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Análise do Desempenho Econômico-Operacional do Transporte Marítimo de Contêiners no Brasil: Integração dos Tráfegos de Longo Curso e Cabotagem Bruno Pereira Portugal Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Luiz Felipe Assis Rio de Janeiro Março de 2014

Análise do Desempenho Econômico-Operacional do Transporte ... · histórico do desenvolvimento da conteinerização. É apresentada, em seguida, a evolução no mercado de contêineres,

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Análise do Desempenho Econômico-Operacional do Transporte Marítimo de Contêiners no

Brasil: Integração dos Tráfegos de Longo Curso e Cabotagem

Bruno Pereira Portugal

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Naval e Oceânica da Escola

Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Luiz Felipe Assis

Rio de Janeiro

Março de 2014

iii

ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONÔMICO-OPERACIONAL DO TRANSPORTE

MARÍTIMO DE CONTÊINERS NO BRASIL: INTEGRAÇÃO DOS TRÁFEGOS DE

LONGO CURSO E CABOTAGEM

Bruno Pereira Portugal

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Luiz Felipe Assis, D.Sc

________________________________________________

Prof. Richard David Schachter, Ph.D.

________________________________________________

Prof. Claudio Luiz Baraúna Vieira, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO de 2014

iv

Portugal, Bruno Pereira

Análise do Desempenho Econômico-Operacional do

Transporte Marítimo de Contêiners no Brasil: Integração dos

Tráfegos de Longo Curso e Cabotagem / Bruno Pereira

Portugal – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

IX, 61 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Luiz Felipe Assis

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia Naval e

Oceânica, 2014.

Referencias Bibliográficas: p. 59-61.

1. Transporte Marítimo de Contêiners no Brasil. I. Assis,

Luiz Felipe II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia

Naval e Oceânica. III. Análise do Desempenho Econômico-

Operacional do Transporte Marítimo de Contêiners no Brasil:

Integração dos Tráfegos de Longo Curso e Cabotagem.

v

Dedicatória

Primeiramente gostaria de dedicar meu trabalho a minha mãe, minhas avós e minha tia que

são a base de tudo, fundamentais na minha formação e na superação dos momentos mais

difíceis, sem elas não seria possível alcançar ou concluir esta etapa na minha vida.

Dedico também à minha namorada, Aline Mayworm, que soube compreender os momentos

em que não pude estar com ela, e pela força e motivação nesta penosa fase final.

Às amizades que foram feitas ao longo da faculdade, que tornaram possíveis, através de

longos debates e discussões, enriquecer meu conhecimento e engrandecer o olhar crítico

sobre todas as áreas navais e àquelas anteriormente a faculdade também pelo apoio e

incentivo motivacional.

Ao departamento de logística no qual eu pude desenvolver e aprimorar meus

conhecimentos na área, além de gentilmente ceder espaço e infraestrutura, além de

materiais de pesquisa que foram tomados como referência para o embasamento deste

artigo.

Ao meu orientador, Luiz Felipe, pelo auxílio prestado. Por todo tempo, atenção e paciência

dedicados.

vi

Agradecimentos

Agradeço aos professores Luiz Felipe Assis (Escola Politécnica/UFRJ) e Floriano C. M.

Pires Junior (COPPE/UFRJ e Escola Politécnica/UFRJ); responsáveis pelo LABSEN.

À equipe com que tive o prazer de trabalhar no LABSEN:

Edson Azevedo Ferreira Junior (COPPE/UFRJ), responsável técnico de manutenção.

Estagiário: Marcos Thadeu Palmeira Baptista (Escola Politécnica/UFRJ)

Ao meu chefe Engenheiro Fillipe Vilela pelo apoio e compreensão nessa fase final.

vii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

Análise do Desempenho Econômico-Operacional do Transporte Marítimo de Contêiners no

Brasil: Integração dos Tráfegos de Longo Curso e Cabotagem

Bruno Pereira Portugal

Março/2014

Orientador: Luiz Felipe Assis

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

O presente trabalho versa sobre uma análise do desempenho econômico–operacional do

transporte regular de contêineres, em rotas de Longo Curso e Cabotagem, considerando os

principais parâmetros, aspectos específicos e indicadores de custo. É proposto um modelo

paramétrico voltado para a avaliação das influências produzidas por tais parâmetros sobre

as características de rotas conteinerizadas. É apresentado um panorama da situação atual do

setor de transporte por cabotagem e longo curso no Brasil e, após isso, são feitas análises de

casos em busca de alternativas que sejam mais viáveis para as empresas. O estudo pretende

proporcionar análises consistentes às empresas com objetivo de fundamentar as decisões de

mudanças estratégicas e operacionais.

Palavras-chave: Transporte Marítimo, Cabotagem, Longo Curso, Modelo Paramétrico.

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

An Economic and Operational Analysis of the Container Shipping in Brazil: Integration of

Long-Haul and Cabotage Traffics

Bruno Pereira Portugal

March/2014

Advisor: Luiz Felipe Assis

Course: Naval Architecture

The present paper is about an analysis of the economic and operational performance of the

liner container shipping and cabotage, considering its main parameters, specific aspects and

cost indicators. A parametric model is proposed to evaluate the influences produced by

these parameters on the characteristics of containerized routes. It is presented an overview

of the cabotage and long-haul transport field in Brazil and, after that, different cases are

simulated pursuing more economic alternatives for companies. The study aims to provide

solid analysis to the companies in order to support its strategic and operational decisions.

Keywords: Liner Shipping, Cabotage, Long-Haul, Parametric Model.

ix

Sumário Sumário .................................................................................................................................. ix 1 Introdução ....................................................................................................................... 1

1.1 Relevância do Estudo ............................................................................................... 1

1.2 Proposta de Trabalho ............................................................................................... 2 1.3 Limitações do Projeto .............................................................................................. 2 1.4 Organização do Trabalho ......................................................................................... 3

2 O Transporte Marítimo de Contêineres .......................................................................... 4 2.1 Histórico ................................................................................................................... 4

2.2 Evolução do Mercado de Contêineres e Capacidade dos Navios ............................ 5

2.3 Panorama Atual ........................................................................................................ 8

3 Estrutura de Custos ....................................................................................................... 12 3.1 Custo de Capital ..................................................................................................... 13

3.2 Custo Operacional .................................................................................................. 14 3.3 Custo de Viagem .................................................................................................... 14

3.4 Outros Custos Relevantes ...................................................................................... 17 3.4.1 Tempo de Porto .............................................................................................. 18 3.4.2 Custo do Contêiner ......................................................................................... 19

3.4.3 Custo da Carga................................................................................................ 20 3.5 Modelo de Custos .................................................................................................. 21

4 Análise Econômica-Operacional .................................................................................. 24 4.1 Economia no Porte e na Velocidade dos Navios ................................................... 24 4.2 Produtividade Portuária ......................................................................................... 27

4.3 Impacto do Custo de Imobilização de Carga ......................................................... 29

4.4 O Desbalanceamento do Tráfego ........................................................................... 31 5 Análise de Rotas Brasileiras ......................................................................................... 32

5.1 Metodologia ........................................................................................................... 32

5.1.1 Levantamento de Dados e Rotas .................................................................... 33

5.1.2 Modelo Paramétrico ....................................................................................... 44 6 Análise dos Resultados ................................................................................................. 45

6.1 Cenário 1 ................................................................................................................ 46 6.2 Cenário 2 ................................................................................................................ 48 6.3 Cenário 3 ................................................................................................................ 50

6.4 Cenário 4 ................................................................................................................ 52 6.5 Cenário 5 ................................................................................................................ 54 6.6 Cenário 6 ................................................................................................................ 55

7 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros .......................................................... 58 8 Referências Bibliográficas ............................................................................................ 59

1

1 Introdução

1.1 Relevância do Estudo

O advento da conteinerização revolucionou o transporte da carga geral em seus diversos

segmentos alterando, de forma significativa, os conceitos vigentes até a década de 60. No

que diz respeito especificamente ao transporte marítimo, tais modificações se processaram

em duas fases distintas. A primeira delas, ocorrida na década de 70, caracterizou-se pela

forte penetração do contêiner nas principais linhas de carga geral entre países

desenvolvidos. A segunda fase é marcada pela utilização generalizada do contêiner, em

nível mundial, alcançando praticamente a totalidade das rotas com alguma expressividade

de demanda (Pereira, 1990).

Segundo Paiva (2006), a unitização da carga geral por meio de contêineres causou uma

verdadeira revolução no transporte deste tipo de carga, trazendo redução de custos e

diversas facilidades através de maior conforto, segurança e padronização na movimentação

da carga. Com a utilização do contêiner, os projetos dos navios passaram a sofrer alterações

graduais a fim de se adequarem e tirarem o maior proveito possível destas estruturas

modulares. Assim, os navios aumentaram seus portes e se adequaram aos limites impostos

para dimensões das embarcações, evoluindo em termos de tecnologia e eficiência de

transporte.

Quanto melhor for a rede de transporte, maior a área de abrangência que as empresas

podem atingir tanto relacionado com o mercado consumidor como em relação à alocação

de seus locais de produção, permitindo que a produção possa ser instalada em locais onde

há vantagens geográficas, como por exemplo, menores custos de mão-de-obra e incentivos

fiscais.

Pereira (1990) cita que a análise econômico-operacional de uma rota conteinerizada implica

na avaliação de um grande número de variáveis, o que a torna bastante complicada se

comparada, por exemplo, com similares desenvolvidas na área de granéis. Questões

2

vinculadas à configuração do sistema em si e a problemas específicos de gerenciamento

constituem-se em exemplos típicos de dificuldades a serem enfrentadas por aqueles que se

propõem a efetuar estudos nesta área.

1.2 Proposta de Trabalho

O presente trabalho procura apresentar uma análise com base em

indicadores de custos para a frota de contêineres envolvendo cabotagem e

longo curso no Brasil utilizando um modelo paramétrico. Logo após é avaliado, na medida

do possível, o grau do impacto de cada um deles sobre o sistema como um todo e, a partir

dai, dando enfoque em minimizar os custos, analisar as possíveis capacidades dos navios e

tamanhos das frotas que seriam mais viáveis (ótimas) em diferentes cenários propostos.

1.3 Limitações do Projeto

As simplificações realizadas na modelagem muitas vezes ocasionam erros, sendo uma

alternativa pesarosa para o modelo de simulação, apesar de frequentemente necessária. Os

possíveis erros gerados pelas simplificações podem ser avaliados na fase de validação

(Shannon, 1992). Alguns testes podem ser feitos para comparar esses indicadores com os

sistemas reais. Os indicadores de desempenho, obtidos após a simulação, podem mostrar a

razoabilidade do modelo.

A validação é a garantia de que o modelo atende aos objetivos da análise e a verificação é a

garantia de que o modelo possui o funcionamento lógico adequado (Balci, 2003). A

verificação do modelo procura responder se seu funcionamento está correto e de acordo

com as expectativas do modelador. Carson (2003) cita que essa fase pode ser realizada com

experimentações ou alterando-se as condições e dados do modelo.

Considerou-se a demanda de transporte relativo ao tipo de carga. Todas as movimentações

feitas pelos portos analisados na cabotagem foram agrupadas e suas demandas de transporte

foram somadas devido à falta de dados concretos da quantidade de carga movimentada em

rota especifica na cabotagem.

3

O modelo paramétrico não considera o tempo de espera para atracação nos portos devido ao

fato da janela de operação onde a empresa e o porto já tem a data prevista de chegada do

navio, assim, o mesmo não espera em fila.

