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RENATA CRISTINA SUZIN ROMANINI ANÁLISE DO CRESCIMENTO MAXILO-MANDIBULAR EM PACIENTES PORTADORES DE FISSURA UNILATERAL COMPLETA DE LÁBIO E PALATO POR MEIO DE TELERRADIOGRAFIA CEFALOMÉTRICA EM NORMA LATERAL CAMPINAS 2011

ANÁLISE DO CRESCIMENTO MAXILO-MANDIBULAR EM … · fenda no lábio superior. Tal anormalidade era tida como um ornamento dos mais ... O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo

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RENATA CRISTINA SUZIN ROMANINI

ANÁLISE DO CRESCIMENTO MAXILO-MANDIBULAR EM PACIENTES

PORTADORES DE FISSURA UNILATERAL COMPLETA DE LÁBIO E PALATO

POR MEIO DE TELERRADIOGRAFIA CEFALOMÉTRICA EM NORMA LATERAL

CAMPINAS

2011

RENATA CRISTINA SUZIN ROMANINI

ANÁLISE DO CRESCIMENTO MAXILO-MANDIBULAR EM PACIENTES

PORTADORES DE FISSURA UNILATERAL COMPLETA DE LÁBIO E PALATO

POR MEIO DE TELERRADIOGRAFIA CEFALOMÉTRICA EM NORMA LATERAL

Dissertação apresentada ao Centro de Pós-Graduação / CPO São Leopoldo Mandic para obtenção do grau de Mestre em Odontologia.

Área de Concentração: Radiologia Odontológica e Estomatologia

Orientadora: Profa. Dra. Luciana Butini Oliveira

CAMPINAS

2011

C.P.O. - CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS SÃO LEOPOLDO MANDIC

Folha de Aprovação

A dissertação intitulada: “Análise do Crescimento Maxilo-Mandibular em

Pacientes Portadores de Fissura Unilateral Completa de Lábio e Palato Por Meio de

Telerradiografia Cefalométrica em Norma Lateral” apresentada ao Centro de Pós-

Graduação, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia, área de

concentração: Radiologia Odontológica e Estomatologia em 30/11/2011, à

comissão examinadora abaixo denominada, foi aprovada após liberação pelo

orientador.

___________________________________________________

Profa. Dra. Luciana Butini Oliveira

Orientadora

___________________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Raitz

1º Membro

___________________________________________________

Profa. Dra. Silvia Vedovello

2º Membro

DEDICATÓRIA

Aos profissionais do CAIF-AFISSUR da cidade de Curitiba - PR, que com muita

gentileza e humanidade prestam apoio e atendimento aos pais e crianças

acometidas por esta comum, mas ainda discriminada, alteração.

AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, fonte de toda sabedoria, pela realização deste sonho;

Ao meu marido Fabricio e à minha filhinha Melissa, pelo amor, pela compreensão e

pela alegria que sempre me proporcionam, fazendo-me reconhecer que os melhores

momentos da minha vida são os passados com vocês;

Aos meus pais, Renato e Ana Lucia, por me oferecerem a oportunidade de estudar e

por me incentivarem a realizar este trabalho;

Ao meu sogro José Mauro, por acreditar em minha capacidade e me encorajar a

iniciar o Mestrado;

À minha amiga Roberta Mansur, pelas idéias e explicações a respeito do meu

projeto de pesquisa;

À Rita Tonocchi, por abrir as portas do CAIF e estender as mãos para me ajudar;

À Bia e sua equipe, por separarem os prontuários e sempre oferecerem um

chazinho pra mim;

Ao meu sempre professor Ricardo Moresca, pelos esclarecimentos e pela

disposição em responder às minhas questões;

À minha orientadora Luciana Butini, pela atenção, pela paciência e pelo incentivo

que me permitiram concluir este trabalho.

“Há séculos na civilização inca, era festejada a criança que nascesse com fenda no lábio superior. Tal anormalidade era tida como um ornamento dos mais

valiosos e seus portadores exibiam com orgulho o ‘lábio de lebre’. Mas, ao que tudo indica, os incas constituem uma exceção, porquanto a grande maioria dos povos no

decurso da história via as malformações físicas realmente como aleijões”.

Prof. Dr. Heli Benedito Brosco em sua tese intitulada “Avaliação Estética, Psicológica, Fonoaudiológica, Pedagógica e Social de Portadores de Fenda

Transforame Incisivo Unilateral”

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo retrospectivo para comparar o crescimento ântero-posterior da maxila e da mandíbula entre pacientes com fissura unilateral completa de lábio e palato reparada e pacientes que não apresentavam nenhuma alteração craniofacial. Foram selecionadas 46 telerradiografias cefalométricas em norma lateral de pacientes com fissura unilateral completa de lábio e palato que foram submetidos às cirurgias primárias de correção durante a infância (grupo de estudo). A amostra do grupo controle foi composta por 46 telerradiografias cefalométricas em norma lateral de pacientes sem nenhuma alteração craniofacial e que apresentavam valores para os ângulos SNA e SNB dentro dos valores pré-estabelecidos de normalidade. O gênero e as faixas etárias entre 6 e 9 anos dos pacientes foram pareados e comparados em ambos os grupos. A comparação entre os dois grupos foi realizada por meio dos ângulos SNA, SNB e ANB. Aplicou-se a análise de variância (ANOVA), considerando-se o nível de significância de 5%. Observou-se que não houve diferença significativa entre os gêneros e entre a interação gênero x fissura tanto no ângulo SNA (p=0,5258 e p=0,9981) quanto no ângulo SNB (p=0,5548 e p=0,5253) e ANB (p=0,2638 e p=0,7714) no mesmo grupo. Porém, em relação à comparação entre os grupos de estudo e controle, os ângulos SNA e SNB apresentaram médias menores tanto no gênero masculino como no feminino no grupo de pacientes fissurados (p<0,0001). O ângulo ANB também apresentou uma diferença significativa entre os grupos comparados, evidenciando médias maiores para o grupo de pacientes fissurados (p<0,05) em ambos os gêneros. Em relação à faixa etária, para o ângulo SNA não houve diferença significativa entre as idades avaliadas (p=0,5217) e entre a interação idade x fissura (p=0,5153), assim como foi observado nos ângulos SNB (p=0,2638 e p=0,6327) e ANB (p=0,0811 e p=0,8207) no mesmo grupo. Houve, no entanto, diferença significativa entre os grupos de pacientes com fissura reparada e controle (p<0,0001), ou seja, o grupo com fissura reparada apresentou menor média de SNA e SNB em todas as idades. Para o ângulo ANB, o grupo com fissura reparada apresentou maior média em todas as faixas etárias (p<0,05). Concluiu-se que o grupo de pacientes com fissura unilateral completa de lábio e palato reparada nas faixas etárias estudadas e em ambos os gêneros apresentaram maxila e mandíbula retruídas em uma relação esquelética de Classe II.

Palavras-chave: Anormalidades Congênitas; Desenvolvimento Maxilofacial; Fenda Labial; Fissura Palatina

ABSTRACT

Retrospective study was conducted to compare anterior-posterior growth of maxilla and mandible in patients with complete unilateral cleft lip and palate repair, and patients who did not have any craniofacial changes. 46 lateral cephalometric radiographs of patients with complete unilateral cleft lip and palate who underwent primary surgery for correction during childhood (study group) were selected. The sample in the control group consisted of 46 lateral cephalometric radiographs of patients with no change craniofacial and values for the angles SNA and SNB within the pre-set values of normality. The gender and ages between 6 and 9 years of the patients were matched and compared in both groups. The comparison between the two groups was performed by means of the angles SNA, SNB and ANB. It was applied analysis of variance (ANOVA), considering the significance level of 5%. It was observed that there was no significant difference between gender and the interaction between gender x cleft SNA angle (p=0.5258 and p=0.9981), SNB angle (p=0.5548 and p=0.5253) and ANB angle (p=0.2638 and p=0.7714) in the same group. However, regarding the comparison between study and control groups, the angles SNA and SNB showed lower averages in both males and females in the group of cleft patients (p<0.0001). The ANB angle also showed a significant difference between the two groups, showing higher averages for the group of cleft patients (p<0.05) in both genders. Regarding age, the angle SNA had no significant difference between the ages tested (p=0.5217) and the interaction between age x cleft (p=0.5153), as was observed in the SNB angle (p=0.2638 and p=0.6327) and ANB (p=0.0811 and p=0.8207) in the same group. There was, however, significant differences between groups of patients with cleft repaired and control (p<0.0001), thus the group with cleft repair had a lower average of SNA and SNB in all ages. For the angle ANB, the group with repaired cleft had a higher average in all age groups (p<0.05). It was concluded that the group of patients with complete unilateral cleft lip and palate repaired in the age groups and both genders had retruded maxilla and mandible in a Class II skeletal relationship.

