46
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE CURSO: TERAPIA DE FAMÍLIA ANÁLISE DAS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES DE COMUNIDADES CARENTES MONOGRAFIA ELABORADA POR WALQUIRIA RAIMUNDO DOS SANTOS ORIENTADOR: PROFESSOR NILSON GUEDES Rio de Janeiro, 27 de março de 2004.

ANÁLISE DAS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES DE … RAIMUNDO DOS SANTOS.pdf · contribuirá para uma melhor qualidade de vida, das famílias chefiadas por mulheres de comunidades

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE CURSO: TERAPIA DE FAMÍLIA

ANÁLISE DAS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES

DE COMUNIDADES CARENTES

MONOGRAFIA ELABORADA POR

WALQUIRIA RAIMUNDO DOS SANTOS

ORIENTADOR: PROFESSOR NILSON GUEDES

Rio de Janeiro, 27 de março de 2004.

2

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE CURSO: TERAPIA DE FAMÍLIA

ANÁLISE DAS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES DE COMUNIDADES CARENTES

OBJETIVOS:

Apresentação da Monografia à Universidade Candido

Mendes, condição prévia para a Conclusão do Curso

de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Terapia de

Família.

Buscar minuciosamente através da Pesquisa Científi-

ca, afim de contribuir no desenvolvimento da prática

profissional.

Através da Pesquisa,buscar formas e alternativas,que

contribuirá para uma melhor qualidade de vida, das

famílias chefiadas por mulheres de comunidades

carentes.

3

3

AGRADECIMENTOS

A Jesus Cristo, nosso Salvador e autor de nossa fé.

A minha mãe, ao meu pai e minha irmã, e os meus fami-

liares, pelo carinho, incentivo, amor e apoio demonstrado.

Aos colegas da turma do Curso de Terapia de Família, pe-

las trocas de experiências compartilhadas.

Aos professores da Universidade Candido Mendes, pela

Contribuição no meu Curso de Pós Graduação e aprimo-

ramento profissional.

Ao meu orientador Nilson Guedes, pela dedicação e

orientação na construção desta monografia.

A minha tia Conceição,pelo apoio e incentivo na conquis

ta deste objetivo e a todos os amigos que sempre acredi-

taram que eu conseguiria.

4

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta Monografia a Deus, a minha família, paren-

tes e amigos, também aos meus professores, e colegas

do Curso de Pós-Graduação em Terapia de Família, da

Universidade Cândido Mendes, pela amizade, apoio e

colaboração.

5

5

SER MULHER Ser mulher é nascer de novo, a cada minuto. Ser mulher é brilhar a cada instante, é ter um sorriso malicioso e terno, é saber ter alma de criança num corpo de mulher. É tocar fundo no coração de quem se ama, é vibrar num curto espaço de tempo, É se sentir feliz com simples gesto de amor. Ser mulher é completar outro ser, é se dar por inteira, sem medos e sem receios pelo simples prazer de ser mulher. Ser mulher é ter dentro de si emoções infinitas, é ser pura e terna, é ter um olhar materno, é embalar seu filho numa canção de ninar. É ter olhos de mãe e dona de um amor infinito capaz de ultrapassar as barreiras do tempo e da distância. Ser mulher é ter orgulho de si mesma, é levantar a cabeça perante os eventuais tropeços da vida e seguir em frente confiante num futuro melhor. Ser mulher É tudo isto e muito mais, afinal, Eu sou uma mulher. Autora: Ângela Gigante

6

6

RESUMO O número de famílias chefiadas por mulheres aumentou consideravelmente nas comunidades carentes, mulheres que vivem sozinhas, com filhos e sem cônjuge, que enfrentam dificuldades financeiras de criar e sustentar sozinhas seus filhos. Mulheres de baixa renda, a maioria desempregada e encontram dificuldades para inserir no mercado de trabalho, devido ao baixo nível de escolaridade, a maioria destas mulheres só concluíram até a 4ª série do nível fundamental, a grande maioria não possui carteira assinada e não tem experiência ou já trabalhou sem carteira assinada (fazendo biscates). É importante a realização de Políticas Sociais no sentido de encaminhar as famílias para os serviços sociais, buscando a Promoção Social, contribuindo para uma melhor qualidade de vida, como por exemplo: indicação de agências de emprego ou encaminhando as famílias para cursos profissionalizantes, para posteriormente serem inseridas no mercado de trabalho, famílias que tem filhos serem encaminhados para creches, escolas, atividades esportivas, reforço escolar, prestar esclarecimentos às famílias em relação aos seus direitos e benefícios e outros serviços sociais. O objetivo geral é buscar formas e alternativas, que contribuirá para uma melhor qualidade de vida, das famílias chefiadas por mulheres de comunidades carentes. A Metodologia utilizada na Monografia foi a Pesquisa Bibliográfica. Os principais teóricos mencionados na Monografia foram: Faleiros, Ferro-Bucher, Claire Garbas, Francis Theodores, Goldani, Vitale, Fonseca, Sarti, Bravo Ramos e Galper. Palavras chaves: Famílias chefiadas por mulheres – Serviço Social – Políticas Sociais – Terapia de Família.

7

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I: ANÁLISE DAS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR

MULHERES: “CONCEITOS E REPRESENTAÇÕES”. 10

CAPÍTULO II: UM BREVE HISTÓRICO SOBRE

AS POLÍTICAS SOCIAIS. 19

CAPÍTULO III: PROMOÇÃO SOCIAL À SERVIÇO DAS FAMÍLIAS

CHEFIADAS POR MULHERES DE COMUNIDADES

CARENTES. 27

CONCLUSÃO 33

ANEXOS 39

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 45

8

8

INTRODUÇÃO

A referida Monografia está vinculada na prática de trabalho realizada na Instituição

CEMASI Professora Helenice Nunes Jacintho, através do Programa Ações de Cidadania,

Programa este, considerado a “porta de entrada” para os demais Programas da Secretaria de

Desenvolvimento Social/SMDS (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil/PETI, Rio

Jovem, Agente Jovem, Centro da Juventude, Rio Experiente...).

O Programa Ações de Cidadania desenvolve suas práticas voltadas para as articulações

fortalecendo as Políticas Assistências, que atua numa linha educativa de ação preventiva

reflexiva, destinado a população menos favorecida que se encontra em situação de

vulnerabilidade social. O objetivo principal do Programa Ações de Cidadania é

proporcionar ao usuário através de informações e reflexões, condições para lidar com as

próprias dificuldades do cotidiano e a realidade social em que vive.

O Programa Ações de Cidadania é desenvolvido através de atendimento social

individualizado e acompanhamento social (reflexão com a população usuária acerca da

problemática por ela apresentada). Nos atendimentos individualizados tenho acompanhado

um grande número de famílias chefiadas por mulheres sozinhas com filhos e sem cônjuge,

a maioria desempregada e mantendo-se através da ajuda de parentes, amigos e vizinhos.

Através da minha prática profissional observei que o número de famílias chefiadas por

mulheres aumentou consideravelmente nas comunidades carentes, mulheres que vivem

sozinhas, com filhos e sem cônjuge, que enfrentam dificuldades financeiras de criar e

sustentar sozinhas seus filhos. Mulheres de baixa renda, a maioria desempregada e

encontram dificuldades para inserir no mercado de trabalho, devido ao baixo nível de

escolaridade, a maioria destas mulheres só concluíram até a 4 série do nível fundamental,

a grande maioria não possui carteira assinada e não tem experiência ou já trabalhou sem

carteira assinada (fazendo biscates).

A referida Monografia tem como objetivo geral buscar formas e alternativas, que

contribuirá para uma melhor qualidade de vida, das famílias chefiadas por mulheres de

comunidades carentes.

A hipótese (solução desejada) é encaminhar as famílias para os serviços sociais,

buscando a promoção social, contribuindo para uma melhor qualidade de vida, como por

9

9

exemplo: indicação de agências de emprego ou encaminhamento para cursos

profissionalizantes, para posteriormente serem inseridas no mercado de trabalho, famílias

que tem filhos serem encaminhados para creches, prestar esclarecimentos às famílias em

relação aos seus direitos e benefícios e outros serviços sociais.

A Metodologia utilizada na Monografia, foi a Pesquisa Bibliografia.

No Primeiro Capítulo, foi enfatizado sobre a análise das famílias chefiadas por

mulheres, assim sendo os referidos conceitos e representações, juntamente com os sub-

títulos, sobre a questão das famílias chefiadas por mulheres no contexto social e o papel das

Instituições e do Serviço Social, em relação aos direitos e benefícios das famílias chefiadas

por mulheres de comunidades carentes. O objetivo específico do capítulo I é analisar as

famílias que são chefiadas por mulheres, através de conceitos e representações, e em

relação ao contexto social, enfatizar o papel das Instituições e do Serviço Social, no que

tange no seu trabalho com as famílias, acerca dos direitos e benefícios.

