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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL ANDERSON MAGALHÃES DE SOUSA COSTA ESTUDO DE CASO PARA DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES DE PERDAS PARA UMA OBRA VERTICAL EM FORTALEZA/CE FORTALEZA 2011

ANDERSON MAGALHÃES DE SOUSA COSTA - deecc.ufc.br · Em segundo lugar, aos meus queridos pais, Jeú Magalhães da Costa e Catarina de Sousa Costa, juntamente com minha irmã Camila

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL

ANDERSON MAGALHÃES DE SOUSA COSTA

ESTUDO DE CASO PARA DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES DE PERDAS PARA UMA OBRA VERTICAL EM FORTALEZA/CE

FORTALEZA 2011

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ANDERSON MAGALHÃES DE SOUSA COSTA

DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES DE PERDAS PARA UMA OBRA VERTICAL EM FORTALEZA/CE

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil, em dezembro de 2011. Orientador: Antônio Eduardo Bezerra Cabral

FORTALEZA 2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências e Tecnologia

C87e Costa, Anderson Magalhães de Sousa.

Estudo de caso para determinação dos índices de perdas para uma obra vertical em Fortaleza/CE / Anderson Magalhães de Sousa Costa. – 2011.

52 f. : il. color., enc. ; 30 cm. Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de

Engenharia Estrutural e Construção Civil, Curso de Engenharia Civil, Fortaleza, 2011. Orientação: Prof. Dr. Antônio Eduardo Bezerra Cabral. 1. Resíduos sólidos. 2. Materiais de construção. 3. Resíduos como material de construção I. Título.

CDD 620

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ANDERSON MAGALHÃES DE SOUSA COSTA

DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES DE PERDAS PARA UMA OBRA VERTICAL EM FORTALEZA/CE

Monografia submetida à coordenação do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Aprovada em ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof. Antônio Eduardo Bezerra Cabral – D.Sc. (Orientador)

Universidade Federal do Ceará - UFC

__________________________________________________ Eng. João Bosco Gomes Viana Junior (Examinador)

WR Engenharia LTDA

__________________________________________________ José Ramalho Torres – M.Sc. (Examinador)

Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará - NUTEC

FORTALEZA 2011

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Dedico este trabalho aos meus

pais, aqueles que me ajudaram

desde o início.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pois toda essa conquista vem Dele, é graça, e sou grato

por ter sido atingido por ela e saber que estou sempre no controle Dele.

Em segundo lugar, aos meus queridos pais, Jeú Magalhães da Costa e Catarina de

Sousa Costa, juntamente com minha irmã Camila Magalhães, que desde o início sempre me

apoiaram e me incentivaram na minha caminhada profissional.

A minha namorada Glenna Cherice, pelo companheirismo e incentivo nesta etapa

final do curso.

Aos meus avós, Otoniel e Hilda, pelo exemplo de vida e ao meu Tio Joel, que

sempre ajudou desde o início da minha carreira.

Aos amigos, tios e irmãos em Cristo da minha querida Igreja Batista Manancial,

Daniel Cardoso, Bruno Leonardo, Benaia Lira, Felipe Prestes, Wesley, Henrique Klein,

William Falcão, Carlos Alberto, Beto, Almir, Fábio, Caio Mestres, Reginaldo Crispim, Tiago

Alencar, Pr. Valney Veras, Pr. Wadson Valente, Pr. Mauro Clark, Marly Valente, Joelma,

Francisco Furtado, Dani, Pr. Kelso Clark, Pr. Humberto Medeiros, Brenda Medeiros, Érica

Menezes, Bruna Menezes, Gabriela Menezes, Lia Veras, Jamille Queiroz, Nayara Arruda,

Thamara Ribeiro, Síntique Fragoso, mostrando sempre o privilégio e prazer de honrar e

glorificar o nome de Deus.

Ao Engenheiro João Bosco Gomes Viana Junior, pelo ensino e capacitação ao

longo desse tempo na WR, além da orientação na formulação deste trabalho.

Aos amigos da WR Engenharia, Jonathan Soares, Charleide Lemos, Iran, Filipe

José, Jheymer, Mestre Assis, Batista e Felipe Moura, pelo grande aprendizado e maturidade

profissional que tenho obtido através deles.

Aos amigos da faculdade, Daniel Sousa, Cícero Gualberto, Thiago Borges,

Leandro Aragão, Paulo Dantas, Daniel Dias, Felipe Alisson, Vicente de Castro, Leonardo

Souza, Jean Amaral, Francisco Ilton, por caminharem comigo durante esses cinco anos de

luta.

Ao meu orientador Eduardo Cabral, pelo ensino e orientação para a conclusão

desta pesquisa.

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RESUMO

A disposição de resíduos sólidos urbanos constitui um dos maiores fatores para degradação do meio ambiente e prejuízo financeiro em canteiros de obras, neste último caso para os resíduos de Construção e Demolição (RCD’s), pois pesquisas demonstram que as taxas de gerações de RCD’s são preocupantes no Brasil. Neste trabalho estudou-se a metodologia de obtenção dos índices de perdas de alguns materiais em uma obra vertical em Fortaleza/CE. A pesquisa contou com os seguintes objetivos específicos: apresentar um panorama sobre os RCD’s e Perdas na Construção Civil; representar os índices de perdas obtidos de forma percentual; analisar e apresentar as possíveis causas dos desperdícios; e propor soluções a fim de diminuir a ocorrência de perdas de materiais. A fim de se obter os índices de perdas é necessário a obtenção de dois parâmetros importantes: quantidade de material teoricamente necessária (QMT) e quantidade de material realmente necessária (QMR). Para a obtenção do primeiro parâmetro a metodologia utilizada foi a realização de quantitativos in loco do que tinha sido realizado até a data de atualização do estoque ou término do serviço. Já para o segundo parâmetro foi utilizado o sistema de gestão de compras da empresa, o controle de estoque de materiais do almoxarifado da construtora e para os serviços de emboço interno (gesso e argamassa) foram utilizadas taxas de consumo encontradas in loco. Os resultados obtidos ficaram dentro da média esperada na maioria dos casos, no entanto, insumos como cerâmica externa apresentaram índices de perdas preocupantes, em consequência de um possível mau estoque do material e um maior transporte vertical e horizontal para dentro das balanças em relação às cerâmicas internas. Como proposições destacam-se: um maior controle da produção (inspeção dos serviços); investimentos em treinamento de mão de obra; armazenamento de materiais de acordo com a Tabela de Armazenamento de Materiais (TAM) de cada construtora; e implantação de coordenação modular nos projetos de arquitetura.

Palavras chave: Resíduos sólidos urbanos, resíduos de construção e demolição (RCD’s), índices de perdas, quantidade de material teoricamente necessária (QMT), quantidade de material realmente necessária (QMR).

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Sumário

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. viii

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. ix

LISTA DE QUADROS .............................................................................................................. x

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1 Objetivos ...................................................................................................................... 3

1.2 Estrutura do trabalho .................................................................................................... 4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 5

2.1 Resíduos da construção civil ........................................................................................ 5

2.2 Perdas na Construção Civil ........................................................................................ 11

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 14

3.1 Gesso em placa .......................................................................................................... 16

3.2 Revestimento de gesso em paredes ............................................................................ 17

3.3 Cerâmica interna Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 ..................................................... 21

3.4 Porcelanato interno Eliane Polido 60 x 60 CM POLUX ........................................... 21

3.5 Cerâmica externa 10x10 cm Camburi Bone Eliane Bege e Marron .......................... 22

3.6 Emboço interno (massa) ............................................................................................ 22

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................. 27

4.1 Gesso em placa .......................................................................................................... 27

4.2 Revestimento de gesso em paredes ............................................................................ 28

4.3 Cerâmica interna Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 ..................................................... 31

4.4 Porcelanato interno Eliane Polido 60 x 60 CM POLUX ........................................... 33

4.5 Cerâmica externa 10x10 cm Camburi Bone Eliane Bege e Marron .......................... 34

4.6 Emboço interno (massa) ............................................................................................ 37

4.7 Resumo dos resultados obtidos .................................................................................. 39

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 41

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LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Exemplo de RCD Classe A (Obra Jardins do Paço – WR Engenharia) ................ 9

Figura 2.2 - Exemplos de RCD Classe B (Obra Jardins do Paço – WR Engenharia) .............. 10

