Upload
dohanh
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
2
Anais Eletrônicos do I Seminário de Pesquisa em Design |UEPA
(RESUMOS EXPANDIDOS)
GRUPO DE PESQUISA CULTURA E DESIGN EM PRODUTOS AMAZÔNICOS
http://culturaedesign.wordpress.com
ISSN: 2316-9478
Belém, 18 de outubro de 2012
Comissão Científica
Ana Paula Nazaré de Freitas
Antonio Erlindo Braga Junior
Maria Roseli Sousa Santos
Rosangela Gouvêa Pinto
Ninon Rose Tavares Jardim
Comissão Organizadora do I Seminário de Pesquisa em Design
Ana Paula Nazaré de Freitas
Antonio Erlindo Braga Junior
Maria Roseli Sousa Santos
Rosangela Gouvêa Pinto
Ninon Rose Tavares Jardim
Diagramação e arte final:
Ana Paula Nazaré de Freitas
Maria Roseli Sousa Santos
Capa:
Ana Paula Nazaré de Freitas
Revisão: Os autores
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 6
PROGRAMAÇÃO .................................................................................................... 8
GT: 1 – Design, Cultura e Sociedade ....................................................................... 9
COLEÇÃO DE ÓCULOS DE SOL COM REFERENCIA NOS GRAFISMOS DOS
FRAGMENTOS DA CERÂMICA MARAJOARA. ................................................. 13
DESIGN DE INTERIORES CONCEITUAL PARA DISCOTECA COM
ENFOQUE NO ASPECTO SENSORIAL E REFERÊNCIA NO CLIMA DE
BELÉM .................................................................................................................. 16
ECO-CONCEPÇÃO NA MODA: A RECICLAGEM DE SUCATAS DE VIDRO NA
PRODUÇÃO DE ADORNOS CORPORAIS .......................................................... 20
EU FALO “BRASILÊS”: LINGUAGEM POPULAR BRASILEIRA APLICADA AO
DESIGN DE MOBILIÁRIO ................................................................................... 24
O DESIGN E SEUS VALORES AGREGADOS À JOIA BALANGANDÃ: UMA
ANÁLISE PICTÓRICA DA OBRA DE DEBRET “NEGRA TATUADA
VENDENDO CAJU”. ............................................................................................. 29
O USO DAS GEMAS VEGETAIS NA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE
CALÇADOS FEMININOS INSPIRADA NO UNIVERSO ART DÉCO. ............... 33
VESTINDO UM SONHO - APLICAÇÃO DO DESIGN EMOCIONAL NO
CONTEXTO DA MODA TENDO COMO ESTUDO DE CASO O VESTIDO DE
NOIVA .................................................................................................................... 37
GT: 2 – Design e Inovação: .................................................................................... 41
DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MÓVEIS COM REQUISITOS
AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEIS, APERFEIÇOANDO AS
CARACTERÍSTICAS ESTÉTICAS E UTILIZANDO MATERIAIS
RECICLADOS........................................................................................................ 41
DESIGN DE SERVIÇOS APLICADO A UM ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA
................................................................................................................................ 45
DESIGN E SUSTENTABILIDADE: A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NO
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS ................................ 49
DESIGN SUSTENTÁVEL: CRIAÇÃO DE MÓVEL A PARTIR DE RESÍDUOS
DE CANTEIROS DE OBRA. ................................................................................. 55
FIBRAS AMAZÔNICAS E SUAS APLICAÇÕES AUTOMOTIVAS .................... 71
MANGO: UM AUTOMÓVEL COMPACTO CONCEITUAL DE BAIXO CUSTO
COM REFERÊNCIA NA MANGA. ....................................................................... 82
MOBILIÁRIO CONTEMPORÂNEO PARA INTEGRAÇÃO DE PEQUENOS
AMBIENTES E FUNÇÕES EM ESCRITÓRIOS PUBLICITÁRIOS ................... 86
O USO DE PAPEL RECICLADO E FIBRAS VEGETAIS NA PRODUÇÃO DE
PRODUTOS DE DESIGN DE SUPERFÍCIE. ...................................................... 90
PRODUTO MULTIFUNCIONAL DE FISIOTERAPIA PARA CÃES. ................. 94
STAND-BY: CADEIRA DOBRÁVEL PARA USO EM REPARTIÇÕES
PÚBLICAS ........................................................................................................... 100
TRANSPORTE PARA A INTEGRAÇÃO DO ESTADO. ..................................... 105
UTILIZAÇÃO DE MANTAS DE FIBRA DE MIRITI PARA ISOLAMENTO
ACÚSTICO DE INTERIORES: SOLUÇÃO SUSTENTÁVEL PARA
DIMINUIÇÃO DE RUÍDOS URBANOS. ............................................................ 110
6
APRESENTAÇÃO
O I Seminário de Pesquisa em Design do Grupo de Pesquisa Cultura e
Design em Produtos Amazônicos do Curso de Design do Centro de Ciência
Naturais e Tecnologia da Universidade do Estado do Pará, foi realizado no
dia 18 de outubro de 2012 nas dependências do Campus de Ciências
Biológicas e Sociais. A proposta do Grupo de Pesquisa Cultura e Design em
Produtos Amazônicos está voltada para o desenvolvimento de projetos de
produtos e materiais explorando as diversas linguagens geradas por meios
tecnológicos e expressivos. Os estudos objetivam explorar aspectos materiais
e da visualidade amazônica nas dimensões semióticas, estéticos,
educacionais, históricos, mercadológicos, sócio-antropológicas, morfológicos
valorizando a subjetividade, emoção dos sujeitos e sustentabilidade. A
interdisciplinaridade é praticada como fundamento da práxis da Pesquisa
em Design e podem ser percebidas nos trabalhos apresentados no I
Seminário de Design.
O evento aconteceu vinculado à programação do VII Fórum de Pesquisa,
Ensino, Extensão e Pós-Graduação da UEPA – FORPEEXP. E teve como
objetivos: divulgar as produções acadêmicas de docentes e discentes do
Grupo de Pesquisa Cultura e Design em Produtos Amazônicos UEPA/CCNT;
propiciar momentos de socialização acerca das investigações sobre design,
cultura e sociedade, integrando pesquisadores de diversas áreas para o
debate e a troca de experiências de pesquisas em design.
O I Seminário de Pesquisa em Design recebeu a proposição de apresentação
de foram selecionados para apresentação no evento, sendo 10 na área de
Design, cultura e sociedade e 14 na área de pesquisa e inovação.
Salientamos que a redação e apresentação dos trabalhos apresentados
nestes anais são de responsabilidade dos respectivos autores.
Os participantes tiveram como origem, além da UEPA (Campus Belém e
Paragominas), outras instituições como: PUCRS, IESAM, FEAPA,
Faculdade Integrada Ipiranga, Universidade Federal do Pará
Procurou-se organizar uma programação que contemplasse as diversas
áreas do conhecimento/ linhas de pesquisa com duas conferências, além das
sessões de apresentação oral. A conferência de abertura teve como tema:
“Identidade, cultura e sociedade” proferida pelo Prof. Dr Agenor Sarraf, do
Instituto de Ciências da Arte - ICED/UFPA, seguida no período da tarde
pela conferência: “ Territórios Híbridos do Design de Moda.” Proferida pelo
Prof. Me. Fernando Hage/UNAMA.
A Comissão de Organização agradece a todos aqueles que direta e
indiretamente, contribuíram para a realização e engrandecimento do evento.
Em especial, aos autores dos trabalhos, aos pareceristas, aos conferencistas,
a Universidade do Estado do Pará através da à Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação – VII FORPEEXP.
Pela Comissão Científica do Congresso,
Profa. Dra. Maria Roseli Sousa Santos
PROGRAMAÇÃO
18/10/2012 MANHÃ:
8h30 – Conferência de abertura: “Identidade, cultura e sociedade” –
Prof. Dr Agenor Sarraf – ICED/UFPA
9h30 às 12h – Apresentação de Comunicações Científicas
18/10/2012 TARDE:
15h00 – Conferência “ Territórios Híbridos do Design de Moda.” -
Prof. Msc. Fernando Hage/UNAMA.
16h às 18h – Apresentação de Comunicações Científicas
18:30 – Lançamento do Livro: Cultura e Design em produtos Amazônicos
GT: 1 – Design, Cultura e Sociedade.
A QUESTÃO DO DESIGN NAS PRÁTICAS DE LEITURA
CONTEMPORÂNEAS: da contemplação dos livros à imersão dos tablets
Robson Macedo1
Resumo:
Na história da sociedade ocidental, a forma de ler livros e os processos
cognitivos que envolvem essa prática mudaram consideravelmente. Hoje, há
três tipos de leitores, segundo Lúcia Santaella: o contemplativo, o errante, e
o imersivo. A relação que cada tipo de leitor tem com os textos e seus
suportes –analógicos ou digitais – é única. Nesse cenário, é pertinente
perguntar: como o design e a materialidade dos variados suportes de leitura
podem afetar a cognição dos leitores? A partir dessa discussão, este trabalho
vai refletir sobre essa questão, relacionado o perfil cognitivo desses
diferentes tipos de leitores e as affordances dos suportes digitais e do livro
impresso apontadas por José Furtado.
Palavras-chave: Design; Cognição; Leitura; Livro; Tablet.
INTRODUÇÃO
Atualmente, há varias possibilidades para a prática de leitura de
textos, que pode ser realizada nos mais variados suportes, desde uma
minúscula tela de smartphone até um desktop de 24 polegadas. Uma das
maiores consequências dessas mudanças contextuais foi o surgimento de
três tipos de leitores: o contemplativo, o movente ou errante e o imersivo
(SANTAELLA, 2004). Segundo Santaella (2004), o leitor contemplativo
nasce de práticas estabelecidas para a leitura de livros a partir do século
XII, resultado das transformações provocadas pela fundação de
universidades. Foi a partir desse contexto que a leitura passou a ser
silenciosa e uma prática na qual a concentração se fazia necessária. O
segundo tipo de leitor é o movente, que nasce junto com a revolução
industrial e com o rápido crescimento das cidades. Para facilitar o tráfego
das pessoas nos centros urbanos, foram desenvolvidos sistemas de
sinalização, com indicações e sinais. O terceiro leitor é imersivo, que
1 Mestrando do PPGCOM/PUCRS. E-mail: [email protected]
representa o leitor da era digital. A lógica do leitor imersivo é a não
linearidade, além de ser multimídia, já que sua cognição permite ler, ouvir
música e ver vídeos sobre determinado assunto e aprender das três formas.
Hoje, esses três tipos de leitores possuem a cognição para ler os mais
variados tipos de textos, desde ícones simples a rebuscados textos, de
suportes individuais a signos urbanos e coletivos. Este trabalho pretende
fazer uma reflexão sobre a relação entre os tipos de leitores e os seguintes
suportes de leitura: o livro, o iPad2 e o Kindle3. Propõe-se aqui também
relacionar as possibilidades que esses suportes apresentam para o trabalho
do designer, e como novas experiências de leituras podem ser propostas a
partir desses suportes.
METODOLOGIA
Este estudo foi construído através do levantamento de dados
encontrados na literatura já existente. Foram realizadas pesquisas
bibliográficas com base na obra dos autores Lúcia Santaella e José Furtado.
A partir das categorizações dos leitores proposto por Santaella e das
considerações de Furtado sobre a relação entre a leitura em tela e no livro
impresso, pretende-se fazer uma discussão teórica relacionando as cognições
dos leitores e as exigências de cada suporte pesquisado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o livro, o leitor criou hábitos e práticas de leitura muito próprias,
que sempre estiveram ligados ao modo como o design do conteúdo era
apresentado. Hoje, diante de tantas previsões anunciando o seu fim, o livro
ainda mostra que pode resistir, justamente em decorrência dessas práticas
que caracterizam sua leitura. Essa resistência do livro é classificada por
José Furtado (2006) como “a resiliência do papel”, explicada a partir da
comparação entre as affordances dos suportes digitais e do livro impresso.
2 iPad é um dispositivo em formato tablet produzido pela Apple Inc. O aparelho foi anunciado em 27 de
janeiro de 2010, em uma conferência para imprensa no Yerba Buena Center for the Arts em São
Francisco. 3 Kindle é um pequeno aparelho criado pela empresa americana Amazon, que tem como função principal
ler livros electrônicos e outros tipos de midia digital. O primeiro modelo foi lançado nos Estados Unidos
em 19 de Novembro de 2007.
As affordances são propriedades físicas dos suportes que possibilitam a ação
de ler, e essas características são únicas e são exploradas pelo designer
também de forma única. A primeira vantagem que Furtado (2006) apresenta
do livro é a tangibilidade, que é a possibilidade se possuir a obra nas mãos,
sentir a textura e ter a noção do tamanho real da obra. A partir dessa
affordance, o design editorial criou possibilidades e apresentações únicas,
ligadas diretamente à experiência de leitura do livro. O leitor “ruminante”
necessita dessa noção de espacialidade, já que o conteúdo do livro é restrito
ao próprio livro. O modo de organização do conteúdo proposto pelo design
editorial auxilia o leitor a manter essa noção espacial. Já o leitor imersivo
não necessita dessa espacialidade, pois a sua leitura não fica restrita ao
conteúdo do livro, e pode ir de uma obra a outra apenas com um clique. A
manipulação é outra affordance destacada por Furtado. Feitos de papel, os
livros podem ser modificados com facilidade, permitindo que os leitores
façam anotações nas bordas das páginas. Essa manipulação facilita a vida
dos leitores contemplativos. Nesse caso, o designer gráfico leva em
consideração a questão da organização da página e a mancha gráfica. Nos
tablets é possível também fazer anotações ao longo do livro, mas a lógica é
outra. É preciso que o sistema do dispositivo permita esse tipo de
intervenção. Furtado também destaca affordances que dão “vantagens” aos
tablets, como o armazenamento e acesso a grandes quantidades de
informações. Dependendo do modelo, o Kindle, por exemplo, pode armazenar
na sua memória milhares de livros. Os e-books têm ainda a vantagem de
serem multimídia. Alguns livros eletrônicos têm o seu conteúdo montado
com hipertextos, que podem trazer textos com sons, imagens, vídeos, etc.
Essa prática de leitura, própria do leitor imersivo, mostra que os tablets
estão mais coerentes a esse leitor.
CONCLUSÃO
O livro impresso teve seu reinado abalado, isso é certo. Os tablets,
com seus ícones, chegaram provocando profundas transformações na prática
da leitura. Mas, cada suporte pode ter seu próprio nicho. Os tablets têm o
seu espaço porque o próprio leitor mudou: se antes ele praticava uma leitura
linear, fechada, silenciosa, hoje ele pode percorrer os hipertextos e as
hipermídias que os dispositivos eletrônicos apresentam, em um ritmo
frenético. É justamente aí que o papel do designer se estabelece como
mediador e como balizador dos modos de leitura. É a partir dos projetos
criados pelos designers que os modos de leitura vão se balizando e criando
toda uma gramática própria.
REFERÊNCIAS
FURTADO, José. O Papel e o Pixel. Do impresso ao digital: continuidades e
transformações. Florianópolis, SC: Escritório do Livro, 2006.
SANTAELLA, Lúcia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor
imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.
COLEÇÃO DE ÓCULOS DE SOL COM REFERENCIA NOS GRAFISMOS
DOS FRAGMENTOS DA CERÂMICA MARAJOARA.
Samara Ferreira de Andrade Nogueira4
Maria Roseli Sousa Santos5
Este trabalho de conclusão de curso tem como área de referência, o Design de
produtos, mais especificamente o segmento de moda/acessório.O resultado da
investigação, além de um preciso estudo da cultura marajoara e grafismo de sua
cerâmica, se traduz em uma coleção de óculos de sol. A metodologia está
estruturada pela pesquisa qualitativa e descritiva com realização de pesquisa de
campo; aplicação de entrevista e análise de registro das imagens das cerâmicas a
partir do estudo de campo no município de Soure na Ilha do Marajó -Pará - Brasil .
Os primeiros resultados apontam para a concretização do desenvolvimento dos
produtos, no intuito de mostrar a relevâncias históricas como meio de inspiração,
atuando fortemente na ária do Design de produto, e mostrando o papel do Designer
com o caráter cultural.
Palavras-chave: Design de Produto. Óculos de sol. Moda.
Iconografia marajoara, Patrimônio Cultural
INTRODUÇÃO:
A escolha do tema deu-se devido ao interesse na área de
projeção de produtos e na área da moda, além da observação do trabalho de
alguns “estetas ópticos”, que são os responsáveis pela produção de óculos e
estão relacionados à moda e estética, com o intuito de modificando a forma
de utilização dos materiais usados para a criação da cerâmica, encontrados
no município de Soure, e adaptando ao produto de forma conceitual.
Utilizando traços específicos, criativos e adaptações modernas ao produto,
trazendo benefícios, e expondo como o Design pode atuar em varias áreas
distintas sendo inovadoras e tendo um caráter cultural. E dessa forma
podendo observa qual o interesse da sociedade no acessório óculos e seu
papel geral, no Design.
4 Graduanda no Curso de Design, da Universidade do Estado do Pará. E-mail: [email protected]
5 Professora Doutora, orientadora. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
Podemos expandir o conhecimento da cultura e história da região marajoara
e atrair o turismo de forma inovadora, através da criação de um produto. A
coleção é composta de quatro modelos de óculos em 3D, todos com
referencias dos grafismos dos fragmentos da cerâmica marajoara, e tendo
como estudo de campo o Município de Soure na Ilha de Marajó.
METODOLOGIA:
A abordagem desta pesquisa é de natureza qualitativa descritiva uma
vez que propõe-se o estudo da estética e funcionalidade dos óculos,
analisando as características e os fundamentos históricos do produto e sua
atuação como acessório da moda e a exploração para aplicação de materiais
diversificados, para assim desenvolver uma coleção de óculos de sol com
referências no grafismo das cerâmicas marajoara. Tem caráter explicativo
a delimitação de um estudo históricos da cultura marajoara e a aplicação
destes dados em um produto. Destaca-se a pesquisa bibliográfica feita
acerca do tema em questão com intuito de obter conhecimento quanto à
criação e produção dos óculos de sol, assim como a importância da cultura
marajoara e sua aplicação no produto. A pesquisa mercadológica,
levantamentos fotográficos e análise do público alvo, entrevistas e por fim, a
elaboração projetual, baseada na metodologia consistente em análise
histórica e de similares, formulação conceitual e detalhada da proposta do
projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nossa pesquisa esta em andamento, assim como a produção
projetual, a coleção de óculos de sol possui quatro modelos, todos inspirados
nos grafismos dos Fragmentos das Cerâmicas Marajoara e nos seus traços
simétricos e harmoniosos, em baixo e alto relevo, e também na totalização
da cerâmica. O estudo foi feito no município de Soure na Ilha de Marajó-
Pará, muitos são os modelos de óculos com vários tamanhos e formatos, com
referencias em vários estilos. Neste caso, os óculos terão uma referência
milenar de uma cultura indígena da região, com adaptando ao produto de
forma conceitual utilizando traços específicos, criativos e adaptações
modernas ao produto.
Os modelos possuem lentes coloridas e formas distintas, obedecendo a
estética do rosto humano e as medidas adequadas.
Para obter informações sobre as preferências do publico em relação à
coleção de óculos de sol, tendo como referência o Grafismo marajoara, foram
realizados questionários direcionados para coleta de tais informações, a fim
de auxiliar no processo do projeto, O questionário aborda as características
do produto e preferências, como modelos, símbolos e cores. A entrevista foi
feita com duzentas pessoas, no município de Soure, entre nativos, turistas,
moradores do Marajó de outros municípios, com homens e mulheres na faixa
etária de quatorze a setenta e sete anos. Essa pesquisa tem como principio
final, ajudar no trabalho de projeção da coleção de óculos tendo como ponto
principal avaliar as preferências do publico em questão. Teremos mais
resultados, já que a pesquisa está em andamento, e os resultados são
parciais.
CONCLUSÃO:
Até a presente data analisamos os valores culturais e históricos da
região Soure na Ilha de Marajó, as características e os fundamentos
históricos dos óculos e a sua atuação como acessório no “mundo da moda”,
exploramos a aplicação de materiais, diversificados tais como: os tipos de
armações e corres de lentes, formatos, além da aplicação de matéria prima e
analisamos o público alvo, com pesquisa de campo na região.
Delimitamos dados históricos da cultura marajoara e suas criações, como:
vasos marajoaras e a utilização desses produtos no mercado local, e
analisamos a aceitabilidade do público alvo para esse tipo de produto no
mercado, através de pesquisa mercadológica. E estamos seguindo com a
criação dos modelos em 3D que demonstram que os objetivos propostos nesta
pesquisa estão sendo atingidos.
DESIGN DE INTERIORES CONCEITUAL PARA DISCOTECA COM
ENFOQUE NO ASPECTO SENSORIAL E REFERÊNCIA NO CLIMA DE
BELÉM
Eduardo Lobo da Silva6
Hernan Gonçalves Sandres7
Sávio Almeida Fernandes8
Resumo: Este trabalho propõe um projeto conceitual de design de interiores
para discoteca com referência no clima da cidade de Belém. Com enfoque no
aspecto sensorial, oferece um novo conceito de casa noturna com base no
estímulo das emoções humanas relacionadas ao clima da capital paraense.
Abrangendo mobiliário e instalações interativas, a discoteca oferece uma
diferente proposta de entretenimento noturno que foge do padrão escasso de
inovação existente na cidade. Esta pesquisa visa a imersão da população na
cultura de Belém através do design emocional, a partir de sua inserção na
prática do direito ao lazer que é fundamental para o bem estar humano.
Palavras-chave: Design de Interiores; Discoteca; Design Emocional
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa surgiu a partir da análise do cenário de entretenimento
noturno em Belém que apresenta escassez de aplicação da cultura local nas
suas temáticas, tal como dificilmente oferecem propostas inovadoras no
formato em que acolhem seus clientes. Isso infere que a proposta deste
trabalho atue como uma forma de ruptura a essas limitações, evidenciando
os elementos climáticos que fazem parte da cultura da população e, através
do design, os valorizando.
