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Comité Económico e Social Europeu

EUR/005Análise Anual do Crescimento 2013

Bruxelas, 13 de fevereiro de 2013

PARECER do

Comité Económico e Social Europeu sobre a

Comunicação da Comissão – Análise Anual do Crescimento 2013 COM(2012) 750 final

_____________

Relator-geral: Xavier Verboven _____________

EUR/005 – CES2595-2012_00_00_TRA_AC EN-NB/TB/NBr/TBr/IG/IVr/hlm/gc/em

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Em 19 de dezembro de 2012, a Comissão Europeia decidiu, nos termos do artigo 304.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, consultar o Comité Económico e Social Europeu sobre a

Comunicação da Comissão – Análise Anual do Crescimento 2013COM (2012) 750 final.

Em 13 de novembro de 2012, a Mesa do Comité decidiu incumbir o Comité de Pilotagem para a Estratégia Europa 2020 da preparação dos correspondentes trabalhos.

Dada a urgência dos trabalhos, o Comité Económico e Social Europeu designou relator-geral Xavier Verboven.

Na 487.ª reunião plenária de 13 e 14 de fevereiro de 2013 (sessão de 13 de fevereiro), o Comité Económico e Social Europeu adotou, por 179 votos a favor, 4 votos contra e 7 abstenções, o seguinte parecer:

*

* *

1. Conclusões e recomendações

1.1 O Comité chama a atenção para o facto de se publicar a Análise Anual do Crescimento deste ano num contexto marcado por perspetivas económicas e laborais desanimadoras, mas também por novas medidas e compromissos, como sejam o Pacto para o Crescimento e o Emprego ou a profunda reformulação da governação política da UE. Insiste na necessidade de uma aplicação célere e equilibrada do Pacto para o Crescimento e o Emprego e das medidas destinadas a quebrar a ligação entre bancos e Estados, incluindo a União Bancária e o novo programa do BCE (Transações Monetárias Definitivas), pois são uma componente essencial da retoma da economia e do restabelecimento da confiança.

1.2 Embora haja dúvidas quanto à capacidade da UE para atingir atempadamente os objetivos da Estratégia Europa 2020, o CESE lamenta que a Análise Anual do Crescimento de 2013 não analise as causas da falta de progresso no sentido da sua consecução.

1.3 Tendo em conta o estado catastrófico da economia, as suas consequências negativas para a coesão social, os níveis elevados e crescentes de desemprego e o aumento da pobreza, o Comité adverte para a continuação da atual política de austeridade e para as graves consequências de uma recessão profunda e prolongada, que poderá fragilizar estruturalmente a economia e comprometer a sua transição para um modelo ambientalmente sustentável. Inúmeros outros atores da cena política internacional têm vindo a exprimir idênticas preocupações em relação à situação na Europa e ao impacto da austeridade no crescimento económico.

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1.4 No tocante ao conceito de consolidação orçamental «favorável ao crescimento», o Comité já anteriormente1 se pronunciou pela consolidação das finanças públicas ao longo de um período tão flexível quanto possível, a fim de não tolher a dinâmica de crescimento e de assegurar um equilíbrio «inteligente» entre receitas e despesas, oferta e procura. Também torna a alertar para o perigo de se fragilizar os sistemas de serviços públicos e solidariedade coletiva, de modo a não enfraquecer a segurança social contra os riscos maiores da sociedade (desemprego, doença, envelhecimento) e a prevenir o aumento de poupanças preventivas.

1.5 No atinente ao conceito de consolidação orçamental «diferenciada» e à proposta no sentido de que os Estados-Membros a braços com uma crise financeira adotem «um rápido ritmo de ajustamento orçamental», permitindo que noutros Estados-Membros os estabilizadores automáticos desempenhem o seu papel, o Comité duvida que este tipo de combinação de políticas funcione. Com efeito, poderá ainda repercutir-se de modo extremamente negativo no conjunto da zona do euro e, em particular, nos Estados-Membros que já estão a atravessar uma recessão profunda induzida pela austeridade. Simultaneamente, é claro que, para sair da crise, algumas economias têm de se esforçar mais do que outras.

1.6 O Comité está apreensivo em relação a políticas económicas desequilibradas e ao forte peso que se tem atribuído à austeridade. O Comité considera que a consolidação orçamental destinada a corrigir graves desequilíbrios orçamentais requer um horizonte temporal mais longo e apela a que se equilibre o calendário de consolidação orçamental com um Pacto para o Crescimento e o Emprego substancialmente reforçado e concreto.

1.7 A Análise Anual do Crescimento de 2013 parece justificar a consolidação orçamental com base na necessidade de confiança, em particular por parte dos mercados financeiros. Embora reconheça a importância do acesso ao crédito e do saneamento do setor dos mercados financeiros, o Comité deseja frisar que a confiança das famílias e das empresas é igualmente importante, sendo que não poderá haver um clima de confiança se as empresas estiverem preocupadas com a procura e as pessoas com o seu emprego, salário ou segurança social. A confiança dos mercados financeiros e a confiança dos produtores e dos consumidores têm de andar de mãos dadas.

1.8 O Comité apela a uma ação decisiva para retomar o crescimento, o emprego e a competitividade na economia europeia, e convida a atual Presidência a promover com determinação uma agenda de crescimento. Impõem-se medidas ambiciosas em matéria de crescimento e de emprego, a par de uma política de investimento que incida tanto na recuperação a curto prazo como numa transformação estrutural da economia europeia para responder aos reptos fundamentais da sustentabilidade, de mais e melhor emprego, da convergência social ascendente e da competitividade assente na inovação.

1 JO C 248 de 25.8.2011, pp. 8-15.

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1.9 É de importância capital que às políticas de relançamento da economia se sigam políticas de rigor orçamental2.

