ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE QUALIDADE EM UMA … · Título em inglês: Analysis of Quality Criteria in an experience of Permanent Education ... Mapa conceitual da Política de Educação

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  • Juliana Bezerra Joaquim Campos

    ANLISE DE CRITRIOS DE QUALIDADE EM UMA EXPERINCIA DE

    EDUCAO PERMANENTE EM SADE NA MODALIDADE A

    DISTNCIA: O CONTEXTO DO CURSO DE ESPECIALIZAO EM

    SADE DA FAMLIA UNA-SUS/UNIFESP

    Dissertao apresentada Universidade

    Federal de So Paulo Escola Paulista de

    Medicina, para a obteno do ttulo de Mestre

    em Educao em Cincias da Sade.

    So Paulo

    2016

  • Juliana Bezerra Joaquim Campos

    ANLISE DE CRITRIOS DE QUALIDADE EM UMA EXPERINCIA DE

    EDUCAO PERMANENTE EM SADE NA MODALIDADE A

    DISTNCIA: O CONTEXTO DO CURSO DE ESPECIALIZAO EM

    SADE DA FAMLIA UNA-SUS/UNIFESP

    Dissertao apresentada Universidade

    Federal de So Paulo Escola Paulista

    de Medicina, para a obteno do ttulo de

    Mestre em Educao em Cincias da

    Sade.

    Orientadora:

    Prof. Dr. Rita Maria Lino Tarcia

    So Paulo

    2016

  • Campos, Juliana Bezerra Joaquim

    Anlise de Critrios de Qualidade em uma experincia de Educao Permanente

    em Sade na modalidade a distncia: o contexto do curso de Especializao em Sade

    da Famlia UNA-SUS/UNIFESP /Juliana Bezerra Joaquim Campos. So Paulo, 2016.

    187f.

    Dissertao (Mestrado Profissional) Universidade Federal de So Paulo, Centro de

    Desenvolvimento do Ensino Superior em Sade CEDESS.

    Ttulo em ingls: Analysis of Quality Criteria in an experience of Permanent Education

    in Health in the distance modality: the context of the Specialization Course in Family Health

    UNA-SUS / UNIFESP.

    1. Educao Continuada. 2. Educao a Distncia. 3. Melhoria da Qualidade.

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO PAULO

    CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO SUPERIOR EM SADE - CEDESS

    MESTRADO ENSINO EM CINCIAS DA SADE

    MODALIDADE PROFISSIONAL

    Prof. Dra. Lidia Ruiz Moreno Diretora do Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior Em Sade - CEDESS

    Profa. Dra. Rosana Aparecida Salvador Rossit Coordenadora do Programa de Mestrado Ensino em Cincias da Sade Modalidade Profissional

    iii

  • JULIANA BEZERRA JOAQUIM CAMPOS

    Anlise de Critrios de Qualidade em uma Experincia de Educao Permanente em Sade na Modalidade a Distncia: o contexto do curso de Especializao em Sade da Famlia UNA-SUS/UNIFESP

    Presidente da banca:

    Prof. Dra. Rita Maria Lino Tarcia (CEDESS UNIFESP)

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr. Celso Zilbovicius (USP)

    Prof. Dra. Ieda Aparecida Carneiro (EPE UNIFESP)

    Prof. Dra. Ively Guimares Abdalla (CEDESS UNIFESP)

    iv

  • DEDICATRIA

    Dedico aos meus entes queridos, Que me so caros e preciosos ao corao,

    Que demonstram a cada dia que nada nessa vida por acaso, tampouco o nosso encontro...

    Gratido eterna.

    v

  • AGRADECIMENTOS

    No poderia iniciar os meus sinceros agradecimentos seno a Ele que tudo faz por

    mim, que me sustenta que me protege e guia os meus passos, a quem sou fiel

    entregando a minha vida, pois tudo posso naquele que me fortalece... Obrigada meu

    Deus!

    minha me e ao meu irmo, minha eterna e infinita gratido por tudo o que

    representam em minha vida, em meu crescimento pessoal, profissional e acadmico.

    Vocs, sem dvida, so e sempre sero minha slida base moral, emocional e

    espiritual e a quem dedico todas as minhas conquistas.

    Ao meu esposo Cesar e minha filha Mariana, presenas fundamentais em meus

    dias. Ele, companheiro dos dias mais cinzas queles em que o sol rasga qualquer

    nebulosidade, cuja racionalidade equilibra e complementa minha emotividade,

    trazendo-me de volta ao mundo concreto. Na companhia dela, joia nica e de

    imensurvel valor em nossas vidas, para todo o sempre.

    s famlias Santos, Campos, Sanches, Maciel, Victor e Joaquim, em especial, s

    minhas cunhadas Camila e Juliana, por toda dedicao famlia, em especial

    Mariana, que por vezes dedicaram seu tempo, oferecendo carinho e ateno.

    s amigas de universidade: Paula Martins, Ana Lucia, Michelli Guglielmo e Camila

    Yamashita com as quais iniciei minha trajetria acadmica, experenciando os rduos

    desafios e as saborosas alegrias dos primeiros passos na Enfermagem, seguindo

    juntas at os tempos atuais.

    s amigas Polyana Limeira, Ligia Spinel, Tatiana Barbosa, Camilla Bregeiro e Ana

    Mns, exemplos de encontro verdadeiro e que extrapola a temporalidade.

    Aos queridos amigos da turma 2014 do Mestrado pela parceria, companheirismo e

    exemplo de resilincia diante das intempries da vida, em especial Yara Marques e

    Gabrielle Carvalho.

    Rita Maria Lino Tarcia, minha orientadora e amiga, pelo aperfeioamento de

    minhas potencialidades, pela mediao da construo do meu conhecimento e por

    me oferecer inmeras possibilidades de crescimento pessoal e profissional e, em

    especial, pela pacincia com a qual sempre me atendeu, que esta parceria seja para

    a vida.

    Aos professores Dr. Celso Zilbovicius, Dra. Ieda Aparecida Carneiro e Dra. Ively

    Abdala por me concederem a honra de compor a banca examinadora de defesa

    deste trabalho.

    vi

  • A todos os professores do CEDESS, por suas imprescindveis contribuies em meu

    processo de aprendizagem, em especial professora Irani Ferreira Gerab, por ter

    me aprovado no processo seletivo deste Programa de Mestrado, momento em que

    se iniciou um sonho, o qual hoje realizo.

    Aos funcionrios do CEDESS, em especial, Sueli Pedroso, por serem to prestativos

    e solcitos.

    Ao HAOC e aos amigos que l fiz, por toda a compreenso com minhas ausncias

    no trabalho, em virtude das atividades do mestrado e por facilitarem tal processo,

    para o alcance desta alegria.

    Aos colegas da UNICID, que compartilharam ao meu lado as etapas finais desta

    pesquisa em especial Wanderli Coriolano e Paula Paes, que mostraram estar ao

    meu lado nos momentos gloriosos de alegria, mas tambm nos momentos de

    angstias e aflies, pessoas enviadas por Deus, para estarem ao meu lado neste

    momento.

    A todos os participantes do Curso de Especializao Sade da Famlia UNA-

    SUS/UNIFESP, que consentiram participar dessa pesquisa com solicitude e

    gentileza.

    Enfim, a todos que, de alguma forma contriburam para a realizao deste trabalho,

    mesmo que no citados aqui, pois de alguma forma, passaram pela minha vida e

    imprimiram suas marcas, certamente, indelveis.

    vii

  • preciso substituir um pensamento que isola e separa, por um pensamento que distingue e une.

    Edgar Morin

    viii

  • SUMRIO

    Dedicatria....................................................................................................v

    Agradecimentos............................................................................................vi

    Epgrafe.......................................................................................................viii

    Lista de Siglas..............................................................................................ix

    Lista de Figuras...........................................................................................xii

    Lista de Grficos.........................................................................................xiii

    Lista de Quadros.........................................................................................xv

    Resumo.......................................................................................................xvii

    Abstract......................................................................................................xviii

    1. APRESENTAO .................................................................................... 1

    2. INTRODUO ........................................................................................... 4

    2.1 Contextualizando o objeto de estudo ................................................... 5

    3. OBJETIVOS ............................................................................................. 10

    3.1 Objetivo Geral .................................................................................... 10

    3.2 Objetivos Especficos ......................................................................... 10

    4. REVISO DA LITERATURA .................................................................. 12

    5. MTODO ................................................................................................. 49

    5.1 Tipo de Estudo ................................................................................... 50

    5.2 Pesquisa Bibliogrfica ........................................................................ 52

    5.3 Cenrio da Pesquisa...........................................................................53

    5.3.1 Participantes da pesquisa ............................................................... 57

    5.3.2 Critrios de Incluso.........................................................................58

    5.3.3 Critrios de Excluso .................................................................... 588

    5.4 Instrumento de Coleta de dados ...................................................... 588

    5.4.1 Pr-teste e alteraes do questionrio ........................................... 59

    5.4.2 Procedimento para coleta de dados ............................................... 61

    5.5 Aspectos ticos ................................................................................. 61

    5.6 Anlise dos Dados ............................................................................. 62

  • 6. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................... 64

    6.1 Anlise Descritiva da Populao ........................................................ 65

    6.2. Ncleo Temtico - Percepes de Qualidade por meio do olhar dos

    participantes da pesquisa do Curso de Especializao em Sade da

    Famlia na modalidade a distncia. .......................................................... 67

    6.2.1 Categoria Didtico Pedaggica ...................................................... 72

    6.2.1.1 Material Didtico Pedaggico ...................................................... 72

    6.2.1.2 Processo Metodolgico ................................................................ 72

    6.2.1.3 Atividades Avaliativas .................................................................. 78

    6.2.1.4 Ambiente Virtual e Ferramentas de aprendizagem ...................... 80

    6.2.2.5 Categoria Gesto ......................................................................... 81

    6.2.2.1 Gesto Acadmica ...................................................................... 81

    6.2.2.2 Infraestrutura e Suporte Tecnolgico ........................................... 83

    6.2.3 Categoria Educao a Distncia ..................................................... 87

    6.2.3.1 Comunicao ............................................................................... 87

    6.2.3.2 Autonomia .................................................................................... 89

    6.2.4.Categoria Sade ............................................................................. 90

