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Ricardo Henrique Dias ANÁLISE NUMÉRICA DE PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS EM LAJES NERVURADAS Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Estruturas. Orientador: Prof. Associado João Batista de Paiva São Carlos 2003

ANÁLISE NUMÉRICA DE PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS EM LAJES …web.set.eesc.usp.br/static/data/producao/2003ME_RicardoHenrique... · Ricardo Henrique Dias ANÁLISE NUMÉRICA DE PAVIMENTOS

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  • Ricardo Henrique Dias

    ANLISE NUMRICA DE PAVIMENTOS DE EDIFCIOS EM LAJES NERVURADAS

    Dissertao apresentada Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Estruturas.

    Orientador: Prof. Associado Joo Batista de Paiva

    So Carlos

    2003

  • Este trabalho dedico minha me, Elza,

    exemplo de luta e perseverana.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo ao professor orientador Joo Batista de Paiva, pela amizade e compreenso; pelos

    valiosos esclarecimentos, e pelo direcionamento indispensvel ao desenvolvimento do

    trabalho.

    Ao professor Jos Samuel Giongo, pelas trocas de idias, correes e sugestes, e pela

    amizade.

    Ao CNPq, pela bolsa de estudo nos anos iniciais do mestrado.

    Aos amigos da ps-graduao: Clayton de Castro, Humberto Correia Lima, Fernando

    Menezes Filho, Ricardo Carrazedo, Andrei Merlin, Gustavo Tristo, Andr Branco e em

    especial ao Rodrigo Delalibera, pelo apoio dado durante o desenvolvimento deste trabalho.

    Aos funcionrios do Departamento de Engenharia de Estruturas, em especial Rosi

    Rodrigues e Maria Nadir Minatel.

    Aos meus pais Jos e Elza, irmos Alessandra e Rodrigo, e minha querida Ligia, pela

    compreenso nesses anos, e pelos incentivos nos momentos difceis. Aos meus tios Jlio e

    Lurdes, e a minha av Augusta, pelo apoio durante o curso de graduao.

    Aos Engenheiros e Professores Antonio Carlos Peralta, Jorge Silka Pereira e Rogrio Gomes

    de Carvalho, pelas oportunidades e contribuies dadas ao meu desenvolvimento

    profissional, que tambm se refletiram neste trabalho.

    A todos que de alguma maneira contriburam para que este trabalho fosse desenvolvido.

    E a Deus, acima de tudo, minha gratido infinita.

  • RESUMO

    DIAS, R. H. (2003). Anlise numrica de pavimentos de edifcios em lajes nervuradas.

    Dissertao (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo,

    So Carlos, 2003.

    Este trabalho verifica, por meio de anlises numrico-paramtricas de lajes nervuradas, o

    quanto a desconsiderao (ou a considerao de maneira simplificada) da excentricidade

    existente entre os eixos das nervuras e o plano mdio da capa influencia nos resultados de

    deslocamentos e esforos atuantes nas peas que compem estes sistemas. Foram

    apresentados os conceitos tericos relativos cada modelo de clculo permitido pelas

    normas tcnicas, e foram realizadas anlises considerando variaes nos seguintes

    parmetros: relao entre a altura da capa e a altura total da laje nervurada; relao entre a

    distncia entre os eixos das nervuras e a distncia entre os pontos de apoio, e espaamento

    entre os eixos das nervuras. Os diferentes modelos mecnicos foram analisados utilizando o

    Mtodo dos Elementos Finitos, por meio do programa computacional ANSYS 5.5,

    considerando-se um comportamento elstico-linear para o material concreto armado. Foram

    relacionados aspectos importantes a serem observados na escolha do modelo adequado, de

    acordo com os parmetros analisados, para serem aplicados nos escritrios de clculo.

    Verificou-se a necessidade da considerao da excentricidade, seja por modelo realista, ou

    por modelos simplificados, para a obteno de resultados numricos mais prximos do

    comportamento da estrutura real.

    Palavraschave: lajes nervuradas elsticas; enrijecedores excntricos; Mtodo dos Elementos

    Finitos; Concreto Armado - estruturas.

  • ABSTRACT

    DIAS, R. H. (2003). Numerical analysis of building floors in ribbed slabs. Dissertao

    (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos,

    2003.

    This work verifies, through parametric-numerical analysis of slabs stiffened with ribs, how

    much the disregard (or regard in a simplified way) of the existent eccentricity between the

    axis of the ribs and the medium plan of the plate influences on the results of displacements

    and acting efforts over the parts wich make the system. The theorical concepts related to

    each model of calculation allowed through technical codes have been presented, and,

    analysis have been made considering variations in the following parameters: relation

    between plate height and total height of the waffle slab; relation of distance between the axis

    of the ribs and the distance between the supporting points, and the gap between the axis of

    the ribs. Different mechanical models have been analysed using the Finite Element Analysis,

    through the computer program ANSYS 5.5, considering an elastic-linear behaviour for the

    reinforced concrete material. Important aspects have been disclosed and should be carefully

    looked into for an adequate model choice, according to the analysed parameters to be applied

    in the design's offices. The need for eccentricity consideration has been verified, be it by

    using a realistic model or by simplified models, for close numerical results gathering of the

    real structural behaviour.

    Keywords: Stiffened elastic slabs; eccentric stiffeners; Finite Element Analysis; Reinforced

    concrete - structures.

  • SUMRIO

    RESUMO 07

    ABSTRACT 09

    CAPTULO 1 - APRESENTAO DO TRABALHO 15

    1.1 INTRODUO AO CAPTULO 1 15

    1.2 OBJETIVOS 18

    1.3 TCNICAS E MTODOS EMPREGADOS 19

    1.4 SNTESE DOS CAPTULOS 20

    CAPTULO 2 A ANLISE DE LAJES NERVURADAS UTILIZANDO PROCESSOS SIMPLIFICADOS 21 2.1 INTRODUO AO CAPTULO 2 21

    2.2 ANLISE ESTRUTURAL DE LAJES NERVURADAS CONVENCIONAIS E SEM

    VIGAS POR ANALOGIA DE PLACA 22

    2.2.1 A Teoria Clssica das Placas Delgadas Istropas e Orttropas 26

    2.2.2 O conceito de espessura equivalente 29

    2.2.2.1 Definio da largura colaborante da seo "T" 31

    2.2.3 Os parmetros elsticos do concreto armado na Teoria da Placa Orttropa

    Equivalente 36

  • 2.2.4 Simulao dos pilares nos Modelos de Teoria da Placa Orttropa Equivalente 41

    2.2.5 Processos e Mtodos de clculo aplicando a Teoria de Placa Orttropa Equivalente 42

    2.3 ANLISE ESTRUTURAL DE LAJES NERVURADAS CONVENCIONAIS E SEM

    VIGAS POR ANALOGIA DE GRELHA 43

    2.3.1 O funcionamento estrutural das grelhas 45

    2.3.2 O processo de Analogia de Grelha aplicado s lajes nervuradas 45

    2.3.2.1 As propriedades geomtricas das barras da grelha 46

    2.3.2.2 Os parmetros elsticos do concreto na Analogia de Grelha 47

    2.3.2.3 Carregamento da grelha 49

    2.3.2.4 Considerao da vinculao dos pilares nos modelos de Analogia de Grelha 50

    2.3.3 Processos e mtodos de anlise de grelhas 52

    2.4 ANLISE ESTRUTURAL DE LAJES NERVURADAS SEM VIGAS POR MTODOS

    ELSTICOS DE PRTICOS VIRTUAIS 53

    2.4.1 O Mtodo dos Prticos Mltiplos para o clculo dos esforos 58

    2.4.1.1 Caractersticas geomtricas dos elementos do Prtico Mltiplo 59

    2.4.1.2 Os parmetros elsticos do concreto armado no Processo de Prticos Mltiplos 60

    2.4.1.3 Combinaes de tramos carregados e descarregados 60

    2.4.1.4 Determinao dos esforos nos Prticos Mltiplos 61

    2.4.1.5 Distribuio dos esforos calculados segundo o Mtodo de Prticos Mltiplos do

    projeto de reviso da NBR6118/2000 62

    2.4.2 O Mtodo dos Prticos Equivalentes para o clculo dos esforos 62

    2.4.2.1 O pilar equivalente 66

    2.4.2.2 A rigidez da laje nervurada no modelo de Prticos Equivalentes 69

    2.4.2.3 Combinaes de tramos carregados e descarregados 73

    2.4.2.4 Os parmetros elsticos do concreto armado no Mtodo dos Prticos Equivalentes 75

    2.4.2.5 Determinao dos esforos nos Prticos Equivalentes 75

    2.4.2.6 Distribuio dos momentos fletores entre as faixas de laje 77

    2.4.3 O Mtodo dos Prticos Virtuais para o clculo dos deslocamentos elsticos 78

    CAPTULO 3 - A ANLISE DE LAJES NERVURADAS CONSIDERANDO A EXCENTRICIDADE NERVURAS-CAPA DE FORMA MAIS REALISTA 85 3.1 INTRODUO AO CAPTULO 3 85

  • 3.2 REVISO BIBLIOGRFICA 86

    3.3 A CONSIDERAO DA EXCENTRICIDADE DE FORMA MAIS REALISTA NESTE TRABALHO 97

    CAPTULO 4 - OS MODELOS MECNICOS EM MEF APLICADOS ANLISE ESTRUTURAL DE LAJES NERVURADAS 101 4.1 INTRODUO AO CAPTULO 4 101 4.2 OS ELEMENTOS FINITOS UTILIZADOS NAS ANLISES NUMRICAS 103 4.3 OS MODELOS MECNICOS APLICADOS NESTE TRABALHO 111 4.4 VERIFICAO DA VALIDADE DOS MODELOS EM MEF APLICADOS NESTE TRABALHO 121 4.5 COMENTRIOS SOBRE OS RESULTADOS DAS MODELAGENS DOS EXEMPLOS DA BIBLIOGRAFIA 189

    CAPTULO 5 - EXPERIMENTAO NUMRICO-PARAMTRICA DE LAJES NERVURADAS 191 5.1 INTRODUO AO CAPTULO 5 191 5.2 DESCRIO DAS EXPERIMENTAES NUMRICO-PARAMTRICAS 192

    5.2.1 Variao da relao altura total da capa (hf) pela altura total da laje (h), mantendo os

    outros fatores de anlise fixos 192

    5.2.2 Variao da relao espaamento entre os eixos das nervuras (a1) pela distncia entre

    os apoios (l), mantendo os outros fatores de anlise fixos 199

    5.2.3 Variao do espaamento entre os eixos das nervuras, com distncia entre os pontos de

    apoio ajustada a um nmero fixo de nervuras por lado 216

    5.3 RESULTADOS DAS EXPERIMENTAES 221

    5.3.1Resultados apresentados nas modelagens das lajes com variao da relao hf/h 226

    5.3.2 Resultados apresentados nas modelagens das lajes com variao da relao a1/l 293

    5.3.3 Resultados apresentados nas modelagens das lajes com variao do espaamento entre os eixos das nervuras 377

    CAPTULO 6 - CONSIDERAES FINAIS E CONCLUSES 439

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 449

  • CAPTULO 1 APRESENTAO DO TRABALHO

    1.1 INTRODUO AO CAPTULO 1

    A anlise estrutural de pavimentos de edifcios por meio de mtodos

    numricos constitui-se, atualmente, em rotina nos escritrios de projeto. O clculo e

    detalhamento com o auxlio de softwares praticamente imprescindvel, devido

    principalmente ao ritmo imposto pelos contratantes do projeto estrutural e a necessidade de

    avaliar as diversas possibilidades de sistemas procurando, dessa forma, a de melhor

    viabilidade econmica.

