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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE INTERDISCIPLINAR EM HUMANIDADES CURSO DE TURISMO ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO BIRIBIRI NO QUE SE REFERE À IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS DE APOIO À VISITAÇÃO E GESTÃO DO PARQUE Álvaro José Ferreira Tôrres Raquel Campos Antunes Diamantina 2011

ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO BIRIBIR NO QUE SE REFERE À IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS DE APOIO À VISITAÇÃO E GESTÃO DO PARQUE. Autores: Álvaro Tôrres e Raquel

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.ResumoO presente estudo foi desenvolvido com o propósito de analisar o disposto no Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri – PEBI, localizado em Diamantina – MG, no que se refere à implantação de estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do Parque. Para tanto, foram feitas pesquisas bibliográficas, pesquisas documentais e pesquisas de gabinete e a realização de entrevistas semiestruturadas com atores que se mostraram relevantes para o desenvolvimento dessa pesquisa. Por meio desse estudo, foi possível entender a necessidade da presença das estruturas propostas no Plano de Manejo do PEBI, visto que atualmente o Parque é o atrativo natural mais visitado na cidade de Diamantina e região (mesmo não estando oficialmente aberto ao público), oferecendo condições mínimas para sua visitação e também que a implantação de estruturas turísticas contribuiria para minimizar impactos ambientais negativos, além de contribuírem para o desenvolvimento turístico, socioeconômico e ambiental do município de Diamantina e região. Outra contribuição desse trabalho é voltada para propostas de atualização do Plano de Manejo, almejando mudanças que beneficiem o meio ambiente e os visitantes.Palavras chave: Plano de Manejo, Unidade de Conservação, Parque Estadual do Biribiri, Turismo e Estruturas Físicas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE INTERDISCIPLINAR EM HUMANIDADES

CURSO DE TURISMO

ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO BIRIBIRI

NO QUE SE REFERE À IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS DE APOIO À

VISITAÇÃO E GESTÃO DO PARQUE

Álvaro José Ferreira Tôrres

Raquel Campos Antunes

Diamantina

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE INTERDISCIPLINAR EM HUMANIDADES

ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO BIRIBIRI

NO QUE SE REFERE À IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS DE APOIO À

VISITAÇÃO E GESTÃO DO PARQUE

Álvaro José Ferreira Tôrres

Raquel Campos Antunes

Orientadora: Raquel Faria Scalco

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Turismo, como

parte dos requisitos exigidos para a

conclusão do curso.

Diamantina

2011

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Ficha Catalográfica - Serviço de Bibliotecas/UFVJM

Bibliotecária Viviane Pedrosa

CRB6-2641

T693a

2011

Tôrres, Álvaro José Ferreira

Análise do Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri No Que Se Refere

à Implantação de Estruturas de Apoio à Visitação e Gestão do Parque / Álvaro

José Ferreira Tôrres; Raquel Campos Antunes. – Diamantina: UFVJM, 2011.

87 p.

Orientadora: Prof. Raquel Faria Scalco

Outros Autores

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Turismo) - Faculdade

Interdisciplinar em Humanidades, Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri.

1. Plano de manejo 2. Unidade de conservação 3. Parque Estadual do Biribiri

4. Turismo 5. Estruturas físicas I. Antunes, Raquel Campos II. Scalco, Raquel

Faria. III. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Título.

CDD 338.4791

Elaborada com dados fornecidos pelo(a) autor(a)

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AGRADECIMENTOS

À professora Raquel Faria Scalco pela orientação, dedicação e paciência e pela

responsabilidade assumida diante o compromisso de desenvolver esse Trabalho de

Conclusão de Curso.

Aos demais professores do Departamento de Turismo da Universidade Federal

dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri pela troca de experiências e colaboração durante

todo o processo da nossa formação acadêmica e profissional.

Aos nossos colegas pela união e amizade e por todo apoio durante esses quatro

anos de estudo.

E a todos que contribuíram para a realização desse trabalho.

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RESUMO

O presente estudo foi desenvolvido com o propósito de analisar o disposto no Plano de

Manejo do Parque Estadual do Biribiri – PEBI, localizado em Diamantina – MG, no que

se refere à implantação de estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do Parque.

Para tanto, foram feitas pesquisas bibliográficas, pesquisas documentais e pesquisas de

gabinete e a realização de entrevistas semiestruturadas com atores que se mostraram

relevantes para o desenvolvimento dessa pesquisa. Por meio desse estudo, foi possível

entender a necessidade da presença das estruturas propostas no Plano de Manejo do

PEBI, visto que atualmente o Parque é o atrativo natural mais visitado na cidade de

Diamantina e região (mesmo não estando oficialmente aberto ao público), oferecendo

condições mínimas para sua visitação e também que a implantação de estruturas

turísticas contribuiria para minimizar impactos ambientais negativos, além de

contribuírem para o desenvolvimento turístico, socioeconômico e ambiental do

município de Diamantina e região. Outra contribuição desse trabalho é voltada para

propostas de atualização do Plano de Manejo, almejando mudanças que beneficiem o

meio ambiente e os visitantes.

Palavras chave: Plano de Manejo, Unidade de Conservação, Parque Estadual do Biribiri,

Turismo e Estruturas Físicas

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ABSTRACT

This study was performed with the purpose to analyze the Management Plan of the

Biribiri State Park, located in Diamantina – MG, referring to the implementation of

support physical structures to Park`s visitation and management. Bibliographic,

documentary and cabinet research and semi structured interviews with relevant people

to this search were collected. Through this study, it was possible to understand the needs

of the structures proposed in the Management Plan, considering that currently the Park

is Diamantina and region`s most visited natural attraction (even though not officially

opened to the public), offering minimum conditions for visitors and, furthermore, the

implementation of touristic structures would act reducing negative environmental

impacts, besides contributing for touristic, socioeconomic and environmental

development of Diamantina city and region. This study’s other contribution is focused

to proposals of Management Plan’s updates, aiming for changes that benefit the

environment and visitors.

Keywords: Management Plan, Conservation Unit, Biribiri State Park, Tourism and

Physical Structures.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Cachoeira Sentinela..................................................................................39

FIGURA 2 – Cachoeira dos Cristais..............................................................................40

FIGURA 3 – Pintura Rupestre........................................................................................40

FIGURA 4 – Container Portaria do PEBI......................................................................46

FIGURA 5 – Placas de Sinalização................................................................................46

FIGURA 6 – Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do Zoneamento

do Parque Estadual do Biribiri.........................................................................................52

FIGURA 7 – Mirante de Pinheiros.................................................................................57

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Atrativos Naturais Mais Visitados.........................................................44

GRÁFICO 2 – Visitantes no PEBI – 2008, 2009 e 2010...............................................45

GRÁFICO 3 – Número Total de Visitantes no PEBI....................................................45

GRÁFICO 4 – Necessidade de Infraestrutura................................................................51

GRÁFICO 5 – Você pagaria por uma taxa de visitação ao PEBI? .............................. 55

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LISTA DE SIGLAS

APA – Área de Proteção Ambiental

CNUC – Cadastro Nacional de Unidades de Conservação

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DAFO - Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

IEB - Instituto de Ecoturismo do Brasil

IEF – Instituto Estadual de Florestas

IUCN – International Union For Conservation of Nature (União Internacional para a

Conservação da Natureza)

MMA– Ministério do Meio Ambiente

MTUR – Ministério do Turismo

PEBI – Parque Estadual do Biribiri

OMT – Organização Mundial de Turismo

ONG – Organização Não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

UC – Unidade de Conservação

UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

UNESCO – Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas

SECTUR – Secretaria Municipal de Turismo

SISEMA – Sistema Estadual do Meio Ambiente

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

WWF – World Wildlife Found (Fundo Mundial da Natureza)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 15

3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17

4 METODOLOGIA .................................................................................................. 18

5 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 21

5.1 Turismo ............................................................................................................................... 21

5.2 Planejamento Turístico ...................................................................................................... 25

5.3 Turismo e Desenvolvimento Sustentável ........................................................................... 28

5.4 Ecoturismo .......................................................................................................................... 30

5.5 Turismo e Unidades de Conservação ................................................................................. 33

5.6 Turismo, Meio Ambiente e Impactos das Atividades Turísticas em Ambientes Naturais.36

6 O PEBI E O PLANO DE MANEJO ..................................................................... 39

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 45

7.1 A Atividade Turística no PEBI .......................................................................................... 45

7.2 Contribuições do PEBI Para o Desenvolvimento Socioeconômico e Turístico de

Diamantina ................................................................................................................................. 49

7.3 Conhecimento Sobre o Plano De Manejo do PEBI .......................................................... 51

7.4 Importância da Presença de Estruturas Físicas em Unidades de Conservação .............. 51

7.5 Avaliação das Propostas do Plano de Manejo do PEBI ................................................... 53

7.6 Considerações Sobre a Proposta Feita Pelo Plano de Manejo do PEBI .......................... 64

7.7 Motivo da Não Implantação das Estruturas Propostas Pelo Plano de Manejo do PEBI .66

7.8 Consequências da Presença das Estruturas Propostas no Plano de Manejo do PEBI ... 67

7.9 Propostas de Mudanças nas Estruturas Previstas no Plano de Manejo do PEBI ........... 71

7.10 Análise do Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do Zoneamento do PEBI .. 73

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 76

9 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 78

APÊNDICES .................................................................................................................. 83

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1 INTRODUÇÃO

Localizada em Minas Gerais, a 292 Km da capital Belo Horizonte, Diamantina,

reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, é uma cidade

colonial, que apresenta um cenário formado pelos belos casarões e pela paisagem da

Serra do Espinhaço.

A cidade de Diamantina, inicialmente conhecida como Arraial do Tijuco, se

desenvolveu por volta do século XVII, a princípio em função da descoberta do ouro e,

posteriormente, do diamante, pedra preciosa que foi encontrada em grande quantidade

na região, fato que atribuiu nome a cidade.

A ocupação do antigo vilarejo pela Coroa de Portugal, que tinha interesse em

extrair ouro e diamante da região, fizeram do garimpo a principal atividade econômica

nesse período. A presença dos portugueses e o desenvolvimento impulsionado pela

atividade garimpeira influenciaram nas construções dos casarios coloniais, das igrejas

barrocas, assim como na formação cultural, de forte tradição religiosa, musical e

folclórica.

Além disso, a presença de personalidades como a famosa escrava Chica da

Silva, e o ex-presidente Juscelino Kubitschek, são também referências para muitas

pessoas que buscam conhecer um pouco mais da história desse município.

Diamantina também é intitulada como um dos 65 destinos indutores de turismo,

cidades que deveriam receber recursos para fazer investimentos no setor turístico, para

que esses municípios fossem capazes de atrair e distribuir em sua região um

significativo número de turistas, nacionais ou estrangeiros, e de manter padrão de

qualidade internacional em setores da atividade turística. Este fato eleva o destino

diante da demanda turística, promovendo maior motivação para o visitante que de fato

vem à cidade ou mesmo turistas potenciais. Desta forma, a cidade possui um

conservado acervo histórico colonial e inúmeros atrativos naturais, o que proporciona ao

visitante a oportunidade de vivenciar momentos de cultura, diversão e lazer.

Apesar de ainda principiante nas atividades turísticas em meio natural, o

ecoturismo diamantinense se mostra potencialmente muito forte. A cidade se encontra

em localização privilegiada, em um dos mais belos trechos da Estrada Real, na Serra do

Espinhaço. São vários os atrativos naturais, ricos em beleza cênica, como as diversas

cachoeiras, grutas, serras e trilhas.

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A presença de Unidades de Conservação (UCs) também faz de Diamantina um

destino peculiar. Segundo o Instituto Estadual de Florestas - IEF (2011), a cidade está

próxima a duas UCs – Parque Estadual do Rio Preto e Parque Estadual Pico do Itambé –

e abrange em seu território a APA das Águas Vertentes, o Parque Nacional das Sempre

Vivas e o Parque Estadual do Biribiri – PEBI, que é o objeto de estudo da presente

pesquisa.

Assim, o espaço de Diamantina propicia unir a forte identidade cultural ao

contato direto com a natureza do local.

O Parque Estadual do Biribiri, localizado em Diamantina – MG, exerce grande

influência nos atrativos a serem visitados na cidade. Segundo SILVEIRA &

MEDAGLIA (2011), o PEBI é o atrativo natural mais visitado da cidade.

O Parque Estadual do Biribiri proporciona ao visitante, a oportunidade de

praticar atividades de contemplação da paisagem, fauna e flora local, assim como

desfrutar das diversas cachoeiras, que fazem do Parque um importante atrativo natural.

Criado em 22 de Setembro de 1998, pelo Decreto nº 39.909, o Parque Estadual

do Biribiri tem área aproximadamente de 16.998 hectares, e está inserido no complexo

da Serra do Espinhaço. O PEBI abriga diversas nascentes e cursos d’água que, junto aos

rios de leitos de pedras, formam as cachoeiras do Parque, como a Sentinela e Cristais,

duas das de maiores beleza natural da região (IEF, 2011).

O Parque Estadual do Biribiri apresenta em sua extensão características naturais

relevantes, sendo uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, grupo de UCs que

têm como objetivo básico preservar a natureza, admitindo apenas o uso indireto dos

recursos naturais (BRASIL, Lei 9.985, art.7º, § 1º, 2000).

Este estudo partiu de reflexões sobre a análise da proposta do disposto no Plano

de Manejo do Parque Estadual do Biribiri, no que se refere às estruturas físicas de apoio

a visitação e a gestão do PEBI. Em função do desenvolvimento deste estudo, surgiu o

seguinte questionamento: As estruturas físicas propostas pelo Plano de Manejo seriam

viáveis para o Parque? Portanto, partiu-se da hipótese de que a implantação dessas

estruturas, mesmo que advindas de um planejamento desatualizado, poderiam ser

válidas, pois contribuiriam para minimizar os impactos ambientais negativos que

atualmente são perceptíveis no Parque, além de contribuírem para o desenvolvimento do

turismo em Diamantina e região.

Como referência, foi utilizado como fonte de consulta sobre as estruturas físicas

a serem implantadas no Parque, o seu Plano de Manejo, elaborado pela STCP

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ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, em 2004. O Sistema Nacional de Unidades de

Conservação - SNUC define Plano de Manejo como:

Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais

de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas

que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive

a implantação das estruturas físicas e necessárias à gestão da unidade

(BRASIL, Lei nº 9.985, Art.2, 2000).

O trabalho baseou-se em análises da proposta do Plano de Manejo, acerca da

implantação de estruturas físicas de apoio a visitação e gestão no Parque Estadual do

Biribiri, avaliando a viabilidade da inserção de tais estruturas no local. Para tanto, foi

necessário compreender a importância da presença desses equipamentos que

possivelmente contribuiriam para minimizar os impactos negativos em ambientes

naturais.

O Plano de Manejo do PEBI apresenta algumas propostas em relação à

implantação de estruturas físicas de apoio a visitação e gestão do Parque. Essas

propostas estão assim sintetizadas: Centro administrativo, Centro de manutenção e

apoio ao funcionário, Casa do funcionário, Centro de visitantes, Portaria principal,

Núcleo de apoio ao uso público com primeiros socorros, Estacionamento, Guarita na

estrada Municipal sentido Pinheiros-Diamantina, Guarita na Vila do Biribiri, Guarita na

Cachoeira Sentinela, Portaria em Mendanha, Centro de referência do Parque, Base de

apoio ao pesquisador, Sanitário e estacionamento próximo à Fazenda Duas Pontes e

Portão na entrada pela Fazenda Duas Pontes.

É importante ressaltar que a proposta de inserção de estruturas físicas do Plano

de Manejo do PEBI, ainda não foi efetivada, sendo que esse documento foi elaborado

em 2004. Isso se deve, principalmente, ao fato de que o PEBI não possui situação

fundiária regularizada. Devido à carência de tais estruturas, o Parque não se encontra

oficialmente aberto à visitação, o que, na prática, usualmente ocorre.

Para tanto, nesse estudo foram realizadas pesquisas bibliográficas, pesquisas

documentais e de gabinete, além da realização de entrevistas semiestruturadas.

Entende-se, então, a importância do estudo de impactos causados pela atividade

turística em ambientes naturais, sobretudo da construção de estruturas de apoio à

visitação e gestão no interior destas áreas de proteção, que são reguladas por lei.

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2 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho foi desenvolvido com a finalidade de analisar as propostas

do Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri, no que se referem à implantação de

estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do Parque.

Rushman (2010) avalia que é preciso haver equilíbrio entre turismo e meio

ambiente, de forma a assegurar que a atratividade dos recursos naturais não seja a causa

de sua degradação. Dessa forma, trabalhar ações sustentáveis no Parque Estadual do

Biribiri, considerando o disposto no seu Plano de Manejo é de fundamental importância

para o desenvolvimento ecoturístico da região e é uma alternativa para trabalhar o

turismo em harmonia com o meio ambiente.

A escolha do Parque Estadual do Biribiri como objeto de estudo, ocorreu em

função deste ser carente no que se refere à presença de estruturas de apoio a visitação e

gestão da Unidade. O fato do Plano de Manejo do PEBI ter sido elaborado em 2004 e

não possuir nenhuma atualização, além de suas propostas no que se referem à

implantação de estruturas físicas não terem sido implementadas, também justificam esse

estudo. A proximidade do Parque com a cidade de Diamantina e a presença do Instituto

Estadual de Florestas, órgão responsável pela gestão do Parque facilitou o acesso a

informações sobre o PEBI, o que influenciou, também, na escolha deste como objeto de

estudo.

Em função da carência de estruturas turísticas, o Parque Estadual do Biribiri se

torna vulnerável, aumentando assim a ocorrência de impactos negativos tanto para o

meio ambiente quanto para a atividade turística e seus consumidores. Atualmente, são

visíveis no PEBI alguns problemas, como por exemplo, a degradação de trilhas, a falta

de controle de acesso ao Parque, a produção de resíduos em excesso, a poluição de

cursos d’água e a falta de orientação sobre o comportamento dentro do Parque, o que

pode provocar atitudes inadequadas pelos visitantes que prejudicam e alteram o meio

ambiente.

Assim como exposto por Ruschmann (2010), é notável que a prática do turismo

em ambientes naturais, que são extremamente sensíveis, tem se tornado uma atividade

de grande procura, impulsionada pelo desejo de vivenciar a natureza e fugir do

cotidiano dos centros urbanos. O aumento do fluxo de visitação nos ambientes naturais

faz do planejamento, da presença de estruturas e da oferta de serviços turísticos

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ferramentas essenciais para que o turismo seja desenvolvido de forma ordenada e menos

impactante.

A implantação de estruturas físicas pode diminuir consideravelmente alguns dos

impactos negativos atualmente encontrados no Parque Estadual do Biribiri, visto que a

presença dessas estruturas possibilita a organização da atividade turística e a orientação

dos visitantes, influenciando o comportamento destes no Parque, o que,

consequentemente, minimizaria os impactos gerados pelo turismo.

A construção de estruturas físicas em locais apropriados permite que o visitante

realize suas necessidades, como alimentação, hospedagem e higiene de forma adequada

e em locais que causariam menor impacto, proporcionando a conservação desse

ambiente.

Diante dos estudos sobre o tema apresentado e a atual situação do Parque

Estadual do Biribiri, é fundamental que sejam feitas análises das estruturas propostas no

Plano de Manejo, almejando mudanças que beneficiem o ambiente e os visitantes. Além

disso, este estudo poderá subsidiar possíveis propostas de revisão do Plano de Manejo

do Parque, que já se encontra bastante desatualizado.

