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XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009 ANÁLISE DO CRESCIMENTO DO CUMARU (Dipteryx odorata Aubl. Willd) E lATOBÁ (Hymenaea courbaril L. varo courbaril) EM PLANTIOS PUROS E MISTOS EM RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PELA PECUÁRIA EXTENSIVA. José Ferreira Maia de Lima JÚNIOR 1 ; Antenor Pereira BARBOSA 2 ; Rosana Barbosa de Castro LOPES 3 Bolsista PIBIC/FAPEAM 1 ; Orientador INPA/CPST 2 ; Colaboradora - Doutoranda INPA/CFT 3 1. Introdução As áreas abandonadas pela pecuária extensiva, geralmente, apresenta um quadro de degradação que contribui para a redução da capacidade nutricional do solo. As principais conseqüências da degradação são: solos compactados, recuperação lenta, espécies de baixo interesse comercial e ineficiência na ciclagem de nutrientes (Dias-Filho, 1998). Na Amazônia, o avanço da fronteira agrícola e pecuária sobre a floresta, em solos cada vez menos estáveis e produtivos, tem reduzido a capacidade produtiva da terra, tanto para cultivos como para a floresta, exigindo a busca por alternativas capazes de garantir rendimentos sustentáveis (Tonini et. ai., 2005). A informação do crescimento e da produção presente e futura de árvores em povoamentos florestais é fundamental no manejo florestal sustentável para fins de planejamento e tomada de decisão (Scolforo, 1994; Brito et. ai., 2007; Soares et. ai., 2007). No Amazonas, plantios florestais para recuperação de áreas degradadas com espécies nativas, ainda são em número reduzido, por isso estudos com essa finalidade, são ferramentas importantes para nortear estratégias de reabilitação e recuperação das mesmas. O estudo teve como objetivo analisar os efeitos da aração e gradagem do solo no crescimento das espécies florestais em plantios puros e mistos para recuperação de áreas degradadas pela pecuária extensiva. 2. Material e Métodos Os plantios estão localizados no rnurucrpio de Presidente Figueiredo, km 108 da BR-174 em 12 hectares e com 7 anos de idade. As espécies Cumarú (Dipteryx odorata Aubl. Willd) e Jatobá (Hymenaea courbaril L. varo courbaril) foram plantadas no espaçamento 3 x 3 m, em área arada e gradeada e em outra não arada e gradeada. As espécies foram plantadas em plantios puros, em 3 repetições de 25 plantas em cada linha e em plantios mistos com pau-de-balsa (Ochroma lagopus), em 4 repetições de 25 plantas em cada linha. Foram realizadas duas medições da altura total (m) e diâmetro (cm) a altura do peito (DAP) ou do colo, no intervalo de 4 meses, sendo selecionada 1 linha em cada repetição. Também foram observadas a fitossanidade, mortalidade e rebrotos. O programa estatístico utilizado foi o Estat e os dados analisados em fatorial 2x2. 3. Resultados e Discussão No plantio puro de jatobá, primeira medição, o diâmetro foi maior na área arada e gradeada (6,86 cm) do que na área não arada e não gradeada (3,90 cm). Nos demais tratamentos o crescimento não foi diferente em altura e diâmetro (Tabela 1). Na segunda medição nos plantios puro e misto de jatobá em área arada e gradeada e não arada e não gradeada, o crescimento em altura e diâmetro não diferiram estatisticamente (Tabela 1). O crescimento do jatobá, nos dois tratamentos, foi menor quando comparado com o cumaru, no entanto, a sobrevivência foi maior. Esse resultado também foi encontrado por SOUZA et ai., (2001), em plantio experimental para o estabelecimento de espécies arbóreas em recuperação de área degradada pela extração de areia. Neste estudo foi observado que, muitas plantas foram severamente infestadas por erva-de- passarinho, o que pode ter contribuído na mortalidade e desenvolvimento. No entanto essa espécie mostra-se resistente, pois as taxas de mortalidade foram menores, quando comparadas com as do cumaru (Gráfico 1). Por outro lado observou-se a formação de novas brotações e recuperação da copa após a infestação. ~53

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XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009

ANÁLISE DO CRESCIMENTO DO CUMARU (Dipteryx odorata Aubl.Willd) E lATOBÁ (Hymenaea courbaril L. varo courbaril) EMPLANTIOS PUROS E MISTOS EM RECUPERAÇÃO DE ÁREASDEGRADADAS PELA PECUÁRIA EXTENSIVA.

