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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.ResumoO presente estudo foi desenvolvido com o propósito de analisar o disposto no Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri – PEBI, localizado em Diamantina – MG, no que se refere à implantação de estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do Parque. Para tanto, foram feitas pesquisas bibliográficas, pesquisas documentais e pesquisas de gabinete e a realização de entrevistas semiestruturadas com atores que se mostraram relevantes para o desenvolvimento dessa pesquisa. Por meio desse estudo, foi possível entender a necessidade da presença das estruturas propostas no Plano de Manejo do PEBI, visto que atualmente o Parque é o atrativo natural mais visitado na cidade de Diamantina e região (mesmo não estando oficialmente aberto ao público), oferecendo condições mínimas para sua visitação e também que a implantação de estruturas turísticas contribuiria para minimizar impactos ambientais negativos, além de contribuírem para o desenvolvimento turístico, socioeconômico e ambiental do município de Diamantina e região. Outra contribuição desse trabalho é voltada para propostas de atualização do Plano de Manejo, almejando mudanças que beneficiem o meio ambiente e os visitantes.Palavras chave: Plano de Manejo, Unidade de Conservação, Parque Estadual do Biribiri, Turismo e Estruturas Físicas
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE INTERDISCIPLINAR EM HUMANIDADES
CURSO DE TURISMO
ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO BIRIBIRI
NO QUE SE REFERE À IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS DE APOIO À
VISITAÇÃO E GESTÃO DO PARQUE
Álvaro José Ferreira Tôrres
Raquel Campos Antunes
Diamantina
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE INTERDISCIPLINAR EM HUMANIDADES
ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO BIRIBIRI
NO QUE SE REFERE À IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS DE APOIO À
VISITAÇÃO E GESTÃO DO PARQUE
Álvaro José Ferreira Tôrres
Raquel Campos Antunes
Orientadora: Raquel Faria Scalco
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Turismo, como
parte dos requisitos exigidos para a
conclusão do curso.
Diamantina
2011
Ficha Catalográfica - Serviço de Bibliotecas/UFVJM
Bibliotecária Viviane Pedrosa
CRB6-2641
T693a
2011
Tôrres, Álvaro José Ferreira
Análise do Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri No Que Se Refere
à Implantação de Estruturas de Apoio à Visitação e Gestão do Parque / Álvaro
José Ferreira Tôrres; Raquel Campos Antunes. – Diamantina: UFVJM, 2011.
87 p.
Orientadora: Prof. Raquel Faria Scalco
Outros Autores
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Turismo) - Faculdade
Interdisciplinar em Humanidades, Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri.
1. Plano de manejo 2. Unidade de conservação 3. Parque Estadual do Biribiri
4. Turismo 5. Estruturas físicas I. Antunes, Raquel Campos II. Scalco, Raquel
Faria. III. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Título.
CDD 338.4791
Elaborada com dados fornecidos pelo(a) autor(a)
AGRADECIMENTOS
À professora Raquel Faria Scalco pela orientação, dedicação e paciência e pela
responsabilidade assumida diante o compromisso de desenvolver esse Trabalho de
Conclusão de Curso.
Aos demais professores do Departamento de Turismo da Universidade Federal
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri pela troca de experiências e colaboração durante
todo o processo da nossa formação acadêmica e profissional.
Aos nossos colegas pela união e amizade e por todo apoio durante esses quatro
anos de estudo.
E a todos que contribuíram para a realização desse trabalho.
RESUMO
O presente estudo foi desenvolvido com o propósito de analisar o disposto no Plano de
Manejo do Parque Estadual do Biribiri – PEBI, localizado em Diamantina – MG, no que
se refere à implantação de estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do Parque.
Para tanto, foram feitas pesquisas bibliográficas, pesquisas documentais e pesquisas de
gabinete e a realização de entrevistas semiestruturadas com atores que se mostraram
relevantes para o desenvolvimento dessa pesquisa. Por meio desse estudo, foi possível
entender a necessidade da presença das estruturas propostas no Plano de Manejo do
PEBI, visto que atualmente o Parque é o atrativo natural mais visitado na cidade de
Diamantina e região (mesmo não estando oficialmente aberto ao público), oferecendo
condições mínimas para sua visitação e também que a implantação de estruturas
turísticas contribuiria para minimizar impactos ambientais negativos, além de
contribuírem para o desenvolvimento turístico, socioeconômico e ambiental do
município de Diamantina e região. Outra contribuição desse trabalho é voltada para
propostas de atualização do Plano de Manejo, almejando mudanças que beneficiem o
meio ambiente e os visitantes.
Palavras chave: Plano de Manejo, Unidade de Conservação, Parque Estadual do Biribiri,
Turismo e Estruturas Físicas
ABSTRACT
This study was performed with the purpose to analyze the Management Plan of the
Biribiri State Park, located in Diamantina – MG, referring to the implementation of
support physical structures to Park`s visitation and management. Bibliographic,
documentary and cabinet research and semi structured interviews with relevant people
to this search were collected. Through this study, it was possible to understand the needs
of the structures proposed in the Management Plan, considering that currently the Park
is Diamantina and region`s most visited natural attraction (even though not officially
opened to the public), offering minimum conditions for visitors and, furthermore, the
implementation of touristic structures would act reducing negative environmental
impacts, besides contributing for touristic, socioeconomic and environmental
development of Diamantina city and region. This study’s other contribution is focused
to proposals of Management Plan’s updates, aiming for changes that benefit the
environment and visitors.
Keywords: Management Plan, Conservation Unit, Biribiri State Park, Tourism and
Physical Structures.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Cachoeira Sentinela..................................................................................39
FIGURA 2 – Cachoeira dos Cristais..............................................................................40
FIGURA 3 – Pintura Rupestre........................................................................................40
FIGURA 4 – Container Portaria do PEBI......................................................................46
FIGURA 5 – Placas de Sinalização................................................................................46
FIGURA 6 – Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do Zoneamento
do Parque Estadual do Biribiri.........................................................................................52
FIGURA 7 – Mirante de Pinheiros.................................................................................57
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Atrativos Naturais Mais Visitados.........................................................44
GRÁFICO 2 – Visitantes no PEBI – 2008, 2009 e 2010...............................................45
GRÁFICO 3 – Número Total de Visitantes no PEBI....................................................45
GRÁFICO 4 – Necessidade de Infraestrutura................................................................51
GRÁFICO 5 – Você pagaria por uma taxa de visitação ao PEBI? .............................. 55
LISTA DE SIGLAS
APA – Área de Proteção Ambiental
CNUC – Cadastro Nacional de Unidades de Conservação
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
DAFO - Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades
EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
IEB - Instituto de Ecoturismo do Brasil
IEF – Instituto Estadual de Florestas
IUCN – International Union For Conservation of Nature (União Internacional para a
Conservação da Natureza)
MMA– Ministério do Meio Ambiente
MTUR – Ministério do Turismo
PEBI – Parque Estadual do Biribiri
OMT – Organização Mundial de Turismo
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
UC – Unidade de Conservação
UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
UNESCO – Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas
SECTUR – Secretaria Municipal de Turismo
SISEMA – Sistema Estadual do Meio Ambiente
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
WWF – World Wildlife Found (Fundo Mundial da Natureza)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 15
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17
4 METODOLOGIA .................................................................................................. 18
5 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 21
5.1 Turismo ............................................................................................................................... 21
5.2 Planejamento Turístico ...................................................................................................... 25
5.3 Turismo e Desenvolvimento Sustentável ........................................................................... 28
5.4 Ecoturismo .......................................................................................................................... 30
5.5 Turismo e Unidades de Conservação ................................................................................. 33
5.6 Turismo, Meio Ambiente e Impactos das Atividades Turísticas em Ambientes Naturais.36
6 O PEBI E O PLANO DE MANEJO ..................................................................... 39
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 45
7.1 A Atividade Turística no PEBI .......................................................................................... 45
7.2 Contribuições do PEBI Para o Desenvolvimento Socioeconômico e Turístico de
Diamantina ................................................................................................................................. 49
7.3 Conhecimento Sobre o Plano De Manejo do PEBI .......................................................... 51
7.4 Importância da Presença de Estruturas Físicas em Unidades de Conservação .............. 51
7.5 Avaliação das Propostas do Plano de Manejo do PEBI ................................................... 53
7.6 Considerações Sobre a Proposta Feita Pelo Plano de Manejo do PEBI .......................... 64
7.7 Motivo da Não Implantação das Estruturas Propostas Pelo Plano de Manejo do PEBI .66
7.8 Consequências da Presença das Estruturas Propostas no Plano de Manejo do PEBI ... 67
7.9 Propostas de Mudanças nas Estruturas Previstas no Plano de Manejo do PEBI ........... 71
7.10 Análise do Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do Zoneamento do PEBI .. 73
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 76
9 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 78
APÊNDICES .................................................................................................................. 83
12
1 INTRODUÇÃO
Localizada em Minas Gerais, a 292 Km da capital Belo Horizonte, Diamantina,
reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, é uma cidade
colonial, que apresenta um cenário formado pelos belos casarões e pela paisagem da
Serra do Espinhaço.
A cidade de Diamantina, inicialmente conhecida como Arraial do Tijuco, se
desenvolveu por volta do século XVII, a princípio em função da descoberta do ouro e,
posteriormente, do diamante, pedra preciosa que foi encontrada em grande quantidade
na região, fato que atribuiu nome a cidade.
A ocupação do antigo vilarejo pela Coroa de Portugal, que tinha interesse em
extrair ouro e diamante da região, fizeram do garimpo a principal atividade econômica
nesse período. A presença dos portugueses e o desenvolvimento impulsionado pela
atividade garimpeira influenciaram nas construções dos casarios coloniais, das igrejas
barrocas, assim como na formação cultural, de forte tradição religiosa, musical e
folclórica.
Além disso, a presença de personalidades como a famosa escrava Chica da
Silva, e o ex-presidente Juscelino Kubitschek, são também referências para muitas
pessoas que buscam conhecer um pouco mais da história desse município.
Diamantina também é intitulada como um dos 65 destinos indutores de turismo,
cidades que deveriam receber recursos para fazer investimentos no setor turístico, para
que esses municípios fossem capazes de atrair e distribuir em sua região um
significativo número de turistas, nacionais ou estrangeiros, e de manter padrão de
qualidade internacional em setores da atividade turística. Este fato eleva o destino
diante da demanda turística, promovendo maior motivação para o visitante que de fato
vem à cidade ou mesmo turistas potenciais. Desta forma, a cidade possui um
conservado acervo histórico colonial e inúmeros atrativos naturais, o que proporciona ao
visitante a oportunidade de vivenciar momentos de cultura, diversão e lazer.
Apesar de ainda principiante nas atividades turísticas em meio natural, o
ecoturismo diamantinense se mostra potencialmente muito forte. A cidade se encontra
em localização privilegiada, em um dos mais belos trechos da Estrada Real, na Serra do
Espinhaço. São vários os atrativos naturais, ricos em beleza cênica, como as diversas
cachoeiras, grutas, serras e trilhas.
13
A presença de Unidades de Conservação (UCs) também faz de Diamantina um
destino peculiar. Segundo o Instituto Estadual de Florestas - IEF (2011), a cidade está
próxima a duas UCs – Parque Estadual do Rio Preto e Parque Estadual Pico do Itambé –
e abrange em seu território a APA das Águas Vertentes, o Parque Nacional das Sempre
Vivas e o Parque Estadual do Biribiri – PEBI, que é o objeto de estudo da presente
pesquisa.
Assim, o espaço de Diamantina propicia unir a forte identidade cultural ao
contato direto com a natureza do local.
O Parque Estadual do Biribiri, localizado em Diamantina – MG, exerce grande
influência nos atrativos a serem visitados na cidade. Segundo SILVEIRA &
MEDAGLIA (2011), o PEBI é o atrativo natural mais visitado da cidade.
O Parque Estadual do Biribiri proporciona ao visitante, a oportunidade de
praticar atividades de contemplação da paisagem, fauna e flora local, assim como
desfrutar das diversas cachoeiras, que fazem do Parque um importante atrativo natural.
Criado em 22 de Setembro de 1998, pelo Decreto nº 39.909, o Parque Estadual
do Biribiri tem área aproximadamente de 16.998 hectares, e está inserido no complexo
da Serra do Espinhaço. O PEBI abriga diversas nascentes e cursos d’água que, junto aos
rios de leitos de pedras, formam as cachoeiras do Parque, como a Sentinela e Cristais,
duas das de maiores beleza natural da região (IEF, 2011).
O Parque Estadual do Biribiri apresenta em sua extensão características naturais
relevantes, sendo uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, grupo de UCs que
têm como objetivo básico preservar a natureza, admitindo apenas o uso indireto dos
recursos naturais (BRASIL, Lei 9.985, art.7º, § 1º, 2000).
Este estudo partiu de reflexões sobre a análise da proposta do disposto no Plano
de Manejo do Parque Estadual do Biribiri, no que se refere às estruturas físicas de apoio
a visitação e a gestão do PEBI. Em função do desenvolvimento deste estudo, surgiu o
seguinte questionamento: As estruturas físicas propostas pelo Plano de Manejo seriam
viáveis para o Parque? Portanto, partiu-se da hipótese de que a implantação dessas
estruturas, mesmo que advindas de um planejamento desatualizado, poderiam ser
válidas, pois contribuiriam para minimizar os impactos ambientais negativos que
atualmente são perceptíveis no Parque, além de contribuírem para o desenvolvimento do
turismo em Diamantina e região.
Como referência, foi utilizado como fonte de consulta sobre as estruturas físicas
a serem implantadas no Parque, o seu Plano de Manejo, elaborado pela STCP
14
ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, em 2004. O Sistema Nacional de Unidades de
Conservação - SNUC define Plano de Manejo como:
Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais
de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas
que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive
a implantação das estruturas físicas e necessárias à gestão da unidade
(BRASIL, Lei nº 9.985, Art.2, 2000).
O trabalho baseou-se em análises da proposta do Plano de Manejo, acerca da
implantação de estruturas físicas de apoio a visitação e gestão no Parque Estadual do
Biribiri, avaliando a viabilidade da inserção de tais estruturas no local. Para tanto, foi
necessário compreender a importância da presença desses equipamentos que
possivelmente contribuiriam para minimizar os impactos negativos em ambientes
naturais.
O Plano de Manejo do PEBI apresenta algumas propostas em relação à
implantação de estruturas físicas de apoio a visitação e gestão do Parque. Essas
propostas estão assim sintetizadas: Centro administrativo, Centro de manutenção e
apoio ao funcionário, Casa do funcionário, Centro de visitantes, Portaria principal,
Núcleo de apoio ao uso público com primeiros socorros, Estacionamento, Guarita na
estrada Municipal sentido Pinheiros-Diamantina, Guarita na Vila do Biribiri, Guarita na
Cachoeira Sentinela, Portaria em Mendanha, Centro de referência do Parque, Base de
apoio ao pesquisador, Sanitário e estacionamento próximo à Fazenda Duas Pontes e
Portão na entrada pela Fazenda Duas Pontes.
É importante ressaltar que a proposta de inserção de estruturas físicas do Plano
de Manejo do PEBI, ainda não foi efetivada, sendo que esse documento foi elaborado
em 2004. Isso se deve, principalmente, ao fato de que o PEBI não possui situação
fundiária regularizada. Devido à carência de tais estruturas, o Parque não se encontra
oficialmente aberto à visitação, o que, na prática, usualmente ocorre.
Para tanto, nesse estudo foram realizadas pesquisas bibliográficas, pesquisas
documentais e de gabinete, além da realização de entrevistas semiestruturadas.
Entende-se, então, a importância do estudo de impactos causados pela atividade
turística em ambientes naturais, sobretudo da construção de estruturas de apoio à
visitação e gestão no interior destas áreas de proteção, que são reguladas por lei.
15
2 JUSTIFICATIVA
O presente trabalho foi desenvolvido com a finalidade de analisar as propostas
do Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri, no que se referem à implantação de
estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do Parque.
Rushman (2010) avalia que é preciso haver equilíbrio entre turismo e meio
ambiente, de forma a assegurar que a atratividade dos recursos naturais não seja a causa
de sua degradação. Dessa forma, trabalhar ações sustentáveis no Parque Estadual do
Biribiri, considerando o disposto no seu Plano de Manejo é de fundamental importância
para o desenvolvimento ecoturístico da região e é uma alternativa para trabalhar o
turismo em harmonia com o meio ambiente.
A escolha do Parque Estadual do Biribiri como objeto de estudo, ocorreu em
função deste ser carente no que se refere à presença de estruturas de apoio a visitação e
gestão da Unidade. O fato do Plano de Manejo do PEBI ter sido elaborado em 2004 e
não possuir nenhuma atualização, além de suas propostas no que se referem à
implantação de estruturas físicas não terem sido implementadas, também justificam esse
estudo. A proximidade do Parque com a cidade de Diamantina e a presença do Instituto
Estadual de Florestas, órgão responsável pela gestão do Parque facilitou o acesso a
informações sobre o PEBI, o que influenciou, também, na escolha deste como objeto de
estudo.
Em função da carência de estruturas turísticas, o Parque Estadual do Biribiri se
torna vulnerável, aumentando assim a ocorrência de impactos negativos tanto para o
meio ambiente quanto para a atividade turística e seus consumidores. Atualmente, são
visíveis no PEBI alguns problemas, como por exemplo, a degradação de trilhas, a falta
de controle de acesso ao Parque, a produção de resíduos em excesso, a poluição de
cursos d’água e a falta de orientação sobre o comportamento dentro do Parque, o que
pode provocar atitudes inadequadas pelos visitantes que prejudicam e alteram o meio
ambiente.
Assim como exposto por Ruschmann (2010), é notável que a prática do turismo
em ambientes naturais, que são extremamente sensíveis, tem se tornado uma atividade
de grande procura, impulsionada pelo desejo de vivenciar a natureza e fugir do
cotidiano dos centros urbanos. O aumento do fluxo de visitação nos ambientes naturais
faz do planejamento, da presença de estruturas e da oferta de serviços turísticos
16
ferramentas essenciais para que o turismo seja desenvolvido de forma ordenada e menos
impactante.
A implantação de estruturas físicas pode diminuir consideravelmente alguns dos
impactos negativos atualmente encontrados no Parque Estadual do Biribiri, visto que a
presença dessas estruturas possibilita a organização da atividade turística e a orientação
dos visitantes, influenciando o comportamento destes no Parque, o que,
consequentemente, minimizaria os impactos gerados pelo turismo.
A construção de estruturas físicas em locais apropriados permite que o visitante
realize suas necessidades, como alimentação, hospedagem e higiene de forma adequada
e em locais que causariam menor impacto, proporcionando a conservação desse
ambiente.
Diante dos estudos sobre o tema apresentado e a atual situação do Parque
Estadual do Biribiri, é fundamental que sejam feitas análises das estruturas propostas no
Plano de Manejo, almejando mudanças que beneficiem o ambiente e os visitantes. Além
disso, este estudo poderá subsidiar possíveis propostas de revisão do Plano de Manejo
do Parque, que já se encontra bastante desatualizado.
O trabalho instiga a continuidade e a elaboração de novos projetos que
proponham soluções para a problemática gerada em torno da atividade turística em
ambientes naturais, buscando principalmente a preservação e conservação da natureza e
a satisfação dos visitantes nestes locais.
