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FACULDADE BOA VIAGEM CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO ÂMBITO DO FMIEE CRIATEC HAIM MESEL RECIFE 2010

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FACULDADE BOA VIAGEM CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO

ÂMBITO DO FMIEE CRIATEC

HAIM MESEL

RECIFE 2010

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HAIM MESEL

ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO

ÂMBITO DO FMIEE CRIATEC

Dissertação apresentada como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Administração do Centro de Pesquisa e Pós Graduação em Administração da Faculdade Boa Viagem.

Linha de Pesquisa: Estratégia e

Desempenho Organizacional

Orientador: Prof. Walter Fernando Araújo de Moraes, Ph.D

RECIFE

2010

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FACULDADE BOA VIAGEM

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CPPA

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE

ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO ÂMBITO DO FMIEE CRIATEC

HAIM MESEL

Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial (MPGE) do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em

Administração (CPPA) da Faculdade Boa Viagem (FBV) e aprovada, com distinção, em 20 de julho de 2010

Banca Examinadora:

Walter Fernando Araújo de Moraes, Ph.D., Universidade Federal de Pernambuco

(Orientador)

José Arnaldo Deutscher, Doutor, Diretor da Antera Gestão de Recursos - Gestora do

Fundo Criatec (Examinador Externo)

Fábio Queda Bueno da Silva, Ph.D., Universidade Federal de Pernambuco (Examinador

Externo)

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Dedico este trabalho a minha esposa Sarah e a meus filhos Hannah e Ethan.

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AGRADECIMENTOS

A minha avó, Lety Martins Mesel (In Memoriam), por tudo!!!

A minha esposa, Sarah Mesel, por sua presença em minha vida, companheirismo,

compreensão e dedicação a mim e a nossos filhos.

A minha mãe, Katia Mesel, pelo amor irrestrito.

A meus irmãos, Avir e Ilan Mesel, e a minha cunhada, Melícia Carvalho Mesel, pelo carinho,

companheirismo e momentos de descontração vividos ao longo deste trabalho.

A meu amigo-irmão, Flávio Kreimer, por me estimular através do exemplo.

Aos companheiros de jornada, sobretudo, Ricardo Mendonça, Roberta Fernandes e Vitor

Andrade, pelos momentos de aprendizado vividos durante a longa caminhada.

Ao amigo e mentor, Marcus Regueira, da FIR Capital, por ter me introduzido nesta indústria

e pela generosidade em compartilhar seus conhecimentos.

Ao amigo, Prof. Dr. Geber Ramalho, pelo estímulo e apoio em todas as horas.

Aos colegas do FMIEE Criatec, Robert Binder, Paulo Renato, Alexandre Alves, Gabriela

Gonçalves, Francisco Jardim, Eric Ribeiro, Reinaldo Coelho, Claudio Moraes, Mark Silva,

Romero Correia, Gustavo Motta, Daniel Matoso e todos os demais que contribuíram direta

ou indiretamente com este trabalho.

Ao amigo, Gustavo Junqueira, idealizador do Banco de Dados do FMIEE Critec.

Aos membros da banca: Prof. Dr. Fábio Queda Bueno Silva e Prof. Dr. José Arnaldo

Deutscher, pelas preciosas sugestões oferecidas na defesa do projeto.

Ao Prof. Dr. Walter Moraes, pela valiosa orientação no desenvolvimento do trabalho, pelas

minuciosas revisões e pela ajuda na elaboração desta dissertação.

Agradeço, finalmente, aos demais amigos e familiares, que de alguma forma contribuíram

ou incentivaram a concretização desta dissertação.

MUITO OBRIGADO!

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RESUMO

A indústria de venture capital vem crescendo no Brasil, sobretudo a partir do início do século

XXI. O crescimento desta indústria é influenciado por fatores relacionados com a oferta e

com a demanda por capital de risco, contudo, os fatores relacionados com a demanda têm

maior influência. Apesar do aumento de importância econômica desta indústria, a literatura a

respeito ainda é incipiente e enfatiza, sobretudo, os fatores relacionados com oferta, a

estrutura da indústria e os aspectos relacionados com as organizações gestoras e os fundos

de investimento, pouco se detendo sobre os fatores relacionados com a demanda por

venture capital. Além disso, outro ponto que é abordado, diz respeito ao conteúdo dos

planos de negócios desenvolvidos pelos empreendedores que buscam investimentos de

capital de risco, pois o plano de negócios é o principal insumo fornecido pelos

empreendedores para que os investidores procedam com a análise inicial de suas

oportunidades. Desta forma, este trabalho identifica as características da demanda por

venture capital no Brasil e evidencia quais elementos devem estar contidos em um plano de

negócios para que as chances de obtenção de financiamento, via venture capital, sejam

maximizadas. A partir de pesquisas em dados secundários contidos na base de dados do

Fundo Mútuo de Investimentos em Empresas Emergentes Criatec e utilizando-se de

metodologia quali e quantitativa, identifica-se as características principais da demanda por

venture capital no Brasil. Além disso, analisa-se a qualidade desta demanda e estuda-se a

influência dos critérios de seleção na escolha de uma determinada oportunidade de

investimento. Por fim, analisam-se, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos, os

planos de negócios das oportunidades aprovadas para investimento e propõem-

se diretrizes para a elaboração de planos de negócios com chances elevadas de aprovação.

Palavras-chave: Capital de risco. Capital semente. Empreendedorismo. Inovação. FMIEE Criatec.

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ABSTRACT

The venture capital industry is growing in Brazil, especially in the early twenty-first century.

The growth of this industry is influenced by factors related to supply and demand for venture

capital, however, the factors related to the demand has more influence than the factors

related to the supply. Despite of the increased economic importance of this industry, the

literature about it is still incipient and emphasizes especially the factors related to the supply,

the industry structure and the aspects related to the venture capital companies and the

venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture

capital. Also, another point that is addressed, concerns to the content of the business plans

developed by entrepreneurs seeking venture capital investments, because the business plan

is the main input provided by the entrepreneurs for the investors to proceed with the initial

analysis of their opportunities. Thus, this study identifies the characteristics of the demand for

the venture capital in Brazil and shows which elements should be contained in a business

plan to the chances of obtaining funding through venture capital are maximized. From the

research on secondary data on nearly 1,200 business plans contained in the database

FMIEE Criatec and using qualitative and quantitative methodology, are identified the main

characteristics of the demand for venture capital in Brazil. Furthermore, are analyzed the

quality of this demand and the influence of the selection criteria in choosing a particular

investment opportunity. Finally, are analyzed, based on the Resource Based View Theory,

the business plans approved for investment, then, it was proposed a guideline for the

preparation of business plans with high chances of approval.

Key-words: Venture Capital. Seed Capital. Entrepreneurship. Innovation. FMIEE Criatec.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Planos de Negócios por Estado .................................................................... 63

GRÁFICO 2 – Diferenças Relativas das Participações das Unidades da Federação no PIB e na base de dados do FMIEE Criatec .............................................. 66

GRÁFICO 3 – Planos de Negócios por Região Geográfica.................................................. 66

GRÁFICO 4 – Planos de Negócios Analisados por Regional do FMIEE Criatec .................. 67

GRÁFICO 5 – Planos de Negócios por Titulação Máxima do Pesquisador .......................... 68

GRÁFICO 6 – Planos de Negócios por Tecnologia .............................................................. 69

GRÁFICO 7 – Planos de Negócios por Situação da Patente ............................................... 69

GRÁFICO 8 – Planos de Negócios por Estágio de Desenvolvimento do Produto ................ 70

GRÁFICO 9 – Planos de Negócios por Percepção da Inovação .......................................... 71

GRÁFICO 10 – Planos de Negócios por Intenção da Busca por Capital .............................. 72

GRÁFICO 11 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital no Ano 1 ......................... 73

GRÁFICO 12 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital do Ano 2 ao 5 ................. 74

GRÁFICO 13 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital Após o Ano 5 .................. 75

GRÁFICO 14 – Avaliação da Equipe ................................................................................... 84

GRÁFICO 15 – Avaliação do Diferencial da Tecnologia ...................................................... 85

GRÁFICO 16 – Avaliação do Potencial de Mercado ............................................................ 86

GRÁFICO 17 – Avaliação do Resultado Financeiro Projetado ............................................. 87

GRÁFICO 18 – Avaliação da Possibilidade de Desinvestimento ......................................... 89

GRÁFICO 19 – Avaliação da Necessidade de Capital ......................................................... 90

GRÁFICO 20 – Planos de Negócio por Status da Avaliação ................................................ 92

GRÁFICO 21 – Distribuição de Freqüência das Notas Finais .............................................. 93

GRÁFICO 22 – Comparativo participação no universo de empresas aprovadas no Criatec / Participação no PIB ........................................................................ 96

GRÁFICO 23 – Freqüência relativa dos Capitais Intangíveis ............................................. 103

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Participação das Unidades da Federação no PIB ............................................ 64

TABELA 2 – Comparativo da Participação das Unidades da Federação no PIB e na base de dados do FMIEE Criatec .................................................................. 65

TABELA 3 – Regional X Titulação do Pesquisador ............................................................. 76

TABELA 4 – Regional X Setor Tecnológico ......................................................................... 77

TABELA 5 – Regional X Situação da Patente ..................................................................... 78

TABELA 6 – Regional X Estágio de Desenvolvimento do Produto ...................................... 79

TABELA 7 – Regional X Percepção da Inovação ................................................................ 80

TABELA 8 – Regional X Intenção na Busca por Capital ..................................................... 80

TABELA 9 – Regional X Necessidade de Capital no Ano 1 ................................................. 81

TABELA 10 – Regional X Avaliação Final ............................................................................ 91

TABELA 11 – Status dos Planos de Negócios com Relação ao Investimento...................... 94

TABELA 12 – Investimentos Aprovados por Estado ............................................................ 95

TABELA 13 – Comparativo da Participação das Unidades da Federação no PIB e nas aprovações do Criatec ............................................................................ 95

TABELA 14 – Correlação Entre os Critérios de Avaliação e a Avaliação Final..................... 98

TABELA 15 – Evidências da Presença de Ativos Intangíveis ............................................. 101

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Fases da história da indústria de Capital de Risco no Brasil .......................... 24

QUADRO 2 – Etapas do Ciclo do Venture Capital ............................................................... 32

QUADRO 3 – Papel desempenhado por cada um dos atores da indústria de VC/PE .......... 34

QUADRO 4 – Principais contribuições para a RBV .............................................................. 41

QUADRO 5 – Importância relativa dos principais critérios de seleção de oportunidades de investimentos em empresas nascentes ............................ 46

QUADRO 6 – Principais métodos de precificação (valuation) de empresas ......................... 47

QUADRO 7 – Objetivos específicos, fonte de dados, método de análise ............................. 51

QUADRO 8 – Objetivos específicos e universo amostral ..................................................... 52

QUADRO 9 – Características do FMIEE Criatec .................................................................. 57

QUADRO 10 – Rating de Capitais Intangíveis ................................................................... 100

QUADRO 11 – Peso dos Ativos Intangíveis para Pequenas Empresas ............................. 106

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Evolução do Capital Comprometido Alocado ao Brasil .................................... 25

FIGURA 2 – Evolução do Capital Comprometido como Percentual do PIB .......................... 26

FIGURA 3 – Gestoras de Capital Semente: 10 Maiores Volumes de Capital Alocado ao Brasil em 30/06/2008 (Valores em US$ Milhões) ..................................... 27

FIGURA 4 – Diagrama dos Estágios dos Empreendimentos e Modalidades dos Veículos ........................................................................................................ 30

FIGURA 5 – Principais processos do Venture Capital .......................................................... 31

FIGURA 6 – Principais interações entre os atores da indústria de VC/PE ........................... 35

FIGURA 7 – Evolução Risco e Retorno versus Necessidade de Recursos .......................... 36

FIGURA 8 – Framework RBV para o sucesso da empresa .................................................. 42

FIGURA 9 – Modelo VRIN – Pressupostos, condições e resultado...................................... 43

FIGURA 10 – Fatores para a vantagem competitiva sustentável ......................................... 44

FIGURA 11 – Resumo do processo seletivo do Criatec ....................................................... 61

FIGURA 12 – Composição do Modelo com Chances Elevadas de Aprovação .................. 104

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABVCAP – Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity

ARD – American Research and Development

BNB – Banco do Nordeste do Brasil

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BNDESPar – BNDES Participações

BVCA – The British Private Equity and Venture Capital Association

CI – Capital Intelectual

CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

DEC – Digital Equipment Company

EVCA – European Private Equity & Venture Capital Association

FINEPE – Financiadora de Estudos e Projetos

FMIEE – Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes

FVG – Fundação Getúlio Vargas

GVcepe – Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da FGV

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

IEL – Instituto Euvaldo Lodi

IPO – Initial Public Offering

MBO/I – Management Buyout/ in

PE – Private Equity

PIPE – Private Investment in Public Equity

PME – Pequenas e Médias Empresas

RBV – Resource Based View

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

VC – Venture Capital

VC/PE – Venture Capital and Private Equity

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 16

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... 16

1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA .......................................................................... 18

1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 19

1.3.1 Objetivos específicos ..................................................................................... 19

1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 20

1.4.1 Razões Teóricas ............................................................................................ 20

1.4.2 Razões Práticas ............................................................................................. 21

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................... 21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 22

2.1 INTRODUÇÃO AO VENTURE CAPITAL .......................................................... 22

2.1.1 Histórico da indústria ..................................................................................... 23

2.1.2 A oferta de Capital de Risco no Brasil ........................................................... 26

2.1.3 A demanda por Venture Capital no Brasil ...................................................... 28

2.1.4 Conceituação dos termos Venture Capital (VC) e Private Equity (PE) .......... 28

2.1.5 Ciclo do Venture Capital ................................................................................ 31

2.1.6 Principais participantes da atividade de VC/PE ............................................. 33

2.1.7 Venture Capital como alternativa de financiamento do empreendedorismo inovador ...................................................................... 35

2.1.8 A importância do venture capital para a economia ........................................ 37

2.2 RESOURCE BASED VIEW (RBV) ................................................................... 40

2.2.1 Interface entre critérios de seleção e precificação (valuation) e a RBV ......... 45

3 METODOLOGIA .................................................................................................. 49

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA................................................................ 49

3.1.1 Natureza da pesquisa .................................................................................... 49

3.1.2 Objetivos ........................................................................................................ 49

3.1.3 Procedimentos técnicos ................................................................................. 50

3.1.4 Abordagem metodológica .............................................................................. 51

3.2 AMOSTRA ........................................................................................................ 52

3.3 COLETA DE DADOS ........................................................................................ 53

3.4 ANÁLISE QUALITATIVA .................................................................................. 54

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3.5 FERRAMENTAS ............................................................................................... 55

4 O FMIEE CRIATEC ............................................................................................. 57

4.1 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DO FMIEE CRIATEC ........................................... 58

4.1.1 Processo seletivo ........................................................................................... 59

5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 62

5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO BRASIL ................................................................................ 62

5.1.1 Planos de Negócios por Estado ..................................................................... 63

5.1.2 Planos de Negócios por Região Geográfica .................................................. 66

5.1.3 Planos de Negócios Analisados por Regional do FMIEE Criatec .................. 67

5.1.4 Planos de Negócios por Titulação Máxima do Principal Pesquisador ........... 67

5.1.5 Planos de Negócios por Setor Tecnológico ................................................... 68

5.1.6 Planos de Negócios por Situação da Patente ................................................ 69

5.1.7 Planos de Negócios por Estágio de Desenvolvimento do Produto ................ 70

5.1.8 Planos de Negócios por Percepção de Inovação .......................................... 71

5.1.9 Planos de Negócios por Intenção da Busca por Capital ................................ 71

5.1.10 Planos de Negócios por Necessidade de Capital - Ano 1............................ 72

5.1.11 Planos de Negócios por Necessidade de Capital - Ano 2 ao 5 .................... 73

5.1.12 Planos de Negócios por Necessidade de Capital após o Ano 5 .................. 74

5.1.13 Regional X Titulação Máxima do Pesquisador ............................................ 75

5.1.14 Regional X Setor Tecnológico ..................................................................... 76

5.1.15 Regional X Situação da Patente .................................................................. 77

5.1.16 Regional X Estágio de Desenvolvimento do Produto .................................. 78

5.1.17 Regional X Percepção da Inovação ............................................................. 79

5.1.18 Regional X Intenção da Busca por Capital .................................................. 80

5.1.19 Regional X Necessidade de Capital no Ano 1 ............................................. 81

5.2 QUALIDADE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO BRASIL ............. 82

5.2.1 Avaliação da Equipe ...................................................................................... 83

5.2.2 Avaliação do Diferencial da Tecnologia ......................................................... 84

5.2.3 Avaliação do Potencial de Mercado ............................................................... 85

5.2.4 Avaliação do Resultado Financeiro Projetado ............................................... 86

5.2.5 Avaliação da Possibilidade de Desinvestimento ............................................ 88

5.2.6 Avaliação da Necessidade de Capital............................................................ 89

5.2.7 Regional X Avaliação Final ............................................................................ 90

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5.2.8 Avaliação Final .............................................................................................. 91

5.2.9 Investimentos Aprovados ............................................................................... 94

5.2.10 Investimentos Aprovados por Estado .......................................................... 95

5.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A APROVAÇÃO ............................................ 97

5.4 ANÁLISE QUALITATIVA DOS PLANOS DE NEGÓCIOS APROVADOS ........ 98

5.4.1 Resultados da análise dos dados qualitativos ............................................... 99

5.5 DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE NEGÓCIOS COM CHANCES ELEVADAS DE APROVAÇÃO ..................................... 104

5.5.1 Proposta de Diretrizes Para a Elaboração de Planos de Negócios com Chances Elevadas de Aprovação .................................................... 106

5.5.2 Considerações sobre as Diretrizes para a Elaboração de Planos de Negócios com Chances Elevadas de Aprovação ..................................... 110

6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 111

6.1 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS .................................................... 116

6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ......................................................................... 117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 118

ANEXO A – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS .......................................... 122

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16

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, é realizada a introdução sobre o tema e são

apresentados os objetivos do estudo, bem como, sua importância e as justificativas

para sua realização.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O termo capital de risco ou, em inglês, venture capital, é utilizado para

definir os investimentos realizados em empresas que apresentem grande potencial

de retorno, associado a altos níveis de risco. Estes investimentos são realizados,

sem a exigência de garantias, na forma de aquisição de participação acionária

destas companhias ou na aquisição de debêntures, que são títulos de dívidas de

longo prazo conversíveis em ações (CGEE, 2003; TITERICZ, 2003).

A indústria de venture capital vem crescendo no Brasil, sobretudo a

partir do início do século XXI, conforme evidenciado por Ribeiro (2005); Carvalho et

al. (2006); Meirelles et al. (2008).

Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture

Capital da Fundação Getúlio Vargas - GVcepe, em conjunto com o Instituto

Empreender Endeavor, demonstra que, no período de 2004 a junho de 2007, o

setor evoluiu da seguinte forma: (a) o volume de recursos investidos pelas gestoras

de Private Equity e de Venture Capital cresceu 200%; (b) o número de

organizações voltadas para esta atividade aumentou de 71 para 89; (c) o número

de fundos de investimento em Venture Capital e Private Equity passou de 101 para

153; e (d) o número de empresas no portfólio destes fundos saltou de 306 para 404

(GVCEPE; ENDEAVOR, 2008).

Diversos estudos tentam explicar, utilizando uma abordagem

macroeconômica, os motivos que influenciam as variações do tamanho da indústria

de venture capital, seja em diferentes países ou em diferentes anos em um mesmo

país (GOMPERS; LERNER, 1998; PORTEBA, 1999; JENG; WELLS, 2000;

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SCHERTLER, 2003; ROMAIN ; VAN POTTELSBERGHE, 2004). Em geral, estes

estudos examinam fatores relacionados com a oferta e com a demanda por capital

de risco, focando suas análises em aspectos ligados ao mercado financeiro, às

atividades de inovação e à atividade empreendedora (RIBEIRO, 2005).

Os fatores de oferta estão relacionados ao desejo de investidores de

aportar dinheiro em fundos de venture capital e à quantidade de recursos

financeiros disponibilizados pelos investidores. Os fatores de demanda estão

relacionados ao desejo de empreendedores de atrair fundos de capital de risco

para seus empreendimentos e ao número e à qualidade destes empreendedores e

de seus empreendimentos (RIBEIRO et al., 2006).

Os estudos ressaltam que a variação do tamanho da indústria está

relacionada tanto com fatores de oferta como por fatores de demanda, como

evidencia Porteba (1998). É importante destacar, entretanto, o papel fundamental

atribuído por Gompers e Lerner (1998) aos fatores relacionados com a demanda,

que, têm maior influência do que os fatores relacionados com a oferta.

Percebe-se que, no Brasil, não existe consenso entre os pesquisadores

sobre os fatores limitadores da indústria, pois, se por um lado, evidencia-se que

empreendedores queixam-se da falta de recursos para investimentos (SANTOS et

al., 2009), por outro lado, estudos asseguram que investidores reclamam da falta

de oportunidades de qualidade para que sejam realizados investimentos e afirmam

que sobram recursos financeiros (SIMÕES, 2007).

Apesar do aumento de importância econômica desta indústria, a

literatura a respeito de capital de risco no Brasil ainda é incipiente. De sua revisão,

pode-se notar que um número significativo de estudos - entre eles Pavani (2003),

Titericz (2003), Ribeiro (2005), Carvalho et. al. (2006), Ferreira (2007) e

GVcepe(2008) - enfatiza, sobretudo, os fatores de oferta, a estrutura da indústria e

os aspectos relacionados com as organizações gestoras e os veículos de

investimento. A literatura, entretanto, pouco se detém sobre os fatores relacionados

com a demanda por venture capital.

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Nesse sentido, este estudo contribui para cobrir uma lacuna importante,

pois foca no entendimento dos fatores relacionados com a demanda por venture

capital no Brasil.

Outro ponto que é abordado, diz respeito ao conteúdo dos planos de

negócios desenvolvidos pelos empreendedores que buscam investimentos de

capital de risco. Este assunto é relevante, pois os processos de seleção das

operações de venture capital possuem várias etapas e o plano de negócios é o

principal insumo fornecido pelos empreendedores para que os investidores

procedam com a análise inicial de suas oportunidades.

No processo de identificação e de seleção de oportunidades, os

investidores analisam centenas de planos de negócios, com a intenção de escolher

empreendimentos que se encaixem em seus critérios de seleção. Caso o

empreendimento atenda aos critérios, uma análise mais detalhada da oportunidade

é realizada (FERREIRA, 2007). Desta forma, verifica-se que a qualidade do plano

de negócios afeta, diretamente, as chances dos empreendedores obterem êxito na

busca por investimentos para seus negócios.