O trabalho instiga a continuidade e a elaboração de novos projetos que

proponham soluções para a problemática gerada em torno da atividade turística em

ambientes naturais, buscando principalmente a preservação e conservação da natureza e

a satisfação dos visitantes nestes locais.

O presente estudo também visa contribuir para a produção cientifica que ainda é

escassa em temas relacionados à implantação de estruturas físicas e a oferta de serviços

turísticos em ambientes naturais. Por meio desse trabalho, pretende-se abrir caminhos

para o desenvolvimento de projetos e novas pesquisas que beneficiem a atividade

turística em meio natural, sobretudo em Unidades de Conservação.

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3 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Analisar o disposto no Plano de Manejo no que se refere à implantação de

estruturas de apoio à visitação e gestão do Parque Estadual do Biribiri - PEBI, em

Diamantina – MG.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Compreender a importância da presença de estruturas físicas e da

oferta de serviços turísticos em ambientes naturais.

Compreender as consequências da presença dessas estruturas para o

Parque, para o turista, para a comunidade e para a região.

Contribuir para a atualização do Plano de Manejo do Parque Estadual

do Biribiri – PEBI, no que se refere à implantação de estruturas de

apoio à visitação e gestão do Parque.

Contribuir para a produção científica ainda escassa em áreas

relacionadas à implantação de estruturas físicas e a oferta de serviços

turísticos em ambientes naturais.

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4 METODOLOGIA

Esse trabalho foi desenvolvido a partir da análise do Plano de Manejo do Parque

Estadual do Biribiri – PEBI, elaborado em 2004 pela empresa STCP Engenharia de

Projetos LTDA. Este documento foi base para estudos sobre a viabilidade da

implementação da proposta de inserção de estruturas de apoio à visitação e gestão do

PEBI.

O trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisas descritivas, que utilizam de

técnicas padronizadas de coleta de dados, como as entrevistas semiestruturadas, para

descrever as características de determinada população ou fenômeno. Segundo GIL

(2010), as pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que

habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática.

São também as mais solicitadas por organizações como instituições educacionais,

empresas comerciais, partidos políticos, etc.

O presente trabalho propôs esse método de pesquisa visando analisar e descrever

as observações do estudo do disposto no Plano de Manejo do Parque Estadual do

Biribiri, no que tange as estruturas de apoio à visitação e gestão do PEBI.

De acordo com Denker (2007), as pesquisas descritivas relatam situações por

meio de dados primários, podendo ser quantitativas ou qualitativas. Este trabalho trata-

se de uma pesquisa qualitativa, que consiste na coleta e análise de dados que será feita

por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com atores que se mostraram

relevantes para o desenvolvimento dessa pesquisa, preocupando-se em interpretar e

detalhar aspectos mais profundos do objeto em estudo, permitindo possíveis

intervenções ao longo do processo. Segundo Denker (2007) “a entrevista será utilizada

como meio de observação e conhecimento de opiniões, atitudes e crenças”.

Foi utilizado ainda o método dedutivo que de acordo com Lakatos e Marconi

(2007), parte das leis e teorias e prediz a ocorrência de fenômenos particulares, em

conexão descendente. Parte-se de uma situação geral e genérica para uma particular. Por

meio da dedução, não produzimos conhecimentos novos, porém explicitamos

conhecimentos que antes estavam implícitos. Neste trabalho, foi feita a análise do

disposto no documento Plano de Manejo no que se refere à proposta de implantação de

estruturas físicas na área do Parque e a viabilidade da presença das mesmas.

Em um primeiro momento, foram realizadas pesquisas bibliográficas

fundamentalmente nas áreas de Turismo e Meio Ambiente, Unidades de Conservação,

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Uso Público em Unidades de Conservação, Plano de Manejo, Ecoturismo, Legislação

Ambiental, Impactos Turísticos em Ambientes Naturais, dentre outros temas.

Em sequência, foram feitas pesquisas documentais e pesquisas de gabinete junto

aos órgãos de administração pública relacionados direta ou indiretamente com a gestão

e conservação do Parque Estadual do Biribiri. Para essa etapa, foram feitas análises de

materiais, pesquisas e projetos anteriormente realizados pelo Instituto Estadual de

Floresta - IEF, pela Prefeitura Municipal de Diamantina e pela Universidade Federal

dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM.

Posteriormente, foi feita a análise da proposta de implantação de estruturas

físicas do Plano de Manejo no que se refere as estruturas de apoio à visitação e gestão

do Parque.

Concomitante a etapa anterior, foi desenvolvido o processo de elaboração do

roteiro das entrevistas. A entrevista foi estruturada em 10 questões que tinham como

pilares as discussões acerca da atividade turística no Parque Estadual do Biribiri e a

avaliação das propostas do Plano de Manejo do PEBI no que se refere à implantação de

estruturas físicas na Unidade de Conservação.

Como prévia da entrevista foi elaborado um texto introdutório com informações

sobre o PEBI e, em seguida, foram apresentadas as propostas de implantação das

estruturas dispostas no Plano de Manejo para as avaliações feitas por meio dos

questionamentos da entrevista. Após a conclusão dessa etapa, foi realizado um pré-teste

no dia 04 de outubro de 2011, com a Professora da Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, Cynthia Fonte Boa Pinto, no intuito de verificar se a

proposta da entrevista semiestruturada compreendia os objetivos do trabalho.

Após a revisão do roteiro de entrevista, deu-se início a realização das entrevistas

semiestruturadas, com atores que se mostraram relevantes para o desenvolvimento dessa

pesquisa. Foram realizadas 09 entrevistas no período de 05 de outubro de 2011 a 09 de

novembro de 2011, com os seguintes atores: com o Gestor do Parque Estadual do

Biribiri, Guarda Parque do Parque Estadual do Biribiri; ex-funcionário do Instituto

Estadual de Florestas - IEF, funcionários do Instituto Biotrópicos, pesquisadores da

área, representante da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo - SECTUR e

representante da Comunidade.

Após a realização das entrevistas, foram feitas as transcrições completas das

mesmas, seguido da seleção dos trechos de maior relevância para essa pesquisa.

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Por fim, as análises dos dados primários e secundários, obtidos pelas pesquisas,

possibilitaram o desenvolvimento desse trabalho e o alcance dos objetivos propostos no

presente estudo.

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5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 Turismo

O Turismo é um fenômeno político, social e econômico, que ocorre em função

do deslocamento de pessoas para fora de sua residência, assim como da prestação de

serviços intrínsecos à sua realização. Fundamentalmente, tem como base o lazer,

entretanto não se desassocia de outras atividades que por si só gerem motivação e

provoquem deslocamento.

A evolução histórica do turismo se inicia, primordialmente, por meio do

deslocamento de pessoas em função dos Jogos Olímpicos, na Grécia Antiga. Outro

relevante fator de motivação datado desse período foram as peregrinações religiosas,

que mobilizavam cada vez mais pessoas em todo o mundo.

Em meados do século XVII, tem-se o registro de que a nobreza européia

propiciava aos seus filhos viagens voltadas a educação, iniciando o processo de

interação cultural, que eram os chamados Grand Tours. Já no século XVIII, com

ascensão da burguesia, as viagens se tornaram mais comuns e passaram a ser motivadas

pela busca em conhecer as transformações decorrentes da industrialização eminente

desse período (DIAS, 2005).

Em função do crescente deslocamento e da necessidade de permanência nos

diversos destinos, fez-se presente a oferta de locais onde todos esses viajantes pudessem

se acomodar, tendo apoio básico para a realização de suas atividades. Esse fato foi de

grande importância para o desenvolvimento e concepção do turismo, que a partir de

então, apresentava um dos elementos fundamentais para a composição da oferta turística

contemporânea: os meios de hospedagem.

O período do desenvolvimento tecnológico, impulsionado pela Revolução

Industrial, no século XIX, provocou grandes transformações que influenciaram o

cotidiano das pessoas. A utilização do ferro e do aço como matérias-primas, utilizadas

em larga escala, possibilitaram a criação de edifícios, como também uma grande

evolução nos meios de transporte (TRIGO, 2004). Dois meios de transportes

importantes para o turismo, advindos dessa época, ressaltam-se os grandes navios e os

trens a vapor, que facilitaram o fluxo de pessoas a partir desse período.

Em sequência a evolução dessas tecnologias, Thomas Cook passou a organizar

viagens em grupos, com finalidades comuns, sendo o precursor dos deslocamentos

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turísticos organizados. Em 1841, Cook leva 570 passageiros para um Congresso

antialcoólico em Longhborough, saindo de Leicester, no Reino Unido (DIAS, 2005).

Ainda como abordado em Dias (2005), Cook iniciou a utilização de ferramentas

que fazem parte do cotidiano do turismo moderno, como a concepção de viagens

organizadas, se configurando os primeiros pacotes turísticos; itinerários de passeios,

assim como visitas acompanhadas por guias e a criação de vouchers, largamente

utilizados em hotéis, restaurantes e em transportes durante as viagens.

Outra grande mudança no setor turístico ocorreu posteriormente às duas grandes

guerras mundiais, quando os aviões deixaram de ser utilizados apenas como ferramentas

militares, e passaram a ser usados para transporte de passageiros. Este fato foi relevante

para o desenvolvimento da atividade turística, visto que facilitou o deslocamento de

grandes grupos de pessoas por longas distâncias em um período de tempo menor. Outro

fato que permitiu maior organização do transporte para o turismo foi à criação do voo

charter, que eram os voos fretados (MONTANER MONTEJANO, 2001).

No decorrer dos anos, o turismo foi se tornando uma importante atividade

mundial, que passou a ser influenciado principalmente pelas mudanças políticas, sociais

e econômicas, assim como por outros interesses de cada época.

A evolução acerca da concepção do turismo difundiu sua importância em todo

mundo, que passou a investigar o desenvolvimento desse fenômeno. As pretensões em

torno da atividade cresciam, juntamente com as expectativas e estudos voltados ao

turismo. Em 1970, foi criada a OMT, Organização Mundial do Turismo, principal órgão

representante do turismo no mundo. Segundo a OMT:

O turismo compreende atividades que realizam as pessoas durante suas

viagens em estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um

período consecutivo inferior a um ano e com finalidade de lazer, negócios ou

outras (OMT, 2001, p. 38).

Este conceito da OMT surge com o intuito de estabelecer uma classificação da

atividade turística, que considera como fator determinante o tempo de permanência do

visitante em uma localidade para que este seja considerado “turista”. Com isso, obtêm-

se uma padronização de informações que facilitam a organização de dados para fim de

estudos comparativos que permitem a análise do andamento da atividade turística nos

diversos países membros desta Organização.

Outro conceito de turismo, elaborado por Salah-Eldin Abdel Wahab (apud,

TRIGO, 2004, p.12), define turismo como:

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O turismo é uma atividade humana intencional que serve como meio de

comunicação e como elo de interação entre os povos tanto dentro como fora

de um país. Envolve o deslocamento temporário de pessoas para outras

regiões ou países visando à satisfação de outras necessidades que não a de

atividades remuneradas.

Essa abordagem do turismo transpõe a visão da demanda, também relatada pela

OMT, incluindo o ponto de vista cultural, que atualmente é um forte fator motivador,

capaz de oferecer a interação entre diferentes costumes e proporcionar aos envolvidos a

oportunidade de conhecer e experimentar aquilo que é diferente do seu habitual.

Percebe-se também que este conceito não considera a realização de atividades

remuneradas, o que exclui o turismo de negócios, um dos importantes segmentos do

turismo, atualmente.

Mudando o enfoque da conceituação turística baseado na oferta e demanda,

percebe-se um olhar amplo direcionado, principalmente, aos pilares de deslocamento e

estadia, escrito por Burkart e Medlik (1981 apud LICKORISH, JENKINS, 2000, p.10),

apresentando turismo como “o fenômeno que surge de visitas temporárias (ou estadas

fora de casa) fora do local de residência habitual por qualquer motivo que não seja uma

ocupação remunerada no local visitado.” Indo de encontro a essa definição, Dias (2005),

considera que turistas são aqueles que permanecem por um período superior a 24 horas

fora de seu domicílio, sendo que os que permanecem por um período inferior são

chamados excursionistas.

O turismo, ocorrendo de forma espontânea ou estruturada, requer a utilização de

uma vasta gama de serviços, oferecidos à Demanda Turística (consumidores), a fim de

atender suas necessidades e proporcionar maior bem-estar durante o período de

permanência na localidade visitada. Estes serviços compõem o que é denominado

Oferta Turística, que de acordo com o Ministério do Turismo (2007) é composta pela

Infraestrutura de Apoio Turístico; pelos Equipamentos e Serviços Turísticos; e pelos

próprios Atrativos Turísticos.

De acordo com o Ministério do Turismo (2007), a Infraestrutura de Apoio ao

Turismo é considerada “estrutura física e serviços, que proporciona boas condições de

vida para a comunidade e dá base para o desenvolvimento da atividade turística”, o que

compreende o abastecimento de água, luz, saneamento, os meios de acesso, o sistema de

comunicação, o sistema de segurança, o sistema médico-hospitalar, o sistema de

educação, o sistema de transporte, e os serviços e equipamentos de apoio (postos de

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abastecimento de combustível, agências bancárias, serviços mecânicos e comércio em

geral).

Já os Equipamentos e Serviços Turísticos são as “instalações e serviços

imprescindíveis para a prática da atividade turística”, como os serviços e equipamentos

de hospedagem; gastronomia; agenciamento; transporte e eventos; lazer e

entretenimento e; outros serviços e equipamentos como informações turísticas,

entidades e associações (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007).

Por fim, os Atrativos Turísticos se referem aos “locais, objetos, eventos,

manifestações, pessoas, fenômenos ou equipamentos capazes de motivar deslocamento

de pessoas para conhecê-los” e compreendem os atrativos naturais; os atrativos

culturais; as atividades econômicas; as realizações técnicas, científicas e artísticas; e os

eventos permanentes, capazes de motivar a demanda turística (MINISTÉRIO DO

TURISMO, 2007).

Atualmente, o turismo vem sendo trabalhado em ampla escala, na tentativa de

encontrar as melhores maneiras para ser desenvolvido, como a partir de políticas de

planejamento, a fim de buscar efeitos mais plausíveis da atividade. São vários os

benefícios advindos do turismo, sendo alguns desses a geração de divisas; conservação

da identidade local; criação de empregos; desenvolvimento regional e conservação do

ambiente (MOLINA, 1997 apud, DIAS, 2003, p. 16).

Tendo em vista um crescente e dinâmico público consumidor, a atividade

turística se desenvolveu buscando satisfazer as necessidades e desejos dos visitantes,

encontrando na segmentação um caminho para direcionar as suas ações a grupos

homogêneos de pessoas. A segmentação do turismo pode então, ser estabelecida em

função a oferta, que classifica alguns segmentos como Turismo de Negócios e Eventos;

Ecoturismo; Turismo Religioso; Turismo de Aventura e Turismo Cultural, e também

em função da demanda, apresentando a segmentação de turismo, por exemplo, para a

terceira idade, para jovens, para solteiros ou de acordo com a classe social.

De acordo com o Ministério do Turismo (2010, p.61):

[...] a segmentação é entendida como uma forma de organizar o turismo para

fins de planejamento, gestão e mercado. Os segmentos turísticos podem ser

estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das

características e variáveis da demanda.

A satisfação do visitante deve, então, ser considerada um fator relevante no

processo de desenvolvimento da atividade turística, sendo o turismo uma ferramenta

capaz de promover e transformar sonhos em experiências. Contudo, apesar da

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popularização do turismo, este ainda não se consolidou como uma necessidade ou um

direito legítimo do ser humano, assim como a educação, saúde ou alimentação (TRIGO,

2004, p. 11).

Para tanto, os profissionais do turismo relacionados direta ou indiretamente com

a atividade devem pensar, trabalhar e desenvolver o turismo de forma idônea, utilizando

o planejamento como base de realização, a fim de que os benefícios da atividade

turística atinjam a toda sociedade, promovendo a melhoria da qualidade de vida das

pessoas.

5.2 Planejamento Turístico

Segundo Braga (2007, p.1), “o planejamento é um processo contínuo e

renovável, ele ocorre no período presente, resultante de um aprofundado estudo da

realidade, com o intuito de ordenar ações que acontecerão em um momento futuro”.

Em outro conceito elaborado por Estol e Albuquerque (apud RUSCHMANN,

2010, p.82) entende-se o planejamento como

[...] um processo que consiste em determinar os objetivos de trabalho,

ordenar os recursos materiais e humanos disponíveis, determinar os métodos

e as técnicas aplicáveis, estabelecer as formas de comunicação e expor com

precisão todas as especificações necessárias para a conduta da pessoa ou do

grupo de pessoas que atuarão na execução dos trabalhos e que seja

racionalmente direcionada para alcançar os resultados pretendidos.

No conceito de Braga, planejamento é abordado como um processo renovável,

que permite a reorganização das ideias, visando alcançar os objetivos propostos. Já

Estol e Albuquerque ressaltam a importância da organização de etapas, para alcançar os

resultados pretendidos. Portanto, planejar ações tem grande importância para se realizar

qualquer atividade de forma assertiva, maximizando as oportunidades de sucesso do

objetivo traçado. Em todos os âmbitos, o planejamento se faz necessário para que esses

ensejos realmente se concretizem.

Relacionando ao âmbito político, Rattner (1979 apud DIAS 2003, p.88) propõe

planejamento como “uma técnica de tomada de decisão que dá importância para escolha

de objetivos bem determinados e indica os meios mais apropriados para atingi-los”.

Neste conceito, a ênfase política é explícita, reforçando o uso das ferramentas de

planejamento e tomadas de decisões pelo poder público, na busca pela idealização de

um cenário futuro diferente do atual. Contudo, o planejamento deve abranger outros

campos como os aspectos social, ambiental, cultural e econômico.

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Segundo Ferreira (1999), planejar tem o significado de “planificar, projetar,

programar” com base em um “plano”. O processo de planejamento abrange três

estruturas fundamentais, os Planos, Programas e Projetos.

De acordo com Braga (2007, p.2), “Planos são resultados do processo de

planejamento, ou seja, um documento que contém um descritivo do que foi levantado

para caracterizar a realidade estudada.” Os programas e projetos constituem partes do

Plano, sendo que, segundo Molina (1997, apud DIAS, 2003, p.98), Programa

[...] é composto por uma série de projetos que guardam estreita relação entre

si, e que em conjunto são destinados a converter em realidade os objetivos e

metas do plano. Os programas organizam e otimizam os recursos disponíveis.

Por fim, os Projetos são definidos por Dias (2003) como “a expressão física do

processo de planejamento. É o documento que traduz e deve ‘apresentar exequibilidade

técnica, viabilidade econômica, conveniência social e política’” Belchior (1974, p. 51

apud DIAS, 2003, p. 98).

Segundo Barretto,

As primeiras áreas a efetuarem planejamento foram a militar e a econômica.

Da linguagem militar guardam-se os conceitos de estratégia e tática [...]. O

planejamento econômico começou no Japão no século XIX. Na União

Soviética, após a revolução socialista, começou a ser implementada na forma

de planos qüinqüenais e de sete em sete anos (BARRETTO 2009, p. 13).

Nesta citação de Margarita Barretto observa-se dois conceitos fundamentais para

o planejamento: estratégia e tática. O primeiro se refere aos meios para se conseguir

atingir os objetivos. Já o segundo trata das ações e decisões tomadas a partir do foco no

objetivo pretendido. Entende-se, também, que o planejamento não é um termo utilizado

apenas no mundo contemporâneo, mas sim desenvolvido ao longo de toda a história.