O presente estudo também visa contribuir para a produção cientifica que ainda é
escassa em temas relacionados à implantação de estruturas físicas e a oferta de serviços
turísticos em ambientes naturais. Por meio desse trabalho, pretende-se abrir caminhos
para o desenvolvimento de projetos e novas pesquisas que beneficiem a atividade
turística em meio natural, sobretudo em Unidades de Conservação.
17
3 OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Analisar o disposto no Plano de Manejo no que se refere à implantação de
estruturas de apoio à visitação e gestão do Parque Estadual do Biribiri - PEBI, em
Diamantina – MG.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Compreender a importância da presença de estruturas físicas e da
oferta de serviços turísticos em ambientes naturais.
Compreender as consequências da presença dessas estruturas para o
Parque, para o turista, para a comunidade e para a região.
Contribuir para a atualização do Plano de Manejo do Parque Estadual
do Biribiri – PEBI, no que se refere à implantação de estruturas de
apoio à visitação e gestão do Parque.
Contribuir para a produção científica ainda escassa em áreas
relacionadas à implantação de estruturas físicas e a oferta de serviços
turísticos em ambientes naturais.
18
4 METODOLOGIA
Esse trabalho foi desenvolvido a partir da análise do Plano de Manejo do Parque
Estadual do Biribiri – PEBI, elaborado em 2004 pela empresa STCP Engenharia de
Projetos LTDA. Este documento foi base para estudos sobre a viabilidade da
implementação da proposta de inserção de estruturas de apoio à visitação e gestão do
PEBI.
O trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisas descritivas, que utilizam de
técnicas padronizadas de coleta de dados, como as entrevistas semiestruturadas, para
descrever as características de determinada população ou fenômeno. Segundo GIL
(2010), as pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que
habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática.
São também as mais solicitadas por organizações como instituições educacionais,
empresas comerciais, partidos políticos, etc.
O presente trabalho propôs esse método de pesquisa visando analisar e descrever
as observações do estudo do disposto no Plano de Manejo do Parque Estadual do
Biribiri, no que tange as estruturas de apoio à visitação e gestão do PEBI.
De acordo com Denker (2007), as pesquisas descritivas relatam situações por
meio de dados primários, podendo ser quantitativas ou qualitativas. Este trabalho trata-
se de uma pesquisa qualitativa, que consiste na coleta e análise de dados que será feita
por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com atores que se mostraram
relevantes para o desenvolvimento dessa pesquisa, preocupando-se em interpretar e
detalhar aspectos mais profundos do objeto em estudo, permitindo possíveis
intervenções ao longo do processo. Segundo Denker (2007) “a entrevista será utilizada
como meio de observação e conhecimento de opiniões, atitudes e crenças”.
Foi utilizado ainda o método dedutivo que de acordo com Lakatos e Marconi
(2007), parte das leis e teorias e prediz a ocorrência de fenômenos particulares, em
conexão descendente. Parte-se de uma situação geral e genérica para uma particular. Por
meio da dedução, não produzimos conhecimentos novos, porém explicitamos
conhecimentos que antes estavam implícitos. Neste trabalho, foi feita a análise do
disposto no documento Plano de Manejo no que se refere à proposta de implantação de
estruturas físicas na área do Parque e a viabilidade da presença das mesmas.
Em um primeiro momento, foram realizadas pesquisas bibliográficas
fundamentalmente nas áreas de Turismo e Meio Ambiente, Unidades de Conservação,
19
Uso Público em Unidades de Conservação, Plano de Manejo, Ecoturismo, Legislação
Ambiental, Impactos Turísticos em Ambientes Naturais, dentre outros temas.
Em sequência, foram feitas pesquisas documentais e pesquisas de gabinete junto
aos órgãos de administração pública relacionados direta ou indiretamente com a gestão
e conservação do Parque Estadual do Biribiri. Para essa etapa, foram feitas análises de
materiais, pesquisas e projetos anteriormente realizados pelo Instituto Estadual de
Floresta - IEF, pela Prefeitura Municipal de Diamantina e pela Universidade Federal
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM.
Posteriormente, foi feita a análise da proposta de implantação de estruturas
físicas do Plano de Manejo no que se refere as estruturas de apoio à visitação e gestão
do Parque.
Concomitante a etapa anterior, foi desenvolvido o processo de elaboração do
roteiro das entrevistas. A entrevista foi estruturada em 10 questões que tinham como
pilares as discussões acerca da atividade turística no Parque Estadual do Biribiri e a
avaliação das propostas do Plano de Manejo do PEBI no que se refere à implantação de
estruturas físicas na Unidade de Conservação.
Como prévia da entrevista foi elaborado um texto introdutório com informações
sobre o PEBI e, em seguida, foram apresentadas as propostas de implantação das
estruturas dispostas no Plano de Manejo para as avaliações feitas por meio dos
questionamentos da entrevista. Após a conclusão dessa etapa, foi realizado um pré-teste
no dia 04 de outubro de 2011, com a Professora da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, Cynthia Fonte Boa Pinto, no intuito de verificar se a
proposta da entrevista semiestruturada compreendia os objetivos do trabalho.
Após a revisão do roteiro de entrevista, deu-se início a realização das entrevistas
semiestruturadas, com atores que se mostraram relevantes para o desenvolvimento dessa
pesquisa. Foram realizadas 09 entrevistas no período de 05 de outubro de 2011 a 09 de
novembro de 2011, com os seguintes atores: com o Gestor do Parque Estadual do
Biribiri, Guarda Parque do Parque Estadual do Biribiri; ex-funcionário do Instituto
Estadual de Florestas - IEF, funcionários do Instituto Biotrópicos, pesquisadores da
área, representante da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo - SECTUR e
representante da Comunidade.
Após a realização das entrevistas, foram feitas as transcrições completas das
mesmas, seguido da seleção dos trechos de maior relevância para essa pesquisa.
20
Por fim, as análises dos dados primários e secundários, obtidos pelas pesquisas,
possibilitaram o desenvolvimento desse trabalho e o alcance dos objetivos propostos no
presente estudo.
21
5 REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 Turismo
O Turismo é um fenômeno político, social e econômico, que ocorre em função
do deslocamento de pessoas para fora de sua residência, assim como da prestação de
serviços intrínsecos à sua realização. Fundamentalmente, tem como base o lazer,
entretanto não se desassocia de outras atividades que por si só gerem motivação e
provoquem deslocamento.
A evolução histórica do turismo se inicia, primordialmente, por meio do
deslocamento de pessoas em função dos Jogos Olímpicos, na Grécia Antiga. Outro
relevante fator de motivação datado desse período foram as peregrinações religiosas,
que mobilizavam cada vez mais pessoas em todo o mundo.
Em meados do século XVII, tem-se o registro de que a nobreza européia
propiciava aos seus filhos viagens voltadas a educação, iniciando o processo de
interação cultural, que eram os chamados Grand Tours. Já no século XVIII, com
ascensão da burguesia, as viagens se tornaram mais comuns e passaram a ser motivadas
pela busca em conhecer as transformações decorrentes da industrialização eminente
desse período (DIAS, 2005).
Em função do crescente deslocamento e da necessidade de permanência nos
diversos destinos, fez-se presente a oferta de locais onde todos esses viajantes pudessem
se acomodar, tendo apoio básico para a realização de suas atividades. Esse fato foi de
grande importância para o desenvolvimento e concepção do turismo, que a partir de
então, apresentava um dos elementos fundamentais para a composição da oferta turística
contemporânea: os meios de hospedagem.
O período do desenvolvimento tecnológico, impulsionado pela Revolução
Industrial, no século XIX, provocou grandes transformações que influenciaram o
cotidiano das pessoas. A utilização do ferro e do aço como matérias-primas, utilizadas
em larga escala, possibilitaram a criação de edifícios, como também uma grande
evolução nos meios de transporte (TRIGO, 2004). Dois meios de transportes
importantes para o turismo, advindos dessa época, ressaltam-se os grandes navios e os
trens a vapor, que facilitaram o fluxo de pessoas a partir desse período.
Em sequência a evolução dessas tecnologias, Thomas Cook passou a organizar
viagens em grupos, com finalidades comuns, sendo o precursor dos deslocamentos
22
turísticos organizados. Em 1841, Cook leva 570 passageiros para um Congresso
antialcoólico em Longhborough, saindo de Leicester, no Reino Unido (DIAS, 2005).
Ainda como abordado em Dias (2005), Cook iniciou a utilização de ferramentas
que fazem parte do cotidiano do turismo moderno, como a concepção de viagens
organizadas, se configurando os primeiros pacotes turísticos; itinerários de passeios,
assim como visitas acompanhadas por guias e a criação de vouchers, largamente
utilizados em hotéis, restaurantes e em transportes durante as viagens.
Outra grande mudança no setor turístico ocorreu posteriormente às duas grandes
guerras mundiais, quando os aviões deixaram de ser utilizados apenas como ferramentas
militares, e passaram a ser usados para transporte de passageiros. Este fato foi relevante
para o desenvolvimento da atividade turística, visto que facilitou o deslocamento de
grandes grupos de pessoas por longas distâncias em um período de tempo menor. Outro
fato que permitiu maior organização do transporte para o turismo foi à criação do voo
charter, que eram os voos fretados (MONTANER MONTEJANO, 2001).
No decorrer dos anos, o turismo foi se tornando uma importante atividade
mundial, que passou a ser influenciado principalmente pelas mudanças políticas, sociais
e econômicas, assim como por outros interesses de cada época.
A evolução acerca da concepção do turismo difundiu sua importância em todo
mundo, que passou a investigar o desenvolvimento desse fenômeno. As pretensões em
torno da atividade cresciam, juntamente com as expectativas e estudos voltados ao
turismo. Em 1970, foi criada a OMT, Organização Mundial do Turismo, principal órgão
representante do turismo no mundo. Segundo a OMT:
O turismo compreende atividades que realizam as pessoas durante suas
viagens em estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um
período consecutivo inferior a um ano e com finalidade de lazer, negócios ou
outras (OMT, 2001, p. 38).
Este conceito da OMT surge com o intuito de estabelecer uma classificação da
atividade turística, que considera como fator determinante o tempo de permanência do
visitante em uma localidade para que este seja considerado “turista”. Com isso, obtêm-
se uma padronização de informações que facilitam a organização de dados para fim de
estudos comparativos que permitem a análise do andamento da atividade turística nos
diversos países membros desta Organização.
Outro conceito de turismo, elaborado por Salah-Eldin Abdel Wahab (apud,
TRIGO, 2004, p.12), define turismo como:
23
O turismo é uma atividade humana intencional que serve como meio de
comunicação e como elo de interação entre os povos tanto dentro como fora
de um país. Envolve o deslocamento temporário de pessoas para outras
regiões ou países visando à satisfação de outras necessidades que não a de
atividades remuneradas.
Essa abordagem do turismo transpõe a visão da demanda, também relatada pela
OMT, incluindo o ponto de vista cultural, que atualmente é um forte fator motivador,
capaz de oferecer a interação entre diferentes costumes e proporcionar aos envolvidos a
oportunidade de conhecer e experimentar aquilo que é diferente do seu habitual.
Percebe-se também que este conceito não considera a realização de atividades
remuneradas, o que exclui o turismo de negócios, um dos importantes segmentos do
turismo, atualmente.
Mudando o enfoque da conceituação turística baseado na oferta e demanda,
percebe-se um olhar amplo direcionado, principalmente, aos pilares de deslocamento e
estadia, escrito por Burkart e Medlik (1981 apud LICKORISH, JENKINS, 2000, p.10),
apresentando turismo como “o fenômeno que surge de visitas temporárias (ou estadas
fora de casa) fora do local de residência habitual por qualquer motivo que não seja uma
ocupação remunerada no local visitado.” Indo de encontro a essa definição, Dias (2005),
considera que turistas são aqueles que permanecem por um período superior a 24 horas
fora de seu domicílio, sendo que os que permanecem por um período inferior são
chamados excursionistas.
O turismo, ocorrendo de forma espontânea ou estruturada, requer a utilização de
uma vasta gama de serviços, oferecidos à Demanda Turística (consumidores), a fim de
atender suas necessidades e proporcionar maior bem-estar durante o período de
permanência na localidade visitada. Estes serviços compõem o que é denominado
Oferta Turística, que de acordo com o Ministério do Turismo (2007) é composta pela
Infraestrutura de Apoio Turístico; pelos Equipamentos e Serviços Turísticos; e pelos
próprios Atrativos Turísticos.
De acordo com o Ministério do Turismo (2007), a Infraestrutura de Apoio ao
Turismo é considerada “estrutura física e serviços, que proporciona boas condições de
vida para a comunidade e dá base para o desenvolvimento da atividade turística”, o que
compreende o abastecimento de água, luz, saneamento, os meios de acesso, o sistema de
comunicação, o sistema de segurança, o sistema médico-hospitalar, o sistema de
educação, o sistema de transporte, e os serviços e equipamentos de apoio (postos de
24
abastecimento de combustível, agências bancárias, serviços mecânicos e comércio em
geral).
Já os Equipamentos e Serviços Turísticos são as “instalações e serviços
imprescindíveis para a prática da atividade turística”, como os serviços e equipamentos
de hospedagem; gastronomia; agenciamento; transporte e eventos; lazer e
entretenimento e; outros serviços e equipamentos como informações turísticas,
entidades e associações (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007).
Por fim, os Atrativos Turísticos se referem aos “locais, objetos, eventos,
manifestações, pessoas, fenômenos ou equipamentos capazes de motivar deslocamento
de pessoas para conhecê-los” e compreendem os atrativos naturais; os atrativos
culturais; as atividades econômicas; as realizações técnicas, científicas e artísticas; e os
eventos permanentes, capazes de motivar a demanda turística (MINISTÉRIO DO
TURISMO, 2007).
Atualmente, o turismo vem sendo trabalhado em ampla escala, na tentativa de
encontrar as melhores maneiras para ser desenvolvido, como a partir de políticas de
planejamento, a fim de buscar efeitos mais plausíveis da atividade. São vários os
benefícios advindos do turismo, sendo alguns desses a geração de divisas; conservação
da identidade local; criação de empregos; desenvolvimento regional e conservação do
ambiente (MOLINA, 1997 apud, DIAS, 2003, p. 16).
Tendo em vista um crescente e dinâmico público consumidor, a atividade
turística se desenvolveu buscando satisfazer as necessidades e desejos dos visitantes,
encontrando na segmentação um caminho para direcionar as suas ações a grupos
homogêneos de pessoas. A segmentação do turismo pode então, ser estabelecida em
função a oferta, que classifica alguns segmentos como Turismo de Negócios e Eventos;
Ecoturismo; Turismo Religioso; Turismo de Aventura e Turismo Cultural, e também
em função da demanda, apresentando a segmentação de turismo, por exemplo, para a
terceira idade, para jovens, para solteiros ou de acordo com a classe social.
De acordo com o Ministério do Turismo (2010, p.61):
[...] a segmentação é entendida como uma forma de organizar o turismo para
fins de planejamento, gestão e mercado. Os segmentos turísticos podem ser
estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das
características e variáveis da demanda.
A satisfação do visitante deve, então, ser considerada um fator relevante no
processo de desenvolvimento da atividade turística, sendo o turismo uma ferramenta
capaz de promover e transformar sonhos em experiências. Contudo, apesar da
25
popularização do turismo, este ainda não se consolidou como uma necessidade ou um
direito legítimo do ser humano, assim como a educação, saúde ou alimentação (TRIGO,
2004, p. 11).
Para tanto, os profissionais do turismo relacionados direta ou indiretamente com
a atividade devem pensar, trabalhar e desenvolver o turismo de forma idônea, utilizando
o planejamento como base de realização, a fim de que os benefícios da atividade
turística atinjam a toda sociedade, promovendo a melhoria da qualidade de vida das
pessoas.
5.2 Planejamento Turístico
Segundo Braga (2007, p.1), “o planejamento é um processo contínuo e
renovável, ele ocorre no período presente, resultante de um aprofundado estudo da
realidade, com o intuito de ordenar ações que acontecerão em um momento futuro”.
Em outro conceito elaborado por Estol e Albuquerque (apud RUSCHMANN,
2010, p.82) entende-se o planejamento como
[...] um processo que consiste em determinar os objetivos de trabalho,
ordenar os recursos materiais e humanos disponíveis, determinar os métodos
e as técnicas aplicáveis, estabelecer as formas de comunicação e expor com
precisão todas as especificações necessárias para a conduta da pessoa ou do
grupo de pessoas que atuarão na execução dos trabalhos e que seja
racionalmente direcionada para alcançar os resultados pretendidos.
No conceito de Braga, planejamento é abordado como um processo renovável,
que permite a reorganização das ideias, visando alcançar os objetivos propostos. Já
Estol e Albuquerque ressaltam a importância da organização de etapas, para alcançar os
resultados pretendidos. Portanto, planejar ações tem grande importância para se realizar
qualquer atividade de forma assertiva, maximizando as oportunidades de sucesso do
objetivo traçado. Em todos os âmbitos, o planejamento se faz necessário para que esses
ensejos realmente se concretizem.
Relacionando ao âmbito político, Rattner (1979 apud DIAS 2003, p.88) propõe
planejamento como “uma técnica de tomada de decisão que dá importância para escolha
de objetivos bem determinados e indica os meios mais apropriados para atingi-los”.
Neste conceito, a ênfase política é explícita, reforçando o uso das ferramentas de
planejamento e tomadas de decisões pelo poder público, na busca pela idealização de
um cenário futuro diferente do atual. Contudo, o planejamento deve abranger outros
campos como os aspectos social, ambiental, cultural e econômico.
26
Segundo Ferreira (1999), planejar tem o significado de “planificar, projetar,
programar” com base em um “plano”. O processo de planejamento abrange três
estruturas fundamentais, os Planos, Programas e Projetos.
De acordo com Braga (2007, p.2), “Planos são resultados do processo de
planejamento, ou seja, um documento que contém um descritivo do que foi levantado
para caracterizar a realidade estudada.” Os programas e projetos constituem partes do
Plano, sendo que, segundo Molina (1997, apud DIAS, 2003, p.98), Programa
[...] é composto por uma série de projetos que guardam estreita relação entre
si, e que em conjunto são destinados a converter em realidade os objetivos e
metas do plano. Os programas organizam e otimizam os recursos disponíveis.
Por fim, os Projetos são definidos por Dias (2003) como “a expressão física do
processo de planejamento. É o documento que traduz e deve ‘apresentar exequibilidade
técnica, viabilidade econômica, conveniência social e política’” Belchior (1974, p. 51
apud DIAS, 2003, p. 98).
Segundo Barretto,
As primeiras áreas a efetuarem planejamento foram a militar e a econômica.
Da linguagem militar guardam-se os conceitos de estratégia e tática [...]. O
planejamento econômico começou no Japão no século XIX. Na União
Soviética, após a revolução socialista, começou a ser implementada na forma
de planos qüinqüenais e de sete em sete anos (BARRETTO 2009, p. 13).
Nesta citação de Margarita Barretto observa-se dois conceitos fundamentais para
o planejamento: estratégia e tática. O primeiro se refere aos meios para se conseguir
atingir os objetivos. Já o segundo trata das ações e decisões tomadas a partir do foco no
objetivo pretendido. Entende-se, também, que o planejamento não é um termo utilizado
apenas no mundo contemporâneo, mas sim desenvolvido ao longo de toda a história.
