Upload
danglien
View
219
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
ANÁLISE DAS VARIAÇÕES EM CICLOS OPERACIONAIS EM UM MOTOR OTTO EM
HOMOGENEOUS CHARGE COMPRESSION IGNITION (HCCI)
Marta Mariana de Oliveira Negry
PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.
Aprovado por:
________________________________________________
Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto
________________________________________________
Prof. Antonio MacDowell de Figueiredo
________________________________________________
Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
AGOSTO DE 2015
II
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Preenchido o último requisito para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico
MARTA MARIANA DE OLIVEIRA NEGRY
(DRE: 109047416)
defenderá seu projeto final, com o título
" ANÁLISE DAS VARIAÇÕES EM CICLOS OPERACIONAIS EM UM MOTOR OTTO
EM HOMOGENEOUS CHARGE COMPRESSION IGNITION (HCCI)"
perante Banca, assim constituída:
Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto
Prof. Antonio MacDowell de Figueiredo
Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida
Dia: __/08/2015
Hora: 10:00 h
Local: LEPAC Bloco I sala 228 Centro de Tecnologia – Cid. Universitária
Aprovado para defesa em __/08/2015
________________________________
Comissão de Projeto Final
III
Resumo
O presente trabalho foi realizado durante intercâmbio por convênio entre as
universidades UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e KIT (Karlsruhe Institut
für Technologie) e desenvolvido no IFKM (Institut für Kolbenmaschine), sob supervisão do
Dipl.- Ing Marius Neurohr e Prof. Dr. sc. techn. Thomas Koch.
Primeiramente, este trabalho apresenta uma explanação sobre a concepção e
funcionamento do motor de operação Homogeneous Charge Compression Ignition em
motores de combustão interna. São discutidos alguns aspectos teóricos, assim como
algumas estratégias de implementação de HCCI em motores a gasolina e a diesel.
Este trabalho analisa alguns parâmetros de combustão em um motor Otto em modo de
operação Homogeneous Charge Compression Ignition (HCCI). Dados obtidos
previamente numa bancada de testes foram organizados e trabalhados.Tais dados são
referentes a informações sobre dois conjuntos de 300 ciclos de trabalho de um motor de
um cilindro. Ajustes foram efetuados utilizando-se os programas computacionais Matlab e
Bremo. Parâmetros de combustão como recirculação de gases de exaustão, perdas de
calor, ponto de 50% de queima de combustível e ponto de 50% de calor liberado foram
analisados. A proposta foi encontrar correlações entre tais parâmetros.
IV
Agradecimentos
Primeiramente, registro minha gratidão e admiração por minha mãe, Rosa Clara Lopes
Freire. Ao longo de todo o curso seu apoio foi da maior importância. Sempre a me apoiar
nas horas de cansaço e de desafios, sempre a me dar palavras de incentivo. A minha
mãe, todo o meu amor e respeito.
Meu agradecimento também ao professor Fernando Castro Pinto, um grande profissional
e benevolente ser humano. Ele que tanto me auxiliou a realizar esse intercâmbio na
Alemanha, o qual resultou no presente trabalho. Apoio não somente acadêmico, mas
também com sábios conselhos sobre o modo de vida e comportamento na Alemanha.
Agradeço também ao meu orientador no KIT, Marius Neurohr, por todo o suporte.
Também minha gratitude aos amigos George Rosnele, Marcia Vagos e Raquel Pinheiro
Araujo, pela ajuda e por fazerem muito mais especial e agradável meu período na
Alemanha.
Especial agradecimento vai à minha amiga Adriana Paes Leme, por suas sugestões e
apoio.
V
Conteúdo
1. Introdução ...................................................................................................... 1
2. Motores de Combustão Interna .................................................................... 4
2.1 Definições .......................................................................................................... 4
2.2 Motor de combustão interna de ignição por centelha (ICE) ................................. 6
2.3 Motor de combustão interna de ignição por compressão (ICO) ........................... 9
2.4 Eficiência térmica de um motor a combustão interna ....................................... 10
2.5 Formas de medição .......................................................................................... 14
3. HCCI (Homogeneous Charge Compression Ignition) ............................... 16
3.1. Introdução ....................................................................................................... 16
3.2. Controle de ignição .......................................................................................... 18
3.3. HCCI em motores a gasolina ............................................................................. 19
3.3.1. Tempo de injeção ...................................................................................................................... 19
3.3.2. Variações da Razão de Compressão .......................................................................................... 19
3.3.3. Aplicabilidade industrial ............................................................................................................ 20
3.3.4. Modificação de combustível ...................................................................................................... 20
3.4. HCCI em motores a diesel ................................................................................. 21
3.4.1. Tempo de injeção ...................................................................................................................... 22
3.4.2. Características de injeção .......................................................................................................... 23
3.4.3. Pressão de injeção ..................................................................................................................... 23
3.4.4. Geometria da "cabeça" do pistão .............................................................................................. 23
3.4.5. Temperatura da carga de admissão .......................................................................................... 24
3.4.6. Supercharging /Turbocharging .................................................................................................. 24
3.5. Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) ......................................................... 25
3.5.1. Formação dos Óxidos Nitrogenados .......................................................................................... 25
3.5.2. Formação e efeitos de óxidos nitrogenados e Matéria Particulada .......................................... 26
VI
3.5.3. Atuação da Recirculação de Gases de Exaustão ........................................................................ 27
4. Bancada experimental ................................................................................. 29
4.1 Introdução ............................................................................................................ 29
4.2 Ajustes no primeiro pacote .................................................................................. 32
4.3 Ajustes no segundo pacote ................................................................................... 33
4.4 Análise dos parâmetros do primeiro conjunto de dados ........................................ 34
4.5. Análise dos parâmetros do segundo conjunto ...................................................... 37
5. Regressão Linear ......................................................................................... 40
5.1 Conceitos .............................................................................................................. 40
5.2 Gráficos de Regressão Linear para o primeiro conjunto ......................................... 43
5.3 Gráfico de Regressão Linear para o segundo conjunto ........................................... 47
5.4 Resultados e Comentários .................................................................................... 50
6. Conclusão .................................................................................................... 53
7. Referências Bibliográficas .......................................................................... 55
8. Anexos .......................................................................................................... 60
VII
Lista de Figuras
Figura 1 - A evolução das restrições das normas europeias para emissões [23] .............. 2
Figura 2 - Tipos de ignição num motor de combustão interna [21] .................................... 4
Figura 3 - Fases de um motor Otto a 4 tempos [23] ......................................................... 6
Figura 4 - Ciclo de 4 tempos (Ciclo Otto) [24] ................................................................... 7
Figura 5 - Interior de um cilindro [25] ................................................................................ 8
Figura 6 - Interior de um cilindro [26] ................................................................................ 8
Figura 7 - Fases de um motor diesel a 4 tempos [27] ......................................................10
Figura 8 - Eficiência térmica para ciclo Otto [28] ..............................................................12
Figura 9 - Eficiência térmica para ciclo Diesel [29] ...........................................................13
Figura 10 - A junção de vantagens de motor ICE e ICO no modo de operação HCCI ......17
Figura 11 – Esquema de um motor Diesel [30] ................................................................21
Figura 12 – Geometria da Cabeça do Pistão [29] ............................................................24
Figura 13 – Efeito estufa ..................................................................................................27
Figura 14 – Esquematização da bancada de teste ..........................................................29
Figura 15 - Exemplo de um motor de único cilindro [30] .................................................30
Figura 16 – O programa Bremo utilizado para ajustar curvas de calor liberado (Qb) .......31
Figura 17 – O script do Matlab .........................................................................................31
Figura 18 –Parâmetros operacionais no script do Matlab ................................................31
Figura 19 - Variações da taxa de massa de ar para o primeiro ajuste ..............................32
Figura 20 –- A nova configuração de parâmetros do sistema para o segundo ajuste ......33
Figura 21 - Distribuição da taxa de massa de ar para o segundo pacote .........................33
Figura 22 - Recirculação de Gases de Exaustão para o primeiro conjunto ......................34
Figura 23 - Perdas de calor para o primeiro conjunto .......................................................34
Figura 24 - Ponto de 50% de queima de combustível para o primeiro conjunto ...............35
Figura 25 - Ponto de 50% de liberação de calor para o primeiro conjunto .......................35
Figura 26 - Recirculação de gases de exaustão para o segundo conjunto .......................37
Figura 27 - Perdas de calor para o segundo conjunto ......................................................37
Figura 28 - Ponto de 50% de queima para o segundo conjunto .......................................38
Figura 29 - Ponto de 50% de queima para o segundo conjunto .......................................38
Figura 30 - Exemplo de Regressão Linear [31] ................................................................40
Figura 31 – Perfeitas proporcionalidades direta e indireta ...............................................41
Figura 32 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e ponto de 50% de queima de combustível (X_50) para o primeiro conjunto de dados .....................43
Figura 33 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão e ponto de 50% de queima de combustível para o primeiro conjunto de dados ......................................43
Figura 34 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e Perdas de Calor (Qw) para o primeiro conjunto de dados .........................................................44
Figura 35 - Correlação entre Ponto de 50% de queima de combustível e Ponto de 50% de calor queimado para o primeiro conjunto de dados ..................................................44
Figura 36 - Correlação entre Ponto de 50% de queima de combustível e Perdas de Calor (Qw) para o primeiro conjunto de dados ..................................................................45
VIII
Figura 37 - Correlação entre Ponto de 50% de calor queimado e Perdas de Calor (Qw) para o primeiro conjunto de dados ...........................................................................45
Figura 38 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e ponto de 50% de queima de combustível (X_50) para o segundo conjunto de dados ....................47
Figura 39 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão e ponto de 50% de queima de combustível para o segundo conjunto de dados .....................................47
Figura 40 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e Perdas de Calor (Qw) para o segundo conjunto de dados ........................................................48
Figura 41 - Correlação entre Ponto de 50% de queima de combustível e Ponto de 50% de calor queimado para o segundo conjunto de dados .................................................48
Figura 42 - Correlação entre Ponto de 50% de queima de combustível e Perdas de Calor (Qw) para o segundo conjunto de dados ..................................................................49
Figura 43 - Correlação entre o Ponto de 50% de queima de combustível e Perdas de Calor (Qw) para o segundo conjunto de dados ........................................................49
Figura 44 - Exemplo esquemático de Recirculação de Gases de Exaustão [32] .............51
Figura 45 - Exemplos de sistemas de Recirculação de Gases de Exaustão[33] ..............52
IX
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Normas da União Europeia para emissão de poluentes para veículos de passeio (em g/km)..................................................................................................... 2
Tabela 2 - Taxa de massa de ar para o primeiro pacote ..................................................60
Tabela 3 - Parâmetros do primeiro pacote ......................................................................61
Tabela 4 - Taxa de massa de ar para o segundo pacote .................................................68
Tabela 5 - Parâmetros do segundo pacote ......................................................................72
X
Nomeclatura
Abreviações Abreviação Significado
HCCI Homogeneous Compression Charge Ignition
NOx Oxidos nitrogenados
VOCS volatile organic compounds
PM matéria particulada
RC razão de compressão
HC hidrocarbonetos
CO2 dióxido de carbono
CO monóxido de carbono
RGE Recirculação de Gases de Exaustão
4VVS four variable actuating system
OKP Optimized Kinetic Process
GLP Gas Liquefeito de Petroleo
PCI Premixed Compretion Ignited
UNIBUS Uniform Bulky Combustion System
MK Modulated Kinetics
ATDC After Top Dead Center
PME Pressão Média Efetiva
CFR Cooperative Fuels Research
1
1. Introdução
A indústria de veículos é de vital importância na vida contemporânea. Grande parte da
locomoção de pessoas e cargas é dada pelo transporte terrestre. Automóveis, caminhões,
ônibus e tratores são itens primordiais na logística e na economia da atualidade. E o
funcionamento dos veículos está baseado na utilização de motores de combustão interna.
Entretanto, há um grande problema a ser enfrentado: a emissão de poluentes advinda do
funcionamento dos motores de combustão interna. Tais poluentes são extremamente
nocivos à saúde humana, em particular ao nosso sistema respiratório. Notória é a questão
de incidência de doenças respiratórias nos grandes centros urbanos. Essas substâncias
tóxicas também afetam as condições climáticas do planeta. Temos como grande exemplo o
problema dos buracos da camada de ozônio, deixando-nos expostos a radiações solares
nocivas.
Até cerca de duas décadas atrás, o foco da produção industrial de motores atinha-se
basicamente apenas às melhorias no quesito potência e funcionamento do motor, sem
grandes preocupações com as emissões de poluentes. Atualmente existe uma
conscientização mundial da relevância do controle e minimização de emissões de
substâncias tóxicas, tão danosas à saúde humana e às condições climáticas do planeta.