No Segundo Capítulo, foi desenvolvido um breve histórico sobre as Políticas Sociais,

associado com os sub-títulos, sobre as Políticas Sociais nos dias atuais em relação à família

e um breve histórico sobre o Programa Ações de Cidadania. O objetivo específico do

Capítulo II é abordar e conceituar as Políticas Sociais e sua contribuição na conquista de

reivindicações e necessidades das famílias, buscando a promoção social da mesma, e foi

enfatizado neste Capítulo um breve histórico sobre o Programa Ações de Cidadania e seu

objetivo no trabalho realizado com as famílias.

No Terceiro Capítulo, foi mencionado a Promoção Social à serviço das famílias

chefiadas por mulheres de comunidades carentes e com os sub-títulos, a Promoção Social

através de encaminhamento das famílias para os serviços sociais. A conquista de novas

parcerias (Rede de Serviços) para as demandas surgidas pelas famílias e a Terapia de

Família e sua relação com o novo modelo familiar: lares chefiados por mulheres. O

objetivo específico é a Promoção Social, contribuindo para uma melhor qualidade de vida

das famílias, através de encaminhamentos das mesmas para os serviços sociais, e o desafio

das conquistas em prol de novas parcerias.

Os principais teóricos mencionados nos 3 Capítulos da Monografia foram: Faleiros,

Ferro-Bucher, Claire Garbas, Francis Theodores, Goldani, Vitale, Fonseca, Sarti, Bravo

Ramos e Galper.

10

10

1. ANÁLISE DAS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES: “CONCEITOS E REPRESENTAÇÕES”

O número de famílias chefiadas por mulheres aumentou consideravelmente nas

comunidades carentes, mulheres que vivem sozinhas, com filhos e sem cônjuge, que

enfrentam dificuldades financeiras de criar e sustentar sozinhas seus filhos. Mulheres de

baixa renda, a maioria desempregada e encontram dificuldades para inserir no mercado de

trabalho, devido ao baixo nível de escolaridade, a maioria destas mulheres só concluíram

até a 4ª série do nível fundamental, a grande maioria não possui carteira assinada e não tem

experiência ou já trabalhou sem carteira assinada (fazendo biscates).

Com a pauperização dos trabalhadores, a desagregação do grupo familiar e a falta de empregos gerada pela condição do sistema capitalista, as famílias já não possuem meios para sustentar seus filhos. (FALEIROS,1994,p.45).

Além da pobreza enfrentada pela maioria das famílias, principalmente, as que têm

que buscar meios de sobrevivência, também a desagregação familiar, situação estas, que

contribuem para o aumento das desigualdades sociais. Podemos citar também a falta de

empregos criada pela condição do sistema capitalista, as famílias encontram dificuldades

para inserir no mercado de trabalho e enfrentam dificuldades também financeiras de criar e

sustentar seus filhos.

As mudanças provocadas na estrutura e na dinâmica familiar tem estado no cerne das pesquisas e dos estudos nas ultimas décadas. A fragilização do casamento tem abalado as estruturas e dinâmicas familiares, dando origem a multiplicação de casos de jovens não casados legalmente, de casos monoparentais paternos e sobretudo maternos, levando a concepção da família hoje, como a reunião de indivíduos qua a compõem em um determinado momento, definido por entrevis- tados em pesquisa realizada acerca das repercussões da AIDS no indivíduo e na família.(FERRO-BUCHER,1966,p.86). A fragilização do casamento tem afetado as estruturas e dinâmicas familiares,

aumentando assim, o número de famílias chefiadas por mulheres e crescendo

consideravelmente nos casos de jovens não casados legalmente, e casos monoparentais

paternos e principalmente monoparentais maternos.

Uma família monoparental, como seu nome indica, é composta por um ou vários filhos que vivem só com o pai ou só com a mãe. Esse termo apareceu em 1975, para substituir as expressões “pai isolado” ou “mãe solteira” e “pai solteiro”. (CLAIRE GARBAS e FRANCIS THEODORES,2000).

11

11

A família monoparental aumentou consideravelmente, principalmente nas famílias chefiadas por mulheres, mulheres que vivem sozinhas, com filhos e sem cônjuge, que enfrentam dificuldades financeiras de criar e sustentar seus filhos.

Mulher sem cônjuge, com filhos Goldani aponta, através de análise de dados

demográfico, tanto para a fragmentação do modelo casal com filhos, quanto para o crescimento do modelo monoparental, em especial de mulher sem cônjuge com filhos. (GOLDANI in VITALE, 1993, p.81).

Podemos perceber o crescimento do número de famílias chefiadas por mulheres,

cuja a fragmentação do casamento tem contribuído para este fator. As mulheres chefes de

família acumulam uma dupla responsabilidade, ao assumir o cuidado da casa e das crianças

juntamente com o sustento material de seus dependentes. Essa dupla jornada de trabalho

geralmente vem acompanhada de uma dupla carga de culpa por suas insuficiências tanto no

cuidado das crianças quanto na sua manutenção econômica.

Claudia Fonseca (1987) observa que as famílias chefiadas por mulheres devem ser

pensadas no contexto da rede familiar e assinala a preocupação de se evitar explicações

reducionistas sobre as mesmas:

[...] as análises contemporâneas seguem,contudo, um novo tipo de determinismo, onde a mulher chefe de família é vista no quadro das “estratégias de sobreviven- cia” isto é, das respostas a adaptação as condições de extrema pobreza. A “plu - ripaternidade” (serial monogamy) supostamente estende a rede social da mulher, aumentando suas fontes potenciais de ajuda. Embora a relevância dos limites econômicos para a organização social seja inegável, é preciso evitar as versões simplórias desta corrente que tem como pressuposto implícito a naturalidade da unidade conjugal (como se não fosse ela também uma “estratégia de sobrevi- vencia”) em oposição a “funcionalidade” da unidade mães/filhos como se não fosse ela também o produto de um conjunto historicamente determinado de opções culturais. (FONSECA in VITALE, 1987,p.90).

Podemos observar que as famílias chefiadas por mulheres têm crescido nas últimas

décadas. No Brasil, em 1992, eram estimadas em 21,9% e em 1999 este grupo representava

26% segundo o IBGE 2000. As famílias chefiadas por mulheres correspondem a 11,1

milhões de famílias. Uma em cada quatro famílias brasileiras, são chefiadas por mulheres.

Nesse universo, a maioria das mulheres responsáveis pelo domicílio está em situação

12

12

monoparental. Os dados do Censo 2000 revelam que enquanto cresce a proporção das

famílias monoparentais femininas – de 15,1 em 1992 para 17,1% em 1999 - diminui a

proporção daquelas compostas apenas pelo casal com filhos. Há, por certo, um contingente

de filhos, enteados, netos e bisnetos, agregados que vivem sob os cuidados e a

responsabilidade da mulher. As famílias monoparentais masculinas são significativamente

menores que as femininas.

Sarti (1996), apoiando-se em pesquisa sobre a família pobre, aponta:

Como em outro lado da moeda, Lopes e Gottschalk (1990) mostram que as famí lias chefiadas por mulheres estão em situação estruturalmente mais precárias, maia independentes de variações conjunturais, quando comparadas com situa- ções das famílias pobres, equivalentes no ciclo de vida familiar, que tem chefe masculino presente, dadas as diferenças nas formas de inserção da mulher no mercado de trabalho. (SARTI, in VITALE, 1996, p.45).

Podemos observar nesta citação, que as famílias chefiadas por mulheres quando se

vê só com os filhos assume a responsabilidade pelo grupo familiar em todos os sentidos. A

mulher mãe, sob tais circunstancias segue necessariamente o que é esperado pelo sistema

social, ou seja, assume o papel da socializadora dos filhos em conjunção com o papel de

provedora. Podemos observar também que nas famílias chefiadas por mulheres

estruturalmente mais precárias, encontram dificuldades financeiras e também de inserção

no mercado de trabalho.

Sarti, ao estudar as famílias pobres, assinala:

A circulação de crianças, como padrão legítimo de relação com os filhos, pode ser interpretada como um padrão cultural que permite uma solução conciliatória entre o valor da maternidade e as dificuldades concretas de criar os filhos, le- vando as mães a não se desligarem deles, mas manterem o vínculo através de uma circulação temporária. (SARTI in VITALE, 1996, p.57).

Podemos perceber nesta citação, que o valor da maternidade e as dificuldades

concretas de criar os filhos, conduz as mães a não se separarem de seus filhos.