Keywords: Congenital Abnormalities, Cleft Lip, Cleft Palate, Maxillofacial Development

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 - Distribuição da amostra de acordo com o gênero e com a idade no

Grupo de Estudo/Caso

Tabela 2 - Distribuição da amostra de acordo com o gênero e com a idade no

Grupo Controle

Quadro 1 - Traçado do desenho anatômico

Quadro 2 - Demarcação dos pontos cefalométricos

Quadro 3 - Obtenção do ângulo SNA

Quadro 4 - Obtenção do ângulo SNB

Quadro 5 - Obtenção do ângulo ANB

Tabela 3 - Média (desvio padrão) para SNA em função do gênero e da

presença de fissura

Gráfico 1 - Média para SNA em função do gênero e da presença de fissura

Gráfico 2 - Média para SNA em função da presença de fissura

Tabela 4 - Média (desvio padrão) para SNA em função da idade e da

presença de fissura

Gráfico 3 - Média para SNA em função da idade e da presença de fissura

Tabela 5 - Média (desvio padrão) para SNB em função do gênero e da

presença de fissura

Gráfico 4 - Média para SNB em função do gênero e da presença de fissura

Gráfico 5 - Média para SNB em função da presença de fissura

Tabela 6 - Média (desvio padrão) para SNB em função da idade e da

presença de fissura

Gráfico 6 - Média para SNB em função da idade e da presença de fissura

Tabela 7 - Média (desvio padrão) para ANB em função do gênero e da

presença de fissura

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Gráfico 7 - Média para ANB em função do gênero e da presença de fissura

Gráfico 8 - Média para ANB em função da presença de fissura

Tabela 8 - Média (desvio padrão) para ANB em função da idade e da presença

de fissura

Gráfico 9 - Média para SNB em função da presença de fissura

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A

B

CAIF

FL

FP

FUCLP

GC

GE

N

S

SNA

SNB

ANB

ponto Subespinhal

ponto Supramental

Centro de Atendimento Integrado ao Fissurado Lábio-Palatal

fissura labial

fissura palatal

fissura unilateral completa de lábio e palato

grupo controle

grupo de estudo

ponto Násio

ponto Sela

ângulo formado pelos pontos S, N e A

ângulo formado pelos pontos S, N e B

ângulo formado pela intersecção das linhas NA e NB

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Definição e Embriologia das Fissuras

2.2 Etiologia das Fissuras

2.2.1 Fatores Ambientais

2.2.2 Fatores Genéticos

2.3 Classificação das Fissuras

2.4 Crescimento Maxilo-mandibular em Pacientes Portadores de Fissura

3 PROPOSIÇÃO

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Pacientes do Grupo de Estudo/Caso (GE)

4.2 Pacientes do Grupo Controle (GC)

4.3 Análise do Crescimento Ântero-posterior da Maxila e da Mandíbula

4.3.1 Traçado do Desenho Anatômico

4.3.2 Demarcação dos Pontos Cefalométricos

4.3.3 Traçado das Linhas e Obtenção dos Ângulos

4.4 Análise Estatística

5 RESULTADOS

6 DISCUSSÃO

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7 CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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1 INTRODUÇÃO

A complexidade do desenvolvimento facial embrionário humano pode ser

responsável pelo surgimento de inúmeras anomalias congênitas relacionadas à face.

Sabe-se que a diferenciação da face humana ocorre entre a quarta e a oitava

semana após a fertilização, e qualquer fator teratogênico que atue no decorrer deste

período pode provocar defeitos faciais com maiores comprometimentos estéticos e

funcionais, tais como as fissuras de lábio, de palato e de lábio e palato (França,

2002).

As fissuras de lábio e palato são as malformações faciais congênitas mais

frequentes em recém-nascidos (Freitas e Silva et al., 2008; Aquino et al. 2011).

Essas alterações podem ser divididas em grupos distintos: fissura de lábio ou pré-

forame (unilateral incompleta/completa, bilateral incompleta/completa, mediana

incompleta/completa); fissura lábio-palatal, também chamada de fissura transforame

incisivo (unilateral/bilateral) e fissura palatal ou pós-forame (Loffredo et al., 1994;

França, 2002; Aquino et al., 2011).

As malformações nasolabiais e orofaciais decorrentes das fissuras de

lábio e palato apresentam como etiologia o resultado da interação entre fatores

genéticos e ambientais que produzem diferentes alterações decorrentes das

interferências ocorridas nos estágios de desenvolvimento embrionário (Shafer et al.,

1985; Rocha, Telles, 1990; Holst et al., 2009; Aquino et al., 2011). Freitas e Silva et

al. (2008) afirmaram que, mesmo sendo estudados exaustivamente, os fatores

etiológicos das fissuras não podem ser determinados com exatidão.

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Pacientes portadores de fissura de lábio e palato geralmente apresentam

anomalias dentárias como dentes supranumerários e agenesias (Figueiredo et al.,

2008). A ausência congênita de dentes na região de fissura é mais comum do que a

presença de supranumerários (Oliveira et al., 1996) e o dente mais acometido é o

incisivo lateral em cerca de 48,3% dos casos (Figueiredo et al., 2008). Microdentes,

erupção dentária ectópica, dente natal, dente neonatal e atrasos na formação e na

erupção dentária também são anomalias que podem acometer esses pacientes

(Franco de Carvalho, Tavano, 2008). Neves et al. (2002) afirmaram, ainda, que

dentes intranasais podem ser encontrados em portadores de fissuras de lábio e

palato.

O tratamento dos pacientes portadores de fissura pode começar logo

após o nascimento com a utilização da aparatologia ortopédica pré-cirúrgica, que

tem como principal objetivo auxiliar o cirurgião na queiloplastia (cirurgia de

fechamento de lábio, geralmente realizada entre 2 e 6 meses de idade) (Markus et

al., 1997; Mcheik et al., 2006) e palatoplastia (cirurgia de fechamento do palato,

geralmente realizada a partir dos 18 meses de idade) (Silva Filho, Almeida, 1992);

embora existam 171 protocolos de atendimento para o tratamento desses pacientes

(Semb, Shaw, 1998). Segundo Ozawa (2001), o uso de ortopedia maxilar precoce

pré-cirúrgica e pós-cirúrgica é um procedimento que não acarreta diferenças

significativas nos resultados finais da reabilitação.

O tratamento posterior às cirurgias de correção pode incluir expansão e

alinhamento da dentição mista em pacientes com deformidades significativas. A

continuação do tratamento incluirá, provavelmente, ortodontia e possível cirurgia

ortognática. Paciente com pouca deformidade pode, muitas vezes, ser

acompanhado como um paciente de rotina na ortodontia (Wood, Oesterle, 1997).

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Além de serem mais suscetíveis à má oclusão devido às alterações que

apresentam, os pacientes com fissura lábio-palatal sujeitos à cirurgia para

fechamento de lábio e palato sofrem interferências no crescimento facial e

mudanças no arco dentário superior, resultando em alterações craniofaciais (Silva

Filho, Almeida, 1992; Figueiredo et al., 2008; Del Guercio et al., 2010).

A morfologia craniofacial de crianças com fissura difere das

características craniofaciais de crianças que não apresentam essa alteração. Isso se

deve às características genéticas, às mudanças adaptativas, à manipulação de lábio

e palato ou a uma combinação desses fatores (Silva Filho et al., 1993; Dogan et al.,

2005). Ainda não há como afirmar quais são as alterações exatas causadas pelas

cirurgias e quais são as técnicas cirúrgicas que menos interferem no

desenvolvimento do complexo craniofacial (Semb, 1991; Del Guercio et al., 2010).

O tratamento das fissuras é complexo e requer esforços de uma equipe

multidisciplinar geralmente formada por profissionais da área médica e odontológica,

fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista e assistente social (Ozawa, 2001; White,

Pharoah, 2007).

A presente pesquisa propôs-se a comparar o crescimento maxilo-

mandibular em pacientes com dentição mista portadores de fissura unilateral

completa de lábio e palato com crianças na mesma faixa etária que não

apresentavam esta alteração.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Definição e Embriologia das Fissuras

As alterações de desenvolvimento afetam o crescimento normal e a

diferenciação das estruturas craniofaciais (White, Pharoah, 2007). Dentre as

anomalias congênitas bucais, destacam-se as fissuras de lábio e palato, que podem

ser divididas em grupos distintos de alterações no que se refere à sua localização:

fissura de lábio ou pré-forame (com ou sem envolvimento do palato) e fissura

palatina ou pós-forame (Franco de Carvalho, Tavano, 2008). A fissura de lábio

resulta de uma falha na fusão entre o processo nasal medial e o processo maxilar; a

fissura palatina se desenvolve por uma falha de fusão da lâmina palatina lateral

(White, Pharoah, 2007). Portanto, a gravidade da alteração depende do grau de

deficiência na junção das estruturas citadas (Neves et al., 2002).