Podemos constatar tal mudança de mentalidade através de indicadores numéricos [1]: nos
Estados Unidos, em 1984, o limite de emissão de NOx para caminhões era de 10,7 g/bHP-h
e em 2004 diminuiu para 2,0 g/bHP-h. A unidade g/bHP-h refere-se a relação entre a massa
de poluente (em gramas), gerada em 1 h de teste, e a potência média do motor em cavalos-
vapor (bHPh). Enfim, notamos quantitativamente a evolução da mentalidade industrial
quanto ao quesito emissões de poluentes em duas décadas.
Outro grande indicador da necessidade de controle de poluentes são as normas
estabelecidas pela União Europeia, que estabelecem limites de emissões de diferentes
substâncias. Tais padrões de limites de emissão são denominados Euro. O Euro 1 foi
estabelecido em 1992. Na atualidade está em vigor o Euro 6. A seguir na tabela 1,
observamos o desenvolvimento de tais limites. Na figura 1, vemos de forma global e
quantitativa a evolução de tais normas.
2
Tabela 1 – Normas da União Europeia para emissão de poluentes para veículos de passeio (em
g/km) [44]
Figura 1 - A evolução das restrições das normas europeias para emissões [29]
Neste contexto, um grande desafio da indústria automobilística é evoluir no sentido de
otimizar a eficiência do motor simultaneamente com a minimização da emissão de
poluentes.
O grande enfoque do Euro 6 são as emissões de óxidos nitrogenados, os NOx. A formação
de NOx é diretamente proporcional às temperaturas alcançadas dentro da câmara de
3
combustão de um motor. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas no sentido de
minimizar tais temperaturas: são as denominadas LTC (Low Temperature Combustion),
sigla em inglês para Combustão a Baixas Temperaturas. Incluídas nas LTC estão o
Premixed Charge Compression Ignition (PCCI) e o Homogeneous Charge Compression
Ignition (HCCI). Esta última tecnologia será o tema do presente trabalho.
4
2. Motores de Combustão Interna
2.1 Definições
Motor é um dispositivo que realiza a conversão de certas formas de energia (química, por
exemplo) em energia mecânica, visando a realização de trabalho.
Os motores de combustão são divididos em motores de combustão externa e os de
combustão interna.
Nos motores de combustão externa, o trabalho é produzido a partir do calor recebido por
um fluido de trabalho. Os produtos da combustão da mistura ar-combustível transmitem
calor a esse fluido de trabalho. Portanto, num motor de combustão externa o fluido de
trabalho está separado dos produtos da combustão.
Nos motores de combustão interna, os próprios produtos da combustão produzem
trabalho. Ou seja, o fluido de trabalho são os próprios produtos da combustão da mistura ar-
combustível. Um motor de combustão interna obtém energia mecânica (em forma de gases
em expansão) a partir da energia química contida num combustível (por exemplo, gasolina e
diesel) através de um processo de oxidação (combustão). A queima do combustível ocorre
dentro da câmara de combustão. O seu funcionamento é baseado no movimento de um
êmbolo alternativo conectado a uma biela dentro de um cilindro, produzindo trabalho através
da biela e de um eixo de manivelas. Dentro dos motores de combustão interna há dois tipos
principais: o motor de ignição por centelha (ICE) e o motor de ignição por compressão (ICO).
Figura 2 - Tipos de ignição num motor de combustão interna [30]
5
Um conceito importante nos motores de ignição interna é a razão ar-combustível. A razão
ar-combustível é definida como a razão entre a massa de ar e a massa de combustível
contido na mistura. A razão estequiométrica é aquela para a qual ocorre uma combustão
completa, ou seja, os produtos de combustão são apenas CO2, H20 e N2.
Citando exemplos numéricos de razão estequiométrica ar-combustível, avaliamos a
combustão completa da gasolina:
massa de ar (O2 + N2) : 12,5x32 + 12,5 x 3,76x2x14 = 1716
massa de combustível (C8H18) : 8x12 + 18 = 114
Portanto para que ocorra a combustão completa de 1 kg de gasolina são necessários 15,05
kg de ar atmosférico.
Neste ponto, vale salientar que temos dois tipos de mistura: a rica e a pobre. Para
definirmos estes tipos de mistura, definimos primeiramente o lâmbida ( λ ):
Assim sendo, quando λ assumir valores menores que 1, temos a chamada mistura rica, ou
seja, a razão ar-combustível real é menor que a estequiométrica.
Quando λ assumir valores maiores que 1, temos a mistura pobre, ou seja, a razão ar-
combustível real é maior que a estequiométrica. Temos aqui um excesso de ar atmosférico.
6
2.2 Motor de combustão interna de ignição por centelha (ICE)
Em 1862, foi desenvolvido por Beau de Rochas uma sequência operacional de 4 tempos
para um motor de combustão interna de ignição por centelha. Em 1876, o engenheiro
Nikolaus August Otto construiu um motor e colocou em prática a sequência idealizada por
Beau de Rochas. Desde então, este sequência constituída de 4 tempos, é conhecida como
ciclo Otto. Tais são as 4 sequências:
Admissão: estando a válvula de aspiração aberta, a mistura de ar-combustível é
aspirada para o interior do cilindro do motor;
Compressão: com ambas as válvulas fechadas (de admissão e de descarga), a
pressão e a temperatura da mistura são aumentadas através da subida do êmbolo;
Explosão: ainda com ambas as válvulas fechadas, ocorre a ignição da mistura de
combustível através de uma centelha emitida pela vela de ignição, os gases ao
expandirem-se, empurram o êmbolo para baixo
Descarga: com a válvula de descarga aberta, os gases resultantes da combustão
são expulsos do cilindro.
Figura 3 - Fases de um motor Otto a 4 tempos [31]
7
Figura 4 - Ciclo de 4 tempos (Ciclo Otto) [24]
Na figura 4, estão apresentados os ciclos teórico e real de um motor Otto. Vale observar as
diferenças entre ambos. No ciclo real, a admissão da mistura ar-combustível se dá a uma
pressão ligeiramente inferior à pressão atmosférica e o tempo de exaustão dos gases
resultantes da combustão ocorre a uma pressão um pouco acima da pressão atmosférica.
Os tempos de admissão e exaustão são equivalentes e estão mostrados no gráfico através
da linha 0-1 e 1-0. No processo 1-2 ocorre a compressão da mistura ar-combustível. Tanto
o processo de combustão (2-3) como o de exaustão (4-1) podem ser aproximados a um
processo de volume constante. Essa aproximação será fundamental para o
desenvolvimento matemático da equação de rendimento térmico do motor Otto.
Vale aqui introduzir certas denominações intrínsecas ao processo que ocorre dentro do
cilindro, inclusive o relevante conceito de razão de compressão, que será citado inúmeras
vezes ao longo do trabalho.
Ponto Morto Superior (PMS) e Ponto Morto Inferior (PMI): Pontos de posição máxima
(PMS) e mínima (PMI) do êmbolo durante seu percurso. Nestes pontos é que o
êmbolo muda o sentido de seu movimento.
8
Figura 5 - Interior de um cilindro [34]
Cilindrada ou volume de deslocamento do motor (v): volume total do cilindro.
Equivale ao valor numérico do curso do êmbolo multiplicado pelo valor numérico da
sessão transversal do cilindro.
Espaço morto (c): volume da câmara de combustão. Volume livre acima do pistão
quando este se encontra no PMS. É o volume ocupado pelos gases comprimidos ao
final da fase de compressão.
Razão de compressão (rc): é definida pela razão entre a soma do volume da câmara
de combustão com a cilindrada e o volume da câmara de combustão. Ela significa
por quantas vezes a mistura ar-combustível tem seu volume reduzido até que a
centelha seja acionada e tenha início a combustão da mistura.
Figura 6 - Interior de um cilindro [34]
9
Valores típicos de razão de compressão para motores Otto a gasolina são de cerca de 10;
para motores a diesel é de cerca de 20 ou mais.
Por exemplo, um motor a gasolina com razão de compressão de valor 8 significa que a
mistura ar-combustível foi comprimida oito vezes antes que a centelha da vela de ignição
desse início à combustão.
Como será demonstrado a seguir, na seção 2.2, a razão de compressão é diretamente
ligada ao rendimento térmico de um motor. Maiores taxas de compressão indicam que o
motor está fazendo melhor uso do combustível consumido. Motores diesel, por exemplo,
alcançam maiores razões de compressão. Para um motor Otto a gasolina o valor típico de
razão de compressão é 10 enquanto para um motor Diesel é de 20. Obviamente, há
limitações físicas e técnicas para se atingir maiores taxas de compressão. Primeiramente, a
dificuldade de construção de câmaras de combustão cada vez menores. E a limitação
técnica de quanto um combustível tolera de compressão sem atingir uma indevida
autoignição.
2.3 Motor de combustão interna de ignição por compressão (ICO)
Em 1892, Rudolph Diesel idealizou um novo tipo de motor, que seria capaz de queimar
carvão pulverizado. Tal motor apresenta um ciclo de operação muito semelhante ao ciclo
Otto, porém com duas grandes diferenças: na fase de aspiração, seria aspirado ar puro ao
invés de uma mistura ar-combustível e maiores razões de compressão seriam alcançadas.
Após uma intensa e rápida compressão do ar aspirado, a temperatura estaria de tal modo
elevada que a injeção de combustível ocasionaria uma imediata autoignição.
Rudolph Diesel publicou em fevereiro de 1892 em Berlim tal ideia num fascículo intitulado
"Teoria e Construção de um Motor Térmico Racional.". Em Ausburg, na Alemanha, teve
início a construção de tal motor. Em 1897, um motor monocilíndrico, diâmetro de 250 mm,
curso de 400 mm e consumo de 247g de combustível por cavalo e por hora desenvolve 20
HP a 172 rpm, apresentando um rendimento térmico de 26,2% em contrapartida aos 20% de
um motor a gasolina. As razões de compressão alcançadas em um motor diesel também
são mais elevadas: cerca de 20, em contrapartida a cerca de 10 do motor a gasolina.
Como visualizada na figura 7, os 4 tempos de um motor a diesel estão descritos a seguir:
10
Admissão: estando a válvula de admissão aberta, ar é admitido na câmara de
combustão;
Compressão: estando as válvulas de admissão e exaustão fechadas, o ar é
comprimido. Apenas um pouco antes do ponto morto superior, é injetado
combustível;
Explosão: devidos à alta temperatura decorrente da alta razão de compressão
alcançada dentro da câmara de combustão, ocorre a autoignição da mistura ar-
combustível;
Exaustão: a válvula de exaustão é aberta e são liberados os gases resultantes da
combustão.
Figura 7 - Fases de um motor diesel a 4 tempos [36]
2.4 Eficiência térmica de um motor a combustão interna
Um motor a combustão interna é uma máquina térmica, uma vez que realiza a conversão de
energia térmica em trabalho. O funcionamento de um motor não é um ciclo fechado, ou seja,
é um sistema com entrada e saída de massa. No entanto, para fins de modelagem
matemática será considerado como fechado, baseado no fato de o volume da câmara de
combustão ser constante e considerando-se que a mesma massa em kg de ar-combustível
que é admitida dentro do cilindro é a massa em kg que sai através dos gases de exaustão.
11
Assim sendo, utilizaremos a simplificação de um ciclo operacional de motor como um ciclo
fechado.
Aplicaremos a definição de eficiência térmica, que é a razão entre o trabalho total obtido e o
trabalho (ou calor) investido:
Onde:
Sendo:
= calor cedido da fonte quente, sendo o calor fornecido pela combustão da mistura ar-
combustível;
= calor recebido pela fonte fria, em outros termos, calor perdido para as paredes do
cilindro e calor perdido através dos gases de exaustão.
E considerando
onde
k = coeficiente isentrópico;
= calor específico a pressão constante;
é calor específico a volume constante.
Observaremos a seguir a eficiência térmica tanto para o ciclo Otto quanto para o ciclo
Diesel.
12
Figura 8 - Eficiência térmica para ciclo Otto [38]
Observando o diagrama T-S, temos:
A equação acima mostra que a eficiência térmica de um ciclo Otto depende tanto da razão
de compressão como pela propriedade do fluido expressa por k (coeficiente isentrópico).
A conclusão mais relevante dessa demonstração é que a eficiência térmica de um motor
Otto é diretamente proporcional à razão de compressão. Em outras palavras, quanto maior a
razão de compressão, maior a eficiência térmica.
13
Analisemos agora a eficiência térmica para o ciclo Diesel.
Figura 9 - Eficiência térmica para ciclo Diesel [39]
Notemos a diferença que enquanto no ciclo Otto, ambas as etapas de combustão e
descarga ocorrem a volume constante; no ciclo a Diesel, apenas a descarga ocorre a
volume constante e a combustão se dá à pressão constante. Tal diferença refletir-se-á nos
itens e da equação de eficiência térmica.
