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ANDRESSA MAIO DA COSTA Investigação do consumo de moléculas da cadeia de produção do poli(tereftalato de etileno) (PET) por Yarrowia lipolytica RIO DE JANEIRO 2018

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ANDRESSA MAIO DA COSTA

Investigação do consumo de moléculas da cadeia de produção do poli(tereftalato de etileno)

(PET) por Yarrowia lipolytica

RIO DE JANEIRO

2018

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ANDRESSA MAIO DA COSTA

Investigação do consumo de moléculas da cadeia de produção do poli(tereftalato de etileno)

(PET) por Yarrowia lipolytica

Dissertação submetida ao corpo docente do curso de pós-graduação em

Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de

Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Alice Zarur Coelho

Co-orientadora: Dra. Aline Machado de Castro

RIO DE JANEIRO

2018

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ANDRESSA MAIO DA COSTA

Investigação do consumo de moléculas da cadeia de produção do poli(tereftalato de etileno)

(PET) por Yarrowia lipolytica

Dissertação submetida ao corpo docente do curso de pós-graduação em Engenharia de

Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências.

Aprovada em 14 de março de 2018.

____________________________________________________

Maria Alice Zarur Coelho, D. Sc., DEB/EQ/UFRJ

____________________________________________________

Aline Machado de Castro, D. Sc., CENPES/PETROBRAS

____________________________________________________

Bernardo Dias Ribeiro, D. Sc., DEB/EQ/UFRJ

____________________________________________________

Marcos Lopes Dias, D. Sc., IMA/UFRJ

____________________________________________________

Marta Antunes Pereira Langone, D. Sc., DQA/IQ/UERJ

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, aos meus pais, Katia e Sérgio, por acreditarem em mim, por sempre

me incentivarem a estudar e ir em busca dos meus sonhos. Sem vocês nada disso seria possível,

obrigada por estarem sempre ao meu lado e por serem meu porto seguro. Obrigada pela torcida

em todas as minhas conquistas, pelo apoio e incentivo aos meus sonhos e ideais. A dor da

saudade é algo inexplicável e faz meu coração ficar pequeno de saber que estamos a 1800 km

de distância, mas meu amor por vocês é maior que tudo, um dia estaremos mais próximos

novamente. Amo vocês!

Agradeço a minha querida avó Diocélia, a Bianca, ao meu amado afilhado Karl e a meu avô

Cesar, que nos deixou antes de me ver concluir esta etapa, tenho certeza de que estaria

orgulhoso em me ver chegar até aqui.

Ao Eric, meu namorado e melhor amigo, pela paciência, amor e pelas palavras de conforto

durante os momentos difíceis. Pela coragem, de juntos, termos saído da casa de nossos pais

para morar em uma cidade tão longe e diferente de tudo que estávamos acostumados. Por ser

meu companheiro nos momentos de saudade, por compartilhar seus sonhos, por todo seu

carinho, sorriso e brilho no olhar nas minhas vitórias.

Agradeço a todos tios, tias, primos e primas da Família Costa que sempre estiveram ao meu

lado, aconselhando e me dando forças para seguir de cabeça erguida. A minha dinda Deisi, ao

meu querido afilhado Pedro e a tia Fátima, que sempre comemoraram minhas conquistas e que

sem dúvidas fizeram parte de tudo isso.

As minhas melhores amigas de longa data, Isadora, Juliana, Luiza, Paola e Pâmela, aquelas com

quem compartilhei tantos bons momentos e que estão comigo sempre, nas horas boas e nas

ruins. Agradeço pelo carinho dedicado a nossa amizade, pelas vibrações nos momentos

importantes e pelo colo quando necessário. Amo vocês!

À minha querida orientadora Maria Alice, que me recebeu com muito carinho no laboratório e

foi muito paciente em me apresentar a Escola de Química em uma das minhas visitas ao Rio de

Janeiro. Obrigada pelos ensinamentos, conselhos e incentivos. Serei sempre grata pelas

inúmeras oportunidades a mim oferecidas.

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Á minha co-orientadora Aline, pelas orientações, ensinamentos, seriedade, paciência e

incentivos que contribuíram para o meu crescimento profissional. Obrigada por sempre estar

disposta a solucionar todas minhas dúvidas.

A Verônica Peclat, que foi tão importante neste trabalho, obrigada por vestir o jaleco e me

ajudar a começar meus experimentos, tua ajuda foi extremamente importante para minha

adaptação ao laboratório. Obrigada por tudo mesmo!

A minha família carioca, meus amados cremosos (Ari, Bia, Caê, Carol, Dani, Felipe, Gabi,

Julio, Lari, Lili, Lu, Mari, Marselle, Mike, Nanda, Pietro, Pri, Rose e Vê) que me receberam de

braços abertos e me ajudaram em tudo que precisei. Vocês são exemplo de carinho, amizade e

respeito. Obrigada pelos momentos de descontração, pelos abraços carinhosos, e por toda ajuda

com meus experimentos. Minha vida aqui no Rio de Janeiro ficou muito mais alegre desde que

conheci vocês, obrigada por serem exatamente como são, por fazerem piadas quando tudo

parece estar perdido e até mesmo por rirem do meu sotaque sulista.

A presença de todos em minha vida fez com que eu concluísse mais uma etapa. Foi preciso

muito esforço, determinação e perseverança, para chegar até aqui, e nada disso eu conseguiria

sozinha. Minha eterna gratidão a todos aqueles que colaboraram para que este sonho pudesse

ser concretizado. Obrigada a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto contribuíram

para a conclusão desta etapa e para a Andressa que sou hoje. Obrigada por tudo, eu amo muito

vocês!

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“É proibido chorar sem aprender,

Levantar-se um dia sem saber o que fazer

Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas

Não lutar pelo que se quer,

Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,

Não pensar que podemos ser melhores,

Não sentir que sem você este mundo não seria igual”.

(Pablo Neruda).

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RESUMO

Costa, Andressa M. Investigação do consumo de moléculas da cadeia de produção do

poli(tereftalato de etileno) (PET) por Yarrowia lipolytica. Rio de Janeiro, 2018. Resumo da

dissertação apresentada à EQ/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do

grau de Mestre em Ciências.

O poli(tereftalato de etileno) (PET) é considerado um dos plásticos mais utilizados no mundo

em virtude de suas características, tais como durabilidade, plasticidade e transparência. Milhões

de toneladas deste material são produzidas anualmente, levando a uma maior produção

industrial de seus monômeros, o ácido tereftálico (TPA) e o monoetileno glicol (MEG), ambos

derivados de petróleo bruto. Com o objetivo de reduzir o consumo de petróleo, e também

diminuir os impactos ambientais causados pela disposição inadequada de plásticos no ambiente,

torna-se interessante desenvolver processos de hidrólise de PET que sejam mais sustentáveis,

tanto do ponto de vista econômico como ambiental. A biocatálise é uma das áreas da

biotecnologia que vem se destacando nos últimos anos pela utilização de enzimas como

alternativa aos processos de hidrólise tradicionais. A levedura Yarrowia lipolytica possui

capacidade de gerar produtos de grande interesse industrial, como as lipases e outras esterases.

Estas apresentam elevado potencial biotecnológico e estão descritas na literatura como enzimas

capazes de realizar a hidrólise enzimática do PET. Este trabalho tem como objetivo

compreender o comportamento da levedura Y. lipolytica frente as moléculas da cadeia de

produção do PET, visando o desenvolvimento de um processo para valorização do PET pós-

consumo. Neste estudo foi realizada uma investigação do crescimento celular de Y. lipolytica

frente as moléculas como o TPA, tereftalato de bis(2-hidroxietila) (BHET), MEG, oligômeros

de PET, pré-polímero de PET, PET amorfo e um plástico de recicladora (CPR). Os

experimentos foram conduzidos, inicialmente, em frascos de 500 mL com 200 mL de meio

YPD (extrato de lêvedo 1% m/v, peptona 2% m/v e glicose 2% m/v) e YP (extrato de lêvedo

1% m/v, peptona 2% m/v), a 160 rpm, 29 °C, durante 96 horas de cultivo. Após os primeiros

experimentos, as etapas seguintes foram conduzidas nas mesmas condições, mas somente com

YP e alterando a agitação do sistema para 250 rpm. Os resultados foram obtidos através de

análises de crescimento celular, medidas de pH, avaliação de consumo de glicose e das

moléculas do PET por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), atividade de lipase,

protease e outras esterases e análises microscópicas. As concentrações dos monômeros TPA e

MEG, em solução, foram menores nos ensaios YP. As células presentes nesses experimentos

assimilaram estes substratos de forma mais eficiente do que os ensaios YPD. Os experimentos

com BHET apresentaram maior atividade enzimática, em 160 (118,09 U.L-1) e 250 rpm (384,9

U.L-1), demonstrando que este composto pode agir como um possível indutor no processo de

produção de lipases por Y. lipolytica. Nos processos de hidrólise enzimática, o tereftalato de

mono(2-hidroxietila) (MHET) foi o principal intermediário liberado no processo, seguido do

TPA e BHET. Além da produção de lipases, Y. lipolytica possui grande potencial para

expressão de outras esterases, que também podem agir na hidrólise enzimática de PET. Este

fato foi constatado pela detecção de atividade sobre o substrato butirato de p-nitrofenila. Desta

forma, a proposta de utilização de enzimas microbianas capazes de hidrolisar este polímero é

de grande interesse para agregar valor ao processo e diminuir os impactos ambientais causados

pelos processos de hidrólise tradicionais.

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ABSTRACT

Costa, Andressa M. Investigation of the consumption of molecules of poly(ethylene

terephthalate) (PET) production chain by Yarrowia lipolytica. Rio de Janeiro, 2018. Abstract

of a Final Project presented to EQ/ UFRJ as partial fulfillment of the requirements for the degree

of Master of Science (M. Sc.).

Poly(ethylene terephthalate) (PET) is considered one of the most widely used plastics in the

world because of its characteristics such as durability, plasticity and transparency. Millions of

tons of this material are produced annually, leading to higher industrial production of its

monomers, terephthalic acid (TPA) and monoethylene glycol (MEG), both derived from crude

oil. In order to reduce the consumption of petroleum, and also to reduce the environmental

impacts caused by the inadequate disposal of plastics in the environment, it is interesting to

develop PET hydrolysis processes that are more sustainable, both economically and

environmentally. Biocatalysis is one of the areas of biotechnology that has been highlighting in

recent years by the use of enzymes as an alternative to traditional hydrolysis processes. Yeast

Yarrowia lipolytica has the ability to generate products of great industrial interest, such as

lipases. These lipases have high biotechnological potential and are described in the literature as

enzymes capable of performing the enzymatic hydrolysis of PET. This work aims to understand

the behavior of Y. lipolytica yeast against the molecules of the PET production chain, aiming

the development of a process for the valorization of post-consumer PET. In this study, the cell

growth of Y. lipolytica against TPA, bis(2-hydroxyethyl) terephthalate (BHET), MEG, PET

oligomers, PET prepolymer, amorphous PET and a recycler plastic (CPR). The experiments

were initially conducted in 500 mL shaken flasks with 200 mL of YPD (1% m/v yeast extract,

2% m/v peptone and 2% m/v glucose) and YP (1% m/v yeast extract, 2% m/v peptone) medium,

at 160 rpm, 29°C, for 96 hours of culture. After the first experiments, the following steps were

conducted under the same conditions, but only with YP and changing the stirring of the system

to 250 rpm. The results were obtained through cell growth analysis, pH measurements, glucose

and PET consumption by high performance liquid chromatography (HPLC), lipase activity,

protease and other esterases, and microscopic analysis. The concentrations of TPA and MEG

monomers, in solution, were lower in the YP assays. The cells present in these experiments

assimilated these substrates more efficiently than the YPD assays. Experiments with BHET

showed higher enzymatic activity in 160 (118.09 U.L-1) and 250 rpm (384.9 U.L-1),

demonstrating that this compound can act as a possible inducer in the lipase production process

by Y. lipolytica. In enzymatic hydrolysis procedures, mono(2-hydroxyethyl) terephthalate

(MHET) was the major intermediate released in the process, followed by TPA and BHET. In

addition to the production of lipases, Y. lipolytica has great potential for expression of other

esterases, which may also act on the enzymatic hydrolysis of PET. This fact was evidenced by

the detection of activity on the substrate p-nitrophenyl butyrate. Thus, the proposed use of

microbial enzymes capable of hydrolyzing this polymer is of great interest to add value to the

process and to reduce the environmental impacts caused by traditional hydrolysis processes.

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Reações químicas para formação de PET.. ................................................................. 5

Figura 2. Principais vias metabólicas e compartimentos celulares envolvidos na degradação de

substratos hidrofóbicos.. ........................................................................................................... 17

Figura 3. Representação esquemática da localização da lipase durante o cultivo de células de Y.

lipolytica: (I) fração solúvel intracelular; (L) fração intracelular ligada à célula; (E) fração

extracelular. .............................................................................................................................. 22

Figura 4. Curva de peso seco para quantificação do crescimento celular de Y. lipolytica

(espectrofotômetro SHIMADZU, UV-1800). .......................................................................... 28

Figura 5. Curva Padrão de p-nitrofenol (ρNF). ........................................................................ 30

Figura 6. Curva padrão de ácido tereftálico (TPA) .................................................................. 32

Figura 7. Curva padrão de tereftalato de mono(2-hidroxietil) (MHET). ................................. 32

Figura 8. Curva padrão de tereftalato de bis(2-hidroxietil) (BHET). ....................................... 33

Figura 9. Curva padrão de Glicose. .......................................................................................... 33

Figura 10. Curva padrão de Monoetileno glicol (MEG). ......................................................... 34

Figura 11. Concentração celular de Y. lipolytica em função do tempo em meio YP a 29 °C, 160

rpm, por 96 horas. ..................................................................................................................... 37

Figura 12. Concentração celular de Y. lipolytica em função do tempo em meio YPD a 29 °C,

160 rpm, por 96 horas. .............................................................................................................. 38

Figura 13. Perfil do crescimento celular de Y. lipolytica em meio YP a 29 °C, 160 rpm, por 96

horas ......................................................................................................................................... 39

Figura 14. Perfil do crescimento celular de Y. lipolytica em meio YPD a 29 °C, 160 rpm, por

96 horas .................................................................................................................................... 39

Figura 15. Consumo de glicose pela levedura Y. lipolytica a 29 °C, 160 rpm em 96 horas. ... 42

Figura 16. Variação de pH no cultivo de Y.lipolytica em meio YP a 29 °C, 160 rpm em 96 horas.

.................................................................................................................................................. 45

Figura 17. Variação de pH no cultivo de Y. lipolytica em meio YPD a 29 °C, 160 rpm em 96

horas. ........................................................................................................................................ 45

Figura 18. Atividade de lipase por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 160 rpm, durante 96 horas.

.................................................................................................................................................. 47

Figura 19. Atividade de lipase por Y. lipolytica em meio YPD, 29 °C, 160 rpm, durante 96

horas. ........................................................................................................................................ 47

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Figura 20. Atividade de protease por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 160 rpm, durante 96

horas. ........................................................................................................................................ 51

Figura 21. Atividade de protease por Y. lipolytica em meio YPD, 29 °C, 160 rpm, durante 96

horas. ........................................................................................................................................ 51

Figura 22. Consumo das moléculas de TPA e MEG por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160

rpm, 29 °C, durante 96 horas .................................................................................................... 53

Figura 23. Hidrólise de BHET por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante

96 horas. ................................................................................................................................... 53

Figura 24. Hidrólise de PET amorfo por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C,

durante 96 horas. ...................................................................................................................... 54

Figura 25. Hidrólise de oligômeros de PET por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29

°C, durante 96 horas. ................................................................................................................ 54

Figura 26. Hidrólise de Pré-polímero de PET por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm,

29 °C, durante 96 horas. ........................................................................................................... 55

Figura 27. Hidrólise de CPR por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante

96 horas. ................................................................................................................................... 55

Figura 28. Diagrama de blocos de um processo de síntese de PET.. ....................................... 57

Figura 29. Microscopia das células de Y. lipolytica (5 µm) nos ensaios controle, com meio YP

nos tempos de 0 (a) e 96 (b) horas e em meio YPD nos tempos de 0 (c) e 96 horas (d) de cultivo.

.................................................................................................................................................. 60

Figura 30. Microscopia das células de Y. lipolytica (5 µm) nos com TPA, em meio YP nos

tempos de 0 (a) e 96 (b) horas e em meio YPD nos tempos de 0 (c) e 96 horas (d) de cultivo.

.................................................................................................................................................. 61

Figura 31. Concentração celular de Y. lipolytica em meio YP a 29 °C, 250 rpm, por 96 horas.

.................................................................................................................................................. 63

Figura 32. Perfil de crescimento de Y. lipolytica em meio YP a 29 °C, 250 rpm, por 96 horas.

.................................................................................................................................................. 63

Figura 33. Aparecimento de espuma nos ensaios a 250 rpm, após 24 horas de experimento. . 64

Figura 34. Variação de pH no cultivo de Y. lipolytica em meio YP a 29 °C, 250 rpm em 96

horas ......................................................................................................................................... 65

Figura 35. Atividade de lipase por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 250 rpm, durante 96 horas.

.................................................................................................................................................. 66

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Figura 36. Atividade de protease por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 250 rpm, durante 96

horas. ........................................................................................................................................ 67

Figura 37. Atividade de esterases por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 250 rpm, durante 96

horas ......................................................................................................................................... 68

Figura 38. Consumo das moléculas de TPA por Y. lipolytica em meio YP a 250 rpm, 29 °C,

durante 96 horas. ...................................................................................................................... 70

Figura 39. Consumo das moléculas de MEG por Y. lipolytica em meio YP a 250 rpm, 29 °C,

durante 96 horas. ...................................................................................................................... 70

Figura 40. Hidrólise de CPR por Y. lipolytica em meio YP a 250 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

.................................................................................................................................................. 71

Figura 41. Hidrólise de BHET por Y. lipolytica em meio YP a 250 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

.................................................................................................................................................. 71

Figura 42. Microscopia das células de Y. lipolytica com meio YP controle nos tempos de 0 (a)

e 96 (b) horas de cultivo. .......................................................................................................... 73

Figura 43. Microscopia das células de Y. lipolytica com meios YP e com BHET nos tempos de

0 (a) e 96 (b) horas de cultivo. .................................................................................................. 73

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Propriedades do PET.. ................................................................................................ 4

Tabela 2. Exemplos da literatura sobre a degradação biotecnológica de PET. ........................ 10

Tabela 3. Aplicações industriais de lipases. ............................................................................. 20

Tabela 4. Reagentes utilizados em meios de cultura e ensaios analíticos. ............................... 24

Tabela 5. Principais equipamentos utilizados neste trabalho. .................................................. 25

Tabela 6. Experimentos utilizados nos ensaios preliminares deste trabalho. ........................... 27

Tabela 7. Volumes dos reagentes utilizados para construção da curva padrão de p-nitrofenol.

.................................................................................................................................................. 29

Tabela 8. Gradiente de fase móvel de HPLC utilizado na avaliação de TPA, BHET e MHET.