Dessa forma, a discoteca passa a ser não só um espaço para as
atividades básicas proporcionadas por uma casa noturna, mas também uma
proposta para a reflexão e percepção de elementos característicos da cultura
local a cerca do clima e sua importância, dentro do contexto do cotidiano da
população. Temos uma alternativa de usufruir dos fenômenos atmosféricos
característicos da cidade como uma fonte criativa, visando provocar nos
usuários um novo olhar para a metrópole paraense.
6 Bacharelando em Design - Habilitação em Projeto de Produto. [email protected]
7 Bacharelando em Design - Habilitação em Projeto de Produto. [email protected] 8 Orientador, Mestre da Universidade do Estado do Pará, [email protected]
O resultado do projeto propõe um espaço aonde as pessoas possam ter
diversão e interação com o lugar que estão utilizando. Os usuários podem se
relacionar entre si e com as estruturas da discoteca, estimulando seus
sentidos e, sobretudo, suas emoções. A casa noturna oferece uma experiência
de imersão das pessoas nos elementos climáticos de Belém, captando
sensações percebidas no dia-a-dia e aplicando-as no espaço de discoteca.
METODOLOGIA:
A metodologia aplicada no projeto é referente ao design conceitual de
interiores com base no design emocional, estudo abordado por Norman
(2008). Através da configuração do espaço de discoteca, propomos um projeto
de identidade visual e a implementação de uma coleção de mobiliário
específica para a discoteca, paralelamente com o sistema de instalações
sensoriais aplicado no projeto de casa noturna desta pesquisa.
Sendo assim, utilizamos bibliografia principalmente relacionada ao
design de interiores, mobiliário e emocional, juntamente com estudos
específicos da climatologia e meteorologia de Belém. Realizamos
questionários e entrevistas para coleta de informações a respeito da relação
cultural do clima de Belém. A partir dos resultados obtidos, demos origem ao
projeto de discoteca intitulado de Pluvi Disco Pub.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir das análises feitas, através das entrevistas, construímos uma
relação de sensações aplicáveis ao espaço da discoteca. Tivemos, então, como
resultado a divisão dos ambientes da discoteca em quatro principais: hall de
entrada (externo e interno), Pista Chuva, espaço lounge e Pista Calor. Os
dois últimos espaços são interligados por uma escada aonde também
aplicamos a temática desenvolvida.
Desde a entrada das pessoas pelo hall até os seus últimos momentos
no espaço da discoteca, nas pistas de dança e área lounge, oferecemos a
interação com o clima de Belém que, de acordo com Mendonça e Danni-
Oliveira (2007), é classificado como quente e úmido. Isso implica que a casa
noturna seja um passeio pelos diferentes estágios meteorológicos da cidade,
proporcionando às pessoas um novo olhar para a cidade, além das atividades
básicas que uma discoteca pode oferecer.
Sendo assim, temos as sensações obtidas com o clima apresentadas
em algumas formas de interação como, por exemplo, na Pista Chuva onde
temos um aplicação visual e tátil da representação das chuvas de Belém no
centro da pista de dança. O usuário pode trocar experiências sensoriais com
objeto enquanto exercita o seu direito ao lazer, tornando esse ato um
diferencial oferecido pela casa noturna.
Todos os ambientes da discoteca possuem relação direta com a
temática proposta e buscam proporcionar relação de associação das pessoas
com sua memória sensorial e emocional referente ao clima da cidade.
Buscamos, então, propor um momento de ligação afetiva do publico da
discoteca com o clima de Belém que, segundo García Canclini (2008) e
Villas-Boas (2009), pode ser considerado um dos símbolos culturais da
capital paraense.
CONCLUSÃO:
O clima de Belém é apenas um dos diferenciais que a cidade possui
em sua cultura. A gastronomia, as danças, as lendas, tudo pode ser fonte de
referência para o projeto de design e proporcionar soluções inovadoras aos
problemas humanos. Em Belém existe uma singularidade cultural
expressiva e essa particularidade pode ser usado como diferenciação em um
mercado cada vez mais competitivo.
Após as análises e propostas desta pesquisa, consideramos que existe
uma significativa importância do designer como catalisador na aproximação
da cultura regional com os produtos, sejam estes objetos, espaços ou
serviços. O designer entende as necessidades humanas e tem como objetivo
atendê-las através de propostas inovadoras. Dessa forma, o projeto tem
tanto importância mercadológica quanto importância humana, onde
buscamos sempre o bem estar das pessoas através do design.
REFERÊNCIAS:
GARCÍA CANCLINI, Nestor. Culturas Híbridas: Estratégia para Entrar e
Sair da Modernidade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2008.
MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês. Climatologia: noções
básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.
NORMAN, Donald A. Design Emocional: Por que adoramos (ou detestamos)
os objetos do dia-a-dia. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
VILLAS-BOAS, André. Identidade e Cultura. São Paulo: 2AB Editora, 2009.
ECO-CONCEPÇÃO NA MODA: A RECICLAGEM DE SUCATAS DE
VIDRO NA PRODUÇÃO DE ADORNOS CORPORAIS
Josenete Ferreira Mendes9
Núbia Suely Silva Santos10
Resumo: O trabalho fundamentado nas interfaces do design,
sustentabilidade e moda apresenta a pesquisa experimental com reciclagem
de sucatas de vidro para a produção de peças para adornos corporais,
demonstrando práticas em design que podem contribuir para a redução dos
impactos causados por resíduos sólidos descartados no meio ambiente.
Palavras-chave: ecodesign, reciclagem de vidro, adornos corporais.
INTRODUÇÃO:
No cenário contemporâneo é de grande relevância a atuação do
profissional de design voltada a práticas e ações “sustentáveis” no
desenvolvimento de projetos. E este é o fio condutor da pesquisa que aborda
conceitos de sustentabilidade na produção de produtos na área da moda.
Entende-se aqui por sustentabilidade, um conceito de que “deve
incorporar o relacionamento da dinâmica da sociedade, da política, da
ecologia e da educação, em seu sentido mais amplo, de acordo com essa nova
ética ambiental” (MELO, 2006, p. 22)
A nova ética ambiental da qual Melo (2006) se refere está relacionada
a ideia de que os recursos naturais são finitos e que, portanto, é necessária
uma nova visão de mundo mais comprometida com o bem-estar geral da
sociedade e em sua relação com o meio ambiente.
A partir desse contexto, desponta o conceito de Ecodesign, o qual
Papanek (apud KAZAZIAN, 2005, p. 36) chama igualmente de
“ecoconcepção” e que, para Kazazian trata-se de “uma abordagem que
consiste em reduzir os impactos de um produto, ao mesmo tempo em que
conserva sua qualidade de uso para melhorar qualidade de vida dos
usuários de hoje e de amanhã”.
9 Universidade do Estado do Pará; [email protected]. 10 Professora Doutora da Universidade do Estado do Pará, [email protected]
Essa concepção de sustentabilidade, quando abordada no
desenvolvimento de produtos, deve ser traduzida em ações que contribuam
para a redução dos impactos ambientais causados pelos sistemas de
produção e consumo da sociedade, como por exemplo: priorizar a
durabilidade do produto, facilitar sua reparação e manutenção e o uso de
materiais que possam ser reaproveitados ou reciclados após seu descarte.
Fundamentada nos parâmetros para um design sustentável, a
pesquisa foi voltada ao desenvolvimento de um produto na área de moda,
demonstrando de forma prática alguns dos caminhos possíveis para a
realização de projetos sutentáveis.
METODOLOGIA:
O método de utilizado no trabalho é o crítico-dialético pois a pesquisa
visa uma discussão a respeito do conceito sustentabilidade e sua relação com
o design e a moda, demonstrando alguns dos princípios e ferramentas
utilizados nessas áreas para a aplicação de práticas sustentáveis no cenário
contemporâneo.
Os procedimentos metodológicos utilizados no trabalho são: pesquisa
bibliográfica e experimental; e levantamento de informações e dados em
instrumentos como livros, artigos, periódicos. Além disso, o processo de produção
das peças em vidro está sendo registradas através de câmera fotográfica e
filmadora.
A produção das peças em vidro será a partir da pesquisa experimental com o
material coletado em vidraçarias e residências da região metropolitana de Belém e
trabalhado nos laboratórios do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia – CCNT
da Universidade do Estado do Pará. Nesta etapa serão trabalhadas as
configurações estéticas do material para a confecção das peças para adornos
corporais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A pesquisa de referências para o trabalho permitiu estabelecer uma
discussão entre as diferentes abordagens da sustentabilidade no design,
destacando-se os conceitos essenciais e as ferramentas e ações que podem
ser empregadas no desenvolvimento de produtos sustentáveis.
Essa fundamentação teórica foi a base ideológica para a realização
prática de concepção e confecção de um produto que atendesse aos requisitos
de um projeto orientado por princípios do desenvolvimento sustentável.
Para a realização do projeto, foram desenvolvidos estudos e
experimentos com o material escolhido, o vidro, para a sistematização do
processo de produção de adornos através da reciclagem do material e,
posteriormente, desenvolver as peças para a coleção a ser apresentada como
resultado da pesquisa.
A partir das observações feitas até o momento, pode se selecionar os
materiais a serem trabalhados, conhecer técnicas e processos de trabalho,
tudo que auxiliará na confecção dos produtos. Através da experimentação
com o material, espera-se o acúmulo de conhecimento para a realização de
trabalhos a partir da reciclagem do vidro.
CONCLUSÃO:
O trabalho desenvolvido buscou discutir as relações entre
sustentabilidade, design e moda na contemporaneidade com o intuito de
evidenciar a relevância da atuação do designer orientado por princípios do
desenvolvimento sustentável.
A partir dessa discussão foram levantadas práticas e ferramentas
que, de fato, podem contribuir para a redução dos impactos (ambientais,
sociais, econômicos, etc) gerados pelos modos de produção e consumo atuais.
Algumas dessas ferramentas estão sendo utilizadas para a
formatação e desenvolvimento do projeto de produto a ser apresentado ao
final da pesquisa, demonstrando algumas das práticas que devem ser
incorporadas a todos os projetos de design.
REFERÊNCIAS:
KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves: design e
desenvolvimento sustentável. Tradução Eric Roland Rene Helenaut. São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.
MELO, Mauro Martini de. Capitalismo versus Sustentabilidade: o desafio
de uma nova ética ambiental. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2006.
EU FALO “BRASILÊS”: LINGUAGEM POPULAR BRASILEIRA
APLICADA AO DESIGN DE MOBILIÁRIO
Priscyla Vívian Bastos Maia11
Ninon Rose Tavares Jardim12
Resumo: A linguagem popular é um elemento de grande valor da cultura
brasileira, servindo como um espelho do comportamento social do brasileiro.
Este estudo relaciona os elementos de formação cultural do Brasil à
comunicação coloquial a fim de identificar elos entre as regiões, estabelece a
relação entre design, identidade e cultura dentro do cenário nacional,
analisa o mercado – potenciais consumidores, concorrência e viabilidade –
para a inserção desse móvel. Dessa maneira, temos com resultado uma linha
de mobiliário que utiliza como principal elemento de Design a estrutura das
letras e das palavras que compõem expressões populares de diversas regiões
do país e que é capaz de identificar o Brasil nacional e internacionalmente.
Palavras-chave: mobiliário, design e identidade, design emocional.
INTRODUÇÃO:
Apesar de termos como língua mãe o Português, no Brasil a
linguagem é um dos aspectos da cultura e, assim como os demais, se
desenvolveu a partir de uma fusão de elementos ao longo da história da
formação do nosso povo. Nesse processo, cada região, não necessariamente
delimitada pela divisão político-administrativa do Brasil, mas sim por
contextos sociais similares, apresenta uma singularidade no vocabulário,
porém o significado e a aplicação de muitas dessas expressões tão únicas e
singulares podem ser comparadas às utilizadas em outras regiões. Enquanto
na região Norte é tão comum exclamar um “Égua!”, no Sul, o “Bah!” poderia
substituí-lo.
O produto desenvolvido serve de estudo de caso para entender a
relação emocional que as pessoas têm com os objetos de maneira geral, e,
mais especificamente, que significado a coleção “Brasilês” – coleção de
móveis desenvolvida neste trabalho – desperta ao emocional do seu público-
alvo.
11
Universidade do Estado do Pará. [email protected] 12 Professora mestranda, orientadora, Universidade do Estado do Pará,
METODOLOGIA:
O estudo relaciona os elementos de formação da cultura brasileira à da
comunicação coloquial, analisa a importância desse linguajar e de suas aplicações
no cotidiano através da observação do comportamento das pessoas. Em seguida, é
elaborada uma proposta de aplicação desses conhecimentos no Design como
elemento de “exportação” da cultural local brasileira já bastante valorizada através
do desenvolvimento de uma linha de mobiliário chamada “Brasilês”.
O método utilizado considerou a análise do discurso dos sujeitos a
partir do conteúdo de registro de observação, conversas informais e
entrevistas com brasileiros de diversas naturalidades – paraenses, mineiros,
paulistas e pernambucanos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O Brasil tem despertado curiosidade e atraído olhares do mundo por
ser um exemplo de convivência entre diferenças, intensidade de
relacionamentos, alegria, espontaneidade, calor humano. Todo mundo quer
se sentir um pouquinho brasileiro. Temos, portanto, uma quase que
inesgotável fonte de referências para a criação dos demandados produtos
com elevado valor simbólico e que ainda está praticamente inexplorada.
Alinhado ao contexto emocional, o mobiliário se relaciona ao intimo
dos indivíduos e está inserido no lar, fazendo também referência a um dos
aspectos da cultura brasileira: o calor humano, ou seja, a valorização das
relações sociais. Uma linha de móveis que estimule o convívio social e faça
referência ao nosso modo expressivo de ser e de se comunicar certamente
terá cara do Brasil.
No Brasil, a formação da cultura se deu de forma plural e sincrética,
segundo Moraes (MORAES apud RIBEIRO, 2006, p. 166) formou-se com a
“destribalização” de índios, “desafricanização” de negros e “deseuropeização”
de brancos. A diversidade da cultura brasileira também apresenta seus
paradoxos, na qual uma linha tênue separa o sacro do profano, o formal do
informal, o público do privado, a emoção da regra (SEBRAE, 2002).
Se falar de Brasil é falar de sua diversidade, quando se trata de
linguagem, apesar de oficialmente o nosso idioma ser o Português, podemos
afirmar que falamos “Brasileiro”, com ainda muitos dialetos que o fazem
variar entre as regiões. Sendo a língua um dos maiores fatores de
identificação de uma cultura, isso ratifica a pluralidade cultural brasileira.
Para Ono (2004, p. 58), no contexto da globalização, a cultura se
define como “„uma civilização cuja territorialidade se globalizou‟, o que não
significa que se caracterize pela homogeneidade de hábitos e pensamentos”.
Mas a globalização também apresenta sua problemática contradição, traz
tendências de homogeneização e ao mesmo tempo provoca tensões e
desigualdades. Consequentemente, o mercado global pressiona a produção
de bens que se insiram nele, ou seja, produtos que se adaptem à realidade
global, mas que possuam valores mais singulares, pois os bens de consumo
são também parte da cultura, uma vez que os objetos fazem parte do
conjunto de referências que um indivíduo tem do mundo e refletem a
história, a política, a economia (ONO apud NORMAN e DRAPER, 2004, p.
60).
Nesse contexto, além dos aspectos de divulgação, visibilidade e
autoestima envolvidos na divulgação do Brasil sob a forma de produtos, se
insere também a questão do desenvolvimento local, ou seja, a aplicação
prática da estratégia de pensar globalmente e agir localmente, já tão
difundida academicamente e economicamente.
O produto foi desenvolvido como uma solução contemporânea, jovial e
simples para o homem urbano, descontraído, dinâmico, prático e que
valoriza os relacionamentos sociais. Trata-se de uma coleção de mobiliário
composta por quatro práticos nichos que utilizam a estrutura das letras
como espaços funcionais. Esses nichos podem ser vendidos separadamente e
dispostos de acordo com ambiente ou preferência do usuário. Escolhidas a
partir da análise das expressões populares mais utilizadas no Brasil, estas
quatro expressões populares representam a brasilidade e o brasileiro. O
“BAH!” representa o sul; o “ÉGUA!” representa o norte. O “UAI!” representa
a região central, com caráter rural é utilizada em Minas Gerais (Sudeste) e
nos estados do Centro-oeste. E o “OXENTE!” representa a região nordeste.
CONCLUSÃO:
Com todos os dados levantados até o momento, percebemos que no
mundo todo se nota uma tendência à valorização da cultura local em
resposta à globalização, onde os produtos se tornaram muito parecidos.
Portanto, um produto de design baseado na linguagem popular brasileira é
uma forma de atender uma demanda do mercado que busca produtos que
além do valor comercial e funcional possuam o valor simbólico e consigam
ser ao mesmo tempo globais e locais. Ao ser percebido pelo consumidor, o
valor simbólico que o Brasil carrega, é diferenciador, pois se antes éramos
chamados de “O país do futuro”, o futuro chegou e nos tornamos a “bola da
vez”.
A partir do produto desenvolvido, ainda pretende-se realizar um
estudo a fim de entender sua aceitação no mercado e a relação emocional
que ele poderá despertar nas pessoas.
REFERÊNCIAS:
BAXTER, Mike. Metodologia Projetual: Guia prático para o
desenvolvimento de novos produtos. São Paulo:Edgard Blucher, 2000.
LÖBACH, Bernd. Design Industrial: bases para a configuração dos produtos
industriais.São Paulo: Edgard Blucher, 2001.
MORAES, Dijon de. Análise do Design Brasileiro. São Paulo: Edgard
Blucher, 2006.
_________________. Design e Identidade local: o território como referências
para APLs moveleiros. Caderno de Estudos Avançados em Design:
Identidade.
Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais. P. 13-34.
2010.
ONO, Maristela. Design, Cultura e Identidade no Contexto da Globalização.
Revista Design em Foco, Salvador, BA, v. 1, n. 1, Universidade do Estado da
Bahia. p. 53-66. 2004.
SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Cara
Brasileira: a brasilidade nos negócios, um caminho para o “made in Brazil”.
Brasília: Edição Sebrae, 2002.
O DESIGN E SEUS VALORES AGREGADOS À JOIA BALANGANDÃ:
UMA ANÁLISE PICTÓRICA DA OBRA DE DEBRET “NEGRA TATUADA
VENDENDO CAJU”.
Amanda Gatinho Teixeira13
Resumo:
O presente trabalho desenvolve um estudo de uma das peças de joalheria
mais icônicas do Brasil, os balangandãs, que podem ser classificadas como
um modelo de “design de resistência”. Essas peças faziam parte do conjunto
das chamadas “jóias de crioulas afro-brasileiras”, que foram utilizadas pelas
escravizadas durante o Período Colonial Brasileiro.
Palavras-chave: “Jóias de crioulas afro-brasileiras”; Balangandã; Período
Colonial Brasileiro.
INTRODUÇÃO:
O ser humano desde que se distinguiu dos outros animais buscou com
o que se destacar. O desejo pelo embelezamento do corpo foi e ainda é
característica intrínseca do homem, que criou um simbolismo próprio
através de sinais materiais. Entre eles, estão as joias, que eram produzidas
a partir dos recursos da natureza.
Com o passar dos tempos, as joias ampliaram o seu valor simbólico e
são atribuídos a elas inúmeros significados. E mesmo durante o Brasil
Colonial, as joias incorporaram símbolos responsáveis por identificar
funções entre os indivíduos da sociedade que era praticamente analfabeta.
Analisaremos o uso dos adornos pelas escravizadas, onde destacamos
o balangandã, que constituiu uma forma particular de resistência ao sistema
de poder vigente além de contribuir para a manutenção de sua cultura.
METODOLOGIA:
Para a abordagem do tema, foi realizado um levantamento
bibliográfico para selecionar a obra de estudo. Através da análise
iconográfica desta, destacamos as funções do balangandã. Partindo de uma
13
Estudante de Pós-Graduação do curso Design, Computação Gráfica e Multimídia-
IESAM.
abordagem qualitativa, a pesquisa tem como aporte a História da
Joalheria/Design e a História da Arte, baseando principalmente nos autores
Lody, Gola e Factum.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As “jóias de crioulas afro-brasileiras” confeccionadas nos séculos
XVIII e XIX consistem em uma coleção de peças compostas por: colares,
argolas, pulseiras, pencas de balangandãs14 (Fig. 1), entre outros. Essas
joias possuem um importante papel na joalheria brasileira, em que um
projeto de produto possuía um endereço pré-determinado, direcionado
apenas pelas escravizadas, negras livres, mucamas e amas-de-leite. Além,
de servirem como amuletos de proteção.
Figura 1: Penca de Balangandãs em prata, com 27 peças, corrente e chave.
Fonte: MAGTAZ, 2008, p. 117.
Segundo FACTUM, a peça “é um exemplo paradigmático do design de
resistência à escravidão, pelo projeto do objeto em si e pelo implícito projeto
de preservação cultural das suas usuárias [...]”. (2004, p.36). Podemos
observar este amuleto representado na obra de Debret intitulada de “Negra
tatuada vendendo caju” (Fig.2).
14 Ornamento de metal, podendo ser confeccionado em ouro ou prata, que reúne objetos com
formas variadas, agrupadas numa base denominada “nave”. Eles possuem diversas formas,
podendo ser: frutas, moedas, figas, chaves, dentes de animais etc. Os elementos que compõe
as pencas de balangandãs são reunidos em função de seus significados mágicos e rituais.
São talismãs e amuletos que supostamente afastam “mau-olhado”, trazem sorte, ou indicam
“riqueza”.
Figura 2: Negra tatuada vendendo caju, 1827. Jean Baptiste Debret.
Fonte: Pereira, 2008.p. 21.
Sob o ponto de vista factual, esta obra retrata uma cena do cotidiano
que ocorria no espaço urbano, a venda de alimentos. Esses trabalhos
exercidos pelas negras geralmente eram revestidos em lucro para seus
senhores, pois recebiam os ganhos por cada dia de atividade pública. Com
isso, elas possuíam,
[...] total condição de comprar suas joias, que apesar de não terem o
mesmo design das usadas na África, possuíam significados
praticamente idênticos, tanto no que se refere às distinções: de
hierarquia, de riqueza, de crenças etc., como a de considerar a joia
como uma das mais importantes maneiras em que a riqueza
poderia ser acumulada e passada para futuras gerações. (CLARKE,
1998, p.16 apud FACTUM, 2004, p.34)
Embora, formassem um grupo excluído socialmente as escravizadas
conseguiam burlar a hierarquia social, em que o uso da joia era exclusivo
das mulheres brancas.
