8
ANÁLISE COMPARATIVA DE TÉCNICAS DE PROJETO DE UM REATOR ELETRÔNICO AUTO- OSCILANTE PAULO REGINATTO, ÁLYSSON R. SEIDEL, MARCELO F. DA SILVA Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Sistemas Elétricos e Computacionais (GSEC), Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM), Universidade Ferderal de Santa Maria (UFSM) Av. Roraima, 1000 Prédio 5 Bairro Camobi, Santa Maria, Rio Grande do Sul, CEP: 97105-900, Brasil Emails: [email protected], [email protected], [email protected] Abstract The present work deals with the development, analysis and project of self-oscillating ballast for fluorescent lamps with emphasis in the techniques of analysis considering the nonlinear behavior of the used circuit. It is conducted a theoretical approach about project of the resonant filter and modeling of the self-oscillating circuit, beyond the techniques of analysis Tsypkin Locus, Hammel Locus, descriptive function and the extended stability criterion Nyquist, which are the nonlinear system analysis techniques where it will be determined the components of the circuit from the analysis of stability. A comparative analysis using the three methods will be made. Experimental results of a prototype will be obtained in order to observe the electronic ballast behavior. Results of simulation using the ORCAD software will be used for analysis of the results obtained through each method. Keywords Self-oscillating, Nonlinear system, Hammel Locus, Tsypkin Locus, Descriptive function. Resumo O presente trabalho trata do desenvolvimento, análise e projeto de um reator auto-oscilante para lâmpadas fluorescentes com ênfase nas técnicas de análise considerando o comportamento não linear do circuito empregado. É realizada uma abordagem teórica de projeto do filtro ressonante e modelagem do circuito auto-oscilante, além de técnicas de análise Tsypkin Locus, Hammel Locus, função descritiva e o critério de estabilidade estendido de Nyquist, as quais são as técnicas de análise de sistemas não lineares em que se determinará os componentes do circuito a partir da análise de estabilidade do circuito. Uma análise comparativa empregando os três métodos será realizada. Resultados experimentais de um protótipo serão obtidos a fim de observar o compor- tamento do reator eletrônico. Resultados de simulação utilizando o software ORCAD são empregados para fins de análise dos resultados obtidos através de cada método. Palavras-chave Auto-oscilante, Sistema não linear, Hammel Locus, Tsypkin Locus, Função descritiva. 1 Introdução Com o avanço da tecnologia e a necessidade cada vez maior da eficiência energética, temos diversas pesquisas na área de reatores eletrônicos e iluminação fluorescente, que permitiram o desenvolvimento tec- nológico desse conjunto, toranando-os mais compac- tos, estáveis e com melhor índice de fator de potência. Com o tempo foram sendo desenvolvidos circuitos in- tegrados dedicados com o objetivo de manter o alto rendimento e atender as especificações das normas de regulamentação do setor de iluminação. Em contrapartida a esses circuitos integrados vêm os reatores eletrônicos baseados no circuito de co- mando auto-oscilante, que têm se mostrado robustos e de grande competitividade no mercado de iluminação com lâmpadas fluorescentes. Esses reatores possuem os interruptores do inversor comandados a partir da corrente do filtro ressonante que é transferida ao cir- cuito de comando através de um transformador de cor- rente [1]. O projeto do circuito de comando não pode ser re- alizado usando analise de circuitos lineares de forma direta. O comportamento do circuito que emprega o circuito de comando auto oscilante demanda uma aná- lise para circuitos não lineares, pois existe uma des- continuidade na comutação dos interruptores do inver- sor, além do circuito apresentar uma realimentação[7]. Vários trabalhos distintos sobre a análise do com- portamento e determinação de um projeto vem sendo realizados, destacando três métodos distintos de pro- jetos [2-5] . Em [6] apresentou-se uma análise compa- rativa dos três métodos, porém, tal análise ficou limi- tada a uma condição de projeto, com simplificações, e resultados obtidos sem maiores detalhes da compara- ção de cada método. Além disso, não houve variação de parâmetros para validar as análises realizadas , como por exemplo, diferentes tipos de filtro, tensão de alimentação e potência da lâmpada. Portanto, esse trabalho consiste em analisar os mé- todos de projetos conhecidos na literatura aplicados ao reator eletrônico auto-oscilante, comparando-os de forma crítica sua complexidade e sua eficácia. O artigo é organizado da seguinte forma: Na seção 2 é descrito o funcionamento do reator eletrônico auto-oscilante (REAO) e a descrição de seu compor- tamento não linear. Na seção 3 são descritos os méto- dos empregados no projeto do REAO. Na seção 4 é mostrado um exemplo de projeto do filtro ressonante. Na seção 5 são apresentadas as considerações do es- tudo comparativo. A lâmpada fluorescente empregada será uma lâm- pada tubular T5 de 28 watts, apenas com o objetivo de se exemplifica r, já que os métodos de análise podem ser aplicados a qualquer lâmpada que tenha seu reator baseado em um circuito auto-oscilante. Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 3067

ANÁLISE COMPARATIVA DE TÉCNICAS DE PROJETO DE UM REATOR ... · pada tubular T5 de 28 watts, apenas com o objetivo de ... se exemplificar, já que os métodos de análise podem ser