A nova abordagem política para o futuro da Europa tem de se basear numa série de princípios. A concorrência entre os Estados-Membros deve dar lugar a uma abordagem europeia plurianual e altamente inclusiva a nível supranacional. As forças de mercado, em particular dos mercados financeiros, devem pautar-se por prioridades políticas assentes em processos de decisão democráticos. O financiamento deverá ser robusto, mas também justo e distribuído com equidade. As regiões mais fortes precisam de apoiar as mais fracas, ajudando-as no processo de recuperação no sentido de uma economia mais produtiva, inovadora e robusta. Por outro lado, cabe aos Estados-Membros em posição de gerar receitas fiscais adicionais aplicá-las na redução da sua dívida.

1.10 O Comité congratula-se com o Pacto para o Crescimento e Emprego e convida a Comissão e o Conselho Europeu a implementá-lo com rapidez, indo mais longe, de modo a transformá-lo num vasto programa europeu de investimento. Reitera, por isso, o seu apelo a um orçamento reforçado em conformidade com as ambições da UE e os desafios que enfrenta, preconiza um acordo célere sobre o próximo Quadro Financeiro Plurianual e apela à atribuição de um papel de destaque ao BEI, que trata de projetos com elevado potencial de criação de emprego (como projetos para PME, infraestruturas essenciais, energia e clima).

1.11 O CESE reafirma igualmente a importância da política de coesão para lograr a convergência em toda a UE.

1.12 No relançamento do crescimento, o Comité reitera o potencial do mercado único e a necessidade de inovação para a competitividade da economia europeia. Sublinha o importante papel das empresas, em particular das PME, do empreendedorismo e da criação de empresas, das empresas sociais e das cooperativas no âmbito do processo de recuperação.

1.13 Dada a interligação dos aspetos financeiros, económicos, sociais e ambientais da crise, o CESE realça a necessidade de conferir mais atenção à ecologização da economia e do Semestre Europeu e insta a um maior envolvimento da sociedade civil nestes domínios.

1.14 No respeitante ao emprego e à atualização de competências, o CESE insiste na necessidade de investir na educação, na formação e na aprendizagem ao longo da vida (incluindo na formação no local de trabalho e na formação profissional no âmbito do sistema dual de aprendizagem), pondo cobro a situações de estrangulamento e de desadequação de competências.

2 ETUC/CES, BUSINESSEUROPE, UEAPME, CEEP, Joint statement on the Europe 2020 strategy [Declaração conjunta sobre a Estratégia Europa 2020], de 4 de junho de 2010.

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O Comité reitera o seu apelo no sentido de facilitar a participação no mercado de trabalho, melhorar os serviços públicos de emprego, intensificar as medidas ativas a nível do mercado de trabalho e apoiar o espírito empresarial e o trabalho por conta própria. Há que envidar todos os esforços possíveis para mobilizar investimentos com impacto elevado em termos de emprego.

O CESE remete para os seus pareceres mais recentes sobre estes temas, estando atualmente a elaborar pareceres específicos sobre o «Pacote para o Emprego dos Jovens»3 e sobre as «Orientações para as políticas de emprego dos Estados-Membros»4.

O Comité assinala que a Análise Anual do Crescimento de 2013 promove a flexibilidade no mercado de trabalho, dedicando pouca ou nenhuma atenção à questão da segurança. Invoca pareceres anteriores, em que chamava a atenção para a necessidade de estabelecer um equilíbrio entre flexibilidade e segurança, salientando que, em matéria de flexigurança, «é essencial criar um diálogo social forte e dinâmico, no qual os parceiros sociais participem ativamente e possam negociar, influenciar e assumir responsabilidades»5.

No respeitante aos salários, o Comité receia que as reformas estruturais desencadeiem uma concorrência entre os Estados-Membros. Reitera que as reformas respeitantes à fixação dos salários devem ser negociadas a nível nacional entre os parceiros sociais e solicita, assim, à Comissão que clarifique o seu ponto de vista em matéria de salários, inflação e produtividade.

1.15 O Comité entende que cabe prestar mais atenção à questão da equidade e justiça social. Os custos e os benefícios das reformas têm de ser partilhados por todos (trabalhadores, famílias, empresas) de modo equitativo.

1.16 O Comité reputa necessário envidar esforços adicionais para assegurar que os sistemas de proteção social neutralizam eficazmente os efeitos da crise, bem como para promover a inclusão social e implementar uma «estratégia ativa de inclusão» com vista a garantir um mercado de trabalho inclusivo e combater a pobreza.

1.17 Por fim, o CESE insiste na necessidade de melhorar a responsabilidade democrática e a legitimidade dos vários processos do Semestre Europeu, assim como a coordenação das políticas económicas nacionais. O diálogo social e civil é essencial para gizar e implementar adequadamente as políticas e as reformas e, por conseguinte, tem de haver cooperação estreita e concertação com os parceiros sociais. O Comité preconiza um papel mais forte para os parceiros sociais e a sociedade civil organizada a nível europeu e, em particular, a

3 Anteprojeto de parecer do CESE (Secção Especializada de Emprego, Assuntos Sociais e Cidadania) sobre a comunicação da Comissão «Pacote para o emprego dos jovens», COM(2012) 727 final (SOC/474 - CES2419-2012_00_00_TRA_APA) – em curso.

4 Parecer do CESE sobre a «Proposta de decisão do Conselho relativa às orientações para as políticas de emprego dos Estados-Membros», (SOC/477 - CES112-2013_00_00_TRA_AC),- fevereiro de 2013, ainda não publicado no Jornal Oficial.

5 JO C 211/48 de 19.8.2008, pp. 48-53.

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nível nacional. De uma maior participação dos parceiros sociais deverá resultar maior implementação.

2. Introdução

2.1 A comunicação da Comissão relativa à Análise Anual do Crescimento para 2013, que abre o Semestre Europeu, define o que, em seu entender, deverão ser as prioridades gerais para 2013 no plano orçamental, económico e social. O processo do Semestre Europeu visa melhorar a coordenação das políticas económicas e sociais na Europa a fim de realizar os objetivos fundamentais da Estratégia Europa 2020 para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

2.2 A Análise Anual do Crescimento deverá refletir-se nas decisões nacionais em matéria de economia e orçamento que os Estados-Membros estabelecerão nos respetivos programas de estabilidade e convergência e nos programas nacionais de reformas.

