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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI RODRIGO BORSATTO SOMMER DA SILVA ANÁLISE DAS AÇÕES DE PLANEJAMENTO DO TURISMO RURAL CATARINENSE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC São José 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

RODRIGO BORSATTO SOMMER DA SILVA

ANÁLISE DAS AÇÕES DE PLANEJAMENTO DO TURISMO RURAL

CATARINENSE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

São José

2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

RODRIGO BORSATTO SOMMER DA SILVA

ANÁLISE DAS AÇÕES DE PLANEJAMENTO DO TURISMO RURAL

CATARINENSE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação São José. Orientadora: Profª MSc. Renata Silva.

São José

2007

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RODRIGO BORSATTO SOMMER DA SILVA

ANÁLISE DAS AÇÕES DE PLANEJAMENTO DO TURISMO RURAL

CATARINENSE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título

de bacharel em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação

São José e examinado pelos seguintes professores:

___________________________

Profª MSc. Renata Silva

Orientadora

___________________________

Membro Examinador

___________________________

Profª Bianca Antonini

Membro Examinador

ii

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Dedico este trabalho ao meu pai e minha mãe (in memorian), que

souberam com pequenos gestos me guiar para o caminho do bem,

prosperando junto aos ensinamentos de Deus.

iii

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AGRADECIMENTOS

Poderia dissertar durante esse trabalho inteiro, para agradecer todos que de alguma forma me

ajudaram a finalizar uma das mais importantes etapas de minha vida. Agradeço meu pai e Léa

pelo companheirismo e paciência durante esses cinco anos de dedicação praticamente que

exclusiva aos estudos. Meus irmãos (Alessandra, Adrielle, Lúcia, Luciano, Marcelo,

Maurício, Paulo César). Minha irmã Alessandra sempre próxima e amiga. Meus amigos de

faculdade. Meus queridos professores, referência a Profª Renata que me despertou para a

pesquisa. E em especial ao meu amor Fabiana, que durante esses cinco anos foi minha

motivação de progresso, além de sua companhia que sempre me alegra e me acalma. Por fim,

agradeço a espiritualidade amiga por sempre estar guiando meus passos, e me auxiliando para

o conhecimento da palavra divina.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Distribuição dos empreendimentos turísticos no espaço rural de Santa Catarina .............................................................................................................................. 69 Figura 02 – Organograma da SOL .................................................................................. 113 Figura 03 – Mapa das unidades regionais ....................................................................... 119 Figura 04 – Organograma da EPAGRI........................................................................... 121

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Cronograma de execução ........................................................................... 45 Quadro 02 – Recursos humanos da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte ................................................................................................................................ 114 Quadro 03 – Recursos humanos da EPAGRI ................................................................. 122 Quadro 04 – Relação de programas e projetos da EPAGRI ......................................... 124

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SUMÁRIO PARTE I – Projeto de Pesquisa

RESUMO............................................................................................................................ 10 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11 1.1 Contextualização........................................................................................................ 11 1.2 Definição do problema .............................................................................................. 14 1.3 Justificativa ................................................................................................................ 15 2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 19 2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 19 2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 19 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................ 20 3.1 Turismo: momentos de entendimentos e reflexões ................................................. 20 3.2 Políticas públicas de turismo .................................................................................... 26 3.3 Planejamento turístico .............................................................................................. 31 3.4 Turismo rural em foco: alternativa de desenvolvimento do meio rural............... 34 4 RESULTADOS DA PESQUISA .................................................................................. 41 4.1 Procedimentos metodológicos................................................................................... 41 4.1.1 População e amostragem ........................................................................................... 43 4.1.2 Coleta de dados.......................................................................................................... 43 4.1.3 Análise e interpretação dos resultados ...................................................................... 44 4.2 Plano de trabalho....................................................................................................... 44 4.2.1 Etapas ........................................................................................................................ 44 4.2.2 Cronograma ............................................................................................................... 45 4.3 Análise da pesquisa.................................................................................................... 46 4.3.1 Percepção dos representantes do turismo rural catarinense....................................... 46 4.3.1.1 Ex- coordenador do subprojeto de turismo rural na agricultura familiar na unidade de planejamento regional da região metropolitana de Florianópolis................................... 46 4.3.1.2 Coordenadora do projeto de turismo rural da EPAGRI .......................................... 48 4.3.1.3 Coordenadora do curso de turismo do Bom Jesus/IELUSC.................................... 49 4.3.1.4 Coordenadora técnica da Acolhida na Colônia ....................................................... 55 4.3.1.5 Considerações sobre a percepção dos representantes do turismo rural catarinense ........................................................................................................................... 57 4.3.2 Relação entre o programa de regionalização do turismo e o turismo rural catarinense ........................................................................................................................... 58 4.3.3 Compreendendo os meios de fomento e cooperação do turismo rural catarinense . 61 4.3.4 Turismo rural catarinense: relação entre dificuldades e ações de desenvolvimento . 65 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 73 6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 76

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ANEXOS ............................................................................................................................ 82 ANEXO A – Projeto de lei 0125/2007 .............................................................................. 82 ANEXO B – Lei nº 15.143 de 31/05/2006........................................................................ 84 ANEXO C – Lei federal nº 11.326 de 24/07/2006 ........................................................... 87 ANEXO D – Lei estadual nº 8.676 de 17/06/1992 ........................................................... 89

PARTE II – Relatório de Estágio

1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E DO ALUNO ...................................... 103 1.1 Dados da empresa ...................................................................................................... 103 1.1.1 Dados da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte – SOL...................... 103 1.1.2 Dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI............................................................................................................................... 103 1.2 Dados do aluno........................................................................................................... 103 2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 105 3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 109 3.1 Objetivo geral............................................................................................................. 109 3.2 Objetivos específicos.................................................................................................. 109

4 DESCRIÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES ..................................................................... 110 4.1 Secretaria de estado de turismo, cultura e esporte................................................. 110 4.1.1 Evolução histórica da organização ............................................................................ 110 4.1.2 Infra-estrutura física atual.......................................................................................... 111 4.1.3 Infra-estrutura administrativa .................................................................................... 112 4.1.4 Quadro de recursos humanos..................................................................................... 114 4.1.5 Serviços prestados ..................................................................................................... 116 4.2 Empresa de pesquisa agropecuária e extensão rural de Santa Catarina ............. 117 4.2.1 Evolução histórica da organização ............................................................................ 117 4.2.2 Infra-estrutura física atual.......................................................................................... 118 4.2.3 Infra-estrutura administrativa .................................................................................... 119 4.2.4 Quadro de recursos humanos..................................................................................... 122 4.2.5 Serviços prestados ..................................................................................................... 123

5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR SETOR.................. 126 5.1 Gerência de políticas de turismo .............................................................................. 126 5.1.1 Funções do setor ........................................................................................................ 126 5.1.2 Infra-estrutura do setor .............................................................................................. 127 5.1.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor .................................................. 127 5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos .......................................................................... 128 5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas....................................... 128

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5.2 Sistema estadual de incentivo ao turismo, esporte e cultura ................................. 128

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5.2.1 Funções do setor ........................................................................................................ 129 5.2.2 Infra-estrutura do setor .............................................................................................. 129 5.2.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor .................................................. 131 5.2.4 Conhecimentos técnicos adquiridos .......................................................................... 131 5.2.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas....................................... 131 5.3 Articulação e desenvolvimento de pesquisas para o projeto de turismo rural ... 132 5.3.1 Funções do setor ........................................................................................................ 132 5.3.2 Infra-estrutura do setor .............................................................................................. 132 5.3.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor .................................................. 133 5.3.4 Conhecimentos técnicos adquiridos .......................................................................... 133 5.3.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas....................................... 133

6 ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E CONCLUSÃO TÉCNICA........................................................................................................................... 134

7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 136

8 ASSESSORIA TÉCNICAS E EDUCACIONAIS...................................................... 137

ANEXOS ............................................................................................................................ 138

ANEXO A – Programa de estágio da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte ................................................................................................................................ 139 ANEXO B – Declaração de estágio expedida pela Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte .............................................................................................................. 141 ANEXO C – Ficha de avaliação de desempenho do estagiário expedida pela Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte ....................................................................... 142

ANEXO D – Programa de estágio da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina ................................................................................................... 143 ANEXO E – Declaração de estágio expedida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina .................................................................................. 145

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ANEXO F – Ficha de avaliação de desempenho do estagiário expedida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina ....................................... 146

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PARTE I

Projeto de Pesquisa

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TÍTULO: ANÁLISE DAS AÇÕES DE PLANEJAMENTO DO TURISMO RURAL

CATARINENSE

ÁREA DA PESQUISA: Ciências Sociais Aplicadas

SUB-ÁREA: Turismo

RESUMO

O turismo rural no continente europeu foi à alternativa lançada pelos governos locais, para dinamizar a economia, aumentar a auto-estima do agricultor e valorizar os aspectos histórico-culturais do meio rural. No Brasil, o desenvolvimento desse segmento também possui as mesmas funções. Originado em Lages (SC), o turismo rural surge em 1984 como uma nova proposta de diversificação e interiorização do turismo. Entendendo que o turismo rural catarinense está ligado à agricultura familiar e aos aspectos histórico-culturais descendentes das diversas etnias existentes no Estado, percebeu-se a vocação de Santa Catarina para o turismo rural. Por isso, essa pesquisa possui o objetivo de analisar as ações de planejamento do turismo rural catarinense, por meio do entendimento da política pública estadual de turismo, buscando incentivar o desenvolvimento e organização do segmento em Santa Catarina. A metodologia foi elaborada quanto à abordagem do problema como qualitativa, quanto aos objetivos configura-se como explicativa, sendo os procedimentos técnicos desse estudo denominados bibliográficos, documental e levantamento. Realizaram-se entrevistas com profissionais da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Bom Jesus/IELUSC e Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia. As entrevistas objetivaram a compreensão da situação em que se encontra o turismo rural catarinense. Sendo assim, verificou-se que o turismo rural não possui um planejamento de âmbito estadual que seja entendido e seguido pelos os agentes de interesse turístico local, regional e estadual, além de constatar que existem diversas instituições que vem trabalhando pelo desenvolvimento do turismo rural, mas de maneira pontual. Palavras-Chave: Turismo rural. Planejamento. Santa Catarina.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

O acontecimento das revoluções industrial e tecnológica são as principais indutoras de

mudanças do comportamento humano, com vistas às novas ferramentas mercadológicas de

consumo. Inicialmente entendia-se que o homem era apenas um elemento de força do

processo industrial, codificada pela teoria mecanicista de Ford que previa o esforço repetitivo

e a inexistência de qualquer benefício social aos colaboradores das organizações.

No início do século XX, com a abordagem clássica de Taylor e Fayol, constata-se que

os trabalhadores eram vistos como números, ou seja, a preocupação básica era de aumentar a

produtividade da organização por meio do aumento de eficiência no nível operacional. Para

Taylor, a ênfase se dava nas tarefas. Já para Fayol, a preocupação básica era aumentar a

eficiência da empresa, ou seja, se preocupava com aspectos voltados para estrutura e o

funcionamento da organização (CHIAVENATO, 1994).

Inicia-se a modificação desse cenário quando a união dos trabalhadores gerou

solicitações dos direitos trabalhistas, incluindo então a diminuição da carga horária trabalhada

resultando nas benesses do tempo livre.

O conceito de tempo livre só aparece depois da Revolução Industrial, com as mudanças na concepção de trabalho e tempo social, e com a evolução tecnológica, principalmente nos transportes, que permitem o deslocamento a longas distâncias com menor tempo, menor custo e maior segurança (ALMEIDA; LEITE; MAICHER, 2003-07?, p.24).

A tecnologia sempre esteve aliada à consolidação do tempo livre, pois é ela que por

meio da aproximação do tempo e redução do espaço faz com que o homem avance no

conhecimento das mudanças sociais, culturais e econômicas ocorridas no mundo. A internet é

o principal produto da tecnologia e conseqüentemente da globalização, gerando “a remoção

das barreiras ao livre comércio e a maior integração das economias nacionais” (STIGLITZ,

2002, p.10).

Dessa forma, entende-se que a evolução industrial, tecnológica e do tempo livre é

preceito elementar para a existência do turismo. Essa atividade é sem dúvida a forma mais

elegante de se entender as novas ferramentas mercadológicas de consumo, que surgem pelo

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aumento da população, mudança comportamental do consumidor, bravura da concorrência e

modificações dos cenários econômicos internacionais.

As mudanças ocorridas no mercado turístico são o reflexo das questões citadas acima,

pois cada vez mais os consumidores pressionam os gestores públicos e privados a primarem

pela qualificação dos produtos e serviços turísticos. Percebe-se isso, por meio da leitura dos

números do turismo que crescem exponencialmente, buscando aliar as condições de

investimentos dos empreendedores aos desejos e necessidades dos consumidores.

No período de 1975 a 2000 o turismo cresceu a um ritmo médio de 4,4% anual, enquanto o crescimento econômico mundial médio, medido pelo PIB, foi de 3,5% ao ano. As chegadas internacionais de 2006, em todo o mundo, foram da ordem de 842 milhões de turistas, o que significa um crescimento médio anual acima de 6% desde 1950, quando se registrou um total de 25 milhões de chegadas internacionais. No período de 1995 a 2000 o fluxo internacional de turistas apresentou um crescimento anual da ordem de 4,8% (OMT, 2004, p.29).

Em relação a crédito e investimento, os bancos públicos federais do Brasil

disponibilizaram R$ 2,2 bilhões em créditos para empreendedores do turismo em 2006 e os

investimentos privados estão acumulados em R$ 3,6 bilhões em projetos do segmento

hoteleiro até 2009 (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007).

Certamente os estudos macroeconômicos do turismo ganham proporcionalidade

quando abordam a temática emprego e renda. Segundo a OMT (Organização Mundial do

Turismo) “a atividade turística é responsável pela geração de 6 a 8 por cento do total de

empregos do mundo” (2004, p.18).

O crescimento do turismo mundial vem gerando impactos positivos no campo de

oportunidade e inovação, destacando-se o aumento de emprego e renda.

“Em 2003 um total de 5,4 milhões de pessoas estavam ocupadas nas atividades

características do turismo, sendo que o perfil do trabalhador era o seguinte: homem,

empregado com carteira assinada e rendimento médio de R$ 662,00 (IBGE, 2007, p.12)1.

Dessa forma, é inegável dizer que o turismo causa transformações no cenário em que

está inserido. Essas transformações de cunho social, cultural, ambiental e econômico são

dadas pela intercomunicação entre visitantes e comunidade local.

Pode-se então salientar que essas transformações podem ter caráter positivo ou

negativo.

1 Dados referentes ao estudo "Economia do Turismo: Análise das Atividades Características de Turismo", resultado de um acordo de cooperação técnica entre IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ministério do Turismo e Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo).

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“O turismo pode ajudar a eliminar diferenças sociais e culturas artificiais,

possibilitando uma mútua sobrevivência das sociedades e uma crescente compreensão

intercultural” (LAGE; MILONE, 2000, p. 125).

Uma das transformações negativas do turismo diz respeito ao processo de aculturação

que é “um símbolo antropológico, descrevendo a ligação de duas culturas que são colocadas

em contato. Explicitamente é um processo de empréstimo, a cultura não dominante empresta

valores mais intensivamente da cultura dominante” (LAGE; MILONE, 2000, p. 125).

Uma das formas de organização do turismo é estudá-lo de forma segmentada. A

segmentação do turismo busca distribuir os turistas, em grupos homogêneos para entender

suas necessidades e oferecer produtos e serviços diferenciados.

Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das características e variáveis da demanda. A partir da oferta, a segmentação define tipos de turismo cuja identidade pode ser conferida pela existência, em um território, de: atividades, práticas e tradições (agropecuária, pesca, esporte, manifestações culturais, manifestações de fé); aspectos e características (geográficas, históricas, arquitetônicas, urbanísticas, sociais); determinados serviços e infra-estrutura (de saúde, de educação, de eventos, de hospedagem, de lazer). Com enfoque na demanda, a segmentação é definida pela identificação de certos grupos de consumidores caracterizados a partir das suas especificidades em relação a alguns fatores que determinam suas decisões, preferências e motivações, ou seja, a partir das características e das variáveis da demanda (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2006, p.3).

É imprescindível falar sobre a importância do planejamento, visto como a

determinação dos objetivos e das estratégias conjugados a estreitar os caminhos da eficiência

e da qualidade turística. O planejamento dá-se pelo ordenamento da presença do homem nos

ambientes, buscando a preservação ambiental e histórico-cultural.

Dentre os segmentos turísticos, pressionado a ser organizado pelo planejamento

turístico destaca-se o turismo rural, que em 2006 no Brasil apresentou uma taxa de

crescimento de 20%, sendo um dos segmentos que mais cresce no mundo, dado pelo resgate

do homem as atividades rurais.

O Turismo Rural, segmento relativamente novo e em fase de expansão no Brasil, pode ser explicado, principalmente, por duas razões: a necessidade que o produtor rural tem de diversificar sua fonte de renda e de agregar valor aos seus produtos; e a vontade dos moradores urbanos de reencontrar suas raízes, de conviver com a natureza, com os modos de vida, tradições, costumes e com as formas de produção das populações do interior (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004a, p.4).

Provido com o objetivo de valorizar e resgatar o patrimônio histórico e natural do

meio rural, além de agregar valor as atividades agrícolas, o turismo rural está condicionado a

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dificuldades que desapercebem a importância de articular os envolvidos, promovendo o

planejamento e desenvolvimento dessa atividade.

Assim, o turismo rural quando compreendido como atividade não agrícola de maior

condições de proporcionar a melhoria da qualidade de vida rural, provocará a diminuição dos

índices do êxodo rural, violência urbana e desvalorização dos produtos agrícolas.

1.2 Definição do problema

Entender os caminhos sucessivos do turismo torna-se cada vez mais uma constante nos

momentos de atuação, dos atores envolvidos com essa atividade. Equilibrar as áreas de

incentivo ao turismo (capacitação e aperfeiçoamento, infra-estrutura, créditos e investimentos,

adequação de produtos e serviços) é visto como o maior desafio, pois a articulação dá-se de

maneira lenta e complexa, resultado dos diferentes posicionamentos e intenções de cada

membro envolvido no processo.

O desejo de alcançar o turismo organizado só será atendido quando a pauta de

atividades for posterior a estudos que determinem o planejamento a curto, médio e longo

prazo.

Atuar com execuções de médio a longo prazo é um fator de resistência no cenário de

planejamento do turismo nacional, devido a interesses pessoais que ocasionam o desrespeito

com o território e as pessoas que o habitam, gerando conflitos sociais, degradação do meio

ambiente e dos aspectos histórico-culturais.

Percebe-se que o planejamento tem a função de articular as ações voltadas ao

desenvolvimento e é exatamente essa abordagem que se encontra afastada dos parâmetros

racionais de organização do turismo rural catarinense. Percebe-se nesse estudo que o turismo

rural é uma das oportunidades do Estado de Santa Catarina reduzir o êxodo rural, o inchaço

dos bolsões de pobreza do meio urbano, as pressões dos serviços das grandes cidades, além de

priorizar pela qualidade de vida, oportunizar alternativas de emprego e renda no meio rural,

aumentado à auto-estima do pequeno produtor rural.

Segundo dados da OMT (2001) o turismo rural é um dos cinco produtos turísticos

mais consumidos no mundo, devido à necessidade do homem entrar em contato com o meio

rural. E em Santa Catarina essa abordagem não é diferente, pois as estatísticas das duas

ultimas temporadas de verão mostram a equidade da demanda turística do litoral e do interior.

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Sabe-se que o pioneirismo do turismo rural catarinense no território nacional, com

mais de vinte anos de existência, não foi ainda nos dias de hoje o suficiente para que os

gestores públicos e a sociedade civil organizada priorizassem essa atividade para minimizar

os entreves que afetam o desenvolvimento desse segmento turístico em Santa Catarina.

Destacam-se como entraves do desenvolvimento do turismo rural: a inadequação

legislativa para as atividades de produção e comercialização dos produtos alimentícios in

natura e transformados, a desarticulação interinstitucional, a limitação de recursos, a ausência

de uma entidade representativa, a deficiência de infra-estrutura básica e turística e a

deficiência do ordenamento da atividade.

As ações de planejamento do turismo rural catarinense devem ser analisadas com

enfoque a conduzi-las a atender a minimização desses entraves, buscando aliá-las aos

procedimentos descritos pelas políticas públicas de turismo do Estado.

Além disso, os meios de fomento e cooperação do turismo rural catarinense, devem

ser apresentados para incentivar e desenvolver o segmento em Santa Catarina.

Entendendo que o turismo rural envolve compreensões do território que devem ser

indicadas pelas representações locais, verifica-se a necessidade de indicar os pontos

relevantes da formação de instâncias de governança e da integração entre as instituições

relacionados ao turismo rural.

Com essas considerações surgem os seguintes questionamentos a serem pesquisados:

Será que o turismo rural catarinense está adequadamente reconhecido nos documentos gerais

(planos, programas, projetos) de planejamento do turismo estadual?

Os gestores públicos, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada estão integrados para

desenvolver o turismo rural catarinense?

1.3 Justificativa

O turismo, ainda embebecido pelas mazelas dos movimentos massivos, tem

atualmente alternativa fundamentada nos conceitos do desenvolvimento sustentável que

fornecem margens ao início da aplicação dos parâmetros do turismo alternativo.

Uma das repostas às críticas ao turismo por seus impactos negativos tem sido à criação de formas alternativas, com nomes como turismo soft, turismo verde, turismo responsável, turismo comunitário e ecoturismo. Embora sejam diferentes em vários aspectos, elas compartilham, ao contrário do turismo de massas, a ênfase no desenvolvimento em pequena escala, em uma experiência ativa para os turistas, no

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contato direto entre anfitriões e hóspedes e no controle local sobre desenvolvimento (OMT, 2003a, p. 185).

Encontra-se nessa perspectiva o turismo rural, que em uma visão global, é

desenvolvido para preservar o meio ambiente, fornecendo condições para a manutenção das

atividades agrícolas alocando-as junto à promoção e preservação do patrimônio cultural do

meio rural, para proporcionar bem estar entre população local e turistas.

Constituído por concepções rígidas, resistentes a mudanças e a mercê das condições

climáticas, sociais e econômicas, o espaço rural com o passar dos anos vem incorporando

novas atividades como forma complementar para a geração de emprego, renda e

desenvolvimento. Dessa forma, as atividades não agrícolas, notórias por meio do artesanato,

prestação de serviços e turismo são as novas interações e estratégias para a valorização do

espaço rural.

O cultivo da terra e a criação de animais não constituem mais, para os habitantes do meio rural, seu único meio de vida. Novas atribuições e responsabilidades lhes estão sendo oferecidas. Estão se consolidando conceitos como os de multifuncionalidade do meio rural e da agricultura e pluriatividade dos agricultores, que abrem novas perspectivas para a redinimização do espaço rural (TORESAN et al, 2003, p. 09).

O turismo rural é sem dúvida a atividade que deve ser incluída nas discussões de

planejamento do meio rural, para minimizar os efeitos negativos que prejudicam a qualidade

de vida dos agricultores.

A falta de estratégias que possibilitem promover a competitividade dos produtos agrícolas no mercado globalizado faz com que se perca a frente para áreas mais planejadas. Com o campo descapitalizado e as dificuldades de acesso do pequeno produtor rural a linhas de crédito favoráveis, a atividade de turismo neste espaço vem no mínimo garantir a posse da terra (SENAR, 2003, p. 24).

Então quando se delimita essas aplicações ao turismo rural, vê-se um leque de

adversidades que entravam um dos principais segmentos turísticos em potencial no Brasil.

A partir dessas adversidades que é percebido a importância de entender os meios de

fomento e cooperação do turismo rural, permeando esse assunto às políticas públicas de

turismo em âmbito federal, nesse caso o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros

do Brasil, que inclui em sua câmera temática a segmentação turística.

Ainda é possível perceber que as previsões de gestão articulada desse segmento não

são animadoras, devido os produtores rurais, turistas e poder público possuírem percepções

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completamente divergentes sobre o turismo realizado no espaço rural, turismo rural e turismo

rural na agricultura familiar.

Como ponto de partida, é fundamental que sejam uniformizados os conceitos, reduzindo a multiplicidade e divergência das definições existentes, quanto a modalidades, formas e tipos de turismo inerentes às áreas rurais, que só fazem confundir os turistas e dificultar o encaminhamento de políticas diferenciadas para o setor e seus segmentos (TORESAN et al, 2003, p. 49).

O MTur (Ministério do Turismo) em parceria com o Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF, elaborou o documento “Diretrizes para o

desenvolvimento do turismo rural no Brasil”, que contem a seguinte definição de turismo no

espaço rural:

todas as atividades praticadas no meio não urbano, que consiste de atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta: turismo rural, agroturismo, turismo ecológico ou ecoturismo, turismo de aventura, turismo de negócios, turismo de saúde, turismo cultural, turismo esportivo, atividades estas que se complementam ou não (SILVA et al, 1998, p.14).

Observa-se que em nenhum momento da definição acima se abordou a respeito da

valorização da produção agropecuária. Essa concepção dirigi-se ao conceito de turismo rural

definido como “o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural,

comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços,

resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade” (MINISTÉRIO DO

TURISMO, 2004a, p. 07).

A valorização a produção rural e do agricultor familiar é designada quando se entende

a complementaridade de turismo rural na agricultura familiar que é percebido como

a atividade turística que ocorre na unidade de produção dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem estar aos envolvidos (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2005, p.08).

Esse último conceito foi elaborado durante a Oficina Regional de Turismo Rural na

Agricultura Familiar, em Belo Horizonte – MG (2003), pela Rede de Turismo Rural na

Agricultura Familiar – Rede TRAF e adotado pelo MDA.

Com as conceituações definidas, sendo esse apenas um ponto das diversas causas da

desarticulação do setor, entende-se que é preciso destacar a importância da formação de

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instâncias de governança e da integração entre as instituições relacionadas ao turismo rural de

Santa Catarina, pois a partir dessa interação é possível que o desenvolvimento do turismo

rural seja planejado e organizado.

Além disso, há outras questões de relevância a essa discussão que diz respeito à

legislação referente a questões sanitária, trabalhista, fiscal, tributária, responsabilidade civil e

benefícios previdenciários. Existe uma complexa discordância legal com a realidade vivida

nas propriedades rurais que geram dificuldades ao turismo rural nas áreas de promoção e

comercialização de produtos locais, mão-de-obra capacitada e qualificada e segurança do

turista.

No estudo que identificou, dimensionou, localizou e caracterizou as atividades de

turismo no espaço rural de Santa Catarina, levantando 1.174 empreendimentos de turismo,

viu-se que [...] os gargalos percebidos com maior freqüência pelos empreendedores são de natureza financeira, como a falta de recursos próprios ou as dificuldades para a obtenção de financiamento. Uma boa parte deles indica a insuficiência de apoio público e de divulgação junto aos consumidores potenciais dos produtos e serviços oferecidos. Freqüentemente são apontadas deficiências na conservação das estradas e na infra-estrutura de comunicação, energia e sinalização orientadora para os visitantes (TORESAN et al, 2003, p. 23).

Descritas tais deficiências buscou-se então a partir do ano de 2002 organizar o

GTTTuR (Grupo Técnico Temático de Turismo Rural) representado por 16 instituições de

caráter público, privado e do terceiro setor, que aliadas elaboraram em novembro de 2006 o

Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo Rural em Santa Catarina que possui o

objetivo de definir as linhas (ou diretrizes) de ação estratégicas e operacionais, para o período

de 2007 a 2010, para orientar a atuação das instituições e entidades envolvidas, no que diz

respeito à: políticas públicas; organização e gestão; políticas públicas/serviços públicos e;

profissionalização e capacitação.

Esse documento é reflexo das diversas ações de planejamento, que merecem ser

analisadas, por meio do entendimento das políticas públicas de turismo.

Por conta disso, verifica-se a necessidade de estudos e divulgação da análise de todas

as informações citadas acima para que se disponibilize ao mercado desafios inerentes ao

desenvolvimento do turismo rural em Santa Catarina.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar as ações de planejamento do turismo rural catarinense, por meio do

entendimento da política pública estadual de turismo, buscando incentivar o desenvolvimento

e organização do segmento em Santa Catarina.

2.2 Objetivos específicos

• Verificar a importância do programa de regionalização do turismo – roteiros do Brasil, para

a consolidação do turismo rural catarinense;

• Examinar planos, projetos, leis e documentos referentes ao turismo rural nas esferas federal

e estadual (Santa Catarina);

• Citar as instituições envolvidas com o turismo rural em âmbito estadual;

• Apresentar os meios de fomento e cooperação do turismo rural catarinense, que buscam

incentivar o desenvolvimento e organização do segmento em Santa Catarina;

• Demonstrar a relevância da formação de instâncias de governança e da integração entre as

instituições relacionadas ao turismo rural de Santa Catarina.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Turismo: momentos de entendimentos e reflexões

Referidas questões sobre o turismo são freqüentes nos dias de hoje, certamente, por a

sociedade estar em transição da era do conhecimento para a era dos sonhos, que se tornará

presente por conseqüência do esgotamento físico e mental das pessoas, desejando essas

usufruir de momentos inesquecíveis que se opõe ao cenário urbano vivido cotidianamente.

Nesse contexto, o turismo passa de uma atividade meramente ligada ao lazer, para um

estágio de fortalecimento do equilíbrio psico-espiritual que atende a diluição das patologias

somatizadas pela carga diária de atividades.

Se observada a história do turismo, percebe-se que essa atividade sempre teve o

compromisso com a evolução da humanidade. Fundamenta-se isso por saber que o início do

turismo se deu quando o homem deixou de ser sedentário e passou a viajar, principalmente

motivado pela necessidade de comércio com outros povos.

A partir de então se iniciam as viagens como um processo vinculado principalmente

ao deslocamento que conseqüentemente fez com que o homem começasse a descobrir outros

ambientes e principalmente descobrir-se a si mesmo.

Então as viagens marcam o encontro entre os povos greco-romanos, sabendo que na

Grécia antiga as primeiras viagens organizadas surgem com o advento dos jogos olímpicos.

Os gregos davam muita atenção às estradas que levavam aos lugares sagrados, principalmente aos dos grandes festivais. O mais antigo e importante dos quatro grandes eventos eram os Jogos Olímpicos, que aconteciam a cada quatro anos em homenagem a Zeus, em Olímpia. Para esses locais faziam vias largas, adequadas ao tráfego de veículos. Com isso, construíram uma razoável rede de vias que davam acesso aos lugares mais procurados pelos viajantes. Os Jogos Olímpicos, herança da Grécia antiga, atravessaram o tempo, perderam seu caráter mítico e hoje constituem um dos grandes baluartes do turismo mundial (BARBOSA, 2002, p.18).