Esta joalheria é um modelo do que se pode classificar de design de
resistência, não na sua forma que é híbrida, mas no seu significado
de uso, resultado da impermeabilidade cultural, da resistência
negra ao sistema escravocrata. Ao portar estas joias a mulher
negra ou mestiça, escrava, alforriada ou liberta, simbolizava a
manutenção de sua cultura, a preservação de sua autoestima e,
principalmente, sua resistência à condição de mercadoria.
(FACTUM, 2004, p.33)
Podemos observar que estas joias são elementos de resgate da cultura
de origem das escravizadas, sendo uma expressão ímpar na história da
joalheria brasileira, além de possuírem grande valor simbólico, apresentam
grande importância na composição da estética negra.
CONCLUSÃO:
Para as escravizadas negras as joias de crioulas eram sinônimos de
beleza e distinção e com o passar do tempo essas peças receberam outros
valores como: religioso; através da herança da cultura africana, simbólico;
como as peças dos balangandãs, econômico; por ser um meio de ascensão
social, entesouramento e também como sistema de crédito, místico; por
supostamente terem poderes de afastar doenças e “mau-olhado” e pelo valor
de luxo; por meio do exibicionismo para o outro podendo estar ligado
diretamente ao poder.
REFERÊNCIAS:
FACTUM, Ana Beatriz Simon. Joia Escrava: Design de Resistência.
Universidade do Estado da Bahia. Revista Design em Foco. Salvador, Ano
01, nº 001, julho-dezembro 2004.
Disponível em: < http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/661/66110104.pdf>
Acesso em: 21 maio de 2010.
GOLA, Eliana. A jóia: história e design. São Paulo: Editora SENAC, 2008.
LODY, Raul. Jóias de Axé: fios de contas e outros adornos do corpo: a
joalheria afrobrasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
MAGTAZ, Mariana. Joalheria Brasileira: do descobrimento ao século XX. 1º
Ed. São Paulo: Editora Mariana Magtaz, 2008.
PEREIRA, Sonia Gomes. Arte Brasileira no século XX. Belo Horizonte:
C⁄Arte, 2008
O USO DAS GEMAS VEGETAIS NA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE
CALÇADOS FEMININOS INSPIRADA NO UNIVERSO ART DÉCO.
Rafael Reis da Costa15
Rosângela Gouvêa Pinto16
Resumo: Esta pesquisa trata de um tema inovador e de pesquisa inicial no
curso de Bacharelado em Design da Universidade do Estado do Pará (UEPA),
do qual irá fomentar, para esta instituição de ensino, futuros estudos sobre
calçados e o uso de gemas vegetais em uma coleção de moda e acessórios,
especificamente acerca da metodologia abordada para a criação de calçados
femininos. O objetivo desta pesquisa é, portanto, a criação de uma coleção de
calçados femininos inspirados no universo Art Decó, datado da década de 1920 (período pouco abordado em detrimento do Art Nouveau em Belém),
problematizando a utilização de gemas vegetais amazônicas como elementos de
ornamentação. Estes conhecimentos, posteriormente, incentivarão novas
pesquisas e contribuirão de forma efetiva para o aumento significativo de
estudos direcionados ao papel do designer no setor calçadista, atendendo um
mercado diferenciado, e valorizando as riquezas regionais.
Palavras-chave: Design de calçados, Gemas vegetais, Art Decó.
INTRODUÇÃO:
O pleno interesse por calçados e pela área de Moda surge a partir da
experiência de visitar todo o setor produtivo de uma renomada empresa do setor
calçadista em Nova Petrópolis (RS) - DAKOTA S.A; além de poder ter a
oportunidade de ser finalista do concurso da Criação dos Calçados Tanara Cool,
tornaram essa pesquisa desafiadora.
Por se tratar de um tema inovador e de pesquisa pouco aplicada no curso de
Bacharelado em Design da Universidade do Estado do Pará (UEPA), sobre calçados
e o uso de gemas vegetais em uma coleção de moda e acessórios, especificamente
acerca da metodologia abordada para a criação de calçados femininos.
A carência de produção e inovação no setor calçadista local se deve a
questões geográficas, e pela inexistência de um parque industrial, sendo que a
maior locação da produção nacional de calçados localiza-se nas regiões Nordeste,
15
Graduando no Curso de Design, da Universidade do Estado do Pará. E-mail:
[email protected] 16 Professora Mestra, orientadora, Universidade do Estado do Pará,
Sudeste e Sul do País (ASSINTECAL. http://ww3.assintecal. org.br/, Acessado em
03/04/2012). Tendo em vista o potencial da região Norte, para o próprio setor, neste
trabalho busca-se a inserção de gemas vegetais nos calçados femininos a fim de
trazer incentivos para instalação do setor calçadista em uma região atrelada ao
potencial joalheiro em acessão nacional.
O objetivo desta pesquisa é, portanto, a criação de uma coleção de
calçados femininos inspirados no universo Art Decó, datado da década de
1920 (período pouco abordado em detrimento do Art Nouveau em Belém),
problematizando a utilização de gemas vegetais amazônicas como elementos
de ornamentação. O presente trabalho será desenvolvido por meio de uma
metodologia projetual em design de moda, entendendo o papel do designer
de moda em todos os setores da cadeia de produção calçadista possibilitando,
assim, resultados concretos pra uma confecção em escala industrial.
METODOLOGIA:
A pesquisa caracteriza-se pela abordagem crítico-dialético, pois tem
como objetivo a análise do universo calçadista feminino regional, com
relação com o mercado nacional. O papel do designer é um tema a ser
discutido na criação da coleção e em todo o gerenciamento do produto final.
O movimento Art Decó é um elemento de inspiração para a coleção que terá
as gemas vegetais como material inovador desenvolvido no setor joalheiro. A
metodologia projetual irá considerar a pesquisa bibliográfica, documental e
experimental, com os seguintes procedimentos e técnicas: com aplicação de
entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, aplicação de questionários,
além de visitas técnicas no Espaço São José Liberto, designado Polo
Joalheiro do Estado do Pará.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O produto resultante desse estudo será a criação e o gerenciamento de
uma coleção de cinco pares de calçados femininos de inspiração no
comportamento feminista dos anos de 1920, e, sobretudo no cenário
arquitetônico do estilo Art Déco na cidade de Belém do Pará, com referencial
das edificações publicas e privadas localizadas na avenida presidente
Vargas, bairro do Comércio. Inovando com aplicações de gemas vegetais
como a criação de joias como elementos de ornamentação, valorizando as
riquezas e as potencialidades da região amazônica.
No entanto, pesquisa esta em andamento e os resultados sólidos serão
considerados posteriormente ao desenvolvimento final da coleção e dos
modelos pilotos passiveis de comercialização.
CONCLUSÃO:
Esta pesquisa contribui para ampliar os conhecimentos sobre o setor
calçadista, visto que foram realizadas pesquisas acerca de métodos, técnicas
e de materiais utilizados, além da experiência de poder visitar o setor
calçadista da Empresa Dakota S/A possibilitando praticar os conhecimentos
obtidos na academia.
REFERENCIAL:
LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero: a moda e seu destino nas
sociedades modernas. Tradução: Maria Lúcia Machado. São Paulo:
Companhia Das Letras, 1989.
O‟KEEFFE, Linda. SAPATOS Uma festa de sapatos de salto, sandálias,
chinelos. Könemann, 1996.
SIMMEL, Georg. Philosophie der Mode (1905), tradução e publicação, sob
o título de Filosofia da moda e outros escritos. Lisboa: Texto & Grafia,
2008.
CALANCA, Daniela. História social da moda. Tradução Renato Ambrosio.
São Paulo: SENAC, 2008.
CHOKLAT, Aki. Design de sapatos. São Paulo: SENAC, 2012.
BAXTER, Mike. Projeto de Produto: guia prático para o design de novos
produtos. Tradução Itiro Iida. 2 ED.REV. São Paulo: Edgard Blücher, 1998.
BRAGA, João. História da moda: uma narrativa. São Paulo: Editora
Anhembi Morumbi, 2006.
JACOBBI, Paola. Eu quero aquele sapato – tudo sobre a obsessão
feminina. Objetiva. Rio de Janeiro. 2005.
SORGER, Richard; UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda. Porto
Alegre: Bookman, 2009.
SEIVEWRIGTH; Simone. Pesquisa e design: Fundamentos do Design de
Moda. São Paulo: Bookman, 2007.
MUSEU DO CALÇADO DE FRANCA. www . m u s e u d o c a l c a d o. c o
m. b r / i n c I n t e r n a s php?page=textoshistoriacalcado. Acesso em
20/04/2012.
PIRES; Dorotéia Baduy. Design de Moda, olhares diversos. São Paulo:
Estação das Letras, 2008.
MOTTA, Eduardo. O calçado e a moda no Brasil: um olhar histórico. São
Paulo: ASSINTECAL, 2005.
LAVER, James. A roupa e a moda: uma historia concisa. São Paulo: Cia. da
Letras, 2002.
LÖBACH, Bernad. Design industrial – Bases para a configuração dos
produtos industriais. São Paulo: Blucher, 2001.
http://ww3.assintecal.org.br/. Acesso em 20/04/2012.
VESTINDO UM SONHO - APLICAÇÃO DO DESIGN EMOCIONAL NO
CONTEXTO DA MODA TENDO COMO ESTUDO DE CASO O VESTIDO
DE NOIVA
Juliana Padilha de Sousa17
Rosângela Gouvêa Pinto18
Resumo: Este trabalho propõe uma reflexão sobre a relação afetiva do
consumidor com o vestuário e os objetos de moda, relacionando o Design de
moda com o Design Emocional, partindo do estudo do vestido de noiva. Para
a construção do projeto se partiu do estudo de Donald Normam, sobre os
aspectos do design (visceral, comportamental e reflexivo), associado as
etapas da compra de moda (antes, durante e pós-compra), e todos os
aspectos que constituem a compra e escolha da noiva, a procura do seu
vestido ideal.
Palavras-chave: Design Emocional, Moda, Memória afetiva, Noivas.
INTRODUÇÃO:
O estudo é uma reflexão sobre a relação afetiva do consumidor, com
vestuário e os objetos de moda, no caso o traje de noiva, relacionando Design
de Moda e Design Emocional.
O Design Emocional é discutido em vários setores do campo do design,
porém observa-se poucas abordagens relacionadas especificamente à moda.
A pesquisa desenvolvida durante o desenvolvimento do trabalho de
conclusão de curso tem como finalidade expor uma reflexão sobre a relação
afetiva do consumidor com o vestuário e os objetos de moda, focado no
vestido de noiva.
O Emprego dos valores do design emocional aplicado a moda
apresenta-se como relevante na conquista do usuário, pois evidencia os
desejos de bem estar do consumidor e, garantindo a sensação de satisfação,
melhoras físicas e emocionais no cliente.
O trabalho é dividido em três grandes capítulos com subseções, onde o
primeiro “A Moda e o vestido de noiva” irá apresentar a história do traje
17
Graduanda em Design Industrial, Universidade do Estado do Pará. [email protected]. 18
Professora Mestra da Universidade do Estado do Pará. [email protected] .
matrimonial em conjunto com o contexto de moda na sociedade, para se
conhecer quais foram as mudanças e qual o comportamento adotado em
cada época. Em “O Design emocional e o vestuário” estudando o Design e
Design emocional, trilhando uma pesquisa de mercado e consumidor, da
indústria de casamentos no Brasil. No capítulo “O projeto”, será
desenvolvido o projeto deste trabalho, com a elaboração de um produto para
o público do movimento apresentado, onde será usado o design emocional
como ferramenta para a construção do mesmo.
METODOLOGIA:
Este trabalho possui uma abordagem metodológica, na qual se propõe
uma análise de caráter critico-dialético, tendo como objeto de estudo o
vestido de noiva, a partir da pesquisa do design emocional aplicado ao
design de moda. Influenciado pelo aumento de renda nacional, a indústria
de casamentos no Brasil vive um momento de aquecimento, movimentando
10 bilhões de reais por ano, no país. No mercado regional o retrato é o
mesmo, porém com muitas deficiências de serviço e poucas opções para esse
público, que se apresenta como uma necessidade para o mercado local. A
partir do estudo de design, observou-se que a partir de uma pesquisa
baseada no design emocional, pode-se apresentar uma inovação para a área
e desenvolver uma análise nunca antes feita sob esta ótica do emocional no
processo do vestido de noiva. Explorar esses aspectos do design é altamente
relevante para o avanço de pesquisas e materiais sobre o Design Emocional,
feitas no Brasil e também no mundo, considerando que este ainda é um
campo pouco estudado por pesquisadores e designers
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Até o presente momento, o trabalho se encontra em desenvolvimento,
com o produto final em construção, assim como todo o resto do projeto,
impossibilitando a apresentação de resultados.
Uma coleção de moda está foi desenvolvida, com 6 peças – no caso,
vestidos – construídas através das pesquisas já desenvolvidas envolvendo
aspectos da memória afetiva e da nostalgia, como elementos de design. A
produção de uma peça foi realizada, com o auxilio de uma costureira
profissional, para ser apresentado em conjunto com o trabalho. A coleção,
que segue a metodologia de Dóris Treptow, se foca no romantismo, item
principal no universo do casamento e uma representação do visual que
remete ao sentimento da noiva no dia do seu casamento.
“Vestir um sonho” engloba vários aspectos subjetivos, do consciente e
da fantasia de cada mulher. Encontrar uma maneira de trabalhá-los dentro
do processo de Design é essencial para o sucesso desta pesquisa.
CONCLUSÃO:
O emprego dos valores do Design Emocional aplicado à moda, dentro
do contexto do objeto de estudo – o vestido de noiva – apresenta-se como
relevante na conquista do usuário, na medida em que chama a atenção para
o atendimento de diversas necessidades, não apenas as aparentes e óbvias,
mas também as mais intrínsecas e supostamente escondidas, o que no caso,
se aplica muito bem no atendimento de noivas.
O Design emocional evidencia os desejos de bem-estar do consumidor,
e quando bem aplicado em todas as etapas, garante a sensação de satisfação,
por mais que esta não seja consciente. Assim, o estudo pode contribuir
significativamente para o mercado, demonstrando comprometimento com a
sociedade através de valores agregados ao produto, voltado ao seu bem-estar
físico e emocional, conseqüentemente criando um novo conceito de vestuário,
cada vez mais focado no indivíduo como ser humano integral.
REFERENCIAS
BRAGA, João. História da Moda: uma narrativa. São Paulo: Anhembi Morumbi,
2007.
DAMAZIO, Vera; MONTALVÃO, Cláudia (Orgs.). Design Ergonomia Emoção. 1.
Ed - São Paulo: Editora: Mauad, 2006.
NORMAN, Donald A. Design emocional: Por que adoramos (ou detestamos) os
objetos do dia a dia. 1. Ed. - Rio de Janeiro: Rocco, 2008
SILVA, Úrsula. História da Indumentária v.2. Apostila de Projeto de Coleção.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Araranguá
– 2009.
LÖBACH, Bernard. Design industrial: Bases para configuração dos produtos
industriais. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.
NIEMEYER, Lucy. Design atitudinal: uma abordagem projetual. In:
MONT‟ALVÃO, C. e DAMAZIO, V. (orgs.) Design, ergonomia e emoção. Rio de
Janeiro: Mauad X: FAPERJ, 2008.
TREPTOW, Doris. Inventando moda:Planejamento de coleção. 3. Ed - Brusque: D.
Treptow, 2003.
WORSLEY, Harriet. O Vestido de noiva. 1. Ed. - São Paulo: Publifolha, 2010.
SEIVEWRIGHT, Simon. Fundamentos de design de moda: Pesquisa e design. 1.
Ed. - Porto Alegre: Bookman, 2009.
PIRES, Dorotéia Baduy (org.) . Design de Moda: Olhares diversos. Barueri, SP:
Estação das Letras e cores editora, 2008.
Kosminisky, Dóris; LIMA, Amanda Galvão Cruz. O Design emocional de moda. Rio
de Janeiro: Redige, 2010.
SILVA, Ursula. História da Indumentária v.2. Apostila de Projeto de Coleção.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Araranguá
– 2009.
COSTA, Sérgio. Amores fáceis: romantismo e consumo na modernidade
tardia. Novos estud. - CEBRAP, São Paulo, n. 73, Nov. 2005 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
33002005000300008&lng=en&nrm=iso>. acesso em: 13 out. 1997.
http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002005000300008.
AZEVEDO, Antônio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos
históricos. 3. ed. - Rio de janeiro; Nova Fronteira, 1999.
BLACKMAN, Cally. 100 anos de moda. 1.Ed. - São Paulo: Publifolha, 2011.
DESIGN MUSEUM. Cinqüenta vestidos que mudaram o mundo. 2. Ed. – Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
GT: 2 – Design e Inovação:
DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MÓVEIS COM REQUISITOS
AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEIS, APERFEIÇOANDO AS
CARACTERÍSTICAS ESTÉTICAS E UTILIZANDO MATERIAIS
RECICLADOS.
Carlos Filipe Chaves Leal19
Luciana Guimarães Teixeira Santos20
Resumo: O trabalho tem como objetivo o aperfeiçoamento estético e
funcional de móveis com requisitos ambientalmente sustentáveis que
utilizem matéria-prima reciclada e ou de baixo impacto ambiental em seus
processos de fabricação, através da elaboração do projeto de uma linha de
móveis que para serem utilizados em espaços públicos como salas de espera,
recepções, lougues e ambientes de convivência presentes em hotéis,
hospitais, escolas, universidades, prédios públicos, sedes de grandes
empresas, dentro outros.
Palavras-chave: aperfeiçoamento, estético, móveis, sustentáveis, ambiental.
INTRODUÇÃO:
Nos dias de hoje o desenvolvimento de produtos orientados por
critérios ecológicos e requisitos ambientalmente sustentáveis é uma
necessidade indispensável para o caminho rumo à sustentabilidade
ambiental. No entanto muitos produtos que buscam aplicar tais requisitos
acabam por não desenvolver a devida popularidade no mercado para que
sejam considerados produtos bem sucedidos e, portanto justificarem seus
custos de produção.
A introdução de produtos com propostas sustentáveis que possuam
desempenho estético e funcional, visualmente coerentes com as expectativas
dos consumidores é um fator relevante para que esses se tornem produtos
bem sucedidos.
Para tanto será desenvolvida uma linha de móveis para espaços
públicos, a qual contará com aplicação de alguns dos requisitos mais
19
Graduando no Curso bacharelado em Design, Universidade do Estado do Pará,
[email protected] 20 Professora Mestra, orientadora. Universidade do Estado do Pará, [email protected]
relevantes para o desenvolvimento de produtos sustentáveis, tais como
multifuncionalidade, leveza, modulação, compactação, otimização dos
recursos não renováveis e utilização de matéria prima reciclada.
(MANZZINI, VEZZOLI, 2002).
METODOLOGIA:
Foram estudados os conceitos de sustentabilidade, a fim de identificar
as diferenças entre as diversas vertentes existentes e entender o que é a
sustentabilidade ambiental e se é possível alcança-la nos dias de hoje.
Também foi realizado um estudo a cerca dos materiais e processos utilizados
atualmente na indústria moveleira, objetivando identificar aqueles que
possuíam algum tipo de comprometimento com o meio ambiente, tal como
identificar materiais emergentes que estejam sendo desenvolvidos para a
aplicação nesse setor e as possibilidades do uso de novos materiais. Em
ambos os casos avaliou-se a capacidade de reciclagem dos mesmos, tal como
duração, impactos ambientais para a produção e potencialidades estéticas e
formais, tal como a compatibilidade com os requisitos de projetos
ambientalmente sustentáveis citados no item anterior.
Serão desenvolvidos modelos físicos e também virtuais dos moveis
para que estes possam então ser submetidos a testes com possíveis usuários,
a partir de então serão aplicados questionários de questões abertas e
fechadas a fim de coletar dados sobre a compreensão das múltiplas funções
dos produtos testados por intermédio dos modelos, tal como a reação
emocional aos aspectos visuais e funcionais dos mesmos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O presente trabalho ainda se encontra em desenvolvimento, portanto
os resultados aqui relatados são de caráter parcial.
Para se desenvolver produtos que sejam efetivamente sustentáveis é
necessário que haja minimização dos recursos aplicados no desenvolvimento
do produto, escolha de recursos e processos de baixo impacto ambiental,
otimização da vida útil, dentre outros. (MANZINI, VEZZOLI, 2002). Além
disso, para a elaboração de qualquer produto, portanto também de um
móvel, é necessário que se leve em consideração três pontos indispensáveis:
os fatores ergonômicos, a funcionalidade e a estética. (LOBACH, 2001).
Vários são as características presentes no aço inoxidável e no
alumínio que os tornam materiais favoráveis para a aplicação em projetos de
móveis que possuam requisitos sustentáveis, a propriedade antioxidante e a
capacidade de ser 100% recicláveis são apenas algumas dessas
características.
Plásticos e vidros são os materiais menos utilizados pela indústria
moveleira, no entanto apresentam algumas potencialidades ambientais.
Dentre os plásticos os da classe termoplástica são todos recicláveis.
A linha de móveis contará com móveis multifuncionais, com destaque
para um banco que poderá ser utilizado como vaso de plantas ou como
lixeira, além de uma luminária que poderá ser utilizada como uma peça
decorativa de parede ou como vaso de flores.
CONCLUSÃO:
O Design sustentável apresenta grandes potencialidades diante do
nicho de projeto referente ao design de mobiliário, visto que um móvel
apresenta por sua própria natureza uma série de requisitos coerentes com os
requisitos para o desenvolvimento de produtos sustentáveis, como:
modulação, facilidade de montagem, multifuncionalidade, durabilidade,
leveza, capacidade de empilhamento, dentre outros.
O ser humano ainda está distante de encontrar o material ideal para
que ocorra a sustentabilidade ambiental dentro de um processo industrial,
mas os estudos para minimizar os impactos, aproveitar os resíduos e
aperfeiçoar a utilização dos materiais e processos de fabricação só tem a
contribuir para a sustentabilidade ambiental.