1.4 Organização do Trabalho

No primeiro capítulo é citada a relevância do estudo, a proposta de trabalho, limitações e

organização da dissertação. O capítulo 2 consiste numa descrição geral dos vários aspectos

pertinentes ao sistema de transporte marítimo de contêineres, iniciando-se com um breve

histórico do desenvolvimento da conteinerização. É apresentada, em seguida, a evolução no

mercado de contêineres, assim como da capacidade dos navios ao longo dos anos e o

panorama atual da cabotagem no Brasil e o transporte de longo curso tanto no Brasil quanto

no mundo.

O terceiro capítulo aborda a estrutura de custos de navios porta-contêineres, procuram-se

identificar os fatores que influenciam cada um dos itens de custo, para diversas capacidades

de navios. São apresentados, ainda, outros fatores relevantes na composição dos custos

globais de transporte, tecendo-se considerações a respeito do tempo de porto dos navios,

dos custos de imobilização da carga e dos custos de capital e manutenção dos contêineres.

Ao final deste capitulo avaliam-se os fatores que influenciam a determinação do número

total de contêineres necessários em determinado sistema. No capitulo 4 é feita uma análise

econômica-operacional, onde procura-se estudar o comportamento da função de custos pela

variação individual de cada um dos diversos parâmetros que detêm forte influência sobre a

mesma. São analisados, de forma paramétrica, variáveis como a capacidade e a velocidade

dos navios, o tamanho das rotas, a produtividade dos portos e o valor das cargas.

No quinto capítulo é apresentada a metodologia que será utilizada neste trabalho e

apresentadas as principais adaptações feitas no modelo paramétrico, assim como os

cenários que serão simulados. O sexto capítulo realiza as análises dos resultados obtidos e

descreve algumas considerações sobre esses resultados. No sétimo capítulo são realizadas

as conclusões e propostas para trabalhos futuros.

4

2 O Transporte Marítimo de Contêineres

2.1 Histórico

Graças à Revolução Industrial, o comercio mundial sofreu um incremento substancial,

gerando lotes maiores para o transporte de mercadorias homogêneas, como granéis.

Inicialmente, o transporte de cargas, inclusive cargas diferentes, e passageiros era feito

simultaneamente na mesma embarcação, porém com o aumento do volume desses lotes, foi

constatado que seria melhor que essas cargas tivessem navios especializados para o

transporte das mesmas (Pereira, 1990).

Malcolm P. McLean é considerado o pai da conteinerização, nos anos 30 ele surgiu com a

ideia de transportar caminhões completos em navios, com intuito de transportá-los o mais

próximo possível dos locais de destinos dos mesmos. Com o desenvolvimento de

contêineres e reboques padronizados foi possível o transporte desse conjunto,

economizando espaço e custos e, com o passar do tempo, os reboques também foram

retirados fazendo, assim, o transporte apenas dos contêineres.

Essa ideia não foi bem aceita pelos armadores da época o que levou McLean a se tornar um

armador, sua empresa se chamava Sea-Land Inc. No final da década de 1990, McLean

vendeu sua empresa para a companhia de navegação Maersk.

O primeiro navio utilizado para o transporte de carga que aparece na literatura é o “Ideal

X”, que partiu do porto de Newark em 1956; que tinha capacidade para 56 contêineres. O

primeiro navio projetado para transportar apenas contêineres foi o “Maxton”, um petroleiro

que foi convertido para transportar 60 contêineres em seu convés.

Uma década depois, o primeiro navio porta contêiner atraca na Europa, mais precisamente

na Alemanha. Os armadores na Europa e no Japão rapidamente reconheceram as vantagens

do contêiner e então começaram a investir nessa nova tecnologia de transporte.

5

Como os padrões americanos eram difíceis de serem aplicados na Europa e em outros

países, como solução para esse problema foi adotado um padrão ISO que estabelecia

comprimentos de 10, 20, 30 e 40 pés, uma largura fixada em 8 pés e uma altura de 8 pés ou

8 pés e 6 polegadas.

Os contêineres mais utilizados hoje em dia são os de 20 e 40 pés, de acordo com os padrões

ISO. Como fatores de estiva estão cada vez maiores para a maioria dos bens, muitos

agentes de transportes querem contêineres maiores, mais largos e mais altos. Alguns

armadores têm cedido à pressão e, não raramente, é possível encontrar contêineres com

dimensões maiores. "Jumbo" contêineres de 45 e 48 pés de comprimento, largura de 8'6

"(2,60 m) e altura de 9'6" (2,90 m) já existem há alguns anos. O esforço para construir

contêineres ainda maiores, por exemplo, 24 pés (7,43 m) e 49 pés (14,40 m) com 2,60 m de

largura e 2,90 m de altura, está confinado aos EUA visto que na Europa e em outros países

as estradas estreitas são um fator limitante (Adaptado de ContainerHandbook).

2.2 Evolução do Mercado de Contêineres e Capacidade dos Navios

Dados divulgados pela Baltic and International Maritime Council – BIMCO confirmam a

evolução nas ultimas décadas da demanda pelo transporte de contêineres, com um

crescimento em todos os continentes, conforme a figura 1.

6

Figura 1 - Demanda pelo Transporte de Contêineres

Fonte: BIMCO

O mercado de contêineres cresce, em média, 8% ao ano em comparação com os 2% do

mercado de granéis, conforme a figura 2.

7

Figura 2 - Comparação da Evolução do Mercado de Contêineres e Granéis

Fonte: Stopford (2002)

Com o objetivo de reduzir custos operacionais mediante economias de escalas, assunto que

será explicado melhor no próximo capítulo, as empresas de navegação têm construído

navios cada vez maiores para o transporte de contêineres. A figura 3 apresenta as principais

características dos diferentes tipos de navios porta contêineres existentes e o ano de entrada

em serviço de cada um deles.

8

Figura 3 - Evolução dos Navios Porta Contêineres

Fonte: The geography of transport systems

O surgimento de grandes navios porta contêineres tem dois efeitos principais no setor

econômico, uma vez que esses navios não somente determinam a competitividade na

indústria naval, mas também passam a ser fator fundamental na determinação da

infraestrutura portuária adequada, afetando, assim, a logística internacional como um todo

(UNCTAD, 2002).

2.3 Panorama Atual

Navegação de cabotagem é aquela realizada entre portos ou pontos do território brasileiro,

utilizando a via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores. O modal representa hoje

menos de 10% do transporte de carga brasileiro. Como comparação, no país que mais

utiliza essa forma de transporte, a China, o percentual é de 48%.

Segundo Fagesa (2000), algumas vantagens do modal são: grande capacidade de

carregamento, o menor consumo de combustível por tonelada transportada, reduzido índice

de acidentes e roubos de carga, sem contar os ganhos para o meio ambiente, pois apresenta

a menor emissão de poluentes por tonelagem movimentada.

9

Diante das grandes dimensões como o Brasil, em que a costa marítima acompanha cerca de

50% do perímetro territorial, o transporte aquaviário é muito importante no contexto de

transportes.

Alguns fatores vêm contribuindo para o desenvolvimento da cabotagem, como por

exemplo, a precariedade das rodovias e ferrovias, a falta de segurança e, com o passar dos

anos, a melhora da produtividade portuária brasileira. Apesar disso, a navegação de

cabotagem enfrenta alguns entraves que freiam o desenvolvimento da atividade. Entre eles,

o preço do combustível do navio, carência de oficiais para guarnecer as embarcações, custo

da tripulação, custos com praticagem e a burocracia na liberação da carga e do navio.

Segundo dados da ANTAQ, a movimentação de contêineres ao longo dos últimos anos tem

tido crescimento, fomentando o grande potencial de crescimento da cabotagem no Brasil,

como mostrado na figura 4.

Figura 4 - Evolução da Movimentação de Contêineres na Navegação de Cabotagem em Portos

Brasileiros

Fonte: ANTAQ

Para a navegação de longo curso, segundo dados da ANTAQ, os portos brasileiros têm

aumentado à quantidade de TEUs movimentados provenientes do longo curso, conforme a

10

figura 5. Isso se deve à um incentivo maior ao setor portuário levando a taxas de

produtividade maiores.

Figura 5 - Evolução da Movimentação de Contêineres na Navegação de Longo Curso em Portos

Brasileiros

Fonte: ANTAQ

Também de acordo com dados da ANTAQ, as rotas que mais movimentam contêineres nos

portos brasileiros são as rotas para o Extremo Oriente e para a Europa, responsáveis por

mais de 50 % da movimentação total de contêineres no Brasil, proveniente de outro país,

conforme mostrado na figura 6.

11

Figura 6 - Rotas Oceânicas Internacionais e sua Porcentagem de Movimentações do Total Brasileiro

Fonte: ANTAQ

12

3 Estrutura de Custos

A estrutura de custo é formada sob duas óticas, a do armador, que é o custo do serviço

oferecido, e a do embarcador, que corresponde ao frete e custo de imobilização da carga.

O custo do navio foi estruturado em três classes: custo de capital, custo operacional e custo

de viagem (Pires (1989), Kendall (1972), Jansson e Shneerson (1982) e Stopford (1997)).

Além destes custos levou-se em consideração o custo de contêiner, que é subdividido em

custo de capital e de manutenção. Em seguida trabalha-se sob a ótica do embarcador, ou

seja, com o custo de imobilização da carga (Pires, 1989).

Segundo Jansson e Shneerson (1982), o navio ótimo é determinado a partir da minimização

dos custos por TEU no mar e em porto: enquanto o custo por TEU diminui com o aumento

da capacidade do navio, o custo por TEU no porto aumenta, principalmente devido ao

tempo de estadia do navio no porto.

Kendall (1972) cita que há algum tempo que é conhecido o fato de que economias de escala

atuam no transporte marítimo e, para uma dada quantidade transportada, quanto maior o

tempo de mar mais essas economias podem ser utilizadas.

Visando ao estabelecimento de parâmetros de custo do navio, que serão necessários para o

desenvolvimento das fases posteriores deste trabalho, procurou-se, através da investigação

separada de cada um dos itens que compõem a estrutura de custos, avaliar, em linhas gerais,

o que seria o custo de navios porta-contêineres, especificamente para as seguintes faixas de

capacidades: 2000 TEUs, 3000 TEUs, 5000 TEUs, 6000 TEUs e 8000 TEUs.

Posteriormente, utilizaremos navios de 4000 TEUs para avaliação nas viagens de longo

curso e, portanto, quando o mesmo for introduzido no trabalho terá seus custos

apresentados.

Ressalte-se que os resultados de tal avaliação não devem ser empregados com objetivos

outros que não os que o presente trabalho se propõe atingir, visto que os mesmos foram

13

obtidos em função da necessidade de se estabelecer indicadores globais e não de se

estimarem custos para um projeto especifico.

3.1 Custo de Capital

Tendo em vista a necessidade de transformação deste preço num custo de capital diário, em

função do modelo a ser empregado, o custo de capital, conjunto de encargos relacionados

com a aquisição do navio, foi obtido a partir das condições de financiamento oferecidas

pelo FMM (Fundo da Marinha Mercante). O FMM estabelece um prazo de 20 anos,

financiamento de até 90% do preço, e juros de 2% a 7% aa. Para o presente trabalho foi

considerada uma situação onde 90% da embarcação é financiada, a uma taxa de 2,5% aa

durante 20 anos com sistema de amortização constante (SAC).

Os preços das embarcações foram obtidos a partir de indicadores de preços da Clarkson

Research Studies, como será mostrado a seguir na figura 7.

