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ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DE EROSÃO LAMINAR NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO LUZIANE SANTOS RIBEIRO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ FEVEREIRO – 2006

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ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DE EROSÃO LAMINAR NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS

GOYTACAZES/RJ ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

LUZIANE SANTOS RIBEIRO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

FEVEREIRO – 2006

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ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DE EROSÃO LAMINAR NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS

GOYTACAZES/RJ ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

LUZIANE SANTOS RIBEIRO

Orientador: Profª. Maria da Glória Alves

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ FEVEREIRO – 2006

“Dissertação apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil”

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF 22/2006

Ribeiro, Luziane Santos Análise qualitativa e quantitativa de erosão laminar no município de Campos dos Goytacazes/RJ através de técnicas de geoprocessamento / Luziane Santos Ribeiro. – Campos dos Goytacazes, 2006. xv, 139f. : il. Orientador: Maria da Glória Alves. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) --Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia Civil. Campos dos Goytacazes, 2006. Área de concentração: Geotecnia Bibliografia: f. 129-138 1. Erosão 2. Erosão laminar 3. Equação Universal de Perda de Solo 4 Geoprocessamento l. Universidade Estadual do Norte

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ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DE EROSÃO LAMINAR NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS

GOYTACAZES/RJ ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

LUZIANE SANTOS RIBEIRO Aprovada em 23 de fevereiro de 2006 Comissão Examinadora:

Profª. Rozanda Guedes da Silva Costa (D. Sc., Geologia) – UNIGRANRIO

Prof. Doracy Pessoa Ramos (D. Sc., Solos) – UENF

Prof. Paulo César Maia (D. Sc., Engenharia Civil) – UENF

Profª. Maria da Gloria Alves (D. Sc., Ciências da Geologia) – UENF Orientador

“Dissertação apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil”

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A Deus, pois nem um fio de cabelo cai de nossas cabeças se não for de Sua

vontade.

Aos meus pais, Valdeci e Luzimar, pelos exemplos de honestidade e

perseverança.

Aos meus irmãos Walcimar e Márcia, pelo incentivo mesmo que indireto

e principalmente a Márcio, sem o apoio do qual eu não teria nem

começado a sonhar.

Aos meus sobrinhos Davi e Enzo, por me mostrarem um desejo que

desconhecia: o de ser mãe.

Ao meu marido, Marcelo, que se aplicou em me manter

sempre com os olhos fixos em meus objetivos, me ensinando a

querer sempre melhorar e a crescer como profissional, nunca

esquecendo de misturar a tudo isso seu amor, carinho,

paciência e amizade.

OFEREÇO

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AGRADECIMENTOS

� A Deus, pelas graças contínuas que recaem sobre minha vida.

À Maria da Gloria Alves, minha orientadora no sentido mais abrangente da palavra.

Pela garra com que se dispôs a enfrentar árduas etapas para que essa dissertação existisse.

Pelo apoio, incentivo, criatividade no direcionamento do trabalho.

Ao Professor Doracy Pessoa Ramos, pelas críticas construtivas, de muita valia, que

contribuíram para complementar a formação de meu senso crítico.

Aos Engenheiros Agrimensores Ângelo Marcos Oliveira, pelo suporte técnico na

fase de geração do modelo digital de elevação e pelas sugestões esclarecedoras e Eliane

Maria Vieira, pela generosidade no compartilhamento de seus conhecimentos de SIG e

Geoprocessamento.

Aos colegas da Oficina de Geoprocessamento do LECIV (OFIGEO),

principalmente à doutora Izabel de Souza Ramos, pela paciência.

Aos funcionários do LECIV: Milton, Eliezer, ‘Dona’ Olívia e Bianca.

Aos professores do LEVIC pelo ensino e dedicação à formação de pesquisadores

críticos.

À FAPERJ, pela bolsa de estudos.

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Às colegas de república: Derliane, Rejane, Josimar e Laerciana, pela convivência

agradável e carinho.

E finalmente a agradeço à Ciência, que, de tão intrigante, faz-nos incansáveis e

apaixonados pesquisadores, mesmo que as circunstâncias sejam contrárias �

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. viii

LISTA DE TABELAS................................................................................................x

LISTA DE SIGLAS.................................................................................................. xii

1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 16

2. OBJETIVOS...................................................................................................... 19

2.1 Principal....................................................................................................... 19

2.2 Específicos .................................................................................................. 19

3. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 20

3.1 Processo de erosão dos solos..................................................................... 20

3.1.1 Erosão hídrica....................................................................................... 21

3.1.2 Suscetibilidade à erosão ....................................................................... 26

3.2 Equação Universal de Perdas de Solo ........................................................ 35

3.2.1 Equações Derivadas............................................................................. 44

3.3 Geoprocessamento e modelagem de processos naturais........................... 47

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ........................................................................ 55

4.1. Localização da Área ................................................................................... 55

4.2 Uso e Cobertura do Solo ............................................................................. 55

4.3. Pedologia.................................................................................................... 59

4.4. Geomorfologia ............................................................................................ 61

4.5 Geologia ...................................................................................................... 68

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4.6 Hidrografia ................................................................................................... 73

4.7 Vegetação ................................................................................................... 74

4.8 Clima ........................................................................................................... 75

5. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 78

5.1 Criação da Base de Dados.......................................................................... 79

5.2 Edição dos Dados........................................................................................ 80

5.2.1 Modelo Digital de Elevação (MDE) ....................................................... 81

5.3 Análise de Suscetibilidade à Erosão Laminar.............................................. 82

5.4.3 Análise da Perda de Solo por Erosão ................................................... 88

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................... 94

6.1 Modelo Digital de Elevação (MDE).............................................................. 94

6.2 Análise de Suscetibilidade e Potencial dos Solos à Erosão Laminar .......... 99

6.2.1 Carta de Declividades........................................................................... 99

6.2.2 Carta de Erodibilidade......................................................................... 101

6.2.3 Carta de Suscetibilidade dos Solos à Erosão Laminar ....................... 103

6.2.4 Carta de Potencial à Erosão Laminar ................................................. 107

6.3 Análise da Perda de Solo por Erosão........................................................ 108

6.3.1 Cartas de Declividades e Aspecto ...................................................... 109

6.3.2 Fator Erosividade da Chuva (R).......................................................... 109

6.3.3 Fator Erodibilidade (K) ........................................................................ 111

6.3.4 Fator Topográfico (LS) ........................................................................ 112

6.3.5 Fator Antrópico (CP) ........................................................................... 114

6.3.6 Potencial Natural de Erosão (PNE)..................................................... 115

6.3.7 Influência Antrópica............................................................................. 120

6.3.8 Perda de Solo ..................................................................................... 122

6.3.9 Risco de Erosão.................................................................................. 123

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 125

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 129

ANEXO 01........................................................................................................... 139

APÊNDICES ....................................................................................................... 141

APÊNDICE A................................................................................................... 142

APÊNDICE B................................................................................................... 143

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APÊNDICE C................................................................................................... 144

APÊNDICE D................................................................................................... 145

APÊNDICE E................................................................................................... 146

APÊNDICE F ................................................................................................... 147

APÊNDICE G .................................................................................................. 148

APÊNDICE H................................................................................................... 149

APÊNDICE I .................................................................................................... 150

APÊNDICE J ................................................................................................... 151

APÊNDICE K................................................................................................... 152

APÊNDICE L ................................................................................................... 153

APÊNDICE M .................................................................................................. 154

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Ação de uma gota de água ao cair sobre o solo desprotegido......... 23

FIGURA 2 – Diagrama de relações entre a demolição de agregados,

crostas de deposição e erosão. (Adaptado de Cerri, 1999)............. 25

FIGURA 3 – Estimativa global de degradação do solo. Favis-Mortlock

(2005). ............................................................................................. 27

FIGURA 4 – Variação global das temperaturas terrestre e marinha ao

longo dos anos. Favis-Mortlock (2005)............................................ 28

FIGURA 5 – Perfil de solo Neossolo Flúvico na Baixada Campista.

(Ramos, 2006)................................................................................. 31

FIGURA 6 – Detalhe de um corte com Cambissolo. A presença de

fragmentos de rocha caracteriza este tipo de solo.(Corrêa,

2003) ............................................................................................... 32

FIGURA 7 – Espodossolo nos cordões litorâneos. Fonte: OFIGEO (2003).......... 36

FIGURA 8 – Curvas para cálculo do fator LS. (Bertoni & Lombardi Neto,

1990). .............................................................................................. 42

FIGURA 9 – Partes componentes de um SIG. (Ziller, 1999)................................. 50

FIGURA 10 – Formas de representação de um dado por um SIG. (Ziller,

1999). .............................................................................................. 51

FIGURA 11 – Representação matricial e vetorial e sua relação com o

mundo real. (Ribeiro, 2003). ............................................................ 52

FIGURA 12 – Nível de detalhes entre as escalas. FONTE: Ribeiro (2003). ......... 53

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FIGURA 13 – Localização da área de estudo....................................................... 56

FIGURA 14 – Imagem Landsat de 14 de março de 2002. .................................... 57

FIGURA 15 – Uso da terra no município de Campos. Modificado de Costa

(2005). ............................................................................................. 60

FIGURA 16 – Pedologia do município. Fonte: Costa (2005)................................. 62

FIGURA 17 – Domínio Serrano Escarpa da Serra do Imbé.................................. 63

FIGURA 18 – Serra da Pedra Lisa........................................................................ 63

FIGURA 19 – Colinas Isoladas - Serra do Imbé................................................... 64

FIGURA 20 – Domínio Suave Colinoso ................................................................ 64

FIGURA 21 – Maciço de Itaoca............................................................................. 66

FIGURA 22 – Lagoa de Cima. .............................................................................. 66

FIGURA 23 – Planície Colúvio-Alúvio-Marinha com a cidade ao fundo.

(OFIGEO-LEVIC, 2003)................................................................... 67

FIGURA 24 – Planície flúvio-lagunar: áreas freqüentemente inundáveis

próximas a Lagoa Feia. ................................................................... 67

FIGURA 25 – Tabuleiro da Formação Barreiras. (OFIGEO, 2004) ....................... 68

FIGURA 26 – Mapa geomorfológico de Campos. ................................................. 69

FIGURA 27 – Mapa geológico da área de estudo................................................. 73

FIGURA 28 – Hidrografia do município de Campos. (CIDE)................................. 75

FIGURA 29 – Precipitação Média Mensal, em Campos dos Goytacazes, do

período de 1975 a 1999 (Azevedo et. al. 2000)............................... 77

FIGURA 30 – Variação da elevação ao longo da área do município de

Campos. .......................................................................................... 95

FIGURA 31 (nº 1 no MDE, Apêndice A) – MDE x hidrografia da área na

altura do Morro do Coco. ................................................................. 97

FIGURA 32 (nº 2 no MDE, Apêndice A) – Visualização 3D da transição

entre serra, colina tabuleiro e baixada campista.............................. 98

FIGURA 33 (nº 3 no MDE, Apêndice A) – MDE x hidrografia da área na

altura da Serra do Imbé. .................................................................. 99

FIGURA 34 – Neossolo flúvico em época de chuva. .......................................... 102

FIGURA 35 – Depósitos de areia em um neossolo flúvico. ................................ 107

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Relação entre o diâmetro da gota e sua velocidade terminal........... 26

TABELA 2 – Unidades pedológicas para o estado de São Paulo e seus

respectivos índices de erodibilidade. (Bertoni & Lombardi

Neto, 1990)...................................................................................... 29

TABELA 3 – Comprimento de rampa. (Bertoni & Lombardi Neto,1990). .............. 41

TABELA 4 – Categorias de uso e respectivos valores de C. ................................ 43

TABELA 5 – Valor de P para algumas práticas conservacionistas. Bertoni

& Lombardi Neto (1990) .................................................................. 44

TABELA 6 – Valores de P em função do declive. (Wischmeier & Smith,

1978) ............................................................................................... 44

TABELA 7 – Perda tolerável de solo (T). (Bertoni & Lombardi Neto, 1990).......... 47

TABELA 8 – Resumo da divisão geomorfológica do município. Corrêa

(2003) modificado de CPRM (2001) ................................................ 65

TABELA 9 – Classes de erodibilidade para a área de estudo. Bertoni &

Lombardi Neto (1990)...................................................................... 84

TABELA 10 – Relação entre as quatro classes de erodibilidade e as cinco

de erodibilidade para definição das classes de suscetibilidade

à erosão laminar. ............................................................................. 86

TABELA 11 – Classes de reclassificação do mapa de uso e cobertura................ 86

TABELA 12 – Relação uso x ocupação para definição do potencial erosivo. ....... 87

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TABELA 13 – Classes de potencial à erosão laminar........................................... 87

TABELA 14 – Classes de solo e respectivos valores de K e T. ............................ 90

TABELA 15 – Valores e C e P para este trabalho................................................. 92

TABELA 16 – Relação entre as classes de declividade e a área do

município. ...................................................................................... 100

TABELA 17 – Área ocupada por classe de suscetibilidade. ............................... 103

TABELA 18 – Relação potencial de erosão laminar x área ocupada.................. 108

TABELA 19 – Valores de R obtidos para o município de Campos...................... 110

TABELA 20 - Erodibilidade dos solos e sua ocorrência em áreas relativas........ 112

TABELA 21 – Relação do fator LS com a superfície da área de estudo............. 114

TABELA 22 – Fator antrópico (valor CP). ........................................................... 115

TABELA 23 – Níveis e intensidade do PNE, classificação e área relativa de

ocorrência...................................................................................... 116

TABELA 24 – Valores de PNE encontrados na literatura e sua comparação

com os determinados nesta pesquisa. .......................................... 118

TABELA 25 – Tabulação cruzada entre PNE e fator K em número de

pixels. ............................................................................................ 119

TABELA 26 – Tabulação cruzada entre PNE e fator R....................................... 119

TABELA 27 - Tabulação cruzada entre PNE e fator LS...................................... 120

TABELA 28 – Classes de influência antrópica em percentual de área

ocupada e área real ocupada. ....................................................... 121

TABELA 29 – Perda anual de solo em Campos. ................................................ 122

TABELA 30 – Valores comparativos de perda de solo. ...................................... 123

TABELA 31 – Valores de perda de solo tolerável para a área de estudo. .......... 124

TABELA 32 – Área relativa e ocupada pelas classes de risco de erosão........... 124

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LISTA DE SIGLAS

ABGE – Associação Brasileira de Geologia de Engenharia

CIDE – Centro de Informações e Dados do Estado do Rio de Janeiro

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

DEF – Departamento de Engenharia Florestal

DIREX – Diretoria de Exploração Mineral

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

DRM – Departamento de Recursos Minerais

DSC Engenharia – Daniel Silva Costa Engenharia

DSC-UFLA – Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de

Lavras

EI – Média mensal do índice de erosão

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EUPS – Equação Universal de Perda de Solos

IAA – Instituto do Açúcar e do Álcool –

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IGEO-UERJ – Instituto de Geociências da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro

LEAG – Laboratório de Engenharia Agrícola

LECIV – Laboratório de Engenharia Civil

MDE – Modelo Digital de Elevação

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NCE – Núcleo de Computação Eletrônica

OFIGEO – Oficina de Geoprocessamento do Laboratório de Engenharia Civil

PESAGRO – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro

PNE – Potencial Natural de Erosão PROJIR – Projeto de Irrigação e Drenagem da Cana-de-Açúcar do Norte

Fluminense

SAD – South American Datum

SIG – Sistemas de Informações Geográficas

SR – Sensoriamento Remoto

UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense ‘Darcy Ribeiro’

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

UFV – Universidade Federal de Viçosa UTM – Universal Transversa Mercator

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RESUMO RIBEIRO, Luziane Santos, MSc., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, fevereiro de 2006, Análise qualitativa e quantitativa de erosão laminar no município de Campos dos Goytacazes/RJ através de técnicas de geoprocessamento. Orientador: Maria da Gloria Alves.

Da necessidade de se comunicar, trabalhar, produzir e até mesmo

sobreviver, o homem precisa do solo para atender necessidades pessoais que

vão desde moradia até alimentação. O mau uso e ocupação do solo tem levado a

perdas por erosão cada vez maiores. Em virtude disso, áreas antes agricultáveis

têm se tornado desérticas pelo carreamento das camadas superficiais do solo.

Este trabalho pretende estudar os solos do município de Campos quanto a sua

suscetibilidade à erosão laminar e quantificar sua perda pela da aplicação da

Equação Universal de Perda de Solo (EUPS) através de técnicas de

geoprocessamento. Os principais produtos cartográficos resultantes mostraram

que a suscetibilidade à erosão foi baixa. O risco potencial de erosão foi

predominantemente baixo. O potencial natural de erosão (PNE) teve dois níveis

de maior abrangência: um com perda de 1.000 a 5.000 t. ha-1 e outro com perda

de 100 a 500 t. ha-1. A perda anual de solo predominante ficou entre 10 e 500 t.

ano-1. O risco de erosão e a influência antrópica mapeados revelaram uma

situação preocupante, pois indicaram que 55% das terras do município

apresentaram risco de erosão maior que o tolerado pelo solo.

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ABSTRACT RIBEIRO, Luziane Santos, MSc., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, February 2006, Análise qualitativa e quantitativa de erosão laminar no município de Campos dos Goytacazes/RJ através de técnicas de geoprocessamento. Adviser: Maria da Gloria Alves.

Of the necessity of to communicate, to work, to produce and to survive the

man needs of soil to take care of personal necessities. The bad use and

occupation of the lands taken the losses for bigger erosion. In virtue of this, before

agricultural areas if have become desert-like for the carry of the superficial layers

of the ground. This work intends to study the soils units of the more susceptible to

the laminar erosion in Campos city, as well as quantifying its loss through the

application of the Universal Soil Loss Equation of (USLE) through geoprocessing

techniques. The main resultant cartographic products had shown that the

susceptibility to the erosion was low in reason of the types ground and the plain

topography of the study area. The potential risk of erosion predominantly low had

to the uses pasture and area. The natural potential of erosion (PNE) had two

levels of bigger intervals: one with loss of 1.000 the 5,000 t. ha-1 and another one

with the 500 loss of 100 t. ha-1. Predominant the annual soil loss was between 10

and 500 t. year-1. The risk of erosion and the human influence mapped had

disclosed a situation preoccupying, therefore they had indicated that 55% of lands

of the city had presented risk of bigger erosion that the critical boundary.

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16

1. INTRODUÇÃO

Da necessidade de se comunicar, trabalhar, produzir e até mesmo

sobreviver, o homem precisa edificar moradias, unidades escolares, hospitais,

delimitar áreas agricultáveis, abrir estradas, enfim, precisa modificar o meio

ambiente que o circunda para dele extrair os recursos necessários a essas e

muitas outras atividades das quais dependem sua sustentabilidade.

Entretanto a relação homem-ambiente nem sempre a é feita de forma

harmônica. O mau uso do solo e da água, desmatamentos, erosão, poluição e

contaminação de lençóis freáticos e outros corpos d'água, tantos em áreas

urbanas quanto rurais, podem ser citados como conseqüências de atividades

antrópicas impactantes comumente noticiadas.

No desenvolvimento de uma região faz-se necessário acompanhar e

apontar aspectos que possam introduzir falhas no planejamento e gestão dos

recursos oferecidos por ela. A racionalização da exploração dos bens disponíveis

e o direcionamento da ocupação do solo devem ser feitos em função da sua

capacidade de exploração como tentativas de se preservar a qualidade do

ambiente.

No âmbito urbano, tem havido alterações significativas no ciclo hidrológico,

principalmente em decorrência de desmatamentos, os quais alteram a cobertura

do solo. Todo este processo faz diminuir a porcentagem de água infiltrada e

aumentar o escoamento superficial. Conseqüentemente, há aumento na produção

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17

de sedimentos, empobrecimento do solo (queda de sua fertilidade), perdas por

erosão, assoreamento e/ou contaminação dos cursos d'água e da cadeia

alimentar.

É dentro deste contexto que se encaixam os estudos que relacionam os

efeitos dos processos erosivos e as atividades antrópicas.

A erosão tem degradado o solo devido à atuação dos fatores naturais e

antrópicos Devido a isso, ela cada vez mais tem merecido a atenção dos

pesquisadores, tanto no que diz respeito à manutenção da produtividade agrícola

como no que se refere à preservação de uma forma geral. A erosão laminar,

segundo alguns autores, é a responsável pelas maiores perdas de solo, uma vez

que a remoção homogênea de camadas de solos se dá de forma imperceptível.

Quando ela é notada, a perda de solos já foi significativa.

Este trabalho pretende estudar qualitativa e quantitativamente a erosão

laminar no município de Campos dos Goytacazes/RJ utilizando-se de técnicas de

geoprocessamento. O geoprocessamento permite análises espaciais do

fenômeno, através das quais é possível planejar racionalmente o uso e ocupação

do solo e ressaltar áreas que necessitam de adoção de práticas de controle da

erosão.

Na análise quantitativa será usada a modelagem EUPS (Equação

Universal de Perda de Solos), que permite uma análise da perda de solo por

erosão laminar levando em conta a intensidade da chuva na região, a

erodibilidade dos solos, o comprimento da encosta, o declive e as medidas de uso

e conservação do solo. Esta parte da pesquisa é de caráter inédito no município.

Em conseqüência disso, muitas dificuldades foram encontradas em sua

elaboração, principalmente na criação do banco de dados.

A suscetibilidade à erosão laminar sob o ponto de vista qualitativo será

analisado pelo cruzamento matricial de informações sobre o declive da área e a

erodibilidade dos solos.

De posse de todas essas informações serão gerados mapas e cartas

fundamentais ao estudo das potencialidades e restrições do meio físico, como as

cartas de suscetibilidade à erosão laminar, potencial à erosão laminar, perda de

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solo por erosão, risco de erosão, influência antrópica e potencial natural de

erosão.

No próximo Capitulo, o 2, serão descritos os objetivos gerais e específicos

desta pesquisa. No Capítulo 3 é apresentada a fundamentação teórica em que se

baseou o trabalho e onde são abordados temas principais, como suscetibilidade à

erosão, geoprocessamento e EUPS. Em seguida vem o Capítulo 4, no qual a área

de estudo é caracterizada. O Capítulo 5 discorre sobre os materiais e métodos

usados no desenvolvimento dos mapas, cartas e tabelas. No Capítulo 6 são

discutidos e mostrados os resultados obtidos e finalmente no Capítulo 7 vêm às

conclusões e recomendações fechando a análise realizada.

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2. OBJETIVOS

2.1 Principal

O objetivo principal deste trabalho é analisar a suscetibilidade e o potencial

dos solos à erosão laminar dos solos do no município de Campos dos

Goytacazes e quantificar sua perda através de técnicas de geoprocessamento.

