a agosto/16. Para as

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avaliações, todos os animais capturados foram individualizados em sacos plásticos e gradativamente resfriados (caixas térmicas de polietileno preenchidas com gelo em cubos) a fim de diminuir rapidamente a sua atividade metabólica até o óbito, conforme licença SISBIO nº 42229-1. Posteriormente, foram congelados e encaminhados ao Departamento de Biologia e Zootecnia, na FEIS – Câmpus de Ilha Solteira, onde foi realizada a coleta dos parasitas. Para avaliar a ocorrência de metacercárias de A. compactum, os olhos dos peixes coletados, foram retirados e analisados sob estereomicroscópio binocular. Quando localizada a metacercária, essa foi coletada e conservada em um frasco com álcool 70% para posterior análise morfológica e morfométrica. Os cálculos referentes à prevalência (P), abundância média (AM) e intensidade média de infecção (IMI) dos parasitas foram feitas de acordo com Bush et al. (1997). A prevalência entre as áreas tanque e controle foram comparadas com teste-Z, enquanto a intensidade média de infecção e abundância média foram comparadas com teste de Mann-Whitney (teste U) utilizando o programa Sigma Stat 3.1, sendo que o valor de significância adotado foi de p<0,05.

Resultados e discussão

Foram capturados 246 exemplares de P. squamosissimus, sendo 121 pertencentes à área Tanque e 125 à área Controle. O comprimento padrão médio para a área Tanque foi 22,4 ± 0,72 (11,3 – 60,0 cm) e massa total média 261,73 ± 36,4 (28,75 - 3019,00 g), enquanto para área Controle o comprimento padrão médio foi de 20,5 ± 0,54 (13,0 - 41,5 cm) e massa total média de 188,82 ± 15,40 (14,00 - 1312,70 g).

Quanto aos atributos parasitológicos, para área Tanque foram amostradas 767 metacercárias de A. compactum (1 – 80 por hospedeiro), enquanto para área Controle foram amostradas 81 metacercárias (1 – 30 por hospedeiro). A prevalência (TQ 68,03% e CT 17,60%), intensidade média infecção (TQ 9,51±1,76 e CT 3,68±1,35) e abundância média (TQ 6,47±1,26 e CT 0,65±0,26), apresentaram diferenças significativas (p<0,05) entre as áreas avaliadas, sendo os maiores valores observados na área Tanque. As possíveis causas desse aumento de parasitas na área Tanque podem estar relacionadas a alteração na abundância de hospedeiros intermediários (moluscos gastrópodes e peixes) e definitivos (aves piscívoras) que compõem seu ciclo biológico, em detrimento do enriquecimento orgânico do sedimento e água na área Tanque. Assim, áreas próximas aos tanques recebem efluentes (rações não consumidas, fezes, peixes mortos, muco e escamas), que são depositados no sedimento e/ou dissolvidos na coluna de água (Beveridge, 2004), ou são consumidos por peixes onívoros (Ramos et al., 2008, 2010), favorecendo o aumento da abundância de moluscos nessa área. Além disso, a elevada disponibilidade de peixes oriundos do cultivo ou silvestres atraídos para essas áreas pela oferta de alimento, atuam como um fator atrativo para as aves piscívoras, tais como Nannopterum brasilianus (biguá) (Carss, 1990, 1993; Flowers et al., 2004). Juntos, o aumento da abundância de todos esses hospedeiros envolvidos no ciclo biológico de A. compactum, podem induzir o aumento de sua transmissão aos hospedeiros intermediários e definitivos, justificando os resultados observados.

Ademais, a presença de metacercárias de A. compactum podem alterar o comportamento dos peixes (Seppala et al., 2004) e em altas taxas de infecção pode causar patologia ocular grave associada com catarata e cegueira (Eiras,

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1994), tornando-os mais suscetíveis à predação e assim, facilitar a transmissão do parasita para hospedeiros definitivos. .

Conclusões

Concluiu-se que a atividade de piscicultura em tanques-rede tem influência positiva sobre os atributos parasitológicos avaliados para espécie P. squamosissimus, promovendo maiores taxas de ocorrência dessas metacercárias na área em questão.

Referências

AGOSTINHO, A.A.; GOMES, L.C.; PELICICE, F.M. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil. Maringá, Eduem, 2007.

BEVERIDGE, M.C.M. Cage aquaculture. 3ª ed. Oxford, Blackwell Publishing, 2004. BUSH, A.O.; LAFFERTY, K.D.; LOTZ, J.M. E A.W. SHOSTAK. Parasitology meets ecology on its

own terms: Margolis revisited. The Journal of Parasitology, 83: 575–583.1997. CARSS, D.N. Concentrations of wild and escaped fishes immediately adjacent to fish farm cages.

Aquaculture, 90: 29–40. 1990. CARSS, D.N. Grey heron, Ardea cinerea L., predation at cage fish farms in Argyll, western Scotland.

Aquaculture Research, 24: 29–45. 1993. EIRAS, J.C. Elementos de ictioparasitologia. Porto, Fundação Engenheiro Antônio de Almeida.

1994. FLOWERS, J.R.; POORE, M.F.; MULLEN, J.E.; LEVY, M.G. Digeneans collected from piscivorous

birds in North Carolina, U.S.A. Comparative Parasitology, 71: 243–244. 2004. NOWAK, B.F. Parasitic diseases in marine cage culture: an example of experimental evolution of

parasites? International Journal for Parasitology, 37: 581–588. 2007. PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment. 2ª ed. Blackwell Publishing, Oxford, United

States. 2004. RAMOS, I.P.; CARVALHO, E.D. Aquicultura em grandes represas brasileiras: interfaces ambientais,

socioeconômicas e sustentabilidade. Boletim da Sociedade Brasileira de Limnologia, 38: 3. 2010. RAMOS, I.P.; FRANCESCHINI, L.; ZICA, E.O.P; CARVALHO, E.D.; SILVA, R.J. The influence of

cage farming on infection of the corvine fish Plagioscion squamosissimus (Perciformes: Sciaenidae) with metacercariae of Austrodiplostomum compactum (Digenea: Diplostomidae) from the Chavantes reservoir, São Paulo State, Brazil. Journal of Helminthology, 1-7. 2014.

RAMOS, I.P.; VIDOTTO-MAGNONI, A.P.; CARVALHO, E.D. Influence of cage fish farming on the diet of dominant fish species of a Brazilian reservoir (Tietê River, High Paraná River basin). Acta Limnologica Brasiliensia, 20(3): 245-252. 2008.

SEPPÄLÄ, O.; KARVONEN, A.; VALTONEN, E.T. Parasite-induced change in host behaviour and susceptibility to predation in an eye fluke-fish interaction. Animal Behaviour, 68: 257–263. 2004.

TORLONI, C.E.C.; SANTOS, J.J.; CARVALHO, A.A. JR.; CORRÊA, A.R.A. A pescada-do-Piauí Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) (Osteichthyes, Perciformes) nos reservatórios da Companhia Energética de São Paulo. São Paulo, CESP. 1993.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação

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Estrutura da comunidade ictiofaunística em área de influência de piscicultura em tanques-rede, reservatório de Ilha Solteira,

SP

Letícia de Oliveira Manoel(1)*, Ana Carolina Oliveira de Andrade(2), Amanda Pereira dos Santos Silva(1), Rosilene Luciana Delariva(4),

Rosicleire Verissimo Silveira(5), Igor Paiva Ramos(5)

1UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Zoologia, e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas - Licenciatura, Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá 4UNIOESTE-CASCAVEL, Docente, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução Os sistemas de cultivo de peixes em tanques-rede se constituem em uma

fonte de entrada constante de nutrientes no ambiente aquático, tais como nitrogênio e fósforo (Tacon e Forster, 2003), que pode levar à deterioração da qualidade da água e a mudanças no ambiente. Entre estas mudanças, a atração exercida pelas sobras de ração é responsável por altas concentrações de peixes em áreas com essa modalidade de cultivo (Dempster et al., 2004, Agostinho et al., 2007). É esperado que para a ictiofauna o aporte de matéria orgânica e nutrientes promova mudanças em diferentes escalas, levando a proliferação de algumas espécies e à redução de outras menos tolerantes. Assim, ao nível de comunidade é possível à ocorrência de alteração na estrutura, não apenas pelos efeitos no recrutamento diferenciado, mas também pela atração que a área cultivada exerce sobre as espécies de peixes oportunistas, com reflexos na densidade, na relação predador-presa e na incidência de parasitas e doenças (Agostinho et al., 1999). Apesar do cultivo de peixes em tanques-rede estar sendo incentivado para o uso nas águas nas represas brasileiras, existe pouca informação disponível sobre as possíveis alterações que esse sistema de cultivo pode causar a estrutura da comunidade ictiofaunística em água doce.

Sendo assim, o presente estudo teve por objetivo avaliar a influência de um sistema de piscicultura em tanques-rede sobre a estrutura da ictiofauna no reservatório de Ilha Solteira.

Material e métodos

Este estudo foi realizado em uma piscicultura em tanques-rede no município de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can do reservatório de Ilha Solteira, Rio Grande, São Paulo. Os espécimes foram coletados bimestralmente com auxílio de dois lotes de redes com malhas 3, 4, 5, 6 e 7 cm entre nós não adjacentes e um lote de redes com malhas 7, 8, 10, 12 e 14 cm entre nós não adjacentes em duas áreas amostrais (uma próxima aos tanques-rede – Tanque - 50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S) e outra sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede – Controle - (50°51'58.94"W e 20°0'13.71"S), entre setembro/14 a agosto/16. Para avaliações, todos os animais capturados foram individualizados em sacos plásticos e gradativamente resfriados (caixas térmicas de polietileno preenchidas com gelo em cubos) a fim de diminuir rapidamente a sua atividade metabólica até o óbito, conforme licença

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SISBIO nº 42229-1. Posteriormente, foram congelados e encaminhados ao Departamento de Biologia e Zootecnia, na FEIS – Câmpus de Ilha Solteira. Para caracterizar e comparar a ictiofauna, todos os indivíduos coletados foram identificados com chaves específicas. A abundância numérica relativa de cada espécie, o índice de diversidade de Shannon-Wienner (H’) e a riqueza de espécies (S) (Krebs, 1989), para ambas as áreas, foram calculadas e submetidas à análise de normalidade e comparados com teste estatístico pertinente (Teste-t paramétrico ou Mann-Whitney – Teste-U não paramétrico).

Para verificação de diferenças na estrutura da comunidade entre as áreas aplicou-se a análise PERMANOVA e posteriormente a análise de SIMPER para verificar a contribuição de cada espécie para possível diferença observada. Ressalta-se que todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio dos softwares Past 3.0 e BioEstat 5.0 e o nível de significância adotado foi p<0,05.

Resultados e discussão

Foram capturados 2.614 exemplares, sendo 1.669 pertencentes à área Tanque e 945 na área Controle. Para área Tanque registrou-se três ordens, 11 famílias e 23 espécies, enquanto para área Controle foram registradas três ordens, nove famílias e 25 espécies. Quanto à riqueza de espécies por ordem, para ambas as áreas, observou-se maior riqueza de espécies para ordem Characiformes e Perciformes, seguida de Siluriformes. Estes resultados não corroboram com o padrão geral obtido para ambientes Neotropicais de água doce (Lowel-MacConnell, 1999), onde se espera maior abundância de espécies nas ordens Characiformes seguida por Siluriformes.

Em termos de abundância numérica, em ambas as áreas a ordem Perciformes foi a mais abundante, com destaque para as espécies não-nativas Geophagus cf. proximus e Plagioscion squamosissimus, seguida por Siluriformes, destacando-se a espécie nativa Pimelodus cf. platicirris, principalmente na área Tanque. Para Characiformes observou-se baixa abundância, sendo mais abundante na área controle, com destaque para Serrasalmus maculatus. As demais espécies apresentaram abundância numérica inferior a 7%.

Quanto às análises da estrutura da comunidade, observou-se que apesar de não terem sido detectadas diferenças quanto à riqueza (TR 23 e CT 25, p = 0,685, t = 0,409), Diversidade de Shannon-Wiener (TR 1,708 e CT 1,949, p = 0,901, U = 0,404) e Equitabilidade de Pielou (TR 0,54 e CT 0,60, p = 0,482, t = 0,714), houve diferença quanto à abundância numérica (TR 1669 e CT 945, p = 0,034, t = 2,317) entre as áreas. A PERMANOVA demonstrou diferenças na estrutura ictiofaunística (p = 0,003 e F = 3,89), sendo, segundo a análise SIMPER, as espécies alóctones com capacidade de ajuste a alterações ambientais, como Geophagus cf. proximus e Plagioscion squamosissimus, as que mais contribuíram para a dissimilaridade, com 60,93%.

Esses resultados podem estar diretamente relacionados a entrada alóctone de energia no ecossistema aquático por meio de excedentes de ração, peixes cultivados (animais mortos, escamas, fezes) que atuam como alimento disponibilizado para a ictiofauna silvestre local (Håkanson, 2005, Demétrio et al., 2012, Ramos et al., 2013). Ainda, peixes silvestres são atraídos para áreas próximas à piscicultura em tanques-rede, que atuam como dispositivos de agregação de peixes (FAD’s - fish aggregation devices), promovendo abrigo e proteção para diversas espécies de organismos aquáticos (Deudero et al., 1999,

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Dempster et al., 2002; Machias et al., 2005; Tuya, et al., 2006), sendo este fato bem documentado para aquicultura marinha, porém com poucos relatos para pisciculturas em sistemas de água doce (Ramos et al., 2013).

Conclusões Conclui-se que a piscicultura em tanques-rede influencia a estrutura da

comunidade de peixes localmente.

Referências

AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L.C.; PELICICE, F.M. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil. Maringá, Eduem, 2007.

AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L.C.; SUZUKI, H.I.; Jr. JÚLIO, H. F. Riscos da implantação de cultivos de espécies exóticas em tanques-redes em reservatórios do Rio Iguaçu. Cadernos da Biodiversidade. Curitiba, v. 2, n. 2, p. p1-9, 1999.

DEMÉTRIO, J.A.; GOMES, L.C.; LATINI, J.D.; AGOSTINHO, A.A. Influence of net cage farming on the diet of associated wild fish in a Neotropical reservoir. Aquaculture, 330–333 (17): 172–178, 2012.

DEMPSTER, T.; TAQUET, M. Fish aggregation device (FAD) research: gaps in current knowledge and future directions for ecological studies. Reviews in Fish Biology and Fisheries, 14 (1): 21-42, 2004.

DEUDERO, S.; MERELLA, P.; MORALES-NIN, B.; MASSUTI, E.; ALEMANY, F. Fish communities associated with FADs. J. Fish Biol., v. 63, p. 199–207, 1999.

HÅKANSON, L. Changes to lake ecosystem structure resulting from fish cage farm emissions. Lakes & Reservoir: Research and Management, 10: 71-80, 2005.

KREBS, C.J. Ecological methodology. New York: Collins, 1989. LOWEL-MCCONNELL, R.H. Estudos ecológicos em comunidades de peixes tropicais. Editora

da Universidade de São Paulo, São Paulo, 534p. 1999. MACHIAS, A.; KARAKASSIS, I.; LABROPOULOU, M.; SOMARAKIS, S.; PAPADOPOULOU, K.N.;

PAPACONSTANTINOU, C. Changes in wild fish 70 assemblages after the establishment of a fish farming zone in an oligotrophic marine ecosystem. Estuarine Coastal Shelf Sci., v.60, p.771-779, 2004.

RAMOS, I.P.; BRANDÃO, H.; ZANATTA, A.S.; ZICA, E.O.P.; SILVA, R.J.; REZENDE-AYROZA, D.M.M.; CARVALHO, E.D. Interference of cage fish farm on diet, condition factor and numeric abundance on wild fish in a Neotropical reservoir. Aquaculture, 414-415: 56-62, 2013.

TACON, A. G.J; FORSTER, I. P. Aquafeeds and the environment: policy implications. Aquaculture, v. 226, n. 1, p. 181-189, 2003.

TUYA, F.; SANCHEZ-JERES, P.; DEMPSTER, T.; BOYRA, A.; HAROUN, R.J. Changes in demersal wild fish aggregations beneath a sea-cage farm after the cessation of farming. J. Fish Biol., v. 69, n. 3, p. 682-697, 2006.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação

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Conteúdo de Carboidratos em Sementes de um Teste Clonal de Hevea brasiliensis Procedentes do IAC

Letícia Déo Sorato (¹); Mario Luiz Teixeira de Moraes(2)

Marcela Aparecida de Moraes (3); Selma Maria Bozzite Moraes (4); Kassia Karoline Vieira (5) ;

1UNESP-FEIS, Graduanda em Agronomia, Laboratório de Genética de Populações e Silvicultura, e-mail: [email protected]; 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, e Laboratório de Genética de Populações e Silvicultura. 3UNESP-FEIS, Doutora em Agronomia, Laboratório de Genética de Populações e Silvicultura. 4UNESP-FEIS, assistente de suporte acadêmico, departamento de fitotecnia, e Laboratório de Genética de Populações e Silvicultura. 5UNESP-FEIS, Graduanda em Agronomia, Laboratório de Genética de Populações e Silvicultura.

Introdução Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Müell. Arg, nativa da bacia

amazônica, é uma planta dicotiledônea monóica, ou seja, possui flores masculinas e femininas em um mesmo indivíduo. O fruto é uma cápsula tricoca (com três mericarpos)de pericarpo lenhoso, tendo deiscência explosiva e em cada lóculo do fruto há uma semente (PIRES et al., 2002).

A seringueira representa a principal fonte de borracha natural, e matéria-prima muito importante para todo Brasil. Sua principal área de cultivo é a região noroeste paulista com expansão por todo sudeste. Embora seja nativa da região amazônica, são os países asiáticos que respondem por mais de 93% da produção mundial de borracha, enquanto o Brasil contribui com apenas um pouco mais de 1% (SILVA et al., 2013). Um dos problemas da cultura é a dificuldade de obtenção de sementes para produzir mudas. A característica recalcitrante dessas sementes faz com que elas percam rapidamente o poder germinativo (Cicero 1986).

O estudo dos teores de carboidratos presente nas sementes contribui para a sua maior longevidade e permite melhor planejamento em programas de melhoramento.

Matérias e Métodos

Em 02 de março de 1982 foi instalado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNESP – Ilha Solteira, localizada em Selvíria – MS um teste de clones de Hevea brasiliensis procedentes do Pólo Regional de Votuporanga-SP. Foram coletados os frutos em 21 indivíduos, provenientes de 5 clones, sendo eles LCB 510, RRIM 600, IAN 876, IAN 717 e GT1. As análises do teor de carboidratos totais (CHO, em mg g-1) foram realizadas no Laboratório de Genética de Populações e Silvicultura, do Departamento de Fitotecnia, da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP, utilizando-se o método de fenol-sulfúrico, segundo Dubois et al. (1956), utilizando-se uma curva padrão de glicose, e as leituras foram realizadas em espectrofotômetro a 490nm. Os dados foram analisados no programa estatístico Sisvar (Ferreira 1998).

Resultados

A média dos teores de carboidratos nas sementes de clones de seringueira foi de 27,13 mg g-1, sendo significativa a 5% de probabilidade. Com isso, foi

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possível fazer uma distribuição de médias utilizando o teste de Skott-Knott, que apresentou 5 grupos. Os grupos 1 e 2, GT1 e IAN 873 não diferiram estatisticamente entre si com valores de 13,39 e 17,13 mg g-1, o mesmo ocorreu com os grupos 3 e 4 que apresentaram teores superiores que 1 e 2, mas não diferiram entre si, e o grupo 5 que representa o IAN 717, obteve valores mais altos, mostrando-se superior para uma futura seleção.

Segundo Bernal-Lugo & Leopold, (1992), a redução no vigor de plântulas, devido ao envelhecimento das sementes, está associada ao decréscimo no teor de carboidratos solúveis. Tabela 1. Análise de variância para os teores de carboidratos em sementes em um teste clonal de Hevea brasiliensis.

FV GL QM

Progênies 4  1693,43* 

Repetições 11  52,08 

Erro 44  28,65 

eCV (%) 19,73 

m (mg g-1) 27,13 

m média geral; eCV coeficiente de variação residual; *significativo a 5% de probabilidade.

Figura 1. Distribuição das médias de carboidratos contidas em sementes de um teste clonal de Hevea brasiliensis por Skott-Knott.

*Cores iguais não diferem entre si pelo teste de Skott-Knott.

Conclusão

Teste de Skott-Knott

13,397717,1384

30,3237 32,1525

42,6427

05

1015202530354045

GT1 IAN 873 LCB 510 RRIM 600 IAN 717

Classes de médias

Car

bo

idra

tos

(mg

/g)

GT1

IAN 873

LCB 510

RRIM 600

IAN 717

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O estudo indica que a qualidade nutricional das sementes é um aspecto importante a ser considerado, pois quando for feito um pomar de sementes de clones elites, é desejável que as sementes tenham altos teores de sólidos solúveis para reduzir o envelhecimento e aumentar o vigor das plântulas no campo.

Referencias

BERNAL-LUGO, I.; LEOPOLD, A. C. Changes in soluble carbohydrates during

seed storage. Plant Physiology, Rockville, v. 98, n. 3, p 1207-1210, 1992. CICERO, S. M., Produção, coleta, transporte e armazenamento de sementes de

seringueira. In: SIMPOSIO SOBRE A CULTURA DA SERINGUEIRA NO ESTADO DE SÃO PAULO, 1., 1986, Piracicaba, Anais, 133,138p.

Dubois, M., Gilles, A., Hamilton, J.K., Rebers, P.A. & Smith, F.1956. Colorimetric method of determination of sugars and related substances. Analytical Chemistry 350-355.

FERREIRA, D. F. Sisvar - sistema de análise de variância para dados balanceados. Lavras: UFLA, 1998. 19 p.

PIRES, J.M.; SECCO, R. de S.; GOMES, J.I. Taxonomia e Fitogeografia das seringueiras. Belém: Embrapa-Amazônia Oriental, 2002, 103p.

SILVA, J.C.P., P. PUTZ, E.C. SILVEIRA, E C.A.H. FLECHTMANN. 2013. Biological aspects of Euplatypus parallelus (F.) (Coleoptera, Curculionidae, Platypodinae) attacking Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) in São Paulo northwest, Brazil, 4 pp. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HEVEICULTURA, 3, 2013, Guarapari. Anais Guarapari : CEDAGRO.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

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Produção de xilanase e amilase por Rhizoctonia solani AG-1 IA isolados de braquiária e cultura de soja e arroz

Letícia Louzada Ferreira(1)*, Lumena Charise Besson Rodrigues(1), Paulo

Cézar Ceresini(2), Heloiza Ferreira Alves do Prado(3)

1UNESP-IBILCE, Curso de Pós-graduação em Microbiologia, Mestrado, Laboratório de Biotecnologia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Laboratório de Fitopatologia. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Laboratório de Biotecnologia

Introdução Os microrganismos sintetizam inúmeros compostos de importância

industrial como vitaminas, antibióticos e enzimas. Dentre esses metabólitos, as enzimas têm sido utilizadas em diversos processos biotecnológicos, assim tem sido foco de intensa investigação em nível mundial na comunidade biológica. (Beg et. al., 2001). Dentre os microrganismos com potencial para aplicações biotecnológicas, os fungos vêm despertando interesse, devido à grande diversidade de enzimas que secretam no ambiente. (Polizeli et al., 2005).

Varias enzimas extracelulares estão comercialmente disponíveis e vastamente utilizadas na indústria. As amilases são exemplos envolvidos na assimilação de materiais a base de amido e são responsáveis por 25 a 33% da produção mundial de enzimas (Nguyen et al., 2002). As enzimas hemicelulolíticas apresentam potencial de aplicação industrial em vários setores como alimentício, na panificação, na formulação de ração animal e na produção de xilitol; ainda nos setores farmacêutico, químico, de papel e celulose e mais recentemente na produção de etanol a partir de resíduos hemicelulolíticos. Entre as hemiceluloses as xilanases apresentar maior destaque na hidrolise do polímero de xilana (DaSilva et al., 2005). Para a produção destas enzimas o cultivo em estado sólido é uma tecnologia que tem sido amplamente utilizada, em devido as vantagens em relação as questões de custo de produção e alto rendimento (Koyani, 2015)

O microrganimos utilizado neste trabalho, o fungo Rhizoctonia solani AG-1 IA é considerado patógeno de importantes culturas de importância mundial, como omo a soja (Bassetp, 2007), arroz (Gutiérrez, 2007), milho (Poloni, 2016). Há estudos que buscam entender tais mecanismos, e uma hipótese levantada é com relação á ação das ezimas degradadoras de parede celular. Assim o objetivo deste trabalho é avaliar a produção enzimática por Rhizoctonia solani isolados de braquiária, e culturas de arroz e soja.

Material e métodos

Foram avaliadas 10 linhagens de Rhizoctonia solania AG-1 IA isolados de braquiária e cultura de soja e arroz, de diferentes estados brasileiros. Para a produção enzimática, os microrganismos foram cultivados em estado sólido utilizando farelo de trigo como substrato, e incubados a 25ºC por um período de 96 horas. O substrato foi umedecido com solução de sais buscando manter umidade em torno de 50 %. Após esse período a solução enzimática bruta foi

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extraída pela adição de 40 mL de água estéril em cada frasco, os quais permaneceram sob agitação de 100 ciclos por minuto, em temperatura ambiente por 1 hora. Decorridos esse tempo o material foi filtrado e centrifugado a 10.000 xg por 15 minutos, a suspensão resultante como extrato bruto foi utilizado para a determinação da análise enzimática.

Determinação da Atividade de xilanase A atividade enzimática de xilanase foi determinada de acordo com

Daminano et al. (2003), e o açúcar redutor liberado foi quantificado pelo método do DNS (ácido 1-3-dinitrosalicílico) Miller (1959). A atividade enzimática foi determinada leitura em espectrofotômetro a λ 540 nm. Uma unidade de atividade xilanase foi definida como a quantidade de enzima capaz de liberar 1 μmol de xilose por minuto, nas condições de reação, a partir da curva padrão de xilose.

Determinação da Atividade de amilase A atividade amiolítica foi analisada pelo método dextrinizante descrito por

FUWA (1954), na qual a mistura da reação foi composta por 0,1 mL da solução enzimática, foi adicionado 0,3 mL de solução de amido solúvel a 0,5%, em tampão acetato 0,1 M, pH 5,5. Após incubação a 50°C, por 10 minutos, a reação foi paralisada pela adição de 4,0 mL de solução de HCl 0,2 M. Em seguida, a reação recebeu 0,5mL de reativo de Iodo (0,30% de KI e 0,03% de I2).A absorbância foi determinada a λ 700 nm em espectrofotômetro. Uma unidade de atividade será definida como sendo a quantidade de enzima necessária para reduzir em 10% a intensidade da cor azul do complexo Iodo-Amido por minuto.

Resultados e discussão Os isolados foram incubados a 25ºC por 96 horas de cultivos. Após a

extração do extrato bruto enzimático, os mesmo foram submetidos ao ensaio para dosagem de atividade amilase pelo método Dextrinizante (FUWA, 1954), cujos resultados estão descritos nas tabela 1.

Tabela 1 – Valores médios das atividades enzimáticas de xilanase e amilases(U ml-1) das linhagens de Rhizoctonia solani AG-1 IA sob cultivo em estado sólido a 25ºC, após 96 horas

Linhagens

Hospedeiro isolado

Atividade de xilanase (U ml -1)

Atividade de amilase (U ml -1)

RR_A24 Arroz 17,40 81,84 RR_A41 Arroz 17,40 87,29 PA_B1F6 Braquiária 15,27 77,26 MTAFUB 03-

1 Braquiária 18,47 73,37

MTAFUB 04-1

Braquiária 14,10 06,50

MTAFUB 05-1

Braquiária 15,83 81,15

MTAFUB 11-1

Braquiária 15,33 06,32

MTUB 02-D Braquiária 13,43 07,08 TO_64 Soja 15,33 03,40 MTSO85 Soja 17,60 72,62

Fonte: Próprio autor. Dentre os isolados avaliados os melhores resultados quanto à produção

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de xilanase foram dos isolados MTAFUB03-1 com valor de atividade de 18,47 Uml-1, isolado de braquiária, seguido pelos isolados de arroz, RR_A41 e RR_A24 com valores de atividade enzimática de 17,40 U ml-1, MT_S085 com 17,60 U gl-1. A produção de xilanase obtidas no presente estudo é semelhante aos valores de produção citados na literatura cientifíca referentes ao cultivo de fungos em cultivo em estado sólido. Pereira (2015), estudando a produção de xilanase pelo fungo Rhizomucor sp. JCP 1-9 observou valores similares ao encontrado neste presente trabalho, após o cultivo em estado sólido, utilizando como substrato o bagaço de cana de açúcar, obteve valores de 17,26 U ml-1.

Em relação à produção de amilase, os isolados que apresentaram os melhores resultados foram os RR_A41 e RR_A24, isolados de arroz, com valores de atividade enzimática de 87,29 e 81,84 U ml-1 respectivamente. Os valores de atividade encontrado neste presente trabalho se aproximam ao encontrado por Reis et al. (2014), quando trabalhando com o fungo Rhizoctonia solani TO_22, isolado de soja, encontrou valores de atividade de amilase de 932,10 (U g -1) após 92 horas em cultivo em estado sólido.

Conclusões

As linhagens fúngicas de Rhizoctonia solani isoladas de braquiária apresentaram grande potencial na produção de xilanse, enquanto que as linhagens isoladas da cultura de arroz apresentaram maior produção de amilase, quando comparado aos isolados de cultura de soja.

Agradecimentos

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

Referências BASSETO, M.A; CERESINI, P.C.; VALÉRIO FILHO, W.V. Severidade da mela da soja causada

por Rhizoctonia solani AG-1 IA em função de doses de potássio. Summa Phytopathologica, v.33, n.1, p.56-62, 2007.

BEG, Q.K.; KAPOORr, M.; MAHAJAN, L.; HOONDAL, G.S.Microbial xylanases and their applications: a review. Applied microbialogy and Biotechnology, 56, 326-338, 2001.

DAMIANO, V.B.; BOCCHINI, D.A.; GOMES, E.; DASILVA, R..Aplication of crude xylanase from Bacillus licheniformis 77-2 to the bleaching of eukalyptus Kraft polp. Wourld J. Microbiol. Biotechnol. 19, 139-144.2003.

DASILVA, R; LAGO, E. S; MERHEB, C. W; MACCHIONR, M M; PARK, Y K; GOMES, E. Production of xylanase and CMCase on solid-state fermentation in different residues by Thermoascus aurantiacus miehe. Brazilian J. Microbiol. 36, 235-241. 2005.

FUWA, H. A new method for microdetermination of amylase activity by the use of amylose as the substrate. J. Biochem. v. 41, p. 583-603, 1954.

GUTIÉRREZ, S. A. Sclerotium hydrophilum em cultivos de arroz de Argentina. Summa Phytopathologica, São Paulo, v. 33, n. 1, p. 100, 2007

MILLER, G. L. Use of dinitrosalicylic acid reagent for determination of reducing sugars. Analytical Chemistry., v. 31, p. 426-8, 1959.

PEREIRA, J. C; PAGANINI, N. M. ; RODRIGUES, A. ; DE OLIVEIRA, T. B. ; BOSCOLO, M. ; DA SILVA, R. ; GOMES, E. ; BOCCHINI, D. A. M. . Thermophilic fungi as new sources for production of cellulases and xylanases with potential use in sugarcane bagasse saccharification. Journal of Applied Microbiology v. 118, p. 928-939, 2015.

POLIZELI, M.L.T.M.; RIZZALTI, A.C.S.; MONTI, R.; TERENZI, H.F.; JORGE, J.A.; AMORIM, D.S. Xylanases from fungi: properties e industrial applications. Applied microbial. Biotechnol. 67, 577-591. 2005

POLONI, Nadia Maria et al . Evidência de que o fungo Rhizoctonia solani AG-1 IA adaptado à Urochloa na Colômbia mantém ampla gama de hospedeiros incluindo o milho. Summa Phytopathologica., Botucatu, v. 42, n. 3, p. 228-232, Sept. 2016 .

REIS, A. A.; SANTOS, E. A. O.; CEREZINI, P. C. ; ALVES-PRADO, H.F. . Produção de amilases pelo patógeno Rhizoctonia solani AG1 IA isolados de culturas de braquiária e soja. Ciência & Tecnologia, Fatec-JB, Jaboticabal, p. 1 - 5, 26 ago. 2014.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação

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Tamanho ótimo de parcelas em um ensaio em branco com poedeiras pelo modelo de regressão quadrática com plâto¹

Letícia Macedo Pereira(1)*, Gláucia Amorim Faria(2), Beatriz Lopes Garcia(3),

Rosemary Pereira de Pedro Souza(4), Rosemeire da Silva Filardi(5), Antônio Carlos de Laurentiz(5)

1UNESP-FEIS, Discente Curso de Zootecnia, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, LEA 3UNESP-FEIS, Discente Curso de Matemática – LEA 4UNESP-FEIS, Mestre em Zootecnia 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia

Introdução

O Brasil destaca-se no setor de avicultura de postura, possuindo a maior indústria de produção de ovos da América Latina e sétima maior do mundo (USDA, 2014). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram produzidos 757,51 milhões de dúzias no segundo trimestre deste ano, 5% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. São Paulo foi o principal estado em produção de ovos de galinha em 2014, respondendo por 30,1% da produção nacional (IBGE, 2015).

Independente do material experimental utilizado e do ambiente onde será feita a experimentação, o planejamento deve ser feito para que se reduza o erro experimental. O planejamento correto possibilita que a variações entre as unidades experimentais (erro experimental), sejam as menores possíveis (ROSTAGNO et al., 2007). As estimativas de tamanho de parcela, efetuadas para diferentes animais possibilita verificar a sua variação com espécie, raça, local, idade, característica avaliada, número de animais utilizados na unidade básica, época da avaliação, forma da parcela e método utilizado para a sua estimativa.

Diante da importância dos experimentos na área de avicultura e da necessidade de se utilizar o tamanho adequado de parcelas, neste estudo, objetivou-se determinar o tamanho ótimo de parcelas para experimentos com poedeiras comerciais, utilizando-se o modelo de regressão quadrática segmentado com platô. O tamanho ótimo de parcelas é definido pelo ponto de encontro da função quadrática e o platô.

Material e métodos Para este estudo foram realizadas simulações de diversos tamanhos de

parcela de 100 poedeiras provenientes de um ensaio em branco com poedeiras de 40 semanas de idade, da linhagem Lohmann, conduzido no Setor de Avicultura da Faculdade de Engenharia da UNESP, Câmpus de Ilha Solteira. Nesse experimento foi realizada uniformização das aves com base no peso médio e taxa de postura, para que fosse possível a uniformização de cada unidade experimental. A dieta fornecida foi formulada à base de milho e farelo de soja e as recomendações nutricionais preconizadas pelo manual da linhagem, a ração e água foram fornecidas ad libitum durante todo o período, sendo o consumo de ração quantificado ao final. O programa de luz adotado foi de 16

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horas de luz/dia, seguindo o manual da linhagem (LOHMANN DO BRASIL, 2011). O controle da produção de ovos e da mortalidade foi realizado diariamente em formulários preenchidos. O trabalho foi desenvolvido no LEA- Laboratório de Estatística Aplicada, financiado pelo projeto FAPESP 2015/18225-4. Os dados foram analisados pelo instrumento computacional do programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2017).

