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Trabalho de Conclusão de Curso FREQUÊNCIA ESCOLAR DOS ALUNOS BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA DA ESCOLA MUNICIPAL PÓLO JOÃO RODRIGUES EM AMAMBAI-MS Antonia Oceny Pereira da Silva 1 RESUMO: O presente artigo tem como objetivo observar a percepção dos responsáveis pelo recebimento do beneficio sobre o programa e a os reflexos na permanecia e frequência escolar dos beneficiários do Programa Bolsa Família. A evolução escolar dos alunos foi analisada com a finalidade de mapear a frequência destes indivíduos na escola. O artigo apresenta, num primeiro momento, a uma breve revisão da literatura, as condicionalidades relacionadas à educação presente no Programa Bolsa Família e a contextualização histórica da Escola Municipal Pólo João Rodrigues. Em seguida, demonstra os resultados da pesquisa de campo desenvolvida com dez pessoas participantes do PBF. Palavra-Chave: Benefício, Bolsa Família, Escola, Frequência, Programa, Rendimento. 1. INTODUÇÃO O Programa Bolsa Família é uma inciativa do Governo Federal criado em janeiro de 2004, sob a Lei nº 10.836, apresentando como uma iniciativa de acompanhar a frequência escolar dos alunos beneficiados com o programa, os quais fazem parte de famílias com baixa renda mensal, juntamente com os governos estaduais e municipais, em especial ao atendimento de famílias pobres de acordo com as normas estabelecidas pelo Programa Bolsa Família. Art. 2o Constituem benefícios financeiros do Programa, observado o disposto em regulamento: I - o benefício básico, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de extrema pobreza; II - o benefício variável, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza e extrema pobreza e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes, crianças entre 0 (zero) e 12 (doze) anos ou adolescentes até 15 (quinze) anos, sendo pago até o limite de 5 (cinco) benefícios por 1 Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, cursando o curso de Especialização Educação, Pobreza e Desigualdade Social pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS.

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Trabalho de Conclusão de Curso

FREQUÊNCIA ESCOLAR DOS ALUNOS BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA

BOLSA FAMÍLIA DA ESCOLA MUNICIPAL PÓLO JOÃO RODRIGUES EM

AMAMBAI-MS

Antonia Oceny Pereira da Silva1

RESUMO:

O presente artigo tem como objetivo observar a percepção dos responsáveis pelo recebimento

do beneficio sobre o programa e a os reflexos na permanecia e frequência escolar dos

beneficiários do Programa Bolsa Família. A evolução escolar dos alunos foi analisada com a

finalidade de mapear a frequência destes indivíduos na escola. O artigo apresenta, num

primeiro momento, a uma breve revisão da literatura, as condicionalidades relacionadas à

educação presente no Programa Bolsa Família e a contextualização histórica da Escola

Municipal Pólo João Rodrigues. Em seguida, demonstra os resultados da pesquisa de campo

desenvolvida com dez pessoas participantes do PBF.

Palavra-Chave: Benefício, Bolsa Família, Escola, Frequência, Programa, Rendimento.

1. INTODUÇÃO

O Programa Bolsa Família é uma inciativa do Governo Federal criado em janeiro de

2004, sob a Lei nº 10.836, apresentando como uma iniciativa de acompanhar a frequência

escolar dos alunos beneficiados com o programa, os quais fazem parte de famílias com baixa

renda mensal, juntamente com os governos estaduais e municipais, em especial ao

atendimento de famílias pobres de acordo com as normas estabelecidas pelo Programa Bolsa

Família.

Art. 2o Constituem benefícios financeiros do Programa, observado o

disposto em regulamento:

I - o benefício básico, destinado a unidades familiares que se encontrem em

situação de extrema pobreza;

II - o benefício variável, destinado a unidades familiares que se encontrem

em situação de pobreza e extrema pobreza e que tenham em sua composição

gestantes, nutrizes, crianças entre 0 (zero) e 12 (doze) anos ou adolescentes

até 15 (quinze) anos, sendo pago até o limite de 5 (cinco) benefícios por

1 Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, cursando o curso de Especialização Educação, Pobreza e

Desigualdade Social pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS.