1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA

Sendo assim, o presente trabalho se propõe a responder as seguintes

perguntas:

a) Quais as características da demanda por venture capital no Brasil?

b) Que elementos devem estar contidos em um plano de negócios

para que as chances de obtenção de financiamento, via venture

capital, sejam maximizadas?

Para responder estas perguntas, serão analisados dados secundários,

contidos na base de dados do FMIEE (Fundo Mútuo de Investimento em Empresas

Emergentes) Criatec. Esta base de dados compreende mais de mil planos de

negócios, que foram enviados para o FMIEE Criatec, no período de outubro de

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2007 a dezembro de 2009, por empreendedores interessados em receber

investimento de capital de risco.

1.3 OBJETIVOS

Os objetivos gerais da dissertação são os seguintes:

1) Identificar as características da demanda por venture capital no

Brasil.

2) Evidenciar quais elementos devem estar contidos em um plano

de negócios para que as chances de obtenção de financiamento,

via venture capital, sejam maximizadas.

1.3.1 Objetivos específicos

Almeja-se os seguintes objetivos específicos, no âmbito do FMIEE

Criatec:

1) Identificar as características principais da demanda por venture

capital no Brasil.

2) Analisar a qualidade da demanda por venture capital no Brasil.

3) Estudar a influência dos critérios de seleção na escolha de uma

determinada oportunidade de investimento.

4) Analisar, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos (Resources

Based View Theory), os planos de negócios das oportunidades

aprovadas para investimento.

5) Propor as diretrizes para a elaboração de planos de negócios com

chances aumentadas de aprovação.

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1.4 JUSTIFICATIVA

A escolha deste tema foi influenciada pelo histórico profissional do autor,

que foi empreendedor de base tecnológica, recebeu investimento de capital de

risco e, atualmente, atua como Gestor Regional do FMIEE Criatec.

Devido a esta vivência profissional, o autor tem tido contato com os

protagonistas da indústria do venture capital no Brasil e tem participado ativamente

da construção desta indústria.

Por causa de sua posição e de seu acesso às informações contidas na

base de dados do FMIEE Criatec, o autor vislumbrou a oportunidade de analisar

tais informações e de gerar conhecimento valioso para os diversos atores da

indústria, notadamente acadêmicos, governamentais e empresariais.

Além disso, a realização deste trabalho justifica-se, tanto por razões

teóricas quanto por razões práticas, conforme detalhado a seguir:

1.4.1 Razões Teóricas

Identificam-se as seguintes razões teóricas:

a) Apesar da importância da indústria de venture capital para a

atividade econômica e para o financiamento de empresas

emergentes inovadoras, a literatura sobre o assunto é escassa no

Brasil.

b) Os poucos trabalhos realizados até o momento sobre a indústria

brasileira de venture capital não contemplam de forma aprofundada

as questões relacionadas com a demanda por capital de risco,

enfatizando, notadamente, na estrutura da indústria ou nas questões

relacionadas à oferta de capital de risco.

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21

1.4.2 Razões Práticas

Este trabalho tem, pelo menos, as seguintes utilizações práticas:

a) Fornecer insumo para elaboração de estratégias dos gestores de

fundos de investimento de capital de risco.

b) Oferecer inputs para novas políticas públicas voltadas para o setor.

c) Prover orientações para os empreendedores interessados em capital

de risco.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

O primeiro capítulo apresenta uma introdução sobre o tema, descreve os

objetivos a serem alcançados, trata da importância deste trabalho e apresenta as

justificativas para sua realização. O segundo capítulo apresenta o referencial

teórico que será utilizado neste trabalho. O terceiro capítulo descreve a

metodologia que será utilizada no estudo. O quarto capítulo apresenta informações

sobre o FMIEE Criatec. O quinto capítulo discorre sobre os resultados encontrados.

Por fim, o sexto capítulo apresenta as conclusões do trabalho e as limitações da

pesquisa.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, são estabelecidas as bases teóricas sobre as quais o

presente estudo será desenvolvido.

2.1 INTRODUÇÃO AO VENTURE CAPITAL

As operações de venture capital, ou capital de risco, são realizadas por

investidores individuais ou institucionais e visam a obtenção de ganhos elevados

de capital por via da aquisição de participação acionária em empreendimentos com

alto potencial de crescimento e com a posterior revenda destes ativos,

normalmente, em um prazo pré-determinado (GARCEZ; ANSELMO, 2005). Tais

investidores também são conhecidos como capitalistas ou capitalistas de risco

(SOUZA, 2008).

Além de capital, normalmente, o investidor de risco aporta também

conhecimento nas áreas comercial, financeira e jurídica (CALAZANS, 2005), bem

como, auxilia na gestão, definição de estratégias e na montagem da equipe de

administração (CGEE, 2003) e utiliza sua rede de relacionamento para agregar

valor ao negócio (SONODA, 2008).

Em outras palavras, ao receber investimentos de venture capital, além

de receber recursos para se desenvolver, a empresa ainda ganha um sócio, que

traz experiência administrativa e compartilha conjuntamente o risco do negócio

(TITERICZ, 2003).

Este amplo aporte visa aumentar a chance de sucesso do negócio em

termos monetários e influenciar positivamente a possibilidade de ganhos de capital

no longo prazo, que é o objetivo final dos investidores de risco (CGEE, 2003).

Ademais, existem evidências de que as empresas apoiadas por venture capital têm

um desempenho superior, conforme será visto ao longo deste capítulo.

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23

Entretanto, para que uma oportunidade receba apoio de capital de risco,

tem que se submeter a criteriosa seleção. No Brasil, apenas, 1% dos projetos

apresentados aos investidores chegam ao final do processo e recebem

investimento (CARVALHO et. al., 2006). O processo seletivo utilizado pelos fundos,

geralmente contempla os seguintes passos eliminatórios, conforme Souza (2008):

(a) análise do plano de negócios resumido; (b) análise do plano de negócios

detalhado; (c) entrevista dos empreendedores; e (d) apresentação do projeto ao

Comitê de Investimentos.

Só após vencer todas as etapas e ser aprovada no Comitê de

Investimentos é que a oportunidade está apta para ser investida. Mesmo assim,

normalmente, o investimento ainda está condicionado a uma auditoria das

informações fornecidas pelo empreendedor.

O Plano de Negócios da oportunidade de investimento tem um papel

fundamental neste processo de seleção, pois é considerado pelos investidores

como o principal insumo do processo, em conseqüência, a qualidade deste

documento influencia fortemente a decisão por investir ou não (SOUZA, 2008).

Não existe um modelo único de Plano de Negócios, mas as principais

seções que devem compor este documento são, como proposto por Salim et. al.

(2001) e Biagio e Batocchio (2005): (a) Sumário executivo; (b) Descrição da

empresa; (c) Planejamento estratégico; (d) Produtos e serviços; (e) Análise do

mercado; (f) Plano de marketing; (g) Plano operacional; (h) Plano financeiro; e (i)

Plano de investimentos.

2.1.1 Histórico da indústria

A indústria de venture capital surgiu nos EUA, nos anos 40, e,

posteriormente, se difundiu para outros países com as devidas adaptações para as

realidades locais (NASCIMENTO, 2006).

A primeira empresa moderna de capital de risco nos Estados Unidos foi

a American Research and Development (ARD), focada em investimentos de alto

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risco em empresas emergentes que desenvolviam tecnologias que seriam

utilizadas na Segunda Guerra Mundial. A ARD foi criada em 1946 por Karl

Compton (presidente do Massachusetts Institute of Technology) e Georges F.

Doriot (professor da Harvard Business School). Cerca da metade dos lucros da

ARD foram gerados pelo investimento de setenta mil dólares, feito em 1957, na

Digital Equipment Company (DEC). Este investimento atingiu, quatorze anos

depois, o valor de trezentos e cinqüenta e cinco milhões de dólares (GOMPERS,

1994; GOMPERS; LERNER, 1998).

No Brasil, o capital de risco é recente e seu início está ligado às

experiências do BNDES, iniciada em 1974, e da Financiadora de Estudos e

Projetos (FINEP), em 1976. A primeira regulamentação do setor, com a edição da

instrução CVM nº 209/94, nasceu para fazer frente às oportunidades de

investimento surgidas com as privatizações realizadas na época do Plano Real

(ABVCAP, 2008; MEIRELLES et al., 2008).

De sua origem, na década de 70, até os dias atuais, a indústria de

venture capital do Brasil passou por algumas fases bem distintas, conforme

resumido no Quadro 1.

Fase Período Descrição

Origem 1970 a 1980

Início da indústria, incentivado, sobretudo, pelos investimentos do Governo em grandes projetos, com pouca participação do setor privado, seja como investidor ou como gestor de fundos.

Estruturação 1981 a 1994

Período marcado, sobretudo, pela criação das bases necessárias para o crescimento: estabilidade econômica, com inflação baixa e regulamentação. Poucas experiências foram realizadas no período, em virtude da instabilidade econômica.

Crescimento 1995 a 2009

Crescimento da indústria de Capital de Risco: aumento substancial do número de investidores, operações e do capital comprometido, que atingiu um valor superior a US$ 34 bilhões em 2009.

QUADRO 1 – Fases da história da indústria de Capital de Risco no Brasil Fonte: Adaptado a partir de Pavani (2003), GVcepe (2008) e Furtado (2010)

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Diante da tendência evidenciada pela Figura 1, supõe-se que a fase de

Crescimento da indústria não tenha se encerrado em 2009, final da série estudada

por Furtado (2010).

A Figura 1 demonstra o forte crescimento no capital comprometido,

sobretudo, no período entre 2005 e 2009. Tendo ocorrido um expressivo aumento

de 21% entre os anos de 2008 e 2009, taxa bastante significativa, principalmente

se comparada à taxa de crescimento do PIB que foi negativa em 0,2% no mesmo

período.

Diante da tendência explicitada por esta figura, , supõe-se que a fase de

Crescimento da indústria não tenha se encerrado em 2009, final da série estudada

por Furtado (2010).

FIGURA 1 – Evolução do Capital Comprometido Alocado ao Brasil Fonte: Furtado (2010)

Além disso, pode-se observar que, além de crescer em tamanho, a

Indústria Brasileira de Private Equity e Venture Capital também cresce em

relevância para a economia nacional, como demonstrado na Figura 2, que

apresenta um consistente aumento da participação desta indústria no PIB.

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FIGURA 2 – Evolução do Capital Comprometido como Percentual do PIB Fonte: GVCEPE (2008)

2.1.2 A oferta de Capital de Risco no Brasil

A oferta de Capital de Risco no Brasil já vem sendo estudada há algum

tempo. O principal trabalho neste sentido é o Primeiro Censo Brasileiro da Indústria

de Private Equity e Venture Capital, viabilizado pelo GVcepe e realizado por

Carvalho; Ribeiro e Furtado (2006). Este trabalho aborda, de forma bastante

abrangente, as nuances da atividade de investimento em Venture Capital (VC) e

Private Equity (PE) no Brasil, enfatizando, sobretudo, as organizações gestoras e

nos veículos de investimento.

A contribuição do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital

da FGV-EAESP, o GVcepe, para a compreensão da indústria não se restringe ao

primeiro censo. Posteriormente, pelo menos, outros dois trabalhos do grupo

apresentaram informações atualizadas sobre o setor. Os trabalhos são: (a) Guia

GVcepe - Endeavor - Private Equity e Venture Capital (2008); e (b) Panorama da

Indústria Brasileira de Private Equity e Venture Capital (2008). Estes trabalhos

demonstram um forte crescimento da indústria no país, já comentado anteriormente

no texto.

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Para exemplificar este crescimento, pode-se verificar que, a partir de

2005, as empresas gestoras aumentaram o comprometimento de recursos a uma

taxa de cerca de 50% ao ano, chegando a um valor de US$ 26,65 bilhões de

capital comprometido em junho de 2008. Além disso, neste período, a indústria de

VC/PE praticamente dobrou sua participação no PIB, contando com 482 empresas

nas carteiras das organizações gestoras (GVCEPE, 2008).

É importante ressaltar que, embora o segmento de Capital Semente

(Seed Money) ainda tenha pouca representatividade na indústria de VC/PE no

Brasil, sua importância vem crescendo nos últimos anos, em função de algumas

políticas públicas e ações governamentais de apoio à indústria, conforme GVCEPE

(2008), sobretudo, por via do BNDES e da FINEP. O crescimento deste segmento

é relevante, pois ele está situado no começo da cadeia de valor dos investimentos

de Private Equity e Venture Capital, afetando assim, positivamente, toda a indústria.

Por sua vez, na Figura 3, que a Antera, empresa gestora do FMIEE

Criatec, está classificada como a maior gestora de Capital Semente no Brasil.

Como o FMIEE Criatec é o único veículo da Antera, demonstra-se que o FMIEE

Criatec é o maior fundo de capital semente do país.

FIGURA 3 – Gestoras de Capital Semente: 10 Maiores Volumes de Capital Alocado ao Brasil em 30/06/2008 (Valores em US$ Milhões) Fonte: GVCEPE (2008)

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2.1.3 A demanda por Venture Capital no Brasil

Há algum tempo, a imprensa especializada noticiava que alguns

gestores de brasileiros de fundos de capital de risco tinham dificuldades de

encontrar projetos com potencial no país. A mesma notícia dava conta de que a

Votorantim Novos Negócios tinha, no ano 2000, US$ 300 milhões para realizar

investimentos e que, sete anos depois, em 2007, não tinha conseguido investir nem

a metade deste montante (SIMÕES, 2007).

Mais recentemente, jornais especializados noticiaram o aumento

expressivo da demanda por venture capital no Brasil, sobretudo na área de

Tecnologia da Informação, setor que passa por uma expansão no país e onde os

investidores de risco têm conseguido boas taxas de retorno sobre o investimento

(BOUÇAS, 2010).

No que tange à academia, conforme já comentado, há escassez de

estudos que analisem a demanda por capital de risco no Brasil e que tenham

densidade suficiente para serem considerados seminais.

2.1.4 Conceituação dos termos Venture Capital (VC) e Private Equity (PE)

Não existe consenso entre os autores com relação à utilização dos

termos Venture Capital (VC) e Private Equity (PE).

Uma das correntes utiliza os dois termos de forma distinta para

representar o investimento em empresas em diferentes estágios de

desenvolvimento. Esta distinção teve origem nos Estados Unidos e é amplamente

divulgada (SHARP, 2002).

Bons exemplos desta utilização são os trabalhos de Carvalho et al.

(2006), Ferreira (2007) e Reuters (2010), que afirmam que os investimentos de

Venture Capital são realizados em empresas nos estágios iniciais de

desenvolvimento, da seguinte forma: (a) capital semente (seed capital); (b)

estruturação inicial (start-up); e (c) estágio inicial (early stage). Já os investimentos

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de Private Equity são realizados em empresas mais maduras, nos seguintes

estágios de desenvolvimento: (a) estágios avançados (late stage); (b)

financiamento de aquisições (aquisition finance); (c) tomada de controle pelos

executivos (management buyout/ in); (d) estágio pré-emissão (bridge finance); (e)

recuperação empresarial (turnaround); (f) financiamentos de mezanino,

investimentos em estágios avançados do desenvolvimento da empresa que

utilizam uma combinação de equity e dívida (mezzanine investments); e (g)

Investimento Privado em Empresa Aberta de Baixa Liquidez (private investment in

public equity).

Por outro lado, Sharp (2002) e EVCA (2007) alegam que todos os

investimentos privados em participações de empresas não listadas em bolsas são

investimentos de Private Equity. Para estes, Venture Capital é um tipo de

investimento de Private Equity, assim como buyout é um outro tipo deste

investimento.

Uma outra possibilidade é sugerida por BVCA (2010), que utiliza o termo

Venture Capital como sinônimo de Private Equity, neste caso, ambos os termos

são utilizados para caracterizar a indústria como um todo, cobrindo, de forma

integral, as fases de investimento em participações de empresas não listadas em

bolsas.

Além disso, é importante notar que, no Brasil, o termo Private Equity,

normalmente, não é traduzido para o Português, mas o termo Venture Capital é

traduzido para o idioma nacional, gerando a expressão Capital de Risco. A

expressão Capital de Risco enfrenta o mesmo problema da expressão Venture

Capital e é utilizada, de forma intercambiável, ora para se referenciar a indústria

como um todo, ora para tratar, apenas, dos investimentos nas fases iniciais.

Ainda em relação ao Brasil, existe também quem utilize o termo Capital

Empreendedor para representar os setores de Venture Capital e Private Equity em

conjunto, como são os casos de Souza (2008) e ABVCAP (2010).

Existem ainda, no Brasil, os que são refratários ao termo Capital de

Risco, afirmando que o termo ressalta de forma errônea o caráter especulativo do

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investimento, preferindo a utilização de Venture Capital. Tendo, inclusive,

supostamente, a ABCR (Associação Brasileira de Capital de Risco) mudado seu

nome para ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital) por

este motivo. Nesta dissertação, os dois termos, em português e inglês, são

utilizados de forma intercambiável, mas privilegia-se a utilização da expressão

Venture Capital.

Ademais, visando uma maior precisão conceitual, adota-se a

classificação utilizada pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital

da FGV-EAESP, o GVcepe, que considerara que os investimentos realizados nos

estágios Seed (capital semente), Startup (estruturação inicial) e Early Stage

(estágio inicial) são investimentos na modalidade de Venture Capital. A Figura 4

ilustra a classificação do GVcepe.

FIGURA 4 – Diagrama dos Estágios dos Empreendimentos e Modalidades dos Veículos Fonte: GVCEPE (2008)

Por fim, embora o foco primário do FMIEE Criatec seja investimentos em

capital semente, pela classificação adotada, constata-se que o Fundo realiza

investimentos em empresas emergentes que estão nos três estágios situados na

faixa coberta pelos investimentos da modalidade de Venture Capital (Seed, Startup

e Early Stage). Desta forma, considera-se, no âmbito desta dissertação, que o

FMIEE Criatec se enquadra na modalidade de investimentos em Capital de Risco

ou Venture Capital.

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2.1.5 Ciclo do Venture Capital

A indústria de Capital de Risco, conforme as propostas de Leonardos

(1994) e Pavani (2003), possui um ciclo composto por seis etapas, a saber: (a)

captação de recursos; (b) prospecção, seleção e enquadramento (screening) de

oportunidades; (c) análise da oportunidade; (d) negociação e investimento; (e)

acompanhamento e aceleração; e (f) desinvestimento. Estes eventos ocorrem, ao

longo do tempo, conforme a Figura 5.

FIGURA 5 – Principais processos do Venture Capital

Fonte: Pavani (2003)

Page 33: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

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O ciclo completo do Capital de Risco pode ser resumido conforme

Quadro 2, a seguir.

Etapa Descrição

Captação de recursos

Nesta etapa, os gestores, por via de contato com investidores de longo prazo, captam recursos para a montagem do fundo. Normalmente, os fundos só entram em operação caso o valor total de captação supere um patamar mínimo pré-estabelecido.

Prospecção, seleção e

enquadramento (screening) de oportunidades

Nesta etapa, os gestores têm contato com várias empresas e empreendedores, fazem a divulgação do fundo e prospectam uma grande quantidade de oportunidades de investimento. Posteriormente, fazem uma análise preliminar, na tentativa de retirar do processo as oportunidades que não estejam enquadradas aos objetivos do fundo.

Análise da oportunidade

Aqui, as oportunidades e seus planos de negócios são analisadas em detalhe. Questões como viabilidade do negócio, potencial de crescimento, riscos de insucesso, dinâmica do mercado, entre outras, são avaliadas. Algumas poucas empresas são aprovadas e seguem para a próxima etapa.

Negociação e investimento

Após a análise e aprovação de uma oportunidade, nesta etapa, o preço das ações, a participação do fundo e a forma de participação são negociados e o investimento é efetivado, geralmente, por via da assinatura de um acordo de acionistas.

Acompanhamento e aceleração

Neste ponto, a empresa já faz parte do portfólio do fundo. O investimento passa a ser acompanhado pela equipe do fundo, que aporta conhecimento nas áreas comercial, financeira e jurídica, bem como, auxilia na gestão, definição de estratégias e na montagem da equipe de administração. O fundo utiliza também a sua rede de relacionamento para agregar valor ao negócio e acelerar seu crescimento.

Desinvestimento

Por fim, chega-se a etapa de desinvestimento ou saída, onde o fundo busca obter liquidez e retorno financeiro para seus investimentos. Idealmente, esta saída se daria por via da abertura de capital e venda das ações das empresas investidas na bolsa de valores, por meio da oferta pública inicial (IPO). Na prática, poucas empresas investidas por Capital de Risco conseguem chegar ao IPO, utilizando-se, alternativamente, uma das seguintes opções de saída: a) instrumentos autoliquidáveis (ações resgatáveis ou debêntures); b) acordos de recompra da participação pelo acionista original (buyback); c) venda financiada para os administradores da empresa (leveraged buy-out); d) venda da participação para outras empresas ou investidores (trade sale ou secondary sale); e e) liquidação do negócio (write-off).

QUADRO 2 – Etapas do Ciclo do Venture Capital Fonte: Adaptado a partir de Leonardos (1994) e Pavani (2003)

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2.1.6 Principais participantes da atividade de VC/PE

Diversos atores participam e interagem, de forma dinâmica, na indústria

de VC/PE e estas interações geram fluxos de ativos, informações, conhecimento e

autoridade. Os principais participantes desta indústria, como expresso por CGEE

(2003), Pavani (2003) e Meirelles et. al. (2008), são: (a) business angels; (b)

investidores (cotistas); (c) organizações gestoras; (d) veículos de investimento

(fundos); (e) empresas investidas; (f) instituições governamentais; (g) organizações

de fomento; (h) prestadores de serviços; (i) investidores estratégicos; e (j) bolsas

de valores.

O Quadro 3 contém o resumo descritivo dos principais papéis

desempenhado na indústria de VC/PE por cada um dos seus atores.

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Ator Descrição Papel na indústria

Business angels

(investidores anjos)

Em sua maioria, são indivíduos de grande fortuna e com experiência de mercado. Também são chamados de investidores anjos ou, apenas, de anjos.

Investem em pequenas empresas com alto potencial de crescimento. Os investimentos realizados pelos anjos ocorrem, geralmente, nos estágios inicias das empresas e são realizados de forma direta, sem a intermediação de um fundo. Normalmente, os anjos participam, ativamente, da gestão das empresas investidas.

Investidores

São instituições públicas de fomento, fundos de pensão, fundações, grandes corporações, grandes investidores privados ou outras pessoas físicas e jurídicas.

Adquirem cotas e aplicam recursos de longo prazo nos fundos de investimento.

Organizações gestoras

São, em geral, instituições financeiras ou gestores independentes, cadastradas na CVM.

Fazem a captação dos recursos, montagem e administração de um ou mais fundos de investimento.

Veículos de investimento

(Fundos)

São condomínios fechados, têm um prazo predeterminado de funcionamento e são constituídos seguindo normas da CVM, utilizando, na maioria dos casos, uma das seguintes formas: (a) Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes (FMIEE), Instrução CVM 209/94; e (b) Fundo de Investimento em Participações, Instrução CVM 391/03.