.................................................................................................................................................. 31

Tabela 9. Condições Operacionais do Cromatógrafo Thermo Scientific, Dionex UltiMate 3.000

para quantificação de TPA, BHET e MHET. ........................................................................... 32

Tabela 10. Condições Operacionais do HPLC SHIMADZU para quantificação de Glicose e

MEG. ........................................................................................................................................ 34

Tabela 11. Condições experimentais dos ensaios da primeira etapa do trabalho com agitação de

160 rpm. .................................................................................................................................... 36

Tabela 12. Parâmetros cinéticos determinados para Y. lipolytica em meio YPD e YP, a 29 °C,

agitação de 160 rpm, durante 96 horas. .................................................................................... 43

Tabela 13. Parâmetros cinéticos determinados para Y. lipolytica em meio YP, a 29 °C, agitação

de 250 rpm, durante 96 horas ................................................................................................... 64

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEP – Proteases alcalinas

AXP – Proteases ácidas

BHET – Tereftalato de bis(2-hidroxietila)

CPR – Plástico de recicladora

DMT – Tereftalato de dimetila

FES – Fermentação em Estado Sólido

FS – Fermentação Submersa

GRAS – Generally Regarded As Safe

Lip2 – Principal lipase extracelular da levedura Y. lipolytica

MATH – Microbial adhesion to hydrocarbons

MATS – Microbial adhesion to solvents

MEG – Monoetileno glicol

MEV – Microscopia eletrônica de varredura

MHET – Tereftalato de mono(2-hidroxietila)

PET – Poli(tereftalato de etileno)

p-NFB – Butirato de p-nitrofenila (p-nitrofenil butirato)

p-NFL – Laurato de p-nitrofenila (p-nitrofenil laurato)

TAGs – Triacilgliceróis

TPA – Ácido tereftálico

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 3

2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 3

2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 4

3.1 POLI(TEREFTALATO DE ETILENO) (PET) ........................................................... 4

3.1.1 Impactos causados pela indústria do PET ....................................................... 6

3.1.2 Reciclagem ........................................................................................................... 8

3.2 RECICLAGEM BIOTECNOLÓGICA ....................................................................... 9

3.3 Yarrowia lipolytica .................................................................................................... 14

3.3.1 Consumo de substratos hidrofóbicos por Y. lipolytica .................................. 16

3.3.2 Fermentação Submersa .................................................................................... 18

3.4 LIPASES .................................................................................................................... 19

3.4.1 Lipases de Yarrowia lipolytica .......................................................................... 21

4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 24

4.1 MATERIAIS .............................................................................................................. 24

4.1.1 Reagentes ........................................................................................................... 24

4.1.2 Equipamentos ................................................................................................... 25

4.2 MICRORGANISMO ................................................................................................. 25

4.2.1 Manutenção da Cultura ................................................................................... 25

4.2.2 Pré-inóculo ........................................................................................................ 26

4.3 PRIMEIRA ETAPA .................................................................................................. 26

4.3.1 Meios de produção ............................................................................................ 26

4.3.2 Amostragem ...................................................................................................... 27

4.3.3 Quantificação do crescimento celular ............................................................. 27

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4.3.4 Cálculo dos parâmetros cinéticos .................................................................... 28

4.3.5 Análise de pH .................................................................................................... 28

4.3.6 Atividade de lipase ............................................................................................ 29

4.3.7 Atividade de protease ....................................................................................... 30

4.3.8 Cromatografia líquida (HPLC) ....................................................................... 31

4.3.9 Microscopia ....................................................................................................... 34

4.4 SEGUNDA ETAPA .................................................................................................. 34

4.4.1 Atividade de esterases ...................................................................................... 35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 36

5.1 PRIMEIRA ETAPA .................................................................................................. 36

5.1.1 Crescimento celular e consumo de glicose ...................................................... 37

5.1.2 Análise de pH .................................................................................................... 44

5.1.3 Análise de Lipase .............................................................................................. 47

5.1.4 Atividade de Protease ....................................................................................... 51

5.1.5 Quantificação do PET e seus monômeros ...................................................... 52

5.1.6 Microscopia ....................................................................................................... 59

5.2 SEGUNDA ETAPA .................................................................................................. 62

5.2.1 Crescimento Celular e Análise de pH ............................................................. 62

5.2.2 Análise de Lipase e Protease ............................................................................ 66

5.2.3 Atividade de Esterases ..................................................................................... 68

5.2.4 Quantificação do PET e seus monômeros ...................................................... 69

5.2.5 Microscopia ....................................................................................................... 72

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 74

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................... 76

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 77

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1. INTRODUÇÃO

Em 2014, para atender a demanda da produção de plásticos, foram consumidos 6% do

petróleo total produzido no mundo e espera-se que este percentual aumente para 20% até 2050.

A quantidade de plásticos que não são descartados de forma adequada está aumentando, e

estima-se que até 2025 a cada três toneladas de peixe, haverá uma tonelada de plásticos nos

oceanos (WORD ECONOMY FORUM, 2016). Devido suas propriedades como resistência à

corrosão, hidrofobicidade e alta cristalinidade, a maioria dos plásticos são considerados

materiais de difícil degradação, podendo permanecer no ambiente por até um século (COLE et

al., 2011).

Com o aumento do consumo global destes materiais, a acumulação de plásticos no

meio ambiente tornou-se uma preocupação crescente (WEBB et al., 2013). A indústria de

embalagens é o setor que utiliza a maior quantidade de plásticos. Assim, a busca por processos

de reciclagem destes materiais ocorre pela necessidade de manter os recursos naturais e pela

preocupação com o acúmulo destes resíduos nos oceanos e lagos (DAHLBO et al., 2018).

O PET é um poliéster aromático sintético formado por unidades de monoetileno glicol

(MEG) e ácido tereftálico (TPA) que possui propriedades desejáveis tais como durabilidade,

plasticidade e transparência e está amplamente incorporado nos produtos de consumo

(CASTRO et al., 2017; WANG et al., 2008). Cerca de 50 milhões de toneladas deste material

são produzidas anualmente, levando a uma maior produção industrial de seus monômeros (TPA

e MEG), ambos derivados de petróleo bruto (BORNSCHEUER, 2016).

Grandes quantidades de PET têm sido dispostas inadequadamente no ambiente,

resultando na sua acumulação nos ecossistemas em todo o mundo. Assim, o cenário atual exige

uma rota simples, ecológica e econômica para a reciclagem de resíduos de PET, que se não for

realizada, pode ocasionar desequilíbrio do ecossistema devido à sua não-biodegradabilidade na

natureza. Grande parte dos produtos plásticos são persistentes no ambiente devido à ausência

ou baixa atividade de enzimas catabólicas que possuem capacidade de degradar seus

constituintes. Em particular, poliésteres contendo uma proporção elevada de componentes

aromáticos, tais como o PET, são quimicamente inertes, resultando em resistência à degradação

microbiana (KINT; MUNOZ-GUERRA, 1999; MÜLLER et al., 2001).

Com o aumento da conscientização mundial em relação à necessidade de preservação

dos recursos naturais e principalmente com a previsão de escassez dos recursos fósseis dentro

de algumas décadas, houve a intensificação de pesquisas para a obtenção de processos

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industriais mais ambientalmente corretos. A biocatálise é uma das áreas da biotecnologia que

vem se destacando nos últimos anos pela utilização de enzimas como alternativa aos processos

de hidrólise tradicionais. Este processo apresenta algumas vantagens, como atuação sob

condições de operação mais brandas, aplicabilidade sobre moléculas térmica e quimicamente

instáveis a altas temperaturas e reduzida geração de subprodutos (RIBEIRO et al., 2011).

Na literatura já existem relatos da utilização de fungos filamentosos da espécie

Fusarium oxysporum e Fusarium solani, que têm demonstrado crescer em meio mineral

contendo fios de PET, porém não se tem dados específicos sobre seus níveis de crescimento

(NIMCHUA et al., 2007). Desta forma, é interessante desenvolver pesquisas para identificar

outros microrganismos que apresentem capacidade de realizar a reciclagem biológica de PET.

A levedura Y. lipolytica é um excelente exemplo de microrganismo com grande potencial

biotecnológico, devido à possibilidade de produção de uma variedade de metabólitos, como

lipases, biossurfactante, aroma, ácidos orgânicos, lipídeos, entre outros (COELHO et al., 2010).

Sendo assim, este estudo visa compreender o comportamento de Y. lipolytica frente as

moléculas da cadeia de produção do PET. Além de utilizar a capacidade biotecnológica de

produção de enzimas desta levedura, para reduzir o acúmulo deste polímero no meio ambiente,

visando o desenvolvimento de um processo para valorização do PET pós-consumo.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o comportamento da levedura Y. lipolytica frente as moléculas da cadeia de

produção do poli(tereftalato de etileno) (PET), visando o desenvolvimento de um processo para

valorização do PET pós-consumo.

2.2 Objetivos Específicos

Determinar o crescimento da levedura Y. lipolytica frente as moléculas da cadeia de

produção do PET;

Quantificar o perfil de consumo destas moléculas por Y. lipolytica;

Avaliar a produção de lipase e outras esterases por Y. lipolytica;

Avaliar o efeito da agitação do sistema sobre a produção de lipase por Y. lipolytica na

presença das moléculas da cadeia de produção do PET.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 POLI(TEREFTALATO DE ETILENO) (PET)

O PET é um poliéster aromático sintético, que apresenta características como baixa

densidade, versatilidade e durabilidade. Esta combinação de propriedades torna o PET um

material desejável para uma gama de aplicações e um componente significativo do consumo

mundial de plásticos (BARTH et al., 2015). Dependendo da aplicação pretendida e das

propriedades desejadas, este polímero pode ser fabricado controlando as condições de

polimerização (WEBB et al., 2013). Algumas das propriedades específicas deste polímero estão

apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Propriedades do PET. Fonte: Awaja; Pavel (2005).

Propriedades Valores

Massa molar média 30.000 – 80.000 g.mol−1*

Densidade 1,41 g.cm−3

Temperatura de fusão 255-265 °C*

Temperatura de transição vítrea 75 °C

Módulo de Young 1700 Mpa

Absorção de água (24 h) 0,5% *Os valores com intervalos indicam propriedades que variam dependendo da cristalinidade e do grau de

polimerização.

O PET é um dos plásticos mais utilizados no mundo e possui uma variedade de

aplicações, principalmente em vestuários na indústria têxtil e como embalagens para alimentos

e bebidas (CASTRO et al., 2017; WEBB et al., 2013). Este polímero também é utilizado na

construção automotiva, elétrica e industrial (LAZAREVIC et al., 2010; WEBB et al., 2013),

em aplicações fotográficas, folhas de raio X, aparelhos elétricos e para gravação de fitas

(AWAJA; PAVEL, 2005; WEBB et al., 2013).

Dentro de um contexto histórico, o PET tem sido empregado na produção de fibras

têxteis desde a década de 1940. Em 1973, a garrafa PET foi patenteada pelo Engenheiro

Mecânico e inventor Americano Nathaniel Wyeth. Porém, este material começou a ser utilizado

popularmente para a produção de garrafas descartáveis de refrigerantes somente na década de

1980 (AL-SABAGH et al., 2016).

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Este polímero é formado por unidades de MEG e TPA, ambos derivados de petróleo

bruto. A síntese comercial de PET pode ser iniciada a partir de duas reações químicas: reação

entre o MEG e o TPA (Reação 1) ou entre o MEG e o tereftalato de dimetila (DMT) (Reação

2), como pode ser observado na Figura 1.

Ambas reações produzem o BHET. Após a reação inicial, são realizadas duas ou três

etapas de polimerização, dependendo do peso molecular requerido. O primeiro passo da

polimerização é a transesterificação entre moléculas de BHET. Os oligômeros resultantes são

então policondensados (WEBB et al., 2013).

Figura 1. Reações químicas para formação de PET. Fonte: Webb et al., (2013).

Nesta fase, o polímero é adequado para aplicações que não requerem cadeias de alto

peso molecular. No entanto, se for necessário um peso molecular mais elevado, o polímero é

submetido a uma terceira polimerização em estado sólido. A obtenção de um material com estas

características, é essencial para boas propriedades mecânicas que proporcionam rigidez e

resistência e também para ser utilizado em embalagens de alimentos (AL-SABAGH et al.,

2016; AWAJA; PAVEL, 2005). Após a síntese do polímero, este pode então ser processado na

forma requerida, através de processos como extrusão, moldagem por injeção ou moldagem por

sopro (WEBB et al., 2013).

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A produção mundial de PET atingiu 26 milhões de toneladas em 2006. Porém, devido

à crescente demanda em processos industriais, aprodução mundial anual já atingiu mais de 50

milhões de toneladas nos últimos anos, representando um aumento de 50% na fabricação de

PET entre os anos de 2006 e 2016 (BARTH et al., 2015; BORNSCHEUER, 2016).

Grandes quantidades de PET pós-consumo são produzidas contribuindo para mais de

12% do volume de resíduos sólidos produzidos globalmente (BARTH et al., 2015). As fibras

de PET representam o maior volume de fibras sintéticas comercializadas até hoje e sua

persistência no meio ambiente (não biodegradabilidade) se deve à alta cristalinidade e ao seu

tipo de cadeia polimérica (COSTA et al., 2015).

O consumo de poliésteres aumentou substancialmente devido à forte demanda por

aplicações têxteis, bem como em embalagens de alimentos e no mercado de garrafas para

substituição do vidro. A introdução do PET no setor de embalagens originou um novo problema

ambiental: os grandes volumes deste plástico que são descartados diariamente (AL-SABAGH

et al., 2016; MANO et al., 2005).

3.1.1 Impactos causados pela indústria do PET

Os plásticos apresentam características como leveza, durabilidade, fácil produção,

resistência e baixo custo, o que faz com que estes materiais possuam lugar importante na

sociedade. Como consequência, a produção de plásticos vem aumentando desde a década de

1950 e, em particular, aumentou de 225 milhões de toneladas em 2004 para 322 milhões de

toneladas em 2015, representando um aumento de 43% na última década. Esta produção deverá

duplicar em 20 anos e quase quadruplicar até 2050. No entanto, esta estimativa não leva em

consideração a proporção de fibras sintéticas que são amplamente utilizadas nas indústrias têxtil

e pesqueira (DRIS et al., 2016; HERMABESSIERE et al., 2017).

Os plásticos são cada vez mais utilizados em toda a economia, principalmente pelos

setores de embalagem, construção, transporte, saúde e eletrônica. As embalagens são a maior

aplicação de plásticos e representam 26% do volume total. Entre 2000 e 2015, a participação

das embalagens plásticas aumentou de 17 para 25%, impulsionada por um forte crescimento

neste mercado de 5% ao ano. Devido seu baixo peso, este material reduz o consumo de

combustível no transporte e suas propriedades de barreira mantêm o alimento fresco por mais

tempo, reduzindo o desperdício. Como resultado dessas características, os plásticos estão

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substituindo cada vez mais outros materiais de embalagem (WORD ECONOMY FORUM,

2016).

Cerca de 8 milhões de toneladas de plásticos são despejados no oceano a cada ano.

Estes materiais podem permanecer no ambiente marinho por centenas de anos em sua forma

original e, ainda mais, em pequenas partículas, o que significa que a quantidade de plástico no

oceano é acumulada ao longo do tempo (WORD ECONOMY FORUM, 2016).

A contaminação plástica no ambiente natural atraiu considerável atenção quando

animais ingeriram estes materiais, provando que seu descarte inadequado é perigoso para todo

o ecossistema. Diversos tipos de detritos, como redes de pesca, cordas e sacos plásticos, estão

presentes no ambiente natural, mas o tempo necessário para sua completa degradação ainda

permanece desconhecido (LI et al., 2016).

A poluição de materiais plásticos no meio ambiente é a causa de diversos efeitos

perigosos e ecologicamente prejudiciais. Diversas espécies têm sido impactadas negativamente

por detritos plásticos: aves marinhas, tartarugas marinhas, cetáceos, focas e tubarões. O plástico

ingerido por esses animais permanece no sistema digestivo e pode levar a diminuição dos

estímulos alimentares, bloqueio gastrointestinal, diminuição da secreção de enzimas gástricas

e diminuição dos níveis de hormônios esteroides, levando a problemas de reprodução (WEBB

et al., 2013).

O problema do descarte inadequado está relacionado ao aumento crescente de sua

produção e a falta de locais adequados para a disposição. Além de causar grande poluição

ambiental, os plásticos de origem petroquímica vêm sendo repensados, uma vez que há previsão

de esgotamento de reservas de petróleo (MANO et al., 2005). A não degradabilidade no

ambiente de materiais plásticos pós-consumo tem sido um dos fatores em que ambientalistas

têm centrado suas pesquisas.

Segundo Cole et al. (2011), os polímeros mais comumente utilizados e abundantes são:

polietileno de alta densidade (HDPE), polietileno de baixa densidade (LDPE), Policloreto de

vinila (PVC), poliestireno (PS), polipropileno (PP) e poli(tereftalato de etileno) (PET), que

juntos contam com aproximadamente 90% da produção total de plástico em todo o mundo.

Como resultado, esses polímeros também são os mais comumente encontrados na natureza,

especialmente em ambientes aquáticos. Desta forma, o problema da poluição tem despertado

grande preocupação e junto com fatores econômicos, como o preço do petróleo, estimulam o

desenvolvimento de alternativas para reciclagem destes plásticos visando minimizar o impacto

ambiental.

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3.1.2 Reciclagem

Após a produção e utilização de qualquer material sólido, tanto em nível urbano quanto

industrial ou agrícola, sobram resíduos que são descartados de forma inadequada. O

gerenciamento da destinação destes resíduos é um conjunto de ações normativas, operacionais,

financeiras e de planejamento para disposição de forma ambientalmente segura, utilizando

tecnologias compatíveis com a realidade do local (MANO et al., 2005).

A taxa de reciclagem de plásticos, em geral, é ainda menor do que para embalagens

plásticas, e ambas estão muito abaixo das taxas globais de reciclagem de papel (58%), ferro e

aço (70-90%) (WORD ECONOMY FORUM, 2016). Globalmente, apenas 14% das

embalagens plásticas são coletadas para reciclagem, e ainda menos são mantidas para posterior

utilização devido às perdas na classificação e reprocessamento (DAHLBO et al., 2018).

Além da poluição visual provocada pela disposição destes materiais ao longo das ruas,

com as chuvas, os plásticos podem causar sérios problemas de inundações. Este fato é ainda

mais crucial para materiais pequenos de primeira utilização, como garrafas, que se acumulam

no ambiente, danificando a fauna e diminuindo a transição para uma economia circular

(CASTRO et al., 2017). Desta forma, a reciclagem de resíduos plásticos é um tópico importante

para diminuir a poluição ambiental e evitar o desperdício de recursos (JASSIM, 2017).

Diversos processos foram desenvolvidos para reciclagem do PET em ciclo fechado. A

reciclagem mecânica do PET, que resulta na formação de grânulos, não permite a obtenção de

polímeros de alta qualidade. Além disso, este processo dificilmente leva a um nível de

degradação completa, de modo a liberar majoritariamente oligômeros e não os monômeros

(COSTA et al., 2015).

As tecnologias mecânicas de reciclagem de PET oferecem uma aplicabilidade

limitada, como uma queda rápida e drástica na ductilidade do poliéster, o que restringe a

utilização do polímero reciclado para aplicações de baixo valor (CASTRO et al., 2017). A

reciclagem química inclui uma variedade de rotas (alcoólise, glicólise, hidrólise, amonólise,

aminólise) e geralmente conduz a rendimentos elevados, porém apresenta baixa especificidade

para produtos finais. Além disso, são utilizadas condições de reação severas e a separação de

catalisadores ainda é um desafio (AL-SABAGH et al., 2016; VENKATACHALAM et al.,

2012).

As hidrólises química e térmica demandam elevado aporte energético e geram diversos

subprodutos. A hidrólise alcalina leva a uma perda de até 15% do material original. A hidrólise

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enzimática, por outro lado, apresenta potenciais vantagens sobre os processos citados, como a

utilização de condições de reação mais brandas, podendo evoluir como uma alternativa

ecológica aos processos convencionais (BARTH et al., 2015; COSTA et al., 2015)

Desta forma, com a crescente preocupação com a conscientização mundial em relação

à necessidade de preservação dos recursos naturais, diversas pesquisas foram desenvolvidas

para a obtenção de processos industriais que sejam menos agressivos ao meio-ambiente. Em

decorrência disso, áreas que utilizam processos menos intensivos em energia e fontes

renováveis, como a biotecnologia, têm se destacado, com a implementação de novas vertentes

em substituição aos processos já utilizados (COSTA et al., 2015).

3.2 RECICLAGEM BIOTECNOLÓGICA

A biocatálise é uma das áreas da biotecnologia que vem se destacando nos últimos

anos. Neste processo, são utilizadas enzimas como alternativa aos processos de hidrólise

tradicionais, apresentando algumas vantagens, como atuação sob condições de operação mais

brandas, aplicabilidade sobre moléculas térmica e quimicamente instáveis a altas temperaturas,

reduzida geração de subprodutos (RIBEIRO et al., 2011) e menor consumo de energia (BARTH

et al., 2015). Embora apresente estas vantagens, há pontos que ainda necessitam ser

aprimorados, como a perda de atividade catalítica ao longo do tempo, menores taxas de

conversão com relação a outros processos e o elevado tempo de reação (COSTA et al., 2015).

Dentro deste contexto, dois processos são destacados: as degradações biológica e

enzimática de polímeros. Na degradação biológica (biocatálise in vivo), o polímero e o

microrganismo coexistem em um mesmo sistema reacional. Quando o mecanismo de

sinalização do microrganismo identifica que a macromolécula se encontra no entorno, mas que

não consegue ser interiorizada para a célula, enzimas específicas para sua degradação são

produzidas e secretadas, com o intuito de disponibilizar os monômeros. Estes monômeros

podem então, atuar como fonte de carbono para o seu crescimento. Já no processo de

degradação enzimática, enzimas extracelulares, isoladas das células, são empregadas para a

despolimerização (biocatálise in vitro) (COSTA et al., 2015).

O PET por muitas décadas foi considerado um polímero não biodegradável, porém já

se tem dados na literatura sobre sua despolimerização, ou de seus copolímeros, pela ação de

enzimas hidrolíticas, in vitro (BARTH et al., 2015; YOSHIDA et al., 2016) ou em sistemas

microbianos (SHARON; SHARON, 2012; YOSHIDA et al., 2016). A Tabela 2 apresenta

alguns destes estudos.

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Tabela 2. Exemplos da literatura sobre a degradação biotecnológica de PET.

