I SEMINRIO INTERDISCIPLINAR DAS CINCIAS DA LINGUAGEM NO CARIRIDE
21 a 23 DE NOVEMBRO DE 2012 - ISSN
ANLISE DO GNERO DRAMTICO EM LIVROS DIDTICOS
Andra Pedrosa de OLIVEIRA[footnoteRef:1] [1: Estudante do curso
Tcnico de Nvel Mdio Integrado em Alimentos no IFRN - Pau dos
ferros, bolsista PIBIC-EM. E-mail: [email protected]
]
Thulho Cezar Santos de SIQUEIRA[footnoteRef:2] [2: Graduado em
Ed. Artstica com Habilitao em Artes Cnicas e Coordenador de
pesquisa no IFRN Joo Cmara. E-mail: [email protected]]
Resumo: O objetivo da pesquisa em questo fazer uma anlise sobre
a presena do gnero dramtico nos livros didticos ofertados pelo
PNLEM (Programa Nacional do Livro Didtico para o Ensino Mdio) 2009
e avaliar o espao dado a este gnero, alm da importncia desta
classificao literria tanto na formao acadmica quanto cidad do
aluno. O gnero dramtico uma classificao literria que surgiu na
Grcia atravs das tragdias encenadas para adorar o deus Dionsio. O
livro didtico um material muito utilizado na metodologia de ensino
de vrias escolas pblicas brasileiras. Com o intuito de analisar a
presena desta classificao literria nos livros didticos de lngua
portuguesa esta pesquisa se disps a revisar os temas relacionados a
estes assuntos, por exemplo, as classificaes literrias (BASTAZIN,
2006), a histria do livro didtico (BALDISSERA apud PINTO, 2001), a
importncia e a influncia que o livro didtico exerce sobre o
processo de ensino-aprendizagem das escolas pblicas (GRAZIOLI,
2007) como preparao para as anlises dos livros que formam o Corpus
da pesquisa em questo. Aps essa reviso de temas formulamos um
questionrio composto por sete questes para nos auxiliar no processo
de execuo das anlises dos livros didticos distribudos pelo PNLEM
2009. Durante as anlises percebemos que o espao destinado ao gnero
dramtico no material didtico em questo varia de acordo com o autor
e o volume do livro. Para os professores da disciplina de arte ou
teatro, principalmente, este pode ser considerado insuficiente na
maioria dos casos, pois abordado de uma maneira bastante sucinta e
didtica obedecendo apenas aos contedos que devem ser abordados ao
longo do ano letivo durante o estudo da literatura.Palavras-chave:
Literatura; Gnero Dramtico; Anlise; Livro Didtico.
IntroduoOs livros didticos so livros com objetivos pedaggicos
que surgiram para auxiliar os professores no processo de
ensino-aprendizagem das escolas. Dada a importncia deste material
comum que ele esteja presente na metodologia de ensino da maioria
das escolas pblicas brasileiras. Pensando nisso muito importante
que o livro didtico seja de qualidade, pois este material est
diretamente relacionado formao acadmica dos alunos. So vrias as
questes levantadas sobre o assunto, podemos citar o processo
comercial pelo qual o LD vem passando, as condies nas quais o
professor se encontra na sala de aula, o interesse dos docentes em
expandir seus conhecimentos, a procura dos alunos por meios
didticos eficientes etc.Em algumas escolas, ainda encontramos
professores apenas com o ensino mdio ou lecionando uma disciplina
que no a sua rea de formao. Assim compreensvel que alguns
professores usem bastante o livro didtico, afinal um auxlio bem
prtico na hora de ensinar. As colees ofertadas pelos programas de
distribuio dos livros didticos so substitudas por novas colees
periodicamente. No caso do PNLEM, a cada trs anos as editoras
preparam novas colees e as divulgam para que os professores possam
escolher atravs do catlogo de divulgao as obras a serem utilizadas
durante os prximos anos. Consequentemente, quanto melhor for o
livro, mais vendvel ele ser. O que trar lucros s editoras. E assim
vai se formando um processo mercadolgico em volta deste material, o
que pode prejudic-lo, pois ele passa a ser visto apenas como um
objeto comercial e no somente como um auxlio didtico. Diante deste
contexto perceptvel que este material didtico de suma importncia na
formao acadmica e cidad dos alunos. Portanto, um material de
qualidade, que aborde os contedos a serem lecionados da melhor
maneira possvel necessrio para auxiliar na rentabilidade das aulas
das mais diversas reas. A diante veremos a importncia da abordagem
no gnero dramtico neste recurso didtico durante as aulas de
literatura, lngua portuguesa, artes ou at mesmo em aulas
interdisciplinares das disciplinas citadas.O gnero dramtico, a ser
ensinado na disciplina de artes ou literatura de uma das trs
divises das classificaes dos gneros literrios.As classificaes
literrias surgiram atravs das formas artsticas de representaes que
aconteciam na Grcia Antiga, para adorar aos Deuses. O gnero
dramtico, especificamente, surgiu nas adoraes ao deus Dionsio.