Por serem diferenciadas quanto à localização, as fissuras de lábio e

palato ocorrem em períodos diferentes. A fissura de lábio ocorre na sétima semana

de desenvolvimento embrionário; enquanto que a fissura de palato ocorre por volta

da décima segunda semana de vida intra-uterina (Loffredo et al., 1994).

A fissura labial varia desde um pequeno entalhe no vermelhão do lábio a

divisões maiores que se estendem para o assoalho da narina e pela porção alveolar

da maxila, podendo ser uni ou bilateral. A fissura palatina pode variar em extensão e

em largura desde o forame incisivo até a úvula, existindo, também, uma variável

chamada fissura submucosa, na qual a mucosa do palato se encontra íntegra,

enquanto os ossos e os músculos mantêm-se separados pela falta de união na linha

média. Nesses casos, a úvula pode ou não apresentar-se bífida (Menegotto, 1989).

16

As fissuras lábio-palatais são malformações congênitas que trazem como

consequências uma série de alterações que comprometem a estética, a fala e o

posicionamento dentário dos indivíduos acometidos (Figueiredo et al., 2008).

2.2 Etiologia das Fissuras

Mesmo sendo uma das anomalias de face mais frequentes, a etiologia

das fissuras de lábio e palato não se encontra claramente estabelecida (Freitas e

Silva et al., 2008); embora existam evidências de dois fatores estarem diretamente

relacionados: os genéticos e os ambientais. Esses fatores podem atuar

isoladamente ou em associação, constituindo uma herança multifatorial (Santos,

Oliveira, 2001; Souza-Freitas et al., 2004; Freitas e Silva et al., 2008; Holst et al.

2009; Aquino et al., 2011). Esta característica torna difícil o estabelecimento da

origem verdadeira desta anomalia em muitas famílias que procuram

aconselhamento genético após o nascimento de um bebê com fissura, o que impede

o desenvolvimento de programas preventivos confiáveis (Souza-Freitas et al., 2004).

2.2.1 Fatores Ambientais

Conforme Modolin & Cerqueira (1994), a topografia do útero e a situação

do embrião na cavidade uterina podem provocar modificações fisiológicas que, de

certa forma, diminuem o fluxo sanguíneo. A consequente hipoxia tecidual agrava-se

com o ritmo acelerado de desenvolvimento das estruturas embrionárias podendo

conduzir a variações da embriogênese que provocam o aparecimento de fissura

lábio-palatal.

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De acordo com Rocha & Telles (1990), a desnutrição parece ser um fator

de grande importância. Modolin & Cerqueira (1994), Mosahebi & Kangesu (2006) e

Hozyasz et al. (2009) relataram que os estados carenciais protéicos, vitamínicos ou

ambos podem alterar a morfogênese.

Rocha & Telles (1990) e Holst et al. (2009) consideraram as doenças

infecciosas como possíveis fatores etiológicos no aparecimento das fissuras lábio-

palatinas, desde que presentes nos primeiros meses de gestação. Mosahebi &

Kangesu (2006) e Holst et al. (2009) afirmaram que a exposição a medicamentos

parece ter importante ação no mecanismo que interfere no desenvolvimento

embriológico.

Outros fatores são apontados como possíveis participantes na etiologia

da fissura lábio-palatina: o tabagismo (Capelozza Filho et al., 1988; Holst et al.,

2009), a radiação (Modolin, Cerqueira, 1994) e o alcoolismo (Mosahebi, Kangesu,

2006; Holst et al., 2009).

2.2.2 Fatores Genéticos

Os fatores genéticos são considerados de grande importância devido ao

alto risco de recorrência destas malformações em descendentes dos afetados

(Sandrini et al., 2005). Holst et al. (2009) afirmaram que o componente hereditário é

responsável por 15% a 33% das malformações craniofaciais.

18

2.3 Classificação das Fissuras

A diversidade clínica com que essa alteração se manifesta exige antes de

tudo o conhecimento da extensão anatômica do defeito para se planejar e

prognosticar cada paciente. O primeiro passo para a análise da morfologia alterada

é classificá-la. Saber diagnosticar e classificar com “precisão” o tipo de fissura é

essencial para conduzir a um planejamento e tratamento adequado (Capelozza

Filho, Silva Filho, 2007).

A classificação publicada por Spina et al. (1972) é de base embriológica e

reconhece os mecanismos independentes de formação das estruturas anteriores e

posteriores ao forame incisivo, ponto de junção na formação de toda a região lábio-

palatina (referência anatômica eleita para essa classificação).

Essa classificação compreende quatro diferentes grupos e tem como

ponto de referência anatômico o forame incisivo que separa o palato primário do

palato secundário.

a) Fissuras pré-forame incisivo: unilateral (incompleta ou completa),

bilateral (incompleta ou completa) ou mediana (incompleta ou completa).

b) Fissuras transforame incisivo: unilateral, bilateral ou mediana.

c) Fissuras pós-forame incisivo: incompleta ou completa.

d) Fissuras raras da face.

A fissura transforame incisivo é uma das alterações orofaciais mais

complexas e que trazem problemas de má oclusão, de ordem alimentar, deglutição,

fonação e respiração, apresentando-se com diferentes sinais e sintomas (Figueiredo

et al., 2008).

19

2.4 Crescimento Maxilo-mandibular em Pacientes Portadores de Fissura

Mestre et al. (1960) afirmaram que o potencial genético de crescimento

dos pacientes fissurados é igual ao dos indivíduos que não apresentam a mesma

alteração.

Subtelny (1962), a partir de uma revisão de dez anos, concluiu que os

indivíduos fissurados apresentam potencial genético para atingir uma aparência

facial favorável, mas a manifestação desse potencial está na dependência dos

fatores ambientais.

Van Limborg (1964) afirmou que apesar do potencial de crescimento ser o

mesmo do indivíduo normal, o processo de crescimento e desenvolvimento é mais

vagaroso nos fissurados.

Ross (1987) considerou que a palatoplastia é a única causa para o

retroposicionamento do terço médio da face e a cirurgia de reparação do lábio pode

exercer influência sobre os dentes ântero-superiores e o osso alveolar, mas nunca

sobre o desenvolvimento da maxila (em qualquer direção).

Enemark et al. (1990) acompanharam 57 pacientes do nascimento aos 21

anos de idade que foram submetidos aos mesmos protocolos cirúrgicos durante a

infância e observaram que nenhum dos pacientes estudados apresentou um padrão

de crescimento facial normal quando comparado com valores de referências citados

como aceitáveis na literatura. A posição sagital da maxila teve uma redução de

79,73° para 72,88° quando avaliou-se o ângulo SNA na idade de 5 anos a 21 anos.

O ângulo ANB, no mesmo período, apresentou uma redução de 6,8º para -2,64º,

evidenciando um perfil esquelético de Classe III na idade adulta. Os autores citaram

como causas da deficiência do crescimento esqueletal a influência da própria

20

anomalia e do tratamento cirúrgico necessário, incluindo o cirurgião e o tipo de

cirurgia.

Bardach (1990) defendeu que a queiloplastia exerce um efeito negativo

no crescimento da maxila; porém, não encontrou uma maneira de distinguir os

efeitos da queiloplastia e da palatoplastia, uma vez que ambas são realizadas

durante os dois primeiros anos de vida, no período em que as alterações de

crescimento não são evidentes.

Semb (1991), com o objetivo de comparar a forma facial de 257

indivíduos com fissura unilateral completa de lábio e palato submetidos a técnicas

cirúrgicas realizadas pela mesma equipe com dados publicados a respeito de outros

centros, observou uma redução de 5,4º no ângulo SNA dos pacientes fissurados na

idade de 5 a 18 anos. Quanto ao ângulo ANB, os autores encontraram uma variação

de 5,5º aos 5 anos para -1,5º aos 18 anos, evidenciando uma relação esquelética de

classe III na idade adulta. Sugeriu que a retrusão da maxila é um achado comum na

maioria dos pacientes com fissura de palato ou fissura de lábio e palato que foram

submetidos à reparação cirúrgica durante a infância.

Capelozza Filho et al. (1993) afirmaram que o padrão de crescimento

facial em pacientes fissurados é influenciado pelas cirurgias às quais estes

pacientes são submetidos. Ao compararem 26 pacientes na faixa etária de 15 e 16

anos com fissura unilateral completa de lábio e palato não-operados com pacientes

sem nenhuma alteração, observaram que a maxila se apresenta protruída e a

mandíbula se apresenta retruída no grupo de estudo antes da realização das

cirurgias.