Ruschmann (2010) também apresenta o planejamento de forma ampla. A autora
expõe o planejamento como
[...] uma atividade que envolve a intenção de estabelecer condições
favoráveis para alcançar objetivos propostos, tendo como objetivo o
aprovisionamento de facilidades e serviços para que uma comunidade atenda
ou não seus desejos e necessidades [...] (RUSCHMANN, 2010, p. 81).
Em todos os casos, observa-se que o planejamento do turismo é uma vertente da
ideia geral desta ferramenta utilizada para construção de um cenário futuro.
O turismo como atividade econômica, política e social, tem seu planejamento
pensado e desenvolvido em conjunto entre o Estado, o setor privado e a comunidade. O
planejamento turístico tem como objetivo criar uma perspectiva positiva da atividade e a
tornar sustentável (DIAS, 2005).
27
O turismo acontece, por vezes, de forma invasiva ao espaço visitado. Desta
forma, planejar o turismo é fundamental para que impactos negativos – ambientais,
culturais, sociais e econômicos - causados pela atividade sejam mitigados e se
sobressaiam os aspectos positivos que o turismo proporciona aos atores envolvidos
nesse processo.
Em geral, o planejamento é estruturado com base em quatro etapas
fundamentais, sendo elas: o diagnóstico (análise do cenário atual), prognóstico (criação
de cenários futuros), a elaboração de um plano e a implantação do plano (DIAS, 2005).
Essas etapas possibilitam a identificação de pontos fortes e fracos do cenário atual, a
elaboração de objetivos futuros, previsão e implementação de ações capazes de reverter
uma situação negativa de um local, no intuito de se atingir metas e objetivos
previamente definidos.
O turismo é planejado com base em ferramentas que especificam e desenvolvem
um panorama técnico-científico do fenômeno, possibilitando aos idealizadores da
atividade buscar as melhores formas de desenvolvimento turístico em diversos âmbitos,
seja internacional, nacional, estadual, municipal ou regional. São exemplos de
ferramentas de auxílio ao planejamento turístico: o inventário turístico, o estudo da
demanda turística, o estudo de capacidade de carga, o estudo para analisar as
Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades (DAFO) de um ambiente, o método
Delphi de prospecção do desenvolvimento turístico, o Plano de Manejo, entre outros.
Outro amplo conceito de planejamento foi citado por Barretto (2002 apud DIAS,
2003, p. 88) que argumentam que o planejamento é:
[...] uma atividade, não é algo estático, é um devir, um acontecer de muitos
fatores concomitantes, que têm de ser coordenados para se alcançar um
objetivo que está em outro tempo. Sendo um processo dinâmico, é lícita a
permanente revisão, a correção de rumos, pois exige um repensar constante,
mesmo após a concretização dos objetivos.
Dessa forma, destaca-se a importância do planejamento turístico para a
prospecção da atividade, a fim de que um destino não se desenvolva de forma aleatória,
evitando que a atividade turística interfira de forma negativa no desenvolvimento da
localidade e que o ciclo de vida do turismo na destinação não seja alterado
drasticamente. Portanto, é fundamental que o turismo seja embasado em técnicas de
planejamento e no seu desenvolvimento de forma sustentável, visando a possibilidade
de melhoria da qualidade de vida por meio desta atividade.
28
5.3 Turismo e Desenvolvimento Sustentável
A percepção de sustentabilidade aflora na sociedade quando as pessoas
compreendem a importância de se preservar e manter o ambiente em equilíbrio,
garantindo que gerações futuras também tenham acesso a recursos que hoje se
apresentam em certa abundância, como os recursos naturais.
A origem das ideias acerca da sustentabilidade se deu em 1972, na Conferência
das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano onde se discutiu a crescente
preocupação com o meio ambiente. Já o termo desenvolvimento sustentável passou a
ser presente após a elaboração do documento intitulado “Nosso Futuro Comum”,
apresentado pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em
1987. Outro evento influente nas discussões acerca da sustentabilidade, principalmente
ambiental, foi a Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro em 1992, conhecida como ECO 92
(DIAS, 2005).
Em função dessa crescente preocupação com as questões ambientais mundiais,
surgem então diversos conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável, como o
apresentado pela ONU (1991 apud DIAS, 2005, p. 107):
Um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção
dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizem e reforçam o potencial presente e futuro afim de
atender as necessidades e aspirações humanas.
Desenvolver ações de forma sustentável exige planejar os diversos âmbitos,
estabelecendo a busca por ambientes economicamente viáveis, ambientalmente corretos
e socialmente justos.
De acordo com Barretto
O desenvolvimento sustentável de uma localidade requer crescimento
econômico, acompanhado de distribuição de renda e devida proteção dos
recursos naturais – base nas suas potencialidades -, com vistas a assegurar
uma qualidade de vida adequada tanto para as atuais como para as futuras
gerações (BARRETO, 2009, p. 56).
As definições acerca de turismo sustentável são semelhantes às preposições do
conceito de desenvolvimento sustentável, advindos da necessidade de mitigar os
impactos negativos gerados pelo turismo. Segundo Swarbrooke (2002), a expressão
“turismo sustentável” surgiu no final dos anos 80, e outras expressões como turismo
verde eram comumente usadas naquela época, cercada por fortes discussões ambientais.
29
O turismo sustentável é baseado na redução de custos, maximização de benefícios
ambientais e inclusão social com base na comunidade local (SWARBROOKE, 2002).
Com as crescentes discussões sobre o tema e sua abrangência, o turismo utiliza a
sustentabilidade como uma tendência, uma utopia, que deve ser buscada no sentido de
minimizar os impactos negativos de suas atividades nos ambientes nos quais ele é
desenvolvido.
De acordo com a OMT (apud DIAS, 2005, p. 107), o desenvolvimento
sustentável do turismo
[...] atende as necessidades dos turistas atuais e das regiões receptoras, e ao
mesmo tempo protege e fomenta as oportunidades para o futuro. O
desenvolvimento sustentável do turismo se concebe como um caminho para a
gestão de todos os recursos de forma que possam satisfazer-se as
necessidades econômicas, sociais e estéticas, respeitando ao mesmo tempo a
integridade cultural, os processos ecológicos essenciais, a diversidade
biológica e os sistemas que sustentam a vida.
Este conceito proposto pela OMT, além de ressaltar a importância da
preservação dos recursos para que atendam as necessidades das gerações atuais e
futuras, explicita também a abrangência do conceito de desenvolvimento sustentável,
que envolve não apenas os fatores ambientais, mas também econômicos, sociais e
culturais.
O desenvolvimento da atividade turística deve visar a sustentabilidade,
principalmente quando as atividades são realizadas em áreas naturais, o que implica em
uma maior preocupação com o planejamento do turismo nesses ambientes.
A busca por consumo de espaços em meio natural se torna cada vez mais
frequente em função do modo de vida contemporâneo, envolto por preocupações
exacerbadas, decorrentes de complicações típicas de grandes centros urbanos, como a
violência, trânsito, poluição e a escassez de tempo livre. O desenvolvimento sustentável
do turismo, principalmente em ambientes rurais e em áreas naturais, se expande na
tentativa de atender às necessidades de uma demanda que busca vivenciar experiências
de vida diferenciadas.
Contudo, é perceptível a dificuldade de desenvolver o turismo totalmente
sustentável e manter o equilíbrio da atividade, visto que esta depende da prestação de
serviços de vários setores, onde existe divergência de interesses de forma contundente.
Esta dificuldade é bem notável, propiciando uma nova formatação dos objetivos da
sustentabilidade, como proposto por Ribeiro e Barros (apud FONTELES, 2004, p.59):
A redefinição dos modelos de desenvolvimento segundo “critérios
ecológicos” tem se dado muito mais no sentido de uma adequação à ideia de
30
equilíbrio com o meio natural em relação à de “justiça social”, ao
reconhecimento das populações humanas como os verdadeiros sujeitos do
meio ambiente.
O desenvolvimento do turismo sustentável em meio natural deve abranger não
somente preocupações relacionadas ao equilíbrio ecológico, mas também questões
sociais, que envolvam a comunidade local, para que esta participe de forma ativa no
desenvolvimento da atividade turística.
Nesta visão, o Ecoturismo é uma vertente da atividade turística capaz de prover
o desenvolvimento sustentável dos diversos ambientes, de forma que o mesmo atinja os
critérios ecológicos, assim como o desenvolvimento social, por meio de ferramentas
como a educação ambiental, que envolve os profissionais, os visitantes e a comunidade
local.
5.4 Ecoturismo
A intensa preocupação mundial em preservar o meio ambiente e reduzir os
impactos negativos decorrentes da prática de diversas atividades em meio natural, como
o turismo, estimulou discussões acerca dessa problemática. O termo ecoturismo começa
então a ser utilizado no início dos anos 80, sendo essa uma atividade caracterizada pelo
desenvolvimento sustentável e pela formação de uma consciência ambientalista
(KINKER, 2005).
O Ecoturismo é um dos importantes segmentos da atividade turística, que
atualmente vem ganhando cada vez mais espaço no mercado em função da procura por
melhoria na qualidade de vida, que pode ser obtida por meio de práticas e experiências
vivenciadas em meio natural. Ainda em 1993, Ceballos-Lascuráin (apud KINKER,
2005, p. 8), constata que “enquanto a atividade turística cresce a uma taxa média anual
de 4%, o turismo de natureza cresce a uma taxa de 10% a 30% ao ano”. Já em 2007,
César (et al.) expõe que o ecoturismo é um mercado em expansão. Segundo o autor, “50
milhões de pessoas no mundo e meio milhão no Brasil praticam o ecoturismo. O
crescimento anual estimado é de 20% no mundo e 10% no Brasil”.
Lascuráin (1988 apud KINKER, 2005, p. 20) define ecoturismo como
[...] viagem a áreas relativamente preservadas com o objetivo específico de
lazer, de estudar ou admirar paisagens, fauna e flora, assim como qualquer
manifestação cultural existente.
31
Neste conceito, ecoturismo é interpretado como uma atividade realizada em
ambientes preservados, que apresentem características relevantes, sendo o visitante
apenas um apreciador, que possui comportamento passivo em relação à natureza.
Segundo o Instituto Brasileiro de Turismo - EMBRATUR (1994 apud COSTA,
2002, p.30), ecoturismo é:
Segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável o
patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação
de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente,
promovendo bem estar das populações envolvidas.
Este segundo conceito complementa a visão de Lascuráin, e aborda o ecoturismo
como uma atividade desenvolvida visando atingir os princípios da sustentabilidade,
principalmente a ambiental e a social. Essa atividade busca despertar no visitante o
sentimento de consciência ambientalista, fazendo com que o mesmo se preocupe não
somente com si próprio, mas com todo o universo em que ele se insere.
Desta forma, entende-se o ecoturismo não apenas como a prática de turismo em
ambientes naturais, mas também que atribui ao turista uma ação pró-ativa em relação à
sustentabilidade do ambiente visitado, no que se refere aos aspectos naturais, sociais,
culturais e econômicos.
A União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN (apud
KINKER, 2005, p.21), apresenta ecoturismo como
[...] viagem ambientalmente responsável e visita à áreas relativamente
preservadas, com o objetivo de lazer e de apreciar a natureza e todas as
manifestações culturais do presente e passado, promovendo a conservação,
com mínimo impacto, e propiciando o desenvolvimento socioeconômico das
comunidades locais.
Este conceito busca englobar o turista como ator ativo no desenvolvimento do
local visitado, ao passo que a inter-relação entre a comunidade e o visitante se faz
presente. O ecoturismo é, então, uma atividade capaz de beneficiar as comunidades
locais, através do desenvolvimento socioeconômico, preservando a identidade cultural e
oferecendo novas possibilidades de renda, assim como de proporcionar a satisfação do
visitante, que tem a oportunidade de contemplar a natureza e as manifestações culturais.
Já o Ministério do Turismo – MTUR (2010, p. 21) considera que
[...] o ecoturismo pode ser entendido como as atividades turísticas baseadas
na relação sustentável com a natureza e as comunidades receptoras,
comprometidas com a conservação, a educação ambiental e o
desenvolvimento socioeconômico.
32
O Instituto de Ecoturismo do Brasil – IEB (1996 apud ROCKTAESCHAEL,
2006, p.26) também conceitua ecoturismo como:
[...] a prática de turismo de lazer, esportivo ou educacional, em áreas naturais,
que se utiliza de forma sustentável do patrimônio natural e cultural, incentiva
a sua conservação, promove a formação de consciência ambientalista e
garante o bem estar das populações envolvidas.
O ecoturismo é, então, uma atividade de lazer fundamentada no desenvolvimento
sustentável, na conservação do ambiente, nas práticas educacionais e na relação
harmoniosa entre a natureza, comunidade local e o visitante.
Promover a idéia de preservação do ambiente e incentivar a adoção de práticas
ecologicamente corretas no dia-a-dia, e não somente durante a realização efetiva das
viagens, é de grande importância para o turismo, visto que o ambiente é matéria-prima
desta atividade, e, por tanto, deve buscar e manter a conservação e o equilíbrio do meio.
A Proposta de Resolução CONAMA nº 02/85, relata educação ambiental como
ferramenta capaz de disseminar a preocupação em preservar os recursos ambientais, na
tentativa de conquistar mais adeptos a práticas conservacionistas. Por meio desta
ferramenta, é possível preparar o visitante desde o princípio de sua viagem, fornecendo
informações que direcionem a um comportamento adequado ao meio visitado. Desta
forma, é possível minimizar impactos gerados pela atividade turística.
Assim como as demais atividades do turismo, o ecoturismo, quando não
realizado de forma planejada, provoca diversos efeitos negativos no ambiente, como a
degradação ecológica, a destruição de valores tradicionais, a modificação de
ecossistemas, dentre outros (RUSCHMANN, 2010). Assim o planejamento se faz
realmente necessário, visto que o ecoturismo utiliza espaços com características
peculiares, importantes para a constituição do ambiente.
O Ecoturismo é um segmento do turismo que apresenta crescimento acelerado, em
virtude desse novo pensamento social baseado em ideias preservacionistas, visando
sempre o desenvolvimento sustentável da atividade. O Brasil apresenta grande potencial
para o desenvolvimento da atividade turística em meio natural, em especial o
ecoturismo. Isso devido ao seu extenso território imbuído de belezas cênicas, riqueza
cultural e histórica, além dos diversos ecossistemas com rica biodiversidade
(ROCKTAESCHEL, 2006). O crescimento desse segmento também é impulsionado por
fatores como a fuga do cotidiano dos centros urbanos e busca por introspecção e
relaxamento em espaços tranquilos, assim como pela valorização do patrimônio natural.
33
Um dos ambientes mais propícios e para a prática do Ecoturismo são as chamadas
Unidades de Conservação, áreas amplamente preservadas e que a cada dia se tornam
mais comuns e difundidas no cenário nacional.
5.5 Turismo e Unidades de Conservação
A concepção da proteção de espaços naturais com características relevantes
aconteceu na segunda metade do século XIX, visto que a ação antrópica se tornava
prejudicial a paisagens antes não exploradas. Em 1872, nos Estados Unidos, foi criado o
Parque Nacional Yellowstone, o primeiro espaço destinado à preservação de ambientes
naturais (BENSUSAN, 2006).
Os primeiros Parques privilegiavam o meio ambiente em detrimento das
comunidades locais, onde estas eram excluídas do espaço onde se criara uma Unidade
de Conservação, pensamento diferente do atual, que preza pela inclusão da sociedade
em todo o processo de criação e gestão dessas áreas, pelo menos no que se refere à
legislação pertinente.
O meio ambiente é parte importante de um universo de vida das pessoas. É um
elemento essencial na sociedade, onde se pode encontrar recursos diversos,
fundamentais até mesmo para sobrevivência do homem. De acordo com Bensusan
(2006), nessa ótica, a Constituição Federal de 1988, no art.225, dispõe que “o meio
ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, e é dever do poder público
assegurar sua preservação”. A partir desse princípio, é concebido no Brasil, pela Lei.
9985/00, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, a
criação de áreas a serem especialmente protegidas pelo poder público.
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei. 9.985, de
18 de Julho de 2000), a definição de Unidades de Conservação é:
Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção.
Já segundo a WWF – Brasil. et al (2007, p. 4)
Unidade de conservação é um termo utilizado no Brasil para definir as áreas
instituídas pelo Poder Público para a proteção da fauna, flora,
microorganismos, corpos d´água, solo, clima, paisagens, e todos os processos
ecológicos pertinentes aos ecossistemas naturais.
34
Algumas categorias de Unidades de Conservação protegem também o
patrimônio histórico-cultural, e as práticas e o modo de vida das populações
tradicionais, permitindo o uso sustentável dos recursos naturais.
O conceito abordado pela WWF determina que as Unidades de conservação são
áreas que possuem características importantes para o meio ambiente como um todo,
envolvendo seus diversos aspectos, visando a proteção do patrimônio natural, ambiental
e histórico-cultural presente no local.
Está disposto no SNUC (Lei. 9985/00, art. 7o), a classificação das Unidades de
Conservação em dois grandes grupos, sendo estes: Unidades de Proteção Integral, com
o objetivo de preservar a natureza, sendo permitido apenas o uso indireto dos recursos
naturais; e as Unidades de Uso Sustentável, que têm como finalidade conciliar a
conservação da natureza com o uso sustentável dos seus recursos naturais, admitindo o
uso direto de parte dos recursos naturais de forma manejada.
Outra definição abordada no SNUC, determina que os Parques, que se inserem
na categoria de Unidade de Proteção Integral, têm como objetivo básico preservar a
natureza, admitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais (IEF, 2011).
De acordo com a Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000, que institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, os Parques podem ser assim definidos:
O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas
naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a
realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de
educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza
e de turismo ecológico.
§ 1º O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas
particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o
que dispõe a lei.
§ 2º A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no
Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão
responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.
§ 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão
responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e
restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em
regulamento.
§ 4º As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município,
serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural
Municipal (Lei nº 9.985, Art.11, 2000).
Os Parques são de fundamental importância na prática do ecoturismo, já que são
sítios destinados à preservação dos ecossistemas naturais, voltados para a visitação de
acordo com as normas estabelecidas pelo órgão gestor, que almeja a preservação a partir
estudos científicos, educação, recreação, valorização da cultura e patrimônio local. A
interferência humana é permitida apenas para o manejo necessário à administração
desses Parques.
35
O grande valor dos Parques Nacionais para a proteção do ambiente é citado por
Dixon e Sherman (1990, apud KINKER, 2005, p.37), onde dizem que
Os benefícios que os Parques Nacionais brasileiros trazem para a sociedade
são, além da manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos as
oportunidades de recreação e ecoturismo, as oportunidades de educação
ambiental e pesquisa, e a proteção dos valores estéticos, espirituais, culturais
históricos e existenciais.
Os Parques Nacionais são espaços para a conservação da natureza mais antigos
do Brasil e do mundo. A preocupação mundial em proteger determinadas áreas do
território, vem de aproximadamente dois séculos. Apesar de a primeira proposta de
criação de áreas protegidas no Brasil ter acontecido em 1856, é somente em 1937 que
essa idéia se concretiza, por meio da criação do Parque Nacional do Itatiaia. Em
sequência, surgiram o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional das Serras dos
Órgãos, ambos estabelecidos em 1939 (BENSUSAN, 2006). Estes Parques Nacionais
também seguiam o mesmo modelo dos Parques americanos, que excluíam as
comunidades locais.