Essas encenaes foram divididas de acordo com suas caractersticas e
deram origem as formas de imitao, os gneros literrios. Tais
definies sempre retomam a obra A Repblica de Plato. Entre as
classificaes literrias temos o gnero pico, em que o poeta narra os
fatos e a vua narrao alterna-se com as falas dos personagens. O
gnero lrico, onde somente o poeta aparece, exclamando suas emoes
para transmitir seus sentimentos ao pblico com grande intensidade,
o chamado eu lrico. Enquanto o gnero dramtico pode ser considerado
a sntese dos outros dois gneros literrios, onde o poeta desaparece
e passa aos personagens a tarefa de expressar os sentimentos e os
objetivos do enredo.
A classificao das obras literrias segundo gneros tem sua raiz na
Repblica de Plato. No 3 livro, Scrates explica trs tipos de obras
poticas: O primeiro inteiramente imitao. O poeta como que
desaparece, deixando falar, em vez dele, personagens. isso ocorre
na tragdia e na comdia. O segundo tipo um simples relato do poeta;
o encontramos principalmente nos ditirambos[footnoteRef:3]. Plato
parece referir-se, neste trecho, aproximadamente ao que hoje se
chamaria de gnero lrico, embora a coincidncia no seja exata. o
terceiro tipo, enfim, une ambas as coisas; tu o encontras nas
epopias[footnoteRef:4]... [...] (ROSENFELD, Anatol, 1995, p.3-7).
[3: 3 O ditirambo trata do estilo em que o poeta o nico a falar,
devendo expressar-se de maneira emocionante.] [4: 4 Nas epopias
temos o poeta em discurso com os personagens. ]
O gnero dramtico - como j foi dito anteriormente - teve sua
origem na Grcia, em decorrncia s manifestaes de culto a Dionsio.
Vale ressaltar que o gnero dramtico tambm o texto teatral, aquele
cujo objetivo dar origem aos espetculos teatrais. Trata-se de um
texto inconfundvel por suas caractersticas de escrita.Este tipo
textual divide-se em falas, sendo cada fala antecedida pelo nome do
personagem a execut-la. O texto teatral contm ainda, as rubricas
pequenos trechos onde se explicam detalhes como expresso de
personagens, detalhes que devem acontecer no palco (iluminao,
mudana de cenrio, etc.) - que auxiliam a imaginao do ator/leitor a
compreender o sentido desejado pelo autor da pea teatral em tal
cena. importante lembrar que embora escrito com o objetivo da
representao, o texto teatral ou gnero dramtico tambm pode ser um
texto de leitura. No sendo menos eficiente do que qualquer outro
gnero, neste estilo textual encontra-se ainda mais detalhes do que
nos demais.Segundo (Grazioli, 2008, p. 9) o estudo adequado do
gnero dramtico nas escolas pode auxiliar na formao acadmica e
pessoal do aluno. Ainda segundo ele, as atividades com o texto
teatral ajudam diretamente o aluno em desenvolver habilidades como
uma melhor relao social, pois a convivncia em grupo o ajuda a
superar as diferenas e a timidez, a necessidade de decorar falas
est diretamente ligada ao desenvolvimento da memria, o que outro
fator positivo. Tambm desenvolvida a capacidade de percepo. Estes e
outros vrios aspectos so citados pelo autor como fatores positivos
na arte teatral dentro do contexto escolar.O teatro uma arte de
carter revolucionrio e transformador. Por permitir ao ser humano a
oportunidade de ver e de se ver, de falar e de se escutar, de
pensar e de se pensar, consciente de si e de sua ao, capaz de dar
sua contribuio para resgatar o ser humano em sua totalidade corpo -
mente e esprito na educao de forma criativa e espontnea. (SITTA e
POTRICH apud Grazioli 2008, p. 9)Aps todas essas consideraes sobre
o livro didtico e o gnero dramtico podemos compreender a importncia
da abordagem correta deste contedo literrio neste material
pedaggico. Considerando a influncia direta dos livros didticos
durante a aprendizagem dos alunos e o quanto a convivncia com gnero
dramtico pode ser positiva, a pesquisa Gnero Dramtico: sua presena
no livro didtico de lngua portuguesa busca analisar a presena do
gnero dramtico neste material didtico como uma forma de mostrar aos
professores a maneira como este tema esta sendo tratado e faz-los
refletir sobre a influncia positiva que o estudo adequado do gnero
pode exercer na vida dos alunos ou o quanto a falta do estudo deste
gnero literrio pode priv-los de experincias interessantes.