Adquirem ações, debêntures, bônus de subscrição, ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de companhias, abertas ou fechadas, participando do processo decisório da companhia investida, com efetiva influência na definição de sua política estratégica e na sua gestão, notadamente através da indicação de membros do Conselho de Administração.

Empresas investidas

As empresas investidas são as que passaram por todos processo de seleção e receberam aporte de recursos financeiros dos fundos.

Captam recursos financeiros dos fundos, visando financiar seu crescimento e desenvolvimento.

Instituições governamentais

Instituições tais como Congresso Nacional, Banco Central e CVM.

Legislam, normatizam, regulam e fiscalizam o setor de VC/PE.

Organizações de fomento

Instituições governamentais ou não governamentais, tais como SEBRAE, IEL, FINEP, fundações de amparo à pesquisa, entre outras.

Atuam, sobretudo, em duas frentes, apoiando e fomentando a atividade de VC/PE e incentivando e dando suporte às empresas inovadoras e de base tecnológica, contribuindo assim com a redução do risco de investimento.

Prestadores de serviços

São empresas de consultoria, empresas de auditoria, escritórios de contabilidade, escritórios de advocacia, incubadoras de empresas e institutos de pesquisa.

Auxiliam os atores, dando suporte aos processos de tomada de decisão, planejamento e execução das atividades.

Investidores estratégicos

Empresas que buscam consolidação de mercado por via aquisições de outras empresas.

Podem ser uma alternativa de saída para os fundos de VC/PE, por via de aquisição total ou parcial de participação nas empresas investidas.

Bolsas de valores

São instituições que operam mercados organizados onde se negociam ações de empresas de capital aberto (públicas ou privadas).

Podem ser uma alternativa de saída para os fundos de VC/PE, por meio de oferta pública de ações (IPOs).

QUADRO 3 – Papel desempenhado por cada um dos atores da indústria de VC/PE Fonte: Elaborado a partir de CGEE (2003), Pavani (2003) e Meirelles et. al. (2008)

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A complexidade das principais interações entre os atores da indústria de

VC/PE pode ser observada na Figura.

FIGURA 6 – Principais interações entre os atores da indústria de VC/PE Fonte: Elaborado a partir de Pavani (2003)

2.1.7 Venture Capital como alternativa de financiamento do empreendedorismo inovador

As empresas emergentes de base tecnológica são responsáveis pela

introdução no mercado e aproveitamento comercial de produtos, serviços e

processos, que utilizam de forma intensiva o conhecimento científico e tecnológico

gerados na academia. Os fatores mais importantes para a criação, expansão e

consolidação dessas empresas são: a existência de potenciais empreendedores,

existência de instituições de ensino e pesquisa, e a disponibilidade de recursos

financeiros (GONÇALVES, 2002).

As empresas emergentes de base tecnológica brasileiras, contudo, têm

dificuldades em obter crédito via mecanismos de financiamento tradicionais, dado

que as instituições financeiras julgam que o crédito para estas empresas é muito

arriscado, sobretudo para as que ainda estão nos estágios iniciais de

desenvolvimento. Em geral, estas empresas operam abaixo do ponto de equilíbrio,

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36

não possuem garantias reais para oferecer em contrapartida e não possuem

histórico de tomada de crédito ou tamanho suficiente para se adequarem ao

mercado de financeiro tradicional (GORGULHO, 1996).

Desta forma, para viabilizar os recursos financeiros necessários para a

criação, expansão e / ou consolidação de suas empresas, alguns empreendedores

buscam investimentos de capital de risco (TITERICZ, 2003).

A elevada percepção de risco por parte do mercado financeiro tradicional

pode ser ocasionada pelo fato de que as empresas emergentes de base tecnológica

apresentem tanto fatores de risco mercadológico, que são inerentes à grande parte

das empresas nascentes, como fatores de risco associados ao sucesso de suas

tecnologias e produtos. Esta conjunção é inerente às empresas nascentes de base

tecnológica.

Como pode-se observar na Figura 7 elaborada por Titericz (2003), o grau

de risco é diretamente proporcional ao potencial retorno sobre o investimento, sendo

maior nos estágios iniciais, e inversamente proporcional à necessidade de recursos.

FIGURA 7 – Evolução Risco e Retorno versus Necessidade de Recursos Fonte: TITERICZ (2003)

De fato, por causa de suas peculiaridades, o venture capital é

especialmente adequado às empresas emergentes de base tecnológica, pois, se por

um lado, essas empresas não dispõem de acesso ao mercado de capitais nem a

outras fontes tradicionais de recursos, por outro lado, elas oferecem perspectivas de

retorno elevado, o que é atraente para os investidores. Ademais, denomina-se de

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„capital de risco clássico‟ a associação entre pequenas e médias empresas de base

tecnológica e o capital de risco (GORGULHO, 1996).

É importante destacar, como mencionado anteriormente, que as

empresas investidas por venture capital têm níveis de investimento em pesquisa e

desenvolvimento acima da média e isso se reflete, entre outras coisas, na geração

de patentes. Essas empresas respondem por parte significativa das atividades de

pesquisa e desenvolvimento dos Estados Unidos e produzem maior número de

patentes e patentes mais valiosas do que as empresas que não contam com

investimentos de capital de risco (KORTUM; LERNER, 2000).

Neste sentido, Bottazzi e Da Rin (2001), argumentam que, na década de

noventa, o ritmo acelerado de lançamento de produtos inovadores, guiado por

empresas e empreendedores focados em inovação, contribuiu substancialmente

para o aumento da competitividade e o crescimento da economia americana.

2.1.8 A importância do venture capital para a economia

A habilidade de incentivar e apoiar as inovações tecnológicas é, como

ressaltado por Bottazzi e Da Rin (2001), uma das principais fontes de crescimento

econômico de um país.

Observa-se ainda que existem alguns estudos que analisam a influência e

os impactos da atividade de capital de risco na economia. Estes estudos foram

realizados, sobretudo, nos Estados Unidos e na Europa, regiões onde a atividade é

mais difundida. Neles, verifica-se que os efeitos positivos dos investimentos de

venture capital podem ser percebidos em diversos níveis, que vão desde o mais

básico, que é o impacto nas empresas investidas, passam por setores da indústria e

conseguem influenciar os indicadores globais da economia do país.

Existe um consenso entre profissionais de diversas áreas de que a

existência de uma indústria de capital de risco forte e dinâmica nos Estados Unidos

está associada à liderança daquele país em relação à comercialização de produtos

relacionados com inovação tecnológica (BOTTAZZI; DA RIN, 2001). Importantes

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38

empresas de tecnologia, como a Apple, Compaq, Digital Equipment Corporation,

Federal Express, Google, Intel, JetBlue, Microsoft e Sun Microsystems são alguns

exemplos de empreendimentos que floresceram apoiados por venture capital

naquele país (GARCEZ; ANSELMO, 2005; REUTERS, 2010).

Algumas destas empresas são, até hoje, referências globais em seus

setores de atividade e boa parte delas obtiveram avaliações elevadas em suas

aberturas de capital e propiciaram um alto retorno para seus investidores. Estes

casos de sucesso foram responsáveis pela atração de bilhões de dólares e milhares

de novos investidores para a indústria americana de venture capital. Entretanto, a

importância da atividade de capital de risco para a economia não pode ser atribuída,

apenas, aos casos de extremo sucesso, pois existem várias outras empresas

apoiadas por venture capital, que são menos conhecidas, mas que, em conjunto,

ajudam no desenvolvimento tecnológico e econômico dos Estados Unidos

(GORGULHO, 1996).

Estima-se que, naquele país, as empresas que receberam aporte de

capital de risco foram responsáveis, em 2008, por doze milhões de empregos e

faturaram, aproximadamente, três trilhões de dólares, o que equivale,

respectivamente, a onze por cento dos empregos do setor privado e vinte e um por

cento do produto interno bruto do país (GLOBAL INSIGHT, 2009).

Este impacto na economia americana também fica evidente, quando

observa-se as significativas contribuições da atividade de venture capital no

desenvolvimento de novos segmentos industriais, alguns deles relevantes até hoje,

como é o caso dos de Biotecnologia, Semicondutores, Software e Internet. Mais

recentemente, o capital de risco vem desempenhando um importante papel na

criação de um novo setor na economia americana, o de Clean Technology

(tecnologias limpas, em uma tradução livre), que é uma grande promessa de

geração de empregos e renda no futuro (GLOBAL INSIGHT, 2009).

Na mesma linha, estudos realizados na Europa apontam evidências de

que empresas que receberam investimentos de venture capital apresentaram

maiores taxas de crescimento, potencial de criação de empregos, investimentos em

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39

pesquisa e desenvolvimento e maior volume de exportações, quando comparadas

às quinhentas maiores empresas européias (GONÇALVES, 2002).

No Brasil, verifica-se que, no período entre janeiro de 2004 e junho de

2008, o Venture Capital e Private Equity auxiliaram na abertura de capital de várias

empresas, estando relacionados com 39 IPOs - Initial Public Offering, permitindo que

seus investidores realizassem a venda de suas participações com significativos

retornos sobre os investimentos, contribuindo também para o crescimento do

mercado de capitais no país. Os recursos levantados por estas empresas totalizam

R$ 27,2 bilhões, que equivale a 31% dos recursos totais levantados em IPOs

naquele período (GVCEPE, 2008).

Empresas como Diagnósticos da América S.A., América Latina Logística,

Submarino, Natura, GOL Linhas Aéreas, Localiza, Universo Online – UOL, Lupatech

(ABVCAP, 2008), bem como, Bematech e Totvs são exemplos de empresas de

sucesso que se desenvolveram com o apoio de investimentos de VC/PE no Brasil.

Gorgulho (1996) já identificava os benefícios que poderiam ser auferidos

pelo desenvolvimento de uma indústria de capital de risco no Brasil. Utilizando dados

das empresas apoiadas pelo Contec - Programa de Capitalização de Empresas de

Base Tecnológica do BNDES, demonstrou que houve ganhos efetivos no

desenvolvimento das empresas apoiadas pelo programa, com reflexos positivos no

faturamento, na realização de investimentos, na geração de empregos e na criação

de produtos inovadores. Mas, conforme a autora, a experiência do Contec foi

incipiente e os resultados obtidos com a análise deste caso não foram capazes de

representar o impacto na economia brasileira como um todo.

Mais recentemente, não se tem notícias de estudos aprofundados sobre o

impacto na economia da atividade de venture capital no Brasil.

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40

2.2 RESOURCE BASED VIEW (RBV)

No âmbito da dissertação, os pontos de maior interesse em relação à

RBV – Resource Based View - são relacionados com a forma que as empresas

utilizam seus recursos tangíveis e, sobretudo, intangíveis para criar vantagens

competitivas em relação aos seus concorrentes e obter desempenho acima da

média. Pois, como formulado por Barney (1991), os recursos que cada empresa

controla têm aspectos idiossincráticos que levam a diferenças no seu desempenho.

Além disso, este trabalho também aborda, mesmo que de forma não

aprofundada, a relação entre os recursos intangíveis e a valoração (valuation) das

empresas. Para tanto, segue-se uma introdução sobre a RBV e a apresentação de

alguns conceitos desta teoria.

A visão da empresa baseada em recursos, no original, resource based

view of the firm (RBV), nasceu com o trabalho seminal, publicado em 1959, por Edith

Penrose. A partir de Wernerfelt (1984), ganhou importância acadêmica na literatura

de estratégia empresarial. A teoria considera que o desempenho superior das

empresas, suas vantagens competitivas, bem como, as estratégias para o

desempenho superior, estão relacionados com a utilização dos seus recursos, sejam

eles tangíveis ou intangíveis.

Na opinião de Penrose (1959) a empresa deve ser administrada como um

conjunto de recursos. Por sua vez, para Wernerfelt (1984), os recursos são ativos

que possuem uma ligação semipermanente com uma dada empresa e estão

relacionados com suas forças e fraquezas.

Além dos trabalhos seminais mencionados, a RBV vem recebendo

contribuições de diversos autores, dentre os quais destacam-se Prahalad e Hamel

(1990), Barney (1991), Grant (1991) e Peteraf (1993), cujas contribuições estão

resumidas no Quadro 4.

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41

QUADRO 4 – Principais contribuições para a RBV Fonte: Elaboração própria

Os recursos são todos os bens, capacidades, processos organizacionais,

atributos empresariais, informações, conhecimentos, entre outros, que a empresa

controla e que possibilitam ganhos de eficiência e eficácia na formulação e

implementação de estratégias (BARNEY, 1991).

A Figura 8 sugere que estes recursos podem ser tangíveis ou intangíveis

e que são utilizados pela empresa em suas estratégias, visando o sucesso, seja em

termos financeiros ou em termos de mercado.

Autor Principal Contribuição para a RBV

Penrose (1959)

Empresa como um conjunto de recursos

O crescimento da empresa é baseado no efetivo uso dos seus recursos e limitado pelos recursos gerenciais

Wernerfelt (1984)

Retomada das idéias de Penrose (1959)

Foco na análise dos recursos da empresa e das opções estratégicas derivadas dessa análise

Alguns recursos podem levar a maior lucratividade

Papel da estratégia é balancear a exploração de recursos existentes com o desenvolvimento de novos

Aquisições podem ser interpretadas como compras de recursos

Prahalad e Hamel (1990)

Popularização das idéias de Wernerfelt (1984)

Conceito de capacidades dinâmicas e core competence

Barney (1991)

Elaboração de uma teoria ampla da RBV

Disseminação do conceito de recurso e introdução das capacidades como um dos recursos

Modelo baseado em pressupostos (heterogeneidade e imobilidade) e condições (valiosos, raros, imperfeitamente imitáveis e não substituíveis) para que os recursos sejam fontes de vantagem competitiva sustentável

Grant (1991) Diferenciação entre recurso (duráveis, não

transparentes e intransferíveis) e capacidade (resultado do uso conjunto de recursos)

Peteraf (1993) Modelo unificado, que explica a vantagem

competitiva sustentável com base em recursos-chave

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42

FIGURA 8 – Framework RBV para o sucesso da empresa Fonte: Adaptado a partir de Galbreath (2004)

A vantagem competitiva está associada com a geração de valor para a

empresa no processo de utilização de seus recursos na implementação de uma

estratégia, que não esteja sendo implementada por concorrentes atuais ou

potenciais. Caso estes concorrentes não sejam capazes igualar os efeitos benéficos

da estratégia implementada pela empresa, tem-se a vantagem competitiva

sustentável. Contudo, é importante salientar que nem todos os recursos são fontes

de vantagens competitivas sustentáveis (BARNEY, 1991).

Desta forma, no intuito de identificar quais os recursos responsáveis pelas

vantagens competitivas sustentáveis, Barney (1991) sugere uma lista de atributos

que estes recursos devem possuir, conforme descrito a seguir: (a) ser valiosos - que

permitam a empresa conceber e implementar estratégias que melhorem sua

eficiência e eficácia, explorando oportunidades ou neutralizando ameaças; (b) ser

raros - que não sejam facilmente encontrados, escassos e nem existam em um

grande número de empresas; (c) ser imperfeitamente imitáveis, que as empresas

que não os possuam não possam obtê-los; e (d) ser não substituíveis, que não

exista equivalente estratégico que possa desenvolver a mesma estratégia, mesmo

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43

que de maneira distinta, mas que não sejam raro e imperfeitamente imitáveis entre

os concorrentes.

O resumo deste modelo proposto por Barney (1991), que ficou conhecido

como VRIN, pode ser observado na Figura 9.

FIGURA 9 – Modelo VRIN – Pressupostos, condições e resultado Fonte: Barney (1991)

Mais recentemente, Barney e Hesterly (2007) propõem o modelo VRIO,

no qual os seguintes critérios devem ser atendidos pelos recursos que resultam em

vantagem competitiva: (a) valor; (b) raridade; (c) imitabilidade; e (d) organização.

Este último associado à capacidade da empresa de explorar os recursos que são

valiosos, raros e de difícil imitação.

Grant (1991) propõe uma distinção entre recursos e capacidades, e

argumenta que os recursos são os inputs no processo de produção e incluem capital,

equipamentos, habilidades de empregados, patentes, marcas entre outros. Por sua

vez, uma capacidade é resultado da habilidade de uso conjunto de recursos para

executar alguma tarefa ou atividade. Desta forma, enquanto recursos são a fonte

das capacidades, estas são a fonte principal de vantagem competitiva de uma

empresa.

Neste contexto, ainda segundo Grant (1991), o desenvolvimento de uma

vantagem competitiva é galgado por meio de recursos que são: (a) duráveis - de

modo que não se tornem rapidamente obsoletos; (b) não transparentes – para não

permitir que outras empresas entendam e imitem a estratégia; (c) intransferíveis -

Heterogeneidade

Imobilidade

Pressupostos

Valiosos

Raros

Imperfeitamente imitáveis o Condições históricas únicas o Ambigüidade causal o Complexidade social

Não substituíveis

Condições

Vantagem

Competitiva Sustentável

Resultado

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recursos e capacidades iguais aos que a empresa possui não podem ser adquiridos

no mercado; e (d) não replicáveis - os recursos e capacidades não são replicáveis

do mesmo modo em outras empresas.

Outra contribuição que trata da criação da vantagem competitiva baseada

em recursos para explicar a lucratividade da empresa, foi proposta por Peteraf

(1993), partindo dos trabalhos de Wernerfelt (1984), Prahalad e Hamel (1990),

Barney (1991), entre outros. O modelo possui duas suposições iniciais e duas

condições relacionadas aos recursos que levam as organizações à vantagem

competitiva sustentável, como pode ser visto na Figura 10.

FIGURA 10 – Fatores para a vantagem competitiva sustentável Fonte: Peteraf (1992)

As suposições iniciais deste modelo, segundo Peteraf (1993), são: (a)

heterogeneidade - assegura a posição de superioridade ou inferioridade de recursos,

logo, de ganhos; e (b) mobilidade imperfeita - os recursos não devem ser

comercializáveis, caso contrário, que possuam mais valor dentro da empresa que o

utiliza atualmente do que teria em outra, ou seja, os ganhos devem ser sustentados

dentro da empresa.

As condições relativas, também segundo a autora, são: (a) limites ex-post

à competição - tais como a imperfeição na imitação e substituição, de modo que os

ganhos sejam sustentados; e (b) limites ex-ante à competição - o desempenho

econômico da organização depende não só dos ganhos gerados, como também do

Ganhos sustentados

Heterogeneidade

Mobilidade Imperfeita

Limites Ex-Ante à

Competição

Vantagem Competitiva Sustentável

Limites Ex-Post à

Competição

Ganhos sustentados dentro da firma

Ganhos

Ganhos não erodidos pelos custos

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custo de se implementar a estratégia. Para tanto, esses limites devem ser avaliados

para que os ganhos não sejam erodidos.

Da análise dos modelos comentados nesta seção, observa-se que a RBV

oferece algumas formas de identificação dos recursos relacionados com a geração

de vantagem competitiva e desempenho superior das empresas.

2.2.1 Interface entre critérios de seleção e precificação (valuation) e a RBV

As operações de capital de risco pressupõem a aceitação de um elevado

risco, em troca da perspectiva de um alto retorno no futuro. No entanto, existem

meios de minimizar o risco envolvido nestas operações. A seleção criteriosa das

empresas que serão investidas é um dos principais instrumentos utilizados na

mitigação deste risco.

A pesquisa conduzida por Hill e Power (2001), com investidores de risco

americanos, identifica os critérios mais importantes na avaliação de oportunidades

de investimento em empresas nascentes. Nela, os investidores foram solicitados a

pontuar, com uma nota de 1 a 5, os critérios que, nas suas visões, eram os mais

importantes para a seleção de oportunidades de investimentos em empresas

nascentes. A importância relativa dos principais critérios está descrita no Quadro 5.

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Critério Pontos

Qualidade de gestão 4,5

Tamanho do mercado 3,8

Qualidades do produto 3,7

Taxa de crescimento do mercado 3,5

Competição 3,5

Barreiras de entrada 3,4

Estágio de desenvolvimento da empresa 3,2

Indústria da qual a empresa faz parte 3,0

QUADRO 5 – Importância relativa dos principais critérios de seleção de

oportunidades de investimentos em empresas nascentes

Fone: Adaptado a partir de Hill e Power (2001)

Da análise do Quadro 5, pode-se observar que três dos principais critérios

de seleção estão relacionados com recursos intangíveis das empresas, são eles: (a)

qualidade da gestão; (b) qualidade dos produtos; e (c) estágio de desenvolvimento

da empresa. Em outras palavras, estão relacionados com a Teoria da Visão

Baseada em Recursos (Resources Based View Theory).

Dado que a RBV define a empresa como um conjunto de recursos

valiosos e salienta a importância dos recursos específicos de cada empresa e de

suas capacidades organizacionais como fatores que ajudam a prever o desempenho

da empresa (PENROSE, 1959), espera-se que critérios relacionados com esta teoria

estejam presentes na seleção de oportunidades de investimentos em empresas

nascentes.

Como estes critérios são utilizados na seleção de oportunidades de

investimento, pode-se imaginar que eles também influenciem na precificação

(valuation) dos empreendimentos-alvo. Contudo, analisando o Quadro 6, pode-se

notar que todos os principais métodos de precificação de empresas são baseados

em indicadores econômico-financeiros, e não consideram os critérios listados

anteriormente.

O Quadro 6 apresenta os principais métodos de precificação utilizados

pela indústria de VC/PE.

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Método Descrição

Múltiplos

Este método estima o valor da empresa com base em múltiplos de receitas, lucros ou fluxos de caixa. Os múltiplos são baseados em empresas que possuam características comparáveis a empresa alvo, tais como: risco, taxa de crescimento, estrutura de capital e fluxo de caixa.

Valor Presente Líquido (VPL)

Este método calcula o valor de uma empresa-alvo com base no valor atual do fluxo de caixa projetado para o empreendimento, que consiste na soma algébrica de todos os recebimentos e pagamentos atualizados com base em uma taxa de desconto que equivale ao custo de oportunidade do capital investido.

Valor Presente Ajustado

Este método é uma variação do (VPL) e é usado, preferencialmente, em situações onde a estrutura de capital da empresa alvo não é constante.

Capital de Risco

Este método é utilizado por alguns gestores da indústria de VC/PE e consiste em calcular o valor da empresa-alvo baseado no fluxo de caixa projetado pelos empreendedores, descontado para o valor presente com uma alta taxa de desconto (entre 40% e 75%). Esta alta taxa de desconto é utilizada para diluir o risco provocado pela incerteza em relação às projeções dos empreendedores e é manipulada para que o valor final atinja patamares esperados pelos investidores.