Figura 2.3 - Exemplo de RCD Classe D ................................................................................... 11

Figura 3.1- Localização geográfica da Obra analisada (Condomínio Jardins do Paço - WR Engenharia) ............................................................................................................................... 14

Figura 3.2 - Projeção ilustrada do Condomínio Jardins do Paço quando finalizado ................ 15

Figura 3.3 - Projeção ilustrada do Pvto Tipo ............................................................................ 15

Figura 3.4 - Exemplo de uma solicitação realizada no Sistema de Gestão de Suprimentos (Informacon) ............................................................................................................................. 17

Figura 3.5 - Procedimento de formação do Emboço de Gesso (Mistura) ................................ 20

Figura 3.6 - Medição da quantidade de massa produzida para um saco de gesso .................... 20

Figura 3.7 - Confecção de Traço 1:3:4 para Emboço interno ................................................. 25

Figura 3.8 - Medição do traço "rodado" para obtenção do consumo de massa/m² .................. 25

Figura 4.1 – Empilhamento de cerâmica externa com peças danificadas ................................ 37

Figura 4.2 – Estoque de peças de cerâmica externa quebradas devido ao mau estoque .......... 37

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LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 - Materiais simples: perdas detectadas pela pesquisa FINEP/ITQC/PCC e por outras fontes (fonte: Souza, 2008) .............................................................................................. 2

Tabela 2.1 - Dados sobre RCD de diversas cidades brasileiras (fonte: Cabral, 2007) ............... 8 Tabela 2.2- Materiais básicos: perdas na obra detectadas pelo (FINEP/ITQC/PCC) e por outras fontes. (fonte: Souza et al., 1998) .................................................................................. 11

Tabela 2.3- Perdas de cimento nos serviços: emboço ou massa única internos; emboço ou massa única externos; contrapiso (FINEP/ITQC/PCC) (fonte: Souza et al., 1998) ................. 12 Tabela 4.1- Materiais simples: perdas detectadas pela pesquisa FINEP/ITQC/PCC e por outras fontes (fonte: Souza, 2008) ............................................................................................ 31

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LISTA DE QUADROS Quadro 3.1 - Formulário de acompanhamento de sacos de gesso transportado verticalmente 18 Quadro 3.2 - Planilha de Controle de Sacos de gesso utilizados .............................................. 19

Quadro 3.3 - Formulário entregue aos betoneiros para obtenção da quantidade de traços utilizados durante o dia ............................................................................................................. 23

Quadro 3.4 - Planilha de Controle da quantidade de traços utilizados por dia ......................... 24

Quadro 4.1 - Quantitativo de forro de gesso para os ambientes descritos abaixo .................... 27

Quadro 4.2 - Resumo da quantidade média de sacos de gesso utilizados por Torre ................ 28

Quadro 4.3 - Quantitativo detalhado de Revestimento de gesso em paredes ........................... 29

Quadro 4.4 –Parâmetros para o cálculo da quantidade realmente utilizada de cerâmica interna até o dia 19/10/11 ..................................................................................................................... 31

Quadro 4.5 - Quantidade detalhado da Quantidade de cerâmica interna teoricamente utilizada até o dia 19/10/11 ..................................................................................................................... 32

Quadro 4.6 –Parâmetros para o cálculo da quantidade realmente utilizada de porcelanato até o dia 19/10/11 .............................................................................................................................. 33

Quadro 4.7 - Quantitativo detalhado da quantidade de porcelanato teoricamente utilizada até o dia 19/10/11 .............................................................................................................................. 34

Quadro 4.8–Parâmetros par o cálculo da quantidade realmente utilizada de cerâmica externa até o dia 19/10/11 ..................................................................................................................... 34

Quadro 4.9 - Quantitativo detalhado da quantidade teoricamente utilizada de cerâmica externa até o dia 19/10/11 ..................................................................................................................... 35

Quadro 4.10- Quantitativo detalhado da quantidade teoricamente utilizada de Emboço interno .................................................................................................................................................. 38

Quadro 4.11 – Resumo dos índices de perda obtidos ............................................................... 39

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a sociedade está inserida em um meio onde o desenvolvimento não

está aliado à conservação do meio ambiente. Dentro deste contexto é que a disposição de

resíduos sólidos tem sido um grande empecilho para o aumento da qualidade de vida da

população mundial, gerando grandes impactos sociais e ambientais.

Um dos maiores contribuintes para esta produção em grande escala de resíduos

sólidos é a indústria da Construção Civil, através da disposição dos resíduos de Construção e

Demolição (RCD).

No contexto atual, onde o mercado da Construção Civil está superaquecido,

construtoras buscam o seu lugar no mercado realizando empreendimentos cada vez mais

ousados, caros e com um tempo curto de execução. No entanto, essas construtoras, em muitos

casos, carecem de uma gestão da qualidade que vise evitar a perda de materiais em cada

serviço ou etapa da obra.

No entanto, não são somente as construtoras que são responsáveis pela grande

disposição de materiais de construção e demolição. Segundo Souza (2005), existe uma fração

do mercado da construção, às vezes chamados de informal, que abrangem também

construções novas e reformas, que apesar de serem obras pequenas, quando se atenta para

cada uma delas, é extremamente significativa em conjunto, até mesmo maior que a construção

dita formal.

Ainda segundo Souza (2005), ao se fazer um balanço a respeito da quantidade

total de materiais necessária para a produção de 1 metro quadrado de edifício, não é difícil

superar-se a cifra de 1000 Kg.

Devido a este fato, o crescente grau de exigência dos clientes, o aumento da

competição no setor, a mobilização da mão-de-obra em relação a melhores condições de

trabalho e as flutuações de mercado têm motivado a indústria da construção civil a passar por

uma reestruturação em busca de maiores níveis de qualidade e eficiência dos processos

(ROSA, 2001).

Além disso, as empresas têm buscado cada vez mais a melhoria contínua,

estimulando-se a avaliarem os seus processos constantemente através de uma eficiente gestão

que visa atender a todos os requisitos propostos pela empresa, evitando desperdícios que

acarretem em prejuízos para o Empresário.

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Segundo Rutkowski et al. (2008), além da disseminação de conceitos e práticas

sustentáveis é necessário mudar também o modo de como administrar os resíduos sólidos. O

mesmo autor afirma que para a boa administração dos resíduos sólidos é necessário conhecer

a dinâmica e os tipos diferenciados de resíduos, neste caso, os RCD’s (Resíduos de

Construção e Demolição).

Segundo Souza (2005), embora as chances de sucesso de quaisquer atividades que

se proponha a fazer dependam fortemente de um bom projeto e de uma boa programação, este

autor acredita que um bom controle da produção seja também um ponto importante de ser

ressaltado. Em particular, na Construção Civil, indústria extremamente complexa, onde o

processo se modifica ao longo da elaboração do produto, o controle torna-se também, na

opinião deste mesmo autor, ainda mais relevante.

Dentre todos os tipos de resíduos sólidos, os de construção e demolição

representam, em volume, uma boa parte do lixo produzido. Esse volume se dá pelos

desperdícios que ocorrem em canteiros de obras, onde o material realmente necessário sempre

é superior ao teoricamente necessário. A diferença entre esses dois é que chamamos de perda.

Tabela 1.1 - Materiais simples: perdas detectadas pela pesquisa FINEP/ITQC/PCC e por outras fontes (fonte: Souza, 2008)

MATERIAIS/COMPENTES

TCPO 10 (1996)

SKOYLES (1976)

PINTO

(1989)

SOIBELMAN (1993)

FINEP 1998

Média Média Média Méd

ia Media

na Min.

Máx. n

Concreto usinado

2 5 1 13 9 9 2 23 35

Aço 15 5 26 19 10 11 4 16 12

Blocos e tijolos 3 a 10 8,5 13 52 17 13 3 48 37

Eletrodutos 0 - - - 15 15 13 18 3 Condutores 2 - - - 25 27 14 35 3 Tubos PVC 1 3 - - 20 15 8 56 7

Placas cerâmicas

5 a 10 3 - - 16 14 2 50 18

Gesso - - - - 45 30 -14 120 3

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Na Tabela 1.1 são mostrados alguns índices de perdas variando conforme o tipo

de material. Essa pesquisa foi financiada pelo FINEP, ITQC e PCC, com o objetivo de

mensurar os índices de perdas em diversas capitais brasileiras, incluindo Fortaleza.

