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do Rio de Janeiro Mata Atlântica PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DA ANÁLISE INTEGRADA 2 Angela Meurer

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    Com o intuito de contribuir no apenas para uma percepo qualitativa (como apresentada atravs da Planilha FOFA), buscou-se a elaborao de alguns produtos que visassem a representao espacial de alguns fenmenos, indicando desta maneira as reas do municpio mais sensveis a cada um dos fenmenos apresentados. Desta maneira, com a finalidade de se estabelecer alguns destes cenrios, torna-se de fundamental importncia a integrao de algumas informaes (discutidas e apresentadas ao longo da etapa de Diagnstico do presente trabalho).

    Com o intuito de contribuir para tal objetivo sero utilizadas ferramentas vinculadas aos Sistemas de Informao Geogrficas (SIG). Assim, ser priorizada a utilizao de bases de dados oriundas da prpria Prefeitura do Rio de Janeiro, bem como informaes vinculadas quelas elaboradas (e apresentadas) ao longo da etapa de Diagnstico do presente estudo. Entretanto, a partir da utilizao deste aparato ferramental, torna-se importante (ainda que de maneira sucinta) conceitua-lo para o melhor entendimento da funcionalidade do mesmo. De acordo com Cmara (p, 59. 1998, apud Burrough, 1986).

    Um SIG constitudo por um conjunto de ferramentas especializadas em adquirir, armazenar, recuperar, transformar e emitir informaes espaciais. Esses dados geogrficos descrevem objetos do mundo real em termos de posicionamento, com relao a um sistema de coordenadas, seus atributos no aparentes (como a cor, pH, custo, incidncia de pragas, etc) e das relaes topolgicas existentes. Portanto, um SIG pode ser utilizado em estudos relativos ao meio ambiente e recursos naturais, na pesquisa de previso de determinados fenmenos ou no apoio a decises de planejamento, consid-erando a concepo de que os dados armazenados representam um modelo do mundo real.

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    Vista Geral do Centro, 2012

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    Assim, o SIG apresenta-se como uma ferramenta indispensvel para a apreenso do real a partir da anlise e integrao de mltiplas variveis (ou planos de informao) existentes no real. Porm estas mltiplas variveis possuem uma srie de formas de serem representadas tendo por base este aparato ferramental. Desta maneira torna-se tambm de suma importncia (para o entendimento dos produtos a serem apresentados mais adiante) que se discuta a existncia de dois ambientes de dados em ambiente SIG necessrios para a produo da Anlise Integrada. Conforme exposto por GUANAES (2007, p.85, apud Burrough, 1996), existem basicamente dois tipos de modelos de dados (Figura 1).

    O modelo vetorial, quando aplicado a um caso real, permitir a espacializao de diferentes tipos de objetos que se agregam em diferentes camadas de informao, compondo um todo em que relaes topolgicas de superposio, diferena, interceptao, interseo entre camadas podem ser estabelecidas. (...) O modelo matricial a repre-sentao de um atributo do espao geogrfico em unidades discretas denominadas pixel. Cada pixel detm uma resoluo espacial e somente um tipo de informao. Em oposio ao sistema vetorial, no qual existem objetos de diferentes tamanhos e podendo ter mais de um atributo descrevendo um objeto, uma matriz no contm objetos, apenas clulas com o mesmo tamanho e com informao de um nico atributo.

    Figura 1 Diferenciao entre o ambiente vetorial e o ambiente matricial no ambiente SIG

    Evidentemente, ambos os modelos possuem suas virtudes, entretanto, a anlise matricial surge como proposta mais interessante, pois, a partir da uniformizao espacial (utilizao de pixel para representar determinada parcela espacial) possvel realizar a integrao de mltiplos planos de informao (como por exemplo, geologia, geomorfologia, uso e cobertura, do solo, pluvi-osidade entre outras). Alm disso, a utilizao do ambiente vetorial (pontos, linhas e polgonos), apesar de permitir a correlao de dados, impos-sibilita a integrao fsica de suas bases devido fundamentalmente a esta diversidade de formatos existentes. A partir da utilizao e uniformizao espacial baseada no pixel, as diferenas de formas entre os polgonos (...) so normalizadas pela forma constante do pixel que compe suas contra-partes no ambiente matricial (REGO, 2007, p.86). Assim, a anlise matricial, objetivando a integrao de mltiplos planos de informao surge como adequada para o objetivo pretendido. Alm disso, este tipo de anlise contribui sensiv-elmente para (...) o desenvolvimento de modelos baseados na integrao de diferentes tipos de informao, como mapas de risco, de incndio, de desmatamento, potencial agrcola, potencial de expanso urbana, entre outros (REGO, 2007, p.86).