21

Silva Filho et al. (1993) afirmaram que a estrutura e a posição espacial da

mandíbula em pacientes com fissura que envolve o lábio ou o palato diferem das

dos pacientes não-fissurados. Avaliando a influência do tipo de fissura na estrutura e

posição espacial da mandíbula em 229 pacientes, sendo 118 portadores de fissura

de lábio e palato, observaram que a estrutura mandibular é alterada em todos os

tipos de fissura estudados. De acordo com a média do ângulo SNB encontrado, as

fissuras que envolvem o palato provocam retrognatismo mandibular em pacientes

adultos.

Capelozza Filho et al. (1996), para avaliar a influência isolada das

cirurgias de correção de lábio e de lábio e palato no crescimento facial em pacientes

com fissura unilateral completa de lábio e palato, compararam 35 pacientes que não

foram submetidos a nenhum tratamento cirúrgico com 23 pacientes submetidos

somente à queiloplastia e com 35 indivíduos que tiveram o lábio e o palato

operados. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os

dois grupos de pacientes operados; porém, foram encontradas diferenças

significativas entre o grupo de não-operados e os dois grupos de operados. Estes

autores concluíram que a retrusão da maxila em pacientes com fissura unilateral

completa de lábio e palato parece ser influenciada principalmente pela queiloplastia;

já a mandíbula não tem seu crescimento influenciado por nenhum tipo de cirurgia de

correção.

Gomide et al. (1998) analisaram as alterações no crescimento craniofacial

de portadores de fissura unilateral completa de lábio e palato, operados, na faixa

etária de 6 a 11 anos de idade e observaram que a maxila e a mandíbula

apresentaram-se retropostas, sem diferenças estatisticamente significativas entre os

gêneros e as faixas etárias em cada grupo. Para estes autores, além das restrições

22

impostas pela presença da fissura e dos desvios funcionais resultantes, a maxila é

progressivamente prejudicada pela cirurgia de lábio e palato, resultando em uma

limitação do crescimento com reflexos na mandíbula. Neste estudo cefalométrico

transversal, verificou-se que já na faixa de 6 a 8 anos, tanto para o gênero masculino

como para o feminino, a maxila demonstra restrição ântero-posterior, apresentando

o ângulo SNA menor que o esperado para indivíduos com oclusão normal. Segundo

estes autores, a mandíbula apresenta comportamento semelhante ao da maxila,

apresentando valores diminuídos para o ângulo SNB desde o início da fase de

dentadura mista. Em relação ao ângulo ANB, os resultados obtidos demonstraram

uma relação intermaxilar aceitável e positiva, com padrão esquelético classe I.

Smahel et al. (1998), ao avaliarem as mudanças no desenvolvimento

craniofacial devido a diferentes tratamentos de fissura unilateral de lábio e palato,

defenderam que há potencial de crescimento normal da maxila em pacientes com

fissuras e sugeriram que alterações na maxila acontecem em um estágio pós-

operatório, sendo causadas pelo tecido cicatricial.

Hermann et al. (2000) relataram que a fissura unilateral completa de lábio

e palato é um desvio localizado, e não uma anomalia craniofacial, porque um

potencial normal de crescimento foi observado em todas as regiões craniofaciais,

exceto quando o crescimento havia sido diretamente influenciado por intervenção

cirúrgica.

Zúñiga et al. (2000), com o objetivo de comparar algumas medidas

cefalométricas específicas entre 14 pacientes do grupo de fissurados lábio-palatais

nas faixas etárias entre 6 e 12 anos e 14 pacientes do grupo controle com idades

entre 8 e 11 anos que não apresentavam nenhuma alteração de desenvolvimento,

23

observaram que a retrusão maxilar encontrada no grupo de estudo não está

relacionada a uma posição mandibular anteriorizada. Oa autores afirmaram, então,

que pacientes submetidos à cirurgia de reparo da fissura de lábio na infância

frequentemente apresentam inibição no desenvolvimento ântero-posterior do terço

médio da face após o término do crescimento.

Segundo Scheuer et al. (2001), os resultados do tratamento em pacientes

com fissura só podem ser analisados cerca de 16 anos após o início do tratamento,

isto é, após a conclusão do crescimento do indivíduo. Este longo período de

observação é a principal razão que impede a avaliação do motivo das alterações

craniofaciais. Os autores defenderam que o desenvolvimento desfavorável da face

em pacientes fissurados é melhor observado durante a puberdade, pois o

crescimento do 1/3 médio da face pode se apresentar bastante atrasado. No terço

médio da face de crianças não afetadas na faixa etária de 8 a 16 anos observou-se

o aumento do ângulo SNA em 1,5°. Em pacientes com fissura unilateral completa de

lábio e palato submetidos a cirurgias de correção na mesma faixa etária foi

encontrada uma inibição no crescimento do terço médio da face na ordem de 4,1°

em SNA (valor médio); mas, nem todos os pacientes com a alteração exibiram esse

problema. O ângulo SNB apresentou um aumento de 75,1º para 75,5º no período

estudado; porém, estes valores continuaram aquém dos considerados aceitáveis na

literatura. Em relação ao ângulo ANB, observou-se uma diminuição de 5,4º aos 8

anos para 0,9º aos 16 anos, evidenciando um padrão esquelético Classe I ao

término do crescimento.

Sasaki et al. (2004), comparando 178 pacientes portadores de fissura

lábio-palatal que foram submetidos às cirurgias de correção, mas não a tratamento

ortodôntico, com 40 pacientes que não apresentavam nenhuma alteração nas faixas

24

etárias de 4, 6, 8, 10, 12, 14 e 18 anos, observaram que o crescimento do complexo

maxilar foi inibido nos pacientes do grupo de estudo. Diferenças em relação ao

tamanho e forma da mandíbula não foram aparentes entre os dois grupos.

Segundo Dogan et al. (2005) é difícil determinar se a deficiência do

crescimento do terço médio da face é causada pela malformação em si ou pelo

tratamento ao qual o paciente é submetido. Estes autores avaliaram o

desenvolvimento craniofacial de 42 pacientes entre 13 e 15 anos com fissura

unilateral de lábio e palato que foram submetidos a cirurgias aos 3 meses de vida

para correção do lábio e aos 12 meses de idade para fechamento da fissura de

palato. Houve uma diferença significativa na posição da maxila e da mandíbula em

relação à base do crânio nas crianças com fissura quando comparadas às crianças

do grupo controle de não-fissurados. O grupo de estudo apresentou maxila e

mandíbula posicionadas mais posteriormente, exibindo uma média para o ângulo

SNA de 74,14º e uma média para o SNB de 74,57º. O ângulo ANB, com média de

-3,57º, evidenciou um padrão esquelético de Classe III no período da adolescência.

Li et al. (2006), ao examinarem a relação entre cirurgia de reparo de lábio

e inibição do crescimento maxilar, defenderam que o retroposicionamento da maxila

é comum em pacientes com FCLP que foram submetidos à cirurgia de reparação de

lábio. Uma vez que em pacientes portadores da mesma alteração que não foram

submetidos a esse tipo de cirurgia o quadro de maxila retruída não é encontrado,

eles afirmaram que a reparação do lábio pode ser um importante fator de inibição do

crescimento maxilar.

Diah et al. (2007) defenderam que a melhor maneira de observar o

crescimento de maxila e mandíbula é avaliar pacientes que não foram submetidos a

25

cirurgias e compará-los com um grupo controle de não-fissurados, eliminando, desta

maneira, a influência das cirurgias no crescimento do terço médio da face.

Avaliaram, portanto, pacientes fissurados com idade superior a 16 anos que não

foram submetidos à intervenção cirúrgica e a tratamento ortodôntico e observaram

que o ângulo SNA apresentou uma média de 84,8°, sugerindo leve protrusão

maxilar; porém, quando comparados com o grupo-controle de não fissurados, esses

valores não apresentaram uma diferença significativa.

Zemann et al. (2007), ao avaliarem 40 crianças com fissura unilateral

completa de lábio e palato com média de idade de 6 anos submetidas a dois

diferentes protocolos cirúrgicos, não encontraram diferenças significativas a respeito

do crescimento de maxila e mandíbula entre os dois grupos, avaliado através dos

ângulos SNA, SNB e ANB. Essas grandezas angulares revelaram valores dentro dos

padrões de normalidade referentes à posição de maxila em relação à base do

crânio; porém, os valores para mandíbula se apresentaram aquém dos considerados

aceitáveis. O ângulo ANB apresentou uma média de 4,6º e 5,2º para os dois

protocolos cirúrgicos, sugerindo um padrão esquelético Classe II para os pacientes

dos grupos de estudo aos 6 anos de idade.