A criação dessas áreas protegidas influenciou o aumento do fluxo turístico
nesses locais, que reuniam uma série de elementos importantes, formando um cenário
de beleza cênica. A necessidade de estar em contato com a natureza se tornava mais
presente no cotidiano das pessoas.
Atualmente, o Brasil possui um número considerável de áreas protegidas. De
acordo com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação do Ministério do Meio
Ambiente - CNUC/MMA, em 27 de julho de 2011, existiam no país 450 Unidades de
Proteção Integral, totalizando 6,01% do território nacional; e 488 áreas de Uso
Sustentável, somando 12,3% do território brasileiro.
Como descrito, o Brasil possui aproximadamente 18% de seu território ocupado
por Unidades de Conservação. Para que isso se caracterize como fator positivo no
desenvolvimento ambiental do país, é necessária a presença de uma gestão de qualidade
dessas áreas, a fim de que sejam cumpridos os objetivos propostos na Lei.
O planejamento das atividades em Unidades de Conservação é de suma
importância. Deve, portanto, ser embasado em estudos diversificados e em ferramentas
de apoio a conservação e preservação destes ambientes. Um dos principais documentos
desenvolvidos para o auxílio da gestão de uma Unidade de Conservação é o Plano de
Manejo, descrito no SNUC como
[...] documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos
gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as
36
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,
inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade
(Lei 9.985, Capítulo I, art. 2º).
Neste documento, constam informações essenciais para o conhecimento de
elementos que compõe o cenário dessas áreas, como relevo, vegetação, recursos
hídricos, a fauna, a flora, os aspectos sócio-econômicos e a presença de estruturas
físicas de apoio ao visitante. O disposto no Plano de Manejo é fundamental para a
conservação do ambiente e para a administração desses espaços.
A falta de regularização das áreas onde situam as Unidades de Conservação
acaba por interferir no processo de implantação das ideias propostas no Plano de
Manejo, o que dificulta o desenvolvimento sustentável desses ambientes. Essa situação
reflete diretamente na prática do turismo em UCs, pois a falta de estruturas turísticas
que ofereçam apoio ao visitante torna esses locais vulneráveis, aumentando assim a
ocorrência de impactos negativos, tanto para o meio ambiente quanto para a atividade
turística e seus consumidores.
A presença de estruturas turísticas em Unidades de Conservação podem ainda
aumentar a atratividade em detrimento de UCs que não possuam tais instalações, e
também se tornar fator de organização do turismo no local, sendo isso fruto de um
planejamento assertivo.
O turismo é uma alternativa para que a educação ambiental seja difundida,
principalmente na visitação às Unidades de Conservação. Por sua vez, as UCs são locais
essenciais para a prática do turismo contemporâneo, onde se busca espaços para lazer e
descanso de um cotidiano acelerado. Além disso, o turismo é uma das poucas atividades
permitidas em algumas categorias de Unidades de Conservação, fazendo deste um
elemento fundamental para o alcance dos objetivos de cada grupo de UC, além de
proporcionar a integração da comunidade local com o visitante. Percebe-se, assim, a
importância da inter-relação entre a atividade turística e as áreas protegidas, buscando o
desenvolvimento harmonioso e coordenado do turismo em consonância com o meio
ambiente (RUSCHMANN, 2010).
5.6 Turismo, Meio Ambiente e Impactos das Atividades Turísticas Em
Ambientes Naturais
37
O turismo se apropria de espaços onde ele é desenvolvido. As paisagens e
cenários que compõe a identidade local se transformam em atrativos de grande beleza.
Como uma forte tendência contemporânea, as atividades turísticas realizadas em
ambientes naturais se tornam amplamente difundidas.
Ruschmann (2010, p.9) diz:
O turismo contemporâneo é um grande consumidor da natureza e sua
evolução, nas ultimas décadas, ocorreu como consequência da “busca do
verde” e da “fuga” dos tumultos dos grandes conglomerados urbanos pelas
pessoas que tentam recuperar o equilíbrio psicofísico em contato com os
ambientes naturais durante seu tempo de lazer.
Uma das principais causas de motivação do turismo em natureza, atualmente, é
este desejo de sair de uma rotina conturbada nas grandes cidades. Para os habitantes dos
centros urbanos, o silêncio, a privacidade e a segurança tem se tornado cada vez mais
raro no dia-a-dia, realidades que podem ser alcançadas em ambientes naturais por meio
da prática do turismo.
Segundo Vieira (apud FONTELES, 2004, p. 40), meio ambiente é apresentado
como “recursos naturais, espaço e habitat”, e de acordo com a Política Nacional de
Meio Ambiente, entende-se meio ambiente como “o conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege
a vida em todas as suas formas” (Lei 6.938, Art.3º, 1981).
É imprescindível ressaltar que se deve entender como “meio-ambiente” todo o
espaço e componentes do mesmo que está a nossa volta, não se fazendo entender apenas
como sítios em meio natural.
O meio ambiente se torna, então, indispensável ao turismo atual, visto que um de
seus componentes, a natureza, é espaço essencial para as tendências da atividade
turística contemporânea (RUSCHMANN, 2010). A atividade turística se apropria dos
mais diversos ambientes e pode se fazer presente em qualquer espaço, seja em sítios
urbanos, áreas rurais, naturais ou mesmo locais que sofreram ações antrópicas de forma
especialmente a receber o turismo, que são conhecidos como ambientes artificiais.
Vale ressaltar a importância do planejamento para o desenvolvimento da
atividade e utilização de estratégias como a educação ambiental, se tornando mediadora
e incentivadora de práticas ecológica e culturalmente corretas.
O despertar do sentimento de pertencimento na comunidade local e também a
educação ambiental para visitantes e autóctones é de grande importância para a
38
visitação em ambiente naturais. Essa ética ambiental, é fundamental para a visitação
nestes ambientes, vulneráveis a todo tipo de ações antrópicas.
Como citado por Guattari (apud FONTELES, 2004, p. 42),
Mais do que nunca a natureza não pode ser separada da cultura e precisamos
aprender a pensar, transversalmente, as intenções entre ecossistemas,
mecanosferas e universos de referência sociais e individuais.
Isto instiga o pensamento envolto de ética ambiental, onde homem e natureza
participam de um mesmo processo de evolução e estejam unidos em um processo de
desenvolvimento em busca de sustentabilidade.
Para Swarbrooke (2002), o turismo quando praticado de forma sustentável é uma
oportunidade de conservação do meio ambiente natural. Sendo assim, a relação entre a
atividade turística e o meio pode ser favorável, visto que há diversos impactos positivos
eminentes, como o desenvolvimento econômico local, a formação de consciência
ambiental, a valorização e conservação do ambiente pelo visitante e pela comunidade, a
melhoria na qualidade de vida dos envolvidos, por meio do contato com o ambiente
natural, o incentivo à criação de Unidades de Conservação, dentre outros.
Em contraposição, essa mesma atividade também pode apresentar uma grande
ameaça a esses espaços, devido à geração de inúmeros impactos negativos sobre o meio
natural. São exemplos de impactos negativos ao meio ambiente causados pelo turismo
desordenado: poluição do ar e da água, degradação da paisagem, destruição de fauna e
flora, pisoteio e erosão do solo, geração de lixo, além de conflitos entre população local
e visitantes, dentre outros.
Sendo o Brasil um país que possui grande potencial para o desenvolvimento do
turismo em áreas naturais, é fundamental estabelecer uma relação de equilíbrio entre a
atividade turística e o meio ambiente. De acordo com Swabrooke (2004, p. 77), “o
turismo é apenas uma das atividades que alteram paisagens, e é provavelmente menos
significativo em seu impacto que outras indústrias (sic) [...]”. Portanto o turismo é uma
atividade que deve ser desenvolvida com base em ações bem planejadas, no intuito de
fazer com que os benefícios se sobressaiam aos aspectos negativos, evitando, assim, que
essa atividade se torne uma ameaça para o meio onde ela é desenvolvida e para os atores
envolvidos neste processo.
39
6 O PEBI E O PLANO DE MANEJO
O Parque Estadual do Biribiri - PEBI, localizado em Diamantina – MG, foi
criado em 22 de Setembro de 1998, pelo Decreto nº 39.909. Com uma área de
aproximadamente 16.998,66 hectares, o PEBI está inserido no Alto Jequitinhonha, no
complexo da Serra do Espinhaço, região declarada pela UNESCO como Reserva da
Biosfera. A criação do Parque Estadual do Biribiri se relaciona com o fato deste
apresentar em sua extensão características naturais relevantes.
O nome do Parque se originou da propriedade denominada Fazenda do Biribiri.
Nesta área se encontra a Vila do Biribiri (que não está inserida na extensão do Parque),
onde funcionaram oficinas de lapidação e fundição de metais, além da Fábrica de
Tecidos, uma das primeiras unidades fabris de Minas Gerais (STCP ENGENHARIA
DE PROJETOS LTDA, 2004c).
Atualmente, o Parque está sob gestão do Instituto Estadual de Florestas – IEF,
órgão responsável por administrar as Unidades de Conservação do Estado de Minas
Gerais.
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), os
Parques se inserem na categoria de Unidade de Conservação de Proteção Integral, que
têm como objetivo básico preservar a natureza, admitindo apenas o uso indireto dos
recursos naturais (BRASIL, Lei. 9.985, de 18 de Julho de 2000, art. 7, §1º.).
Como disposto no Plano de Manejo (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS
LTDA 2004a):
O Parque Estadual do Biribiri se justifica como unidade de conservação de
Proteção Integral, por apresentar remanescentes da vegetação do Cerrado,
possuir diversas nascentes (córregos: Messias, Barris, dos Cristais, Carrapato,
Carrapatinho, entre outros), grande beleza cênica, atrativos turísticos
(cachoeiras da Sentinela, dos Cristais e do Barris) e patrimônios arqueológico
(pintura rupestre) e histórico-cultural (Caminho dos Escravos).
O PEBI apresenta, então, diversos aspectos de relevante importância histórica,
cultural e natural, como casarios coloniais datados do século XVIII, diversas nascentes e
cursos d’água que formam as cachoeiras do Parque, como a Sentinela e Cristais, duas
das de maiores beleza natural da região (IEF, 2011).
De acordo com o Plano de Manejo (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS
LTDA, 2004c), o clima predominante da região é tropical, com períodos de seca (junho
a agosto) e de chuva (novembro a março) bastante delimitados durante o ano. Possui
temperaturas amenas durante todo o ano, com médias entre 18ºC a 19ºC.
40
O relevo do Parque e da região é caracterizado pela presença da Serra do
Espinhaço, marcado pelas raras planícies e pela sua área montanhosa, o que, em
conjunto com a abundante hidrografia, permite a formação de diversas cachoeiras e
quedas d’água de beleza exuberante, além de outras paisagens formadas pelas belas
montanhas em conjunto com a flora local.
A hidrografia encontrada no Parque Estadual do Biribiri é abundante e de grande
importância para a composição das paisagens do local. A principal bacia hidrográfica
que aporta a maioria dos córregos do Parque pertence ao Ribeirão das Pedras, afluente
do Rio Pinheiros. Apesar disso, outros vários cursos d’água são identificados, como o
Córrego do Tijuco, o Ribeirão do Guinda e também o Rio Jequitinhonha. Ainda de
acordo com o Plano de Manejo do PEBI, a qualidade das águas do Parque é considerada
excelente para banho (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, 2004c).
De Acordo com o Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri (STCP
ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, 2004c), a vegetação do PEBI
[...] apresenta diferentes fisionomias vegetais, incluindo as formações
campestres, savânicas e florestais, entre elas a Floresta Estacional e o
Cerrado. Predominam as formações campestres, representadas por Campo
Limpo e Campo Rupestre. As formações savânicas são representadas pelo
Cerrado Típico, Cerrado Ralo e por poucas áreas com Cerrado Rupestre.
Algumas manchas de Cerrado Típico são encontradas, mas são bem escassas.
Áreas de Cerrado Rupestre são observadas nas encostas das serras, enquanto
o Cerrado Ralo está sempre associado às áreas campestres.
A importância biológica do Parque começa a se apresentar ao passo que nota-se
em sua vegetação áreas de extrema relevância para o bioma nacional, como o Cerrado e
os Campos Rupestres, áreas com inúmeras espécies hoje consideradas em extinção,
além de apresentar espécies endêmicas, o que agrega imenso valor à preservação de seu
ambiente.
Com importância semelhante à flora, a fauna encontrada no Parque Estadual do
Biribiri é bastante diversificada contendo animais de diversos biomas. Apesar disso, a
maior influência é na apresentação de espécies típicas da Floresta Atlântica e do
Cerrado e Campos Rupestres (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, 2004c).
A diversidade de espécies e biomas encontrados na área do PEBI ratificam a
importância da preservação desse espaço. São exemplos da fauna e flora local: Lobo-
guará (Chrysocyon brachiurus), Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), Beija-
flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus), Suçuarana (Felis concolor), Cágado
(Ancathochelys radiolata); Sempre-viva (Paepalanthus spp. e Xyris sp.), Jatobá do
41
Cerrado (Hymenaea stigonocarpa), Cagaita (Eugenia dysenterica), Mangaba
(Hancornia speciosa) e diversas espécies de Orquídeas.
O Parque Estadual do Biribiri apresenta em sua extensão inúmeros atrativos que
reforçam o potencial turístico da Unidade de Conservação. De acordo com o Inventário
Turístico do PEBI (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri,
Instituto Estadual de Floresta, 2009), são aspectos que formam um rico cenário
turístico: os sítios arqueológicos; a presença de recursos minerais e geológicos; a
hidrografia, que forma as diversas cachoeiras, barragens e córregos; as trilhas; as lapas;
os mirantes, como também a fauna e flora local. Os principais atrativos turísticos do
PEBI são: Cachoeira Sentinela, Cachoeira dos Cristais, Poço da Água Limpa, Poço do
Estudante, Caminho dos Escravos e Pinturas Rupestres.
Figura 01 – Cachoeira Sentinela
Fonte: Patrícia Carocci, 2010
42
Figura 02 – Cachoeira dos Cristais
Fonte: Patrícia Carocci, 2010
Figura 03 – Pintura Rupestre Fonte: Raquel Faria Scalco, 2011
A gestão de Unidades de Conservação implica na elaboração do Plano de
Manejo, que segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC é
definido como
[...] documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos
gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,
inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade
(BRASIL, Lei 9.985, Capítulo I, art. 2º).
No Plano de Manejo do PEBI encontram-se, então, as características da área,
como as relativas à fauna, flora, vegetação, relevo, hidrografia, seu zoneamento, os
43
aspectos socioeconômicos, e um Plano que direciona ações para o desenvolvimento,
organização e implantação do Parque, contendo, inclusive as normas para implantação
de estruturas físicas no local. De acordo com o SNUC, esse documento deve ser
elaborado no máximo 5 (cinco) anos após a criação do Parque.
De acordo com Alves (1996, p.17), o Plano de Manejo é um documento que
deve ser atualizado a cada cinco (05) anos. Entretanto, o Parque Estadual do Biribiri
possui um Plano de Manejo elaborado em 2004 e sem nenhuma atualização. As ideias
propostas no Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri não foram implementadas
devido, principalmente, ao fato desta área ainda não ter sua situação fundiária
regularizada, possuindo várias propriedades particulares em seu interior. Desta forma, a
aplicação das adequações propostas no Plano de Manejo do PEBI se tornaram inviáveis.
Segundo o Plano de Manejo (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA,
2004a), o Parque Estadual do Biribiri
[...] tem por finalidade proteger a fauna e a flora regionais, as nascentes dos
rios e córregos da região, além de criar condições ao desenvolvimento de
pesquisas, estudos científicos e alternativas de uso racional dos recursos
naturais, como o ecoturismo.
Esses elementos que compõe o cenário do PEBI fazem do Parque um importante
atrativo, onde é possível realizar atividades relacionadas a pesquisas científicas, a
educação ambiental, assim como a prática do turismo em meio natural, que culminam
na visitação do local.
“O turismo é uma possibilidade concreta de desenvolvimento econômico, e
Diamantina já é um destino turístico, em função do seu rico patrimônio arquitetônico e
histórico” (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, 2004b). Sendo o Parque
Estadual do Biribiri o atrativo natural mais visitado da cidade, há a possibilidade do
desenvolvimento de uma nova vertente do turismo, que perpassa o patrimônio histórico
e cultural e abrange também, o caráter de destino ecoturístico.
O Parque proporciona ao visitante, a oportunidade de praticar atividades de
contemplação da paisagem, dos sítios arqueológicos, da fauna e flora local, que são
importantes para o desenvolvimento de pesquisas, assim como desfrutar das diversas
trilhas e cachoeiras, que fazem do Parque um importante atrativo natural.
Atualmente, o Parque Estadual do Biribiri não se encontra oficialmente aberto à
visitação, em função da falta de regularização fundiária, da implantação de estruturas
físicas e da oferta de serviços de apoio à visitação e gestão do Parque. Entretanto, a
visitação no PEBI acontece de maneira espontânea e em números expressivos, tornando
44
essa prática desordenada, o que gera diversos impactos ambientais no Parque, como a
geração de resíduos, desmatamento, incêndios, dentre outros diversos.
Sendo assim, o Parque Estadual do Biribiri é uma Unidade de Conservação
relevante para o desenvolvimento da atividade turística da região. Portanto, é
fundamental que seja respeitado o disposto no Plano de Manejo, que auxilia na gestão
do Parque, assim como nas atividades a serem realizadas nesta área. Desta forma, a
presença de estruturas de apoio a visitação apresentadas pelo Plano de Manejo do PEBI,
poderiam influenciar na redução dos impactos negativos que atualmente são visíveis
neste ambiente. Contudo, a falta de regularização fundiária da área do Parque Estadual
do Biribiri, dificulta a implementação efetiva da proposta do Plano de Manejo. Como
alternativa a esse impasse, são desenvolvidas diversas atividades de incentivo a
educação ambiental, na tentativa de orientar o comportamento adequado da comunidade
e dos visitantes no Parque, visando a preservação e conservação do ambiente.
45
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O presente estudo foi desenvolvido com o propósito de analisar o disposto no
Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri - PEBI, no que tange a implantação de
estruturas físicas de apoio a visitação e gestão da Unidade. Para tanto, foram realizadas
pesquisas bibliográficas, pesquisas de gabinete, assim como entrevistas
semiestruturadas. Nestas entrevistas foram abordados temas que nortearam as
discussões que serão apresentadas neste capítulo.
A partir da realização dessa pesquisa, foi possível diagnosticar aspectos de
fundamental importância, tanto para o Parque quanto para o cenário turístico,
socioeconômico e ambiental do município e região. Esses aspectos serão analisados a
seguir.
7.1 A Atividade Turística no PEBI
Em relação à avaliação da atividade turística no Parque Estadual do Biribiri, é
perceptível que o PEBI é um atrativo turístico de Diamantina, com grande fluxo de
visitação, que se concentra em determinadas áreas do Parque e em algumas épocas do
ano, como o carnaval e outros feriados nacionais. O seguinte trecho de entrevista
reforça essa afirmação:
[...] pelos últimos trabalhos que foram feitos no Parque, me surpreendeu o
volume de visitantes. Porém, é um volume de visitantes concentrado em
determinadas épocas, como o Carnaval e Semana Santa (Entrevista com
pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
Além do depoimento, o gráfico abaixo demonstra que o PEBI é o atrativo
natural mais visitado pelos turistas de Diamantina.