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    Alm da uniformizao espacial, outro fator que contribui para a definio deste modelo a possibilidade de aplicao de algoritmos variados integrao das mltiplas informaes adotadas. Estes algoritmos apoiam-se fundamentalmente na diferenciao bsica entre os planos de infor-mao utilizados (por exemplo: cobertura e uso do solo) e suas respectivas classes (por exemplo: vegetao ombrfila densa, vegetao ombrfila esparsa, vegetao arbustiva, vegetao do tipo gramnea, rea urbana, entre outras). Enquanto o

    plano de informao passa a possuir peso dife-renciado em relao a outros planos de infor-mao utilizados em determinado modelo, o segundo apresenta pesos dife-renciados entre si, contribuindo dessa maneira para a elaborao de algoritmos que busquem representar processos e fenmenos de maneira o mais prximo da reali-dade possvel (baseados sempre que possvel em referncias bibliogrficas) conforme apresentado na Figura 2 a seguir.

    Figura 2 Demonstrao da anlise baseada no modelo matricial

    A partir da figura 2, pode-se perceber a existncia de mltiplos nveis de anlise em relao anlise matricial, ou seja, alm da verificao de pesos associados a cada plano de

    informao especfico (variedade de tipologias de solo dentro do plano de informao solo, ou ainda, as variadas tipologias de uso e cobertura do solo no plano de informao cobertura vegetal),

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    o modelo ainda permite a aplicao de algoritmos especficos pautados no relacionamento dos mltiplos planos de informao utilizados. Assim, opera-se basicamente em dois nveis distintos e que se correlacionam diretamente. Apesar da importncia da metodologia empregada deve-se salientar que qualquer anlise advinda desta metodologia pode (e deve) ser corroborada com a execuo da verificao da verdade terrestre. Ou seja, a execuo de atividades de campo torna-se fundamental para a anlise destas resultantes, j que os modelos elaborados fazem parte de uma reduo dos fenmenos e processos estudados. Assim, a validao de campo contribui para

    aprimorar e produzir resultados com maior acurcia dos produtos produzidos.

    Assim, a partir do exposto, decidiu-se elaborar alguns cenrios que podem contribuir para o entendimento de alguns processos do Diagnstico, bem como da prpria Matriz de Swot. Primeiramente (e adotando-se uma anlise vetorial), decidiu-se pelo levantamento da Vulnerabilidade dos Fragmentos Florestais. Em seguida (e adotando-se como metodologia a anlise matricial), produziu-se a Potencialidade de Ocorrncia de Inundao e a Potencialidade de Expanso Urbana da cidade.

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    Vegetao em estgio inicial de regerao, Laranjeiras., 2014.

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    Apesar de a anlise matricial ter sido ressaltada como metodologia, para a elaborao do produto referente fragilidade dos fragmentos florestais do municpio do Rio de Janeiro buscou-se a utilizao dos fragmentos existentes no municpio no ano de 2011 a partir de sua base vetorial. Isto ocorreu devido necessidade de analisar e produzir resultados vinculados ao fragmento florestal como um todo, e no a condio diferencial interna de cada um dos fragmentos florestais estudados. Entretanto, de suma importncia se destacar que se optou pela utilizao de mltiplas variveis para que se tornasse possvel a elaborao do presente cenrio. Assim, para esta anlise adotaram-se os parmetros discutidos e apresentados por CARIS et al. (2009).

    Para que se torne possvel identificar e elaborar o cenrio referente fragilidade dos fragmentos florestais no municpio do Rio de Janeiro, utilizou-se como base inicial a classificao de cobertura e uso do solo desenvolvido pela prpria Prefeitura do Rio de Janeiro (na escala de 1:10.0001). Esta etapa serviu inicialmente para que se tornasse possvel isolar os fragmentos florestais das outras classes de uso e cobertura existentes na base em questo. Entretanto, torna-se importante destacar que para o estabelecimento da fragilidade dos fragmentos, consideraram-se apenas os fragmentos vinculados a classe arbreo-arbustiva da base utilizada.

