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ANEXOS
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 2
ÍNDICE
ANEXO I
Guião da entrevista aos professores das unidades curriculares ....................... 3
ANEXO II
Guião da entrevista aos formandos .................................................................. 7
ANEXO III
Perfil do entrevistado - Professor ................................................................... 10
ANEXO IV
Perfil do entrevistado - Formando ................................................................. 11
ANEXO V
Protocolo da entrevista ................................................................................... 12
ANEXO VI
Grelha das análises das entrevistas dos professores e dos formandos ......... 115
ANEXO VII
Plano de estudos ........................................................................................... 196
ANEXO VIII
Sinopse das unidades curriculares do curso de educação especial .............. 200
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 3
ANEXO I
Guião da entrevista aos professores das unidades curriculares
Tema: A dimensão da Inclusão no Mestrado em Educação Especial.
Entrevistado: Professores das seguintes Unidades Curriculares (UC):
Práticas de Educação Inclusiva e Necessidades Educativas Especiais.
Nota: A UC Práticas de Educação Inclusiva é a que abrange maior número de docentes
em conjunto.
Objetivos gerais:
- Compreender as perspetivas teóricas e políticas e as orientações curriculares
subjacentes ao currículo do mestrado em Educação Especial.
- Compreender como é perspetivada e abordada a educação inclusiva no currículo
previsto e no currículo em ação do curso.
- Recolher informação acerca da ligação entre a formação especializada facultada pelo
curso e as necessidades dos professores, das escolas, do sistema educativo e da
sociedade em geral.
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 4
Blocos Objetivos Questões Orientadoras Notas
A
Legitimação e
motivação da
entrevista
• Agradecer a
colaboração já
prestada e a prestar;
• Informar o
entrevistado sobre o
tema e os objetivos do
estudo;
• Motivar o entrevistado
para entrevista;
• Tornar a entrevista
pertinente;
• Garantir toda a
confidencialidade dos
dados.
• Garantir o anonimato
dos dados.
• Posso utilizar da gravação para a
nossa entrevista?
• Perguntar se está esclarecido e/ou
se tem dúvidas, questões a
colocar.
B
Caracterização
das Unidades
Curriculares
• Conhecer os
conteúdos e objetivos
da UC e saberes
expectáveis que o
formando adquira no
final da mesma.
• Conhecer a
metodologia utilizada
nas aulas da UC.
• Pode explicitar o que mais
valoriza na UC que leciona, no
que respeita a conteúdos,
objetivos e saberes expectáveis
que o formando adquira no final
da mesma?
• Em seu entender, de que modo o
formando deverá aplicar (colocar
em ação) os conteúdos
curriculares?
• Qual a metodologia privilegiada
nas suas aulas?
• Quais as suas principais
preocupações ao nível das
metodologias de formação/ensino
que utiliza?
• Que relação se estabelece entre
esta UC e a as restantes UC do
mestrado?
• O termo saber (es) refere-
se a saber no sentido de
conhecimento intelectual,
e também saber fazer
(saberes pedagógicos).
• Procurar relacionar com as
práticas nas escolas e a
temática da inclusão.
• Pretende-se conhecer as
práticas pedagógicas que o
professor utiliza nas suas
aulas e o sentido que lhe
atribui (incluindo a
preparação dos professores
para a inclusão). Saber se
usa estratégias como:
estudos de caso; role play;
discussão; visionamento
de vídeos; debates; etc.
• Tentar identificar
colaborações entre UC
designadamente como é
que esta UC se articula
com as Práticas
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 5
Pedagógicas
Supervisionadas.
C
A Inclusão na
UC
• Identificar o modo
como é construído o
conceito de inclusão
na UC.
• Compreender a
conceção de inclusão
do professor e da
equipa curricular.
• Identificar o foco da
ação do formando,
futuro professor de
educação especial, nas
escolas.
• Como aborda a temática da
Inclusão na sua UC?
• Que conceção de Inclusão
pretende que o formando
adquira?
• A ação do professor de educação
especial deve ser mais centrada
no aluno, no professor da
turma/professor curricular, nos
pais, na escola?
• Que conhecimentos (saberes)
considera que um docente de
educação especial deve possuir?
Deve ser um especialista em?
• Como perspetiva a abordagem da
inclusão nas escolas?
• No seu ponto de vista, como é
que a equipa docente do mestrado
se articula ou não no sentido de
veicular uma conceção de
inclusão, junto dos formandos, de
forma consistente e coerente nas
diferentes unidades curriculares?
• Procurar relacionar com as
práticas nas escolas e a
temática da inclusão: ação
junto do aluno, da turma,
ligação com o professor
titular, com os pais, com a
escola, com instituições
sociais e de saúde da
comunidade. Visão
sistémica.
• Tentar averiguar qual deve
ser o perfil desejável de
um docente de educação
especial. Deve ser um
especialista em, por
exemplo: deficiência
mental ou trabalho
cooperativo com
professores da turma ou
em avaliação.
D
Avaliação da
UC
• Conhecer a avaliação
que o professor faz da
sua UC.
• Identificar aspetos
positivos e
constrangimentos na
lecionação da UC.
• Identificar eventuais
mudanças nas
conceções e nas
competências
profissionais dos
professores/formandos
decorrentes da
participação na UC.
• Conhecer a relação
entre o
desenvolvimento da
UC e as expectativas
dos formandos.
• Quais os aspetos positivos que
identifica na lecionação desta
UC? E que constrangimentos
identifica?
• Como se estabelece nesta UC a
ligação entre teoria e prática?
• O que pensa que muda nos
formandos com a participação
nesta UC?
• Que perceção tem das mudanças
e das práticas que os formandos
desenvolvem nas escolas?
• No seu ponto de vista e a partir
do feedback que recebe dos
alunos, em que medida esta UC
corresponde às expectativas dos
formandos/futuros professores do
mestrado em que ela se integra?
• Procurar compreender que
tipo de acompanhamento
os professores das UC
fazem às práticas dos
formandos. Dado que não
há acompanhamento de
estágios como é que os
professores conhecem as
práticas dos seus
formandos.
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BLOCO PARA O COORDENADOR DO CURSO DE MESTRADO
Blocos Objetivos Questões Orientadoras Notas
E
A organização
do currículo do
mestrado em
Educação
Especial
• Compreender a
forma como o
Coordenador do
curso vê as
mudanças
ocorridas na
organização do
currículo ao longo
dos anos.
• Identificar a
existência de uma
linha de ação que
caracteriza os
formandos da
Instituição.
• Identificar a
congruência entre a
formação
ministrada e as
necessidades de
formação dos
formandos.
• Ao longo dos anos que leciona
nesta escola é possível identificar
marcos de mudança nas
orientações do currículo?
• Houve mudanças na organização
do currículo deste mestrado,
decorrentes da aplicação do
Decreto-lei n.º3/2008 de 7 de
janeiro e das alterações
legislativas subsequentes?
• Como vê a formação que este
mestrado proporciona aos futuros
professores do grupo de
recrutamento 910 para o trabalho
educativo com alunos com
problemáticas tão diversas como
perturbação de espectro do
autismo, multideficiência,
dislexia, problemas emocionais,
perturbação de hiperatividade e
défice de atenção, etc., em níveis
de educação e ensino que vão do
pré-escolar ao ensino secundário?
• Considera que existe, nesta
instituição de ensino superior,
uma linha de intervenção
definida, e que é passível de ser
identificada na ação educativa
dos formandos/futuros
professores de educação especial,
nas escolas?
• Como caracteriza essa linha de
intervenção?
• Como vê a relação entre o modo
como o currículo deste curso está
organizado e as necessidades de
formação dos formandos e
consequentemente das próprias
escolas, das crianças e das
famílias?
• Tentar perceber
se a questão da
formação de
professores para a
inclusão
acompanha essas
mudanças.
• Tentar perceber a
eficácia da
abrangência do
currículo face a
uma população
diversificada de
formandos e
também de
problemática dos
alunos.
• Tentar identificar
conceções e
práticas de
formação
congruentes e
consistentes,
designadamente
na área da
inclusão.
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ANEXO II
Guião da entrevista aos formandos
Tema: A dimensão da Inclusão no Mestrado em Educação Especial.
Entrevistado: Formandos do 2º ano do curso de Mestrado em Educação Especial da
Escola Superior de Educação do Sistema Público.
Objetivos gerais:
- Conhecer e compreender como se expressa no curso de Mestrado em Educação
Especial o percurso acerca da formação especializada, o lugar que concede à
educação inclusiva.
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Blocos Objetivos do Bloco Questões Orientadoras Notas
A
Legitimação e
Motivação da
entrevista
• Agradecer a colaboração
já prestada e a prestar;
• Informar o entrevistado
sobre o tema e os
objetivos do estudo;
• Motivar o entrevistado
para entrevista;
• Tornar a entrevista
pertinente;
• Garantir toda a
confidencialidade dos
dados.
• Posso utilizar da gravação
para a nossa entrevista?
• Apresentação
do
entrevistador;
• Dar
conhecimento
do trabalho de
investigação;
• Pedir
autorização
para gravar as
informações.
B
Motivação para
a Formação
• Caracterizar as
conceções do
entrevistado sobre a
formação especializada.
• Quais os motivos que
levaram a querer
frequentar o curso de
especialização em
educação especial?
• Porque veio fazer essa
especialização?
• Quais eram as suas
expectativas?
• Motivação
• Contribuição
• Especificidades
• Particularidades
C
Inclusão e
Práticas
• Compreender a
organização do curso de
especialização e a
designação da inclusão
na formação de
professores de educação
especial.
• O que entende por
inclusão?
• Qual a sua perceção sobre
o currículo desenvolvido
neste curso na perspetiva
da inclusão nos contextos
escolares?
• Como são articulados os
conhecimentos teóricos
com as práticas inclusivas
atribuindo a importância
da diversidade cultural nos
contextos escolares?
Como acontece?
• Qual o seu entendimento
sobre as condições que
devem ser reunidas para
tornar a aula/escola mais
inclusiva?
•
• - Conhecer a avaliação
que o formando faz do
curso de formação de
• Com base nesta
experiência formativa e
nos conhecimentos
• Indicadores
positivos e
negativos na
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D
Avaliação da
formação
professores de educação
especial.
• - Identificar aspetos
positivos e os
constrangimentos quanto
a formação.
adquiridos, que opinião
tem relativamente ao
processo (modelo) de
formação de professores
para a educação especial?
(Aspetos positivos e
aspetos menos positivos).
• Nesta fase final do
processo de formação,
como caracteriza o grau de
preparação para promover
a inclusão de todos os
alunos nos contextos
escolares e não apenas os
categorizados com NEE?
formação de
professores de
educação
especial.
E
Sugestões de
organização
futura
•
• Que sugestões propõe para
a melhoria da formação de
professores para educação
especial?
• Sugestões que
apresentam para
a melhoria da
formação de
professores para
educação
especial.
Finalizar a entrevista:
- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
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ANEXO III
Perfil do entrevistado - Professor
FICHA DO PROFESSOR
NOME: ___________________________________________ (primeiro e último nome)
DATA DE NASCIMENTO: _____/_____/________
FORMAÇÃO: _________________________________________________________
ESPECIALIZAÇÃO: ____________________________________________________
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
Tempo de serviço: _______________(dias/anos)
Tempo como professor(a) formador(a) em formação especializada: _________
(dias/anos)
DATA DA REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA: ______/_____/______
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ANEXO IV
Perfil do entrevistado - Formando
FICHA DO FORMANDO
NOME: __________________________________________ (primeiro e último nome)
DATA DE NASCIMENTO: ______/______/________
FORMAÇÃO INICIAL: ( ) Educador de Infância
( ) 1º Ciclo
( ) 3º Ciclo e Secundário
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
Tempo de serviço: ______________________ (dias/ano)
Tempo de serviço na educação especial: _______________ (dias/ano)
DATA DA REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA: ______/______/______
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ANEXO V
Protocolo da entrevista
PROTOCOLO DA ENTREVISTA – PROFESSOR – F1
Data da realização: 02 de Maio de 2016
Duração da entrevista: 52 minutos e 7 segundos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistada:
Data de Nascimento: 18/11/1963
Formação: Doutoramento em educação/Tecnologias da Informação e Comunicação
em Educação-TIC
Especialização: Educação Especial na área de Multideficiência
Tempo de serviço: 30 anos
Tempo como formadora em formação especializada: 11 anos
1- Dentro das Unidades Curriculares na qual leciona, uma delas é a Práticas de
Educação Inclusiva. Poderia explicitar o que mais valoriza nessa Unidade
Curricular no que respeita aos conteúdos, os objetivos e os saberes
expectáveis que o formando adquira no final da mesma?
Na unidade curricular das Práticas em contato direto com as crianças, consigam ter
um contato direto com crianças com problemas mais graves, como a nossa especialização
é especialização em problema de cognição e multideficiência, muito dos nossos
professores que são mestrandos do curso, não tem qualquer experiência em trabalho direto
com essas crianças. Portanto, essa unidade curricular das Práticas, digamos que o grande
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objetivo é o fato que os alunos vão aos contextos reais e consigam olhar para um caso que
escolham, com problema de cognição ou multideficiência, e consigam fazer um processo
desde da avaliação, a planificação da avaliação, portanto, fazer a pesquisa inicial dos
dados, depois analisam esses dados, fazem a planificação do que eles querem saber mais
no processo de avaliação, desenvolvem no processo de avaliação, depois fazem um plano
de intervenção. Devido o pouco tempo que temos para realização dessa intervenção, eles
não têm tempo de implementar o plano de intervenção. Mas o nosso grande objetivo é
congregar conhecimentos que os mestrandos tenham dito nas outras unidades
curriculares, no sentido ao longo do curso, no sentido de conseguirem avaliar,
conseguirem ver quais são as características dessas crianças, o que é preciso fazer em
termos de plano de intervenção e depois planificar essa intervenção e há um conjunto de
saberes das outras unidades curriculares que nós congregamos para esta unidade desde
do primeiro semestre até o segundo semestre. Normalmente esses alunos estão num
contexto de educação inclusiva e, portanto, nós quando dizemos que a avaliação do caso,
nós pedimos aos alunos para fazerem a avaliação e a caracterização e a avaliação do caso,
tendo em consideração os contextos de vida que essas crianças se encontram, pode ser a
escola, podem ser a família, portanto, digamos que centram a avaliação na criança, no
ambiente familiar e no ambiente educativo, previamente, nos processos individuais das
crianças. O nosso grande objetivo também, na mesma perspetiva, é que eles fiquem no
final da unidade curricular mais competentes para conseguir, quando forem para o
terreno, conseguirem trabalhar com essas crianças com problemas mais graves. Consigam
na mesma forma, articularem os conteúdos que são das diferentes unidades curriculares,
digamos que essa unidade curricular, não é que tenham propriamente muitos conteúdos
específicos, que aí nós falamos de instrumentos que eles podem utilizar para avaliação,
falamos quais são dimensões que eles devem ter em consideração, mas há especificidades
de cada caso que depois tem que ser tido consideração. Se for um caso de um aluno com
multideficiência, depois eles têm que ir a uma unidade curricular que nós temos que é
avaliação e intervenção em multideficiência, e conseguirem ir em buscar muita das
informações quer no processo de avaliação, quer no processo de planificação e
intervenção para fazer um bom estudo de caso. Portanto, de uma maneira, se for um caso
de avaliação e intervenção cognitiva é a mesma coisa. Mas eu diria, que o grande objetivo
é mesmo esse… eles ficarem com competências que permitam identificarem as
características todas das crianças, fazer a avaliação, planear a intervenção e não tem a
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parte da intervenção, porque o tempo não é possível, digamos, com mais possível emergi-
los num mundo real nos contextos educativos onde estão essas crianças.
2- Em seu entender, de que modo o formando deverá aplicar (colocar em ação)
os conteúdos curriculares?
Aí vai depender dos casos, as maiores dificuldades que eles têm é, tem as diversas
unidades curriculares ao longo do currículo, os planos de estudos, depois conseguirem
perceber o que para essas situações são específicos, onde eu possa buscar informação, no
sentido de articular os conteúdos, ou seja, ok! Para avaliação eu tive uma cadeira sobre
avaliação e desenvolvimento, talvez lá eu tenha alguma informação, mas por exemplo, na
unidade curricular de Avaliação e Intervenção em Multideficiência e lá também foram
analisados os conteúdos que tive correspondentes à avaliação. Então, como é que vou
conseguir ir as diferentes unidades curriculares e conseguir congregar, bem essa é uma
dificuldade que eu acho que eles têm, porque acho que eles ainda veem os conteúdos
muito parcelados, portanto, essa unidade curricular é isso, aquela unidade curricular é
aquilo e depois como eles não tem experiência na área, a maioria não tem experiência
com trabalho com crianças com NEE, nomeados com essas características, cognição e a
multideficiência, não conseguem ainda fazer assim um mapa, ter um mapa conceptual
dos diferentes conteúdos e consegui-los congrega-los. Isso acontece mesmo, por
exemplo, na unidade curricular que dou que é Avaliação e Intervenção em
Multideficiência, os conteúdos são diversos, vão desde da caracterização, passando pela
avaliação e planificação e intervenção, e às vezes, eles têm dificuldades em articular
depois, fazer um fio condutor disso tudo, você percebe que quando pede a eles para
fazerem um mapa conceptual sobre aquilo que foi analisado naquela unidade curricular,
e sinto que eles têm essa dificuldade, em buscar os diferentes conteúdos, porque eles veem
as coisas ainda muito parcelado, acho quem tem mais experiência já consegue perceber o
que é preciso ter, Ok, essa informação que está sendo dado aqui e capaz de ser útil para
conseguir relacionar com os casos que eles têm. Quando os alunos não têm casos, não
tem matéria prévia sobre o que pensar, e isso fica mais difícil para eles pensam, mas,
digamos que dentro da cadeira, ou da forma onde os conceitos vão sendo elaborados e as
competências vão sendo desenvolvidas, quem tem mais experiência, desenvolvem
competências diferentes daqueles que não tem conhecimento, portanto, em que a primeira
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fase é muito ainda, ok! Tem conhecimento sobre isso…, mas não sei onde aplicar muito
bem! Quem já tem na prática experiência o trabalho com problemas de cognição e
multideficiência e com crianças com NEE acho que eles conseguirem relacionar mais
com a sua prática, portanto, é sempre mais fácil, eu diria, pelo menos para mim, os
estudantes que já tem experiência e aqueles que não tem experiência nenhuma, não há
algo, não tem experiência suficiente para conseguirem relacionar o que nós estamos a
dizer, ou o que eles estão a ler, ou que eles estão a explorar, o que eles estão a conversar
com casos específicos. Acho que essa relação entre o conhecimento teórico e o
conhecimento prático é muito importante e ajuda-os a não ficarem com pontas soltas no
seu conhecimento que adquiriu aqui. Mas acho importante que esse conhecimento seja
relacionado também com questões práticas e tento de alguma forma fazer isso, mas não
é fácil. Devem ser maiores quando eles têm alguma dificuldade no conhecimento da
informação, não é? Eles ainda não têm, se calhar, ainda daqui algum tempo.
3- Ainda dentro da UC de Práticas e Educação Inclusiva, qual a metodologia
privilegiada nas suas aulas?
No que diz respeito às Práticas de Educação inclusiva, nós sobretudo, nós temos três
aulas teoricamente, o conteúdo teórico é, por exemplo, na primeira aula é a explicação de
como a unidade curricular é, uma visão global daquilo que vai ser pedido, definição do
plano de intervenção, a parte mais formal, depois na segunda e na terceira aula nós temos
análise de conteúdos relacionados de como eu irei fazer análise dos contextos familiar e
educativo e como vou fazer a avaliação das crianças, portanto, para isso nós vamos a
procura de diferentes instrumentos de avaliação, que nós temos disponíveis que
conhecemos para essa problemática de cognição e multideficiência, procuramos dá uma
ideia aos alunos o que eles podem usar para fazer o processo de avaliação dos alunos.
Depois há uma outra aula que eu e a professora Isabel damos, tem a ver com técnica de
recolha de dados, em que o nosso grande objetivo é que eles percebam quais são as
técnicas que eles podem utilizar em termos metodológicos para realizar os seus estudos,
os questionários, as grelhas, as entrevistas, técnicas que eles podem recorrer para
conseguir analisar. As outras aulas são de teoria, na qual dividimos os grupos, os alunos
constituem em grupos, em dois ou três alunos e escolhem um caso, os grupos são
constituídos e depois como são três docentes, os alunos são distribuídos por esses três
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docentes para que depois possam dar apoio tutorial aos grupos. Normalmente são nove
grupos que constituímos, depois, portanto, a distribuição é feita de acordo com o tipo de
caso que eles escolheram, pronto, como somos três com conhecimentos diferentes, se for
relacionado com multideficiência, será comigo, se for relacionado com problemas
cognitivos será com a professora Isabel, problemas de comportamentos e perturbações
pode ficar com o professor Francisco. Depois temos sessões em que os alunos…. a
primeira sessão de tutoria, cada professor reúne os seus três grupos ou quatro em que eles
põem suas dúvidas e esclarecemos, e, depois as dúvidas de um grupo podem servir para
outros grupos. E depois nas sessões seguintes seria uma tutorial mais individual no
sentido de responder às necessidades específicas de cada caso, cada grupo. Portanto, têm
um grupo por uma hora, depois outro grupo mais uma hora até fazerem o apoio que esses
alunos precisam. Depois no final, temos duas aulas em que os alunos fazem apresentação
dos seus estudos de casos. Eles apresentam para a turma, para os três professores os casos
que eles estudaram. E os professores e os colegas da turma podem colocar questões,
podem levantar dúvidas e podem dar sugestões do que eles poderiam fazer para melhorar
o seu caso. Como eles só tem que entregar o trabalho escrito mais tarde, dar-lhes tempo
para eles poderem melhorar com todos os contributos, portanto isso, forma num sentido
de socializar os seus saberes e poderem partilhar mais e que toda gente possa perceber
quais são os casos com diferentes tipos de casos. Tem sido uma estratégia positiva a
técnica que temos utilizado.
4- Quais as suas principais preocupações ao nível das metodologias de
formação/ensino que utiliza?
Minhas grandes preocupações são, os alunos fiquem tanto dar informação teórica
sobre o tema para, no sentido dos alunos perceberem o que eu estou querendo dizer, mas
simultaneamente, realizar atividades práticas, em grupos, ou seja, atividades em
simulação, bem eu agora não estou a pensar propriamente na unidade curricular de
Práticas de Educação Inclusiva, porque essa metodologia é aquela que já descrevi,
portanto não temos aqui grandes oportunidades em termos de conteúdos, mas nas outras
unidades curriculares, eu tenho a preocupação de articular o saber teórico com o saber
prático, portanto, mostro muitos vídeos, analisamos vídeos, face ao tema que estamos a
analisar, se estamos a lhe dá com temas de apoios a comunicação, então vamos ver um
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vídeo onde vamos centrar o olhar na comunicação. Então, se for na sessão de avaliação,
vamos ver um vídeo com os casos que nós temos, podemos fazer casos de simulação, no
sentido dos alunos poderem perceber o que estamos a falar e sentirem de alguma forma
na pele as dificuldades das quais esses alunos passam, por exemplo, eu faço na unidade
curricular de Avaliação e Intervenção em Multideficiência muitas atividades de
simulação relacionados com a comunicação, em que eles não podem usar a fala para poder
comunicar, nem a língua gestual, nem a linguagem escrita que é para depois eles que
realizar as atividades utilizando outras formas de comunicação que não essas. E para eles
sentirem as dificuldades que têm, as vezes utilizar outras formas de comunicação que o
outro lado também compreenda. Portanto realizo muita atividade, muito trabalho prático
também. A uma outra estratégia que utilizo que tem sido útil é dar logo no inicio da
unidade curricular toda a informação sobre a unidade curricular, toda a estrutura, toda a
estrutura organizacional das aulas, portanto, o aluno sabe qual é o conteúdo que vai ser
dado em cada aula e como a distribuição dos conteúdos está ao longo do tempo e o tipo
de artigos que podem ler sobre aquele tema, que tipo de trabalho pode fazer na unidade
curricular é-lhe dado um CD, onde utilizamos a plataforma Moodle, no sentido de
distribuir recursos. Eu antes utilizava a plataforma muito na perspetiva da participação
mais ativa por parte dos estudantes, mas como são estudantes trabalhadores, tem vindo a
diminuir o seu uso, portanto, é mais fácil como repositório de informação em que, por
exemplo, quando o aluno vai para aula, imaginamos que tenho aula amanhã, hoje ponho
os conteúdos da aula de amanhã e eles previamente, então vão para aulas com
apontamentos para tirar dúvidas. Bem todo esse tipo de recurso ajuda o aluno em termo
de sua organização e saber quais são os conteúdos que estão sendo analisados. Também
distribuo um CD, onde tem a informação teórica organizados por diferentes temas da
unidade curricular no sentido de ser mais fácil deles perceberem onde possam ir buscar
informação dos diferentes temas. Aqui a minha preocupação não é só para aulas, mas
oferecer a eles um conjunto de recursos que eles possam utilizar no futuro quando tiverem
que trabalhar com os meninos com características mais graves. Em termos de estratégias,
as aulas normalmente são três horas, e a aula é muito dividida quando eu consigo pôr
alguma exposição teórica e depois trabalho de grupo ou fazer simulação, ou apresentação
de vídeo, ou análise de documentos, mas fazemos muito aqui para que as aulas não sejam
muito expositivas que os alunos possam ter a maior participação possível.
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5- Que relação se estabelece entre esta UC e as restantes UCs do mestrado?
Acho que já falei um bocadinho… (risos).
Eu tenho uma imagem das outras unidades curriculares que fazem parte da estrutura
do plano de estudo do curso, contudo, eu não posso falar mais daquela em que não estou
envolvida. Portanto! São só duas, essa de Práticas de Educação Inclusiva e Avaliação e
Intervenção em Multideficiência e, pronto, aqui eu sempre procuro articular os conteúdos
que, e como conheço bem os conteúdos, vou sempre chamá-los, olha! Lembrem daquilo
que falamos! Então, acho que quando eles têm que fazer análise documental do processo
do aluno, normalmente eles têm lá programa educativo individual e o currículo específico
individual da criança. Quando a criança tem essa medida educativa específica, então o
que é que eu faço! Sei que a professora Teresa Leite na unidade curricular de Currículo e
Desenvolvimento… não sei bem o nome! Mas tem a ver com o currículo, ela apresenta-
lhes uma grelha que fez para análise do currículo, do plano educativo individual e
currículo específico individual e das adequações curriculares, portanto, como sei que
existem essas grelhas, peço aos alunos que leiam essas grelhas e vão utiliza-las aqui para
fazer análises. Desde que tenha conhecimento dos recursos que existem, eu vou tentar
chamar atenção dos alunos e ver como eles… por exemplo, a professora Isabel fala na
unidade curricular dela, sobre os chamados mapas e eu peço a eles que coloquem os
mapas aqui no serviço desses casos que vocês têm. Da minha parte pelo menos, eu
consigo articular, e quando eu não sei vou pedir opinião a um conselho ou outro colega
no sentido de congregar aqui informação. Por parte das Metodologia de Investigação é
que essa unidade curricular, e só, consigo congregar quando estamos a falar das técnicas
que eles recolhem em termos de dados. Em alguma forma nós tentamos articular para que
eles percebam que essa é uma unidade curricular que aconteça no final e depois só falta
uma unidade curricular para acabar na parte curricular do curso. Acontece no segundo
semestre porque eles têm que ter conhecimento das outras unidades curriculares para
poderem trabalhar. Nós temos também outra possibilidade, que as vezes, eles pegarem o
caso que eles estão a estudar na unidade curricular, seja um caso que eles estão a estudar
noutra unidade curricular, noutra perspetiva, então podem pegar, imaginamos se pegaram
um trabalho com a professor Francisco que eles fizeram um caso de um menino com
problemas cognitivos ou com multideficiência, eles podem pegar o caso, para eles virem
não só na perspetiva do comportamento e aqui vão vê-los noutra perspetiva. Pronto, no
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sentido de poderem articular os conhecimentos, nós tentamos articular o mais possível,
porque acho importante eles não verem o conhecimento separado e conseguirem
articulara-os.
6- Como aborda a temática da inclusão na sua UC?
Nas Práticas a partida não é que seja um conteúdo, nós nessa unidade curricular não
temos propriamente um conteúdo de inclusão, eles podem escolher o caso que vão estudar
e diria que 90% das situações são alunos que estão incluídos nos sistemas de ensino
regular, portanto, a partida nós não temos propriamente uma abordagem específica
porque vai depender dos casos que eles escolhem. Eu diria que pelo menos os casos que
tenham ficado comigo, a maioria deles são casos que estão nos contextos regular de
ensino, em unidade de apoio a meninos com multideficiência. E aí, o que faço em termos
de inclusão é tentar perceber, por exemplo, na avaliação depois do caso, como são as
interações sociais das crianças com seus colegas, como está o seu sociograma, como é
que os outros meninos os veem, normalmente nos dados que eles fazem da análise
documental não tem muita informação sobre isso. Portanto, digamos que em termos de
inclusão, olhamos para tudo as questões e o envolvimento social, mas também no
envolvimento das atividades. Como é que nas atividades estão desenvolvidas nesses
contextos educativos e como esses meninos participam, se participam só com atividades
realizadas nos contextos das unidades, ou se vão a sala de aula, ou se estão também a
brincar no recreio, ou se fazem atividades que os outros meninos fazem da turma deles e
eles também vão ver todas as visitas de estudos. De alguma maneira, quando eles fazem
a avaliação do caso, eles não vão atingir apenas onde a criança está limitada, se a criança
está naquele contexto, nós vamos procurar perceber como é o envolvimento e a
participação das atividades na escola e como são as suas interações sociais. Portanto,
digamos que temos a preocupação relacionada com inclusão social e com a inclusão
académica, do ponto de vista, do conteúdo, da participação e do envolvimento nas
atividades com outros colegas sem o comportamento típico e também nas situações de
interações sociais. Portanto, temos aqui que os alunos olhem para essas perspetivas.
Portanto, não é que haja um conteúdo específico, nós é que depois no processo de
avaliação e na planificação e na intervenção, temos esses aspetos da inclusão em
consideração. Digamos que, e ver quem é que está envolvido nas atividades, se participam
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das atividades só na unidade, ou se vão também a sala de aula, se brincam no recreio com
outros meninos, como eles brincam nos recreios com os outros meninos, digamos que as
nossas preocupações estão relacionadas com a inclusão, estão patentes nessas indicações
que vamos dando a eles, no sentido de procurar informação sobre como a criança está
nesse nível. Não há um conteúdo específico nessa unidade curricular sobre a inclusão,
são práticas de educação inclusivas, eles vão avaliar casos em que a partida são crianças
incluídas nas escolas do ensino regular.
7- Que conceção de inclusão pretende que o formando adquira?
Minha grande preocupação é que eles pensem que a inclusão não é só uma inclusão
social e que essa inclusão social tem de alguma forma, tem que ser pensada sob o ponto
de vista que a criança com comportamento atípico e as crianças com NEE, as vezes, há
situações, que por exemplo, as vezes eles dizem: Ah! Para estar incluído, uma inclusão
total, ou real, a criança tem que estar a fazer com os alunos com NEE, tem que está a fazer
exatamente como o outro. Eu diria que no caso da população com quem eles estão mais
vocacionados a trabalhar, que são os alunos com multideficiência, não podemos olhar
para inclusão sob essa perspetiva, porque não é possível. Nós temos um aluno com
multideficiência grave, incluído a tempo inteiro, 5 horas por dia na sala de aula, ele pode
até lá está! Mas não está lá fazendo grande coisa. Portanto, a minha preocupação é que
eles percebam que a inclusão tem a ver com participação, tem a ver com envolvimento e
tem haver com atividade. Portanto, eu quero que esses miúdos possam de alguma forma
estarem envolvidos mais nas atividades que os outros fazem, mas atividades que sejam
significativas para o seu desenvolvimento e para a sua aprendizagem, caso contrário, não
me fará muito sentido. E por outro lado, também acho que é importante procurarem que
esses meninos, sobretudo esses que estão nas unidades de apoio com multideficiência,
que tenham relações com outros colegas e que não atinjam apenas o espaço das unidades.
Unidade é apenas um espaço para preparar outras atividades que estão fora, porque eu
sou pela abordagem numa intervenção centradas em atividades naturais. Quero com isso
dizer, que as crianças têm que haver atividades nos contextos naturais, onde dê apenas o
local típico para elas acontecerem. E não é numa sala de aula, nem numa sala de unidade.
Bem se estamos a fazer culinária, ok, então para que fazer culinária com funcionalidade,
pensar nas atividades para o futuro, na sua utilidade, o que significa para cada criança, ou
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jovem, ou o que significa para sua família, o que essa família quer para o futuro dessa
criança no sentido de pensar muito, se os objetivos são para eles serem inseridos na
sociedade, mas essa inclusão passa a respeitar a sua própria qualidade. Não me parece se
eles tivessem sempre o tempo inteiro num contexto em sala de aula, mas que estejam lá
fazendo alguma aprendizagem nem social, nem académica, que seja muito benéfica para
ele, então, de acordo com as características das crianças, assim também eu penso que a
participação ao nível das crianças poderá ser pensado se é mais nos contextos onde estão
todos os meninos típicos, ou num contexto mais específicos, com problemas mais graves,
digo em outros contextos que não seja a sala de aula. É uma perspetiva pessoal.
8- A ação do professor de educação especial deve ser mais centrada no aluno,
no professor da turma/professor curricular, nos pais, na escola?
Eu dira que vai depender do caso. Acho que essa intervenção em todas as dimensões,
com a família, com professor do ensino regular, nós sabemos que os nossos recursos são
limitados em termos na área da educação especial, não temos professores que possam está
a tempo inteiro numa intervenção só com o aluno. Eu dira que é preciso de um trabalho,
a equipa é muito grande, temos que ouvir os pais e temos que ouvir os técnicos, temos
que ouvir os professores, com as pessoas que interajam com as crianças, estou a pensar
nos miúdos com problemas mais graves, aquele que tenho mais experiencia, e por aí que
tem que, o fato de ter uma especialização nessa área, também tem a ver com isso. Portanto
a minha respetiva que é importante que o professor da educação especial tenha
competências para saber trabalhar em equipa, de alguma forma saiba gerir as situações,
porque nem sempre a unidade das opiniões que as pessoas. Têm que saber aceitar as
opiniões dos outros não válidas como as nossas, portanto, ele tem que ter essa capacidade,
também tem que ter capacidade de argumentar as suas opções e porque ele acha que é
importante fazer, de usar estratégias e não outras, com muito conhecimento teórico,
eventualmente, portanto acho que esse conhecimento teórico vai servir para ele trabalhar
com a criança, isso diretamente, porque ver professor do ensino regular que não tem a
formação especializada para trabalhar com esses meninos, que não podem ter formação
especializada para tudo, não é! É difícil, o professor de ensino de educação especial de
alguma forma tem que saber conversar com o colega, no sentido de explicar-lhe o porque
dessa estratégia e não aquela, porque vamos usar essa competência e não a outra na
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criança, portanto, eu acho importante ele ter no rol que se permita trabalhar em equipa e
partilhar o seus conhecimentos e com os técnicos, e por lado, tem que saber ouvir que os
técnicos tem a dizer do caso, seja o terapeuta, seja o terapeuta ocupacional, terapeuta da
fala, psicólogo ou psicomotricista, técnicos que trabalham com a criança, no sentido de
poder colher informação dele, nos sentido de complementar a ação que faça com a criança
com quem ele está a trabalhar. Por outro lado, também tem de saber trabalhar com os
pais, porque os pais são os principais educadores daquela criança, merece todo o respeito,
temos a dificuldade de saber lidar com as dificuldades que os pais têm, porque as vezes
não participam mais ou o tanto que gostaríamos. Acho que temos que saber trabalhar mais
com os pais, no sentido de desenvolver mais no processo educativo dos seus filhos e não
naquela perspetiva diria eu, o que faz isso em casa, como fosse professor, acho que não
tem muito significativa, mas conversar com os pais, quais são os planos para os seus
filhos, então como é que podemos concretizar esses sonhos, qual será a tua tarefa e qual
será a minha, portanto, formar um acordo entre as partes, então eu me comprometo a
trabalhar essa, em casa você fará essa, mas sempre como pai e não como um técnico e
não como professor. Porque eles são pais e não são técnicos. Portanto, acho que é
importante o fato dos professores tem que conseguir trabalhar com técnicos, com
professores, com os pais e com a criança. No caso de criança com problemas mais graves
a grande parte do trabalho deve ser centrado no aluno, ele precisa de uma intervenção
direta, ele não consegue aprender numa forma incidental, tanto ele vai precisar do apoio
direto com alguém que ajude ele no processo de aprendizagem, noutra maneira ou com
auxiliar, ou com outro adulto, ele vai precisar de ajuda. O professor de educação especial
precisa ter competências para isso. Digamos que são competências transversais, mas eu
não sou muito favorável de… então faz intervenção só com o professor do ensino regular,
e o professor do ensino regular resolve o problema todo. Nos casos dos meninos com
problemas mais graves, acho que não, tem que ser mais direto. E o professor de ensino
regular precisa de modelos, precisa de ver como é para poder perceber como pode fazer,
portanto, acho que o professor de educação especial pode ter esse papel de desenvolver,
eu dira que a intervenção dele será há quatro níveis: com os profissionais, com os técnicos,
com o professor de ensino regular, com a criança e com a família.
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9- Que conhecimentos (saberes) considera que um docente de educação especial
deve possuir? Deve ser um especialista em…?
Pergunta difícil! Porque acho que o conhecimento na área da educação especial
tem…. Acho que tem que haver especialização, acho que tem vários tipos de professores
de educação especial. Tipos, quando digo tipos, tô a dizer pessoas com diferentes áreas
de especialização. Em Portugal temos três: os professores que tem especialização que
permitem trabalhar com meninos que tem problemas intelectuais, problemas motores,
com intervenção precoce, com multideficiência que é o 910, que é o grande saco! Depois
temos os outros que trabalham com os meninos com problemas sensoriais, os meninos
com problemas de audição e os meninos com problema de visão. Pronto, o 920 e o 930.
Esperamos que esses professores tenham competências distintas. O professor que trabalha
com o menino cego ou com baixa visão tem que saber braille; tem que saber mobilidade;
tem que ter conhecimentos muitos específicos; tem que saber fazer avaliação da visão;
avaliação funcional; conhecimento muito específico para aquela área de incapacidade
humana. No caso, o professor que trabalha apenas com criança com deficiência intelectual
pode eventualmente não necessitar. Pronto, e acho que aí vai depender muito da área de
especialização. O que acho pelo menos na área do grupo 910, enquanto no 920 e 930 os
conhecimentos e as competências estão muito bem descritas, pronto, um professor de
educação especial dos meninos surdos tem que saber de língua gestual, no sentido de
fazer intervenção que temos aqui em Portugal. No caso dos meninos do grupo 910 é
aquele que tem maior diversidade, eu acho que não é tão específico assim, porque
eventualmente, eles têm que ter competências para saber as tecnologias de apoio que
permitam as crianças com problemas neuro motores graves terem acesso ao currículo ou
a informação ou ao controle do ambiente. Muitas vezes não temos esses recursos,
precisávamos de pessoas de alguma forma como podem vir trabalhar na intervenção
precoce, também tem que saber muitas coisas dos meninos pequeninos. Mas na
intervenção precoce eles não tem crianças apenas com multideficiência, problemas
intelectuais e problemas motores, podem apanhar tudo, ou podem pegar 920 ou 930,
portanto, eu diria que na minha opinião intervenção precoce deveria ser um grupo a parte,
porque a formação nesse grupo de deficiências era mais transversal. Depois temos os
casos dos meninos dos problemas intelectuais, tem que perceber que a criança tem
dificuldades muitas vezes de receberem a informação, não compreendo, as aprendizagens
são maiores. De qualquer maneira eu acho que as competências que um professor de
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educação especial deve ter e vai depender muito da área que estão a especializar. Por
exemplo, nós em Portugal temos as unidades de apoio a multideficiência e problemas
congénitas, acho que não chegam a 400, mas se nós fomos ver as pessoas que trabalham
nas unidades, ou melhor, os professores que estão envolvidos com a educação com
crianças que funcionam nessas unidades. A percentagem é mínima que tem
especialização em multideficiência ou com problemas congénitos nem deve haver. Pensei
que muitos dos alunos que estão nas unidades não são miúdos com multideficiência. São
crianças e jovens que tem problemas intelectuais ou por ai vai, que tem tantos problemas
graves nas aprendizagens na escola, considerando que aqueles contextos podem ser um
recurso bom para ele. Mas ainda assim, acho que há competências que são fundamentais
que os professores de educação especiais terem. Ter a consciência, que aqui na escola não
dá esse currículo nessa dimensão, que é por exemplo, os cuidados de saúde, porque há
meninos que frequentem unidades que tem problemas de gástricos, tem problemas
respiratórios, problemas de saúde tão graves, como epilepsias, que os professores
deveriam ter no rol nos problemas de saúde, de como fariam para poderiam reagir. Eu
tenho consciência disso, mas ainda não consegui encontrar uma forma de introduzir essa
informação no currículo. Terá que ser sempre alguém de fora, alguém na área clínica, que
não é propriamente, não cabe em nós da educação, mas é importante que os professores
que vão trabalhar com essas crianças tenham minimamente algum conhecimento para que
façam uma situação de maior gravidade, e que podem fazer, ou que venha alguém da área
da saúde que possam ajudá-los. Portanto, eu acho que as competências, quanto mais grave
é a problemática da criança é, acho que mais competências as pessoas devem ter. Devem
ter competências relacionadas com o fato de serem bons, serem empáticos, que sejam
pessoas fácil de trabalhar em equipa, sejam pessoas compreensivas, sejam pessoas de
alguma forma vão a procura de conhecimentos, e sejam curiosas pelo conhecimento no
sentido de agora eu não sei, então porque o curso não pode dá toda a informação, tem que
ir a procura de mais informação, saber onde ela está, partilhar com os outros. Portanto, há
uma série de competências que não tem que a ver com a especialidade e intervenção com
aquela criança e essas sim, são transversais para qualquer pessoa da educação especial.
