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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL ANDRÉ APARECIDO RIBEIRO ESTUDO DE ELEMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO EM LAJES UNIDIRECIONAIS FORMADAS POR VIGOTAS TRELIÇADAS PRÉ-MOLDADAS Dezembro de 2005

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA CIVIL

ANDRÉ APARECIDO RIBEIRO

ESTUDO DE ELEMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO EM LAJES

UNIDIRECIONAIS FORMADAS POR VIGOTAS TRELIÇADAS

PRÉ-MOLDADAS

Dezembro de 2005

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ANDRÉ APARECIDO RIBEIRO

ESTUDO DE ELEMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO EM LAJES

UNIDIRECIONAIS FORMADAS POR VIGOTAS TRELIÇADAS

PRÉ-MOLDADAS

Monografia apresentada junto à Universidade

São Francisco – USF como parte dos requisitos

para a aprovação na disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso.

Área de concentração: Estruturas

Orientador: Prof. Dr. Armando Lopes Moreno Jr

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2005

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“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” .

Stan Lee

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Dedico este trabalho aos meus pais, Mauro e Antônia .

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus.

À minha família e minha noiva pelo apoio incondicional.

Ao Professor Doutor Armando Lopes Moreno Jr. pela orientação cuidadosa e

prestimosa atenção despendida ao longo do semestre no auxílio à conclusão deste

trabalho.

Ao Professor Mestre Flávio de Oliveira Costa, Adriana Botelho Dieguez e Vitória

Bradfield Quintiliano Basso pelo auxílio e instruções essenciais para o manuseio do

SAP2000® e montagem dos modelos utilizados nas simulações apresentadas.

Ao Serviço de Biblioteca – EESC/USP pela grandiosa contribuição às referências

bibliográficas utilizadas neste trabalho.

Aos professores, funcionários e colegas de graduação do curso de Engenharia

Civil.

À Universidade São Francisco, por proporcionar um ambiente propício para a

aprendizagem.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................... ........................................................ vi

LISTA DE TABELAS .................................. ....................................................... vii

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS................... .................................... viii

RESUMO............................................................................................................ ix

PALAVRAS-CHAVE..................................... ...................................................... ix

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 1

1.1 Considerações iniciais......................... ...................................................... 1

1.1 Objetivo....................................... ................................................................. 3

2 LAJES FORMADAS POR VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS.......... ..................... 4

2.1 Considerações iniciais......................... ...................................................... 4

2.2 Características das vigotas pré-moldadas....... ........................................ 5

2.3 Lajes formadas por vigotas pré-moldadas treliça das............................. 6

2.4 Montagem e concretagem das lajes............... .......................................... 9

2.5 Análise estrutural e dimensionamento........... .......................................... 10

2.5.1 Informações complementares para o dimensionam ento de lajes

pré-moldadas....................................... ..............................................................

12

2.6 Deformações limites............................ ....................................................... 14

3 MÉTODOS DE CÁLCULO E SIMULAÇÕES NUMÉRICAS EM MODE LOS

DE PAINÉIS ISOLADOS................................ ....................................................

16

3.1 Considerações iniciais......................... ...................................................... 16

3.2 Fundamentos da analogia de grelha.............. ........................................... 16

3.3 Discretização da laje pré-moldada.............. .............................................. 17

4 Análise dos resultados........................... ....................................................... 24

4.1 Considerações iniciais......................... ...................................................... 24

4.2 Análise comparativa entre momentos fletores oco rridos nas barras

longitudinais das grelhas.......................... ......................................................

24

4.3 Análise comparativa entre deslocamentos vertica is nas barras

longitudinais das grelhas.......................... .......................................................

26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES............. ......................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ......................................... 31

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LISTA DE FIGURAS

1.1 Lajes de concreto.............................. ......................................................... 1

1.2 Deslocamentos.................................. .......................................................... 2

2.1 Laje formada por vigotas pré-moldadas.......... ......................................... 4

2.2 Vigotas pré-moldadas disponíveis no mercado bra sileiro..................... 6

2.3 Vigota com armação em forma de treliça......... ........................................ 7

2.4 Corte em laje confeccionada a partir de vigotas treliçadas................... 8

2.5 Armadura de distribuição disposta na capa de co ncreto...................... 13

3.1 Laje e grelha equivalente...................... ..................................................... 17

3.2 Esquema de painel usado para base dos modelos n uméricos............. 17

3.3 Discretização do painel de lajes em grelha equi valente........................ 18

3.4 Seções adotadas para as barras componentes da g relha equivalente 19

3.5 Fissuração em vigas e limitações de Estádios... .................................... 21

4.1 Gráfico comparativo entre momentos fletores apr esentados nos

modelos L0N, L1N e L2N............................. .....................................................

24

4.2 Gráfico comparativo entre momentos fletores apr esentados nos

modelos L0A, L1A e L2A............................. .....................................................

25

4.3 Gráfico comparativo entre momentos fletores apr esentados nos

modelos L0A-EII, L1A-EII e L2A-EII................. ................................................

26

4.4 Gráfico comparativo entre deslocamentos apresen tados nos

modelos L0N, L1N e L2N............................. .....................................................

27

4.5 Gráfico comparativo entre deslocamentos apresen tados nos

modelos L0A, L1A e L2A............................. .....................................................

28

4.6 - Gráfico comparativo entre deslocamentos apres entados nos

modelos L0A-EII, L1A-EII e L2A-EII................. ................................................

28

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LISTA DE TABELAS

2.1 - Bitola mínima para o fio do banzo superior, c onforme a altura da

treliça............................................ ......................................................................

7

2.2 - Classificação geral das vigotas treliçadas... .......................................... 9

2.3 - Classificação geral das vigotas treliçadas... .......................................... 11

2.4 - Área mínima e quantidade de armadura de distr ibuição...................... 13

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

Letras romanas:

E : módulo de elasticidade

fck: resistência característica do concreto à compressão

fctm: resistência média do concreto à tração

Io: Momento de inércia da seção bruta de concreto

Ie: Momento de inércia equivalente

III: momento de inércia da seção fissurada de concreto

Mr: Momento de fissuração

Mmax: momento máximo atuante na barra

Letras gregas:

σ: tensão normal

α: coeficiente gerado pela relação dos módulos de elasticidade do aço e do concreto

Abreviaturas:

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR: Norma Brasileira

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RESUMO

O presente trabalho aborda a utilização das lajes nervuradas compostas

por vigotas pré-moldadas treliçadas no Brasil, algumas considerações

normatizadas para seu dimensionamento e análise da eficácia na

utilização das nervuras transversais de distribuição para painéis de lajes

unidirecionais. Nota-se a crescente expansão da utilização de lajes

compostas por vigotas pré-moldadas treliçadas no mercado atual da

construção civil nos últimos anos. Porém, verifica-se a necessidade de

uma revisão normativa quanto às prescrições para o dimensionamento e

execução de nervuras transversais para distribuição das cargas

aplicadas em painéis de lajes pré-moldadas. Nas conclusões obtidas

pelas análises dos modelos numéricos realizadas pode-se destacar: a) a

aplicação da analogia de grelha na discretização das lajes nervuradas

mostrou-se bastante adequada para as análises processadas; b)

eficiência das nervuras transversais no tocante à distribuição de cargas

aplicadas e redução de deslocamentos verticais nos painéis lajes

nervuradas.

