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UNIVERSIDADE COIMBRA FACULDADE DE LETRAS As eleições presidenciais brasileiras de 2014 no discurso dos Jornais Folha de São Paulo (Brasil) e Público (Portugal) Licenciatura em Jornalismo | Análise dos Media 2º Semestre 2014/2015 Doutora Ana Teresa Peixinho Olga Matos Simone Silva Thaíssa Neves Coimbra 2015

Análise Do Discurso Midiático_eleições Brasil

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As eleições presidenciais brasileiras de 2014 no discurso dos Jornais Folha de São Paulo (Brasil) e Público (Portugal).

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  • UNIVERSIDADE COIMBRA

    FACULDADE DE LETRAS

    As eleies presidenciais brasileiras de 2014

    no discurso dos Jornais Folha de So Paulo

    (Brasil) e Pblico (Portugal)

    Licenciatura em Jornalismo | Anlise dos Media

    2 Semestre 2014/2015

    Doutora Ana Teresa Peixinho

    Olga Matos

    Simone Silva

    Thassa Neves

    Coimbra

    2015

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    1. INTRODUO

    De todos os tipos de discursos que circulam na sociedade, o discurso jornalstico

    hoje, talvez, um dos mais importantes. Neste sentido, os media so considerados agentes

    que contribuem para a formao da opinio pblica, visto que as atitudes dos eleitores so

    moldadas pelas suas experincias mediticas.

    O propsito deste trabalho , pois, analisar os discursos produzidos pelos jornais, O

    Pblico, em Portugal, e Folha de So Paulo, no Brasil, durante trs episdios que

    marcaram as eleies para Presidente da Repblica no Brasil em 2014: a ascenso da ento

    candidata vice-presidncia, Marina Silva, aps a morte do candidato Eduardo Campos

    (PSB); a surpresa no resultado das votaes que garantiu ao candidato Acio Neves

    (PSDB) a disputa do segundo turno; e a vitria acirrada de Dilma Rousseff (PT) no

    segundo turno.

    Considerando o contexto poltico brasileiro, sob o governo do PT (Partido dos

    Trabalhadores), h 12 anos, e uma possvel alternncia de poder, as ltimas eleies

    presidenciais no Brasil, passaram por uma srie de acontecimentos que ficaram registrados

    na histria e nas pginas de muitos jornais.

    Nesta perspectiva, a cobertura da campanha eleitoral por parte da imprensa nacional e

    internacional, diante das circunstncias que se sucederam, foi responsvel pela produo

    de diversos discursos que merecem ser analisados. Isto porque os media tm a capacidade

    de exercer no apenas um papel meramente informativo ou de carter noticioso, mas de

    construo de sentidos. Importa, pois, compreender, o funcionamento desses discursos para

    avaliarmos at que ponto os veculos de comunicao selecionados contriburam para a

    formao da opinio pblica acerca dos candidatos.

    Para Antunes apud Graber (2011):

    Nas campanhas eleitorais o papel dos media distingue-se perante a populao,

    assumindo-se como orientadores das decises polticas dos eleitores, pelo facto

    de serem a sua principal fonte de informao poltica.

    A evoluo das novas democracias e o comportamento social mudaram

    substancialmente. A participao dos media, neste contexto, determina o modo como a

    informao ser transmitida, fazendo escolhas para a construo de discursos que

    representem ideologias segundo interesses das empresas de comunicao.

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    2. CAMPANHAS ELEITORAIS: AS TEORIAS

    As campanhas eleitorais tm sido objeto de vrias investigaes. Para Cunha apud

    Pippa Norris (2012:146) esses estudos dividem as campanhas eleitorais em trs fases: pr-

    modernas, modernas e ps-modernas.

    A fase das campanhas pr-modernas situa-se em meados do sculo XIX e a

    primeira metade do sculo XX. Nesta fase, as campanhas estruturavam-se em formas

    diretas de comunicao entre candidatos e cidados. Caracterizavam-se por serem de curta

    durao, preparadas no e para o momento, pela liderana partidria, de modo que a

    imprensa partidria era o principal meio de divulgao usada pelos partidos.

    A partir dos anos 1950-1960 as campanhas modernas passaram a centrar-se na

    imagem do lder e, como refere Cunha (2012:146), esta fase corresponde tambm ao

    afastamento do eleitorado da vida poltica, da militncia e mobilizao partidria. As

    campanhas perdem o cariz amador e assiste-se ao surgimento do modelo em que se verifica

    a centralizao das atividades, uma forte especializao das tarefas, um crescente uso de

    profissionais da comunicao e de sondagens, bem como uma aposta na televiso.