METODOLOGIA
Durante os primeiros meses de pesquisa foram feitas revises
bibliogrficas sobre todos os temas relacionados ao assunto. O
Primeiro material a ser analisado foi o catlogo do PNLEM 2009 para
avaliar o espao dado aos gneros literrios haja vista que o gnero
dramtico uma classificao literria - na apresentao das novas colees
dos livros didticos aos professores. Em seguida, fizemos a leitura
de dois artigos sobre as teorias dos gneros literrios. Nesse caso
foram utilizados os textos Jos Saramago: hibridismo e transformaes
dos gneros literrios, de Vera Bastazin e Gneros literrios e gneros
jornalsticos Uma reviso terica de conceitos, de Paula Cristina
Lopes. Feito isso, foram realizadas algumas discusses sobre o tema
entre todos os membros do projeto de pesquisa. O mesmo processo de
leitura e discusso de tema foi feito em relao ao livro didtico.
Nesse caso foram utilizados vrios artigos. Por exemplo, O livro
didtico de lngua portuguesa no Brasil, de Ivete Aparecida da Silva
Ota, Livro didtico de lngua portuguesa, suporte ou armadilha para a
literatura?,deCeciliany Alves Feitosa, O livro didtico de portugus
no ensino mdio: um olhar sobre o enfoque dado ao estudo da
literatura, de Mrcio Henrique Lopes e Miguel Fecchio, entre outros
artigos. Alm disso foi feita leitura e um fichamento do livro
Teatro de se ler, o texto teatral e a formao do leitor, de Fabiano
Grazioli. Trata-se de um livro que fala sobre realidade das escolas
pblicas em relao ao texto teatral e esclarece os aspectos positivos
que o trabalho adequado deste texto exerce na formao do aluno.
Passada essa fase de preparao, foram executadas as anlises dos
livros didticos com a ajuda de uma ficha de anlise elaborada pelo
grupo de pesquisa comsete questes pr-estabelecidas. Foram elas, a)
O livro tem captulo especifico sobre os gneros textuais? b) O livro
tem captulos especficos sobre gnero dramtico? c) Que parte do livro
dedicada ao gnero dramtico: captulo ou tpico? d) H referncias do
gnero dramtico em outros captulos no destinados exclusivamente ao
tema? e) Qual abordagem dada ao texto teatral no livro,gnero
literrio ou gnero textual? f) H espaos para reflexo do tema nas
propostas do autor?g) H sugesto de montagem de espetculos?