    6.2.4.1 Profissionais com Habilidades Multidisciplinares ......................... 90

    6.2.4.2 Prtica Profissional ...................................................................... 93

    6.2.5 Categoria Recursos Humanos ........................................................ 94

    6.2.5.1 Qualificao Profissional .............................................................. 94

    6.2.5.2 Perfil Educacional ........................................................................ 95

    7. CONSIDERAES FINAIS .................................................................. 977

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................... 101

    ANEXOS .................................................................................................... 101

    APNDICES .............................................................................................. 101

  • Lista de siglas

    ABED. Associao Brasileira de Educao a distncia

    ABNT. Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ARES. Acervo de Recursos Educacionais em Sade

    ANPED. Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa em

    Educao

    BVS. Biblioteca Virtual em Sade

    BVS. Biblioteca Virtual de Educao em Cincias da Sade

    CEDESS. Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Sade

    CEGAES. Coordenao Geral de Aes Estratgicas

    CEGATES. Coordenao Geral de Aes Tcnicas em Educao na

    Sade

    CESF. Curso de Especializao em Sade da Famlia

    CIT. Comisso Inter gestores Tripartite

    CNS. Conselho Nacional de Sade

    CPC. Conceito Preliminar do Curso

    DECS. Descritores em Cincias da Sade

    DEGES. Departamento de Gesto da Educao na Sade

    EaD. Educao a Distncia

    ENADE. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

    ENEM. Exame Nacional do Ensino Mdio

    EPS. Educao Permanente em Sade

    ESF. Estratgia Sade da Famlia

    GM. Gabinete do Ministro

    IES. Instituio de Ensino Superior

    IGC. ndice Geral de Cursos

    INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

    Ansio Teixeira

    LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    MEC. Ministrio da Educao

    MOODLE. Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment

    MS. Ministrio da Sade

    OPAS. Organizao Pan-Americana de Sade

  • PACS. Programa de Agentes Comunitrios de Sade

    PDI. Plano de Desenvolvimento Institucional

    PNE. Plano Nacional de Educao

    PNEPS. Poltica Nacional de Educao Permanente em Sade

    PPC. Projeto Pedaggico de Cursos

    PPI. Projeto Pedaggico Institucional

    PROVAB. Programa de Valorizao do Profissional da Ateno Bsica

    PROAD -

    SUS.

    Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do

    Sistema nico de Sade.

    QES. Qualidade do Ensino Superior

    RBE. Revista Brasileira de Educao

    REBEN. Revista Brasileira de Enfermagem

    SAC. Servio de Ateno ao Cliente

    SAMU. Servio de Atendimento Mvel de Sade

    SBMFC. Sociedade Brasileira de Medicina da Famlia e Comunidade

    SERES. Secretaria de Regulao e Superviso da Educao

    Superior

    SGTES. Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade

    SINAES. Sistema Nacional de Avaliao da Educao Superior

    SUS. Sistema nico de Sade

    TCC. Trabalho de Concluso de Curso

    UAB. Sistema Universidade Aberta do Brasil

    UBS. Unidade Bsica de Sade

    UPA. Atendimento Hospitalar Fixo

    UNESCO. United Nations Education

    UNA-SUS. Universidade Aberta do Sistema nico de Sade

    UNIFESP. Universidade Federal de So Paulo

  • Lista de figuras

    Figura 1. Mapa conceitual da trajetria da Educao Permanente em Sade. ......... 17

    Figura 2. Mapa conceitual da Poltica de Educao Permanente em Sade. ........... 19

    Figura 3. Responsabilidades das Coordenaes ...................................................... 23

    Figura 4. Programas e estratgias SGETS. .............................................................. 24

    Figura 5. Resultados de busca em trs bases de dados. .......................................... 39

    Figura 6. Desenho Metodolgico adotado pela autora para desenvolver esta

    pesquisa. ................................................................................................................... 52

    Figura 7. Imagem da tela inicial do curso demonstrando os mdulos fornecidos na

    verso atual. .............................................................................................................. 54

    Figura 8. Calendrio de entrega das atividades pelos alunos, ao longo do curso..... 57

    Figura 9. Categorias e Subcategorias

    ....................................................................................................................................71

    xii

  • Lista de grficos

    Grfico 1. Faixa etria dos participantes ................................................................... 65

    Grfico 2. Gnero dos participantes da pesquisa ...................................................... 66

    Grfico 3. Formao Acadmica. .............................................................................. 66

    Grfico 4. Participao no Curso ............................................................................... 67

    xiii

  • Lista de quadros

    Quadro 1. Diferenas entre Educao Continuada e Educao Permanente. .......... 15

    Quadro 2. Responsabilidades e atribuies, conforme a esfera de governo. ........... 22

    Quadro 3. O sistema UNA-SUS composto por uma estrutura de trs elementos. . 25

    Quadro 4. Estrutura de uma Unidade de Programa Sade da Famlia, hoje

    Estratgia Sade da Famlia. .................................................................................... 28

    Quadro 5. Descrio - Mdulo 1 do curso de Especializao Sade da Famlia UNA-

    SUS/UNIFESP............................................................................................................55

    Quadro 6. Descrio - Mdulo 2 do curso de Especializao Sade da Famlia UNA-

    SUS/UNIFESP. ....................................................................................................... 555

    Quadro 7. Descrio - Mdulo 3 do curso de Especializao Sade da Famlia UNA-

    SUS/UNIFESP. ....................................................................................................... 555

    Quadro 8 . Descrio - Mdulo 4 do curso de Especializao Sade da Famlia UNA-

    SUS/UNIFESP. ......................................................................................................... 56

    Quadro 9. Descrio - Mdulo 5 do curso de Especializao Sade da Famlia UNA-

    SUS/UNIFESP. ....................................................................................................... 566

    Quadro 10. Descrio - Mdulo 6 do curso de Especializao Sade da Famlia

    UNA-SUS/UNIFESP. ............................................................................................... 566

    xv

  • RESUMO

    O ensino a distncia tem-se proliferado mundialmente em grandes propores, inclusive na rea da sade, e para melhor atender a todos os pblicos, os rgos responsveis pela educao do pas, vem trabalhando fortemente com a questo da qualidade do ensino. Preocupados com a formao e com as ofertas dos cursos a distncia, muitos foram os alcances ao longo dos anos. Recentemente, foi publicada a Resoluo n 1, de 11 de maro de 2016, que estabelece as Diretrizes e Normas Nacionais para a Oferta de Programas e Cursos de Educao Superior na Modalidade a Distncia. A partir de ento, as Instituies de Ensino que se propuserem a fornecer educao nesta modalidade podero seguir estes indutores, bem como sendo base para as polticas e processos de avaliao e de regulao dos cursos e das Instituies de Educao Superior (IES). Contudo, levando em considerao a grande oferta dos cursos de ps-graduao na rea da sade, por meio da modalidade a distncia, torna-se premente, a avaliao destes cursos. Objetivo: identificar e analisar os critrios de qualidade para Educao Permanente em Sade, na modalidade a distncia, no curso de Especializao em Sade da Famlia, ofertado pela UNA-SUS/UNIFESP, por meio da percepo dos sujeitos de pesquisa, sendo eles os alunos, tutores e coordenadores deste curso, analisar o projeto pedaggico do curso e comparar os critrios ressaltados nas falas dos participantes, com os indutores de qualidade sugeridos pelo Ministrio da Educao. Mtodo: Pesquisa descritiva, exploratria e qualitativa, que seguiu os seguintes passos metodolgicos: pesquisa bibliogrfica e pesquisa emprica, a fim de que ambas pudessem fornecer dados importantes acerca dos critrios de qualidade adotados pelo curso de Especializao Sade da Famlia da UNA-SUS, emergiram ento dos participantes percepo da qualidade ao ensino a distncia na educao permanente em sade. Resultados: Aps anlise dos dados, verificou-se algumas particularidades relacionadas educao permanente em sade, destacadas pelos participantes da pesquisa, que devem ser tratadas e trabalhadas de forma exclusiva e gradativamente, tambm foi possvel observar uma proximidade entre os critrios de qualidade indutores j divulgados pelo Ministrio da Educao, nas expresses dos participantes desta pesquisa. Consideraes Finais: Com os resultados, foi possvel definir possveis critrios de qualidade para educao permanente em sade, na modalidade a distncia, ficando estes disponveis como produto de entrega desta pesquisa, para nortear e auxiliar instituies de ensino que ofertam cursos na rea da sade nesta modalidade. Descritores: Educao Continuada, Educao a Distncia e Melhoria da Qualidade.

    xvi

  • Abstract

    The distance education has been proliferated globally in large proportions, including in the health area, and to serve better all the public, the responsible agencies of education in the country has been working hard on the issue of quality education. Concerned about the formation and the offers of distance courses, many have been the advances over the years. Recently, Resolution n 1 of March 11th, 2016, which establishes National Guidelines and Norms for the Offering of Programs and Higher Education Courses in Distance Mode, was published. Since then, the Education Institutions that proposed to provide education in this modality can follow these inductors, as well as being the base for the evaluation policies and processes and regulation of courses and Higher Education Institutions. However, taking into account the big offer of postgraduate courses in the health area, by the distance modality, it becomes urgent the evaluation of these courses. Objective: to identify and to analyze the quality criteria for Permanent Health Education, in the distance modality in the specialization course in Family's Health, offered by the UNA-SUS/UNIFESP, by the perception of the participants of the research, which were students, tutors and coordinators of this course; to analyze the pedagogical project of the course and to compare the emphasized topics in the speeches of the participantes with the inductors suggested by the Education Ministry. Method: Descriptive, exploratory and qualitative research, which followed these methodological steps: bibliographic research and empirical research, with the proposal that both could provide important data about the quality criteria adopted by the UNA-SUS' Family Health Specialization course. That is, the perception of the quality of the distance education in the permanent education in health emerged by the participants. Results: After analyzing the data, there were some particularities related to the permanent education in health, emphasized by the participants of the research, which must be treated and worked exclusively and gradually, it was also possible to observe a proximity between the quality criteria already divulged by the Education Ministry, in the speeches of the participants of this research. Consideraes Finais: With the results, it was possible to define possible quality criteria for permanent health education in the distance modality, being available as a product of this research, to guide and help education institutions that offer courses in the health area in this modality. Key words: Continuing Education, Distance Education and Quality Improvement.

    xvii

  • 1

    1. APRESENTAO

  • 2

    Insiro-me nas prticas profissionais atreladas sade-educao, ressalto que

    tal exerccio profissional constitui-se em uma escolha imbuda de grande afinidade

    por esta rea do conhecimento. Saliento que meu percurso profissional totalmente

    voltado s prticas assistenciais e educativas, nessa interface um comprometimento

    com as prticas de ensino profissionalizante na sade. Atuei como Enfermeira de

    Educao Continuada durante quatro anos em uma instituio hospitalar de grande

    porte na cidade de So Paulo, ao longo desse perodo fui busca de

    aperfeioamento e qualificao profissional, que me permitisse maior amplitude no

    conhecimento em algumas reas como a Docncia no Ensino Superior, Cardiologia

    para Enfermagem e MBA - Master Business Administration em Gesto e

    Administrao Hospitalar e Design Instrucional.