  • Upload
    vomien

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

ANÁLISE COMPARATIVA DE TÉCNICAS DE PROJETO DE UM REATOR ELETRÔNICO AUTO-

OSCILANTE

PAULO REGINATTO, ÁLYSSON R. SEIDEL, MARCELO F. DA SILVA

Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Sistemas Elétricos e Computacionais (GSEC) , Colégio Técnico

Industrial de Santa Maria (CTISM), Universidade Ferderal de Santa Maria (UFSM)

Av. Roraima, 1000 – Prédio 5 – Bairro Camobi, Santa Maria, Rio Grande do Sul, CEP: 97105-900, Brasil

Emails: [email protected], [email protected], [email protected]

Abstract The present work deals with the development, analysis and project of self-oscillating ballast for fluorescent lamps with emphasis in the techniques of analysis considering the nonlinear behavior of the used circuit. It is conducted a theoretical approach about project of the resonant filter and modeling of the self-oscillating circuit, beyond the techniques of analysis Tsypkin Locus, Hammel Locus, descriptive function and the extended stability criterion Nyquist, which are the nonlinear system analysis techniques where it will

be determined the components of the circuit from the analysis of stability. A comparative analysis using the three methods will be made. Experimental results of a prototype will be obtained in order to observe the electronic ballast behavior. Results of simulation using the ORCAD software will be used for analysis of the results obtained through each method.

Keywords Self-oscillating, Nonlinear system, Hammel Locus, Tsypkin Locus, Descriptive function.

Resumo O presente trabalho trata do desenvolvimento, análise e projeto de um reator auto-oscilante para lâmpadas fluorescentes com ênfase nas técnicas de análise considerando o comportamento não linear do circuito empregado. É realizada uma abordagem teórica de projeto do filtro ressonante e modelagem do circuito auto-oscilante, além de técnicas de análise Tsypkin Locus, Hammel Locus, função descritiva e o critério de estabilidade estendido de Nyquist, as quais são as técnicas de análise de sistemas não

lineares em que se determinará os componentes do circuito a partir da análise de estabilidade do circuito. Uma análise comparativa empregando os três métodos será realizada. Resultados experimentais de um protótipo serão obtidos a fim de observar o compor-tamento do reator eletrônico. Resultados de simulação utilizando o software ORCAD são empregados para fins de análise dos resultados obtidos através de cada método.

Palavras-chave Auto-oscilante, Sistema não linear, Hammel Locus, Tsypkin Locus, Função descritiva.

1 Introdução

Com o avanço da tecnologia e a necessidade cada

vez maior da eficiência energética, temos diversas

pesquisas na área de reatores eletrônicos e iluminação

fluorescente, que permitiram o desenvolvimento tec-

nológico desse conjunto, toranando-os mais compac-

tos, estáveis e com melhor índice de fator de potência.

Com o tempo foram sendo desenvolvidos circuitos in-

tegrados dedicados com o objetivo de manter o alto

rendimento e atender as especificações das normas de

regulamentação do setor de iluminação.

Em contrapartida a esses circuitos integrados vêm

os reatores eletrônicos baseados no circuito de co-

mando auto-oscilante, que têm se mostrado robustos e

de grande competitividade no mercado de iluminação

com lâmpadas fluorescentes . Esses reatores possuem

os interruptores do inversor comandados a partir da

corrente do filtro ressonante que é transferida ao cir-

cuito de comando através de um transformador de cor-

rente [1].

O projeto do circuito de comando não pode ser re-

alizado usando analise de circuitos lineares de forma

direta. O comportamento do circuito que emprega o

circuito de comando auto oscilante demanda uma aná-

lise para circuitos não lineares, pois existe uma des-

continuidade na comutação dos interruptores do inver-

sor, além do circuito apresentar uma realimentação[7].

Vários trabalhos distintos sobre a análise do com-

portamento e determinação de um projeto vem sendo

realizados, destacando três métodos distintos de pro-

jetos [2-5] . Em [6] apresentou-se uma análise compa-

rativa dos três métodos, porém, tal análise ficou limi-

tada a uma condição de projeto, com simplificações, e

resultados obtidos sem maiores detalhes da compara-

ção de cada método. Além disso, não houve variação

de parâmetros para validar as análises realizadas ,

como por exemplo, diferentes tipos de filtro, tensão de

alimentação e potência da lâmpada.

Portanto, esse trabalho consiste em analisar os mé-

todos de projetos conhecidos na literatura aplicados ao

reator eletrônico auto-oscilante, comparando-os de

forma crítica sua complexidade e sua eficácia.

O artigo é organizado da seguinte forma: Na seção

2 é descrito o funcionamento do reator eletrônico

auto-oscilante (REAO) e a descrição de seu compor-

tamento não linear. Na seção 3 são descritos os méto-

dos empregados no projeto do REAO. Na seção 4 é

mostrado um exemplo de projeto do filtro ressonante.

Na seção 5 são apresentadas as considerações do es-

tudo comparativo.

A lâmpada fluorescente empregada será uma lâm-

pada tubular T5 de 28 watts, apenas com o objetivo de

se exemplificar, já que os métodos de análise podem

ser aplicados a qualquer lâmpada que tenha seu reator

baseado em um circuito auto-oscilante.