O modelo de regressão segmentado platô de resposta utilizado foi: 2

0 1 2 se

se i i i i c

i

i i c

X X X XCV

P X X

, (1), em que 0 1 2, e

são parâmetros a serem estimados e os demais tem definição idênticas de LRP. Para valores de i cX X , os valores de iCV são explicados por um modelo

quadrático e para valores de > i cX X , a equação explicativa é uma constante e

paralela à abscissa. O ponto cX é considerado desconhecido e deve ser

estimado juntamente com os demais parâmetros do modelo. Este ponto representa a junção do segmento quadrático com o segmento de platô. As curvas devem ser contínuas e suavizadas, de modo que as primeiras derivadas com relação a X nos dois segmentos devem ser a mesma no ponto cX . O ponto

e junção entre o modelo quadrático e o platô, o qual define o tamanho de parcela,

pode ser estimado pela expressão 1

22cX

. Substituindo cX na expressão (1)

por obtemos o máximo que corresponde ao platô almejado, dado por2

10

24P

. Neste caso, têm-se três parâmetros efetivos, pois tanto cX , quanto

P são determinados a partir de 0 1 2, e .

Resultados e discussão

De acordo com os resultados obtidos pela Tabela 1 constata-se que, foi possível estimar o tamanho de parcela dentro do intervalo de domínio da amplitude dos tamanhos estudados. Tabela 1. Estimativas dos parâmetros do modelo de regressão quadrático com resposta em platô, coeficiente de variação que estima o platô de resposta

correspondente ao ponto de máxima curvatura ( )P , tamanho da parcela dado

pelo valor da abscissa em que ocorre o ponto de máxima curvatura ( )cX , e

coeficientes de determinação 2( )R para as diferentes variáveis de poedeiras.

Variável

Parâmetros Coeficiente

de variação Tamanho

de parcela

Coeficiente de

determinação P

cX 2R

(CR) 10,9 -1,07 0,0327 2,25 16,3 0,86 Postura% 5,01 -0,21 0,0039 2,25 26,3 0,58

Para a variável consumo de ração o tamanho de parcela estimados foram 17 unidades básicas e para a variável postura o tamanho de parcela estimado foram 27 unidades básicas. Rezende et al (2007) utilizaram a técnica platô de resposta com modelos de regressão segmentada para avaliar sua aplicação no

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estudo da exigência de Zn em frango de corte. O método utilizando o modelo de regressão quadrática com platô estima maiores tamanhos de parcelas do que o método de regressão linear, em razão provavelmente da curvatura do primeiro modelo no seu segmento numa tentativa de melhorar o ajuste aos dados do modelo, já que o decréscimo da variabilidade nem sempre é linear; devendo ser utilizado em situação em que se necessita de maior precisão experimental, de acordo com a Figura 1.

Figura 1: Relação entre o coeficiente de variação CV(%) e tamanho de parcela (Xc) para as variáveis consumo de ração e postura (%) para o experimento com poedeiras comerciais avaliado.

Conclusões De acordo com os dados em experimento com poedeiras foi possível

estimar o tamanho de parcela dentro do intervalo de domínio da amplitude dos tamanhos estudados. Para a variável consumo de ração o tamanho de parcela estimados foram 17 unidades básicas e para a variável postura (%) o tamanho de parcela estimado foram 27 unidades básicas.

Agradecimentos (opcional)

Ao grupo de pesquisa LEA – Laboratório de Estatística Aplicada. À FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4.

Consumo de Ração  Postura % 

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Referências USDA - International egg and poultry review, v.17, n.32, set. 2014. R Development Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R

Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051- 07-0, URL http://www.R-project.org. REZENDE, D. M. L. C. et al. Ajuste de modelos de platô de resposta para a exigência de zinco

em frangos de corte. Ciênc. Agrotecnol., Lavras, v.31 n.2 p.468, 2007. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatística da Produção Pecuária. 2015.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

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Fungos do gênero Malassezia em cães: levantamento, raças predispostas e região corpórea afetada

Lídia Maria Santos Sperandio(1)*, Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro(2)

1FEA - FCAA, Curso de Medicina Veterinária, Fundação Educacional de Andradina. e-mail: [email protected]. 2FEA - FCAA, Docente, Fundação Educacional de Andradina.

Introdução Os fungos do gênero Malassezia na sua fase leveduriforme fazem parte da

microbiota natural da pele de cães e gatos passando a forma filamentosa e tornando-se patogênicos (Trabulsi e Alterthum, 2005). Esses microrganismos atuam como patógenos oportunistas em diferentes regiões do corpo dos animais domésticos como meato acústico externo, tegumento cutâneo, reto, pele interdigital, sacos anais e vagina causando infecções (Bond et al, 1995; Crespo et al, 2000).

Malasseziose é o termo utilizado para descrever as doenças cutâneas associadas ao aumento populacional de leveduras de Malassezia sp. nas regiões afetadas, ou em condições que respondam a tratamento antifúngico. Cães que apresentam dermatites associadas ao gênero Malassezia podem abrigar uma população 10.000 vezes maior quando comparada à densidade dessas leveduras em cães sadios (Bond e Lloyd, 1997).

O diagnóstico da doença é realizado com auxílio de exame microscópico do material raspado da lesão na pele e o tratamento da doença é ser por meio de aplicações de hipossulfito de sódio 40% ou pelo uso oral de imidazólicos (Trabulsi e Alterthum, 2005).

Os objetivos do presente trabalho foram realizar um levantamento do número de casos de infecções causadas por leveduras do gênero Malassezia em cães atendidos no Hospital Veterinário de Andradina, Estado de São Paulo, verificar se há predisposição em relação às raças caninas e identificar a região corpórea mais acometida pelos fungos, no período de janeiro a dezembro de 2016.

Material e métodos Os dados para realização do presente estudo foram extraídos de

prontuários de cães atendidos durante o ano de 2016, no Hospital Veterinário (H.V) de Andradina SP. Foi identificado o número de casos de malasseziose durante o ano, a predisposição em relação às raças e a região do corpo mais acometida pelos fungos.

Resultados e discussão Durante o ano de 2016 foram atendidos 1.053 cães no Hospital Veterinário

de Andradina, dos quais 4,65% foram diagnosticados como positivos para infecções por fungos do gênero Malassezia. No primeiro semestre foi registrada maior porcentagem de animais com Malasseziose (Tabela 1).

Tabela 1 - Número de cães atendidos e diagnosticados com infecções causadas por fungos do gênero Malassezia no Hospital Veterinário de Andradina – SP, no período de janeiro a dezembro de 2016.

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Período Número de cães

atendidos Número de cães

positivos

Frequência relativa

(%)

1° Semestre 2016 459 25 5,44

2° Semestre 2016 594 24 4,04

A maior frequência das infecções ocorreu em cães com raça definida (59,18%), visto que entre as 15 raças diagnosticadas com Malasseziose as mais acometidas foram a Poodle, Shih-tuz e Labrador (Tabela 2). De acordo com Dufait (1983), a raça Poodle é uma das mais suscetíveis à dermatite por Malassezia sp. Em 100% dos casos positivos, a região do corpo atingida foi o meato acústico externo. Segundo Marques (2002), os animais com orelhas pendulares com canal auditivo com excesso de pelos estão mais propensos a infecções no ouvido causadas por fungos. Tabela 2 - Raças de cães diagnosticadas com infecções causadas por leveduras do gênero Malassezia no Hospital Veterinário de Andradina – SP, no período de janeiro a dezembro de 2016.

SRD: Sem raça definida. CRD: Com raça definida. Conclusões

Conclui-se que a Malasseziose não é uma enfermidade frequente nos cães atendidos no Hospital Veterinário de Andradina – SP. Há uma predisposição para ocorrência de infecções causadas por Malassezia sp. em cães da raça Poodle sendo que a única região acometida pelo fungo foi o meato acústico externo. A anatomia do pavilhão auricular é um fator que contribui para a proliferação de fungos e desenvolvimento de doenças causadas por microrganismos como a Malasseziose.

Referências

Raças  Número de cães positivos Frequência relativa

(%) 

SRD  20  40,81 

CRD  29  59,18 

Poodle  5  10,20 

Shih – tzu  3  6,12 

Labrador  3  6,12 

Pinscher  2  4,08 

Pit bull  2  4,08 

Boxer  2  4,08 

Lhasa apso  2  4,08 

Yorkshire terrier  2  4,08 

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BOND, R et al. Population sizes and frequency of Malassezia pachydermatis at and mucosal sites on healty gogs, Journal Small Animal Practice, v.36, p.147-150, 1995.

BOND, R.; LLOYD, D.H. Skin and mucosal populations of Malassezia pachydermatis in health and seborrheic Basset Hounds. Veterinary Dermatology, v.36, n.2, p.101-106, 1997

CRESPO, M.J.; ABARCA, M.L.; CABAÑES, F.J. Atipical Lipid-Dependent Malassezia Species

Isolated from Dogs with Otitis Externa. Journal of Clinical Microbiology. v. 38, n. 6, p.2383-2385, 2000. DUFAIT, R. Pityrosporum canis as the cause of canine chronic dermatitis. Veterinary Medicine /

Small Animal Clinician, v. 78, p. 1055 -1557, 1983. MARQUES, S. Otites: prevenção é o melhor remédio. 2002. Disponível em:

<http://www.arcadenoe.pt/artigo/otites_preven_o_o_melhor_rem_dio/213>. Acesso em: 15 abr. 2017 TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. 718p.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciência Biológicas

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Efeitos da inoculação com Azospirillum brasilense e de doses de thidiazuron na qualidade industrial do arroz de terras altas

Lucas Martins Garé(1) *, Fernando de Souza Buzo(1), Orivaldo Arf(2), Letícia Martins e Martins(1), José Roberto Portugal(3), Anderson Teruo Takasu(3)

1UNESP-FEIS, Graduando do curso de Eng. Agronômica – e-mail: [email protected]; 2UNESP-FEIS, Professor, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia; 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Eng. Agronômica.

Introdução Dentre as poáceas, a cultura do arroz (Oryza sativa L.) se destaca por ser

a terceira maior cultura cerealífera do mundo. No Brasil sua área cultivada na safra 2016/17, aponta redução de 0,8% em relação à safra passada, principalmente devido à redução de áreas no sistema de terras altas. Nesta safra a produção deve chegar a 11.966 mil toneladas, um aumento de 12,9% em relação à safra passada (Conab, 2017). O gênero Azospirillum forma um grupo de bactérias de vida livre, que possui capacidade de fixação biológica do nitrogênio em associação com gramíneas, inúmeros estudos comprovam sua eficiência tanto na fixação de N quanto na produção de fitohormônios. Pensando também em aumento de produtividade, Alves et al. (2015) verificaram que reguladores vegetais de efeito citocinínico como o thidiazuron (TDZ) tem grande potencial para elevar a produtividade da cultura do arroz e ainda melhorar a qualidade dos grãos produzidos.

Dessa maneira, o presente estudo objetivou verificar se o uso do Azospirillum brasilense e do TDZ afetam a qualidade industrial do arroz de terras altas irrigado por aspersão.

Material e métodos

O experimento foi conduzido no ano agrícola de 2015/16 na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão, da UNESP - Campus de Ilha Solteira. O cultivar utilizado foi o BRS Esmeralda, semeado no mês de novembro após o preparo convencional do solo. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, disposto em esquema fatorial 4 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos pela combinação da aplicação foliar de Azospirillum brasilense (presença e ausência) e quatro doses de thidiazuron (0,0; 0,5; 1,0; e 1,5g ha-1) ambos aplicados por ocasião do perfilhamento. As parcelas foram constituídas por cinco linhas de 5,0 m de comprimento com espaçamento de 0,35 m entre si, na qual sua área útil foram as duas linhas centrais. Após a colheita, coletou-se uma amostra de 100 gramas de arroz em casca de cada parcela, no qual foi processada em engenho de prova, modelo MT, por 1 minuto, para a obtenção de grãos polidos, que foram pesados e determinou-se o rendimento de benefício. Posteriormente, esses grãos foram colocados no “trieur” n° 2 por 30 segundos para separação dos grãos inteiros e quebrados, que foram devidamente pesados após isso, sendo os dados expressos em porcentagem. Os resultados foram submetidos ao teste F da ANAVA através do programa estatístico Sisvar, com o objetivo de analisar se houve diferenças significativas entre os tratamentos e interação entre os fatores. Realizou-se regressão polinomial para as doses de thidiazuron.

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Resultados e discussão

Observa-se na Tabela 01 que houve diferenças estatísticas significativas para a aplicação de Azospirillum brasilense via foliar no cultivar BRS Esmeralda, aumentando o rendimento de benefício em 1,55%. Outro resultado positivo da inoculação foi o aumento do rendimento de grãos inteiros em 1,92% quando comparado ao tratamento não inoculado. Em relação às doses de thidiazuron (TDZ), não foi verificada diferenças significativas e também não houve interações entre os fatores estudados.

Tabela 1 - Rendimento de engenho do cv. BRS Esmeralda em função da

inoculação com Azospirillum brasilense e de doses de thidiazuron. Selvíria (MS), 2015/16. Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada parâmetro estudado, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * = significativo a 5% de probabilidade; D.M.S = Diferença

mínima significativa; CV = Coeficiente de variação.

Conclusões 3. A aplicação de Azospirillum brasilense via foliar promoveu aumento

significativo no rendimento de benefício e no rendimento de grãos inteiros do arroz de terras altas irrigado por aspersão.

4. Não foram observadas diferenças significativas em relação a aplicação de TDZ no cultivar BRS Esmeralda.

Referências

Alves, C. J., Arf, O., Garcia, N. F. S., Galindo, F. S., & Galassi, A. D.. Thidiazuron aumenta a produtividade em arroz de terras altas. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 45, n.3, p. 333-339, 2015.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (Conab). Acompanhamento da safra brasileira de grãos, Safra 2016/17, n. 6 - Sexto levantamento, março 2017. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_03_14_15_28_33_boletim_graos_marco_2017bx.pdf >. Acesso em: 21 de mar. 2017.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

Tratamentos R. benefício (%) R. Inteiros (%) Quebrados (%)Azospirillum (A)

Com 68,49a 62,57a 5,87 Sem 66,94b 60,65b 6,28

Doses de Thidiazuron (T) 0,0 67,89 61,66 6,25 0,5 68,80 62,85 5,92 1,0 67,76 61,56 6,17 1,5 66,41 60,37 5,95

Teste F A 4,433* 5,876* 2,689 T 1,786 1,636 0,430

AxT 0,481 0,386 0,255 D.M.S 1,53 1,64 0,52

CV 3,08 3,64 11,68 Média Geral 67,71 61,61 6,07

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Inoculação com Azospirillum brasilense e épocas de aplicação de bioestimulante na qualidade das sementes de arroz de

terras altas

Lucas Martins Garé(1) *, Fernando de Souza Buzo(1), Eric Hiroki Saito(1), Gustavo Roberto Fonseca(1), Orivaldo Arf(2), Marco Eustáquio de Sá(2)

1UNESP-FEIS, Graduando do curso de Eng. Agronômica – e-mail: [email protected]; 2UNESP-FEIS, Professor, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia.

Introdução Cultivado e consumido em todos os continentes, o arroz (Oryza sativa)

destaca-se pela produção e área de cultivo, desempenhando um importante papel tanto no aspecto econômico quanto social. No Brasil, a safra 2016/17, deve chegar a 11.966 mil toneladas, um aumento de 12,9% em relação à safra passada (Conab, 2017).  

A produção de fitormônios por bactérias é um dos fatores responsáveis pelo efeito estimulatório observado no crescimento de plantas, como no caso da inoculação de estirpes de Azospirillum (Bottini et al.,1989). Diversos estudos foram realizados com bactérias desse gênero e mostraram efeitos positivos no crescimento de plantas e fixação de nitrogênio. Por outro lado, o Stimulate®, produto considerado promotor do crescimento das plantas, possui em sua composição fitohormônios que atuam como mediadores de processos fisiológicos, crescimento e desenvolvimento das plantas, aumentando o potencial de absorção de água e nutrientes pelas mesmas (DÁRIO et al., 2004).

Diante dos fatos, o presente trabalho objetivou verificar se o uso do Azospirillum brasilense e aplicações foliares em diferentes épocas de bioestimulante, afetam na qualidade das sementes de arroz.

Material e métodos

O experimento foi conduzido no ano agrícola de 2015/16 na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão, da UNESP - Campus de Ilha Solteira. O cultivar utilizado foi o BRS Esmeralda, na qual o delineamento experimental foi o de blocos casualizados, disposto em esquema fatorial 4 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos pela combinação da aplicação foliar de Azospirillum brasilense (presença e ausência), aos 20 DAE, e, por diferentes épocas de aplicação de Stimulate®: no perfilhamento (0,5 L/ha-1); no florescimento (0,5 L/ha-1) e parcelado no perfilhamento (0,25 L/ha-1) e no florescimento (0,25 L/ha-1). Foi efetuada colheita manual aos 95 DAE e posterior trilha mecânica, os grãos foram submetidos a secagem natural à sombra para redução da umidade próxima de 13%.

A análise das sementes foi realizada a partir de uma amostra de cada parcela, realizando-se os testes de germinação, de vigor, comprimento de plântulas e massa seca de plântulas). As sementes de cada amostra foram semeadas em rolos de papel tipo germitest, com 4 repetições de 50 sementes por tratamento e quantidade de água equivalente a 2,5 vezes o peso do papel seco. Os rolos foram colocados em sacos plásticos e levados para um germinador com temperatura de 25°C constante. Após 7 dias foram realizadas as contagens das plântulas normais. Foram separadas cinco plântulas aleatórias

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para a determinação do comprimento da parte aérea e da raiz primária (cm). Também separaram-se 10 plântulas onde se retirou o restante das sementes e o material foi colocado em sacos de papel e levados para estufa de circulação forçada de ar, à 65°C até atingir massa constante. Então o material foi pesado em balança de precisão e calculou-se a massa de matéria seca das plântulas. Os resultados foram submetidos ao teste F da ANAVA através do programa estatístico Sisvar, com o objetivo de analisar se houve diferenças significativas entre os tratamentos e interação entre os fatores.

Resultados e discussão

Observa-se na Tabela 01 que nenhuma das variáveis analisadas apresentou diferenças significativas para aplicação do bioestimulante via foliar no processo de produção de sementes. Esse resultado corrobora com os dados obtidos por Radke et al. (2015), no qual a aplicação de fitorreguladores nas sementes de arroz não resultou em alterações no teste de germinação, comprimento da parte aérea, comprimento do sistema radicular, matéria seca da parte aérea e radícula das plântulas. Também não se verificou efeitos da aplicação ou não de Azospirillum brasilense e interação entre os fatores.

Tabela 1. Germinação e vigor das sementes de arroz cultivar Esmeralda em função da inoculação foliar com Azospirillum brasilense (A) e épocas de aplicação de Bioestimulante (B). Safra 2015/16, Selvíria, MS. MS: matéria seca; ns: não significativo; D.M.S: Diferença mínima significativa; CV: Coeficiente de variação; *valores transformados para v = arcsen(x1/2), sendo x o valor determinado para cada classe de vigor em cada tratamento.

Conclusões 5. Não foram observadas diferenças significativas nos tratamentos com

Azospirillum brasilense e bioestimulante aplicados via foliar sobre as características analisadas das sementes de arroz.

Referências BOTTINI, R.; FULCHIERI, M.; PEARCE, D.; PHARIS, R.P. Identification of gibberellins A1, A3 and iso-A3 in cultures of Azospirillum lipoferum. Plant Physiology, v.90, p.45-47, 1989.

Tratamentos Germinação MS de plântulas Comprimento (cm) Vigor (%)* (%) (mg) Plântula R. Primária Baixo Médio Alto

Azospirillum (A) Com 93,37 4,34 3,13 9,86 0,51 0,64 0,59 Sem 95,00 4,16 3,14 10,22 0,51 0,65 0,60

D.M.S 3,49 0,48 0,29 0,91 0,10 0,06 0,12 Épocas Bioest. (B)

Testemunha 92,00 3,98 2,82 10,39 0,50 0,60 0,61 Perfilhamento 96,00 4,15 3,26 10,23 0,54 0,66 0,57 Florescimento 96,00 4,62 3,34 10,01 0,53 0,65 0,59 Perf. + Flores. 92,75 4,27 3,10 9,55 0,49 0,64 0,61

D.M.S 6,61 0,92 0,56 1,72 0,20 0,11 0,22 Teste F

A 0,93 ns 0,58 ns 0,10 ns 0,71 ns 0,01 ns 0,04 ns 0,01 ns

B 1,59 ns 1,31 ns 2,54 ns 0,70 ns 0,25 ns 1,07 ns 0,09 ns

A x B 0,73 ns 1,34 ns 2,31 ns 2,89 ns 0,67 ns 0,46 ns 0.87 ns

CV 5,04 15,64 12,92 12,28 28,22 12,05 26,53 Média Geral 94,19 4,25 3,13 10,04 0,51 0,66 0,59

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COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (Conab). Acompanhamento da safra brasileira de grãos, Safra 2016/17, n. 6 - Sexto levantamento, março 2017. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_03_14_15_28_33_boletim_graos_marco_2017bx.pdf >. Acesso em: 21 de mar. 2017. Dário, G. J. A. et al. Influência do Uso de Fitorregulador no Crescimento do Arroz Irrigado. Revista da FZVA, v. 11, n. 1, p. 86-94, 2004. RADKE, A.K.; Martins, A.B.N.; Monteiro, M.A.; Xavier, F.; Salau, G.M.; Behenck, J.P.O.; Peres, A.A.O.; Moraes, D.M. Efeito do regulador de crescimento na germinação de sementes de arroz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, Pelotas-RS. Anais. Cbai, 2015

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

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Flutuação populacional de Crisopídeos (Neuroptera, Chrysopidae) capturados em área de cerrado, mata ciliar e

mata de cocais no município de Chapadinha-MA

Luciane Gomes da Silva(1); Katharine Viana Batista(2); Laicia Carneiro Leite(3); Claudio Gonçalves da Silva(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, e-mail: [email protected] 2UNESP-FCAV, Curso de Pós-graduação em Agronomia/Ciência do Solo

3UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, Laboratório de Ictiologia Neotropical 4UFMA-CCAA, Prof. Doutor em Entomologia , Laboratório de Entomologia Básica e Aplicada.

Introdução

A região Neotropical apresenta uma grande biodiversidade, complexidade e singularidade faunística de insetos. Dentro desta elevada biodiversidade faunística da região, encontram-se aqueles pertencentes à ordem Neuroptera, no Brasil, destaca-se a família Chrysopidae como a maior e mais diversifica e que apresenta significativa importância agrícola (RAFAEL, 2012). E estes insetos vem sendo gradativamente inseridos como uma alternativa ao controle de pragas, pois apresentam grande capacidade de busca, alta voracidade e elevado potencial reprodutivo, além de alimentarem-se de ampla diversidade de presas e apresentam ainda baixo custo de produção (CARVALHO & SOUZA, 2000). Os estudos sobre riqueza de espécies em diferentes estruturas vegetais são ferramentas básicas para levantamentos iniciais da diversidade. (NASCIMENTO et al., 2003). O levantamento faunístico em áreas preservadas serve como parâmetro de comparação com áreas total ou parcialmente modificadas. Assim este trabalho teve como objetivo correlacionar a densidade populacional de comunidades naturais de Chrysopidae com as variáveis ambientais, em áreas de mata de cocais, cerrado e mata ciliar.

Material e métodos

Área de estudo O estudo foi realizado no município Chapadinha, Maranhão. Este município

integra a microrregião denominada de Alto Munin dentro do limite da região do Baixo Parnaíba, entre as coordenadas geográficas: 03º 19’ 02” e 04º 14’ 01” de latitude Sul e 43º 11’ 21” e 43º 44’ 12” de longitude Oeste. Dentro do município, foram escolhidos três fitofisionomias: Mata Ciliar 3°44'48.4"S 43°20'02.2"W, Cerrado 3°44'03.1"S 43°19'07.9"W e Mata de Cocais 3°44'50.9"S 43°23'07.8"W.

Amostragem e análise de dados Os insetos foram capturados através de armadilha de Malaise (MALAISE,

1937). Cada local recebeu três armadilhas, espaçadas 30 m entre si. O período de amostragem durou 12 meses, com coletas quinzenais, num total de 26 coletas. O material foi conservado em álcool 70%. O processo de triagem e

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identificação foi feito no Laboratório de Entomologia Básica e Aplicada-LEBA/UFMA-CCAA, onde foram separados com base na morfologia externa, presença/ausência de manchas no escapo, genas, pronoto, asas e abdome seguindo as chaves de identificação de Freitas & Penny (2001).

A ocorrência sazonal dos crisopídeos foi avaliada a partir do número total de espécimes em função do período seco e chuvoso para a região. Os registros mensais das temperaturas, assim como, precipitação e umidade relativa, foram obtidos na estação climatológica INMET-82382, do município. Para analise dos dados utilizou-se os programas Excel e OriginPro.

Resultados e discussão Durante o experimento, foram capturados 53 crisopídeos, sendo o gênero

mais abundante, Leucochrysa com 22 exemplares seguido de Chrysoperla (20) e Ceraeochrysa (11). Houve uma variação significativa no número de crisopídeos capturados ao longo do período amostral, com elevação populacional no mês de janeiro, e a partir de fevereiro esses índices passaram a cair drasticamente, coincidindo com o período chuvoso para a região.

Entre os meses de abril a julho não houve a incidência destes, nas diferentes fitofisionomias, voltando a ser encontrados novamente a partir do segundo semestre do ano de 2014, se estendendo até dezembro, onde a incidência passa a cair novamente, o período de agosto a janeiro (Figura 01), corresponderão ao período de seca no Estado do Maranhão, onde há elevações nas temperaturas e déficit no nível de precipitação, e nestes meses foram os que apresentaram a maior incidência de indivíduos da família Chrysopidade.

Figura 1-Fatores abióticos que influenciaram na densidade populacional das comunidades de crisopídeos no município de Chapadinha, Maranhão, Brasil, no período de janeiro a dezembro de 2014.

Conclusões Pode-se concluir com esses resultados que a densidade populacional de

crisopídeos está estritamente relacionada com as variações ambientais, e estas

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se tornam fatores limitantes para os mesmos.

Referências CARVALHO, C.F.; SOUZA, B. Métodos de criação e produção de crisopídeos. In: BUENO,

V.H.P. (Ed.). Controle biológico de pragas: produção massal e controle de qualidade. Lavras: UFLA, 2000. p.91-109.

FREITAS, S. DE, PENNY, N. D. 2001. The green lacewings (Neuroptera: Chrysopidae) of brazilian agro - ecossystems. Proceedings of the California Academy os Sciences, San Francisco, 52: 245 – 395

Malaise, R. (1937) A new insect trap. Entomologisk Tidskrift, 58, 148–160 NASCIMENTO, R. P.; CASTRO, M. S.; SILVA, M. R. Diversidade de formigas de serapilheira

(Hymenoptera: Formicidae) em áreas de Mata Atlântica e reflorestada com Pinus elliotti (Pnaceae), em uma região do alto Tietê (Salesópolis, SP). Anais do XVI Simpósio de Mirmecologia, Florianópolis, Brasil, p.370-372, 2003.

RAFAEL, J.A. Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto-SP, ed. Holos, p.810. 2012.

Nível e área do trabalho: Pós-graduação

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Monitoramento da concentração de oxigênio dissolvido na Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados – SP

Lucíola Guimarães Ribeiro(1)*, Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro(2)

1UNESP - FEIS, Mestranda, Curso de Pós-Graduação em Gestão e Regulamentação de Recursos Hídricos – PROFÁGUA. e-mail: [email protected] 2UNESP - FEIS, Docente, Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulamentação de Recursos Hídricos - PROFÁGUA.

Introdução

O monitoramento da água é de suma importância para assegurar a qualidade e quantidade de água compatível aos seus múltiplos usos (Zeh et al, 2015). A fim de facilitar a compreensão dos dados monitorados, utiliza-se o Índice de Qualidade de Água (IQA).

Dentro do Índice de Qualidade de Água (IQA), o oxigênio dissolvido é o parâmetro que tem a maior significância, pois tem uma relação direta com o processo de manutenção da vida aquática e também por ser um indicador de poluição de esgotos e eutrofização (ANA, 2017).

O objetivo do presente trabalho foi avaliar, em termos de qualidade de água, as alterações da concentração de oxigênio dissolvido da Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados – SP, durante o ano de 2015.

Material e métodos

O estudo foi realizado na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHI 18, que é formada pela Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados de vocação agropecuária, compreende 25 municípios e está localizada no Noroeste do Estado de São Paulo. Possui uma área de drenagem de 6.805 km² e uma população de 227.016 habitantes.

Nessa bacia existem seis pontos da rede de monitoramento da Rede Básica da CETESB/ANA, onde as coletas foram realizadas bimestralmente durante o ano de 2015 (Tabela 1).

Tabela 1 - Pontos de monitoramento da rede básica da CETESB/ANA, da Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados – SP.

Pontos de monitoramento Código Latitude

(S) Longitud

e (W)Braço do Ribeirão da Ponte Pensa BPEN 02400 20°17’48’’ 50°55’28’’Reservatório de Ilha Solteira ISOL 02995 20°22’35’’ 51°22’30’’Braço do Rio São José do Dourados BJSDO 02900 20°25’58’’ 51°15’28’’Braço do Rio São José dos Dourados BSJDO 02200 20°33’11’’ 50°31’08’’Rio São José dos Dourados SJDO 02500 20°30’31’’ 50°31’08’’Rio São José dos Dourados SJDO 02150 20°43’02’’ 49°46’00’’

Fonte: Adaptado de CETESB (2016). Os dados referentes à variável química da qualidade de água, oxigênio

dissolvido, foram adquiridos por meio do Relatório de Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo de 2015, organizado pela Companhia

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Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). Para a análise do oxigênio dissolvido (OD), utilizou o método eletrométrico com eletrodos de membrana (APHA, 2014).

Resultados e discussão

Durante o monitoramento, apenas 4 amostras não se enquadraram no padrão estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/2005 (BRAISL, 2005) para um corpo hídrico classe 2, sendo 3 delas no ponto SJDO 02 150 localizado à jusante da estação de tratamento de esgoto (ETE) de Monte Aprazível – SP e 1 no ponto BPEN 02 400 localizado na ponte da rodovia do Barrageiros no município de Três Fronteira - SP (Tabela 2).

Tabela 2 – Valores das amostras de água para a variável de oxigênio dissolvido (OD) na Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados - SP e limite estabelecido pela Resolução CONAMA nº357/2005.

Parâmetro Meses Pontos de monitoramento

SJDO 02 500

BPEN 02 400

ISOL 02 995

BSJD 02 900

BSJD 02 200

SJDO 02 150

Oxigênio Dissolvido

Jan. *3,86 Fev. 6,80 6,00 6,80 6,60 5,40 Mar. *4,10 Abr. 7,00 5,30 7,10 6,80 7,20 Mai. 6,73 Jun. 7,50 6,60 7,30 8,00 6,20 Jul. 6,24 Ago. 8,40 7,70 8,20 8,40 8,00 Set. 5,98 Out. 7,20 6,40 7,70 8,50 6,40 Nov. *4,86 Dez. 5,80 *4,60 6,90 6,70 6,40

Padrão CONAMA

> 5 mg/L

para corpo hídrico classe 2* Não atende aos padrões de qualidade na Resolução CONAMA n° 357/200 (BRASIL, 2005).

A alteração no ponto BPEN 02 400 ocorreu por causa do alto índice

pluviométrico no mês de novembro e dezembro, causando assim a lixiviação de matéria orgânica para este corpo hídrico. Já o ponto SJDO 02 150 teve a concentração de oxigênio dissolvido reduzida devido à influência da ocorrência de matéria orgânica biodegradável proveniente do efluente da ETE lançado nesse rio

Conclusões De forma geral, a concentração de oxigênio dissolvido na Bacia

Hidrográfica do Rio São José dos Dourados manteve-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação para corpos d´água de classe 2. O monitoramento permitiu identificar a influência do efluente da ETE na redução de oxigênio dissolvido na água o que pode prejudicar a vida aquática nesse ponto da bacia.

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Referências APHA. Standard methods for the examination of water and wastewater 22ª Edição. Washington,

DC, january 2012. Disponível em :<http://www.standardmethods.org>. Acesso em: 20 abr. 2017. BRASIL. Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA nº 357, de 17 de março de

2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 mar. 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2017.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Relatório Qualidade das Águas

Superficiais no Estado de São Paulo – Parte 1 Águas Doces 2015. São Paulo: CETESB, 2016. QUEIROZ L. G. et al. Caracterização estacional das variáveis físicas, químicas, biológicas e

ecotoxicológicas em um trecho do Rio Paraíba do Sul, SP, Brasil. Revista Ambiente & Água, v. 12, n.2, p. 238-248, 2017. Disponível em: <http://www.ambi-agua.net/seer/index.php/ambi-agua/article/view/1927>. Acesso em 20 abr. 2017.

ANA - Agencia Nacional das Águas. Indicadores de Qualidade: Índice de Qualidade das Águas.

2017. Disponível em: < http://portalpnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx>. Acesso em: 19 abr. 2017.

ZEH K. K. et al. Análise de dados históricos de Qualidade das Águas Superficiais da Bacia

Hidrográfica do Rio Piraí em Joinville-SC. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 21., 2015, Brasília. Anais eletrônicos... Brasília: ABRH, 2015. s/p. Disponível em: < http://www.evolvedoc.com.br/sbrh/detalhes-147_analise-de-dados-historicos-de-qualidade-das-aguas-superficiais-da-bacia-hidrografica-do-rio-pirai-em-joinville-sc >. Acesso em: 17 abr. 2017.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação/Ciências Biológicas

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Comparação dos métodos máxima curvatura e máxima curvatura modificada para estimar o tamanho ótimo de

parcelas em maracujazeiro in vitro

Luiz Antonio Silva Custódio(1), Glaucia Amorim Faria(2) , Ana Patrícia Bastos Peixoto(3), Beatriz Garcia Lopes(1)

1UNESP-FEIS, Curso de Licenciatura em Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. e-mail: [email protected]. 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. 3UEPB-PB, Docente, Centro de Ciência e Tecnologia.

Introdução A conservação in vitro por cultura de tecidos é uma técnica que vem sendo

utilizada e aperfeiçoada na manutenção dos bancos ativos de germoplasma (PEIXOTO, 2011), com isso, a determinação do tamanho de parcela é fundamental para o planejamento experimental e para otimização das amostras coletados. Os métodos Máxima Curvatura e Máxima Curvatura Modificada são alguns dos métodos para estimar o tamanho da parcela ótimo. O objetivo desse trabalho é comparar os dois métodos para estimar qual teria mais precisão para tal experimento.

Material e métodos

Foi conduzido ensaio em branco, utilizando o delineamento inteiramente casualizado, com 100 repetições, utilizando o meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962). Avaliou-se o comprimento das brotações em cm. As avaliações foram realizadas aos 30, 60 e 90 dias após o estabelecimento dos explantes em meio de cultura.

Para determinar o tamanho ótimo de parcelas pelo método da máxima curvatura, calcularam-se inicialmente, os coeficientes de variação (CV) dos dados de altura das brotações, para os tamanhos de parcelas pré-estabelecidas, em cada ensaio em branco ou tratamento. Os valores percentuais dos CV foram plotados contra seus respectivos tamanhos de parcela num sistema de eixos de coordenadas, obtendo-se uma curva que representa a relação entre as variáveis.