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família; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011);

III - o benefício variável, vinculado ao adolescente, destinado a unidades

familiares que se encontrem em situação de pobreza ou extrema pobreza e

que tenham em sua composição adolescentes com idade entre 16 (dezesseis)

e 17 (dezessete) anos, sendo pago até o limite de 2 (dois) benefícios por

família. (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008).

IV - o benefício para superação da extrema pobreza, no limite de um por

família, destinado às unidades familiares beneficiárias do Programa Bolsa

Família e que, cumulativamente: (Redação dada pela Lei nº 12.817, de

2013).

a) tenham em sua composição crianças e adolescentes de 0 (zero) a 15

(quinze) anos de idade; e (Redação dada pela Lei nº 12.817, de 2013)

b) apresentem soma da renda familiar mensal e dos benefícios financeiros

previstos nos incisos I a III igual ou inferior a R$ 70,00 (setenta reais) per

capita. (Incluído pela Lei nº 12.722, de 2012).

§ 1o Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:

I - família, a unidade nuclear, eventualmente ampliada por outros indivíduos

que com ela possuam laços de parentesco ou de afinidade, que forme um

grupo doméstico, vivendo sob o mesmo teto e que se mantém pela

contribuição de seus membros;

II- Revogado

III - renda familiar mensal, a soma dos rendimentos brutos auferidos

mensalmente pela totalidade dos membros da família, excluindo-se os

rendimentos concedidos por programas oficiais de transferência de renda,

nos termos do regulamento. (BRASIL, 2004).

O programa visa acompanhamento da frequência escolar dos alunos beneficiados,

com o intuito de mantê-los na escola para assim poderem melhorar sua qualidade de vida, o

qual repercute na melhoria da frequência nas escolas, através deste o MEC terá uma noção de

como está este aluno, se os familiares responsáveis estão colaborando e mantendo-os na

escola, pois a não permanência poderá trazer-lhes suspensão ou advertência do benefício.

Parágrafo único. O acompanhamento da freqüência escolar relacionada ao

benefício previsto no inciso III do caput do art. 2o desta Lei considerará 75%

(setenta e cinco por cento) de freqüência, em conformidade com o previsto

no inciso VI do caput do art. 24 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de

1996. (Incluído pela Lei nº 11.692, de 2008). (BRASIL, 2004).

Dentro do Sistema MEC, há uma plataforma na qual a escola e o próprio

representante do programa tem acesso ao controle de Frequência Escolar, o qual designa uma

lista com 14 possíveis motivos da baixa frequência, com isso se torna mais fácil para

identificação pelos diretores e pelo Sistema de como está à frequência do beneficiário, tal é

feita através das chamadas realizadas em sala de aula e posteriormente lançadas no sistema da

escola, seguindo as normas do Programa Bolsa Família.

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O Programa Bolsa Família tem a intenção de combater a pobreza e a desigualdade

social em todo o País, mas, na primeira década de inclusão do programa seus resultados vão

além do esperado pelo Governo Federal, a intenção do governo é melhorar a cada ano os

valores repassados as famílias.

Pago inicialmente às famílias com crianças e depois àquelas com

adolescentes, o novo benefício foi estendido, em 2013, a todas as famílias

do PBF que ainda estavam na extrema pobreza. Assim, chegou a 22 milhões

o número de brasileiros que saíram desta situação desde o início do BSM.

Foi o fim da extrema pobreza, do ponto de vista da renda, entre os

beneficiários do PBF. E foi só um começo: o BSM segue incluindo famílias,

transferindo renda, promovendo inserção produtiva, ampliando e

melhorando o acesso a serviços. Como mostram estes dez anos de PBF, não

há mitos ou obstáculos que se sobreponham ao compromisso de

desenvolvimento social que hoje organiza o Estado brasileiro.

(CAMPELLO & NERI, 2014 p.14).

O programa é uma iniciativa de diminuir o índice de pobreza no Brasil, que visa à

permanência da criança durante seu período escolar, proporcionando assim um

desenvolvimento integral e social, tendo em vista que o programa cobra a frequência do

aluno, por meio do Programa Bolsa Família, que introduz instrumentos de distribuição de

renda e inclusão social, tendo como finalidade principal combater a pobreza e melhorar as

condições de vida da criança beneficiada.