13

13

A noção de família monoparental, de um lado, serviu para se opor ao estigma de

famílias problemáticas, ou de menor status social (quando comparadas às famílias

clássicas), mas, em contrapartida, tem ficado associada ao gênero e à pobreza, na medida

em que uma “mãe isolada” pode ter maior dificuldade para responder pelas necessidades e

cuidados dos filhos. A literatura, por sua vez, tem dado maior destaque a essas famílias na

relação com a pobreza e os dados confirmam esta equação. Assim, não é demais enfatizar

que o número de mulheres chefes de família cresce em nossa sociedade como um todo, mas

a vivência da situação monoparental varia largamente. Vincular a trajetória monoparental

com condições de vida, gênero e etnia é um caminho a ser aprofundado. Por essas razões,

reconhece-se a necessidade de uma política social e de uma responsabilidade coletiva que

assegurem às famílias monoparentais, em especial àquelas chefiadas por mulheres, os

meios para uma boa socialização e os cuidados necessários ao desenvolvimento das

crianças e adolescentes.

1.1 – A questão das famílias chefiadas por mulheres no contexto

social.

Falta, em seu mundo, um pai para seus filhos. Sozinha, ela tem que preencher essa

lacuna e, às vezes, enfrentar a censura das pessoas.

Ela pode ser viúva, ou separada do marido, ou ainda simplesmente uma mulher

solteira. Embora sua situação não seja a mesma em cada um desses casos, a mãe sozinha

quase sempre é vista como uma espécie de fenômeno raro, objeto de admiração,

desconfiança ou hostilidade. Independentemente do fato de estar ou não em choque com as

convenções sociais, a mulher arca com as responsabilidades da maternidade sem o apoio de

um homem enfrenta problemas muito especiais. Em certo sentido, ela e seus filhos

compõem um mundo incompleto, particularmente instável e sujeito a todo tipo de chuvas e

trovoadas.

Naturalmente, esse quadro sombrio não representa uma regra absoluta. Muitas

mulheres conseguem levar uma vida satisfatória e criam filhos felizes mesmo sem a

14

14

presença de um marido. Mas são poucas as que não enfrentam dificuldades sérias. Seu

problema básico é sempre o mesmo: de uma forma, precisam preencher o lugar que a

tradição reserva para o “homem da casa”, acumulando os papeis de mãe e pai de uma

família. Como esses papeis naturalmente se completam, a tarefa torna-se bastante difícil.

Para um grande número de mães sozinhas, as dificuldades começam a aparecer

nesse ponto. Quando a manutenção da casa e dos filhos depende exclusivamente da mulher,

é comum que esta precise sacrificar o tempo dedicado aos filhos em benefício do trabalho.

Ou, inversamente, optar por uma ocupação menos absorvente e menos rendosa para poder

ficar o maior tempo possível junto das crianças.

Em sociedades onde predomina um tipo de família mais extensa, com diversas

gerações vivendo na mesma casa, o problema não é tão grave. Há sempre uma avó ou tia

que pode assumir o grosso das tarefas domésticas, enquanto a mãe está fora de casa

trabalhando. Ou então os parentes da mulher encarregam-se da manutenção desta e de seus

filhos. Mas, com o desenvolvimento da vida urbana e a redução das unidades familiares a

grupos maiores, nem sempre a mãe sozinha pode contar o tipo de apoio. Quando sua

situação permite, ela ainda tem a possibilidade de pagar alguém especialmente para cuidar

da casa e das crianças. Além de não ser muito satisfatório do ponto de vista emocional

tanto para a mãe quanto para seus filhos, esta solução não está necessariamente ao alcance

de todas as mulheres.

Os problemas da mãe sozinha não são apenas de ordem prática. Também no plano

afetivo existem dificuldades sérias a serem enfrentadas. Uma delas atinge particularmente

as crianças. Numa família em que o pai está presente, é ele quem transmite aos filhos e

filhas os padrões de comportamento masculino vigentes nas sociedades. Seus exemplos e

sua autoridade são decisivos na formação da personalidade das crianças. Geralmente é

através do pai que elas costumam formar as primeiras imagens sobre o mundo que está

totalmente fora dos limites do grupo familiar.

Em vista disso a falta de uma influência masculina pode sempre representar um

elemento negativo no desenvolvimento intelectual e emocional das crianças, ainda que nem

elas nem a mãe se apercebam do problema. Além do mais, na maioria dos casos a ausência

15

15

do pai acaba se transformando numa forte consciente de insegurança. Mais dia, menos dia,

o menino ou a menina ouvirão a pergunta embaraçosa: “Você não tem pai? Onde ele está?”

Comparando sua situação com a dos amiguinhos e colegas, a criança corre o risco de

começar a julgar-se “diferente”.

A intensidade com que esses problemas serão sentidos depende muito da atitude da

mãe. É aclaro que a ausência do pai nunca chegará a ser simplesmente esquecida. Mas uma

mulher inteligente e segura de si pode contornar a situação proporcionando aos filhos a

experiência que lhes falta – convívio com a figura masculina. Um avô, um tio, um amigo

podem preencher, ao menos em parte, a função que seria desempenhada pelo pai junto às

crianças.

A mãe que se vê sozinha é confrontada, na maioria dos casos, com uma queda em seu nível de vida. A atividade profissional da mulher ainda é, muitas vezes, res- ponsável apenas pelo “segundo salário” da família. Então acabam aparecendo os problemas financeiros, obrigando-a a investir mais na atividade profissional. Mas diminuir o tempo dedicado aos filhos acentua as dificuldades de administrar a vi- da doméstica. Há mulheres que não trabalham o que faz com que seus proble- mas financeiros sejam mais graves. Elas também não se beneficiam da mesma consideração social que o homem só e são mais vulneráveis. Algumas também são falhas em relação ao papel disciplinar que devem exercer. (CLAIRE GAR- BAS e FRANCIS THEODORE,2000 p.139). Transformada de uma hora para outra em chefe da casa a mulher sente-se

desorientada diante da necessidade de tomar as decisões desde a mais simples até a mais

complexa.Talvez pelo próprio fato de enfrentarem problemas mais difíceis do que os das

outras mulheres, é comum às mães sozinhas o erro de se dedicarem com um empenho

exagerado aos encargos da maternidade. Tentando provar que podem ser tão eficientes

quanto qualquer mulher casada, cercam seus filhos de uma proteção desmedida e sufocante.

Quando são sós, homens ou mulheres despendem uma enorme energia física e psíquica, pois devem gerir, além de seus complexos pessoais de fracasso e de culpa, todos os tipos de tarefas domésticas, educativas, escolares que antes eram divididas.Sofrem com um sentimento de solidão,de falta de tempo e de dinheiro As vezes, o cansaço e a solidão levam ao desanimo e eles se deixam vencer pe- los acontecimentos. Mesmo assim, um bom número de pais e mães nessa situa- ção, apesar de todas as dificuldades, acha que viver só constitui uma melhora. Foi o que pôs fim a uma situação de conflito penosa tanto para eles quanto para os filhos. (CLAIRE GARBAS E FRANCIS THEODORE, 2000 p.139).

16

16

Podemos perceber que quando homens e mulheres vivem sozinhos fornecem

uma grande energia física e psíquica, em relação as atividades domésticas,

educativas, escolares, que antes eram divididas pelos cônjuges.

1.2 – O papel das Instituições e do Serviço Social, em relação aos direitos

e benefícios das famílias chefiadas por mulheres de comunidades

carentes.

Em relação as temáticas da família contemporânea é incursionar por complexas

questões e por realidades reconhecidamente em transformação. Dentre as mudanças que

afetam os laços familiares podemos destacar a configuração das famílias chamadas

monoparentais, alvo de atenção de profissionais da área de saúde, de serviço social, da

psicologia, dentre outros. Os lares monoparentais são aqueles em que vivem um único

projenitor com os filhos. Atendendo essas famílias no processo de terapia familiar, seja dos

segmentos genericamente chamados de médios, em clínica particular, seja dos segmentos

pobres em uma organização não-governamental, foi se tornando cada vez mais freqüente.

Alguns psicólogos acreditam que muitas mães solteiras por uma forte necessidade

de afirmação. Malkah Notman, um psiquiatra americano afirma que algumas delas têm uma

necessidade neurótica de serem “o sol do universo de alguém”. Outras conservariam seus

filhos não por amor, mas como uma forma de rebeldia contra a própria família, que procura

obrigá-las a dar a criança ou a casar com o homem de quem a tiveram. Nessas

circunstâncias, os psicólogos temem que a mãe solteira não tenha condições de

proporcionar ao filho o amor e a segurança emocional de que ele necessita.

Devido a isso, a grande maioria das mães solteiras não se sentem em condições de

manter seus filhos. Em quase todas as cidades grandes existem instituições especialmente

17

17

destinadas a dar assistência a mãe solteira. Muitas vezes essas instituições também se

encarregam de providenciar a adoção das crianças que não podem ficar com as mães.

O crescimento das famílias monoparentais tem sido observado no mundo ocidental

como um todo, o que as tem transformado em objeto de estudo e de políticas sociais.