Um aspecto importante a se destacar nas viagens pela Grécia consistia no perigo que

envolvia os deslocamentos.

As viagens pelo mar, nessa época, também tinham seus riscos para aqueles que fizeram essa opção, pois poderiam sofrer ataques de piratas ou de inimigos, se fosse um período de guerra. Nas estradas poderiam surgir emboscadas, dificultando a proteção dos viajantes (BARBOSA, 2002, p.18).

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Os romanos também possuem grande participação na evolução do turismo. Durante o

império romano as viagens eram estimuladas por um grandioso sistema de rodovias

administrado pelo Estado e protegido pelo o exército. Há registros que nesse mesmo império,

surgiram às primeiras viagens de lazer.

Os nobres romanos viajavam longas distâncias exclusivamente para visitar grandes templos. Os romanos desenvolveram grande capacidade de viagens à longa distância. Chegavam a viajar cerca de 150 Km por dia através da troca periódica dos cavalos que puxavam suas carroças. Ao longo das vias de circulação eram montados postos de trocas de animais, o que permitia vencer grandes distâncias em tempos relativamente curtos. Inclusive nesses postos de trocas surgiram as primeiras hospedarias de que se tem notícia. Surgia nessa época, portanto, a hotelaria com um elemento fundamental na viabilização do turismo (IGNARRA, 1999, p.16).

Com a queda do império romano, por volta do ano 400 d.C., as viagens de prazer

acabaram, ocorreu grande declínio do comércio e as estradas foram destruídas. A motivação

de viajar reduziu-se drasticamente pela insegurança que os povos bárbaros causaram com as

invasões na maior parte das terras dos romanos.

As exceções, nessa época, eram as cruzadas. Grandes expedições organizadas para visitação dos centros religiosos da Europa e para libertar Jerusalém do domínio dos árabes. Talvez tenham sido estas viagens às precursoras do turismo de grupos. Também foi nesse período que mais se desenvolveram as técnicas de acompanhamentos, origem do campismo (IGNARRA, 1999, p.17).

Assim, as viagens começaram a se tornar mais seguras e de maior proporção após o

ano 1000.

Iniciou-se a aparição das grandes estradas por onde circulavam os grandes

comerciantes. Observou-se, também na Idade Média, o início de um hábito nas famílias

nobres de enviarem seus filhos para estudarem nos grandes centros culturais da Europa.

Com o fim da Idade Média e o advento do capitalismo comercial as viagens foram se

propagando.

Na nova sociedade, a grande arma passou a ser a diplomacia. Uma preocupação mais humanista começou a partir daí. As viagens a turismo passaram a ter outra conotação, foram encaradas como educativas e de interesse cultural. Viajar era um aprendizado, fator indispensável para uma boa educação (OLIVEIRA, 1998, p.23).

Em 1784, David Low inaugurou o primeiro hotel familiar da Inglaterra. Assim, no

final do séc. XVIII e todo o séc. XIX foi marcado por uma nova motivação para o turismo: a

contemplação da natureza, a apreciação das paisagens naturais e a necessidade de descanso. O

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novo comportamento humano foi decorrente da deterioração da qualidade de vida nos grandes

centros urbanos e industriais, provocando o desgaste físico e psicológico das pessoas.

No séc. XIX o turismo adquire nova roupagem. Com o desenvolvimento tecnológico, o aumento dos ganhos por parte de quem trabalhava e as facilidades que os meios de transportes da época permitiram que o turismo tomasse um extraordinário impulso e o transporte de pessoas adquiriu grande valor econômico. Em 1830, a ferrovia Liverpool – Manchester, na Inglaterra, passou a dar mais atenção aos passageiros do que às cargas. Iniciou-se a era da ferrovia como fator determinante para o desenvolvimento do turismo (OLIVEIRA, 1998, p.25).

Em 1841, Thomas Cook, organizou uma viagem de trem para 570 passageiros entre as

cidades de Leicester e Lougboroug na Inglaterra. Além disso, Cook foi o fundador da

primeira agência de viagens no mundo (ALTHOFF, 2003).

Uma série de outros fatores contribuíram para que o turismo continuasse a se

desenvolver durante o séc. XIX tais como, o aumento da segurança, diminuição do risco de

contaminação de cólera e outras doenças, a elevação do índice de alfabetização, aumento de

reivindicações por mais tempo de lazer, que juntos com a melhoria dos transportes e da

qualidade de vida nas cidades, transformaram o turismo num fenômeno mundial de massas

(OLIVEIRA, 1998).

No séc. XX, a atividade turística apresentou-se bem mais organizada. Em 1915, o

governo inglês adotou o passaporte para controlar o tráfego de turistas pelo seu território. O

ano de 1945 marca o fim da Segunda Guerra Mundial e o começo da atividade turística como

se conhece nos dias atuais.

Sabe-se que até o momento o turismo não é considerado pela comunidade científica

como uma ciência, por conta disso verifica-se a presença de diversos autores que conceituam

o turismo de formas diferenciadas.

A OMT (2001, p. 38) define que o turismo envolve “atividades que realizam as

pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um

período de tempo consecutivo inferior a um ano com finalidade de lazer, negócios e outras”.

Acredita-se que essa conceituação é vista como a mais digna do turismo atual, pois

reconhece todos os segmentos turísticos existentes, evitando o constrangimento de exclusão

de outras atividades turísticas que são exclusivas de regiões turísticas que também geram

atratividade, emprego e renda.

Já McIntosh e Gupta (1990, p.25) consideram “turismo como a ciência, a arte e a

atividade de atrair, transportar e alojar visitantes, a fim de satisfazer suas necessidades e seus

desejos”.

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Mesmo citando a palavra ciência é importante ressaltar que o turismo ainda não se

encaixa nessa denominação principalmente por ser uma atividade nova e por não se ter

entrado em um consenso sobre o conceito único dessa atividade.

No entanto, sabe-se que o turismo envolve muitas áreas da economia e principalmente

tem suas características voltadas ao contexto regional que se diferencia nos diversos

territórios do globo. Por conta disso, vê-se a necessidade de elaborar uma conceituação que

envolva as condições regionais do território.

Lage e Milone (2000, p.26) declaram que “o turismo moderno não precisa ter um

conceito absoluto, mas importa no conhecimento do mecanismo dinâmico que integra”.

Diz-se então que realmente importa as tendências atuais, mas deve-se unir a

comunidade acadêmica para então formular um conceito que atenda esse contexto. Portanto,

entende-se, ainda que esse conceito deva ser de proveniência da OMT, devido à confiança e

seguridade que essa organização transmite aos envolvidos com o turismo no mundo.

Para Mathieson e Wall (1990, p. 18) turismo

É o movimento temporário de pessoas para locais de destinos distintos de seus lugares de trabalho e de morada; incluindo também as atividades exercidas durante a permanência desses viajantes nos locais de destino e as facilidades para promover suas necessidades.

É importante frisar que o turismo dá-se pelo deslocamento de pessoas que se

encontram em seu tempo livre e possuem intenção de retorno, que o diferenciam de outros

tipos de viajantes como, por exemplo, o imigrante que viaja para mudar o local de residência

permanente.

Então, não se pode negar que atualmente as viagens passam a ter uma importância

cada vez maior na vida das pessoas, que além da busca pelo descanso e lazer, passam a exigir

um valor cultural e econômico agregado ao produto consumido. Portanto, pensar na atividade

turística é buscar a inovação de todo e qualquer produto ou serviço oferecido, é saber

valorizar a cultura e o patrimônio da sociedade e além disso estar envolvido na preservação

dos meios naturais (ALTHOFF, 2003).

Observa-se então a necessidade de infra-estrutura para os turistas, ou seja, mostra-se a

importância da organização da oferta turística.

Entende-se por oferta turística tudo aquilo que está á disposição dos turistas, sabendo

que essa deve envolver itens qualitativos para proceder ao desenvolvimento da cadeia

produtiva do turismo. “[...] a oferta em turismo pode ser concebida como o conjunto dos

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recursos naturais e culturais que, em sua essência, constituem a matéria prima da atividade

turística, porque, na realidade, são esses recursos que provocam a afluência de turistas”

(BENI, 2006, p. 169).

Na outra mão está a demanda turística que nada mais é os consumidores da oferta

turística, sendo representada pelo número de turistas que chegam a uma região, pelo número

de pernoites em hotéis que utilizam e pelo número de bens e serviços que os turistas

consomem.

“Teórica e genericamente, demanda turística, pode ser interpretada como a quantidade

de bens e serviços turísticos que os consumidores desejam e estão dispostos a adquirir por um

dado preço e um dado período de tempo” (LAGE; MILONE, 2000, p. 26).

Pode-se dizer que a partir desse século o turismo se desenvolve rapidamente, porém

acompanhado de um pré-requisito indispensável denominado como impactos positivos e

negativos da atividade turística. Esses impactos podem ser socioculturais, ambientais e

econômicos.

“Os impactos socioculturais, numa atividade turística, são o resultado das relações

sociais mantidas durante a estada dos visitantes, cuja intensidade e duração são afetadas por

fatores espaciais e temporais restritos” (OMT, 2001, p.215).

O turismo e o meio ambiente estão inteiramente ligados e são interdependentes. Se o

turismo cresce, precisa-se encontrar a melhor relação entre os dois tópicos e torná-lo mais

sustentável. “Está claro que o turismo pode ser prejudicial em todos os aspectos ambientais,

em contraposição [...] que ele também pode ser uma forma positiva ao meio ambiente”

(SWARBROOKE, 2000, p.12).

Os impactos econômicos do turismo interagem com a economia dos países e regiões,

esses podem ser de maior ou menor intensidades, dependendo do dinamismo e diversificação

da economia do país ou região em que o turismo está inserido.

É inquestionável a importância da discussão sobre os caminhos que estão levando a

insutentabilidade da terra. Nunca se abordou tanto sobre esse quesito nos jornais, periódicos e

revistas do mundo, passando as pessoas iniciarem uma reflexão sobre suas atitudes para com

o meio ambiente em que estão inseridas.

A revista Veja de 2004 mostra em sua reportagem sobre o aquecimento global, os

estragos conseqüentes do efeito estufa que gera a elevação da temperatura da terra,

comprometendo todo o ecossistema marinho e terrestre.

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Mesmo que se controle o efeito estufa, a atmosfera deve continuar esquentando por 100 anos. A análise de bolhas de ar presas há milênios no subsolo gelado da Antártica comprovou que a atual concentração de dióxido de carbono na atmosfera é a maior já registrada nos últimos 440.000 anos. É um terço a mais do que a natureza é capaz de reciclar (FONTENELLE; COUTINHO, 2004, p.188).

Nesse contexto o turismo pode assumir sua responsabilidade sustentável para

contribuir com a minimização dos efeitos sentidos hoje. Isso tudo porque o turismo tem a

capacidade de planejar e organizar o lugar que está atuando, proporcionando estratégia de

melhoria da qualidade do meio ambiente.

No momento que os gestores passam a dar prioridade ao meio ambiente todos os

componentes que fomentam o turismo (capacitação, promoção e comercialização, gestão e

planejamento) passam a ser beneficiados por um público mais qualitativo e conseqüentemente

mais preservarcionista.

Garantir a sustentabilidade do turismo tornou-se o desafio principal daqueles que estão comprometidos como desenvolvimento e gerenciamento desse ramo de atividade, cujas taxas de crescimento nas próximas décadas serão, no mínimo, certamente semelhantes às apresentadas nos últimos 25 anos deste século (OMT, 2003b, p. 01).

Sabe-se que a evolução do turismo sustentável dá se pelo envolvimento de todos

atores (poder público, iniciativa privada e comunidade) que aliados a um mesmo objetivo de

buscar o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais e a necessidades humanas, poderá

ocasionar a preservação do cenário atual para usufruto das gerações futuras.

O conceito de desenvolvimento sustentável, que inclui a prática do turismo sustentável, foi adotado pelas Nações Unidas, pela OMT e por muitos governos nacionais, regionais e locais. Turismo sustentável significa que os recursos naturais, históricos e culturais para o turismo sejam preservados para o uso contínuo no futuro, bem como no presente (OMT, 2003b, p. 17).

O turismo sustentável pode ser observado do ponto de vista setorial, emergindo das

condições sociais, culturais e econômicas, podendo se tornar o diferencial competitivo de uma

região turística.

O conceito de sustentabilidade relaciona-se a três fatos importantes: qualidade,

continuidade e equilíbrio (OMT, 2001). Esse conceito reforça a necessidade de integração

entre o poder público, iniciativa privada e comunidade.

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“A intenção do desenvolvimento sustentável é proporcionar uma melhor qualidade de

vida da população, do visitante, aumentar os níveis de rentabilidade e preservar o meio natural

e manter sua viabilidade econômica” (SILVA, 2004, p. 52).

Enfim detêm-se então a importância do turismo como conciliador das práticas

ambientais, provocando no mercado as tendências de oferta e consumo equilibradas,

comprometidas com a estruturação de novos produtos turísticos com inclinações positivas ao

desenvolvimento sustentável.

3.2 Políticas públicas de turismo

Sabe-se que o conhecimento do turismo desenrola-se com o traçado dos aspectos

ligados à história, conceituação, impactos, planejamento e sustentabilidade, destacando-se a

dinâmica inter e multisetorial dessa atividade com as mais diversas áreas sociais e econômicas

do cotidiano atual.

O turismo deve estar organizado por meio de estratégias elaboradas de forma

participativa e deliberativa com o objetivo de atender aos interesses públicos da sociedade.

Definir diretrizes para o desenvolvendo ordenado da atividade turística é sem dúvida o

primeiro e o mais importante passo do poder público, para melhorar os indicadores sociais,

culturais, ambientais e econômicos do turismo.

As políticas públicas de turismo são o resumo do arranjo institucional do governo

coberto de todas as responsabilidades, que devem ser repassadas a sociedade, em forma de

ações que forneçam resultados expressivos no campo da competitividade, desenvolvimento e

qualificação do turismo.

Podemos definir a política pública como o conjunto de ações executadas pelo Estado, enquanto sujeito, dirigidas a atender às necessidades de toda a sociedade. Embora a política possa ser exercida pelo conjunto da sociedade, não sendo uma ação exclusiva do Estado, a política pública é um conjunto de ações exclusivas do Estado (DIAS, 2003, p. 121).

É dever do poder público elaborar as políticas públicas de turismo, devido elas serem

as diretrizes explicativas que fornecem condições para que toda a sociedade assuma seu papel

de agente ativo no planejamento do turismo.

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Deve-se entender por política de turismo o conjunto de fatores condicionantes e de diretrizes básicas que expressam os caminhos para atingir os objetivos globais para o turismo do país; determinam as prioridades da ação executiva, supletiva ou assistencial do Estado; facilitam o planejamento das empresas do setor quanto aos empreendimentos e às atividades mais suscetíveis de receber apoio estatal (BENI, 2006, p.103).

O caráter catalítico e articulador do estado para o turismo dá-se pela observação das

funções das políticas públicas de turismo, instituídas para facilitar a comunicação entre poder

público e sociedade.

A política de turismo, em termos mais específicos, preenche as seguintes funções: define as regras do jogo, ou seja, os termos nos quais as operações turísticas devem funcionar; estabelece atividades e comportamentos aceitáveis; fornece uma direção comum e a orientação para todos os interessados no turismo em sua distinção; facilita o consenso em torno de estratégias e objetivos específicos para uma destinação; fornece uma estrutura para discussões públicas e privadas sobre o papel e as contribuições do setor turístico para a economia e para a sociedade em geral; permite que o turismo estabeleça interfaces com outros setores da economia de forma mais eficaz (GOELDNER; RITCHIE; MCINTOSH apud DIAS, 2003, p. 122).

É tamanha a importância das políticas públicas para o turismo, já que em termos

genéricos, essa busca ações do estado, orientadas para o interesse geral da sociedade. Além

disso, as políticas públicas deveriam proporcionar o desenvolvimento harmônico da atividade

turística.

Cabe ao Estado construir a infra-estrutura de acesso e a infra-estrutura básica urbana e prover de uma superestrutura jurídica – administrativa (secretarias e similares) cujo papel é planejar e controlar que os investimentos que o Estado realiza retornem na forma de benefícios para toda a sociedade (BARRETTO; BURGOS; FRENKEL, 2003, p.33).

Verifica-se ainda que as políticas públicas de turismo possuem desempenho

importante nas áreas de fomento e incentivo da atividade turística, facilitando empréstimos ao

setor privado, disponibilizando recursos por meio de aplicação a fundo perdido e adequando

as implicações fiscais a realidade da atividade turística.

Sabe-se que se insere no contexto público a dificuldade de elaboração de planos,

programas e projetos, eximindo a importância desses documentos para a elaboração das

diretrizes, ou seja, dos caminhos a serem seguidos para a organização do turismo.

Para agravar a situação, o autor Reinaldo Dias apresenta aos gestores públicos e a

sociedade, a opção de não elaborar tais documentos.

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Muitas vezes, ocorre que não fica estabelecido com clareza qual o plano global de desenvolvimento, não existindo deste modo uma referência concreta para os planos, projetos e programas [...]. No entanto, isso não significa que não haja uma política de governo estabelecida. Essa sempre existe, pois se constitui pelo conjunto de ações que objetivam atingir determinado fim. E pode não estar organizada num documento, ou plano de governo, mas suas linhas gerais estão estabelecidas por suas ações concretas (DIAS, 2003, p. 123).

Dessa forma, verifica-se como inadequada à contribuição acima, pois a

indeterminação das políticas de turismo ocasiona o enfraquecimento da atividade e

deteriorização do que já foi conquistado, ao passo que as determinações, análises e estudos da

equipe governamental devem estar em consonância com as tendências e acontecimentos

presentes, buscando o diálogo atual e eficiente com a sociedade que proporcionam

credibilidade e confiança aos envolvidos.

Vê-se na apresentação de um plano nacional de turismo a expressão das políticas

públicas de um país. Nele devem estar inclusos os objetivos, estratégias, metas e programas

voltados ao turismo.

Sem este, verificam-se inadequadas alocação e aplicação dos recursos disponíveis na infra-estrutura de apoio à atividade turística nos chamados pólos de atração, provocando: ausência de estratégias para a correta preservação, conservação e utilização do patrimônio natural e cultural; implantação desordenada de equipamentos e serviços em áreas de vocação turística em descompasso com as características socioeconômicas do fluxo interno; tentativas infrutíferas de conquista do fluxo receptivo internacional determinadas por inadequado planejamento de roteiros de viagens aos pólos turísticos nacionais e má aplicação da estratégia de marketing (BENI, 2006, p. 102).

É imprescindível que a elaboração e consolidação das diretrizes do turismo estejam

alinhadas as finalidades das três esferas do governo, para a formalização da gestão pública do

turismo descentralizada, participativa e sistemática.

Aos órgãos públicos de turismo em nível federal cabem a formulação das diretrizes e a coordenação dos planos em âmbito nacional e dos que se projetem para o exterior; e aos órgãos estaduais e locais cabem, com o apoio federal, a concepção dos programas e a execução dos projetos regionais e locais (BENI, 2006, p. 104).

A interação entre essas três esferas se compreende de forma complexa, daí a

importância das políticas públicas de turismo, pois sabendo que o turismo possui sua

referência no território, ou seja, no município, não há compreensão das esferas superiores

sobre as peculiaridades locais, lançando dispositivos incompatíveis com a realidade local.

Outro agravante dessa situação se vincula as mudanças periódicas de governo, que

ocasionam fortes desajustes no cenário que se constituí até o momento da mudança. Os

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reflexos negativos das eleições são sem dúvida desanimadores para o desenvolvimento da

atividade turística, por principalmente ocasionar a estagnação da máquina pública nos

períodos de pré e pós-eleição.

A sociedade é a principal prejudicada desses reflexos, devido às competências do

poder público e da iniciativa privada serem paralisadas.

No Brasil se reconhece que as políticas públicas de turismo ganharam

representatividade, quando ocorreu a “promulgação do Decreto-lei nº 55, de 18 de novembro

de 1966, que estabeleceu diretrizes para a elaboração de uma política nacional de turismo,

criou o Conselho Nacional de Turismo e a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR)”

(DIAS, 2003, p. 130). A partir desse decreto o turismo é reconhecido como atividade capaz de

contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Brasil.

“No ano de 1969, é instituída pelo CNTur a Resolução nº 71, de 10 de abril, que traz

indicações para a elaboração do Plano Nacional de Turismo (Plantur), considerado como

instrumento básico da Política Nacional de Turismo” (DIAS, 2003, p. 130).

Percebe-se que o governo brasileiro nas décadas de 1960 e 1970 agilizou o processo

de elaboração e fortificação das políticas de turismo, pois logo em seguida da criação do

Plantur, no de 1971, é criado do Fungentur (Fundo Geral do Turismo) destinado a prover

recursos para financiamentos de empreendimentos, obras e serviços de interesse turístico.

Além disso, a EMBRATUR inicia sua nova fase na atuação de planejamento do

turismo nacional, agora destinada garantir o desenvolvimento e a sustentabilidade do mesmo.

Em 28 de março de 1991, é sancionada a Lei nº 8.181 dando nova denominação à EMBRATUR, agora Instituto Brasileiro de Turismo, transformada em autarquia [...] com a finalidade de formular, coordenar, executar e fazer executar a política nacional de turismo. A lei nº 8.181/91 e o Decreto-lei nº 448/92 estabeleceram as diretrizes para a implantação de um Plano Nacional de Turismo, que de fato se concretizou em 1992 (DIAS, 2003, p.134).

Observa-se a partir de então a mudança do foco da gestão do turismo que até esse

momento era centralizada, passando a atuar de forma mais descentralizada. Essa nova gestão

se inicia quando foi lançado em 1994 o PNMT (Programa Nacional de Municipalização do

Turismo) que foi um processo de conscientização, sensibilização, estímulo e capacitação dos

vários agentes de desenvolvimento que compõem a estrutura do município, para que

despertem e reconheçam a importância e a dimensão do turismo como gerador de emprego e

renda, conciliando o crescimento econômico com a preservação e a manutenção do

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patrimônio ambiental, histórico e de herança cultural, tendo como fim a participação e a

gestão da comunidade nas decisões dos seus próprios recursos (SOBRAL, 2007).

Percebida a importância do turismo para o País, é constituído em 1º de janeiro de 2003

o MTur (Ministério do Turismo), oferecendo a sociedade e aos envolvidos diretamente com o

turismo, uma pasta ministerial voltada exclusivamente para a gestão, organização e

valorização da atividade turística.

A criação do Ministério do Turismo atende diretamente a uma antiga reivindicação do setor turístico. O Ministério, como órgão da administração direta, terá as condições necessárias para articular com os demais Ministérios, com os governos estaduais e municipais, com o poder legislativo, com o setor empresarial e a sociedade organizada, integrando as políticas públicas e o setor privado. Desta forma o Ministério cumprirá com determinação um papel aglutinador, maximizando resultados e racionalizando gastos (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2003, p. 11).

Com a institucionalização do MTur, a EMBRATUR volta-se para a comercialização e

promoção do produto turístico brasileiro no exterior.

Através da criação do MTur se elaborou o Plano Nacional de Turismo, objetivando

apresentar as diretrizes do turismo para o período de 2003 a 2007. Seguindo a tendência da

gestão descentralizada viu-se na concepção do Programa de Regionalização do Turismo –

Roteiros do Brasil a oportunidade de consolidar os trabalhos já desenvolvidos pelo PNMT,

mas com uma visão regional.

As metas para o turismo nesse período foram: criar condições para gerar 1.200.000 novos empregos e ocupações; aumentar para 9 milhões o número de turistas estrangeiros no Brasil; gerar 8 bilhões de dólares em divisas; aumentar para 65 milhões a chegada de passageiros nos vôos domésticos e; ampliar a oferta turística brasileira, desenvolvendo no mínimo três produtos de qualidade em cada Estado da Federação e Distrito Federal (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2003, p. 11).

Sabe-se que essas metas foram atingidas parcialmente, mas sabendo que o turismo é

uma atividade em expansão determinou-se que o traçado dessas metas estejam também

embutidas na elaboração do Plano Nacional de Turismo a ser implementado no período 2007-

2010.

Esse plano possui o foco na segmentação turística, provocando a partir dessa um

movimento turístico de inclusão social, representado principalmente por grupos da terceira

idade e de jovens.

Voltadas para o mercado interno, as propostas desse plano abrem as portas do turismo nacional para que todos os brasileiros possam se beneficiar desse mercado.

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Seja como turista, como empregado, como prestador de serviço, seja como empresário. Seja por meio de cursos de qualificação profissional, da geração de novos empregos, da incorporação das camadas de mais baixa renda como clientes do mercado turístico, seja pela adoção de políticas segmentadas para aposentados, trabalhadores e estudantes (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007, p.07).

As mudanças do turismo em âmbito federal, trouxeram conseqüências positivas ao

turismo catarinense, pois no mesmo ano de institucionalização do MTur, criou-se a SOL

(Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte), que também possui o objetivo de

planejar, organizar e executar, política estadual de turismo. E a SANTUR, órgão oficial de

turismo de Santa Catarina, voltou seu foco para a promoção, marketing e o apoio à

comercialização do produto turístico catarinense no Brasil e no mundo.

Dentre as principais ações de planejamento do turismo de Santa Catarina, o PDIL

(Plano de Desenvolvimento Integrado do Lazer) é hoje a diretriz de turismo que está sendo

seguida por todos os agentes de interesse turístico, pois esse plano está em conformidade com

os objetivos estratégicos de governo definidos no Plano Plurianual, visando estabelecer as

políticas, as diretrizes e os programas para a cultura, o turismo e o desporto do Estado de

Santa Catarina.

Assim, a gestão do turismo federal e estadual estão sendo desenvolvidos em

consonância, devido ao diálogo político-administrativo e a fidelidade do governo estadual as

diretrizes de turismo que vem sendo estipuladas pelo governo federal.

3.3 Planejamento turístico

A concepção sobre planejamento estende-se na forma mais branda de sua

conceituação, quando se percebe os resultados negativos das ações humanas sobre os

ambientes naturais e culturais, pois antecedente ao contato do homem a qualquer estrutura

natural ou construída, é preciso que haja a ordenação das ações, buscando mapear

dificuldades ou obstáculos e, assim, escolher previamente caminhos alternativos.

“Planejar é a definição de um futuro desejado e de todas as providências necessárias à

sua materialização” (PETROCCHI, 1998, p. 20).

O turismo está intimamente ligado ao planejamento, devido ao paradoxo oferta e

demanda, da qual as duas abordagens possuem compreensões diferentes.

De um lado a oferta, representada pela infra-estrutura de apoio ao turismo (estradas,

serviços púbicos, transportes), infra-estrutura turística (empreendimentos turísticos, áreas de

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lazer, parques temáticos) e serviços turísticos. Esses três elementos da oferta devem ser

organizados para atender as necessidades dos clientes, ao mesmo tempo em que deve ser

existencialmente sustentável. Utilizando a linguagem metalingüística, muitas das vezes

empreendimentos turísticos são instalados, com restrições de uso, em belas áreas naturais,

devido ao alto grau de fragilidade ambiental das mesmas.

Na outra mão está a demanda, idealizada nos dias de hoje por um estereotipo de

turista que deve estar comprometido em respeitar e valorizar os aspectos naturais e culturais

da região visitada, quando na verdade se tem ainda nos territórios turísticos a presença de um

turismo massivo, composto por pessoas insensíveis sobre qualquer ação benéfica de

preservação do local visitado.

O planejamento de turismo é um sistema inter-relacionado de fatores de oferta e

demanda. Os fatores de demanda são os mercados de turismo internacional e doméstico que

utilizam atrativos, equipamentos e serviços turísticos. Os fatores da oferta compreendem

atrativos e atividades turísticas, alojamentos e outros equipamentos e serviços (BENI, 2000).

Por causa dessas condições oferecidas pela oferta e demanda do turismo, os

pesquisadores, junto ao poder público e sociedade civil organizada, desenvolveram uma nova

conceituação de planejamento, agora voltada para o turismo. A denominação de planejamento

turístico foi adotada para “trazer determinados benefícios socioeconômicos para a sociedade,

sem deixar de manter a sustentabilidade do setor turístico através da proteção à natureza e à

cultura local” (OMT, 2003b, p. 40).

O processo de planejamento é indispensável para o desenvolvimento do turismo

sustentável. Esta forma equilibrada ocorre em harmonia com os recursos naturais, sócio-

culturais e ambientais das regiões turísticas, preservando-os para as gerações futuras. De

acordo com Ruschmann e Widmer (2001, 67):

Planejamento turístico é o processo que tem como finalidade ordenar as ações humanas sobre uma localidade turística, bem como direcionar a construção de equipamentos e facilidades, de forma adequada, evitando efeitos negativos nos recursos que possam destruir ou afetar sua atratividade. Constitui o instrumento fundamental na determinação e seleção das prioridades para a evolução harmoniosa da atividade turística, determinando suas dimensões ideais para que, a partir daí, se possa estimular, regular ou restringir sua evolução.

O processo de planejamento em turismo apresenta as seguintes etapas: determinação

dos objetivos; inventário de todos os recursos turísticos naturais e culturais; análise e síntese

da situação encontrada; formulação da política e do plano de turismo e também de

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recomendações de viabilidade e; implementação e controle de gestão do processo total. O

planejamento é um processo contínuo, permanente e dinâmico.

O planejamento do ponto de vista governamental, consiste no seu sentido mais

amplo, no processo que estabelecem objetivos, define linhas de ação e planos detalhados para

atingi-los e determina os recursos necessários à sua consecução.

O planejamento em nível nacional constitui uma clara competência do órgão nacional de turismo que, por meio da formulação e execução de planos nacionais de desenvolvimento turístico, promove e realiza o incremento da atividade para atingir os objetivos nacionais (BENI, 2002, p.189).

Os objetivos do planejamento costumam ser formulados em uma declaração da

política do turismo, que estabelece parâmetros ou diretrizes que governam planejamento do

desenvolvimento no futuro. A política do turismo não é um plano do turismo, mas sim o

ponto de referência em relação às decisões do planejamento que devem ser relacionadas.

Segundo Ruschmann e Widmer (2001, 67), “os objetivos podem estar relacionados

ao desenvolvimento de localidades, regiões, países e até continentes, envolvendo tanto órgãos

públicos como empresas privadas desse ramo de atividade.”