Dentre os materiais pesquisados, aqueles que apresentam melhores
possibilidades de acabamento estético e aplicação de novas formas, além de
serem coerentes com uma série de requisitos ambientais, são o alumínio e o
aço inox.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis –
Os requisitos ambientais dos produtos industriais. 1ª edição. São Paulo: Editora
EDUSP, 2002.
LOBACH, Bernd. Design industrial – Bases para a configuração dos produtos
industriais. . Rio de janeiro: Editora Edgard Blucher Ltda. 1ª edição, 2001.
DESIGN DE SERVIÇOS APLICADO A UM ESCRITÓRIO DE
ARQUITETURA.
Ana Carolina Vaz Penafort21
Ludmylla Santos da Costa22
Antonio Erlindo Braga Jr23
Resumo: Aplicação das metodologias e ferramentas do Design de Serviços
em um pequeno escritório de arquitetura da região metropolitana de Belém,
para que desta forma sejam desenvolvido um planejamento estratégico e um
adequado projeto de serviços, com a finalidade de torná-lo mais competitivo.
Palavras-chave: design de serviços; planejamento; arquitetura.
INTRODUÇÃO:
Por se tratar de uma área emergente, com bastante influência de
áreas como administração e marketing e com conceitos de origem
estrangeira, o Design de Serviços ainda é um tema com material acadêmico
nacional incipiente, o que ressalta a necessidade de produção acadêmica
sobre o tema dos mais diversos pontos de vista científicos – epistemológicos,
críticos, estudos de caso, aplicações, entre outros.
Além disso, muitos escritórios que prestam serviços arquitetônicos,
em Belém, Pará – com destaque para os de pequeno porte, que estão se
inserindo no mercado e que prestam serviços de construção e reforma -,
apresentam problemas como falta de reconhecimento e valorização do seu
trabalho, falta de qualidade nos projetos resultando em erros nas
construções e atendimento precário das necessidades dos clientes, problemas
administrativos de ordem interna, entre outros.
Walker apud Matoski (2002) ressalta que nenhuma empresa pode
sobreviver se as necessidades de seus clientes não forem totalmente
conhecidas ou se, quando conhecidas, forem ignoradas. É dentro deste
21 Discente do curso de Bacharelado em Design de Produto da Universidade do Estado do
Pará. [email protected] 22 Discente do curso de Bacharelado em Design de Produto da Universidade do Estado do
Pará. Ludica_costa @yahoo.com.br 23 Professor Mestre, orientador. Universidade do Estado do Pará, [email protected]
contexto que o Design de Serviços oferece a possibilidade de, através do
planejamento estratégico do serviço, que inclui inovação, co-criação e
interdisciplinaridade, introduzir novos significados aos serviços e
relacionamentos e alcançar os consumidores de projetos arquitetônicos
belenenses de maneira diferenciada, modificando a percepção que os
mesmos têm dos serviços de arquitetônicos nesta região.
Mager apud Damazio (2010) explica que o Design de Serviços está
ligado a funcionalidade e a forma dos serviços a partir da perspectiva do
usuário, com o objetivo de assegurar que as interfaces dos serviços sejam
úteis, usáveis e desejáveis sob ponto de vista dos clientes e eficazes e
eficientes e distintos sob o ponto de vista do prestador. Os designers de
serviço ao desenvolverem soluções para problemas buscam compreender
profundamente a ecologia dos serviços, e o mundo das necessidades e
experiências do usuário e fornecedores, visualizando, formulando e
coreografando possíveis futuros serviços.
O trabalho será iniciado a partir de revisão bibliográfica que incluirá
conceitos e metodologias do Design de Produtos e Design de Serviços, na
busca de pontos convergentes e divergentes entre os mesmos e no
estabelecimento de uma metodologia aplicável ao objetivo geral, através de
abordagens crítico-dialéticas. Esta pesquisa bibliográfica será feita a partir
da consulta em referências bibliográficas obtidas em livros, documentos
jornalísticos e de instituições e sites e portais de pesquisas na área de
Design.
Em um segundo momento, a prestação de serviços arquitetônicos,
principalmente em Belém, Pará, será analisada utilizando-se de referências
bibliográficas obtidas em livros, documentos jornalísticos e de instituições,
artigos de revistas científicas da área, além pesquisas de campo e
entrevistas.
Assim, após a construção do Referencial Teórico da pesquisa
dissertativa, haverá o estabelecimento de uma metodologia de aplicação do
Design de Serviços, com base na utilização de ferramentas obtidas em
referências bibliográficas de Design Thinking - uma abordagem focada no
ser humano que vê na multidisciplinaridade, colaboração e tangibilização de
pensamentos e processos, caminhos que levam a soluções inovadoras para
negócios (VIANNA, 2012) -, para o projeto dos serviços de um escritório de
arquitetura de pequeno porte, que pretende adentrar no mercado da cidade
de Belém.
A utilização destas ferramentas resultará em um Projeto de Serviços
que contará com a definição dos aspectos intangíveis e dos aspectos
tangíveis essenciais que constituirão este projeto.
METODOLOGIA:
O trabalho será iniciado a partir de revisão bibliográfica que incluirá
conceitos e metodologias do Design de Produtos e Design de Serviços, na
busca de pontos convergentes e divergentes entre os mesmos e na criação de
uma metodologia aplicável ao objetivo geral. Além de áreas como
administração, marketing e Design estratégico.
Para norteamento do universo e amostra, iniciaremos a metodologia
que buscará por meios de coletas de dados e pesquisas de campo verificar a
realidade do mercado arquitetônico de Belém, para que haja a inserção do
novo e pequeno escritório. Durante o processo metodológico serão feitos
registros fotográficos, além de anotações em cadernos, meios digitais e
auxílio da ferramenta online “linoit” que funciona como um mural de
postagem rápida, muito adequado para o uso das ferramentas do design de
serviços.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O trabalho se constitui em uma pesquisa em andamento, cujos
resultados esperados são a identificação de conceitos e processos do Design
de Produtos e Design de Serviços a fim de obter a definição de uma
metodologia aplicável ao projeto do serviço de escritório de arquitetura de
pequeno porte. O projeto desta prestação de serviços será feito objetivando-
se o planejamento estratégico do escritório de arquitetura, para que sejam
criados meios que auxiliem na entrada e afirmação do pequeno escritório no
mercado, de modo que obtenha sucesso e reconhecimento. O projeto final
será fornecido para o escritório a fim de que o mesmo utilize em seu
planejamento e rotina.
REFERÊNCIAS:
DAMAZIO, Vera, FREIRE, Karine de M. Design de Serviços: conceitos e reflexões sobre o
futuro da disciplina. In: IX Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design,
2010, Universidade Anhembi Morumbi, Anais, São Paulo, SP. Disponível em: <
http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/artigos/69755.pdf> Acesso em: Março, 2012.
MATOSKI, Adalberto (et. al.). Gestão da Comunicação em Projetos Arquitetônicos. In:
Seminário de Tecnologia da Informação e Comunicação na Construção Civil, 2002,
Construbusiness Paraná, Anais, Curitiba, Paraná. Disponível em:
http://www.cesec.ufpr.br/tic2002/artigos/TIC2002_05.pdf Acesso em: Maio, 2012.
VIANNA, Maurício (et al.). Design Thinking: inovação em negócios. Rio de Janeiro (RJ):
MJV Press, 2012. Disponível em: < http://livrodesignthinking.com.br/>. Acesso em: Março,
2012.
DESIGN E SUSTENTABILIDADE: A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS
Núbia Suely Santos24
Josenete Mendes
Aurelio Gouvêa25
Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir sobre como a matéria-prima
encontrada na floresta amazônica pode ser utilizada no planejamento de
produtos com uso do design, baseando seus estudos sobre os conceitos de
sustentabilidade e ciclo de vida, tendo como foco as ações do grupode
desenvolvimento de produtos com materiais amazônicos da Universidade do
Estado do Pará, responsáveis pela pesquisa sobre a natureza e aplicação
desses recursos.
Palavras-chave: Biodiverisade, Sustentabilidade, Design de Produto
INTRODUÇÃO:
De acordo com Manzini (2008), o trasition para sustainaibility será
um processo de aprendizagem social em que os seres humanos vão aprender
graduetaly, por erros e contradições - como em qualquer outro processo de
aprendizagem - a viver melhor consumindo (muito) menos e regenarating a
qualidade enviromment, ajudando o ecossistem global e os contextos locais
onde vivem.
É a partir desta análise sobre o desenvolvimento sustentável que os
designers, como sendo responsables para o desenvolvimento de bens de
consumo e sua produção em grande escala, deve pensar na sua função tendo
como base as novas demandas globais preocupante em aplicá-los no contexto
onde estão .
24 Professora do Curso de Design de Produto da Universidade do Estado do Pará [email protected] 25 Graduanda do Curso de Design do Produto da Universidade do Estado do Pará. [email protected] 3 Discente do 6º semestre do Curso de Design do Produto da Universidade do Estado do Pará. [email protected]
Esta aplicação pode ser feita pensando na redução do uso de
materiais, discutido por Manzini e Vezzoli (2005) ou pela pesquisa de novos
tipos de matérias-primas para o design de produto. Pesquisa feita pelo
grupo “desenvolvimento de produtos com materiais amazônicos”
(DEPROMA), do curso de design da Universidade do Estado do Pará (Uepa).
Concentrando-se na pesquisa e experimentos feitos com recursos
naturais encontrados na floresta amazônica, combinado com os estudos
sobre sustentabilidade e design do ciclo de vida, o grupo pesquisa como a
matéria-prima encontrada na biodiversidade da Amazônia pode ser
utilizada como uma alternativa aos materiais utilizados hoje em dia.
Baseando estudos deles em novos modelos de metodologia de projeto que
levam em consideração as demandas contemporâneas.
Este trabalho, assim, almeja discutir sobre o contexto em que a
biodiversidade amazônica representada pelas principais espécies vegetais
utilizadas pelas comunidades locais na produção de artesanato, pode ser
transformado em objetos de design. A pesquisa interdisciplinar no curso de
design da UEPA mostra a importância de pensar sobre o uso de matéria-
prima vegetal no contexto sócio-ambiental.
METODOLOGIA:
1. Biodiversidade Amazônica e desenvolivmento local:
A região amazônica, o cenário de abundantes recursos naturais
contrasta com a pobreza em que vivem muitas comunidades, especialmente
as que praticam como fonte de subsistência a atividade extrativista. No
entanto, é crescente o interesse no aproveitamento da biodiversidade da
região para o uso em diversos ramos de produção.
O reconhecimento do potencial das matérias-primas vegetais, em
especial as fibras, para utilização na indústria contribui para o
desenvolvimento econômico do estado, inclusive nestas comunidades quem
têm a possibilidade de gerar renda com a comercialização dos materiais
naturais cultivados e extraídos de seu entorno.
No Pará, o curso de Design de Produto ofertado pela Universidade do
Estado do Pará (UEPA), surgiu em 1999 com o objetivo de agregar valor às
matérias-primas (ferro, alumínio, madeira, fibras) extraídas em nosso
território transformando-as em produtos/objetos promovendo o
desenvolvimento da produção industrial no estado.
2. Pesquisa e metodologia – Design e sustentabilidade
As primeiras pesquisas no curso de Design tiveram como foco o uso de
fibras vegetais na indústria paraense de móveis e artefatos em madeira.
Além da madeira, matéria-prima por excelência na indústria do mobiliário,
as fibras vegetais utilizadas no artesanato produzido por comunidades
ribeirinhas são apresentadas como diferencial no projeto de móveis e
artefatos.
A respeito do papel do Design no sistema produtivo, Papanek (2005, p.
31) afirma que “é uma atividade que exerce influência profunda e direta
sobre a ecologia e que deve ter uma atuação positiva e unificadora
estabelecendo relações entre as necessidades humanas, a cultura e a
ecologia”.
Prosseguindo, o autor alerta sobre a crescente necessidade de designers
especializados em design ecológico salientando que em sua opinião: “toda a
educação em design deveria ser baseada em métodos e ideias ecológicos”
(PAPANEK, 2005, p. 52).
Nessa abordagem ecológica do design, a utilização da Análise do Ciclo de
Vida (ACV) do produto torna-se imprescindível no momento de concepção de
um projeto. Segundo Mancini e Zanin (2004), a ACV é uma metodologia de
gestão ambiental empregada para avaliar os efeitos de um produto, processo
ou serviço sobre o meio ambiente, ao longo de todas as etapas envolvidas.
Comparando o produto como um organismo que possui um ciclo de vida,
todas as atividades necessárias para produzir, distribuir, utilizar e
descartar são consideradas como fazendo parte de uma unidade.
O objetivo do Life Cycle Design (LCD) ou Análise do Ciclo de
Vida (ACV) é o de reduzir os impactos ambientais associados a todo o ciclo
de vida do produto, dessa forma:
“a intenção é criar uma ideia sistêmica de produto, em
que os inputs de materiais e de energia bem como o
impacto de todas as emissões e refugos sejam reduzidos
ao mínimo possível”. (Manzini e Vezzoli, 2008, p. 100)
A utilização dessa metodologia permite a otimização ambiental de cada
etapa do ciclo de vida de um produto e a retroalimentação do próprio ciclo
através da reutilização e/ou reciclagem de componentes do produto
favorecendo a redução de busca de matéria-prima na fonte e energia
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A continuidade dos projetos no curso deu origem ao grupo de pesquisa
Desenvolvimento de produtos com materiais amazônicos – DEPROMA, que
agregou vários pesquisadores do curso com o objetivo de buscar
conhecimento sobre os recursos naturais da região e maneiras de
transformá-los em produtos através das ferramentas do design.
O esforço dos pesquisadores do grupo no desenvolvimento dos projetos
trouxe como resultado o fortalecimento da área de Materiais e Processos
como disciplina da grade curricular, agregando uma identidade tecnológica
ao curso de Design da UEPA. Além disso, produção científica do DEPROMA
é contextualizada através de atividades de ensino e extensão no curso e com
a criação de novas disciplinas, realização de oficinas e da vivência nos
laboratórios de design do produto.
No cenário atual em que se discutem as contribuições para o
desenvolvimento do design sustentável, todas as inovações em relação a
materiais ecológicos, métodos de produção limpa e mudanças no padrão de
consumo são importantes na formação de novos paradigmas do
conhecimento neste campo de conhecimento .Logo, o conceito de
biodiversidade proposto por Sachs (2008, P. 31) abrange não só as espécies
de seres e genes na Terra, mas envolve também os ecossistemas e paisagens,
e ainda o escritor diz que "a biodiversidade e a diversidade cultural estão
relacionados em co processo histórico -evolução ".
O reconhecimento do potencial de matérias-primas vegetais,
especialmente as fibras, para o uso na indústria contribui para o
desenvolvimento econômico do Estado e na Amazônia, mesmo nas
comunidades cujos tem a possibilidade de gerar renda com a comercialização
dos materiais cultivados e extraídos da ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Neste trabalho fora exposto algumas considerações sobre o uso dos
recursos naturais da biodiversidade amazônica como um fator para o
desenvolvimento regional por meio de incentivos a indústria local. A criação
do curso de Design de Produto da UEPA e em seguida o grupo de pesquisa
DEPROMA contribuíram para este desenvolvimento e permitiu a construção
do conhecimento sobre a biodiversidade encontrada na região e suas
aplicações em produtos.
O grupo de continuar a realizar trabalhos voltados à pesquisa e
experimento de matérias , a fim de gerar conhecimento e dinfundir os
resultados em atividades de ensino e extensão. Os projetos d são sempre
orientadas por conceitos e princípios do Ecodesign , considerando
ferramentas tais como análise de ciclo de vida e exigências ecológicas para
seleção de materiais e processos em projetos de produtos.
REFERÊNCIAS
KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves: design e
desenvolvimento sustentável. Tradução Eric Roland Rene Helenaut. São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.
Mancini, Sandro Donnini; Zanin, Maria. Resíduos Plásticos e Reciclagem:
Aspectos Gerais e Tecnologia. São Paulo: Edufscar, 2004.
MANZINI, Ézio. Design para a inovação social e sustentabilidade:
comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais.
Rio de Janeiro: E-papers, 2008.
MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos
sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. Tradução de
Astrid de Carvalho. São Paulo: Editora de Universidade de São Paulo, 2008.
PAPANEK, Victor. Arquitetura e Design. Ecologia e ética. Lisboa: Edições
70, 2007.
RÉGIS, Frederico Menezes. Ecodesign: potencialidades do bambu. Salvador:
Universidade de Salvador, 2004. (monografia) – Curso de Design,
Departamento de Ciências Exatas e Comunicação, Universidade Salvador,
Salvador, 2004.
SACHS, IGNACY. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de
Janeiro: Garamond, 2008
DESIGN SUSTENTÁVEL: CRIAÇÃO DE MÓVEL A PARTIR DE
RESÍDUOS DE CANTEIROS DE OBRA.
Camila Vieira Centeno26
Ninon Rose Taveres Jardim27
Resumo: Proposta criação de um móvel como forma de reutilização dos
resíduos mais comuns de canteiros de obra, como argamassa, concreto,
tijolos, madeiras e vidros. A criação será feita a partir de estudos e
entrevistas com profissionais de arquitetura, empresas moveleiras e público-
alvo de classe média com idade entre 25 e 60 anos, bem como a utilização de
painéis de imagens conceituais como recursos criativos.
Palavras-chave: Sustentabilidade, Móvel, Resíduos.
INTRODUÇÃO:
Os avanços na tecnologia trouxeram inúmeros benefícios para a
construção civil, tais como a agilidade na construção, seu barateamento e o
uso de recursos alternativos e mais eficientes. Por outro lado, a imensa
quantidade de resíduos gerados em canteiros de obras não foi beneficiada
por tais avanços tecnológicos – ao contrário, os impactos ambientais
causados por obras da construção civil se tornam cada vez mais alarmantes.
Notamos também, na área de Design Industrial, a necessidade cada vez
mais urgente de obter matérias-primas de modo sustentável, e criar
produtos que diminuam os impactos ambientais através do
reaproveitamento de materiais que, antes, seriam descartados.
A construção civil corresponde a um grande percentual de impactos
ambientais, como a perda de recursos naturais, a interferência no meio físico
e antropológico e, principalmente, a geração de resíduos. E apesar de
madeiras de demolição já serem uma matéria-prima muito difundida na
indústria moveleira, elas correspondem a apenas uma pequena porcentagem
dos resíduos totais gerados em construções civis. Para os outros tipos de
26 Graduanda do Curso de Bacharelado em Design, Universidade do Estado do Pará;
[email protected] 27 Professora Mestranda, orientadora. Universidade do Estado do Pará.
resíduos, as soluções de reaproveitamento continuam escassas,
especialmente na área do Design de móveis. Tal problemática pode ser
justificada pela falta de pesquisa e investimentos na área de reciclagem e/ou
reutilização de resíduos de obras. Também podemos citar o baixo incentivo e
interesse governamental, além da dificuldade de utilizar grande parte dos
resíduos, que incluem tijolos, gesso, concreto, etc.
Ao utilizarmos os resíduos gerados pela construção de obras
arquitetônicas na fabricação de móveis estaremos, então, transformando
parte da sua estrutura “exterior” descartada em um produto utilitário e
decorativo a ser aplicado em seus interiores. É uma proposta de eco-design
universal, posto que reaproveita os resíduos mais comumente encontrados
em canteiros de obra, e pode ser utilizada para facilitar a adequação de
construções arquitetônicas a selos de sustentabilidade. A sustentabilidade
não é apenas uma tendência, mas uma necessidade universal.
METODOLOGIA:
O enfoque da pesquisa é na postura Crítico-Dialética, e se dá a partir
do momento que realizamos uma análise crítica da sociedade e a maneira
como tal manipula seus resíduos, bem como os impactos ambientais
causados pelas construções civis, discutindo alternativas para diminuir tal
impacto e melhorar a qualidade de vida da comunidade e propondo um
protótipo de móvel construído a partir dos resíduos mais frequentes.
A pesquisa é Explicativa, pois visará explicar a importância da
reutilização e reciclagem como forma de diminuir os impactos ambientais
causados por resíduos através do Design sustentável, além de registrar os
principais tipos de resíduos e analisar formas de aplicação dos materiais na
composição de um móvel, para em seguida aplicar tais análises na criação de
um protótipo em escala humana.
Será utilizada a pesquisa bibliográfica a partir de livros (tanto
clássicos como contemporâneos), periódicos e teses, bem como a pesquisa
documental a partir de fotografias e outros materiais que independem de
tratamento analítico. As referências bibliográficas poderão ter como tema
desde a utilização de resíduos no processo de design de produtos até a
aplicação de ergonomia na criação de móveis.
Para a criação do móvel será feita uma catalogação dos principais
resíduos comumente encontrados em canteiros de obras. Em seguida, será
aplicada a metodologia projetual. Um estudo de caso em parceria com a
empresa PERFINI MÓVEIS, profissionais de arquitetura e com o público
consumidor será feito no início da pesquisa a fim de avaliar as necessidades
básicas de concepção de um móvel prático e rentável, e em seguida, ao final
do projeto e prototipagem, será feita análise comparativa a fim de avaliar se
o produto originado se enquadra em tais pré-requisitos.
Quanto às técnicas de coleta de dados, será utilizada a pesquisa
Qualitativa, visando observação participante e descritiva da situação atual
quanto aos impactos da construção civil e a importância do eco-design.
.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os Resíduos da Construção Civil (RCC) estão entre os Resíduos
Sólidos Urbanos (RSU), e correspondem à maior parcela do mesmo. De
acordo com Pinto (1999 apud SILVA, 2008, p. 61-62), a participação dos RCC
dentro dos RSU varia de 41% a 70% nas grandes cidades brasileiras.
A resolução 307 do CONAMA (2002) - que tem como princípio
priorizar a não-geração de resíduos e proibir disposição final em locais
inadequados, como aterros sanitários, em bota-foras, lotes vagos, corpos-
d‟água, encostas e áreas protegidas por lei - define os RCC como todos os
resíduos provenientes da construção, demolição, reformas, reparos e da
preparação e escavação de solo. Ela também classifica os resíduos quanto
aos seus tipos e destinações:
• Classe A – Alvenaria, concreto, argamassas, tijolos, blocos,
tubos, meios-fios, telhas, placas de revestimento e solos. São
destinados à reutilização ou reciclagem na forma de agregados,
e sua disposição final é feita em aterros licenciados.