Ruschmann (2010) também apresenta o planejamento de forma ampla. A autora

expõe o planejamento como

[...] uma atividade que envolve a intenção de estabelecer condições

favoráveis para alcançar objetivos propostos, tendo como objetivo o

aprovisionamento de facilidades e serviços para que uma comunidade atenda

ou não seus desejos e necessidades [...] (RUSCHMANN, 2010, p. 81).

Em todos os casos, observa-se que o planejamento do turismo é uma vertente da

ideia geral desta ferramenta utilizada para construção de um cenário futuro.

O turismo como atividade econômica, política e social, tem seu planejamento

pensado e desenvolvido em conjunto entre o Estado, o setor privado e a comunidade. O

planejamento turístico tem como objetivo criar uma perspectiva positiva da atividade e a

tornar sustentável (DIAS, 2005).

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O turismo acontece, por vezes, de forma invasiva ao espaço visitado. Desta

forma, planejar o turismo é fundamental para que impactos negativos – ambientais,

culturais, sociais e econômicos - causados pela atividade sejam mitigados e se

sobressaiam os aspectos positivos que o turismo proporciona aos atores envolvidos

nesse processo.

Em geral, o planejamento é estruturado com base em quatro etapas

fundamentais, sendo elas: o diagnóstico (análise do cenário atual), prognóstico (criação

de cenários futuros), a elaboração de um plano e a implantação do plano (DIAS, 2005).

Essas etapas possibilitam a identificação de pontos fortes e fracos do cenário atual, a

elaboração de objetivos futuros, previsão e implementação de ações capazes de reverter

uma situação negativa de um local, no intuito de se atingir metas e objetivos

previamente definidos.

O turismo é planejado com base em ferramentas que especificam e desenvolvem

um panorama técnico-científico do fenômeno, possibilitando aos idealizadores da

atividade buscar as melhores formas de desenvolvimento turístico em diversos âmbitos,

seja internacional, nacional, estadual, municipal ou regional. São exemplos de

ferramentas de auxílio ao planejamento turístico: o inventário turístico, o estudo da

demanda turística, o estudo de capacidade de carga, o estudo para analisar as

Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades (DAFO) de um ambiente, o método

Delphi de prospecção do desenvolvimento turístico, o Plano de Manejo, entre outros.

Outro amplo conceito de planejamento foi citado por Barretto (2002 apud DIAS,

2003, p. 88) que argumentam que o planejamento é:

[...] uma atividade, não é algo estático, é um devir, um acontecer de muitos

fatores concomitantes, que têm de ser coordenados para se alcançar um

objetivo que está em outro tempo. Sendo um processo dinâmico, é lícita a

permanente revisão, a correção de rumos, pois exige um repensar constante,

mesmo após a concretização dos objetivos.

Dessa forma, destaca-se a importância do planejamento turístico para a

prospecção da atividade, a fim de que um destino não se desenvolva de forma aleatória,

evitando que a atividade turística interfira de forma negativa no desenvolvimento da

localidade e que o ciclo de vida do turismo na destinação não seja alterado

drasticamente. Portanto, é fundamental que o turismo seja embasado em técnicas de

planejamento e no seu desenvolvimento de forma sustentável, visando a possibilidade

de melhoria da qualidade de vida por meio desta atividade.

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5.3 Turismo e Desenvolvimento Sustentável

A percepção de sustentabilidade aflora na sociedade quando as pessoas

compreendem a importância de se preservar e manter o ambiente em equilíbrio,

garantindo que gerações futuras também tenham acesso a recursos que hoje se

apresentam em certa abundância, como os recursos naturais.

A origem das ideias acerca da sustentabilidade se deu em 1972, na Conferência

das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano onde se discutiu a crescente

preocupação com o meio ambiente. Já o termo desenvolvimento sustentável passou a

ser presente após a elaboração do documento intitulado “Nosso Futuro Comum”,

apresentado pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em

1987. Outro evento influente nas discussões acerca da sustentabilidade, principalmente

ambiental, foi a Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro em 1992, conhecida como ECO 92

(DIAS, 2005).

Em função dessa crescente preocupação com as questões ambientais mundiais,

surgem então diversos conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável, como o

apresentado pela ONU (1991 apud DIAS, 2005, p. 107):

Um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção

dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança

institucional se harmonizem e reforçam o potencial presente e futuro afim de

atender as necessidades e aspirações humanas.

Desenvolver ações de forma sustentável exige planejar os diversos âmbitos,

estabelecendo a busca por ambientes economicamente viáveis, ambientalmente corretos

e socialmente justos.

De acordo com Barretto

O desenvolvimento sustentável de uma localidade requer crescimento

econômico, acompanhado de distribuição de renda e devida proteção dos

recursos naturais – base nas suas potencialidades -, com vistas a assegurar

uma qualidade de vida adequada tanto para as atuais como para as futuras

gerações (BARRETO, 2009, p. 56).

As definições acerca de turismo sustentável são semelhantes às preposições do

conceito de desenvolvimento sustentável, advindos da necessidade de mitigar os

impactos negativos gerados pelo turismo. Segundo Swarbrooke (2002), a expressão

“turismo sustentável” surgiu no final dos anos 80, e outras expressões como turismo

verde eram comumente usadas naquela época, cercada por fortes discussões ambientais.

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O turismo sustentável é baseado na redução de custos, maximização de benefícios

ambientais e inclusão social com base na comunidade local (SWARBROOKE, 2002).

Com as crescentes discussões sobre o tema e sua abrangência, o turismo utiliza a

sustentabilidade como uma tendência, uma utopia, que deve ser buscada no sentido de

minimizar os impactos negativos de suas atividades nos ambientes nos quais ele é

desenvolvido.

De acordo com a OMT (apud DIAS, 2005, p. 107), o desenvolvimento

sustentável do turismo

[...] atende as necessidades dos turistas atuais e das regiões receptoras, e ao

mesmo tempo protege e fomenta as oportunidades para o futuro. O

desenvolvimento sustentável do turismo se concebe como um caminho para a

gestão de todos os recursos de forma que possam satisfazer-se as

necessidades econômicas, sociais e estéticas, respeitando ao mesmo tempo a

integridade cultural, os processos ecológicos essenciais, a diversidade

biológica e os sistemas que sustentam a vida.

Este conceito proposto pela OMT, além de ressaltar a importância da

preservação dos recursos para que atendam as necessidades das gerações atuais e

futuras, explicita também a abrangência do conceito de desenvolvimento sustentável,

que envolve não apenas os fatores ambientais, mas também econômicos, sociais e

culturais.

O desenvolvimento da atividade turística deve visar a sustentabilidade,

principalmente quando as atividades são realizadas em áreas naturais, o que implica em

uma maior preocupação com o planejamento do turismo nesses ambientes.

A busca por consumo de espaços em meio natural se torna cada vez mais

frequente em função do modo de vida contemporâneo, envolto por preocupações

exacerbadas, decorrentes de complicações típicas de grandes centros urbanos, como a

violência, trânsito, poluição e a escassez de tempo livre. O desenvolvimento sustentável

do turismo, principalmente em ambientes rurais e em áreas naturais, se expande na

tentativa de atender às necessidades de uma demanda que busca vivenciar experiências

de vida diferenciadas.

Contudo, é perceptível a dificuldade de desenvolver o turismo totalmente

sustentável e manter o equilíbrio da atividade, visto que esta depende da prestação de

serviços de vários setores, onde existe divergência de interesses de forma contundente.

Esta dificuldade é bem notável, propiciando uma nova formatação dos objetivos da

sustentabilidade, como proposto por Ribeiro e Barros (apud FONTELES, 2004, p.59):

A redefinição dos modelos de desenvolvimento segundo “critérios

ecológicos” tem se dado muito mais no sentido de uma adequação à ideia de

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equilíbrio com o meio natural em relação à de “justiça social”, ao

reconhecimento das populações humanas como os verdadeiros sujeitos do

meio ambiente.

O desenvolvimento do turismo sustentável em meio natural deve abranger não

somente preocupações relacionadas ao equilíbrio ecológico, mas também questões

sociais, que envolvam a comunidade local, para que esta participe de forma ativa no

desenvolvimento da atividade turística.

Nesta visão, o Ecoturismo é uma vertente da atividade turística capaz de prover

o desenvolvimento sustentável dos diversos ambientes, de forma que o mesmo atinja os

critérios ecológicos, assim como o desenvolvimento social, por meio de ferramentas

como a educação ambiental, que envolve os profissionais, os visitantes e a comunidade

local.

5.4 Ecoturismo

A intensa preocupação mundial em preservar o meio ambiente e reduzir os

impactos negativos decorrentes da prática de diversas atividades em meio natural, como

o turismo, estimulou discussões acerca dessa problemática. O termo ecoturismo começa

então a ser utilizado no início dos anos 80, sendo essa uma atividade caracterizada pelo

desenvolvimento sustentável e pela formação de uma consciência ambientalista

(KINKER, 2005).

O Ecoturismo é um dos importantes segmentos da atividade turística, que

atualmente vem ganhando cada vez mais espaço no mercado em função da procura por

melhoria na qualidade de vida, que pode ser obtida por meio de práticas e experiências

vivenciadas em meio natural. Ainda em 1993, Ceballos-Lascuráin (apud KINKER,

2005, p. 8), constata que “enquanto a atividade turística cresce a uma taxa média anual

de 4%, o turismo de natureza cresce a uma taxa de 10% a 30% ao ano”. Já em 2007,

César (et al.) expõe que o ecoturismo é um mercado em expansão. Segundo o autor, “50

milhões de pessoas no mundo e meio milhão no Brasil praticam o ecoturismo. O

crescimento anual estimado é de 20% no mundo e 10% no Brasil”.

Lascuráin (1988 apud KINKER, 2005, p. 20) define ecoturismo como

[...] viagem a áreas relativamente preservadas com o objetivo específico de

lazer, de estudar ou admirar paisagens, fauna e flora, assim como qualquer

manifestação cultural existente.

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Neste conceito, ecoturismo é interpretado como uma atividade realizada em

ambientes preservados, que apresentem características relevantes, sendo o visitante

apenas um apreciador, que possui comportamento passivo em relação à natureza.

Segundo o Instituto Brasileiro de Turismo - EMBRATUR (1994 apud COSTA,

2002, p.30), ecoturismo é:

Segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável o

patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação

de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente,

promovendo bem estar das populações envolvidas.

Este segundo conceito complementa a visão de Lascuráin, e aborda o ecoturismo

como uma atividade desenvolvida visando atingir os princípios da sustentabilidade,

principalmente a ambiental e a social. Essa atividade busca despertar no visitante o

sentimento de consciência ambientalista, fazendo com que o mesmo se preocupe não

somente com si próprio, mas com todo o universo em que ele se insere.

Desta forma, entende-se o ecoturismo não apenas como a prática de turismo em

ambientes naturais, mas também que atribui ao turista uma ação pró-ativa em relação à

sustentabilidade do ambiente visitado, no que se refere aos aspectos naturais, sociais,

culturais e econômicos.

A União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN (apud

KINKER, 2005, p.21), apresenta ecoturismo como

[...] viagem ambientalmente responsável e visita à áreas relativamente

preservadas, com o objetivo de lazer e de apreciar a natureza e todas as

manifestações culturais do presente e passado, promovendo a conservação,

com mínimo impacto, e propiciando o desenvolvimento socioeconômico das

comunidades locais.

Este conceito busca englobar o turista como ator ativo no desenvolvimento do

local visitado, ao passo que a inter-relação entre a comunidade e o visitante se faz

presente. O ecoturismo é, então, uma atividade capaz de beneficiar as comunidades

locais, através do desenvolvimento socioeconômico, preservando a identidade cultural e

oferecendo novas possibilidades de renda, assim como de proporcionar a satisfação do

visitante, que tem a oportunidade de contemplar a natureza e as manifestações culturais.

Já o Ministério do Turismo – MTUR (2010, p. 21) considera que

[...] o ecoturismo pode ser entendido como as atividades turísticas baseadas

na relação sustentável com a natureza e as comunidades receptoras,

comprometidas com a conservação, a educação ambiental e o

desenvolvimento socioeconômico.

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O Instituto de Ecoturismo do Brasil – IEB (1996 apud ROCKTAESCHAEL,

2006, p.26) também conceitua ecoturismo como:

[...] a prática de turismo de lazer, esportivo ou educacional, em áreas naturais,

que se utiliza de forma sustentável do patrimônio natural e cultural, incentiva

a sua conservação, promove a formação de consciência ambientalista e

garante o bem estar das populações envolvidas.

O ecoturismo é, então, uma atividade de lazer fundamentada no desenvolvimento

sustentável, na conservação do ambiente, nas práticas educacionais e na relação

harmoniosa entre a natureza, comunidade local e o visitante.

Promover a idéia de preservação do ambiente e incentivar a adoção de práticas

ecologicamente corretas no dia-a-dia, e não somente durante a realização efetiva das

viagens, é de grande importância para o turismo, visto que o ambiente é matéria-prima

desta atividade, e, por tanto, deve buscar e manter a conservação e o equilíbrio do meio.

A Proposta de Resolução CONAMA nº 02/85, relata educação ambiental como

ferramenta capaz de disseminar a preocupação em preservar os recursos ambientais, na

tentativa de conquistar mais adeptos a práticas conservacionistas. Por meio desta

ferramenta, é possível preparar o visitante desde o princípio de sua viagem, fornecendo

informações que direcionem a um comportamento adequado ao meio visitado. Desta

forma, é possível minimizar impactos gerados pela atividade turística.

Assim como as demais atividades do turismo, o ecoturismo, quando não

realizado de forma planejada, provoca diversos efeitos negativos no ambiente, como a

degradação ecológica, a destruição de valores tradicionais, a modificação de

ecossistemas, dentre outros (RUSCHMANN, 2010). Assim o planejamento se faz

realmente necessário, visto que o ecoturismo utiliza espaços com características

peculiares, importantes para a constituição do ambiente.

O Ecoturismo é um segmento do turismo que apresenta crescimento acelerado, em

virtude desse novo pensamento social baseado em ideias preservacionistas, visando

sempre o desenvolvimento sustentável da atividade. O Brasil apresenta grande potencial

para o desenvolvimento da atividade turística em meio natural, em especial o

ecoturismo. Isso devido ao seu extenso território imbuído de belezas cênicas, riqueza

cultural e histórica, além dos diversos ecossistemas com rica biodiversidade

(ROCKTAESCHEL, 2006). O crescimento desse segmento também é impulsionado por

fatores como a fuga do cotidiano dos centros urbanos e busca por introspecção e

relaxamento em espaços tranquilos, assim como pela valorização do patrimônio natural.

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Um dos ambientes mais propícios e para a prática do Ecoturismo são as chamadas

Unidades de Conservação, áreas amplamente preservadas e que a cada dia se tornam

mais comuns e difundidas no cenário nacional.

5.5 Turismo e Unidades de Conservação

A concepção da proteção de espaços naturais com características relevantes

aconteceu na segunda metade do século XIX, visto que a ação antrópica se tornava

prejudicial a paisagens antes não exploradas. Em 1872, nos Estados Unidos, foi criado o

Parque Nacional Yellowstone, o primeiro espaço destinado à preservação de ambientes

naturais (BENSUSAN, 2006).

Os primeiros Parques privilegiavam o meio ambiente em detrimento das

comunidades locais, onde estas eram excluídas do espaço onde se criara uma Unidade

de Conservação, pensamento diferente do atual, que preza pela inclusão da sociedade

em todo o processo de criação e gestão dessas áreas, pelo menos no que se refere à

legislação pertinente.

O meio ambiente é parte importante de um universo de vida das pessoas. É um

elemento essencial na sociedade, onde se pode encontrar recursos diversos,

fundamentais até mesmo para sobrevivência do homem. De acordo com Bensusan

(2006), nessa ótica, a Constituição Federal de 1988, no art.225, dispõe que “o meio

ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, e é dever do poder público

assegurar sua preservação”. A partir desse princípio, é concebido no Brasil, pela Lei.

9985/00, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, a

criação de áreas a serem especialmente protegidas pelo poder público.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei. 9.985, de

18 de Julho de 2000), a definição de Unidades de Conservação é:

Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas

jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído

pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob

regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de

proteção.

Já segundo a WWF – Brasil. et al (2007, p. 4)

Unidade de conservação é um termo utilizado no Brasil para definir as áreas

instituídas pelo Poder Público para a proteção da fauna, flora,

microorganismos, corpos d´água, solo, clima, paisagens, e todos os processos

ecológicos pertinentes aos ecossistemas naturais.

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Algumas categorias de Unidades de Conservação protegem também o

patrimônio histórico-cultural, e as práticas e o modo de vida das populações

tradicionais, permitindo o uso sustentável dos recursos naturais.

O conceito abordado pela WWF determina que as Unidades de conservação são

áreas que possuem características importantes para o meio ambiente como um todo,

envolvendo seus diversos aspectos, visando a proteção do patrimônio natural, ambiental

e histórico-cultural presente no local.

Está disposto no SNUC (Lei. 9985/00, art. 7o), a classificação das Unidades de

Conservação em dois grandes grupos, sendo estes: Unidades de Proteção Integral, com

o objetivo de preservar a natureza, sendo permitido apenas o uso indireto dos recursos

naturais; e as Unidades de Uso Sustentável, que têm como finalidade conciliar a

conservação da natureza com o uso sustentável dos seus recursos naturais, admitindo o

uso direto de parte dos recursos naturais de forma manejada.

Outra definição abordada no SNUC, determina que os Parques, que se inserem

na categoria de Unidade de Proteção Integral, têm como objetivo básico preservar a

natureza, admitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais (IEF, 2011).

De acordo com a Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000, que institui o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação, os Parques podem ser assim definidos:

O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas

naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a

realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de

educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza

e de turismo ecológico.

§ 1º O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas

particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o

que dispõe a lei.

§ 2º A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no

Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão

responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

§ 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão

responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e

restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em

regulamento.

§ 4º As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município,

serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural

Municipal (Lei nº 9.985, Art.11, 2000).

Os Parques são de fundamental importância na prática do ecoturismo, já que são

sítios destinados à preservação dos ecossistemas naturais, voltados para a visitação de

acordo com as normas estabelecidas pelo órgão gestor, que almeja a preservação a partir

estudos científicos, educação, recreação, valorização da cultura e patrimônio local. A

interferência humana é permitida apenas para o manejo necessário à administração

desses Parques.

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O grande valor dos Parques Nacionais para a proteção do ambiente é citado por

Dixon e Sherman (1990, apud KINKER, 2005, p.37), onde dizem que

Os benefícios que os Parques Nacionais brasileiros trazem para a sociedade

são, além da manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos as

oportunidades de recreação e ecoturismo, as oportunidades de educação

ambiental e pesquisa, e a proteção dos valores estéticos, espirituais, culturais

históricos e existenciais.

Os Parques Nacionais são espaços para a conservação da natureza mais antigos

do Brasil e do mundo. A preocupação mundial em proteger determinadas áreas do

território, vem de aproximadamente dois séculos. Apesar de a primeira proposta de

criação de áreas protegidas no Brasil ter acontecido em 1856, é somente em 1937 que

essa idéia se concretiza, por meio da criação do Parque Nacional do Itatiaia. Em

sequência, surgiram o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional das Serras dos

Órgãos, ambos estabelecidos em 1939 (BENSUSAN, 2006). Estes Parques Nacionais

também seguiam o mesmo modelo dos Parques americanos, que excluíam as

comunidades locais.