Acho que dever ter, eu diria, não só da educação especial, mas qualquer docente. Bem
não há nenhum curso que deem tudo aquilo que precisamos saber no dia-a-dia, portanto,
temos que dá essa informação. Não sei se respondi a pergunta! Não tenho a certeza!
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10- Como perspetiva a abordagem da inclusão nas escolas?
Uma situação complicada! Nesse momento, acho que as escolas sabem que tem os
meninos, e, o decreto-lei assim obriga que as crianças estejam nas escolas do ensino
regular, mas os professores do ensino regular ainda veem com alguma relutância a
inclusão das crianças com problemas mais graves, as crianças com problemas mais
simples é pacífico, problemas de aprendizagens, mas problemas de comportamento acho
que são mais complicados, eventualmente os meninos com problemas com
multideficiência ou com problemas congénitos são aqueles que colocam mais desafios à
educação, portanto os professores se sentem menos preparados para interagir com essas
crianças. Quando chegam crianças com características mais graves, os professores
pensam, a maioria deles, o que esse menino está aqui a fazer, o que eu posso fazer por
ele, porque eu não sei o que eu posso fazer por ele. Portanto, ele não vai aprender a ler e
a escrever, ele não vai aprender a contar, não vai aprender a… ok! O que eu faço com ele
agora! Acho que eles sentem muito angustiados com essa situação. Eu diria que, o próprio
processo de trabalhar com essas crianças, nem muito os professores de educação especial
sentem tão preparados para trabalhar com esses meninos. Portanto, eu diria de fato, no
caso de problemas mais graves, a perspetiva que os professores têm da inclusão, eles
percebem que eventualmente que tem o direito de lá está, é um direito básico em termos
de educação, o que eu acho que eles não sabem, quais são a mais-valia e não percebem
quais são as mais-valia que a inclusão no ensino regular nem percebem o que eles podem
fazer para facilitar o processo de aprendizagem daquela criança, como podem ajudar
aquela criança a ser mais feliz, ter um melhor desenvolvimento, ter uma melhor
aprendizagem, acho que os próprios professores questionam dos benefícios dessa
inclusão dos meninos com problemas mais graves, dos outros meninos acho que é
pacífico. Acho que é sobretudo porque eles ainda precisam de muito apoio, de alguém
que os apoiam, mas por outro lado, quando eles têm muito apoio, depois eles não fazem
nada porque se baseiam-se no apoio e ficam a espera que o apoio faça tudo, isso a vezes
é difícil, porque entrar na sala de aula quem trabalha com ele é a especialista, não sou eu!
Falta-nos bastante para que os professores possam praticar as boas práticas, há boas
práticas, não digo que não há! Mas em muita situação que os professores do ensino regular
omitem um bocadinho da situação e não se envolvem, eventualmente porque das queixas
pessoais suas, mas porque nós professores de educação especial as vezes não
conseguimos cativá-los, envolve-los. Acho que aqui é muito do trabalho do professor no
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sentido de pedir a colaboração e o envolvimento do professor do ensino regular no
trabalho com essas crianças, ver em que situação é benéfica para a criança está incluída.
Porque digo isso com alguma frequência, o menino com multideficiência, nós queremos
com a inclusão que eles participem de todas as situações do dia-a-dia variadas, mas em
situações que agora vejo que é na hora do almoço, ok! No refeitório, todos os meninos
vão comer no refeitório, e os meninos com multideficiência também vão comer no
refeitório, mas um dos miúdos com deficiência de alguma forma tem muitos espasmos,
faça a quantidade de estímulos que existe no contexto e se encadeia contrações
musculares que tornem difícil o momento da refeição e que ele precisa de um momento
de uma refeição mais tranquila, será que proporcionar um momento de refeição junto com
pares, será o melhor para essa criança? Mesmo em termos dentro do processo de inclusão,
será para os outros meninos também é tão positivo assim? Eles estarem a ver todo o
sacrifício da criança a ser alimentada naquela situação! Não é que os outros meninos
tenham que conhecer, os meninos possa ter consciência do fato que seu colega tem um
processo de alimentação diferente, face suas características, mas temos que respeitar
também que criança com multideficiência com problemas mais graves possa ser meninos
com problemas motores graves, podem precisar de um ambiente mais tranquilo, para
estarem mais relaxados para que o processo de alimentação possa ser mais calmo ou por
exemplo, com uma sonda gástrica, não vamos está ai com a barriga a mostra. Ele pode
mesmo comer no refeitório, mas eventualmente pode não ser no mesmo momento que os
colegas lá estão, ou pelo menos estarem menos crianças, ter um ambiente mais calmo.
Temos que olhar especialmente cada caso para conseguirem também encontrar também
melhor resposta, mas também acho, face aos estudos que meus alunos do mestrado e
tenho feito da inclusão desses meninos com problemas mais graves, ainda temos um
grande percurso a correr. Nós próprios estou a dizer, que nesse momento esses meninos
têm que ser incluídos, quais serão as práticas de incluir em face a inclusão, chama de
inclusão inversa que é as crianças do ensino regular vão ao espaço da unidade. Mas aí
devem ter as relações sociais, podem ser criadas, estabelecidas. Mas o que eu quero
mesmo que criança com multideficiência veja o mundo, que não seja em quatro paredes,
bem não sei que isso será o melhor recurso, a melhor estratégia para que ele possa
conhecer o mundo e possa aprender. Nós queremos que estejam bem, o bem-estar, mas
também que façam uma aprendizagem sobre o mundo.
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11- No seu ponto de vista, como é que a equipa docente do mestrado se articula
ou não no sentido de veicular uma conceção de inclusão, junto dos
formandos, de forma consistente e coerente nas diferentes unidades
curriculares? Há essa articulação entre a equipa?
Agora não sei se todos os docentes do curso se tem exatamente o mesmo conceito de
inclusão. Não tenho certeza, porque não tenho, digamos que não é o nosso foco, não é…
portanto não é só processo de inclusão das crianças, mas também as estratégias que
utilizamos para ensinar essas crianças. Mesmo na minha unidade curricular há um tópico
que tem a ver com a inclusão desses meninos, mas não é o central. O que eu quero que os
professores tenham no hall de como trabalhar com essas crianças, como poder promover
o seu processo de aprendizagem e pelo menos as estratégias que eu analiso com eles tem
que a ver com estratégias que acham nos contextos naturais. Mas digamos que o foco da
inclusão, nós não temos um tópico, em que eu digo, vamos analisar com os alunos o que
é inclusão. Porque eu acho que perdemos tempo a falar o que é inclusão, o que não é
inclusão, pois não chegamos a conclusão nenhuma, pois acho mais benéfico pensar o que
se faz nesse caso real e como posso incluir. Portanto eu não sei se temos a mesma visão,
eu diria que assim. Eu e a professora Isabel temos feito alguns artigos sobre inclusão,
temos uma noção minimamente idêntica, penso que os demais também, tirando os
professores das áreas das investigações, porque não são professores que trabalham direto
com essas crianças. As unidades curriculares que eles dão ao nosso mestrado, podem dar
a qualquer outro, são áreas de investigação, não são específicos da área da educação
especial. Portanto, todos os professores que são das áreas específicas eu diria que temos
conceções idênticas sobre a inclusão.
12- Bem, dentro da avaliação da unidade curricular de Práticas, quais os aspetos
positivos que identifica na lecionação desta UC? Aspetos positivos e se há
algum constrangimento?
A primeira vantagem é que os alunos podem contactarem diretamente em contextos
reais onde essas crianças encontram-se incluídas. E como quem não tem conhecimento
prévio, acho esse é o fator principal e é mais-valia na unidade curricular. O grande
constrangimento é que são professores trabalhadores, portanto são professores que
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trabalham, o regime é tempo inteiro, tem muito pouco tempo para poderem se deslocarem
aos contextos onde as crianças se encontram no sentido de fazerem o seu processo de
estudo, pronto, esse é um grande constrangimento. Quando estão disponíveis, já não estão
lá as crianças, porque a escola já fechou. Portanto, esse é um grande constrangimento que
encontramos aqui nessa unidade curricular que muitas vezes temos um grupo, um ou dois
alunos consigam ir, mas temos as vezes outros 2 ou 3 que não conseguiram ir. Raramente
todos os elementos do grupo conseguir ir lá até o contexto e observar a criança, avaliar,
fazer entrevista ao professor ou ao pai, e, conhecer o caso da criança em si, alguns deles
não tem essa oportunidade, portanto, esse é o grande constrangimento que tem a ver com
nosso modelo de formação, que nesse caso, é pós-laboral. O fato de ser pós-laboral, limita
muito, é muito difícil para eles, e, depois conseguir contextos que de alguma forma
autoriza os alunos a fazerem os seus estudos. Esse é o grande constrangimento, em termos
burocrático, em termos de registos e a própria realização que tem que ter tempo, e esse é
outro constrangimento para realizar os seus estudos, é uma das maiores dificuldades que
sinto.
13- E como estabelece nesta UC a ligação entre teoria e prática?
Acho que já foi respondido. Não tenho mais nada a dizer. (risos).
14- O que pensa que muda nos formandos com a participação nessa unidade
curricular de Práticas?
Acho que passam a tentar a perceber melhor aquilo o que nós dizemos na informação
teórica, quer dizer, eles estabelecem melhor relação daquilo que o professor está a lhe
dizer nessa aula, tem a ver com isso, portanto conseguem relacionar e perceber melhor os
conteúdos teóricos quando estão na prática e como pode aplica-los. Acho que essa é uma
grande mudança, é mais-valia, o que vejo.
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15- Que perceção tem das mudanças e das práticas que os formandos
desenvolvem nas escolas?
Eu não tenho, não tenho, porque nós não acompanhamos as práticas deles, não é! E
porque a maioria deles não tem prática com esses meninos, são professores que ainda não
são especializados, portanto, não sendo especializados, não estão a trabalhar com meninos
com NEE. Eles podem ter um ou outro aluno em sua turma com necessidades especiais,
mas efetivamente não estão a trabalhar só com essas crianças. Portanto eu não tenho essa
perceção. Há uma aluna que já conheço, que foi minha aluna aqui na especialização, já
fez comigo e essa eu tenho uma ideia do que ela faz, mas não posso dizer, esse é um caso
esporádico. No geral não tenho porque eles também não estão a trabalhar diretamente,
quando estão e tem dúvidas, eles questionam-nos, e aí ficamos com alguma informação.
Em anos anteriores quando tínhamos alunos que trabalhavam com crianças com
multideficiência ou com problemas intelectuais em unidades, nós depois conseguíamos
lá ir e ver e esclarecer dúvidas lá. Agora como não temos, não temos essa informação.
16- No seu ponto de vista e a partir do feedback que recebe dos alunos, em que
medida esta UC corresponde às expectativas dos formandos/futuros
professores do mestrado em que ela se integra?
Acho que a ideia que eles têm e a que eu tenho é que uma unidade curricular importante
para eles, mas muito difícil, muito exigente, por que? Porque em termo de intensidade
dos trabalhos que pedimos é muito exigente. Eles têm que fazer análise documental,
caracterizar a criança nos contextos, depois fazer avaliação, depois apresentar os dados
da avaliação e depois fazer um plano de intervenção. Portanto não é um trabalho que
façam rapidamente. Eles têm uma perspetiva que acham de até para eles perceberem
melhor, o fato de quem estamos a falar, conhecer melhor os contextos reais, mas é uma
unidade curricular bastante exigente e trabalhosa, portanto, essa deve ser a parte de agrada
menos, naturalmente pelo tempo que eles têm. Mas nos anos anteriores, a avaliação tem
sido positiva nesse nível, acho. No princípio, há uns anos atrás essa unidade curricular
não era obrigatória, era só para quem queria ser especializado, e nós quando
reformulamos o curso, achamos que não podia passar algum aluno que vivenciassem essa
unidade curricular, porque ela é fundamental, queríamos mais, queríamos que tivesse
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mais prática, nós achamos que é fundamental para uma especialização e que é importante
no curso de mestrado.
17- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Eu penso que não…
18- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Acho que não, não tenho nada a acrescentar, acho que falo demais, desvio um pouco
do assunto, porque minha especialização é na área de multideficiência.
Agradecimentos…
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- PROFESSOR – P2
Data da realização: 29 de abril de 2016
Duração da entrevista: 32 minutos e 35 segundos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistada:
Data de Nascimento: 06/01/1957
Formação/Especialização: meu último doutoramento em educação/formação de
professores
Tempo de serviço: 30 anos
Tempo como formadora em formação especializada: 28 anos
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 32 minutos e 35
segundos, onde a entrevistada sentiu-se a vontade utilizando uma linguagem clara e de
fácil compreensão.
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TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
1- Dentro das Unidades Curriculares na qual leciona, uma delas é a Práticas de
Educação Inclusiva. Poderia explicitar o que mais valoriza nessa Unidade
Curricular no que respeita aos conteúdos, os objetivos e os saberes expectáveis
que o formando adquira no final da mesma?
Nessa unidade de Práticas de Educação Inclusiva, de certa forma, o que se pretende é
que os alunos sejam capazes de, perante um caso sinalizado, ou já sinalizado ou já
avaliado, mas pronto, um caso supostamente sinalizado com tema NEE, que sejam
capazes de analisar a situação atual do aluno. Pronto, fazer uma análise do que existe da
informação desse aluno e em função dessa análise definir um plano de avaliação do aluno
e dos contextos em que ele frequenta, não é! Escola, família e por se ter essa avaliação,
portanto, saber escolher quais são as áreas de desenvolvimento e de aprendizagem que é
importante e considerável, que importa avaliar e depois também saber perceber em que
contexto é que deve ser observado e avaliado e quem serão, digamos assim, os
intervenientes privilegiados nesse processo de avaliação. Podem ser os professores, pode
ser a própria criança, o jovem, pode ser também a própria família, e depois em função
dessa recolha de dados da avaliação, serem capazes e, é isso o que é esperado por esses
alunos em formação, que sejam levados a analisar e interpretar esses dados e fazer um
programa de intervenção adequado, com estratégia adequada. Pronto! De certa forma o
que se pretende muito que sejam capazes de olhar uma criança com NEE nos seus
diferentes contextos e avaliar as potencialidades e as fragilidades e os contextos que as
crianças têm e pensar qual será a melhor intervenção no sentido de favorecer a inclusão
obviamente! Portanto é muito, procurarmos nesse curso, que é um curso pós-laboral, e
que apesar de ser pós-laboral, dá uma dimensão mais relacionada com o real e com
prática, torna-se difícil fazer de outra maneira! Só pode ser mesmo assim! Levamos os
alunos à escola, serem capazes de fazer um estudo de caso e perceber a problemática do
aluno, eventualmente, eventualmente não! Que a enquadrem em termos teóricos também
daquilo que foi aprendido ao longo do curso, não é! Nas outras disciplinas, eles têm as
informações sobre as diferentes problemáticas e, portanto, podem perceber, compreender
melhor o aluno com determinada problemática, isso é fundamental no curso.
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2- Em seu entender, de que modo o formando deverá aplicar (colocar em ação)
os conteúdos curriculares?
Eu penso que é muito aí! Muito nessa Unidade, alias não é só nessa Unidade, mas
também noutras. Nós apontamos muito para pedirem aos alunos trabalhos de natureza
teórica ou prática, no sentido de eles serem capazes de avaliar e intervir em diferentes
contextos, não é? E com diferentes problemáticas! Quer com crianças com deficiência
intelectual e desenvolvimento, quer com meninos com autismo, quer com meninos com
multideficiência, portanto, é muito… a criança, a família e os contextos, o que importa é
perceber, caracterizar, portanto, os trabalhos que são pedidos pelo menos e os meus
colegas que tenho e mesmo nas outras cadeiras, não sou eu que dou, sei dos meus colegas,
é muito, apontar a compreensão da criança e dos contexto, e para ver as condições em
que está ou não incluída, se existem ou não situações de inclusão, ou se a criança, apesar
de ter tido o acesso, continuar a ser um pouco segregada, não é? Por que hoje em dia,
certa forma garantiu-se o acesso, os meninos estão todos na escola, mas ainda não se
garantiu a participação e muito menos o sucesso, não é? Portanto, corre-se o risco em
algumas situações, dessa suposta inclusão, que é uma inclusão legal, definida legalmente,
ser só isso! Porque depois os meninos podem estar quase em guetos nas escolas, nas
unidades de apoio a multideficiência, de apoio aos meninos autistas. As vezes corre-se
esse risco, não é! Portanto, de certa forma o que nós queremos muito é que os alunos
tenham a capacidade de análise crítica das situações, e de perceberem como a legislação,
desde de logo não é tudo! Portanto o definiu-se legalmente que é a escola portuguesa é
uma escola inclusiva e temos desde 2008 em dizer que, todos devem estar na escola, e
estão, eventualmente, estão! Mas só o acesso não basta, não é? Para a inclusão acontecer,
só o acesso não basta! Portanto, se os meninos não participarem nas atividades e não
tiverem o sucesso possível em termo do seu desenvolvimento, a inclusão é um engano!
Quer dizer, e pode ser muito negativo para crianças que vivenciam essas situações, não
é? E começam já existirem também estudos, e eu acho isso interessante, a tentar perceber
como as crianças e os jovens se sentem quando estão nos contextos regulares, não é? E
continuam a sentir-se segregados?
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3- Ainda dentro da UC de Práticas e Educação Inclusiva, qual a metodologia
privilegiada nas suas aulas?
(Pausa) … De certa forma são seminários, nós fazemos. Num primeiro momento as
primeiras duas ou três sessões são sessões em que certa forma (pausa) a uma apresentação
mais natureza teórica, teórica ou prática sobre o que é um estudo de caso, como faz um
estudo de caso, que tipos de dados e que se podem e devem recolher, não é? Os diferentes
tipos de estudos de casos podem existir e também abordam que tipos de instrumentos é
que existem para fazer as avaliações das crianças com NEE e os contextos, que tipos de
instrumentos é que nós temos, portanto, disponibilizamos isso aos alunos para avaliar as
crianças e os diferentes tipos de contextos. Portanto, é de certa forma é um seminário que
é para todos os alunos., em conjunto, depois usamos muito um sistema de apoio tutorial,
em que cada grupo, os alunos fazem trabalho de grupo, o estudo de caso é feito em grupo
e tem um professor que acompanha esse estudo. Começa por nos trazer uma primeira
informação sobre que tipo de problemática é, não é? Portanto, temos semanalmente, não
sei dizer quantas sessões são! Mas são algumas sessões de apoio tutorial em que eles vão
fazendo o trabalho de campo e trazem e gente vai analisando. Pronto! É muito prático, sei
lá… têm que fazer uma entrevista, mandar um guião de entrevista, a gente vê se o guião
tá adequadamente bem feito, devolve, depois traz resultado, ok, é muito esse vai e vem
de trabalho que eles fazem e que trazem e partilham connosco e com os outros elementos.
Por exemplo, este ano tenho 3 grupos de alunos com 3 estudos de casos que estou a
acompanhar e meus colegas têm outros casos. Portanto esse sistema temos uma série de
sessões de tutoria que normalmente são aos sábados, olha, vou ter amanhã! Sábado de
manhã. Depois as últimas sessões é a apresentação dos casos, e a apresentação é para o
grupo todo, para turma toda, e fazemos como se fosse uma equipa de resolução de
problema em que certa forma, a pessoa que fez o estudo de caso, o grupo que fez o estudo
de caso, apresenta o caso, apresenta o plano de intervenção, mas depois pergunta se a toda
gente que está na sessão que outras sugestões teriam em termos de intervenção para
aquela situação! É uma dinâmica muito interessante! Porque aparecem sempre ideias,
ideias que podem ajudar o grupo a pensar outras alternativas de intervenção.
Normalmente são duas sessões que fazemos, as duas últimas sessões são de apresentação
e discussão dos casos, e são extremamente ricas em termos de formação, por isso mesmo,
a estratégia usada é muito eficaz, acho, muito boa!
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4- Quais as suas principais preocupações ao nível das metodologias de
formação/ensino que utiliza?
Uma das principais preocupações, provavelmente duas. Uma é muito a preocupação
com as pessoas que nunca tiveram contato com essas populações, não é? E que estão no
curso e estão tendo o contato pela primeira vez. Contato com crianças com NEE. O fato
do curso ser um curso pós-laboral, portanto, não era assim, antes tinha um curso em outro
género, dificulta de alguma forma a possibilidade de a ver um estágio, haver um estágio
supervisionado. Uma das coisas que preocupa a mim e penso que preocupa a todos os
colegas é muito… essa a necessidade de eles terem contato com os casos, sabendo que a
partida é um contato relativo! Curto! Precisaria de ser mais! Mas penso que isso é
fundamental, por que há situação de crianças com NEE estão em situação muito grave, e
que exige por parte do educador de educação especial, do professor de educação especial
uma grande capacidade até em termos emocionais, não é? Portanto, pessoas que são
frágeis a nesse nível não estarão propriamente preparadas, para depois lidarem e
trabalharem numa vida inteira, não é, com essas crianças! Portanto, essa é uma questão
que me preocupa, é a falta de prática que esse sistema não nos permite ter, portanto nós
tentamos compensar desta forma. Outra coisa que penso que me preocupa em termos de
formação são as questões de natureza ética que estão envolvidas nesses profissionais, não
é! E que perante em situações mais frágeis, acho de maior fragilidade, como é o caso das
crianças com NEE, colocam-se ainda mais questões de natureza ética, nessa medida, as
motivações que trazem as pessoas ao curso é qualquer coisa que me preocupa, porque
hoje em dia por causa da falta de emprego, não é! As pessoas acabam por vir para a
educação especial também por razões de natureza muito pragmática, para terem mais uma
hipótese de emprego. Pronto! Acho que a educação especial não é uma área fácil, não é!
Exige um professor com muitas competências, portanto, isso me preocupa.
5- Que relação se estabelece entre esta UC e as restantes UC do mestrado?
Certa forma já lhe disse!
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Sim há uma relação…
Eles têm uma disciplina que é Avaliação e Intervenção em Problemas de Cognição
onde abordam diferentes problemáticas dentro dos problemas cognição, desde das
deficiências intelectual e do desenvolvimento, autismo, portanto, aqui as dificuldades de
aprendizagem, qualquer caso que eles possam apanhar pode ter a ver com uma
problemática dessa, não é? Também tem outra disciplina que tem a ver com a
multideficiência, portanto aqui há uma nítida relação direta entre essas duas disciplinas e
o estudo de caso. Depois também tem a cadeira de Currículo que aprendem, de certa
forma elaborar os programas curriculares, acho que a preocupação de dar a cadeira de
Prática e que eles podem pôr em prática muita das coisas que foram aprendendo noutras
cadeiras, bem a ideia é essa, não é! (risos).
6- Como aborda a temática da inclusão na sua UC?
Nessa unidade curricular é… não há uma abordagem, não há uma abordagem, eu diria,
teórica com tema da inclusão, não. A inclusão aparece, por exemplo, quando procuramos
ou quando pedimos aos alunos que façam o processo de observação dos alunos e dos
contextos. Portanto, ao observarem e os diferentes contextos e o que acontecem nesses
contextos, está de certa forma a procurar perceber se o aluno participa, não participa e aí
o tema da inclusão, obviamente aparece, não é! Se dermos um determinado instrumento
para avaliar até que ponto o contexto é um contexto inclusivo, e há uma série de escalas
já tem feitas, e podemos dar aos alunos com base naquela escala iriam observar a sala de
aula e ver se é uma sala de aula inclusiva, não é! Daí a inclusão aparece. Mas não é nessa
cadeira de Prática de Educação Inclusiva, bem, a inclusão aparece dessa maneira, pelo
processo da observação da realidade, não é! E eventualmente pode aparecer também, se
eles estivessem interessados nisso em perceber o que as pessoas pensam sobre a inclusão,
o que naquela escola pensa. Pode aparecer também tentativas de analisar, por exemplo,
em termos dos documentos da escola, até que ponto o projeto educativo da escola aparece
com alguma preocupação relativamente a inclusão, aparecer também tentativas de
analisar, por exemplo, em termos dos documentos da escola, até que ponto o projeto
educativo da escola aparece com alguma preocupação relativamente a inclusão, portanto
a inclusão aparece dessa forma e não em forma teórica.
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7- Que conceção de inclusão pretende que o formando adquira?
Eu penso o que nós queremos é muito que os alunos percebam que a inclusão é mais
que o acesso, e eu estou sempre a dizer isso, sempre o mesmo, mais que o acesso é garantir
a participação dos alunos e o sucesso, não é! E portanto, para que uma criança com NEE
tenha sucesso no teu percurso de desenvolvimento e aprendizagem, participem e estejam
nos contextos, não é! Sejam inseridos no ensino regular, digamos assim, sabendo a partida
das limitações.
8- A ação do professor de educação especial deve ser mais centrada no aluno,
no professor da turma/professor curricular, nos pais, na escola?
Penso que a ação do professor de educação especial lembro que… é … é quase uma
missão impossível. Há alguns autores que falam um bocado sobre isso. Lembro-me de
um autor qualquer que dizia que é como um controlador de tráfico aéreo, tem tantas coisas
que tem que ter atenção, não é! Sem dúvida que é fundamental que os professores de
educação especial acho eu, e nosso curso é apontado para aí, para essa intervenção. É
fundamental saber trabalhar com aquela criança que tem necessidades educativas muito
específicas, muito concreta, criança com multideficiência, criança com autismo, criança
com problema e que tem que saber fazer um currículo específico para aquele aluno que
tem autismo, que tem que ter competências muito específicas, nesse nível, mas depois ao
mesmo tempo tem que saber, tem que saber trabalhar com os professores do ensino
regular, também tem que saber trabalhar com pais, não é! Também tem que saber
trabalhar com os outros alunos para sensibiliza-los, é sem dúvida, um profissional que
tem funções muito grande, diversificadas, eu diria, não é! E que, portanto, tornam-se a
função algo difícil, e só quem gosta muito e de grandes desafios, não é! É que pode vir e
que deve vir para a educação especial, porque vem para um terreno que é difícil, porque
o professor de educação especial tem que desencadear processo de mudança na escola,
nas atitudes, nas pessoas, nas práticas e nessa medida tem que ser uma pessoa ativa.
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9- Que conhecimentos (saberes) considera que um docente de educação especial
deve possuir? Deve ser um especialista em?
Hum, pergunta difícil essa! O que eu acho que nós continuamos nessa escola,
continuamos a fazer uma formação que de voga de certa maneira que o professor de
educação especial deve ser um especialista em determinadas áreas em deficiências. Certa
forma, nós temos um modelo antigo, continuamos a desenvolver, portanto aqui há um
grande enfoque na deficiência e penso que ainda é lacunar a nossa formação noutras
competências que hoje são exigidas ao professor de educação especial, e que nós não
temos resposta no nosso plano de estudo, sei lá! Competências com trabalho com os pais,
competências de gestão de currículos que trabalhem com os professores. Tudo que seja
um trabalho mais de colaboração com a escola, nós aqui não temos, quer dizer, não temos
nenhuma unidade curricular que aponta para isso. É lógico que todas nós falamos que
tudo isso é fundamental, não é! Mas não há assim, uma preocupação de haver uma
unidade curricular sobre essas questões. Eu penso que a inclusão exigiria isso, não é!
Portanto é importante essa formação que nós damos, penso que falta o outro lado, me
parece que há também outra área que parece e que não existe ainda e é necessário trabalhar
as questões éticas dessa profissão. O que nós não trabalhamos, portanto, as questões
éticas, questões de colaboração é fundamental, a questão de trabalho com pais e com os
professores, como pode-se fazer? Que estratégias pode-se desenvolver esse nível? Eu
penso que isso, nós ainda não trabalhamos o suficiente nessa área, estamos ainda muito
focados no défice e provavelmente, se queremos que a escola seja inclusiva, temos que
dar competências aos professores. Tem haver como trabalhar com outras áreas, certa
forma, ainda estamos em centrar ainda muito no aluno e no problema do aluno. Por outro
lado, também tem que ser assim, e não temos muita hipótese de ser fora disso, porque em
termos legais, o professor de educação especial é especializado em diferentes tipos de
problemáticas. Por exemplo, também tem que ser assim, e não temos muita hipótese de
ser fora disso. Aqui também há uma série de contradições em termos legais, não é! Por
um lado, preconiza a inclusão, mas depois continuamos a preconizar outra coisa, não é!
É por aí, tem sido assim.
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10- Bem, acho que a próxima pergunta já foi respondida, mas no seu ponto de
vista, como é que a equipa docente do mestrado se articula ou não no sentido
de veicular uma conceção de inclusão, junto dos formandos, de forma
consistente e coerente nas diferentes unidades curriculares? Há essa
articulação entre a equipa?
Há uma articulação sim, até porque é uma equipa relativamente pequena, já
trabalhamos há bastante tempo neste curso, portanto, aqui de certa forma há algum
conhecimento antigo já. Penso que a grande preocupação é também… da equipa é
também conseguir que os formandos tenham alguma capacidade de análise crítica das
situações, não é! Das situações, das políticas, dos contextos para além das intervenções,
com muito da análise crítica da realidade. Só tendo essas capacidades de análise crítica
que eles poderão propor desencadear mudanças, se não forem críticos, não é, não
conseguiram isso! A ideia é muito que eles consigam ser críticos!
11- Bem diante da própria avaliação da unidade curricular, quais os aspetos
positivos que identifica na lecionação desta UC? Aspetos positivos e se há
algum constrangimento?
Eu de certa forma já referi isso, mas penso que posso sistematizar. Penso que o aspeto
positivo é a unidade curricular permitir, possibilitar aos alunos, aos professores o contato
com a realidade da inclusão, portanto, contextos onde há alunos que estão incluídos e a
necessidade deles tem de avaliar, fazer um plano de intervenção, eu penso que isso seja o
aspeto mais positivo. É muito contato com o real, com a realidade da escola, com a
realidade daquela criança que está na escola, que eles têm que avaliar, esse é um aspeto
muito bom da unidade curricular. Depois outro aspeto que penso que eles têm que
valorizar é o fato do trabalho do estudo de caso ser feito em grupos, portanto, e nesses
grupos podem haver pessoas com mais ou menos experiência, mais ou menos na educação
especial, pessoa sem qualquer experiência, portanto, essa troca de aprendizagem entre os
formandos, penso que é muito boa. Outro aspeto positivo tem a ver com a metodologia
que usamos, o fato de ser um trabalho que vai sendo apoiado ao longo das semanas, a
tutoria, penso que é bom, porque vamos analisando os dados que eles vão colhendo e
vamos pensando no que é então o que vai fazer a seguir. Um processo de análise constante
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de reformulação até a vezes no próprio plano da avaliação e depois a apresentação final,
não seria apenas só a entrega de um trabalho escrito, mas ser uma apresentação prévia,
oral para toda a equipa e para todo o grupo! E para toda a equipa de professores! Penso
que é extremamente rico em termos de aprendizagem, porque para além de eles
apresentarem o seu próprio caso e poderem ter contributos dos colegas sobre estratégias
em implementar com o seu caso. Depois veem uma grande diversidade de casos serem
apresentados e depois também podem aprender, portanto, pode ser fonte de
aprendizagem. Eu penso que é uma das disciplinas… (pausa) são os aspetos positivos!
(risos). Acho que já falei atrás, não é!
12- E como estabelece nesta UC a ligação entre teoria e prática?
Normalmente os alunos, as vezes até perguntam, então! Onde que é então no trabalho,
no trabalho final que tem que fazer? Onde que aparece a fundamentação teórica? Tem um
menino autista, como? Ok! Como é que coloco aqui? E normalmente eu costumo dizer é
que a fundamentação teórica está em todo o trabalho, isto é, se escolho um determinado
instrumento de avaliação, fui buscar um livro sobre autismo, não é! Eu devo referi-lo.
Quando tento fazer análise da importação dos dados sobre aquele menino e compreender
os comportamentos, provavelmente, só compreendo aqueles comportamentos que o
menino têm, a luz de um conjunto de leituras que fiz, aí posso citá-los, não é? Sobre o
autismo! Portanto, aqui há uma procura de introduzir a teoria em todo o desenho, digamos
assim, do estudo de caso, é assim, não há um capítulo só sobre…
13- Que perceção tem das mudanças e das práticas que os formandos
desenvolvem nas escolas?
Bom, não tenho perceção disso. Não posso ter! Quando muito posso ter perceção da
evolução que eles mostraram ao longo da elaboração do estudo de caso, mas diante das
mudanças das práticas deles, não! Porquê? Porque eu não vou observá-los, nós não temos
possibilidades de observá-los. Portanto, como lhe disse, é um curso pós-laboral, não é! E
nós não temos essa possibilidade. Portanto, acho que é uma pena que isso aconteça assim!
Acho que comparativamente com outros… como sou uma professora antiga, eu tive
alunos no tempo em que eles eram dispensados das aulas e faziam o curso e tinha um ano
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de estágio, e eu acompanhava-os no estágio e aí podia ver as mudanças das práticas e o
contato que eles tinham com as crianças com problemas. Lembro me perfeitamente em
acompanhar alunos nos estágios, nesse curso. Agora já acabou! Agora quer dizer, acabou
alguns anos, quando o curso passou ser em regime pós-laboral, deixamos de poder
acompanhar as práticas, portanto, essa perceção das mudanças, não posso ter! Penso que
é uma pena o curso não poder ser feito noutro contexto!
14- No seu ponto de vista e a partir do feedback que recebe dos alunos, em que
medida esta UC corresponde às expectativas dos formandos/futuros
professores do mestrado em que ela se integra?
Hum! Penso que de alguma forma pode permitir, sobretudo, aqueles que não tiveram
nenhum contato, não é, com a realidade em educação especial, uma primeira monção
neste mundo, não é! E isso penso que será ser positivo e para aqueles que já trabalham na
educação especial, penso que pode ser uma oportunidade, eventualmente utilizarem um
ou outro instrumento novo que eles tanto aprenderam aqui na formação. Pode
corresponder de alguma forma a expectativa verem no real, no terreno como as coisas
funcionam…
15- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Não, não há!
16- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Não. Acho que não, quer que fale mais alguma coisa?
Não basicamente seria isso. Agradeço mais uma vez em está aqui colaborando
com a investigação.
Não tem que agradecer! Espero que corra bem o seu trabalho, o que eu puder ajudá-la,
já sabe!
Muito obrigada!
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- PROFESSOR – P3
Datas das realizações: 03 e 04 de Maio de 2016
Duração total das entrevistas: 60 minutos e 85 segundos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistado:
Data de Nascimento: 14/04/1955
Formação/Especialização: Doutoramento em Psicologia do Desenvolvimento e
Educação
Tempo de serviço: 37 anos
Tempo como formador em formação especializada: 34 anos
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 60 minutos e 85
segundos onde o entrevistado sentiu-se à vontade utilizando uma linguagem clara e de
fácil compreensão.
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TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
17- Dentro das Unidades Curriculares na qual leciona, uma delas é a Práticas de
Educação Inclusiva. Poderia explicitar o que mais valoriza nessa Unidade
Curricular que leciona no que respeita aos conteúdos, os objetivos e os
saberes expectáveis que o formando adquira no final da mesma?
Essa é uma unidade curricular do mestrado na educação especial e o principal objetivo
dessa unidade é familiarizar os formandos com alunos com características que
corresponde as problemáticas graves, ou seja, problemas graves de cognição, problemas
graves de multideficiência ou perturbação do espectro do autismo. Portanto, o primeiro
objetivo é familiarizar as pessoas com essas crianças que têm de fato limitações severas.
O segundo objetivo seria caracterizar situações educativas em que essas crianças se
encontram. Dentro do sistema educativo português, normalmente essas crianças estão
colocadas em unidades de apoio que estão fisicamente dentro das escolas, de acordo com
a legislação são os princípios e os objetivos dessas unidades, eles deviam estar tanto
quanto possíveis a partilhar experiências com restos das crianças dentro da comunidade
escolar. Tanto caracterizar essa realidade é, nessas situações educativas, é o segundo
objetivo. O terceiro objetivo é fazer, portanto dessa caraterização, fazer propostas para
melhorar, propostas para melhorar não só no sentido da inclusão, propostas para melhorar
todo um conjunto, todos os objetivos educacionais que se desenham para criança. É claro
que eles estão nas práticas, que estão no terreno, e vão fazer estudos no terreno, não se
podem imaginar que vão sempre encontrar práticas tão más! E que tenham assim uma
redução a propor. Mas o estudo e a análise das situações educativas, a distinção de
pequenos detalhes, as vezes não é uma questão de correção, questão de prever no futuro,
de fazer propostas para o futuro. Agora está bem? A resposta está adequada aquilo que a
criança é e está nesse momento, mas então e para o ano? No futuro o que se perspetiva?
Para mim, é a grosso modo os objetivos dessa unidade. Apesar que, agora é um pequeno
parêntese, esta não é… digamos, os docentes ligados a educação especial têm um papel
muito mais abrangente dentro da escola, porque nós temos que pensar que essas pessoas
vão trabalhar com essas crianças, mas também vão trabalhar nas escolas com outros
professores. Ora se a escola faz formação também, no dito professores do regular também
é importante que as pessoas do regular estejam sensibilizadas e sabem responder a
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necessidade especial da população e as vezes não é só da população com esses problemas
graves, como é o âmbito específico do mestrado, mas dos problemas educativos que
possam surgir, a chamada necessidade educativa especial, de uma forma mais abrangente.
18- Em seu entender, de que modo o formando deverá aplicar (colocar em ação)
os conteúdos curriculares?
Ele coloca em ação desde logo pelo trabalho prático que tem de realizar. Eles vão ao
terreno e em pequenos grupos vão ter que fazer a caraterização, tanto de colher
informação, quer informação documental do projeto educativo da escola, de documentos
oficiais da escola, dos projetos que existam na escola até dados de entrevistas aos
docentes, aos profissionais que trabalham nessa escola, as chamadas lideranças
intermédias, que estão entre a direção e os professores, para perceber quais são os
objetivos, e como é que os projetos de inclusão se desenvolvem naquela escola, até depois
as observações e a recolha de dados mais próxima dos alunos, sendo que o foco principal
do trabalho é o estudo de caso, o estudo da realidade de um pequeno grupo de alunos.
Portanto, eles têm que pôr em prática os objetivos dessa disciplina, dessa unidade
curricular, que de resto para a qual convergem os objetivos de praticamente de todas as
unidades curriculares do mestrado. Porque eles têm, por exemplo, logo no início do ano,
uma unidade curricular que chama Desenvolvimento e Avaliação da Educação Especial,
os conhecimentos que aprendem tem que aplicar aqui, tem unidades curriculares sobre
Perturbações Graves sobre Problemas Cognitivo, sobre Multideficiência que tem que
aplicar aqui, esta digamos, que é uma unidade curricular que é charneira para o qual
contribuem muita das outras unidades curriculares do curso.
19- Ainda dentro da UC de Práticas e Educação Inclusiva, qual a metodologia
privilegiada nas suas aulas?
Esta unidade curricular tem de fato muito poucas aulas. Esta unidade curricular tem
sobretudo acompanhamento das práticas de orientação tutorial e, então há três aulas no
início da unidade curricular onde se apresenta os objetivos da unidade curricular, o que
eles têm que fazer, um guião do trabalho, etc., isso dão as primeiras indicações para
arrancar com o trabalho. Depois os alunos vão para o terreno e tem aulas, mas agora tem
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sido de quinze em quinze dias, então, semana sim, semana não tem uma aula, e os grupos
vêm com os dados que recolheram e vamos analisar os dados e trabalhar, portanto, fazer
uma leitura dos dados recolhidos e planificar as várias faces seguintes. Nessa última aula,
foi, portanto, eles tiveram três aulas mais teóricas, digamos assim, mais presenciais com
a turma toda, etc., e depois essa é a terceira aula que tenham em pequenos grupos que são
distribuídos por vários professores, eu por exemplo tenho três grupos, então estou a
acompanhar três estudos de casos e o que faço com eles, eles apresentam os dados que
recolheram durante os quinze dias, vamos fazer uma análise desses dados e planificar a
fase seguinte, começamos por fazer a recolha de dados para fazer a caracterização do
contexto, uma avaliação da qualidade, o contexto da escola, mas também o contexto
familiar, depois fazemos uma planificação da avaliação da criança nos contextos
escolares e eles agora estão nesse processo, portanto estão a fazer entrevistas com os
profissionais que trabalham com as crianças, estão a fazer observações da criança dentro
da sala de aula e dentro da escola, nos vários contextos onde ela está e em que estado
estão a fazer e, nossa última aula, sábado passado foi justamente planificar as últimas
partes da avaliação, ver ainda o que falta fazer, porque no final do principio do próximo
mês, portanto, ainda faltam ainda um mês, e nessas próximas semanas vamos fazer a
avaliação da criança propriamente dita. Portanto, há dados de recolha que vem do
processo do aluno, mas há pequenas observações que precisam fazer, para depois fazer
um plano de intervenção.
20- Quais as suas principais preocupações ao nível das metodologias de
formação/ensino que utiliza?