2.3 Dada a necessidade de promover a retoma e restabelecer a confiança, a Comissão entendeu que as cinco prioridades identificadas em 2012 continuavam válidas em 2013, nomeadamente: prosseguir a consolidação orçamental diferenciada e favorável ao crescimento; restabelecer as práticas normais de crédito à economia; promover o crescimento e a competitividade hoje e no futuro; encontrar uma solução para o desemprego e as consequências sociais da crise; e modernizar a administração pública.

2.4 O presente projeto de parecer examina a Análise Anual do Crescimento para 2013, contribuindo com observações e propostas.

- A parte 3 contém observações de caráter geral relacionadas com o contexto em que se inseriu a publicação da Análise Anual de Crescimento deste ano.

- A parte 4 avança observações e propostas específicas. Visto que a Europa não parece estar bem encaminhada para alcançar os objetivos da Estratégia Europa 2020, o parecer questiona a opção pela política de austeridade orçamental e o seu impacto na economia, no emprego e na coesão social. O parecer defende, pois, que neste momento cabe dar prioridade à economia real e a medidas relativas ao crescimento e ao emprego. Insta com os decisores europeus para – sobretudo na ótica do Conselho Europeu de março de 2013 – reorientarem o seu enfoque político em prol de políticas assentes numa abordagem de investimento à escala europeia, privilegiando a retoma da economia, a criação de emprego e o desafio do desenvolvimento sustentável. Por último, reitera a importância da participação da sociedade civil organizada e dos parceiros sociais na elaboração das políticas tanto a nível nacional como europeu.

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3. Observações na generalidade

3.1 A publicação da Análise Anual de Crescimento deste ano ocorreu num contexto difícil, marcado por previsões de emprego e de crescimento desanimadoras. O Comité subscreve a preocupação da Análise Anual do Crescimento quanto ao facto de a duração da crise não ter ajudado os Estados-Membros na prossecução dos seus esforços para alcançar os objetivos da Estratégia Europa 2020 em matéria de emprego, I&D, alterações climáticas/energia, educação e luta contra a pobreza, gerando ceticismo crescente quanto à capacidade da Europa para atingir essas metas.

O Comité assinala igualmente que a elaboração da Análise Anual do Crescimento para 2013 se enquadra num cenário pautado por acontecimentos sem precedentes. Por um lado, o Pacto para o Crescimento e o Emprego6 foi adotado pelo Conselho Europeu de junho de 2012. Por outro, introduziram-se mudanças fundamentais na arquitetura da governação da União (em particular, o reforço da supervisão mútua das políticas orçamentais), que resultaram da incapacidade da estrutura existente para lidar com a crise económica e evitar fenómenos de contágio, o que põe em causa a própria existência do euro e da União Europeia, para além de prolongar a recessão, gerando níveis elevados de desemprego. O Comité apela a uma aplicação célere e equilibrada destas medidas, pois elas são essenciais para a recuperação e o restabelecimento da confiança dos investidores, das empresas e dos consumidores.

3.2 O CESE chama a atenção para a recente publicação de dois documentos importantes – «Rumo a uma verdadeira União Económica e Monetária»7 e «Plano pormenorizado para uma União Económica e Monetária efetiva e aprofundada»8, objeto de um parecer atualmente em elaboração9.

O Comité congratulou-se com a posição de que é imperioso quebrar a ligação entre bancos e Estados, assim como com os primeiros passos no sentido de uma união bancária10. Foi assumido o compromisso de fazer «o necessário» para assegurar a estabilidade financeira, tendo-se o BCE comprometido a realizar ações relevantes para acalmar as tensões nos mercados da dívida soberana na Europa.

Uma união bancária contribuiria para que as famílias e as empresas da UE pudessem ter idêntico acesso ao crédito e permitiria que o mercado único voltasse a ganhar competitividade, a fim de cumprir os objetivos da Estratégia Europa 2020.

6 EUCO 76/12, pp. 7-15.7 Relatório pelo Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, de 5 de dezembro de 2012.8 COM(2012) 777/2 final, 30.11.2012.9 Anteprojeto de parecer da Secção Especializada da União Económica e Monetária e Coesão Económica sobre a

«Comunicação da Comissão – Plano pormenorizado para uma União Económica e Monetária efetiva e aprofundada – Lançamento de um debate a nível europeu», COM(2012) 777/2 final (ECO 340) – em curso de elaboração.

10 Ver parecer do CESE sobre o Pacote «União Bancária», CES2048/2012_00_00_TRA_AC., novembro de 2012, ainda não publicado no Jornal Oficial.

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4. Observações na especialidade e propostas

4.1 A Europa não está na via certa para alcançar os objetivos da Estratégia Europa 2020. Urge que os decisores políticos o reconheçam.

4.1.1 O Comité constata que, à parte uma breve referência em nota de pé de página a um relatório do Eurostat11, a Análise Anual de Crescimento praticamente não se pronuncia sobre a Estratégia Europa 2020, o que é lamentável. A comunicação apenas afirma que «de modo geral, a Europa ficou aquém dos seus objetivos». Falta, porém, uma análise adequada das causas exatas da falta de progresso na consecução dos objetivos da Estratégia Europa 2020, não se levantando sequer a questão sobre se as atuais opções políticas serão responsáveis por afastar ainda mais a UE da referida estratégia. O Comité apela a uma revisão radical do processo da Estratégia Europa 2020 e preconiza a reafetação de fundos estruturais para o cumprimento dos seus objetivos, equilibrando assim as políticas de austeridade e competitividade com políticas de crescimento, políticas de emprego e políticas sociais.

4.1.2 O Comité manifesta-se apreensivo em relação ao decréscimo contínuo da taxa de emprego na população entre os 20 e os 64 anos. Esta taxa baixou de 70,3% em 2008 para 68,6% em 2011, enquanto, segundo o objetivo da Estratégia Europa 2020, 75% da população na referida faixa etária deveria estar empregada. Em termos absolutos, a Europa perdeu cinco milhões de postos de trabalho durante este período12. Os efeitos deste fenómeno são patentes no aumento das taxas de desemprego, que atingem agora 10,7% na UE 27 e chegam mesmo aos 11,8% na zona do euro13.