PALAVRAS-CHAVE: laje pré-moldada; laje pré-moldada treliçada, concreto armado;

analogia de grelha, comportamento não-linear.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais

Dentre a diversidade de peças estruturais utilizadas, as placas são classificadas

como estruturas laminares de superfície média plana, solicitadas principalmente por

forças perpendiculares ao seu plano médio. Denominamos como lajes tais peças

nas estruturas de concreto.

Segundo Fusco (1995), para o estudo das placas em estruturas de concreto, adota-

se um sistema de referência Oxyz, com o plano Oxy coincidente com o plano médio da

peça. A espessura h da placa é medida perpendicularmente ao plano médio,

conforme notamos na figura 1.1.

A placa tende a se deformar quando solicitada por um carregamento qualquer,

proporcionando o deslocamento de seus pontos (fig. 1.2).

Em postulações e normatizações para dimensionamento dos elementos de placa,

observamos que a resistência a vãos livres e carregamentos perpendiculares

aplicados nas mesmas pode ser majorada quando a espessura da peça solicitada é

aumentada.

Podemos observar a aplicação dessas peças estruturais em edifícios, passarelas e

obras de arte, como pontes.

Figura 1.1 – Lajes de Concreto

FONTE – Fusco (1995, p. 237)

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Figura 1.2 – Deslocamentos

FONTE – Fusco (1995, p. 238)

A necessidade crescente da obtenção de grandes vãos em edificações é um fator de

propulsão ao desenvolvimento de novas tecnologias e sistemáticas na construção

civil. Inerente a essa necessidade encontra-se o aumento das dimensões dos

elementos estruturais, principalmente das lajes.

Em vista do acréscimo de espessura desses elementos decorrentes da adequação

dos mesmos aos vãos a que possam estar submetidos, as lajes maciças podem se

tornar extremamente antieconômicas.

Juntamente à busca pela otimização dos processos construtivos, no tocante à

economia em materiais, insumos e mão-de-obra, foi concebido o sistema estrutural

de lajes nervuradas.

Visando a redução do peso próprio destes elementos e a economia do consumo de

concreto na zona de tração das lajes, esse sistema construtivo obteve êxito no

intuito pretendido, apesar da desvantagem observada na utilização em grande

escala de fôrmas e escoramentos para montagem das lajes, o que onera ainda mais

a mão-de-obra para a execução de tais elementos.

Buscando a redução da utilização de fôrmas e escoramentos na confecção de lajes,

foi desenvolvido o sistema de lajes nervuradas a partir de vigotas pré-moldadas.

Segundo a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, na NBR

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6118:2003, item 14.7.7, as “lajes nervuradas são lajes moldadas no local ou com

nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as

quais poder ser colocado material inerte”.

1.2 Objetivo

O trabalho desenvolvido visou verificar a necessidade do dimensionamento dos

elementos de distribuição em lajes unidirecionais constituídas por vigotas pré-

moldadas.

Pretende-se avaliar a eficiência comparada entre nervuras transversais de

distribuição no sentido transversal ao de atuação da laje e armaduras de distribuição

dispostas na área de mesa da laje, sob ação de carregamentos distribuídos e

concentrados em um modelo numérico de laje, analisando suas solicitações,

variação de flecha e esforços sob várias configurações dos elementos de

distribuição de esforços.

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2 LAJES FORMADAS POR VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

2.1 Considerações iniciais

Segundo Borges (1997), as lajes pré-moldadas foram implantadas no Brasil na

primeira metade do século passado, com as indústrias de pré-moldados do Rio de

Janeiro.

Esse sistema de execução de lajes nervuradas apresentou uma grande difusão

dentro da construção civil brasileira a partir da década de 70, tanto pela sua

praticidade de montagem e execução quanto pela relação custo/benefício. Esta

última, de maior relevância em construções de pequeno e médio porte, o que levou

à sua implementação em edifícios compostos por vários andares, chegando-se,

muitas vezes, a substituir totalmente a execução de lajes maciças.

Nesse sistema de lajes, as vigotas são dispostas espaçadamente em função dos

elementos de enchimento, podendo estes ser encontrados como blocos vazados de

cerâmica ou concreto, além do bloco de Poliestireno Expandido, comumente

conhecido pela sigla EPS, conforme ilustra a Fig. 2.1.

As lajes nervuradas compostas por vigotas pré-moldadas, serão chamadas

doravante de lajes pré-moldadas, segundo denominação adotada para esse sistema

estrutural pela NBR 14859-1:2002.

Figura 2.1 – Laje formada por vigotas pré-moldadas

FONTE – El Debs (1995, p. 378)

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O recente aumento na demanda de lajes pré-moldadas na construção civil nacional

acarretou a melhoria e o desenvolvimento de insumos voltados para este sistema de

lajes, além da expansão das fábricas de vigotas pré-moldadas pelo país.

Outro fator proveniente da difusão do sistema de lajes nervuradas é a adequação

deste em softwares de cálculo estrutural comercializados no país, como verificado

no software TQS®, além de outros desenvolvidos pelas próprias empresas

fornecedoras de lajes, como o MetalWin ® da METAL-LAJE .

2.2 Características das vigotas pré-moldadas

As vigotas pré-moldadas podem ser fabricadas em acordo com os vãos a que serão

submetidas em obra. Apresentam comprimentos padronizados de 8, 10 e 12 metros.

Como característica inerente à sua função estrutural, as lajes constituídas por

vigotas pré-moldadas devem suportar, além de seu peso próprio, dos elementos de

enchimento e do concreto de capeamento, os demais carregamentos a que forem

submetidas dentro dos seus vãos limites e condições de atuação.