Microrganismo Objetivo do estudo Referência

Thermomonospora

fusca

Produzir uma hidrolase por Thermomonospora

fusca com capacidade de degradar poliésteres.

GOUDA et al.,

2002

Isolados de

actinomicetos

Hidrolisar fibras de PET por enzimas

extracelulares produzidas por actinomicetos.

ALISCH et al.,

2004

Thermobifida fusca

Utilizar enzimas (cutinases) provenientes de

Thermobifida fusca para degradação enzimática

de PET.

MÜLLER et al.,

2005

Fusarium solani

pisi

Hidrolisar o PET utilizando uma cutinase de

Fusarium solani pisi.

VERTOMMEN

et a., 2005

Aspergillus oryzae

Utilizar Aspergillus oryzae (CCUG 33812) para

produção de uma lipase, induzida por BHET,

capaz de hidrolisar o PET.

WANG et al.,

2008

Nocardia Obter uma bactéria capaz de produzir esterases

que degradam folhas de PET.

SHARON;

SHARON, 2012

Thermobifida

cellulosilytica

Utilizar engenharia de proteínas para a alteração

estrutural de uma cutinase para degradação de

PET.

ACERO et al.,

2013

Thermobifida fusca

KW3

Degradar filmes de PET utilizando uma hidrolase

de poliéster em reator de membrana de

ultrafiltração para minimizar a inibição do

produto (MHET).

BARTH et al.,

2015

Ideonella

sakaiensis 201-F6

Isolar uma bactéria capaz de produzir enzimas

para converter enzimaticamente o PET em seus

dois monômeros (TPA e MEG).

YOSHIDA et al.,

2016

Humicola insolens,

Candida

antarctica, etc.

Avaliar o desempenho catalítico de diversas

enzimas de fontes microbianas e de plantas para

despolimerização de PET, investigando a sinergia

destes biocatalisadores.

CASTRO et al.,

2017

Candida antarctica

e Humicola

insolens

Apresentar novas perspectivas para a hidrólise de

PET, do polímero até seus monômeros, utilizando

10 enzimas comerciais.

CARNIEL et al.,

2017

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Gouda et al. (2002) estudaram a produção de uma hidrolase de Thermomonospora

fusca com capacidade de degradar poliésteres. A secreção da enzima extracelular foi alcançada

com meio sintético otimizado, utilizando pectina como fonte de carbono e energia e NH4Cl

como fonte de nitrogênio. O perfil de atividade no meio foi controlado por um processo

complexo envolvendo: (1) indução na secreção de enzimas, (2) adsorção de enzimas na

superfície do poliéster hidrofóbico, (3) inibição da produção de enzimas por monômeros

produzidos e (4) desnaturação enzimática. Neste estudo, a secreção da enzima hidrolase pelo

microrganismo, foi inibida pelos produtos de degradação (monômeros) do poliéster utilizado

como indutor para a produção de enzimas.

Alisch et al. (2004) estudaram a hidrólise de fibras de PET por enzimas extracelulares

produzidas por actinomicetos. Os cultivos continham filamentos de PET e suberina, um

poliéster vegetal composto por partes alifáticas e aromáticas, que induziu a produção de

enzimas hidrolisantes. Os resultados indicaram a liberação de TPA por estas enzimas, indicando

a possibilidade da utilização de esterases para hidrólise de PET.

Müller et al. (2005) estudaram a utilização de cutinases provenientes de Thermobifida

fusca expressa em Escherichia coli para degradação enzimática de PET. Estes autores

obtiveram redução de até 54,2% na massa de filmes de PET nos ensaios com a cutinase. Porém,

utilizando enzimas comerciais, como a Novozym 435, não obtiveram redução significativa.

Desta forma, estes autores demonstraram que a cutinase isolada é capaz de despolimerizar o

PET a uma taxa elevada quando comparada a outras hidrolases.

Vertommen et al. (2005) avaliaram a hidrólise de PET utilizando uma cutinase de

Fusarium solani pisi que tem capacidade de atuar em diferentes substratos sólidos. A extensão

da hidrólise foi detectada medindo a concentração dos produtos de degradação, em solução,

utilizando HPLC de fase reversa. Estes autores concluíram que a cristalinidade afeta

consideravelmente a capacidade da enzima para hidrolisar as ligações éster, exibindo atividade

relativamente alta em uma película de poliéster amorfo e pouca atividade em um substrato

altamente cristalino.

Wang et al. (2008) utilizaram o microrganismo Aspergillus oryzae (CCUG 33812)

para produção de uma lipase capaz de hidrolisar o PET. As condições de cultivo para a produção

desta enzima foram otimizadas e a possibilidade de utilizar indutores, como o BHET, para

produção de lipases foi avaliado. Utilizando esta lipase induzida por BHET, as capacidades

hidrofílicas e antiestática das amostras de PET foram melhoradas pela modificação enzimática.

Embora esta lipase induzida tenha sido utilizada com sucesso para modificar amostras de PET,

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a eficiência ainda foi baixa em comparação com o método alcalino. Desta forma, os autores

visam desenvolver estudos futuros para melhorar a atividade da lipase induzida e

consequentemente obter resultados melhores de despolimerização do PET.

Sharon & Sharon (2012) estudaram a degradação de PET (folhas de transparência) por

uma bactéria da espécie Nocardia. As alterações químicas importantes das cadeias poliméricas

foram detectadas por análise de espectroscopia de fotoelétrons de raios X e a degradação da

estrutura cristalina foi observada por microscopia eletrônica de varredura (MEV). Estes autores

concluíram que haviam esterases, produzidas por esta bactéria, envolvidas no processo. Além

disso, embora o mesmo tenha sido lento, demonstrou-se que estas enzimas podem atuar na

biodegradação de PET.

Acero et al. (2013) empregaram ferramentas de engenharia de proteínas para a

alteração estrutural de uma cutinase de Thermobifida cellulosilytica. Estes autores observaram

que as propriedades eletrostáticas e hidrofóbicas dos aminoácidos localizados no entorno do

sítio ativo das enzimas apresentaram papel fundamental na hidrólise do polímero. Quando a

arginina (carregado positivamente), localizado próximo ao sítio ativo de uma das enzimas, foi

substituído por aminoácidos com carga neutra em suas cadeias laterais, como a serina e a

asparagina, a atividade específica e a taxa de degradação de substratos solúveis foi aumentada

em até 17 vezes. Além disso, agregando ainda mais valor ao processo, o emprego simultâneo

de duas alterações no entorno do sítio ativo levou a um aumento na concentração de TPA,

formado durante a degradação de PET, de 90 para 410 µM.

Barth et al. (2015) estudaram a degradação dos filmes de PET utilizando uma

hidrolase de poliéster (TfCut2) em reator de membrana de ultrafiltração para minimizar a

inibição do produto. Neste processo, o principal produto intermediário da hidrólise de PET foi

o MHET, que atua como inibidor de TfCut2. A técnica de ultrafiltração foi utilizada com

sucesso para minimizar a inibição do MHET no processo de hidrólise enzimática através da

remoção de produtos solúveis. A remoção contínua destes produtos pela membrana de

ultrafiltração aumentou a eficiência da hidrólise biocatalítica de PET em 70% ao longo de um

tempo de reação de 24 h em comparação com uma hidrólise realizada em processos por

batelada.

Yoshida et al. (2016) isolaram uma bactéria, Ideonella sakaiensis 201-F6, que é capaz

de utilizar o PET como sua principal fonte de carbono e energia. Esta bactéria quando cultivada

em meio contendo PET, produz duas enzimas capazes de hidrolisar este polímero e o

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intermediário da reação (BHET). Ambas enzimas são necessárias para converter

enzimaticamente o PET em seus dois monômeros, TPA e MEG.

Castro et al. (2017) estudaram o desempenho catalítico de diversas enzimas de fontes

microbianas (bacterianas e fúngicas) e de plantas para despolimerização de PET, investigando

a sinergia destes biocatalisadores. A cutinase de Humicola insolens apresentou o melhor

desempenho e foi então utilizada em reações com outras fontes de PET, unicamente ou em

combinação com a lipase de Candida antarctica para conversão do MHET. Em muitos casos,

o intermediário MHET foi o produto predominante, confirmando um comportamento comum

relatado na literatura quanto ao seu efeito de inibição para as cutinases. Estes resultados

apresentam novas possibilidades para a conversão de PET pós-consumo em seus monômeros

(TPA e MEG).

Carniel et al. 2017 apresentaram um rastreio de 10 enzimas comerciais para avaliar

suas habilidades de catalisar a hidrólise de BHET em MHET e TPA. A cutinase de Humicola

insolens e lipase de Candida antarctica (CALB) foram considerados os melhores

biocatalisadores para essas reações. Estas duas enzimas demonstraram diferentes modos de

ação sobre a hidrólise de BHET: a cutinase (HiC) apresentou preferência para catalisar o

primeiro passo da hidrólise (acumulando o intermediário MHET), enquanto a lipase (CALB)

demonstrou alta eficiência em ambos os passos de hidrólise (acumulando assim o produto final

TPA). Em geral, HiC demonstrou ser o melhor biocatalisador para despolimerização de PET.

No entanto, esta enzima apresentou capacidade limitada para converter MHET em TPA, ao

contrário da CALB. Assim, estes autores concluíram que um aumento considerável na

concentração de TPA poderia ser alcançado aplicando uma mistura destas duas enzimas, que

demonstraram agir sinergicamente para uma hidrólise mais completa do PET aos seus

monômeros.

Segundo Yoshida et al. (2016), a quantidade de enzimas com esta habilidade

degradante ainda é reduzida, e algumas destas enzimas dependem do fato de que um dos

produtos finais da hidrólise, o MHET é um inibidor enzimático forte e competitivo. Desta

forma, é interessante desenvolver pesquisas para identificar microrganismos que apresentem a

maquinaria enzimática necessária para degradar o PET, podendo servir como uma estratégia de

remediação ambiental, bem como uma plataforma de degradação e/ou fermentação para a

reciclagem biológica de resíduos de PET.

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3.3 Yarrowia lipolytica

Y. lipolytica é uma levedura estritamente aeróbia, eucariótica, do reino Fungi,

pertencente à classe dos Ascomicetos e subclasse Hemiascomicetos. Originalmente foi

classificada como gênero Candida, reclassificada como Endomycopsis lipolytica,

Saccharomycopsis lipolytica e finalmente como Y. lipolytica. Além disso, é considerada não

patogênica e classificada como GRAS (Generally Recognized As Safe) pelo FDA (Food and

Drug Administration). Esta levedura é considerada diferente dos modelos celulares mais

estudados como Saccharomyces cerevisiae e Schizosaccharomyces pombe, que são

consideradas leveduras “convencionais”, em relação à fisiologia, genética e biologia molecular.

Portanto, pertence ao grupo das leveduras “não-convencionais”, sendo a espécie mais estudada

desse grupo (ALOULOU et al., 2007; BARTH; GAILLARDIN, 1997; LIU et al., 2015).

Algumas espécies de leveduras podem apresentar dimorfismo, que consiste na

habilidade de alternar, reversivelmente, entre duas formas morfológicas: células ovóides e hifas

alongadas. Bioquimicamente, o dimorfismo consiste em uma alteração do padrão de biossíntese

da parede celular. Esta alteração é iniciada a partir de um aumento da polarização do

citoesqueleto, acumulando vesículas que carregam enzimas de biossíntese da parede celular

para as extremidades da célula onde há o alongamento celular (HURTADO; RACHUBINSKI,

2002). Esta capacidade de alternar a morfologia é uma característica predominante nos fungos,

que o fazem de modo a se adaptar a novos ambientes. Acredita-se que o dimorfismo esteja

relacionado a um mecanismo de defesa a condições adversas, como a temperatura e as

mudanças nutricionais (COELHO et al., 2010).

Segundo Barth & Gaillardin (1997) o dimorfismo em Y. lipolytica ocorre

naturalmente, formando células de leveduras, pseudo-hifas e hifas septadas. Esta característica

faz com que as leveduras apresentem estruturas filamentosas, sendo uma forma de tolerância a

possíveis estresses e que envolve uma ampla modificação da maquinaria celular (ZINJARDE

et al., 1998). Além disso, a levedura Y. lipolytica é uma espécie suscetível à manipulação

genética e apresenta fácil distinção entre as formas morfológicas, o que desperta grande

interesse em diversos grupos de pesquisa devido a fácil reprodutibilidade em condições in vitro

do seu dimorfismo, que pode ser induzido alterando-se fontes de carbono e nitrogênio, por

exemplo (CERVANTES-CHÁVEZ; RUIZ-HERRERA, 2006; JIMÉNEZ-BREMONT et al.,

2001).

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Diferentes fatores já foram descritos como indutores no dimorfismo de Y. lipolytica,

dentre eles estão a fonte de carbono, fonte de nitrogênio, presença de citrato e o pH, sendo este

último o mais importante nas mudanças morfológicas na levedura (CERVANTES-CHÁVEZ;

RUIZ-HERRERA, 2006). Espécies dimórficas, como Y. lipolytica, crescem em forma ovóide

em ambientes ácidos, ao passo que com o aumento do pH passam a induzir a formação de hifas

(SZABO; STOFANÍKOVÁ, 2002).

Existem estudos na literatura investigando diferentes morfologias de Y. lipolytica

quando cultivada em meios de mesma composição, porém com pH diferente. Quando o pH se

encontra perto da neutralidade a levedura passava apresentar hifas extensas, enquanto em pH

mais ácido, igual a três, a presença de células hifadas é praticamente nula (CERVANTES;

HERRERA, 2007). Além do pH, outro parâmetro importante na formação de hifas é a agitação,

devido ao fato desta levedura ser estritamente aeróbia, formando filamentos em situações de

pouca disponibilidade de oxigênio (NUNES et al., 2013).

Y. lipolytica é capaz de produzir diversos metabólitos importantes de grande interesse

biotecnológico, tais como: lipases, proteases, esterases, fosfatases (NICAUD et al., 2002),

biossurfactantes, ácido cítrico e eritritol a partir de uma variedade de fontes de carbono,

incluindo açúcares, alcanos, óleos vegetais, hidrolisados de amido, etanol e glicerol (COELHO

et al., 2010). Uma das características observadas na produção de lipase a partir de Y. lipolytica

deve-se a capacidade de produzir enzimas extra e intracelulares (PEREIRA-MEIRELLES et

al., 2000).

A aplicação destas lipases tem sido estudada por diferentes pesquisadores devido a sua

versatilidade. No grupo de pesquisa Engenharia de Sistemas Biológicos (Biological System

Engineering Group - BIOSE), diversos trabalhos utilizando Y. lipolytica para produção de

lipases foram desenvolvidos. Amaral (2007) estudou o emprego de perfluorodecalina, um

perfluorocarboneto (PFC) utilizado como carreador de oxigênio em meios de cultivo, na

produção de lipase de Y. lipolytica em biorreator multifásico. Esta autora tinha como objetivo

melhorar a transferência de massa e otimizar a produtividade desta enzima. Brígida (2010)

desenvolveu uma pesquisa sobre a imobilização de lipases utilizando fibra de casca de coco

verde como suporte para aplicações industriais.

Nunes (2015) produziu e caracterizou lipases associadas às células de Y. lipolytica

utilizando como indutor um substrato de baixo custo, como o óleo de soja proveniente de

processos de fritura. Silva (2012) avaliou o efeito da agitação, do nível de oxigênio dissolvido

e da presença do carreador de oxigênio na produção de lipases por Y. lipolytica. Esta autora

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estudou também, a aplicação dessas enzimas na obtenção de carotenoides naturais a partir do

óleo vegetal de buriti.

Além dos estudos diretamente com as lipases, existem trabalhos sobre a biodegradação

de substratos hidrofóbicos com esta mesma levedura (FERREIRA, 2009; LOBO, 2012).

Ferreira (2009) concluiu que Y. lipolytica (IMUFRJ 50682) possui potencial para aplicação em

processos de biorremediação de óleo cru, se mostrando eficiente na degradação de

hidrocarbonetos. Lobo (2012) estudou a biodegradação parcial de asfaltenos por Y. lipolytica

como estratégia de agregação de valor a resíduos de petróleo. A autora concluiu que esta

levedura tem potencial para ser empregada em processos biotecnológicos de degradação de

substratos hidrofóbicos, com vista à geração de compostos orgânicos de maior valor agregado,

a partir de um resíduo de processo das refinarias.

Desta forma, entre as diversas funções da levedura Y. lipolytica, este microrganismo

também apresenta capacidade de degradar substratos hidrofóbicos como asfaltenos, n-alcanos,

ácidos graxos, gorduras e óleos. Devido a esta característica, espera-se que Y. lipolytica também

seja capaz de degradar o PET, possibilitando o desenvolvimento de um processo para hidrólise

enzimática deste polímero.

3.3.1 Consumo de substratos hidrofóbicos por Y. lipolytica

O consumo de substratos hidrofóbicos por Y. lipolytica está relacionado com à alta

hidrofobicidade da superfície de sua parede celular (AMARAL et al., 2006; FONTES et al.,

2010). O catabolismo de substratos hidrofóbicos nas leveduras, é um metabolismo complexo

que envolve diversas vias metabólicas ocorrendo em diferentes compartimentos celulares

(FICKERS et al., 2005), como apresentado, resumidamente, na Figura 2.

Segundo Fickers et al. (2005), neste processo, enzimas lipolíticas hidrolisam os

triglicerídeos em ácidos graxos livres, para que estes possam ser introduzidos a célula. Os

alcanos não precisam desta etapa e conseguem ser introduzidos diretamente. A primeira etapa

de oxidação dos alcanos em álcool, ocorre no retículo endoplasmático pelo citocromo P450

alcano monooxigenase, sendo este composto convertido em ácido graxo. Os ácidos graxos são

então ativados no retículo endoplasmático, no peroxissoma, antes de entrarem na via da β-

oxidação, que resulta em acetil-CoA e propionil-CoA. Os intermediários produzidos na β-

oxidação entram no ciclo do glioxalato, o qual interage com o ciclo do ácido cítrico e o ciclo

de metilcitrato na mitocôndria. Três etapas enzimáticas estão envolvidas neste processo:

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catálise pela citocromo P450 alcano monooxigenase situado no retículo endoplasmático; ação

da enzima álcool desidrogenase, e a ação da enzima aldeído desidrogenase presente no

perixossoma.

Figura 2. Principais vias metabólicas e compartimentos celulares envolvidos na degradação de substratos

hidrofóbicos. Fonte: FICKERS et al., (2005) adaptado por LOBO (2012).

A assimilação destes substratos pode ocorrer através de dois métodos: adsorção direta

das gotas hidrofóbicas à superfície celular ou pode ser mediada por um surfactante. No caso da

adsorção direta, muitos mecanismos podem estar envolvidos, como interações hidrofóbicas,

interações de Lewis (ácido ou base), interações eletrostáticas ou de Van der Waals. Alguns

testes são realizados para fornecer informações sobre as propriedades da superfície das células

e podem ser úteis para prever o comportamento microbiano frente a uma superfície. Alguns

exemplos destes testes são o MATH (microbial adhesion to hydrocarbons) (ROSENBREG,

1991), e o MATS (microbial adhesion to solvents) (BELLON-FONTAINE et al., 1996).

AGUEDO et al. (2003) investigaram as propriedades da superfície de Y. lipolytica pelo

teste MATS e observaram um maior caráter doador e aceptor de elétrons nos cultivos realizados

na presença de substrato hidrofóbico (metil ricionelato) do que na presença de glicose. Estes

autores demonstraram que o metil ricionelato não induz aumento no caráter hidrofóbico da

superfície celular, mas influencia suas propriedades ácido-base.

Sabendo da capacidade desta levedura em assimilar substratos hidrofóbicos, outra

temática interessante de estudo está sendo desenvolvida neste grupo de pesquisa (BIOSE), que

consiste na utilização da capacidade biotecnológica da levedura Y. lipolytica para produção de

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enzimas, com o intuito reduzir o acúmulo de polímeros no meio ambiente através da

despolimerização do PET pós-consumo. Como observado na Tabela 2 do item 3.2, diversos

estudos voltados para despolimerização do PET estão sendo realizados, porém ainda não se

encontra na literatura dados sobre a biodegradação deste material utilizando leveduras.

3.3.2 Fermentação Submersa

O processo de fermentação submersa (FS) é realizado em meio fermentativo líquido,

e as fontes de nutrientes presentes no meio são solúveis. De forma geral, pode ser definido como

a transformação de um substrato em um determinado produto pela ação de microrganismos.

Neste processo, os microrganismos crescem normalmente em um complexo meio nutriente

contendo carbono, nitrogênio, fontes de fósforo e sais minerais. Em alguns casos são utilizados

indutores como triglicerídeos, ácidos graxos livres, ésteres hidrolisáveis, sais de bile e glicerol

para estimular a produção de determinado metabólito (ARAVINDAN et al., 2007).