Pelo método original, essa curva seria traçada à mão livre e o ponto de máxima curvatura localizado por inspeção visual, segundo FEDERER (1963), no entanto, utilizou-se de instrumento computacional o programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2017) na construção dos gráficos e obtenção das curvas mediante união dos pontos coordenados por meio de segmentos de reta.

O tamanho ótimo da parcela foi considerado como sendo o valor da abscissa correspondente ao ponto sobre a curva na qual ocorre a maior taxa de mudança do coeficiente de variação em resposta ao aumento no tamanho de parcela de acordo com FEDERER (1963) e LE CLERG (1967).

No método da máxima curvatura modificada, a relação entre o coeficiente de variação (CV) e o correspondente tamanho da parcela com X unidades básicas foi estimada pelo modelo , em que a e b são os parâmetros a serem estimados. A partir da função de curvatura dada por esse método,

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determinou-se o valor da abscissa em que ocorre o ponto de máxima curvatura, sendo o estimador dado por esta expressão:

exp 1/ 2 2 log 2 1 / 2 , em que é valor da abcissa no ponto de máxima curvatura, na qual corresponde à estimativa do tamanho ótimo da parcela experimental, conforme MEIER & LESSMAN (1971), a é a estimativa da constante de regressão e b é o coeficiente de regressão.

Resultados e discussão

A estimativas do tamanho de parcela pelos dois métodos está representada nas Tabelas 1 e 2. Tabela 1 - Estimativa dos parâmetros do modelo máxima curvatura, para espécie P. edulis Sims f. edulis.

Espécie Avaliações Parâmetros

Coeficiente de variação

Tamanho de parcela

Coeficiente de determinação

CV (%) P. edulis Sims f. edulis

30 dias 63,36 0,44 23,31 9,23 0,90 60 dias 77,15 0,30 37,98 9,85 0,91 90 dias 65,44 0,27 36,56 8,30 0,81

Tabela 2 - Estimativa dos parâmetros do modelo máxima curvatura modificado, para espécie P. edulis Sims f. edulis.

Espécie Avaliações Parâmetros

Coeficiente de variação

Tamanho de parcela

Coeficiente de determinação

CV (%)

P. edulis Sims f. edulis

30 dias 61,48 0,3435 29,39 8,57 0,97

60 dias 77,20 0,314 38,00 9,85 0,91

90 dias 65,40 0,275 36,60 8,30 0,82

De acordo com as tabelas, podemos notar que no método máxima curvatura, o tamanho de parcela varia entre 8,30 a 9,85 ub, com um coeficiente de 23,31 % a 37,98 %, obtendo um coeficiente de determinação de 81% a 91%. Já no método máxima curvatura modificada apresenta a mesma variação de tamanho de parcela que o método máxima curvatura, com o coeficiente de variação entre 29,39 % a 38 % e o coeficiente de determinação variando de 82% a 97%. Está representada na Figura 1, os gráficos dos CV(%) com seus respectivos tamanho de parcela.

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Figura 1 – Tamanhos de parcela pelos dois métodos em um ensaio em branco para a espécie P. edulis Sims f. edulis.

Na figura 1, observamos que os métodos de máxima curvatura e máxima curvatura modificada apresentam bom ajuste, onde máxima curvatura modificada contém o maior coeficiente de determinação, 97 %, o que nos mostra o melhor ajuste entre os dois métodos.

Conclusões

Apesar dos dois métodos terem resultados muitos próximos, o método máxima curvatura modificada é mais preciso para o experimento realizado, pois pelo coeficiente de determinação a qualidade do ajuste foi melhor.

Agradecimentos

Ao grupo de pesquisa LEA - Laboratório de Estatística Aplicada. À FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4.

Referências

FEDERER, W. T. Experimental design: theory and application. 2nd ed. New York: Macmillan, 1963. 554p.

LE CLERG. E. L. Significance of experimental design in plant breeding. In: FREY, K. J. (Ed.). Plant breeding symposium. Ames: Iowa State University, 1967. p. 243-313.

MEIER, V. D.; LESSMAN, K. J. Estimation of optinum field plot shape and size for testing yield in Crambe abyssinica Hochst. Crop Science, Madison, v.11, n.5, p. 648-650, Sep. 1971.

MURASHIGE, T., SKOOG, F. Revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v.15, p.473-497, 1962.

PEIXOTO, Ana Patricia Bastos; FARIA, Gláucia Amorim; DE MORAIS, Augusto Ramalho. Modelos de regressão com platô na estimativa do tamanho de parcelas em experimento de conservação in vitro de maracujazeiro. Ciência Rural, v. 41, n. 11, p. 1907-1913, 2011.

R Development Core Team (2017). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

30 dias

máxima curvatura

60 dias

máxima curvatura

90 dias

máxima curvatura

90 dias

máxima curvatura

60 dias

máxima curvatura

30 dias

máxima curvatura

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Comparação dos métodos regressão linear e quadrática com platô para estimar o tamanho ótimo de parcelas com

poedeiras Luiz Antonio Silva Custódio(1), Glaucia Amorim Faria(2) , Ana Patrícia Bastos Peixoto(3), Beatriz Garcia Lopes(1) 1UNESP-FEIS, Curso de Licenciatura em Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. e-mail: [email protected]. 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. 3UEPB-PB, Docente, Centro de Ciência e Tecnologia.

Introdução É fundamental ter um tamanho de parcela ótima para ocorrer um aumento

de precisão o que acarretará uma otimização das amostras coletadas no planejamento experimental. Os métodos regressão linear com platô e regressão quadrática com platô são alguns dos métodos para estimar o tamanho da parcela ótima. O objetivo desse trabalho é comparar os dois métodos para estimar qual teria mais precisão para tal experimento.

Material e métodos Os dados utilizados para a realização desses dois métodos foram

provenientes dos trabalhos de Paz et al. (2017) e Pereira et al. (2017). Os autores utilizaram para seus cálculos 102 artigos com poedeiras comerciais, coletados nos sites de busca nacionais e internacionais, no período de 1997 a 2017. As variáveis analisadas foram produção de ovos e proporção de conversão alimentar.

Para estimar o tamanho de parcela, por meio de modelo linear segmentado com platô (LRP), utilizou-se o seguinte modelo de regressão:

1

em que é o coeficiente de variação entre totais de parcela de tamanho de unidades binárias; é o tamanho da parcela em unidades básicas agrupadas,

é o tamanho ótimo de parcelas para o qual o modelo linear se transforma em um platô, em relação a abscissa; é o coeficiente de variação no ponto correspondente ao platô; representa o intercepto e o coeficiente angular, do segmento linear e é o erro associado ao considerado independentes e normalmente e independentemente distribuídos com média 0 e variância constante.

O tamanho ótimo de parcelas foi estimado pela expressão ⁄ em que , e , são os valores estimados dos parâmetros do modelo linear com resposta platô.

No método da regressão quadrática com platô de resposta utilizado foi

2

em que , e são parâmetros a serem estimados e os demais tem definição idênticas de LRP.

Para valores de , os valores de são explicados por um modelo quadrático e para valores de , a equação explicativa é uma constante e

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paralela à abscissa. O ponto é considerado desconhecido e deve ser estimado juntamente com os demais parâmetros do modelo. Este ponto representa a junção do segmento quadrático com o segmento de platô. As curvas devem ser contínuas e suavizadas, de modo que as primeiras derivadas com relação a X nos dois segmentos devem ser a mesma no ponto . O ponto e junção entre o modelo quadrático e o platô, o qual define o tamanho de parcela, pode ser

estimado pela expressão . Substituindo na expressão 2 por

obtemos o máximo que corresponde ao platô almejado, dado por .

Neste caso, têm-se três parâmetros efetivos, pois tanto , quanto são determinados a partir de , e .

O instrumento computacional utilizado para analisar e plotar os gráficos dos dados foi o programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2017).

Resultados e discussão A estimativas do tamanho de parcela pelos dois métodos está

representada nas Tabelas 1 e 2. Tabela 1 - Estimativa dos parâmetros do modelo linear segmentado com platô, para as variáveis analisadas.

Variáveis Parâmetros

Coeficiente de variação

Tamanho de parcela

Coeficiente de determinação

CV (%) Produção de ovos 11,89 -1,2580 4,08 6,2071 0,9278 Conversão alimentar 12,11 -1,3680 4,48 5,5826 0,6685

Tabela 2 - Estimativa dos parâmetros do modelo quadrático com platô, para as variáveis analisadas.

Variável Parâmetros

Coeficiente de variação

Tamanho de parcela

Coeficiente de determinação

CV (%) Produção de ovos

10,1799 -1,2120 0,0831 5,7657 7,28 0,6810

Conversão alimentar

15,6642 -2,9391 0,1943 4,5525 7,56 0,9278

Para o método regressão linear segmentado com platô as estimativas do

tamanho de parcela variaram de 6 a 7 unidades básicas (ub) representando um platô no coeficiente de variação de 4,08% a 4,48% unidades básicas. Já para o modelo quadrático com platô, o tamanho de parcela recomendado é o de 8 ub para ambas variáveis. Os coeficientes de determinação dos dois métodos não foram muito diferentes, demonstrando que ficará ao gosto do pesquisador a decisão pelo melhor método.

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Figura 1 - Tamanhos de parcela pelos dois métodos estudadas.

Conclusões Os dois métodos tiveram resultados muitos próximos, apesar dos dois métodos apresentarem tamanho de parcelas diferentes, pois os coeficientes de determinação tiveram mesmo ajuste. Ficará a escolha do pesquisador o melhor método.

Agradecimentos

Ao grupo de pesquisa LEA - Laboratório de Estatística Aplicada. À FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4.

Referências

PAZ, Ana Carolina Almeida Rollo de et al. Tamanho ótimo de parcelas para experimentos com poedeiras pelo modelo de regressão linear com platô. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 27., 2017, Santos – SP, p. 1 - 4.

PEREIRA, Letícia Macedo et al. Tamanho ótimo de parcelas para experimentos com poedeiras pelo modelo de regressão quadrática com platô. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 27., 2017, Santos – SP, p. 1 - 4.

R Development Core Team (2017). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

Produção de ovos

Método linear

Conversão alimentar Método linear

Produção de ovos Método quadrático

Conversão alimentar Método quadrático

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Tamanho ótimo de parcelas através de um ensaio em branco com poedeiras comerciais pelo método da comparação das

variâncias

Luiz Firmino dos Santos Junior(1)*, Gláucia Amorim Faria (2), Ana Patricia Bastos Peixoto(3), Rosemeire da Silva Filardi(4), Rosemary Pereira de Pedro Souza(5), Antônio Carlos de

Laurentiz(6)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA. e-mail: [email protected]; 2UNESP-FEIS, Docente, DMAT, LEA 3UEPA, Coorientadora, LEA

4UNESP-FEIS, Docente, Coorientadora, Departamento de Biologia e Zootecnia 5UNESP-FEIS, Mestre em Ciências Agrárias, DBZ. 6UNESP-FEIS, Docente, Coorientador, DBZ

Introdução A qualidade nutricional, por ser de fácil digestão e preço bastante acessível

faz com que o ovo seja um dos alimentos mais consumidos mundialmente. No ano de 2014, a produção mundial de ovos foi de 202.038.526 toneladas de ovos, e, 22% desse total é produzido pelos 7 maiores produtores de ovos do mundo, com a China em primeiro lugar com um valor de quase 25 milhões de toneladas e em sétimo lugar o Brasil, com mais de 2 milhões de toneladas (FAOSTAT, 2014).

A expressividade dos resultados obtidos pela avicultura de postura no Brasil é bastante alta, porém, ainda existe necessidade de mais estudos científicos voltados para este setor, que ainda têm condições de crescer e atingir produções mais elevadas. Na experimentação zootécnica, o principal problema a ser resolvido é a diminuição do erro experimental, que vai influenciar diretamente nos resultados obtidos. Uma das maneiras de diminuir esse erro, é aplicando-se o tamanho de parcelas adequado no experimento, conhecendo-se, portanto, a quantidade de unidades básicas (ub) que será utilizada. Uma das melhores maneiras para se estimar esse tamanho ótimo de parcelas, é por meio de um ensaio em branco, onde todas as unidades experimentais vão receber o mesmo tratamento e operações. Porém, existe um entrave a ser considerado - o número de ub – que, se muito baixo, diminui a precisão experimental, se muito alto, aumenta os custos e é diretamente relacionado com questões bioéticas, além do que, a partir de uma certa quantidade, o ganho de precisão já não é significativo.

Diante dessa realidade, este trabalho tem como objetivo determinar o tamanho ótimo de parcela para poedeiras comerciais, por meio de um ensaio em branco através do método da comparação das variâncias.

Material e métodos

Para este estudo foram realizadas simulações de diversos tamanhos de parcela de 100 poedeiras provenientes de um ensaio em branco com poedeiras de 40 semanas de idade, da linhagem Lohmann, conduzido no Setor de Avicultura da Faculdade de Engenharia da UNESP, Câmpus de Ilha Solteira.

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Nesse experimento foi realizada uniformização das aves com base no peso médio e taxa de postura, para que fosse possível a uniformização de cada unidade experimental. A dieta fornecida foi formulada à base de milho e farelo de soja e as recomendações nutricionais preconizadas pelo manual da linhagem, a ração e água foram fornecidas ad libitum durante todo o período, sendo o consumo de ração quantificado ao final. O programa de luz adotado foi o de 16 horas de luz/dia, seguindo o manual da linhagem (LOHMANN DO BRASIL, 2011). O controle da produção de ovos e da mortalidade foi realizado diariamente em formulários preenchidos. As análises estatísticas foram feitas no LEA- Laboratório de Estatística Aplicada do Departamento de Matemática da UNESP de Ilha Solteira, utilizando-se o instrumento computacional programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2017).

O Método da comparação de variâncias depende de um critério de classificação adotado para as análises de dados com o intuito de obter os

tamanhos de parcela. As estimativas das variâncias originais ˆ( )íV para os

tamanhos de parcelas obtidas por meio da análise de variância foram corrigidas em relação à menor unidade de classificação hierárquica, da seguinte forma:

; e d 1 e 1f d 1 e 1

;ed c 1 e d 1 e 1

ed c 1 e d 1 e 1

edc b 1 ed c 1 f d 1 e 1 edc b 1 ed c 1 e d 1 e 1

edcb a 1 edc b 1 ed c 1 f d 1 e 1 edcb a 1 edc b 1 ed c 1 e d 1 e 1

em que: i= 1,..,5 considerando cinco (5) tamanhos de parcelas obtidos através

da classificação hierárquica, iV , variância original das parcelas com X unidades

básicas;'iV , variância corrigida; a, número de subsubparcelas em cada

subparcela; b, número de subparcelas em cada parcela; c, número de parcelas em cada bloco; d, número de blocos em cada repetição; e, número de repetições.

As estimativas das variâncias reduzidas ˆ ( )iV x em relação a uma unidade básica

foram obtidas dividindo-se as variâncias corrigidas 'ˆ( )iV , dos diferentes

tamanhos de parcelas, pelos seus respectivos números de unidades básicas,

como se segue:

Após estes procedimentos, aplicaram-se consecutivos testes de Bartlett para testar a homogeneidade das variâncias (GOMEZ; GOMEZ, 1984), excluindo-se em cada teste, a menor parcela com variância significativamente diferente. Quando um grupo de parcelas de diferentes tamanhos com variâncias estatisticamente similares foi encontrado, o menor tamanho de parcela deste grupo que representou o tamanho ideal da unidade experimental.

Resultados e discussão

As variâncias reduzidas obtidas através de levantamento dos mais diversos experimentos com poedeiras comerciais para diferentes tamanhos de parcela em unidades básicas (Xub) para as diferentes variáveis obtidas foram estimadas e são apresentadas na Tabela 1.

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Tabela 1 - Estimativas das variâncias reduzidas para uma unidade básica para as variáveis com diferentes tamanhos de parcela em unidades básicas (Xub) para dados de: consumo de ração (CR) e postura em poedeiras comerciais.

Xub Variâncias Reduzidas (Vx)

CR Postura

50 0,0468 a 0.0432 a

25 0,1308 a 0,1444 a

20 0,2646 a 0,2484 a

10 3,0346 b 0,7786 a

5 4,3002 b 2,0554 b

2 26,3328 c 8,0943 c Valores seguidos de mesma letra, numa mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Bartlett, a 5% de probabilidade.

Percebe-se, através da aplicação de consecutivos testes de homogeneidade de variâncias, que aumentando o tamanho da parcela, reduz-se consideravelmente as variâncias, porém, por meio do teste de Barllett, verificamos que a partir de 20 unidades experimentais por parcela, esse ganho não tem muita expressividade, sendo assim, não é interessante utilizar mais do que esse valor. Nunes et al. (2013), Pedroso et al. (2001) e Zahroojian et al. (2013) utilizaram respectivamente 15, 24 e 32 unidades básicas em seus trabalhos.

Conclusões

O tamanho ótimo de parcela para as variáveis consumo de ração e postura é de 20 unidades básicas, e, acima disso, não existe um ganho expressivo na diminuição da variância experimental.

Agradecimentos

Ao grupo de pesquisa LEA - Laboratório de Estatística Aplicada. À FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4.

Referências

FAOSTAT. Livestock Primary: Eggs, hen, in shell. 2014. Disponível em: <http://www.fao.org/faostat/en/#data/QL>. Acesso em: 03 maio 2017.

GOMEZ, K.A.; GOMEZ, A.A. Statistical procedures for agricultural research. 2. ed. New York: Wiley, 1984. 680p.

LOHMANN DO BRASIL, Manual da linhagem, 2011. NUNES, R. V. et al. Avaliação de probiótico na alimentação de poedeiras comerciais no segundo

ciclo de postura. Arq. bras. med. vet. zootec, v. 65, n. 1, p. 248-254, 2013. Pedroso AA, et al. (2001) Desempenho e qualidade de ovos se poedeiras de 50 a 66 semanas de

idade supelmentadas com probiótico, Ciência Rural, 683-686. R Development Core Team (2017). R: A language and environment for statistical computing. R

Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org.

Zahroojian N, Moravej H, Shivazad M (2013) Effects of dietary marine algae (Spirulina platensis) on egg quality and production performance of laying hens, JAST, 1353-1360.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

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O glifosato altera a proporção de estômatos entre as faces foliares em soja RR

Márcio Souza da Silva(1)*, Liliane Santos de Camargos(2), Aline Redondo

Martins (3),

1*UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal – LFMV. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal – LFMV. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal – LEMAV.

Introdução

O glifosato inibe, especificamente, a 5-enolpiruvilshikimato-3-fosfato sintetase (EPSPs), uma enzima essencial que catalisa a reação de condensação do shikimato-3-fosfato com fosfoenolpiruvato, sendo este um passo crucial para a formação de substratos para posterior biossíntese de aminoácidos essenciais. A soja RR possui um gene introduzido que codifica uma enzima variante à EPSPs, a CP4-EPSPs, que é insensível ao herbicida, fazendo com que, em exposição ao glifosato, a mesma consiga manter ativa a rota do ácido chiquímico, preservando assim suas funções metabólicas (Zablotowicz e Reddy, 2007).

Alguns trabalhos reportaram injúrias em plantas de soja RR expostas ao glifosato, identificando que a transgenia não proporciona proteção plena contra os efeitos fitotóxicos do herbicida (Zablotowicz e Reddy, 2007; Zobiole et al., 2010). Tuffi-Santos et al. (2008), verificaram sintomas de injúrias em folhas de eucalipto, mas poucos trabalhos vêm sendo abordados para elucidar os efeitos do herbicida sobre os caracteres anatômicos foliares em soja resistente ao glifosato. Assim, objetivou-se com este trabalho verificar a densidade estomática nas faces adaxial e abaxial em folhas de soja RR expostas ao glifosato, como potencial indicador de dano morfofisiológico.

Material e métodos

Sementes de soja cultivar ‘BRS Valiosa RR’, após inoculação com Bradyrhizobium sp., foram colocadas para germinar em dois vasos. Após a germinação, as plântulas foram transferidas para vasos contendo areia lavada e vermiculita (1:1), com duas plantas por vaso recebendo solução nutritiva sem nitrogênio (Hoagland & Arnon, 1938). Em estádio fenológico V4, os tratamentos, com base no equivalente ácido do herbicida (e. a.), foram aplicados com auxílio de um pincel (0,0; 2,5; 5,0 e 10 mg e. a. planta-1), tendo como dose recomendada a concentração de 720 g e.a.ha-1 (Ludwig et al., 2011). Após 21 dias, suficiente para a metabolização do herbicida, foram coletadas folhas recém expandidas para posteriores análises anatômicas.

As amostras foliares foram fixadas em FAA 70 (Johansen,1940), desidratadas em série etanólica e secas ao ponto crítico. Posteriormente, as amostras foram fixadas em suporte de alumínio com fita dupla face de carbono e metalizadas com uma camada de ouro de 30-40 nm, onde se procedeu as análises das epidermes das faces adaxial e abaxial foliar por meio do microscópio eletrônico de varredura. Foram obtidas eletromicrografias com vista

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frontal da epiderme de ambas as faces foliares com aumento de 1100X. Após a contagem dos estômatos em cada foto, levando-se em consideração o aumento utilizado, calculou-se o número de estômatos por mm2.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com esquema fatorial duplo 4x2, contendo quatro tratamentos com glifosato em duas faces foliares analisadas (adaxial e abaxial) e quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo o efeito de doses comparado pelo teste de regressão a 5% e o efeito da face foliar comparado pelo teste t de Student a 5% de probabilidade utilizando o software SISVAR®.

Resultados e discussão A face abaxial apresenta maior densidade de estômatos (Tabela 1),

indicando que a soja apresenta folha anfihipoestomática. A maior concentração de glifosato dispensada nas plantas alterou a proporção de estômatos entre a face adaxial e abaxial foliar, sendo que a face adaxial exibiu densidade estomática a nível equitativo à face abaxial, ao contrário do encontrado nas plantas submetidas aos demais tratamentos (Figura 1).

Tabela 1 – Densidade estomática (estômatos mm-2) em ambas as faces foliares de soja RR submetida a tratamentos com glifosato.

Tratamentos mg e. a. planta-1

Densidade estomática

0,0 284,52 2,5 236,02 5,0 239,25 10,0 274,82

Faces foliares Densidade estomática Adaxial Abaxial 181,06 a 336,25 b

F calculado (Fc) Glifosato (G) Face foliar (F) G x F 1,57 n.s. 62,55 ** 2,87 *

D. M. S. --------- 40,49 80,99 n. s. – não significativo pelo teste de regressão (p>0,05); * significativo pelo teste t de Student (p<0,05); ** significativo pelo teste t de Student (p<0,01); médias seguida de letras, na linha, não diferem entre si pelo teste t de Student; n = 36 amostras; coeficiente de variação (C. V.%) = 21,46.

A modificação na proporção de estômatos entre as faces foliares observada

no presente estudo (Figura 1), pode ser resultado de um sintoma ao estresse causado pela exposição à alta concentração de glifosato, já que a alteração na densidade estomática pode ser indicativa de estresse em plantas (CAO, 2002; JUSTO et al., 2005).

Com o aumento de estômatos na face adaxial foliar, a perda de água se torna maior, o que resulta na maior sensibilidade das plantas ao estresse hídrico, como verificado por Zablotowicz e Reddy (2007).

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Figura 1 – Desdobramento da interação (G x F) referente a densidade estomática nas faces adaxial e abaxal foliar em função de diferentes concentrações de glifosato empregadas.

Conclusões O glifosato, em altas concentrações, causa alterações na distribuição de

estômatos entre as epidermes abaxial e adaxial em soja RR.

Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, processo n°

2013/23984-6, pela concessão de bolsa de iniciação científica ao primeiro autor.

Referências CAO, K. F. Leaf anatomy and chlorophyll content of 12 woody species in contrasting light conditions

in a Bornean heath forest. Canadian Journal of Botany, Toronto, v. 78, n. 10, p. 1245-1253, 2000. HOAGLAND, D.R.; ARNON, D.I. The water-culture method for growing plants without soil. California

Agricultural Experimental Station. Circ. n.347, 1938. JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York: Mc Graw Hill, 1940. JUSTO, C. F.; SOARES A. M.; GAVILANES M. L.; CASTRO E. M. Plasticidade anatômica das folhas

de Xylopia brasiliensis Sprengel (Annonaceae). Acta botanica brasilica, São Paulo, v. 19, p. 112-123, 2005.

LUDWIG, M. P.; DUTRA, L. M. C.; LUCCA-FILHO, O. A.; ZABOT, L.; JAUER, A.; UHRY, D. Populações de plantas na cultura da soja em cultivares convencionais e Roundup Ready ™ . Revista Ceres, Santa Maria, v. 58, n. 2, p. 305-313 . 2011.

TUFFI SANTOS, L. D.; SANTOS, B. F. S.; MEIRA, R. M. S. A.; TIBURCIO, R. A. S.; FERREIRA, F. A.; MELO, C. A. D.; SILVA, E. F. S. Danos visuais e anatômicos causados pelo glyphosate em folhas de Eucalyptus grandis. Planta Daninha, Viçosa, v. 26, n. 1, p. 9-16, 2008.

ZABLOTOWICZ, R. M.; REDDY, K. N. Nitrogenase activity, nitrogen content, and yield responses to glyphosate in glyphosate-resistant soybean. Crop Protection, Toowoomba, v. 26, n. 3, p. 370-376. 2007.

ZOBIOLE, L. H. S.; OLIVEIRA JR, R. S.; KREMER, R. J.; CONSTANTIN, J.; BONATO, C. M.; MUNIZ, A. S. Water use efficiency and photosynthesis of glyphosate-resistant soybean as affected by glyphosate. Pesticide Biochemistry and Physiology, Massachusetts, v. 97, n. 2, p. 182-193, 2010.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

0.00

50.00

100.00

150.00

200.00

250.00

300.00

350.00

400.00

0.0 2.5 5.0 10.0

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m-2

Concentração de glifosato (mg e.a. planta-1)

adaxial abaxial

a

aa

a

b

b

b

a

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Produtividade de massa seca e acúmulo de nutrientes em Crotalaria juncea cultivada no Cerrado

Márcio Souza da Silva(1)*, Gustavo Roberto Fonseca de Oliveira (2), Luís

Fernando Merloti(3), Marco Eustáquio de Sá(5)

1*UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal – LFMV. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, Laboratório de Análises de Sementes – LAS. 3USP-CENA, Curso de Pós-graduação em Ciências (Biologia na Agricultura e no Ambiente), Laboratório de Biologia Celular e Molecular - LBCM. 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Laboratório de Análises de Sementes - LAS.

Introdução Os sistemas de produção intensivos no Cerrado têm contribuído para o

aumento da degradação dos solos, em uma matriz que, naturalmente, possui baixa fertilidade associada à elevada acidez, alta saturação por alumínio e baixa disponibilidade de fósforo (Fernandes & Muraoka, 2002). Para atender a produtividade agrícola potencial das culturas, algumas medidas conservacionistas garantem a viabilidade da adequação desses solos para o crescimento e desenvolvimento adequado das plantas. Neste aspecto, a adubação verde é uma prática crucial para a região do Cerrado brasileiro.

Dentre as espécies utilizadas, a Crotalaria juncea apresenta grande potencialidade para uso no Cerrado, em razão da sua fitomassa permanecer por maior período em solos tropicais, devido à relação carbono/nitrogênio ser superior à algumas leguminosas utilizadas (Carvalho & Amabile, 2006). A espécie apresenta grande aceitação pelos agricultores, o que fundamenta a necessidade de estudos sobre o seu desempenho nas condições edafoclimáticas do Cerrado.

Como os solos de Cerrado, via de regra, apresentam baixa fertilidade natural (Fernandes & Muraoka, 2002) e a adubação verde condiciona melhorias nas características químicas, físicas e biológicas do solo (Leite et al., 2010), objetivou-se com o trabalho verificar a produtividade de massa seca e acúmulo de nutrientes por C. juncea cultivada no cerrado.

Material e métodos

Os experimentos foram realizados nos anos de 2015 e 2016, na área experimental da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP, município de Selvíria, MS, Brasil (51o 22' W e 20o 22' S; 335 m de altitude). O solo é classificado como um Latossolo Vermelho distrófico (Embrapa, 2013). Antes da instalação dos experimentos foram coletadas amostras compostas de 20 subamostras, na camada de 0,0 – 0,2 m, para a determinação das características químicas, realizadas de acordo com Raij & Quaggio (1997): matéria orgânica 23 g dm-3; pH (CaCl2) 5,1; P (resina) 22 mg dm-3; K 4,4 mmolc dm-3; Ca 17 mmolc dm-3; Mg 13 mmolc dm-3 e saturação por bases de 52%. O clima, conforme a classificação de Köppen, é do tipo Aw, com média anual de 1.370 mm. A temperatura média anual é de 23,5 ºC e a umidade relativa do ar de 66% (média

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anual) (Centurion, 1982). As suplementações hídricas foram realizadas por meio de um sistema de irrigação convencional por aspersão com precipitação média de 3,0 mm h-1 com período de rega de 4,3h.

O sistema de rotação de culturas foi adotado na lavoura, sendo que em ambos anos experimentais a área ficou em pousio no outono e na estação seguinte a mesma foi ocupada com feijoeiro. Na primavera do primeiro e segundo ano agrícola foram cultivadas, soja e milho, respectivamente. As semeaduras foram realizadas a lanço em 06/01/2015 e 07/01/2016, visando uma população de 23.8000 plantas ha-1, em área previamente preparada com aração e gradagem, sem utilização de adubação. A área foi dividida em 36 parcelas, constituídas por cinco linhas de 5 m, sendo consideradas, como área útil, as três linhas centrais, desprezando-se 0,50 m em ambas as extremidades (4,20 m²).

Em 28/03/2016 e 29/03/2016, 80 dias após a semeadura e antes do pleno florescimento, as plantas de cobertura foram manejadas com roçadora. Foram feitas as seguintes avaliações: (a) Produção de massa seca: as amostras foram obtidas de uma subárea (0,25 m²) da área útil da parcela. Posteriormente, as plantas foram mantidas na estufa de ventilação forçada a 65 ºC até atingir massa constante. Em seguida, determinou-se a massa de matéria seca média produzida e a mesma foi extrapolada para kg ha-1. (b) acúmulo de nutrientes: as mesmas amostras obtidas anteriormente foram moídas, em moinho tipo Willey, para determinação dos teores de N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Mn e Zn, de acordo com a metodologia de Malavolta et al. (1997). Posteriormente, multiplicou-se o teor de cada nutriente pela massa seca produzida, obtendo-se o acúmulo de micronutrientes (mg kg-1) e macronutrientes (g kg-1).

Resultados e discussão As produtividades de massa seca produzida foram de 19,72 e 11,41 t ha-1

no primeiro e segundo ano experimental, respectivamente. Por se tratar de uma área que se realiza rotação de culturas, é bem provável que a menor produtividade de massa seca observada no segundo ano experimental, deve-se à exportação de nutrientes da área agrícola, com destaque para o potássio e cálcio (Figura 1), o que refletiu no baixo aporte nutricional para as plantas no segundo ano de cultivo.

Figura 1 – Acúmulo de macronutrientes na fitomassa de Crotalaria juncea cultivada no Cerrado. Selvíria - MS, Brasil, 2015/2016.

A espécie apresentou elevada eficiência no acúmulo de nutrientes, principalmente, de nitrogênio, potássio e ferro (Figura 1 e Figura 2).

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100

200

300

400

500

N P K Ca Mg S

Acú

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2015 2016

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Figura 2 – Acúmulo de micronutrientes na fitomassa de Crotalaria juncea cultivada no Cerrado. Selvíria - MS, Brasil, 2015/2016.

O acúmulo considerável de nitrogênio se deve à característica da espécie

de se associar com rizóbios para requerimento de nitrogênio assimilável via fixação biológica de nitrogênio, sendo o potássio muito requerido pela planta e o ferro vastamente disponível em solos altamente intemperizados, o que justificam os maiores acúmulos desses nutrientes na fitomassa de C. juncea.

Conclusões

O adubo verde em solo de Cerrado propicia boa cobertura de solo e excelente aporte nutricional para os cultivos posteriores.

Agradecimentos

Ao CNPq pela bolsa de iniciação científica para o segundo e terceiro autor. Ao Prof. Dr. Marco Eustáquio de Sá pela orientação, amizade e apoio científico.

Referências CARVALHO, A.M. & AMABILE, R.F. Cerrado: Adubação verde. Embrapa Cerrados, Brasília, 2006.

369p. CENTURION, J. F. Balanço hídrico da região de Ilha Solteira. Científica, Jaboticabal, v. 10 n. 1, p.

57-61, 1982. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de

classificação de solos. 3ª ed. Brasília, Embrapa., 2013. 353p. FERNANDES, C.; MURAOKA, T. Absorção de fósforo por híbridos de milho cultivados em solo de

cerrado. Scientia Agricola, Piracicaba, v.59, n. 4, p. 781-787, 2002. LEITE, L.F.C.; FREITAS, R.C.A.; SAGRILO, E.; GALVÃO, S.R.S. Decomposição e liberação de

nutrientes de resíduos vegetais depositados sobre Latossolo Amarelo no Cerrado Maranhense. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 41, n. 2, p. 29-35, 2010.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba: Potafos, 1997. 319 p.

RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. (Ed.). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/Fundação IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico, 100).

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

0800

16002400320040004800560064007200

Cu Fe Mn Zn

Acú

mul

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mic

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(mg

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2015 2016

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Caracterização testicular do peixe anual Hypsolebias fulminantes (Cyprinodontiformes, Rivulidae)

com status de ameaça de extinção

Maria Luiza Ribeiro Delgado(1)*, Amanda Pereira dos Santos Silva(2), Maria Rita de Cáscia Barreto Netto (3), Alexandre Ninhaus Silveira (4),

Rosicleire Veríssimo Silveira (4)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO. E-mail: [email protected] 2 UNESP-IBB, Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - Zoologia Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO

3 CEPTA – ICMBio, Analista Ambiental, Laboratório de Citogenética e Biologia Molecular de Peixes 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO

Introdução

A espécie Hypsolebias fulminantes pertence a um grupo de peixes anuais que habitam banhados, pântanos, charcos, alagados e riachos rasos. As características físico-químicas da água dos locais onde os rivulídeos são encontrados variam drasticamente, tais características fazem com que as espécies apresentem grande especificidade e pouca plasticidade ecológica, sendo facilmente impactados por ações antrópicas como drenagens, poluição e desmatamento (FONTANA, et al, 2003, citado por MARIANO, 2010).

Os indivíduos adultos se desenvolvem rapidamente nos períodos de cheia e quando o corpo d’água começa a baixar, se reproduzem e depositam os ovos de resistência no substrato, que irão eclodir somente nas cheias do próximo ano. Peixes anuais tem período de desova prolongado, desovando diariamente até atingir a senilidade ou a morte (ICMBio, 2013).

Com relação a biologia reprodutiva dos rivulídeos, Cassel (2013) constataram que as fases do desenvolvimento gonadal para Melanorivulus aff. punctatus são semelhantes às dos teleósteos, seguindo os mesmos padrões de desenvolvimento das células germinativas. Já para Atlantirivulus riograndensis, o ciclo reprodutivo foi caracterizado como contínuo para machos, sendo aptos a reprodução durante todo o ano, e testículos classificados em lobular restrito (CAVALHEIRO & FIALHO, 2014). Muitos estudos têm sido realizados a fim de descrever as fases do desenvolvimento gonadal e período reprodutivo de peixes neotropicais, entretanto são escassos os trabalhos referentes aos rivulídeos.

