15
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO E FINANCEIRA DE UM PROCESSO DE AUTOMAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA SALINEIRA Lycia Nascimento Rabelo (UFRN) [email protected] Livia Nascimento Rabelo (UFERSA) [email protected] Julia Lorena Marques Gurgel (UFRN) [email protected] Izabelle Virginia Lopes de Paiva (UFRN) [email protected] Vanessa Stephanie de Azevedo Arruda (UFRN) [email protected] O presente trabalho tem por objetivo avaliar a viabilidade econômica e financeira da automação de um processo de produção de fardos de sal, antes realizado manualmente, o qual foi implantando em um dos setores da salina responsável pela fabricação de sal moído, em uma indústria salineira situada no Rio Grande do Norte. A pesquisa trata- se de um estudo de caso de carácter descritivo e exploratório, e baseia- se em uma abordagem quantitativa. O método empregado seguiu uma sequência de etapas, respaldadas por uma pesquisa bibliográfica, que consiste em: levantamento dos dados referentes ao processo em estudo e às receitas e gastos incrementais oriundas da aquisição de uma enfardadeira; construção do fluxo de caixa incremental e avaliação econômico-financeira por meio da análise dos resultados do Valor Presente Líquido (VPL), da Taxa Interna de Retorno (TIR), do Payback descontado e do Índice de Rentabilidade (IR). Para tanto, o fluxo de caixa foi simulado para um espaço temporal de dez anos e os resultados obtidos apontam que o investimento é viável, cujo retorno financeiro ocorrerá em aproximadamente 35% do período total da análise, sendo bastante atrativo para o negócio. Palavras-chave: Automação, viabilidade econômico-financeira, Indústria salineira XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

  • Upload
    vancong

  • View
    233

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

ANÁLISE DA VIABILIDADE

ECONÔMICO E FINANCEIRA DE UM

PROCESSO DE AUTOMAÇÃO: ESTUDO

DE CASO EM UMA EMPRESA

SALINEIRA

Lycia Nascimento Rabelo (UFRN)

[email protected]

Livia Nascimento Rabelo (UFERSA)

[email protected]

Julia Lorena Marques Gurgel (UFRN)

[email protected]

Izabelle Virginia Lopes de Paiva (UFRN)

[email protected]

Vanessa Stephanie de Azevedo Arruda (UFRN)

[email protected]

O presente trabalho tem por objetivo avaliar a viabilidade econômica e

financeira da automação de um processo de produção de fardos de sal,

antes realizado manualmente, o qual foi implantando em um dos

setores da salina responsável pela fabricação de sal moído, em uma

indústria salineira situada no Rio Grande do Norte. A pesquisa trata-

se de um estudo de caso de carácter descritivo e exploratório, e baseia-

se em uma abordagem quantitativa. O método empregado seguiu uma

sequência de etapas, respaldadas por uma pesquisa bibliográfica, que

consiste em: levantamento dos dados referentes ao processo em estudo

e às receitas e gastos incrementais oriundas da aquisição de uma

enfardadeira; construção do fluxo de caixa incremental e avaliação

econômico-financeira por meio da análise dos resultados do Valor

Presente Líquido (VPL), da Taxa Interna de Retorno (TIR), do Payback

descontado e do Índice de Rentabilidade (IR). Para tanto, o fluxo de

caixa foi simulado para um espaço temporal de dez anos e os

resultados obtidos apontam que o investimento é viável, cujo retorno

financeiro ocorrerá em aproximadamente 35% do período total da

análise, sendo bastante atrativo para o negócio.

Palavras-chave: Automação, viabilidade econômico-financeira,

Indústria salineira

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

Page 2: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

2

1. Introdução

O cenário atual, que as organizações se encontram inseridas, é marcado pelos constantes

avanços tecnológicos e pela intensa competitividade no mercado. Dentro desse contexto, as

empresas devem estar constantemente reavaliando seus produtos e processos, alinhadas a uma

política contínua de crescimento e inovação, como forma de garantir sua sobrevivência. Face

ao exposto, eventualmente observa-se a necessidade de novos projetos de investimento, cujo

capital pode ser obtido por meio de financiamentos ou recursos próprios.

O investimento muitas vezes pode fornecer benefícios financeiros imediatos, porém não

compensatórios em relação ao capital aplicado. Conforme abordado por Ross et al (1995), o

investimento deve ser comparado com uma alternativa relevante disponível no mercado

financeiro e se não for tão atraente é melhor recorrer ao mercado em vez de realizar o projeto.

