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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012 Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Eliane de Fátima Bizinotto Clemente- [email protected] Master em Arquitetura - Instituto de Pós-Graduação IPOG Resumo Este artigo apresenta como tema a análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial. Trata-se do Trabalho de Conclusão de Curso da Pós- Graduação em Master em Arquitetura, do Instituto de Pós-Graduação IPOG de Goiânia. Todos nós em algum momento de nossa vida passamos ou poderemos passar por algum tipo de deficiência, ou mesmo ter um parente com idade avançada. E é exatamente nessa situação que vemos como a arquitetura pode fazer a diferença, influindo diretamente no bem-estar e na qualidade de vida das pessoas. Poucos projetos contemplam a acessibilidade como uma de suas premissas; mesmo regulamentadas por lei, poucos empreendimentos recém-lançados no país seguem os padrões de acessibilidade que atenderiam as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Mas devagar e de forma pontual o Desenho Universal vem sendo introduzido em novos empreendimentos residenciais. Para a elaboração deste trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas, entrevistas com arquitetos e engenheiros, com analistas de projetos, com alunos e professores de faculdades de arquitetura; também foram realizadas visitas em obras de referência em acessibilidade residencial. Após a efetivação dessas etapas, chegou-se a algumas propostas de ações, que devem ser trabalhadas de forma a assegurar um nível mínimo de acessibilidade em todos os edifícios habitacionais e habitações novas, e apoiando a adaptação de moradias existentes. Palavras-chave: Acessibilidade; Acessibilidade Residencial; Arquitetura Inclusiva, Desenho Universal. 1. Introdução Nos últimos 20 anos, o Brasil tem assistido a uma mudança significativa no tratamento do tema da acessibilidade, principalmente nas grandes cidades. Dados do Censo Populacional de 2000 mostram que 24 milhões de brasileiros têm algum tipo de necessidade especial, seja física, auditiva, visual ou cognitiva. Outro dado importante mostra que a população está mais velha: os idosos são 8% do total da nação. Isso sem contar as necessidades especiais das grávidas, mães com criança no colo, obesos e assim por diante. Considerando esses dados, observamos inúmeros obstáculos que limitam a mobilidade e/ou o acesso a determinados espaços sejam eles públicos ou privados. Muitos desses obstáculos embora não constituam necessariamente barreiras para os que não têm deficiência, sua eliminação favorece a todos. A própria diversidade humana nos faz ir mais longe, considerando situações e padrões distintos como, por exemplo: homens e mulheres altos, baixos, em pé ou sentados, de diferentes idades e habilidades físicas, sensoriais e cognitivas. Há dez anos está em vigor a Lei n. 10.098 que dispõe sobre as normas e critérios para a promoção de acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Mas o que é acessibilidade? Quais as mudanças realizadas nos últimos anos em virtude desta lei e de outros instrumentos legais que garantem o direito de locomoção e deslocamento dos cidadãos

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à

arquitetura residencial

Eliane de Fátima Bizinotto Clemente- [email protected]

Master em Arquitetura - Instituto de Pós-Graduação – IPOG

Resumo

Este artigo apresenta como tema a análise da evolução construtiva de acessibilidade

aplicada à arquitetura residencial. Trata-se do Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-

Graduação em Master em Arquitetura, do Instituto de Pós-Graduação – IPOG de Goiânia.

Todos nós em algum momento de nossa vida passamos ou poderemos passar por algum tipo

de deficiência, ou mesmo ter um parente com idade avançada. E é exatamente nessa situação

que vemos como a arquitetura pode fazer a diferença, influindo diretamente no bem-estar e

na qualidade de vida das pessoas. Poucos projetos contemplam a acessibilidade como uma

de suas premissas; mesmo regulamentadas por lei, poucos empreendimentos recém-lançados

no país seguem os padrões de acessibilidade que atenderiam as pessoas com deficiência ou

mobilidade reduzida. Mas devagar e de forma pontual o Desenho Universal vem sendo

introduzido em novos empreendimentos residenciais. Para a elaboração deste trabalho foram

realizadas pesquisas bibliográficas, entrevistas com arquitetos e engenheiros, com analistas

de projetos, com alunos e professores de faculdades de arquitetura; também foram realizadas

visitas em obras de referência em acessibilidade residencial. Após a efetivação dessas etapas,

chegou-se a algumas propostas de ações, que devem ser trabalhadas de forma a assegurar

um nível mínimo de acessibilidade em todos os edifícios habitacionais e habitações novas, e

apoiando a adaptação de moradias existentes.

Palavras-chave: Acessibilidade; Acessibilidade Residencial; Arquitetura Inclusiva, Desenho

Universal.

1. Introdução

Nos últimos 20 anos, o Brasil tem assistido a uma mudança significativa no tratamento do

tema da acessibilidade, principalmente nas grandes cidades. Dados do Censo Populacional de

2000 mostram que 24 milhões de brasileiros têm algum tipo de necessidade especial, seja

física, auditiva, visual ou cognitiva. Outro dado importante mostra que a população está mais

velha: os idosos são 8% do total da nação. Isso sem contar as necessidades especiais das

grávidas, mães com criança no colo, obesos e assim por diante.

Considerando esses dados, observamos inúmeros obstáculos que limitam a mobilidade e/ou o

acesso a determinados espaços – sejam eles públicos ou privados. Muitos desses obstáculos

embora não constituam necessariamente barreiras para os que não têm deficiência, sua

eliminação favorece a todos. A própria diversidade humana nos faz ir mais longe,

considerando situações e padrões distintos como, por exemplo: homens e mulheres altos,

baixos, em pé ou sentados, de diferentes idades e habilidades físicas, sensoriais e cognitivas.

Há dez anos está em vigor a Lei n. 10.098 que dispõe sobre as normas e critérios para a

promoção de acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Mas o

que é acessibilidade? Quais as mudanças realizadas nos últimos anos em virtude desta lei e de

outros instrumentos legais que garantem o direito de locomoção e deslocamento dos cidadãos

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nas cidades e dentro de suas próprias residências? Como incluir, de forma segura, a todos?

Quais os caminhos da acessibilidade no Brasil? Responderemos neste artigo a estas

indagações, mostrando como está sendo discutida a acessibilidade, em especial a

acessibilidade residencial, entre os profissionais da área – arquitetos, engenheiros e designers

– como também qual é a posição das incorporadoras, que constroem habitações

multifamiliares, dos órgãos de aprovação e fiscalização de projetos, e como o tema está sendo

tratado nas universidades.