O mercado nacional oferece três opções de vigotas pré-moldadas para

comercialização, conforme ilustra a Fig. 2.2:

o Vigotas em concreto armado comum não protendido, com seção transversal em

forma aproximada de um T invertido, com armadura passiva totalmente

envolvida pelo concreto. Normalmente capazes de vencer vãos de até 5 metros.

o Vigotas de concreto protendido, também apresentado seção transversal na

forma aproximada de um T invertido, com armadura de protensão pré-

tracionada e totalmente envolvida pelo concreto. Normalmente capazes de

vencer vãos entre 10 e 12 metros.

o Vigotas treliçadas, formadas por uma armadura treliçada de aço e por uma

placa de concreto envolvendo as barras inferiores da treliça que irão compor a

armadura da face tracionada da laje. Também são capazes de vencer vãos

entre 10 e 12 metros.

Em vista do foco, o presente trabalho será as lajes compostas por vigotas pré-

moldadas treliçadas. Os tópicos a seguir explanarão acerca destes elementos

estruturais.

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Figura 2.2 – Vigotas pré-moldadas disponíveis no me rcado brasileiro

FONTE - Droppa Jr. (1999, p. 11)

2.3 Lajes formadas por vigotas pré-moldadas treliça das

Segundo Muniz (1991) apud Droppa Jr. (1999), “o sistema de lajes treliçadas surgiu

e teve larga utilização a partir da Segunda Guerra Mundial”. Sua elaboração veio da

necessidade de superar certas deficiências que as lajes pré-moldadas convencionais

apresentavam, e teve sua maior contribuição no saneamento do problema de

reconstrução dos países destruídos pela guerra e a intensa crise habitacional que se

seguiu.

Nesse sistema de lajes, a vigota é formada por uma armadura de barras

longitudinais, isto é, banzos inferiores e superior, interligadas por uma barra diagonal

sinusoidal. A base dessa vigota, com espessuras de 2,0 a 3,0 cm, é composta por

microconcreto – concreto cujo agregado graúdo é a brita zero e rico em pasta de

cimento, favorecendo o adensamento do concreto sem a necessidade de vibração.

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As bases das vigotas treliçadas também são providas por armaduras adicionais,

quando necessárias sob verificação de cálculo estrutural (Fig. 2.3).

Figura 2.3 – Vigota com armação em forma de treliça

FONTE - Magalhães (2001, p. 10)

A fim de assegurar-se uma rigidez mínima à treliça, NBR 14862:2002 prescreve uma

espessura mínima para a barra do banzo superior desse tipo de vigota em função de

sua altura total, conforme apresentado na Tab. 2.1:

Tabela 2.1 - Bitola mínima para o fio do banzo supe rior, conforme a altura da treliça

Altura total

(HT)

Diâmetro da barra superior

(ØSup)

8 a 11cm 6 mm

12 a 20 cm 7 mm

21 a 30 cm 8 mm

FONTE - Flório (2004, p. 20)

Os parâmetros que definem as lajes compostas por vigotas treliçadas, ilustrados na

Fig. 2.4, são citados a seguir:

o Altura total da laje (h):

o Espessura da capa de concreto (hc);

o Intereixo das nervuras (i);

3cm

3cm

Banzos inferiores Base de concreto

Banzo superior

Armadura sinusoidal

Armadura adicional

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o Espessura das nervuras (bw);

o Tipo de material de enchimento;

o Altura da vigota (he).

Figura 2.4 Corte em laje confeccionada a partir de vigotas treliçadas

FONTE –Flório (2004, p. 19)

As lajes formadas por vigotas pré-moldadas treliçadas apresentam uma

configuração final monolítica, reduzindo a probabilidade de fissuração na placa. Tal

fato deve-se à consolidação entre as diagonais da treliça e o concreto de

capeamento aplicado na fundição das lajes.

Além desta característica, segundo Droppa Jr. (1999), outras vantagens desse

sistema de lajes pré-moldadas em comparação com os outros disponíveis merecem

destaque, como por exemplo:

o Manuseio e transporte facilitado devido ao seu baixo peso próprio, em torno de

0,1kN/m;

o Redução dos escoramentos e fôrmas e, conseqüentemente, de mão-de-obra e

materiais;

o Facilidade na confecção de nervuras transversais de distribuição no sentido

perpendicular ao das vigotas;

o Maior resistência ao cisalhamento devido às diagonais sinusoidais que atuam

como estribos;

o Possibilidade de outros arranjos estruturais quando da montagem das lajes,

podendo-se, por exemplo, obter painéis maciços ao dispor as vigotas lado a

lado.

Nesse sistema de lajes pré-moldadas, as vigotas obtêm classificação de acordo com

suas alturas e vãos padronizados. Essa classificação geralmente é padronizada em

códigos que correspondem, respectivamente, à armação da treliça (TR), bitola da

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armadura do banzo superior (BS), das diagonais (D) e do banzo inferior (BI),

conforme a tabela 2.2:

Tabela 2.2 - Classificação geral das vigotas treliç adas.

Designação Peso

(Kg/m)

Altura

(cm)

Banzo

superior

(mm)

Diagonal

(mm)

Banzo

inferior

(mm)

TR 08644 0,735 8 6 4,2 4,2

TR 08645 0,821 8 6 4,2 5

TR 12645 0,886 12 6 4,2 5

TR 12646 1,016 12 6 4,2 6

TR 16645 1,032 16 6 4,2 5

TR 16646 1,084 16 6 4,2 6

TR 16746 1.168 16 7 4,2 6

TR 20745 1,111 20 7 4,2 5

TR 20756 1,446 20 7 5 6

TR 25756 1,602 25 7 5 6

TR 25857 1,855 25 8 5 7

Fonte disponível em: <http://www.gerdau.com.br/port/produtoseservicos/catalogo.asp#>. Acesso em: 26 out. 2005, 23:16.

Ou seja, em uma vigota TR 12646 por exemplo, os dígitos 12 representam sua

altura, o dígito 6 representa a bitola do banzo superior, o dígito 4 a bitola da diagonal

e, por fim, o dígito 6 representa a bitola do banzo inferior.

2.4 Montagem e concretagem das lajes

No processo de montagem das lajes pré-fabricadas, a estrutura está submetida aos

esforços originados do peso próprio das vigotas pré-moldadas, dos elementos de

enchimento, dos operários e dos equipamentos durante a concretagem e o peso do

concreto que irá formar a capa e o restante da nervura, que por ainda não ter sido

espalhado, concentra carregamento em algumas regiões. (FLÓRIO, 2004)

Por não contar com a resistência conferida pela capa, há a necessidade em geral de

existir escoramento (cimbramento), permitindo que a laje suporte as cargas. (idem)

Cabe ao cimbramento conferir a contra-flecha necessária à laje executada.