46
Gráfico 01 – Atrativos Naturais Visitados
Fonte: SILVEIRA & MEDAGLIA, 2011
O gráfico 01 representa os resultados da Pesquisa do Perfil da Demanda Real de
Diamantina e Região (SILVEIRA & MEDAGLIA, 2011), em relação à visitação aos
atrativos naturais. Foi constatado que o Parque Estadual do Biribiri é o atrativo natural
mais visitado em Diamantina e região, o que reforça a proposta do Plano de Manejo no
que tange a implantação de estruturas físicas que possivelmente auxiliariam no
controle do fluxo de visitação e na manutenção das atividades realizadas na área do
Parque, como portarias, sanitários e estacionamentos.
Vale ressaltar o elevado número de atrativos naturais que existem na região e o
baixo fluxo de visitação nos mesmos, visto que a maioria dos entrevistados da
Pesquisa do Perfil da Demanda Real de Diamantina e Região (2011), não havia
visitado nenhum desses atrativos, o que reforça a ideia de que, apesar do potencial,
Diamantina ainda não é consolidada como um destino ecoturístico.
Pelo gráfico abaixo, percebe-se que a visitação ao PEBI ocorre de forma
concentrada, em períodos de feriados e férias.
47
.
Gráfico 02 – Número de Visitantes no PEBI – 2008, 2009, 2010 Fonte: ÁVILA & PAULA, 2010
O gráfico 02, disposto no Relatório de atividades PEBI 2010 representa os
resultados da Pesquisa com os visitantes do Parque, nos anos de 2008, 2009 e 2010.
De acordo com o Instituto Estadual de Florestas (2010), no período de Carnaval do
ano de 2010, o registro de visitantes no Parque foi de aproximadamente 11.580
pessoas. Esse Relatório comprova que o fluxo de visitação no Parque Estadual do
Biribiri é intenso e contínuo e que há um aumento significativo de visitantes a cada
ano, como apresentado no gráfico subsequente – Número Total de Visitantes no PEBI
(ÁVILA & PAULA, 2010).
Gráfico 03 – Número Total de Visitantes no PEBI
Fonte: ÁVILA & PAULA, 2010
48
Um dos maiores entraves para o cumprimento dos objetivos do Parque é a falta
de regularização fundiária que interfere no processo de implementação das ideias
propostas no Plano de Manejo, dificultando o desenvolvimento sustentável do Parque,
que não se encontra oficialmente aberto à visitação, o que na prática usualmente ocorre.
Atualmente, o Parque Estadual do Biribiri, oferece condições mínimas para
visitação, como o container-portaria, as placas de sinalização e o estacionamento na
Cachoeira Sentinela. Segundo Ávila & Paula (2010), “A instalação do Container-
Portaria, na região sul do PEBI, foi o salto físico mais importante do parque desde sua
criação”.
Figura 04 – Container Portaria do PEBI
Fonte: ÁVILA & PAULA, 2010
Figura 05 – Placas de Sinalização
Fonte: Raquel Faria Scalco, 2011
49
Hoje em dia a visitação ao Parque acontece de forma espontânea e sem controle,
acarretando diversos impactos para o meio ambiente do PEBI. Essa afirmação pode ser
confirmada por meio do seguinte trecho de entrevista:
[...] o Parque fica um pouco entregue assim, a uma visitação turística que
pode ser também, tanto praticada por pessoas conscientes com esse foco
socioambiental, com esse foco de preservação do meio ambiente ligado
mesmo a essa área, a esse segmento do ecoturismo, como também pessoas
maldosas, que pode ser até conflituosos com o Parque (Entrevista com
representante de ONG, realizada em outubro de 2011).
Foi relatado, ainda, que a falta de estrutura, segurança e monitoramento das
atividades no Parque Estadual do Biribiri inibem o desenvolvimento do turismo na UC,
o que reitera a importância do ordenamento da atividade e da implantação de estruturas
de apoio à visitação e gestão da Unidade de Conservação. O seguinte trecho aborda essa
problemática:
[...] a atividade turística, ela é totalmente desordenada. Ela tem o mínimo de
organização pra dar, oferecer as condições mínimas, né, mas muito longe do
ideal, que é realmente a presença massiva de funcionários para realmente
persuadir e instruir as pessoas a seguir uma determinada conduta (Entrevista
com representante de ONG, realizada em outubro de 2011).
Considerando que o PEBI é um importante atrativo para o turismo de
Diamantina, capaz de influenciar no aumento do fluxo turístico e que oferece somente
condições mínimas de apoio à visitação e gestão, é de fundamental importância que as
propostas do Plano de Manejo, no que tange a inserção de estruturas físicas, sejam de
fato analisadas e implementadas, a fim de melhorar a qualidade da visitação no Parque,
minimizar os impactos negativos que atualmente são perceptíveis e ainda contribuir
para o desenvolvimento do turismo em Diamantina e região.
7.2 Contribuições do PEBI Para o Desenvolvimento Socioeconômico e
Turístico de Diamantina
Nesta pesquisa, foi realizada também a análise sobre a contribuição do Parque
Estadual do Biribiri para o desenvolvimento socioeconômico e turístico de
Diamantina. Neste aspecto, foi abordado que o PEBI, atualmente, contribui mais para
a atividade turística do que para o desenvolvimento socioeconômico e um dos fatores
que levam a essa percepção é devido à falta de estruturação do Parque. Essa afirmação
foi abordada nesse trecho:
Então, é um atrativo potencial da cidade, com relação a contribuir com o
socioeconômico, econômico sim, eu acredito que contribui já para essas
50
empresas, pra esses que se beneficiam do turismo. Não contribui tanto assim
no geral com as comunidades do entorno, pelas deficiências que o Parque
tem mesmo, de estruturação né, de forma de gerar emprego, gerar formas de
inclusão social [...]. (Entrevista com representante de ONG, realizada em
outubro de 2011).
Outra percepção sobre esse mesmo aspecto foi relatada da seguinte maneira:
Eu acho que ele contribui pra a atividade turística. Agora, eu acho que nesse
momento ele não contribui em nada na questão socioeconômica. Acho que
ele não tem apelo nenhum socioeconômico, ainda, posto que o Parque tem
uma visitação que ainda não pode ser cobrada por uma questão fundiária
(Entrevista com pesquisador vinculado à Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
A classificação do Parque como Unidade de Proteção Integral e a elaboração do
Plano de Manejo, documento que apresenta formas de gestão da Unidade de acordo
com os seus objetivos, ainda provoca muitos problemas para as comunidades do
entorno, visto que muitas atividades tradicionalmente desenvolvidas por elas como
fonte de renda foram proibidas, como o garimpo, a coleta de sempre-viva, a caça e a
retirada de lenha. Assim a estruturação do Parque se faz necessária, também como
uma forma de compensar essas comunidades possibilitando uma nova alternativa de
renda, como pelo desenvolvimento do turismo.
O Parque Estadual do Biribiri foi mencionado como um atrativo a mais para a
cidade de Diamantina, que poderia contribuir de maneira mais incisiva para o
desenvolvimento econômico, por meio de um melhor aproveitamento do Imposto
Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS ecológico, que, de
acordo com o site ICMS Ecológico é:
[...] um instrumento de estímulo à conservação da biodiversidade, quando ele
compensa o município pelas Áreas Protegidas já existentes e também quando
incentiva a criação de novas áreas Protegidas, já que considera o percentual
que os municípios possuem de áreas de conservação em seus territórios.
O trecho de entrevista a seguir reitera essa questão:
Hoje, existe o ICMS ecológico, né, e Diamantina tem o Biribiri ‘inteirinho’
dentro do seu município e ainda tem o Parque Nacional das Sempre-Vivas. O
município poderia receber muito mais se também fosse mais proativo, né,
não esperar tanto do IEF, né, o município poderia ser mais responsável por
isso. Porque seria interesse o município fazer com que a nota fosse maior
pelo tamanho dessas duas Unidades como estas no município e não faz por
onde. (Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de 2011).
O ICMS exerce um importante papel para o desenvolvimento socioeconômico
do município, pois é uma maneira de incentivar a conservação de áreas com
características naturais relevantes e de compensar o município pelas Áreas Protegidas
existentes, por meio de retorno financeiro.
51
Em uma visão geral, observa-se que o PEBI é um importante atrativo para
Diamantina e que poderia se bem estruturado, gerar mais retorno socioeconômico para a
região, visto que seu potencial é inimaginável em vista de sua realidade atual.
7.3 Conhecimento Sobre o Plano De Manejo do PEBI
Um fato importante também abordado durante a realização das entrevistas foi o
questionamento sobre o conhecimento do entrevistado a respeito do Plano de Manejo do
Parque Estadual do Biribiri. Nessa abordagem, foi constatado que todos os entrevistados
já tiveram contato com o documento, principalmente por via institucional, com exceção
do representante da comunidade, que alegou não conhecer o Plano de Manejo, nem ter
tido contato com o documento.
Esse fato evidencia o baixo envolvimento ou até mesmo a falta da comunidade
integrada no processo de participação da elaboração do documento e também das ações
de uso público voltadas para o PEBI. O seguinte trecho de entrevista corrobora com
essa afirmação:
[...] só veio a tona mesmo em 2004, que foi a época que eles já começaram a
proibir, a falar se ia ter coisa que a gente não podia fazer [...]. Então o que
veio ao conhecimento da gente foi depois de 2004. A gente não tinha
conhecimento desse Parque. (Entrevista com representante da comunidade,
realizada em outubro de 2011).
O conflito entre comunidade, turismo e gestão do Parque, é uma realidade
que deve ser trabalhada, afim de que essa relação aconteça de forma harmônica, para
que todos os envolvidos com o PEBI realmente se beneficiem a partir da atividade
turística, que é uma real oportunidade presente na região.
7.4 Importância da Presença de Estruturas Físicas em Unidades de
Conservação
Em relação à importância da presença de estruturas físicas em Unidades de
Conservação, sobretudo em Parques, foi constatado que é de fundamental importância
que nessas áreas existam tais estruturas de apoio à visitação e gestão, pois estas
direcionariam as atividades decorrentes da visitação para locais mais adequados,
implicando na preservação do ambiente.
52
Como propõe um ex-funcionário do Instituto Estadual de Florestas – IEF, as
estruturas são imprescindíveis, principalmente pela visitação ocorrer em um ambiente
natural, que necessita de um cuidado maior. O trecho de entrevista ilustra a questão,
focando, principalmente, a visitação do ambiente:
[...] como a área é natural a gente precisa, a gente foca a preservação. Eles
não podem chegar e fazer, por exemplo, necessidades em qualquer lugar,
então eu acho que, por exemplo, sanitários é o mínimo de estrutura que eles
tem que ter, e a portaria também pra eles saberem que eles estão entrando na
área. (Entrevista com ex-funcionário do Instituto Estadual de Florestas – IEF,
realizada em novembro de 2011).
Esta estruturação também é imprescindível para ampliação de oportunidades
para as comunidades do entorno, como forma de geração de emprego e renda. O trecho
de entrevista a seguir apoia essa informação: “[...] na verdade são essas estruturas físicas
que vão dar qualidade para a atividade turística, né, e, muitas vezes, atrás de uma
estrutura virão uma série de possibilidades de inclusão social também.” (Entrevista com
representante de ONG realizada em outubro de 2011).
Outra importante consideração é que a implantação de estruturas físicas nos
Parques contribui para o alcance dos objetivos dos mesmos. Como já abordado nesse
trabalho, os objetivos dos Parques passam por questões de visitação pública voltadas à
educação ambiental, recreação e turismo ecológico, assim como desenvolvimento de
pesquisas cientificas. O trecho de entrevista a seguir vai de encontro a essa afirmação:
Todas as Unidades elas são abertas a algum tipo de visitação (sic) e o Parque
tem essa prerrogativa, principalmente né, da atividade turística, ele tem que
ter infraestrutura, sem infraestrutura ele não vai funcionar, ele não vai gerar o
resultado esperado para essa Unidade, que é o conhecimento da sua área, a
mudança de postura frente às questões ambientais. E mesmo né, talvez uma
coisa que é extremamente importante nas Unidades de Conservação que estão
sendo implantadas (e que já foram também porque é uma coisa que tem que
ser continua) sem a estrutura, jamais a gente vai ter um ambiente propicio a
coleta de informação, seja ela humana, seja ambiental. (Entrevista com
pesquisador vinculado à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
Por fim, as estruturas físicas de apoio a visitação e gestão de Parques contribuem
de forma enfática para o ordenamento do fluxo de visitação, influenciam na satisfação
do visitante, bem como em possibilidades de geração de renda para a comunidade.
O gráfico a seguir, resultado de uma pesquisa realizada com visitantes do PEBI
em abril de 2011, representa o desejo dos mesmos em relação à infraestrutura de apoio
na área do Parque Estadual do Biribiri.
53
Gráfico 04: Necessidade de Infraestrutura
Fonte: Perfil da Demanda e Análise Da Satisfação do Visitante do Parque Estadual do
Biribiri (NUNES, NEUMANN &VALARINI, 2011)
Tendo em vista esse gráfico, percebeu-se o desejo da presença de diversas
estruturas para apoio à visitação e gestão no parque, sendo que as mais citadas foram
um Centro de visitantes e Banheiros próximos às cachoeiras, estruturas que fazem parte
da proposta do Plano de Manejo do PEBI.
7.5 Avaliação das Propostas do Plano de Manejo do PEBI
O presente trabalho também abordou a avaliação das propostas do Pano de
Manejo do Parque Estadual do Biribiri, no que se refere às estruturas de apoio à
visitação e gestão. Os entrevistados foram questionados acerca da viabilidade da
construção das estruturas presentes no Plano de Manejo do PEBI, assim como a
adequação das mesmas à realidade do Parque.
A seguir, serão abordadas todas as estruturas presentes na proposta do Plano de
Manejo, acompanhadas das opiniões dos entrevistados. Para orientação das áreas onde
cada estrutura deverá ser implantada, apresenta-se a seguir o Mapa do Programa de Uso
Público no Contexto do Zoneamento do Parque Estadual do Biribiri.
54
Figura 06 – Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do Zoneamento do
Parque Estadual do Biribiri Fonte: Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS
LTDA, 2004)
Em relação à implantação do Centro Administrativo (150 m²), localizado na
Zona de Uso Especial, porção Sul do PEBI e composto por 01 sala do gerente; 02
banheiros; 01 sala de reuniões; 01 copa; 01 sala para administrativo; 01 almoxarifado e
mobiliário, os representantes de ONG, consideraram que essa estrutura deve ser
construída e que a proposta está adequada para o PEBI, opinião compartilhada também
pelos funcionários do Instituto Estadual de Florestas, pelo funcionário da Secretaria
Municipal de Cultura e Turismo e pelo representante da comunidade local. Já para um
dos pesquisadores vinculados à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri – UFVJM (Entrevista realizada em outubro de 2011), a estrutura não deve ser
construída, pois esta poderia estar integrada à administração do SISEMA – Sistema
Estadual do Meio Ambiente, em área fora do Parque.
A proposta de implantação do Centro Administrativo é interessante, sendo essa
uma estrutura necessária, por ser um espaço destinado para a organização do uso
público do Parque, que auxilia na gestão da Unidade de Conservação.
55
A segunda proposta refere-se ao Centro de Manutenção e Apoio ao Funcionário
(300 m²), localizado na Zona de Uso Especial, porção Sul do PEBI, apresentando 01
almoxarifado; 01 sala para brigada; 02 banheiros com vestiários para funcionários; 01
cozinha; garagem para 03 veículos; 01 oficina; 01 deposito e mobiliário. Todas as
opiniões foram favoráveis à construção dessa estrutura no Parque, assim como
analisaram como adequadas para o PEBI, mas houve uma exceção neste quesito. Um
dos funcionários do Instituto Estadual de Florestas – IEF, indagou acerca de sua
adequação com a seguinte justificativa: “No meu modo de ver podia criar um pequeno,
não uma coisa grande no Mendanha, até por causa que tem muita cachoeira, as maiores
cachoeiras estão lá”. (Entrevista realizada em outubro de 2011).
A presença do Centro de Manutenção e Apoio ao Funcionário é importante, pois
auxilia nas atividades dos funcionários do Parque. É interessante pensar em uma
proposta em proporções reduzidas para a região de Mendanha, visto que consta no
Plano de Manejo a implantação de uma Portaria de acesso por essa região, e que por
tanto terão funcionários atuando nessa área, que também necessitam de estrutura para o
desenvolvimento de suas atividades.
Outra estrutura proposta é a Casa do Funcionário (96 m²), localizada na Zona de
Uso Intensivo, porção Sul, estruturada com 01 sala; 01 cozinha; 02 quartos; 01 banheiro
e mobiliário. Foi avaliada de forma pertinente a presença desta casa na área do Parque,
porém um dos representantes de ONG (Entrevista realizada em outubro de 2011)
considerou tal estrutura inadequada, visto que necessitaria de mais espaço como quartos
e banheiros em função da quantidade de funcionários previstos no Plano de Manejo.
Outros entrevistados avaliaram que a casa do Funcionário é uma construção
desnecessária, já que a Unidade de Conservação se encontra próxima à cidade e também
que os funcionários do Parque já possuem moradia fixa em Diamantina. O trecho de
entrevista a seguir confirma a afirmação:
Não sei se no caso do Biribiri seria necessário porque o Parque é muito
próximo da cidade, os funcionários também moram próximos da cidade e eu
acho que acaba misturando um pouco, né, o funcionário morar no Parque. A
gente tem dificuldade em dividir que horas que ele tá trabalhando e que horas
que ele tá de folga. Ele acaba estando de folga durante o trabalho e vice-
versa, então, não sei se seria fundamental ter. Mas tendo em vista que o
Parque tem diversas casas ociosas que vão ser desapropriadas, eu acho que a
gente poderia, havendo o interesse de um funcionário, ter isso aí. Então, eu
acho que é adequado, mas não, o Plano de Manejo prevê uma construção de
uma casa, se não me engano, e eu acho que a construção não é adequada,
talvez seria adequado a gente utilizar uma casa já construída pra esse fim.
(Entrevista com representante do Instituto Estadual de Florestas - IEF,
realizada em novembro de 2011).
56
A proposta do Plano de Manejo para implantação da Casa do Funcionário é
insuficiente, visto a composição do quadro de funcionários previstos também nesse
documento (01 gerente; 02 funcionários administrativos; 16 porteiros; 10 guarda-
parques; 02 funcionários no centro de visitantes; 01 agente para educação ambiental e
02 serventes). Em outra análise a presença dessa estrutura no interior do PEBI faz-se
desnecessária, visto a proximidade do Parque com a cidade e a facilidade de
deslocamento do funcionário da sua casa para o PEBI, que neste momento seria apenas
o seu local de trabalho. Outro aspecto de interesse público para a não ocupação desse
espaço na área do Parque é a economia de recursos que seriam investidos para tal fim.
Já em relação ao Centro de Visitantes (280 m²), localizado na Zona de Uso
Intensivo, porção Sul do PEBI, a proposta é a seguinte: 02 banheiros; 01 anfiteatro para
50 pessoas; 01 biblioteca; 01 hall de entrada; 01 escritório; 01 loja para a venda de
produtos/artesanato; mobiliários e estacionamento. Essa proposta foi considerada
adequada por todos os entrevistados, sendo que apenas um dos pesquisadores
vinculados à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM
(Entrevista realizada em outubro de 2011) considerou a implantação dessa estrutura
como insuficiente. O argumento utilizado foi que o Centro de Visitantes proposto pelo
Plano de Manejo não tem tamanho ideal visto o alto número de visitação do PEBI.