Segundo o site do Governo Federal, Portal da Transparência, os valores abaixo na

tabela são referentes ao pagamento do Programa Bolsa Família no Munícipio de Amambai-

MS, durante o ano de 2015. São beneficiadas 76 cidades do estado de Mato Grosso do Sul

que recebem o Bolsa Família, totalizando mais de 1.600.706 de pagamentos que já foram

realizado para os beneficiários no estado, totalizando mais de R$ 256.606.582,00

MÊS

TOTAL DE

PAGAMENTOS

VALOR DESTINADO

Janeiro 3.728 734.303,00 Reais

Fevereiro 3.763 741.980,00 Reais

Março 3.752 738.834,00 Reais

Abril 3.681 729.673,00 Reais

Maio 3.668 728.237,00 Reais

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Junho 3.684 733.273,00 Reais

Julho 3.655 731.151,00 Reais

Agosto 3.618 721.345,00 Reais

Setembro 3.510 702.709,00 Reais

Outubro 3.598 715.975,00 Reais

Novembro 3.601 713.544,00 Reais

Dezembro 3.595 714.750,00 Reais

TOTAL DE

PAGAMENTOS

43.853 TOTAL DE REAIS 8.705.774,00

O presente artigo tem como objetivo observar a percepção dos responsáveis pelo

recebimento do beneficio sobre o programa e a os reflexos na permanecia e frequência

escolar dos beneficiários do Programa Bolsa Família. Para isso, buscou-se observar os

impactos do Programa Social nas vidas destas famílias, o que mudou depois do auxilio, quais

são as contribuições que o programa dispõe aos beneficiários.

Em momento anterior, o estudo contou com levantamento bibliográfico em relação

ao programa Bolsa Família, sobre a escola pesquisada foi desenvolvida um levantamento

documental para analisar a quantidade de crianças que recebem o Bolsa Família e uma

pesquisa exploratória com os responsáveis pelas crianças.

O público-alvo da pesquisa é composto pelos responsáveis das crianças de famílias

de baixa renda e que se encontram em vulnerabilidade social, as quais fazem parte dos

beneficiários do Programa Bolsa Família, frequentes na Escola Municipal Polo João

Rodrigues na cidade de Amambai/MS.

Em relação à pesquisa, as seguintes questões orientam como base para o processo de

investigação sendo como é o perfil das famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família?

Como os pais dos beneficiados analisam o PBF e como avaliam a sua importância no

rendimento escolar de seus filhos? De que maneira o benefício do PBF esta relacionado com

o desempenho escolar das crianças e dos jovens beneficiados em idade escolar?

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2. HISTÓRICO DA ESCOLA MUNICIPAL PÓLO JOÃO RODRIGUES

A Escola Municipal de Primeiro Grau João Rodrigues, denominada escola rural,

localizada na Fazenda Cerro Perón, Distrito Sede, foi criada pela Lei Municipal nº 814/77,

em 26 de setembro de 1977, pelo então prefeito Alcindo Franco Machado. Nesse período da

história, a educação do campo era desenvolvida nas escolas rurais, instaladas e autorizadas

nas fazendas onde havia maior demanda. A assessoria pedagógica e administrativa era feita

pela equipe da Secretaria Municipal de Educação, na época denominada Divisão Municipal

de Educação e Cultura.

Já na gestão do prefeito Municipal Geraldo Felipe Corrêa, a escola inicialmente

denominada “Escola Municipal de 1º Grau João Rodrigues”, passa através da Lei Municipal

nº 1.140/87, a denominar-se “Escola Polo Municipal de 1º Grau João Rodrigues”, integrando

assim as demais escolas rurais, como salas de “emergências” ou salas extensivas. Nessa

época a sede da escola foi instalada na Fazenda Campinas, localizada na região do

Sertãozinho, visto que, era uma das escolas rurais que apresentava uma estrutura física no

padrão que a legislação exigia para autorização de funcionamento. Iniciou suas atividades em

1987, sob a direção da professora Donária Antunes Lescano, atendendo a quarenta salas

extensivas em funcionamento no município. A direção, coordenação e secretaria da escola,

instalada junto a Secretaria Municipal de Educação, prestavam atendimento administrativo e

pedagógico a todas as extensivas.

