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ARTIGOS DE REVISÃO Perspectivas em Gestão & Conhecimento, João Pessoa, v. 4, Número Especial, p. 9-26, out. 2014. http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/pgc. ISSN: 2236-417X. Publicação sob Licença . ANÁLISE DE REDES SOCIAIS: PRINCÍPIOS, LINGUAGEM E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Joaquim Manuel Rocha Fialho Doutor em Sociologia pela Universidade de Évora, Portugal. Professor da Universidade de Évora, Portugal. E-mail: [email protected] Resumo Este artigo parte duma discussão sobre a evolução da Teoria das Redes Sociais e o seu enfoque na análise estrutural de relações sociais nos mais diversos campos das ciências socais e humanas. A linguagem técnica peculiar que sustenta a análise de redes sociais e os vários enfoques para a utilização da metodologia fazem parte duma reflexão e explicitação que procura elucidar o leitor menos familiarizado com esta perspetiva de mapeamento da realidade social. No último ponto é elaborada uma reflexão sobre as possibilidades de aplicação da análise de redes sociais na gestão do conhecimento. Palavras-chave: Análise de redes sociais (ARS). Vínculos. Grafos. Organizações e gestão do conhecimento. SOCIAL NETWORK ANALYSIS: PRINCIPLES, LANGUAGE AND ACTION STRATEGIES IN KNOWLEDGE MANAGEMENT Abstract This article starts from a discussion about the Theory of Social Network evolution and about its application on structural analysis of social relations on its different social and human science fields. The peculiar technical language which supports the social network analysis and its different ways of using the methodology are part of a reflection and explanation which pretend to clear the reader less familiar with the social reality. On the last point is elaborated a reflection on the possibilities of application of social network analysis in knowledge management. Keywords: Social network analysis (SNA). Links. Graphs. Organizations and knowledge management. 1 INTRODUÇÃO A conceção de redes é também polissémica e remete-nos para uma multiplicidade de sentidos e contra sentidos, quadro que se agudiza no contexto atual em que as redes sociais atravessam uma multiplicidade de ângulos e fenómenos sociais. O conceito de redes apresenta uma dinâmica descritiva e explicativa nos diferentes fenómenos sociais, razão pela qual é fundamental diferenciar a conceção de rede da conceção de rede social. Apesar da tradição filosófica de cerca de uma centena de anos, na década de noventa, os estudos sobre redes passaram a beneficiar de uma multiplicidade de significados associados à globalização, sociedade da informação e cibercultura. Hoje, a rede remete-nos para uma conceção ampla e que decorre do uso em vários domínios: redes organizacionais, redes informáticas, redes

Análise de Redes Sociais

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Análise de redes sociais

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  • ARTIGOS DE REVISO

    Perspectivas em Gesto & Conhecimento, Joo Pessoa, v. 4, Nmero Especial, p. 9-26, out. 2014.

    http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/pgc. ISSN: 2236-417X. Publicao sob Licena .

    ANLISE DE REDES SOCIAIS: PRINCPIOS, LINGUAGEM E ESTRATGIAS DE AO NA

    GESTO DO CONHECIMENTO

    Joaquim Manuel Rocha Fialho Doutor em Sociologia pela Universidade de vora, Portugal.

    Professor da Universidade de vora, Portugal. E-mail: [email protected]

    Resumo Este artigo parte duma discusso sobre a evoluo da Teoria das Redes Sociais e o seu enfoque na anlise estrutural de relaes sociais nos mais diversos campos das cincias socais e humanas. A linguagem tcnica peculiar que sustenta a anlise de redes sociais e os vrios enfoques para a utilizao da metodologia fazem parte duma reflexo e explicitao que procura elucidar o leitor menos familiarizado com esta perspetiva de mapeamento da realidade social. No ltimo ponto elaborada uma reflexo sobre as possibilidades de aplicao da anlise de redes sociais na gesto do conhecimento.

    Palavras-chave: Anlise de redes sociais (ARS). Vnculos. Grafos. Organizaes e gesto do conhecimento.

    SOCIAL NETWORK ANALYSIS: PRINCIPLES, LANGUAGE AND ACTION STRATEGIES IN KNOWLEDGE MANAGEMENT

    Abstract This article starts from a discussion about the Theory of Social Network evolution and about its application on structural analysis of social relations on its different social and human science fields. The peculiar technical language which supports the social network analysis and its different ways of using the methodology are part of a reflection and explanation which pretend to clear the reader less familiar with the social reality. On the last point is elaborated a reflection on the possibilities of application of social network analysis in knowledge management.

    Keywords: Social network analysis (SNA). Links. Graphs. Organizations and knowledge management.

    1 INTRODUO A conceo de redes tambm polissmica e remete-nos para uma multiplicidade de sentidos e contra sentidos, quadro que se agudiza no contexto atual em que as redes sociais atravessam uma multiplicidade de ngulos e fenmenos sociais. O conceito de redes apresenta uma dinmica descritiva e explicativa nos diferentes fenmenos sociais, razo pela qual fundamental diferenciar a conceo de rede da conceo de rede social. Apesar da tradio filosfica de cerca de uma centena de anos, na dcada de noventa, os estudos sobre redes passaram a beneficiar de uma multiplicidade de significados associados globalizao, sociedade da informao e cibercultura. Hoje, a rede remete-nos para uma conceo ampla e que decorre do uso em vrios domnios: redes organizacionais, redes informticas, redes

    mailto:[email protected]

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    virtuais, redes de comunicao, entre outras, num quadro de heterogeneidade condicionado pelo marco terico e pelas opes metodolgicas que nos ajudam a compreender a rede.

    A trilogia de Manuel Castells (1999, 2000) foi uma das obras que mais contribuiu para a discusso em torno do conceito de rede na teoria social, partindo da globalizao como objeto de anlise. O argumento de Castells consubstancia-se na tese de que o capitalismo est cada vez mais articulado em redes mundiais de circulao de capitais e produtos, e que isso tem um impacto preponderante nas pessoas e no mundo. Segundo Castells, as redes so globais; as identidades, embora possam ser estimuladas pelo processo de globalizao, so locais. Igualmente, a massificao das redes sociais virtuais, que estamos a presenciar, remete-nos para um quadro de complexidade em que importa compreender a arquitetura das interaes sociais que da resultam.

    Este artigo apresenta uma discusso sobre o relativo entendimento que existe nos nossos dias sobre as redes sociais e a anlise de redes sociais enquanto forma de olhar para a realidade social, a linguagem que configura esta forma de olhar para os diversos contextos pelos analistas de redes sociais, passando pelas medidas, tipos e formas de relao social que podem ser mapeadas, terminando com uma aproximao da anlise de redes sociais gesto do conhecimento. 2 O QUE SO REDES SOCIAIS?