    Ao tratar-se de pavimentos de edifcios, estudos j foram feitos buscando

    identificar a soluo estrutural que gere maior economia global.

    Nos edifcios de vrios pisos as lajes so responsveis por elevada parcela do

    consumo de concreto. Utilizando-se lajes macias nos pavimentos esta parcela chega

    usualmente a quase dois teros do volume total da estrutura. Assim, mostraram a necessidade

    do estudo dos critrios de escolha dos tipos de lajes a serem empregados nos edifcios de

    vrios pisos tendo em vista a obteno de solues tcnicas e economicamente otimizadas.

    BOCCHI JNIOR (1995) indicou que essa necessidade de racionalizao na

    construo civil com a minimizao dos custos e prazos vem fazendo das lajes nervuradas

    uma opo cada vez mais difundida.

    Em uma anlise de custos ALBUQUERQUE (1998) mostrou que um

    pavimento em laje nervurada convencional (juntamente com vigas) utilizando caixotes de

    polipropileno foi o mais econmico dentre as diversas alternativas estudadas, apresentando

    uma reduo de 15,15% no custo total da estrutura.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    16

    A empresa ATEX do Brasil, produtora de caixotes de polipropileno, fez um

    estudo comparativo de consumo de materiais atravs da anlise de cinco lajes simplesmente

    apoiadas, nervuradas e macias de espessura equivalente em inrcia flexo, utilizando

    como processo de clculo a Teoria de Placa para ambos os sistemas, atravs de tabelas.

    Concluiu que, em mdia, a utilizao das lajes nervuradas como soluo resulta em uma

    economia de 28,8% no consumo de concreto e 38,4% no consumo de ao, em comparao

    com a laje macia.

    Alm do critrio economia, outros que pesam na escolha das lajes

    nervuradas como soluo estrutural para pisos de pavimentos so a liberdade arquitetnica

    (j que permitem grandes vos) e a simplificao na execuo da obra, em termos de formas

    e escoramentos, quando aplicado em sistemas sem vigas, de acordo com a Figura 1.1, onde

    v-se a simplificao na execuo de formas.

    FIGURA 1.1: Simplificao na execuo de formas com o uso de lajes nervuradas

    As lajes nervuradas tiveram origem em 1854, conforme LIMA et al. [200?],

    quando um fabricante ingls de gesso e cimento chamado William Boutland Wilkinson

    obteve a patente, na Inglaterra, de um sistema que j demonstrava o domnio dos princpios

    bsicos de funcionamento do concreto armado ao dispor barras de ao nas regies

    tracionadas das vigas. Wilkinson percebeu que a rigidez da laje podia ser aumentada por

    meio da insero de vazios utilizando-se moldes de gesso regularmente espaados e

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    17

    separados por nervuras, aonde barras de ao eram colocados na sua poro inferior no meio

    do vo e subiam para a parte superior da viga nas proximidades dos apoios. A laje possua

    um vo de aproximadamente 4 m em cada direo e uma malha de barras de ao era

    colocada na parte inferior da camada de concreto de 4 cm de espessura que cobria as

    nervuras, conforme a Figura 1.2. interessante verificar que Joseph Monier (1823-1906)

    considerado inventor do concreto armado, a partir de sua patente obtida em 1867, mas

    certo que j em 1850 vrias pessoas, em diferentes partes do mundo, construam peas em

    concreto armado, inclusive o prprio Monier.

    FIGURA 1.2: Laje nervurada patenteada por Wilkinson, na Inglaterra, em 1854

    [LIMA et al. [200?]]

    O sistema nervurado, conforme citado em FRANCA & FUSCO (1997),

    uma evoluo natural das lajes macias, pois resultam da eliminao da maior parte do

    concreto abaixo da linha neutra, o que permite o aumento econmico da espessura total das

    lajes pela criao de vazios em um padro rtmico de arranjo ou com a utilizao de material

    inerte, que no colabora com a resistncia da laje. Com isso tem-se um alvio do peso

    prprio da estrutura e um aproveitamento mais eficiente dos materiais, ao e concreto, j que

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    18

    a mesa de concreto resiste aos esforos de compresso e a armadura os de trao, sendo que

    a nervura de concreto faz a ligao mesa-alma.

    Segundo o projeto de reviso da Norma Brasileira Registrada NBR

    6118/2000 - Projeto de Estruturas de Concreto, lajes nervuradas so as moldadas no local

    ou com nervuras pr-moldadas, cuja zona de trao constituda por nervuras entre as quais

    pode ser colocado material inerte. Neste trabalho sero tratadas apenas as lajes nervuradas

    moldadas no local, em concreto armado.

    Usualmente, para as lajes nervuradas, tm-se painis apoiados em vigas mais

    rgidas que as nervuras, num sistema chamado de convencional. Contudo, podem tambm

    serem utilizadas nos pisos de lajes sem vigas.

    Pelo uso cada vez mais crescente destes sistemas de lajes nervuradas,

    convencionais ou sem vigas, v-se a necessidade de um claro entendimento das diversas

    possibilidades de anlise estrutural, comparando os processos simplificados com os mais

    especializados em busca de resultados mais prximos da realidade.

    Assim, com a alta capacidade de processamento atualmente disponvel pelos

    computadores comea a ser vivel a considerao de fatores usualmente negligenciados nas

    anlises, buscando os resultados mais prximos possveis do comportamento real dessas

    estruturas.

    Um dos fatores usualmente desconsiderados nas anlises numricas, ou

    considerados de forma simplificada, nos escritrios de clculo estrutural, a excentricidade

    existente entre os eixos das nervuras e o plano mdio da placa. O problema desta interao

    placa-viga, que j aparece nos pavimentos convencionais de concreto armado (sistemas laje

    macia apoiadas em vigas) ainda mais importante nos sistemas de lajes nervuradas devido

    ao grande nmero de nervuras que participam na rigidez global da estrutura e que, dessa

    forma, no devem ter sua contribuio subestimada pela desconsiderao das

    excentricidades.

    1.2 OBJETIVOS

    Visando contribuir para o aprimoramento da anlise estrutural de lajes

    nervuradas este trabalho tem como objetivos principais:

    - apresentar uma reviso bibliogrfica relativa a cada soluo estrutural

    aproximada permitida anlise de lajes nervuradas convencionais e sem vigas pelas normas

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    19

    tcnicas, descrevendo as caractersticas fundamentais dos processos, bem como as vantagens

    e desvantagens frente a solues mais realistas;

    - apresentar um estudo numrico amplo sobre a interao placa-viga no

    clculo estrutural de lajes nervuradas, aplicando o Mtodo dos Elementos Finitos,

    considerando como fator principal de anlise a excentricidade existente entre o eixo da

    nervura e o plano mdio da placa e sua influncia nos deslocamentos e esforos. O estudo

    numrico avaliar principalmente a influncia das variveis nmero de nervuras por lado,

    espaamento entre as nervuras e altura das nervuras em relao altura da placa;

    - apresentar uma comparao entre os resultados de esforos e

    deslocamentos apresentados pelas teorias de clculo simplificadas (Teoria da Placa

    Orttropa Equivalente e Teoria de Grelha) e modelos mais realistas (com elementos finitos

    que consideram a excentricidade na formulao), buscando determinar o quanto as

    simplificaes influenciam na anlise estrutural das lajes nervuradas.

    1.3 TCNICAS E MTODOS EMPREGADOS

    Os modelos de clculo adotados anlise de lajes nervuradas sero aplicados

    a exemplos numricos de lajes enrijecidas por nervuras e resolvidos por meio do Mtodo dos

    Elementos Finitos, utilizando-se o software ANSYS 5.5.

    O Mtodo dos Elementos Finitos, ou MEF, constitui-se no mtodo numrico

    mais utilizado na anlise estrutural, visto que capaz de ser aplicado aos diversos tipos de

    estruturas, apresentando resultados bastante satisfatrios. Alm disso, o uso de um software

    comercial na anlise ressalta a condio de que os resultados obtidos neste trabalho podem

    ser obtidos tambm pelos projetistas de estruturas, j que existem no mercado diversos

    programas computacionais comerciais que disponibilizam a opo da considerao da

    excentricidade da viga em relao placa, objetivo primordial deste trabalho.

    Os elementos finitos utilizados sero elementos de viga bidimensional,

    elementos de viga tridimensional aplicados de forma concntrica e excntrica em relao ao

    plano das placas e finalmente elementos de casca tridimensional.

    Em todos os modelos aplicados neste trabalho so vlidas as seguintes

    condies:

    - os materiais das lajes nervuradas so elsticos, homogneos e istropos;

    - as deformaes transversais por cisalhamento so negligenciadas;

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    20

    - a anlise de primeira ordem geomtrica, ou seja, desconsideram-se

    grandes deslocamentos;

    - todos os carregamentos so aplicados ortogonalmente ao plano mdio da

    placa;

    - os enrijecedores so prismticos e tm pelo menos uma simetria de seo

    transversal.

    1.4 SNTESE DOS CAPTULOS

    Este trabalho foi dividido em seis captulos conforme comentrios:

    Neste Captulo 1 apresenta-se uma introduo ao tema por meio de uma

    viso geral dos assuntos tratados neste trabalho, os motivos de interesse, os objetivos a serem

    atingidos e os mtodos e tcnicas empregados.

    No Captulo 2 procuram-se detalhar os mtodos simplificados de anlise de

    lajes nervuradas permitidas pelas normas, descrevendo as caractersticas essenciais dos

    processos e mtodos, bem como as vantagens e desvantagens frente a solues mais

    realistas.

    No Captulo 3 apresentam-se as formas de considerao da excentricidade

    nos modelos em Mtodo dos Elementos Finitos aplicados neste trabalho, descrevendo-se

    tambm experimentaes numricas anteriores encontradas na reviso bibliogrfica que

    apresentam resultados comparativos entre modelos simplificados e modelos realistas.