Em 1987, o Conselho Estadual de Educação autorizou seu funcionamento através da

Deliberação CEE nº 1.798/87. No ano de 1998 teve sua denominação alterada novamente

conforme Lei Municipal 1.517/98, de 29 de junho de 1998, passando a denominar-se Escola

Municipal Polo João Rodrigues, continuando a atender a salas Extensivas

Já no ano de 2000 passou a pertencer ao Sistema Municipal de Ensino, recebendo

seu credenciamento através da Deliberação COMEA nº 016/2001, de 19/12/2001, com

aprovação do Projeto e Autorização de Funcionamento através da Deliberação COMEA nº

010/2002, de 29/05/2002.

A partir de 2001 a sede da Escola Municipal Polo João Rodrigues, passou para Sala

Juscelino Kubistchek, localizada na Vila Nossa Senhora Aparecida – Rodovia Amambai/Juti

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km 10. A direção, coordenação pedagógica e secretaria da escola foram instaladas junto a

Secretaria Municipal de Educação – SEMED, localizada à Rua Rui Barbosa nº 3608 –

Centro/ Amambai – MS, atendendo administrativa e pedagogicamente as salas da sede e de

todas as extensões .

No ano de 2010 a Sala Juscelino Kubistchek, considerada sede, passou por

revitalização, ampliação e reforma, sendo construída toda a estrutura necessária para o bom

funcionamento da escola, contando então com pátio coberto e aberto, parquinho infantil, três

salas de aula, uma sala de Informática e Sala de Recursos, dois banheiros (feminino e

masculino) com três sanitários normais, um especial e outro infantil, uma cozinha com

dispensa, um banheiro para os funcionários, uma sala para secretaria, direção, coordenação,

professores e almoxarifado. A partir dessas modificações no início do ano de 2011, a direção,

coordenação pedagógica e secretaria da escola foram instaladas junto ao novo prédio da

escola.

Atualmente fazem parte da escola 06 (seis) salas extensivas, totalizando 12 (doze)

salas de aula em sua maioria multianuais, oferecendo desde a Educação Infantil (Pré I e II),

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) e EJA (Educação de Jovens e Adultos) primeiro segmento

(1ª e 2ª etapas) atendendo em média 180 (cento e oitenta) alunos.

Sua estrutura administrativa é composta de 25 (vinte e cinco) funcionários, sendo 15

(quinze) professores todos habilitados em nível superior e 10 (dez) administrativos. Suas

ações estão voltadas à formação do educando, proporcionando o desenvolvimento de suas

competências como elemento de transformação social e preparação para o exercício

consciente da cidadania.

Conforme Deliberação COMEA/MS nº 41, de 12 de agosto de 2004 a Escola

promove as adaptações e adequações que se fazem necessárias ao atendimento das

peculiaridades da vida rural, com alternância regular de períodos de estudos, como forma de

organização e facilitação do acesso dos alunos ao processo ensino e aprendizagem de

algumas Salas extensivas.

No ano de 2009, a escola aderiu ao Programa Escola Ativa, tendo como

embasamento e fundamentação o Projeto Base da Escola Ativa, que estabelece as bases e os

fundamentos do Programa orientando a sua implantação, com o objetivo de atender a todas as

salas, principalmente as extensões, localizadas na área rural do município, valorizando os

conhecimentos acumulados nas atividades do campo, reconhecendo a importância da

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produção, preservação e recuperação dos recursos naturais, como garantia da qualidade de

vida e equilíbrio do meio ambiente.

O Programa Escola Ativa foi criado, tendo como base as Diretrizes para Implantação

e a Implementação da Estratégica Metodológica Escola Ativa MEC/FNDE Resoluções

CNE/CEB nº 01, de 03/04/2002 e nº 02, de 28/04/2008, que tratam das Diretrizes

Operacionais para a Educação Básica das Escolas do Campo, objetivando auxiliar o trabalho

educativo com classes multianuais propondo reconhecer as formas de organização social,

características do meio rural, garantindo a igualdade de condições para acesso e permanência

na escola, com estratégias metodológicas específicas criadas para a universalização do acesso

aos conhecimentos, bem como combater a reprovação e o abandono da sala de aula por esses

alunos.

Pensando na escola como um bem comum, que a todos compete construir e

defender, aliado à concepção de que educação é base do processo de transformação da

sociedade, pois viabiliza o aperfeiçoamento humano nos aspectos social e científico, vê-se a

necessidade de propor um trabalho direcionado à melhoria da qualidade do ensino.

