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ANÁLISE DE BALANÇOS Profª Éricka Rossana Costa Blog: http://www.fortium.com.br/faculdadefortium.com.br/ericka_rossana PARTE I- BREVE HISTÓRICO, CONCEITO, OBJETIVOS E USUÁRIOS A prática da Análise das Demonstrações Contábeis, ou simplesmente, Análise de Balanços é comumente posicionada nos primórdios da Contabilidade. Em seu estado primitivo, a utilização da Contabilidade remonta a ± 4000 a.C, época em que se registram os primeiros inventários de rebanhos, principal atividade econômica daqueles tempos, bem como a preocupação do homem em inventariar a variação da riqueza em determinado período (aumento do rebanho). Diante da análise da variação do rebanho, realizada pela comparação entre o que já existia e o que foi acrescido ou reduzido (nascimentos e mortes) é possível afirmar que a Análise de Balanços é tão antiga quanto à Contabilidade. Mesmo diante dessa afirmação posiciona-se em época mais recente o surgimento da Análise das Demonstrações Contábeis em caráter mais sólido e desenvolvido. No século XIX, verifica-se a maturidade dos sistemas de créditos, em primeira manifestação dos banqueiros americanos, que passaram a solicitar das empresas candidatas a contrair empréstimos, a apresentação das suas demonstrações contábeis (mais precisamente o Balanço). Devido à exigência de início, somente do Balanço para se efetuar a análise, firmou-se a expressão Análise de Balanços, que perdura até os dias de hoje. Com o tempo, a exigência foi ampliada para outras demonstrações contábeis, como a Demonstração do Resultado do Exercício, porém sem a inclusão no nome da técnica. O argumento que se utilizava para a manutenção do nome era de que a Demonstração do Resultado do Exercício nada mais era do que um Balanço de Resultado, assim como o Fluxo de Caixa sendo um Balanço Financeiro. Com o surgimento dos Bancos Governamentais, bastante interessados na situação econômico-financeira das empresas tomadores de financiamentos, e a abertura do Capital por parte das empresas (companhias, S.A), tornando possível a participação societária de pequenos e grandes investidores, a Análise de Balanços desenvolveu-se ainda mais, tornando-se indispensável ferramenta para a tomada de decisão. Diante desse contexto, Iudícibus define análise de balanço como: “[...] arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamento...”, observando-se que, apesar da análise e suas extensões se basearem na apuração de índices e quocientes já consagrados, “não existe forma científica ou metodologicamente comprovada de relacionar tais índices de maneira a obter um diagnóstico preciso.”

Análise das demonstrações contábeis

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ANÁLISE DE BALANÇOS

Profª Éricka Rossana Costa Blog: http://www.fortium.com.br/faculdadefortium.com.br/ericka_rossana

PARTE I- BREVE HISTÓRICO, CONCEITO, OBJETIVOS E USUÁRIOS

A prática da Análise das Demonstrações Contábeis, ou simplesmente, Análise

de Balanços é comumente posicionada nos primórdios da Contabilidade.

Em seu estado primitivo, a utilização da Contabilidade remonta a ± 4000 a.C,

época em que se registram os primeiros inventários de rebanhos, principal atividade

econômica daqueles tempos, bem como a preocupação do homem em inventariar a

variação da riqueza em determinado período (aumento do rebanho).

Diante da análise da variação do rebanho, realizada pela comparação entre o

que já existia e o que foi acrescido ou reduzido (nascimentos e mortes) é possível

afirmar que a Análise de Balanços é tão antiga quanto à Contabilidade.

Mesmo diante dessa afirmação posiciona-se em época mais recente o

surgimento da Análise das Demonstrações Contábeis em caráter mais sólido e

desenvolvido. No século XIX, verifica-se a maturidade dos sistemas de créditos, em

primeira manifestação dos banqueiros americanos, que passaram a solicitar das

empresas candidatas a contrair empréstimos, a apresentação das suas demonstrações

contábeis (mais precisamente o Balanço).

Devido à exigência de início, somente do Balanço para se efetuar a análise,

firmou-se a expressão Análise de Balanços, que perdura até os dias de hoje. Com o

tempo, a exigência foi ampliada para outras demonstrações contábeis, como a

Demonstração do Resultado do Exercício, porém sem a inclusão no nome da técnica. O

argumento que se utilizava para a manutenção do nome era de que a Demonstração

do Resultado do Exercício nada mais era do que um Balanço de Resultado, assim como

o Fluxo de Caixa sendo um Balanço Financeiro.

Com o surgimento dos Bancos Governamentais, bastante interessados na

situação econômico-financeira das empresas tomadores de financiamentos, e a

abertura do Capital por parte das empresas (companhias, S.A), tornando possível a

participação societária de pequenos e grandes investidores, a Análise de Balanços

desenvolveu-se ainda mais, tornando-se indispensável ferramenta para a tomada de

decisão.