Os estudos de técnicas de cultivo e da biologia reprodutiva de espécies ameaçadas de extinção são de grande importância para subsidiar trabalhos de conservação, manejo populacional e repovoamento (FONSECA, 2011). Considerando o exposto acima, este trabalho teve por objetivo, realizar a caracterização testicular da espécie de peixe anual H. fulminantes, com status de ameaça de extinção.

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Material e métodos Cinco exemplares machos e adultos de H. fulminantes foram cedidos pela

Dra. Maria Rita de Cáscia Barreto Netto, integrante do Projeto PAN dos Rivulídeos, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Biodiversidade Aquática Continental – CEPTA – ICMBio, Pirassununga/SP. Todos os procedimentos experimentais foram conduzidos de acordo com os protocolos aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa, nº 004/2015 – CEUA/CEPTA.

Deste modo, as coletas foram realizadas entre 15 e 16/04/2016, em poças de água temporárias dentro do município de Guanabi, utilizando peneira e rede de arrastro. Após, os exemplares foram anestesiados com solução de Eugenol, os testículos foram removidos, processados de acordo com técnicas usuais para histologia e corados com Hematoxilina/Eosina. Os procedimentos histológicos foram realizados no LINEO – Laboratório de Ictiologia Neotropical, FEIS, Unesp.

As características testiculares foram determinadas segundo Grier (1993).

Resultados e discussão

Os testículos de H. fulminantes são formados por lóbulos em seu interior, estes lóbulos terminam em fundos cegos na periferia testicular (Fig. 1 A, B). Distribuído por toda a extensão destes lóbulos se encontra o epitélio germinativo, onde se localizam os cistos formados, por sua vez, por projeções das células de Sertoli (Fig. 1E).

Os cistos são encontrados desde a periferia até a região central do testículo, onde podem ser encontrados respectivamente: espermatogônias, espermatócitos (Fig. 1C), espermátides (figura 1D) e espermatozoides (Fig. 1E).

No epitélio, espermatogônias não são observadas individualmente ao longo da extensão dos lóbulos, característica já observada em outras espécies de Rivulideos, como Melanorivulus aff. punctatus (CASSEL, 2013) e Atlantirivulus riograndensis (CAVALHEIRO & FIALHO, 2014), que também possuem os atributos testiculares de testículos lobulares restritos. Este tipo testicular se diferencia por esta localização específica das células germinativas mais iniciais, que estão sempre próximas à periferia dos lóbulos, sendo caracterizado por testículo lobular, com distribuição espermatogonial restrito, sendo Grier (1993).

O restante das células do epitélio germinativo permanece nos cistos até o momento da liberação de espermatozoides para o lúmen (Fig. 1 A, E), ao final da espermiogênese.

Cada cisto contém células no mesmo estágio de desenvolvimento, sendo assim, o desenvolvimento das células germinativas dentro dos cistos mostrou-se ocorrer de forma sincrônica.

Figura 1 – Testículo de Hypsolebias fulminantes. A - Visão geral do testículo lobular restrito; B - Extensão do lóbulo (L); C - Cistos de espermatócitos (ec); D - Cistos de espermátides (et); E – Espermatozoides (ez) no lúmen (lu); células de Sertoli (S).

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Conclusões Considerando a organização testicular e a distribuição das

espermatogônias no epitélio germinativo, os testículos de Hypsolebias fulminantes, são classificados como tipo Lobular Restrito.

Agradecimentos Os autores agradecem ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de

Biodiversidade Aquática Continental – CEPTA – ICMBio pelo material biológico, e ao PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica), UNESP-FEIS e ao Laboratório de Ictiologia Neotropical pelo apoio e estrutura.

Referências

CASSEL, M. Gametogenesis and reproductive cycle of Melanorivulus aff. punctatus (boulenger, 1895) (Cyprinodontiformes, Rivulidae) in chapada dos guimarães, Mato Grosso, Brazil. Neotropical Ichthyology, v.11, n.1, p.179–192, 2013.

CAVALHEIRO, L. W.; Fialho,  C.  B. Biologia alimentar e reprodutiva de Atlantirivulus riograndensis (costa & lanés, 2009) (Cyprinodontiforme: Rivulidae) no refúgio de vida silvestre banhado dos pachecos, Rio Grande do Sul. 2014. 77 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal)-, Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UF, Porto Alegre, 2014.

FONSECA, A. P. Crescimento e reprodução do peixe anual Austrolebias wolterstorffi (Cyprinodontiformes: Rivulidae) em diferentes temperaturas. 2011. 47f. Dissertação (Mestrado em Aquicultura)- FURG, Universidade Federal do RioGrande do Sul, Rio Grande, 2011.

GRIER, H.J., TAYLOR, R.G. Testicular maturation and regression in the common snook. J. Fish Biol., v.53, p.521-42, 1998.

ICMBIO, Instituto Chico Mendes, Sumário executivo do plano de ação nacional para a conservação dos peixes rivulideos ameaçados de extinção, Brasilia. Retrieved from http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/ plano-de-acao/2833-plano-de-acao-nacional-para-a-conservacao-dos-rivulideos.html. 2011.

MARIANO, W. S. Peixes anuais e alterações ambientais - revisão de literatura. meio ambiente, sociedade contemporânea e sustentabilidade. p. 39-47, 2010.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Análise de mercado sobre preços de pescados na região de Ilha Solteira

Mariana Luppi Guedes Pádua(1)*, Silvia Maria Almeida Lima Costa(2)*

1UNESP-FEIS, Discente, Curso de Zootecnia – Bacharelado. E-mail: [email protected] ²UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Socioeconomia. E-mail: [email protected]

Introdução

No decorrer dos anos, a aquicultura ganhou mais espaço no cenário comercial do Brasil. O país é privilegiado pelo grande porte de águas continentais e riqueza das bacias hidrográficas, que cortam seu território, permite abrigar 12% da reserva de água doce do mundo e possui mais de oito mil quilômetros de extensão costeira (PENA, 2017). Outra característica importante é o número e a diversidade de espécies cultivadas, com mais de 64.

Apesar do grande potencial, a oferta de pescados ainda não é suficiente para suprir o mercado interno. A produção de pescados em cativeiro passou a ser destaque na pauta produtiva do conjunto de proteínas animais, a partir do início dos anos 2000. A oferta oriunda da pesca extrativa não apresenta estimativas precisas, mas sabe-se que vem reduzindo ao longo do tempo como decorrência de uma série de fatores, como intensificação dos usos múltiplos e alteração dos percursos dos rios e tributários para construção de reservatórios, como os de usinas hidrelétricas. A produção pesqueira doméstica total abastece somente 54% da demanda, e os produtos da pesca representam entre 7,5 e 10% do consumo da carne (ROUBACH et al., 2003).

No século XX, enquanto a aquicultura mundial aumentou cerca de 9%, a brasileira cresceu em 35% com as vendas de peixes vivos para o comércio de lazer dos pesque-pagues, e com uma outra proporção de pescados processados para consumo alimentar (SEBRAE 2015). Nas regiões Oeste e Noroeste do Estado de São Paulo, a aquicultura tem apresentado crescimento bastante expressivo, de forma que a região noroeste paulista, já é referenciada como o terceiro maior polo produtor de tilápia do Brasil.

Na cidade de Ilha Solteira, uma proporção do consumo é abastecida pela oferta de pescados originárias da pesca extrativa. A tilápia (Oreochromis niloticus) constitui a base da produção pesqueira da aquicultura regional, assim, esta espécie já se faz muito presente nos equipamentos de varejo, onde os consumidores se dirigem para adquirir pescados.

O objetivo deste trabalho é fornecer informações sobre o mercado de tilápia na cidade de Ilha Solteira. 

Material e métodos

Foi realizado acompanhamento dos preços mensais, praticados para a tilápia no município de Ilha Solteira, por se tratar de uma das mais populares espécies presentes nas preferências de consumo e a principal espécie de sistemas de produção em pisciculturas.

Foram avaliados preços em 20 pontos de coletas nos meses de maio, junho, julho, setembro e outubro de 2016, e janeiro, fevereiro, março e abril de 2017. Parte deste conjunto vende apenas no segmento de varejo e outra menor

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proporção, também, no atacado. Os preços discutidos neste trabalho representam àqueles praticados no varejo, ou seja, acessados pelo consumidor final.

As cotações obtidas foram transcritas para o Microsoft Excel, sendo organizadas segundo os preços praticados em cada estabelecimento por meio de tabelas que proporcionou realizar análise gráfica para variações e comparações.

Resultados e discussão A principal forma de comercialização da tilápia consumida regionalmente é como filés, razão pela qual as discussões que se seguem, privilegiam este formato de disposição do produto. Os comerciantes de varejo relatam que já adquirirem o produto processado nesta forma, sendo raro verificar-se o peixe inteiro disposto para venda no varejo. Ao longo do ano, o comportamento dos preços apresentou uma evolução cujo padrão parece conhecido por grande parte dos agentes de comercialização. A Figura 1 ilustra as variações obtidas nas cotações do quilo do filé de tilápia nos locais visitados e pesquisados de Ilha Solteira, para o ano de 2016. Nota-se que o menor preço do peixe foi praticado no mês de setembro, enquanto os maiores preços praticados têm origem na maior pressão relativa da demanda dos períodos da páscoa (abril com preços relativamente maiores se estendendo para maio), julho e no final do ano, dezembro (COSTA et al., 2016).

Maio Junho Julho Setembro Outubro Novembro DezembroR$ 31,00

R$ 32,00

R$ 33,00

R$ 34,00

R$ 35,00

R$ 36,00

R$ 37,00

R$ 38,00

R$ 37,14

R$ 36,19

R$ 37,52

R$ 33,39

R$ 35,68

R$ 34,78

R$ 36,70

a 1. Preços do Filé de tilápia (R$/Kg) no varejo do município de Ilha Solteira

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Já a figura 2, ilustra o comportamento dos preços praticados para o filé de tilápia no ano 2017, nos meses de janeiro a abril. Houve uma queda gradativa no varejo, entre o período de janeiro a março. O mês de janeiro destaca-se por apresentar preço médio significativamente maior que nos três subsequentes, porém menor que o do mês anterior (dezembro 2016). O viés de alta de preços, para o mês de janeiro é, ao menos parcialmente, explicado pela forma de embalagem do produto. Identifica-se que os filés são ofertados em embalagens de 1 kg, 500 gramas e 400 gramas. No mês de janeiro, o varejo dispunha do produto apenas em embalagem de 500 gramas, o que remete a preços mais elevados quando na comparação por quilo.

Mesmo com a alta pressão de demanda por ocasião da páscoa, o mês de abril não revelou um aumento significativo do preço do filé da tilápia, sugerindo que o mercado estava relativamente abastecido para suportar o aumento sazonal da demanda.Conclusões A tilápia, espécie mais produzida e consumida atualmente, está presente nos varejos do município de Ilha Solteira, apenas sob a forma de processamento em filés, com três formatos de embalagem para consumo final. O ano de 2017 não revelou um aumento significativo dos preços praticados, como seria esperado, por ocasião da páscoa.

Referências ROUBACH, Rodrigo; CORREIA, Eudes S.; ZAIDEN, Sergio. Aquicultura

Brasileira. 2003. Disponível em: <http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/Revistas/76/brasil.asp>. Acesso em: 28 abr. 2017.

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Janeiro Fevereiro Março AbrilR$ 0,00

R$ 5,00

R$ 10,00

R$ 15,00

R$ 20,00

R$ 25,00

R$ 30,00

R$ 35,00

R$ 29,27

R$ 17,54R$ 15,82

R$ 17,14

a 2. Preços do Filé de tilápia (R$/Kg) no varejo do município de Ilha Solteira,

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PENA, Rodolfo F. Alves. Distribuição da água doce no Brasil. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/distribuicao-agua-no-brasil.htm>. Acesso em: 28 abr. 2017.

COSTA, Silvia Maria Almeida Lima; PADUA, Mariana Luppi Guedes. Indicadores de mercado de pescados. 2016. Disponível em: <http://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/fitotecniatecnologiadealimentosesocioeconomia716/boletim-pesca.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2017.

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O licenciamento ambiental municipal: uma revisão bibliográfica

Mariane Elisa Pagotto(1)*, Denise Gallo Pizella (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. e-mail: [email protected] ²UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.

Introdução

A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) tem o licenciamento ambiental incorporado à legislação ambiental como um instrumento, a qual estabeleceu como órgãos competentes para sua execução o IBAMA (em âmbito federal), os órgãos estaduais e municipais, de acordo com a localização do empreendimento e seus impactos ambientais. Após a PNMA, a Resolução CONAMA 001/1986 estabeleceu diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e fortaleceu o vínculo desta com o licenciamento ambiental, tornando obrigatória a realização de estudos ambientais diversos, tais como o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente (ABREU; FONSECA, 2016). A regulamentação do licenciamento ambiental se deu por meio da Resolução CONAMA 237/97, que dispôs sobre os critérios e procedimentos utilizados para o licenciamento ambiental, incluindo os órgãos do SISNAMA responsáveis por sua execução e fiscalização. O licenciamento é um processo trifásico, sendo a licença prévia (LP) expedida no planejamento do empreendimento; posteriormente a licença de instalação (LI) na construção da obra, e a licença de operação (LO) concedida para operação ou funcionamento. (DORNELES, 2011) E tem como finalidade controlar os impactos provocados por atividades potencialmente exploradores e poluidores da natureza. Atenta-se para a prevenção e precaução de danos ambientais, assegurando as condições de desenvolvimento econômico e a proteção do meio físico, biológico e antrópico (MARCONI; BORINELLI; CAPELARI, 2012). O objetivo desse trabalho é a elaboração de uma revisão da literatura a respeito da descentralização do Licenciamento Ambiental para o âmbito Municipal, de modo a levantar seus pontos fortes e suas dificuldades.

Material e métodos

Este trabalho tem por si caráter qualitativo e faz uso da análise crítica sobre o tema em questão.

Resultados e discussões

Com base no artigo 9º, XIV da Lei Complementar 140/2011, a do estatuto complementar, houve a possibilidade de o municípios iniciarem o processo de estruturação para executarem o licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades causadoras de impacto ambiental de âmbito local ou quando

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localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, com exceção das Áreas de Proteção Ambiental (APAs) (LIMA; PEREIRA, 2014). Para Carvalho (2005) o exercício local se perfaz imperioso para a diminuição das disfunções ambientais. Os Municípios poderão planejar melhor seu território e as atividades que serão executadas, propiciando um desenvolvimento sustentável, que atualmente para a humanidade significa vida ou morte. Segundo Junior e Barros (2013) um dos grandes problemas quando o tema é licenciamento ambiental é a questão da descentralização, pois ela lança uma política nova sobre a questão do meio ambiente, diminuindo a agenda dos órgãos licenciadores estaduais, que se encontram hoje repletos de licenças que poderiam estar sendo concedidas ou não pelos municípios. Isso causa atraso na emissão das licenças, o que prejudica inclusive o desenvolvimento dos Estados. Segundo Guilherme e Henkes (2013) uma entrevista realizada com os técnicos atuantes no licenciamento ambiental municipal de Itaguaí - RJ, listando quais seriam os pontos fortes e fracos do licenciamento ambiental daquele município. Dentre os pontos fortes estavam: conformidade do empreendedor ao cumprir as legislações, equipe comprometida, profissionais qualificados e experientes, projetos de compensação ambiental e para mitigar os impactos ambientais, chefes instrutivos, equipe multidisciplinar e processos dentro dos prazos de efetivação. Os pontos fracos apontados foram: pouca área para armazenamento de arquivos, não existe setor exclusivo para o licenciamento ambiental, capacidade técnica insatisfatória, salários baixos, monitoramento das exigências inapto e trabalhos inviáveis por falta de recursos.

São de extrema importância a qualificação e a atualização dos profissionais que atuam na área ambiental, a qual requer um corpo multidisciplinar para tanto (biólogos, engenheiros, sociólogos, dentre outros). A eficiência técnica do grupo de trabalhadores envolvida no licenciamento ambiental assegura a efetivação do processo de licenciamento ambiental e seu destino. O investimento em pessoas aptas para o cargo deve ser cogitado na gestão ambiental pública, devido ao assédio dos técnicos por empresas privadas, que acabam deixando os órgãos públicos (GUILHERME; HENKES 2013). É sabido que a debilidade em que se encontram os Municípios brasileiros no quesito de gestão publica, pois não possuem técnicos com grau profissional apropriado para exercer as funções que são remetidas a ele (LIMA; PEREIRA, 2014). Guilherme e Henkes (2013) sugerem ainda como forma de melhoria para o licenciamento ambiental municipal a independência entre autoridades locais, empresários e os moradores para avaliar se determinado licenciamento é benéfico para a localidade, pois a sociedade local participaria da discussão do licenciamento. E ainda ressaltam que a garantia do sucesso não está no levantamento das reais necessidades que se atentam aos problemas do licenciamento de empreendimentos de baixo impacto ambiental. A municipalização do licenciamento requer adequação da organização institucional com a efetiva participação da comunidade ao longo de todo o processo. O Município deve desempenhar as atividades ambientais com clareza e objetividade e em sua composição deve haver uma estrutura que viabilize o trabalho como: Conselho do Meio Ambiente, Código e o Fundo Municipal de Meio Ambiente que, compondo o Sistema Municipal de Meio Ambiente.

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Conclusões

A emancipação municipal mostra um importante avanço na gestão

ambiental. Todavia, existem diversas opiniões sobre a atuação municipal no processo de licenciamento. Fica claro que o licenciamento ambiental municipal é um procedimento vantajoso, porém ainda há muitas dificuldades a serem superadas. Os municípios devem estar aptos a exercê-lo, as legislações que o rege devem ser explicitas e precisas para que não haja interpretações equivocadas no momento da execução dos estudos ambientais e das expedições das licenças e a participação publica também é essencial para garantir a transparência do processo.

Referências Bibliográficas

ABREU, E. L; FONSECA, A. Municipalização Do Licenciamento Ambiental: Uma Síntese das Pluralidades de Experiências nos Estados de Minas Gerais e Piauí. 3. ed., p. 254 - 250. 2017. CARVALHO, M.A. Os Desafios do Licenciamento Ambiental. Anais do CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 14, p. 1-20, Fortaleza. 2005. DORNELES, A. C. B. Licenciamento ambiental e a municipalização do meio ambiente. Revista Brasileira de Políticas Públicas, v. 1, n. 3, p.103-121. 2011 GUILHERME, F. C.; HENKES, J. A. A Execução do Licenciamento Ambiental no Município de Itaguaí - RJ. R., Florianópolis, v. 1, n. 2, p.82-146, mar. 2013. LIMA, T. A.; PEREIRA, S. V. Municipalização do Licenciamento Ambiental: Riscos e Perspectivas. In: V Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, Belo Horizonte, MG, p. 1-5. 2014. MARCONI, I. C.; BORINELLI, B.; CAPELARI, M. G. M. A Descentralização do Licenciamento Ambiental no Estado do Paraná: o caso de Londrina – PR., Ponta Grossa - PR, v. 5, n. 2, p.29-36. 2012. PREARO JUNIOR, P.; BARROS, S.R. A análise de Descentralização do Licenciamento Ambiental no Município do Rio de Janeiro: uma contribuição no aprimoramento da gestão ambiental das empresas. In: IX Congresso Nacional de Excelência em Gestão, Rio de Janeiro, p.1-18. 2013.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Análise sensorial dos leites de cabra e de vaca

Marília Oliveira Ferreira Silva (1), Lucas Costa Pereira (2), Matheus Sousa de Paula Carlis (3), Carolina Paggioli (4), Leandro Aparecido Braga (5), Rafael

Silvio Bonilha Pinheiro (6)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia. e-mail: [email protected] 3UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia. e-mail: [email protected] 4UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia. e-mail: [email protected] 5UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia. e-mail: [email protected] 6Professor Pesquisador UNESP/FEIS. e-mail: [email protected]

Introdução O leite de cabra é considerado um dos alimentos mais completos por apresentar vários elementos importantes para a nutrição humana, constituído de proteínas de alto valor biológico e ácidos graxos essenciais, além de seu conteúdo mineral e vitamínico. Em torno de 74% do rebanho mundial de caprinos encontram-se difundidos nas regiões tropicais e áridas. No Brasil, cerca de 90% do rebanho caprino encontra-se na região Nordeste, principalmente na zona semi-árida. (COSTA; QUEIROGA; PEREIRA, 2009) A demanda por produtos de origem animal de qualidade torna-se cada vez mais visada pelo mercado consumidor gerando a busca pela produção e processamento de alimentos cada vez mais elaborados e com certificação de qualidade garantida. Tal fato não é diferente para o leite caprino, o qual necessita da aplicação de métodos de produção e beneficiamento diferenciados para que sejam oferecidos produtos melhorados (Raynal-Ljutovac et al., 2008), desmistificando o leite de cabra como alimento pouco palatável, levando a sua expansão em âmbito nacional. (COSTA; QUEIROGA; PEREIRA, 2009). O objetivo do trabalho foi demonstrar de forma empírica a aceitação das pessoas, estudantes da UNESP, sobre o leite de cabra.

Material e métodos

A análise sensorial foi realizada no laboratório de processamento de alimentos da UNESP, Campus II, Ilha Solteira, neste trabalho foram analisados apenas 2 tipos de leite: leite de cabra puro e leite de vaca puro, ambos com achocolatado. Participaram da análise, 64 pessoas sendo 33 homens e 31 mulheres. A degustação aconteceu em no laboratório de processamento de alimentos, foram utilizadas 64 fichas de avaliação, 3 garrafas de plástico descartáveis de um litro, 3 copinhos plásticos de café descartáveis contendo ¼ do seu total de amostra dos leites. Nas fichas de avaliação tinham notas 1 (desgostei muitíssimo), 2 (desgostei), 3 (indiferente), 4 (gostei) e 5 (gostei muitíssimo) para cada tipo de leite, nos quesitos aparência, odor e sabor.

Resultados e discussão Nos quesitos aparência e odor, não se obteve diferença considerável entre os dois leites. Já no quesito sabor, o leite de vaca teve maior palatabilidade segundo os indivíduos que participaram da pesquisa, o leite de cabra não obteve muita aceitação por esse público, como mostra no Gráfico 1.

Gráfico 1. Análise sensorial dos leites de cabra e vaca de acordo com aparência, odor e sabor.

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Logo, como mostra no Gráfico 2, a preferência da maioria na pesquisa foi pelo leite de vaca. Isso pode ser explicado pelos componentes químicos que fazem o sabor do leite de cabra ser mais intenso e forte, se comparado ao leite de vaca.

Gráfico 2. Análise da preferência do leites de cabra e vaca.

Conclusões De acordo com essa análise sensorial e seus resultados pode-se afirmar que a aceitação das pessoas ainda é maior pelo leite de vaca do que pelo leite de cabra, principalmente na comparação do sabor destes. Isso pode ser explicado principalmente pela falta de costume das pessoas em consumir o leite de cabra ainda.

Referências COSTA, Roberto Germano; QUEIROGA, Rita de Cássia R. E.; PEREIRA, Renata A. G.. Influência do alimento na produção e qualidade do leite de cabra. Paraiba: Revista Brasileira de Zootecnia, 2009.

RAYNAL-LJUTOVAC, K.; LAGRIFFOUL, G.; PACCARD, P. et al. Composition of goat and sheep milk products: An update. Small Ruminant Research, v.79, p.57-72, 2008.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

3.63 3.67

2.83

3.88 3.814.02

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

4.50

Aparência Odor Sabor

Cabra Vaca

12.50%

68.75%

0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

40.00%

50.00%

60.00%

70.00%

80.00%

Cabra Vaca

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Produção de mudas de couve em 2 diferentes substratos para uso em horta escolar

Marina Guimarães Germini (1,2*), Antonio Larentis Neto(1,2),

Regina M. M. de Castilho(1,3) 1UNESP- FEIS, 2Curso de Ciências Biológicas, e-mail: [email protected] 3Docente, Departamento de Fitotecnia, Tec. De Alimento e Sócio-economia.

INTRODUÇÃO

Os projetos de horta escolar facilitam para as crianças a exploração da relação com a natureza, e podem apresentar, na prática, as consequências que as ações do homem têm em relação ao meio ambiente. Dentre os benefícios alcançados com esse tipo de atividade destacam-se a produção e consumo de alimentos orgânicos, atividades ligadas à culinária na escola e influência nas escolhas alimentares (PENSAMENTO VERDE, 2017). Entre as hortaliças cultivadas para tal, a couve de folha (Brassica oleracea var. acephala) é de pouca aceitação das crianças, mesmo sendo de grande importância na tradição culinária brasileira, além de apresentar alto valor nutricional sendo rica em ferro, cálcio, vitamina A e ácido ascórbico. Para que não ocorra frustração com plantio de sementes (levando-se em conta a possibilidade da não germinação), faz-se a produção de mudas em bandejas, com a utilização de substrato comercial, que auxilia no manuseio e possibilita maior controle sanitário e nutricional. O substrato deve garantir por meio de sua fase sólida, a manutenção mecânica do sistema radicular e estabilidade da planta; da fase líquida, o suprimento de água e nutrientes e da fase gasosa, o suprimento de oxigênio (LAMAIRE, 1995).

Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção de mudas de couve em 2 (dois) substratos, para uso em horta escolar, como parte do Projeto de Extensão Jardinagem como Instrumento de Percepção do Meio Ambiente para Crianças, que vem sendo desenvolvido no Colégio Euclides da Cunha/Fundamental I e no CCI Catatau/UNESP, ambos em Ilha Solteira/SP.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na UNESP, Campus de Ilha Solteira, em casa

de vegetação (PAD&FAN), sendo instalado no dia 25 de março e avaliado no dia 8 de abril de 2017. As sementes de couve foram doadas pela Agristar do Brasil, e não passaram por tratamento com fungicida, visto a possibilidade de uso por crianças. A semeadura foi realizada em bandejas de isopor com 128 células utilizando-se uma semente por célula, sendo essas preenchidas com T1 - BasaPlant® e T2 – TopGarden®. Segundo as informações dos fabricantes o BasaPlant® é composto por casca de pinus, fibra de coco, turfa fibrosa, vermiculita, macronutrientes e micronutrientes; o TopGarden® possui casca de pinus, turfa, carvão, macronutrientes e micronutrientes (em ambos não há informações dos nutrientes e teores utilizados). Foi avaliada a altura da muda, com régua milimitrada (da base da inserção no substrato até o ápice da maior folha), e também o teor de clorofila das folhas não expandidas, com auxílio de clorofilômetro manual (Minolta SPAD-5010) com leitura em SPAD. Os resultados foram submetidos à análise de variância e Teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa SISVAR para análise estatística.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verifica-se que o tratamento utilizando substrato TopGarden® apresentou maior porcentagem de germinação e em leitura de SPAD (Tabela1) ambos sem diferença estatística com relação ao Basaplant, sendo que esse gerou maior altura (Figura 1), com diferença significativa (Tabela 1).

Tabela 1 – Porcentagem de germinação de sementes (%), média altura (cm) e leitura de clorofila (SPAD) em mudas de couve (14 dias), em 2 substratos. Ilha Solteira, abril de 2017. Tratamento %germinação Altura (cm) SPAD BasaPlant® 96,87ª 7,42a 33,07ª TopGarden®. 99,21ª 4,70b 36,31ª

Em trabalho desenvolvido por Lopes, Castilho e Lopes (2013), utilizando

sementes de melancia e substratos, entre eles BasaPlant e TopGarden, os autores observaram que não ocorreu germinação em TopGarden, e que em BasaPlant foi de 14,03% e altura de 2,48cm, ou seja, cada espécie comporta-se de maneira diferente em cada substrato, possivelmente em função composição, pH e EC, granulometria, etc....

Figura 1– Aspecto de mudas de couve, aos 14 dias após semeadura. a) Basaplant e b) TopGarden. Ilha Solteira (2017).

CONCLUSÕES

Conclui-se que o melhor substrato para produção de couve foi o Basaplant, em função de mudas mais vigorosas com relação a parte aérea.

AGRADECIMENTOS

À Agristar do Brasil, na pessoa do Eng. Agr. Maurício Coutinho, e à BaseSubstrato.

REFERÊNCIAS LAMAIRE, F. Physical, chemical and biological properties of growing medium. Acta Horticulturae, v. 396, p. 273-284, 1995. LOPES, H. S.; CASTILHO, R.M.C.; LOPES, H. S. Germinação e crescimento inicial de plântulas de melancia em diferentes substratos comerciais. Tecnol. & Ciên. Agropec.; João Pessoa, v.7, n.4, p.25-29, dez. 2013.

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PENSAMENTO VERDE. Disponível em: <http://www.pensamentoverde.com.br/atitude/importancia-projetos-horta-escolar-educacao-ambiental> (acessado em abril 2017).

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Crescimento do algodoeiro herbáceo em resposta a aplicação de sulfato de níquel

Matheus Augusto Sachetim(1)*, Enes Furlani Junior(2), Aline Redondo

Martins(3), Amanda Pereira Paixão(4), Noemi Cristina de Souza Vieira(4), Raiana Faria de Crepaldi(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado, Laboratório de estudos em morfologia e anatomia vegetal – LEMAV. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Laboratório de Fitotecnia 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de estudos em morfologia e anatomia vegetal 4UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Laboratório de Fitotecnia

Introdução

O algodoeiro (Gossypium hirsutum L. var. latifolium Hutch) está entre as principais plantas cultivadas no mundo visto que a fibra vegetal é uma das mais utilizadas na indústria têxtil. Por sua grande aplicabilidade em vários produtos, encontrando-se distribuída em mais de setenta países produtores, em diversas localidades do globo terrestre (CORDÃO SOBRINHO et al., 2003).

O níquel (Ni), último elemento considerado essencial às plantas por Brown et al. (1987), tem sua essencialidade em função da participação na metaloenzima urease, que catalisa a degradação da ureia em dióxido de carbono e amônia (DIXON et al., 1975), e permite aos organismos o uso da ureia gerada externa ou internamente como fonte de nitrogênio (TEZOTTO et al., 2012).

A deficiência de Ni inibe a atividade da urease fazendo com que ocorra acúmulo de ureia nas folhas, ocasionando o aparecimento de manchas necróticas, impedindo o desenvolvimento da cultura e em casos mais severos provocando até a morte das plantas (DECHEN et al., 2007). Segundo BROWN et al. (1990).

Considerando a importância do Ni no desenvolvimento das plantas, o objetivo deste trabalho foi verificar os possíveis efeitos da aplicação de doses crescentes de sulfato de níquel (22%Ni), aplicado via solo, no crescimento do genótipo de algodoeiro herbáceo FM 975 WS.

Material e métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação tipo Pad e Fan, com

temperatura máxima de 30°C, na UNESP/Campus de Ilha Solteira. Foi utilizado como substrato areia lavada. Foram colocadas em cada vaso 4 sementes para germinar, onde será aplicado a solução nutritiva de Hoagland & Arnon (1950) diariamente até o final do experimento, aos 90 dias após a emergência (DAE). Aos 30 DAE foi efetuado o desbaste, deixando-se 1 planta por vaso. O delineamento experimental adotado foi de blocos ao acaso, porem com 6 repetições, no esquema fatorial 1X8, sendo os fatores: 1 genótipo de algodoeiro herbáceo (FM 975 WS), 8 tratamentos, sendo um controle e 7 doses de níquel

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(18, 36, 72, 144, 288, 576 e 1,152 mg/planta) equivalentes ao estudo em vasos. As doses foram aplicadas via solo, aos 30, 40 e 50 DAE. Ao todo foram 48 vasos.

O atributo analisado referente ao desenvolvimento fisiológico das plantas será a altura (realizada com auxílio de trena, sendo medido do colo até a última ramificação do meristema apical). As avaliações terão início imediatamente antes da aplicação das doses de sulfato de níquel, aos 30 DAE, e em intervalos de 15 dias após a aplicação (45, 60, 85 DAE).

Resultados e discussão Com base nos dados apresentados na Tabela 1, antes da aplicação do

sulfato de níquel, aos 30 DAE e após a aplicação, aos 45, 60 e 85 DAE, as doses crescentes de Ni não influenciaram no crescimento em altura do genótipo FM 975 WS. Dados semelhantes foram observados Rigon et al. (2011) trabalhando com a utilização de nitrogênio e níquel durante desenvolvimento do algodão

Logo após a primeira aplicação, aos 30 DAE, observou-se que as doses

mais concentradas de sulfato de Ni (576 e 1,152 mg/planta) ocasionaram efeito fitotóxico, morrendo dias depois.

Tabela 1- Altura (cm) de algodoeiro herbáceo em diferentes épocas de avaliação (DAE), em função da aplicação de doses crescentes de sulfato de níquel, em genótipo de algodoeiro herbáceo FM 975 WS. Ilha Solteira- SP, ano agrícola 2016.

30 45 60 85 Doses

(mg/planta)

0 19,11 23,33 25,51 29,66

18 18,38 21,50 22,51 25,33

36 16,40 21,33 22,36 26,16

72 17,75 20,78 21,80 24,00

144 18,26 21,53 22,66 26,25

288 18,41 21,83 23,31 24,83

576 17,33 ---- ---- ----

1,152 19,53 ---- ---- ----

TESTE F p>F

Doses 0,2354ns 0,7972ns 0,5913ns 0,4854ns

C.V (%) 11,34 14,24 16,10 19,37

Média geral 18,15 21,71 23,03 26,04ns não significativo a 5% de probabilidade

Conclusões

A utilização de sulfato de níquel não causou mudança significativa na altura do genótipo utilizado. As doses de sulfato de níquel mais concentradas (576 e 1.152 mg/planta) acabaram provocando a morte das plantas após sua primeira aplicação.

Referências

BROWN, P.H., WELCH,R.M., CARY, E.E. Nickel: a micronutrient essential for all higher plantas. Plant Physiology, Rockville, v. 85, p. 801-803, 1987.

CORDÃO SOBRINHO, F. P.; ARAÚJO, J. M. de; SILVA, M. B. da. Avaliação do

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sistema de cultivo do algodoeiro herbáceo integrado a indústria de beneficiamento ano 2002. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4., 2003, Goiânia. Resumos... Goiânia: Embrapa, 2003. 1 CD-ROM. 4 p.

DECHEN, A. R.; NACTIGALL, G. R. Elementos requeridos à nutrição de plantas. In: NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V. V. H.; BARROS, N. F.; FONTES, R. L. F.; CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J. C. L. Fertilidade do solo. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p. 91- 132.

DIXON, N. E.; GAZZOLA, C.; BRAKELEY, R. L.; ZERNE, B. Jack bean urease. A metalloenzyme. A simple biological role of nickel? Journal of the American Chemical Society, Washington, v. 97, p. 4131- 4133, 1975.

RIGON , João Paulo Gonsiorkiewicz et al. Utilização de nitrogênio e níquel durante o

crescimento do algodão. 2011. 8 p. Mestrado ( Mestrando em Agricultura)- Faculdade Ciências Agronômicas, Unesp, Botucatu, 2011.

TEZOTTO, T.; FAVARIN, J. L.; AZEVEDO, R. A.; ALLEONI, L. R. F.; AZZAFERA, P. Coffee is highly tolerant to cadmium, nickel and zinc: plant and soil nutritional status, metal distribution and bean yield. Field crops research, Amsterdam, v. 125, p. 24-34, 2012.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

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Análise sensorial e comparação entre leite de vaca e mistura entre leite de vaca e achocolatado, ambos achocolatado

Matheus Sousa de Paula Carlis(1)*, Leandro Aparecido Braga (2), Lucas Costa Pereira(3), Marília Oliveira Ferreira Silva(4), Carolina Paggioli (5),

Rafael Silvio Bonilha Pinheiro(6)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura e-mail: [email protected] 3UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura e-mail: [email protected] 4UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura e-mail: [email protected] 5UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Disciplina de Caprinocultura e-mail: [email protected] 6Professor Pesquisador UNESP/FEIS, Ilha Solteira –SP, Brasil e-mail: [email protected]

Introdução

Entender a qualidade percebida pelo consumidor é fundamental quando se pretende não apenas produzir alimentos, mas também comercializá-los. Identificar os fatores de qualidade que são relevantes ao consumidor e sua relação com os parâmetros físicos e químicos do produto é fundamental (Trevisan el al., 2007).