Este tipo de fermentação pode ser realizado em frascos agitados, fermentadores de

bancada ou até em fermentadores industriais. A FS é o processo mais utilizado para produção

de lipases, devido à facilidade dos microrganismos de crescerem em condições controladas de

pH e temperatura (PEREIRA-MEIRELLES, 1997). Porém, a produção destas enzimas também

pode ocorrer por fermentação em estado sólido (FES).

A grande diferença entre a FS e FES é a quantidade de água livre no substrato. Na FES

o microrganismo cresce em substratos sólidos, que devem possuir umidade suficiente apenas

para dar suporte ao crescimento e sustentabilidade ao metabolismo. Por outro lado, na FS a

atividade da água é muito alta e o meio, quando diluído, pode alcançar um grande volume

quando comparado ao meio semi-sólido. Em FS, a água constitui cerca de 90-99% da massa

total do material a ser fermentado (RAGHAVARAO et al., 2003).

Outra diferença entre estes processos é o nível de troca gasosa. A aeração forçada é

mais fácil de ser utilizada em FES devido aos espaços entre as partículas, que facilita a troca

gasosa entre as superfícies. Porém, esse tipo de aeração pode criar caminhos preferenciais,

dificultando a dispersão homogênea do CO2, O2 e calor no meio. Em FS, a aeração pode ser

controlada com a utilização de sistemas de agitação, ajustando o fluxo de ar (HÖLKER; LENZ,

2005).

O controle de pH é difícil de ser realizado na FES, devido à heterogeneidade e a

consistência do material sólido. Para amenizar a variação brusca do pH, são utilizados

substratos com boa capacidade tamponante ou a adição de soluções tampão durante a etapa de

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umidificação do substrato. Já na FS, o pH pode ser controlado pela adição de ácido/base

diretamente ao meio fermentativo (GIBBS et al., 2000).

Diante das características destes processos optou-se por utilizar a FS neste estudo,

visto que o objetivo principal foi avaliar o crescimento celular da levedura Y. lipolytica frente

as moléculas da cadeia de produção do PET. O crescimento celular é mais fácil de ser avaliado

pela FS. Além disso, o trabalho visou produzir lipases por esta levedura para realizar a hidrólise

enzimática de PET, uma vez que em trabalhos anteriores, produzidos por outros pesquisadores,

(AMARAL, 2007, SILVA, 2012), foi mencionado que este sistema seria adequado para

produção destas enzimas.

3.4 LIPASES

Lipases (triacilglicerol esteracilhidrolases E.C.3.1.1.3.) são enzimas extremamente

versáteis que podem ser estáveis em meios orgânicos e aquosos. Estas enzimas pertencem ao

grupo das esterases e catalisam a hidrólise de ligações éster de triacilgliceróis (TAGs) de

cadeias longas de ácidos graxos, formando ácidos graxos livres, glicerol, diacilglicerol e

monoacilglicerol (SHARMAN; KANWAR, 2014).

O que diferencia estas enzimas de outras esterases, é a capacidade de catalisar,

preferencialmente, a hidrólise de ésteres de ácidos graxos insolúveis em água e não ésteres

solúveis. Além disso, outra característica das lipases é a capacidade destas hidrolisarem TAGs

com cadeia maior ou igual a 10 carbonos, enquanto que outras esterases utilizam como substrato

apenas TAGs contendo menos de 10 carbonos em sua cadeia (BRÍGIDA et al., 2007; SHARMA

et al., 2001).

Além da hidrólise de TAGs, as lipases são capazes de catalisar a síntese de ésteres,

através das reações de esterificação, interesterificação e transesterificação (BRÍGIDA, 2010;

PEREIRA-MEIRELLES et al., 1997). As lipases constituem o grupo mais importante de

biocatalisadores, tanto sob o ponto de vista fisiológico quanto biotecnológico. Estabilidade em

solventes orgânicos, não requerimento de cofatores e atuação em um amplo espectro de

substratos, são características que atraem atenção para estas enzimas (ANDUALEMA;

GESSESSE, 2012; BORNSCHEUER, 2002).

Estas enzimas apresentam amplo campo de atuação podendo ser utilizadas para a

obtenção de diversos produtos devido sua versatilidade. Na indústria de alimentos uma das

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aplicações destas enzimas é na produção de ácidos graxos, responsáveis pelo desenvolvimento

do aroma e sabor, principalmente em queijos (AKIN et al., 2003).

Na indústria de detergentes, atua removendo resíduos gordurosos ou até mesmo na

síntese de biosurfactantes, substituindo parcial ou totalmente os surfactantes, que causam

grandes danos ao meio ambiente (HEMACHANDER; PUVANAKRISHNAN, 2000). As

lipases também encontram aplicações em outros setores industriais, como na indústria de

laticínios, bebidas, cosméticos, papel, farmacêutica, entre outras (SHARMA et al., 2001). A

Tabela 3 apresenta algumas aplicações das lipases em diferentes setores industriais.

Tabela 3. Aplicações industriais de lipases. Fonte: Sharma et al. (2011).

Indústria Ação Produto ou Aplicação

Alimentos Transesterificação Alimentos saudáveis

Bebidas Melhora do aroma Bebidas

Carne e Peixe Desenvolvimento de flavor Remoção de gorduras

Cosméticos Síntese Fragrância para perfumes

Detergentes Hidrólise de gorduras Remoção de manchas de óleos

Exames Ensaios de triglicerídeos no sangue Kits de diagnósticos

Farmacêutica Transesterificação e hidrólise Auxiliadores digestivos

Gorduras e

óleos

Transesterificação e hidrólise Manteiga de cacau, margarina,

glicerol, mono e diglicerídeos

Laticínios Hidrólise da gordura do leite,

maturação de queijos, modificação

de gordura de manteiga

Desenvolvimento de flavor em

leite, queijo e manteiga

Limpeza Hidrólise Remoção de gorduras

Panificação Melhora do flavor Prolongamento da vida de

prateleira

Papel Hidrólise Papel com melhor qualidade

As lipases podem ser produzidas por microrganismos, plantas e animais. As de origem

microbiana são capazes de catalisar não só reações de hidrólises, mas também de síntese,

despertando interesse devido à sua seletividade, alta especificidade de substrato e estabilidade

em temperaturas extremas, pH e solventes orgânicos (DOMÍNGUEZ et al., 2010). Além disso,

possuem uma gama de propriedades bioquímicas e são relativamente fáceis de produzir e

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recuperar do meio de cultivo (ALOULOU et al., 2007). As lipases microbianas são

glicoproteínas de peso molecular que variam entre 19 e 60 kDa, apresentando em torno de 258

e 544 resíduos de aminoácidos, dos quais um grande número são hidrofóbicos e responsáveis

pela interação entre a enzima e substratos insolúveis em água (JAEGER; REETZ, 1998).

Apesar da grande versatilidade dessas enzimas, sua utilização no setor industrial ainda

é limitada pelo seu elevado valor comercial, especialmente quando grande quantidade de

enzima é necessária ou quando o produto final do processo tem baixo valor agregado (RIBEIRO

et al., 2011). Desta forma, o desenvolvimento de pesquisas com o objetivo de diminuir o custo

destes biocatalisadores torna-se importante, uma vez que já se conhecem as vantagens e

diversas aplicações que estas enzimas possuem.

Estudos que envolvam a síntese de lipases microbianas é de grande interesse, visto que

são as mais utilizadas. Estas enzimas provenientes de microrganismos apresentam possibilidade

de altos rendimentos, facilidade de manipulação genética, suprimento regular devido à ausência

de flutuações sazonais e rápido crescimento dos microrganismos em meios de baixo custo

(BORA et al., 2013; HASAN et al, 2006).

3.4.1 Lipases de Yarrowia lipolytica

Y. lipolytica é considerada um sistema confiável para a expressão de proteínas

heterólogas para fins acadêmicos e aplicações comerciais (MADZAK, 2015). Um dos produtos

mais importantes sintetizado por este microrganismo são as lipases. Microrganismos lipolíticos,

como Y. lipolytica, são os principais biocatalisadores utilizados na obtenção de enzimas

altamente específicas que podem ser aplicadas nos mais variados setores industriais (SINGH;

MUKHOPADHYAY, 2012).

Esta levedura é capaz de produzir lipases extra e intracelulares ligadas à célula (Figura

3), porém ambas apresentam atividades diferentes. A lipase extracelular necessita de um

ativador para a hidrólise de triglicerídeos, enquanto que a lipase ligada à superfície celular não

(OTA et al., 1970). A produção destas enzimas é influenciada por fatores nutricionais e físico-

químicos como temperatura, pH, fonte de nitrogênio e carbono, presença de lipídios e de

biossurfactantes, sais inorgânicos, agitação e concentração de oxigênio dissolvido (AMARAL,

2007; PEREIRA-MEIRELLES, 1997).

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Figura 3. Representação esquemática da localização da lipase durante o cultivo de células de Y. lipolytica: (I)

fração solúvel intracelular; (L) fração intracelular ligada à célula; (E) fração extracelular. Fonte: AMARAL,

(2007) e PEREIRA-MEIRELLES et al., (2000).

Y. lipolytica secreta diferentes isoformas de lipases. Estudos genômicos sugerem que

este microrganismo apresenta 25 supostas lipases, produzidas por seis diferentes cromossomos

(A-F) (FICKERS et al., 2011; KUMARI; GUPTA, 2012; NAJJAR et al., 2011; RIBEIRO et

al., 2011). Cada isoforma apresenta diferentes propriedades, principalmente em relação às

características de especificidade e preferência por substratos (RIBEIRO et al., 2011).

A principal lipase extracelular de Y. lipolytica é denominada Lip2. Esta enzima é

produzida em grandes quantidades, sendo uma das poucas dentre as lipases que hidrolisam

TAGs de cadeia longa mais rápido do que hidrolisam tributirina (ALOULOU et al., 2007). A

Lip2 possui massa molar de aproximadamente 38 kDa, sendo estruturalmente homóloga a

muitas lipases fúngicas (YAN et al., 2013). Uma das características desta enzima é a presença

de um subdomínio móvel chamado de tampa, de natureza hidrofóbica, que facilita a ligação à

interface lipídeo-água e controla o acesso de moléculas de substrato ao centro catalítico (CUI

et al., 2013).

Além da Lip2, outras lipases são produzidas por Y. lipolytica, como a Lip7, Lip8, Lip9,

Lip11, Lip12, Lip14 e Lip18. As lipases Lip7 e Lip8, não são produzidas em grandes

quantidades, possuem maior termoestabilidade que a Lip2 e apresentam especificidade por

cadeias curtas (C6) e médias (C10), respectivamente (FICKERS et al., 2011). As lipases Lip11

e Lip12 possuem atividade mais elevada em óleos, seguido por triacilgliceróis e ésteres. A Lip

11 tem especificidade para ésteres de ácidos graxos com cadeias medias e longas, no entanto, a

Lip12 tem especificidade apenas para cadeias médias. As lipases Lip8, Lip9, Lip11, Lip12,

Lip14 e Lip18 têm pH ótimo próximo a 7,0. Adicionalmente, a Lip18 demonstrou ser a lipase

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com a maior termoestabilidade, característica importante para a aplicação em reações de síntese

livres de solventes (KUMARI; GUPTA, 2012; ZHAO et al., 2011).

Diante do exposto, a levedura Y. lipolytica demonstra ser um ótimo microrganismo

capaz de produzir enzimas, como as lipases, que podem ser utilizadas para hidrólise enzimática

de PET, tornando este processo mais ambientalmente seguro para reciclagem destes materiais.

A utilização de enzimas para obter os monômeros que constituem o PET (TPA e MEG) é de

extrema importância para diminuir a dependência do petróleo na produção destes materiais e

até mesmo utilizar estes monômeros como fonte de carbono e energia para o crescimento dos

microrganismos.

A biodegradação é uma opção atraente para a eliminação ecológica e eficiente de

resíduos de plástico. Porém, muitas pesquisas ainda precisam ser realizadas nesta área em

relação a baixa degradabilidade destes materiais devido seu alto grau de cristalinidade e baixa

hidrofobicidade, que dificultam o processo de hidrólise enzimática. Contudo, diante do vasto

potencial metabólico de microrganismos, como Y. lipolytica, espera-se que diversos trabalhos

nesta temática sejam realizados e que os resultados sejam promissores para reciclagem

biotecnológica de polímeros.

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4. METODOLOGIA

4.1 MATERIAIS

4.1.1 Reagentes

Os principais reagentes utilizados neste trabalho para o desenvolvimento dos ensaios

analíticos e para composição dos meios de cultura estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Reagentes utilizados em meios de cultura e ensaios analíticos.

Reagente Fabricante

Acetato de sódio Dinâmica®

Acetonitrila TEDIA®

Ácido tereftálico Sigma-aldrich

Ácido tricloroacético Spectrum®

Ágar Vetec

Azocaseína Sigma-Aldrich®

Tereftalato de bis(2-hidroxietil) Sigma-aldrich

Dimetil-sulfóxido (DMSO) Vetec

Extrato de levedura Sigma-Aldrich®

Fosfato dibásico Vetec

Glicose Vetec

KOH ISOFAR

Metanol Sigma-Aldrich®

Monoetileno glicol Sigma-aldrich

NaOH ISOFAR

Oligômeros de PET PetroquímicaSuape

Peptona Sigma-Aldrich®

Butirato de p-nitrofenila Sigma-Aldrich®

Laurato de p-nitrofenila Sigma-Aldrich®

PET Amorfo PetroquímicaSuape

PET moído de recicladora CPR Rio

Pré-Polímero de PET PetroquímicaSuape

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4.1.2 Equipamentos

A Tabela 5 contém os principais equipamentos utilizados neste trabalho.

Tabela 5. Principais equipamentos utilizados neste trabalho.

Equipamento Fabricante Modelo

Agitador magnético TECNAL® TE-0851

Balança SHIMADZU® BL3200H

Balança analítica OHAUS® Adventurer™

Banho termostatizado QUIMIS® Q22612

Câmara de fluxo laminar Filtracom BioFlux II 90A

Centrífuga Eppendorf 5804R

Espectrofotômetro SHIMADZU® UV-1800

HPLC SHIMADZU® -

HPLC Thermo Scientific Dionex UltiMate 3.000

Incubador orbital TECNAL® TE-4200

Leitor de Microplaca SpectraMax M2e Molecular Devices

Microcentrífuga IKA Mini G

Microscópio Nikon Eclipse E200

pHmetro TECNAL® TR-107 PT100

Vórtex IKA MS3

4.2 MICRORGANISMO

O microrganismo utilizado foi a estirpe selvagem de Y. lipolítica (IMUFRJ 50682),

isolada do estuário da Baía de Guanabara na cidade do Rio de Janeiro, Brasil (HAGLER;

MENDONÇA-HAGLER, 1981). Esta levedura foi identificada pelo Instituto de Microbiologia

do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

4.2.1 Manutenção da Cultura

As células de Y. lipolítica (IMUFRJ 50682) foram conservadas a 4 ºC após 24 horas

de crescimento em tubos de ensaio com meio YPD (Yeast Extract, Peptone, Dextrose) contendo

(em p/v): extrato de lêvedo 1%, peptona 2%, glicose 2% e agar 3%.

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4.2.2 Pré-inóculo

As células preservadas em tubos contendo YPD ágar, como descrito no item 4.2.1,

foram inoculadas de modo estéril com alça de platina em Erlenmeyers de 500 mL contendo 200

mL de meio de cultivo YPD (p/v: extrato de lêvedo 1%, peptona 2%, glicose 2%). Após a

inoculação, os frascos foram dispostos em agitador orbital (TECNAL, TE-4200, Brasil) a 160

rpm, 29 °C, por 72 horas para o crescimento das células.

Todos os materiais e meios utilizados neste trabalho que exigiram condições

assépticas, foram esterilizados em autoclave. Os materiais foram esterilizados a 1,0 atm por 22

minutos e os meios de cultivo com composição orgânica a 0,5 atm por 22 minutos.

4.3 PRIMEIRA ETAPA

4.3.1 Meios de produção

Nesta etapa preliminar do trabalho foram utilizados dois meios de cultivo para preparar

as fermentações, YPD (extrato de lêvedo 1% m/v, peptona 2% m/v e glicose 2% m/v) e YP

(extrato de lêvedo 1% m/v, peptona 2% m/v). As fermentações foram realizadas em

Erlenmeyers de 500 mL, contendo 200 mL de meio de cultivo (YPD ou YP) e 500 mg.L-1 dos

substratos TPA (166,13 g.mol-1), MEG (62.068 g.mol-1), BHET (254,24 g.mol-1), PET amorfo,

oligômeros de PET, pré-polímero de PET e PET moído de recicladora (CPR).

Estes substratos foram fornecidos pelo Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES).

Além dos ensaios com os substratos, foram realizados ensaios controle contendo somente os

meios YPD e YP. Os experimentos foram realizados a 29 °C, a 160 rpm em incubador orbital

(TECNAL, TE-4200, Brasil) durante 96 horas.

A inoculação dos meios de cultivo foi realizada com o pré-inóculo descrito no item

4.2.2. Após 72 horas de cultivo deste pré-inóculo, uma alíquota foi retirada para determinação

da absorvância a 570 nm em espectrofotômetro (SHIMADZU, UV-1800, Japão) e para o

cálculo da concentração celular.

Após esta etapa, as células foram centrifugadas a 3000 rpm (Eppendorf, 5804F,

Alemanha) por 10 minutos e suspensas em aproximadamente 30 mL do meio de produção. O

volume de pré-inóculo centrifugado foi calculado de modo a se obter, aproximadamente, uma

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concentração inicial de células de 1,0 mg p.s cel.mL-1 nos meios de cultivo. Todos os ensaios

foram realizados em duplicata e estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Experimentos utilizados nos ensaios preliminares deste trabalho.

Ensaios

Meio YPD Meio YP

YPD + Controle YP + Controle

YPD + TPA YP + TPA

YPD + BHET YP + BHET

YPD + CPR YP + CPR

YPD + MEG YP + MEG

YPD + PET AMORFO YP + PET AMORFO

YPD + OLIGÔMEROS DE PET YP + OLIGÔMEROS DE PET

YPD + PRÉ-POLÍMERO DE PET YP + PRÉ-POLÍMERO DE PET

4.3.2 Amostragem

Durante 96 horas de fermentação, amostras de 1 mL foram retiradas, de modo

asséptico, em câmera de fluxo laminar (Filtracom, BioFlux II 90A, Brasil), em intervalos de

quatro horas para quantificação do crescimento celular e para análise do consumo de glicose

(somente nos ensaios YPD).

Deste 1 mL retirado, 100 µL foram reservados para quantificação em HPLC (Thermo

Scientific, Dionex UltiMate 3.000), dos monômeros TPA, MHET, BHET e MEG. Este volume

de 100 µL foi diluído 10 vezes com adição de 900 µL de metanol P.A, sem prévia centrifugação,

exceto o MEG, que foi diluído em água destilada. A amostragem foi realizada a cada 4 horas.

4.3.3 Quantificação do crescimento celular

O crescimento celular da levedura Y. lipolytica foi acompanhado através de medidas

de absorvância em espectrofotômetro (SHIMADZU, UV-1800, Japão) a 570 nm durante 96

horas de experimento. Os valores de cada leitura foram convertidos para mg p.s.cel.mL-1

utilizando-se o fator obtido através de uma curva padrão de peso seco (Figura 4), previamente

elaborada conforme metodologia descrita por Amaral (2007).

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Figura 4. Curva de peso seco para quantificação do crescimento celular de Y. lipolytica (espectrofotômetro

SHIMADZU, UV-1800).

4.3.4 Cálculo dos parâmetros cinéticos

Os parâmetros cinéticos como velocidade específica de crescimento µ (h-1), tempo de

duplicação celular td (h) e taxa de consumo de glicose –dS.dt-1 (mg mL-1 h-1) foram calculados

e estão indicados nas Equações 1, 2 e 3.

𝜇𝑥 =1

𝑥 ×

𝑑𝑋

𝑑𝑡 Eq. (1)

𝑡𝑑 = ln 2

𝜇𝑥 Eq. (2)

−𝑑𝑆

𝑑𝑡= 𝑆(𝑡)

Eq. (3)

4.3.5 Análise de pH

O pH de todos os ensaios foi determinado em pHmetro digital (TECNAL, TR-107

PT100, Brasil), previamente calibrado com soluções padrão de pH 4 e 7, durante as 96 horas

de experimento em temperatura ambiente (27 °C).

y = 0,4736x

R² = 0,9976

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Co

nce

ntr

ação

(g.L

-1)

Absorvância (570 nm)

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4.3.6 Atividade de lipase

Antes da análise para avaliar a atividade hidrolítica de lipase, foi preparado uma curva

padrão de p-nitrofenol (pNF) em placa de 96 poços, em que foram realizadas diluições da

solução de p-nitrofenol (pNF) 1,553 mM adicionando volumes indicados na Tabela 7 e

completando o volume com tampão fosfato pH 7 até atingir 200 µL. Um branco do padrão foi

preparado adicionando-se 15 µL de água destilada e 185 µL do tampão fosfato 50 mM, pH 7.