A crise gerou níveis elevados de desemprego e, aliada aos cortes orçamentais nas despesas públicas na área social, acrescentou, entre 2009 e 2011, mais 5,9 milhões de pessoas aos 113,8 milhões que estão em risco de pobreza e de exclusão social na UE (24,2% da população)14.

A prosseguirem tais tendências, não se vê como será possível alcançar os objetivos da Estratégia Europa 2020 em matéria de emprego e no que toca a retirar 20 milhões de pessoas da situação de pobreza.

4.1.3 Em nítido contraste com outras grandes potências económicas mundiais, a economia europeia tornou a entrar em recessão em 2012, com previsões que apontam para um crescimento extremamente baixo em 2013 e uma recuperação incerta e igualmente fraca em 2014. Se não se mudar a orientação da política orçamental nem se implementarem outras políticas para

11 Eurostat, Statistics in focus, 39/2012, Estratégia Europa 2020 – em direção a uma economia mais inteligente, mais ecológica e mais inclusiva?

12 COM(2012) 750 final. 13 Comunicado de imprensa n.º 4/2013 do Eurostat, 8 de janeiro de 2013.14 Quadro Eurostat: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/tgm/table.do?

tab=table&init=1&plugin=0&language=en&pcode=t2020_50

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fomentar o crescimento e o emprego, o desemprego e a situação social irão piorar forçosamente.

4.1.4 O Comité observa que muitos atores da cena política internacional têm expressado idêntica preocupação com a situação da Europa. A OIT alertou para a possibilidade de a zona do euro perder mais 4,5 milhões de postos de trabalho se não houver uma mudança concertada de rumo da estratégia de austeridade15. As Nações Unidas, na sua apreciação global sobre a «Situação e perspetivas económicas mundiais em 2013»16, alerta para a continuação da recessão de 2012 e, inclusive, para o seu aprofundamento até 201517, caso a Grécia, Itália, Portugal e Espanha efetuarem cortes orçamentais ainda mais severos em 2013. A par do «abismo orçamental» nos Estados Unidos e da «aterragem difícil» na China, a estratégia europeia de consolidação orçamental é encarada como um risco para a atividade económica mundial. O próprio FMI, nas suas Perspetivas da Economia Mundial18, mostra-se cético, admitindo que o impacto da austeridade no crescimento económico foi seriamente subestimado e questionando a magnitude dos multiplicadores orçamentais utilizados.

4.1.5 O Comité adverte os decisores políticos europeus de que uma recessão prolongada pode fragilizar estruturalmente a economia e comprometer a transição para um modelo ambiental e energético diferente.

O desemprego de longa duração pode levar à perda de competências, à desilusão, à discriminação ao nível de novas contratações e à saída do mercado de trabalho, tendo assim um impacto negativo duradouro e estrutural na produtividade e no potencial de crescimento.

A ausência de investimento público e privado (num contexto em que as empresas têm fracas perspetivas de procura) pode afetar o potencial de crescimento da economia, visto que a integração de progressos e inovações técnicas é deficiente. Para fazer face a esta situação, urge rever as orientações da política macroeconómica e promover medidas de reforma, como políticas ativas a nível do mercado de trabalho, políticas de incentivo ao investimento e políticas de inclusão social.

15 OIT, «A Crise de Emprego na Eurozona: tendências e respostas de política». 2012. Ver, por exemplo, p. 11. 16 Organização das Nações Unidas, World economic situation and prospects 2013 – global outlook, publicado em

dezembro de 2012, p. 28.17 -0,9% em 2013, -2,1% em 2014 e -3,3% em 2015.18 FMI, World Economic outlook, Coping with High Debt and Sluggish Growth, [Perspetivas da Economia Mundial, «Enfrentar

níveis altos de endividamento e níveis baixos de crescimento»], outubro de 2012. Por exemplo, p. 21 ou quadro 1.1 na p. 41.

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Consolidação orçamental diferenciada e favorável ao crescimento

4.1.6 Se a Análise Anual do Crescimento para 2013 reconhece que a consolidação orçamental pode, no curto prazo, ter um impacto negativo na economia, avança prontamente outros dois argumentos que o minimizam. O Comité deseja deter-se sobre eles.

1) A Análise Anual do Crescimento para 2013 emprega o conceito de «consolidação orçamental favorável ao crescimento» para sugerir que os cortes na despesa são mais favoráveis ao crescimento do que um novo aumento das receitas fiscais em países que já têm uma carga fiscal elevada. Além de fazer notar que a Comissão não especifica o que constituiria uma carga fiscal elevada, o Comité remete para o seu parecer de 2011 sobre «Estratégias de consolidação inteligente da política orçamental»19, em que defendeu uma consolidação das finanças públicas ao longo de um período de tempo tão flexível quanto possível, a fim de não quebrar a dinâmica de crescimento e de assegurar um equilíbrio «inteligente» entre receitas e despesas e entre oferta e procura agregadas. No mesmo documento, alertou igualmente para o perigo de destruir os sistemas de serviços públicos e de solidariedade coletiva. Com efeito, se a segurança social contra os riscos maiores da sociedade (desemprego, doença, envelhecimento) estiver altamente fragilizada, como sucede em vários Estados-Membros, faz sentido que as famílias reajam a tamanha insegurança generalizada aumentando, por precaução, as suas poupanças – o que é a última coisa de que uma economia em recessão necessita.

2) O outro argumento defende que os Estados-Membros a braços com uma crise financeira prossigam a política de austeridade e, inclusive, adotem «um rápido ritmo de ajustamento orçamental», enquanto outros Estados-Membros poderiam deixar os estabilizadores automáticos desempenhar o seu papel.

Sabendo-se que, para repor a estabilidade e retomar o crescimento, algumas economias têm de fazer mais esforços do que outras, o Comité duvida que este tipo de combinação de políticas funcione. Combinar uma política orçamental restritiva severa em muitos Estados-Membros com uma abordagem orçamentalmente neutra noutros Estados não deixará de ter um impacto extremamente negativo no conjunto da zona do euro e, em particular, nos Estados-Membros que já estão a atravessar uma recessão profunda induzida pela austeridade.