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

3067

2 O Reator Eletrônico Auto-Oscilante

2.1 Princípio de Funcionamento

A figura 1 mostra o esquemático do circuito do

REAO de forma simplificada. A ponte retificadora e o

filtro capacitivo são substituídos por uma fonte de cor-

rente contínua E e a lâmpada fluorescente é substitu-

ída por um resistor R. O filtro ressonante utilizado é

um filtro LC série C paralelo (LCC) . O circuito de

comando e de partida do REAO é formado por um

transformador de corrente (TC) com núcleo toroidal

representado por Lp/Ls1/Ls2 e pelos componentes auxi-

liares Diac, D5, RQ, RM, CQ e diodos zener DZ1-4.

Figura 1. Circuito do REAO

Na etapa inicial, ao se energizar o circuito, a cor-

rente começa a fluir pelo resistor RQ e consequente-

mente a carregar o capacitor CQ. A tensão no capacitor

cresce até a tensão de ruptura do Diac (aproximada-

mente 30 Volts) que começa a conduzir e permite a

aplicação de um pulso de tensão no gate do interruptor

S1. O Mosfet então passa a conduzir dando início a

operação do inversor. Uma corrente ressonante passa

a circular pelo filtro ressonante LCC e pelo primário

do TC (LP). No momento inicial a resistência R é con-

siderada um circuito aberto, pois a lâmpada ainda não

eu a ignição, assumindo seu valor nominal logo após

o disparo do Diac e da partida da lâmpada [5].

A passagem de corrente por LP é induzida aos en-

rolamentos secundários do TC (Ls1 e Ls2) de forma

complementar, gerando pulsos de tensão entre os ter-

minais gate-source dos interruptores, mantidos cons-

tantes pelos diodos zener. Os sinais alternados de ten-

são são os responsáveis pelo fechamento e abertura

dos transistores, fazendo com que os interruptores co-

mutem de forma alternada, ativando e desativando o

conjunto filtro-lâmpada.

2.2 Análise do Circuito de Comando

O TC e os demais componentes que formam o cir-

cuito comando podem ser representados de forma sim-

plificada conforme mostra a Figura 2, onde o enrola-

mento secundário do TC é representado por uma fonte

de corrente alternada (Is) em paralelo a um indutor

(Lm), que é a indutância magnetizante do TC. No pri-

meiro instante, em que se inicia o sinal de Is, o indutor

Lm irá se opor a passagem de corrente, fazendo com

que a corrente circule apenas pelo conjunto de diodos

zenner (Is=Iz). Aos poucos a corrente IM começa a cres-

cer linearmente, diminuindo Iz. Em um determinado

instante Im assumirá toda a corrente da fonte, fazendo

com que a corrente pelos diodos seja nula. Como a

corrente de Lm possui um comportamento linear, Im

não consegue acompanhar as oscilações de IS, permi-

tindo novamente o crescimento de Iz [7].

Figura 2. Circuito de comando do REAO

Com a passagem da corrente, os diodos mantêm

um pulso de tensão constante (Vz), de acordo com a

polaridade de Iz. Enquanto Iz for positivo, o sinal gate-

source será positivo, abrindo o interruptor. Caso o si-

nal seja negativo a chave volta ao seu estado normal.

A troca de sinal de Vz ocorre sempre na passagem de

Iz por zero, ou seja, quando Is=Im. Nesse instante, con-

sequentemente, também ocorre a comutação das cha-

ves. A Figura 3 relaciona as correntes do circuito de

comando com a tensão aplicada nas chaves. Essa troca

de polaridade pode ser verificada nos instantes t1, t2 e

t3..

Figura 3. Formas de onda das correntes e tensão do circuito de co-

mando auto-oscilante.

3 Análise do REAO como um sistema de controle com comportamento não linear

O inversor auto-oscilante possui a sua frequência

de chaveamento determinada pelo circuito de co-

mando e seus componentes associados aos valores dos

componentes do filtro ressonante utilizado. Por isso é

importante certificar-se que a frequência de operação

do circuito auto-oscilante será compatível l em termos

de estabilidade e de operação adequada da LF. Desse

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

3068

modo, a análise do circuito a partir de um sistema de

controle com comportamento não-linear é necessário,

a fim de verificar se os componentes dos circuitos de-

terminados permitem a ocorrência de auto-oscilação,

e que corresponde a um ciclo limite.

Os métodos abordados, que revelam a existência

de um ciclo limite, são “Tsypkin Locus”, no domínio

da frequência, “Hamel Locus” no domínio do tempo,

e o método da função descritiva e o critério de estabi-

lidade estendido de Nyquist associados.

3.1 Método Tsypkin Locus

A Figura 4 mostra o circuito equivalente do filtro

ressonte+lâmpada e inversor para análise empregando

esse método. A tensão de excitação de onda quadrada

𝑉𝑠(𝑡), aplicada ao filtro gera uma corrente pratica-

mente senoidal (𝑖𝐿(𝑡)), devido a ressonância, que será

convertida nos sinais de corrente (𝐼𝑆(𝑡)) do mesmo

formato de 𝑖𝐿(𝑡) mas com amplitude menor, e tensão

de gate (𝑉𝑍 (𝑡)) limitada pelos diodos Zenner, do cir-

cuito de comando. As formas de onda típicas de

𝑉𝑍 (𝑡)e 𝑖𝐿(𝑡) do circuito da Figura 4, operando

com 𝜔𝑆 > 𝜔𝑅 e razão cíclica D= 0,5, são mostradas

na Figura 5. Se a relação entre 𝑉𝑍 (𝑡) e 𝑖𝐿(𝑡) se repetir

nos ciclos seguintes da mesma forma da figura 5, en-

tão podemos dizer a oscilação é auto sustentada [2].