    No Captulo 4 descrevem-se as caractersticas dos modelos mecnicos em

    Mtodo dos Elementos Finitos adotados anlise das lajes nervuradas deste trabalho. So

    apresentadas as caractersticas dos elementos finitos utilizados e procede-se a uma

    verificao da validade dos modelos atravs da aplicao dos mesmos exemplos

    anteriormente resolvidos em diversos artigos encontrados na bibliografia.

    No Captulo 5 apresenta-se a experimentao numrica visando avaliar a

    influncia das variveis nmero de nervuras por lado, espaamento entre as nervuras e altura

    das nervuras em relao altura da placa nos resultados de deslocamentos e esforos,

    aplicando-se os modelos adotados neste trabalho. Os resultados so comparados e os erros

    avaliados.

    No Captulo 6 discutem-se as concluses e consideraes finais. Alm disso,

    faz-se sugestes para a continuao do trabalho e aprofundamento dos tpicos de anlise

    envolvidos.

  • CAPTULO 2 A ANLISE DE LAJES NERVURADAS

    UTILIZANDO PROCESSOS SIMPLIFICADOS

    2.1 INTRODUO AO CAPTULO 2

    A anlise estrutural de lajes nervuradas por processos simplificados , at os

    dias de hoje, muito difundida nos escritrios de clculo. Os modelos adotados podem ser

    resolvidos atravs de softwares facilmente disponveis: anlise de grelha, anlise de prtico

    plano e tabelas de clculo de lajes macias.

    Contudo, o comportamento desta estrutura no bem definido quando da

    considerao das simplificaes.

    Como mostrado em BOCCHI JNIOR (1995) as lajes nervuradas

    apresentam um comportamento elstico intermedirio entre placa e grelha. Assim, as normas

    tcnicas permitem que, alm do clculo dos esforos solicitantes e deslocamentos segundo a

    teoria das placas, pode-se faz-lo segundo a teoria das grelhas. Contudo o autor indica, em

    um estudo comparativo entre os resultados obtidos para esforos solicitantes e

    deslocamentos empregando-se a teoria das placas, por meio de tabelas [PINHEIRO (1993)],

    e teoria das grelhas, por meio do programa GPLAN3 [CORRA & RAMALHO (1987)], que

    nem sempre os valores obtidos pelos dois processos so compatveis. Para uma laje quadrada

    de 6,48 m de lado, com distncia entre nervuras a < 50 cm, obteve discrepncias entre os

    valores de momentos fletores da nervura de at 18% entre os dois processos.

    A anlise estrutural das lajes nervuradas por processos simplificados, a fim

    de obter-se tanto os deslocamentos quanto os esforos solicitantes, pode ser realizada por

    meio de modelagem destas como estruturas bidimensionais, planas, elsticas, considerando a

    excentricidade entre mesa e nervura de forma implcita, das seguintes maneiras:

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    22

    - Analogia de Placa ou Teoria da Placa Orttropa Equivalente: considerao

    da inrcia da seo T para a obteno de uma espessura equivalente de laje macia,

    constante, para lajes nervuradas convencionais e sem vigas;

    - Analogia de grelha: considerao da inrcia da seo T, onde mesa e

    alma trabalham juntas num sistema linear de grelha, para lajes nervuradas convencionais e

    sem vigas;

    - Processo dos Prticos Mltiplos proposto pela NB1/1978: considerao da

    espessura equivalente para o clculo da laje nervurada em modelo de prtico plano

    considerando a interao laje-pilar, para lajes nervuradas sem vigas, com capitis ou bacos

    junto aos pilares;

    - Processo dos Prticos Equivalentes proposto pelo Cdigo American

    Concrete Institute ACI-318: considerao ou da espessura equivalente, ou das sees reais

    para o clculo da laje nervurada como modelo de prtico plano mais refinado, substituindo o

    pilar por um pilar equivalente, aplicvel a lajes nervuradas sem vigas com capitis ou bacos

    junto aos pilares.

    2.2 ANLISE ESTRUTURAL DE LAJES NERVURADAS

    CONVENCIONAIS E SEM VIGAS POR ANALOGIA DE PLACA

    Um dos mtodos mais populares de anlise de lajes nervuradas sob flexo

    conhecido como Teoria da Placa Orttropa Equivalente, ou Analogia de Placa, originalmente

    desenvolvido apenas para um material elstico ideal (logo, tratando-se de concreto armado,

    vemos a sua validade apenas na fase elstica do concreto).

    A filosofia do mtodo converter a placa enrijecida por nervuras em uma

    placa macia, de espessura constante, equivalente em comportamento laje nervurada.

    Assim, a flexo geral do sistema de placa enrijecida por nervuras computada utilizando-se

    algum mtodo convencional e os resultados so superposies daqueles obtidos da flexo

    local dos enrijecedores e painis de laje.

    De acordo com KENNEDY & EL-SEBAKHY (1982) as constantes elsticas

    de uma estrutura orttropa equivalente podem ser tomadas como semelhantes quelas que

    geram o comportamento flexo e toro de uma laje nervurada justificando, assim, o uso

    da teoria. Concluram que a Teoria da Placa Orttropa aplicada sob a resoluo de Sries de

    Fourier pode ser utilizada com confiana para estimar o comportamento elstico de lajes

    nervuradas.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    23

    DEB & BOOTON (1987) indicaram que a substituio da laje nervurada por

    uma laje macia equivalente, apesar de menos preciso do que um modelo em que o sistema

    de placa enrijecida por nervuras tratado como elementos de placas e vigas interagindo

    adequadamente pode ser prefervel, especialmente em uma anlise no-linear fsica, em

    termos de economia de processamento computacional, bem como na simplicidade de entrada

    de dados. Concluram que as formulaes orttropas podem ser consideradas precisas na

    estimativa de deslocamentos e tenses para uma placa enrijecida submetida a carregamento

    uniformemente distribudo, podendo a mxima tenso no enrijecedor ser esperada como 20%

    a favor da segurana quando os enrijecedores so pouco espaados.

    Tambm conforme AJDUKIEWICZ & STAROSOLSKI1 apud

    BARBIRATO (1997) os mtodos baseados na analogia de placas proporcionam resultados

    satisfatrios no que refere-se ao comportamento da estrutura.

    DEB et al. (1991) indicaram que uma premissa comum nas teorias de placa

    orttropa aplicadas a placas com enrijecedores ortogonais assumir a ausncia de toro nos

    enrijecedores, o que pode ocasionar resultados errneos quando os enrijecedores no

    estiverem razoavelmente prximos. Tambm demonstraram que a Teoria da Placa Orttropa

    Equivalente no vlida para a anlise de laje submetida a carregamento concentrado,

    verificando-se uma grande superestimativa das tenses nos enrijecedores quando da

    aplicao da teoria, reafirmando o que foi observado por CLARKSON2 apud DEB et al.

    (1991).

    De acordo com MUKHOPADHYAY (1992) e PALANI et al. (1992) este

    modelo no consegue evoluir para uma soluo satisfatria do problema. A mesma opinio

    compartilhada em SHEIKH & MUKHOPADHYAY (1992).

    BEDAIR (1997) acrescenta que aparecem dificuldades se os enrijecedores

    no so idnticos nas duas direes ou no igualmente espaados, o que faz com que a

    espessura resultante no seja uniforme, ou haja a necessidade de mudana das dimenses em

    planta da laje.

    ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000) verificaram, experimentalmente, que

    o comportamento de uma laje nervurada em modelo reduzido foi significativamente

    diferente do comportamento da respectiva laje macia equivalente. Verificaram que a laje

    1 AJDUKIEWICZ, A.B.; STAROSOLSKI, W. (1990). Reinforced concrete slab-column

    structures. Amsterdam, Elsevier. 2 CLARKSON, J. (1962). The behaviour of deck stiffening under concentrated loads. Trans. R. Inst.

    Naval Arch. 140,57-65.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    24

    macia equivalente rompeu-se com uma carga 60% menor que a carga de ruptura da laje

    nervurada correspondente.

    Neste trabalho, visando utilizar o processo, em adio s condies bsicas

    na formulao da equao diferencial de uma placa orttropa (ou preferencialmente istropa,

    se as nervuras forem idnticas em forma e espaamento nas duas direes ortogonais), as

    condies seguintes devem ser adotadas e/ou verificadas:

    a) o nmero de nervuras deve ser grande o suficiente, cinco ou mais por

    lado, conforme ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000), para que a estrutura real possa ser

    substituda por uma idealizada e com propriedades contnuas. Outros autores apresentaram

    parmetros mais especficos em relao ao nmero de nervuras: HOPPMANN et al. (1956)

    compararam entre resultados tericos (pela Teoria da Placa Orttropa) e experimentais nos

    deslocamentos e deformaes, encontrando os resultados mais prximos entre eles na

    relao a1/l = 0,071, sendo a1 = espaamento entre os centros dos enrijecedores e l =

    dimenso do lado analisado da laje, de acordo com a Figura 2.1; DEB et al. (1991)

    encontraram diferenas de 5 a 10% nos deslocamentos e tenses na placa, a favor da

    segurana, utilizando uma relao a1/l = 0,067 para placa submetida a carga uniformemente

    distribuda. Dessa forma, h indcios de que a relao em torno destes valores a mais

    adequada. Neste trabalho esta investigao ser complementada;

    l

    a1

    FIGURA 2.1: Espaamento entre as nervuras

    b) o plano neutro em qualquer das duas direes ortogonais coincide com o

    centro de gravidade da seo total na correspondente direo.

    SAPOUNTZAKIS & KATSIKADELIS (2000) acrescentaram que para o

    uso da Teoria da Placa Orttropa Equivalente necessrio que a relao entre a rigidez do

    enrijecedor e a rigidez da placa (ou laje) no seja to grande, o que caracterizaria uma

    predominncia da ao das vigas.