Opções

Este método é mais flexível que os métodos de VPL e VPA, pois abre a possibilidade do investidor exercer ou não o direito de investir, ao longo do tempo, a um preço pré-determinado, que é calculado com base no fluxo de caixa projetado. Este método é utilizado pelos investidores para diminuir sua exposição a riscos e para incentivar os empreendedores a conseguirem bons resultados para “ganharem” mais investimento.

QUADRO 6 – Principais métodos de precificação (valuation) de empresas Fonte: Elaborado a partir de Lerner e Willinge (1998) e Rieche e Santos (2006)

Os métodos de precificação de empresas baseados apenas em critérios

econômico-financeiros podem não ser totalmente adequados para a valoração de

empresas emergentes de base tecnológica, pois: (a) a incerteza relacionada aos

resultados das empresas emergentes, sobretudo as de base tecnológica, é muito

alta (TITERICZ, 2003); (b) o principal ativo das empresas intensivas em tecnologia é

intangível, relacionado com conhecimento e vantagens comportamentais

(GORGULHO, 1996); e (c) Estudo realizado por Shaikh (2004 citado por Thom; Greif,

2008) sugere que entre 50% e 90% do valor de uma companhia é decorrente,

prioritariamente, do gerenciamento de seus ativos intangíveis, bem mais do que dos

ativos tradicionais e tangíveis.

Somando-se a isto, estudo conduzido por Galbreath (2005, citado por

Thom; Greif, 2008), que trata da relação dos ativos tangíveis e intangíveis com a

performance das empresas enfatiza que os ativos intangíveis influenciam mais a

performance superior do que os ativos tangíveis.

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Neste sentido, Deutscher (2008) alerta que a economia baseada em

conhecimento necessita de novos instrumentos de avaliação, que levem em conta

os capitais intangíveis e viabilizem o financiamento das empresas intensivas neste

tipo de capital. Ainda segundo o autor, alguns bancos de investimento começam a

se dar conta deste fato, como é o caso do BNDES, que já passou a utilizar dois

instrumentos relacionados a capitais intangíveis para a avaliação de algumas

empresas de sua carteira, são eles: Relatório dos Capitais Intangíveis (CI) e Rating

(Métricas) de Capitais Intangíveis.

Desta forma, parece conseqüente que os planos de negócios elaborados

com o objetivo de captar financiamento de venture capital devam incluir, além das

tradicionais informações sobre indicadores econômico-financeiros e ativos tangíveis

do projeto, elementos que demonstrem a qualidade de seus recursos e capacidades

intangíveis.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo, são descritos os aspectos metodológicos do estudo,

tratando, entre outras coisas, da caracterização da pesquisa, do universo amostral,

dos procedimentos de coleta de dados e das ferramentas utilizadas.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Pesquisas acadêmicas podem ser classificadas de diversas formas. Para

Silva e Menezes (2001), as formas clássicas de classificação consideram os

seguintes pontos de vista: (a) natureza da pesquisa; (b) objetivos; (c) procedimentos

técnicos utilizados; e (d) abordagem metodológica do problema. Desta forma, nas

próximas seções, será realizada a caracterização da pesquisa segundo estes

critérios.

3.1.1 Natureza da pesquisa

As pesquisas aplicadas têm como objetivo a geração de conhecimentos,

que serão utilizados em aplicações práticas e na solução de problemas específicos

(SILVA; MENEZES, 2001). Desta forma, em relação à sua natureza, considera-se

que este estudo classifica-se como pesquisa aplicada, pois pretende-se gerar

conhecimento relevante, com possíveis aplicações práticas para diversos atores da

indústria nacional de VC/PE.

3.1.2 Objetivos

O objetivo das pesquisas descritivas é, a partir de amostras, caracterizar

uma população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

Além disso, envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (GIL, 2009).

Sendo assim, considera-se este estudo como descritivo, pois o mesmo visa a

descrição sistemática das características da demanda por venture capital no âmbito

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do FMIEE Criatec, utilizando, para tanto, métodos estatísticos para a análise do

fenômeno.

Por outro lado, ainda conforme Gil (2009), as pesquisas exploratórias

visam proporcionar um maior entendimento de um dado problema com o objetivo de

torná-lo explícito ou de construir hipóteses, para tanto, utiliza-se análise de exemplos

que estimulem o entendimento. Desta forma, também se considera este estudo

como exploratório, pois, por via da análise qualitativa dos planos de negócios das

oportunidades aprovadas para investimento pelo FMIEE Criatec, pretende-se

evidenciar quais elementos devem estar contidos em um plano de negócios para

que as chances de obtenção de financiamento via capital de risco sejam

maximizadas.

O fato de o estudo ser, ao mesmo tempo, descritivo e exploratório não

deve causar espécie, pois, segundo Selltiz (1974 citado por Titericz, 2003), os

diferentes tipos de estudos nem sempre são nitidamente separáveis, e qualquer

pesquisa pode conter elementos de duas ou mais funções descritivas como

características de diferentes tipos de estudo.

3.1.3 Procedimentos técnicos

Os estudos de caso envolvem a análise profunda e minuciosa de poucos

objetos, de forma que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Quando

se estuda uma população, pode-se aprimorar o conhecimento sobre o universo ao

qual pertencem e, sendo assim, tem-se um estudo de caso coletivo (GIL, 2009).

Esta pesquisa pretende entender melhor as características da demanda

por venture capital no Brasil por via do estudo pormenorizado da demanda por este

tipo de investimento no âmbito do FMIEE Criatec. Desta forma, sob esta ótica,

classifica-se este estudo como um estudo de caso coletivo, onde a unidade de caso

é o conjunto de planos de negócios submetidos ao FMIEE Criatec.

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3.1.4 Abordagem metodológica

A escolha da abordagem metodológica está ligada ao tipo de estudo e

aos objetivos que se pretende alcançar. Utiliza-se os métodos quantitativos, entre

outras coisas, para descobrir e classificar relações entre variáveis, bem como, para

investigar relações de causa e efeito entre fenômenos. Por outro lado, utiliza-se os

métodos qualitativos, entre outros motivos, quando deseja-se alcançar um maior

nível de entendimento do fenômeno. Os dois métodos não são mutuamente

excludentes, podendo haver complementaridade dos métodos no planejamento, na

coleta e na análise dos dados da pesquisa (RICHARDSON, 2008).

Sendo assim, do ponto de vista de abordagem metodológica, pode-se

classificar este estudo como uma pesquisa quali-quantitativa ou mista, pois serão

utilizados métodos estatísticos de análise de dados para identificar as características

da demanda por venture capital no Brasil e métodos qualitativos, sobretudo análise

de conteúdo, para tentar evidenciar quais elementos devem estar contidos em um

plano de negócios para que as chances de obtenção de financiamento via capital de

risco sejam maximizadas.

Os métodos utilizados para a análise dos dados variam conforme os

objetivos específicos, como detalhado no Quadro 7.

Objetivos específicos Fonte de dados Método de análise

1 - Identificar as características principais da demanda por venture capital no Brasil.

Planos de negócios enviados para o FMIEE Criatec.

Análise quantitativa, com a utilização de recursos e técnicas de estatística descritiva e associativa.

2 - Analisar a qualidade da demanda por venture capital no Brasil.

Planos de negócios analisados pelo FMIEE Criatec.

Análise quantitativa, com a utilização de recursos e técnicas de estatística descritiva e associativa.

3 - Estudar a influência dos critérios de seleção da escolha de uma determinada oportunidade de investimento.

Planos de negócios analisados pelo FMIEE Criatec.

Análise quantitativa, com a utilização de recursos e técnicas de estatística descritiva e associativa.

4 - Analisar, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos (Resources Based View Theory), os planos de negócios das oportunidades aprovadas para investimento.

Planos de negócios aprovados pelo FMIEE Criatec.

Análise qualitativa, com a utilização da técnica de análise de conteúdo.

5 – Propor as diretrizes para a elaboração de planos de negócios com chances elevadas de aprovação.

Não aplicável. Não aplicável.

QUADRO 7 – Objetivos específicos, fonte de dados, método de análise Fonte: Elaboração própria

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3.2 AMOSTRA

O universo amostral da pesquisa será composto por todos os planos de

negócios enviados para o FMIEE Criatec até o dia 31/12/2009. Os planos de

negócios submetidos ao Fundo estão armazenados em banco de dados e podem ter

um dos seguintes estados: (a) enviados e ainda não analisados; (b) enviados e já

analisados; e (c) enviados, analisados e aprovados.

O universo amostral vai variar conforme o objetivo específico que estará

sendo estudado. As amostras serão não probabilísticas e escolhidas por tipicidade.

Segundo Vergara (2009), as amostras escolhidas por tipicidade são constituídas de

elementos que o pesquisador considere que são representativos da população-alvo.

Desta forma, as amostras utilizadas para o estudo de cada um dos

objetivos específicos estão descritas no Quadro 8.

Objetivos específicos Amostra

1 - Identificar as características principais da demanda por venture capital no Brasil.

Todos os planos de negócios enviados para o FMIEE Criatec até o dia 31/12/2009.

2 - Analisar a qualidade da demanda por venture capital no Brasil.

Todos os planos de negócios enviados para o FMIEE Criatec e já analisados até o dia 31/12/2009.

3 - Estudar a influência dos critérios de seleção da escolha de uma determinada oportunidade de investimento.

Todos os planos de negócios enviados para o FMIEE Criatec e já analisados até o dia 31/12/2009.

4 - Analisar, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos (Resources Based View Theory), os planos de negócios das oportunidades aprovadas para investimento.

Todos os planos de negócios aprovados pelo FMIEE Criatec até o dia 31/12/2009.

5 – Propor as diretrizes para a elaboração de planos de negócios com chances elevadas de aprovação.

Não aplicável.

QUADRO 8 – Objetivos específicos e universo amostral Fonte: Elaboração própria

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3.3 COLETA DE DADOS

Os dados necessários para o estudo foram coletados, primariamente, ao

longo de pouco mais de dois anos, no período compreendido entre a data em que o

site do Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes Criatec foi ao ar,

em outubro de 2007, até o dia 31/12/2009, data escolhida para limitar o universo da

pesquisa.

Como instrumento de coleta primária de dados, utilizou-se o formulário

contendo as seções do plano de negócios padrão do FMIEE Criatec (detalhado no

Anexo 1). Tal formulário foi preenchido por cada um dos empreendedores

interessados em submeter suas oportunidades de negócios ao Fundo. Os

formulários preenchidos foram arquivados no banco de dados da instituição para

posterior análise por parte de seus gestores.

A coleta primária dos dados não tinha como objetivo a realização deste

trabalho, sendo focada, apenas, no armazenamento de informações relevantes para

o FMIEE Criatec. Desta forma, as informações armazenadas não estavam prontas

para serem utilizadas nas ferramentas de análise dos dados (Microsoft Excel

e

SPSS

) utilizadas nesta dissertação.

Sendo assim, para a elaboração deste trabalho, foi necessária uma coleta

secundária dos dados, que consistiu nos seguintes passos: a) exportação dos dados

contidos na base de dados do FMIEE Criatec; b) codificação destes dados; e c)

importação dos dados codificados para Microsoft Excel

e SPSS

. Este processo

iniciou-se no dia 10/03/2010 e foi finalizado, com os dados estando prontos para

análise, no dia 15/04/2010.

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54

3.4 ANÁLISE QUALITATIVA

Esta seção descreve os aspectos metodológicos relacionados com a

análise qualitativa dos dados, cujo resultado será detalhado na seção 5.4 deste

trabalho.

Para a análise qualitativa dos dados, utilizou-se a técnica de análise de

conteúdo, que pressupõe algumas etapas, conforme Bardin (2002): (a) pré-análise;

(b) exploração do material ou codificação; e (c) tratamento dos resultados, inferência

e interpretação dos resultados. Ainda segundo o autor, sua realização pode ser

resumida por via dos seguintes passos principais: (a) definição do corpus de análise;

(b) leitura flutuante dos documentos; (c) definição da unidade de registro; (d)

definição das categorias analíticas; (e) análise categorial dos textos; e (f) tratamento

e apresentação dos dados.

Optou-se pela utilização do tema como unidade de registro, pois,

conforme observado por Richardson (2008), o tema tem sido bastante utilizado para

o estudo crenças, atitudes, opiniões e motivações, entre outros. Do ponto de vista

operacional, ainda segundo este autor, o tema é uma frase simples ou composta, da

qual podem-se formular observações.

Utilizou-se o modelo fechado para a definição das categorias. Neste

modelo, segundo Bardin (2002), o pesquisador decide, a priori, as categorias que

serão utilizadas, apoiando-se em um ponto de vista teórico.

Definiu-se o corpus da análise como sendo os 23 planos de negócios

aprovados, disponíveis no banco de dados do FMIEE Criatec. Após esta definição,

realizou-se a leitura flutuante destes planos de negócios.

No caso deste trabalho, escolheu-se as categorias analíticas com base no

Rating de Capitais Intangíveis sugerido no trabalho de Deutscher (2008), que reflete

os vários tipos de capitais intangíveis e seus ativos.

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55

3.5 FERRAMENTAS

Nesta pesquisa, utilizou-se algumas ferramentas para auxiliar no

armazenamento, organização e análise dos dados.

Para a análise quantitativa dos dados, utilizou-se o software SPSS

em sua

versão 15, que é uma ferramenta para análises estatísticas extensamente utilizada

no meio acadêmico e empresarial. Esta ferramenta oferece, entre outras coisas,

diferentes possibilidades de análises de dados, testes de hipóteses, geração de

tabelas e gráficos. Utilizou-se, também, o Microsoft Excel

para a elaboração de

alguns gráficos e tabelas.

Para a análise qualitativa dos dados, utilizou-se a ferramenta Atlas.ti

,

que permite, entre outras coisas, o armazenamento de documentos, codificação de

dados qualitativos e uma análise mais sistemática destes dados. Trata-se de

software extensivamente utilizado em pesquisas acadêmicas e empresariais.

3.6 TESTES ESTATÍSTICOS

Neste trabalho, utilizou-se dois tipos de testes estatísticos, visando

aumentar a compreensão sobre a associação e correlação de variáveis.

O teste Chi-square, ou Qui-quadrado, é um teste de associação entre

variáveis independentes e cujas observações são discretas (escala nominal e

ordinal). O seu objetivo é verificar se a distribuição das freqüências observadas se

desvia significativamente das freqüências esperadas. O Qui-quadrado testa a

associação entre variáveis, mas não permite obter qualquer evidência quanto a força

ou sentido dessa inter-relação. Para que a associação entre duas variáveis seja

significativa, o nível de significância obtido com o teste deve ser menor ou igual a 5%.

Por sua vez, o teste Kendall Tau-b é uma estatística não paramétrica

utilizada para medir o grau de associação de duas variáveis ordinais em uma

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tabulação cruzada. Seus valores podem variar de -1 (associação 100% negativa, ou

inversão perfeita) a 1 (associação 100% positiva, ou concordância perfeita). Um

valor zero indica a ausência de associação. Esta estatística fornece, ainda, a

possibilidade de verificar se as variáveis são estatisticamente dependentes ou não,

por meio do valor do teste 2-tailed. Se o valor do teste 2-tailed estiver abaixo do nível

de aceitação (no caso deste trabalho, 5%), as variáveis analisadas são dependentes,

caso contrário, são independentes.

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57

4 O FMIEE CRIATEC

É oportuno ressaltar que, salvo registro específico, as informações

analisadas a seguir são resultante da consulta ao site do FMIEE Criatec (disponível

em http://www.fundocriatec.com.br, acesso em 08/Abr/2010) e da própria

experiência como protagonista do autor do projeto.

O FMIEE Criatec estabeleceu-se a partir da iniciativa do Banco Nacional

de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e entrou em operação em

novembro de 2007, regido pela Instrução CVM 209, com um patrimônio de R$ 100

milhões, cujas cotas foram subscritas pelo BNDESpar e pelo BNB (CGEE, 2008).

O Quadro 9 resume as principais características do Fundo Mútuo de

Investimento em Empresas Emergentes Criatec.

Objetivo

O objetivo do FMIEE Criatec é investir em micro e pequenas empresas inovadoras em estágio inicial e com grande potencial de crescimento, para obter ganhos de capital no longo prazo. Este retorno ocorre no momento da venda da participação do Fundo para um investidor estratégico ou financeiro. A venda da participação do FMIEE Criatec acontece em um período que pode variar 2 a 10 anos após o investimento.

Duração Dez anos, com um período de investimentos de quatro anos.

Foco

O foco do Fundo são as empresas que atuam nas áreas de tecnologia da informação, biotecnologia, novos materiais, mecânica de precisão, nanotecnologia e tecnologias inovadoras para o agronegócio. Podem ser apoiadas empresas com faturamento líquido de, no máximo, R$ 6 milhões, no ano imediatamente anterior à capitalização do Fundo.

Características do Investimento

O aporte inicial é de até R$ 1,5 milhões, podendo ter um segundo aporte de até R$ 3,5 milhões.

Forma de acesso das empresas ao Fundo

As empresas interessadas devem cadastrar suas oportunidades de investimento no site do FMIEE Criatec (www.fundocriatec.com.br). O Cadastro consiste no preenchimento, por parte dos empreendedores, de um Plano de Negócios da oportunidade, contendo informações sobre a empresa, os empreendedores, as tecnologias, seus diferenciais, informações financeiras e de mercado, entre outras informações relevantes para a análise.

Gestão do Fundo O FMIEE Criatec é gerido por um consórcio da Antera Gestão de Recursos e do Instituto de Inovação.

QUADRO 9 – Características do FMIEE Criatec Fonte: Elaborado a partir de CGEE (2008) e Criatec (2010)

Deve-se ressaltar que o modelo de funcionamento do Fundo prevê uma

atuação nacional. Para tanto, além dos gestores nacionais, foram contratados

gestores regionais, que atuam nos principais pólos inovadores do país e são

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responsáveis pela prospecção e análise das oportunidades e pelo acompanhamento

das empresas investidas pelo Fundo. As regionais estão situadas em sete cidades:

Florianópolis, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Belém

(CGEE, 2008).

A expectativa é de que o Fundo invista em até 50 empresas emergentes

inovadoras, das quais 24 já foram aprovadas até 31/12/2009.

Além do investimento, o FMIEE Criatec participa ativamente da gestão

das empresas, dando suporte estratégico e gerencial ao empreendedor, ajudando

na seleção e formação da equipe, definindo metas e acompanhando os resultados.

4.1 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DO FMIEE CRIATEC

Os critérios de seleção do FMIEE Criatec estão formalizados no

Regulamento do Fundo e leva em conta vários fatores, entre eles tamanho e

localização geográfica do empreendimento.

Com relação ao tamanho do empreendimento, o FMIEE Criatec é focado

em dois tipos de oportunidades: (a) empresas inovadoras com faturamento de até

R$ 6 milhões/ano, com projeção de elevado retorno; e (b) pesquisadores

empreendedores, que tenham tecnologias nas fases de Pesquisa Finalizada ou

Protótipo/Planta Piloto, com alto potencial de mercado, e que tenham a intenção de

criar empresas para colocá-las no mercado.

Em relação ao critério de localização geográfica, como o FMIEE Criatec

participa ativamente da gestão de suas investidas, as oportunidades que serão

submetidas ao processo seletivo devem estar situadas próximas a uma das

regionais do Fundo.

Além dos fatores já mencionados, a seleção de oportunidades é realizada

com base nos seguintes critérios: (a) perfil do empreendedor e de sua equipe; (b)

diferencial tecnológico e/ou competitivo; (c) potencial de mercado; (d) resultados

financeiros projetados; (e) necessidade de capital; e (f) possibilidade de saída

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59

(desinvestimento). Após avaliar cada um destes critérios, os gestores e suas equipes

fazem uma avaliação final, recomendando o descarte, acompanhamento para

posterior decisão ou o investimento na oportunidade alvo da análise.

Como mencionado anteriormente, o FMIEE Criatec aporta, em uma

primeira rodada de investimento, recursos de até R$ 1,5 milhões. Existe ainda a

possibilidade de um segundo investimento de até R$ 3,5 milhões, para as empresas

que obtiverem sucesso significativo no primeiro investimento. Logo,

empreendimentos que necessitem de valores mais elevados para sua realização

como negócio precisam buscar outras fontes complementares de recursos.

Em relação ao perfil dos empreendedores, o Fundo busca pessoas bem

qualificadas, motivadas, conscientes dos desafios e obstáculos para criação de uma

grande empresa, preparadas para trabalhar em equipe, compartilhar decisões e

assumir riscos, e, principalmente, dispostas a dedicar-se prioritariamente ao

empreendimento.

As habilidades que porventura faltem ao empreendedor e a sua equipe

atual, inclusive habilidades comerciais, administrativas ou gerenciais, são supridas

por via de contratações previstas no plano de investimento, que será elaborado junto

com a equipe do Fundo. Isto permite com que os pesquisadores que queiram

permanecer no campo da pesquisa e desenvolvimento de novos produtos possam

delegar a administração da empresa a pessoas de mercado selecionadas pelo

FMIEE Criatec e pelo empreendedor.

4.1.1 Processo seletivo

O processo seletivo é criterioso e muito competitivo, tendo como objetivo

saber se a oportunidade se enquadra nos pré-requisitos do Fundo. Construído na

forma de filtros sucessivos para poupar tempo do empreendedor e da equipe do

FMIEE Criatec, o processo seletivo exige pouco esforço de formalização e

elaboração de textos por parte dos empreendedores.

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O conhecimento recíproco entre o FMIEE Criatec e o empreendedor

acontece principalmente por meio da interação pessoal, face a face. À medida que a

oportunidade evolui no processo, a dedicação do empreendedor em passar

informações, tirar dúvidas e analisar as possibilidades aumenta e precisa ser

prioritária para que o processo seja rápido.

O processo seletivo, que contempla eventuais feedbacks, é resumido da

seguinte forma, conforme Figura 11.

Page 62: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

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FIGURA 11 – Resumo do processo seletivo do Criatec

Fonte: Elaboração própria

Este processo possui duração variada em função da qualidade e

velocidade das informações prestadas à equipe do FMIEE Criatec. Estima-se que o

período de mútuo conhecimento e formalização do investimento, para as

oportunidades que sejam selecionadas, seja entre três e seis meses.

Due Diligence

Diligência contábil, tributária, jurídica e de propriedade intelectual.

Aprovação

Aprovação pelo Comitê de Investimentos do Criatec.

Aprovação Interna

Aprovação da equipe interna do Criatec.

Negociação

Negociação da estrutura societária e do valor do investimento.

Valuation

Valoração da empresa, com base em uma metodologia baseada em intangíveis

Finalização do Plano de Negócios

Finalização do plano de negócio e de investimento.

Diligência

Conversa pessoal com a equipe Criatec de sua região para entendimento e análise da oportunidade.

Cadastro da oportunidade

Preenchimento no site, pelo empreendedor, de formulário resumo descrevendo a oportunidade de investimento com ênfase no mérito e diferencial.