    As buscas por esses cursos surgiram com a necessidade de maior

    aprendizado, que me auxiliasse no processo frente a Educao Continuada e

    Permanente, fazendo uma interseco das reas do conhecimento supracitados, e

    conquistando assim um aprimoramento no processo educativo, nas prticas tcnico-

    cientficas e nas urgncias de maior complexidade para o profissional enfermeiro,

    como conceitos de gesto e administrao dos processos de enfermagem em busca

    de qualidade no servio prestado ao usurio. Assim sendo, minha participao na

    busca por conhecimento na rea de Educao Permanente em Sade, no ensino e

    aprendizagem, me fez entender que existe um longo caminho a ser descoberto e

    muito por ser feito. Hoje atuo como enfermeira de Educao Permanente em Sade

    na funo de Analista de Ensino nos cursos da modalidade Educao a Distncia,

    de nvel Capacitao Profissional nas temticas abordadas em Urgncia e

    Emergncia, profissional de uma instituio de sade de grande porte do setor

    privado, Hospital Alemo Oswaldo Cruz localizada na Cidade de So Paulo, fazendo

    parte do (PROADI-SUS) Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do

    Sistema nico de Sade, que contribui para o desenvolvimento institucional do SUS

    Sistema nico de Sade por meio de intervenes tecnolgicas, gerenciais e

    capacitao profissional, essa tarefa me propicia observar de perto os critrios de

    qualidade do ensino ofertado por meio da modalidade a distncia aos profissionais

    da sade da rede pblica.

    Os cursos so destinados ao profissional da sade: Mdicos, Enfermeiros,

    Tcnicos e Auxiliares de Enfermagem, profissionais da rea administrativa, tais

    como: tcnicos de comunicao e rdio operadores, bem como profissionais

  • 3

    operacionais: condutores de viaturas (ambulncias). Todos esses cursos so

    oferecidos na modalidade a distncia, sendo apresentados como bimodal ou

    Autoinstrucional, tendo a carga horria variada de 30h a 270h, com certificado de

    capacitao fornecido pelo Hospital Alemo Oswaldo Cruz (SP) e Ministrio da

    Sade.

    Na funo de Analista de Ensino exero atividades atribudas de um tutor de

    EaD bem como Design Instrucional, planejando, desenhando os cursos,

    operacionalizando, mediando e gerenciando o andamento das turmas das edies

    dos cursos de Atendimento Hospitalar Fixo 24h (UPA), Atendimento Pr-hospitalar

    Mvel 24h (SAMU) e Regulao Mdica nas Urgncias. O analista de ensino tem

    como responsabilidade desde a inscrio dos alunos, controle de ausncia e notas,

    alertando-os quanto s datas e cumprimento das tarefas de cada mdulo, podendo

    tambm auxiliar nas dificuldades encontradas por eles, dificuldades essas que vo

    desde questes tcnicas do manuseio da plataforma Moodle e suas ferramentas

    como questes diretamente relacionadas aos contedos disponveis nos diversos

    mdulos, alm de contribuir com a reedio dos cursos.

    Tambm neste perodo atuei como tutora e orientadora do Curso de

    Especializao Informtica em Sade oferecido pela UNIFESP por meio do Sistema

    Universidade Aberta do Brasil (UAB). Sendo responsvel pelo acompanhamento de

    30 alunos do Polo de Campo Grande - RJ, com o auxlio de um professor

    responsvel em cada uma das diferentes disciplinas do curso.

    Dessas prticas profissionais emergiram o interesse de compreender os

    projetos pedaggicos dos cursos de educao permanente em sade na modalidade

    a distncia oferecidos por Instituies de Ensino Superior aos profissionais da

    sade, na busca pelos critrios de qualidade e seus indicadores. Para tanto

    escolhemos a UNA-SUS/UNIFESP, que oferece aos profissionais da sade cursos

    de educao permanente, em nvel de especializao.

    Acreditando que o produto gerado desta pesquisa, contribua positivamente

    com os projetos pedaggicos dos cursos das diferentes instituies de ensino

    superior que oferecem educao permanente a distncia, garantindo a qualificao

    e a capacitao dos profissionais da rede de ateno s urgncias, como acontece

    com o Curso de Especializao em Sade da Famlia, UNA-SUS/UNIFESP, cenrio

    onde se realizou a presente pesquisa.

  • 4

    2. INTRODUO

  • 5

    2.1. Contextualizando o objeto de estudo

    Sabe-se que a educao o elemento principal na construo de uma

    sociedade fundamentada no conhecimento, na informao e no aprendizado. A

    sociedade tem a educao como uma estratgia para facilitar o alcance do indivduo

    ao seu potencial e para estimul-lo a colaborar com outros indivduos, em aes que

    visem o bem comum. Parte considervel da desigualdade social em que vivemos

    advm do desnvel das diversas esferas sociais como: indivduos, organizaes,

    regies e pases. Desigualdades tambm expressas pelas oportunidades relativas

    ao desenvolvimento da capacidade de aprender e concretizar algo novo.

    Segundo Morin (2000) so os sete saberes essenciais que a educao do

    futuro deve observar nas sociedades e nas diferentes culturas, sem exclusividade

    ou negao, seguindo os modelos e as regras de cada uma delas.

    Diante desse cenrio, compreende-se educao como um fenmeno

    humano, cujas manifestaes so muitas e diferenciadas, sendo desenvolvidas no

    mbito familiar, na convivncia humana, no meio profissional, nas instituies de

    ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizaes da sociedade civil e nas

    manifestaes culturais que ocorrem a cada instante. (Brasil, 1996 p. 27835).

    A educao um processo poltico situado no tempo e no espao, um

    processo pelo qual a sociedade atua constantemente sobre o desenvolvimento do

    indivduo, no intuito de integr-lo ao modo de ser e de viver de uma nao.

    Segundo Ceccim (1998) a educao se compe por uma estrutura didtico

    pedaggica, em outras palavras podendo ser um currculo, uma progresso escolar,

    uma avaliao das aquisies lgicas, mas no apenas disso, ela se compe

    tambm pelas relaes de aprendizagem como os processos cognitivos, processos

    afetivos e processos sociais. O autor afirma ainda, que a sala de aula ou o ambiente

    de trabalho em sade um campo de construo cognitiva ou seja a aprendizagem

    formal e aprendizagem afetiva que se caracteriza pelo desenvolvimento, onde se

    vivem experincias ticas do estar junto e estticas de grupo que compem as

    atualizaes da experincia cotidiana, tanto pela repetio de atos vividos quanto

    pela inveno do tempo, atravs da evocao de novas percepes e experincias

    intensivas como as que ocorrem na rea da sade.

  • 6

    O ato de educar uma proposta ousada e de grande responsabilidade, mas

    preciso ser definida e compreendida por quem se compromete e assume o ato de

    educar. Para Ceccim (2005) um verdadeiro processo de educao no pode ser

    estabelecido, se no por meio de uma anlise das necessidades reais de

    determinada populao, ou seja, no se pode planejar um curso sem levar em

    considerao a pratica profissional e assim se estabelece a Educao Permanente

    em Sade no Brasil.

    No campo da sade, em especfico, possvel considerar duas abordagens

    de educao, uma delas a Educao Continuada que envolve, no geral, as

    atividades de ensino aps a graduao como atualizaes, que ocorrem conforme

    cronograma pr-estabelecido entre a gesto, com duraes e temticas definidas na

    utilizao da metodologia tradicional, a outra abordagem a Educao Permanente

    com dois pilares: as necessidades do processo de trabalho e o processo crtico-

    reflexivo de aprendizagem significativa, dentro dos preceitos da Andragogia.

    Nesse contexto Aquino (2008), nos faz relembrar as bases que sustentam a

    Educao Permanente em Sade, permitindo a reflexo dos dez pressupostos da

    andragogia: Autonomia; Humildade; Iniciativa; Dvida; Mudana de Rumo;

    Contextos; Experincia de vida; Busca; Objetividade e Valor agregado. (Brasil,

    2004). Denominada como uma Poltica Pblica pelo Ministrio da Sade, para

    educao dos trabalhadores no servio pblico, a Portaria GM/MS de n 198 de 13

    de fevereiro de 2004, que traz a relao intersetorial na perspectiva da ateno

    sade, formao, gesto e controle social, nomeado como o quadriltero da

    Educao Permanente em Sade (Brasil, 2004).

    A Portaria GM/MS de n 198 de 13 de fevereiro de 2004, torna-se mais forte e

    reconhecida depois de nomeada como Poltica Pblica, de forma que os servios

    passam a inserir em seus processos internos capacitao e formao continuada,

    com foco nas atividades dirias, com aprendizagem significativa e reflexiva.

    A Educao Permanente em Sade tem como um dos seus objetivos

    transformar as prticas profissionais, bem como a organizao do trabalho. Davini

    (2009), nos leva a um conceito expressivo, fazendo um paralelo entre a educao e

    o trabalho, posicionando a relevncia social do ensino e as articulaes da formao

    com a mudana no conhecimento e nas prticas do exerccio profissional em suas

    rotinas e tarefas dirias, melhorando a qualidade da assistncia prestada ao usurio

    do servio.

  • 7

    Faz-se um resgate da educao em geral, inserindo os profissionais nos mais

    diversos modelos de aprendizagem significativa para adultos.

    Portanto a Educao Permanente em Sade, entendida por muitos como a

    grande percussora dos movimentos de mudana na formao-ao dos profissionais

    da sade e seus paradigmas, provenientes das anlises das construes

    pedaggicas na educao em servios de sade, na educao continuada para o

    campo da sade e na educao formal de profissionais de sade (Ceccim, 2005).