Descrevendo sucintamente o processo de montagem e concretagem das lajes em

questão, pode-se elencar as etapas de execução conforme Quadro 2.1:

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Quadro 2.1 – Etapas do processo de montagem e concr etagem das lajes pré-moldadas.

o Nivelamento do piso de base para os componentes do escoramento;

o Transporte e disposição das nervuras no local. São espaçadas com a colocação

de dois elementos de enchimento em cada extremidade;

o Disposição dos elementos de enchimento;

o Locação e instalação das tubulações elétrica e hidráulica, quando necessárias;

o Colocação das armaduras de distribuição e negativas, respeitando prescrições

de projeto. As armaduras de distribuição terão maior esclarecimento no tópico

2.5.1, item a;

o Limpeza da superfície intermediária entre as nervuras e o concreto de

capeamento a ser lançado no local;

o Concretagem da capa de concreto, levando em consideração cuidados com

tratamento da interface, adensamento e cura;

o Retirada do escoramento. Deve ser efetuada após tempo necessário para o

concreto obter resistência suficiente.

2.5 Análise estrutural e dimensionamento

As lajes nervuradas pré-moldadas podem atuar uni ou bidirecionalmente, tendo em

vista as dimensões em que serão executadas.

Atuando unidirecionalmente, as vigotas são dimensionadas como vigas

simplesmente apoiadas em uma faixa de 1 metro, adotando a mesma consideração

da norma para o cálculo de lajes maciças.

Quando verificadas bidirecionalmente, o processo mais bem empregado para o

cálculo e dimensionamento da estrutura é a analogia de grelhas, visto que a laje

atuando nessa situação terá sua estrutura formada por nervuras longitudinais

(vigotas pré-moldadas) e nervuras transversais igualmente espaçadas em função da

dimensão do elemento de enchimento.

Segundo a NBR 14859-2:2002, as lajes nervuradas bidirecionais podem ser

calculadas, para efeito de esforços solicitantes, como lajes maciças.

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O presente trabalho estará limitado à verificação de lajes atuando

unidirecionalmente.

As considerações NBR 6118:2003 para o dimensionamento da estrutura ao Estado

Limite Último do ponto de vista da majoração das ações na estrutura resultam em

um coeficiente de valor 1,4, enquanto que para minoração da resistência do

concreto e do aço adotam-se coeficientes 1,4 e 1,15, respectivamente.

A NBR 6118:2003 prescreve algumas condições para o dimensionamento de lajes

nervuradas, as quais serão explanadas a seguir.

A capa de concreto deve ter espessura maior ou igual a 1/15 da distância entre

nervuras e não menor que 3,0 cm, quando não houver tubulações horizontais.

Existindo tubulações embutidas de diâmetro máximo 12,5mm, o valor mínimo

absoluto dever ser 4,0 cm.

A NBR 14859-1:2002 recomenda, segundo a Tab. 2.3, as espessuras mínimas da

capa resistente de concreto.

Tabela 2.3 - Classificação geral das vigotas treliç adas.

Altura total da laje 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 16,0 17,0 20,0 21,0 24,0 25,0 29,0 30,0 34,0

Espessura

mínima da capa

resistente

3,0 3,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 5,0 5,0 5,0 5,0

FONTE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2002, p. 9)

A espessura das nervuras não deve ser inferior a 5,0 cm e nervuras com espessura

maior que 8,0 cm não devem conter armadura de compressão.

Para os projetos de lajes nervuradas devem ser obedecidas as seguintes condições:

a) Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 60,0 cm,

pode ser dispensada a verificação de flexão da mesa, e para verificação do

cisalhamento da região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios de

laje;

b) Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 60,0 e 110,0 cm,

exige-se a verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser verificadas

ao cisalhamento como vigas, permitindo essa verificação como lajes se o

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12

espaçamento for menor que 90,0 cm e a espessura média das nervuras for

maior que 12,0 cm;

c) Para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maiores que

110,0 cm, a mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de

vigas, respeitando seus limites mínimos de espessura.

É sabido que o item 6.1.1.3-c) da NB-1:1978 recomendava o uso de nervuras

transversais colocadas com a finalidade de distribuir cargas concentradas a partir de

vãos teóricos superiores a 4 m, exigindo-se duas nervuras, no mínimo, se esse vão

ultrapassar 6 m. Na revisão de 1980 essa prescrição foi mantida para a NBR 6118.

Os textos das NBR 6118:2003 e NBR 14859-1:2002 não apresentam em seu

conteúdo a recomendação ao uso das nervuras transversais, apenas denomina tais

elementos e prescreve como facultativa a sua aplicação.

2.5.1 Informações complementares para o dimensionam ento de lajes pré-

moldadas

O presente tópico relata, segundo DROPPA JR. (1999) e a NBR 14859-1:2002,

informações complementares ao tocante do processo de dimensionamento das lajes

pré-moldadas, elencadas na seqüência do texto.

As armaduras complementares são armaduras dimensionadas segundo sua função

e adicionadas na montagem da laje. Podem ser:

a) Longitudinais: Admissíveis apenas em lajes treliçadas, uma vez que não seja

possível integrar toda a armadura inferior de tração da vigota. Segundo a NBR

14859-1, item 5.5, 50% da seção dessa armadura deve ser mantida até os

apoios;

b) Transversal: Armadura que compõem as nervuras transversais de distribuição,

quando dimensionadas em projeto;

c) De distribuição: Armadura disposta na capa de concreto longitudinal e

transversalmente às nervuras principais (Fig. 2.5). Tem a função de distribuir

uniformemente as cargas concentradas e atuar no combate ao cisalhamento

entre alma das vigotas e capa de concreto, reduzindo os efeitos de retração

diferencial entre concreto moldado no local e o pré-moldado e a ocorrência de

fissuras.

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13

O item 5.6 da NBR-14859-1 recomenda áreas mínimas e quantidade de

armadura para os aços CA 25, CA 50, 60 e tela soldada, conforme a Tab. 2.4.

d) Superior de tração: Armadura distribuída sobre os apoios nas extremidades das

vigotas, alinhadas às vigotas e dispostas na capa de concreto. Atua no intuito

de propiciar a continuidade das nervuras longitudinais com o restante da

estrutura, além de combater a fissuração e os momentos fletores negativos.