Figura 7 - Linha de Custo Capital para Navios Porta Contêineres

Fonte: Clarkson (2002)

14

Como podemos observar na figura, o custo por 1000 TEUs cai conforme o navio aumenta

sua capacidade, isso não representa uma economia de escala, porque apesar do custo de

construção ser elevado, ele não cresce proporcionalmente ao crescimento da capacidade do

navio. Os valores calculados de custo de capital, para um período de ”off-hire” de 10 dias,

são apresentados na tabela 1.

Tabela 1 - Custo Capital Diário de um Porta Contêiner Novo

Fonte: Adaptado de Clarkson (2002)

Custo Capital

2000 3000 5000 6000 8000 TEUs

28.000.000,00 36.000.000,00 48.000.000,00 61.000.000,00 91.000.000,00 US$

12.600,00 16.201,16 21.602,00 27.452,00 40.952,94 US$/dia

3.2 Custo Operacional

O custo operacional compreende custos fixos tais como: tripulação, suprimentos, seguro,

manutenção e reparos, administração, lubrificantes e outros materiais, foi determinado

baseado em indicadores internacionais, os valores são apresentados na tabela 2.

Tabela 2 - Custo Operacional Diário

Fonte: Adaptado de Clarkson (2002)

Custo Operacional

2000 3000 5000 6000 8000

6.000,00 6.700,00 9.200,00 10.420,00 12.700,00 US$/dia

3.3 Custo de Viagem

Os custos de viagem referem-se a combustíveis e despesas portuárias basicamente. Este

primeiro foi estimado a partir do consumo dos combustíveis utilizados para a operação,

óleo diesel e óleo pesado. O consumo de óleo diesel foi estimado a partir de indicadores da

Clarkson (1989), mostrado na tabela 3, enquanto o consumo de óleo pesado foi

determinado a partir de dados da AXS – Alphaliner, onde se pode construir o seguinte

gráfico (figura 8) para os consumos de óleo pesado a partir das velocidades.

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Figura 8 - Consumo de Óleo Pesado para Diferentes Capacidades de Navios

Fonte: Adaptado de AXS-Alphaliner

Tabela 3 - Consumo de MDO

Fonte: Adaptado de Clarkson (1989)

Consumo Diesel (ton/dia)

Mar Porto

2000 7 6

3000 9 7

5000 13 10

6000 14 12

8000 16 13

A partir de dados da Ship&Bunker, foi possível ter uma base dos preços de HFO (Heavy

Fuel Oil) e MDO (Marine Diesel Oil) nos continentes que iremos tratar no presente

trabalho, resumidos na tabela 4.

Tabela 4 - Custo de Combustível de acordo com o Continente

Custo Combustível (US$/ton)

HFO MDO

Ámerica 597,5 1000

Europa 570,75 782,5

Ásia 635 916,75

16

O custo portuário é classificado em dois grupos, movimentação de contêiner e a utilização

da infraestrutura do porto e seus serviços.

Segundo Souza (2004), o custo de movimentação de contêiner por sua vez é divido em

custos de manuseio, pertinente a estiva e desestiva das embarcações, e tarifas portuárias,

por utilizar a infraestrutura marítima, terrestre e equipamentos portuários. Quanto ao custo

de utilização do porto, este é referente a serviços tais como: praticagem, lanchas,

rebocadores, agenciamento entre outros.

Veldman (1993) cita que as tarifas portuárias apresentam uma variação ampla por porto e

não é claro, se elas trabalham totalmente a favor de navios maiores ou não. Existem

significativas diferenças entre as taxas cobradas pelos diversos portos, principalmente se

levarmos em consideração portos brasileiros e portos estrangeiros. Os custos dos portos

brasileiros foram obtidos a partir de levantamento realizado pelo GEIPOT (2000) e

continuado pela ANTAQ que dispõe de arquivos que contém os custos de movimentação

de contêineres, já os custos relacionados aos portos estrangeiros foram obtidos a partir de

informações contidas nos próprios websites dos mesmos, tais valores serão apresentados na

tabela 5.

Tabela 5 - Custos Portuários de Movimentação de Contêiner

Custos Portuários

Rotterdam 0,324 US$/GT Santos 19,39 US$/TEU

0,643 US$/ton Suape 7,23 US$/TEU

Hamburgo 0,821 US$/GT Manaus 12,50 US$/TEU

Antuérpia 0,25 US$/GT Itaguaí 26,66 US$/TEU

1,53 US$/GT Itajaí 18,74 US$/TEU

Le Havre 0,75 US$/GT Paranaguá 12,61 US$/TEU

Hong Kong 0,55 US$/ton Rio de Janeiro 26,66 US$/TEU

Shanghai 0,15 US$/GT Salvador 11,87 US$/TEU

Singapura 0,79 US$/GT Rio Grande 10,45 US$/TEU

Montevidéu 15,00 US$/TEU São Franc Sul

5,95 US$/TEU

Buenos Aires 18,00 US$/TEU 0,10 US$/ton

Dados obtidos a partir do porto de Rotterdam e estudos feitos pela empresa CMA-CGM

sobre o porto de Santos nos fornecem o custo da praticagem e de reboque, esses custos

foram assumidos como iguais para todos os portos de suas respectivas regiões, Europa e

17

Mercosul, respectivamente, devido a falta de informações e para se ter uma estimativa da

ordem de grandeza desse custo. Para o caso dos portos asiáticos, esses foram considerados

com custos similares aos europeus.

Tabela 6 - Custos de Utilização do Porto

Custos de Utilização do Porto

Rebocador Prático

Europa

2000 4955,76 US$ 2000 3358,91 US$

3000 5644,06 US$ 3000 4903,45 US$

4000 6814,17 US$ 4000 6374,07 US$

5000 7915,45 US$ 5000 7792,61 US$

6000 7915,45 US$ 6000 8875,84 US$

8000 9360,88 US$ 8000 11128,44 US$

Mercosul

2000 3065,43 US$ 2000 5593,31 US$

3000 3491,18 US$ 3000 8165,30 US$

4000 4214,96 US$ 4000 10083,49 US$

5000 4896,17 US$ 5000 11938,27 US$

6000 4896,17 US$ 6000 14041,18 US$

8000 5790,25 US$ 8000 18531,25 US$

Ásia

2000 4955,76 US$ 2000 1370,02 US$

3000 5644,06 US$ 3000 2000,00 US$

4000 6814,17 US$ 4000 2599,83 US$

5000 7915,45 US$ 5000 3178,42 US$

6000 7915,45 US$ 6000 3620,24 US$

8000 9360,88 US$ 8000 4539,02 US$

3.4 Outros Custos Relevantes

Definida a estrutura básica de custos do transporte marítimo de contêineres, no que diz

respeito aos custos de capital, operacional e de viagem, existem outros parâmetros de custo

vinculados ao sistema que precisam ser analisados, tais como o custo da carga, que engloba

o custo de imobilização da carga e o custo de estocagem, o custo do contêiner em si e o

estudo da questão do tempo de porto do navio. Estes aspectos serão discutidos nas páginas

que se seguem.

18

3.4.1 Tempo de Porto

Segundo Pereira (1990), o tempo de porto do navio é um dos principais fatores na

determinação dos custos de viagem, tanto no que diz respeito ao custo do navio quanto ao

custo da carga. O tempo de porto sofre a influência de uma vasta gama de fatores, entre os

quais poderíamos citar o porte do navio, a produtividade do porto, o tamanho do lote de

cargas a ser embarcado e desembarcado, a existência ou não de equipamentos de

movimentação de carga no navio, a taxa de ocupação do mesmo, o número de contêineres

estivados sobre as tampas de escotilha e a proporção do uso de contêineres de 20 e 40 pés,

entre outros.

Kendall (1972) cita que a curto prazo, tempos longos nos portos penalizam navios maiores,

porém a longo prazo, equipamentos mais eficientes podem eliminar esse problema.

No presente trabalho adotou-se a posição mais comumente encontrada em estudos para o

setor de carga geral, que é simplesmente a adoção de uma taxa fixa diária de movimentação

de carga havendo, consequentemente, um crescimento do tempo de porto com o porte do

navio. A partir de dados do The Journal of Comerce – JOC – foi possível determinar a

produtividade dos portos internacionais e, segundo dados coletados pela empresa Hamburg-

Sud em 2007, da ANTAQ de 2009 e pela falta de dados atuais para todos os portos

brasileiros, foi feita uma extrapolação nos valores de prancha portuária brasileira para

alguns portos. Tais valores são apresentados na tabela 7.

Tabela 7 - Prancha Portuária

Prancha Portuária

Rotterdam 2208 Santos 1128 TEU/dia

Hamburgo 1896 Suape 720 TEU/dia

Antuérpia 1296 Manaus 500 TEU/dia

Le Havre 1344 Itaguaí 960 TEU/dia

Shanghai 2256 Itajaí 600 TEU/dia

Hong Kong 1632 Paranaguá 642 TEU/dia

Singapura 2000 Rio de Janeiro 672 TEU/dia

Buenos Aires 1420 Salvador 720 TEU/dia

Montevideo 1250 Rio Grande 840 TEU/dia

São Franc Sul 768 TEU/dia

19

3.4.2 Custo do Contêiner

Segundo Souza (2004), o custo do contêiner corresponde ao custo de aquisição do número

de contêineres necessário para atender a frota e o custo de manutenção, vinculado à

operação do contêiner, que envolvem lavagem, vistorias, seguro, armazenamento e

manutenção propriamente ditos.

Para estimar o custo do contêiner, procura-se determinar o número de contêineres

necessários em determinado sistema, fundamentalmente função, do número de navios

alocados a rota e da relação entre o tempo médio de internação de um contêiner e a

freqüência de atendimento a determinado porto. Este item de custo foi estimado com base

na equação 1 (REYDER e CHAPPELL,1979):

M

MN

2(1)

Onde:

θ - Razão entre o tempo de internação e o intervalo de atendimento ao porto, no presente

trabalho foi estimado θ = 2.

M - Número de navios na rota

N - Número de contêineres necessários no sistema, por contêiner embarcado.

Podemos notar que o número de contêineres necessários decresce com o aumento do

número de navios na rota e cresce com o aumento do tempo de permanência do contêiner

em terra.

No estudo, para efeito de estimativa de custo de aquisição do contêiner considerou-se o

custo de “leasing” de uma unidade de 20 pés. Com base em indicadores internacionais da

Containerisation International, chegou-se ao valor de US$ 0,60/contêiner.

Quanto ao custo de manutenção, segundo Souza (2004), utilizou-se US$ 500/ano.

20

3.4.3 Custo da Carga

O custo de estocagem está ligado ao fato da formação do lote para o embarque atendendo

uma demanda pré-estabelecida, este custo é uma parcela do custo da carga em transito.

O custo de imobilização da carga depende fundamentalmente do valor da carga, velocidade

do navio e frequência do serviço. Ele corresponde ao custo da mobilização no sistema de

transporte ou aguardando para ser embarcado, ou seja, formação de lote do estoque. O

custo arcado pelo embarcador pode ser subdivido em custo do tempo de viagem, função do

tempo de viagem, e o custo tempo de estocagem, função da frequência do serviço oferecido

pela empresa de navegação (Pereira, 1900).

De acordo com Kendall (1972), quanto maior o custo da carga, maior o custo de grandes

estoques e, consequentemente, menor a capacidade do navio ótimo. Para uma dada

quantidade transportada, uma dada demanda, e comprimento de viagem é economicamente

desencorajado que a capacidade do navio suba além de certo valor devido ao custo de

estoque e manuseio da carga que crescem mais rapidamente do que o custo básico do navio

decresce.