Diante desse contexto, Iudícibus define análise de balanço como:

“[...] arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em

mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamento...”,

observando-se que, apesar da análise e suas extensões se basearem na apuração de

índices e quocientes já consagrados, “não existe forma científica ou

metodologicamente comprovada de relacionar tais índices de maneira a obter um

diagnóstico preciso.”

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OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Segundo HENDRIKSEN e BREDA independente da forma e metodologia como

a contabilidade venha registrar os fatos e a forma como eles são demonstrados ou

disponibilizados, uma coisa não se alterará, ou seja, o atendimento ao objetivo final,

que é prover seus usuários de informações que continuarão sendo objeto de análises.

A análise financeira está voltada a um exame minucioso dos dados financeiros

disponíveis de uma empresa, no caso as demonstrações contábeis, bem como os

fatores internos e externos que afetam financeiramente a instituição. Percebe-se que

o foco não está nas demonstrações contábeis e, mas na empresa.

Através disso, é possível avaliar o desempenho da gestão econômica,

financeira e patrimonial da empresa, quanto aos períodos anteriores, confrontando-os

com as metas ou diretrizes preestabelecidas. Permite também a análise de tendências

regionais ou pelo segmento que a empresa esteja inserida, determinando as

perspectivas futuras de rentabilidade ou continuidade dos negócios, auxiliando os

gestores na tomada de decisões sobre investimentos e financiamentos, bem como

implementação de mudanças nas práticas, caso os números se apresentem

insatisfatórios.

Hermann Jr., afirmava já em 1930 que:

“para assegurar o êxito de qualquer administração e garantir assim a

integridade patrimonial contra qualquer surpresa, é necessário colocar a atividade

econômica sobre base planificada, formulando previsões econômicas, estabelecendo

probabilidades e contrato as previsões mediante a técnica da análise econômico-

financeira dos balanços periódicos.”

Em conseqüência desta importância, o Analista de demonstrações contábeis

tem em seu trabalho o caráter de “excelência” dentro do processo contábil, visto que a

Análise inicia-se onde termina a Contabilidade.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

O Instituto Brasileiro Auditores Independentes (IBRACON) conceituou em sua

Norma de Práticas Contábeis (NPC) nº 27, o que segue, não deixando dúvidas quanto à

importância das demonstrações contábeis:

“As demonstrações contábeis são uma reapresentação monetária estruturada

da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas

por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações

contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e

financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma

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ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis

também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos

que lhe são confiados. Para atingir esse objetivo, as demonstrações contábeis

fornecem informações sobre os seguintes aspectos de uma entidade:

a) Ativos;

b) Passivos;

c) Patrimônio Líquido

d) Receitas, despesas, ganhos e perdas; e

e) Fluxo financeiro (fluxos de caixa)

Essas informações, juntamente com outras constantes das notas explicativas

às demonstrações contábeis, auxiliam os usuários a estimar os resultados futuros e os

fluxos financeiros futuros da entidade.”

Para Matarazzo, as demonstrações contábeis precisam ser:

“...transformadas em informações que permitam concluir se a empresa

merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não

condições de pagar suas dívidas, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou

regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá falir ou se continuará operando”.

USUÁRIOS DA ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (DC)

Diante da relevância dos resultados e informações obtidos na Análise de DC,

existe um número muito extenso de usuários de suas informações, os quais podem ser

internos ou externos, contribuindo essencialmente para tomada de decisões sobre

financiamentos e investimentos.

Como dito anteriormente, a Análise das DC era um instrumento mais utilizado

pelas instituições financeiras com o propósito de avaliar os riscos de créditos,

passando mais tarde, a ser instrumento de apoio gerencial e também, fornecedora de

informações para investidores.

Conforme expõe Alexandre Alcântara, é possível classificar alguns dos

principais usuários e as decisões tomadas por eles, intermediadas pelas informações

geradas pela Análise:

Usuários Internos

Sócios e gestores • Aumentar ou reduzir investimentos

• Aumentar o aporte de capital ou emprestar recursos

• Expandir ou reduzir as operações

• Comprar/vender à vista ou a prazo

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Usuários Externos

Instituições Financeiras • Conceder ou não empréstimos

• Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo e garantias)

Fornecedores em geral • Conceder ou não crédito, em que valor e a que prazo

Investidores • Adquirir ou não o controle acionário

• Investir ou não em ações na bolsa de valores

Comissão de Valores Mobiliários

• Observar se as demonstrações contábeis de uma empresa de capital aberto respondem aos requisitos legais do mercado de valores mobiliários, como periodicidade de apresentação, padronização e transparência

Poder Judiciário • Solicitação e apreciação objetiva de perícia

Fiscalização • Buscar indícios de sonegação de impostos

Comissões de Licitação • Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro próprio, da solidez econômico-financeira, buscando identificar se há garantia acessória para o início ou continuidade no fornecimento de bens e serviços.