2. Evolução construtiva de acessibilidade: análise de aspectos teóricos

É de responsabilidade de cada um de nós manter viva a cidadania em todos os momentos e

ambientes de nossa vida. Todos somos iguais em direitos e deveres perante a sociedade, da

qual fazemos parte integrante e dela participamos. Homens, mulheres, indivíduos baixos e

altos, jovens e idosos, brancas ou negras. Assim merecemos a mesma atenção e respeito em

nossa condição humana. Todos possuímos como principais direitos o acesso à moradia, à

saúde, à educação, ao trabalho, ao lazer e à circulação. E para que esses direitos sejam

exercidos, há a necessidade de que se respeitem os princípios de independência, autonomia e

dignidade, de forma coletiva e individual.

Ao mesmo tempo em que somos semelhantes em direitos e deveres, temos nossas

características próprias, somos diferentes uns dos outros, compondo a diversidade de nossa

sociedade.

Algumas pessoas trazem a marca da diferença revelada em seu corpo de um modo mais

visível e concreto, como as pessoas com deficiência física, que tem dificuldade em se

locomover pelos lugares ou para alcançar ou manusear objetos. Outras apresentam diferenças

em relação aos seus sentidos, como os deficientes visuais ou auditivos, que tem limitações

para ver ou ouvir ou para se comunicar. Também existem as pessoas com deficiência mental,

com diferenças em sua capacidade de compreender e de aprender.

As deficiências, em geral, podem ser parciais ou completas, dependendo da gravidade da

doença que as originou ou das lesões deixadas por um acidente. As enfermidades que causam

uma deficiência não dura para sempre. Sendo assim, deficiência não é doença, é

consequência, ainda que tenha sido causada por uma enfermidade.

Em algum momento de nossa vida, na verdade, poderemos ter mobilidade reduzida,

temporária ou permanente. Pessoas pequenas ou muito grandes, as grávidas, as pessoas

empurrando um carrinho de bebê ou com uma criança no colo; outras que quebram um braço

ou uma perna, os obesos, ou ainda quando envelhecemos. Todos vamos necessitar de

facilidades para a nossa locomoção e comunicação.

Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, censo populacional

de 2000, mostram que 24 milhões de brasileiros têm algum tipo de necessidade especial, seja

física, auditiva, visual ou cognitiva. Isto corresponde a 14,5% de toda a população. O mesmo

órgão de pesquisa informa que a taxa de natalidade de 2003 estava em 19,5 para cada grupo

de 1000 habitantes, resultando uma média próxima de 2,5 milhões de grávidas/ano, limitadas

em sua mobilidade – algumas mais, outras menos. Ainda com base no censo de 2000 do

IBGE, tem-se que quase 14 milhões de brasileiros possuem mais de 60 anos, o que

corresponde a 8% da população, e consomem 50% dos recursos de saúde, em seus

tratamentos. A projeção da população quanto à expectativa de vida até o ano de 2050 é de

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81,29 anos. Outro dado importante é sobre os acidentes de trânsito, que no Brasil produzem

120 mil portadores de deficiência permanente/ano (Manual para Acessibilidade aos Prédios

Residenciais da Cidade do Rio de Janeiro, 2003). Se forem adicionadas ao convívio social

destas pessoas, outras duas – pais ou amigos – o número de indivíduos envolvidos com

pessoas com dificuldade de locomoção passa a ser, aproximadamente, 123 milhões de

brasileiros, ou seja, quase toda a população do país tem alguma relação direta ou indireta com

pessoas com mobilidade reduzida.

Como incluir, de forma segura, a todos?

Nós, arquitetos aprendemos que Arquitetura é a arte de projetar edifícios que serão

construídos para atender as necessidades dos usuários, buscando seu bem-estar, conforto e

segurança, compreendendo espaços fechados e abertos, cobertos ou não. Sendo assim, toda a

área destinada a qualquer empreendimento deve ser cuidadosamente planejada, na busca do

melhor resultado possível (BESTETTI, 2002). Ao longo da história temos exemplos

marcantes, onde arquitetos têm desenvolvido soluções que, juntamente com os avanços

tecnológicos, proporcionam condições para a constante busca desse ideal. Esse processo

passou por vários estágios ao longo da história. Quando deparamos com as condições, que

tomam por base o homem padrão vemos um grande distanciamento entre a visão do homem

como um todo e os preceitos arquitetônicos que até hoje permeiam nossos projetos. Faz-se

aqui necessário sabermos o que significa o termo “homem padrão” e como surgiu esta

denominação no decorrer desse processo.

Homem padrão designa-se aquele modelo de homem atlético, culto e possuidor de todas as

habilidades físicas e mentais. Seu corpo possui proporções estudadas desde a Grécia antiga e

tomadas como medida padrão para a própria dimensão arquitetônica. No Renascimento, os

ensinamentos de Vitrúvio – que viveu no século I AC, e escreveu um tratado completo de

arquitetura em dez livros, chamado “De Architetura” – passam novamente a ganhar grande

importância (DUARTE, 2003). É nessa época que os seus livros são traduzidos para a língua

italiana. Os dados antropométricos apresentados por ele, são desenhados por Leonardo Da

Vinci (± em 1490) no seu célebre trabalho “L’Uomo di Vitruvio” (O Homem de Vitrúvio).

Nessa referida ilustração são apresentadas as teorias de Vitrúvio. A importância atribuída à

"perfeita proporção" do corpo humano é muito bem ilustrada pelos estudos de Da Vinci que,

enquanto anatomista, artista e "arquiteto" aprofundou-se na análise da perfeição matemática

envolvendo a Seção Áurea da forma humana (baseados nos estudos matemáticos de Euclides

– matemático grego do século 3AC, que já denominava de “razão média e extrema” a divisão

de um segmento em duas partes seguindo uma proporção definida e que no século XIX

passou a se chamar Seção Áurea, que hoje está presente em qualquer estudo de Ergonomia) –

a imagem de um corpo musculoso e "proporcional" de um homem circunscrito em um círculo

e em um quadrado, usada para realçar a proporcionalidade das formas.

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Figura 01 – O Homem de Vitrúvio

Para Vitrúvio a arquitetura deveria seguir o mesmo entendimento de ter a proporcionalidade

das partes para completar o todo harmoniosamente, pois as partes formam o todo. Em meados

do século XIX, a figura do Homem de Vitrúvio foi recomposta por John Gibson e J. Bonomi

(1857), que no século XX teve Le Corbusier, arquiteto suíço naturalizado francês, como

maior entusiasta da ideia. Quando Le Corbusier fez sua viagem à Grécia a fim de estudar a

arquitetura clássica, ficou extasiado com a maneira pela qual os gregos usavam o número de

ouro relacionando-o com a escala humana. Suas considerações contidas em seu livro "Vers

une Architecture" já apontavam para a criação do sistema de medição que chamou

posteriormente de "Modulor", no qual ele se utiliza dos números de Fibonacci, do número de

ouro e das proporções humanas "standard". Le Corbusier considerou como "standard" a

altura humana de 1,83m e estabeleceu esta sequência de medidas do "Modulor" para

encontrar harmonia nas composições arquitetônicas. Estas características de composições

tivemos a oportunidade de observar em uma de suas obras onde fizemos uma visita técnica -

Villa de Savoye na cidade de Poissy , na França (1929-1931). Segundo Le Corbusier, “a casa

é uma máquina de morar” e a Villa Savoye foi projetada seguindo tal ideia de forma plena. A

resposta às demandas relativas à utilidade se fazem através, entre outras, da inclusão de

valores relacionados à vida cotidiana, com a criação de equipamentos e suportes para os

acontecimentos do dia a dia, como bancadas, armários, mesas e bancos, pensando assim no

conforto do usuário. Também observamos o uso amplo de rampas para vencer os desníveis

entre um andar e outro.

