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O PERFIL E O PAPEL DAS MULHERES BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NA REGIÃO DO CRAS DO PARQUE DO LAGO- DOURADOS- MS Edineia de Arruda Ferreira Resumo: O programa Bolsa Família foi criado para combater as desigualdades sociais do Brasil, focalizando principalmente os novos arranjos familiares, onde muitas são famílias monoparentais representadas pela figura feminina. Neste aspecto, a região do Parque do Lago Dourados –MS tem um número expressivo de famílias nessas condições, ou seja, chefiadas por mulheres. Importa-nos descobrir o papel desse beneficio na promoção de qualidade vida para as famílias dessa região, considerando questões materiais e/ou culturais e ainda as mazelas enfrentadas por essas mulheres. Sabemos que o papel das mulheres, mesmo que inconsciente, torna-se modelo de desenvolvimento social, e os projetos para atuação junto a essa população devem buscar minimizar o ciclo vicioso da pobreza. Palavras-chave:Programa Bolsa Família. Beneficiários. Perfil e Papel das Mulheres. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho teve como objetivo fazer uma analise do perfil e papel da mulher no contexto do Programa Bolsa Família (PBF). Neste aspecto, objetivamos conhecer as beneficiarias desse programa e o seu papel como protagonistas no cumprimento das condicionalidades. Temos como hipótese que as mulheres são as possíveis responsáveis pelo encaminhamentos e cumprimentos das condicionalidades que o programa exige. Observamos a maneira como o PBF tem se efetivado na prática, que implica em maiores responsabilidades para as mulheres, e isso nos leva a investigar como vem acontecendo o desenvolvimnto desse programa na região do Parque do Lago, localizado no município de Dourados, MS. Assim, a reflexão voltada para esse tema, nos remete a compreender as relações sócio-historicas, questionando a reprodução das relações de gênero em um sistema patriarcal e capitalista como o nosso, que existe desde a criação do estado brasileiro. Para a criação deste estudo realizou-se uma pesquisa bibliográfica por meio de leituras relacionadas com as categorias de análise, que permitiu uma fundamentação teórica que

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O PERFIL E O PAPEL DAS MULHERES BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA

BOLSA FAMÍLIA NA REGIÃO DO CRAS DO PARQUE DO LAGO- DOURADOS-

MS

Edineia de Arruda Ferreira

Resumo:

O programa Bolsa Família foi criado para combater as desigualdades sociais do Brasil, focalizando principalmente os novos arranjos familiares, onde muitas são famílias monoparentais representadas pela figura feminina. Neste aspecto, a região do Parque do Lago Dourados –MS tem um número expressivo de famílias nessas condições, ou seja, chefiadas por mulheres. Importa-nos descobrir o papel desse beneficio na promoção de qualidade vida para as famílias dessa região, considerando questões materiais e/ou culturais e ainda as mazelas enfrentadas por essas mulheres. Sabemos que o papel das mulheres, mesmo que inconsciente, torna-se modelo de desenvolvimento social, e os projetos para atuação junto a essa população devem buscar minimizar o ciclo vicioso da pobreza.

Palavras-chave:Programa Bolsa Família. Beneficiários. Perfil e Papel das Mulheres.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve como objetivo fazer uma analise do perfil e papel da mulher

no contexto do Programa Bolsa Família (PBF). Neste aspecto, objetivamos conhecer as

beneficiarias desse programa e o seu papel como protagonistas no cumprimento das

condicionalidades. Temos como hipótese que as mulheres são as possíveis responsáveis pelo

encaminhamentos e cumprimentos das condicionalidades que o programa exige.

Observamos a maneira como o PBF tem se efetivado na prática, que implica em

maiores responsabilidades para as mulheres, e isso nos leva a investigar como vem

acontecendo o desenvolvimnto desse programa na região do Parque do Lago, localizado no

município de Dourados, MS. Assim, a reflexão voltada para esse tema, nos remete a

compreender as relações sócio-historicas, questionando a reprodução das relações de gênero

em um sistema patriarcal e capitalista como o nosso, que existe desde a criação do estado

brasileiro.

Para a criação deste estudo realizou-se uma pesquisa bibliográfica por meio de leituras

relacionadas com as categorias de análise, que permitiu uma fundamentação teórica que

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auxiliou na discussão da problemática abordada, bem como na elaboração dos procedimentos

metodológicos aplicados à pesquisa de campo. A pesquisa de campo foi realizada no Centro

de Referência de Assistência Social – CRAS do Parque do Lago, na cidade de Dourados MS,

por meio de entrevista e realização de um grupo focal. Foram convidadas mulheres

beneficiárias do PBF que participam do Grupo de Mulheres e do Serviço de Convivencia e

Fortalecimento de Vinculos (SCFV). A escolha dessas mulheres decorre do fato de que

geralmente são elas o foco prioritário na administração do benefício e no cumprimento das

condicionalidades, pois mesmo existindo a figura masculina na unidade familiar, recai sobre

elas quase toda a responsabilidade para que a família continue dentro dos critérios estipulados

pelo programa .

Incialmente apresentarei aspectos históricos da criação do Programa Bolsa Familia,

como um programa que contribui para o combate à pobreza e à desigualdade no Brasil. Neste

aspecto, este benefício apresenta-se como um complemento de renda com o objetivo de

aliviar as mazelas imediatas da pobreza. E como as mulheres, que muitas vezes vivenciam o

ciclo vicioso da pobreza, têm buscado ultrapassar a pobreza extrema.

No segundo momento, diante dos dados coletados no questionário aplicado e no grupo

focal, farei uma análise reflexiva das falas das entrevistadas, procurando mostrar a percepção

destas acerca do PBF. Essa análise pode contribuir para desvendar, por meio dos discursos, as

representações culturais que sustentam e afirmam facetas de uma cultura onde as mulheres

são um dos pilares fundamentais das famílias.