A partir desses resultados contidos na Tabela 1.1 observa-se que as perdas variam

conforme o serviço, apresentando valores elevados para materiais como gesso.

Essas perdas são ocasionadas principalmente por uma má gestão dos canteiros de

obras. Isso vai desde o treinamento dos seus operários até a fiscalização dos serviços por parte

da administração. Por exemplo, uma parede que deveria ter um revestimento de 1 centímetro,

apresenta 2 centímetros pelo fato de a parede está “fora de prumo” devido à má execução da

estrutura de concreto.

A fim de evitar a grande quantidade de disposição de resíduos de construção e

demolição devem-se entender os reais motivos que leva a construção civil a ser um dos

maiores responsáveis pela produção de resíduos sólidos.

Portanto, estudos devem ser realizados a fim de apontar quantitativamente a real

porcentagem de desperdício, ou perdas, que uma obra apresenta para os serviços mais amplos.

Essa determinação dos índices de perdas servirá para identificar em que etapa da construção

do empreendimento ocorre o desperdício, a fim de saber com maior detalhe as medidas

preventivas e corretivas a serem tomadas.

Com base nisso, a determinação dos índices de perdas para uma obra e a análise

das causas e soluções das perdas, objetivo deste trabalho, pode vir a ajudar na diminuição dos

desperdícios em canteiros de obras, contribuindo para um maior desenvolvimento sustentável

da sociedade.

Este trabalho tem a motivação de beneficiar o segmento da construção Civil,

principalmente em Fortaleza, que carece de trabalhos como esse, pois, além de apresentar os

índices de perdas para diversos serviços, apresentará as possíveis causas e soluções a fim de

evitar tais desperdícios.

1.1 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é determinar os índices de perdas para alguns

materiais em uma obra vertical de Fortaleza/CE. Como objetivos específicos, destacam-se:

• Apresentar um panorama sobre os Resíduos de Construção e Demolição (RCD’s) e

Perdas na Construção Civil;

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• Representar os índices de perdas obtidos de forma percentual;

• Analisar e apresentar as possíveis causas dos desperdícios, caso seja apresentado nos

resultados um alto índice de perdas;

• Propor soluções a fim de diminuir a ocorrência de perdas de materiais.

1.2 Estrutura do trabalho

Esta monografia encontra-se dividida em cinco capítulos principais e outros tópicos

relacionados.

O primeiro capítulo consta de uma introdução que procura apresentar o tema através

de uma contextualização, mostrando também a problemática, a justificativa e a motivação

para a realização da pesquisa. Além disso, são apresentados neste capítulo os objetivos gerais

e específicos do trabalho e a sua estrutura.

O segundo capítulo trata-se de uma revisão bibliográfica dos assuntos que permeiam

a pesquisa. Neste capítulo será tratado especificamente sobre os Resíduos de Construção e

Demolição (RCD’s) e Perdas na Construção Civil.

O terceiro capítulo tem o objetivo de apresentar a metodologia de realização da

pesquisa. Onde neste capítulo é descrito todo o processo de coleta e tratamento dos dados.

O quarto capítulo consta da apresentação dos resultados, onde será também discutida

as possíveis causas e soluções para os índices de perdas obtidos conforme o material

estudado.

No quinto capítulo constam as considerações finais sobre o trabalho e as

recomendações para trabalhos posteriores, visando aperfeiçoar o conteúdo do trabalho e

diminuir os índices de perdas nos canteiros de obras espalhados pelo Brasil.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Resíduos da construção civil

Dentre os problemas marcantes que o Século XXI vem enfrentando, destaca-se,

entre eles, a má disposição dos resíduos sólidos urbanos. Esta problemática, no entanto, não

surgiu apenas neste século.

Segundo Rutkowski et al. (2008), isto começou a ocorrer quando as pessoas

começaram a se deslocar em grande quantidade do meio rural para o meio urbano. No meio

rural, todos os processos aconteciam em ciclos e não produziam excessos, tudo era

reaproveitado e reabsorvido. Ao ocorrer a migração excessiva para as cidades, a produção de

resíduos sólidos aumentou rapidamente, começando então a provocar doenças, peste e

epidemias, a partir disso começaram a surgir leis proibindo jogar lixo na rua e o poder público

começa a coletá-lo e jogá-lo fora dos limites da cidade.

De acordo com os mesmos autores, a geração do lixo urbano só tende a aumentar,

pois ele acompanha diretamente as modificações econômicas e as transformações

tecnológicas, que vêm influenciando o modo de vida dos centros urbanos em um ritmo cada

vez mais acelerado, gerando consequentemente mais resíduos.

Rutkowski et al. (2008) destaca ainda os impactos na saúde e nos recursos

naturais que o destino não adequado do lixo provoca: poluição dos mananciais; contaminação

do ar; assoreamento dos córregos; poluição visual; mal cheiro e problemas sociais.

Muitas empresas não têm seguido o desenvolvimento sustentável, que visa

satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações

futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, contribuindo assim para uma pior

qualidade de vida destas gerações.

A fim de compreender melhor a gestão de resíduos sólidos, a NBR 10.004: 2004

classifica os resíduos da seguinte forma: quanto aos riscos potenciais de contaminação do

meio ambiente:

• Classe I – Resíduos Perigosos

• Classe II – Resíduos Não perigosos

• Classe II-A – Não inertes

• Classe II-B – Inertes

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Já quanto à natureza e origem, segundo Rutkwoski et al. (2008), os resíduos

podem ser classificados em:

• Resíduos sólidos urbanos;

• Resíduos sólidos industriais;

• Resíduos sólidos de serviços de saúde;

• Resíduos sólidos rurais;

• Resíduos sólidos especiais ou diferenciados.

Dentro da classificação de resíduos sólidos urbanos, destacam-se os resíduos

provenientes da Construção e Demolição (RCD).

Segundo a Resolução Nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), resíduos da construção civil são os provenientes de construções, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas,

metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,

pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados

de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Segundo Nascimento et al. (2008), os resíduos de Construção podem também ser

classificados segundo a sua composição em materiais minerais, materiais não-minerais e

outros, sendo importante a forma de como esses resíduos devem ser tratados.

Quanto aos materiais minerais:

• Concreto forte e fraco;

• Argamassa com cimento e/ou cal e/ou arenoso;

• Paredes de blocos de concreto ou blocos cerâmicos ou com outros tipos de

componentes;

• Solo, areia e pedra;

• Azulejo e outros produtos cerâmicos como telhas, manilhas etc;

• Cimento amianto;

• Vidro;

• Metais (ferro, aço, cobre, entre outros);

• Gesso;

• Outros;

Quanto aos materiais não minerais e outros:

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• Vegetação e podas;

• Tubos plásticos, de cobre, chumbo etc;

• Papel;

• Plástico;

• Isopor;

• Mantas sintéticas;

• Mantas asfálticas;

• Emulsão asfáltica;

• Tintas e solventes;

• Produtos de pintura usados;

• Tacos;

• Madeira com contaminantes (biocidas, verniz etc) e sem contaminantes;

• Piso vinílico e carpetes;

• Sacos de cimento, cal, gesso;

• Adesivos;

• Produtos químicos perigosos;

• Material elétrico;

• Espumas e tecidos;

• Outros.

Ainda segundo Nascimento et al. (2008), o resíduo de construção é gerado a taxas

variando de 400 a 700 Kg/hab.ano, em cidade médias e grandes do Brasil. Essa taxa varia de

cidade para cidade e de época para época, dependendo do desenvolvimento econômico, do

tamanho da cidade, do momento econômico do país e de outros fatores, como se pode ver na

Tabela 2.1.