A criação dessas áreas protegidas influenciou o aumento do fluxo turístico

nesses locais, que reuniam uma série de elementos importantes, formando um cenário

de beleza cênica. A necessidade de estar em contato com a natureza se tornava mais

presente no cotidiano das pessoas.

Atualmente, o Brasil possui um número considerável de áreas protegidas. De

acordo com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação do Ministério do Meio

Ambiente - CNUC/MMA, em 27 de julho de 2011, existiam no país 450 Unidades de

Proteção Integral, totalizando 6,01% do território nacional; e 488 áreas de Uso

Sustentável, somando 12,3% do território brasileiro.

Como descrito, o Brasil possui aproximadamente 18% de seu território ocupado

por Unidades de Conservação. Para que isso se caracterize como fator positivo no

desenvolvimento ambiental do país, é necessária a presença de uma gestão de qualidade

dessas áreas, a fim de que sejam cumpridos os objetivos propostos na Lei.

O planejamento das atividades em Unidades de Conservação é de suma

importância. Deve, portanto, ser embasado em estudos diversificados e em ferramentas

de apoio a conservação e preservação destes ambientes. Um dos principais documentos

desenvolvidos para o auxílio da gestão de uma Unidade de Conservação é o Plano de

Manejo, descrito no SNUC como

[...] documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos

gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as

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normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,

inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade

(Lei 9.985, Capítulo I, art. 2º).

Neste documento, constam informações essenciais para o conhecimento de

elementos que compõe o cenário dessas áreas, como relevo, vegetação, recursos

hídricos, a fauna, a flora, os aspectos sócio-econômicos e a presença de estruturas

físicas de apoio ao visitante. O disposto no Plano de Manejo é fundamental para a

conservação do ambiente e para a administração desses espaços.

A falta de regularização das áreas onde situam as Unidades de Conservação

acaba por interferir no processo de implantação das ideias propostas no Plano de

Manejo, o que dificulta o desenvolvimento sustentável desses ambientes. Essa situação

reflete diretamente na prática do turismo em UCs, pois a falta de estruturas turísticas

que ofereçam apoio ao visitante torna esses locais vulneráveis, aumentando assim a

ocorrência de impactos negativos, tanto para o meio ambiente quanto para a atividade

turística e seus consumidores.

A presença de estruturas turísticas em Unidades de Conservação podem ainda

aumentar a atratividade em detrimento de UCs que não possuam tais instalações, e

também se tornar fator de organização do turismo no local, sendo isso fruto de um

planejamento assertivo.

O turismo é uma alternativa para que a educação ambiental seja difundida,

principalmente na visitação às Unidades de Conservação. Por sua vez, as UCs são locais

essenciais para a prática do turismo contemporâneo, onde se busca espaços para lazer e

descanso de um cotidiano acelerado. Além disso, o turismo é uma das poucas atividades

permitidas em algumas categorias de Unidades de Conservação, fazendo deste um

elemento fundamental para o alcance dos objetivos de cada grupo de UC, além de

proporcionar a integração da comunidade local com o visitante. Percebe-se, assim, a

importância da inter-relação entre a atividade turística e as áreas protegidas, buscando o

desenvolvimento harmonioso e coordenado do turismo em consonância com o meio

ambiente (RUSCHMANN, 2010).

5.6 Turismo, Meio Ambiente e Impactos das Atividades Turísticas Em

Ambientes Naturais

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O turismo se apropria de espaços onde ele é desenvolvido. As paisagens e

cenários que compõe a identidade local se transformam em atrativos de grande beleza.

Como uma forte tendência contemporânea, as atividades turísticas realizadas em

ambientes naturais se tornam amplamente difundidas.

Ruschmann (2010, p.9) diz:

O turismo contemporâneo é um grande consumidor da natureza e sua

evolução, nas ultimas décadas, ocorreu como consequência da “busca do

verde” e da “fuga” dos tumultos dos grandes conglomerados urbanos pelas

pessoas que tentam recuperar o equilíbrio psicofísico em contato com os

ambientes naturais durante seu tempo de lazer.

Uma das principais causas de motivação do turismo em natureza, atualmente, é

este desejo de sair de uma rotina conturbada nas grandes cidades. Para os habitantes dos

centros urbanos, o silêncio, a privacidade e a segurança tem se tornado cada vez mais

raro no dia-a-dia, realidades que podem ser alcançadas em ambientes naturais por meio

da prática do turismo.

Segundo Vieira (apud FONTELES, 2004, p. 40), meio ambiente é apresentado

como “recursos naturais, espaço e habitat”, e de acordo com a Política Nacional de

Meio Ambiente, entende-se meio ambiente como “o conjunto de condições, leis,

influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege

a vida em todas as suas formas” (Lei 6.938, Art.3º, 1981).

É imprescindível ressaltar que se deve entender como “meio-ambiente” todo o

espaço e componentes do mesmo que está a nossa volta, não se fazendo entender apenas

como sítios em meio natural.

O meio ambiente se torna, então, indispensável ao turismo atual, visto que um de

seus componentes, a natureza, é espaço essencial para as tendências da atividade

turística contemporânea (RUSCHMANN, 2010). A atividade turística se apropria dos

mais diversos ambientes e pode se fazer presente em qualquer espaço, seja em sítios

urbanos, áreas rurais, naturais ou mesmo locais que sofreram ações antrópicas de forma

especialmente a receber o turismo, que são conhecidos como ambientes artificiais.

Vale ressaltar a importância do planejamento para o desenvolvimento da

atividade e utilização de estratégias como a educação ambiental, se tornando mediadora

e incentivadora de práticas ecológica e culturalmente corretas.

O despertar do sentimento de pertencimento na comunidade local e também a

educação ambiental para visitantes e autóctones é de grande importância para a

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visitação em ambiente naturais. Essa ética ambiental, é fundamental para a visitação

nestes ambientes, vulneráveis a todo tipo de ações antrópicas.

Como citado por Guattari (apud FONTELES, 2004, p. 42),

Mais do que nunca a natureza não pode ser separada da cultura e precisamos

aprender a pensar, transversalmente, as intenções entre ecossistemas,

mecanosferas e universos de referência sociais e individuais.

Isto instiga o pensamento envolto de ética ambiental, onde homem e natureza

participam de um mesmo processo de evolução e estejam unidos em um processo de

desenvolvimento em busca de sustentabilidade.

Para Swarbrooke (2002), o turismo quando praticado de forma sustentável é uma

oportunidade de conservação do meio ambiente natural. Sendo assim, a relação entre a

atividade turística e o meio pode ser favorável, visto que há diversos impactos positivos

eminentes, como o desenvolvimento econômico local, a formação de consciência

ambiental, a valorização e conservação do ambiente pelo visitante e pela comunidade, a

melhoria na qualidade de vida dos envolvidos, por meio do contato com o ambiente

natural, o incentivo à criação de Unidades de Conservação, dentre outros.

Em contraposição, essa mesma atividade também pode apresentar uma grande

ameaça a esses espaços, devido à geração de inúmeros impactos negativos sobre o meio

natural. São exemplos de impactos negativos ao meio ambiente causados pelo turismo

desordenado: poluição do ar e da água, degradação da paisagem, destruição de fauna e

flora, pisoteio e erosão do solo, geração de lixo, além de conflitos entre população local

e visitantes, dentre outros.

Sendo o Brasil um país que possui grande potencial para o desenvolvimento do

turismo em áreas naturais, é fundamental estabelecer uma relação de equilíbrio entre a

atividade turística e o meio ambiente. De acordo com Swabrooke (2004, p. 77), “o

turismo é apenas uma das atividades que alteram paisagens, e é provavelmente menos

significativo em seu impacto que outras indústrias (sic) [...]”. Portanto o turismo é uma

atividade que deve ser desenvolvida com base em ações bem planejadas, no intuito de

fazer com que os benefícios se sobressaiam aos aspectos negativos, evitando, assim, que

essa atividade se torne uma ameaça para o meio onde ela é desenvolvida e para os atores

envolvidos neste processo.

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6 O PEBI E O PLANO DE MANEJO

O Parque Estadual do Biribiri - PEBI, localizado em Diamantina – MG, foi

criado em 22 de Setembro de 1998, pelo Decreto nº 39.909. Com uma área de

aproximadamente 16.998,66 hectares, o PEBI está inserido no Alto Jequitinhonha, no

complexo da Serra do Espinhaço, região declarada pela UNESCO como Reserva da

Biosfera. A criação do Parque Estadual do Biribiri se relaciona com o fato deste

apresentar em sua extensão características naturais relevantes.

O nome do Parque se originou da propriedade denominada Fazenda do Biribiri.

Nesta área se encontra a Vila do Biribiri (que não está inserida na extensão do Parque),

onde funcionaram oficinas de lapidação e fundição de metais, além da Fábrica de

Tecidos, uma das primeiras unidades fabris de Minas Gerais (STCP ENGENHARIA

DE PROJETOS LTDA, 2004c).

Atualmente, o Parque está sob gestão do Instituto Estadual de Florestas – IEF,

órgão responsável por administrar as Unidades de Conservação do Estado de Minas

Gerais.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), os

Parques se inserem na categoria de Unidade de Conservação de Proteção Integral, que

têm como objetivo básico preservar a natureza, admitindo apenas o uso indireto dos

recursos naturais (BRASIL, Lei. 9.985, de 18 de Julho de 2000, art. 7, §1º.).

Como disposto no Plano de Manejo (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS

LTDA 2004a):

O Parque Estadual do Biribiri se justifica como unidade de conservação de

Proteção Integral, por apresentar remanescentes da vegetação do Cerrado,

possuir diversas nascentes (córregos: Messias, Barris, dos Cristais, Carrapato,

Carrapatinho, entre outros), grande beleza cênica, atrativos turísticos

(cachoeiras da Sentinela, dos Cristais e do Barris) e patrimônios arqueológico

(pintura rupestre) e histórico-cultural (Caminho dos Escravos).

O PEBI apresenta, então, diversos aspectos de relevante importância histórica,

cultural e natural, como casarios coloniais datados do século XVIII, diversas nascentes e

cursos d’água que formam as cachoeiras do Parque, como a Sentinela e Cristais, duas

das de maiores beleza natural da região (IEF, 2011).

De acordo com o Plano de Manejo (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS

LTDA, 2004c), o clima predominante da região é tropical, com períodos de seca (junho

a agosto) e de chuva (novembro a março) bastante delimitados durante o ano. Possui

temperaturas amenas durante todo o ano, com médias entre 18ºC a 19ºC.

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O relevo do Parque e da região é caracterizado pela presença da Serra do

Espinhaço, marcado pelas raras planícies e pela sua área montanhosa, o que, em

conjunto com a abundante hidrografia, permite a formação de diversas cachoeiras e

quedas d’água de beleza exuberante, além de outras paisagens formadas pelas belas

montanhas em conjunto com a flora local.

A hidrografia encontrada no Parque Estadual do Biribiri é abundante e de grande

importância para a composição das paisagens do local. A principal bacia hidrográfica

que aporta a maioria dos córregos do Parque pertence ao Ribeirão das Pedras, afluente

do Rio Pinheiros. Apesar disso, outros vários cursos d’água são identificados, como o

Córrego do Tijuco, o Ribeirão do Guinda e também o Rio Jequitinhonha. Ainda de

acordo com o Plano de Manejo do PEBI, a qualidade das águas do Parque é considerada

excelente para banho (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, 2004c).

De Acordo com o Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri (STCP

ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, 2004c), a vegetação do PEBI

[...] apresenta diferentes fisionomias vegetais, incluindo as formações

campestres, savânicas e florestais, entre elas a Floresta Estacional e o

Cerrado. Predominam as formações campestres, representadas por Campo

Limpo e Campo Rupestre. As formações savânicas são representadas pelo

Cerrado Típico, Cerrado Ralo e por poucas áreas com Cerrado Rupestre.

Algumas manchas de Cerrado Típico são encontradas, mas são bem escassas.

Áreas de Cerrado Rupestre são observadas nas encostas das serras, enquanto

o Cerrado Ralo está sempre associado às áreas campestres.

A importância biológica do Parque começa a se apresentar ao passo que nota-se

em sua vegetação áreas de extrema relevância para o bioma nacional, como o Cerrado e

os Campos Rupestres, áreas com inúmeras espécies hoje consideradas em extinção,

além de apresentar espécies endêmicas, o que agrega imenso valor à preservação de seu

ambiente.

Com importância semelhante à flora, a fauna encontrada no Parque Estadual do

Biribiri é bastante diversificada contendo animais de diversos biomas. Apesar disso, a

maior influência é na apresentação de espécies típicas da Floresta Atlântica e do

Cerrado e Campos Rupestres (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, 2004c).

A diversidade de espécies e biomas encontrados na área do PEBI ratificam a

importância da preservação desse espaço. São exemplos da fauna e flora local: Lobo-

guará (Chrysocyon brachiurus), Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), Beija-

flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus), Suçuarana (Felis concolor), Cágado

(Ancathochelys radiolata); Sempre-viva (Paepalanthus spp. e Xyris sp.), Jatobá do

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Cerrado (Hymenaea stigonocarpa), Cagaita (Eugenia dysenterica), Mangaba

(Hancornia speciosa) e diversas espécies de Orquídeas.

O Parque Estadual do Biribiri apresenta em sua extensão inúmeros atrativos que

reforçam o potencial turístico da Unidade de Conservação. De acordo com o Inventário

Turístico do PEBI (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri,

Instituto Estadual de Floresta, 2009), são aspectos que formam um rico cenário

turístico: os sítios arqueológicos; a presença de recursos minerais e geológicos; a

hidrografia, que forma as diversas cachoeiras, barragens e córregos; as trilhas; as lapas;

os mirantes, como também a fauna e flora local. Os principais atrativos turísticos do

PEBI são: Cachoeira Sentinela, Cachoeira dos Cristais, Poço da Água Limpa, Poço do

Estudante, Caminho dos Escravos e Pinturas Rupestres.

Figura 01 – Cachoeira Sentinela

Fonte: Patrícia Carocci, 2010

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Figura 02 – Cachoeira dos Cristais

Fonte: Patrícia Carocci, 2010

Figura 03 – Pintura Rupestre Fonte: Raquel Faria Scalco, 2011

A gestão de Unidades de Conservação implica na elaboração do Plano de

Manejo, que segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC é

definido como

[...] documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos

gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as

normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,

inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade

(BRASIL, Lei 9.985, Capítulo I, art. 2º).

No Plano de Manejo do PEBI encontram-se, então, as características da área,

como as relativas à fauna, flora, vegetação, relevo, hidrografia, seu zoneamento, os

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aspectos socioeconômicos, e um Plano que direciona ações para o desenvolvimento,

organização e implantação do Parque, contendo, inclusive as normas para implantação

de estruturas físicas no local. De acordo com o SNUC, esse documento deve ser

elaborado no máximo 5 (cinco) anos após a criação do Parque.

De acordo com Alves (1996, p.17), o Plano de Manejo é um documento que

deve ser atualizado a cada cinco (05) anos. Entretanto, o Parque Estadual do Biribiri

possui um Plano de Manejo elaborado em 2004 e sem nenhuma atualização. As ideias

propostas no Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri não foram implementadas

devido, principalmente, ao fato desta área ainda não ter sua situação fundiária

regularizada, possuindo várias propriedades particulares em seu interior. Desta forma, a

aplicação das adequações propostas no Plano de Manejo do PEBI se tornaram inviáveis.

Segundo o Plano de Manejo (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA,

2004a), o Parque Estadual do Biribiri

[...] tem por finalidade proteger a fauna e a flora regionais, as nascentes dos

rios e córregos da região, além de criar condições ao desenvolvimento de

pesquisas, estudos científicos e alternativas de uso racional dos recursos

naturais, como o ecoturismo.

Esses elementos que compõe o cenário do PEBI fazem do Parque um importante

atrativo, onde é possível realizar atividades relacionadas a pesquisas científicas, a

educação ambiental, assim como a prática do turismo em meio natural, que culminam

na visitação do local.

“O turismo é uma possibilidade concreta de desenvolvimento econômico, e

Diamantina já é um destino turístico, em função do seu rico patrimônio arquitetônico e

histórico” (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA, 2004b). Sendo o Parque

Estadual do Biribiri o atrativo natural mais visitado da cidade, há a possibilidade do

desenvolvimento de uma nova vertente do turismo, que perpassa o patrimônio histórico

e cultural e abrange também, o caráter de destino ecoturístico.

O Parque proporciona ao visitante, a oportunidade de praticar atividades de

contemplação da paisagem, dos sítios arqueológicos, da fauna e flora local, que são

importantes para o desenvolvimento de pesquisas, assim como desfrutar das diversas

trilhas e cachoeiras, que fazem do Parque um importante atrativo natural.

Atualmente, o Parque Estadual do Biribiri não se encontra oficialmente aberto à

visitação, em função da falta de regularização fundiária, da implantação de estruturas

físicas e da oferta de serviços de apoio à visitação e gestão do Parque. Entretanto, a

visitação no PEBI acontece de maneira espontânea e em números expressivos, tornando

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essa prática desordenada, o que gera diversos impactos ambientais no Parque, como a

geração de resíduos, desmatamento, incêndios, dentre outros diversos.

Sendo assim, o Parque Estadual do Biribiri é uma Unidade de Conservação

relevante para o desenvolvimento da atividade turística da região. Portanto, é

fundamental que seja respeitado o disposto no Plano de Manejo, que auxilia na gestão

do Parque, assim como nas atividades a serem realizadas nesta área. Desta forma, a

presença de estruturas de apoio a visitação apresentadas pelo Plano de Manejo do PEBI,

poderiam influenciar na redução dos impactos negativos que atualmente são visíveis

neste ambiente. Contudo, a falta de regularização fundiária da área do Parque Estadual

do Biribiri, dificulta a implementação efetiva da proposta do Plano de Manejo. Como

alternativa a esse impasse, são desenvolvidas diversas atividades de incentivo a

educação ambiental, na tentativa de orientar o comportamento adequado da comunidade

e dos visitantes no Parque, visando a preservação e conservação do ambiente.

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7 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente estudo foi desenvolvido com o propósito de analisar o disposto no

Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri - PEBI, no que tange a implantação de

estruturas físicas de apoio a visitação e gestão da Unidade. Para tanto, foram realizadas

pesquisas bibliográficas, pesquisas de gabinete, assim como entrevistas

semiestruturadas. Nestas entrevistas foram abordados temas que nortearam as

discussões que serão apresentadas neste capítulo.

A partir da realização dessa pesquisa, foi possível diagnosticar aspectos de

fundamental importância, tanto para o Parque quanto para o cenário turístico,

socioeconômico e ambiental do município e região. Esses aspectos serão analisados a

seguir.

7.1 A Atividade Turística no PEBI

Em relação à avaliação da atividade turística no Parque Estadual do Biribiri, é

perceptível que o PEBI é um atrativo turístico de Diamantina, com grande fluxo de

visitação, que se concentra em determinadas áreas do Parque e em algumas épocas do

ano, como o carnaval e outros feriados nacionais. O seguinte trecho de entrevista

reforça essa afirmação:

[...] pelos últimos trabalhos que foram feitos no Parque, me surpreendeu o

volume de visitantes. Porém, é um volume de visitantes concentrado em

determinadas épocas, como o Carnaval e Semana Santa (Entrevista com

pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

Além do depoimento, o gráfico abaixo demonstra que o PEBI é o atrativo

natural mais visitado pelos turistas de Diamantina.