2 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO BRASIL: OBJETIVOS E

CARACTERÍSTICAS

A historia do bolsa família nos remete a tempos anteriores, quando iniciaram os

primeiros modelos de proteção social, por volta do ano de 1923, com a lei Eloy Chaves, que

marcou profundamente o sistema brasileiro de proteção social. De acordo com Cruz Saco

(2002), este inicio estava focado em um modelo essencialmente contributivo, com pequeno

percentual semi ou não contributivo que caracterizou-se como caixas de seguro social, onde

empregados, empregadores e estados financiavam e geriam essas caixas. Tinham como

objetivo proteger trabalhadores e seus familiares de riscos coletivos. Toda a regulamentação

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estava envolvida ao mundo assalariado, ou seja, eram beneficiados trabalhadores ativos que

por algum motivo estavam impossibilitado de exercer a função, seja por doença, morte ou

invalidez.

No entanto, a partir da constituição de 1988, os benefícios desenvolveram-se

substantivamente na forma de subsídios semicontributivos, voltados para os trabalhadores

rurais, idosos e deficientes. No entanto, os benefícios não atingiam os objetivos propostos no

caso de muitos desses sujeitos.

Os efeitos da Constituição de 1988 promoveram um aumento de 80% no recebimento

dos benefícios. Contudo,essa evolução ocorrida no final dos anos 1980 e início dos 1990,

ainda estava ancorada em um modelo próximo do estabelecido na década de 1970

(Schwarzer, 2000).

Apesar da expansão dos benefícios e a constituição brasileira definindo a proteção à

família e à infância, até meados de 1990 a população em idade ativa ficava sem cobertura.

Isso explicava o fato de as taxas de pobreza e extrema pobreza da população mais jovem

(notadamente crianças até 15 anos de idade) serem, na prática, o dobro da média nacional,

mostrando que este grupo era o mais vulnerável do ponto de vista social.

Este modelo incial, onde a transferência de renda era condicionada a presença da

criança na escola, foi consolidado com o Programa Bolsa Família, direcionado

especificamente para a população pobre, com um definitivo viés pró-criança. Caracterizou-se

como um beneficio de natureza complementar, pois supunha algum tipo de capacidade

produtiva.

Nos anos de 1990 a proteção social brasileira muda de trajetoria no que se refere a

proteção social. A criação de outros moldes deixou de apenas beneficiar as pessoas que

perderam a capacidade produtiva, para beneficiar as que por algum motivo estavam em

situação de vunerabilidade social. Isso permitiu uma separação do modelo anterior, e o início

do reconhecimento da pobreza na sua integra. Essa mudança representou uma ruptura na

trajetoria do sistema criado em 1920. E o resultado dessas trajetórias foi a soma de vários

programas de tranferencias de renda, proporcionando uma inserção das famílias que não

faziam parte daquele modelo antigo de proteção social.

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Conforme Cardoso (1998) destaca, esses programas tornam-se imprescindíveis para a

população que encontra-se em situação de risco e ao aprimorar os cadastros e suas metas,

pode proporcionar a redução da estrema pobreza na sociedade brasileira.

A unificação dos programas a partir dos anos de 1995 tranformou várias iniciativas em

apenas um único projeto. A unificação possibilitou uma centralidade dos cadastros, o que

facilita uma melhor fiscalização, como explica Silva (2010):

A unificação, ainda, segundo seus formuladores, pode contribuir para melhor focalização nas famílias consideradas elegíveis no campo de enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil, permitindo ainda o desenvolvimento sistemático do monitoramento e avaliação do programa (SILVA, 2010, p. 33).

Dados do MDS (Ministerio do Desevolvimento Social) destaca que, o bolsa família,

entre 2003 a 2004, inicia o programa com um novo modelo onde a cobertura estava baseada

nas famílias já beneficiárias e nas primeiras concessões de benefícios para famílias que ainda

não recebiam transferência de renda. Como este modelo estava se reformulando, foi

necessária a implementação de um sistema único de cadastro dos beneficiários, o CADÚnico,

que tinha com objetivo a junção das informações dos beneficiários.

Os anos 2005 a 2006 foram marcados pela institucionalização do papel dos entes

federados na gestão do programa, com a assinatura de termos de adesão por todos os

municípios brasileiros e a criação do Índice de Gestão Descentralizada (IGD). Esse

instrumento tem como objetivo mensurar a gestão do município ao qual está associada a

transferência mensal de recursos financeiros para apoio à gestão. Utiliza os aperfeiçoamentos

ocorridos no CadÚnico (com o necessário apoio dos municípios e estados) e um conjunto de

normas sobre a concessão e pagamento de benefícios e ao acompanhamento de

condicionalidades (em articulação com o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde)

bem como oportuniza a remodelagem e implementação do acompanhamento de

condicionalidades.

Nesse período houve significativa expansão do número de famílias atendidas pelo

programa, possibilitada não só pela existência de uma ampla rede de pagamentos, operada

pela Caixa Econômica Federal, mas também pela evolução na qualidade e cobertura do

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CadÚnico. Com a articulação entre o MDS e os municípios, o percentual de cadastros válidos

no CadÚnico saltou de 31% para 92% entre março de 2005 e outubro de 2006 (Brasil, 2006).

Assim, em 2006, já existiam cerca de 11 milhões de famílias beneficiárias. Nos ano de

2007 e 2008, foram adotadas mudanças no desenho do programa – como a adoção da regra de

permanência (que prevê a possibilidade de variação da renda familiar per capita acima do

critério de elegibilidade, dentro de um período de dois anos) e a criação do benefício variável

vinculado ao adolescente (BVJ), pago a famílias com membros com idade entre 16 e 17 anos.

Data também deste período, o início dos procedimentos periódicos de averiguação de

inconsistências cadastrais com base em cruzamentos do CadÚnico com outros registros

administrativos do governo federal.(CAMPELO, 2013).