O consumo deste leite e de seus derivados é crescente, baseando-se na qualidade nutricional. De acordo com Lima (2000) o leite de cabra tem usos terapêutico e medicinal com indicação em problemas alérgicos, distúrbios digestivos, desnutrição e convalescença de crianças e idosos, constituindo um produto de elevado valor biológico. É um alimento de alto valor nutricional, fácil digestibilidade, cor branca, odor suave, sabor adocicado, maior quantidade de proteína e menor teor de extrato seco desengordurado do que o leite de vaca (Mendes et al., 2009).

A elaboração de queijos e iogurtes são alguns dos mais comuns. No caso dos iogurtes, além da alteração de sabor obtida no processo, constitui um produto que quando incorporado de outros sabores tem mercado consumidor garantido (Marinho et al., 2012).

O presente trabalho teve por objetivo a realização da análise sensorial: odor, sabor, aparência e preferência, do leite de vaca puro e da mistura de 50% de leite de vaca e 50% de leite de cabra, ambos com achocolatado.

Material e métodos

A análise sensorial foi realizada no laboratório de processamento de alimentos da UNESP – Campus II – Ilha Solteira, foram analisados dois tipos de leite (leite de vaca e mistura de leite de vaca e de leite de cabra, ambos com adição de achocolatado em pó). 64 pessoas participaram da análise sensorial sendo 33 homens e 31 mulheres. Foram utilizadas 64

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fichas de avaliação, três garrafas de plástico descartáveis de um litro, três copinhos plásticos café descartáveis por pessoa contendo ¼ de xícara de leite.

Os participantes voluntários foram orientados de como deveriam provar o produto oferecido e preencher as fichas de acordo com sua preferência de consumo e atribuir notas de 1 a 5(desgostei muitíssimo, desgostei, indiferente, gostei e gostei muitíssimo), para os quesitos aparência, odor e sabor, para cada amostra.

Após a realização da análise os resultados foram digitados no Excel, resultando em gráficos para (obter uma comparação mais visual do resultado.

Tratamentos e amostragens

Cada um dos dois tratamentos, leite de vaca puro e mistura, foram subdivididos em 3 blocas. Os dados obtidos por cada participante foram anotados em fichas individuais, subsequentemente, todos os dados foram organizados e analisados.

Resultados e discussão

No gráfico 1 estão representados os dados coletados, analisados e comparados do leite de vaca puro e mistura de leite de vaca e leite de cabra a 50%, quanto a preferência, odor e sabor. Já no gráfico 2 estão representados os dados da mesma análise quanto a preferência entre os dois compostos, por parte dos participantes voluntários da análise sensorial.

Gráfico 1 -Análise sensorial do leite de vaca puro (594 - Vaca) e mistura de leite de cabra e de vaca 50% (345 - Misto) quanto a aparência, odor e sabor.

Os compostos comparados, não apresentaram diferença significativa quanto a aparência e odor, porém apresentaram diferença no sabor, prevalecendo o leite de vaca recebendo nota média de 4,05 e a mistura de 3,31.

Gráfico 2 -Análise sensorial do leite de vaca puro (594 - Vaca) e mistura de leite de cabra e de vaca 50% (345 - Misto) quanto a preferência.

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A preferência dos participantes foi pelo leite de vaca puro, tal

preferência pode ser explicada tanto por terem o habito de consumir o mesmo e também pelo sinergismo dos compostos químicos e aspectos físicos, atribuírem melhor palatabilidade.

Conclusões

Portanto conclui-se que é de suma importância os estudos de compostos para serem utilizados no leite de cabra ou subprodutos, assim obtendo melhor adesão dos clientes pelo produto, elevar a qualidade de produto e melhorar o retorno financeiro para os produtores. De acordo com os resultados dessa análise sensorial, pode-se concluir que a preferência ainda é pelo leite de vaca.

Referências

MARINHO, Maria Verônica Monteiro; FIGUEIRÊDO, Rossana Maria Feitosa de; QUEIROZ, Alexandre José de Melo. ANÁLISE FISICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE IOGURTE DE LEITE DE CABRA COM POLPA DE UMBU. Campina Grande: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, 2012.

TREVISAN, Renato; PIANA, Clause Fátima de Brum; TREPTOW, Rosa de Oliveira. Perfil e preferências do consumidor de pêssego (Prunus persica) em diferentes regiões produtoras no Rio Grande do Sul. Jaboticabal: Rev. Bras. Frutic., 2010.

COSTA, R.; MESQUITA, I.; QUEIROGA, R.; MEDEIROS,A.; CARVALHO, F.; BELTRÃO FILHO, E. Características químicas e sensoriais do leite de cabras Moxotó alimentadas com silagem de maniçoba. Revista Brasileira de Zootecnia, Brasília, v. 37, n. 4, p. 694-702, abr. 2008.

Lima, R.G.S. Cabra, a vaca do pobre? Novo cenário para a caprinocultura do semiárido baiano. Bahia Agrícola, Mossoró, v.4, n.1, p.11-13, 2000.

Mendes, C.G.; Silva, J.B.A.; Abrantes, M.R. Caracterização organoléptica, físico-química microbiológica do leite de cabra: uma revisão. Acta Veterinária Brasílica, Mossoró, v.3, n.1, p.5-12, 2009.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

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Avaliação comparativa de células do tecido vascular em plantas de Astronium fraxinifolium (Schott) sob estresse

nutricional

Maycon Anderson de Araujo(1)*, Marilaine Cristina Marques Leite(2), Aline Redondo Martins(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal - LEMAV e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal - LEMAV. 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal – LEMAV

Introdução A espécie A. fraxinifolium é originária do Cerrado brasileiro. As plantas

existentes nesse bioma apresentam diversas adaptações que asseguram sua sobrevivência, contra a deficiência de nutrientes no solo (FRANCO; HARIDASAN; FERREIRA, 2008), chegando até mesmo a apresentarem adaptações a incêndios (LEITE, 2002). De acordo com Menezes, Silva e Pinna (2006) a disponibilidade da água influencia na estrutura das folhas em Angiospermas sendo que as plantas que apresentam características adaptativas e sobrevivem à escassez de água são chamadas xerófitas.

Material e métodos

As amostras foram coletadas em duas áreas, na FEPE Bovino (Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão), qual chamamos de área impactada e a outra FEPE Cerrado (Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão), qual dissemos área não-impactada. Foram analisadas a região da nervura central no 3º folíolo dos ramos fixados (JOHANSEN, 1940) e amostras do tecido foliar foram incluídas em hidroxi-etil-metacrilato (Leica Historesin) para realização de cortes histológicos em micrótomo rotativo utilizando a espessura de 5µm. Para mensurar os elementos de vaso e elementos de tubo crivado foram utilizadas lâminas histológicas coradas com azul de toluidina 0,05% em tampão fosfato e ácido cítrico pH 4,5 (SAKAI, 1973) por 3 minutos e montadas em resina sintética “Entellan”. As imagens obtidas foram analisadas com o auxílio do Sofware Image Tool 3.0, que permitiu a mensuração do comprimento e diâmetro dos elementos de vaso e elementos de tubo crivado. Utilizou-se o software Excel 2007 a fim de avaliar as possíveis diferenças entre os valores médios entre os sexos e/ou entre as áreas estudadas, utilizando-se do Teste t de student.

Resultados e discussão

Com relação às plantas femininas e masculinas, foi obervada diferença entre os valores de comprimento e diâmetro dos elementos de vaso na área não impactada (Tabela 1), sendo que as plantas femininas os valores se mostraram maiores . Na área impactada também foi obervada diferença entre os valores de comprimento e diâmetro dos elementos de vaso (quando analisadas plantas femininas e masculinas. Neste caso, as plantas femininas apresentam as maiores médias (Tabela 1). Longui et al. (2012) dizem que o diâmetro do

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elemento de vaso pode estar relacionado a vários fatores e em seu trabalho foi observado relação significativa com a temperatura e o défcit hídrico. É comum em estudos observar variação no tamanho dos elementos celulares dos tecidos vasculares em plantas submetidas ao estresse, assim como descrito para Melo et al. (2007) e Machado (2004), onde houve uma redução do tecido vascular quando as plantas foram expostas ao estresse hídrico.

Tabela 1 - Medidas de comprimento (µm) e diâmetro (µm) de elementos de vaso encontrados no mesofilo de plantas de Astronium fraxinifolium nas áreas impactada e não-impactada.

Área não impactada Comprimento Diâmetro

Femininas 525,93a 73,62a

Masculinas 257,79b 30,07b

Área impactada Comprimento Diâmetro

Femininas 560,41a 71,18a

Masculinas 251,27b 30,62b

(µm) Comprimento Diâmetro

Femininas- Área não impactada

525,93a 73,62a

Femininas- Área impactada

560,41a 71,18a

(µm) Comprimento Diâmetro

Masculinas-Área não

impactada 257,79a 30,07a

Masculinas- Área impactada

251,27a 30,62a

* médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem entre si pelo teste t (n=45, p<0.05). .

Não foi obervada diferença entre os valores de comprimento (test t>

p=0,401702715) e diâmetro (test t> p= 0,057719078) dos elementos de tubo crivado quando analisadas plantas nas diferentes áreas de estudo (Tabela 2).

Tabela 2 - Medidas de comprimento (µm) e diâmetro (µm) de elementos de tubo crivado encontrados no mesofilo de plantas de Astronium fraxinifolium, independente do sexo, nas áreas impactada e não-impactada.

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Comprimento Diâmetro

Área não impactada 80,01a 9,18a

Área impactada 76,02a 8,22a

* médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem entre si pelo teste t (n=48, p<0.05)

Conclusões A partir das análises anatômicas, fisiológicas e estatísticas foi possível

observar que o estresse ambiental pode provocar alterações em A. fraxinifolium. As plantas femininas de ambas as áreas apresentaram maiores valores médios para comprimento e diâmetro de elementos de vaso em relação às plantas masculinas. Quanto aos elementos de tubo crivado não foram observadas modificações entre as plantas das duas áreas.

Agradecimentos

Gostaria de agradecer ao apoio fornecido pelo CNPq por meio da Bolsa de Iniciação Ciêntífica modalidade PIBIC e ao Auxílio Financeiro - Edital Universal - CNPq - 456672/2014-1 fornecido por meio do Projeto “Avaliação anatômica da folha de Gonçalo-Alves (Astronium fraxinifolium) em áreas degradada e não degradada” desenvolvido pela minha orientadora.

Referências FRANCO, A. C.; HARIDASAN, M.; FERREIRA, C. S.. Physiological ecology of cerrado plants: new

insights and new approaches. Brazilian Journal of Plant Physiology, 20:165-166, 2008. LEITE, E. J..State-of-knowledge on Astronium fraxinifolium Schott (Anacardiaceae) for genetic

conservation in Brazil. Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics, 5: 63-77, 2002. JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York: McGraw-Hill, 1940. MACHADO, Andresa Vieira. Efeitos do estresse hídrico em plantas jovens de Hedyosmum

brasiliense Mart. (Chloranthaceae). 2004. 65 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Biologia Vegetal, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

MELO, Hyrandir Cabral de; CASTRO, Evaristo Mauro de; SOARES, Ângela Maria; MELO, Lucas Amaral de; ALVES, José Donizete. Alterações anatômicas e fisiológicas em Setaria anceps Stapf ex Massey e Paspalum paniculatum L. sob condições de déficit hídrico. Hoehnea, São Paulo, v. 34, n. 2, p.145-153, 2007.

MENEZES, N. L.; SILVA, D. C.; PINNA, G. F. A. M.de. Folha. In: APEZZATO-DA-GLÓRIA, B.; GUERREIRO, S. M. C. Anatomia Vegetal. 2. ed. Viçosa: UFV, 2006. p. 303-325.

SAKAI, W. S.. Simple Method for differential staining of paraffin embedded plant material using toluidine blue. Stain Technology, 48: 247-248, 1973.

Graduação/Ciências Biológicas

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Anatomia dos ligamentos hepáticos de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758).

Mykael Bichofi do Prado(1)*, Rosangela Felipe Rodrigues(2), Elisângela

Medeiros Melo de Lima(3), Lúcio de Oliveira e Sousa(4), Alan Peres Ferraz de Melo(5)

1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia – Bacharelado, Laboratório de Anatomia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FMVA/Araçatuba, Docente, Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos 3UNESP-FEIS, Técnica Laboratório, Departamento de Biologia e Zootecnia 4CCFS/CESP, Médico-veterinário 4UNESP-FEIS, Docente, Laboratório de Anatomia

Introdução

O fígado em mamíferos domésticos representa a maior glândula do corpo

e desempenha funções essenciais à vida, atuando no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. Este órgão possui ação desintoxicante, que contribui para o armazenamento de glicose sob a forma de glicogênio, conferindo a este órgão uma grande importância (Dyce et al., 2010).

Nas espécies domésticas o fígado apresenta duas superfícies: a superfície diafragmática que se situa contra a concavidade do diafragma e é convexa em forma, e a superfície visceral, caudal e situa-se contra vários órgãos abdominais, dando seus nomes a depressões na superfície do fígado (Moreira et al., 2002).

O tamanho relativo do fígado e seu padrão de lobação variam entre as espécies domésticas. Na maioria dos animais domésticos são descritos quatro lobos que são: lobo direito, lobo esquerdo, lobo quadrado e lobo caudado (König et al., 2011).

Quanto aos ligamentos presentes nas espécies domesticas, evidencia-se os ligamentos triangulares, coronário e falciforme (Moreira et al., 2002; König et al., 2011).

O presente estudo tem como objetivo descrever a topografia dos ligamentos hepáticos no tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla).

Material e métodos

Para a realização do presente trabalho foram utilizadas cinco carcaças de

Myrmecophaga tridactyla, de ambos os sexos, sendo um jovens e quatro adultos. Esses animais vieram a óbito no Centro de Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira da Companhia Energética de São Paulo (CESP), no município de Ilha Solteira-SP. O projeto apresenta autorizações do SISBIO nº 43621 e da Comissão de Ética no Uso de Animais da FEIS sob nº 02/2014. No laboratório de Anatomia da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira as carcaças foram abertas pela cavidade abdominal, por incisão com bisturi na pele e musculatura. Expôs-se a referida cavidade evidenciando o fígado com seus ligamentos, pelas faces visceral e diafragmática. As estruturas foram identificadas por meio de documentação fotográfica; com utilização da Nomina Anatomica Veterinaria (2012) para conferencia das estruturas anatômicas.

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Resultados e discussão

Nos fígados do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), foi possível evidenciar uma lobação sendo lobo direito, lobo esquerdo, lobo quadrado e lobo caudado como relatados também por Borges et al (2002) em cervos e König et al. (2011) em mamiferos.

Os ligamentos presentes no fígado dos tamanduás – bandeira uma grande importância na fixação do órgão ao diafragma como descrito por Borges et al. (2002) e Getty, (1986) em animais domésticos. Os ligamentos encontrados foram redondo, falciforme, coronário, triangular direito e triangular esquerdo (Figura 1).

Figura 1. Fotomacrografia do fígado do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), não fixado, vista visceral, fora da cavidade abdominal. Observa-se a divisão do órgão em lobos: lateral direito (LD), medial direito (MD), quadrado (Q), medial esquerdo (ME) e lateral esquerdo (LE). A vesícula biliar (VB) encontra-se entre os lobos MD e Q. É possível ainda visualizar o ducto biliar (DB), o ligamento falciforme (LF), a impressão gástrica do lobo lateral esquerdo (IG (LLE)), o ligamento coronário (LC), o ligamento triangular direito (LTD) e o ligamento triangular esquerdo (LTE) e músculo diafragma (D).

Os ligamentos apresentaram uma fixação do órgão à parede lateral do peritônio, como descreve Dyce et al. (2010) e Getty (1986). No fígado do cervo-do pantanal (Blastocerus dichotomus) Borges et al. (2002) demonstraram uma grande quantidade de ligamentos efetuando a fixação do fígado em sua posição anatômica; observação também efetuada nos tamanduás-bandeiras estudados. Percebe-se que os ligamentos são parte do peritônio parietal que se destina ao fígado, como relataram Souza et al. (2007) em fígados de capivara

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(Hydrochaerus hydrochaeris).

Conclusões Os ligamentos hepáticos no tamanduá bandeira apresentam diversificação

em suas fixações, ao diafragma fazendo com que haja uma estática hepática do mesmo modo que espécies de mamíferos domésticos e mesmo silvestres.

Agradecimentos

Os autores agradecem a doação das carcaças pelo Centro de Conservação da Fauna Silvestres de Ilha Solteira/CESP

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Sobrevivência e rebrota de cinco espécies de leguminosas do Cerrado pós fogo

Natacha Silva(1)*, Alessandra Fidelis (1), Aline Redondo Martins(2)

1UNESP- Rio Claro, Curso de Pós-graduação em Biologia vegetal. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Anatomia vegetal.

Introdução

O fogo tem influência sobre diversos tipos de vegetações, regulando a dinâmica das populações e as comunidades vegetais (Bond & Van Wilgen, 1996; Keeley et al, 2011). O Cerrado é caracterizado por apresentar uma grande quantidade de biomassa subterrânea com um papel importante na regeneração das plantas (Whelan, 1995; Pausas et al., 2004; Vesk & Westoby, 2004). Algumas plantas conhecidas como rebrotadoras (Pausas et al., 2004) tem a capacidade de rápida regeneração após o fogo. As espécies herbáceas e arbustivas do Cerrado são pouco definidas quanto a sobrevivência e capacidade de rebrota pós fogo na literatura. Estudos que mostrem a partir de qual idade elas podem sobreviver a passagem do fogo para a estratégia de rebrota, são necessários. O objetivo deste trabalho foi analisar se aos seis meses de idade as espécies de leguminosas do Cerrado sobrevivem e rebrotam após passagem do fogo.

Material e métodos

Sementes de cinco espécies de leguminosas (Bauhinia dumosa, Mimosa arvoreta, Mimosa kalunga, Mimosa leiocephala, Mimosa somnians) foram selecionadas e coletadas em área de campo sujo na Reserva Natural da Serra do Tombador (RNST), localizada no norte de Goiás. As sementes foram escarificadas em laboratório, e colocadas para germinar em placas de petri com papel filtro. As sementes foram transplantadas para sacos de mudas em casa de vegetação após dez dias da semeadura. As plântulas/plantas jovens foram acompanhadas, por meio de observação direta até os seis meses de idade.

Experimento de fogo

Dois indivíduos de cada uma das cinco espécies, com seis meses, foram enterrados em campo em três parcelas de queimadas experimentais, sendo mantido o saco de muda abaixo da terra e o ‘torrão’ de substrato rente ao solo, expondo a parte aérea das plântulas/plantas jovens. As queimadas foram realizadas em parcelas experimentais (15x15 m) de campo sujo (Estação Ecológica de Itirapina, faz parte do projeto Jovem Pesquisador da Dra. Alessandra Fidelis – 2015/06743-0), com auxílio da brigada local, na direção do vento (‘headfire’) (Whelan, 1995). Os experimentos foram realizados em setembro de 2016. O experimento de fogo foi um dado preliminar para análise por observação direta de sobrevivência e rebrota das cinco espécies, sendo que serão realizados próximos novos experimentos em 2018.

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Resultados e discussão As plântulas/plantas jovens das cinco espécies (B. dumosa, M. arvoreta, M.

kalunga, M. leiocephala e M. somnians) com seis meses de idade, utilizadas no experimento de fogo, perderam a parte aérea consumida pelo fogo. A rebrota iniciou a partir do caule carbonizado de novas ramificações, após 14 dias da queima (Fig.1), exceto a espécie M. kalunga.

Figura 1: A – As cinco espécies de plântulas/ plantas jovens queimadas com seis meses de idade. B a F – as quatro espécies em rebrote após 14 dias de queimada. B e C– M. arvoreta. D – M. leiocephala. E – M. somnians. F – B. dumosa.

Segundo Cesar (1980), o Cerrado apresenta espécies de diversas famílias

botânicas, que rebrotam rapidamente após eventos de fogo, com resultados próximos ao do presente estudo, como por exemplo, Aster camporum, Lantana hassleri e Euphorbia coecorum que rebrotam entre 14 a 15 dias após o fogo, apresentando, provavelmente, condições morfológicas e fisiológicas para sobreviverem ao distúrbio de fogo. Além disso, possivelmente, as cinco espécies estudadas, exceto a M. kalunga, se apresentam como “rebrotadoras obrigatórias

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(R+P+)”, um dos tipos de estratégias de sobrevivência após o fogo para espécies da família Fabaceae (Pausas et al., 2004; Pausas & Keeley, 2014).

Conclusões

As plântulas das cinco espécies em estudo, exceto a M. kalunga, com seis meses de idade, sobreviveram e rebrotaram após a passagem do fogo, e possivelmente, apresentam condições morfológicas e fisiológicas para sobreviverem ao distúrbio de fogo. Porém, novos estudos serão realizados para melhor compreensão da sobrevivência e rebrota dessas espécies de Leguminosas do Cerrado.

Agradecimentos

Agradecemos a FAPESP – Projeto Jovem Pesquisador da Dra Alessandra Fidelis – 2015/06743-0, ao CNPq – Bolsa de doutorado (processo: 142121/2016-9), ao Edital Universal – CNPq (processo: 456672/2014-1) pelos auxílios financeiros na realização desse trabalho.

Referências

BOND, W. J. & VAN WILGEN, B. W. Fire and Plants (population and community biology series 14). Population

and Community Biology, v. 263, 1996.

CESAR, H. L. Efeitos da queima e corte sobre a vegetacao de um campo sujo na Fazenda Água Limpa, Distrito Federal.

Tese de Doutorado. Universidade de Brasília, DF. 1980.

KEELEY, J. E. et al. Fire as an evolutionary pressure shaping plant traits. Trends in Plant Science, v. 16, p. 406-411,

2011.

PAUSAS, J. G. et al. Plant functional traits in relation to fire in crown-fire ecosystems. Ecology, v. 85, p. 1085-1100,

2004.

PAUSAS, J. G. & KEELEY, J. E. Evolutionary ecology of resprouting and seeding in fire‐prone ecosystems. New

Phytologist, v. 204, p. 55-65, 2014.

VESK, P. A. & WESTOBY, M. Sprouting ability across diverse disturbances and vegetation types worldwide. Journal

of Ecology, v. 92, p. 310-320, 2004.

WHELAN, R. J. The Ecology of Fire. Cambridge University Press, 1995.

Nível e área do trabalho: Pós-graduação

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Teores de macronutrientes no lenho de eucalipto em função do número de brotos por cepa e da adubação mineral

Natasha Mirella Inhã Godoi(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho (2),

Thiago de Souza Celestrino(3), Maira Caroline Terçariol(1), Willian Lima Rodrigues(1), Antonio Leonardo Campos Biagini(1),

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Laboratório de Nutrição de Plantas. 3UNESP-FEIS, Pós-Graduação em Agronomia.

Introdução

O eucalipto é a espécie florestal mais plantada nos programas de reflorestamentos brasileiro, ocupando, em 2014, uma área de 6,95 milhões de hectares, e o Estado do Mato Grosso do Sul abrange 13% deste total (886 mil hectares), com destaque para o município de Três Lagoas, com uma área de 571 mil hectares (IBGE, 2014).

Devido à capacidade de regenerar vegetativamente, é possível o manejo de áreas de eucalipto pelo sistema de talhadia, entretanto, há decréscimos na produtividade dos ciclos subsequentes. Este decréscimo pode ser atribuído à deficiência de nutrientes em decorrência da exportação dos nutrientes devido a colheita dos fustes comerciais (FARIA et al, 2002). O tronco das árvores pode acumular 65 a 80% de biomassa do eucalipto (FOELKEL, 2005).

Este trabalho teve como objetivo determinar os teores de macronutrientes nos lenhos de eucalipto (clone I-144), com um ou dois brotos por cepa em função de doses de adubo mineral após 44 meses.

Material e métodos

O experimento foi conduzido na fazenda Caçula, fundo agrícola administrado pela Cargill Agrícola S/A, localizado no município de Três Lagoas – MS. O solo da área experimental é um Neossolo Quartzarênico órtico, de acordo com a classificação da Embrapa (2013). O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 8 tratamentos e 4 repetições, dispostos em um esquema fatorial de 2x4, sendo: com um ou dois brotos por cepa em segundo ciclo; quatro doses de fertilizante mineral (0, 50, 100 e 200% dos 200 kg ha-1 da fórmula 06-30-06 + 1% Ca + 3% S + 1% Mg + 1,5% Cu + 1% Zn, a qual é comumente utilizada na região) aplicadas logo após a definição dos brotos. Cada parcela útil foi composta de 49 plantas.

As amostras do lenho de duas plantas representativas por parcela, foram obtidas a partir de três amostras por árvore distribuídas ao longo do fuste comercial, sendo estas analisadas no laboratório de Nutrição de Plantas – UNESP/FEIS – para determinação dos macronutrients (N, P, K, Ca, Mg e S). Os resultados foram analisados utilizando o programa estatístico SISVAR.

Resultados e discussão Os teores de macronutrientes nos lenhos, obtido aos 44 meses após a

definição dos brotos e adubação mineral, constam na Tabela 1. Verifica-se que o potássio (K) e nitrogênio (N) foram os nutrientes que apresentaram maiores

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teores nos lenhos do eucalipto, seguidos dos demais nutrientes: fósforo (P), enxofre (S), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), respectivamente.

Apenas para magnésio houve diferença significativa nos teores do nutriente para número de brotos, sendo que o maior teor foi para a condução de um broto por cepa. O incremento da adubação aumentou linearmente o teor de Ca no lenho e o teor de K até 125% (que corresponde a 250 kg ha-1 da fórmula 06-30-06 + 1,0% Ca + 3,0% S + 1,0% Mg + 1,5% Cu + 1,0% Zn) da dose comumente utilizada.

Tabela 1. Teores de macronutrientes nos lenhos de eucalipto aos 44 meses após

a definição dos brotos, em função do número de brotos por cepa e doses de adubo mineral. Três Lagoas - MS, 2017.

Tratamentos N P K Ca# Mg S

(g kg-1 de M.S.)Número de

brotos por cepa

1 0,84a 0,36a 1,35a 0,20a 0,18a 0,23a2 0,81a 0,36a 1,21a 0,28a 0,14b 0,23a

D.M.S. (5%) 0,10 0,03 0,22 0,10 0,04 0,07Adubação (%)+

0

0,82

0,33(1)

1,29

0,12(2)

0,15

0,2050 0,89 0,36 1,22 0,27 0,15 0,21

100 0,80 0,37 1,26 0,27 0,14 0,26200 0,79 0,38 1,36 0,31 0,20 0,24

Teste F Brotos (B) 0,41 ns 0,31ns 1,78ns 3,07ns 4,76* 0,03ns

Adubação (A) 0,91 ns 1,76ns 0,30ns 3,08ns 1,52ns 0,65ns

B x A 0,62 ns 2,37ns 4,43* 2,47ns 1,16ns 0,34ns

C.V. (%) 13,08 10,24 19,69 7,81 30,75 35,03Média Geral 0,82 0,36 1,28 0,24 0,16 0,23

+Porcentagem referente a 200 kg ha-1 da fórmula 06-30-06 + 1,0% Ca + 3,0% S + 1,0% Mg + 1,5% Cu + 1,0% Zn. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. * e ** = significativo a 5 e 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente; ns = não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. #Dados corrigidos pela equação (x+0,5)0,5. (1) Y = 0,3334+0,0005x-0,000002x² (R2 = 1,00* e PM = 125%) (2) Y = 0,1687+0,0008x (R2 = 0,68*)

Conclusões

O maior teor de Mg no lenho foi obtido na condução de um broto por cepa. O incremento da adubação aumentou linearmente o teor de Ca e o teor de K até a dose de 125%. Os maiores teores de nutrientes no lenho de eucalipto foram de K e N. Portanto em função da colheita do tronco, estes nutrientes são os mais exportados da floresta de eucalipto.

Referências FARIA, G. E.; BARROS, N. F.; NOVAIS, R. F.; LIMA, J. C.; TEIXEIRA, J. L. Produção e estado

nutricional de povoamentos de Eucalyptus grandis, em segunda rotação, em resposta à adubação potássica. R. Árvore, 26:577-584, 2002.

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FOELKEL, C. Minerais e nutrientes das árvores dos eucaliptos: Aspectos ambientais, fisiológicos, silviculturais e industriais acerca dos elementos inorgânicos presentes nas árvores. Eucalyptus online book newsletter, 2ª Edição, 2005. Disponível em: < http://atividaderural.com.br/artigos/538773282706a.pdf >. Acesso em: 22 abr. 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Sistema IBGE de recuperação de dados – SIDRA: Tabela 5930 - Área total existente em 31/12 dos efetivos da silvicultura, por espécie florestal, 2014. Disponível em: < http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=5930&z=t&o=18&i=P >. Acesso em: 22 abr. 2016.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Teores de macronutrientes na casca de eucalipto em função do número de brotos por cepa e da adubação mineral

Natasha Mirella Inhã Godoi(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho (2),

Thiago de Souza Celestrino(3), Maira Caroline Terçariol(1), Willian Lima Rodrigues(1), Antonio Leonardo Campos Biagini(1)

1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Laboratório de Nutrição de Plantas. 3UNESP-FEIS, Pós-Graduação em Agronomia.

Introdução

O gênero Eucalyptus é a essência florestal mais cultivada no Brasil, ocupando uma área de aproximadamente sete milhões de hectares, sendo que o Estado do Mato Grosso do Sul, abrange um pouco mais de 13% deste total (886 mil hectares) (IBGE, 2014).

A condução de rebrotas nas cepas do eucalipto, denominado talhadia, apresenta a vantagem de elevada taxa de crescimento inicial das brotações em cepas, por apresentarem um sistema radicular já estabelecido, contendo reservas orgânicas e inorgânicas prontamente utilizadas. Apesar da vantagem, há registros de decréscimo na produtividade que nem sempre está associado à redução do número de troncos do povoamento original (Reis; Reis, 1997).

O eucalipto apresenta elevada mobilização de nutrientes em função do seu rápido crescimento. O tronco pode acumular de 65 a 80% da biomassa total (Foelkel, 2005). Realizar o descascamento do troco é uma prática que ajudaria a reduzir a exportação de nutrientes da área, em especial o cálcio (Ca), já que segundo Shumacher e Caldeira (2001), a casca é responsável por acumular 55,3% do Ca total.

Neste contexto, objetivou-se com esta pesquisa, determinar os teores de macronutrientes compartimentalizados nas cascas de eucaliptos (clone I-144), com um ou dois brotos por cepa em função de doses de adubo mineral após 44 meses.

Material e Métodos

O experimento foi realizado na fazenda Caçula, fundo agrícola administrado pela Cargill Agrícola S/A, localizado no município de Três Lagoas, MS. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com oito tratamentos e quatro repetições, dispostos em um esquema fatorial 2x4, sendo: com um ou dois brotos por cepa em segundo ciclo; quatro doses de fertilizante mineral (0, 50, 100 ou 200% dos 200 kg ha-1 da fórmula 06-30-06 + 1% Ca + 3% S + 1% Mg + 1,5% Cu + 1% Zn) aplicadas logo após a definição dos brotos. O clone de eucalipto I-144 foi plantado no espaçamento 3,0 x 2,5 m, com 49 plantas por parcela. As amostras de cascas foram analisadas no laboratório de Nutrição de Plantas da Faculdade de Engenharia da UNESP. Aos 44 meses após a definição dos brotos e adubação mineral, época esta que corresponde a 4 anos da colheita do eucalipto cultivado no primeiro ciclo produtivo, três árvores representativas por parcela foram selecionadas, seccionadas ao nível do solo e fracionadas nos seguintes componentes: folha, galho, casca do tronco e madeira

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do tronco. A biomassa total de cada um destes componentes foi determinada através da pesagem com balança de gancho. Coletou-se subamostras dos diferentes componentes, sendo uma amostra por árvore dos componentes folha e galho (contendo galhos finos e grossos, vivos e mortos localizados em toda a copa), em média de 400 g. Para madeira e casca foram coletadas três amostras por árvore derrubada distribuídas ao longo do fuste comercial, nas posições medianas das secções resultantes da divisão em três partes iguais. Todas as subamostras foram pesadas no campo com balança de precisão, colocadas em embalagens de papel e devidamente identificadas.

Das amostras da casca dos eucaliptos foram determinados os teores foliares de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre, ferro, manganês e zinco, conforme descrito em Malavolta et al. (1997).

Os resultados foram e serão analisados pela análise de variância (teste F) e teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparação de médias do número de brotos. Para o efeito de doses de adubo foi aplicada a regressão polinomial.

Resultados e discussão

Os teores de macronutrientes nas cascas, obtidos aos 44 meses após a definição dos brotos e adubação mineral, estão demonstrados na Tabela 1. O nutriente que menos acumulou nas cascas de eucaliptos foi o enxofre (S), sendo que a ordem crescente do acúmulo dos macronutrientes foi: S < P < Mg < N < K < Ca.

Tabela 1. Teores de macronutrientes na casca de eucalipto aos 44 meses após a definição dos brotos, em função do número de brotos por cepa e doses de adubo mineral. Três Lagoas - MS, 2017.

Tratamento N P K Ca Mg S

(g kg-1 de M.S.)Número de brotos

por cepa

1 3,50a 1,39a 7,44a 13,53a 2,92a 0,40a2 3,59a 1,20a 6,52a 12,49a 2,27a 0,47a

D.M.S. (Tukey 5%) 0,32 0,34 1,22 3,65 0,68 0,09Adubação (%)+

0

3,64

0,88

7,48

12,54

2,26

0,45 50 3,58 1,58 7,66 12,64 2,84 0,40

100 3,36 1,28 6,02 13,41 2,12 0,46200 3,59 1,44 6,76 13,44 3,14 0,43

Teste F Brotos (B) 0,34ns 1,48ns 2,57ns 0,37ns 4,17ns 3,65ns

Adubação (A) 0,69ns 3,75ns 1,76ns 0,08ns 2,30ns 0,45ns

B x A 0,12ns 4,09 ns 1,64ns 0,55ns 1,50ns 0,02ns

C.V. (%) 10,40 29,73 19,62 32,06 30,10 22,87Média Geral 3,54 1,29 6,98 13,01 2,59 0,43

+Porcentagem referente a 200 kg ha-1 da fórmula 06-30-06 + 1,0% Ca + 3,0% S + 1,0% Mg + 1,5% Cu + 1,0% Zn. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * e ** = significativo a 5 e 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente; ns = não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Não houve diferença entre o número de brotos por cepa para nenhum dos

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teores dos macronutrientes na casca. Também, não foi constatada influência do incremento da adubação mineral sobre os teores dos macronutrientes neste órgão vegetal. Entretanto, vale destacar que em relação ao tratamento controle (sem aplicação do adubo mineral), notou-se um incremento de 32% no teor de P na casca, considerando a média dos tratamentos que foram adubados. O conhecimento dos teores de nutrientes nas cascas de eucalipto é importante para determinação do acúmulo nos compartimentos do mesmo.