    As redes sociais so redes de comunicao que envolvem uma linguagem simblica, limites culturais, relaes de troca e de poder.

    As redes sociais surgiram nos ltimos anos como um novo padro organizacional capaz de expressar, atravs da sua arquitetura de relaes, ideias polticas e econmicas de carcter inovador, com a misso de ajudar a resolver alguns problemas atuais. So a manifestao cultural, a traduo em padro organizacional, duma nova forma de conhecer, pensar e fazer poltica e de definir estratgias.

    Foi durante os anos 30 que alguns dos principais psiclogos da Gestalt abandonaram a Alemanha nazi para se instalarem nos Estados Unidos. Entre eles destacam-se nomes como Kurt Lewin, Jacob Moreno e Fritz Heider. Estes psiclogos partiram movidos pelo interesse de estudar as relaes sociais em pequenos grupos. Kurt Lewin debruou-se sobre o conceito de distncia social, a sua formalizao matemtica e representao grfica. Jacob Moreno dedicou-se ao desenvolvimento da sociometria, no como uma simples tcnica, mas sim como um paradigma que procurava substituir algumas das teorias sociais anteriores. Por outro lado, Heider advogou a ideia de que uma rede de relaes interpessoais se deve pautar por um equilbrio (balano ou equilbrio). Esta ideia foi tambm retomada por F. Harary, Norman e Cartwright (1965) atravs da aplicao da anlise de grafos anlise social. Apesar do avano que representou a aplicao e desenvolvimento da teoria dos grafos na anlise de redes sociais, os estudos empricos demonstram que no era possvel encontrar este equilbrio no sistema de relaes. Contudo, a noo de balano veio influenciar importantes estudos sobre os processos de transmisso de doenas resultantes de cadeias de contactos. Esta aplicao teoria dos grafos foi acompanhada pela descoberta por parte de outros autores que as relaes sociais se podiam representar atravs de matrizes, o que permitiu tratar matematicamente os sistemas sociais (WASSERMAN; FAUST, 1994; MOLINA, 2001).

    O objetivo que foi preconizado por Moreno assentava no estudo da influncia que a estrutura de relaes tinha na sade mental e a articulao dos pequenos grupos que envolvem os indivduos nos agregados familiares mais amplos, como por exemplo o Mercado e o Estado. Para operacionalizar este trabalho, Moreno desenvolveu as tcnicas quantitativas de recolha de dados relacionais (questionrios em que se solicitava a eleio de outros membros do grupo em funo de diferentes critrios) e procedendo sua apresentao

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    grfica atravs do recurso aos sociogramas. As esperanas depositadas na sociometria (segundo Moreno capaz de abranger a cidade inteira de Nova York) aos poucos foram sendo logradas. Os sociogramas, atravs da sua representao grfica, so efetivamente ferramentas teis e intuitivas para avaliar as relaes entre um nmero limitado de ns. A partir do momento em que o nmero de ns passa para cerca de 15 ou 20, os sociogramas tornam-se mais difceis e complexos de interpretar e, alm disso, a disposio dos ns fica totalmente ao critrio do investigador. Por outro lado, este tipo de anlise no tomava em considerao os ns isolados.

    A nfase da sociometria na observao e na recolha sistemtica de dados, o esforo para quantificar e formalizar as relaes sociais e a teorizao sobre as propriedades das redes sociais conceptualizadas atravs do recurso aos grafos, foram alguns dos pontos de mais relevantes desta perspetiva.

    Com influncias do pensamento sistmico, as redes do origem a novos valores, novas formas de pensar e a novas atitudes. Foi em 1954 que, pela primeira vez, se utilizou o conceito de rede social (social network) por intermdio do antroplogo britnico Jonh A. Barnes1.

    Por outro lado, e perante os vrios progressos na interpretao das redes sociais, a atual emergncia de novos valores e novas formas de pensar est intimamente associada ao desenvolvimento das tecnologias da informao e comunicao, s inovaes e novas descobertas do pensamento cientfico, globalizao, evoluo da cidadania, s novas formas de organizao social, bem como evoluo do conhecimento cientfico.

    O que distingue as redes sociais das redes espontneas e naturais reside na intencionalidade dos relacionamentos e nos objetivos comuns estabelecidos entre os elementos que nelas (redes) interagem. Contudo, apesar destas caractersticas especiais, a forma de operar das redes sociais traduz princpios semelhantes aos que regem os sistemas vivos. Deste modo, um passo decisivo para entender as dinmicas prprias do trabalho em rede , entender como a vida natural sustenta e se autoproduz, pois o conceito de rede foi criado a partir do estudo dos sistemas vivos.

    O conceito de redes sociais, tal como referido anteriormente, tem sido utilizado nas cincias sociais e humanas de diferentes modos e sentidos. Num sentido mais metafrico, refere-se a uma conceo da sociedade como sendo construda por redes de relaes interpessoais ou intergrupais. A noo de rede tambm utilizada como instrumento de anlise de redes e conexes, sendo mapeadas e classificadas no seu nmero, intensidade e qualidade de elos.

    A gnese do conceito de redes sociais est ancorada na Antropologia Social e conduz-nos at anlise etnogrfica das estruturas elementares de parentesco de Claude Lvi-Strauss na dcada de 40. Neste contexto, a ideia de rede social orientada para a anlise e descrio dos processos sociais que envolvem conexes que ultrapassam os limites dos grupos e categorias.

    Na dcada de 50, Radcliffe-Brown introduz o conceito de rede social total para caracterizar a estrutura social enquanto rede de relaes institucionalmente controladas ou definidas. Aqui, a rede social entendida como uma rede na qual todos os membros da sociedade ou parte dela, se encontram envolvidos.

    Elizabeth Bott2 (1971) foi uma das primeiras antroplogas a utilizar o conceito de rede como uma ferramenta para a anlise de relacionamentos entre pessoas e os seus elos pessoais em mltiplos contextos. Nestes estudos o enfoque est direcionado para as questes do 1 Analisou a importncia da amizade, parentesco e da vizinhana como relaes informais e interpessoais na

    produo e integrao dos pescadores duma pequena comunidade. Para o autor a vida social era considerada um conjunto de pontos (ns) que se estruturavam em teias de relaes. 2 Estudou a vida dum determinado nmero de famlias britnicas ao nvel das relaes de parentesco, tendo por

    base do estudo o desenho de redes.

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    tamanho da rede, o nmero de unidades de rede e os efeitos da relao entre os seus elementos. Em sntese, o enfoque destes estudos procurara entender a tipologia de contactos entre um determinado conjunto de indivduos, o tipo de vnculos que se estabelecem, as relaes descontnuas, a importncia dos papis que os indivduos definem para si nas relaes, a sua intensidade, durabilidade e frequncia.