Há! (risos), há preocupações. A minha primeira preocupação é proporcionar a esses
alunos o máximo de tempo de contato com essas crianças, porque esses casos são graves,
bastante pensados e eu tenho pena que esse é um curso pós-laboral, porque assim obriga
a lei, não haja tantas oportunidades para esses alunos terem trabalhos práticos de ensino
com essas crianças, uma coisa é fazer avaliação, e depois fazer um plano de intervenção,
mas não concretizar, não é? Não podem implementar, não é! Ficam muito pouco tempo
a trabalhar diretamente com elas, portanto, confrontar com as crianças que têm problemas
de linguagem, que utilizam algumas alternativas de comunicação, que tem problemas
muito graves e grandes limitações e que tem algum comportamento um pouco bizarros e
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tal, na minha opinião não são suficientemente confrontados com essas realidades para
poderem ter uma formação que acho que seria de melhor qualidade! Que dar-lhes-iam
mais garantias. Minha maior preocupação é essa.
21- Que relação se estabelece entre esta UC e as restantes UC do mestrado?
Pois justamente já falamos um pouco disso. Pois há uma ligação entre as unidades
curriculares. As outras unidades…os alunos precisam ter conhecimentos e a experiência
das outras unidades curriculares que depois vem aplicar nesta! Como aqui é uma coisa
prática, muito centrada na prática, sobretudo, tudo que é métodos de avaliação,
instrumentos de avaliação, noções sobre a qualidade, noções sobre o desenvolvimento,
noções sobre a aprendizagem tem que ser aplicada aqui para a recolha e a interpretação
dos dados para que depois formularem os objetivos. Há uma colaboração, não é por acaso
que, os principais professores das cadeiras mais teóricas do curso estão ligados a essa
cadeira das práticas.
22- Como aborda a temática da inclusão na sua UC?
A temática da inclusão também é abordada noutras unidades curriculares. A temática
da inclusão nessa unidade curricular é abordada na caracterização na situação educativa,
onde se pode fazer uma avaliação da situação tal como ela está, e perceber no fundo,
utilizar critérios de participação e de envolvimento dos alunos com problemáticas graves
nas atividades de sala e da escola como um indicador de inclusão. Vou ver se explico
bem. Quando fazem a caracterização educativa, os alunos vão fazer uma definição de
quais são as atividades em que o aluno está envolvido e qual é a realidade do contexto e
aí perceber e utilizar esse nível, o grau de envolvimento como indicador e uma medida
de inclusão. Isso implica também que depois quando fazem o seu plano de intervenção,
esses resultados são, digamos, chamados para cima da mesa, para perceber se eles podem
ir mais longe e fazer propostas que levem mais longe a inclusão desses alunos dentro
daquele contexto, dentro daquela realidade. Eu lembro que estes alunos com problemas
mais graves com participações em algumas atividades, sobretudo, a medida que eles vão
crescendo, temos aí dados mais avançadas em que os trabalhos dos alunos em sala de aula
já ficam muito académicos, crescentemente académicos a participação desses alunos com
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graves limitações ficam mais difíceis, mas a exploração da realidade da escola não se
restringe só ao trabalho académico dentro da sala de aula e digamos, o que se pretende é
que nossos alunos façam também é identificar oportunidades para que hajam atividades
em que todos possam participar, não é! Esses alunos com grandes limitações não vão
resolver raízes quadradas, não vão perceber que dentro dos planetas tem a terra, nem saber
as classificações da biologia, quer dizer, mas podem com certeza participar em atividades
com os outros, mesmo a roda dessas temáticas, pronto! Também para eles representar
alguma aprendizagem. Quando se diz que todos têm que aprender juntos, não quer dizer
que todos têm que aprender a mesma coisa!
23- Que conceção de inclusão pretende que o formando adquira?
Bom vamos lá ver! Nós não estamos a trabalhar com pessoas na maior parte, pessoas
que nunca tenha visto nada disso! Ou para que essas coisas sejam muito estranhas! A
maior parte dos nossos alunos já são professores há mais de cinco anos, já conhecem, são
professores, são psicólogos, são terapeutas da fala, são assistentes sociais e que já tem
uma ideia, uma experiência de trabalho dentro da educação especial, pelo menos contato
com a educação especial. Alguns nunca trabalharam com casos tão graves, é verdade!
Estão mais habituados com crianças com situações de baixa gravidade. Mas a ideia
principal que acho que tem que transmitir a esses alunos é que mesmo esses casos de
miúdos com problemas graves, com grandes limitações podem ter ganhos com a
participação em atividades com os outros, e, o mestrado tem tido algumas linhas de
investigação interessante nessa área. Bem, vou falar basicamente de duas linhas de
investigação, que uma é sobre as práticas de educação inclusiva, em que estuda ou boas
práticas ou práticas que promove a inclusão de alunos. Por exemplo, agora tem alunos a
fazerem projetos de intervenção, que é parte conclusão do mestrado, sobre práticas, sobre
inclusão de alunos com perturbação do espectro do autismo nos vários níveis de ensino,
agora tô com um projeto de uma criança do pré-escolar, jardim-de-infância, criança com
perturbação do espectro do autismo, ou dissertações onde são estudos sobre, ou projetos
de intervenção como é esse o caso. E há outra linha de investigação, são estudos sobre as
interações como os pares, e estamos a falar de crianças sem linguagem, de cadeiras de
rodas, com grandes dificuldades nas habilidades motoras e mobilidade que interagem,
que tem momentos de interação com pares de desenvolvimento típicos, meninos da
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mesma idade e que partilham de algumas atividades. E os resultados dessas investigações
são muito impressionantes pelo cuidado que as crianças com desenvolvimentos típicos
mostram nas interações com esses meninos com grande limitação: à atenção, o esforço
da adaptação dos seus modos de interação com ele, preocupações de ter sinais o que eles
estavam a dizer e também de interpretarem os comportamentos de interação, porque eles
não têm a linguagem! Não dizem nada! Mas tem comportamentos que os levaram
espontâneos e que ninguém o ensinou, mas de uma forma espontânea. Que interpretam,
dê um sinal de comunicação. Ah ele quer é isso! Ele gosta mais disso! Ele agora quer
isso! Agora diz que agora não quer mais, já chega! Pronto! É muito impressionante essa
sensibilidade que os miúdos mostram em relação aos outros. Pronto! São essas as coisas
que em cima das experiências que eles têm, de uma bagagem que já trazem, as principais
coisas que eu acho que esse mestrado tem, visa preparar os alunos para trabalhar com
esses casos mais graves. Tem como objetivo, que a inclusão desses meninos também é
possível!
24- A ação do professor de educação especial deve ser mais centrada no aluno,
no professor da turma/professor curricular, nos pais, na escola?
O professor de educação especial tem que correr e tem que bater essas portas todas! E
depois depende, não é só do caso é dos momentos e da altura do projeto em que estiver a
dar, não é! Porque se tratar de, por exemplo, se o problema para a semana é uma visita de
estudo e, é preciso que esse aluno que tem problemas graves também vá, e é preciso
arranjar uma cadeira de rodas que se pode colocar dentro do autocarro, e, é preciso ver se
tem alguém lá que é preciso dá o de comer, e se for uma comida especial que não come a
comida que os outros comem, pronto! É preciso disso tudo e tem que falar com o diretor
da escola, tem de falar com os órgãos da direção, tem que falar com os pais, se o problema
for… então esse menino agora tem que participar também nas aulas, vamos lá ver algumas
atividades na aula de geografia, na aula de história, porque também poderia participar
porque estão a pintar os cartazes, então! Tem que falar com os professores, tem que falar
com toda a gente.
25- Que conhecimentos (saberes) considera que um docente de educação
especial deve possuir? Deve ser um especialista em…?
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Eu acho que cabe, vamos lá ver! Há vários tipos de professores de educação especial.
Professores que para, nesse caso, com problemas de com alta gravidade e baixa
incidência, que são os casos de multideficiência, como é o caso da surdez há
conhecimentos específicos que os professores têm que ter, tem que ter um leque um tanto
alargado, isso eles têm que saber, e que os outros não têm que saber. E nesse sentido sim
é um especialista! Mas o conhecimento é como uma pirâmide, a gente não consegue
construir uma pirâmide muito alta se não tiver uma base muito larga, e, portanto, esses
professores de educação especial têm que ter uma base de ensino bastante larga depois é
para quando chegar lá na ponta da pirâmide, é aquela coisa muito especializada, que de
fato ele tem que saber. No caso da surdez tem a ver com as línguas gestuais, todo professor
de educação especial tem que saber, se trabalha com criança surda tem saber e tem que
ser fluente na língua gestual e esta é a sua especialidade, uma coisa que é fundamental.
No caso de criança com multideficiência os professores de educação especial têm que
saber, não só de tecnologia de apoio à comunicação, comunicação aumentativa, e esses
são aspetos que são assim de ponta. Também há outros problemas, que são os problemas
de saúde que esses miúdos têm que é as limitações motoras, condicionam por exemplo
posturas, entre outras coisas que esses professores têm que ter. Sim é uma coisa muito
complexa, envolve um conhecimento multidisciplinar bastante vasto, e, é claro que essas
pessoas não trabalham sozinhas, tem que ter umas equipas por detrás, mas também tem
que saber falar com elas! Tem que saber falar com neurologistas e perceber a linguagem
do neurologista, tem que saber falar com o fisioterapeuta, portanto tem que ter a
linguagem da fisioterapia. Isso implica uma especialização que o professor do regular
normalmente não tem!
26- Como perspetiva a abordagem da inclusão nas escolas?
Olha, se calhar aqui é que vamos voltar atrás. O que estava a dizer, a contribuição do
mestrado dentro da escola, isto é, o que fazemos aqui não é só dá aulas no mestrado. O
que fazemos aqui é um trabalho de formação e de sensibilização dos vossos colegas, os
professores que fazem também a formação dos professores para essa temática da inclusão
e, essa problemática da inclusão como desígnios da escola por inteiro. E tem sido uma
batalha interessante, um desafio porque é algo que não podemos substituir, nós somos da
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educação especial, não podemos substituir aos outros! Porque não isso que se pretende
nas escolas, encher a escolar de professores de educação especial, não é! O que tem que
acontecer nas escolas é que os professores do ensino regular têm que estar sensibilizados
para essa temática da inclusão e ter os instrumentos e as ferramentas necessários como
professores, para poderem ministrarem um ensino de qualidade que respondam a uma
variedade muito grande de necessidade, inclusive as necessidades especiais. Mas que são
muito variadas! São os alunos que vem da imigração, são os alunos que têm algumas
dificuldades, são outros que tem dificuldades para aqui e outras mais para ali. Os
professores do ensino regular têm que fazer isso tudo! E aqui na escola o que fazemos é,
nós temos obviamente uma pequena participação em termos de horário letivo, nos vários
cursos de formação de base dos professores, mas também temos o trabalho com os nossos
colegas professores, sobretudo com os professores das didáticas, para chamar à atenção
que quando eles explicam a didática, a didática da matemática, a didática de língua
portuguesa, a didática do estudo do meio, a didática da história, portanto, como é que
ensinam as crianças essas coisas, também tem que explicar aos seus alunos, então, se
aparecer algum alunos que não aprende assim. O que você faz! Não vai chamar o
professor da educação especial, não é! Tem que arranjar formas, ensinar os seus alunos a
ensinar também dentro das didáticas dentro desses ramos como é que ensinam também
alunos que aprendem de outra maneira, de outra forma! E esta tem sido um desafio que
nós temos proposto, de forma a alargar a influência e chegar mais longe nas propostas de
inclusão da educação inclusiva, das pessoas que saem daqui, dessa escola, e que vão para
o terreno. Esse é o desafio! Pro outro lado, também não podemos fechar as portas às
pessoas que nos chegam e que também tem limitações! Nós temos aqui dentro um grupo
de trabalho que funciona como apoio às pessoas que tem limitações. E já tivemos alunos
surdos, com problemas motores, já tivemos alunos com perturbações do espectro do
autismo, e todas essas pessoas passaram por aqui e fizeram o seu percurso e hoje em dia
estão no ensino.
27- No seu ponto de vista, como é que a equipa docente do mestrado se articula
ou não no sentido de veicular uma conceção de inclusão, junto dos
formandos, de forma consistente e coerente nas diferentes unidades
curriculares? Há essa articulação entre a equipa?
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Essa é difícil de responder! Porque não há alguma coisa assim objetiva! É difícil de
responder de uma forma objetiva, acho que é porque nós já conhecemos há tanto tempo,
já trabalhamos junto há tanto tempo! Que as coisas já aparecem naturalmente. Os próprios
alunos dizem e notam, as pessoas falam a mesma linguagem. Não há aqui pessoas muito
diferentes uma das outras, está tudo a falar da mesma coisa, é difícil de responder
francamente! Há alguma coisa aqui que já se entranhou de uma tal maneira!
28- Bem, dentro da avaliação da unidade curricular de Práticas, quais os
aspetos positivos que identifica na lecionação desta UC? Aspetos positivos e
se há algum constrangimento?
Tem o lado negativo e o lado positivo. Os aspetos positivos tem sido a recetividade
que os nossos alunos têm tido junto das unidades e das escolas que os recebem para eles
fazerem o estudo de caso. Pro outro lado isso também é uma dificuldade porque todos os
anos os alunos também procuram, e, como são trabalhadores, procuram sempre também
coisas que são geograficamente próximas, há algumas que podem ser sempre as mesmas
unidades que estão a colaborar connosco, mas as vezes não são! Há um aluno que vem de
Sintra, bem ali na zona de Sintra, na linha de Sintra o que tem! E outra que vem de
Cascais. Então em Cascais como que é! Portanto não é sempre a mesma coisa, todos os
anos é assim, isso pode ser um constrangimento, mas que temos conseguido resolver
sempre! As vezes dá mais trabalho, as vezes é mais fácil! Pronto! Mas esse é assim um
constrangimento. Coisas favoráveis tem sido as experiências de alguns alunos. Há
pessoas que vem de fato com alguma experiência dentro dessa área e o seu contributo
também é muito precioso até para os outros alunos, não é! Porque são também exemplos
e eles próprios, quando há aulas, quando conversam entre si, os debates e a participação
deles é extremamente enriquecedora, esse também é um aspeto positivo. Um
constrangimento as vezes é a língua, aparecerem alguns alunos e assim mesmo a
percentagem não é tão pequena de pessoas que têm dificuldade de ler em inglês, por
exemplo, isso é uma dificuldade porque muito da literatura sobre educação especial é em
inglês, encontramos assim muitas coisas e até temos muita coisa em brasileiro, mas
mesmo assim, a grande literatura são obras em inglês, isso é um certo constrangimento.
Da facilidade também que é esse esquema que encontramos de trabalhar com pequenos
grupos e temos vários professores, que agora somos três, e que divide os alunos e que
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depois se conhecem bem, também colaboram entre si e fazem com que não hajam muitas
diferenças nas orientações. Claro que cada um tem o seu estilo próprio, tem os seus
interesses e reage de uma forma individual aos casos que se põem, são orientações
personalizadas, mas não são muito diferenciadas, não é diferenciada! Não são muito
diferentes! Aquilo que daria como orientação, não está muito longe do que o outro meu
colega poderia dar como orientação. Então há uma certa uniformidade final nos trabalhos
e no desenvolver das coisas e depois também por não serem todos iguais, nós conhecemos
essas diferenças, também canalizamos essas diferenças, por que? Porque sabemos todas
as mesmas coisas, não é? Há pessoas que sabem mais e de certas áreas e então quando
aparece um caso que para aquela área possa ser mais mobilizada, também é fácil haver
essa transferência do conhecimento e das experiências.
29- E como estabelece nesta UC a ligação entre teoria e prática?
Acho que já se respondeu essa, não é! Maior parte teórica dessa unidade curricular está
nas outras unidades curriculares. Essa aparece mesmo no final do primeiro ano, essa a
última parte do primeiro ano. Nós começamos com essa unidade curricular e vamos até
junho ou até julho com ela e é mesmo a ponta final a ver no último semestre.
30- O que pensa que muda nos formandos com a participação nessa unidade
curricular de Práticas?
É um bocadinho variável. Pessoa que tem mais experiência é completamente diferente
daqueles inexperientes. Os experientes e os não experientes. Isso se nota, porque é as
vezes alguma surpresa! Alguma coisa que não estavam à espera! Coisas dessas! Já houve
pessoas que fizeram estudos nos centros e nos casos mais complicados, e são casos
difíceis e ficaram um bocado impressionados, mas também já houve pessoas que pelo
contrario, vieram satisfazer uma necessidade de resolver, como eu diria, na sua
impotência, porque passaram por experiência de ter casos a sofrer porque os alunos não
tinham capacidades para as respostas, não sabiam como ia fazer e vieram aqui a procura
de satisfazer essa necessidade e que não saíram com a coisa resolvida, mas pelo menos
com modo e espaço naquele caminho e de certeza e com um bocado mais de confiança e
com um pouco mais de recursos.
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31- Que perceção tem das mudanças e das práticas que os formandos
desenvolvem nas escolas?
De uma evolução…. (parou para pensar). É difícil dizer, não tenho assim, uma
perceção muito fundamentada e sistemática. Eu penso que há mais pessoas com formação
na área, portanto isso a princípio deve ter algum efeito, mas não conheço nenhum estudo
que demonstrem onde é que está a melhorar, uma forma sistemática e alargada. Pronto,
para aquilo que conheço há boas práticas e há outras práticas menos boas, depende mais
um pouco das escolas, de múltiplas situações.
32- No seu ponto de vista e a partir do feedback que recebe dos alunos, em que
medida esta UC corresponde às expectativas dos formandos/futuros
professores do mestrado em que ela se integra?
Eu penso que em termo das espectativas e da avaliação que os alunos fazem é boa, é
muito favorável. Como explicava anteriormente, nós gostaríamos de ir um pouco mais
longe, dá mais oportunidade a esses alunos de trabalharem diretamente com essas
crianças. Nós é que temos uma espectativa que ainda não está completamente satisfeita.
Partindo para o bloco do coordenador do mestrado e sabendo que o professor é
o coordenador do curso tenho algumas perguntas relacionadas à coordenação.
33- Ao longo dos anos que leciona nesta escola é possível identificar marcos de
mudança nas orientações do currículo?
Sim, obviamente que sim. Ao longo dos anos, não é eu como coordenador! Sou
coordenador há relativamente a pouco tempo, esse é o meu quarto ano como coordenador.
Mas houve uma mudança, um investimento da escola nas respostas às necessidades
educativas de crianças com as problemáticas graves, e, de fato tornamos especialistas
dentro dessa área. Outras escolas têm também formação dentro da educação especial, mas
estão centradas em coisas que não são propriamente problemas que não são tão
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específicos e não são tão graves, problemáticas tão graves, e aí nós fazemos um pouco a
diferença! Nós mantemos, contudo, o curso tem vários ramos, essa também foi uma
introdução que nós fizemos, o curso não tem só uma saída, é um curso de educação
especial, mas têm vários ramos de especialização e a manutenção desses ramos também
foi uma maximização nova, uma evolução, criando curso com um tronco comum e depois
com ramos diferentes. Este também foi um aspeto inovador que nós introduzimos na
nossa formação alguns anos essa parte, anos já tem tempos atrás. Mantemos um curso e
alguns desses ramos, contudo um ramo é sobre problemas com dificuldades de
aprendizagem e problemas de comportamentos, que é um ramo que está na fronteira da
educação especial. Portanto é uma exceção a esses problemas graves e, é a tentativa de
dar respostas as necessidades que consideramos a ver no sistema para a formação de
professores para trabalhar com essas crianças que não são problemáticas graves, mas de
aprendizagem e problemas de comportamento. Não abrimos os ramos todos ao mesmo
tempo e também nos permite uma gestão dos recursos e daquilo que se percebem que são
os interesses e a procura. Nós não vamos buscar os alunos, os alunos é que vem procurar,
temos que adaptar também a isso! Lembro me quando entrei para aqui em 1990, o
departamento de educação especial tinha 15 pessoas, nesse momento somos três, faz uma
certa diferença! Faz uma certa diferença! (risos).
34- Houve mudanças na organização do currículo deste mestrado, decorrentes
da aplicação do Decreto-lei nº 3/2008 de 7 de janeiro e das alterações
legislativas subsequentes?
Digamos que nós já tínhamos antecipados um pouco e a nossa formação já tinha esse
cariz. A opção que a escola fez e o departamento fez para investir na formação do
professor dos problemas mais graves, é anterior a isso, ou é contemporânea. Portanto, não
houve necessidade de fazer grandes adaptações quando o Decreto-lei saiu.
E alguma alteração legislativa subsequente a esse Decreto?
(Parou para pensa) Não… assim, coisas muito significativas! Não há coisas assim
muito significativas, há alterações curriculares, há modificações a nível da…mas que no
fundo só pedem que nas aulas, e, não implicarão muita coisa no currículo, implicaram
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uma adaptação nos programas das cadeiras, mas não propriamente do currículo. Há, pera
aí, desculpe lá! Tô aqui e não é verdade. Em termos de legislação para o ensino superior
houve pelo menos duas coisas que trouxeram mudanças e que fizeram nos rever os planos
de estudos e fazer uma reorganização diferente. A legislação que obrigava os cursos a
terem uma percentagem de formação geral e uma percentagem na formação específica, e
nós tivemos que nos adaptar a essa prescrição, porque foi lei, foi uma prescrição do
Ministério da Educação, nós tivemos que modificar o currículo assim, e não foi uma coisa
muito difícil que tivemos que fazer, mas tivermos que fazer. E houve um outro aspeto que
foi a obrigatoriedade da avaliação externa, portanto essa obrigatoriedade de uma
avaliação externa, através de uma agência externa, também veio obrigar, veio impor
regras que, no fundo não obrigaram uma mudança no plano de estudo, mas obrigaram é
que se montassem um esquema de autoavaliação e processo de recolha de dados para
poder depois apresentar a essas agências de avaliação externas que vai avaliar o curso.
No fundo, isso ocorreu uma sobrecarga no trabalho do professor, porque além de que,
tem que fazer investigação, de ter que preparar as aulas, agora também tem que fazer uma
avaliação.
35- E como vê a formação que este mestrado proporciona aos futuros
professores do grupo de recrutamento 910 para o trabalho educativo com
alunos com problemáticas tão diversas, como perturbações de espectro do
autismo, multideficiência, dislexia, problemas emocionais, perturbação de
hiperatividade e défice de atenção, etc., em níveis de educação e ensino que
vão do pré-escolar ao ensino secundário?
Nós temos de certa maneira, como eu diria… a vantagem de já ter que receber alunos
que já são professores, e que, portanto, trazem na sua bagagem uma formação, uma
especialização nos diferentes níveis de ensino, e, esses professores, portanto… (parou
para pensar), vamos lá ver! Não é a formação que muda é o que eles tiram da formação,
daquilo que eles apropriam, e nós nunca sentimos a necessidade de fazer um curso
específico para o pré-escolar, e outro específico para ensino básico e outro específico para
o ensino secundário, tendo à atenção as idades diferentes das crianças. Nós sentimos que
os alunos quando vem para a formação, dentro desses níveis de ensino, o que eles tiram
do curso, eles é que adaptam aos diversos níveis de escolaridade.
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É mesmo nessa linha professor, com esse grupo de recrutamento 910 que abrange
os problemas de cognição, multideficiência e problemas motores?
Sim é mesmo nessa linha.
36- Considera que existe, nessa instituição de ensino superior, uma linha de
intervenção definida, e que é passível de ser identificada na ação educativa
dos formandos/futuros professores de educação especial, nas escolas? Como
caracteriza essa linha de intervenção?
Eu não estou a perceber muito bem a sua pergunta!
Nessa instituição de ensino superior, considera que exista uma linha de
intervenção definida e que é passível de ser identificada através da ação desses
futuros professores que vão para escolas, os professores de educação especial.
É o modelo didático? O que tem sido adotado?
Sim, os modelos de formação?
Isso eu penso que não exista! Não me sinto assim identificado, não sinto que o curso
esteja identificado com um modelo específico, e que haja para esses alunos um modelo
específico. Por exemplo, para a resposta educativa aos alunos com perturbações no
espectro do autismo, nós podemos identificar várias linhas, ou vários modelos de
intervenção. O modelo ABA (Aplplied Behavior Analysis), Modelo Teacch, modelos
assim… no curso fala-se de diferentes modelos de intervenção, aplicados a diferentes
casos e quando os alunos vão para o terreno e para prática, também vai encontrar casos
diferentes que são ser capazes de reconhecer, mas também são capazes de usar de uma
forma flexível, isto é, não ficam agarrados a um modelo específico, são capazes de
trabalhar dentro daquele modelo, mas também de adaptar outras coisas quando não se
sabe!
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37- Como vê a relação entre o modo como o currículo deste curso está
organizado e as necessidades de formação dos formandos e
consequentemente das próprias escolas, das crianças e das famílias?
Isso se revela nos interesses que os alunos, nos temas que são escolhidos. São duas
coisas, existem investigações para o mestrado e os temas que os alunos escolhem ou
propõe nas suas teses para as suas dissertações ou projetos de intervenção. No fundo são
formas de desafios, são interesses e isso corresponde há interesses e a necessidade que se
encontram práticas no terreno. Não se conhece o suficiente e, é interessante conhecer mais
e isso alimenta a própria formação. Eu escrevi um artigo que foi publicado em 2012,
fazendo uma síntese das linhas de investigação associada ao mestrado, com exemplos de
dissertações e projetos de intervenção, as linhas de investigação não mudaram assim
muita coisa sobre práticas educativas, são aspetos relacionados com a inclusão e a
integração e o relacionamento com pares. Há uma linha de investigação associada a
comunicação alternativa e as tecnologias de apoio também, e, estão lá a aparecer
propostas e alunos a trabalhar nisso de investigar o relacionamento entre a escola e a
família, como é que, os temas são, como é que as necessidades, como são os planos
educativos individuais das crianças, em que medida refletem também às necessidades e
as preocupações das famílias, e, digamos que se incluem dentro do projeto de participação
e cooperação entre a escola e a família. Isso é uma nova preocupação que está a afirmar,
e essa vem muito dos alunos.
38- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Hum …
39- Tem alguma dúvida que queira esclarecer? Quer deixar algumas palavras,
alguma sugestão diante da formação?
Dentro da formação diante daquilo que nós dissemos e concluir é que nunca estamos
completamente satisfeitos e que estamos sempre a procura e a tentar perceber o que a
gente pode fazer, como é que podemos integrar aquilo que se percebe que são as
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modificações no terreno o que isso significa, e, que implicações isso pode ter para a
formação. Estamos preocupados apenas com duas coisas, nesse momento, por ser poucas
pessoas temos uma carga de trabalho tão grande, aspetos que nós deveríamos dar mais
atenção e que são as seguintes: a primeira é a ligação as escolas, temos mais
oportunidades de ter ligações as escolas, e, a segunda é de trabalhar a nível da formação
continua. Portanto trazer a escola, nós fazemos de 2 em 2 anos a escola promove um
encontro em que se apresenta um trabalho dos mestrados e que isso vá ao terreno, mas
acho que podíamos aprofundar mais esse lado da formação contínua a ligação com as
escolas e esses encontros são muito uteis, muito interessante, só acontece de 2 em 2 anos,
mas havia de ter um trabalho mais continuado.
Agradecimentos…
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- PROFESSOR – P4
Data da realização: 06 de Maio de 2016
Duração da entrevista: 48 minutos e 50 segundos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistada:
Data de Nascimento: 29/12/1955
Formação: Doutoramento em Ciências da Educação
Especialização: Educação Especial, área de especialização em Surdez
Tempo de serviço: 37 anos
Tempo como formadora em formação especializada: 29 anos
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 48 minutos e 50
segundos, onde a entrevistada sentiu-se a vontade utilizando uma linguagem clara e de
fácil compreensão.
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TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
1- Como pode explicitar o que mais valoriza na Unidade Curricular que leciona,
seria a UC de Currículo e Necessidades Educativas Especiais, no que respeita
aos conteúdos, os objetivos e os saberes expectáveis que o formando adquira
no final da mesma?
O que eu trabalho sobretudo são as formas de fazer as adequações curriculares, que é
um problema nesse momento em Portugal é perturbante para os professores, porque
nunca sabem muito bem. Nós temos um currículo comum, oficial, e os professores no
fundo nunca sabem muito bem até onde podem ir nas decisões que tomam sobre o
currículo. Qual é a sua margem da autonomia nas decisões sobre o currículo, por isso,
essa geralmente é uma disciplina em que os alunos estão interessados porque é um dos
problemas que têm. Quer eles quando frequentar o curso de mestrado já sejam professores
de educação especial, porque alguns já trabalham na educação especial, quer sejam
professores do ensino regular, quem tem que fazer as adequações curriculares são os
professores do regular apoiados pelos professores da educação especial, mas são os do
regular, não é? E, portanto, eles têm muitas dificuldades nisso. Bem, o que é que eu faço?
Começo por fazer uma revisão da teoria curricular, porque eles já tiveram nos cursos, mas
é preciso afinar a linguagem e os conceitos para não estarmos todos a usar termos
diferentes para as mesmas coisas, porque fizeram sua formação inicial em sítios
diferentes, depois falamos de diferenciação curricular em geral, ou seja, não só para os
alunos com NEE, para todos os alunos, a noção de diferenciação curricular, o que pode
fazer a nível do sistema educativo e aí temos as vias de acesso diferentes, as vias de
prosseguimento de estudos, diferentes, etc., ou a nível de escola, com determinados tipos
de currículo que hoje pode ser criado na própria escola e depois as adequações
curriculares individuais. E aí começo por falar do programa educativo individual e das
medidas que se podem tomar para cada um dos alunos, dentro dessas, faço uma distinção
clara, e isso tem que ficar claro na cabeça dos estudantes, que é a diferença entre
adequação curricular que são para o acesso do currículo comum e currículo específico
individual que é para aqueles alunos que não tem possibilidade de chegar ao currículo
comum, portanto, essa distinção é fundamental para eles perceberem que existem alunos
que podem chegar ao currículo comum com adequações curriculares e outros que
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precisam de currículo específicos, e, que a atuação quer do professor do regular, quer do
professor do especial que não é a mesma, nem as sua funções são as mesmas com esses
dois tipos de currículos, com crianças que estão nesses dois tipos de currículo. Depois
trabalhamos sobretudo com questões de educação curriculares, como é que podem fazer,
ao nível dos objetivos, conteúdos, das estratégias e por aí, da avaliação
2- Em seu entender, de que modo o formando deverá aplicar (colocar em ação)
os conteúdos curriculares?
Está a falar quando ele for professor, quando estiver na prática?
Sim, quando ele estiver em ação, na prática.
Bom como esse curso dá especialização em educação especial, em princípio eles
podem concorrer ao grupo da docência da educação especial e podem ser professores de
educação especial. Nesse sentido a nível das adequações curriculares eles têm é que
ajudar os professores do ensino regular a fazer adequações curriculares, e, a questão é de
como saberem colaborar com os professores do ensino regular é fundamental. Porque sem
isso não há inclusão nenhuma! E essa colaboração não é fácil, como sabemos, porque a
colaboração nunca é fácil! Mas muito menos quando as pessoas têm visões diferentes
sobre a mesma situação. E, eu tento muito que eles percebam a posição dos professores
do ensino regular que tem 20 e tal alunos numa turma e mais esses meninos, não é? E os
professores de educação especial quando estão há muito tempo na educação especial
tendem a esquecer-se do que é ter aquelas crianças todas numa sala e ainda mais as
crianças com NEE. E também falo muito das formas de colaboração, falamos muito nas
aulas das formas de colaboração entre os professores do regular e os professores da
especial. Basicamente ao nível das adequações curriculares, é isso que eles têm que saber
fazer, ajudar os professores a fazerem as adequações. Claro! Quando se trata do 1º ciclo
eles podem ter uma intervenção mais forte porque normalmente conhece melhor o
programa. Quando se trata de disciplina específica do 3º ciclo ou secundário é muito mais
complicado, se é a biologia, a matemática. As pessoas são formadas em português e ter
que ajudar o professor de matemática, não é! Portanto, o trabalho não é tão direto, mas
podem sempre ajudá-los em termo da forma de pensar como se pode organizar o currículo
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para que esses alunos consigam acender tanto quanto possível aos objetivos finais dos
ciclos, as metas finais do ciclo, e os professores da educação especial podem ser de grande
ajuda. Para além disso, esses professores também terão que trabalhar com os alunos que
tem currículos específicos individuais, muitos deles estão nas unidades de apoio, e, aí tem
de fazer currículos específicos individuais. Mas eu em relação aos currículos específicos
individuais, dou sobretudo a parte formal, porque é depois no segundo semestre é que
eles têm as cadeiras ligadas aos problemas de cognição e a multideficiência que eles têm
os conteúdos em que tem que encher a parte dos currículos específicos individuais, por
isso, que dou só a parte formal, no que diz respeito aos currículos específicos.
3- Qual a metodologia privilegiada nas suas aulas?
Nas aulas há uma parte expositiva, depois faço também muitos trabalhos práticos com
eles. Esses trabalhos práticos normalmente são análises de programas educativos
individuais, análises das adequações curriculares e as análises dos currículos específicos.
De modo que eles tenham um, para a já, tenham modelos desses documentos, saibam
olhar para eles e perceberem como é que se fazem, mas que tenham também um olhar
crítico sobre aqueles documentos que estão a analisar, porque quando digo modelos não
estou a dizer propriamente que os documentos estejam muito, muito bem-feitos! São
documentos que foram feitos nas escolas por vários professores, e, portanto, por um lado
servem para eles perceberem o que é que tem que aparecer num programa educativo, o
que tem que aparecer nas adequações curriculares, o que tem que aparecer nos currículos
específicos, mas por outro lado, o que pretendo o que eles façam, normalmente é trabalho
de grupo, e que depois tenham um olhar crítico sobre de que forma aqueles documentos
estão feitos e, fundamentem a sua análise, claro, não é! Fundamentem a luz do que,
entretanto, foi trabalhado. Claro que para isso, tem que dá a caracterização do aluno,
claro! Porque senão eles não podem perceber se aquilo está adequado ou não! Mas
normalmente os programas educativos tem uma parte da caracterização, portanto, eles
têm que analisar a adequação daquelas adequações curriculares, por exemplo, adequações
das adequações daquele aluno, aquela característica daquele aluno. Esses trabalhos
práticos acho que têm ajudado muito porque é assim que eles se apropriam daquilo que
vão fazer na prática! E percebem, de um lado, a dificuldade que é! Porque não é fácil
fazer esse tipo de documento, tomar decisões a nível curricular, porque o nosso sistema
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educativo é muito centralizado em termos curriculares! Ou pelo menos foi até muito
pouco tempo! Portanto há uma certa dificuldade dos professores em gerir o currículo,
decidir sozinho, como é de organizar as coisas em termos curriculares sem estarem
dependentes das orientações que vem de cima, e, por isso, é importante esses de trabalhos
práticos que eles se habituem em analisar as formas de organização que se podem fazer a
nível das adequações curriculares e das decisões que toma a nível dos currículos
específicos.
4- Quais as suas principais preocupações ao nível das metodologias de
formação/ensino que utiliza?
Há uma que é fundamental, parece a mim, que essas pessoas, todas essas pessoas, são
pessoas crescidas, são todos adultos e são profissionais, já são professores, muito deles
professores do ensino regular, mas são professores! Mesmo aquele que estão
desempregados, já foi professor em algum momento. E por isso considero muito
importante trata-los como adultos e como profissionais e isso exige que, tem que contar
as experiências deles, as experiências anteriores deles, e que integrem aquilo que eles vão
contando sobre suas experiências que integrem nas aulas, e, no fundo aquilo que vão
dizendo aos outros sobre o que já virão, o que já viveram, sobre o que já experienciaram,
tentar relacionar isso com as questões teóricas e com as abordagens teóricas que,
entretanto, vão fazendo. E, também organizo muitos debates na aula sobre questões que
são polémicas, são questões polémicas nessa área, não é! Não há nenhuma receita, a
partida de como é que vai fazer, não é! Temos que falar entre nós e tentar encontrar a
melhor solução, e as vezes, é a melhor das piores, não há uma boa solução, aquela que é
viável, que é exequível. E, por isso, estimulo muito os debates a partir das experiências,
tentando sempre relacionar isso com as abordagens teóricas sobre os temas, as temáticas
que estão a discutir, essa é uma preocupação, não deixar de fora as experiências que eles
já tenham, porque quando trabalha com adulto se não relacionarmos aquilo que estamos
a trabalhar com as experiências que eles já trazem, não fica lá nada! Os adultos só
integram aquilo que fazem sentido e aquilo que tenham necessidade, não é! Bem as
crianças também só integram aquilo que fazem sentido, mas muito mais facilmente os
adultos fazem isso. Se não tem que a ver com sua prática, com sua experiência, deixam
cair. Essa é uma preocupação e a outra é como estava a dizer, dar-lhes esse componente
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de prática, saber como faz um PEI e como já disse, não é que é dou-lhes o modelo,
exemplares de programas educativos e de adequações, mas saberem minimamente o que
é um PEI, e, os espaços que tem que dar e conseguir fazê-lo, não é! E aquilo até tem o
que pensar, sobre o que tem que pensar para conseguir elaborar as adequações.
5- Que relação se estabelece entre esta UC e as restantes UCs do mestrado?
O nosso curso tem 3 ramos. Nesse momento só está a funcionar apenas um ramo que
é cognição e multideficiência, mas ele tem 3 ramos, e basicamente o curso tem um tronco
comum aos 3 ramos e a seguir é que tem as especializações. Dentro da especialização da
educação especial, eles depois têm a especialização em problemas de cognição e
multideficiência, ou em surdez ou em linguagem ou em dificuldades de aprendizagem e
problemas emocionais. Essa cadeira que estou a falar integra-se no tronco comum, ou
seja, é igual para, se existirem os outros ramos, e se nós abrirmos os outros ramos, essa
cadeira é para todos os ramos. Isso significa que é uma cadeira muito mais voltada para
questões da inclusão e da forma como essas crianças são apoiadas nas escolas, das
respostas que se encontram para os alunos com NEE em geral, e, nas respostas que as
escolas encontram para os alunos com NEE em geral, e não especificamente para as
crianças com multideficiência ou com problemas de cognição ou com outra deficiência.
Portanto é uma cadeira genérica que podemos dizer que ao integrar-se no tronco comum,
ela é estruturante das outras cadeiras mais específicas relacionadas com cada uma das
deficiências. Porque essas cadeiras de tronco comum são aquelas que tem que a ver com
a inclusão de alunos com NEE em geral, seja qual for a necessidade que eles têm, não é!
Enquanto depois as cadeiras do segundo semestre, sobretudo as do segundo semestre, são
muito mais especializadas, são muito mais enfocadas para uma dada deficiência. Portanto,
essa cadeira relaciona-se com as outras na medida que dá um pano de fundo, uma visão
abrangente sobre as respostas curriculares que a escola pode dar aos alunos com NEE,
independentemente da perturbação ou da deficiência que tem. E também tento relacionar
isso, mais especificamente com a cadeira de metodologia de investigação, uma vez que
sou uma das docentes, não sou a única, uma das docentes dessa disciplina dando-lhes a
conhecer também, eu não falei disso há pouco, mas é importante, estudos sobre
adequações curriculares, estudos sobre as respostas educativas que as escolas dão aos
alunos com NEE, isso é muito importante sobre dois pontos de vista. Por um lado para
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eles se habituarem a serem consumidores da investigação, ou seja, a lerem estudos sobre
as questões que estamos a tratar e habituarem a recorrerem aos resultados das
investigações científicas para poderem fundamentarem aquilo que querem fazer e saber
porque querem fazer. Por outro lado, é também uma forma de os prepararem também para
a tese que terão que fazer no segundo ano, dissertação que vão ter que fazer para o
segundo ano. Por isso, tento também, e, aí é mais fácil porque sou a mesma professora,
não é! Relacionar as questões que, entretanto, já trabalhei com eles na cadeira de
investigação, e relacionar também com essa disciplina muito, usando resultado,
mostrando-lhes estudos que foram feitos realçando as metodologias e depois os resultados
para essa cadeira, o mais importante, são realmente os resultados desses estudos.
6- Como aborda a temática da inclusão na sua UC?
A inclusão está presente, onipresente nessa disciplina. (risos). Uma vez que essa
disciplina esta muito ligada às respostas curriculares que as escolas dão ou não dão, e,
que deviam dá (risos) aos alunos com NEE. A relação propriamente do que é isto da
inclusão, faço uma pequena abordagem histórica, apenas para terem a certeza de que
estamos todos a falar da mesma coisa, porque mais ou menos, todos nós falamos um
pouco disso em todas as cadeiras. Portanto, não é uma abordagem muito aprofundada,
mas eles também não precisam porque a inclusão já entrou no discurso pedagógico aqui
em Portugal, se entrou nas práticas é outra coisa, não é! Porque entra mais facilmente no
discurso do que propriamente na prática. Mas em termos globais eles sabem o que é
inclusão, sabem o que são os processos inclusivos, no fundo faço uma pequena
abordagem do que foi a Declaração de Salamanca, e da importância que teve, eu pego
muito no conceito de NEE para relacionar depois com as questões do currículo, sobretudo
naquela primeira definição que apareceu de NEE ainda em 1988 com Warnock Report,
que é a definição que é feita com base no currículo, na relação da criança com o currículo,
em vez de ser com base na deficiência, e essa definição dá muito jeito para depois pegar
as questões curriculares porque é uma entrada para questões curriculares. Obviamente
essa noção de NEE está também, embora tem aparecido antes, muito antes, mas também
relacionada com as questões de inclusão que depois vai dá na origem, em tomadas de
decisão a nível europeu e mundial de certo modo, através da OCDE.
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7- Que conceção de inclusão pretende que o formando adquira?
