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CDU 504 o HOMEM E O MEIO AMBIENTE~ Uma Abordagem Psicológica André Reis Aragão* Sara Giusti Abreu* Rosimar Correia Santana* Arely Ataíde Lima* Heloisa Moreira Lima Leite** Relação homem - meio ambiente. O ho mem é parte da natureza, do ecossis tema, como qualquer outra parte. En tretanto, o indivíduo traz consigo qualidades pessoais tais como vaIo res, atit~des e intenç;es que prod~ zem percepç;es que determinam comõ ele vai se relacionar com o meio am biente. Considerando estes dois as pectos, busca-se a concepção do h~ mem, de forma a explicitar areIa ção homem- meio ambiente. PaLavras-Chave: homem; meio ambien te; natureza; psicologia; desenvolvi mento. Para entender uma relação estã inserido e interv~m e necessário, antes de mais na da, entender as partes que es t~o sendo relacionadas. A Psi cologia nos dá um conceito bi furcado de homemp que ao lllesmo tempo responde ao meio em que le para satisfazer suas neces sidades.O conceito de meio am biente,por outro lado,nos Leme te ao conceito, histórico de natureza, que tanto usa mos e que é t~o impor tante para nós. O conceito d~ * Bolsistas do Programa Especial de Treinamento - PET.do Curso de Psicologia. ** Professora do Departamento de Psicologia da UFMA. 85

André Reis Aragão* - pppg.ufma.br 8(4).pdf · so, a fim de se ter uma expLj, caçao universal e objetiva a respeito do comportamento que ele apresenta. Se uma pessoa agride a natu~eza

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CDU 504

o HOMEM E O MEIO AMBIENTE~ Uma Abordagem Psicológica

André Reis Aragão*Sara Giusti Abreu*Rosimar Correia Santana*Arely Ataíde Lima*Heloisa Moreira Lima Leite**

Relação homem - meio ambiente. O homem é parte da natureza, do ecossistema, como qualquer outra parte. Entretanto, o indivíduo traz consigoqualidades pessoais tais como vaIores, atit~des e intenç;es que prod~zem percepç;es que determinam comõele vai se relacionar com o meio ambiente. Considerando estes dois aspectos, busca-se a concepção do h~mem, de forma a explicitar areIação homem- meio ambiente.

PaLavras-Chave: homem; meio ambiente; natureza; psicologia; desenvolvimento.

Para entender uma relação estã inserido e interv~me necessário, antes de mais nada, entender as partes que est~o sendo relacionadas. A Psicologia nos dá um conceito bifurcado de homemp que ao lllesmotempo responde ao meio em que

le para satisfazer suas necessidades.O conceito de meio ambiente,por outro lado,nos Lemete ao conceito, históricode natureza, que tanto usamos e que é t~o importante para nós. O conceito d~

* Bolsistas do Programa Especial de Treinamento - PET.do Curso de Psicologia.** Professora do Departamento de Psicologia da UFMA.

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Jid·a:de.Mêdiéli:;'à'.idéi~denature:.~à·sequerer.á considerada, 'só(: :y'., .' .' "

~!nlr~indonofinài desse perío.do, qúando aparecem as perspectivas de fundo nas pinturas.No Roman.tismo, aparece comoumare~erênci'aparaa imaginac.áôhomens, entrando comoce.nârí.o de recuperação de. todasas idéias gregas e de toda aVisãomítológica.Coma mudan.ça do .sistema teocêntrico parao heliocéntricO, tudo se • t.r ans:formou,.e o'homem ipas sou.a .deaejar :o dom,tni~'sobr-e a nature:ia, tal era a dimensão posi~i'~a'de~se homem, paira~dó.sobret.udo como ·l3efosse um semideusque 'tinha O' dí.reí, to de tudo ordenar, de .ditar os movimentoseas.regras.

Durante muito tempo. essaidéia de ·dÓminação da natureza riosfoiinculcada -'desdeo 'coletar,o pegar p'lantas encontradas~o matar animais- erecéntemente ela está associada ao'mi.to·.do desenvolvimento,um mito pró fundamente destruidor~ Através do condicionamento, executado·fundamentalmentepelo sistema'escolar, acréditamos que.para progredir é nece.,ê.sário transformar e alterar~

o mito do desenvolvimento

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nos envo]:ve de forma 'incons.--'Cie~.te,~ .·tJ;'abalhamospara elesem'nos-ápercebermos' disso, .'de.vida ~.'influênci~· da. educaçãoe 'dos 'me50s de.comun.í.cacâo ..de .massa. No momento em que ,o roi,to se de!:;mistifica,ele já feztodo .0 seu t.r abeLho , surgindooutro,em seu lugar.Estamos' sempresob. a regência 'dealgum,mito e cabe a nos descobrirmosqtial:i o ~ito,'atual.

o mito do desenvo Lvament.o .:

se'ap9ia na· falsa idéia 'dê'uma ,natureza ilimitada, e e~qU:ece,que Q meio ambiente não é, .somente nat.uz aLç vmas.também' construído, que a natureza ccno foi'concebida ,e rec~bida é· tambémo meio ambiente que foitrans

. . '

f ormado suces sí.vamence até ,,os.nossos dias, que por sua vez etudo, desde a roupa que estápara 'àlém do corpo ,.