    Assim, com o intuito de se estabelecer a vulnerabilidade dos fragmentos, utilizaram-se quatro variveis bsicas, sendo elas:

    Vale destacar que para Viana (1992, apud Viana & Pinheiro, 1998, p.27), os principais fatores que afetam a dinmica de fragmentos florestais so: tamanho, forma, grau de isolamento, tipo de vizinhana e histrico de perturbaes.

    Neste sentido, e apoiado por estas afirmaes, torna-se importante discutir cada uma das variveis identificadas. O primeiro dos planos de informao que deve ser discutido refere-se ao prprio tamanho do fragmento em si. A utilizao desta varivel permite identificar o desenvolvimento de uma srie de aes especificadas para a conservao da biodiversidade local (Viana 1992, apud Viana & Pinheiro, 1998, p.27), contribuindo assim para que o fragmento passe a manter sua capacidade de banco gentico das espcies nele existentes. Ou seja, quanto menor o fragmento , menor sua capacidade de dispor de uma variabilidade gentica florsticas e faunsticas no interior do mesmo. Da mesma maneira, outro elemento levado em considerao conforme metodologia proposta refere-se proximidade dos fragmentos florestais com rodovias. Denota-se claramente que a presena de constante trfego (mercadorias e pessoas) pode contribuir sobremaneira para a detonao de uma srie de processos que contribuem para a diminuio das manchas florestais atravs da intensificao dos efeitos de borda.

    1 Base de dados proveniente do Instituto Pereira Passos para o ano de 2011.

    Tamanho do fragmento;

    ndice de circularidade e proximidade com rodovias;

    Classes de uso;

    Cobertura do solo de interesse.

    2.1 Vulnerabilidade dos Fragmentos Florestais

    Parque Natural Municipal Fazenda do Viegas, Senador Camar, 2013.

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    contribui diretamente para apresentar uma resultante (quantitativa) referente morfologia do fragmento. Desta maneira, a resultante expressa, quando os valores so baixos, objetos menos circulares. Quando a resultante expressa valores prximos de 1, os objetos so mais circulares.

    Para a realizao do ndice, foram levantadas as informaes referentes s reas e permetros de todos os fragmentos florestais (ano base 2011) para que se pudessem atender as condies mnimas da frmula que se segue:

    onde:IC = ndice de circularidade; S = rea do fragmento;P = permetro do fragmento.

    Alm das discusses apresentadas, tambm foram pensadas a utilizao de outras duas variveis que contribuem para uma maior ou menor fragilidade destes fragmentos. Neste sentido, adotou-se a Cota 100 como um dos fatores importantes para a definio das Fragilidades dos Fragmentos, bem como a participao (ainda que parcial) do fragmento em relao existncia de alguma Unidade de Conservao existente no Municpio.

    Desta maneira, em relao Cota 100, os fragmentos localizados acima deste limite possuiriam uma fragilidade menor do que aqueles localizados abaixo da mesma por, teoricamente, no estarem protegidos por lei. Em relao s Unidades de Conservao, por sua vez, aqueles fragmentos que no estivessem em contato com uma UC, estariam em uma situao de maior fragilidade se comparados queles que possussem algum contato.

    Os resultados gerados a partir da anlise podem ser vistos na Figura 4. Porm, deve-se salientar que, apesar desta anlise, no foram considerados aspectos biolgicos de cada fragmento (informaes estas indispensveis a uma anlise mais refinada da atual situao).

    Outra varivel de grande importncia para a elaborao da fragilidade dos fragmentos florestais refere-se ao ndice de circularidade dos mesmos. Isto se explica pelo fato de que a forma do fragmento torna-se importante para que se tenha o entendimento das presses exer-cidas sobre o mesmo. A superfcie de contato existente em objetos mais assemelhados forma circular, contribui sensivelmente para a existncia de um contato menor entre interior/exterior. J em relao a objetos com formas menos circulares (heterogneas) a superfcie de contato aumenta, aumentando consequentemente a relao inte-rior/exterior do objeto. De acordo com NUNES (2013, p.68),

    Quando se relaciona o tamanho do objeto em relao, por exemplo, ao fenmeno do efeito de borda sofrido pelos pacotes de vegetao circun-dados completamente por atividades humanas, entendemos que quanto maior o tamanho, menor o efeito de borda causado pelo pacote como um todo. No entanto, quando se comea a pensar a forma do objeto em questo, quando mais alongado maior o impacto referente ao efeito de borda.