A política turística deve ser determinada pela dupla exigência de assegurar a

satisfação do turista e gerar o desenvolvimento harmonioso no contexto da economia

nacional, seguindo diretrizes de: organização territorial, financiamento dos investimentos

turísticos, formação do elemento humano, integração com a política global de

desenvolvimento.

Há seis estágios no planejamento do desenvolvimento do turismo: o estabelecimento dos objetivos, a incorporação desses objetivos na declaração da política, a formulação das diretrizes da política para estabelecer os parâmetros do planejamento, um programa de implementação para atingir o que foi estabelecido no plano, um mecanismo de monitoração para avaliar se o plano de desenvolvimento do turismo está atingindo seus objetivos, e um processo de revisão para reavaliar e aperfeiçoar os objetivos e as políticas, conforme necessário. Essas seqüência é contínua mas não é rígida, e deve ser usada como uma abordagem flexível para o desenvolvimento do turismo (LICKORISH; JENKINS, 2000, p.222).

As políticas governamentais preocupam-se com os benefícios do turismo para a

população e, por isso, reforçam a necessidade de desempenharem um papel bem mais

estratégico, coordenador e orientador no desenvolvimento do setor.

O planejamento turístico é a forma exclusiva de minimizar os impactos negativos do

turismo, ao passo que através de formalizações (planos, programas e projetos) determinam-se

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os caminhos a serem seguidos por todos os indivíduos para assegurar a sustentabilidade do

local.

Muitas vezes, quando administrado por gestores privilegiados por uma visão holística,

o planejamento turístico está inserido com pauta aos objetivos do plano diretor municipal, já

que o turismo se relaciona com os diversos serviços e infra-estrutura dos municípios.

Isso fundamenta a condição multidisciplinar e intersetorial do turismo ocasionando

dessa forma uma complementação dos diversos fatores envolvidos com os aspectos

socioeconômicos da sociedade. O planejamento turístico com o passar do tempo foi se

modificando, passando de um enfoque físico e promotor do destino, para um enfoque mais

integral, visando atender as necessidades dos atores sociais, empresas envolvidas e turistas,

preocupando-se com as questões ambientais, sociais, econômicas e culturais, que envolvem o

turismo. Anjos e Anjos (2002, 12) afirmam que o planejamento do turismo:

Deve primar pela qualidade dos atrativos, animação, acessos e atividades desenvolvidas pelos turistas, numa busca incessante pelo melhor posicionamento do mercado causado pela crescente competitividade em todos os segmentos da economia. A manutenção da competitividade, no longo prazo, também está ligada às instalações e infra-estrutura básica e turística do destino, aos serviços auxiliares e à indústria de apoio, bem como a garantia de uma formação sólida e atualizada da mão de obra.

Ao entender o processo e importância do planejamento turístico se estabelece uma

política do turismo para coordenar todos os aspectos da implantação e manutenção da

atividade turística, transcendendo os aspectos pessoais, agora então substituídas por ações

cooperadas e com perspectivas regionais.

3.4 Turismo rural em foco: alternativa de desenvolvimento do meio rural

Antes de iniciar a abordagem sobre turismo rural, é preciso discutir brevemente os

conceitos de meio rural e meio urbano, para entender o território que esse segmento está

instalado e os principais indicadores motivacionais que levam a consumi-los.

Por oposição a zona urbana, define-se zona rural (ou o meio rural, ou campo) como a

região no município não classificadas como zona urbana ou zona de expansão urbana, não

urbanizáveis ou destinadas à limitação do crescimento urbano, utilizadas em atividades

agrícolas, agro-industriais, extrativismo, silvicultura, e conservação ambiental.

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Brandão (1995) nos auxilia a refletir sobre as diferentes percepções do espaço rural

quando caracteriza o agricultor, sujeito do processo. Para ele, o homem rural em sua

propriedade familiar, possui vínculos estreitos relacionados ao lugar, ao seu espaço de

vivência e à produção. É nesse espaço do seu cotidiano que o homem rural reproduz, através

do trabalho, sua vida no campo e seus símbolos. Nesse sentido, pode-se qualificar este espaço

rural como lugar para estes sujeitos. De modo diferente, observa-se uma relação menos íntima

com o espaço rural quando os sujeitos são grandes proprietários de terra. Para estes, o espaço

rural é visto como substrato físico para atividades produtivas com fins econômicos, sem

vínculos afetivos, culturais e/ou sócio-produtivos. É uma relação capitalista que se desenvolve

em espaço rural.

Quanto à zona urbana verifica-se que, essa é uma forma especial de ocupação de uma

população em um espaço geográfico, diferenciado por ser um centro religioso, político e

administrativo de uma região, estado ou país (CASTELLS, 1983).

A questão espacial urbana e/ou rural é de grande relevância para estudos sócio-

ambientais, sobretudo numa perspectiva geográfica. É o que ratifica Santos (1999), quando

propõe o estudo do espaço a fim de identificar sua natureza. Pensar sobre a natureza do

espaço rural é, dialeticamente, pensar o espaço urbano. A própria urbanização concorre para

que o processo de homogeneização espacial não se dê somente em zona urbana. Hoje é difícil

distinguir entre o que é urbano e o que rural, devido à crescente demanda técnica, científica e

informacional manifestada geograficamente, afirma o mesmo autor.

Dessa forma, entende-se que o meio rural está estritamente ligado às atividades

agrícolas e a todas as complementações que as regam, vigentes nas demonstrações dos

costumes, gastronomia e vida típica ruralista. Já o meio urbano é caracterizado pelos

movimentos frenéticos que o compõe, definidos pela diversificação de serviços, infra-

estrutura e facilidades do mercado financeiro, que são os componentes que levam a

concentração urbana.

A partir desse entendimento das diferenciações que compõe os territórios rural e

urbano, é possível verificar os motivos que levam o turismo rural a ser considerado um dos

cinco segmentos turísticos mais consumido no mundo, pois os espaços urbanos estão

mergulhados nos problemas sociais, que geram nas pessoas a necessidade de vivenciar

situações diferentes do cotidiano urbano, sendo o turismo rural a alternativa ideal para o

preenchimento das necessidades de descanso, lazer, e equilíbrio que os turistas buscam.

“A necessidade de contato com a natureza, a preocupação com a qualidade dos

produtos agrícolas, a busca por segurança e por contato com pessoas simples também foram

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motivos que levaram os urbanos à (re) descobrirem o meio rural” (TORESAN et al, 2003, p.

10).

Por conta disso, o turismo rural, vem sendo interpretado como uma atividade de maior

capacidade de democratização e interiorização do turismo em um território, devido esse

possuir características que estimulam as pessoas do meio urbano e rural a praticá-lo.

Essa concepção de turismo é sem dúvida, a alternativa de maior viabilidade para

combater às chagas sofridas pela agricultura nacional, que atualmente se encontra refém de

uma administração latifundiária, alta carga tributária, falta de recursos para os agricultores

familiares e desvalorização cambial. Dessa forma, o turismo rural está sendo usado em várias

instâncias de governança, como alternativa de desenvolvimento do meio rural e geração de

emprego e renda.

No mundo é possível encontrar diversas exemplificações sobre a importância do

turismo rural. Na Europa esse tipo de turismo, foi utilizado para resgatar os costumes e

preservar as atividades agrícolas, fazendo que os agentes de interesse coagulassem ações

estratégicas para tal feito.

Nesse continente, especialmente em países como França, Espanha, Itália e Portugal, o turismo no espaço rural foi visto, inicialmente, como uma alternativa para as propriedades rurais situadas em zonas desfavoráveis e que não tinham condições de desenvolver atividades agrícolas de forma competitiva. Em muitas localidades, o turismo ajudou a diminuir o êxodo rural e a manter nas pequenas cidades os serviços públicos essenciais, além de dar importante apoio à proteção da natureza. O aproveitamento do espaço rural europeu para o turismo foi facilitado pela condição de estresse vivida nas grandes cidades, que levou e, continua levando, seus habitantes a procurarem o ambiente rural para descanso e lazer (TORESAN et al, 2003, p. 09).

A principal política pública de desenvolvimento rural da Europa, com

representatividade continental e regional, está representada pelo projeto LEADER, cujo sua

elaboração e implementação foram direcionadas para valorização e preservação dos recursos

naturais e histórico-culturais do meio rural europeu.

A filosofia do projeto LEADER é que o desenvolvimento rural deve partir de um desejo comum de todos os atores radicados no cenário local, conhecedores plenamente da realidade local e decididos em alcançar objetivos comuns. Fundamenta-se na promoção local do desenvolvimento das economias rurais, identificando alternativas inovadoras e eficazes com valores exemplificativos e viáveis (BATHKE, 2002, p.34).

O projeto LEADER é a expressão de quando os gestores europeus pertencentes aos

diversos grupos de organização, se uniram para estudar os caminhos alternativos em favor a

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modificação do quadro de falência em que se encontrava o meio rural europeu na década de

1950.

Mas, segundo Givord (2001), para que as potencialidades do mundo rural sejam

plenamente exploradas e, tendo em conta a importância sócio econômica e histórico-cultural

da agricultura no mundo rural europeu, é essencial que se mantenha a natureza multifuncional

da agricultura européia, isto é, o fato de que além da produção de bens agrícolas e agro-

alimentares, a atividade agrícola desempenhe outras funções.

França, Espanha, Itália e Portugal são países referência, quanto à manutenção das

diversas funções da atividade agrícola, incluindo entre essas a inclusão do turismo rural.

A França é um dos países onde o turismo rural está mais desenvolvido, pois apresenta

um espaço rural preservado e autêntico, fundado no patrimônio rural extraordinariamente rico

e preservado, nos recursos naturais, nas antigas práticas agrícolas, no conhecimento local e no

estilo de vida próprio do meio rural. Conta ainda com políticas públicas de proteção e

valorização patrimonial que são complementadas pelos auxílios da União Européia

(MAZUEL, 2000).

Na Itália, o turismo rural permanece estreitamente ligado ao setor agrícola,

confundindo-se, por isso, largamente com o agroturismo. Neste é comum distinguir os tipos

de montanhas, paisagens de colinas, marítimas e cultural. A diferença entre o turismo rural e o

agroturismo assenta, na realidade, apenas a parte que cabe ao turismo na atividade e nos

rendimentos dos agricultores.

Em Portugal, devido suas peculiaridades sociais, o espaço rural era utilizado como

área de atendimento ao lazer da burguesia e da aristocracia portuguesa, sendo somente na

década de 1970 que se iniciou a associação entre espaço rural e turismo.

Sob a forma de Turismo de Habitação, o TER (Turismo no Espaço Rural) foi lançado experimentalmente em Portugal, em 1978, em quatro áreas piloto: Ponte de Lima, Vouzela, Castelo de Vide e Vila Viçosa, tendo sido posteriormente alargado, primeiro, a zonas do interior com disponibilidade limitada de alojamento mas com uma freqüência turística assinalável, e depois às regiões dos vales do Douro e Vouga, e finalmente à totalidade do território (MOREIRA, 1994, p. 129).

E para completar o triângulo dos países referencia do turismo rural da Europa, tem-se

a Espanha que não é mais percebida apenas como um país de turismo de sol e praia,

favorecendo assim o desenvolvimento do turismo rural. “O turismo rural na Espanha sem

sombra de dúvidas é um segmento vitorioso, uma atividade econômica que está se impondo

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como modelo, com uma espantosa capacidade de dinamizar o mercado turístico espanhol”

(BATHKE, 2002, p.36).

Dessa forma, com a aprovação do turismo rural no continente europeu, tem-se um

modelo a ser seguido pelos demais continentes, como uma forma de desenvolvimento do

espaço rural e dinamização dos benefícios sociais do turismo rural.

Os benefícios sociais refletem-se na dinamização da cultura rural, da necessidade de os agricultores familiares manterem sua identidade e autenticidade. É desencadeado um resgate de valores, costumes, códigos: orgulhar-se da sua ascendência, relembrar histórias, resgatar a gastronomia, exibir objetos antigos antes considerados velhos e inúteis, seu modo de falar, suas vestimentas, seu saber. Ressurgem, desse modo, as artes, as crenças, os cerimoniais, a linguagem, o patrimônio arquitetônico, que são restituídos ao cotidiano, transformados em atrativos típicos usados como marcas locais interessantes para o turismo (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2003-2007?, p.05).

Além disso, é preciso falar sobre a cadeia produtiva desse segmento que sob a ótica

de distribuição de divisas vem ganhando com abordagens positivas. O conjunto de serviços,

equipamentos turísticos são rodeados por diversas movimentações que exigem, a participação

de diversos setores da economia (produtos locais, comércio e indústria), para a oferta de

produtos capazes de atender a necessidades dos turistas.

No espaço rural, destaca-se a oferta de diversas atividades, como as variadas formas

de lazer, demonstrações tecnológicas, de produção e comercialização de artesanato e de

produtos agropecuários (transformados ou in natura), além de serviços turísticos

diferenciados, disponíveis isoladamente ou em conjunto (MINISTÉRIO DO TURISMO,

2003-2007?).

É imprescindível falar que, para melhorar a competitividade da oferta do turismo

rural, é necessário que os aspectos ambientais sejam preservados, já que esses são a matéria

prima para a ocorrência das atividades turísticas no espaço rural.

Quanto aos aspectos ambientais, o turismo rural visa ao uso racional dos recursos

naturais, sua preservação, conservação e recuperação, visto que tais recursos passam a

constituir atrativos turísticos. O ambiente também é beneficiado com a produção

agroecológica, que contribui para a qualidade de vida dos agricultores e dos visitantes. As

atividades consideradas de cunho educativo relacionadas à conservação e preservação do

meio ambiente caracterizam-se pelo atendimento especializado na recepção e orientação de

diferentes clientes do turismo rural.

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O turismo rural integram-se freqüentemente os espaços protegidos (ainda agrícolas ou já sem qualquer cultivo e apenas algum pastoreio e exploração florestal), espaço com capacidades de cargas reduzidas e os espaços tradicionais e as áreas pobres, que são também as mais marginalizadas e as mais vulneráveis, física e socialmente (CAVACO, 2001, p.108).

Certamente a abordagem multisetorial do turismo rural é vista como a principal faceta

desse segmento por integrar e envolver as áreas de produção do espaço rural.

No Brasil a discussão sobre a importância do turismo rural como alternativa ao

desenvolvimento rural, vem ganhando força desde seu surgimento oficial na década de 1980

no Estado de Santa Catarina.

Assim como os problemas da agricultura ocorridos nos paises da Europa, o Brasil

também vem observando o declínio das atividades agrícolas nos últimos vinte anos. O

sombrio panorama do agronegócio nacional que, paradoxalmente, ainda sustenta 44% da

pauta das exportações e garante a formação de superávits comerciais, além de responder por

30% do Produto Interno Bruto (PIB) e garantir 40% dos empregos, decorre de causas bem

conhecidas: custos elevados, defasagem cambial, insuportável carga tributária que geram

principalmente o aumento do desemprego e o recrudescimento do êxodo rural (DIÁRIO

CATARINENSE, 2006).

Diante desse cenário, o turismo rural começou a ser discutido no Brasil, como a

alternativa para aumentar a alta estima do agricultor familiar, por meio principalmente da

geração de emprego e renda e valorização e preservação de seus aspectos histórico-culturais.

As transformações ocorridas no espaço rural brasileiro, principalmente no que se refere às relações e formas de trabalho, têm permitido aos agricultores familiares a possibilidade do aumento da renda familiar. A notoriedade dessas transformações tem chamado a atenção de várias áreas e setores, especialmente da área acadêmica, a qual vem analisando essas novas relações. As principais constatações fundamentam-se no crescimento das atividades não agrícolas da população economicamente ativa residente em domicílios rurais, tendo como principal fonte a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios, IBGE, 1981, 1992 e 1997 (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2003-2007?).

No início da década de 1990, surgem os primeiros projetos de assistência técnica e

extensão rural, incluindo o turismo na força de trabalho da agricultura familiar. A partir daí,

unidades agrícolas familiares têm se apropriado da proposta do turismo, ofertando atividades

ligadas a lazer, esporte, cultura, gastronomia, hospedagem, técnicas produtivas, gerando uma

complementação significativa da renda familiar.

A realização das atividades não agrícolas no espaço rural, ou seja, turismo, artesanato

e serviços, são atualmente o foco de discussões no MTur em sua câmera temática de

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segmentação do turismo, além de outras organizações de abrangência nacional tal com a Rede

TRAF.

O Ministério do Turismo vem desde o início de suas atividades elaborando

documentos que norteiem o desenvolvimento do turismo rural no Brasil de forma organizada.

Da mesma forma a Rede TRAF, por meio de suas oficinas focadas a participação do

agricultor familiar, vem gerando novos desafios ao turismo rural brasileiro.

O incentivo dessas instituições a essa atividade certamente não implica em perda de

esforços, pois o turismo rural já vem demonstrando seus resultados positivos no Brasil. Entre

esses benefícios destaca-se: diversificação da economia regional, pelo estabelecimento de

micro e pequenos negócios; melhoria das condições de vida das famílias rurais; interiorização

do turismo; difusão de conhecimentos e técnicas das ciências agrárias; diversificação da oferta

turística e; diminuição do êxodo rural.

Diante do exposto, é possível dizer que a inserção do turismo rural no espaço rural é

um processo irreversível e benéfico ao fortalecimento da agricultura familiar brasileira.

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4 RESULTADOS DA PESQUISA

4.1 Procedimentos metodológicos

Os estudos e descobertas feitos ao longo dos anos provam a importância do método

científico para a evolução social, tecnológica e intelectual da sociedade. Através do método

científico se descobrem fórmulas, novas espécies da fauna e flora, ocorrem avanços na

medicina, engenharia, assim como nas ciências sociais aplicadas.

A ciência tem como objeto fundamental chegar à veracidade dos fatos. Neste sentido não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica fundamental a sua verificabilidade (GIL, 1999, p.26).

Ao se falar de turismo concretiza-se a importância do método científico, para que se

aperfeiçoem os conhecimentos, apoiando as decisões dos profissionais e pesquisadores da

área. No entanto, “o turismo não é considerado uma ciência social entendida como corpo de

doutrina metodicamente ordenado e constitui uma disciplina em desenvolvimento que

emprega métodos e conceitos da maioria das ciências sociais já consolidadas” (DENCKER,

1998, p.28).

O turismo está ligado a questões intangíveis que são entendidas por meio dos

conhecimentos gerados de planos, projetos e pesquisas, sendo a metodologia científica, para

essa área estudo, o componente essencial para a busca de explicação e compreensão da

realidade dos fenômenos turísticos.

Para a Organização Mundial do Turismo (1995, p.245) se define metodologia turística

como “conjunto de métodos empíricos experimentais, seus procedimentos, técnicas e táticas

para ter um conhecimento científico, técnico ou prático dos fatos turísticos”.

Por conta disso, entende-se que o turismo deve ser estudado em todas as áreas de

segmentação. Entre a segmentação do turismo destaca-se o turismo rural que, em Santa

Catarina, passa por um processo de avaliação das ações de planejamento, buscando a

integração dos gestores públicos e da sociedade civil organizada.

Por estar comprometida com análise das ações de planejamento do turismo rural

catarinense, essa pesquisa caracteriza-se quanto a sua natureza, como básica ou pura, por

justamente concentrar suas aplicações no desenvolvimento do conhecimento científico do

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turismo e conseqüentemente do turismo rural, mesmo entendendo que esse estudo possui alto

grau de pertinência a promoção do desenvolvimento e da qualidade do turismo rural de Santa

Catarina.

Dessa forma, Gil (1999, p.43) diz que “a pesquisa pura busca o progresso da ciência,

procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta com suas

aplicações e conseqüências práticas”.

Essa pesquisa é caracterizada quanto à abordagem do problema como qualitativa, pois

se percebe a importância de examinar planos, projetos, leis e documentos referentes ao

turismo rural, para a compreensão sistemática das ações que envolvem a decisão do

desenvolvimento desse segmento no Brasil e em Santa Catarina. O campo de estudo do

turismo rural exige a realização dos esforços para a integração das instituições relacionadas à

atividade, buscando saber a atuação de cada instituição no cenário turístico rural catarinense.

Segundo dados contidos no Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo

Rural de Santa Catarina (2006), estão envolvidas diretamente com o turismo rural,

aproximadamente quinze instituições de caráter público, privado ou da sociedade civil

organizada.

“A pesquisa qualitativa é adequada para se obter um conhecimento mais profundo de

casos específicos, porém não permite a generalização em termos de probabilidade de

ocorrência” (DENCKER, 1998, p. 107).

As políticas públicas de turismo devem ser constituídas de forma a compreender os

envolvidos no processo, respeitando suas características, responsabilidades, agrergando-as ao

processo de desenvolvimento do turismo rural. Buscando entender essa interface, políticas

públicas e envolvidos com o processo, essa pesquisa admite quanto aos objetivos ser

explicativa, pois “procura identificar os fatores que determinem ou contribuem para a

ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da

realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas” (GIL, 1999, p.44).

A necessidade de buscar informações das instituições envolvidas com o turismo rural,

além de analisar os documentos e bibliografias referentes a essa temática, determinam que os

procedimentos técnicos desse estudo sejam bibliográficos, documental e levantamento.

A técnica bibliográfica parte de materiais já elaborados tais como, livros e artigos

científicos sobre a temática dessa pesquisa.

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente

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43

importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço (GIL, 1999, p. 65).

A análise documental será realizada partir de estudos sobre planos, programas,

projetos e leis referentes ao turismo rural, pois se sabe que esse procedimento técnico “[...]

vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem

ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa” (GIL, 1999, p.66).

Para finalizar, a técnica de levantamento tem o objetivo de interrogar instituições

envolvidas com o turismo rural, para obter conhecimentos sobre a articulação dos envolvidos

com o segmento, entender a importância das instâncias de governança e compreender as ações

de planejamento do turismo rural catarinense. Essa técnica “é caracterizada pela interrogação

direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL, 1999, p.70).

4.1.1 População e amostragem

Esse estudo busca analisar as ações de planejamento do turismo rural catarinense, por

meio do entendimento da política pública estadual de turismo, buscando incentivar o

desenvolvimento e organização do segmento em Santa Catarina. Dessa forma, a população

dessa pesquisa são as instituições governamentais, não governamentais, iniciativa privada e

sociedade civil organizada, envolvidas com o turismo de Santa Catarina.

Já a amostragem é definida pelo conjunto de instituições envolvidas com o turismo

rural catarinense. É importante dizer que se busca caracterizar instituições que vem se

destacando no processo de estruturação, ampliação e consolidação do turismo rural.

4.1.2 Coleta de dados

A realização da coleta de dados foi inspirada na análise bibliográfica de temas

referentes ao turismo, políticas públicas e turismo rural, além de se complementada pelo

procedimento técnico de análise documental, referentes a estudos de planos, projetos, leis e

documentos referentes ao turismo rural.

Além disso, requereram-se informações sobre o turismo rural dos diferentes territórios

de Santa Catarina, por meio de entrevistas por pautas.

A entrevista por pautas apresenta certo grau de estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que refere às pautas assinaladas. Quando este se afasta delas, o entrevistador

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44

intervém, embora de maneira suficientemente sutil, para preservar a espontaneidade do processo (GIL, 1999, p.120).

Sendo assim, as entrevistas foram realizadas com o ex - coordenador do subprojeto de

turismo rural na agricultura familiar na unidade de planejamento regional da região

metropolitana de Florianópolis, coordenadora do projeto de turismo rural da EPAGRI,

coordenadora do curso de turismo do Bom Jesus/IELUSC e coordenadora técnica da Acolhida

na Colônia.

4.1.3 Análise e interpretação dos resultados

A análise dos resultados dessa pesquisa se baseia na resposta sobre a integração dos

gestores e sociedade civil organizada para desenvolver o turismo rural catarinense. Dessa

forma, se faz a análise funcional por entender que no turismo rural “os fatos sociais não

ocorrem separadamente, mas estão sempre relacionados com os fenômenos que os rodeiam”

(DENCKER, 1998, p.172).

Entretanto, a interpretação dos resultados estreita-se ao entendimento do propósito

desse estudo que vem ao encontro dos propósitos de integração e desenvolvimento do turismo

rural de Santa Catarina.

4.2 Plano de trabalho

Nesse momento determinam-se as etapas da pesquisa seguido do cronograma, com o

objetivo de planejar e alcançar os objetivos desse estudo.

4.2.1 Etapas

Segue abaixo as etapas desenvolvidas:

1. Determinação dos objetivos da pesquisa;

2. Definição do problema de pesquisa;

3. Leitura de planos, projetos, leis e documentos referentes ao turismo rural nas esferas federal

e estadual (Santa Catarina);

4. Orientações acadêmicas;

5. Elaboração do roteiro de entrevista;

6. Execução das entrevistas;

7. Análise e interpretação dos resultados;

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8. Balanço entre os resultados finais da pesquisa e os objetivos iniciais traçados;

9. Elaboração do relatório final da pesquisa;

4.2.2 Cronograma

Apresenta-se nesse momento o cronograma com suas respectivas etapas, para melhor

compreensão do desenvolvimento operacional dessa pesquisa.

2007

ETAPA Ago. Set. Out. Nov. Dez.

01. Objetivos da pesquisa

X

02. Definição do problema de pesquisa

X X

03. Leitura dos planos, projetos, leis

e documentos

X X X

04. Orientações acadêmicas

X X X X

05. Elaboração roteiro de entrevista

X

06. Execução das entrevistas

X

07. Análise e interpretação dos

resultados

X

08. Balanço entre os resultados finais e

objetivos

X

09. Elaboração do relatório final

X

QUADRO 01 – CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO Fonte: Elaborado pelo autor, 2007.

Pode-se perceber que as etapas dessa pesquisa foram desenvolvidas de acordo com

seus objetivos e ordenadas para atingir os resultados de maneira eficiente e pertinente ao setor

de turismo rural de Santa Catarina.

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4.3 Análise da pesquisa

Nesse momento da pesquisa serão abordados assuntos que estão diretamente ligados

ao turismo rural catarinense, destacando-se a apresentação da leitura das entrevistas realizadas

com os representantes das principais instituições do Estado, envolvidas com o planejamento

do turismo rural. Além disso, aborda-se a importância do Programa de Regionalização do

Turismo – Roteiros do Brasil, para a consolidação do turismo rural catarinense.

É disponibilizado a compreensão sobre os meios de fomento e cooperação desse

segmento turístico. E finalmente, é demonstrada a relevância da formação das instâncias de

governança e da integração entre as instituições relacionadas ao turismo rural de Santa

Catarina, resultado no estudo sobre a relação entre as dificuldades e ações de planejamento

que vem sendo desenvolvidas em favor desse segmento turístico.

4.3.1 Percepção dos representantes do turismo rural catarinense

Esse momento da pesquisa busca demonstrar a interpretação das principais instituições

do Estado, envolvidas com o planejamento do turismo rural catarinense.

Então, dispõe-se a leitura das entrevistas realizadas com os seguintes profissionais:

Roberto Abati: ex - coordenador do subprojeto de turismo rural na agricultura familiar na

unidade de planejamento regional da região metropolitana de Florianópolis; Lenir Pirola:

coordenadora do projeto de turismo rural da EPAGRI; Maria Ivonete Peixer: coordenadora do

curso de turismo do Bom Jesus/IELUSC e; Thaíse Guzzatti: coordenadora técnica da

Acolhida na Colônia.

4.3.1.1 Ex - coordenador do subprojeto de turismo rural na agricultura familiar na unidade de

planejamento regional da região metropolitana de Florianópolis

A entrevista com o coordenador do subprojeto de turismo rural na agricultura familiar

na unidade de planejamento regional da região metropolitana de Florianópolis, Srº Roberto

Abati, foi realizada no dia 15/10/07 no CEPA (Centro de Socioeconomia e Planejamento

Agrícola) em Florianópolis.

Roberto avalia a situação do turismo rural na região metropolitana de Florianópolis

como incipiente, pois a questão do turismo rural para a agricultura familiar contribui ainda

pouco para a formação de renda das famílias dessa região. Os poucos investimentos

financeiros no setor, tornam moroso o processo de desenvolvimento da atividade.

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Para tanto, o coordenador declara que os principais avanços do turismo rural na região

metropolitana são as instalações de pousadas nos últimos anos, da qual tem sido um dos

melhores acontecimentos na região, principalmente nos municípios da encosta da serra geral

(Santa Rosa de Lima, Rancho Queimado, Anitápolis, São Bonifácio e Águas Mornas).

Para Abati as principais dificuldades do turismo rural na região metropolitana são

descapitalização das famílias, dificuldade de acesso ao crédito e desorganização dos

interessados. Ao mesmo tempo sua avaliação sobre os meios de fomento (financiamento,

assistência técnica, entre outros) dirigidos ao turismo rural da região metropolitana, dirigi-se

no primeiro momento a dificuldade de acesso ao crédito.

Já a assistência técnica é avaliada como deficiente, pois o serviço de extensão rural

não está preparado para tal, as prefeituras e o Estado não possuem programas bem alicerçados

para a área. Existe crédito via PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar), porém a incerteza da atividade não motiva as famílias a recorrerem ao

mesmo.

Quanto à existência de instâncias de governança (referentes ao turismo rural)

instaladas no meio rural da região metropolitana, Roberto declara que existe responsáveis pelo

turismo rural junto a SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional) da Grande

Florianópolis, porém com baixo grau de articulação e pouca capilaridade nos municípios da

região. Alguns municípios possuem secretaria de turismo, porém na questão de turismo rural

as estratégias e metodologia de trabalho não conferem uma maior efetividade das ações.

Para complementar Abati não acredita que os gestores público, privados e a sociedade

civil organizada estão integrados para desenvolver o turismo rural da região metropolitana,

pois é inexistente uma coordenação articulada das ações.

Além disso, o entrevistado acha que o turismo rural catarinense não está

adequadamente reconhecido nos documentos gerais (planos, programas, projetos) de

planejamento do turismo estadual, pois a gestão administrativa do Estado prioriza o turismo

de massa.

Quanto as atuais ações gerais de planejamento do turismo rural da região

metropolitana, Roberto declara que o turismo rural dessa região não é prioridade regional das

ações da EPAGRI. Os municípios atuam por demanda. As ações desenvolvidas vão de

encontro à iniciativa privada referente a instalações de pousadas rurais, restaurantes e trilhas.

Por conta disso o subprojeto de turismo rural na agricultura familiar na unidade de

planejamento regional da região metropolitana, foi finalizado pela EPAGRI.