Pereira (1990) cita que no que se refere à questão do período de imobilização da carga em

terra, entende-se estar este diretamente ligado à questão da frequência dos serviços,

segundo a seguinte linha de raciocínio: supondo que determinado porto seja atendido em

certa rota por navios que o visitam a cada d dias tem-se que, em cada escala, serão

embarcadas cargas que chegaram nesse período de d dias. Supondo-se um fluxo continuo

de cargas, algumas destas terão chegado no primeiro dia do período, enquanto outras

somente no dia d de forma que, em média, as cargas esperaram d/2 dias pelo navio. Não foi

considerado o tempo de permanência do navio no porto como forma de simplificação, tal

tempo não é significativo. Não foram consideradas, também, nas análises a serem

apresentadas, os tempos incorridos entre o ponto de origem da carga e o porto de embarque

e o porto de desembarque e o destino final da mesma, por serem estes exógenos ao sistema

em estudo.

No estudo, como estimativa inicial utilizou-se um valor FOB de US$ 25.000, para um custo

de oportunidade 12% aa. Tais valores foram obtidos em um estudo feito por Souza (2004),

21

num levantamento posterior seria necessário levantar o perfil das cargas transportadas na

cabotagem para se definir valores médios.

3.5 Modelo de Custos

Até agora foi estabelecida a função de custo do navio dentro dos padrões clássicos

normalmente utilizados. Os custos de capital e operacional, como definidos, são custos

fixos, por independerem da quantidade de carga transportada bem como do fato de estar o

navio navegando ou não. Desta forma, define-se o custo diário do navio no mar como:

NMOPCAPM CCCC (2)

Onde:

CM = custo diário do navio navegando

CCAP = custo diário capital

COP = custo diário operacional

CNM = custo diário diretamente vinculado ao período de mar

Observe-se que o valor de CNM refere-se ao custo diário de combustível uma vez que,

conforme já exposto, serão desconsiderados possíveis outros custos do tipo comissões,

taxas de canais etc.

Analogamente define-se o custo diário do navio no porto como:

NPOPCAPP CCCC (3)

Onde:

CP = custo diário do navio no porto

CCAP = custo diário capital

COP = custo diário operacional

22

CNP = custo diário diretamente vinculado ao período no porto, corresponde aos custos de

combustível no porto e as despesas portuárias em geral.

Como dito anteriormente nesse capítulo, o custo da carga é dividido em dois custos: de

estocagem e de imobilização de carga. Ambos também têm um papel importante vinculado

ao sistema, e podem ser obtidos da seguinte forma:

a

EstQ

TPBiFOBC

*2

** (4)

365

)(** 2

Im

Marf

ob

TiFOBC

(5)

Onde:

FOB = US$ 25.000,00, como mencionado em 3.4.3

i = 12% aa, como mencionado em 3.4.3

TPB = capacidade do navio, em TEUs

Qa = demanda anual da rota, em TEUs

f = frequência de atendimento no porto, em dias

TMar = tempo de mar da viagem, em dias

Tem-se, desta forma, o custo total de uma viagem redonda definido como:

6,0**24

*Im NCCTC

V

DCC EstobPP

MTVR (6)

Onde:

CTVR = custo total de uma viagem redonda

D = distância total percorrida, em milhas

23

V = velocidade média dos navios, em nós

TP = tempo total de porto da viagem, em dias

N = número de contêineres no sistema

24

4 Análise Econômica-Operacional

Neste capitulo será estudado o comportamento da função custo, apresentada no capítulo

anterior, para navios porta-contêineres, a partir de variações básicas das características do

navio e da rota. No que se refere ao navio, tais características seriam basicamente sua

capacidade e velocidade. Com relação à rota, estas variações se referem ao comprimento da

mesma (distância percorrida entre dois portos), à produtividade dos portos, ao custo e valor

das cargas e ao não preenchimento da capacidade total do navio.

Tal estudo servirá também para calibrar o modelo paramétrico de acordo com o que se

espera dessas avaliações segundo estudos previamente realizados.

4.1 Economia no Porte e na Velocidade dos Navios

O tamanho ótimo do navio pode ser obtido a partir da composição de seus custos no mar e

no porto. Pela análise da Figura 9 pode-se observar o comportamento destes com relação ao

tamanho do navio.

Figura 9 - Composição de Custos do Navio

Fonte: Adaptado de Jansson e Shneerson

25

Pela análise das figuras e segundo Jansson e Shneerson (1982), podemos ver que temos

duas tendências distintas, a primeira de que conforme o porte do navio aumenta, maior é o

custo no porto/ton, e a segunda é justamente o inverso para o custo no mar/ton, onde quanto

maior a capacidade do navio, menor o custo no mar/ton. Conclui-se a partir daí, que quanto

maior for a relação tempo de mar / tempo total de viagem, maior será a capacidade ótima

do navio.

Uma análise preliminar foi elaborada para determinar, primeiramente, o comportamento

das funções custo de porto, custo do mar e custo total e, posteriormente, o comportamento

da função custo total e a parcela do custo do porto nessa relação, para uma condição de

transporte entre dois portos com o taxa de ocupação de 100% e prancha portuária 750

TEU/dia, média dos principais portos brasileiros. Não se levou em consideração os custos

portuários. Foi definida a seguinte configuração de rotas: rota longa, distância equivalente a

Santos e Hamburgo, e rota curta, distância equivalente a Santos e Suape. Os resultados são

apresentados nas figuras 10 para a velocidade de 20 nós e 11 e 12 para as velocidades 14,

17, 20 e 23 nós.

Figura 10 - Comportamento dos Custos

26

Figura 11 - Custo Total para Rota Curta

Figura 12 - Custo Total para Rota Longa

Como podemos observar pelos gráficos, para a rota curta, o navio considerado ótimo se

encontra na faixa de 3000 TEUs e quando esse comprimento de rota aumenta, observa-se

um aumento da capacidade do navio ótimo, indo para 5000 TEUs. Em ambos os casos

podemos perceber que o custo portuário aumenta conforme a capacidade do navio aumenta

e seu impacto no custo total na rota curta é muito maior do que na rota longa.

27

O decréscimo contínuo das curvas de custo, com o respectivo aumento do porte do navio,

para rota longa, até a região em torno de 5000 TEUS e a tendência de crescimento dos

mesmos a partir desta região, encontra explicação no caráter "penalizante" exercido pelo

porto sobre os navios de porte maior, em função do tempo prolongado da estadia portuária

destes.

Com relação à velocidade dos navios, deve-se ser salientado que a mesma está intimamente

correlacionada com o problema de custo de combustível, sendo este, uma grande parcela do

custo de viagem da embarcação.

4.2 Produtividade Portuária

Um fator que atua diretamente na relação tempo de mar / tempo de viagem redonda é a

produtividade portuária, pranchas altas reduzem o custo por TEU transportado do navio,

beneficiando, assim, navios de maior porte.

As Figuras 13 e 14 mostram as variações de custo por TEU transportado em função da

capacidade do navio, sendo a única variável alterada das figuras 11 e 12, a prancha dos

portos. Naquelas, foram utilizadas uma prancha de 750 TEUs/dia como sendo um valor

médio razoável, nestas, o valor da prancha foi aumentado para 1500 TEUs/dia.

28

Figura 13 - Custo Total com Aumento da Produtividade para Rota Curta

Figura 14 - Custo Total com Aumento da Produtividade para Rota Longa

Como se pode ver, o aumento na produtividade portuária impacta a função de custo no

sentido de aumentar o porte do navio de menor custo e verifica-se que rotas curtas esse

efeito tem um impacto maior do que em rotas mais longas.

29

Observa-se que o aumento da prancha acarretou uma redução generalizada de custos para

todas as velocidades e capacidades de navio. Ressalte-se, contudo, terem sido tais reduções

proporcionalmente bastante maiores para os navios de maior porte, chegando-se, para estes,

a valores de custo quase 40% inferiores em rotas curtas e quase 20% menores em rotas

longas.

Com relação à capacidade do navio, a rota curta tem maior sensibilidade, aumentando a

capacidade de 3000 TEUs para 5000 TEUs, já para a rota longa a capacidade do navio não

se alterou, permanecendo na faixa de 5000 a 6000 TEUs mas os custos de ambos se

aproximaram mais, confirmando a tendência de aumento do porte ótimo do navio.

4.3 Impacto do Custo de Imobilização de Carga

Segundo Pereira (1990), fundamentalmente, o custo de imobilização da carga é função do

valor da mesma, da frequência de atendimento de navios ao porto por onde a carga será

exportada e do tempo de viagem propriamente dito.

Tem-se, assim, que o custo de imobilização da carga tende a crescer com os aumentos de

seu valor FOB e do tempo de viagem e a decrescer com o aumento da frequência de

atendimento ao porto. Observa-se desta forma, que a consideração do custo da carga leva a

um aumento da velocidade ótima dos navios por significar, dada certa distância, menores

tempos de viagem (Pereira, 1990).

Para demonstrar tal efeito nos custos de um navio, a figura 15 a seguir foi feita para o navio

de 3000 TEUs, considerando a frequência de atendimento diária, ou seja, a carga não

espera pela embarcação, e para a frequência semanal e quinzenal, ou seja, a carga espera 7 e

14 dias pelo navio, respectivamente. Em ambos os casos o tempo de transito foi

considerado o tempo de viagem da carga, ou seja, o tempo da mesma em mar, um valor de

FOB de US$ 25.000,00 e taxa de oportunidade de 12% aa.

30

Figura 15 - Comparação dos Custos Totais com Imobilização de Carga

Como está representado, com a frequência diária o custo de imobilização de carga agregou

cerca de 120% ao valor do custo básico do navio. Quando o efeito da frequência semanal

foi adicionado pode-se notar um aumento em cerca de 10% ao anterior da frequência diária.

Outro ponto relevante de se destacar é da velocidade ótima, conforme houve um aumento

do valor da carga a velocidade também aumentou, passando de, aproximadamente, 20 nós

com os custos básicos do navio para 23 nós com os custos de carga.

Além do aumento do custo por TEU quando introduzido o custo de carga, variações na

frequência de atendimento do porto acarretam um aumento nesse custo da carga visto que a

mesma tem que esperar mais tempo para ser embarcada, imobilizando-a por mais tempo.

Tal efeito pode ser observado na figura 16, onde a curva de custo sofreu um deslocamento

para cima.

31

Figura 16 - Custo Total com Custo de Carga para Diferentes Capacidades

4.4 O Desbalanceamento do Tráfego

Inicialmente foi proposto que a taxa de ocupação para as viagens de ida e volta era de

100%, de forma que o navio ofertasse a maior quantidade possível. A proposta agora é a de

alterar essa taxa de ocupação, passível de acontecer visto que oscilações na demanda

podem ocorrer de acordo com a situação de mercado do Brasil.

A partir da figura 17, a conclusão mais fácil de tirar é o aumento do custo por contêiner

transportado uma vez que a taxa de ocupação não é mais de 100% então temos “espaços

vazios” na área de carga, um “desperdício” de capacidade induzindo um aumento do

custo/TEU decorrente do fato de parte dos custos serem fixos, o que implica numa divisão

por um número menor de TEUs.

32

Figura 17 - Influência do Desbalanceamento do Tráfego

5 Análise de Rotas Brasileiras

A estrutura de custo que será aplicada no presente trabalho é composta pelos custos de

capital, operacionais, de viagem, do contêiner e da carga.