Figura 4. Circuito equivalente do filtro após a ignição

Figura 5. Relação entre 𝑉𝑍(𝑡)e 𝑖𝐿 (𝑡) de um sistema autossusten-

tado

A comutação adequada dos interruptores S1 e S2

pode ser controlada pela corrente 𝑖𝐿(𝑡) e pelo módulo

da constante ε, que pode ser calculada por (1).

𝜀 = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜑𝑖𝑛) =

𝐴𝑉𝑍

4𝑓 𝐿𝑚

(1)

Sendo: 𝐼𝑝 a corrente de pico de 𝑖𝐿(𝑡); A a relação de

transformação do TC (secundário referido ao primá-

rio); e 𝑉𝑍 é a tensão de ruptura dos diodos zener DZ1-

Z4.

A partir da Figura 5 pode-se obter as condições

necessárias para a auto oscilação:

𝑖𝐿(0) = −𝜀, 𝑑 𝑖𝐿(𝑡)

𝑑𝑡|

𝑡=0> 0 (2)

𝑖𝐿 (𝑇𝑆

2) = 𝜀, 𝑑𝑖𝐿(𝑡 )

𝑑𝑡|

𝑡=𝑇𝑠

2

< 0 (3)

Sendo: Ts o período da tensão quadrada de saída do

inversor. Se a derivada da corrente 𝑖𝐿(𝑡) for positiva,

tem-se um ε negativo, caso contrário ε será positivo.

Observando a figura 5 também observa-se que 𝑖𝐿(𝑡)

será maior que -ε durante todo o semiciclo positivo da

onda quadrada e menor que ε durante o semiciclo ne-

gativo de 𝑉𝑍 (𝑡), com isso determina-se (4) e (5).

𝑖𝐿(𝑡) > −𝜀, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 𝜖 [0,

𝑇𝑆

2) (4)

𝑖𝐿(𝑡) < 𝜀, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 𝜖 [

𝑇𝑆

2, 𝑇𝑆

) (5)

Como a corrente 𝑖𝐿(𝑡) é simétrica, a condição (3)

já é suficiente para garantir a auto-oscilação. Desse

modo, emprega-se a condição definida em (6).

𝑖𝐿 (𝜋

𝜔𝑆) = 𝜀,

𝑑𝑖𝐿 (𝑡)

𝑑𝑡|

𝑡=𝜋

𝜔𝑆

< 0 (6)

Em que 𝜋/𝜔𝑆 representa meio período de 𝑉𝑠 (𝑡).

Com isso podemos construir a equação Tsypkin [2],

em função da corrente 𝑖𝐿(𝑡) e da frequência angular

de comutação 𝜔𝑆 conforme (7).

𝜏(𝜔𝑆) = −

1

𝜔𝑆

𝑑𝑖𝐿

𝑑𝑡(

𝜋

𝜔𝑆

) − 𝑗𝑖𝐿 (𝜋

𝜔𝑆

) (7)

De (6) observa-se que a parte imaginária de (7) é

o próprio valor de ε e que para se obter uma solução

válida a parte real deve assumir um valor positivo.

Portanto, podemos determinar as condições para esta

equação em (8) e (9).

Im 𝜏(𝜔𝑆

) = −𝜀 (8)

Re 𝜏(𝜔𝑆

) > 0 (9)

A corrente 𝑖𝐿(𝑡) depende da tensão 𝑉𝑠 (𝑡) e da ad-

mitância 𝑌(Ω). Sendo 𝑌(Ω) é uma função real posi-

tiva, aplicando a transformada de Laplace temos (10).

L{𝑌𝑖𝑛} = 𝑌(𝑠) =

1

𝑧(𝑠) (10)

Se o valor de S for infinito a admitância assumirá

um valor nulo,

𝑌( ∞) = 0 (11)

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

3069

mas com S tendendo ao infinito o limite de 𝑌(𝑠) será

lim𝑆 →∞

𝑆 (𝑌(𝑆)) = 1

𝐿 (12)

Com isso, temos que a corrente 𝑖𝐿(𝑡) é

𝑖𝐿 (𝜋

𝜔) = −

4 𝐸

𝜋∑ 𝐼𝑚 [

𝑌(𝑗𝜔(2𝑘 − 1))

2𝑘 − 1]

𝑘=1

(13)

𝑖𝐿 (𝜋

𝜔) = −

4 𝐸

𝜋𝜔 ∑ 𝑅𝑒 [𝑌(𝑗𝜔(2𝑘 − 1)) +

𝐸

𝐿] (14)

𝑘=1

Substituindo (12) e (13) em (7), temos que a fun-

ção Tsypkin é

𝜏(𝜔) =4𝐸

𝜋{∑ 𝑅𝑒 [𝑌(𝑗𝜔(2𝑘 − 1))] (15)

𝑘=1

+ 𝑗𝐼𝑚 [𝑌(𝑗𝜔(2𝑘 − 1))

2𝑘 − 1]} −

𝐸

𝜔𝐿

A função Tsypkin é uma série infinita, cuja con-

vergência é determinada por 𝑌(𝑗𝜔). Muitas vezes o

sistema converge rapidamente, sendo que podemos

aproximar o resultado pela soma de finitos de termos

para encontrar a frequência de ressonância. No caso

do circuito da figura 4, o valor de 𝑌(𝑗𝜔(2𝑘 − 1)) cai

rapidamente para 1

2𝑘−1, onde uma soma de poucos ter-

mos pode nos dar uma resposta bastante aproximada

[2].