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Pelo fato desse subprojeto não ser prioridade, é percebida a desarticulação em todos os

municípios da região. No entanto, algumas equipes municipais da EPAGRI, mantém plano

municipal de trabalho, com ações em parceria com as prefeituras municipais, Secretaria de

Desenvolvimento Regional, Acolhida na Colônia e AGRECO (Associação do Agricultores

Ecológicos das Encostas da Serra Geral). Esses municípios onde tem um trabalho em parceria

são os da Encosta da Serra Geral: São Bonifácio, Anitápolis, Rancho Queimado e parte de

Águas Mornas.

Segundo o entrevistado à participação do agricultor familiar no processo de

planejamento do turismo rural é pequena, e ocorre somente quando muito estimulado. Porém

há alguns municípios na região onde esta participação é um pouco melhor, como é o caso dos

municípios de Anitápolis, São Bonifácio e Rancho Queimado.

Para finalizar Roberto desconhece exemplos de instâncias de governança ou

empreendimentos turísticos ligadas ao turismo rural da região metropolitana que estão

utilizando ou utilizaram o financiamento do PRONAF – Programa de Fortalecimento da

Agricultura Familiar.

4.3.1.2 Coordenadora do projeto de turismo rural da EPAGRI

A entrevista com a Srª Lenir Pirola ocorreu no dia 18/10/07 no CEPA (Centro de

Socioeconomia e Planejamento Agrícola) em Florianópolis.

Srª Lenir avalia a situação do turismo rural catarinense, como uma atual oportunidade

que o meio rural tem de mostrar sua característica, que se configura bastante diversificada,

devido às diversas etnias que compõe o espaço rural catarinense. O planejamento das

atividades ocorre em nível de cada região, com a participação do poder público, das

instituições de ensino e das famílias rurais interessadas.

Para a entrevistada os avanços do turismo rural catarinense são lentos, mas

consistentes, visto que a família rural reflete e planeja antecipadamente sua entrada na

atividade, já que o turismo rural é uma atividade nova e que demanda aprendizado e tempo de

adaptação. De certa forma, estão sendo observados avanços significativos na área.

Já, as principais dificuldades atuais do turismo rural catarinense são: legislação

incidente sobre os produtos comercializados no turismo e em alguns lugares o acesso (infra-

estrutura) às propriedades. Bem como ainda as questões de mudança de atividade, ou seja,

atuação variada do agricultor entre turismo e agricultura.

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Lenir diz que os meios de fomento atuais disponibilizam grande quantidade de

recursos. Os problemas estão sobre a burocracia de acesso da família rural em relação aos

recursos. Muitas das famílias preferem iniciar aos poucos e com investimentos próprios.

Quanto à assistência técnica, as famílias estão sendo assessoradas pela EPAGRI, pelas

instituições de ensino e por organizações governamentais que atuam no setor.

É possível dizer que os gestores públicos, privados e a sociedade civil organizada

estão integrados para desenvolver o turismo rural catarinense, é a partir destes órgãos que o

turismo rural se desenvolve. Em algumas regiões há boa integração (sul catarinense e planalto

norte catarinense), entretanto em outras (planalto catarinense) a integração ainda apresenta

dificuldades.

A entrevistada está satisfeita sobre o reconhecimento do turismo rural catarinense, nos

documentos gerais (planos, programas, projetos) de planejamento do turismo estadual. Isso se

dá por meio da SANTUR, SOL e dos demais órgãos públicos que apóiam e vendem o turismo

rural catarinense, mesmo porque a demanda de turistas para o Estado é muito grande.

As atuais ações de planejamento do turismo rural catarinense são: Lei TRAF/SC,

preservação do patrimônio histórico, que fornece as orientações para o planejamento turístico,

termo de cooperação assinada entre MniC, MDA, IPHAN, SEBRAE/SC, governo do Estado

de Santa Catarina e 15 prefeitura municipais (Ascurra, Benedito Novo, Blumenau, Indaial,

Itaiópolis, Jaraguá do Sul, Joinville, Nova Veneza, Orleans, Pomerode, Rio dos Cedros, Rio

do Sul, São Bento do Sul, Timbó e Urussanga).

Lenir diz que a principal ação que a EPAGRI vem realizando a favor do turismo rural

catarinense, é o desenvolvimento do projeto de turismo rural que atua pela extensão rural e

assistência técnica aos agricultores.

E para finalizar, Lenir declara que é representativa à participação do agricultor

familiar, no processo de planejamento do turismo rural catarinense.

4.3.1.3 Coordenadora do curso de turismo do Bom Jesus/IELUSC

A entrevista com a Srª Maria Ivonete Peixer ocorreu no dia 09/10/07 no CEPA

(Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola) em Florianópolis.

Quando questionada sobre como a entrevistada avalia a situação do turismo rural

catarinense, Maria Ivonete declarou que, infelizmente não se tem dados de pesquisa

atualizados acerca do contexto do turismo rural em Santa Catarina, a não ser a pesquisa

elaborado pela CEPAGRO (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo) em 2004

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(Levantamento dos empreendimentos de turismo no espaço rural de Santa Catarina:

localização, categorização e descrição geral), que é a única pesquisa desse gênero no Estado.

Maria Ivonete diz que em Santa Catarina há diferentes tipos de atividades de turismo

rural, os que estão de acordo com o conceito do MDA e MTur, ou seja, turismo rural na

agricultura familiar e os que não estão se classificariam melhor como turismo no espaço rural.

O espaço rural catarinense tem grande potencial quanto aos patrimônios cultural

(material e imaterial) e natural.

Um fator importante é que o Estado ainda é rural, com uma agricultura com base na

pequena propriedade, portanto há um cenário positivo para o desenvolvimento de um turismo

rural na agricultura familiar, contudo, existem ameaças se essa atividade não avançar como

alternativa, ou seja, a história da assistência técnica no Estado não trouxe diferencial em

termos das técnicas de cultivo e ainda temos uma agricultura familiar centrada na

monocultura (fumo) e em práticas agrícolas em desacordo com a sustentabilidade do turismo

rural (uso de agrotóxicos e desmatamento da mata ciliar).

Se não houver alternativas para o desenvolvimento do espaço rural, é possível que

haja um avanço significativo da especulação imobiliária no sentido de transformar essas

propriedades rurais em empreendimentos rurais (pousadas, hotéis fazenda e sítios para

descanso de moradores do meio urbano), ou seja, a ocupação dos neo-rurais. Hoje, há um

número significativos de empreendimentos turísticos, no meio rural, cujos proprietários são

pessoas advindas dos grandes centros urbanos.

O cenário mostra que se tem projetos e iniciativas já consolidadas de turismo rural na

agricultura familiar, houve um substancial avanço nesse governo, já podemos pontuar várias

experiências e empreendimentos no Estado, mas também se observa uma série de

empreendimentos no espaço rural, que não possuem base comunitária, são empreendimentos

de cunho privado e já são muitos.

Os projetos assessorados por iniciativas de universidades, ONGs (Organizações Não

Governamentais), associações e prefeituras municipais já despontam nesse cenário, mas

carecem de continuidade. O avanço dos últimos quatro anos se tem dado por conta dos

investimentos do Governo Federal na atividade, através de editais de capacitação e assistência

técnica.

Os avanços na atividade TRAF (Turismo Rural na Agricultura Familiar) em Santa

Catarina são decorrentes de políticas públicas construídas nesses últimos anos:

• Políticas de fomento á nível federal - PRONAF;

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• A aproximação das instituições em relação ao Governo Federal no processo de captação de

recursos, o que permitiu o desenvolvimento de iniciativas no Estado, porém o fomento ainda

está centrado na capacitação e assistência técnica;

• Organização do GTTTuR (Grupo Técnico Temático de Turismo Rural);

• Lei TRAF SC;

• A iniciativa de metodologia para cadastramento e classificação da oferta dos serviços

prestados no espaço rural catarinense, seus consumidores e operadores de mercado;

• Sinalização de aporte financeiro do MTur em projetos no Estado;

• Uma certa sensibilização, ainda muito frágil, das instituições (sindicatos, EPAGRI,

SANTUR) no sentido da importância da atividade no processo de desenvolvimento territorial.

Para Maria Ivone as principais dificuldades do turismo rural catarinense são:

• As políticas públicas de fomento á atividade no Estado, ainda são incipiente e sem critérios

definidos a partir de um plano de desenvolvimento da atividade;

• Políticas de fomento centradas nas linhas de capacitação e assistência técnica;

• Descontinuidade das ações de fomento na atividade no Estado;

• Ausência de dados, diagnósticos oficiais da atividade no Estado;

• Ausência de uma política clara em relação à legislação e comercialização da atividade;

• Ausência de política institucional da EPAGRI, instituição responsável pela assistência

técnica rural no Estado, na atividade de turismo rural;

• Ausência de políticas a nível estadual de investimento na atividade;

• Cenário de degradação ambiental na área rural do Estado;

• Ausência de uma política integrada entre Ministério do Meio Ambiente, MTur e MDA e

MinC, pois a atividade de turismo rural depende de interfaces com políticas de preservação e

manutenção do meio ambiente, tanto em aspectos da paisagem natural quanto cultural e

depende de processos de produção agrícola, que possam contribuir com a preservação

ambiental e com o patrimônio cultural tornando um fator de agregação de valor a propriedade

(atrativo turístico).

A entrevistada considera incipiente o aporte financeiro destinado ao fomento da

atividade TRAF para todo o território, ainda que se possam sentir avanços no sentido de

estimular uma melhor distribuição de recursos.

Pode-se observar no momento um edital do CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico) com MDA, no sentido de estimular projetos

inovadores em várias linhas de atividades possíveis, de agregar valor ao meio rural,

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principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras e que

resgatem processos artesanais e socioambientais, mas ainda não se sabe qual o resultado desse

edital.

Há uma pulverização de verbas e não há uma política de continuidade dos

investimentos nos projetos dependendo dos indicadores de sucesso do mesmo. As políticas de

avaliação dos impactos desses projetos de fomento são incipientes e mal coordenadas pelo

Governo Federal.

Em relação ao fomento para capacitação e assistência técnica, existem formas de

captação e há recursos, contudo o que parece caótico é a política de fomento aos

empreendimentos, ou seja, não há como capacitar, assistir tecnicamente se o agricultor não

tem condições financeiras de investir na propriedade. Há linha de fomento PRONAF turismo,

mas elas não são de fácil acesso e dependem de um processo de sensibilização das agências

financiadoras e de um processo de amadurecimento do trabalho da assistência técnica que

orienta os projetos. Como não se tem uma política institucional clara por parte da EPAGRI no

sentido de investimento em assistência técnica no turismo rural, não há como assessorar os

agricultores e nem fazer pressão junto às agências de repasse (Banco do Brasil).

Para Maria Ivonete é impossível considerar que se tem instâncias de governança em

relação atividade de turismo rural em Santa Catarina. Primeiro porque as políticas a nível

federal em relação à atividade não são assumidas pelo Governo Federal, portanto os órgãos

competentes não possuem planos de desenvolvimento e fomento a atividade. A SANTUR

assumiu uma parceria com a Acolhida na Colônia por uma questão estratégica, mas não se

constituí em uma política de desenvolvimento da atividade é uma estratégia de no sentido de

viabilizar alguma coisa. Assim faz a EPAGRI, que tem convênio com a Acolhida e com o

BOM JESUS/IELUSC, ou seja, o que se chama de convênios de “conveniência”.

A EPAGRI que deveria ter uma governança em relação à atividade não assume a

mesma como estratégia de desenvolvimento territorial e faz ações pontuais, sem planejamento

da atividade e sem plano de ação integrando ações de ATER (Assistência Técnica e Extensão

Rural) e meio Ambiente.

Para tanto, não há uma integração consciente entre os gestores públicos, privados e a

sociedade civil organizada, que busque uma estratégia de governança. Há uma iniciativa

tímida do GTTTuR nesse sentido. Como não há uma política de estado no sentido de um

plano estratégico, não há uma articulação.

Maria Ivonete declara que o turismo rural catarinense não está adequadamente

reconhecido nos documentos gerais (planos, programas, projetos) de planejamento do turismo

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estadual, por decorrência de uma ausência de políticas públicas estaduais no sentido

desenvolver o TRAF.

Em relação as atuais ações de planejamento do turismo rural catarinense, a

entrevistada declara que o GTTTuR elaborou o Plano Estratégico de Desenvolvimento do

Turismo Rural e algumas prefeituras tenham em seus planos estratégicos algumas questões

elencadas, mas não há um plano de desenvolvimento em nível de Estado, pensado de acordo

com as realidades dos municípios.

A entrevistada diz que as ações que o Bom Jesus/IELUSC vem realizando a favor do

desenvolvimento do turismo rural catarinense são incentivar o turismo rural na agricultura

familiar para elevar a renda das famílias rurais e dinamizar as atividades agropecuárias, da

qual é uma discussão que vem fazendo parte das reuniões de estudos do Núcleo de Pesquisa e

Extensão da Faculdade de Turismo com ênfase em Meio ambiente do IELUSC, desde a sua

implantação em 1999.

Considera-se que o turismo rural poderia promover novas possibilidades de

desenvolvimento das comunidades rurais e sendo papel da academia e dos órgãos dedicados

às questões rurais e ambientais, fornecer mais atenção às atividades turísticas e o seu viés com

o mundo rural.

A Faculdade entendeu que uma das linhas de atuação da extensão deveria ser a

questão do turismo rural, pois se está atuando no contexto de um Estado, ainda rural, portanto,

para contribuir com o desenvolvimento do mesmo era preciso entender o contexto atual as

comunidades rurais e ver que essas se encontram em dificuldades, historicamente

constituídas, de garantir a produção e reprodução das unidades familiares e o gerenciamento

das propriedades agrícolas, sobretudo no que tange à coletividade.

Neste sentido, se fazia necessário o envolvimento das famílias agricultoras nas

discussões e ações em torno de atividades não agrícolas, entre as quais o turismo, pois são os

trabalhadores e trabalhadoras rurais, os quais se dedicam à agricultura familiar, os atores

principais de qualquer programa que tenha por objetivo a materialização do desenvolvimento

territorial.

Assim, através da ação de extensão da faculdade de turismo desenvolveram-se ações

que estimularam o turismo rural na agricultura familiar na perspectiva da participação

comunitária, favorecendo o debate em uma complexa rede de concepção de territorialidade,

tendo como público alvo, agricultores e agricultoras; famílias rurais que desenvolvem ou que

pretendem desenvolver atividades turísticas no seu projeto de vida; comunidade acadêmica;

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trade turístico; órgãos e instituições dedicadas às questões rurais; secretarias municipais de

agricultura, turismo, planejamento, bem estar social, educação e cultura, entre outras.

Não obstante a importância de temas como estruturação das propriedades rurais,

comercialização dos produtos e da atividade turística (hospedagem, alimentação, lazer), tem

sido o foco de discussão.

Nesse sentido, a Faculdade de Turismo da Associação Educacional Luterana Bom

Jesus/ IELUSC tem uma trajetória de ações sobre o turismo responsável e sustentável. Esta

preocupação pode ser evidenciada especialmente devido à realização de eventos como o IV

Encontro Nacional de Turismo com Base Local, em 2000; o Seminário Regional de Turismo

Rural, em 2001; a I Jornada Catarinense de Turismo Rural, em 2002, com enfoque na

organização comunitária; a II Jornada Catarinense de Turismo Rural, em 2003, com enfoque

nas Políticas Públicas; o IV Congresso Internacional sobre Turismo Rural e Desenvolvimento

Sustentável: as políticas públicas e ações privadas para o turismo rural, em 2004; Curso de

Formação e Capacitação Continuada em Extensão Comunitária Rural com Ênfase em

Turismo Rural na Agricultura Familiar, em 2005, promovido pela Secretaria de Agricultura

Familiar, envolvendo os três estados do Sul do país; a III Jornada Catarinense de Turismo

Rural e Participação Comunitária, em 2005, com enfoque na legislação e gestão do turismo;

IV Jornada Catarinense de Turismo Rural e Participação Comunitária de 2006, com enfoque

na comercialização e organização das propriedades, além de desenvolver cursos de formação

continuada sobre Turismo Rural e, mais recentemente, Turismo Rural na Agricultura

Familiar, para técnicos da EPAGRI, Secretários Municipais de Agricultura e de Turismo,

agricultores e agricultoras que desenvolvem ou que pretendem desenvolver atividades

turísticas na propriedade familiar em Santa Catarina; além de desenvolver o Programa

Capacitação em Turismo Rural para agricultores familiares do Planalto Norte Catarinense,

com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Além dos projetos e eventos que a Faculdade vem desenvolvendo se tem procurado

trabalhar de forma a estimular um trabalho de parceria e em rede, a fim de contribuir com o

desenvolvimento de políticas públicas em todos os níveis governamentais para atividade.

Considera-se que o papel da IELUSC não é só de capacitar e estimular a atividade no

Estado, mas também de contribuir para elaboração de políticas públicas para o setor.

Nesse sentido se tem hoje, uma rede de parceiros com os quais discutimos essas e

outras ações. Atualmente se tem parceria em projetos de turismo rural ou ações integradas ao

turismo rural com: MMA (Ministério do Meio Ambiente), com MTur (Mistério do Turismo),

MDA/Rede TRAF, MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e MinC (Ministério da

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Cultura). Com Ministério do Trabalho e Emprego existem projetos de desenvolvimento de

postos de ocupação produtiva em artesanato e com o Ministério da Cultura o Projeto de

Diagnóstico Documental do Patrimônio Imaterial de Santa Catarina e com os demais

Ministérios tem-se parcerias em turismo e turismo rural.

A faculdade é parceira de várias prefeituras no Planalto Norte e Nordeste de Santa

Catarina, assim com de diversas secretarias de turismo pelo Estado. Se fez parceria com a

AGRECO e da Acolhida na Colônia, EPAGRI e SANTUR.

O maior problema da Faculdade em parcerias são as prefeituras por conta da falta de

consciência e sensibilização em relação ao turismo rural e com a EPAGRI, infelizmente a

parceria só funciona com base no princípio da “conveniência” e não no sentido da

importância de se ter parceiros para o desenvolvimento da atividade de turismo rural e ações

associadas.

Mas, acredita-se que o problema não esteja na instituição como um todo, ainda que o

fato de não haver uma política clara de desenvolvimento da atividade em um plano de ação

institucional que define a importância e o papel das parcerias, sabe-se que a dificuldade seja

decorrente de uma história de corporativismo, que infelizmente não priorizou uma política de

parcerias e estratégias de comunicação em rede, portanto seus profissionais não estão

capacitados para esse novo paradigma de gestão institucional.

4.3.1.4 Coordenadora técnica da Acolhida na Colônia

A entrevista com a Srª Thaise Guzzatti ocorreu no dia 28/09/07 no CEPA (Centro de

Socioeconomia e Planejamento Agrícola) em Florianópolis.

Quando questionada sobre a situação do turismo rural catarinense, Srª Thaise declarou

que em relação ao turismo rural na agricultura familiar, percebe-se um gráfico crescente. Em

10 anos deveria estar melhor, mas os agricultores são pessoas descapitalizadas, que enfrentam

problemas da agricultura quanto à carga tributária, cambio e legislação. Em relação a Lages,

ou seja, turismo rural com enfoque aos hotéis fazenda, em termos de visualização e

organização regrediu.

As outras instituições como APACO (Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste

Catarinense), CEPAGRO (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo), não

conseguiram desenvolver mais o turismo rural, devido seus focos ao longo do tempo se

voltarem para outros aspectos do meio rural, como produção agrícola, agronegócio e

agricultura orgânica. Para Thaise, a EPAGRI no momento, encontra-se na mesma situação, ou

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seja, está com suas atividades de assistência voltada para produção agrícola. Sendo assim, o

turismo rural é um subitem para essas instituições.

Para a entrevistada os principais avanços do turismo rural catarinense são: o

fortalecimento do GTTTuR; a realização da Jornada Catarinense de Turismo Rural na

Agricultura Familiar, que um evento que propõe discutir assuntos ligados ao turismo rural e a

participação comunitária, enfocando as políticas públicas de turismo na agricultura familiar;

expansão da Acolhida na Colônia e; apoio do governo estadual, com destaque a SOL e a

SANTUR.

Thaise declara que as principais dificuldades do turismo rural catarinense são as

condições da agricultura familiar que atualmente estão sendo afetadas pela degradação

ambiental, escassez de água, desmatamento, além das dificuldades financeiras e êxodo rural,

principalmente de mulheres e jovens.

Quando questionada sobre os meios de fomento dirigidos ao turismo rural catarinense,

Thaise diz que para as instituições organizadas, não faltam incentivos financeiros. No entanto,

falta empreendedorismo dos agricultores. O agricultor sempre foi desestimulado, por causa

das relações mercadológicas, devido aos fornecedores e clientes sempre atuarem de forma

protecionista para com os agricultores.

As entidades devem ter uma representatividade de captação de recursos, para isso é

necessário que os profissionais sejam preparados para desenvolver projetos voltados ao

turismo rural.

Para a coordenadora os tipos de instâncias de governança (referentes ao turismo rural)

instaladas no meio rural catarinense são Acolhida na Colônia, Associação do Turismo Eco-

Rural de Joinville, Associações de turismo rural de Videira, Chapecó, Palmitos e Praia

Grande. A Acolhida atua na articulação institucional, captação de recursos, planejamento da

atividade, assistência técnica e as outras instituições buscam a representação municipal e

micro regional.

Thaise declara que a articulação entre os gestores público, privados e a sociedade civil

organizada, encontra-se ainda no início. A participação da iniciativa privada está longe da

desejada.

Na outra mão a entrevistada declara que, o turismo rural é um dos segmentos mais

reconhecidos nos documentos gerais (planos, programas, projetos) de planejamento do

turismo estadual.

Para Thaise as atuais ações de planejamento do turismo rural catarinense são Plano de

Desenvolvimento Estratégico do Turismo Rural em Santa Catarina, projeto dos destinos

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indutores do MTur, que elegeu Santa Catarina a referência do turismo rural no Brasil e

estudos que dão subsídios ao planejamento do turismo rural tais como, o levantamento dos

empreendimentos de turismo no espaço rural de Santa Catarina e estudo dos entraves nas

legislações que afetam o agroturismo e proposta de adequação ao desenvolvimento da

atividade.

A entrevistada declara que as ações que a Acolhida na Colônia vem realizando a favor

do desenvolvimento do turismo rural catarinense, diz respeito à participação no GTTTuR, a

realização de estudos e expansão da associação para 30 municípios catarinenses.

As instituições parceiras da Acolhida na Colônia são Governo Federal: MDA e MTur;

Governo Estadual: SOL, SANTUR e EPAGRI; Municipal: prefeituras; organizações não

governamentais: AGRECO; Universidades: UNIVALI e IELUSC; Empresas: Supermercados

Giassi e voluntários.

Para finalizar Thaise declara que é boa à participação do agricultor familiar no

processo de planejamento do turismo rural catarinense, pois estão se abrindo os canais de

comunicação para esse público nos encontros estratégicos que abordem o planejamento desse

segmento em Santa Catarina.

4.3.1.5 Considerações sobre a percepção dos representantes do turismo rural catarinense

Pode-se observar durante a leitura dos resultados e discussões, a profundidade e

importância das informações coletadas com os profissionais Roberto Abati, Lenir Pirola,

Maria Ivonete Peixer e Thaíse Guzzatti.

Com as entrevistas dirigidas a esses profissionais, se pode verificar o panorama do

turismo rural catarinense. O importante é saber que os entrevistados deram respostas

diferentes sobre a situação do turismo rural catarinense, obtendo duas respostas otimistas e

duas pessimistas. As duas repostas otimistas referentes a Thaise Guzzatti e Lenir Pirola,

fazem referência ao turismo rural como uma oportunidade ao meio rural catarinense e por isso

se percebe o avanço desse segmento em todo o Estado. Já, as respostas pessimistas,

provenientes de Roberto Abati e Maria Ivonete Peixer, são conseqüência do que os dois

perceberam pela falta de dados de pesquisas atualizadas, acerca do contexto do turismo rural

em Santa Catarina, ao mesmo tempo em que esse segmento contribui ainda pouco para a

formação de renda das famílias.

Além disso, ficou claro que as principais dificuldades do turismo rural são

provenientes das linhas de fomento, ou seja, acesso ao crédito e assistência técnica.

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Pode-se observar que somente dois entrevistados estão satisfeitos com o

reconhecimento do turismo rural, nos documentos gerais de planejamento do turismo

estadual, o que estimula aos gestores a necessidade de planejar o turismo com vistas à

importância do turismo rural para o Estado.

Assim, as entrevistas realizadas são grandes indicadores das necessidades e

dificuldades do turismo rural catarinense.

4.3.2 Relação entre o programa de regionalização do turismo e o turismo rural catarinense

Nos últimos quatro anos, o turismo brasileiro ganhou em qualidade, representatividade

e credibilidade, por ser alvo de extensos trabalhos e ações provenientes de diretrizes federais,

previstas a partir da criação do MTur (Ministério do Turismo), que passaram a serem

executadas nos estados e municípios da União. Dessa forma, para fortalecer a importância de

assumir a gestão descentralizada do turismo, o MTur disponibilizou a sociedade, em 2003,

sua primeira forma de integrar, fortalecer e descentralizar a gestão do turismo brasileiro, da

qual foi percebida por meio do Plano Nacional do Turismo – versão: 2003-2007, que trazia os

macro-programas e programas a serem executados a fim de desenvolver e organizar o turismo

nacional.

Citado nesse plano como o meio de integração de todos os propósitos que contornam

as necessidades do turismo, o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil

surge para integrar, coordenar e descentralizar o turismo de acordo com os princípios da

descentralização e participação dos agentes de interesse turístico (poder público, iniciativa

privada e sociedade civil organizada) .

O Programa de Regionalização do Turismo - Roteiros do Brasil propõe o ordenamento da atividade turística e propõe estruturar, aumentar, diversificar e qualificar a oferta turística do Brasil, de forma descentralizada, integrada e participativa, com ênfase na política de desenvolvimento regionalizado. Esta concepção do Governo Brasileiro tem como objetivo modelar as políticas públicas a fim de promover o crescimento econômico e a criação e manutenção de novos postos de trabalho, de forma a buscar o desenvolvimento sustentável nas regiões turísticas envolvidas (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004b).

A implementação do programa depende, portanto, da cooperação e da parceria de

todos os agentes envolvidos, sejam públicos ou privados. Eles devem estar unidos em torno

de objetivos comuns, como a diversificação da oferta turística; qualificação do produto

turístico; a estruturação dos destinos turísticos; a ampliação e qualificação do mercado de

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trabalho; a ampliação de seu consumo no mercado nacional; o aumento de inserção da taxa de

permanência, assim como o gasto médio de turista em seu destino.

Orientado para fortalecer o diálogo entre os agentes de interesse turístico, esse

programa traz em sua concepção diretrizes operacionais, que determinam os caminhos para se

atingir os objetivos da proposta.

As diretrizes operacionais do programa de regionalização constituem-se de nove

módulos distintos e não necessariamente seqüenciais, a saber: sensibilização; mobilização;

institucionalização da instância de governança regional; elaboração do plano estratégico de

desenvolvimento do turismo regional; implementação do plano estratégico de

desenvolvimento do turismo regional; sistema de informações turísticas do programa;

roteirização turística; promoção e apoio à comercialização e; sistema de monitoria e avaliação

do programa.

A implementação dessas diretrizes em Santa Catarina são também ações de

planejamento do turismo rural, pois esse segmento turístico passa a ser observado pela

Gerência de Políticas de Turismo da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte

(SOL), que é a responsável pela monitoria e avaliação do programa em Santa Catarina, como

prioridade de investimentos e esforços para alcançar seu desenvolvimento.

No entanto, essa gerência está iniciando seus trabalhos para o fortalecimento dos

segmentos turísticos do Estado, ou seja, ainda não existe um planejamento estratégico

elaborado pela SOL, para organizar e desenvolver o turismo rural catarinense.

Sabendo que o turismo rural está posicionado sobre os fundamentos da regionalização,

é percebida então a importância do programa de regionalização como mais uma das

ferramentas de organização do segmento em Santa Catarina, pois esse programa propõe a

valorização dos aspectos intrínsecos que compõe o território, ou seja, costumes, hábitos,

patrimônio, memórias e cultura.

Compreender o Programa de Regionalização do Turismo é assimilar a noção de território como espaço e lugar de interação do homem com o ambiente, dando origem a diversas formas de se organizar e se relacionar com a natureza, com a cultura e com os recursos de que dispõe. Essa noção de território supõe formas de coordenação entre organizações sociais, agentes econômicos e representantes políticos, superando a visão estritamente setorial do desenvolvimento. Incorpora, também, o ordenamento dos arranjos produtivos locais e regionais como estratégico, dado que os vínculos de parceria, integração e cooperação dos setores geram produtos e serviços capazes de inserir as unidades produtivas de base familiar, formais e informais, micro e pequenas empresas, que se reflete no estado de bem-estar das populações (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004c).

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Dessa forma, o cumprimento, principalmente, das diretrizes de elaboração do plano

estratégico de desenvolvimento do turismo regional e da institucionalização das instâncias de

governança, será o passo fundamental para que se consolide os princípios do turismo rural.

Isso porque o plano estratégico busca analisar a situação e o tipo de turismo que está

sendo desenvolvido na região, sendo determinadas seis passos para alcance da análise

(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004a):

• Elaboração ou resgate do inventário da oferta turística que compreende o levantamento dos

atrativos turísticos (naturais; culturais; atividades econômicas; realizações técnicas, científicas

e artísticas; e eventos programados), serviços e equipamentos turísticos e infra-estrutura de

apoio ao turismo, assim como todo o processo de avaliação e hierarquização dos mesmos;

• Dimensionamento da atual demanda turística, para embasar prognósticos futuros para a

região;

• Levantamento e análise da concorrência local no âmbito da atividade turística, envolvendo

análise dos produtos oferecidos pelas diversas empresas prestadores de serviços turísticos e

agentes de mercado atuando na região; grau de aceitação desses produtos no mercado;

aumento da arrecadação de impostos e carga tributária; os reflexos na balança comercial da

região, entre outros;

• Levantamento e determinação da capacidade de suporte da região turística, com o objetivo

de futura avaliação, tanto dos impactos positivos como dos negativos da atividade turística,

mediante aplicação de indicadores específicos. O estudo da capacidade de suporte deve

considerar também os impactos ambientais decorrentes da atividade turística numa

determinada área, incluindo, ainda, os impactos culturais, sociais e econômicos;

• Caracterização sócio-econômico-cultural da comunidade regional, incluindo sua opinião, o

grau de envolvimento e integração da mesma no processo de regionalização;

• Levantamento dos pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças da atividade turística na

região, associados ao processo de regionalização do turismo.

Já a instância de governança é uma proposta de transparência e representatividade dos

setores envolvidos na atividade turística, nas áreas de abrangência.