2.2 Específicos

Especificamente esta pesquisa objetiva gerar o modelo digital de elevação

de Campos, o qual servirá de base para a criação dos mapas de suscetibilidade e

potencial natural das terras à erosão laminar. A análise da perda de solo será

obtida pela aplicação da Equação Universal de Perda de Solo.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

Esta revisão bibliográfica apresentará tópicos importantes para

compreensão de como se dá o processo erosivo e sua modelagem: o processo

de erosão dos solos, sua modelagem através da Equação Universal de Perdas de

Solo (EUPS), utilização dos Sistemas de Informação Geográfica nesta

modelagem e exemplos de aplicação.

3.1 Processo de erosão dos solos

Nenhum outro processo é tão destrutivo para o solo quanto o erosivo.

Segundo o glossário de Termos Técnicos de Geologia de Engenharia da

Associação Brasileira de Geologia de Engenharia - ABGE (1985), a erosão pode

ser definida como um conjunto de fatores físicos, químicos ou biológicos, naturais,

responsáveis pelo modelamento do relevo terrestre, na maioria diretamente

ligados ao clima (chuva, rios, água subterrânea, correntes marinhas, ondas,

geleiras, ventos). Amorim (1999), por sua vez, disse que a erosão consiste no

processo de desprendimento e transporte das partículas do solo, constituindo-se

na principal causa de sua degradação. Muitas e diversificadas são as definições

para o fenômeno da erosão, mas em um ponto os autores concordam: a erosão

do solo constitui, sem dúvida, a principal causa de depauperamento acelerado

das terras (Bertoni & Lombardi Neto, 1990).

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A erosão pode se dar pela ação do vento (erosão eólica). Ocorre mais

comumente em regiões de clima árido e semi-árido.

A erosão natural ou geológica refere-se ao processo que ocorre

naturalmente, em tempo geológico, sem influência do homem, como por exemplo,

deltas de grandes rios, grande extensão de rochas sedimentares (formadas por

deposição de sedimentos).

A erosão acelerada refere-se às taxas de perda de solo relacionadas às

atividades do homem, devido à destruição do equilíbrio das condições naturais

(Amorim, 1999).

A erosão em sulcos está relacionada ao desprendimento e transporte de

solo devido à enxurrada (Weill, 1999). Resulta da concentração do escoamento

superficial produzido por uma chuva, ocasionando a formação de pequenos

canais que podem ser facilmente desfeitos pelas práticas de cultivo (Amorim,

1999).

A erosão em voçoroca (ou boçoroca, em tupi) é ocasionada por grandes

concentrações de enxurradas que passam, ano após ano, no mesmo sulco, que

vai se ampliando, pelo deslocamento de grandes massas de solo, e formando

grandes cavidades, em extensão e profundidade (Fujihara, 2002). Pode ser

formada rapidamente em função da profundidade, velocidade e volume da água,

quando fluxo subsuperficial emerge em encostas de colinas (Soares, 2002).

Por se tratar do foco desta pesquisa, a erosão hídrica será abordada de

forma mais aprofundada.

3.1.1 Erosão hídrica

A erosão hídrica tem sido uma das principais causas de redução da

produtividade das terras. Além das partículas de solo em suspensão, o

escoamento superficial transporta nutrientes, matéria orgânica, sementes e

defensivos agrícolas que, além de acarretarem o empobrecimento gradativo dos

solos, geram também o assoreamento e a poluição dos mananciais (Fragassi,

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2001). É decorrente do mau uso do solo, o qual se torna susceptível à ação da

água da chuva quando a cobertura vegetal, viva ou morta, é retirada da

superfície.

Os danos causados pelas gotas de chuva que golpeiam o solo constituem

o primeiro passo no processo da erosão, independentemente do grau de

inclinação do terreno. As gotas podem ser consideradas bombas em miniatura

(Figura 1), que golpeiam a superfície do solo, rompendo os grânulos e torrões,

reduzindo-os a partículas menores, lançando-as para longe e, ainda, diminuindo a

capacidade de infiltração de água no solo (Bertoni & Lombardi Neto, 1990).

Num segundo momento, as partículas agora desprendidas pela ação

hidráulica do escoamento superficial encontram-se sujeitas ao transporte. Nos

dois mecanismos há um processo de transformação da partícula integrante da

estrutura do solo em uma partícula solta, ou seja, sedimentar. A partir desse

momento fica sujeita ao transporte e deposição pela ação do escoamento (Cerri,

1999).

Os sedimentos só são transportados quando a chuva ou enxurrada possui

energia suficiente para movimentar as partículas de solo desagregadas. Logo, a

intensidade e duração da precipitação inferem diretamente na taxa de desgaste

do solo, bem como a ausência de cobertura vegetal e a topografia do terreno.

As chuvas desenvolvem maior desequilíbrio na paisagem das encostas.

Sparovek (1998) explica que a variação espacial da intensidade da chuva

associada com sua freqüência (volume e concentração das chuvas em alguns

meses do ano) determina fatores primordiais a serem analisados para

entendimento do processo erosivo. Este processo pode ser acelerado se além

das chuvas concentradas, a encosta apresentar ausência de vegetação. Weill

(1999) afirma que dentre outros fatores considerados principais na deflagração

dos processos erosivos estão o desmatamento e/ou a remoção da cobertura

original. Combinados a estes, características da fisiografia da paisagem –

declividade e comprimento da vertente - só tendem a aumentar e agravar a

atividade erosiva.

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Todas as formas em que se dá o processo erosivo são nocivas. Mas a

resultante da erosão laminar apesar de menos visíveis, trazem grandes prejuízos

ao solo e à produção agrícola. Ela será discutida com mais detalhes a seguir.

A

B

C

FIGURA 1 – Ação de uma gota de água ao cair sobre o solo desprotegido. Em A,

a gota está prestes a tocar na superfície. Em B, os pingos de lama são expedidos

radialmente após o impacto da gota, e em C, observa-se a "cratera" formada,

enquanto os pingos de lama estão em vias de deposição.

Fragassi (2001) apud Leinz (1978).

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3.1.1.1 Erosão laminar

A erosão laminar ocorre pela combinação da ação da energia da gota

d’água da chuva com o movimento da água no declive. O processo é tal que finas

camadas de solo são removidas da superfície do solo, uma após a outra, e a

erosão não é claramente evidenciada por simples inspeção visual (Soares, 2002),

podendo ser detectada pelo aumento da turbidez da água do corpo hídrico

(Bertoni & Lombardi Neto, 1990). Segundos estes autores, a ação da erosão

laminar também pode ser detectada pela coloração mais clara do solo, pela

exposição das raízes e pela queda da produtividade agrícola.

O diagrama da Figura 2 sugere como se dá interação dos fenômenos

naturais que culminam na erosão laminar do solo.

Pela figura é notório que todo o processo erosivo laminar depende, desde

sua desagregação até sua deposição, das águas oriundas do escoamento

superficial. Assim, o material em suspensão na água compõe-se de uma gama de

elementos que podem ser nocivos ou não tanto a saúde humana quanto ao corpo

receptor, que geralmente é hídrico. Este tipo de erosão traduz-se por pequenas

modificações iniciais na coloração do solo devido à remoção da camada

superficial, que é mais rica em matéria orgânica, nutrientes e húmus (Jacques,

1997). No meio rural tal desgaste denota queda da fertilidade do solo, tornado-o

pobre e improdutivo. Como o material carreado reflete um pouco de cada local

pelo qual passou, muitas vezes ele é mais rico em nutrientes do que o solo

original.

A energia cinética de uma gota de chuva provoca grande impacto na

superfície do solo. Devido a suas dimensões (da ordem de milímetros), não é de

fácil compreensão o estrago que ela pode causar. Em um evento de chuva,

logicamente, ocorre a combinação da energia cinética de um número incontável

de gotas atuando juntas sobre a superfície do solo, causando compactação desta

superfície, reduzindo sua capacidade de absorver água e aumentando a força da

enxurrada.

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A Tabela 1 apresenta uma correlação entre o diâmetro da gota de chuva e

a velocidade com que atinge o solo, diretamente associada à energia transferida

no processo de desagregação das partículas.

Na maioria das vezes a erosão laminar só é percebida após alguns anos,

quando são observadas raízes de plantas e árvores expostas. Este é um indício

da espessura da camada de solo que já foi perdida. Na prática, pode-se monitorar

tal perda fincando um pino de material resistente com pelo menos 10 cm no solo

(Jacques, 1997). Evidentemente esta área deve estar livre da presença de

pessoas, máquinas e animais, uma vez que estes tendem a acelerar o processo

erosivo.

FIGURA 2 – Diagrama de relações entre a demolição de agregados, crostas de

deposição e erosão. (Adaptado de Cerri, 1999).

Solo Não Degradado

Crosta Estrutural

Crosta de Deposição

Sedimentos do Fluxo d’água

Erosão Laminar

Desarranjo Compactação Salpico

Chuva Desarranjo Compactação

Deposição

Superfície de Infiltração

Empoçamento

Escoamento Superficial

Deposição

Arraste

Separação

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TABELA 1 – Relação entre o diâmetro da gota e sua velocidade terminal.

Feres (2002) apud Linsley et al. (1982)

3.1.2 Suscetibilidade à erosão

O processo erosivo é sem dúvida um dos mais sérios problemas que o

homem enfrenta há tempos, principalmente pela falta de medidas eficientes para

seu controle. Além do que existe o aumento constante e progressivo das áreas

atingidas, quer pela inexistência de um sistema de drenagem, conservação do

solo ou pela condição de susceptibilidade dos solos.

A erosão em suas diversas modalidades tem abrangência em quase toda

superfície terrestre. A erosão hídrica, obviamente, apresenta maior incidência nas

áreas com clima tropical, onde os totais pluviométricos são bem mais elevados

que em outras regiões do planeta (Guerra, 1999)

Segundo Favis-Mortlock (2005), apesar da natureza global dos problemas

conseqüentes da erosão, ainda hoje não se tem informação precisa quanto a sua

extensão. Cerca de 15% da superfície terrestre que é livre de gelo são atingidos

por alguma forma de degradação. Deste montante, a erosão hídrica é

responsável por aproximadamente 56% e a erosão eólica por 28%. Isto significa

que a área afetada pela erosão hídrica é da ordem de 11 milhões km2 e pela

eólica da ordem de 5,5 milhões de km2. A área atingida pela erosão acelerada

decorrente de práticas agrícolas é desconhecida. Devido ao fato de que a

formação do solo é lenta, ele é considerado um recurso essencialmente finito.

Diâmetro da gota (mm) Velocidade terminal (m/s) 0,5 2,06 1,0 4,03 1,5 5,41 2,0 6,49 3,0 8,06 4,0 8,83 5,0 9,09 5,5 9,15 5,8 9,17

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Sua degradação quanto estudada em escala mundial mostra como o homem não

tem dado atenção a este fato. É o que ilustra a Figura 3.

No cartograma da Figura 3 as áreas com terrenos estáveis compreendem o

norte gelado, que se apresenta quase todo inaproveitável, e algumas pequenas

manchas de solos nas áreas subtropicais e intertropicais dos continentes

habitáveis. Porém, quase todas as terras emersas do planeta estão afetadas

pelos problemas de erosão (hídrica e eólica), deterioração (química e física),

degradação severa e por desertos inúteis (Ribeiro, 2000).

De acordo com o autor op. cit., o conhecimento sobre a situação atual das

terras quanto a erosão o modo como ela se deu no passado pode ser de grande

ajuda, uma vez que ele sugere como e onde provavelmente ocorrerá maiores

perdas de solo no futuro. No entanto, é possível que haja algumas variações. Por

exemplo, a taxa de erosão hídrica poderá sofrer alterações em função de

mudanças climáticas ou relativas ao uso da terra. Essas alterações

provavelmente responderão a um incremento na precipitação sob padrão não-

linear, com desproporcionalidades ainda maiores em anos mais chuvosos.

FIGURA 3 – Estimativa global de degradação do solo. Favis-Mortlock (2005).

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A Figura 4 mostra a variação global da temperatura das superfícies

terrestres e marinhas registradas entre 1856 e 2003. O ano de 2003 classificou-se

como o segundo mais quente - 0,47°C de – e 2004 o quarto.

Conceitualmente, a característica do solo que relaciona sua capacidade ou

suscetibilidade à erosão chame-se erodibilidade. Segundo Fujihara (2002), é sua

vulnerabilidade à erosão, que é a recíproca da sua resistência à erosão. Cada tipo

de solo tem seu fator de erodibilidade próprio.

Bertoni & Lombardi Neto (1990) ao estudar as unidades pedológicas do

estado de São Paulo determinaram seus respectivos índices de erodibilidade,

conforme a Tabela 2. Esses índices variam de 0 a 0,54, mas foram levados à

escala de 0 a 10 para então serem definidas as cinco classes de erodibilidade

consideradas. A partir desta Corrêa (2003) relacionou os solos do município de

Campos e sua erodibilidade.

FIGURA 4 – Variação global das temperaturas terrestre e marinha ao longo dos

anos. Favis-Mortlock (2005).

Os fatores intrínsecos ao solo (textura, estrutura, permeabilidade,

densidade e espessura) têm grande peso na deflagração do processo erosivo,

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assim como o declive, o clima e a cobertura vegetal. Quando são definidas

classes de solos e suas mais relevantes características, deve-se levar em conta a

grande diferenciação da cobertura pedológica brasileira, suas áreas de ocorrência

e o ambiente em que ele foi formado, amarrando todas essas informações a

levantamentos de solos em todo o país. A partir disso é possível analisar as

diferenças na suscetibilidade desses solos à erosão, em função da maior ou

menor erodibilidade de seus materiais componentes e seu comportamento frente

à ação de fatores erosivos.

Veniziani Junior (2003) sobre textura, estrutura, permeabilidade, densidade

e espessura dos solos discorre que: a textura influencia na infiltração e no

escoamento. Bertoni & Lombardi Neto (1990), afirmam que em um solo arenoso e

com alta porosidade, uma chuva de pouca intensidade é rapidamente absorvida

pelo solo impedindo o escoamento superficial, porém como possui baixo teor de

argila, que atua unindo partículas maiores, um escoamento de pequena

intensidade é capaz de remover grandes quantidades de solo.

TABELA 2 – Unidades pedológicas para o estado de São Paulo e seus

respectivos índices de erodibilidade. (Bertoni & Lombardi Neto, 1990)

Classe Erodibilidade Unidades pedológicas

I 10,0 a 8,1

- Cambissolos, solos litólicos

- - podzólicos abruptos, textura arenosa/

média

- - areias quartzozas

II 8,0 a 6,1 - podzólicos não abruptos, textura média/

argilosa e textura média

III 6,0 a 4,1 - podzólicos de textura argilosa

IV 4,0 a 2,1

- latossolos de textura média

- latossolos de textura argilosa

- terra roxa estruturada

V 2,0 a 0 - solos hidromórficos em relevo plano

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Na análise da estrutura de um solo são considerados fatores físico-

químicos e biológicos fundamentais à agregação e estabilidade do mesmo:

- as propriedades físico-químicas da argila proporcionam estabilidade dos

agregados na presença de água;

- as propriedades biológicas; relacionadas à presença de matéria orgânica,

proporciona uma maior estabilidade dos agregados, em solos arenosos e nos

solos argilosos melhorando as condições de arejamento e retenção de água.

Em geral os solos arenosos são mais permeáveis que os solos argilosos. A

permeabilidade determina a maior ou menor capacidade de infiltração da água no

solo e está relacionada com a porosidade.

A massa específica é inversamente proporcional à permeabilidade e à

porosidade do solo e expressa a relação entre massa e volume do corpo. A

compactação pode aumentar sua densidade, diminuindo a porosidade e

aumentando o risco de erosão.

Um outro aspecto importante a ser evidenciado é a espessura do solo. Os

solos rasos permitem rápida saturação dos horizontes superiores favorecendo o

escoamento superficial. Uma outra característica influenciada pela espessura do

solo trata–se da variação de teores de argila e areia ao longo dos horizontes. No

caso de um tipo de solo com horizonte B com altos teores de argila e horizonte A

com altos teores de areia, podemos observar uma certa barreira à infiltração

formada pela argila no horizonte B, intensificando o escoamento superficial e

facilitando a remoção da camada superficial que por ser arenosa apresenta maior

facilidade de ser erodida.

Dentro deste contexto vale descrever algumas características dos solos da

área de estudo.

• Neossolos

Solos constituídos por material mineral ou orgânico. Em condições de

topografia acidentada, há a formação de um solo raso, perfil do tipo A-R, isto é,

horizonte A sobre a rocha, ou tipo A-C-R, sendo o horizonte C pouco espesso.

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Onde há muitos afloramentos de rocha, muitas vezes esses solos estão

presentes.

- Neossolo Litólico: solo com horizonte A com menos de 40 cm de espessura,

assente diretamente sobra a rocha ou sobre um horizonte C ou Cr. Admite um

horizonte B, em início de formação. Ocorre nas altitudes mais elevadas, ao

noroeste de Campos, em combinação com Cambissolos.

- Neossolo Flúvico (Figura 5): solo derivado de sedimentos aluviais com horizonte

A assente sobre C constituído de camadas estratificadas, sem relação

pedogenética entre si. Ocorre na região de baixada do de Campos.

• Cambissolos

Solos caracterizados pelo horizonte B incipiente, cujas características

gerais são: presença de minerais primários facilmente intemperizáveis, argila

ativa, elevados teores de silte e resquícios da rocha mãe. Estes solos ocupam as

partes mais jovens da paisagem. Na área de estudo diferencia-se o Cambissolo

Hipotrófico e o Cambissolo Álico.

FIGURA 5 – Perfil de solo Neossolo Flúvico na Baixada Campista. (Ramos, 2006)

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- Cambissolo Álico: solo dominante na região serrana. Em geral, ocorre

associado aos Latossolos Vermelho-Amarelos, do qual se diferencia basicamente

pela pouca espessura do horizonte B dos Cambissolos, em relevo montanhoso e

forte ondulado; ou ainda associados a Neossolos Litólicos nas áreas de relevo

mais acidentado das escarpas serranas.

- Cambissolo Eutrófico: Algumas baixadas fluviais, de relevo aplainado, são

também ocupadas por Cambissolos. Destaca-se dentre essas a do baixo curso do

rio Paraíba do Sul. Em sua porção central nas proximidades da cidade de

Campos dos Goytacazes, onde os sedimentos argilosos depositados pelo rio são

mais espessos, propiciando o desenvolvimento dos Cambissolos Eutróficos.

Esses solos são constituídos por elevadas quantidades de argila e silte.

Encontram-se hoje quase destituídos de sua vegetação original, sendo utilizados

principalmente com plantios de cana-de-açúcar. Na Figura 6 um cambissolo típico

da área de estudo.

FIGURA 6 – Detalhe de um corte com Cambissolo. A presença de fragmentos de

rocha caracteriza este tipo de solo.(Corrêa, 2003)

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• Latossolos

Compreende os solos minerais, com horizonte B latossólico imediatamente

abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte A. São solos em avançado estádio

de intemperização; muito evoluídos como resultado de enérgicas transformações

no material constitutivo. São normalmente muito profundos; de elevada

permeabilidade e comumente bem a acentuadamente drenados. Na área

estudada são encontrados Latossolos Amarelo e Vermelho-Amarelo.

- Latossolo Amarelo: solo com um ou mais horizontes com espessura mínima

de 30cm, compreendendo o horizonte AB e/ou BA, e/ou parte do Bw, os quais

quando seco são muito resistentes à penetração do martelo pedológico ou trado e

que não apresentam uma organização estrutural visível (são maciços) e que se

desfaz em agregados com consistência a seco, no mínimo, dura, sendo

normalmente muito dura, e, às vezes, extremamente dura. Ocorre na região norte

de Campos, na altura do tabuleiro da Formação Barreiras.

- Latossolo Vermelho-Amarelo: comumente na região, encontra-se o Latossolo

Vermelho-Amarelo, de grande expressão geográfica, numa região entre os

Cambissolos da parte serrana e os Argissolos da região ondulada. Devido ao

relevo, geralmente movimentado e à baixa fertilidade, a pastagem é o uso

dominante nesses solos.

• Argissolos

Solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural, com coloração

que varia de vermelha a amarela. São solos em geral profundos e bem drenados.

Diferenciam-se dos Latossolos por apresentarem alto gradiente textural, tendo

portanto, o horizonte A bem mais arenoso que o horizonte B, subjacente. Na área

de estudo encontra-se o Argissolo Vermelho-Escuro, o Argissolo Vermelho-

Amarelo e o Argissolo Amarelo.

- Argissolo Vermelho-Escuro: compreende solos com horizonte B textural de

coloração avermelhada. Estão presentes nas áreas de relevo montanhoso e forte

ondulado correspondentes às serras e bordas de superfícies elevadas.

Encontram-se em geral associados a Argissolos Vermelho-Amarelos. Apesar da

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boa fertilidade natural que apresentam, são muito pouco utilizados com

agricultura, sendo o uso com pastagem generalizado.

- Argissolo Vermelho-Amarelo: distinguem-se dos Argissolos Vermelho-Escuros

pela coloração mais amarelada do horizonte Bt. Apresentam grande expressão

espacial na área, em relevo que varia de suave ondulado a montanhoso. É

comum a presença de solos com características intermediárias com Latossolos,

com os quais se encontram freqüentemente associados. São solos geralmente

bem drenados, de textura média/argilosa ou média/muito argilosa.

- Argissolo Amarelo: caracteriza-se por ser um solos com horizonte B textural de

coloração amarelada. É geralmente profundo e bem drenado. Relaciona-se com

os sedimentos do Grupo Barreiras e congêneres. Ocorrem em relevo suave, com

rampas longas e são por isso bastante utilizados com cana-de-açúcar e

pastagens.

• Gleissolos

Compreendem os solos minerais, hidromórficos, relativamente recentes,

pouco evoluídos, originados de sedimentos de idade quaternária e de grande

variabilidade espacial. São solos mal ou muito mal drenados, com altura do lençol

freático flutuante na maior parte do ano. Ocorrem em áreas de várzea.

Originalmente, esses solos encontravam-se recobertos por vegetação de campo

ou floresta de várzea, sendo hoje preservados apenas em poucos locais.

Atualmente, são utilizados principalmente com pastagens e alguma olericultura

em áreas menores.

• Organossolos

Correspondem a solos hidromórficos formados em ambientes palustres que

apresentam camadas de constituição orgânica pelo menos nos primeiros 40cm

superficiais. Ocorrem em locais deprimidos da planície, em geral nos baixos

cursos dos rios, originados de acumulações orgânicas sobre sedimentos fluviais

ou fluviomarinhos, de idade quaternária. São solos muito mal drenados, com

lençol freático aflorante, desde que não drenados artificialmente.

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• Espodossolos

Solos minerais hidromórficos, em geral de textura arenosa ao longo de todo

o perfil. São solos com nítida diferenciação de horizontes. Estão relacionados aos

sedimentos arenosos de origem marinha que constituem os cordões litorâneos

dispostos em faixas sub-paralelas ao longo da costa, cuja ocorrência na área de

estudo acontece numa pequena gleba nas proximidades da Lagoa Feia. Em sua

maior parte, são recobertos por vegetação de restinga. São utilizados, em geral,

com pastagem natural de baixa qualidade, além de pequenos plantios de coco.