    Uma das grandes aes da Educao Permanente em Sade foi a incluso

    digital dos profissionais da rea, por meio de cursos de formao e atualizao na

    modalidade a distncia, alcanando profissionais de diversas regies geogrficas,

    aumentando a possibilidade da busca pela atualizao do conhecimento.

    Hoje em dia j possvel potencializar a Educao Permanente e em Servio com os aportes das tecnologias de Educao a Distncia. Em lugar de opor uma modalidade outra, trata-se de enriquecer os projetos integrando ambas as contribuies, ou seja, faz-se necessrio fortalecer os processos de Educao Permanente com a incluso de aportes da Educao a distncia, aproximando o conhecimento elaborado s prticas das equipes, alimentando suas contribuies no caminho de um progresso construtivo e inclusivo. Para isso, faz-se necessrio o fortalecimento dos modelos educativos a distncia privilegiando a problematizao e integrando-os ao desenvolvimento de projetos de Educao Permanente em servio. (Davini, 1989, p.62)

    No entanto, para Nascimento (2002), o fato de mudar o meio em que se

    realizam a educao e a comunicao entre alunos e professores traz grandes

    mudanas para o ensino e a aprendizagem.

    Com a associao da tecnologia digital e recursos da telecomunicao, a

    internet amplia o acesso educao, permitindo com que novos saberes sejam

    disseminados para todos. Cabe destacar que apenas o uso da internet e de recursos

    tecnolgicos inovadores no garantem a mudana na abordagem de educao, no

    a forma ou o uso desses recursos que garantem efetivamente o desenvolvimento

    de prticas educativas inovadoras e tampouco representam mudanas nas

    concepes de conhecimento, de ensino e de aprendizagem ou nos papis dos

    discentes e dos docentes.

    Em 1996, foi promulgada a LDB 9.394/96 que dentre outras providncias,

    estabelece a insero da educao a distncia no sistema de ensino no seu artigo

    80:

  • 8

    "O Poder Pblico incentivar o desenvolvimento e a veiculao de programas de educao a distncia, em todos os nveis e modalidades de ensino, e de educao continuada. 1 A educao a distncia, organizada com abertura e regime especiais, ser oferecida por instituies especificamente credenciadas pela Unio. (Brasil, 1996, p.27835)

    Esse ato regulamenta a oferta da educao a distncia no pas, por

    instituies de ensino credenciadas pela Unio. Nesse momento inicia-se um

    movimento em busca de normas e diretrizes regulamentadoras para EaD.

    A Portaria no198/2004 aborda a Poltica Nacional de Educao Permanente

    em Sade, oferecendo base, orientaes e diretrizes para a sua operacionalizao e

    sugerindo como um dos eixos de ao, a dinamizao de recursos para a utilizao

    da Educao a Distncia como ferramenta e tecnologia pedaggica para a educao

    permanente em sade (Brasil, 2004).

    A Educao a Distncia uma modalidade educacional cujo desenvolvimento

    relaciona-se com a gesto do tempo de empenho e dedicao pelo prprio aluno, a

    autonomia para realizar as atividades indicadas no momento em que considere

    adequado, respeitando o tempo imposto pelo andamento das atividades do curso,

    trabalhando o dilogo com os pares para troca de experincias e informaes,

    auxiliando para o desenvolvimento de produes no sistema de colaborao

    (Almeida, 2003).

    Educao a Distncia oferece autonomia ao aluno, mas tambm exige o

    desenvolvimento da responsabilidade e da disciplina ao longo de todo o curso.

    Muitos alunos ainda tm uma concepo equivocada da modalidade a distncia e se

    surpreendem ao perceber que o nvel de exigncia igual ou, em alguns casos,

    maior do que o ensino presencial.

    Atualmente, essa modalidade est evidenciada em ascenso no cenrio da

    educao brasileira. No entanto vale lembrar que em um passado bem recente, a

    Educao a Distncia era considerada uma educao pouco prestigiada, mas que

    graas aos avanos das tecnologias de Informao e Comunicao - TIC, essa

    modalidade foi impulsionada e est se tornando confivel aos olhos de muitos que a

    reprimiam. (Oliveira, 2003).

    O Decreto de n 5.622, de 19 de dezembro de 2005, regulamenta o art. 80 da

    Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da

    educao nacional:

  • 9

    Art. 1. Para os fins deste Decreto, caracteriza a educao a distncia como modalidade educacional na qual a mediao didtico-pedaggica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizao de meios e tecnologias de informao e comunicao, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (Brasil, 2005, p.1).

    Desse momento em diante, acompanhamos a jornada pela busca da

    definio e aplicabilidade de critrios para indicadores de qualidade apropriados aos

    cursos de educao a distncia do ensino superior.

    Nessa direo, vislumbrou-se problematizar o significado da qualidade da

    educao a distncia dos cursos de Educao Permanente em Sade oferecidos

    por instituies de ensino superior, para os profissionais da sade, contribuindo

    positivamente para futuros projetos, cujo intento seja o aprimoramento, alinhamento

    e aplicabilidade de normas e diretrizes que permeiam em todo referencial legal da

    educao a distncia.

    Sob essa tica, o presente estudo foi motivado pelos seguintes

    questionamentos especificados abaixo, tendo-os como disparadores:

    Os critrios de qualidade de educao a distncia, identificados na literatura e

    sugeridos pelo Ministrio da Educao, atendem as necessidades dos cursos

    desta modalidade no contexto da educao permanente em sade?

    Na tica dos diferentes sujeitos participantes coordenadores, tutores e

    alunos, do curso de Ps-Graduao em Sade da Famlia ofertado pelo

    sistema UNA-SUS/UNIFESP, seria possvel analisar a qualidade e seus

    respectivos critrios contemplados no projeto do curso de Especializao?

  • 10

    3. OBJETIVOS

    3.1 Objetivo Geral

    Identificar indicadores de qualidade no curso de Especializao em Sade da

    Famlia ofertado pela UNA-SUS/UNIFESP, com vistas ao contexto da

    educao permanente em sade.

    3.2 Objetivos Especficos

  • 11

    Categorizar elementos de qualidade do curso, a partir da viso dos sujeitos

    participantes do curso: coordenadores, tutores e alunos.

    Analisar os indutores de critrios de qualidade para educao a distncia,

    descritos na literatura e indicados pelo Ministrio da Educao, com as

    categorias identificadas pela percepo qualidade do Curso de

    Especializao em Sade da Famlia, oferecido pelo sistema UNA-

    SUS/UNIFESP.

  • 12

    4. REVISO DA LITERATURA

    Este captulo toma como ponto de partida a ideia, cunhada por Vygotsky

    (1998 apud Cavalcanti, 2005), de que os seres humanos se encontram inseridos em

    um processo histrico em constante movimento, sendo alvos de transformaes que

    ocorrem a partir da interao com o mundo e com outros seres humanos

    (Cavalcanti, 2005). Essa interao permite que o homem transforme a natureza,

    tornando-a [...] objeto de conhecimento (produo cultural), e, ao mesmo tempo,

    transforma a si mesmo em sujeito de conhecimento [...] (Cavalcanti, 2005, p.189).

    Assim, pode-se destacar a importncia dos contextos de vida e sua relao com o

    processo de ensino e aprendizagem, destacando seu carter emancipatrio.

    Essa premissa est em consonncia com a Poltica Nacional de Educao

    Permanente em Sade (PNEPS), que visa mobilizar reflexes sobre os processos

    de trabalho e provocar mudanas significativas nas prticas, associando os

    contextos e as experincias dos trabalhadores, bem como sua relao com os

    demais trabalhadores e usurios.

    A PNEPS orienta que a educao no trabalho deve ser capaz de

    instrumentalizar o trabalhador com conhecimentos terico-prticos alinhados ao seu

    contexto de trabalho, suas experincias e vivncias, apoiando na aprendizagem

    significativa e no ensino problematizador, sendo uma estratgia poltico-pedaggica

    para a consolidao do SUS (Ceccim, Ferla, 2009). Um conceito a ser destacado o

  • 13

    da andragogia, tambm conhecido como ensino para adultos, oriundo do grego

    andros (adulto) e gogos (educar), sendo designado, portanto, como a cincia de

    educar adultos. Assim, na aprendizagem de adultos a motivao para aprender est

    centrada na resoluo de problemas e na execuo de tarefas pertinentes vida

    cotidiana, o que motiva os adultos para o processo de aprendizagem, desde que

    compreendam a sua utilidade. Desse modo, abandona-se a centralidade no

    contedo, avanando para compreenso dos problemas e contextos de

    aprendizagem (Knowles, 1980).

    Consoante a essa mesma lgica, na aprendizagem significativa a procura

    pelo sentido o que move o processo de aprendizado. Portanto, a aprendizagem

    significativa propiciada por situaes nas quais o novo conhecimento, encontra

    pontos de ancoragem na estrutura de conhecimentos e valores prvios do indivduo

    (conhecidos como subsunores), o que viabiliza a atribuio de significado s novas

    informaes e experincias, que passam a ser integradas, gerando uma nova

    estrutura de conhecimentos. Por conseguinte, o conhecimento no simplesmente

    adquirido e recriado (Ausubel, 1968).

    A educao significativa para adultos baseando-se na problematizao das

    experincias, na sade se destacava, nas dcadas de 70 e 80, a discusso sobre

    Educao Continuada que teve maior nfase pelos idelogos da integrao docente

    assistencial, apontando para programas de complementao educacional dos

    profissionais da rea da sade, culminando com uma proposta de extenso

    difundida no Brasil pela Organizao Pan-americana de Sade - OPAS.

    Surge ento uma preocupao com o servio assistencial prestado aos

    usurios do sistema de sade, com um olhar diferenciado para o cuidado prestado

    ao paciente, voltado para uma assistncia baseada na tcnica, de modo a gerar

    segurana e qualidade, permitindo a promoo e a proteo da sade desses

    usurios do sistema, mantendo preceitos da humanizao, isso em conjunto com a

    capacitao e aperfeioamento dos profissionais envolvidos no processo do

    cuidado, assim nasce a Educao Continuada.