,Essa'visão de homem defEmde,o ponto de vista que ocamportamento do homem está sob ocontrole. do ambiente em que ele

.' ..•..vive~ A todo estlmulo corresponde uma'resposta satisfátó'ria e novamente ae_ducação adquire um papel importante noprocesso. Todavia, atualmentea resposta não est.â sendo sa'tisfatória. O discurso ecológico mostra que o homem, ao ,tra

var uma relaç~o desiquilibradacom o meio em que vive, em busca do progresso, contribui p~ra a sua pr6pria destrtiiç~o, eas pessoas não est.âomod i.fi.cando o seu comportamento, apesardisso.

Segundo essa visão cientifica tradicional, o homem é ummembro da espécie modelado peIas .circunstãncias evolucionãrias de sobrevivência, ou seja, manifestando comportamentocontrolado pelo ambiente emque vive. A p~rtir disso, conclui-se que não existiria homem se nao houvesse mundo sobre o qual ele se posicionasse.

Em contrapartida; partindode uma outra visão acerca dohomem, essa relação de controle se inverte: nao e o melOque atua sobre o homem; e o homem que atua sobre o.meio, oumelhor, que intervém sobre omeio em que vive com os proposito mais diversos e para ate~der a múltiplas finalidades,transformando-o em algo quelhe proporcione lazer, para s~tis fação de suas necessidades-e aqui não se incluem apenasas necessidades bãsicas e/oubio16gicas como alimentação,mS2.radia, vestuãrio etc.O homem,ao contrário dos outros ani

mais, nao vive so em função desuas necessidades bãsicas. Porque? O que levaria o homem air além dessas necessidades? to que ocorre com a caça dos rinocerontes na índia com o únicoobjetivo de utilizar o marfim dos chifres - houve necessidade de cortar os chifres dosrinocerontes para impedir a matança. Por que o desejo de comer lagosta, quando a fome PQderia ser aplacada com qualquer outro alimento?

O homem não é simplesme~te um produto do meio: as diferentes formas Com as quais elese relaciona com o meio ambiente não são resultado'- pelo m~nos não unicamente - de ideologias, dos sistemas de governoou momentos hist6ricos nosquais e~tão inseridos. O homemnao poderia ser resumido a isso, a fim de se ter uma expLj,

caçao universal e objetiva arespeito do comportamento queele apresenta. Se uma pessoaagride a natu~eza e outra não,não é pelo fato de que uma emais "consciente" do que a. outra, como querem nos mostrartodas as campanhas feitas emprol do meio ambiente.

Esse fato pode ser observado não apenas em relação a

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natureza, já que o meio ambiente aqui possui um conceito .maí.sabrangente.

o homem e.labora leis, reg~lamente e normas~tarito sociaisquanto jurídicas, tentando nivelar, igualar todos os individuos que cómpõem a sociedade,enão é pequeno o número de ca50S em que essas normas saotransgredidas.

As leis, as normas, o discurso ecológico sao estímulosexternos que pretendém moldaro homem,. mas porque isso naoacontece sempre? Um indivíduoque respeita a natureza desdesempre a zeape í, tou e nãofóiprecis6 todo um aparato de umdiscurso· de con sc í.ent.Laa ç ão para que· houvesse esse comport~mento. A questão é: se o homemfosse somente resultado do meí.o,

porque esse mesmo homem teminsistido em agredir, ameaçarseu meio, quando é o meio quee~ti, a partir do discurso ecológico, exercendo influênciaSobre o homem para que não odestrua?

The relationship between man andnat.ur e, Cónsidering these two views.it looks for a cortceptof man, thatshows therelation man - nature.Key words - man;nature; psychology;development.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KHAZRAI, Houshang. Aula proferida no Programa Especial deTreinamento - PET- de Psicologia da Universidade Pederal do Maranhão. são LuLs,primeiro semestre de 1992.

SAWAYA, Silvio. Meio ambientee urbanização! enquadramentoteórico. ln: Processo urbanos e meio ambiente. 1980.p. 35-55.

ENGELS, Frieàrich. A dialéticada natureza. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1979.

Recebido parct publicaç~o em26.09.92