4.1.7 Em suma, o Comité está apreensivo perante políticas económicas desequilibradas. Tem-se dado uma importância excessiva à austeridade, ao passo que a consolidação orçamental necessária para corrigir graves desequilíbrios orçamentais requer um horizonte de tempo mais longo. Dados recentes do Observatório Orçamental do FMI (IMF Fiscal Monitor)20

19 JO C 248 de 25.8.2011, pp. 8-15.

20 IMF Fiscal Monitor, Taking stock – a progress report on fiscal adjustment [«Ponto da Situação: Uma avaliação dos ajustes orçamentais»], outubro de 2012.

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confirmam esta análise. Num curto período de tempo (entre 2011 e 2012), o PIB21 da zona do euro desceu 3%, devido a cortes nas despesas e aumentos de impostos, provocando assim uma nova recessão. Esta tendência denota um ritmo de consolidação orçamental três vezes superior ao previsto pelos decisores europeus no Pacto de Estabilidade (que referia uma redução do défice estrutural de pelo menos 0,5% do PIB por ano).

Para evitar que as mesmas causas produzam os mesmos efeitos, o Comité apela a que o horizonte temporal para a consolidação orçamental seja equilibrado com um Pacto para o Crescimento e o Emprego substancialmente reforçado e concreto.

4.1.8 O relatório da Análise Anual do Crescimento de 2013 baseia-se na ideia de que é extremamente importante recuperar e manter a confiança, especialmente a confiança dos mercados financeiros, uma vez que estes têm a capacidade de reduzir substancialmente o financiamento nos Estados-Membros. É com base nessa ideia que a Análise Anual do Crescimento de 2013 continua a insistir que se prossiga com as políticas de austeridade.

4.1.9 O Comité reconhece que os mercados financeiros desempenham uma função fundamental na crise e que a resolução desse setor é imprescindível para a recuperação. Aliás, o acesso ao crédito é vital para qualquer economia, uma vez que, sem ele, as empresas não podem investir nem comercializar os seus produtos e os consumidores não podem adquirir bens ou imobiliário.

No entanto, o CESE entende que a confiança dos outros atores económicos (famílias e empresas) é igualmente importante. Mesmo que o acesso facilitado ao crédito permita às empresas comercializar os seus produtos e crescer, a redução das taxas de juro e a abundância de crédito não terão o mesmo efeito se as pessoas estiverem preocupadas com os seus empregos, salários e/ou segurança social, nem se as empresas tiverem sérias dúvidas quanto à evolução da procura.

O Comité salienta que a confiança dos mercados financeiros e a dos consumidores e dos produtores não são necessariamente contraditórias. À medida que aumentar o número de empresas, especialmente PME, que, por terem novamente acesso a financiamento, conseguem retomar a sua atividade comercial normal, também a confiança dos consumidores aumentará gradualmente.

Além disso, se os mercados estão preocupados com a dívida soberana ainda mais ficarão se a economia estiver em risco de colapso.

21 Os 3% correspondem à variação do défice estrutural entre 2010 e 2012; o défice estrutural é calculado excluindo os efeitos do ciclo conjuntural. Este défice tem de ser corrigido.

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O Comité lembra uma das importantes ideias que deixou no seu parecer sobre a Análise Anual do Crescimento para 2012: «não será possível resolver a crise da dívida soberana sem uma taxa de crescimento suficiente»22. Dar pouca prioridade ao crescimento acarreta um risco elevado de atirar a economia para uma recessão, o que, por sua vez, enfraquece imediatamente a sustentabilidade da dívida.

4.2 As medidas anticrise têm de passar para segundo plano. Agora, importa dar prioridade à economia real e a medidas favoráveis ao crescimento e ao emprego.

Transformar o Pacto para o Crescimento e o Emprego num vasto programa de investimento europeu para o crescimento sustentável

4.2.1 O Comité apela a uma ação decisiva para retomar o crescimento, o emprego e a competitividade na economia europeia, e convida a atual Presidência a promover uma agenda de crescimento ambiciosa. O Conselho Europeu tem, com demasiada frequência, apoiado iniciativas minimalistas para sair da crise, agindo apenas quando a pressão dos mercados ameaça pôr em risco o projeto europeu. É necessário atuar com mais determinação na procura de uma governação económica sólida e equilibrada, aliada a reformas que aumentem a competitividade estrutural em toda a União e coloquem a execução da agenda da Estratégia Europa 2020 no centro do processo do Semestre Europeu. Qualquer medida de correção orçamental provocará uma contração, mas se isto acontecer mantendo as despesas que promovam o potencial de crescimento (por exemplo, na educação, formação para os desempregados, I&D, apoio às PME) e se, paralelamente, forem realizados avanços concretos para eliminar a fragmentação do setor financeiro, será possível preservar as perspetivas de crescimento e emprego a médio e longo prazo.

4.2.2 O Comité congratula-se com o Pacto para o Crescimento e Emprego, que representa um primeiro passo importante para reconhecer o crescimento como elemento fundamental para sair da crise, e convida a Comissão e o Conselho Europeu a implementá-lo rapidamente e a ir mais longe, transformando-o num programa europeu de investimento vasto e concreto.

4.2.3 É necessário dar prioridade a despesas que promovam o crescimento, como as despesas na educação e nas competências, na inovação – essencial para a competitividade da economia europeia –, na ecologização da economia – que deverá tornar-se um motor para a próxima revolução industrial – e em redes de grande dimensão, como, por exemplo, a Internet de banda larga e as ligações das redes de energia e de transportes. É também vital aproveitar o potencial dos setores geradores de emprego, como os cuidados de saúde, a economia verde, a «economia grisalha», a construção, os serviços às empresas, o turismo, etc.

4.2.4 O mercado único ainda encerra potencial para proporcionar benefícios diretos às empresas, consumidores e cidadãos, se bem que sejam necessárias outras melhorias, por exemplo, no

22 JO C   143 de   22.5.2012, pp. 51-68, ponto   16 .

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setor dos serviços, na mobilidade, no comércio eletrónico, na Agenda Digital, nos concursos públicos por via eletrónica, nas microempresas e empresas familiares, nas medidas de apoio à criação de novas empresas e de proteção dos consumidores e na dimensão social do mercado único. Importa aumentar a transparência e a sensibilização, participação e responsabilização da sociedade civil23.