Meazzini et al. (2008), ao compararem o crescimento craniofacial em

pacientes lábio-fissurados submetidos a dois diferentes protocolos cirúrgicos não

encontraram diferenças estatísticas significativas entre os dois grupos em relação à

maxila e à mandíbula. Nas análises cefalométricas realizadas aos 5 anos, aos 10

anos e após o término do crescimento foram observados a redução do ângulo SNA e

o aumento progressivo do ângulo SNB. O ângulo ANB demonstrou um perfil

esquelético de Classe III nos pacientes submetidos a ambas as técnicas após o

término do crescimento.

26

Holst et al. (2009) investigaram o crescimento craniofacial em pacientes

portadores de f issura de lábio e palato pré e pós-puberdade. Em

pacientes com fissura de lábio e palato, o retrognatismo maxilar tornou-se mais

notável com o avançar da idade, fato observado através da redução do ângulo SNA,

e a posição retrognática da mandíbula tornou-se menos acentuada pela avaliação

do ângulo SNB em comparação com o grupo controle de não-fissurados. Os

pacientes do grupo de estudo apresentaram um padrão esquelético de classe I em

ambos os gêneros, independente do tipo de fissura, com uma ligeira tendência a um

padrão esquelético de Classe III após a puberdade.

Segundo Del Guercio et al. (2010), ainda é controverso o tipo de reparo

cirúrgico que mais prejudica o crescimento. Para alguns autores, a cirurgia de

fechamento de lábio é o fator responsável pela restrição do crescimento maxilar;

para outros, a cirurgia de reparo do palato é o fator mais influente para essa

deficiência.

Ysunza et al. (2010) afirmaram que existe uma tendência de reparo

precoce do palato quando o objetivo é o desenvolvimento fonoaudiológico; porém, o

reparo tardio é mais indicado para que não haja prejuízo no crescimento e

desenvolvimento craniofacial. Ao avaliar o crescimento maxilar em um grupo de

pacientes na faixa etária de 10 a 14 anos com fissura de lábio e palato que tiveram o

palato operado entre o 4º e o 6º mês de vida e foram submetidos a tratamento

ortodôntico, observaram que não houve diferença significativa na comparação com

os ângulos SNA, SNB e ANB dos pacientes do grupo controle que não

apresentavam a mesma alteração. Concluíram, portanto, que o fechamento precoce

do palato não só auxilia no desenvolvimento da fonação, como também não

27

prejudica o crescimento de maxila e mandíbula quando realizado tratamento

ortodôntico.

Heliövaara & Rautio (2011), em um estudo comparativo realizado com

107 pacientes na faixa etária de 5,7 a 7,3 anos, sendo 67 com fissura unilateral

completa de lábio e palato e 40 com fissura de lábio + fissura de palato, observaram

que a morfologia craniofacial foi semelhante entre os grupos com exceção do

posicionamento da maxila, que se apresentou mais retrusiva no grupo de crianças

com FUCLP. Nas crianças deste grupo, o valor médio de SNA foi de 77°; enquanto

que, nas crianças com FL + FP foi de 79,3°. A média de SNB do grupo FUCLP foi de

74,3° e a do grupo FL + FP foi de 75,2°. O ângulo ANB evidenciou uma relação

esquelética de Classe I em ambos os grupos. Concluíram, portanto, que o formato

craniofacial em pacientes com fissura reparada de lábio e palato é caracterizado por

uma retrusão geral do perfil em relação à base do crânio envolvendo o osso nasal,

maxila e mandíbula. Afirmaram, ainda, que não é possível diferenciar o efeito da

deficiência de desenvolvimento do efeito das cirurgias de correção no crescimento

do terço médio da face.

28

3. PROPOSIÇÃO

O objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo retrospectivo para

comparar cefalometricamente o crescimento maxilo-mandibular de pacientes

portadores de fissura unilateral completa de lábio e palato reparada com o grupo

controle composto por pacientes não fissurados.

29

4 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, que

emitiu um parecer de número 2010/0116, disposto como Anexo A.

4.1 Pacientes do Grupo de Estudo/Caso

Foram analisados 416 prontuários do arquivo do CAIF/AFISSUR,

localizado na cidade de Curitiba-PR, contendo o histórico clínico e a documentação

ortodôntica dos pacientes portadores de algum tipo de fissura envolvendo lábio e/ou

palato que seriam selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão.

Os critérios de inclusão para os grupos estudados foram a existência de

fissura unilateral completa de lábio e palato, a presença de dentição mista na faixa

etária entre 6 e 9 anos e a realização de cirurgias primárias para correção do lábio

(queiloplastia) entre 3 e 6 meses de vida e para correção do palato (palatoplastia)

dos 12 aos 18 meses de idade. Os critérios de exclusão foram a presença de

síndromes e o histórico de uso de qualquer aparato ortodôntico.

Após a análise das fichas clínicas arquivadas para observação dos

critérios de inclusão e exclusão, 46 pacientes foram selecionados, sendo 23

pacientes do gênero masculino e 23 pacientes do gênero feminino que foram

pareados de acordo com as faixas etárias de 6, 7, 8, e 9 anos (Tabela 1).

30

Tabela 1 - Distribuição da amostra de acordo com o gênero e com a idade no Grupo de Estudo/Caso

Grupo de Estudo/CasoGrupo de Estudo/CasoGrupo de Estudo/CasoGrupo de Estudo/Caso

Idade Gênero Feminino Gênero Masculino Total

6 anos 4 4 8

7 anos 9 9 18

8 anos 7 7 14

9 anos 3 3 6

Total 23 23 46

4.2 Pacientes do Grupo Controle

A documentação dos pacientes do grupo controle foi cedida pelo Arquivo

do C.P.O. São Leopoldo Mandic, localizado na cidade de Campinas-SP.

Os critérios de inclusão para o grupo controle foram a ausência de

qualquer tipo de fissura, a presença de dentição mista na faixa etária de 6 a 9 anos

de idade e valores de SNA e SNB no padrão considerado aceitável. Convencionou-

se para o ângulo SNA o valor padrão de 82º, com variação de +/- 2º. Para o ângulo

SNB foi preconizado como parâmetro de normalidade o valor de 80º, com variação

de +/- 2º (Vedovello Filho, 2007). O critério de exclusão foi o histórico de uso de

qualquer aparato ortodôntico.

31

Observados os critérios de inclusão e exclusão em 709 prontuários, foram

selecionados 46 pacientes, sendo 23 do gênero feminino e 23 do gênero masculino

que foram pareados de acordo com as faixas etárias de 6, 7, 8 e 9 anos (Tabela 2).

Tabela 2 - Distribuição da amostra de acordo com o gênero e com a idade no Grupo Controle

Grupo ControleGrupo ControleGrupo ControleGrupo Controle

Idade Gênero Feminino Gênero Masculino Total

6 anos 4 4 8

7 anos 9 9 18

8 anos 7 7 14

9 anos 3 3 6

Total 23 23 46

4.3 Análise do Crescimento Ântero-Posterior da Maxila e da Mandíbula

Sobre a telerradiografia em norma lateral de cada paciente, obtida

segundo padrões do Departamento de Radiologia do CAIF para o GE e do Serviço

de Radiologia do C.P.O. São Leopoldo Mandic para o GC, foi realizado o traçado

cefalométrico de Riedel (1952) de forma resumida, utilizando-se os seguintes

materiais:

a) papel de acetato transparente nas dimensões de 25 cm x 20 cm;

b) lapiseira com grafite preto de diâmetro 0,5 mm;

c) fita tipo durex;

32

d) régua transparente com 15 cm de comprimento;

e) transferidor de 180º.

A análise do crescimento ântero-posterior da maxila e da mandíbula nos

pacientes de ambos os grupos foi realizada pela obtenção dos ângulos SNA, SNB e

ANB da análise cefalométrica de Riedel (1952).

4.3.1 Traçado do Desenho Anatômico

A telerradiografia foi posicionada no negatoscópio com o perfil voltado

para a direita do observador. Sobre ela, foi fixado o papel de acetato com fita tipo

durex no centro da borda esquerda e no centro da borda superior. O traçado do

desenho anatômico sobre o papel vegetal visou a reprodução das estruturas de

interesse.

Para aumentar a exatidão e confiabilidade dos dados obtidos, o traçado

cefalométrico de cada telerradiografia foi repetido por duas vezes pelo mesmo

especialista em radiologia odontológica, com intervalo mínimo de 30 dias, obtendo-

se dois valores para cada variável cefalométrica. Por meio do cálculo de média

aritmética simples, chegou-se a um valor médio que foi empregado para os ângulos

de interesse do presente estudo (Negreiros, Siqueira, 2004).

Foram traçadas as seguintes estruturas anatômicas (Figura 1):

a) Perfil mole da face: inicia-se na altura do osso frontal, na região do

ponto cefalométrico glabela e se prolonga inferiormente até a mandíbula,

completando o contorno do pogônio e parte do pescoço;

33

b) Sela turca: corresponde à cavidade onde está alojada a glândula

pituitária (hipófise). Situa-se na parte média da base do crânio, no osso esfenóide.