De 2009 a 2010, o programa adotou uma nova perspectiva para elaboração de suas

estimativas de atendimento baseada, sobretudo, na percepção de que a renda dos segmentos

mais pobres da população eram não apenas (e naturalmente) baixa, mas, além disso, volátil

(Soares, 2009).

Com o aumento do número de beneficiários do bolsa família a patir de 2009-2010,

também teve início o procedimento de revisão cadastral das famílias beneficiárias, que estava

sem atualização há mais de dois anos. Outros avanços institucionais foram alcançados, como

a aprovação do Protocolo de Gestão Integrada de Benefícios e Serviços no Âmbito do Suas

pela Comissão Intergestores Tripartite da Assistência Social, que priorizou acompanhamento

das familias em de descumprimento de condicionalidades pela rede de assistência social.

Desta forma o que ainda faltava era a melhoria do modelo operacional, mas podendo de

alguma forma tornar o modelo do programa um pouco mais rígido. Entretanto, teria

relevância crucial para o futuro imediato a capacidade do programa de alcançar os mais

pobres e seu nível de despesa relativamente baixo (apenas 0,4% do PIB, em 2010) faziam

com que o Bolsa Família permanecesse um instrumento com potencial ainda inexplorado para

reduzir a extrema pobreza.

Diante deste cenário Cardoso destaca :

Incluir os excluídos não significa melhorar a vida de uma parcela de brasileiros em prejuízo dos demais. Nenhum setor precisa perder para que a inclusão se dê na escala desejada. É preciso, sim, que os frutos dessa nova etapa do desenvolvimento brasileiro sejam distribuídos de

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tal forma e com tal intensidade que permitam melhorar significativamente as condições de vida dos mais pobres. Para isso, é preciso vincular estabilidade e investimento produtivo; crescimento e geração de empregos; competitividade e universalização da educação fundamental; equilíbrio fiscal e melhoria das politicas sociais. Em uma palavra, simultaneamente, progresso material e progresso social (CARDOSO, 1998, p.11).

Neste processo de inclusão proposto pelo estado, o “bolsa família” , nos remete a uma

serie de medidas para que o processo obtenha sucesso, mas antes de iniciar os investimentos,

sejam eles financeiros ou melhorias nas politicas sociais, devemos possibilitar capabilidades

para que os chamados “excluídos” consigam se reconhecer enquando pessoas passiveis de

direitos e deveres. A partir disso, ao se reconhecerem, consigam identificar as oportunidades

que estão sendo proporcionadas pra que a condição de “excluídos” seja uma pagina virada.

3 O PERFIL DOS BENEFICIADOS NO BRASIL

A partir dos dados do cadastro único até o ano de 2013 o número de famílias no

Cadastro Único registrou 21,9 milhões em fevereiro de 2013. Deste total, 12,1 milhões de

famílias vivem em extrema pobreza, 4,1 milhões estão em situação de pobreza, e 3,7 milhões

possuem renda entre R$140,00 e meio salário-mínimo. Apenas 2 milhões de famílias

cadastradas têm renda per capita acima de meio salário-mínimo e renda familiar total abaixo

de 3 salários-mínimos (BRASIL, 2014).

Ainda de acordo com esse levantamento, a maior parte das famílias cadastradas

(77,9%) reside em área urbana. Não obstante, há menor proporção de famílias extremamente

pobres nessas áreas do que nas áreas rurais. De acordo com o Cadastro Único, enquanto nas

áreas urbanas 51% das famílias são extremamente pobres, nas áreas rurais 68% das famílias

estão abaixo da linha de extrema pobreza.

No que se refere aos arranjos familiares, entre os cadastrados predomina o arranjo

monoparental feminino (36,1%), seguido por casal com filhos (33,4%) e 16,7% das famílias

com o perfil do público-alvo do Cadastro Único têm arranjo monoparental masculino.

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Verifica-se que entre as famílias monoparentais femininas há predominância da

situação de extrema pobreza (65%). Entre as famílias constituídas por casais com filhos,

aquelas em situação de extrema pobreza também são maioria (55%).

As famílias unipessoais têm um perfil de renda bastante polarizado, pois 42% dessas

famílias são compostas por pessoas com renda maior que meio salário-mínimo, e outros 41%

são extremamente pobres. No arranjo familiar “Só casal”, também há um percentual alto de

famílias com renda acima de meio salário-mínimo, visto que ambos os cônjuges podem ter

um trabalho remunerado.

Além dos arranjos familiares, as condições de vida das famílias, medidas pela oferta

de serviços básicos ao domicílio, constituem um determinante bastante forte do bem- estar das

famílias. Cerca de 54% não tem acesso adequado a serviços de saneamento básico.

A maioria dos beneficiários encontram-se nas regiões norte e nordeste, atingindo um

percentual de 70% vivendo em extrema pobreza, o que representa abaixo de 50% em outras

regiões.

Em relação a idade, maior parte dos cadastrados e dos beneficiários são crianças de 7 a

15 anos. A diferença na distribuição etária das pessoas, se levadas em conta as diferentes

faixas de renda, é pequena, sendo possível notar uma parcela maior de crianças de até 6 anos

na faixa de extrema pobreza e uma parcela menor de pessoas com mais de 65 anos nessa

faixa. Neste aspecto as crianças aumentam o o índice de vulnerabilidade enquanto que o

idoso, apesar da necessidade de cuidados devido alta cobertura da seguridade social no Brasil

afasta a família do índice de vulnerabilidade.

No que se refere a escolaridade, o cadastro registra um fato interessante: a maioria das

pessoas acima dos 25 anos com renda familiar per capita de até meio salário-mínimo possuem

apenas o ensino fundamental incompleto (51,3%). No entanto, a região Centro Oeste se

destaca por ser a que apresenta percentuais maiores de beneficiários do programa com níveis

de instrução mais altos (médio e superior).

Os Grupos Tradicionais e Populacionais Específicos (ex: indígenas e quilombolas)

encontram-se sem acesso a muitas das políticas públicas universais, bem como não

compartilham da riqueza social e vivem em isolamento cultural e expostos ao preconceito.