4.2.5 O Comité sublinha o importante papel das empresas, em particular das PME, do empreendedorismo e da criação de empresas, no processo de recuperação e na promoção do crescimento económico, da inovação, das competências e da criação de emprego. O aproveitamento do potencial das PME inclui várias medidas, como a facilitação da sua internacionalização, a eliminação dos encargos administrativos, a redução dos custos de arranque das empresas e a agilização do acesso ao crédito, aos mercados de capitais, aos sistemas de obrigações específicas para PME, aos fundos estruturais e a garantias dos empréstimos.

4.2.6 O Comité assinala também que as empresas sociais são elementos fulcrais do modelo social europeu e do mercado único e merecem ser vigorosamente reconhecidas e apoiadas, especialmente no atual clima económico desfavorável. As suas condições específicas devem ser tidas em conta ao elaborar as políticas europeias.

4.2.7 O papel das cooperativas deve também ser referido, uma vez que contribuem para a coesão e social e territorial, desenvolvem novas iniciativas empresariais, são mais estáveis e resistentes do que outras formas de empresa e são capazes de proteger empregos mesmo em tempos de crise24.

4.2.8 O Comité congratula-se com o facto de a Análise Anual do Crescimento de 2013 realçar a importância de realizar progressos ao nível do desenvolvimento sustentável, das energias renováveis e da eficiência energética para realizar os objetivos da Estratégia Europa 2020 em matéria de energia e de alterações climáticas25. Para manter a competitividade económica e aumentar os níveis de emprego é essencial promover uma economia ecológica, hipocarbónica e eficiente em termos de recursos. É igualmente necessário renovar os edifícios para melhorar a sua eficiência energética e investir em serviços de transporte respeitadores do ambiente e na gestão ecológica de resíduos e de recursos hídricos. Estas medidas devem ser acompanhadas por melhores redes de transmissão de energia, para facilitar o transporte e as trocas de eletricidade em grande volume em toda a Europa. Para reforçar ainda mais a competitividade europeia, tudo isto deve ser complementado por investimentos em redes transeuropeias de

23 Parecer do CESE sobre a «Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões: Ato para o Mercado Único II – Juntos para um novo crescimento», COM(2012) 573 final, CES2039-2012_00_00_TRA_AC, janeiro de 2013, ainda não publicado no Jornal Oficial.

24 JO C 191 de 29.6.2012, pp. 24-29.25 Os objetivos da Estratégia Europa 2020 são: reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 20%, em relação aos valores

de 1990, aumentar em 20% a quota de energia proveniente de fontes renováveis e aumentar em 20% a eficiência energética até 2020.

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transportes de grande desempenho e pelo alargamento da infraestrutura de redes de banda larga.

4.2.9 A política industrial, a utilização eficaz dos recursos naturais e a inovação têm de funcionar em conjunto para gerar crescimento sustentável.

4.2.10 São necessários investimentos de monta para promover as mudanças estruturais e colocar a economia da UE na via do crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

O Comité toma nota do acordo alcançado pelos chefes de Estado ou de Governo sobre o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) e insiste na importância de um QFP que permita realizar os objetivos da Estratégia Europa 2020.

O CESE remete para os seus anteriores pareceres sobre o orçamento da UE26, nos quais argumentou consistentemente que a UE necessita de um orçamento reforçado para fazer frente aos atuais desafios. O orçamento da UE não deve ser visto como um fardo, mas como um meio inteligente de realizar economias de escala, reduzir custos e promover a competitividade, o crescimento e o emprego.

Além disso, é possível mobilizar mais recursos através de fontes de financiamento adicionais. O CESE apoia a ação do BEI, que disponibiliza crédito a longo prazo para investimentos na economia real e atrai financiamento privado adicional. O Comité regozija-se com a concentração nos projetos mais positivos para o crescimento sustentável e que têm mais potencial para gerar emprego (como os projetos orientados para as PME, a economia do conhecimento, o capital humano, a eficiência energética e as alterações climáticas) e apela a que o financiamento adicional atribuído ao BEI seja rapidamente canalizado para o setor das PME. O Comité também acolhe favoravelmente a utilização das garantias do BEI para investimentos privados na renovação de edifícios a fim de melhorar a sua eficiência energética.

Além disso, apoia a introdução das obrigações para financiamento de projetos, de forma a estimular o financiamento de importantes projetos de infraestruturas nos domínios dos transportes, da energia e das TIC. Esta medida é um importante primeiro passo para a criação, nos próximos anos, de um programa de investimentos da UE, que é urgentemente necessário.

4.2.11 O CESE assinala a importância da política de coesão para lograr a convergência económica, social e territorial em toda a UE, de acordo com a Estratégia Europa 2020. Reitera igualmente o seu apelo em prol de uma política de coesão única e harmonizada que envolva ativamente a sociedade civil e se concentre mais em resultados sustentáveis concretos, apoiando os Estados-Membros da UE menos desenvolvidos e os mais afetados pela crise27.

26 JO C 229 de 31.7.2012, pp. 32-38 e JO C 248 de 25.8.2011, pp. 75-80. 27 Parecer do CESE sobre o «Quadro Estratégico Comum» –(CES1393-2012_00_00_TRA_AC), dezembro de 2012,

ainda não publicado no Jornal Oficial.

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4.2.12 O Comité congratula-se com a importância que a Análise Anual do Crescimento atribui à modernização da administração pública. Na sua opinião, tal implica, entre outros aspetos, que se utilize a contratação pública para impulsionar a inovação, se combata a corrupção, se melhore a eficácia da tributação fiscal, se assegure a existência de recursos financeiros adequados e se aumente a capacidade de absorção dos fundos estruturais.