RESULTADOS E DISCUSSES
A primeira anlise deste artigo a do livro PROJETO ESCOLA E
CIDADANIA PARA TODOS LNGUA PORTUGUESA. Vol. nico. (LOPES; GONALVES;
SILVA; MURRIE, 2004).O captulo chamado Quebre a perna! O teatro em
cena tem incio na pgina 553 e composto por 16 pginas. Logo de
inicio percebe-se que nesta obra a classificao literria em questo
abordada quanto texto teatral para ser encenado. Em seguida, na
segunda pgina do capitulo temos uma apresentao do teatro, fala-se
sobre este intrigante universo e sua histria desde a origem do nome
at relao entre teatro fsico (onde so apresentadas as encenaes) e o
texto. O decorrer do captulo descrito em tpicos sobre cada
particularidade do universo teatral. Tais tpicos seguem na
anlise:Primeiramente, fala-se que a palavra teatro refere-se tanto
ao lugar onde se realizam os espetculos quanto arte especfica. A
palavra Theatron(do grego) quer dizer lugar onde se v. A diante, os
autores retratam o fato de que na Grcia Antiga,
Theatroncorrespondia platia, por isso a ideia de viso esta sempre
ligada ao conceito de teatro, e ento eles retomam a discusso de
que: (...) ainda que se possa ler e desfrutar da literatura
dramtica isto , aquela escrita para o teatro-, a essncia dessa arte
reside na presena de um pblico que v o ator realizando a encenao de
um texto. (...)Essa primeira parte se encerra com uma pequena
sntese ressaltando a importncia de cada elemento (texto, ator e
pblico). Sem a presena do ator, o pblico teria de se contentar em
ler o texto (...). Sem o texto, no h representao teatral. Sem o
pblico ou seja, sem algum para ver a encenao ela perde o sentido.No
segundo tpico retoma-se a origem do teatro na Grcia Antiga,
relatando que esta expresso artstica surgiu atravs das cerimnias e
festividades religiosas ligadas ao culto de adorao Dionsio (deus do
vinho e da fertilidade) no sculo VI a.C.Encontramos tambm referncia
ao filosofo Aristteles (384 388 a.C.), falando sobre a sua diviso
entre a tragdia (onde os homens so representados melhores do que o
que so) e a comdia (os homens so representados piores do que na
realidade), sua importncia entre os pensadores de sua poca e a
importncia de suas obras, destacando-se a Potica. Encontramos
detalhes sobre nomes de grandes influencias para o teatro, como por
exemplo, Aristfanes (446? 380? a.C.?),squilo (525-456 a.C.),
Eurpedes (480 406 a. C.),e Sfocles (496? 406 a.C.).Adiante o autor
nos fala sobre o processo pelo qual a comdia teve de passar para
ser considerada uma categoria nobre. Foi atravs da atuao de Jean
Baptiste Poquelin, pseudnimo de Molire, que a comdia teve sua
asceno. Ainda nas apresentaes de autores de textos teatrais
encontramos Shakespeare e um trecho da obra Hamlet com a proposta
de leitura e reflexo. Sobre o teatro no Brasil, o primeiro
espetculo a ser encenado, segundo o livro foi o Auto de Santiago,
realizado por jesutas na Bahia. Na poca de seu surgimento no Brasil
o teatro tinha objetivos pedaggicos, ou seja, sua funo era ensinar
e educar. Alguns autos encomendados pelo padre Manoel da Nbrega ao
padre Jos de Anchieta tinham como objetivo catequizar os ndios
brasileiros. Sobre o sculo XVII o livro destaca a importncia do
autor alemo Goethe. Goethe escreveu para o teatro uma das peas mais
importantes: Fausto. Sua atuao no teatro foi muito importante, ele
inclusive, considerado um dos primeiros encenadores da poca.Os
autores mostram ainda a influencia dos perodos do Romantismo e do
Realismo no teatro brasileiro, influencias estas presentes nas
obras de autores como, Gonalves Dias, Machado de Assis, Jos de
Alencar, Martins Pena e Artur Azevedo.Os Caminhos do teatro
moderno, a partir do sculo XX na Frana tambm so apresentados no
livro, como exemplo de autores desse perodo encontramos Nelson
Rodrigues. Nas pginas seguintes encontramos detalhes de todos os
processos pelos quais um texto teatral passa at chegar ao ato de
encenao. Passando pela leitura do texto, caracterizao dos
personagens, funes de um diretor, adaptaes de roteiros, tempo e
espao de uma pea teatral e o pblico que assisti a encenao. Ao longo
do captulo, encontramos uma proposta de encenao da pea Auto da
Compadecida, de Ariano Suassuna.Na concluso do captulo encontramos
uma sntese de tudo o que foi apresentado, e os desejos dos autores
de que os leitores aprofundem seus conhecimentos, haja vista que o
teatro um universo imenso e ao longo do captulo as apresentaes
foram curtas diante de tudo o que o teatro pode ser. Para finalizar
o captulo os autores recomendam a leitura Romeu e Julieta, de
Willian Shakespeare, Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues e Auto da
Compadecida de Ariano Suassuna. E para assistir Romeu e Julieta,
Ricardo III, um ensaio, Henrique V, Hamlet.eJesus de Montreal. A
segunda anlise do livro: PORTUGUS MAIA VOL. NICO (MAIA,2005).A
unidade onze do livro MAIA intitulada: Texto Teatral tem incio na
pgina 113 e composta por dez pginas, sendo que as duas ultimas
folhas falam sobre gramtica e as oito primeiras so dedicadas ao
estudo do texto teatral. A apresentao do captulo feita com um texto
teatral, Greve, de Gianfrancesco Guarniere, retirado do livro Eles
no usam black-tie. 7 ed. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira,
1991. P. 99-100. Na segunda pgina da obra, no tpico Margens de
Texto, encontramos uma proposta de atividade de interpretao
textual, sobre o texto utilizado na apresentao do captulo. Em
seguida, no tpico Horizontes do Texto encontramos outra proposta de
atividade, desta vez com um texto de Jorge Amado, retirado da obra,
jubiab. 35. Ed. Rio de Janeiro, Record, 1978. P. 306., o autor
prope que em dupla, os alunos se baseiem na estrutura textual do
texto anterior e transformem o segundo texto em uma cena teatral.