(risos), há muitas conceções de inclusão, é? (risos). Não sei se há assim tantas! Há uma
noção de inclusão mais abrangente, que abrange todas as crianças que tenham algum tipo
de diferença em relação a maioria, num dado país, em que, portanto esses alunos, esses
estudantes vão para a educação especial é importante que eles percebam que a noção de
inclusão não é só para alunos com NEE, é para todos aqueles que se tem a minoria, que
no fundo seja as minorias étnicas, linguísticas, culturais, sociais, económicas, etc. Claro
que depois não é essa que vou trabalhar em especial, não é! Mas acho que é importante
eles terem essa noção mais abrangente de inclusão, para não restringirem a noção de
inclusão apenas aos alunos com NEE. Pronto, e depois em relação aos alunos com NEE
propriamente dita, a conceção de inclusão eu acho que é aquela que toda gente tem, e que
os formandos devem ter! Que eles tenham possibilidade de desenvolver as suas
capacidades num ambiente mais natural possível, na companhia de pares, tanto quanto
possível, de modo poderem desenvolver alguma autonomia, socialização e também
algumas aprendizagens. Porque muitas vezes da inclusão escolar, não estamos a falar da
inclusão social ou outro tipo de inclusão, mas o problema da inclusão escolar muitas vezes
é que os professores considerem que essas crianças estão na sala sobretudo para
socializar, e, é evidente que socializem com pares da sua idade, com crianças, outros
jovens da sua idade, essa foi uma das razões pelas quais tentamos tirar das escolas
especiais foi exatamente pôr em contato com outras crianças, com outros jovens da
mesma idade com comportamentos típicos, com comportamentos normais, mas eles não
estão lá só para socializarem, eles estão lá para aprender e as vezes os professores
esquecem disso, que eles estão lá e basta só a socialização e não basta. Eles têm o direito
à aprendizagem como qualquer criança e, é por isso voltando a questão anterior, é tão
importante as adequações curriculares, exatamente para eles terem a possibilidade de
aprender tanto quanto possível acender ao currículo comum. Portanto em termo de
conceção de inclusão que nossos alunos adquirem é isso, inclusão não é só para os alunos
com NEE socializarem, é também para eles aprenderem com seus pares envolvendo-se
nas atividades na sala de aula como os outros e participando nas situações de
aprendizagens tal como os outros. Claro que não estou a falar dos casos mais graves em
que a participação é muito mais reduzida, o envolvimento na sala de aula é muito mais
reduzido, não podemos ser demagógicos, evidente que há crianças com deficiência muito
graves e muito limitativas em termos da autonomia, em termos da comunicação e,
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portanto, que isso se torna muito mais complicado a participação em sala de aula. Isso
tem que ser pensada em função das características da criança e das suas possibilidades
em temos de participação em sala de aula. Acho como princípio básico, é importante
pensar que a inclusão não é só sinónimo de socialização, é também sinónimo de
aprendizagem conjunta.
8- A ação do professor de educação especial deve ser mais centrada no aluno,
no professor da turma/professor curricular, nos pais, na escola?
Em tudo! (risos), mas acho que depende essencialmente da situação, do caso do aluno.
Porque há modelos de apoio ao professor do ensino regular, funciona muito bem! Em que
o apoio direto ao aluno até nem é necessário. Há situações em que isso é possível, mas
também há situações que é importante fazer apoio direto ao aluno, há outras situações até
a criança tem que está a maior parte do tempo numa unidade de apoio. Então depende
muito dos casos. De qualquer maneira seja quais forem os casos é fundamental a relação
com as famílias, porque sem isso, dificilmente as crianças evoluem. A articulação entre
os professores do ensino especial, do ensino regular e as famílias é fundamental para
criança conseguir ter um ambiente que seja estimulador em casa e na escola. Que no fundo
remem para o mesmo lado, que se lutem para mesmas coisas, as funcionalidades sejam
as mesmas, em vez de cada pessoa está a puxar para o seu lado. E aí, em casos mais
graves, ou nem tanto, há também a colaboração com outros profissionais que estão
envolvidos, como os terapeutas, psicólogos e talvez até os médicos, e é importante que
tudo isso funciona com alguma articulação entre si porque senão cada um a puxar para o
seu lado, dificilmente se chega a um porto de abrigo em comum. Penso que
fundamentalmente os professores de educação especial devem canalizar o seu apoio para
a díade, aluno com NEE, professores do ensino regular, vendo depois, qual deles é que
tenha que dar um apoio mais específico. Porque se puderem dá só ao professor, e se as
coisas puderem funcionar só com apoio indireto, indireto ao aluno, apoio só ao professor,
é preferível, não é, é obvio! Só que na maior parte dos casos o aluno nem precisa de apoio
e aí é portanto é preciso dá aos dois. A colaboração do professor do ensino regular é
fundamental, mas uma vez, se um faz de uma maneira e outro faz doutra e um quer atingir
um objetivo, e outro quer atingir outro, não há criança que resista, coitadinha!
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9- Que conhecimentos (saberes) considera que um docente de educação
especial deve possuir? Deve ser um especialista em…?
Acho que… vamos começar por outro lado. Em Portugal os professores só podem ser
professores em educação especial depois de fazer um curso, é claro! Mas também tem
que ter cinco anos de experiência como professor. Isso existe em Portugal e alguns países,
não a todos. Há países em que a formação de educação especial é logo na formação inicial.
Mas quando em Portugal se pede que eles tenham pelo menos cinco anos de serviço,
como professores do ensino regular, isso significa o que se espera que esses docentes
tenham já uma formação e uma experiência como professores em termos gerais, em
termos do trabalho com todos os alunos. Depois a especialização tem que está voltada
para educação especial, mas também não pode esquecer essa formação geral de qualquer
professor, também tem que aprofundar esses conhecimentos gerais da docência,
conhecimento profissional docente, que é fundamental e que é de base, porque sem ele os
conhecimentos que são específico do professor de educação especial ficam a funcionar
no vazio. Em termo de perfil há competências específicas do professor de educação
especial, mas que essas competências específicas estão sustentadas, estão enraizadas em
competências gerais dos professores, daquilo que é do conhecimento profissional de
qualquer professor, e é sobre esse conhecimento profissional docente que depois vai
construir o conhecimento específico do professor de educação especial. Portanto é um
perfil especializado, sim, mas que tem por base o perfil geral dos professores, e que nós
temos isso bem definido. Em relação aos professores da educação especial,
especificamente, não há um perfil definido por lei, mas há um diploma, não é um diploma,
na verdade é um regulamento que tem as várias funções que os professores de educação
especial devem desenvolver quer no apoio aos alunos, quer no apoio aos professores, e,
portanto, no apoio aos professores muito de assessoria, quer no apoio aos diretores da
escolas, também de assessoria de ajuda a organizar a educação especial dentro da escola
e as respostas que se dão aos alunos com NEE e depois tem outras funções genéricas que
estão ligadas, como eu dizia as competências de todo os professores ao conhecimento
profissional que o professor tem que ter.
10- Como perspetiva a abordagem da inclusão nas escolas?
A abordagem feita por quem?
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Feita pelos futuros professores de educação especial?
Não sei muito bem o que quer dizer com abordagem? Mas no fundo os professores são
supostos trabalhar com os professores do ensino regular, trabalhar em termo colaborativo
e acho que é nesse trabalho, é com esse trabalho de colaboração que se aborda a inclusão,
ou seja, não me parece que deva haver ações de formação ou grandes conferências sobre
as questões da inclusão. Acho que é no trabalho de todos os dias, é no apoio que se dá aos
professores do ensino regular para superar os problemas que tem quando aparece esses
alunos em suas salas. É aí que se aborda a inclusão, é aí que faz perceber aos professores
que isso é inclusão. Não é com discursos. É no trabalho do dia-a-dia e no fundo vão
levando os professores pensarem um pouquinho sobre os assuntos, a questionar se este
aluno está bem ou não está. Essa é a melhor forma de trabalhar com ele! Depois tem coisa
tão simples que é perceber se este é o melhor sítio para ele está! O melhor grupo de
trabalho para ele está! É assim que se aborda a inclusão, tentando ajudar a resolver os
problemas de todos os dias.
11- No seu ponto de vista, como é que a equipa docente do mestrado se articula
ou não no sentido de veicular uma conceção de inclusão, junto dos
formandos, de forma consistente e coerente nas diferentes unidades
curriculares? Há essa articulação entre a equipa?
Articulamos muito bem! Somos pessoas que trabalhamos há muito anos juntos, pelo
menos 20 anos trabalhamos juntos, no entanto somos uma equipa pequena. Tornou-se
pequena porque essa equipa era muito maior, porque em tempo que lá vão, o curso não
era pós laboral, era um curso em que as pessoas tinham dispensa do serviço, os
professores tinham dispensa para vim tirar o curso, e tinha estágios, durava 3 anos e tinha
muito alunos, depois o curso passou a pós laboral, começamos a ter menos alunos e a
equipa foi-se reduzindo, então estamos habituados a trabalhar juntos há muito tempo, e
isso é bom porque temos a mesma linguagem, podemos ter conceções diferentes sobre
algumas questões, mas temos a mesma finalidade em termos daquilo que queremos dos
nossos alunos saibam e aquilo que queremos que eles saibam fazer, não só daquilo que
eles conheçam, mas aquilo que queremos que saiba fazer.
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12- Bem, dentro da avaliação da unidade curricular em que leciona, quais os
aspetos positivos que identifica na lecionação desta UC? Aspetos positivos e
se há algum constrangimento?
Não, eu fiz há pouco tempo o relatório da avaliação dessa unidade e não há grandes
obstáculos, grandes constrangimentos. Penso que a parte melhor são esses trabalhos
práticos e depois os trabalhos que os alunos fazem para a avaliação são geralmente muito
positivos. A avaliação que os alunos fazem da cadeira, porque eles avaliam a disciplina e
os professores por causa do gabinete da garantia da qualidade que existem na escola e no
IPL. Eles fazem uma avaliação da disciplina e do professor e a avaliação é bastante boa,
numa escala de cinco em que os cinco é maior, está no quatro e qualquer coisa, está
bastante bem!
13- E como estabelece nesta UC a ligação entre teoria e prática?
São feitos muitos trabalhos práticos nas aulas ou fora dela porque o trabalho final
também é prático e é feito fora dela, mas outros são feitos na aula e com meu apoio, isso
para um lado, e por outro, como dizia antes, é a integração das experiências dos alunos,
das experiências anteriores dos alunos, dos casos de crianças que eles conhecem, dos
problemas que tem nas escolas com os alunos com NEE, ou com os professores, ou alguns
professores que tem dificuldade em aceitar a inclusão. Portanto são esses assuntos todos
que os alunos já trazem com sua experiência são debatidos e isso ajuda muito a relação
entre teoria e prática.
14- O que pensa que muda nos formandos com a participação nessa unidade
curricular de Práticas?
Espero que aprendam a fazer, e pelo menos nos trabalhos finais parecem que
aprenderam, aprendam a fazer os programas educativos individuais, aprendam aquilo que
é preciso colocar nas adequações curriculares e saibam trabalhar com os professores do
ensino regular de maneira que esses programas educativos individuais e essas adequações
curriculares sejam frutos de um trabalho conjunto, não é só ele saber fazer e saber ajudar
como o professor do ensino regular e colaboram com eles, que esses documentos sejam
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fruto de um trabalho conjunto que os dois professores, ou os três, ou os quatro, se for nos
ciclos mais avançados, pôr em prática, sobretudo eu gostava que depois dessa disciplina
os professores ficassem em ter a ideia, que está muito difundida entre professores
portugueses, que tudo que seja o que escrever coisas no papel é burocracia. A muita ideia
se tenho de fazer um projeto curricular, se tenho que fazer programa educativo individual,
se eu tenho que fazer adequação curricular, isso são uns papéis que tenho que fazer e que
me mandam fazer, e que depois se esqueçam e não me serve de nada. Essa ideia que quero
desmitificar, quero que eles deixem de resistir, porque esses documentos ou servem para
orientar o nosso trabalho com os alunos, ou, então não vale a pena fazê-los, para está a
fazê-los uma coisa só porque nos mandaram é perder o nosso tempo a escrever relatórios
que não servem para nada, não vale a pena! Portanto, é tentar que eles percebam que esses
documentos é uma parte importante do nosso trabalho porque tem relação daquilo que
vamos fazer a seguir, porque os outros orientam para o trabalho que vamos fazer com
aquela criança, se não for isso, não vale a pena!
15- Que perceção tem das mudanças e das práticas que os formandos
desenvolvem nas escolas?
Existem uma cadeira que é a Prática Inclusiva, mas não é supervisionada, mas nós
vamos a ter contato com os alunos. Eu por exemplo, nesse momento estou a fazer, a
pedido de uma ex. aluna desse curso, estou a fazer uma ação de formação numa escola
do 2º e 3º ciclo aqui de Lisboa. Essa ex. aluna e mais três ex. alunas que lá estão, foram
alunas formadas por nós. Então há quatro professores que foram formados por nós. Mas
a ação de formação que estou a fazer não é para eles, são para outros professores, mas a
partir daquilo que os professores vão-me contando durante a sessão de formação, porque
tento também ouvi-los e perceber o que eles costumam fazer, como é a experiência deles,
dá para perceber que os nossos alunos tentam ter uma intervenção muito presente, tentam
apoiar os professores, as vezes tomam decisões que os professores não gostam muito, mas
no geral os outros professores tem uma boa imagem do papel dos professores de educação
especial. Isso é bom, isso nunca existiu porque numa altura no nosso país tinha a ideia
que o professor de educação especial não sabia muito o que está ali a fazer. E ali não, é
evidente que isso não é representativo, nem significativo, é apenas um corte dentro da
situação das muitas escolas que exista, mas dá para perceber pelo menos alguns dos
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nossos ex. alunos fazem um bom trabalho. Isso não quer dizer que sempre haja acordo
entre os professores do regular e do especial porque é evidente que tem funções diferentes,
não tem a mesma opinião, mas dá para perceber que eles tentam negociar, tentam
encontrar soluções alternativas, assumidas coletivamente, acho muito importante.
16- No seu ponto de vista e a partir do feedback que recebe dos alunos, em que
medida esta UC corresponde às expectativas dos formandos/futuros
professores do mestrado em que ela se integra?
Como eu disse, a partir da avaliação que os alunos fizeram da cadeira, aliás, acho que
um dos itens é mesmo sobre isso, sobre a expectativa ao desempenho do futuro
profissional, e no geral estão contentes. Aquilo não são respostas qualitativas, são
respostas a um questionário, portanto o que tem é uma média, no geral é bom, acho que
corresponde o que eles querem, pelo menos dizem que sim!
17- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Não, acho que não.
18- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Não, falamos demais (risos).
Agradecimentos…
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- FORMANDO – F1
Data da realização: 10 de Maio de 2016
Duração da entrevista: 18 minutos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistado:
Data de Nascimento: 08/04/1982
Formação inicial: professora do 1º ciclo
Tempo de serviço: 10 anos
Tempo de serviço na educação especial: Não, a experiência que tenho é ter alunos em
sala com Necessidades educativas. A formação estou a tirar agora.
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 18 minutos, onde a
entrevistada sentiu-se à vontade utilizando uma linguagem clara e de fácil compreensão.
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TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
1- Quais os motivos que levaram a querer frequentar o curso de especialização
em educação especial? Por que veio fazer essa especialização?
Em primeiro lugar, ou melhor, antes de até começar a trabalhar como professora, eu
lembro-me desde de sempre as pessoas diferentes, as diferenças foi algo que sempre me
disse alguma coisa, eu tive experiência como aluna, de ter colegas com NEE que deixaram
me uma marcada muito positiva e sempre estive a tentar muito isso. Depois um dia mais
tarde como estudante para ser professora foi sempre alguma coisa que me despertou,
mesmos nos estágios, as crianças por algum outro motivo serem diferentes, chamaram
me sempre à atenção. E depois na minha profissão já, acho que é sentir uma grande lacuna
na formação e queria dá respostas válidas aos meus alunos e tinha dificuldade e sinto
dificuldades. Portanto já é alguma coisa antiga, não é uma necessidade recente é alguma
coisa que já tenha vindo desde aluna, não só como professora, mas como aluna também.
2- Quais eram as suas expetativas?
Bem as minhas expectativas sempre foram encontrar respostas para as perguntas.
Sempre quis, lá está, conseguir ser a mais-valia para os meus alunos e saber de uma forma
prática, dá respostas a necessidades deles, e, foi por aí. E as expectativas por um lado
corresponderam, foram correspondidas. Por outro não, acho que aquilo que consegui
perceber, principalmente no ano passado, ah como posso dizer! O curso abre nos muito a
consciência, dá uma visão diferente das coisas e estimula nos muito a procurar, a serem
nós a procurar, na realidade não dá respostas práticas, aquilo que queremos, e, aquilo que
queremos é fácil! Não e´? Para esse problema temos essa resposta, para aquele problema
temos essa resposta, e, não é bem assim. Mas alerta nos muito e abre nos principalmente
a possibilidade de procurar, de saber mais, é por esse lado!
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3- O que entende por inclusão?
Acho que a inclusão é… a forma que nós temos de olhar para todos de forma igual,
garantir a todos as mesmas oportunidades e dar a todos a oportunidades do sucesso,
principalmente, é por aí! Receber a diferença! Respeita a diferença! É tentar responder às
necessidades.
4- Qual a sua perceção sobre o currículo desenvolvido nesse curso na
perspetiva da inclusão nos contextos escolares?
Eu acho que ele nos dá uma boa resposta. Só que é um tema tão complexo que é difícil
conseguir lá está! E difícil de dar nos todas as respostas que queremos ouvir, portanto,
acho que uma parte importante que é fomentar a procura, o querer saber mais, o despertar
de consciência, acho que é muito por aí, depois o resto somos nós é que temos a fazer!
Não há nenhum currículo que nos dê tudo aquilo que precisamos, acho que é basicamente
isso!
E a perceção do currículo tem-te deixado com mais conhecimento? Com mais
perspetiva para a inclusão?
Sim, claro que sim! A uma parte muito positiva que tem a ver com o currículo por suas
diferentes perspetivas! Mas também depois de haver muito como a forma que ela é
trabalhada e a forma como, por exemplo, a mim fazia mais sentido e fez mais sentido, os
espaços em que podemos compartilhar as experiências! O espaço que podemos conversar,
refletir sobre as coisas, essa é uma parte importante, porque nós podemos estudar sem
dúvida a vários estudos que são feitos, há várias temáticas que são abordadas, mas depois
a outra parte, que é a parte prática, é aquela que nos sentimos mais falta, e essa parte
curricular é muito importante.
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5- Como são articulados os conhecimentos teóricos com as práticas inclusivas
atribuindo a importância da diversidade cultural nos contextos escolares?
Como acontece?
Acho que aí, e, é por uma questão de tempo, essa articulação é um bocadinho difícil
de fazer, ou pelo menos no imediato não conseguimos percebê-la. E lá está mais uma vez,
dão-nos ferramentas e forçam-nos, não é forçar, abrem caminhos para que nós tínhamos
que ir a procura e temos nós que chegar a uma resposta. Porque a articulação no curso
nós não conseguimos ver essa articulação de teoria com a prática. É difícil, e depois aquilo
que eu não sei, a parte curricular aponta para um caminho e nós temos que responder
sempre através dos trabalhos e depois estamos muito condicionados em relação aos
contextos, e, essa articulação as vezes fica complicado de se fazer.
6- Qual o seu entendimento sobre as condições que devem ser reunidas para
tornar a aula/escola mais inclusiva?
Acho que o espaço mais privilegiado é a sala de aula. E, é na sala de aula que nós
professores temos que tornar uma sala dinâmica em que haja a participação de todos, em
que haja uma partilha, uma partilha de, como eu possa dizer, não é, não queremos um
professor autoritário, nós queremos uma interação entre os alunos, onde podemos todos
aprenderem, onde todos podemos ensinar alguma coisa e devemos está aberto a isso!
Acho que essa é a melhor forma de incluir. Estarmos preparados para ensinar, para
aprender, para ouvir, para negociar. E o espaço privilegiado é a sala de aula, porque de
fato é na sala de aula que os professores partilham mais tempo com os alunos. É claro que
também pode desenvolver esse trabalho a nível do recreio, mas quando falamos de
professor e aluno acho que o espaço privilegiado é mesmo a sala de aula
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7- Partindo para avaliação da formação. Com base nesta experiência
formativa e nos conhecimentos que vem adquirido, que opinião tem
relativamente ao processo, ao modelo de formação de professores para
educação especial? Podem apontar alguns aspetos positivos e menos
positivos).
Acho que na verdade nós estamos muito condicionado pelo tempo. E o tempo limita-
nos, não só porque daquilo que dava me para pensar, as aulas têm tempo muito limitado,
os temas têm que ser desenvolvidos nas aulas e depois parece que tem coisa que nos
escapam. Aquilo que de fato eu considero, ou que talvez fosse mais necessário a esse
modelo é mais abertura para a partilha, para o conversar, porque o tempo limita muito a
esse nível. E nós precisamos, e acho que é um defeito profissional, gosta muito de falar,
gosta muito de partilhar, gosta muito de dar opinião e muitas vezes não havia tempo para
isso, não sentia tempo para isso.
E teve algum aspeto positivo nessa formação?
Teve sim, eu gostei muito achei muito interessante a abertura de diferentes áreas, por
exemplo, no meu curso tinha diferentes profissões, portanto nessa ótica dos diferentes
profissionais era uma coisa interessante, assim como nos diferentes níveis de ensino, essa
é uma riqueza. Penso de uma maneira geral consegui dar resposta aos diferentes públicos,
acho que foi um aspeto positivo.
8- Nesta fase final do processo de formação, como caracteriza o grau de
preparação para promover a inclusão de todos os alunos nos contextos
escolares eu não digo apenas os categorizados com NEE?
Acho que nunca estamos preparados. Acho que nos dá alguma segurança, mas os
ganhos só vêm de acordo com a experiência e nada melhor do que a experiência para
conseguirmos e ver se estamos preparados ou não! É óbvio que dentro daquilo que estava,
mas de qualquer forma há alguma insegurança, e, isso acho que não tem a ver com a
formação, tem a ver com a forma que cada um seja, e, é por aí, digo-lhe que não estou
totalmente preparada, porque não me sinto! Estou disposta, é importante a atitude da
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pessoa, o aceitar, o querer, o crescer. Uma das coisas que consegui constatar aqui é que
aprender nunca é demais! Agora posso saber mais do que sabia antes, mas ainda há muita
coisa para aprender e quero aprender muito mais. Portanto, é continuar a apostar.
E essa preparação está “pronta” para receber qualquer tipo de aluno, dentro da
diversidade que encontramos na escola?
Acho que não, nesse momento estou num contexto onde a diversidade não é evidente,
mas já estive em contexto onde de fato havia uma grande diversidade, uma riqueza
extraordinária cultural, e, essa sem dúvida é a bagagem que trago e esse foi o momento
que foi realmente me mostrou, e porque devemos acreditar na diferença, na diversidade?
Mas de fato há muitos panos com a diversidade cultural.
9- Bem, partindo para nosso último bloco, que sugestões propõe para a
melhoria da formação de professores para educação especial? Tem alguma
sugestão para melhorar essa formação?
No meu caso a necessidade que sinto, mas nem sei se posso atribuir ao curso, ou a mim
próprio, porque aquilo que noto é que sinto uma parte muito mais prática. Agora, é porque
também estou limitada, estou a trabalhar e, essa parte prática é difícil de conciliar horário.
Eu gostaria muito de ver práticas inclusivas, diferentes das minhas, porque há
determinadas experiências que ainda não tive e gostaria de ver, se saber como funciona,
de está lá, de poder participar e isso não me é possível. Isso não tem que a ver com o
curso! E eu gostaria de ter oportunidade de ir a unidade de apoio, de participar, mas eu
própria não consegui por não ter disponibilidade. Mas tive colegas que foram, os
professores deram-lhes essa oportunidade, bem elas contaram nas experiências, mas não
é igual.
10- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Não, não tenho
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11- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Não, (risos) espero ter colaborado. Mas aquilo que acho é que quando nós fazemos as
perguntas eu ainda estou tão encima do acontecimento que eu ainda não tenho o
distanciamento necessário para avaliar melhor as situações. E acho que, se a entrevista
fosse feita daqui a 6 meses, um ano, conseguisse dá uma outra perspetiva, ou uma
perspetiva mais clara, percebe? E agora tenho alguma dificuldade de distanciar-me e
avaliar alguma coisa na qual ainda estou tão envolvida. Espero ter ajudado, não sei se
consegui! (risos)
Bem finalizamos a nossa entrevista eu agradeço por ter prestado todas essas
informações e meu muito obrigada.
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- FORMANDO – F2
Data da realização: 29 de abril de 2016
Duração da entrevista: 9 minutos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistado:
Data de Nascimento: 17/05/1983
Formação inicial: professora do 1º ciclo
Tempo de serviço: 10 anos
Tempo de serviço na educação especial: Não tem, quer dizer antes de fazer a pós-
graduação eu trabalhei num colégio de educação especial, em substituição.
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 9 minutos, onde a
entrevistada sentiu-se a vontade utilizando uma linguagem clara e de fácil compreensão.
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TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
1- Quais os motivos que levaram a querer frequentar o curso de especialização
em educação especial? Por que veio fazer essa especialização?
Primeiro por interesse pessoal. Portanto quando…sempre foi um dos meus interesses
quando terminei a formação inicial era tirar uma especialização em educação especial.
Em segundo lugar, por necessidade, portanto, quando terminei a formação inicial fui
colocada num colégio de educação especial e percebi que realmente tinha muito pouca
formação e entrei, não é? Ampliar os meus conhecimentos.
2- Quais eram as suas expetativas?
Quando iniciei? Portanto, pensei que com essa formação, não é? Pudesse sentir me
mais preparada, não é? Quando estou na sala de aula, quando me deparo com alunos com
diferentes NEE, portanto, para sentir me mais preparada para poder ajudá-los.
3- O que entende por inclusão?
Inclusão entendo que é quando as crianças com NEE estão nas escolas de ensino
regular, mas que estão verdadeiramente incluídas que participam nas atividades com seus
pares e não estarem apenas só na sala de aula, num canto e a professora dá um trabalho
diferente. Portanto, inclusão é quando esse aluno consegue acompanhar a turma com seus
colegas, claro que tem que ter adequações! Mas que poderá fazer a mesma coisa.
4- Qual a sua perceção sobre o currículo desenvolvido nesse curso na
perspetiva da inclusão nos contextos escolares?
Penso que é bom, penso que têm um bom currículo porque faz nos ir ao terreno,
portanto, pede nos muitos trabalhos práticos em que temos que ir ao terreno observar e
encontrar estratégias para determinados alunos com NEE, portanto, nesse sentido acho
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que é bom, acho que poderia ser mais prático, acho que no início foi um pouco teórico e
nós vimos sempre a procura da prática, da experiência, portanto, mas mesmo assim acho,
acho que sim, no modo geral, tem um bom currículo.
5- Como são articulados os conhecimentos teóricos com as práticas inclusivas
atribuindo a importância da diversidade cultural nos contextos escolares?
Como acontece?
Por exemplo, na maior parte das disciplinas há sempre a parte inicial que é teórica, e
depois lá está, como tinha dito com aqueles trabalhos que nós temos que fazer, temos que
conciliar a prática com … a teoria com a prática.
6- Qual o seu entendimento sobre as condições que devem ser reunidas para
tornar a aula/escola mais inclusiva?
Mesmo dentro da nossa profissão ou?
Assim. O seu entendimento nas condições que são reunidas, dentro da sua
profissão?
Portanto, dentro da minha profissão acho que é fundamental haver uma redução de
alunos por turma. É fundamental também que os professores tenham mais formação para
poderem ajudar seus alunos, haver mais materiais também, mas principalmente a
formação, a formação de professores e a redução de alunos por turma, porque com quase
30 alunos, pouco consegue fazer com aluno que tenha NEE acentuada!
Então não há redução de turmas?
Há redução de turma, mas é uma redução quanto a mim que é insuficiente, porque
passa por exemplo passa de 26 ou 30 alunos para 25, portanto não é suficiente. Temos
uma turma de 25 alunos com um aluno com NEE acentuada, acho, acho que não é
suficiente!
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Isso é dentro da sala de aula. E na escola?
Na escola, na escola … há muita coisa a fazer, por exemplo, as auxiliares não estão
preparadas para lidar com as dificuldades dessas crianças, muita das vezes são elas que
passam a maior do tempo com elas e não tem a formação, portanto, há muita coisa a
mudar, os pais também, portanto, devia-se promover mais encontros e incentivar para que
haja maior inclusão mesmo em relação na comunidade escolar, que não há, geralmente
essa criança fica excluída, fica sempre na sala de aula ou na unidade de multideficiência,
acaba por ficar muito, muito, escondida.
7- Partindo para avaliação da formação. Com base nesta experiência
formativa e nos conhecimentos que vem adquirido, que opinião tem
relativamente ao processo, ao modelo de formação de professores para
educação especial? Podem apontar alguns aspetos positivos e menos
positivos).
Na ESE? Quais, desculpe?
Sim, nessa formação, por exemplo, com base nessa experiência formativa na qual
está a frequentar e nos conhecimentos que foi adquirindo ao longo da formação, que
opinião tem relativamente ao processo, ao modelo de formação que a ESEL propõe?
É um modelo bastante expositivo, não é! Portanto, como tinha dito, acho que
necessitamos de mais de prática, há um ou outro professor que realmente lecionam aulas
mais práticas, mas há outros que as aulas são mais expositivas.
8- Nesta fase final do processo de formação, como caracteriza o grau de
preparação para promover a inclusão de todos os alunos nos contextos
escolares eu não digo apenas os categorizados com NEE?
Penso, penso que sinto me melhor, não é! Sinto me com mais conhecimentos daqueles
que eu tinha, não é? Portanto, sinto me mais preparada, mas penso que ainda não é o
suficiente, portanto nós fazemos essa formação, e depois acho devemos pôr em prática
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todos os conhecimentos que adquirimos, portanto acho que depois, por exemplo neste
caso, eu não estou a trabalhar na educação especial, penso que quando começar a
trabalhar, acho que…
9- Bem, partindo para nosso último bloco, que sugestões propõe para a
melhoria da formação de professores para educação especial? Tem alguma
sugestão para melhorar essa formação?
Penso que realmente são as aulas serem mais práticas, ir ao encontro das dificuldades
que nós sentimos no dia-a-dia nas nossas aulas com nossos alunos, é fundamental, por
vezes é muita teoria e depois nós chegamos a nossa sala de aula e verificamos que não é
bem assim, que não conseguimos adaptar, não é? (risos). Não conseguimos fazer aquilo
que aprendemos ou pôr em prática aquilo que aprendemos (risos).
10- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Penso que não. (risos).
11- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Penso que não. (risos).
Bem finalizamos a nossa entrevista eu agradeço por ter prestado todas essas
informações e meu muito obrigada.
Obrigada eu! (risos).
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- FORMANDO – F3
Data da realização: 06 de Maio de 2016
Duração da entrevista: 20 minutos e 44 segundos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistado:
Data de Nascimento: 01/02/1976
Formação inicial: Pré-escola
Tempo de serviço: 17 anos
Tempo de serviço na educação especial: Não tenho. Trabalhei na Intervenção Precoce
e na altura que trabalhei, cá em Portugal, pertencia ao grupo de recrutamento da pré-
escolar, e, entretanto, há alguns anos é que passou ao grupo 910 que é da educação
especial. Trabalhei na educação precoce e não na educação especial
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 20 minutos e 44
segundos onde a entrevistada sentiu-se à vontade utilizando uma linguagem clara e de
fácil compreensão.
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TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
1- Quais os motivos que levaram a querer frequentar o curso de especialização
em educação especial? Por que veio fazer essa especialização?
Eu vim fazer a especialização porque tive antes a trabalhar na Intervenção Precoce e
foi uma área que despertou me à atenção, e eu adorei trabalhar com aquelas crianças,
então resolvi e na altura como não tinha qualquer especialização, tive na universidade
quando tirei a formação básica, tinha tido cadeiras de educação especial, mas não tinha
mais nenhuma formação, então resolvi aprofundar os meus conhecimentos, ter vindo para
aqui tirar o curso no mestrado em educação especial.
2- Quais eram as suas expectativas?
(risos) … As minhas expectativas eram um bocadinho altas (risos), pensava que talvez
fosse um bocadinho diferente, um bocadinho também prático, e foi um bocadinho
diferente quando cheguei e notei que era completamente diferente daquilo que tinha
esperança que fosse. Mesmo quando li as unidades curriculares, pensei que tratassem
outros assuntos que não eram e não foram bem tratados.
Então suas expectativas foram negativas ou positivas!
Eu tinha uma expectativa alta, mas acabou por ser positiva, porque houve algumas
unidades curriculares acho que são imprescindíveis para o curso, mas acho que houve
outras que não suscitaram assim muito interesse, e se calhar, haveria de ser abordados
outros temas foram abordados e as unidades curriculares que são muito curtas e acho que
poderiam ser mais longas, porque certas coisas são dadas a correr e depois nós não temos
tudo.
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3- Dentro da perspetiva da inclusão. O que entende por inclusão?
Bom a inclusão é um bocadinho complicado, porque não é só simplesmente o aluno
está na sala que o inclui, não é! Ele tem que participar das atividades, participar de tudo
e em tudo que envolve as atividades do meio escolar, estamos a falar dos meios escolares,
não é! Não é ele ir a sala, como acontece, maior parte das vezes os alunos vão a sala e lá
estão incluídos e eles não estão incluídos porque os outros alunos estão a realizar as
atividades que devem realizar e eles realizam outros tipos de atividades dentro da mesma
sala, para mim isso não é inclusão! Inclusão é tentar que esses alunos consigam participar
em atividades juntamente com outros alunos, participem em tudo e sejam mesmo
incluídos, mesmo na turma e não só estarem lá participar, marcar presença! Pronto!
4- Qual a sua perceção sobre o currículo desenvolvido nesse curso na
perspetiva da inclusão nos contextos escolares?
Bem, não sei se é bem isso…. É, por exemplo, eu quando entrei aqui pro mestrado,
não estava a trabalhar e não tinha contato com qualquer instituição de educação especial,
e, aqui eles exigem um bocadinho que trabalhem no terreno, temos que fazer o trabalho
no terreno e é um bocadinho difícil nós conseguirmos trabalhar no terreno porque quando
não temos contato no terreno, isso é uma das coisas que falamos no curso, que deveriam
ter protocolo com algumas instituições, para quem não tem contato, poder fazer os
trabalhos e poder ver realmente. Eu tinha colegas que nunca tinha tido contato com
crianças e trabalhar com crianças da educação especial. Nosso curso é voltado para a
multideficiência e eu nunca tinha tido qualquer contato com a multideficiência, e acho
que deveriam existir protocolos entre a Escola e as Instituições para que pudéssemos
visitar e ver realmente como as coisas funcionam na prática.
E a abordagem do currículo, desenvolve a perspetiva da inclusão?
Sim, houve várias disciplinas que abordavam a inclusão, e falavam sobre a inclusão e
como deveríamos incluir os alunos nos contextos escolares. Abordam, mas acho que é
um tema difícil, não é necessária muita teoria, porque aborda-se muito em termo de teoria,
mas aí em termos de práticas é muito difícil a inclusão e, é isso que falta, ou experiências,
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coisas concretas sobre a inclusão dos alunos, alguém que fala da inclusão. Olha! Como
foi feita a inclusão desse aluno nessa sala de aula! Acho que são coisas importantes, aqui
há muita teoria e depois as coisas na prática, não é assim!
5- Como são articulados os conhecimentos teóricos com as práticas inclusivas
atribuindo a importância da diversidade cultural nos contextos escolares?
Como acontece?
Acho que não acontece muito, porque isso depois depende de cada um de nós quando
vamos para a prática, aplicar a teoria. Pelo menos agora no nosso país, nós temos aqui
muitas crianças de várias nacionalidades, e, agora temos muitas crianças refugiadas e não
sabemos o que essas pessoas passam, não sabemos e é um bocadinho difícil. Vejo as
pessoas dizer o que pode fazer, quando, se calhar, em todos os aspetos e não sabemos
bem, são culturas diferentes, a língua é complemente diferente, e, por vezes é difícil
articular a teoria e mesmo, agora falando numa sala de aula, a teoria é mesmo difícil de
aplicar, há grupos diferentes, grupos diferentes, e, é difícil articular mesmo o trabalho
para que se consiga fazer alguma coisa.
E o curso aqui trouxe alguma abordagem de teoria com a prática, quando chega
na escola e ver essa diversidade cultural?
Acho que não. Nós vemos a teoria e depois na prática onde cada um conseguiu, acho
que não há muito essa ligação, essa é a minha opinião!
6- Qual o seu entendimento sobre as condições que devem ser reunidas para
tornar a aula/escola mais inclusiva?
É muito difícil tornar uma aula inclusiva, é muito difícil! Porque tem a ver com as
mentalidades das pessoas que lá estão. E digo que é difícil, e os professores as vezes não
aceitam. É difícil ter uma criança com NEE em sala porque essa criança precisa de mais
apoio, e nesse momento nas escolas, digo no 1º ciclo e acontece assim. O professor é
titular e não há mais ninguém na sala e estão lá os alunos, e as vezes mais de um, e o
professor tem que dar atenção a todos os alunos e é difícil conseguir concentrar-se só nos
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alunos com NEE, necessitavam de mais apoio. Uma das coisas é que deveriam haver mais
pessoal, docentes na escola para conseguir fazer um trabalho melhor com esses alunos e
mudar um bocadinho essas mentalidades também dos outros alunos, porque as vezes
afastam até as crianças com NEE, tem lá os problemas deles.
Isso dentro da sala de aula e no contexto escolar?
No contexto escolar! Há muitas barreiras que continuam, existem muitas barreiras
físicas nas nossas escolas, as escolas não estão preparadas para esses alunos, mesmo
aquelas que têm elevadores, eles não podem descer porque tem que ter um funcionário
para ajuda-los. Em termos físicos, as escolas precisam de muitas mudanças e nesse
momento precisa de acessibilidade. Porque são poucas escolas, e até tem escolas que
foram construídas que tem escadarias e tem muitos degraus para chegar a sala de aula.
Portanto, os acessos são fundamentais.
7- Partindo para avaliação da formação. Com base nesta experiência
formativa e nos conhecimentos que vem adquirido, que opinião tem
relativamente ao processo, ao modelo de formação de professores para
educação especial? (Podem apontar alguns aspetos positivos e menos
positivos).
Bem eu gostei da formação. Aprendi muita coisa quando cá estive na formação. Pena
que teve algumas unidades foram dadas, não por culpa dos professores, mas pela falta de
tempo a correr. Houve uma das unidades curriculares que tivemos e para quem ia fazer a
tese era uma unidade curricular importante e não havia tempo suficiente para essa unidade
que havia muita teoria que teria que ser passada e não haveria tempo suficiente para passar
essa teoria. Então foi um bocadinho a correr, numa aula falávamos de uma coisa e outra…
nós não tivemos tempo. Bem quem nunca fez tese, não tivemos tempo para nos
percebermos bem… eu tive que fazer análise de conteúdo, bem e na altura não estava a
fazer a tese deveríamos ter ficado com algumas luzes que os conteúdos, mas foi tudo tão
corrido, fizemos algumas análises, mas foi tudo a correr que não deu tempo para perceber,
assimilar bem (risos) o que era mesmo e conseguir fazer uma análise de conteúdo.
Positivamente, acho que muitos professores conseguem transmitir aquilo que sabem, de
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forma apaixonada até, e, isso é bom. Nos transmitem as coisas com paixão e ficamos mais
entusiasmados.
Fora as cadeiras metodológicas, as que são essenciais para formação do professor,
que opinião tem relativo às essas cadeiras?
Foram cadeiras válidas, acho que deveriam ter mais duração, para coisas poderem ser
mais, muito bem que em casa temos que ler muito, mas acho que tem coisa que gostava
de ter tido mais tempo, tudo bem que não pode ser muito tempo, porque são tão
interessantes, gostava que tivessem durado mais tempo, que tivesse maior duração.
8- Nesta fase final do processo de formação, como caracteriza o grau de
preparação para promover a inclusão de todos os alunos nos contextos
escolares eu não digo apenas os categorizados com NEE?
Aqui é assim, durante o curso falamos muito sobre a inclusão, mas acho que nos falta
um bocadinho de ferramentas para sabermos como é que devemos incluir, como vamos
fazer a inclusão, porque há certas problemáticas que são muito difíceis de conseguir e
acho que é difícil de fazer a inclusão, e eles acabam por ficar sempre um bocadinho a
parte. Falta-nos um bocadinho de prática, porque também não tenho muita experiência,
não é? As vezes podemos ver, tentar dessa forma, ou de outra forma resulta e eu não tenho
muito essa experiência. Bem, trabalhei! E o tempo que trabalhei, já tive crianças com
NEE no pré-escolar mas não eram problemas muito graves e estavam incluídas na sala e
não havia muita distinção entre os colegas, eram pequeninos, e, quando estive na
Intervenção Precoce também existia um caso de um menino que estavam numa
instituição, que esse menino nessa instituição estava, não vou dizer que estava
abandonado, mas estava lá no cantinho dele e portanto ele mudou de instituição e
conseguimos ver que começou a ver inclusão porque também tem a ver com as
mentalidades dos professores e dos colegas que iam busca-lo e brincavam com ele, e era
incentivado a isso. Na outra instituição que estava não acontecia, estava lá num cantinho
e ninguém ia ter com ele. Acho que aqui no curso nos dão ferramentas e depois temos
que procurar e também ler muito, mas acho que a prática fala mais, é essencial. (risos).
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9- Bem, sugestões. Que sugestões propõe para a melhoria da formação de
professores para educação especial? Tem alguma sugestão para melhorar
essa formação?