• Classe B – madeira, metal, plástico, vidro e papel/papelão.
Sua destinação se limita à reutilização, reciclagem ou
armazenamento temporário.
• Classe C – São produtos sem tecnologias disponíveis ou
aplicações economicamente viáveis para a sua reciclagem ou
reutilização, como aqueles que são oriundos do gesso.
• Classe D – Resíduos perigosos, como tintas, óleos e solventes,
ou aqueles que foram contaminados oriundos de clínicas
radiológicas e instalações industriais, conforme NBR
10004:2004 (Resíduos Sólidos – Classificação). (SILVA, 2008;
SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO
ESTADO DE SÃO PAULO, 2005)
Como podemos perceber, a resolução 307 ajuda-nos a estabelecer
quais os tipos de resíduos com que iremos lidar, bem como os que são mais
viáveis para a reutilização e reciclagem no que diz respeito à criação de um
novo material. No caso, serão utilizados os resíduos da classe A e B.
O objetivo do projeto é criar um móvel atraente, inovador e feito a
partir da reutilização de resíduos de canteiros de obra. Para obter
imparcialidade na criação do móvel (ao contrário de partir de ideias
subjetivas e pessoais quanto à definição de atraente, inovador e
comercializável), bem como estabelecer as necessidades dos usuários e
transformar em requisitos do projeto, foram feitas três entrevistas: um
questionário aberto com os representantes da empresa PERFINI Rosângela
e Fernando Guimarães, um questionário misto com o arquiteto Henry
Harada, e um questionário fechado on-line com 50 pessoas que se
enquadrassem no público alvo: pessoas de 25 a 60 anos, de classe média, que
possuem casa própria e portanto participam diretamente na escolha dos
móveis.
A partir dessas entrevistas pudemos determinar o que é “atraente”
para as empresas moveleiras, para os arquitetos/designers de interiores e
para o público consumidor, e de que forma suas opiniões diferem.
Determinamos também quais materiais são considerados “inovadores” e
quais são as tendências, no quesito estético, do Design de móveis atual -
além de definir o quanto conceitos como reutilização, reciclagem e
sustentabilidade tornam ou não um produto mais valorizado. A seguir
apresentaremos quadros com as principais expectativas em relação ao
produto, bem como algumas conclusões extraídas das entrevistas:
Rosângela e Fernando Guimarães - PERFINI
ATRIBUTOS DO
PRODUTO EXPECTATIVAS
Funcionamento (função)
Produto com multifuncionalidade, permitindo
variadas formas de aplicação e maiores
possibilidades de venda do produto.
Estética
Inovação, ou seja, fugir do „banal‟, permitir
customização dos produtos para atender uma maior
variedade de clientes, bom acabamento.
Econômico (preço de
venda)
Produtos de preço competitivo, ou seja, produtos
com preços menores e que suprem as mesmas
necessidades de produtos concorrentes.
Segurança
Obtida com pesquisas em laboratório anteriormente ao
lançamento do produto.
Sustentabilidade Procedimentos de baixo impacto humano, maior
aproveitamento de matéria prima, destinação
adequada ou incorporação dos resíduos no processo
de fabricação, uso de materiais alternativos de
menor impacto ambiental.
Processos Industriais Matéria prima acessível e fabricação local, simples
e acessível.
HENRY HARADA - Arquiteto
ATRIBUTOS DO
PRODUTO EXPECTATIVAS
Funcionamento (função) Promover conforto e atender ao „sonho‟ do cliente.
Ergonomia
Utilização de materiais que passem a sensação de bem
estar, conforto e flexibilidade.
Estética
Boa especificação de materiais, promover unidade
na linguagem do produto, uso de materiais
atemporais, mobiliário de linhas simples
Sustentabilidade
Utilização de recursos renováveis, aproveitamento
de energia, buscar a adequação dos padrões de
selos de sustentabilidade à realidade brasileira
PÚBLICO ALVO
ATRIBUTOS DO
PRODUTO CONCLUSÕES
Funcionamento (função) Segundo aspecto de maior importância em
mobiliário.
Ergonomia Aspecto considerado mais importante em mobiliário.
Estética
Perde em importância para o Funcionamento e a
Ergonomia. Os três materiais considerados mais
inovadores são as placas de revestimento,
papel/papelão e o vidro. Já os materiais
considerados mais atraentes são a madeira,
seguida do vidro e do metal.
Econômico (preço de
venda)
O público alvo não se importa muito com o preço de
venda, contanto que condiga com a qualidade do
produto.
Segurança Apesar de não ser um aspecto prioritário, possui
extrema importância para o consumidor.
Sustentabilidade
Ainda não é considerada um aspecto prioritário na
escolha de um móvel; entretanto, a maioria dos
entrevistados concordam que conceitos como
reutilização, reciclagem e sustentabilidade tornam
um produto mais valorizado, o que indica uma
evolução lenta, porém progressiva, no que diz
respeito ao favorecimento de produtos sustentáveis.
Adotaremos então como requisitos de projeto:
Aliar materiais inovadores com materiais considerados atraentes
provenientes dos RCC.
Linhas simples e materiais atemporais.
Boa ergonomia e conforto.
Segurança, podendo ser traduzida em estabilidade e cantos boleados.
Fabricação simples e acessível.
Multifuncionalidade.
Atualmente não encontramos produtos que atendam as
características citadas acima em sua totalidade. Entretanto, há produtos
similares que podem ser considerados concorrentes.
A assistente social e designer
Silvia Blumberg utiliza resíduos de
construção civil na criação de joias.
Feitas a partir de fragmentos de tijolos,
cimento branco tingido, papel, pó de
madeira e outros materiais banais
unidos a metais nobres e pedras
preciosas, são verdadeiros manifestos
contra o desperdício e a favor da
reciclagem.
(http://www.sidneyrezende.com/noticia/1
72406+designer+cria+joias+sustentaveis
+com+residuos+de+construcoes) A
utilização de resíduos na fabricação de
joias, entretanto, é bastante reduzida se comparada ao potencial de
utilização e dos mesmos resíduos na fabricação de móveis. As jóias
fabricadas pela designer também são objetos de uso tipicamente femininos,
enquanto que móveis são em sua maioridade destinados a ambos os sexos e,
portanto, abrangem um público alvo maior.
A cadeira Felix criada pela Talco, um conjunto de designers situado
em La Paz, México, é um exemplo de móvel criado a partir de um resíduo de
construção – sacos de cimento descartados. Os designers utilizaram a
popular cadeira Monobloc como molde, cobriram-na com sacos de cimento e
cola e esperaram a mistura secar; posteriormente foi retirada a cadeira e
estava pronta a nova cadeira (http://www.treehugger.com/sustainable-
product-design/discarded-cement-sacks-make-for-a-great-looking-monobloc-
chair-in-mexico.html). É um processo de fabricação extremamente simples
que produz resultados interessantes, porém sacos de cimento correspondem
a uma ínfima parcela dos resíduos totais gerados pelas construções, o que o
torna um projeto de reutilização pouco efetivo.
Fonte: http://www.sidneyrezende.com/ noticia/172406+designer+cria+joias+sustentaveis+com+ residuos+de+construcoes
Figura 1 - Jóias feitas a partir de
resíduos de construção civil
Figura 2 - Cadeira Felix criada a partir de sacos de cimento
Fonte: http://www.treehugger.com/sustainable-product-design/discarded-cement-sacks-
make-for-a-great-looking-monobloc-chair-in-mexico.html
O resíduo de construção civil mais comumente utilizado em projetos
de Design é a madeira de demolição, sendo aplicada tanto em revestimento
de paredes como em móveis – exemplo disso são as criações do arquiteto e
designer Carlos Motta. Hoje, por ser um material ecologicamente correto,
tornou-se muito requisitada e adquiriu status de sofisticação – no entanto,
por se tornar tão difundida como matéria-prima, seu status como material
“inovador” passou a ser questionado. (http://www.livingdesign.
net.br/2010/06/carlos-motta-e-a-madeira-de-demolicao-no-mcb.html)
Figura 3 - Banco butantã, do designer Carlos Motta
Fonte: http://www.livingdesign. net.br/2010/06/carlos-motta-e-a-madeira-de-demolicao-no-
mcb.html
Estabelecemos as etapas de projeto, fabricação e montagem do
produto como as etapas de ciclo de vida a serem trabalhadas. Tais etapas se
originam a partir da etapa final do ciclo de vida dos RCCs, ou seja, ao invés
de promover o descarte dos resíduos, estaremos incorporando-os no processo
de fabricação de móveis.
Uma ferramenta comum para auxiliar na transmissão de conceitos,
emoções e sentimentos no projeto do produto é a construção de diversos
painéis de imagens visuais. Esse procedimento consiste em três etapas:
painel de estilo de vida, painel da expressão do produto e painel do tema
visual.
Painel de estilo de vida: Aqui são retratadas imagens do estilo de
vida dos futuros consumidores, bem como seus valores pessoais e sociais. Esse
painel também busca retratar produtos utilizados pelo consumidor que se compõem
com o móvel a ser projetado.
Figura 4 - Painel do Estilo de Vida do Consumidor
Fonte: Autor
Painel da expressão do produto: É feito a partir do painel de estilo de
vida, onde se procura uma expressão para o produto que seja a síntese do estilo de
vida dos consumidores. Representa a emoção que o produto transmite ao primeiro
olhar. No caso, o produto parecerá inovador, simples, sofisticado, atemporal e
conscientizador.
Figura 5 - Painel da Expressão do Produto
Fonte: Autor
Painel do tema visual: Organiza-se a partir do painel da expressão do
produto. Nele juntamos imagens de produtos que estejam de acordo com o espírito
pretendido para o móvel a ser projetado (BAXTER, 2008).
Figura 6 - Painel do Tema Visual
Fonte: Autor
Como requisito de projeto temos a
multifuncionalidade. Isso quer dizer que
além das funções básicas inerentes a cada
móvel, como sentar (no caso das cadeiras)
ou servir de apoio para algo (no caso das
mesas), devem ser agregadas outras
funções – muitas vezes vemos um único
objeto realizando funções de móveis
distintos. Além dos típicos sofás-camas, é
Figura 7 - Cadeira multifuncional
Fonte: http://www.makmis.com/rack-
multipurpose-chair/
comum encontrarmos mesas que se transformam em cadeiras (ou vice-
versa) e cadeiras com espaços para armazenar livros. Ainda assim, as
principais funções de cada móvel dependem intimamente do aspecto
ergonômico para serem bem realizadas.
A adaptação das condições do ambiente ou mesmo das ferramentas
de trabalho às características humanas remonta aos primórdios da
humanidade (SANDER; MACORNICK apud SOARES, 2001). Há
evidências de que o homem das cavernas já se preocupava em
produzir artefatos cada vez mais apropriados às suas necessidades
e características. [...] Apoiada em métodos e técnicas de análise
própria, a ação ergonômica busca respostas aos problemas
resultantes da inadequação dos artefatos [...] ao modo de
funcionamento humano. (ABRAHÃO; SZNELWAR; SILVINO;
SARMET; PINHO, 2009, p. 20-21).
A ergonomia aplicada ao projeto de produto busca aprimorar a relação
homem/objeto. Isso se resulta a partir do momento em que são projetados
objetos compatíveis com as capacidades do usuário e que respeitem os
limites do ser humano, visando aprimorar a qualidade de vida. “Nesse
sentido, a ergonomia [...] mostra os limites do ponto de vista reducionista em
que apenas o “trabalho físico” é considerado, revelando a complexidade do
trabalhar e a multiplicidade de fatores que o compõem” (ABRAHÃO;
SZNELWAR; SILVINO; SARMET; PINHO, 2009, p. 19). Os processos,
sistemas, objetos e ambientes devem ser adaptados ao indivíduo, não o
contrário: essa é a proposta da ergonomia.
No Design de móveis a ergonomia física - ou seja, a adequação das
medidas do móvel à anatomia da maioria de seus usuários - é tida como o
fator decisivo de compra, tendo como palavras-chaves de maior importância
o conforto e a segurança.
O conforto é normalmente consequência da boa adaptação do projeto à
antropometria. A antropometria é um instrumento de ergonomia que trata
de medidas físicas do corpo humano. Entretanto, obter dados e medidas
confiáveis de uma população que contém indivíduos dos mais variados tipos
não é uma tarefa fácil. Até a década de 40, as medidas antropométricas
visavam determinar apenas as grandezas médias da população (como peso e
estatura); depois, passou-se a determinar as variações e alcances dos
movimentos. Atualmente, o interesse maior da antropometria é o estudo das
diferenças entre grupos e a influência de variáveis como etnias, regiões e
culturas.
No projeto de objetos sem partes móveis ou com pouca mobilidade,
como no caso do mobiliário em geral, é aplicada a antropometria estática,
onde as medidas se referem ao corpo parado ou com poucos movimentos
(LIDA, 1990). A primeira normatização brasileira quanto a parâmetros
antropométricos surgiu em 2004, quando a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) lançou a norma NBR 9050 referente a parâmetros técnicos
a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de
acessibilidade. Posteriormente, criou-se a ABNT NBR ISO 7250-1:2010,
referente às medidas básicas do corpo humano para projetos técnicos, e a
ABNT NBR 15127:2004, que estabelece procedimentos para definir medidas
do corpo humano que podem ser utilizadas como base na elaboração de
projetos tecnológicos. Ambas serão utilizadas como base para criação do
projeto do mobiliário.
A segurança, no quesito mobiliário, se refere (apesar de não se
restringir) à estabilidade do objeto e à prevenção de acidentes
frequentemente causados por quinas, partes pontiagudas e peças soltas.
Ambos podem ser atingidos através de um projeto de Design adequado. A
segurança, em certo ponto, é ligada diretamente com o conforto, posto que
móveis com má adequação ergonômica, além de desconfortáveis, podem
acarretar em danos para a saúde de seus usuários.
CONCLUSÃO:
A pesquisa e o projeto continuam em andamento, porém podemos
considerar que uma vez que os impactos ambientais causados pela
construção civil e seus resíduos sejam de conhecimento público, assim como
o que constituem esses resíduos e quais são seus tipos, características e
propriedades, estaremos viabilizando e facilitando sua reutilização e
políticas de reaproveitamento por parte da indústria criativa.
Ao tornar o reaproveitamento dos resíduos de construção civil uma
tendência por parte dos Designers de produtos, bem como profissionais de
outras áreas, também estaremos prolongando a vida útil dos materiais e
diminuindo os impactos ambientais causados pelo seu descarte.
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, Júlia et al. Introdução à Ergonomia: da prática à teoria. São Paulo:
Blucher, 2009. 240 p.
ALVARADO, Paula. Discarded Cement Sacks Make For A Great Looking Monobloc
Chair In Mexico. Disponível em: <http://www.treehugger.com/ sustainable-product-
design/discarded-cement-sacks-make-for-a-great-looking-monobloc-chair-in-
mexico.html>. Acesso em: 05 out. 2012.
BAXTER, Mike. Projeto de Produto: Guia prático para o design de novos
produtos. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2008.
LIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Blucher, 1990.
LIVING DESIGN. Carlos Motta e a madeira de demolição no MCB.Disponível em:
<http://www.livingdesign. net.br/2010/06/carlos-motta-e-a-madeira-de-demolicao-
no-mcb.html>. Acesso em: 05 out. 2012.
RACK Multipurpose Chair Disponível em: <http://www.makmis.com/rack-
multipurpose-chair/>. Acesso em: 05 out. 2012.
RESOLUÇÃO CONAMA No 307, de 5 de Julho de 2002. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=307>. Acesso
em: 28 ago. 212.
SILVA, Thalita Cristina Rodrigues. Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil em Obras de Construção de Edifícios. 2008. 14 f. Projeto Para A Premiação
Odebrecht - Contribuições da Engenharia Para O Desenvolvimento
Sustentável - Universidade de Pernambuco - Upe, Recife, 2008.
VERONEZ, Cristiana. Designer cria joias sustentáveis com resíduos de
construções. Disponível em: <http://www.sidneyrezende.com/noticia/
172406+designer+cria+joias+sustentaveis+com+residuos+de+construcoes>. Acesso
em: 05 out. 2012.
FIBRAS AMAZÔNICAS E SUAS APLICAÇÕES AUTOMOTIVAS
Felipe de Melo Rodrigues e Oliveira28
Resumo: O uso de compósitos vegetais tem, ao longo dos anos, se
intensificando em diversas indústrias sendo as mais expressivas a de
construção e automobilística. Cientes da necessidade de buscar alternativas
sustentáveis, e pela força de leis de regulamentação, como a europeia
2000/53/EC, as indústrias passaram a remodelar seus antigos métodos de
produção, sendo que a indústria automobilística brasileira está em
desvantagem no quesito legislação e modelo produtivo, embora já existam
iniciativas para a mudança deste quadro.
Palavras-chave: fibras vegetais, indústria automobilística, sustentabilidade.
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas tem-se verificado uma crescente preocupação
ambiental tanto pelos governos quanto pelas pessoas. Diante de ameaças
como o Aquecimento Global, as indústrias passaram a sofrer pressão para
adequar suas políticas de produção e adotar alternativas sustentáveis que
garantam o aproveitamento responsável dos recursos naturais.
Nos últimos dez anos, 35 milhões de carros entraram em circulação no
mercado nacional [1]. Esses veículos são, em sua maioria produzidos com
materiais que consomem grande quantidade de energia, também geram
resíduos que contaminam ar, terra e água, além de usar combustíveis
fósseis, como gasolina e diesel.
Diante desta realidade, vêm-se tomando medidas para tentar
amenizar essa situação, entre as medidas adotadas, está a diminuição de
materiais poluentes, bem como o gasto energético para produzi-los. Também
está sendo implementada, mesmo que de forma tímida, novas fontes de
energia para os automóveis, como a eletricidade. Porém uma medida que
28
Universidade do Estado do Pará. [email protected].
está sendo bem difundida é a substituição dos compósitos de fibras
sintéticas pelos de fibra vegetal.
Apesar das pesquisas nessa área serem relativamente recentes, as
fibras ligno-celulósicas se mostram bastante promissoras e, em muitos
aspectos, superam seus concorrentes sintéticos.
Comparada a indústria europeia, que inclusive conta com legislações
específicas que regulamentam o ciclo de vida dos carros, como a diretriz
2000/53/EC, na indústria automotiva brasileira não há o mesmo empenho
por parte do governo, salvo o projeto de lei PL 2796/2003, cujo enfoque está
na renovação e reciclagem da frota nacional.
No Brasil o uso de compósitos em carros ocorre em menor escala,
estando muitas vezes restritos aos estofamentos de bancos e para-choques.
Assim, ao longo deste trabalho, serão apresentadas diversas
pesquisas feitas nos últimos anos por especialistas em materiais compósitos
e sua aplicação na indústria automobilística, além de apresentar as
características que tornaram tão atrativo e vantajoso esse tipo de material.
Como propósito principal deste estudo será feito um levantamento de
pesquisas, estudos, artigos e teses que confirmam a versatilidade e
superioridade das fibras naturais vegetais, principalmente com relação à
seus similares sintéticos largamente utilizados hoje, como fibras de carbono
e de vidro. Entretanto, questões técnicas como os processos de
beneficiamento das fibras, propriedades mecânicas específicas de cada fibra
e sua cadeia produtiva serão pouco abordadas, sendo que apenas será
apresentado suas principais características, bem como suas aplicações e um
breve histórico dos temas apresentados, salvo poucas exceções para reforçar
as ideias principais do texto.
Apesar da maior parte dos trabalhos analisados ter sido publicada
fora do Brasil, o cenário e o objetos de estudo podem facilmente ser
adaptados à realidade local, pela posição privilegiada do País, especialmente
da Região Amazônica, com relação à disponibilidade de espécies vegetais
com potencial para pesquisas e pela vastas áreas cultiváveis (MARINELLI,
2008).
Por fim, com base nos estudos realizados e nos trabalhos aqui
mencionados, será produzido um conceito de automóvel cujo enfoque seja a
sustentabilidade, o uso inteligente de recursos e adaptação de materiais e
técnicas de produção à realidade local, já que a produção local de fibras
trará vantagens para as populações diretamente envolvidas no seu cultivo e
beneficiamento, como a geração de renda e maior participação no mercado
produtivo, além da diminuição de custo com logística já que a produção
poderia se concentrar em regiões onde a demanda for maior.
METODOLOGIA:
Design sustentável
De acordo com Chehebe(2002), todo produto, independente do material,
método de produção e uso pelo qual foi destinado, provoca impacto ambiental
direto, pelo processo industrial que leva a sua fabricação, ou indireto, pelo
transporte até o consumidor, uso e posterior descarte. Para avaliar os aspectos e os
impactos ambientais associados a um produto qualquer, desde a extração das
matérias-primas, passando por todas as etapas de produção, transporte e uso, até
sua disposição final, foi criada a Análise do Ciclo de Vida do Produto.
A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é muito utilizada para:
Comparar o impacto ambiental de diferentes produtos com funções
similares;
Comparar o impacto ambiental de diferentes tipos de tratamento de
resíduos como: por exemplo, incineração e aterro sanitário;
Analisar o impacto ambiental de diferentes destinos para um determinado
resíduo;
Analisar os impactos dos diferentes tipos de reciclagem.
Assim, por exemplo, pode-se descobrir que é menos vantajoso substituir o
material de um determinado produto que gera maior quantidade de resíduos, por
outro que não gera, mas exige maior consumo de energia e matéria-prima [2].
O ACV não é somente utilizado para análises de produtos, sendo também
indicado para ciclos de vida energéticos, de construções e infra-estruturas e até
mesmo do ciclo de vida das cidades.
Dessa forma engenheiros, projetistas e designers podem ter maior
consciência sobre todos os recursos utilizados por um determinado produto ainda
na etapa de planejamento, permitindo assim, mais controle no que diz respeito ao
consumo de matéria-prima e energia, diminuindo o impacto ambiental.
Ainda segundo Chehebe, durante os anos 80, houve uma série de discussões
entre ambientalistas sobre o estabelecimento de políticas que analisassem a
questão ambiental de forma geral e não apenas focado no sistema de produção.