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Tabela 2.1 - Dados sobre RCD de diversas cidades brasileiras (fonte: Cabral, 2007)

Município RCD (t/dia)

RCD/RSU População (ano)

Taxa de geração

(t/hab.ano)

Jundiaí/SP 712 62% 293373 (96) 0,89 São José dos Campos/SP 733 67% 486467 (95) 0,55

Ribeirão Preto/SP 1043 70% 456252 (95) 0,83 São José do Rio Preto/SP 687 58% 323627 (96) 0,77

Santo André/SP 1013 54% 625564 (96) 0,59 Vitória da Conquista/BA 310 n.d. 242155 (98) 0,47

São Carlos/SP 381 n.d. 197187 (03) 0,7 Salvador/BA 2746 50% 2556429 (03) 0,39

Feira de Santana/BA 276 50% 481000 (n.d.) 0,21 São Paulo/SP 5260 34% 10405867 (00) 0,18 Blumenau/SC 331,51 n.d. 271730 (02) 0,45

Belo Horizonte/MG 1200 51% 2010000 (n.d.) 0,22 Florianópolis 636,12 n.d. 285281 (00) 0,81 Maceió/AL 1100 45% 700000 (n.d.) 0,57

Porto Alegre/RS 1000 n.d. 1200000 0,31 Campinas/SP 1528 n.d. 850000 0,54

As causas da geração destes de Resíduos de Construção e Demolição são várias,

destacam-se entre estas (LEITE, 2001):

• A falta de qualidade dos bens e serviços, podendo dar origem através disto

às perdas de materiais, que saem das obras na forma de entulho;

• A urbanização desordenada que faz com que as construções passem por

adaptações e modificações, gerando mais resíduos;

• O aumento do poder aquisitivo da população e as facilidades econômicas

que impulsionam o desenvolvimento de novas construções e reformas;

• Estruturas de concreto mal concebidas que ocasionam a redução de sua

vida útil e necessitam de manutenção corretiva, gerando grandes volumes

de resíduos;

• Desastres naturais, como avalanches, terremotos e tsunamis;

• Desastres provocados pelo homem, como guerras e bombardeios.

Ainda segundo Nascimento et al. (2008), a geração do resíduo de construção está

ligada aos modos como se constroem as obras e como se controlam as construções. Algumas

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obras geram mais resíduos, outras geram menos. Mesmo assim, praticamente, toda obra gera

resíduos em quantidades consideráveis. Segundo o mesmo autor, estima-se que, na média,

10% de todo o material que entra em uma obra sai dela como resíduo.

A Resolução Nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

destaca que os resíduos de construção e demolição devem ser separados em quatro classes:

Resíduos Classe A, B, C e D. Também define as classes e especifica a destinação para cada

uma:

• Os resíduos da classe A (Figura 2.1) são os resíduos reutilizáveis ou

recicláveis como agregados, tais como: construção, demolição, reformas e

reparos de obras de infraestrutura e edificações. Eles devem ser

reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas

de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a

permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

Figura 2.1 – Exemplo de RCD Classe A (Obra Jardins do Paço – WR Engenharia)

• Os resíduos da classe B (Figura 2.2) são os recicláveis para outras

destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras,

gesso e outros. Devem ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a

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áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a

sua utilização ou reciclagem futura.

Figura 2.2 - Exemplos de RCD Classe B (Obra Jardins do Paço – WR Engenharia)

• Os resíduos da classe C são aqueles para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem/recuperação. Devem ser armazenados, transportados e

destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

• Os resíduos da classe D (Figura 2.3) são os perigosos, oriundos do

processo de construção tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou

aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de

clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. Devem ser

armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas

técnicas específicas.

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Figura 2.3 - Exemplo de RCD Classe D

2.2 Perdas na Construção Civil

Em seu estudo, Souza et al. (2008) apresentaram os índices de perdas para alguns

materiais básicos, que são aqueles que precisam ser misturados a outros materiais básicos a

fim de gerar um material composto. Como exemplo tem-se a areia, o cimento e a cal.

Apresentaram também resultados para alguns serviços.

Neste estudo são observados (Tabelas 2.2 e 2.3) os alarmantes índices obtidos e a

necessidade de se estudar os motivos para a ocorrência destes resultados.

Tabela 2.2- Materiais básicos: perdas na obra detectadas pelo (FINEP/ITQC/PCC) e por outras fontes. (fonte: Souza et al., 1998)

Materiais básicos

PINTO (1989)

SOIBELMAN (1993)

FINEP/ITQC/PCC (%)

Média Mediana Mínimo Máximo N Areia 39 44 76 44 7 311 28 Saibro - - 182 174 134 347 4

Cimento 33 83 95 56 6 638 44 Pedra - - 75 38 9 294 6 Cal - - 97 36 6 638 12

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Tabela 2.3- Perdas de cimento nos serviços: emboço ou massa única internos; emboço ou massa única externos; contrapiso (FINEP/ITQC/PCC) (fonte: Souza et al., 1998)

Materiais básicos

Média Mediana Mínimo Máximo n

Emboço interno 104 102 8 234 11 emboço externo 67 53 11 164 8

Contrapiso 79 42 8 288 7

Veem-se através dos resultados as elevadas médias de índices de perdas, obtidos

por esta pesquisa financiada pelo FINEP (Tabelas 2.2 e 2.3 ). Um dos maiores fatores deste

fato é a má gestão, principalmente de suprimentos e serviços, que muitos canteiros de obras

apresentam espalhados pelo país.

Segundo Souza (2005), esses resultados são obtidos através da seguinte

expressão:

���%� = ����

��× 100 (2.1)

Onde:

IP (%) = indicador de perdas expresso percentualmente,

QMR = quantidade de material realmente necessária,

QMT = quantidade de material teoricamente necessária.

O entendimento das perdas de materiais passa também pelo conhecimento da

classificação das mesmas.

Segundo Souza (2005), as perdas podem ser definidas e classificadas segundo: o

tipo de recurso consumido; unidade para sua medição; a fase do empreendimento em que

ocorrem; o momento de incidência na produção; sua natureza; forma de manifestação; sua

causa; sua origem e seu controle.

Quanto ao tipo de recurso consumido, Souza (2005) afirma que as perdas se

dividem em financeiras (estritamente financeiras e/ou decorrentes das perdas de recursos

físicos) e Físicas (mão de obra, equipamentos e/ou matérias). Segundo o mesmo autor, as

principais unidades de medição são: em massa, em volume e em unidades monetárias;

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Quanto à fase do empreendimento em que ocorre, Souza (2005) diz que o

consumo de materiais maiores que o teoricamente necessário pode ocorrer em diferentes

momentos do empreendimento, tais como: concepção; produção da obra e utilização.

Ainda segundo o mesmo autor, quanto ao momento de incidência na produção as

perdas podem se manifestar nas seguintes etapas da fase de produção: recebimento dos

materiais e componentes; estocagem dos mesmos; processamento intermediário;

processamento final; movimentações entre as etapas do fluxograma dos processos mostrado.

Já quanto a sua natureza, as perdas físicas de materiais podem ocorrer sob três

diferentes naturezas: furto ou extravio; entulho e incorporação, sendo esta última a mais

importante e com maior incidência.

Segundo Souza (2005), a causa de uma perda seria a razão imediata para que ela

tenha acontecido. Esse conhecimento pode ajudar bastante na futura tarefa de tentar evitar que

tais perdas aconteçam.

Dentro dessas classificações, destaca-se a perda incorporada. Ainda segundo

Souza (2005), a perda incorporada é em muitos casos superior a perda por entulho. Isso pode

vir a ocorrer, por exemplo, quando um revestimento interno de paredes com argamassa,

previsto para ter um centímetro, alcança dois centímetros de espessura média.

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3 METODOLOGIA

A obra analisada para a determinação dos índices de perdas está situada na Av.

Crisanto Moreira da Rocha, 2500, Cambeba, Fortaleza-CE (Figura 3.1).

Figura 3.1- Localização geográfica da Obra analisada (Condomínio Jardins do Paço - WR Engenharia)

Essa obra iniciou-se em Novembro de 2009, com previsão de término para

Janeiro de 2011. O empreendimento possui as seguintes características: 4 torres residenciais

com 15 pavimentos, sendo em cada Torre 1 Térreo e 14 Pavimentos Tipo. Cada apartamento

possui uma área privativa de 132,34 m². O estudo foi realizado em toda a obra, a fim de se

obter um comparativo entre as quatro torres.

Na Figura 3.2 pode ser observado uma perspectiva ilustrada das 4 torres quando

finalizada, assim como do Pavimento tipo na Figura 3.3.