Conclusões

O Ca e o K foram os nutrientes que apresentaram os maiores teores na casca. Portanto, o descascamento na área, após a colheita do fuste comercial, permite que ambos retornem ao sistema solo por meio da ciclagem de nutrientes, podendo representar incrementos na produtividade dos ciclos subsequentes do eucalipto.

Referências

FOELKEL, C. Minerais e nutrientes das árvores dos eucaliptos: Aspectos ambientais, fisiológicos, silviculturais e industriais acerca dos elementos inorgânicos presentes nas árvores. Eucalyptus online book newsletter, 2ª Edição, 2005. Disponível em: <http://atividaderural.com.br/artigos/538773282706a.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Sistema IBGE de recuperação de dados – SIDRA: Tabela 5930 - Área total existente em 31/12 dos efetivos da silvicultura, por espécie florestal, 2014. Disponível em: < http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=5930&z=t&o=18&i=P >. Acesso em: 22 abr. 2016.

REIS, G. G.; REIS, M. G. F. Fisiologia da brotação de eucalipto com ênfase nas suas relações hídricas. Série técnica IPEF, v. 11, n. 30, p. 9-22, 1997.

SCHUMACHER, M. V.; CALDEIRA, M. V. W. Estimativa da biomassa e do conteúdo de nutrientes de um povoamento de Eucalyptus globulus (Labillardière) sub-espécie maidenii. Ciência Florestal, v. 11, n. 1, p. 45-53, 2001.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Índice SPAD em algodoeiro herbáceo em função da aplicação de sulfato de níquel

Patrícia de Almeida(1)*, Enes Furlani Júnior (2), Amanda Pereira Paixão(3), Raiana Crepaldi de Faria(3), Noemi Cristina de Souza Vieira(3), Vinicius

Cabrio Fernandes(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado, Laboratório de Fitotecnia. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Laboratório de Fitotecnia 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Laboratório de Fitotecnia

Introdução O algodoeiro é considerado uma das plantas de mais completo

aproveitamento, pois produz uma das mais importantes fibras têxteis do mundo e oferece variados produtos de utilidade com grande relevância na economia brasileira e mundial, figurando entre as dez maiores fontes de riqueza do agronegócio do Brasil (Costa et al., 2005).

O níquel (Ni) é um elemento constituinte da metaloenzima urease, enzima que catalisa a degradação da ureia em CO2 e amonia (NH3), o que o torna extremamente importante para o metabolismo do nitrogênio (N) nas plantas, podendo aumentar a eficiência e a produtividade das culturas (Polacco et al., 2013). Segundo Reis et al (2015) o medidor portátil de clorofila, que faz leituras instantâneas sem necessidades de destruição da folha, surge como nova ferramenta para estimar o nível de N na planta. As leituras efetuadas por este equipamento indicam valores proporcionais de clorofila na folha e são calculadas com base na quantidade de luz transmitida pela folha em dois comprimentos de ondas com distintos absorbâncias de clorofila (Brito et al., 2011).

De acordo com Rosolém e Van Mellis (2010) a utilização do parâmetro teor de clorofila, apresenta grande potencial como indicador para a recomendação de adubação nitrogenada para o algodoeiro, principalmente se associado a indicadores de solo.

Diante do exposto objetivou-se com esse estudo, avaliar o efeito de doses de sulfato de níquel (22% de Ni) aplicado via solo, sobre os valores de índice SPAD em folhas de algodoeiro.

Material e métodos

O experimento foi realizado em casa de vegetação tipo Pad e Fan, com temperatura máxima de 30°C, na UNESP/Campus de Ilha Solteira. Foi utilizado como substrato areia lavada. Foram colocadas em cada vaso quatro sementes para germinar, no qual foi aplicado a solução nutritiva de Hoagland e Arnon (1950) diariamente até o final do experimento (90 dias após a emergência – DAE). Aos 30 DAE foi efetuado o desbaste, deixando-se uma planta por vaso. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, contendo oito tratamentos, sendo sete doses de níquel (18, 36, 72, 144, 288, 576 e 1152 mg

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por planta) e um controle, aplicados sobre o genótipo de algodoeiro herbáceo (FM 975 WS) com seis repetições, totalizando-se 48 plantas. As doses foram aplicadas via solo, aos 30, 40 e 50 DAE.

A leitura do índice SPAD foi obtida imediatamente antes da aplicação das doses de sulfato de níquel, aos 30 DAE, e em intervalos de 15 dias após a aplicação (45, 60, 85 DAE), mediante a utilização do medidor de clorofila portátil SPAD-502, desenvolvido pela Minolta (1989). As leituras do índice SPAD foram realizadas em três posições na planta, sendo: ápice, terço médio e base do algodoeiro, a fim de se obter uma média confiável por planta. Análise dos resultados ou Análises estatísticas

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância por meio do teste F ao nível de significância de 5%, utilizando a metodologia descrita por Pimentel-Gomes (2000), utilizando-se o programa SISVAR (Ferreira, 2000).

Resultados e discussão

A aplicação das doses de sulfato de Ni não influenciaram nos valores de índices SPAD no algodoeiro (Tabela 1).

Tabela 1- Médias de leitura do clorofilômetro (SPAD) em diferentes dias após a

emergência em função da aplicação de doses de sulfato de níquel, em genótipo de algodoeiro herbáceo FM 975 WS.

Doses (mg por planta) 30 45 60 85

0 41,65 42,28 46,03 46,01

18 41,93 41,41 40,15 41,06

36 40,81 42,30 41,06 43,15

72 42,41 41,96 41,26 43,73

144 40,20 40,95 42,15 40,31

288 40,02 42,38 41,18 40,26

576 37,85 ---- ---- ----

1152 39,81 ---- ---- ----

TESTE F p>F

Doses 0,386ns 0,963ns 0,460ns 0,523ns

C.V (%) 8,43 7,74 12,46 14,30

Média geral 40,58 41,88 41,97 42,42ns não significativo a 5% de probabilidade

Barcelos et al (2015) estudando o diagnóstico da exigência do algodoeiro

em N e Ni pela utilização do medidor portátil de clorofila encontraram resultado semelhante, ou seja, que o Ni não influenciou no aumento do índice SPAD. Observou-se que nas doses mais concentradas de sulfato de Ni (576 e 1152 mg por planta) houve morte de todas as plantas, dias após a primeira aplicação, indicando um possível efeito fitotóxico (dados não apresentados).

Segundo Dechen et al. (2007) a deficiência de Ni inibe a atividade da enzima urease fazendo com que ocorra acúmulo de ureia nas folhas, ocasionando o aparecimento de manchas necróticas, impedindo o desenvolvimento da cultura e em casos mais severos provocando até a morte

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das plantas. Por outro lado, quando absorvido em grandes quantidades o Ni apresenta efeito tóxico para as mesmas, sendo considerado um metal pesado.

A fitotoxicidade do Ni é resultado de sua ação no fotossistema, causando distúrbios no ciclo de Calvin e inibição do transporte elétrico por causa das quantidades excessivas de ATP e NADPH acumuladas pela ineficiência das reações de escuro (Krupa et al., 1993). Os sintomas de toxidez de Ni não estão bem definidos para os estádios iniciais de toxicidade, porém nos estádios moderados e agudos, a toxidez produz clorose, ou seja, degradação acentuada de clorofila, como foi observado no presente experimento.

Conclusões

O Ni não influenciou nos valores de índice SPAD no genótipo de algodoeiro herbáceo FM 975 WS. As doses de sulfato de Ni mais concentradas (576 e 1152 mg por planta) ocasionaram possível fitotoxidez às plantas.

Referências

BARCELOS, J.P.Q.; FURLANI JUNIOR, E.; REIS, H.P.G.; PUTTI, F.F.; DOS REIS, A.R. Diagnóstico da exigência do algodoeiro em nitrogênio e níquel pela utilização do medidor portátil de clorofila. Brazilian Journal of Biosystems Engineering, 10(1): 97-106, 2016.

BRITO, G.G.; SOFIATTI, V.; BRANDÃO, Z.N.; SILVA, V.B.; SILVA, F.M.; Silva, D.A. Non-destructive analysis of photosynthetic pigments in cotton plants. Acta Scientiarum Agronomy, v. 33: 671-678, 2011.

COSTA, J. N. da. Técnicas de colheita, processamento e armazenamento do algodão. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 14 p. (Circular técnica)

DECHEN, A. R.; NACTIGALL, G. R. Elementos requeridos à nutrição de plantas. In: NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V. V. H.; BARROS, N. F.; FONTES, R. L. F.; CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J. C. L. Fertilidade do solo. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p. 91- 132 FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO

ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA- RBRAS, 45., 2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar, 2000. p. 255- 258.

PIMENTEL GOMES, F. Curso de estatística experimental. Piracicaba: USP, 2000. 477 p. HOAGLAND, D. R.; ARNON, D. I. The water culture method for growing plants without

soil.Calif. Agr. Exp. STA. Cir, 347p., 1950 KRUPA, Z.; SIEDLECKA, A.; MAKSYMIEC, W.; BASZYNSKI, Y.T. In vivo response of photosynthetic

apparatus of Phaseolus vulgaris L. to nickel toxicity. Journal of Plant Physiology, v.142, p.664-668, 1993.

MINOLTA CAMERA Co., Ltda. Manual for chlorophyll meter SPAD 502. Osaka, Minolta, Radiometric Instruments divisions. p. 22, 1989.

POLACCO, J.C.; MAZZAFERA, P.; TEZOTTO, T. Opinion Nickel and urease in plants: Still many knowledge gaps. Plant Science, v. 199: 79-90, 2013.

REIS, A.R.; FAVARIN, J.L.; GRATÃO, P.L.; CAPALDI, F.R.; AZEVEDO, R.A. Antioxidant metabolism in coffee (Coffea arabica L.) plants in response to nitrogen supply. Theoretical and Experimental Plant Physiology, v. 27(3-4): 203-213, 2015.

ROSOLEM, C. A.; VAN MELLIS, V. Monitoring nitrogen nutrition in cotton. Revista Brassileira de Ciências do Solo, v. 34, (5): 1601-1607, 2010.

Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Determinação da duração da espermatogênese de Astyanax altiparanae (Characiformes, Characidae) por meio de

imunodetecção com bromodesoxiuridina

Patricia Postingel Quirino (1)*, Maira da Silva Rodrigues (2), Elis Marina da Silva Cabral (3), Alexandre Ninhaus Silveira (4),

Rosicleire Veríssimo Silveira (4)

1UNESP-IBB, Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia). E-mail: [email protected] 2CAUNESP, Curso de Pós-Graduação em Aquicultura e Biologia de Organismos Aquáticos 3UNESP-FEIS, Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical – LINEO

Introdução

A bromodesoxiuridina (5-bromo-2’-deoxiuridina) ou o BrdU, como é usualmente conhecido, é atualmente um dos reagentes mais utilizados na imunodetecção de células em proliferação. Por ser um nucleotídeo sintético e análogo ao nucleotídeo timidina, este marcador detém a capacidade de incorporação ao DNA sintetizado durante as divisões celulares, mais propriamente dizendo, a incorporação ocorre durante a fase de síntese (fase S) do ciclo celular. Dessa forma, as células das quais sofreram incorporação deste nucleotídeo sintético podem ser identificadas através de anticorpos antiBrdU (VAN DE KANT e DE ROOIJ, 1992; SHULZ et al., 2005; LEAL et al., 2009; OLIVEIRA, 2014). Dessa forma, o marcador molecular torna-se uma ferramenta importante para pesquisas que visam analisar ciclos celulares. Neste sentido, o presente estudo objetivou avaliar a duração do processo espermatogênico em Astyanax altiparanae.

Material e métodos

Espécimes machos adultos de Astyanax altiparanae (n=48) foram obtidos de criadouros da região de Ilha Solteira, maio de 2016, e alocados nas dependências do Laboratório de Ictiologia Neotropical (LINEO/FEIS). Os animais foram mantidos em sistemas de recirculação de água sob temperatura de 27ºC e luminosidade controlada. Os procedimentos experimentais foram realizados em estrita conformidade com os protocolos para cuidados e uso de animais de laboratório da Universidade Estadual Paulista (UNESP) (Permit Número: 006/2012 / CEUA).

Desta forma, após uma semana, os animais receberam pulsos de injeção intraperitoneal de BrdU na concentração de 100 mg/Kg/dia, durante dois dias consecutivos. As coletas tiveram início assim que o último pulso de injeção foi aplicado, de forma que estabeleceu-se a primeira coleta 1h após a última aplicação, seguida de outra após 4h, e por fim coletas a cada 24h após a última aplicação, prolongando-se assim por um período de quinze dias. Sendo assim, foram realizadas dezesseis coletas no período estabelecido, utilizando 3 exemplares para cada uma.

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Para a remoção dos testículos, os animais foram previamente anestesiados com uma solução de benzocaína obtida a partir da diluição de 0,5 g de benzocaína em 5ml de álcool absoluto e 2L de água. As gônadas foram expostas, removidas e seccionadas transversalmente na região mediana. em methacarm (60% metanol absoluto, 30% clorofórmio e 10% ácido acético glacial), posteriormente foram processados para a microscopia de luz com historesina Technovit 7100. Após emblocados, os testículos foram submetidos a cortes de 3 μm em um micrótomo Leica RM 2245.

Os cortes foram submetidos a técnica de imunodetecção por meio de BrdU,, com as lâminas incubadas em temperatura ambiente durante 1h com anticorpo-BrdU diluído em solução tampão fosfato salino pH 7.4 (PBS) contendo 1% de albumina de soro bovino e em seguida durante 1h com um polímero (Power Vision) também diluído em PBS. Esta etapa foi realizada no Laboratório de Reprodução e Biologia Molecular, no Departamento de Morfologia do Instituto de Biociências de Botucatu – IBB. Por fim, os cortes foram corados em Hematoxilina de Harris e fotografados em Zeiss – AXIOCAM-MRc5 no laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I.NEO) em Ilha Solteira.

Resultados e discussão

A estimativa da duração da espermatogênese deu-se a partir do tipo de célula germinativa mais avançada que incorporou BrdU desde a primeira coleta analisada. Sendo assim, observou-se que uma hora após a última exposição do testículo de A. altiparanae ao marcador, foram encontradas espermatogônias Aind*, Aind, Adif e espermatogônias do tipo B marcadas. Além disso, as células germinativas encontradas em estágio mais avançado e que retiveram o marcador foram espermatócitos em paquíteno (Fig. 1A), sendo então o ponto de partida determinado para a contagem da duração estimada da espermatogênese.

Após quatro horas da exposição (Fig. 1B), as células mais avançadas que retinham o marcador molecular ainda eram células em paquíteno, e o testículo, de modo geral apresentava as mesmas condições citadas ao primeiro tempo. No primeiro e segundo dias as células marcadas mais avançadas da espermatogênese ainda eram os cistos de espermatócitos em paquíteno (Fig. C e D). No terceiro e quarto dias já foram encontrados cistos de espermátides iniciais retendo BrdU (Fig. 1E e F).

No quinto dia (Fig. 1G), espermatozoides marcados foram encontrados no lúmen, indicando o fim do processo espermatogênico para aquelas células. Similar ao intervalo de tempo encontrado em Danio rerio (Leal et al. (2009), na qual a duração da espermatogênese foi de aproximadamente seis dias, sendo este considerado um período muito curto para duração das fases meiótica e espermiogênica. No entanto, em Cyprinus carpio, Oliveira (2014), estimou a duração da espermatogênese para a espécie, a partir da fase meiótica, sendo em torno de uma semana (sete dias), o que enfatiza que tal evento biológico é espécie-específico.

Conclusões Com base nestas observações e informações provenientes das retenções

das células ao marcador BrdU, estima-se que a duração das fases meióticas e espermiogênica desta espécie ocorre em aproximadamente cinco dias.

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Referências

LEAL, M. C.; CARDOSO, E. R.; NOBREGA, R. H.; BATLOUNI, S. R.; BOGERD, J.;FRANÇA, L. R.; SCHULZ, R. W. Histological and stereological evaluation of zebrafish (Danio rerio) spermatogenesis with an emphasis on spermatogonial generations. Biology of Reproduction, 81:77-187, 2009.

OLIVEIRA, M. A. Nicho espermatogonial em Cyprinus carpio e papel do Amh na espermatogênese. Dissertação (mestrado). Curso de pós-graduação em Aquicultura do Centro de Aquicultura da UNESP. Jaboticabal, 2014, 84p.

SCHULZ R.W.; MENTING, S.; BOGERD, J.; FRANÇA, L.R.; VILELA, D.A.R.; GODINHO, H.P. Sertoli Cell Proliferation in the Adult Testis-Evidence from Two Fish Species Belonging to Different Orders. Biology of Reproduction 73: 891-898, 2005.

VAN DE KANT, H. J. G.; DE ROOIJ, D. G. Periodic acid incubation can replace hydrochloric acid hydrolysis and trypsin digestion in immunogold-silver staining of bromodeoxyuridine incorporation in plastic sections and allows the PAS reaction. Histochemical Journal, v.24, p.170–175, 1992.

Nível e área do trabalho: Pós-Graduação/Ciências Biológicas

Figura 1: Duração do processo espermatogênico em Astyanax altiparanae. A, B, C e D: células em paquíteno (P) após 1 hora, 4 horas, 1 dia e 2 dias após última exposição do testículo ao BrdU, respectivamente; E e F: 3 e 4 dias, respectivamente, após a última exposição, de forma que as células mais avançadas são as espermátides iniciais (E1); G: primeiras marcações de espermatozoides (Sz) na luz após 5 dias de exposição ao marcador. Cabeça de seta (espermatozoides marcados); H e I: 6 e 7 dias após a última exposição, nota-se o intenso aumento de espermatozoides marcados na luz.

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Índice de clorofila foliar ao longo do ciclo de híbridos de milho inoculados com Azospirillum brasilense no cerrado

Poliana Aparecida Leonel Rosa(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira

Filho (2), Maikon Richer de Azambuja Pereira(3)*, Murilo, Augusto Sgobi(4), Fernando Shintate Galindo(5), Salatiér Buzetti

1,5UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Laboratório de Nutrição de Plantas. 2,6UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Laboratório de Nutrição de Plantas. 3UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Graduação, Laboratório de Nutrição de Plantas. e-mail: [email protected]. 4Mestre em Agronomia (Sistemas de Produção) pela UNESP-FEIS.

Introdução O uso de fertilizantes no Brasil para atender à intensificação da agricultura

e à recuperação de áreas que estão extremamente cultivadas e/ou degradadas tem aumentado. Porém, o mercado brasileiro de fertilizantes é frágil e com grande dependência das importações. Portanto, é fundamental encontrar alternativas para o uso mais eficiente dos fertilizantes e, nesse contexto, alguns microrganismos como as bactérias promotoras do crescimento de plantas, bactérias fixadoras de nitrogênio (N) atmosférico, entre outros, podem desempenhar papel relevante e estratégico para garantir altas produtividades a baixo custo e com menor dependência de importação de insumos (HUNGRIA, 2011).

Inoculantes contendo bactérias endofíticas ou associativas como Azospirillum spp. são comercializados para inoculação em milho, apresentado resultados positivos na produtividade de grãos, porém, com fornecimento de parte do N requerido pela planta via fertilizante mineral (HUNGRIA, 2011).

As gramíneas apresentam algumas primazias quando comparadas às leguminosas. Estas possuem um sistema radicular fasciculado, possuindo vantagens sobre o sistema pivotante das leguminosas para extrair água e nutrientes do solo, que aliado a outros fatores fisiológicos, promove maior atividade fotossintética (C4), por esse motivo o interesse na FBN em gramíneas é grande. Nem todo o N necessário para a cultura do milho é fornecido pela associação com a bactéria, fazendo da técnica uma forma de suplementação de N para a cultura. No entanto, esta alternativa pode propiciar redução no uso de fertilizantes minerais nitrogenados (DÖBEREINER, 1992). Neste sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar o índice de clorofila foliar (ICF) ao longo do ciclo de dois híbridos de milho inoculados com Azospirillum brasilense no cerrado.

Material e métodos

O experimento foi desenvolvido na safra 2014/15, na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNESP, Campus de Ilha Solteira, localizada em Selvíria – MS. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico típico argiloso de acordo com os critérios estabelecidos pelo SiBCS (EMBRAPA, 2013), com granulometria na profundidade de 0,00-0,20 m de 420, 50 e 530 g kg-1 de areia, silte e argila, respectivamente, o qual foi cultivado por culturas anuais há mais de 28 anos, sendo os últimos 12 anos em sistema plantio direto e a cultura

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anterior a semeadura do milho foi o trigo. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 4

repetições, dispostos em esquema fatorial 2 x 2, sendo dois híbridos de milho, com e sem inoculação das sementes com Azospirillum brasilense.

Utilizou-se os seguintes híbridos de milho: o híbrido simples DKB 390 VT PRO, de ciclo precoce (870 GD), grão semiduro amarelo-alaranjado, com população média de 60-65 mil plantas ha-1; e o híbrido triplo DKB 350 VT PRO, de ciclo precoce (860 GD), grão semiduro alaranjado, com população média de 65-70 mil plantas ha-1; ambos transgênicos (resistentes à lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)), de alta resistência ao acamamento, alto nível de tecnologia e destinados à produção de grãos (CRUZ et al., 2014).

As parcelas apresentavam 20 m de comprimento com seis linhas espaçadas de 0,45 m, considerando como área útil da parcela as quatro linhas centrais, desprezando-se 0,5 m das extremidades, e foram também subdivididas no tempo em seis estádios fenológicos do milho (V4, V8, R1, R2, R4 e R6) de acordo com Ritchie et al. (2003), para avaliação do índice de clorofila foliar (ICF) ao longo do ciclo, nos seis estádios fenológicos supracitados.

Os dados foram submetidos à análise de variância (teste F) e, ajustadas as equações de regressão para o efeito das épocas de coleta (estádios fenológicos do milho) dos 4 tratamentos descritos anteriormente. Para realização das análises estatísticas utilizou-se o programa computacional SISVAR 5.6 (FERREIRA, 2011).

Resultados e discussão Houve ajuste à funções quadráticas para o índice de clorofila foliar (ICF)

(Figura 1), e é possível observar que valores máximos foram alcançados no florescimento (50 DAE) para a maioria dos tratamentos, visto que geralmente esse é o estádio em que as plantas se encontram em sua máxima atividade fotossintética. O híbrido triplo DKB 350 inoculado se destacou apresentando maiores valores de ICF em todos os estádios de avaliação em relação ao mesmo não inoculado.

Resultados semelhantes também foram encontrados por Quadros et al. (2014) utilizando dois híbridos simples (AS 1575 e P 32R48) e um triplo (SHS 5050), e por Galindo et al. (2016) utilizando um híbrido triplo (DKB 350), os quais constataram efeito positivo da inoculação das sementes de milho com Azospirillum brasilense, em que o ICF foi maior nos tratamentos com a presença da bactéria diazotrófica em relação aos tratamentos onde não houve inoculação. De acordo com Dobbelaere et al. (2001), este resultado pode estar relacionado à fixação biológica do nitrogênio atmosférico, e aos mecanismos de promoção do crescimento, que podem incrementar a capacidade das plantas em absorver este nutriente do solo.

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Figura 1. Índices de clorofila foliar (ICF) ao longo do ciclo da cultura em função de híbridos de milho inoculados ou não Azospirillum brasilense. Selvíria/MS (Safra 2014/15).

** e * – significativo a 1% e 5% de probabilidade por meio do teste F.

Conclusões O ICF do milho atingiu maiores valores durante o florescimento feminino da

cultura, sendo este o estádio mais indicado para realização de tal avaliação. A inoculação com A. brasilense influenciou no ICF do milho, sendo que o híbrido triplo DKB 350 inoculado demonstrou melhor potencial de associação com a bactéria.

Referências CRUZ, J. C.; PEREIRA FILHO, I. A.; QUEIROZ, L. R. Milho: cultivares para 2013/2014. Sete Lagoas:

Embrapa Milho e Sorgo, 2014. Disponível em: <http://www.cnpms.embrapa.br/milho/cultivares/index.php>. Acesso em: 05 mai. 2017.

DÖBEREINER, J. Fixação de nitrogênio em associação com gramíneas. In: CARDOSO, E. J. B. N.; TSAI, S. M.; NEVES, M. C. P. Microbiologia do solo. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1992. p. 173-180.

DOBBELAERE, S.; CROONENBORGHS, A.; THYS, A.; PTACEK, D.; VANDERLEYDEN, J.; DUTTO, P.; LABANDERA-GONZALEZ, C.; CABALLERO-MELLADO, J.; AGUIRRE, J. F.; KAPULNIK, Y.; BRENER, S.; BURDMAN, S.; KADOURI, D.; SARIG, S.; OKON, Y. Responses of agronomically important crops to inoculation with Azospirillum. Australian Journal of Plant Physiology, Melbourne, v. 28, n. 9, p. 871-879, 2001.

EMBRAPA. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA -Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3.ed. Brasília, 2013. 353p.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011.

GALINDO, F. S.; TEIXEIRA FILHO, M. C. M.; BUZETTI, S.; SANTINI, J. M. K.; ALVES, C. J.; NOGUEIRA, L. M.; LUDKIEWICZ, M. G. Z.; ANDREOTTI, M.; BELLOTTE, J. L. M. Corn Yield and Foliar Diagnosis Affected by Nitrogen Fertilization and Inoculation with Azospirillum brasilense. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 40, n. 1, p. 1-18, 2016.

HUNGRIA, M. Inoculação com Azospirillum brasilense: inovação em rendimento a baixo custo. Londrina: EMBRAPA SOJA, 2011. p.1-137. (Documentos, 325).

QUADROS, P. D.; ROESCH, L. F. W.; SILVA, P. R. F.; VIEIRA, V. M.; ROEHRS, D. D.; CAMARGO, F. A. O. Desempenho agronômico a campo de híbridos de milho inoculados com Azospirillum. Revista Ceres, Viçosa, v. 61, n. 2, p. 209-218, 2014.

RITCHIE, S. W.; HANWAY, J. J.; BENSON, G. O. Como a planta de milho se desenvolve. Piracicaba: Informações Agronômicas, 2003. 20 p.

Nível e área do trabalho: Pós-graduação/Agronomia

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Acúmulo de nitrogênio ao longo do ciclo de híbridos de milho inoculados ou não com Azospirillum brasilense no

cerrado

Poliana Aparecida Leonel Rosa(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho (2), Maikon Richer de Azambuja Pereira(3)*, Murilo, Augusto Sgobi(4),

Fernando Shintate Galindo(5), Rafael Montanari(6)

1,5UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, Laboratório de Nutrição de Plantas. 2,6UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Laboratório de Nutrição de Plantas. 3UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Graduação, Laboratório de Nutrição de Plantas. e-mail: [email protected]. 4Mestre em Agronomia (Sistemas de Produção) pela UNESP-FEIS.

Introdução

O nitrogênio (N) é o nutriente exigido em maior quantidade pela cultura do milho, sendo que sua deficiência pode reduzir a produtividade de grãos entre 14 e 80% (NEHMI et al., 2004). O N é importante em vários processos essenciais para vida da planta, como constituinte da molécula de clorofila, aminoácidos, bases nitrogenadas, coenzimas, enzimas e ácidos nucléicos (TAIZ; ZEIGER, 2004). Assim, o manejo desse nutriente tem sido uma das práticas agrícolas mais estudadas para melhorar a sua eficiência de uso. Essa necessidade existe porque a maior parte do N do solo se encontra em combinações orgânicas, sendo essa forma não absorvida pelos vegetais (MALAVOLTA, 2006).

A avaliação da capacidade de absorção e da remobilização do N em cada estádio de desenvolvimento da planta fornece dados importantes para a avaliação de sua eficiência na utilização desse nutriente e pode ser utilizada no planejamento da agricultura ecológica e economicamente mais eficiente (BORGES et al., 2006).

O acúmulo e a distribuição dos nutrientes minerais na planta dependem de seu estádio de desenvolvimento, manejo da cultura e condições edafoclimáticas, porém, pouco se conhece sobre a influência de bactérias diazotróficas. Logo, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o acúmulo de N na raiz, parte vegetativa, parte reprodutiva e total de dois híbridos de milho inoculados ou não com Azospirillum brasilense, ao longo do ciclo da cultura.

Material e métodos O experimento foi desenvolvido na safra 2014/15, na Fazenda de Ensino,

Pesquisa e Extensão da UNESP – Campus de Ilha Solteira, localizada no município de Selvíria – MS. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico típico argiloso de acordo com os critérios estabelecidos pelo SiBCS (EMBRAPA, 2013), com granulometria na profundidade de 0,00-0,20 m de 420, 50 e 530 g kg-1 de areia, silte e argila, respectivamente, o qual foi cultivado por culturas anuais há mais de 28 anos, sendo os últimos 12 anos em sistema plantio direto e a cultura anterior a semeadura do milho foi o trigo.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 4 repetições, dispostos em esquema fatorial 2 x 2, sendo dois híbridos de milho, com e sem inoculação das sementes com Azospirillum brasilense.

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Utilizou-se os seguintes híbridos de milho: o híbrido simples DKB 390 VT PRO, de ciclo precoce (870 GD), grão semiduro amarelo-alaranjado, com população média de 60-65 mil plantas ha-1; e o híbrido triplo DKB 350 VT PRO, de ciclo precoce (860 GD), grão semiduro alaranjado, com população média de 65-70 mil plantas ha-1; ambos transgênicos (resistentes à lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)), de alta resistência ao acamamento, alto nível de tecnologia e destinados à produção de grãos (CRUZ et al., 2014).

As parcelas apresentavam 20 m de comprimento com seis linhas espaçadas de 0,45 m, considerando como área útil da parcela as quatro linhas centrais, desprezando-se 0,5 m das extremidades, e foram também subdivididas no tempo em seis estádios fenológicos do milho (V4, V8, R1, R2, R4 e R6) de acordo com Ritchie et al. (2003), para avaliação do acúmulo de N ao longo do ciclo, nos seis estádios fenológicos supracitados.

Os dados foram submetidos à análise de variância (teste F) e ajustadas as equações de regressão para o efeito das épocas de coleta (estádios fenológicos do milho). Para realização das análises estatísticas utilizou-se o programa computacional SISVAR 5.6 (FERREIRA, 2011).

Resultados e discussão

A quantidade de N acumulado nas raízes nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura são pequenas, e neste trabalho o híbrido que se sobressaiu no acúmulo inicial de nutrientes nas raízes no primeiro estádio de coleta (V4), foi o DKB 390 não inoculado sendo os valores obtidos de 1,6 kg ha-

1 de N. Em relação à parte vegetativa, as quantidades médias de N acumuladas no período inicial (estádio V4), também foram pequenas, sendo para o híbrido triplo DKB 350 inoculado com Azospirillum brasilense acúmulo 31,5 kg ha-1 de N na parte vegetativa. Nesta parte da planta, o pico máximo de acúmulo de N ocorreu principalmente entre 41 e 65 dias (estádios V8-R2).

Na parte reprodutiva da planta, para todos os tratamentos, a quantidade de N acumulado aumentou até o estádio R4. O híbrido simples DKB 390 inoculado apresentou, em relação ao mesmo não inoculado, acréscimo de 39% no pico de acúmulo de N. Os acúmulos de N na parte reprodutiva no final do ciclo (R6) também foram superiores nos híbridos inoculados, quando comparado aos não inoculados, entretanto, o DKB 350 se destacou com 154 kg ha-1 de N, sendo superior em 54,9%. Os máximos acúmulos de N, ocorreram em R4 aos 80 DAE.

No estádio final do ciclo da cultura, os tratamentos inoculados com Azospirillum brasilense superaram os sem inoculação no acúmulo total de N na planta inteira.

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Figura 1. Acúmulo de N na raiz, parte vegetativa, parte reprodutiva e total ao longo do ciclo da cultura em função de híbridos de milho inoculados ou não Azospirillum brasilense. Selvíria/MS (Safra 2014/15).

** e * – significativo a 1% e 5% de probabilidade por meio do teste F.

Conclusões A inoculação com Azospirillum brasilense proporcionou maior absorção de

N, com superioridade para o acúmulo de N total e nas partes vegetativa e reprodutiva do híbrido simples DKB 390 inoculado.

Referências

BORGES, E. A.; FERNADES, M. S.; LOSS, A.; SILVA, E. E.; SOUZA, S. R. Acúmulo e remobilização de N em variedades de milho. Revista Caatinga, Mossoró, v. 19, n. 3, p. 278-286, 2006.

CRUZ, J. C.; PEREIRA FILHO, I. A.; QUEIROZ, L. R. Milho: cultivares para 2013/2014. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2014.

EMBRAPA. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA -Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3.ed. Brasília, 2013. 353p.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. Piracicaba: Ceres, 2006. 631 p. NHEMI, I. M. D.; FERRAZ, J. V.; NHEMI FILHO, V. A., SILVA, M. L. M. Milho: a diferença aparece no manejo.

In: ______. Agrianual 2004: anuário da agricultura brasileira. São Paulo: Argos, 2004. p. 377 – 378. RITCHIE, S. W.; HANWAY, J. J.; BENSON, G. O. Como a planta de milho se desenvolve. Piracicaba:

Informações Agronômicas, 2003. 20 p. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Nutrição Mineral. In: TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3. ed. Porto Alegre:

Artmed, 2004. p. 96-101.

Nível e área do trabalho: Pós-graduação/Agronomia

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Novos registros na região de Auriflama revelam uma maior diversidade para a Formação Araçatuba

(Bacia Bauru, Cretáceo Superior)

Rodrigo Castilho Freitas (1), Felipe Chinaglia Montefeltro (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Paleontologia e Evolução de Ilha Solteira. [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Paleontologia e Evolução de Ilha Solteira. [email protected]

Introdução

Na Bacia Bauru é encontrado um dos mais importantes e prolíficos registro fóssilífero para ambientes continentais do Gondwana durante o Cretáceo. Esta bacia é particularmente conhecida pelo amplo registro de crocodiliformes, mas também são comuns registros de dinossauros e tartarugas e em menor quantidade outros grupos taxonômicos (Bertini et al. 1993, Candeiro & Martinelli 2006, Bittencourt & Langer 2011, Méndez et al. 2012, Riff et al. 2013). No entanto, a maior parte dos registros é limitada às Formações Adamantina e Marília, enquanto outras unidades estratigráficas possuem o potencial fossilífero pouco explorados (Montefeltro et al. 2009, Campos et al. 2011). Este é o caso da Formação Araçatuba, a qual aflora na região da cidade homônima sendo sugerida como depositada durante o início do Cretáceo Superior. O contexto paleoambiental desta formação tem sido debatido e alternativamente proposto como representando uma área alagada/pantanal ou uma planície salgada/playa-lake (Fernandes et al. 2003, Basilici et al. 2016). Até o presente momento, os fósseis reportados para esta formação são escassos e limitados à poucos espécimes de conchostráceos, cascas e ovos de crocodiliformes, fragmentos de peixes, um braquiópode, algas carófitas e icnofósseis (Fernandes 1998, Fernandes et al. 2003, Fernandes & Ribeiro 2014, Basilici et al. 2016). Este trabalho apresenta novos fósseis coletados para a Formação Araçatuba provenientes de um novo afloramento.