Para se determinar as possíveis frequências de

operação do circuito, traça-se o gráfico da função (15)

em um plano Re xIm. Os possíveis valores de 𝜔𝑆 são

obtidos graficamente obedecendo-se as restrições de-

terminadas em (8) e (9). Na figura 6 é mostrado um

gráfico típico da função Tsypkin, onde 𝜀 assume os

valores do eixo imaginário.

Onde: 𝛺 =𝜔𝑆

𝜔𝑅 (16)

Figura 6 – Formato típico da função Tsypkin e região dos possí-

veis valores de 𝜔𝑆.

3.2 Método Hammel Locus

O método de Hammel envolve uma análise no

domínio do tempo de IL(t), que é o resultado da tensão

vs(t) aplicada ao filtro de admitância 𝑌(𝑆). Para garan-

tir a estabilidade do circuito, as condições descritas em

(4), (5) e (6) serão empregadas como referência.

3.2.2 Análise no domínio do tempo

A tensão de saída das chaves é uma onda quadrada,

portanto podemos expressá-la como uma série de fun-

ções degrau u(t) infinita

𝑉𝑠(𝑡) = 𝐸 {𝑢(𝑡) ∑(−1)𝑘

𝑘=1

[𝑢 (𝑡 +𝑗𝑇

2)

− 𝑢 (𝑡 +(𝑗 − 1)𝑇

2)]} (17)

Aplicando a transformada inversa de Laplace em

𝑌(𝑆), temos

𝑞(𝑡) = 𝐿−1 {𝑌(𝑠)

𝑠} = 𝐴0 + ∑

𝐴𝑖

𝑝𝑖𝑒𝑝𝑖𝑡 (18)

𝑘=1

Com isso, considerando o intervalo de tempo [0, 𝑇/2], a corrente do filtro fica sendo

𝑖𝐿(𝑡) = 𝐸 {𝑞(𝑡) + ∑(−1)𝑗

𝑗=1

[∑𝐴𝑖

𝑝𝑖𝑒

𝑝𝑖(𝑡 +(𝑘𝑇2

))∞

𝑖 =1

− 𝑒−𝑝𝑖(

𝑇2

)]} (19)

Trocando a ordem dos somatórios e resolvendo a

série de 𝑗 temos

𝑖𝐿(𝑡) = 𝐸 {𝑞(𝑡) − ∑

𝐴𝑖

𝑝𝑖

𝑛

𝑖 =1

𝑒𝑝𝑖 𝑡 tanh (𝑝𝑖 𝑇

4)} (20)

Derivando a corrente do filtro, mostrada em (20),

no tempo, temos:

𝑑𝑖𝐿

𝑑𝑡(𝑡) = 𝐸 {𝑙(𝑡) − ∑

𝐴𝑖

𝑝𝑖

𝑛

𝑖=1

tanh (𝑝𝑖𝑇

4)} (21)

Com 𝑙(𝑡) =L-1{ 𝑌𝑖𝑛(𝑠)}. No instante inicial, ou

seja𝑡 = 0, temos que a corrente do taque ressonante é

𝑖𝐿(0) = 𝐸 {𝑞(0) − ∑

𝐴𝑖

𝑝𝑖

𝑛

𝑖=1

tanh (𝑝𝑖𝑇

4)} (22)

e sua derivada fica sendo

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

3070

𝑑𝑖𝐿

𝑑𝑡(0) = 𝐸 {𝑙(0) − ∑ 𝐴𝑖

n

𝑖=1

tanh (𝑝𝑖𝑇

4)} (23)

Agora, considerando o tempo de meio ciclo (𝑇/2),

ou seja, o momento em que ocorre a troca de estado

das chaves, temos a corrente 𝑖𝐿 e a sua derivada pos-

suem a mesma forma, mas com sinais opostos ao ins-

tante inicial [6], sendo expressas como

𝑖𝐿 (𝑇

2) = 𝐸 {−𝑞(0) + ∑

𝐴𝑖

𝑝𝑖

n

𝑖=1

tanh (𝑝𝑖𝑇

4)} (24)

Com isso podemos definir que o limite das equa-

ções inversas de Laplace tendendo ao infinito, no ins-

tante 𝑡 = 0 é

𝑞(0) = lim𝑆→∞

𝑌𝑖𝑛(𝑠) 𝑙(0) = lim

𝑆→∞𝑆𝑌𝑖𝑛

(𝑠) (25)

A partir disso podemos construir a função Hammel

Lócus como sendo a própria equação da corrente no

filtro em função da frequência de operação. A função

Hammel fica sendo

𝐻(𝑓) = 𝑖𝐿 (1

2𝑓)

= 𝐸 {−𝑞(0) + ∑𝐴𝑖

𝑝𝑖

𝑛

𝑖=1

tanh (𝑝𝑖

4𝑓)} (26)

e sua derivada é

𝐻′(𝑓) =𝑑𝑖𝐿

𝑑𝑡(

1

2𝑓)