    A partir dos anos 90, emergem as campanhas ps-modernas. De acordo com Cunha

    (2012:147) estas acentuam a personalizao da poltica, com os candidatos a ganharem

    importncia em detrimento dos partidos. Sendo assim, assiste-se a uma cientifizao das

    campanhas, nas quais os especialistas em comunicao assumem decises anteriormente

    reservadas aos partidos. Alm disso, verifica-se o direcionamento das campanhas para os

    media, por meio de estratgias construdas e conduzidas em funo da lgica meditica e

    do contacto indireto entre partidos e cidados. Nesta fase, segundo Cunha apud Hallin

    (2012:149) as reportagens passaram a centrar-se no no que os candidatos disseram nas

    campanhas (matria-prima), mas no que os jornalistas dizem sobre as campanhas (uma

    nova narrativa construda pelos jornalistas).

    Constata-se, neste sentido, o fenmeno do infotainment, isto , informao

    veiculada nos meios de comunicao em forma de entretenimento. As primeiras pginas da

    imprensa, incluindo as dos jornais de referncia, so as que mais refletem as

    contaminaes operadas pela cultura imagtica da televiso. So elas as responsveis pela

    articulao de mecanismos visuais, como a diagramao, a disposio dos textos em

    blocos, as chamadas, os ttulos e as fotografias, que ultrapassam o sentido do texto escrito.

    Estas observaes sublinham a tendncia dos media noticiosos para privilegiar o

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    infotainment na comunicao poltica, ou seja, as notcias leves em contraste com as

    notcias srias, o conflito em detrimento do consenso, a personalizao ao invs das ideias,

    acentuando os aspectos como o negativismo na cobertura poltica.

    Partindo desse pressuposto, as eleies polticas envolvem processos complexos de

    gesto de informao e de comunicao, assim como capacidades e competncias

    especficas de gesto de recursos humanos e tecnolgicos. Aos assessores e relaes

    pblicas, cabe a monitorizao e o ajustamento da imagem do candidato com a ajuda das

    sondagens peridicas.

    Os media tornaram-se tambm atores polticos e palco de jogos polticos, onde

    circulam, pelo menos numa perspectiva formal, os representantes dos cidados, assim

    como as opinies dos eleitores. As democracias ocidentais criaram um sistema de relaes

    perigosas entre a classe poltica, as empresas, os profissionais dos media e os jornalistas,

    abrindo espao a situaes menos claras e a decises corporativas. Conforme Cunha

    (2012:152) Os media constituem os maiores veculos de informao e os locais

    privilegiados para a gesto dos discursos e da persuaso poltica.

    Ao longo dos tempos, os meios de comunicao tm vindo a ocupar um lugar

    predominante na democracia, considerados como um dos poderes reguladores das

    sociedades democrticas. No caso das campanhas eleitorais, atualmente, os media so um

    dos elos entre os eleitores e os atores polticos.

    As mudanas ocorridas nas sociedades contemporneas alteraram o papel do

    jornalismo e enfraqueceram o interesse da sociedade perante os partidos polticos,

    conferindo aos media a funo de principais mobilizadores dos cidados. Desse modo,

    quer os partidos, quer a sociedade tornam-se dependentes das mensagens transmitidas

    pelos veculos de comunicao. Ainda nas palavras de Cunha (2012:143) o exercicio da

    democracia est cada vez mais dependente dos dispositivos mediticos.

    3. A METODOLOGIA E SELEO DO CORPUS DE ANLISE

    Esta uma anlise de abordagem qualitativa, visto ser propsito deste trabalho

    compreender os efeitos de sentido produzidos no discurso veiculado pela imprensa acerca

    das eleies presidenciais brasileiras de 2014. Nesta perspectiva, a investigao no visa

    comprovar hipteses por meio de dados, mas atravs da interpretao, tendo como mtodo

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    a Anlise do Discurso (AD). Para tanto, tomaremos como base algumas categorias da AD

    como a modalidade, a transitividade, lexicalizao e uso de metforas, permitindo, desse

    modo, compreender como esses dispositivos funcionam na construo do discurso

    ideacional jornalstico.

    Os media selecionados, isto , os jornais Pblico e Folha de So Paulo (Folha),

    esto enquadrados como veculos de referncia no jornalismo. O primeiro trata-se de um

    dirio portugus que surgiu em 1990, criado por jornalistas do Expresso. Assume-se, desde

    o seu aparecimento, como um jornal de credibilidade e imparcialidade. Como citado no

    Livro de Estilo do veculo, o jornalista no pode ter qualquer envolvimento pblico em

    tomadas de posio de carcter poltico () que, de algum modo, comprometam a imagem

    de independncia.