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Figura 3.2 - Projeção ilustrada do Condomínio Jardins do Paço quando finalizado

Figura 3.3 - Projeção ilustrada do Pavimento Tipo

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Os índices de perdas foram obtidos para os seguintes materiais:

• Forro de gesso;

• Emboço interno de gesso;

• Cerâmica interna;

• Porcelanato interno;

• Cerâmica da Fachada;

• Emboço interno;

Essas perdas foram obtidas através de dois parâmetros importantes: quantidade

realmente e teoricamente utilizada de cada insumo analisado. A fim de encontrar estes

parâmetros, abaixo são descritos os métodos utilizados para as suas obtenções.

3.1 Gesso em placa

Primeiramente foi feito todo o quantitativo da utilização de gesso em placas a fim

de determinar a quantidade teoricamente necessária. A partir da área necessária de forro foi

encontrada a quantidade de placas (60x60) necessárias.

A quantidade de placas realmente utilizadas foi determinado através do sistema de

solicitação de compras da empresa (Informacon), que registra a quantidade requerida pela

obra, como mostrado na Figura 3.4 através de uma das solicitações de placas de gesso,

realizada no dia 08/08/2011. Todas as solicitações foram juntadas a fim de se obter um total

de placas solicitadas.

Toda essa quantidade foi utilizada para os seguintes locais: todos os apartamentos

(112); todos os hall’s, sem o detalhe que ficou pendente; 12 halls com os detalhes que estava

faltando e os WC’s do Térreo da Torre D.

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Figura 3.4 - Exemplo de uma solicitação realizada no Sistema de Gestão de Suprimentos (Informacon)

3.2 Revestimento de gesso em paredes

Para este serviço foi utilizado um critério de controle de sacos de gesso (40 Kg)

estocados em cada pavimento. Esse controle foi feito mediante uma planilha (Quadro 3.1)

onde o operário responsável, no caso o Guincheiro, informava a quantidade de sacos que

transportava verticalmente por dia para cada pavimento onde havia uma solicitação.

Este controle diariamente foi repassado à sala técnica da obra que a transcreveu

para uma planilha de controle (Quadro 3.2), onde se tornou possível a obtenção da quantidade

total de sacos de gesso utilizada.

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Quadro 3.1 - Formulário de acompanhamento de sacos de gesso transportado verticalmente

ACOMPANHAMENTO DE PALETE - (GESSO)

GESSO TORRE D

27/12/2010

12° PAV

13° PAV

14° PAV

28/12/2010

12° PAV

13° PAV

14° PAV

29/12/2010

12° PAV

13° PAV

14° PAV

30/12/2010

12° PAV

13° PAV

14° PAV

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Quadro 3.2 - Planilha de Controle de Sacos de gesso utilizados

CONTROLE DE GASTO DE SACOS DE GESSO EM PÓ –

AGOSTO

DATA 4º pav 5º pav 6º pav TOTAL DIÁRIO

RESPONSÁVEL

01/08/10 0

02/08/10 50 50

03/08/10 50 50

04/08/10 40 40

05/08/10 50 50

06/08/10 30 30

07/08/10 0

Outro passo importante foi a utilização de um parâmetro de consumo de sacos de

gesso/m² de área revestida. Este parâmetro foi obtido através de uma dosagem in loco do

revestimento de gesso utilizado na obra. Um saco de gesso (40Kg) foi misturado com 36 litros

de água (Figuras 3.5 e 3.6). Após a mistura foi medido o volume de emboço interno de gesso

representado por um saco de gesso em pó de 40 Kg.

Esse volume foi medido utilizando-se baldes de 12 litros graduados. Enchendo-se

os baldes foi constatado que um saco de gesso em pó (40 Kg) produz 48 litros de emboço de

gesso.

Na obra em estudo a espessura padrão do revestimento de gesso foi de 1,5 cm. No

entanto essa espessura varia conforme o prumo da parede a ser revestida. Com base no

resultado obtido anteriormente o consumo obtido foi de 3,2 m²/saco de gesso em pó.

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Figura 3.5 - Procedimento de formação do Emboço de Gesso (Mistura)

Figura 3.6 - Medição da quantidade de massa produzida para um saco de gesso

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No entanto, foi preciso também a determinação da área total a ser revestida, obtida

conforme o quantitativo feito in loco do que já tinha sido executado.

3.3 Cerâmica interna Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5

A cerâmica Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 foi utilizada no acabamento de piso e

parede dos Wc’s (casal, suíte 01, suíte reversível e vestiário), Vestiário e Área de serviço,

tudo isso para o Apartamento Tipo. No Térreo foi utilizado para os Wc’s. No estoque foi

contado também a Cerâmica Cargo Plus Write, utilizada no Quarto do Zelador de cada

Térreo.

Para a obtenção do índice de perda do assentamento deste tipo de cerâmica foi

usado o controle de estoque da Empresa, atualizado em 19/10/11. Este controle forneceu a

quantidade adquirida e a quantidade ainda estocada.

No entanto, outro importante parâmetro é a quantidade teoricamente utilizada.

Essa quantidade foi obtida através de um quantitativo feito in loco em um Apartamento Tipo e

nos Wc’s do Térreo.

No dia em que a contagem do estoque foi atualizada não haviam sido requisitadas

cerâmicas para os Aptos 101 e 102 das Torres A e B, portanto não entraram no quantitativo.

Além disso, para a realização desse quantitativo os vãos das esquadrias dos Wc’s não foram

descontados devido ao acabamento exigido de cerâmica em suas bordas, que provocam

desperdício devido ao corte.

Portanto, através deste processo foi possível determinar os dois principais

parâmetros necessários para a obtenção do índice de perda.

3.4 Porcelanato interno Eliane Polido 60 x 60 CM POLUX

Este tipo de porcelanato foi usado nos pisos dos seguintes ambientes do

Apartamento Tipo: Suítes (casal, 01 e reversível), circulação, sala de estar, varanda e cozinha

(piso e parede). Já para o Térreo foi utilizado na pavimentação dos seguintes ambientes: sala

multiuso (Torres D e C), hall de entrada (Torres D e C) e Salão de Festas (Torre D) até a data

de atualização do estoque.

Seguindo o exemplo da Cerâmica Fôrma Slim Branca, para a obtenção do índice

de perda do assentamento deste tipo de porcelanato foi usado o controle de estoque da

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Empresa, atualizado em 19/10/11. Este controle forneceu a quantidade adquirida e quantidade

ainda estocada.

O outro parâmetro necessário, quantidade teoricamente necessária, foi obtido

através de quantitativo in loco dos locais que já tinham sido executados até a data de

19/10/11, conforme já descritos.

Através desse processo foram determinados os dois parâmetros necessários para a

obtenção do índice de perda.

3.5 Cerâmica externa 10x10 cm Camburi Bone Eliane Bege e Marron

Esta cerâmica foi utilizada para os seguintes locais: parte externa das torres,

paredes das sacadas e varandas e revestimento das churrasqueiras.

A exemplo das duas metodologias mostradas anteriormente, para a obtenção do

índice de perda do assentamento deste tipo de cerâmica foi usado o controle de estoque da

Empresa, atualizado em 19/10/11. Este controle forneceu a quantidade adquirida e quantidade

ainda estocada.

O outro parâmetro necessário, quantidade teoricamente necessária, foi obtido

através de quantitativo in loco dos locais que já tinham sido executados até a data de

19/10/11. Os locais que ainda faltavam assentamento de cerâmica 10x10 Camburi Bone eram:

parte do revestimento externo (Torre A- Balanças 2, 14, 7, 8 e 9), Balança 16 (Torres C, B e

A) e 60,54 % da B16 – Torre D.

3.6 Emboço interno (massa)

O último serviço a ser analisado foi o emboço interno, apesar de ter sido o

primeiro serviço executado destes que foram mencionados. Para a mensuração do índice de

perda deste serviço foi utilizado uma metodologia parecida com a do revestimento de gesso

em paredes.

Quanto a mensuração da quantidade realmente utilizada foi distribuído

diariamente aos betoneiros das 4 Torres (D, C, B e A) formulários, onde neste formulário eles

colocavam a quantidade de traços “rodados” para cada serviço que estivesse em execução. A

seguir é mostrado o formulário entregue (Quadro 3.3):

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Quadro 3.3 - Formulário entregue aos betoneiros para obtenção da quantidade de traços utilizados durante o dia

ACOMPANHAMENTO DE TRAÇO

BETONEIRA 01 CANTOR - TORRE D

14/10/2010

Alvenaria

Concreto para pilar

Chapisco externo

Chapisco interno

Concreto para verga

Reboco interno

Reboco fachada

Contra piso

Concreto para laje

Concreto para viga Chumbamento de caxilhos

Contra marco

Concreto p/ piscina

Encunhamento

Diversos

Salienta-se que os Betoneiros eram previamente treinados para utilizar este

formulário de forma correta, mostrando-lhes a importância de tal serviço, além disso, eles

recebiam também um acréscimo salarial em forma de produção por este serviço, dentre

outros, como forma de incentivo.