A tese, defendida por alguns especialistas, era que o principal
canal através do qual a indústria mais poluía o meio ambiente
era na entrega dos produtos aos consumidores, na sua
utilização e descarte. Defendiam a ideia de que apesar da
produção industrial e de energia continuar a ser uma
importante fonte de poluição, uma crescente proporção dos
danos ambientais podia ser atribuída ao ato de consumo
(CHEHEBE, 2002, p.12).
Com base nessas discussões, alguns países da Europa, como Holanda,
Alemanha e Suécia, negociaram com as indústrias acordos que dariam aos
produtores a responsabilidade de gerenciar o ciclo de vida dos produtos.
Ficando à cargo dos legisladores, órgãos ambientais e mercado consumidor a
fiscalização e ao estabelecimento de normas ambientais referentes aos
produtos.
Como forma de padronizar essas ações de gerenciamento foram
criados os chamados “Selos Verdes”, ou “Rótulos Ambientais”, para
estimular as empresas a empenharem maior esforço em entender e
melhorar suas formas de produção. Muito embora, parte delas estivessem,
pelo menos no início, buscando ações que protegessem seus produtos de
serem acusados de poluidores por concorrentes, pelo governo e pelos grupos
ambientalistas, grande parte das empresas adotavam esses esquemas por
iniciativa própria.
No âmbito das fibras vegetais, as análises de ciclo de vida englobam
além de todas as etapas de produção, uso e descarte, também de cultivo,
colheita, extração e beneficiamento das fibras. Nesse ponto, os compósitos de
fibra vegetal (cujas pesquisas têm apontado uma série de vantagens sobre os
de fibra sintética) possuem menor impacto ambiental sendo responsável por
um melhoramento das características dos produtos.
Para a indústria automobilística, estas melhorias são particularmente
importantes no desempenho do veículo. Fibras vegetais são mais leves,
demandam pouca energia para produção e quase sempre são mais
resistentes, como resultado, os carros produzidos geram menor impacto ao
ambiente, por usar materiais biodegradáveis. Além disso, carros mais leves
consomem menos combustível, o que aumenta a eficiência energética
diminuindo a poluição gerada.
A indústria europeia já está bastante adiantada no quesito
sustentabilidade, a diretriz 2000/53/EC determina uma série de medidas
para diminuir o impacto gerado pela produção, uso e descarte. Dentre elas
está a diminuição ou eliminação do uso de materiais nocivos, a definição de
metas para desmontagem e recolhimento e reciclagem, protegendo assim
não apenas o meio ambiente como a saúde das pessoas.
A fim de ilustração, o Quadro 1 compara o desempenho da produção
de uma peça de painel de um Audi A3, produzida com um compósito de fibra
sintética e outro com fibra de cânhamo e resina epóxi, com um volume de
44% de resina.
Quadro 1: Impactos ambientais resultantes da produção do painel de um Audi A3.
Indicador ambiental Copolímero ABS Cânhamo-epóxi
Energia total (MJ) 132 73
Emissões de CO2 (Kg) 4,97 4,19
Metano (g) 17,43 16,96
SO2 (g) 17,54 19,70
NOx (g) 14,14 18,64
CO (g) 4,44 2,14
Emissões de fosfato na água (g) 0 0,09
Emissões de nitrato na água (g) 0,08 12,05
Adaptado de: Joshi, SV. Drzal LT. Mohanty, AK. Arora, S - Are natural fiber composites environmentally superior to glass fiber reinforced composites? Composites A, 2004.
Como é possível notar no quadro acima, o polímero sintético é muito
mais custoso para produção do que a fibra de cânhamo. A maior parte das
emissões da fibra vegetal é originada da produção da resina epóxi, plástico
termofixo, sendo que ao ligno-celulóide cabem os fosfatos e nitratos
provenientes dos fertilizantes usados no cultivo da planta.
Em contrapartida, a fibra de vidro apresenta um alto custo de
produção, exigindo muita matéria-prima e energia proveniente de
combustíveis fósseis, sendo recursos não-renováveis.
Fibras de vidro demandam de 5 a 10 vezes mais energia não
renovável que a produção de fibras naturais. Como resultado, a
emissão de poluentes da produção de fibra de vidro são
significativamente maiores quando comparado à produção de
fibras naturais. (JOSHI, 2004, p.374, tradução nossa):
A consequência da redução de peso dos veículos é a diminuição dos custos de
produção, de armazenamento e do consumo de combustível.
Compósitos
Compósitos são uma mistura de dois ou mais materiais com
propriedades físico-químicas diferentes que, quando combinados, geram um
novo composto com características semelhantes às dos materiais envolvidos,
como tenacidade, dureza e resistência à corrosão. Compósitos aparecem na
natureza na forma de conchas, carapaças, ossos, chifres, madeira e proteínas
como queratina e colágeno, dentre inúmeros outros.
Os compósitos têm sido utilizados pela humanidade desde a
Antiguidade, geralmente misturando materiais encontrados na natureza,
produzindo assim, de tijolos de argila misturada à palha, concreto, papel,
etc. Já os compósitos recentes utilizam fibras sintéticas como poliéster,
náilon, vidro, carbono, cerâmicas, metais e polímeros.
Com a crescente preocupação ambiental tanto por parte dos governos
quanto das pessoas, a indústria precisa se adequar a essa nova forma de
pensamento e repensar seus métodos de extração de matéria-prima,
produção e descarte. Como alternativa aos materiais usados estão os bio
compósitos, em especial as fibras vegetais.
Apesar da indústria ainda utilizar bastante compósitos de fibras
sintéticas, tem-se como vantagem usar compósitos de fibras naturais por
apresentarem diversas características ambiental e economicamente
superiores, principalmente se comparadas aos materiais feitos de fibra de
carbono e de vidro. Sua eficiência é comprovada pelo baixo custo de
produção, baixa densidade, alta resistência e pela biodegradabilidade.
Apesar de serem formados por diversos materiais naturais, também
podem incluir fibras naturais com adição de matrizes sintéticas, como
resinas poliméricas. Os polímeros sintéticos, ou plásticos, são utilizados na
maioria dos compósitos de fibra vegetal como matriz, sendo normalmente
divididas entre termoplásticos e termofixos. Os termoplásticos são
trabalhados essencialmente através de derretimento do material em altas
temperaturas, tornando-o assim apto à moldagem, sendo que o seu posterior
esfriamento restaura sua forma sólida, resultando em pouca ou nenhuma
transformação por reação química. Esse ciclo pode ser repetido várias vezes,
garantindo seu fator de reciclabilidade. No entanto uma de suas maiores
desvantagens está na baixa resistência ao calor.
Termofixos, ao contrário dos termoplásticos, não são derretidos com o
aumento de temperatura, sendo que uma vez atingido seu estado sólido ele
não poderá ser remodelado para novas aplicações, o que dificulta sua
reciclagem. Esses plásticos são obtidos em uma forma líquida, onde o
processo de solidificação ou “cura” é realizado por um componente químico
externo, como um catalisador ou agente de cura. Sua maior vantagem é a
alta resistência ao calor e durabilidade, tendo assim em sua maioria
aplicações estruturais, particularmente quando há o envolvimento de altas
temperaturas.
Em geral, compósitos de fibras sintéticas como as fibras de vidro e de
carbono são mais caras, pesadas, poluentes e demandam mais energia
durante a fabricação que as fibras naturais. Assim, por exemplo, compósitos
de resina sintéticas reforçadas com fibras vegetais consomem menos
energia além da baixa quantidade de resíduos gerados, e mesmo a fibra
vegetal sendo responsável pela maior parte do volume total do compósito,
ela somente representa uma parcela mínima do custo energético.
Além da redução de peso e de custos e melhoria da segurança, compósitos de
fibra natural oferecem maior capacidade de reciclagem sobre as fibras sintéticas
convencionais, especialmente as utilizadas na indústria automotiva. Fibras
vegetais naturais são incorporadas aos frisos das portas, bandejas, estofamento dos
bancos e outras partes interiores.
Dentre as vantagens das fibras vegetais está a facilidade de obtenção,
uma vez que seu cultivo determina a quantidade de material disponível, e a
baixa demanda energética. Entretanto, o tempo de crescimento dessas
plantas, bem como o clima na região podem contar como pontos de
desvantagem, fazendo com que a produção de fibras deva ser planejada com
cuidado.
O cenário nacional, especialmente o regional possui uma vantagem na
produção de fibras devido a alta concentração de espécies vegetais de
possível utilização, de acordo com Marinelli (2008): “No Brasil, existe uma
grande variedade de fibras vegetais com diferentes propriedades químicas,
físicas e mecânicas”. Fibras de sisal, cana-de-açúcar, mamona, coco e curauá
estão entre as variedades disponíveis.
Em geral, as principais vantagens das fibras naturais vegetais são:
A capacidade de renovação da matéria-prima e disponibilidade
praticamente ilimitada;
A enorme diversidade de plantas encontráveis, especialmente na
Amazônia, existindo assim um grande leque de possibilidades e
descobertas de fibras vegetais com propriedades físico-químicas
adequadas à indústria (como resistência à abrasão, calor, choques
mecânicos, entre outros);
São menos abrasivas quando comparadas às fibras sintéticas, gerando
assim, menor desgaste dos equipamentos envolvidos em seu processo
de produção;
São biodegradáveis, o que gera menor impacto ambiental após o
descarte e facilita a compostagem desses elementos;
Possuem baixa densidade em relação aos seus similares sintéticos e
também menor custo. (MARINELLI, 2008).
A produção de compósitos vegetais no território brasileiro teria
vantagens pela quantidade de espécies disponíveis e potencialmente
aproveitáveis, pela vasta extensão de terras cultiváveis e pelas condições
climáticas favoráveis, em especial na Amazônia, podendo assim, suprimir
uma futura demanda.
Além das questões econômicas e ambientais, também deve ser levada
em conta a questão social, já que a produção e extração necessitaria de mão-
de-obra local e isso aumentaria a geração de renda entre as populações das
regiões beneficiadas.
A indústria automobilística no Brasil
Apesar de ter havido linhas de montagem e pequenas oficinas de
carros no Brasil desde 1919 [3], elas apenas os montavam, usando para isso
peças importadas principalmente dos Estados Unidos e da Europa.
Entretanto, durante a Segunda Guerra Mundial a produção nacional
enfrentou uma crise com a diminuição do fornecimento de peças, uma vez
que a Europa estava sendo arrasada pela Guerra e os EUA estavam
empenhando sua produção ao chamado esforço de guerra. Dessa forma, a
frota brasileira ficava aos poucos defasada, sendo necessária a criação de um
próprio parque industrial para o automóvel.
Nesse contexto, surgiu a primeira fábrica de automóveis em território
brasileiro. Em 1956 o então presidente Juscelino Kubitschek cria o Grupo
Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), iniciando a produção
nacional em larga escala.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em virtude dos estudos apresentados ainda estarem em andamento,
não há resultados conclusivos a serem mostrados. Entretanto, espera-se a
partir dos resultados obtidos tornar possível a realização de um automóvel-
conceito utilizando de compósitos de fibra vegetal em partes estruturais do
veículo, como parte de uma demonstração do uso de tecnologias e materiais
sustentáveis aplicadas à indústria.
A pesquisa de compósitos de fibras naturais possui importância no
sentido que o desenvolvimento desses materiais possuem uma série de
vantagens, como a ampliação do número de compósitos utilizáveis na
produção industrial, bem como a possível melhora das técnicas de produção
dos já existentes. O Brasil, em especial a Amazônia, possui grande potencial
para geração de fibras naturais, devido à variedade de espécies vegetais
disponíveis e a vasta área de terras cultiváveis. As áreas destinadas para o
cultivo das plantas usadas na produção de fibras geraria benefícios para a
sociedade em forma de geração de renda, pela produção e beneficiamento
dos materiais, além disso, produtos feitos com o uso de fibras naturais
seriam mais baratos especialmente na indústria automobilística gerando
menor custo tanto para as fábricas e também para o consumidor.
REFERÊNCIAS
[1]http://g1.globo.com/carros/noticia/2011/02/frota-de-veiculos-cresce-119-
em-dez-anos-no-brasil-aponta-denatran.html.Acesso em 02/10/2012.
[2]http://www.environmentagency.gov.uk/research/library/publications/129
364.aspx. Acesso em 30/09/2012
[3]http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/historia_republica-industria-
automobilistica. Acesso em 02/10/2012.
Tucker, Nick. Lindsey, Kevin - A Introdution to Automotives
Composites. Rapra 2002.
S, Thomas. L, Pothan - Natural fiber reinforced polymer composites.
From macro to nanoscale. Old City Publishing, Inc. Éditions de
Archives Contemporaines, Ltd 2008.
Baxter, Mike – Projeto de Produto: Guia Prático para o Design de
Novos Produtos.2 º Edição. Editora Blucher 2000.
Houberg J, Houston D - Natural fiber reinforced polymer composites
in automotives applications. JOM 2006.
K. Bledzki, Andrzej. Faruk, Omar. E. Sperber, Volker - Cars from Bio-
Fibers. University of Kassel, Germany 2006.
Chehebe, José Ribamar. Análise do ciclo de vida de produtos:
ferramenta gerencial da ISO 14000. Rio de Janeiro-RJ. Qualitymark
ED. CNI, 1997. 1ºRe-impressão, 2002.
Dieter H. Mueller, Andreas Krobjilowski - New Discovery in the
Properties of Composites Reinforced with Natural Fibers. 2003.
Marinelli, A. L. et al. - Desenvolvimento de compósitos poliméricos
com fibras vegetais naturais da biodiversidade. 2008.
Marsh, G - Next step for automotive materials. Mater Today 2003.
Joshi, SV. Drzal LT. Mohanty, AK. Arora, S - Are natural fiber
composites environmentally superior to glass fiber reinforced
composites?. Composites A 2004.
Satyanaryana, KG. Wypych, F. Guimarães, JL. Amico, SC.
Syndenstricker, THD. Ramos, LP - Studies on natural fibers of Brazil
and green composites. Met Mater Proc 2005.
Suddell, BC. Evans, WJ. Issac, DH. Crosky, A – A Survey into the
aplication of natural fiber composites in the automotive industry. In:
Conference (ISNaPol 2002).
MANGO: UM AUTOMÓVEL COMPACTO CONCEITUAL DE BAIXO
CUSTO COM REFERÊNCIA NA MANGA.
Moisés Santino Lima Vieira29
Pedro Paulo Ferreira Magno30
Manoel Alacy Rodrigues31
Resumo: Esta pesquisa é resultado parcial do trabalho de conclusão de curso
é uma proposta inserida na área de Design de automóveis. O objetivo
consiste em projetar um automóvel conceito compacto para melhoras no
trânsito tomando como referência a manga. Os principais autores que
abordam temas como: design, design emocional, automóveis são: Bernd
Löbach, Mike Baxter, Sérgio Scolari, William J. Mitchell; A metodologia
aplicada consiste em analisar o problema do transito em grandes cidades.
Os resultados parciais apontam que há a possibilidade de redução de
problemas de falta de espaço no trânsito e diminuição no número de
acidentes com carros compactos que se utilizem de novas tecnologias de
conectividade.
Palavras-chave: Design. Design de automóvel, Conectividade.
INTRODUÇÃO:
O ser humano vivenciou ao longo de sua historia inúmeras avanços
nas mais variadas áreas, na tecnologia, ciência, artes, religião entre outras.
Da descoberta do fogo, invenção da roda a revolução industrial o ser humano
evoluiu em diferentes graus e a vida civilizada tornou-se inimaginável sem
os produtos dessa constante evolução. Um desses produtos, fruto dessa
evolução e talvez um dos mais bem sucedidos da história é sem duvida o
automóvel. A princípio usado apenas para locomoção, mas que com o passar
do tempo tornou-se um dos mais importantes ícones da nossa sociedade
contemporânea.
29
Graduando no Curso de Design, da Universidade do Estado do Pará. E-mail:
[email protected] 30 Graduando no Curso de Design, da Universidade do Estado do Pará. E-mail:
[email protected] 31 Professor Mestre, orientador. Universidade do Estado do Pará, E-mail:
Após seu surgimento e popularização do automóvel o modo de vida do
ser humano, o ambiente que o cercava e a maneira de organizar sua
sociedade sofreram drásticas modificações e adaptações. Novas ruas e
estradas precisaram ser construídas e as já existentes, ampliadas e
adaptadas para circulação dos automóveis. Vários âmbitos da vida moderna
e inclusive seus costumes e hábitos sofreram mudanças ao longo do tempo.
Nesse contexto de mudanças em que o automóvel se inseriu, algumas
mazelas e preocupações também surgiram. A poluição e suas consequências,
a utilização desregrada de fontes de energias não renováveis, os grandes
congestionamentos e falta de espaço físico nas grandes cidades são algumas
das implicações que o automóvel trouxe e/ou acentuou.
Tendo em vista essas informações o Designer se propõe a buscar
soluções para as questões apresentadas tendo em mãos as ferramentas do
Design, a metodologia projetual, conceitos e pesquisa e por que não valores
profissionais também.
Assim este trabalho propõe-se ao estudo da metodologia projetual,
conceitos e pesquisas com relação ao processo do Design, mais
especificamente ao do Design automotivo. Propõe-se também a analisar a
problemática dos congestionamentos na cidade de Belém e para o exercício
projetual o desenvolvimento de um carro compacto conceitual.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa caracteriza-se pela abordagem crítico-dialético, pois
tem como objetivo analisar o problema do transito na cidade de Belém assim
como de outras grandes cidades com os mesmos problemas viários, bem
como a historia do automóvel e constituição no mercado automotivo de
carros compactos e analisar também as tecnologias que estão cada vez mais
disponíveis para novos projetos automotivos. Por fim, com referência na
manga e sua regionalidade desenvolver o conceito de um automóvel
compacto e de aquisição viável, economicamente acessível a um maior
público-alvo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante a pesquisa observou-se que não existem muitos automóveis
com apelo regional disponíveis no mercado e inclusive em projetos para o
futuro.
Foi observado também que novas tecnologias possibilitam a criação de
carros cada vez mais compactos graças à redução do espaço necessário para
motores movidos à eletricidade, essas novas tecnologias possibilitam
também uma conectividade entre os carros, e entre eles e o ambiente,
gerando a possibilidade de uma grande redução de acidentes, e melhora no
fluxo do trânsito, e consequentemente a qualidade de vida das pessoas que
vivem nas grandes cidades.
CONCLUSÃO:
A partir do que já foi realizado na pesquisa e no projeto, pode-se dizer
que um automóvel compacto com referências regionais tem grande potencial
para solucionar problemas relacionados ao trânsito em geral nas grandes
cidades, daí a relevância do presente projeto.
REFERÊNCIAS:
BAXTER, Mike. Projeto de Produto: Guia prático para o Desenvolvimento de
Novos Produtos. 2. Editora Blucher, 2000.
MITCHELL, William J. (et. al.) A reinvenção do automóvel: mobilidade
urbana pessoal para o século XXI. São Paulo: Alaúde Editorial, 2010.
LÖBACH, Bernd. Design Industrial – Bases para a configuração dos
produtos Indústrias. São Paulo: Editora Blucher, 2001.
SCOLARI, Sérgio Henrique Prado. Design e emoção: um modelo de círculos
de referências de emoções em produtos. Bauru, 2008.
MOBILIÁRIO CONTEMPORÂNEO PARA INTEGRAÇÃO DE
PEQUENOS AMBIENTES E FUNÇÕES EM ESCRITÓRIOS
PUBLICITÁRIOS
Thyago Adolpho Martins Dias Pina32
Sávio Almeida fernandes33
Resumo: Este projeto de pesquisa consiste no desenvolvimento de um produto mobiliário que integre ambientes e funções visando o melhor aproveitamento de pequenos espaços. O projeto busca solucionar este problema com uma abordagem emocional pautada na compreensão das características e necessidades do usuário por meio de pesquisas bibliográficas, entrevistas qualitativas e análises do mobiliário utilizado realizadas junto a escritórios publicitários. Em resultante, compreende-se os problemas do tradicionalismo no esquema de produção do mobiliário.
Palavras-chave: design; mobiliário; pequenos espaços.
INTRODUÇÃO:
O projeto de design envolve uma complexa rede de fatores que visam
solucionar as necessidades humanas por meio de produtos que agreguem
valores práticos, simbólicos e estéticos, benéficos à indústria, ao usuário e ao
ambiente em entorno. Neste contexto, o design de mobiliário possuí valor e
complexidade ainda maiores à medida que o móvel integra-se à um espaço
específico, sujeito às particularidades do ambiente em que se insere ou o
redefinindo com base em suas próprias características, capazes de
requalificar este espaço, atribuindo a ambos os valores e ideologias aplicadas
ao produto.
Esta requalificação se torna evidente na estruturação de pequenos
espaços – áreas limitadas que necessitam conter uma infraestrutura de
múltiplos ambientes e funcionalidades maior do que aquela comportada –
que necessita de planejamento específico e estratégico do mobiliário
utilizado para que haja total aproveitamento do espaço disponível, sem
prejuízo da integração dos ambientes, da interação humana e da estética.
32
Bacharelando em Design pela Universidade do Estado do Pará. E-mail:
[email protected] 33 Professor Mestre, orientador. Universidade do Estado do Pará. E-mail:
Sendo responsabilidade do projeto de design as funções práticas, estéticas e
simbólicas não mais apenas do móvel em si, mas do espaço em que este se
insere, redefinido a partir dos móveis internos.
Com a crescente utilização dos pequenos espaços como solução do
mercado imobiliário, incapaz de acompanhar o ritmo de crescimento das
mudanças sociais, o desperdício decorrente da ausência de móveis projetados
para estes espaços caracteriza uma real necessidade de adaptação do
indivíduo que deve ser resolvida por um produto. Desta maneira, este
projeto visa o desenvolvimento mobiliário para a integração de ambientes e
funções de escritórios publicitários visando o melhor aproveitamento de
pequenos espaços e a adequação do móvel às necessidades do usuário
contemporâneo.
Sendo assim, este projeto de pesquisa compreende uma solução para
um novo modo de vida e uma nova organização sociocultural da sociedade.