Sugestões. É o grupo com quem estive no final do ano fizemos algumas sugestões aos
professores. Teve uma avaliação informal, anônima, mas nós falamos com os professores
que tinha a tal unidade que fizemos o projeto para tese e ao mesmo tempo tínhamos uma
unidade curricular e foi muito complicado porque não conseguíamos, porque estávamos
a pensar o que fazer para o pré projeto e a unidade estava relacionada com a tese e aquela
unidade deveria ter sido mais tempo e feito antes e só tivéssemos a parte do pré projeto
ficar sozinha, termos antes porque pelo menos minha turma não resultou. E o que falamos
é que deveria ter uma separação das disciplinas. E o que nós sentimos é que o curso tem
a ver com a multideficiência e achamos que a cadeira deveria ter mais horas, não é?
Porque gostamos e deveria ter tido mais aulas.
10- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Não acho que não! (risos).
11- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Não, não tenho.
Bem finalizamos a nossa entrevista eu agradeço por ter prestado todas essas
informações e meu muito obrigada.
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- FORMANDO – F4
Data da realização: 04 de Maio de 2016
Duração da entrevista: 28 minutos e 30 segundos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistado:
Data de Nascimento: 09/12/1964
Formação inicial: professora do Secundário e também com habilitação para o 2º ciclo
Tempo de serviço: 18 anos
Tempo de serviço na educação especial: tenho experiência em apoio educativo, não
tem como precisar o tempo, porque sempre aparece alunos em sala de aula para dar
apoio. Fora da minha área, eu também costumo dar. Também trabalhei fora da escola
em apoio escolar aos meninos NEE durante muitos anos. Não tenho uma contabilidade
de um número.
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 28 minutos e 30
segundos onde a entrevistada sentiu-se à vontade utilizando uma linguagem clara e de
fácil compreensão.
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 93
TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
1- Quais os motivos que levaram a querer frequentar o curso de especialização
em educação especial? Por que veio fazer essa especialização?
Há muitos anos que eu gostava de fazer uma especialização, porque eu já tinha tirado
há 7 anos atrás um curso em NEE na Escola Superior de João de Deus. Tinha feito uma
formação abrangente, achei que na altura era suficiente, na altura que fiz. Entretanto,
todos os anos sempre que havia formação em autismo, em hiperatividade, défice em
atenção, eu fazia sempre formações, sempre, todos os anos. A minha necessidade é
sempre um tentar descobrir mais alguma coisa sobre a educação especial, a qual eu não
sei, a verdade é essa. Os motivos que me levaram vir para ESELx tirar o mestrado em
educação especial em problema de cognição e multideficiência é sempre uma… eu sentia
que gostaria de aprender mais! A ESELx tinha-me sido recomendada, que tinha bons
professores, e, eu não conhecia ninguém na ESELx. Eu vim e quando me escrevi, não
sabia se ia ser aceito porque são vagas muito limitadas e eu até fiquei surpreendida porque
fui contactada pela ESELx dizendo que tinha sido aceito, não sabia, porque devido ao
número limitado de vagas. Então há dois anos quando entrei, fiquei bastante satisfeita
com o primeiro ano do mestrado. Muito trabalhoso, mas fiquei muito agradada. Minha
motivação é enorme, é muito grande, eu tenho de fato aqui ter conhecido bons
professores, bons colegas, tenho uma boa motivação para continuar.
12- Quais eram as suas expectativas?
As expectativas… ahh as expectativas…. Quando eu vim frequentar, ou antes de eu
vir para cá, estava curiosa, tinha uma expectativa muito grande, curiosidade, de conhecer
mais alguma coisa. Não tinha uma mente pré-concebida. Quando escrevo me nas coisas
não vou procurar saber o quê! Eu vi a quantidade de disciplinas, a partida eu sabia que
teria que fazer todas essas disciplinas naquele primeiro ano. Como trabalhadora
estudante, porque estava a dar aulas o dia todo eu tinha que vir as aulas e fazer as
disciplinas. Portanto, a partida é tenho uma boa expectativa para a entrada, Pronto! Não
rejeito qualquer coisa, para a além disso vou sempre fazendo formações para minha área
profissional e mesmo quando aparece para educação especial. Eu continuo a tentar saber
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alguma coisa sempre, é sempre a minha motivação. Conhecer, aprender, é lhe dá com
outras pessoas que sabem mais, essa é a minha grande motivação na educação especial e
mesmo como no ensino. No geral eu sou mesmo assim.
13- O que entende por inclusão?
A inclusão num sentido muito geral é aceitar todas as pessoas, com NEE e sem NEE,
portanto, todos, aceitar independentemente do que tenham. Inclusão é trazer todas as
pessoas estarem… ter direito à vida, ter direito de ter um lugar na vida, ter um direito na
família, na sociedade, no trabalho, para mim, isso é inclusão! É uma ideia muito lato que
tenho de inclusão.
14- Qual a sua perceção sobre o currículo desenvolvido nesse curso na
perspetiva da inclusão nos contextos escolares?
É assim, eu acho que são muitas disciplinas, são poucas horas dedicadas a cada. Nós
aqui temos uma perspetiva muito geral, um dos grandes backups que esse primeiro ano
do mestrado tem. É um currículo inclusivo, mas ao mesmo tempo, muito trabalhoso e há
muitos conceitos que sempre ficam por dar. Acho que deveria de ser menos disciplinas e
melhor trabalhadas e não é só eu que penso assim, nós que estávamos nesse primeiro ano,
as pessoas na turma em que estava inserida eram uma das críticas que fazíamos ao próprio
currículo. É muita coisa dado em tão pouco tempo, não se apreendem tanto o conteúdo
do currículo. É algo para mim negativo. Haveria, por exemplo, o currículo da
multideficiência que nós tivemos no segundo semestre haveria de ser mais abrangente, é
de fato uma disciplina que tem um currículo muito grande e outras que deveriam ser
abordadas de uma forma muito menos geral, serem menos abrangente e isso possa ser a
falha do próprio curso em si. Tenho esta ideia do…penso sobre isso.
Mas dentro do currículo é desenvolvido a perspetiva da inclusão?
É, é muito. As práticas inclusivas, todo o processo de inclusão, não só em Portugal,
como em várias partes da Europa e nos EUA, lemos muito artigos sobre as escolas e a
inclusão, é dado, isso é dado, nós temos a perspetiva que a inclusão é trabalhada,
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teoricamente, é uma inclusão de teórica, posto em prática, eu percebi no currículo, numa
das disciplinas, Práticas de Educação Inclusiva, e aí tivemos que pôr em prática um
projeto em que tínhamos que ir para uma escola observar as práticas inclusivas, e, eu
observei e percebi tanto, uma das coisas que observei é que há muita teoria que depois
não é posta em prática da inclusão. O próprio currículo é muito denso, tem muito
conteúdo, para saber tantas coisas, sei que são 2 semestres, mas é muito afunilado, muito
grosso, não se apreende tanto que nós que somos pessoas que temos aulas a noite. Portanto
é um curso pós-laboral, temos que perceber também a dimensão das horas, não é? Quantas
horas cada disciplina tem e verificar que é todo um trabalho muito denso. Deveria ser
menos disciplinas e talvez a inclusão ser mais trabalhada. É dada em todas as disciplinas,
mas a casos particulares, da observação, de exemplos, mas noto que devia ser melhor
trabalhada.
15- Como são articulados os conhecimentos teóricos com as práticas inclusivas
atribuindo a importância da diversidade cultural nos contextos escolares?
Como acontece?
Nos contextos culturais, no próprio curso?
Como são articuladas a teoria com a prática atribuindo a importância para essa
diversidade cultural que encontramos na escola?
Penso que aqui há pouca prática. O primeiro ano só tem uma disciplina prática e acho
que não há muita prática. É falha! É muito absorvido teoricamente, tem muito material
teórico, mas aplicar toda aquela teoria na prática eu acho um bocadinho difícil. Porque
não se absorve tudo, nem metade para se por em prática, porque não há uma relação com
a teoria com a prática. Noto isso, é uma falha do curso, na prática mais tarde, após o
término do mestrado, maior parte dos alunos onde estou inserida, não seguiram o
mestrado, não seguiram a parte da tese, nem do projeto de intervenção, ficaram
descontentes com o próprio curso em si. Outros não lhe dizia nada a parte do resto,
portanto, eu acho que algumas pessoas, somos poucos os que continuaram. Isso aqui já
se percebe a partida que não há um entusiasmo da continuidade do projeto, fiquei
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surpreendida também, porque estava a espera de que a maioria das pessoas seguissem e
não seguiram. Portanto há aqui um fato, já qualquer coisa que falha.
16- Qual o seu entendimento sobre as condições que devem ser reunidas para
tornar a aula/escola mais inclusiva?
Primeiro, parte sempre da direção da escola quando estamos a trabalhar, se estamos ou
não estamos, nós todos seguimos a parte da direção, há sempre hierarquia na escola, por
exemplo, um coordenador e as escolas em Portugal é assim, há uma direção, há um
coordenador. Para ver isso tudo a funcionar nós temos que seguir regras, obviamente que
a parte da escola, há escolas que a educação especial quase não existe é o professor da
sua disciplina que tem que articular com os alunos NEE, não há. Em Portugal houve um
grande corte financeiro de professores de educação especiais e a maior parte desses alunos
deixaram de ter apoio especializados, ou seja, o professor dentro da sua sala se tiver 4
meninos com NEE terá que adaptar o seu trabalho a esses meninos, portanto, acho que
parte de cada um de nós trabalhar em sala o nosso entendimento, estamos ligados à
educação especial ou não! Ou se é relevante fazer um trabalho diferente para esses alunos
ou eles continuam ali e trabalham com esse desenvolvimento típico, bem essa é a ideia
que eu tenho.
17- Partindo para avaliação da formação. Com base nesta experiência
formativa e nos conhecimentos que vem adquirido, que opinião tem
relativamente ao processo, ao modelo de formação de professores para
educação especial? Podem apontar alguns aspetos positivos e menos
positivos).
Os aspetos positivos que acho que essa formação tem é abrangente, não só na cognição,
tem um bom trabalho que recebemos na parte cognitiva para ajudar os alunos na parte da
cognição, é muito bom! A formação é muito boa! Na multideficiência também! A parte
negativa são poucas horas que nós temos para absorver. Deveria haver mais trabalho
prático, parte teórica de ser posta em prática, por exemplo, no segundo semestre, e não é!
Acho que não havia de ter tantas disciplinas é algo negativo. Algumas disciplinas que não
me parecem muito importante no currículo. Acho que deveriam entrar outras. Acho que
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devia ter mais horas semanais das disciplinas. São 3 vezes por semana, por exemplo, acho
que deveria ser 4 vezes por semana. Aprendíamos mais e que não era muito condensado.
Noutra situação que se verifica é que temos aulas todos os sábados de manhã, essas aulas
fossem transportadas para durante a semana, as pessoas também descansavam um pouco
mais o fim-de-semana, e, não há isso! Acho isso negativo, porque depois vê-se pessoas
que nem aparecem no sábado, porque saímos tarde daqui na sexta-feira a noite e voltamos
ao sábado, aí é muito continuado, não é! É negativo isso! Não se absorve, se absorve na
sexta-feira e já temos outra disciplina no sábado de manhã com uma continuidade de
horas seguidas, acho que é muito condensado.
Tem outros aspetos positivos, fora os que já apontou?
Esses são positivos. Ahh… é positivo a formação, continuar a haver os mestrados é
importante. Diante dessa escola ter continuado com essa formação, tem tido muitos
alunos, penso que já é positivo da parte da direção da própria ESELx, ter essa
continuidade do curso em não fechar por falta de alunos, aliás, esse ano que entrou, nós
tivemos uma reunião, nós do segundo com os do primeiro, eram imensas as pessoas do
primeiro ano a entrarem, mas do que nós eramos mais de 34 pessoas, em quais o limite
seriam 30 apareceram muitas pessoas, há uma procura e isso é positivo! O fato é que se
as pessoas vêm com a mesma motivação, aí eu não sei. No início minha turma estava
muito positiva, no primeiro semestre, mas houve uma única desistência, recordo me, de
uma pessoa, essa acho que é a parte negativa, a desistência da continuidade do trabalho.
Acho que as pessoas não percebem bem, se calhar, o que pretende a formação do primeiro
ano, mas de fato isso é negativo, mesmo para a própria escola. Não quero pensar que
estou aqui a criticar, mas acho que nós não fomos muito bem esclarecido de tudo. Há um
programa e há um currículo que dão na uma pasta e acho que tem que haver mais
conversa, acho que as pessoas se fecham um bocado e não sabem, acho que a pessoa que
está envolvida nisso, deveria logo no primeiro dia abranger mais e dizer mais, talvez é a
parte negativa da própria formação. Assim como eu, ficamos um bocado surpreendidos!
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18- Nesta fase final do processo de formação, como caracteriza o grau de
preparação para promover a inclusão de todos os alunos nos contextos
escolares eu não digo apenas os categorizados com NEE?
Eu promovo sempre a inclusão aceitando abertamente todos, independentemente da
raça, da cor, da religião. Eu não rejeito. Eu não marginalizo. Eu promovo a inclusão
ajudando, conforme sei, tenho aprendido muito sozinha. Nunca tive por parte dos meus
colegas, dos meus pares para ajudar-me a incluir, não sei também se eles sabem o que é
inclusão! Penso também que muitos dos meus pares não sabem! Da forma como falam
dos miúdos e já passei por muitas escolas e já percebi que a inclusão é uma palavra ainda
pouco desconhecida de muitas pessoas, falta formação a esses professores, falta, falta…
promover a inclusão é abrir a sala a todos, todos estão ali para aprender, não interessa se
é com ou sem NEE. Isso é inclusão! Tenho de fato a noção de que precisasse praticar
mais, precisa-se aprender mais, incluir é aceitar!
19- Bem, sugestões. Que sugestões propõe para a melhoria da formação de
professores para educação especial? Tem alguma sugestão para melhorar
essa formação?
Acho que todos os anos nós precisamos de aprender em formações. Nós aqui temos
muita sorte porque há muitos cursos de formação de professores para educação especial,
o país ao longo desses anos abriu as portas, não só na área universitária, como escolas de
formação para a abertura de formações em todas as áreas de educação especial. O fato é
que tem que a ver, não só gosto, disponibilidade e também área económica e financeira
das pessoas, porque cada vez mais são cursos alguns avultados financeiramente e que nos
dispõe para termos tempo para preparar os trabalhos que nos pedem, para refletirmos,
para conhecermos. É um longo caminho a percorrer. A educação especial é muito vasta,
que é muito abrangente e que devemos tentar aprender mais, se é que a própria entidade
formadora se é boa ou não, também nós não sabemos, porque parece também uma das
coisas negativas, que também noto é que toda a gente procura dá formação as entidades
formadoras, mas não sabemos que grau de conhecimento é que essa entidade formadora
tem para dar aos professores. Poderá aí haver uma escolha, escolha essa que parte das
pessoas em saber, em ter conhecimentos em tentar avaliar, em tentar procurar
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informações acerca disso. As sugestões partem sempre de, quanto melhor não fechar o
conhecimento a educação especial, porque todos os anos há meninos com novos casos de
NEE que não conhecemos, portanto, há uma longa investigação pela vida afora sobre
alunos NEE. É um longo caminho a percorrer!
20- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Não, acho que não!
21- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Não, achei que tentei responder de uma forma aberta às perguntas.
Bem finalizamos a nossa entrevista eu agradeço por ter prestado todas essas
informações e o meu muito obrigada.
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- FORMANDO – F5
Data da realização: 08 de Maio de 2016
Duração da entrevista: 19 minutos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistado:
Data de Nascimento: 10/03/1979
Formação inicial: professora do 1º ciclo
Tempo de serviço: 3.044 dias
Tempo de serviço na educação especial: Não tem.
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 19 minutos, onde a
entrevistada sentiu-se a vontade utilizando uma linguagem clara e de fácil compreensão.
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TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
1- Quais os motivos que levaram a querer frequentar o curso de especialização
em educação especial? Por que veio fazer essa especialização?
Então é assim. Foi uma forma de também tirar um mestrado, meu objetivo era tirar o
mestrado juntamente com uma colega minha, foi ela que nos levou a uma outra. Porque
o mestrado não é propriamente uma coisa fácil de se fazer, depois a educação especial,
acho que, pelo menos é essa minha perceção, que o Estado está mais a apostar na educação
especial, colocar essas crianças no ensino regular, logo, portanto, a partida aí será precisar
de mais precisar de professores no ensino regular para dá apoio a essas crianças. Acho
que é uma área interessante, meu marido trabalha na Cerci e vejo o trabalho que ele tem,
a relação que ele tem com os utentes e trata de igual por igual e sempre se preocupando
com o bem-estar deles, e eu também quero isso. Se algum dia eu ficar colocada na
educação especial, também quero ter a mesma postura, gostaria de ter a mesma postura
que o vejo ele ter com os utentes.
2- Quais eram as suas expetativas?
Eu sei que não ia ser fácil! Foi mais difícil, mas agora nem tanto! Porque estou a
trabalhar de uma forma mais autónoma, não é! Ao meu ritmo, apesar que deveria ser mais
empenhada! (risos). Mas foi muito difícil a nível de terminar cada uma das cadeiras. Ao
nível das disciplinas, é assim, umas são mais para a vertente da educação especial, outras
são mais na vertente de nos orientarem para a preparação da dissertação, é em foco disso.
Pronto! Acho que foi um curso muito exigente, muito exigente, é uma escola que exige
muito, mas também certamente vai nos preparar, não é, porque ainda não acabei! E tudo
que estamos aqui é para aprender, esse mestrado é tudo para aprender, são coisas novas,
outras já sabíamos, só aprofundamos. Até agora estou muito satisfeita e orgulhosa daquilo
que consegui até agora.
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3- O que entende por inclusão?
Bem aquilo que entendo é mais aquilo que aprendi! Porque a nível de inclusão, a nível
da educação especial não tenho muita prática, nem tenho muita informação direta, aquilo
que realmente o que aprendemos na escola e também das observações que fizemos nas
unidades de apoio. A inclusão é muito difícil de existir, fala-se nela, sinceramente acho
que não está em vigor, pelo menos daqueles exemplos que eu presenciei, fui fazer
observações, não existe, é muito difícil, os professores podem falar muito bem da
inclusão, mas quando existe uma criança com NEE numa sala de aula, essa criança acaba
por não está incluída, está lá! Está presente! Agora a inclusão, sinceramente acho, poderá
haver alguns casos que são mais acompanhados, mas não há inclusão e mesmo nas
unidades de apoio, o trabalho cá fazes, quer dizer que não são todas, pelo menos as
observações que fiz, estão sempre lá, sempre fazem os trabalhos repetitivos e estão lá até
a idade muito tardia só para a professora ter vaga, pronto! Se tem crianças no primeiro
ciclo com 17 anos, por exemplo, com 17 anos não deveria está no primeiro ciclo. Se essas
crianças passassem para o segundo ciclo, essa professora deixaria de ter lugar na unidade
de apoio onde está a trabalhar, deixaria de haver alunos. A inclusão não existe,
sinceramente, na minha opinião não existe! Integração, talvez, estão lá! Estão presentes,
agora a nível de participarem em atividades, a nível de pertencer a um grupo propriamente
dito, estão na turma, mas não fazem o mesmo trabalho que eles, mesmo o trabalho
adaptado, tendo em foco aquela atividade, fazem atividades diferentes, possivelmente é
o mais certo e ao nível das aprendizagens poderão fazer algumas, mas se calhar, se
houvesse outra preocupação, seria diferente, o aproveitamento dessas crianças seria
diferente!
4- Qual a sua perceção sobre o currículo desenvolvido nesse curso na
perspetiva da inclusão nos contextos escolares?
É assim, nós temos várias disciplinas, tal como eu já disse, acho que focam a inclusão,
talvez, mas tem que haver mais estratégias e mais necessidade de estratégias, pronto! O
meu próprio trabalho foca essa vertente das estratégias a nível da inclusão, acho que falha
muito, tanto ao nível do mestrado, como é a nível depois da prática, não é! Em todos os
mestrados há muita teoria, mas depois no dia-a-dia quando realmente nós estamos de
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maneira que as dificuldades surgem, as dúvidas, não é! Portanto, foca realmente a
inclusão é tratado a inclusão, é falado em alguns casos de inclusão, mas depois a nível de
estratégias, se calhar pecam um bocadinho a nível da prática. Sinto falta de prática, mas
também acho que não há mestrado nenhum que tenha prática! Acaba mais por ser mais
observações, e ao nível de teoria, muita teoria, como possivelmente em todos os
mestrados!
5- Como são articulados os conhecimentos teóricos com as práticas inclusivas
atribuindo a importância da diversidade cultural nos contextos escolares?
Como acontece?
Isso só poderá responder quem está no meio. Como já disse, eu não estou!
Mas, por exemplo, enquanto estudou nesse período, você viu se houve articulação
entre essa teoria e a prática que talvez você poderá desenvolver quando estiver no
terreno?
É assim, acho dificilmente! Porque o que eu notei nas observações que fiz é muito
difícil fazer articulação que permita a inclusão dos alunos a nível de aprendizagem, é
muito difícil! Em relação ao curso, houve certamente, houve, certas atividades, exercícios
que fizemos, mesmo a nível de simulações, observações de vídeo, de depois de áudio e
discussão dos trabalhos que realmente abordaram esse tema, não é! Mas continuo a sentir
falta de estratégia e como possivelmente fazer, porque cada caso é um caso, cada criança
é uma criança, as crianças são todas diferentes e depois só mesmo na prática que a
pessoa… vai haver a possibilidade de depois mais tarde até de abordarem os professores
que nos deram a formação, acredito que eles estarão abertos para isso, fazer a necessidade
de irmos ter com eles, qualquer um deles me pareceu bastante disponível. Se falhou
alguma coisa, acho que, entretanto, eles poderão nos ajudar posteriormente.
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6- Qual o seu entendimento sobre as condições que devem ser reunidas para
tornar a aula/escola mais inclusiva?
Então é assim, como disse, cada caso é um caso. Mas, dependendo das dificuldades
das crianças, ou da criança que esteja no grupo, o fato de ter um professor de educação
especial presente o maior tempo possível, alguém que dê apoio, não é! Depois também
há essa parte humana, a parte material, se no caso precisar de mais algum apoio, alguma
cadeira de rodas, alguma mesa, algum material a nível de computador, tudo que seja, quer
humano, quer material, possivelmente irá ajudar que a pessoa consiga aplicar melhor a
parte, desenvolver a nível de conhecimentos da criança!
Então, tem condições de tornar uma aula mais inclusiva?
Eu acho que sim, acho que sim. Há condição se o próprio meio escolar o permitir, não
é, porque cada meio escolar tem as suas regras, tem a sua forma de agir, cada escola é
uma escola, as escolas são diferentes e dependendo dos apoios que a própria escola dá ao
professor, não é! Se calhar, muitas vezes o professor deve sentir-se sozinhos, não é, nessa
luta que não há-de ser fácil. Ter uma turma grande, com muitos alunos, apesar que a turma
quando tem NEE, a turma é reduzida, mas mesmo assim, uma turma com 20 alunos, os
20 alunos que não estão assinalados como NEE, mas têm suas dificuldades, portanto é
um trabalho por vez ingrato, não é! Que talvez você não consiga atingir os objetivos
porque uma pessoa só não pode valer para tantas crianças em que todas elas com suas
características, com suas dificuldades, não é, não é só as crianças NEE que precisam de
um apoio mais individualizado, portanto, é complicado! Eu não estou a criticar os
professores, estou a criticar o próprio sistema que as vezes não ajuda que as coisas
funcionem.
7- Partindo para avaliação da formação. Com base nesta experiência
formativa e nos conhecimentos que vem adquirido, que opinião tem
relativamente ao processo, ao modelo de formação de professores para
educação especial? Podem apontar alguns aspetos positivos e menos
positivos).
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Foca no fundo duas situações. A vertente da dissertação, também já referi, e a situação
de nos preparar o melhor possível, ou pelo menos a forma como está feito para um futuro
que possamos ser um professor de educação especial. Falta a parte prática, a teoria, a parte
prática, apresentar talvez mais casos, houve situações sim, houve disciplinas que inclusive
visualizamos vídeos, situações de crianças que depois foi falado, mas acho que nada
melhor do que a prática, é com tudo, mesmo o curso. A minha formação de base não me
preparou para algum dia dá aulas, não é! Quando cheguei na altura de dá aulas é que
realmente eu vi no campo o que tinha de fazer, com apoio dos meus colegas com mais
experiência, pronto, a nível de formação é mesmo a parte da prática que falta, se calhar
ser mais estruturado a nível de encadeamento de disciplinas, algumas que estavam mais
relacionadas que não eram simultâneo, que não eram seguidas, ou seja, que não terminava
uma e começava outra, acho que a nível de ordenar a sequencia das disciplina para serem
coincidentes, falavam muito delas do mesmo assunto, nos preparavam nos muito para a
dissertação, muito para os estudos de casos e situações, bem a nível de experiência devia
ser de outra maneira, não sei!
8- Nesta fase final do processo de formação, como caracteriza o grau de
preparação para promover a inclusão de todos os alunos nos contextos
escolares eu não digo apenas os categorizados com NEE?
A nível de NEE não tenho essa experiência, mas tenho experiência de crianças com
outras necessidades, com dificuldades que não conseguem acompanhar o grupo, nesse
caso, tive que as aproximassem mais de mim e trabalhar mais com elas. A preparação que
tive na faculdade, acho que foi mais de nos abrir os olhos para situações de também
vermos a realidade, vermos a perspetiva com outros olhos, a nível de preparação acho
que foi mais para preparar nos para o futuro. É falar de certos temas, de certos assuntos
que não estou habituada a falar, não estou habituada em ter conhecimentos aprofundados,
acho que foi mais isso. A preparação foi mais com a prática, com a partilha de
conhecimentos com meus colegas nessa escola onde poderei ser colocada e ajudar entre
os colegas o dia-a-dia na prática. A nível de formação com certeza que sim, não é! Com
certeza fiquei com mais conhecimentos, mas é na prática que a pessoa ver o que realmente
é capaz de fazer e aplica os conhecimentos que adquire.
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9- Bem, partindo para nosso último bloco, que sugestões propõe para a
melhoria da formação de professores para educação especial? Tem alguma
sugestão para melhorar essa formação?
As sugestões é aumentar as práticas, se possível, não é! As observações também são
interessantes, mas o problema é a disponibilidade de tempo. Nós temos que fazer
observações, só que quem trabalha torna-se muito complicado para conseguir fazê-lo. É
interessante do ponto de vista em que vemos, mas apenas uma realidade, e, a realidade
por exemplo que vi espero que não seja a mesma que haja em outras realidades. Ver
também os melhores pontos ou os piores e pensar naquilo que eu não quero fazer, vi
situações que a mim desiludiram me bastante! Não achei muito humanas! As vezes as
pessoas apontam mais as partes boas do que as partes menos boas, não é! Neste caso a
parte má fez-me ter uma perspetiva mais humana, acho que não há muitas vezes o fator
humano, acaba por não valorizar a parte humana dessas crianças. É isso, valorizar a parte
humana! Ter mais prática e o encadeamento das disciplinas serem mais especiais tendo
em conta os temas que cada uma aborda.
10- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Não, só boa sorte. (risos).
11- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Não, nenhuma dúvida.
Bem finalizamos a nossa entrevista eu agradeço por ter prestado todas essas
informações e meu muito obrigada.
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PROTOCOLO DA ENTREVISTA- FORMANDO – F6
Data da realização: 02 de Maio de 2016
Duração da entrevista: 28 minutos e 12 segundos
Forma de registo: gravação em áudio
Entrevistadora: Ivana Paiva
Entrevistado:
Data de Nascimento: 02/08/1976
Formação inicial: pré-escolar
Tempo de serviço: educadora da infância com 13 anos
Tempo de serviço na educação especial: Como professora, não tem. Só como
voluntariado
A entrevista transcorreu dentro da normalidade. Uma conversa informal de modo a
obter as informações necessárias orientadas pelo guião e com objetivo de recolher dados
com a máxima eficácia e a mínima distorção. As perguntas foram abertas para dar à
entrevistada o espaço para sua opinião. O tempo realizado foi de 9 minutos, onde a
entrevistada sentiu-se a vontade utilizando uma linguagem clara e de fácil compreensão.
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 108
TRANSCRIÇÃO DE GRAVAÇÃO
1- Quais os motivos que levaram a querer frequentar o curso de especialização
em educação especial? Por que veio fazer essa especialização?
O primeiro motivo foi o fato de está relacionado em fazer voluntariado. Comecei a
fazer voluntariado tinha 16 anos e gostei imenso, foi uma experiência única na minha
vida e foi uma experiência que mudou a minha forma de olhar para o outro. Porque antes
eu olhava para a pessoa deficiente, e agora eu olho para a pessoa com uma deficiência. E
eu tinha 16 anos quando tive essa experiência pela primeira vez e foi uma coisa que me
marcou, e sempre pensei em vir a trabalhar com crianças com problemáticas, e, depois o
fato, de embora eu como professora de educação especial não tenha nenhuma formação,
vamos assim dizer, como educadora de infância já tive criança com algumas
problemáticas em sala de aula. E acho que é muito importante para nós termos formação
nessa área, porque qualquer um de nós, numa sala de 25 crianças vamos sempre encontrar
alguma criança com alguma problemática especial. E vamos precisar de ajuda e vamos
precisar de algum conhecimento nessa área. Pronto! E acho que é fundamental para os
professores.
2- Quais eram as suas expetativas?
Olha, (risos) é assim… eu antes de iniciar aqui a formação na ESE, tirei um ano no
Piaget, em educação especial também, no mestrado. Ahh… por isso quando vim para aqui
tinha algumas expectativas a que tava relacionadas com o fato de ter tirado um ano antes.
Pronto! Mas antes de tirar esse ano, antes de iniciar qualquer formação na área de
educação especial, as minhas expectativas eram de conhecer melhor as problemáticas de
cada deficiência que existe, não é, ao nível do autismo, do asperger, ao nível da paralisia
cerebral, que foi contato que tive como voluntária, e trissomia 21 que foi contato que tive
quando voluntária, então era para conhecer melhor essas problemáticas, e ter formação a
nível de educação, de estratégias para realizar com essas crianças. Essas eram as minhas
expectativas. Um bocadinho ao nível de ter mais de prática, não só teoria, mas também
poder ter prática a esse nível.
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3- E compreender a inclusão. O que você entende por inclusão?
Olha o que eu entendo por inclusão, é que o fato de nós termos uma criança em sala
de aula com uma problemática, com uma deficiência, não quer dizer que ela esteja
incluída. Inclusão vai mais, muito mais além de termos uma criança em sala de aula.
Existir uma criança connosco. Inclusão para mim está relacionado com forma que essa
criança lida, uma forma como ela se movimenta na sala de aula. A forma como os outros
se movimentam em sala de aula, porque, o que percebo é que qualquer criança com
problemática pode não está incluída, uma criança com um problema pode não está
incluída também. Por isso é que quando falamos de inclusão, não falamos só em relação
aquela criança com deficiência, mas falamos da inclusão, não falamos só aquela criança
com deficiência, mas falamos a inclusão no geral, dos alunos no geral. E quando nós
trabalhamos para a inclusão daquela criança com uma problemática, nós no fundo
estamos a trabalhar a inclusão de todos os alunos. Porque nós temos crianças muito
diferentes, a nível de personalidade, de temperamento, pode não ter nenhum problema a
nível motor, mas tem outros problemas, outras formas, outras posturas, não é? E acho que
inclusão tem muito a ver com aceitação, tem muito a ver com a tolerância e tem muito a
ver com um trabalho em grande grupo, onde todos possam participar ativamente, onde
todos sejam agentes da sua educação.
4- Qual a sua perceção sobre o currículo desenvolvido nesse curso na
perspetiva da inclusão nos contextos escolares?
É assim, o que acho é. O que acho é que falta nesses cursos é a parte prática. Porque é
assim, existe muita teoria, a teoria é muito bonita, mas quando a gente coloca em prática,
a realidade é outra, e nós o que deparamos quando vamos para os trabalhos que existem
mais práticas, nós deparamos com salas com unidades de multideficiência, unidades de
trissomia 21, se calhar, nem deveriam existir, porque acho que uma criança com trissomia
21 nem necessita de uma unidade. Quando deparamos com o que se pratica não tem nada
a ver com a teoria, pronto! Embora a teoria seja muito bonita, depois a prática não vai de
encontro com a teoria, e os trabalhos práticos que nós fizemos mostraram no isso! Pelo
menos a minha realidade foi essa, ahh… e acho que falta boas práticas nesse curso,
pronto! Porque existem boas teorias, mas boas práticas não… não tivemos contato com
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boas práticas, só um contato que foi absolutamente maravilhoso, mas foi só uma hora no
centro de paralisia cerebral, na Calouste Gulbenkian, que é um espaço maravilhoso, mas
aí não existe a inclusão, essas crianças estão lá, mas não estão envolvidas numa sala de
aula, não vimos essa parte, não é! O desenvolvimento delas, depois numa sala de aula,
ahh… e depois tirei um ano antes no Piaget senti que esse curso tem uma falta a nível,
ahh… por exemplo de Software, sistemas alternativos de comunicação. O que nós fomos
fazer a Fundação Calouste Gulbenkian foi ver o uso desses sistemas de comunicação, mas
aí falta um bocadinho a parte prática, como utilizar esse Software que essa parte nós não
tivemos, mas eu tive no Piaget.
Aqui tem o currículo não têm?
Não, não tem. Como utilizar o software concretamente, não tem! Sistema alternativo
de comunicação, tecnologia de informática a nível de comunicação, não tem! Tem a parte
teórica, não tem a parte prática, para realizar mesmo uma grelha de comunicação, pronto!
Mas assim, na perspetiva da inclusão, como é o currículo?
Sim… Há estratégias, temos um currículo que trabalha com… que nos dá estratégias,
ahh.. Teoricamente, pronto!
5- Como são articulados os conhecimentos teóricos com as práticas inclusivas
atribuindo a importância da diversidade cultural nos contextos escolares?
Como acontece?
A nível de multiculturalidade nós tivemos um pequeno, um pequeno trabalho,
possa assim dizer, um pequeno ponto no currículo, trabalhando a multiculturalidade
a nível de aprendizagem mais académicas, ok. A nível da matemática, a nível da
leitura e escrita, falou-se a nível de multiculturalidade, por exemplo, de crianças que
não têm a língua portuguesa materna, como materna, e que a realidade, e depois
quando vem, a realidade deles, não é a nossa realidade e como tentar adaptar algumas
estratégias para que lhes faça sentido a eles, donde vem, da realidade deles. Um
pontinho assim (risos).
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Bem, o que se atribui a parte da inclusão dentro do contexto da diversidade
cultural, o que se aprendeu foi pouco aqui na formação?
Sim, foi muito pouco, foi mais a nível de problemáticas, a nível das deficiências.
6- Qual o seu entendimento sobre as condições que devem ser reunidas para
tornar a aula mais inclusiva, ou seja, também a escola mais inclusiva?
A nível de inclusão global? Ou a nível de multiculturalidade?
A nível de inclusão dentro do contexto escolar e também dentro da sala de
aula. As condições para que a aula seja mais inclusiva!
Eu acho que é fundamental o currículo não possa ser uma coisa estanque, tem que
ter flexibilidade para poder ir de encontro aos interesses dos alunos, porque eu acho
uma das coisas que poderão ser a chave do sucesso escolar, é o interesse do aluno. Se
o aluno compreender a importância da matemática, mas ao nível do interesse dele,
será muito mais fácil ele gostar da matemática, e por isso, ter sucesso na matemática.
Porque muitas vezes o sucesso vai pela compreensão, nós não conseguimos gostar de
algo que não compreendemos, não conseguimos ter sucesso em algo que não
compreendemos. Quando nós compreendemos a matemática como algo que nós
possamos ajudar no nosso futuro, tanto ao nível de matemática, tanto a nível, olha!
Eu vou compras, eu gosto de comprar, eu gosto de comprar roupa, se eu compreender
a matemática a esse nível. Eu gosto de música e se eu conseguir compreender a
ligação entre a música e a matemática, se calhar, muito mais sucesso eu vou ter a nível
da disciplina da matemática. Por isso eu acho que, se nós a nível de inclusão
pensarmos nas experiências pessoais dos alunos, se nós pensarmos no que eles
gostam, nos interesses deles, e conseguirmos organizarmos um currículo mais
flexível, mais… que aborde assuntos que vão de encontro aos interesses dos alunos,
serão muito mais fáceis a inclusão e o sucesso escolar, porque eu acho que é
fundamental!
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7- Dentro da avaliação do curso e com base nesta experiência formativa e nos
conhecimentos que vem adquirido, que opinião tem relativamente ao
processo, ao modelo de formação de professores para educação especial?
(apontar alguns aspetos positivos e menos positivos).
Bem os aspetos positivos são muitos, com certeza, não é! Como professora de
educação especial é muito importante nós conhecermos as problemáticas a nível mais
teóricos, pronto! Ahh… porque é assim, para eu incluir uma criança com uma
problemática, eu tenho que conhecer a sua problemática, tenho que depois conhecer ela
como pessoa, os pontos fortes, que foi uma coisa que esse curso me incutiu muito, foi
pensarmos pontos fortes, valorizar mais os pontos fortes do que ter em conta aos pontos
fracos daquela criança e esse curso em todas as aulas nós ouvimos essa perspetiva, não
é? Pensar no ponto forte, no que aquela criança consegue fazer, partir do que ela consegue
fazer e não partir do que ela não consegue fazer. E esse curso foi uma coisa que teve de
muito positivo para mim, foi assim mesmo esse ponto, muito, muito o que nos tentaram
passar. A nível de ponto fraco, acho que nível de menos bom, acho que falta nesse curso
um olhar sobre as crianças mais velhas, sobre os jovens, e eu noto isso porque minha tese,
está a inserir uma jovem com TID, com 18 anos e tenho pouco, pouco material, material
de aula! E eu tenho até pouco material em português de teórica sobre esse assunto, tudo
é mais as crianças, e quando falo de crianças, falo de crianças até os 12 anos, ou então
intervenção precoce, também é uma área que está a começar a desenvolver-se muito, mas
a nível de jovem dos 16 anos há muito pouco. Esse curso também têm uma abordagem e
não faz uma abordagem muito a esse nível, quase, quase nula, posso até dizer, porque
fala-se, por exemplo, em realizar o PEI, trabalha o PEI, mas não tanto o PIT. E o PIT é
algo que deve ser construída por volta dos 14, 15 anos e nós não abordamos tanto o PIT.
Eu abordei porque o meu trabalho final de projeto de tese foi assim dizer relacionado com
PIT dessa jovem que estou fazendo intervenção. Por isso que acho que esse é o ponto
menos bom desse mestrado.
8- Nesta fase final do processo de formação, como caracteriza o grau de
preparação para promover a inclusão de todos os alunos nos contextos
escolares eu não digo apenas os categorizados com NEE?
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É assim, como curso acho que nos mostra, nos abre os olhos para pensarmos em
inclusão em geral. Eu acho que é assim, eu vejo assim, o curso do Piaget me deu mais luz
para isso. Que a inclusão não é só daquele aluno, mas é de todos os alunos e aquele aluno
só está incluído, quando todos estiverem incluídos. E ele está incluído porque consegue
realizar uma, mesmo que os outros que pode não ser da mesma forma, pode não ser ao
mesmo tempo, mas que faz o mesmo trabalho que os outros. Os objetivos são os mesmos,
pronto! Ahh… entre aspas, porque os objetivos que tenho para aquela criança, não são os
mesmos que tenho para aquele aluno, o aluno A, o aluno B…. Porque o que acho que
esse curso nos dá é essa ideia. Os objetivos não podem ser iguais para todos, e quando se
diz todos, não é só para aquela criança que está sinalizada. Todas aquelas crianças que
temos em sala de aula, nós não podemos ter o mesmo objetivo, nós podemos realizar a
mesma atividade para atingir diferentes objetivos. Nós temos um objetivo para realizar
aquela atividade, mas temos para aquela criança que está sinalizada e para aquela que não
está sinalizada. A atividade pode ser transversal e abranger muitas áreas do
desenvolvimento. E acho que a nível de inclusão com ou sem problemática, com ou sem
PEI, nesse caso, eu acho que o curso nos dá alguma base, sim. Vem um bocadinho de
encontro, mas acho que não é alguma coisa que faz parte do currículo, acho que isso é
passado pelos professores quando estão a dar as aulas, não é que faz necessariamente
parte do currículo.
9- Bem, finalizando, que sugestões propõe para a melhoria da formação de
professores para educação especial? Tem alguma sugestão para melhorar
essa formação?
Ok! Uma das sugestões é trabalhar também a parte dos jovens. Eu acho que era
importante, que é fundamental começarmos a pensar naquelas crianças com 14, 15
anos. A transição delas não vai ser para o mercado de trabalho, porque elas não têm
competências para ir para o mercado de trabalho, mostram competências para outras
áreas, áreas da ocupação. E que essa área da ocupação serem que ser bem-sucedidas
e participar ativamente. Vir a ser um cidadão ativo, dentro de uma comunidade, fazer
parte de uma sociedade. Acho que falha na nossa sociedade e, por consequência, falha
no currículo desse mestrado. Pronto! Olhar mais para os jovens também, não focar só
nas crianças, não focar só na intervenção precoce. Isso é uma área que deveria
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trabalhar mais. E outra coisa que acho fundamental é também, é a questão da prática,
nós precisávamos de ver práticas, se calhar, tirar algum trabalho no campo, como,
observar no campo boas práticas em salas de unidades e salas de inclusão. E isso falta-
nos um bocadinho! A parte de explorarmos, práticas de ver boas práticas, é
importante, não é? A minha realidade não vai ser a mesma, mas acho que é importante
uma base, uma experiência positiva, porque eu tive experiência negativa nesse nível,
a não ser a experiência na Fundação Gulbenkian, mas não é uma sala, não é uma sala
de inclusão, não é uma sala com outros alunos, não é um contexto escolar, é um
contexto institucional, um contexto de terapia, possa assim dizer, aquelas crianças vão
lá, mas no fundo aquilo é uma terapia. Não é uma terapia da fala! Não é uma terapia
motora! Mas é um contexto onde elas vão aprender a trabalhar com a parte do sistema
de comunicação, fazem o caderno que exploram a comunicação delas, veem a história
e reconta a história. É um contexto muito bonito, com muito boas práticas, mas em
sala de aula gostava de ver como é que resulta, como é que se trabalha isso, com
outros alunos.