Adiante, em Exame de Textos encontramos outra atividade de anlise,
referente a um cartaz de propaganda da revista poca, n.72, de
4/10/1999.Depois destes trs tpicos, trata-se diretamente das
particularidades especficas do texto teatral. O autor comea dizendo
que o texto apenas um dos elementos do teatro, ele diz que os
atores, o cenrio, a decorao, o figurino, a iluminao e o pblico so
outros elementos fundamentais. Tratando do texto teatral e da
encenao teatral encontramos o seguinte: O texto teatral um texto
procura de espetculo, isto , destina-se representao, a uma
concretizao (encenao) diante de determinado pblico. Ainda que possa
ser lido como literatura, sua vocao materializao num palco. E a o
autor passa a falar da estrutura do texto teatral, tratando sobre
os dilogos e as diasclias (as indicaes cnicas) e suas
especificidades que sugerem os diversos aspectos que o autor do
texto deseja obter da criatividade do leitor, exigindo, como o
prprio autor do livro cita:
(...) uma leitura cnica que, por um lado, interprete e realize
espacialmente os dados descritivos/ordens sobre entradas, sadas e
outros deslocamentos no espao, gestualidade, entonao, tempo, uso de
objetos e de tudo que mbile as cenas, e, por outro lado, administre
o silncio na distribuio do ato fnico, uma vez que os personagens
devem falar um de cada vez. (...) (MAIA, 2005, p. 115).
No decorrer do captulo o autor fala de caractersticas e
peculiaridades do texto teatral, os componentes do texto, a fala
das personagens, a dupla enunciao, a ao dramtica, personagem tempo
e ao, os gneros teatrais e o teatro contemporneo. Neste livro no h
proposta para montagem de um espetculo e nem referncia ao gnero
dramtico em outros captulos, os demais captulos sobre literatura
falam apenas sobre as escolas literrias e seus respectivos
momentos.A terceira anlise do livro Portugus de olho no mundo de
trabalho (TERRA; NICOLA, 2004). Nele encontramos um captulo
especfico sobre gneros literrios intitulado de A arte literria.
Onde a arte literria definida da seguinte maneira: Literatura arte
literria. Somente o escrito com propsito ou a intuio dessa arte,
isso , com artifcios de inveno e de composio que a constituem, , a
meu ver, literatura. Este captulo composto por sete pginas que
dividem os temas relacionados ao assunto em tpicos e exemplos do
que ali apresentado no caso, a arte literria, a ideia de movimento
em diferentes linguagens e os gneros literrios. Entre as
exemplificaes das definies de arte encontramos imagens de obras
plsticas, conhecidas como Esboo para negra e A Negra de Tarsila do
Amaral, bem como algumas citaes e fragmentos textuais de artistas
renomados.Antes de falar sobre os gneros literrios o autor do livro
apresenta a arte literria comomanifestao artstica elaborada com o
propsito de interpretao e complementa esta informao com exemplos de
tais manifestaes, como a pintura, a escultura e a poesia. Na
sequencia, os Gneros literrios so, primeiramente, apresentados de
uma forma geral. Com informaes do tipo: suas formas de manifestaes
- que podem ser em prosa ou em verso. O autor do livro retoma a
clssica diviso literria formulada por Aristteles, cerca de 350
a.C.; que se divide em lrico, dramtico e pico. Vale ressaltar que
no livro em questo (Portugus de olho no mundo do trabalho)
encontra-se uma quarta diviso para os gneros textuais, o gnero
narrativo, do qual o autor do livro se utiliza para classificar as
narrativas literrias escritas em prosa. Sobre o gnero lrico temos:
a origem de seu nome: vem de lira, instrumento musical que
acompanhava os cantos dos gregos. (...) E as suas subdivises:
Pertencem a este gnero os poemas em geral, destacando-se: Ode e
hino; Elegia; Idlio e cloga; Epitalmio e Stira. Como exemplificao
do gnero encontra-se SONETO DE FIDELIDADE, de Vinicius de Morais.Em
seguida, fala-se sobre o gnero dramtico. Este apresentado de
maneira parecida ao gnero anterior. Fala-se da origem do nome
drama: Drama em grego significa ao. e as modalidades nas quais esse
gnero literrio pode aparecer, sendo elas, a tragdia; a comdia; a
tragicomdia e a farsa. No ultimo captulo, dedicado s atividades,
encontramos uma referencia ao gnero dramtico em uma questo que
apresenta uma tragdia em um ato com duas propostas de interpretao.