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Figura 02 – Villa de Savoye – arquivo pessoal

Assim, O Modulor passou a determinar alturas e larguras para o desempenho de inúmeras

atividades de trabalho e domésticas, sendo utilizado amplamente por arquitetos e desenhistas

indústriais de todo mundo. Mas ainda se tratava da escala humana para o homem de Vitrúvio,

para a “figura humana bem constituída” (DUARTE, 2003).

Figura 03 – Diagrama do Modulor, de Le Corbusier

A partir da década de 60 ocorreram várias mudanças nas sociedades. Constantes

questionamentos sobre os direitos sociais; maior quantidade e diferentes estudos sobre as

populações; novos embasamentos técnicos e demográficos auxiliaram para que essas

mudanças ocorressem (LOPES E SILVA, 2011).

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A constatação do grande número de pessoas com deficiência, as necessidades das pessoas

idosas e os avanços da medicina, impulsionaram para o completo entendimento de que os

homens não são iguais (LOPES E SILVA, 2011).

Segundo Lopes e Silva, é nesse contexto presente na década de 60 que Selwyn Goldsmith

torna-se um dos primeiros autores a introduzir nas medidas antropométricas as variantes de

sexo, idade e capacidades das pessoas. Começa assim a aparecer nos manuais de

Antropometria a pessoa adulta em cadeira de rodas. A partir deste fato, os objetos, as

dimensões nas edificações, e o mundo, também poderiam ser vistos, tendo por base a

realidade do homem em uma cadeira de rodas, as suas possibilidades de alcance e uso do

meio onde vive (LOPES E SILVA, 2011).

Já na década de 80, o “Human Scale”, de H. Dreyfuss, acrescenta a figura da criança nos seus

conhecidos estudos antropométricos e também a criança em cadeira de rodas. Ainda, segundo

LOPES e SILVA, Selwyn Goldsmith, pensando no desenho arquitetônico para todos,

recentemente, formatou uma nova pirâmide constituída por oito diferentes realidades nas

quais as pessoas estão inseridas, onde as pessoas se agrupam de acordo com as características

funcionais que elas apresentam, independentemente de sexo e idade dependendo

exclusivamente dos seus aspectos funcionais frente aos fatores ambientais nos quais ela está

inserida.

Após a evolução de todos este processo, a pessoa não pode ser mais reduzida a uma medida

padrão e, consequentemente, toda a arquitetura que se voltar unicamente para a padronização

das proporções estará predestinada a gerar espaços segregadores. Como já dissemos

anteriormente, todas aquelas pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,

representam um grande contingente humano que tem, nos últimos anos, lutado contra as

desigualdades de acesso físico no meio edificado.

Segundo Cybele Ferreira Monteiro de Barros (2000),

O espaço físico habitado costuma relacionar todas as coisas e pessoas, podendo

incentivar, deprimir, cuidar ou colocar em risco o ser humano que o utiliza. Assim, à

medida que diminui a capacidade individual das pessoas num processo gradual que

acaba por ajustar o indivíduo às inconveniências, a pessoa acaba assumindo que ela

é o problema, numa inversão dos valores.

De fato, às vezes é o espaço que tem problemas, não servindo mais às necessidades do

usuário. Cybele completa que o ambiente assume uma importância e uma responsabilidade

cada vez maior em relação ao bem estar da pessoa que o utiliza.

Dentro do contexto socioeconômico brasileiro, o sonho de muitas pessoas é a aquisição ou

construção da casa própria, sendo muitas vezes o único imóvel que adquirem ao longo da vida

e sobre o qual colocam toda a expectativa de ser um lar seguro. Os idosos também querem

continuar vivendo em suas próprias casas, inseridos na comunidade à qual estão acostumados,

o que é muito saudável, pois, essa permanência na casa, além de manter a integração social

dos mais velhos, diminui a segregação e o preconceito (PERITO, 2010).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que haja de 150 a 200 ferimentos

graves para cada acidente fatal, e o acidente doméstico é classificado como um dos fatores

externos de mortalidade não-natural. Apesar dos idosos sofrerem menos acidentes que as

crianças, geralmente os acidentes com a população com mais de 60 anos são fatais devido à

maior fragilidade do indivíduo. As causas mais freqüentes de acidentes domésticos são quedas

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da própria altura, quedas acima da altura própria, queimaduras, escaldamento no momento do

banho e envenenamento por gás.

Todos estes números são significativos estatisticamente. Assim temos que buscar a produção

de espaços que sejam justos, democráticos, acessíveis a todos. E para o entendimento deste

assunto, há a necessidade de esclarecimentos sobre as terminologias “acessibilidade”,

“mobilidade” e “pessoa com mobilidade reduzida”, que possuem variações de conceitos

conforme o enfoque de cada trabalho. Neste enfoque aqui abordado é a condição de acesso de

pessoas na habitação, inclusive as com deficiência ou com limitações reduzidas.

Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para

utilização com segurança, autonomia de edificações, espaço, mobiliário,

equipamento urbano e elementos. (NBR 9050:2004)

Mobilidade: Habilidade de movimentar-se, em decorrência de condições físicas e

econômicas... A mobilidade é um atributo associado às pessoas e aos bens;

corresponde às diferentes respostas dadas por indivíduos e agentes econômicos às

suas necessidades de deslocamento, consideradas as dimensões do espaço urbano e a

complexidade das atividades nelas desenvolvidas. (VASCONCELOS, 1996).

Pessoa com mobilidade reduzida: Aquela que, temporária ou permanentemente, tem

limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Entende-se por

pessoas com mobilidade reduzida, a pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante,

entre outros. (NBR 9050:2004)

Dentro destes conceitos, que a moradia assuma de fato seu papel de “porto seguro”, ela deve

garantir conforto e segurança ao usuário, em qualquer fase da vida. Ela deve estar apta a ser

adaptada facilmente, quando necessário, permitindo a adequação dos ambientes sem prejuízo

ou comprometimento do espaço, além de observar critérios relacionados à manutenção,

conservação e durabilidade das edificações e elementos construtivos, uma vez que a

deterioração da construção, com o passar dos anos, também pode ser fator de expulsão do

usuário de sua moradia.