Delineia-se a linha radiopaca que contorna o processo clinóide anterior, a fossa em

seus limites anterior, inferior e posterior, e o processo clinóide posterior;

c) Perfil anterior do osso frontal e ossos do nariz: a demarcação desses

ossos inicia-se na metade inferior da glabela, interrompe-se na região da sutura

frontonasal e prossegue inferiormente contornando os limites dos ossos nasais em

toda sua extensão;

d) Borda póstero-inferior das órbitas: traça-se a linha radiopaca que

demarca os limites orbitários em seu contorno posterior e inferior;

e) Fissura ptérigo-maxilar: retrata a região anatômica conhecida como

fossa pterigomaxilar. O traçado dessa estrutura acompanha a linha radiopaca que

delimita o limite posterior do túber da maxila e o limite anterior do processo

pterigóide do osso esfenóide;

f) Meato acústico externo: localiza-se na porção petrosa do osso

temporal;

g) Maxila: traçam-se três linhas - uma horizontal que corresponde ao

assoalho da fossa nasal, partindo do ponto cefalométrico espinha nasal anterior ao

ponto cefalométrico espinha nasal posterior; outra que corresponde à abóboda

palatina, que constitui o limite ósseo superior da cavidade bucal, representada por

uma linha de concavidade inferior, indo da espinha nasal anterior até o limite cervical

do osso alveolar; e uma terceira linha que é a do perfil alveolar anterior, que

corresponde à linha radiopaca mais anterior da maxila, estendendo-se inferiormente

da espinha nasal anterior até o limite cervical da crista alveolar;

34

a

h) Mandíbula: traça-se o contorno da sínfise desde a cortical alveolar e da

base da mandíbula, iniciando-se no ponto mais inferior do contorno do pogônio até o

côndilo.

Figura 1 - Traçado do desenho anatômico

4.3.2 Demarcação dos Pontos Cefalométricos

Como o objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento craniofacial

de pacientes lábio-fissurados, foram demarcados os seguintes pontos na

telerradiografia lateral (Figura 2):

35

Figura 2 - Demarcação dos pontos cefalométricos

a) ponto S (sela): ponto central da sela turca;

b) ponto N (násio): situado na parte mais anterior da sutura frontonasal;

c) ponto A (subespinhal): situado no ponto mais posterior da concavidade

subespinhal;

d) ponto B (supramental): ponto mais posterior da superfície anterior da

mandíbula.

36

4.3.3 Traçado das Linhas e Obtenção dos Ângulos

Os pontos descritos permitiram o traçado de linhas no cefalograma para a

avaliação da relação da maxila com a base do crânio e da mandíbula com a base do

crânio nos grupos observados. A seguir, serão descritos os ângulos que foram

traçados:

a) Ângulo SNA (Figura 3): sela turca (S) - násio (N) - ponto A: indica a

posição da maxila no sentido ântero-posterior em relação à base anterior do crânio.

A média encontrada por Pinzan et al. (2006) em uma amostra de pacientes de

nacionalidade brasileira com oclusão normal na faixa etária entre 6 e 9 anos foi de

81,88º e manteve-se estável até a idade adulta. Convencionou-se uma média de 82º

com variação de +/- 2º como padrão aceitável de normalidade. Valores superiores a

84º indicam protrusão maxilar; valores inferiores a 80º evidenciam um

retroposionamento de maxila (Vedovello Filho, 2007).

37

Figura 3 - Obtenção do ângulo SNA

b) Ângulo SNB (Figura 4): sela turca (S) - násio (N) - ponto B: relaciona a

mandíbula com a base de crânio. De acordo com Pinzan et al. (2006), que avaliaram

cefalometricamente pacientes com 6 a 18 anos de idade, a média para o ângulo

SNB encontrada em pacientes de nacionalidade brasileira pertencentes às faixas

etárias dos 6 aos 9 anos foi de 77,35º. A média de 80º com variação de +/- 2º foi

estabelecida como parâmetro de normalidade. Valores maiores que 82º indicam que

a mandíbula está anteriorizada em relação à base do crânio; quando menores que

78º, está posteriorizada (Vedovello Filho, 2007).

38

Figura 4 - Obtenção do ângulo SNB

c) Ângulo ANB (Figura 5): ponto A - násio (N) - ponto B: indica a relação

entre as bases apicais no sentido ântero-posterior. Pinzan et al. (2006) encontraram

um valor médio de 4,47º para este ângulo em crianças com 6 a 9 anos de

nacionalidade brasileira. Variações entre 0º e 4º são consideradas aceitáveis para a

relação maxilo-mandibular, evidenciando um padrão facial esquelético de Classe I.

Quando apresentar-se superior a 4°, o padrão esquelético é de Classe II. Abaixo de

0° (ANB negativo), a relação esquelética é de Classe III (Vedovello Filho, 2007).

39

Figura 5 - Obtenção do ângulo ANB

4.4 Análise Estatística

Após a análise exploratória os dados foram analisados por meio de

análise de variância (ANOVA) em esquema fatorial 2 x 2 (gênero x presença de

fissura e idade x presença de fissura), considerando-se o nível de significância de

5%. Foi utilizado o programa estatístico SAS (Institute Inc., Cary, NC, USA, Release

9.2, 2008).

40

5 RESULTADOS

A idade média dos voluntários em todos os grupos foi de 7,39 anos com

desvio padrão de 0,94 anos.

Na tabela 3 e gráfico 1 são apresentados os resultados para SNA em

função do gênero. Pela análise de variância pode-se observar que não houve

diferença significativa entre os gêneros (p=0,5258) e a interação gênero x presença

de fissura não foi significativa (p=0,9981). Houve diferença significativa entre os

grupos com e sem fissura (p<0,0001), ou seja, o grupo com fissura apresentou

menor média de SNA tanto no gênero masculino como feminino. No gráfico 2 são

apresentados os resultados de SNA em função da fissura.

Tabela 3 - Média (desvio padrão) para SNA em função do gênero e da presença de fissura.

Gênero FissuraGênero FissuraGênero Fissura

Sim Não

Feminino 78,24 (4,00) Ba 81,94 (1,55) Aa

Masculino 78,70 (5,10) Ba 82,39 (1,50) Aa

Amostra Geral 78,47 (4,54) B 82,17 (1,52) A

Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical) diferem entre si (p≤0,05).

41

Gráfico 1 - Média para SNA em função do gênero e da presença de fissura.

Gráfico 2 - Média para SNA em função da presença de fissura.

Feminino Masculino

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Sim Não

82,3978,70 81,9478,24

SNA

(gra

us)

Fissura

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Sim Não

82,1778,47

SNA

(gra

us)

Fissura

42

Na tabela 4 e gráfico 3 são apresentados os resultados para SNA em

função da idade da amostra. Pela análise de variância pode-se observar que não

houve diferença significativa entre as idades (p=0,5217) e a interação idade x

presença de fissura não foi significativa (p=0,5153). Houve diferença significativa

entre os grupos com e sem fissura (p<0,0001), ou seja, o grupo com fissura

apresentou menor média de SNA em todas as idades.

Tabela 4 - Média (desvio padrão) para SNA em função da idade e da presença de fissura.

Idade FissuraIdade FissuraIdade Fissura

Sim Não

6 79,76 (3,74) Ba 83,00 (0,89) Aa

7 78,08 (3,71) Ba 82,03 (1,58) Aa

8 77,56 (6,19) Ba 82,26 (1,59) Aa

9 80,03 (3,32) Ba 81,25 (1,60) Aa

Amostra Geral 78,47 (4,54) B 82,17 (1,52) A

Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical) diferem entre si (p≤0,05).

43

G

Gráfico 3 - Média de SNA em função da idade e da presença de fissura.

Na tabela 5 e gráfico 4 são apresentados os resultados para SNB, não

havendo diferença significativa entre os gêneros (p=0,5548) e entre a interação

gênero x presença de fissura (p=0,5253). A amostra com fissura apresentou média

significativamente menor que a sem fissura (p<0,0001). No gráfico 5 são

apresentados os resultados de SNB em função da fissura.

Com fissura Sem fissura

0102030405060708090

6 7 8 9

SNA

(gra

us)

Idade (anos)

44

Tabela 5 - Média (desvio padrão) para SNB em função do gênero e da presença de fissura.

Gênero FissuraGênero FissuraGênero Fissura

Sim Não

Feminino 74,71 (3,73) Ba 79,35 (1,50) Aa

Masculino 73,92 (4,45) Ba 79,37 (1,32) Aa

Amostra Geral 74,31 (4,08) B 79,36 (1,40) A

Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical) diferem entre si (p≤0,05).

Gráfico 4 - Média para SNB em função do gênero e da presença de fissura.