Durante a anlise no foi encontrada nenhuma proposta de montagem de
espetculos.Da mesma forma, so apresentados o gnero pico e o
narrativo, com definies e exemplos. interessante comentar que
dentro do captulo encontramos um pequeno texto falando aos alunos
sobre a importncia de ser um crtico literrio e como s-lo. No livro
do aluno, ele encontra como referncias para conhecer mais sobre o
assunto os livros listados nas referncias bibliogrficas.
CONCLUSO
Na primeira anlise o espao dado ao gnero dramtico, como texto
teatral, vasto em relao aos demais. Trata-se de um livro no qual o
autor mostra detalhes do universo teatral, sugere a montagem de
espetculos e ainda indica possveis leituras que podem auxiliar os
leitores a aprofundarem seus conhecimentos. Aqui, podemos ressaltar
a problemtica de que o livro didtico um material elaborado para dar
subsdio aos professores durante suas aulas, mas no um material
pronto e acabado. Os professores devem procurar outras fontes de
conhecimento, haja vista que o livro didtico em seu espao deve
abordar todos os contedos a serem lecionados durante todo o ano
letivo, portanto compreensvel que seu contedo na maioria das vezes
seja apresentado de forma sucinta. Na segunda anlise a abordagem
das classificaes literrias bastante sintetizada e didtica, o gnero
dramtico visto apenas como um contedo literrio e no como uma
oportunidade de viver uma experincia diferenciada e positiva. E na
ultima anlise percebemos as classificaes dos gneros literrios esto
em um captulo que representa 1,23% de todo o livro, assim, o gnero
dramtico representa uma porcentagem ainda menor.
REFERNCIAS
BRASIL. Catlogo do Programa Nacional do Livro para o Ensino
Mdio: PNLEM/2009 Lngua Portuguesa: Secretaria de Educao Bsica,
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao. - Braslia : Ministrio
da Educao, Secretaria de Educao Bsica, 2008.BASTAZIN, Vera. Jos
Saramago: hibridismo e transformaes dos gneros literrios. Revista
eletrnica de crtica e teoria de literaturas, Porto Alegre, n. 2 v.
2 jul./dez. 2006, p. 1 9. FEITOSA, Ceciliany Alves. Livro didtico
de lngua portuguesa, suporte ou armadilha para a literatura?
Disponvel em Acesso em 12/06/2011.GRAZIOLI, Fabiano Tadeu. Teatro
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EDIPUF, 2007.LOPES, Mrcio Henrique e FECCHIO, Miguel. O Livro
didtico de portugus no ensino mdio: um olhar sobre o enfoque dado
ao estudo da literatura.LOPES, Paula Cristina. Gneros literrios e
gneros jornalsticos Uma reviso terica de conceitos. Disponvel em:
Acesso em: 13/03/2011..MAIA, Joo Domingues. Portugus: volume nico.
So Paulo, tica, 2005.MURRIE, Zuleika de Felice; SILVA, Simone
Gonalves da; FERNANDEZ, Jeosaf Gonalves e LOPES, HarryVieira.
Projeto Escola e Cidadania Para Todos.So Paulo, Editora do Brasil,
2004.PINTO, A.M. A representao da mulher nos livros didticos de
histria. Dissertao (Mestrado) - Programa de Ps-Graduao do Centro
Pedaggico da Universidade Federal do Esprito Santo, Vitria,
2001.ROSENFELD, Anatol. O teatro pico. Rio de Janeiro: Ao Livro
Tcnico, 1965.TERRA, Ernani e NETO, Jos de Nicola. Portugus de olho
no mundo do trabalho. So Paulo, Scipione, 2011.