10- Há algo que queira acrescentar que não foi perguntado?
Não, não! Eu gostei muito de tirar o curso, em geral, acho que os professores são
próximos, deixam na muito a vontade e não tenho razão nenhuma de queixa das
tutorias, que fizemos ao longo dos trabalhos. Sempre muito disponíveis, muito
atentos!
11- Tem alguma dúvida que queira esclarecer?
Não, não. Eu não sei como é no Brasil, mas aqui em Portugal ainda temos um longo
caminho para atingir, em chegarmos a uma verdadeira inclusão. Ainda falta muito, muito,
muito…
Bem, no Brasil ainda também estamos a caminhar.
Bem finalizamos a nossa entrevista eu agradeço por ter prestar todas essas
informações e meu muito obrigada.
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ANEXO VI
Grelha das análises das entrevistas dos professores e dos formandos
Tema I: A Formação Especializada
Categorias Indicadores Unidades de Registos
A- Motivação para Fazer o
Curso
1-Contato com o diferente
2- Necessidade de formação
especializada
F1: “Antes de até começar a trabalhar como professora, eu lembro me
desde de sempre as pessoas diferentes, as diferenças, foi algo que sempre
me disse alguma coisa”.
F1: “Sempre alguma coisa que me despertou, mesmo nos estágios, as
crianças por algum outro motivo serem diferentes, chamaram-me sempre
à atenção”.
F3: “Uma área que me despertou à atenção. Adorei trabalhar com aquelas
crianças, então resolvi e na altura como não tinha qualquer especialização”.
F1: “Na minha profissão já, acho que é sentir uma grande lacuna na
formação e queria dá respostas válidas aos meus alunos e tinha dificuldade
e sinto dificuldades”.
F1: “Já é alguma coisa antiga, não é uma necessidade recente é alguma
coisa que já tenha vindo desde aluna, não só como professora, mas como
aluna também”.
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3- Interesse pessoal
4- Ampliar conhecimentos
F2: “Por necessidade, portanto, quando terminei a formação inicial fui
colocada num colégio de educação especial e percebi que realmente tinha
muito pouca formação e entrei.”
F4: “Há muitos anos que eu gostava de fazer uma especialização”.
F4: “A minha necessidade é sempre um tentar descobrir mais alguma coisa
sobre a educação especial, a qual eu não sei, a verdade é essa.”.
F5: “Porque o mestrado não é propriamente uma coisa fácil de se fazer,
depois a educação especial, acho que, pelo menos é essa minha perceção”.
F6: “Acho que é muito importante para nós termos formação nessa área,
porque qualquer um de nós, numa sala de 25 crianças vamos sempre
encontrar alguma criança com alguma problemática especial “.
F2: “Primeiro por interesse pessoal, sempre foi um dos meus interesses
quando terminei a formação inicial era tirar uma especialização em
educação especial”.
F5: “Acho que é uma área interessante”.
F6: “O primeiro motivo foi o fato de está relacionado em fazer
voluntariado. Comecei a fazer voluntariado tinha 16 anos e gostei imenso”.
F2: “Ampliar os meus conhecimentos”.
F3: “Resolvi aprofundar os meus conhecimentos, ter vindo para aqui tirar
o curso no mestrado em educação especial”.
F4: “Eu sentia que gostaria de aprender mais!”.
F6: “E vamos precisar de ajuda e vamos precisar de algum conhecimento
nessa área. Pronto! E acho que é fundamental para os professores”.
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F4: “Conhecer, aprender, é lhe dá com outras pessoas que sabem mais, essa
é a minha grande motivação na educação especial e mesmo como no
ensino”.
B- Critério na Escolha
para fazer o curso
5- Influência da Instituição
6- Influência de amigas e
familiares
7- Facilidade de emprego
F4: “Os motivos que me levaram vir para esta Escola tirar o mestrado em
educação especial em problema de cognição e multideficiência é sempre
uma… eu sentia que gostaria de aprender mais!”
F4: “Esta Escola tinha-me sido recomendada, que tinha bons professores
(…) então há dois anos quando entrei, fiquei bastante satisfeita com o
primeiro ano do mestrado. Muito trabalhoso, mas fiquei muito agradada”.
F5: “Foi uma forma de também tirar um mestrado, meu objetivo era tirar o
mestrado juntamente com uma colega minha, foi ela que nos levou a uma
outra”.
F4: “Minha motivação é enorme, é muito grande, eu tenho de fato aqui ter
conhecido bons professores, bons colegas, tenho uma boa motivação para
continuar”.
F5: “Meu marido trabalha na Cerci e vejo o trabalho que ele tem, a relação
que ele tem com os utentes (…). Se algum dia eu ficar colocada na
educação especial, também quero ter a mesma postura, gostaria de ter a
mesma postura que o vejo ele ter com os utentes”.
F5: “O Estado está mais a apostar na educação especial, colocar essas
crianças no ensino regular, logo, portanto, a partida aí será precisar de mais
precisar de professores no ensino regular para dar apoio a essas crianças”.
C- Expectativas do Curso
de Formação
8- Saber trabalhar com os alunos
com NEE
F1: “Bem as minhas expectativas sempre foram encontrar respostas para
as perguntas. Sempre quis, lá está, conseguir ser a mais-valia para os meus
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9- Expectativas correspondidas
alunos e saber de uma forma prática, dá respostas a necessidades deles, e,
foi por aí.”.
F1: “O curso abre nos muito a consciência, dá uma visão diferente das
coisas e estimula nos muito a procurar, a serem nós a procurar”.
F2: “Quando iniciei? Portanto, pensei que com essa formação, não é?
Pudesse sentir me mais preparada, não é?
F2: “Quando estou na sala de aula, quando me deparo com alunos com
diferentes NEE, portanto, para sentir me mais preparada para poder ajudá-
los”.
F6: “As minhas expectativas eram de conhecer melhor as problemáticas de
cada deficiência que existe”.
F1: “E as expectativas por um lado corresponderam, foram
correspondidas”.
F1: “Mas alerta nos muito e abre nos principalmente a possibilidade de
procurar, de saber mais, é por esse lado!
F3: “Eu tinha uma expectativa alta, mas acabou por ser positiva, porque
houve algumas unidades curriculares acho que são imprescindíveis para o
curso”.
F4: “A partida é tenho uma boa expectativa para a entrada, Pronto! Não
rejeito qualquer coisa, para a além disso vou sempre fazendo formações
para minha área profissional e mesmo quando aparece para a educação
especial”.
F5: “Estou muito satisfeita e orgulhosa daquilo que consegui até agora”.
F4: “As expectativas… ahh as expectativas…. Quando eu vim frequentar,
ou antes de eu vir para cá, estava curiosa, tinha uma expectativa muito
grande, curiosidade, de conhecer mais alguma coisa”.
F4: “Eu continuo a tentar saber alguma coisa sempre”.
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10- Expectativas não
correspondidas
11- Dificuldades no decorrer do
curso
F5: “Esse mestrado é tudo para aprender, são coisas novas, outras já
sabíamos, só aprofundamos
F6: “Era para conhecer melhor essas problemáticas, e ter formação a nível
de educação, de estratégias para realizar com essas crianças”.
F1: “Por outro lado não, acho que aquilo que consegui perceber,
principalmente no ano passado, ah como posso dizer! (…) Na realidade,
não dá respostas práticas”.
F3: “As minhas expectativas eram um bocadinho altas (risos), pensava que
talvez fosse um bocadinho diferente, um bocadinho também prático (…)
completamente diferente daquilo que tinha esperança que fosse.”.
F3: “Mesmo quando li as unidades curriculares, pensei que tratassem
outros assuntos que não eram e não foram bem tratados”.
F3: “Mas acho que houve outras (disciplinas) que não suscitaram assim
muito interesse, e se calhar, haveria de ser abordados outros temas”.
F3: “As unidades curriculares que são muito curtas e acho que poderiam
ser mais longas, porque certas coisas são dadas a correr e depois nós não
temos tudo”.
F6: “Essas eram as minhas expectativas. Um bocadinho ao nível de ter mais
de prática, não só teoria, mas também poder ter prática a esse nível”.
F5: “Mas foi muito difícil a nível de terminar cada uma das cadeiras. Ao
nível das disciplinas, é assim, umas são mais para a vertente da educação
especial, outras são mais na vertente de nos orientarem para a preparação
da dissertação”.
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F5: “foi um curso muito exigente, muito exigente, é uma escola que exige
muito, mas também certamente vai nos preparar, não é, porque ainda não
acabei! E tudo que estamos aqui é para aprender”.
D- Avaliação da Formação 12-Aspectos positivos recebido
na formação
F1: “Aquilo que de fato eu considero, ou que talvez fosse mais necessário
a esse modelo é mais abertura para a partilha, para o conversar”.
F1: “Gostei muito achei muito interessante a abertura de diferentes áreas,
por exemplo, no meu curso tinha diferentes profissões”.
F1: “Assim como nos diferentes níveis de ensino (troca de experiência)
essa é uma riqueza”.
F1: “Penso de uma maneira geral consegui dar resposta aos diferentes
públicos, acho que foi um aspeto positivo”.
F1: “Uma das coisas que consegui constatar aqui é que aprender nunca é
demais! Agora posso saber mais do que sabia antes, mas ainda há muita
coisa para aprender e quero aprender muito mais”.
F3: “Bem eu gostei da formação. Aprendi muita coisa quando cá estive
na formação”.
F3: “Positivamente, acho que muitos professores conseguem transmitir
aquilo que sabem, de forma apaixonada até, e, isso é bom, nos transmitem
as coisas com paixão e ficamos mais entusiasmados”.
F3: “Acho que aqui no curso nos dão ferramentas e depois temos que
procurar e também ler muito, mas acho que a prática fala mais, é essencial.
(risos)”.
F4: “Os aspetos positivos que acho que essa formação tem é abrangente,
não só na cognição, tem um bom trabalho que recebemos na parte
cognitiva para ajudar os alunos na parte da cognição, é muito bom!”.
F4: “A formação é muito boa! Na multideficiência também”.
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13- Aspetos negativos recebidos
na formação
F4: “É positivo a formação, continuar a haver os mestrados é
importante”.
F4. “Ter essa continuidade do curso em não fechar por falta de alunos”.
F5: “A situação de nos preparar o melhor possível, ou pelo menos a
forma como está feito para um futuro que possamos ser um professor de
educação especial”.
F6: “Bem os aspetos positivos são muitos, com certeza, não é! Como
professora de educação especial é muito importante nós conhecermos as
problemáticas a nível mais teóricos.”
F6: “Pensar no ponto forte, no que aquela criança consegue fazer, partir
do que ela consegue fazer e não partir do que ela não consegue fazer. E
esse curso foi uma coisa que teve de muito positivo para mim”
F1: “Acho que na verdade nós estamos muito condicionado pelo tempo. E
o tempo limita-nos, não só porque daquilo que dava me para pensar, as
aulas têm tempo muito limitado”.
F1: “Acho que nunca estamos preparados”.
F1: “Mas de qualquer forma há alguma insegurança, e, isso acho que não
tem a ver com a formação, tem a ver com a forma que cada um seja”.
F2: “É um modelo bastante expositivo, acho que necessitamos de mais de
prática, há um ou outro professor que realmente lecionam aulas mais
práticas, mas há outros que as aulas são mais expositivas”.
F3: “Pena que teve algumas unidades foram dadas, não por culpa dos
professores, mas pela falta de tempo a correr”.
F3: “Foi tudo tão corrido, fizemos algumas análises, mas foi tudo a correr
que não deu tempo para perceber, assimilar bem”.
F3: “Foram cadeiras válidas, acho que deveriam ter mais duração.”
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F3: “São tão interessante, gostava que tivessem durado mais tempo, que
tivesse maior duração”.
F4: “Parte negativa são poucas horas que nós temos para absorver”.
F4: “Deveria haver mais trabalho prático, parte teórica de ser posta em
prática”.
F4: “Acho que não havia de ter tantas disciplinas é algo negativo. Algumas
disciplinas que não me parecem muito importante no currículo. Acho que
deveriam entrar outras”
F4: “Recordo-me de uma pessoa, essa acho que é a parte negativa, a
desistência da continuidade do trabalho (…) mas de fato isso é negativo,
mesmo para a própria escola”.
F4: “Não quero pensar que estou aqui a criticar, mas acho que nós não
fomos muito bem esclarecido de tudo (…) deveria logo no primeiro dia
abranger mais e dizer mais, talvez é a parte negativa da própria formação”.
F5: “Falta a parte prática, apresentar talvez mais casos (…) mas acho que
nada melhor do que a prática, é com tudo, mesmo o curso.”
F5: “a nível de formação é mesmo a parte da prática que falta”.
F5: “Ser mais estruturado a nível de encadeamento de disciplinas.”
F5: “As observações também são interessantes, mas o problema é a
disponibilidade de tempo, nós temos que fazer observações, só que quem
trabalha torna-se muito complicado para conseguir fazê-lo”.
F5: “. Ver também os melhores pontos ou os piores e pensar naquilo que
eu não quero fazer, vi situações que a mim desiludiram me bastante! Não
achei muito humanas!”.
F6: “Acho que falta nesse curso um olhar sobre as crianças mais velhas,
sobre os jovens”.
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14- Sugestões de melhoria para a
formação especializada
F6: “Esse curso também têm uma abordagem e não faz uma abordagem
muito a esse nível, quase, quase nula, posso até dizer, porque fala-se, por
exemplo, em realizar o PEI, trabalha o PEI, mas não tanto o PIT.”.
F6: “Falha no currículo desse mestrado. Pronto! Olhar mais para os jovens
também, não focar só nas crianças, não focar só na intervenção precoce.
Isso é uma área que deveria trabalhar mais”.
F1: “Eu gostaria muito de ver práticas inclusivas (…). E eu gostaria de ter
oportunidade de ir a unidade de apoio, de participar, mas eu própria não
consegui por não ter disponibilidade”.
F1: “E agora tenho alguma dificuldade de distanciar-me e avaliar alguma
coisa na qual ainda estou tão envolvida”.
F2: “Penso que realmente são as aulas serem mais práticas, ir ao encontro
das dificuldades que nós sentimos no dia-a-dia nas nossas aulas com nossos
alunos”.
F3: “E o que falamos é que deveria ter uma separação das disciplinas. E o
que nós sentimos é que o curso tem a ver com a multideficiência e achamos
que a cadeira deveria ter mais horas, não é? Porque gostamos e deveria ter
tido mais aulas”.
F4: “Acho que devia ter mais horas semanais das disciplinas”.
F4: “Poderá aí haver uma escolha, escolha essa que parte das pessoas em
saber, em ter conhecimentos em tentar avaliar, em tentar procurar
informações acerca disso”.
F4: “As sugestões partem sempre de quanto melhor não fechar o
conhecimento a educação especial”.
F5: “As sugestões é aumentar as práticas, se possível”.
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F5: “Neste caso a parte má fez-me ter uma perspetiva mais humana, acho
que não há muitas vezes o fator humano, acaba por não valorizar a parte
humana dessas crianças. É isso, valorizar a parte humana!”.
F6: “Uma das sugestões é trabalhar também a parte dos jovens. Eu acho
que era importante, que é fundamental começarmos a pensar naquelas
crianças com 14, 15 anos”.
F6: “E outra coisa que acho fundamental é também, é a questão da prática,
nós precisávamos de ver práticas, se calhar, tirar algum trabalho no campo,
como, observar no campo boas práticas em salas de unidades e salas de
inclusão”.
F6: “A parte de explorarmos as práticas, de ver boas práticas, é
importante”.
F6: “Uma experiência positiva (…) na Fundação Gulbenkian (…) é um
contexto institucional (…). Mas é um contexto onde elas vão aprender a
trabalhar com a parte do sistema de comunicação (…). É um contexto
muito bonito, com muito boas práticas, mas em sala de aula gostava de ver
como é que resulta, como é que se trabalha isso, com outros alunos.”
E- Grau de Preparação
para Promover a
Inclusão
15- Maior preparação
F1: “Acho que nos dá alguma segurança, mas os ganhos só vêm de acordo
com a experiência e nada melhor do que a experiência para conseguirmos
e ver se estamos preparados ou não. Digo-lhe que não estou totalmente
preparada”.
F2: “Sinto-me com mais conhecimentos daqueles que eu tinha, não é?
Portanto, sinto-me mais preparada. Penso que ainda não é o suficiente,
portanto nós fazemos essa formação, e depois acho devemos pôr em prática
todos os conhecimentos que adquirimos”.
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16- Menor preparação
F1: “Estive em contexto onde de fato havia uma grande diversidade, uma
riqueza extraordinária cultural, e, essa sem dúvida é a bagagem que trago”.
F4: “Eu promovo sempre a inclusão aceitando abertamente todos,
independentemente da raça, da cor, da religião. Eu não rejeito. Eu não
marginalizo. Eu promovo a inclusão ajudando, conforme sei, tenho
aprendido muito sozinha”.
F5: “A preparação que tive na faculdade acho que foi mais de nos abrir os
olhos para situações de também ver a realidade.”
F5: “A nível de preparação acho que foi mais para preparar-nos para o
futuro”.
F5: “A preparação foi mais com a prática, com a partilha de conhecimentos
com meus colegas nessa escola”.
F5: “A nível de formação com certeza fiquei com mais conhecimentos, mas
é na prática que a pessoa ver o que realmente é capaz de fazer e aplica os
conhecimentos que adquire”.
F6: “Como o curso acho que nos mostra, nos abre os olhos para pensarmos
em inclusão em geral.
F6: “Que a inclusão não é só daquele aluno, mas é de todos os alunos e
aquele aluno só está incluído, quando todos estiverem incluídos. Eu acho
que é assim, eu vejo assim, o curso me deu mais luz para isso”.
F6: “E acho que a nível de inclusão com ou sem problemática, com ou sem
PEI, nesse caso, eu acho que o curso nos dá alguma base sim”.
F6: “Porque o que acho que esse curso nos dá é essa ideia: os objetivos não
podem ser iguais para todos, e quando se diz todos, não é só para aquela
criança que está sinalizada”.
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F3: “Durante o curso falamos muito sobre a inclusão, mas acho que nos
falta um bocadinho de ferramentas para sabermos como é que devemos
incluir, como vamos fazer a inclusão”.
F3: “Falta-nos um bocadinho de prática, porque também não tenho muita
experiência”.
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Tema: II: A Inclusão e as Práticas
Categorias Indicadores Unidades de Registos
A- Conceitos de Inclusão 1- Oportunidades para todos
2- Respeitar e aceitar as
diferenças
F1: “Acho que a inclusão é… a forma que nós temos de olhar para todos
de forma igual, garantir a todos as mesmas oportunidades e dá a todos a
oportunidades do sucesso, principalmente”.
F6: “Quando falamos de inclusão, não falamos só em relação aquela
criança com deficiência (…) mas falamos a inclusão no geral, dos alunos
no geral”.
F6: “Trabalhar a inclusão de todos os alunos”.
F1: “Receber a diferença! Respeita a diferença! Está a tentar a diferença!
E tentar responder as necessidades”.
F4: “A inclusão num sentido muito geral é aceitar todas as pessoas, com
NEE e sem NEE, portanto, todos, aceitar independentemente do que
tenham”.
F6:“Porque nós temos crianças muito diferentes, a nível de personalidade,
de temperamento, pode não ter nenhum problema a nível motor, mas tem
outros problemas, outras formas, outras posturas”.
F6: “Acho que inclusão tem muito a ver com aceitação, tem muito a ver
com a tolerância e tem muito a ver com um trabalho em grande grupo”.
F6: “O que eu entendo por inclusão é que o fato de nós termos uma
criança em sala de aula com uma problemática, com uma deficiência, não
quer dizer que ela esteja incluída”.
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3- Participação dos alunos com
NEE nas atividades com seus
pares
4- Ter direito à vida
F6: “Inclusão vai mais, muito mais além de termos uma criança em sala
de aula.”
F2: “Inclusão entendo que é quando as crianças com NEE estão nas
escolas de ensino regular, mas que estão verdadeiramente incluídas que
participam nas atividades com seus pares”.
F2: “Inclusão é quando esse aluno consegue acompanhar a turma com
seus colegas, claro que tem que ter adequações! Mas que poderá fazer a
mesma coisa”.
F3: “Ele tem que participar das atividades, participar de tudo e em tudo
que envolve as atividades do meio escolar”.
F3: “Inclusão é tentar que esses alunos consigam participar em atividades
juntamente com outros alunos, participem em tudo e sejam mesmo
incluídos, mesmo na turma e não só estarem lá participar, marcar
presença!”.
F6: “onde todos possam participar ativamente, onde todos sejam agentes
da sua educação”.
F6: “Inclusão para mim está relacionado com forma que essa criança lida,
uma forma como ela se movimenta na sala de aula. A forma como os
outros se movimentam em sala de aula.”
F4: “Inclusão é trazer todas as pessoas estarem… ter direito à vida, ter
direito de ter um lugar na vida, ter um direito na família, na sociedade, no
trabalho, para mim, isso é inclusão! É uma ideia muito lato que tenho de
inclusão”.
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5- A inclusão não existe
F5: “A inclusão é muito difícil de existir, fala-se nela, sinceramente acho
que não está em vigor, pelo menos daqueles exemplos que eu presenciei,
fui fazer observações, não existe, é muito difícil”.
F5: “Agora a inclusão, sinceramente acho, poderá haver alguns casos que
são mais acompanhados, mas não há inclusão e mesmo nas unidades de
apoio”.
F5: “A inclusão não existe, sinceramente, na minha opinião não existe!
Integração, talvez, estão lá! Estão presentes, agora a nível de participarem
em atividades (…) não fazem o mesmo trabalho que eles, mesmo o
trabalho adaptado”.
B- A posição da Inclusão
no Currículo
6- Abordagem positiva do
conteúdo
F1: “O espaço que podemos conversar, refletir sobre as coisas, essa é uma
parte importante”.
F1: “Eu acho que ele nos dá uma boa resposta.
F1: “Acho que uma parte importante que é fomentar a procura, o querer
saber mais, o despertar de consciência,
F1: “A uma parte muito positiva que tem a ver com o currículo por suas
diferentes perspetivas!”
F1: “A mim fazia mais sentido e fez mais sentido, os espaços em que
podemos compartilhar as experiências”.
F1: “Porque nós podemos estudar sem dúvida a vários estudos que são
feitos, há várias temáticas que são abordadas”.
F2: “Penso que é bom, penso que têm um bom currículo porque faz nos
ir ao terreno, portanto, pede nos muitos trabalhos práticos em que temos
que ir ao terreno observar e encontrar estratégias para determinados
alunos com NEE”.
F2: Acho que sim, no modo geral, tem um bom currículo”.
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7- Necessidades de aulas práticas
F3: “Houve várias disciplinas que abordavam a inclusão, e falavam sobre
a inclusão e como deveríamos incluir os alunos nos contextos escolares”.
F4: “As práticas inclusivas, todo o processo de inclusão, não só em
Portugal, como em várias partes da Europa e nos EUA, lemos muitos
artigos sobre as escolas e a inclusão, isso é dado”.
F4: “Temos a perspetiva que a inclusão é trabalhada teoricamente, é uma
inclusão de teoria posto em prática, eu percebi no currículo numa das
disciplinas de Práticas de Educação Inclusiva,”.
F4: “Tivemos que pôr em prática um projeto em que tínhamos que ir para
uma escola, observar as práticas inclusivas”.
F4: “Observar as práticas inclusivas, e, eu observei e percebi tanto, uma
das coisas que observei é que há muita teoria que depois não é posta em
prática a inclusão (observação nos contextos educativos).”
F1: “Não há nenhum currículo que nos dê tudo aquilo que precisamos,
acho que é basicamente isso!”.
F1: “Só que é um tema tão complexo que é difícil conseguir lá está!”.
F1: “A outra parte, que é a parte prática, é aquela que nos sentimos mais
falta e essa parte curricular é muito importante”.
F2: “Acho que poderia ser mais prático, acho que no início foi um pouco
teórico”.
F3: “É um bocadinho difícil nós conseguirmos trabalhar no terreno
porque quando não temos contato no terreno”.
F3: “Nosso curso é voltado para a multideficiência e eu nunca tinha tido
qualquer contato com a multideficiência, e acho que deveriam existir
protocolos entre a Escola e as Instituições para que pudéssemos visitar e
ver realmente como as coisas funcionam na prática”.
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F3: “É um tema difícil, não é necessária muita teoria, porque aborda-se
muito em termo de teoria, mas aí em termos de práticas é muito difícil a
inclusão e, é isso que falta”.
F3: “Aqui há muita teoria e depois as coisas na prática, não é assim!”
F5: “Acho que falha muito, tanto ao nível do mestrado, como é a nível
depois da prática, não é!
F5: “Foca realmente a inclusão (…) mas depois a nível de estratégias, se
calhar pecam um bocadinho a nível da prática”.
F5: “Acho que focam a inclusão talvez, mas tem que haver mais
estratégias, mais necessidade de estratégias”.
F5: “Sinto falta de prática (…). Acaba mais por ser mais observações, e
ao nível de teoria, muita teoria, como possivelmente em todos os
mestrados!”.
F6: “Acho é que falta nesses cursos é a parte prática. Porque é assim,
existe muita teoria, a teoria é muito bonita, mas quando a gente coloca
em prática, a realidade é outra”.
F6: “Quando deparamos com o que se pratica não tem nada a ver com a
teoria”.
F6: “Acho que falta boas práticas nesse curso”.
F6: “Embora a teoria seja muito bonita, depois a prática não vai de
encontro com a teoria”.
F6: “Porque existem boas teorias, mas boas práticas não… não tivemos
contato com boas práticas”.
F6: “Falta um bocadinho a parte prática”.
F6: “Tem a parte teórica, não tem a parte prática”.
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8- Aspetos negativos no currículo
F4: “É assim, eu acho que são muitas disciplinas, são muito poucas horas
dedicadas a cada. Nós aqui temos uma perspetiva muito geral”.
F4: “É um currículo inclusivo, mas ao mesmo tempo, muito trabalhoso e
há muitos conceitos que sempre ficam por dar”.
F4: “Acho que deveria de ser menos disciplinas e melhor trabalhadas e
não é só eu que penso assim”.
F4: “É muita coisa dado em tão pouco tempo, não se apreendem tanto o
conteúdo do currículo. É algo para mim negativo”.
F4: “tem um currículo muito grande e outras que deveriam ser abordadas
de uma forma muito menos geral, serem menos abrangente e isso possa
ser a falha do próprio curso em si”.
F4: “O próprio currículo é muito denso e tem muito conteúdo (…) não se
apreende tanto que nós que somos pessoas que temos aulas a noite”.
F4: “É um curso pós-laboral, temos que perceber também a dimensão das
horas, não é? Quantas horas cada disciplina tem e verificar que é todo um
trabalho muito denso”.
F4: “Deveria ser menos disciplinas e talvez a inclusão ser mais
trabalhada”.
C- Articulação entre a
teoria e as práticas
9- Falta de articulação entre a
teoria e a prática
F1: “É por uma questão de tempo, essa articulação é um bocadinho difícil
de fazer, ou pelo menos no imediato não conseguimos percebê-la”.
F1: “A articulação no curso nós não conseguimos ver essa articulação de
teoria com a prática. É difícil!”.
F1: “Estamos muito condicionados em relação aos contextos, e, essa
articulação as vezes fica complicado de se fazer”.
F3: “Acho que não acontece muito, porque isso depois depende de cada
um de nós quando vamos para a prática, aplicar a teoria”.
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10- Instrumentos úteis para a
prática
F3: “São culturas diferentes, a língua é complemente diferente, e, por
vezes é difícil articular a teoria e mesmo, agora falando numa sala de aula,
(…) grupos diferentes, e, é difícil articular mesmo o trabalho para que se
consiga fazer alguma coisa.”.
F3: “Nós vemos a teoria e depois na prática (…) acho que não há muito
essa ligação”.
F4: “Penso que aqui há pouca prática”.
F4: “É muito absorvido teoricamente, tem muito material teórico, mas
aplicar toda aquela teoria na prática eu acho um bocadinho difícil”.
F4: “Porque não há uma relação com a teoria com a prática. Noto isso, é
uma falha do curso”.
F5: “Porque o que eu notei nas observações que fiz é muito difícil fazer
articulação que permita a inclusão dos alunos a nível de aprendizagem, é
muito difícil!”.
F6: “A realidade deles, não é a nossa realidade e como tentar adaptar
algumas estratégias para que lhes faça sentido a eles, donde vem, da
realidade deles”.
F6: “Foi muito pouco (contexto da diversidade), foi mais a nível de
problemáticas, a nível das deficiências”.
F1: “dão-nos ferramentas e forçam-nos, não é forçar, abrem caminhos
para que nós tínhamos que ir a procura e temos nós que chegar a uma
resposta”.
F1: “A parte curricular aponta para um caminho e nós temos que
responder sempre através dos trabalhos”.
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F2: “Na maior parte das disciplinas há sempre a parte inicial que é teórica,
e (…) com aqueles trabalhos que nós temos que fazer temos que conciliar
a prática com … Ahh.. A teoria com a prática”.
F5: “Houveram certas atividades, exercícios que fizemos, mesmo a nível
de simulações, observações de vídeo, depois de áudio e discussão dos
trabalhos que realmente abordaram esse tema”.
F5: “As crianças são todas diferentes e depois só mesmo na prática que a
pessoa vai ver a possibilidade”.
F6: “A nível de multiculturalidade nós tivemos um pequeno trabalho,
possa assim dizer, um pequeno ponto no currículo, trabalhando a
multiculturalidade a nível de aprendizagem mais académicas”.
D- Tornar o Contexto
Educativo mais Inclusivo
11- O espaço é a sala de aula
12- Interação entre os todos os
alunos
F1: “Acho que o espaço mais privilegiado é a sala de aula”.
F1: “É na sala de aula que nós professores temos que tornar uma sala
dinâmica em que haja a participação de todos”.
F1: “E o espaço privilegiado é a sala de aula, porque de fato é na sala de
aula que os professores partilham mais tempo com os alunos”.
F1: “Falamos de professor e aluno acho que o espaço privilegiado é
mesmo a sala de aula”.
F4: “Parte de cada um de nós trabalhar em sala o nosso entendimento,
estamos ligados à educação especial”.
F4: “relevante fazer um trabalho diferente para esses alunos.”.
F1: “É claro que também pode desenvolver esse trabalho a nível do
recreio
F1: “Queremos uma interação entre os alunos, onde podemos todos
aprenderem, onde todos podemos ensinar alguma coisa e devemos está
aberto a isso!”.
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13- Turmas reduzidas
14- Formação dos professores
15- Apoio direto do professor
16- Recursos materiais
17- Flexibilidade no currículo
F1: “Estarmos preparados para ensinar, para aprender, para ouvir, para
negociar”.
F2: “Fundamental haver uma redução de alunos por turma”.
F2: “A redução de alunos por turma, porque com quase 30 alunos, pouco
consegue fazer com aluno que tenha NEE acentuada!”.
F5: “Muitas vezes o professor deve sentir-se sozinho, não é, nessa luta
que não se há ser fácil! Ter uma turma grande, com muitos alunos, apesar
que a turma quando tem NEE, a turma é reduzida, mas mesmo assim…”.
F2: “Principalmente a formação, a formação de professores”.
F2: “Fundamental também que os professores tenham mais formação
para poderem ajudar seus alunos”.
F5: “ter um professor de educação especial presente o maior tempo
possível, alguém que dê apoio”.
F3: “O professor tem que dar atenção a todos os alunos e é difícil
conseguir concentrar-se só nos alunos com NEE, necessitavam de mais
apoio”.
F5: “Precisar de mais algum apoio, alguma cadeira de rodas, alguma
mesa, algum material a nível de computador”.
F6: “É fundamental o currículo não possa ser uma coisa estanque, tem
que ter flexibilidade para poder ir de encontro aos interesses dos alunos”.
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18- Dificuldades encontradas
F6: “Conseguirmos organizarmos um currículo mais flexível, mais… que
aborde assuntos que vão de encontro aos interesses dos alunos”.
F2: “Na escola Ahh… há muita coisa a fazer, por exemplo, as auxiliares
não estão preparadas para lidar com as dificuldades dessas crianças, muita
das vezes são elas que passam a maior do tempo com elas e não tem a
formação”.
F2: “Há muita coisa a mudar, os pais também, portanto, devia-se
promover mais encontros”.
F2. “Incentivar para que haja maior inclusão mesmo em relação na
comunidade escolar, que não há”.
F3: “É muito difícil tornar uma aula inclusiva, é muito difícil! Porque tem
a ver com as mentalidades das pessoas que lá estão”.
F3: “Deveriam haver mais pessoal, docentes na escola para conseguir
fazer um trabalho melhor com esses alunos”.
F3: “Mudar um bocadinho essas mentalidades também dos outros alunos,
porque as vezes afastam até as crianças com NEE, tem lá os problemas
deles”.
F3: “No contexto escolar! Há muitas barreiras que continuam, existem
muitas barreiras físicas nas nossas escolas, as escolas não estão
preparadas para esses alunos”.
F3: “Em termos físicos, as escolas precisam de muitas mudanças e nesse
momento precisa de acessibilidade”.
F4: “Há escolas que a educação especial quase não existe é o professor
da sua disciplina que tem que articular com os alunos NEE, não há.
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F4: “Em Portugal houve um grande corte financeiro de professores de
educação especiais e a maior parte desses alunos deixaram de ter apoio
especializados”.
F5: “Eu não estou a criticar os professores, estou a criticar o próprio
sistema que as vezes não ajuda que as coisas funcionem”.
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Tema III: Objetivos das Unidades Curriculares
Categorias Indicadores Unidades de Registos
A- Contatos com os alunos
com NEE
1-Contato com alunos com
problemas graves.
P1: “Em contato com as crianças, consigam ter um contato direto com as
crianças com problemas graves.”
P1: “Digamos que o grande objetivo é o fato que os alunos vão aos contextos
reais e consigam olhar para um caso que escolham, com problema de
cognição ou multideficiência”.
P3: “O principal objetivo dessa unidade é familiarizar os formandos com
alunos com características que correspondem as problemáticas graves.”
P3: “Familiarizar as pessoas com essas crianças que têm de fato limitações
severas”.
P3: “Eles estão nas práticas, estão no terreno e vão fazer estudos no terreno”.
2- Saber trabalhar com crianças
com problemas graves
P1: “O nosso grande objetivo também, na mesma perspetiva, é que eles
fiquem no final da unidade curricular mais competentes para conseguir
quando forem para o terreno, conseguirem trabalhar com essas crianças com
problemas mais graves”.
P1: “A maioria não tem experiência com trabalho com crianças com NEE
nomeados com essas características de cognição e a multideficiência”.
P3: “Eles deviam estar tanto quanto possíveis a partilhar experiências com
restos das crianças dentro da comunidade escolar”.
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B- Avaliação dos alunos
com NEE
3- Saber avaliar os alunos com
problemas graves
P1: “Consigam fazer um processo desde da avaliação, a planificação da
avaliação”.
P1: “Fazer a pesquisa inicial dos dados, depois analisam esses dados, fazem
a planificação do que eles querem saber mais no processo de avaliação,
desenvolvem no processo de avaliação”.
P1: “O grande objetivo é mesmo esse… eles ficarem com competências que
permitam identificarem as características de todas as crianças, fazer a
avaliação, planear a intervenção”.
P2: “Sejam capazes de analisar a situação atual do aluno”.
P2: “Serem capazes de perceber a problemática do aluno”.
4- Elaborar propostas de
intervenção
P1: “Depois fazem um plano de intervenção”.
P1: “Fazer em termos de plano de intervenção e depois planificar essa
intervenção”.
P1: “E não tem a parte da intervenção porque o tempo não é possível,
digamos, com mais possível emergi-los num mundo real nos contextos
educativos onde estão essas crianças”.
P2: “Saber escolher quais são as áreas de desenvolvimento e de
aprendizagem que é importante, considerável, que importa avaliar”.
P2: “Pensar qual será a melhor intervenção no sentido de favorecer a
inclusão”.
P3: “Fazer propostas para melhorar, propostas para melhorar não só no
sentido da inclusão, propostas para melhorar todo um conjunto, todos os
objetivos educacionais que se desenham para criança”.
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5- Avaliar os contextos
P1: “Digamos que centram a avaliação na criança, no ambiente familiar e no
ambiente educativo, previamente, nos processos individuais das crianças”.
P1: “Pedimos aos alunos para fazerem a avaliação e a caracterização e a
avaliação do caso, tendo em consideração os contextos de vida que essas
crianças se encontram”.
P2: “Definir um plano de avaliação do aluno e dos contextos em que ele
frequenta: escola, família”.
P2: Saber perceber em que contexto é que dever ser observado e avaliado e
quem serão, digamos assim, os intervenientes privilegiados nesse processo
de avaliação”.
P2: “Pretende muito que sejam capazes de olhar uma criança com NEE nos
seus diferentes contextos”.
P2: “Avaliar as potencialidades e as fragilidades e os contextos que as
crianças têm”.
P3: “Caracterizar essa realidade e, essas situações educativas é o segundo
objetivo”.
P3: “O estudo e a análise das situações educativas, a distinção de pequenos
detalhes, as vezes não é uma questão de correção, questão de prever no
futuro de fazer propostas para o futuro”.
P3: “Caracterizar situações educativas em que essas crianças se encontram”.
P3: O estudo e a análise das situações educativas, a distinção de pequenos
detalhes”.
C -Elaboração de meios
de diagnóstico e planos
de ação educativa
6- Saber fazer um estudo de
caso
P2: “Fazerem um estudo de caso, serem capazes de fazer um estudo de caso”.
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7- Saber fazer adequações
curriculares
8- Adquirir conhecimentos
sobre teoria curricular e
diferenciação curricular
9- Fazer um Programa
Educativo Individual
P2: “Analisar e interpretar os dados e fazer um programa de intervenção
adequado, com estratégia adequada”.
P4: “Fazer as adequações curriculares, que são um problema nesse momento
em Portugal, é perturbante para os professores porque nunca sabem muito
bem”.
P4: “Fazer as adequações curriculares são os professores do regular apoiados
pelos professores da educação especial”.
P4: “Trabalhamos sobretudo com questões de adequações curriculares,
como é que podem fazer ao nível dos objetivos, conteúdos, das estratégias e
por aí, da avaliação”.
P4: “Fazer uma revisão da teoria curricular porque eles já tiveram nos
cursos, mas é preciso afinar a linguagem e os conceitos para não estarmos
todos a usar termos diferentes para as mesmas coisas, porque fizeram sua
formação inicial em sítios diferentes, depois falamos de diferenciação
curricular em geral, ou seja, não só para os alunos com NEE, mas para todos
os alunos, a noção de diferenciação curricular”.
P4: “Perceberem que existem alunos que podem chegar ao currículo comum
com adequações curriculares e outros que precisam de currículo específicos,
e, que a atuação quer do professor do regular, quer do professor do especial
que não é a mesma, nem as suas funções são as mesmas com esses dois tipos
de currículos com as crianças”.
P4: “Fazer a nível do sistema educativo e aí temos as vias de acesso
diferentes, as vias de prosseguimento de estudos diferentes, etc., ou a nível
de escola, com determinados tipos de currículo que hoje pode ser criado na
própria escola e depois as adequações curriculares individuais”.
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10 - Saber aplicar as Medidas
Educativas do Decreto 3/2008
de 07 de janeiro
P4: “Falar do programa educativo individual e das medidas que se podem
tomar para cada um dos alunos, dentro dessas, faço uma distinção clara, e
isso tem que ficar claro na cabeça dos estudantes, que é a diferença entre
adequação curricular que é para o acesso do currículo comum e currículo
específico individual que é para aqueles alunos que não tem possibilidade
de chegar ao currículo comum”.
P2: “Certa forma o que nós queremos muito é que os alunos tenham a
capacidade de análise crítica das situações, e de perceberem como a
legislação, desde de logo não é tudo!”
P2: “Definiu-se legalmente que é a escola portuguesa é uma escola inclusiva
e temos desde 2008 em dizer que, todos devem estar na escola, e estão,
eventualmente, estão!”
P3: “Agora está bem? A resposta está adequada aquilo que a criança é e está
nesse momento, mas então e para o ano? No futuro o que se perspetiva?”
P3: “Ora se a escola faz formação também no dito pelos professores do
regular também é importante que as pessoas do regular estejam
sensibilizadas e sabem responder a necessidade especial da população e as
vezes não é só da população com esses problemas graves, como é o âmbito
específico do mestrado, mas dos problemas educativos que possam surgir, a
chamada necessidade educativa especial, de uma forma mais abrangente.”
P3: “Dentro do sistema educativo português, normalmente essas crianças
estão colocadas em unidades de apoio que estão fisicamente dentro das
escolas, de acordo com a legislação”.
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C- Relacionar Teoria com
a Prática
11- Conteúdos curriculares em
ação
P1: Quem já tem na prática experiência do trabalho com problemas de
cognição e multideficiência, acho que eles conseguem relacionar mais com
a sua prática, portanto, é sempre mais fácil, eu diria”.
P1: “Acho importante que esse conhecimento seja relacionado também com
questões práticas e tento de alguma forma fazer isso, mas não é fácil”.
P2: “Apontar a compreensão da criança e dos contextos, e para ver as
condições em que está ou não incluída, se existem ou não situações de
inclusão, ou se a criança, apesar de ter tido o acesso continuar a ser um pouco
segregada”.