São as instituições as responsáveis pela operacionalização das políticas sociais que

se constituem numa das formas principais de o Estado incorporar os interesses dos setores

dominados. Dessa forma, a ação do Estado, que se efetiva através da prática institucional, é

perpassada pelas condições existentes na sociedade, as quais se encontram presentes na

própria prática do Assistente Social.

A prática do Serviço Social dar-se no sentido de transformar o espaço Institucio- nal, visando a construção de uma sociedade na defesa dos interesses das classes subalternas. (BRAVO RAMOS, 1994 p.78). Enquanto aparelhos do Estado, as instituições são responsáveis pelo

funcionamento e repasse das políticas sociais, as quais se constituem na sociedade e que

essas contradições, conseqüentemente, também permeiam a prática do Serviço Social.

No processo de divisão social do trabalho que o Serviço Social como profissão,

insere-se, desde sua emergência, no interior dos equipamentos sócio-assistenciais

existentes, desenvolvendo uma atuação sócio/educativa junto as classes subalternas. Esta

ação, que se modifica e sofre redefinições com a modificação dos contornos da questão

social, participa, junto com as ações de outros profissionais, do processo de criação de

condições fundamentais para a reprodução social da vida dessas classes. No conjunto desta

ação que se expressa em projetos, programas e práticas institucionalizadas, situa-se o

Assistente Social reconhecido como o profissional do auxílio, da assistência,

desenvolvendo uma ação pedagógica, distribuindo recursos materiais, atestando carências,

realizando triagens, orientando e esclarecendo a população quanto aos seus direitos, aos

serviços, aos benefícios disponíveis, encaminhar as famílias para os serviços sociais, buscar

a promoção social, contribuir para uma melhor qualidade de vida, como por exemplo:

indicação para agências de emprego ou para cursos profissionalizantes, para posteriormente

serem inseridas no mercado de trabalho, famílias que tem filhos serem encaminhados para

creches, prestar esclarecimentos às famílias em relação aos seus direitos e benefícios e

18

18

outros serviços sociais, e também, conquistar novas parcerias (rede de serviços), no sentido

de buscar alternativas, para o atendimento de demandas surgidas pelas famílias.

É inegável que o campo próprio de trabalho do Serviço Social encontra na

administração e execução de ações de Assistência Social uma mediação fundamental. Ao

longo da história da profissão no Brasil, o assistente social é o profissional da assistência

social que constitui, portanto, uma referência fundamental para pensar um projeto

profissional voltado aos interesses das classes subalternas em nossa sociedade. Assumir a

vinculação histórica da profissão com a Assistência Social é condição para que os

assistentes sociais superem a ideologia do assistencialismo e avancem nas lutas pelos

direitos e pela cidadania.

Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua

capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de

preservar e efetivar direitos, à partir de demandas emergentes no cotidiano. O perfil

predominante do Assistente Social historicamente é o de um profissional que implementa

políticas sociais, ou, nos termos de Netto (l992), um executor terminal de políticas sociais,

que atua na relação direta com a população usuária. Hoje exige-se um trabalhador

qualificado na esfera da execução, mas também na formação e gestão de políticas sociais,

públicas e empresariais: Um profissional propositivo, com sólida formação ética, capaz de

contribuir ao esclarecimento dos direitos sociais e dos meios de exercê-los, dotado de uma

ampla bagagem de informação, permanentemente atualizada, para se situar em um mundo

globalizado.

19

19

2. UM BREVE HISTÓRICO SOBRE AS POLÍTICAS

SOCIAIS.

A historicidade das políticas sociais são exercidas e analisadas de diversas formas

na sociedade. No sistema capitalista, as políticas sociais adotadas anteriormente à década de

90, voltavam-se para uma política de “bem-estar Social”, onde a prática social se dava de

forma assistencialista e era desenvolvida no âmbito da sociedade civil. Ou seja, as políticas

sociais que permeavam a lógica assistencial/funcionalista, estavam imbuídas na caridade,

no suprimento das necessidades humanas de forma imediatista. Dentro deste contexto, tais

práticas assistenciais eram exercidas principalmente, por igrejas, organizações de vizinhos e

Instituições de apoio.Percebe-se que, neste contexto, as políticas sociais tinham a função

social de legitimar o sistema político-econômico dominante, enfatizado pelo Estado de

“bem-estar”. Ou seja, os objetivos do Estado, eram alcançados à medida que os conflitos

sociais eram minimizados ou institucionalizados.A análise desta conjuntura se dava de

forma ahistórica/acrítica, onde o saber profissional era baseado no contexto institucional.

Ou seja, as análises eram feitas fora do contexto global, desvinculadas das lutas de classes.

Os problemas derivados das políticas sociais são conseqüências lógicas e inevi-

táveis dos princípios básicos da organização da sociedade. (GALPER, 1994).

Dentro desta lógica, as políticas de bem-estar atendem tanto as necessidades

humanas, como os interesses do sistema econômico, pois integram as pessoas à lógica do

Sistema Capitalista.

2.1-As Políticas Sociais nos dias atuais em relação à Família.

Atualmente a política social é concebida como um mecanismo de intervenção e

regulação do Estado, datado pelo desenvolvimento do capitalismo monopolista e

20

20

determinado por um conjunto de necessidades sócio-economicas, jurídicas e políticas,

originárias das condições sob as quais se desenvolveram, historicamente, as relações entre o

capital e o trabalho.

Na sociedade capitalista contemporânea, as políticas sociais são expressão

concreta das contradições e dos antagonismo presentes nas relações entre as classes e destas

com o Estado. Sua constituição e institucionalização, quaisquer que sejam seus objetos

específicos de intervenção, dependem do grau de desenvolvimento das forças produtivas,

das estratégias do capital, do nível de socialização da política conquistada pelas classes

trabalhadoras e das particularidades históricas, que definem a constituição de cada Estado

nacional.

As Políticas sociais têm uma função política importante, pois, satisfazendo as

demandas populares, ajudam a assegurar um clima de estabilidade social e atender as

reivindicações sociais dos setores populares.

Por Política Social Pública se entende a possibilidade de orientar a ação social do

governo e da sociedade pela primazia dos princípios dos direitos sociais e da cidadania. A

Constituição brasileira estabelece a Assistência Social como uma Política de Seguridade

Social.

O Sistema de Seguridade Social, instituído pela Constituição Federal Brasileira

de 1988, apresenta uma lógica fundada em duas modalidades de proteção social: assistência

e seguro sociais. Em termos de princípios gerais, a seguridade social associa, ao mesmo

tempo, universalidade e seletividade, centralização e descentralização, distributividade e

redistributividade, gratuidade e contributividade. Estes princípios conformam, de modo às

vezes mais, às vezes menos explicitamente, as três políticas que integram a seguridade

social: a assistência social, a previdência social e a saúde.

A Política de Assistência Social, a legislação que a regulamenta (Lei Orgânica de

Assistência Social nº 8.742, de 07/12/93; Política Nacional de Assistência Social e Norma

Operacional Básica, publicadas no Diário Oficial da União de 16/04/99, imprimiu-lhe

princípios como seletividade e universalidade na garantia dos benefícios e serviços,

21

21

gratuidade e não-contributividade no que tange à natureza dos direitos: redistributividade,

no que se refere aos mecanismos de financiamento; e descentralização e participação,

quanto à sua forma de organização político-institucional.

Inegavelmente, uma das maiores inovações introduzidas na Constituição de 1988 e

materializada pela LOAS foi a recomposição do campo assistencial com base nos

princípios de descentralização e participação da sociedade na elaboração e controle da

política de assistência social. Estes princípios devem ser reconhecidos a partir da justa

importância que podem assumir para a consolidação da recente democracia brasileira, visto

que a organização político-institucional da assistência sob sua Égide constitui um embrião

de organização democrática.

Conforme o Capítulo I do artigo 1º, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)

tem como definições: a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política

de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de

um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o

atendimento às necessidades básicas.

De acordo com o capítulo I do artigo 2º, a Lei Orgânica da Assistência Social

(LOAS) tem por objetivos: I) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência

e à velhice; II) o amparo às crianças e adolescentes carentes; III) a promoção da integração

ao mercado de trabalho; IV) a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de

deficiências e a promoção de sua integração à vida comunitária; V) a garantia de 1 (um)

salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que

comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua

família.

Conforme o Parágrafo Único do Capítulo I do artigo 1º , A assistência social

realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à

garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências

sociais e à universalização dos direitos sociais.

22

22

De acordo com o Capítulo I do artigo 3: consideram-se entidades e organizações de

assistência social aquelas que prestam, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento

aos beneficiários abrangidos por esta lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de

seus direitos.