    Os anos 80 foram prdigos em desenvolvimentos metodolgicos ao nvel da teoria da ao. Trs grandes linhas de investigao se sobressaem: a) o trabalho sobre os constrangimentos impostos pela posio na rede sobre a ao, que levou ao conceito de autonomia estrutural de Burt e de embeddedness em Granovetter; b) a investigao referente s redes sociais como oportunidades ou recursos para atingir determinados fins, que o caso do conceito de capital social desenvolvido por Coleman e Granovetter, entre outros; c) e os temas da influncia e difuso de inovaes desenvolvidas por vrios estudiosos, como Marsden, Friedkin, Burt e Valente, que postulam uma viso mais dinmica da anlise de redes, pois vm-nas como canais que os atores utilizam para influenciar os comportamentos de outros (GALASKIEWICZ; WASSERMAN, 1993 apud VARANDA, 2000, p. 93).

    Nos nossos dias o centro da investigao em anlise de redes sociais centra-se em quatro pontos essenciais: a) A utilizao de mtodos estatsticos possibilita aferir proposies relativas s propriedades da rede em detrimento da simples explicao; b) O avano no software estatstico que permite a visualizao das redes; c) As significativas melhorias ao nvel da recolha de dados, conseguindo-se uma informao mais precisa e vlida; d) Melhoria nos mtodos de anlise de dados longitudinais (WASSERMAN; FAUST, 1998).

    Ao nvel da divulgao da produo cientfica sobre a anlise de redes sociais destacam-se alguns avanos significativos, sobretudo a partir dos anos 70, beneficiando do impulso do INSNA International Network for Social Analysis3 que organiza anualmente uma conferncia internacional (Sunbelt) que rene os principais investigadores e possui tambm uma pgina na Internet com variadssimas publicaes de artigos. O INSNA tambm edita duas publicaes em formato online (Networks, Connections). A revista online Journal of Social Structure (JoSS) uma referncia ao nvel da publicao de artigos cientficos nos mais diversos campos da anlise de redes sociais. A Revista Redes4 e o stio5 http://www.redes-sociales.net so um recurso bastante considervel para a anlise, discusso e divulgao do tema. No campo do software6 de anlise de redes sociais tambm tm sido dados grandes avanos. O NetManager foi o primeiro passo neste sentido. Existem outros um pouco por todo o mundo. O Ucinet e o Pagek so alguns desses exemplos de ferramentas informticas que permitem desenvolver a anlise das redes. 3 ANLISE DE REDES SOCIAIS. LINGUAGEM, TIPO DE RELAES E NVEIS DE ANLISE 3.1 A linguagem

    Como j foi referido, a anlise de redes sociais estuda as relaes entre vrios elementos, designadamente, pessoas, grupos, organizaes, etc., sendo que, com cada tipo de relao se pode construir uma rede diferente. Uma das principais diferenas das anlises tradicionais que explicam a conduta dos atores em funo, por exemplo, da classe social ou profisso, que a anlise de redes sociais se centra nas relaes e atributos desses elementos. Quer isto dizer que a matriz que suporta a anlise de redes sociais a estrutura das relaes

    3 Disponvel em: http://www.insna.org

    4 Disponvel em: http://revista-redes.rediris.es

    5 Disponvel em: http://www.redes-sociales.net

    6 Na pgina do INSNA possvel descarregar de alguns destes programas.

    http://www.redes-sociales.net/http://www.insna.org/http://revista-redes.rediris.es/http://www.redes-sociales.net/

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    que assumem um carcter explicativo, mais significativo que os atributos pessoais dos elementos que compem um determinado sistema.

    A anlise de redes sociais tem, nos anos mais recentes, vindo a beneficiar dum enorme desenvolvimento das tcnicas de anlise de matrizes e grafos, nomeadamente atravs do desenvolvimento de ferramentas informticas. Associado a este contributo tem estado a estatstica e a matemtica que, por influncia das suas tcnicas, tem permitido objetivar muitas das anlises de redes sociais.

    O quadro de terico sobre as redes sociais parte das relaes sociais para definir a estrutura social em rutura com as anlises tradicionais das cincias sociais. Aqui o processo de investigao parte da identificao de categorias predefinidas (classes sociais, grupos, organizaes, departamentos, etc.) seguindo-se um levantamento das unidades independentes entre si, as quais so posteriormente agregadas com a inteno de perceber a consistncia no seu comportamento. Um dos constrangimentos deste tipo de anlise que estas relegam toda a informao que resulta do relacionamento entre as entidades sociais. Apesar da grande maioria das teorias sociolgicas se debruar ao nvel do relacionamento entre os atores, o contributo mais significativo da anlise das redes resulta da introduo de instrumentos tcnicos que possibilitam avaliar empiricamente os postulados tericos sobre a natureza das relaes e o carcter estrutural das redes.

    Existe alguma perturbao relativamente ao significado atribudo anlise de redes sociais. Estas indefinies resultam de, em determinadas disciplinas e correntes dentro das mesmas disciplinas, transmitirem vrios significados e formas. Por outro lado, a multiplicidade de utilizaes que so dadas ao conceito de rede em nada abonam a sua clarificao, criando um uma amlgama de sentidos e contra sentidos.

    Porm, apesar avanos, a anlise de redes sociais continua a estar associada a uma elite de cientistas sociais que dominam uma linguagem muito particular e que, em certa medida, pode funcionar como um obstculo para os cientistas sociais mais familiarizados com a lgica dos atributos nas suas anlises dos fenmenos sociais.

    Dentro duma linguagem muito particular, as matrizes7 e os grafos tm-se constitudo como a principal ferramenta para traar e apresentar as interaes entre indivduos, grupos e organizaes.

    Por conseguinte, tal como referem Alejandro e Norman (2005) as caractersticas particulares da anlise de redes sociais fazem com que as ferramentas estatsticas de uso corrente no seu todo no sejam adequadas para a anlise das redes.

    por esta razo que, um pouco por todo o mundo, vrios investigadores tm desenvolvido instrumentos matemticos/informticos especficos para a anlise de redes sociais, nomeadamente ao nvel de ferramentas que permitem criar e analisar indicadores que explicam a estrutura individual e coletiva duma determinada rede.

    Para a compreenso da estrutura da rede fundamental identificar trs elementos bsicos: a) ns ou atores; b) vnculos ou relaes; c) fluxos.

    Os ns ou atores so as pessoas ou grupos de pessoas que se encontram movidas por um objetivo comum. Regularmente os ns ou atores representam-se por crculos. A soma dos ns representa o tamanho da rede.

    Os vnculos so os laos que existem e se estabelecem entre dois ou mais ns. Numa rede de amigos, por exemplo, um ator exibe um vnculo direto com outro ator. Os vnculos de relaes so representados por linhas.