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Essas populações necessitam de ações de diversas naturezas, entre elas, a transferência

monetária, para que possam exercer plenamente seus direitos. Os povos indígenas e

quilombolas tiveram precedência em sua inclusão no Cadastro Único por haverem

conquistado, há mais tempo, o acesso prioritário ao Programa Bolsa Família. Nesse sentido,

esses dois grupos têm um número importante de famílias cadastradas. Indígenas e

quilombolas são passíveis de identificação no Cadastro Único, desde o biênio 2005/2006,

enquanto os demais grupos começaram a ser identificados em 2011.

É importante considerar que o grau de instrução das pessoas com mais de 25 anos

pertencentes a famílias de grupos tradicionais ou específicos é, em geral, menor do que a

média do Cadastro Único.

Analisando o cadastro de beneficiários do programa, pedemos identificar que o perfil

das pessoas dentro do sistema é: maioria mulheres, vivendo em extrema pobreza, sem acesso

a condições básicas de subsistência. Neste aspecto famílias com arranjo monoparental

feminino de baixo rendimento monetário são especialmente vulneráveis devido ao fato de

que, possivelmente, não exista outra pessoa no domicílio para a divisão das tarefas de cuidado

e de manutenção econômica da família.

Além disso, podemos reconhecer que as mulheres sofrem diversos preconceitos que

impõem uma pior inserção no mundo do trabalho. Assim, as políticas públicas voltadas para o

público cadastrado devem levar em consideração esse tipo de arranjo familiar, buscando

reduzir também esta camada de vulnerabilidade. Sem perder de vista a tendência à maior

vulnerabilidade dos arranjos monoparentais femininos, algumas evidências de pesquisas

qualitativas (MOREIRA, 2012; CARLOTO, 2010; FARAH, 2004) apontam para um possível

impacto do próprio PBF na formação de tais arranjos, na medida em que o benefício

financeiro do Programa pode apoiá-las na dissolução de relações mantidas meramente pela

dependência econômica.

4 A PRESENÇA DAS MULHERES NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

O bolsa família tem como objetivo geral a diminuição da pobreza e da extrema

pobreza no Brasil, desta forma o Programa transfere renda diretamente às famílias por meio

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de um titular, que na maioria dos casos, como vimos, são mulheres. Diante dessa realidade

alguns estudos foram realizados e demonstram que apartir da década de 70 surgiu um

conceito chamado “feminização da pobreza” que é tema de vários estudos e debates. Segundo

Novellino (2004 apud FREITAS, 2008, p. 51) “o conceito “feminização da pobreza”

representa a ideia de que as mulheres vêm se tornando, ao longo do tempo, mais pobres do

que os homens”.

O Relatório do Desenvolvimento Humano aponta como é preocupante o fato de que “a

pobreza tem o rosto de uma mulher” pois cerca de 70% do 1,3 bilhão de pessoas na pobreza,

são mulheres. Isso nos leva a questionar as condições de subalternidade a que submetem as

mulheres brasileiras.

Nesse contexto, a mulher é o foco prioritário na administração do benefício e

cumprimento das condicionalidades, recaindo sobre ela quase toda a responsabilidade para

que a família continue dentro dos critérios estipulados pelo programa. Cabe às mulheres, além

do recebimento e da administração da renda proveniente do Bolsa Família, cumprir todos os

critérios exigidos pelo programa, haja vista que a manutenção da família no programa é

condicionada a obrigações, como no mínimo 85% de frequência escolar mensal para as

crianças e os adolescentes entre 6 e 15 anos de idade e 75% para adolescentes entre 16 e 17

anos. Outrossim, as famílias (materializadas na figura da mulher) devem assumir o

compromisso de acompanhar o cartão de vacinação e o crescimento e desenvolvimento das

crianças menores de 7 anos de idade. As mulheres na faixa etária de 14 a 44 anos também

devem fazer o acompanhamento, e se gestantes ou nutrizes, devem realizar o pré-natal e o

acompanhamento da sua saúde e do bebê. Além disso, crianças e adolescentes com até 15

anos em risco ou retirados do trabalho infantil pelo Programa de Erradicação do Trabalho

Infantil (PETI) devem participar dos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos

(SCFV) do PETI, e obter frequência mínima de 85% da carga horária mensal. Ademais, para

a família continuar dentro dos critérios do PBF deverá comparecer ao recadastramento

(realizado geralmente a cada 2 anos) e atualizar o cadastro quando houver quaisquer

mudanças.

De acordo com o MDS (2014), o objetivo principal dessas condicionalidades é a

quebra do ciclo intergeracional da pobreza, por meio do acesso às políticas sociais, como

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educação, saúde e assistência social. Para este, o PBF está transformando a vida de mulheres,

oportunizando a compra de alimentos, uniforme, material escolar, roupas, dentre outros.

Como vimos, é a mulher o ponto central na sustentabilidade da família e quem define

o melhor uso do beneficio. O Programa Bolsa Família, por exemplo, prioriza a mulher como

responsável por receber o benefício. São elas que recebem os valores transferidos pelo

programa: 93% das 12,9 milhões de famílias atendidas (BRASIL, 2011, n.p.). Isso significa

colocar quase R$ 1,2 bilhão por mês em mãos femininas.

No entanto, tais considerações são permeadas por contradições e críticas, posto que o

interesse do Estado em ter a mulher como foco do PBF é embebido de intenções, que nem

sempre beneficiam as mulheres e, por vezes, reforçam sistemas de poderes que impõem à

mulher uma condição de inferioridade. Além de reforçarem a ideia de que a mulher deve ter a

obrigação de cuidar da casa e dos filhos.

Apesar das obrigações serem de toda a família, a concepção atual de mulher brasileira

está sendo influenciadoa pelos movimentos feministas. Tanto a sociedade quanto o estado

acaba sobrecarregando as mulheres no que se refere ao cumprimento do bom viver da família

em todos os aspectos, e o que deveria ser um conjunto de ações realizadas pelas famílias

torna-se obrigação apenas da mulher.