Dessa forma, a formação das instâncias de governança que nada mais é que a

institucionalização da sociedade civil organizada, tornará a união e articulação do turismo

rural mais fortificada, por justamente os esforços serem compartilhados e reconhecidos a

todos os agentes de interesse do turismo rural.

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Sabendo que uma instância de governança pode ser um consócio, associação, fórum,

conselho, fórum ou comitê, vê-se nessas organizações a alternativa de exercer esforços

conjuntos para a determinação de necessidades regionais do turismo rural, prevalecendo o

comportamento e a cultura da região investida. O turismo rural catarinense está distribuído

pelas seis mesorregiões geográficas de Santa Catarina (oeste catarinense, serra, norte

catarinense, vale do Itajaí, grande Florianópolis e sul catarinense), com destaque a regiões do

vale do Itajaí e sul catarinense, que possui 27% e 25%, respectivamente, dos

empreendimentos turísticos no espaço rural de Santa Catarina.

Por conta disso, é vista a importância de instalação das instâncias de governança

nesses territórios para a elaboração, avaliação e até mesmo execução das políticas públicas do

turismo rural.

No entanto, ainda não existem em Santa Catarina instâncias de governança formatadas

de acordo com os moldes do Programa de Regionalização, pois essas devem ser organizações

representativas dos poderes público e privado, da sociedade e dos municípios componentes

das regiões turísticas, com o papel de coordenar o Programa em âmbito regional.

Por conta disso, a Secretaria de Estado de Turismo Cultura e Esporte (SOL),

avaliadora e monitora do Programa de Regionalização em Santa Catarina, está redobrando

esforços para que em 2008 essas instâncias sejam institucionalizadas nas nove regiões

turísticas de Santa Catarina (caminho dos cânions, encantos do sul, grande Florianópolis, rota

do sol, caminho dos príncipes, vale europeu, serra catarinense, vale do contestado e grande

oeste catarinense).

Assim, o cumprimento dessa diretriz operacional em Santa Catarina será utilizado de

forma complementar as ações de planejamento do turismo rural catarinense.

4.3.3 Compreendendo os meios de fomento e cooperação do turismo rural catarinense

O turismo rural catarinense vem ganhando lugar de destaque na revitalização da

agricultura familiar, justo no momento em que o espaço rural passa por transformações

definidas pelos novos conceitos de multifuncionalidade do meio rural e pluriatividade dos

agricultores.

Ambos os conceitos estão definidos respectivamente, a segurança alimentar, a

valorização do território e a proteção ambiental e; a combinação das atividades agrícolas com

atividades não-agrícolas, onde os membros da agricultura familiar tem a oportunidade de

conjugar vários papéis (TORESAN et al, 2003).

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A pujança das atividades não-agrícolas, aliadas a necessidade de diversificação do

produto turístico e interiorização do turismo, faz com que surjam novas iniciativas

governamentais e não governamentais para aumentar e fortalecer as linhas de fomento e

cooperação do turismo rural catarinense.

“A cooperação técnica e financeira de fontes nacionais e internacionais constituem

estratégia fundamental para o fomento do turismo rural, devendo ser incentivadas e seus

resultados divulgados” (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004a).

Entre essas iniciativas tem-se o Programa Roteiros Nacionais da Imigração, PRONAF

(Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar) – Turismo Rural, FUNTURISMO

(Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo), Projeto de Turismo Rural da EPAGRI ((Empresa

de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), projetos de captação de

recursos para manutenção das atividades da Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia

e projetos de turismo rural da Associação Educacional Luterna Bom Jesus/IELUSC,

Fundação 25 de Julho e Rede TRAF.

É possível afirmar que é consolidado o reconhecimento de mercado, para com as

instituições que vem incentivando o desenvolvimento e organização do turismo rural de Santa

Catarina, destacando-se o MTur (Ministério do Turismo), MDA (Ministério do

Desenvolvimento Agrário), MinC (Ministério da Cultura), SEBRAE/SC (Serviços de Apoio

as Micro e Pequenas Empresas), Rede TRAF (Turismo Rural na Agricultura Familiar), SOL

(Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte), SANTUR (Santa Catarina Turismo

S/A), EPAGRI, FUNDAGRO (Fundação de Apoio Desenvolvimento Rural Sustentável de

Santa Catarina), Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia e IES (Instituições de

Ensino Superior).

Essas instituições atuam interativamente entre si, e de maneira complementar na

formalização de convênios e parceiras.

O Programa Roteiros Nacionais da Imigração é um exemplo disso. Lançado em Santa

Catarina no dia 27 de agosto de 2007, na cidade de Pomerode, por meio da assinatura do

Termo de Cooperação que assinala oficialmente o interesse e o compromisso de todos os

parceiros para o desenvolvimento de ações de preservação, valorização e promoção do

patrimônio cultural do imigrante.

O termo representa a cooperação entre MniC, MDA, IPHAN (Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional), SEBRAE/SC, governo do Estado de Santa Catarina e 15

prefeitura municipais (Ascurra, Benedito Novo, Blumenau, Indaial, Itaiópolis, Jaraguá do Sul,

Joinville, Nova Veneza, Orleans, Pomerode, Rio dos Cedros, Rio do Sul, São Bento do Sul,

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Timbó e Urussanga) para o desenvolvimento de ações preferenciais nas regiões de imigrantes

de Santa Catarina.

A assinatura desse termo define que haja a destinação anual de recursos pelos

parceiros e criação de fundos de preservação estadual e municipais; tombamento federal de 62

bens, um núcleo rural e um núcleo urbano; tombamento estadual de cerca de 250 bens e

tombamentos municipais; criação de centro de recepção e comercialização de produtos da

pequena propriedade e; criação de legislação de proteção da paisagem urbana e rural.

Como conseqüência, o MDA se comprometeu com uma destinação orçamentária que

soma R$ 400 mil até 2008 (R$ 100 mil já em 2007), montante a ser investido através de

convênio com o SEBRAE/SC, com contrapartida de 100%, resultando num total de R$ 800

mil para o programa. O MTur priorizou a região de imigrantes de Santa Catarina como

“Destino Referencial de Turismo Rural” e o IPHAN ampliará o ritmo de investimentos que se

aproximam de R$ 300 mil/ano em pesquisas, inventários, fiscalização, apoio técnico e obras

de restauro (MINISTÉRIO DA CULTURA, 2007).

Esse programa é a concretização de um estudo inédito que vem sendo feito há 20 anos

pelo IPHAN, instituição vinculada ao MinC, em conjunto com o governo do estado de Santa

Catarina e as prefeituras municipais, visando a preservação do patrimônio histórico-cultural

de tradições alemães, ucranianas, italianas, polonesas, húngaras, austríacas, entre tantos outros

povos que se estabeleceram no Brasil, além do incentivo ao turismo rural nessas regiões de

imigração.

Nesse programa está contido o projeto de turismo rural que tem o foco principal às

pequenas propriedades rurais espalhadas pelas centenas de estradas que formavam as antigas

colônias de imigração. Serão fornecidos subsídios que permitirão aos pequenos agricultores

não descaracterizarem o seu modo de produção. Os recursos para este ano somarão mais de

R$ 12 bilhões para o crédito da agricultura familiar e dentro desses R$ 12 bilhões tem uma

boa parte destinada para a questão do turismo na agricultura familiar (MINISTÉRIO DA

CULTURA, 2007).

Outra iniciativa relevante ao fomento do turismo rural catarinense, parte através do

PRONAF que é programa de apoio ao desenvolvimento rural, a partir do fortalecimento da

agricultura familiar como segmento gerador de postos de trabalho e renda. O programa é

executado de forma descentralizada e tem como protagonistas os agricultores familiares e

suas organizações.

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Com linhas de crédito para o turismo rural, esse programa já financiou

empreendimentos turísticos no sul, norte e oeste do Estado, além de ter financiado pesquisas

sobre turismo rural, e estruturas para assistência técnica e extensão rural.

O FUNTURISMO, também é forma de liberar recursos para o turismo estadual,

incluindo nesse bojo o turismo rural.

Através do SEITEC (Sistema Estadual de Incentivo ao Turismo, Esporte e Cultura) é

possível prestar apoio financeiro e financiamento de projetos voltados à infra-estrutura

necessária às práticas da cultura, turismo e esporte, mediante a administração autônoma e

gestão própria dos respectivos recursos, além de projetos específicos relativos a cada setor

apresentados por agentes que se caracterizam como pessoas físicas ou jurídicas de direito

privado, órgãos públicos de turismo, esporte e cultura das administrações municipais e

estadual (SANTA CATARINA, 2005).

Com os recursos do FUNTURISMO já foram financiados projetos de

desenvolvimento regional de turismo rural em todo Estado. Cita-se o projeto que se encontra

em implementação na região de Braço do Norte e Tubarão, que busca contribuir para a

formação de núcleo setorial de empreendimentos e de gestores locais visando o

desenvolvimento do turismo rural do sul do Estado de Santa Catarina, atuando dentro dos

parâmetros de sustentabilidade ambiental, preservando os valores culturais, arquitetônicos, e

paisagísticos do roteiro da colônia imperial Grão Pará.

Para fomentar e cooperar em favor do desenvolvimento do turismo rural de Santa

Catarina, a EPAGRI está desenvolvimento o projeto de turismo rural que visa promover a

melhoria e o desenvolvimento de atividades turísticas na propriedade agrícola familiar, como

instrumento de complementação de renda, respeitando e valorizando o território, o patrimônio

histórico e cultural, a identidade familiar, a sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

Esse projeto garante a assistência técnica e extensão rural aos agricultores familiares,

fornecendo-os condições de auto gestão de seu negócio, para fortalecimento da promoção e

comercialização de seus produtos.

A EPAGRI celebrou convênio com o MTur e parceria com o FUNDAGRO, para

desenvolver uma metodologia para cadastramento e classificação da oferta dos serviços

prestados no espaço rural, seus consumidores e operadores de mercado.

A metodologia desse projeto inclui todas as atividades complementares ocorridas no

espaço rural, entre elas turismo rural, turismo de aventura, turismo de conhecimento e turismo

rural na agricultura familiar. Certamente esse projeto servirá para o entendimento da oferta do

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turismo rural, sendo possível conhecer os consumidores e conseqüentemente seus hábitos e

necessidades.

Parceira da EPAGRI nos projetos de turismo rural, a Acolhida na Colônia vem

estruturando projetos de captação de recursos para manutenção e desenvolvimento do turismo

rural na agricultura familiar nas encostas da serra geral de Santa Catarina.

Além da EPAGRI, a Acolhida está conveniada ao MDA para desenvolver um projeto

que objetiva fornecer assistência técnica aos empreendimentos ligados à Associação. Conta

com assessoria de três turismólogos e um arquiteto, para fomentar a organização regional do

turismo rural e capacitar técnicos/multiplicadores para garantir a sustentabilidade do projeto.

Estão contempladas duas ações nesse projeto, a primeira diz respeito à divulgação da

Acolhida, com implementação de cinco outdoors nas rodovias BR 282 e BR 101 e a segunda

trata sobre a realização de um seminário de planejamento estratégico para determinar as ações

da Acolhida nos próximos anos.

O Bom Jesus/IELUSC também vem tomando iniciativas para o desenvolvimento do

turismo rural catarinense, entre elas o projeto de capacitação de agricultores e estudantes

técnicos em turismo rural, que busca implementar um programa de capacitação voltado ao

desenvolvimento sustentado da atividade turística no meio rural, tendo como base a

preservação ambiental e a valorização da multi-funcionalidade da agricultura familiar e do

meio rural. Para tanto, buscou-se a formação de jovens agricultores e mulheres para a

implementação de atividades turísticas em suas propriedades rurais. Também se percebe

como estratégica a formação de estudantes técnicos que, ao final deste processo, estarão

habilitados a assessorarem agricultores familiares interessados em desenvolver a atividade de

turismo no meio rural (BOM JESUS/IELUSC, 2007).

E para finalizar a Fundação 25 de Julho e a Rede TRAF, estão organizando atividades

de integração entre os envolvidos do turismo rural. As caminhadas no meio rural são uma

dessas iniciativas que buscam a integração dos turistas com o ambiente rural e principalmente

com os costumes dos agricultores. Realizou-se uma dessas caminhadas, em Santa Catarina, no

circuito estrada Bonita em Joinville, que objetivou passar pelas propriedades rurais do

mesmo.

4.3.4 Turismo rural catarinense: relação entre dificuldades e ações de desenvolvimento

Castigados pelas contingências do campo e pela ausência de políticas públicas

agrícolas que despertem para importância e manutenção da agricultura familiar, os

agricultores do meio rural catarinense lutam pela sobrevivência e preservação de seus hábitos

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e costumes, que atualmente estão no sentido oposto aos altos impostos e taxas que geram a

descapitalização dos mesmos.

Os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística) mostraram aos catarinenses uma realidade até então pouco conhecida do cenário

agrícola. Ao que parece o Estado vem enfrentando uma de suas piores crises. Tendo como

característica uma agricultura familiar, de pequena escala, composta sobretudo por

minifúndios, apresenta o terceiro maior êxodo rural do País. Entre 1996 e 2000, de acordo

com o IBGE a população rural catarinense diminuiu cerca de 13%. Em 1991, o homem do

campo representava mais de 41% da população do Estado. Hoje, mal passa de 21%

(TORESAN; OLIVEIRA, 2001).

A crise agrícola catarinense é proveniente também, das dificuldades encontradas no

cenário agrícola brasileiro, que ao longo dos últimos 30 anos vem ocasionando a depreciação

do produto e da mão-de-obra agrícola.

Para Elesbão (2000), a política agrícola no Brasil nas décadas de 70 e 80,

principalmente através da política de crédito rural, foi direcionada a atender médios e grandes

produtores, privilegiando culturas de exportação em detrimentos das culturas domésticas,

desamparando o pequeno agricultor familiar e pauperizando o campo. Em conseqüência da

exclusão de grande número de agricultores houve elevado êxodo rural.

Dessa forma, a necessária redinamização do espaço rural catarinense busca um modelo

de produção flexível, que reavalie a função do meio rural, para que o protagonista deste local

não seja marginalizado.

De acordo com Mattei (2007), 29% da População Economicamente Ativa (PEA) rural

catarinense, está ocupada com atividades não agrícolas no meio rural. As atividades não

agrícolas, se estendem às áreas de prestação de serviços, artesanato e turismo rural.

Verifica-se que o percentual acima, fundamenta a necessidade de fortalecimento das

atividades não agrícolas, como alternativa as dificuldades enfrentadas pelo meio rural

catarinense. Por isso que na década de 1980 é dado o primeiro passo para o início do turismo

rural catarinense.

O turismo rural nasceu oficialmente no Brasil em 1984, na Fazenda Pedras Brancas, em Lages – SC quando, iniciativas pública e privada, resolveram preencher a lacuna existente no turismo da região e dar caminho a futuras ações que passariam a ser desenvolvidas para transformar sua realidade turística criando a SERRATUR EMPREENDIMENTOS E PROMOÇÕES TURÍSTICAS S.A (BATHKE, 2002, p. 44).

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Nesse primeiro momento o turismo rural desenvolveu-se nas estruturas e ao entorno

dos hotéis - fazendas de Lages, que ofertavam aos turistas conforto, serviços diversificados e

conhecimento da cultura local, por meio de apresentações e gastronomia típicas.

Quanto aos aspectos físicos das propriedades, observa-se que estes tipos de empreendimentos em Lages apresentam áreas que podem ser consideradas de médias a grandes propriedades, uma vez que variam de 100 a mais de 1000 hectares. Este tamanho de estrato se distancia muito da média do estado de Santa Catarina, onde predominam as pequenas unidades familiares de produção, com até 50 hectares (MATTEI; SANTOS JUNIOR, 2003, p. 18).

Essa concepção de turismo rural pode ser comparada com que acontece nos estados

de São Paulo e Minas Gerais, onde são exploradas o glamour e o charme das grandes fazendas

rurais.

O turismo rural em Lages se concentra nos hotéis-fazenda, modalidade que tenta

integrar hospedagem, gastronomia regional e lazer, associados aos costumes da região. Para

tanto, cada empreendimento possui um perfil próprio para atender as demandas de um

mercado em expansão. No geral, são fazendas antigas que adaptaram suas instalações e

passaram a oferecer suas acomodações e suas atividades diárias como atrativos aos turistas.

No entanto, ao longo desses vinte e três anos não foi possível que essa concepção de

turismo rural se estendesse ao resto do território catarinense, devido seus promotores

pertencerem ao grupo de pequenos produtores rurais, que possuem pequenas unidades de

produção agrícola, caracterizadas pela agricultura familiar, ou seja, os agricultores trabalham

por conta própria, a produção é de pequena escala, refletida em uma economia familiar de

baixo poder aquisitivo.

“O estado de Santa Catarina, pela diversidade e riqueza de seu patrimônio natural e

pela estrutura fundiária, caracteriza-se pela predominância da agricultura familiar, presente

em mais de 90% das propriedades rurais” (TORESAN et al, 2003, p.03).

Então na visão dos promotores do turismo rural catarinense, ou seja, pequenos

agricultores e gestores públicos e privados, predomina a posição da qual o turismo rural é a

complementação de todas as atividades que ocorrem no espaço rural.

“O turismo rural engloba as modalidades de turismo, que não se excluem e que se

complementam, de forma tal que o turismo no espaço rural, é a soma do ecoturismo, turismo

cultural, turismo esportivo, agroturismo e turismo de aventura” (OXINALDE, 1994, p. 76).

Por conta desses aspectos o turismo no espaço rural de Santa Catarina, devido a

questões ambientais, sociais, culturais e econômicas, ocorre nas pequenas propriedades rurais

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e também ao redor dessas, resultando em uma atividade diversificada e atraente aos olhos dos

turistas.

As atividades que se realizam nas propriedades rurais, são aquelas das quais os

visitantes compartilham do cotidiano da unidade familiar.

Das inumeráveis atividades recreativas, várias podem ser praticadas nas unidades familiares, desde que estejam associadas com o conjunto de práticas que caracterizam o meio rural: pesca; pesque-pague; cavalgadas; caminhadas; passeios de barco; banhos em rios, lagos, represas, cachoeiras; atividades lúdicas em geral. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2003-2007?, p.09).

Já as atividades que ocorrem ao redor das propriedades agrícolas são todas aquelas que

se identificam com o lazer, festas populares e religiosas, eventos esportivos, técnicos e

científicos, feiras e exposições agropecuárias.

“O turismo no meio rural catarinense é extremamente diversificado, porém a

modalidade de agroturismo em virtude das características agrárias e da dinâmica produtiva de

Santa Catarina, aparece como a alternativa mais adequada” (MATTEI; SANTOS JUNIOR,

2003, p. 38).

Agroturismo ou turismo rural na agricultura familiar é a modalidade de turismo rural

que mais se adequa a característica econômica do espaço rural catarinense, que como já foi

dito refere-se à agricultura familiar.

Turismo rural na agricultura familiar é a atividade turística que ocorre na unidade de produção dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem estar aos envolvidos (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2005, p.08).

A dificuldade de conceituar turismo rural é a primeira sinalização dos entraves que

afetam o desenvolvimento do segmento em Santa Catarina.

“A utilização desta multiplicidade de conceitos para denominar as atividades turísticas

no espaço rural tem dificultado o entendimento, e até mesmo a implementação, de políticas

públicas para o desenvolvimento do setor” (TORESAN et al, 2003, p. 15).

O importante é que instituições de renome nacional, entre elas o Ministério do

Turismo, já tomaram a frente perante essa problemática por meio da elaboração de

documentos que padronizem as conceituações. O problema está na dificuldade de repassar

essas conceituações aos demais interessados, por falhas de comunicação ou desinteresse, mas

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acredita-se que com o destaque e importância do turismo rural para o País, essa padronização

será utilizada por todos os envolvidos.

No espaço rural catarinense há aproximadamente 1.174 empreendimentos turísticos,

voltados a atender as necessidades dos turistas. Esses empreendimentos são meios de

hospedagem, restaurantes, pesque-pagues, campings, parques aquáticos, entre outas estruturas

de lazer.

Esses empreendimentos como pode ser observado na figura 01, estão distribuídos nas

seis mesorregiões geográficas de Santa Catarina: oeste catarinense, serra catarinense, norte

catarinense, vale do Itajaí, grande Florianópolis e sul catarinense.

FIGURA 01 – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS NO

ESPAÇO RURAL DE SANTA CATARINA, SEGUNDO AS MESORREGIÕES

GEOGRÁFICAS Fonte: TORESAN et. al, 2003, p. 25.

Pode-se observar que concentração dos empreendimentos se dá nas regiões do vale do

Itajaí, sul catarinense e oeste catarinense. É justamente nessas regiões que o turismo rural

catarinense encontra-se com maior representatividade de organização, promoção e venda do

produto turístico rural. É interessante observar que a região serrana é que possui o menor

percentual de empreendimentos no espaço rural de Santa Catarina, por justamente qualificar-

se na modalidade de turismo rural com ênfase aos hotéis-fazenda e pelo declínio da atividade

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que se deu pela falta de recursos dos investidores e apoio do poder público estadual e

regional.

Os principais serviços turísticos oferecidos no meio rural são pesque - pague, venda de

produtos, serviços de hospedagem, serviços de alimentação e lazer em geral.

Santa Catarina é o estado com a maior concentração de leitos de turismo rural do País.

A região de Lages conta com cerca de 75% dos 1.300 leitos, outros 10% estão localizados na

região da Grande Florianópolis, 5% na região Sul (Urussanga e arredores) e 10% no Vale do

Itajaí e Meio Oeste (ZIMMERMAN, 1998).

Os pesque – pagues estão presente nas regiões norte, sul, oeste e vale do Itajaí, pois a

proliferação dessa categoria de atividade é conseqüência do baixo grau de investimento, ao

mesmo tempo em que se torna uma boa opção de lazer para os turistas.

A falta de recursos próprios para investimentos nos empreendimentos é sem dúvida a

principal dificuldade dos agricultores familiares, pois a disponibilidade de recursos próprios é

insuficiente para realizar os investimentos necessários para promover as melhorias e

ampliações desejadas para a atividade turística.

Para piorar a situação de investimento no turismo rural, a obtenção de financiamento

torna-se um gargalo de difícil superação, devido às altas taxas de juros e burocracias

administrativas das instituições financeiras.

Além disso, os investimentos governamentais na infra-estrutura de apoio ao turismo,

principalmente no que diz respeito ao acesso e saneamento básico, são praticamente nulos,

sendo o que resta as comunidades é a realização de mutirões e junção de esforços para

minimizar os problemas dessa deficiência estrutural.

A capacitação profissional também é observada com uma das barreiras que afetam o

desenvolvimento e organização do turismo rural, já que a mão-de-obra turística é formada em

sua maioria por pessoas que se envolvem com a atividade turística em tempo parcial,

geralmente nos finais de semana. Isso ocasiona imprecisão dos colaboradores que precisam

ser capacitados, pois a transitoriedade da mão-de-obra pode provocar a diluição dos que

foram capacitados.

Mas uma das questões mais pontuais e discutidas pelos interessados, refere-se aos

entraves da legislação que afetam as ações de promoção e expansão do turismo rural.

A questão legislativa nesse caso abrange a legislação sanitária, trabalhista, fiscal e

tributária.

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A legislação sanitária é vista da forma mais branda, porque os empreendimentos

turísticos do espaço rural são em sua maioria de pequeno porte e caracterizam-se pela

utilização de produtos provenientes da própria unidade de produção.

Mas, segundo as normas da vigilância sanitária, é possível servir aos clientes apenas

alimentos que tenham passado por processo de industrialização e que possuam registro,

principalmente no caso de produtos como frango, carne bovina, suína, derivados de leite,

embutidos, conservas e doces (VARASCHIN et al, 2004).

Essas normas muitas das vezes descaracterizam o produto ou serviço, que no âmbito

rural são servidos, por exemplo, galinha caipira assada em forno a lenha, o que transforma os

estabelecimentos em réplicas rurais de restaurantes urbanos, sem nenhum tipo de diferencial,

que é justamente o que visitantes procuram.

A sugestões para minimização dos aspectos que afligem a legislação sanitária nos

serviços de alimentação, giram em torno da necessidade de uma legislação específica e

diferenciada para os pequenos agricultores, de modo a permitir que possam agregar valores

aos seus produtos sem perder a condição de produto artesanal.

O estudo sobre a legislação trabalhista trata das condições em que os trabalhadores

agrícolas se envolvem com a atividade turística. Muitos deles despendem seus trabalhos ao

turismo, nos finais de semana e feriados, como forma complementar à renda. Isto porque os

pequenos produtores não têm condições financeiras de contratar empregados para trabalhar

permanente e exclusivamente na atividade.

Essas condições podem levar o empreendedor rural a responder processos trabalhistas,

por haver configuração de dupla jornada de trabalho, favorecendo as reclamações trabalhistas.

O que se discute para a solução dos problemas trabalhistas, está na baseada na

formulação de legislação específica que regulamentasse a atividade no turismo e trabalho

multifuncional do emprego rural.

As questões sobre a legislação fiscal, referem-se à informalidade da qual operam os

empreendimentos turísticos.

Predomina a informalidade na constituição de empreendimentos turísticos no espaço rural de Santa Catarina. Menos de um terço deles é composto por pessoas jurídicas, ou seja, a grande maioria das unidades foi formada por pessoas físicas, sem que tenha sido constituída firma para sua operação (TORESAN et al, 2003, p.23).

O principal aspecto negativo dessa condição está ligada a emissão de nota fiscal, que

no caso de irregularidade impede tal ação. Isso prejudica a qualidade e credibilidade dos

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serviços prestados, pois muitas das vezes os clientes solicitam nota fiscal ou desejam realizar

eventos que exigem prestação de contas, criando uma situação desconfortável ao seu

prestador de serviço que deve assumir sua irregularidade.

Estudiosos indicam para solução do problema, autorizar os agricultores “a emitir nota

de produtor pela prestação dos serviços turísticos oferecidos em suas propriedades, ou emitir

nota fiscal através de uma cooperativa ou associação” (VARASCHIN et al, 2004, p. 60).

A legislação tributária provem do pagamento de impostos e taxas, de

responsabilidades dos empreendedores rurais.

Além desses pagamentos os agricultores que desenvolvem atividade turística são também obrigados a pagar: taxa a um químico, taxa ao ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), salário a um veterinário e taxas para o órgão ambiental, normalmente FATMA - Fundação Estadual do Meio Ambiente ou IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (VARASCHIN et al, 2004, p. 60).

Uma das ações referentes à adequação da legislação para o turismo rural está

interpretado no projeto de lei 0125.2/2007 (ver anexo A) que estabelece a política de apoio ao

turismo rural na agricultura familiar de Santa Catarina. Esse projeto de lei em um dos

primeiros passos legais para se atingir o desenvolvimento integralizado do turismo rural

catarinense.

Essa é uma das ações elencadas no plano de desenvolvimento estratégico do turismo

rural em Santa Catarina, elaborado pelo GTTTuR (Grupo Técnico Temático de Turismo

Rural) que nos últimos dois anos vem unindo esforços para a organização e desenvolvimento

do turismo rural em Santa Catarina.

Esse grupo busca integrar aproximadamente dezesseis instituições comprometidas

com o turismo rural catarinense, entre elas destacam-se MTur, MDA, SEBRAE/SC, SOL,

SANTUR, EPAGRI, Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia e IES (Instituições de

Ensino Superior).

Essas instituições atuam em áreas singulares, porém complementares a formação de

um planejamento adequado de turismo rural, ao passo que a discussão é dada para emergir

soluções e estratégias que possibilitam salto de qualidade e competitividade do turismo rural

catarinense.

A união dessas instituições é de fundamental importância, diante do cenário promissor

em que repousa o turismo rural, consolidando a pertinência da integração dessas instituições

para o desenvolvimento e organização do turismo rural catarinense.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pesquisar sobre turismo rural torna-se cada vez mais interessante, na medida em que

se percebe que a existência desse segmento turístico, está estritamente envolvida com a

identidade de um território.

Em Santa Catarina, como se pode perceber ao longo dessa pesquisa, a identidade

territorial do espaço rural é formada pelas características da agricultura familiar e pela

diversidade cultural percebida nos costumes típicos das etnias que colonizaram esse Estado.

Dessa forma, é inegável a vocação de Santa Catarina para o desenvolvimento do

turismo rural, visto que o espaço rural catarinense é rico em atrativos histórico-culturais e

naturais que cativam os turistas que os observam. Por conta disso, o turismo rural catarinense

vem se desenvolvendo espontaneamente ao longo desses últimos vinte anos, devido à

necessidade de apresentar alternativas aos problemas da agricultura e diversificar o produto

turístico catarinense.

A preocupação encontra-se então, na análise das ações de planejamento do turismo

rural em âmbito estadual, que como pode ser constatado pelo resultado das entrevistas dos

principais planejadores do segmento no Estado, não há um plano estadual que desenrolem

diretrizes condicionadas a realidade municipal.

Com exceção do Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo Rural em

Santa Catarina elaborado pelo GTTTuR (Grupo Técnico Temático de Turismo Rural) e ações

pontuais de planejamento das diversas instituições federais e estaduais envolvidas com o

turismo rural catarinense, não há um consenso e comunicação do que realmente todos os

atores desejam como forma de organização e desenvolvimento desse segmento.

O representante do GTTTuR, Luiz Toresan, já apresentou o GTTTuR e o Plano

Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo Rural ao Conselho Estadual de Turismo, mas

até o momento não se obteve retorno dos conselheiros sobre a análise do documento.

O que minimiza a dificuldade de planejamento desse segmento no Estado é a

representatividade dos programas e convênios oriundos do Governo Federal, o qual o

Ministério do Turismo elegeu Santa Catarina o destino referencial de turismo rural, que

proporcionará o advento de mais investimentos para o setor.

O Programa de Regionalização do Turismo é um desses programas federais que deve

contribuir com o planejamento desse segmento, mas a SOL (Secretaria de Estado de Turismo,

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Cultura e Esporte) está iniciando seus trabalhos em favor dos segmentos turísticos de Santa

Catarina.

Dessa forma, a verificação da importância desse programa para a consolidação do

turismo rural catarinense, se deu por meio do entendimento das diretrizes operacionais,

principalmente as que tangem sobre a elaboração do plano estratégico de desenvolvimento do

turismo regional e da institucionalização das instâncias de governança, que são as duas

diretrizes que estão diretamente envolvidas com o turismo rural.

No plano estratégico é que será contemplado as diretrizes estaduais para o

desenvolvimento e organização do turismo rural, e as instâncias de governança serão os

canais de comunicação entre os agentes de interesse turístico local e a SOL.