Outro ponto importante a ser analisado e que deve estar atrelado às decisões financeiras é o

risco associado ao investimento.

A principal finalidade de um gestor financeiro da empresa é aumentar o valor econômico

desta, consequentemente, aumentar o seu valor para os acionistas. Dentro dessa ideia, Assaf

Neto (2006) defende que bons investimentos são aqueles capazes de cobrir e remunerar o

capital nele aplicado. Corroborando com o autor, Samanez (2009) afirma que uma alternativa

de investimento deve ser avaliada em função de sua rentabilidade e viabilidade econômica.

Para tanto, existem diversas técnicas que estabelecem esses parâmetros de viabilidade.

A pesquisa buscou avaliar um processo recente de substituição de um processo manual de

produção de fardos de sal moído por um processo automatizado, por meio da aquisição de

novas enfardadeiras. Em meio ao exposto, buscou-se responder a seguinte problemática: Os

benefícios advindos com a automação do processo compensam os recursos investidos? Para

tal, o estudo de caso objetivou avaliar a viabilidade econômica e financeira do processo, por

meio da análise do fluxo de caixa incremental e de métodos matemáticos de análise

financeira.

Este artigo seguiu a seguinte estrutura: a seção 1 aborda os aspectos introdutórios; na seção 2

uma fundamentação teórica com os conceitos base desta pesquisa; a seção 3 apresenta o

delineamento do método utilizado para o estudo; a seção 4 expõe a análise e discussão dos

resultados e por fim, a seção 5 mostra as considerações finais obtidas com a pesquisa.

Page 3: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

3

2. Fundamentação teórica

Para auxiliar no processo decisório de alternativas de investimento, existem diversos métodos

e critérios que são comumente utilizados. Será dada uma breve explanação acerca dos

métodos usados na execução desse trabalho.

As abordagens mais comuns envolvem a integração de procedimentos de valor do dinheiro no

tempo, considerações quanto ao risco e retorno e conceitos de avaliação para selecionar

investimentos de capital condizentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza dos

proprietários. (GITMAN, 2010, p.364).

2.1 Fluxo de caixa

Weygandt et al (2005) afirmam que a demonstração de fluxos de caixa permite a visualização

dos recebimentos, pagamentos e da variação líquida no caixa, tratando-se do resultado de

atividades operacionais, de investimento e de financiamento de uma empresa durante um

período, conciliando assim, os saldos de caixa iniciais e finais.

Parafraseando Samanez (2009), o fluxo de caixa permite conhecer a rentabilidade e a

viabilidade econômica do projeto, uma vez que este expõe o resumo das entradas e saídas

efetivas de dinheiro ao longo do tempo. Ainda conforme o autor, o fluxo de caixa trata-se da

matéria-prima principal e indispensável para estimar o valor de uma empresa, medir a

lucratividade de um projeto de investimento, planejar operações ou estabelecer a capacidade

de pagamento de uma dívida. O Quadro 1 representa a estrutura de um fluxo de caixa de um

projeto de investimento.

Quadro 1 – Estrutura do fluxo de caixa para análise de projetos de investimento

Page 4: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

4

Fonte: Samanez (2009, p.64)

Para a análise da viabilidade econômica de um investimento, deve-se elaborar o fluxo de

caixa livre de cada uma das propostas e/ou cenários. Lemes júnior et al (2005) conceituam o

fluxo de caixa livre como sendo o fluxo de caixa líquido do projeto após os ajustes de gastos

que não envolvam saídas de caixa relativas à depreciação, exaustão, ativos dados em

pagamento, financiamentos não onerosos, entre outros.

Se tratando de análises de investimentos, os fluxos de caixa devem ser estimados em base

incremental, uma vez que as variáveis que não sofrem variação alguma em função dessa

decisão de investimento não representam nenhum interesse para a representação do fluxo de

caixa (SAMANEZ, 2009; LEMES JÚNIOR et al, 2005). Em suma, “os fluxos de caixa

incrementais são os fundos diferenciais comprometidos (receitas e custos) resultantes da

decisão de investir.” (SAMANEZ, 2009, p.83).

2.2 Métodos matemáticos de análise de investimento

A viabilidade econômica e rentabilidade do investimento foi avaliada no decorrer do artigo

por meio dos métodos mais comumente utilizados: o Valor Presente Líquido (VPL); a Taxa

Interna de Retorno; o Payback descontado e o Índice de Rentabilidade (IR).