Todas as diluições de pNF foram realizadas com 5 réplicas.

Tabela 7. Volumes dos reagentes utilizados para construção da curva padrão de p-nitrofenol.

Volume pNF (µL) Volume tampão (µL) Volume água (µL) Concentração pNF

(µM)

0,0 185,0 15,0 0,0

2,0 198,0 0,0 15,5

2,5 197,5 0,0 19,4

5,0 195,0 0,0 38,8

7,5 192,5 0,0 58,3

10,0 190,0 0,0 77,7

12,5 187,5 0,0 97,2

15,0 185,0 0,0 116,6

A placa com o branco e as soluções de pNF diluídas foram analisadas no

espectrofotômetro (SpectraMax M2e, Molecular Devices, Estados Unidos) com comprimento

de onda de 412 nm a 30 ºC. A partir dos dados obtidos foi construída uma curva de calibração

plotando os valores de absorvância média para cada solução (eixo y) versus a concentração de

pNF nas amostras em µM (eixo x) como apresentado na Figura 5.

A atividade hidrolítica de lipases foi determinada através da hidrólise do laurato de p-

nitrofenila (p-NFL) a p-nitrofenol, com uma concentração de 0,162 mg.mL-1 em tampão fosfato

de potássio (50 mM), pH 7, a 410 nm em leitor de microplacas (SpectraMax M2e, Molecular

Devices, Estados Unidos) (PEREIRA-MEIRELES et al., 1997). O substrato foi preparado com

0,018 g de p-NFL, dissolvido em 1 mL de dimetilsufóxido (DMSO) e diluído em 100 mL

tampão fosfato de potássio 50 mM, pH 7.

Para determinação da atividade da enzima livre, adicionou-se 20 µL de solução da

mesma em 180 µL de substrato a 37 °C em placas de 96 poços para análise em

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espectrofotômetro (SpectraMax M2e, Molecular Devices, Estados Unidos). A quantidade de

produto formada foi monitorada durante 100 segundos (AMARAL et al., 2006) e a atividade

enzimática foi definida como a quantidade de enzima que produz 1 μmol de p-nitrofenol por

minuto nas condições de ensaio.

Figura 5. Curva Padrão de p-nitrofenol (ρNF).

4.3.7 Atividade de protease

A medida de atividade proteolítica foi realizada segundo método descrito por Charney

& Tomarelli (1947). Neste método, foi utilizado como substrato 0,5 mL de solução de

azocaseína (0,5%) em tampão acetato 50 mM, pH 5. Ao substrato, foram adicionados 0,5 mL

do extrato enzimático e a mistura foi incubada por 40 minutos a 32 °C em banho termostatizado

(QUIMIS, Q22612, Brasil).

Após este tempo, adicionou-se 0,5 mL de ácido tricloroacético (TCA) 15% p/v, com

o intuito de precipitar moléculas proteicas não hidrolisadas pelas enzimas proteolíticas. Em

seguida, as amostras foram centrifugadas (Eppendorf, 5804F, Alemanha) a 3000 rpm por 15

min. Logo após, 100 µL da solução de KOH 5N e 100 µL do sobrenadante foram adicionadas

na placa de 96 poços, no qual foi observado o aparecimento de uma solução de cor alaranjada-

rosada, característica dos grupamentos azo em pH alcalino. A intensidade desta coloração foi

determinada em espectrofotômetro (SpectraMax M2e, Molecular Devices, Estados Unidos), a

428 nm.

O branco de reação foi preparado adicionando-se o TCA antes do extrato enzimático.

Neste caso, uma unidade (U) de atividade enzimática proteolítica foi definida como o aumento

y = 0,00626x

R² = 0,99365

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0 20 40 60 80 100 120 140

Ab

sorv

ânci

a a

41

2 n

m

p-nitrofenol (µM)

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de 0,01 de absorvância que a amostra apresentou em relação ao branco por minuto nas

condições de reação. O cálculo da atividade foi realizado utilizando a Equação (4):

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = (𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 − 𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜)

(0,01). (Tempo). (Va)

Eq. (4)

Absamostra = o valor de absorvância lido para a amostra de extrato enzimático;

Absbranco = o valor de absorvância lido para o branco da análise;

Tempo = o tempo decorrido de análise em minutos (40 min);

Va = volume de amostra usado em mL (1 mL);

4.3.8 Cromatografia líquida (HPLC)

4.3.8.1 Quantificação de TPA, BHET e MHET

A cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) (Cromatógrafo Thermo Scientific,

Dionex UltiMate 3.000), foi utilizada para analisar os produtos obtidos na despolimerização do

PET e para detecção quantitativa de TPA, BHET e MHET. Nestas análises foi utilizada a coluna

Eclipse Plus C18, 5 μm, 4,6 x 250 mm, PN959990-902 (Agilent, Estados Unidos) e a pré-coluna

Zorbax SB-C18, 5 µm, 4,6 x 12,5 mm, PN: 820950-920 (Agilent, Estados Unidos). O gradiente

utilizado está apresentado na Tabela 8 e as condições operacionais estabelecidas para execução

dos ensaios encontram-se descritos na Tabela 9.

Tabela 8. Gradiente de fase móvel de HPLC utilizado na avaliação de TPA, BHET e MHET.

Tempo (minutos) Solvente A (%) Solvente B (%)

0 20 80

5 60 40

13 60 40

16 100 0

24 100 0

25 20 80

30 20 80

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Tabela 9. Condições Operacionais do Cromatógrafo Thermo Scientific, Dionex UltiMate 3.000 para quantificação

de TPA, BHET e MHET.

Temperatura da coluna 30 °C

Volume de Injeção de amostra 10 μL

Comprimento de onda do detector UV 254 nm

Fase Móvel C2H3N (grau HPLC). Solvente A/ Solução

aquosa de Ácido Fórmico

Vazão 0,5 mL.min-1

As Figuras 6, 7 e 8 apresentam as curvas padrão de TPA, MHET e BHET,

respectivamente.

Figura 6. Curva padrão de ácido tereftálico (TPA)

Figura 7. Curva padrão de tereftalato de mono(2-hidroxietil) (MHET).

y = 1,1421x

R² = 0,9998

0

10

20

30

40

50

60

70

0 10 20 30 40 50 60

Áre

a (m

AU

.min

)

Concentração de TPA (mg.L-1)

y = 0,8125x

R² = 0,9998

0

10

20

30

40

50

0 10 20 30 40 50 60

Áre

a (m

AU

.min

)

Concentração de MHET (mg.L-1)

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Figura 8. Curva padrão de tereftalato de bis(2-hidroxietil) (BHET).

4.3.8.2 Quantificação de Glicose e MEG

A concentração de glicose e a quantificação de MEG foram determinadas por

cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) em cromatógrafo SHIMADZU. Nestas análises

foi utilizada a coluna Aminex® HPX-87H, 300 x 7,8 mm (Bio-Rad Laboratories Ltd, Estados

Unidos), detector de índice de refração (IR) (SHIMADZU, RID-10ª, Japão), bomba binária

(SHIMADZU, SIL-20A, Japão), módulo de controle de temperatura (SHIMADZU, CTO-

20AC, Japão) e o software cromatográfico LabSolution (SHIMADZU, 1.25 SP5, Japão). As

condições operacionais utilizadas para as análises encontram-se especificadas na Tabela 10 e

as curvas padrão de glicose e MEG estão apresentadas nas Figuras 9 e 10.

Figura 9. Curva padrão de Glicose.

y = 0,6816x

R² = 0,9998

0

10

20

30

40

0 10 20 30 40 50 60

Áre

a (

mA

U.m

in)

Concentração de BHET (mg.L-1)

y = 296241x

R² = 0,9977

0

2000000

4000000

6000000

8000000

10000000

0 5 10 15 20 25 30 35

Áre

a (U

A)

Concentração de Glicose (g.L-1)

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Figura 10. Curva padrão de Monoetileno glicol (MEG).

Tabela 10. Condições Operacionais do HPLC SHIMADZU para quantificação de Glicose e MEG.

Temperatura da coluna 60 °C

Volume de Injeção de amostra 20 μL

Fase Móvel H2SO4 5 mM

Vazão 0,8 mL.min-1

4.3.9 Microscopia

As amostras foram analisadas em microscópio óptico (Nikon®, Eclipse E200, Japão)

utilizando as ferramentas disponíveis no software comercial Image-Pro Plus® 5.0 (Media

Cybernetics, Estados Unidos). O microscópio utilizado possui câmera digital (Media

Cybernetics®, Evolution VF fast cooled color, Canadá) acoplada e ligada ao computador. As

amostras analisadas nesta primeira etapa corresponderam aos tempos 0, 24, 48, 72 e 96 horas

de experimento.

4.4 SEGUNDA ETAPA

Após os dados obtidos nos experimentos do item 4.3 deste trabalho, foi realizada uma

segunda parte com os seguintes ensaios: YP Controle, YP + TPA, YP + MEG, YP + CPR, YP

+ BHET. Nesta nova etapa, a velocidade de agitação do sistema foi alterada de 160 para 250

rpm. Tal velocidade de agitação foi utilizada a fim de verificar a influência da dispersão do

oxigênio nos cultivos.

y = 197071x

R² = 0,9997

0

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

7000000

0 10 20 30 40

Áre

a (U

A)

Concentração de MEG (g.L-1)

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Assim como nos experimentos preliminares, nesta segunda etapa foram realizadas as

seguintes análises: determinação do crescimento celular, análise de pH, atividade de lipase e

protease, quantificação do PET e dos monômeros em HPLC e análises microscópicas, como já

foram descritas anteriormente. Porém, com o intuito de verificar a atividade de outras esterases

além da lipase, optou-se, nesta etapa, por realizar o método do butirato de p-nitrofenila (p-

NFB).

4.4.1 Atividade de esterases

A análise da atividade de outras esterases foi avaliada pela reação de hidrólise do

butirato de p-nitrofenila (p-NFB). Este método se baseia na formação de um produto cromóforo

(p-nitrofenol) a partir da reação de hidrólise de ésteres graxos do p-nitrofenil catalisada pelas

esterases. O substrato foi preparado a partir da diluição de 8,8 µL de p-NFB em 20 mL de

solução acetonitrila e DMSO (1:1).

Após o preparo do substrato, 140 µL de tampão fosfato, 50 mM, pH 7, foram

adicionados a placa de 96 poços, além de 50 µL de substrato (p-NFB) e 10 µL do extrato

enzimático (CARNIEL et al., 2017). As análises foram acompanhadas a 412 nm, 30 °C, em

espectrofotômetro (SpectraMax M2e, Molecular Devices, Estados Unidos). Uma unidade de

atividade foi definida como a quantidade de enzima necessária para liberar 1 µmol de p-NF em

um minuto, sob as condições de ensaio especificadas.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 PRIMEIRA ETAPA

Na primeira etapa deste trabalho foi realizada uma seleção com os experimentos

descritos na Tabela 11. Estes ensaios serviram para avaliar o crescimento da levedura Y.

lipolytica frente as moléculas da cadeia de produção do PET e para analisar o perfil de consumo

destas moléculas pela levedura.

As amostragens realizadas ao longo das 96 horas de fermentação, foram utilizadas para

as seguintes análises que serão descritas nos próximos tópicos: determinação do crescimento

celular, consumo de glicose em HPLC, análise de pH, concentração de lipase, concentração de

protease, quantificação do PET e dos monômeros (TPA, MHET e BHET) em HPLC e análises

microscópicas.

Tabela 11. Condições experimentais dos ensaios da primeira etapa do trabalho com agitação de 160 rpm.

Meio de Cultivo Substrato

YPD (Controle) -

YPD TPA

YPD BHET

YPD CPR

YPD MEG

YPD PET amorfo

YPD Oligômeros de PET

YPD Pré-polímero de PET

YP (Controle) -

YP TPA

YP BHET

YP CPR

YP MEG

YP PET amorfo

YP Oligômeros de PET

YP Pré-polímero de PET

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5.1.1 Crescimento celular e consumo de glicose

O crescimento celular de microrganismos pode ser avaliado pelo aumento da massa

celular ou número de células, que consiste em uma série de eventos altamente coordenados e

enzimaticamente catalisados. Este processo depende do transporte de nutrientes e de parâmetros

ambientais, como pH e temperatura, que devem ser mantidos no valor ótimo (BORZANI et al.,

1975). O crescimento da levedura Y. lipolytica (IMUFRJ 50682) em mg.mL-1, em meios YP e

YPD, pode ser acompanhado através das Figuras 11 e 12, respectivamente.

Estes meios de fermentação (YP e YPD) foram preparados para fornecer à levedura os

nutrientes de que necessita para seu crescimento. A limitação da principal fonte de carbono no

meio YP foi realizada de modo a observar o comportamento da levedura sem a glicose no meio

de cultivo, e avaliar se este microrganismo seria capaz de assimilar outras fontes de carbono

oriundas da possível degradação do PET.

O processo de fermentação foi mantido na temperatura (29 °C) e em agitação (160

rpm), afim de manter as condições favoráveis ao desenvolvimento da levedura Y. lipolytica

IMUFRJ 50682 (AMARAL, 2007). Segundo Liu et al. (2015), a temperatura adequada para o

crescimento não deve exceder 32-34 °C. Além disso, na fermentação submersa o sistema de

agitação deve facilitar o suprimento, ao microrganismo em desenvolvimento, de quantidades

adequadas de nutrientes existentes no meio líquido e de oxigênio existente na bolha de ar

(BORZANI et al., 1975).

Figura 11. Concentração celular de Y. lipolytica em função do tempo em meio YP a 29 °C, 160 rpm, por 96

horas.

0

2

4

6

8

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

ão C

elu

lar

(mg.m

L-1

)

Tempo (h)

YP Controle YP + TPA YP + BHET YP + CPR YP +MEG YP + AMORFO FINO YP + OLIGÔMEROS DE PET YP + PRÉ-POLÍMERO

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Figura 12. Concentração celular de Y. lipolytica em função do tempo em meio YPD a 29 °C, 160 rpm, por 96

horas.

Os ensaios com meio YP apresentaram crescimento máximo de aproximadamente 7

mg.mL-1 (Figura 11), sendo inferior aos ensaios que possuíam glicose em sua composição que

apresentaram até 13 mg.mL-1 (Figura 12). Este crescimento celular limitado pode estar

relacionado com a falta de nutrientes, como a glicose, ou devido à baixa disponibilidade da

fonte de carbono proveniente dos substratos adicionados, visto que estes compostos presentes

no meio podem não ser facilmente assimiláveis pela levedura.

Além disso, o PET e seus monômeros são substratos hidrofóbicos, e embora possam

servir como fonte de carbono para o microrganismo, pode ser que necessitem de mecanismos

especiais para sua absorção. Segundo os estudos realizados por Lobo (2012) que avaliou a

biodegradação de substratos hidrofóbicos por Y. lipolytica, a autora concluiu que esta levedura

mantém a capacidade de crescimento celular mesmo tendo como fonte de carbono uma fração

com características hidrofóbicas e altamente aromática. O mesmo ocorreu no presente trabalho,

utilizando o PET, que possui as mesmas características de hidrofobicidade e também consiste

em um componente aromático.

Este fato ocorre, pois mesmo a superfície das células de Y. lipolytica 583 IMUFRJ

50682 sendo caracterizadas como hidrofílicas, apresentam alta afinidade com moléculas

hidrofóbicas quando imersas na água (AMARAL et al., 2006). Sendo assim, a fonte de carbono

disponível no meio influencia a composição da parede celular e, portanto, influencia os

componentes responsáveis pela hidrofobicidade celular da levedura (FERREIRA, 2009).

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O crescimento celular varia de acordo com o tempo de fermentação e pode apresentar

diversas fases como: lag, exponencial, estacionária e de declínio. Nos experimentos realizados

neste trabalho, não foram detectadas as fases lag e de declínio, e a fase exponencial ocorreu

logo no início dos ensaios (Figuras 13 e 14). Na fase exponencial, as células iniciam seu

processo de divisão entrando no período de crescimento. Durante este período, a reprodução

celular encontra-se extremamente ativa, é o período de maior atividade metabólica da célula

(BORZANI et al., 1975).

Figura 13. Perfil do crescimento celular de Y. lipolytica em meio YP a 29 °C, 160 rpm, por 96 horas

Figura 14. Perfil do crescimento celular de Y. lipolytica em meio YPD a 29 °C, 160 rpm, por 96 horas

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YP Controle YP + TPA YP + BHET YP + CPR YP +MEG YP + AMORFO FINO YP + OLIGÔMEROS DE PET YP + PRÉ-POLÍMERO

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YPD Controle YPD + TPA YPD + BHET YPD + CPR YPD + MEG YPD + AMORFO FINO YPD + OLIGÔMEROS DE PET YPD + PRÉ-POLÍMERO

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Nos resultados apresentados nas Figuras 11 e 13, sem a presença de glicose, nota-se

uma fase exponencial de crescimento celular de Y. lipolytica até aproximadamente 12 horas,

após este período a fase exponencial é seguida por uma fase de desaceleração do crescimento

até às 96 h. Embora ocorra esta desaceleração, ainda é possível observar um aumento da

concentração de células após este tempo. Este fato pode indicar que ainda haveria nutrientes no

meio de cultivo, seja proveniente da fonte de nitrogênio ou da presença dos substratos

adicionados que podem possibilitar o crescimento do microrganismo servindo-lhe como fonte

de carbono.

O meio YP possui peptona e extrato de lêvedo em sua composição, e ambos são fonte

de nitrogênio, que além de ser essencial para o crescimento celular, é também de grande

importância para a síntese de proteínas e enzimas. Segundo Li et al. (2004), o extrato de lêvedo

induz o crescimento da biomassa, pois não é apenas uma fonte de nitrogênio, mas também de

vitaminas.

Nos estudos realizados por Nunes (2015), foi estudado a produção de lipases e a

interferência da fonte de nitrogênio para o crescimento celular e para produção destas enzimas

por Y. lipolytica. O autor concluiu que o extrato de lêvedo associado à peptona bacteriológica

seria a melhor opção para o desenvolvimento da levedura e para expressão destes

biocatalisadores.

Mesmo a fonte de nitrogênio sendo uma boa opção para o crescimento da levedura,

ainda assim, a glicose, é o substrato preferencial. Y. lipolytica pode assimilar e fermentar

diferentes fontes de carbono, como materiais hidrofílicos (glicose, glicerol, álcoois e acetato) e

substratos hidrofóbicos (ácidos graxos, triacilgliceróis e alcanos) produzindo metabólitos

importantes. Os açúcares, incluindo hexoses (como glicose) apresentam fácil assimilação para

o crescimento e são os nutrientes mais comumente utilizados pela célula. Estes compostos são

preferencialmente consumidos, uma vez que a célula não precisa gastar energia para sintetizar

enzimas responsáveis pelo catabolismo de tais nutrientes (FONTES, 2008; LIU et al., 2015).

Nos resultados apresentados nas Figuras 12 e 14, na presença de glicose, também nota-

se uma fase exponencial até aproximadamente 12 horas de experimento e após este período

observa-se uma fase de desaceleração do crescimento. Em alguns experimentos (YPD + BHET,

YPD + CPR, YPD + MEG, YPD + PET amorfo, YPD + oligômeros de PET e YPD + Pré-

polímero de PET), além da fase exponencial no início do cultivo, entre aproximadamente 44 e

64 horas, notou-se um novo aumento da concentração celular.

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Segundo Chu (2017), os nutrientes mais comumente utilizados pela célula, como por

exemplo a glicose, são preferencialmente consumidos e após a exaustão da fonte de carbono

mais facilmente assimilável, a levedura cessa o crescimento momentaneamente, pois dirige seu

metabolismo para a produção de enzimas que possibilitem o consumo da próxima fonte de

carbono.

Em estudos realizados por Rodriguez e Pais (2000) os autores estudaram a influência

do ácido acético e de outros ácidos carboxílicos no crescimento e na morte celular de Y.

lipolytica. Estes autores observaram que esta levedura apresenta duas fases exponenciais

quando colocadas em meio contendo glicose e ácido cítrico ou lático, e que estes ácidos são

utilizados em função da repressão por glicose. A presença de ácido propiônico, butírico e

sórbico inibiu o crescimento da levedura.

Fontes (2008) apresentou uma cinética de crescimento da levedura Y. lipolytica, em

que esta consumiu preferencialmente a glicose presente no meio e posteriormente o glicerol.

Neste estudo foi possível observar uma fase lag entre 48 e 72 h de experimento, período no

qual, possivelmente, a levedura sintetiza as enzimas responsáveis pela degradação do glicerol.