    7 Na literatura de anlise de redes sociais surgem comummente a designao de Matrizes de Modo 1 e Matrizes de

    Modo 2. As matrizes de Modo 1 tm nas linhas e colunas o mesmo nmero de actores, so binrias ou ponderadas, simtricas ou assimtricas. As matrizes de Modo 2 so matrizes rectangulares, com mais pessoas numa lista que outra ou seja, tm duas sries diferentes de actores (MOLINA, 2001).

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    O fluxo indica a direo do vnculo. Estes fluxos podem assumir vrias designaes: unidirecional ou bidirecional. Quando um ator no tem nenhum tipo de fluxo, o que implica tambm a inexistncia de vnculos, significa que se trata dum n solto dentro da rede ou ator isolado.

    As analistas de redes sociais recorrem a ferramentas matemticas para representar os padres de relaes entre os vrios atores. Entre estas formas de representao esto os grafos ou sociogramas. 3.1.1 As principais medidas da rede

    Nos ltimos anos, tal como j foi referido anteriormente, a anlise de redes sociais tem beneficiado dum enorme avano estatstico, nomeadamente por influncia de aplicaes informticas e duma maior adeso de cientista sociais.

    Este desenvolvimento de ferramentas estatsticas conduz-nos a duas categorias de medidas estruturantes de anlise de redes sociais: a) descritivas; b) de anlise estrutural. Segundo Knoke e Kuklinsky (1982) referem que as medidas estatsticas capturam as propriedades emergentes (no-linares) dos sistemas sociais que no podem ser avaliadas pela simples agregao de atributos dos membros individuais.

    Por outro lado, estas propriedades emergentes podem influir profundamente na performance do sistema e o comportamento dos membros da rede.

    O recurso aos algoritmos relevante. Os algoritmos que definem as estatsticas descritivas so mais comuns e de simples aplicao; os algoritmos de anlise estrutural so relativamente mais complexos, na medida em que evidenciam a estrutura invisvel subjacente rede (medidas de capital social e buracos estruturais so fornecidos pelos algoritmos).

    Esta ltima categoria fundamental para a compreenso, manuteno e evoluo das redes sociais (BURT, 1992; DEGENNE; FORS, 1994). Com base na identificao das posies e dos papis desempenhados na estrutura social duma rede possvel determinar os padres de relaes entre os atores e, consequentemente, comparar mltiplos processos interativos.

    Em rigor, na anlise de redes sociais devem ser utilizadas combinaes de medidas de rede. As medidas descritivas so complementares quando se pretende identificar ou comparar o grau de insero (embeddedness) dos diferentes atores.

    O quadro seguinte apresenta um conjunto de medidas descritivas e estruturais que podem ser utilizadas na descodificao de cada realidade socio-organizacional.

    Quadro 1- Sntese das Medidas da rede

    Medidas descritivas

    Densidade (density) a proporo de laos efetivos entre os laos possveis. Uma medida do grau de insero dos atores na rede.

    Centralidade (centrality) Permite obter a localizao do ator em relao rede local

    Proximidade (closeness) Grau de proximidade em relao a outros atores na rede

    Intermediao (betweeness) Permite medir o grau de interveno de cada ator relativamente a outros atores da rede

    Distncia geodsica (distance) Mede o grau de afastamento da localizao dum ator em relao a outro

    Alcance (reachability) Mede a extenso do contacto que um ator estabelece com outros atores na rede

    Subgrupos (cliques) Permite medir o grau de concentrao e formao de subgrupos numa determinada rede

    Medidas estruturais

    Densidade (density) Mede o grau de coeso e homogeneidade

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    Transitividade (transitivity) Mede o grau de flexibilidade e cooperao duma determinada rede

    Equivalncia estrutural Mede a posio relativa dum ator na rede

    Equivalncia regular Medida menos estrita que a anterior mede o papel social

    Buraco estrutural Mede o grau de coeso e competio da rede

    Fonte: Molina (2001), Hanneman (2001), Wasserman e Faust (1998), Degenne e Fors (1994).

    De acordo com Degenne e Fors (1994) existem quatro pontos fundamentais que

    sistematizam a anlise estrutural das redes sociais: a) A estrutura influi na ao de forma formal atravs dum fraco determinismo: concentrao ou disposio de determinadas estruturas favorece ou facilita a ao para esse caminho; b) A estrutura influi nas percees de autointeresse: o ator percebe mais facilmente as alternativas pessoais de escolha que fazem parte dos seus relacionamentos e por isso fazem mais sentido, objetiva e (inter) subjetivamente; c) O princpio da racionalidade: indivduos racionais tomam as suas decises como funo de interesses pessoais (numa escala de preferncias), o que induz ao; d) A estrutura um efeito emergente das interaes sociais: cada interao num sentido refora o arranjo estrutural desse sentido.

    Contudo, para alm dos desenvolvimentos dos instrumentos de anlise das redes sociais, as tcnicas de recolha de dados devem ser adaptadas ao objeto de estudo e, sendo a imaginao do investigador, um fator fundamental (LAZEGA, 1998).

    3.2 O tipo de relaes e nveis de anlise

    Nos nossos dias tem estado na moda a noo de rede social como formula para

    designar uma panplia de ngulos e fenmenos sociais. Esta quase massificao do conceito pode estar na gnese de alguns sentidos e contra sentidos que venham ser imputados ao conceito de rede.

    Para Merckl (2004, p. 93), a anlise de redes sociais no uma tcnica que procura simplesmente proceder a uma descrio das estruturas sociais, uma espcie de sociografia do mundo social.

    A anlise de redes sociais parte dum postulado clssico que define a dimenso coercitiva dos fenmenos sociais e que define uma aproximao sociolgica depois de Durkheim. Este postulado procura as causas dos factos sociais nas caractersticas dos desenvolvimentos estruturais em que eles se inserem. A forma das redes pode ser tomada como um fator explicativo dos fenmenos sociais analisados porque, por exemplo, determina a acessibilidade de alguns recursos sociais, como o prestgio, a amizade, o poder, etc.

    Esta lgica de rede assume-se como uma espcie de varivel contextual de elevada complexidade em que, partindo do contexto (estrutura), se procuram explicaes para os fenmenos, numa espcie de rutura com as anlises sociolgicas ditas tradicionais.

    Para Molina (2001) a anlise de redes sociais centra-se no estudo das relaes estabelecidas entre um conjunto definido de elementos (pessoas, grupos ou organizaes), separando-se das anlises sociolgicas tradicionais que se centram sobretudo nos atributos destes elementos.