Um exemplo é mostrado na Figura 7.

3.2 Equação Universal de Perdas de Solo

A equação Universal de Perda de Solo – EUPS – foi desenvolvida por

Wischmeier & Smith (1978) é uma das muitas equações que buscam exprimir a

ação dos principais fatores que influenciam as perdas de solo pela erosão hídrica

de modo dinâmico por superar parcialmente restrições climáticas e geográficas e

ter aplicação generalizada. Os primeiros moldes talhados a fim de formular

modelos e técnicas de conservação dos solos ocorreu nos Estados Unidos, na

década de 50, por pesquisadores de Indiana. Baseia-se em dados derivados de

um grande número de experimentos de campo e aborda aqueles que são

considerados os quatro maiores fatores responsáveis pela deflagração do

processo erosivo linear ou laminar, a saber, o clima, a topografia, o solo e o uso e

manejo do solo.

Em poucas palavras, a EUPS prevê a médio e longo prazo como se

comporta a erosão do solo e, a partir de então, promove-se o planejamento de

práticas conservacionistas para reduzir as perdas de solo a níveis aceitáveis

(Silva, Schulz e Camargo, 2004).

A EUPS exprime a ação dos principais fatores que influenciam a erosão do

solo pela chuva. Os fatores R, K, L e S são dependentes das condições naturais

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do clima e do solo e os fatores C e P das ações antrópicas, ou seja, das

diferentes formas de ocupação e uso das terras (Sparovek, 1998).

Ranieri (1996) indica a EUPS para as seguintes finalidades:

(a) previsão de perdas médias anuais de terra para áreas com determinadas

práticas de utilização;

(b) orientações para o planejamento de práticas de cultivo, de manejo e

conservação;

(c) previsão de alterações nas perdas de solo ocasionadas por mudanças nas

práticas de cultivo e conservação;

(d) determinação de modos de aplicação ou alteração das práticas agrícolas;

(e) estimativa de perdas de solo por usos distintos na agricultura;

estimativa de perdas de solos visando a determinação de práticas

conservacionistas.

FIGURA 7 – Espodossolo nos cordões litorâneos. Fonte: OFIGEO (2003)

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Ainda segundo esta autora, o fato da EUPS se tratar de um modelo

empírico e ter sido desenvolvida em parcelas unitárias e uniformes confere a ela

algumas limitações, como por exemplo, a adoção de condições uniformes para

aspectos morfológicos da encosta. A equação também não contempla o

fenômeno de deposição nas encostas (Ranieri, 1996).

Ranieri (2000) cita como limitações da EUPS: necessidade de se trabalhar

com áreas relativamente homogêneas com relação ao solo, uso da terra e

declividade; o fato de a equação deixar implícitos diversos parâmetros e seus

efeitos; o fato de os cálculos para o fator C serem válidos para condições

específicas de cada região; a não consideração de áreas de deposição e a não

consideração da erosão linear.

Como potencialidades da EUPS, a autora (op. cit.) afirma que a equação é

considerada um bom instrumento para previsão de perdas de solo por erosão

laminar por exigir um número de informações relativamente pequeno quando

comparado ao exigido por modelos mais complexos, e por ser uma equação

bastante conhecida e estudada. Ela afirma ainda que, em condições como a

brasileira, cuja base cartográfica é escassa, aplicação de outros modelos para

estimativa de perda de solo para fins de planejamento agrícola e ambiental é

muito limitada.

A expressão matemática que define a EUPS compreende os seguintes

parâmetros (Equação 1):

A = R.K.L.S.C.P (1)

onde:

A é a perda de solo acumulada por unidade de área (t ha-1);

R é o fator de erosividade da chuva e representa o índice de erosão pela chuva

(MJ.mm ha-1 h-1 );

K corresponde ao fator erodibilidade do solo e indica a intensidade da erosão por

unidade de índice de erosão da chuva (t.h MJ-1.mm-1);

L é o fator comprimento de rampa (declive) (m);

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S é o fator inclinação da encosta (porcentagem);

C é o fator uso e manejo do solo (adimensional);

P é o fator prática conservacionista (adimensional).

A seguir serão apresentados e discutidos os fatores da EUPS.

• Fator erosividade da chuva (R)

É um índice numérico que indica a capacidade da chuva esperada em uma

dada localidade de causar erosão em uma área sem proteção (Bertoni &

Lombardi Neto, 1990).

Dados de perdas de solo em terrenos cultivados associados com as

características da chuva, quando todos os outros fatores relacionados são

mantidos constantes, indicam que as perdas de solo são diretamente

proporcionais ao valor do produto da energia cinética total da chuva por sua

intensidade em 30 minutos (Wischmeier & Smith, 1978). Por Bertoni & Lombardi

Neto (1993) apud Sparovek (1998) este produto é chamado de "índice de erosão"

(EI) e é abreviação do termo energy-times-intensity, o qual indica como a

desagregação da partícula combina com a capacidade de transporte (Wischmeier

& Smith, 1978). A relação para obtenção do EI é dada pela Equação 2:

EI = 67,355 (r2/P)0,85 (2)

onde:

EI = média mensal do índice de erosão (MJ ha-1 mm-1)

r = precipitação média mensal (mm)

P = precipitação média anual (mm)

A soma dos valores de EI de cada chuva, isoladamente, em determinado

período, representa a erosividade da chuva (R) dentro daquele período. A soma

de todos os valores de EI das chuvas caídas em um ano em um dado local dará o

valor anual de EI (Wischmeier & Smith, 1978).

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• Fator erodibilidade do solo (K)

Alguns solos são mais facilmente erodidos que outros, mesmo quando o

declive, a precipitação, a cobertura vegetal e as práticas de controle de erosão

são as mesmas.

O fator K na EUPS representa quantitativamente a taxa de perda de solo

por unidade de índice de erosão medida em uma parcela unitária (Lane et al.

1992 apud Ranieri, 2000) com 25 m de comprimento, 9% de declive, mantida

permanentemente descoberta e com preparo de solo no sentido do declive

(Wischmeier & Smith, 1965). Sob estas condições, os fatores LS, C e P são iguais

a 1,0 e o fator K iguala-se a A R –1, sendo desta maneira, a perda de solo (A)

expressa por unidade de índice de erosão da chuva (EI) (Sparovek, 1998).

Os valores de K são obtidos, geralmente, por institutos de pesquisa na área

de solos (Gameiro, 1997). No entanto, as medidas experimentais deste parâmetro

são dispendiosas e demandam tempo. Elas levam em conta a estrutura, textura,

porosidade, permeabilidade, capacidade de infiltração, teor de matéria orgânica e

composição química do complexo argila (César, 1952). O método mais usado

para estimação do fator K é o nomograma de Wischmeier e Smith (1965). Para os

solos brasileiros, porém, o método do nomograma apresenta limitações uma vez

que ele foi desenvolvido e calibrado para os solos norte americanos. Há

diferenças texturais, entre os solos usados para sua confecção e os solos

brasileiros, principalmente no que se refere a solos com baixa porcentagem de

silte e areia muito fina, afirma Ranieri (2000) citando Freire & Pessoti (1978),

Henklai & Freire (1983) e Angulo et al. (1985).

• Fator topográfico (LS)

Segundo Wischmeier & Smith (1978), tanto o comprimento do declive como

seu gradiente afetam a intensidade de ação das águas. São representados na

EUPS pelas letras L e S, respectivamente. Apesar de serem pesquisados

separadamente,a a aplicação destes fatores é conjunta, constituindo o fator

topográfico (LS).

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De acordo com Jacques (1997), o fator topográfico quantifica a energia

cinética de escoamento na superfície. A declividade (S) influencia diretamente na

velocidade de escoamento das águas e o comprimento de rampa (L) indica o

caminho preferencial das águas.

O sub-fator L considera a distância desde o ponto de origem do fluxo

d'água, em geral um divisor de águas dentro ou no limite da bacia hidrográfica,

até o ponto no qual a declividade diminui de forma tal que começa a deposição do

material que se encontrava em suspensão na água ou que a vazão entre em um

canal (Kuntischik, 1996). É assinalado na literatura que o comprimento de encosta

não tem muito peso na determinação da taxa de perdas de solo por erosão

hídrica. No entanto essa aumenta substancialmente com o aumento da

declividade (Wischmeier & Smith, 1978; Pinto, 1991).

Matematicamente, o fator LS expressa a relação esperada de perda de

solo por unidade de área em um declive qualquer em relação a perda

correspondente a uma parcela unitária de 25 m de comprimento e 9% de declive.

A equação (Equação 3) que o exprime, foi proposta por Bertoni & Lombardi Neto

(1983):

LS = 0,00984 . L0,63 . S1,18 (3)

onde:

LS = fator topográfico (adimensional);

L = comprimento do declive em metros;

S = declividade em porcentagem.

Existem tabelas prontas que fornecem o valor do fator topográfico para

condições específicas de comprimento de encosta e declividade. A Tabela 3 e a

Figura 5 são exemplos.

Outra maneira de obtê-lo é através da série de curvas construídas (Figura

8) a partir de dados obtidos pela Equação 3 por Bertoni e Lombardi Neto (1983),

as quais permitem estimar o valor deste fator.

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• Fator antrópico (CP) - uso e manejo do solo (C) e práticas conservacionistas

(P)

Assim como o fator topográfico, o fator antrópico engloba dois parâmetros

da EUPS e têm sido estudados juntamente.

TABELA 3 – Comprimento de rampa. (Bertoni & Lombardi Neto,1990).

As perdas de solo que ocorrem em uma área mantida continuamente sem

vegetação podem ser estimadas pelo produto dos parâmetros R, K e LS da

EUPS. No caso da área apresentar algum tipo de cobertura vegetal, tanto natural

quanto implantada, a perda real será bem menor à calculada para as condições

anteriores devido à proteção fornecida pelo dossel vegetal ao solo (Kuntischik,

1996). O grau de proteção fornecido pela cobertura depende do tipo de

vegetação, seqüência de culturas e práticas de manejo. Também influem os

estágios de crescimento e desenvolvimento da vegetação durante o período de

maior ocorrência de chuvas, continua o autor op. cit.

O fator C mede exatamente isso: "a relação entre perdas de solo de um

terreno cultivado em determinadas condições e as perdas deste mesmo terreno

descoberto, preparado para o cultivo (Wischmeier & Smith, 1978)". É

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adimensional e varia entre 0 e 1, representando, respectivamente, a superfície

com cobertura vegetal máxima e o solo exposto.

FIGURA 8 – Curvas para cálculo do fator LS. (Bertoni & Lombardi Neto, 1990).

Gameiro (1997) discorre que os efeitos das variáveis uso e manejo não

podem ser avaliados independentemente devido às diversas interações entre

eles. Por exemplo, uma cultura pode ser plantada continuamente em um mesmo

local ou então em rotação de culturas. Seus restos podem ser removidos,

deixados na superfície, incorporados próximo à superfície ou totalmente

enterrados com o preparo do solo. Quando deixados na superfície, podem ser

cortados ou mantidos como foram colhidos. O preparo do solo pode deixar a

superfície do terreno bastante irregular ou lisa. Considerando as diferentes

combinações possíveis dessas variáveis, o efeito será diferenciado nas perdas de

solo. O fator C mede justamente o efeito de todas as relações das variáveis de

cobertura e manejo que incluem: tipo de vegetação, stande (população),

desenvolvimento (estádio da cultura), época do ano e manejo cultural. Seu cálculo

se dá a partir das relações de perda de solo e da fração da erosividade para cada

estádio das culturas.

Kuntischik (1996) cita que autores como Bertoni (1949), Holý (1980) e

Wischmeier e Smith (1978) mencionam a mata como a cobertura vegetal que

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fornece maior grau de proteção ao solo. As pastagens também contribuem de

modo muito significativo para o controle da erosão hídrica. Alguns valores de C

são mostrados na Tabela 4 como exemplos.

TABELA 4 – Categorias de uso e respectivos valores de C.

Classe de Cobertura Fator C

Solo exposto1 1,0000

Mata2 0,0001

Pastagem3 0,4000

Cana-de-açúcar4 0,3066

1 Kuntischik (1996); 2 Ranieri (1996); 3 Jacques (1997) e 4 Weill (1999)

O fator P representa o efeito das práticas conservacionistas. As práticas

mais comuns são o plantio em nível, terraceamento e o plantio em faixa.

O fator denota a relação entre a intensidade esperada de perdas de solo

com determinada prática conservacionista e aquela quando a cultura está

plantada no sentido do declive (morro abaixo) (Ranieri, 2000), com o solo

descoberto (Jacques, 1997). Varia entre 0 e 1, sendo dado o valor máximo para o

plantio morro abaixo.

A atribuição do fator P pode ser feita considerando-se os parâmetros

declividade e presença de qualquer prática de conservação, além da ponderação

dos valores encontrados na literatura. A Tabela 5 propõe valores de P

determinados por Bertoni e Lombardi Neto (1990).

Wischmeier & Smith (1978) classificaram as práticas de conservação de

acordo com classes de declividade (Tabela 6). Com o aumento do declive o valor

de P também aumenta. As declividades entre 21 e 25% englobam valores de P

próximo ao manejo morro abaixo.

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TABELA 5 – Valor de P para algumas práticas conservacionistas. Bertoni &

Lombardi Neto (1990)

TABELA 6 – Valores de P em função do declive. (Wischmeier & Smith, 1978)

Declividade (%) Fator P

1 a 2 0,50

3 a 5 0,50

6 a 8 0,50

9 a 12 0,60

13 a 16 0,70

17 a 20 0,80

21 a 25 0,90

Por fim, a aplicação de P devido à presença de práticas conservacionistas

é feita adotando-se P igual a 0,5 para as áreas onde elas existem e P igual a 1,0

onde não há qualquer técnica aplicada, levando em conta o fato de que quando P

vale 1,0 ocorre a pior situação de plantio. Este método pode ser encontrado em

Cerri (1999), Weill (1999), Raneiri (2000), entre outros.

3.2.1 Equações Derivadas

Combinando-se alguns parâmetros da EUPS é possível fazer cálculos para

estimativa da perda de solo em função das condições naturais de ocorrência do

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fenômeno separadamente da ação antrópica, pela combinação de parâmetros da

equação.

• Potencial Natural de Erosão (PNE)

O Potencial Natural de Erosão (PNE) desconsidera os fatores uso e

manejo (C) e práticas conservacionistas (P) da equação original da EUPS, pois

assim avaliam-se as taxas máximas de erosão devidas unicamente a aspectos

morfoedafoclimáticos, ou seja, o PNE avalia as perdas de solo considerando

apenas os parâmetros do meio físico de uma área destituída de cobertura vegetal

e ausente de presença antrópica.

Segundo Jacques (1997), o PNE é dado em toneladas por hectare ao ano

(t.ha-1 ano-1) e obedece a Equação 4.

PNE = R.K.(LS) (4)

onde:

PNE = potencial natural de erosão (t ha-1 )

R = fator erosividade da chuva (MJ mm ha-1 h-1)

K = fator erodibilidade do solo (t h MJ-1 mm-1)

LS= fator topográfico (adimensional)

• Influência Antrópica Atual (CPatual) e Permissível (CPpermissível)

As interferências das ações antrópicas no meio ambiente, principalmente

aquelas relacionadas com a retirada da cobertura vegetal nativa para produção

agrícola, tem um importante papel no comportamento dos solos ante ao processo

erosivo.

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O uso do solo é uma das principais condicionantes do processo erosional,

sendo fato que há aumento nas taxas de perda de solo quando há

desmatamento. Ações relacionadas com a interceptação e proteção do solo da

incidência direta da chuva, retenção substancial do volume de água e eliminação

de volume de água por transpiração regulam as forças do agente hídrico quanto

ao desencadeamento do processo erosivo (Sparovek, 1998).

Os elementos físicos decorrentes do uso do solo, tais como cerca,

caminhos, carreadores, ruas, estradas, canais, entre outros, também induzem de

forma direta os processo erosivo (Sparovek, 1998). As áreas submetidas a

movimentos de terraplanagem com cortes, aterros e bota-fora destacam-se como

fonte muito produtivas de sedimentos (op. cit.).

A influência antrópica atual (CPatual) considera os fatores uso e manejo (C)

e práticas conservacionistas (P).

A CPpermissível expressa a perda de solo máxima tolerada em uma dada

área. É obtida relacionado-a com a variável perda tolerável de solo (T), pela

Equação 5.

CPpermissível = T.(PNE)-1 (5)

A perda de solo tolerável é definida como a perda de solo por erosão

compensada pela taxa de formação do solo na tentativa de manter o equilíbrio

entre perdas e ganhos de massa de solo. Para Wischmeier & Smith (1978) o

termo "tolerância de perda de solo" (T) indica o máximo nível de erosão de solo

aceitável que mantenha, indefinidamente, um elevado nível de produtividade

economicamente viável.

Bertoni & Lombardi Neto (1985) apud Jacques (1997) calcularam perdas de

solo toleráveis médias para o estado de São Paulo que variam de 4,5 a 15 t.ha-1

ano-1. A taxa de formação de solo para os Estados Unidos é de

aproximadamente 8 mm por século (Jacques 1997). Tais colocações sugerem

que a taxa com que o solo se recupera da ação degradante do processo erosivo é

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infinitamente inferior à taxa com que ele é desgastado. Num ambiente tropical

como o do Brasil, os solos levariam ainda mais tempo para se recuperar, tendo

em vista a intensidade da erosividade da chuva. Segundo Sparovek (1998) ainda

não existe uma tolerância de solo definida para regiões tropicais. Segundo estes

autores, os valores de T devem ser maiores em solos tropicais do que aqueles

determinados para solos de regiões temperadas.

A Tabela 7 traz valores de T algumas classes de solos.

TABELA 7 – Perda tolerável de solo (T). (Bertoni & Lombardi Neto, 1990)

Classe de solo T (t. ha-1. ano-1)

Argissolos 4,5

Latossolos 15,0

Gleissolos e Hidromórficos 0,0

A medida da influência antrópica é feita comparando-se a (CPatual) com a

CPpermissível. A partir desta comparação é possível determinar as áreas mais

afetadas pela ação humana, bem como as que estão se equilibrando a sua ação

e as que ainda não apresentam seus efeitos.

3.3 Geoprocessamento e modelagem de processos naturais

O registro de eventos sobre a superfície terrestre com variação temporal e

espacial tem sido feitos atualmente através da aplicação de geotecnologias. Os

resultados são mapas, cartas e modelos digitais georeferenciados que traduzem

informações sobre a localização geográfica exata da ocorrência do fenômeno,

bem como sua magnitude, direção, extensão, etc.

Com o advento da tecnologia, densos bancos de dados podem ser

montados e manipulados de acordo com o objetivo a que se destina a análise do

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meio, sendo possível também irrestritas combinações de informações tanto do

meio físico quanto do meio biótico.

A captação e transformação dos dados em informação se dão através de

técnicas de Sensoriamento Remoto, Geoprocessamento e Sistemas de

Informações Geográficas. Por meio delas, pode-se hoje monitorar e inferir sobre

questões relativas ao meio ambiente com grande acuracidade e clareza, e assim

disponibilizar à sociedade material cartográfico de qualidade que sirva de base

aos processos de planejamento e gestão ambiental. A partir dessas fontes, são

apuradas informações sobre o uso, ocupação e parcelamento do solo,

desmatamentos, atividades agrícolas, assoreamento e poluição de corpos d’água,

perdas de solo por erosão, etc.

• Sensoriamento Remoto

O Sensoriamento Remoto (SR) é definido como o conjunto de processos e

técnicas usados para medir propriedades eletromagnéticas de uma superfície, ou

de um objeto, sem que haja contato entre o objeto e o equipamento sensor

(Corrêa, 2003).

Segundo Alves (2000), o desenvolvimento de técnicas de sensoriamento

remoto de base orbital propiciou uma visão sinóptica dos problemas ambientais.

De acordo com a autora (op. cit), a aplicação de técnicas de processamento

digital de dados, o desenvolvimento da microcomputação e do processamento

gráfico tornaram possíveis investigações sistemáticas da superfície da terrestre.

O SR evoluiu à medida que a qualidade dos sensores foi aumentando. Em

conseqüência disso, imagens com resoluções sub-métricas são captadas.

Manipuladas com técnicas de extração de informações do processamento digital

de imagens, os produtos do SR tiveram sua aplicabilidade ampliada a diversas

áreas do conhecimento, tais como levantamento e análise de recursos

ambientais, geologia, agricultura, engenharia, biologia, meteorologia, etc.

A grande aplicação do sensoriamento remoto em diferentes ramos da

ciência deve-se à sua capacidade de coletar dados multiespectrais em diferentes

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escalas, diferentes épocas e oferecer uma grande gama de estudos e análises de

fenômenos da natureza ao longo do tempo (Marques, 2003).

A superfície terrestre contém inúmeros elementos e fatores que a tornam

extremamente complexa. As imagens orbitais para o sensoriamento remoto

produzidas pelos sensores dos satélites têm informações geográficas no formato

“raster”. Cada pixel contido nestas imagens carrega consigo a representação da

radiância média de um local por meio dos valores de brilho Marques (2003). A

tecnologia de sensoriamento remoto orbital que tem como principal característica

a repetitividade, tornando-se uma importante ferramenta para o mapeamento das

características da superfície terrestre em curtos intervalos de tempo.

• Geoprocessamento e Sistemas de Informações Geográficas

O geoprocessamento pode ser definido como o conjunto de tecnologias

destinado à coleta e tratamento de informações espaciais, bem como ao

desenvolvimento de sistemas e suas aplicações (Ortiz, 2003).

Num país de dimensão continental como o Brasil, com uma grande

carência de informações adequadas para a tomada de decisões sobre os

problemas urbanos, rurais e ambientais, o Geoprocessamento apresenta um

enorme potencial, principalmente se baseado em tecnologias de custo

relativamente baixo, em que o conhecimento seja adquirido localmente (Câmara

& Davis, 1998).

O geoprocessamento destina-se a tratar problemas ambientais levando em

conta a localização, a extensão e as relações dos fenômenos analisados, visando

contribuir para a sua presente explicação e para o acompanhamento da sua

evolução passada e futura (Jacques, 1997).

Lado a lado com o geoprocessamento, caminham os Sistemas de

Informações Geográficas (SIG’s), “os quais constituem tecnologia para a

investigação de fenômenos diversos, relacionados com engenharia urbana,

geologia, pedologia, vegetação, bacias hidrográficas, problemas ambientais, etc”

(Calijuri e Röhm, 1994).

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50

Quando os dados acerca dos recursos naturais estão disponíveis apenas

na forma de mapas impressos, o planejador vê limitado o número de questões

que podem ser respondidas rápida e efetivamente (Weill, 1999). Como os SIG's

são resultado do desenvolvimento de várias ciências relacionadas, tais como

computação gráfica e cartografia digital, a manipulação destes dados para

posterior extração de informação só pode ser realizada através deles.