Material e métodos

Os novos fósseis reportados foram coletados em um afloramento atribuído à Formação Araçatuba no Km 84 da rodovia SP-463, região de Auriflama (20º55’21.7’’S, 50º26’46.1’’W). Para a extração dos fósseis foram coletadas amostras das rochas do afloramento, que foram trazidas ao DBZ. As amostras foram preparadas mecanicamente primeiramente com ferramentas manuais visando expor eventuais fósseis contidos no sedimento. Quando os fósseis foram reconhecidos, estes foram submetidos à preparação mecânica detalhada com o auxílio de marteletes pneumáticos apropriados e reforçados com a aplicação de Paralóide (B52). Para a identificação e comparação dos fósseis foram utilizadas informações da literatura bem como o auxílio de especialistas. Os espécimes mais relevantes foram fotografados tanto com o auxílio de câmera digital quanto de estereomicroscópio para tornar possível uma identificação mais acurada.

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Resultados e discussão Dentre os novos fósseis de Amniota coletados destacam-se um úmero de

Anura, dentes de Crocodyliformes possivelmente pertencentes à Peirosauridae, fragmentos de carapaça de Testudines e fragmentos de dentes de dinossauros Sauropoda e Theropoda. Dentre os fósseis de Actinopterygii destacam-se dentes e fragmentos operculares de Amiidae, um espinho peitoral de Siluriformes duas escamas ctenóides não identificadas e uma grande quantidade de escamas ganóides também não identificadas. Adicionalmente, foram coletados fragmentos cuja afinidade taxonômica não foram definidas.

Os fósseis mostram uma inesperada diversidade taxonômica e alguns dos registros são os primeiros para a Formação Araçatuba, como por exemplo os fósseis de anura, dinossauros e tartarugas, os quais são mais abundantes em outras unidades da Bacia Bauru.

Conclusões

O novo afloramento destaca o potencial fossilífero sub explorado e a necessidade de novas coletas na Formação Araçatuba, especialmente à leste do tio Tietê. Estes novos registros estão agora disponíveis e colaboram em uma melhor compreensão sobre aspectos paleoambientais e estratigráficos da Formação Araçatuba.

Agradecimentos

Agradecemos a Douglas Castro Ribeiro (Ibilce), Wafa Al Halabi (FFCLRP) e Max Cardoso Langer (FFCLRP) pela identificação e auxilio nos trabalhos de campo e ao financiamento da FAPESP [Projeto Temático 2014/03825-3].

Referências BASILICI, G.; DAL’ BÓ, P. F,; FIORELLI, L. E.; (in press). Comment on “Evolution and palaeoenvironment of the Bauru Basin (Upper Cretaceous, Brazil)” by Luiz Alberto Fernandes & Claudia Maria Magalhães Ribeiro. Journal of South American Earth Sciences. BERTINI, R. J.; MARSHALL, L. G.; MIREILLE GAYET, V. & BRITO, P. (1993). Vertebrate faunas from the Adamantina and Marilia formations (Upper, Baurú Group, Late Cretaceous, Brazil) in their stratigraphic and paleobiogeographic context. Neues Jahrbuch für Geologie und Paläontologie. 188, 71-101. BITTENCOURT, J. S., & M. C. LANGER. 2011. Mesozoic dinosaurs from Brazil and their biogeographic implications. Anais da Academia Brasileira de Ciências. 83: 23-60. CAMPOS, D. A.; OLIVEIRA, G. R.; FIGUEIREDO, R. G.; RIFF, D,; AZEVEDO, S. A. K.; CARVALHO, L. B.; & KELLNER, A. W. A.. 2011. On a new peirosaurid crocodyliform from the Upper Cretaceous, Bauru Group, southeastern Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências. 83(1):317-327 CANDEIRO, C. R. A.; MARTINELLI, A. G. 2006. A review of paleogeographical and chonostratigraphical distribution of mesoeucrocodylian species from the upper Cretaceous beds from the Bauru (Brazil) and Neuquén (Argentina) groups, Southern South America. Journal of South American Earth Sciences. 22:116-129 FERNANDES L.A. 1998. Estratigrafia e evolução geológicada parte oriental da Bacia Bauru (Ks, Brasil). Inst. de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de Doutorado, 216 p. (3 mapas). FERNANDES L.A.; GIANNINI P.C.F.; GÓES A.M. 2003. Araçatuba Formation: palustrine deposits from the initial sedimentation phase of the Bauru Basin. Anais..., Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, 75(2):173-187. FERNANDES, L.A., RIBEIRO, C.M.M., 2014. Evolution and palaeoenvironment of the Bauru Basin (Upper Cretaceous, Brazil). J. S. Am. Earth Sci. 561, 71–90. MÉNDEZ, A.H.; NOVAS, F.E. & IORI, F.V. 2012. First record of Megaraptora (Theropoda, Neovenatoridae) from Brazil. Comptes Rendus Palevol, 11:251-256. doi: 10.1016/j.crpv.2011.12.007 MONTEFELTRO, F. C., C. R. LAURINI & M. C. LANGER. 2009. Multicuspided crocodyliform teeth from the Late Cretaceous (São José do Rio Preto Formation, Bauru Group) of São Paulo, Brazil. Cretaceous Research. RIFF, D; SOUZA, R. G.; CIDADE, G. M.; MARTINELLI, A. G.; SOUZA-FILHO, J. P. 2013. Crocodilomorfos: a maior diversidade de répteis fósseis do Brasil. Terræ. 9:12-40.

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Diversidade morfológica de canais secretores em Astronium fraxinifolium

Tainah Eduarda Boian Carneiro(1)*, Aline Redondo Martins (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Estudo de Morfologia e Anatomia Vegetal (LEMAV). e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudo de Morfologia e Anatomia Vegetal (LEMAV)

Introdução

O cerrado ocupa mais de dois milhões de quilômetros quadrados o que equivale a um quarto de todo o território brasileiro (WWF, 2012), ocorre em altitudes que variam entre 100 e 1240 metros (FERRI, 1971), abriga 3% da biodiversidade mundial e 30% da brasileira e devido ao solo apto a agricultura mecânica, houve a ocupação de 40% do bioma por cultura agrícola e pastagem, o que levou ao desmatamento e degradação de mais da metade da flora (WWF, 2012), deixando em ameaça de extinção cerca de 130 plantas nativas, e dentre elas o Astronium fraxinifolium (IBAMA, 1992).

Astronium fraxinifolium, conhecido popularmente como Gonçalo-alves, pertence à família Anacardiaceae, incluída na ordem Sapindales (SOUZA, 2005). A espécie é dióica com 8-12 metros de altura, tendo tronco cilíndrico com diâmetro de 60-80 cm. (LORENZI, 1992). Suas folhas são compostas imparipinadas e alternas, medindo de 6 a 11 cm por 2 a 6 cm e são utilizadas na medicina popular como chá ou banhos com ação anticética para ulceras de pele (MACEDO; FERREIRA, 2004).

O presente trabalho teve por objetivo estudar anatomicamente os canais em que se alojam os óleos essenciais nas folhas de Astronium fraxinifolium (Gonçalo-Alves) levando em consideração tanto a dioicia relacionada à espécie como também fatores ligados ao estresse vegetal nas duas áreas de coleta e amostragem do trabalho.

Material e métodos Foram coletados ramos de 10 árvores femininas e 10 árvores masculinas

na “FEPE - Cerrado” (Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão) (área não impactada) e a mesma amostragem de ramos foi repetida na “FEPE - Bovinos” (área impactada). As FEPEs localizam-se no município de Selvíria - MS e pertencem ao domínio da UNESP – FEIS – Ilha Solteira - SP. Ambas as populações apresentam a mesma idade aproximada (cerca de 30 anos) e diferem pelo fato de uma ter crescido em plantio silvicultural e a outra ter crescido em área de empréstimo, onde todo o horizonte A do solo foi removido para construção da barragem.

As análises anatômicas foram realizadas na folha completamente expandida, com analise da região mediana da lâmina foliar (na porção da nervura central, a área internervural e o bordo).

As amostras foram fixadas em FAA 50 (Johansen, 1940). Amostras foliares foram desidratadas em série etílica, incluídas em hidroxi-etil-metacrilato (Leica Historesin) e os blocos obtidos foram seccionados a 6 micrômetros de espessura. O material foi corado com azul de toluidina 0,05% em tampão fosfato

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e ácido cítrico pH 4,5 (Sakai, 1973) e as lâminas montadas em resina sintética “Entellan”.

As fotomicrografias dos materiais preparados em lâminas foram feitas em fotomicroscópio, com as escalas micrométricas fotografadas e ampliadas nas mesmas condições ópticas a serem utilizadas, as cavidades foram medias primeiro na vertical e depois na horizontal utilizando o programa Image J, sendo que na nervura central, foram escolhidos dois canais, um abaxial e outro adaxial.

Resultados e discussão

Nas análises estatísticas a respeito do tamanho dos canais oleaginosos (Tabela 1), comparando as plantas masculinas e femininas, vertical e horizontalmente nas áreas impactadas e não impactadas, pudemos observar que, as plantas masculinas, se apresentam quase sempre com dimensões maiores do que as femininas, e o mesmo ocorre para a área não impactada que se apresentam frequentemente com maiores dimensões do que a área impactada.

Tabela 2. Análise quantitativa das plantas femininas e masculinas comparando área impactada e não impactada por médias de comprimento e largura dos canais oleaginosos da nervura central (abaxial e adaxial) de A. fraxinifolium.

Canais oleaginosos

Nervura central Femininas Masculinas

abaxial adaxial abaxial adaxial

Impactada

Vertical 106,8 Bb 55,17 Aa 127,24 Ab 54,15 Ab

Horizontal 150,29 Bb 68,46 Aa 176,21 Ab 67,18 Ab

Não Impactada

Vertical 138,31 Ba 50,83 Bb 150,27 Aa 58,38 Aa

Horizontal 181,86 Ba 66,36 Ba 192,96 Aa 71,07 Aa

Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste t de Student ao nível de 5% de significância.

Os canais abaxiais e adaxiais na nervura central das plantas masculinas da área não impactada na posição vertical, apresentaram dimensões significativamente maiores do que as femininas. No entanto, comparando na nervura central, apenas de plantas masculinas, pudemos observar que as dimensões tanto verticais como horizontais em ambos os canais, houve uma redução significativa de tamanho destes na área impactada. O mesmo acontece com as plantas femininas no canal oleaginoso abaxial.

Analisando a Tabela 2 podemos comparar os canais da internervura das plantas femininas e masculinas na área impactada e observar um aumento significativo no cumprimento de tais estruturas em plantas femininas. Tal observação não se aplicou na área não impactada, onde as plantas masculinas mostraram canais significativamente maiores tanto no cumprimento como na largura.

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Tabela 1. Análise quantitativa das plantas femininas e masculinas comparando área impactada e não impactada por médias de comprimento e largura dos canais oleaginosos da internervura de A. fraxinifolium

INTERNERVURA Femininas Masculinas

Impactada

Vertical 38,26 Aa 35,5 Ab

Horizontal 55,03 Aa 47,48 Bb

Não Impactada

Vertical 38,76 Ba 53,43 Aa

Horizontal 46,59 Bb 68,94 Aa

Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste t de Student ao nível de 5% de significância. Na área impactada as plantas femininas apresentam canais na região de internervura significativamente com diâmetros maiores na posição vertical que a área não impactada.Tais dados não se aplicam às plantas masculinas, que tanto na posição vertical, como na horizontal, apresentam canais significativamente maiores na área não impactada.

Conclusões As análises estatísticas demonstraram que, as plantas femininas e

masculinas de A. fraxinifolium, podem apresentar dimorfismo sexual quanto o tamanho dos canais secretores e que um ambiente de estresse, pode causar alterações anatômicas em seus tecidos.

Agradecimentos (opcional) Agradeço a FAPESP - 2015/01390-2 pela bolsa de Iniciação Científica

concedida para a realização do presente trabalho e ao Auxilio Financeiro - Edital Universal - CNPq - 456672/2014-1 .

Referências FERRI, M. G. (Comp.). III Simpósio sobre o Cerrado. São Paulo: Edgarde Blucher Ltda., 1971. 239

p. IBAMA - Portaria Nº 37-N, 3 de abril de 1992.

JOHANSEN, D.A. Plant microtechnique. New York, McGraw-Hill. 1940. LORENZI, H.. Árvores brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do

Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352p. MACEDO, M.; FERREIRA, A. R.. Plantas medicinais usadas para tratamentos dermatológicos em

comunidades da Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso. Revista Brasileira de Farmacognosia, Maringá, v. 14, n. 1, p. 40-44, 2004.

SAKAI, W.S.. Simple Method for differential stainning of paraffin embedded plant material using toluidine blue. Stain Technology 48: 247-248. 1973.

SOUZA, F. X.. Crescimento e desenvolvimento de clones enxertados de cajazeira na chapada do apodi, ceará. 2005. 80 f. Tese (Doutorado) - Curso de Agronomia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.

WWF. Cerrado berço das águas. Brasília, maio 2012.

Nível e área do trabalho: Graduação/Bacharel Ciências Biológicas

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Influência de 2 diferentes substratos na germinação e produção de muda de Limonium sinuatum e Dianthus

chinensis.

Talita de Oliveira São José(1,2)* Natália Rós Marques de Oliveira(1,2), Patrick L. F. dos Santos (1,3), Regina M. M. de Castilho(1,4)

1UNESP-FEIS, 2Curso de Agronomia – Graduação. *E-mail: [email protected]; 3Pós Graduação em Agronomia; 4Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia.

Introdução

O mercado de flores brasileiro vem apresentando um crescimento

consideravelmente elevado, tornando-se destaque como fonte geradora de renda e empregos por todas as regiões do Brasil. Um dos fatores que mais influenciaram positivamente nesse aumento é a diversidade de clima e solo, fator que torna a produção de flores viável durante o ano todo, possibilitando a movimentação do mercado interno brasileiro. Como consequência, desencadeou a expansão desse mercado no Brasil, o qual passou a atingir um âmbito mundial (mercado externo).

Entre as flores produzidas, segundo Junqueira et al. (2008), no mercado interno da floricultura brasileira, destacam-se as espécies do gênero Limonium e do gênero Dianthus, que representam um importante valor ornamental. A espécie L. sinuatum (Plumbaginaceae), popularmente conhecida como estátice, statice ou lavanda do mar, é originária do Mediterrâneo e caracterizada como uma das mais populares flores de corte do mundo. Segundo Lorenzi (2015), apesar de ser caracterizada como uma planta perene, é tratada como anual e sua propagação ocorre por meio de sementes. Outra espécie altamente comercializada e de grande importância econômica no mercado de flores é a cravina, como é popularmente conhecida a espécie Dianthus chinensis (Caryophyllaceae) e que pode ser utilizada tanto em jardins (compondo canteiros ou bordadura) como em arranjos florais. Caracterizada como herbácea perene, entouceirada e ereta, sua propagação se dá por meio de sementes (LORENZI, 2015).

Para a produção de mudas de qualidade dessas espécies, o substrato é um dos fatores mais importantes, tornando-se responsável por fornecer condições necessárias para qualquer espécie ornamental se desenvolver. Já para cultivo, o ideal para floríferas e ornamentais são mistura de componentes que apresentam alta disponibilidade no mercado local, baixo custo e facilidade durante o seu manuseio (FARIA, REGO e BERNARDI et. al., 2001), como a mistura de solo, areia e matéria orgânica.

Sendo assim, o trabalho conduzido teve como objetivo avaliar a germinação das espécies L. sinuatum e D. chinensis com a utilização de dois substratos comerciais (Basaplant e Tropstrato).

Material e métodos

O experimento foi conduzido em Casa de Vegetação (tipo Pad & Fan) da

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Faculdade de Engenharia da UNESP, Campus de Ilha Solteira – SP, instaladono dia 25 de março e avaliado no período de 26 de março à 8 de abril.

As sementes, doadas pela empresa TOPSEED, foram semeadas em bandejas de poliestireno expandido contendo 128 células, preenchidas com os referidos tratamentos: T1: Substrato Tropstrato e T2: Substrato Basaplant, para ambas espécies - L. sinuatum e D. chinensis, totalizando o uso de 128 sementes/espécie, sendo 16 repetições, contendo 8 sementes/repetição.

As avaliações realizadas tiveram como padrão o aparecimento do gancho plumular: Porcentagem de germinação (%G): contagem diária do número de sementes germinadas (BRASIL, 1992); Índice de velocidade de germinação (IVG): contagem diária do número de plântulas emergidas (Maguire, 1962); e Tempo médio de germinação (TMG): determinado conforme Labouriau (1983). O delineamento experimental utilizado foi o Inteiramente Casualisado. Os resultados foram submetidos à análise de variância e Teste de Tukey a 5%, utilizando-se o programa SISVAR para análise estatística (FERREIRA, 2000).

Resultados e discussão

Pela Tabela 1 é possível observar que não houve diferenças significativas para %G, IVG e TMG quanto ao uso de substratos distintos (Tropstrato e Basaplant) para ambas as espécies. Informações dada pela Topseed na embalagem dos produtos utilizados, constava a %G esperada de 85% para para ambas espécies - Estátice e Cravina, sendo este superior ao do presente trabalho.

Tabela 1. Porcentagem de germinação (%G), IVG (Índice de Velocidade de Germinação) e TMG (Tempo Médio de Germinação - dias) e AP (altura de plântulas em cm) Estátice e Cravina. Ilha Solteira, 2017 Estátice Substrato %G IVG TMG (dias) AP (cm) Basaplant 65,62a 1,21a 5,07a 3,88a Tropstrato 56,25a 1,02a 5,01a 2,56b CV% 28,75 28,81 19,36 19,87 Cravina Basaplant 50,00a 0,72a 5,89a 2,41a Tropstrato 51,56a 0,75a 5,64a 1,27b CV% 37,72 38,79 15,72 19,54

Para o parâmetro altura das plântulas (AP), o Basaplant apresentou

melhores resultados quanto ao desenvolvimento das espécies, sendo que estátice apresentou maiores valores.

Segundo os fabricantes dos substratos, Basaplant é composto de casca de pinus, turfa, carvão, vermiculita e NPK + micronutrientes, com o pH e CE igual a 5,8 e 2,5 dSm-1, respectivamente; o Tropstrato é a base de casca de pinus, turfa, vermiculita expandida, enriquecido com macro e micronutrientes, com pH = 5,8 e CE = 2,0 dSm-1. Para Torres et al. (2017), o gênero Dianthus requer CE = 1,5 a 3,0 dSm-1 para que ocorra um bom desenvolvimento, faixa essa contemplada pelos 2 substratos utilizados. Milani (2012), trabalhando 7

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substratos, concluiu que a produção de mudas de cravina é influenciada pelo tipo de substrato, recomendando o Mecplant®, com pH = 5,7, ou seja, semelhante ao dos 2 substratos utilizados; para Limonium, Lijalad (1993) recomenda pH = 6,5 e CE = 1,5 dSm-1. Assim, observa-se que os diferentes substratos interferiram no desenvolvimento das plantas, já que cada um apresenta características peculiares, responsáveis por produzir mudas de maior vigor e melhor qualidade (Kämpf, 2000).

Conclusões

O uso do substrato Basaplant mostrou-se mais eficaz para a produção de

mudas de Limonium sinuatum e Dianthus chinensis.

Referências BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análises de Sementes. Brasília, SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. FARIA, R. T.; REGO, L. V.; BERNARDI, A.; MOLINARI, H. Performance of different genotypes of Brazilian orchid cultivation in alternatives substrates. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 44, n. 4, p. 337-342, 2001. FERREIRA, D. F. SISVAR. Sistema de análise de variância para dados balanceados. Lavras: UFLA, 2000. JUNQUEIRA, A. H.; PEETZ, M. S. Mercado interno para os produtos da floricultura brasileira: características, tendências e importância socioeconômica recente. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v. 14, n. 1, p. 37-52, 2008. KÄMPF, A.N. Seleção de materiais para uso como substrato. In: KÄMPF, A.N., FERMINO, M.H. (Eds.) Substrato para plantas: a base da produção vegetal em recipientes. Porto Alegre : Gênesis, 2000. p.139-145. LABOURIAU, L.G. A Germinação das sementes. Washington: OEA, 1983. 171p. LORENZI, H. Plantas para jardim no Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2015. MAGUIRE, J. D. Speed of germination - aid in selection evolution for seedling emergence and vigor. Crop Science, Canadá, v. 2, n. 2, p. 176-177, 1962. MILANI, M. Crescimento e desenvolvimento de mudas de cravina de jardim com diferentes substratos. 2012. 95 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agrobiologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2012.

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TORRES, A. P.; CAMBERATO, D.; LOPEZ, R. G.. Produccion Comercial de Cultivos Bajo Invernadero Y Vivero: Medición de pH y Conductividad Eléctrica en Sustratos. Disponível em: <https://www.extension.purdue.edu/extmedia/HO/HO-237-SW.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2017. Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia

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Extrato hidroetanólico de orégano (Origanum vulgare L.) no controle do ácaro rajado Tetranychus urticae Koch (Acari:

Tetranychidae)

Tamara Jarosi Handajevsky(1)*, Marineide Rosa Vieira(2), Mariana Yamada(3)

1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Acarologia, e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Laboratório de Acarologia 3UNESP-FEIS, Curso de Agronomia, Laboratório de Acarologia

Introdução O ácaro rajado, Tetranychus urticae Koch, é uma espécie altamente

polífaga, com grande importância econômica para o Brasil, infestando culturas como as de algodão, feijão, morango, mamão, tomate, videira e ornamentais (MORAES; FLECHTMANN, 2008).

No controle de T. urticae, a principal opção é o uso de acaricidas sintéticos, alternativa nem sempre eficiente, devido à facilidade da espécie no desenvolvimento de populações resistentes (NICASTRO et al. 2013) e à falta de seletividade desses produtos aos ácaros predadores (YAMAMOTO; BASSANEZZI, 2003). Além disso, o uso inadequado pode resultar na contaminação do ambiente e na ocorrência de intoxicações de agricultores e consumidores. Na busca de uma agricultura sustentável, o uso de produtos naturais tem sido amplamente estudado, encontrando-se na literatura relatos de aumento na mortalidade, queda na fecundação e distúrbios no desenvolvimento de ácaros fitófagos (VIEIRA et al., 2006; DABROWSKI; SEREDYNSKA, 2007; VERONEZ et al., 2012; ATTIA et al., 2013).

Com relação ao orégano (Origanum vulgare L.), extrato hidroetanólico pode proporcionar mortalidade de fêmeas de T. urticae acima de 80%, 120 horas após a pulverização (GOMES, 2011).

Objetivo

Determinar a curva concentração x mortalidade do extrato hidroetanólico de orégano para fêmeas do ácaro rajado, T. urticae.

Materiais e métodos

Dois experimentos foram conduzidos no Laboratório de Acarologia, da UNESP, câmpus de Ilha Solteira.

O extrato base (a 20%) foi preparado com 100g de orégano e 400g de uma solução de etanol a 70%, sendo a mistura submetida à extração em liquidificador e posterior filtragem. As demais concentrações testadas, 5, 10 e 15% foram obtidas por diluição do extrato base com etanol 70%. No primeiro experimento foi utilizado apenas o extrato vegetal e no segundo houve a adição de sabão de coco na base de 50g/L para cada uma das concentrações.

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O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco tratamentos (quatro concentrações do extrato, 5, 10, 15 e 20% e uma testemunha pulverizada com álcool 70%) e dez repetições. Cada experimento foi realizado duas vezes para confirmar os resultados.

A parcela experimental constituiu-se de uma placa de Petri de 9 cm de diâmetro contendo uma camada de algodão umedecido com água deionizada e sobre ela, um disco de folha de feijão-de-porco (Canavalia ensiformes L.). Cada disco recebeu cinco fêmeas de Tetranychus urticae proveniente de uma criação de laboratório.

Os tratamentos foram pulverizados em torre de Potter e posteriormente, no período de 120 horas, avaliou-se o número de fêmeas mortas. Os dados de porcentagem de mortalidade (média das duas repetições) foram submetidos à análise de regressão.

Resultados e discussão

A porcentagem de mortalidade de fêmeas de T. urticae aumentou com o aumento da concentração do extrato, variando de 26% a 69%, 120 horas após a pulverização (Figura 1). As porcentagens observadas, inferiores a 70%, são baixas e não podem garantir um controle eficiente da praga. A adição de sabão de coco aumentou a mortalidade, independente das concentrações, indicando que esse produto tem um alto efeito letal sobre os ácaros. Dessa forma, o uso associado do extrato hidroetanólico de orégano com o sabão de coco pode ser uma alternativa interessante no manejo do ácaro rajado.

Figura 1. Regressão entre as concentrações do extrato hidroetanólico de Origanum vulgare, com e sem a adição de sabão de coco, e as porcentagens de mortalidade de fêmeas de Tetranychus urticae, 120 horas após a pulverização. Média de duas repetições. Ilha Solteira-SP, 2016.

Conclusões

3

26

54

61

69

56

8176

83

93

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0% 5% 10% 15% 20%

Mortalidade (%

)

Concentração do Extrato (%) Apenas o extratoCom sabão de coco

Com sabão de coco

Y= 33,3426 + 3,1143 x

Apenas o extrato

Y= 9,2 + 3,34 x

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Extrato hidroetanólico de O. vulgare apresenta efeito acaricida sobre fêmeas de T. urticae, crescente com a concentração, atingindo o valor máximo de 69%, insuficiente para garantir o controle efetivo dos ácaros. Entretanto, a adição de sabão de coco pode potencializar o seu efeito e viabilizar o seu uso.

Referências

ATTIA, S.; GRISSA, K.L.; LOGNAY, G.; BITUME, E.; HANCE, T.; MAILLEUX, A.C.; A review of the major biological approaches to control the worldwide pest Tetranychus urticae (Acari: Tetranychidae)with special reference to natural pesticides. Journal of Pest Science, v. 86, n. 3, p. 361–386, 2013. DABROWSKI, Z.T.; SEREDYNSKA, U. Characterisation of the two-spotted spider mite (Tetranychus urticae Koch, Acari: Tetranychidae) response to aqueous extracts from selected plant species. Journal of Plant Protecion Research, v. 47, n. 2, p. 113-124, 2007. GOMES, V. T. Extratos vegetais e produtos naturais com potencial de uso no controle de Tetranichus urticae Koch (Acari: Tetranychidae) na cultura da videira. Dissertação (Mestrado em Agronomia – Sistemas de Produção). 2011. 76f. Universidade Estadual Paulista-UNESP, Ilha Solteira-SP, 2011. MORAES, G.J.; FLECHTMANN, C.H.W. Manual de acarologia. Acarologia básica e ácaros de plantas cultivadas no Brasil. Ribeirão Preto: Holos, 2008. 288p. NICASTRO, R.L.; SATO, M.E.; ARTHUR, V.; SILVA, M.Z. Chlorfenapyr resistance in the spider mite Tetranychus urticae: stability, cross-resistance and monitoring of resistance. Phytoparasitica, v. 41, n. 5, p. 503–513, 2013. VERONEZ, B.; SATO, M.E.; NICASTRO, R.L. Toxicidade de compostos sintéticos e naturais sobre Tetranychus urticae e o predador Phytoseiulus macropilis. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 47, n. 4, p. 511-518, 2012. VIEIRA, M. R. et al. Efeito acaricida de extratos vegetais sobre fêmeas de Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 8, n. 4, p. 210-217, 2006. YAMAMOTO, P.T.; BASSANEZI, R.B. Seletividade de produtos fitossanitários aos inimigos naturais de pragas dos citros. Laranja, Cordeirópolis, v. 24, n. 2, p. 353-382, 2003.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas

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Valores de pH de silagens de sorgo recompactadas, após períodos de exposição ao ar

Tamires Oliveira de Lima(1)*, Leandro Coelho de Araujo(2), Adriano de

Almeida Lino(3), Sabrina Novaes dos Santos-Araujo(4)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica. e-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia 3UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia 4UNESP-FEIS, Docente, Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos

Introdução A vida útil de uma silagem pode ser determinada pelo tempo em que ela

permanece estável em aerobiose, sendo que vários fatores podem influenciar como a temperatura ambiental, espécies forrageiras, conteúdo de umidade da cultura, concentração de O2 e CO2, população de microorganismos aeróbicos, concentração de ácidos orgânicos e carboidratos solúveis residuais (Pitt, 1990). Esta instabilidade leva a deterioração da silagem e inicia principalmente pela ação de leveduras ácido tolerantes (Spoelstra et al., 1988) que são microorganismos capazes de fermentar o ácido lático e carboidratos solúveis residuais das silagens em CO2, água e calor, elevando o pH da massa e permitindo assim o crescimento de outros microorganismos indesejáveis, que são menos tolerantes ao baixo pH, como fungos filamentosos e bactérias aeróbias (Woolford, 1990).

A preocupação com a deterioração aeróbia é maior em ambientes mais quentes pela rapidez com que os processos ocorrem, visto que as leveduras aeróbias são mais ativas entre 20 a 30 °C (Ashbell et al., 2002), tendendo a estabilidade aeróbia ser menor em países de clima tropical como o Brasil. Estudos apontaram uma variação na estabilidade aeróbia de silagens de milho não inoculada de 25 a 50 horas (Hu, et al., 2009), sugerindo a hipótese que este intervalo de tempo deveria ser o máximo entre a retirada da silagem de um silo convencional e sua acomodação em sacos de plástico para comercialização em pequenos volumes, sendo para isso necessária uma recompactação.

Desta forma, pesquisas avaliando os valores de pH em silagens resultantes de um processo de recompactação em sacos plásticos são necessárias para o melhor entendimento da dinâmica de fermentação e qualidade destas silagens fomentando estratégia para o aproveitamento e comercialização de silagens remanescentes, reduzindo os custos de produção sem interferir na qualidade do produto final ou até mesmo motivando uma forma comercialização de silagem no Brasil pela possibilidade de armazenar. O objetivo com este trabalho foi quantificar os valores de pH em silagens de sorgo submetida ao processo de recompactação, após diferentes períodos de exposição em aerobiose.

Material e métodos

A ensilagem do Sorghum bicolor (L.) Moench cv. Volumax foi realizada em maio de 2016 com o auxílio de uma ensiladora de uma linha, sendo a massa compactada de forma convencional com tratores e sem o uso de aditivos em um

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silo trincheira, com capacidade para 200 t de massa verde, localizado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNESP de Ilha Solteira.

No dia 23/01/17, 9 meses após o fechamento do silo, a silagem de sorgo foi coletada de forma manual com o auxílio de garfos e enxadas, eliminando-se as partes deterioradas e com mofos aparentes. A silagem foi revolvida para que houvesse entrada de ar na massa e posteriormente acomodada em sacos plásticos, que permaneceram abertos até o início da recompactação em silos experimentais. O experimento foi conduzido em baldes de plástico de 15L com tampas, no delineamento inteiramente casualizado com três repetições. Os tratamentos corresponderam a recompactação da silagem de sorgo as 0; 6; 12; 24; 48; 72; 96 e 120 horas após o desabastecimento do silo trincheira, simulando diferentes tempos para embalar a silagem para comercialização em sacos plásticos de pequenos volumes.

Conforme os tempos dos respectivos tratamentos foram alcançados, a silagem foi compactada (550 kg de silagem m-3) em silos experimentais contendo saco com areia no fundo para recuperação do efluente e tampas para garantir a adequada vedação, permitindo apenas a saída dos gases oriundos da fermentação, por meio de uma válvula de escape do tipo Bunsen. A abertura dos silos experimentais ocorreu 90 dias após a vedação e amostras de silagem foram colocadas em prensa hidráulica para extração o suco da silagem e medição do pH conforme Silva & Queiroz (2002). Os dados foram analisados no programa estatístico SAS por meio de análise de regressão a 5% de probabilidade.

Resultados e discussão

Os valores de pH não apresentaram ajustes significativos para as

regressões (p>0,05) (Figura 1). A falta de ajuste aos períodos de exposições ao ar indica que os valores de pH não foram influenciados por esse fator e que independente do tempo, manteve o valor de pH da silagem de sorgo semelhante ao inicial. O valor médio para pH foi de 3,30±0,06 (Tabela 1), fincando dentro da faixa considerada como ideal para silagens que apresentaram processo de fermentação eficiente (McDonald et al., 1991), fator positivo por evitar o crescimento de microorganismos indesejáveis que são menos tolerantes ao baixo pH, como fungos filamentosos e bactérias aeróbias (Woolford, 1990), o que possibilita a retirada da silagem de silos convencionais para serem embaladas em sacos de pequenos volumes para comercialização, sem risco de proporcionar condições para o desenvolvimento de patógenos e elevação do pH.

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Figura 1 – Valores de pH de silagem de sorgo recompactada, após diferentes períodos de

exposição em aerobiose.

Os valores de pH observados neste experimento diferiram dos relatados por Ranjit & Kung Jr. (2000) para silagem de milho. Os autores observaram valores de pH de 3,85, 3,81, 3,77, 4,55 e 5,02 aos 12, 24, 36, 48 e 72 horas em aerobiose respectivamente. Aumentos nos valores de pH também foram relatados por Filya (2003) que verificaram elevação do pH de 3,72 para 6,18 após cinco dias em aerobiose, assim como desenvolvimento de leveduras e fungos. É importante destacar que no presente experimento as silagens foram reembaladas após os respectivos tempos e o pH analisado após 90 dias, o que não ocorreu nos experimentos dos outros autores. Além do tempo de exposição da silagem em aerobiose outros fatores podem influenciar a elevação do pH e consequentemente a quebra da estabilidade aeróbia, como a temperatura ambiental, espécies forrageiras, conteúdo de umidade da cultura, população de microorganismos aeróbicos, concentração de ácidos orgânicos e carboidratos solúveis residuais (Pitt, 1990). Assim, estudos futuros considerando esses parâmetros e a silagem a ser recompactada devem ser conduzidos para um melhor entendimento das modificações químicas e bromatológicas de silagens resultantes de um processo de reembalagem propondo protocolos de manejo, uma vez que empiricamente essa tem sido uma prática crescente em pequenas propriedades como forma de comercializar e armazenar pequenos volumes de silagens.

Conclusões Os valores de pH não foram ajustados significativamente às variações das

horas de permanência das silagens em aerobiose. Quando a silagem de sorgo permanece em aerobiose por 120 horas, depois do desabastecimento, o valor de pH permanece constante após a recompactação.

Referências

ASHBELL, G.; WEINBERG, Z.G.; HEN, Y.; FILYA, I. The effects of temperature on the aerobic stability of wheat and corn silages. Journal of Industrial Microbiology and Biotechnology, New York, v. 28, p. 261-263, 2002.

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FILYA, I. The effect of Lactobacillus buchneri and Lactobacillus plantarum on the fermentation, aerobic stability, and ruminal degradability of low dry matter corn and sorghum silages. Journal of Dairy Science. Champaign-IL, v. 86, p. 3575-3581, 2003.

HU, W., SCHMIDT, R.J, MCDONELL,E.E. KLINGERMAN,C.M. L. KUNG JR, L. The effect of Lactobacillus buchneri 40788 or Lactobacillus plantarum MTD-1 on the fermentation and aerobic stability of corn silages ensiled at two dry matter contents. Journal of Dairy Science. Champaign-IL, v. 92, p. 3907-3914, 2009.

McDONALD, P.J.; HENDERSON, A.R.; HERON, S.J.E. The biochemistry of silage. 2.ed. Mallow: Chalcombe Publications, 1991. 340p.

RANJIT, N.K.; KUNG Jr., L. The effect of Lactobacillus buchneri, Lactobacillus plantarum, or a chemical preservative on the fermentation and aerobic stability of corn silage. Journal of Dairy Science. Champaign-IL, v. 83, p. 526-535, 2000.

SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). 3.ed. Viçosa, MG: Editora UFV, 2002. 235p.