Para o dimensionamento dessa armadura, em casos onde se tenham lajes

unidirecionais contínuas pode ser utilizado o modelo de viga contínua desde

que se faça o dimensionamento da nervura ao momento fletor negativo. Para as

lajes bidirecionais, procedemos do mesmo modo que para as lajes

unidirecionais, considerando-se a continuidade entre as lajes, sendo

recomendado que os esforços sejam determinados mediante métodos

numéricos confiáveis, como o já citado modelo de grelhas.

e) Outras: São armaduras peculiares a cada caso, dimensionadas para a

necessidade do projeto em questão.

Tabela 2.4 – Área mínima e quantidade de armadura d e distribuição.

Número de barras Aço Área mínima

Ø 5,0 mm Ø 6,3 mm

CA 25 0,9 cm²/m 5 3

CA 50, CA 60 e tela

soldada 0,6 cm²/m 3 3

FONTE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2002, p. 9)

Figura 2.5 - Armadura de distribuição disposta na c apa de concreto

FONTE: Banco de dados do Software MetalWin®

Armadura de Distribuição

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14

Outro ponto a ser discutido é a fase de transição. Nesta fase deve-se atentar à

necessidade de cimbramento com espaçamento necessário às solicitações dos

carregamentos provenientes da laje durante o processo de montagem e

concretagem.

Apesar da necessidade da execução do cimbramento, dentre as situações na fase

transitória, essa etapa é a mais desfavorável, pois devido à implantação de apoio

intermediário, observam-se momentos fletores bem distintos dos correspondentes à

situação definitiva, observados na Fig. 2.4. Essa condição acentua-se em lajes

formadas por vigotas pré-moldadas treliçadas, pois parte de sua armadura não está

interagindo com concreto anteriormente à sua concretagem.

Analisando esta situação transitória, El Debs postula que:

para os momentos fletores positivos, a armadura superior é solicitada à compressão e

sua resistência é governada pela flambagem. A força cortante solicita as diagonais à

tração e à compressão, que também ficariam sujeitas a flambagem. No entanto, em

função da relação de bitolas das diagonais e do banzo normalmente empregada nas

armações treliçadas, a resistência das diagonais não é, em geral, crítica, para treliças

não muito altas. A força cortante é também responsável pelo cisalhamento entre os

banzos e as diagonais, o que torna necessário verificar a resistência da solda entre

essas partes, mas que, em geral, também não é crítica, para treliças não muito altas.

(El Debs, 2000, p. 381 e 382)

2.6 Deformações limites

Podemos descrever as deformações limites como valores mínimos considerados

quando do dimensionamento de uma estrutura com o objetivo de proporcionar um

desempenho aceitável aos elementos estruturais, além de proporcionar condições

de execução adequadas.

Um item compositor desse desempenho aceitável é a chamada aceitabilidade

sensorial. Trata-se do conforto oferecido por uma estrutura no tocante a

deformações detectáveis a olho nu e à limitação de vibração apresentada pela

referida estrutura.

Tais considerações podem ser observadas no texto da NBR 6118:2003, que fornece

alguns valores limites de deslocamentos e os classifica em quatros grupos, segundo

vemos no quadro 2.2.

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15

Quadro 2.2 – Valores limites de deslocamentos

o Aceitabilidade sensorial: os limites apresentados representam deslocamentos

máximos que não causem sensações desagradáveis aos usuários da estrutura.

As razões das limitações podem ser visuais, com deslocamento limite igual a

l/250 ou de outros tipos, como vibrações devidas a cargas acidentais, com

deslocamento igual a l/350;

o Estruturas em serviço: estes limites representam os deslocamentos que podem

prejudicar a utilização adequada da estrutura. Neste caso, limitam-se os casos de

superfícies que devem drenar água em l/250, pavimentos que devem

permanecer planos em l/600 e elementos que suportam equipamentos sensíveis,

de acordo com recomendação do fabricante;

o Efeitos em elementos não-estruturais: os limites representam os deslocamentos

que não prejudiquem o funcionamento dos elementos não estruturais. Assim, as

razões de limitações podem ser paredes, com limitação de l/500 no caso de

alvenarias, caixilhos e revestimentos, l/250 no caso de divisórias leves, H/500,

para movimento lateral de edifícios e l/300 para movimentos térmicos verticais,

como forros, limitação de l/360. No caso de revestimentos colados e l/180 no

caso de revestimentos colados ou com juntas;

o Efeitos em elementos estruturais: neste caso são apresentados os limites que

podem prejudicar o comportamento do elemento estrutural, provocando

afastamento em relação às hipóteses de cálculo adotadas.

FONTE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2002, p. 64)

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16

3 MÉTODOS DE CÁLCULO E SIMULAÇÕES NUMÉRICAS EM

MODELOS DE PAINÉIS ISOLADOS

3.1 Considerações iniciais

Este capítulo apresenta os métodos de cálculo e procedimentos adotados para as

simulações numéricas realizadas a partir da discretização dos modelos de painéis de

lajes unidirecionais em grelhas equivalentes.

Os modelos utilizados no processamento das análises foram confeccionados no

intuito de verificar a necessidade da consideração de nervuras transversais de

distribuição em painéis de lajes nervuradas compostas por vigotas pré-moldadas,

segundo prescrito pela NB-1:1978, uma vez que a versão atual da norma para

projetos de estruturas de concreto, a NBR 6118:2003, não contém em seu texto

recomendações quanto ao uso das referidas nervuras.

3.2 Fundamentos da analogia de grelha

A utilização do processo de analogia de grelhas para análise de lajes nervuradas é

uma técnica com eficácia comprovada na verificação do comportamento de tais

elementos sob diversas situações de carregamento, conforme pode ser observado

nos trabalhos científicos de El Debs et al (2001), Droppa Jr. (1999) e Medrano et al

(2005), sendo este último um artigo que analisa a influência das nervuras

transversais em lajes formadas por vigotas pré-moldadas.

O processo resume-se na discretização de um painel de laje em uma grelha

equivalente. Trata-se de um conjunto de barras longitudinais, correspondentes às

nervuras formadas pelas vigotas treliçadas e o concreto complementar aplicado

entre elementos de preenchimento e barras transversais correspondentes à capa de

concreto complementar e/ou nervuras transversais, variando conforme a situação

unidirecional ou bidirecional em que a laje esteja inserida. Essa discretização das

lajes em grelhas equivalentes pode ser observada na Fig. 3.1.

