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Universidade Federal do Piauí
Centro de Ciências da Natureza
Departamento de Biologia
Mineralogia
ANÁLISE DE CALCÁRIO
WANDERLEY MATOS GONÇALVES
Teresina-PI, Maio de 2012.
INTRODUÇÃO
O que é calcário e quais suas aplicações?
Os calcários são rochas essencialmente formadas por carbonatos de cálcio e
magnésio em diferentes proporções, podendo conter ainda umidade, matéria
orgânica, sílica, óxidos de ferro, alumina e/ou manganês. Sendo usados em
diferentes setores (SCHNITZLER et al, 2001).
Talvez não haja outras rochas com uma variedade de usos tão ampla quanto
o calcário. Essas rochas são usadas na obtenção de blocos para a indústria da
construção, material para agregados, cimento, cal e até rochas ornamentais. As
rochas carbonatadas e seus produtos são também usados como fluxantes,
fundentes, matéria-prima para as indústrias de vidro, refratários, carga, agentes para
remover enxofre, fósforo e outros na indústria siderúrgica, abrasivos, corretivos de
solos, ingredientes em processos químicos, dentre outros. A calcita (CaCO3) é o
principal constituinte mineralógico dos calcários e mármores com elevada pureza. O
calcário encontrado extensivamente em todos os continentes é extraído de pedreiras
ou depósitos que variam em idade, desde o pré-cambriano até o holoceno. As
reservas de rochas carbonatadas são grandes e intermináveis, entrementes, a sua
ocorrência com elevada pureza corresponde a menos que 10% das reservas de
carbonatos lavradas em todo mundo (DE ALMEIDA & SAMPAIO, 2005).
Na classificação mineralógica das rochas calcárias, deve ser considerada a
variação nas proporções de calcita, dolomita, bem como dos componentes não
carbonatados. Tal procedimento é útil na descrição da rocha, especialmente quando
combinado com os parâmetros de textura, entretanto não se adapta muito bem
quando são abordadas aplicações industriais desse bem mineral. Embora calcita e
dolomita possam ser igualmente utilizadas em várias aplicações, em certos casos as
suas características químicas são essenciais. A composição química da rocha é
mais importante que a mineralógica e ainda devem ser especificados os teores de:
CaCO3 ou CaO, MgCO3 ou MgO, afora a quantidade máxima de impurezas que
pode ser tolerada(De Almeida & Sampaio, 2005).
A ANÁLISE DE CALCÁRIO
Várias técnicas e métodos são empregados para se analisar o calcário, mas
aqui será abordada a Termogravimetria (TG), Termogravimetria Derivada (DTG),
Análise Térmica Diferencial (DTA) todas capazes de operar da temperatura
ambiente até 1500 °C e sendo constituídas por um instrumento, ou seja, um
Termoanalisador e, por fim, titulação complexométrica com EDTA usando amostra
representativa e hipotética de calcário.
2.1. Termogravimetria (TG)
A Termogravimetria é uma técnica na qual a massa de uma substância é
medida em função da temperatura, temperatura de resfriamento ou aquecimento,
(Aquecimento para o calcário) enquanto esta substância é submetida a um
programa de controle de temperatura. Neste presente caso, o calcário é analisado
medindo previamente a sua massa e colocada em cadinho de -alumina (na faixa de
miligramas) em uma atmosfera de gás carbônico a um fluxo conhecido e
determinado (dado em mL/min) e a uma rampa ou razão de aquecimento (dada em
°C/min). Logo pela sua reação de decomposição:
CaCO3 CaO + CO2(g)
É possível de se determinar a porcentagem de CaCO3 ou CaO e sua massa
real nesta equação química estequiométrica.
2.2. Termogravimetria Derivada (DTG)
A técnica de termogravimetria derivada consiste em calcular e fornece a
primeira derivada da curva de termogravimetria, TG, em função do tempo ou da
temperatura aparecendo picos que representam as perdas de massa (antes
observadas na TG). Logo esta técnica segue as mesmas condições da técnica
anterior, a termogravimetria, o que distingui é a resposta ou o resultado desta. O
calcário pode então ser analisado e determinado da mesma forma.
FIGURA 1 – Gráfico mostrando os resultados de TG (curva sigmoidal) e DTG (picos em
tracejado) de uma amostra de calcário (perda de massa % (mg; dm/dt)xTemp. °C).