Feminino Masculino

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Sim Não

79,3773,92

79,3574,71

SNA

(gra

us)

Fissura

45

Gráfico 5 - Média para SNB em função da presença de fissura.

Na tabela 6 e gráfico 6 são apresentados os resultados para SNB em função

da idade da amostra. Pela análise de variância pode-se observar que não houve

diferença significativa entre as idades (p=0,2638) e a interação idade x presença de

fissura não foi significativa (p=0,6327). Houve diferença significativa entre os grupos

com e sem fissura (p<0,0001), ou seja, o grupo com fissura apresentou menor média

de SNA em todas as idades.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Sim Não

79,3674,31

SNA

(gra

us)

Fissura

46

Tabela 6 - Média (desvio padrão) para SNB em função da idade e da presença de fissura.

Idade FissuraIdade FissuraIdade Fissura

Sim Não

6 73,34 (3,60) Ba 79,06 (1,33) Aa

7 74,84 (4,23) Ba 79,36 (1,40) Aa

8 73,33 (4,28) Ba 79,28 (1,55) Aa

9 76,33 (3,59) Ba 79,97 (1,27) Aa

Amostra Geral 74,31 (4,08) B 79,36 (1,40) A

Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical) diferem entre si (p≤0,05).

Gráfico 6 - Média de SNB em função da idade e da presença de fissura.

Com fissura Sem fissura

0102030405060708090

6 7 8 9

SNA

(gra

us)

Idade (anos)

47

Na tabela 7 e gráfico 7 são apresentados os resultados para ANB em

função do gênero. Pela análise de variância pode-se observar que não houve

diferença significativa entre os gêneros (p=0,3292) e a interação gênero x presença

de fissura não foi significativa (p=0,7714). Houve diferença significativa entre os

grupos com e sem fissura (p<0,05), ou seja, o grupo com fissura apresentou maior

média de ANB tanto no gênero masculino como feminino. No gráfico 8 são

apresentados os resultados de ANB em função da fissura.

Tabela 7 - Média (desvio padrão) para ANB em função do gênero e da presença de fissura.

Gênero FissuraGênero FissuraGênero Fissura

Sim Não

Feminino 3,99 (3,97) Ba 2,59 (1,92) Aa

Masculino 4,83 (3,51) Ba 3,02 (1,87) Aa

Amostra Geral 4,38 (3,72) B 2,80 (1,89) A

Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical) diferem entre si (p<0,05).

48

Gráfico 7 - Média para ANB em função do gênero e da presença de fissura.

Gráfico 8 - Média para ANB em função da presença de fissura.

Feminino Masculino

0

1

2

4

5

6

Sim Não

3,02

4,83

2,59

3,99

ANB

(gra

us)

Fissura

0

1

2

4

5

6

Sim Não

2,80

4,38

ANB

(gra

us)

Fissura

49

Na tabela 8 e gráfico 9 são apresentados os resultados para ANB em

função da idade da amostra. Pela análise de variância pode-se observar que não

houve diferença significativa entre as idades (p=0,0811) e a interação idade x

presença de fissura não foi significativa (p=0,8207). Houve diferença significativa

entre os grupos com e sem fissura (p<0,05), ou seja, o grupo com fissura apresentou

maior média de ANB em todas as idades.

Tabela 8 - Média (desvio padrão) para ANB em função da idade e da presença de fissura.

Idade FissuraIdade FissuraIdade Fissura

Sim Não

6 6,43 (2,32) Ba 3,94 (0,92) Aa

7 3,81 (3,94) Ba 2,67 (2,13) Aa

8 4,24 (4,11) Ba 2,98 (1,88) Aa

9 3,70 (3,44) Ba 1,28 (1,13) Aa

Amostra Geral 4,38 (3,72) B 2,81 (1,89) A

Médias seguidas de letras distintas (maiúsculas na horizontal e minúsculas na vertical) diferem entre si (p<0,05).

50

Gráfico 9 - Média de ANB em função da idade e da presença de fissura.

Com fissura Sem fissura

012345678

6 7 8 9

ANB

(gra

us)

Idade (anos)

51

6 DISCUSSÃO

Para avaliar o crescimento de maxila e mandíbula em pacientes com

fissura unilateral completa de lábio e palato, o presente estudo do tipo caso-controle

comparou cefalometricamente pacientes que apresentavam a alteração craniofacial

em discussão (casos) com pacientes que não possuíam tal alteração (controle). A

principal vantagem deste estudo refere-se à metodologia empregada na qual os

grupos caso e controle foram divididos de acordo com o gênero e pareados

conforme a idade para aumentar a confiabilidade dos resultados, controlando, dessa

forma, fatores que poderiam confundir os resultados se ocorressem

desproporcionalmente nos grupos comparados. Outros estudos encontrados na

literatura dividem os grupos de acordo com o gênero dentro de uma determinada

faixa etária (Silva Filho et al., 1993; Gomide et al., 1998; Meazinni et al., 2008; Holst

et al., 2009), mas a maioria deles são divididos por faixa etária sem considerar o

gênero (Enemark et al., 1990; Capelozza Filho et al., 1993; Hermann et al., 2000;

Scheuer et al., 2001; Sasaki et al., 2004; Dogan et al., 2005; Del Guercio et al.,

2010; Heliövaara, Rautio, 2011), não tendo sido encontrados na literatura estudos

que dividam os grupos em subgrupos de acordo com o gênero e sejam pareados de

acordo com a idade. Quando o pareamento das informações disponíveis é realizado,

as possibilidades de erros na interpretação dos resultados são menores; porém, é

importante que as informações sejam apropriadamente coletadas para que não

ocorram resultados tendenciosos.

Os indivíduos portadores de fissura de lábio e/ou palato apresentam

alterações importantes na região do terço médio da face, podendo supor-se que as

52

fissuras de um modo geral determinam alterações morfológicas nos indivíduos que

as possuem (Gomide et al., 1998; Sasaki et al., 2004; White, Pharoah, 2007;

Figueiredo et al., 2008). Entretanto, não há consenso na literatura científica quanto à

causa da inibição do crescimento.

Diah et al. (2007) defenderam que pacientes com fissura de lábio e palato

que não são submetidos à intervenção cirúrgica e a tratamento ortodôntico durante a

infância apresentam posicionamento de maxila semelhante ao de pacientes não-

afetados na fase adulta. Capelozza Filho et al. (1993), por sua vez, afirmaram que

este grupo de pacientes apresenta protrusão maxilar e retrusão mandibular no

período pós-surto de crescimento puberal. Desta maneira, o crescimento do terço

médio da face pode ser influenciado diretamente pelas cirurgias realizadas para

correção da alteração (Semb, 1991; Capelozza Filho et al., 1993; Smahel et al.,

1998; Hermann et al., 2000) ou pela anomalia em si em conjunto com os

procedimentos cirúrgicos aos quais os pacientes portadores de fissura de lábio e

palato precisam ser submetidos (Enemark et al., 1990; Dogan et al., 2005; Zemann

et al., 2007; Heliövaara, Rautio, 2011).

Outro aspecto bastante discutido a respeito de pacientes portadores de

fissura de lábio e palato é o tipo de cirurgia que mais compromete o crescimento do

terço médio da face. Capelozza Filho et al. (1996), Zúñiga et al. (2000) e Li et al.

(2006) afirmaram que pacientes submetidos à cirurgia de reparo de lábio na infância

frequentemente apresentam inibição no desenvolvimento ântero-posterior do terço

médio da face após o término do crescimento. Por sua vez, Ross (1987) considerou

que a cirurgia para fechamento do palato é a única causa para o

retroposicionamento do terço médio da face. Já Ysunza et al. (2010) concluíram que

53

o fechamento precoce do palato auxilia na fonação e não prejudica o crescimento de

maxila e mandíbula quando o tratamento ortodôntico é realizado.

Com relação à avaliação do ângulo SNA, os resultados da presente

pesquisa demonstraram que não houve diferença significativa nesta medida angular

entre os gêneros do mesmo grupo. A média de SNA para o gênero feminino do

grupo de estudo foi de 78,24º e para o gênero masculino foi de 78,70º, totalizando

uma média para a amostra deste grupo de 78,47º. Quando comparado com o grupo

controle, cuja média da amostra foi de 82,17º, e com os valores pré-estabelecidos

de normalidade (82º +/- 2º), observou-se que o ângulo SNA está diminuído,

sugerindo retrusão de maxila.

Maxilas retruídas em pacientes portadores de fissura de lábio e palato

que foram operados durante a infância também foram encontradas por Enemark et

al. (1990) dos 5 aos 21 anos de vida, Scheuer et al. (2001) entre 8 e 16 anos de

idade, Semb (1991) dos 5 aos 16 anos, Gomide et al. (1998) na faixa etária de 6 a

11 anos, Zúñiga et al. (2000) dos 6 aos 12 anos, Sasaki et al. (2004) entre 4 e 18

anos, Dogan et al. (2005) na faixa etária de 13 a 15 anos, Meazzini et al. (2008) no

período dos 5 aos 16 anos de idade e Holst et al. (2009) nas fases pré e pós-

puberdade.