Em relação ao reordenamento dos dois grandes eixos de sustentação da estruturada

organizacional da assistência social como política pública: 1) a redefinição da relação entre

o poder público central(Governo Federal) e o poderes públicos locais(Estados e

Municípios); e 2) a recomposição da relação entre Estado e sociedade, que envolve duas

dimensões: o papel das entidades não-governamentais prestadoras de assistência social e o

papel dos Conselhos, Conferências e Fóruns na gestão democrática da política de

assistência social.

2.2-Um breve Histórico sobre o Programa Ações de Cidadania.

Por ser considerado a “porta de entrada” para os demais programas da SMDS

(Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social), o Programa Ações de Cidadania

desenvolve suas práticas voltadas para as articulações fortalecendo as políticas assistenciais

da secretaria. Como vem ocorrendo, atua numa linha educativa de ação preventiva

reflexiva, destinada a população considerada menos favorecida que se encontra em situação

de vulnerabilidade social.

O objetivo principal do Programa Ações de Cidadania é proporcionar ao Usuário,

através de informações e reflexões, condições para lidar com as próprias dificuldades do

cotidiano e a realidade social em que vive.

Assim sendo, através do trabalho de desenvolvimento da auto-estima, da promoção e

do desenvolvimento social e humano, busca-se resgatar as potencialidades do Usuário para

o exercício pleno de cidadania.

23

23

A proposta sócio política pedagógica do Programa Ações de Cidadania no CEMASI

Professora Helenice Nunes Jacintho, desenvolve-se numa linha educativa e preventiva,

proporcionando a População Usuária sua inserção no processo das políticas públicas

sociais, refletindo com a mesma as dificuldades e a situação-problema apresentada e

motivando-a para a sua auto credibilidade e capacidade de promover mudanças na realidade

a qual está inserida.

O programa atua em articulação e interação com os demais programas da SMDS

desenvolvidos na Unidade (Rio Experiente/Grupo de Convivência, Rio Jovem, Agente

Jovem, PETI/Jornada Ampliada).

Através de contatos e visitas institucionais, busca-se ampliar parcerias com outros

órgãos e assim favorecer o atendimento a demanda apresentada.

O Programa Ações de Cidadania é desenvolvido através de atendimento social

individualizado e acompanhamento social (reflexão com a população Usuária acerca da

problemática por ela apresentada), visitas domiciliares, visitas institucionais que

contribuem para compressão da realidade social vivenciada e assim desenvolver um

trabalho de qualidade para a população.

O Técnico do Programa Ações de Cidadania tem como atribuições: Atender e

encaminhar as demandas apresentadas pela população atendida; Realizar visitas

institucionais e domiciliares; Elaborar relatórios mensais do trabalho realizado, avaliando e

apontando sugestões; Acionar os recursos comunitários, demais parceiros e órgãos

competentes quando necessários; Organizar o arquivo dos atendimentos; Elaborar relatórios

sociais; Participar de reuniões externas quando convocado pela Direção da Unidade, pela

CR-5.3 ou nível central; Manter a direção informada de qualquer situação irregular

observada e Desenvolver trabalhos com famílias na Unidade.

O Técnico do Programa Ações de Cidadania desenvolve várias atividades como por

exemplo: Atendimento individual e acompanhamento social (psicossocial); Acionar os

recursos comunitários, demais parceiros e órgãos competentes; Encaminhamentos; Reunião

grupal; Reunião familiar; Contato breve familiar e colateral; Contato institucional; Visitas

24

24

domiciliares e visitas institucionais; Prestar esclarecimentos aos Usuários acerca de seus

direitos (benefícios); Planejamento e Relatórios.

É de ressaltar, que o Programa Ações de Cidadania desenvolvido pela Unidade do

CEMASI Professora Helenice Nunes Jacintho, além das atribuições pertinentes ao

Programa, valoriza as necessidades apontadas por seus usuários e vislumbra novos

caminhos para a solução dessas demandas, não se limitando apenas ao encaminhamento

para os demais Programas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS).

Ressalta-se também, que os atendimentos realizados são registrados na ficha de

atendimento social e elaborado relatório mensal de todo trabalho desenvolvido na Unidade

com a finalidade de avaliar as necessidades e dificuldades percebidas.

Para fortalecer a cada ano a política de desenvolvimento do Programa Ações de

Cidadania, é imprescindível manter a articulação com todos os Programas Sociais no

CEMASI Professora Helenice Nunes Jacintho (PETI/Jornada Ampliada, Rio Jovem,

Agente Jovem, Rio Experiente e Rio em Família), visto que o objetivo de todos os

Programas é oferecer ao Usuário e suas respectivas famílias, atendimento numa lima de

ação-reflexão, trabalhando a auto-estima, o desenvolvimento social e cidadania dos

mesmos.

Tal articulação será necessária para o melhor acompanhamento das famílias já que a

criança que é atendida no Programa do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho

Infantil ) tem a avó que é atendida no Programa do Rio Experiente cuja mãe é atendida no

Programa Ações de Cidadania. Desta forma não há que se realizar as práticas de trabalhos

isoladamente.

Portanto, se além da articulação entre os Programas, houver a integração dos

Dinamizadores e Técnicos serão possível alcançar as metas propostas e enriquecer a

dinâmica do trabalho cujo maior beneficiário com esta prática será o USUÁRIO.

O Programa Ações de Cidadania interage de maneira direta com o Programa Rio

em Família, ou seja, perpassa por todos os Programas da SMDS.

25

25

A proposta pedagógica do referido programa, consiste em ações sócio-educativas,

considerando o contexto social da família remetendo-a ao processo de inclusão social.

Através de reflexões procura resgatar entre as dificuldades enfrentadas, meios que

proporcione a realização de mudanças na situação a qual está inserida, quando necessário

contamos com demais recursos da Secretaria principalmente o Programa P.B.E-A.

O Programa P.B.E-A (Bolsa Escola Alimentação) integra os demais Programas da

Coordenadoria de Programas Sociais da SMDS, sendo implementado através da Política

de Assistência Social, tendo como objetivo, facilitar o processo de intervenção na

promoção social da família em situação de vulnerabilidade e exclusão social, visando a

inserção desta na sociedade como um todo.

O Programa P.B.E-A no ângulo da Política de Assistência, realiza-se no CEMASI

Professora Helenice Nunes Jacintho, atendendo um total de 150 (cento e cinqüenta)

famílias distribuída entre os Programas (Ações de Cidadania contemplado com 65 (sessenta

e cinco) bolsa de alimentos, PETI/Jornada Ampliada contemplado com 40 (quarenta) bolsas

de alimentos, Rio Jovem contemplado com 20 (vinte) bolsas de alimentos e Rio Experiente

contemplado com 25 (vinte e cinco ) bolsa de alimentos).

Desenvolve-se através de acompanhamento individual e reuniões sócio- educativas

mensais, reuniões estas, realizadas pelos Técnicos dos referidos Programas.

Vale ressaltar, que o acompanhamento individual realiza-se através de atendimento

social, visitas domiciliares, objetivando avaliar as condições econômicas e sócio

habitacionais dos beneficiários, bem como a comprovação das reais necessidades da bolsa

alimentícia para possível inclusão e exclusão no Programa P.B.E-A. Tais atribuições,

ficarão sob a responsabilidade do Técnico do Programa Ações de Cidadania, com exceção

do Programa PETI/Jornada Ampliada que possui técnicos próprios para o Programa.

O Critério para inclusão no Programa bem como seu prazo de permanência são

informados ao Beneficiário no ato de sua inserção no Programa.

26

26

Os Critérios para inclusão no Programa são: Residência comprovada no município

do Rio de Janeiro; Moradia em local de risco social e ambiental; Famílias com dependentes

em idade escolar matriculados e freqüentando as escolas da rede municipal de educação;

Estar em tratamento no C.M.S., inserido no Programa de controle à tuberculose; Ser

portador de necessidades especiais; Renda mensal por pessoa, no domicílio, inferior ou

igual a ¼ do salário mínimo.

Para que a eficiência do P.B.E-A, possa ser corretamente mensurada, indica-se o

prazo de um ano de permanência da família no Programa. Deve ser levado em consideração

o seguinte aspecto: Comprovação de freqüência escolar igual ou superior a 85% (oitenta e

cinco por cento) dos usuários nos Programas da SMDS e SMS e Participação dos

responsáveis nas reuniões sócio-educativas.

27

27

3. PROMOÇÃO SOCIAL A SERVIÇO DAS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES DE COMUNIDADES

CARENTES.

É importante a realização de políticas sociais no sentido de encaminhar as famílias

para os serviços sociais, buscando a Promoção Social, contribuindo para uma melhor

qualidade de vida, como por exemplo: indicação de agências de emprego ou encaminhando

as famílias para cursos profissionalizantes, para posteriormente serem inseridas no mercado

de trabalho, famílias que tem filhos serem encaminhados para creches, escolas, atividades

esportivas, reforço escolar, prestar esclarecimentos às famílias em relação aos seus direitos

e benefícios e outros serviços sociais.