Nos resultados deste estudo, pode-se observar na Figura 15, que não houve exaustão

da glicose no período da segunda fase exponencial, e que praticamente nas mesmas horas em

que ocorreu este novo crescimento celular, houve decréscimo na concentração deste nutriente

para os mesmos ensaios mencionados (YPD + BHET, YPD + CPR, YPD + MEG, YPD + PET

amorfo, YPD + oligômeros de PET e YPD + Pré-polímero de PET). Neste período, a levedura

pode estar consumindo mais glicose para produção de enzimas que consigam assimilar os

monômeros do PET como fonte de carbono, ou até mesmo pode estar submetida a uma situação

de estresse pela presença dessas moléculas.

Os experimentos que não apresentaram este comportamento foram o controle e aqueles

que tinham TPA ou MEG. Nestes ensaios, apenas foi observado a fase exponencial em até 12

horas de cultivo e após uma fase de desaceleração do crescimento. Mesmo ocorrendo esta

desaceleração, houve aumento da concentração de células após este período. Este fato pode

estar relacionado com a concentração de glicose no meio de cultivo, que ainda era presente

neste tempo e que possibilitou o contínuo crescimento do microrganismo.

O fato da levedura não ter utilizado toda glicose para o seu crescimento pode estar

relacionado com a velocidade de agitação utilizada nesta etapa do trabalho (160 rpm) que não

possibilitou uma eficiente dispersão dos nutrientes para o microrganismo. Além disso, pode ter

ocorrido uma possível competição pelas outras fontes de carbono que estavam presentes no

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meio, como os monômeros do PET e até mesmo pelo extrato de lêvedo e a peptona. É provável

que no início da fermentação a levedura tenha optado pela glicose e não pelos monômeros,

porém ao longo da fermentação, e à medida que a glicose ia sendo consumida, Y. lipolytica

pode ter assimilado estes componentes como fonte de carbono para o seu crescimento.

Figura 15. Consumo de glicose pela levedura Y. lipolytica a 29 °C, 160 rpm em 96 horas.

Os parâmetros cinéticos como as taxas específicas de crescimento celular (µ), o tempo

de duplicação (td) e a taxa de consumo de glicose (-dS.dt-1) foram calculadas na fase

exponencial de crescimento para as cinéticas realizadas em meio na presença de glicose (YPD)

e na ausência de glicose (YP) e estão apresentadas na Tabela 12. Além disso a máxima

concentração celular (Xmáx) também está apresentado nesta Tabela.

Pode-se observar que as taxas específicas de crescimento celular (µ1), calculadas nas

primeiras 12 horas de fermentação, foram maiores para o ensaio YPD do que YP. A

consequência direta deste resultado é um menor tempo necessário para a duplicação da massa

celular (td). Estes resultados eram esperados uma vez que tendo a principal fonte de assimilação

para o crescimento da levedura, esta iria crescer mais rápido do que nos ensaios com limitação

da fonte de carbono.

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YPD Controle YPD + TPA YPD + BHET YPD + CPR YPD + MEG YPD + AMORFO FINO YPD + OLIGÔMEROS DE PET YPD + PRÉ-POLÍMERO

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Tabela 12. Parâmetros cinéticos determinados para Y. lipolytica em meio YPD e YP, a 29 °C, agitação de 160 rpm, durante 96 horas.

Ensaios µ1 (h-1) td1 (h) µ2 (h-1) td2 (h) -dS.dt-1 (mg.mL-1.h-1) Xmáx (mg.mL-1)

YPD Controle 0,1482 4,68 - - 0,237 13,35

YPD + TPA 0,1445 4,80 - - 0,156 10,11

YPD + BHET 0,1492 4,65 0,03 25,86 0,205 12,30

YPD + CPR 0,1388 4,99 0,02 29,37 0,225 8,64

YPD + MEG 0,1433 4,84 0,02 43,87 0,153 10,82

YPD + PET amorfo 0,1341 5,17 0,02 34,83 0,212 10,17

YPD + Oligômeros de PET 0,1228 5,64 0,01 58,248 0,224 9,06

YPD + Pré-polímero de PET 0,1282 5,41 0,02 28,29 0,214 9,74

YP Controle 0,1468 4,72 - - - 5,42

YP + TPA 0,1216 5,70 - - - 6,56

YP + BHET 0,1211 5,72 - - - 7,02

YP + CPR 0,1170 5,92 - - - 5,98

YP + MEG 0,1324 5,24 - - - 6,93

YP + PET amorfo 0,1114 6,22 - - - 5,86

YP + Oligômeros de PET 0,1010 6,86 - - - 5,95

YP + Pré-polímero de PET 0,1177 5,89 - - - 5,04

µ1 = taxa específica de crescimento celular nas 12 primeiras horas de cultivo, td1 = tempo de duplicação celular nas 12 primeiras horas de cultivo, µ2 = taxa específica de

crescimento celular entre 44 e 64 horas de cultivo, td1 = tempo de duplicação celular entre 44 e 64 horas de cultivo, -dS.dt-1 = taxa de consumo de glicose e Xmáx = máxima

concentração celular.

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Comparando os resultados com os experimentos controle (em YPD e YP), observa-se

que o tempo de duplicação (td) foi menor para estes ensaios do que para os experimentos com

o PET e seus monômeros, podendo estes substratos terem interferido no crescimento do

microrganismo nas primeiras horas de experimento. Este fato pode estar relacionado com a

afinidade da levedura Y. lipolytica em aderir-se a substratos hidrofóbicos, uma vez que,

dependendo da linhagem, possui uma superfície celular diferenciada de forma a facilitar a

assimilação de tais compostos.

A forma como o PET e seus monômeros entram em contato com as células e a maneira

como são dispersos no meio de cultivo, podem influenciar na transferência de oxigênio do ar

para a fase aquosa e consequentemente para o microrganismo, podendo ocasionar uma

diminuição do crescimento celular.

Aos experimentos que apresentaram duas fases exponenciais (YPD + BHET, YPD +

CPR, YPD + MEG, YPD + PET amorfo, YPD + oligômeros de PET e YPD + Pré-polímero de

PET), foram calculadas duas taxas específicas de crescimento celular e dois tempos de

duplicação, um para cada fase exponencial. Observa-se que o µ1 foi maior do que o µ2, este fato

pode estar relacionado com a menor concentração de glicose presente neste período do

experimento e também pela possível dificuldade da levedura em utilizar os monômeros do PET

para seu crescimento.

Em relação à taxa de consumo de glicose (-dS.dt-1), esta foi maior para o experimento

controle (0,237 mg.mL-1.h-1), devido a ausência dos substratos hidrofóbicos no meio. Esta

ausência possibilitou uma maior assimilação da levedura pela sua principal fonte de nutriente,

e fez com que a glicose pudesse ser utilizada mais facilmente.

Estas taxas (-dS.dt-1) foram maiores nos experimentos em que continham o CPR, os

oligômeros, o pré-polímero de PET e o PET amorfo, quando comparado aos ensaios com TPA,

BHET e MEG, devido a disponibilidade da fase hidrofóbica. Além disso, no início do

experimento estas moléculas (CPR, oligômeros, pré-polímero de PET e PET amorfo) ainda não

haviam sido despolimerizadas, liberando os monômeros de menos massa molar que

consequentemente poderiam servir de fonte de carbono para a levedura.

5.1.2 Análise de pH

As Figuras 16 e 17 apresentam os valores de pH para os ensaios YP e YPD,

respectivamente. Tanto no ensaio YP quanto YPD não foi observado grande variação do pH ao

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longo do tempo. Na Figura 16 o pH variou de 5,8 a aproximadamente 7,5 e na Figura 17 variou

de 5,4 a aproximadamente 6,8.

Figura 16. Variação de pH no cultivo de Y.lipolytica em meio YP a 29 °C, 160 rpm em 96 horas.

Figura 17. Variação de pH no cultivo de Y. lipolytica em meio YPD a 29 °C, 160 rpm em 96 horas.

Em grande parte dos processos que envolvem células vivas, ocorre variações nos

valores de pH durante o crescimento celular, exigindo a necessidade de medição e controle

deste parâmetro durante a fermentação. Esta variável fornece informações que permitem um

melhor conhecimento do processo biológico e desta forma, o monitoramento do pH torna-se

vital ao desenvolvimento e à operação de processos eficientes (FONSECA; TEIXEIRA, 2007).

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pH

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YP Controle YP + TPA YP + BHET YP + CPR YP + MEG YP + AMORFO FINO YP + OLIGÔMEROS DE PET YP + PRÉ-POLÍMERO

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Tempo (h)YPD Controle YPD + TPA YPD + BHET YPD + CPR YPD + MEG YPD + AMORFO FINO YPD + OLIGÔMEROS DE PET YPD + PRÉ-POLÍMERO

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O pH dos cultivos foi avaliado a cada amostragem durante as 96 horas de experimento,

com o intuito de acompanhar este parâmetro que é tão importante para produção de enzimas de

interesse e que também está relacionado com mudanças morfológicas por esta levedura. Este

parâmetro foi verificado como o fator mais importante que regula a transição dimórfica em Y.

lipolytica (COELHO et al., 2010).

O valor mais baixo de pH nos primeiros dias de experimento pode ser atribuído à

produção de algum ácido orgânico pelo consumo de glicose e também pela formação de MHET

resultante da hidrólise de BHET. A formação deste MHET significa que uma das carboxilas do

TPA está livre devido à hidrólise, caracterizando um ácido orgânico em solução.

O pH ótimo para produção de Lip2, a principal lipase de Y. lipolytica, é relatado na

literatura como ligeiramente ácido, embora isso dependa do substrato e das condições

experimentais (FICKERS et al., 2011). Já o aumento no pH no decorrer do processo é

normalmente atribuído à liberação de aminoácidos ou mais amônia devido à ação de proteases

(RIGO et al., 2010).

A levedura Y. lipolytica tem a capacidade de produzir e secretar para o meio de cultivo

uma ampla gama de ácidos orgânicos, incluindo os intermediários do ciclo do ácido cítrico

como ácido cítrico, isocítrico e 2-cetoglutárico e ácido pirúvico (FICKERS, 2005), o que

também pode justificar os valores mais baixos de pH observados nas primeiras horas de

fermentação.

Apesar de cada microrganismo apresentar um valor de pH ótimo para crescimento, é

possível que ocorram variações nestes valores durante o cultivo, os quais podem ser

influenciados tanto pelo microrganismo e pela composição do meio, quanto pelos demais

parâmetros da fermentação (FEITOSA, 2009).

Observando as Figuras 16 e 17, percebe-se que os ensaios YP apresentaram um pH

levemente maior do que o ensaio YPD durante toda a fermentação. Este fato pode estar

relacionado com um maior consumo de nitrogênio para a síntese de aminoácidos, uma vez que

diversos destes aminoácidos são formados a partir do ciclo do acido cítrico.

A velocidade de consumo da fonte de nitrogênio pode alterar o pH do meio e pode

influenciar diretamente na morfologia celular da levedura Y. lipolytica, já tendo sido reportado

uma formação de hifas em pH perto da neutralidade (RUIZ-HERRERA; SENTANDREU,

2002). Este fato também foi constatado neste trabalho e será apresentado no tópico sobre

microscopia.

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5.1.3 Análise de Lipase

A presença de lipase no meio foi quantificada através da atividade hidrolítica em

laurato de p-nitrofenila (p-NFL). As Figuras 18 e 19 apresentam os perfis de produção de lipase

para os ensaios com meio YP e YPD, respectivamente, a 160 rpm.

Figura 18. Atividade de lipase por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 160 rpm, durante 96 horas.

Figura 19. Atividade de lipase por Y. lipolytica em meio YPD, 29 °C, 160 rpm, durante 96 horas.

A atividade hidrolítica de lipases de Y. lipolytica é geralmente obtida entre pH 6 e 10,

e os melhores valores desta atividade são observados a pH 6, 7 ou 9, dependendo da cepa

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YPD Controle YPD + TPA YPD + BHET YPD + CPR YPD + MEG YPD + AMORFO FINO YPD + OLIGÔMEROS DE PET YPD + PRÉ-POLÍMERO

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utilizada. Os ensaios apresentados neste trabalho (item 5.1.2) demonstraram que os valores de

pH se encontram dentro da faixa adequada para produção desta enzima. Além disso, a

temperatura de 29 °C utilizada nestes experimentos também é adequada, uma vez que a faixa

de temperatura ideal para atividade da enzima, foi relatada entre 28 °C e 55 °C (BRÍGIDA et

al, 2014).

Analisando as Figuras 18 e 19, pode-se observar que a atividade de lipase foi maior

nos ensaios sem glicose (YP). Isto pode estar relacionado com o fato da produção de lipases

por Y. lipolytica sofrer repressão pela presença deste nutriente. Altas concentrações de glicose

no cultivo não afetam a taxa de respiração celular, o conteúdo e a proporção molecular de

citocromos ou propriedades mitocondriais em Y. lipolytica, porém afetam a produção de lipases

(COELHO et al., 2010).

O fato dos ensaios YP terem apresentado maior atividade pode estar relacionado com

a escassez de fontes de carbono e maior utilização das fontes de nitrogênio, uma vez que a

peptona e o extrato de lêvedo, utilizados neste trabalho, favorecem a produção destas enzimas

(FICKERS et al., 2011). Outro fator importante observado nos dois gráficos, é que os substratos

hidrofóbicos adicionados ao cultivo podem ter agido como indutores no processo de produção

de lipase, uma vez que apresentaram concentrações superiores aos ensaios controle (em YP e

YPD).

Nos ensaios YP, este aumento foi de 93,27% para o ensaio com BHET, 47,41% para

o MEG, 40,86% para o pré-polímero de PET, 37,58% para o PET amorfo, 31,03% para o CPR,

11,38% para os oligômeros de PET e 4% para o TPA. Nos ensaios YPD o aumento foi de

60,75% para o BHET, 47,42% para o CPR, 35,81% para os oligômeros de PET, 33,33% para

o pré-polímero de PET 30,77% para o MEG, 19,06% para o PET amorfo e 3,7% para o TPA.

Este efeito indutor das moléculas de PET adicionadas pode estar relacionado com o

fato destes compostos serem ésteres, e desta forma, a célula precisa secretar mais lipases para

conseguir acessá-los. Os ensaios com TPA apresentaram valores muito próximos aos controles.

Gouda et al. (2002) relataram inibição na produção de lipases por Thermomonospora

fusca através do produto de degradação do PET, o TPA. Embora os ensaios que continham TPA

na composição tenham apresentado atividade tanto em meio YPD quanto em YP, esta atividade

foi menor quando comparado aos outros ensaios, justificando assim uma possível redução no

efeito indutor para a síntese de lipases de Y. lipolytica por este monômero.

As enzimas podem ser produzidas pelos microrganismos na presença de um indutor,

que pode ser o próprio substrato ou o produto da sua hidrólise, o qual pode ser adicionado ao

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meio de cultivo a fim de estimular a produção. Wang et al. (2008) estudaram a produção de

uma lipase de Aspergillus oryzae em que sua produção foi induzida pela molécula de BHET.

Os autores demonstraram que a fonte de nitrogênio foi de extrema importância para produção

de lipase, e que a peptona foi o componente que apresentou a melhor produção desta enzima.

Além disso, as condições operacionais também foram controladas, em relação a faixa de pH,

temperatura e agitação. O pH dos cultivos variou de 4,5 a 7, sendo o pH 6 ótimo para a produção

de lipase. Os autores concluíram que a melhor temperatura foi de 30 °C e que a faixa de agitação

ideal se encontra entre 160 e 180 rpm.

Estas condições foram muito próximas as utilizadas neste presente trabalho, e

analisando os gráficos apresentados nas Figuras 18 e 19, pode-se observar que o BHET foi o

composto que levou a maior atividade lipásica, demonstrando ser um possível indutor no

processo de produção desta enzima por Y. lipolytica.

Tanto o ensaio YP quanto o YPD apresentaram atividade de lipase máxima em torno

de 24 horas de cultivo. Antes desse período a atividade de lipase foi praticamente nula. A hora

exata do pico desta enzima fica difícil de ser relatada devido à pequena quantidade de amostras

retiradas para esta análise. Porém este problema foi resolvido na segunda etapa deste estudo,

onde a amostragem para análise de lipase e protease foi maior, possibilitando melhor

entendimento sobre a produção destas enzimas.

Em 24 horas de cultivo, nos ensaios YP e YPD as células já haviam passado pela fase

exponencial e estavam em um período de desaceleração do crescimento. Segundo Pereira

Meirelles (1997), a produção das diferentes frações de lipase depende da fase de crescimento

em que as células se encontram.

Além disso, sabe-se que esta enzima é produzida no início do cultivo, mas se acumula

na célula e passa a ser secretada quando a disponibilidade de substrato diminui e a liberação da

enzima se torna necessária para assimilação do substrato remanescente. Em geral, a produção

de lipase é realizada por microrganismos específicos e a maior produção da enzima ocorre na

fase logarítimica ou estacionária.

Geralmente a produção de lipase inicia a partir de baixas concentrações de glicose

disponível no meio. Neste estudo, a glicose não foi totalmente consumida pela levedura, e em

24 horas ainda havia concentração deste nutriente no meio. Possivelmente, este fato pode estar

relacionado com a baixa atividade enzimática presente nos ensaios YPD, onde a alta

concentração da fonte de carbono pode ter inibido a atividade da enzima. Além disso, pode ser

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que o pico de produção de lipase neste ensaio tenha sido em uma hora que não foi realizada a

amostragem.

Nos estudos realizados por Silva (2012), a autora também obteve o pico de lipase entre

23 e 25 horas com esta mesma linhagem, porém utilizando condições experimentais diferentes,

como temperatura de 28 °C e agitação de 550 e 650 rpm em biorreator de volume nominal de

2 litros. Além disso, esta autora reportou que a produção de lipases só aconteceu quando havia

baixas concentrações de glicose no meio de cultivo e que a atividade da enzima atingiu seu

ponto máximo quando a cultura entrou na fase estacionária de crescimento.

Nos estudos realizados por Fickers et al. (2004), os autores detectaram a presença da

lipase Lip2 na superfície celular de Y. lipolytica durante a fase exponencial e concluíram que

esta enzima era liberada para o meio de cultura durante a fase estacionária, quando a

concentração de substrato começa a diminuir.

Najjar et al. (2011) utilizando a mesma levedura, obtiveram resultado similar quando

Y. lipolytica utilizou azeite de oliva como sua única fonte de carbono. Nas primeiras 15 h de

cultivo, a atividade lipolítica aumentou continuamente e 60 a 80% dessa atividade estava

presente nas células (associada à superfície celular). Neste período, os triglicerídeos foram

degradados, sugerindo que o processo lipolítico ocorre principalmente na superfície celular.

Após 15 h, a atividade lipolítica aumentou gradualmente no meio de cultivo e chegou ao

máximo em 30 h. Entre 70 e 80 h nenhuma atividade foi encontrada no meio, mas uma atividade

lipásica residual pôde ser detectada na célula.

De acordo com as Figuras 18 e 19, pode-se observar que a produção de lipases não

apresentou altas atividades, e isso pode estar relacionado com a velocidade de agitação utilizada

nesta parte do estudo. Sendo a levedura estritamente aeróbica, o crescimento e a secreção de

metabólitos são afetados pela quantidade de oxigênio disponível no meio de cultura. O oxigênio

dissolvido é um dos principais parâmetros de processo que influencia os mecanismos

fisiológicos envolvidos durante síntese de lipase (COELHO et al., 2010).

De fato, a limitação do oxigênio tende a diminuir a atividade do promotor Lip2,

responsável pela produção da principal lipase extracelular de Y. lipolytica (BRÍGIDA et al.,

2014). Desta forma, após alcançar um nível máximo de atividade hidrolítica de lipase, esta

decai rapidamente devido a altas taxas de proteólise provocada por proteases produzidas

durante as fases do crescimento celular (DALMAU et al, 2000). No presente estudo também se

observou a produção de proteases que será descrita no próximo item.

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51

5.1.4 Atividade de Protease

A presença de proteases no meio de cultivo foi quantificada através do método descrito

por Charney e Tomarelli (1947). As Figuras 20 e 21 apresentam os perfis de produção de

protease para os ensaios com meio YP e YPD, respectivamente, a 160 rpm durante 96 horas de

fermentação.

Figura 20. Atividade de protease por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 160 rpm, durante 96 horas.

Figura 21. Atividade de protease por Y. lipolytica em meio YPD, 29 °C, 160 rpm, durante 96 horas.