Sendo, para a cidade de Belém, um produto mobiliário diferenciado uma
alternativa ainda mais viável devido ao potencial de consumo da cidade
neste ramo, que ainda necessita de novas soluções para gerar
competitividade e fomentar o mercado e a economia local a buscar explorar
esta potencialidade.
METODOLOGIA:
Para o alcance do objetivo desejado, a pesquisa utilizará,
primariamente, de consultas bibliográficas e pesquisas de campo, por meio
da coleta de dados classificada como estudo de caso por basear-se em dados
do cotidiano natural daqueles envolvidos na coleta. Constrói-se o
conhecimento de campo norteado por entrevistas qualitativas, em escritórios
publicitários instalados em pequenos espaços, para a compreensão
contextual da pesquisa e para o levantamento de características do usuário e
necessidades específicas ao projeto e aplicações posteriores. Questionários
quantitativos complementam o levantamento das necessidades com uma
análise referente aos mobiliários já existentes e utilizados no escritório.
Finaliza-se com metodologia projetual adequada, realizando as etapas
do projeto que envolvem procedimentos específicos como análise da
concorrência, imagens conceituais, transformação das necessidades em
definições do projeto, rascunhos, detalhamento do mobiliário, prototipagem e
aplicação em um escritório publicitário, para análise de sua integração junto
à pequenos espaços, problema proposto pela pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Focando, em sua abordagem, na relação entre o usuário, o objeto e o
espaço por meio dos aspectos comunicativos – [relação] definida a partir do
alinhamento entre o objeto de estudo da pesquisa e o objeto do design como
disciplina – aplica-se os conceitos do design emocional objetivando o
desenvolvimento do produto pautado em seu aspecto simbólico, de
construção de uma relação significativa entre o usuário e o produto, e que
resulte em uma pesquisa de demonstração prática de uma metodologia
centrada no usuário, suas características e necessidades, como o critério
primordial do projeto; construindo conhecimento científico voltado para o
ramo do design mobiliário.
A partir da relação entre o problema dos pequenos espaços e a
ausência de mobiliário específico para esta situação, discute-se, em
resultante a pesquisa pautada na abordagem simbólica e emocional do
design, problemas específicos do design mobiliário que revelam um esquema
tradicional de produção industrial, focado na função prática e no
desenvolvimento de novas tecnologias para a maximização dos lucros, o que
reflete em um mercado estagnado, de ofertas padrões, similares e pouco
ajustadas as reais necessidades do usuário contemporâneo e suas
características.
Estando a pesquisa ainda em andamento e os resultados
apresentados em desenvolvimento, define-se apenas que o mobiliário
projetado deverá refletir as necessidades e características do usuário
contemporâneo, expressas em sua posição social e seu cotidiano, de maneira
a reverter a tradição da produção mobiliária e configura-la a partir do
aspecto comunicacional entre usuário e produto, visando a satisfação do
consumidor não só por compreender a solução para o desperdício espacial,
mas por estabelecer um vínculo emocional. O que resultará em um
mobiliário que preenche as funções comunicativas na relação usuário-objeto-
ambiente e que, ao preenche-las, por refletir as características do usuário,
estará, automaticamente, em segundo plano, adequando-se as necessidades
projetuais e solucionando o problema.
REFERÊNCIAS:
BÜRDEK, Bernhard E. História, teoria e prática do design de produtos. São
Paulo: Edgard Blücher, 2006.
COUTO, Rita Maria de Souza. Reflexões sobre a Natureza e a Vocação
Interdisciplinar do Design. In: LIMA, Guilherme Cunha (org.). Textos
selecionados de Design 1. Rio de Janeiro: PPDESDI UERJ, 2006, p. 51-82.
DEVIDES, Maria Tereza. Design, Projeto e Produto: O desenvolvimento de
móveis nas indústrias do Polo Moveleiro de Arapongas, PR. 2006. 120 f.
Dissertação (Mestrado em Design) – Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2006.
FOLZ, R. R. Projeto tecnológico para produção de habitação mínima e seu
mobiliário. 2008. 364 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) –
Faculdade de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2008.
GURGEL, Miriam. Projetando Espaços. Guia de arquitetura de interiores
para áreas comerciais. São Paulo: Senac, 2005.
LÖBACH, Bernd. Design Industrial. Bases para a configuração dos produtos
industriais. São Paulo: Editora Blucher, 2001.
MANCUSO, Clarice. Arquitetura de interiores e decoração. A arte de viver
bem. 6 ed. Rio Grande do Sul: Sulina, 2007.
MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. 2 ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2008.
NORMAN, Donald Arthur. Design Emocional. Porque adoramos (ou
detestamos) os objetos do dia-a-dia. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
SANTOS, Maria Cecília Loschiavo. Móvel moderno no Brasil. São Paulo:
Studio Nobel / EDUSP, 1995.
O USO DE PAPEL RECICLADO E FIBRAS VEGETAIS NA PRODUÇÃO
DE PRODUTOS DE DESIGN DE SUPERFÍCIE.
Vitória Martins Soares Pamplona34
Nubia Suely Silva Santos35
Resumo:
A reciclagem do papel diminui o impacto ambiental em várias etapas de seu ciclo
de vida, contribui também para essa redução, a utilização de fibras vegetais não-
madeireiras como matéria-prima na sua produção. Este trabalho almeja a
produção de objetos voltados ao design de superfície através da produção de
papeis ecológicos com fibras vegetais provenientes da palmeira de buriti e papel
pós-consumo.
Palavras-chave: ecodesign; sustentabilidade; design de superfície;
reciclagem.
INTRODUÇÃO:
O padrão de vida consumista, dominante até hoje, impulsionado por
uma grande variedade de produtos disponíveis no mercado juntamente com
a ideia de que esse comportamento é fator determinante para o bem-estar
social acarretou nos problemas ambientais, econômicos e sociais que tentam
ser contornados atualmente. Assim foi dada evidência - como também
passou a ser um objetivo - a termos como sustentabilidade ambiental.
A análise do ciclo de vida dos produtos é fundamental na produção de
produtos sustentáveis, pois atenta para a escolha de materiais e insumos,
para alternativas com o intuito de reduzir o consumo de energia durante o
processamento, e na reciclagem após o descarte (Manzini; Vezzoli, 2008).
Por tudo isso podemos destacar o papel como produto que necessita de
34
Universidade do Estado do Pará. [email protected]. 35Professora Doutora, orientadora. Universidade do Estado do Pará.
mudanças relacionadas tanto a forma como é utilizado, como a forma que é
produzido.
O papel é feito a partir da celulose, encontrada nas fibras naturais, na
indústria sua fonte são as madeiras. A sua produção pode ser realizada
também a partir de fontes de celulose não-madeireiras e resíduos da
atividade agropecuária, que hoje possuem pesquisas para sua melhor
aplicabilidade nas indústrias, as quais se tornaram um forte aliado
econômico e ecológico, sendo que muitas ainda não foram exploradas em sua
totalidade (QUIRINO; VASCONCELOS, 2011).
As fibras vegetais são um tipo de fibra natural e podem ser
distinguidas conforme sua origem na estrutura da planta, em: (i) fibras dos
frutos, como coco e açaí, (ii) fibras do caule, como linho, juta, kenaf, (iii)
fibras das folhas, como sisal e curauá, e (iv) fibras de sementes, como o
algodão (MUELLER e KROBJILOWSK, 2003), seu emprego vai desde as
aplicações clássicas na indústria têxtil até o reforço de matrizes poliméricas
termoplásticas e termofixas (ORTUNÕ; PACHECO; PACHECO, 2011).
Este trabalho propõe a produção de objetos voltados ao design de
superfície, com a utilização de papel pós-consumo e fibra vegetal extraída da
palmeira de buriti (Mauritia flexuosa L.), típica da Região Norte do Brasil.
METODOLOGIA:
O trabalho tem como enfoque a abordagem critico-dialética, tendo
base na reflexão a cerca das mudanças na mentalidade, preocupação e
destaques dados, por grande parte da população e mídias, ao meio-ambiente,
sobre os impactos ambientais acumulados até então, as medidas para
contorna-los e reduzi-los, e aos seus recursos naturais, cada vez mais
escassos, tendo em vista o padrão de vida consumista e as modificações que
necessitam ocorrer. Com essas transformações o Design enxergou
oportunidades, demanda, para criação de novos produtos, seja na sua função
ou na mudança de aspectos relacionados à configuração do produto, como
por exemplo, e principalmente, a matéria-prima, oferecendo soluções
voltadas a um estilo de vida sustentável. Onde, a partir desta análise, será
proposta, através de um projeto de produto, novas alternativas para
decoração de ambientes, tendo como papel pós-consumo e fibras as matérias-
primas para a concepção desta ideia.
A pesquisa de caráter explicativo mostrará as propriedades e
características dos materiais; assim como, terá base nos resultados obtidos
com o projeto de iniciação científica gerado, o qual teve como objeto de
estudo a produção de papeis ecológicos através da reciclagem e adição de
fibras de buriti; apontará as aplicações de papel na produção de objetos
contemporâneos, de maneira a legitimar seu emprego e inovação.
Embasando-se na metodologia proposta por Manzini e Vezzoli (2008)
para a concepção de produtos sustentáveis, onde destaca que as decisões
mais importantes e influentes de um design ambientalmente conscientes são
tomadas nas primeiras fases do projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Este trabalho será uma extensão, implementação, dos conhecimentos
adquiridos a partir da pesquisa de iniciação científica, cujo título era
“Estudo da adequação do percentual de fibras vegetais na etapa de
reciclagem do papel pós-consumo: desenvolvendo papéis ecológicos e
diminuindo o impacto ambiental de resíduos sólidos” que teve como objetivo
a produção de um papel reciclado, no qual foi adicionado fibra de miriti,
definindo posteriormente cinco amostras que passaram por testes de
avaliação das características físicas e mecânicas.
As amostras e resultados alcançados pelo projeto demonstraram a
viabilidade de se agregar a fibra da palmeira do buriti à polpa formada por
papel pós-consumo. Como o objetivo era produzir papel reciclado para uso
decorativo ou de design de superfície, as amostras produzidas se mostram
perfeitamente viáveis para serem utilizadas para tais fins.
CONCLUSÃO:
A reciclagem do papel é considerada uma alternativa ambientalmente
correta, no entanto devemos atentar que mesmo no processo de reciclagem
do papel podem existir práticas indesejáveis, como o uso não racional de
água, e a adição de insumos poluentes como o hidróxido de sódio (NaOH),
geralmente utilizado na clarificação do papel. A diversidade de espécies
vegetais fornecedoras de fibras existente na Amazônia, como o curauá e o
açaí, têm contribuído para o avanço das pesquisas de matérias-primas
renováveis para produção de produtos de baixo impacto ambiental. Os
resultados obtidos são uma primeira indicação que justificam a continuidade
das pesquisas, em andamento, agora voltada para a aplicação destes
conhecimentos para a produção de produtos relacionados ao design de
superfície.
REFERÊNCIAS:
MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis.
São Paulo: Ed.USP, 2008.
MUELLER, D.H.; KROBJILOWSKI, A. New Discovery in the Properties of
Composites Reinforced with Natural Fibers. J. Ind. Text., v.33, p.110-130,
2003.
ORTUNÕ, B. H.; PACHECO, A .S.; PACHECO, K. M.; Análise sobre o posicionamento do uso da fibra natural amazônica tucumã. In: 3º
International Symposim of Sustainable Design. Anais. 2011. p. 386-401.
QUIRINO, M.; VASCONCELOS, R. Desenvolvimento de compósito produzido com resina natural e fibra da semente de açaí (Euterpe precatória). In:
Simpósio Brasileiro de Design Sustentável. Anais. 2011. p. 402-413.
PRODUTO MULTIFUNCIONAL DE FISIOTERAPIA PARA CÃES.
Camila Reis Santoni 36
Bianca Kuroki Gonçalves37
Jorge Hernandes Fonseca38
Resumo: O trabalho em questão propõe projetar um produto multifuncional
que possa ser fabricado industrialmente, a ser usado na fisioterapia
veterinária para cães, visando solucionar problemas relacionados ao tipo de
serviço característico da Região Metropolitana de Belém: o atendimento a
domicílio. O processo de desenvolvimento do produto terá como base a
metodologia projetual de Baxter.
Palavras-chave: Design, Projeto de Produto, Fisioterapia Veterinária.
INTRODUÇÃO:
Comumente, o termo Design não é utilizado de modo correto. O uso
equivocado dessa palavra dando-a apenas uma significância de algo
esteticamente agradável tornou-se algo simples já que Design não se
restringe à beleza dos objetos, ao apelo visual, ele é projeto e trata-se da
uma solução de um problema, necessidade e/ou desejo abrangendo várias
etapas e fatores, como o social, econômico, cultural, ecológico, tecnológico,
entre outros.
Löbach (2001) afirma que “o conceito de Design compreende a
concretização de uma ideia em forma de projetos ou modelos, mediante a
construção e configuração resultando em um produto industrial passível de
produção em série”. Baxter (2000) completa dizendo que “o designer de
produtos bem sucedido é aquele que consegue pensar com a mente do
consumidor: ele consegue interpretar as necessidades, sonhos, desejos,
valores e expectativas do consumidor”.
Significa dizer que o designer é o responsável em transformar as
necessidades e desejos do homem em produtos reais que podem ser
comercializados e satisfazem a demanda existente. Deve-se compreender
que este homem, detentor de necessidades e desejos, não se refere apenas
36
Acadêmica da Universidade do Estado do Pará. [email protected] 37 Acadêmica da Universidade do Estado do Pará. [email protected] 38 Professor Doutor, orientador. Universidade do Estado do Pará, [email protected]
aos consumidores finais (usuários), Dijon (1999) define que esse homem
pode ser representado também pelo indivíduo que confecciona o produto,
pelo que faz parte da linha de montagem e por aquele que está no posto de
quem vende como lojista.
Logo, o designer é o agente que se coloca entre os interesses dos
usuários e dos empresários. Em resumo, é o profissional solucionador de
problemas, atendendo às necessidades físicas e psíquicas do homem
(LÖBACH, 2001).
O designer pode utilizar seus conhecimentos para atuar em áreas
diferentes das que ele costuma trabalhar, pois a inovação e a melhor
adequação do produto podem ser requisitos de qualquer bem ou serviço a ser
lançado no mercado. Sendo bem acompanhado, o profissional de Design pode
desenvolver projetos nas mais diferentes áreas, como a medicina, a
fisioterapia e a terapia ocupacional. Cabe a ele, compreender o contexto que
está inserido para, desta forma, coletar dados de necessidades e desejos dos
usuários, sejam eles pacientes, médicos, fisioterapeutas ou terapeutas, por
exemplo.
Uma das contribuições do designer na área de saúde, por exemplo, é
tornar a experiência de visita ao consultório ou de tratamento de doenças, o
mais agradável possível, seja na satisfação de atendimento, no conforto ao
usar um aparelho ou até mesmo na melhor aceitação de uma técnica de
reabilitação devido ao produto atender às expectativas do paciente, com
melhor qualidade e eficiência.
Desta maneira, este projeto traz a iniciativa de pesquisas e de geração de
produto num campo não dominado pelo designer, envolvendo áreas distintas
(Design e Fisioterapia Veterinária), focando em produtos ainda não tidos como
objeto de estudo em trabalhos de conclusão de curso de Design pela Universidade
do Estado do Pará.
Do mesmo modo que o homem cuida e se preocupa com a sua saúde; o
mesmo deve acontecer quando se refere à saúde de animais domésticos, afinal se
tratam de seres vivos que possuem necessidades, são dependentes e vulneráveis às
doenças e às consequências muito comuns, como traumas e fraturas, que requerem
atenção especial e tratamento.
A Fisioterapia Veterinária surgiu como adaptação da Fisioterapia Humana,
a fim de promover a saúde ou prevenir doenças dos animais. Portanto, a
Fisioterapia Veterinária trabalha com reabilitação funcional e controle da dor,
também pode ser aplicado para a melhoria da condição física. Através dela o
veterinário define técnicas, métodos e produtos, selecionando o tratamento mais
adequado após realização do diagnóstico do animal.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa caracteriza-se pela abordagem critico dialética, pois
tem como objetivo analisar os produtos utilizados na fisioterapia de cães em
clínicas de fisioterapia veterinária e atendimento a domicilio, discutindo a
forma como estes são utilizados, e enfim chegar a resultados que melhorem
os aspectos e/ou crie um novo produto a partir das funções atribuídas aos já
existentes.
Quanto aos objetivos, a pesquisa é de caráter explicativo, pois visa
relatar o uso dos aparelhos fisioterápicos na reabilitação de cães, analisando
o modo de funcionamento e a interação entre o veterinário, paciente e
produto; além de mostrar os resultados obtidos no tratamento de cães por
meio de exercícios terapêuticos, a partir de informações adquiridas através
de fisioterapeutas veterinários. Ao final, seguindo uma metodologia de
projeto na área de Design, propor modelo e/ou protótipo do produto
destinado à Fisioterapia em cães.
Em relação aos procedimentos técnicos são usados: pesquisa
bibliográfica para dar embasamento ao trabalho sobre conhecimentos nas
áreas de Fisioterapia Veterinária e Design; e pesquisa observacional com a
avaliação da interação do cão com os produtos disponíveis nas clínicas.
Os instrumentos de coleta são livros, periódicos e artigos relacionados
às áreas de Design de Produto, Ergonomia, Medicina Veterinária e
Fisioterapia Veterinária; pesquisa quantitativa e qualitativa, como
entrevistas; e também uso de máquina fotográfica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Há escassez de produtos industriais produzidos em série, projetados
especialmente para cães e que atendam a demanda de um mercado
específico de veterinária, destinada à reabilitação e estimulação motora de
cães (fisioterapia veterinária), visto que a maioria dos produtos utilizados é
adaptada de atividades físicas e da fisioterapia humana.
Somado à falta desse tipo de produto no mercado, destaca-se também
a ausência de clínicas especializadas em Fisioterapia Veterinária na região
metropolitana de Belém, fazendo com que os profissionais da área
necessitem deslocar seus equipamentos de trabalho para atender os
pacientes em domicílio ou em clínicas nas quais o fisioterapeuta é
contratado temporariamente, sendo que tais aparelhos fisioterápicos
ocupam espaços consideráveis quando transportados.
Considerando as questões anteriormente citadas, a ideia é desenvolver um
produto multifuncional que auxilie no tratamento de patologias em animais,
propondo uma nova solução que promova a recuperação motora de cães através da
Cinesioterapia, uma técnica da Fisioterapia Veterinária que consiste em exercícios
terapêuticos. A multifuncionalidade do aparelho visa solucionar problemas
relacionados ao transporte, armazenagem e diminuir as despesas dos veterinários
na compra de mais produtos de fisioterápicos.
Para tanto, selecionaram-se acessórios utilizados na cinesioterapia a serem
analisados segundo as suas funcionalidades. Para este projeto, foram escolhidos:
bola terapêutica, prancha de equilíbrio, trilha de obstáculos e colchão. Deste modo,
neste projeto se fará um estudo de cada um desses aparelhos e as funções dos
acessórios levantados serão aplicadas no produto a ser proposto.
Dentre as preocupações ergonômicas que deverão ser atendidas neste
projeto inclui-se a facilidade na manipulação do equipamento fisioterápico tanto
com relação à realização dos exercícios terapêuticos quanto no transporte desse
produto até o local de tratamento.
Todos esses aspectos serão considerados durante o projeto, porém sem
esquecer, é claro, do paciente (o cão) pensando em todas as exigências dimensionais
com base em dados de produtos que já existam e na adaptação adequada que foram
feitas utilizando os acessórios da fisioterapia humana.
Ressalta-se que o projeto ainda está andamento, portanto, os
resultados ainda são parciais. Foram realizadas pesquisas sobre o tema,
reunindo referenciais teóricos; bem como estudo de campo, com
acompanhamento do fisioterapeuta veterinário em sessões; e definição do
produto, sem a produção do modelo.
CONCLUSÃO:
A relevância desse projeto caracteriza-se principalmente por trazer
conhecimento para a sociedade e para a universidade, à medida que oferece
um banco de dados e informações sobre o tema ainda não trabalhado na
Universidade do Estado do Pará, incentivando pesquisas futuras e
intervenções de profissionais que venham agregar conhecimentos,
atendendo ao mercado e melhorando a qualidade de vida dos animais. Bem
como, destacar a importância do designer no projeto de produto mostrando
seu caráter inovador, como o agente que agrega valor aos bens que produz.
REFERÊNCIAS
BAXTER, Mike. Projeto de Produto: guia prático para o desenvolvimento de
novos produtos. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2000.
CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Editora
Blucher, 2008.
DIJON, Moraes. Limites do design. 2. ed. São Paulo: Studio Nobel, 1999.
FOGLE, Bruce. 100 perguntas que seu cão faria ao veterinário, se ele
pudesse falar. São Paulo: Nobel, 1995.
FONSECA, A. J. H. Sistematização do processo de obtenção das
especificações de projeto de produtos industriais e sua implementação
computacional. 2000. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.
FOSSUM, Theresa Welch. Cirurgia de pequenos animais. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
GOMES FILHO, João. Ergonomia do Objeto: sistema técnico de leitura
ergonômica. São Paulo: Escrituras, 2006.
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher, 1990.
Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
LEVINE, D. et al. Reabilitação e fisioterapia na prática de pequenos
animais. São Paulo: Roca, 2008.
LÖBACH, Bernd. Design Industrial: bases para a configuração dos produtos
industriais. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.
MIKAIL S.; PEDRO, R. C. Fisioterapia Veterinária. Barueri, São Paulo:
Manole, 2006.
MONT‟ALVÃO, Cláudia ; DAMAZIO, Vera. Design, Ergonomia e Emoção.
São Paulo: Mauad, 2008.
MORAES, A.; MONT‟ALVÃO, C.. Ergonomia: Conceitos e Aplicações. Rio de
Janeiro: 2AB Editora, 2000.
MUNARI, Bruno. Das Coisas Nascem Coisas. São Paulo: Martins Editora,
2008.
SILVA, D. T; ALVES, Gislaine Caetano; Filadelpho, André Luis.
Fisioterapia aplicada à Medicina Veterinária-Revisão. Revista Científica
Eletrônica de Medicina Veterinária, São Paulo, n.11, jul. 2008.