= 𝐸 {−𝑙(0) + ∑ 𝐴𝑖

𝑛

𝑖=1

tanh (𝑝𝑖

4𝑓)} (27)

Com 𝑞(0) = 0 e 𝑙(0) = 1/𝐿 , expandindo em fra-

ções parciais, temos

𝜀 = 𝐻(𝑓) = 𝐸 {𝐴1

𝑝1

tanh (𝑝1

4𝑓) +

𝐴2

𝑝2

tanh (𝑝2

4𝑓)

+𝐴3

𝑝3

tanh (𝑝3

4𝑓)} (28)

e

𝐻′(𝑓) = 𝐸 {−1

𝐿+ 𝐴1 tanh (

𝑝1

4𝑓) + 𝐴2 tanh (

𝑝2

4𝑓)

+ 𝐴3 tanh (𝑝3

4𝑓)} (29)

Traçando-se um plano com a função 𝐻′(𝑓) no eixo

das abscissas e 𝐻(𝑓) no eixo das ordenadas, podemos

encontrar os possíveis pontos de auto-oscilação, defi-

nidos por 𝐻(𝑓)na região onde 𝐻′(𝑓) < 0.

3.2.3 Análise da freqüência de operação

Aplicando o valor da freqüência de operação pré-

determinada em (28), podemos então saber o valor de

ε. Deve-se então analisar se a reta da constante ε corta

a curva de Hammel na região onde 𝐻′(𝑓) é negativa.

Caso isso ocorra, pode-se dize que há a ocorrência de

um ciclo limite.

Outra maneira de se determinar os possíveis ciclos

ser feita considerando-se ε variável em função de uma

frequência 𝑓, de acordo com (1). Traçando-se os grá-

ficos de (1) e (28) no mesmo plano, as possíveis fre-

quências de operação serão dadas pela intersecção das

duas curvas [5]. A figura 7 mostra um exemplo com

as possíveis frequências de operação.

Figura 7 – Formato típico da função Hammel e ε(f) com as possí-veis frequências de operação.

A curva em vermelho mostra a função Hammel e

em azul temos a função ε(𝑓) para diversos valores de

𝑓. Os pontos onde as duas curvas se interceptam re-

presentam as três possíveis frequências de operação

do circuito.

3.3 Método da Função Descritiva e Critério de Esta-

bilidade Estendido de Nyquist

O método da função descritiva é um método no

domínio da frequência e baseia-se em determinar a

existência de ciclos limites que mantenham a auto-os-

cilação a partir do projeto do circuito tendo como base

expressões derivadas da análise de estabilidade. Essa

técnica pode ser empregada devido ao comportamento

do filtro ressonante LCC utilizado, que apresenta ca-

racterísticas passa-baixa e também atenua as harmôni-

cas de ordem superior à da componente fundamental.

Podemos representar a função de transferência

G(s) do circuito, pela expressão:

𝐺(𝑠) = 𝐺𝑀(𝑠) − 𝐾 × 𝐺𝐹

(𝑠) × 𝑛 (30)

Onde a função 𝐺𝐹(𝑆) pode ser calculada por

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

3071

𝐺𝐹(𝑠) =1

𝐿

𝑠 2 +1

𝑅𝐶𝑝𝑠

𝑠 3 +1

𝑅𝐶𝑝𝑠 2 + (

1𝐿𝐶𝑝

+1

𝐿𝐶𝑆)𝑠 +

1𝐿𝐶𝑝𝐶𝑆𝑅

(31)

E 𝐺𝑀(𝑠) dada por

𝐺𝑀(𝑠) =

1

𝐿𝑚 𝑠 (32)

a constante K fica sendo

𝐾 =𝐸

2𝑉𝑍

(33)

a relação de espiras 𝑛 é

𝑛 =𝑛𝑝

𝑛𝑠

(34)

e a indutância de magnetização referida ao secun-

dário é calculada por

𝐿𝑚

= −𝐿

2𝐾𝑛

((1

𝐿 𝐶𝑝𝐶𝑆 𝑅−

1𝑅𝐶𝑝

𝜔2)2

+ ((1

𝐿𝐶𝑝+

1𝐿𝐶𝑆

) 𝜔 − 𝜔3)

2

)

[1

𝑅 𝐶𝑝𝜔2 (

1𝑅𝐶𝑝

𝜔2 −1

𝐿𝐶𝑝𝐶𝑆 𝑅) + 𝜔3 ((

1𝐿𝐶𝑝

+1

𝐿𝐶𝑆) − 𝜔3)]

( 35)

Essa expressão é obtida a partir da condição im-

posta em que G(s), que representa os elementos linea-

res do circuito e que essa expressão corta a função des-

critiva e assim Im(G(s))= 0. As figuras 22 e 23 ilus-

tram bem essa condição.

A função 𝐺(𝑠) representa todos os elementos line-

ares do sistema. Com isso podemos resumir o dia-

grama da figura 4 utilizando essa função, como mostra

a figura 8.

Figura 8 – (a) Diagrama com a chave ideal; (b) Diagrama com a função de transferência da chave ideal.