0

200

400

600

800

1000

1200

0 24 48 72 96

Ati

vid

ade

de

Pro

teas

e (U

.mL

-1)

Tempo (h)

YP Controle YP + TPA YP + BHET YP + CPR YP + MEG YP + AMORFO FINO YP + OLIGÔMEROS DE PET YP + PRÉ-POLÍMERO

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 24 48 72 96

Ati

vid

ade

de

Pro

teas

e (U

.mL

-1)

Tempo (h)

YPD Controle YPD + TPA YPD + BHET YPD + CPR YPD + MEG YPD + AMORFO FINO YPD + OLIGÔMEROS DE PET YPD + PRÉ-POLÍMERO

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A levedura Y. lipolytica apresenta capacidade de produzir grandes quantidades de

enzimas proteolíticas, dentre elas as proteases alcalinas (AEP) e ácidas (AXP). As alcalinas,

são as principais proteases secretadas e podem atingir altos rendimentos em condições

otimizadas. A produção desta enzima pode ocorrer paralelamente à secreção da lipase, sendo

induzida em pH neutro/básico (NICAUD et al., 2002). Além disso, a produção de proteases é

rigorosamente controlada por uma combinação de estímulos ambientais, que incluem a

disponibilidade de nutrientes como carbono e nitrogênio (YOUNG et al., 1996).

Como observado nestas Figuras, em 24 horas, no pico de produção de lipases, também

ocorreu um pico de produção de proteases em ambos ensaios YP e YPD. Este pico apresentou

uma queda em 48 horas e voltou a crescer no final do cultivo, quando a produção de lipase já

era relativamente baixa e quando o pH estava mais alcalino. De forma semelhante, Najjar et al.

(2011) demonstraram que, independentemente do meio de cultivo, a atividade da lipase sempre

diminuía na fase tardia do processo, quando o pH se tornava alcalino, sugerindo uma

degradação proteolítica pela AEP.

Pereira Meireles et al. (1997) sugeriram que a atividade lipásica medida no meio de

cultivo representa o balanço entre a atividade produzida e a atividade degradada por ação de

proteases produzidas pelo próprio microrganismo. Observa-se que durante o pico de atividade

lipásica (24 horas de cultivo, Figuras 18 e 19), há um aumento de atividade proteásica (Figuras

20 e 21), o que, provavelmente culmina com a degradação da lipase, observada pela redução da

atividade em tempos posteriores.

Afim de se obter altas concentrações de lipases no cultivo, uma das alternativas seria

a adição de inibidores de protease, como o fluoreto de fenil metil sulfonila (PMSF), que torna-

se necessário durante a produção e/ou recuperação da lipase, de forma a evitar a degradação

desta enzima (AMARAL, 2007).

5.1.5 Quantificação do PET e seus monômeros

Neste estudo foi avaliado a degradação de PET e o consumo de seus monômeros (TPA

e MEG) pela levedura Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante 96 horas. A

concentração dos produtos intermediários formados durante a hidrólise do PET pela levedura

Y. lipolytica e os monômeros, foram quantificados por HPLC e estão apresentados nas Figuras

22, 23, 24, 25, 26 e 27.

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Figura 22. Consumo das moléculas de TPA e MEG por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante 96 horas

Figura 23. Hidrólise de BHET por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

0

100

200

300

400

500

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

ão d

e T

PA

(m

g.L

-1)

Tempo (h)

YPD + TPA

YP + TPA

0

100

200

300

400

500

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

ão d

e M

EG

(m

g.L

-1)

Tempo (h)

YPD + MEG

YP + MEG

0

100

200

300

400

500

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

ão d

e T

PA

, M

HE

T e

BH

ET

(mg.L

-1)

Tempo (h)

YP + BHET

TPA

MHET

BHET

0

100

200

300

400

500

0 24 48 72 96

Con

cen

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ão d

e T

PA

, M

HE

T e

BH

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(mg.L

-1)

Tempo (h)

YPD + BHET

TPA

MHET

BHET

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Figura 24. Hidrólise de PET amorfo por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

Figura 25. Hidrólise de oligômeros de PET por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

0

10

20

30

40

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

ão d

e T

PA

, M

HE

T e

BH

ET

(mg.L

-1)

Tempo (h)

YP + PET AMORFO

TPA

BHET

MHET

0

10

20

30

40

0 24 48 72 96

Con

cen

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PA

, M

HE

T e

BH

ET

(mg.L

-1)

Tempo (h)

YPD + PET AMORFO

TPA

MHET

BHET

0

2

4

6

8

0 24 48 72 96

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cen

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ão d

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PA

, M

HE

T e

BH

ET

(mg.L

-1)

Tempo (h)

YP + OLIGÔMEROS DE PET

TPA

MHET

BHET

0

2

4

6

8

0 24 48 72 96

Con

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PA

, M

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BH

ET

(mg.L

-1)

Tempo (h)

YPD + OLIGÔMEROS DE PET

TPA

BHET

MHET

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Figura 26. Hidrólise de Pré-polímero de PET por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

Figura 27. Hidrólise de CPR por Y. lipolytica em meio YP e YPD, a 160 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

0

3

6

9

12

15

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

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PA

, M

HE

T e

BH

ET

(mg.L

-1)

Tempo (h)

YP + PRÉ-POLÍMERO

TPA

MHET

BHET

0

3

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12

15

0 24 48 72 96

Con

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ET

(mg.L

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Tempo (h)

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BHET

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PA

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BH

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(mg.L

-1)

Tempo (h)

YP + CPR

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MHET

BHET

0

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3

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0 24 48 72 96

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ão d

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PA

, M

HE

T e

BH

ET

(mg.L

-1)

Tempo (h)

TPA

MHET

BHET

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Analisando estes gráficos, observa-se que as maiores concentrações de formação do

intermediário MHET e do monômero TPA, ocorreram nos últimos dias de fermentação, e que

possivelmente após 96 horas de cultivo estas moléculas ainda continuem sendo liberadas no

meio. Embora a degradação biológica de polímeros apresente diversas vantagens frente aos

processos tradicionais, ainda consiste em um processo lento, podendo levar até 120 dias para

se observar uma redução significativa na massa molar numérica média (Mn) da macromolécula

(WU et al., 2011). Nos estudos realizados por Kleeberg et al. (2005), os autores também

obtiveram baixa degradabilidade, no início do cultivo, dos produtos intermediários liberados,

utilizando uma hidrolase de Thermobifida fusca com capacidade de degradar co-poliésteres

alifáticos-aromáticos.

A Figura 22 apresenta o consumo dos monômeros adicionados nos cultivos, TPA e

MEG. O TPA, não apresentou muita variação em sua concentração quando foi utilizado o meio

YPD. Já em meio YP, percebe-se que houve maior consumo desta molécula durante as 96 horas

de cultivo, e que possivelmente a levedura Y. lipolytica possa ter assimilado este monômero

como fonte de carbono na ausência de glicose. O MEG foi totalmente consumido nos cultivos

em 48 horas no meio YP e 72 horas no meio YPD, e este fato pode estar atribuído a afinidade

da levedura por esta molécula, podendo ser mais fácil sua assimilação.

Os ensaios com meio YP apresentaram maior consumo dos monômeros do que os

ensaios YPD, devido a produção de lipases por Y. lipolytica ter sido mais eficiente nos ensaios

sem glicose. Possivelmente estes experimentos apresentaram melhores características para

degradação biológica de PET, visto que possuem maior ação destas enzimas, que apresentam

grande versatilidade catalítica e que são capazes de degradar este polímero.

Observa-se que algumas moléculas foram mais susceptíveis a degradação microbiana,

tais como o PET amorfo (12,9% de cristalinidade), por exemplo (Figura 24). Este fato pode ser

explicado através da relação do grau de cristalização do polímero e a sua degradabilidade. O

aumento do grau de cristalinidade limita o movimento das cadeias, o que diminui a sua

disponibilidade para ser degradado. A degradação ocorre preferencialmente nas regiões

amorfas do polímero que são mais suscetíveis a hidrólise enzimática do que as regiões

cristalinas, onde o processo de degradação é mais lento (WEBB et al., 2013).

Na Figura 27, no ensaio utilizando o plástico de recicladora (CPR), observa-se baixa

concentração de TPA, MHET e BHET, visto que este polímero apresenta alta cristalinidade

(41,4% de cristalinidade), apresentando resistência à biodegradação. A hidrólise enzimática de

PET, seja in vivo ou in vitro, depende fortemente da mobilidade das cadeias do polímero

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determinadas pelo grau de cristalinidade. Esta característica afeta a capacidade da enzima para

hidrolisar as ligações éster, exibindo atividade relativamente alta em direção a uma película de

poliéster amorfo e pouca atividade em um substrato cristalino (BARTH et al., 2015).

Nos estudos realizados por Ronkvist et al. (2009), os autores observaram um aumento

de 10 vezes na liberação de grupos ácidos quando foi utilizada uma amostra de PET com 7%

de cristalinidade, em comparação com um substrato com cristalinidade de 35%. De forma

semelhante, Castro et al. (2017) alcançaram cerca de 4 vezes mais TPA em uma reação de

hidrólise com PET amorfo (12,9% de cristalinidade) do que nas reações considerando uma

mistura de garrafas de PET de uma unidade de reciclagem industrial (41,4% de cristalinidade).

Estes resultados foram semelhantes aos encontrados neste presente estudo, utilizando

o mesmo PET amorfo e o PET de recicladora (Figuras 24 e 27, respectivamente). Utilizando

meio YP, obteve-se, aproximadamente, um aumento de 3 vezes na concentração de TPA nas

reações com o PET amorfo, comparando com o PET de recicladora, já no meio YPD este

aumento foi de aproximadamente 2 vezes.

Embora os oligômeros de PET (Figura 25) apresentem massa molar menor do que o

PET amorfo (Figura 24), a despolimerização foi menos efetiva, pois estas moléculas são mais

cristalinas. Uma diminuição na massa molar de substratos resulta em aumento da

biodegradabilidade (TOKIWA et al., 2009), porém o grau de cristalinidade do material também

deve ser levado em consideração. A Figura 28 apresenta de forma didática a síntese de PET,

iniciando pelos monômeros TPA e MEG, seguindo do BHET, oligômeros de PET, pré-polímero

de PET, PET amorfo e a resina grau garrafa.

Figura 28. Diagrama de blocos de um processo de síntese de PET. Fonte: adaptado de Castro; Carniel, (2017).

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É possível observar nesta Figura quais moléculas apresentam menor massa molar, e

quais seriam mais fáceis de serem degradadas enzimaticamente, com o intuito de retornar aos

monômeros que iniciaram o processo. Nesta imagem, percebe-se que os oligômeros apresentam

menor massa molar do que o PET amorfo, porém sua cristalinidade interfere no processo de

biodegradação.

A Figura 23 apresenta a hidrólise do BHET que foi adicionado aos cultivos. Assim

como neste ensaio e em todos os outros, observa-se a presença de TPA, BHET e MHET, porém,

em todos os experimentos, exceto aqueles da Figura 22, o MHET foi o principal produto da

hidrólise enzimática de PET. Vertommen et al. (2005) demonstraram que os produtos de

hidrólise da degradação do filme de PET, catalisados por uma cutinase, foram TPA, MHET e

BHET, dos quais MHET foi o produto predominante. Hooker et al. (2003) demonstraram que

os principais produtos também foram MHET e TPA, mas que o TPA foi encontrado em

quantidades menores do que MHET.

Além disso, observa-se que o MHET pode ter apresentado efeito inibitório sobre a

enzima, que interferiu sobre as moléculas de BHET. Este fato ainda não pode ser comprovado,

e exige mais estudos para poder afirmar esta possível inibição. O efeito inibitório dos produtos

intermediários formados pela enzima durante a reação pode ter contribuído para a lenta

degradação biocatalítica de materiais de PET. Barth et al. (2015), em seus estudos, detectaram

uma inibição enzimática por MHET, o principal produto enzimático intermediário de hidrólise

de PET.

A degradação enzimática nesse sistema, é um processo catalítico heterogêneo e em

alguns aspectos semelhantes à hidrólise da celulose pelas celulases. Os produtos intermediários

e finais liberados no processo de hidrólise de celulose, como a celobiose, podem atuar como

um inibidor para as enzimas celulolíticas (GAN et al., 2003), como acontece com a molécula

de MHET neste processo.

Existem estudos na literatura relatando a utilização de duas enzimas para minimizar

os problemas relacionados com a inibição de MHET, podendo ser uma alternativa para

conseguir despolimerizar o PET e atingir seus monômeros iniciais, TPA e MEG. Yoshida et al.

(2016) identificaram duas propriedades catalíticas diferentes das enzimas de Ideonella

sakaiensis, definindo-as como PETase e MHETase. A PETase leva de forma eficiente o PET a

MHET, enquanto a MHETase catalisa a conversão de MHET em TPA e MEG.

Propriedades similares foram observadas por Carniel et al. (2017), que demonstraram

que a cutinase de Humicola insolens e a lipase B de Candida antarctica atuam de forma

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conjunta para converter o PET em seus monômeros finais. Além disso, Barth et al. (2015)

também relataram este sistema de reação enzimática dual, utilizando LC cutinase, para

hidrolisar cadeias de filme de PET e uma carboxilesterase imobilizada (TfCa KW3) de

Thermobida fusca. Esta segunda enzima foi aplicada para eliminar os intermediários inibitórios

produzidos a partir de hidrólise de PET.

5.1.6 Microscopia

As análises microscópicas das células de Y. lipolytica foram realizadas a fim de

verificar a morfologia durante o ciclo de crescimento celular. Estas análises tiveram como

objetivo, possibilitar uma melhor compreensão do comportamento da cultura face às diferentes

condições nutricionais e operacionais em que a suspensão celular está sujeita durante o

crescimento. As Figuras 29 e 30, representam os ensaios controle e com TPA em meio YP e

YPD, nos tempos 0 e 96 horas de fermentação.

Observa-se na Figura 29, que o ensaio YPD apresentou mais células que o ensaio YP

no final da fermentação (96 horas). Este fato pode ser relacionado com os gráficos das Figuras

11 e 12, em que o ensaio com glicose apresentou crescimento celular superior ao ensaio sem

este nutriente. Este comportamento foi observado em todos os ensaios.

De acordo com a Figura 30 (b e d), algumas células de Y. lipolytica tornaram-se mais

alongadas do que as células do início do cultivo. Este fato pode estar relacionado com o

fenômeno de dimorfismo celular, uma vez que esta levedura foi considerada um modelo

adequado para estudos de dimorfismo. As condições que induzem a transição dimórfica da

levedura Y. lipolytica são extremamente variáveis. Entre estas condições, pode-se destacar as

alterações na temperatura, nos valores de pH, e a presença de compostos específicos nos meios

de cultura, como o PET e seus monômeros, por exemplo. O estresse anaeróbico é outro fator

que afeta o dimorfismo desta levedura (COELHO et al., 2010).

Segundo Szabo e Stofaníková (2002), espécies dimórficas, como Y. lipolytica, crescem

em forma ovóide em ambientes ácidos, ao passo que com o aumento do pH passam a induzir a

formação de hifas. De fato, neste trabalho, no final do cultivo, o pH havia aumentado em ambos

ensaios (YP e YPD) quando comparado ao tempo zero. Cervantes e Herrera (2007) verificaram

que a estirpe de Y. lipolytica apresentava diferentes morfologias quando cultivada em meios de

mesma composição, porém com diferentes pHs. Os pesquisadores confirmaram que quando o

pH se encontrava perto da neutralidade a levedura passava a apresentar hifas extensas, enquanto

em pH mais ácido a presença de células hifadas era muito reduzida.

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(a) (b)

(c) (d)

Figura 29. Microscopia das células de Y. lipolytica (5 µm) nos ensaios controle, com meio YP nos tempos de 0 (a) e 96 (b) horas e em meio YPD nos tempos de 0 (c) e 96

horas (d) de cultivo.

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(a) (b)

(c) (d)

Figura 30. Microscopia das células de Y. lipolytica (5 µm) nos com TPA, em meio YP nos tempos de 0 (a) e 96 (b) horas e em meio YPD nos tempos de 0 (c) e 96 horas (d)

de cultivo.

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SEGUNDA ETAPA

Na segunda etapa deste trabalho foram selecionados 5 experimentos entre os que já

estavam sendo analisados. Devido os ensaios YP terem apresentado maiores concentrações de

atividade de lipase e consequentemente maiores concentrações dos intermediários no processo

de hidrólise enzimática do PET, optou-se por não utilizar mais o meio com glicose (YPD), e

continuar os experimentos com meio YP. Além disso, com o intuito de aumentar a transferência

de oxigênio para a levedura Y. lipolytica, e tentar obter maiores atividades de lipase, a

velocidade de agitação foi alterada para 250 rpm, com base nos estudos reportados por Amaral

(2007) e Fontes (2008). Dentre os 8 ensaios com meio YP da primeira etapa, foram escolhidos

5: Controle, YP + TPA, YP + MEG, YP + CPR, YP + BHET.

O TPA e o MEG foram selecionados devido a seus resultados apresentados na Figura

22. Nestes ensaios, em meio YP, foi possível observar o consumo destes monômeros, e através

do aumento da agitação do sistema espera-se que este consumo seja ainda maior. O BHET foi

escolhido devido aos resultados apresentados na Figura 23 e por ter sido o composto que levou

a melhores atividades de lipase, podendo ser um indutor desta enzima no processo. O CPR foi

o tipo de PET que apresentou menor capacidade de sofrer hidrólise enzimática. Além disso,

este ensaio representa as embalagens pós-consumo em um cenário real da tecnologia. Desta

forma, este experimento foi escolhido com o intuito de se observar maior despolimerização com

o aumento da agitação do sistema.

Da mesma forma que na etapa anterior, o objetivo desta nova fase foi avaliar o

crescimento da levedura Y. lipolytica frente as moléculas da cadeia de produção do PET e o

perfil de consumo destas moléculas pela levedura. As amostragens realizadas ao longo das 96

horas de fermentação foram utilizadas para as seguintes análises que serão descritas nos

próximos tópicos: determinação do crescimento celular, análise de pH, concentração de lipase,

concentração de protease, quantificação do PET e dos monômeros em HPLC e análises

microscópicas. Nesta etapa além da atividade de lipase pelos métodos do laurato de p-

nitrofenila, foi realizado o método do butirato de p-nitrofenila, com o intuito de avaliar a

presença de outras esterases no meio de cultivo.

5.1.7 Crescimento Celular e Análise de pH

A Figura 31 apresenta a concentração da levedura Y. lipolytica (IMUFRJ 50682) em

mg.mL-1, em meio YP, a 250 rpm, 29 °C durante 96 horas de cultivo e a Figura 32 o perfil de

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crescimento desta levedura ao longo do tempo. Observa-se que assim como na Figura 13, a fase

exponencial foi detectada nas primeiras 12 horas de experimento. Porém, apresentou

crescimento mais acelerado nestas horas quando comparado aos ensaios a 160 rpm. Após este

período as células continuaram crescendo até o período entre 44 e 56 horas, aproximadamente,

para depois apresentarem queda neste crescimento celular até o final do cultivo (96 horas).

Figura 31. Concentração celular de Y. lipolytica em meio YP a 29 °C, 250 rpm, por 96 horas.

Figura 32. Perfil de crescimento de Y. lipolytica em meio YP a 29 °C, 250 rpm, por 96 horas.

Os parâmetros cinéticos, como taxa específica de crescimento celular (µ) e tempo de

duplicação (td), foram calculados durante a fase exponencial e estão apresentados na Tabela 13.

0

2

4

6

8

10

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

ão C

elu

lar

(mg.m

L-1

)

Tempo (h)

YP Controle YP + TPA YP + MEG YP + CPR YP + BHET

-2

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0

1

2

0 24 48 72 96ln (

X)

Tempo (h)

YP Controle YP + TPA YP + MEG YP + CPR YP + BHET

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É possível identificar que para todos os ensaios a taxa específica de crescimento celular foi

maior e consequentemente o tempo de duplicação celular foi menor quando comparado com os

dados da Tabela 12.

Tabela 13. Parâmetros cinéticos determinados para Y. lipolytica em meio YP, a 29 °C, agitação de 250 rpm, durante

96 horas.

Ensaios µ (h-1) td (h) Xmáx (mg.mL-1)

YP Controle 0,1962 3,53 6,95

YP + TPA 0,1848 3,75 6,09

YP + MEG 0,1809 3,83 7,35

YP + CPR 0,1678 4,13 6,60

YP + BHET 0,1786 3,88 5,55

µ = taxa específica de crescimento celular nas 12 primeiras horas de cultivo, td = tempo de duplicação celular nas

12 primeiras horas de cultivo e Xmáx = máxima concentração celular.

O aumento da agitação de 160 para 250 rpm acelerou o crescimento celular nas

primeiras horas. No entanto, após 24 horas de cultivo foi detectado o aparecimento de espuma

nos experimentos (Figura 33), e após aproximadamente 56 horas foi observado uma queda na

concentração celular. Esta queda pode estar relacionada com a redução na transferência de

oxigênio causada pela espuma, que impediu a troca gasosa superficial. Desta forma, pode-se

perceber que a aeração e velocidade de agitação tiveram influência no crescimento da Y.

lipolytica. Embora a Figura 33 represente apenas 2 experimentos, o aparecimento desta espuma

ocorreu em todos os ensaios realizados a 250 rpm.

Figura 33. Aparecimento de espuma nos ensaios a 250 rpm, após 24 horas de experimento.