José Ferreira Maia de Lima JÚNIOR1; Antenor Pereira BARBOSA2; Rosana Barbosa de CastroLOPES3

Bolsista PIBIC/FAPEAM1; Orientador INPA/CPST2; Colaboradora - Doutoranda INPA/CFT 3

1. IntroduçãoAs áreas abandonadas pela pecuária extensiva, geralmente, apresenta um quadro de degradaçãoque contribui para a redução da capacidade nutricional do solo. As principais conseqüências dadegradação são: solos compactados, recuperação lenta, espécies de baixo interesse comercial eineficiência na ciclagem de nutrientes (Dias-Filho, 1998). Na Amazônia, o avanço da fronteiraagrícola e pecuária sobre a floresta, em solos cada vez menos estáveis e produtivos, tem reduzidoa capacidade produtiva da terra, tanto para cultivos como para a floresta, exigindo a busca poralternativas capazes de garantir rendimentos sustentáveis (Tonini et. ai., 2005). A informação docrescimento e da produção presente e futura de árvores em povoamentos florestais é fundamentalno manejo florestal sustentável para fins de planejamento e tomada de decisão (Scolforo, 1994;Brito et. ai., 2007; Soares et. ai., 2007). No Amazonas, plantios florestais para recuperação deáreas degradadas com espécies nativas, ainda são em número reduzido, por isso estudos com essafinalidade, são ferramentas importantes para nortear estratégias de reabilitação e recuperação dasmesmas.O estudo teve como objetivo analisar os efeitos da aração e gradagem do solo no crescimento dasespécies florestais em plantios puros e mistos para recuperação de áreas degradadas pela pecuáriaextensiva.

2. Material e MétodosOs plantios estão localizados no rnurucrpio de Presidente Figueiredo, km 108 da BR-174 em 12hectares e com 7 anos de idade. As espécies Cumarú (Dipteryx odorata Aubl. Willd) e Jatobá(Hymenaea courbaril L. varo courbaril) foram plantadas no espaçamento 3 x 3 m, em área arada egradeada e em outra não arada e gradeada. As espécies foram plantadas em plantios puros, em 3repetições de 25 plantas em cada linha e em plantios mistos com pau-de-balsa (Ochroma lagopus),em 4 repetições de 25 plantas em cada linha. Foram realizadas duas medições da altura total (m) ediâmetro (cm) a altura do peito (DAP) ou do colo, no intervalo de 4 meses, sendo selecionada 1linha em cada repetição. Também foram observadas a fitossanidade, mortalidade e rebrotos. Oprograma estatístico utilizado foi o Estat e os dados analisados em fatorial 2x2.

3. Resultados e DiscussãoNo plantio puro de jatobá, primeira medição, o diâmetro foi maior na área arada e gradeada (6,86cm) do que na área não arada e não gradeada (3,90 cm). Nos demais tratamentos o crescimentonão foi diferente em altura e diâmetro (Tabela 1). Na segunda medição nos plantios puro e mistode jatobá em área arada e gradeada e não arada e não gradeada, o crescimento em altura ediâmetro não diferiram estatisticamente (Tabela 1). O crescimento do jatobá, nos doistratamentos, foi menor quando comparado com o cumaru, no entanto, a sobrevivência foi maior.Esse resultado também foi encontrado por SOUZA et ai., (2001), em plantio experimental para oestabelecimento de espécies arbóreas em recuperação de área degradada pela extração de areia.Neste estudo foi observado que, muitas plantas foram severamente infestadas por erva-de-passarinho, o que pode ter contribuído na mortalidade e desenvolvimento. No entanto essa espéciemostra-se resistente, pois as taxas de mortalidade foram menores, quando comparadas com as documaru (Gráfico 1). Por outro lado observou-se a formação de novas brotações e recuperação dacopa após a infestação.