O objetivo aqui desejado é o de analisar o serviço de cabotagem e as rotas de longo curso

que atuam no Brasil, assim como a integração dos serviços de cabotagem e longo curso,

inclusive com redução de escalas no longo curso (hub port).

5.1 Metodologia

A metodologia do presente trabalho é composta de duas etapas:

A primeira etapa consiste no levantamento de dados e explicação das principais rotas de

cabotagem e de longo curso no Brasil que serão simuladas no presente trabalho, a partir das

empresas que atuam nessas rotas. Esses dados consistem em quantidade e quais portos

fazem parte da rota, qual o tempo de viagem redonda e qual a capacidade dos navios

utilizados nessas rotas. Nessa fase também serão utilizados dados descritos no capítulo 3

nas rotas que serão analisadas e acrescentados dados que sejam necessários e ainda não

33

foram contemplados, assim como serão feitas considerações sobre adaptações que serão

utilizadas no modelo paramétrico. Por final serão descritos os cenários simulados.

Na segunda etapa é explicada a criação o modelo paramétrico aplicando as formulações

explicadas no capítulo 3.

5.1.1 Levantamento de Dados e Rotas

As rotas propostas para o presente trabalho são correspondentes às principais rotas que

atuam no mercado brasileiro, no caso do longo curso as rotas escolhidas são aquelas que

demandam a maior movimentação de contêineres no Brasil e para a cabotagem foi

escolhida a rota que abrange a maior extensão costeira do país, com os principais portos em

movimentação de contêiner.

Três grandes empresas atuam no serviço de cabotagem desde 1999, a Log-In, a Mercosul-

Line e a Aliança. Mais recentemente houve a inserção no mercado da empresa Maestra, do

grupo Triunfo.

Utilizando dados da empresa Log-In e Mercosul–Line, foi selecionada a rota do Serviço

Amazonas onde ambas atuam em parceria. Tal rota abrange desde o porto de Itajaí até o

porto de Manaus, fazendo escala em 6 portos diferentes por toda sua rota. A figura 18

representa essa rota.

34

Figura 18 – Rota do Serviço Amazonas de Cabotagem da Log-In

A partir de dados das empresas supracitadas, temos as características para a rota em

questão, foram obtidos dados da empresa Aliança de uma rota similar a essa analisada

como parâmetro para validação e análise dos resultados obtidos posteriormente no modelo

paramétrico.

Tabela 8 - Características da Cabotagem por Empresa

Cabotagem

Log-In

28 dias

2800 TEUS

4 navios

8 portos

Aliança

28 dias

3700 TEUS

4 navios

7 portos

Mercosul

- Line

28 dias

2500 TEUS

4 navios

7 portos

35

Essa rota é atendida com frequências semanais, com navios de 2500 à 2800 TEUs que a

percorrem em 28 dias. O inicio da mesma ocorre no porto de Santos e a sequência de portos

atendidos é: Santos – Paranaguá – Itajaí – Itaguaí – Suape – Manaus – Suape – Santos.

Com relação à movimentação de contêineres em cada um, segundo dados da ANTAQ, o

porto de Santos é aquele de maior movimentação na cabotagem. Analisando a

movimentação de cada porto pertencente a rota em questão, a soma dessas movimentações

foi assumida como sendo a demanda para a mesma. A figura 19 apresenta, considerando

apenas a carga movimentada pelos portos da rota em questão, a porcentagem que cada um

movimentou, no ano de 2012.

Figura 19 - % da Movimentação nos Portos da Rota Apresentada

Fonte: ANTAQ

Para o longo curso, utilizando dados da ANTAQ (2012), foi possível determinar quais eram

os destinos que mais movimentavam contêineres no Brasil e foi assim constatado que

seriam as rotas para a Ásia (Extremo Oriente) e para a Europa, como representado na tabela

9.

36

Tabela 9 - Quantidade de TEUs por Destino Internacional

Rota Oceânica Quantidade

Transportada (t) %

Quantidade TEU

% TEU

África Ocidental (Golfo da Guiné) 870.636 1,22% 66.846 1,04%

África Oriental 1.384.227 1,94% 93.806 1,46%

Atlântico Sul / Rio da Prata 4.183.250 5,88% 442.666 6,91%

Caribe / Golfo do México 7.853.363 11,03% 677.658 10,58%

Costa Oeste da América Central e do Norte 213.613 0,30% 14.813 0,23%

Costa Oeste da América do Sul 2.050.176 2,88% 124.008 1,94%

EUA / Canadá (Costa Leste) 8.071.680 11,34% 684.429 10,68%

Índico / Extremo Oriente 23.229.554 32,64% 2.218.981 34,64%

Mediterrâneo/ Mar Negro 7.594.571 10,67% 690.839 10,78%

Noroeste da África 676.818 0,95% 56.671 0,88%

Norte da Europa/ Europa 13.720.730 19,28% 1.184.999 18,50%

Oriente Médio 1.077.027 1,51% 93.922 1,47%

Não Identificada 243.843 0,34% 56.789 0,89%

TOTAL 71.169.489 100,00% 6.406.427 100,00%

Uma rota muito comum e importante no transporte de contêineres para o Brasil é a que liga

o norte do continente europeu ao Brasil, a partir de dados das operadoras Maersk, CMA-

CGM e Hamburg-Sud, percebemos que as duas primeiras utilizam uma faixa de capacidade

de 5500 TEUs até 6000 TEUs enquanto a Hamburg-Sud utiliza navios de 4000 à 4250

TEUs. Todas as operadoras realizam a viagem redonda em torno de 49 dias, utilizam 7

navios para a rota em questão e percorrem distâncias aproximadamente iguais em suas

rotas, porém passando por portos diferentes. A fim de padronizar e ainda assim ter um

resultado concreto e factível de comprovação foi adotada a rota Antuérpia – Rotterdam –

Hamburgo – Le Havre – Rio de Janeiro – Santos – Rio Grande – Navegantes – Santos –

Itaguaí – Antuérpia, rota essa muito similar à utilizada pela Maersk.

Tabela 10 - Características das Empresas na Rota Brasil - Europa

Europa - Brasil

Maersk

49 dias

5500 TEUS

7 navios

9 portos

Hamburg

Sud

49 dias

4000 - 4250 TEUS

7 navios

11 portos

37

CMA -

CGM

49 dias

5500 - 6000 TEUS

7 navios

11 portos

Em relação à movimentação de contêineres, segundo dados da ANTAQ, os portos

brasileiros que estão presentes nessa rota movimentam cerca de 3,9 milhões de TEUs

destinados a rotas de longo curso. A seguir será mostrado quanto cada um deles movimenta

nessa rota, percentualmente.

Figura 20 - % Movimentada por Portos Brasileiros no Longo Curso

Fonte: ANTAQ

De acordo com as autoridades portuárias até o ano de 2012, os portos que mais

movimentavam contêineres na Europa estão representados na figura 21.

38

Figura 21 – Total Movimentado nos Portos da Europa

Fonte: Porto de Rotterdam

Como é mostrado, Rotterdam, Hamburgo e Antuérpia são os 3 principais portos do norte

europeu no quesito movimentação de carga e Le Havre figura como 12º principal. A partir

daí tiramos uma estimativa de quantos TEUs cada porto movimenta na rota de longo curso

abordada anteriormente.

Com o passar dos anos, a China se tornou uma grande potência e uma grande parceira

comercial que aumentou a demanda de contêineres no Brasil e na América do Sul, fazendo

com que a rota para a Ásia se tornasse aquela que mais movimenta contêineres no Brasil,

tanto na importação quanto na exportação. Uma rota comumente utilizada pelas operadoras

de contêineres é: Xangai – Hong Kong – Singapura – Santos – Paranaguá – Buenos Aires –

Montevidéu – Paranaguá – São Francisco do Sul – Santos – Singapura – Hong Kong –

Xangai. Esses portos asiáticos foram escolhidos, pois são os principais da região e os 3

maiores em movimentação de contêineres no mundo, como será apresentado na figura 22.

39

Figura 22 - 20 Maiores Portos de Contêineres do Mundo

Fonte: Porto de Rotterdam

Novamente as empresas Hamburg-Sud e Maersk foram utilizadas como referência para

aquisição de dados e a partir das mesmas, foi averiguado que, para a rota em questão, são

aplicados navios de 4200 até 8500 TEUs com frequência semanal e tempos de viagem que

variam de 77 dias até 91 dias.

Tabela 11 - Características das Empresas Rotas Ásia-Mercosul

Ásia - Mercosul

Maersk

77 dias

4700 - 8500 TEUS

11 navios

13 portos

Hamburg

Sud

91 dias

4200 - 5800 TEUS

13 navios

13 portos

CMA -

CGM

77 dias

6000 - 8500 TEUS

11 navios

17 portos

40

Para o desenvolvimento da análise econômica-operacional, feita a partir das diferentes

situações e rotas propostas, foi criado um banco de dados com informações pertinentes e

que serão utilizadas pelo modelo paramétrico.

Os primeiros dados coletados foram relativos aos custos básicos (de capital, operacional e

viagem) das embarcações que serão utilizadas para a análise. Para a rota de cabotagem

serão utilizadas as capacidades de 2000, 3000, 5000, 6000 e 8000 TEUs e para as viagens

de longo curso será acrescida a capacidade de 4000 TEUs visto que a rota de cabotagem

atual no Brasil utiliza navios menores de 3000 TEUs e rotas internacionais utilizam

embarcações maiores, a partir de 4000 TEUs, como apresentado nas tabelas 8, 10 e 11.

Os custos de capital, operacional e de viagem (tarifas de cada porto que será utilizado no

modelo) poderão ser visualizados nas tabelas 12, 13 e 14 e o custo de viagem relativo ao

custo de combustível será mostrado na figura 23 com o consumo de HFO para cada

velocidade, na tabela 16 com o consumo de MDO e na tabela 17 com o preço do HFO e do

MDO nos diferentes continentes que serão tratados no presente trabalho.