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Os resultados indicaram que o aumento da velocidade de agitação de 160 rpm para

250 rpm, pode ter influenciado a produção de biossurfactante produzido por Y. lipolytica. Dados

na literatura indicam que a produção de emulsionante por esta levedura pode ser influenciada

pela aeração e velocidade de agitação do sistema. Amaral et al. (2006) observaram a presença

de biossurfactante (Yansan) produzido pela levedura Y. lipolytica em cultivos realizados a 250

rpm, 28 °C, em frascos de 500 mL com 200 mL de meio YPD. Fontes (2008) também avaliou

a produção de biossurfactante utilizando diversas fontes de carbono, entre elas glicose e

glicerol.

Neste presente estudo, não havia glicose proveniente do meio de cultivo, podendo a

produção de biossurfactante estar relacionada com os substratos adicionados (TPA, MEG, CPR

e BHET), ou com a fonte de carbono proveniente do extrato de lêvedo e da peptona. Embora

as características apresentadas pelos experimentos deste trabalho estejam de acordo com os

estudos na literatura, ainda assim, não é possível afirmar que havia, de fato, a presença de

biossurfactante nestes cultivos, uma vez que os testes para detectar a presença destes compostos

não foram realizados.

Além do crescimento celular, o pH também foi avaliado e está apresentado na Figura

34. Os valores estão de acordo com os experimentos realizados anteriormente. Com a nova

velocidade de agitação, estes valores também não apresentaram grande variação ao longo do

cultivo, apenas tornaram-se mais alcalinos quando comparados aos experimentos anteriores.

Além disso, Amaral et al. (2006) mencionaram que a faixa de pH para a produção de

biossurfactante encontra-se entre 3 e 9, o que está de acordo com este estudo, em que o pH

variou de 6,5 a aproximadamente 8.

Figura 34. Variação de pH no cultivo de Y. lipolytica em meio YP a 29 °C, 250 rpm em 96 horas

4

5

6

7

8

0 24 48 72 96

pH

Tempo (h)

YP Controle YP + TPA YP + MEG YP + CPR YP + BHET

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5.1.8 Análise de Lipase e Protease

A produção de lipases microbianas é afetada por diversos fatores: como temperatura,

pH, composição do meio, entre outras condições operacionais. Um dos parâmetros mais

importantes é a transferência de oxigênio no meio de cultivo. A baixa solubilidade do oxigênio

em meios aquosos torna necessária o seu constante fornecimento em quantidades suficientes

para suprir a demanda dos microrganismos (RECH, 2010). Desta forma optou-se por aumentar

a velocidade de agitação do sistema, de 160 para 250 rpm nesta segunda fase do trabalho.

A atividade de lipase produzida por Y. lipolytica em meio YP, 250 rpm, 28°C, durante

96 horas de cultivo pode ser acompanhada pela Figura 35. Os cultivos realizados sob agitação

de 250 rpm apresentaram maior atividade de lipases quando comparado ao sistema agitado a

160 rpm (Figura 18). Este fato pode estar relacionado com a transferência de oxigênio para o

microrganismo, uma vez que com a melhora nesta transferência, aumenta a disponibilidade de

oxigênio para a levedura e consequentemente pode aumentar a expressão de lipases. Além

disso, mesmo com o aumento na agitação do sistema, o pico na produção destas enzimas

também aconteceu em torno de 24 horas de cultivo, como observado nos resultados anteriores.

Figura 35. Atividade de lipase por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 250 rpm, durante 96 horas.

Os valores de pH nestes cultivos a 250 rpm (Figura 34), que variaram de 6,5 a 8,

também estiveram dentro da faixa descrita como o pH ideal para produção de lipases (6 a 10).

Da mesma forma que nos resultados anteriores, o BHET induziu a formação desta enzima,

chegando a uma atividade de 384,9 U.L-1. Além disso, o ensaio com TPA foi o que apresentou

0

100

200

300

400

8 12 16 20 24 28 32 36 48 60 72 84 96

Ati

vid

ade

de

Lip

ase

(U.L

-1)

Tempo (h)

YP Controle YP + TPA YP + MEG YP + CPR YP + BHET

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menor atividade enzimática (222,12 U.L-1), confirmando o fato de que esta molécula pode ter

inibido a atividade lipásica de Y. lipolytica. As atividades dos ensaios com MEG (281,65 U.L-

1) e CPR (314,21 U.L-1) foram maiores do que o ensaio controle (263,07 U.L-1), podendo ser

indutores no processo de produção de lipases por Y. lipolytica, assim como o BHET.

O ensaio com BHET apresentou um pico de atividade em 24 horas maior que todos os

outros ensaios, porém esta atividade logo decresce, o que não ocorre com os experimentos

controle, MEG, CPR e TPA. Este fato pode ocorrer por esta molécula ser um substrato de mais

rápida assimilação, ou pelo fato do acúmulo de MHET no meio ter inibido a enzima. Já com o

CPR, por exemplo, a atividade se manteve no mesmo patamar durante 8 horas, o que pode estar

relacionado à hidrólise mais lenta deste composto pela levedura Y. lipolytica.

Com o aumento da agitação do sistema foi possível perceber uma atividade de lipase

a partir de 12 horas de experimento. Nesta etapa do trabalho não foi avaliado o ponto zero, visto

que não se detectou a presença de lipases neste tempo. Desta forma, as amostragens para análise

desta enzima começaram a ser realizadas em 8 horas de cultivo e foram sendo coletadas em

intervalos de 4 até 36 horas de experimento. Após este tempo, as amostragens foram mais

espaçadas, permanecendo de 12 em 12 horas até o final da fermentação. A escolha destes pontos

de amostragem foi baseada nos ensaios preliminares deste estudo.

A Figura 36 apresenta os resultados de atividade de protease da levedura Y. lipolytica

em meio YP, 29 °C, 250 rpm, durante 96 horas de cultivo.

Figura 36. Atividade de protease por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 250 rpm, durante 96 horas.

0

200

400

600

800

8 12 16 20 24 28 32 36 48 60 72 84 96

Ati

vid

ade

de

Pro

teas

e (U

.mL

-1)

Tempo (h)

YP Controle YP + TPA YP + MEG YP + CPR YP + BHET

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Como observado na Figura 35, próximo ao pico de produção de lipases (24 horas),

também ocorreu um pico de produção de proteases (Figura 36) entre 24 e 28 horas de cultivo.

Após este tempo, a atividade desta enzima decaiu em torno de 48 horas e voltou a crescer no

final da fermentação, quando a produção de lipase já era relativamente baixa e quando o pH

estava mais alcalino.

Embora o comportamento da produção de proteases tenha sido próximo ao

encontrado na primeira etapa deste estudo (Figura 20), com o aumento da agitação para 250

rpm, houve uma redução na atividade de proteases. Este fato pode estar relacionado com a

maior produção de lipases obtidas nesta etapa. A menor atividade de protease é interessante,

pois esta enzima hidrolisa ligações peptídicas, o que prejudica a produção de lipase e

consequentemente a despolimerização do PET.

5.1.9 Atividade de Esterases

A Figura 37 apresenta a atividade de esterases pelo método do butirato de p-nitrofenila

(pNFB). Este teste foi realizado com o intuito de detectar a presença de esterases de cadeia

curta, como a cutinase (EC 3.1.1.74). Estas enzimas, também foram descritas na literatura, além

das lipases, como enzimas capazes de realizar a hidrólise de PET. A cutinase recebeu muita

atenção devido à sua potencial aplicação para a modificação e degradação da superfície de

poliésteres alifáticos e aromáticos, especialmente o PET (BARTH et al., 2015; CARNIEL et

al., 2017; SULAIMAN et al., 2012).

Figura 37. Atividade de esterases por Y. lipolytica em meio YP, 29 °C, 250 rpm, durante 96 horas

0

50

100

150

200

8 12 16 20 24 28 32 36 48 60 72 84 96

Ati

vid

ade

em p

NF

B (

U.L

-1)

Tempo (h)

YP Controle YP + TPA YP + MEG YP + CPR YP + BHET

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Barth et al. (2015) relataram um sistema de reação enzimática dual, utilizando uma

poliéster hidrolase, LC cutinase, hidrolisando cadeias de filme de PET e uma carboxilesterase

imobilizada, de Thermobida fusca. Ambas atuando para despolimerizar o PET e a segunda

enzima sendo aplicada para eliminar intermediários inibitórios produzidos a partir de hidrólise

de PET. Carniel et al. (2017) demonstraram que a cutinase de Humicola insolens e a lipase de

Candida antarctica atuam sinergicamente para converter o PET em seus monômeros finais.

Sulaiman et al (2012) identificaram o gene que codifica um novo homólogo de

cutinase, denominado LC cutinase, que mostra uma identidade de sequência de aminoácidos de

57,4% para cutinase de Thermobifida fusca, expressa em Escherichia coli. Estes autores

demonstraram que a LC cutinase exibe uma atividade de degradação de PET e é uma enzima

promissora para aplicações em diversos setores, especialmente nas indústrias têxteis.

Observa-se na Figura 37 que a atividade das esterases apresentou aumento na sua

atividade até o final das 96 horas de cultivo. O ensaio com BHET apresentou a maior atividade

destas enzimas, chegando a alcançar 144,73 U.L-1, seguido pelos ensaios com o TPA (130,84

U.L-1), o ensaio controle (118,63 U.L-1), com MEG (114,93 U.L-1) e com CPR (92,38 U.L-1).

É interessante ressaltar que atividade destas enzimas não decresceu como aconteceu

com a atividade de lipase (Figura 35), e que conforme esta atividade lipásica diminuía,

possivelmente a levedura expressava estas esterases para realizarem a hidrólise enzimática do

PET. A protease pode atuar preferencialmente sobre a lipase ao invés das esterases em geral, o

que pode explicar o fato da atividade de butirato continuar crescendo e a de lipase não. Desta

forma, diante destes resultados e dos estudos existem na literatura, torna-se interessante

investigar a potencial aplicação de esterases na hidrólise de PET, para identificação de novas

enzimas no processo de despolimerização.

5.1.10 Quantificação do PET e seus monômeros

Analisando os gráficos das Figuras 38 e 39, observa-se que o ensaio com MEG,

apresentou consumo mais rápido desta molécula, quando comparado a Figura 22. Utilizando

agitação de 250 rpm, a partir de 24 horas de cultivo já não era mais possível observar a presença

dessa molécula no meio de cultivo, enquanto que no ensaio a 160 rpm, este fato só foi observado

a partir das 48 horas de experimento. O mesmo ocorreu no ensaio com TPA, que apresentou

consumo maior do que quando comparado aos experimentos anteriores. Devido ao aumento da

agitação do sistema e consequente com o aumento da atividade metabólica, era esperado que a

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levedura Y. lipolytica fosse capaz de assimilar mais facilmente este composto, utilizando-o

como fonte de carbono e energia para seu crescimento.

Figura 38. Consumo das moléculas de TPA por Y. lipolytica em meio YP a 250 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

Figura 39. Consumo das moléculas de MEG por Y. lipolytica em meio YP a 250 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

As Figuras 40 e 41 apresentaram comportamento semelhante aos experimentos

anteriores, embora o ensaio com CPR tenha liberado uma quantidade maior de MHET (5,65

mg.L-1), quando comparado ao ensaio com 160 rpm (3,51 mg.L-1). A melhor transferência de

oxigênio para o microrganismo pode ter facilitado o processo de hidrólise enzimática deste

polímero, uma vez que o aumento de agitação leva à maior síntese de lipase e permite maior

contato entre o substrato sólido e a enzima. No ensaio com BHET a concentração de TPA foi

0

100

200

300

400

500

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

ão d

e T

PA

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g.L

-1)

Tempo (h)

YP + TPA

0

100

200

300

400

500

0 24 48 72 96

Con

cen

traç

ão d

e M

EG

(m

g.L

-1)

Tempo (h)

YP + MEG

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maior (59,09 mg.L-1) frente a 42,03 mg.L-1 observado na Figura 23 para o experimento YP.

Este dado é interessante, uma vez que o objetivo central do estudo era realizar a

despolimerização de PET até seus monômeros iniciais.

Figura 40. Hidrólise de CPR por Y. lipolytica em meio YP a 250 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

Figura 41. Hidrólise de BHET por Y. lipolytica em meio YP a 250 rpm, 29 °C, durante 96 horas.

Assim como nos resultados anteriores, no ensaio utilizando o plástico de recicladora

(CPR), observa-se baixa concentração de TPA, MHET e BHET, devido à alta cristalinidade

deste material. Além disso, o MHET continuou sendo o principal produto da hidrólise

enzimática de PET. Observa-se que até o final das 96 horas do cultivo, que o TPA não havia

sido totalmente consumido e que a concentração de MHET estava aumentando nos ensaios com

BHET e CPR. Neste período de tempo não há mais lipase detectável nos cultivos, e

0

1

2

3

4

5

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0 24 48 72 96

Conce

ntr

ação

de

TP

A,

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(mg.L

-1)

Tempo (h)

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ntr

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de

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A,

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mg.L

-1)

Tempo (h)

YP + BHET

TPA

MHET

BHET

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possivelmente outras esterases estejam participando deste processo. Embora o aumento da

agitação para 250 rpm tenha proporcionado maiores atividades da enzima lipase, este parâmetro

influenciou no crescimento celular da levedura, causando decréscimo na concentração em torno

de 44 e 56 horas. A formação intensa de espuma nos cultivos diminuiu a eficiência do transporte

de oxigênio no meio líquido e consequentemente, provocou queda no crescimento celular.

De acordo com os resultados obtidos nesta segunda etapa do estudo, a agitação de 250

rpm proporcionou maiores atividades enzimáticas e, possivelmente, pode apresentar melhores

condições para a despolimerização deste polímero. Desta forma, torna-se interessante focar em

uma metodologia capaz de suprir esta deficiência nas fermentações, de acúmulo de espuma,

como a utilização de um antiespumante ou o emprego de biorreatores que possuam sistema de

aeração projetado para este fim.

5.1.11 Microscopia

Assim como no item 5.1.6, as análises microscópicas foram realizadas a fim de

verificar a morfologia durante o ciclo de crescimento celular e verificar as diferenças

morfológicas resultantes do aumento na velocidade de agitação de 160 para 250 rpm.

As Figuras 42 e 43 apresentam os ensaios controle e com TPA em meio YP, nos

tempos 0 (a) e 96 (b) horas de fermentação. Como observado nestas Figuras, pode-se perceber

pouca quantidade de células no tempo de 96 horas quando comparado aos ensaios a 160 rpm

neste mesmo período (Figuras 29 e 30). Isso pode estar relacionado com o fato das células

poderem estar aderidas a espuma e consequentemente não estarem presente na fase aquosa.

Este comportamento foi observado para todos os experimentos controle, YP + TPA,

YP + MEG, YP + CPR e YP + BHET, porém, apenas dois (controle e YP + BHET) estão

representados nestas Figuras. Com o aumento da agitação para 250 rpm, não foi detectada a

presença de células hifadas, como aconteceu em algumas células no experimento anterior.

Este fato pode estar relacionado com a explicação de Nunes et al. (2013), que

concluíram que além do pH, a agitação do sistema também demonstrou ser um parâmetro

importante na formação de hifas, provavelmente devido ao fato desta levedura ser estritamente

aeróbia, formando filamentos em situações de pouca disponibilidade de oxigênio, como os

experimentos realizados a 160 rpm. Desta forma, embora o pH destes cultivos tenha

apresentado um perfil mais alcalino, este fato não contribuiu para formação de hifas, devido ao

suprimento necessário de oxigênio a qual a levedura estava exposta.

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(a) (b) Figura 42. Microscopia das células de Y. lipolytica com meio YP controle nos tempos de 0 (a) e 96 (b) horas de cultivo.

(a) (b) Figura 43. Microscopia das células de Y. lipolytica com meios YP e com BHET nos tempos de 0 (a) e 96 (b) horas de cultivo.

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6. CONCLUSÕES

Os ensaios realizados com meio YP (7 mg.mL-1) apresentaram crescimento inferior

quando comparado aos ensaios YPD (13 mg.mL-1), devido à falta de nutrientes, como a glicose,

que é o substrato preferencial de Y. lipolytica. As taxas específicas de crescimento celular na

fase exponencial foram maiores para o ensaio YPD do que YP, e consequentemente, o tempo

necessário para a duplicação da massa celular (td) foi menor nos ensaios YPD. A taxa de

consumo de glicose (-dS.dt-1) foi maior para o experimento controle (0,237 mg mL-1 h-1),

podendo estar relacionado com a ausência dos substratos hidrofóbicos no meio que possibilitou

maior assimilação da levedura pela sua principal fonte de nutriente.

Tanto no ensaio YP (5,8 – 7,5) quanto YPD (5,4 – 6,8) não foi observado grande

variação do pH ao longo do tempo, e ambos experimentos se mantiveram dentro da faixa

adequada para produção de lipases (6 – 10). A atividade desta enzima foi maior nos ensaios

sem glicose (YP), uma vez que a produção de lipases por Y. lipolytica IMUFRJ 50682 sofre

repressão à presença deste nutriente. Além disso, o PET e seus monômeros podem ter agido

como indutores no processo de produção de lipase, pois apresentaram atividades superiores aos

ensaios controle. Exceto o TPA, que pode ter agido como possível inibidor no processo. O

BHET foi o composto que levou a maior atividade lipásica (118,09 U.L-1), demonstrando ser

um possível indutor no processo de produção desta enzima por Y. lipolytica.

Nos experimentos realizados a 160 rpm a produção de lipases não apresentou altas

atividades devido a velocidade de agitação do sistema, uma vez que a levedura utilizada é

estritamente aeróbica e seu crescimento e secreção de metabolitos são afetados pela quantidade

de oxigênio disponível no meio de cultura. Os ensaios com meio YP apresentaram maior

concentração dos intermediários (MHET e BHET) e de consumo dos monômeros (TPA e MEG)

do que os ensaios YPD, devido a produção de lipases por Y. lipolytica ter sido mais eficiente

nos ensaios sem glicose. Desta forma, os ensaios YP apresentaram melhores características para

degradação biológica de PET, pois possuem maior ação de enzimas capazes de degradar este

polímero.

O PET amorfo (12,9% de cristalinidade) foi mais susceptível a degradação microbiana

quando comparado ao PET de recicladora (41,4% de cristalinidade), devido as suas

características de cristalinidade. A degradação de PET ocorre preferencialmente nas regiões

amorfas do polímero que são mais suscetíveis a hidrólise enzimática do que as regiões

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cristalinas, onde o processo de degradação é mais lento. Nos processos de hidrólise enzimática,

o MHET foi o principal intermediário liberado no processo.

O aumento da agitação de 160 para 250 rpm acelerou o crescimento celular nas

primeiras horas de cultivo. No entanto, após 24 horas foi detectado o aparecimento de espuma

nos experimentos. A variação na agitação do sistema pode ter influenciado a produção de

biossurfactante produzido pela Y. lipolytica. Os cultivos realizados sob agitação de 250 rpm

apresentaram maior atividade de lipases quando comparado ao sistema agitado a 160 rpm,

devido a melhora na transferência de oxigênio para o microrganismo. Assim como nos ensaios

a 160 rpm, o BHET induziu a formação de lipases, chegando a uma atividade de 384,9 U.L-1.

Além disso, o ensaio com TPA novamente foi o que apresentou menor atividade desta enzima

(222,12 U.L-1). O BHET também apresentou a maior atividade (144,73 U.L-1) nos testes

realizados para detectar a presença de outras esterases no cultivo.

Diante dos resultados obtidos neste estudo, pode-se dizer que a despolimerização

enzimática de PET, utilizando lipases ou outras esterases produzidas por Y. lipolytica é uma

alternativa promissora entre as opções em desenvolvimento para a reciclagem de plásticos. A

proposta de utilização de enzimas microbianas capazes de hidrolisar o PET é de grande interesse

para agregar valor a este processo e diminuir os impactos ambientais causados pelo descarte

inadequado de embalagens plásticas no meio ambiente.

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SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Utilização de antiespumantes nos cultivos agitados a 250 rpm para evitar o acúmulo de

espuma ao longo da fermentação;

Utilização de diferentes concentrações de Perfluorocarbonetos (PFC) para o aumento

da transferência de massa e consequemente aumento da atividade lipásica;

Compreender os limites de tolerância de Y. lipolytica aos monômeros;

Medir o tamanho das células utilizando o programa Matlab para analisar com mais

certeza a formação de hifas nos cultivos;

Avaliar o crescimento de Y. lipolytica em meio definido, em que se saiba que a única

fonte de carbono seja apenas o TPA ou MEG, para comprovar a assimilação desses

monômeros;

Determinar um método numérico para os cálculos das taxas de consumo de TPA e MEG

e para taxas de produção de TPA, MHET e BHET;

Desenvolver uma metodologia para quantificar o PET ao longo das fermentações;

Avaliar reciclagem de PET com Y. lipolytica em biorreator de bancada;

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