    Segundo Davini et al. (2002), a Educao Continuada reconhecida no

    setor da sade como uma extenso do modelo escolar e acadmico, mantendo a

    atualizao de conhecimentos, com enfoque disciplinar, baseada em tcnicas de

    transmisso e estratgias de aprendizagem com fins de atualizao.

  • 14

    A Educao Continuada, tradicional recurso no setor de Sade, se caracteriza por:

    Representar uma continuidade do modelo escolar ou acadmico, centralizado na atualizao de conhecimentos, geralmente com enfoque disciplinar, em ambiente didtico e baseado em tcnicas de transmisso, com fins de atualizao; conceituar tecnicamente a prtica enquanto campo de aplicao de conhecimentos especializados, como continuidade da lgica dos currculos universitrios, que se situa no final ou aps o processo de aquisio de conhecimentos. Por este fato se produz uma distncia entre a prtica e o saber (compreendido como o Saber acadmico) e uma desconexo do saber como soluo dos problemas da prtica; ser uma estratgia descontnua de capacitao com rupturas no tempo: so cursos peridicos sem sequncia constante; Ter sido, em seu desenvolvimento concreto, dirigida predominantemente ao pessoal mdico e alcanado, com menos nfase, o grupo de enfermagem. Centrada em cada categoria profissional, praticamente desconsiderou a perspectiva das equipes e diversos grupos de trabalhadores. (Davini, 2009, p.43)

    Dessa forma, a Educao Continuada est voltada ao indivduo no espao

    institucional, com o objetivo de qualific-lo para o trabalho na respectiva unidade

    bsica de sade onde exercer sua funo, direcionado para comportamentos

    institucionalizados, normas e rotinas pr-estabelecidos.

    Sendo assim, possvel garantir a reduo dos eventos adversos que

    podem ocorrer durante o cuidado prestado ao paciente a partir da implantao de

    protocolos assistenciais de rotina e treinamento continuo das equipes.

    Segundo Nunes (1993), Educao Continuada um programa de formao

    e desenvolvimento dos recursos humanos com o objetivo de manter a equipe

    atualizada inserida em um processo educativo contnuo, com a finalidade de

    capacitar e aprimorar os profissionais da sade e, consequentemente, melhorar a

    qualidade da assistncia prestada aos usurios dos servios de sade.

    Ainda de acordo com o autor, trata-se de uma educao contnua com base

    em conhecimentos previamente adquiridos e que devem ser resgatados

    constantemente, a fim de manter o profissional atualizado e preparado para a prtica

    do exerccio de sua funo.

  • 15

    Grcio (1995) afirma que a educao um processo contnuo que s a

    morte pode interromper, caracteriza-se por ser um processo de incessante busca e

    renovao do saber ser e saber fazer.

    Atualmente, vivemos em um contexto de constantes mudanas, que nos

    obriga busca incessante de conhecimentos, ampliando as dimenses do saber de

    modo a garantir a sobrevivncia do profissional neste mercado de extrema

    competitividade.

    Podemos identificar dois caminhos para se educar um profissional da sade,

    o primeiro voltado para a sua prtica, na qual recebe treinamento pontual sobre a

    tcnica a ser utilizada ou sobre manuseio de determinados equipamentos e

    materiais, recebendo treinamentos diversos sobre protocolos assistenciais, conforme

    Normas, Legislaes, Diretrizes e Guidelines utilizados na rea da sade como

    apoio, respaldo e segurana em suas prticas. Outra forma de se educar capacitar

    os profissionais por meio da educao permanente, uma viso de educao

    ampliada baseada na experincia frente sua vivncia profissional, discutindo e

    problematizando fatos verdicos e recorrentes na sade.

    Motta (2002) traz uma breve comparao entre Educao Permanente e

    Educao Continuada, sendo esta definio ainda pouco compreendida entre os

    profissionais da rea da sade. O autor nesta tabela consegue passar uma

    mensagem de grande relevncia, do que de fato seria cada mtodo e seus objetivos.

    Quadro 1. Diferenas entre Educao Continuada e Educao Permanente.

    Caractersticas Educao permanente Educao continuada

    Pblico alvo Multiprofissional Uniprofissional

    Insero no mercado de trabalho

    Prtica Institucionalizada

    Prtica autnoma

    Enfoque Problemas de sade Temticas especficas

    Objetivo principal Transformao das Prticas tcnicas e Sociais.

    Atualizao (tcnico-cientfica)

    Periodicidade Contnua Espordica com foco

    Metodologia Pedagogia centrada na resoluo de problemas.

    Pedagogia da transmisso

  • 16

    Resultados Mudana Apropriao

    Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Motta (2002).

    A educao permanente marcada por meio dos pressupostos da

    aprendizagem significativa sendo os processos de capacitao estruturados a partir

    das vivncias e da problematizao do processo de trabalho, visando

    transformao das prticas profissionais e a organizao do trabalho, buscando

    atender as necessidades de sade das pessoas e da populao, da gesto setorial

    visando um olhar panormico de todo contexto. (Brasil, 2003).

    A figura 01 traz resumidamente o incio da formao desse contexto, parte da

    Educao Continuada enquanto prtica de aprendizagem e seu perodo de

    transio, quando j comea a construo de uma reflexo baseada nos

    pressupostos andraggicos, trabalhando a participao direta do aprendiz enquanto

    sujeito do processo ativo em sua pratica, sendo adotada como Educao

    Permanente em Sade.

  • 17

    Fonte: Elaborado pela autora (2016).

    Figura 1. Mapa conceitual da trajetria da Educao Permanente em Sade.

    Nas instituies de sade, o ensino e a prtica da aprendizagem, significam a

    produo de conhecimentos partindo da realidade vivida pelos principais atores,

    tendo os problemas enfrentados no dia-a-dia e suas experincias como base de

    questionamentos, mudanas e quebras de paradigmas, a educao permanente em

    sade j reconhecida como poltica pblica de educao em sade, cuja diferena

    entre esta educao e a educao popular em sade, que, a educao popular

    tem como foco o cidado, enquanto a educao permanente tem como foco o

    trabalho e mudanas na prtica profissional. Segundo Feuerwerker L. (2001), a

    educao permanente compreendida como sendo um processo educativo

    contnuo, de revitalizao e superao pessoal e profissional, que pode ser vivida e

    alcanada de modo individual e coletivo, com objetivo de qualificao, reafirmao

    ou reformulao de valores e prticas, construindo relaes integradoras entre os

    sujeitos envolvidos para uma reflexo crtica, criadora e transformadora.

  • 18

    A educao permanente se ampara em metodologias problematizadoras,

    abertas s crticas e reflexes em grupo ou individualizadas, com o apoio e

    participao do docente em uma postura horizontalizada em relao ao educando,

    no se tornando detentor do conhecimento, mas preservando as experincias e

    tornando-as ento aprendizagem significativa, na qual os envolvidos discutem com

    base em suas experincias anteriores e nas vivncias pessoais, concretizando

    educao para adultos que buscam aprimorar e ampliar seus conhecimentos e

    prticas assistenciais. A Educao Permanente se caracteriza contrria ao ensino e aprendizagem

    de carter mais tecnicista, quando os conhecimentos so valorizados, sem a

    necessria conexo com o cotidiano e os alunos se tornam meros receptores do

    conhecimento.

    O enfoque da Educao Permanente, ao contrrio, representa uma importante mudana na concepo e nas prticas de capacitao dos trabalhadores dos servios. Supe inverter a lgica do processo: Incorporando o ensino e o aprendizado vida cotidiana das organizaes e s prticas sociais e laborais, no contexto real em que ocorrem; Modificando substancialmente as estratgias educativas, a partir da prtica como fonte de conhecimento e de problemas, problematizando o prprio fazer; Colocando as pessoas como atores reflexivos da prtica e construtores do conhecimento e de alternativas de ao, ao invs de receptores; Abordando a equipe e o grupo como estrutura de interao, evitando a fragmentao disciplinar; Ampliando os espaos educativos fora da aula e dentro das organizaes, na comunidade, em clubes e associaes, em aes comunitrias. (Davini, 2009, p.44)

    No contexto atual dessa educao, podemos definir o papel do aluno como:

    aluno ativo na busca de saberes, na compreenso e significao dos objetos de

    aprendizagem e na construo de propostas de interveno, e o papel do docente,

    como: facilitador e orientador do processo de aprendizagem.

    Sendo assim, faz-se necessrio citarmos o quadriltero da Educao para a

    Sade, conhecida como o Quadriltero da Educao Permanente em Sade:

    Ensino, Ateno Sade, Controle Social e Gesto. A Educao Permanente em

    Sade compreendida como uma poltica que tem como um dos objetivos

    aproximar a Educao e a Sade, a fim de reduzir e superar os problemas dirios

    enfrentados por sujeitos implicados com a promoo e cuidados de sade em seu

    cenrio de atuao. (Ceccim, Feuerwerker, 2004).

  • 19

    A Poltica Nacional de Educao Permanente em Sade, promove prticas de

    educao envolvendo os trabalhadores dos servios, buscando a integralidade da

    ateno sade da populao, ficando explcita a necessidade da integrao entre

    os servios de sade e de educao junto as instituies formadoras, presentes no

    centro da agenda do SUS, demandando mudana das prticas de educao e

    formao dos profissionais da sade. A figura 02 apresenta o incio da discusso e

    concretizao do conceito de Educao Permanente em Sade como estratgia de

    Poltica Pblica.

    Fonte: Elaborado pela autora (2016).

    Figura 2. Mapa conceitual da Poltica de Educao Permanente em Sade.

    Como visto anteriormente, a Educao Permanente em Sade (EPS),

    enquanto estratgia poltica, busca a construo de uma rede de ensino e

    aprendizagem. Espera-se que as instituies formadoras, sejam de ensino ou de

    sade, possam se responsabilizar pelo monitoramento e acompanhamento desse

    processo de formao dos profissionais, dos usurios, dos trabalhadores e tambm

    dos gestores, almejando o aumento da autonomia e protagonismo desses sujeitos.

  • 20

    Esta formao deve ser transformadora, objetivando o perfil necessrio para o

    desenvolvimento do SUS. Ainda assim necessria uma adequao dos currculos

    e projetos pedaggicos de cursos na rea de sade, em direo ao cumprimento

    das normas e diretrizes do SUS, pensando em formar profissionais que sejam

    capazes de atuar na realidade do sistema, com foco na integralidade das aes do

    cuidado, bem como usurios que saibam reconhecer suas necessidades e sejam

    capazes de identificar o servio, que suprir sua necessidade (Brasil, 2009; Ceccim,

    Feuerwerker, 2004).