Tabela 12 - Custo Capital

Fonte: Adaptado de Clarkson (2002)

Custo Capital

2000 3000 4000 5000 6000 8000

28.000.000,00 35.000.000,00 40.000.000,00 47.500.000,00 62.000.000,00 90.000.000,00 US$

12.600,00 16.201,16 18.000,00 21.602,00 27.452,00 40.952,94 US$/dia

Tabela 13 - Custo Operacional

Fonte: Adaptado de Clarkson (2002)

Custo Operacional

2000 3000 4000 5000 6000 8000

6.000,00 6.700,00 8.400,00 9.200,00 10.420,00 12.700,00 US$/dia

41

Tabela 14 - Custos Portuários dos Portos Utilizados nas Rotas

Custos Portuários

Rotterdam 0,324 US$/GT Santos 19,39 US$/TEU

0,643 US$/ton Suape 7,23 US$/TEU

Hamburgo 0,821 US$/GT Manaus 12,5 US$/TEU

Antuérpia 0,25 US$/GT Itaguaí 26,66 US$/TEU

1,53 US$/GT Itajaí 18,74 US$/TEU

Le Havre 0,75 US$/GT Paranaguá 12,61 US$/TEU

Hong Kong 0,55 US$/ton Rio de Janeiro 26,66 US$/TEU

Shanghai 0,15 US$/GT Salvador 11,87 US$/TEU

Singapura 0,79 US$/GT Rio Grande 10,45 US$/TEU

Montevidéu 15 US$/TEU São Franc Sul

5,95 US$/TEU

Buenos Aires 18 US$/TEU 0,1 US$/ton

Tabela 15 - Custos de Utilização do Porto

Custos de Utilização do Porto

Rebocador Prático

Europa

2000 4955,76 US$ 2000 3358,91 US$

3000 5644,06 US$ 3000 4903,45 US$

4000 6814,17 US$ 4000 6374,07 US$

5000 7915,45 US$ 5000 7792,61 US$

6000 7915,45 US$ 6000 8875,84 US$

8000 9360,88 US$ 8000 11128,44 US$

Mercosul

2000 3065,43 US$ 2000 5593,31 US$

3000 3491,18 US$ 3000 8165,30 US$

4000 4214,96 US$ 4000 10083,49 US$

5000 4896,17 US$ 5000 11938,27 US$

6000 4896,17 US$ 6000 14041,18 US$

8000 5790,25 US$ 8000 18531,25 US$

Ásia

2000 4955,76 US$ 2000 1370,02 US$

3000 5644,06 US$ 3000 2000,00 US$

4000 6814,17 US$ 4000 2599,83 US$

5000 7915,45 US$ 5000 3178,42 US$

6000 7915,45 US$ 6000 3620,24 US$

8000 9360,88 US$ 8000 4539,02 US$

42

Figura 23 - Consumo de HFO para Diferentes Velocidades

Fonte: Adaptado de AXS-Alphaliner

Tabela 16 - Consumo de MDO para as Diferentes Capacidades

Fonte: Adaptado de Clarkson (1989)

Consumo Diesel (ton/dia)

TEUs Mar Porto

2000 7 6

3000 9 7

4000 11 8

5000 13 10

6000 14 12

8000 16 13

Tabela 17 - Custo de Combustível

Fonte: Adaptado de Ship&Bunker

Custo Combustível (US$/ton)

HFO MDO

Ámerica 597,5 1000

Europa 570,75 782,5

Ásia 635 916,75

43

Para analisar os custos portuários foi necessário utilizar um valor padrão para GT (Gross

Tonnage) e DWT (Deadweight) para cada capacidade abordada, os valores serão

apresentados na tabela 18.

Tabela 18 - Características dos Navios Tomados como Base

Fonte: Adaptado de The geography of transport systems

Porte Navios

TEU GT DWT

2000 21842 25314

3000 28779 31590

4000 40500 43650

5000 50686 54059

6000 66433 69303

8000 86692 90630

Dados relativos à produtividade dos portos, custo da carga e do contêiner em si, podem ser

obtidos na seção 3.4 do presente trabalho.

Os cenários simulados no presente trabalho foram assim determinados:

Primeiramente é feita uma simulação das rotas de cabotagem e longo curso para Europa,

para servir como referência para as demais simulações. Logo após, o segundo cenário

considera o caso onde a rota de longo curso faria apenas uma parada no Brasil, em um

porto concentrador, primeiramente fez-se para Santos e após para Suape, o primeiro por ser

o maior porto brasileiro e o segundo por ser um porto mais próximo geograficamente do

mercado europeu. Depois, foi feito a cabotagem começando em um desses portos

concentradores e percorrendo a rota que os navios de longo curso iriam percorrer pelos

portos brasileiros caso fizessem a rota de longo curso completa, rota essa mostrada

anteriormente nesse tópico. Uma adaptação feita foi na rota começando em Suape, onde

não foi incluído o porto de Santos para se ter uma análise mais crítica, com a retirada do

porto de maior produtividade.

O cenário seguinte foca a simulação do caso onde haveria dois portos concentradores para a

rota de longo curso, metade da demanda indo para cada um e, a partir daí, ocorreria, no

caso de Santos, a cabotagem na região Centro-Sul do país e, no caso de Suape, na região do

Norte-Nordeste.

44

O quarto cenário ocorre o dobro da demanda brasileira, para o cenário 1. O quinto cenário

engloba um aumento na produtividade dos portos brasileiros, dobrando sua produtividade e,

chegando assim, próximo a de alguns portos europeus.

O sexto cenário consiste na simulação da rota Mercosul – Ásia para se avaliar a

sensibilidade do modelo quando vários parâmetros mudam ao mesmo tempo, a distância, a

produtividade portuária, a demanda, as tarifas portuárias. É feita, também, uma simulação

para o caso do porto de Santos como concentrador das importações e exportações.

5.1.2 Modelo Paramétrico

O modelo paramétrico foi concebido considerando algumas premissas visando simplificá-

lo, sem comprometer os objetivos a serem alcançados. No que diz respeito à demanda, esta

foi considerada como não sujeita a variações estocásticas, ela foi determinada utilizando

critérios explicados anteriormente para que, assim, não ocorressem problemas de

desbalanceamento de tráfego. O Market Share determinado inicialmente foi de 25% para a

cabotagem e de 30% para o longo curso, esse valor é apenas uma simplificação visto que

não temos dados suficientes da participação de cada empresa em determinada rota.

O tempo de porto foi calculado com base na porcentagem da movimentação esperada de

cargas para cada um dos portos e na prancha portuária dos mesmos. A partir de tais dados

obteve-se o tempo de estadia típico dispendido por cada navio empregado na rota, esta

premissa pode ser considerada razoável não só pelo fato das demandas terem sido tomadas

como constantes, bem como pelo emprego, nas simulações realizadas, de frotas compostas

por navios de igual capacidade, com vistas a verificar o desempenho de cada um dos

diferentes tipos de navio na rota analisada. Não se incorporou no modelo os tempos de

espera para atracação, em função da janela de operação onde previamente portos e

embarcações já tem uma data estabelecida de chegada ao porto e, com isso, atracando

diretamente.

Para o cálculo do custo de combustível em mar e no porto, multiplicou-se o consumo

específico de cada óleo (pesado e diesel) pelo preço desse óleo no continente que a

embarcação iria atuar e pelo número de dias em mar ou no porto numa viagem redonda.

45

Como dito anteriormente, o tempo de espera da carga pela chegada do navio é a média da

frequência de atendimento no porto e para a imobilização da carga no mar foi utilizado o

tempo total de mar de cada rota. O modelo leva em consideração, também, os custos

relativos aos contêineres a partir de leasing e manutenção dos mesmos.

Outra característica do modelo foi de que as velocidades dos navios das frotas seriam

constantes e determinadas para se atingir a frequência de escala nos portos desejada, no

caso, 7 dias, visto que é a frequência adotada no mercado de contêineres atualmente. Isso

também nos diz que o tempo total de viagem tem que ser um múltiplo de 7.

A partir das explicações dadas no decorrer deste capítulo, as mesmas são aplicadas às

formulações apresentadas no capítulo 3 para a criação do modelo paramétrico. Para obter o

custo total de viagem redonda por TEU utiliza-se a fórmula 6 e a divide pela quantidade de

TEUs transportado.

Como principais resultados do modelo paramétrico proposto têm-se os diversos custos

incorridos por cada um dos navios utilizados na simulação, o número de contêineres

transportados no período e quanto eles representam da demanda, o tempo total de trânsito,

os custos de imobilização de cada uma destas cargas e a taxa de ocupação de cada um dos

navios, por rota e demanda estipulada.

6 Análise dos Resultados

Como descrito anteriormente, os cenários descritos são os seguintes:

Os cenários simulados no modelo paramétrico foram:

1. Simulação das rotas atuais de cabotagem e longo curso para a Europa;

2. Rota de longo curso da Europa parando apenas em um porto no Brasil (porto

concentrador) ou Santos ou Suape e, em seguida, a cabotagem iniciando em um

desses portos citados e percorrendo a rota que os navios de longo curso iriam

percorrer;

46

3. Existência de dois portos concentradores onde metade da demanda iria para cada

um e, a partir daí, ocorreria, no caso de Santos, a cabotagem na região Centro-Sul

do país e, no caso de Suape, na região do Norte-Nordeste;

4. Dobro da demanda do cenário 1;

5. Dobro da produtividade brasileira do cenário 1;

6. Viagem de longo curso Mercosul-Ásia e, posteriormente, a viagem com um porto

concentrador (Santos), um aumento de 10% na demanda e a volta sendo diretamente

para o porto de Xangai

O modelo adota as seguintes unidades:

Nós para a velocidade; Dias para o tempo de viagem e a frequência; TEUs para a

quantidade ofertada; US$/TEU para o custo por TEU transportado.

6.1 Cenário 1

A demanda total para o caso da cabotagem brasileira atual foi estipulada como 1,2 milhões

de TEUs, pois esse é o montante movimentado pelos portos atendidos pela rota. A esse

valor devemos aplicar 25%, o Market Share estipulado anteriormente. O modelo foi

executado de acordo com as premissas apresentadas no capítulo anterior, para o caso da

cabotagem brasileira temos os seguintes resultados:

Tabela 19 - Resultados para a Cabotagem Brasileira

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 25%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 19,3 21 7 202.677 67,56% 16,89% 484,46

3000 15,3 28 7 304.436 101,48% 25,37% 456,93

24,4 21 7 304.264 101,42% 25,36% 459,02

5000 14,65 35 7 507.300 169,10% 42,28% 611,38

22,8 28 7 507.186 169,06% 42,27% 595,63

6000 17,4 35 7 608.852 202,95% 50,74% 704,38

8000 15,3 42 7 811.152 270,38% 67,60% 934,26

24,5 35 7 811.854 270,62% 67,65% 959,57

47

Como é apresentado, a frota de navios que nos dá o menor custo é o de 3000 TEUs

navegando a 15,3 nós e o mesmo oferta a quantidade quase que precisa da demanda, não

havendo desperdício de espaço e, portanto, sendo a melhor escolha para a rota. Tal

resultado está de acordo com o que é atualmente praticado, como mencionado na tabela 8,

com navios variando de 2500 à 3700 TEUs.

Para o caso da viagem de longo curso para a Europa, a demanda total é aquela apresentada

na tabela 9 do capítulo anterior, apenas aproximado para 1,2 milhões de TEUs. Adotando-

se o Market Share de 30%, temos um total de 360 mil TEUs por ano. Na tabela 20 são

demonstrados os resultados obtidos.

Tabela 20 - Resultados para a Viagem Brasil - Europa

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 16,35 42 7 202.958 56,38% 16,91% 849,95

20,7 35 7 202.761 56,32% 16,90% 864,20

3000

15,15 49 7 304.117 84,48% 25,34% 788,75

18,85 42 7 304.223 84,51% 25,35% 759,35

24,9 35 7 304.059 84,46% 25,34% 791,46

4000 17,3 49 7 405.656 112,68% 33,80% 786,01

22,3 42 7 405.847 112,74% 33,82% 783,13

5000 15,99 56 7 507.180 140,88% 42,26% 912,74

20,15 49 7 507.125 140,87% 42,26% 883,60

6000

14,85 63 7 608.376 168,99% 50,70% 1.084,65

18,4 56 7 608.765 169,10% 50,73% 1.039,99

24,1 49 7 608.334 168,98% 50,69% 1.035,82

8000 15,65 70 7 811.397 225,39% 67,62% 1.384,99

19,6 63 7 811.082 225,30% 67,59% 1.360,60

Como vemos na tabela acima, a frota de navios com a capacidade que atende a frequência

estipulada e gera o menor custo é o de 3000 TEUS, porém a mesma não é capaz de carregar

a carga demandada logo a frota “ótima” é a de 4000 TEUS navegando a 22,3 nós. Outra

consideração que pode ser feita é que foram simuladas capacidades fixas dos navios;

provavelmente existe uma capacidade que gere um custo um pouco maior do que o de 3000

TEUs e menor que o de 4000 TEUs e consiga atender a demanda.