Para o ciclo a Diesel:
Uma vez que , temos que:
e sendo ,
14
Logo,
Denominaremos
Assim sendo:
Inferimos aqui que, para uma mesma razão de compressão, o ciclo Diesel apresenta menor
eficiência térmica que o ciclo Otto. Entretanto, fato é que motores Diesel alcançam maiores
razões de compressão. Assim sendo, na prática, os motores Diesel apresentam maior
eficiência térmica.
2.5 Formas de medição
Medição de pressão é uma das principais e mais usadas técnicas para se obter uma
grande quantidade de informação sobre processos internos num motor. Um registro do seu
uso é datado de 1876 e realizado por August Nikolas. Tal registro consiste em um perfil de
pressão de um cilindro gravado com um indicador mecânico. Atualmente, métodos analíticos
de otimização de combustão podem alcançar conclusões baseados, por exemplo, em:
Indicações de alta pressão (medida de pressão do cilindro);
Indicações de baixa pressão (medidas de entrada e saída).
Ambos indicadores são obtidos através de sensores piezoelétricos.
Os dados coletados por medição de pressão são geralmente denominados "combustion
diagnostic metrics" e são classificados em duas grandes categorias:
Indicadores diretos de valores característicos: obtidos diretamente a partir do perfil
de pressões do cilindro durante um ciclo de trabalho. Aqui estão incluídos a pressão
15
média efetiva (PME), máximo crescimento de pressão e taxa de crescimento de
pressão.
Indicadores indiretos de valores característicos: obtidos através de análises
termodinâmicas, inclui atraso de ignição, início de combustão, fração de massa dos
pontos de queima ((10%, 50% e 90%), taxa de liberação de calor e perdas de calor.
A pressão do cilindro é obtida através de transdutores de pressão. Esses transdutores são
conectados à câmara de combustão através de uma membrana, que recebe num piezo
elemento a força advinda da pressão na câmara de combustão. O transdutor cria uma carga
que é transformada numa voltagem elétrica. Dessa forma, a pressão no cilindro pode ser
calculada.
16
3. HCCI (Homogeneous Charge Compression Ignition)
3.1. Introdução
A ideia do HCCI é a obtenção de um motor de combustão interna que reúna as vantagens
de ignição a centelha e ignição por compressão, o que promove a significativa redução de
emissões de óxidos nitrogenados (NOx).
O HCCI é caracterizado pela autoignição de uma mistura homogênea pobre de ar-
combustível comprimida em alta razão de compressão. Uma mistura pobre é aquela em que
há muita quantidade de ar em relação à quantidade de combustível. E a razão de
compressão refere-se a quanto à mistura ar-combustível é comprimida.
O HCCI estabelece uma mistura homogênea de ar e combustível. Essa homogeneidade
leva a tal crescimento de temperatura e pressão durante a compressão que uma ignição
simultânea ocorre a uma só vez em todo o interior da câmara de combustão. As
temperaturas locais são mantidas a baixos níveis, acarretando a diminuição das emissões
de NOx.
Vale citar que anterior ao desenvolvimento do HCCI, ainda na década de 20, já existia a
ideia de conciliar motor de ignição por centelha e por compressão. Trata-se do motor de
carga estratificada. A diferença operacional é que neste caso, a injeção de combustível se
dá diretamente na câmara de combustão durante a etapa de compressão, sendo utilizada
uma centelha para dar início à combustão. Esta utilização de uma vela de ignição é o que
diferencia o motor de carga estratificada do motor Diesel. Alguns motores de carga
estratificada foram desenvolvidos e testados, entretanto não houve intensa aplicabilidade
industrial. O motor de carga estratificada não opera com misturas homogêneas de ar-
combustível, enquanto que a utilização de mistura homogênea é uma das bases do
funcionamento do HCCI. O HCCI apareceu com mais força, pois veio ao encontro da
necessidade da diminuição de emissão de poluentes, devido ao fato de a combustão ocorrer
a menores temperaturas. A produção de NOx é diretamente proporcional ás temperaturas
alcançadas dentro da câmara de combustão.
As vantagens combinadas no motor HCCI vem dos seguintes pontos:
17
Como num motor de ignição por centelha, combustível e ar são misturados
previamente numa mistura homogênea - o que leva a vantagem de baixas emissões
de poluentes;
Como num motor de ignição por compressão, a autoignição ocorre devido à alta
razão de compressão, com a vantagem de alta eficiência.
Portanto, o HCCI agrega a alta eficiência de um motor de ignição por compressão (motor a
diesel) e as baixas emissões de um motor de ignição por centelha (motor a gasolina).
Figura 10 - A junção de vantagens de motor ICE e ICO no modo de operação HCCI
A baixa emissão de óxidos nitrogenados (NOx) é consequente das baixas temperaturas no
interior da câmara de combustão. A homogeneidade da mistura ar-combustível faz com que
a ignição ocorra em pontos simultâneos na câmara de combustão, verificando-se a ausência
de frente de chama.
Entretanto, o HCCI apresenta também desafios na sua implementação. Tais desafios são a
ausência de um controle direto do tempo de combustão (não há vela de ignição como num
motor a gasolina, por exemplo) e as grandes oscilações nos parâmetros de combustão
avaliados nos itens 4.4 e 4.5. Durante a operação em modo HCCI a partir dos dados
coletados verificamos grandes oscilações nas perdas de calor , no ponto de 50% de queima
de combustível e no ponto de 50% de liberação de calor. O intuito deste trabalho será
analisar quantitativamente tais parâmetros, e as possíveis correlações entre eles a fim de se
detectar uma estratégia eficaz de melhoria da operação HCCI.
18
3.2. Controle de ignição
O HCCI tem um grande desafio: a ausência de um equipamento que controle diretamente o
tempo de ignição (tal como uma vela de ignição). A autoignição de uma mistura homogênea
comprimida numa alta taxa de compressão desencadeia a uma rápida queima que ocorre de
uma vez em toda a câmara de combustão. Não há propagação de frente de chama. A
combustão está basicamente sob controle da cinética química do processo de combustão. O
tempo de combustão é influenciado pela razão ar-combustível, temperaturas de admissão,
razão de compressão (RC) e gases residuais. Os dois principais métodos de controle de
tempo de combustão são a variação da razão de compressão e o uso de misturas de
combustíveis e aditivos.
Segundo Haraldsson [2], um exemplo de valor de razão de compressão foi usado num
protótipo de 5 cilindros. Para esse motor, a conclusão foi que uma razão de compressão de
até 17:1 aumentou a eficiência térmica e diminuiu emissões de NOx.
Os combustíveis que melhor trabalham com altas razões de compressão e misturas pobres
são aqueles com alta octanagem. Portanto, gás natural e gasolina são combustíveis
adequados para um motor HCCI.
19
3.3. HCCI em motores a gasolina
A implementação do modo HCCI para produção industrial ainda requer alguns ajustes. A
seguir falaremos sobre tais ajustes. Estratégias de implementação do HCCI no mercado são
de difícil acesso, pois as empresas retém suas informações.
As abordagens de controle de combustão num motor a gasolina operando no modo HCCI
são relacionadas a dois grandes desafios:
- controle de autoignição;
- controle de liberação de calor
A seguir abordaremos métodos práticos de aplicação do modo de operação HCCI em
motores a gasolina.
3.3.1. Tempo de injeção
O modo de operação HCCI requer uma mistura homogênea. Assim sendo, é importante a
duração do tempo de mistura entre ar e combustível.
Uma ótima fase de combustão é obtida através da alteração de injeção adiantada na
admissão para uma injeção retardada para um controle extra de fase de combustão.
Variações na homogeneidade da mistura têm efeitos nas emissões de poluentes. Injeção
precoce gera misturas com alto nível de homogeneidade levando a baixos níveis de
emissões de NOx e matéria particulada porém altos níveis de hidrocarbonetos. Através de
injeção tardia durante a compressão, baixos níveis de hidrocarbonetos são emitidos.
Tempo de injeção é uma das principais estratégias para controle de combustão de HCCI
com gasolina.
3.3.2. Variações da Razão de Compressão
Um estudo conduzido por Hyvonen [4], utilizou uma extensão de variadas razões de
compressão entre 9:1 a 21:1. Os resultados mostraram que, para que haja um aumento na
eficiência da combustão, menores razões de compressão são usados em cargas
intermediarias e maiores razões de compressão são aplicadas em ambas baixas e altas
cargas.
20
3.3.3. Aplicabilidade industrial
Para uma futura comercialização do HCCI deve-se considerar um modo de operação que
combine HCCI a baixas e médias cargas e ignição por centelha a altas cargas e altas
velocidades. Tal modo de operação é denominado Multi Mode.
A alternância entre ambos modos de operação (HCCI e ignição por centelha) ocorre através
de controle de tempo de válvula. O sistema "4-variable actuating system (4VVS)" é capaz de
controle independente de abertura e tempo de válvulas de admissão e exaustão. A
aplicabilidade do 4VVS foi verificado por ambos programa de simulação de motor [5] e
testes experimentais [6]. Yang [7] propôs um motor dual HCCI-Ignição por Centelha e o
denominou de Optimized Kinetic Process (OKP). Para alcançar o nível de calor e razão de
compressão necessários para a autoignição de HCCI, o OKP captura energia térmica dos
gases de exaustão e residuais.
Com o intuito de reduzir os resíduos e a razão de compressão efetiva, é utilizado um
equipamento com dois estágios de controle de válvula. No modo HCCI, o eixo de comando
de admissão foi deslocado para um pequeno levantamento de válvula para fechamento
precoce da admissão e a quantidade de ar foi ajustado utilizando-se um dispositivo e
através da colocação de um regulador de pressão eletrônico.
3.3.4. Modificação de combustível
Um dos principais pontos a ser considerado na manipulação de combustível para HCCI é o
fenômeno de autoignição. O modo de operação HCCI é adequado para baixas temperaturas
de autoignição.
Uma prática comum nas aplicações em motores a gasolina é misturar combustíveis de alto
cetanagem (diesel, n-heptano e dimetil eter) com combustíveis de alta octanagem (gasolina,
iso-octano, metanol). A autoignição pode ser considerada como um processo de liberação
de calor, o qual pode ser estimulado ou inibido por alguns componentes químicos. Em um
estudo de Aceves [8], houve uma avaliação da capacidade de aditivos de avançar a ignição
em modo HCCI. Um avanço de quase 11 graus de manivela foi verificado para uma
determinada mistura de admissão. Esse avanço é equivalente a um acréscimo de mais de
30K na temperatura de admissão. Outro exemplo de modificação de combustível pode ser
verificado por Shudo [9]: foi mostrado que tempo de ignição e taxa de combustão podem ser
controlados ajustando-se proporções relativas de éter dimetil e metanol.
21
3.4. HCCI em motores a diesel
A maior eficiência de potência dos motores Diesel (cerca de 40% em contrapartida aos
cerca de 30% dos motores a gasolina) tem contribuído para o aumento da participação no
mercado dos motores Diesel.
A alta eficiência de potência é relacionada com as altas razões de compressão aceitas pelos
motores a diesel (cerca de 20:1) comparada as de motores a gasolina (cerca de 10:1). Essa
baixa razão de compressão dos motores a gasolina é devida a necessidade de evitar o
fenômeno de "batida de pino".
Outra vantagem dos motores a diesel é a baixa emissão de monóxido de carbono (CO) e de
hidrocarbonetos não-queimados (HC). Porém as emissões de NOx (óxidos nitrogenados),
matéria particulada (MP) e fuligem ainda tem de ser trabalhadas.
Figura 11 – Esquema de um motor Diesel [30]
Referente à combustão em HCCI, as primeiras pesquisas envolveram motores a gasolina.
A aplicação do HCCI em motores a diesel não parecia muito atrativa. Algumas
características do diesel não eram muito compatíveis com HCCI: baixa volatilidade e alta
viscosidade. A alta volatilidade e viscosidade prejudicam o preparo de uma mistura
homogênea, sendo esta homogeneidade requisito fundamental para a operação HCCI.
Todavia, no sentido de possibilitar a formação de uma mistura homogênea, a Recirculação
de Gases de Exaustão é uma solução pois altera a formação química da mistura ar-
22
combustível a ser admitida no motor, possibilitando que esta alcance os níveis desejados de
homogeneidade.
De qualquer forma, de acordo com Suyian Gan [10] a combustão HCCI é um dos mais
importantes avanços para a redução de emissões de NOx e fuligem mantendo-se o
adequado consumo de combustível e performance dos motores a diesel. Como mencionado
antes, o HCCI combina as melhores características da eficiência de potência do diesel e as
baixas emissões de fuligem da gasolina.