    Conforme a Norma Brasileira de Concreto Armado, mesmo considerando as

    lajes nervuradas como elementos estruturais complexos, estas podem ser calculadas como

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    25

    elementos de placa dando-lhes assim o mesmo tratamento das lajes macias, observando-se

    para isso algumas condies, enumeradas a seguir:

    a) Segundo a NB1/1978 - Projeto e Execuo de Estruturas de Concreto

    Armado, tem-se:

    - a distncia livre entre nervuras no deve ultrapassar 100 cm;

    - a espessura das nervuras no deve se inferior a 4 cm e da mesa no deve ser

    menor que 4 cm, nem que 1/15 da distncia livre entre nervuras, garantindo-se dessa forma a

    exeqabilidade adequada de sua concretagem e o eventual alojamento de tubulaes de

    distribuio de energia eltrica;

    - o apoio das lajes deve ser feito ao longo de uma nervura;

    - nas lajes armadas numa s direo so necessrias nervuras transversais

    sempre que haja aes concentradas a distribuir ou quando o vo terico for superior a 4 m,

    exigindo-se duas nervuras no mnimo se o vo ultrapassar 6 m. De acordo com FIORIN

    (1998), as nervuras transversais devem possuir praticamente a mesma altura das

    longitudinais, e apresentar a mesma seo transversal de armadura inferior destas, enquanto

    na parte superior deve-se colocar pelo menos 40% da armadura inferior;

    - em nervuras com espessura inferior a 8 cm no permitido colocar

    armadura de compresso na face oposta mesa;

    Alm destas prescries contidas no item 6.1.1.3, tem-se outras da

    NB1/1978 para tratar-se a laje nervurada como placa:

    - a resistncia da mesa flexo dever ser verificada como laje apoiada nas

    bordas sempre que a distncia livre entre nervuras superar 50 cm ou houver carga

    concentrada no painel entre nervuras;

    - as nervuras sero verificadas ao cisalhamento como vigas se a distncia

    livre entre nervuras ultrapassar 50 cm, e como laje em caso contrrio;

    - nas lajes armadas em uma s direo deve-se colocar uma armadura de

    distribuio, na mesa de compresso, de 0,9 cm2/m ou 1/5 da armadura principal;

    - os estribos, quando necessrios, no devem ter espaamento maior que 20

    cm, nem dimetro maior que 1/8 da largura das nervuras.

    b) Segundo o projeto de reviso da NBR6118/2000, tem-se:

    - a espessura da mesa, quando no houver tubulaes horizontais embutidas,

    deve ser maior ou igual a 1/15 da distncia entre nervuras, e no menor que 3 cm; o valor

    mnimo absoluto deve ser de 4 cm quando existirem tubulaes embutidas de dimetro

    mximo de 12,5 mm;

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    26

    - a espessura das nervuras no deve ser inferior a 5 cm;

    - no permitido o uso de armadura de compresso em nervuras de

    espessura inferior a 8 cm;

    - para lajes com espaamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 60

    cm devem ser dispensadas a verificao da flexo da mesa e para a verificao do

    cisalhamento da regio das nervuras permite-se a considerao dos critrios de laje;

    - para lajes com espaamento entre eixos de nervuras entre 60 cm e 110 cm

    exige-se a verificao da flexo da mesa e as nervuras sero verificadas ao cisalhamento

    como vigas;

    - para lajes nervuradas com espaamento entre eixos de nervuras maior que

    110 cm a mesa deve ser projetada como laje macia, apoiada na grelha de vigas, respeitando-

    se os seus limites mnimos de espessura.

    Alm das condies contidas no item 13.1.4.2, o projeto de reviso da

    NBR6118/2000 indica que, havendo necessidade de estribos, estes no devem ter

    espaamento superior a 20 cm.

    De acordo com o EUROCODE (1992) uma laje nervurada pode ser tratada

    como laje macia quando:

    - as nervuras possurem rigidez suficiente toro;

    - a distncia entre as nervuras no ultrapassar 150 cm;

    - a espessura da mesa for maior ou igual a 5 cm ou 4 cm (quando existir

    bloco de fechamento permanente entre as nervuras), ou maior de 1/10 da distncia livre entre

    nervuras.

    2.2.1 A Teoria Clssica das Placas Delgadas Istropas e Orttropas

    A resoluo de um elemento de placa de espessura constante submetido a

    nveis baixos de tenses perpendiculares ao plano mdio, delgado e sofrendo pequenos

    deslocamentos, segundo o mtodo clssico da elasticidade, feita atravs da integrao da

    equao diferencial de equilbrio de Lagrange, proposta em 1816, que possibilita o clculo

    dos esforos solicitantes e dos deslocamentos para um ponto qualquer no interior da placa

    istropa, mostrada na Eq. 2.1:

    D

    q)(g

    y

    w

    yx

    w2

    x

    w4

    4

    22

    4

    4

    4 +=

    +

    +

    (2.1)

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    27

    sendo:

    )12.(1

    E.hD

    2

    3

    = = rigidez da placa flexo (2.2)

    E: mdulo de deformao longitudinal do material;

    h: altura da laje;

    : coeficiente de Poisson do material;

    (g + q): ao aplicada perpendicularmente ao plano da placa, no ponto

    considerado, no interior da placa;

    w: deslocamento medido perpendicularmente ao plano da laje.

    x,y: eixo de coordenadas ortogonais para o plano mdio da placa.

    O sistema de coordenadas do elemento de placa dado na Figura 2.2.

    h/2

    Z

    X

    Y

    B

    C

    A

    O dxdy

    FIGURA 2.2: Sistema de coordenadas de um elemento de placa

    Para que o problema seja resolvido necessrio que se aplique s bordas as

    condies de contorno conforme o tipo de vinculao, sendo os clssicos:

    a) nas bordas simplesmente apoiadas, perpendiculares ao eixo Ox, tem-se

    que os deslocamentos w sero nulos e, se no houver momentos prescritos, mx tambm ser

    nulo

    w = 0 e 0y

    w.

    x

    w2

    2

    2

    2=

    +

    (2.3)

    b) nas bordas perfeitamente engastadas, perpendiculares ao eixo Ox, tem-se

    que os deslocamentos w sero nulos e o giro x, no sendo prescrito, dever ser nulo ao

    longo dessa borda

    w = 0 e 0xw ==

    x (2.4)

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    28

    c) nas bordas livres, perpendiculares ao eixo Ox, as reaes de apoio rx e os

    momentos fletores mx ao longo desse apoio devero ser nulos

    0yx

    w).(2

    x

    w2

    3

    3

    3=

    +

    (2.5)

    0y

    w.

    x

    w2

    2

    2

    2=

    +

    (2.6)

    As equaes para as bordas perpendiculares ao eixo Oy so as mesmas das

    demonstradas, alterando-se apenas as variveis x e y.

    Aps a integrao da equao diferencial tem-se o deslocamento ortogonal

    ao plano em qualquer ponto da placa. Conhecidos os deslocamentos podem ser obtidos os

    momentos, esforos cortantes e reaes, atravs de combinaes apropriadas de derivadas da

    funo de deslocamento. As tenses podem ser determinadas a partir dos momentos e

    esforos cortantes.

    A espessura constante pedida na teoria, para as lajes nervuradas, obtida

    atravs do clculo da chamada espessura equivalente, que ser posteriomente apresentado.

    Para uma placa macia equivalente orttropa, no caso em que a forma ou o

    espaamento entre as nervuras forem diferentes nas duas direes ortogonais, dada uma

    distribuio de carga e para conhecidas condies de contorno, os deslocamentos, momentos

    e cortantes so determinados pela integrao da equao diferencial seguinte, de acordo com

    TIMOSHENKO & WOINOWSKY-KRIEGER (1959):

    y)P(x,y

    w.D

    yx

    w2.H.

    x

    w.D

    4

    4

    y22

    4

    4

    4

    x =+

    +

    (2.7)

    onde:

    Dx e Dy = rigidezes flexo nas duas direes ortogonais;

    2.H = rigidez total toro, soma das rigidezes toro nas direes x e y,

    ou seja, Dxy e Dyx, e as rigidezes acopladas D1 e D2, que representam a contribuio da flexo

    para a toro da placa.

    Assim, tem-se:

    2.H = (Dxy + Dyx + D1 + D2) (2.8)

    onde:

    Dxy e Dyx = rigidezes toro nas direes x e y, sendo:

    12

    G.hD D

    3

    yxxy == (2.9)

    D1 e D2 = contribuio da flexo na toro da placa enrijecida, sendo:

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    29

    )1.(12

    .hE.D D

    2

    3cs

    21

    == (2.10)

    O termo de rigidez 2.H, segundo BARES & MASSONNET (1968), pode

    tambm ser escrito na forma:

    yx D.D.2. 2.H = (2.11)

    onde:

    yx

    21yxxy

    D.D.2

    DDDD +++= (2.12)

    O valor de tem um valor limite superior igual a 1 para uma placa

    verdadeiramente istropa, onde H = Dx = Dy e um limite inferior igual a 0 para uma grelha

    com os elementos desprovidos de rigidez toro, ou seja, nesse caso H = 0.

    Entretanto, para o caso de um enrijecedor torcional, geralmente aplicados em

    pisos de pontes flexveis, por exemplo, tem-se H2 > (Dx.Dy), e conseqentemente > 1.

    Para aplicaes prticas, de acordo com BARES & MASSONET (1968),

    tem-se:

    x

    sxx S

    E.ID = (2.13)

    y

    syy S

    E.ID = (2.14)

    onde:

    Isx e Isy = momentos de inrcia nas sees das nervuras com respeito aos

    eixos neutros nas direes x e y, respectivamente;

    Sx e Sy = espaamento das nervuras.

    2.2.2 O conceito de espessura equivalente

    Em JI3 et al. apud BARBIRATO (1997) v-se que a determinao da laje

    macia de rigidez equivalente laje nervurada baseia-se no conceito de espessura

    equivalente.

    3 JI, X.; CHEN, S. et al. (1985). Deflection of waffle slabs under gravity and in-plane loads. In:

    SABNIS, G., ed. Deflections of concrete structures. Detroit, ACI. P.283-295. (ACI SP-66).

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    30

    O processo consiste em considerar a espessura equivalente como a espessura

    de uma placa uniforme que tenha o mesmo comportamento flexo que uma laje nervurada,

    de acordo com a Figura 2.3.

    b1

    laje macia equivalente

    heq

    a1 = bf

    material inerte

    bf

    a1

    b2 bw

    hf

    h

    FIGURA 2.3: Processo de espessura equivalente macia para uma laje nervurada istropa

    A espessura equivalente da laje pode ser calculada considerando a

    equivalncia do momento de inrcia flexo, pela frmula:

    1/3

    1eq a

    12.Ih

    = (2.15)

    sendo:

    heq: espessura da laje macia equivalente;

    a1: distncia entre eixos de nervuras;

    I: momento de inrcia flexo da seo transversal T, sem a considerao

    da fissurao, e em relao ao eixo baricntrico horizontal.

    Alm desse processo, diferentes espessuras equivalentes podem tambm ser

    obtidas utilizando equivalncia em momento de fissurao ou em mdulo de resistncia.

    Na anlise estrutural deve-se sempre atentar para os valores de peso prprio

    da laje nervurada, que no so os mesmos apresentados pela laje macia de espessura

    equivalente em inrcia flexo.

    A laje equivalente considerada istropa se as nervuras forem igualmente

    espaadas nas duas direes, e orttropa em caso contrrio.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    31

    Em um estudo das caractersticas dos deslocamentos de lajes nervuradas de

    concreto armado JI3 et al. apud ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000) testaram uma laje

    nervurada em modelo reduzido, em concreto armado, sob carga transversal e compararam os

    resultados da rigidez no campo elstico no-fissurado (estdio I) com aqueles obtidos pelo

    Mtodo dos Elementos Finitos e pelo conceito de espessura equivalente. Concluram que o

    Mtodo da Espessura Equivalente conduz a uma superestimativa da rigidez toro e a uma

    subestimativa dos deslocamentos. Para compensar este fato sugeriram que a espessura

    equivalente fosse reduzida em aproximadamente 20%. Agindo todo o carregamento de

    servio, estando o concreto no campo elstico fissurado (estdio II), sugeriram que a rigidez

    efetiva fosse estimada como 40% da rigidez inicial, ou seja, daquela estando o concreto no

    campo elstico no-fissurado (estdio I).

    ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000), em testes realizados com modelos de

    laje nervurada, confirmaram a melhora de resultados com a reduo da espessura em 20%

    para o concreto no campo elstico. Concluram, entretanto, que estimativas melhores da

    rigidez no campo elstico fissurado do concreto, quando da atuao da carga total, so

    obtidas assumindo-se uma reduo de 25% da rigidez inicial.

    Neste trabalho haver modelos (para lajes nervuradas de concreto armado)

    utilizando a espessura da laje macia equivalente sem qualquer reduo na espessura, e os

    resultados apresentados por estes sero comparados com os modelos utilizando as

    consideraes de ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000), reduzindo-se 20% da espessura da

    laje macia equivalente, nas anlises elsticas consideradas.

    2.2.2.1 Definio da largura colaborante da seo T

    Para o clculo do momento de inrcia do elemento de barra de seo integral

    T torna -se necessrio definir a largura colaborante da mesa de concreto. Na laje nervurada

    deve ser considerada a seo T pelo fato de que a mesa tem a funo de solidarizar as

    nervuras, compatibilizando assim os deslocamentos. Dessa forma a mesa participa da rigidez

    da laje, em composio com a nervura.

    De acordo com a teoria elementar de vigas (assumindo que as sees planas

    permanecem planas depois da flexo da viga) a tenso normal x para um ponto com

    coordenadas (y,z) dada pela Eq. 2.16, no qual implica uma tenso constante na direo y.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    32

    z.I

    M

    y

    yx = (2.16)

    sendo:

    My = momento fletor atuante na viga;

    Iy = momento de inrcia flexo da viga;

    z = distncia da fibra ao centro de gravidade da seo homognea.

    Conforme LEONHARDT & MNNIG (1978) surge, ao longo da juno da

    laje com a viga, uma fora cortante V desconhecida que atua cisalhando no plano e que

    solicita a laje como chapa, conforme a Figura 2.4.

    A partir das tenses introduzidas pela fora cortante V que determina-se a

    largura colaborante (ou largura efetiva).

    Assim, no caso de sees de viga T (ou associao de viga e largura

    colaborante de laje), os deslocamentos longitudinais nas partes da mesa distantes da nervura

    (na direo y) defasam daqueles prximos nervura devido ao da transmisso da tenso

    de cisalhamento no plano da placa para o enrijecedor (atuao da fora cortante V). Esta

    defasagem resulta na distribuio no-uniforme de tenses axiais ou longitudinais, de acordo

    com a Figura 2.5.

    Foras cisalhantes no plano da laje (V) entre mesa e alma

    colaborao da laje flexo ( b)

    colaborao da laje comochapa ( s) a qual

    solicitada pelas foras cortantes

    b

    bw

    l/2

    s

    FIGURA 2.4: Colaborao da laje em uma viga T

    [LEONHARDT & MNNIG (1978)]

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    33

    b4bw

    hf

    x (0)x (y) x (y)

    z

    y

    b1

    FIGURA 2.5: Distribuio de tenso x na mesa de uma viga T

    [TENCHEV (1995)]

    Este fennemo chamado de defasagem de cisalhamento (ou shea r lag).

    Se a largura da mesa grande a Eq. 2.16 ir subestimar significativamente a tenso na

    interseo nervura-mesa. Entretanto, ainda possvel obter um valor correto para a mxima

    tenso usando uma largura efetiva de mesa b1, da seguinte forma:

    = 4b

    0 y(y)x (0)x 1 d.

    1b

    (2.17)

    A Eq. 2.17 de uso pouco prtico se x desconhecida e, pela dificuldade

    de aplicao, no ser utilizada neste trabalho.

    Uma formulao alternativa dada por:

    b1 = .b4 (2.18)

    sendo:

    b1 = largura efetiva;

    b4 = largura construda da mesa;

    = coeficiente de defasagem de cisalhamento (ou shear lag).

    O problema da considerao da largura colaborante tem sido estudado por

    diversos pesquisadores, visando-se determinar os valores adequados para .

    TENCHEV (1995) efetuou um estudo paramtrico da distribuio de tenses

    em vigas orttropas considerando diversas condies de contorno e sees transversais, alm

    do caso de placas finas enrijecidas por nervuras, o que o caso de lajes nervuradas. Utilizou

    no Mtodo dos Elementos Finitos um modelo bidimensional e estabeleceu uma frmula

    emprica para o coeficiente de shear lag utilizado no clculo da largura efetiva

    colaborante da seo T.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    34

    WANG & RAMMERSTOFER (1996) apresentaram um processo

    empregando o Mtodo de Faixas Finitas para a previso da largura colaborante em placas

    enrijecidas sujeitas flexo, onde interpolaram o comportamento da estrutura na direo

    longitudinal por funes harmnicas e na direo transversal por funes polinomiais,

    assumindo na resoluo a Teoria Clssica das Placas. Encontraram resultados satisfatrios

    com a teoria proposta. Afirmaram que, para carregamento concentrado, a idealizao das

    nervuras por um modelo de viga resulta em erros relativamente grandes, sendo necessrio

    que se aplique na anlise da placa enrijecida submetida a esse carregamento um modelo de

    placa bidimensional para o enrijecedor.

    A largura colaborante da mesa pode ser determinada tambm seguindo as

    normas tcnicas brasileiras, com a nomenclatura de acordo com a Figura 2.6 sendo, sem

    dvida, o mtodo mais utilizado nos escritrios brasileiros de clculo estrutural:

    a) segundo a NB1/1978, que pede:

    0,10.a b1 8.hf 0,5.b2

    bf = 2.b1 + bw (2.19)

    onde:

    a = l para tramo simplesmente apoiado;

    a = 0,75.l para tramo com momento fletor numa s extremidade;

    a = 0,60.l para tramo com momento nas duas extremidades;

    a = 2.l para tramo em balano;

    l: comprimento do tramo;

    b2: distncia livre entre as nervuras;

    b1: aba da seo T.

    b) segundo o projeto de reviso da NBR6118/2000, que pede:

    0,10.a b1 0,5.b2

    bf = 2.b1 + bw 0,10.a + bw (2.20)

    onde:

    a = l para tramo simplesmente apoiado;

    a = 0,75.l para tramo com momento fletor numa s extremidade;

    a = 0,60.l para tramo com momento nas duas extremidades;

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    35

    a = 2.l para tramo em balano;

    l: comprimento do tramo;

    b2: distncia livre entre as nervuras;

    b1: aba da seo T.

    b4b3

    b3

    bf

    bwb4

    b1

    bf

    b2 bw

    FIGURA 2.6: Nomenclaturas para a determinao da largura da mesa colaborante segundo a

    NBR6118

    Neste trabalho sero aplicados apenas modelos utilizando as consideraes

    do projeto de reviso da NBR6118/2000 para o clculo da largura colaborante. Na maioria

    dos casos aplica-se a considerao b1 = 0,5. b2.

    Conforme LEONHARDT & MNNIG (1978), pelo desenvolvimento das

    trajetrias de compresso na laje, pode-se verificar que prximo a um apoio extremo a

    largura colaborante da laje menor que para o meio do vo. Assim, a mesma depende do

    afastamento do apoio. Contudo, para as experimentaes numricas deste trabalho ser

    considerada uma largura colaborante nica para toda a extenso da nervura. O projeto de

    reviso da NBR6118/2000 permite o clculo de uma largura colaborante nica para todas as

    sees de uma viga contnua desde que ela seja calculada a partir do trecho de momentos

    positivos onde resulte mnima.

    Logo, tendo a largura colaborante bf pelo processo citado, o momento de

    inrcia da seo integral em relao ao centro de gravidade da pea pode ser determinado

    dividindo-se a seo transversal em retngulos.

    Dessa forma, separando a mesa de concreto da nervura a fim de ter-se duas

    sees retangulares conforme a Figura 2.7, tem-se:

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    36

    z cg

    hf

    h

    b f

    bw

    FIGURA 2.7: Diviso da seo transversal T em sees retangulares

    ( ) ( )2

    fcgfw

    3fw

    2f

    cgff f3

    f fy 2

    hhz.h -h .b

    12hh.b

    2h

    hh..hb12.hb

    I

    +

    +

    ++= z

    (2.21)

    onde:

    Iy = momento de inrcia flexo da seo transversal T;

    zcg = ordenada do centride da seo T, medido a partir da face inferior da

    nervura, dada por:

    ( )

    ( )fwff

    ffff

    2fw

    cg hh.b.hb

    .h.bhh2

    h2

    hh.b

    z+

    ++

    = (2.22)

    Agora, tendo o momento de inrcia, pode-se calcular a espessura equivalente

    da laje e, com ela, os esforos e deslocamentos por processo simplificado.

    2.2.3 Os parmetros elsticos do concreto na Teoria da Placa Orttropa

    Equivalente

    a) Mdulo de deformao longitudinal do concreto

    Conforme a norma NB1/1978, tem-se que as anlises elsticas devem ser

    feitas utilizando-se:

    Ecs = 0,9.Ec [MPa] (2.23)

    sendo:

    Ec = 6600.(fck + 3,5)1/2 [MPa] (2.24)

    Ecs: mdulo de elasticidade secante do concreto;

    Ec: mdulo de elasticidade tangente do concreto;

    fck: resistncia caracterstica do concreto compresso.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    37

    Segundo o projeto de reviso da NBR6118/2000 o mdulo de elasticidade a

    ser utilizado nas anlises elsticas de projeto, especialmente para a determinao de esforos

    solicitantes e verificao de estados limites de servio, deve ser o mdulo secante, dado por:

    Ecs = 0,85.Ec [MPa] (2.25)

    sendo:

    Ec = 5600.(fck)1/2 [MPa] (2.26)

    Ecs: mdulo de elasticidade secante do concreto;

    Ec: mdulo de elasticidade tangente do concreto;

    fck: resistncia caracterstica do concreto compresso.

    A considerao de apenas 85% do mdulo de elasticidade tangente do

    concreto uma forma de compensar os efeitos da deformao lenta nas peas de concreto.

    Assim, neste trabalho ser aplicado o mdulo de elasticidade secante

    proposto pelo projeto de reviso da NBR6118/2000, sem redues, quando da anlise das

    lajes nervuradas pela Teoria da Placa Orttropa Equivalente nos modelos sem reduo da

    espessura da laje macia equivalente e naquele com as redues propostas por ABDUL-

    WAHAB & KHALIL (2000).