A estrutura de um SIG constitui-se de cinco partes (Figura 9).

FIGURA 9 – Partes componentes de um SIG. (Ziller, 1999).

Um sistema de informação geográfica é a combinação de pessoal

especializado, dados espaciais caracterizados, métodos analíticos, hardware e

software. Todo esse conjunto organizado para automatizar, administrar e entregar

a informação georeferenciada.

Um objeto geográfico qualquer (como uma cidade, um rio, uma montanha)

somente poderá ser localizado se puder ser descrito em relação a outros objetos

cujas posições sejam previamente conhecidas, ou se tiver sua localização

determinada em uma rede coerente de coordenadas. Quando se dispõe de um

sistema de coordenadas fixas, pode-se definir a localização de qualquer ponto na

superfície terrestre (Corrêa, 2003). Numa formulação geral, um SIG visualiza o

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51

espaço como estando ele coberto por um sistema de coordenas cartesianas

(grid). Cada atributo do espaço é descrito por um plano de informação. Para cada

ponto da superfície há uma definição dos valores de das propriedades ou

características da terra naquela exata posição (Weill, 1999).

A representação de uma feição dentro de uma SIG pode ser feita de três

maneiras (Figura 10): (a) vetorial, (b) raster ou matricial e (c) por rede triangular

irregular (TIN).

(a) (b) (c)

FIGURA 10 – Formas de representação de um dado por um SIG. (Ziller, 1999).

Quando as feições são representadas em formato vetorial, pontos são

armazenados por coordenadas (x, y), linhas como segmentos interconectados

pelas coordenadas de suas extremidades e polígonos como segmentos fechados.

Quando o formato escolhido é o matricial ou raster, o dado é alocado em uma

malha de células cujos valores são dados pela posição da linha/ coluna em que a

célula se encontra. Na modelagem TIN, cada nó do triângulo tem uma

coordenada (x, y).

Na Figura 11 está um exemplo de como diferentes feições do mundo real

são habitualmente abstraídas para um SIG. Cada tipo distinto de atribuição é

separado em camadas. Estas, por sua vez, subdividem-se em feições abstraídas

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52

sob a forma de linha, ponto ou polígonos. Rios são representados por linhas,

postes por pontos e unidades de solo por polígonos.

Matricial

Vetorial

Mundo real

FIGURA 11 – Representação matricial e vetorial e sua relação com o mundo real.

(Ribeiro, 2003).

A escala é um fator de registro obrigatório em qualquer produto de SIG. Por

ela é possível entender qual a relação do desenho, em centímetros, para o mundo

real. Extensas áreas podem ser definidas em mapas e cartas de formatos não

superiores à unidade métrica. Segundo Gripp & Simões (1994) apud Corrêa

(2003), escala é a relação entre o comprimento gráfico e o comprimento medido

sobre a superfície da terra. Na Figura 12 pode ser visto o nível de detalhes de

uma escala pequena (1:500.000) e uma grande (1:2.500).

• Modelos Digitais de Elevação (MDE’s)

O processo de modelagem de um MDE pode ser definido em três etapas:

amostragem, modelagem e utilização do modelo ou aplicações (Felgueiras,

2005). Cada etapa é decisiva para a qualidade do MDE gerado, sendo também

interdependentes, ou seja, uma pode influenciar diretamente na outra. Entretanto,

existe uma ordem lógica de estruturação para construção de um MDE, devendo-

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53

se inicialmente saber a utilização do MDE, ou seja, o seu objetivo e a sua

aplicação. A partir dessa definição já se pode ter noção da área de trabalho, do

tipo de terreno que se quer modelar, da disponibilidade de dados de entrada

(amostragem) e do tipo de grade e método de interpolação (modelagem) que

venha a ter maior eficiência para o modelo gerado (Fernandes e Menezes, 2005).

���

������

�������

���� �������

����

������

�������������

�����

FIGURA 12 – Nível de detalhes entre as escalas. FONTE: Ribeiro (2003).

Os autores op. cit. argumentam que a bibliografia mostra alguns trabalhos

que testam diferentes modelos de grade para a confecção de MDE, entre eles

pode-se citar, que assume a grade regular retangular (GRID) como melhor

modelo que defende a utilização de TIN. Quando a superfície de análise possui

descontinuidades ou grandes variações, o modelo grid apresenta deficiências, o

que não ocorre com a utilização de grades irregulares triangulares).

A eficiência dos métodos de interpolação está relacionada com a qualidade

de representação. Toda interpolação traduz uma incerteza no ponto estimado.

Segundo Burrough & McDonnell (1998) apud Fernandes e Menezes (2005),

quando os dados são abundantes, a maioria dos métodos de interpolação produz

resultados semelhantes, entretanto, no caso de dados esparsos tais métodos

podem apresentar limitações na representação da variabilidade espacial porque

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desconsideram a anisotropia, ou seja, a descontinuidade do fenômeno que se

quer observar.

O Sensoriamento Remoto ainda é hoje a maior fonte de dados para os

SIG's e para o Geoprocessamento, sobretudo em países carentes de informações

cartográficas atualizadas, como é o caso do Brasil (Corrêa, 2003). Através da

interpretação de seus produtos são obtidos mapas de regiões remotas a um

menor custo, são detectados objetos e fenômenos não perceptíveis à visão

humana através da utilização de outras faixas de radiação eletromagnética além

do visível, como o infravermelho, e é possível ter visão global sobre uma região

ou fenômeno estudado.

Em relação ao estudo de erosão através de técnicas de

Geoprocessamento, Silva, Schulz e Camargo (2004) citam Chaves (1995), que

afirma que a EUPS pode ser combinada com SIG’s para estimar a erosão laminar

e em sulcos com bom resultados, já que o desenvolvimento de sistemas

computacionais para aplicações gráficas e de imagem permite a automatização

de tarefas anteriormente realizadas manualmente e ainda facilita a realização de

análises complexas.

A principal vantagem do uso do SIG para modelar a perda de solos é a

habilidade para analisar a variabilidade espacial do potencial de erosão com base

na influência de fatores como a declividade, tipo de solo, uso da terra,

precipitação, entre outros. Entretanto, é importante considerar algumas das

limitações na representação e interpretação dos resultados (Machado, 2002).

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55

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 4.1. Localização da Área

O município de Campos dos Goytacazes localiza-se na Região Norte do

Estado do Rio de Janeiro, distando aproximadamente 279 km da capital estadual,

Rio de Janeiro (Figura 13). Abrange uma área de 4.037 km2, sendo o maior

município do Estado. Possui uma população de 406.989 (quatrocentos e seis mil

novecentos e oitenta e nove) habitantes, segundo o censo do IBGE (2002). A

rodovia federal BR-101 atravessa o município longitudinalmente e é responsável

por boa parte do escoamento da produção agrícola, dos produtos cerâmicos e de

petróleo, etc.

Na Figura 14 estão dispostos o limite do município e as localidades

vizinhas a ele, além dos distritos, lagoas e rios importantes na área de estudo. A

imagem é Landsat, de 14/03/02.

4.2 Uso e Cobertura do Solo

Segundo Corrêa (2003) discorreu, a ocupação do solo fluminense, na

forma em que ocorreu, resultou de um processo histórico onde as queimadas e o

desmatamento sucederam a uma exploração sem maior planejamento no que diz

respeito à aptidão de terras e ao seu uso. Neste contexto, a vegetação original na

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56

área de estudo encontra-se profundamente modificada pela ação antrópica,

através da exploração agrícola e pecuária, atividades de longa data na região. A

vegetação nativa remanescente compreende manchas de Mata Atlântica e

campos de altitude nas serras, amostras de vegetação de restinga nas áreas mais

próximas ao litoral e raros manguezais no Canal das Flexas.

FIGURA 13 – Localização da área de estudo.

O Projeto Rio de Janeiro (CPRM, 2001), confeccionou mapas de uso e

cobertura do solo para o Estado do Rio de Janeiro (1: 500.000) com as seguintes

classes: Pastagem, Mata, Áreas Urbanas, Solo Exposto, Áreas Agrícolas, Corpos

d’Água, Afloramentos de Rocha, Vegetação de Restinga, Campo Inundável,

Manguezal, Coberturas Arenosas, Salinas e Extração de Areia.

No município de Campos são encontradas as seguintes classes:

Pastagem; Mata; Áreas Urbanas; Áreas Agrícolas; Corpos d’Água; Afloramentos

de Rocha; Campo Inundável, Vegetação de Restinga e Coberturas Arenosas e

Solo Exposto.

220000

220000

280000

280000

7600

000

7600

000

7600

000

7600

000

7700

000

7700

000

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57

FIGURA 14 – Imagem Landsat de 14 de março de 2002.

• Pastagem

A classe refere-se à cobertura vegetal que abrange o “pasto sujo”, onde

houve intervenção humana para uso da terra, descaracterizando a vegetação

primária.

• Mata

Serra do Imbé

Morro do Coco

Lagoa de Cima

Lagoa Feia

Rio Paraíba do Sul

São Francisco do

Itabapoana

Travessão

Área Urbana

Barra do Itabapoana

São João da Barra

Farol de São Tomé

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58

Essa classe agrega remanescentes florestais primários, as matas

secundárias (aquelas formadas através de um processo de regeneração natural)

e os reflorestamentos. Na área compreendida pela bacia da Lagoa Feia, a classe

mata compreende o domínio da Mata Atlântica.

• Área Urbana

Compreende áreas ocupadas pelo sistema urbano da cidade de Campos

dos Goytacazes e as localidades de Ururaí e Tocos.

• Áreas Agrícolas

Áreas onde se produz a cana-de-açúcar.

• Corpos d’Água

Classe referente à área física coberta pela lâmina d'água dos rios, córregos

e lagoas do município.

• Afloramentos de Rocha

Área representativa das cadeias rochosas aflorantes nas regiões de

domínio serrano.

• Área Inundável

Compreende as áreas planas, baixas e sazonalmente alagadas que

aparecem nas cabeceiras, em zonas de transbordamento de rio ou próximas a

lagos e lagunas em processo de colmatação. Em geral, apresenta-se coberta por

vegetação hidrófila de várzea.

• Vegetação de Restinga

Classe que se apresenta na área de baixada do município, onde

predominam os solos orgânicos.

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• Coberturas Arenosas

Classe ocorrente na região da baixada campista, onde ocorrem junto à

vegetação de restinga.

• Solo exposto

Esta classe foi acrescida ao mapa de Costa (2005), através de digitalização

a partir da imagem Landsat-7 de 14/03/02. Ela corresponde principalmente às

cavas de extração de barro pela indústria cerâmica de Campos.

A Figura 15 corresponde ao mapa de uso e cobertura do município.

4.3. Pedologia

O conhecimento sobre os solos é indispensável à avaliação das

potencialidades e limitações ambientais de uma dada região e de fundamental

importância para a compreensão das inter-relações entre os diversos

componentes do meio (Corrêa, 2003).

Todos os solos existentes na paisagem refletem sua história. Desde o

primeiro instante de sua gênese até o presente, fenômenos físicos e químicos

diferenciados ocorreram no material que lhes deu origem, motivando progressivas

transformações que se refletem na sua morfologia e nos seus atributos físicos,

químicos e mineralógicos, identificando-os (Oliveira et al., 1992).

O Projeto Rio de Janeiro (CPRM, 2001), utilizando o levantamento de solos

realizado pela EMBRAPA Solos, obteve o Mapa de Solos do Estado do Rio de

Janeiro. A partir deste foi gerado o mapa pedológico da área de estudo por Costa

(2005), o qual é constituído por Neossolo Litólico, presente nos locais de relevo

mais elevado. Logo em seguida são encontrados os Argissolos Vermelho-Escuros

e Cambissolos Álicos, que constituem em sua maioria os solos de encostas. Nas

regiões onduladas, de domínio colinoso, foram identificados: Argissolo Vermelho-

Amarelo e Latossolo Vermelho-Amarelo. Nas regiões planas e faixa litorânea,

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FIGURA 15 – Uso da terra no município de Campos. Modificado de Costa

(2005).

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61

foram identificadas áreas de Gleissolo, Espodossolo, Organossolo, Neossolo

Flúvico e Cambissolo Eutrófico. Por fim, na área de tabuleiros da Formação

Barreiras, foram identificadas áreas de Argissolo Amarelo e Latossolo Amarelo.

A cobertura pedológica do município é mostrada na Figura 16.

4.4. Geomorfologia

Conhecer a geomorfologia de uma área de estudo é imprescindível quando

se deseja avaliar sua capacidade de suporte aos impactos decorrentes de

intervenções antrópicas e/ou intempéricas. Desta forma é possível um diagnóstico

ambiental preciso e gestão ordenada no planejamento territorial.

De acordo com CPRM (2001), a notável diversificação do cenário

geomorfológico do estado do Rio de Janeiro deve ser compreendida através de

uma singular interação entre aspectos tectônicos e climáticos, que delinearam sua

atual morfologia.

O Projeto Rio avaliou cada sistema de relevo quanto às suas propriedades

morfológicas e morfométricas, conferindo um caráter quantitativo ao mapeamento,

permitindo avaliar as principais diferenciações entre os sistemas de relevos

espacializados pelas unidades morfoesculturais. As informações obtidas em

trabalhos de campo, ou extraídas da análise de cartas topográficas e fotografias

aéreas, resumiram-se em: amplitude topográfica; gradiente das vertentes;

geometria das vertentes; geometria dos topos; coberturas inconsolidadas;

densidade de drenagem e padrão de drenagem.

Sucintamente serão descritas a seguir características das unidades

geomorfológicas presentes no Município de acordo com CPRM (2001) e a Tabela

8 mostra as diferentes unidades geomorfológicas do Município.

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FIGURA 16 – Pedologia do município. Fonte: Costa (2005)

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• Domínio Serrano

Compreende os alinhamentos serranos e degraus estruturais, maciços

costeiros e interiores, escarpas serranas e domínio montanhoso. Apresenta relevo

montanhoso, extremamente acidentado, localizado, em geral, no reverso da

escarpa da Serra do Mar. Predomínio de amplitudes topográficas superiores a

400m e gradientes muito elevados, com ocorrência de colúvio e depósito de tálus,

solos rasos e afloramento de rocha.

Como exemplos, no município ocorrem a escarpa da Serra do Imbé (Figura

17) e a Serra da Pedra Lisa (Figura 18).

• Colinas Isoladas

Formas de relevo residuais, com vertentes convexas e topo arredondados

ou alongados, com sedimentação de colúvios, remanescentes do afogamento

generalizado do relevo produzido pela sedimentação flúvio-marinha que

caracteriza as baixadas litorâneas. Predomínio de amplitudes topográficas

inferiores a 100 m e gradientes suaves. Exemplo: Serra do Imbé (Figura 19).

• Domínio Suave Colinoso

FIGURA 17 – Domínio Serrano

Escarpa da Serra do Imbé. FIGURA 18 – Serra da Pedra Lisa.

(Fotos: OFIGEO, 2004)

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64

Relevo de colinas muito pouco dissecadas, com vertentes convexas e

topos arredondados ou alongados, com expressiva sedimentação de colúvios e

alúvios. Ocorrência de morrotes alinhados. Predomínio de amplitudes

topográficas inferiores a 50m e gradientes muito suaves. Esse relevo suave é

esparsamente pontilhado por morrotes e morros baixos. No contato entre as

colinas e a Baixada Campista, registram-se alguns remanescentes de tabuleiros

do Grupo Barreiras (Figura 20).

• Serras Isoladas

Relevo montanhoso, extremamente acidentado, localizado em meio ao

domínio das baixadas e planícies, ou em meio ao domínio colinoso. Predomínio

de amplitudes topográficas superiores a 200m e gradientes muito elevados.

Na região temos o Maciço do Itaoca que é resistente à erosão diferencial,

atinge 414m de altitude, sendo circundado por colinas suaves da superfície de

aplainamento do litoral leste fluminense e junto à Baixada Campista (Figura 21).

FIGURA 19 – Colinas Isoladas - Serra do Imbé.

FIGURA 20 – Domínio Suave Colinoso

(Fotos: OFIGEO, 2004)

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65

TABELA 8 – Resumo da divisão geomorfológica do município. Corrêa (2003)

modificado de CPRM (2001)

Unidade

Morfoestrutural Unidade

Morfoescultural

Sistemas

de Relevo

Escarpas Serranas Domínio Serrano

Maciços Costeiros e Interiores Serras Isoladas

Planaltos Residuais Domínio Colinoso Suave

Colinas Isoladas

Cinturão Orogênico do

Atlântico

Superfícies Aplainadas nas Baixadas Litorâneas Domínio Suave Colinoso

Tabuleiros de Bacias Sedimentares Tabuleiros

Planícies Aluviais

Planícies Colúvio-Alúvio-Marinhas Planícies Fluviomarinhas

Planícies Flúvio-Lagunares

Bacias Sedimentares Cenozóicas

Planícies Costeiras Planícies Costeiras

• Planícies Aluviais

Planícies de inundação, terraços fluviais e leques alúvio-coluviais que

compreendem os extensos fundos de vales dos rios Imbé e Urubu, preenchidos

de sedimentos de origem fluvial e fluvio-lagunar, os quais desembocam na Lagoa

de Cima e correm paralelamente à escarpa da Serra do Imbé. Os sedimentos

fluviolagunares encontram-se apenas no rebordo da Lagoa de Cima (Figura 22).

A configuração atual da baixada foi originada a partir da formação da Lagoa de

Cima, que consiste numa lagoa confinada entre colinas e tamponada pela

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sedimentação aluvial da Baixada Campista após o máximo transgressivo

holocênico.

• Planícies Costeiras

Terrenos arenosos de terraços marinhos, cordões arenosos e campos de

dunas delineados em superfícies suborizontais, com microrrelevo ondulado de

amplitude topográfica inferior a 20m, geradas por processos de sedimentação

marinha e/ou eólica. A planície costeira estende-se entre a localidade de Farol de

São Tomé e o limite do Município de Campos, sendo que junto a Farol de São

Tomé, consiste em um único cordão litorâneo, que isola do oceano uma extensa

planície flúvio-lagunar alagada.

• Planícies Colúvio-Alúvio-Marinha

Engloba terrenos argilo-arenosos das baixadas (Figura 23), dispostas em

superfícies suborizontais, com gradientes extremamente suaves e convergentes à

FIGURA 21 – Maciço de Itaoca. (OFIGEO, 2004)

FIGURA 22 – Lagoa de Cima. (Corrêa, 2003)

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67

linha de costa, de interface com os Sistemas Deposicionais Continentais

(processos fluviais e de encosta) e Marinhos.

Esta planície abrange uma expressiva área do município. É resultante de

uma seqüência de eventos transgressivos e regressivos. Essas variações do nível

do mar marcaram períodos cíclicos de erosão e sedimentação dos depósitos

continentais e marinhos, que modelaram a atual morfologia da região.

• Planícies Flúvio-Lagunares

Ocorre em terrenos argilosos orgânicos de paleolagunas colmatadas

(Figura 24) na forma de superfícies planas, de interface com os sistemas

deposicionais continentais e lagunares. Apresentam terrenos muito mal drenados

com lençol freático subaflorante. Esta planície caracteriza-se por extensos

terrenos alagados, que consistem em sedimentos de origem lagunar resultantes

do ressecamento moderno da Lagoa Feia.

As obras de saneamento, efetivadas com a abertura do Canal das Flexas,

promoveram a drenagem da baixada e o rebaixamento do lençol freático

subaflorante.

FIGURA 23 – Planície Colúvio-Alúvio-Marinha com a cidade ao fundo.

(OFIGEO-LEVIC, 2003)

FIGURA 24 – Planície flúvio-lagunar: áreas freqüentemente inundáveis

próximas a Lagoa Feia. (Corrêa, 2003)

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• Tabuleiros

Formas de relevo suavemente dissecadas, com extensas superfícies de

gradientes extremamente suave ou colinas tabulares (Figura 25). Apresentam

topos planos e alongados e vertentes retilíneas nos vales encaixados em forma

de “U”, resultantes da dissecação fluvial recente. Predomínio de amplitudes

topográficas inferiores a 50m e gradientes muito suaves, com sedimentação de

colúvios e alúvios.

FIGURA 25 – Tabuleiro da Formação Barreiras. (OFIGEO, 2004)

A Figura 26 exibe o mapa geomorfológico da área de estudo.

4.5 Geologia

Apesar dos extensos estudos realizados no Estado do Rio de Janeiro

pode-se constatar que os mapas geológicos são predominantemente a nível

regional. Os trabalhos realizados na área deste estudo são basicamente do

Projeto Carta Geológica do DRM-RJ (Bloco Campos) e do Mapa Geológico do

Estado do Rio de Janeiro do DNPM (DRM, 2005).

Através do “Projeto Carta Geológica” o Departamento de Recursos

Minerais (DRM-RJ) em conjunto com diversas entidades públicas e privadas

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FIGURA 26 – Mapa geomorfológico de Campos.

(COSTA, 2005, modificado de CPRM, 2001)

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70

como Triservice, Geosol, Geomitec, CPRM, UFRJ, UFRRJ desenvolveu cartas

geológicas em todo o Estado do Rio de Janeiro na escala de 1:50.000.

Em continuidade à publicação do Programa Cartas de Síntese e Estudos

de Integração Geológica da Diretoria de Exploração Mineral (DIREX), o

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), torna público em 1998 o

Mapa Geológico do Estado do Rio de Janeiro na escala de 1:400.000.

A história geológica de Campos pode ser dividida resumidamente em duas

partes: Formação das Rochas do Embasamento Cristalino (Pré-Cambrianas) e

Formação da Bacia Sedimentar (Fanerozóico).

Serão descritas abaixo as unidades geológicas Pré-Cambrianas e

Fanerozóicas encontradas na área de pesquisa, baseando-se em alguns autores,

no Projeto Carta Geológica – Bloco Campos (DRM-RJ) e no Mapa Geológico do

Estado do Rio de Janeiro (DNPM).

• Geologia do Pré-Cambriano

Unidade São Fidélis (P∈IIIsf)

Esta unidade encontra-se presente ao norte e a sudoeste do rio Paraíba do

Sul, no Município de Campos. As rochas gnáissicas e os migmatitos dessa

unidade tem a maior distribuição e extensão entre todas as outras unidades pré-

cambrianas de Campos, abrangendo localidades como: Serra do Baú, Panorama

e Câmara.

Unidade Bela Joana (P∈lbj):

Assim como a unidade de São Fidélis, esta unidade também encontra-se

presente ao norte e ao sudoeste do rio Paraíba do Sul em Campos, mais

especificamente na área do rio Bela Joana. Suas rochas são charnockitos que

perlonga a parte nordeste do estado do Rio de Janeiro.