Nesse contexto, são bastante relevantes as pesquisas sobre melhoramentos da
implementação de HCCI em motores a diesel.
Alguns fatores para uma operação HCCI estável em veículos a diesel são descritos nos
próximos itens.
3.4.1. Tempo de injeção
A homogeneidade da carga é proporcional à duração do tempo de mistura do ar com o
combustível; tempo este que é dependente de quando o o combustível é injetado na câmara
de combustão. Em relação a isso, o modo de operação HCCI em motores a diesel pode ser
classificado em: injeção precoce, injeção múltipla e injeção tardia. A seguir alguns exemplos
de cada uma:
Injeção adiantada
Um exemplo comercial de HCCI com injeção precoce foi desenvolvido por Mitsubishi
Motors Corporation - foi denominado Premixed Compression Ignited (PCI), e consistia,
basicamente de uma injeção precoce permitindo tempo suficiente para a mistura de ar e
combustível, levando a uma mistura homogênea. O resultado foi um decréscimo de 1/10 das
concentrações mínimas de NOx emitidas por uma operação padrão diesel. De qualquer
forma houve um aumento de emissões de HC e CO devido a mistura ar-combustível ser
excessivamente pobre.
23
Injeções múltiplas
A Toyota Motor Corporation desenvolveu o chamado Uniform Bulky Combustion System
(UNIBUS) aplicando uma técnica de dupla injeção: uma injeção precoce é aplicada para a
formação de uma mistura homogênea e um a injeção tardia é usada para dar o gatilho para
a combustão de todo o combustível. O UNIBUS é restrito para baixas cargas e velocidades.
Injeção retardada
O The Modulated Kinetics (MK) foi desenvolvido pela Nissan Motor Corporation e tinha 3
principais características operacionais: uma grande quantidade de recirculação de gases de
exaustão, tempo de injeção retardado e alta razão de turbilhonamento.
Neste caso, a principal estratégia para reduzir emissões de NOx é o grande uso de
recirculação de gases de exaustão, que reduz a concentração de oxigênio e leva a uma
baixa temperatura de combustão.
3.4.2. Características de injeção
A formação de uma mistura homogênea requer do sistema de injeção a formação de sprays
com baixa penetração, uniformidade, larga dispersão e uma larga taxa de injeção. A fim de
obter tais características, injetores com bocais de spray são utilizados. O ângulo de impacto
também deve ser considerado: largos ângulos levam a baixa penetração resultando numa
concentração de combustível mais uniforme. Bocais com ângulo de spray estreito em
formato de cone promovem uma mistura de ar e combustível com alta taxa de injeção. Outra
estratégia para obter uma mistura apropriada de ar e combustível é reduzir o diâmetro do
orifício do bocal.
3.4.3. Pressão de injeção
Uma alta pressão de injeção mostrou ser uma vantagem em operações HCCI. O aumento.
O aumento na pressão de injeção significa um aumento na velocidade de injeção,
fornecendo um aumento na taxa de entrada de ar e mistura, o qual resulta numa estrutura
de spray favorável, levando a uma melhor combustão.
3.4.4. Geometria da "cabeça" do pistão
Uma "cabeça" de pistão com "prato" raso pode reduzir a formação de um filme de
combustível na parede da superfície do cilindro - diminuindo fuligem e emissões de HC e
CO comparado a um "prato" padrão. Essa geometria também melhora a pressão média
efetiva e a estabilidade da combustão.
24
Figura 12 – Geometria da Cabeça do Pistão [37]
Razão de Compressão
Um método de alcançar a completa injeção antes da ignição é prolongar o atraso de ignição
- e isso pode ser feito diminuindo-se a razão de compressão. Reduzir a razão de
compressão de 18:1 para 16:1 foi parte da estratégia usada na segunda geração dos
motores a diesel MK (Modulated Kinetics). Outras vantagens de se reduzir a razão de
compressão são: prevenção do fenômeno de "batida de pino" e a prevenção de uma
explosiva autoignição (através da redução do aumento de temperatura e dos gases finais).
3.4.5. Temperatura da carga de admissão
Uma diminuição na temperatura da carga de admissão tem a consequência de aumentar a
massa de carga no interior do cilindro. Consequentemente, a pressão média efetiva (PME)
teve um aumento.
Alguns trabalhos experimentais mostraram que quando a temperatura de admissão foi
diminuída de 105°C para 30°C, houve um aumento de 2,7 bar para 3,7 bar na pressão
média efetiva.
3.4.6. Supercharging /Turbocharging
Turbocharging é particularmente importante como um complemento à recirculação de gases
de exaustão. A diluição causada por Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) limita a
quantidade de combustível que pode ser usado para uma massa fixa de carga. Esse efeito
leva a uma perda na potência do motor. Portanto, mais massa tem de ser forçada para
dentro do motor através de supercharging ou turbocharging. Aumentos significativos na
25
pressão de admissão tem um impacto direto na pressão média efetiva. Testes com n-
heptano num motor da Cooperative Fuels Research (CFR) mostrou que um aumento na
temperatura teve um impacto direto na pressão média efetiva.
3.5. Recirculação de Gases de Exaustão (RGE)
A utilização da Recirculação de Gases de Exaustão é uma das principais estratégias na
diminuição das emissões de óxidos nitrogenados e da Matéria Particulada. Abordaremos a
seguir as circunstâncias em que se dá a formação dos NOX, sua toxicidade e como atua a
RGE no sentido de diminuir as emissões de NOx.
3.5.1. Formação dos Óxidos Nitrogenados
Conforme já citado anteriormente, o grande enfoque deste trabalho é a utilização do modo
de operação HCCI devido ao grande apelo da diminuição das emissões de NOx.
Primeiramente, o grande fator responsável pela formação de NOx são as elevadas
temperaturas alcançadas dentro da câmara de combustão. Na presença de altas
temperaturas ocorre a oxidação do nitrogênio resultando na formação dos óxidos
nitrogenados, segundo as reações a seguir:
Uma vez readmitidos na câmara de combustão, os gases de exaustão passam a ocupar o
espaço anteriormente ocupado por somente a mistura de ar-combustível. Ou seja, com a
admissão dos gases de exaustão, temos uma menor quantidade de mistura ar-combustível
dentro da câmara de combustão em comparação a uma admissão única da combinação ar-
combustível. Portanto, com essa diminuição das taxas de concentração da mistura ar-
combustível, haverá uma menor taxa de ocorrência de combustão. Diminuindo assim a
temperatura alcançada dentro da câmara de combustão. E a diminuição de temperatura
dentro da câmara de combustão significa menor formação de NOx.
26
3.5.2. Formação e efeitos de óxidos nitrogenados e Matéria Particulada
Será abordado agora o caráter nocivo dos óxidos nitrogenados, bem como da Matéria
Particulada.
Essa substância é nociva à saúde humana, principalmente aos tecidos pulmonares,
causando doenças respiratórias como enfisema pulmonar, bronquites, traqueítes e, em
casos mais graves é um agente cancerígeno. Com respeito à vegetação, os óxidos
nitrogenados acarretam redução da permeabilidade das membranas celulares das folhas,
diminuindo as trocas gasosas e reduzindo a taxa de realização de fotossíntese.
Outro elemento a ter suas emissões restringidas é a Matéria Particulada (MP). A matéria
particulada (MP) causa problemas respiratórios e cardiovasculares. Além disso, há
evidências que matéria particulada seja um potencial agente cancerígeno. De acordo com a
EPA (“Environmental Protection Agency”, EUA), matéria particulada é definida como
qualquer massa que é coletada em um filtro de exaustão de veículo ou máquina específica,
após um determinado ciclo de operação, sob uma temperatura de exaustão mantida
constante a 52 °C.
Os impactos ambientais de NOx e de matéria particulada incluem chuva ácida, mudanças
climáticas, deterioração da qualidade da água e do solo e efeitos de visibilidade.
Particularmente o NO2 exerce um grande efeito na estratosfera, contribuindo para o efeito
estufa. O dióxido nitroso absorve da radiação infravermelha refletida pela superfície
terrestre, bloqueia sua dispersão para camadas superiores da estratosfera e emite tal
radiação de volta para a superfície da Terra, conforme ilustrado na figura 13.
27
Figura 13 – Efeito estufa [48]
3.5.3. Atuação da Recirculação de Gases de Exaustão
Conforme mencionado anteriormente, a grande condição para formação de óxidos
nitrogenados são as altas temperaturas alcançadas na câmara de combustão de um motor.
Assim sendo, diminuir as emissões de NOx implica diminuir as temperaturas dentro da
câmara de combustão.
Os efeitos da RGE que levam à redução da temperatura de combustão podem ser divididos
em:
Efeito de diluição:
Parte do oxigênio no ar fresco de admissão é substituída por gases inertes. O aumento em
proporção de molécula não-oxigenadas tem um efeito de absorção de calor. Também há um
decréscimo de disponibilidade de oxigênio para algumas reações químicas (tais como as
responsável pela formação de NOx);
Efeito de adição de massa:
A adição de um diluente a carga de admissão aumenta a taxa de fluxo de massa resultando
num aumento de absorção de calor;
28
Efeito térmico:
A recirculação de gases de exaustão tem uma significativa quantidade de água e CO2 , com
alta capacidade calorífica comparada ao ar.
Efeito químico:
Alguns dos gases diluentes podem sofrer dissociação ou outras reações químicas. Por
exemplo, a dissociação do CO2 é uma reação endotérmica, o que significa que há absorção
de calor.
29
4. Bancada experimental
4.1 Introdução
O presente trabalho tem o propósito de investigar as variações nos parâmetros de
combustão nos ciclos de trabalho no modo de operação HCCI. A análise efetuada teve
como ponto de partida dados previamente obtidos. Para tal, medições foram previamente
realizadas num motor de ignição a centelha de um cilindro, com as seguintes
especificações.. Porém, não estão disponíveis maiores descrições sobre mecanismos de
funcionamento da bancada experimental.
Especificações do motor Parâmetros Operacionais
Motor: um cilindro Revoluções por minuto [rpm] = 1997
Diâmetro [m] = 0.10 Temperatura dos gases de exaustão [K] = 583
Raio da manivela [m] = 0.0415 Pressão dos gases de exaustão [KPa] = 100,14
Compressão [-] = 10.45
Biela [m] = 0.1440
Area do pistão [m²] = 0.0079
Altura do topo [m] = 0.0050
Figura 14 – Esquematização da bancada de teste
30
Da bancada de teste, foram obtidas informações sobre os parâmetros de combustão
(pressão e vazão de ar admitido, ponto de 50% de queima de combustível, ponto de 50% de
calor liberado, perdas de calor) organizadas em dois conjuntos (primeiro e segundo). Foram
realizadas duas medições a fim de se observar eventuais erros decorrentes do processo
experimental. A ideia era observar se o comportamento dos parâmetros analisados seguia
um padrão nas duas medições. E conforme verificado posteriormente nos itens 4.4 e 4.5,
houve um comportamento de oscilação desses parâmetros que se manteve nas duas
medições.
Figura 15 - Exemplo de um motor de único cilindro [35]
Para a primeira etapa deste trabalho, os programas computacionais Matlab e Bremo foram
utilizados. Era necessário corrigir pequenos desvios dos dados, desvios estes inerentes ao
processo de coleta de dados experimentais. A tarefa era ajustar a curvas de liberação de
calor (Qb [J]) num gráfico com o eixo x indicando o ângulo de manivela. A curva do calor
liberado devia ser tangente ao eixo x até o ponto de zero graus de manivela - que é o
momento em que a liberação de calor começa a ocorrer. Para o primeiro e segundo pacote
de dados, o ajuste das curvas foi feito variando-se os valores de taxa de massa de ar
(m_Luft [kg/h]).
31
Figura 16 – O programa Bremo utilizado para ajustar curvas de calor liberado (Qb)
Figura 17 – O script do Matlab
Figura 18 –Parâmetros operacionais no script do Matlab
32
4.2 Ajustes no primeiro pacote
Como citado anteriormente, foi utilizado o programa Bremo para o ajuste de parâmetros de
combustão devido a erros inerentes à coleta experimental. A partir do ajuste da curva de
calor liberado, foi obtido o seguinte diagrama para valores de taxa de massa de ar (kg/h)
Figura 19 - Variações da taxa de massa de ar para o primeiro ajuste
Observando o gráfico acima, foi notada uma grande oscilação de valores de massa de ar. O
mínimo valor de taxa de massa de ar na admissão observado foi de 9,99 kg/h e o máximo
valor foi de 14,99 kg/h. De qualquer forma, tal variação (de 9,99 kg/h para 14,99 kg/h) não é
realista. Essa conclusão é baseada considerando-se que o volume de um cilindro é
constante. Para um volume constante de cilindro não é aceitável uma variação de taxa de
massa de 33,35%.