    No que diz respeito Folha, o jornal classifica-se como o mais influente do

    Brasil e o mais vendido do pas entre os dirios nacionais de interesse geral. Fundada

    em 1921, tm como princpios editoriais: pluralismo, independncia, jornalismo crtico e

    apartidarismo.

    Para efeitos desta anlise, consideramos apenas as capas dos referidos jornais,

    tendo como recortes o conjunto de ttulos principais e seus respectivos subttulos. Aps um

    levantamento do corpus discursivo, foram contabilizadas 18 capas do Pblico e 66 da

    Folha, referentes s notcias veiculadas no perodo de 13 de agosto a 30 de outubro de

    2014, as quais fazem meno cobertura eleitoral.

    O que nos motivou a fazer essa delimitao foi a mudana no cenrio eleitoral em

    virtude da morte de Eduardo Campos, um dos candidatos presidncia da Repblica pelo

    Partido Socialista Brasileiro (PSB). Aps essa tragdia, a vice-candidata, Marina Silva, foi

    anunciada como o novo nome que disputaria as eleies ao lado de Acio Neves (PSDB) e

    Dilma Rousseff (PT).

    Considerando o tratamento dado pelos media aps a repercusso destes fatos,

    verificou-se que a campanha eleitoral no Brasil foi marcada por uma disputa histrica e

    amplamente explorada no discurso meditico. Isto porque a candidata Marina Silva obteve

    uma rpida ascenso, colocando o candidato Acio Neves em desvantagem para concorrer

    com Dilma Rousseff no segundo turno. Entretanto, o resultado das eleies do primeiro

    turno surpreendeu pelo fato de ter sido o candidato do PSDB a conseguir continuar na

    corrida eleitoral. Apesar disso, Dilma Rousseff foi reeleita com 51,6% dos votos. A menor

    diferena de sufrgios, no segundo turno, j registrados na histria.

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    Assim sendo, esta investigao ser importante para suscitar reflexes pertinentes a

    participao dos media na cobertura das campanhas eleitorais atravs do discurso

    veiculado.

    4. ANLISE: ELEIES NO BRASIL

    4.1. O DISCURSO DO PBLICO

    CAPA 1 - PRIMEIRO DEBATE D IMPULSO A MARINA SILVA

    Ao analisarmos este recorte, podemos perceber que o discurso jornalstico reala a

    importncia do debate para Marina Silva. Essa constatao evidenciada pela expresso

    "d impulso", usada como um recurso estilstico metafrico. Neste caso, para sugerir a

    ideia de vantagem da candidata sobre os demais concorrentes ao pleito.

    Considerando ainda as condies de produo deste discurso, isto , as implicaturas

    oriundas do contexto scio-histrico, possvel destacarmos outros direcionamentos de

    sentido pelo que no est dito na estrutura sinttica e semntica da referida sequncia.

    Sendo assim, importante atentar para o fato de que as escolhas para a constituio do

    discurso utilizado pelo Pblico, elevando a candidata Marina para o primeiro plano, no

    foram feitas de maneira aleatria. Diante das circunstncias que antecederam o primeiro

    debate, a expectativa dos eleitores acabou por ser respondida segundo a avaliao do

    jornal.

    Figura 1 - Recorte referente chamada de capa do Pblico em 28.08.2014

    Fonte: http://www.publico.pt/

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    CAPA 2 - ACIO NEVES AFASTA MARINA E AMEAA FAVORITISMO DE

    DILMA NA SEGUNDA VOLTA

    Nesta chamada, cujo enfoque para o candidato Acio Neves, em virtude do seu

    desempenho no primeiro turno, identificamos mais uma vez o emprego de metforas

    representadas pelos verbos "afastar" e "ameaar". Ambos referem-se, neste contexto, a um

    processo material que indica ao. Alm disso, h uma pressuposio presente na

    expresso favoritismo de Dilma, de modo que o efeito de sentido produzido de que a

    referida candidata contava com bons ndices de aprovao popular. Sendo assim, o

    discurso do jornal adianta a ideia de que o segundo turno seria difcil para Dilma Rousseff.