    Estes pesquisadores apresentaram processo alternativo na determinao da rigidez da laje slida equivalente e que envolve com mais preciso o comportamento do

    concreto armado e de seus estados elstico no-fissurado (estdio I) e elstico fissurado

    (estdio II), aplicando-se laje nervurada um mdulo de elasticidade longitudinal chamado

    de mdulo efetivo. O processo e suas formulaes so apresentados abaixo, contudo no

    foram utilizados neste trabalho devido necessidade da verificao da linha neutra em cada

    nervura em um processamento inicial, bem como o clculo das reas de armadura durante a

    anlise, o que foge dos objetivos do trabalho.

    O processo criado baseia-se no conceito de disco elementar inicialmente

    proposto para placas perfuradas. Para placas e lajes com disposio quadrada de buracos

    sujeitas a um uniforme campo de tenso assumiram que uma distoro uniforme ocorria e,

    dessa forma, apenas uma nica clula (ou buraco) precisava ser considerada na formulao

    que relacionava o mdulo de elasticidade do concreto e o respectivo mdulo efetivo do

    concreto. Comparando o comportamento de um disco elementar com um disco sem buraco,

    chegaram ao mdulo de elasticidade efetivo, Ee, dado pela expresso:

    ( )( )

    ( ) ( )+==

    1.11.1

    EE

    Rcs

    e

    (2.27)

    onde, de acordo com a Figura 2.8, tem-se:

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    38

    =

    1

    w1

    aba

    .785,0 (2.28)

    Assumiram ento que a placa nervurada podia ser considerada formada por

    uma srie de discos elementares conectados, cada disco tendo a forma de uma placa circular

    com um buraco no centro, de acordo com a Figura 2.8.

    A soluo para a laje nervurada foi obtida pelos autores para os campos

    elstico no-fissurado do concreto (estdio I) e elstico fissurado (estdio II), demonstrados

    na Figura 2.9. A presena de armadura no concreto foi considerada pelos autores na

    formulao, j que contribuem no enrijecimento da laje.

    As

    a1

    bwb2

    FIGURA 2.8: Clula quadrada da laje nervurada e Disco Elementar Equivalente

    [ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000)]

    Estdio II

    Estdio I

    M

    x

    d

    x.Ecs

    a1/2

    linha neutra

    a1/2

    As

    a1/2a1/2

    As

    x.Ecs

    Mlinha neutra

    hdx

    FIGURA 2.9: Discos Elementares Equivalentes submetidos flexo nos estdios I e II

    [ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000)]

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    39

    As formulaes para cada estdio, determinadas pelos autores do artigo, so

    apresentadas abaixo.

    - Campo elstico no-fissurado do concreto

    Para um disco elementar de concreto armado submetido a um momento

    fletor uniforme radial no campo elstico no-fissurado (ou estdio I), de acordo com a Figura

    2.9, assumiram que ocorre uma distoro uniforme. A altura da linha neutra x n a seo

    transformada dada por:

    K2.h Kh

    x 2

    ++= (2.29)

    onde:

    ( )

    .Ra-1 .m.2.A

    K 1

    s = (2.30)

    sendo:

    As = rea da armadura de trao;

    m = coeficiente modular = Es/Ecs;

    R = Ee/Ecs

    Ee = mdulo de elasticidade efetivo do concreto.

    Das consideraes das foras internas, calcula-se o brao de alavanca do

    momento, la, dado por:

    ( ) ( )( ) ( )

    x.32

    x-dK..3x-h3.

    x-dK..3x-h2. l

    2

    23

    a ++

    += (2.31)

    O mdulo de elasticidade efetivo E et obtido atravs do equacionamento

    da relao entre a rotao do contorno externo do disco elementar de concreto armado com

    aquela de um disco slido homogneo com a mesma espessura h. Assim, tem-se:

    3

    a2

    e

    et

    h

    l.x.6EE

    = (2.32)

    onde:

    Ee=R.Ecs

    - Campo elstico fissurado do concreto

    Aps o aparecimento da primeira fissura assumiram que a resistncia do

    concreto submetido trao podia ser negligenciado, conforme Figura 2.9. A altura da linha

    neutra determinada por:

    ( )[ ]4.dKK.K.21

    x ++= (2.33)

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    40

    Como antes, atravs do equacionamento da relao entre a rotao do

    contorno externo para um disco slido equivalente com aquela obtida pelo disco elementar

    de concreto armado, o mdulo de elasticidade efetivo E et para uma laje macia de concreto

    armado no campo elstico fissurado (estdio II) dado por:

    ( )22

    e

    et

    -112.

    3x

    -d.x.6

    EE

    = (2.34)

    onde:

    Ee=R.Ecs

    b) Mdulo de deformao transversal do concreto

    De acordo com a NB1/1978, tem-se que o mdulo de deformao transversal

    do concreto obtido admitindo-se o coeficiente de Poisson = 0,20, resultando:

    Gc = 0,4.Ecs = 2376.(fck + 3,5)1/2 [MPa] (2.35)

    onde:

    Gc: mdulo de elasticidade transversal do concreto.

    No projeto de reviso da NBR 6118/2000 tem-se que o mdulo de

    deformao transversal do concreto tambm calculado adotando = 0,20, resultando:

    Gc = 0,4.Ecs = 1904.(fck)1/2 [MPa] (2.36)

    onde:

    Gc: mdulo de elasticidade transversal do concreto.

    Apesar da orientao da norma muitos autores recomendam valores menores

    para o mdulo de deformao transversal.

    LEONHARDT & MNNIG (1978) sugeriram dividir o mdulo de

    deformao transversal do concreto por 100, j que as microfissuras no concreto, que

    existem mesmo a pea estando no Estdio I, j reduzem a sua rigidez toro.

    TAKEYA (1985) sugeriu adotar Gc = 0,15.Ecs. (2.37)

    Props esta reduo, porm, em modelos de grelha que simulavam lajes

    lisas, argumentando que essa reduo em pisos de concreto armado interessante por levar

    em conta a fissurao de maneira geral. Aqui essa reduo ser testada para verificar os

    efeitos no comportamento do modelo em laje macia com espessura equivalente.

    Assim, nos modelos de Teoria da Placa Orttropa Equivalente sero

    aplicados o mdulo de elasticidade transversal sugerido por TAKEYA (1985), nos modelos

    sem reduo da espessura da laje equivalente. Com isso haver um aumento nos momentos

    fletores atuantes na placa, e conseqentemente uma diminuio nos momentos volventes.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    41

    Nos modelos com espessura reduzida conforme ABDUL-WAHAB & KHALIL (2000) ser

    considerado o valor de Gc integral.

    2.2.4 Simulao dos pilares nos modelos de Teoria da Placa Orttropa

    Equivalente

    De acordo com CORRA (1991) a vinculao dos pilares no plano do

    pavimento de edifcios pode ser considerada de forma simplificada atravs da colocao de

    um n no centro do apoio, impedindo-se a os graus de liberdade ou ento associando ao

    mesmo vnculos deformveis atravs da considerao do pilar de forma tridimensional,

    processo que ser utilizado nas modelagens deste trabalho, de acordo com a Figura 2.10. Os

    pilares, quando da anlise de pavimentos intermedirios, sero lanados com a altura

    duplicada e considerados engastados na base fornecendo, dessa forma, um adequado

    coeficiente de mola, explicitado posteriormente.

    Na modelagem da laje nervurada pela Teoria de Placa necessrio, pelos

    fundamentos do Mtodo dos Elementos Finitos, que as placas em torno do n do pilar

    concorram para ele. Assim, em algumas geometrias, um ajuste por meio de elementos finitos

    triangulares poder sempre ser efetuado, conforme a Figura 2.10.

    y

    z

    xp-

    dire

    ito d

    uplo

    elementos de casca triangulares junto aos pilares elementos de casca

    quadrangulares

    FIGURA 2.10: Ajuste dos elementos de placa junto aos pilares

    Ainda de acordo com CORRA (1991) quando o pilar tiver grande

    dimenso em planta ser simulado por meio de trs ns: um no centro do pilar, do qual sair

    a barra segundo o eixo z com a seo geomtrica real do pilar e com a altura duplicada; e

    mais dois ns, cada um prximo s faces do pilar. Interligando os ns sero lanados

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    42

    elementos finitos de viga tridimensional, no plano x-y, de rigidez infinita, que pode ser

    verificado na Figura 2.11.

    y

    x

    trechos rgidossimulando pilares de grande dimenso

    FIGURA 2.11: Trecho rgido para pilares de grande dimenso em planta

    2.2.5 Processos e mtodos de clculo aplicando a Teoria da Placa Orttropa

    Equivalente

    Determinada a espessura equivalente, a laje nervurada pode ser calculada

    como se fosse uma placa em uma anlise elstica.

    A integrao da equao diferencial de equilbrio das placas delgadas

    apresentada anteriormente, para as lajes retangulares pode ser feita de vrias formas:

    a) tabelas montadas por Czerny e Bares onde utilizaram o processo de

    Diferenas Finitas o que, como mostrado em SILVANY (1995), no caso de placas com

    formas no-regulares, com aberturas e distribuio de aes complexas, no so de aplicao

    prtica;

    b) aplicao direta dos mtodos numricos como o Processo das Diferenas

    Finitas, Mtodo dos Elementos Finitos ou Mtodo dos Elementos de Contorno, utilizando

    softwares como auxlio.

    Neste trabalho ser aplicado o Mtodo dos Elementos Finitos atravs do

    software ANSYS 5.5, onde as placas sero discretizadas por elementos de casca plana e os

    pilares simulados por elementos de barra tridimensionais.

    Aps calculados os momentos e os esforos cortantes por faixa de um metro,

    na laje macia equivalente, nas duas direes, esses valores devem ser multiplicados pelo

    valor da largura colaborante bf, verificando-se em seguida o cisalhamento e a flexo, tanto na

    mesa quanto nas nervuras, ao tratar-se do dimensionamento.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    43

    2.3 ANLISE ESTRUTURAL DE LAJES NERVURADAS

    CONVENCIONAIS E SEM VIGAS POR ANALOGIA DE GRELHA

    A complexidade e as limitaes dos mtodos clssicos da elasticidade

    aplicados na Teoria de Placas fizeram pesquisadores buscarem outros mtodos para a

    determinao de esforos e deslocamentos em lajes macias.

    Segunto o Cdigo ACI-435 (1989) Marsh, em 1904, substituiu uma laje

    macia uniformemente carregada por uma malha de vigas que se cruzavam. Contudo, em sua

    modelagem, negligenciou os momentos torores da placa, gerando assim um erro de 25%

    nos momentos fletores para uma placa simplesmente apoiada.