Uma nova configuração no Bremo teve de ser feita, mantendo a observação da necessidade
de uma razoável variação da taxa de massa de ar (em torno de 10%). Após algumas
tentativas, o novo conjunto de parâmetros no arquivo de entrada foi:
Razão de compressão = 10.5
Método de ajuste da pressão = curva de curso de combustão
Começo da queda de pressão = - 130
Final da queda de pressão = - 40
Com a nova configuração, uma distribuição realista de valores foi obtida: a taxa de massa
de ar teve valores de 12,9 kg/h ou 12,4 kg/h, com uma satisfatória variação de 3,87%.
33
Figura 20 –- A nova configuração de parâmetros do sistema para o segundo ajuste
4.3 Ajustes no segundo pacote
Para o segundo pacote de dados, o mesmo procedimento de ajuste de curvas de liberação
de calor variando-se a taxa de massa de ar foi realizado.
O mínimo valor de taxa de massa de ar foi de 9,25 kg/h e o máximo foi de 9,95 kg/h, com
uma satisfatória variação de 7,03%.
Figura 21 - Distribuição da taxa de massa de ar para o segundo pacote
34
4.4 Análise dos parâmetros do primeiro conjunto de dados
Outros parâmetros de combustão foram plotados e analisados.
Figura 22 - Recirculação de Gases de Exaustão para o primeiro conjunto
- Valor máximo de kg
- Valor mínimo de kg
Figura 23 - Perdas de calor para o primeiro conjunto
- Valor máximo de 109,03 J
- Vamor mínimo de 48,08 J
35
Figura 24 - Ponto de 50% de queima de combustível para o primeiro conjunto
- Valor máximo de of 9,1 KW
- Valor mínimo de 2,6 KW
Figura 25 - Ponto de 50% de liberação de calor para o primeiro conjunto
- Valor máximo de 5,1 KW
- Valor mínimo de 1,1 KW
36
Na figura 22, vemos o comportamento do valor da massa de gases de recirculação interna
ao longo dos ciclos. Apresenta um valor máximo de kg e mínimo de
kg, numa variação de 49,13%.
Na figura 23, observamos os valores das perdas de calor ao longo dos ciclos. Tais valores
vão de um máximo de 109,03 J até um mínimo de 48,08 J, mostrando uma variação de
55,90%.
Na figura 24, o ponto de 50% de queima de combustível oscila entre um máximo de 9,1 KW
e 2,6 KW, uma variação angular de 6,5 KW.
Na figura 25, o ponto de 50% de liberação de calor oscila entre 5,1 KW e 1,1 KW, numa
variação angular de 4 KW.
Em todos os gráficos analisados verificamos um comportamento oscilatório de picos e
quedas de valores dos parâmetros. Os mesmos parâmetros serão analisados para o
segundo conjunto de dados a fim de verificar se há uma repetição desse comportamento
oscilatório. Esse comportamento irregular é indesejável e compromete a aplicabilidade
industrial do HCCI. O intuito do trabalho é analisar tais parâmetros a fim de detectar um
possível elemento chave que possa influenciar e melhorar o comportamento da operação
HCCI.
37
4.5. Análise dos parâmetros do segundo conjunto
Para o segundo pacote de dados, os arquivos fornecidos continham dados apenas para os
primeiros 100 ciclos.
Figura 26 - Recirculação de gases de exaustão para o segundo conjunto
- Valor máximo de kg
- Valor mínimo de kg
Figura 27 - Perdas de calor para o segundo conjunto
- Valor máximo de 102,39 J
- Valor mínimo de 79,55 J
38
Figura 28 - Ponto de 50% de queima para o segundo conjunto
- Valor máximo de 10,05 KW
- Valor mínimo de -2 KW
Figura 29 - Ponto de 50% de queima para o segundo conjunto
- Valor máximo de 2,5 KW
- Valor mínimo de -5,5 KW
Na figura 26, o valor da massa de gases de recirculação interna varia entre um máximo
de kg e um mínimo de kg, numa variação percentual de 23,62%.
Na figura 27, havia uma falha no arquivo de dados obtidos experimentalmente, com uma
grande ausência de dados entre os ciclos 20 e 70. Considerando isso, os valores de
perda de calor vão de um máximo de 102,39 J a um mínimo de 79,55 J, numa variação
percentual de 22,31%.
Na figura 28, o ponto de 50% de queima de combustível varia entre 10,05 KW e -2 KW,
numa variação angular de 12,05 KW.
Na figura 29, o ponto de 50% de calor liberado varia entre 2,5 KW e -5,5 KW, numa
variação angular de 8 KW.
.
Nos gráficos dos itens acima (4.4 e 4.5) verificamos um problema do modo de operação
HCCI: a significativa oscilação dos valores dos parâmetros de combustão. Tal questão
deve ser trabalhada para que seja possível a implementação em escala industrial de tal
modo de operação. Neste ponto, entra a contribuição do presente trabalho: analisar qual
ou quais parâmetros de combustão podem ser manipulados a fim de melhorar a
linearidade de operação do HCCI. Para tal análise foi aplicado o método de Regressão
Linear.
40
5. Regressão Linear
5.1 Conceitos
Uma vez que todos os dados estavam organizados, a proposta era verificar se havia uma
correlação entre parâmetros. Para uma variação no parâmetro A, o parâmetro B variava
proporcionalmente? Direta ou indiretamente proporcionalmente? Depois de estabelecida
uma suposta tendência de comportamento, o segundo passo seria determinar quão forte
essa tendência seria. Para todas essas análises, o método matemático de Regressão
Linear foi utilizado.
Regressão Linear é um método de encontrar uma relação entre a variável dependente Y,
uma vez dada a variável explanatória X. Esse método consiste em estabelecer uma linha
reta entre pontos dados. Normalmente, essa linha é calculada considerando Y´ como
uma função afim de X ( ).
Uma vez que essa linha é obtida, o valor dado de Y pode ser comparado com o valor
estimado Y´. O jeito usual de fazer essa comparação é a predição do quadrado dos erros
.
A mais adequada linha é aquela com a menor distância vertical entre a linha e os pontos.
Em outras palavras, a linha que minimiza a soma do quadrado dos erros.
Figura 30 - Exemplo de Regressão Linear [41]
A regressão linear começa com o diagrama de dispersão. A observação visual de como
os pontos estão distribuídos nos fornece uma primeira ideia de uma eventual tendência
de comportamento. Uma análise mais precisa será dado com o cálculo do coeficiente
linear de Pearson (r). Esse coeficiente é um valor numérico que medir a intensidade de
associação entre duas variáveis, dada uma série de observações.
41
O cálculo de r é mostrado a seguir:
– Coeficiente de regressão linear
– Covariância entre x and y
– Desvio padrão de x
– Desvio padrão de y
O coeficiente r assume valores entre -1 e +1. O valor -1 indica uma perfeita indireta
proporcionalidade, ou seja, se o valor de x apresenta um aumento de Δ, o valor de y
apresentará um decréscimo de Δ. O valor +1 para r significa uma perfeita direta
proporcionalidade, isto é, se x aumenta de Δ, y também apresentará um aumento de Δ. O
coeficiente r com módulo 1 significa que todos os pontos estão sobre a curva.
Figura 31 – Perfeitas proporcionalidades direta e indireta
Uma vez que r seja calculado, uma visão crítica desse valor deve ser feita. Para tal, o
coeficiente de determinação (R²) será observado.
Esse valor indica o quanto da associação entre as variáveis pode ser explicada pela
Regressão Linear. O coeficiente de determinação é facilmente obtido através da
aplicação do quadrado do coeficiente de regressão linear.
– Coeficiente de determinação
– Coeficiente de regressão linear
42
Seguem agora os diagramas mostrando a aplicação da Regressão Linear entre
parâmetros como recirculação de gases de exaustão, ponto de 50% de queima, ponto de
50% de calor liberado e perda de calor.
43
5.2 Gráficos de Regressão Linear para o primeiro conjunto
Figura 32 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e ponto de 50% de
queima de combustível (X_50) para o primeiro conjunto de dados
Figura 33 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão e ponto de 50% de queima
de combustível para o primeiro conjunto de dados
44
Figura 34 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e Perdas de Calor
(Qw) para o primeiro conjunto de dados
Figura 35 - Correlação entre Ponto de 50% de queima de combustível e Ponto de 50% de
calor queimado para o primeiro conjunto de dados
45
Figura 36 - Correlação entre Ponto de 50% de queima de combustível e Perdas de Calor
(Qw) para o primeiro conjunto de dados
Figura 37 - Correlação entre Ponto de 50% de calor queimado e Perdas de Calor (Qw) para o
primeiro conjunto de dados
46
Dos gráficos acima faremos algumas observações.
Nas figuras 32, 33, 35, 36 e 37 não são verificadas correlações entre os pares de
parâmetros analisados. Observamos para os gráficos acima citados que os pontos estão
muito dispersos em relação à reta traçada pelo método de Regressão Linear; a qual
apresenta, assim valores baixos de R2 (respectivamente 0,0003; 0,071; 0,5991; 0,0032;
0,0713). Assim sendo, não os consideraremos como possíveis pontos para a
implementação de melhorias no funcionamento do modo HCCI.
Na figura 34, entre os parâmetros Recirculação de Gases de Exaustão e Perdas de Calor
é que verificamos uma forte correlação (R² = 0,96) Esse é o mais significativo resultado
de nosso trabalho: quanto maior a recirculação de gases de exaustão, menores as
perdas de calor. Então, encontramos o parâmetro que deve ser enfocado para melhores
resultados da operação HCCI.
47
5.3 Gráfico de Regressão Linear para o segundo conjunto
Figura 38 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e ponto de 50% de
queima de combustível (X_50) para o segundo conjunto de dados
Figura 39 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão e ponto de 50% de queima
de combustível para o segundo conjunto de dados
48
Figura 40 - Correlação entre Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e Perdas de Calor
(Qw) para o segundo conjunto de dados
Figura 41 - Correlação entre Ponto de 50% de queima de combustível e Ponto de 50% de
calor queimado para o segundo conjunto de dados
49
Figura 42 - Correlação entre Ponto de 50% de queima de combustível e Perdas de Calor
(Qw) para o segundo conjunto de dados
Figura 43 - Correlação entre o Ponto de 50% de queima de combustível e Perdas de Calor
(Qw) para o segundo conjunto de dados
50
Para os gráficos do segundo conjunto de dados, temos as mesmas conclusões
constatadas no primeiro conjunto, descritas a seguir.
Das figuras 38, 39, 41, 42 e 43 não observamos nenhuma correlação significativa. Os
pontos apresentam-se dispersos e distantes da linha traçada pelo método de Regressão
Linear. Assim sendo, não consideraremos tais pares de parâmetros como relevantes para
implementação de melhorias no modo de operação HCCI.
Assim como na análise do primeiro pacote de dados, uma forte correlação é verificada na
figura 40, entre a Recirculação de Gases de Exaustão (RGE) e Perdas de Calor (Qw).
Daqui por diante neste trabalho serão detalhados as implicações de tal correlação para a
implementação de melhorias no modo HCCI.
5.4 Resultados e Comentários
Da observação dos gráficos de Regressão Linear (seções 5.2 e 5.3), podemos perceber
uma correlação entre a recirculação de gases de exaustão (RGE) e perdas de calor (Qw).
Entre tais parâmetros, há um forte Coeficiente de Determinação (R² = 0,9664 para os
ciclos do primeiro conjunto de dados R² = 0,9334 para os do segundo conjunto).
Observamos o comportamento de que para mais recirculação de gases de exaustão,
menos perdas de calor.
O mais marcante resultado da nossa análise de dados foi essa correlação entre
recirculação de gases de exaustão e perdas de calor. Tal resultado é bem razoável ao
considerarmos a principal consequência da RGE, que é a redução da temperatura de
combustão, com a consequente diminuição das emissões de NOx.
A recirculação de gases de exaustão atua introduzindo na câmara de combustão gases
que já foram queimados, muitos deles são inertes, ou seja, não atuarão mais no processo
de combustão. Assim sendo, dentro da câmara de combustão, ao serem admitidos tais
gases, há uma diminuição de oxigênio. Sendo o oxigênio proporcional à intensidade da
combustão, teremos uma combustão alcançando menores temperaturas.. A combustão
ocorre simultaneamente em diversos pontos da câmara, sem a formação de um frente de
chama. Essa redução de temperatura implica menor formação de NOx. Os efeitos da
Recirculação de Gases de Exaustão também estão bem descritos no item 3.5.3
51
Figura 44 - Exemplo esquemático de Recirculação de Gases de Exaustão [33]
A RGE é efetuada através de uma ligação entre o escapamento da câmara de
combustão e a admissão da mesma, utilizando nessa ligação uma válvula. Há dois tipos
de válvulas: as de controle pneumático e as de controle eletrônico. As válvulas de
controle pneumático são colocadas de tal forma que, uma vez aberta, parte dos gases de
exaustão fluem para a admissão. As válvulas abrem pela ação do vácuo do coletor de
admissão, por um lado, e pela ação da pressão dos gases de escape, pelo outro,
permitindo que os gases de escapamento fluam para o interior do coletor de admissão.