    A educao foi destacada como componente estratgico da gesto no SUS para promover transformaes efetivas e interferir na formao, de modo a superar o modelo atual e aproximar o ensino e os servios, bem como estes realidade dos usurios (Sarreta, 2009, p.161).

    Antes da Poltica Nacional de Educao Permanente em Sade, j

    preocupados com o nvel da educao na sade e suas bases, surge a Lei 8080/90

    que traz no art. 14. [...] devero ser criadas comisses permanentes de integrao

    entre os servios de sade e as instituies de ensino profissional e superior[...].

    Com base nesta Lei a Educao Permanente em Sade foi amplamente debatida

    pela Sociedade Brasileira, organizada em torno da temtica sade, aprovada na XII

    Conferncia Nacional de Sade e no CNS - Conselho Nacional de Sade como

    poltica especfica no interesse do sistema de sade nacional, o que se pode

    constatar por meio da Resoluo CNS n. 353/2003 e da Portaria MS/GM n.

    198/2004. Tendo como base legal o Art. 200 da Constituio Federal (1998) que

    discorre: [...] Compete ao SUS ordenar formao de recursos humanos na rea

    da sade [...]. A educao permanente em sade tornou-se, dessa forma, a

    estratgia do SUS para a formao e o desenvolvimento de trabalhadores para a

    sade. Iniciou-se ento um movimento para implantao da Poltica Nacional de

    Educao Permanente em Sade mencionadas na portaria GM/MS n 1.996, de 20

    de agosto de 2007, e em 2009 nasce a Poltica Nacional de Educao Permanente

    em Sade.

    A Educao Permanente no servio se converte em uma ferramenta dinamizadora da transformao institucional, facilitando a compreenso, a valorao e a apropriao do modelo de ateno propostos pelos novos programas, priorizando a busca de

  • 21

    alternativas contextualizadas e integradas para a ateno da populao. (Brasil, 2009, p.56).

    Ainda assim, preciso definir a participao de cada esfera do governo, j

    que compete ao SUS e aos seus profissionais a aplicabilidade da Educao

    Permanente em Sade.

    Portanto, diante de tantos caminhos do aprendizado voltado sociedade, o

    Governo Federal e suas esferas tiveram essa preocupao, pautada em muitas

    discusses a respeito da formao continuada dos profissionais da Sade, baseada

    nas necessidades reais, assumindo como responsabilidade de Governo e atribuindo

    a cada esfera sua fundamental participao nesse processo formativo.

    Dessa forma, as questes relacionadas educao na sade passam a

    fazer parte das atribuies do SUS, tomando como base os Termos de

    Compromisso de Gesto (Federal, Estadual e Municipal) elaborados a partir do

    consenso dos lderes de gesto Bipartite do SUS, homologadas pela CIT - Comisso

    Intergestores Tripartite e aprovados pelo Conselho Nacional de Sade,

    compreendendo responsabilidades e atribuies que devem ser assumidas pelas

    respectivas gestes, dividindo as responsabilidades entre as esferas, sendo possvel

    mensurar e acompanhar sua efetividade e eficcia.

    Sendo assim, o Ministrio da Sade desenvolve estratgias e polticas para

    a adequao da formao e qualificao dos profissionais da sade s

    necessidades de sade da populao e ao desenvolvimento do SUS, auxiliando-os

    na execuo da Poltica Nacional de Educao Permanente em Sade, tornando-se

    um dos principais instrumentos de trabalho das esferas. Destaca-se em especial a

    Portaria MS/GM n 1.996, de 20 de agosto de 2007, que fornece e garante

    adequada base normativa para a organizao dos processos de gesto da

    educao na sade por meio das esferas citadas.

  • 22

    Quadro 2. Responsabilidades e atribuies, conforme a esfera de governo.

    Esfera do

    Governo

    Poltica de Educao

    Permanente

    Integrao de todos os

    processos

    Articulao com

    municpios

    Federal

    Formular, prover e pactuar polticas de educao permanente em sade, apoiando tcnica e financeiramente estados e municpios no desenvolvimento delas.

    Promover a integrao de todos os processos de Capacitao e desenvolvimento de recursos humanos poltica de educao permanente, no mbito da gesto nacional do SUS.

    --------------------

    Estadual

    Formular, prover e apoiar a gesto da educao permanente em sade e processos relativos a ela no mbito estadual.

    Promover a integrao de todos os processos de capacitao e desenvolvimento de Recursos humanos poltica de educao permanente, no mbito da gesto Estadual do SUS.

    Apoiar e fortalecer a articulao com os Municpios e entre eles para processos de educao e desenvolvimento de trabalhadores para o SUS.

    Municipal

    Formular e promover a gesto da educao permanente em sade e processos relativos a ela, orientados pela integralidade da ateno sade, criando, quando for o caso, estruturas de coordenao e de execuo de polticas de formao e desenvolvimento, participando no seu financiamento.

    Promover diretamente ou em cooperao com o estado, com os municpios da sua regio e com a unio, processos conjuntos de educao permanente em sade.

    Promover a aproximao dos movimentos de educao popular em sade na formao dos profissionais de sade, em consonncia com as necessidades sociais em sade.

    Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de BRASIL (2006).

    No mbito federal, o Ministrio da Sade possui sete secretarias, dentre elas

    a Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade (SGTES) que rgo

    responsvel por formular polticas orientadoras da gesto, formao, qualificao e

    regulao dos trabalhadores da sade no Brasil no tocante a educao, sendo

    responsvel pela definio e desenvolvimento de polticas relacionadas formao

    de pessoal da sade, tanto no nvel superior como no tcnico-profissional.

    Polticas indutoras propostas pelo Ministrio da Sade em parceria com o

    Ministrio da Educao promovem o desencadeamento, potencializando mudanas

    do perfil do profissional da sade e do trabalho na sade, tendo como um dos

    principais desafios a formao que possibilite uma prtica reflexiva e

    contextualizada, uma prxis pedaggica apropriada a superar o treinamento

  • 23

    meramente tcnico e tradicional mais conhecido como educao continuada, como

    j citada previamente, vislumbrando a formao de sujeitos ticos, crticos,

    reflexivos, colaborativos, histricos, transformadores, humanizados e com

    responsabilidade social, desencadeando ressignificaes, reconstruo do

    conhecimento e produo de novos saberes. Essas aes conjuntas do MS junto ao

    MEC, voltadas ao desenvolvimento da formao das profisses da sade, geram a

    formao e ao interprofissional na integrao ensino-servio-comunidade, em

    campos de atuao estratgicos para o SUS, nas redes prioritrias, definidos em

    parceria com gestores, a partir de realidades locais e regionais.

    Dessa forma, cabe ao Departamento de Gesto da Educao na Sade

    (DEGES) coordenar a implantao da Poltica de Educao Permanente para os

    trabalhadores do Sistema nico de Sade, planejando, acompanhando e avaliando

    aes que envolvem os trs poderes, na perspectiva do fortalecimento do Sistema

    nico de Sade, buscando promover a consolidao do sistema educador e do

    sistema de sade pblica do pas.

    O Departamento de Gesto da Educao na Sade (DEGES) possui

    tambm aes no sentido de articular e integrar rgos educacionais, entidades de

    classe e movimentos sociais, conforme demonstrado na figura abaixo:

    Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

    Figura 3. Responsabilidades das Coordenaes

    Com a figura 03, pode-se observar as responsabilidades quanto s aes por

    meio da Coordenao Geral de Aes Estratgicas (CEGAES) e da Coordenao

    Geral de Aes Tcnicas em Educao na Sade (CEGATES). A figura abaixo

    demonstra alguns dos programas e estratgias do Ministrio da Sade juntamente

    ao Ministrio da Educao, tendo como principal responsvel a SGETS.

  • 24

    Fonte: Site oficial Ministrio da Sade, 2016.

    Figura 4. Programas e estratgias SGETS.

    A Educao Permanente garante aos profissionais dos SUS capacitao

    profissional com uso dos recursos pblicos. grande a demanda, a especializao e

    a qualificao dos profissionais do SUS que atuam na ateno bsica por meio da

    modalidade distncia, auxiliando nos objetivos propostos da UNA-SUS.

    Em 2010, foi criado pelo Ministrio da Sade, o Sistema da Universidade

    Aberta do SUS UNA-SUS, com intuito de atender s necessidades atreladas a

    capacitao e educao permanente e da sua continuidade, focando os profissionais

    da rea da sade, que atuam na rede bsica de ateno do Sistema nico de

    Sade, facilitando e habilitando-os nas rotinas e atividades, permitindo com isso a

    reduo de erros de procedimentos, resultando em qualidade no servio prestado e

    principalmente a segurana dos usurios dos servios.

    Rede UNA-SUS: rede de instituies pblicas de educao superior, credenciadas pelo Ministrio da Educao para a oferta de educao a distncia, nos termos da legislao vigentes, e conveniados com o Ministrio da Sade para atuao articulada, visando aos objetivos desse Decreto. (Brasil, 2010, p.1).

    O sistema UNA-SUS foi institudo pelo do Decreto no 7.385 de 8 de dezembro

    de 2010, tendo como principais objetivos, atender s necessidades de capacitao e

    educao permanente dos profissionais da rede pblica de sade, ofertando-lhes

    cursos e programas de especializao, aperfeioamento profissional com o apoio de

    instituies de ensino que integram a Rede do sistema UNA-SUS, fomentando e

    apoiando a disseminao de meios e tecnologias de informao e comunicao que

    possibilitem ampliar a escala bem como o alcance de todos, s atividades

  • 25

    educativas, usando a Educao Permanente como ferramenta na reduo da

    desigualdade entre as diferentes classes, regies e realidades do Pas, dessa forma

    o sistema colabora com a integrao entre o servio e o ensino na sade.