Mas, diante da realidade vivenciada pelas mulheres, conceder a autonomia, o

empoderamento e a cidadania das mulheres no foco da administração do cartão do PBF é uma

visão simplista e imediatista da realidade, posto que não altera as relações desiguais de

gênero, ao contrário, acaba por fortalecer a assimetria entre homens e mulheres. Por outro

lado, Bronzo (2008, apud MOREIRA et al, 2012) argumenta que o ingresso das mulheres no

PBF contribuiu positivamente com sua autoestima e empoderamento.

Segundo Moreira, o PBF traz efeitos no reordenamento do espaço doméstico, na

autoestima, no empoderamento e acesso feminino ao espaço público (como participação em

conselhos comunitários e escolares), possibilitando às mulheres maior poder de barganha,

maior capacidade de fazer escolhas e maior poder de decisão sobre o uso do dinheiro.

(MOREIRA, 2012, p. 406)

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Autores como Farah (2004) e Tebet (2012) argumentam que existe uma tensão entre

duas vertentes no que se refere às políticas sociais brasileira e que focalizam mulheres como

beneficiárias. Uma vertente inicial diz que “investir” nas mulheres pode ter um efeito

multiplicador sobre a família e sobre a sociedade como um todo. A segunda vertente prioriza

a perspectiva dos direitos, que devem ser garantidos e ampliados a novos segmentos da

população. Sempre que uma política publica propõe ações que tem como publico alvo as

mulheres, justificam tanto enfatizando o impacto desse apoio no combate à pobreza quanto

justificando essas ações na promoção da autonomia das mulheres.

Diante das colocações dos diferentes autores apresentados, percebemos que muitos

apontam a importância do papel da mulher no gerenciamento do beneficio, pois ela conhece o

dia –a- dia vivenciado pela família. O pensamento mais voltado às questões feministas

defende que a mulher precisa ter acesso aos bens materiais e melhores condições de vida para

se empoderar diante das realidades vivenciadas pela família, a fim de tornar-se autônoma

diante do modelo conservador e patriarcal de sociedade.

5 PERFIL E PAPEL DAS MULHERES BENFICIARIAS DO BOLSA FAMILIA: UMA

ANALISE SOBRE OS RELATOS DAS BENEFICIARIAS PBF

A analise seguinte refere-se a região do CRAS do Parque do Lago localizado na

cidade de Dourados MS, que é a segunda região mais populosa em relação ao número de

beneficiários do bolsa família. As informações foram retiradas do cadastro único e diz

respeito às famílias em situação de vulnerabilidade social.

Em relação ao nível de escolaridade, 58% das mulheres cursou apenas o ensino

fundamental, nível médio 19% e as que concluíram o ensino superior 1,3%. Neste contexto a

baixa escolaridade demostra a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho e a continuidade

do circulo vicioso da pobre dentro das instituições familiares.

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Os resultados que serão apresentados estão fundamentados nos dados qualitativos

obtidos a partir da pesquisa de campo, realizada no Centro de Referência de Assistência

Social - CRAS, na região do Parque do Lago na cidade de Dourados MS. Os resultados foram

obtidos através de um grupo focal realizado com as mulheres beneficiarias do bolsa família,

que participam do SCFV e grupo de Mulheres. Foram realizadas entrevistas através de um

questionario e anotações dos relatos das mulheres beneficiárias titulares do PBF. Esses

relatos foram motivados pelo o documenario Severinas, que demonstra a realidade

vivenciadas por algumas mulheres no Maranhão que vivem a ditadura da miséria, controle

masculino e transformações decorrentes do Bolsa-Família na vida das mulheres. O quadro 1

apresenta o perfil das entrevistadas. Cabe esclarecer que participaram do grupo 35 mulheres,

mas apenas 22 responderam o questionário. Para preservar a identidade das entrevistadas,

enumerou-se apenas as falas das mulheres, desta forma, preservando o anonimato das

participantes da pesquisa.

O perfil das mulheres da região do CRAS do Parque do Lago, demonstra o quanto

colocamos em evidencia a mulher e levamos as mulheres a uma condição de extrema

pobreza, por que a dificuldade de manutenção das crianças nas escolas e posteriormente a

introdução no mercado de trabalho evidencia uma impossibilidade de criação de capabilidades

para inserção dessas famílias em uma sociedade mais justa e igualitária. Diante dessa desta

realidade grande parte das mulheres não se reconhece como capazes, a pobreza tornou-se

uma realidade vivenciada para elas.

Quando falamos em cor e raça não podemos deixar de lencar raça indígena que

apresenta grandes indices de extrema pobreza em Dourados, pois com a criação das cidades

não se pensou de que forma inserir a comunidade indigena na sociedade sem que os mesmos

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perdecem sua cultura materna. Sujeitando-os a uma pequena parte de terra que não tem sido

suficiente para garantir a sobrevivencia dos mesmos. Neste aspecto Dourados tem uma das

maiores comunidades indígenas urbanas, de acordo com o ultimo censo que ocorreu em

2010, uma população indígena estimada em 6.830. Nos dados do cadastro único constam

declarantes como indígenas 2.115 familias em Dourados; quando direcionamos a região do

Parque do Lago são 32 familias denominadas indígenas contento 95 pessoas nesta região.

Ainda no que se refere a população indígena, algumas mulheres apresentavam características

físicas e culturais indígenas, mas durante a pesquisa não se posicionavam como indígenas ou

descendentes dessa etnia. No momento em que as participantes foram responder os

questionários dentre as que não quiseram responder o questionário pelo menos 4 dessas

mulheres disseram que não responderiam o questionário porque eram analfabetas e mesmo

com a minha predisposição em auxilia-las, aparentemente demonstravam envergonhadas e

posicionavam distantes.