    CAPA 3 - A ELEIO DA MUDANA DEU AFINAL A REELEIO A DILMA

    ROUSSEFF

    Figura 2 - Recorte referente chamada de capa do Pblico em 06.10.2014

    Fonte: http://www.publico.pt/

    Figura 3 - Recorte referente chamada de capa do Pblico em 27.10.2014

    Fonte: http://www.publico.pt/

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    Os recursos tipogrficos empregados neste ttulo, ou seja, as aspas, constituem uma

    caracterstica da modalizao na perspectiva da ironia. Isso porque, considerando o

    conhecimento prvio do leitor, acerca do tempo em que o PT est no poder, o Pblico

    divulgou que o resultado das eleies no correspondeu com a mudana esperada por

    muitos eleitores.

    Outra marca do registro discursivo presente na chamada e que contribui para

    ratificar essa interpretao o advrbio afinal, inserido para sugerir a noo de

    contrariedade ao que se previa.

    4.2. O DISCURSO DA FOLHA DE SO PAULO

    CAPA 1 MARINA VENCERIA DILMA NO 2 TURNO, MOSTRA IBOPE

    A chamada acima indica uma previso de que a candidata do PSB, Marina Silva,

    seria eleita no segundo turno das eleies. Para afirmar essa concluso, o jornal toma como

    referncia os resultados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e Estatstica

    (IBOPE), uma das maiores empresas de pesquisas do pas. Desse modo, o efeito de sentido

    produzido de que a Folha responsabiliza o instituto pela declarao, tentando evitar,

    assim, interpretaes que remetessem preferncia poltica do jornal.

    Percebemos ainda que o emprego do verbo vencer, no futuro do pretrito, aponta

    para uma certeza no resultado das eleies favorvel Marina Silva, diferentemente do que

    poderia ser interpretado caso a seleo lexical correspondesse a outro tipo de construo

    como pode vencer.

    Figura 4 - Recorte referente chamada de capa da Folha em 27.08.2014

    Fonte: http://www.folha.uol.com.br/

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    No que diz respeito ao subttulo, o qual traz os percentuais de inteno de voto para

    cada candidato, segundo o IBOPE, observamos que os mesmos no reforam a ideia

    defendida no ttulo. Isso porque a diferena entre a candidata petista e a do PSB de 5%,

    no representando, desse modo, garantia de vitria.

    CAPA 2 DILMA LIDERA E ENFRENTA ACIO, QUE ARRANCA COM

    VOTOS DE SP

    Na sequncia discursiva da chamada acima, podemos destacar alguns dispositivos

    retricos, como a metfora e processos de transitividade, usados para divulgar os seguintes

    fatos: 1) Dilma assume a liderana nas eleies; 2) Acio chega ao segundo turno

    impulsionado pelos eleitores paulistas.

    Neste contexto, o verbo liderar implica na escolha de uma tipologia do processo

    material designado pela transitividade, uma vez que se trata de um verbo de ao do

    mundo fsico. J os termos enfrenta e arranca correspondem a metforas tpicas do

    discurso jornalstico-poltico, para indicar efeitos de concorrncia e de sobrepujo,

    respectivamente.

    Relativamente ao subttulo, identificamos vrias sequncias discursivas na sua

    composio. A princpio, observamos que a Folha trata os candidatos a partir do nome dos

    partidos os quais cada um deles filiado, de modo que os leitores, ao se depararem com

    essa construo, devero pressupor que o termo petista usado para se referir Dilma e

    tucano para Acio.

    Figura 5 - Recorte referente chamada de capa da Folha em 06.10.2014

    Fonte: http://www.folha.uol.com.br/

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    Constatamos ainda que a primeira sequncia do subttulo petista obtm 42%, a

    pior marca de um lder no 1 turno desde 1989, representa uma incoerncia em relao

    chamada da matria. Enquanto o ttulo sugere a noo de vantagem para a candidata do

    PT, o subttulo, por sua vez, assinala um grau negativo no resultado atribudo liderana,

    atravs do uso de adjetivos avaliativos presentes na expresso pior marca.

    CAPA 3 DILMA REELEITA NA DISPUTA MAIS APERTADA DA HISTRIA

    Como podemos inferir, o enfoque dado pela Folha na chamada acima no

    corresponde, em primeiro plano, vitria da candidata reeleio, Dilma Rousseff, mas ao

    fato de ter sido a disputa eleitoral mais apertada da histria. Essa construo est,

    inclusive, marcada pela presena de uma metfora, atravs do termo apertada, o qual

    indica, neste contexto, a noo de dificuldade da candidata em conquistar votos para

    continuar no mandato.

    No que diz respeito aos subttulos, o primeiro chama ateno pela presena de uma

    marca do discurso meditico, no mbito da poltica, por meio do processo verbal inerente

    transitividade. Desse modo, o enunciado Com 51,6%, petista promete dilogo e reforma

    poltica, verificamos que o verbo em destaque indica um registro de assertividade, isto ,

    uma ao que dever se concretizar, embora a noo intrnseca do termo remeta para uma

    ideia que praxe do discurso poltico.