    Mitchell, citado por Merckl (2004, p. 93), refere que a rede se assume como um conjunto particular de interligaes (linkages) entre um conjunto limitado de pessoas, com a propriedade suplementar que as caractersticas dessas inter relaes consideradas como uma totalidade, podem ser utilizadas para interpretar o comportamento social das pessoas implicadas

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    A compreenso dos fenmenos sociais pela anlise de redes sociais enfatiza os dados relacionais. Entende-se por dado relacional um vnculo especfico existente entre um par de elementos (atores). Este vnculo especfico pode ser entendido, por exemplo, como o volume de transaes comerciais entre dois pases, o nmero de vezes que uma determinada pessoa assistiu a um comcio dum partido poltico, etc.

    Segundo Wellman (1997) a anlise de redes sociais assenta fundamentalmente em duas perspectivas analticas que se complementam:

    a) A egocentrada em que o tipo de anlise est direcionada para um determinado n/ator (ego) e outros ns/atores da rede com os quais o n egco mantm relaes. Assim, o nmero, a magnitude e a diversidade das conexes estabelecidas direta ou indiretamente com o ego determina os restantes ns da rede;

    b) A rede completa na qual a informao sobre o padro de laos entre todos os ns atores na rede utilizada, dum modo geral, para identificar os subgrupos reticulares com um maior nvel de coeso interna.

    A partir da perspetiva de rede completa fundamental a etapa de identificao dos papis e posies sociais que se manifestam pelo padro das relaes observadas entre os atores da rede. A tarefa emprica assenta na distino dos atores que apresentam maior semelhana, enumerar o que os torna semelhantes, identificar o que os torna diferentes. a relao entre os ocupantes de dois papis que define o significado desses papis (HANNEMAN, 2001).

    Contudo, importa sublinhar tambm que as caractersticas singulares da anlise de redes sociais implicam que as ferramentas estatsticas correntes possam no ser as mais adequadas. Por este facto, muitos investigadores e estudiosos da anlise de redes sociais, tm desenvolvido instrumentos matemticos especficos para aplicao na anlise de redes sociais, permitindo construir indicadores capazes de explicar a estrutura duma rede a nvel individual ou enquadrada no seu conjunto.

    A estrutura da rede pode analisar-se atravs de mltiplos indicadores que dependem dos objetivos que subjazem investigao que se est a desenvolver.

    Os indicadores de centralidade permitem analisar a rede quer no seu conjunto, como a ttulo individual, gerando diversos resultados: nvel de conectividade da rede; indivduos com maior ou menor nmero de interaes; intermediao de alguns atores ao nvel dos relacionamentos com outros indivduos e, por ltimo, a proximidade entre os indivduos atravs das suas interaes.

    A formao das redes sociais tem tambm por base um conjunto de elementos que permitem o estabelecimento dos vrios tipos de relao. No quadro dos diferentes tipos de relao surgem tambm diferentes tipos de redes.

    As redes sociais, beneficiando das diferenas dos elementos que as integram, podem constituir-se em tipologias diferentes. A principal tipologia resulta da forma e do contedo da relao. A forma a propriedade das relaes entre cada par de atores. Os aspetos que constituem a forma so: a) A intensidade ou fora do vnculo que se estabelece entre os atores; b) O nvel de compromisso assumido em determinadas atividades.

    O contedo duma relao encontra-se dependente duma funo instrumental. nesta lgica que Knoke e Kuklinski (1982) apresentam um quadro de contedos caractersticos das relaes: a) Relaes de comunicao. Os laos que se estabelecem entre os atores so os canais de transmisso e de veiculao das mensagens entre os atores do sistema; b) Relaes de transmisso. H um intercmbio de controlo atravs de meios fsicos e simblicos que funcionam, por exemplo, como regras das relaes; c) Relaes instrumentais. Os contactos entre os atores assentam numa lgica de partilha mtua de segurana, bens, servios e informao; d) Relaes sentimentais. As redes apontadas como as mais frequentes so aquelas em que os indivduos expressam os seus sentimentos de afeto, admirao, dio ou

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    hostilidade uns com os outros; e) Relaes de autoridade e poder. So aquelas que se verificam nas organizaes formais complexas. Implicam os direitos e deveres dos atores e uma lgica de respeito e subordinao aos superiores; f) Redes de parentesco e descendncia. So um tipo especial de redes que indicam as posies dos membros numa estrutura familiar e apresentam tambm algumas vicissitudes com as anteriormente referidas.

    Fischer (1982) apresenta uma outra tipologia das relaes que geram as redes sociais: a) Relao formal. Assenta nos papis organizados social e culturalmente, como por exemplo pai-filho, patro-empregado, etc.; b) Relao sentimental. Tem por base uma lgica de afetividade, na qual um indivduo se compromete a ajudar; c) Relao de intercmbio. Quando um indivduo se compromete com os outros para a realizao dum conjunto de atividades.

    Para alm das tipologias das redes, o mapeamento das redes pode ser efetuado com base no modelo de blocos conhecido por blockmodels8 cujo principal objetivo desenhar grupos de actores estruturalmente equivalentes. Cada bloco interpretado como um modelo abstrato de unidades agregadas que se representam por uma lgica de afinidade entre si. Deste modo, os blocos identificam as regularidades da estrutura relacional que, por vezes, no percetvel no universo total da rede (REQUENA SANTOS, 1991).

    As mltiplas concees de rede tm como pensamento comum a imagem de fios, ligaes, teias e conexes que constituem um tecido comum. Neste quadro est implcita a ideia e a lgica de interdependncia e de multicausalidade.

    Por outro lado, Norbert Elias (1994) reporta-se ideia do vnculo que os indivduos vo construindo no decurso da sua vida e, at mesmo, antes de nascerem:

    Para ter uma viso mais detalhada desse tipo de inter-relao, podemos pensar no objeto de que deriva o conceito de rede: a rede de tecido. Nessa rede muitos fios isolados ligam-se uns aos outros. A rede s compreensvel em termos da maneira como eles se ligam, da sua relao recproca. [] Talvez ele atenda um pouco melhor seu objetivo se imaginarmos a rede em constante movimento, num tecer e destecer ininterrupto de ligaes. assim que efetivamente cresce o indivduo, partindo de uma rede de pessoas que existiam antes dele para uma rede que ele ajuda a formar (ELIAS, 1994, p. 35).

    Nesta conceptualizao de sociedade e dos indivduos em rede, est subjacente a ideia de rede de relaes, movimento, fluxo e mudana, resultante de processos de construo e/ou desconstruo de relaes. Por outro lado, a multicausalidade entendida a partir dos efeitos das redes, enquadradas fora do seu espao e desenvolvendo a ideia de que os limites das redes nem sempre so de fcil definio.

    Relativamente descentralidade, Loiola e Moura (1997, p. 54) referem que a presena de um ponto central, de uma fonte geradora/propulsora, no figura no significado de rede. A igualdade e a complementaridade entre as partes so os seus aspetos bsicos, reforados pela regularidade entre as malhas.