    Na Figura 3 podem-se perceber claramente mltiplas relaes existentes tendo-se por base o tamanho e a forma de manchas (objetos, ou no caso do presente estudo, fragmentos) conforme apresentadas por BRITALDO (1998).

    De acordo com VIANA & PINHEIRO (1998, apud CARIS et al. 2009), o ndice de circularidade

    Figura 3 Diferentes relaes de tamanho e forma do interior com o exterior de objetos.

    Pequeno

    Isomtrica

    Intermedirio

    Alongada

    Alongada e estreita

    Grande

    borda da mancha

    Tamanho

    Forma

    IC=P

    2. . S

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    Figura 4 Mapa de Fragilidade dos Fragmentos Florestais no Municpio (2011).

    Fonte: ECOBRAND Gesto Ambiental

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    A cidade do Rio de Janeiro h muito sofre com problemas severos referentes a inundaes que resultam em diversas perdas materiais e imateriais. A sua localizao e a constante expanso da sua malha urbana, somada ao no acompanhamento da implementao de estruturas de drenagem contribui para o aprofundamento do problema. Desta maneira, deve-se salientar que a cidade do Rio de Janeiro no se torna nica neste processo de ocupao de reas susceptveis a alagamentos.

    Conforme apresentado por MAGALHES et al. (2011, p.63),

    A localizao de reas urbanas prximas a corpos hdricos deve-se, sobretudo, necessidade fisi-olgica do ser humano pela gua, presena de solos frteis nas regies ribeirinhas, para cultivo, necessidade de irrigar plantaes, estabeleci-mento de portos e, em certos casos, est associada topografia. A estruturao das primeiras cidades nos sculos passados ocorreu s margens dos corpos hdricos e de maneira inadequada, porm ao comparar a evoluo temporal da antiguidade at os dias atuais, grande parte das civilizaes permanece com o mesmo costume de habitar em locais prximo aos recursos hdricos. No entanto, apesar de a localizao ribeirinha das cidades ser vista de forma estratgica para o desenvolvi-mento da humanidade, ela no eficiente para a conservao do meio ambiente. As reas de Preservao Permanente APPs institudas por meio da Lei Federal 4.771, de 15 de setembro de 1965 (BRASIL, 1965) com objetivo de garantir a preservao das margens dos recursos hdricos de forma fsica e ecolgica, pouco foi respeitada. O cenrio atual que se tem de cidades que no respeitam a legislao vigente e que sofrem constantes problemas advindos das enchentes por no haverem respeitado a dinmica das enchentes dos rios.

    Tendo por base este pressuposto, e conforme j mencionado anteriormente, h de se entender que nas grandes cidades, grande parte da soluo

    deste problema estrutural vinculado ocupao urbana perpassa a implementao de estruturas de saneamento voltadas para se dirimir os problemas associados inundaes/alagamentos. No entanto, para a identificao das reas vinculadas ao potencial de alagamentos/inundaes deve-se destacar que esto sendo desconsideradas as estruturas atualmente existentes voltadas para o sistema de esgotamento sanitrio e drenagem urbana. Isso de fundamental importncia, pois o resultado apresentado a seguir apresenta um cenrio homogneo no qual se busca a representao das reas mais susceptveis aos fenmenos estudados. Assim, sublinha-se a necessidade posterior de cruzamento das informaes obtidas com informaes referentes s estruturas e equipamentos existentes para que se possam identificar as reas mais ou menos fragilizadas no municpio do Rio de Janeiro.

    Conforme exposto anteriormente a questo referente ocupao do solo contribui de maneira central para a definio das reas potencialmente inundveis da cidade. Isto porque, ao percebermos a dinmica de como a gua se infiltra no solo, percebe-se que superfcies impermeveis tendem naturalmente a escoar superficialmente a gua (causando tambm o seu acmulo), quando comparadas com solos (ou coberturas de ocupao) extremamente permeveis. Desta maneira o entendimento da dinmica hdrica associada s diferentes condies de uso e ocupao do solo contribui diretamente para a potencializao (ou no) de riscos de inundao.

    Alm da utilizao da varivel relacionada classificao de uso e cobertura do solo, torna-se de fundamental importncia a utilizao da varivel declividade. Isto ocorre devido maior propenso da inundao s reas de baixada frente s faces mais escarpadas do relevo que, por gravidade, contribuem para o percolar das guas at as pores mais baixas do terreno.

