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Santo Antonio aos peixes

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- PORTUGUS- 11 ANOANLISE DE TEXTO LITERRIOSERMO DE SANTO ANTNIO AOS PEIXES, Padre Antnio Vieira

O ttulo do sermo foi retirado de uma lenda ou milagre que se conta a respeito de Santo Antnio. Este ter sido mal recebido numa pregao em Arimino (Itlia), mesmo perseguido, e ter-se- dirigido praia e pregado o sermo aos peixes que o tero escutado atentamente, contrastando com os homens.

O sermo uma alegoria porque os peixes so metfora dos homens, as suas virtudes so por contraste metfora dos defeitos dos homens e os seus vcios so directamente metfora dos vcios dos homens. O pregador fala aos peixes, mas quem o escuta so os homens.

O pregador argumenta de forma muito lgica. Partindo das duas propriedades do sal, divide o sermo em duas partes: o sal conserva o so, o pregador louva as virtudes dos peixes; o sal preserva da corrupo, o pregador repreende os vcios dos peixes. Para que fique claro que todo o sermo uma alegoria, o pregador refere frequentemente os homens.

Utiliza articuladores de discurso (assim, pois), interrogaes retricas, anforas, gradaes crescentes, antteses, etc. Demonstra as afirmaes que faz tirando partido do contraste entre o bem e o mal, referindo palavras de S. Baslio, de Cristo, de Moiss, de Aristteles e de S. Ambrsio, todas referidas aos louvores aos peixes.

Confirma-as com vrios exemplos: o dilvio, de Santo Antnio, o de Jonas e o dos animais que se domesticam.

Animais que se domesticamAnimais que vivem presos

cavalo, boi, bugio, lees, aves que se criam e vivem com os homens, papagaio, rouxinol, aor e aves de rapina rouxinol, papagaio, aor, bugio, co, boi, cavalo, tigres e lees

Virtudes que dependem sobretudo de DeusVirtudes naturais dos peixes

.foram as primeiras criaturas criadas por Deus

so os mais numerosos e os maiores

obedincia, quietao e devoo com que ouviram o pregador no se domam

no se domesticam

escaparam todos do dilvio porque no tinham pecado

Destacam-se alguns recursos estilsticos:

A anttese Cu/Inferno, que repete semanticamente a anttese bem/mal, est ligada quer diviso do sermo em duas partes, quer s duas finalidades globais do mesmo.

A apstrofe refere directamente o destinatrio da mensagem e do pregador.

A interrogao retrica como meio de convencer os ouvintes.

A gradao crescente na enumerao dos animais que vivem prximos do homem mas presos.

O pregador pretende condenar os homens que possuem vcios opostos s virtudes dos peixes.

O peixe de TobiasA rmoraO torpedoO quatro-olhos

Efeitos

sarou a cegueira do pai de Tobias

lanou fora os demnios pega-se ao leme de uma nau

prende a nau e amarra-a faz tremer o brao do pescador

no permite pescar defende-se dos peixes

defende-se das aves

Comparao com Santo Antnio

alumiava e curava a cegueira dos ouvintes

lanava os demnios fora de casa a sua lngua domou a fria das paixes humanas:

soberba

vingana

cobia

sensualidade 22 pescadores tremeram ouvindo as suas palavras e converteram-se o peixe ensinou o pregador (PadreAntnio Vieira) a olhar para o Cu e para o Inferno

Destacam-se alguns recursos estilsticos.

A anfora: Ah homens Ah moradores Quantos correndo Quantos embarcados Quantos navegando Quantos na nauA gradao: Nau Soberba, Nau Vingana, Nau Sensualidade; passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol linha, da linha cana e da cana ao brao do pescador.A anttese: mar/terra; para cima/para baixo; Cu/InfernoA comparao: parecia um retrato martimo de Santo Antnio; o peixe de Tobias, com um burel e uma corda, era uma espcie de Santo Antnio do mar; unidos como os dois vidros de um relgio de areiaA metfora e o quiasmo: guias, que so os linces do ar, os linces que so as guias da terra.O orador expe a repreenso e depois comprova-o como fez com a primeira repreenso: d o exemplo dos peixes que caem to facilmente no engodo da isca, passa em seguida para o exemplo dos homens que enganam facilmente os indgenas e para a facilidade com que estes se deixam enganar. A crtica explorao cerrada e implacvel, em contraste, o exemplo de Santo Antnio que nunca se deixou enganar pela vaidade do mundo, fazendo-se pobre e simples e assim pescou muitos para a salvao.

PeixesDefeitosArgumentosExemplos de homens

Os roncadoresSoberba/orgulho pequenos, mas muita lngua, facilmente pescados

os peixes grandes tm pouca lngua

muita arrogncia, pouca firmeza .Pedro

Golias

Caifs

Pilatos

Os pegadoresParasitismo vivem na dependncia dos grandes, morrem com eles

os grandes morrem porque comeram, os pequenos morrem sem terem comido toda a famlia da corte de Herodes

Ado e Eva

Os voadoresPresuno

Ambio foram criados peixes e no aves

so pescados como peixes e caados como aves

morrem queimados .Simo mago

O polvoTraio ataca sempre de emboscada porque se disfara Judas

PeixesSanto Antnio

Os roncadores: soberbos e orgulhosos,

facilmente pescadosTendo tanto saber e tanto poder, no se orgulhou disso, antes se calou. No foi abatido mas a sua ficou para sempre

Os pegadores: parasitas, aduladores, pescados como grandesPegou-se a Cristo e tornou-se imortal

Os voadores: ambiciosos e presunososTinha duas asas: a sabedoria natural e a sabedoria sobrenatural. No as usou por ambio, foi considerado leigo e sem cincia, mas tornou-se sbio para sempre

O polvo: traidorFoi o maior exemplo de candura, de sinceridade e verdade

CONCLUSO:

Animais/peixesPeixesHomens

foram escolhidos para os sacrifcios

estes podiam ir vivos para os sacrifcios

ofeream a Deus o ser sacrificado

ofeream a Deus o sangue e a vida no foram escolhidos para sacrifcios

s poderiam ir mortos, mas Deus no quer que lhe ofeream coisa morta

ofeream a Deus no ser sacrificado

ofeream a Deus o respeito e a obedincia os homens tambm chegam mortos ao altar, porque vo em pecado mortal; assim, Deus no os quer

O orador quer que os homens imitem os peixes, isto , guardem respeito e obedincia a Deus. Numa palavra: que os homens se convertam.

OradorPeixes

ofende a Deus com palavras

tem memria

ofende a Deus com o pensamento

ofende a Deus com a vontade

no atinge o fim para que Deus o criou

OFENDE A DEUS tm mais vantagens do que o pregador:

a sua bruteza melhor que a razo do pregador

no ofendem a deus com a memria

o seu instinto melhor que o livre arbtrio do orador (no falam, no ofendem a Deus com o pensamento nem com a vontade, atingem sempre o fim para que Deus os criou

NO OFENDEM A DEUS

Autora: Teresa Marques

O professor: Antnio Costa