    A descentralidade e complementaridade esto associadas a processos democrticos, na medida em que cada indivduo deve ser responsvel pelo todo da rede e nenhuma pessoa

    8 O modelo dos blocos foi desenvolvido por White (1976) e que assentava no estabelecimento duma matriz

    quadrada para cada tipo de veculo. Contrastando com os laos fortes e fracos como o factor mais representativo na anlise dos contatos entre os grupos de populao relativamente grandes. Os blocos assentavam no seguinte postulado: a) A equivalncia estrutural implica que os membros duma determinada populao se encontrem divididos em diferentes conjuntos tratados homogeneamente nas suas relaes internas e nas suas relaes com os outros conjuntos; b) O indicador primrio duma relao entre os blocos a existncia ou ausncia de vnculos entre os indivduos dos diferentes conjuntos; c) Para se estabelecer um sistema de blocos necessrio o maior nmero possvel de vnculos diferentes, de forma a se poder representar a estrutura social do conjunto total.

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    isolada pela tomada de decises. As redes so coordenadas e no controladas e, acumulam tambm uma lgica de partilha.

    A ideia de rede social resultante da ideia de estrutura sem fronteiras ou comunidade no geogrfica pode induzir na representao de rede como um conjunto de participantes autnomos. Contudo, a partir do momento em que os participantes na rede partilham os mesmos valores e interesses, comea a ganhar corpo a ideia de rede.

    A estrutura duma rede pode analisar-se a partir de diversos indicadores que variam consoante os resultados que o investigador pretende captar. A este propsito, Borgatti (2003) identifica quatro nveis de anlise das redes sociais9: a) Nvel das dades: que assenta ao nvel da proximidade incrementada e das possibilidades de comunicao; b) Nvel dos atores: associada s posies que os atores ocupam na rede e os seus nveis de influncia; c) Nvel da rede/grupo: assente na lgica de que as equipas mais coesas agem melhor?; d) Dades e atores mesclados: os trabalhadores do mesmo sexo comunicam mais entre si do que com os do sexo contrrio?

    Por outro lado, para Lazega (1998), o nvel de anlise da investigao em redes sociais pode caminhar em trs sentidos alternativos: a) Nvel egocntrico em que se procede a um levantamento das redes do ator a nvel individual e se procura comparar indivduos e explicar algumas diferenas entre eles; b) Nvel relacional em que se focam as caractersticas das dades, trades ou subestruturas intermedirias de nvel mais elevado. Procura enumerar as relaes entre si (simetria, assimetrias, fora de ligao, etc.); c) Nvel estrutural que procura compreender as posies e papis dos atores no sistema e descrever a natureza das relaes entre as posies.

    Para a concretizao destes nveis de anlise, Lazega (1998); reporta-se a trs tipos de dados que devem ser tidos em conta na conceo dum estudo duma rede: a) Dados sobre relaes (recursos); b) Dados sobre os atributos dos atores; c) Dados sobre os comportamentos suscetveis de serem influenciados pela posio dos atores no quadro da estrutura relacional a ser observada.

    Dos diversos nveis de anlise das redes sociais possvel o agrupamento em dois grandes grupos. O global e o posicional. Contudo, no existe um consenso generalizado sobre as dimenses mais importantes a utilizar na anlise. As dimenses de uso mais recorrente na literatura sobre anlise de redes sociais so, segundo Porras (2001): a) Tamanho: o nmero de atores que participam numa rede; b) Nmero de interesses envolvidos na rede; c) Coeso o nmero de interaes existente entre os participantes da rede com a sua relao ao seu nmero potencial; d) Intensidade associada frequncia e volume de atributos transacionados; e) Estabilidade ou persistncia no tempo das relaes; f) Autonomia ou nvel de permeabilidade da rede a atores identificados como externos rede.

    Tal como sublinha Porras (2001) a lgica que subjaz coeso (alnea c) uma intuio estrutural, que se baseia nas relaes que vinculam atores similares e que geram processos de socializao por interao. Por outro lado, tambm comum o tipo de anlise posicional, cujo objetivo analisar as propriedades relacionais dos diferentes atores em relao ao conjunto da rede. Na base desta anlise esto os seguintes princpios: a) O princpio da centralidade que foca o ponto da rede no qual se concentram o maior nmero de recursos, funes e competncias. A partir deste princpio possvel identificar os seguintes atores na rede: 1) Atores centrais que se encontram situados numa posio de deciso na rede. Participam no quotidiano da rede, ao nvel das discusses, atravs da sua relao simbitica na definio dos resultados. 2) Atores intermdios que mesmo sem se situarem no centro da rede, conseguem exercer a sua influncia atravs de alianas com outros atores. 3) Atores perifricos que se situam nas zonas mais distantes da rede e raramente conseguem influenciar os atores mais

    9 Existem tambm as redes sociocntricas e as redes egocntricas.

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    centrais; b) O princpio de intermediao. Trata-se da centralidade que exercida por atores intermedirios denominados por brokers. Esta posio no meio de outros atores assume um quadro de poder e controlo das interaes de vrios caminhos da rede; c) O princpio da proeminncia que se caracteriza como a deferncia que demonstram o resto dos atores relativamente a um determinado ator, d) O princpio da equivalncia estrutural que identifica as linhas de ao uniformes que definem posies sociais, sendo estas ocupadas por atores que so substitudos entre si tendo em conta os seus laos relacionais. Este princpio da equivalncia estrutural permite trabalhar com redes complexas e com atores que ocupem posies similares, recorrendo ao block modelling (PORRAS, 2001).

    Porm, a anlise de redes sociais revestida por esta terminologia matemtica pode fazer sobressair, erradamente, a ideia que os dados qualitativos no so importantes na anlise de redes sociais. A este propsito, Lazega (1998) adverte que os dados de carcter qualitativo so indispensveis para desenvolver a intuio sobre as relaes entre os atores.

    4 PISTAS PARA APLICAO GESTO DO CONHECIMENTO

    As redes sociais gozam hoje de uma posio nevrlgica do ponto de vista da

    organizao da sociedade e, em particular, no contexto organizacional. No me reporto em exclusivo s redes sociais virtuais (Facebook, Twitter, Linkedin, MySpace, Orkut, entre outras), mas a tudo que pode ser enquadrado dentro das formas de interao e de fluidez da comunicao nas organizaes.

    Com o avano das tecnologias da informao e com a inevitvel evoluo da sociedade, as redes sociais so hoje uma base material que sustenta uma multiplicidade de processos sociais. Tal como sublinha Castells (1999), as redes constituem uma nova base material para redefinir os processos sociais predominantes.

    No quadro da sociedade contempornea, as redes sociais solidificaram-se como ferramentas de aprendizagem e divulgao da informao em contexto organizacional, constituindo novas formas e ferramentas de facilitao da gesto colaborativa e cooperativa, rompendo com as lgicas de interao ditas tradicionais. Estas novas formas de relacionamento potenciadas pela dinmica das redes permitem um intercmbio de interaes clere e que amplifica as ideias a disseminar.