48

Tal resultado está de acordo com o que é atualmente praticado, como mencionado na tabela

10, com navios variando de 4000 à 6000 TEUs.

6.2 Cenário 2

Para o caso de um porto concentrador temos alterações na distância percorrida pelos navios,

assim como no tempo de porto dispendido, pois temos menos portos atendidos e, para o

caso de Santos, a produtividade do mesmo é a maior do Brasil, reduzindo o tempo de porto.

Isso acarreta, consequentemente, em custos de mar e porto menores. A demanda utilizada

para o cenário em questão continua sendo igual à do cenário 1 para viagem de longo curso

Brasil – Europa. Os resultados seguem abaixo na tabela 21 e 22, para o caso do porto de

Santos como concentrador e do porto de Suape, respectivamente.

Tabela 21 - Custos Rota Brasil - Europa com Porto de Santos como Concentrador

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 16,65 35 7 202.866 56,35% 16,91% 712,60

21,9 28 7 202.749 56,32% 16,90% 734,69

3000 18,5 35 7 304.122 84,48% 25,34% 634,07

25,25 28 7 304.178 84,49% 25,35% 663,48

4000 16 42 7 405.243 112,57% 33,77% 666,37

20,85 35 7 405.747 112,71% 33,81% 647,01

5000 17,75 42 7 507.221 140,89% 42,27% 731,76

23,85 35 7 507.079 140,86% 42,26% 733,94

6000 15,45 49 7 608.634 169,07% 50,72% 876,58

19,9 42 7 608.939 169,15% 50,74% 829,26

8000 19 49 7 811.494 225,41% 67,62% 1.080,72

Tabela 22 - Custos Rota Brasil - Europa com Porto de Suape como Concentrador

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 19 28 7 202.692 56,30% 16,89% 582,29

3000 16,5 35 7 304.169 84,49% 25,35% 540,32

23,65 28 7 304.288 84,52% 25,36% 546,06

4000 14,6 42 7 405.998 112,78% 33,83% 583,95

19,9 35 7 405.854 112,74% 33,82% 551,46

5000 17,15 42 7 507.016 140,84% 42,25% 635,76

49

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

5000 25 35 7 507.112 140,86% 42,26% 641,72

6000 20,85 42 7 608.747 169,10% 50,73% 727,01

8000 15,6 56 7 810.810 225,23% 67,57% 1.000,53

21,9 49 7 811.693 225,47% 67,64% 994,10

De acordo com a tabela 21, é possível perceber que a frota de navios ótima para o caso de

Santos continua sendo o de 3000 TEUs mas a frota de 4000 TEUs navegando a 20,85 nós é

àquela que consegue ofertar a quantidade pré-estabelecida inicialmente. Outra observação

para essa situação é que os custos de ambos as frotas estão mais próximos do que na

situação inicial, onde eles se distanciavam por 23,89 US$/TEU e agora a diferença de

custos é de 12,94 US$/TEU, valor 46% menor, aproximadamente. Isso sugere que houve

um aumento na capacidade ótima do navio e que o aumento da produtividade causou um

impacto maior no custo do que o fato da distância ter reduzido.

No caso de Suape, a distância percorrida é menor visto a proximidade do mesmo com o

continente europeu, porém continua sendo considerada uma viagem longa e a produtividade

de Suape é muito próxima à média da produtividade dos portos utilizados no longo curso

atual, por isso a capacidade do navio ótimo permanece inalterada.

Para que essa opção seja viável, em comparação com o modo atual de transporte, o custo da

cabotagem no Brasil deveria ser em torno de 136,12 US$/TEU considerando o porto de

Santos como concentrador e 231,67 US$/TEU para o caso de Suape.

Analisando a cabotagem para os casos de Santos e Suape, reproduzindo a viagem que seria

feita pelo navio de longo curso e mantendo-se a demanda, chega-se aos seguintes

resultados, respectivamente:

Tabela 23 - Custos da Rota de Cabotagem Iniciando em Santos

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 25%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

3000 17,4 14 7 304.351 101,45% 25,36% 213,43

5000 15,6 21 7 506.929 168,98% 42,24% 316,65

50

Tabela 24 - Custos da Rota de Cabotagem Iniciando em Suape

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 25%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 18,8 14 7 202.909 67,64% 16,91% 308,93

3000 26,5 14 7 303.941 101,31% 25,33% 304,30

5000 20,55 21,00 7 507.191 169,06% 42,27% 386,78

8000 22,7 28 7 811.822 270,61% 67,65% 637,72

Como apresentado nas tabelas acima, para se obter a frequência semanal, no caso de

Santos, só foram possíveis duas configurações de capacidade, sendo a de menor custo e

ofertando praticamente a mesma quantidade demandada, a frota de navios de 3000 TEUs

navegando a 17,4 nós.

Para o caso de Suape, a capacidade do navio permaneceu em 3000 TEUs mas o custo para

o navio de 2000 TEUs se aproximou consideravelmente, a diferença de custos era de 27,53

US$/TEU e passou para 4,63 US$/TEU, aproximadamente, uma redução de 83%. Tal fato

era esperado visto que o porto de maior produtividade não está incluído nessa rota e, por ser

a rota de cabotagem uma rota pequena, qualquer alteração na mesma impacta mais nos

custos.

Com os valores apresentados é possível concluir que, ao se somar os valores de cabotagem

e viagem de longo curso, para cada porto concentrador, não é economicamente viável em

comparação com a situação atual praticada.

6.3 Cenário 3

Uma análise interessante seria de dois portos concentradores e a partir de cada um, realizar

a cabotagem nas regiões mais próximas ao mesmo, reduzindo, assim, o tempo total de

trânsito da carga.

Primeiramente serão apresentados os resultados para as viagens de longo curso para Santos

e Suape, respectivamente e, após isso, os resultados para a cabotagem proveniente de

Santos para região Centro-Sul e proveniente de Suape para a região Norte-Nordeste.

51

Tabela 25 - Longo Curso com 2 Portos Concentradores (Santos)

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 16,65 35 7 202.866 112,70% 33,81% 776,32

21,9 28 7 202.749 112,64% 33,79% 808,17

3000 18,5 35 7 304.122 168,96% 50,69% 906,73

25,25 28 7 304.178 168,99% 50,70% 996,31

4000 16 42 7 405.243 225,13% 67,54% 1.054,77

20,85 35 7 405.747 225,42% 67,62% 1.074,05

5000 17,75 42 7 507.221 281,79% 84,54% 1.210,16

23,85 35 7 507.079 281,71% 84,51% 1.271,96

6000 15,45 49 7 608.634 338,13% 101,44% 1.466,37

19,9 42 7 608.939 338,30% 101,49% 1.429,44

8000 19 49 7 811.494 450,83% 135,25% 1.922,85

Tabela 26 - Longo Curso com 2 Portos Concentradores (Suape)

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 19 28 7 202.692 112,61% 33,78% 650,19

3000 16,5 35 7 304.169 168,98% 50,69% 765,54

23,65 28 7 304.288 169,05% 50,71% 815,25

4000 14,6 42 7 405.998 225,55% 67,67% 923,67

19,9 35 7 405.854 225,47% 67,64% 916,06

5000 17,15 42 7 507.016 281,68% 84,50% 1.059,30

25 35 7 507.112 281,73% 84,52% 1.128,82

6000 20,85 42 7 608.747 338,19% 101,46% 1.274,37

8000 15,6 56 7 810.810 450,45% 135,14% 1.770,60

21,9 49 7 811.693 450,94% 135,28% 1.815,79

Tabela 27 - Cabotagem com 2 Portos Concentradores (Santos)

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 25%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 26,4 7 7 202.812 112,67% 33,80% 232,85

5000 21,3 14 7 506.841 281,58% 84,47% 415,56

8000 17,9 21 7 811.276 450,71% 135,21% 716,85

52

Tabela 28 - Cabotagem com 2 Portos Concentradores (Suape)

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 25%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 21 14 7 202.832 112,68% 33,81% 330,11

5000 20,6 21 7 506.911 281,62% 84,49% 538,81

6000 18,1 28 7 608.676 338,15% 101,45% 689,53

8000 16,9 35 7 811.216 450,68% 135,20% 985,54

A partir dos resultados apresentados, com a divisão da demanda para cada porto ocorre a

diminuição da capacidade ótima do navio e o grande causador disso está relacionado com o

efeito “penalizante” que é exercido sob navios maiores pois ofertam muito mais do que a

demanda necessita e, com isso, sobram espaços de carga.

6.4 Cenário 4

Considerando que o Brasil invista mais nas trocas comerciais utilizando o transporte

marítimo de contêineres, foi analisado o caso, para as rotas atuais de cabotagem e de longo

curso, da demanda dobrar e os resultados obtidos estão nas tabelas 29 e 30,

respectivamente, a seguir.

Tabela 29 - Custos na Rota de Cabotagem para o Dobro da Demanda

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 25%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 19,3 21 7 202.677 33,78% 8,44% 479,46

3000 15,3 28 7 304.436 50,74% 12,68% 445,66

24,4 21 7 304.264 50,71% 12,68% 447,06

5000 14,65 35 7 507.300 84,55% 21,14% 436,71

22,8 28 7 507.186 84,53% 21,13% 403,97

6000 17,4 35 7 608.852 101,48% 25,37% 434,24

8000 15,3 42 7 811.152 135,19% 33,80% 558,48

24,5 35 7 811.854 135,31% 33,83% 542,23

53

Tabela 30 - Custos na Rota de Longo Curso para o Dobro da Demanda

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 16,35 42 7 202.958 28,19% 8,46% 845,78

20,7 35 7 202.761 28,16% 8,45% 860,03

3000

15,15 49 7 304.117 42,24% 12,67% 782,50

18,85 42 7 304.223 42,25% 12,68% 753,10

24,9 35 7 304.059 42,23% 12,67% 785,21

4000 17,3 49 7 405.656 56,34% 16,90% 723,29

22,3 42 7 405.847 56,37% 16,91% 714,01

5000 15,99 56 7 507.180 70,44% 21,13% 732,65

20,15 49 7 507.125 70,43% 21,13% 695,33

6000

14,85 63 7 608.376 84,50% 25,35% 773,69

18,4 56 7 608.765 84,55% 25,37% 723,36

24,1 49 7 608.334 84,49% 25,35% 697,85

8000 15,65 70 7 811.397 112,69% 33,81% 849,13

19,6 63 7 811.082 112,65% 33,80% 808,27

Com o dobro da demanda a frota de navios menores não conseguem transportar a

quantidade de TEUs necessários para atender a demanda e os navios maiores, agora,

ocupam os espaços que antes estavam vazios pelo fato da oferta dos mesmos ser maior do

que a necessidade do mercado. Para a cabotagem a capacidade ótima dos navios da frota

aumentou para 5000 TEUs mas os mesmos ofertam menos do que o demandado e, por isso,

a melhor frota é a de 6000 TEUs que oferta um pouco acima do necessário. Como foi

mencionado em outros cenários, por ser uma simulação de capacidades fixas,

provavelmente exista um valor de capacidade que atenda a demanda e possua um custo por

TEU entre os custos do navio de 5000 e de 6000 TEUs.