Nessa ótica e visando à construção de um saber que instrumentalize os alunos para

entenderem o momento em que vivem o desafio é transpor para a prática a proposta de

trabalho, numa perspectiva de que a escola é um ambiente de interlocução e produção de

sentido histórico e culturalmente elaborado, sendo espaço de trabalho, reflexão e

conhecimento.

É na apropriação e expansão dos conhecimentos produzidos pela humanidade

através dos tempos, que cada vez mais o homem compreende o mundo em que vive e pode

nele atuar de forma consciente e comprometida com seus rumos. Assim, considera-se ainda a

necessidade de oferecer uma formação de qualidade, pensando no desenvolvimento social,

economicamente justo e ecologicamente sustentável, reconhecendo e valorizando o homem

do campo, visando a sua fixação a terra.

Vencer o desafio de construir a escola pública de qualidade implica a realização de

um conjunto de ações, como garantir o acesso e a permanência dos alunos na escola;

promover a autonomia escolar criando mecanismos de gestão democrática do trabalho

pedagógico e dos recursos financeiros; promover a valorização dos trabalhadores em

educação; potencializar o desenvolvimento de todas as capacidades dos alunos através de

atendimento especializado.

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3. ACOMPANHAMENTO DOS ALUNOS COM O BENEFÍCIO

O sistema de acompanhamento em relação à frequência escolar, não é para punir a

família, mas uma maneira de manter o aluno na escola, fazendo com que a taxa de

analfabetismo do Brasil diminua, esse programa visa à melhoria da qualidade de ensino e de

vida das pessoas beneficiadas, o qual é realizado com o registro nominal da baixa frequência

dos que não estão comparecendo regularmente na escola, assim é realizado o registro no

sistema, podendo assim, ter uma atenção das escolas a qual terá que descobrir o motivo de

ausência dos alunos às aulas, contribuindo no fortalecimento da baixa frequência.

Tal atitude contribui para reforçar a participação dos municípios na cobrança de suas

escolas em relação à baixa frequência, até mesmo de alunas gestantes que não estão

frequentando a escola por motivos de gravidez, o município tem a responsabilidade de

acompanhar em todos os auxílios que devem ser prestada a tal aluna, juntamente com as

secretarias de educação, de assistência social e de saúde do município.

Art. 3o A concessão dos benefícios dependerá do cumprimento, no que

couber, de condicionalidades relativas ao exame pré-natal, ao

acompanhamento nutricional, ao acompanhamento de saúde, à frequência

escolar de 85% (oitenta e cinco por cento) em estabelecimento de ensino

regular, sem prejuízo de outras previstas em regulamento. (BRASIL, 2004).

O acompanhamento e atendimento às famílias devem ser acompanhados por

assistências disponíveis em cada município, a qual terá um monitoramento das famílias

atendidas e o porquê o aluno parou de ir à escola, se houver algum problema familiar deverá

ser resolvido com a equipe de Assistência Social.

O Programa Bolsa Família tem como seu público-alvo os estudantes de famílias

pobres ou que esteja na linha de extrema pobreza, ou seja, de vulnerabilidade social os

mesmos devem ser cadastrados e acompanhados de perto por uma equipe destinada na escola

e no município, para que através deste possam ter uma qualidade de vida melhor.

O Brasil não é um país pobre como muitos ainda pensam, uma nação rica, que

convive com a pobreza e sabe utilizar mecanismos que minimizem esta situação, que todos os

países enfrentam uns pouco e outros ao extremo da pobreza, assim como convivemos com a

desigualdade e da injustiça social.

Como afirma Darcy Ribeiro (1995, p.24):

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A estratificação social separa e opõe, assim, os brasileiros ricos e

remediados dos pobres, e todos eles dos miseráveis, mais do que

corresponde habitualmente a esses antagonismos. Nesse plano, as relações

de classe chegam a ser tão infranqueáveis que obliteram toda comunicação

propriamente humana entre a massa do povo e a minoria privilegiada, que a

vê e a ignora, a trata e a maltrata, a explora e a deplora, como se esta fosse

uma conduta natural.