O entendimento desse programa se deu pelo exame dos documentos referentes ao

turismo rural, além desse estudou-se outros planos e leis. Destaca-se o projeto de lei

0125.2/2007 que estabelece a política de apoio ao Turismo Rural na Agricultura Familiar de

Santa Catarina.

Para atingir o propósito de entendimento e elaboração desse projeto de lei, foi preciso

participar de reuniões junto ao GTTTuR e a CTMA (Comissão de Turismo e Meio Ambiente)

da ALESC (Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina). Além do estudo desse

projeto de lei, foram realizadas leituras da Lei nº 15.143 de 31/05/2006 (ver anexo B), que

define as atividades de Turismo Rural na Agricultura Familiar do Estado do Paraná, da Lei

Federal Nº 11.326 de 24/07/2006 (ver anexo C) que estabelece as diretrizes para a formulação

da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais e da Lei

Estadual nº 8.676 de 17/06/1992 (ver anexo D) que dispõe sobre a política estadual de

desenvolvimento rural e dá outras providências.

Embora a lei 11.326 trate de empreendimentos familiares rurais, o texto da mesma não

se transporta aos empreendimentos ligados ao turismo rural. E a lei 8.676 também não

classifica o turismo rural como uma alternativa de incentivo à política estadual de

desenvolvimento rural.

Dessa forma, o conteúdo legislativo federal e estadual, ainda não foram observados

pela importância do turismo rural de fortalecimento do território rural.

A luta por leis que tratem sobre o turismo rural, também é uma das reivindicações das

instituições envolvidas com o turismo rural em âmbito estadual. Essas instituições de caráter

governamental, não governamental e privado foram citados ao longo da pesquisa para que se

tenha um panorama do volume de trabalhos que vem sendo desenvolvidos a favor do turismo

rural.

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Pode-se perceber que os meios de fomento e cooperação do turismo rural catarinense,

ainda encontra-se a desejar, pois o acesso do agricultor ao crédito é composto por fases

burocráticas, além de muitas das vezes o empreendedor rural desejar iniciar seus

investimentos na atividade com recursos próprios.

A assistência técnica não está sendo acompanhada por uma política de

desenvolvimento, devido essa estar ainda muito vinculada aos processos agrícolas.

O que se destaca nesse contexto é o termo de cooperação assinado entre os governos

federal e estadual, que busca direcionar recursos para preservação do patrimônio material e

imaterial do espaço rural e incentivar a organização do turismo rural catarinense.

O termo de cooperação é um exemplo da importância da integração dessas

instituições, pois se verificou isso ao longo dessa pesquisa, quando foram evidenciadas as

dificuldades enfrentadas para desenvolver o turismo rural. Dessa forma, essas instituições

coligadas as representações locais, percebidas nas instâncias de governança podem formular

estratégias inovadoras e fieis as necessidades locais.

É importante dizer que, para se ter o mapeamento do que vem se fazendo pelo turismo

rural catarinense, se objetivou entrevistar os coordenadores de todos os subprojetos de turismo

rural na agricultura familiar. Esses subprojetos são as divisões do projeto de turismo rural da

EPAGRI. Eles são operacionalizados em oito unidades de planejamento regional a saber:

Oeste Catarinense, Meio Oeste Catarinense, Planalto Sul Catarinense, Planalto Norte

Catarinense, Alto Vale do Itajaí, Litoral Norte Catarinense, Região Metropolitana e Litoral

Sul Catarinense.

Para isso, elaboraram-se e encaminharam-se por e-mail roteiros de entrevistas que

deveriam ser respondidos pelos coordenadores. O único que respondeu, já que foi possível

fazer a entrevista corpo-a-corpo, foi seu Roberto Abati, ex - coordenador do subprojeto de

turismo rural na agricultura familiar na unidade de planejamento regional da região

metropolitana de Florianópolis.

Dessa forma, essa situação configura-se com um aspecto limitante a essa pesquisa,

porque se sabe da riqueza de conteúdo que se teria caso os coordenadores respondessem o

roteiro.

Assim, mesmo com os obstáculos, se pode afirmar que essa pesquisa possui conteúdos

inéditos e pertinentes, que devem ser analisados pelos atores de interesse do turismo rural

catarinense, como ferramenta de formulação do planejamento estadual desse segmento

turístico.

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ANEXO A – PROJETO DE LEI 0125.2/2007

Estabelece a política de apoio ao Turismo Rural na Agricultura Familiar de Santa Catarina.

Art. 1º O projeto de lei 0125.2/2007 passa a tramitar com a seguinte redação:

Art. 1º Esta Lei institui a Política Estadual de apoio ao Turismo Rural na

Agricultura Familiar (TRAF) de Santa Catarina. Art. 2º Para efeitos desta lei, considera-se: I - TRAF: conjunto de atividades turísticas que ocorrem na unidade de

produção de agricultores familiares e/ou em localidades rurais, baseadas na oferta de produtos e serviços de qualidade, na valorização do modo de vida rural, assim como do patrimônio cultural e natural;

II - Oferta TRAF: conjunto de locais, equipamentos, atividades, serviços, eventos ou manifestações ligadas ao meio rural, capazes de motivar o deslocamento de visitantes para conhecê-los e usufruí-los de forma sustentável;

III - Demanda TRAF: todos os visitantes que desejam usufruir dos atributos e atrativos do meio rural, comprometidos em valorizar os equipamentos, produtos e serviços turísticos oferecidos por agricultores familiares;

IV - Unidade territorial de planejamento TRAF: área geográfica constituída por unidades agrícolas familiares que compartilham aspectos agropecuários, culturais, sociais e ambientais e que poderá ser denominada de circuitos, roteiros, rotas, caminhos, trilhas, colônias, comunidades, etc.

Parágrafo Único. Para efeitos dessa lei, considera-se Agricultor Familiar àquele que atende os requisitos definidos na política nacional da agricultura familiar.

Art 3º Também são beneficiários dessa lei os pescadores artesanais,

quilombolas, assentados da reforma agrária e as comunidades indígenas. Art. 4º Considera-se atividades TRAF: I - serviços de hospedagem que ofereçam atendimento personalizado ao

hóspede e que estejam afinados com o modo de vida rural; II - serviços de lazer que proporcionem entretenimento aos visitantes

relacionados a passeios, danças típicas, pesca, cavalgadas, entre outras; III - serviços de alimentação que valorizem a originalidade do atrativo

gastronômico, oferecendo alimentos que resgatem a culinária local e/ou regional e seus aspectos culturais;

IV - venda direta ao visitante de produtos de origem local, in natura e/ou transformados, elaborados segundo processos de produção e/ou beneficiamento artesanais e de acordo com as exigências das normas sanitárias em vigor;

V - visita a unidades de produção agropecuária e/ou agroindustriais de pequeno porte que possam ser utilizadas como atrativos, devido aos sistemas e técnicas de produção alternativas empregadas, incluindo as atividades de educação ambiental e a participação direta do visitante nas práticas produtivas;

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VI - comercialização de artesanato produzido, preferencialmente, a partir de matérias-primas e tradições locais e/ou regionais;

VII - práticas de valorização do patrimônio histórico-cultural, material e imaterial seja através da visitação a locais e edificações patrimoniais de natureza cultural, arquitetônica e paisagística, seja pela fruição de práticas e bens artísticos, folclóricos e gastronômicos, dentre outras;

VIII - eventos festivos e ou promocionais realizados em comunidades e/ou propriedades familiares que estejam integrados ao desenvolvimento e à cultura regionais, capazes de promover a comercialização de produtos e serviços, assim como a divulgação e valorização dos atrativos existentes.

Art. 5º As atividades descritas no artigo 4º desta lei são consideradas

associadas e complementares às atividades agropecuárias, sendo sujeitas ao mesmo tratamento fiscal e tributário, no âmbito estadual.

Art. 6º As iniciativas de apoio do poder público estadual ao TRAF deverão

estar alicerçadas e comprometidas com os seguintes princípios: I - desenvolvimento do turismo ambientalmente sustentável; II - promoção do TRAF como fator de inclusão social e de revitalização do

território rural; III - incentivo à diversificação da produção e ao desenvolvimento do TRAF

de forma complementar às demais atividades produtivas; IV - estimulo à produção agroecológica e/ou orgânica; V - fomento à comercialização direta aos visitantes dos produtos associados

ao TRAF ofertados pelos agricultores envolvidos; VI - promoção da capacitação de agricultores familiares, inclusive dos jovens

rurais, para o desenvolvimento de atividades e serviços relacionados ao TRAF; VII - valorização e resgate do artesanato local/regional, do modo de vida

rural, dos eventos típicos e da convivência do visitante com a família do agricultor familiar; VIII - fortalecimento dos territórios rurais, com a preservação das paisagens

culturais associadas e o fomento às formas associativas de organização social; IX - promoção da participação efetiva dos agricultores familiares nos

processos de planejamento e implantação do TRAF; X - incentivo ao desenvolvimento da atividade a partir da unidade territorial

de planejamento TRAF, inclusive na formatação de circuitos, roteiros, rotas e de outros produtos turísticos;

XI - fomento à criação e/ou implantação de planos municipais de desenvolvimento do turismo que contemplem o segmento TRAF.

Art. 7º Fica o Poder Executivo autorizado a definir as linhas de apoio

financeiro, incentivo fiscal e técnico-administrativo ao TRAF no Estado de Santa Catarina. Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Sala das Sessões, em

Deputado Décio Góes

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ANEXO B - LEI Nº 15.143 DE 31/05/2006

SÚMULA: Define as atividades turísticas que especifica, como atividades de “Turismo Rural na Agricultura Familiar”.

A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná Decretou e eu sanciono a seguinte lei:

Art. 1º - Fica definido como atividades de Turismo Rural na Agricultura Familiar (TRAF) todas as atividades turísticas que ocorrem na unidade e produção dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem estar aos envolvidos. Art. 2º - Considera-se como atividades de turismo rural na agricultura familiar (TRAF) as seguintes formas de ocorrência: I - Comercialização de produtos alimentícios in natura de origem local; II - Comercialização de produtos transformados, os produtos de origem animal (ex: queijo, leite, embutidos, etc) e os produtos de origem vegetal (ex: doces, conservas, pães) são oferecidos aos visitantes, enfatizando o processo de produção dos mesmos. III - Comercialização de Artesanato, as práticas de produção com aproveitamento de produtos, resíduos ou não, de origem vegetal, animal ou mineral IV - Produção Rural, onde as atividades produtivas da propriedade são utilizadas como atrativos, por meio de demonstrações sobre as técnicas de produção, onde o turista também pode interagir fazendo parte do processo, como exemplo em atividades de campo em pomares, leiterias, apiários, pesque-pagues, criações de animais em geral, áreas de agricultura orgânica, vinícolas, alambiques, entre outras. V - Educação Ambiental, as atividades executadas em propriedades especializadas em receber grupos (normalmente de crianças, adolescentes e jovens), que encontram atividades educativas ligadas ao meio ambiente e/ou atividades agrícolas, ambas de cunho educativo. VI - Serviços de Lazer: atividades que proporcionam entretenimento aos visitantes, comumente relacionadas à práticas físicas e passeios a locais de interesse natural ou cultural. Ex: cavalgadas e caminhadas à instalações de fazendas (de interesse histórico ou tecnológico), cachoeiras, grutas, bosques, caminhos históricos, e; pesca em tanques e rios. VII - Serviços de Alimentação, ocorrem em estabelecimentos como restaurantes e cafés coloniais, que oferecem alimentação típica ou de preparo especial, sendo normalmente situados em locais estratégicos, próximo a outros atrativos. Este segmento utiliza-se e valoriza as características locais, visando a originalidade do atrativo gastronômico. Os alimentos oferecidos pelas unidades procuram estabelecer um resgate da culinária local, resgatando e utilizando-se de receitas e de preparos dos alimentos que estão em desuso pela sociedade urbana. VIII - Serviços de Hospedagem: ocorrem em pousadas, hospedarias, entre outros estabelecimentos que estejam envolvidos com a produção rural. Oferecem atendimento personalizado ao hóspede. IX – Serviços Ambientais em Áreas Naturais, as áreas localizadas no meio rural, protegidas legalmente (Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, Reserva Particular do

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Patrimônio Natural) ou desprovidas de tais normas jurídicas, que se transformam em atrativos turísticos de importância regional, agregando inclusive, a questão da consciência ecológica aos turistas. Estas áreas, públicas ou privadas, são atrações turísticas que têm demanda considerável, podendo beneficiar agricultores familiares localizados nas proximidades. Em algumas unidades de conservação contempla-se nos planos de manejo, a possibilidade desta parceria. Em contrapartida, os agricultores passam a desenvolver um sistema de produção menos impactante para o meio. X - Arredores da Unidade Familiar: os produtores familiares se beneficiam de sua localização próxima a um atrativo natural, para se integrarem ao processo econômico do Turismo regional. XI - Patrimônio Histórico, é a manifestação importante da história da agricultura e das comunidades de uma localidade ou região, que se valoriza com a proposta do turismo, com os projetos de recuperação, uso compatível com o seu objetivo e com a inserção de capital público e privado. Ex: arquitetura típica (igrejas, construções históricas), equipamentos (moinhos, armazéns, adegas), folclore, gastronomia típica, artes, dentre outras. XII - Centros de Pesquisa Tecnológica: proporcionam a difusão de tecnologias ao meio rural, realização de pesquisas e promoção de eventos, contribuem para a ampliação da proposta do turismo, uma vez que atraem público, em sua maioria de técnicos. XIII – Eventos diversos promovidos em comunidades e/ou propriedades familiares, por meio de festas regionais - de cunho religioso e/ou cultural - eventos técnicos científicos, feiras de produtos e exposições agropecuárias. Ocorrem em situações diversas, promovendo a cultura local, e ao mesmo tempo, integrando-se à proposta de desenvolvimento econômico da região. Artigo 3º - As atividades do Turismo Rural na Agricultura Familiar estão alicerçadas e comprometidas com os seguintes princípios: a) Ser um turismo ambientalmente correto e socialmente justo; b) Incentivar a diversificação da produção e propiciar a comercialização direta dos produtos locais, ofertados pelo agricultor; c) Valorizar e resgatar o artesanato regional, a cultura da família do campo e os eventos típicos do meio rural; d) Contribuir para a revitalização do território rural e para o resgate e melhoria da auto-estima dos agricultores familiares; e) Ser desenvolvido preferencialmente de forma associativa e organizada no território. f) Ser complementar às demais atividades da unidade de produção familiar; g) Proporcionar a convivência entre os visitantes e a família rural; h) Estimular as atividades produtivas com enfoque no sistema agroecológico; Artigo 4º - Considera-se Agricultura Familiar as unidades produtivas rurais que possuam as seguintes características: a) possuam até 50 (cinqüenta) hectares de área; b) desenvolvam atividades agropecuárias de subsistência; c) os produtores sejam os administradores diretos da propriedade. Parágrafo 1º - Para o enquadramento, considera-se todas as formas de posse da propriedade, mesmo sendo de caráter provisório, como exemplo, arrendatários, posseiros, meeiros, parceiros e assentados rurais. Art. 5º - Considera-se as Unidades de Produção Familiar, as unidades produtivas rurais utilizadas como cenário das atividades de turismo rural, onde o turista interage com o meio. Por meio delas são utilizados uma série de produtos turísticos, em geral, baseados na oferta de atividades de lazer, demonstração tecnológica, comercialização de produtos e serviços, sendo encontrados isoladamente ou em conjunto, por meio de diversos segmentos. Art. 6º - Consideram-se como Unidades de Planejamento de Turismo Rural, o conjunto de unidades produtivas rurais localizadas em uma área geográfica homogênea em valores sociais,

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culturais e atrativos turísticos originados a partir de valores agrícolas, ambientais, culturais e sociais. Parágrafo único: As unidades de planejamento poderão ser denominadas: circuitos, roteiros, rotas, caminhos, linhas, faxinais, trilhas, rios, serras, montanhas, colônias, comunidades, quilombolas, assentamentos, dentre outros termos similares. Art. 7º - As propriedades rurais da agricultura familiar que estiverem desenvolvendo atividades reguladas por esta Lei na data de sua publicação, deverão adequar-se ás suas disposições no prazo de cento e oitenta dias, contados da publicação do decreto que a regulamentar, bem como apresentar relatório circunstanciado à Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento das atividades desenvolvidas em suas propriedades agrícolas. Art 8º - ....vetado.... Art 9º - Fica autorizado a definir as linhas de apoio financeiro e administrativo para incentivo a esta atividade no Estado do Paraná. Art. 10º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

PALACIO DO GOVERNO EM CURITIBA, em 31 de maio de 2006.

Roberto Requião Governador do Estado

Celso Souza Caron Secretario de Estado do Turismo

Rafael Iatauro Chefe da Casa Civil

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ANEXO C - LEI FEDERAL Nº 11.326 DE 24/07/2006

Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei estabelece os conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das políticas públicas direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

Art. 2o A formulação, gestão e execução da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais serão articuladas, em todas as fases de sua formulação e implementação, com a política agrícola, na forma da lei, e com as políticas voltadas para a reforma agrária.

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas

do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas

vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. § 1o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de

condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 2o São também beneficiários desta Lei: I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput

deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes;

II - aqüicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-rede;

III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;

IV - pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente.

Art. 4o A Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais observará, dentre outros, os seguintes princípios:

I - descentralização; II - sustentabilidade ambiental, social e econômica; III - eqüidade na aplicação das políticas, respeitando os aspectos de gênero, geração e

etnia;

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IV - participação dos agricultores familiares na formulação e implementação da política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais.

Art. 5o Para atingir seus objetivos, a Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais promoverá o planejamento e a execução das ações, de forma a compatibilizar as seguintes áreas: I - crédito e fundo de aval; II - infra-estrutura e serviços; III - assistência técnica e extensão rural; IV - pesquisa; V - comercialização; VI - seguro; VII - habitação; VIII - legislação sanitária, previdenciária, comercial e tributária; IX - cooperativismo e associativismo; X - educação, capacitação e profissionalização; XI - negócios e serviços rurais não agrícolas; XII - agroindustrialização. Art. 6o O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que for necessário à sua aplicação. Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de julho de 2006; 185o da Independência e 118o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

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ANEXO D - LEI ESTADUAL Nº 8.676 DE 17/06/1992

Dispõe sobre a política estadual de desenvolvimento rural e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA,

Faço saber a todos os habitantes deste Estado que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO IDOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º - A política de desenvolvimento rural fundamenta-se nos seguintes pressupostos:

I - no reconhecimento da importância do trabalho familiar da pequena e média produção agrícola, pecuária, florestal, pesqueira e agroindustrial, bem como suas respectivas formas associativas;

II - na efetiva participação dos beneficiários na formulação e execução das políticas que definirão os rumos do meio rural e pesqueiro;

III - na compatibilização das políticas adotadas, com as normas e princípios de proteção do meio ambiente e conservação dos recursos naturais;

IV - na disponibilidade de recursos e serviços públicos destinados a atender as demandas de trabalhadores e produtores rurais e pescadores artesanais;

V - na obtenção de níveis de rentabilidade compatíveis com os de outros setores da economia.

Art. 2º - O desenvolvimento rural do Estado englobará:

I - as ações e instrumentos de política agrícola;

II - as políticas relacionadas com a infra-estrutura econômica e social;

III - a política agrária;

IV - as políticas de abastecimento.

§ 1º - A política de desenvolvimento rural interage diretamente sobre as atividades agropecuárias, agroindustriais, pesqueiras e florestais,

§ 2º - Entende-se por atividade agrícola a produção, o processamento e a comercialização dos produtos, subprodutos e derivados, serviços e insumos agrícolas, pecuários, florestais e pesqueiros.

Art. 3º - São objetivos da política de desenvolvimento rural:

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I - proporcionar condições dignas de vida às famílias de trabalhadores e produtores rurais e pescadores artesanais ;

II - aumentar a capacidade técnica e gerencial de trabalhadores e produtores rurais e pescadores artesanais, de forma a elevar o nível de eficiência econômica das atividade, desenvolvidas;

III - estimular o desenvolvimento das unidades familiares de produção e a diversificação das pequenas e médias agroindústrias;

IV - adotar uma política agrária que busque a democratização e a otimização da estrutura latifundiária estadual;

V - estimular e apoiar a organização, tanto da produção quanto dos diversos segmentos que compõem a população rural e pesqueira;

VI - proteger o meio ambiente e garantir o uso racional dos recursos naturais;

VII - garantir o acesso da família rural e pesqueira aos serviços essenciais como a educação, saúde, habitação, saneamento, eletrificação, transporte, comunicação, segurança pública e lazer;

VIII - garantir o abastecimento interno do Estado.

Art. 4º - São ações e instrumentos da política de desenvolvimento rural:

I - planejamento e informação agrícola;

II - política agrária;

III - política pesqueira e agrícola;

IV - pesquisa e assistência técnica e extensão rural e pesqueira;

V - fomento à produção;

VI - defesa sanitária animal e vegetal;

VII - proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos recursos naturais;

VIII - comercialização, abastecimento e industrialização;

IX - crédito rural e fundiário:

X - seguro agrícola;

XI - associativismo e cooperativismo;

XII - recursos para o desenvolvimento rural;

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XIII - disponibilidade de infra-estrutura .

CAPITULO IIDA ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Art. 5º - Fica instituído o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural, vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, com as seguintes atribuições:

I - propor medidas de desenvolvimento rural, acompanhando e avaliando sua implementação;

II - definir as prioridades a serem estabelecidas nos planos anual e plurianual de desenvolvimento rural;

III - definir as políticas estaduais de pesquisas, de assistência técnica e extensão rural, de fomento à produção agropecuária, e de defesa sanitária animal e vegetal;

IV - definir as políticas estaduais para a pesca e agricultura;

V - definir a política agrária para o Estado;

VI - definir as políticas e programas de apoio ao setor rural;

VII - controlar a execução da política de desenvolvimento rural, especialmente no que se refere ao cumprimento dos seus objetivos, bem como a utilização adequada dos recursos pertinentes;

VIII - supervisionar a gestão do Fundo de Terras, do Fundo Estadual de Desenvolvimento Agrícola, e do Fundo Estadual de Pesquisa Agropecuária,

IX - propor e decidir sobre a implantação de programas específicos, utilizando recursos especiais destinados à agricultura;

X - decidir sobre propostas de ajustamento ou alteração da política de desenvolvimento rural;

XI - compatibilizar as políticas de desenvolvimento rural com a política de proteção do meio ambiente e conservação dos recursos naturais;

XII - integrar esforços dos setores públicos e privados, na defesa dos interesses da agricultura estadual;

XIII - atuar articuladamente com o Conselho Nacional de Política Agrícola e com Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural.

Art. 6º - São integrantes do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural:

I - o Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento;

II - dois representante de Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento;

III - um representante de Secretaria de Estado da Fazenda e Planejamento;

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IV - um representante do Sistema Financeiro Estadual;

V - um representante da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Desporto;

VI - um representante da Secretaria de Estado da Saúde;

VII - um representante da Diretoria Federal da Agricultura e Reforma Agrária;

VIII - um representante do órgão estadual do meio ambiente e conservação dos recursos naturais;

IX - um representante do Procon;

X - um representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina - FETAESC;

XI - um representante da Federação de Agricultura do Estado de Santa Catarina - FAESC;

XII - um representante de Federação dos Pescadores do Estado de Santa Catarina FEPESC;

XIII - um representante da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina ¿ OCESC;

XIV - um representante do Grupo de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo em Santa Catarina - CEPAGRO;

XV - um representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Santa Catarina;

XVI - um representante da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina ligados ao setor agroindustrial;

XVII - um representante da Bolsa de Mercadorias e Cereais de Santa Catarina;

XVIII - um representante das entidades dos técnicos e profissionais da área.

§ 1º - O Conselho será presidido pelo Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento.

§2º - O Conselho definirá Câmaras setoriais de apoio ao desenvolvimento dos seus trabalhos, com a participação paritária de representantes do Governo e da sociedade civil, cuja instalação se dará por ato do Secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento.

§ 3º - O Governo do Estado estimulará a citação de Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural.

CAPÍTULO IIIDO PLANEJAMENTO E INFORMAÇÃO AGRÍCOLA

Art. 7º - O planejamento agrícola será realizado observando o disposto no art. 174 da Constituição Federal e 144 da Constituição Estadual, de forma democrática e participativa, através dos planos anual e plurianual de desenvolvimento, e submetido ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural.

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§ 1º - A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento implementará um sistema de orçamento vinculado ao planejamento setorial com normas e procedimentos que assegurem à adoção de critérios econômicos, sociais , e administrativos, na definição de prioridades nos planos plurianual e anual bem como um sistema de acompanhamento e avaliação da execução.

§ 2º - Os planos deverão prever a integração das atividades de produção e de transformação dos setores agropecuários, pesqueiro e florestal, bem como a destinação de recursos planos municipais de desenvolvimento rural.

Art. 8º - A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento elaborará, manterá e divulgará, periodicamente, informações sobre o desempenho dos setores agropecuária, pesqueiro e florestal, que servirão de base para o planejamento de produção e sua comercialização, especialmente:

I - monitoramento de safras e mercados;

II - índices de preços agrícolas e estatística agrícola;

III - preços dos insumos, máquinas, mão-de-obra, equipamentos e serviços destinados ao setor agrícola, pesqueiro e florestal;

IV - custos de produção, processamento e distribuição;

V - preços dos principais produtos, a nível de produto; atacado e varejo;

VI - alerta, demanda e capacidade de estocagem dos principais produtos.

CAPÍTULO IVDA POLÍTICA AGRÁRIA

Art. 9º - A Política Agrária Estadual será executada em conjunto com a União e os Municípios, devendo ser submetida ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural.

Art. 10 - São instrumentos da Política Agrária do Estado:

I - Fundo de Terras;

II - realização de estudos e diagnósticos relacionados com a questão fundiária, indicando áreas apropriadas à reforma agrária ou à aquisição pelo Estado, bem como áreas carentes de ordenamento fundiário;

III- desenvolvimento de programas de apoio à infra-estrutura, produtiva e social destinados aos assentamentos fundiários.

Parágrafo único - O Estado criará estrutura própria, centralizando a execução da política

Art. 11 - O Fundo de Terras tem por objetivo a compra e venda de terras, para fins de reordenamento fundiário e de assentamento de agricultores.

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§ 1º- Para fins de reordenamento fundiário e assentamento de agricultores, poderão ser utilizadas:

I - terras públicas e devolutas ora existentes e outras que se reintegrarem ao patrimônio público, em função do processo de revisão de concessões, vendas ou doações;

II - terras adquiridas pelo Governo do Estado;

III - terras tomadas pelas instituições financeiras estaduais, a título de cobrança de dívida.

§2º São recursos do Fundo de Terras:

I - os constantes do orçamento do Estado;

II - os resultantes de operações relativas a convênios, acordos e contratos com associações e cooperativas;

III - as dotações, contribuições, subvenções e auxílios especificamente destinados pelo poder público.

CAPITULO VDA POLÍTICA PESQUEIRA E AQÜÍCOLA

Art. 12 - A política pesqueira e aqüícola tem por finalidade o desenvolvimento da pesca e da aqüicultura, promovendo a interação dos produtores com os organismos públicos e privados que atuam no setor.

Parágrafo único - A política pesqueira e aqüícola contempla todo o processo de exploração e aproveitamento de recursos pesqueiros, nas fases de captura, cultivo, extração, conservação, armazenamento, beneficiamento, transformação e comercialização, bem como as atividades de pesquisa, assistência técnica, regulamentação e fiscalização.

Art. 13 - O Estado concorrentemente com a União deverá:

I - realizar o macrozoneamento costeiro, objetivando disciplinar o seu uso;

II - fiscalizar as atividades da pesca e aqüicultura;

III - normatizar e disciplinar, a atividade da pesca e aqüicultura definindo:

a) áreas, épocas, equipamentos e apetrechos de captura mais adequados à prática da pesca;

b) tamanho mínimo do pescado;

c) critérios para habilitação ao exercício da pesca profissional e amadora;

d) normas e critério para estabelecer período de defesa;

IV - estabelecer e delimitar juntamente com os Municípios, áreas específicas no litoral para instalação de benfeitorias exclusivas e prioritárias à atividade pesqueira e aqüícola;

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V - emitir portarias relativas ao reordenamento da pesca e da aquicultura, submetendo-os ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural.

Art. 14 - Na execução desta política, cabe ao Estado:

I - apoiar e incentivar a organização do pescador e aqüicultor em formas associativas, com o objetivo de beneficiá-los em todo o processo de exploração e aproveitamento dos recursos pesqueiros e aqüícolas;

II - promover pesquisas voltadas para a pesca e aqüicultura, nos aspectos tecnológico, econômico, ecológico e social:

III - manter serviço de assistência técnica e extensão pesqueira;

IV - criar instrumentos de apoio à comercialização, tais como feiras e outros congêneres;

V - inclusão nos currículos de 1º e 2º Graus de matérias voltadas à atividade, nas comunidades pesqueiras.

CAPÍTULO VIDA PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL

Art.15 - O Governo do Estado implementará programas de pesquisas com o objetivo de gerar e adaptar tecnologias, visando o aumento da produtividade e rentabilidade das atividades agropecuárias, pesqueiras e florestais, considerando a preservação ambiental em consonância com o Plano de Desenvolvimento Rural.

Parágrafo único - A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, deverá desenvolver e consolidar o sistema estadual de pesquisa, estruturando de forma integrada e cooperativa , uma rede constituída pelos centros de ensino universitário e demais instituições voltadas ao meio rural.

Art. 16 - O Governo do Estado manterá, com o apoio da União e dos Municípios, serviço de assistência técnica e extensão rural e pesqueira, de caráter educativo, objetivando difundir tecnologias necessárias à viabilização econômica e social das unidades produtivas, à conservação dos recursos naturais e à melhoria das condições de vida estimulando e apoiando a participação e organização da população rural e pesqueira.

Parágrafo único - Nos Municípios, o serviço a que se refere este artigo, será executado de acordo com o disposto nos Planos Municipal e Estadual de Desenvolvimento Rural, sob a coordenação da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento.

CAPITULO VIIDA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE E DA CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

Art. 17 - A Política de proteção do meio ambiente e conservação dos recursos naturais, será submetida ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural, devendo conter programas específicos de conservação e manejo do uso do solo e da água, de desenvolvimento florestal, de tratamento de dejetos e efluentes, de recuperação de áreas degradadas ou em degradação, com a participação da iniciativa privada.

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Art. 18 - O Estado estimulará , nas propriedades rurais, a formação e manutenção de vegetação de preservação permanente, de florestas extrativas e de reflorestamento.