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XVIII Jornada de Iniciação Científica PI BlC CNPq/F APEAMIINPA Manaus - 2009

Tabela 1: Valores médios da altura total e diâmetro do Jatobá (Hymenaea courbaril L. varocourbaril' em plantios puro e misto em área arada e qradeada e não arada e não qradeada.

1a medição 2a medicão

Plantio Altura (m Diâmetro (em) Altura (rn) Diâmetro (em)Não Não Não Não

Arado arado Arado arado Arado arado Arado aradoPuro 4,32 ns 4,26 ns 6,86 Aa 3,90 Bb 4,47 ns 4,88 ns 6,45 ns 6,49 ns

Misto 426 ns 432 ns 593 Aa 6,47 Aa 496 ns 455 ns 635 ns 635 ns.. .' -Medias seguidas da mesma letra rnlnúscula entre colunas e rnalúscula entre linhas nao diferem entre SI,a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

o cumaru, na primeira medição e em plantio puro em área arada e gradeada, o crescimento emaltura (6,23 m) e diâmetro (7,61 cm) foi maior, quando comparado com o da área não arada(Tabela 2). Esse resultado também foi observado nos plantios mistos em área arada e gradeadacom altura de 8,55 m e diâmetro de 9,06 cm. Na segunda medição, em plantio puro e em áreaarada e gradeada, a altura foi de 6,47 m e o diâmetro de 7,81 cm. Em plantio misto e em áreaarada e gradeada a altura (8,65 m) e diâmetro (9,44 cm) foram maiores, quando comparados comos da área não arada e não gradeada (Tabela 2). O cumaru em plantio puro e em área não areadae não gradeada a mortalidade foi de 100% (Gráfico 2). O maior crescimento em altura e diâmetrodo cumaru em áreas aradas e gradeadas também foi encontrado por BARBOSA et. aI. (2003),quando estudaram o crescimento dessa espécie em plantios entre a caroba, em área gradeada enão gradeada no período de três anos.A espécie pioneira pau-de-balsa, em plantios mistos a mortalidade variou de 69,2% a 98,1%(Gráfico 3). Esse resultado pode ter ocorrido pela influência da alta competição com o capimquicuio. Essa competição é um dos fatores importantes para a sobrevivência de determinadasespécies e está ligada à plasticidade fisiológica, ou maior à capacidade de habitar diferentes nichosregenerativos (Tanaka & Vieira, 2006).

Tabela 2: Valores médios da altura total e diâmetro do Cumaru (Dipteryx adorata Aubl. Willd),lanti .. d dd - d - ddem pran 10 puro e misto em area ara a e era ea a e nao ara a e nao qra ea a.

P medicão 2a medicão

Plantio Altura (m) Diâmetro (cm) Altura (m) Diâmetro (cm)Não Não Não Não

Arado arado Arado arado Arado arado Arado arado

Puro 6,23 Ba ° Bb 7,61 Aa ° Bb 6,47 Ba ° Bb 7,81 Ba ° BbMisto 8,55 Aa 6,06 Ab 9,06 Aa 5,93 Ab 8,65 Aa 6,09 Ab 9,44 Aa 6,21 Ab.. .. -Medias seguidas da mesma letra minúscula entre colunas e maiúscula entre linhas nao diferem entre SI, a5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

PLANTIO PURO

62,7

'dJPLANTIO MISTO

100,

s: 80<li 60'O

'":Q 40'"-e

20o::E

O"

o Hymeneaecourbaril

o Dipteryx odorata

100,

~ 8O'., 60''OtO:Q 40-;;;t 20,o::E °..