Segundo a arquiteta Sandra Perito, presidente do Instituto Brasil Acessível,

Projetos residênciais adaptáveis que considerem as mudanças fisiológicas, físicas,

sensoriais e psíquicas do homem, baseados nos princípios do Desenho Universal,

produzem boas soluções ambientais, capazes de aumentar a autonomia do usuário,

além de permitir que as adaptações aconteçam naturalmente, com facilidade e custo

reduzido (PERITO, 2010).

O Desenho Universal recria o conceito de homem padrão – nem sempre o homem real. O

Desenho Universal é a evolução de um conceito e a sua aplicação na habitação é uma

demonstração de respeito aos direitos de todos os indivíduos.

O termo Universal Design (Desenho Universal) foi usado pela primeira vez nos Estados

Unidos, em 1985, pelo arquiteto Ronald Mace, que Influenciou a mudança de paradigma no

desenvolvimento de projetos urbanos, de arquitetura e design, inclusive de produtos. Mace era

cadeirante e sentia mais do que qualquer outra pessoa todos os constrangimentos, dificuldades

e até a impossibilidade de usar espaços. Assim criou o conceito de Desenho Universal. Para

Mace (1991), o Desenho Universal aplicado a um projeto consiste na criação de ambientes e

produtos que possam ser usados por todas as pessoas, na sua máxima extensão possível.

Existia dois segmentos sociais quando surgiu o conceito de Desenho Universal. O primeiro

composto por pessoas com deficiência que não sentiam suas necessidades contempladas nos

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espaços projetados e construídos. O segundo formado por arquitetos, engenheiros, urbanistas

e designers que almejavam maior democratização do uso dos espaços e tinham uma visão

mais abrangente da atividade de projetar.

A ideia desse grupo de profissionais baseava-se na preocupação em oferecer ambientes que

pudessem ser utilizados por todos, sem depender, por exemplo, da necessidade de adaptação

ou elaboração de projeto especializado para pessoas com deficiência, o que favoreceria a

biodiversidade humana proporcionando uma melhor ergonomia para todos. Nos Estados

Unidos, embora já houvesse normas técnicas de acessibilidade em vigência, antes do advento

do Desenho Universal os espaços projetados e construídos não eram pensados para serem

usados por todas as pessoas, com deficiências ou não. Havia somente locais alternativos ou

reservados para pessoas que apresentavam algum tipo de limitação de mobilidade, de sentidos

ou cognição.

Na década de 1990, um grupo de arquitetos e defensores de uma arquitetura e design mais

centrados no ser humano e sua diversidade reuniram-se no Center for Universal Design, da

Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a fim de estabelecer critérios para

que as edificações, os ambientes internos, urbanos e os produtos atendessem a um maior

número de usuários. Esse grupo definiu os sete princípios do Desenho Universal, que

passaram a ser mundialmente adotados em planejamentos e obras de acessibilidade. Sendo

assim o desenho de produtos e ambientes passam a serem utilizados por todas as pessoas o

maior tempo possível, sem a necessidade de adaptação ou desenho especial.

Os sete princípios do Desenho Universal são descritos por vários autores, como por exemplo

BARROS (2000); CARLETTO e CAMBIAGHI, (2008); alguns de forma mais didáticas,

outros de forma mais resumida. Como base nessas litetaturas e para facilitar a compreensão

de forma mais didática, descrevemos os sete princípios abaixo:

Princípio 1 – Uso correto

Propor espaços onde as pessoas possam usar o ambiente e os produtos com independência,

mesmo com capacidades diferentes, evitando segregação ou estigmatização de qualquer um.

Providencia igualmente segurança, privacidade e proteção, tornando também o desenho

atrativo para todos os usuários.

Princípio 2 – Uso flexível

Prever ambientes ou sistemas construtivos que permitam atender às necessidades de usuários

com diferentes habilidades e preferências diversificadas, possibilitando adequações e

transformações. Prevê adaptação do jeito do usuário, permitindo que as dimensões dos

ambientes das construções possam ser alteradas.

Princípio 3 – Uso simples e intuitivo

Permitir que o espaço seja de fácil compreensão e apreensão, independente da experiência do

usuário, de seu grau de conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração.

Princípio 4 – Informação perceptível

Utilizar diferentes meios de comunicação, como símbolos, informações sonoras, táteis, entre

outras, para a compreensão de usuários com dificuldade de audição, visão, cognição ou

estrangeiros. Disponibilizar formas e objetos de comunicação com contraste adequado,

maximizando com clareza as informações que são essenciais. Tornar fácil o uso do espaço ou

equipamento.

Princípio 5 – Tolerância ao erro (segurança)

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Considerar a segurança na concepção de ambientes e a escolha dos materiais de acabamento e

demais produtos a serem utilizados nas obras, visando minimizar os riscos de acidentes e

desencorajando ações inconscientes em tarefas que requeiram vigilância.

Princípio 6 – Esforço físico mínimo

Dimensionar elementos e equipamentos para que sejam utilizados de maneira eficiente,

segura, confortável e com o mínimo de fadiga, minimizando ações repetitivas e esforços

físicos que não podem ser evitados.

Princípio 7 – Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente

Permitir acesso e uso confortáveis para os usuários, tanto sentados quanto em pé,

possibilitando também o alcance visual dos ambientes e produtos. Acomodar variações

ergonômicas, oferecendo condições de manuseio e contato para usuários com as mais variadas

dificuldades de manipulação, toque e pegada. Possibilitar a utilização dos espaços para os

usuários de cadeiras de rodas, muletas, entre outros, de acordo com suas necessidades para as

atividades cotidianas.

Como podemos observar, as premissas do Desenho Universal é projetar ambientes e produtos

que possam ser usados por todos, com conforto e segurança, independentemente das

habilidades, capacidade física ou idade. Seus princípios devem ser fundidos na infra-estrutura

da edificação e prega o investimento na capacidade dos ambientes e produtos, com base na

adequação ao uso, praticidade e segurança. Deste modo, segundo a arquiteta paulista Sandra

Perito, que pesquisa e aplica o conceito do Desenho Universal em seus projetos, depois de ter

estudado as tendências internacionais, a aplicação destes princípios não representa um custo

maior no preço da moradia. Estudos comprovam que se o projeto for feito adequadamente na

questão de acessibilidade, esse acréscimo não passa de 0,01%, porque os custos se distribuem

ao longo da obra, e isso vai se diferenciar de acordo com o porte da obra (LANCHOTI,

2011). Agora, quando

A adaptação de um imóvel já construído nos padrões atuais é complicada, nem

sempre é possível e o gasto tende a ser mais elevado. (...) Um bom projeto deve

permitir mudanças e adaptações, prevendo as diversas necessidades que o usuário

possa ter em qualquer fase da vida (PERITO, 2010).