Unidade de Santo Eduardo (P∈lIse)

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71

Ocorre apenas na região norte do Município de Campos e é constituída em

sua maioria por migmatitos.

Unidade Angelim (P∈lIag)

Assim como a unidade de Santo Eduardo, esta unidade também se

encontra presente somente ao norte do Município de Campos e é formada por

gnaisses.

Unidade Catalunha (P∈llcl)

Esta unidade se encontra presente apenas restritamente à noroeste do rio

Paraíba do Sul, como uma cunha de aproximadamente 1,5 km2. É constituída por

gnaisses.

Corpo Magmático Intrusivo

Na região são expressivos os Granitos da serra de Itaóca e de Morro do

Coco.

• Geologia do Fanerozóico

As variações do nível do mar chamadas transgressão e regressão marinha

associadas a variação climática originaram depósitos sedimentares Terciários

(Formação Barreiras) e Quaternários (planície de inundação do Rio Paraíba do

Sul e Cordões Litorâneos).

Unidade Terciária (Tb)

Os sedimentos terciários ocorrem alongados segundo uma faixa diagonal

que atravessa a área de estudo na direção NE-SW, interpondo-se, a grosso

modo, entre o domínio das rochas pré-cambrianas e os sedimentos quaternários.

Suas melhores exposições e maiores extensões encontram-se desde a margem

norte do rio Paraíba do Sul, próximo à cidade de Campos, até às proximidades do

limite com o Estado do Espírito Santo.

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72

Unidade Quaternária

Sedimentos Paludiais (Ql)

Os corpos sedimentares pertencentes a esta unidade ocorrem às margens

das lagoas, nas lagunas, em vales encaixados nas rochas do Pré-Cambriano e

nos sedimentos terciários da Formação Barreiras, nas proximidades das

desembocaduras dos rios Paraíba do Sul e Itabapoana, em lagoas sobre a

planície de inundação e em vales intercordões litorâneos.

Sedimentos Litorâneos (Qc)

Os cordões litorâneos são corpos sedimentares individualmente estreitos e

alongados, alturas individuais entre 1 a 3 metros, paralelos entre si. Os

sedimentos que pertencem a esta unidade ocorrem nas regiões leste e sul do

município, tendo como limites: o Oceano Atlântico, os sedimentos terciários da

Formação Barreiras e os sedimentos quaternários da planície de inundação.

Estes sedimentos são constituídos de areias quartzosas litorâneas.

Sedimentos Fluviais (Qp)

Os sedimentos fluviais que compõem esta unidade, ocupam principalmente

a planície costeira de Campos, também denominada Baixada Campista, com cota

máxima da ordem de 13 m e acompanham principalmente os baixos cursos dos

rios Paraíba do Sul, Ururaí, Muriaé e Macabu. Essa seqüência é composta por

argilas, argilas-sílticas e siltes de planície de inundação. Engloba também as

areias quartzosas.

Na Figura 27 o mapa geológico de Campos.

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73

FIGURA 27 – Mapa geológico da área de estudo.

(OFIGEO-LECIV 2005, Compilado do DRM)

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74

4.6 Hidrografia

A área de estudo é dividida quase que ao meio pelo rio Paraíba do Sul.

Sua hidrografia é densa, apresentando rios e córregos em toda sua extensão,

além de canais de drenagem.

As características naturais do meio físico em relação à hidrografia da área

de estudo configuram uma condição de significativa suscetibilidade erosional,

principalmente erosão hídrica, devido ao regime e à intensidade de chuvas

existentes. O controle dos processos erosivos é determinado fundamentalmente

pela cobertura florestal. Quando esta cobertura é retirada há maior probabilidade

de ocorrer erosão acelerada, com processos de grande intensidade como ravinas

e voçorocas.

Na Figura 28, a hidrografia do município de Campos.

4.7 Vegetação

A vegetação original da bacia hidrográfica encontra-se profundamente

modificada pela ação antrópica de exploração agrícola e pecuária, atividades de

longa data na região. De acordo com o mapa de uso e cobertura do solo (Figura

15), a vegetação que ainda se apresenta no município de Campos é do tipo mata

e restinga.

A vegetação nativa remanescente compreende manchas de Mata Atlântica

nas Serras de Campos dos Goytacazes, Santa Maria Madalena e Trajano de

Morais; campos de altitude no Parque Estadual do Desengano.

As restingas ocorrem no limite leste, nas áreas mais próximas ao litoral,

ocorrendo também em pequenos setores interiores, a noroeste da Lagoa Feia,

entre o Valão do Guriri e o Rio da Prata. A floresta de restinga é uma formação

relativamente pouco densa, com espécies de porte médio ou baixo, de copa

irregular e tronco fino ou tortuoso.

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75

FIGURA 28 – Hidrografia do município de Campos. (CIDE)

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76

4.8 Clima

A descrição feita a seguir dos dados climatológicos da região Norte

Fluminense e mais especificamente do município de Campos dos Goytacazes de

interesse a essa pesquisa é baseada em diversos estudos de instituições

localizadas no Norte Fluminense, como boletins da UENF (UENF-LEAG, 2005,

comunicação pessoal1), da UFRRJ - Campus Dr. Leonel Miranda por Azevedo

et.al. (2000) e do PROJIR (IAA/SONDOTÉCNICA, 1983).

• Classificação Climática

De acordo com a classificação de Köppen, a área de estudo se enquadra

no tipo climático AW, quente e úmido, com estação chuvosa no verão. Nas

encostas das serras vizinhas, o clima é quente e úmido, com estação seca pouco

pronunciada. Do ponto de vista do regime térmico dos solos, a totalidade da área

se enquadra no conceito de regime “hyperthermic”, ou seja, com temperatura

média maior que 22ºC e diferença entre as médias de verão e inverno maior que

5ºC até a profundidade de 50 cm de solo (IAA/SONDOTÉCNICA, 1983).

• Precipitação

A intensidade das chuvas no município de Campos é verificada pelos

aguaceiros que desabam principalmente no mês de dezembro; seguido pelos

meses de novembro, janeiro, outubro março e abril. A área de menor

intensidade corresponde à zona da Lagoa Feia (110 mm/24 h)

(IAA/SONDOTÉCNICA, 1983).Conforme se pode verificar, na Figura 29 são

apresentados os valores médios da precipitação mensal para a região de Campos

dos Goytacazes, do período de 1975 a 1999 (Azevedo et. al, 2000), que

demonstram a ocorrência do período chuvoso e do período seco, e ainda a

diferença de magnitude entre os meses.

1 Laboratório de Engenharia Agrícola da UENF

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77

A distribuição anual da precipitação é determinada pela predominância das

perturbações geradas durante o verão devido à instável massa equatorial

continental. Portanto, é válido afirmar que a época chuvosa é presidida pelo

“verão amplo”, que se estende de outubro a abril, sendo quase sistematicamente

o mês de dezembro o de maior pluviosidade. O inverno define a estação mais

seca que detém, em geral, cerca de 10% do total anual, sendo as maiores

estiagens verificadas no mês de agosto.

100,0

59,2

80,3 77,3

47,6

29,8 31,5 30,5

69,6

94,9

131,4142,7

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

180,0

J F M A M J J A S O N D

Meses

Pre

cipi

taçã

o P

luvi

mét

rica

(m

m)

FIGURA 29 – Precipitação Média Mensal, em Campos dos Goytacazes, do

período de 1975 a 1999 (Azevedo et. al. 2000).

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78

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Os métodos e materiais estabelecidos para determinação da

suscetibilidade à erosão laminar e quantificação da perda de solo que ela provoca

foi baseada nos tópicos teóricos apresentados no Capítulo 3.

As dificuldades para desenvolver a metodologia aqui proposta foram muitas

e variaram desde a incompatibilidade dos hardwares e softwares disponíveis no

Laboratório de Engenharia Civil (LECIV) da UENF até falta de dados para gerar

as os planos de informação básicos. Ante a esse problema, a solução foi realizar

o trabalho em parceria com o Laboratório de Geoprocessamento do

Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa. Mas

isso era previsto, uma vez que o trabalho a que esta pesquisa se destinou foi o

primeiro e até então único para o município de Campos.

Foi tomado cuidado extremo com a precisão dos mapas básicos tanto

quanto com seus conteúdos. A cada etapa concluída foi feita uma revista em cada

item que levou àquele produto final.

A metodologia empregada para desenvolvimento desta pesquisa pode ser

descrita em quatro tópicos: criação da base de dados, edição dos dados, geração

dos mapas referentes à análise de suscetibilidade à erosão laminar e dos mapas

referentes à quantificação de perda de solo por erosão – aplicação da EUPS.

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79

5.1 Criação da Base de Dados

Inicialmente realizou-se um apanhado dos mapas e cartas considerados

básicos a este trabalho. Alguns deles foram produzidos pela Oficina de

Geoprocessamento do LECIV a partir de compilações, outros vieram de

instituições públicas e privadas, como IBGE, CPRM e DRM.

� Dados temáticos

• Pedologia: base de dados na escala 1:250.000, utilizada no Projeto Rio

de Janeiro em 2001, pelo CPRM e DRM para a confecção do Mapa de

Solos do Estado do Rio de Janeiro;

• Uso e Cobertura do Solo: base de dados na escala 1:250.000, utilizada

no Projeto Rio de Janeiro em 2001, pelo CPRM e DRM para a confecção

do Mapa de Uso e Cobertura do Solo do Estado do Rio de Janeiro;

• Pluviometria: dados de chuva de uma série histórica de 10 anos

oriundos do trabalho de Coridola (no prelo).

� Dados cadastrais

• Hipsometria: base de dados na escala 1:50.000 obtida junto ao Núcleo

de Computação Eletrônica – NCE – UFRJ e IBGE;

• Pontos Cotados da Área de Baixada: base de dados na escala 1:25.000

do PROJIR plotados por Ramos (2001);

• Limite Municipal: base de dados na escala 1:50.000 do IBGE;

� Redes

• Hidrografia: base de dados na escala 1:100.000 do CIDE;

• Rodovia (BR101): base de dados na escala 1:100.000 do CIDE;

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80

� Imagem

• Imagem Landsat - ETM 7: cena de 13 de março de 2002 (órbita 216,

ponto 75) obtida junto a DSC (Daniel Silva Costa) Engenharia.

5.2 Edição dos Dados

Essa é a fase mais trabalhosa de todo o processo metodológico. Porém,

ela deve ser bem feita e consiste em analisar cada item da base de dados com

respeito a sua qualidade e conteúdo. A próxima fase consistiu em levar os dados

para a um mesmo sistema de referência, uma vez que os eles vieram de

diferentes instituições em diferentes formatos (shp, dxf e dwg) e projeções

(geográfica e plana).

Basicamente foi usado o programa ArcInfo 9.0 devido a sua interface ser

compatível com os outros programas usados, como o AutoCAD e ArcView 3.2.

Todas as operações de georeferenciamento, atualização do sistema de

projeção e conversão de formatos foram feitas no ArcMap, que é o módulo do

ArcInfo onde é possível manipular representações gráficas de informações

geográficas. Nesta etapa foi dada atenção especial aos temas a fim de que eles

não sofressem distorções.

Do trabalho de Corrêa (2003) vieram já georefenciados e no sistema UTM

datum SAD 69 zona 24S os temas correspondentes ao limite do município de

Campos dos Goytacazes , pedologia e uso e cobertura do solo. O tema

hidrografia foi recortado para a área do município.

As curvas de nível e os pontos cotados receberam tratamento à parte e

serão discutidos no tópico Modelo Digitação de Elevação.

Toda a base de dados tornou-se disponível nos formatos exigidos por cada

programa em que foi explorado. Os mapas temáticos, cadastrais, redes ficaram

armazenados sob a forma de feições, podendo ser completamente trabalhadas

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81

dentro de SIG's para sobreposições, cruzamentos, visualizações, análises

espaciais e reclassificações.

5.2.1 Modelo Digital de Elevação (MDE)

Para confecção do MDE, foram empregados a base hipsométrica, os

pontos cotados da baixada e o limite do município.

Dentro do software ArcInfo 9.0, módulo Arc, as cartas hipsométricas foram

primeiramente transformadas do formato shape para o arc (Command Tools,

Conversion, To Arc, Shape to Arc).Isso foi necessário por que das 10 cartas

utilizadas para recobrir o município de Campos (Mimoso do Sul, Italva, Morro do

Coco, São Fidélis, Travessão, Renascença, Dores de Macabu, Campos,

Conceição de Macabu e Carapebus), a carta de Morro do Coco era a única que

não se encontrava cotada. Quando as cartas hipsométricas são adquiridas do

IBGE elas vêm cotadas, mas este atributo não se mantém ao serem elas

manipuladas em outro programa. Por isso, estas cartas tiveram de ser cotada.

Para tanto, utilizou-se o ambiente de edição do módulo Arc, o Edit Tools,

comando Labeling Contour Lines, intervalo de 20 m e valor de referência

específico. Esse comando gera uma linha através da qual todas as curvas de

nível tocadas por ela têm seu valor de cota alterado de zero para aquele definido

pelo valor de referência subtraído crescente ou decrescentemente do valor

definido como intervalo entre as curvas.

Depois de cotada esta carta, ela teve de ser editada. Não só ela como

todas as outras, pois elas não se encontravam unidas. Esta fase do trabalho

mostrou-se morosa e importante, pois a conexão entre curvas de cotas diferentes

poderia acarretar em inconsistência que travaria o interpolador. Em alguns pontos

do mosaico formado pelas curvas, elas precisaram ser redesenhadas a fim de

que se conectassem com a curva de mesma cota que se encontrava noutra carta.

Uma a uma, as curvas foram ligadas, chegando-se a um único bloco de curvas

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82

perfeitamente conectadas sob a forma de mosaico, aumentando a acuracidade do

modelo final, além de converter todas as curvas para um só arquivo.

O arquivo de pontos cotados não sofreu qualquer modificação.

O bloco de curvas e os pontos cotados foram cruzados no ArcMap, modo

3D Analyst, opção Create TIN from Features.

O tamanho da célula é de grande relevância no processo de modelagem.

Nesta pesquisa foi adotada uma célula de 30 m, valor este, bem próximo à

eqüidistância vertical das curvas de nível empregadas na confecção do modelo

(20 m). Uma superfície com célula menor que 30 m no caso desta pesquisa

requereria maior esforço computacional. Este esforço seria tanto maior quanto

fosse a área estudada. Obviamente que um modelo digital com célula de 20 m ou

menor exibiria mais detalhes da área, mas como o município tem

aproximadamente 400.000 ha de área, ao tentar-se executar um MDE com célula

de 20 m, o hardware não conseguiu "rodá-lo", travando completamente.

O tamanho de célula escolhido foi de 30 m, pois menor que este valor o

esforço computacional requerido seria muito maior. Segundo a literatura, a célula

deve ter tamanho bem próximo à eqüidistância vertical das curvas, que foi de 20

m.

Depois de gerado o MDE, ele foi reclassificado em 12 intervalos de

elevação. Para melhor distinção da variação de elevação entres as classes, foi

utilizado a classificação Natural Break Jenks do ArcMap.

Esta parte da pesquisa foi realizada com apoio dos técnicos e professores

do Laboratório de Geoprocessamento do DEF (Departamento de Engenharia

Florestal) da UFV (Universidade Federal de Viçosa).

5.3 Análise de Suscetibilidade à Erosão Laminar

� Carta de Declividades

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83

As classes de declividade normalmente são subdivididas segundo critérios

de declividade, forma de terreno, altura relativa das elevações e tipo e

comprimento das vertentes com o objetivo principal de fornecer subsídios ao

estabelecimento dos graus de limitação com relação ao emprego de implementos

agrícolas e à suscetibilidade à erosão (Brasil, 2005). O critério para adoção das

quatro classes de declive (0 – 8, 8 – 30, 30 – 60 e maior que 60%) para esta

pesquisa considerou os tipos de relevo e as associações com os diferentes tipos

de solos ocorrentes na área de estudo, como descrito e aplicado por Corrêa

(2003).

A carta de declividades foi derivada do MDE. Dentro do programa ArcInfo

9.0, no módulo 3D Analyst, Surface Analysis, foi escolhida a opção Slope. A

declividade é dada, por default, em graus. A carta resultante, varia de 0 a 90°.

Como 45° corresponde a 100% de declividade, a carta foi reclassificada

(comando Reclassify, Spatial Analyst) nos quatro intervalos citados no parágrafo

anterior.

A relação entre relevo, tipo de solos e as quatro classes de declividade da

área de estudo relacionaram-se da seguinte forma:

• 0 – 8%: domínio plano ou suave ondulado, ou seja, superfície de topografia

horizontal ou pouco movimentada, onde os desnivelamentos são muito pequenos

ou apresentando declives suaves;

• 8 – 30%: domínio ondulado, ou seja, superfície de topografia pouco

movimentada constituída por conjunto de colinas apresentando declives

moderados, ou formada por morros;

• 30 – 60%: domínio montanhoso, ou seja, superfície de topografia vigorosa

com predomínio de formas acidentadas, usualmente constituída por morros,

montanhas e maciços montanhosos, apresentando desnivelamentos

relativamente grandes e declives fortes;

• 60%: domínio escarpado, ou seja, superfície de topografia muito íngreme com

vertentes de declives muito fortes.

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� Carta de Erodibilidade

Este mapa foi produzido agrupando-se classes de solo de acordo com sua

erodibilidade, como descrito por Bertoni & Lombardi Neto (1990), que classificou

os solos do estado de São Paulo, segundo sua erodibilidade, em cinco classes.

O mapa pedológico da área foi reclassificado aplicando-se os comandos já

descritos, de acordo com as classes descritas pela Tabela 9. A classe I agrega os

solos mais erodíveis e a V os menos.

� Carta de Suscetibilidade dos Solos à Erosão Laminar

Esta carta foi produzida pelo cruzamento da carta de erodibilidade do

município com a de declividades a Raster Calculator (Spatial Analyst). O resultado

gerou um mapa com cinco classes de suscetibilidade, cujo sentido é crescente da

classe I para a classe V, como descrito na Tabela 9.

TABELA 9 – Classes de erodibilidade para a área de estudo. Bertoni & Lombardi

Neto (1990)

Classes de Erodibilidade Unidades Pedológicas

I Neossolo Litólico Cambissolo Álico

Argissolo Vermelho-Escuro

II Argissolo Vermelho-Amarelo III Argissolo Amarelo

IV Cambissolo Eutrófico

Latossolo Vermelho-Amarelo Latossolo Amarelo

V

Neossolo Flúvico Gleissolo

Organossolo Espodossolo

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85

As cartas de erodibilidade e declividades foram integradas tendo como

base critério de definição de classes de suscetibilidade à erosão laminar e sua

compatibilização com as classes de capacidade de uso das terras (Anexo 01) são

assim relacionadas:

• MA = Muito Alta Suscetibilidade: corresponde às classes VII e VIII de

capacidade de uso das terras, onde os terrenos apresentam problemas

complexos de conservação, indicados para preservação ou reflorestamento;

• A = Alta Suscetibilidade: corresponde à classe VI de capacidade de uso das

terras, onde os terrenos apresentam problemas complexos de conservação,

parcialmente favoráveis à ocupação por pastagens, sendo mais apropriados para

reflorestamento;

• M = Média Suscetibilidade: corresponde à classe IV de capacidade de uso das

terras, onde os terrenos apresentam problemas complexos de conservação,

sendo mais indicados a pastagens e culturas perenes;

• B = Baixa Suscetibilidade: corresponde à classe III de capacidade de uso das

terras, onde os terrenos apresentam problemas complexos de conservação,

sendo mais indicados a pastagens e culturas perenes e, eventualmente, a

culturas anuais, porém exigindo práticas intensivas mecanizadas de controle de

erosão;

• NS = Baixa a Não Suscetível: corresponde às classes I, II e V de capacidade

de uso das terras. A classe I de capacidade de uso corresponde a terrenos sem

problemas especiais de conservação, podendo ser utilizados com qualquer tipo

de cultura; a classe II corresponde a terrenos com problemas simples de

conservação, podendo também ser utilizados com qualquer tipo de cultura, porém

exigindo práticas não mecanizadas de controle da erosão; a classe V corresponde

a terrenos sem problemas de conservação, mas exigindo técnicas especiais de

cultivo, por se constituírem de solos encharcados.

Foram relacionadas quatro classes de declividade com cinco classes de

erodibilidade. A carta de suscetibilidade foi então reclassificada segundo a Tabela

10. O critério de determinação da Tabela 10 foi descrito por Corrêa (2003).

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TABELA 10 – Relação entre as quatro classes de erodibilidade e as cinco de

erodibilidade para definição das classes de suscetibilidade à erosão laminar.

Declividade (%) Erodibilidade 0 – 8 8 – 30 30 – 60 >60 I M A MA MA

II M M A MA

III B M A A

IV B B B M

V NS NS NS NS

� Carta de Potencial à Erosão Laminar

O cruzamento matricial na Raster Calculator (Spatial Analyst) da carta de

suscetibilidade à erosão laminar com o mapa de uso e cobertura do solo deu

origem à carta de potencial à erosão laminar.

Reclassificou-se o mapa de uso e cobertura considerando-se o porte da

cobertura vegetal e a intensidade da ação antrópica no manejo do solo, como

descrito por Corrêa (2003), de acordo com as classes da Tabela 11.

TABELA 11 – Classes de reclassificação do mapa de uso e cobertura.

Classe Uso

1 Áreas agrícolas

2 Pastagens

3 Mata

4 AF e AI

*AF = afloramento rochoso e AI = área inundável.

As classes resultantes do cruzamento foram reclassificadas seguindo as

quatro classes de potencial descritas por Salomão (1999), mostradas na Tabela

12, dando origem ao mapa de potencial à erosão laminar.

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É importante esclarecer como foi obtida a Tabela 11. Para sua elaboração

foi considerada a Tabela 10. Para tanto foi analisada cada classe de uso e

ocupação da Tabela 12, relacionando-as com a intensidade da presença

antrópica e as classes de suscetibilidade (Tabela 13) previamente determinadas.

Correlacionando estas informações chegou-se à Tabela 11 e à carta de potencial

à erosão laminar.

TABELA 12 – Relação uso x ocupação para definição do potencial erosivo.

Classe Porte da Cobertura Vegetal Atividade Antrópica

Áreas agrícolas Baixo a médio Intensa

Pastagens Baixo a médio Moderada a reduzida

Matas Alto a médio Muito reduzida

AR e AI* Sem potencial Sem potencial

*AR = afloramento de rocha e AI = área inundável

TABELA 13 – Classes de potencial à erosão laminar.

Classes de Uso

Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe de

Suscetibilidade Áreas agrícolas Pastagem Mata AR/ AI

MA AP AP AP SP

A AP MP MP SP

M MP MP BP SP

B BP BP BP SP

NS BP BP BP SP

onde:

• AP = alto potencial: uso atual do solo incompatível com a suscetibilidade à

erosão laminar;

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• MP = médio potencial: uso atual do solo incompatível com a suscetibilidade à

erosão laminar, possível de ser controlada com práticas conservacionistas

adequadas;

• BP = baixo potencial: uso atual do solo compatível com a suscetibilidade à

erosão laminar;

• SP = sem potencial: uso atual do solo compatível com a suscetibilidade à

erosão laminar.