    2.2 Potencialidade da ocorrncia de inundao

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    Como exposto acima, e tambm a partir do poder gravitacional exercido sobre a gua, a Altitude contribui sensivelmente para a definio das reas mais propcias para a ocorrncia de inundaes. Neste sentido, a utilizao deste parmetro para a identificao do fenmeno torna-se crucial para o entendimento do fenmeno. Evidentemente que a cidade do Rio de Janeiro, dotada de um relevo bastante movimentado, contribui para a existncia de compartimentaes de relevo que se distribuem de maneira heterognea no espao citadino.

    Tendo por base a Matriz de Comparao disponibilizada por MAGALHES et al. (2011), na comparao entre as mltiplas variveis existentes, definiu-se a existncia de um maior peso do fator declividade frente as outras variveis analisadas. De acordo com o prprio autor o fator declividade foi definido como mais importante diante os trs fatores, e a altitude com menor importncia. De forma que a declividade sete vezes mais importante que a altitude.

    de suma importncia, porm que se destaque que este modelo apresentado por MAGALHES et al. (2011) representa a utilizao de um mtodo pareado de variveis, ou seja, um mtodo que permite comparar os mltiplos critrios adotados balanceando-os de acordo com as suas interaes.

    De acordo com PAULA & CERRI (2012, p.249)

    O Processo Analtico Hierrquico (AHP) auxilia a tomada de deciso baseada em critrios qualitativos e quantitativos, tendo como objetivo analisar o julgamento de especialista no processo de deciso, dividindo problemas complexos em problemas mais simples, na forma de hierarquia de deciso (Saaty, 1991). Tem por ideia central realizar o estudo de sistemas por meio de uma sequncia de comparaes, aos pares, dos condicio-nantes (elementos) que tm influncia no sistema considerado.

    Tendo-se por base os parmetros utilizados, surge a elaborao do mapa apresentado na Figura 5:

    O mtodo AHP foi utilizado para o levantamento da Potencialidade de Inundao e do Potencial de expanso urbana, pois ambos os produtos estipulam-se tendo por base a anlise matricial, diferentemente do mtodo utilizado para o levantamento da fragilidade dos fragmentos florestais (mtodo este que utilizou o modelo vetorial, ou seja, tendo-se por base os polgonos de cobertura arbreo e arbustiva).

    Pedra do Leme com Copacabapa ao fundo, 2008.

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    Figura 5: Mapa de Potencial de Inundao no Municpio. Fonte: ECOBRAND Gesto Ambiental

    Fonte: ECOBRAND Gesto Ambiental

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    Quando nos deparamos com o resultado apre-sentado no mapa acima, nota-se primeiramente a existncia de uma ocorrncia (natural) de extensas reas com altssimo e alto potencial em grande parte da cidade. Apesar da existncia dos macios da Tijuca, Pedra Branca e de poro do macio Gericin-Mendanha, de suma importncia destacar que no se percebem inundaes atual-mente em todos os pontos indicados da cidade. A zona sul apresenta extensas reas com possibi-

    lidade de inundaes/alagamentos. A situao se repete nas pores litorneas da zona norte, bem como da poro territorial vinculada poro oeste. Entretanto, conforme comentado anterior-mente, a recorrncia dos eventos associados a tais fenmenos vincula-se diretamente existncia ou no de equipamentos e estruturas de drenagem que contribuem para a mitigao destes pro-blemas nestas reas.

    Baa de Guanabara, 2008.

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    Uma das questes que contribuem para o prprio futuro dos fragmentos estudados no municpio do Rio de Janeiro o entendimento da dinmica urbana, e a sua consequente expanso no espao atravs do tempo. Evidentemente, que o tema ganha contornos dramticos quando se associa a percepo deste processo sade ambiental da cidade do Rio de Janeiro, o que pode impactar inclusive na eliminao de parte dos atuais fragmentos florestais da cidade, piorando bastante o cenrio apresentado no item Fragilidade dos Fragmentos Florestais.

    Assim, com o intuito de modelar este fenmeno e analisa-lo, ainda que de maneira simplificada, adotaram-se as seguintes variveis para o estudo:

    Uma das variveis mais importantes no que concerne a anlise dos vetores de expanso est associada ocupao do uso do solo encontrada atualmente. A identificao das variadas classes permite indicao das reas mais suscetveis a alterao face aquelas menos suscetveis. Assim, reas com menos vegetao abundante (por exemplo) facilitam a ocupao quando comparadas aquelas bastante desenvolvidas.