Parágrafo único ¿ Nas propriedades com total capacidade de uso para lavoura anual, a área silvestre mínima poderá localizar-se fora das mesmas, porém nos limites da respectiva bacia hidrográfica.

Art. 19- O Estado, observada a legislação federal, implementará:

I - política de preservação, recuperação e uso racional dos recursos naturais;

II - normatização e fiscalização do uso do solo, da água, fauna e flora;

III - zoneamento agroecológico estabelecendo critérios para ordenamento da ocupação espacial pelas atividades produtivas rurais;

IV - reservas de preservação permanente, visando à proteção do patrimônio genético representado pelas espécies nativas.

Art. 20 - As bacias hidrográficas constituem unidades básicas para o planejamento e uso, conservação e recuperação dos recursos naturais.

Art. 21 - O Estado disciplinará o uso de insumos agropecuários que ofereçam riscos ao meio ambiente, ressalvados os constantes na Lei n.º 6.452, de 19 de novembro de 1984.

CAPÍTULO VIIIDA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

Art. 22 - Compete ao Estado:

I - executar a política estadual de fomento, de saúde animal, de defesa sanitária e de melhoramento da produção animal e vegetal;

II - manter serviço de vigilância sanitária e defesa agropecuária em cada município, visando à prevenção, o controle e a erradicação de doenças, pragas e infestações parasitárias;

III - inspecionar e fiscalizar os produtos, derivados e subprodutos de origem animal e vegetal, bem como os insumos e estabelecimentos agropecuários;

IV - estimular a realização de feiras, certames e exposições, visando o melhoramento animal;

V - prestar serviços de análises laboratoriais.

Parágrafo único - O Estado poderá, supletivamente, produzir insumos básicos às atividades agropecuárias e pesqueiras.

CAPITULO IXDA COMERCIALIZAÇÃO E DO ABASTECIMENTO

Art. 23 - O Estado capacitará e orientará os agricultores e pescadores para a correta comercialização e abastecimento da produção, prioritariamente, através das suas organizações.

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Art. 24 - O Estado, visando o abastecimento urbano, manterá com o município, de forma permanente, regional e articulada, instrumentos de comercialização direta entre produtores e consumidores.

Parágrafo único - São instrumentos de comercialização:

I - feiras, leilões e outros congêneres;

II - centrais de abastecimento.

Art. 25 - Excepcionalmente o Estado executará o abastecimento em favor da população carente quando o estrangulamento do abastecimento tornar-se flagrante, desde quer reconhecida pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural.

Art. 26 - Observada a legislação federal, a comercialização de produtos vegetais e animais, subprodutos, derivados e seus resíduos de valor econômico, far-se-á atendendo aos padrões de qualidade e sanidade, estabelecidos oficialmente, cabendo ao Estado a sua fiscalização, inspeção e classificação.

Parágrafo único - A classificação poderá ser executada diretamente pelo Estado, por delegação ou subdelegação deste.

CAPÍTULO XDA AGROINDÚSTRIA

Art. 27 - O Estado estabelecerá política de apoio à industrialização de produtos agropecuários observando o seguinte:

I - localização das unidades industriais preferencialmente na própria comunidade rural;

II - desenvolvimento de serviço de orientação técnica e gerencial voltado às pequenas agroindústrias;

III - fomento à produção de matéria-prima agroindustrial;

IV - incentivos às pequenas agroindústrias.

CAPÍTULO XIDO ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO

Art. 28 - O Estado apoiará a organização dos produtores e trabalhadores rurais e pescadores artesanais, em associações e cooperativas que permitam a sua maior participação na formulação de políticas para o setor, e sua integração no mercado de produtos, insumos e serviços, mediante:

I - inclusão de matérias voltadas ao associativismo e cooperativismo, nos currículos de 1º e 2º graus;

II - promoção de atividades educativas que visem à preparação associativista e cooperativista no meio rural;

III - integração entre os diversos segmentos cooperativistas.

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CAPITULO XIIDO CREDITO RURAL E FUNDIÁRIO

Art. 29 - O Estado estabelecerá políticas e programas de financiamento voltados às atividades rurais, constantes nos planos anual e plurianual, cujas prioridades serão definidas pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural.

Art. 30 - Os recursos para aplicação no meio rural disponíveis nas instituições financeiras públicas estaduais, cuja definição esteja na sua alçada de competência, serão direcionados exclusivamente aos pequenos e médios agricultores ou às suas formas associativas e, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) do montante direcionados para o financiamento de investimentos nas propriedades rurais.

Parágrafo único - A aplicação dos recursos estabelecidos no "caput" deste artigo, será orientada por empresa de assistência técnica ou profissional legalmente habilitado.

Art. 31 - Nas operações de crédito rural destinados a financiar atividades rurais, que sejam prioritárias no Plano Estadual de Desenvolvimento Rural, o Estado garantirá aos beneficiários a aplicação da equivalência produto, desde que não cobertas pelo Governo Federal.

Art. 32 - O Estado implementará política de crédito fundiário com vistas à aquisição de terras para a formação ou ampliação de propriedade rural, bem como à infra-estrutura necessária ao desenvolvimento das atividades agropecuárias.

§ 1º - Terão acesso ao crédito estabelecido no "caput" deste artigo, os minifundiários, os trabalhadores rurais sem-terra, os pescadores artesanais e, ainda, suas associações ou cooperativas.

§ 2º - O crédito fundiário efetivar-se-á através do Fundo de Terras do Estado.

§ 3º - A área máxima financiável será estabelecida pelo plano técnico de exploração, não devendo ultrapassar o limite do módulo rural.

CAPÍTULO XIIIDO SEGURO AGRÍCOLA

Art. 33 - Fica criado o Sistema Estadual de Seguro Agrícola, complementar à política de seguro agrícola e de garantia da atividade agropecuária do Governo Federal, destinado a cobrir os prejuízos decorrentes de fenômenos e acontecimentos naturais, desde que imprevisíveis e fora do controle humano ou dos recursos colocados à disposição do agricultor.

§ 1º - O Sistema Estadual de Seguro Agrícola deverá respeitar o zoneamento agroclimático e, na sua operacionalização, incentivar a adoção de tecnologias que reduzam os riscos das atividades agropecuárias, florestais e pesqueiras.

§ 2º - O Estado, na operacionalização do seguro agrícola, deverá dispor de mecanismos que incentivem a sua doação pelos pequenos e médios agricultores ou suas entidades associativas.

§ 3º - O seguro agrícola poderá ser executado pelo Estado direta ou indiretamente, observando a legislação pertinente.

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§ 4º - O Poder Executivo Estadual, constituirá comissão específica para, num prazo de 180 (cento o oitenta) dias, a contar da data da publicação desta Lei, regulamentar a implantação do Sistema Estadual de Seguro Agrícola.

CAPÍTULO XIVDA INFRA-ESTRUTURA RURAL

Art. 34 - O Estado implementará equipamentos de, infra-estrutura econômica e social na área rural, que assegurem aos produtores e trabalhadores rurais e pescadores acesso aos benefícios:

I - eletrificação rural;

II ¿ captação e distribuição de água;

III - saneamento básico;

IV - telefonia rural;

V - estradas de acesso e escoamento da produção;

VI - creches e escolas dotadas de currículo e calendário compatíveis com as atividades rurais.

VII - postos de saúde e acesso à rede hospitalar.

Parágrafo único - O Governo do Estado, na forma da Lei, incluirá representantes dos produtores e trabalhadores rurais e pescadores nos Conselhos Estaduais de Saúde e Educação.

CAPÍTULO XVDOS FUNDOS PARA O DESENVOLVIMENTO

Art. 35 - Fica criado o Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural, cuja aplicação será definida pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural, objetivando:

I - constituir-se em fonte de recursos financeiros para execução das ações e instrumentos de política agrícola previstos nos planos anual e plurianual de desenvolvimento rural;

II - tornar-se fonte de recursos para execução de ações emergenciais, definidos pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural.

Art. 36 - O Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural será operacionalizado através dos programas:

I - de fomento à produção agropecuária, florestal e pesqueira;

II - de equivalência produto;

III - de conservação e manejo do solo e da água;

IV - de seguro agrícola;

V - de desenvolvimento à pesca e a aqüicultura;

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VI - de fomento às pequenas agroindústrias;

VII - outros não especificados nesta Lei.

Art. 37 - Constituem fontes de recursos deste Fundo:

I - os recursos oriundos do Fundo Agropecuário - FAP, do Fundo de Estímulo ao Produtor Rural - FUNDEPROR e do Programa de Conservação e Manejo do Solo e da Água - PROSOLO, extintos por esta Lei;

II - os recursos orçamentários a ele destinados;

III - os resultados totais provenientes de suas operações;

IV - os recursos destinados pelo poder público;

V - os recursos de financiamento bancário,

VI - os recursos oriundos de doações, legados ou contribuições;

VII - os recursos provenientes da Caderneta de Poupança Rural;

VIII - 10% (dez por cento) da receita líquida da Loteria Estadual;

IX - (VETADO).

Art. 38 - São instrumentos de ação da política de desenvolvimento rural:

I - Fundo de Terras;

II - Fundo Rotativo de Estimulo à Pesquisa Agropecuária, criado pela Lei n.º 8.519, de 08.01.92;

III - Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural.

Art. 39 - São fontes de recursos para o desenvolvimento rural:

I - dotações orçamentárias, nunca inferiores à metade da participação relativa setorial da formação do PIB do exercício anterior;

II - recursos financeiros de origem externa decorrentes de empréstimos, acordos, convênios e outros;

III - recursos oficiais federais destinados ao setor agrícola;

IV - recursos bancários vinculados aos programas de desenvolvimento e ao crédito Rural;

V - outros recursos destinados ao setor agrícola.

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CAPÍTULO XVIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 40 - Ficam extintos a partir da regulamentação desta Lei os seguintes Fundos:

I - o Fundo Agropecuário ¿ FAP;

II - o Fundo de Estímulo ao Produtor Rural ¿ FUNDEPROR;

III - o Fundo de Ação Rural Catarinense - FUNARU;

IV - o Programa de Conservação e Manejo do Solo e da Água ¿ PROSOLO.

Art. 41 - O Estado instituirá a participação paritária da sociedade civil organizada e do poder público, junto ao Conselho de Administração das Empresas Públicas vinculadas à Secretaria de Estado da Agricultura a Abastecimento.

Art. 42 - Ato do Poder Executivo regulamentará a presente Lei, no prazo de 90 (noventa) dias a contar da sua publicação.

Art. 43 - Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 44 - Revogam-se as disposições em contrário.

Florianópolis, 17 de junho de 1992

VILSON PEDRO KLEINÜBING Governador do Estado

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PARTE II

Relatório de Estágio

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1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E DO ALUNO

1.1 Dados da empresa

1.1.1 Dados da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte – SOL

• Razão Social: Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte – SOL;

• CGC/MF: 05.521.532/0001-98;

• Inscrição Estadual: Isento

• Nome Fantasia: Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte – SOL;

• Endereço completo: Rua: Eduardo Gonçalves D’avila - Bairro: Itacorubi, nº 303,

CEP: 88034-496, Florianópolis – SC;

• Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte: Gilmar Knaesel;

• Supervisores de Estágio (na empresa): Elisa Sant’Ana Wypess de Liz

1.1.2 Dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S/A -

EPAGRI

• Razão Social: Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S/A -

EPAGRI;

• CGC/MF: 83.052.191/0001-62;

• Inscrição Estadual: 250.403.498;

• Nome Fantasia: Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S/A

EPAGRI;

• Endereço completo: Rua: Rodovia Ademar Gonzaga - Bairro Itacorubi

Nº1.347, CEP: 88034-901, Florianópolis – SC;

• Presidente: Murilo Xavier Flores;

• Supervisores de Estágio (na empresa): Luiz Toresan

1.2 Dados do aluno

• Nome: Rodrigo Borsatto Sommer da Silva;

• RG: 3.962.042;

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• CPF: 00900-3829-02;

• Endereço: Rua Jaú Guedes da Fonseca, 175, ap 104. CEP 88080-080, Coqueiros,

Florianópolis – SC;

• Telefone: (48) 3244-8507/8429-0186

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2 JUSTIFICATIVA

A faculdade é certamente a maior expressão de individualidade que se pode observar

na vida escolar de um aluno, por formatar um caminho unilateral que a diferencia de tudo o

que foi vivenciado nas esferas dos ensinos fundamental e médio.

A partir do ingresso em um curso de ensino superior, diversos desafios são lançados

aos alunos, decorrentes do volume de conhecimentos gerados em sala de aula, resultando nas

consciências estudantis o desejo de sonhar, planejar, objetivar, e determinar a área de atuação

profissional. Por conta disso, inicia-se a busca por um espaço no mercado de trabalho,

fundamentado pelos conteúdos ministrados ao longo dos semestres, que fornecem as

possibilidades de escolhas e adequações de perfis que se direcionam às diversas áreas de

atuação.

Consegue-se então perceber a importância do estágio que em sua magnitude busca a

“integração da teoria/prática vivenciada e inserida em um contexto envolvendo diferentes

visões e dimensões da realidade (social, econômica, política, cultural, ética) que possibilita a

formação de um profissional apto a enfrentar desafios”. (BISSOLI, 2002, p.15).

Além disso, o estágio possui caráter obrigatório e não obrigatório, sendo que o estágio

obrigatório dos cursos de turismo e hotelaria faz parte de um pré-requisito, por os pedagogos

entenderem que a relação teoria/prática torna-se indispensável aos futuros turismólogos.

Sendo assim, as atividades do Estágio Supervisionado estão fundamentadas na Lei no

6.494, de 07/12/1977, regulamentada pelo Decreto no 87.497, de 18/08/1982, Pareceres

normativos CST no 326, de 06/05/1971, Resolução 015/CONSUN/CaEn/04 da Universidade

do Vale do Itajaí e pelas normas administrativas aprovadas pela Coordenação do curso de

Turismo e Hotelaria.

É imprescindível falar sobre a importância da tríplice aliança da sustentação

facultativa, vistas na forma de ensino, pesquisa e extensão, que certamente atuam na

lapidação do aluno direcionadas a compreensão dos sistemas sociais, culturais, ambientais,

econômicos e tecnológicos convergentes junto ao estágio ao um processo de evolução

intelectual e moral do indivíduo.

O Plano Nacional de Extensão Universitária (2001, p.05) apresenta a importância da

integração entre essas três linhas universitárias:

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Com relação à pesquisa, reconhece-se um leque bastante diversificado de possibilidades de articulação do trabalho realizado na universidade com setores da sociedade. Assume interesse especial a possibilidade de produção de conhecimento na interface universidade/comunidade, priorizando as metodologias participativas e favorecendo o diálogo entre categorias utilizadas por pesquisados e pesquisadores, visando à criação e recriação de conhecimentos possibilitadores de transformações sociais, em que a questão central será identificar o que deve ser pesquisado e para quais fins e interesses se buscam novos conhecimentos. Quanto ao ensino, discute-se e aprofunda-se um novo conceito de sala de aula, que não se limite ao espaço físico da dimensão tradicional, mas compreende todos os espaços, dentro e fora da universidade, em que se realiza o processo histórico-social com suas múltiplas determinações, passando a expressar um conteúdo multi, inter e transdisciplinar, como exigência decorrente da própria prática.

Certamente os cursos ligados à área de conhecimento das ciências sociais aplicadas

são os vértices de aprimoramento das relações interpessoais presentes no cotidiano. Dessa

forma, entende-se que o curso de turismo e hotelaria pertencente a essa área de conhecimento

vem fortalecer a proposta, por exatamente direcionar-se a uma atividade ainda em estudo que

está ligada diretamente à organização e priorização dos movimentos sociais.

O turismo caracteriza-se nesse século como o modelo qualitativo de serviços e

produtos oferecidos, segmentados para atender aos mais diversos desejos dos clientes-turistas.

A responsabilidade apontada ao turismo de principalmente realizar sonhos, deve ser

interpretada como a impulsionadora de desenvolvimento dos recursos humanos, tecnológicos

e físicos para facilitar a evolução dos indicadores socioeconômicos dessa atividade.

Sem dúvida é uma atividade socioeconômica, pois gera a produção de bens e serviços para o homem visando à satisfação de diversas necessidades básicas e secundárias. Em se tratando de uma manifestação voluntária decorrente de mudança ou do deslocamento humano temporário, envolve a indispensabilidade de componentes fundamentais como o transporte, o alojamento, a alimentação e, dependendo da motivação, o entretenimento (LAGE;MILONE, 2000, p.26).

Dessa forma, torna-se fácil entender o motivo de o turismo possuir um leque de áreas

de atuação que possibilitam a realização das atividades estagiárias nos setores de

agenciamento, hospedagem, transportes, alimentação, eventos, câmbio e crédito,

entretenimento, planejamento, pesquisa, marketing, meios de comunicação, patrimônio

cultural, histórico e artístico, informática, educacional e guiamento (BISSOLI, 2002).

Atuando em uma ou mais das áreas citadas acima, o aluno desenvolve competências

necessárias ao mercado de trabalho com capacidade de gerir organizações, planejar as

estruturas territoriais, desenvolver análises financeiras, projetar produtos e serviços turísticos

e melhorar por meio de atuações multi e interdisciplinares a qualidade de vida da população.

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Pode-se caracterizar estágio como o conjunto das atividades de aprendizagem profissional e de complementação de ensino sob a forma de várias modalidades instituídas segundo a especificidade do curso, devidamente orientadas, acompanhas e supervisionadas pela instituição e pela área de estágio como forma de desenvolver, associar e documentar: a aplicabilidade e a construção de teorias e instrumentais de conhecimentos; as habilidades e os valores para saber fazer e; as atitudes que repercutem no posicionamento pessoal diante das exigências social e profissional (BISSOLI, 2002, p. 15).

A partir de então, seguindo uma tendência intrapessoal, o aluno em questão por

vivenciar e elaborar projetos de pesquisa e trabalhos interdisplinares ligados à área de

planejamento, opta por atuar em um dos segmentos mais complexos do turismo.

Sabe-se que planejar é determinar objetivo para entender as prerrogativas do presente

e melhorá-las no futuro. Silva (2000, p. 12) afirma que:

O processo de planejamento deve utilizar uma metodologia integral voltada para a abordagem e estudo de um complexo de variáveis: culturais, sociais, psicológicas, ecológicas, político-legais e econômicas [e que] os elementos do processo de planejamento são: imagem desejada ou imagem objetivo, diagnóstico, fixação de objetivos e metas, determinação de estratégias, determinação de instrumentos e mecanismos de ordenação para os instrumentos.

Tal complexibilidade tornou-se algo atraente frente aos olhos de um acadêmico que

detêm e seus pensamentos e leituras o desejo de beneficiar as pessoas por meio de sua

profissão, oferecendo-as o planejamento turístico do território que habitam. Inicia-se então o

processo de adequação e estudo das organizações públicas envolvidas com o planejamento do

turismo em Santa Catarina. Até o momento que em outubro de 2006 é iniciado o estágio não-

obrigatório na SOL (Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte) que possui a missão

de “promover o desenvolvimento do lazer, com a integração das atividades culturais,

esportivas e de turismo para melhoria da qualidade de vida do catarinense” (SOL, 2007b).

Além disso, havia a necessidade de encontrar um segmento turístico para ser fonte de

estudos mais aprofundados, que se direcionaram ao turismo rural, que constituiu seu início no

território brasileiro, na cidade de Lages (SC).

Descreve-se, dessa forma, a necessidade de fortalecer os laços com a EPAGRI

(Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S/A), que possui

entre suas tarefas o compromisso com o projeto de turismo rural, para melhor entendimento

sobre esse segmento pujante em Santa Catarina.

Têm-se então as duas organizações públicas que farão parte da conclusão acadêmica

desse aluno, fortalecida pelo alto grau de representatividade em Santa Catarina, demonstrando

a importância do poder público na organização do turismo.

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Sendo assim, verifica-se que a atuação do poder público no planejamento turístico

torna-se necessária na medida que crescem o número de núcleos da sociedade organizada que

buscam o desenvolvimento ordenado do turismo em Santa Catarina.

Cabe ao Estado construir a infra-estrutura de acesso e a infra-estrutura básica urbana e prover de uma superestrutura jurídica – administrativa (secretarias e similares) cujo papel é planejar e controlar que os investimentos que o Estado realiza retornem na forma de benefícios para toda a sociedade. (BARRETTO; BURGOS; FRENKEL, 2003, p.33).

A partir dessa conceituação percebe-se a importância da SOL e da EPAGRI no cenário

turístico estadual, no que prima para o desenvolvimento do turismo rural catarinense, sendo

de intensa relevância os conhecimentos adquiridos nessas organização em prol de um futuro

profissional que deve ser consciente de suas atitudes para com as pessoas envolvidas com o

turismo.

Enfim, interpreta-se que o estágio nessas organizações complementará os

conhecimentos adquiridos em sala de aula ao mesmo tempo em que introduzirá novas

estratégias e ações das políticas públicas de turismo do Estado.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Desenvolver atitudes e hábitos profissionais, bem como adquirir, exercitar e aprimorar

conhecimentos técnicos nos campos do Turismo e da Hotelaria.

3.2 Objetivos específicos

• Identificar na literatura especializada os fundamentos teóricos de turismo público;

• Identificar/reconhecer a estrutura administrativa e organizacional da SOL (Secretaria de

Estado de Turismo, Cultura e Esporte) e da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e

Extensão Rural de Santa Catarina);

• Empregar os conhecimentos teóricos nos diferentes setores a serem percorridos durante a

realização do estágio;

• Reunir as informações observadas e vivenciadas no campo de estágio para fins de

relatório e compreensão;

• Processar o relatório de estágio;

• Desenvolver um projeto de pesquisa, exigência parcial para obtenção do título de bacharel

em Turismo e Hotelaria.

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4 DESCRIÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

4.1 Secretaria de estado de turismo, cultura e esporte

4.1.1 Evolução histórica da organização2

A posse em 2003 da nova liderança política-governamental do governo federal e

estadual se iniciou com uma das principais conquistas que o turismo nacional poderia ter, com

a criação de um ministério exclusivo, para atender a pasta de turismo. A disponibilização do

Ministério do Turismo a sociedade foi à vitória de reivindicações dos agentes de interesse

turístico que haviam por muitos anos solicitado uma instituição capaz de conduzir e planejar

as ações de desenvolvimento do turismo brasileiro.

Para estar em sintonia com o governo federal, fortalecendo assim as políticas públicas

de turismo, o estado de Santa Catarina no mesmo ano criou a Secretaria de Turismo Cultura e

Esporte. A secretaria foi criada com a nova vigência de governo, prevista no artigo 52 da Lei

Complementar nº 243, de 30 de janeiro de 2003, publicada no Diário Oficial Nº 17.086, onde

era denominada Secretaria de Estado da Organização do Lazer - SOL. Com a elaboração da

Lei Complementar 284 de 28 de março de 2005, esta Secretaria passou a se chamar Secretaria

de Estado da Cultura, Turismo e Esporte, e em 2007, devido a quarta reforma administrativa

do Estado, é modificado pela terceira vez a nomenclatura desta Secretaria, por meio da Lei

Complementar 381 de 07 de maio de 2007, agora denominada Secretaria de Estado de

Turismo, Cultura e Esporte.

Esta já esteve endereçada em três distintas localidades, o primeiro sítio foi o edifício

Ceisa Center localizado no centro de Florianópolis, o segundo foi no Edifício Village Decor

localizado na rodovia SC-401 em Florianópolis e atualmente está instalada em uma edificação

localizada no bairro Itacorubi em Florianópolis. Essas mudanças foram necessários para

diminuir custos, pois os dois sítios anteriores eram disponibilizados ao Estado na forma de

locação, ao passo que essa nova edificação pertence ao governo de Santa Catarina, permitindo

a isenção do pagamento de aluguel.

Cabe a essa secretaria promover o desenvolvimento do lazer com a integração das

atividades culturais, esportivas e de turismo para intensificar o lazer no Estado de Santa

Catarina, bem como promover melhor qualidade de vida a toda sociedade catarinense como

2 Zeverino, 2007, p. 37

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também as demais. A partir desse propósito, foi necessária a vinculação da Fundação

Catarinense de Cultura - FCC, Federação Catarinense de Esportes - FESPORTE, e a Santa

Catarina Turismo - SANTUR.

Os objetivos da secretaria são de coordenar as ações da gestão estratégica, de

disponibilizar bens e serviços públicos, de planejar o desenvolvimento e promover a plena

integração, nas áreas da cultura, turismo e esporte.

4.1.2 Infra-estrutura física atual3

A SOL (Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte) possui sua infra-estrutura

física atual dividida em:

• 1 Sala para Gerência de Recursos Humanos

• 1 Sala para Xérox e Protocolo

• 4 Banheiros

• 1 Sala para Gerência de Apoio Operacional

• 1 Almoxarifado

• 1 Sala para Gerência de Tecnologia da Informação

• 1 Sala para Gerência de Administração, Finanças e Contabilidade

• 1 Sala para Secretária do SEITEC

• 1 Sala para Secretária do Gêstor da Diretoria do SEITEC e Arquivo

• 1 Sala de reunião do SEITEC

• 1 Sala para Gerência de projetos turísticos, Gerência de projetos esportivos e Gerência de

projetos Culturais;

• 1 Sala para o Gestor da Diretoria do SEITEC

• 1 Sala para Gerência de Controle de Projetos Icentivados

• 1 Sala para Consultoria Jurídica

• 1 Sala para Gerência de Planejamento e Avaliação

• 1 Recepção

• 1 Sala para Diretoria do Prodetur/Sul-SC

• 1 Sala para Gabinete do Diretor Geral

• 1 Sala para Assessoria de Comunicação

• 1 Sala para Diretoria de Políticas Integradas do Lazer

• 1 Sala para a Recepção do Gabinete do Secretário 3 Zeverino, 2007, p. 26

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112

• Salas para os Assessores do Gabinete do Secretário

• 1 Sala de Espera

• 1 Sala da Consultoria de Relações com o Mercado

• Estacionamento

• Copa

• Auditório

4.1.3 Infra-estrutura administrativa Na figura abaixo é possível observar a distribuição organizacional da Secretaria de Estado de Turismo,

Cultura e Esporte, delineada para atender as políticas estaduais de turismo, cultura e esporte.

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113

FIGURA 02 – ORGANOGRAMA DA SOL Fonte: SOL, 2007a.

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114

4.1.4 Quadro de recursos humanos

SETOR CARGO Nº de Funcionários

Secretário 1 Assistente do Secretário 2 Assessor de Comunicação 1 Consultor Jurídico 1 Assistente Jurídico 1 Consultor de Relações com o Mercado

1

Consultor Técnico 7 Consultor de Captação de Eventos

1

Consultor de Projetos Especiais

3

Encarregado 1 Cargos Efetivos 2 Digitador(a) 12 Recepcionista 4

Gabinete do Secretário

Estagiário 1 Diretor Geral 1 Assistente do Diretor Geral 2 Gerente de Administração, Finanças e Contabilidade

1

Gerente de Apoio Operacional

1

Gerente de Tecnologia da Informação

1

Gerente de Recursos Humanos

1

Gerente de Planejamento e Avaliação

1

Assessor de Licitação 1 Motorista 2 Contador 1 Digitador(a) 17 Servente 4 Encarregado 2 Recepcionista 2 Office-girl 1 Auxiliar Administrativo 2 Telefonista 1 Copeira 1 Zelador 1

Gabinete Diretor Geral

Estagiário 1

Diretor de Políticas Integradas do Lazer

1

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115

Gerente de Políticas de Cultura

1

Gerente de Políticas do Desporto

1

Gerente de Políticas do Turismo

1

Assistente de Gestão do Lazer

2

Cargo Efetivo 1 Recepcionista 1 Office-Boy 1

Diretoria de Políticas Integradas do Lazer

Estagiário 2 Diretor do SEITEC 1 Gerente de Projetos Culturais 1 Gerente de Projetos Esportivos

1

Gerente de Projetos Turísticos

1

Cargos Efetivos 5 Recepcionista 2

Diretoria do SEITEC

Digitador(a) 8 Diretor do Prodetur/Sul SC 1 Gerente Técnico e de Operações do Prodetur

1

Gerente Financeiro e de Aquisições do Prodetur

1

Gerente de Apoio Logístico do Prodetur

1

Gerente de Ações do Prodetur

1

Office-Boy 1 Recepcionista 1

Diretoria do PRODETUR/SUL SC

Digitador(a) 2 SANTUR Digitador(a) 6

Cargo Efetivo 1 FESPORTE Digitador(a) 1

Conselho Estadual do Turismo

Secretário do Conselho Estadual do Turismo

1

Secretário do Conselho Estadual de Cultura

1 Conselho Estadual de

Cultura Assessora do Conselho Estadual de Cultura

1

Conselho Estadual de Esporte

Secretário do Conselho Estadual de Esporte

1

TOTAL 133 QUADRO 02 - RECURSOS HUMANOS DA SECRETARIA DE ESTADO DO

TURISMO, CULTURA E ESPORTE Fonte: Setor de Recursos Humanos da Secretaria do Estado de Turismo, Cultura e Esporte, 2007.

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116

É importante dizer que os colaboradores referentes a SANTUR e FESPORTE estão

dispostos no quadro de recursos humanos da SOL (Secretaria de Estado de Turismo, Cultura)

e Esporte, devido esses colaboradores desenvolverem atividades inter-relacionadas entre a

SOL e a SANTUR e FESPORTE.

4.1.5 Serviços prestados

A Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte tem no SEITEC e nas gerências

de políticas de turismo, cultura e esporte o principal meio de comunicação com a sociedade,

pois é através desses representações que são enviados projetos das área afins da secretaria

para avaliação e aprovação.

O SEITEC o objetivo de estimular o financiamento de projetos culturais, turísticos e

esportivos especialmente por parte de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à

Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, além de prestar apoio financeiro e financiamento

de projetos voltados à infra-estrutura necessária às práticas da cultura, turismo e esporte,

mediante a administração autônoma e gestão própria dos respectivos recursos, e de projetos

específicos relativos a cada setor apresentados por agentes que se caracterizam como pessoas

físicas ou jurídicas de direito privado, órgãos públicos de turismo, esporte e cultura das

administrações municipais e estadual.

Além do gerenciamento de projetos, cabe aos gestores da secretaria fornecer apoio as

ações gerais que permeiam as três pastas para que se tenha convergências nas atividades

efetuadas.