Os Programas Sociais existentes no Brasil são iniciativas que visam à qualidade de

vida dos brasileiros, ainda que de forma restrita e pouca, mas sempre acreditando que é

possível ajudar quem está em zona de risco social, através de algumas políticas sociais, o

Estado tem como objetivo a distribuição de renda e inclusão social de famílias mais pobres,

com a finalidade de combater a pobreza, e melhorar suas condições de vida da população

atingida pela desigualdade social.

A divisão social das classes é naturalizada por um conjunto de práticas que

ocultam a determinação histórica ou material da exploração, da

discriminação e da dominação, e que, imaginariamente, estruturam a

sociedade sob o signo da nação una e indivisa, sobreposta como um manto

protetor que recobre as divisões reais que a constituem. (CHAUÍ, 2004

p.89).

O Programa Bolsa Família do Governo Federal (PBF) é uma dessas políticas

públicas de distribuição de renda e de inclusão social que merece destaque pela maneira

como atende as famílias, do mesmo modo que contribui para a melhoria de vida da população

também cobra, através da permanência dos alunos na rede de ensino pública, se tornando o

principal programa social do governo. A presente pesquisa propõe-se analisar qual o impacto

do Programa Bolsa Família sobre o desempenho escolar das crianças e dos jovens

beneficiados em idade escolar. Para isso, o objetivo desdobra-se em três objetivos

específicos.

A Frequência Escolar dos alunos que são cadastradas no Programa Bolsa Família,

passou a disponibilizar a cada ano novos relatórios com informações em relação a

permanência na escola, entre eles os relatórios dos possíveis motivos da baixa frequência,

sendo que a intenção do programa é fazer com que esses alunos evasivos permaneçam na

escola, correndo o risco do seu beneficio ser cancelado.

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4. CRITÉRIOS PARA O CADASTRAMENTO DE BENEFICIÁRIOS

Lançado no ano de 2004, o Programa Bolsa Família (PBF) é um projeto quem como

prioridade as pessoas de baixa renda, pensando nas pessoas mais pobres do país, deram-se

origem ao programa, para a população vulnerável, cujas implementações esta também

associada às políticas de saúde, educação e assistência social de estados e municípios.

Para a família receber o beneficio é preciso se cadastrar em um centro social da

cidade em que residem, seu perfil socioeconômico passará por análise das informações

contidas no Cadastro Único (CadÚnico), criado em 2001 como instrumento de identificação

das famílias de baixa renda e utilizado como critério para seleção de beneficiários de

programas federais, como o Bolsa Família.

4.1. PERFIL DAS FAMILIAS ENTREVISTADAS

O levantamento dos dados foi coletado entre os dias 29 e 31 de agosto de 2016, na

escola Municipal Polo João Rodrigues no período matutino tendo inicio ás 08h15min e

termino às 10h25min, no período vespertino tendo inicio as 14h00min e termino às 16h15min

com as pessoas responsáveis por receber o beneficio das crianças. P1. Qual seu estado civil?

Em relação à pesquisa, na primeira pergunta se observou que todas as pessoas que

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Solteiras Amasiadas Casadas Outros

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compareceram é do sexo feminino, muitas em seu relato diz que são responsáveis pelos filhos

e neto, 4 se encontram solteiras, 3 casada mas não com o pai da criança e 1 está casada com o

pai de seu filho e 2 moram com a avó.

P2. Qual idade?

A idade de cada responsável 2 tem idade entre 18 a 25 anos, 6 idade entre 26 a 35

anos e 2 entre 36 a 45 anos e seu grau de instrução é 5 pessoas são analfabetas com

fundamental 1 incompleto, 4 possui o fundamental 1 completo e fundamental 2 incompleto e

apenas 1 pessoa possui o fundamental 2 completo e médio incompleto.

P3. Qual é o seu grau de instrução?

0

1

2

3

4

5

6

7

18 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos

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O que muitas vezes chamou a atenção é o das pessoas responsáveis pelas famílias

que se declaram solteiras e sem grau escolar, isso mostrou que uma parte das famílias

beneficiadas está em processo de desestruturação familiar e sem muito conforto, as mães são

as responsáveis diretas pela criação dos filhos, o pouco que ganham consegue dar o mínimo

de conforto aos filhos, pois além dos bens materiais que se compra é necessário à

alimentação, assim deixam muitas coisas de lado para poderem alimentar seus filhos.

P4. Posse de itens de conforto.