    Quando nos anos noventa se comeou a falar com maior regularidade em gesto do conhecimento j a anlise de redes sociais gozava de duas dcadas de discusso e consolidao em torno dos seus mtodos e tcnicas de anlise das interaes sociais. Falar em gesto do conhecimento falar e formao, captao, armazenagem e partilha de conhecimento ao servio de uma ou de vrias organizaes. Porm, por vezes encontramos alguma confuso entre conhecimento e informao. No sendo inteno deste artigo discutir as diferenas e semelhana sobre os conceitos, importa situar que a informao encontra-se associada ao resultado obtido, enquanto o conhecimento o surge associado ao resultado a obter.

    Nos nossos dias, a gesto do conhecimento, ocupa um lugar central enquanto estratgia na competitividade das organizaes, proporcionando-lhes condies para a sua sobrevivncia no mundo em constante mudana, veloz, globalizado e, fundamentalmente, em rede.

    Na histria da humanidade, o conhecimento sempre ocupou um lugar estratgico do ponto de vista do poder entre naes, competio entre organizaes e de apoio deciso nos mltiplos setores de atividade. Porm, no basta ter o conhecimento. Ter o conhecimento por si s, no trs mais-valias para a organizao. No quadro dum mundo globalizado e em rede, no qual as transformaes ocorrem a uma velocidade vertiginosa, o tempo para a tomada de

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    deciso cada vez menor. O capital intelectual a principal vantagem competitiva para o sucesso das organizaes.

    As organizaes passaram a olhar para as interaes ocorridas nas redes sociais como atividades da agenda gesto do conhecimento. A gesto do conhecimento visa a sustentao do processo de deciso nos diversos nveis da organizao. Identificar a multiplicidade de fluxos de comunicao na organizao, mapear e descodificar os vrios sentidos dos fluxos atravs dos quais partilhado o conhecimento e compreender quais as metamorfoses ocorridas com a criao de conhecimento novo so, na minha perspetiva, algumas das potencialidades que a anlise de redes sociais pode trazer para a gesto do conhecimento nas diversas organizaes. Este tipo de anlise diagnstica de recolha do sentido e dos efeitos das interaes e o conhecimento daqui retirado poder funcionar como um fator de mudana organizacional.

    Segundo Corrales (2005), atravs da anlise de redes sociais dispomos de uma panplia de possibilidades para compreendermos as interaes sociais em vrios ngulos:

    1. Diversidade de atores: em qualquer rede so possveis de ser identificados pelo menos dois atores, que podem ser pessoas ou instituies.

    2. Interesses comuns: existem interesses comuns como condio fundamental para a formao das redes.

    3. Intercmbio de recursos: a proximidade, o contacto direto e a proximidade entre os atores estimula o desenvolvimento de relaes de confiana, a partir das quais se desenvolvem estratgias de cooperao.

    4. Cooperao contnua versus cooperao pontual: as relaes de confiana surgem com maior naturalidade de processos de cooperao contnua entre atores.

    5. Compromisso: o compromisso dos atores um fator fundamental para se atingirem os objetivos dos atores.

    6. Relaes relativamente estveis: Na lgica da dinmica das redes esto relaes que surgem se fortalecem, se debilitam, rompem, se reconstroem e condicionam a estrutura e as relaes da rede.

    7. Articulao comunitria: as redes configuram novas articulaes comunitrias de ao.

    8. Horizontalidade versus hierarquia: O plano horizontal em que se desenvolve o trabalho em rede contraria os modelos tradicionais de verticalidade.

    O processo de gesto do conhecimento est ancorado em distintos tipos de redes. As diferentes formas de relao (chats, fruns e grupos de discusso, comunidades de prtica, blogs, entre outros) constituem um papel de socializao organizacional em que so trocados saberes e prticas que podem consubstanciar uma soluo para a resoluo de problemas organizacionais, a partir desses ambientes virtuais, conferindo gesto de conhecimento uma rotina organizacional.

    Pensar na anlise de redes sociais como metodologia ou tcnica ao servio da Gesto do Conhecimento um caminho em aberto. Compreender a dinmica das relaes organizacionais ou outras, descodificar os fluxos de informao, compreender os mecanismos e os atores que influem no poder em ambientes complexos e turbulentos, explicar a estrutura social a nvel macro e a ao individual num contexto micro so alguns caminhos a percorrer no quadro desta dicotomia redes versus gesto do conhecimento. 5 CONSIDERAES FINAIS

    A anlise de redes sociais considerada uma metodologia que se debrua sobre o

    estudo das relaes entre entidades e objetos de vrias naturezas. Inicialmente, a anlise de redes foi aplicada aos sistemas de telecomunicaes e informtica, circuitos eletromagnticos,

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    sistemas de engenharia (transportes) e sistemas geogrficos (estudos sobre bacias hidrogrficas). No quadro das relaes sociais a anlise de redes sociais contribuiu para a compreenso de problemas complexos, designadamente, a integrao na estrutura social (macro) e a ao individual (micro) (DEGENNE; FORS, 1994). Hoje, podemos encontr-la aplicada a vrios contextos organizacionais ou sociais.

    Desde os estudos clssicos sobre anlise de redes sociais at aos nossos dias, tem ficado evidente que a teoria das redes sociais tem sido utilizada nas mais variadas teorias sociais. Desde os estudos clssicos de Barnes (1954) e Bott (1957) at aos nossos dias o enfoque das redes sociais tem-se centrado no estudo das relaes entre indivduos em diferentes questes e situaes sociais.

    A anlise de redes sociais no um fim em si mesmo. Assume-se como o meio para a realizao duma anlise estrutural cujo objetivo explicar os fenmenos em estudo. A anlise de redes sociais pretende pois evidenciar que o estudo duma dade (interao entre duas pessoas) s tem fundamento em relao ao conjunto das outras dades da rede, dado que a sua posio estrutural tem necessariamente um efeito sobre a sua forma, contedo e funo. Deste modo, a funo duma relao est dependente da posio estrutural dos elos, e o mesmo se verifica com o status e o papel do ator. Uma rede no se resume como a simples soma das relaes, e a forma como exercida a influncia em cada relao (DEGENNE; FORS, 1994).

    Compreender a estrutura duma rede e o quadro no qual se desenvolvem as relaes uma das principais misses da anlise de redes sociais. Apesar das diferenas entre cenrios, se olharmos para atuao duma pea de teatro onde se denota a desmotivao dos atores na representao e, s no final percebermos que sala onde representam se encontrava desprovida de pblico, estaremos a cometer o mesmo erro se, na anlise das relaes entre determinados atores, no percebermos o cenrio onde decorrem as suas aes. Devemos ter esse cuidado na anlise de redes sociais.