Nas válvulas de controle eletrônico, as funções desta válvula são controladas pelo
Módulo de Controle Eletrônico , que se utiliza de atuadores para determinar o momento e
o tempo em que ela deve operar, sendo sua real atuação monitorada por um
potenciômetro presente na própria válvula.
Os gases de exaustão são formados por uma mistura já queimada, não são mais
combustíveis; são compostos em grande parte de gases inertes.Eles terão o papel de
ocupar espaço anteriormente destinado à mistura ar-combustível. Uma vez admitidos
gases de exaustão e considerando-se que a câmara de combustão apresenta volume
constante, menos mistura ar-combustível será admitida dentro da câmara de combustão.
Proporcionalmente, haverá menos oxigênio disponível para efetuar a combustão da
mistura ar-combustível. Em outras palavras, haverá menos ar para queimar o
combustível. A combustão ocorrerá em vários pontos da câmara de combustão
simultaneamente, sem a formação de uma frente de chama. Menores temperaturas serão
atingidas e mais brando será o pico de pressão alcançado dentro do cilindro.
52
Figura 45 - Exemplos de sistemas de Recirculação de Gases de Exaustão[43]
53
6. Conclusão
Este trabalho abordou o tema geral motores a combustão interna. Primeiramente houve
uma explanação sobre os dois tipos de motores a combustão interna: o de ignição por
centelha e o de ignição por compressão. Em seguida foram realizadas análises
equacionais do rendimento de ambos os motores.
Próximo passo foi a abordagem de um grave problema inerente aos motores de
combustão interna: as emissões de poluentes. Neste ponto, o trabalho apresenta uma
das tecnologias para solucionar tal problema: o Homogeneous Charge Compression
Ignition (HCCI). Foram abordadas as peculiaridades da aplicação do modo de operação
HCCI tanto em motores a gasolina como em motores a diesel.
Porém o modo de operação HCCI apresenta ainda necessidades de ajustes a fim de ser
implementada industrialmente. Para se estabelecer uma diretriz de como se implementar
melhorias no funcionamento do HCCI, uma grande quantidade de dados experimentais
foi manipulada e analisada. A ideia era avaliar a correlação entre parâmetros de
combustão.
Em tal análise de parâmetros de combustão foi constatada a correlação entre o uso de
Recirculação de Gases de Exaustão e Perdas de Calor.
Tais parâmetros são inversamente proporcionais. Quanto mais aplicada a recirculação de
gases de exaustão, menores as perdas de calor.
A importância de, ao se implementar a recirculação de gases de exaustão e a
consequente diminuição das perdas de calor é verificada no aumento do rendimento
térmico do motor.
A entrada dos gases de exaustão no cilindro promove um aquecimento da mistura ar-
combustível a ser admitida no cilindro, aumentando pois a parte do calor cedido pela
fonte quente advindo dos gases de admissão. Porém, com a redução de oxigênio
disponível para a combustão, é diminuído o calor advindo da queima da mistura ar-
combustível. Vale aqui a sugestão para posteriores análises mais precisas para verificar
se o calor cedido pela fonte quente acarretará um aumento no rendimento térmico do
motor.
54
Concomitantemente, a redução das perdas de calor reduz o calor recebido pela fonte
fria, o que é um impacto positivo no rendimento térmico do motor.
Portanto, o atual trabalho confirmou e explicou a importância da recirculação de gases de
exaustão no modo de operação Homogeneous Charge Compression Ignition.
Salientamos a importância de mais estudos sobre o HCCI a fim de verificar qualitativa e
quantitativamente os pontos ótimos de utilização de Recirculação de Gases de Exaustão.
55
7. Referências Bibliográficas
[1] BRAUN, Silvana; APPEL, Lucia Gorenstin; SCHMAL, Martin: “A poluição gerada
por máquinas de combustão interna movidas à diesel - a questão dos
particulados. Estratégias atuais para a redução e controle das emissões e
tendências futuras”, 2003.
[2] HARALDSSON, G., TUNESTÅL, P., JOHANSSON, B., and HYVÖNEN, J.: "HCCI
combustion phasing in a multi cylinder engine using variable compression ratio",
2002;
[3] CAIRNS, A.; BLAXILL, H.: “The effects of combined internal and external exhaust
gas recirculation on gasoline controlled auto ignition”, 2005;
[4] HYVÖNEN, Jari; HARALDSSON, Göran; JOHANSSON, Bengt: “Operating rate in
a multi cylinder HCCI engine using variable compression ratio”, 2003.
[5] XIE, H; "Control Strategies for Steady and Transient Operation of a 4-Stroke
Gasoline Engine with CAI Combustion Using a 4-Variable Valve Actuating System
(4VVAS)", 2006.
[6] XIE, H; "Study of SI-HCCI-SI Transition on a Port Fuel Injection Engine Equipped
with 4VVAS", 2007.
[7] YANG, J.; CULP, T.; and KENNEY, T.: "Development of a Gasoline Engine
System Using HCCI Technology - The Concept and the Test Results”, 2003.
[8] ACEVES, S.; FLOWERS, D.; MARTINEZ-FRIAS, J.; ESPINOSA-LOZA, F: "Fuel
and Additive Characterization for HCCI Combustion”, 2003.
[9] SHUDO, T.; ONO, Y.: "HCCI Combustion of Hydrogen, Carbon Monoxide and
Dimethyl Ether”, 2002.
56
[10] GAN, Suyian; KIAT, Hoon; PANG, Kar Mun: “Homogeneous Charge
Compression Ignition (HCCI) – Implementation and effects on pollutants in direct
injection diesel engines”, 2011.
[11] CASTRO, A.; ARAÚJO, R; SILVA, G: “Qualidade Do Ar – Parâmetros De
Controle E Efeitos Na Saúde Humana: Uma Breve Revisão“, 2013.
[12] MARTINS, Cristiane; FERREIRA,Marco Aurélio:“Considerações Sobre A
Formação De Nox Na Combustão“, 2010.
[13] MERKER, Günter; SCHWARZ, Christian; RÜNDIGER, Teichmann: “Combustion
Engines Development: Mixture Formation, Combustion, Emissions and
Simulation”. Edition Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2012.
[14] BAUMGARTEN, Carsten: “Mixture Formation in Internal Combustion Engines”.
Edition Springer-Verlag”, 2006.
[15] ERLANDSSON, Olof: “Thermodynamic Simulation of HCCI Engine Systems”.
Doctoral thesis. Department of Heat and Power Engineering. Lund Institute of
Technologie”, 2003.
[16] PERSSON, H.; PFEIFFER, A.; HULTQVIST, A.; JOHANSSON, B.: “Cylinder –to-
cylinder and cycle-to-cycle Variations at HCCI Operation With Trapped Residuals”.
Lund Institute of Technology”, 2005.
[17] VRESSNER, A.; LUNDIN, A.; CHRISTENSEN, M.; TUNESTAL, P.;
JOHANSSON, B.: “Pressure Oscillations During Rapid HCCI Combustion“.
Division of Combustion Engines, Lund Institute of Technology”, 2003.
[18] WESTBROOK, C.: “Chemical Kinetics Of Hydrocarbon Ignition In Practical
Combustion Systems”. Lawrence Livermore National Laboratory, 2007.
[19] LIDA,M.; HAYASHI, M.; FOSTER, D.; MARTIN, J.: “Characteristics of
Homogeneous Charge Compression Ignition (HCCI) Engine Operation for
Variations in Compression Ratio, Speed, and Intake Temperature While Using n-
Butane as a Fuel”. Engine Research Center, University of Wisconsin, 2003.
57
[20] GAN, S.; NG, H.; PANG, K.: “HCCI – Implementation and Effects on Pollutants in
Direct Injection Diesel Engines”. Department of Chemical and Environmental
Engineering and Department of Mechanical Engineering, the University of
Nottingham Malaysia Campus,2011.
[21] YAO, M.; ZHENG, Z.; LIU, H.: “Progress and Recent Trends in Homogeneous
Charge Compression Ignition (HCCI) Engines”. State Key Laboratory of Engines,
Tianjin University 2009.
[22] SHI, L; CUI, Y.; DENG, K.; PENG, H.; CHEN, Y.: “Study of Low Emission
Homogeneous Charge Compression Ignition (HCCI) Using internal and External
Gas Recirculation (EGR)”. School of Mechanical and Power Engineering, Key
Laboratory for Power Machinery and Engineering of Education Ministry, Shanghai
Jiaotong University, 2006.
[23] HARALDSSON, Göran; TUNESTAL, Per; JOHANSSON Bengt: "HCCI
Combustion Phasing in a Multi Cylinder engine using Variable Compression
Ratio", Division of Combustion Engines, Lund Institute of Technology, 2002.
[24] HARALDSSON, Göran; TUNESTAL, Per; JOHANSSON Bengt: “Combustion
Phasing with Closed-Loop Combustion Control Using Variable Compression Ratio
in a Multi Cylinder Engine”. Division of Combustion Engines, Lund Institute of
Technology, 2003.
[25] STONE, Richard; "Introduction to Internal Combustion Engines". Society of
Automotive Engineers, Inc. Warrendale, Pa, 2012.
[26] OBERT, Edward F.; "Motores de Combustão Interna". Editora Globo, 1999.
[27] TAYLOR, Charles F.; "Análise dos Motores de Combustão Interna". Editora
Edgard Blücher LTDA, 1988.
[28] VARELLA, Carlos Alberto Alves: “Princípios De Funcionamento Dos Motores
De Combustão Interna”, 2011.