Para o caso da viagem de longo curso, a capacidade dos navios da frota ótimo passou para

5000 TEUs com o de 6000 TEUs com custo muito similar, diferenciando apenas US$2,52

porém ambos não atendem a demanda e, por isso, a melhor frota é a de navios de 8000

TEUs. Com uma demanda ligeiramente inferior o resultado iria enquadrar-se no que é

atualmente praticado, como mencionado na tabela 10, com navios variando de 4000 à 6000

54

TEUs. Uma das justificativas para essa variação de capacidades reside na quantidade de

TEUs movimentados por cada empresa, comprovado no cenário simulado.

6.5 Cenário 5

O último cenário considerando as viagens de cabotagem e de longo curso para a Europa

simula o caso onde a produtividade brasileira dobra, atingindo valores próximos aos

europeus em alguns portos brasileiros. Os resultados para cada situação são mostrados nas

tabelas 31 e 32.

Tabela 31 – Custos/TEU para Cabotagem com Dobro da Produtividade

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 25%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000 16 21 7 202.907 67,64% 16,91% 463,90

26,25 14 7 202.830 67,61% 16,90% 503,61

3000 17,5 21 7 304.245 101,42% 25,35% 421,53

5000 21,55 21 7 506.863 168,95% 42,24% 537,56

6000 15,3 28 7 608.872 202,96% 50,74% 640,25

24,4 21 7 608.528 202,84% 50,71% 627,18

8000 17,5 28 7 810.940 270,31% 67,58% 788,76

Tabela 32 - Custos/TEU para Longo Curso com Dobro da Produtividade

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000

14,93 42 7 203.501 56,53% 16,96% 841,81

18,5 35 7 203.640 56,57% 16,97% 829,95

24,3 28 7 203.756 56,60% 16,98% 881,06

3000 16,1 42 7 304.123 84,48% 25,34% 750,66

20,35 35 7 304.324 84,53% 25,36% 736,86

4000 17,56 42 7 405.550 112,65% 33,80% 752,44

22,75 35 7 405.954 112,76% 33,83% 754,01

5000

15,45 49 7 506.915 140,81% 42,24% 873,34

19,3 42 7 506.808 140,78% 42,23% 838,27

25,75 35 7 507.184 140,88% 42,27% 871,68

6000 16,8 49 7 608.615 169,06% 50,72% 992,05

21,45 42 7 608.478 169,02% 50,71% 949,83

8000 16,1 56 7 811.683 225,47% 67,64% 1.255,28

20,3 49 7 811.079 225,30% 67,59% 1.241,43

55

Para o caso da cabotagem brasileira o navio ótimo é o de 3000 TEUs, ele atende a todos os

requisitos necessários, frequência semanal, oferta maior ou igual a demanda e o menor

custo dentre as capacidades consideradas. Outra observação pode ser feita diz respeito à

tendência de aumentar a capacidade do navio a partir do aumento da produtividade visto

que a diferença de valores do custo/TEU entre os navios de 2000 e 3000 TEUs aumentou

de 27,53 US$/TEU para 42,37 US$/TEU e a diferença entre a frota dos navios de 3000 e

5000 TEUs diminuiu de 138,70 US$/TEU para 116,03 US$/TEU.

Na viagem de longo curso o aumento da produtividade acarreta em fenômeno igual ao

mencionado no parágrafo acima onde o a diferença dos custos dos navios de 3000 e 4000

TEUs diminui para a nova situação, indo de 23,77 US$/TEU para 15,58 US$/TEU.

6.6 Cenário 6

O último cenário simulado considera a viagem de longo curso Mercosul – Ásia, essa rota

apresenta a maior movimentação de contêineres do Brasil, a demanda para tal rota é aquela

presente na tabela 9 e mantido o Market Share de 30%. Os resultados obtidos nessa

simulação são apresentados na tabela abaixo.

Tabela 33 - Custos/TEU para a Rota Mercosul - Ásia

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000

17,2 70 7 202.855 30,74% 9,22% 1.463,14

19,46 63 7 202.841 30,73% 9,22% 1.481,65

22,4 56 7 202.796 30,73% 9,22% 1.536,99

3000

14,94 84 7 304.306 46,11% 13,83% 1.341,15

16,62 77 7 304.347 46,11% 13,83% 1.299,15

18,72 70 7 304.324 46,11% 13,83% 1.282,79

21,42 63 7 304.215 46,09% 13,83% 1.299,16

25,06 56 7 304.346 46,11% 13,83% 1.357,96

4000

14,5 91 7 405.801 61,49% 18,45% 1.285,18

16,07 84 7 405.716 61,47% 18,44% 1.235,92

18,03 77 7 405.763 61,48% 18,44% 1.202,60

20,53 70 7 405.754 61,48% 18,44% 1.192,26

23,83 63 7 405.685 61,47% 18,44% 1.215,98

5000 15,56 91 7 507.174 76,84% 23,05% 1.228,25

17,38 84 7 507.013 76,82% 23,05% 1.183,84

56

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

5000 19,7 77 7 507.136 76,84% 23,05% 1.151,70

22,73 70 7 507.214 76,85% 23,06% 1.145,71

6000

15,08 98 7 608.600 92,21% 27,66% 1.269,89

16,79 91 7 608.585 92,21% 27,66% 1.223,30

18,94 84 7 608.621 92,22% 27,66% 1.170,16

21,72 77 7 608.639 92,22% 27,67% 1.131,44

25,45 70 7 608.570 92,21% 27,66% 1.161,41

8000

15,71 105 7 811.402 122,94% 36,88% 1.431,45

17,57 98 7 811.249 122,92% 36,87% 1.384,75

19,95 91 7 811.546 122,96% 36,89% 1.361,43

23,05 84 7 811.407 122,94% 36,88% 1.368,55

Para a rota em questão, tal analise resultou em valores onde apenas navios com 8000 TEUS

conseguiriam transportar a totalidade da carga e cumprir a frequência semanal. A

capacidade da frota de navios de menor custo por TEU foi a de 6000 TEUs, porém essa não

é capaz de atender a demanda em sua totalidade. Novamente aconteceu o problema da

capacidade ótima não conseguir ofertar o necessário e, como explicado anteriormente, por

ser uma simulação de capacidades fixas, provavelmente exista um valor de capacidade que

atenda a demanda e possua um custo por TEU entre os custos do navio de 6000 e de 8000

TEUs.

Com a intenção de enriquecer o presente trabalho e unir três simulações já realizadas foi

proposta uma simulação onde a rota Mercosul – Ásia iria parar apenas no porto de Santos

(porto concentrador) e, na volta, para o continente asiático, o navio retornaria diretamente

para o porto de origem, o porto de Xangai, ligado à isso, a demanda simulada foi maior em

10%, para avaliar o comportamento do modelo. Com isso, a embarcação pararia em menos

portos e teria tempos de mar e da viagem redonda menores, outro ponto a se considerar é

que a produtividade do porto de Santos é muita similar a média das produtividades dos

portos no Mercosul utilizados nessa rota, não influenciando de maneira significativa a

parcela do tempo de porto relativa ao Mercosul. A seguir são apresentados os valores

obtidos para a simulação em questão.

57

Tabela 34 - Custos/TEU para a Rota Mercosul - Ásia Adaptada

Velocidade

Tempo

de

Viagem

Frequência Ofertado

Porcentagem

da Demanda

de 30%

Porcentagem

da Demanda

Total

Custo/TEU

2000

16,3 63 7 202.785 23,04% 9,22% 1.273,03

18,57 56 7 202.853 23,05% 9,22% 1.281,77

21,56 49 7 202.819 23,05% 9,22% 1.330,66

25,7 42 7 202.790 23,04% 9,22% 1.423,73

3000

15,19 70 7 304.235 34,57% 13,83% 1.148,96

17,14 63 7 304.288 34,58% 13,83% 1.114,43

19,66 56 7 304.297 34,58% 13,83% 1.111,30

23,05 49 7 304.323 34,58% 13,83% 1.149,63

4000

15,92 70 7 405.845 46,12% 18,45% 1.062,25

18,07 63 7 405.842 46,12% 18,45% 1.030,71

20,89 56 7 405.817 46,12% 18,45% 1.025,64

24,75 49 7 405.747 46,11% 18,44% 1.061,86

5000

14,85 77 7 507.098 57,62% 23,05% 1.066,64

16,7 70 7 506.979 57,61% 23,04% 1.021,00

19,1 63 7 507.320 57,65% 23,06% 986,33

22,27 56 7 507.137 57,63% 23,05% 977,18

6000

15,54 77 7 608.576 69,16% 27,66% 1.067,35

17,58 70 7 608.500 69,15% 27,66% 1.019,00

20,25 63 7 608.704 69,17% 27,67% 970,24

23,85 56 7 608.491 69,15% 27,66% 963,18

8000

15,18 84 7 811.312 92,19% 36,88% 1.086,07

17,12 77 7 811.186 92,18% 36,87% 1.034,66

19,65 70 7 811.639 92,23% 36,89% 1.003,27

23,03 63 7 811.569 92,22% 36,89% 999,90

A mudança na rota, diminuindo-a, não afetou a capacidade dos navios da frota com o

menor custo/TEU devido ao fato de ser uma rota muito longa e a distância retirada é uma

parcela ínfima perto da rota total. Tais adaptações da rota e da demanda serviram para

mostrar a redução dos custos/TEU e para mostrar a maior proximidade entre a diferença

dos custos das frotas de navios de 6000 e 8000 TEUs, anteriormente de 229,99 US$/TEU e

agora em 36,72 US$/TEU, confirmando o aumento de capacidade esperado pelo modelo.

58

7 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros

A simulação demonstrou-se uma ferramenta útil para a análise do desempenho econômico-

operacional do sistema de transporte marítimo de contêineres e todos os parâmetros que

estão envolvidos no mesmo. Os resultados finais indicam que conclusões relevantes podem

ser alcançadas e que o modelo paramétrico pode ser aplicado com êxito.

O grande limitador das simulações feitas foi a frequência de 7 dias, pois a partir dela

determinamos a frota de navios e, para cumprir tal frequência, em alguns casos, dispomos

de uma frota maior do que a necessária, resultando em navios com espaços de carga vazios,

aumentando seus custos devido ao prejuízo daquele “desperdício” de espaço.

Para os casos analisados onde a frota de navios com o menor custo não é aquela que

consegue atender a demanda pode-se concluir que uma demanda menor do que a estipulada

inicialmente, leva ao fato de que essa frota de menor custo pode ser utilizada para atender a

demanda, ou com o aumento da demanda frotas de navios maiores se tornam àquelas com o

menor custo.

Outra critica feita é em relação à variação da produtividade brasileira, onde apenas

aumentá-la nos valores estipulados no presente trabalho não acarreta uma grande alteração

na capacidade do navio, porém aliando-se a isso um aumento na demanda, tanto na

cabotagem, através do maior uso do meio marítimo para transporte de contêineres, como na

viagem de longo curso, com incentivos governamentais para produzir e adquirir bens e

realizar essa troca, o navio com o menor custo terá uma capacidade maior do que a

atualmente apresentada, com custo/TEU menor do que o atualmente apresentado.

Como sugestão para trabalhos futuros no modelo, apesar da estimativa de demanda para

portos e alguns destinos justificarem os números utilizados para o desenvolvimento do

presente trabalho, pode-se obter dados mais concretos com as próprias empresas operadoras

das rotas para demanda de uma rota específica. Outra sugestão seria de considerar no

modelo ajustes para manutenção da frequência.

59

8 Referências Bibliográficas

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Aquaviário – 2012. Disponível em: <www.antaq.gov.br>. Acesso em: 28 jan 2014

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Portuária – 2013. Disponível em: <www.antaq.gov.br/portal/tarifas/TarifasVigentes.htm>.

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