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5 ANÁLISE DOS DADOS

O Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes Criatec

começou a operar em novembro de 2007, no entanto, no mês anterior, ocorreu o

lançamento do seu site. Desta data até o dia 31/12/2009, foram enviados 1.153

planos de negócios para serem analisados.

Destes 1.153 planos de negócios enviados, verifica-se que, até o dia

10/03/2010, data em que a amostra foi extraída do banco de dados do FMIEE

Criatec, 1.061 planos de negócios foram avaliados, ou seja, receberam a nota final

por parte dos gestores regionais. Destes 1.061 planos de negócios que foram

avaliados, 23 foram aprovados.

Nas próximas seções, sempre que se referenciar aos planos de negócios

enviados ou submetidos, tratar-se-ão de todos os 1.153 planos de negócios

enviados. Quando se referenciar aos planos de negócios avaliados ou analisados,

tratar-se-ão dos 1.061. Por fim, quando se referenciar aos planos de negócios

aprovados, tratar-se-ão dos 23.

5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA POR VENTURE

CAPITAL NO BRASIL

Nesta seção, serão analisadas as seguintes características da demanda

por capital de risco no âmbito do FMIEE Criatec, todas elas decorrentes dos planos

de negócios submetidos ao Fundo, por via do formulário padrão disponível em seu

site: (a) estados de origem dos empreendimentos; (b) regiões de origem dos

empreendimentos; (c) regionais responsáveis pela análise dos planos de negócios;

(d) titulação máxima dos principais pesquisadores das empresas demandantes; (e)

categorias das tecnologias apresentadas; (f) existência de patentes; (g) estágios de

desenvolvimento dos empreendimentos; (h) percepção de inovação; (i) intenções da

busca por capital; (j) necessidades de capital no primeiro ano; (k) necessidades de

capital do ano 2 ao ano 5; e (l) necessidades de capital após o ano 5.

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63

Além disso, serão realizados cruzamentos de informações entre algumas

destas características, visando aprofundar o entendimento sobre os aspectos

relevantes da demanda.

Ao final desta seção ter-se-á atingido o Objetivo 1: Identificar as

características principais da demanda por venture capital no Brasil.

5.1.1 Planos de Negócios por Estado

Os planos de negócios analisados vieram de 21 estados do Brasil, do

Distrito Federal e até mesmo dos EUA. O Gráfico 1 apresenta a distribuição de

freqüência relativa de planos de negócios por estado da federação. O estado de São

Paulo é responsável por 36,5% dos planos de negócios, seguido do Rio de Janeiro

com 14,2% e Minas Gerais com 13,4%, demonstrando uma enorme concentração

nos estados de SP, RJ e MG (totalizando 64,1%), superior, inclusive, a distribuição

econômica do país, conforme a Tabela 1, referente aos PIB‟s dos estados brasileiros.

GRÁFICO 1 – Planos de Negócios por Estado Fonte: Elaboração própria

01,1%

02,9%

02,9%

02,8%

03,1%

03,0%

03,9%

04,5%

05,2%

06,3%

13,4%

14,2%

36,5%

00,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0%

SP

RJ

MG

Não informado

SC

RS

PR

Demais estados

BA

CE

PE

PA

DF

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64

A Tabela 1 apresenta a participação dos estados no PIB Brasileiro,

conforme dados, de 2007, fornecidos pelo IBGE.

TABELA 1 – Participação das Unidades da Federação no PIB

Unidades da Federação Participação no PIB (em 2007)

São Paulo 33,92%

Rio de Janeiro 11,15%

Minas Gerais 9,07%

Santa Catarina 3,93%

Rio Grande do Sul 6,64%

Paraná 6,07%

Bahia 4,12%

Ceará 1,89%

Pernambuco 2,34%

Pará 1,86%

Distrito Federal 3,76%

Demais Estados 15,25%

Fonte: Elaborado a partir de IBGE (2010)

A Tabela 2 apresenta uma comparação entre a participação dos estados

no PIB Brasileiro e a participação dos mesmos na composição da base de dados de

planos de negócios do FMIEE Criatec, levando em conta, apenas, os planos de

negócio cuja informação sobre o estado estava preenchida.

Page 66: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

65

TABELA 2 – Comparativo da Participação das Unidades da Federação no PIB e na base de dados do FMIEE Criatec

Unidades da Federação Participação no PIB (em

2007)

Participação no Criatec

Diferença Relativa

São Paulo 33,92% 39,0% 15,03%

Rio de Janeiro 11,15% 15,2% 36,32%

Minas Gerais 9,07% 14,4% 58,38%

Santa Catarina 3,93% 5,6% 41,49%

Rio Grande do Sul 6,64% 4,8% -27,42%

Paraná 6,07% 4,2% -31,29%

Bahia 4,12% 3,3% -19,02%

Ceará 1,89% 3,0% 56,92%

Pernambuco 2,34% 3,1% 30,70%

Pará 1,86% 3,1% 64,43%

Distrito Federal 3,76% 1,2% -67,96%

Demais Estados 15,25% 3,2% -78,73%

Fonte: Elaboração própria

Analisando o Gráfico 2, que apresenta a diferença relativa das

participações dos estados no PIB brasileiro e na composição da base de dados do

FMIEE Criatec, observa-se que: (a) os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas

Gerais, Santa Catarina, Ceará, Pernambuco e Pará têm maior representatividade

proporcional na base de dados do Fundo do que na composição do PIB Brasileiro; e

(b) os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, bem como, o Distrito Federal e

os demais estados, possuem uma menor representatividade proporcional na base de

dados do FMIEE Criatec do que na composição do PIB Brasileiro.

Os estados que possuem mais representatividade na base do FMIEE

Criatec do que no PIB brasileiro são, justamente, aqueles onde estão instaladas as

regionais do Fundo, podendo significar que estas diferenças ocorrem devido ao

poder indutor da presença da regional na prospecção de oportunidades de

investimento no estado.

Por outro lado, este achado também pode significar que estes estados

foram escolhidos para sediar as regionais do Fundo, exatamente, por seu potencial

de geração de oportunidades acima da média. Os dois fatores não são mutuamente

excludentes.

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66

GRÁFICO 2 – Diferenças Relativas das Participações das Unidades da Federação no PIB e na base de dados do FMIEE Criatec Fonte: Elaboração própria

5.1.2 Planos de Negócios por Região Geográfica

Conforme evidenciado no Gráfico 3, a região Sudeste é responsável por

64,4% dos planos de negócios, seguida da região Sul com 13,6%, Nordeste com

10,1%, Norte com 3,5% e Centro-Oeste com 2%. Deve-se salientar que 6,3% dos

Planos de Negócios não continham a informação sobre qual o estado de origem e

0,2% dos Planos de Negócios são dos EUA.

GRÁFICO 3 – Planos de Negócios por Região Geográfica Fonte: Elaboração própria

SP

RJ

MG

SC

RS PR

BA

CE

PE

PA

DF

Demais estados

-100,00%

-80,00%

-60,00%

-40,00%

-20,00%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

64,4%

13,6%10,1%

6,3% 3,5% 2,0% 0,2%0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%Sudeste

Sul

Nordeste

Não informado

Norte

Centro-Oeste

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67

5.1.3 Planos de Negócios Analisados por Regional do FMIEE Criatec

O Gráfico 4 apresenta a distribuição de freqüência relativa de planos de

negócios analisados por cada uma das regionais do FMIEE Criatec. A regional

Campinas realizou a análise de mais de um terço de todos os planos de negócios

(38,6%), seguida pelas regionais do Rio de Janeiro (17,2%), Belo Horizonte (15,2%)

Florianópolis (13,8%), Recife (8,1%), Belém (4,2%) e Fortaleza (2,9%).

Embora o estado de Pernambuco responda por 2,34% dos planos de

negócios, a regional Recife, auxiliada, em alguns casos, por seu posto avançado em

Salvador, realizou 8,1% das análises, ficando responsável pela maioria dos planos

de negócios enviados por empreendedores dos estados da Região Nordeste, com

exceção para os planos de negócios dos empreendedores cearenses, que foram

analisados pela regional Fortaleza.

GRÁFICO 4 – Planos de Negócios Analisados por Regional do FMIEE Criatec Fonte: Elaboração própria

5.1.4 Planos de Negócios por Titulação Máxima do Principal Pesquisador

O Gráfico 5 evidencia a distribuição de freqüência relativa dos planos de

negócios segmentados pela titulação máxima do principal pesquisador da empresa.

O gráfico demonstra que 39,4% dos planos de negócios foram enviados por

empresas que possuem pesquisadores cuja titulação máxima é a graduação,

enquanto que em 16,3% dos casos a titulação máxima é o mestrado, em 12,7% a

titulação máxima é o doutorado e em 8,4% é o pós-doutorado.

38,6%

17,2%15,2%13,8%

8,1%4,2% 2,9%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belem

Fortaleza

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68

Destaca-se o grande número de empresas que não forneceram esta

informação (21,4%), podendo indicar que não possuem pesquisadores em seus

quadros. Outro fator interessante é a baixíssima incidência (1,8%) de pesquisadores

cuja titulação máxima é a especialização.

Assim, pode-se afirmar que cerca de dois em cada cinco planos de

negócios submetidos têm como pesquisador principal profissionais com pós-

graduação, caracterizando qualificação elevada.

GRÁFICO 5 – Planos de Negócios por Titulação Máxima do Pesquisador Fonte: Elaboração própria

5.1.5 Planos de Negócios por Setor Tecnológico

O Gráfico 6 apresenta a distribuição de freqüência relativa de planos de

negócios por setor tecnológico. O destaque é o elevado número de planos de

negócios relacionados com Tecnologia da Informação (39,4%), o que sugere uma

maior cultura deste setor em relação à busca de recursos de venture capital ou

mesmo a facilidade de montagem de um negócio neste setor tecnológico, pois o

mesmo não demanda investimentos elevados em laboratórios, maquinários ou infra-

estrutura física.

Em seguida, surgem as tecnologias voltadas para o agronegócio (10,8%),

e as engenharias mecânica (10,7%) e eletrônica (10,3%). Por fim, aparecem setores

emergentes como novos materiais (9%), biotecnologia (7,8%) e nanotecnologia

(1,5%).

39,4%

21,4%

16,3%

12,7%

8,4%

1,8%

Graduação

Não informado

Mestrado

Doutorado

Pós-doc

Especialização

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69

GRÁFICO 6 – Planos de Negócios por Tecnologia Fonte: Elaboração própria

5.1.6 Planos de Negócios por Situação da Patente

O Gráfico 7 apresenta a distribuição de freqüência relativa dos planos de

negócios pela situação do patenteamento da tecnologia apresentada pela empresa

ao FMIEE Criatec. Um número significativo de empresas (48%) não possui patente

da tecnologia, enquanto que 17,8% das empresas estão com suas patentes em fase

de elaboração, 17,8% já depositaram os pedidos de patente e, apenas, 6,6% já

possuem patente. Evidenciando-se assim pouca tradição, mesmo em se tratando de

empresas de base tecnológica, dos empreendedores em ter iniciativa de proteção às

suas idéias e inventos, e a criação de ativo valioso de propriedade intelectual.

GRÁFICO 7 – Planos de Negócios por Situação da Patente Fonte: Elaboração própria

39,4%

10,8% 10,7% 10,3%9,0% 7,8%

1,5% 0,7%

9,8%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Tecnologia da Informação

Agronegócio

Mecânica

Eletrônica

Novos Materiais

Biotecnologia

Nanotecnologia

Outros

Não informado

48,0%

17,8%17,8%

6,6%

9,8%

Não patenteado

Em elaboração

Pedido Depositado

Patente Concedida

Não informado

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70

5.1.7 Planos de Negócios por Estágio de Desenvolvimento do Produto

O Gráfico 8 apresenta a distribuição de freqüência relativa dos planos de

negócios pelo estágio de desenvolvimento do produto apresentado. Cerca de um

terço dos planos de negócios (32%) são de empresas que estão com os produtos

para o início da produção em larga escala, 8,8% das empresas já possuem plantas

piloto instaladas, enquanto que 20% das empresas possuem, apenas, protótipos de

seus produtos.

É relevante notar que, embora o FMIEE Criatec enfatize que não investe

em oportunidades nestes estágios, 11,4% dos planos de negócios são baseados,

apenas, em idéias e 8,8% são baseados em projetos de pesquisa. Em ambos os

casos, não existindo protótipos ou produtos finalizados. Estando em estágio

embrionário, tais oportunidades seriam melhor consideradas para a obtenção de

crédito, a fundo perdido, em linhas de fomento à inovação, usualmente oferecidas

pelas Fundações de Apoio à Pesquisa estaduais ou à FINEP.

De forma similar, é grande o número de planos de negócios que não

informaram o estágio de desenvolvimento tecnológico (12,7%).

GRÁFICO 8 – Planos de Negócios por Estágio de Desenvolvimento do Produto Fonte: Elaboração própria

32,0%

20,0%

11,4%8,8%

8,8%

12,7%

6,2%

Produto/Processo Final

Protótipo

Idéia

Projeto de pesquisa

Planta piloto

Não informado

Escala laboratorial

Page 72: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

71

5.1.8 Planos de Negócios por Percepção de Inovação

O Gráfico 9 apresenta a distribuição de freqüência relativa dos planos de

negócios pela percepção da inovação por parte dos empreendedores e analistas. A

grande maioria dos planos de negócios (74,3%) apresenta tecnologias ou produtos

que são percebidos como inovadores. Este alto percentual pode sugerir um viés na

informação, pois, embora possa ser posteriormente alterada pelos analistas, a

informação sobre a percepção ou não de inovação é dada originalmente pelo

empreendedor que está submetendo o plano de negócios para análise do FMIEE

Criatec.

GRÁFICO 9 – Planos de Negócios por Percepção da Inovação Fonte: Elaboração própria

5.1.9 Planos de Negócios por Intenção da Busca por Capital

O Gráfico 10 mostra a distribuição de freqüência relativa dos planos de

negócios pela intenção de busca por capital. Este gráfico evidencia que a maioria

das empresas (52,4%) busca capital para o custeio de suas operações, enquanto

que, apenas, 10,8% faz este movimento em busca de um parceiro estratégico. Para

as empresas que buscam apenas capital, a visão do Fundo como um provedor de

recursos sobrepuja a visão do Fundo como um sócio que agrega conhecimento,

gestão, governança e contatos, o que talvez seja a sua contribuição mais valiosa.

77,2%

16,7%

6,1%

Sim

Não

Não informado

Page 73: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

72

GRÁFICO 10 – Planos de Negócios por Intenção da Busca por Capital Fonte: Elaboração própria

5.1.10 Planos de Negócios por Necessidade de Capital - Ano 1

A distribuição de freqüência relativa dos planos de negócios pela

necessidade de capital no primeiro ano do empreendimento é apresentada no

Gráfico 11. Demonstra-se que aproximadamente a metade das empresas (48,8%)

necessita de um montante de recursos de até R$ 1.500.000,00 no primeiro ano,

faixa que pode ser coberta com um primeiro aporte do FMIEE Criatec.

Além disso, outras empresas (8,3%) necessitam de investimentos que

alcancem o montante de R$ 1.500.000,00 até R$ 5.000.000,00 no primeiro ano.

Estes valores poderiam ser cobertos por investimentos do FMIEE Criatec, se

somados os dois aportes possíveis (um primeiro de R$ 1,5M e um segundo de

R$ 3,5M).

Por outro lado, 6,2% das empresas necessitam de valores superiores a

R$ 5.000.000,00. Esta faixa de investimento não pode ser coberta pelo FMIEE

Criatec individualmente, mas, em alguns casos, o FMIEE Criatec pode se associar a

um outro investidor para um co-investimento em uma oportunidade nesta situação.

Causa espécie o grande número de empresas (36,7%) que não

informaram sua necessidade de capital no primeiro ano, informação fundamental

52,4%

10,8%5,6%

4,2%

1,4%

25,8%

Captação de recursos para a empresa

Busca de parceiro estratégico

Captação de recursos para finalizar pesquisas

Captação de recursos para montar laboratório

Licenciamento de tecnologia

Não informado

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73

para a análise de um possível investimento. Tal evidência pode demonstrar um

despreparo técnico com as questões empresariais do investimento.

Evidencia-se, ao todo, a necessidade de recursos na ordem de um bilhão

e meio de reais (R$ 1.464.750.000,00) para cobrir as necessidades de capital no

primeiro ano de todos os projetos que forneceram esta informação. O investimento

médio por projeto seria cerca de dois milhões de reais (R$ 2.006.921,98).

Estes números foram estimados a partir das classes médias de

investimentos apresentadas. Para os cálculos, houve a exclusão dos 36,7% dos

planos de negócios que não informaram os valores pleiteados. Desta forma, o total é

ainda maior.

GRÁFICO 11 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital no Ano 1 Fonte: Elaboração própria

5.1.11 Planos de Negócios por Necessidade de Capital - Ano 2 ao 5

O Gráfico 12 mostra a distribuição de freqüência relativa dos planos de

negócios pela necessidade de capital entre o segundo e o quinto ano do

empreendimento. Este gráfico evidencia que 20,3% das empresas precisam de até

R$ 500.000,00 neste período, enquanto que 7,8% necessitam valores entre

R$ 500.000,00 e R$ 1M, 3,9% necessitam de valores entre R$ 1M e R$ 1,5M e 3,1%

7,6%

23,1%

18,1%

8,3%

1,4%

4,8%

36,7%

Até R$ 500 mil

De R$ 500 a R$ 1.000 mil

De R$ 1000 a R$ 1.500 mil

De R$ 1.500 a R$ 5.000 mil

De R$ 5.000 a R$ 10.000 mil

Acima de R$ 10.000 mil

Não informado

Page 75: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

74

necessitam de valores entre R$ 1,5M e R$ 5M. Apenas 3,2% das empresas

necessitam de valores acima dos R$ 5M.

O número de empresas que não informaram sua necessidade de capital

no período entre o segundo e o quinto ano foi bastante alto (61,7%), mas, neste

caso, isto pode significar que a empresa não tem necessidade de capital neste

período.

GRÁFICO 12 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital do Ano 2 ao 5 Fonte: Elaboração própria

5.1.12 Planos de Negócios por Necessidade de Capital após o Ano 5

O Gráfico 13 mostra a distribuição de freqüência relativa dos planos de

negócios pela necessidade de capital após o quinto ano do empreendimento. Este

gráfico evidencia que 15,9% das empresas precisam de até R$ 500.000,00 neste

período, enquanto que, apenas, 7,8% necessitam valores maiores que este.

O número de empresas que não informaram sua necessidade de capital

após o quinto ano também foi bastante alto (75,5%), mas, assim como no gráfico

anterior, neste caso, isto pode significar que a empresa não tem necessidade de

capital neste período.

20,3%

7,8%

3,9%

3,1%

2,9%

0,3%

61,7%

Até R$ 500 mil

De R$ 500 a R$ 1.000 mil

De R$ 1000 a R$ 1.500 mil

De R$ 1.500 a R$ 5.000 mil

De R$ 5.000 a R$ 10.000 mil

Acima de R$ 10.000 mil

Não informado

Page 76: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

75

GRÁFICO 13 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital Após o Ano 5 Fonte: Elaboração própria

5.1.13 Regional X Titulação Máxima do Pesquisador

Conforme evidencia-se na Tabela 3, o cruzamento dos dados das

Regionais do FMIEE Criatec com a Titulação Máxima do Pesquisador revelou alguns

achados, os principais são: (a) mais da metade das oportunidades enviadas para as

regionais de Recife (59,2%), Rio de Janeiro (56,1%) e Belo Horizonte (52,9%) possui

pesquisadores pós-graduados (especialização, mestrado, doutorado ou pós-

doutorado); (b) existe uma forte incidência de oportunidades cujos pesquisadores

possuem mestrado nas regionais de Recife (36,8%) e Rio de Janeiro (31,6%); (c)

existe uma alta incidência de oportunidades cujos pesquisadores possuem

doutorado nas regionais de Belém (25%), Fortaleza (22,6%) e Belo Horizonte

(22,1%).

Por sua vez, evidenciou-se associação significativa (nível de significância

Chi-Square <= 1%) entre as dimensões. Pode-se afirmar, por exemplo, que as

regionais de Recife e do Rio de Janeiro têm uma maior probabilidade de receber

planos de negócios nos quais os pesquisados tenham pós-graduação.

15,9%

2,3%

1,8%

1,1%

1,5% 1,1%

75,5%

Até R$ 500 mil

De R$ 500 a R$ 1.000 mil

De R$ 1000 a R$ 1.500 mil

De R$ 1.500 a R$ 5.000 mil

De R$ 5.000 a R$ 10.000 mil

Acima de R$ 10.000 mil

Não informado

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76

TABELA 3 – Regional X Titulação do Pesquisador

Nível de significância Chi-Square <= 1%

Fonte: Elaboração própria

5.1.14 Regional X Setor Tecnológico

A Tabela 4, apresenta o cruzamento dos dados das regionais do FMIEE

Criatec com os setores tecnológicos dos planos de negócios. Pode-se observar que

mais da metade das oportunidades das regionais Recife e Rio de Janeiro são

relacionadas com Tecnologia da Informação, respectivamente 57,3% e 56,1% das

oportunidades daquelas regionais. No caso de Recife, esta alta incidência evidencia

o resultado positivo do trabalho de instituições como o Centro de Informática da

UFPE, C.E.S.A.R – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife e Porto

Digital na formação de empreendedores e empresas de TI.

Além das oportunidades relacionadas com Tecnologia da Informação, que

são as de maior incidência em todas as regionais, evidencia-se também uma

importante presença de: (a) oportunidades de Agronegócio nas regionais de Belo

Horizonte (20,1%), Belém (19,6%) e Fortaleza (17,6%); (b) oportunidades

relacionadas com Mecânica nas regionais de Belém (17,4%), Campinas (13,4%) e

Florianópolis (13,3%); (c) oportunidades relacionadas com Eletrônica nas regionais

de Florianópolis (16,1%) e Campinas (14,1%); (d) oportunidades relacionadas com

Regional * Formação do pesquisador Crosstabulation

178 7 51 54 47 337

52,8% 2,1% 15,1% 16,0% 13,9% 100,0%

68 6 49 18 14 155

43,9% 3,9% 31,6% 11,6% 9,0% 100,0%

64 1 23 30 18 136

47,1% ,7% 16,9% 22,1% 13,2% 100,0%

77 2 27 16 9 131

58,8% 1,5% 20,6% 12,2% 6,9% 100,0%

31 2 28 11 4 76

40,8% 2,6% 36,8% 14,5% 5,3% 100,0%

20 1 5 10 4 40

50,0% 2,5% 12,5% 25,0% 10,0% 100,0%

16 2 5 7 1 31

51,6% 6,5% 16,1% 22,6% 3,2% 100,0%

454 21 188 146 97 906

50,1% 2,3% 20,8% 16,1% 10,7% 100,0%

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belém

Fortaleza

Regional

Total

Graduação

Especiali

zação Mestrado Doutorado

Pós

Doutorado

Formação do pesquisador

Total

Page 78: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

77

novos materiais na Regional de Belém (15,2%); e (e) oportunidades relacionadas

com Biotecnologia em Belém (15,2%), Fortaleza (14,7%) e Belo Horizonte (13,2%).