    De acordo com o Decreto no 7.385 de 2010, as Instituies pblicas de

    educao superior, que fossem credenciadas junto ao Ministrio da Educao para

    ofertar cursos na modalidade a distncia, poderiam aderir ao UNA-SUS, essa

    adeso feita por meio da celebrao de convnios e termos de cooperao com o

    Ministrio da Sade para a atuao articulada, visando atender aos objetivos do

    Sistema. Este decreto foi regulamentado pela Portaria Interministerial n 10 de 11 de

    julho de 2013, que tambm regulamenta o ingresso de novas instituies de ensino

    na Rede. A Rede UNA-SUS composta por trs elementos: a Rede colaborativa de

    instituies de ensino superior que atualmente conta com 35 instituies de ensino

    superior; o Acervo de Recursos Educacionais em Sade ARES e a Plataforma

    Arouca, contendo cada um dos elementos as principais caractersticas citadas no

    quadro 03.

    Quadro 3. O sistema UNA-SUS composto por uma estrutura de trs elementos.

    Rede colaborativa de

    Instituies de Ensino

    Superior

    Acervo de Recursos

    Educacionais Plataforma Arouca

    Rede colaborativa de

    Instituies de Ensino Superior:

    integrao de recursos e

    competncias dentro da prpria

    universidade, buscando

    conectar docentes, faculdades

    e departamentos do campo das

    cincias da sade com as reas

    de educao, cincias da

    computao, comunicao,

    produo audiovisual, cincias

    da informao.

    Acervo pblico de materiais,

    tecnologias e experincias

    educacionais, construdo, de

    forma colaborativa, de acesso

    livre, pela rede mundial de

    computadores; [...] acesso a

    todo material didtico por meio

    da internet, em repositrios de

    acesso aberto [...] (Portaria IM

    n 10, 11/07/2011, inciso I, Art.

    3), materiais que sejam

    compatveis com a tecnologia

    e devidamente catalografados,

    podendo ser postados no

    Acervo de Recursos

    Educacionais em Sade

    ARES, sendo livres para

    serem disseminados e

    reutilizados,

    Consiste em um sistema de

    informao, que sustenta todas

    as aes educacionais da UNA-

    SUS mediante uma base de

    dados nacional, integrada ao

    sistema nacional de informao

    do SUS, contendo o registro

    histrico dos trabalhadores do

    SUS, seus certificados

    educacionais e experincia

    profissional (Oliveira; Brasil,

    2011, p.3)

    Fonte: Elaborado pela autora, adaptado do Site Oficial, 2016.

    Os cursos oferecidos pelo Sistema tm enfoque terico-prtico,

    problematizador, significativo e dinmico, utilizando-se de estratgias educativas,

  • 26

    como casos clnicos comuns e textos tericos, por meio da educao a distncia e

    suas ferramentas, tendo como principal recurso a internet, hoje reconhecida

    mundialmente como um dos mais potentes veculos de comunicao, atualizao e

    capacitao acadmica, na prtica das mais diversas atividades profissionais. (UNA-

    SUS, 2016).

    Segundo a Organizao Pan-americana de Sade (2009), a UNA-SUS

    executa seus projetos diante de uma proposta de inovao, de forma que seus

    componentes so divididos conforme os seus objetivos, tendo como principal

    estratgia a articulao de seus principais componentes no desenvolvimento de

    suas atividades sendo elas: a Produo de conhecimento, o Uso de novas

    tecnologias educacionais, o Apoio presencial, e a Certificao educacional.

    Nesse sentido, Oliveira (2011) aponta que o UNA-SUS deve gerenciar seus

    cursos desde a contratualizao at a oferta:

    Pactuao: Etapa em que identificada uma demanda de educao em sade para a UNA-SUS; Planejamento: Etapa em que so mapeados os objetivos e estratgias educacionais; Desenho Educacional: Etapa em que os objetivos e estratgias so desenhadas em forma de atividades educacionais; Validao: Etapa em que so avaliadas a qualidade tcnica, a adequao as polticas pblicas de sade vigentes, a pertinncia (em relao adequao ao pblico alvo, aos nveis de ateno, recursos, rede) e as questes miditico-pedaggico que envolvem o desenho educacional e a interface da aplicao online. Desenvolvimento: seleo de recursos e aplicao do desenho criado nas plataformas definidas. Homologao: Conferncia de correes apontadas na validao, parecer externo, ficha tcnica (autoridades e crditos), conferncia de direitos autorais; testes de conformidade tecnolgica; teste de compatibilidade com dispositivos e navegadores; Lanamento: cadastro na Plataforma Arouca; Moodle em produo (auth/matrcula /sincroniz/LTI), Plano de Comunicao preparado para divulgao. (Oliveira, 2011, p. 61).

    O curso de Especializao, cenrio desta pesquisa, tem como foco a

    Estratgia Sade da Famlia, anteriormente chamada de Programa Sade da

    Famlia. Em 1991, deu-se incio ao Programa de Agentes Comunitrios de Sade

    PACS e em 1994, iniciou-se a implementao de mais um dos programas propostos

    pelo governo federal aos municpios, chamado Programa Sade da Famlia (PSF).

    Esse Programa veio para efetivar a ateno bsica em sade. Hoje considerada

  • 27

    uma das principais estratgias de reorganizao dos servios e de reorientao das

    prticas profissionais, neste nvel de assistncia ao usurio do sistema de sade.

    Vejo que no documento Brasil (1994), a implantao do PSF tem

    como objetivo geral melhorar o estado de sade da populao,

    mediante a construo de um modelo assistencial de ateno

    baseado na promoo, proteo, diagnstico precoce, tratamento e

    recuperao da sade em conformidade com os princpios e

    diretrizes do Sistema nico de Sade - SUS e dirigidos aos

    indivduos, famlia e comunidade. (Santana, 2001, p.34)

    Sendo implantado em todo pas conforme os princpios e diretrizes do SUS:

    Universalizao, Equidade, Integralidade, Descentralizao e a Participao da

    Comunidade.

    Negri (2000) ressalta que, durante algumas dcadas no foi dada uma

    ateno necessria ao servio de sade pblica e aos seus profissionais, a fim de

    oferecer qualidade na assistncia, situao esta que se instalou durante anos, que

    talvez fosse dificultoso o tratamento desta sade, neste novo modelo de formao

    profissional e ateno ao cuidado.

    O resultado dessa poltica equivocada a realidade que ainda vivemos: pessoas portadoras de doenas que poderiam ter sido evitadas formando filas desumanas diante de hospitais, onde nem sempre encontram o atendimento necessrio. A outra consequncia perversa desse modelo que ele pressiona o governo a gastar mais e mais dinheiro com o tratamento das doenas que se multiplicam devido falta de preveno, em detrimento da promoo da sade, gerando um crculo vicioso. (Negri, 2000, p. 3)

    O Ministrio da Sade ressalta que, o PSF incorpora e reafirma os princpios

    citados no quadro a seguir, estruturando uma Unidade de Sade da Famlia - USF

    como demonstrado no quadro 04.

  • 28

    Quadro 4. Estrutura de uma Unidade de Estratgia Sade da Famlia.

    Carter substitutivo

    O PSF no significa a criao de novas estruturas de servios, exceto

    em reas desprovidas de qualquer tipo de servio. Implant-lo significa

    substituir as prticas tradicionais de assistncia, com foco nas

    doenas, por um novo processo de trabalho comprometido com a

    soluo dos problemas de sade, a preveno de doenas e a

    promoo da qualidade de vida da populao.

    Integralidade e

    hierarquizao

    A USF est inserida no primeiro nvel de aes e servios do sistema

    local de assistncia, denominado ateno bsica. Deve estar vinculada

    rede de servios, de forma que se garanta ateno integral aos

    indivduos e famlias, de modo que seja assegurada a referncia e

    contra referncia para clnicas e servios de maior complexidade,

    sempre que o estado de sade da pessoa assim exigir.

    Equipe multiprofissional Composta, no mnimo, por um mdico, um enfermeiro, um auxiliar de

    enfermagem e de quatro a seis ACS - Agentes Comunitrios de Sade.

    Territorializao e

    cadastramento da

    clientela

    A USF trabalha com territrio de abrangncia definido e responsvel

    pelo cadastramento e acompanhamento da populao vinculada

    (adstrita) a esta rea. Recomenda-se que uma equipe seja

    responsvel por, no mximo, 4.500 pessoas.

    Outros profissionais

    Programa sade da

    famlia no Brasil

    Com enfoque sobre os pressupostos bsicos, operacionalizao e

    vantagens a exemplo de cirurgies dentistas, assistentes sociais e

    psiclogos- podero ser incorporados s equipes ou formar equipes de

    apoio, de acordo com as necessidades e possibilidades locais. A USF

    pode atuar com uma ou mais equipes, dependendo da concentrao

    de famlias no territrio sob sua responsabilidade. Priorizando a

    assistncia a alguns grupos populacionais considerados de maior risco

    a agravos como: crianas menores de dois anos, gestantes, portadores

    de hipertenso, diabetes, tuberculose e hansenase. Dentre as aes

    desenvolvidas pelas equipes de sade se destaca a assistncia

    materno-infantil, que envolve a promoo e o manejo do aleitamento

    materno.

    Fonte: Elaborado pela autora e adaptado de BRASIL (2000).

    Nesse sentido, pode-se observar que esta uma rea da sade em que o

    profissional se enxerga como parte de uma equipe multiprofissional, conceito este

    que pouco abordado na grade curricular dos profissionais da sade, o trabalho em

    equipe essencial no processo de inverso de modelos de ateno sade, em

    que a horizontalidade nas prticas e nas relaes comeam a constituir um cotidiano

    harmonioso em um ambiente de trabalho.

    Souza e Mouro (2002) nos ajudam a entender uma das diversas definies

    de trabalho em equipe, tornando-as desdobrvel, facilitando o entendimento,

    definindo trabalho como uma atividade contnua e necessria tornando-se uma ao

    que envolve o conjunto de arranjos institucionais que transformam as relaes

  • 29

    sociais de produo nos locais de trabalho (relao de subordinao e dominao

    e/ou de cooperao e tambm conflito). Com relao definio de equipe, a

    literatura traz que trata-se de um conjunto de profissionais, que se dedicam a

    desenvolver trabalho em conjunto a partir da definio de alguns objetivos. O

    trabalho em equipe na sade representa um processo de relaes a serem

    pensadas pelos prprios trabalhadores e possui mltiplas possibilidades de

    significados.