Para finalizar está sob responsabilidade da SOL avaliar, monitorar e executar as

propostas do PDIL (Plano de Desenvolvimento Integrado do Lazer), documento elaborado

para promover e incentivar o turismo como fator de desenvolvimento econômico e social, de

divulgação, de valorização e preservação do patrimônio cultural e natural, respeitando as

peculiaridades locais, coibindo a desagregação das comunidades envolvidas e assegurando o

respeito ao meio ambiente e à cultura das localidades exploradas, estimulando sua auto-

sustentabilidade.

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117

4.2 Empresa de pesquisa agropecuária e extensão rural de Santa Catarina4

4.2.1 Evolução histórica da organização

A EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

S/A – foi criada em 1991, no bojo de uma profunda reforma administrativa promovida pelo

governo estadual no Serviço Público Agrícola, que fundiu e incorporou numa só instituição os

serviços de pesquisa agropecuária até então desenvolvidos pela EMPASC – Empresa

Catarinense de Pesquisa Agropecuária S.A., de extensão rural pela ACARESC – Associação

de Crédito e Assistência Rural de Santa Catarina, de extensão pesqueira pela ACARPESC -

Associação de Crédito e Assistência Pesqueira de Santa Catarina, além do serviço de fomento

apícola, à cargo do IASC – Instituto de Apicultura de Santa Catarina.

O objetivo da fusão-incorporação, apresentado à sociedade e ao Poder Legislativo, foi

racionalizar os recursos e atividades, aproximando mais os trabalhos de pesquisadores e

extensionistas, em busca de reflexos positivos para o produtor rural. A EPAGRI foi, à época,

constituída como uma sociedade de economia mista, com personalidade jurídica de direito

privado, sob a forma de sociedade por ações, nos termos do art. 99 da Lei Estadual nº 8.245,

de 18.04.1991, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural,

integrante da administração indireta do Estado de Santa Catarina.

O objetivo da EPAGRI é promover a preservação, recuperação, conservação e

utilização sustentável dos recursos naturais. Buscar a competitividade da agricultura

catarinense frente a mercados globalizados, adequando os produtos às exigências dos

consumidores. Promover a melhoria da qualidade de vida do meio rural e pesqueiro.

A estrutura organizacional da EPAGRI compreende, no nível político-estratégico, a

sede administrativa, integrada pelos órgãos deliberativos e de fiscalização, a diretoria

executiva, as gerências estaduais e as assessorias, competindo-lhes a formulação de políticas,

diretrizes, estratégias e o estabelecimento de prioridades; análise da gestão econômico-

financeira; coordenação, avaliação, suporte institucional e articulação interinstitucional.

No nível tático-operacional, compete às gerências regionais – compostas por unidades

de pesquisa, centros de treinamento, campos experimentais e escritórios municipais – o

cumprimento das políticas, diretrizes, estratégias e prioridades; formulação e execução de

projetos; administração dos recursos humanos, materiais e financeiros; articulação e suporte

4 Informações coletadas no site oficial da EPAGRI: Disponível em: <http://www.epagri.rct-sc.br/> Acesso em: 12 set. 2007.

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118

intrarregional; participação nos planos municipais de desenvolvimento rural e na articulação

local.

Em 22 de junho de 2005, a EPAGRI incorporou o Instituto de Planejamento e

Economia Agrícola de Santa Catarina - INSTITUTO CEPA/SC. Na mesma data, a

Assembléia de Acionistas aprovou a transformação da EPAGRI em empresa pública.

O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola - CEPA é um centro

especializado em informação e planejamento para o desenvolvimento agrícola, pesqueiro e

florestal de Santa Catarina, localizado junto à Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento

Rural. Substitui o Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina

(INSTITUTO CEPA/SC), em decorrência das ações da reforma administrativa do governo de

Santa Catarina, mantendo os serviços e projetos realizados até então. A instituição que deu

origem ao CEPA foi criada em 1975 como Comissão Estadual de Planejamento Agrícola e

transformado em INSTITUTO CEPA/SC em 1982, sendo vinculada à Secretaria de Estado da

Agricultura e Desenvolvimento Rural. Atuou por 30 anos nas áreas de informação e

planejamento para a agricultura catarinense.

4.2.2 Infra-estrutura física atual

A estrutura física se subdividi em:

• Sede administrativa localizada em Florianópolis e 27 gerências regionais estrategicamente

distribuídas no Estado, que administram 293 escritórios municipais de forma direta;

• Nove estações experimentais, localizadas em Urussanga, Itajaí, Ituporanga, Canoinhas,

Lages, São Joaquim, Campos Novos, Videira e Caçador;

• Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar - CEPAF - localizado em Chapecó;

• Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola - CEPA - localizado em Florianópolis;

• Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia - CIRAM -

localizado em Florianópolis;

• Centro de Desenvolvimento em Aqüicultura e Pesca - CEDAP - localizado em

Florianópolis;

• Centro de Referência em Pesquisa e Extensão Apícola - CEPEA - localizado em

Florianópolis;

• Quarenta laboratórios localizados nas unidades de pesquisa, desenvolvendo trabalhos nas

áreas de sementes, solos, água, entomologia, fitopatologia, fisiologia, nutrição animal e

vegetal, genética e melhoramento, cultura de tecidos, tecnologia e aplicação de defensivos,

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119

enologia, apicultura, imunologia, microbiologia, biologia molecular, sanidade animal,

produção de larvas e alevinos, produção de inseticida biológico;

• Três unidades de beneficiamento de sementes, localizadas em Campos Novos, Urussanga e

Chapecó;

• Doze centros de treinamento, localizados em São Miguel do Oeste, Chapecó, Concórdia,

Videira, Campos Novos, Canoinhas, São Joaquim, Agronômica, Itajaí, Florianópolis, Tubarão

e Araranguá.

O mapa abaixo demonstra a distribuição geográfica da infra-estrutura da EPAGRI:

FIGURA 03 – MAPA DAS UNIDADES REGIONAIS FONTE: EPAGRI, 2007.

4.2.3 Infra-estrutura administrativa

A estrutura organizacional matricial da EPAGRI foi elaborada para representar a

atuação da empresa perante as áreas de produção animal, produção vegetal, áreas de suporte e

recursos naturais e meio ambiente. É importante destacar nesse momento, devido à proposta

desse estágio curricular está ligado ao turismo rural, a área de suporte, implantada para

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120

desenvolver atividades nos campos de extensão rural, sociologia rural, economia doméstica,

métodos quantitativos, economia e administração rural, comunicação e difusão tecnológica,

desenvolvimento agrícola e rural, tecnologia de alimentos, sistemas de produção,

mecanização e armazenagem.

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122

4.2.4 Quadro de recursos humanos

Pode-se observar que o quadro de recursos humanos da EPAGRI é formado por uma

grande quantidade de colaboradores, devido a EPAGRI se caracterizar por sua extrema

capilaridade, já que está presente em todos os 293 municípios catarinenses com equipes

municipais e em 27 deles com Gerências Regionais. Todas respondem pelos escritórios

regionais e municipais enquanto 15 delas, adicionalmente, por unidades de pesquisa, campos

experimentais e ou centros de treinamento.

FUNÇÃO Nº DE COLABORADORES

Conselho fiscal 03

Conselho administrativo 07

Diretoria executiva 06

Presidente 01

Assessoria jurídica 08

Gabinete presidente 10

Assessoria imprensa 02

Auditoria interna 04

Diretor 01

Gerência técnica de planejamento 01

Gerência de recursos humanos 01

Gerência de administração e finanças 01

Gerência de marketing e comunicação 01

Gerência de informações 01

Chefe do Centro de Pesquisa para a

Agricultura Familiar - CEPAF

01

Chefe do Centro de Socioeconomia e

Planejamento Agrícola - CEPA

01

Chefe do Centro de Informações de Recursos

Ambientais e de Hidrometeorologia -

CIRAM

01

Chefe do Centro de Desenvolvimento em

Aqüicultura e Pesca - CEDAP

01

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123

Chefe do Centro de Referência em Pesquisa e

Extensão Apícola - CEPEA

01

Gerência regional 27

Extensionistas 800

TOTAL 879

QUADRO 03 – RECURSOS HUMANOS DA EPAGRI Fonte: EPAGRI, 2007.

Os centros de treinamento, as unidades de pesquisa, os escritórios municipais e o

campo experimental estão vinculados a gestão dos gerentes regionais. As gerências regionais

são órgãos de representação técnico-gerencial da EPAGRI, e estão estrategicamente

distribuídas no Estado. Atualmente a empresa conta com 27 gerentes regionais, que

respondem pelos escritórios Regionais e Municipais, além de que 15 delas detêm, no seu

âmbito de atuação, Unidades de Pesquisa, Campos Experimentais e ou Centros de

Treinamento.

Suas principais atribuições são: cumprir e fazer cumprir as políticas, diretrizes,

estratégias e prioridades institucionais; formular e executar projetos e atividades voltadas ao

desenvolvimento sustentável do meio rural e pesqueiro e apoiar os programas de

desenvolvimento regionais e municipais.

Os extensionistas atuam junto aos agricultores para fornecer acompanhamento técnico

nas áreas de gestão, manutenção e promoção das propriedades agrícolas.

4.2.5 Serviços prestados

Para adequar as ações da EPAGRI à sua missão de geração de conhecimento,

tecnologia e extensão, e focar as ações estrategicamente, foram definidos seis programas

técnicos (desenvolvimento local, horticultura, plantas de lavouras, produção animal, recursos

ambientais, gestão e desenvolvimento organizacional). Estes visam o desenvolvimento

sustentável da agricultura catarinense.

Os programas são compostos por projetos, que constituem as unidades básicas de

programação das atividades. O agrupamento dos projetos em torno de um programa segue os

critérios de afinidade das ações e a abrangência de um campo do conhecimento. Os projetos,

por sua vez, podem ser divididos em subprojetos afins e que são formados por experimentos

(pesquisa) ou ações (extensão rural).

Segue abaixo o quadro de programas com seus respectivos projetos:

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124

PROGRAMAS PROJETOS Administração rural e socioeconomia Agroindústria Familiar Agroecologia Desenvolvimento Local em Microbacias Juventude Rural e Pesqueira Mulher Rural e do Mar Profissionalização Safras e Mercados

Desenvolvimento local

Turismo Rural Plantas Bioativas

Biotecnologia Flores e Ornamentais

Fruticultura de Clima Temperado Fruticultura de Clima Tropical

Horticultura

Hortaliças Arroz Grãos

Mandioca

Plantas de lavouras

Sementes e mudas Apicultura Pecuária

Maricultura e Pesca

Produção Animal

Piscicultura Agrometeorologia

Educação Ambiental Informações Ambientais

Manejo do Solo Recursos Florestais

Recursos Ambientais

Recursos Hídricos Rede Laboratorial

Apoio Administrativo e Operacional Planejamento e Gestão

Recursos Humanos Marketing e Comunicação

Gestão e Desenvolvimento Organizacional

Informação QUADRO 04 – RELAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS DA EPAGRI

Fonte: EPAGRI, 2007.

Nesse momento é importante o entendimento do programa de desenvolvimento local,

com respectivo projeto de turismo rural.

O programa de desenvolvimento local é constituído por um conjunto de projetos cujas

ações são interativas na busca da amplitude do desenvolvimento de um determinado território.

O conceito de território incorpora a noção de repartição da população em áreas

homogêneas para acelerar o desenvolvimento. Este desenvolvimento, além de incluir os

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125

aspectos econômicos, sociais, culturais, políticos e ambientais que devem proporcionar

condições de habitabilidade, também deve ser diferenciado das características

homogeneizantes do modelo globalizador, evidenciando as tradições, hábitos e costumes, e

conferindo condições de endogenia e de autonomia local.

O programa tem abrangência estadual, sendo que suas atividades são em grande parte

de assistência técnica e extensão rural, mas envolvem também ações de pesquisa nos estudos

estratégicos regionais, na administração rural e socioeconomia e na agroecologia.

Vinculado a esse programa, o projeto de Turismo Rural na Agricultura Familiar visa

promover a melhoria e o desenvolvimento de atividades turísticas na propriedade agrícola

familiar, como instrumento de complementação de renda, respeitando e valorizando o

território, o patrimônio histórico e cultural, a identidade familiar, a sustentabilidade e

preservação do meio ambiente.

As principais atividades desenvolvidas em todos os subprojetos, de âmbito

das Unidades de Planejamento Regional no Estado são as seguintes:

• Cadastramento das propriedades agrícolas familiares atuantes em turismo rural de acordo

com tipos de atividade turística;

• Levantamento e registro de dificuldades e demandas;

• Articulação com órgãos e entidades afins atuantes na área de turismo rural a nível local,

regional e estadual;

• Elaboração de estratégias de melhoria individuais e coletivas;

• Articulação com demais projetos da EPAGRI, de acordo com as

estratégias elaboradas;

• Assessoria às propriedades agrícolas familiares na elaboração

de estratégias de ação;

• Identificação de potenciais alternativos.

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126

5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR SETOR

Nesse item se faz a descrição das atividades desenvolvidas nos setores, Gerência de

Políticas de Turismo, SEITEC (Sistema Estadual de Incentivo ao Turismo, Esporte e Cultura),

pertencentes à Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e do setor de

articulação e desenvolvimento de pesquisas para o projeto de turismo rural do CEPA,

ressaltando que esse centro estadual possui a coordenação de três projetos da EPAGRI, ou

seja, administração rural e socioeconomia, safras e mercados e turismo rural.

5.1 Gerência de políticas de turismo

• Responsável pelo setor: Elisa Sant’Ana Wypess de Liz;

• Período: 01/08 a 11/10/07

• Nº de horas: 205 horas

5.1.1 Funções do setor

Sabe-se que a gerência de políticas de turismo possui função estratégica na elaboração

das diretrizes das políticas públicas de turismo, buscando fortalecer o relacionamento entre os

atores estaduais envolvidos com a atividade turística.

Dessa forma, para atender a esse perfil, cabe a essa gerência, assessorar tecnicamente

o Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, na elaboração, implementação,

avaliação e monitoramento da política estadual de turismo, por meio da articulação com os

atores do turismo, aliada os estudos técnico-científicos e conhecimentos do setor turístico,

repassando-o condições para o desenvolvimento das políticas públicas estaduais de turismo.

Além disso, são avaliados os projetos de turismo, por meio do Funturismo, é possível

que pessoas física ou jurídica enviem projetos a Secretaria, com o objetivo de desenvolver o

turismo estadual. Dessa forma, cabe a Gerência de Políticas de Turismo deferir ou inderiferir

esses projetos.

Atendimento público externo é essencial para a ocorrência de interlocução entre os

atores envolvidos com o turismo estadual e a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e

Esporte, destinam-se momentos para reuniões pertinentes a organização, cooperação e

articulação do turismo estadual;

Outra questão se refere à avaliação, monitoramento e execução do Programa de

Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil em Santa Catarina, procurando implementar

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as diretrizes operacionais vinculadas a nove módulos orientadores: sensibilização,

mobilização; institucionalização da instância de governança regional; elaboração do plano

estratégico de desenvolvimento do turismo regional; implementação do plano estratégico de

desenvolvimento do turismo regional; sistema de informações turísticas do programa;

roteirização turística; promoção e apoio à comercialização e; sistema de monitoria e avaliação

do programa.

Por fim, acompanhar as diversas ações do turismo estadual, buscando por meio de

reuniões e documentos conhecer os movimentos destinados ao desenvolvimento dos

segmentos turísticos do Estado.

5.1.2 Infra-estrutura do setor

Os recursos disponíveis na Gerência de Políticas de Turismo são:

3 mesas;

4 cadeiras;

2 telefones;

1 computador;

1 armário e um armário arquivo.

5.1.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor

Dentro de um contexto administrativo há uma série de atribuições a serem realizadas,

nas quais se referem à leitura e respostas de e-mails, utilizada para facilitar e otimizar o envio

e recebimento de informações sobre o planejamento do turismo. Além disso, é constante a

assessoria técnica a Gerente de Políticas de Turismo, para elaboração de documentos,

planilhas e estudos que objetivam o avanço das políticas estadual de turismo. Descreve-se

como atividade, ainda, o atendimento ao público externo, que busca recepcionar e em seguida

direcionar os agentes do turismo a Gerente de Políticas de Turismo. São desenvolvidas

atividades operacionais tais como, cobrança de diárias, agendamento de reuniões e

comunicação inter-setorial.

São elaborados estudos e análises específicas à área do turismo, visando à proposição

de diretrizes para o desenvolvimento integrado do lazer.

Realiza-se apoio técnico ao Conselho Estadual do Turismo e desenvolvem-se outras

atividades relacionadas com a área de atuação, determinadas pela Diretora de Políticas

Integradas do Lazer.

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128

5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos

O estudo do turismo exige além de uma compreensão teórica, uma visão dos

acontecimentos reais, por conta disso ao longo da realização do estágio na gerência de

políticas de turismo é possível alcançar o entendimento da política estadual de turismo,

aperfeiçoar a comunicação interpessoal, compreender do sistema nacional da gestão

descentralizada do turismo, conhecer a importância da segmentação do turismo e

principalmente avaliar as principais dificuldades das políticas públicas de turismo.

5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas

Pode-se dizer que entre as três pastas da SOL, o turismo é que possui maior

representatividade e organização perante o desenvolvimento de atividades eficazes e

plausíveis. Sendo assim, se destacam como aspectos positivos da gerência de políticas de

turismo, a articulação da equipe de trabalho formado por profissionais técnicos, que possuem

linguagem coesa e em conformidade com as necessidades turísticas atuais.

Além disso, nessa gerência é possível encontrar um acervo documental de alto grau

quantitativo e qualitativo, utilizado como ferramenta para a implementação da política pública

estadual de turismo.

Os aspectos negativos ampliam-se, quando se percebe a dificuldade encontrada no

Estado quanto à deficiência de recursos humanos e físicos para o turismo. Isso se reflete

negativamente na operação das atividades dessa gerência, pois se realizam atividade com

poucos técnicos e recursos (computadores, material de expediente, linhas telefônicas)

escassos. Sugere-se para tanto a contração de profissionais técnicos em turismo e aquisição de

materiais citados acima.

5.2 Sistema estadual de incentivo ao turismo, esporte e cultura

• Responsável pelo setor: Bruna Barreto Volpato

• Período: 15/10 a 22/10/07

• Nº de horas: 20 horas

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5.2.1- Funções do setor5

Cabe ao SEITEC (Sistema Estadual de Incentivo ao Turismo, Esporte e Cultura)

homologar, de acordo com as políticas governamentais e a capacidade orçamentária, os

projetos a serem financiados com recursos dos fundos de incentivo (FUNTURISMO,

FUNESPORTE e FUNCULTURAL), definidos pelos Conselhos Estaduais do Turismo,

Cultura e de Esporte e Conselhos Regionais de Desenvolvimento; coordenar, em articulação

com os órgãos públicos responsáveis pela execução de projetos financiados pelo SEITEC, a

elaboração de propostas orçamentárias compatíveis com as políticas públicas e as capacidades

de investimentos dos fundos; acompanhar os resultados da execução dos projetos financiados

com recursos dos fundos; dar publicidade institucional, por intermédio da Secretaria de

Estado de Comunicação, dos projetos financiados com recursos dos fundos; coordenar os

trâmites administrativos necessários ao pleno funcionamento dos Fundos, inclusive aos

relacionados à difusão da Lei nº 13.336, de 8 de março de 2005, e orientação aos proponentes

e aos contribuintes do ICMS e; exercer outras atividades determinadas pelo Secretário de

Estado de Turismo, Cultura e Esporte.

5.2.2- Infra-estrutura do setor6

a) Recepção

1 Computador

5 Cadeiras

1 Escrivaninha

1 Telefone

3 Mesas

b) Secretária

1 Computador

1 Mesa

2 Cadeiras

1 Telefone

5 SOL, 2007a. 6 Zeverino, 2007, p. 32.

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c) Arquivo

3 Armários

3 Arquivos de Aço

1 Mesa

d) Gerência de projetos turísticos

2 Computadores

3 Mesas

3 Cadeiras

1 Fax

1 Impressora Multiuso

1 Armarinho

1 Telefone Sem fio

e) Gerência de projetos esportivos

3 Computadores

4 Mesas

4 Cadeiras

2 Armarinhos

1 Telefone

f) Gerência de projetos culturais

3 Computadores

2 Armarinhos

5 Mesas

2 Telefones

1 Triturador de papel

5 Cadeiras

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5.2.3- Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor

As atividades desenvolvidas pelo acadêmico no SEITEC foram ligadas ao auxílio

administrativo e operacional, principalmente no que diz respeito aos tramites dos projetos

enviados pelos proponentes, pertencentes às áreas de turismo, cultura e esporte.

Sendo assim, foi realizado o atendimento de telefone dos proponentes e setores da

Secretaria; procura de projetos nos arquivos e prateleiras; comunicação com os outros setores

que possuem ligações com os projetos entre eles a Gerência de Políticas de Turismo;

levantamento do acervo dos projetos turísticos já executados, para se ter o inventário do que

já se foi realizado pelo turismo através dos recursos do FUNTURISMO e; classificação dos

projetos turísticos de acordo com seu objeto de execução para definição estatística do

percentual gasto para cada área de incentivo ao turismo (capacitação e aperfeiçoamento,

incentivo a manifestações locais; conscientização turística e infra-estrutura).

5.2.4- Conhecimentos técnicos adquiridos

Atuar nas atividades técnicas do SEITEC proporcionou conhecer as aderências dos

fundos de incentivo como estratégias de desenvolvimento das áreas de turismo, cultura e

esporte. No mesmo plano, percebeu-se a realidade das linhas de financiamento do turismo

público estadual, sendo percebido que os recursos dos fundos, principalmente o

FUNTURISMO, estão sendo distribuídos em parcelas desiguais entre as áreas de incentivo ao

turismo, ou seja, capacitação e aperfeiçoamento, conscientização turística, incentivo as

manifestações locais, infra-estrutura turística. A maioria dos recursos estão sendo

direcionados a área de incentivo as manifestações locais, sendo esse representado pelas festas

locais que não fornecem resultado expressivos para consolidação do turismo estadual.

Além disso, foi possível perceber os entraves entre proponente e SOL, potencializados

principalmente pela falta de interesse dos proponentes e dificuldades de comunicação entre as

partes. Essas duas questões geram morosidade nos tramites de aprovação dos projetos.

5.2.5- Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas

Pode-se dizer que a mudança da recepção do SEITEC para fora do ambiente de

tramitação dos projetos, é um aspecto positivo que favorece a eficiência dos trabalhos

desenvolvidos, já que é permitida a entrada de estranhos no setor somente com autorização, o

que não ocorria antes dessa mudança. Além disso, a departamentalização das gerências de

projetos culturais, esportivos e de turismo é uma estratégia interessante que facilita a

tramitação de projetos das áreas afins.

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Os aspectos limitantes dirigem-se principalmente as dificuldades geradas pela

deficiência da infra-estrutura do setor. É possível perceber a falta de espaço e equipamentos

básicos de trabalho, como computadores. Dessa forma, sugere-se a adequação com aumento

do espaço físico do SEITEC e aquisição de equipamentos tais como, mesas, cadeiras e

principalmente computadores.

5.3 Articulação e desenvolvimento de pesquisas para o projeto de turismo rural

• Responsável pelo setor: Luiz Toresan;

• Período: 23/08 a 15/11/07

• Nº de horas: 225 horas

5.3.1 Funções do setor

Nesse setor são desenvolvidas funções ligadas diretamente ao projeto de turismo rural

do CEPA, na busca de organizar e desenvolver o setor.

Dentro das atuações da EPAGRI, por meio das gerências regionais, esse setor atua na

elaboração de diretrizes, planos, programas e projetos para planejamento, organização e

desenvolvimento do turismo rural. Isso se dá pela comunicação com as diversas instituições

de turismo, entre elas se destacam em âmbito regional a Associação Acolhida na Colônia,

Estadual SANTUR (Santa Catarina Turismo S.A.) e SOL e federal com articulação com o

Ministério do Turismo e Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Com esses ministérios são firmados convênios determinados a executar ações de

incentivo ao fomento desse segmento turístico em Santa Catarina. Destacam-se nesse cenário

o programa roteiros nacionais da imigração, programa de inventariação dos prestadores de

serviços do meio rural, consumidores e promotores do mercado, entre outros. Além disso, está

sob coordenação desse setor o GTTuR (Grupo Técnico Temático de Turismo Rural), formado

por dezesseis instituições do setor público, privado e do terceiro setor que elaboraram o plano

estratégico para o desenvolvimento do turismo rural em Santa Catarina, que busca apresentar

diretrizes que garantes o desenvolvimento e organização do setor no Estado.

5.3.2 Infra-estrutura do setor

Os recursos disponíveis no setor de articulação e desenvolvimento de pesquisas para o

projeto de turismo rural são:

3 mesas;

3 cadeiras;

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2 telefones;

3 computadores e;

3 armários.

5.3.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor

De acordo com que foi abordado nas funções do setor é possível dizer que as

atividades desenvolvidas estão elencadas no desenvolvimento de alguns documentos citados

no item 5.3.1, entre eles destacam-se o plano estratégico para o desenvolvimento do turismo

rural em Santa Catarina e a elaboração da lei TRAF/SC que estabelece a política de apoio ao

turismo rural na agricultura familiar de Santa Catarina. Além disso, são realizadas atividades

operacionais tais como, recebimento e envio de e-mails, elaboração de apresentações de

power-point, atendimento de telefone e digitação de atas referentes as reuniões do Grupo

Técnico Temático de Turismo Rural.

5.3.4 Conhecimentos técnicos adquiridos

O exercício do estágio curricular no CEPA desencadeou o processo de conhecimento

específico sobre o turismo rural, de forma que foi possível conhecer as metodologias adotadas

para o levantamentos dos empreendimento de turismo rural de Santa Catarina, a distribuição

técnica do turismo rural do estado assim, como presenciar contato com diversas instituições

envolvidas com o segmento no Estado.

Certamente o conhecimento das instituições e pessoas que fazem acontecer o turismo

rural catarinense foi uma grande conquista. Além disso, a participação em reuniões referentes

ao tema também ajudaram a esclarecer e quebrar paradigmas.

5.3.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas

Pode-se dizer que os aspectos positivos foram percebidos principalmente na

organização do ambiente do CEPA, percebeu-se ao longo dos trabalhos pessoas

comprometidas com suas atividades. Além disso, foi fornecida com gentileza toda a ajuda

necessária para elaboração das atividades desse estágio. O único aspecto limitante refere-se às

conversas paralelas, comuns em organizações públicas. Talvez um pouco de equilíbrio no

volume dessas conversas, permitiria melhor eficiência nos trabalhos desenvolvidos.

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6 ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E CONCLUSÃO TÉCNICA

Certamente os momentos vividos durante os cinco anos de faculdade geraram

conhecimentos intrínsecos que consolidou uma postura segura e objetiva, já latente, para atuar

nas práticas do turismo. Isso certamente porque o Curso de Turismo e Hotelaria da

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), oferece ao aluno a oportunidade de entrar no

campo da pesquisa científica, sendo responsável pela emancipação psicológica e crítica do

cidadão que longo engressará no mercado de trabalho.

Mas foi durante o estágio o momento de encontro entre os conhecimentos adquiridos

na academia e as realidades, muitas das vezes frustrantes, do mercado de trabalho, que com

suas características de competitividade, luta, esforços, fez com que seja passado ao acadêmico

à vontade de seguir em frente na busca referenciada de uma posição de trabalho.

Para isso, é inevitável falar sobre o comprometimento despendido a realização desses

estágios, isso mesmo foram dois, um na área de políticas públicas de turismo e outro voltado

ao planejamento do turismo rural. Por ser dois estágios os esforços foram duplicados, mas o

conhecimento adquirido também, pois o tempo de dedicação passaram de quinze horas

diárias, processo do qual resultou na leitura de diversas obras sobre as temáticas acima.

As orientações passaram a ser um ritual, toda a semana aquela uma hora pareceria

passar em um minuto, mas a orientadora com seu orientando, já sintonizados por terem

elaborado outras pesquisas, faziam daquele tempo produtivo e eficiente.

Com toda essa dedicação os resultados foram surpreendentes, foram realizados

diversos contatos com instituições do Estado voltadas ao turismo, essa rede de

relacionamentos é estratégia fundamental para consolidação no mercado de trabalho. Além

disso, surgiram convites de ambas empresas, para elaborar documentos referentes ao turismo,

o que demonstra a boa aceitação do orientando no mercado de trabalho.

Dentre as principais atividades realizadas no estágio, se destaca a elaboração do

diagnóstico da segmentação turística de Santa Catarina pela SOL e Plano Estratégico para o

Desenvolvimento do Turismo Rural de Santa Catarina e elaboração do lei TRAF-SC que

organiza o segmento de turismo rural na agricultura familiar em Santa Catarina.

O conjunto de atividade realizadas fazem do acadêmico em questão se tornar um

profissional reconhecido, já que o mercado de trabalho exige pessoas competentes e

responsáveis, e sem dúvidas a UNIVALI junto aos estágios realizados, formaram um

profissional com esses requisitos.

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Assim, certamente o conjunto de atividades e conhecimentos adquiridos no estágio

formaram a base para a consolidação de trabalhos futuros, buscando alinhá-los com os

princípios da ética, moral e do uso da sustentabilidade.

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7 REFERÊNCIAS

BARRETTO, Margarita; BURGOS, Raúl; FRENKEL, David. Turismo, políticas públicas e

relações internacionais. Campinas: Papirus, 2003.

BISSOLI, Maria Angela Marques Ambrizi. Estágio em turismo e hotelaria. São Paulo:

Aleph, 2002.

EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina.

Disponível em: <http://www.epagri.rct-sc.br>. Acesso em: 08 out. 2007.

Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Plano nacional

de extensão universitária. Bahia, 2001.

LAGE, Beatriz Helena Gelas; MILONE, Paulo Cesar. Fundamentos econômicos do turismo.

In: ______. Turismo: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.

SILVA, Jaques. Almeida. Pensando o planejamento face à intervenção do estado no

turismo: a questão do sistema de informações. In: Turismo – Visão e Ação. Ano 2. n. 5.

Itajaí, out.-1999/mar-2000.

SOL – Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte. Regimento interno da

secretaria de estado de turismo, cultura e esporte. Florianópolis, 2007a.

SOL – Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte. Disponível em:

<http://www.sol.sc.gov.br>. Acesso em: 25 out. 2007b.

ZEVERINO, Thiago de Souza. A participação do terceiro setor nos projetos turísticos de

Santa Catarina: estudo de caso SDR – Itajaí. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso

(graduação) – Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú: 2007.O

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8 ASSESSORIAS TÉCNICAS E EDUCACIONAIS

Professor Responsável pelo Estágio: Msc Bianca Antonini

Professora Orientadora: Msc. Renata Silva

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ANEXOS