    Posteriormente a teoria foi modificada por Marcus numa tentativa de levar

    em conta os momentos torores desprezados por Marsh. Dessa forma, introduziu fatores de

    modificao no clculo dos momentos fletores e deslocamentos, relacionando condies de

    vinculao e caractersticas geomtricas.

    Em 1952 foi apresentado por Ewell, Okubo e Abrams um mtodo

    denominado Mtodo de Analogia de Grelha. Nesse processo desenvolvido a influncia do

    momento toror pde ser considerada de maneira direta e imediata. A placa macia foi

    inicialmente dividida em faixas nas direes ortogonais escolhidas e, posteriormente,

    substitudas por vigas equivalentes, com as mesmas propriedades de flexo e toro. Nestas,

    foram calculados os esforos e deslocamentos, fazendo-se a compatibilizao de momentos

    torores e fletores por ns, ou pontos de cruzamento das vigas da grelha, conforme Figura

    2.12.

    A placa macia e a grelha devem ser tais que, quando submetermos as duas

    estruturas ao mesmo carregamento elas se deformaro de maneira idntica, e os esforos em

    qualquer barra da grelha sero iguais s resultantes das tenses na seo transversal da

    posio da laje que a barra representa.

    Indicou que o processo foi utilizado pioneiramente em computador por

    Lightfoot e Sawko, em 1959. A facilidade computacional do processo d-se principalmente

    porque a tcnica trabalha com elementos lineares, ou elementos de barra, onde a resoluo

    da estrutura resulta em um problema simples de anlise matricial: o problema de grelhas.

    Dessa forma, o alto grau de hiperestaticidade e deslocabilidade das grelhas no um

    empecilho para a anlise quando do uso de computadores.

    Algumas diferenas de comportamento fsico entre placas macias e grelhas

    existem, contudo, e so enumeradas abaixo:

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    44

    - o equilbrio da laje d-se com a igualdade entre os momentos torores

    atuantes nas duas direes; na grelha equivalente no h princpio fsico ou matemtico para

    que isso ocorra;

    - o momento fletor da laje, em qualquer direo, depende tanto da curvatura

    naquela direo quanto da curvatura na direo ortogonal; no elemento de barra o momento

    fletor somente proporcional prpria barra.

    BARBOZA (1992) mostra, contudo, comparando-se os resultados obtidos

    com a analogia de grelha e com o mtodo dos elementos finitos, que a analogia oferece

    resultados satisfatrios para lajes macias. Assim, espera-se resultados ainda melhores ao

    analisar-se lajes nervuradas por este processo devido maior semelhana geomtrica entre

    ambos estrutura real e modelo mecnico, em um modelo tridimensional.

    (c) deslocamento devido ao momento no plano l-o-m

    (b) substituio das faixas pelas vigas

    (a) diviso da placa em faixas

    M

    p

    nm

    lo

    viga equivalente 2-2

    32

    1

    C

    AB

    CB

    A

    3

    12

    faixa de laje 2-2

    AB

    C

    CB

    A

    32

    1

    32

    1

    FIGURA 2.12: Analogia de grelha aplicada lajes macias

    [ACI-318-89]

    Mas, de acordo com SHEIKH & MUKHOPADHYAY (1992), a modelagem

    de placas enrijecidas atravs de sistemas de grelhas tm fracassado na evoluo de uma

    soluo genrica satisfatria.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    45

    2.3.1 O funcionamento estrutural das grelhas

    A grelha, quando tratada como estrutura plana, recebe aes solicitantes

    perpendicularmente ao seu plano. Na anlise desses elementos esto envolvidos trs esforos

    internos, de acordo com a Figura 2.13: o esforo cortante normal ao plano da grelha, o

    momento fletor normal ao eixo da barra e o momento toror axial barra. Com isso, tm-se

    ento trs deformaes, conjugadas aos esforos internos.

    Ao determinar-se os esforos solicitantes e deslocamentos de uma laje

    nervurada segundo a teoria das grelhas a estrutura como um todo deve resistir s aes, j

    que as vigas no so tratadas de forma independente.

    A

    A

    P

    Seo A-A

    Mt

    M

    V

    FIGURA 2.13: Esforos solicitantes na barra de uma grelha plana

    Assim, para que o clculo seja econmico, preciso considerar que a

    transferncia das aes ocorra no plano da estrutura o que, com eficincia, s ocorre se as

    nervuras tiverem rigidezes semelhantes. Dessa forma, se as nervuras de uma direo forem

    mais rgidas que as da outra direo elas absorvero maiores parcelas de esforos solicitantes

    e a transmisso dos mesmos ocorrer apenas em uma direo, o que foge da teoria

    econmica das grelhas.

    2.3.2 O processo de Analogia de Grelha aplicado lajes nervuradas

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    46

    Para a aplicao do processo s lajes nervuradas torna-se evidente que as

    mesmas j so um conjunto de vigas e, assim, tem-se a prpria malha equivalente, onde as

    barras tero seo transversal T devido a mesa de concreto. Sero ento concentradas nas

    vigas as rigidezes toro e flexo da placa.

    De acordo com TANAKA & BERCIN (1998) implicitamente considera-se a

    excentricidade existente entre o eixo da nervura e o plano mdio da placa atravs das

    translaes de eixos no clculo das inrcias das sees transversais compostas. Nesta

    aproximao, segundo os pesquisadores, a dificuldade est na determinao da largura

    colaborante, aquela hipottica representao da placa na viga, o mesmo problema

    encontrado para o clculo da espessura da laje macia equivalente em comportamento uma

    laje nervurada demonstrado anteriormente.

    Para que se tenha um modelo de grelha que expresse tanto o comportamento

    da estrutura (laje nervurada) quanto do material (concreto armado) algumas consideraes

    tambm devem ser feitas na concepo da grelha quanto s propriedades geomtricas da

    seo e parmetros do concreto.

    2.3.2.1 As propriedades geomtricas das barras da grelha

    a) Momento de Inrcia flexo das barras da grelha Para a determinao dos esforos, considerando a seo integral de concreto

    em um clculo elstico, as nervuras da laje devem ser consideradas como sees T, com

    largura colaborante da laje, e a inrcia a flexo das mesmas ser calculada como j

    demonstrado anteriormente, ou seja, neste trabalho haver modelos utilizando as

    consideraes do projeto de reviso da NBR6118/2000.

    b) Momento de Inrcia toro das barras da grelha

    As tores que ocorrem na maioria das grelhas so esforos advindos da

    compatibilidade de deformaes haja visto que, medida que se reduz a rigidez toro da

    barra de grelha, os momentos de toro tambm so reduzidos at que, para um limite

    terico de rigidez nula toro, tem-se tambm momentos de toro nulos. Dessa forma,

    geralmente, nos pisos de edifcios em grelha surgem esforos de toro meramente oriundos

    da compatibilidade das deformaes. Verifica-se tambm ser possvel a ocorrncia de uma

    situao em que h equilbrio com toro nula, no caso de baixa rigidez toro ou no caso

    de tolerar-se plastificaes, conforme SUSSEKIND (1985).

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    47

    A norma brasileira NBR 6118/1978 permite desprezar os momentos de

    toro de compatibilidade para o clculo das peas no Estado Limite ltimo j que a tem-se

    a barra fissurada e, dessa forma, a mesma tem inrcia toro muito reduzida.

    Do item 14.5.7.2 do projeto de reviso da NBR 6118/2000 v-se que, de

    maneira aproximada, pode-se reduzir a rigidez toro das vigas (exceto em peas curtas)

    por fissurao utilizando-se 15% da rigidez elstica.

    J SUSSEKIND (1985) recomendou considerar como inrcia toro, para

    elementos de concreto fissurados, 20% da inrcia It da seo homognea, constituindo-se

    num valor tolervel para a considerao da inrcia toro de compatibilidade.

    Ambas as recomendaes conduzem a valores reduzidos de toro, e so

    satisfatrias.

    SUSSEKIND (1985) e LEONHARDT & MNNIG (1978) apresentaram o

    momento de inrcia toro da seo bruta para sees compostas por retngulos, de acordo

    com a teoria da elasticidade, para elementos retangulares onde h >> b, calculado pela

    seguinte expresso:

    ).h(b.31

    I in

    1i

    3it

    == (2.38)

    onde:

    bi: menor dimenso da poro i da seo transversal;

    hi: maior dimenso da poro i da seo transversal.

    LEONHARDT & MNNIG (1978) apresentaram tambm uma tabela com

    valores mais especficos de inrcia toro para sees retangulares de acordo com a relao

    entre as dimenses da seo transversal.

    Neste trabalho a inrcia toro das peas sero calculadas de acordo com

    LEONHARDT & MNNIG (1978), na Eq. 2.38, contudo utilizando apenas 15% dessa

    inrcia bruta, de acordo com o projeto de reviso da NBR6118/2000, supondo-se a

    fissurao das peas (mesmo na anlise elstica, j que este um recurso satisfatrio para

    simular o comportamento do material concreto armado tambm em servio).

    2.3.2.2 Os parmetros elsticos do concreto armado na Analogia de Grelha

    a) Mdulo de deformao longitudinal do concreto

    Segundo o projeto de reviso da NBR 6118/2000:

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    48

    Ecs = 0,85.Ec [MPa] (2.39)

    sendo:

    Ec = 5600.(fck)1/2 [MPa] (2.40)

    Ecs: mdulo de elasticidade secante do concreto;

    Ec: mdulo de elasticidade tangente do concreto;

    fck: resistncia caracterstica do concreto compresso.

    O valor do mdulo de elasticidade secante do concreto pode ainda ser

    reduzido para se considerar os efeitos da fissurao, como foi aplicado em BOCCHI

    JNIOR (1995), que considerou apenas 70% do valor do mdulo em suas anlises.

    TAKEYA (1985) indicou que a reduo do mdulo de elasticidade

    interessante, porm complexo de quantificar, j que parte da laje pode trabalhar no Estdio I

    e parte no Estdio II, alm de ocorrer o efeito da retrao e da deformao lenta do concreto.

    Neste trabalho, nos modelos de Analogia de Grelha, sero aplicados o

    mdulo de elasticidade secante proposto pelo projeto de reviso da NBR6118/2000, sem

    redues.

    b) Mdulo de deformao transversal do concreto

    De acordo com projeto de reviso da NBR6118/2000:

    Gc = 0,4.Ecs = 1904.(fck)1/2 [MPa] (2.41)

    onde:

    Gc: mdulo de elasticidade transversal do concreto.

    Apesar da orientao da norma muitos autores recomendam valores menores

    para o mdulo de deformao transversal.

    TAKEYA (1985) sugeriu adotar Gc = 0,15.Ecs. (2.42)

    J BOCCHI JNIOR (1995) indicou que, j levando em conta a diminuio

    da inrcia toro da pea, a diminuio do mdulo de deformao transversal devido a

    fissurao no torna-se necessrio.