STAND-BY: CADEIRA DOBRÁVEL PARA USO EM REPARTIÇÕES
PÚBLICAS
Milene Miranda Lucas39
Antonio Jorge Fernandes Fonseca 40
Resumo: Este trabalho tem como objetivo projetar um móvel para ser
utilizado em repartições públicas a fim de suprir demanda superior a que
normalmente frequenta estas instituições. Para tal, explana sobre a
qualidade do atendimento nas repartições públicas, inserindo o mobiliário
como um indicador desta qualidade; perpassa sobre armazenagem aplicada
ao móvel; comenta sobre ergonomia indicada para móveis e, por fim,
apresenta o projeto do móvel que resulta da conjugação dos itens
apresentados nas áreas ora elencadas.
Palavras-chave: Mobiliário; qualidade no atendimento; repartições públicas;
armazenagem.
INTRODUÇÃO:
Em virtude de observações diretas do movimento de pessoas nas
repartições públicas à procura de atendimento, detectou-se que em muitas
situações a quantidade de usuários excede a capacidade de acomodação do
órgão. Como os serviços que as instituições públicas oferecem são, na sua
maioria, de sua exclusiva competência, os usuários acabam tendo que
permanecer no local, mesmo não estando minimamente acomodados. Caso o
atendimento se estenda, isso pode gerar tensão nos usuários.
Pelo lado do órgão público, pode servir de justificativa para essa
insuficiência se tratar de uma procura excepcional que foge ao seu
funcionamento rotineiro.
Em muitos casos, essa “procura excepcional” já é esperada em certos
períodos, mas mesmo assim as repartições não investem para ampliar a sua
capacidade de acomodação. Isso acontece ou porque esses órgãos não
dispõem de espaço físico para tal ou porque despenderiam recursos para a
39 Estudante do 4º ano do curso de design da Universidade do Estado do Pará (UEPA).
E-mail: [email protected]. 40 Professor Doutor, orientador. Universidade do Estado do Pará, [email protected]
compra de novos móveis que, tirando esses “períodos excepcionais”, ficariam
subutilizados.
Diante dessas circunstâncias, seria oportuno o projeto de um
móvel que, não fazendo parte dos móveis permanentemente expostos,
pudesse ficar ao alcance dos cidadãos para ser utilizado quando não
houvesse assentos disponíveis nos móveis permanentes, sendo possível a sua
remoção imediata após o uso. Desta forma, estes móveis não ocupariam
muito o espaço físico da repartição quando não estivessem sendo usados.
Isso iria maximizar o aproveitamento do espaço e mitigar o principal
entrave que poderia ser colocado pelo órgão público para não ampliar a sua
capacidade de acomodação.
Este trabalho tem, então, como objetivo principal projetar um
móvel que acomode demanda superior a que normalmente frequenta as
repartições públicas e que tenha boa capacidade de armazenamento para
maximizar o aproveitamento do espaço, sendo também de fácil utilização.
METODOLOGIA:
Para permitir que o objetivo principal traçado se efetive, será feita
pesquisa bibliográfica em torno das áreas relacionadas, a saber: design de
móveis; ergonomia; armazenamento e atendimento nas repartições públicas.
Além desta, será feita pesquisa documental em leis e normas (leis que
regulam o atendimento público e normas que tratam de materiais e outros
aspectos de interesse). Será feito, também, levantamento fotográfico do setor
de atendimento das repartições públicas e, por fim, o projeto do móvel que
resultará dessa pesquisa e de acordo com metodologia projetual do design.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Esta pesquisa encontra-se em andamento, mas já foi possível verificar
que para melhorar o uso do espaço o indicado é que a instituição disponha,
juntamente com as cadeiras acopladas que normalmente possuem, de
cadeiras unitárias para ocupar os espaços menores do setor de atendimento.
Além disto, para que essas cadeiras soltas não ocupem em demasia o espaço
quando não estejam sendo utilizadas, elas serão compactadas
horizontalmente.
Esse móvel não ficará permanentemente exposto no setor de
atendimento já que se destinam apenas ao suprimento de procura mais
elevada. Portanto, essas cadeiras devem ficar armazenadas em lugar visível
e de fácil acesso para os usuários, de modo que os próprios possam acioná-
las na falta de assento nas cadeiras permanentes. Como são os próprios
usuários que as manusearam, será grande a preocupação com o mecanismo
de dobradura do móvel que deverá ser feito a partir de poucos movimentos.
Para permitir a fácil movimentação das cadeiras, será utilizado um suporte
no espaço destinado à locação estática dos móveis que os sustentarão e os
manterão em fileira – dado que serão armazenados horizontalmente.
A cadeira será colocada nesse suporte por meio do seu encosto que
apresentará um formato compatível com ele e com a disposição que terá. A
interação do suporte com o encosto será similar a interação dos cabides com
as araras de roupas. Essa forma de armazenagem facilita tanto a retirada
quanto a reposição do móvel no seu lugar de origem.
Na fase final, se dimensionará e se indicará os materiais e o processo
de produção deste móvel para que se possa, posteriormente, fazer o protótipo
e testá-lo.
CONCLUSÃO:
Espera-se que, com a conclusão desta pesquisa e com o teste que se
fará com o protótipo , que o móvel resultante possa efetivamente atender ao
objetivo principal ao qual se propõe, sendo possível a sua produção e
posterior uso por parte dos cidadãos que se dirigem aos orgãos públicos em
busca de atendimento que constituem, afinal, o público-alvo deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANDRADE, Flávia Cristina Moura de. Direito Administrativo. 2. ed. São
Paulo: Premier Máxima, 2008.
BAXTER, Mike. Projeto de Produto: Guia prático para o Design de novos
produtos. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2000.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm>acesso em: 2 de jul.
de 2012.
BÜRDEK, Bernhard E. Design e história. In:______. Design: história, teoria
e prática do design de produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 2006, p.17-59.
CRUZ, Márcio Vicente. Usuário ou Cliente do Serviço Público: Questão de
semântica ou mudança de paradigma? [200-]. Disponível em:
<http://tjsc25.tjsc.jus.br/academia/arquivos/Artigo_TCC_Marcio_Vicente_Cr
uz.pdf> acesso em: 29 mar 2012.
DENIS, Rafael Cardoso. Uma Introdução à História do Design. São Paulo:
Edgard Blucher, 2000.
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard
Blüncher, 1995.
LÖBACH, Bernd. Design Industrial: Bases para a configuração dos produtos
industriais. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2.ed. São Paulo: Edgard
Blüncher, 2005.
MAFRA, Valmir. Armazenagem Vertical. [200-]. Disponível em:
<http://www.fatesc.edu.br/
wp-content/blogs.dir/3/files/pdf/tccs/armazenagem_vertical.pdf> acesso em:
24 de jul de 2012.
MORAES, Anamaria de; FRISONI, Bianka Cappucci. Ergodesign: produtos
e processos. Rio de Janeiro: 2AB, 2001.
MOURA, Reinaldo A. Sistemas e Técnicas de Movimentação e
Armazenagem de Materiais. São Paulo: IMAM, 1998.
NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil: origens e instalações. 4.ed. Rio de
Janeiro: 2AB, 2007.
SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Móvel Moderno no Brasil. São Paulo:
Studio Nobel: FAPESP: Edusp, 1995.
TRANSPORTE PARA A INTEGRAÇÃO DO ESTADO.
Alexandre Mattos Borges da Costa41
Manoel Alacy Rodrigues42
Resumo: Os sistemas de transporte são ineficientes em seu funcionamento,
resultando em cidades e regiões isoladas da capital e do Brasil. Os altos
custos e baixa qualidade geram um efeito em cadeia encarecendo os
produtos e serviços, agravando as desigualdades entre cidades do interior do
estado e Belém, assim como afeta o desenvolvimento geral do estado. Este
trabalho tem como finalidade discutir os sistemas de transportes vigentes no
estado.
Palavras-chave: transporte, integração, veículo.
INTRODUÇÃO:
As obras de maior importância na integração do Norte na malha
rodoviária brasileira foram a Belém- Brasília e a Transamazônica. Ambos os
projetos realizados por governos sem respeito às particularidades regionais
ou com a devida integração da Amazônia.
A deficiência nos transportes gera uma reação em cadeia de aumento
de custo, que é repassada ao mercado, tornando muitos serviços e produtos
mais caros. A escolha de um sistema rodoviário integrando um país tão
grande quanto o Brasil foi uma jogada histórica para atrair capital e
montadoras estrangeiras para o mercado brasileiro, porém ainda hoje
sofremos o peso deste erro. A ineficiência do transporte rodoviário aliado ao
planejamento mal feito, quando ainda é feito algum planejamento, das
autoridades responsáveis.
Durante a implantação do sistema rodoviário brasileiro na região
norte, realizada durante o mandato de Juscelino Kubitschek, não houve
preocupação em integrar cidades e capitais de forma efetiva, nem mesmo de
ligar as duas metrópoles amazônicas (Belém e Manaus). Concentraram-se
em submeter o Norte ao Centro-oeste e a Brasília. Além de ajudar na criação
41 Graduando em bacharelado em Design. [email protected] 42 Professor Mestre, orientador. Universidade do Estado do Pará,
da malha rodoviária, que agradava as montadoras automobilísticas que
Juscelino Kubitscheck atraia para o território nacional
A política dos militares durante a ditadura para a região Norte
continha o lema “integrar para não entregar”, com o temor da perda das
riquezas nacionais, o Estado queria melhorar a integração e assim a
exploração da floresta amazônica.
Não houve prolongadas discussões por parte dos civis sobre para
onde a estrada deveria ir e que cidades e vilas deveria interligar.
Os oficiais militares e seus aliados tecnocratas traçaram uma reta
através da bacia amazônica, e era por aí que a estrada passaria.
(CAMPOS; MIRANDA apud DROSDOFF, 2005, p.594)
METODOLOGIA:
A pesquisa realizada é de caráter crítico-dialético, visto que necessita
da observação, pesquisa e levantamento de dados sobre as vias de
transporte utilizadas no estado do Pará, assim como sua história. Após
identificar os principais meios de transporte, suas épocas e o motivo de
serem empregados, utilizar tais informações para formular um conceito de
como poderia ser o sistema de transporte de um futuro próximo. Tendo em
vista um veículo base que seria idealizado especialmente para o estado, com
possível extensão para a região Norte.
O processo Metodológico foi realizado a partir de uma pesquisa
bibliográfica sobre a história da integração do estado do Pará e da
Amazônia, assim como dados sobre seus sistemas de transporte e normas.
Gerar um levantamento fotográfico dos meios de transporte vigentes no
estado, para também embasar a elaboração de um veículo que vise à melhor
integração do estado, concebido através da metodologia de projeto de
produto utilizada no Design.
Procedimentos Técnicos ou Metodológicos: o processo Metodológico
procederá a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre a história da
integração do estado do Pará e da Amazônia, assim como dados sobre seus
sistemas de transporte e normas. Gerar um levantamento fotográfico dos
meios de transporte vigentes no estado, para também embasar a elaboração
de um veículo que vise à melhor integração do estado, concebido através da
metodologia de projeto de produto utilizada no Design.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ferroviário: uma das formas de transporte mais eficientes. Sem
duvida uma solução que poderia melhorar o transporte não apenas no
estado do Pará, mas em todo o território nacional. A partir de dados
recolhidos, podemos ver o exemplo do trem da empresa Vale, que atua no
estado extraindo minério:
• Cada trem possui 332 vagões em média.
• Cada vagão possui uma capacidade de carga em torno de 105
toneladas (ou seja, cada trem carrega cerca de 34.860 toneladas de minério).
• No trem existe uma locomotiva para cada 110 vagões
• Todas as locomotivas são comandadas por um único
maquinista, a automação e redução de serviços humanos reduziram os
acidentes para zero dês de sua instalação (podemos concluir que a falha
humana é responsável pela maioria dos acidentes de transporte).
• O sistema de interação entre as locomotivas funciona via rádio,
e controla o sistema de freio pneumático (“tubarão de ar”).
• O gasto médio de combustível por quilometro é de 1,41 MTKH
(MTKH = milhões de toneladas por quilômetro por hora).
• Seu combustível e 20% biodiesel e 80% diesel normal.
• A ferrovia passa por uma faixa de duas horas de manutenção
diária durante a manutenção programada.
• A velocidade máxima permitida é de 80 quilômetros por hora.
Fluvial: sendo a forma ambientalmente mais correta, e possuindo um
bom aproveitamento de combustível por carga, devido às propriedades da
água, também se adéqua na busca da integração de cidades ribeirinhas. Sua
proximidade com a natureza também torna este meio de transporte atraente
para o ecoturismo, tendo uma produção nacional e local (as locomotivas são
importadas dos Estados Unidos e os vagões de países como a China), torna-
se o barco a melhor escolha para o projeto.
CONCLUSÃO:
É um fator relevante não haver uma fabricação nacional de trens ou
partes de trens, sendo as locomotivas importadas dos Estados Unidos e os
vagões de países como a China. Logo não poderia ser esta a forma de veículo
escolhida, deixando claro, porém que seu uso de forma estratégia e
integrada aos outros modos de transporte poderia solucionar os problemas
citados.
O projeto do veículo escolhido (um barco) ainda está em andamento,
por tanto não consta neste resumo. Como fala Manzini (2010), a nova
economia não se baseia em bens de consumo, pois este é insustentável
ambiental e economicamente, para promover o transporte público com
soluções inovadoras é preciso criar uma rede complexa de produtos e
serviços baseados na interação.
Para a integração eficiente do estado, deve-se antes repensar a forma
de se transportar, reorganizando e inter-relacionando os sistemas de
transporte de forma inteligente e estudada. Sendo a participação do meio
acadêmico um fator decisivo para o melhor resultado possível, de forma que
o veículo seria apenas uma unidade dentro do sistema de transporte, não
sendo assim capaz de integrar a região por si só, mas necessitando de um
contexto que aproveite suas características, para então, ser uma peça chave
na integração do estado.
REFERÊNCIAS:
MUNARI, Bruno. Das Coisas Nascem Coisas. 2ª.ed. São Paulo: Martins, 2008.
LÖBACH, Bernd. Design Industrial: bases para a configuração dos produtos
industriais. São Paulo (SP): Blücher, 2001, reimpressão 2009.(Tradutor Freddy
Von Camp)
BAXTER, Mike. Projeto de Produto. 2ª.ed. São Paulo (SP): Blücher, 2008.
GOMES, Luiz Vidal Nogueira. Criatividade: projeto, desenho, produto. Porto
Alegre: sCHDs, 2001.
MORÁES, Dijon De. Metaprojeto. São Paulo (SP): Blücher, 2010.
NIEMEYER, Lucy. Elementos de Semiótica Aplicados ao Design. Rio de Janeiro
(RJ): 2AB, 2003.
CAMPOS; MIRANDA, Flavio de; Renan Garcia. A Escrita da História. São
Paulo (SP): editora Escala Educacional, 2005.
WOLLNER, Alexandre. Textos Recentes e Escritos Históricos. São Paulo (SP):
Inovação Distribuidora, 2002.
VOTOLATO, Gregory.Transport Design: a travel history. Londres: editora
Reaktion Books, 2007.
UTILIZAÇÃO DE MANTAS DE FIBRA DE MIRITI PARA ISOLAMENTO
ACÚSTICO DE INTERIORES: SOLUÇÃO SUSTENTÁVEL PARA
DIMINUIÇÃO DE RUÍDOS URBANOS.
Núbia Suely da Silva Santos43
Samantha Vale Andrade Sousa44
Resumo: A pesquisa sobre utilização de fibras naturais em diferentes
campos da indústria, tem se tornado uma necessidade crescente dentro do
campo de engenharia de materiais e design do produto, este trabalho visa
apresentar a pesquisa a ser feita acerca da aplicação da fibra de miriti no
campo do isolamento acustico
Palavras-chave: Engenharia de Matérias, Ecodesign, Design de Produto
INTRODUÇÃO:
A poluição sonora é hoje, depois da poluição do ar e da água, o problema
ambiental que afeta o maior número de pessoas. Estas, quando submetidas
a níveis exagerados de ruído, podem ser fisiológicas e/ou psicologicamente
lesionadas, podendo apresentar estresse, dificuldades mentais e emocionais,
e até perdas auditivas progressivas, muitas das vezes irreversíveis. Assim, o
que antigamente era restrito a situações ocupacionais, hoje é encarado como
uma fonte de problemas físicos, psicológicos e sociais
.
Para proporcionar um maior controle de ruídos em ambientes fechados,
utiliza-se de materiais de absorção sonora, onde a parte da energia acústica
se transforma em energia térmica, pela viscosidade do ar, que ocorre tanto
em materiais porosos quanto em fibrosos.
Utilizar fontes renováveis, como a fibra de Miriti, para diminuir os efeitos
sonoros na criação de mantas para isolamento acústico, propõe obter
resultados no que diz respeito à sustentabilidade e inovação,quanto a sua
utilização.
A atenção para a sustentabilidade tem sido uma das principais pautas de
discussão em todo mundo, problemas ambientais e necessidades de novos
produtos têm prosseguido junto a conseguir o mesmo interesse, remediar os
transtornos sonoros causados pelo próprio desenvolvimento da sociedade,
utilizando de fontes renováveis como resposta ao problema. 43
Professora Doutora, orientadora. Universidade do Estado do Pará.
Graduanda em Bacharelado em Design, Universidade do Estado do Pará, [email protected]
METODOLOGIA:
As mantas de fibras naturais a serem estudadas neste projeto são feitas
a partir do cozimento e alinhamento das fibras de Miriti, são resultados
obtidos da pesquisa de iniciação cientifica edital Nº 28/2011 “ESTUDO DA
ADEQUAÇÃO DO PERCENTUAL DE FIBRAS VEGETAIS NA ETAPA DE
RECICLAGEM DO PAPEL PÓS-CONSUMO: DESENVOLVENDO PAPÉIS
ECOLÓGICOS E DIMINUINDO O IMPACTO AMBIENTAL DE
RESÍDUOS SÓLIDOS”. As mantas serão utilizadas em testes para avaliar
as características de isolamento acústico.
O projeto será desenvolvido em duas etapas:
Caracterização mecânica das amostras obtidas e classificá-las
conforme resultados obtidos.
Avaliar as características físicas de densidade, textura das
amostras produzidas para definir aplicação do novo produto;
A etapa de experimentação e processamento dos materiais pesquisados
para uma possível aplicação será analisada através da metodologia do ciclo
de vida, abordada por Manzini e Velozzi (2002).
O pensamento sobre o ciclo de vida torna-se então, necessário
para o desenvolvimento de um produto sustentável, ou de
baixo impacto ao meio ambiente, quer seja na escolha de
materiais e insumos, no baixo consumo de energia durante o
processamento ou uso, ou na reciclagem do produto após o
descarte (MANZINI & VEZZOLI, p 96).
Etapas:
1ª Etapa: Revisão Bibliográfica;
Preparo e organização dos equipamentos no laboratório de materiais para
desenvolver a parte experimental do projeto;
2ª Etapa
Classificação e seleção das mantas quanto a gramatura, e suas
propriedades acústicas
Testes de densidade, porosidade, tensão de ruptura
3ª Etapa
Desenvolvimento do produto:
protótipo
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O interesse em utilizar fibras vegetais em grandes indústrias de
plásticos e automotivas vem sendo recuperado atualmente,principalmente
pelas suas vantagens em comparação as fibras inorgânicas/minerais que são
utilizadas em formulações com as mais variadas resinas,borrachas e
plásticos,que sendo caras são tóxicas .As fibras naturais são de fontes
renováveis ,biodegradáveis e principalmente de baixo custo além de serem
mais leves e possuírem perspirabilidade, ou seja a capacidade de absorver
umidade.
As fibras são materiais muito finos e alongados, como filamentos,
podendo ser contínuos ou cortados. Servem de matéria-prima para
manufatura, podendo ser fiadas, para a formação de fios, linhas ou cordas ou
dispostas em mantas, para a. Partindo da pesquisa da reciclagem de papel e
mistura com a fibra de Miriti,foram geradas as primeiras mantas da fibra.
Toda fibra é um polímero e sua classificação é feita a partir de seu nível
de polimerização. As fibras que são utilizadas em manufatura são
classificadas de acordo com origem, que pode ser natural (animal ou vegetal)
se artificial ou sintética.
Ao substituir as fibras sintéticas pelas mantas feitas a partir da fibra do
Miriti, estas serão testadas quanto ao isolamento e propriedades acústicas
para a otimização em espaço fechados,melhorando sua capacidade acústica
As fibras naturais são fibras retiradas prontas da natureza,
sendo as mais comuns o algodão, a lã, a seda, o linho e o
rami, todas, fibras vegetais. Fibras vegetais essas que,
antigamente, foram largamente empregadas na indústria
automobilística, como foi o caso de compósitos de látex de
borracha natural reforçado com fibra de coco para uso em
estofamentos de automóveis (MARROQUIM, 1994).).
CONCLUSÃO:
As diversidade de espécies de fibras naturais existentes na região
amazônica, possuem um grande potencial como materiais alternativos aos
utilizados em diversos segmentos da indústria brasileira, esta possibilidade,
porém, é pouco pesquisada; limitando a aplicação destes materiais e
produção de novas tecnologias.
A importância desta pesquisa, portanto, esta em dar continuidade aos
experimentos já existente com a fibra do miriti e pesquisar como esta pode
ser utilizada em tecnologias de absorção sonora, utilizando corretamente
suas peculiaridades para o desenvolvimento de produtos e materiais que
gerem qualidade de vida e não sejam agressivos ao meio ambiente;
ampliando, desta forma, a pesquisa na área de processo e fabricação de
materiais a partir de fibras naturais.
.
REFERÊNCIAS
MANZINI, E. e VEZZOLI, C. O desenvolvimento de Produtos Sustentáveis:
os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: EDUSP, 2008
MARROQUIM, S. Uso da fibra de coco e látex na engenharia automotiva:
memorial da Crina-Látex do Brasil. Abreu e Lima: ABRACOCO, 1994.
BASTOS, L.P. Desenvolvimento e Caracterização Acústica de painéis
multicamadas unifibra, multifibra e mesclados, fabricados a partir de fibras
vegetais. Belém: UFPA, 2009. Programa de pós-graduação em engenharia
mecânica, Instituto de Tecnologia, Universidade Federal do Pará, 2009.