5.4.3 Análise da Perda de Solo por Erosão

� Cartas de Declividades e Aspecto

A carta de declividades para esta etapa da pesquisa foi derivada do MDE

seguindo os mesmos procedimentos e comandos usados para obtenção da carta

de declividades para a análise da suscetibilidade à erosão laminar. Porém, para

consideração de fatores antrópicos de manejo e uso do solo, foram tomados

outros intervalos de declividade.

Segundo Ramos2 (2005, comunicação pessoal), as classes de declividade

para aplicação da EUPS devem estar nos seguintes intervalos: 0–3%, 3–8%, 8–

15%, 15–30%, 30–60% e maior que 60%.

A carta de aspecto foi derivada também do MDE. Do ArcInfo 9.0, módulo

3D Analyst, Surface Analysis, foi escolhida a opção Aspect. Em seguida, a carta

foi reclassificada em oito intervalos: 1 – 45º, 45 – 90º, 90 – 135º, 135 – 180º, 180

– 225º, 225 – 270º, 270 – 315° e 315 – 360°.

� Fator Erosividade da Chuva (R)

A análise da distribuição do fator erosividade da chuva (R) ao longo do ano

foi determinada através da Equação 2. O fator R é a somatória das médias

2 Doracy Pessoa Ramos – Professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UENF

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mensais do índice de erosão (EI) calculados para uma série histórica de 10 anos.

Foram utilizados dados de 13 estações localizadas dentro e fora do município de

Campos.

Depois de convertido do formato geográfico de coordenadas para o

sistema UTM, o arquivo foi reeditado em uma planilha do programa Excel, sendo

que o valor da erosividade foi obtido através da formulação de uma equação,

salvo no formato .dbf e então levado para o ArcMap. O arquivo continha

informações de localização (E e N), precipitação média anual e erosividade da

chuva.

No ArcMap a espacialização da erosividade da chuva no município de

Campos foi resultante de interpolação desenvolvida no módulo Geoestatistical

Analyst, interpolador Radial Basin Function sobre o campo da tabela de atributos

que continha os valores de R.

� Fator Erodibilidade (K) e Perda de Solo Tolerável (T)

O mapa correspondente ao fator K foi gerado adicionando-se valores de

erodibilidade compilados da literatura por reclassificação de cada classe de solo

presente no mapa pedológico do município.

Na Tabela 14 mostrados os valores de K e T para as respectivas classes

de solo da área de estudo.

� Fator Topográfico (LS)

Este fator engloba dois subfatores da EUPS: comprimento de rampa (L) e

declividade (S). O subfator S é de fácil obtenção, como descrito no inicio deste

item. Já o subfator L não é de obtenção direta, requerendo comandos e etapas

específicas em sua determinação.

Pela aplicação da Equação 3 foi obtido o fator LS. No entanto, antes de

aplicá-la, foi necessária a determinação do mapa de comprimento de rampa (L)

através da Equação 6.

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90

L = DH. sen-1(αααα) (6)

onde:

L = mapa de comprimento de rampa (m);

DH = diferença de altitude (m);

α = ângulo de declive da rampa (graus).

TABELA 14 – Classes de solo e respectivos valores de K e T.

Classes de Solo K(t.h.MJ-1.mm-1) T(t. ha-1. ano-1)

Neossolo Litólico 0,0400 7,00

Cambissolo Álico 0,0254 10,85

Argissolo Vermelho-Escuro 0,0400 4,50

Argissolo Vermelho-Amarelo 0,0466 9,06

Argissolo Amarelo 0,4278 3,30

Cambissolo Eutrófico 0,0441 10,85

Latossolo Vermelho-Amarelo 0,0200 11,53

Latossolo Amarelo 0,0150 12,45

Neossolo Flúvico 0,0420 8,00

Gleissolo 0,0044 5,82

Organossolo 0,0310 16,96

Espodossolo 0,3267 7,79

O método utilizado para determinação do mapa L foi o descrito por Rocha

et al. (1995), porém com implementação no software ArcGis 9.0.

Para obtenção do fator DH cruzaram-se os mapas de declividade e aspecto

através da rotina Combine. O cruzamento entre estes dois mapas gerou um

terceiro mapa (mapa de rampas) em que cada polígono representa uma rampa,

com inclinação e direção conhecidas. Em seguida, através da rotina zonalrange,

extraíram-se os dados de diferença de altura do MDE. Utilizou-se o mapa de

rampas como referência. O mesmo procedimento foi utilizado para obtenção do

ângulo de declive das rampas (α), utilizando-se a carta de declividades como

referência.

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91

O ângulo α é dado em graus. Para ser aplicado à Equação 6 ele teve de

ser transformado em radianos, extraindo-se o arco tangente do mesmo e

dividindo-o pelo resultado do quociente 180/ Π. Com este valor então foi extraído

o seno de α. De posse dos fatores DH e α e com ajuda da Raster Calculator, foi

aplicada a Equação 6, obtendo-se o mapa L.

� Fator Antrópico (CP)

Este mapa resultou do produto entre os valores de C e P definidos de

acordo com o uso, manejo e presença ou não de práticas conservacionistas. Em

seguida o mapa de uso e cobertura da área foi reclassificado (Reclassify, Spatial

Analyst) para os valores do produto CP para cada classe de uso e cobertura.

O fator P foi reclassificado considerando-se que áreas com algum tipo de

prática conservacionista tivessem valor de P = 0,5 e áreas sem medidas

conservacionistas valor de P = 1,0. Os valores de C adotados estão mostrados na

Tabela 15.

Vale lembrar que foram suprimidos desta análise os corpos d'água e a área

urbana uma vez que a superfície de cada um deles não contribui diretamente na

perda de solo.

Estes valores de C e P foram compilados da literatura.

� Potencial Natural de Erosão (PNE)

O PNE foi definido pelo rearranjo de termos da EUPS, segundo a Equação

4, considerando apenas as propriedades físicas intrínsecas ao solo. O

cruzamento foi realizado na Raster Calculator (Spatial Analyst).

A reclassificação do mapa final foi definida para dados encontrados nesta

pesquisa. Como referência, foi utilizado o trabalho de Jacques (1997).

� Mapa de Influência Antrópica

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Este mapa resultou do cruzamento entre os mapas de influência antrópica

atual (CPatual) e o de influência antrópica permissível (CPpermissível), determinando

zonas de valores positivos, negativos e iguais a zero. Este cruzamento foi

denominado ∆CP, sendo realizado na Raster Calculator (Spatial Analyst). Para

obtenção da CPpermissível foi aplicada a Equação 5, sendo que os valores de T

(Tabela 14) foram adicionados ao mapa pedológico por reclassificação. O mapa

de CPatual foi o mesmo empregado no desenvolvimento da EUPS – o fator

antrópico.

TABELA 15 – Valores e C e P para este trabalho.

Uso C P* Afloramento de rocha2 0,0001 1,0

Cana1 0,3066 0,5

Cobertura arenosa2 0,0001 1,0

Mata1 0,0120 1,0

Pastagem1 0,0250 1,0

Solo exposto2 1,0000 1,0

Vegetação de restinga2 0,0004 1,0

Área inundável2 0,0001 1,0 1Weill (1999) e 2Kuntschik (1996)

O mapa de Influência Antrópica foi reclassificado segundo Jacques (1997),

em três classes: ∆CP < 0, que indica regiões em que a influência antrópica é

menor do que a tolerada pelo solo; ∆CP = 0 se as áreas onde a influência

antrópica se equivale à suportada e ∆CP > 0 onde ela causa erosão acelerada.

� Mapa de Perda de Solo por Erosão (A)

Uma vez modelados os fatores da EUPS para as características físicas e

antrópicas da área de estudo, eles foram integrados segundo a Equação 1 na

Raster Calculator. Assim, definiu-se o mapa de perda de solo por erosão (A).

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� Mapa de Risco de Erosão

Resultou do cruzamento entre os mapas de perda de solo (A) e perda

tolerável de solo (T). Posteriormente, foi reclassificado, segundo Cavalieri (1998)

apud Fujihara (2002).

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94

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão mostrados e discutidos os materiais e produtos

gerados por esta dissertação, os quais são: base de dados, modelo digital de

elevação, cartas de declividade, aspecto, erodibilidade, suscetibilidade à erosão

laminar e potencial à erosão laminar; mapas relativos aos fatores da EUPS:

erosividade, erodibilidade, fator topográfico e antrópico, potencial natural de

erosão (PNE), influência antrópica, perda de solo e risco de erosão.

6.1 Modelo Digital de Elevação (MDE)

O modelo concebido neste trabalho foi obtido pela modelagem TIN.

O município de Campos apresenta variações geomorfológicas que vão

desde escarpas (1800 m) a planícies (de 0 a 5 m de altitude), passando por

colinas e tabuleiros (Apêndice A).

Esta complexidade morfológica trouxe grande dificuldade à confecção do

MDE, principalmente nas áreas onde a elevação é menor que 20 m. Esta

dificuldade adveio do fato de as curvas de nível que foram utilizadas para gerar o

MDE ter eqüidistância vertical de 20 m. Para que houvesse maior detalhamento

do relevo nestas áreas, seria necessário que a eqüidistância vertical fosse de

aproximadamente 1 (um) m ou menos. A maneira de reproduzir a área da baixada

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95

foi relacionar as curvas com a massa de pontos cotados da baixada na

elaboração do modelo.

A altitude máxima da extraída do MDE foi de 1800 m, a média de

aproximadamente 856 m e a mínima de 1 m. A classes de elevação que abrange

maior área é a classe de elevação entre 0 e 5 m - 27,11. Mas valores que vão até

20 m de altitude ainda estão divididos nas duas classes seguintes.

Como foi dito, esta complexidade morfológica trouxe dificuldade na

elaboração do modelo. O município apresenta 53,16% de suas terras com

altitudes de até 20 m. Ou seja, mais da metade das terras do município

encontram-se no domínio das planícies. Acima de 1.000 m de altitude

enquadram-se as terras de escarpa, num total de 0,9% apenas. Na forma de

tabuleiros e colinas, com altitudes intermediárias entre 100 e 800 m, estão 8,48%

da área de estudo.

A Figura 30 mostra graficamente a distribuição da elevação na área de

estudo.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Área acumulada (%)

Ele

vaçã

o (m

)

FIGURA 30 – Variação da elevação ao longo da área do município de Campos.

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96

Na Figura 30, o eixo vertical traz os valores de elevação e o horizontal a

área acumulada. Por sua análise pode-se constatar que mais de 90% da área

encontra-se com elevação de até 200 m, isto é, o município, na maior parte de

sua área, apresenta relevo no domínio das planícies.

É importante observar que esse processo de transição do modelo lógico

para o físico, além de envolver decisões quanto à relevância de dados para o

modelo, implica a tarefa subjetiva de discretização do mundo real - altamente

complexo. Um dado de entrada errôneo ou mal compartimentado no banco de

dados gera uma cadeia de erros que modifica consideravelmente os produtos

finais (Corrêa, 2003). A área de estudo mostrou-se bastante complexa durante o

processo de modelagem devido a sua imensa área de baixada. Porém, de acordo

com o objetivo proposto inicialmente na pesquisa, a metodologia e base de dados

empregada mostraram-se eficientes.

O tamanho da célula é de grande relevância no processo de modelagem.

Nesta pesquisa foi adotada uma célula de 30 m, valor este, bem próximo à

eqüidistância vertical das curvas de nível empregadas na confecção do modelo

(20 m). É recomendado pela literatura que este valor seja menor ou igual a menor

distância. Uma superfície com célula menor que 30 m no caso desta pesquisa

requereria maior esforço computacional.

Uma maneira eficiente de verificar a acuracidade do modelo gerado é

rebatendo-se a hidrografia ao mesmo. Quando o interpolador está em execução,

ele procura pelos caminhos preferenciais da água, definindo assim onde estão as

calhas dos rios presentes na área. Há interpoladores, como o TOPOGRID, por

exemplo, que delineiam até mesmo os rios intermitentes.

Para visualização tridimensional do MDE foi utilizado o módulo ArcScene

do ArcGis 9.0. Nas Figuras 31 e 32 pode-se visualizar o MDE da área com a

hidrografia rebatida com exagero vertical igual a 2.

A vista da Figura 31 é à noroeste do município. Fica nítida a transição entre

serras (tons de cinza) e morrotes (marrons). Nesta região, a altitude mais elevada

é de 730 m, sendo que a partir de 250 m já começam a se distinguir as serras dos

morrotes.

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97

Legenda

Elevação (m)

50 - 65Até 65 m

75 - 85Até 85 m

150 - 200

300 - 500Mais de 500 m

Até 200 m

Legenda

Elevação (m)

50 - 65Até 65 m

75 - 85Até 85 m

150 - 200

300 - 500Mais de 500 m

Legenda

Elevação (m)

50 - 65Até 65 m

75 - 85Até 85 m

150 - 200

Legenda

Elevação (m)

50 - 65Até 65 m

75 - 85Até 85 m

150 - 200

300 - 500Mais de 500 m

Até 200 m

FIGURA 31 (nº 1 no MDE, Apêndice A) – MDE x hidrografia da área na altura do

Morro do Coco.

O ponto de vista da Figura 32 é de um observador indo do centro urbano

de Campos para o extremo norte da área, próximo à divisa com o estado do

Espírito Santo. As gradações da cores alaranjadas para as esverdeadas indicam

a transição entre o tabuleiro e a baixada campista. A elevação média do tabuleiro

está na faixa entre 50 e 65 m. O MDE conseguiu abstrair a morfologia do mesmo

tão apuradamente que é visível a pouca variação nas elevações.

Na Figura 32 nota-se uma transição mais abrupta entre as serras, os

morrotes e as calhas dos rios. Há maior ocorrência de elevações abaixo dos 30 m

em virtude da hidrografia. Esta porção do município faz divisa com o município de

São Francisco do Itabapoana.

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98

100 - 150

Legenda

Elevação (m)

30 - 35

35 - 40

Até 35 m

65 - 75Até 75 m

300 - 500

Até 150 m

Acima de 300 m

100 - 150

Legenda

Elevação (m)

30 - 35

35 - 40

Até 35 m30 - 35

35 - 40

Até 35 m

65 - 75Até 75 m

300 - 500

Até 150 m

Acima de 300 m

FIGURA 32 (nº 2 no MDE, Apêndice A) – Visualização 3D da transição entre

serra, colina tabuleiro e baixada campista.

A Figura 33 mostra a Serra do Imbé, onde se localizam as maiores

altitudes do município. No detalhe estão indicados além da Serra do Imbé, a

Lagoa de Cima e trechos do rio Paraíba do Sul, do rio Ururaí e Imbé. Foi adotado

um fatiamento com intervalos menores nas menores elevações nesta figura com o

objetivo de se tentar mostrar mais detalhes da baixada. Porém, como já discutido,

detalhes menores que 20 m de elevação não puderam ser bem modelados devido

à eqüidistância vertical das curvas de nível usadas serem de 20 m. os detalhes

que são notados devem-se à classificação Natural Break Jenks do ArcMap, a qual

reclassifica superfícies estatisticamente segundo o número de descontinuidades

que encontrar.

A visualização em terceira dimensão, entre suas muitas propriedades,

facilita a compreensão da necessidade de se estudar a erosão hídrica e sob quais

aspectos. Observa-se que é direta a relação entre o declive e os processos

erosivos, ainda mais se o solo da encosta for de alta erodibilidade. Observa-se

também que na baixada há deposição dos sedimentos erodidos nas rampas mais

Serra de Santo Edaurdo

Colinas

Tabuleiro

Baixada

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elevadas. Enfim, a abordagem tridimensional é de aplicabilidade irrestrita e

fundamental ao planejamento ambiental.

150 - 200At 570 m

100 - 150

30 - 35

35 - 40

Até 10 m

Até 130 m

Legenda

Elevação (m)

50 - 65Até 20 m

300 - 500Acima de 1200 m300 - 500Acima de 1200 m

150 - 200At 570 m150 - 200150 - 200At 570 m

100 - 150

30 - 35

35 - 40

Até 10 m30 - 35

35 - 40

Até 10 m

Até 130 m

Legenda

Elevação (m)

50 - 65Até 20 m

300 - 500Acima de 1200 m300 - 500Acima de 1200 m

FIGURA 33 (nº 3 no MDE, Apêndice A) – MDE x hidrografia da área na altura da

Serra do Imbé.

6.2 Análise de Suscetibilidade e Potencial dos Solos à Erosão Laminar

A carta de suscetibilidade à erosão laminar foi obtida pelo cruzamento da

carta de declividades com a de erodibilidade. Já a de potencial à erosão laminar

veio do cruzamento desta com o mapa de uso e cobertura do solo. A seguir serão

discutidos os resultados encontrados em seu desenvolvimento.

6.2.1 Carta de Declividades

Rio Paraíba do Sul

Serra do Imbé

Rio Ururaí

Rio Imbé

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100

A declividade é informação básica de topografia utilizada nas metodologias

de identificação de áreas potenciais aos processos de erosão e nos sistemas de

avaliação do planejamento de uso da terra (Fujihara, 2002).

A perda de solo inicia-se no momento em que a formação do solo se dá,

isto é, quando o intemperismo age sobre a rocha-mãe liberando as primeiras

partículas de solo, o transporte e a sedimentação destas são otimizados pelo

declive.

O processo erosivo antrópico também se maximiza em função do declive.

Arrolado a ele, estão as práticas de conservação, uso e manejo do solo. Devido a

isso, as classes de declividade normalmente são subdivididas segundo critérios

de declividade, forma de terreno, altura relativa das elevações, tipo e

comprimento das pendentes com o objetivo principal de fornecer subsídios ao

estabelecimento dos graus de limitação com relação ao emprego de implementos

agrícolas e à suscetibilidade à erosão. É fato que a declividade é diretamente

proporcional à intensidade da enxurrada. Mas na área de estudo ocorre o

contrário, ou seja, predominam as baixas declividades. Isso não minimiza a perda

de solo, principalmente a laminar, uma vez a deflagração do processo não se

deve exclusivamente ao declive.

No caso em estudo, a carta de declividades resultou em quatro classes

(Apêndice B), cujos intervalos foram definidos no item 5. A Tabela 16 mostra a

área do município ocupada por cada classe de declividade.

TABELA 16 – Relação entre as classes de declividade e a área do município.

Declividade (%) Área (%)

0 - 8 75,00

8 – 30 9,26

30 – 60 11,18

> 60 4,56

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101

A classe de maior abrangência foi a de 0 a 8% de declive, equivalendo a

75% do total, o que está completamente de acordo com a morfologia da área.

Isso a caracterizou como de domínio plano a suave ondulado.

A classe de 8 a 30% ocorreu na região dos tabuleiros e nas imediações da

Lagoa de Cima, indo até o início da Serra do Imbé, correspondendo a 9,26% das

terras.

A classe de declives entre 30 e 60% foi a de segunda maior ocorrência

(11,18%). Nela está inserido o domínio montanhoso, caracterizados na região

pelas áreas circundantes das escarpas, as quais estão agrupadas na classe de

intervalos de declividade maior que 60% (equivalentes a apenas 4,56% das terras

do município).

6.2.2 Carta de Erodibilidade

Esta carta foi gerada em caráter intermediário, sendo ela usada na

obtenção da carta de suscetibilidade à erosão laminar. Através dela puderam ser

visualizadas as unidades pedológicas da área de estudo. As Classes I, II e III - as

mais erodíveis – englobam os argissolos presentes na área. Os latossolos estão

dispostos na Classe IV de erodibilidade, pois são menos erodíveis que os solos

hidromórficos, presentes na Classe V.

Considerando-se a carta de declividades, a classe I ficou alocada nas

classes de declive de 30-60% e maior que 60%. Nestas áreas, determinam-se os

afloramentos rochosos e, portanto, os solos rasos. As demais classes de

erodibilidade distribuíram-se nas classes de declive restantes.

Na classe I encontram-se os solos cujos valores de erodibilidade são os

mais altos (8,1 a 10,0). O oposto ocorre com a classe V, onde se enquadraram os

solos da baixada campista – relevo plano, com os valores mais baixos de

erodibilidade (0 a 2,0). Em geral estes solos encontram-se na maior parte do ano

encharcados devido ao lençol freático aflorante agindo em conjugado ao relevo

plano. A Figura 34 mostra a situação do neossolo flúvico em época chuvosa.

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102

FIGURA 34 – Neossolo flúvico em época de chuva.

Somente o argissolo vermelho-amarelo apresentou características texturais

que o enquadrasse na classe II de erodibilidade - entre 6,1 a 8,0. A classe III já

mostrou certa transição entre os valores de erodibilidade (4,1 e 6,0), sendo que a

unidade pedológica encontrada no município com textura argilosa eu

caracterizasse um argissolo foi o argissolo amarelo.

A classificação dos argissolos nas três primeiras classes de erodibilidade –

as mais altas – está relacionada ao fato de que, em geral, os argissolos são mais

facilmente erodíveis que os latossolos por apresentarem logo abaixo do horizonte

A um horizonte com maior concentração de argilas, o que representa uma

barreira à infiltração das águas. Como conseqüência, o fluxo de água logo abaixo

da superfície, paralela à encosta, e a saturação do horizonte superior favorecem

ao desenvolvimento de enxurradas, tendendo a propiciar maior erosão nos

argissolos.

A alocação do cambissolo eutrófico se deu juntamente com o latossolo na

classe IV por encontrarem-se, na área de estudo, na região de baixada. Ambos

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103

apresentam altas quantidades de silte e argila e são solos espessos. Por

comparação, eles são menos erodíveis que os solos das classes I, II e III.

O Apêndice C mostra como ficaram dispostas as classes de solo do

município segundo sua erodibilidade no mapa de erodibilidade de Campos.

6.2.3 Carta de Suscetibilidade dos Solos à Erosão Laminar

Conhecer as propriedades e o comportamento do solo é de suma

importância para se entender sua reação quando o processo erosivo se

desencadeia. Fatores citados e discutidos no Capítulo 3, tais como textura,

estrutura, permeabilidade, densidade, espessura, declive, clima e cobertura

vegetal têm grande peso quando se analisa a suscetibilidade dos solos à erosão.

A carta de suscetibilidade à erosão laminar do município mostrou que as

terras apresentam suscetibilidade variando predominantemente entre baixa e

baixa a não suscetível. Pela Tabela 17 isso pode ser melhor compreendido.

TABELA 17 – Área ocupada por classe de suscetibilidade.