Criar emprego e melhorar as competências

4.2.13 A Análise Anual do Crescimento de 2013 reconhece que «após vários anos de crescimento moroso, a crise está a desencadear graves consequências sociais» e se regista «um aumento substancial do desemprego, bem como das dificuldades económicas e da pobreza». Certos grupos foram mais afetados do que a média, nomeadamente, os jovens, as pessoas com poucas qualificações, os desempregados de longa duração, as famílias monoparentais e as pessoas oriundas da imigração28.

Há que envidar todos os esforços possíveis para mobilizar investimentos públicos e privados destinados a promover o emprego. O CESE já reclamou várias vezes um plano europeu de estímulo, num montante correspondente a 2% do PIB, que tenha efeitos visíveis na política do mercado de trabalho29. Além disso, também apelou à criação de um «pacto de investimento social» para gerir a crise de forma sustentável e investir no futuro30.

O Comité reitera o seu apelo no sentido de incrementar a participação no mercado de trabalho, melhorar os níveis das competências e facilitar a mobilidade, melhorar os serviços públicos de emprego, intensificar as medidas ativas a nível do mercado de trabalho e apoiar o espírito empresarial e o trabalho por conta própria. Em relação a determinadas regiões ou setores, o CESE concorda com a descrição que a Comissão faz do fosso entre, por um lado, as elevadas taxas de desemprego e, por outro lado, a existência de estrangulamentos e a inadequação das competências profissionais.

Além disso, propõe a adoção de medidas destinadas a promover o diálogo social, ao nível mais adequado, sobre a distribuição do tempo de trabalho.

Congratula-se também com o pacote da Comissão para o emprego dos jovens, recentemente publicado31, cujas propostas – que contemplam, entre outros aspetos, a aplicação de uma Garantia para a Juventude – devem ser oportunas, vinculativas e apoiadas por recursos adequados. Todos os Estados-Membros devem poder adotar estas propostas.

28 JO C 143 de 22.5.2012, pp. 94-101.29 Parecer do cese sobre a «Comunicação da Comissão – Uma recuperação geradora de emprego» COM(2012) 173 final

CES1279-2012_00_00_TRA_AC, novembro de 2012, ainda não publicado no Jornal Oficial.30 JO C 143 de 22.5.2012, pp. 23-28.31 COM(2012) 727 final, sobre o qual o CESE está a elaborar um parecer (SOC/474 – CES2419-

2012_00_00_TRA_APA).

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4.2.14 O CESE insiste na necessidade de investir na educação, na formação e na aprendizagem ao longo da vida (incluindo na formação no local de trabalho e na formação profissional no âmbito do sistema dual de aprendizagem), para corrigir situações de estrangulamento e de desadequação de competências32.

4.2.15 O Fundo Social Europeu, complementado pelo Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização, deve focar-se em proteger os grupos de pessoas mais desfavorecidas dos efeitos da crise33. Importa também criar um fundo de solidariedade específico para a juventude34.

Necessidade de uma abordagem equilibrada para as reformas do mercado de trabalho

4.2.16 O Comité assinala que a Análise Anual do Crescimento de 2013 promove a flexibilidade no mercado de trabalho dedicando pouca ou nenhuma atenção à questão da segurança.

O Comité regista que evitar a segregação no mercado laboral, esbatendo as disparidades em matéria de proteção do emprego entre os vários tipos de contratos de trabalho, poderá contribuir para aumentar os níveis de emprego. Recorda, todavia, um anterior parecer35 em que refere a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre a flexibilidade e a segurança: «o conceito de flexigurança não significa a redução unilateral e ilegítima dos direitos dos trabalhadores». O CESE já salientou várias vezes que «é essencial criar um diálogo social forte e dinâmico, no qual os parceiros sociais participem ativamente e possam negociar, influenciar e assumir responsabilidades na definição, nos componentes e na avaliação dos resultados da flexigurança»36. O CESE lembra, mais uma vez, que para enfrentar mercados de trabalho segmentados é necessário «proporcionar um nível de segurança adequado aos trabalhadores, independentemente da forma de contrato»37.

Além disso, frisa que a flexibilidade não pode corrigir os erros cometidos na procura macroeconómica e pode, inclusivamente, piorar a situação se os empregos estáveis e de qualidade forem substituídos por relações laborais precárias. Além disso, a eliminação dos «amortecedores» (proteção do trabalho, subsídios de desemprego) podem tornar a economia muito mais vulnerável a choques económicos negativos.

Reforma estrutural no domínio dos salários

32 O CESE está a elaborar um parecer (SOC/476 – CES658-2013_00_00_TRA_DT) sobre a comunicação da Comissão intitulada «Repensar a educação – Investir nas competências para melhores resultados socioeconómicos», COM(2012) 669 final.

33 JO C 143, 22.5.2012, pp. 82–87. 34 Parecer do CESE sobre a «Recuperação geradora de emprego» COM(2012) 173 final – CES1279-

2012_00_00_TRA_AC, novembro de 2012, ainda não publicado no Jornal Oficial.35 JO C 211 de 19.8.2008, pp. 48-53.36 JO C 256 de 27.10.2007, pp. 108, ponto 1.3.37 JO C 211 de 19.8.2008, pp. 48-53.

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4.2.17 O Comité reitera que as reformas respeitantes à fixação dos salários devem ser negociadas a nível nacional entre os parceiros sociais e assegurar um equilíbrio entre, por um lado, conseguir um crescimento suficiente da procura, a estabilidade dos preços e a limitação das desigualdades marcadas e/ou crescentes e, por outro lado, manter a competitividade dos preços. O Comité receia que as reformas estruturais no domínio dos salários desencadeiem uma concorrência entre os Estados-Membros com tendência para baixar cada vez mais os salários, reduzam a procura interna na UE e contribuam, através de um crescente excedente externo na zona do euro, para uma maior sobrevalorização do euro. A OIT38 confirma esta tendência e adverte para as suas vastas implicações económicas e sociais.