Durante a realização das atividades motivadas pelo documentário severinas, ao serem

questionadas “o que é ser mulher?”, o silencio permeava entre as mulheres da mesma forma

que ocorreu no documentário. Entretanto as mulheres iniciaram as falas quando busacamos

entender o papel da mulher na família.

Diante da realidade vivenciada por elas, o papel da mulher é ser tudo e estar a frente

de todas as dificuldades vivenciadas pela família. Ser mãe, mulher e muitas vezes filha dentro

de uma família que muitas vezes é monoparental, e tornando-as a grande responsável pela

manutenção da vida. Mas, em alguns casos, o fato de não reconhecerem–se nesse papel e

também não o considerando fundamental, inferiorizam-se nas relações famíliliares que

acabam se tornando muito sofridas.

M1: A mulher pobre é lavar, passar e cuidar de neto... é isso ai.....

M2: Os pensamentos são todos diferentes, eu também venho de uma família onde eu fui criada sem pai e sem mãe, mais eu batalhei e batalho, criei dois filhos, sem o pai delas, eu fui homem e mulher pros meus filhos. Então eu acho que pobreza não interfere em nada, basta querer ter força vontade... o meu pensamento é esse e minha vida é assim.

M1: É difícil criei dois filhos adotivos e agora estou criando os meus netos sozinha.

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Diante das falas dessas mulheres podemos perceber que em algum momento algumas

mulheres permanecem nessas relações de dominação, onde o homem é a figura central.

Entretanto o fato de serem as titulares do cartão do benefício PBF fazem-nas perceber que

administram os recursos de modo mais favorável à família, e exercem mais frequentemente

papéis sociais relacionados aos cuidados com os filhos e com o cotidiano da casa. Isso

demostra que elas estão mudando sua percepção de si mesmas e empoderando-se, superando

as relações patriarcais de gênero e a divisão sexual do trabalho, à medida que acreditam serem

as responsáveis pelo cartão e por assumirem o papel de “administradoras do lar”.

M3: Eu venho de uma criação onde meu padrasto judiou muito da minha mãe, minha mãe dizia, que aguentava tudo por causa da gente, mais passávamos muita necessidade, mas se ela largasse ela ia sofrer muito mais, por isso eu sempre pensei que não queria nada disso para mim. Tanto que estudei um pouco, só que casei muito nova. E minha vida passou a ser pior que a da minha mãe porque meu marido me agredia. Então percebi que não era isso que queria pra mim. E foi neste momento que o bolsa família me ajudou, no momento que eu mais precisei. E foi a partir dai que voltei a estudar. E por consequência, a medida que consegui me manter com salário, pois comecei a trabalhar o bolsa família foi cortado. E a partir deste momento corri atraz de outras rendas. Eu não vou dizer que ganho um rio de dinheiro, mais hoje eu vivo bem, tenho minha profissão, sou técnica de enfermagem. Crio minhas filhas sozinhas, tenho minha casa, e tudo sem um homem na minha casa.

A medida que o empoderamento e as relações vão se tornando dividas as mulheres se

tornam mais alto suficientes em todos os sentidos, até para sair de uma condição de vitimas da

sociedade. E, neste aspecto, reconhecerem-se provedoras de uma família fortalece as relações,

permitindo sair da condição vitimas diante do machismo pré-existente nas classes que se

encontram em situação de vulnerabilidade social e buscando mudar a sua realidade e a

realidade dos filhos, pois o ciclo vicioso da pobreza é muito frequente nessas famílias.

M4: existe ainda um pouco de preconceito e de machismo mas a mulher está correndo atrás dos seus direitos, eu tenho um companheiro e isso não interfere pra mim.

M5: Os dois são os responsáveis pela casa, eu não tenho filho, mais na minha casa é meu marido que é o responsável pelo cadastro do bolsa família.

M6: É a mulher logico, o homem está trabalhando, a responsabilidade da casa fica tudo em cima da mulher, o marido é do serviço pra casa e de casa pro serviço.

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À medida que as mulheres fortalecem suas vozes, a compreensão do papel da mulher

deixa de ser meramente executoras das tarefas, tornando-as idealizadoras das ações, pois

deixa de estar focada na figura masculina paternal mais centrada na família. A excução das

atividades proporciona a família uma condição de vida melhor. Esses fatos podem sem

evidenciados diante da realidades das mulheres que de alguma forma vivenciam agressões,

sejam elas físicas ou psicológicas.

M7: Eu fui casada 2 vezes, o primeiro eu vivi 8 anos, o casamento não é fácil, a gente faz escolhas ruins, consequências ruins. Escolhe um homem que não trabalha, você vai passar necessidade. Meu marido era trabalhador, comprava as coisas pra dentro de casa, mais era ciumento, eu vivia um cárcere privado, eu não podia trabalhar, nem falar com minha família. Era só ter filho, tive três filhos com ele. Ai procurei outro homem ai a gente vai por aparencia ... eu falo que para viver com um homem você só vai conhecer ele depois de três meses. Quando engravidei do quarto filho eu vi que ele era pior do que o outro, não me deixava falar com minha família e trancava com um cadeado em casa, não podia ter contato com ninguém e pra mim sair dessa situação era muito difícil porque eu tinha medo de passar necessidade com meus 5 filhos porque já tinha tido outro. Minha família virou as costas pra mim. E a situação foi sair porque não tinha mais como viver. Ele não me batia, mais me xingava, falava mal de mim, pra ele eu não prestava, então foi ai que me separei. O bolsa família foi um escape, pois eu pelo menos teria o que comer. Já tem seis anos que estou separada. Nem quero ter outro homem prefiro viver sozinha, tenho medo. O ideal é um marido que não deixa passar necessidade independente se ele bebe, se for bom tem que valorizar.

M8: Hoje em dia os homens têm que entender que as mulheres estão no mercado de trabalho, a mulher não é tão submissa. A mulher tem mais empenho em resolver as tarefas. Tem homens aí que dependem mais da mulher do que a mulher deles.