Classes de Suscetibilidade Percentual de área ocupada

Muito alta 8,20 Alta 3,81

Média 13,17 Baixa 38,23

Baixa a não suscetível 36,60

Apenas 8,20 % do total da área apresentaram muito alta suscetibilidade à

erosão laminar. Segundo a definição das classes de capacidade de uso, essas

terras têm problemas complexos de conservação, sendo indicadas para

preservação ou reflorestamento. Em situação similar encontraram-se 3,81% das

terras, as quais foram classificadas como de alta suscetibilidade. São terrenos

também com problemas de conservação, mas parcialmente favoráveis à

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104

ocupação por pastagens, sendo mais apropriados para reflorestamento. Ambas

as classes estão situadas nas altitudes mais elevadas do município. Os solos

presentes nelas são cambissolo álico, neossolo litólico e argissolo vermelho-

escuro. Tais solos enquadram-se no nível I de erodibilidade (o mais alto). Quando

combinada com a declividade elevada (entre 30 e 60% e maior que 60%), estas

terras tornam-se facilmente erodíveis.

Analisando-se o mapa de uso e cobertura do solo (Figura 15), observa-se

que nestas aparecem as classes mata e pastagem. A presença de cobertura

vegetal tende a proteger a superfície do solo da ação direta da água da chuva. No

entanto, o uso pastagem indica presença de animais.

Do ponto de vista das propriedades do solo, deve levar em conta que o

neossolo litólico é um solo raso, com horizonte A depositado diretamente sobre a

rocha. O cambissolo álico se caracteriza pela pouca espessura do horizonte B e o

argissolo vermelho-escuro é um solo profundo e com alto gradiente textural,

porém com horizonte A arenoso.

Nos horizontes superiores, uma das características pedológicas mais

importantes do solo em relação ao processo erosional é o gradiente textural, pois

se trata da relação entre teores de areia e argila. Solos rasos são facilmente

transportados pela ação do fluxo das águas do escoamento superficial. Ainda

mais se o horizonte A for arenoso, como é o caso do argissolo, e pouco espesso

como o neossolo. A erosão causada pelo escoamento superficial não é a mesma

em todos os solos. Farias (2005) afirma que os solos arenosos apresentam baixa

capacidade de retenção de água e alta suscetibilidade à erosão. Neles, onde

predominam macroporos, durante uma chuva de baixa intensidade, a água pode

ser toda absorvida, não havendo, portanto, grandes problemas relacionados com

a erosão. Diante de uma chuva de alta intensidade, certamente a camada mais

superficial do solo seria totalmente levada pela enxurrada (Silva et al., 1999).

Em relação a pouca espessura do solo, há que se considerar que as

características do subsolo contribuem para a capacidade de armazenamento da

água. Um solo arenoso superficialmente, com subsolo de textura média, deverá

absorver mais água que esse mesmo solo com um subsolo mais compacto e

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105

pouco permeável (op. cit). É fato que a pouca espessura dos solos permite rápida

saturação dos horizontes superiores, favorecendo o desenvolvimento de

enxurradas.

Apenas 13,17% da área apresentaram média suscetibilidade. Essas terras

encontram-se em duas classes de declividade – 8 a 30% e 30 a 60% e na classe

II de erodibilidade. A unidade pedológica presente ali é o argissolo vermelho-

amarelo profundo, relacionado ao embasamento cristalino, o qual apresenta

horizonte B textural formado pela movimentação de argila dos horizontes

superiores para os inferiores, resultando em horizontes superiores ao B com

baixos teores de argila e altos de areia (DSC-UFLA, 2005). Tais características

lhe conferem média resistência à erosão laminar, pois possuem baixa infiltração

de água no horizonte A, mais arenoso, e lenta infiltração hídrica no horizonte B,

bem mais argiloso. Como conseqüência, o excesso de água que não infiltrou ao

longo do perfil escorre na forma de enxurrada (Prado,2006).

Segundo o trabalho de IGEO-UERJ (2005), argissolos com estas

características apresentam moderada susceptibilidade à erosão.

A esta região é destinada ao uso de pastagem. Como anteriormente

comentado, este uso implica na presença de animais, favorecendo o processo

erosivo.

Quase 75% da área de estudo apresentou suscetibilidade entre baixa

(38,23%) e baixa a não suscetível (36,60%). Isso se deve aos tipos de solos e à

topografia predominantemente plana. A erodibilidade classificou-se nos dois

níveis mais baixos – classes IV e V. Os solos por elas abrangidos são cambissolo

eutrófico, latossolo vermelho-amarelo, latossolo amarelo, neossolo flúvico,

gleissolo, organossolo e espodossolo.

O cambissolo eutrófico, como descrito no Capítulo 4, ocupa a baixada

fluvial cujo relevo é aplainado, no baixo curso do rio Paraíba do Sul, onde

sedimentos argilosos espessos foram ali depositados pelo rio. Frente ao processo

erosional, em geral os cambissolos são muito erodíveis se o relevo é

movimentado. Porém, neste caso em que a topografia é aplainada, mostraram-se

pouco erodíveis. A espessura da camada argilosa, como discorrido no Capítulo 3,

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106

tem grande participação no incremento do volume de solo levado pelo

escoamento superficial, pois funciona como barreira à infiltração de água,

facilitando a remoção da camada superficial.

Os latossolos normalmente são muito profundos; de elevada

permeabilidade e comumente bem a acentuadamente drenados. A elevada

permeabilidade deste solo pode ser vista como indicador de sua erodibilidade por

estar relacionada com a taxa de infiltração básica e ao escoamento superficial e

este, por sua vez, ao processo erosivo (Ottoni, 2005). Ou seja: sua alta

permeabilidade lhe permite absorver maior quantidade de água do fluxo

superficial, minimizando o arraste de solo pela enxurrada. O conceito de

drenagem também se relaciona, nestes termos, com o de permeabilidade.

Esses solos são constituídos por elevadas quantidades de argila e silte.

Encontram-se hoje quase destituídos de sua vegetação original, sendo utilizados

principalmente com plantios de cana-de-açúcar.

O neossolo presente neste domínio é oriundo de sedimentos aluviais. Em

função do relevo, apresenta profundidade efetiva variada. Em média, porém,

pode-se dizer que é um solo profundo, sendo o fator limitante a presença de

lençol freático, o qual, está sempre bem mais profundo que nos Gleissolos, com

os quais se associam na paisagem. É mostrado na Figura 35 um trecho do

neossolo flúvico. Podem-se observar depósitos de areia. Na Figura 34 o solo

apresenta-se encharcado devido à elevação do lençol freático. Já na Figura 35, a

areia redefine a paisagem como sinal de um solo mais arenoso.

Por fim, o gleissolo e o organossolo, que são solos hidromórficos, muito

mal drenados, com lençol freático aflorante na maior parte do ano. O gleissolo

ocorre em área de várzea. Já o organossolo ocorre nas depressões da planície,

ao longo dos cursos dos rios, resultando em acumulações orgânicas sobre

sedimentos fluviais. O espodossolo dispõe-se em faixas ao longo da costa,

formando os cordões litorâneos; apresentam textura arenosa de origem marinha.

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107

FIGURA 35 – Depósitos de areia em um neossolo flúvico.

No Apêndice D está a carta de suscetibilidade à erosão laminar de Campos.

6.2.4 Carta de Potencial à Erosão Laminar

A razão de produção desta carta foi analisar as principais classes de uso

do solo em relação à suscetibilidade à erosão laminar. Assim, foi possível verificar

quais usos têm provocado maior desgaste ao solo.

A Tabela 18 traduz em dados percentuais de área, o risco potencial de

erosão do solo.

Para a classe AR e AI, o potencial erosivo foi dado como nulo por se

tratarem de afloramentos rochosos e áreas de inundação.

Há predominância de baixo risco de erosão devido ao uso pastagem –

73,71% das terras.

Em seguida vêm 23,43% das terras com médio potencial. Parte deste

percentual ocorre em áreas de mata, porém em declividade entre 30 e 60% e

maior que 60%, onde localizam-se os solos rasos e a suscetibilidade enquadra-se

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108

nas classes muito alta, alta e média. Outra parte, no entanto, recai em área de

pastagem, com declive entre 8 e 30% e média suscetibilidade.

TABELA 18 – Relação potencial de erosão laminar x área ocupada.

Potencial Área (%)

Alto 1,55

Médio 23,43

Baixo 73,71

Sem potencial 1,31

De pouca significância foi a percentagem das classes de alto potencial

(1,55%) e sem potencial (1,31%).

Em comparação com a carta de suscetibilidade à erosão laminar, onde

12,01% das terras classificam-se como de alta e muito alta suscetibilidade,

somente 1,55 % está classificada como de alto potencial. Isto ocorre por que as

áreas consideradas de alta e muito alta suscetibilidade abrangem vestígios

florestais. As áreas de alto potencial, segundo a carta do Apêndice E, localizam-

se na região perimetral da classe mata, onde tem início a ação antrópica de

desmatamento. De acordo com Corrêa (2003), a cobertura vegetal é a defesa

natural de um terreno contra a erosão. Entre seus principais efeitos, destacam-se

os seguintes: proteção contra o impacto direto das gotas de chuva, dispersão e

quebra da energia das águas de escoamento superficial, aumento da infiltração

pela produção de poros no solo por ação das raízes e aumento da capacidade de

retenção de água pela estruturação do solo por efeito da produção e incorporação

de matéria orgânica.

6.3 Análise da Perda de Solo por Erosão

Esta parte da pesquisa resultou em mapas e tabelas dos números relativos

à perda de solo por erosão laminar no município. Foram analisadas as taxas de

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109

perda de solo, a tolerância das terras à ação antrópica e o potencial natural do

solo em sofrer erosão sem se considerar os fatores uso e manejo.

6.3.1 Cartas de Declividades e Aspecto

A carta de declividades para aplicação da EUPS produziu o ângulo de

inclinação das faces de declividade. O que a diferiu da gerada para análise da

suscetibilidade à erosão laminar foi basicamente o número de classes e a

abrangência dos intervalos, que foram do total de quatro (0-8%, 8-30%, 30-60% e

maior que 60%) para seis (0-3%, 3-8%, 8-15%, 15-30%, 30-60% e maior que

60%). O conteúdo da tabela de atributos foi o quesito mais importante entre

ambas. É nela que estão alocados os valores das declividades que foram usados

no cruzamento dos mapas. Portanto, o fato de ter havido pouca diferenciação

entre os intervalos de classes nada tem a ver com a qualidade do produto final.

O mapa de aspecto mostrou a direção de inclinação das faces de

declividade. Nas regiões de maior elevação, as rampas ficaram caracterizadas

por pequenos triângulos gerados pelo interpolador. Na região de baixada, os

triângulos ficaram mais espaçados devido à pequena ou nenhuma variação no

declive.

Ambas as cartas assumiram caráter intermediário no desenvolvimento do

trabalho, pois atuaram indiretamente na geração dos produtos finais.

6.3.2 Fator Erosividade da Chuva (R)

O mapa produzido para espacialização do Fator R pode ser visto no

Apêndice F. Na Tabela 19 são mostrados os valores de precipitação média anual

e erosividade para cada estação considerada em sua elaboração.

Devido à dimensão da área de estudo, o fator R teve de ser medido a partir

de dados pluviométricos de estações situadas fora de seus limites. Dentro de

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110

Campos existiam registros apenas da estação do campo experimental da

PESAGRO, ou seja, 12 estações do total de 13 situam-se fora da área de estudo.

Pela Tabela 19 a localidade de Leitão da Cunha apresentou o maior índice

pluviométrico da região (1.476,75 mm/ano), com uma erosividade de 7307,98

MJ.mm.h-1.há-1.ano-1, sendo São Francisco de Paula a menos chuvosa (748,83

mm/ano), com erosividade de 4249,28 MJ.mm.h-1.há-1.ano-1.

Pelo mapa, chove mais a norte, noroeste e sudeste do município, com

valor médio de erosividade igual a 6410 MJ.mm.h-1.há-1.ano-1. Porém, a maior

parte do município apresentou erosividade média de 5757 MJ.mm.h-1.há-1.ano-1.

TABELA 19 – Valores de R obtidos para o município de Campos.

Estação Precipitação Média (mm/ano) EI30 (MJ.mm/h.ha.ano)

Itaocara 1030,60 5996,07

Itaperuna 894,40 4290,95

Leitão da Cunha 1476,75 7307,98

Mimoso do Sul 1371,95 7222,18

Macabuzinho 1192,01 5856,27

Ponte do Itabapoana 1159,27 6375,3

Campus UFRRJ 873,25 4406,14

Usina de Quissamã 902,24 4445,17

Rio Novo_Guanadi 1374,97 7166,84

São Fidélis - PCD 955,83 5542,9

São Francisco de Paula 748,83 4249,28

Cardoso Moreira 1378,40 7191,8

Fazenda das Flecheiras 1170,98 6438,03

O núcleo de menor precipitação partiu da região central da área de estudo,

com 894 mm, atingindo a Lagoa Feia com os valores mais elevados, cerca de

1.400 mm. A partir do centro do município, os totais anuais aumentaram tanto

para o norte como para o noroeste e ao longo da faixa costeira. O incremento na

direção sul é rápido em razão da influência do relevo. A região litorânea

apresentou totais anuais na faixa dos 1.200 mm, crescendo até o valor máximo de

1430 mm.

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111

6.3.3 Fator Erodibilidade (K)

Os solos da área de estudo distribuem-se uniformemente. O mapa do fator

K (Apêndice G) mostrou o argissolo amarelo como o mais erodível, com fator K

igual a 0,4278 t.h.MJ-1.mm-1 e o gleissolo, com fator K equivalente a 0,0044

t.h.MJ-1.mm-1, como o que menos erode.

Os valores K foram compilados da literatura e aplicados aos solos de

Campos. Em sua totalidade, os valores foram definidos para os solos do estado

de São Paulo. Avaliações experimentais do valor do fator K, conforme as normas

estabelecidas pela Equação Universal de Perda de Solo, além de demandarem

excessivos gastos também exigem muito tempo em suas determinações, uma vez

que trabalham com o processo direto da causa e efeito, que é o fenômeno da

erosão do solo (Mannigel et al., 2002).

Tal premissa justifica o método adotado nesta pesquisa para definição de K

e simultaneamente incentiva sua determinação para os solos de Campos, uma

vez que as condições de clima, temperatura, etc, são distintas.

A distribuição do solo segundo sua erodibilidade diz muito sobre a área de

estudo. Sparovek (1998) ao diagnosticar o uso e aptidão das terras agrícolas do

município de Piracicaba estudando 47 microbacias, concluíram que a alta

ocorrência do podzólico vermelho-amarelo, cerca de 41,6% do total da área,

tornaram a área estudada altamente suscetível à erosão. Na Tabela 20

encontram-se os valores de erodibilidade dos solos de Campos e sua ocorrência

em área relativa. Do total dos solos, 21,66% são de argissolo vermelho amarelo,

com fator K igual a 0,04660 t.h.MJ-1.mm-1. A segunda maior ocorrência é de

neossolo flúvico, cujo fator K é 0,0420 t.h.MJ-1.mm-1. No entanto, o argissolo

amarelo foi o que apresentou o maior valor de erodibilidade (0,4278 t.h.MJ-1.mm-

1).

Os quatro solos menos erodíveis são espodossolo, gleissolo, organossolo

e neossolo flúvico, correspondendo a 29,06% da área total. Nos outro extremo,

estão os argissolos, o neossolo litólico e o cambissolo álico com os maiores

valores de erodibilidade equivalendo a 44,86% das terras. Correspondendo a

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112

26,08% da área e com erodibilidade intermediária estão os latossolos e o

cambissolo eutrófico. Por este prisma, a área apresentou-se altamente erodível.

TABELA 20 - Erodibilidade dos solos e sua ocorrência em áreas relativas.

Solo K (t.h.MJ-1.mm-1) Área (ha) Área Relativa(%)

Argissolo Amarelo 0,4278 40.197 10,99

Argissolo Vermelho Amarelo 0,0466 79.445 21,66

Argissolo Vermelho Escuro 0,0400 20.034 5,50

Cambissolo Álico 0,0254 16.534 4,55

Cambissolo Eutrófico 0,0441 34.425 9,42

Espodossolo 0,3267 7.750 2,16

Gleissolo 0,0044 37.536 10,26

Latossolo Amarelo 0,0150 15.294 4,21

Latossolo Vermelho

Amarelo 0,0200 45.586 12,45

Neossolo Flúvico 0,0420 48.657 13,29

Neossolo Litólico 0,0368 7.765 2,16

Organossolo 0,0310 12.125 3,35

6.3.4 Fator Topográfico (LS)

Este é o fator da EUPS de mais difícil definição. Sua obtenção não é direta.

Depende de dois mapas intermediários: o de rampas e o de declividades.

A distribuição do comprimento de rampa não ocorreu de forma gradual

apesar da grande amplitude de variação, entre 0 e 1.600 m.

Na baixada campista a predominância se deu no intervalo entre 150 e 250

m, o equivalente a 100.051 ha, que em área relativa dá 27,39%. Já no tabuleiro e

ao pé da serra do Imbé as rampas foram iguais ou maiores que 1600 m, cerca de

147.550 há (40,39% da área), o maior percentual relativo.

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113

Na baixada, a superfície do terreno é predominantemente plana, não

havendo quase nenhuma caracterização de rampas. Nas serras e no tabuleiro, as

curvaturas da superfície côncava em alguns pontos e convexa em outros fez

aumentar o comprimento da encosta. Por isso, mesmo sendo a área

predominantemente plana, as maiores rampas estão nas encostas e não na

baixada.

Na serra do Imbé e nas elevações da região de Morro do Coco definiram-

se rampas de 1.500 a 1.600 m, num total de 28.841 ha (7,89%), como mostrado

na Tabela 21.

O mapa do fator LS (Apêndice H) revelou que grandes comprimentos de

rampa em declividades elevadas resultaram em altos valores de LS. Isso indica

que ela é mais sensível à variação da declividade do que a variação do

comprimento de rampa (Fujihara, 2002). Considerando que na equação os

valores da variável comprimento de rampa diminuem ao serem elevados a um

expoente menor que a unidade enquanto os valores da variável declividade

aumentam porque seu expoente á 18% maior que a unidade, a forma da

declividade é mais preservada que a do comprimento de rampa (Jacques, 1997).

Logo, as rampas situadas nos maiores declives apresentaram fator LS maior.

Na região de Campos é comum encontrarmos extensas áreas com relevo

de colinas amplas, cuja declividade é baixa, mas com comprimentos de rampa

longos. Era de se esperar este comportamento do mapa LS: rampas com valores

mínimos no relevo de planície, valores intermediários no tabuleiro e no sentido da

Lagoa Feia até o pé da Serra do Imbé e valores máximos nas escarpas e

morrotes.

O comprimento de rampa provoca alta sensibilidade no modelo EUPS.

Como exemplo disso pode ser citada a interessante experiência realizada por

Weill (1999) para 'quantificar' a influência do fator LS na perda de solo da bacia do

Ceveiro-SP. A autora fixou os outros valores da EUPS e determinou a perda de

solo para valores de LS que ela classificou como LSmínimo e LSmáximo. A perda

calculada considerando o LSmínimo foi de 0,64 Mg.ha-1.ano-1 e com LSmáximo de

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114

163,71 Mg.ha-1.ano-1, o que deu uma relação entre perdas mínima e máxima de

1:254, isto é, as perdas de até 254 vezes maiores que o valor mínimo.

TABELA 21 – Relação do fator LS com a superfície da área de estudo.

Rampas Área (ha) Área (%)

0 -150 17.476 4,78

150 – 250 100.051 27,39

250 – 1.000 26.382 7,22

1.000 – 1.300 4.310 1,18

1.300 – 1.360 34.822 9,53

1.360 – 1.400 3.484 0,95

1.400 – 1.500 2.433 0,67

1.500 – 1.550 16.810 4,60

1.550 – 1.600 12.031 3,29

> 1600 147.550 40,39

O efeito da variação do fator LS sobre as taxas de perda de solo são mais

acentuados que a variação dos outros fatores, até mesmo o fator K, pois se o solo

é muito erodível mas situa-se na paisagem em declive suave, a perda por erosão

será menor do que se ele estivesse em declive acentuado.

6.3.5 Fator Antrópico (CP)

Este mapa teve a finalidade de mostrar as áreas do município mais sujeitas

à ação antrópica. Os dois fatores foram considerados juntos, pois são tratados

individualmente somente quando se buscam formas mais adequadas de produção

agrícola conservacionista (Paranhos Filho et. al. 2003).

Na Tabela 15 podem ser vistos os valores de C e P individualizados

compilados da literatura. Já na Tabela 22 são mostrados os valores de CP

empregados na elaboração do mapa do fator CP (Apêndice I).

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115

Em termos percentuais, a o maior valor de CP (0,1533) ocorreu em 18,51%

da área, cujo uso é destinado ao cultivo de cana. Nesta área, foi aplicado fator P

igual a 0,5 considerando que há alguma medida conservacionista no cultivo da

cana. Os menores valores de CP foram 0,0001, adotados para afloramentos

rochosos, área inundável e cobertura arenosa, correspondendo a 1,14% das

terras. No entanto, 69,92% da área (255.457 ha) apresentaram CP iguala a

0,0250 correspondente ao uso pastagem.

TABELA 22 – Fator antrópico (valor CP).

Uso Fator CP Área (ha) Área relativa (%)

AF, AI e CA* 0,0001 4.167 1,14 Cana 0,1533 67.639 18,51 Mata 0,0120 25.445 6,96

Pastagem 0,0250 255.457 69,92 Solo exposto 1,0000 8.920 2,44

Vegetação de restinga 0,0004 3.720 1,02 *AF = afloramento rochoso, AI = área inundável e CA = cobertura arenosa.

A falta de práticas conservacionistas em toda a área exceto no uso cana,

tendem a aumentar a intensificar a erosão uma vez que deixa a superfície do solo

exposta à ação erosiva natural e/ou antrópica. Nestas classes, a única proteção

que o solo terá será por conta do porte da cobertura. Na classe cana, o emprego

de práticas conservacionista minimizou o impacto da erosão em 50% e nas outras

classes, como não houve nenhuma prática aplicada, a erosão teve ação máxima.

6.3.6 Potencial Natural de Erosão (PNE)

O PNE (Apêndice J) resultou da modelagem do processo erosivo, não

considerando a ação antrópica, e da combinação dos fatores erosividade,

erodibilidade, comprimento de rampa e declividade.

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116

A Tabela 23 mostra que a distribuição do PNE no município de Campos se

deu em sete níveis crescentes de intensidade. O nível mais fraco foi o de número

um, com potencial erosivo natural menor que 100 t. ha-1, relativo a 9,79% (35.770

ha) do total da área e ocorrência em torno da Lagoa Feia, do rio Paraíba do Sul,

ao sopé da Serra do Imbé e em parcelas de gleissolo e espodossolo, os quais

estão associados às declividades do intervalo entre 0 e 3%.

TABELA 23 – Níveis e intensidade do PNE, classificação e área relativa de

ocorrência.