[29] http://pt.slideshare.net/RenaultTrucks/renault-trucks-presentation-2014-32589772
58
[30] http://rfml.kaust.edu.sa/Pages/Research-2.aspx
[31] http://www.taringa.net/posts/autos-motos/12836109/Motor-dos-tiempos-info.html
[32] http://www.learneasy.info/MDME/MEMmods/MEM23006A/thermo/heat_engines
[33] http://www.howstuffworks.com/
[34] http://blogdecarrosemotos.com.br/wp-content/uploads/2013/10/05.jpg
[35] http://www.mundomotor.net/motor%20gasolina.html
[36] http://mecanicomaniacos.blogspot.com.br/p/mecanica-basica.html
[37] http://speedtalk.com/forum/viewtopic.php?f=1&t=36031&start=60
[38] http://www.alguimaraes.com.br/ciclo-diesel-e-otto.html#.VRIYoPnF9cM
[39] http://www.alguimaraes.com.br/ciclo-diesel-e-otto.html#.VRIYoPnF9cM
[40] http://en.wikipedia.org/wiki/Flathead_engine
[41] http://en.wikipedia.org/wiki/Linear_regression
[42] https://www.dieselnet.com/tech/engine_egr.php
[43] http://www.ni.com/white-paper/13516/en/
[44] https://en.wikipedia.org/wiki/European_emission_standard
[45] http://pt.scribd.com/doc/13183026/Estequiometria-Preparacao-Da-Mistura-Ar-
Combustivel#scribd
[46] http://www.oficinabrasil.com.br/escapamento/205-recirculacao-de-gases-de-
escapamento-parte-1
[47] http://www.hmautotron.eng.br/artigos/EGR-Valvulas-pro.pdf
59
[48] http://site.noticiaproibida.org/o-efeito-estufa.html
8. Anexos
Tabela 2 - Taxa de massa de ar para o primeiro pacote
CYCLES m_luft (kg/h)
26 12,9
27 12,4
28 12,4
29 12,4
30 12,9
31 12,4
32
33
34 12,4
35
36 12,9
37
38 12,4
39 12,4
40 12,4
41 12,4
42 12,4
43 12,4
44 12,4
45 12,4
46 12,9
47 12,9
48 12,9
49 12,9
50 12,9
CYCLES m_luft (kg/h)
1 12,9
2 12,9
3
4 12,4
5 12,9
6 12,4
7 12,4
8
9 12,4
10 12,4
11
12 12,4
13 12,4
14 12,4
15 12,4
16
17 12,4
18 12,4
19 12,4
20 12,4
21 12,9
22 12,4
23 12,4
24 12,9
25 12,4
Tabela 3 - Parâmetros do primeiro pacote
cycles RGE (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw (J)
1 4,86E-04 4,6 4,1 53,67902507
2 4,69E-04 2,6 2,1 58,30002771
3 4,14E-04 3,1 2,6 69,038057
4 4,12E-04 4,1 3,1 69,51402829
5 4,17E-04 3,6 3,1 68,36931937
6 4,30E-04 4,1 3,1 66,20865227
7 4,01E-04 4,1 3,1 71,68733024
8 4,35E-04 4,6 4,1 62,99140624
9 4,78E-04 4,6 4,1 57,09314324
10 3,99E-04 3,1 2,6 71,69438163
11 4,37E-04 4,1 3,6 63,4306307
12 4,38E-04 4,6 4,1 63,72227748
13 3,73E-04 3,6 3,1 77,59114925
14 4,30E-04 4,6 4,1 66,22397465
15 4,13E-04 4,1 3,6 69,51248617
16 3,69E-04 4,1 3,1 78,13303103
17 4,21E-04 5,6 4,6 67,5447449
18 4,31E-04 4,6 4,1 65,8162297
19 3,98E-04 4,1 3,6 71,43231911
20 4,20E-04 5,1 4,6 67,67910978
21 3,70E-04 4,6 4,1 79,26389456
22 4,01E-04 3,6 3,1 71,95042097
23 3,51E-04 3,6 2,6 83,72013553
24 3,18E-04 3,6 3,1 93,99743918
25 2,72E-04 4,6 3,6 109,0343148
26 3,05E-04 3,6 2,6 98,79554631
27 3,29E-04 3,6 2,6 91,0472933
28 3,48E-04 3,1 2,1 84,83154305
29 3,80E-04 4,6 3,6 75,81231452
30 4,04E-04 4,6 4,1 70,74227845
31 3,98E-04 4,1 3,1 72,15855673
32 3,93E-04 4,1 3,1 73,21296513
33 3,77E-04 3,6 2,6 77,16167191
34 4,03E-04 4,6 3,6 71,31652358
35 3,91E-04 2,6 2,1 74,92755399
36 4,14E-04 4,1 3,6 69,28883755
37 4,00E-04 3,6 2,6 71,45522883
38 4,11E-04 4,1 3,6 69,77402473
39 4,18E-04 3,6 3,1 68,53229809
40 4,07E-04 3,6 2,6 70,80714665
62
cycles mAGR_inter (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw (J)
41 4,07E-04 3,1 2,1 70,38008976
42 4,12E-04 5,1 4,6 69,71219385
43 3,90E-04 5,6 5,1 73,43174163
44 4,03E-04 4,6 4,1 70,51460915
45 4,04E-04 4,1 3,1 70,7516297
46 4,09E-04 4,1 3,1 70,54052541
47 3,69E-04 4,1 3,6 80,98460013
48 3,68E-04 3,6 2,6 79,68786519
49 3,87E-04 3,6 2,6 74,7951611
50 4,02E-04 5,1 4,1 70,26682836
51
52
53
54
55
56
57
58 2,91E-04 5,1 3,6 98,49861517
59 2,74E-04 4,6 2,6 104,503646
60 3,37E-04 3,6 2,6 87,16410858
61 3,38E-04 4,1 2,6 80,28014184
62 3,24E-04 5,6 3,6 87,39037795
63 3,11E-04 5,6 4,1 90,31388277
64 3,08E-04 3,6 2,1 93,28792733
65 3,04E-04 3,6 2,1 92,12350692
66 3,16E-04 4,1 2,6 90,44538393
67 3,76E-04 5,1 3,6 73,56176063
68 3,95E-04 4,1 3,1 70,76344818
69 3,95E-04 4,1 2,6 69,87194644
70 3,08E-04 4,6 3,1 92,6438882
71 3,39E-04 4,1 2,1 81,5562799
72 3,55E-04 6,6 5,1 79,58095593
73 3,44E-04 4,1 2,1 81,72144189
74 3,51E-04 5,1 3,6 79,24737906
75 3,57E-04 4,1 3,1 78,63517581
76 3,14E-04 4,1 2,1 90,83319285
77 3,54E-04 4,6 3,1 79,22244761
78 3,45E-04 4,1 2,6 81,7037542
79 3,46E-04 4,1 2,1 80,92155463
80 3,62E-04 4,6 2,6 78,60819114
81 3,50E-04 3,1 1,6 80,4613718
82 3,18E-04 5,1 3,6 89,15908497
83 3,11E-04 4,6 2,6 91,01554313
84 2,94E-04 4,6 3,1 98,84562544
63
cycles mAGR_inter (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw (J)
85 3,44E-04 5,1 3,6 83,35863011
86 3,46E-04 4,6 2,6 82,21619695
87 3,56E-04 4,6 3,1 80,27446935
88 3,57E-04 4,1 2,6 80,62492078
89 3,14E-04 5,1 3,6 93,65771299
90 2,96E-04 3,6 2,1 97,80153067
91 2,83E-04 5,6 3,6 100,9174706
92 2,92E-04 4,1 1,6 99,6096632
93 3,27E-04 5,1 3,1 89,48455322
94 3,22E-04 4,6 2,1 88,5896207
95 3,44E-04 6,1 4,6 84,87527665
96 3,38E-04 5,1 2,6 84,478346
97 3,49E-04 5,1 3,6 83,05318034
98 3,43E-04 4,6 2,6 81,80660575
99 4,03E-04 4,6 3,1 67,52316137
100 3,00E-04 3,6 1,6 95,29203469
101 3,16E-04 4,6 3,1 90,10372648
102 3,09E-04 4,6 2,6 91,69732397
103
104 3,12E-04 4,1 2,6 90,93123665
105 3,03E-04 4,6 3,1 93,01681602
106 3,09E-04 4,1 2,6 92,14793498
107 3,04E-04 3,6 2,1 93,3629085
108 3,44E-04 5,1 3,6 81,23145506
109 3,48E-04 4,6 3,1 81,32692045
110 3,44E-04 4,1 2,6 81,56882046
111 3,54E-04 3,6 2,6 79,9281217
112
113 3,55E-04 5,6 4,1 79,0119153
114 3,49E-04 4,6 2,6 79,1582535
115 3,68E-04 5,6 4,1 76,21092173
116 3,52E-04 4,6 3,1 79,88629284
117 3,51E-04 4,1 2,6 80,18328232
118 3,54E-04 5,1 4,1 79,93607056
119 3,04E-04 3,6 2,6 92,6219347
120 3,54E-04 5,6 4,1 77,86442623
121 3,63E-04 5,6 4,1 76,68506799
122 3,59E-04 4,6 3,1 78,88784098
123 3,51E-04 3,1 2,1 79,88170799
124 3,58E-04 5,1 3,1 78,13899472
125 3,64E-04 4,6 3,1 76,39114799
126 3,69E-04 5,1 3,1 76,33623007
127 3,60E-04 4,6 2,6 77,37304761
128 3,28E-04 5,1 2,6 86,44393889
64
cycles mAGR_inter (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw (J)
129 3,26E-04 5,1 2,6 85,98186957
130 3,81E-04 5,6 3,6 73,77261003
131 3,68E-04 4,1 2,6 76,86748807
132 3,67E-04 4,6 3,1 76,82137711
133 3,15E-04 3,6 2,1 90,03069564
134 3,19E-04 5,1 3,6 89,66733558
135 3,07E-04 5,1 3,1 92,60748676
136 3,11E-04 4,1 2,6 90,95260947
137 3,12E-04 4,6 3,1 90,21059817
138 3,14E-04 4,6 2,6 90,32420505
139 3,56E-04 4,6 3,6 78,39913665
140 3,18E-04 4,1 2,6 89,65341131
141 3,08E-04 4,6 3,1 90,99276265
142 3,57E-04 5,1 3,6 78,38324606
143 3,54E-04 5,1 3,6 79,21998538
144 3,54E-04 3,1 1,6 79,53429508
145 3,58E-04 6,1 4,6 77,36243485
146 3,54E-04 4,1 2,6 79,32849349
147 3,15E-04 5,1 3,1 90,20346202
148 3,07E-04 3,6 2,1 92,15664802
149 3,12E-04 3,1 1,6 90,60908581
150 3,17E-04 5,6 4,1 88,74361448
151 3,59E-04 4,1 2,6 78,58729919
152 3,55E-04 4,1 3,1 78,80338639
153 3,58E-04 4,1 2,6 78,0455216
154 3,22E-04 5,1 3,6 87,33722275
155
156 3,71E-04 5,1 3,1 76,52740304
157 3,61E-04 3,6 2,1 77,6636296
158 3,28E-04 5,6 3,6 87,25015843
159 3,12E-04 4,6 3,1 90,62103317
160 3,56E-04 5,1 3,6 79,01009689
161 2,65E-04 4,1 2,6 100,7690099
162 3,10E-04 5,1 3,6 90,85533729
163 3,49E-04 5,1 3,6 79,14461361
164 3,67E-04 5,1 3,6 76,92014553
165 3,10E-04 9,1 4,1 84,96380649
166 2,82E-04 4,6 3,1 99,39446599
167 3,73E-04 5,1 3,6 75,12132259
168 3,60E-04 5,6 2,6 78,35407141
169 3,56E-04 5,6 4,6 77,86179721
170 3,61E-04 3,6 2,1 77,81604138
171 3,55E-04 4,1 3,1 78,82269189
172 3,61E-04 5,1 3,6 78,08629373
65
cycles mAGR_inter (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw (J)
173 3,58E-04 4,6 2,1 78,58699422
174 3,54E-04 4,1 3,1 78,90077207
175 3,58E-04 4,6 3,1 78,09098768
176 3,57E-04 4,1 2,1 78,77436526
177 3,65E-04 5,6 3,6 77,64345478
178 3,51E-04 4,1 1,6 80,90884374
179 3,57E-04 4,6 2,6 78,82278466
180 3,53E-04 4,1 3,1 79,48352285
181 3,59E-04 3,6 2,1 78,9022287
182 4,06E-04 4,1 2,6 67,38992964
183 3,65E-04 6,1 4,1 75,71518518
184 3,69E-04 4,6 3,1 76,07518153
185 3,68E-04 4,1 2,1 76,3696479
186 3,72E-04 4,6 3,1 75,00502141
187
188 3,69E-04 4,6 3,1 76,49130894
189 3,61E-04 4,6 3,1 77,97471067
190 3,55E-04 4,1 2,6 79,03375116
191 3,60E-04 4,6 3,1 77,33340349
192 3,61E-04 4,6 2,6 77,03458339
193 3,65E-04 6,6 4,6 75,77615649
194 3,63E-04 5,1 3,1 76,8646678
195 3,69E-04 3,6 2,1 75,65862471
196 3,72E-04 3,6 2,1 75,01928587
197 3,75E-04 6,1 4,6 74,41646047
198 3,64E-04 4,1 2,1 77,25255638
199 5,19E-04 4,6 3,1 48,2103682
200 5,11E-04 4,6 3,6 48,50562452
201 5,21E-04 5,1 4,1 47,35779148
202 5,21E-04 4,6 3,6 47,61015308
203 5,20E-04 4,1 2,6 48,63504668