Eles acumulavam então este formulário durante dois dias úteis e entregavam

depois à sala técnica da obra que transcrevia para uma planilha de controle de traços

utilizados (Quadro 3.4):

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Quadro 3.4 - Planilha de Controle da quantidade de traços utilizados por dia

QUANTIDADE DE TRAÇOS GASTOS NO PERÍODO : AGOSTO 2010

DATA

SERVIÇOS

RESPONSÁVEL Alvenaria

Contra Piso

Chapisco interno

Concreto 30 MPA

Reboco interno

Encunhamento TOTAL DIÁRIO

01/08/10 DOMINGO

02/08/10

03/08/10

04/08/10

05/08/10

06/08/10

07/08/10

Após o término de todos os apartamentos e caixas de escada foram somados

através da planilha acima (Quadro 3.4), para cada mês, a quantidade total de traços utilizados

para o serviço de emboço interno.

Para encontrar então a quantidade teoricamente necessária tornou-se então preciso

a obtenção de um índice que fornecesse a quantidade de área revestida de parede para 1 traço

de emboço interno. Para a obtenção deste índice foi “rodado” 0,5 traço de emboço interno

(Traço 1:3:4). Logo após a mistura na betoneira foi medido o volume que este 0,5 traço

representava em massa, utilizando-se baldes graduados de 12 litros, como mostrado nas

Figuras 3.7 e 3.8 abaixo:

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Figura 3.7 - Confecção de Traço 1:3:4 para Emboço interno

Figura 3.8 - Medição do traço "rodado" para obtenção do consumo de massa/m²

Após essa etapa o resultado foi que 0,5 traço de emboço interno perfez um total de

192 litros, portanto 1 traço representa 0,384m³ de massa.

Para a obra estudada foi considerado uma espessura padrão a ser seguida para o

revestimento em parede de 3 cm. No entanto, essa espessura obviamente varia com as

condições de prumo das paredes e elementos estruturais.

Através desta espessura tem-se que a área revestida para 1 traço de emboço

interno é de 12,8 m².

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Além deste importante parâmetro foi obtido ainda através de um quantitativo in

loco a quantidade teoricamente necessária de emboço interno.

Através desta quantidade total restou dividir essa quantidade pelo índice obtido

anteriormente, obtendo-se então o total de traços teoricamente necessário.

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Gesso em placa

Para este serviço, conforme o Quadro 4.1, foi encontrado uma quantidade total

teórica de 13973,23 m² de forro com placas de gesso. Como uma placa apresenta uma área de

0,36 m², a quantidade de placas utilizadas se deu então pela divisão destes dois resultados:

������������������������������������ !�� = 13973,23

0,36

= ())*+,-./.01232004

Quadro 4.1 - Quantitativo de forro de gesso para os ambientes descritos abaixo

Ambiente Área (m²) ESTAR/JANTAR 21,37

COZINHA 10,88 VARANDA 18,51

CIRCULAÇÃO 6,81 SACADA CIRCULAÇÃO 1,92

SUITE REVERSIVEL 9,77 WC REVERSIVEL 2,96

SACADA REVERSIVEL 0,80 SUITE CASAL 15,76

WC CASAL 3,76 SUITE 01 9,98

WC 01 3,38 AREA SERVIÇO 4,27 DEPENDENCIA 4,35

WC DEPENDENCIA 2,10 TOTAL/APTO (M²) 116,62

QTDE APTOS 112,00 WC'S TÉRREO ( x 1TORRE) 9,55

HALL SEM DETALHE (M²) (56 PVTOS) 15,61 DETALHE (M²) (12 PVTOS) 2,34

TOTAL GERAL (M²) 13973,23 ÁREA DE 1 PLACA (M²) 0,36

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A quantidade realmente utilizada se deu pela diferença entre a quantidade

adquirida para os serviços de forro e a quantidade que ainda se encontrava estocada na obra

até o dia 13/10/2011.

��������������������������������� !5� = 52150 − 1400

= +9:+9,-./.01232004

Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) de placas de gesso foi:

���%� =50750 − 38815

38815<100 = (9, :+%

Após pesquisa em Bibliografias, não foi encontrado nenhum trabalho que

houvesse determinado um índice de perda para este tipo de serviço. Apesar disso, a perda

apresentou esse valor pelo fato de ter havido muitos cortes, principalmente em áreas menores,

como WC’s e Hall’s.

Além disso, as dimensões dos ambientes não eram moduladas conforme o

tamanho das placas de gesso, aumentando assim o número de cortes.

4.2 Revestimento de gesso em paredes

Com base na metodologia de coleta de dados apresentada o resultado obtido

quanto à quantidade estocada em cada pavimento para a utilização como emboço em parede

está contido no quadro 4.2

Quadro 4.2 - Resumo da quantidade média de sacos de gesso utilizados por Torre

Torre Quantidade média de sacos

usados/pvto D 189,85 C 188,57 B 211,07 A 204,57

Através do Quadro 4.2 pôde ser obtido a quantidade média geral realmente

utilizada (QMR) de sacos de gesso por apartamento nas 4 torres:

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!5 =189,85 + 188,57 + 211,07 + 204,57

4= *>), +?0./401232004

Através do quantitativo apresentado no Quadro 4.3 foi encontrada uma quantidade

total de área a ser revestida, 375,86 m²/pvto. Além disso, foi obtido um consumo de emboço

de gesso/sacos de 40 KG, 3,2 m²/saco. Com estes dois parâmetros tornou-se possível

encontrar a quantidade de sacos teoricamente necessária:

!� =375,86

3,2= **:, @A0./401232004

Quadro 4.3 - Quantitativo detalhado de Revestimento de gesso em paredes

QUANTITATIVO DE GESSO - PAVIMENTO TIPO

1ª PAVIMENTO - TORRE D DATA 01/07/10

ALVENARIA A EXECUTAR EM PRODUÇÃO

AMBIENTE DIMENSOES DESCONTO VOLUME SUITE 01

[(3,23+3,09)x2x2,45] 30,97 m² Porta wc (0,65x2,18) -1,42 m² Porta suite 1 (0,75x2,19) -1,64 m² SUBTOTAL (m²) 27,91 m²

SUITE 02 [(4,66+4,47)x2x2,45] 44,74 m² Porta wc (0,65x2,23) -1,45 m² Porta suite 2 (0,75x2,16) -1,62 m²

SUBTOTAL (m²) 41,67 m² CIRCULAÇÃO

[(4,38x2)+(2,00)]x2,45 26,36 m² Porta suite 1 (0,75x2,19) -1,64 m² Porta suite 2 (0,75x2,16) -1,62 m²

Porta suíte reversivel

(0,76x2,17) -1,65 m² SUBTOTAL (m²) 21,45 m² SALA

(3,68x2,40) + [(1,38+3,44)x2,45] + (1,99x0,92) + (3,53x2,45) 31,12 m² SUBTOTAL (m²) 31,12 m²

SUITE REVERSIVEL

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[(2,80+3,54)x2x2,45] 31,07 m²

Porta suíte reversivel

(0,76x2,17) -1,65 m²

Porta wc reversivel

(0,64x2,17) -1,39 m² SUBTOTAL (m²) 28,03 m² EMPREGADA

[(2,07+2,06)x2x2,45] 20,24 m²

Porta wc empregada

(0,65x2,17) -1,41 m²

porta quarto empregada

(0,75x2,17) -1,63 m² SUBTOTAL (m²) 17,20 m²

TOTAL P/ UM

APARTAMENTO 167,37 m²

TOTAL P/ UM

PAVIMENTO (m²) 375,86 m²

AMBIENTE DIMENSOES DESCONTO VOLUME HALL SOCIAL

[(8,32x2) + (2,98) + (1,94x2)]x2,37 55,70 m² portas elevador (1,43x2,23)x2 -6,38 m²

portas entrada serviço

(0,95x2,17)x2 -4,12 m²

portas entrada social

(0,95x2,15)x2 -4,09 m² SUBTOTAL (m²) 41,11 m²

Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para emboço interno de gesso foi:

���%� =198,52 − 117,46

117,46<100 = A>, 9*%

Conforme a Tabela 4.1 observa-se que o revestimento de gesso não foi mensurado

em obras antigas, sendo somente pela pesquisa financiada pelo FINEP. Nesta pesquisa a

média apresentada foi de 45%. Observa-se também a dispersão entre os resultados, segundo

Souza (2008), isso é explicado pelo fato de algumas obras analisadas aplicarem o gesso

diretamente sobre o emboço prévio. No caso tratado neste trabalho, o gesso foi aplicado

diretamente sobre a alvenaria, onde apresenta maiores perdas, segundo Souza (2008).