P3: “Coloca em ação desde logo pelo trabalho prático que tem realizar”.
P3: “Vão ao terreno e em pequenos grupos vão ter que fazer a caraterização,
tanto de colher informação, quer informação documental do projeto
educativo da escola, de documentos oficiais da escola, dos projetos que
existam na escola até dados de entrevistas aos docentes, aos profissionais
que trabalham nessa escola, as chamadas lideranças intermédias, que estão
entre a direção e os professores, para perceber quais são os objetivos, e como
é que os projetos de inclusão se desenvolvem naquela escola”.
P4: “Eles têm é que ajudar os professores do ensino regular a fazer
adequações curriculares, e, a questão é de como saberem colaborar com os
professores do ensino regular é fundamental, porque sem isso não há
inclusão nenhuma”.
P4: “Têm que saber fazer, ajudar os professores a fazerem as adequações”.
P4: “Podem sempre ajudá-los em termo da forma de pensar como se pode
organizar o currículo para que esses alunos consigam acender tanto quanto
possível aos objetivos finais dos ciclos, as metas finais do ciclo, e os
professores da educação especial podem ser de grande ajuda”.
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12-Dificuldades dos formandos
em aplicar os conteúdos
P4: “Esses professores também terão que trabalhar com os alunos que tem
currículos específicos individuais, muitos deles estão nas unidades de apoio,
e, aí tem de fazer currículos específicos individuais”.
P1: “Passam a tentar a perceber melhor aquilo o que nós dizemos na
informação teórica, quer dizer, eles estabelecem melhor relação daquilo que
o professor está a lhe dizer nessa aula”.
P1: “Tem conhecimento sobre isso…, mas não sei onde aplicar muito bem!
P1: “Aqueles que não têm experiência nenhuma, não há algo”.
P1: “Não tem experiência suficiente para conseguirem relacionar o que nós
estamos a dizer, ou o que eles estão a ler, ou que eles estão a explorar, o que
eles estão a conversar com casos específicos”.
P1: “A maior dificuldade que eles têm é (…) conseguirem perceber o que
para essas situações são específicos, onde eu possa buscar informação, no
sentido de articular os conteúdos”.
P1: “Conseguir ir as diferentes unidades curriculares e conseguir congregar
bem, essa é uma dificuldade que eu acho que eles têm”.
P1: “Eles ainda veem os conteúdos muito parcelados, portanto, essa unidade
curricular é isso, aquela unidade curricular é aquilo e depois como eles não
tem experiência na área”.
P1: “Não conseguem ainda fazer assim um mapa, ter um mapa conceptual
dos diferentes conteúdos e consegui-los congrega-los”.
P1: “Têm dificuldades em articular depois e fazer um fio condutor disso
tudo, você percebe que quando pede a eles para fazerem um mapa
conceptual sobre aquilo que foi analisado naquela unidade curricular, e sinto
que eles têm essa dificuldade em buscar os diferentes conteúdos”.
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13- Conhecimento prático e
teórico
P1: “Porque eles veem as coisas ainda muito parcelado, acho quem tem mais
experiência já consegue perceber o que é preciso ter”.
P4: “E essa colaboração não é fácil, como sabemos, porque a colaboração
nunca é fácil! Mas muito menos quando as pessoas têm visões diferentes
sobre as mesmas situações”.
P4: “Quando se trata do 1º ciclo eles podem ter uma intervenção mais forte
porque normalmente conhece melhor o programa. Quando se trata de
disciplina específica do 3º ciclo ou secundário é muito mais complicado, se
é a biologia, a matemática. As pessoas são formadas em português e ter que
ajudar o professor de matemática, não é!”.
P1: “Acho que essa relação entre o conhecimento teórico e o conhecimento
prático é muito importante e ajuda-os a não ficarem com pontas soltas no
seu conhecimento que adquiriu aqui”.
P2: “Nós apontamos muito para pedirem aos alunos trabalhos de natureza
teórica ou prática, no sentido de eles serem capazes de avaliar e intervir em
diferentes contextos, não é? E com diferentes problemáticas!”.
P3: “O foco principal do trabalho é o estudo de caso, o estudo da realidade
de um pequeno grupo de alunos”.
P4: “Esses assuntos todos que os alunos já trazem com sua experiência são
debatidos e isso ajuda muito a relação entre teoria e prática”.
P1: “Conseguem relacionar e perceber melhor os conteúdos teóricos quando
estão na prática e como pode aplica-los. Acho que essa é uma grande
mudança, é mais-valia, o que vejo”.
P3. “Pronto, para aquilo que conheço há boas práticas e há outras práticas
menos boas, depende mais um pouco das escolas, de múltiplas situações”.
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Tema IV: Desempenho das Funções do Professor de Educação Especial
Categorias Indicadores Unidades de Registos
A- Organização das práticas
educativas ou da
intervenção do professor
1- As ações centradas no
aluno
2- As ações centradas
nos pais
P1: “Colher informação no sentido de complementar a ação que faça com a criança
com quem ele está a trabalhar”.
P1. “Conhecimento teórico que vai servir para ele trabalhar com a criança, isso
diretamente”.
P1: “Apoio direto com alguém que ajude ele (o aluno) no processo de
aprendizagem, noutra maneira ou com auxiliar, ou com outro adulto, ele vai
precisar de ajuda”.
P3: “É preciso arranjar uma cadeira de rodas que se pode colocar dentro do
autocarro, e, é preciso ver se tem alguém lá que é preciso dá o de comer, e se for
uma comida especial que não come a comida que os outros comem”.
P3: então esse menino agora tem que participar também nas aulas, vamos lá ver
algumas atividades na aula de geografia, na aula de história, porque também
poderia participar porque estão a pintar os cartazes”.
P4: “Importante fazer apoio direto ao aluno, há outras situações até a criança tem
que está a maior parte do tempo numa unidade de apoio”.
P1: “Conversar com os pais, quais são os planos para os seus filhos, então como é
que podemos concretizar esses sonhos, qual será a tua tarefa e qual será a minha,
portanto, formar um acordo entre as partes”.
P1: “Saber trabalhar com os pais, porque os pais são os principais educadores
daquela criança”.
P1: “Saber trabalhar mais com os pais, no sentido de desenvolver mais no processo
educativo dos seus filhos”.
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3- As ações centradas na
relação com os colegas
P4: “é fundamental a relação com as famílias, porque sem isso, dificilmente as
crianças evoluem.
P1: “É importante o fato dos professores tem que conseguir trabalhar com técnicos,
com professores, com os pais e com a criança”.
P1: “O professor de educação especial de alguma forma tem que saber conversar
com o colega, no sentido de explicar-lhe o porque dessa estratégia e não aquela,
porque vamos usar essa competência e não a outra na criança”.
P3. “Tem que falar com os professores, tem que falar com toda a gente”.
P4: “Porque há modelos de apoio ao professor do ensino regular, funciona muito
bem! Em que o apoio direto ao aluno até nem é necessário”.
P4: “Porque se puderem dá só ao professor, e se as coisas puderem funcionar só
com apoio indireto, indireto ao aluno, apoio só ao professor, é preferível, não é, é
óbvio”.
B- Competências
Específicas
4- Ser interventivo
5- Trabalhar em equipa
P1: “Acho que essa intervenção em todas as dimensões, com a família, com
professor do ensino regular”.
P1. “No caso de criança com problemas mais graves a grande parte do trabalho
deve ser centrado no aluno, ele precisa de uma intervenção direta”.
P1: “Acho que o professor de educação especial pode ter esse papel de
desenvolver, eu dira que a intervenção dele será há quatro níveis: com os
profissionais, com os técnicos, com o professor de ensino regular, com a criança e
com a família”.
P2: “É fundamental que os professores de educação especial acho eu, e nosso curso
é apontado para aí, para essa intervenção”.
P1. “É importante que o professor da educação especial tenha competências para
saber trabalhar em equipa, de alguma forma saiba gerir as situações”.
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6- Capacidade de
argumentar/análise crítica
da realidade
P1: “Importante ele ter no rol que se permita trabalhar em equipa e partilhar os
seus conhecimentos e com os técnicos”.
P3: “O professor de educação especial tem que correr e tem que bater essas portas
todas (no aluno, no professor, na escola).”
P4. “A articulação entre os professores do ensino especial, do ensino regular e as
famílias é fundamental para criança conseguir ter um ambiente que seja
estimulador em casa e na escola”.
P4. “Colaboração com outros profissionais que estão envolvidos, como os
terapeutas, psicólogos e talvez até os médicos, e é importante que tudo isso
funciona com alguma articulação entre si porque senão cada um a puxar para o seu
lado, dificilmente se chega a um porto de abrigo em comum”.
P4. “Os professores de educação especial devem canalizar o seu apoio para a
díade, aluno com NEE, professores do ensino regular, vendo depois, qual deles é
que tenha que dar um apoio mais específico”.
P1. “Ter capacidade de argumentar as suas opções e porque ele acha que é
importante fazer, de usar estratégias e não outras, com muito conhecimento
teórico”.
P2: “Penso que a grande preocupação é também… da equipa é também conseguir
que os formandos tenham alguma capacidade de análise crítica das situações, não
é! Das situações, das políticas, dos contextos para além das intervenções, com
muito da análise crítica da realidade”.
C- Perfil desejável do
professor de Educação
Especial
7- Saber trabalhar com os
professores
P2.” Saber trabalhar com os professores do ensino regular, também tem que saber
trabalhar com pais, não é!
P1: “Saber ouvir que os técnicos têm a dizer do caso, seja o terapeuta, seja o
terapeuta ocupacional, terapeuta da fala, psicólogo ou psicomotricista, técnicos
que trabalham com a criança”.
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8- Saber trabalhar com os
alunos
9- Mudanças de atitudes
e nas práticas
P4: “A colaboração do professor do ensino regular é fundamental, mas uma vez,
se um faz de uma maneira e outro faz doutra e um quer atingir um objetivo, e outro
quer atingir outro, não há criança que resista, coitadinha!”
P4. “Os professores supostos a trabalhar com os professores do ensino regular,
trabalhar em termo colaborativo e acho que é nesse trabalho, é com esse trabalho
de colaboração que se aborda a inclusão”.
P4: “Dá para perceber que os nossos alunos tentam ter uma intervenção muito
presente, tentam apoiar os professores, as vezes tomam decisões que os
professores não gostam muito, mas no geral os outros professores tem uma boa
imagem do papel dos professores de educação especial”
P2: “Saber trabalhar com aquela criança que tem necessidades educativas muito
específicas, muito concreta, criança com multideficiência, criança com autismo,
criança com problema e que tem que saber fazer um currículo específico para
aquele aluno que tem autismo, que tem que ter competências muito específicas”.
P1: “O que eu quero que os professores tenham no hall de como trabalhar com
essas crianças, como poder promover o seu processo de aprendizagem por pelo
menos as estratégias que eu analiso com eles tem que a ver com estratégias que
acham nos contextos naturais”.
P2: “Penso que a ação do professor de educação especial lembro que… é … é
quase uma missão impossível”.
P2: “É que pode vir e que deve vir para a educação especial, porque vem para um
terreno que é difícil, porque o professor de educação especial tem que desencadear
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 150
10- Conhecimento
profissional
processo de mudança na escola, nas atitudes, nas pessoas, nas práticas e nessa
medida tem que ser uma pessoa ativa”.
P2: “Também tem que saber trabalhar com os outros alunos para sensibiliza-los”.
P2: “Quando muito posso ter perceção da evolução que eles mostraram ao longo
da elaboração do estudo de caso, mas diante das mudanças das práticas deles”.
P2. “Capacidades de análise crítica que eles poderão propor desencadear
mudanças, se não forem críticos, não é, não conseguiram isso! A ideia é muito que
eles consigam ser críticos!”.
P3. “É difícil dizer, não tenho assim, uma perceção muito fundamentada e
sistemática”.
P4: “Dá para perceber pelo menos alguns dos nossos ex. alunos fazem um bom
trabalho”.
P2: “Um profissional que tem funções muito grande, diversificadas, eu diria, não
é! E que portanto, tornam-se a função algo difícil, e só quem gosta muito e de
grandes desafios, não é!
P4: “Em termo de perfil há competências específicas do professor de educação
especial, mas que essas competências específicas estão sustentadas, estão
enraizadas em competências gerais dos professores, daquilo que é do
conhecimento profissional de qualquer professor, e é sobre esse conhecimento
profissional docente que depois vai construir o conhecimento específico do
professor de educação especial”.
P4: “É um perfil especializado, sim, mas que tem por base o perfil geral dos
professores, e que nós temos isso bem definido”.
P4: “Em relação aos professores da educação especial, especificamente, não há
um perfil definido por lei, mas há um diploma, não é um diploma, na verdade é
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 151
um regulamento que tem as várias funções que os professores de educação especial
devem desenvolver”.
P3: “Pessoa que tem mais experiência é completamente diferente daqueles
inexperientes”.
D- Constrangimentos na
Profissão
E- A Formação
Especializada
11- Recursos limitados
12-Falta de participação
dos pais
13- Dificuldades de
intervenção direta com o
aluno
14- Conciliação de
saberes gerais e
específicos
P1: “Sabemos que os nossos recursos são limitados em termos na área da educação
especial, não temos professores que possam está a tempo inteiro numa intervenção
só com o aluno”.
P1: “Dificuldade de saber lidar com as dificuldades que os pais têm, porque as
vezes não participam mais ou o tanto que gostaríamos”.
P1: “Eu não sou muito favorável de… então faz intervenção só com o professor
do ensino regular, e o professor do ensino regular resolve o problema todo. Nos
casos dos meninos com problemas mais graves, acho que não! Tem que ser mais
direto”.
P1: “Ver que o professor do ensino regular que não tem a formação especializada
para trabalhar com esses meninos, que não podem ter formação especializada para
tudo, não é!”
P1: “Acho que o conhecimento na área da educação especial tem…. Acho que tem
que haver especialização, acho que tem vários tipos de professores de educação
especial. Tipos, quando digo tipos, tô a dizer pessoas com diferentes áreas de
especialização.
P1. “No caso, o professor que trabalha apenas com criança com deficiência
intelectual pode eventualmente não necessitar. Pronto, e acho que aí vai depender
muito da área de especialização”.
I n c l u s ã o e f o r m a ç ã o d e p r o f e s s o r e s | 152
P1: “Depois temos os casos dos meninos dos problemas intelectuais, tem que
perceber que a criança tem dificuldades muitas vezes de receberem a informação,
não compreendo, as aprendizagens são maiores.”.
P1: “De qualquer maneira eu acho que as competências que um professor de
educação especial deve ter e vai depender muito da área que estão a especializar”.
P1: “Acho que as competências, quanto mais grave é a problemática da criança é,
acho que mais competências as pessoas devem ter”.
P1: “Devem ter competências relacionadas com o fato de serem bons, serem
empáticos, que sejam pessoas fácil de trabalhar em equipa, sejam pessoas
compreensivas, sejam pessoas de alguma forma vão a procura de conhecimentos,
e sejam curiosas pelo conhecimento”.
P1: “Uma série de competências que não têm que a ver com a especialidade e
intervenção com aquela criança e essas sim, são transversais para qualquer pessoa
da educação especial”.
P1: “Há competências que são fundamentais que os professores de educação
especiais terem”.
P2: “Eu penso que isso, nós ainda não trabalhamos o suficiente nessa área, estamos
ainda muito focados no défice e provavelmente, se queremos que a escola seja
inclusiva, temos que dar competências aos professores.”.
P3: “O caso da surdez há conhecimentos específicos que os professores têm que
ter, tem que ter um leque um tanto alargado, isso eles têm que saber, e que os
outros não têm que saber. E nesse sentido sim é um especialista!”
P3: “O conhecimento é como uma pirâmide, a gente não consegue construir uma
pirâmide muito alta se não tiver uma base muito larga, e, portanto, esses
professores de educação especial têm que ter uma base de ensino bastante larga
depois é para quando chegar lá na ponta da pirâmide, é aquela coisa muito
especializada, que de fato ele tem que saber”.
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15- Aspetos negativos na
formação especializada
P3: “Envolve um conhecimento multidisciplinar bastante vasto, e, é claro que
essas pessoas não trabalham sozinhas, tem que ter umas equipas por detrás, mas
também tem que saber falar com elas”.
P3: “Tem que saber falar com neurologistas e perceber a linguagem do
neurologista, tem que saber falar com o fisioterapeuta, portanto tem que ter a
linguagem da fisioterapia. Isso implica uma especialização que o professor do
regular normalmente não tem!”
P4: “A especialização tem que está voltada para educação especial, mas também
não pode esquecer essa formação geral de qualquer professor”.
P4: “Aprofundar esses conhecimentos gerais da docência, conhecimento
profissional docente, que é fundamental e que é de base, porque sem ele os
conhecimentos que são específicos do professor de educação especial ficam a
funcionar no vazio”.
P4: “Outras funções genéricas que estão ligadas, como eu dizia as competências
de todo os professores ao conhecimento profissional que o professor tem que ter”.
P1: “Eles têm uma perspetiva que acham de até para eles perceberem melhor, o
fato de quem estamos a falar, conhecer melhor os contextos reais, mas é uma
unidade curricular bastante exigente e trabalhosa”.
P1. “Muitas vezes não temos esses recursos, precisávamos de pessoas de alguma
forma como podem vir trabalhar na intervenção precoce, também tem que saber
muitas coisas dos meninos pequeninos”.
P1: “Acho que não é tão específico assim, porque eventualmente, eles têm que ter
competências para saber as tecnologias de apoio que permitam as crianças com
problemas neuro motores graves terem acesso ao currículo ou a informação ou ao
controle do ambiente”.
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P1: “Mas na intervenção precoce eles não tem crianças apenas com
multideficiência”.
P1: “Na minha opinião intervenção precoce deveria ser um grupo a parte, porque
a formação nesse grupo de deficiências era mais transversal”.
P1: “A percentagem é mínima que tem especialização em multideficiência ou com
problemas congénitos nem deve haver.
P1: “Ter a consciência, que aqui na escola não dá esse currículo nessa dimensão
(…) os professores deveriam ter no rol nos problemas de saúde, de como fariam
para poderiam reagir”.
P1: “tenho consciência disso, mas ainda não consegui encontrar uma forma de
introduzir essa informação no currículo (…) não cabe em nós da educação, mas é
importante que os professores que vão trabalhar com essas crianças tenham
minimamente algum conhecimento”.
P1: “Bem não há nenhum curso que deem tudo aquilo que precisamos saber no
dia-a-dia, portanto, temos que dá essa informação”.
P2: “Temos um modelo antigo, continuamos a desenvolver, portanto aqui há um
grande enfoque na deficiência e penso que ainda é lacunar a nossa formação
noutras competências que hoje são exigidas ao professor de educação especial, e
que nós não temos resposta no nosso plano de estudo”.
P2: “Nessa escola, continuamos a fazer uma formação que de voga de certa
maneira que o professor de educação especial deve ser um especialista em
determinada área em deficiências”.
P2: “Tudo que seja um trabalho mais de colaboração com a escola, nós aqui não
temos, quer dizer, não temos nenhuma unidade curricular que aponta para isso. É
lógico que todas nós falamos que tudo isso é fundamental, não é!”.
P2: “Mas não há assim, uma preocupação de haver uma unidade curricular sobre
essas questões. Eu penso que a inclusão exigiria isso, não é!”.
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P2: “é importante essa formação que nós damos, penso que falta o outro lado, me
parece que há também outra área que parece e que não existe ainda e é necessário
trabalhar as questões éticas dessa profissão.”.
P2: “O que nós não trabalhamos, portanto, as questões éticas, questões de
colaboração é fundamental, a questão de trabalho com pais e com os professores,
como pode-se fazer? Que estratégias pode-se desenvolver esse nível?”.
P2: “Tem haver como trabalhar com outras áreas, certa forma, ainda estamos em
centrar ainda muito no aluno e no problema do aluno. Por outro lado, também tem
que ser assim, e não temos muita hipótese de ser fora disso, porque em termos
legais, o professor de educação especial é especializado em diferentes tipos de
problemáticas”.
P2: “Por exemplo, também tem que ser assim, e não temos muita hipótese de ser
fora disso. Aqui também há uma série de contradições em termos legais, não é!
Por um lado, preconiza a inclusão, mas depois continuamos a preconizar outra
coisa, não é! É por ai, tem sido assim.”.
P3. “E tem sido uma batalha interessante, um desafio porque é algo que não
podemos substituir, nós somos da educação especial, não podemos substituir aos
outros! Porque não isso que se pretende nas escolas, encher as escolas de
professores de educação especial, não é!”.
P1: “porque a maioria deles não tem prática com esses meninos, são professores
que ainda não são especializados, portanto, não sendo especializados, não estão a
trabalhar com meninos com NEE”.
P1: “Porque nós não acompanhamos as práticas deles”.
P1: “No geral não tenho porque eles também não estão a trabalhar diretamente,
quando estão e tem dúvidas, eles questionam-nos, e aí ficamos com alguma
informação”.
P2: “É difícil dizer, não tenho assim, uma perceção muito fundamentada e
sistemática das práticas dos formandos”.
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16- Políticas na formação
especializada em
Portugal
P1: “Acho que a ideia que eles têm, e a que eu tenho, é que uma unidade curricular
importante para eles, mas muito difícil, muito exigente
P1. “Em Portugal temos três: os professores que tem especialização que permitem
trabalhar com meninos que tem problemas intelectuais, problemas motores, com
intervenção precoce, com multideficiência que é o 910, que é o grande saco”.
P1. “Outros que trabalham com os meninos com problemas sensoriais, os meninos
com problemas de audição e os meninos com problema de visão. Pronto, o 920 e
o 930. Esperamos que esses professores tenham competências distintas”.
P1: “O professor que trabalha com o menino cego ou com baixa visão tem que
saber braille; tem que saber mobilidade; tem que ter conhecimentos muitos
específicos; tem que saber fazer avaliação da visão; avaliação funcional;
conhecimento muito específico para aquela área de incapacidade humana.”
P1: “O que acho pelo menos na área do grupo 910, enquanto no 920 e 930 os
conhecimentos e as competências estão muito bem descritas, pronto, um professor
de educação especial dos meninos surdos tem que saber de língua gestual, no
sentido de fazer intervenção que temos aqui em Portugal”.
P1. “No caso dos meninos do grupo 910 é aquele que tem maior diversidade”.
P1: “Problemas intelectuais e problemas motores podem apanhar tudo, ou podem
pegar 920 ou 930”.
P4: “Em Portugal os professores só podem ser professores em educação especial
depois de fazer um curso, é claro! Mas também tem que ter cinco anos de
experiência como professor.”.
P4: “Em Portugal se pede que eles tenham pelo menos cinco anos de serviço, como
professores do ensino regular, isso significa o que se espera que esses docentes
tenham já uma formação e uma experiência como professores em termos gerais,
em termos do trabalho com todos os alunos”.
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P3: “Pro outro lado, também não podemos fechar as portas às pessoas que nos
chegam e que também tem limitações! (…) Todas essas pessoas passaram por aqui
e fizeram o seu percurso e hoje em dia estão no ensino”.
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Tema V: Avaliação das Unidades Curriculares
Categorias Indicadores Unidades de Registos
A- Aspetos Positivos
da Unidade
Curricular
1- Conhecer a realidade do
aluno
3- Possibilidade de avaliar e
planificar o contexto da
realidade do aluno
P1. “A primeira vantagem é que os alunos podem contactarem diretamente em
contextos reais onde essas crianças encontram-se incluídas. E como quem não tem
conhecimento prévio, acho esse é o fator principal e é mais-valia na unidade
curricular”.
P2: “Penso que o aspeto positivo é a unidade curricular permitir, possibilitar aos
alunos, aos professores o contato com a realidade da inclusão”.
P2: “Contato com o real, com a realidade da escola, com a realidade daquela criança
que está na escola”.
P3: “Os aspetos positivos tem sido a recetividade que os nossos alunos têm tido
junto das unidades e das escolas que os recebem para eles fazerem o estudo de caso”.
P2: “Contextos onde há alunos que estão incluídos e a necessidade deles tem de
avaliar, fazer um plano de intervenção, eu penso que isso seja o aspeto mais
positivo”.
P2: “Eles têm que avaliar, esse é um aspeto muito bom da unidade curricular”.
P4: “Penso que a parte melhor são esses trabalhos práticos e depois os trabalhos que
os alunos fazem para a avaliação são geralmente muito positivos.”.
P4. “Avaliam a disciplina e os professores por causa do gabinete da garantia da
qualidade que existem na escola e no IPL”
P4: “Eles fazem uma avaliação da disciplina e do professor e a avaliação é bastante
boa”.
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4- Convívio entre os
colegas/troca de experiência
5- Utilizar metodologia de
tutoria
6- Apresentação dos
processos de análise dos
casos
P2: “Depois outro aspeto que penso que eles têm que valorizar é o fato do trabalho
do estudo de caso ser feito em grupos, portanto, e nesses grupos podem haver
pessoas com mais ou menos experiência (…) essa troca de aprendizagem entre os
formandos, penso que é muito boa”.
P3: “Coisas favoráveis tem sido as experiências de alguns alunos. Há pessoas que
vem de fato com alguma experiência dentro dessa área e o seu contributo também é
muito precioso até para os outros alunos, não é!”
P3: “Os debates e a participação deles é extremamente enriquecedora, esse também
é um aspeto positivo”.
P4: “a integração das experiências dos alunos, das experiências anteriores dos
alunos, dos casos de crianças que eles conhecem, dos problemas que tem nas escolas
com os alunos com NEE, ou com os professores, ou alguns professores que tem
dificuldade em aceitar a inclusão”.
P2: “Outro aspeto positivo tem a ver com a metodologia que usamos, o fato de ser
um trabalho que vai sendo apoiado ao longo das semanas, a tutoria”.
P2: “Um processo de análise constante de reformulação até a vezes no próprio plano
da avaliação e depois a apresentação final”.
P2: “Não seria apenas só a entrega de um trabalho escrito, mas ser uma apresentação
prévia, oral para toda a equipa e para todo o grupo! E para toda a equipa de
professores!”
P2: “Penso que é extremamente rico em termos de aprendizagem, porque para além
de eles apresentarem o seu próprio caso e poderem ter contributos dos colegas sobre
estratégias em implementar com o seu caso”.
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7- Trabalho colaborativo
entre as orientações dos
trabalhos
8- Expectativas do curso
P2: “Veem uma grande diversidade de casos serem apresentados e depois também
podem aprender, portanto, pode ser fonte de aprendizagem. Eu penso que é uma das
disciplinas… (pausa) são os aspetos positivos!”.
P3: “Da facilidade também que é esse esquema que encontramos de trabalhar com
pequenos grupos e temos vários professores, que agora somos três, e que divide os
alunos e que depois se conhecem bem, também colaboram entre si e fazem com que
não hajam muitas diferenças nas orientações”.
P3: “São orientações personalizadas, mas não são muito diferenciadas, não é
diferenciada! Não são muito diferentes!”.
P3: “Então há uma certa uniformidade final nos trabalhos e no desenvolver das
coisas”.
P3: “Fácil haver essa transferência do conhecimento e das experiências”.
P3. “Eu penso que em termo das espectativas e da avaliação que os alunos fazem é
boa, é muito favorável.”
P1: “Quando reformulamos o curso, achamos que não podia passar algum aluno que
vivenciassem essa unidade curricular, porque ela é fundamental, queríamos mais,
queríamos que tivesse mais prática”.
P3. “Dá mais oportunidade a esses alunos de trabalharem diretamente com essas
crianças. Nós é que temos uma espectativa que ainda não está completamente
satisfeita”.
P2: “Penso que será ser positivo e para aqueles que já trabalham na educação
especial, penso que pode ser uma oportunidade, eventualmente utilizarem um ou
outro instrumento novo que eles tanto aprenderam aqui na formação”.
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P2: “Pode corresponder de alguma forma a expectativa verem no real, no terreno
como as coisas funcionam…”.
P4: “Espero que aprendam a fazer, e pelo menos nos trabalhos finais parecem que
aprenderam, aprendam a fazer os programas educativos individuais”.
P4: “aprendam aquilo que é preciso colocar nas adequações curriculares e saibam
trabalhar com os professores do ensino regular de maneira que esses programas
educativos individuais e essas adequações curriculares sejam frutos de um trabalho
conjunto.”
P4: “Sobretudo eu gostava que depois dessa disciplina os professores ficassem em
ter a ideia, que está muito difundida entre professores portugueses, que tudo que
seja o que escrever coisas no papel é burocracia… essa ideia que quero
desmitificar”.
P4: “A partir da avaliação que os alunos fizeram da cadeira, aliás, acho que um dos
itens é mesmo sobre isso, sobre a expectativa ao desempenho do futuro profissional,
e no geral estão contentes”.
B- Constrangimentos
na Formação
9- Regime do curso ser pós-
laboral – horário do curso
P1: “O grande constrangimento é que são professores trabalhadores, portanto são
professores que trabalham, o regime é tempo inteiro, tem muito pouco tempo para
poderem se deslocarem aos contextos onde as crianças se encontram no sentido de
fazerem o seu processo de estudo, pronto, esse é um grande constrangimento”.
P2: “é um curso pós-laboral, não é! E nós não temos essa possibilidade. Portanto,
acho que é uma pena que isso aconteça assim! Acho que comparativamente com
outros”.
P1. “Esse é um grande constrangimento que encontramos aqui nessa unidade
curricular que muitas vezes temos um grupo, um ou dois alunos consigam ir, mas
temos as vezes outros 2 ou 3 que não conseguiram ir.
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10- Distanciamento
geográfico das
Unidades/Escolas
(multideficiência e autismo)
11- Dificuldade na literatura
em outro idioma
P1. “Raramente todos os elementos do grupo conseguir ir lá até o contexto e
observar a criança, avaliar, fazer entrevista ao professor ou ao pai, e, conhecer o
caso da criança em si, alguns deles não tem essa oportunidade”.
P1: “Esse é o grande constrangimento que tem a ver com nosso modelo de formação,
que nesse caso, é pós-laboral. O fato de ser pós-laboral, limita muito, é muito difícil
para eles, e, depois conseguir contextos que de alguma forma autoriza os alunos a
fazerem os seus estudos”.
P1: “Esse é o grande constrangimento, em termos burocrático, em termos de registos
e a própria realização que tem que ter tempo, e esse é outro constrangimento para
realizar os seus estudos, é uma das maiores dificuldades que sinto”.
P2: “Quando o curso passou ser em regime pós-laboral, deixamos de poder
acompanhar as práticas, portanto, essa perceção das mudanças, não posso ter”.
P3: “É uma dificuldade porque todos os anos os alunos também procuram e, como
são trabalhadores, procuram sempre também coisas que são geograficamente
próximas, há algumas que podem ser sempre as mesmas unidades que estão a
colaborar connosco, mas as vezes não são!”.
P3: “Um constrangimento as vezes é a língua, aparecerem alguns alunos e assim
mesmo a percentagem não é tão pequena de pessoas que têm dificuldade de ler em
inglês”.
P3: “dificuldade porque muito da literatura sobre educação especial é em inglês,
encontramos assim muitas coisas e até temos muita coisa em brasileiro, mas mesmo
assim, a grande literatura são obras em inglês, isso é um certo constrangimento”.
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Tema VI: A Inclusão nas Unidades Curriculares
Categorias Indicadores Unidades de Registos
A- Abordagem teórica à
inclusão
1- Não há uma abordagem
teórica
P1: “A partida nós não temos propriamente uma abordagem específica
porque vai depender dos casos que eles escolhem”.
P1: “Nessa unidade curricular não temos propriamente um conteúdo de
inclusão”.
P1: “Não é que haja um conteúdo específico, nós é que depois no processo
de avaliação e na planificação e na intervenção, temos esses aspetos da
inclusão em consideração”.
P1: “Não há um conteúdo específico nessa unidade curricular sobre a
inclusão, são as práticas de educação inclusivas”.
P2: “Nessa unidade curricular é… não há uma abordagem, não há uma
abordagem, eu diria, teórica com tema da inclusão”.
P2: “Mas não é nessa cadeira de Prática de Educação Inclusiva, bem, a
inclusão aparece dessa maneira”.
P2: “A inclusão aparece dessa forma e não em forma teórica”.
P4: “A inclusão está presente, onipresente nessa disciplina. (risos). Uma
vez que essa disciplina esta muito ligada a respostas curriculares que as
escolas dão ou não dão, e, que deviam dá (risos) aos alunos com NEE.”
P4: “Não é uma abordagem muito aprofundada, mas eles também não
precisam porque a inclusão já entrou no discurso pedagógico aqui em
Portugal”.
P1. “Agora não sei se todos os docentes do curso se tem exatamente o
mesmo conceito de inclusão”.
P1: “Mesmo na minha unidade curricular há um tópico que tem a ver com
a inclusão desses meninos, mas não é o central”.
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2- Abordagem na temática da
inclusão
P3: “A temática da inclusão também é abordada noutras unidades
curriculares”.
P3: “A temática da inclusão nessa unidade curricular é abordada na
caracterização na situação educativa onde se pode fazer uma avaliação da
situação tal como ela está”.
P4: “Mas em termos globais eles sabem o que é inclusão, sabem o que são
os processos inclusivos”.
P3: “Os professores que fazem também a formação dos professores para
essa temática da inclusão e, essa problemática da inclusão como desígnios
da escola por inteiro”.
P3. “Os professores do ensino regular têm que está sensibilizado para essa
temática da inclusão e ter os instrumentos e as ferramentas necessários
como professores, para poderem ministrarem um ensino de qualidade que
respondam a uma variedade muito grande de necessidade, inclusive as
necessidades especiais”.
P3. “E aqui na escola (…) nos vários cursos de formação de base dos
professores (…) tem que arranjar formas de ensinar os seus alunos a
ensinar também dentro das didáticas dentro desses ramos como é que
ensinam também alunos que aprendem de outra maneira, de outra forma!”.
P4. “É no trabalho de todos os dias, é no apoio que se dá aos professores
do ensino regular para superar os problemas que tem quando aparece esses
alunos em suas salas. É aí que se aborda a inclusão, é aí que faz perceber
aos professores que isso é inclusão”.
P4. “É no trabalho do dia-a-dia e no fundo vão levando os professores
pensarem um pouquinho sobre os assuntos, a questionar se este aluno está
bem (…). O melhor grupo de trabalho para ele está! É assim que se aborda
a inclusão, tentando ajudar a resolver os problemas de todos os dias”.
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P1: “Porque eu acho que perdemos tempo a falar o que é inclusão, o que
não é inclusão, pois não chegamos a conclusão nenhuma, pois acho mais
benéfico pensar o que se faz nesse caso real e como posso incluir”.
3- Abordagem histórica P4: “A relação propriamente do que é isto da inclusão, faço uma pequena
abordagem histórica, apenas para terem a certeza de que estamos todos a
falar da mesma coisa, porque mais ou menos, todos nós falamos um pouco
disso em todas as cadeiras”.
P4. “Faço uma pequena abordagem do que foi a Declaração de Salamanca,
e da importância que teve”.
P4. “Conceito de NEE para relacionar depois com as questões do currículo,
sobretudo naquela primeira definição que apareceu de NEE ainda em 1988
com Warnock Report que é a definição que é feita com base no currículo,
na relação da criança com o currículo”.
P4. “Noção de NEE está também, embora tem aparecido antes, muito antes,
mas também relacionada com as questões de inclusão que depois vai dá na
origem, em tomadas de decisão a nível europeu e mundial de certo modo,
através da OCDE”.
B- A Inclusão nos
Contextos Educativos
4- Possibilidade de
caracterizar/avaliar o contexto
P2: “A inclusão aparece, por exemplo, quando procuramos ou quando
pedimos aos alunos que façam o processo de observação dos alunos e dos
contextos”.
P2: “Se dermos um determinado instrumento para avaliar até que ponto o
contexto é um contexto inclusivo”.
P2: “O que acontecem nesses contextos”.
P2: “Pode aparecer também tentativas de analisar, por exemplo, em termos
dos documentos da escola, até que ponto o projeto educativo da escola
aparece com alguma preocupação relativamente a inclusão”.
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P3: “Fazem a caracterização educativa, os alunos vão fazer uma definição
de quais são as atividades em que o aluno está envolvido e qual é a
realidade do contexto e aí perceber e utilizar esse nível, o grau de
envolvimento como indicador e uma medida de inclusão”.
P1: “Unidade é apenas um espaço para preparar outras atividades que estão
fora, porque eu sou pela abordagem numa intervenção centradas em
atividades naturais”.
P1: “Quero com isso dizer, que as crianças têm que haver atividades nos
contextos naturais, onde dê apenas o local típico para elas acontecerem, e
não é numa sala de aula, nem numa sala de unidade”.
P1: “E importante procurarem que esses meninos, sobretudo esses que
estão nas unidades de apoio com multideficiência, que tenham relações
com outros colegas e que não atinjam apenas o espaço das unidades”.
P3. “É muito impressionante essa sensibilidade que os miúdos mostram em
relação aos outros”.
P1: “Quando chegam crianças com características mais graves, os
professores pensam (…) ele não vai aprender a ler e a escrever, ele não vai
aprender a contar, não vai aprender a… ok! O que eu faço com ele agora!
Acho que eles sentem muito angustiados com essa situação”.
P1. “Porque nós professores de educação especial as vezes não
conseguimos cativá-los, envolve-los. Acho que aqui é muito do trabalho
do professor no sentido de pedir a colaboração e o envolvimento do
professor do ensino regular no trabalho com essas crianças, ver em que
situação é benéfica para a criança está incluída”.
P1: “Nesse momento esses meninos têm que ser incluídos, quais serão as
práticas de incluir em face a inclusão, chama de inclusão inversa que é as
crianças do ensino regular vão ao espaço da unidade”.
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P1. “As relações sociais podem ser criadas e estabelecidas. Mas o que eu
quero mesmo que criança com multideficiência veja o mundo (…). Nós
queremos que estejam bem, o bem-estar, mas também que façam uma
aprendizagem sobre o mundo”.
5-Preocupações relacionadas
com a Inclusão
P1: “Digamos que temos a preocupação relacionada com inclusão social e
com a inclusão académica, do ponto de vista, do conteúdo, da participação
e do envolvimento nas atividades com outros colegas sem o
comportamento típico e também nas situações de interações sociais”.
P1: “Digamos que as nossas preocupações estão relacionadas com a
inclusão, estão patentes nessas indicações que vamos dando a eles, no
sentido de procurar informação sobre como a criança está nesse nível”.
P2: “Certa forma garantiu-se o acesso, os meninos estão todos na escola,
mas ainda não se garantiu a participação e muito menos o sucesso, não é?
Portanto, corre-se o risco em algumas situações, dessa suposta inclusão,
que é uma inclusão legal, definida legalmente”.
P2: “Mas só o acesso não basta, não é? Para a inclusão acontecer, só o
acesso não basta! Portanto, se os meninos não participarem nas atividades
e não tiverem o sucesso possível em termo do seu desenvolvimento, a
inclusão é um engano! Quer dizer, e pode ser muito negativo para crianças
que vivenciam essas situações, não é?”
P3: “Quando se diz que todos têm que aprender juntos, não quer dizer que
todos têm que aprender a mesma coisa!”.
P4. “A inclusão já entrou no discurso pedagógico aqui em Portugal, se
entrou nas práticas é outra coisa, não é! Porque entra mais facilmente no
discurso do que propriamente na prática”.
P1: “Minha grande preocupação é que eles pensem que a inclusão não é só
uma inclusão social e que essa inclusão social tem de alguma forma, tem
que ser pensada (…) para estar incluído, uma inclusão total, ou real, a
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6-Observação nos contextos
criança tem que estar a fazer com os alunos com NEE, tem que está a fazer
exatamente como o outro”.
P1: “A minha preocupação é que eles percebam que a inclusão tem a ver
com participação, tem a ver com envolvimento e tem a ver com atividade”.
P3: “Alguns nunca trabalharam com casos tão graves, é verdade! Estão
mais habituados com crianças com situações de baixa gravidade
P4: “Porque muitas vezes da inclusão escolar, não estamos a falar da
inclusão social ou outro tipo de inclusão, mas o problema da inclusão
escolar muitas vezes é que os professores considerem que essas crianças
estão na sala sobretudo para socializar e, é evidente que socializem com
pares da sua idade, com crianças, outros jovens da sua idade (…) mas eles
não estão lá só para socializarem, eles estão lá para aprender e as vezes os
professores esquecem disso, que eles estão lá e basta só a socialização e
não basta”.
P1: “acho que as escolas sabem que tem os meninos, e, o decreto-lei assim
obriga que as crianças estejam nas escolas do ensino regular, mas os
professores do ensino regular ainda veem com alguma relutância a inclusão
das crianças com problemas mais graves”.
P1: “Os meninos com problemas com multideficiência ou com problemas
congénitos são aqueles que colocam mais desafios à educação, portanto os
professores se sentem menos preparados para interagir com essas
crianças”.
P1: “A observação não é centrada só no aluno, é centrada na criança, mas
nos contextos que elas estão”.
P2: “Observarem os diferentes contextos”.
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7- Participação dos alunos com
NEE nas atividades escolares
como indicador de inclusão
P2: “Com base naquela escala iriam observar a sala de aula e ver se é uma
sala de aula inclusiva, não é! Daí a inclusão aparece.”
P2: “Pelo processo da observação da realidade, não é! E eventualmente
pode aparecer também, se eles estivessem interessados nisso em perceber
o que as pessoas pensam sobre a inclusão, o que naquela escola pensa”.
P1. “Temos que olhar especialmente cada caso para conseguirem também
encontrar também melhor resposta, mas também acho, face aos estudos que
meus alunos do mestrado e tenho feito da inclusão desses meninos com
problemas mais graves, ainda temos um grande percurso a correr”.