A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), sancionada em dezembro de 1993

pelo Presidente Itamar Franco, foi conquistada a partir de um movimento de luta articulado

nacionalmente e teve como protagonistas os principais trabalhadores da área da Assistência

e organizações da sociedade civil. Os Assistentes Sociais das unidades acadêmicas ou

trabalhadores de instituições de assistência tiveram participação relevante no processo de

regulamentação.

A LOAS é o marco a ser buscado como referência por todos os que estão

comprometidos com a superação da exclusão social através dos direitos sociais e da

expansão da cidadania para a classe trabalhadora do nosso país.

De acordo com o Capítulo IV do artigo 23 da Lei Orgânica da Assistência Social:

Entendem –se por serviços assistenciais as atividades continuadas que visem à melhoria de

vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas.

É importante que o Assistente Social busque formas e alternativas, que contribuirá

para uma melhor qualidade de vida das famílias. É importante também que o Assistente

Social em seus atendimentos sociais, prestar esclarecimentos às famílias acerca de seus

direitos e benefícios, encaminhar as famílias para os serviços sociais e também conquistar

28

28

novas parcerias (Rede de Serviços), no sentido de buscar alternativas, para o atendimento

de demandas surgidas pelas famílias.

É importante também que o Assistente Social possa exercer a profissão com espírito

de quem se entrega a uma verdadeira missão de serviço, tendo sempre em vista o bem

comum. Dedicando a conhecer a realidade social e a aprofundar os conhecimentos a fim de

satisfazer as necessidades dos usuários. Aplicando a busca de verdade, a realização da

justiça e a defesa dos direitos.

O Código de Ética de 1993 representa uma grande conquista para os profissionais de

Serviço Social, fundamentado numa definição mais abrangente, de compromisso com os

usuários, com base na liberdade, democracia, cidadania, justiça e igualdade Social.

O Código de Ética de 1993 tem como Princípios Fundamentais: a liberdade como

valor ético central; defesa dos direitos humanos; recusa do autoritarismo; consolidação da

cidadania; garantia de todos os direitos civis, sociais e políticos; defesa da democracia;

igualdade e justiça social; eliminação de preconceitos; respeito a diversidade; garantia do

pluralismo; projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem

societária; articulação com outros movimentos profissionais; qualidade dos serviços

prestados à população; competência profissional; Serviço Social sem ser discriminado e

nem discriminar. Com o Código de Ética de 1993 surge um novo perfil do profissional de

Serviço Social, mais comprometido com os interesses da população atendida, com base em

novos valores éticos e políticos. Com o Código de Ética de 1993 o Assistente Social passa

a ter uma preocupação com a qualidade dos serviços prestados à população usuária e atenta

à defesa dos direitos humanos. O Assistente Social torna-se mais comprometido com as

reivindicações, necessidades e com os problemas da população.

3.1 – A Promoção social através de encaminhamentos das Famílias para os Serviços Sociais.

É importante encaminhar as famílias para os serviços sociais, buscando a promoção

social e contribuindo na conquista de reivindicações e necessidades das famílias.

29

29

São inúmeras as demandas apresentadas pelas famílias ao procurar o setor de Serviço

Social, podemos citar: encaminhamento para agências de emprego, encaminhamento para

cursos profissionalizantes, para posteriormente serem inseridas no mercado de trabalho,

famílias solicitando creche para seus filhos, por não ter com quem deixá-los, pois a mesma

precisa trabalhar para somar a renda familiar, encaminhamento para Conselho Tutelar,

encaminhamento para Posto de Saúde para atendimento médico, encaminhamento para

Hospital Municipal ou Estadual para atendimento médico, encaminhamento para a

Previdência Social (INSS), encaminhamento de locais que fornecem o serviço para o

cadastramento do Passe Livre, encaminhamento para Programas da Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Social /SMDS (Ex: para o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

(PETI), Rio Jovem, Agente Jovem , Centro da Juventude, Rio Experiente...),

encaminhamento de locais que fornecem a retirada de documentos (Ex: identidade, carteira

de Trabalho..), encaminhamento para o SESC (Serviço Social do Comércio),

encaminhamento para o SESI (Serviço Social da Indústria), encaminhamento para o

SENAC, SENAI, ADL, e outros encaminhamentos de serviços sociais.

É importante que o profissional de Serviço Social desenvolva um trabalho

informativo e reflexivo com as famílias. É importante também que o Assistente Social em

suas ações de trabalho, possa orientar as famílias sobre seus direitos e benefícios.

Que o Assistente Social possa desenvolver um trabalho educativo e preventivo,

proporcionando as famílias sua inserção no processo das políticas públicas sociais,

refletindo com as mesmas as dificuldades e a situação problema apresentada e motivando-

as para a sua auto credibilidade e capacidade de promover mudanças na realidade a qual

está inserida e desenvolver também um trabalho de auto estima, de promoção social e de

desenvolvimento social e humano, buscando resgatar as potencialidades das famílias para o

exercício pleno da cidadania.

É importante que no atendimento social, o Assistente Social tenha compromisso com

a qualidade de serviços sociais prestados as famílias e também com o aprimoramento

intelectual.

30

30

3.2- A conquista de novas parcerias (Rede de Serviços) para as demandas surgidas pelas Famílias.

É importante novas parcerias (Rede de serviços), no sentido de buscar alternativas,

para o atendimento de demandas surgidas pelas famílias.

É importante também que o Assistente Social conquiste novas parcerias,

contribuindo para uma melhor qualidade de vida das famílias e a promoção social das

mesmas.

Através destas Parcerias (Rede de Serviços) o Assistente Social desenvolverá um

trabalho de auto estima e de desenvolvimento social e humano com as famílias e também

buscando resgatar as potencialidades das famílias para o exercício pleno de cidadania.

3.3- Terapia de Família e sua relação com o novo modelo familiar: Lares chefiados por mulheres.

Inicialmente conceituaremos sobre a Terapia de Família. A Terapia de Família é um

método de tratamento das relações familiares. Isto significa que não se vai tratar o

indivíduo na família e sim o grupo familiar comum um todo e o vínculo entre seus

membros. A intervenção terapeuta não se faz no indivíduo “A” e no indivíduo “B” mas sim

na relação que ocorre entre “A” e “B”. Por vezes, quando um indivíduo apresenta um

problema este ter tido origem num conjunto de relações familiares deficitárias e afetar

todos os outros membros. Se tratarmos apenas a pessoa que manifestou o problema

deixaremos de tratar todos os outros afetados pela mesma dificuldade. Isto faz da terapia

familiar um excelente aliado do tratamento psicoterápico individual. Em toda família

coexistem tendências para saúde e para doença, o diferencial se fará a depender de como a

família enfrente situações de crise, de como está a afetividade e a comunicação entre seus

31

31

componentes. Estes serão indicadores de relações saudáveis ou adoecidas. A procura por

um terapeuta se dá, geralmente, quando a família apresenta um grave problema. Pode ser

um dos membros apresentando transtorno psíquico, a presença de álcool ou drogas, ou a

iminência de uma separação. Uma crise é resultado de pequenos conflitos que se repetem

cotidianamente e para os quais não se dá a devida atenção. Não se deve deixar que os

problemas tomem proporções alarmantes para se procurar a terapia. Isto evitará o

agravamento da situação conflitiva possibilitando rever as bases do relacionamento

familiar.

O objetivo primeiro no encontro com o núcleo familiar, no qual mulheres administram

seus lares, é buscar novas alternativas e uma mudança na sua dinâmica. Ao conhecer uma

situação problemática, o profissional deve entender que foi assim que o núcleo familiar

conseguiu funcionar. Os problemas têm múltiplos significados:

intrapsíquico/interpessoal/relacional. O objetivo de uma intervenção é transformar o

processo intrapsíquico em interpessoal. Observar o que acontece entre as pessoas.

O profissional deve analisar a estrutura familiar pelo menos por três gerações, através

do Genograma. O importante na leitura da história de uma família é o entendimento das

regras, que, se persistem no tempo, deve ser por razões de sobrevivência. Cada família tem

sua história, seus mitos e suas lendas, transmitidas ao longo dos tempos.

A tarefa primordial da intervenção é desbloquear possíveis impasses que estão

paralisando o processo evolutivo do grupo familiar. As famílias estimulam tanto a coesão

como a individuação. O indivíduo pode cultivar seu espaço pessoal e ao mesmo tempo

pertencer a um conjunto de regras. Seguindo sua evolução, cada membro pode constituir

sua nova família.