Como exposto por Samanez (2009), o VPL mede o valor presente dos fluxos de caixa gerados

pelo investimento ao longo de sua vida útil. Nesse contexto, o método analisa se há ganho de

valor para o investidor, ou seja, se os fluxos de caixa gerados são capazes de compensar o

investimento e gerar receita. Ele pode ser calculado a partir da equação (1), no qual, se o VPL

Page 5: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

5

for positivo (VPL>0), o projeto é economicamente viável; se o VPL for negativo (VPL<0), o

projeto é economicamente inviável;

Sendo:

FCt: fluxo de caixa no t-ésimo período;

I: investimento inicial;

K: custo do capital ou taxa mínima de atratividade (TMA);

t: tempo de desconto de cada entrada de caixa;

n: tempo de desconto do último fluxo de caixa;

Por definição, a TIR é a própria taxa de retorno do investimento. Para Samanez (2009), esta

objetiva encontrar uma taxa intrínseca de rendimento, trata-se de uma taxa hipotética que

anula o VPL, ou seja, é o valor que torna verdadeira a equação (2).

Conforme Gitman (2002), o critério para a decisão do projeto de investimento é:

TIR>TMA, aceita-se o projeto;

TIR<TMA, rejeita-se o projeto;

Outro método bastante utilizado é o Payback, o qual é conceituado por Lemes Junior et al

(2005, p.156), como sendo “[...] o período de tempo necessário para que as entradas líquidas

de caixa recuperem o valor a ser investido no projeto”. Para que o projeto de investimento

seja aceitável, o payback deve ser inferior ou igual ao período de tempo máximo esperado

pela empresa para obter retorno sobre o seu investimento.

A fim de aproximar o resultado da realidade, é mais indicado o uso do Payback descontado, o

qual indica o período de tempo necessário para recuperar o investimento inicial, levando-se

em consideração os fluxos de caixa descontados (LEMES JUNIOR et al, 2005).

Page 6: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

6

Diferentemente do payback anterior, o payback descontado leva em consideração o valor do

dinheiro no tempo. Segundo Samanez (2009), esse método consiste em determinar o valor de

„T‟ na equação (3).

Lemes Junior et al (2005, p.160), ainda traz um quarto índice, o qual descreve como sendo “o

índice que mede o número de vezes que as entradas de caixa descontadas (é descontado o

valor do dinheiro no tempo ao custo de capital proposto) cobrem o investimento realizado no

projeto”. Nesse cenário, quanto maior for o índice de rentabilidade melhor será o projeto. Se

IR>1 o projeto é aceito; se IR<1 o projeto é rejeitado. Este índice pode ser calculado por

meios das equações (4) e (5).

3. Método de pesquisa

A pesquisa trata-se de um estudo de caso, de carácter descritivo e exploratório, e de

abordagem quantitativa. Esta desenvolveu-se em uma empresa salineira situada no interior do

Rio Grande do Norte e o objeto principal de estudo da pesquisa é o processo de produção de

fardos de sal situado no setor responsável pela produção de sal moído (Caiçara). A empresa

apresenta duas salinas, sendo que a salina estudada é composta por quatro setores de produção

de sal: Refinaria 1; refinaria 2; caiçara e o setor de moagem 2. Nesse contexto, analisou-se um

processo de automação implantado no setor caiçara.

O processo de formação de fardos que antes era executado por um grupo de seis operadores

diretos (quatro responsáveis pela formação de fardos e dois responsáveis pelo loteamento de

pallets), teve seu trabalho manual substituído pela aquisição de duas enfardadeiras (Indumak

enfardadeira NK 30) que, por sua vez, necessitam apenas de um operador direto (responsável

pelo loteamento) e um operador de máquina (responsável pela regulagem e manutenção das

Page 7: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

7

máquinas) para a execução da operação. A figura 1 demonstra as etapas do processo de

produção de sal moído no setor caiçara.

Figura 1 – Etapas do processo de produção de sal moído

Fonte: Autores (2015)

A aplicação do método se deu por meio de três etapas principais:

Levantado dos dados referentes às receitas e os gastos incrementais decorrentes do

processo de automação estudado;

Construção do fluxo de caixa incremental, representando os efeitos positivos e/ou

negativos no caixa provocados pelo investimento;

Cálculo dos indicadores (VPL, TIR, Payback descontado e IR), para atestar a

viabilidade econômica do investimento;

O levantamento dos dados se deu por meio de entrevistas com o gerente geral da salina, o

contador e alguns profissionais atuantes no setor em estudo (o operador direto do processo de

produção de fardos de sal, o operador de máquina e o técnico responsável pela manutenção do

setor), bem como análises documentais acerca de custos, despesas e receitas referentes ao

cenário anterior à aquisição das máquinas e do cenário posterior à implementação destas.