Em vista do cumprimento de um dos objetivos do Parque, que é a visitação, essa
estrutura é fundamental, pois seria um espaço para informação ao visitante e
sensibilização acerca da importância desse patrimônio natural. É necessário fazer uma
revisão dessa proposta, considerando os resultados de pesquisas realizadas nos últimos
anos, que revelam um alto índice de visitação no Parque Estadual do Biribiri.
Outra estrutura proposta foi a Portaria Principal (20 m²), localizada na Zona de
Uso Intensivo, porção Sul do Parque, com 01 sala; mobiliário; 01 banheiro e 01
depósito de lixo. Essa proposta teve adesão de todos os entrevistados, explicitando a
importância dessa estrutura para o Parque. Uma das opiniões em destaque sobre essa
estrutura é de um pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM (Entrevista realizada em outubro de 2011), que
coloca a Portaria Principal como “necessário e obrigatório” e que “você tem que ter uma
área de controle” para a visitação ao Parque.
Também consta no Plano de Manejo a cobrança de ingresso para visitação, em
relação a essa abordagem foi considerado relevante a seguinte colocação:
57
Esse é o grande gargalo do PEBI, esse é o gargalo que só vai ser resolvido
em dois momentos. Primeiro por uma questão fundiária, que passa-se a poder
cobrar, e mesmo assim continua com dois problemas legais, que é a servidão
que vai pra Pinheiro, a estrada que vai para a comunidade do Pinheiro, e a
servidão que vai pra Vila do Biribiri. Então esse é um tema de grande
discussão [...]. Talvez teria que resolver da seguinte maneira: levar a portaria
de cobrança pro trevo do Pinheiro, e fechar o acesso por dentro do Parque pra
Vila de Biribiri e abrir o acesso que já existe no sentido Pinheiro [...]
(Entrevista com pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
A cobrança de ingresso para visitação é necessária, e é uma forma de controle
das atividades realizadas no PEBI e também uma atribuição econômica advinda
diretamente do turismo. Porém, essa é uma questão delicada que envolve uma série de
problemas, como o acesso a comunidades por meio de estradas presentes na área do
Parque e em função do Estado (IEF) não poder cobrar para o visitante ter acesso à uma
área que é particular, devido a falta de regularização fundiária. Portanto, esse aspecto
deve ser analisado de maneira minuciosa para que seja resolvido da melhor maneira
possível.
É interessante ressaltar que a cobrança de ingresso para a entrada no Parque
Estadual do Biribiri tem aceitação da maioria dos visitantes, como apresentado por
Nunes, Neumann & Vilarine (2011), pelo gráfico a seguir.
Gráfico 05: Você pagaria por uma taxa de visitação ao PEBI?
Fonte: Perfil da Demanda e Análise Da Satisfação do Visitante do Parque Estadual do
Biribiri (NUNES, NEUMANN &VALARINI, 2011)
Em Relação ao Núcleo de Apoio ao Uso Publico com Primeiros Socorros (150
m²), localizado na Zona de Uso Intensivo, na Cachoeira da Sentinela, contendo 02
banheiros; 01 sala para ambulatório; 01 espaço para lanchonete; 01 sala de exposições;
58
mobiliário e estacionamento, os representantes de ONG e o representante da
comunidade local são favoráveis a essa construção e acham adequada tal estrutura. Foi
constatado que a presença deste Núcleo de Apoio ao Uso Público com Primeiros
Socorros, localizado na Cachoeira da Sentinela, é importante para o apoio das atividades
dentro do Parque. Um dos funcionários do IEF diz o seguinte:
[...] a cachoeira da Sentinela ela merece ter um tipo de apoio porque é onde
as atividades turísticas vão acontecer, né, com mais intensivo, né, e é um
meio de caminho, né. Então é um meio de caminho pra a cidade e é um meio
de caminho pra Cachoeira dos Cristais. (Entrevista com funcionário do
Instituto Estadual de Florestas - IEF, realizada em novembro de 2011).
Já o funcionário da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo - SECTUR
(Entrevista realizada em outubro de 2011) considerou que essa estrutura deve ser
construída também na Cachoeira dos Cristais. As opiniões contrarias a construção da
estrutura foram de um dos representantes do IEF e um dos pesquisadores vinculados à
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha - UFVJM, que fez a seguinte
indagação:
[...] se essa questão dos primeiros socorros é se isso vai ser funcional, por
outro lado eu acho que como a gente tá num Parque que tá muito próximo a
zona urbana, eu acho que talvez se você tivesse simplesmente um ponto de
apoio com um guarda-parque né, com um carro de apoio, se alguém passar
mal teria perfeitas condições de levar até um hospital ou num caso mais
grave solicitar uma ambulância. (Entrevista com pesquisador vinculado à
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM,
realizada em outubro de 2011).
É necessário a presença do Núcleo de Apoio ao Uso Público com Primeiros
Socorros, visto o alto fluxo de visitação nos atrativos localizados nessa área e a
ocorrência de acidentes nessas localidades do Parque, esse seria então um ponto de
apoio emergencial, onde o visitante seria respaldado com os primeiros socorros, sendo
preparado para possíveis atendimentos mais complexos, que seriam então, realizados na
área urbana de Diamantina.
Em relação à construção de um estacionamento na Cachoeira da Sentinela,
localizado na Zona de Uso Intensivo, todos os entrevistados consideraram fundamental
a presença de tal estrutura, pois minimizaria os roubos e furtos que acontecem
frequentemente devido à falta de vigilância e fiscalização nesta área. Sendo assim, este
espaço adequado para o estacionamento de veículos contribuiria no aumento da
segurança e conforto dos visitantes do PEBI. Um dos funcionários do Instituto Estadual
de Florestas – IEF (Entrevista realizada em novembro de 2011) aborda que “Todo lugar
59
que vai ter um atendimento ao público, qualquer que seja, precisa ter uma área
reservada para o estacionamento”, reiterando a importância deste espaço para o público.
Outra proposta feita no Plano de Manejo foi a construção da Guarita na Estrada
Municipal Sentido Pinheiros-Diamantina (9 m²), localizada na Zona de Uso Especial.
Em relação a essa estrutura apenas um dos funcionários do IEF (Entrevista realizada em
outubro de 2011), considerou a construção desnecessária. Os demais entrevistados
foram favoráveis, e um dos trechos de entrevista mais relevantes sobre o assunto foi o
seguinte:
[...] é uma estrada de uso público, né, de serventia pública, a gente vai
precisar ter um controle diferenciado de quem vai pras cachoeiras e quem
simplesmente passa pelo Parque pra ir pra sua casa na zona rural. (Entrevista
com funcionário do Instituto Estadual de Florestas - IEF, realizada em
novembro de 2011).
Essa questão deve ser estudada de forma mais detalhada, visto a problemática
envolvida com a implantação dessa estrutura na área do Parque, já que essa é uma
estrada de acesso à comunidade de Pinheiro, o que vai dificultar o monitoramento de
quem deseja ir para a comunidade e de quem deseja visitar o PEBI. É importante
ressaltar que atualmente esta estrada também é uma das vias de acesso ao Mirante de
Pinheiros, o que reforça a necessidade da presença dessa guarita, como mais uma forma
de monitoramento.
Figura 07 – Mirante do Guinda
Fonte: Raquel Faria Scalco, 2011
Quanto a avaliação acerca da Guarita na Vila do Biribiri (9 m²), localizada na
Zona de Uso Especial, somente um dos representantes de ONG, um dos representantes
60
do IEF e um dos pesquisadores da UFVJM, consideraram inviável a construção de tal
estrutura no Parque. Um dos pesquisadores da UFVJM aborda o seguinte:
[...] nesse caso eu acho que talvez não houvesse nem necessidade da
construção de uma guarita, eu acho que talvez fosse o caso sim do Parque
entrar em negociação com os proprietários da Vila, e de repente ocupar uma
casinha daquelas que existem lá atualmente. Tenho medo que a construção
mesmo de uma guarita fosse até atrapalhar um pouco assim a parte do
patrimônio arquitetônico e histórico. (Entrevista com pesquisador vinculado a
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM,
realizada em outubro de 2011).
A Guarita na Vila do Biribiri causaria grande impacto visual no ambiente, apesar
disso é necessário fazer o monitoramento dessa área que não faz parte do Parque. Deve-
se, então, avaliar outras propostas que levem em conta o patrimônio arquitetônico e
histórico da Vila do Biribiri.
Em relação à implantação da Guarita Sentinela (9 m²), localizada na Zona de
Uso Intensivo, um dos representantes de ONG, um dos pesquisadores da UFVJM e um
dos funcionários do IEF, consideram a presença dessa estrutura desnecessária. Foi feita
a seguinte colocação: “A guarita da sentinela é totalmente inviável. Se já está tendo o
controle na entrada, no Biribiri, e em Pinheiro, não faz sentido uma guarita na
Sentinela.” (Entrevista com pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011). Vindo de encontro a
essa opinião um dos representantes de ONG, fez a seguinte avaliação: “Também acho
desnecessário. Você já vai ter um núcleo de apoio ao uso público, com primeiros
socorros, então, acho desnecessário Guarita na Sentinela.” (Entrevista com
representante de ONG, realizada em outubro de 2011).
As propostas do Plano de Manejo devem ser revisadas, analisando os reais
objetivos da implantação de cada uma dessas estruturas, visto que construções em
excesso se tornam desnecessárias e provocam impacto visual no ambiente. A Guarita
Sentinela é dispensável, em função da presença de outras estruturas de controle de uso
público nesta área do Parque.
Outra proposta do Plano de Manejo é a construção da Portaria Mendanha (40
m²), localizada na Zona de Uso Especial, em Mendanha, abordada por apenas um dos
entrevistados como sendo desnecessária. Foi feita a seguinte consideração:
Não sei se seria necessário uma portaria, também. Acho que deveria ter uma
estrutura de vigilância do Parque, mas não a portaria. Acho que a portaria
tinha que ser mesmo aqui em Diamantina mesmo, até para ter esse controle.
(Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de 2011).
61
Os demais entrevistados são favoráveis a implantação de tal estrutura. Um dos
funcionários do IEF avaliou o seguinte:
A portaria em Mendanha é interessante sim, porque é um outro local de
entrada do Parque, é um distrito muito visitado, é um distrito talvez mais
turísticos de Diamantina, tem um acesso fácil, tem um dos nossos principais
atrativos que é o Caminho dos Escravos que chega lá, várias cachoeiras
também bonitas que tão naquela porção do Parque. (Entrevista com
funcionário do Instituto Estadual de Florestas - IEF, realizada em novembro
de 2011).
A Portaria em Mendanha é importante, tendo em vista a possibilidade de acesso
e controle por meio dessa região. Além disso, a abertura dessa portaria poderia
contribuir para a geração de renda e para o desenvolvimento do turismo neste distrito.
Ressalta-se, ainda, que em Mendanha já existem alguns receptivos familiares e que
poderiam ter seu desenvolvimento dinamizado.
As considerações acerca da implantação do Centro de Referência do Parque
(casa na Vila do Biribiri) foram equilibradas, sendo alguns entrevistados contra e outros
a favor. Um dos trechos de entrevista que reforça a viabilidade da presença de tal
estrutura na Vila é o seguinte:
[...] se a Estamparia cedesse uma casa em boas condições, eu acho que a
gente poderia ter sim , talvez nem tanto para informar o turista, porque eu
acho que essa função é do Centro de Visitantes, que vai se ater a questão do
Parque, e que a Vila, por si só, ela mereceria ter alguma coisa ligado a
história da própria Vila, né. E como a Vila não faz parte do Parque, seria a
gente colocar uma informação num local que demandaria uma informação
mais específica da Vila [...]. (Entrevista com funcionário do Instituto
Estadual de Florestas - IEF, realizada em novembro de 2011).
Já um dos pesquisadores vinculados a Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM (Entrevista realizada em outubro de 2011) fez a
seguinte consideração:
Se eu crio esse Centro de Referencia do Parque na Vila eu estou ampliando o
uso turístico da Vila, dando uma carga de benfeitoria, promoção a uma área
particular. Ai vem a discussão, de estar fazendo o uso público, gerando
pontualmente um aspecto positivo para uma área particular. E isso eu sou
piamente contra. [...] Então, sou a favor da criação do Centro de Referência,
mas não dentro da Vila.
Essa é outra questão que deve ser avaliada de forma minuciosa, pois envolve a
ocupação de uma área privada que estaria se beneficiando das atividades realizadas em
área pública. Devem ser feitas novas análises e propostas relacionadas a essa
problemática, considerando a realidade do Parque Estadual do Biribiri, que não possui a
Vila inserida no seu espaço.
62
A instalação da Base de Apoio ao Pesquisador foi considerada essencial, visto
que o Parque Estadual do Biribiri recebe muitos pesquisadores. No Plano de Manejo
consta que a localização dessa estrutura será definida após a regularização fundiária,
utilizando- se uma das estruturas já implantadas no Parque. Ressalta-se a viabilidade de
utilização de uma das casas que serão desapropriadas, reduzindo as construções de
novas estruturas e os gastos públicos. Essa seria também uma possibilidade de ter mais
de uma Base de Apoio ao Pesquisador, em pontos diferentes, visto que são várias casas
a serem desapropriadas.
Considerando essa proposta do Plano de Manejo, foram feitas colocações acerca
da ocupação de uma casa na Vila do Biribiri para implantação da Base de Apoio ao
Pesquisador. Esse ponto de vista foi abordado no trecho seguinte: “Talvez essa base de
apoio ao pesquisador, que aqui tá falando que o local a ser definido, quem sabe não
consegue também ocupar uma das casas na própria Vila do Biribiri”. (Entrevista com
pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri -
UFVJM, realizada em outubro de 2011).
Outra sugestão feita foi a implantação da Base de Apoio ao Pesquisador na
região de Mendanha. De acordo com um dos funcionários do IEF, “[...] ia pedir pra
fazer lá no Mendanha, porque é onde a vegetação muda e é um bioma mais diferente”.
(Entrevista realizada em outubro de 2011). Essa proposta é válida, visto que a região de
Mendanha possui um rico acervo natural, bastante explorado por estudiosos, e que
foram poucas as indicações de implantação de estruturas do Plano de Manejo para a
ocupação dessa área. Essa seria uma maneira também de envolver a comunidade de
Mendanha, para a utilização de um espaço na área do Parque Estadual do Biribiri.
Também está disposto no Plano de Manejo a implantação de Sanitários e
estacionamento próximo à Fazenda Duas Pontes, localizado na Zona de Uso Intensivo.
A construção dessa estrutura foi considerada importante pelos entrevistados. O trecho
seguinte relata essa questão: “Acho que sim, só que ai eu acho também que precisa de
ter uma guarita. Não adianta simplesmente deixar os carros expostos, o banheiro lá,
assim se você não tiver uma vigilância”. (Entrevista com pesquisador vinculado a
Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de
2011). Porém esta proposta ficaria inviável, pois permitiria a entrada de pessoas sem
pagamento de taxa de visitação.
Em contrapartida a essa opinião foi abordado o seguinte:
63
[...] se eu coloco uma guarita (sic) em Mendanha e uma guarita (sic) em
Diamantina, quer dizer que são áreas de acesso ao Parque, mas eu estou
colocando na Fazenda Duas Pontes, que é um dos limites do Parque e que é
de fácil acesso pelo asfalto, eu estou colocando sanitário e estacionamento,
então quer dizer que é pra eu ter acesso ao Parque, mas eu estou entrando no
Parque sem pagar. Então é um negócio que eu vejo de forma mais
complicada. Talvez se repensar em tirar uma das guaritas que estão lá em
baixo, da Vila ou Pinheiros e trazer par a Fazenda Duas Pontes, como é feito
essa estrutura, aí eu acho bacana. (Entrevista com pesquisador vinculado a
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM,
realizada em outubro de 2011).
Ressalta-se que guarita é uma estrutura para controle do Parque e que portaria é
uma estrutura para controle da entrada de visitantes. Tendo em vista essa proposta de
implantação de sanitários e estacionamentos próximos a Fazenda Duas Pontes seria
interessante instalar uma portaria e não uma guarita junto a essas estruturas.
Outra opinião relevante, contrária a construção de sanitários e estacionamento
próximo à Fazenda Duas Pontes, relata o seguinte:
Então, eu acho que a gente pode evoluir com o próprio caminho dos escravos
que passa por, vamos dizer assim, vários pontos de moradia, ou proximidade
de alguma estrutura, a gente poderia para evitar que o turista, que tenha
alguma necessidade fisiológica, a gente poderia ter uma articulação com a
Fazenda Duas Pontes para um uso de sanitário, mesmo que isso fosse
mediante um pagamento de uso simbólico, pra evitar da gente construir uma
estrutura, do lado de onde já existe uma fazenda que vai demandar recurso,
vai demandar da gente ir lá dar manutenção, se não tivermos constantemente
lá, isso pode gerar depredação, que a gente sabe que é normal, roubo de
estrutura, então acho que pulverizar demais essas estruturas não é
interessante. (Entrevista com funcionário do Instituto Estadual de Florestas,
realizada em novembro de 2011).
A última proposta do Plano de Manejo no que se refere a implantação de
estruturas físicas de apoio a visitação e gestão do Parque, foi em relação à presença do
Portão na entrada pela Fazenda Duas Pontes, localizado na Zona de Uso Intensivo do
PEBI. As considerações acerca dessa estrutura foram semelhantes às realizadas na
avaliação anterior. A representante da Comunidade fez a seguinte consideração:
“Também eu acho que isso seria bom, que ai dá uma segurança maior, né, ai pro
Parque”. (Entrevista com representante da Comunidade, realizada em outubro de 2011).
Outra opinião a favor da implantação dessas estruturas, que ressalta também a
necessidade da presença de uma portaria, foi abordada da seguinte maneira:
Concordo com o portão, com sanitário, com estacionamento. Acho que falta
deixar claro que precisa de ter uma guarita (sic) também, pra tomar conta
dessas estruturas e dos próprios veículos que vão ficar lá. (Entrevista com
pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
64
A implantação dessa estrutura também foi considerada desnecessária por alguns
dos entrevistados. A seguinte colocação aborda essa opinião: “Também não, porque a
fiscalização já é difícil pela entrada da Cidade Nova e por Mendanha, ainda colocar
mais um eu acho complicado. Acho que não precisa não”. (Entrevista com ex-
funcionário do Instituto Estadual de Florestas – IEF, realizada em novembro de 2011).
Tanto a proposta de Sanitários e estacionamentos próximos a Fazenda Duas
Pontes, quanto ao Portão neste mesmo local, fazem-se necessários mediante a presença
de uma portaria para controle de acesso à área, cobrança de taxa de visitação, orientação
sobre postura do visitante e administração dessas estruturas. Ressalta-se a necessidade
da presença permanente de funcionários na área, ou estas instalações tornam-se
desnecessárias e inviáveis.
7.6 Considerações Sobre a Proposta Feita Pelo Plano de Manejo do PEBI
Durante a realização das entrevistas, foi abordado, também, se as propostas
apresentadas pelo Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri são adequadas e
suficientes para desenvolver da melhor forma as atividades de visitação, gestão e
pesquisa no Parque.
Em um plano geral, foi observada a importância de haver um complexo de
estruturas de apoio à visitação e gestão do PEBI, visto sua grande importância
biológica, turística e social para a região.