    Figura 6 - Recorte referente chamada de capa da Folha em 27.10.2014

    Fonte: http://www.folha.uol.com.br/

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    A segunda sequncia discursiva do subttulo, por sua vez, caracteriza-se pelo uso da

    modalizao evocada na estrutura ter de lidar, produzindo, assim, um efeito de sentido

    atrelado noo de obrigatoriedade. Alm disso, observamos a presena de metforas nos

    vocbulos cenrio e frgil para designar a situao atual da economia no pas.

    Por fim, o terceiro enunciado aponta para outro recurso de modalizao do

    discurso, ou seja, o registro avaliativo constatado no enunciado melhor marca tucana

    desde FHC. O advrbio de modo em destaque funciona para avaliar positivamente o

    desempenho do candidato adversrio a partir do percentual obtido.

    5. CONCLUSO

    Percebemos, nesta anlise, que a constituio do discurso jornalstico do Pblico e

    da Folha de So Paulo relaciona-se de modo divergente ao noticiar o mesmo fato. Isso

    porque em ambas as publicaes o enfoque dado aos agentes da enunciao varia e, por

    conseguinte, produz efeitos de sentido distintos.

    Nas duas capas referentes elevao de Marina Silva no cenrio eleitoral,

    observamos que o Pblico atribui a vantagem ao desempenho alcanado no primeiro

    debate televisivo. A Folha, por sua vez, divulga a ascenso da candidata apoiando-se nos

    dados obtidos pelas pesquisas do IBOPE.

    Aps o resultado do primeiro turno das eleies, os dois veculos de comunicao

    divulgam, na mesma data, a notcia de que o candidato Acio Neves enfrentar Dilma

    Rousseff no segundo turno. No entanto, o Pblico confere o enfoque ao tucano, atravs de

    elementos que se filiam ao discurso jornalstico, indicando que ele consegue afastar

    Marina Silva e ameaar a reeleio da petista. J na chamada da Folha, a sequncia

    anuncia a liderana de Dilma e, no entanto, no torna evidente o fato de que sua reeleio

    estaria em risco com o sobrepujo de Acio.

    Por fim, a notcia que culmina com a reeleio de Dilma Rousseff tambm tratada

    pelos jornais a partir de diferentes perspectivas. Enquanto o Pblico produz uma noo de

    ironia na construo "eleio da mudana", a Folha destaca o grau de dificuldade revelado

    na disputa eleitoral.

    Neste contexto, verificamos, com esta anlise, que os discursos construdos pelos

    jornais selecionados funcionam de modo a produzir diferentes efeitos de sentido. Todavia,

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    o fato de dar nfase a determinados agentes no enunciado no implica atribuir tipos de

    ideologias que estejam vinculadas posio partidria de cada veculo.

    6. BIBLIOGRAFIA

    Livros

    CUNHA, Isabel Ferin Anlise dos Media. Coimbra. Imprensa da Universidade de

    Coimbra, 2012.

    CUNHA, Isabel Ferin e Figueiras, Rita. Eleies e comunicao poltica nas democracias

    ocidentais in Cunha, Isabel Ferin; Cabrera, Ana; Sousa, Jorge Pedro (Orgs), e outros,

    Pesquisa em Media e Jornalismo Homenagem a Nelson Traquina. (2012) LabCom

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    Artigos Acadmicos

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    imprensa nas eleies legislativas de 2011. Dissertao de Mestrado em Cincia Poltica

    e Relaes Internacionais (Especializao Cincia Poltica) Disponvel em

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    AZEVEDO, Fernando Antnio. Mdia e democracia no Brasil: relaes entre o sistema

    de mdia e o sistema poltico. Disponvel em:

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    CERVI, Emerson Urizzi. A Cobertura da imprensa e as eleies presidenciais 2002.

    Biblioteca On-line de Cincias da Comunicao. Disponvel em: http://www.bocc.ubi.pt

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    DUARTE, Ana Isabel Correia. O Pblico e o Jornalismo de Referncia Dissertao

    disponvel em: http://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/70724/2/72620.pdf

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    SOUSA, Jorge Pedro. Elementos do jornalismo impresso. Dissertao disponvel em

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    http://www1.folha.uol.com.br/institucional/linha_editorial.shtml (consultado a 20/05/2015)

    PBLICO. Estatuto editorial. Disponvel em:

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