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Gráfico 01 – Atrativos Naturais Visitados

Fonte: SILVEIRA & MEDAGLIA, 2011

O gráfico 01 representa os resultados da Pesquisa do Perfil da Demanda Real de

Diamantina e Região (SILVEIRA & MEDAGLIA, 2011), em relação à visitação aos

atrativos naturais. Foi constatado que o Parque Estadual do Biribiri é o atrativo natural

mais visitado em Diamantina e região, o que reforça a proposta do Plano de Manejo no

que tange a implantação de estruturas físicas que possivelmente auxiliariam no

controle do fluxo de visitação e na manutenção das atividades realizadas na área do

Parque, como portarias, sanitários e estacionamentos.

Vale ressaltar o elevado número de atrativos naturais que existem na região e o

baixo fluxo de visitação nos mesmos, visto que a maioria dos entrevistados da

Pesquisa do Perfil da Demanda Real de Diamantina e Região (2011), não havia

visitado nenhum desses atrativos, o que reforça a ideia de que, apesar do potencial,

Diamantina ainda não é consolidada como um destino ecoturístico.

Pelo gráfico abaixo, percebe-se que a visitação ao PEBI ocorre de forma

concentrada, em períodos de feriados e férias.

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.

Gráfico 02 – Número de Visitantes no PEBI – 2008, 2009, 2010 Fonte: ÁVILA & PAULA, 2010

O gráfico 02, disposto no Relatório de atividades PEBI 2010 representa os

resultados da Pesquisa com os visitantes do Parque, nos anos de 2008, 2009 e 2010.

De acordo com o Instituto Estadual de Florestas (2010), no período de Carnaval do

ano de 2010, o registro de visitantes no Parque foi de aproximadamente 11.580

pessoas. Esse Relatório comprova que o fluxo de visitação no Parque Estadual do

Biribiri é intenso e contínuo e que há um aumento significativo de visitantes a cada

ano, como apresentado no gráfico subsequente – Número Total de Visitantes no PEBI

(ÁVILA & PAULA, 2010).

Gráfico 03 – Número Total de Visitantes no PEBI

Fonte: ÁVILA & PAULA, 2010

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Um dos maiores entraves para o cumprimento dos objetivos do Parque é a falta

de regularização fundiária que interfere no processo de implementação das ideias

propostas no Plano de Manejo, dificultando o desenvolvimento sustentável do Parque,

que não se encontra oficialmente aberto à visitação, o que na prática usualmente ocorre.

Atualmente, o Parque Estadual do Biribiri, oferece condições mínimas para

visitação, como o container-portaria, as placas de sinalização e o estacionamento na

Cachoeira Sentinela. Segundo Ávila & Paula (2010), “A instalação do Container-

Portaria, na região sul do PEBI, foi o salto físico mais importante do parque desde sua

criação”.

Figura 04 – Container Portaria do PEBI

Fonte: ÁVILA & PAULA, 2010

Figura 05 – Placas de Sinalização

Fonte: Raquel Faria Scalco, 2011

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Hoje em dia a visitação ao Parque acontece de forma espontânea e sem controle,

acarretando diversos impactos para o meio ambiente do PEBI. Essa afirmação pode ser

confirmada por meio do seguinte trecho de entrevista:

[...] o Parque fica um pouco entregue assim, a uma visitação turística que

pode ser também, tanto praticada por pessoas conscientes com esse foco

socioambiental, com esse foco de preservação do meio ambiente ligado

mesmo a essa área, a esse segmento do ecoturismo, como também pessoas

maldosas, que pode ser até conflituosos com o Parque (Entrevista com

representante de ONG, realizada em outubro de 2011).

Foi relatado, ainda, que a falta de estrutura, segurança e monitoramento das

atividades no Parque Estadual do Biribiri inibem o desenvolvimento do turismo na UC,

o que reitera a importância do ordenamento da atividade e da implantação de estruturas

de apoio à visitação e gestão da Unidade de Conservação. O seguinte trecho aborda essa

problemática:

[...] a atividade turística, ela é totalmente desordenada. Ela tem o mínimo de

organização pra dar, oferecer as condições mínimas, né, mas muito longe do

ideal, que é realmente a presença massiva de funcionários para realmente

persuadir e instruir as pessoas a seguir uma determinada conduta (Entrevista

com representante de ONG, realizada em outubro de 2011).

Considerando que o PEBI é um importante atrativo para o turismo de

Diamantina, capaz de influenciar no aumento do fluxo turístico e que oferece somente

condições mínimas de apoio à visitação e gestão, é de fundamental importância que as

propostas do Plano de Manejo, no que tange a inserção de estruturas físicas, sejam de

fato analisadas e implementadas, a fim de melhorar a qualidade da visitação no Parque,

minimizar os impactos negativos que atualmente são perceptíveis e ainda contribuir

para o desenvolvimento do turismo em Diamantina e região.

7.2 Contribuições do PEBI Para o Desenvolvimento Socioeconômico e

Turístico de Diamantina

Nesta pesquisa, foi realizada também a análise sobre a contribuição do Parque

Estadual do Biribiri para o desenvolvimento socioeconômico e turístico de

Diamantina. Neste aspecto, foi abordado que o PEBI, atualmente, contribui mais para

a atividade turística do que para o desenvolvimento socioeconômico e um dos fatores

que levam a essa percepção é devido à falta de estruturação do Parque. Essa afirmação

foi abordada nesse trecho:

Então, é um atrativo potencial da cidade, com relação a contribuir com o

socioeconômico, econômico sim, eu acredito que contribui já para essas

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empresas, pra esses que se beneficiam do turismo. Não contribui tanto assim

no geral com as comunidades do entorno, pelas deficiências que o Parque

tem mesmo, de estruturação né, de forma de gerar emprego, gerar formas de

inclusão social [...]. (Entrevista com representante de ONG, realizada em

outubro de 2011).

Outra percepção sobre esse mesmo aspecto foi relatada da seguinte maneira:

Eu acho que ele contribui pra a atividade turística. Agora, eu acho que nesse

momento ele não contribui em nada na questão socioeconômica. Acho que

ele não tem apelo nenhum socioeconômico, ainda, posto que o Parque tem

uma visitação que ainda não pode ser cobrada por uma questão fundiária

(Entrevista com pesquisador vinculado à Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

A classificação do Parque como Unidade de Proteção Integral e a elaboração do

Plano de Manejo, documento que apresenta formas de gestão da Unidade de acordo

com os seus objetivos, ainda provoca muitos problemas para as comunidades do

entorno, visto que muitas atividades tradicionalmente desenvolvidas por elas como

fonte de renda foram proibidas, como o garimpo, a coleta de sempre-viva, a caça e a

retirada de lenha. Assim a estruturação do Parque se faz necessária, também como

uma forma de compensar essas comunidades possibilitando uma nova alternativa de

renda, como pelo desenvolvimento do turismo.

O Parque Estadual do Biribiri foi mencionado como um atrativo a mais para a

cidade de Diamantina, que poderia contribuir de maneira mais incisiva para o

desenvolvimento econômico, por meio de um melhor aproveitamento do Imposto

Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS ecológico, que, de

acordo com o site ICMS Ecológico é:

[...] um instrumento de estímulo à conservação da biodiversidade, quando ele

compensa o município pelas Áreas Protegidas já existentes e também quando

incentiva a criação de novas áreas Protegidas, já que considera o percentual

que os municípios possuem de áreas de conservação em seus territórios.

O trecho de entrevista a seguir reitera essa questão:

Hoje, existe o ICMS ecológico, né, e Diamantina tem o Biribiri ‘inteirinho’

dentro do seu município e ainda tem o Parque Nacional das Sempre-Vivas. O

município poderia receber muito mais se também fosse mais proativo, né,

não esperar tanto do IEF, né, o município poderia ser mais responsável por

isso. Porque seria interesse o município fazer com que a nota fosse maior

pelo tamanho dessas duas Unidades como estas no município e não faz por

onde. (Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de 2011).

O ICMS exerce um importante papel para o desenvolvimento socioeconômico

do município, pois é uma maneira de incentivar a conservação de áreas com

características naturais relevantes e de compensar o município pelas Áreas Protegidas

existentes, por meio de retorno financeiro.

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Em uma visão geral, observa-se que o PEBI é um importante atrativo para

Diamantina e que poderia se bem estruturado, gerar mais retorno socioeconômico para a

região, visto que seu potencial é inimaginável em vista de sua realidade atual.

7.3 Conhecimento Sobre o Plano De Manejo do PEBI

Um fato importante também abordado durante a realização das entrevistas foi o

questionamento sobre o conhecimento do entrevistado a respeito do Plano de Manejo do

Parque Estadual do Biribiri. Nessa abordagem, foi constatado que todos os entrevistados

já tiveram contato com o documento, principalmente por via institucional, com exceção

do representante da comunidade, que alegou não conhecer o Plano de Manejo, nem ter

tido contato com o documento.

Esse fato evidencia o baixo envolvimento ou até mesmo a falta da comunidade

integrada no processo de participação da elaboração do documento e também das ações

de uso público voltadas para o PEBI. O seguinte trecho de entrevista corrobora com

essa afirmação:

[...] só veio a tona mesmo em 2004, que foi a época que eles já começaram a

proibir, a falar se ia ter coisa que a gente não podia fazer [...]. Então o que

veio ao conhecimento da gente foi depois de 2004. A gente não tinha

conhecimento desse Parque. (Entrevista com representante da comunidade,

realizada em outubro de 2011).

O conflito entre comunidade, turismo e gestão do Parque, é uma realidade

que deve ser trabalhada, afim de que essa relação aconteça de forma harmônica, para

que todos os envolvidos com o PEBI realmente se beneficiem a partir da atividade

turística, que é uma real oportunidade presente na região.

7.4 Importância da Presença de Estruturas Físicas em Unidades de

Conservação

Em relação à importância da presença de estruturas físicas em Unidades de

Conservação, sobretudo em Parques, foi constatado que é de fundamental importância

que nessas áreas existam tais estruturas de apoio à visitação e gestão, pois estas

direcionariam as atividades decorrentes da visitação para locais mais adequados,

implicando na preservação do ambiente.

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Como propõe um ex-funcionário do Instituto Estadual de Florestas – IEF, as

estruturas são imprescindíveis, principalmente pela visitação ocorrer em um ambiente

natural, que necessita de um cuidado maior. O trecho de entrevista ilustra a questão,

focando, principalmente, a visitação do ambiente:

[...] como a área é natural a gente precisa, a gente foca a preservação. Eles

não podem chegar e fazer, por exemplo, necessidades em qualquer lugar,

então eu acho que, por exemplo, sanitários é o mínimo de estrutura que eles

tem que ter, e a portaria também pra eles saberem que eles estão entrando na

área. (Entrevista com ex-funcionário do Instituto Estadual de Florestas – IEF,

realizada em novembro de 2011).

Esta estruturação também é imprescindível para ampliação de oportunidades

para as comunidades do entorno, como forma de geração de emprego e renda. O trecho

de entrevista a seguir apoia essa informação: “[...] na verdade são essas estruturas físicas

que vão dar qualidade para a atividade turística, né, e, muitas vezes, atrás de uma

estrutura virão uma série de possibilidades de inclusão social também.” (Entrevista com

representante de ONG realizada em outubro de 2011).

Outra importante consideração é que a implantação de estruturas físicas nos

Parques contribui para o alcance dos objetivos dos mesmos. Como já abordado nesse

trabalho, os objetivos dos Parques passam por questões de visitação pública voltadas à

educação ambiental, recreação e turismo ecológico, assim como desenvolvimento de

pesquisas cientificas. O trecho de entrevista a seguir vai de encontro a essa afirmação:

Todas as Unidades elas são abertas a algum tipo de visitação (sic) e o Parque

tem essa prerrogativa, principalmente né, da atividade turística, ele tem que

ter infraestrutura, sem infraestrutura ele não vai funcionar, ele não vai gerar o

resultado esperado para essa Unidade, que é o conhecimento da sua área, a

mudança de postura frente às questões ambientais. E mesmo né, talvez uma

coisa que é extremamente importante nas Unidades de Conservação que estão

sendo implantadas (e que já foram também porque é uma coisa que tem que

ser continua) sem a estrutura, jamais a gente vai ter um ambiente propicio a

coleta de informação, seja ela humana, seja ambiental. (Entrevista com

pesquisador vinculado à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

Por fim, as estruturas físicas de apoio a visitação e gestão de Parques contribuem

de forma enfática para o ordenamento do fluxo de visitação, influenciam na satisfação

do visitante, bem como em possibilidades de geração de renda para a comunidade.

O gráfico a seguir, resultado de uma pesquisa realizada com visitantes do PEBI

em abril de 2011, representa o desejo dos mesmos em relação à infraestrutura de apoio

na área do Parque Estadual do Biribiri.

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Gráfico 04: Necessidade de Infraestrutura

Fonte: Perfil da Demanda e Análise Da Satisfação do Visitante do Parque Estadual do

Biribiri (NUNES, NEUMANN &VALARINI, 2011)

Tendo em vista esse gráfico, percebeu-se o desejo da presença de diversas

estruturas para apoio à visitação e gestão no parque, sendo que as mais citadas foram

um Centro de visitantes e Banheiros próximos às cachoeiras, estruturas que fazem parte

da proposta do Plano de Manejo do PEBI.

7.5 Avaliação das Propostas do Plano de Manejo do PEBI

O presente trabalho também abordou a avaliação das propostas do Pano de

Manejo do Parque Estadual do Biribiri, no que se refere às estruturas de apoio à

visitação e gestão. Os entrevistados foram questionados acerca da viabilidade da

construção das estruturas presentes no Plano de Manejo do PEBI, assim como a

adequação das mesmas à realidade do Parque.

A seguir, serão abordadas todas as estruturas presentes na proposta do Plano de

Manejo, acompanhadas das opiniões dos entrevistados. Para orientação das áreas onde

cada estrutura deverá ser implantada, apresenta-se a seguir o Mapa do Programa de Uso

Público no Contexto do Zoneamento do Parque Estadual do Biribiri.

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Figura 06 – Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do Zoneamento do

Parque Estadual do Biribiri Fonte: Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri (STCP ENGENHARIA DE PROJETOS

LTDA, 2004)

Em relação à implantação do Centro Administrativo (150 m²), localizado na

Zona de Uso Especial, porção Sul do PEBI e composto por 01 sala do gerente; 02

banheiros; 01 sala de reuniões; 01 copa; 01 sala para administrativo; 01 almoxarifado e

mobiliário, os representantes de ONG, consideraram que essa estrutura deve ser

construída e que a proposta está adequada para o PEBI, opinião compartilhada também

pelos funcionários do Instituto Estadual de Florestas, pelo funcionário da Secretaria

Municipal de Cultura e Turismo e pelo representante da comunidade local. Já para um

dos pesquisadores vinculados à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri – UFVJM (Entrevista realizada em outubro de 2011), a estrutura não deve ser

construída, pois esta poderia estar integrada à administração do SISEMA – Sistema

Estadual do Meio Ambiente, em área fora do Parque.

A proposta de implantação do Centro Administrativo é interessante, sendo essa

uma estrutura necessária, por ser um espaço destinado para a organização do uso

público do Parque, que auxilia na gestão da Unidade de Conservação.

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A segunda proposta refere-se ao Centro de Manutenção e Apoio ao Funcionário

(300 m²), localizado na Zona de Uso Especial, porção Sul do PEBI, apresentando 01

almoxarifado; 01 sala para brigada; 02 banheiros com vestiários para funcionários; 01

cozinha; garagem para 03 veículos; 01 oficina; 01 deposito e mobiliário. Todas as

opiniões foram favoráveis à construção dessa estrutura no Parque, assim como

analisaram como adequadas para o PEBI, mas houve uma exceção neste quesito. Um

dos funcionários do Instituto Estadual de Florestas – IEF, indagou acerca de sua

adequação com a seguinte justificativa: “No meu modo de ver podia criar um pequeno,

não uma coisa grande no Mendanha, até por causa que tem muita cachoeira, as maiores

cachoeiras estão lá”. (Entrevista realizada em outubro de 2011).

A presença do Centro de Manutenção e Apoio ao Funcionário é importante, pois

auxilia nas atividades dos funcionários do Parque. É interessante pensar em uma

proposta em proporções reduzidas para a região de Mendanha, visto que consta no

Plano de Manejo a implantação de uma Portaria de acesso por essa região, e que por

tanto terão funcionários atuando nessa área, que também necessitam de estrutura para o

desenvolvimento de suas atividades.

Outra estrutura proposta é a Casa do Funcionário (96 m²), localizada na Zona de

Uso Intensivo, porção Sul, estruturada com 01 sala; 01 cozinha; 02 quartos; 01 banheiro

e mobiliário. Foi avaliada de forma pertinente a presença desta casa na área do Parque,

porém um dos representantes de ONG (Entrevista realizada em outubro de 2011)

considerou tal estrutura inadequada, visto que necessitaria de mais espaço como quartos

e banheiros em função da quantidade de funcionários previstos no Plano de Manejo.

Outros entrevistados avaliaram que a casa do Funcionário é uma construção

desnecessária, já que a Unidade de Conservação se encontra próxima à cidade e também

que os funcionários do Parque já possuem moradia fixa em Diamantina. O trecho de

entrevista a seguir confirma a afirmação:

Não sei se no caso do Biribiri seria necessário porque o Parque é muito

próximo da cidade, os funcionários também moram próximos da cidade e eu

acho que acaba misturando um pouco, né, o funcionário morar no Parque. A

gente tem dificuldade em dividir que horas que ele tá trabalhando e que horas

que ele tá de folga. Ele acaba estando de folga durante o trabalho e vice-

versa, então, não sei se seria fundamental ter. Mas tendo em vista que o

Parque tem diversas casas ociosas que vão ser desapropriadas, eu acho que a

gente poderia, havendo o interesse de um funcionário, ter isso aí. Então, eu

acho que é adequado, mas não, o Plano de Manejo prevê uma construção de

uma casa, se não me engano, e eu acho que a construção não é adequada,

talvez seria adequado a gente utilizar uma casa já construída pra esse fim.

(Entrevista com representante do Instituto Estadual de Florestas - IEF,

realizada em novembro de 2011).

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A proposta do Plano de Manejo para implantação da Casa do Funcionário é

insuficiente, visto a composição do quadro de funcionários previstos também nesse

documento (01 gerente; 02 funcionários administrativos; 16 porteiros; 10 guarda-

parques; 02 funcionários no centro de visitantes; 01 agente para educação ambiental e

02 serventes). Em outra análise a presença dessa estrutura no interior do PEBI faz-se

desnecessária, visto a proximidade do Parque com a cidade e a facilidade de

deslocamento do funcionário da sua casa para o PEBI, que neste momento seria apenas

o seu local de trabalho. Outro aspecto de interesse público para a não ocupação desse

espaço na área do Parque é a economia de recursos que seriam investidos para tal fim.

Já em relação ao Centro de Visitantes (280 m²), localizado na Zona de Uso

Intensivo, porção Sul do PEBI, a proposta é a seguinte: 02 banheiros; 01 anfiteatro para

50 pessoas; 01 biblioteca; 01 hall de entrada; 01 escritório; 01 loja para a venda de

produtos/artesanato; mobiliários e estacionamento. Essa proposta foi considerada

adequada por todos os entrevistados, sendo que apenas um dos pesquisadores

vinculados à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM

(Entrevista realizada em outubro de 2011) considerou a implantação dessa estrutura

como insuficiente. O argumento utilizado foi que o Centro de Visitantes proposto pelo

Plano de Manejo não tem tamanho ideal visto o alto número de visitação do PEBI.