Através disso, este resultado está acima da média apresentada na Tabela 4.1 pelo

fato de o gesso ser aplicado diretamente na alvenaria. Esse método causa uma maior perda

pelo fato de o substrato prévio (alvenaria) não está com o prumo alinhado conforme as

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dimensões pré-determinadas. Já no emboço prévio a parede já está alinhada, pois o

emestramento já foi executado, não havendo então variação da espessura do revestimento de

gesso, ao contrário do aplicado diretamente sobre a alvenaria.

Tabela 4.1- Materiais simples: perdas detectadas pela pesquisa FINEP/ITQC/PCC e por outras fontes (fonte: Souza, 2008)

MATERIAIS/COMPENTES

TCPO 10 (1996)

SKOYLES (1976)

PINTO

(1989)

SOIBELMAN (1993)

FINEP 1998

Média Média Média Méd

ia Media

na Min.

Máx. n

Concreto usinado

2 5 1 13 9 9 2 23 35

Aço 15 5 26 19 10 11 4 16 12

Blocos e tijolos 3 a 10 8,5 13 52 17 13 3 48 37

Eletrodutos 0 - - - 15 15 13 18 3 Condutores 2 - - - 25 27 14 35 3 Tubos PVC 1 3 - - 20 15 8 56 7

Placas cerâmicas

5 a 10 3 - - 16 14 2 50 18

Gesso - - - - 45 30 -14 120 3

4.3 Cerâmica interna Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5

Pelo Quadro 4.4 obtêm-se a quantidade realmente utilizada. Esse parâmetro é

calculado diminuindo-se a quantidade adquirida da quantidade estocada na obra.

!5 = �13100,08 + 100,48� − 1954,65 = **?@+, >*B²12/2DâBF/.

Quadro 4.4 –Parâmetros para o cálculo da quantidade realmente utilizada de cerâmica interna até o dia 19/10/11

Qtde adquirida (m²)

Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5

13100,08

Cargo Plus Write 33,5 x 33,5

100,48

Qtde estocada (m²) Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 e Cargo Plus Write

33,5 x 33,5 1954,65

A quantidade teoricamente necessária foi obtida através do Quadro 4.5:

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!� = �93,20<108� + �74,47<4� = *9(A(, @)B²12/2DâBF/.

Quadro 4.5 - Quantidade detalhado da Quantidade de cerâmica interna teoricamente utilizada até o dia 19/10/11

AMBIENTE LOCAL QUANT.

(m²)

WC SUITE 1 PAREDE 15,02 PISO 3,06

WC REVER PAREDE 14,66 PISO 3,15

WC CASAL PAREDE 18,51 PISO 3,70

WC EMPREGADA PAREDE 13,41 PISO 2,11

QUARTO EMP. PISO 4,26

ÁREA SERVIÇO PAREDE 11,19 PISO 4,13

TOTAL (x 108 APTOS) 93,20

AMBIENTE LOCAL QUANT.

(m²)

WC SALA MULTIUSO PAREDE 15,76 PISO 3,129

ZELADORIA PAREDE 14,52 PISO 2,453

WC SALAO DE FESTAS (X2)

PAREDE 32,10 PISO 6,51

TOTAL (x 4 TORRES) 74,47

Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para cerâmica interna foi:

���%� =11245,91 − 10363,48

10363,48<100 = ), +*%

Através da Tabela 4.1 foi constatado que o índice de perda está inferior a média

apresentada de 16%. No entanto, vale ressaltar que este valor foi encontrado em 1998, onde a

Construção Civil ainda não tinha os mesmos critérios de qualidade e desempenho que os dias

atuais. Apesar disso conclui-se que esta perda é admissível, comparando-se com a média

considerada pelo TCPO na mesma Tabela.

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4.4 Porcelanato interno Eliane Polido 60 x 60 CM POLUX

Pelo Quadro 4.6 obtêm-se a quantidade realmente utilizada. Esse parâmetro é

calculado diminuindo-se a quantidade adquirida da quantidade estocada na obra.

!5 = 16400,16 − 2134,08 = *@?AA, 9)B²12,4D/2-.G.H4

Quadro 4.6 –Parâmetros para o cálculo da quantidade realmente utilizada de porcelanato até o dia 19/10/11

Qtde adquirida (m²) 16400,16 Qtde estocada (m²) 2134,08

A quantidade teoricamente necessária foi obtida através do Quadro 4.7:

!� = �114,43<111� + 351,73 = *(9+(, @AB²12,4D/2-.G.H4

Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para porcelanato interna foi:

���%� =14266,08 − 13053,46

13053,46<100 = >, ?>%

A exemplo da cerâmica interna, o revestimento de porcelanato está dentro da

média considerada pela TCPO, contida na Tabela 4.1. O desperdício no porcelanato pode ter

sido maior que o da cerâmica pelo fato de que o tamanho das peças (60x60) está associado a

maiores perdas do que peças menores, como a Fôrma Slim Branca 33,5x33,5.

Além disso, o projeto arquitetônico não seguiu uma coordenação modular que

visasse o não desperdício de cerâmica e porcelanato interno. Segundo Cabral e Moreira

(2011), o uso deste método é essencial para diminuir a quantidade de cortes em placas

cerâmicas.

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Quadro 4.7 - Quantitativo detalhado da quantidade de porcelanato teoricamente utilizada até o dia 19/10/11

AMBIENTE LOCAL QUANT.

(m²)

SUÍTE 01 PISO 8,81

SUÍTE CASAL PISO 16,08 SUÍTE

REVERSÍVEL PISO 10,15 CIRCULAÇÃO PISO 7,82

SALA PISO 21,59 VARANDA PISO 18,33

COZINHA PAREDE 20,71 PISO 10,94

TOTAL 114,43

AMBIENTE LOCAL QUANT.

(m²)

SALA MULTIUSO (x2)

PISO 105,6 HALL (X2) PISO 131,94 SALAO DE

FESTAS PISO 114,19 TOTAL 351,73 TOTAL GERAL 13053,11

4.5 Cerâmica externa 10x10 cm Camburi Bone Eliane Bege e Marron

Pelo Quadro 4.8 obtêm-se a quantidade realmente utilizada. Da mesma maneira da

cerâmica e porcelanato interno, esse parâmetro foi calculado diminuindo-se a quantidade

adquirida da quantidade estocada na obra.

!5 = 20859 − 1069,5 = *>:)>, +B²12/2DâBF/.2IH2DG.

Quadro 4.8–Parâmetros par o cálculo da quantidade realmente utilizada de cerâmica externa até o dia 19/10/11

Qtde adquirida (m²) 20859 Qtde estocada (m²) 1069,5

A quantidade teoricamente necessária foi obtida através do Quadro 4.9:

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!� = 17947,47 − 550,31 − 111,05 − 41,73 = *:?@@, ))B²12/2DâBF/.2IH2DG.