No Brasil, O Desenho Universal é um tema bastante recente e ainda muito pouco aplicado,

tanto no meio acadêmico quanto nas práticas profissionais, relacionadas a projetos e à

construção civil. Segundo Carletto e Cambiaghi (2008), o debate iniciou-se de forma tímida

em 1980, com o objetivo de conscientizar profissionais da área da construção. O ano de 1981

foi declarado pela ONU – Organização das Nações Unidas, como o Ano Internacional das

Pessoas com Deficiência. Começa assim o tema a ganhar repercussão no país, fortalecendo o

que denominava-se na época “Eliminação de Barreiras Arquitetônicas às Pessoas de

Deficiência”. A partir daquele ano, em razão da conjuntura internacional, foram promulgadas

algumas leis no Brasil para regulamentar o acesso a todos e garantir que a parcela da

população com deficiência ou mobilidade reduzida tivesse as mesmas garantias que os demais

cidadãos. Em 1985, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou a primeira

norma técnica relativa à acessibilidade, hoje denominada, após duas revisões, NBR 9050 –

Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos. A última revisão

ocorreu em 2004 e vigora até hoje para regulamentar os parâmetros técnicos de acessibilidade

no país. No ano de 2000, foi promulgada as leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que “dá

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prioridade de atendimento às pessoas que especifica”; e a Lei Federal 10.098 de 19 de

dezembro de 2000, que “estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da

acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida”. Esta

última, determina que os parâmetros a serem seguidos sejam os da NBR 9050. Estas duas

leis foram regulamentadas em dezembro de 2004, através do Decreto Presidencial n° 5296,

onde o artigo 10, determina que “a concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e

urbanísticos devem atender aos princípios do Desenho Universal”. Como a legislação de

acessibilidade no Brasil refere-se somente à aplicação da NBR 9050, restringindo a espaços

públicos de uso comum, acaba gerando legislações municipais ou estaduais específicas que,

assim, contemplam somente esses espaços. Mesmo com parâmetros estipulados na forma de

lei, seu cumprimento só se tornou obrigatório e passível de fiscalização quando, em 2005, o

Ministério das Cidades lançou o Programa Brasil Acessível, com o intuito de estimular e

apoiar os governos municipais e estaduais a assegurarem a circulação. Entre as ações

previstas estavam a difusão do Desenho Universal e a publicação de conteúdos temáticos,

disponíveis no site www.cidades.gov.br.

Trinta anos passados do início desse debate, é possível medir avanços em diferentes frentes.

Exemplificando, temos a crescente consciência por parte de profissionais, gestores e usuários

de que a acessibilidade melhora a qualidade de vida de todos os indivíduos. Ainda, a

constatação de que a inclusão dos conceitos do Desenho Universal no Brasil é fundamental

para a mudança de paradigma na arquitetura e no urbanismo, pois leva a experiências e

processos de amadurecimento voltados à democratização dos espaços públicos e privados

para todos os usuários.

Os benefícios destas mudanças refletem-se, portanto, no uso dos espaços públicos como

também nas habitações, principalmente quando se propõe a execução do Desenho Universal

na habitação social. A sociedade brasileira a cada dia se torna mais sensibilizada em relação

às necessidades específicas das pessoas. E a aplicação do Desenho Universal em habitações

de interesse social evita a segregação da população de baixa renda no acesso a esse tipo de

imóvel. Esse processo se torna visível com a aprovação de leis federais, estaduais e

municipais que passam a regulamentar providências para resguardar as necessidades e

demandas desse segmento da sociedade. Hoje, o que é exigido pelo Ministério das Cidades e

pela Caixa Econômica, no PMCMV (Programa Minha Casa Minha Vida) – recursos FAR –

Fundo de Arrendamento Residencial, na ausência de legislação municipal ou estadual mais

exigente acerca das condições de acessibilidade, os projetos deverão possuir no mínimo 3%

de suas unidades adaptadas ao uso por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e

idosas. Ainda, nos casos de empreendimentos verticais, todas as unidades térreas deverão ser

adaptáveis ao uso acima descrito, com portas externas e internas de, no mínimo, 0,80 m de

largura. Na segunda etapa do Programa Minha Casa Minha Vida, para o ano de 2011, prevê

um aumento da área das moradias para facilitar a acessibilidade e a comodidade do morador

(casas de 39,6m² e apartamento de 45,5m²). Dentre as especificações das unidades

habitacionais, todas as portas terão 0,80 m de largura. (MCIDADES, 2011). Também é

interessante citar que para o dimensionamento das unidades foi adotado o Módulo de

Referência (MR) da NBR 9050:2004 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e

equipamentos urbanos – que permite o giro de 180º (1,20m x 1,50m), ao invés do giro de

360º, admitindo-se que no interior das unidades a área de manobra é diferente do necessário

na área pública. O banheiro, em todas as Unidades Habitacionais, passa a ter uma largura

mínima de 1,50m e a cozinha de 1,80m – esta é válida também para a área de serviço em

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

apartamentos uma vez que nas casas a área de serviço é externa à Unidade Habitacional. No

caso da unidade com adaptação, as Unidades Habitacionais deverão atender a condição de

mobiliário mínimo, porém é admitida a utilização de beliche no dormitório para 2 pessoas e

cama de casal encostada na parede no dormitório de casal (Padrões de Acessibilidade em

Empreendimentos Habitacionais. Referência: Programa Minha Casa Minha Vida 2 – Faixa 1

– Recursos FAR. Caixa Econômica Federal, 2011).

Figura 04 – banheiro

Figura 05 – cozinha

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

Figura 06 – quarto de casal adaptado

Figura 07 – quarto para duas pessoas adaptado

Ressalta-se aqui que, com a adoção do Desenho Universal, parâmetros dimensionais em

relação tanto aos espaços privativos quanto aos de uso comum e público podem sofrer

alterações, adequações ou complementações. Estas questões merecem atenção, pois mostrarão

incompatibilidades entre as várias legislações e o Desenho Universal. Por exemplo, devemos

verificar as leis municipais de uso e ocupação do solo e de parcelamento do solo, como

também códigos de edificações, que muitas vezes divergem do Desenho Universal.

Embora tenha havido esses avanços, muitos estados e municípios ainda não se deram conta da

importância da introdução do Desenho Universal na arquitetura – não conhecem os princípios

e ficam apenas na intenção de se adequar às normas; poucos projetos contemplam a

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

acessibilidade como uma de suas principais premissas. Da mesma forma, as poucas moradias

projetadas para atender necessidades especiais de indivíduos são concebidas muitas vezes,

sem uma preocupação estética, o que resulta em espaços com aparência de clínicas e contribui

para a segregação dos usuários. Também é comum que arquitetos e engenheiros,

principalmente quando mais jovens, desconsiderem totalmente o fato das pessoas

envelhecerem ou sofrerem acidentes que os impossibilite de se locomover com segurança,

resultando em projetos sem a menor preocupação com acessibilidade, como se aqueles

ambientes estivessem destinados a serem usados única e permanentemente por jovens sadios e

perfeitos. Conforme entrevistas com arquitetos, em moradias unifamiliares, muitas vezes os

critérios de acessibilidade partem dos próprios moradores, que pensam na moradia para toda a

vida – querem evitar desníveis, deixar espaço para um elevador, no caso de habitação de dois

andares, ou até mesmo optam por casas térreas.