    Uma das potencialidades da anlise de redes sociais assenta na possibilidade de radiografarmos as interaes sociais entre atores, ou seja, percebermos o lugar que cada um ocupa na estrutura organizacional ou social. Esta potencialidade da visualizao no pacfica. Entre a comunidade cientfica a discusso tem sido prdiga relativamente aos mais consistentes procedimentos e tcnicas de anlise de redes sociais10. Porm, uma correta e consistente visualizao das redes sociais uma ferramenta extremamente possante para a anlise e interpretao dos dados. A visualizao permite, graficamente, identificar as dinmicas que se estabelecem entre determinados atores. Assim, a visualizao ser sinnimo de representao dos atributos e posicionamento dos atores na rede, representar as relaes que se estabelecem num determinado contexto e, favorecer uma compreenso grfica dum determinado relacionamento inter ou intra organizacional, pessoal ou grupal.

    Uma discusso que no est acabada sabermos se a anlise de redes sociais configura uma metodologia, tcnica ou um novo paradigma nas cincias sociais e humanas. A resposta complexa e varia consoante o posicionamento de cada autor. Esta uma pergunta que no fica respondida, nem discutida, neste artigo. Apenas fica a chamada de ateno.

    Do ponto de vista da aplicao em contexto organizacional, Nohria (1992) apresenta trs motivos para a utilizao do estudo das redes no ambiente organizacional:

    1. O aparecimento dum novo padro de competitividade que estimula as organizaes a encontrar relaes de colaborao, em detrimento de relaes competitivas;

    10

    A este propsito recomenda-se o volume 9 (Dezembro de 2005) da Revista Redes, sobre o tema da visualizao de redes sociais.

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    2. As metamorfoses no campo das tecnologias da informao despoletaram uma revoluo no tipo de operaes e interligaes entre as organizaes de todo o mundo;

    3. O amadurecimento da anlise de redes enquanto disciplina acadmica. Acrescenta Nohria (1992) que as perspetivas de redes e consequente aplicao no

    estudo das organizaes pelos diferentes autores, partem comummente do postulado que as organizaes se contextualizam e ancoram em redes sociais e devem ser investigadas enquanto tal. Uma rede social , por inerncia, um conjunto de pessoas, organizaes, etc., que se encontram ligadas entre si atravs dum conjunto de relaes sociais de tipo especfico. Nesta perspetiva, a estrutura de qualquer organizao deve ser estudada e compreendida relativamente s suas redes mltiplas de relaes internas e externas. Neste quadro, todas as organizaes so redes e a forma organizacional depende das caractersticas particulares das redes.

    Outra das dificuldades que encontramos na anlise da rede a delimitao das fronteiras. Sabemos onde comea a relao, mas podemos no saber onde a complexidade das interaes vai terminar. Do ponto de vista da operacionalizao, podemos encontrar trs elementos distintos para a perceo das suas fronteiras das redes:

    Econmico que pressupe as atividades e recursos que servem de intercmbio nas redes;

    Social no qual se enquadram os atores das redes e as relaes de confiana que estabelecem entre si;

    Estratgico que surge associado ao valor que produzido no quadro da rede. Os anos 80 foram prdigos em desenvolvimentos metodolgicos ao nvel da teoria da

    ao. Trs grandes linhas de investigao se sobressaem deste perodo: 1) o trabalho sobre os constrangimentos impostos pela posio na rede sobre a ao,

    que levou ao conceito de autonomia estrutural de Burt e de embeddedness em Granovetter;

    2) a investigao referende s redes sociais como oportunidades ou recursos para atingir determinados fins, que o caso do conceito de capital social desenvolvido por Coleman e Granovetter, entre outros;

    3) e os temas da influncia e difuso de inovaes desenvolvidas por vrios estudiosos, como Marsden, Friedkin, Burt e Valente, que postulam uma viso mais dinmica da anlise de redes, pois vm-nas como canais que os atores utilizam para influenciar os comportamentos de outros (GALASKIEWICZ; WASSERMAN, 1993 apud VARANDA, 2000, p. 93).

    Nos nossos dias o centro da investigao em anlise de redes sociais centra-se em quatro pontos essenciais (WASSERMAN; FAUST, 1994 apud MOLINA, TEVES; MAYA JARIEGO, 2004):

    1) A utilizao de mtodos estatsticos possibilita aferir proposies relativas s propriedades da rede em detrimento da simples explicao;

    2) O avano no software estatstico que permite a visualizao das redes; 3) As significativas melhorias ao nvel da recolha de dados, conseguindo-se uma

    informao mais precisa e vlida; 4) Melhoria nos mtodos de anlise de dados longitudinais. Um pouco por todo o mundo, o tema mobiliza muitos investigadores e acadmicos.

    Para este sucesso so apresentadas algumas razes. Segundo Molina, Teves e Maya Jariego (2004) existem cinco razes que fundamentam

    tais afirmaes de crescimento:

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    A anlise de redes deve parte do seu xito a um equvoco, ou seja, a sua polissemia a qual, tal como muitos conceitos das cincias sociais e humanas, tambm assumem um carcter polissmico. Por outro lado, as redes sociais tanto podem ser metforas, paradigma ou tcnica.

    Outra das razes para o xito das redes sociais resulta da utilizao dos sociogramas. Este recurso permite ilustrar e analisar os relacionamentos, funcionando como fator de atrativamente e credibilidade para o estudo das redes.

    A terceira explicao resulta da integrao de acadmicos e investigadores provenientes das cincias duras, os quais contriburam atravs da anlise de redes sociais e sua utilizao em grandes quantidades de dados, na Internet, no correio eletrnico de organizaes, etc.

    O desenvolvimento das redes sociais veio afrontar as dicotomias clssicas nas cincias sociais numa forma diferente, ou seja, permitiu avanar na teoria social na forma como se representa a realidade.

    A institucionalizao da anlise de redes sociais cresceu muito nos ltimos anos como resultado da conquista de espaos universitrios, bem como na formao de grupos de investigao.

    Para um nmero significativo de autores, entre os quais Wasserman e Faust (1998), Scott (2000), Molina, Teves e Maya Jariego (2004), Varanda (2000), Fialho (2008), Silva, Fialho e Saragoa (2013) os desenvolvimentos no campo da matemtica e cumulativamente com os avanos tcnicos da informtica, vieram gerar um boom na anlise de redes sociais. A sua perspetiva multidisciplinar e a sua aplicabilidade em reas to diversas, sobretudo na dinmica organizacional, tm contribudo para um incremento significativo da anlise de redes sociais em diversos meios acadmicos. REFERNCIAS

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    Artigo recebido em 20/08/2014 e aceito para publicao em 30/09/2014

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