Quando a mulher consegue sair de uma situação que não a empodera que não agrega

coisas boas no cotidiano da família, demonstra que em algum momento as capabilidades estão

presentes na sua vida. O beneficio de transferência de renda PBF vêm para dar a possibilidade

inicial de sobrevivência para as famílias que precisam de uma alternativa imediata. Neste

momento é que o beneficio pode promover o chamado bem estar social, pois diante das

mazelas da vida é que o governo deve proporcionar capabilidades para que a pessoa consiga

se fortalecer na luta pela sobrevivência.

M9: Eu acho que o bolsa família ajuda bastante, porque quando meu marido estava desempregado e acabou o gás, quando eu recebi esse dinheiro eu mais do que depressa comprei o gás. Hoje eu recebo 87,00 quanto não recebia o bolsa eu ficava comendo na minha mãe.

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M2: Qualquer dinheirinho ajuda a gente.

A sociedade de forma geral, em alguns aspectos tem mudado a passos lentos, no que

se refere a figura da mulher diante da família. A figura da mulher mãe que luta pela

sobrevivência dos seus filhos, ainda permanece viva nos codianos das famílias da Região do

CRAS do Parque do lago. Vimos no documentário exibido “Severinas” a fala de uma mãe

que dizia: “eu posso andar descalços, mais minha filha não.” Essa fala demonstra todo

cuidado com os filhos, com a família de forma geral e essa característica identificamos

também nas mães da região pesquisada.

Quando questionamos se o PBF tem contribuído para a mudança de vida, elas deixam

evidente que contribui no momento mais difícil. E cabe a elas esta responsabilidade diante

dos filhos, não somente pelos seus atributos “naturais” mas por elas quererem proporcionar a

mudança intergeracional e lutarem por qualidade de vida. Elas acreditam que a conquista dos

seus filhos e familiares também é sua.

M7: O bolsa família contribui para um futuro melhor sim. Eu tenho um filho de 15 de anos e meu filho tem um sonho de ser agrônomo, então batalhei e consegui vaga pra ele na escola agrícola. Nossa, as notas dele são ótimas! Fico feliz pelo meu filho. Eu estudei até o primeiro ano de contabilidade, mais aí me casei e tive que parar porque meu marido não deixava eu estudar. Mas pra ele eu luto e vou lutar sempre.

À medida que as vozes dessas mulheres vão relatando suas vidas, muitas realidades

não são satisfatórias e vão sendo apresentadas. Muitas crianças não compreendem a figura da

mulher mãe e também do papel da escola, além de não compreenderem e/ou não aceitarem, as

condiocionalidades relacionadas a, educação e assistencial social para o recebimento do

benefício do PBF.

M1:Eu enfrento muitas dificuldades com meu filho, ele tem 16 anos e não vai pra escola, já mudou de escola várias vezes, nunca vai na escola, vai 2 ou 3 dias e já não vai mais. Ele acha que o bolsa família é para comprar os luxos dele. A gente recebe o bolsa família para ajudar a gente a viver, ele pensa que não precisa estudar, não tem interesse nenhum em estudar.

M3: Minha filha parou de estudar com 14 anos, eu acho que é minha culpa, porque eu quis tanto que ela não passasse por aquilo que passei, dei tudo que ela queria. Eu para ir na escola colocava meus materiais em uma sacola plástica de arroz e o chinelo cada um de uma cor. Como ficou fácil pra ela, ela não dá valor. Fiz das tripas coração pra ela ter um futuro melhor mais ela não valoriza. Eu para conseguir minha profissão de técnica de enfermagem

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eu trabalhava de cozinheira, faxineira, hoje tenho orgulho da minha profissão minha filha tem 20 anos e não quer nada com nada.

É no cumprimento das condicionalidades que fica bem evidente o papel que a mulher

desempenha na família, são as mulheres que passam a ser, de fato, as co-responsáveis pela

execução e cumprimento das condicionalidades, independentes da figura masculina se fazer

presente ou não nas famílias.

M7: A responsabilidade de cumprir as condicionalidade é da mulher, como já disse, tenho 5 filhos, eles adoram estudar. Eu abri mão da minha vida para cuidar deles. Meus ex-maridos pagam pensão certinho, eu participo de tudo que se refere a eles e a escola.

M3: Eu sempre fui na escola e participei da vida escolar da minha filha, mas ela nunca quis, fiz a minha parte, elas não podem me culpar por não estudar.

M9: Eu casei com 15 anos, eu estava estudando, minha mãe me dava todo material da escola dos bons. Mais aí resolvi que ia namorar, mais minha mãe disse que se eu quisesse namorar, teria que casar. Como eu não obedecia, fugia de casa pela janela. Então ela chamava o conselho tutelar, os homi vinha em casa por causa de mim. Minha mãe me batia, me dava tamancada na cara. Ai eu casei, parei de estudar. Logo que casei a gente chegava a se bater, mas hoje melhorou, hoje o que falta é eu voltar a estudar, também hoje já tenho 19 anos.

M13: Eu quero um futuro melhor, pretendo voltar a estudar porque eu parei na sexta série, estava estudando mais aí aconteceu algumas coisas e eu me separei do meu marido, ai começou a depressão em mim. Eu tenho uma filha e ela fala pra eu estudar. Eu falo que vou voltar a estudar por ela, porque não quero que ela passe pelo o que passei.

O cumprimento das condicionalidades, já bem definido, como uma condição

previamente estabelecida, nos remete que o não cumprimento quer dizer a perda do beneficio,

temporário ou permanente. Quando questionadas parece evidente que elas acreditam que o

real objetivo dessas condicionalidades seja possibilitar à família capabilidades para sair dessa

condição de vulnerabilidade social.

M7: Eu acho que essa lei é colocada para que as crianças não fiquem fora das escolas e obriga a gente a cumprir uma coisa que já é nossa obrigação. A gente tinha que fazer isso sem sermos obrigadas.