SPOELSTRA, SF.; COURTIN, M.G.; VAN BEERS, J.A.C. Acetic acid bacteria can initiate aerobic deterioration of maize silage. Journal of Agricultural Science, Toronto, v. 111, p. 127-132, 1988.

WOOLFORD, M.K. Detrimental effect of fair on silage. Journal of Applied Bacteriology, Malden, v. 68, p. 101-116, 1990.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

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Administração rural: principais elementos de estudo diagnóstico ao produtor

Thaisla Lobo Santana(1)*, Omar Jorge Sabbag (2)

1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia – Ilha Solteira. E-mail: [email protected] 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia

Introdução

A gestão se constitui numa das questões mais importantes dentro do processo administrativo de qualquer organização, com objetivos que focalizam lucros financeiros ou não (CALLADO, 1999). Para o segmento agropecuário, a aplicação da administração rural proporciona ao produtor a possibilidade de minimizar os riscos em suas atividades, por meio do planejamento e do controle do processo de produção em suas diferentes etapas, com consequente reflexo para os custos de produção.

Tão importante quanto os demais setores da economia, a agropecuária contida no setor primário é a propulsora para os segmentos pré e pós-produção para uma propriedade rural, haja vista que os agentes econômicos irão buscar a maior parte de suas necessidades em termos de matérias-primas e energia, sendo também para o mundo natural que ela descartará seus resíduos (MOURA, 2010).

O planejamento, como uma das principais etapas da gestão, define-se como o ato de constituir as bases para desenvolver as ações necessárias em uma propriedade rural. O planejamento oportuniza para que os produtores adotem um comportamento próativo em relação ao futuro, contribuindo para a melhoria da produtividade, da qualidade e dos resultados financeiros (BRUN, 2013).

A agricultura familiar consiste na produção agrícola e pecuária realizada por pequenos produtores, que possuem mão de obra basicamente formada por uma família, podendo apresentar em alguns casos trabalho assalariado. Para o Governo Federal, para ser considerada agricultura familiar, consideram-se alguns critérios, dentre eles: núcleo familiar estabelecido, máximo de dois empregados assalariados e propriedade com, no máximo, quatro módulos rurais.

Neste contexto, a adoção de um modelo de gestão pode auxiliar o produtor nas suas atividades operacionais e nas suas decisões. A propriedade rural deve ser administrada como uma empresa, independente do seu porte e infraestrutura. Portanto, o conceito de gestão pode ser aplicado perfeitamente na atividade agrícola familiar (FILHO et al., 2004), o que se propõe no presente projeto em questão.

Desta forma, o objetivo geral do trabalho foi analisar a aplicação das principais dimensões da administração rural em propriedades rurais de Ilha Solteira/SP, em um estudo multicaso, levando em consideração as atividades desenvolvidas pelos pequenos produtores.

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Material e métodos Inicialmente, esta pesquisa foi trabalhada com amostragem do tipo

intencional, sendo escolhida de forma diretiva pelo pesquisador em um conjunto de 15 propriedades rurais de Ilha Solteira/SP, durante o 2º semestre de 2016.

Este trabalho abordou um método qualitativo de pesquisa descritiva e exploratória, através de observações, registros, análise e readequação de dados em situações em que demandam conhecimentos específicos relacionados à temática da pesquisa.

Foram elaboradas entrevistas semiestruturadas (tipo questionário diagnóstico), buscando contemplar aspectos relacionados às seguintes dimensões: planejamento e controle da produção, compra de insumos, comercialização, qualidade e custos aplicados ao sistema produtivo.

Os dados foram compilados na plataforma Excel, por meio de figuras que contribuam para o melhor entendimento dos resultados.

Resultados e discussão

Na maior parte dos produtores (60% da amostra) não há interesse por um planejamento mais adequado e isso é decorrente pelo próprio desconhecimento do termo “planejamento”, pela falta de informação e capital disponível ou até mesmo por falta de orientação técnica, já que em sua totalidade, os pequenos produtores não apresentavam nenhum curso na área e muitas vezes nem possuíam o ensino médio completo.

Neste contexto, qualquer que seja o tamanho de uma área cultivada, certamente o agricultor vai precisar fazer aplicação de algum tipo de agrotóxico, pois é quase impossível que, durante o ciclo, a cultura não seja atacada por doenças, pragas e plantas invasoras. Daí a necessidade de se fazer o controle desses inconvenientes, visando uma boa produtividade (LAZIA, 2011).

Para o quesito compra de insumos, 80% dos produtores realizam a compra no comércio local, porém não há uma satisfação com o preço, que é considerado alto; entretanto, 67% acabam por escolher outros fornecedores, mesmo que seja em outras cidades. Leva-se em consideração o custo, a localização do estabelecimento em relação à propriedade e a opção de entrega, muitas vezes limitando o estoque de produtos em sua propriedade. Os principais fatores na escolha do fornecedor encontram-se na Figura 1.

Figura 1. Fatores de escolha de fornecedor por produtores, Ilha Solteira/SP, 2016

Fonte: dados da pesquisa.

47%

5%

19%

24%

5%Preço

Variedade

Localização

Entrega

Apoio Técnico

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Por fim, quanto à qualidade relacionada ao aspecto ambiental, a reciclagem dos insumos é limitada em apenas 33% dos produtores, sendo que a prática de reuso não se faz por inúmeros fatores, expressos pela Figura 2.

Figura 2. Fatores condicionantes a não realização de reuso por produtores, Ilha Solteira/SP, 2016.

Fonte: dados da pesquisa.

Conclusões

A agricultura familiar ainda possui inúmeros aspectos que precisam ser melhorados e ampliados, tais como: planejamento, qualidade, custos, marketing, capacitação dos pequenos produtores e melhor acesso aos fornecedores e compradores. Portanto, o empreendedorismo rural deve ser gerido da forma mais adequada possível, com o propósito de garantir a inserção desses pequenos proprietários no mercado, para que possam garantir a sua sustentabilidade.

Referências BRUN, R. Planejamento estratégico aplicado a uma propriedade rural de atividade leiteira.

Horizontina-RS, 2013. Disponível em: <http://www.fahor.com.br/publicacoes/TFC/EngPro/2013/Pro_Rauni.pdf>. Acesso em: 20 Out. 2016.

CALLADO, A.A.C.; CALLADO, A.L.C. Custos: um desafio para a gestão no agronegócio. Disponível em: <http://www.dce.sebrae.com.br/bte/bte.nsf/7DC55898743CF66483256F6B00617007/$File/NT000A2306.pdf>. Acesso em: 30 Jan. 2016.

FILHO, A. P; STORINO, M. Critérios Para A Mecanização Da Pequena Propriedade. Campinas (SP), março de 2013.

LAZIA, P. Mecanização em pequenas propriedades. Viçosa – MG, 1 de novembro 2011. Disponível em: < http://www.portalagropecuario.com.br/agricultura/mecanizacao-agricola/mecanizacao-pequenas-propriedades-garantia-maior-produtividade-qualidade-servicos-realizados>. Acesso em: 25 Out. 2016.

MOURA, L. A. A. Economia Ambiental: gestão de custos e de investimentos, 4ª Edição, Editora Del Rey, 2010.

Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica

17%

17%

33%

33%

Infraestrutura

Falta de conhecimento

Falta de vontade

Custo

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Aula prática de Fisiologia Animal: uma visão dos alunos

Vanessa Veronese Ortunho(1), Ana Luiza Bacarat Cotrin (2), Mykael Bichofi do Prado (2), Amanda Cristina Carvalho Biliatto (2), Anderson Luiz Verguetti

Parmegiani(2), Bruna de Oliveira(2), Bruna Moreira Maioli(2), Caio Bertasi Barbalho(2), Débora Porto Barbosa da Silva(2), Dirceu Cagliari Junior(2),

Isabelle Balestrieiro Ciolino(2), Isabelle Lara de Oliveira(2), Isadora Nicolielo de Souza(2), Jhoice Camila Xavier Lima(2), João Vitor Storti(2), Laura Cones Bigaram(2), Laura Martins Antune(2), Lucas Costa Pereira(2), Luiz Antônio Othechar Benedicto(2), Luiza de Souza Condado Perez(2), Maria Carolina

Machiavelli Martins(2), Maria Rita Arruda Ferreira(2), Mayre Calyne da Silva Farias(2), Michelli da Silva Scardovelli(2), Natalia Marques da Silva(2),

Nathalia Moura Molinaro(2), Nayara Yuri Mitsumori Alvares(2), Rafael de Arruda Saron(2), Thalita Cristina Gonçalves(2), Tiago Cassemiro Lima(2),

Vinicius de Oliveira de Souza(2)

1 Médica Veterinária, docente substituta UNESP-FEIS e FUNEC 2 UNESP-FEIS – Curso de Zootecnia, Discente

Introdução Os cursos da área de biológicas das universidades brasileiras utilizavam

animais vivos em suas aulas práticas, o que gerava muitos conflitos ideológicos em defesa ou a favor do uso destes, por isso, Holanda (2013), relatou que alguns estudantes abandonaram o curso de veterinária devido as aulas práticas de fisiologia veterinária, que utilizavam animais vivos como sapos, ratos, camundongos e coelhos, os quais posteriormente eram eutanasiados.

Atualmente, com a criação do Comitê de Ética em Experimentação Animal, o uso desses animais em aulas vem diminuindo, porém para que as aulas práticas possam ser realizadas, os professores têm buscado alternativas, como uso de manequins e uso de outros animais, para que o aprendizado dos alunos não seja prejudicado (WOUK et al., 2017).

Após a realização de algumas aulas práticas da disciplina de Fisiologia Animal da Unesp-Feis, ministradas para os alunos de zootecnia, os mesmos realizaram um questionário que objetivou conhecer a porcentagem de aprovação das aulas práticas, conhecer os animais que os discentes estavam mais gostando de utilizar em aula e saber se essas aulas estavam facilitando a fixação dos conteúdos aprendidos em aula teórica. O objetivo desse trabalho foi relatar o resultado do questionário.

Material e métodos

Estão regularmente matriculados na disciplina de Fisiologia Animal: 31 alunos, entretanto 1 aluno absteve da faculdade, portanto 30 alunos participaram das aulas.

As aulas foram ministradas no Pomar da Unesp-Feis, Figura 1 e 2, Centro de Conservação da Fauna Silvestre (CCFS) de Ilha Solteira, Figura 3 e 4, e no Laboratório LN5 da Unesp-Feis.

Figura 1 e 2: Aula Prática realizada no Pomar da Unesp-Feis.

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Fonte: Acervo dos autores

Figura 3 e 4: Aula Prática realizada CCFS de Ilha Solteira

Fonte: Acervo dos autores

Nas aulas práticas, que foram realizadas em ovinos deslanados da raça

Santa Inês no Pomar, 27 alunos estavam presentes, que aprenderam os padrões de normalidade do sistema tegumentar e do sistema nervoso.

No laboratório foi feita uma discussão com os 26 alunos presentes sobre textos científicos. Na aula realizada no CCFS, teve a presença de 24 alunos que observaram a alimentação dos animais silvestres, além de problemas tegumentares em araras-vermelhas (Ara chloropterus) e jiboia (Boa constrictor). Após as aulas práticas os discentes realizaram um questionário com objetivo de saber: se está havendo aprovação ou desaprovação das aulas práticas, conhecer qual aula prática os alunos estavam mais gostando: CCFS, ovinos ou texto. Outro questionamento foi sobre se houve ou não melhora na assimilação dos assuntos aprendidos em aula teórica.

Somente responderam o questionário, os alunos que estavam presentes nas aulas práticas.

Resultados e discussões Todos os alunos que responderam o questionário aprovaram a realização

das aulas práticas que foram realizadas no pomar e no CCFS, porém apenas 69,23% dos discentes aprovaram a aula que objetivou a leitura e discussão de artigos científicos.

Todos os alunos responderam que as aulas práticas facilitaram a fixação dos assuntos abordados nas aulas teóricas.

Os resultados encontrados concordam com os achados por Pereira et al. (2008) que relatam que as aulas práticas, se mostram muito importantes no processo de aprendizagem, como uma forma de fixação da teoria e segurança para busca de novos desafios.

Hoje a literatura relata que se deve e educar um profissional com habilidades humanísticas, de formar indivíduos adaptáveis a um mundo altamente complexo e dinâmico, em permanente mudança e para isso o docente tem que ter em mente que muitos processos de aprendizados que eram utilizados, hoje não são mais aceitos, como realização de eutanásia no final de cada aula. Para isso o docente tem que estar em constante aprendizado, apto a

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aprender novas técnicas didáticas e aberto a conversar com os alunos para que sua didática seja um processo evolutivo (CFMV, 2012).

Conclusão Todos os alunos aprovaram a realização das aulas práticas, todos

aprovaram a utilização dos ovinos e animais silvestres, porém a aceitação da leitura de artigos científicos foi baixa.

Foi unâmine a resposta na melhora da assimilação dos assuntos abordados em aula teórica.

Esses resultados poderão ser utilizados para que a docente da disciplina possa se adequar aos resultados apontados para que sempre haja melhora no desempenho de seus discentes.

Referências

CFMV. Estratégias de ensino e aprendizagem. CFMV, Brasília, 2012,152p.

HOLANDA, T. Por causa de cobais, alguns estudantes abandonam curso veterinária. Jornal Minas Gerais, Minas Gerais, p.1-4, 2013. PEREIRA, D. et al. A importância das aulas práticas no processo de ensino-aprendizagem na graduação, direcionado para ciências biológicas. Anais….São José dos Campos, 2008. WOUK, A.F.P. et al. Sistema de acreditação dos cursos de Graduação em Medicina Veterinária.CFMV, Brasília, n.72, p.15-17, 2017.

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

Modalidade: Experiência Didática

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Conforto térmico em espaços públicos: estudo em praças públicas de Ilha Solteira - SP

Wederson de Morais da Silva(1*,1), Regina M. M. de Castilho(1*,2)

1*UNESP-FEIS, 1Curso de Agronomia – Graduando, email: [email protected] 2Docente, Departamento de Fitotecnia, Tec.de Alimentos e Sócio Economia.

Introdução

Os espaços públicos urbanos de convivência, como as praças públicas, devem apresentar características estéticas e microclimáticas que estimulem a população a transitar por esses locais, e desfrutar de um ambiente propício a permanência e ao lazer. Segundo Gangloff (1996) áreas verdes e bem arborizadas valorizam o ambiente e a estética, além de promoverem um excelente meio para as atividades da comunidade, criando importantes espaços e oportunidades de recreação e educação.

Diversos estudos têm relatado as diferenças microclimáticas promovidas nas cidades pelo processo de urbanização (LOWRY, 1967; LOMBARDO, 1985; OKE, 1996; UNGER, 1995; PITTON, 1997), mostrando que as variáveis urbanísticas de uso e ocupação do solo determinam os microclimas dos espaços urbanos a eles associados. A vegetação, particularmente as árvores são responsáveis por regular a temperatura ambiente nos centros urbanos, pois utilizam parte dessa radiação em seus processos biológicos essenciais como a fotossíntese e a transpiração. São características da vegetação: a diminuição da incidência de radiação solar sobre a superfície, a atenuação do ruído, a diminuição da poluição do ar e a redução do consumo de energia em regiões quentes (GONÇALVES et al., 2012).

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi averiguar as temperaturas em diferentes superfícies de uma praça pública de Ilha Solteira – SP.

Material e métodos O estudo foi realizado no dia 10 de abril de 2017 na Praça dos Paiaguás,

no município de Ilha Solteira – SP. Os dados sobre as temperaturas foram obtidos em campo utilizando um termômetro de superfície infravermelho, e um termômetro digital para ambientes com sensor externo. Padronizou-se que as temperaturas retiradas de ambientes sem incidência de luz solar deveriam estar sob sombreamento arbóreo, e não de edificações. O horário analisado também foi padronizado, entre 11h30min e 12h30min. Foram retiradas trinta amostras com o termômetro posicionado a 120cm acima do chão para cada tratamento, sendo eles: calçada de concreto com incidência de luz solar, calçada de concreto sem incidência de luz solar, área com cobertura vegetal e incidência de luz solar, e área com cobertura vegetal sem incidência de luz solar. As médias aritméticas simples foram calculadas sem nenhum programa específico, entretanto os gráficos foram gerados pelo Excel.

Resultados e discussão

As medias de temperaturas em calçadas de concreto com incidência solar direta (Figura 1) variando entre 47 °C e 53,5 °C, houve uma variação de 18,1 °C

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quando comparado as médias de temperatura das calçadas de concreto com sombreamento arbóreo (Figura 1). Figura 1 – Média das temperaturas em diferentes condições de radiação e superfície. Ilha Solteira, 2017.

CCcILS = calçada de concreto com incidência de luz solar; CCsILS = calçada de concreto sem incidência de luz solar; ACVcILS = área de cobertura vegetal com incidência de luz solar; ACVsILS = área de cobertura vegetal sem incidência de luz solar.

A cobertura vegetal rasteira exposta ao sol não apresentou grandes

variações quando comparadas com a temperatura das calçadas exposta ao sol, ocorrendo uma variação de 2,7 °C entre elas (Figura 1). A média extraída das áreas com cobertura vegetal e sombreamento arbóreo apresentaram uma variação considerável em relação a todas as outras, chegando a 21°C de variação quando comparada as médias das superfícies de concreto com incidência de luz solar, e variou 18,2 °C quando comparada à média de temperatura em superfícies com cobertura vegetal e incidência de luz solar.

A temperatura ambiente registrada em áreas sombreadas foi de 32 °C, já em áreas onde havia incidência de luz solar a temperatura foi de 36 °C. A temperatura registrada pela estação meteorológica de Ilha Solteira foi de 35,5 °C, e com isso podemos inferir que áreas arborizadas contribuíram diminuindo em pelo menos 4 °C a temperatura ambiente, evidenciando a necessidade de mais áreas arborizadas para a melhoria do conforto térmico neste local.

Partindo da premissa de que conforto térmico consiste no conjunto de condições em que os mecanismos de autorregulação do corpo humano são mínimos (García, 1985), e que, segundo Grimm (1999), o conforto térmico está na faixa de 21,1°C e 29,4°C, observa-se que o espaço público em estudo não oferece tal situação.

Conclusões

É necessário um replanejamento paisagístico na Praça Paiaguás em Ilha Solteira – SP para benefício da população local, e melhora do conforto térmico.

Referências

GIRALT, Rômulo Plentz. CONFORTO TERMICO EM ESPAÇOS ABERTOS NA CIDADE DE TORRES - MS. 2006. 238 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura, UFRGS, Porto Alegre, 2006. GOMES, Marcos Antônio Silvestre; AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade. ARBORIZAÇÃO E CONFORTO TÉRMICO NO ESPAÇO URBANO: ESTUDO DE CASO NAS

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PRAÇAS PÚBLICAS DE PRESIDENTE PRUDENTE (SP). Caminhos de Geografia, Presidente Prudente, v. 10, n. 7, p.94-105, 14 set. 2003. GRIMM, Alice Marlene. Meteorologia Básica. Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/>. Acesso em: 25 mar. 2017.

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Eficácia da utilização de carrapaticidas no controle ambiental de flebótomos

Willian Marinho Dourado Coelho (1,2), Diogo Tomokazu Kodama (3) Edilson

Silva de Oliveira (4), Wilma Aparecida Starke Buzetti (1)

1 Pós-Doutorando Departamento de Biologia e Zootecnia, UNESP, Ilha Solteira. Professor Doutor do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina (FCAA); Rua Amazonas, 571, Andradina-SP, CEP: 16901-160; E-mail: [email protected] 2 Discente do curso de graduação em Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina (FCAA) 3 Discente do curso de graduação em Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina (FCAA)

Introdução

Flebotomíneos tem grande importância na transmissão de diversas doenças principalmente a leishmaniose. Segundo Werneck (2016) desde o começo do século XX, quando foi identificada no país e o ciclo de transmissão esclarecido, o controle da doença se tornou um desafio para pesquisadores e profissionais de saúde. De acordo com Alexander & Maroli (2003) a interrupção do ciclo deste parasito pelo controle de vetores, desde que seja com uso de inseticidas permitidos, pode ser a opção mais barata e aplicável. O objetivo deste trabalho foi realizar o controle ambiental de flebotomíneos vetores da leishmaniose com a utilização de carrapaticidas e inseticidas.

Material e métodos

Para avaliar a letalidade dos princípios ativos, foi pulverizado diretamente no ambiente os produtos Cipermetrina 150g/L (Barrage®), Piretróides (Baygon®), Deltametrina 25,0 g g/L (Butox®), Cipermetrina 10g/L (Cypermeit®), Cipermetrina 15,0g/L + Clorpirifós 25,0g/L (Colosso®), Cipermetrina 15,0g/L + Clorpirifós 30,0g/L + Fenthion 15,0g/L (Colosso FC30), Imiprothrin 0,015g/L + Permetrina 0,069g/L (Detefon®), Diazinon 50,0g/L (Diazinon®), Clorpirifós 50g/L + Cipermetrina high-cis 6g/L (Flytion®) e Amitraz 12,5g/L (Triatox®), que foram preparados conforme recomendações do fabricante e aplicados com a utilização de bomba costal. Foram instaladas armadilhas luminosas e de gás carbônico, sendo constatada a captura de flebotomíneos.

Os inseticidas foram aplicados em nove propriedades (grupo tratado) e em outras três propriedades onde foi pulverizado com água de torneira. A avaliação da eficácia como repelente foi realizada a partir da constatação da presença ou ausência destes dípteros nas armadilhas pós-tratamento. Naqueles insetos capturados, foram pulverizados os produtos químicos acima mencionados e a observação da morte dos dípteros foi feita por inspeção visual, durante duas horas.

A letalidade do produto foi considerada após a constatação da morte dos insetos e classificada como de eficácia nula (---) na ausência da morte dos parasitas, ruim (+) com morte em até duas horas, regular (++) com morte em até uma hora; bom (+++) com morte em até meia hora e excelente (++++), com morte instantânea ou que fosse superior a cinco minutos. A repelência foi avaliada com inspeção das armadilhas pós-pulverização, sendo classificado

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como elevada (ausência de triatomíneos por sete dias ou mais), moderada (ausência de triatomíneos por cinco dias), baixa (ausência de triatomíneos por três dias), nula (quando foram observados triatomíneos em qualquer um dos dois primeiros dias pós-pulverização).

Resultados e discussão

Com a realização deste estudo podemos observar que os produtos a base de cipermetrina isolada ou associada a outros princípios ativos apresentou resultados satisfatórios no combate dos flebotomíneos, além de proporcionar elevada capacidade de repelência. Segundo Silveira & Dias (2011), com o uso indiscriminado dos inseticidas presentes no mercado, tem ocorrido a seleção de insetos resistentes, dificultando cada vez mais seu controle. Entretanto, em nosso estudo pôde-se constatar que drogas que eram pouco utilizadas ainda repercutiram efeitos que garantem o controle químico dos flebotomíneos e que utilizados juntamente com programas de prevenção e controle de órgãos públicos, os resultados serão ainda mais elevados. Com isso, podemos utilizar recursos alternativos como novas soluções de bioinseticidas, que são altamente seguras para seres humanos e animais (HYNES & BOYETCHKO, 2006).

A deltametrina ainda tem sido a droga de eleição para o combate aos flebotomíneos, além de ser um produto de fácil acessibilidade e de baixo custo. Verificamos que o Detefon®, apresentou excelente resultado com relação ao grau de letalidade aos flebotomíneos, porém, não foi tão efetivo repelente. Com isso, observamos também que o Triatox® não correspondeu aos resultados esperados, apresentando ser um produto de capacidade letal ruim e de baixa repelência.

Observamos que os produtos Baygon®, Colosso® e Colosso FC30® foram os mais eficazes no controle dos flebótomos. Esses dados são inovadores uma vez que não existem estudos anteriores utilizando esses produtos para essa finalidade. Tabela 1. Eficácia da cipermetrina, clorpirifós, permetrina e imiprotrim no controle de flebotomíneos em municípios da região noroeste do Estado de São Paulo. Composição/princípio ativo Eficiência

Barrage® ++++b

Baygon® ++++a

Butox® +++b

Cypermeit® +++b

Colosso® ++++a

Colosso FC 30® ++++ a

Detefon® ++++b

Diazinon® ++++b

Flytion® Triatox®

+++b

++c

Legenda: Letalidade: --- eficácia nula; + ruim; ++ regular; +++ bom; ++++ excelente

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Repelência: a (elevada); b (moderada); c (baixa); d (nula)

Conclusões

Pode-se concluir que diferentes produtos químicos utilizados como carrapaticidas foram eficazes no controle de flebotomíneos. Como se trata de produtos de baixo custo, estes princípios ativos podem constituir-se numa forma alternativa no controle da transmissão da leishmaniose em áreas endêmicas.

Referências

ALEXANDER, B.; MAROLI, M. Control of phlebotomine sandflies. Medical and Veterinary Entomology, Oxford, v. 17, n. 1, p. 1-18, 2003. HYNES, R.K., BAYETCHKO, S.M. Research initiatives in the art science of biopesticide formulations. Sail Biol Biochem 38: 845 – 849, 2006. SILVEIRA, A.C.; DIAS, J.C.P. O controle da transmissão vetorial. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 44(2): 52-63, 2011. WERNECK, Guilherme L.. Controle da leishmaniose visceral no Brasil: o fim de um ciclo?. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 32, n. 6, eED010616, 2016 .

Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia

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Incidência de lesões e infecções em presas de piranhas (Serrasalmus spp).

Willian Marinho Dourado Coelho (1,2) *, Heloisa Miyaguchi Lopes (2), Edilson

Silva de Oliveira(2), Wilma Aparecida Starke Buzetti(1)

1 Departamento de Biologia e Zootecnia (DBZ) – UNESP, Ilha Solteira. 2Professor Doutor do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina (FCAA); Rua Amazonas, 571, Andradina-SP, CEP: 16901-160; E-mail: [email protected] 2 Discente do curso de graduação em Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina (FCAA)

Introdução

Piranhas são peixes de pequeno a médio porte com ampla distribuição nos rios do Brasil, sendo registradas em afluentes do rio Paraguai (Resende, 2000), do rio Amazonas (Silvano et al, 2000) e consideradas invasoras no alto rio Paraná após a construção da barragem de Itaipu (Agostinho et al, 2003).

Os peixes conhecidos popularmente como piranhas sempre inspiraram certo medo e espanto nos seres humanos devido à sua voracidade. O presidente Norte Americano Theodore Roosevelt em visita ao Brasil no ano de 1913 descreveu com detalhes a ação das piranhas no Pantanal: “As bocas ferozes e violentas, fazem com que os dentes se enterrem na carne e nos ossos. A cabeça com seu focinho curto, olhos malignos sempre atentos e mandíbulas cruelmente armadas, a bater, eis a fisionomia de sua ferocidade demoníaca. E as ações do peixe estão perfeitamente de acordo com a sua aparência. Nunca testemunhei uma exibição de fúria incontida e selvagem como a da piranha ao debater-se no tombadilho”. Esses peixes, predadores ativos, podem atacar diferentes tipos de animais, incluindo os de sua espécie (Figura 1).

O objetivo desse estudo foi avaliar mecanismos biológicos que conferem características ímpares à mordida desses peixes.

Figura 1. Piranha com parte da nadadeira caudal amputada (Seta).

Material e métodos

Piranhas das espécies Serrasalmus rhombeus, Serrasalmus spilopleura, Serrasalmus maculatus e Serrasalmus marginatus foram capturadas nos rios Tietê e Paraná, na região noroeste do estado de São Paulo, Brasil. Foi utilizada isca viva com lambaris (Astyanax bimaculatus) para captura das piranhas. Nos

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lambaris mordidos pelas piranhas foi feita uma incisão de lado a lado com lâmina de bisturi de aço carbono nº22 de primeiro uso para se comparar por meio de análise histopatológica as características dos cortes deixados pelos dentes do animal (Figura 2) e do metal. Material proveniente dos dentes das piranhas foi coletado e encaminhado para realização de análise microbiológica e de antibiograma.

Figura 2. Lesão causada por piranhas em iscas de lambari, no rios Paraná (A) e Tietê

(B) estado de Saõ Paulo, Brasil

Resultados e discussão Piranhas, não raro, provocam acidentes com mordeduras em animais

domésticos e no homem com ferimentos que frequentemente infeccionam (Braga, 1981). As infecções causadas podem trazer maior risco que os ferimentos.

As bactérias isoladas dos dentes das piranhas e sua resistência aos antibióticos está demonstrado na Tabela 1. Tabela 1 - Prevalência e resistência bacteriana. Amostras obtidas de dentes de piranhas dos rios Paraná e Tietê, região noroeste do estado de São Paulo. 2016.

Respostas: Sensível (S); Intermediário (I); Resistente (R); Não testado (NT); * (presença de outros isolados resistentes). 1 Enterobacter cloacae; 2 Klebisiella pneumoniae; 3 Vibrio cholerae; 4 Escherichia coli; 5 Salmonella typhi; 6 Staphylococcus aureus; 7 Fusobacterium necrophorum;

Antibiótico Bactérias 1 2 3 4 5 6 7

Norfloxacina NT S S S I S S Ácido nalidíxico NT S S S NT S I Ciprofloxacino S S S S S R S Gentamicina S S S S S R S Amicacina S S S* R R S I Meropenem S S S R S R S Ertapenem S S S R S NT S Cefepima S S S R S I S Ceftriaxona S S S S S R S Ceftazidima S NT S S S R I Piperaciclina S S I S S NT R Amoxicilina/Acido clavulânico

NT S S S R S R

Trimetropina NT S S R R S R Cefoxitina R NT R NT R S* S Ampicilina R R S S R S S

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A mordida, portanto, é do tipo corto-contundente com recortes muito

precisos nos seus bordos (Sazima e Guimarães, 1987). Observa-se que cada dente possui ponta e gume (Figura 3), que penetram

nos tecidos por pressão, cortam por secção e que, em perfeito conjunto de encaixe, permitem a retirada de nacos de tecido de uma só vez. Por meio da análise histopatológica foi possível determinar que a lesão tecidual ocasionada pelos dentes das piranhas assemelha-se àquela causada pelo bisturi cirúrgico, pois resulta na formação de um corte perfeito desde as escamas, tecido epitelial e conjuntivo muscular, sem promover estrangulamento de vasos sanguíneos, o que permite a ocorrência de hemorragias.

Figura 3. Formato da boca e dentes de piranha preta capturada no rio

Tietê, estado de São Paulo, Brasil 2016.

Conclusões . Conclui-se que as piranhas podem obter seus alimentos de diferentes

maneiras, seja pelo abate imediato de suas vítimas ou, em se tratando de animais maiores que elas, suas investidas podem resultar na ocorrência de hemorragias e infecções graves, com consequente debilitação de suas presas, facilitando o ataque e a predação.

Referências

AGOSTINHO, C.S.; HANN, N.S.; MARQUES, E.E. Patterns of food resource use by two congeneric species of piranhas (Serrasalmus) on the upper Paraná river floodplain. Brazilian Journal of Biology, v. 63, n. 2, p. 177-182, 2003.

BRAGA, R.A. Ecologia e etologia de piranhas no nordeste do Brasil (Pisces - Serrasalmus Lacépède, 1803). DNOCS, Fortaleza. 268 p. 1981. RESENDE, E.K. Trophic structure of fish assemblages in the lower Miranda river, pantanal Mato Grosso do Sul state, Brazil. Revista Brasileira de Biologia, v. 60, n. 3, p. 389-403, 2000.

SAZIMA, I. & GUIMARÃES, S. de A. Scavenging on human corpses as a source for stories about man-eating piranhas. Environmental Biology of Fishes 20 (1): 75-77. 1987.

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SILVANO, R.A.M.; AMARAL, B.D.; OYAKAWAD, O.T. Spatial and temporal patterns of diversity and distribution of the Upper Juruá River fish community (Brazilian Amazon). Environmental Biology of Fishes, v. 57, p. 25-35, 2000.

Nível e área do trabalho: Graduação/Ciência Biológicas

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ÍNDICE REMISSIVO

Alice Barra Freire, 3 Alini Beloto Parra, 6 Allana Lojó Pizápio, 9 Alysson Aluízio de Oliveira Rios, 12 Amanda Pereira dos Santos Silva, 15 Ana Carolina Almeida Rollo de Paz, 18 Ana Letícia AntonioVital, 21 Andrezza Santos Flores, 24 Antônio Carlos Candeias Cesário, 27 Antonio Larentis Neto1, 30 Aymar Orlandi Neto, 33, 36

Beatriz Batello Rodrigues, 39 Beatriz Garcia Lopes, 42, 45 Beatriz Nunes Herreira, 48 Beatriz Schenaide Vitória, 51 Bianca Oliveira Rocha, 54 Bruno da Silva, 57 Bruno Horschut de Lima1, 60

Caio de Souza Capuzzo, 63 Cibele Diogo Pagliarini, 66 Cristiéle da Silva Ribeiro, 69

Daniel Andrade da Silva, 73 Danilo Silva Teixeira, 76 Dayane Gomes Oliveira, 79, 82 Denis William Johansem de Campos, 85 Diogo Tiago da Silva, 88

Eduardo Henrique Marcandalli Boleta, 91 Eliana Cristina Mariano Nogarini, 94 Emanueli Floriano, 97, 99 Évillyn dos Santos Zacheo, 102

Fabielli Souza Leite Martins, 104 Felipe Antônio Pereira Mundim, 107 Fernando de Souza Buzo, 110, 113

Gabriela de Souza Peres Carvalho, 116 Gabriela Lozano Olivério, 118 Gabrielly Cristina Messias dos Santos,

121 Guilherme Gual, 124, 127

Hemily M. Borges, 130

Ísis Danielle Sousa, 133, 136 Izabela Militão Garcia, 139

Jaqueline Cardoso Tofanelli, 142 João Vitor Cavalcante-Souza, 145 Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro,

148

Kênia Maria Rezende Silva, 151

Laicia Carneiro Leite, 154 Laís de Souza Teixeira1, 157 Laís Pedroso Borges, 161 Larissa de Oliveira Rezende, 164 Larissa Natiele da Silva, 167 Leandro Aparecido Braga, 170 Letícia de Oliveira Manoel, 173, 176 Letícia Déo Sorato, 179 Letícia Louzada Ferreira, 182 Letícia Macedo Pereira, 185 Lídia Maria Santos Sperandio, 189 Lucas Martins Garé, 192, 194 Luciane Gomes da Silva, 197 Lucíola Guimarães Ribeiro, 200 Luiz Antonio Silva Custódio, 203, 206 Luiz Firmino dos Santos Junior, 209

Márcio Souza da Silva, 212, 215

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Maria Luiza Ribeiro Delgado, 218 Mariana Luppi Guedes Pádua, 221 Mariane Elisa Pagotto, 225 Marília Oliveira Ferreira Silva, 228 Marina Guimarães Germin, 230 Matheus Augusto Sachetim, 233 Matheus Sousa de Paula Carlis, 236 Maycon Anderson de Araujo, 239 Mykael Bichofi do Prado, 242

Natacha Silva, 245 Natasha Mirella Inhã Godoi, 248, 251

Patrícia de Almeida, 254 Patricia Postingel Quirino, 257 Poliana Aparecida Leonel Rosa, 260, 263

Rodrigo Castilho Freitas, 266

Tainah Eduarda Boian Carneiro, 268 Talita de Oliveira São José, 271 Tamara Jarosi Handajevsky, 275 Tamires Oliveira de Lima, 278 Thaisla Lobo Santana, 282

Vanessa Veronese Ortunho, 285

Wederson de Morais da Silva, 288 Willian Marinho Dourado Coelho, 291,

294