A esfera da ação do profissional e a técnica que utiliza para atingir seus objetivos são

determinadas por seu esquema de referencial teórico, que visa a modificar o presente. O

conhecimento da história do núcleo familiar serve para ilustrar e fornecer dados. O passado

se manifesta no presente será suscetível à mudança pelas intervenções, que modificam o

momento atual. O objetivo da intervenção é o sistema familiar.

32

32

Toda metodologia deve estar a serviço do objetivo do trabalho. Dessa forma, é

fundamental ter clareza em relação ao que se pretende atingir, embasando cientificamente

as propostas e alvos operacionais. O trabalho social com famílias deverá facilitar as

relações intra-familiares e, paralelamente, promover a integração da família à sua

comunidade.

A teoria na qual o profissional se baseia, sua experiência acumulada e suas vivências

pessoais influenciarão diretamente no que ele faz e em como ele faz. Sua atitude diante da

família é um fator relevante para o sucesso do trabalho, independente do método e da

técnica aplicada. A capacidade de auto-análise e de escuta por parte do profissional é um

precioso instrumento de trabalho.

O vínculo entre o profissional e a família, quando construído numa relação de respeito e

de confiança, facilitará a evolução do acompanhamento. A família deverá, pouco a pouco,

através de vários contatos com o profissional, sentir-se acolhida e compreendida, de forma

a contribuir, sempre que possível, com o processo de ajuda.

33

33

CONCLUSÃO

Como vimos no Capítulo I, sobre a análise das famílias chefiadas por mulheres:

“Conceitos e Representações”, que o número de famílias monoparentais aumentou

consideravelmente, principalmente nas famílias chefiadas por mulheres, mulheres que

vivem sozinhas, com filhos e sem cônjuge, que enfrentam dificuldades financeiras de criar

e sustentar seus filhos. Além da pobreza enfrentada pela maioria das famílias,

principalmente, as que têm que buscar meios de sobrevivência, tem ocorrido o aumento da

desagregação familiar. A fragilização de casamento tem afetado as estruturas e dinâmicas

familiares, aumentando assim, o número de famílias chefiadas por mulheres. Podemos

citar também a falta de empregos criada pela condição do sistema capitalista, as famílias

encontram dificuldades para inserir no mercado de trabalho e enfrentam dificuldades

também financeiras de criar e sustentar seus filhos. As famílias chefiadas por mulheres

quando se vê só com os filhos assume a responsabilidade pelo grupo familiar em todos os

sentidos. A mulher mãe, sob tais circunstancias segue necessariamente o que é esperado

pelo sistema social, ou seja, assume o papel da socializadora dos filhos em conjunção com

o papel de provedora. Podemos observar também que nas famílias chefiadas por mulheres

estruturalmente mais precárias, encontram dificuldades financeiras e também de inserção

no mercado de trabalho.

Para um grande número de mães sozinhas, as dificuldades começam a aparecer quando a

manutenção da casa e dos filhos depende exclusivamente da mulher é comum que esta

precise sacrificar o tempo dedicado aos filhos em benefício do trabalho. Ou, inversamente,

optar por uma ocupação menos absorvente e menos rendosa para poder ficar o maior tempo

possível junto das crianças. Podemos perceber que quando homens e mulheres vivem

sozinhos fornecem uma grande energia física e psíquica, em relação as atividades

domésticas, educativas, escolares, que antes eram divididas pelos cônjuges.

Os lares monoparentais são aqueles em que vivem um único projenitor com os filhos. O

crescimento das famílias monoparentais tem sido observado no mundo ocidental como um

todo, o que as tem transformado em objeto de estudo e de Políticas Sociais. São as

34

34

Instituições as responsáveis pela operacionalização das Políticas Sociais que se constituem

numa das formas principais de o Estado incorporar os interesses dos setores dominados.

Dessa forma, a ação do Estado, que se efetiva através da prática institucional, é perpassada

pelas condições existentes na sociedade, as quais se encontram presentes na própria prática

do Assistente Social. Enquanto aparelhos do Estado, as Instituições são responsáveis pelo

funcionamento e repasse das Políticas Sociais, as quais se constituem na sociedade, também

permeiam a prática do Serviço Social. No processo de divisão social do trabalho que o

Serviço Social como profissão, insere-se, desde sua emergência, no interior dos

equipamentos sócio-assistenciais existentes, desenvolvendo uma atuação/educativa junto a

população. O Assistente Social reconhecido como o profissional do auxílio, da assistência,

desenvolvendo uma ação pedagógica, distribuindo recursos matérias, atestando carências,

realizando triagens, orientando e esclarecendo a população quanto aos seus direitos, aos

serviços, aos benefícios disponíveis, encaminhar as famílias para os serviços sociais, buscar

a promoção social, contribuir para uma melhor qualidade de vida, como por exemplo:

indicação para agências de emprego ou para cursos profissionalizantes, para posteriormente

serem inseridas no mercado de trabalho, famílias que tem filhos serem encaminhados para

creches, prestar esclarecimentos às famílias em relação aos seus direitos e benefícios e

outros serviços sociais, e também, conquistar novas parcerias (Rede de Serviços), no

sentido de buscar alternativas, para o atendimento de demandas surgidas pelas famílias.

Conforme vimos no Capítulo II, sobre um breve Histórico sobre as Políticas Sociais, que

no Sistema Capitalista, as Políticas Sociais adotadas anteriormente à década de 90,

voltavam-se para uma política de “bem-estar Social”, onde a prática social se dava de

forma assistencialista e era desenvolvida no âmbito da sociedade civil. Ou seja, as Políticas

Sociais que permeavam a lógica assistencial/funcionalista, estavam imbuídas na caridade,

no suprimento das necessidades humanas de forma imediatista. Dentre deste contexto, tais

práticas assistenciais eram exercidas principalmente, por igrejas, organizações de vizinhos e

Instituições de apoio.

Atualmente a Política Social é concebida como um mecanismo de intervenção e

regulação do Estado, datado pelo desenvolvimento do capitalismo monopolista

determinado por um conjunto de necessidades sócio-econômicas, jurídicas e políticas,

35

35

originárias das condições sob as quais se desenvolveram historicamente, as relações entre o

capital e o trabalho. As Políticas Sociais têm uma função política importante, pois,

satisfazendo as demandas populares, ajudam a assegurar um clima de estabilidade social e

atender as reivindicações sociais dos setores populares.

Por Política Social Pública se entende a possibilidade de orientar a ação social do

governo e da sociedade pela primazia dos princípios dos direitos sociais e da cidadania. A

Constituição Brasileira estabelece a Assistência Social como uma Política de Seguridade

Social.

Inegavelmente, uma das maiores inovações introduzidas na Constituição de 1988 e

materializada pela LOAS foi a recomposição do campo assistencial com base nos

princípios de descentralização e participação da sociedade na elaboração e controle da

Política de Assistência Social. Estes princípios devem ser reconhecidos a partir da justa

importância que podem assumir para a consolidação da recente democracia brasileira, visto

que a organização político-institucional da assistência sob sus Égide constitui um embrião

de organização democrática.

Por ser considerado a “porta de entrada” para os demais Programas da SMDS

(Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social), o Programa Ações de Cidadania

desenvolve suas práticas voltadas para as articulações fortalecendo as políticas assistenciais

da Secretaria. O Programa Ações de Cidadania atua numa linha educativa de ação

preventiva reflexiva, destinada a população considerada menos favorecida que se encontra

em situação de vulnerabilidade social.

O objetivo principal do Programa Ações de Cidadania é proporcionar ao Usuário, através

de informações e reflexões, condições para lidar com as próprias dificuldades do cotidiano

e a realidade social em que vive. Assim sendo, através do trabalho de desenvolvimento da

auto-estima, da promoção e do desenvolvimento social e humano, busca-se resgatar as

potencialidades do Usuário para o exercício pleno de cidadania.

O Programa Ações de Cidadania é desenvolvido através de atendimento social

individualizado e acompanhamento social (reflexão com a população Usuária acerca da

36

36

problemática por ela apresentada), visitas domiciliares, visitas institucionais que

contribuem para compressão da realidade social vivenciada e assim desenvolver um

trabalho de qualidade para a população.

Como vimos no Capítulo III, sobre a Promoção Social a Serviço das famílias Chefiadas

por mulheres de comunidades carentes, que é importante a realização de Políticas Sociais

no sentido de encaminhar as famílias para os serviços sociais, buscando a Promoção Social,

contribuindo para uma melhor qualidade de vida.

A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) é o marco a ser buscado como referência

por todos os que estão comprometidos com a superação da exclusão social através dos

direitos sociais e da expansão da cidadania.

O Código de Ética de 1993 representa uma grande conquista para os profissionais de

Serviço Social, fundamentado numa definição mais abrangente, de compromisso com os

usuários, com base na liberdade, democracia, cidadania, justiça e igualdade Social.