A abordagem da Análise Anual do Crescimento aos salários, que declara que estes devem assegurar «o equilíbrio adequado entre a criação de emprego e um rendimento adequado», reflete a ideia geral de que é necessário chegar a um compromisso entre a criação de emprego e vários fatores como a qualidade dos postos de trabalho e a disponibilidade para aceitar uma oferta de emprego. O Comité gostaria de saber quais são os dados que fundamentam esta tese, uma vez que a investigação da OIT sobre a prática de salários mínimos na UE não encontrou quaisquer provas de que a fixação de salários mínimos é responsável pela supressão de postos de trabalho39.O Comité assinala que o princípio de que o trabalho deve ser compensador – embora estabelecido antes da crise – tem de continuar a ser de aplicação.

O Comité insta a Comissão a esclarecer os seus pontos de vista sobre as questões dos salários, da inflação e da produtividade. A comunicação da Comissão relativa ao pacote sobre o emprego40 esclareceu que os salários reais se devem alinhar com a evolução da produtividade, mas a Análise Anual do Crescimento de 2013 não explica se pretende alinhar os salários nominais ou os salários reais. A diferença entre estas duas abordagens é crucial, uma vez que, no último caso, é possível que os salários nominais levem em conta apenas a produtividade sem considerar a inflação, o que acarretaria o risco de a inflação zero levar a uma deflação em caso de choques económicos negativos.

Promoção da justiça social

4.2.18 O Comité entende que, regra geral, cabe prestar mais atenção à questão da equidade e justiça social. Para gerar confiança e garantir a efetiva aplicação das políticas, os custos e os benefícios das reformas estruturais e da política económica têm de ser partilhados por todos (trabalhadores, famílias, empresas) de modo equitativo. O Comité reconhece a importância que a Análise Anual do Crescimento dá à transparência e à equidade em termos do impacto na sociedade e insta a Comissão a vigiar se as políticas dos governos nacionais levam esse fator em conta nos seus programas de reformas.

38 OIT 2012, Global wage report 2012/2013 – Wages and equitable growth [«Relatório Anual sobre Salários 2012/2013 – Salários e crescimento equitativo»].

39 OIT 2010, The minimum wage revisited in the enlarged EU, pág. 26.40 COM(2012) 173 final.

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Promover a inclusão social e combater a pobreza

4.2.19 O Comité apoia o apelo da Análise Anual de Crescimento em prol de esforços adicionais para assegurar a eficácia dos sistemas de proteção social com vista a neutralizar os efeitos da crise, promover a inclusão social e implementar uma «estratégia ativa de inclusão» para garantir um mercado de trabalho inclusivo e combater a pobreza.

Promover a igualdade entre homens e mulheres

4.2.20 O CESE entende que a questão da igualdade entre homens e mulheres, que não foi abordada em nenhuma das sete iniciativas emblemáticas da Estratégia Europa 2020, tem de ser integrada agora no processo do Semestre Europeu (por exemplo, nos programas nacionais de reformas), já que é essencial para alcançar os grandes objetivos da Estratégia41.

4.3 Importância da participação da sociedade civil organizada e dos parceiros sociais no Semestre Europeu

4.3.1 O CESE lembra mais uma vez a necessidade de melhorar a responsabilidade democrática e a transparência dos vários processos do Semestre Europeu, assim como a coordenação das políticas económicas nacionais. No atual contexto de perda de confiança na capacidade das instituições europeias para conseguir resultados, é crucial fortalecer o papel das instituições que representam os cidadãos, bem como dos parceiros sociais e da sociedade civil, com vista a melhorar a legitimidade e a responsabilização pelos processos. O diálogo vertical e horizontal é crucial42 e é urgente aplicar sem demora as disposições do artigo 11.º do TUE sobre democracia participativa43.

O Comité considera insuficiente a linguagem utilizada na Análise Anual do Crescimento quanto ao papel do diálogo social. As reformas estruturais devem, se necessário, ser aplicadas em colaboração estreita e em concertação com os parceiros sociais, e não apenas mediante a sua consulta. O diálogo com os parceiros sociais e a sociedade civil organizada, como as organizações de consumidores, é essencial para gizar e implementar adequadamente as políticas e as reformas, já que pode melhorar a credibilidade e a aceitação social das reformas, na medida em que o consenso e a confiança são de molde a aumentar o empenho das partes interessadas e o êxito das reformas. Os parceiros sociais e as organizações da sociedade civil podem avaliar os impactos das políticas e fazer advertências oportunas, se for caso disso. Em muitos domínios, é às organizações sociais e, em particular, aos parceiros sociais que cabe pôr em prática as propostas políticas44.

41 Parecer do CESE sobre «A dimensão do género na Estratégia Europa 2020» (CES1734-2012_00_00_TRA_AC), janeiro de 2013, ainda não publicado no Jornal Oficial.

42 JO C 299 de 4.10.2012, pp. 122-127.43 Parecer do CESE sobre «Princípios, procedimentos e ações para a aplicação do artigo 11.º, n. os 1 e 2, do Tratado de

Lisboa» –(CES766-2012_00_00_TRA_AC), novembro de 2012, ainda não publicado no Jornal Oficial.44 Parecer do CESE sobre a «Comunicação da Comissão – Ação para a estabilidade, o crescimento e o emprego»

(CES2235-2012_00_00_TRA_AC), dezembro de 2012, ainda não publicado no Jornal Oficial.

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O Comité preconiza um papel mais forte para os parceiros sociais e a sociedade civil organizada tanto a nível europeu como nacional. Estes interlocutores devem ser envolvidos efetiva e atempadamente no âmbito do Semestre Europeu, participando na preparação das Análises Anuais do Crescimento, das orientações para o emprego, das orientações gerais das políticas económicas (que, juntas, compõem as orientações integradas da Estratégia Europa 2020) e das recomendações específicas por país. A nível nacional, os parceiros sociais e a sociedade civil organizada devem ser mais envolvidos na redação dos programas nacionais de reformas. O CESE continuará a trabalhar de perto com a sua rede de conselhos económicos e sociais nacionais e associações similares, com vista a transmitir informações aos decisores políticos europeus sobre a participação desses órgãos nos processos nacionais. Uma maior participação dos parceiros sociais deverá resultar numa melhor implementação.

Bruxelas, 13 de fevereiro de 2013

O Presidentedo

Comité Económico e Social Europeu

Staffan Nilsson

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