Neste caso, também evidencia-se associação significativa (nível de

significância Chi-Square <= 1%) entre as dimensões. Desta forma, pode-se afirmar,

por exemplo, que as regionais do Recife e do Rio de Janeiro têm uma maior

probabilidade de receber planos de negócios originários do setor de TI, por outro

lado, os planos de negócios originários do setor de Agronegócios são mais

prováveis na regional de Belo Horizonte.

TABELA 4 – Regional X Setor Tecnológico

Nível de significância Chi-Square <= 1%

Fonte: Elaboração própria

5.1.15 Regional X Situação da Patente

A Tabela 5, que apresenta o cruzamento dos dados das regionais do

FMIEE Criatec com a situação das patentes das tecnologias apresentadas nos

planos de negócios. A associação entre as dimensões, todavia, não se apresenta

significativa.

No geral, observa-se um pequeno número de planos de negócios com

tecnologias patenteadas. O destaque fica por conta da regional de Belém, onde 37%

dos planos de negócios tratam de tecnologias não patenteadas, 23,9% estão em

processo de elaboração, 28,3% estão com o pedido depositado e 10,9% já tiveram

as patentes concedidas.

Regional * Categoria da tecnologia Crosstabulation

161 44 55 58 47 36 9 0 410

39,3% 10,7% 13,4% 14,1% 11,5% 8,8% 2,2% ,0% 100,0%

97 13 15 20 15 7 4 2 173

56,1% 7,5% 8,7% 11,6% 8,7% 4,0% 2,3% 1,2% 100,0%

60 32 19 11 13 21 1 2 159

37,7% 20,1% 11,9% 6,9% 8,2% 13,2% ,6% 1,3% 100,0%

64 13 19 23 11 9 3 1 143

44,8% 9,1% 13,3% 16,1% 7,7% 6,3% 2,1% ,7% 100,0%

43 8 5 5 8 5 0 1 75

57,3% 10,7% 6,7% 6,7% 10,7% 6,7% ,0% 1,3% 100,0%

15 9 8 0 7 7 0 0 46

32,6% 19,6% 17,4% ,0% 15,2% 15,2% ,0% ,0% 100,0%

14 6 2 2 3 5 0 2 34

41,2% 17,6% 5,9% 5,9% 8,8% 14,7% ,0% 5,9% 100,0%

454 125 123 119 104 90 17 8 1040

43,7% 12,0% 11,8% 11,4% 10,0% 8,7% 1,6% ,8% 100,0%

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belém

Fortaleza

Regional

Total

Tecnologia da

informação Agronegócio Mecânica Eletrônica

Novos

materiais Biotecnologia

Nanotecn

ologia Outros

Categoria da tecnologia

Total

Page 79: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

78

TABELA 5 – Regional X Situação da Patente

Nível de significância Chi-Square >= 1%

Fonte: Elaboração própria

5.1.16 Regional X Estágio de Desenvolvimento do Produto

A Tabela 6, que apresenta o cruzamento dos dados das regionais do

FMIEE Criatec com o estágio de desenvolvimento dos produtos apresentados nos

planos de negócios, não possuindo a associação significativa entre as dimensões. O

que evidencia a inexistência de tendência significativa de concentração em qualquer

regional no que diz respeito ao estágio de desenvolvimento do produto.

Crosstab

216 85 82 27 410

52,7% 20,7% 20,0% 6,6% 100,0%

100 30 29 14 173

57,8% 17,3% 16,8% 8,1% 100,0%

75 30 38 16 159

47,2% 18,9% 23,9% 10,1% 100,0%

87 27 20 9 143

60,8% 18,9% 14,0% 6,3% 100,0%

39 17 15 4 75

52,0% 22,7% 20,0% 5,3% 100,0%

17 11 13 5 46

37,0% 23,9% 28,3% 10,9% 100,0%

20 5 8 1 34

58,8% 14,7% 23,5% 2,9% 100,0%

554 205 205 76 1040

53,3% 19,7% 19,7% 7,3% 100,0%

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belém

Fortaleza

Regional

Total

Não

patenteado

Em

elaboração

Pedido

depositado

Patente

concedida

Existência de patente

Total

Page 80: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

79

TABELA 6 – Regional X Estágio de Desenvolvimento do Produto

Nível de significância Chi-Square >= 1%

Fonte: Elaboração própria

5.1.17 Regional X Percepção da Inovação

A Tabela 7, que apresenta o cruzamento dos dados das regionais do

FMIEE Criatec com a situação das patentes das tecnologias apresentadas nos

planos de negócios, evidenciando alguns achados interessantes.

Os destaques são a altíssima incidência de oportunidades de

investimento inovadoras em Florianópolis (95%) e, no outro extremo, a relativamente

baixa incidência de oportunidades inovadoras em Recife (58,7%). Como evidencia-

se associação significativa (nível de significância Chi-Square <= 1%) entre as

dimensões, pode-se afirmar, por exemplo, que a probabilidade de encontrar uma

oportunidade de investimento inovadora em Florianópolis é quase o dobro do que a

probabilidade de encontrá-la em Recife. Estas diferenças acentuadas podem

decorrer de particularidades locais ou de diferenças de critério de avaliação desta

característica.

Crosstab

131 100 56 45 37 27 396

33,1% 25,3% 14,1% 11,4% 9,3% 6,8% 100,0%

71 30 25 16 15 15 172

41,3% 17,4% 14,5% 9,3% 8,7% 8,7% 100,0%

62 34 18 15 9 10 148

41,9% 23,0% 12,2% 10,1% 6,1% 6,8% 100,0%

51 37 17 11 18 7 141

36,2% 26,2% 12,1% 7,8% 12,8% 5,0% 100,0%

25 13 6 10 12 6 72

34,7% 18,1% 8,3% 13,9% 16,7% 8,3% 100,0%

18 11 4 1 8 3 45

40,0% 24,4% 8,9% 2,2% 17,8% 6,7% 100,0%

11 6 5 4 3 3 32

34,4% 18,8% 15,6% 12,5% 9,4% 9,4% 100,0%

369 231 131 102 102 71 1006

36,7% 23,0% 13,0% 10,1% 10,1% 7,1% 100,0%

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belém

Fortaleza

Regional

Total

Produto

finalizado Protótipo

Apenas

uma idéia

Projeto de

pesquisa Planta piloto

Escala

laboratorial

Estágio de desenvolvimento da tecnologia/negócio

Total

Page 81: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

80

TABELA 7 – Regional X Percepção da Inovação

Nível de significância Chi-Square <= 1%

Fonte: Elaboração própria

5.1.18 Regional X Intenção da Busca por Capital

A Tabela 8, que apresenta o cruzamento dos dados das regionais do

FMIEE Criatec com a intenção na busca por capital, não possuindo associação

significativa entre as dimensões. Pode-se concluir, portanto, que a intenção da

busca por capital independe da regional.

TABELA 8 – Regional X Intenção na Busca por Capital

Nível de significância Chi-Square >= 1%

Fonte: Elaboração própria

Crosstab

330 80 410

80,5% 19,5% 100,0%

146 26 172

84,9% 15,1% 100,0%

142 14 156

91,0% 9,0% 100,0%

134 7 141

95,0% 5,0% 100,0%

44 31 75

58,7% 41,3% 100,0%

37 9 46

80,4% 19,6% 100,0%

24 10 34

70,6% 29,4% 100,0%

857 177 1034

82,9% 17,1% 100,0%

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belém

Fortaleza

Regional

Total

Sim Não

Percepção de

inovação

Total

Crosstab

49 223 36 22 8 338

14,5% 66,0% 10,7% 6,5% 2,4% 100,0%

10 121 5 10 4 150

6,7% 80,7% 3,3% 6,7% 2,7% 100,0%

33 87 8 5 1 134

24,6% 64,9% 6,0% 3,7% ,7% 100,0%

15 92 9 5 1 122

12,3% 75,4% 7,4% 4,1% ,8% 100,0%

8 29 5 2 1 45

17,8% 64,4% 11,1% 4,4% 2,2% 100,0%

5 29 0 3 1 38

13,2% 76,3% ,0% 7,9% 2,6% 100,0%

4 23 1 1 0 29

13,8% 79,3% 3,4% 3,4% ,0% 100,0%

124 604 64 48 16 856

14,5% 70,6% 7,5% 5,6% 1,9% 100,0%

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belém

Fortaleza

Regional

Total

Busca

parceiro

estratégico

Captação de

recursos para

empresa

Captação de

recursos

para finalizar

pesquisa

Captação

de recursos

para montar

laboratório

Licenciam

ento de

tecnologia

Intenção na busca de capital

Total

Page 82: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

81

5.1.19 Regional X Necessidade de Capital no Ano 1

A Tabela 9 apresenta o cruzamento dos dados das regionais do FMIEE

Criatec com a necessidade de capital no primeiro ano do empreendimento proposto

e possui associação significativa (nível de significância Chi-Square <= 1%) entre as

dimensões.

Pode-se afirmar, por exemplo, que as regionais de Campinas, Belo

Horizonte, Florianópolis, Belém e Fortaleza têm uma maior probabilidade de receber

planos de negócios com demandas na faixa que varia entre R$ 500.000,00 e

R$ 1.000.000,00, enquanto que nas regionais de Recife e do Rio de Janeiro, a maior

probabilidade é de demandas na faixa entre R$ 1.000.000,00 e R$ 1.500.000,00.

TABELA 9 – Regional X Necessidade de Capital no Ano 1

Nível de significância Chi-Square <= 1%

Fonte: Elaboração própria

Com base nas análises realizadas ao longo desta seção, conclui-se que

as características principais da demanda por venture capital no Brasil são: (a) existe

uma forte concentração de oportunidades na região Sudeste; (b) os estados que

possuem mais representatividade na base do FMIEE Criatec do que no PIB

brasileiro são, justamente, aqueles onde estão instaladas as regionais do Fundo; (c)

cerca de dois em cada cinco planos de negócios submetidos ao FMIEE Criatec têm

como pesquisador principal profissionais com pós-graduação; (d) cerca de dois em

Crosstab

48 108 78 52 9 21 316

15,2% 34,2% 24,7% 16,5% 2,8% 6,6% 100,0%

3 37 41 14 6 11 112

2,7% 33,0% 36,6% 12,5% 5,4% 9,8% 100,0%

8 46 38 15 0 8 115

7,0% 40,0% 33,0% 13,0% ,0% 7,0% 100,0%

16 37 21 8 1 6 89

18,0% 41,6% 23,6% 9,0% 1,1% 6,7% 100,0%

4 9 18 2 0 6 39

10,3% 23,1% 46,2% 5,1% ,0% 15,4% 100,0%

5 19 7 1 0 2 34

14,7% 55,9% 20,6% 2,9% ,0% 5,9% 100,0%

4 10 6 4 0 1 25

16,0% 40,0% 24,0% 16,0% ,0% 4,0% 100,0%

88 266 209 96 16 55 730

12,1% 36,4% 28,6% 13,2% 2,2% 7,5% 100,0%

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Count

% within Regional

Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belém

Fortaleza

Regional

Total

Até R$

500 mil

De R$ 500

mil a R$ 1

milhão

De R$ 1

milhão a R$

1,5 milhão

De R$ 1,5

milhão a R$

5 milhões

De R$ 5

milhões a R$

10 milhões

Acima de R$

10 milhões

Necssidade de capital ano 1

Total

Page 83: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

82

cada cinco planos de negócios submetidos ao FMIEE Criatec estão relacionados

com Tecnologia da Informação; (e) cerca da metade das empresas não possui

patente da tecnologia; (f) cerca de um terço dos planos de negócios é de empresas

que estão com os produtos prontos para o início da produção em escala industrial; (g)

cerca de três quartos dos planos de negócios trazem tecnologias ou produtos que

são percebidos como inovadores, mas esta percepção não se confirma após a

análise das oportunidades, pois, apenas, cerca de um quinto é avaliado como

possuidor de diferenciais em termos de tecnologia ou produto; (h) mais da metade

das empresas busca capital para o custeio de suas operações, enquanto que,

apenas, cerca de um em cada dez faz este movimento em busca de um parceiro

estratégico; e (i) aproximadamente a metade das empresas necessita de um

montante de recursos de até R$ 1,5M no primeiro ano.

5.2 QUALIDADE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO BRASIL

Conforme comentado anteriormente, os planos de negócios enviados ao

FMIEE Criatec sofrem uma análise baseada nos seguintes critérios: (a) perfil do

empreendedor e de sua equipe; (b) diferencial tecnológico ou competitivo; (c)

potencial de mercado; (d) resultados financeiros projetados; (e) necessidade de

capital; e (f) possibilidade de saída (desinvestimento).

Ademais, após a avaliação total ou parcial destes critérios, os gestores e

suas equipes atribuem uma nota final ao plano de negócios. Esta nota final equivale

a uma recomendação dos gestores e analistas para o descarte, acompanhamento

para posterior decisão ou o investimento na oportunidade alvo da análise.

Nesta seção, no intuito de traçar um perfil da qualidade da demanda por

capital, serão analisadas as notas atribuídas nos seis critérios de avaliação, bem

como, a nota final atribuída a cada um dos 1.153 planos de negócios.

Serão realizados também alguns cruzamentos de informações entre

características relevantes e as notas obtidas nas avaliações, visando aprofundar o

entendimento sobre a qualidade da demanda.

Page 84: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

83

Ao final desta seção ter-se-á atingido o Objetivo 2: Analisar a qualidade

da demanda por venture capital no Brasil.

5.2.1 Avaliação da Equipe

O Gráfico 14 mostra a distribuição de freqüência relativa das notas

atribuídas à equipe empreendedora. O gráfico demonstra que: (a) 24,1% das

equipes empreendedoras foram consideradas sem diferencial técnico, motivacional

ou gerencial e / ou de difícil relacionamento; (b) 21,4% das equipes foram

consideradas com grande diferencial, mas não empreendedoras, o que pode

evidenciar que sejam equipes compostas, sobretudo, por técnicos e pesquisadores;

(c) 31,9% das equipes foram consideradas com grande diferencial e abertas a

compartilhar a gestão da empresa, característica apreciada pelo Fundo; (d) 14,7%

das equipes foram consideradas com grande diferencial e ótimo relacionamento,

obtendo a melhor nota neste critério; e (e) por fim, 7,9% das oportunidades não

foram avaliadas com relação a este critério.

O quadro geral que emerge dos dados, indica que quase metade das

equipes foram consideradas empreendedoras e com grande diferencial (46,60%)

demonstrando a boa qualidade das equipes empreendedoras envolvidas nos planos

de negócios avaliados e, também, demonstrando que este fator não é um dos

limitadores do número de planos de negócios passíveis de investimento.

Page 85: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

84

GRÁFICO 14 – Avaliação da Equipe Fonte: Elaboração própria

5.2.2 Avaliação do Diferencial da Tecnologia

O Gráfico 15 demonstra a distribuição de freqüência relativa das notas

atribuídas ao diferencial tecnológico apresentado nos planos de negócios.

O gráfico demonstra que: (a) 28,8% das tecnologias não apresentaram

bases científicas sólidas, além de serem facilmente copiáveis ou se assemelharem

muito às tecnologias utilizadas pelos concorrentes; (b) 35,6% das tecnologias

possuíam bases científicas, mas eram facilmente copiáveis ou ofereciam, apenas,

diferenciais incrementais em relação aos concorrentes; (c) 17,4% das tecnologias

possuíam bases científicas e não eram facilmente copiáveis, apesar de oferecerem

um diferencial incremental em relação aos concorrentes, podendo representar uma

vantagem competitiva para a empresa; (d) apenas 4,8% das tecnologias possuíam

bases científicas, não eram facilmente copiáveis e apresentavam diferenciais

radicais em relação aos concorrentes, podendo representar uma vantagem

competitiva sustentável no longo prazo para as empresas possuidoras; e (e) por fim,

13,4% das oportunidades não foram avaliadas com relação a este critério.

24,1%

21,4%

31,9%

14,7%

7,9%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0% 1 - Equipe sem diferencial (técnico, motivacional ou gerencial) e/ou de difícil relacionamento.

2 - Equipe com grande diferencial, mas não empreendedora.

3 - Equipe empreendedora, com grande diferencial e aberto a compartilhar a gestão.

4 - Equipe empreendedora, com grande diferencial e ótimo relacionamento.

Não avaliado.

Page 86: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

85

Assim, pode-se concluir que, aproximadamente, um em cada quatro

planos de negócios (22,60%) avaliados conta com tecnologias diferenciadas, com

diferenciais incrementais ou radicais em relação à concorrência (notas 3 e 4),

evidenciando assim uma boa qualidade da demanda sob aspecto tecnológico.

GRÁFICO 15 – Avaliação do Diferencial da Tecnologia Fonte: Elaboração própria

5.2.3 Avaliação do Potencial de Mercado

O Gráfico 16 apresenta a distribuição de freqüência das notas atribuídas

ao potencial de mercado demonstrado pelos planos de negócios.

O gráfico demonstra que: (a) em 19,2% dos planos de negócios, não está

claro o problema que a tecnologia resolve ou o mercado de atuação é difuso ou

altamente competitivo; (b) em 27,1% dos planos de negócios, não está claro o

problema que a tecnologia resolve, mas o mercado de atuação é crescente e / ou

consistente; (c) em 23% dos planos de negócios, a tecnologia resolve um problema

28,8%

35,6%

17,4%

4,8%

13,4%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0% 1 - A tecnologia não tem bases científicas sólidas; é facilmente copiável ou muito semelhante aos concorrentes.

2 - A tecnologia possui bases científicas; é facilmente copiável ou oferece diferencial incremental em relação aos concorrentes.

3 - A tecnologia possui bases científicas, não é facilmente copiável; oferece diferencial incremental em relação aos concorrentes.

4 - A tecnologia possui bases científicas, não é facilmente copiável e oferece diferenças radicais em relação aos concorrentes.

Não avaliado.

Page 87: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

86

claro e o mercado de atuação é difuso ou altamente competitivo; (d) em 9,7% dos

planos de negócios, a tecnologia resolve um problema claro e o mercado é

crescente e / ou consistente; e (e) por fim, 21,1% das oportunidades não foram

avaliadas com relação a este critério.

Desta forma, conclui-se que, apenas, cerca de um em cada dez

empreendimentos (9,7%) demonstra que seu produto ou tecnologia resolve um

problema claro e pode ser inserido em um mercado crescente ou consistente. Desta

forma, evidencia-se que limitações em termos de mercado podem ser um empecilho

para grande parte dos empreendimentos.

GRÁFICO 16 – Avaliação do Potencial de Mercado Fonte: Elaboração própria

5.2.4 Avaliação do Resultado Financeiro Projetado

O Gráfico 17 evidencia a distribuição de freqüência das notas atribuídas

aos resultados financeiros projetados pelos planos de negócios.

O gráfico demonstra que: (a) 24,4% dos planos de negócios projetam um

EBITDA abaixo de 15% para os próximos 5 anos; (b) 24,6% dos planos de negócios

19,2%

27,1%

23,0%

9,7%

21,1%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%1 - Não está claro que problema a e tecnologia resolve e o mercado de atuação é difuso ou altamente competitivo.2 - Não está claro que problema a tecnologia resolve (foco de atuação), mas o mercado de atuação é crescente e/ou consistente.3 - A tecnologia resolve um problema claro e o mercado de atuação é difuso ou altamente competitivo.

4 - A tecnologia resolve um problema claro e o mercado é crescente e/ou consistente.

Não avaliado.

Page 88: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

87

projetam um EBITDA de até 30% e um faturamento de até R$ 5 milhões em cinco

anos; (c) 8,8% dos planos de negócios estimam que, em cinco anos, atingirão um

faturamento superior a R$ 15 milhões com EBITDA superior a 30%; (d) apenas 2,8%

dos planos de negócios apresentam fortes indícios de que, em cinco anos, terão

faturamento superior a R$ 15 milhões e EBITDA acima de 30%; e (e) por fim, 39,4%

das oportunidades não foram avaliadas com relação a este critério, podendo sugerir

que estes planos de negócios já haviam recebido notas baixas em outros critérios,

que inviabilizariam suas aprovações, não sendo produtivo gastar tempo com uma

análise detalhada deste critério.

Conclui-se assim que, apenas 11,60% dos planos de negócios avaliados

conseguem projetar resultados financeiros considerados atrativos (notas 3 ou 4),

sendo este um dos maiores empecilhos para a aprovação de um maior número de

investimentos. Vale salientar que não é suficiente que o empreendedor projete

grandes resultados em termos de faturamento e EBITDA, mas é necessário,

sobretudo, que, além de atrativos, os números projetados sejam coerentes e críveis.

GRÁFICO 17 – Avaliação do Resultado Financeiro Projetado Fonte: Elaboração própria

24,4% 24,6%

8,8%

2,8%

39,4%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0% 1 - Ebtida baixo (parâmetro inicial: estimado abaixo de 15%).

2 - Estimativa em até 30% e faturamento acima de R$ 5 milhões.

3 - Estimativa de ebitda acima de 30% e faturamento superior a R$ 15 milhões em 5 anos.

4 - Indícios fortes de ebitda acima de 30% e faturamento superior a R$ 15 milhões em 5 anos.

Não avaliado.

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88

5.2.5 Avaliação da Possibilidade de Desinvestimento

O Gráfico 18 demonstra a distribuição de freqüência das notas atribuídas

aos planos de negócios, relacionadas com o critério de possibilidade de

desinvestimento (saída) por parte do Fundo.

O gráfico demonstra que: (a) 23,2% dos planos de negócios descrevem

negócios de difícil saída, onde o Fundo, provavelmente, teria dificuldade de, no

futuro, vender a sua participação; (b) 24,9% dos planos de negócios apresentam

oportunidades com potencial para que a saída do Fundo seja realizada por via de

uma venda para um investidor financeiro, como, por exemplo, um outro fundo de

investimentos; (c) um grande número de planos de negócios (39,4%) apresentam

oportunidades com potencial para que a saída do Fundo seja realizada por via de

uma venda para um investidor estratégico, como, por exemplo, uma empresa líder

no setor da oportunidade analisada; (d) apenas 1,5% dos planos de negócios

apresentam oportunidades de investimento em empreendimentos onde já existam

potenciais compradores interessados; e (e) por fim, 11,1% das oportunidades não

foram avaliadas com relação a este critério.

Cerca de dois em cada três planos de negócios analisados (65,74%)

demonstram alguma possibilidade de desinvestimento (notas 2, 3 e 4), evidenciando

que este critério não é uma forte barreira para as oportunidades que buscam o

investimento do Fundo, pois, qualquer uma das possibilidades de saída é vista com

bons olhos.