    Segundo Demo (1997), o trabalho em equipe motiva a busca pelo

    conhecimento dos profissionais e fundamenta a formao e a capacitao,

    motivando o argumentao, compartilhando conhecimentos e reflexes. O grupo de

    trabalho deve ser crtico e autntico em suas opinies, isso se caracteriza por

    interdisciplinaridade, a qual ocorre diariamente no trabalho em equipe de sade no

    PSF, auxiliando e fortalecendo a efetivao de um espao democrtico na relao

    de trabalho. O autor refora, dizendo que a interdisciplinaridade pode ser definida

    como a possibilidade do aprofundamento dado com sentido de amplitude, para

    conseguir alcanar simultaneamente a particularidade e a complexidade do real.

    Assim sendo a interdisciplinaridade surge como um paradigma questionador

    do modelo positivista, que fragmenta o saber e torna o conhecimento

    compartimentalizado. Verifica-se, assim, que o termo interdisciplinaridade nos

    remete ideia de colaborao entre diversas reas do saber e do conhecimento, em

    projetos que envolvem tanto as diferentes disciplinas acadmicas, quanto as

    prticas no cientficas e que incluem recursos humanos e instituies diversas, em

    um nico grupo.

    Portanto de acordo com algumas definies e cenrios citados acima a

    respeito da equipe multiprofissional e a interdisciplinaridade dentro da equipe de

    sade, a presente pesquisa volta seu olhar pela busca de cursos que possuem em

    seus desenhos semelhanas ligadas s questes mencionadas, e neste contexto foi

    possvel localizar algumas ofertas de cursos de curta durao, sendo estes de

    aprimoramento mas tambm os cursos de Ps Graduao, oferecidos pela UNA-

    SUS como o de Estratgia Sade da Famlia (ESF), Programa de Valorizao do

    Profissional da Ateno Bsica (PROVAB). O PROVAB foi institudo pela Portaria

    Interministerial n 2.087 de 1 de Setembro de 2011 como sendo um programa no

    mbito da Ateno Bsica e da Estratgia de Sade da Famlia, cujo principal

    objetivo foi o de ampliar o acesso Sade populao carente, incentivando

  • 30

    profissionais da sade recm-formados a trabalharem em regies marcadas pela

    escassez de mdicos, pela pobreza, tais como periferias das grandes metrpoles,

    populaes ribeirinhas, quilombolas, indgenas, alm de reas remotas da Amaznia

    Legal e do semirido nordestino. O Programa fez com que chegasse a essa

    populao o acesso ateno a sade com qualidade, conhecendo de perto a

    realidade dos usurios do SUS. Nesse mesmo sentido, o Programa Mais Mdico

    (PMM) lanado em 2013 com o intuito de diminuir a carncia de mdicos nos

    municpios do interior e nas periferias das grandes cidades do pas, reas prioritrias

    para o Sistema nico de Sade SUS conforme a LEI N 12.871, DE 22 DE

    OUTUBRO DE 2013 (Site Oficial UNA-SUS, 2016).

    Os participantes desses programas e aes dependem da educao

    tecnolgica e virtual, os cursos podem ser ofertados de maneira que todos tenham

    acesso, reduzindo cada vez mais as distncias geogrficas e socioeconmicas

    encontradas em nosso pas. A Educao a Distncia uma modalidade de

    educao caracterizada pela distncia entre professor e aluno, de maneira que no

    existe a necessidade de estarem em um mesmo ambiente ou no mesmo tempo,

    para que ocorra o ensino e aprendizagem.

    As novas abordagens educativas tm surgido em decorrncia da utilizao

    de recursos multimdias e ferramentas de interao a distncia no processo de

    elaborao e produo de cursos. Com o avano da tecnologia, das mdias digitais

    e da expanso da Internet, torna-se possvel o acesso a um grande nmero de

    dados e informaes, permitindo o envolvimento e a colaborao entre pessoas

    distantes geograficamente, inseridas em contextos diferenciados, favorecendo e

    mediando o processo de ensino e aprendizagem dos profissionais de reas distintas

    que compe uma mesma equipe, hoje a equipe multiprofissional. O trabalho da

    equipe multiprofissional definido por Peduzzi (1998) como um trabalho realizado

    em equipe de mltiplos profissionais de diferentes profisses e especializaes

    conhecida como multiprofissional, um trabalho coletivo de relao recproca frente

    as diversas intervenes tcnicas realizadas pelos profissionais atuantes de reas

    diferentes com o mesmo objetivo, que se d por meio de uma comunicao

    cooperada e clara facilitando ento a articulao das aes dos profissionais.

    Enquanto ocorre o avano tecnolgico na Educao a Distncia (EaD), o

    governo e a comunidade avanam na busca pela identidade, estruturao e

    reconhecimento da modalidade no pas.

  • 31

    Em 1996, foi criada a Secretaria de Educao a Distncia - SEED por meio do

    Decreto n 1.917 de 27 de maio. A SEED foi criada pelo governo para atender a

    modalidade de educao a distncia oferecida pelas instituies pblicas e privadas

    que exploravam as Tecnologias de Informao e Comunicao TIC nos processos

    de ensino e aprendizagem.

    Vrias so as definies encontradas na literatura para EaD, no entanto o

    conceito de Educao a Distncia no Brasil definido oficialmente no Decreto n

    5.622 de 19 de dezembro de 2005.

    Art. 1 Para os fins deste Decreto caracteriza-se a Educao a Distncia como modalidade educacional na qual a mediao didtico-pedaggica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizao de meios e tecnologias de informao e comunicao, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (Brasil, 2005, p.1)

    Segundo Moran (2009), a Educao a Distncia est cada vez mais, sendo

    utilizada na Educao Superior, em cursos abertos, de graduao e de ps-

    graduao. A modalidade cresce globalmente, tornando-se um meio fundamental de

    promoo de oportunidades para os indivduos.

    A crescente demanda por educao, devido no somente expanso populacional como, sobretudo s lutas das classes trabalhadoras por acesso educao, ao saber socialmente produzido, concomitantemente com a evoluo dos conhecimentos cientficos e tecnolgicos est exigindo mudanas em nvel da funo e da estrutura da escola e da universidade (Preti,1996, p.18).

    Nunes (1994) ressalta que a Educao a Distncia uma possibilidade

    importante para atender os diversos contingentes de alunos em diferentes

    realidades, de forma efetiva, procurando garantir a qualidade dos servios

    oferecidos em decorrncia da ampliao da clientela atendida.

  • 32

    Muitos foram os alcances da Educao a Distncia no pas, abaixo esto

    elencados, os textos norteadores para as instituies que oferecem essa

    modalidade de educao e para o desenvolvimento dessa modalidade com

    qualidade. Sendo assim faz-se necessrio descrever as fases de regulao e

    avaliao dos cursos dessa modalidade a distncia.

    O Decreto n 5.622 regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro

    de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. O Decreto

    caracteriza a Educao a Distncia como uma modalidade educacional, na qual a

    mediao didtico-pedaggica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com

    a utilizao de meios e tecnologias de informao e comunicao, com estudantes e

    professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos,

    estendendo-se ao ensino superior.

    O ensino superior a distncia no Brasil conquista espao a cada ano,

    crescendo em nmero de matrculas e regulamentada pelo Decreto de n 5.622.

    Art. 2o A educao a distncia poder ser ofertada nos seguintes nveis e modalidades educacionais: educao bsica, nos termos do art. 30 deste Decreto; educao de jovens e adultos, nos termos do art. 37 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996; educao especial, respeitadas as especificidades legais pertinentes; educao profissional, abrangendo os seguintes cursos e programas: tcnicos, de nvel mdio; e tecnolgicos, de nvel superior; educao superior, abrangendo os seguintes cursos e programas: sequenciais; de graduao; de especializao; de mestrado; e de doutorado. (Brasil, 2005, p.1)

    O Decreto n 5.773, de 9 de maio de 2006, regulamenta as funes de

    regulao, superviso e avaliao de instituies de educao superior e cursos

    superiores de graduao e sequenciais no sistema federal de ensino, inclusive na

    modalidade a distncia. Sendo reforada a questo da Autorizao do Ministrio da

    Educao, quanto a liberao da instituio ao fornecer cursos desta modalidade,

    quanto ao credenciamento dessas instituies educacionais, e no Captulo III, Art. 45

    discorre quanto as atividades de superviso relativas, aos cursos de graduao e

    sequenciais, aos cursos superiores de tecnologia e aos cursos na modalidade de

    educao a distncia.

    A partir desse contexto, que rege a EaD, a presente pesquisa avanou nas

    buscas pela definio de qualidade que mais se aproximasse da realidade em

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art37http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art37http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art37
  • 33

    questo.

    Existem diversas definies para o termo qualidade que convergem com a

    percepo individual, podendo variar de pessoas, ambientes, produtos entre outros.

    O que torna ainda mais dificultoso trabalhar a qualidade na educao a dificuldade

    de avaliao, tornando-se de vital importncia a discusso pertinente ao conceito de

    Qualidade do Ensino Superior (QES), que assume um carter polissmico.

    As contribuies de estudiosos da qualidade na educao e na indstria so

    apresentadas a seguir a fim de que se possa ter um olhar ampliado enquanto

    discentes, clientes, docentes e lderes do mercado. Antes de aprofundar, torna-se

    pertinente a compreenso da palavra qualidade. O termo latino qualitas significa

    essncia e denomina o que mais importante.

    A temtica da qualidade relevante graas a sua presena constante no discurso educacional, o que nos leva a indagar o significado do conceito, uma vez que este polissmico, temporal e

    atrelado a uma determinada sociedade. (Rothen, 2015, p.253).

    Parasuraman et. al (1985), consideram que o estudo da qualidade em

    servios, surgiu aps inquietaes que buscavam aprimorar a qualidade dos

    produtos, baseada por opinies diferentes, sendo as mesmas difceis de serem

    mensuradas. A nica maneira de mensurar a qualidade a avaliao do cliente em

    relao s especificaes do produto ou do servio. Atualmente, os conceitos de

    qualidade esto na abordagem centrada no usurio e de sua percepo.

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) publicou em 1994 a

    terminologia de qualidade por meio da NBR ISO8402, sendo qualidade descrita

    como um conjunto de propriedades e caractersticas de um produto, processo ou

    servio, que fornecem a capacidade de satisfazer as necessidades do cliente.

    Segundo Demo (1985), o conceito est diretamente ligado ao

    comprometimento da instituio com a qualificao do sujeito relacionada com a

    adoo da perspectiva educacional.

    Alguns autores conceituam qualidade como Deming (199