Com o Código de Ética de 1993 surge um novo perfil do profissional de Serviço Social,

mais comprometido com os interesses da população atendida, com base em novos valores

éticos e políticos.

Com o Código de Ética de 1993 o Assistente Social passa a ter uma preocupação com a

qualidade dos serviços prestados à população usuária e atenta à defesa dos direitos

humanos. O Assistente Social torna-se mais comprometido com as reivindicações,

necessidades e com os problemas da população.

É importante que o Assistente Social em suas ações de trabalho, possa orientar as

famílias sobre seus direitos e benefícios.

Que o Assistente Social possa desenvolver um trabalho informativo, educativo,

reflexivo e preventivo, proporcionando as famílias sua inserção no processo das Políticas

Públicas Sociais, refletindo com as mesmas as dificuldades e a situação problema

apresentada e motivando-as para a sua auto credibilidade e capacidade de promover

mudanças na realidade a qual está inserida e desenvolver também um trabalho de auto

37

37

estima, de promoção social e de desenvolvimento social e humano, buscando resgatar as

potencialidades das famílias para o exercício pleno da cidadania.

É importante novas parcerias (Rede de Serviços), no sentido de buscar alternativas, para

o atendimento de demandas surgidas pelas famílias. É importante também que o Assistente

Social conquiste novas parcerias, contribuindo para uma melhor qualidade de vida das

famílias e a promoção social das mesmas.

A Terapia de Família é um método de tratamento das relações familiares. Isto significa

que não se vai tratar o indivíduo na família e sim o grupo familiar comum um todo e o

vínculo entre seus membros.

O objetivo primeiro no encontro com o núcleo familiar, no qual mulheres administram

seus lares, é buscar novas alternativas e uma mudança na sua dinâmica. Ao conhecer uma

situação problemática, o profissional deve entender que foi assim que o núcleo familiar

conseguiu funcionar. Os problemas têm múltiplos significados:

intrapsíquico/interpessoal/relacional. O objetivo de uma intervenção é transformar o

processo intrapsíquico em interpessoal. Observar que acontece entre as pessoas.

O profissional deve analisar a estrutura familiar pelo menos por três gerações, através do

Genograma. O importante na leitura da história de uma família é o entendimento das regras,

que, se persistem no tempo, deve se por razões de sobrevivência. Cada família tem sua

história, seus mitos e suas lendas, transmitidas ao longo dos tempos.

O trabalho social com famílias deverá facilitar as relações intra-familiares e,

paralelamente, promover a integração da família à sua comunidade.

O vínculo entre o profissional e a família, quando construído numa relação de respeito e

de confiança, facilitará a evolução do acompanhamento. A família deverá, pouco a pouco,

através de vários contatos com o profissional, sentir-se acolhida e compreendida, de forma

a contribuir, sempre que possível, com o processo de ajuda.

Ratificando a hipótese (solução desejada), encaminhando as famílias para os serviços

sociais, buscando a promoção social, contribuindo para uma melhor qualidade de vida,

38

38

como por exemplo: indicando endereços de agências de emprego ou encaminhando para

cursos profissionalizantes, para posteriormente serem inseridas no mercado de trabalho,

famílias que têm filhos serem encaminhados para creches, prestando esclarecimentos às

famílias em relação aos seus direitos e benefícios e outros serviços sociais.

As três sugestões de novas pesquisas relacionadas ao tema da monografia são as

seguintes:

Educação para Adultos – Uma possibilidade de crescimento profissional, para que as

famílias possam dar continuidade aos seus estudos, habilitando-se assim para as

oportunidades exigidas por um mercado cada vez mais competitivo.

Cursos de Profissionalização – Abrindo portas para o mercado de trabalho, contribuindo

para o aprimoramento profissional e qualificando as famílias para as diversas áreas

solicitadas pelas empresas.

Oficina do Corpo – Em prol da auto-estima da imagem do indivíduo, contribuindo para

o auto conhecimento e também para o seu bem estar, físico e mental, através de técnicas de

relaxamento.

39

39

ANEXOS

40

40

ANEXOS

41

41

BIBLIOGRAFIA

ABTH – Associação Brasileira Terra dos Homens.Workshop Trabalho Social com Família

- Rio de Janeiro: 2001.

ALMEIDA, Maria Isabel. A “Nova Maternidade”: Uma Ilustração das Ambigüidades do

Processo de Modernização da Família, in FIGUEIRA, Sérvulo (org). Uma Nova Família? .

Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1987.

ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Editora LTC ,RJ, 1981.

BUCKER, Júlia. O Casal e a Família sob novas Formas de Interação. In FÉRES-

CARNEIRO, Terezinha (org). Casal e Família: entre a tradição e a transformação. Rio de

Janeiro, NAU, 1999.

Capacitação em Serviço Social e Política Social - Módulos 1 e 3 – DF – Centro de

Educação Aberta a Distância(CEAD), 1999.

CARNEIRO, Terezinha Féres. Família: Diagnóstico e Terapia. 2ª Edição, RJ: Editora

Vozes, 1996.

CBCISS, Coleção Temas Sociais. Configuração de um Projeto Profissional: As

Contribuições do CBCISS para o Serviço Social no Brasil. Estudos e Pesquisas,

Conclusões de Encontros, Conferências, Congressos e Seminários. Nº 241, ANO XXVI,

RJ, 1994.

CBCISS, Debates Sociais – Família: Ontem, Hoje, Amanhã. RJ, 1997.

CBCISS, Debates Sociais. Exclusão Social – Novas e Velhas Formas, Nº 58 – ANO

XXXVI. RJ, 2001.

CFESS – Código de Ética do Assistente Social – Lei 8662/1993

Constituição da República Federativa do Brasil, 18ª edição. SP: Editora Saraiva, 1998.

42

42

CRESS 7ª R - RJ. Assistente Social: Ética e Direitos – Coletânea de Leis e Resoluções, 4ª

edição, 2002.

FALEIROS, Vicente de Paula. Serviço Social – Questões Presentes para o Futuro. Serviço

Social e Sociedade, nº 50, ano XVII. RJ: Editora Cortez, 1996.

GARBAR, Claire e THEODORE, Francis. A Família Mosaico - As Novas Constituições

Familiares. SP: Augustus Editora, 2000.

HUGUET, Cláudio Ribeiro. A Constituição da Lei nas Famílias Chefiadas por Mulheres.

Dissertação de Mestrado. PUC- RJ, pp. 2-6; 18-35, 1999.

MELMAN, Jonas. Família e Doença Mental – Repensando a Relação entre Profissionais de

Saúde e Familiares. SP: Escrituras, 2002.

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social

– Conselho Municipal de Assistência Social. Lei Orgânica da Assistência Social -LOAS,

1993.

SHAPIRO, Harry. Homem, Cultura e Sociedade. SP: Martins Fontes.

VIEIRA, Balbina Ottoni. Serviço Social - Processos e Técnicas, 6ª Edição. RJ: AGIR

Editora, 1988.

VITALE, Maria Amália Faller. Serviço Social e Sociedade, Nº 71. Ano XXIII, Editora

Cortez , Especial Famílias, 2002.

43

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I: ANÁLISE DAS FAMÍLIAS CHEFIADAS POR

MULHERES:“CONCEITOS E REPRESENTAÇÕES” 10

1.1– A questão das famílias chefiadas por mulheres no contexto social. 13

1.2– O papel das Instituições e do Serviço Social, em relação aos direitos

e benefícios das famílias chefiadas por mulheres de comunidades

carentes. 16

44

44

CAPÍTULO II: UM BREVE HISTÓRICO SOBRE

AS POLÍTICAS SOCIAIS. 19

2.1 – As políticas sociais nos dias atuais em relação à família. 19

2.2 – Um breve histórico sobre o Programa Ações de Cidadania. 22

CAPÍTULO III: PROMOÇÃO SOCIAL A SERVIÇO DAS

FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES

DE COMUNIDADES CARENTES. 27

3.1 – A promoção social através de encaminhamentos das famílias para os serviços

sociais. 28

3.2 – A conquista de novas parcerias (Rede de Serviços) para as demandas surgidas

pelas famílias. 30

3.3 – Terapia de Família e sua relação com o novo modelo familiar: Lares Chefiados

por Mulheres. 30

CONCLUSÃO 33

ANEXOS 39

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 45

45

45

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Curso: Terapia de Família.

Título da Monografia: Análise das Famílias Chefiadas por Mulheres de Comunidades

Carentes.

Monografia elaborada por: Walquiria Ramundo dos Santos.

Orientador: Professor Nilson Guedes.

Data da Entrega da Monografia: 27/ 03/2004.

Avaliação:

Avaliado por:__________________________________________conceito:____________

Avaliado por: __________________________________________conceito:____________

Avaliado por:__________________________________________ conceito:____________

Conceito Final:______________.

Rio de janeiro, ________de ___________________de 2004.

46

46