81,3

ôit~o Hymeneae

courbaril

o Dipteryx odorata

Arado Não arado

Tratamentos Arado Não arado

Trata mentos

Gráfico 1: Mortalidade de Hymenaeacourbaril e Dipteryx odorata em plantio puroem área arada e gradeada e não arada eqradeada

Gráfico 2: Mortalidade de Hymenaea courbarile Dipteryx odorata, em plantio misto em áreaarada e gradeada e não arada e gradeada

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PLANTIO MISTO

100t. 80

'" 60-g~ 40Eõ 20L o

o Ochroma Iagopus xHymeneae courbaril

o Ochroma Iagopus xDypteryx odorata

Arado Não aradoTratamento

Gráfico 3: Mortalidade de Ochroma lagopus comHymenaea courbaríl e Oipteryx odorata em plantio mistoe área arada e gradeada e não arada e gradeada.

4. ConclusãoO efeito da preparação do solo com e sem aração, assim como dos plantios puros e mistos nocrescimento do jatobá. nas duas avaliações foi semelhante, somente o diâmetro foi maior na áreacom aração. No cumaru as diferenças ocorreram com o efeito da aração do solo, proporcionandomaior crescimento em altura e diâmetro nos plantios e mistos.A maior mortalidade do cumaru e do jatobá ocorreu nos plantios puros e mistos nas áreas em quenão foram aradas e gradeadas. O pau-de-balsa teve maior mortalidade nas áreas em que foi aradae gradeada, possivelmente pela maior concorrência com o capim quicuiu onde teve maiorcrescimento e estabelecimento. A mortalidade variou de 69,2 a 98,1. O jatobá e cumaruapresentaram potencialidades silviculturais para plantios de recuperação de áreas degradadas pelapecuária extensiva com o solo arado e gradeado e em plantios puros, uma vez que a espéciepioneira dos plantios mistos não se estabeleceu, reduzindo os efeitos das modificações ambientaisesperadas.

S. ReferênciasBarbosa, A. P.; et aI. 2003. Silvicultura tropical e a recuperação de áreas degradadas pelaagricultura na Amazônia Central. Projeto Jacaranda-Fase 2: Pesquisas florestais na AmazôniaCentral. Inpa, p.223-239.

Brito, e.C.R; Silva, J.A.A., Ferreira, R.L.e.; Santos, E. S.; Ferraz, 1. 2007. Modelos de crescimentoresultantes da combinação e variações dos modelos de Chapman-Richards e Silva-Bailey aplicadosem Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. Ver. Ciência Florestal, v.17, n .2, p.175-185.

Dias-Filho, M.1998. Pastagens cultivadas na Amazônia Oriental Brasileira: processos e causas dedegradação e estrátegias de recuperação. Recuperação de áreas degradadas. Dias, L.D.; Meio,J.W.V. Viçosa-MG: UFV. Departamento de solos; Sociedade brasileira de Recuperação de ÁreasDegradadas, p. 135-145.

Scolforo, J.R. 1994. Modelos para expressar o crescimento e a produção florestal. Parte 1. Lavras:ESAL/FAEPE.182p.

Soares, T.S.; Leite, H.G.; Vale, A.B.; Soares, e. P. B.; Silva, G. F. 2007. Avaliação de um modelode passo invariante na predição da estrutura de um povoamento de Eucalyptus sp. Revista Árvore,v.31, n.2, p. 275-283.

Souza, P.A.; Venturin, N.; Macedo, R.L.G.; Alvarenga, M.1.N.; Silva, V.F. 2001. Estabelecimento deespécies arbóreas em recuperação de área degradada pela extração de areia. Rev. Cerne, v.7, n.2,p.43-52.

Tanaka, A.; Vieira, G. 2006. Autoecologia das especres florestais em regime de plantio deenriquecimento em linha na floresta primária da Amazônia Central. Acta Amazônica-Am, v.36 (2),p. 193-204.

Tonini, H.; Aarco-Verde, M.F.; Sá, S.P.P. 2005. Dendrometria de especies nativas em plantioshomogêneos no Estado de Roraima - andiroba (Carapa guianensis Aubl.), Castanha-do-Brasil(Bertholletia excelsa Bonpl.), Ipê-roxo (Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb) e Jatonbá(Hymenaea courbaril L.). Acta Amazônia, v. 35(3), p. 353-362.

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