2.3. Análise térmica Diferencial (DTA)
Já esta técnica engloba as duas anteriores em termos de resposta de análise
só que esta faz uso de uma referência, ou seja, um cadinho de referência com
material de referência e sob as mesmas condições do outro sendo sua diferença de
temperatura medida em função da temperatura ambos no mesmo programa
controlado de temperatura. Para se analisar o calcário por esta análise instrumental
coloca-se o calcário em um cadinho e outro vazio ambos sob mesmo programa de
temperatura e condições.
FIGURA 2 – Resultado de DTA da mesma amostra de calcário da figura 1 (Ta – Tr = dif. de
temp.).
2.4. Titulação complexométrica com EDTA
Primeiramente necessita-se dissolver a amostra de calcário com ácido
clorídrico a uma concentração molar conhecida aquecendo em bico de bunsen por
quinze minutos em béquer coberto com vidro de relógio, por exemplo, e o lavando
com água destilada sendo logo em seguida seco em chapa aquecedora, em
temperatura em que não ocorra calcinação. Após seco e frio adiciona-se certo
volume de ácido clorídrico e água destilada aquecendo-se até ferver por cinco
minutos, filtra-se e recolhe o filtrado em balão volumétrico lava-o com ácido clorídrico
e água destilada e completa o volume. Com esta solução será feita a titulação com
EDTA (triplicata) em pH ideal e com indicadores metalocrômicos específicos. A
média dos resultados obtidos serão os teores de cálcio contido no calcário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises térmicas instrumentais são bem mais rápidas e dão o mesmo
resultado da titulação com EDTA sendo até mais confiáveis do que as titulações que
podem ocorrer muitos erros de operação, só que estas custam mais por ter de terem
um aparelho termoanalisador, cadinhos de alumina, fluxos de gases enquanto a
titulação é feita em qualquer laboratório químico.
A reação química simbolizada pela equação química é completamente:
CaCO3 CaO + CO2(g)
MgCO3 MgO + CO2(g)
E por estas reações se pode determinar os percentuais de CaO e MgO ou de
CaCO3 e MgCO3.
As principais rochas carbonatadas mais comercializadas, em todo mundo, são
calcário e dolomito. São rochas sedimentares compostas basicamente por calcita
(CaCO3), enquanto os dolomitos são também rochas sedimentares compostas,
basicamente, pelo mineral dolomita (CaCO3.MgCO3). De longe, a calcita apresenta
maior valor econômico, comparada às demais, dolomita, mármores e greda ou giz.
A aragonita (CaCO3) possui a mesma composição química da calcita,
entretanto, difere na estrutura cristalina. Seu aproveitamento econômico acontece
apenas para os depósitos de conchas calcárias e oolitas. Trata-se de um mineral
metaestável, cuja alteração resulta na calcita, a forma mais estável. Outros minerais
carbonatados, notadamente, ankerita (Ca2MgFe(CO3)4 e a magnesita (MgCO3),
estão comumente associados ao calcário e ao dolomito, contudo em menor
quantidade.
A similaridade entre as propriedades físicas dos minerais carbonatados
resulta numa dificuldade na identificação, ou melhor, na distinção entre eles. Em
decorrência disso, são utilizados recursos adicionais de identificação, além do uso
convencional das propriedades físicas desses minerais e/ou rochas. Desse modo, os
recursos de análises químicas e de difração de raios X, microscopia eletrônica e
muitas outras.
REFERÊNCIAS DANA, J. D., Manual de Mineralogia, vols. 1e2 (trad.) Ed. da Univ. de São Paulo,
1969. DE ALMEIDA, S. L. M. & SAMPAIO, J. A., Calcário e dolomito, cap. 15 in: Rochas & minerais industriais: Usos e especificações. CT-2005-132-00, RJ, 2005. DUVAL, V. Inorganic thermogravimetry analisys. 2. ed. Amsterdam. ERNST, W.G., Minerais e Rochas, trad. de Evaristo R. FILHO, Ed. Edgar Blucher Ltda, 1971. SCHNITZLER et al. Proposta de análises rápidas de calcário da região de Ponta Grossa por termogravimetria comparadas com titulações complexométricas clássicas. PUBLICATIO UEPG, vol. 6, No. 1, p. 37-46, 2001.