O posicionamento dessas mulheres, nos permite analisar as vivencias de varias

famílias e de varias realidades. Quando questionadas se alguém havia se identificado com o

documentário, muitas se colocaram de forma diferenciada daquela realidade. Entretanto,

identificar-se requer compreeender que necessitaria uma mudança. A saída muitas vezes desta

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condição não é fácil, pois requer antes de mais nada uma mudança interna, se reconhecer à

margem da sociedade. Esse é o primeiro passo para que a mudança ocorra.

Neste contexto da região do CRAS do Parque do Lago em Dourados MS, as mulheres

que vivem ali e participaram do grupo demostram que estão buscando sair dessa condição de

vuneraveis, entretanto, esta mudança é um processo que muitas vezes leva tempo e até

gerações.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve como objetivo analisar o papel e o perfil da mulher na família, onde,

prioritariamente, a família é representada pela figura da mulher, vinculada quase que

exclusivamente à capacidade de cuidado e proteção aos membros da família. Os dados

levantados constatam que o PBF é um exemplo de política de transferência condicionada.

Diante disso, a pesquisa é parte de um esforço coletivo na busca de compreender como o

PBF contribui para a sobreveviencia da famílias e as capabilidades que são proporcionadas

para as beneficiadas. Para tanto, importou-nos investigar e problematizar a construção social

das relações e o papel que a mulher tem diante da família e como o Bolsa Família possibilita

empoderamento.

Quando começamos conhecer a família e sua estrutura, identicamos a figura masculina no

seu contexto, entretanto, ficou evidente que a mulher torna-se peça fundamental no

cumprimento das condicionalidades e na utilização do recurso. O perfil das mulheres do

CRAS do Parque do Lago beneficiarias do PBF tem como características: baixa escolaridade,

a maioria se diz de cor parda e as famílias são de muitos membros. Esse último aspecto

dificulta ainda mais a sobrevivência da família, pois, à medida que elas ficam maiores,

aumentam as dificuldades e o acesso às capabilidades existentes.

Diante das falas, podemos observar que as mulheres tornam-se os principais agentes de

cumprimento das condicionalidades. Neste aspecto o PBF tem possibilitado um amparo

inical, oportunizando a busca de melhores condições de vida ou mesmo a saída de uma

condição de violações de direitos.

Ao se reconhecer responsável pela família, a mulher assume o papel de mãe e chefe do lar,

pois ela percebe-se a responsável pelo bem estar da família, e culpa-se pelos resultados disso.

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Ela sente-se vencedora quando as coisas correm bem com os filhos ou perdedora quando os

acontecimentos no que refere ao desenvolver dos filhos não são satisfatórios. Ou seja, essas

mulheres se culpam quando os filhos não atigem objetivos propostos para o recebimento do

beneficio ou mesmo na formação do filho enquanto pessoa. Compreende-se que o PBF não

foi criado para garantir a autonomia das mulheres, mas o beneficio proporciona uma

possibilidade dessas mulheres buscarem capabilidades para sair dessa condição de vunerável

diante das adversidades da vida.

Esse modelo atribuído às mulheres no PBF reforça papéis conservadores, imputados a

uma suposta essência feminina, e o reconhecimento da mulher dentro da lógica da

maternidade, incorporada à “mulher, como mãe”, como responsável de educar os filhos.

Entretanto este papel nos faz questionar e compreender essas mulheres na sua totalidade, pois

as falas deixam claro que elas fazem tudo para oferecerem uma melhor condição de vida para

os seus filhos, pois não querem que o destino vivenciado por elas seja o do seus filhos.

Compreendemos que a frequente associação do PBF com a emancipação e o

empoderamento das mulheres se constitui em uma concepção ambígua de cidadania. Essas

mulheres não vêem o empoderamento e a emancipação como algo prioritários, pois elas

buscam condições para que possam antes de mais nada estruturar sua família, seja financeira e

culturalmente falando.

Nos relatos das mulheres participantes da pesquisa percebemos que a superação da

pobreza, e a emancipação da mulher fica em segundo plano quando se trata da família. Diante

desta realidade, faz-se necessário construir estratégias mais consistentes e articuladas com

outras políticas sociais de caráter estrutural, tanto na concepção da família e o papel da

mulher, desvendando a lógica da desigualdade.

Quando nos referimos ao modelo patriarcal de sociedade, a realidade nos mostra modelos

consideravelmente não satisfatorios, entretanto, culturamente alguns aspectos devem ser

considerados elementares, pois a família é o primeiro contexto social em que a criança esta

inserida. Contudo, pensar a construção da família e da mulher passa pela reflexão da

construção social de cidadões honestos, capazes e conhecedores de seus direitos, que

depedem da família na qual está inserida.

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Para concluir, o PBF contribui para o desenvolvimento das famílias beneficiadas,

proporcionando uma melhoria do bem-estar, por intermédio de orientações e atendimento

psicológico. Essas estratégias permitem empoderamento comunitário, pois as mulheres

começam a ter mais acesso às informações assim buscando a mudança na condição de

vulneravel. Neste aspecto, os totais gerais de famílias beneficiadas no CRAs do Parque do

Lago (805 familias, sendo 771 chefiadas por mulheres) demonstram que existe um percentual

elevado de famílias que não participam do CRAS nas reuniões socioeducativas dos serviços

SCFV e nos grupos de mulheres, desta forma dificultando o acesso aos serviços públicos.

Ainda assim, podemos indentificar que das 35 mulheres que participaram do grupo focal, a

condição vulnerável pode ser momentânea, pois o fato de estarem inseridas nos serviços

públicos como CRAS já demostra que estão tendo acesso a serviços que possibilitam novos

horizontes para essas famílias. Neste aspecto o papel do CRAS é de fundamental

importância pois possibilita às pessoas capabilidades, bem estar social, e possibilidade de sair

da condição de extrema pobreza.

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