Outra vantagem decorrente do uso dessa analogia é a montagem de um modelo

mais adequado para a aplicação dos carregamentos no painel de laje.

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17

Figura 3.1 – Laje e grelha equivalente

FONTE: Medrano et al (2005, p. 4) apud Hambly (1999)

3.3 Discretização da laje pré-moldada

Para as análises e verificações formulou-se um painel de laje nervurada composto

por vigotas pré-moldadas (Fig. 3.2), analisado sob as seguintes condições:

a) Painel de laje composto por vigotas pré-moldadas e elementos de enchimento, e

capa de concreto atuando como elemento de distribuição dos esforços aplicados;

b) Painel de laje composto por vigotas pré-moldadas, elementos de enchimento e

capa de concreto, provido por uma e por duas nervuras transversais de

distribuição.

Figura 3.2 – Esquema do painel usado para base dos modelos numéricos

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18

Seguindo os procedimentos de analogia de grelhas apresentados por Droppa Jr.

(1999), os modelos de laje elaborados foram discretizados conforme ilustra a Fig.

3.3.

Os modelos analisados representam painéis quadrados unidirecionais, dotados de

vão livre teórico igual 6,10, nos sentidos longitudinal e transversal. A altura dos

modelos foi estabelecida em 20 cm, em função da sobrecarga de utilização aplicada

nos mesmos.

Figura 3.3 – Discretização do painel de lajes em gr elha equivalente

Os intereixos entre as nervuras longitudinais e transversais foram tabulados em 50

cm, com exceção do trecho inicial e final de cada barra, respectivos aos trechos de

apoio, com 55cm de comprimento, de modo a proporcionar um melhor arranjo do

modelo numérico. A geometria adotada para os elementos constituintes dos modelos

analisados pode ser observada na Fig. 3.4.

Nas barras longitudinais da grelha equivalente, a seção “T” adotada compreende a

capa e a nervura formada pelo concreto de capeamento.

Visto que as barras transversais relativas às nervuras de distribuição apresentam as

mesmas características geométricas das barras longitudinais, seção “T” foi adotada

para tais barras.

A seção retangular atribuída à capa de concreto não apresenta peso próprio, uma

vez que o peso da capa já está considerado na seção “T” das barras longitudinais.

Barras transversais

Barras longitudinais

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19

Para as extremidades das barras constituintes das grelhas foram considerados

apoios simples de modo a restringir o deslocamento vertical dos respectivos pontos

no eixo Z. Por motivo de simplificação, não foi considerada viga de borda nos

modelos analisados, uma vez que sua atuação na estrutura alteraria

significativamente os valores encontrados devido ao semi-engastamento promovido

pela concretagem, geralmente simultânea, das referidas vigas e dos painéis de laje.

a) Seção “T” adotada para as barras correspondentes às vigotas longitudinais e

nervuras transversais

b) Seção retangular adotada para as barras correspondentes à capa de concreto

Figura 3.4 – Seções adotadas para as barras compone ntes da grelha

equivalente

Os modelos elaborados foram analisados sob as seguintes condições de

carregamento:

a) Carregamento distribuído pelas barras longitudinais, oriundos do peso próprio

dos elementos, revestimento e sobrecarga de utilização, considerada em

0,2tf/m²;

b) Carregamento distribuído idêntico ao exposto no item 3.3–a), adicionado de

uma parede de alvenaria aplicada sobre a barra longitudinal central dos

modelos de grelha, de comprimento l igual a 6,10m;

A aplicação da alvenaria nos modelos ensaiados visa verificar a eficiência das

nervuras transversais como elementos distribuidores de cargas concentradas.

Os modelos também foram analisados em função da não-linearidade apresentada

pelos elementos em serviço. Buscando uma simulação mais próxima dos

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20

deslocamentos e esforços solicitantes apresentadas pelas lajes, os modelos também

foram analisados no Estádio II. Esta convenção é explanada a seguir, com base nos

conceitos de Leonhardt et al (1977).

Em vigas submetidas à flexão ocorre a variação do valor do momento fletor entre

seções adjacentes ao longo do vão, originando também uma variação na altura da

linha neutra. Essa variação acarreta o aparecimento de fissuras em uma região

central das vigas, que variam sua profundidade em função do deslocamento

observado.

Para fins de dimensionamento, essa região é delimitada pelo momento de fissuração

ocorrente na viga, expresso pela Eq. 3.1

t

or

yIfctm

M××= α

onde: α = 1.2 (coeficiente adotado para seções T

fctm= 0,3× fck2/3 (resistência média do concreto à tração)

Io = Momento de inércia da seção bruta de concreto

yt = Distância do centro de gravidade à fibra mais tracionada da seção

No ponto de ocorrência do momento de fissuração ocorre a mudança das condições

de resistência à flexão da peça analisada

Na região limitada pelo Mr, verificamos a estrutura em uma condição denominada

Estádio II, onde a zona de tração do concreto abaixo da linha neutra da peça

encontra-se fissurada. Aquém dessa região, no trecho entre o apoio e o limite

imposto pelo Mr a peça encontra-se na condição chamada Estádio I, onde não há

ocorrência de fissuras (Fig. 3.5).

Para os modelos analisados no Estádio I foi considerada uma homogeneização dos

valores de momento de inércia à flexão das seções através do coeficiente

encontrado pela relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto (α).

EcEs=α

Considerando aço CA-50 para os modelos analisados, tomamos o valor da

elasticidade do aço igual a 2100000 kgf/cm², enquanto que o módulo de elasticidade

Eq. 3.1

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21

do concreto foi obtido em função do fck do material, adotado em 18Mpa,

respectivamente 180 kgf/cm²:

35fck21000*0,9Ec +×=

3518021000*0,9Ec +×=

4,277129Ec =∴ kgf/cm²

Figura 3.5 – Fissuração em vigas e limitações de Es tádios

FONTE – ADAPTADO: LEONHARDT et al (1977, p. 64) apud Hambly (1999)

A partir das definições dos parâmetros apresentados iniciou-se a montagem dos

modelos numéricos no software SAP2000®, versão 8 nonlinear.

Procedeu-se a montagem do modelo de grelha equivalente ao painel de laje para

analise no software, em conformidade com as tabulações de espaçamento ilustrado

acima pela Fig. 3.3.

O software utilizado para o processamento das análises calcula as propriedades das

barras componentes da grelha equivalente em função da seção das barras e seu

material de composição.

Alguns parâmetros de materiais tiveram de ser ajustados em vista da aproximação

de valores default do programa.