Nas secretarias de planejamento, que são responsáveis pela aprovação de projetos, deparamos

com o despreparo daqueles que os analisam, bem como dos técnicos que fiscalizam obras. Os

técnicos não recebem formação específica sobre os critérios de acessibilidade, e sim

atualização permanente no que está estabelecido no Código de Edificações.

Conforme entrevista com técnicos responsáveis pela análise de projetos na secretaria de

planejamento de Goiânia, vemos que a preocupação maior é com o passeio público, onde

existem normas de projetos especificadas no Código de Edificações da cidade, e que são

fiscalizadas no momento de requerer o habite-se. Segundo informações esta fiscalização é

deficitária, deixando sempre passar irregularidades.

Em edifícios multifamiliares, apenas na área social do edificio é exigido as normas de

acessibilidade, mas estas edificações não são fiscalizadas pelos técnicos da prefeitura, e sim

pelo Corpo de Bombeiros que observam inclinações de rampas, altura de peitoris, colocação

de corrimãos, entre outros (questões que fazem parte do projeto técnico de incêndio, exigido

quando a edificação possui área construída a partir de 750,00 m²).

Mas um grande passo está sendo dado. A prefeitura em parceria com a Comissão de

Acessibilidade do CREA-GO, onde os técnicos, juntamente com técnicos da secretaria de

planejamento, estão preparando um checklist para a acessibilidade, para que seja aplicado

dentro da aprovação de projetos, onde cada analista deverá observar ítem por ítem se

determinado projeto obedece as normas de acessibilidade ou não. Será aplicado em obras

comerciais e habitação multifamiliar.

É notório que apesar de regulamentadas por lei, boa parte das construções recém-lançadas no

país não segue os padrões de livre acesso para pessoas com deficiência ou mobilidade

reduzida. Incorporadoras que são questionadas sobre os itens que garantem a acessibilidade

em seus empreendimentos, enxergam os princípios como ferramenta de marketing em vez de

um conjunto de regras que atendem as pessoas com mobilidade reduzida, pessoas com

deficiência e idosos, ao contrário do que realmente eles ditam. Muitos empreendimentos só

incorporam a acessibilidade nas áreas comuns das edificações.

Mas, devagar está havendo a introdução do Desenho Universal em novos empreendimentos,

mudando a visão do homem padrão, modificando as regras arquitetônicas. Embora o mercado

imobiliário ainda se limita às exigências da lei, ações pontuais mostram que há um

movimento em prol da diversidade. Em Goiânia encontramos construtoras que estão fazendo

a diferença no mercado, que introduzem conceitos da acessibilidade em seus

empreendimentos, em edificios multifamiliares. Através de critérios que são discutidos entre

os arquitetos e os empreendedores, estão dando bons exemplos nesta questão. Os projetos são

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

desenvolvidos levando em conta a acessibilidade começando já na calçada, com inclinação

constante para adentrar o edifício (Projeto Calçada Consciente – que já ganhou os prêmios:

Conselho CREA-GO do Meio Ambiente 2009 e Top Imobiliário 2009). O projeto da área

comum é pensado de modo que se tenha acesso direto em todos os pavimentos, sem

desníveis; quando não é possível, faz-se uso de rampas com inclinação mínima. Os vãos de

porta possuem largura mínima de 0,80 m, as circulações 1,20 m; os banheiros da área

comum são adaptáveis para pessoas com deficiência, e o que é muito interessante, a piscina,

quando possui deck elevado, é deixado acesso lateral para que um cadeirante possa transferir-

se da cadeira diretamente para a piscina. Dentro dos apartamentos, quando é possível utiliza-

se vãos mínimos de 0,80 m, mas dependendo da metragem do apartamento, ainda utiliza-se

de 0,70 m. Vãos de 0,60 m foram abolidos. Segundo a arquiteta entrevistada, os critérios de

acessibildade são estabelecidos havendo um consenso entre as duas partes: o contratante, no

caso a construtora, e o arquiteto. São colocados pelo arquiteto os vários parâmetros de

acessibilidade a serem contemplados no projeto, mas a palavra final é sempre do

empreendedor, que devido a fatores econômicos, algumas vezes não contempla todos os

pontos, dando prioridade somente ao que é normativo. Arquitetos e urbanistas tem ai um

grande desafio: conscientizar os construtores da importância de seguir os princípios da

acessibilidade e de encontrar soluções viáveis para adaptar imóveis já concluídos fora dos

padrões.

Outra questão vem a tona: a formação do profissional universitário: do profissional técnico,

do executor e do fiscal dos projetos e obras. É imprescindível uma formação técnica no que

se refere ao conhecimento necessário de quem elabora os projetos e de quem os colocará à

disposição de toda a população, bem como dos técnicos que fiscalizarão o que foi executado e

terão a função de dar o aceite à obra. É necessário a inclusão nos currículos de vários cursos,

em especial, o de Arquitetura o tratamento da acessibilidade, trabalhando os detalhes em

exercícios projetuais e de vivência. Sabemos que a maioria das escolas de arquitetura de nosso

país nem sempre conseguem fornecer, de forma sistemática, disciplinas voltadas para este

tema. Algumas dispõem o assunto como matéria optativa e não curricular, ou somente nos

cursos de pós-graduação. O tema acessibilidade e consequentemente, Desenho Universal

deveria ser obrigatório na grade curricular dos cursos universitários correlatos, para formar

profissionais capazes de atender às novas exigências e premissas. Analizando as matrizes

curriculares das escolas de arquitetura de nosso estado, as questões acima são comprovadas.

Embora em seus projetos os alunos tenham que atender as normas de acessibilidade, os

conteúdos são repassados através de palestras esporádicas, com distribuição de materiais, e

indicações das normas pelos professores. Nunca como matéria curricular.

Um exemplo encontrado e que tem feito a diferença quanto ao ensino de arquitetura inclusiva

é da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Segundo Duarte e Cohen (2003),

Nossas atividades voltadas para o tema da acessibilidade se iniciaram por meio de

pesquisas desenvolvidas no âmbito dos programas de pós-graduação, que se

constituem em setores sempre mais abertos às ideias voltadas para a qualidade de

vida. Em seguida, criamos o "Núcleo Pró-acesso" (Núcleo de Pesquisa, Ensino e

Projeto sobre Acessibilidade e Desenho Universal) vinculado ao Programa de Pós-

graduação em Arquitetura, da FAU/UFRJ. Hoje, as atividades do Núcleo Pró-acesso

são bastante diversificadas e envolvem o ensino, a pesquisa e a extensão.