Dessa forma, pôde-se iniciar a montagem do fluxo de caixa e posterior análise financeira.

4. Análise e discussão dos resultados

Após a coleta dos gastos e receitas incrementais, e dos dados referentes às variáveis que

caracterizam o ambiente financeiro que a empresa está inserida, pôde-se realizar a construção

do fluxo de caixa incremental que, para Samanez (2009), trata-se do único fluxo relevante

para a decisão de prosseguir ou não com o projeto de investimento.

4.1 Fluxo de caixa incremental

Page 8: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

8

Para a automação do processo de produção de fardos foram adquiridas duas enfardadeiras,

culminando em um investimento de R$ 1.000.000,00 (R$ 500.000,00 por máquina). Ao

analisar os dois cenários (anterior e posterior à implantação das máquinas) foram observadas

mudanças (aumento e/ou redução) em termos de receitas e gastos, são elas:

Aumento de receita oriunda de um aumento na capacidade produtiva de fardos de sal

(passou de 7ton/h para 12 ton/h);

Custo adicional com manutenção das máquinas, cujo valor médio mensal observado

foi de R$ 164,12 para cada máquina, totalizando um valor incremental de R$ 328,24

ao setor;

Custo adicional com energia elétrica, cujo valor médio mensal observado foi de R$

285,49 para cada máquina, totalizando um valor incremental de R$ 570,98 ao setor;

Economia de mão de obra decorrente da eliminação de 5 operadores diretos (cujo

salário é de R$ 800,00) e do ganho de um operador de máquina (o salário é de R$

1200,00);

Custo adicional com matéria-prima, cujo valor unitário é de R$70,00 a tonelada,

totalizando um valor incremental mensal de R$92.400,00.

O ganho financeiro ocorreu devido ao setor ofertar uma quantidade inferior à demandada,

portanto, houve demanda suficiente para atender o volume adicional produzido. O setor

trabalha 12/dia e apresenta 22 dias úteis por mês. A tabela 1 apresenta a demonstração dos

ganhos financeiros incrementais com o novo cenário, e o quadro 2 resume as mudanças (em

termos financeiros) do cenário atual.

Tabela 1 – Cálculo do ganho incremental em receita bruta mensal e anual

Fonte: Autores (2015)

Quadro 2 – Mudanças incrementais obtidas com o novo cenário

Page 9: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

9

Fonte: Autores (2015)

Para inicializar a montagem do fluxo, foi necessário tomar conhecimento de algumas

variáveis, são elas:

Taxa mínima de atratividade de 12%;

Alíquota global de IPI, ICMS, PIS e COFINS de 26,25% (o IPI não incide sobre o

faturamento do sal);

Taxa média de aumento anual dos salários de 10% (observado nos últimos anos);

Vida útil da máquina de 10 anos;

Depreciação linear de R$50.000,00 para cada máquina;

Alíquota global de IR e CSLL de 30%;

Valor residual de R$63.352,8 para cada máquina;

Taxa de inflação média anual de 5,69%, resultado de uma média das taxas de inflação

dos últimos 5 anos;

Para o cálculo do valor residual realizou-se uma pesquisa de mercado, obtendo-se um valor

atual de venda para a máquina usada de R$ 55.000,00 (valor econômico). Partindo da

premissa que o dinheiro possui valor no tempo, para estimar esse valor em 10 anos foi

incidida sobre ele a taxa média de inflação anual, obtendo um valor de R$86.796,93 para cada

Page 10: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

10

máquina. Sobre o valor de venda foi retirado os impostos incidentes, obtendo o valor residual

dito anteriormente. A taxa de inflação foi incidida sobre os valores de preço de venda do

produto, manutenção e energia elétrica ao longo dos anos no fluxo de caixa. A figura 5

apresenta o fluxo de caixa incremental calculado para um espaço temporal de 10 anos.

Tabela 2 – Fluxo de caixa incremental calculado para um espaço temporal de 10 anos

Page 11: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

11

Page 12: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

12

Fonte: Autores (2015)

4.2 Valor presente líquido

O VPL representa a quantia final que se obtém a partir do somatório dos valores dos FCL ao

longo dos 10 anos, levando-se em consideração a taxa mínima de atratividade do projeto

(12%).

VPL = - 1.000.000 + 496.416,25 + 523.969,36 +...+ 940.962,87 = R$ 2.492.815,02

(1,12)¹ (1,12)² (1,12)10

O valor encontrado para o VPL (R$2.492.815,02) é positivo, o que indica que o retorno

compensa o capital investido. Dessa forma, pode-se afirmar que por meio da análise do VPL o

investimento é economicamente viável.