O bloco N(IZ) representa a função descritiva da

parte não linear do circuito, que ocorre na comutação

das chaves, relacionando a tensão aplicada ao gate das

chaves com a corrente nos diodos [8]. Essa função é

representada por

𝑁(𝐼𝑍 ) =4𝑉𝑍

𝜋𝐼𝑍

(36)

A partir da figura 7, assumindo-se que a corrente

𝐼𝑍 e a frequência de operação 𝜔𝑆 compõe uma auto-

oscilação sustentada, podemos fazer as seguintes con-

siderações

𝑉𝑍 = 𝑁(𝐼𝑍) × (−𝐼𝑍

) (37)

𝐼𝑍 = 𝐺(𝑠) × 𝑉𝑍 (38)

Substituindo (38) em (37) e isolando 𝐺(𝑆), assu-

mindo 𝐼𝑍 diferente de zero e pertencente aos reais, te-

mos equação característica do circuito

𝐺(𝑠) =−1

𝑁 (𝐼𝑍)

(39)

A solução dessa equação define a existência ou

não dos ciclos limites. Para resolvê-la utiliza-se um

gráfico polar, plotando 𝐺(𝑠) e 𝑁(𝐼𝑍) no plano com-

plexo e encontrando os pontos onde ocorre as inter-

secções das duas curvas [5].

Com 𝑆 = 𝑗𝜔, pode-se construir a função de res-

posta 𝐺(𝑗𝜔) variando-se 𝜔 e a função descritiva in-

versa −1

𝑁 (𝐼𝑍) variando-se a corrente de zenner, a esse

gráfico atribui-se o nome de diagrama de Nyquist. Se

as duas curvas se interceptarem, então existe um ciclo

limite, e os valores de 𝐼𝑍 e 𝜔 correspondentes ao

ponto de intersecção são soluções de (39). O número

de ciclos limites possíveis é determinado pelo número

de vezes que as curvas se encontram [7].

Os possíveis ciclos limites encontrados podem ser

estáveis ou instáveis, sendo que apenas no primeiro

caso é que a oscilação será autossustentada. Para um

ciclo limite ser estável deverá se observar se a função

𝐺(𝑗𝜔) corta o eixo −1

𝑁 (𝐼𝑍) no sentido horário, caso con-

trário ocorrerá uma instabilidade e a auto-oscilação

não se manterá. A precisão do cálculo dependerá da

forma que as curvas se cruzam, sendo que quanto mais

perpendicular for a forma que elas se interceptam me-

nor será o erro [7].

Figura 9 – Diagrama de Nyquist.

A figura 9 mostra um exemplo onde 𝐺(𝑗𝜔) corta −1

𝑁(𝐼𝑍 ) apenas uma vez, indicando um possível ciclo li-

mite. Como a curva passa pelo eixo em sentido horário

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

3072

pode-se dizer que os valores de 𝐼𝑍 e 𝜔 mantêm a auto-

oscilação.

4. Exemplo de Projeto do Filtro Ressonante

A fim de estabelecer-se uma análise comparativa

entre os métodos de projetos que serão analisados, fo-

ram dimensionados cinco exemplos de projeto, com

diferentes valores de 𝐶𝑆 , a fim de se obter filtros res-

sonantes com valores de componentes variados, que

servirão de parâmetro para as comparações dos méto-

dos de análise.

Os parâmetros elétricos de projeto pré-determina-

dos são:

Tensão de entrada: E= 311 Volts;

Freqüência de operação: 𝑓𝑆 = 35 kHz;

Os valores dos componentes dos filtros

projetados são mostrados na tabela 1.

Filtro 1 Filtro 2 Filtro 3 Filtro 4 Filtro 5

CS1= 4,7

nF

CS2= 10 nF

CS3= 47 nF

CS4= 150 nF

CS5= 470 nF

L1= 8,1 mH

L2= 5,7 mH

L3= 4,1 mH

L4= 3,85 mH

L5= 3,75 mH

Q1= 0,724

Q2= 0,938

Q3= 1,107

Q4= 1,149

Q5= 1,164

Tabela 1 – Parâmetros para cinco filtros ressonantes.

O valor de Cp foi mantido fixo em 3,56 nF para o

dimensionamento dos demais componentes do filtro.

5. Resultados das simulações dos métodos e aná-

lise

5.1 Simulações no Orcad – Pspice

Foram simulados todos os filtros em cada um dos

método, sendo que no método de Tsypkin foram feitos

3 testes: com 1, 4 e 1000 interações, a fim de se avaliar

o impacto que o número de interações traz na frequên-

cia de operação. A figura 10 mostra um gráfico

comparativo levando em consideração o erro

percentual entre a frequência de operação projetada e

a obtida através de simulação em cada método.

5.2 Simulações no Matlab - Simulink

Aqui foram feitas as mesmas simulações, permi-

tindo avaliar o comportamento do circuito desconsi-

derando alguns fatores que proporcionam erros relaci-

onados ao projeto, como: quedas de tensão, capacitâ-

cias parasitas, entre outros. Na figura 11 são mostra-

dos os resultados.

Figura 10 – Pspice: Erro percentual de fs dos metódos

de análise.

Figura 11 – Simulink: Erro percentual de fs dos metódos de

análise.

5.2 Resultados Experimentais

Foi construído um protótipo de acordo com o pro-

jeto do filtro 3, fim de se testar na prática os resultados

vistos nas simulações. Nas figuras 12, 13 e 14, temos

a tensão e a corrente no filtro, no interruptor S1e na

lâmpada, respectivamente. Os resultados foram os es-

perados, com os formatos de onda semelhantes ás si-

mulações no Orcad. A frequência de operação tam-

bém se apoximou bastante do esperado, mas com um

erro um pouco maior do que nas simulações.