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

Continuando, Duarte e Cohen (2003),

Oficializada há dois anos na FAU/UFRJ, a disciplina optativa “Métodos e Técnicas

de Projeto Inclusivo” teve sua metodologia desenvolvida a partir de nossa

experiência tanto em sala de aula como em campo, envolvendo alunos de graduação

e de pós. A fim de evitar o risco de desmotivar o estudante a cursar a disciplina até o

final sem perder o entusiasmo necessário a todo programa de ensino realmente

eficaz, buscamos elaborar um método de ensino muito dinâmico, no qual todo

ensinamento se remete sempre à prática projetual.

Segundo ainda Duarte e Cohen (2003), com o ensino da arquitetura inclusiva espera-se que os

futuros arquitetos e urbanistas trabalhem tanto pela eliminação de barreiras físicas, como

também com as barreiras sociais, culturais, políticas e burocráticas, barreiras estas que se

solidificam através da falta de consciência de que a convivência com a diversidade no seio

dos espaços se constitui na ferramenta para melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas.

3. Conclusão

Após refletirmos sobre dados e recomendações, apontados anteriormente, concluímos que,

para a produção de espaços verdadeiramente acessíveis na habitação, algumas ações, entre

outras devem ser trabalhadas de forma a assegurar um nível mínimo de acessibilidade em

todos os edifícios habitacionais e habitações novas, apoiando a adaptação de moradias

existentes cujos moradores tenham necessidades especiais de acessibilidade – apoios técnicos

e/ou financeiros. Esperamos que este trabalho estimule os profissionais envolvidos na questão

da habitação: arquitetos, engenheiros, designers, urbanistas e empreendedores da construção,

a pensarem nos espaços planejando-os para o futuro de todos nós.

Faz-se necessário então promover ações que incrementem a acessibilidade tanto no meio

urbano como nas edificações, enfoque este trabalhado neste artigo. Estas ações devem ser

baseadas nos seguintes segmentos:

Primeiro, na conscientização – palestras e workshops para mostrar à sociedade e empresários

a importância da inclusão das pessoas com deficiência e o respeito a seus direitos;

Segundo, na formação e na informação técnica – discutir a lei 10.098 e a NBR 9050, discutir

as experiências das cidades que desenvolvem projetos acessíveis e a experiência de órgãos

públicos e privados no trato com as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Incorporar o conceito de Desenho Universal nos projetos e na legislação vigente. Treinar

técnicos de vários setores da administração pública e da iniciativa privada que atuam direta e

indiretamente com o tema, contemplando a atualização do conhecimento e dinamizando as

questões técnicas já definidas por normas brasileiras. Realizar cursos específicos e assegurar

a formação acadêmica dos profissionais que intervém na atividade projetual (arquitetos,

urbanistas, engenheiros etc.) sobre a acessibilidade: introdução desta temática no currículo das

licenciaturas e cursos de pós-graduação; apoiar a realização de estágios de formação; realizar

cursos de atualização nos conselhos e associações profissionais.

Terceiro, na pesquisa e no desenvolvimento – a acessibilidade ainda é um campo

relativamente novo na arquitetura e engenharia. Há a necessidade de se pesquisar quais as

soluções mais adequadas a cada caso. Quais os melhores materiais e técnicas a serem

utilizados. Quem sabe até criar premiações atribuindo aos edifícios que se destacarem

positivamente pelo nível de acessibilidade alcançado e pelas soluções inovadoras adotadas.

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

Pode-se pensar também em projetar e construir protótipos para divulgação de tecnologias e

métodos para promoção da inclusão social. Ainda, se faz necessário nas residências

particulares verificar as necessidades e as medidas de cada pessoa.

Quarto, na divulgação – divulgar trabalhos realizados e trocar experiências para a

consolidação do desenvolvimento da acessibilidade. Editar e publicar obras científicas.

Quinto, na promoção da investigação – elaborar manuais complementares à legislação e de

aplicação facultativa, com especificações que assegurem um nível representativo de

acessibilidade. Realizar estudos sobre a aplicação de novas legislações, com um levantamento

de bons exemplos, identificando as principais dificuldades, analisando o custo de

implementação.

Sexto, no estímulo à participação – criar parcerias locais que envolvam Estado, autarquias,

associações, organizações não governamentais ou pessoas individuais que sejam

representativas aos interesses das pessoas com deficiência.

Sétimo, no asseguramento da aplicação – adaptar medidas que assegurem a aplicação e

controle das medidas de acessibilidade. Exigir dos órgãos competentes, na fase de

licenciamento, que os projetos atendam às condições de acessibilidade, assegurando o

cumprimento da legislação, fiscalizando as obras e aplicando as devidas penalidades previstas

em leis nos casos de não cumprimento.

No futuro a acessibilidade terá mais adesão de profissionais como os arquitetos, engenheiros e

designers, e os resultados de uma sociedade mais diversa e participativa terão alcançado um

patamar mais humano. Tão importante quanto a acessibilidade é repensar os parâmetros dos

projetos para o bem-estar de todos os usuários em qualquer idade ou estágio da vida. Também

o grande desafio é acabar com os preconceitos e estereótipos e começar uma nova fase,

construindo moradias adaptáveis que possam ser, de fato, usadas pela vida toda, com

segurança e independência; que seja desenvolvida uma arquitetura que vá além dos valores

estéticos, simbólicos e culturais, em que absorva de vez o conceito de arquitetura inclusiva.

Referências

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

VASCONCELOS, Eduardo A. Transporte Urbano, Espaço e Equidade.São Paulo: Editora Unidas, 1996. In:

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Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana. Ministério das Cidades. Brasília,2006. Disponível

em http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSEMOB/Biblioteca/BrasilAcessivelCaderno02.pdf.

Acesso em 20/11/2010.

ANEXO 01

ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM TÉCNICOS DA SECRETARIA DE

PLANEJAMENTO DE GOIÂNIA

Tema da pesquisa: “Princípios de acessibilidade observados pelo profissional ao

projetar edifícios residenciais”

1 – Quais os procedimentos adotados na aprovação de projetos de edifícios residenciais

multifamiliar (no quesito acessibilidade). Os critérios adotados são somente para a área

comum ou também para os apartamentos?

2 – Quais os procedimentos adotados na aprovação de projetos de edifícios residenciais

unifamiliar (no quesito acessibilidade)?

3 – Os técnicos responsáveis pela aprovação dos projetos recebem algum tipo de formação

para conhecer os critérios de acessibilidade, bem como as normas vigentes (RDC 50, Lei

10.098)?

4 – Existe algum tipo de fiscalização de obra para checar se os critérios adotados no projeto,

quanto à acessibilidade, foram executados?

ANEXO 02

ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM ARQUITETOS DE GOIÂNIA

Tema da pesquisa: “Princípios de acessibilidade observados pelo profissional ao

projetar edifícios residenciais”

1 – Quais os princípios de acessibilidade observados por você ao projetar edifício

multifamiliar?