204 5,03E-04 3,6 2,6 50,32623834
205 5,15E-04 5,6 4,1 48,07647502
206 5,15E-04 5,6 4,6 48,4035921
207 5,12E-04 4,1 2,6 49,11032544
208 4,69E-04 4,6 3,6 56,70974837
209 4,56E-04 6,1 4,6 58,17795695
210 4,56E-04 6,1 4,6 58,17795695
211 4,52E-04 4,1 3,1 59,45820434
212 4,03E-04 4,1 2,6 69,76762776
213 4,57E-04 4,1 2,6 58,87957521
214 4,62E-04 4,6 3,1 58,09323534
215 4,56E-04 4,1 3,1 59,04271074
216 4,56E-04 5,1 2,6 58,40981263
66
cycles mAGR_inter (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw (J)
217 4,10E-04 5,1 3,1 68,06607716
218 4,01E-04 4,1 2,6 70,18044
219 4,00E-04 3,6 2,1 69,64439829
220 4,10E-04 4,6 3,6 67,47329822
221 4,65E-04 6,1 4,1 55,56491298
222 4,26E-04 5,6 4,1 65,81048635
223 4,55E-04 3,6 2,1 59,97203682
224 4,42E-04 4,6 3,1 60,95359743
225 4,00E-04 4,6 3,1 70,52214253
226 3,95E-04 4,6 3,1 72,07468271
227 3,82E-04 4,1 2,6 74,30991475
228 3,00E-04 3,6 2,1 96,82190741
229 3,38E-04 3,6 2,1 84,25190192
230 3,95E-04 5,1 3,6 71,0023781
231 3,97E-04 5,1 4,1 70,16571604
232 3,57E-04 4,1 2,1 80,0478382
233 3,55E-04 3,6 2,1 80,745209
234 4,04E-04 3,6 2,6 69,30992327
235 4,08E-04 4,6 3,6 68,41743877
236 4,05E-04 5,1 3,6 68,57082351
237
238 4,05E-04 4,1 3,1 67,30232528
239 4,04E-04 4,6 2,6 69,99890919
240 4,03E-04 3,6 2,6 68,2851641
241 4,09E-04 4,1 2,1 67,66691916
242 4,09E-04 4,1 2,6 67,63809636
243 4,03E-04 5,1 2,6 68,20008
244 4,06E-04 4,1 2,6 68,31827102
245 3,95E-04 4,1 2,6 69,93438724
246 4,01E-04 4,6 3,1 68,52449823
247 3,99E-04 5,6 4,6 68,55615201
248 3,93E-04 4,1 2,6 70,18648532
249 3,96E-04 4,1 3,1 68,67149808
250 4,14E-04 4,6 3,1 65,86889429
251 4,07E-04 4,6 3,6 67,85089956
252 3,45E-04 4,1 3,1 81,73999119
253 3,91E-04 4,6 3,6 70,13891199
254 3,96E-04 4,1 3,1 69,25230013
255
256 4,05E-04 6,1 4,6 67,90512679
257 3,92E-04 3,1 1,1 70,79491307
258 4,01E-04 4,1 2,6 68,8811722
259 4,01E-04 5,1 3,6 68,33745115
260 4,06E-04 5,1 4,1 67,94882623
67
cycles mAGR_inter (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw (J)
261 3,95E-04 4,1 3,1 70,1848829
262 3,94E-04 4,1 2,6 70,04970014
263 3,48E-04 5,1 3,6 80,28621002
264 3,47E-04 4,6 3,1 80,95913692
265 3,46E-04 4,6 3,6 81,04065516
266 3,97E-04 4,1 2,6 69,28518039
267 4,00E-04 4,6 3,1 68,83785555
268 3,97E-04 5,1 4,1 69,37446349
269 3,95E-04 5,6 4,1 69,86667682
270 3,94E-04 4,1 3,1 70,15694207
271 3,93E-04 5,6 4,1 68,55737929
272 4,04E-04 5,6 4,1 67,86215079
273 3,96E-04 4,6 3,1 70,11184909
274 3,89E-04 4,1 2,6 70,26624058
275 4,03E-04 3,6 2,1 68,12839758
276 4,03E-04 4,1 3,1 67,82995894
277 4,04E-04 4,6 3,1 68,78711305
278 3,97E-04 3,1 2,1 69,80561162
279 3,49E-04 3,1 2,1 80,87729638
280 3,51E-04 4,6 3,1 80,11598729
281 3,50E-04 4,6 3,1 80,78333627
282 3,43E-04 5,1 3,6 81,85295531
283 3,43E-04 4,1 2,6 81,61322743
284 3,47E-04 3,1 2,1 80,68184368
285 3,54E-04 3,6 2,1 80,43658433
286 3,42E-04 3,1 1,6 82,77601759
287 3,44E-04 4,1 2,6 82,0629371
288 3,40E-04 4,6 3,1 82,69497923
289 3,40E-04 3,6 2,1 83,19370265
290 3,45E-04 4,6 2,6 81,60564727
291 4,44E-04 5,1 3,1 60,74802354
292 3,39E-04 5,6 3,6 82,51227121
293 3,41E-04 3,6 2,6 83,51461623
294
295 3,47E-04 5,6 4,1 81,05995993
296 3,40E-04 4,6 3,1 82,02584041
297 3,52E-04 4,1 2,6 80,31199219
298 3,47E-04 4,1 2,1 81,24666974
299 3,51E-04 3,1 1,6 79,80382788
300 3,55E-04 4,1 2,6 78,90509442
average 3,72E-04
76,61252301
68
Tabela 4 - Taxa de massa de ar para o segundo pacote
cycles m_Luft [kg/h]
1 9,3
2 9,3
3 9,29
4 9,29
5 9,25
6 9,25
7 9,25
8 9,3
9 9,25
10 9,4
11 9,25
12 9,25
13 9,25
14 9,25
15 9,25
16 9,45
17 9,3
18 9,35
19 9,25
20 9,25
21 9,25
22 9,25
23 9,35
24 9,25
25 9,25
26 9,25
27 9,35
28 9,25
29 9,25
30 9,25
31 9,25
32 9,25
33 9,25
34 9,25
35 9,25
36 9,25
37 9,35
38 9,65
39 9,35
cycles m_Luft [kg/h]
40 9,55
41 9,25
42 9,45
43 9,35
44 9,35
45 9,35
46 9,45
47 9,55
48 9,45
49 9,45
50 9,45
51 9,25
52 9,25
53 9,25
54 9,45
55 9,35
56 9,55
57 9,4
58 9,25
59 9,25
60 9,4
61 9,4
62 9,4
63 9,45
64 9,55
65 9,45
66 9,45
67 9,45
68 9,55
69 9,4
70 9,4
71 9,4
72 9,55
73 9,55
74 9,75
75 9,55
76 9,55
77 9,55
78 9,55
69
cycles m_Luft [kg/h]
79 9,77
80 9,8
81 9,6
82 9,55
83 9,55
84 9,6
85 9,6
86 9,25
87 9,6
88 9,6
89 9,6
90 9,6
91 9,7
92 9,7
93 9,7
94 9,7
95 9,7
96 9,7
97 9,7
98 9,7
99 9,7
100 9,7
101 9,7
102 9,7
103 9,7
104 9,7
105 9,7
106 9,9
107 9,7
108 9,95
109 9,3
110 9,8
111 9,65
112 9,7
113 9,45
114 9,7
115 9,75
116 9,65
117
118 9,8
119 9,75
120 9,7
121 9,55
122 9,75
cycles m_Luft [kg/h]
123 9,4
124 9,75
125 9,45
126 9,65
127 9,25
128 9,5
129 9,45
130 9,7
131 9,25
132 9,75
133 9,35
134 9,55
135 9,35
136 9,45
137 9,45
138 9,55
139 9,75
140 9,75
141 9,3
142 9,45
143 9,35
144 9,55
145 9,5
146 9,5
147 9,25
148 9,75
149 9,65
150 9,75
151 9,3
152 9,7
153 9,5
154 9,7
155 9,55
156 9,75
157 9,75
158 9,25
159 9,45
160 9,65
161 9,35
162 9,6
163 9,45
164 9,45
165 9,5
166 9,65
70
cycles m_Luft [kg/h]
167 9,45
168 9,45
169 9,55
170 9,55
171 9,45
172 9,5
173 9,45
174 9,7
175 9,45
176 9,5
177 9,45
178 9,45
179 9,45
180 9,65
181 9,45
182 9,7
183 9,55
184 9,6
185 9,35
186 9,65
187 9,45
188 9,45
189 9,45
190 9,4
191 9,45
192 9,45
193 9,45
194 9,75
195 9,7
196 9,55
197 9,6
198 9,6
199 9,6
200 9,6
201 9,4
202 9,45
203 9,4
204 9,65
205 9,35
206 9,35
207 9,35
208 9,35
209 9,25
210 9,75
cycles m_Luft [kg/h]
211 9,35
212 9,35
213 9,35
214 9,75
215 9,35
216 9,55
217 9,35
218 9,55
219 9,25
220 9,35
221 9,55
222 9,75
223 9,35
224 9,75
225 9,75
226 9,75
227 9,35
228 9,75
229 9,75
230 9,95
231 9,75
232 9,75
233 9,55
234 9,75
235 9,25
236 9,55
237 9,35
238 9,75
239 9,35
240 9,35
241 9,35
242 9,35
243 9,35
244 9,35
245 9,25
246 9,35
247 9,25
248 9,35
249 9,35
250 9,35
251 9,35
252 9,35
253 9,35
254 9,35
71
cycles m_Luft [kg/h]
255 9,25
256 9,25
257 9,25
258 9,25
259 9,25
260 9,25
261 9,25
262 9,25
263 9,25
264 9,25
265 9,25
266 9,25
267 9,25
268 9,25
269 9,25
270 9,25
271 9,25
272 9,25
273 9,25
274 9,25
275 9,25
276 9,25
277 9,25
cycles m_Luft [kg/h]
278 9,25
279 9,25
280 9,25
281 9,25
282 9,25
283 9,35
284 9,25
285 9,25
286 9,25
287 9,25
288 9,25
289 9,25
290 9,25
291 9,25
292 9,25
293 9,25
294 9,25
295 9,25
296 9,25
297 9,25
298 9,25
299 9,25
300 9,25
72
Tabela 5 - Parâmetros do segundo pacote
cycles mAGR_intern (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw(J)
1 2,49E-04 3,5 -1,5 102,3922913
2 2,68E-04 1,5 -1 98,01166874
3 2,79E-04 4,5 -3
4 2,94E-04 3,5 1,5
5 2,64E-04 2,5 -2,5
6 2,87E-04 5,5 1,5
7 2,62E-04 5 -2
8 2,73E-04 4 0,5
9 2,65E-04 -0,5 -2,5
10 2,87E-04 5 0 90,47153661
11 2,73E-04 1,5 -1,5
12 2,77E-04 4 -1
13 2,66E-04 2 -2
14 2,80E-04 1 -1
15 2,69E-04 5,5 -2
16 2,98E-04 2 0
17 2,66E-04 4 -2 96,69524316
18 2,86E-04 1 -0,5
19 2,62E-04 4 -2
20 2,63E-04 3,5 0
21 2,52E-04 0 -3
22 2,59E-04 1 -0,5
23 2,58E-04 2,5 -3
24 2,82E-04 4,5 -0,5
25 2,70E-04 3 -0,5
26
27 2,65E-04 1,5 -1
28 2,68E-04 4 -2
29 2,66E-04 4,5 -1
30 2,83E-04 4,5 -0,5
31 2,81E-04 4 0
32 2,62E-04 2 0
33 2,57E-04 3 0,5
34 2,56E-04 0,5 -1,5
35 2,73E-04 0 -0,5
36 2,69E-04 1 -2,5
37 2,85E-04 2,5 0
38 2,81E-04 1 -2
39 2,90E-04 3 1
40 2,52E-04 1 -3,5
73
cycles mAGR_intern (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw(J)
41 2,87E-04 2 -0,5
42 2,75E-04 4 -1
43 2,81E-04 3,5 1
44 2,73E-04 4,5 -1
45 2,81E-04 1 0,5
46 2,77E-04 1 -2
47 2,93E-04 3 1
48 2,74E-04 1,5 -4
49 3,02E-04 4 2,5
50 2,64E-04 -1 -4,5
51 2,99E-04 6 1
52 2,68E-04 -2 -4,5
53
54 2,75E-04 1 -3,5
55 2,94E-04 8,5 2
56 2,83E-04 0,5 -2,5
57 2,89E-04 2 -0,5
58 2,69E-04 0 -3
59 3,02E-04 1,5 0
60 2,52E-04 2,5 -2,5
61
62
63 3,08E-04 10,5 0,5
64 3,02E-04 1 -0,5
65
66 2,88E-04 3 -3
67 2,93E-04 3 -1,5
68 2,89E-04 5 -0,5
69 2,96E-04 4 -0,5
70 2,82E-04 1,5 0
71 2,73E-04 4,5 -1,5
72 2,90E-04 2 -1 90,67535862
73 2,82E-04 2,5 -2 91,21250748
74 2,82E-04 1,5 0 91,29318879
75 3,26E-04 0 -1,5 79,5515735
76 3,05E-04 7 0 86,08224938
77 2,94E-04 7 1 86,95134329
78 3,24E-04 2,5 1 79,43242421
79 3,09E-04 1,5 0 83,58339629
80 3,04E-04 1,5 -1 85,44998581
81 3,07E-04 0,5 -1,5 83,89838938
82 2,94E-04 1,5 -1,5 87,62743934
83 3,03E-04 4,5 -1 86,04542695
84 2,89E-04 1 -2 89,41030123
74
cycles mAGR_intern (kg) X_50 (KW) Q_50 (KW) Qw(J)
85 3,28E-04 8 0 79,2050624
86 2,96E-04 2,5 0 85,35390595
87 2,78E-04 2,5 0 93,41615261
88 3,20E-04 -0,5 -2 83,00281661
89 2,81E-04 0,5 -2 92,83084836
90 2,84E-04 0 -3 90,03942746
91 3,11E-04 0,5 -2,5 84,40856104
92 3,04E-04 4,5 -2,5 85,82249972
93 3,10E-04 -0,5 -1,5 86,17883039
94 3,07E-04 0 -3,5 83,85973265
95 3,26E-04 4,5 0 80,43518833
96 3,01E-04 1 -3,5 85,36652913
97 3,16E-04 4,5 0,5 84,37004242
98 2,82E-04 6 -5 88,39113608
99 3,23E-04 3,5 1 82,75863422
100 3,00E-04 0 -5,5 84,22545663