0

1

2

3

4

5

6

Analfabeto Fundamental 1 Fundamental 2

0

2

4

6

8

10

12

2

1

Não

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4.2. QUESTÕES RELACIONADAS AOS HÁBITOS COTIDIANOS DAS FAMÍLIAS

Foi feita a seguinte pergunta às famílias, as quais aqui serão representadas por letras,

como era a situação econômica em período anterior ao recebimento do benefício, família A

“Antes de receber o benefício era preciso trabalhar para fora como faxina, lavar roupas para

conseguir comprar coisas simples como material escolar”. Família B “ruim”. Família C “Era

lavadora de roupa para ganhar o salário”. Família D “Era difícil, porque tinha que trabalhar

para se sustentar”. Família E “Era difícil, depois que começou receber melhorou muito”.

Família F “Era uma situação precária, por não haver uma renda fixa, sobrevivia de diárias”.

Família G “Era muito difícil, precisava viver de bicos, às vezes nem recebia”. Família H “Era

muito complicado, pois somente meu esposo ajudava em casa”. Família I “Era uma situação

muito difícil, era só o marido que trabalhava, mas depois que começou a receber a bolsa

família foi muito bom, minhas crianças se alimentam e também posso comprar o material

escolar.” Família J “Era muito difícil, não consegui pagar nada de minhas despesas de casa.”

Pra algumas famílias o programa chegou à boa hora, pois a situação que viviam era precária,

como disse uma mãe quando estava indo embora “fome o meus filhos não passa”.

P5. Qual era a sua situação econômica em período anterior ao recebimento do

benefício?

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Ótimo Bom Regular Ruim

Depois

Antes

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Trabalho de Conclusão de Curso

No gráfico abaixo, podemos observar quem/quantas pessoas ficam de posse do

cartão magnético para o recebimento do benefício que a criança tem direito, em quase todos

os casos, as mães são as que recebem as que moram com os avós, tem como responsável a

avó, que também faz seu papel de mãe.

P6. Quem da família tem a posse do cartão magnético?

O valor recebido pelo benefício varia conforme a quantidade de crianças que esta

cadastrada a família A “No valor de R$ 422,00”. Família B “R$ 66,00”. Família C “R$ 66,00

cada criança”. Família D “R$ 124,00”. Família E “R$ 112,00”. Família F “R$ 112,00”.

Família G “R$ 337,00”. Família H “R$ 147,00”. Família I “R$ 202,00”. Família J “R$

79,00”.

P7. Qual é valor do benefício Bolsa Família a Sra. Recebe?

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Mãe Outros

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa iniciativa de criar um programa que atenda as famílias mais carentes no Brasil,

consegue resultados de acompanhamento escolar, uma maneira de manter alunos em sala de

aula, qualificando-os para o mercado de trabalho e sucessivamente uma qualidade de vida

melhor a da qual vivida, isso pode ser observado no registro de 168 mil escolas que

disponibilizam aproximadamente 17 milhões de alunos de famílias pobres que fazem parte do

Programa Bolsa Família, uma ação que conta com a participação de todos os municípios e

estados do país.

Além disso, este programa tem um compromisso e responsabilidade, em prol da

permanência na escola de alunos considerados vulneráveis e de famílias pobres que

representam o principal grupo de risco de exclusão, tendo em vistas suas necessidades em

relação ao trabalho acabando por abandonar a escola temporariamente ou definitivamente.

Finalmente, o Programa Bolsa Família está configurado como uma iniciativa de

acompanhamento e monitoramento por indicadores de frequência de alunos cadastrados e

beneficiados pelo programa, com prazos e metas que pretendem ser alcançados, assim poderá

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ter uma noção de como este programa está contribuindo para o desenvolvimento social das

famílias.

É importante destacar que o Programa Bolsa Família trata de acompanhamento da

frequência escolar de todos os alunos que recebem o benefício em todo o país, que tem como

base a educação, a saúde e o acesso a programas sociais de cada município, os quais devem

monitorar a qualidade de vida dessas famílias, disponibilizando total assistência se necessário

a famílias dos alunos.

6 REFERÊNCIAS

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Programa Bolsa Família, 2004. Disponível

em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.836.htm. Acesso em:

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Inclusão. Brasília: Ipea, 2014.

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