Esses estudos com as mais variadas faixas etárias confirmaram o

resultado encontrado na presente pesquisa. Aos 6 anos de idade, os pacientes

selecionados para o grupo de estudo apresentaram uma média de SNA de 79,76º.

Aos 7 anos, a média foi de 78,08º e aos 8 anos foi encontrado o valor de 77,56º,

evidenciando uma diminuição no ângulo SNA com o avançar da idade. Aos 9 anos, o

valor para SNA foi de 80,03º, o que evidencia um potencial de crescimento

54

considerado aceitável de acordo com os valores convencionados como padrão de

normalidade. Este fato, porém, pode ser encarado como casual, representando uma

característica própria da amostra, uma vez que não foram avaliados os mesmos

pacientes aos 6, 7, 8 e 9 anos de idade.

A média de SNA da amostra do grupo de estudo foi de 78,47º, ficando

aquém dos valores de normalidade pré-estabelecidos. Esses resultados foram

semelhantes aos encontrados por Gomide et al. (1998) que observaram que a

retrusão da maxila é característica comum em todas as faixas etárias dos indivíduos

portadores de fissura de lábio e palato em ambos os gêneros. A amostra do grupo

controle apresentou SNA com a média de 82,17º, evidenciando potencial normal de

crescimento facial.

Holst et al. (2009) afirmaram que a retrusão maxilar torna-se mais notável

com o avançar da idade entre o período de pré e pós-puberdade. Achado

semelhante foi encontrado por Sasaki et al. (2004) e Meazzini et al. (2008).

Na avaliação do ângulo SNB, observou-se que não houve diferença

significativa na medida angular SNB entre os gêneros do mesmo grupo. A média de

SNB para o gênero feminino do grupo de estudo foi de 74,71º e para o gênero

masculino foi de 73,92º, totalizando uma média para a amostra deste grupo de

74,31º. Quando comparado com o grupo controle, cuja média da amostra foi de

79,36º, e com os valores pré-estabelecidos de normalidade (80º +/- 2º), observou-se

que o ângulo SNB está diminuído na fase que antecede o surto de crescimento

mandibular.

Grande parte dos estudos encontrados na literatura relata que a

mandíbula de pacientes com fissura de lábio e palato que foram operados durante a

55

infância apresenta comportamento semelhante à maxila desde o início da dentição

mista, assim como foi encontrado neste estudo (Silva Filho et al., 1993; Gomide et

al., 1998; Scheuer et al., 2001; Dogan et al., 2005; Zemann et al., 2007; Heliövaara,

Rautio, 2010). Silva Filho et al. (1993) observaram que a estrutura mandibular é

alterada em todos os tipos de fissuras; sendo que, nas fissuras que envolvem o

palato, o retrognatismo em pacientes adultos está sempre presente. Já Capelozza

Filho et al. (1996), Zúñiga et al. (2000), Sasaki et al. (2004) e Ysunza et al. (2010)

não encontraram diferenças significativas entre o grupo de fissurados e não-

fissurados nas mais variadas faixas etárias.

Em relação à idade, o presente estudo está de acordo com os achados de

Meazinni et al. (2008) e Holst et al. (2009), que observaram um aumento progressivo

do ângulo SNB no decorrer dos anos, mas que se manteve aquém quando

comparado com os valores de pacientes não acometidos por fissura de lábio e

palato na mesma faixa etária. Aos 6 anos, a média para o ângulo SNB do grupo de

estudo foi de 73,34º e aos 7 anos observou-se o valor de 74,84º. Aos 8 anos de

idade, a média foi de 73,33º e aos 9 anos a média foi de 76,33º. A média da amostra

do grupo de estudo foi de 74,31º, evidenciando o comprometimento do

desenvolvimento para anterior da mandíbula na fase anterior ao surto de

crescimento mandibular. Já a média do grupo controle foi de 79,36º, sugerindo o

desenvolvimento normal da mandíbula desses pacientes de acordo com os valores

de normalidade preconizados.

Os resultados encontrados para o ângulo ANB mostraram que o grupo de

estudo apresentou maior média para esta medida angular tanto no gênero masculino

(4,83º) quanto no gênero feminino (3,99º) quando realizada a comparação com o

grupo controle. Diferente do gênero masculino que apresentou valores sugerindo um

56

padrão esquelético Classe II, o gênero feminino apresentou uma média que

corresponde aos valores de normalidade convencionados para o ângulo ANB (2º +/-

2º), sugerindo uma relação esquelética de Classe I. A média da amostra deste grupo

foi de 4,38º, enquanto que para o grupo controle a média foi de 2,80º. Este valor se

apresentou dentro dos valores pré-estabelecidos de normalidade; no entanto, a

média encontrada no grupo de pacientes fissurados foi além da considerada

aceitável para pacientes com padrão esquelético Classe I. De acordo com os valores

considerados padrão de normalidade e em comparação com os dados obtidos do

grupo controle, pacientes com fissura unilateral completa de lábio e palato

apresentam uma relação esquelética de Classe II antes do surto de crescimento

puberal. Este achado está de acordo com os resultados encontrados por Zemann et

al. (2007) que observaram o mesmo padrão de crescimento em pacientes com 6

anos de idade. No entanto, Gomide et al. (1998), Scheuer et al. (2001) e Heliövaara

& Rautio (2011) encontraram nesses pacientes um padrão esquelético Classe I nas

faixas etárias entre 6 e 11 anos, entre 8 e 16 anos e entre 5 e 7 anos de idade,

respectivamente.

Em relação à avaliação isolada das idades, observou-se que em todas as

faixas etárias entre 6 e 9 anos a média do ângulo ANB no grupo de estudo se

apresentou além dos valores encontrados no grupo controle. Aos 6 anos, a média do

grupo de estudo foi de 6,43º, evidenciando um padrão esquelético Classe II quando

comparado ao valor de 3,94º do grupo controle. O mesmo ocorreu na faixa etária de

8 anos, cuja média de ANB foi maior no grupo de estudo (4,24º) do que no controle

(2,98), mais uma vez evidenciando uma relação esquelética de Classe II. Aos 7 e 9

anos, observou-se valores aceitáveis de acordo com os valores pré-estabelecidos de

normalidade no grupo de pacientes fissurados (3,81º e 3,70º, respectivamente),

57

sugerindo uma relação intermaxilar razoável. A ocorrência dos padrões esqueléticos

Classe II aos 6 e 8 anos e Classe I aos 7 e 9 anos pode ser explicada pelo fato de o

surto de crescimento puberal ainda não ter ocorrido; desta maneira, a mandíbula

ainda não teria atingido sua posição final. Segundo Meazinni et al. (2008) e Holst et

al. (2009), a partir do surto de crescimento puberal, a mandíbula apresenta um

desenvolvimento progressivo para anterior enquanto a retrusão da maxila se torna

mais evidente com o avançar da idade (Sasaki et al., 2004; Meazzini et al., 2008;

Holst et al., 2009), levando a uma relação esquelética de Classe III na fase adulta

(Enemark et al., 1990; Semb, 1991; Dogan et al., 2005; Meazzini et al., 2008; Holst

et al., 2009).

De acordo com o presente estudo, pacientes portadores de fissura

unilateral completa de lábio e palato nas faixas etárias de 6, 7, 8 e 9 anos que foram

submetidos à cirurgias de correção durante a infância apresentaram deficiência no

desenvolvimento de maxila e mandíbula em uma relação esquelética de Classe II.

Para melhor avaliar a progressão de crescimento maxilo-mandibular, seria

interessante a realização de outros estudos clínicos longitudinais do tipo caso-

controle em diferentes populações com o objetivo de acompanhar os mesmos

pacientes em faixas etárias pré-estabelecidas, incluindo períodos pré-surto de

crescimento e pós-surto de crescimento puberal. Dessa forma, o desenvolvimento

craniofacial de pacientes com fissura unilateral completa de lábio e palato e os

fatores correlacionados poderiam ser observados em sua totalidade em diferentes

populações.

58

7 CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, pode-se afirmar que pacientes

portadores de fissura unilateral completa de lábio e palato, operados durante a

infância, apresentam deficiências no desenvolvimento ântero-posterior de maxila e

mandíbula, as quais se apresentaram retruídas e em relação esquelética de Classe

II nas faixas etárias estudadas e em ambos os gêneros quando realizada a

comparação com o grupo controle de pacientes não-fissurados que apresentavam

as medidas angulares estudadas dentro dos padrões de normalidade pré-

estabelecidos.

59

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