Page 13: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

13

4.3 Taxa interna de retorno

A TIR representa uma taxa hipotética que zera o VPL, demonstrando a taxa mínima para o

projeto tornar-se economicamente viável.

VPL = - 1.000.000 + 496.416,25 + 523.969,36 +...+ 940.962,87 = 0

(1+ TIR)¹ (1+TIR)² (1 + TIR)10

TIR = 54,19%

O valor encontrado para a TIR reflete que a partir de uma taxa mínima de 54,19%, o

investimento se torna atraente. Como o valor encontrado é maior que a taxa mínima de

atratividade requerida para o projeto (12%), podemos afirmar que o investimento realizado é

economicamente viável.

4.4 Payback descontado

Para uma análise mais próxima da realidade, calculou-se o valor do payback descontado, uma

vez que este método considera os fluxos de caixa descontados. O método desconta o valor do

dinheiro no tempo à taxa mínima de atratividade de 12%. O quadro 2 apresenta os fluxos de

caixa descontados e o cálculo do payback descontado.

Quadro 2 – Cálculo do Payback descontado

Fonte: Autores (2015)

Page 14: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

14

O tempo de retorno ocorrerá no início do 3° ano. Considerando o tempo de 10 anos para o

cálculo do fluxo de caixa, correspondente ao tempo de vida útil da máquina pode-se afirmar

que o projeto é economicamente viável e de baixo risco, por apresentar retorno sobre o

investimento em torno de 35% do tempo total da análise.

4.5 Índice de Rentabilidade

Para a situação em estudo, encontrou-se um índice de rentabilidade de 4,49, indicado assim

que o número de vezes que as entradas de caixa descontadas cobrem o investimento inicial é

de 3,49. Como o IR>1, o projeto é aceitável.

IR = 3.492.815,02 = 3,49

1.000.000

5. Considerações finais

Com base nos resultados obtidos por meio dos cálculos dos indicadores financeiros utilizados

na pesquisa, pôde-se concluir que a automação do processo de formação de fardos de sal do

setor em estudo será capaz de compensar o capital inicial investido. O tempo de retorno

encontrado a partir do cálculo do payback descontado reflete um baixo risco ao projeto, uma

vez que além de ser economicamente viável, o retorno sobre o investimento ocorrerá após

aproximadamente 35% do período total da análise.

Entretanto, antes de qualquer tomada de decisão, devem-se analisar todas as variáveis

intrínsecas ao processo, seja de âmbito político, econômico, social e ambiental. Baseado

nisso, além do projeto ser viável do ponto de vista econômico e financeiro, podemos ressaltar

os benefícios gerados advindos do processo de automação, o qual permitiu à empresa atender

um número maior de pedidos, além de reduzir o tempo de entrega destes, uma vez que a

demanda pelo produto fabricado (sal moído) é alta, aumentando assim sua receita bruta.

Além do ponto de vista econômico, um projeto em automação gera benefícios como:

modernização de seus processos, colaborando com a evolução da empresa dentro desse

cenário competitivo de mercado; redução de desperdícios (refugos, defeitos e/ou falhas);

maior constância da capacidade produtiva, uma vez que reduz problemas como taxa de

absenteísmo, ociosidade da mão de obra, redução da capacidade do trabalhador devido a

Page 15: análise da viabilidade econômico e financeira de um processo de

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

15

problemas como baixa motivação, cansaço físico, doença, entre outros. Contudo, no âmbito

social, observou-se que o investimento culminou com a eliminação de cinco trabalhadores.

Como forma de reverter esse quadro, aconselha-se que estes fossem realocados nas demais

linhas de produção da organização.

REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 656 p.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice

Hall, 2010. 800 p.

LEMES JUNIOR, A. B., RIGO, C. M., CHEROBIM, A. P. Administração financeira.

Princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 547 p.

ROSS, S. A., WESTERFIELD, R. W., JAFFE, J. F. Administração Financeira Corporate

Finance. Tradução Antonio Zoratto Sanvincente. São Paulo: Atlas, 1995. 674 p.

SAMANEZ, C. P. Engenharia econômica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. 210 p.

WEYGANDT, J.J., KIESO, D.E. e KIMMEL, P.D. Contabilidade financeira. 3. ed. Rio de

Janeiro: LTC, 2005.

____________ . Disponível em: <cimsal.com.br>. Acesso: 10 de março de 2015.