Figura 12 – Corrente e tensão no filtro ressonante.

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

3073

Figura 13 – Corrente e tensão na chave do invesor HB.

Figura 14 – Corrente e tensão na Lâmpada.

6. Conclusões

Entre os métodos Tsypkin Locus e Hammel Lo-

cus não se observam grandes diferenças nos resultados

obtidos, utilizando um alto número de interações. Esse

fato já era esperado, já que os métodos possuem o

mesmo objetivo final, diferenciando-se pela modela-

gem matemática com que é tratada a relação entre a

impedância, corrente no filtro e a tensão nas chaves.

Tsypkin cria uma expressão para a corrente do filtro

no domínio da frequência que é determinada por um

somatório de impedâncias. Portanto, quando utilizada

a expressão durante o método, existirá sempre um

erro, que é dependente do número de interações que

foram utilizadas no cálculo. No método de Hammel

tem-se uma expressão de IL no domínio do tempo,

onde a impedância é calculada através de frações par-

ciais, utilizando os valores dos pólos e resíduos da ex-

pressão. Isso nos da um valor fixo de impedância e

corrente, tendo como resultado um valor de 𝜀 com

exatidão. Para se obter os resultados de 𝜀 mostrados

na tabela 9, foram utilizadas 1000 interações, o que

tornou o erro muito pequeno, sendo inexistente até em

alguns casos. Em comparação com as simulações

onde se utilizaram poucas interações, os resultados se

diferenciaram bastante. Para apenas uma interação o

método se apresentou ineficaz, apresentando valores

de indutância magnetizante e frequência de operação

bem diferentes do método de Hammel e da FD. Com

4 interações esses valores chegaram mais próximos

aos valores esperados, mas ainda possuíam uma mar-

gem de erro nos valores de 𝜀 e 𝐿𝑚. A frequência de

operação se aproximou mais da frequência de projeto

para os valores de fator de qualidade mais baixos, de-

vido a característica mais indutiva.

Nas simulações com o Orcad temos a presença da

capacitância intrínseca nas chaves, que reduz a

corrente de magnetização Im fazendo com que o

cruzamento com a corrente Is ocorra em períodos

maiores, aumentando o tempo de comutação das

chaves. Com isso, a frequência de operação tende a

dimuir, explicando o motivo de que em todos os casos

se obteve a frequência de operação menor que a

projetada. O que não se pode afirmar ainda é o

impacto dessa influência, que pode ser diferente em

cada método de análise.

Ao considerar as abordagens apresentadas no Si-

mulink, é possível verificar alguns fatores com relação

a adequação dos métodos. A função descritiva permite

estabelecer uma expressão de projeto vinculada a aná-

lise de estabilidade do REAO. Uma abordagem que é

resultado da análise de todo o circuito como um sis-

tema de controle com comportamento não-linear e cri-

tério de estabilidadede extendido de Nyquist. As de-

mais metodologias utilizam expressões aparitr da aná-

lise da corrente ressonante do filtro e corrente de mag-

netização do TC do circuito de comando. Porém, essas

abordagens não estão diretamente vinculadas a análise

de estabilidade do circuito o que torna a função des-

critiva mais adequada devido a vários fatores, tais

como: simplicidade de análise; comportamento do fil-

tro como um circuito passa baixa; permite definir ex-

pressão apatir da análise de estabilidade usando o cri-

tério de estabilidade estendido de Nyquist; bons resul-

tados em termos de erro, isto é, embora seja um mé-

todo aproximado os resultados são muito bons compa-

rado as análises mais precisas.

Referências Bibliográficas

[1] NERONE, L. R. A Mathematical Model of the

Class D Converter for Compact Fluorescent Bal-

lasts.In: Industrial Electronics, IEEE Transactionson,

v. 10, Issue: 06, p. 708-715, 1995.

[2] CHANG, C.; CHANG, J.; BRUNING, G. W.

Analysis of the Self-Oscillating Series Resonant In-

verter for Electronic Ballasts.In: Industry Applica-

tions, IEEE Transactions on, v. 14, Issue: 3. ´; 533-

540, 1999.

[3] SEIDEL, A. R.; PRADO, R. N.; BISOGNO, F. E.;

COSTA, M. A. D.; A Design Method for Electronic

Ballast for Fluorescent Lamps. In: IEEE Industrial

Eletronics Society 2000, v. 4, p. 2279-2284, Record.

[4] CHANG, C.; BRUNING, G. W.. Self-oscillating

electronic ballast analysis via relay systems ap-

proach.In: Industry Applications, IEEE Transaction-

son, v. 27, Issue: 1. ´; 255-261, 2001.

[5] SEIDEL, A, R. Técnicas de projeto para o reator

eletrônico auto-oscilante empregando ferramentas

de controle. Tese (Doutorado em Engenharia Elé-

trica) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa

Maria, 2004.

[6] LIU, C.; LIN, P.; TENG, F.; ZHANG, Z.; LU, Z.;

Nonlinear control characteristic research of self-

oscillating electronic ballast. In: IEEE Industry Ap-

plications Society. PESC 2003, v. 2, p. 475 – 479,

2003.

[7] POLONSKII M.; SEIDEL A. R., Reatores eletrô-

nicos para iluminação fluorescente. Ijuí, 224 p,

2008.

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

3074