Quadro 4.9 - Quantitativo detalhado da quantidade teoricamente utilizada de cerâmica externa até o dia 19/10/11

LOCAL PVTO ÁREA DESCONTOS

(m²) QUANT. ÁREA (m²)

BALANÇA 01

Coberta 22,85 0,00 1 22,85 Pav. Tipo 31,59 3,59 14 391,92

Térreo 0,00 0,00 1 0,00

BALANÇA 2

Coberta 19,30 0,00 1 19,30 Pav. Tipo 28,26 5,98 14 311,98

Térreo 5,90 0,00 1 5,90

BALANÇA 03

Coberta 13,77 0,00 1 13,77 Pav. Tipo 23,33 1,92 14 299,71

Térreo 23,33 0,00 1 23,33

BALANÇA 04

Coberta 8,07 0,00 1 8,07 Pav. Tipo 15,49 0,48 14 210,20

Térreo 15,49 1,60 1 13,89

BALANÇA 05

Coberta 7,11 0,00 1 7,11 Pav. Tipo 21,35 1,85 14 272,98

Térreo 14,20 1,92 1 12,28

BALANÇA06

Coberta 5,11 0,00 1 5,11 Pav. Tipo 10,66 1,90 14 122,58

Térreo 7,06 1,92 1 5,14

BALANÇA 07

Coberta 20,11 0,00 1 20,11 Pav. Tipo 13,83 0,00 14 193,62

Térreo 10,34 0,00 1 10,34

BALANÇA 08

Coberta 15,97 0,48 1 15,49 Pav. Tipo 9,24 0,48 14 122,64

Térreo 9,24 0,48 1 8,76

BALANÇA 09

Coberta 20,11 0,00 1 20,11 Pav. Tipo 13,83 0,00 14 193,62

Térreo 10,34 0,00 1 10,34

BALANÇA10

Coberta 5,11 0,00 1 5,11 Pav. Tipo 10,66 1,90 14 122,58

Térreo 16,13 2,80 1 13,33

BALANÇA 11

Coberta 7,11 0,00 1 7,11 Pav. Tipo 21,35 1,85 14 272,98

Térreo 14,20 1,92 1 12,28

BALANÇA 12

Coberta 8,07 0,00 1 8,07 Pav. Tipo 15,49 0,48 14 210,20

Térreo 15,49 1,60 1 13,89

BALANÇA 13

Coberta 13,77 0,00 1 13,77 Pav. Tipo 23,33 1,92 14 299,71

Térreo 23,33 0,00 1 23,33

BALANÇA 14 Coberta 19,30 0,00 1 19,30

Pav. Tipo 28,26 5,98 14 311,98

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Térreo 5,90 0,00 1 5,90

BALANÇA 15

Coberta 22,85 0,00 1 22,85 Pav. Tipo 31,59 3,59 14 391,92

Térreo 0,00 0,00 1 0,00

BALANÇA 16

Coberta 10,23 0,00 1 10,23 Pavs. Tipo 173,21 0,00 1 173,21

Térreo 0,00 0,00 1 0,00

CHURRASQUEIRA

Coberta 0,00 0,00 1 0,00 Pav. Tipo 6,72 0,00 14 94,08

Térreo 0,00 0,00 1 0,00

COBERTURA Platibanda 23,93 0,00 1 23,93

Caixa d'água 89,98 0,00 1 89,98 Total (x4) 17947,47

Desconto por não execução B16 (Torres C, B e A) (550,31)

B16 (Torres D)-60,54 % (111,05)

Saiote (Torre A) (41,73)

Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para cerâmica externa foi:

���%� =19789,5 − 17244,88

17244,88<100 = *@, :A%

Dentre os revestimentos cerâmicos analisados, o da fachada foi o que apresentou

maior índice de perda. Ele está dentro da média encontrada pelo FINEP, mas considerando

que esta pesquisa já está fora dos padrões atuais de qualidade da Construção Civil, este valor é

considerado alto.

Esse resultado pode ser explicado por dois fatores preponderantes. O primeiro fato

é que a cerâmica externa possui um maior transporte horizontal e vertical do local de

armazenamento ao posto de trabalho, em particular balanças, onde se dá o processamento

final do material, do que as cerâmicas utilizadas em revestimentos internos. Isso se dá pelo

fato de o material ficar mais tempo em mão de operários ou equipamentos de transporte como

carros de mão, paletes ou guinchos, aumentando assim a interferência humana sob o material

e a trepidação produzida por tais equipamentos, contribuindo assim para um maior dano às

peças cerâmicas.

Outro fator importante foi o mau estoque do material, em alguns casos isolados,

como mostrado nas Figuras 4.1 e 4.2. Foi constatado a colocação de peças na forma

horizontal, o que gera tensões capazes de provocar a quebra ou trinca das mesmas, segundo

Lima et al. (2003). Além disso, existiam pilhas de caixas de cerâmica superiores a 10 fiadas,

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não seguindo então a Tabela de Armazenamento de Materiais destacada por Lima et al.

(2003).

Figura 4.1 – Empilhamento de cerâmica externa com peças danificadas

Figura 4.2 – Estoque de peças de cerâmica externa quebradas devido ao mau estoque

4.6 Emboço interno (massa)

Para este serviço a soma total de traços utilizados (QMR) através da planilha de

controle apresentada na metodologia foi: 1440 traços de emboço interno (1:3:4).

Através do Quadro 4.10 pôde ser obtida a área teórica a ser revestida:

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Á�������K��������� = 10471,61 + 3632,47 = *@*9@, 9)B²

Com base no consumo obtido na metodologia de 12,8 m²/traço e o Quadro 4.10

foi obtida a quantidade teoricamente necessária de traços para o emboço interno:

!� =14104,08

12,8= **9*, ))HD.ç40*: (: @

Quadro 4.10- Quantitativo detalhado da quantidade teoricamente utilizada de Emboço interno

QUANTITATIVO REBOCO INTERNO

AMBIENTES QUANT. (m²) WC CASAL 18,51

WC SUÍTE 01 15,02 WC REVERSÍVEL 14,66

ÁREA DE SERVIÇO 11,19 COZINHA 20,71

WC VESTIÁRIO 13,41 TOTAL (x112) 10.471,61

ANTE-CÂMARA E CAIXA DE ESCADA 60,54 TOTAL (x60) 3.632,47

Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para emboço interno foi:

���%� =1440 − 1101,88

1101,88<100 = (9, A>%

Este serviço apresentou um índice de perda bem aceitável em relação aos índices

mostrados na Tabela 2.3 (104%), demonstrando que a obra apresentou bons índices de

qualidade quanto a este serviço.

Isso aconteceu, dentre outros motivos, devido a uma metodologia de solicitação

de argamassa, o “Kanban”. Segundo Leite et al. (2004), essa metodologia é eficaz pois todo o

fluxo vertical de materiais, no caso específico da argamassa, é organizado pelos cartões

Kanban. Os pedreiros solicitam o necessário para cada dia tornando o estoque no pavimento o

menor possível. Os materiais não podem ser transportados sem o seu respectivo cartão,

fazendo com que as turmas recebam de forma balanceada e ordenada suas solicitações.

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4.7 Resumo dos resultados obtidos

No Quadro 4.11 estão relacionados os serviços e seus respectivos índices de

perdas obtidos conforme a metodologia já apresentada.

Quadro 4.11 – Resumo dos índices de perda obtidos

Serviço/Material Índice (%) Gesso em placa 30,75%

Emboço de gesso 69,01% Cerâmica interna 8,51%

Porcelanato interno 9,29% Cerâmica externa 14,76% Emboço interno 30,69%

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5 CONCLUSÕES

Conclui-se que a diminuição da disposição de resíduos de construção e demolição

é de suma importância para a conservação do meio ambiente, além de ser uma forma de

melhoria dos padrões de qualidade das edificações destinadas ao consumidor final. Esse fato

está aliado à uma metodologia de estoque e execução de serviços que visam diminuir os

índices de perdas nos canteiros de obras.

Na obra analisada, os índices apresentaram resultados que não fugiram em

grandes proporções das médias apresentadas por outros trabalhos. No entanto alguns aspectos

apresentados na obra e já ressaltados devem ser melhorados.

Dentre estes aspectos, destacam-se: um maior controle da produção, visando

aumentar a inspeção dos serviços em execução; investimentos em treinamento da mão de

obra, onde cada operário deve saber previamente os critérios exigidos de execução para cada

serviço, principalmente em detrimento da carência de mão de obra qualificada; uma maior

qualidade do armazenamento do estoque, obedecendo às especificações de armazenamento de

materiais; implantação de coordenação modular nos projetos de arquitetura, a fim de diminuir

a quantidade de cortes em peças maiores e com elevado valor aquisitivo, como o porcelanato.

Portanto, o mercado da construção anseia por trabalhos como estes, que visem

apresentar um parâmetro quantitativo da real situação de perdas de materiais em canteiros de

obra. Além disso, recomendam-se estudos mais abrangentes com maiores amostras ou

canteiros de obras analisados, a fim de se obter resultados mais gerais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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