A NBR 6118:2003 prescreve a utilização da seção homogeneizada e fissurada nas

verificações dos Estados Limites de Serviço de Deformações Excessivas (ELS-DEF)

e de Abertura de Fissuras (ELS-W).

Eq. 3.2

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22

Visto que os valores de momentos de inércia das seções são calculados

automaticamente pelo software, foi necessário proceder com a adequação destes

valores para o momento de inércia da seção homogeneizada seções das barras

verificados no Estádio I.

Nas análises processadas em Estádio II, para os trechos das barras situados na

região de fissuração, foram seguidas as formulações de Branson para o cálculo de

um momento de inércia equivalente a ser aplicado nas seções fissuradas.

Segundo Branson, pode-se determinar um momento de inércia equivalente às

seções que se encontram em Estádio II pela seguinte expressão:

OII

3

max

rO

3

max

re II

MM

1IMM

I ≤×

−+×

=

onde: Ie = Momento de inércia equivalente

Mr = Momento de fissuração (vide equação 3.1)

Mmax = Momento máximo atuante na barra

Io = Momento de inércia da seção bruta de concreto

III = Momento de inércia da seção fissurada de concreto

Para as análises foram confeccionados os seguintes modelos numéricos sob

diversas situações estruturais e de carregamento, apresentados a seguir:

a) Modelo L0N – Modelo de laje nervurada desprovido de nervuras transversais

de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura, revestimento

e sobrecarga. Análise processada em Estádio I;

b) Modelo L1N – Modelo de laje nervurada provido por uma nervura transversal

de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura, revestimento

e sobrecarga. Análise processada em Estádio I;

c) Modelo L2N – Modelo de laje nervurada provido por duas nervuras

transversais de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura,

revestimento e sobrecarga. Análise processada em Estádio I;

d) Modelo L0A – Modelo de laje nervurada desprovido de nervuras transversais

de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura,

Eq. 3.3

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23

revestimento, sobrecarga e carregamento adicional de parede de alvenaria.

Análise processada em Estádio I;

e) Modelo L1A – Modelo de laje nervurada provido por uma nervura transversal

de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura,

revestimento, sobrecarga e carregamento adicional de parede de alvenaria.

Análise processada em Estádio I;

f) Modelo L2A – Modelo de laje nervurada provido por duas nervuras

transversais de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura,

revestimento, sobrecarga e carregamento adicional de parede de alvenaria.

Análise processada em Estádio I;

g) Modelo L0A-EII – Modelo de laje nervurada provido por duas nervuras

transversais de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura,

revestimento, sobrecarga e carregamento adicional de parede de alvenaria.

Análise processada em Estádio II;

h) Modelo L1A-EII – Modelo de laje nervurada provido por uma nervura

transversal de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura,

revestimento, sobrecarga e carregamento adicional de parede de alvenaria.

Análise processada em Estádio II;

i) Modelo L2A-EII – Modelo de laje nervurada provido por duas nervuras

transversais de distribuição, sob carregamentos de peso próprio da estrutura,

revestimento, sobrecarga e carregamento adicional de parede de alvenaria.

Análise processada em Estádio II.

Os resultados obtidos pelas análises dos modelos estão expressos no capítulo

seguinte.

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24

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Considerações iniciais

São apresentados, a seguir, os resultados obtidos pelas análises dos modelos

numéricos confeccionados, no tocante a momentos fletores e deslocamentos

verticais verificadas nas barras longitudinais constituintes das grelhas

equivalentes.

Para estabelecimento dos mesmos parâmetros de comparação, os diagramas de

momentos fletores e deslocamentos relacionados a seguir foram obtidos a partir

das barras longitudinais centrais dos modelos analisados.

Por motivos de simplificação do processamento dos modelos numéricos das

grelhas sujeitas à fissuração (Estádio II), não foi considerada a atuação da área

de aço para as seções dos elementos enquadrados nessa situação.

4.2 Análise comparativa entre momentos fletores oco rridos nas

barras longitudinais das grelhas

A partir da resolução dos modelos numéricos confeccionados foram obtidos os

resultados apresentados a seguir.

1,40

1,20

1,00

0,80

0,60

0,40

0,20

0,000 0,

551,

051,

552,

052,

553,

053,

554,

054,

555,

055,

556,

1

Comprimento (m)

Mom

ento

flet

or (

tf.m

)

Sem nervuratransversal

1 nervuratransversal

2 nervurastransversais

Fig. 4.1 – Gráfico comparativo entre momentos fleto res apresentados nos

modelos L0N, L1N e L2N

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25

Pela figura 4.1 notam-se valores aproximados entre os momentos fletores ocorridos

no modelo desprovido de nervuras transversais e do modelo munido por este

elemento de distribuição, ocorrendo um decréscimo da ordem de 0,52%, apesar do

incremento no carregamento permanente proporcionado pela nervura transversal de

distribuição no painel.

Quanto à comparação com o modelo provido por duas nervuras transversais,

verifica-se uma redução dos momentos fletores da ordem de 4,97%.

1,60

1,40

1,20

1,00

0,80

0,60

0,40

0,20

0,000 0,

551,

051,

552,

052,

553,

053,

554,

054,

555,

055,

556,

1

Comprimento (m)

Mom

ento

flet

or (

tf.m

)

Sem nervuratransversal

1 Nervuratransversal

2 nervurastransversais

Fig. 4.2 - Gráfico comparativo entre momentos fleto res apresentados nos

modelos L0A, L1A e L2A

É possível observar na Fig. 4.2 uma considerável redução entre os momentos

fletores apresentados nas barras longitudinais das grelhas.

Em comparação dos modelos compostos apenas pelas vigotas longitudinais e capa

de concreto, os modelos munidos por uma e duas nervuras de distribuição

apresentaram reduções nos momentos máximos verificados na ordem de 16,14% e

9,19%, respectivamente.

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26

1,20

1,00

0,80

0,60

0,40

0,20

0,000 0,

551,

051,

552,

052,

553,

053,

554,

054,

555,

055,

556,

1

Comprimento (m)

Mom

ento

flet

or (

tf.m

)

Sem nervurastransversais

1 Nervuratransversal

2 Nervurastransversais

Fig 4.3 - Gráfico comparativo entre momentos fletor es apresentados nos

modelos L0A-EII, L1A-EII e L2A-EII

Quanto às análises realizadas no Estádio II, os resultados obtidos dos modelos com

carregamento adicional também apresentaram uma redução dos valores de

momento fletor com percentuais aproximados aos obtidos nos modelos verificados

em Estádio I sob as mesmas situações de carregamento. Observando a Fig. 4.3,

notamos reduções na ordem de 13,65% para modelos providos por uma nervura

transversal e de 10,29% para os munidos por 2 nervuras transversais.