    Outro indicador que contribui sobremaneira para a identificao dos vetores de expanso refere-se ao comportamento social existente em determinadas pores do espao. Como comen-tado brevemente em um trecho anterior, pensou-se inicialmente na utilizao da taxa geomtrica populacional entre os anos de 2000 e 2010 (com projeo prolongada at o ano de 2020 disponi-bilizada em estudo do Instituto Pereira Passos, no ano de 20084). No entanto, entende-se no presente modelo que o crescimento populacional no subentende necessariamente a criao de vetores de expanso pelo espraiamento da malha urbana, ou seja, o valor referente taxa de crescimento

    4 O ttulo do trabalho publicado pelo Instituto Pereira Passos Condicionantes territoriais para a elaborao de estimativas populacionais para unidades submunicipais: consideraes a partir do caso do Rio de Janeiro e encontra-se disponibilizado no seguinte stio na internet: http://portalgeo.rio.rj.gov.br/estudoscariocas/download/2411_Condicionantes%20territoriais%20e%20estimativas%20populacionais.pdf

    Cobertura e uso do solo;

    Indicadores referentes expanso da rea construda;

    Altimetria;

    Declividade.

    2.3 Potencial de Expanso Urbana

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    Ocupaes irregulares, Pedra de Guaratiba, 2013.

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    populacional pode refletir num adensamento populacional sem que ocorra crescimento da urbe.

    Desta maneira, conforme apresentado pelo prprio estudo, optou-se pelos valores referentes ao aumento da rea construda entre os anos de 2000 e 2008. Isto porque este indicador contribui para o entendimento do quanto da parcela espacial (ainda que baseado de maneira homogeneizada por Regio Administrativa) passa a sofrer com a presena de maiores constructos, passando a representar a existncia de novas edificaes, novos equipamentos urbanos, entre outros elementos no espao.

    Evidentemente que este tipo de modelo gerado, permitindo o entendimento do atual cenrio de vetores de expanso, contribui diretamente sobre uma srie de aspectos polticos, socioeconmicos e ambientais.

    Contudo, no se pode pensar a (potencial) expanso da malha urbana sem que se considerem tambm outros aspectos de ocupao. Assim, tambm so levadas em considerao aspectos referentes declividade e a altimetria. SEABRA et al. (2009), entre outros autores, apresentam que a ocupao humana, historicamente, prioriza a ocupao das reas mais planificadas em detrimento daquelas que se encontra em declividades mais acentuadas. Isto se deve fundamentalmente a certa facilidade da prpria ocupao e locomoo, bem como em relao aos acessos a determinados elementos vitais para o estabelecimento humano, tal como a gua, encontrada em maior abundncia em reas planas. No entanto, torna-se importante se destacar que, no municpio do Rio de Janeiro, alm da declividade, a altimetria torna-se um fator importante na anlise dos vetores de expanso urbana da cidade

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    Expanso imobiliria no Recreio dos Bandeirantes, 2012.

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    do Rio de Janeiro. Isto porque, devido ao relevo movimentado, as formaes geomorfolgicas que ocorrem na cidade contribuem para a preservao dos grandes fragmentos florestais nos principais macios (Tijuca, Pedra Branca e Gericin-Mendanha). Inclusive, a identificao da primeira classe referente altimetria justificada devido existncia de legislao municipal que inibe sensivelmente as construes acima deste limite.

    Como resultado da anlise, apresentada na Figura 6, pode-se tambm derivar algumas consideraes referentes capacidade de

    expanso da prpria cidade. Nota-se de pronto a consolidao das reas vinculadas a Zona Sul carioca, bem como de determinadas pores da Zona Oeste e Norte da cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, configura-se na Zona Oeste da cidade um elevado potencial de expanso urbana. Alm disso, verifica-se que, apesar da existncia dos macios da Tijuca e da Pedra Branca, grande parte das reas dos mesmos (principalmente a poro oeste do macio da Tijuca e grande parte do Macio da Pedra Branca) passa a estar sobre grande possibilidade de sofrerem presses em relao expanso da malha urbana carioca.

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    Borda de vegetao secundria em estgio avanado de regenerao em contato com rea urbana, Tijuca, 2015.

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    Figura 6 Mapa de Potencial de expanso urbana no municpio do Rio de Janeiro. Fonte: ECOBRAND Gesto Ambiental

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