Em vista do cumprimento de um dos objetivos do Parque, que é a visitação, essa

estrutura é fundamental, pois seria um espaço para informação ao visitante e

sensibilização acerca da importância desse patrimônio natural. É necessário fazer uma

revisão dessa proposta, considerando os resultados de pesquisas realizadas nos últimos

anos, que revelam um alto índice de visitação no Parque Estadual do Biribiri.

Outra estrutura proposta foi a Portaria Principal (20 m²), localizada na Zona de

Uso Intensivo, porção Sul do Parque, com 01 sala; mobiliário; 01 banheiro e 01

depósito de lixo. Essa proposta teve adesão de todos os entrevistados, explicitando a

importância dessa estrutura para o Parque. Uma das opiniões em destaque sobre essa

estrutura é de um pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM (Entrevista realizada em outubro de 2011), que

coloca a Portaria Principal como “necessário e obrigatório” e que “você tem que ter uma

área de controle” para a visitação ao Parque.

Também consta no Plano de Manejo a cobrança de ingresso para visitação, em

relação a essa abordagem foi considerado relevante a seguinte colocação:

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Esse é o grande gargalo do PEBI, esse é o gargalo que só vai ser resolvido

em dois momentos. Primeiro por uma questão fundiária, que passa-se a poder

cobrar, e mesmo assim continua com dois problemas legais, que é a servidão

que vai pra Pinheiro, a estrada que vai para a comunidade do Pinheiro, e a

servidão que vai pra Vila do Biribiri. Então esse é um tema de grande

discussão [...]. Talvez teria que resolver da seguinte maneira: levar a portaria

de cobrança pro trevo do Pinheiro, e fechar o acesso por dentro do Parque pra

Vila de Biribiri e abrir o acesso que já existe no sentido Pinheiro [...]

(Entrevista com pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

A cobrança de ingresso para visitação é necessária, e é uma forma de controle

das atividades realizadas no PEBI e também uma atribuição econômica advinda

diretamente do turismo. Porém, essa é uma questão delicada que envolve uma série de

problemas, como o acesso a comunidades por meio de estradas presentes na área do

Parque e em função do Estado (IEF) não poder cobrar para o visitante ter acesso à uma

área que é particular, devido a falta de regularização fundiária. Portanto, esse aspecto

deve ser analisado de maneira minuciosa para que seja resolvido da melhor maneira

possível.

É interessante ressaltar que a cobrança de ingresso para a entrada no Parque

Estadual do Biribiri tem aceitação da maioria dos visitantes, como apresentado por

Nunes, Neumann & Vilarine (2011), pelo gráfico a seguir.

Gráfico 05: Você pagaria por uma taxa de visitação ao PEBI?

Fonte: Perfil da Demanda e Análise Da Satisfação do Visitante do Parque Estadual do

Biribiri (NUNES, NEUMANN &VALARINI, 2011)

Em Relação ao Núcleo de Apoio ao Uso Publico com Primeiros Socorros (150

m²), localizado na Zona de Uso Intensivo, na Cachoeira da Sentinela, contendo 02

banheiros; 01 sala para ambulatório; 01 espaço para lanchonete; 01 sala de exposições;

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mobiliário e estacionamento, os representantes de ONG e o representante da

comunidade local são favoráveis a essa construção e acham adequada tal estrutura. Foi

constatado que a presença deste Núcleo de Apoio ao Uso Público com Primeiros

Socorros, localizado na Cachoeira da Sentinela, é importante para o apoio das atividades

dentro do Parque. Um dos funcionários do IEF diz o seguinte:

[...] a cachoeira da Sentinela ela merece ter um tipo de apoio porque é onde

as atividades turísticas vão acontecer, né, com mais intensivo, né, e é um

meio de caminho, né. Então é um meio de caminho pra a cidade e é um meio

de caminho pra Cachoeira dos Cristais. (Entrevista com funcionário do

Instituto Estadual de Florestas - IEF, realizada em novembro de 2011).

Já o funcionário da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo - SECTUR

(Entrevista realizada em outubro de 2011) considerou que essa estrutura deve ser

construída também na Cachoeira dos Cristais. As opiniões contrarias a construção da

estrutura foram de um dos representantes do IEF e um dos pesquisadores vinculados à

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha - UFVJM, que fez a seguinte

indagação:

[...] se essa questão dos primeiros socorros é se isso vai ser funcional, por

outro lado eu acho que como a gente tá num Parque que tá muito próximo a

zona urbana, eu acho que talvez se você tivesse simplesmente um ponto de

apoio com um guarda-parque né, com um carro de apoio, se alguém passar

mal teria perfeitas condições de levar até um hospital ou num caso mais

grave solicitar uma ambulância. (Entrevista com pesquisador vinculado à

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM,

realizada em outubro de 2011).

É necessário a presença do Núcleo de Apoio ao Uso Público com Primeiros

Socorros, visto o alto fluxo de visitação nos atrativos localizados nessa área e a

ocorrência de acidentes nessas localidades do Parque, esse seria então um ponto de

apoio emergencial, onde o visitante seria respaldado com os primeiros socorros, sendo

preparado para possíveis atendimentos mais complexos, que seriam então, realizados na

área urbana de Diamantina.

Em relação à construção de um estacionamento na Cachoeira da Sentinela,

localizado na Zona de Uso Intensivo, todos os entrevistados consideraram fundamental

a presença de tal estrutura, pois minimizaria os roubos e furtos que acontecem

frequentemente devido à falta de vigilância e fiscalização nesta área. Sendo assim, este

espaço adequado para o estacionamento de veículos contribuiria no aumento da

segurança e conforto dos visitantes do PEBI. Um dos funcionários do Instituto Estadual

de Florestas – IEF (Entrevista realizada em novembro de 2011) aborda que “Todo lugar

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que vai ter um atendimento ao público, qualquer que seja, precisa ter uma área

reservada para o estacionamento”, reiterando a importância deste espaço para o público.

Outra proposta feita no Plano de Manejo foi a construção da Guarita na Estrada

Municipal Sentido Pinheiros-Diamantina (9 m²), localizada na Zona de Uso Especial.

Em relação a essa estrutura apenas um dos funcionários do IEF (Entrevista realizada em

outubro de 2011), considerou a construção desnecessária. Os demais entrevistados

foram favoráveis, e um dos trechos de entrevista mais relevantes sobre o assunto foi o

seguinte:

[...] é uma estrada de uso público, né, de serventia pública, a gente vai

precisar ter um controle diferenciado de quem vai pras cachoeiras e quem

simplesmente passa pelo Parque pra ir pra sua casa na zona rural. (Entrevista

com funcionário do Instituto Estadual de Florestas - IEF, realizada em

novembro de 2011).

Essa questão deve ser estudada de forma mais detalhada, visto a problemática

envolvida com a implantação dessa estrutura na área do Parque, já que essa é uma

estrada de acesso à comunidade de Pinheiro, o que vai dificultar o monitoramento de

quem deseja ir para a comunidade e de quem deseja visitar o PEBI. É importante

ressaltar que atualmente esta estrada também é uma das vias de acesso ao Mirante de

Pinheiros, o que reforça a necessidade da presença dessa guarita, como mais uma forma

de monitoramento.

Figura 07 – Mirante do Guinda

Fonte: Raquel Faria Scalco, 2011

Quanto a avaliação acerca da Guarita na Vila do Biribiri (9 m²), localizada na

Zona de Uso Especial, somente um dos representantes de ONG, um dos representantes

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do IEF e um dos pesquisadores da UFVJM, consideraram inviável a construção de tal

estrutura no Parque. Um dos pesquisadores da UFVJM aborda o seguinte:

[...] nesse caso eu acho que talvez não houvesse nem necessidade da

construção de uma guarita, eu acho que talvez fosse o caso sim do Parque

entrar em negociação com os proprietários da Vila, e de repente ocupar uma

casinha daquelas que existem lá atualmente. Tenho medo que a construção

mesmo de uma guarita fosse até atrapalhar um pouco assim a parte do

patrimônio arquitetônico e histórico. (Entrevista com pesquisador vinculado a

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM,

realizada em outubro de 2011).

A Guarita na Vila do Biribiri causaria grande impacto visual no ambiente, apesar

disso é necessário fazer o monitoramento dessa área que não faz parte do Parque. Deve-

se, então, avaliar outras propostas que levem em conta o patrimônio arquitetônico e

histórico da Vila do Biribiri.

Em relação à implantação da Guarita Sentinela (9 m²), localizada na Zona de

Uso Intensivo, um dos representantes de ONG, um dos pesquisadores da UFVJM e um

dos funcionários do IEF, consideram a presença dessa estrutura desnecessária. Foi feita

a seguinte colocação: “A guarita da sentinela é totalmente inviável. Se já está tendo o

controle na entrada, no Biribiri, e em Pinheiro, não faz sentido uma guarita na

Sentinela.” (Entrevista com pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011). Vindo de encontro a

essa opinião um dos representantes de ONG, fez a seguinte avaliação: “Também acho

desnecessário. Você já vai ter um núcleo de apoio ao uso público, com primeiros

socorros, então, acho desnecessário Guarita na Sentinela.” (Entrevista com

representante de ONG, realizada em outubro de 2011).

As propostas do Plano de Manejo devem ser revisadas, analisando os reais

objetivos da implantação de cada uma dessas estruturas, visto que construções em

excesso se tornam desnecessárias e provocam impacto visual no ambiente. A Guarita

Sentinela é dispensável, em função da presença de outras estruturas de controle de uso

público nesta área do Parque.

Outra proposta do Plano de Manejo é a construção da Portaria Mendanha (40

m²), localizada na Zona de Uso Especial, em Mendanha, abordada por apenas um dos

entrevistados como sendo desnecessária. Foi feita a seguinte consideração:

Não sei se seria necessário uma portaria, também. Acho que deveria ter uma

estrutura de vigilância do Parque, mas não a portaria. Acho que a portaria

tinha que ser mesmo aqui em Diamantina mesmo, até para ter esse controle.

(Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de 2011).

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Os demais entrevistados são favoráveis a implantação de tal estrutura. Um dos

funcionários do IEF avaliou o seguinte:

A portaria em Mendanha é interessante sim, porque é um outro local de

entrada do Parque, é um distrito muito visitado, é um distrito talvez mais

turísticos de Diamantina, tem um acesso fácil, tem um dos nossos principais

atrativos que é o Caminho dos Escravos que chega lá, várias cachoeiras

também bonitas que tão naquela porção do Parque. (Entrevista com

funcionário do Instituto Estadual de Florestas - IEF, realizada em novembro

de 2011).

A Portaria em Mendanha é importante, tendo em vista a possibilidade de acesso

e controle por meio dessa região. Além disso, a abertura dessa portaria poderia

contribuir para a geração de renda e para o desenvolvimento do turismo neste distrito.

Ressalta-se, ainda, que em Mendanha já existem alguns receptivos familiares e que

poderiam ter seu desenvolvimento dinamizado.

As considerações acerca da implantação do Centro de Referência do Parque

(casa na Vila do Biribiri) foram equilibradas, sendo alguns entrevistados contra e outros

a favor. Um dos trechos de entrevista que reforça a viabilidade da presença de tal

estrutura na Vila é o seguinte:

[...] se a Estamparia cedesse uma casa em boas condições, eu acho que a

gente poderia ter sim , talvez nem tanto para informar o turista, porque eu

acho que essa função é do Centro de Visitantes, que vai se ater a questão do

Parque, e que a Vila, por si só, ela mereceria ter alguma coisa ligado a

história da própria Vila, né. E como a Vila não faz parte do Parque, seria a

gente colocar uma informação num local que demandaria uma informação

mais específica da Vila [...]. (Entrevista com funcionário do Instituto

Estadual de Florestas - IEF, realizada em novembro de 2011).

Já um dos pesquisadores vinculados a Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM (Entrevista realizada em outubro de 2011) fez a

seguinte consideração:

Se eu crio esse Centro de Referencia do Parque na Vila eu estou ampliando o

uso turístico da Vila, dando uma carga de benfeitoria, promoção a uma área

particular. Ai vem a discussão, de estar fazendo o uso público, gerando

pontualmente um aspecto positivo para uma área particular. E isso eu sou

piamente contra. [...] Então, sou a favor da criação do Centro de Referência,

mas não dentro da Vila.

Essa é outra questão que deve ser avaliada de forma minuciosa, pois envolve a

ocupação de uma área privada que estaria se beneficiando das atividades realizadas em

área pública. Devem ser feitas novas análises e propostas relacionadas a essa

problemática, considerando a realidade do Parque Estadual do Biribiri, que não possui a

Vila inserida no seu espaço.

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A instalação da Base de Apoio ao Pesquisador foi considerada essencial, visto

que o Parque Estadual do Biribiri recebe muitos pesquisadores. No Plano de Manejo

consta que a localização dessa estrutura será definida após a regularização fundiária,

utilizando- se uma das estruturas já implantadas no Parque. Ressalta-se a viabilidade de

utilização de uma das casas que serão desapropriadas, reduzindo as construções de

novas estruturas e os gastos públicos. Essa seria também uma possibilidade de ter mais

de uma Base de Apoio ao Pesquisador, em pontos diferentes, visto que são várias casas

a serem desapropriadas.

Considerando essa proposta do Plano de Manejo, foram feitas colocações acerca

da ocupação de uma casa na Vila do Biribiri para implantação da Base de Apoio ao

Pesquisador. Esse ponto de vista foi abordado no trecho seguinte: “Talvez essa base de

apoio ao pesquisador, que aqui tá falando que o local a ser definido, quem sabe não

consegue também ocupar uma das casas na própria Vila do Biribiri”. (Entrevista com

pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri -

UFVJM, realizada em outubro de 2011).

Outra sugestão feita foi a implantação da Base de Apoio ao Pesquisador na

região de Mendanha. De acordo com um dos funcionários do IEF, “[...] ia pedir pra

fazer lá no Mendanha, porque é onde a vegetação muda e é um bioma mais diferente”.

(Entrevista realizada em outubro de 2011). Essa proposta é válida, visto que a região de

Mendanha possui um rico acervo natural, bastante explorado por estudiosos, e que

foram poucas as indicações de implantação de estruturas do Plano de Manejo para a

ocupação dessa área. Essa seria uma maneira também de envolver a comunidade de

Mendanha, para a utilização de um espaço na área do Parque Estadual do Biribiri.

Também está disposto no Plano de Manejo a implantação de Sanitários e

estacionamento próximo à Fazenda Duas Pontes, localizado na Zona de Uso Intensivo.

A construção dessa estrutura foi considerada importante pelos entrevistados. O trecho

seguinte relata essa questão: “Acho que sim, só que ai eu acho também que precisa de

ter uma guarita. Não adianta simplesmente deixar os carros expostos, o banheiro lá,

assim se você não tiver uma vigilância”. (Entrevista com pesquisador vinculado a

Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de

2011). Porém esta proposta ficaria inviável, pois permitiria a entrada de pessoas sem

pagamento de taxa de visitação.

Em contrapartida a essa opinião foi abordado o seguinte:

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[...] se eu coloco uma guarita (sic) em Mendanha e uma guarita (sic) em

Diamantina, quer dizer que são áreas de acesso ao Parque, mas eu estou

colocando na Fazenda Duas Pontes, que é um dos limites do Parque e que é

de fácil acesso pelo asfalto, eu estou colocando sanitário e estacionamento,

então quer dizer que é pra eu ter acesso ao Parque, mas eu estou entrando no

Parque sem pagar. Então é um negócio que eu vejo de forma mais

complicada. Talvez se repensar em tirar uma das guaritas que estão lá em

baixo, da Vila ou Pinheiros e trazer par a Fazenda Duas Pontes, como é feito

essa estrutura, aí eu acho bacana. (Entrevista com pesquisador vinculado a

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM,

realizada em outubro de 2011).

Ressalta-se que guarita é uma estrutura para controle do Parque e que portaria é

uma estrutura para controle da entrada de visitantes. Tendo em vista essa proposta de

implantação de sanitários e estacionamentos próximos a Fazenda Duas Pontes seria

interessante instalar uma portaria e não uma guarita junto a essas estruturas.

Outra opinião relevante, contrária a construção de sanitários e estacionamento

próximo à Fazenda Duas Pontes, relata o seguinte:

Então, eu acho que a gente pode evoluir com o próprio caminho dos escravos

que passa por, vamos dizer assim, vários pontos de moradia, ou proximidade

de alguma estrutura, a gente poderia para evitar que o turista, que tenha

alguma necessidade fisiológica, a gente poderia ter uma articulação com a

Fazenda Duas Pontes para um uso de sanitário, mesmo que isso fosse

mediante um pagamento de uso simbólico, pra evitar da gente construir uma

estrutura, do lado de onde já existe uma fazenda que vai demandar recurso,

vai demandar da gente ir lá dar manutenção, se não tivermos constantemente

lá, isso pode gerar depredação, que a gente sabe que é normal, roubo de

estrutura, então acho que pulverizar demais essas estruturas não é

interessante. (Entrevista com funcionário do Instituto Estadual de Florestas,

realizada em novembro de 2011).

A última proposta do Plano de Manejo no que se refere a implantação de

estruturas físicas de apoio a visitação e gestão do Parque, foi em relação à presença do

Portão na entrada pela Fazenda Duas Pontes, localizado na Zona de Uso Intensivo do

PEBI. As considerações acerca dessa estrutura foram semelhantes às realizadas na

avaliação anterior. A representante da Comunidade fez a seguinte consideração:

“Também eu acho que isso seria bom, que ai dá uma segurança maior, né, ai pro

Parque”. (Entrevista com representante da Comunidade, realizada em outubro de 2011).

Outra opinião a favor da implantação dessas estruturas, que ressalta também a

necessidade da presença de uma portaria, foi abordada da seguinte maneira:

Concordo com o portão, com sanitário, com estacionamento. Acho que falta

deixar claro que precisa de ter uma guarita (sic) também, pra tomar conta

dessas estruturas e dos próprios veículos que vão ficar lá. (Entrevista com

pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

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A implantação dessa estrutura também foi considerada desnecessária por alguns

dos entrevistados. A seguinte colocação aborda essa opinião: “Também não, porque a

fiscalização já é difícil pela entrada da Cidade Nova e por Mendanha, ainda colocar

mais um eu acho complicado. Acho que não precisa não”. (Entrevista com ex-

funcionário do Instituto Estadual de Florestas – IEF, realizada em novembro de 2011).

Tanto a proposta de Sanitários e estacionamentos próximos a Fazenda Duas

Pontes, quanto ao Portão neste mesmo local, fazem-se necessários mediante a presença

de uma portaria para controle de acesso à área, cobrança de taxa de visitação, orientação

sobre postura do visitante e administração dessas estruturas. Ressalta-se a necessidade

da presença permanente de funcionários na área, ou estas instalações tornam-se

desnecessárias e inviáveis.

7.6 Considerações Sobre a Proposta Feita Pelo Plano de Manejo do PEBI

Durante a realização das entrevistas, foi abordado, também, se as propostas

apresentadas pelo Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri são adequadas e

suficientes para desenvolver da melhor forma as atividades de visitação, gestão e

pesquisa no Parque.