4.3 Análise comparativa entre deslocamentos vertica is nas barras

longitudinais das grelhas

Os valores apresentados pelos gráficos a seguir foram verificados sob a prescrição

da NBR 6118:2003, no tocante a deformações limites, assunto abordado no item 2.6

do presente trabalho.

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0,030

0,025

0,020

0,015

0,010

0,005

0,000

0 0,55 1,05 1,55 2,05 2,55 3,05 3,55 4,05 4,55 5,05 5,55 6,1

Comprimento (m)

Des

loca

men

to (

m)

Modelo L0N

Modelo L1N

Modelo L2N

Deslocamento limite- aceitabilidadesensorial visualDeslocamento limite- aceitabilidadesensorial a vibraçõesDeslocamento limitepermitido

Fig 4.4 - Gráfico comparativo entre deslocamentos a presentados nos modelos

L0N, L1N e L2N

Na Fig. 4.4 pode-se observar a baixa variação de deslocamentos promovida pelo

acréscimo de nervuras transversais aos painéis de laje. Apesar de reduzida, essa

redução pode ser considerada levando-se em conta o incremento de carga

promovido pela inserção das nervuras transversais à estrutura.

A composição da grelha equivalente provida por uma nervura de distribuição

apresentou uma redução dos deslocamentos verticais na ordem de 0,85%, enquanto

que na adição de duas nervuras transversais a redução obtida foi de 3,42%.

Vale salientar a situação dos deslocamentos verticais perante os parâmetros

normatizados.

Da mesma maneira que apresentado na situação anterior, nota-se uma pequena

variação entre os deslocamentos verticais promovidos na estrutura. O acréscimo de

nervuras transversais ao modelo gerou reduções no deslocamento variando de 8%

para adição de uma nervura transversal a 11,3% para a implantação de duas

nervuras.

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0,030

0,025

0,020

0,015

0,010

0,005

0,0000 0,

551,

051,

552,

052,

553,

053,

554,

054,

555,

055,

556,

1

Comprimento (m)

Des

loca

men

to (

m)

Modelo L0A

Modelo L1A

Modelo L2A

Deslocamento limitepor aceitabilidadesensorial visualDeslocamento limitepor aceitabilidadesensorial a vibraçoõesDeslocamento limitepermitido

Fig. 4.5 Gráfico comparativo entre deslocamentos ap resentados nos modelos

L0A, L1A e L2A

0,070

0,060

0,050

0,040

0,030

0,020

0,010

0,0000 0,

551,

051,

552,

052,

553,

053,

554,

054,

555,

055,

556,

1

Comprimento (m)

Des

loca

men

to (

m)

Modelo L0A-EII

Modelo L1A-EII

Modelo L2A-EII

Deslocamento limitepor aceitabilidadesensorial visualDeslocamento limitepor aceitabilidadesonsorial a vibraçãoDeslocamento limitepermitido

Fig 4.6 - Gráfico comparativo entre deslocamentos a presentados nos modelos

L0A-EII, L1A-EII e L2A-EII

A redução observada para os modelos inseridos nas condições apresentadas é

observada em 6,9% quando da atuação de uma nervura transversal perante lajes

desprovidas deste elemento, e em 10,58% com a atuação de duas nervuras

transversais na estrutura.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

A partir dos resultados obtidos é possível verificar a importância da colocação de

nervuras transversais, o que permite uma melhor distribuição dos valores dos

momentos fletores nas duas direções além de proporcionar uma redução nos

deslocamentos verticais apresentados pela estrutura.

Com o aumento da quantidade de nervuras transversais nos modelos analisados

notou-se uma tendência ao comportamento de placa pelos mesmos.

Avaliando os resultados obtidos pelas análises dos elementos da estrutura em

Estádio I, podemos concluir que:

a) A redução dos momentos fletores obtidas pelas análises realizadas demonstram

a eficácia das nervuras transversais em lajes pré-moldadas unidirecionais mesmo

em painéis de laje destinados a forro, desprovidos de carregamentos adicionais

aplicados sobre os mesmos. Perante essa verificação isenta de carregamentos

adicionais notou-se uma redução da grandeza dos momentos fletores da ordem

de 0,52% e 4,97%, em função do aumento do número de nervuras;

b) Pelo percentual de redução dos momentos fletores obtido em lajes solicitadas

pelo carregamento adicional de alvenaria em uma nervura central, a distribuição

proporcionada pelas nervuras transversais foi mais acentuada, atingindo valores

entre 16,14% pela adição de uma nervura transversal e 9,19% quando

adicionadas duas nervuras;

c) A redução dos deslocamentos verticais ocorreu em menor escala se comparada

à redução dos momentos fletores proporcionada pelas nervuras transversais,

porém atingiu resultados satisfatórios, resultando em reduções da ordem de

0,85% e 3,42% para lajes isentas de carregamentos adicionais, aumentando em

função do acréscimo de nervuras transversais. Para painéis sobrecarregados

com o adicional da alvenaria foram obtidas reduções entre 8% e para o

acréscimo de uma nervura transversal e 11,3% para implantação de duas

nervuras à estrutura;

Avaliando os resultados obtidos pelas análises dos elementos da estrutura em

Estádio II, podemos constatar o seguinte:

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Considerando-se a homogeneização das seções aplicada para os modelos

estudados, a redução dos momentos fletores observada indica a eficiência das

nervuras transversais de distribuição no painel de laje. O incremento de uma e duas

nervuras proporcionou reduções da ordem de 13,65% 10,29%, respectivamente.

Em vista do apresentado, o objetivo principal do presente trabalho foi alcançado,

uma vez que foi possível verificar a eficácia das nervuras transversais atuando na

distribuição dos esforços aplicados em painéis de lajes constituídos por vigotas pré-

moldadas treliçadas. Além disso, foi possível notar a influência de tais elementos na

contenção dos deslocamentos verticais ocorrentes nos painéis de laje.

Para finalizar, vale reforçar a importância do estudo mais detalhado das lajes no

estado de deformações excessivas, mediante análises teóricas e experimentais no

tocante à distribuição de esforços e cálculo dos deslocamentos, de modo a

proporcionar estados de rigidez adequados para estes elementos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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