Page 90: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

89

GRÁFICO 18 – Avaliação da Possibilidade de Desinvestimento Fonte: Elaboração própria

5.2.6 Avaliação da Necessidade de Capital

O Gráfico 19 mostra a distribuição de freqüência das notas atribuídas à

necessidade de capital projetada pelos planos de negócios.

O gráfico demonstra que: (a) 16,0% dos planos de negócios descrevem

negócios que são intensivos na utilização de capital, necessitando de mais de R$ 10

milhões até que a saída do Fundo seja viabilizada; (b) 15,2% dos planos de

negócios apresentam oportunidades que, além da primeira rodada de investimentos,

que pode chegar a até R$ 1,5 milhões, a oportunidade necessitará de uma segunda

rodada de investimentos superior a R$ 2,5 milhões, mas, após esta segunda rodada,

o valor da empresa será significativamente maior; (c) 13,4% dos planos de negócios

descrevem oportunidades que necessitam de duas rodadas de investimento, que,

em conjunto, chegam até a R$ 4 milhões e são suficientes para viabilizar a saída do

Fundo no longo prazo; (d) pouco mais de um quarto dos planos de negócios (26,3%)

descrevem oportunidades que necessitam de, apenas, uma rodada de investimentos

de até R$ 1,5 milhões para que o Fundo consiga viabilizar sua saída no longo prazo;

e (e) por fim, 29,1% das oportunidades não foram avaliadas com relação a este

23,2%24,9%

39,4%

1,5%

11,1%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%1 - Negócio de difícil saída, mesmo se for significativamente lucrativo.

2 - Potenciais investidores financeiros.

3 - Potenciais investidores estratégicos.

4 - Já há interessado em comprar o negócio.

Não avaliado.

Page 91: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

90

critério, podendo sugerir que estes planos de negócios já haviam recebido notas

baixas em outros critérios, que inviabilizariam suas aprovações.

Pouco mais da metade dos planos de negócios avaliados (54,9%)

necessitam de um volume de capital compatível com os objetivos do FMIEE Criatec

(notas 2, 3 e 4), desta forma, evidencia-se que esta não é uma barreira importante

para a aprovação de um maior número de oportunidades.

GRÁFICO 19 – Avaliação da Necessidade de Capital Fonte: Elaboração própria

5.2.7 Regional X Avaliação Final

A Tabela 10 apresenta o resultado do cruzamento de dados entre as

regionais do FMIEE Criatec e as avaliações finais dos planos de negócios. O teste

estatístico Chi-Square apresentou-se significativo no nível de 1% e a tabela

demonstra que: (a) na média, 70,8% dos planos de negócios recebem nota final

igual a 1; (b) 20,1% recebem nota final igual a 2; (c) 5,6% recebem bota final igual a

3; e (d) apenas 3,6% recebem nota final igual a 4.

Os destaques são a relativamente alta incidência de oportunidades com

nota 4 na avaliação final na regional de Fortaleza (14,3%) e, por outro lado, a

relativamente baixa incidência de oportunidades com nota 4 na avaliação final na

16,0% 15,2%13,4%

26,3%

29,1%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%1 - Capital intensivo (parâmetro inicial: necessidade de mais de R$ 10 milhões até a saída).

2 - Precisa de um 2º round (+ de R$ 2,5 milhões), mas valor da empresa será significativo maior no 2º Aporte.

3 - Com 2 rounds quem soma até R$ 4 milhões chega-se até a saída.

4 - Com apenas 1 round de até R$ 1,5 milhões chega-se até a saída.

Não avaliado.

Page 92: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

91

regional Campinas (2,2%). Estas diferenças acentuadas podem decorrer de

particularidades locais ou de diferenças de critério de avaliação desta característica.

TABELA 10 – Regional X Avaliação Final

Nível de significância Chi-Square <= 1%

Fonte: Elaboração própria

5.2.8 Avaliação Final

O Gráfico 20 demonstra que, até o dia 10/03/2010, data em que a

amostra foi extraída do banco de dados do FMIEE Criatec, 1.061 planos de negócios

haviam sido avaliados, ou seja, haviam recebido a nota final por parte dos gestores

regionais e de suas equipes, o que corresponde a um percentual de 92% do total

submetido. Os 8% restante continuavam no processo de análise, junto com os

outros planos de negócios que continuaram a ser cadastrados no banco de dados

do Fundo após o dia 31/12/2009.

Crosstab

% within Regional

87,9% 6,8% 3,1% 2,2% 100,0%

59,6% 30,3% 5,9% 4,3% 100,0%

79,1% 11,7% 6,7% 2,5% 100,0%

36,9% 51,0% 9,4% 2,7% 100,0%

53,2% 36,4% 3,9% 6,5% 100,0%

73,8% 9,5% 7,1% 9,5% 100,0%

67,9% 3,6% 14,3% 14,3% 100,0%

70,8% 20,1% 5,6% 3,6% 100,0%

Campinas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

Florianópolis

Recife

Belém

Fortaleza

Regional

Total

Descartar Ruim Acompanhar Investir

Avaliação final do gestor

Total

Page 93: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

92

GRÁFICO 20 – Planos de Negócio por Status da Avaliação Fonte: Elaboração própria

É importante ressaltar que, em alguns casos, sobretudo naqueles onde o

descarte da oportunidade é recomendado, não é necessária a análise de todos os

critérios para se chegar à nota final. Desta forma, alguns planos de negócios

possuem uma nota final, mas não possuem nota em um ou mais critérios.

O Gráfico 21 demonstra a distribuição de freqüência relativa das notas

finais atribuídas aos 1.061 planos de negócios avaliados. Estas notas finais levam

em consideração a avaliação dos seis critérios, mas permite um grau de

subjetividade dos gestores regionais e de suas equipes.

A nota final atribuída a um plano de negócios corresponde à sugestão do

gestor regional responsável pela análise em relação ao encaminhamento que deve

ser dado a esta oportunidade. As notas 1 e 2 correspondem a uma sugestão de

destarte da oportunidade. A nota 3 corresponde a sugestão de continuar

acompanhando a oportunidade, pois a mesma é atrativa, mas ainda não tem

evidências suficientes que apontem para a viabilidade do investimento. Por fim, a

nota 4 corresponde à sugestão de investir na oportunidade.

O Gráfico 21 demonstra que: (a) a grande maioria dos planos de negócios

(90,9%) não foi considerada atrativa pelos gestores regionais e suas equipes, sendo

indicado o descarte dos mesmos; (b) 5,6% dos planos de negócios apresentam

oportunidades que foram consideradas atrativas, mas ainda necessitam de algum

tipo de análise antes de se tomar a decisão sobre o investimento ou o descarte; e (c)

1061

92

Avaliado

Não Avaliado

Page 94: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

93

por fim, 3,6% das oportunidades foram consideradas atrativas e receberam

recomendação para o investimento.

GRÁFICO 21 – Distribuição de Freqüência das Notas Finais Fonte: Elaboração própria

Os 3,6% de oportunidades que receberam nota 4 e obtiveram a indicação

para o investimento, por parte dos gestores regionais, seguiram para os próximos

passos do processo de avaliação que inclui, entre outras coisas, a apresentação da

oportunidade para o Comitê de Investimentos e, se aprovada pelo Comitê, a

realização de uma Due Diligence, conforme o processo seletivo do FMIEE Criatec

representado na Figura 11.

É interessante notar que, se utilizado o valor médio de investimento

calculado anteriormente (R$ 2.006.921,98), seria necessário mais de

R$ 76.000.000,00 para investir em todas as oportunidades que receberam nota 4 e

outros R$ 118.000.000,00 para investir nas oportunidades com nota 3. Vale

salientar que estes valores são resultados das oportunidades analisadas até

31/12/2009 e que o período de investimento do Fundo se encerra em novembro de

2011, portanto, os valores finais devem ser significativamente maiores.

Demonstrando assim que, no âmbito do FMIEE Criatec, existem

oportunidades de investimentos atrativas em maior número do que o capital do

90,9%

5,6% 3,6%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

Não investir (notas 1 e 2)

Acompanhar (nota 3)

Investir (nota 4)

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94

Fundo permitirá investir, sinalizando a oportunidade de criação de outros fundos com

o mesmo perfil do FMIEE Criatec.

5.2.9 Investimentos Aprovados

A Tabela 11 demonstra que, dos 1061 planos de negócios que foram

avaliados, até o dia 31/12/2009: (a) vinte e três haviam sido aprovados pelo Comitê

de Investimentos; (b) dois aguardavam o parecer do Comitê de Investimentos; (c)

três tinham sido reprovados pelo Comitê de Investimentos; (d) sessenta e nove,

apesar de terem recebido notas 3 ou 4, ainda não haviam sido levados para o

Comitê de Investimentos; e (e) novecentos e sessenta e quatro tinham sido

descartados, pois haviam recebido notas 1 ou 2.

Embora possa parecer pequeno, o percentual de oportunidades

aprovadas até o momento (2,17%) é mais do que o dobro do que o percentual de

investimentos da indústria brasileira em relação ao total de planos de negócios

avaliados, que é de 1%, conforme verificado por Carvalho et. al. (2006), podendo

chegar a um percentual ainda maior. O resultado evidencia que o Fundo tem sido

diligente na condução de suas atividades.

É importante salientar que, a rigor, 24 oportunidades haviam sido

aprovadas até 31/12/2009, mas uma delas, a primeira a ser aprovada, não está

cadastrada no banco de dados do Fundo e, por isso, não fez parte de nenhuma das

estatísticas contidas neste estudo.

TABELA 11 – Status dos Planos de Negócios com Relação ao Investimento

Status dos Planos de Negócios Número Percentual

Investimento aprovado pelo Comitê 23 2,17%

Aguardando o parecer do Comitê 3 0,28%

Investimento reprovado pelo Comitê 2 0,19%

Ainda não apresentados ao Comitê 10 0,94%

Para acompanhamento (nota 3) 59 5,56%

Descartados (notas 1 e 2) 964 90,86%

Fonte: Elaboração própria

Page 96: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

95

5.2.10 Investimentos Aprovados por Estado

A Tabela 12 apresenta a distribuição de freqüência relativa dos

investimentos aprovados por estado. A tabela demonstra que: (a) o estado de São

Paulo possui 34,78% das oportunidades aprovadas; (b) o estado de Minas Gerais

possui 17,39% das oportunidades aprovadas; (c) os estados do Rio de Janeiro,

Pernambuco e Santa Catarina possuem, cada um, 13,04% das oportunidades

aprovadas; e (d) os estados do Ceará e do Pará, possuem, cada um, 4,35% das

oportunidades aprovadas.

TABELA 12 – Investimentos Aprovados por Estado

Estado Número Percentual

São Paulo 8 34,78%

Minas Gerais 4 17,39%

Rio de Janeiro 3 13,04%

Pernambuco 3 13,04%

Santa Catarina 3 13,04%

Ceará 1 4,35%

Pará 1 4,35%

Total 23 100%

Fonte: Elaboração própria

Por outro lado, a Tabela 13 apresenta a comparação entre a participação

dos estados no PIB brasileiro e a participação na quantidade de aprovações do

Criatec.

TABELA 13 – Comparativo da Participação das Unidades da Federação no PIB e nas aprovações do Criatec

Unidades da Federação Participação

no PIB (2007)

% aprovação

Criatec

Diferença

Relativa

São Paulo 33,92% 34,78% 2,54%

Rio de Janeiro 11,15% 13,04% 16,95%

Minas Gerais 9,07% 17,39% 91,73%

Santa Catarina 3,93% 13,04% 231,81%

Ceará 1,89% 4,35% 130,16%

Pernambuco 2,34% 13,04% 457,26%

Pará 1,86% 4,35% 133,87%

Fonte:Elaboração própria

Analisando o Gráfico 22, que apresenta a comparação das participações

dos estados no PIB brasileiro de 2007 e no universo de empresas aprovadas para

Page 97: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

96

investimento pelo FMIEE Criatec, observa-se que: (a) os estados de São Paulo e Rio

de Janeiro possuem participações no universo de empresas aprovadas para

investimento do Fundo similares às suas participações no PIB; (b) Minas Gerais,

Ceará e Pará, participam significativamente mais no universo de empresas

aprovadas para investimento do FMIEE Criatec do que no PIB; e (c) Santa Catarina

(231,81%) e, sobretudo, Pernambuco (457,26%) possuem participação muito maior

no universo de empresas aprovadas no Fundo do que no PIB de 2007.

GRÁFICO 22 – Comparativo participação no universo de empresas aprovadas no Criatec / Participação no PIB Fonte: Elaboração própria

O quadro geral que emerge da análise da qualidade da demanda por

venture capital no Brasil indica que: (a) quase metade dos planos de negócios

avaliados traz equipes que foram consideradas empreendedoras e com grande

diferencial; (b) aproximadamente um em cada quatro planos de negócios avaliados

conta com tecnologias diferenciadas; (c) apenas cerca de um em cada dez planos

de negócios avaliados consegue demonstrar que seus produtos resolvem problemas

claros e que podem ser inseridos em mercados crescentes ou consistentes; (d) um

número reduzido de planos de negócios avaliados conseguem projetar resultados

financeiros considerados atrativos; (e) cerca de dois de cada três planos de negócios

analisados demonstram alguma possibilidade de desinvestimento; e (f) pouco mais

0,00%

50,00%

100,00%

150,00%

200,00%

250,00%

300,00%

350,00%

400,00%

450,00%

500,00%

São Paulo

Rio de Janeiro

Minas Gerais

Ceará

Pará

Santa Catarina

Pernambuco

Page 98: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

97

da metade dos planos de negócios avaliados necessitam de um volume de capital

compatível com os objetivos do FMIEE Criatec.

5.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A APROVAÇÃO

Conforme comentado na seção anteriormente, os planos de negócios

enviados ao FMIEE Criatec sofrem uma análise baseada nos seguintes critérios: (a)

perfil do empreendedor e de sua equipe; (b) diferencial tecnológico ou competitivo; (c)

potencial de mercado; (d) resultados financeiros projetados; (e) necessidade de

capital; e (f) possibilidade de saída (desinvestimento). Por fim, após a avaliação total

ou parcial destes critérios, os gestores e suas equipes atribuem uma nota final ao

plano de negócios.

Nesta seção, visando verificar quais os critérios que mais influenciam na

nota final e conseqüente aprovação dos planos de negócios, realizou-se o teste

Kendall Tau-b na correlação entre os seis critérios de avaliação e a avaliação final

da oportunidade de investimento.

A Tabela 14 apresenta o resultado deste teste, indicando correlação

significativa de todos os critérios, no nível de 1%, denotando consistência no modelo

de avaliação. Por sua vez, os critérios de Diferencial da Tecnologia, Resultados

Financeiros Projetados, Mercado e Equipe são, na ordem, os quatro critérios que

mais explicam a Avaliação Final. Enquanto que a Possibilidade de Desinvestimento

e a Necessidade de Capital seriam os que menos explicam.

Page 99: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

98

TABELA 14 – Correlação Entre os Critérios de Avaliação e a Avaliação Final

Fonte: Elaboração própria

Desta forma, alcança-se o Objetivo 3: Estudar a influência dos critérios de

seleção na escolha de um determinado investimento.

5.4 ANÁLISE QUALITATIVA DOS PLANOS DE NEGÓCIOS

APROVADOS

As pesquisas que utilizam a metodologia qualitativa podem descrever as

complexidades de alguns problemas e analisar a interação de determinadas

variáveis, proporcionando, em maior nível de profundidade, o entendimento do

fenômeno estudado (RICHARDSON, 2008).

Desta forma, visando evidenciar quais elementos devem estar contidos

em um plano de negócios para que as chances de obtenção de financiamento via

capital de risco sejam maximizadas, nesta seção, serão analisados, à luz da Teoria

da Visão Baseada em Recursos, os conteúdos dos 23 planos de negócios

aprovados, disponíveis no banco de dados do FMIEE Criatec. Para tanto, será

utilizada a técnica de análise de conteúdo.

Correlations

1,000 ,359** ,345** ,338** ,172** ,330** ,296**

. ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

1062 996 910 699 817 1025 1059

,359** 1,000 ,444** ,471** ,146** ,308** ,439**

,000 . ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

996 998 909 698 816 959 998

,345** ,444** 1,000 ,483** ,180** ,319** ,394**

,000 ,000 . ,000 ,000 ,000 ,000

910 909 910 698 816 874 910

,338** ,471** ,483** 1,000 ,116** ,318** ,401**

,000 ,000 ,000 . ,000 ,000 ,000

699 698 698 699 691 697 699

,172** ,146** ,180** ,116** 1,000 ,209** ,147**

,000 ,000 ,000 ,000 . ,000 ,000

817 816 816 691 817 782 817

,330** ,308** ,319** ,318** ,209** 1,000 ,232**

,000 ,000 ,000 ,000 ,000 . ,000

1025 959 874 697 782 1025 1022

,296** ,439** ,394** ,401** ,147** ,232** 1,000

,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 .

1059 998 910 699 817 1022 1061

Correlation Coefficient

Sig. (2-tai led)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tai led)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tai led)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tai led)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tai led)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tai led)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tai led)

N

Avaliação da equipe

Avaliação da tecnologia

Avaliação do mercado

Avaliação do resultado

financeiro

Avaliação da

necessidade de capital

Avaliação da

possibilidade de

desinvestimento

Avaliação final do gestor

Kendall' s tau_b

Avaliação

da equipe

Avaliação da

tecnologia

Avaliação

do mercado

Avaliação do

resultado

financeiro

Avaliação da

necessidade

de capital

Avaliação da

possibilidad

e de

desinvestim

ento

Avaliação final

do gestor

Correlation is significant at the 0.01 level (2-tai led).**.

Page 100: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

99

Ao final desta seção ter-se-á atingido o Objetivo 4: Analisar,

qualitativamente, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos (Resources Based

View Theory), os planos de negócios das oportunidades aprovadas para

investimento.

5.4.1 Resultados da análise dos dados qualitativos

Conforme já comentado, escolheu-se as categorias analíticas com base

no Rating de Capitais Intangíveis sugerido por Deutscher (2008). As categorias

analíticas escolhidas estão representadas no Quadro 10.

Page 101: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

100

Categoria (Capitais) Sub-categoria (Ativos)

1. Estratégico 1.1 Competência em Monitorar o Mercado

1.2 Competência em Formular, Implementar e Acompanhar a Estratégia

2. Ambiental

2.1 Sistema de Financiamento

2.2 Ambiente Regulatório

2.3 Ambiente de Inovação e Empreendedorismo

2.4 Infra-estrutura e logística

3. Relacionamento

3.1 Carteira de Clientes / Contratos

3.2 Fornecedores

3.3 Marca – Reputação

3.4 Rede - Fornecedores e Clientes

3.5 Inserção no Mercado

4. Estrutural 4.1 Sistema de Governança Corporativa

4.2 Processos

4.3 Capacidade de Inovação

5. Humano 5.1 Gestores

5.2 Operadores

6. Financeiro 6.1 Confiabilidade do Administrador

6.2 Administração Estratégica do Risco

6.3 Inteligência Financeira

QUADRO 10 – Rating de Capitais Intangíveis

Fonte: Deutscher (2008)

Após a definição das categorias analíticas, realizou-se a categorização

dos 23 planos de negócios, visando encontrar evidências da presença dos ativos

intangíveis, que estão representados pelas sub-categorias, em cada um dos planos

de negócios. A Tabela 15 apresenta o resultado da categorização, onde o valor 1

significa a presença de evidências da existência do ativo e o valor 0 significa

ausência.

Page 102: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

101 TABELA 15 – Evidências da Presença de Ativos Intangíveis

Sub-categoria (Ativos)

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22 P23

1.1 Competência em Monitorar o Mercado 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1

1.2 Competência em Formular, Implementar e Acompanhar a Estratégia 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0

2.1 Sistema de Financiamento 1 0 1 0 1 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 1 1 1 0 1 1 0 1

2.2 Ambiente Regulatório 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0

2.3 Ambiente de Inovação e Empreendedorismo 1 1 1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1

2.4 Infra-estrutura e logística 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0

3.1 Carteira de Clientes / Contratos 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1

3.2 Fornecedores 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

3.3 Marca - Reputação 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 1 1

3.4 Rede - Fornecedores e Clientes 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 1 1 0 1

3.5 Inserção no Mercado 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1

4.1 Sistema de Governança Corporativa 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1

4.2 Processos 1 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0

4.3 Capacidade de Inovação 1 1 1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1

5.1 Gestores 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1

5.2 Operadores 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 0 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1

6.1 Confiabilidade do Administrador 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1

6.2 Administração Estratégica do Risco 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1

6.3 Inteligência Financeira 0 1 1 1 1 1 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1

Fonte: Elaboração própria

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102

O Gráfico 23 apresenta a freqüência relativa dos diversos tipos de ativos

intangíveis nos planos de negócios aprovados pelo FMIEE Criatec.

No primeiro quartil (incidência > 75%), pode-se verificar a presença dos

seguintes ativos intangíveis: (a) a qualificação dos gestores; (b) a competência em

monitorar o mercado; (c) a qualificação dos operadores; (d) a capacidade de

inovação; e (e) ambiente de inovação e empreendedorismo.

No segundo quartil (incidência entre 50% e 75%), pode-se observar a

presença dos seguintes ativos intangíveis: (a) inteligência financeira; (b) inserção no

mercado; (c) carteira de clientes / contratos; e (d) sistema de financiamento.

No terceiro quartil (incidência entre 25% e 50%), pode-se observar a

presença dos seguintes ativos intangíveis: (a) processos; (b) marca e reputação; (c)

rede de fornecedores e clientes; (d) ambiente regulatório; e (e) administração

estratégica do risco.

Por fim, no quarto quartil (incidência entre 0% e 25%), pode-se observar a

presença dos seguintes ativos intangíveis: (a) inteligência financeira; (b) inserção no

mercado; (c) carteira de clientes / contratos; e (d) sistema de financiamento.

Estes achados são compatíveis com o tipo de empreendimento alvo do

FMIEE Criatec, que são as empresas emergentes de base tecnológica, que,

notadamente, possuem empreendedores e equipes bem qualificadas, com

capacidade de inovar, inseridas em ambientes que estimulam o empreendedorismo

e inovação. Tais empreendedores atuam por oportunidade e, por isso, precisam ter

capacidade de monitorar o mercado.

As empresas neste estágio não possuem um sistema sólido de

governança, não desfrutam de uma infra-estrutura adequada e ainda não criaram

uma rede de fornecedores. Seus gestores, embora capacitados, ainda não possuem

credibilidade no mercado e, devido à inexperiência, possuem uma baixa capacidade

de formular, implementar e acompanhar estratégias.