Em um plano geral, foi observada a importância de haver um complexo de

estruturas de apoio à visitação e gestão do PEBI, visto sua grande importância

biológica, turística e social para a região.

Todavia, o principal entrave acerca das propostas do Plano de Manejo do PEBI é

a desatualização do documento, datado de 2004. Dessa forma, o questionamento sobre a

viabilidade de tais estruturas nos dias atuais é inevitável, visto que o Plano de Manejo

do Parque já deveria estar em um processo de atualização. Dessa forma, implementar

tais estruturas hoje poderia não ser um bom investimento, já que a realidade atual é

bastante divergente da vista no ano de 2004.

Além disso, é importante ratificar a falta de regularização fundiária, já abordada

neste trabalho, que retarda grande parte das ações de investimentos no Parque.

Neste aspecto, a opinião dos entrevistados condiz com as afirmações ressaltadas

podendo ser evidenciada com algumas observações, como a de um dos representantes

de ONG, que expõe que “A adequação, a melhoria dessa adequação é só com o tempo

mesmo, porque é estudo de demanda.” (Entrevista realizada em outubro de 2011).

Dessa forma, reitera-se que para a real efetividade das estruturas no cenário atual do

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PEBI, as propostas deveriam ser atualizadas com base em um novo estudo acerca das

necessidades das estruturas propostas e análise da própria demanda turística atraída pelo

Parque. Além disso, seria necessário estabelecer um limite de capacidade de carga

diário para o Parque e que as estruturas estivessem de acordo com este limite de

visitantes por dia. Segundo a Organização Mundial do Turismo (2003 apud

SIMIQUELI et al.) capacidade de carga

[...] refere-se à capacidade de desenvolvimento e de utilização pelo visitante

que pode ser atingida sem resultar em danos ao meio ambiente físico (natural

e artificial) e na geração de problemas socioculturais e econômicos à

comunidade local, garantindo, ainda, benefícios à comunidade e manutenção

de um equilíbrio adequado entre o desenvolvimento e a conservação.

Outro trecho de entrevista que apoia as afirmações acerca da indispensável

atualização das propostas gerais do Plano de Manejo antes da implantação de estruturas

no Parque é exposto a seguir:

Eu acho que esse Plano está um pouco defasado sim, se fosse hoje, se o

Biribiri recebesse recurso hoje para implantação de tudo que está previsto

nesse Plano de Manejo, eu acho que antes de tudo ele deveria ser revisto,

avaliado melhor essas estruturas [...]. (Entrevista com representante de ONG,

realizada em outubro de 2011).

Outro aspecto importante abordado em relação a essas propostas é a falta de

clareza e explicações de como a equipe da elaboração do Plano de Manejo chegou às

estruturas apresentadas. Os critérios de escolha de local, formação da estrutura e a

própria necessidade de tê-las na área do Parque Estadual do Biribiri são amplamente

questionadas. Para alguns pesquisadores faltou envolvimento da comunidade, de

estudiosos locais, de profissionais atuantes na região, dentre outros atores, para que

pudessem chegar a conclusão e consequentemente inserção da proposta no documento.

No trecho de entrevista subsequente é exposta tal opinião:

As propostas são as mesmas, os nomes se repetem, como em todas as

Unidades de Conservação. É uma proposta muito bacana, porém o que eu

gostaria de ter visto no Plano de Manejo, é como eles chegaram nessas

metragens, nesses espaços [...]. Então, de uma forma geral é legal, está bem

amarradinho, mas eu acho que carece de uma discussão talvez nem muito

aprofundada, mas com todos os atores que atuam dentro do Parque [...].

(Entrevista com pesquisador vinculado à UFVJM, realizada em outubro de

2011).

Portanto, conclui-se que as estruturas para apoio a visitação e gestão

propostas no Plano de Manejo do PEBI podem suprir uma carência antiga do Parque, o

tornando apto para visitação, mas que, para que isso seja implementado, é fundamental

que o documento passe antes pela atualização antevista.

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7.7 Motivo da Não Implantação das Estruturas Propostas Pelo Plano de

Manejo do PEBI

Outra problemática abordada na entrevista foi o porquê das propostas do Plano

de Manejo ainda não terem sido implantadas. De uma forma geral, os entrevistados

alegaram que a falta de interesse político, que remete também à situação fundiária do

Parque Estadual do Biribiri, é o fator responsável pelo atual cenário do Parque. Esse

fato pode ser constatado nos seguintes trechos de entrevistas: “[...] depende do governo,

então eu acho que ai já envolve a lentidão mesmo do nosso governo [...]”. (Entrevista

com representante da Comunidade, realizada em outubro de 2011); “[...] eu acho que

não foram implantadas ainda mesmo por uma questão, ao meu ver mais política,

questões políticas mesmo [...]” (Entrevista com representante da Secretaria de Cultura e

Turismo - SECTUR, realizada em outubro de 2011); e ainda “[...] existem propriedades

particulares dentro do Parque, a gente não tem um palmo de terra que é do Parque, ele é

todo particular, totalmente particular e a gente não tem mão de obra suficiente [...]”

Entrevista com ex-funcionário do Instituto Estadual de Florestas – IEF, realizada em

novembro de 2011).

Outras citações que também respaldam essa questão são apresentadas a seguir:

Primeiro porque as terras ainda não foram desapropriadas, o Biribiri

infelizmente existe só no papel, então não tem como ser feito nada do que

está previsto no Plano de Manejo, absolutamente nada. O que é feito até hoje

assim, é feito por esforços da gerência, dos guarda-parques, do contingente

que tem lá disponível. Segundo porque que não é pago, não é pago por

interesse político mesmo, não é prioridade pra o governo do Estado a

estruturação dos Parques [...] Então, isso é o fator, pra minha opinião, o

grande fator limitador assim, dessa implantação, dessa efetivação dessa

estrutura. (Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de

2011).

Ressalta-se que a dificuldade de desapropriação das terras em função da falta de

recursos para investimentos em Áreas de Proteção Ambiental, é um dos principais

problemas atuais do Parque Estadual do Biribiri, que tem todo seu território em áreas

particulares.

Apresenta-se, ainda, outro depoimento que confirma esta informação:

É algo que perpassa essa gestão, é algo muito mais pra cima que é um

problema de política pública. Se faz o decreto da Unidade, se gera todas as

mazelas da Unidade, mas não se coloca uma estrutura para tentar amenizar

essas mazelas e tornar a Unidade realmente positiva para a sociedade, seja a

sociedade do entorno ou a sociedade como um todo. (Entrevista com

pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

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O Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri apresenta formas de

utilização do espaço que prevê a proibição de muitas atividades relacionadas a renda das

comunidades que vivem no entorno do Parque, porém não expõe alternativas que

substituam essas atividades, causando um grave problema social.

Outra abordagem relevante foi:

Tem haver com questões políticas, né. Isso ai vai desde a ordem de

priorização da regularização fundiária, de aplicação dos recursos do Estado

para atingir as metas de regularização dos Parques, né. Infelizmente, o Estado

se destaca pela criação do número de Parques quantitativamente, mas

qualitativamente ele peca porque não dá prosseguimento. (Entrevista com

representante de ONG, realizada em outubro de 2011).

A falta de políticas públicas destinadas exclusivamente para captação de

investimentos a serem feitos em Áreas de Proteção Ambiental, remetem ao descaso para

com esses ambientes que se tornam vulneráveis. No caso do Parque Estadual do

Biribiri, os maiores empecilhos para a implementação das propostas do Plano de

Manejo envolvem uma série de problemas relacionados com a falta de recursos para

regularização fundiária e para implantação das estruturas e com a desatualização e falta

de revisão do documento, como já abordado nesse trabalho, que são consequências da

falta de efetiva atuação política do Estado no sentido de priorização da questão

ambiental.

7.8 Consequências da Presença das Estruturas Propostas no Plano de

Manejo do PEBI

Outra discussão proposta pela entrevista foi em relação às possíveis

consequências da presença dessas estruturas previstas no Plano de Manejo para o

Parque, para o turista, para a comunidade e para a região.

Foi constatado que a presença de tais estruturas iria contribuir de maneira

positiva para o Parque Estadual do Biribiri. As principais considerações foram de que

essas possibilitariam um maior controle da área do Parque, da conservação do ambiente,

além do aumento da qualidade na visitação. O trecho de entrevista a seguir relata essas

abordagens: “A proposta é positiva, é uma forma de controle, é forma de educação,

instrumento de interpretação do Parque, de apoio à pesquisa, e isso tudo na verdade é

um grande apoio de utilização desses espaços”. (Entrevista com pesquisador vinculado a

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, realizada em

outubro de 2011).

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Outra opinião a este respeito foi:

[...] isso iria ajudar bastante porque é aquilo que eu falei, poderia ter um

melhor monitoramento no Parque, ter áreas específicas de uso que iriam

limitar as pessoas, isso ia ajudar bastante na conservação do Parque, na

vigilância. (Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de

2011).

A presença das estruturas propostas pelo Plano de Manejo do Parque Estadual

do Biribiri são fundamentais para o apoio a visitação e gestão do Parque, visto que tais

estruturas possibilitariam um melhor ordenamento e utilização do espaço do PEBI,

destinando locais adequados para determinados tipos de atividades, implicando na

conservação do ambiente, além do incentivo a práticas ecologicamente corretas por

meio de ações de educação ambiental desenvolvidas nesses espaços.

Outro importante aspecto positivo advindo da estruturação do PEBI seria o

envolvimento da comunidade com as atividades do Parque, representando

possibilidades de geração de emprego e renda e oportunidades de lazer para a

comunidade e turistas.

Para os turistas, também foi considerado que essas estruturas atuariam de forma

positiva, visto que influenciariam na qualidade da visita ao proporcionarem maior

segurança e conforto, além de oferecerem para o visitante, mais informações sobre o

PEBI. Esse posicionamento pode ser confirmado por meio dos seguintes trechos: “Eu

acho que pro turista é positivo, porque eles têm uma segurança maior [...]”. (Entrevista

com representante da comunidade, realizada em outubro de 2011) e “[...] se a gente tiver

essa condição de ter essas estruturas funcionando, né, ele ia tá entrando num local com

segurança, com informação, enriquecendo a visita dele [...]”. (Entrevista com

funcionário do Instituto Estadual de Florestas, realizada em novembro de 2011).

Outra importante consideração é apresentada no trecho abaixo:

Fundamental. Porque hoje o turismo que acontece é um turismo espontâneo.

Então quem tem um pouco mais de curiosidade sobre os aspectos naturais do

Parque, sai com muito mais dúvidas do que certezas daquilo que esta vendo,

ele não consegue nem ter o discernimento de qual que é o formato do Parque.

Então essa estrutura, se isso tudo que esta sendo proposto o Estado conseguir

fazer rodar de uma maneira bonitinha, acho que o turismo só tem a ganhar,

acho que o turista vai sair com a sensação de conhecimento do espaço e

podendo as vezes valorizar muito mais aquilo que ele esta vendo [...].

(Entrevista com pesquisador vinculado a Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

Assim como relatado pelos entrevistados, a presença de estruturas físicas na área

do Parque Estadual do Biribiri atuaria de forma positiva, ao passo que alguns dos atuais

problemas vivenciados pelos visitantes, como a ocorrência de roubos e furtos, a falta de

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locais destinados a higiene pessoal, a falta de informação sobre o Parque e seus

atrativos, assim como a falta de base para prestação de primeiros socorros, em caso de

emergências, poderiam ser solucionados. Além disso, essas estruturas poderiam

contribuir para o ordenamento do turismo e a redução dos impactos negativos causados

pela atividade, como degradação da paisagem, poluição do ar e da água, incêndios,

desmatamento e geração de resíduos.

De uma forma geral, os entrevistados alegaram que a presença dessas estruturas

também seria positiva para a comunidade, que iria usufruir do Parque como um espaço

de lazer e também como uma oportunidade de emprego e geração de renda. Essa

constatação foi abordada no trecho abaixo:

Acho que pra comunidade também seria bom, que ai seria uma oportunidade

de tentar fazer com que o Parque trabalhe um pouco mais essa questão de

inclusão social. Primeiro que com todas essas estruturas teria que gerar mais

empregos assim, mais oportunidade [...]. (Entrevista com pesquisador

vinculado a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri -

UFVJM, realizada em outubro de 2011).

É fundamental pensar o Parque como um espaço de lazer para a própria

comunidade, e não somente como uma fonte de emprego e renda. O lazer é um dos

diretos do cidadão (BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, Art. 6º,

1988), fazendo do Parque um importante instrumento de desenvolvimento social.

Ressalta-se, ainda, o trecho abaixo, referente à maior conscientização ambiental

que a implantação das referidas estruturas podem representar:

Eu acho que assim, sendo, passando pra eles (turistas ou comunidade) as

informações e eles tendo conhecimento do real motivo da implantação, não

for uma coisa de cima pra baixo, por exemplo, jogar lá agora, agora tem

estrutura, acho que se fizer um trabalho de sensibilização, mobilização

explicando pra eles o porquê, acho que eles vão receber de forma positiva,

tendo conhecimento do real motivo, e aí sim eles também vão lutar pra

preservar, pra cuidar. Mas se for uma coisa imposta, eles não iriam receber

bem. (Entrevista com representante da Secretaria de Cultura e Turismo -

SECTUR, realizada em outubro de 2011).

No entanto a representante da Comunidade alegou que a grande maioria dos

benefícios advindos da maior visitação do PEBI não seriam revertidos em investimentos

para as próprias comunidades do entorno, que estariam em direto contato com a

atividade. Sobre esse aspecto destaca-se o seguinte trecho de entrevista:

Olha oportunidades de emprego e de renda tem sim, mas as vezes não

acontece na comunidade, você entendeu? Ai sempre que acontece esses tipos

de coisa, beneficia mesmo é o Centro da cidade, é as pessoas de lá. As vezes

a gente aqui nem é consultado, quando a gente assusta já aconteceu.

(Entrevista com representante de Comunidade, realizada em outubro de

2011).

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Esse aspecto retrata duas realidades: uma potencial exclusão das comunidades

mais carentes que fazem parte do entorno do Parque Estadual do Biribiri ou o próprio

desinteresse dessas comunidades, que se sentem desmotivadas a trabalhar em prol do

desenvolvimento da visitação da Unidade de Conservação.

As consequências da presença de estruturas físicas na área do PEBI,

possivelmente seriam positivas para as comunidades do entorno. A estruturação do

Parque juntamente a esse envolvimento da comunidade local, que passaria a participar

de forma ativa deste processo e a perceber as possibilidades de benefícios gerados por

meio da criação e implantação do Parque, como geração de emprego e renda, instiga a

valorização do espaço e a preocupação em se configurar como parceiros no processo de

preservação da Unidade de Conservação.

Por fim, para a região de Diamantina foi considerado que as consequências da

implantação das estruturas propostas no Plano de Manejo seriam também positivas,

visto que contribuiria para a visitação e para uma nova vertente do turismo na cidade - o

turismo em ambientes naturais. O seguinte trecho aborda essa afirmação:

Esse foco ecológico de ecoturismo, assim, atualmente ainda não é visto na

nossa região, ela ainda não tem essa imagem de destino de ecoturismo, até

porque a gente tem vários Parques criados, mas somente um implantado que

é o do Rio Preto. Se a gente tivesse mais o Biribiri implantado de fato,

estruturado, vai dando esse caráter de destino ecoturístico na região. Isso

contribui pra visitação, pra uma nova vertente do turismo na cidade, não só

esse turismo cultural, de patrimônio histórico que a gente já tem, mas um

destino também pra se praticar atividades na natureza”. (Entrevista com

representante de ONG, realizada em outubro de 2011).

A estruturação do PEBI poderia incrementar a imagem de Diamantina como um

destino de turismo ecológico, o que hoje é apresentado como um grande potencial para

a cidade, mas que ainda é incipiente. Assim, sendo bem estruturado, o Parque Estadual

do Biribiri, abrigando alguns dos principais atrativos naturais da cidade, poderia se

tornar, também, um dos principais destinos ecoturístico da região.

Outra colocação relevante foi a seguinte:

A partir do momento que você tem um Parque implementado, né, que você

soluciona a maioria dos conflitos, facilita o uso público, estimula o turismo,

beneficia a comunidade local, gera empregos pra a comunidade local, facilita

a gente a fazer o nosso trabalho que é proteger a área e consequentemente

fazer com que ocorra os benefícios ambientais de proteção no Parque, né?

Isso vai com certeza repercutir pra toda comunidade do entorno de forma

positiva, no turismo, na qualidade de vida, na informação, na educação.

(Entrevista com funcionário do Instituto Estadual de Florestas, realizada em

novembro de 2011).

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A presença de estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do PEBI, propostas

pelo Plano de Manejo, implicariam, então, em consequências positivas para toda a

sociedade e o meio ambiente nos quais o Parque exerce influência. Se essas propostas

do Plano de Manejo forem revistas e adequadas à atual realidade do Parque, os

benefícios possivelmente seriam múltiplos.

A implantação dessas estruturas no Parque Estadual do Biribiri também implica

em uma série de benefícios advindos do ICMS ecológico, visto que com a melhoria do

Parque esse receberia mais recursos provenientes desse imposto e consequentemente

mais investimentos.

7.9 Propostas de Mudanças nas Estruturas Previstas no Plano de Manejo

do PEBI

Outro assunto abordado foi em relação as mudanças ou sugestões de novas

propostas de estruturas a serem implantadas no Parque Estadual do Biribiri. Esta

questão foi levantada principalmente porque o Plano de Manejo se encontra

desatualizado e o cenário do Parque e da região é diferente do vislumbrado no ano de

criação documento (2004). Desta forma, os entrevistados poderiam relacionar as

estruturas propostas pelo Plano com o panorama atual do PEBI e propor mudanças,

adequações, acréscimos ou decréscimos em relação ao disposto no documento.

As indagações dos participantes das entrevistas giraram em torno,

principalmente, dos critérios de zoneamento do Parque e da própria atualização das

propostas a partir de novas e amplas discussões, questionamentos sempre abordados em

diversas oportunidades durante toda a pesquisa.

Foram feitas diversas propostas, algumas perpassando a análise das estruturas,

mas sempre de grande valia para o desenvolvimento da visitação sustentável no Parque.

Uma das propostas ressaltadas pelos entrevistados foi em relação à criação de

uma estrutura que pudesse respaldar as atividades que acontecem na Cachoeira dos

Cristais, já que esta não foi contemplada com nenhuma proposta do Plano de Manejo e

a atenção ao espaço é também de grande importância turística e ambiental para o

Parque. O trecho de entrevista a seguir retrata essa opinião:

[...] eu considero que nos Cristais, na Cachoeira dos Cristais, seria necessário

também a gente ter uma estrutura parecida com a da Sentinela, em menores

proporções, mas que oferecesse pelo menos o estacionamento e o apoio pro

funcionário estar lá (Entrevista com represente do IEF realizada em

novembro de 2011).

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Essa proposta se torna interessante visto que a Cachoeira dos Cristais também

esta vulnerável aos diversos riscos, como mencionados quando se refere à Cachoeira

Sentinela, e, por isso, carece de um apoio ao público e ao funcionário que estaria

atuando em tal região.

Outra proposta que tem relevância significativa é em relação ao Caminho dos

Escravos, importante atrativo de Diamantina, que passa pelas áreas do PEBI. Neste

aspecto, as propostas são baseadas em adequações de acesso, assim como de estruturas

fundamentais para o deslocamento no atrativo. Esta questão foi apontada por um dos

funcionários do IEF, da seguinte forma: “[...] construção de pontes e acessos,

facilitações de acessos e melhorias em questões que tem haver com erosão da trilha, né,

e manutenção de alguns trechos também de calçamento que estão sendo destruídos”.