Todavia, o principal entrave acerca das propostas do Plano de Manejo do PEBI é
a desatualização do documento, datado de 2004. Dessa forma, o questionamento sobre a
viabilidade de tais estruturas nos dias atuais é inevitável, visto que o Plano de Manejo
do Parque já deveria estar em um processo de atualização. Dessa forma, implementar
tais estruturas hoje poderia não ser um bom investimento, já que a realidade atual é
bastante divergente da vista no ano de 2004.
Além disso, é importante ratificar a falta de regularização fundiária, já abordada
neste trabalho, que retarda grande parte das ações de investimentos no Parque.
Neste aspecto, a opinião dos entrevistados condiz com as afirmações ressaltadas
podendo ser evidenciada com algumas observações, como a de um dos representantes
de ONG, que expõe que “A adequação, a melhoria dessa adequação é só com o tempo
mesmo, porque é estudo de demanda.” (Entrevista realizada em outubro de 2011).
Dessa forma, reitera-se que para a real efetividade das estruturas no cenário atual do
65
PEBI, as propostas deveriam ser atualizadas com base em um novo estudo acerca das
necessidades das estruturas propostas e análise da própria demanda turística atraída pelo
Parque. Além disso, seria necessário estabelecer um limite de capacidade de carga
diário para o Parque e que as estruturas estivessem de acordo com este limite de
visitantes por dia. Segundo a Organização Mundial do Turismo (2003 apud
SIMIQUELI et al.) capacidade de carga
[...] refere-se à capacidade de desenvolvimento e de utilização pelo visitante
que pode ser atingida sem resultar em danos ao meio ambiente físico (natural
e artificial) e na geração de problemas socioculturais e econômicos à
comunidade local, garantindo, ainda, benefícios à comunidade e manutenção
de um equilíbrio adequado entre o desenvolvimento e a conservação.
Outro trecho de entrevista que apoia as afirmações acerca da indispensável
atualização das propostas gerais do Plano de Manejo antes da implantação de estruturas
no Parque é exposto a seguir:
Eu acho que esse Plano está um pouco defasado sim, se fosse hoje, se o
Biribiri recebesse recurso hoje para implantação de tudo que está previsto
nesse Plano de Manejo, eu acho que antes de tudo ele deveria ser revisto,
avaliado melhor essas estruturas [...]. (Entrevista com representante de ONG,
realizada em outubro de 2011).
Outro aspecto importante abordado em relação a essas propostas é a falta de
clareza e explicações de como a equipe da elaboração do Plano de Manejo chegou às
estruturas apresentadas. Os critérios de escolha de local, formação da estrutura e a
própria necessidade de tê-las na área do Parque Estadual do Biribiri são amplamente
questionadas. Para alguns pesquisadores faltou envolvimento da comunidade, de
estudiosos locais, de profissionais atuantes na região, dentre outros atores, para que
pudessem chegar a conclusão e consequentemente inserção da proposta no documento.
No trecho de entrevista subsequente é exposta tal opinião:
As propostas são as mesmas, os nomes se repetem, como em todas as
Unidades de Conservação. É uma proposta muito bacana, porém o que eu
gostaria de ter visto no Plano de Manejo, é como eles chegaram nessas
metragens, nesses espaços [...]. Então, de uma forma geral é legal, está bem
amarradinho, mas eu acho que carece de uma discussão talvez nem muito
aprofundada, mas com todos os atores que atuam dentro do Parque [...].
(Entrevista com pesquisador vinculado à UFVJM, realizada em outubro de
2011).
Portanto, conclui-se que as estruturas para apoio a visitação e gestão
propostas no Plano de Manejo do PEBI podem suprir uma carência antiga do Parque, o
tornando apto para visitação, mas que, para que isso seja implementado, é fundamental
que o documento passe antes pela atualização antevista.
66
7.7 Motivo da Não Implantação das Estruturas Propostas Pelo Plano de
Manejo do PEBI
Outra problemática abordada na entrevista foi o porquê das propostas do Plano
de Manejo ainda não terem sido implantadas. De uma forma geral, os entrevistados
alegaram que a falta de interesse político, que remete também à situação fundiária do
Parque Estadual do Biribiri, é o fator responsável pelo atual cenário do Parque. Esse
fato pode ser constatado nos seguintes trechos de entrevistas: “[...] depende do governo,
então eu acho que ai já envolve a lentidão mesmo do nosso governo [...]”. (Entrevista
com representante da Comunidade, realizada em outubro de 2011); “[...] eu acho que
não foram implantadas ainda mesmo por uma questão, ao meu ver mais política,
questões políticas mesmo [...]” (Entrevista com representante da Secretaria de Cultura e
Turismo - SECTUR, realizada em outubro de 2011); e ainda “[...] existem propriedades
particulares dentro do Parque, a gente não tem um palmo de terra que é do Parque, ele é
todo particular, totalmente particular e a gente não tem mão de obra suficiente [...]”
Entrevista com ex-funcionário do Instituto Estadual de Florestas – IEF, realizada em
novembro de 2011).
Outras citações que também respaldam essa questão são apresentadas a seguir:
Primeiro porque as terras ainda não foram desapropriadas, o Biribiri
infelizmente existe só no papel, então não tem como ser feito nada do que
está previsto no Plano de Manejo, absolutamente nada. O que é feito até hoje
assim, é feito por esforços da gerência, dos guarda-parques, do contingente
que tem lá disponível. Segundo porque que não é pago, não é pago por
interesse político mesmo, não é prioridade pra o governo do Estado a
estruturação dos Parques [...] Então, isso é o fator, pra minha opinião, o
grande fator limitador assim, dessa implantação, dessa efetivação dessa
estrutura. (Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de
2011).
Ressalta-se que a dificuldade de desapropriação das terras em função da falta de
recursos para investimentos em Áreas de Proteção Ambiental, é um dos principais
problemas atuais do Parque Estadual do Biribiri, que tem todo seu território em áreas
particulares.
Apresenta-se, ainda, outro depoimento que confirma esta informação:
É algo que perpassa essa gestão, é algo muito mais pra cima que é um
problema de política pública. Se faz o decreto da Unidade, se gera todas as
mazelas da Unidade, mas não se coloca uma estrutura para tentar amenizar
essas mazelas e tornar a Unidade realmente positiva para a sociedade, seja a
sociedade do entorno ou a sociedade como um todo. (Entrevista com
pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
67
O Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri apresenta formas de
utilização do espaço que prevê a proibição de muitas atividades relacionadas a renda das
comunidades que vivem no entorno do Parque, porém não expõe alternativas que
substituam essas atividades, causando um grave problema social.
Outra abordagem relevante foi:
Tem haver com questões políticas, né. Isso ai vai desde a ordem de
priorização da regularização fundiária, de aplicação dos recursos do Estado
para atingir as metas de regularização dos Parques, né. Infelizmente, o Estado
se destaca pela criação do número de Parques quantitativamente, mas
qualitativamente ele peca porque não dá prosseguimento. (Entrevista com
representante de ONG, realizada em outubro de 2011).
A falta de políticas públicas destinadas exclusivamente para captação de
investimentos a serem feitos em Áreas de Proteção Ambiental, remetem ao descaso para
com esses ambientes que se tornam vulneráveis. No caso do Parque Estadual do
Biribiri, os maiores empecilhos para a implementação das propostas do Plano de
Manejo envolvem uma série de problemas relacionados com a falta de recursos para
regularização fundiária e para implantação das estruturas e com a desatualização e falta
de revisão do documento, como já abordado nesse trabalho, que são consequências da
falta de efetiva atuação política do Estado no sentido de priorização da questão
ambiental.
7.8 Consequências da Presença das Estruturas Propostas no Plano de
Manejo do PEBI
Outra discussão proposta pela entrevista foi em relação às possíveis
consequências da presença dessas estruturas previstas no Plano de Manejo para o
Parque, para o turista, para a comunidade e para a região.
Foi constatado que a presença de tais estruturas iria contribuir de maneira
positiva para o Parque Estadual do Biribiri. As principais considerações foram de que
essas possibilitariam um maior controle da área do Parque, da conservação do ambiente,
além do aumento da qualidade na visitação. O trecho de entrevista a seguir relata essas
abordagens: “A proposta é positiva, é uma forma de controle, é forma de educação,
instrumento de interpretação do Parque, de apoio à pesquisa, e isso tudo na verdade é
um grande apoio de utilização desses espaços”. (Entrevista com pesquisador vinculado a
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, realizada em
outubro de 2011).
68
Outra opinião a este respeito foi:
[...] isso iria ajudar bastante porque é aquilo que eu falei, poderia ter um
melhor monitoramento no Parque, ter áreas específicas de uso que iriam
limitar as pessoas, isso ia ajudar bastante na conservação do Parque, na
vigilância. (Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de
2011).
A presença das estruturas propostas pelo Plano de Manejo do Parque Estadual
do Biribiri são fundamentais para o apoio a visitação e gestão do Parque, visto que tais
estruturas possibilitariam um melhor ordenamento e utilização do espaço do PEBI,
destinando locais adequados para determinados tipos de atividades, implicando na
conservação do ambiente, além do incentivo a práticas ecologicamente corretas por
meio de ações de educação ambiental desenvolvidas nesses espaços.
Outro importante aspecto positivo advindo da estruturação do PEBI seria o
envolvimento da comunidade com as atividades do Parque, representando
possibilidades de geração de emprego e renda e oportunidades de lazer para a
comunidade e turistas.
Para os turistas, também foi considerado que essas estruturas atuariam de forma
positiva, visto que influenciariam na qualidade da visita ao proporcionarem maior
segurança e conforto, além de oferecerem para o visitante, mais informações sobre o
PEBI. Esse posicionamento pode ser confirmado por meio dos seguintes trechos: “Eu
acho que pro turista é positivo, porque eles têm uma segurança maior [...]”. (Entrevista
com representante da comunidade, realizada em outubro de 2011) e “[...] se a gente tiver
essa condição de ter essas estruturas funcionando, né, ele ia tá entrando num local com
segurança, com informação, enriquecendo a visita dele [...]”. (Entrevista com
funcionário do Instituto Estadual de Florestas, realizada em novembro de 2011).
Outra importante consideração é apresentada no trecho abaixo:
Fundamental. Porque hoje o turismo que acontece é um turismo espontâneo.
Então quem tem um pouco mais de curiosidade sobre os aspectos naturais do
Parque, sai com muito mais dúvidas do que certezas daquilo que esta vendo,
ele não consegue nem ter o discernimento de qual que é o formato do Parque.
Então essa estrutura, se isso tudo que esta sendo proposto o Estado conseguir
fazer rodar de uma maneira bonitinha, acho que o turismo só tem a ganhar,
acho que o turista vai sair com a sensação de conhecimento do espaço e
podendo as vezes valorizar muito mais aquilo que ele esta vendo [...].
(Entrevista com pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
Assim como relatado pelos entrevistados, a presença de estruturas físicas na área
do Parque Estadual do Biribiri atuaria de forma positiva, ao passo que alguns dos atuais
problemas vivenciados pelos visitantes, como a ocorrência de roubos e furtos, a falta de
69
locais destinados a higiene pessoal, a falta de informação sobre o Parque e seus
atrativos, assim como a falta de base para prestação de primeiros socorros, em caso de
emergências, poderiam ser solucionados. Além disso, essas estruturas poderiam
contribuir para o ordenamento do turismo e a redução dos impactos negativos causados
pela atividade, como degradação da paisagem, poluição do ar e da água, incêndios,
desmatamento e geração de resíduos.
De uma forma geral, os entrevistados alegaram que a presença dessas estruturas
também seria positiva para a comunidade, que iria usufruir do Parque como um espaço
de lazer e também como uma oportunidade de emprego e geração de renda. Essa
constatação foi abordada no trecho abaixo:
Acho que pra comunidade também seria bom, que ai seria uma oportunidade
de tentar fazer com que o Parque trabalhe um pouco mais essa questão de
inclusão social. Primeiro que com todas essas estruturas teria que gerar mais
empregos assim, mais oportunidade [...]. (Entrevista com pesquisador
vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri -
UFVJM, realizada em outubro de 2011).
É fundamental pensar o Parque como um espaço de lazer para a própria
comunidade, e não somente como uma fonte de emprego e renda. O lazer é um dos
diretos do cidadão (BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, Art. 6º,
1988), fazendo do Parque um importante instrumento de desenvolvimento social.
Ressalta-se, ainda, o trecho abaixo, referente à maior conscientização ambiental
que a implantação das referidas estruturas podem representar:
Eu acho que assim, sendo, passando pra eles (turistas ou comunidade) as
informações e eles tendo conhecimento do real motivo da implantação, não
for uma coisa de cima pra baixo, por exemplo, jogar lá agora, agora tem
estrutura, acho que se fizer um trabalho de sensibilização, mobilização
explicando pra eles o porquê, acho que eles vão receber de forma positiva,
tendo conhecimento do real motivo, e aí sim eles também vão lutar pra
preservar, pra cuidar. Mas se for uma coisa imposta, eles não iriam receber
bem. (Entrevista com representante da Secretaria de Cultura e Turismo -
SECTUR, realizada em outubro de 2011).
No entanto a representante da Comunidade alegou que a grande maioria dos
benefícios advindos da maior visitação do PEBI não seriam revertidos em investimentos
para as próprias comunidades do entorno, que estariam em direto contato com a
atividade. Sobre esse aspecto destaca-se o seguinte trecho de entrevista:
Olha oportunidades de emprego e de renda tem sim, mas as vezes não
acontece na comunidade, você entendeu? Ai sempre que acontece esses tipos
de coisa, beneficia mesmo é o Centro da cidade, é as pessoas de lá. As vezes
a gente aqui nem é consultado, quando a gente assusta já aconteceu.
(Entrevista com representante de Comunidade, realizada em outubro de
2011).
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Esse aspecto retrata duas realidades: uma potencial exclusão das comunidades
mais carentes que fazem parte do entorno do Parque Estadual do Biribiri ou o próprio
desinteresse dessas comunidades, que se sentem desmotivadas a trabalhar em prol do
desenvolvimento da visitação da Unidade de Conservação.
As consequências da presença de estruturas físicas na área do PEBI,
possivelmente seriam positivas para as comunidades do entorno. A estruturação do
Parque juntamente a esse envolvimento da comunidade local, que passaria a participar
de forma ativa deste processo e a perceber as possibilidades de benefícios gerados por
meio da criação e implantação do Parque, como geração de emprego e renda, instiga a
valorização do espaço e a preocupação em se configurar como parceiros no processo de
preservação da Unidade de Conservação.
Por fim, para a região de Diamantina foi considerado que as consequências da
implantação das estruturas propostas no Plano de Manejo seriam também positivas,
visto que contribuiria para a visitação e para uma nova vertente do turismo na cidade - o
turismo em ambientes naturais. O seguinte trecho aborda essa afirmação:
Esse foco ecológico de ecoturismo, assim, atualmente ainda não é visto na
nossa região, ela ainda não tem essa imagem de destino de ecoturismo, até
porque a gente tem vários Parques criados, mas somente um implantado que
é o do Rio Preto. Se a gente tivesse mais o Biribiri implantado de fato,
estruturado, vai dando esse caráter de destino ecoturístico na região. Isso
contribui pra visitação, pra uma nova vertente do turismo na cidade, não só
esse turismo cultural, de patrimônio histórico que a gente já tem, mas um
destino também pra se praticar atividades na natureza”. (Entrevista com
representante de ONG, realizada em outubro de 2011).
A estruturação do PEBI poderia incrementar a imagem de Diamantina como um
destino de turismo ecológico, o que hoje é apresentado como um grande potencial para
a cidade, mas que ainda é incipiente. Assim, sendo bem estruturado, o Parque Estadual
do Biribiri, abrigando alguns dos principais atrativos naturais da cidade, poderia se
tornar, também, um dos principais destinos ecoturístico da região.
Outra colocação relevante foi a seguinte:
A partir do momento que você tem um Parque implementado, né, que você
soluciona a maioria dos conflitos, facilita o uso público, estimula o turismo,
beneficia a comunidade local, gera empregos pra a comunidade local, facilita
a gente a fazer o nosso trabalho que é proteger a área e consequentemente
fazer com que ocorra os benefícios ambientais de proteção no Parque, né?
Isso vai com certeza repercutir pra toda comunidade do entorno de forma
positiva, no turismo, na qualidade de vida, na informação, na educação.
(Entrevista com funcionário do Instituto Estadual de Florestas, realizada em
novembro de 2011).
71
A presença de estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do PEBI, propostas
pelo Plano de Manejo, implicariam, então, em consequências positivas para toda a
sociedade e o meio ambiente nos quais o Parque exerce influência. Se essas propostas
do Plano de Manejo forem revistas e adequadas à atual realidade do Parque, os
benefícios possivelmente seriam múltiplos.
A implantação dessas estruturas no Parque Estadual do Biribiri também implica
em uma série de benefícios advindos do ICMS ecológico, visto que com a melhoria do
Parque esse receberia mais recursos provenientes desse imposto e consequentemente
mais investimentos.
7.9 Propostas de Mudanças nas Estruturas Previstas no Plano de Manejo
do PEBI
Outro assunto abordado foi em relação as mudanças ou sugestões de novas
propostas de estruturas a serem implantadas no Parque Estadual do Biribiri. Esta
questão foi levantada principalmente porque o Plano de Manejo se encontra
desatualizado e o cenário do Parque e da região é diferente do vislumbrado no ano de
criação documento (2004). Desta forma, os entrevistados poderiam relacionar as
estruturas propostas pelo Plano com o panorama atual do PEBI e propor mudanças,
adequações, acréscimos ou decréscimos em relação ao disposto no documento.
As indagações dos participantes das entrevistas giraram em torno,
principalmente, dos critérios de zoneamento do Parque e da própria atualização das
propostas a partir de novas e amplas discussões, questionamentos sempre abordados em
diversas oportunidades durante toda a pesquisa.
Foram feitas diversas propostas, algumas perpassando a análise das estruturas,
mas sempre de grande valia para o desenvolvimento da visitação sustentável no Parque.
Uma das propostas ressaltadas pelos entrevistados foi em relação à criação de
uma estrutura que pudesse respaldar as atividades que acontecem na Cachoeira dos
Cristais, já que esta não foi contemplada com nenhuma proposta do Plano de Manejo e
a atenção ao espaço é também de grande importância turística e ambiental para o
Parque. O trecho de entrevista a seguir retrata essa opinião:
[...] eu considero que nos Cristais, na Cachoeira dos Cristais, seria necessário
também a gente ter uma estrutura parecida com a da Sentinela, em menores
proporções, mas que oferecesse pelo menos o estacionamento e o apoio pro
funcionário estar lá (Entrevista com represente do IEF realizada em
novembro de 2011).
72
Essa proposta se torna interessante visto que a Cachoeira dos Cristais também
esta vulnerável aos diversos riscos, como mencionados quando se refere à Cachoeira
Sentinela, e, por isso, carece de um apoio ao público e ao funcionário que estaria
atuando em tal região.
Outra proposta que tem relevância significativa é em relação ao Caminho dos
Escravos, importante atrativo de Diamantina, que passa pelas áreas do PEBI. Neste
aspecto, as propostas são baseadas em adequações de acesso, assim como de estruturas
fundamentais para o deslocamento no atrativo. Esta questão foi apontada por um dos
funcionários do IEF, da seguinte forma: “[...] construção de pontes e acessos,
facilitações de acessos e melhorias em questões que tem haver com erosão da trilha, né,
e manutenção de alguns trechos também de calçamento que estão sendo destruídos”.