Page 104: ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO … · venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture capital. Also, another point that is

103

GRÁFICO 23 – Freqüência relativa dos Capitais Intangíveis Fonte: Elaboração própria

4,35%

13,04%

17,39%

17,39%

21,74%

26,09%

34,78%

39,13%

43,48%

43,48%

52,17%

52,17%

52,17%

52,17%

78,26%

78,26%

78,26%

86,96%

86,96%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

5.1 Gestores

1.1 Competência em Monitorar o Mercado

5.2 Operadores

4.3 Capacidade de Inovação

2.3 Ambiente de Inovação e Empreendedorismo

6.3 Inteligência Financeira

3.5 Inserção no Mercado

3.1 Carteira de Clientes / Contratos

2.1 Sistema de Financiamento

4.2 Processos

3.3 Marca - Reputação

3.4 Rede - Fornecedores e Clientes

2.2 Ambiente Regulatório

6.2 Administração Estratégica do Risco

1.2 Competência em Formular, Implementar e Acompanhar Estratégia

6.1 Confiabilidade do Administrador

4.1 Sistema de Governança Corporativa

2.4 Infra-estrutura e logística

3.2 Fornecedores

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104

5.5 DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE

NEGÓCIOS COM CHANCES AUMENTADAS DE APROVAÇÃO

Ao final desta seção ter-se-á atingido o Objetivo 5: Propor as diretrizes

para a elaboração de planos de negócios com chances aumentadas de aprovação.

Os seguintes elementos são considerados na proposta de diretrizes para

a elaboração de planos de negócios com chances aumentadas de aprovação: (a) os

critérios de avaliação do FMIEE Criatec e suas influências na decisão pelo

investimento (Tabela 14); (b) os ativos tangíveis existentes no empreendimento; (c)

os ativos intangíveis existentes no empreendimento e os achados em relação às

suas freqüências nas oportunidades aprovadas pelo Fundo (Gráfico 23); e (c) a

forma com que as informações devem ser organizadas e apresentadas, pois o

FMIEE Criatec possui um modelo predeterminado de plano de negócios. A Figura

12 ilustra o processo de criação da proposta de diretrizes.

FIGURA 12 – Composição do Modelo com Chances Aumentadas de Aprovação Fonte: Elaboração própria

Por sua vez, a Métrica dos Capitais Intangíveis, ou Rating de CI, sugerido

por Deutscher (2008), é uma ferramenta que permite aos investidores avaliar o

posicionamento competitivo dos empreendimentos com relação ao mercado. Desta

Diretrizes para a elaboração de

planos de negócios com chances

aumentadas de aprovação

Critérios de Seleção

Ativos Tangíveis

Ativos Intangíveis e capacidades

Formato do Plano de Negócios

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105

forma, quanto mais ativos intangíveis estiverem presentes no empreendimento, mais

bem posicionado ele estará.

Por outro lado, à luz da RBV, entende-se que, além dos recursos

intangíveis e capacidades, a empresa também necessita dos ativos tangíveis para

alcançar o sucesso.

Considera-se ainda que o modelo padrão de plano de negócios do FMIEE

Criatec está dividido em oito seções, quais sejam: (a) Cadastro; (b) Equipe; (c)

Tecnologia / Negócios; (d) Mercado; (e) Resultado Financeiro; (f) Necessidade de

Capital; (g) Desinvestimento; e (h) Conclusão.

É notório, por sua própria natureza, que o registro da presença de ativos

tangíveis em um empreendimento é mais fácil do que o registro da presença dos

intangíveis, mas como o FMIEE Criatec utiliza uma ferramenta de avaliação de

oportunidades que também leva em consideração ativos intangíveis, o

preenchimento das informações solicitadas nas seções do plano de negócios do

FMIEE Criatec deve, sempre que possível, evidenciar o maior número possível de

capitais e ativos intangíveis que estejam presentes no empreendimento, pois assim,

a percepção de valor do mesmo tenderá a ser maior.

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106

O Quadro 11 evidencia o peso de cada um dos ativos intangíveis na

composição do Rating de CI para pequenas empresas, indicando que quanto maior

o peso, mais valioso o ativo.

Categoria (Capitais) Sub-categoria (Ativos) Peso dos

Ativos

1. Estratégico 1.1 Competência em Monitorar o Mercado 12,50%

1.2 Competência em Formular, Implementar e Acompanhar a Estratégia

12,50%

2. Ambiental

2.1 Sistema de Financiamento 4,50%

2.2 Ambiente Regulatório 3,00%

2.3 Ambiente de Inovação e Empreendedorismo 3,00%

2.4 Infra-estrutura e logística 4,50%

3. Relacionamento

3.1 Carteira de Clientes / Contratos 3,00%

3.2 Fornecedores 3,00%

3.3 Marca – Reputação 3,00%

3.4 Rede - Fornecedores e Clientes 3,00%

3.5 Inserção no Mercado 3,00%

4. Estrutural 4.1 Sistema de Governança Corporativa 4,50%

4.2 Processos 5,25%

4.3 Capacidade de Inovação 5,25%

5. Humano 5.1 Gestores 12,50%

5.2 Operadores 12,50%

6. Financeiro 6.1 Confiabilidade do Administrador 1,50%

6.2 Administração Estratégica do Risco 1,75%

6.3 Inteligência Financeira 1,75%

QUADRO 11 – Peso dos Ativos Intangíveis para Pequenas Empresas Fonte: Desenvolvido a partir de Deutscher (2008)

Além disso, o preenchimento correto das informações é de fundamental

importância para que o empreendimento tenha chances elevadas de receber

investimento, pois o plano de negócios é o insumo inicial da análise da oportunidade

e um mau preenchimento deste formulário pode levar a um entendimento incompleto

ou incorreto da oportunidade e a um eventual descarte da mesma.

5.5.1 Proposta de Diretrizes Para a Elaboração de Planos de Negócios com Chances Aumentadas de Aprovação

Nesta seção, serão descritas as diretrizes para o preenchimento correto

do plano de negócios, com vistas ao recebimento de investimentos do FMIEE

Criatec.

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107

5.5.1.1 Cadastro

Nesta seção do plano de negócios, devem ser preenchidos os dados

cadastrais do projeto. Deve-se atentar para o preenchimento correto da regional

mais próxima, bem como, de todas as outras informações requeridas.

5.5.1.2 Equipe

Nesta seção do plano de negócios, os empreendedores deverão fornecer

informações sobre o pesquisador principal da empresa, se houver, e sua titulação

máxima. Além disso, devem registrar os outros membros, as principais conquistas

da equipe e seus objetivos profissionais.

Pode-se utilizar esta seção do plano de negócios, entre outras coisas,

para evidenciar, além dos ativos tangíveis, a presença no empreendimento de, pelo

menos, os seguintes ativos intangíveis: (a) competência em formular, implementar e

acompanhar a estratégia; (b) qualidade da equipe de gestão; (c) qualidade da

equipe de operações; (d) confiabilidade dos administradores; e (e) presença de um

sistema de governança corporativa na empresa. Estes ativos intangíveis

correspondem a 43,5% do Rating de CI, evidenciando, assim, a grande importância

desta seção.

5.5.1.3 Tecnologia / Negócios

A nota atribuída pelos gestores ao critério de Diferencial da Tecnologia é

a que mais explica o sucesso ou fracasso na Avaliação Final, desta forma, deve-se

preencher esta seção do plano de negócios com bastante esmero.

Nesta seção do plano de negócios, deve-se fornecer informações sobre a

categoria e sub-categoria da tecnologia apresentada, bem como, sobre o estágio de

desenvolvimento da tecnologia ou produto, o seu grau de inovação e a existência de

patente.

Além disso, os empreendedores devem prover uma descrição sumarizada

da tecnologia apresentada, devem, também, justificar sua resposta em relação à

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108

presença ou não de inovação e, por fim, devem descrever os diferenciais do seu

produto ou tecnologia quando comparados aos similares ou concorrentes.

Nesta seção do plano de negócios, os empreendedores têm a

oportunidade de registrar, além dos ativos tangíveis, caso existam, as evidências da

presença dos seguintes ativos intangíveis em seus empreendimentos: (a) inserção

em um ambiente de inovação e empreendedorismo; e (b) capacidade de inovar da

empresa. Estes ativos intangíveis correspondem a 8,25% do Rating de CI.

5.5.1.4 Mercado

A nota atribuída ao critério de Mercado também é a terceira que mais

influencia a nota da Avaliação Final. Nesta seção, os empreendedores devem

informar sobre as aplicações das tecnologias / produtos que estão sendo propostos,

quais os problemas que estas tecnologias / produtos resolvem, quem são os clientes

atuais e potenciais e qual a estimativa de tamanho do mercado.

Nesta seção o empreendedor tem a oportunidade de registrar, além dos

ativos tangíveis, caso existam, as evidências da presença dos seguintes ativos

intangíveis em seus empreendimentos: (a) competência em monitorar o mercado; (b)

carteira de clientes / contratos; e (c) inserção no mercado. Estes ativos intangíveis

correspondem a 18,5% do Rating de CI.

5.5.1.5 Resultado Financeiro

Este critério é o segundo que mais influencia a Avaliação Final. Nesta

seção o empreendedor deve argumentar sobre a capacidade do empreendimento de

gerar um alto retorno.

Nesta seção do plano de negócios, o empreendedor tem a oportunidade

de registrar, além dos ativos tangíveis, caso existam, as evidências da presença dos

seguintes ativos intangíveis em seus empreendimentos: (a) inteligência financeira; e

(b) administração estratégica do risco financeiro. Estes ativos intangíveis

correspondem a 3,5% do Rating de CI.

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109

É importante notar que não é suficiente que o empreendedor projete

grandes resultados em termos de faturamento e EBITDA, mas é necessário,

sobretudo, que, além de atrativos, os números projetados sejam coerentes e críveis,

pois isso demonstrará inteligência financeira da equipe.

5.5.1.6 Necessidade de Capital

Nesta seção do plano de negócios o empreendedor deve informar a sua

intenção na busca por capital, suas necessidades de capital no primeiro ano do

empreendimento, do segundo ao quinto ano e após o quinto ano. Deve também

detalhar por que e para que o capital será utilizado.

Vale salientar que é de fundamental importância que, pelo menos, a

necessidade de capital no primeiro ano seja informada.

5.5.1.7 Desinvestimento

Nesta seção do plano de negócios o empreendedor deve informar, no

futuro, quais seriam os potenciais compradores da participação do Fundo, caso o

FMIEE Criatec viesse a investir na oportunidade.

5.5.1.8 Conclusão

Nesta seção do plano de negócios o empreendedor deve argumentar

sobre por que o Fundo deveria investir em seu empreendimento. Aqui, o

empreendedor tem a oportunidade de registrar, caso existam e sejam relevantes, as

evidências da presença de todos os outros ativos intangíveis que não foram

registrados nas outras seções, quais sejam: (a) sistema de financiamento; (b)

ambiente regulatório; (c) infra-estrutura e logística; (d) fornecedores; (e) marca e

reputação; (f) rede (fornecedores e clientes); e (g) processos. Estes ativos

intangíveis correspondem a 26,25% do Rating de CI.

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5.5.2 Considerações sobre as Diretrizes para a Elaboração de Planos de Negócios com Chances Aumentadas de Aprovação

É importante salientar que: (a) o guia sugere uma forma de organização e

registro das informações, mas não tem a pretensão de substituir a opinião do

empreendedor ou de especialistas; e (b) o guia proposto é, apenas, um modelo

teórico-empírico e não garante, na prática, nenhuma vantagem para os que

desejarem adotá-lo.

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111

6 CONCLUSÕES

Esta dissertação analisou detalhadamente a operação do Fundo Mútuo

de Investimentos em Empresas Emergentes Criatec, para identificar as principais

características da demanda por venture capital no âmbito do Fundo, analisar a

qualidade desta demanda e verificar quais os critérios que influenciam na seleção

dos investimentos.

O trabalho respondeu as seguintes perguntas de pesquisa: (a) Quais as

características da demanda por venture capital no Brasil? e (b) Que elementos

devem estar contidos em um plano de negócios para que as chances de obtenção

de financiamento via venture capital sejam maximizadas?

Desta forma, atingiu seus objetivos gerais: (a) Identificar as características

da demanda por venture capital no Brasil; e (b) Evidenciar quais elementos devem

estar contidos em um plano de negócios para que as chances de obtenção de

financiamento, via venture capital, sejam maximizadas.

Como também, atingiu seus objetivos específicos: (a) Identificar as

características principais da demanda por venture capital no Brasil; (b) Analisar a

qualidade da demanda por venture capital no Brasil; (c) Estudar a influência dos

critérios de seleção na escolha de uma determinada oportunidade de investimento;

(d) Analisar, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos (Resources Based

View Theory), os planos de negócios das oportunidades aprovadas para

investimento; e (e) Propor as diretrizes para a elaboração de planos de negócios

com chances elevadas de aprovação.

Uma das principais contribuições da dissertação refere-se à evidência de

que, se utilizado o valor médio de investimento calculado anteriormente, seria

necessário mais de R$ 76M para investir em todas as oportunidades que receberam

a avaliação máxima e outros R$ 118M, estes valores são limitados às

oportunidades analisadas até 31/12/2009. Demonstrando assim que, no âmbito do

FMIEE Criatec, existem oportunidades de investimentos interessantes em maior

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número do que o capital do Fundo permitirá investir, sinalizando a oportunidade de

criação de outros fundos com o mesmo perfil do FMIEE Criatec.

Outra contribuição importante está relacionada com a evidência de que o

percentual de oportunidades aprovadas no FMIEE Criatec é mais do que o dobro do

que o percentual de investimentos da indústria brasileira em relação ao total de

planos de negócios avaliados. Este resultado evidencia que o Fundo tem sido

diligente na condução de suas atividades.

Ademais, as principais contribuições deste trabalho são: (a) gerar

conhecimentos relevantes sobre a demanda de venture capital no Brasil; (b) fornecer

insumo para elaboração de estratégias dos gestores de fundos de investimento de

venture capital; (c) oferecer inputs para novas políticas públicas voltadas para o

setor; e (d) prover orientações para os empreendedores interessados em obter

financiamento por via de fundos de venture capital.

As contribuições mais relevantes sobre as características da demanda por

venture capital no âmbito do FMIEE Criatec apontados por esta pesquisa são:

Existe uma forte concentração de oportunidades na região Sudeste,

sobretudo nos estados de SP, RJ e MG. Esta concentração é

superior, inclusive, a distribuição econômica do país, conforme os

dados do PIB de 2007.

Os estados que possuem mais representatividade na base do

FMIEE Criatec do que no PIB brasileiro são, justamente, aqueles

onde estão instaladas as regionais do Fundo, podendo significar

que estas diferenças ocorrem, devido ao poder indutor da presença

da regional na prospecção de oportunidades de investimento no

estado.

Cerca de dois em cada cinco planos de negócios submetidos ao

FMIEE Criatec têm como pesquisador principal profissionais com

pós-graduação, evidenciando elevada qualificação acadêmica.

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113

Cerca de dois em cada cinco planos de negócios submetidos ao

FMIEE Criatec estão relacionados com Tecnologia da Informação,

o que sugere uma maior cultura deste setor em relação à busca de

recursos de venture capital ou mesmo a facilidade de montagem

de um negócio de TI, pois o setor não demanda investimentos

elevados em laboratórios, maquinários ou infra-estrutura física.

Mais da metade das oportunidades das regionais Recife e Rio de

Janeiro são relacionadas com Tecnologia da Informação. No caso

de Recife, esta alta incidência evidencia o resultado positivo do

trabalho de instituições como o Centro de Informática da UFPE,

C.E.S.A.R – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife e

Porto Digital na formação de empreendedores e empresas de TI.

Cerca da metade das empresas não possui patente da tecnologia,

evidenciando-se assim pouca tradição, mesmo em se tratando de

empresas de base tecnológica, dos empreendedores em ter

iniciativa de proteção às suas idéias e inventos, e a criação de

ativo valioso de propriedade intelectual.

Aproximadamente um terço dos planos de negócios são de

empresas que estão com os produtos prontos para o início da

produção em escala industrial.

Cerca de três quartos dos planos de negócios traz tecnologias ou

produtos que são percebidos como inovadores. Esta percepção

não se confirma após a análise das oportunidades, pois, apenas,

cerca de um quinto é avaliado como possuidor de diferenciais em

termos de tecnologia ou produto.

Mais da metade das empresas busca capital para o custeio de

suas operações, enquanto que, apenas, cerca de um em cada dez

faz este movimento em busca de um parceiro estratégico.

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Aproximadamente a metade das empresas necessita de um

montante de recursos de até R$ 1,5M no primeiro ano, faixa que

pode ser coberta com um primeiro aporte do FMIEE Criatec.

No que diz respeito a qualidade da demanda por venture capital no

âmbito do FMIEE Criatec, evidencia-se que:

Quase metade dos planos de negócios avaliados traz equipes que

foram consideradas empreendedoras e com grande diferencial,

demonstrando a boa qualidade do material humano envolvido nos

planos de negócios avaliados e, também, demonstrando que este

fator não é uma barreira para o número de investimentos.

Aproximadamente um em cada quatro planos de negócios

avaliados conta com tecnologias diferenciadas, seja com

diferenciais incrementais ou com diferenciais radicais em relação à

concorrência, evidenciando assim uma boa qualidade da demanda,

sob este aspecto.

Apenas cerca de um em cada dez planos de negócios avaliados

consegue demonstrar que seus produtos resolvem problemas

claros e que podem ser inseridos em mercados crescentes ou

consistentes. Desta forma, evidencia-se que a viabilidade em

termos de mercado pode ser um empecilho para um grande

número de planos de negócios.

Um número reduzido de planos de negócios avaliados conseguem

projetar resultados financeiros considerados atrativos, sendo este,

um outro grande empecilho para a aprovação de um maior número

de investimentos.

Cerca de dois de cada três planos de negócios analisados

demonstram alguma possibilidade de desinvestimento,

evidenciando que este critério não é uma forte barreira para as

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oportunidades que buscam o investimento do Fundo, pois,

qualquer uma das possibilidades de saída é vista com bons olhos.

Pouco mais da metade dos planos de negócios avaliados

necessitam de um volume de capital compatível com os objetivos

do FMIEE Criatec. Desta forma, evidencia-se que esta não é uma

barreira importante para a aprovação de um maior número de

oportunidades.

Os achados mais relevantes com relação aos fatores que mais

influenciam a aprovação são:

Existe correlação significativa entre os seis critérios de avaliação e

a avaliação final da oportunidade de investimento.

Os critérios de Diferencial da Tecnologia, Resultados Financeiros

Projetados e Mercado são, na ordem, os três critérios que mais

explicam a Avaliação Final. Enquanto que a Necessidade de

Capital é o que menos explica.

Em relação à análise qualitativa dos planos de negócios aprovados

apontados por este estudo evidencia-se que:

A qualificação dos gestores, a competência em monitorar o

mercado, a qualificação dos operadores, a capacidade de inovação

e o ambiente de inovação e empreendedorismo são os capitais

intangíveis mais presentes nos planos de negócios aprovados pelo

FMIEE Criatec.

Por outro lado, a competência em formular, implementar e

acompanhar estratégia, a confiabilidade do administrador, o

sistema de governança corporativa, a infra-estrutura e logística, e

os fornecedores são os capitais intangíveis menos freqüentemente

encontrados.

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Por fim, as Diretrizes Para a Elaboração de Planos de Negócios com

Chances Aumentadas de Aprovação no FMIEE Criatec considera os seguintes

fatores: (a) os critérios de avaliação do Fundo e suas influências na decisão pelo

investimento; (b) os ativos tangíveis existentes no empreendimento; (c) os ativos

intangíveis existentes no empreendimento e os achados em relação às suas

freqüências nas oportunidades aprovadas pelo Fundo; e (d) a forma com que as

informações devem ser organizadas e apresentadas. Desta forma, traz orientações

para os empreendedores que buscam investimentos do FMIEE Criatec, que podem

auxiliá-los no sentido da elevação de suas chances de aprovação.

6.1 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS

A seguir são propostos alguns tópicos para pesquisas futuras:

Diferença de visão entre os empreendedores e os gestores de

fundos: os empreendedores queixam-se da falta de recursos para

investimentos e, por outro lado, investidores reclamam da falta de

oportunidades de qualidade para que sejam realizados

investimentos e afirmam que sobram recursos financeiros. Estudar

as origens destas diferentes visões ajudará o desenvolvimento da

indústria.

Impacto na economia brasileira gerado pelos investimentos de

venture capital: um estudo neste sentido seria interessante para

mensurar o impacto econômico e social da atividade de venture

capital no Brasil.

Censo da demanda por investimentos de VC/PE no Brasil:

expandir esta pesquisa para além das fronteiras do FMIEE Criatec

seria de grande valia para geração de conhecimento relevante para

a indústria.

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6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

A seguir são descritas as principais limitações desta pesquisa:

Uma das principais limitação da pesquisa se deve ao fato da

análise ter sido realizada, exclusivamente, com planos de negócios

submetidos ao FMIEE Criatec, não contendo características da

demanda por outros fundos de venture capital.

Outra limitação se deve ao fato de que, em alguns itens analisados,

existia um número excessivo de valores em branco (missing data),

impossibilitando assim, em alguns casos, uma análise mais

acurada.

A heterogeneidade de significados com relação à utilização, aqui

no Brasil, dos termos venture capital e capital de risco, também foi

um fator limitador, pois, em alguns momentos, dificultou o

entendimento preciso do contexto das informações.

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118

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122

ANEXO A – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS

a ser preenchida pelo pesquisador/empreendedor

Nome do Projeto Regional

Instituição/Empresa Cargo que ocupa Email Telefone profissional

Como ficou sabendo do Criatec? Outros

Endereço profissional

Pesquisador/Empreendedor Formação Área de conhecimento

Outros membros da equipe

Principais conquistas da equipe múltipla escolha

descrição

alimentação automática

Objetivos profissionais da equipe

Categoria Sub-categoria Patente

Estágio desenvolvimento É uma inovação?

Descrição sumarizadada tecnologia/negócio Por quê?

Diferencial em relação às tecnologias similares/concorrentes (ou à forma em que o problema é resolvido hoje)

Aplicação da tecnologia/produto

Problema que a tecnologia/produto resolve e seu potencial impacto

Clientes (atuais e potenciais) e por quê compram (ou comprarão) a tecnologia/produto

Estimativa tamanho de mercado

A oportunidade é capaz de gerar um retorno (receita menos custo) alto? Quais os fatos ou indícios que sustentam a resposta?

Intenção Ano I

Ano II ao V

Após Ano V

Por quê / Para quê?

Caso o fundo invista na sua oportunidade, ele precisará, no futuro, vender a participação acionária adquirida. Quais seriam

os potenciais compradores?

Por quê o fundo deveria investir no seu projeto?

permitir envio de anexos até 2 megas

Ferramenta Filtro de Oportunidade

Necessidade de

capital externo (não

gerado pela própria

empresa)

Info.

Complem.

Conclusão

Necessidade

de Capital

Desinves-

timento

Legenda de cores

Resultado

Financeiro

Cadastro

Equipe

Tecnologia/

Negócio

Mercado