(Entrevista com funcionário do Instituto Estadual de Florestas - IEF, realizada em

novembro de 2011).

As questões apresentadas pelo funcionário do IEF são pertinentes, pois

adequariam ou mesmo melhorariam um atrativo de Diamantina que também abrange a

área do Parque sem requerer maiores investimentos ou grandes construções, o que não

causaria impactos visuais nesse ambiente, sobretudo neste atrativo.

Mais uma proposta abordada pontualmente por um funcionário do IEF e um dos

pesquisadores de ONG foi em relação à consolidação de uma estrutura na parte alta do

Parque, que contribuiria, principalmente na época de seca, a identificar focos de

incêndios, prevenindo, assim, maiores prejuízos ambientais para o PEBI. Tal estrutura

leva o nome de “Casa dos Ventos”, e já contribui de forma importante para a

preservação do Parque Estadual do Biribiri.

A manutenção e adequação de trilhas, assim como a implantação de placas

interpretativas foi outro assunto também abordado pelos entrevistados. Este assunto

ultrapassa a abordagem das estruturas físicas de apoio à visitação e gestão do Parque,

mas é de grande importância para que o PEBI atinja seus objetivos como uma Unidade

de Conservação de Proteção Integral e, por isso, cabe uma ressalva sob um olhar crítico.

O trecho de entrevista a seguir aborda essa proposta:

E uma coisa que não é falado dentro das estruturas físicas de construção, mas

que eu considero como uma, são as placas interpretativas, as placas de

sinalização dentro da Unidade. Se não me engano não é abordado dentro do

Plano de Manejo, como vai ser utilizado, qual material, onde vai ser, o que

tem que escrever, quem vai fazer, que é uma coisa que a gente sente muita

falta e isso de uma maneira geral dentro das Unidades do estado de Minas

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Gerais. (Entrevista com pesquisador vinculado à Universidade Federal dos

Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

Ainda no sentido de propostas fora da questão de estruturas físicas, foi citada

uma importante ferramenta de controle e consequentemente proteção das Unidades de

Conservação, o estudo de Capacidade de Carga. Neste aspecto, foi abordado

principalmente acerca da limitação de veículos no interior da UC, sendo sugeridas

alternativas para que os visitantes tenham respaldo do Parque e, ao mesmo tempo,

tenham conforto e segurança no passeio pelos atrativos da Unidade de Conservação.

Essa proposta é uma alternativa de minimizar os impactos negativos causados pelos

diversos meios de transportes e também uma possibilidade de aproximação e

contemplação do ambiente pelos visitantes. O trecho de entrevista a seguir ilustra a

afirmação:

Outra coisa que eu já vejo em outros Parques também e que eu acho

interessante, é esse limitar o uso de veículos dentro do Parque. Alguns

Parques, alguns não, vários Parques já tem isso, a pessoa tem a área de

estacionamento logo na entrada do Parque e dali da entrada do Parque em

diante, ela tem um veículo apenas, pode ser um veículo cadastrado, no caso

você já tá trabalhando com terceirização de empresa dentro do Parque, ou se

não ter um veículo próprio do Parque, que a pessoa tem os horários que esse

veículo transita no Parque, os horários certos. Ou se não a pessoa tem a opção

de aluguel de bicicletas, então, você, enfim, com o veículo próprio da pessoa

ela não pode entrar dentro da área do Parque. Isso incentiva bastante a pessoa

ou ir caminhando, ou ir de bicicleta, ou utilizar aquele veículo que é coletivo

e automaticamente você já cria uma parceria, que se o Parque não dispor

dessa estrutura, desses veículos, dessa estrutura de bicicleta e tudo mais, você

já incentiva uma parceria com a iniciativa privada, que ai você melhora mais

ainda, incentiva mais ainda essa questão do turismo na cidade. Eu acho super

bacana, se pudesse ser implantado no Parque ia ser interessante, considerando

que as cachoeiras também que são mais visitadas, são muito próximas [...].

(Entrevista com representante de ONG, realizada em outubro de 2011).

Dentre diversas propostas citadas pelos entrevistados, as de maior

relevância foram ilustradas neste trabalho, o que reitera que, o Plano de Manejo e,

consequentemente, as estruturas propostas neste documento, devem passar por uma

atualização e, além disso, novas contribuições podem ser descobertas a partir de novas

discussões com os mais variados atores que desenvolvem ações no PEBI.

7.10 Análise do Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do

Zoneamento do PEBI

Foi feito aos entrevistados, também, um questionamento sobre as percepções

pessoais em relação ao Mapa do Programa de Uso Público no Contexto do Zoneamento

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do Parque Estadual do Biribiri, que foi o documento cartográfico apresentado durante as

entrevistas e que é apresentado no Plano de Manejo, quando se refere à localização das

estruturas físicas propostas pelo documento para o PEBI.

Essa abordagem explicita uma necessidade de melhores e mais atuais estudos

sobre a área do Parque, como retratado no seguinte trecho de entrevista:

Está defasado e, pela própria construção do Plano de Manejo ele foi

timidamente discutido com a sociedade de forma geral que poderia ter

colaborado mais com isso, como na discussão sobre o zoneamento.

(Entrevista realizada com pesquisador vinculado à Universidade Federal dos

Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

Ainda com base nesta citação, podemos perceber outro ponto de discussão

pertinente, que se refere à inclusão da sociedade nas discussões para elaboração de um

documento cartográfico que retratasse a realidade da área do Parque, de forma mais

completa e adequada. Foram apresentadas ressalvas principalmente tendo em vista os

critérios de classificação das Zonas (de Uso Intensivo, de Uso Extensivo, de Uso

Especial, Primitiva, dentre outras), apresentação incompleta das estruturas propostas no

mapa e a falta de clareza das informações expostas. Nessa ótica, a opinião seguinte

confirma esta afirmação:

Outras coisas, bom, de certa forma, eu acho que ficou bagunçado como ficou

organizado isso aí, não sinto clareza de como essas informações... Algumas

estão faltosas, os ícones que foram colocados não seguem um padrão, achei

que isso aí da margem pra você ter uma confusão, uma poluição visual do

mapa, achei cartograficamente ele falho, até porque falta muitas informações

como de uma grade de coordenada geográfica, de um norte pra uma pessoa

vai pegar esse mapa [...]. (Entrevista com funcionário do Instituto Estadual de

Florestas, realizada em novembro de 2011).

De toda maneira, muitos entrevistados consideraram o mapa como um

documento correto, que retrata bem a questão proposta, quando se trata das estruturas

físicas. É possível observar tal opinião a partir do seguinte trecho:

A questão da estrutura física acho que ele está retratando bem, mas muitas

coisas desse zoneamento eu vejo que deveria ter sido, ou deve se realizar

outra discussão disso com mais gente [...]. (Entrevista realizada com

pesquisador vinculado à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri - UFVJM, realizada em outubro de 2011).

Desta forma, conclui-se que um documento cartográfico bem elaborado e

abordando todas as informações pertinentes em cima do que é proposto pelo Plano de

Manejo é fundamental para que haja um entendimento conciso sobre a disposição das

estruturas indicadas, assim como para que possa construir a opinião acerca da

localização de tais propostas e como estas podem interferir no desenvolvimento das

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diversas atividades possíveis a serem realizadas no Parque. Com este documento, seria

possível, também, visualizar o entorno do Parque, identificando as comunidades

presentes, assim como a Zona de Amortecimento, fundamental para a preservação e

conservação da Unidade de Conservação.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi realizado na tentativa de explorar as possibilidades de

desenvolvimento do Parque Estadual do Biribiri e da região na qual ele está inserido, a

partir da análise acerca da viabilidade da implantação das estruturas físicas de apoio à

visitação e gestão, previstas no Plano de Manejo do PEBI.

Para alcançar os resultados esperados, foram realizadas pesquisas bibliográficas,

pesquisas de gabinete e entrevistas semiestruturadas com 09 (nove) atores que se

mostraram relevantes para o desenvolvimento dessa pesquisa.

Os resultados do estudo apontaram que tais estruturas são fundamentais para o

cumprimento dos objetivos do Parque como uma Unidade de Conservação de Proteção

Integral. No entanto, o Parque Estadual do Biribiri, atualmente, não está apto a receber

esse tipo de investimento devido à falta de regularização fundiária de seu espaço, fato

que é dependente de políticas públicas específicas, mas que deve ser resolvido o quanto

antes para que, dessa forma, as ações dentro do PEBI possam ser desenvolvidas e

efetivadas.

Foi identificado pela pesquisa que a proposta do Plano de Manejo no que se

refere a estruturas de apoio à visitação e gestão do Parque Estadual do Biribiri é de

fundamental importância e se adéqua as necessidades do Parque, mas para que possa ser

implementada com sucesso, este documento deve, antes, passar por uma revisão e

atualização minuciosa. Esta atualização deve contar com a participação da comunidade,

de profissionais atuantes no Parque, na região e também de pesquisadores com

conhecimento na área, visto que, em 2004, ano de elaboração do Plano de Manejo, o

Instituto Estadual de Florestas - IEF, órgão responsável pela gestão do Parque não

possuía nenhum funcionário atuando no PEBI, segundo relatos dos atuais funcionários

que foram entrevistados nesse trabalho.

É essencial que as novas propostas do Plano de Manejo visem contemplar toda a

área do Parque, buscando evitar que determinadas porções tenham uma aglomeração

muito grande de estruturas. Essa proposta também é uma forma de fomentar o

desenvolvimento turístico e científico de toda a área do Parque, descentralizando a

visitação que se concentra, principalmente, nos atrativos da Cachoeira Sentinela e na

Cachoeira dos Cristais, reconhecendo, promovendo e valorizando novos atrativos

turísticos.

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Ainda foi possível perceber que a presença das estruturas físicas propostas pelo

Plano de Manejo é imprescindível, tendo em vista que o Parque Estadual do Biribiri

recebe um número alto de visitantes durante todo o ano, e que a visitação ao Parque

necessita de uma maior organização e controle. Ainda neste aspecto, é importante

ressaltar que para o efetivo funcionamento das estruturas, se faz necessário um corpo

profissional contratado e capacitado para atender as necessidades iminentes da visitação

e gestão da Unidade de Conservação.

Assim, a existência das estruturas é de grande importância para o

desenvolvimento do turismo, sendo este uma possibilidade de geração de emprego e

renda para a comunidade e como agente de minimização dos impactos causados pelo

desenvolvimento desordenado da atividade.

Além disso, o trabalho possibilitou identificar carências de pesquisas sobre o

Parque e suas limitações, como a elaboração de documentos cartográficos e estudo da

Capacidade de Suporte, que são de fundamental importância para o desenvolvimento do

Parque.

Concretizar as propostas previstas no Plano de Manejo do Parque Estadual do

Biribiri devidamente atualizadas é um passo importante para o desenvolvimento

ambiental, socioeconômico e turístico de Diamantina e região, visto que o Parque é um

atrativo natural singular e que hoje não é utilizado de forma organizada e sustentável,

impedindo a ampliação de benefícios para todos os atores envolvidos.

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APÊNDICES

I – Roteiro de Entrevista

Apresentação do Plano de Manejo do PEBI

O Parque Estadual do Biribiri - PEBI, criado em 1998, é classificado como uma

Unidade de Conservação de proteção integral em função da sua diversidade biológica e

características naturais relevantes. A inserção do espaço como um Parque, tem o

objetivo básico de preservar a natureza, admitindo apenas o uso indireto de seus

recursos naturais (IEF, 2011). O turismo, a educação ambiental e a pesquisa científica

são algumas atividades permitidas, sempre levando em consideração o disposto no

Plano de Manejo.

O Plano de Manejo é um documento que apresenta as formas de gestão da

Unidade de Conservação de acordo com seu objetivo e deve ser elaborado no máximo 5

(cinco) anos após a criação do Parque. No Plano de Manejo encontram-se as

características da área, como as relativas à fauna, flora, vegetação, hidrografia,

zoneamento, assim como as normas para implantação de estruturas físicas no local.

Apesar de o Parque ter sido criado em 1998, somente em 2004 foi elaborado o

Plano de Manejo do PEBI. A empresa STCP Engenharia de Projetos LTDA., de

Curitiba – PR desenvolveu o Plano de Manejo do Parque Estadual do Biribiri, e, consta

na proposta, a implantação de estruturas bem como a contratação de funcionários para a

realização das atividades no Parque. É importante ressaltar que muitas propostas do

Plano não foram implementadas.

Citaremos aqui a relação de estruturas físicas de apoio a gestão do Parque assim

como estruturas de apoio ao turismo e pesquisa, que são apresentados no Plano de

Manejo, seguidas de alguns questionamentos acerca da importância do Parque e da

implementação de tais estruturas.

6. Compor o quadro mínimo de funcionários, conforme segue:

a. 01 gerente;

Norma: O gerente da UC deverá ser capacitado para exercer a função.

b. 02 funcionários administrativos;

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c. 16 porteiros;

d. 10 guarda-parques;

e. 02 funcionários no centro de visitantes;

f. 01 agente para educação ambiental;

g. 02 serventes.

9. Implantar as seguintes estruturas:

a. Centro administrativo com 150 m2 (Zona de Uso Especial, porção Sul):

__1 sala do gerente;

__2 banheiros;

__1 sala reuniões;

__1 copa;

__1 sala para administrativo;

__1 almoxarifado; e,

__mobiliário.

b. Centro de manutenção e apoio ao funcionário com 300 m2 (Zona de Uso Especial,

porção Sul):

__1 almoxarifado;

__1 sala para brigada;

__2 banheiros com vestiário para os funcionários;

__1 cozinha;

__garagem para 3 veículos;

__1 oficina;

__1 depósito; e,

__mobiliário.

c. Casa do Funcionário com 96 m2 (Zona de Uso Intensivo, porção Sul):

__1 sala;

__1 cozinha;

__2 quartos;

__1 banheiro; e,

__mobiliário.

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d. Centro de visitantes com 280 m2 (Zona de Uso Intensivo, porção Sul):

__2 banheiros;

__1 anfiteatro para 50 pessoas;

__1 biblioteca;

__1 hall de entrada;

__1 escritório;

__1 loja para venda de produtos/artesanato;

__mobiliário; e,

__estacionamento.

e. Portaria principal com 20 m2 (Zona de Uso Intensivo, porção Sul). Consta no Plano a

cobrança de ingresso para visitação:

__1 sala;

__mobiliário;

__1 banheiro; e,

__1 depósito de lixo.

f. Núcleo de apoio ao uso público com primeiros socorros com 150 m2 (Zona de Uso

Intensivo, cachoeira da Sentinela):

__2 banheiros;

__1 sala para ambulatório;

__1 espaço para lanchonete;

__1 sala de exposições;

__mobiliário; e,

__estacionamento.

g. Estacionamento (Zona de Uso Intensivo, cachoeira da Sentinela);

h. Guarita na estrada Municipal sentido Pinheiros-Diamantina com 9 m2 (Zona de Uso

Especial);

i. Guarita na Vila do Biribiri com 9 m2 (Zona de Uso Especial);

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j. Guarita Sentinela, entroncamento da estrada Municipal com a estrada interna com 9

m2 (Zona de Uso Intensivo);

k. Portaria Mendanha com 40 m2 (Zona de Uso Especial em Mendanha); Consta no

Plano a cobrança de ingresso para visitação.

l. Centro de referência do Parque, casa na Vila do Biribiri (em negociação com a

Estamparia S. A.);

m. Base de apoio ao pesquisador (local a ser definido, após a regularização fundiária,

utilizando-se uma das estruturas já implantadas no Parque);

n. Sanitários e estacionamento próximo à fazenda Duas Pontes (Zona de Uso Intensivo);

o. Portão, na entrada pela Fazenda Duas Pontes (Zona de Uso Especial).

10. Adequar as seguintes infra-estruturas:

a. Restauração da ponte na estrada dos Cristais;

b. Recuperação e manutenção de estradas do interior do Parque, de responsabilidade do

Parque (Zona de Uso Intensivo);

c. Trilhas de uso intensivo e extensivo no interior do Parque;

d. Retirada de postes não utilizados no Parque;

e. Implantar sistema de radiocomunicação (1 estação fixa no Centro administrativo, 1

repetidora no Centro de referência, 2 estações móveis e 15 HT´s);

f. Implantar sistema de telefonia (para administração e uso público) e internet;

g. Implantar sistema de energia elétrica/fotovoltaica;

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ENTREVISTA

Pesquisador:________________________ Data:______/______/2011 Hora:____:____

Perfil do Entrevistado

Nome:_________________________________________________________________

Idade:____________

Escolaridade:___________________________________________________________

Profissão:______________________________________________________________

Instituição:_____________________________________________________________

Ocupação na Empresa:____________________________________________________

Questões

01) Como você avalia a atividade turística no PEBI?

02) Você acha que o PEBI contribui para o desenvolvimento socioeconômico e turístico

local? De que forma?

03) Você tem conhecimento da existência do documento Plano de Manejo do Parque

Estadual do Biribiri?

Em caso afirmativo,

Como tomou conhecimento do Plano de Manejo?

Você já teve acesso às informações dispostas no Plano de Manejo do Parque Estadual

do Biribiri?

04) Você acha importante a implantação de estruturas de apoio à visitação e gestão em

Parques? Por quê?

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05) Avalie cada uma das estruturas de apoio à visitação e gestão do PEBI sugeridas no

Plano de Manejo.

ESTRUTURA DEVE SER

CONSTRUÍDA? ADEQUADA INADEQUADA

Centro administrativo ( )SIM ( )NÃO

Centro de

manutenção e apoio

ao funcionário

( )SIM ( )NÃO

Casa do Funcionário ( )SIM ( )NÃO

Centro de visitantes ( )SIM ( )NÃO

Portaria principal ( )SIM ( )NÃO

Núcleo de apoio ao

uso público com

primeiros socorros

( )SIM ( )NÃO

Estacionamento ( )SIM ( )NÃO

Guarita na estrada

Municipal sentido

Pinheiros-Diamantina

( )SIM ( )NÃO

Guarita na Vila do

Biribiri

( )SIM ( )NÃO

Guarita Sentinela ( )SIM ( )NÃO

Portaria Mendanha ( )SIM ( )NÃO

Centro de referência

do Parque, casa na

Vila do Biribiri

( )SIM ( )NÃO

Base de apoio ao

pesquisador

( )SIM ( )NÃO

Sanitários e

estacionamento

próximo à fazenda

Duas Pontes

( )SIM ( )NÃO

Portão na entrada

pela Fazenda Duas

Pontes

( )SIM ( )NÃO

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06) De uma forma geral, qual a sua opinião sobre a proposta feita pelo Plano de Manejo

do Parque Estadual do Biribiri, quais são as suas considerações?

São Adequadas?

São Suficientes?

07) Na sua opinião, por que muitas propostas do Plano de Manejo ainda não foram

implantadas?

08) Quais seriam as possíveis consequências da presença dessas estruturas para

O Parque;

O Turista;

A Comunidade e;

A Região?

09) Se houver uma revisão do Plano de Manejo, o que você sugeriria de mudança ou o

que você acrescentaria, em relação às estruturas de apoio à visitação e gestão do

Parque?

10) Quais são suas principais impressões em relação ao mapa do zoneamento do Parque

Estadual do Biribiri?

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