(Entrevista com funcionário do Instituto Estadual de Florestas - IEF, realizada em
novembro de 2011).
As questões apresentadas pelo funcionário do IEF são pertinentes, pois
adequariam ou mesmo melhorariam um atrativo de Diamantina que também abrange a
área do Parque sem requerer maiores investimentos ou grandes construções, o que não
causaria impactos visuais nesse ambiente, sobretudo neste atrativo.
Mais uma proposta abordada pontualmente por um funcionário do IEF e um dos
pesquisadores de ONG foi em relação à consolidação de uma estrutura na parte alta do
Parque, que contribuiria, principalmente na época de seca, a identificar focos de
incêndios, prevenindo, assim, maiores prejuízos ambientais para o PEBI. Tal estrutura
leva o nome de “Casa dos Ventos”, e já contribui de forma importante para a
preservação do Parque Estadual do Biribiri.
A manutenção e adequação de trilhas, assim como a implantação de placas
interpretativas foi outro assunto também abordado pelos entrevistados. Este assunto
ultrapassa a abordagem das estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do Parque,
mas é de grande importância para que o PEBI atinja seus objetivos como uma Unidade
de Conservação de Proteção Integral e, por isso, cabe uma ressalva sob um olhar crítico.
O trecho de entrevista a seguir aborda essa proposta:
E uma coisa que não é falado dentro das estruturas físicas de construção, mas
que eu considero como uma, são as placas interpretativas, as placas de
sinalização dentro da Unidade. Se não me engano não é abordado dentro do
Plano de Manejo, como vai ser utilizado, qual material, onde vai ser, o que
tem que escrever, quem vai fazer, que é uma coisa que a gente sente muita
falta e isso de uma maneira geral dentro das Unidades do estado de Minas
73
Gerais. (Entrevista com pesquisador vinculado à Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
Ainda no sentido de propostas fora da questão de estruturas físicas, foi citada
uma importante ferramenta de controle e consequentemente proteção das Unidades de
Conservação, o estudo de Capacidade de Carga. Neste aspecto, foi abordado
principalmente acerca da limitação de veículos no interior da UC, sendo sugeridas
alternativas para que os visitantes tenham respaldo do Parque e, ao mesmo tempo,
tenham conforto e segurança no passeio pelos atrativos da Unidade de Conservação.
Essa proposta é uma alternativa de minimizar os impactos negativos causados pelos
diversos meios de transportes e também uma possibilidade de aproximação e
contemplação do ambiente pelos visitantes. O trecho de entrevista a seguir ilustra a
afirmação:
Outra coisa que eu já vejo em outros Parques também e que eu acho
interessante, é esse limitar o uso de veículos dentro do Parque. Alguns
Parques, alguns não, vários Parques já tem isso, a pessoa tem a área de
estacionamento logo na entrada do Parque e dali da entrada do Parque em
diante, ela tem um veículo apenas, pode ser um veículo cadastrado, no caso
você já tá trabalhando com terceirização de empresa dentro do Parque, ou se
não ter um veículo próprio do Parque, que a pessoa tem os horários que esse
veículo transita no Parque, os horários certos. Ou se não a pessoa tem a opção
de aluguel de bicicletas, então, você, enfim, com o veículo próprio da pessoa
ela não pode entrar dentro da área do Parque. Isso incentiva bastante a pessoa
ou ir caminhando, ou ir de bicicleta, ou utilizar aquele veículo que é coletivo
e automaticamente você já cria uma parceria, que se o Parque não dispor
dessa estrutura, desses veículos, dessa estrutura de bicicleta e tudo mais, você
já incentiva uma parceria com a iniciativa privada, que ai você melhora mais
ainda, incentiva mais ainda essa questão do turismo na cidade. Eu acho super
bacana, se pudesse ser implantado no Parque ia ser interessante, considerando
que as cachoeiras também que são mais visitadas, são muito próximas [...].
(Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de 2011).
Dentre diversas propostas citadas pelos entrevistados, as de maior
relevância foram ilustradas neste trabalho, o que reitera que, o Plano de Manejo e,
consequentemente, as estruturas propostas neste documento, devem passar por uma
atualização e, além disso, novas contribuições podem ser descobertas a partir de novas
discussões com os mais variados atores que desenvolvem ações no PEBI.
7.10 Análise do Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do
Zoneamento do PEBI
Foi feito aos entrevistados, também, um questionamento sobre as percepções
pessoais em relação ao Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do Zoneamento
74
do Parque Estadual do Biribiri, que foi o documento cartográfico apresentado durante as
entrevistas e que é apresentado no Plano de Manejo, quando se refere à localização das
estruturas físicas propostas pelo documento para o PEBI.
Essa abordagem explicita uma necessidade de melhores e mais atuais estudos
sobre a área do Parque, como retratado no seguinte trecho de entrevista:
Está defasado e, pela própria construção do Plano de Manejo ele foi
timidamente discutido com a sociedade de forma geral que poderia ter
colaborado mais com isso, como na discussão sobre o zoneamento.
(Entrevista realizada com pesquisador vinculado à Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
Ainda com base nesta citação, podemos perceber outro ponto de discussão
pertinente, que se refere à inclusão da sociedade nas discussões para elaboração de um
documento cartográfico que retratasse a realidade da área do Parque, de forma mais
completa e adequada. Foram apresentadas ressalvas principalmente tendo em vista os
critérios de classificação das Zonas (de Uso Intensivo, de Uso Extensivo, de Uso
Especial, Primitiva, dentre outras), apresentação incompleta das estruturas propostas no
mapa e a falta de clareza das informações expostas. Nessa ótica, a opinião seguinte
confirma esta afirmação:
Outras coisas, bom, de certa forma, eu acho que ficou bagunçado como ficou
organizado isso aí, não sinto clareza de como essas informações... Algumas
estão faltosas, os ícones que foram colocados não seguem um padrão, achei
que isso aí da margem pra você ter uma confusão, uma poluição visual do
mapa, achei cartograficamente ele falho, até porque falta muitas informações
como de uma grade de coordenada geográfica, de um norte pra uma pessoa
vai pegar esse mapa [...]. (Entrevista com funcionário do Instituto Estadual de
Florestas, realizada em novembro de 2011).
De toda maneira, muitos entrevistados consideraram o mapa como um
documento correto, que retrata bem a questão proposta, quando se trata das estruturas
físicas. É possível observar tal opinião a partir do seguinte trecho:
A questão da estrutura física acho que ele está retratando bem, mas muitas
coisas desse zoneamento eu vejo que deveria ter sido, ou deve se realizar
outra discussão disso com mais gente [...]. (Entrevista realizada com
pesquisador vinculado à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).
Desta forma, conclui-se que um documento cartográfico bem elaborado e
abordando todas as informações pertinentes em cima do que é proposto pelo Plano de
Manejo é fundamental para que haja um entendimento conciso sobre a disposição das
estruturas indicadas, assim como para que possa construir a opinião acerca da
localização de tais propostas e como estas podem interferir no desenvolvimento das
75
diversas atividades possíveis a serem realizadas no Parque. Com este documento, seria
possível, também, visualizar o entorno do Parque, identificando as comunidades
presentes, assim como a Zona de Amortecimento, fundamental para a preservação e
conservação da Unidade de Conservação.
76
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho foi realizado na tentativa de explorar as possibilidades de
desenvolvimento do Parque Estadual do Biribiri e da região na qual ele está inserido, a
partir da análise acerca da viabilidade da implantação das estruturas físicas de apoio à
visitação e gestão, previstas no Plano de Manejo do PEBI.
Para alcançar os resultados esperados, foram realizadas pesquisas bibliográficas,
pesquisas de gabinete e entrevistas semiestruturadas com 09 (nove) atores que se
mostraram relevantes para o desenvolvimento dessa pesquisa.
Os resultados do estudo apontaram que tais estruturas são fundamentais para o
cumprimento dos objetivos do Parque como uma Unidade de Conservação de Proteção
Integral. No entanto, o Parque Estadual do Biribiri, atualmente, não está apto a receber
esse tipo de investimento devido à falta de regularização fundiária de seu espaço, fato
que é dependente de políticas públicas específicas, mas que deve ser resolvido o quanto
antes para que, dessa forma, as ações dentro do PEBI possam ser desenvolvidas e
efetivadas.
Foi identificado pela pesquisa que a proposta do Plano de Manejo no que se
refere a estruturas de apoio à visitação e gestão do Parque Estadual do Biribiri é de
fundamental importância e se adéqua as necessidades do Parque, mas para que possa ser
implementada com sucesso, este documento deve, antes, passar por uma revisão e
atualização minuciosa. Esta atualização deve contar com a participação da comunidade,
de profissionais atuantes no Parque, na região e também de pesquisadores com
conhecimento na área, visto que, em 2004, ano de elaboração do Plano de Manejo, o
Instituto Estadual de Florestas - IEF, órgão responsável pela gestão do Parque não
possuía nenhum funcionário atuando no PEBI, segundo relatos dos atuais funcionários
que foram entrevistados nesse trabalho.
É essencial que as novas propostas do Plano de Manejo visem contemplar toda a
área do Parque, buscando evitar que determinadas porções tenham uma aglomeração
muito grande de estruturas. Essa proposta também é uma forma de fomentar o
desenvolvimento turístico e científico de toda a área do Parque, descentralizando a
visitação que se concentra, principalmente, nos atrativos da Cachoeira Sentinela e na
Cachoeira dos Cristais, reconhecendo, promovendo e valorizando novos atrativos
turísticos.
77
Ainda foi possível perceber que a presença das estruturas físicas propostas pelo
Plano de Manejo é imprescindível, tendo em vista que o Parque Estadual do Biribiri
recebe um número alto de visitantes durante todo o ano, e que a visitação ao Parque
necessita de uma maior organização e controle. Ainda neste aspecto, é importante
ressaltar que para o efetivo funcionamento das estruturas, se faz necessário um corpo
profissional contratado e capacitado para atender as necessidades iminentes da visitação
e gestão da Unidade de Conservação.
Assim, a existência das estruturas é de grande importância para o
desenvolvimento do turismo, sendo este uma possibilidade de geração de emprego e
renda para a comunidade e como agente de minimização dos impactos causados pelo
desenvolvimento desordenado da atividade.
Além disso, o trabalho possibilitou identificar carências de pesquisas sobre o
Parque e suas limitações, como a elaboração de documentos cartográficos e estudo da
Capacidade de Suporte, que são de fundamental importância para o desenvolvimento do
Parque.
Concretizar as propostas previstas no Plano de Manejo do Parque Estadual do
Biribiri devidamente atualizadas é um passo importante para o desenvolvimento
ambiental, socioeconômico e turístico de Diamantina e região, visto que o Parque é um
atrativo natural singular e que hoje não é utilizado de forma organizada e sustentável,
impedindo a ampliação de benefícios para todos os atores envolvidos.
78
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STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA. Plano de Manejo do Parque Estadual
do Biribiri, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável –
Semad; Instituto Estadual de Florestas – IEF, Vol.1, Curitiba, 2004b.
STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA. Plano de Manejo do Parque Estadual
do Biribiri, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável –
Semad; Instituto Estadual de Florestas – IEF, Vol.1, Curitiba, 2004c.
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83
APÊNDICES
I – Roteiro de Entrevista
Apresentação do Plano de Manejo do PEBI
O Parque Estadual do Biribiri - PEBI, criado em 1998, é classificado como uma
Unidade de Conservação de proteção integral em função da sua diversidade biológica e
características naturais relevantes. A inserção do espaço como um Parque, tem o
objetivo básico de preservar a natureza, admitindo apenas o uso indireto de seus
recursos naturais (IEF, 2011). O turismo, a educação ambiental e a pesquisa científica
são algumas atividades permitidas, sempre levando em consideração o disposto no
Plano de Manejo.
O Plano de Manejo é um documento que apresenta as formas de gestão da
Unidade de Conservação de acordo com seu objetivo e deve ser elaborado no máximo 5
(cinco) anos após a criação do Parque. No Plano de Manejo encontram-se as
características da área, como as relativas à fauna, flora, vegetação, hidrografia,
zoneamento, assim como as normas para implantação de estruturas físicas no local.
Apesar de o Parque ter sido criado em 1998, somente em 2004 foi elaborado o
Plano de Manejo do PEBI. A empresa STCP Engenharia de Projetos LTDA., de
Curitiba – PR desenvolveu o Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri, e, consta
na proposta, a implantação de estruturas bem como a contratação de funcionários para a
realização das atividades no Parque. É importante ressaltar que muitas propostas do
Plano não foram implementadas.
Citaremos aqui a relação de estruturas físicas de apoio a gestão do Parque assim
como estruturas de apoio ao turismo e pesquisa, que são apresentados no Plano de
Manejo, seguidas de alguns questionamentos acerca da importância do Parque e da
implementação de tais estruturas.
6. Compor o quadro mínimo de funcionários, conforme segue:
a. 01 gerente;
Norma: O gerente da UC deverá ser capacitado para exercer a função.
b. 02 funcionários administrativos;
84
c. 16 porteiros;
d. 10 guarda-parques;
e. 02 funcionários no centro de visitantes;
f. 01 agente para educação ambiental;
g. 02 serventes.
9. Implantar as seguintes estruturas:
a. Centro administrativo com 150 m2 (Zona de Uso Especial, porção Sul):
__1 sala do gerente;
__2 banheiros;
__1 sala reuniões;
__1 copa;
__1 sala para administrativo;
__1 almoxarifado; e,
__mobiliário.
b. Centro de manutenção e apoio ao funcionário com 300 m2 (Zona de Uso Especial,
porção Sul):
__1 almoxarifado;
__1 sala para brigada;
__2 banheiros com vestiário para os funcionários;
__1 cozinha;
__garagem para 3 veículos;
__1 oficina;
__1 depósito; e,
__mobiliário.
c. Casa do Funcionário com 96 m2 (Zona de Uso Intensivo, porção Sul):
__1 sala;
__1 cozinha;
__2 quartos;
__1 banheiro; e,
__mobiliário.
85
d. Centro de visitantes com 280 m2 (Zona de Uso Intensivo, porção Sul):
__2 banheiros;
__1 anfiteatro para 50 pessoas;
__1 biblioteca;
__1 hall de entrada;
__1 escritório;
__1 loja para venda de produtos/artesanato;
__mobiliário; e,
__estacionamento.
e. Portaria principal com 20 m2 (Zona de Uso Intensivo, porção Sul). Consta no Plano a
cobrança de ingresso para visitação:
__1 sala;
__mobiliário;
__1 banheiro; e,
__1 depósito de lixo.
f. Núcleo de apoio ao uso público com primeiros socorros com 150 m2 (Zona de Uso
Intensivo, cachoeira da Sentinela):
__2 banheiros;
__1 sala para ambulatório;
__1 espaço para lanchonete;
__1 sala de exposições;
__mobiliário; e,
__estacionamento.
g. Estacionamento (Zona de Uso Intensivo, cachoeira da Sentinela);
h. Guarita na estrada Municipal sentido Pinheiros-Diamantina com 9 m2 (Zona de Uso
Especial);
i. Guarita na Vila do Biribiri com 9 m2 (Zona de Uso Especial);
86
j. Guarita Sentinela, entroncamento da estrada Municipal com a estrada interna com 9
m2 (Zona de Uso Intensivo);
k. Portaria Mendanha com 40 m2 (Zona de Uso Especial em Mendanha); Consta no
Plano a cobrança de ingresso para visitação.
l. Centro de referência do Parque, casa na Vila do Biribiri (em negociação com a
Estamparia S. A.);
m. Base de apoio ao pesquisador (local a ser definido, após a regularização fundiária,
utilizando-se uma das estruturas já implantadas no Parque);
n. Sanitários e estacionamento próximo à fazenda Duas Pontes (Zona de Uso Intensivo);
o. Portão, na entrada pela Fazenda Duas Pontes (Zona de Uso Especial).
10. Adequar as seguintes infra-estruturas:
a. Restauração da ponte na estrada dos Cristais;
b. Recuperação e manutenção de estradas do interior do Parque, de responsabilidade do
Parque (Zona de Uso Intensivo);
c. Trilhas de uso intensivo e extensivo no interior do Parque;
d. Retirada de postes não utilizados no Parque;
e. Implantar sistema de radiocomunicação (1 estação fixa no Centro administrativo, 1
repetidora no Centro de referência, 2 estações móveis e 15 HT´s);
f. Implantar sistema de telefonia (para administração e uso público) e internet;
g. Implantar sistema de energia elétrica/fotovoltaica;
87
ENTREVISTA
Pesquisador:________________________ Data:______/______/2011 Hora:____:____
Perfil do Entrevistado
Nome:_________________________________________________________________
Idade:____________
Escolaridade:___________________________________________________________
Profissão:______________________________________________________________
Instituição:_____________________________________________________________
Ocupação na Empresa:____________________________________________________
Questões
01) Como você avalia a atividade turística no PEBI?
02) Você acha que o PEBI contribui para o desenvolvimento socioeconômico e turístico
local? De que forma?
03) Você tem conhecimento da existência do documento Plano de Manejo do Parque
Estadual do Biribiri?
Em caso afirmativo,
Como tomou conhecimento do Plano de Manejo?
Você já teve acesso às informações dispostas no Plano de Manejo do Parque Estadual
do Biribiri?
04) Você acha importante a implantação de estruturas de apoio à visitação e gestão em
Parques? Por quê?
88
05) Avalie cada uma das estruturas de apoio à visitação e gestão do PEBI sugeridas no
Plano de Manejo.
ESTRUTURA DEVE SER
CONSTRUÍDA? ADEQUADA INADEQUADA
Centro administrativo ( )SIM ( )NÃO
Centro de
manutenção e apoio
ao funcionário
( )SIM ( )NÃO
Casa do Funcionário ( )SIM ( )NÃO
Centro de visitantes ( )SIM ( )NÃO
Portaria principal ( )SIM ( )NÃO
Núcleo de apoio ao
uso público com
primeiros socorros
( )SIM ( )NÃO
Estacionamento ( )SIM ( )NÃO
Guarita na estrada
Municipal sentido
Pinheiros-Diamantina
( )SIM ( )NÃO
Guarita na Vila do
Biribiri
( )SIM ( )NÃO
Guarita Sentinela ( )SIM ( )NÃO
Portaria Mendanha ( )SIM ( )NÃO
Centro de referência
do Parque, casa na
Vila do Biribiri
( )SIM ( )NÃO
Base de apoio ao
pesquisador
( )SIM ( )NÃO
Sanitários e
estacionamento
próximo à fazenda
Duas Pontes
( )SIM ( )NÃO
Portão na entrada
pela Fazenda Duas
Pontes
( )SIM ( )NÃO
89
06) De uma forma geral, qual a sua opinião sobre a proposta feita pelo Plano de Manejo
do Parque Estadual do Biribiri, quais são as suas considerações?
São Adequadas?
São Suficientes?
07) Na sua opinião, por que muitas propostas do Plano de Manejo ainda não foram
implantadas?
08) Quais seriam as possíveis consequências da presença dessas estruturas para
O Parque;
O Turista;
A Comunidade e;
A Região?
09) Se houver uma revisão do Plano de Manejo, o que você sugeriria de mudança ou o
que você acrescentaria, em relação às estruturas de apoio à visitação e gestão do
Parque?
10) Quais são suas principais impressões em relação ao mapa do zoneamento do Parque
Estadual do Biribiri?
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