2 – Os princípios de acessibilidade são observados também dentro dos apartamentos?

3 – Os critérios de acessibilidade são estabelecidos pelo contratante ou por você ou um

consenso entre as duas partes?

4 – Ao projetar habitação unifamiliar, são observados também os critérios de acessibilidade?

O seu cliente faz alguma exigência neste aspecto ou é omisso? Quando você troca ideias com

o cliente ele sempre acata as suas sugestões (no quesito acessibilidade)? Você considera as

medidas particulares do morador?

5 – Foi montado um relatório para vistoria de acessibilidade em edifícios multifamiliar para

que o analista de projeto da SEPLAN cheque na fase de licenciamento. Você pode dizer se os

projetos idealizados neste escritório contemplam estes critérios? (Apresentar os critérios).

ANEXO 03

PROPOSTA DE RELATÓRIO PARA VISTORIA DE ACESSIBILIDADE A SER

IMPLANTADA NA SEPLAN – SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DE GOIÂNIA –

ELABORADO PELA COMISSÃO DE ACESSIBILIDADE DO CREA-GO

JUNTAMENTE COM TÉCNICOS DA SEPLAN

RELATÓRIO PARA VISTORIA DE ACESSIBILIDADE - EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR

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Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

Analista Projeto: Data____/_____/_____

Empreendimento:

Endereço:

Telefone:

Item Descrição Sim Não N.A.

1 CIRCULAÇÃO EXTERNA (CALÇADAS)

1.1 Na calçada obedece os parâmetros da Tabela 1?

1.2 Existe rebaixo de meio fio nas esquinas?

1.3 O rebaixamento possui 1,20m na faixa central e abas laterais com inclinação máxima de 12%?

1.4 Possui piso tátil de alerta na faixa central a 0,50m do meio fio ou no perímetro externo do rebaixamento.

1.5 Possui rebaixo de meio fio no acesso ao empreendimento?

1.6 O rebaixamento possui 1,20m na faixa central e abas laterais com inclinação máxima de 12%?

2 ESTACIONAMENTO (Orientativo)

2.1 Existe vaga de condomínio?

2.2 Caso afirmativo esta vaga possibilita a abertura das portas laterais?

3 ACESSO AO ESTABELECIMENTO

3.1 O acesso principal possui desnível superior a 0,5cm?

3.2 Existe rampa de acesso?

3.3 A rampa possui inclinação inferior a 8,33%?

3.4 A rampa possui piso antiderrapante?

3.5 A rampa possui piso tátil de alerta no seu início e fim?

3.6 A rampa possui corrimão dos dois lados com duas alturas (70cm e 92cm)?

3.7 O corrimão possui diametros variando entre 3,0cm (1.1/4") a 4,5cm (1/2")?

3.8 No acesso da existencia de catracas existe a opção de cancela?

4 CIRCULAÇÃO INTERNA DO EDIFÍCIO

4.1 Existem desníveis nos ambientes?

4.2 Existem desníveis entre os ambientes?

4.3 Os desníveis são acessíveis por rampas?

4.4 As rapas possuem inclinação inferior a 8,33%

5.1 ÁREA DE LAZER

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5.1.1 PISCINA

5.1.2 Existe desnível de acesso para a piscina?

5.1.3 O desnível é vencido por rampa e escada?

5.1.4 A rampa possui corrimão dos dois lados com duas alturas (70cm e 92cm)?

5.1.5 O corrimão possui diâmetros variando entre 3,0cm (1.1/4") a 4,5cm (1/2")?

5.1.6 O piso é antiderrapante e não trepidante?

5.1.7 Existe chuveiro externo?

5.2.1 CHURRASQUEIRA

5.2.2 Existe desnível para a churrasqueira?

5.2.3 Existe sanitário para a churrasqueira?

5.2.4 SANITÁRIOS

5.2.5 Possui sanitários acessíveis do Tipo A (Fem./Masc.)

5.2.6 Possui sanitários acessíveis do Tipo B (Unissex) – o comprimento do box é > ou = a 2,00m ? S ( ) N ( )

5.2.7 A porta abre para fora?

5.2.8 A porta possui puxador?

5.2.9 A porta possui vão livre = ou > a 80cm

5.2.10 Porta possui maçaneta tipo alavanca?

5.2.11 A porta é sinalizada com o Símbolo Internacional de Acesso?

5.2.12 Junto a bacia sanitária possuem duas barras de apoio?

5.2.13 As dimensões das barras são superiores a 80cm?

5.2.14 As barras de apoio são horizontais com a altura de 75cm do piso?

5.2.15 Válvula de descarga possui altura de 1,00m?

5.2.16 Possui lavatório esta dentro do box acessível?

5.2.17 A altura inferior do lavatório está superior a 73cm?

5.2.18 A altura superior da bancada do lavatório ao piso está variando de 78cm > x < 80cm?

5.2.19 O toalheiro, saboneteira, cabide, porta objetos estão na faixa de alcance entre 80cm > x < 120cm?

5.2.20 O interruptor esta na altura de 100cm?

5.3.1 SALÃO DE FESTA

5.2.2 Existe desnível para o acesso ao salão de festas?

5.3.2 Existe sanitário acessível?

5.2.3 SANITÁRIOS

Page 21: Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada ... · tomam por base o homem padrão vemos um grande distanciamento entre a visão do homem como um todo e os preceitos

Análise da evolução construtiva de acessibilidade aplicada à arquitetura residencial Maio/2012

5.3.3 Possui sanitários acessíveis do Tipo A (Fem./Masc.)

5.2.4 Possui sanitários acessíveis do Tipo B (Unissex) – o comprimento do box é > ou = a 2,00m ? S ( ) N ( )

5.3.4 A porta abre para fora?

5.2.5 A porta possui puxador?

5.3.5 A porta possui vão livre = ou > a 80cm

5.2.6 Porta possui maçaneta tipo alavanca?

5.3.6 A porta é sinalizada com o Símbolo Internacional de Acesso?

5.2.7 Junto a bacia sanitária possuem duas barras de apoio?

5.3.7 As dimensões das barras são superiores a 80cm?

5.2.8 As barras de apoio são horizontais com a altura de 75cm do piso?

5.3.8 Válvula de descarga possui altura de 1,00m?

5.2.9 Possui lavatório esta dentro do box acessível?

5.3.9 A altura inferior do lavatório está superior a 73cm?

5.2.10 A altura superior da bancada do lavatório ao piso está variando de 78cm > x < 80cm?

5.3.10 O toalheiro, saboneteira, cabide, porta objetos estão na faixa de alcance entre 80cm > x < 120cm?

5.2.11 O interruptor esta na altura de 100cm?

OBSERVAÇÕES:

FONTE: Engenheiro Civil Augusto Cardoso Fernandes – Membro da Comissão de Acessibilidade do CREA-GO