Nível PNE (t.ha-1) Classificação Área relativa (%) Área (ha)

1 < 100 Muito fraco 9,79 35.770 2 100 – 500 Fraco 32,35 118.186 3 500 – 1.000 Moderado 11,52 42.080 4 1.000 – 5.000 Moderado a forte 24,68 90.177 5 5.000 – 10.000 Forte 12,94 47.272 6 10.000 – 20.000 Muito forte 4,35 15.908 7 > 20.000 Extremamente forte 4,37 15.955

A erodibilidade destes solos foi de 0,0044 t.h.MJ-1.mm-1 e 0,3267 t.h.MJ-

1.mm-1 e a erosividade foi de 5.757 MJ.mm.h-1.ha-1.ano-1 nas proximidades da

Serra do Imbé, aumentando no sentido da Lagoa Feia para o litoral para 7.190

MJ.mm.h-1.ha-1.ano-1.

O nível sete, o máximo, correspondeu a apenas 4,37% da área (15.955 ha)

e foi classificado como extremo. Com potencial maior que 20.000 t. ha-1, essas

áreas apareceram principalmente nas declividades entre 30 e 60% e maior que

60%, onde predominam o neossolo litólico e o argissolo vermelho escuro, com

erodibilidade de 0,0368 MJ.mm.h-1.ha-1.ano-1 e 0,0400 MJ.mm.h-1.ha-1.ano-1,

respectivamente e erosividade média de 5.757 MJ.mm.h-1.ha-1.ano-1.

O nível de maior freqüência na área de estudo é o dois, classificado como

fraco. Com PNE médio de 200 t. ha-1, correspondeu a 32,35% das terras ou

118.186 ha. Ocorreu na área central do município, onde estão presentes o

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117

latossolo amarelo, o cambissolo eutrófico, o neossolo flúvico, o organossolo e o

latossolo vermelho amarelo. A erodibilidade ficou no intervalo entre 0,0150 t.h.MJ-

1.mm-1 e 0,0441 t.h.MJ-1.mm-1, a erosividade entre 4.480 e 5.757 MJ.mm.h-11.ha-

1.ano-1 e o declive na faixa de 3% a 8%.

É importante observar que a análise do potencial erosivo sob as vistas do

PNE simula qual seria a perda de solo em condições extremas, isto é, a superfície

do solo totalmente nua, sem qualquer tipo de cobertura e com ausência de

práticas de conservação. De acordo com a definição dos fatores da EUPS, estas

condições determinam perdas máximas de solo. Desse modo, a área de estudo

em relação à maior incidência de PNE, a classe dois, está em situação estável,

pois o índice de perda é fraco e seu domínio é na planície aluvial que, por

premissa, é área de deposição e não de erosão.

Para comparar os resultados encontrados de PNE para o município de

Campos, estão agrupados na Tabela 24 valores de PNE e suas respectivas

classificações encontradas a literatura.

Analisando os resultados encontrados para o PNE sob outro ponto de vista,

foi feita análise da tabulação cruzada dos níveis de PNE contra os fatores da

EUPS que lhe deram origem. Colocando os solos em ordem decrescente de

erodibilidade (Tabela 25), observou-se que somente sofreram perdas máximas os

argissolos amarelo (AA), vermelho amarelo (AVA) e vermelho escuro (AVE),

cambissolo álico (CA) e eutrófico (CE), latossolo vermelho amarelo (LVA) e os

neossolos flúvico (NF) litólico (NL), sendo que dentre estes o argissolo amarelo foi

o teve a maior perda máxima. O cambissolo eutrófico e neossolo litólico não

tiveram perdas máximas significativas. O gleissolo (G) sofreu a maior perda no

nível mínimo de PNE. No entanto o argissolo vermelho amarelo (AVA) não sofreu

perda mínima, sofrendo em todos os níveis a partir do nível 2 e representando a

classe de erodibilidade com maior influência sobre o PNE. O nível 2 foi o que

contribuiu com as moreis perdas, enquanto o argissolo vermelho amarelo (AVA),

como descrito, mostrou-se mais sensível na determinação do PNE.

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118

TABELA 24 – Valores de PNE encontrados na literatura e sua comparação com

os determinados nesta pesquisa.

Nº de classes PNE (t. ha-1) Classificação Referência

1 <1 Muito baixo

2 1 ≤ PNE < 100 Baixo

3 100 ≤ PNE < 1.000 Médio

4 1.000 ≤ PNE < 3.000 Alto

5 3.000 ≤ PNE < 4.600 Muito alto

Jacques (1997)

1 0 ≤ PNE < 100 Fraco

2 100 ≤ PNE < 300 Moderado

3 300 ≤ PNE < 900 Moderado-forte

4 900 ≤ PNE < 10.500 Forte

Pinto (1991)

1 0 ≤ PNE < 450 Baixo

2 450 ≤ PNE < 900 Médio

3 PNE > 900 Alto

Bacellar (1994)

1 100 < PNE Muito fraco

2 100 ≤ PNE < 500 Fraco

3 500 ≤ PNE < 1.000 Fraco-moderado

4 1.000 ≤ PNE < 5.000 Moderado

5 5.000 ≤ PNE < 10.000 Forte

6 10.000 ≤ PNE < 20.000 Muito forte

7 PNE > 20.000 Extremo

Esta pesquisa

A análise do PNE contra a erosividade (Tabela 26) revelou que perda

máxima ocorreu em função do fator R na faixa 3. No entanto, este intervalo sofreu

perda em todos os níveis de PNE. Vale lembrar que o R médio adotado para a

maior parte do município foi de 5.757 MJ.mm.ha-1.h-1. O nível 2 do PNE mais foi o

que mais contribuiu para o total de perdas.

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119

TABELA 25 – Tabulação cruzada entre PNE e fator K em número de pixels.

Níveis de PNE (t. ha-1) Solo 1 2 3 4 5 6 7

Total

AA 939 1726 62 363 3.090 E 316 53 369

AVA 213 1432 3193 720 329 88 5.975 CE 2157 283 154 2 2 1 2.599 NF 2830 650 186 6 3 1 3.676

AVE 1 185 268 383 431 243 1.511 NL 29 58 64 178 270 599 O 606 300 14 1 921

CA 2 28 112 563 324 186 41 1.256 LVA 37 1926 61 1059 272 64 16 3.435 LA 228 822 93 18 1 1.162 G 2420 295 16 6 2.737 2.687 8.878 3.161 6.774 3.551 1.256 1.023

TABELA 26 – Tabulação cruzada entre PNE e fator R.

Níveis de PNE (t. ha-1) Faixa

R (MJ.mm.ha-1.h-1) 1 2 3 4 5 6 7

Total

1 4.480 – 4.760 118 11 57 186 2 4.760 – 5.720 1551 279 288 399 21 64 2.602 3 5.720 – 6.240 1840 6681 2861 5621 2918 1036 908 21.865 4 6.240 – 6.760 579 451 10 797 234 138 51 2.260 5 6.760 – 7.040 180 70 11 261 6 7.040 – 7.190 88 7 95 2.687 8.878 3.161 6.774 3.551 1.195 1.023

Finalmente analisando o PNE contra fator LS (Tabela 27) foi possível

constatar que rampas da classe 2 sofreram perdas de solo em todos os níveis de

PNE. Já o fator LS da classe 4 sofreu perdas intermediárias, isto é, nos níveis 3, 4

e 5 de PNE. Em contrapartida, as classes 7, 8, 9 e 10 só perderam nos dois níveis

mais altos, o 6 e o 7.

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120

TABELA 27 - Tabulação cruzada entre PNE e fator LS

Nível de PNE (t. ha-1) Classe LS 1 2 3 4 5 6 7

Total

1 0,72 – 0,87 2277 5814 1255 9.346 2 0,88 – 3,8 410 3062 3145 4306 1779 1 307 13.010 3 3,9 – 11 2 209 68 4 283 4 12 – 17 16 992 1089 42 2.139 5 18 – 24 7 202 287 2 498 6 25 – 49 4 412 657 6 1.079 7 50 – 58 1 73 120 194 8 59 – 110 1 177 366 544 9 120 - 130 159 159

10 140 - 210 18 18 2.687 8.878 3.161 6.774 3.551 1.195 1.024

6.3.7 Influência Antrópica

Este mapa (Apêndice K) revelou que, em termos de perda de solo, os

valores relativos às três classes de influência antrópica (Tabela 28) são: 67,69%

das terras do município sofreram influência antrópica maior do que o solo pode

suportar. Isso correspondeu a 273.248 ha da superfície do solo perdidos em

função somente da ação humana, ou seja, sem se considerar as propriedades

intrínsecas ao solo no processo erosivo. Menos da metade deste valor (30,62%)

encontrou-se em situação de perda menor que a tolerada pelo solo e um valor

infinitamente pequeno se comparado às outras duas classes classificou-se em

situação de equilíbrio entre perdas e ganhos de solo. Este valor não aparece no

mapa devido a sua dimensão em relação ao todo.

Por esta análise exploratória definiu-se que, em função do fator LS, os

níveis de PNE predominantes foram fraco e moderado.

A Tabela 28 permite ainda inferir sobre o uso atual dado ao solo em função

do uso permissível, isto é, 67,69% das terras precisam ter seu uso alterado

enquanto 30,62% delas podem continuar mantendo seu uso e manejo. Mas o uso

das terras equivalente aos 1,69% que se equilibram entre perdas e ganhos de

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121

massa de solo devem ser monitorados para que não se somem à classe de

perdas irreversíveis.

TABELA 28 – Classes de influência antrópica em percentual de área ocupada e

área real ocupada.

Classe Influência Antrópica Área (ha) Área relativa (%)

1 Menor que a tolerada 123.618 30,62 2 Igual a tolerada 6.834 1,69 3 Maior que a tolerada 273.248 67,69

A classe 1 tem sua maior ocorrência na planície aluvial, indo até ao sopé

da Serra do Imbé. Nestas áreas, o uso atual é predominantemente de pastagens.

Para a classe 3 há duas considerações importantes. O primeiro é a respeito do

uso mata, o qual ocorre em maior proporção na Serra do Imbé e trata-se de um

vestígio florestal. Como ela vem sofrendo erosão acelerada, sua destruição

acarretará em altos índices de erosão devido ao declive em que se encontra além

de expor os corpos hídricos e principalmente nascentes ao assoreamento. A

segunda consideração é quanto ao uso cana, que é predominante no tabuleiro e

no entorno da área urbana. O problema consiste em que todo o sedimento

produzido pela ocupação agrícola tende a escoar para a planície. Ainda há a

questão da expansão urbana, que sempre movimenta grandes massas de solo.

É importante ainda lembrar o tipo de solo em que cada classe está

alocada. Na classe 1 estão o neossolo flúvico, gleissolo, espodossolo,

organossolo e latossolo vermelho amarelo. Na 3 apresentam-se solos mais

erodíveis como argissolo vermelho escuro, amarelo e vermelho amarelo, latossolo

amarelo, cambissolo álico e neossolo litólico.

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122

Quanto ao fator topográfico, a classe 1 possui as menores rampas, as

quais vão desde 0,72 até 3,8 e na classe 3 as rampas começam em 3,8, saltam

para 24 e vão até o valor máximo, que é 210.

6.3.8 Perda de Solo

A quantificação da perda anual de solo no município de Campos segue o

padrão mostrado no Apêndice L. Ela traduz o resultado da aplicação da Equação

Universal de Perda de Solo (Equação 1).

Observou-se que 37,59% da área apresentaram perdas de solo entre 10 e

50 t.ano-1, o que caracterizou a perda de solo no município como

predominantemente baixa a moderada e equivaleu a 137.321 ha. É possível

visualizar no Apêndice L que a distribuição espacial desta classe foi bastante

contínua. Notou-se também que as classes de perdas moderada a forte (100 a

500 t.ano-1) e baixa (1 a 10 t.ano-1) mostram-se espacialmente representativas,

com 18,28% e 16,50% de área relativa cada uma, correspondendo a 66.779 ha e

60.265 ha.

As perdas de solo classificadas como forte, muito forte e extrema embora

pouco representativas, somaram apenas 6,20% do total da área relativa (22.635

ha), e, pela Tabela 29, apresentaram perdas entre 500 t.ano-1 até maiores que

5.000 t.ano-1.

TABELA 29 – Perda anual de solo em Campos.

Classes Perda de Solo (t.ano-1) Área (%) Área (ha)

Muito baixa < 1 10,12 36.977

Baixa 1 – 10 16,50 60.265

Baixa a moderada 10 – 50 37,59 137.321

Moderada 50 – 100 11,32 41.370

Moderada a forte 100 – 500 18,28 66.779

Forte 500 – 1.000 2,27 8.285

Muito forte 1.000 – 5.000 3,65 13.343

Extrema > 5.000 0,28 1.007

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123

O mapa de perda de solo foi reclassificado em 8 intervalos de valores

definidos para esta pesquisa e vistos na Tabela 30. Como base, foram tomados

os trabalhos de Jacques (1997), Brito et al. (1998) e Alves (2005).

TABELA 30 – Valores comparativos de perda de solo.

Nº de classes A (t. ano-1) Classificação Referência

1 1 ≤ A < 5 Muito baixa

2 5 ≤ A < 100 Baixa

3 100 ≤ A< 1.000 Média

4 1.000 ≤ A < 3.000 Alta

5 3.000 ≤ A < 4.600 Muito alta

Jacques (1997)

1 A < 2 Fraco

2 2 < A < 12 Moderado

3 A > 12 Moderado-forte

Brito et al.

(1998)

1 0 < A < 1 -

2 1 < A < 5 -

3 5 < A < 10 -

4 10 < A < 20 -

5 A > 20 -

Alves (2000)

1 1 < A Muito baixa

2 1 ≤ A < 10 Baixa

3 10 ≤ A < 50 Baixa a moderada

4 50 ≤ A < 100 Moderada

5 100 ≤ A < 500 Moderada a forte

6 500 ≤ A < 1.000 Forte

7 1.000 ≤ A < 5.000 Muito forte

8 A > 5.000 Extrema

Esta pesquisa

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124

6.3.9 Risco de Erosão

O risco de erosão aqui determinado considerou a relação entre a perda de

solo atual para o município e o perda máxima tolerada.

Conforme a Apêndice M e as Tabelas 31 e 32, a perda de solo em Campos

encontra-se dentro do limite tolerável pelo solo, pois 33,84% das terras ocupadas,

o equivalente a 123.618 ha estão classificadas na classe 1. No entanto 28,89%

(105.540 ha) do município está perdendo solo a uma taxa entre 2 a 5 vezes maior

que a capacidade de renovação do solo, seguido de 25.95% em situação ainda

pior, isto é, uma área de 94.797 ha apresentou perda de solo maior que 10 vezes

acima do limite tolerável.

TABELA 31 – Valores de perda de solo tolerável para a área de estudo.

Classe Classe de risco de erosão Valor de risco de erosão

1 Perda de solo tolerável 0,0 a 1,0

2 Perda de 1 a 2 vezes acima do limite tolerável 1,0 a 2,0

3 Perda de 2 a 5 vezes acima do limite tolerável 2,0 a 5,0

4 Perda de 5 a 10 vezes acima do limite tolerável 5,0 a 10,0

5 Perda > que 10 vezes acima do limite tolerável > 10,0

TABELA 32 – Área relativa e ocupada pelas classes de risco de erosão.

Classe Área (ha) Área (%)

1 123.618 33,84

2 10.216 2,80

3 105.540 28,89

4 31.177 8,53

5 94.797 25,95

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125

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O presente trabalho gerou um banco de dados digital, para o Município de

Campos, de grande importância, pois os resultados aqui obtidos podem ser

usados, para uma melhor gestão do município, em especial no seu plano diretor.

O primeiro produto gerado foi o modelo digital de elevação o qual

representou com fidelidade o relevo da região, que apresenta variações

geomorfológicas que vão desde escarpas a planícies, passando por colinas e

tabuleiros. A precisão do modelo foi extremamente importante por que a partir

dele foram elaboradas as de cartas de declividade e aspecto sem as quais não

seria possível alcançar os objetivos propostos.

O modelo digital ainda permite muitas outras aplicações que não foram

exploradas neste trabalho. No entanto ele pode ser melhorado com a inserção de

mais pontos cotados na região da baixada.

Com relação à suscetibilidade à erosão laminar, observou-se o predomínio

das classes de suscetibilidade baixa e baixa a não suscetível, o que foi

determinado principalmente pelos tipos de solos (cambissolo eutrófico, latossolo

vermelho-amarelo, latossolo amarelo, neossolo flúvico, gleissolo, organossolo e

espodossolo) e pela topografia predominantemente plana da região. Recomenda-

se que nos 25% de terras classificadas como de média, alta e muito alta

suscetibilidade sejam observados seus usos, principalmente com relação à ação

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126

antrópica, e preservadas a suas coberturas, uma vez que elas se encontram em

declives mais elevados e sobre solos mais erodíveis.

Quanto ao risco potencial de erosão, o município apresentou

predominantemente baixo potencial à erosão laminar onde ocorrem usos

pastagem e área agrícola, devido à combinação da erodibilidade e da declividade,

que geram uma baixa suscetibilidade. Na região da Serra do Imbé, a

suscetibilidade varia de alta a muito alta, porém o risco potencial foi

predominantemente médio devido à presença da classe mata. Esta é uma área

de preservação ambiental, o Parque do Desengano onde ocorre a Serra do Imbé.

A presença de mata e a ação antrópica muito reduzida propiciaram a

queda do potencial erosivo nesta região da Serra do Imbé, confirmando a

hipótese de que a cobertura retém o fluxo d'água, aumenta e infiltração e diminui

o escoamento superficial.

Através da análise de perda de solo por erosão aplicando-se a EUPS foi

determinado que o potencial natural de erosão (PNE) do município teve dois

níveis de maior abrangência: um com maior potencial, que apresentou uma perda

de 1.000 a 5.000 t. ha-1, classificado como forte a moderado e um de menor

potencial, que apresentou perda de 100 a 500 t. ha-1, sendo classificado como

fraco. O potencial mais fraco ocorreu nas áreas de menor declividade, em rampas

menores, onde os solos foram menos erodíveis e o regime de chuvas foi mais

brando que na área de ocorrência do potencial mais acentuado, o qual se

apresentou nas regiões serranas e colinosas. Nestas áreas recomenda-se maior

critério na escolha do uso, pois a análise do potencial erosivo sob as vistas do

PNE simula qual seria a perda de solo em condições extremas, isto é, a superfície

do solo totalmente nua, sem qualquer tipo de cobertura e com ausência de

práticas de conservação. De acordo com a definição dos fatores da EUSP, estas

condições determinam perdas máximas de solo.

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127

O risco de erosão e a influência antrópica mapeados revelaram uma

situação preocupante. Quase 34% do município apresentaram risco de erosão

dentro do limite de perda de solo tolerável. Porém, quase 26% das terras

apresentaram risco 10 vezes acima do tolerável e aproximadamente 29%

apresentaram risco de erosão entre 2 a 5 vezes acima do limite tolerado. O

agrupamento das duas classes de risco mais significativo indicou que 55% das

terras do município apresentaram risco de erosão maior que o tolerado pelo solo,

que foi o resultado obtido pela análise da influência antrópica.

O homem e suas ações são responsáveis pelo equilibro entre perdas de

solo por erosão e sua compensação pela taxa de formação do solo. Recomenda-

se que o manuseio do solo na área de estudo quanto aos usos cana e pastagem

seja remodelado afim de que se mantenha um elevado nível de produtividade

economicamente viável.

E finalmente a perda de solo no município de Campos, que variou entre

baixa à moderada-forte, correspondendo ao intervalo de perdas de 10 t. ano-1 até

500 t. ano-1. Estes valores ocorreram na área do tabuleiro onde há cultivo de

cana, a região da Serra do Imbé e nas áreas de colina, em áreas de pastagem.

Como o trabalho de quantificação de perda de solo por aplicação da EUPS

teve caráter inédito na área de estudo, as dificuldades na obtenção dos planos de

informação básicos foram muitas. Em todo o município só existe uma estação

meteorológica de medição das chuvas incidentes, que é a do Campus da UFRRJ.

Devido a isso o fator R teve de ser determinado considerando as estações além

dos limites do município como base. O fator K foi compilado da literatura por que

a área de estudos, mesmo com toda sua extensão e diversidade de solos, não

possui um banco de dados sobre a erodibilidade de seus solos. Recomenda-se

que sejam feitos ensaios de campo e laboratório para sua determinação.

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128

O presente trabalho analisou a erosão laminar dos solos do município de

Campos dos Goytacazes sob duas óticas: a qualitativa e a quantitativa. Os

resultados encontrados nem sempre se correlacionaram tendo em vista a

diferença na abordagem metodológica de ambas as linhas. Entretanto, ao estudar

seus resultados, ainda que independentemente, foi possível inferir a cerca dos

processos antrópicos e naturais que vêm causando erosão na região estudada.

Pouca atenção tem sido dada ao uso do solo na produção de cana no

sentido da ausência de práticas conservacionistas. As perdas de solo e a

suscetibilidade das terras na área de produção de cana não foram mais

acentuadas devido ao declive suave.

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129

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139

ANEXO 01

CLASSES DE CAPACIDADE DE USO DO SOLO

(Fonte: Bertoni & Lombardi Neto, 1990)

A classificação convencional aceita universalmente, abrange oito classes de

capacidade de uso do solo, sendo quatro de terras de cultura, três de terras de

pastagens e reflorestamento, e uma de terras impróprias para a vegetação

produtiva.

A – Terras cultiváveis

I – terras cultiváveis aparentemente sem problemas especiais de conservação;

II – terras cultiváveis com problemas simples de conservação;

III – terras cultiváveis com problemas complexos de conservação;

IV – terras cultiváveis apenas ocasionalmente ou em extensão limitada com sérios

problemas de conservação;

B – Terras cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas

permanentes e adaptadas em geral para pastagens ou reflorestamento.

V – terras cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas

permanentes e adaptadas em geral para pastagens e reflorestamento, sem

necessidade de práticas especiais de conservação;

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140

VI – terras cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas

permanentes e adaptadas em geral para pastagens e reflorestamento, com

problemas simples de conservação;

VII – terras cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas

permanentes e adaptadas em geral para pastagens e reflorestamento, com

problemas complexos de conservação;

C – Terras impróprias para vegetação produtiva e próprias para proteção da

fauna silvestre, para recreação ou para armazenamento de água.

VIII – terras impróprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, podendo servir

apenas como abrigo da fauna silvestre, como ambiente para recreação ou para

fins de armazenamento de água.

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141

APÊNDICES

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142

APÊNDICE A

1

2

3

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143

APÊNDICE B

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144

APÊNDICE C

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145

APÊNDICE D

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146

APÊNDICE E

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147

APÊNDICE F

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148

APÊNDICE G

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149

APÊNDICE H

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150

APÊNDICE I

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151

APÊNDICE J

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152

APÊNDICE K

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153

APÊNDICE L

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154

APÊNDICE M