    Contudo, nos modelos de Analogia de Grelha deste trabalho sero aplicados

    o mdulo de elasticidade transversal sugerido por TAKEYA (1985), para simular melhor o

    material concreto armado, mesmo nas anlises elsticas.

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    49

    2.3.2.3 Carregamento da grelha

    Todo o carregamento da grelha pode ser aplicado diretamente nos ns da

    estrutura atravs do processo de rea de influncia, conforme a Figura 2.14:

    Qi = (g + q).Ai (2.43)

    sendo:

    Qi : carga nodal aplicada grelha no n;

    (g + q) : carga total atuante na laje;

    Ai : rea de influncia do n i.

    l/2l/2 l/2l/2

    l/2l/2

    l/2l/2

    i

    eixos das nervuras

    FIGURA 2.14: rea de influncia para o clculo de carga nodal em grelhas

    Porm, interessante considerar todas as aes atuantes na laje nervurada

    como uniformemente distribudas ao longo das barras da grelha, conforme Figura 2.15, o que

    representa melhor a forma dos diagramas de momentos fletores das nervuras.

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    50

    eixo

    da

    nerv

    ura

    rea de influnciacarga uniformesobre a nervura

    FIGURA 2.15: Carga uniformemente distribuda sobre as nervuras

    Assim, pode-se imaginar a laje nervurada como constituda de vrias lajes

    menores apoiadas nas nervuras, onde as aes sero distribudas como reaes de apoio s

    nervuras.

    Neste trabalho as cargas distribudas uniformemente sobre a laje nervurada,

    nos modelos de grelha, sero lanadas uniformemente distribudas ao longo das nervuras.

    2.3.2.4 Considerao da vinculao dos pilares nos modelos de Analogia de

    Grelha

    Quando um modelo de grelha plana processado por meio de softwares

    apropriados para tal sistema possvel considerar a influncia das rigidezes dos pilares por

    meio da introduo de constantes de mola aos ns dos apoios da grelha equivalente,

    conforme Figura 2.16.

    a) rigidez do pilar s deformaes axiais:

    A grandeza da deformao na direo axial do pilar pequena e,

    conseqentemente, pouco significativa, podendo ser desprezada nas anlises do pavimento.

    Assim, pode ser considerada uma rea elevada de seo transversal nos pilares nas anlises.

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    51

    x

    yz

    i

    Kz,i: rigidez do pilar deformao axial

    Kx,i: rigidez do pilar flexo segundo a direo x

    Ky,i: rigidez do pilar flexo segundo a direo y

    FIGURA 2.16: Representao das constantes de mola aplicadas ao apoio de uma grelha

    b) rigidez do pilar flexo:

    As rigidezes do pilar devem ser avaliadas tanto na direo x quanto na

    direo y, e so incorporadas no n contido na barra da grelha, na direo correspondente,

    respectivamente obtendo-se Kx e Ky, quando o software para anlise de grelha permitir a

    introduo automtica das constantes de mola no n vinculado.

    Neste trabalho, quando da considerao dos pilares, os mesmos sero

    lanados de forma mais realista, associando-se grelha barras referentes aos pilares

    formando um conjunto tridimensional, j que o sistema ser analisado atravs de barras

    tridimensionais no ANSYS 5.5. Os pilares sero lanados com a altura duplicada e

    considerados engastados na base, de acordo com a Figura 2.17 fornecendo, dessa forma, um

    adequado coeficiente de mola de valor:

    K = (2.Ecs.I)/l (2.44)

    sendo:

    K: constante de mola do pilar;

    Ecs: mdulo de elasticidade secante longitudinal do concreto;

    I: momento de inrcia flexo da seo no eixo considerado;

    l: altura do p-direito.

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    52

    p-d

    ireito

    dup

    lo

    x

    z

    y

    FIGURA 2.17: Considerao dos pilares nos modelos de grelha deste trabalho

    De acordo com CORRA (1991) os pilares de grande dimenso sero

    modelados utilizando-se trs ns no plano XY do pavimento em grelha, criando-se dessa

    forma dois trechos rgidos no mesmo plano (ou barras de alta inrcia flexo) modelados

    pelo elemento de barra tridimensional disponvel no ANSYS 5.5. Ligando o n central ao n

    da base do pilar ser utilizado novamente o elemento de barra tridimensional, contudo tendo

    as caractersticas reais do pilar, ao longo do seu eixo, de acordo com a Figura 2.18.

    trechos rgidos

    barra com as caractersticas reais do pilar, mas com o dobro da altura

    FIGURA 2.18: Caractersticas da modelagem dos pilares de grande dimenso

    2.3.3 Processos e mtodos de anlise de grelhas

    Tendo as caractersticas geomtricas e parmetros do concreto a anlise da

    grelha plana, sem os pilares no modelo, pode ser feita por diversos mtodos e processos.

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    53

    Um dos processos mais utilizados a Anlise Matricial, que pode ser

    encontrada em diversos programas computacionais de grelha plana.

    Neste trabalho, contudo, ser aplicado o Mtodo dos Elementos Finitos, pelo

    ANSYS 5.5, onde as nervuras sero discretizadas por elementos finitos de viga

    tridimensional, assim como os pilares. Na verdade ser um modelo onde a laje nervurada

    simulada por barras, como uma grelha, mas em conjunto com os pilares, o que confere ao

    modelo caractersticas de prtico tridimensional.

    2.4 ANLISE ESTRUTURAL DE LAJES NERVURADAS SEM VIGAS

    POR MTODOS ELSTICOS DE PRTICOS VIRTUAIS

    Alm dos sistemas convencionais de piso de lajes nervuradas, ou seja,

    aqueles com a existncia de vigas mais rgidas no conjunto, tem-se tambm sistema especial,

    sem vigas.

    Esse sistema aliado a piso em nervuras pode ser verificado na Figura 2.19.

    FIGURA 2.19: Laje nervurada sem vigas

    [NAWY (1995)]

    Em algumas lajes desse sistema podem ser colocadas vigas de borda com a

    funo de diminuir os momentos fletores nas lajes e deslocamentos, constituindo-se num

    apoio de contorno, absorvendo tambm a toro e a puno al geradas. Outra vantagem da

    utilizao das vigas nas bordas do pavimento a formao de prticos para resistir s aes

    laterais, quando conectadas a pilares.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    54

    Esse tipo de sistema estrutural apresenta grande versatilidade quanto ao

    projeto arquitetnico, j que a inexistncia de vigas permite uma maior liberdade na

    disposio de cmodos no pavimento.

    Como nas lajes sem vigas tem-se o apoio diretamente no pilar necessrio

    que neste sistema com pavimento em laje nervurada a regio em torno dos pilares seja

    macia, tendo capitis (engrossamento dos pilares) ou bacos (engrossamento de lajes

    macias ou, neste caso, lajes macias de espessura constante embutidas na laje nervurada).

    Dessa forma, as regies macias tero dupla finalidade: absorver os momentos negativos que

    surgem no entorno dos pilares internos e resistir ao efeito de puncionamento que ocorre

    nessa regies, junto aos pilares.

    A puno, que deve ser verificada nas lajes lisas nervuradas, o fenmeno

    de perfurao devido s altas tenses de cisalhamento, provocadas por foras concentradas

    ou agindo em reas pequenas.

    A verificao da puno, em vrias normas, baseada no mtodo da

    superfcie de controle, ou seja, consiste no clculo de uma tenso nominal de cisalhamento

    na superfcie a verificar. Tendo esse valor e o da resistncia do concreto pode-se fazer a

    verificao. Este , por exemplo, o processo utilizado no projeto de reviso da

    NBR6118/2000 que considera como superfcies crticas as seguintes, de acordo com a Figura

    2.20:

    a) permetro C, do pilar ou da carga concentrada, onde verifica-se a tenso

    de compresso diagonal do concreto;

    b) permetro C, afastado 2.d do pilar ou da carga concentrada, sendo d a

    altura til da laje na regio considerada, verificando-se a capacidade de ligao a puno

    associada resistncia trao diagonal;

    c) permetro C, utilizado quando necessrio colocar armadura transversal,

    afastado 2.d da ltima armadura transversal, sendo d a altura til da laje no trecho

    considerado.

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    55

    (b) macio com armadura transversal

    (a) macio sem armadura transversal

    C"

    2d2d

    C'

    C

    FIGURA 2.20: Permetros de controle da puno segundo o projeto de reviso da

    NBR6118/2000

    Como pode-se observar, caso o concreto no resista ao efeito de

    puncionamento torna-se necessrio distribuir armaduras de puno radialmente ao pilar,

    podendo as barras estarem inclinadas para atravessar a zona tracionada ortogonalmente em

    relao s tenses de trao.

    A ruptura por puncionamento d-se segundo uma superfcie tronco-

    piramoidal com inclinao de 30 a 35 graus, sendo brusca e sem aviso prvio, conforme a

    Figura 2.21:

    linha de ruptura por puno30 a 35 graus

    FIGURA 2.21: Ruptura por Puno

    Verifica-se, assim, que a regio macia em torno dos pilares, nos sistemas

    sem vigas, deve abranger em planta a regio de altas concentraes de fora cisalhante.

    TESORO (1991) afirmou que os pavimentos em lajes nervuradas sem vigas

    devem ser analisados da maneira mais realista possvel em conjunto com os pilares. Assim,

  • Anlise Numrica de Pavimentos de Edifcios em Lajes Nervuradas

    56

    complementou que pouco serve empregar mtodos que resolvem perfeitamente a laje se

    estes no contemplarem adequadamente o clculo dos pilares.

    Quanto aos processos de determinao dos esforos solicitantes e

    deslocamentos o projeto de reviso da NBR6118/2000 afirma que o clculo de lajes lisas (ou

    lajes sem vigas apoiadas diretamente sobre pilares) deve ser realizado mediante emprego de

    procedimento numrico adequado, citando: mtodo das diferenas finitas, mtodo dos

    elementos finitos ou mtodo dos elementos de contorno. Como mostrado em

    ALBUQUERQUE (1998), a existncia de softwares que possibilitam a anlise estrutural

    pelos mtodos dos elementos finitos e a sua confiabilidade fizeram com que o mesmo fosse o

    mais difundido para o clculo das lajes lisas.

    Em casos particulares, quando os pilares estiverem dispostos em filas

    ortogonais de maneira regular e com vos pouco diferentes o projeto de reviso da

    NBR6118/2000 permite o clculo dos esforos por processo elstico aproximado que

    consiste em adotar, em cada direo ortogonal, prticos mltiplos num processo de anlise

    bidimensional. Pede, porm, que se assim for procedida a anlise sejam ento estudadas

    cuidadosamente as ligaes das lajes com os pilares, com especial ateno nos casos de

    assimetria de forma e de carregamento, devendo ser obrigatria a considerao dos

    momentos de ligao entre laje e pilares extremos.

    Um mtodo mais refinado de clculo do que o dos Prt