P1: “Em termos de inclusão olhamos para tudo, as questões e o
envolvimento social, mas também no envolvimento das atividades”.
P1: “Como é que nas atividades estão sendo desenvolvidas nesses
contextos educativos e como esses meninos participam, se participam só
com atividades realizadas nos contextos das unidades, ou se vão a sala de
aula, ou se estão também a brincar no recreio, ou se fazem atividades que
os outros meninos fazem da turma deles e eles também vão ver todas as
visitas de estudos”.
P1: Procurar perceber como é o envolvimento e a participação das
atividades na escola e como são as suas interações sociais”.
P1: “Ver quem é que está envolvido nas atividades, se participam das
atividades só na unidade, ou se vão também a sala de aula, se brincam no
recreio com outros meninos, como eles brincam nos recreios com os outros
meninos”.
P2: “Procurar perceber se o aluno participa, não participa e aí o tema da
inclusão, obviamente aparece, não é!”.
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P3: “utilizar critérios de participação e de envolvimento dos alunos com
problemáticas graves nas atividades de sala e da escola como um indicador
de inclusão”.
P3: “alunos com problemas mais graves com participações em algumas
atividades, sobretudo, a medida que eles vão crescendo, temos aí dados
mais avançadas em que os trabalhos dos alunos em sala de aula já ficam
muito académicos”.
P3: “a exploração da realidade da escola não se restringe só ao trabalho
académico dentro da sala de aula e digamos, o que se pretende é que nossos
alunos façam também é identificar oportunidades para que hajam
atividades em que todos possam participar”.
P3: “Podem com certeza participar em atividades com os outros, mesmo a
roda dessas temáticas, pronto! Também para eles representar alguma
aprendizagem”.
P3: “Mas a ideia principal que acho que tem que transmitir a esses alunos
é que mesmo esses casos de miúdos com problemas graves, com grandes
limitações podem ter ganhos com a participação em atividades com os
outros”.
P4: “Isso tem que ser pensada em função das características da criança e
das suas possibilidades em temos de participação em sala de aula”.
P1: “Digo isso com alguma frequência, o menino com multideficiência,
nós queremos com a inclusão que eles participem de todas as situações do
dia-a-dia”.
C- A Inclusão nos Casos
Escolhidos
8- Saber analisar/avaliar os casos P1: “Eles podem escolher o caso que vão estudar e diria que 90% das
situações são alunos que estão incluídos nos sistemas de ensino regular”.
P1: “Eu diria que pelo menos os casos que tenham ficado comigo, a maioria
deles são casos que estão nos contextos regular de ensino, em unidade de
apoio a meninos com multideficiência”.
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P1: “Em termos de inclusão é tentar perceber, por exemplo, na avaliação
depois do caso, como são as interações sociais das crianças com seus
colegas, como está o seu sociograma, como é que os outros meninos os
veem, normalmente nos dados que eles fazem da análise documental não
tem muita informação sobre isso”.
P1: “Quando eles fazem a avaliação do caso, eles não vão atingir apenas
onde a criança está limitada, se a criança está naquele contexto”.
P1: “Avaliar casos em que a partida são crianças incluídas nas escolas do
ensino regular”.
P3: “Fazem o seu plano de intervenção, esses resultados são, digamos,
chamados para cima da mesa, para perceber se eles podem ir mais longe e
fazer propostas que levem mais longe a inclusão desses alunos dentro
daquele contexto, dentro daquela realidade”.
P3: “Percebeu o que eles estavam a dizer e também de interpretarem os
comportamentos de interação”.
P4: “Que eles tenham possibilidade de desenvolver as suas capacidades
num ambiente mais natural possível, na companhia de pares, tanto quanto
possível, de modo poderem desenvolver alguma autonomia, socialização e
também algumas aprendizagens”.
P4: “Acho como princípio básico, é importante pensar que a inclusão não
é só sinónimo de socialização, é também sinónimo de aprendizagem
conjunta”.
D- Conceção de Inclusão
9- Visão sistémica da inclusão
P1. “Eu diria que no caso da população com quem eles estão mais
vocacionados a trabalhar, que são os alunos com multideficiência, não
podemos olhar para inclusão sob essa perspetiva, porque não é possível”.
P1: “Eu quero que esses miúdos possam de alguma forma estarem
envolvidos mais nas atividades que os outros fazem, mas atividades que
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sejam significativas para o seu desenvolvimento e para a sua
aprendizagem, caso contrário, não me fará muito sentido”.
P1: “O que significa para cada criança, ou jovem, ou, o que significa para
sua família, o que essa família quer para o futuro dessa criança no sentido
de pensar muito, se os objetivos são para eles serem inseridos na sociedade,
mas essa inclusão passa a respeitar a sua própria qualidade”.
P1: “Não me parece se eles tivessem sempre o tempo inteiro num contexto
em sala de aula, mas que estejam lá fazendo alguma aprendizagem (…) a
participação ao nível das crianças poderá ser pensada se é mais nos
contextos onde estão todos os meninos típicos ou num contexto mais
específicos, com problemas mais graves, digo em outros contextos que não
seja a sala de aula. É uma perspetiva pessoal”.
P4: “em termo de conceção de inclusão que nossos alunos adquirem é isso,
inclusão não é só para os alunos com NEE socializarem, é também para
eles aprenderem com seus pares envolvendo-se nas atividades na sala de
aula como os outros e participando nas situações de aprendizagens tal como
os outros”.
P4: “Claro que não estou a falar dos casos mais graves em que a
participação é muito mais reduzida (…) muito limitativas em termos da
autonomia, em termos da comunicação e, portanto, que isso se torna muito
mais complicado a participação em sala de aula”.
P3: “o que fazemos aqui não é só dá aulas no mestrado. O que fazemos
aqui é um trabalho de formação e de sensibilização dos vossos colegas”.
P1. “Eu não sei se temos a mesma visão (…) temos uma noção
minimamente idêntica, penso que os demais também, tirando os
professores das áreas das investigações, porque não são professores que
trabalham direto com essas crianças”.
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10- Inclusão para todos os
alunos
11- Acesso e sucesso do aluno
com NEE
P1. “Portanto, todos os professores que são das áreas específicas eu diria
que temos conceções idênticas sobre a inclusão”.
P4: “Há muitas conceções de inclusão, é? (risos). Não sei se há assim
tantas!”.
P4: “Há uma noção de inclusão mais abrangente, que abrange todas as
crianças que tenham algum tipo de diferença em relação a maioria”.
P4: “Esses estudantes vão para a educação especial é importante que eles
percebam que a noção de inclusão não é só para alunos com NEE, é para
todos aqueles que se tem a minoria, que no fundo seja as minorias étnicas,
linguísticas, culturais, sociais, económicas, etc.”.
P4: “Em relação aos alunos com NEE propriamente dita, a conceção de
inclusão eu acho que é aquela que toda gente tem, e que os formandos
devem ter!”.
P4: “Eles têm o direito à aprendizagem como qualquer criança e, é por isso
voltando a questão anterior, é tão importante as adequações curriculares,
exatamente para eles terem a possibilidade de aprender tanto quanto
possível acender ao currículo comum”.
P2: “Eu penso o que nós queremos é muito que os alunos percebam que a
inclusão é mais que o acesso, e eu estou sempre a dizer isso, sempre o
mesmo”.
P2: “Mais que o acesso é garantir a participação dos alunos e o sucesso,
não é!”.
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12- Experiência na Educação
Especial
P2: “Para que uma criança com NEE tenha sucesso no teu percurso de
desenvolvimento e aprendizagem, participem e estejam nos contextos, não
é! Sejam inseridos no ensino regular, digamos assim, sabendo a partida das
limitações”.
P3: “Tem como objetivo, que a inclusão desses meninos também é
possível!”.
P3: “A maior parte dos nossos alunos já são professores há mais de cinco
anos, já conhecem, são professores, são psicólogos, são terapeutas da fala,
são assistentes sociais e que já tem uma ideia, uma experiência de trabalho
dentro da educação especial, pelo menos contato com a educação especial”.
P3: “São essas as coisas que em cima das experiências que eles têm, de
uma bagagem que já trazem”.
P3: “As principais coisas que eu acho que esse mestrado tem, visa preparar
os alunos para trabalhar com esses casos mais graves.”
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Tema VII: Metodologia de Ensino das unidades curriculares
Categorias Indicadores Unidades de Registos
A- Método Expositivo 1-Apresentação da unidade curricular
com plano de intervenção
P1: Nós temos três aulas teoricamente, o conteúdo teórico é, por
exemplo, na primeira aula é a explicação de como a unidade curricular
é uma visão global daquilo que vai ser pedido, definição do plano de
intervenção, a parte mais formal”.
P1: “As outras aulas são de teoria, na qual dividimos os grupos, os
alunos constituem em grupos, em dois ou três alunos e escolhem um
caso, os grupos são constituídos e depois como são três docentes, os
alunos são distribuídos por esses três docentes para que depois possam
dar apoio tutorial aos grupos”.
P1: “A uma outra estratégia que utilizo que tem sido útil é dar logo no
início da unidade curricular toda a informação sobre a unidade
curricular, toda a estrutura, toda a estrutura organizacional das aulas,
portanto, o aluno sabe qual é o conteúdo que vai ser dado em cada aula
e como a distribuição dos conteúdos está ao longo do tempo”.
P1: “Em termos de estratégias, as aulas normalmente são três horas, e
a aula é muito dividida quando eu consigo pôr alguma exposição
teórica”.
P2: “Num primeiro momento as primeiras duas ou três sessões são
sessões em que certa forma (pausa) a uma apresentação mais natureza
teórica, teórica ou prática sobre o que é um estudo de caso, como faz
um estudo de caso, que tipos de dados é que se podem e devem
recolher”.
P3: “Acompanhamento das práticas de orientação tutorial e, então há
três aulas no início da unidade curricular onde se apresenta os
objetivos da unidade curricular, o que eles têm que fazer, um guião do
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trabalho, etc, isso dão as primeiras indicações para arrancar com o
trabalho”.
P3: Nessa última aula, foi, portanto, eles tiveram três aulas mais
teóricas, digamos assim, mais presenciais com a turma toda, etc, e
depois essa é a terceira aula que tenham em pequenos grupos que são
distribuídos por vários professores”.
P4: “Nas aulas há uma parte expositiva, depois faço também muitos
trabalhos práticos com eles”.
P4: “O que pretendo o que eles façam, normalmente é trabalho de
grupo, e que depois tenham um olhar crítico sobre de que forma
aqueles documentos estão feitos e, fundamentem a sua análise, claro,
não é! Fundamentem a luz do que, entretanto, foi trabalhado”.
P4: “Eles se habituarem a serem consumidores da investigação, ou
seja, a lerem estudos sobre as questões que estamos a tratar e
habituarem a recorrerem aos resultados das investigações científicas
para poderem fundamentarem aquilo que querem fazer e saber porque
querem fazer”.
2-Apresentação dos instrumentos e
técnicas de avaliação das crianças
com NEE
P1: “Na segunda e na terceira aula nós temos análise de conteúdos
relacionados de como eu irei fazer análise dos contextos familiar e
educativo e como vou fazer a avaliação das crianças, portanto, vamos
a procura de diferentes instrumentos de avaliação que nós temos
disponíveis que conhecemos para essa problemática de cognição e
multideficiência, procuramos dá uma ideia aos alunos o que eles
podem usar para fazer o processo de avaliação dos alunos”.
P1: “Depois há uma outra aula que eu e a professora P2 damos, tem a
ver com técnica de recolha de dados, em que o nosso grande objetivo
é que eles percebam quais são as técnicas que eles podem utilizar em
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termos metodológicos para realizar os seus estudos, os questionários,
as grelhas, as entrevistas, técnicas que eles podem recorrer para
conseguir analisar”.
P2: “Os diferentes tipos de estudos de casos podem existir e também
abordam que tipos de instrumentos é que existem para fazer as
avaliações das crianças com NEE e os contextos, que tipos de
instrumentos é que nós temos, portanto, disponibilizamos isso aos
alunos para avaliar as crianças e os diferentes tipos de contextos”.
P3: “Eles apresentam os dados que recolheram durante os quinze dias,
vamos fazer uma análise desses dados e planificar a fase seguinte,
começamos por fazer a recolha de dados para fazer a caracterização
do contexto, uma avaliação da qualidade, o contexto da escola, mas
também o contexto familiar, depois fazemos uma planificação da
avaliação da criança nos contextos escolares”.
P3: “Vamos fazer a avaliação da criança propriamente dita. Portanto,
há dados de recolha que vem do processo do aluno, mas há pequenas
observações que precisam fazer, para depois fazer um plano de
intervenção”.
P4: “Servem para eles perceberem o que é que tem que aparecer num
programa educativo, o que tem que aparecer nas adequações
curriculares, o que tem que aparecer nos currículos específicos”.
P4: “Tem que dá a caracterização do aluno, claro! Porque senão eles
não podem perceber se aquilo está adequado ou não! Mas
normalmente os programas educativos tem uma parte da
caracterização, portanto, eles têm que analisar a adequação daquelas
adequações curriculares, por exemplo, adequações das adequações
daquele aluno, aquela característica daquele aluno”.
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P3: “Tudo que é método de avaliação, instrumentos de avaliação,
noções sobre a qualidade, noções sobre o desenvolvimento, noções
sobre a aprendizagem tem que ser aplicada aqui para a recolha e a
interpretação dos dados para que depois formularem os objetivos”.
3-Aulas Práticas P1: “Realizar atividades práticas, em grupos, ou seja, atividades em
simulação”.
P1: “Portanto realizo muita atividade, muito trabalho prático”.
P1: “Fazemos muito aqui para que as aulas não sejam muito
expositivas que os alunos possam ter a maior participação possível”.
P2: “De certa forma são seminários, nós fazemos”.
P2: “Certa forma é um seminário que é para todos os alunos., em
conjunto”.
P2: “É muito prático, sei lá… têm que fazer uma entrevista, mandar
um guião de entrevista, a gente vê se o guião tá adequadamente bem
feito, devolve, depois traz resultado, ok, é muito esse vai e vem de
trabalho que eles fazem e que trazem e partilham connosco e com os
outros elementos”.
P2: “Normalmente são duas sessões que fazemos, as duas últimas
sessões são de apresentação e discussão dos casos, e são extremamente
ricas em termos de formação, por isso mesmo, a estratégia usada é
muito eficaz, acho, muito boa!”
P3: “Os alunos vão para o terreno e tem aulas, mas agora tem sido de
quinze em quinze dias, então, semana sim, semana não tem uma aula,
e os grupos vêm com os dados que recolheram e vamos analisar os
dados e trabalhar. Fazer uma leitura dos dados recolhidos e planificar
as várias faces seguintes”.
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P4: “Esses trabalhos práticos normalmente são análises de programas
educativos individuais, análises das adequações curriculares e as
análises dos currículos específicos”.
P4: “Tenham modelos desses documentos, saibam olhar para eles e
perceberem como é que se fazem, mas que tenham também um olhar
crítico sobre aqueles documentos que estão a analisar”.
P4: “Esses trabalhos práticos acho que têm ajudado muito porque é
assim que eles se apropriam daquilo que vão fazer na prática! E
percebem, de um lado, a dificuldade que é! Porque não é fácil fazer
esse tipo de documento, tomar decisões a nível curricular, porque o
nosso sistema educativo é muito centralizado em termos
curriculares!”.
P4: “É importantes esses trabalhos práticos que eles se habituem em
analisar as formas de organização que se podem fazer a nível das
adequações curriculares, e das decisões que tomam a nível dos
currículos específicos”.
P4: “Organizo muitos debates na aula sobre questões que são
polémicas, são questões polémicas”.
P4: “Dar-lhes esse componente de prática, saber como faz um PEI e
como já disse, não é que é dou-lhes o modelo, exemplares de
programas educativos e de adequações, mas saberem minimamente o
que é um PEI, e, os espaços que tem que dar e conseguir fazê-lo, não
é! E aquilo até tem o que pensar, sobre o que tem que pensar para
conseguir elaborar as adequações”.
P3: “Fazer observações da criança dentro da sala de aula e dentro da
escola, nos vários contextos onde ela está e em que estado estão a
fazer”.
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P4: “São feitos muitos trabalhos práticos nas aulas ou fora dela porque
o trabalho final também é prático e é feito fora dela, mas outros são
feitos na aula e com meu apoio”.
B- Análise dos Casos
4- Tutoria com 3 a 4 grupos
P1:” Os alunos constituem em grupos de dois ou três alunos e
escolhem um caso, os grupos são constituídos e depois como são três
docentes, os alunos são distribuídos por esses três docentes para que
depois possam dar apoio tutorial aos grupos”.
P1: Depois temos sessões em que os alunos…. A primeira sessão de
tutoria, cada professor reúne os seus três grupos ou quatro em que eles
põem suas dúvidas e esclarecemos, e, depois as dúvidas de um grupo
podem servir para outros grupos”.
P2: “Tenho 3 grupos de alunos com 3 estudos de casos que estou a
acompanhar e meus colegas têm outros casos. Portanto, esse sistema
temos uma série de sessões de tutoria”.
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5- Tutoria com 1 grupo
P1: “E depois nas sessões seguintes seria uma tutorial mais individual
no sentido de responder às necessidades específicas de cada caso, cada
grupo. Portanto, têm um grupo por uma hora, depois outro grupo mais
uma hora até fazerem o apoio que esses alunos precisam”.
P2: “Usamos muito um sistema de apoio tutorial, em que cada grupo,
os alunos fazem trabalho de grupo, o estudo de caso é feito em grupo
e tem um professor que acompanha esse estudo. Começa por nos trazer
uma primeira informação sobre que tipo de problemática”.
P2: “São algumas sessões de apoio tutorial em que eles vão fazendo o
trabalho de campo e trazem e gente vai analisando”.
6- Apresentação coletiva dos casos P1: “Depois no final, temos duas aulas em que os alunos fazem
apresentação dos seus estudos de casos. Eles apresentam para a turma,
para os três professores os casos que eles estudaram”.
P1:”Poderem melhorar com todos os contributos, portanto isso, forma
num sentido de socializar os seus saberes e poderem partilhar mais e
que toda gente possa perceber quais são os casos com diferentes tipos
de casos.
P2: “Depois as últimas sessões é a apresentação dos casos, e a
apresentação é para o grupo todo, para turma toda”.
P2: “Certa forma, a pessoa que fez o estudo de caso, o grupo que fez
o estudo de caso, apresenta o caso, apresenta o plano de intervenção,
mas depois pergunta se a toda gente que está na sessão que outras
sugestões teriam em termos de intervenção para aquela situação! É
uma dinâmica muito interessante!”
C- Uso da plataforma
Moodle
7- Repositório de informação P1: “Utilizamos a plataforma Moodle, no sentido de distribuir
recursos”.
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P1: “Eu antes utilizava a plataforma muito na perspetiva da
participação mais ativa por parte dos estudantes, mas como são
estudantes trabalhadores, tem vindo a diminuir o seu uso, portanto, é
mais fácil como repositório de informação em que, por exemplo,
quando o aluno vai para aula, imaginamos que tenho aula amanhã, hoje
ponho os conteúdos da aula de amanhã e eles previamente, então vão
para aulas com apontamentos para tirar dúvidas”.
D- Uso de Outros
Recursos Tecnológicos
8- CD, Vídeos P1: “Mostro muitos vídeos, analisamos vídeos, face ao tema que
estamos a analisar, se estamos a lhe dá com temas de apoios a
comunicação, então vamos ver um vídeo onde vamos centrar o olhar
na comunicação”.
P1: “O tipo de artigos que podem ler sobre aquele tema, que tipo de
trabalho pode fazer na unidade curricular lhes é dado um CD”.
P1: “Também distribuo um CD, onde tem a informação teórica
organizados por diferentes temas da unidade curricular no sentido de
ser mais fácil deles perceberem onde possam ir buscar informação dos
diferentes temas”.
P1: “Depois trabalho de grupo ou fazer simulação, ou apresentação de
vídeo”.
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E- Preocupações a Nível
Metodológico
9- Adequações dos conteúdos
P1: “Minha grande preocupação são os alunos que fiquem tanto a dar
informação teórica sobre o tema para no sentido dos alunos
perceberem o que eu estou querendo dizer”.
P1: “Eu tenho a preocupação de articular o saber teórico com o saber
prático”.
P1: “Aqui a minha preocupação não é só para aulas, mas oferecer a
eles um conjunto de recursos que eles possam utilizar no futuro quando
tiverem que trabalhar com os meninos com características mais
graves”.
10- Maior contato com as crianças
com problemas graves
P2: “Muito a preocupação com as pessoas que nunca tiveram contato
com essas populações, não é? E que estão no curso e estão tendo o
contato pela primeira vez. Contato com crianças com NEE”.
P2: Uma das coisas que preocupa a mim e penso que preocupa a todos
os colegas é muito… essa a necessidade deles terem contato com os
casos, sabendo que a partida é um contato relativo! Curto! Precisaria
de ser mais!”
P2: “Mas penso que isso é fundamental, por que há situação de
crianças com NEE estão em situação muito grave, e que exige por
parte do educador de educação especial, do professor de educação
especial uma grande capacidade até em termos emocionais”.
P1: “Pessoas que são frágeis a esse nível, não estarão propriamente
preparadas para depois lidarem e trabalharem numa vida inteira, não
é, com essas crianças!”
P3. “A minha primeira preocupação é proporcionar a esses alunos o
máximo de tempo de contato com essas crianças, porque esses casos
são graves, bastante pensados”.
P3: “Não podem implementar, não é! Ficam muito pouco tempo a
trabalhar diretamente com elas, portanto, confrontar com as crianças
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que têm problemas de linguagem, que utilizam algumas alternativas
de comunicação, que tem problemas muito graves e grandes limitações
e que tem algum comportamento um pouco bizarros”.
P3: “Na minha opinião não são suficientemente confrontados com
essas realidades para poderem ter uma formação que acho que seria de
melhor qualidade! Que dar-lhes-iam mais garantias”.
11- Curso ser pós-laboral
P2: “O fato do curso ser um curso pós-laboral, portanto, não era assim,
antes tinha um curso em outro género, dificulta de alguma forma a
possibilidade de a ver um estágio, haver um estágio supervisionado”.
P2: “Essa é uma questão que me preocupa, é a falta de prática que esse
sistema não nos permite ter, portanto nós tentamos compensar desta
forma”.
P3: “Tenho pena que esse é um curso pós-laboral, porque assim obriga
a lei, não haja tantas oportunidades para esses alunos terem trabalhos
práticos de ensino com essas crianças, uma coisa é fazer avaliação, e
depois fazer um plano de intervenção, mas não concretizar”.
P4. “O curso não era pós-laboral, era um curso em que as pessoas
tinham dispensa do serviço, os professores tinham dispensa para vim
tirar o curso, e tinha estágios, durava 3 anos e tinha muitos alunos,
depois o curso passou a pós laboral”.
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12- Ética profissional por parte dos
formandos
P2: “Outra coisa que penso que me preocupa em termos de formação
são as questões de natureza ética que estão envolvidas nesses
profissionais”.
P2: “As motivações que trazem as pessoas ao curso é qualquer coisa
que me preocupa, porque hoje em dia por causa da falta de emprego”.
P2. “As pessoas acabam por vir para a educação especial também por
razões de natureza muito pragmática, para terem mais uma hipótese de
emprego. Pronto! Acho que a educação especial não é uma área fácil,
não é! Exige um professor com muitas competências, portanto, isso
me preocupa”.
P2: “E que perante em situações mais frágeis, acho de maior
fragilidade, como é o caso das crianças com NEE, colocam-se ainda
mais questões de natureza ética”.
13- Experiência profissional P4: “Considero muito importante trata-los como adultos e como
profissionais e isso exige que, tem que contar as experiências deles, as
experiências anteriores deles, e que integrem aquilo que eles vão
contando sobre suas experiências que integrem nas aulas”.
P4: “Aquilo que vão dizendo aos outros sobre o que já virão, o que já
viveram, sobre o que já experienciaram, tentar relacionar isso com as
questões teóricas e com as abordagens teóricas que, entretanto, vão
fazendo”.
P4: “Estimulo muito os debates a partir das experiências, tentando
sempre relacionar isso com as abordagens teóricas sobre os temas, as
temáticas que estão a discutir, essa é uma preocupação, não deixar de
fora as experiências que eles já tenham, porque quando trabalha com
adulto se não relacionarmos aquilo que estamos a trabalhar com as
experiências que eles já trazem”.
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P4: “Se não tem que a ver com sua prática, com sua experiência,
deixam cair. Essa é uma preocupação”.
F- Articulação com as
outras unidades
curriculares
14- Relacionar os conteúdos com as
outras unidades curriculares
P1: “Mas o nosso grande objetivo é congregar conhecimentos que os
mestrandos tenham dito nas outras unidades curriculares, no sentido
ao longo do curso, no sentido de conseguirem avaliar, conseguirem ver
quais são as características dessas crianças”.
P1: “Há um conjunto de saberes das outras unidades curriculares que
nós congregamos para esta unidade desde do primeiro semestre até o
segundo semestre”.
P1: “Consigam na mesma forma, articularem os conteúdos que são das
diferentes unidades curriculares”.
P1: “Depois eles têm que ir a uma unidade curricular que nós temos
que é avaliação e intervenção em multideficiência, e conseguirem ir
em buscar muita das informações quer no processo de avaliação, quer
no processo de planificação e intervenção para fazer um bom estudo
de caso”.
P1: “Procuro articular os conteúdos que, e como conheço bem os
conteúdos, vou sempre chamá-los, olha! Lembrem daquilo que
falamos! Então, acho que quando eles têm que fazer análise
documental do processo do aluno, normalmente eles têm lá programa
educativo individual e o currículo específico individual da criança”.
P2: “Também tem outra disciplina que tem a ver com a
multideficiência, portanto aqui há uma nítida relação direta entre essas
duas disciplinas e o estudo de caso”.
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P2: “Depois também tem a cadeira de Currículo que aprendem, de
certa forma elaborar os programas curriculares, acho que a
preocupação de dar a cadeira de Prática e que eles podem pôr em
prática muita das coisas que foram aprendendo noutras cadeiras, bem
a ideia é essa”.
P1: “A professora Isabel fala na unidade curricular dela, sobre os
chamados mapas e eu peço a eles que coloquem os mapas aqui no
serviço desses casos que vocês têm”.
P1: “A professora P4 na Unidade Curricular de Currículo e
Desenvolvimento… não sei bem o nome! Mas tem a ver com o
currículo, ela apresenta-lhes uma grelha que fez para análise do
currículo, do plano educativo individual e currículo específico
individual e das adequações curriculares, portanto, como sei que
existem essas grelhas, peço aos alunos que leiam essas grelhas e vão
utiliza-las aqui para fazer análises”.
P1: “Consigo articular, e quando eu não sei vou pedir opinião a um
conselho ou outro colega no sentido de congregar aqui informação”.
P1: “Por parte das Metodologia de Investigação é que essa unidade
curricular, e só, consigo congregar quando estamos a falar das técnicas
que eles recolhem em termos de dados”.
P1: “Tentamos articular para que eles percebam que essa é uma
unidade curricular que aconteça no final e depois só falta uma unidade
curricular para acabar na parte curricular do curso”.
P1: “Ter conhecimento das outras unidades curriculares para poderem
trabalhar”.
P1: “Articular os conhecimentos, nós tentamos articular o mais
possível, porque acho importante eles não verem o conhecimento
separado e conseguirem articulara-os”.
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P3: “Há uma ligação entre as unidades curriculares”.
P3: “Há uma colaboração, não é por acaso que, os principais
professores das cadeiras mais teóricas do curso estão ligados a essa
cadeira das práticas”.
P4: “É uma cadeira genérica que podemos dizer que ao integrar-se no
tronco comum, ela é estruturante das outras cadeiras mais específicas
relacionadas com cada uma das deficiências”.
P4: “Essas cadeiras de tronco comum são aquelas que tem que a ver
com a inclusão de alunos com NEE em geral, seja qual for a
necessidade que eles têm”.
P4: “As cadeiras do segundo semestre, sobretudo as do segundo
semestre, são muito mais especializadas, são muito mais enfocadas
para uma dada deficiência”.
P4: “Essa cadeira relaciona-se com as outras na medida que dá um
pano de fundo, uma visão abrangente sobre as respostas curriculares
que a escola pode dar aos alunos com NEE, independentemente da
perturbação ou da deficiência que tem”.
P4: “E também tento relacionar isso, mais especificamente com a
cadeira de metodologia de investigação, uma vez que sou uma das
docentes, não sou a única, uma das docentes dessa disciplina dando-
lhes a conhecer também, eu não falei disso há pouco, mas é importante,
estudos sobre adequações curriculares, estudos sobre as respostas
educativas que as escolas dão aos alunos com NEE”.
P4: “Relacionar as questões que, entretanto, já trabalhei com eles na
cadeira de investigação, e relacionar também com essa disciplina
muito, usando resultado, mostrando-lhes estudos que foram feitos
realçando as metodologias e depois os resultados para essa cadeira, o
mais importante, são realmente os resultados desses estudos”.
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15- Saber desenvolver competências
entre as unidades curriculares
P2. “Há uma articulação sim, até porque é uma equipa relativamente
pequena, já trabalhamos há bastante tempo neste curso, portanto, aqui
de certa forma há algum conhecimento antigo”.
P3: “É difícil de responder de uma forma objetiva, acho que é porque
nós já conhecemos há tanto tempo, já trabalhamos junto há tanto
tempo! Que as coisas já aparecem naturalmente. Os próprios alunos
dizem e notam, as pessoas falam a mesma linguagem.
P3. “Não há aqui pessoas muito diferentes uma das outras, está tudo a
falar da mesma coisa, é difícil de responder francamente! Há alguma
coisa aqui que já se entranhou de uma tal maneira!”
P4. “Articulamos muito bem! Somos pessoas que trabalhamos há
muito anos juntos, pelo menos 20 anos trabalhamos juntos, no entanto
somos uma equipa pequena.”.
P4. “Estamos habituados a trabalhar juntos há muito tempo, e isso é
bom porque temos a mesma linguagem, podemos ter conceções
diferentes sobre algumas questões, mas temos a mesma finalidade em
termos daquilo que queremos dos nossos alunos”.
P3: “Maior parte teórica dessa unidade curricular está nas outras
unidades curriculares”.
P1: “Digamos que dentro da cadeira, ou da forma onde os conceitos
vão sendo elaborados e as competências vão sendo desenvolvidas,
quem tem mais experiência, desenvolvem competências diferentes
daqueles que não tem conhecimento”.
P2: “Eles têm uma disciplina que é Avaliação e Intervenção em
Problemas de Cognição onde abordam diferentes problemáticas dentro
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dos problemas cognição, desde das deficiências intelectual e do
desenvolvimento, autismo, portanto, aqui as dificuldades de
aprendizagem, qualquer caso que eles possam apanhar pode ter a ver
com uma problemática dessa”.
P2: “Enquadrem em termos teóricos também daquilo que foi
aprendido ao longo do curso”.
P2: “Nas outras disciplinas, eles têm as informações sobre as
diferentes problemáticas e, portanto, podem perceber, compreender
melhor o aluno com determinada problemática, isso é fundamental no
curso”.
P1: “Temos também outra possibilidade, que as vezes, eles pegarem o
caso que eles estão a estudar na unidade curricular, seja um caso que
eles estão a estudar noutra unidade curricular, noutra perspetiva, então
podem pegar, imaginamos se pegaram um trabalho com a professor
Francisco que eles fizeram um caso de um menino com problemas
cognitivos ou com multideficiência, eles podem pegar o caso, para eles
virem não só na perspetiva do comportamento e aqui vão vê-los noutra
perspetiva”.
P3: “As outras unidades…os alunos precisam ter conhecimentos e a
experiência das outras unidades curriculares que depois vem aplicar
nesta”.
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Tema VIII: Organização do curso
Categorias Indicadores Unidades de Registos
A- Área de
especialização
1-Formação na área de problemas
de cognição e multideficiência
2- Mudanças no currículo
3- Mudanças decorrentes da
aplicação do Decreto-lei nº 3/2008
de 7 de janeiro e/ou alterações
subsequentes
P3: “Outras escolas têm também formação dentro da educação especial,
mas estão centradas em coisas que não são propriamente problemas tão
específicos e tão graves, de problemáticas tão graves, e aí nós fazemos
um pouco a diferença!
P3. “Não abrimos os ramos todos ao mesmo tempo e também não nos
permite por uma gestão dos recursos e daquilo que se percebem que são
os interesses e a procura”.
P3: “Mas houve uma mudança, um investimento da escola nas respostas
às necessidades educativas de crianças com as problemáticas graves, e de
fato, tornamos especialistas dentro dessa área”.
P3: “O curso tem vários ramos, essa também foi uma introdução que nós
fizemos (…) tem vários ramos de especialização e a manutenção desses
ramos também foi uma maximização nova, uma evolução, criando curso
com um tronco comum e depois com ramos diferentes”.
P3. “Digamos que nós já tínhamos antecipados um pouco e a nossa
formação já tinha esse cariz”.
P3. “Não houve necessidade de fazer grandes adaptações quando o
Decreto-lei saiu”.
P3. “Há alterações curriculares, há modificações a nível da (….) mas que
no fundo só pedem que nas aulas, e, não implicarão muita coisa no
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4- Outras formações nas áreas de
dificuldades de aprendizagem e
problemas de comportamento
currículo, implicaram uma adaptação nos programas das cadeiras, mas
não propriamente do currículo”.
P3. “Em termos de legislação para o ensino superior houve pelo menos
duas coisas que trouxeram mudanças e que fizeram nos rever os planos
de estudos e fazer uma reorganização diferente”.
P3. “Nós tivemos que modificar o currículo assim, e não foi uma coisa
muito difícil que tivemos que fazer, mas tivermos que fazer”.
P3: “A legislação que obrigava os cursos a terem uma percentagem de
formação geral e uma percentagem na formação específica, e nós tivemos
que nos adaptar a essa prescrição, porque foi lei, foi uma prescrição do
Ministério da Educação”.
P3: “Houve um outro aspeto que foi a obrigatoriedade da avaliação
externa (…) no fundo não obrigaram uma mudança no plano de estudo,
mas obrigaram é que se montassem um esquema de autoavaliação e
processo de recolha de dados para poder depois apresentar a essas
agências de avaliação externas que vai avaliar o curso.
P3: “Mantemos um curso e alguns desses ramos, contudo é um ramo
sobre problemas com dificuldades de aprendizagem e problemas de
comportamentos, que é um ramo que está na fronteira da educação
especial”.
P3: “A tentativa de dar respostas as necessidades que consideramos a ver
no sistema para a formação de professores para trabalhar com essas
crianças que não são problemáticas graves, mas de aprendizagem e
problemas de comportamento.”
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B - Formação para os
futuros professores do
grupo de recrutamento
910
5- Receber os formandos com
experiência na docência
P3. “A vantagem de já ter que receber alunos que já são professores, e,
que, portanto, trazem na sua bagagem uma formação, uma especialização
nos diferentes níveis de ensino”.
P3: “Não é a formação que muda é o que eles tiram da formação, daquilo
que eles apropriam”.
P3. “Nós sentimos que os alunos quando vem para formação, dentro
desses níveis de ensino, o que eles tiram do curso, eles é quem adaptam
aos diversos níveis de escolaridade”.
P3: “Nunca sentimos a necessidade de fazer um curso específico para o
pré-escolar, e outro específico para ensino básico e outro específico para
o ensino secundário, tendo à atenção as idades diferentes das crianças.
C- Estrutura do curso de
formação
6- Modelos de formação
P3. “Não sinto que o curso esteja identificado com um modelo específico,
e que haja para esses alunos um modelo específico”.
P3. “Nós podemos identificar várias linhas, ou vários modelos de
intervenção”.
P3: “No curso fala-se de diferentes modelos de intervenção, aplicados
aos diferentes casos”.
P3: “Não ficam agarrados a um modelo específico são capazes de
trabalhar dentro daquele modelo, mas também de adaptar outras coisas
quando não se sabe!”
P3: “Quando os alunos vão para o terreno e para a prática, também vai
encontrar casos diferentes que serão capazes de reconhecer, mas também
serão capazes de usar de uma forma flexível.
P3: “Tem alunos a fazerem projetos de intervenção, que é parte conclusão
do mestrado, sobre práticas, sobre inclusão de alunos com perturbação
do espectro do autismo nos vários níveis de ensino”.
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7- Escolha das investigações
P3: “Projeto de uma criança do pré-escolar, jardim-de-infância, criança
com perturbação do espectro do autismo, ou dissertações onde são
estudos sobre, ou projetos de intervenção como é esse o caso”.
P3: “Isso se revela nos interesses dos alunos e nos temas que são
escolhidos. São duas coisas, existem investigações para o mestrado e os
temas são os alunos que escolhem ou propõe nas suas teses para as suas
dissertações ou projetos de intervenção”.
P3: “O mestrado tem tido algumas linhas de investigação interessante
nessa área, que uma é sobre as práticas de educação inclusiva, em que
estuda ou boas práticas ou práticas que promove a inclusão de alunos”.
P3: “Há outra linha de investigação, são estudos sobre as interações como
os pares”.
P3: “Os resultados dessas investigações são muito impressionantes”.
P3: “São formas de desafios, são interesses e isso corresponde há
interesses e a necessidade que encontram nas práticas no terreno. Não se
conhece o suficiente e, é interessante conhecer mais é isso que alimenta
a própria formação”.
P3. “As linhas de investigação não mudaram assim muita coisa sobre
práticas educativas, são aspetos relacionados com a inclusão e a
integração e o relacionamento com pares”.
P3. “Há uma linha de investigação associada a comunicação alternativa
e as tecnologias de apoio”.
P3: “Alunos a trabalhar nisso de investigar o relacionamento entre a
escola e a família”.
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8- Perspetivas dos professores
formadores do curso
P3. “Os temas são como é que as necessidades, como são os planos
educativos individuais das crianças, em que medida refletem também às
necessidades e as preocupações das famílias”.
P3. “Os temas digamos que incluem dentro do projeto de participação e
cooperação entre a escola e a família. Isso é uma nova preocupação que
está a afirmar, e essa vem muito dos alunos”.
P3. “Estamos sempre a procura e a tentar perceber o que a gente pode
fazer, como é que podemos integrar aquilo que se percebe que são as
modificações no terreno o que isso significa, e, que implicações isso pode
ter para a formação.”.
P3: “Estamos preocupados apenas com duas coisas, nesse momento, por
ser poucas pessoas temos uma carga de trabalho tão grande, aspetos que
nós deveríamos dar mais atenção”.
P3: “de trabalhar a nível da formação continua”.
P3: “Trazer a escola e nós fazemos de 2 em 2 anos, a escola promover
um encontro em que se apresenta um trabalho dos mestrados e que isso
vá ao terreno”.
P3: “Aprofundar mais esse lado da formação contínua a ligação com as
escolas e esses encontros são muito uteis, muito interessante”.
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ANEXO VII
Plano de estudos
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ANEXO VIII
Sinopse das unidades curriculares do curso de educação especial
SINOPSE DAS UNIDADES CURRICULARES
1.º ano – 1.º semestre
Unidade Curricular Sinopse
Desenvolvimento e
Avaliação em Educação
Nesta unidade curricular aborda-se o processo de desenvolvimento e
aprendizagem normal e atípico de crianças e jovens e analisam-se de modo
comparado as perspetivas teóricas e práticas equacionadas no âmbito da
avaliação em geral e da educação especial em particular. Visa-se o
desenvolvimento de competências relativas à seleção, elaboração e
aplicação de processos e instrumentos de avaliação da criança/jovem e dos
contextos educativos em que interage.
Currículo e Necessidades
Educativas Especiais
Nesta UC, caracterizam-se as medidas educativas para resposta às
necessidades específicas dos alunos, nomeadamente a
elaboração dos programas educativos individuais e os desenhos
curriculares daí decorrentes adequações curriculares, portanto,
desenvolver as competências necessárias à programação educativa
individual, nomeadamente: i) à elaboração e monitorização de adequações
para acesso dos alunos com NEE ao currículo comum, ao apoio aos
professores do ensino regular na implementação dessas adequações e à
avaliação do processo e dos resultados; ii) à elaboração, implementação e
avaliação de currículos específicos e de planos de transição para a vida
adulta.
Metodologias de
investigação I
A UC inclui dois módulos, com objetivos diferentes.
Módulo A: compreender os fundamentos da investigação em geral e da
investigação educacional em particular, identificando os diferentes
paradigmas e modelos neste domínio;
compreender o processo de investigação como um todo e suas respetivas
etapas.
Módulo B: conhecer as tipologias de estudos quantitativos, os processos
de amostragem e os tipos de variáveis e medidas;
desenvolver e fundamentar processos quantitativos de análise e discussão
de dados.
Perturbações do
Comportamento
Nesta UC analisa-se os modelos contributivos para a compreensão e
fundamentação da intervenção com pessoas com comportamentos
problemáticos, as metodologias de observação e avaliação de
comportamentos e o desenho de programas de intervenção. Visa-se o
desenvolvimento de competências de observação e avaliação de
comportamentos e o desenho e implementação de programas de
intervenção facilitadores de comportamentos adaptativos mais eficazes no
quadro da promoção da qualidade de vida.
Intervenção Precoce Esta unidade curricular aborda a prevenção, estimulação e
Intervenção precoces das crianças com problemas de cognição em diversos
contextos: família, creche, jardim-de-infância,
visando o desenvolvimento de competências de intervenção com a criança
e de cooperação com as famílias.
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1.º ano – 2.º semestre
Unidade Curricular Sinopse
Avaliação e
Intervenção em
Problemas de
Cognição
A UC proporciona um enquadramento teórico e teórico, prático sobre as
questões que se colocam na educação de alunos com necessidades
educativas especiais de carácter permanente; para além da caracterização
das problemáticas especificas mais frequentes, dos fatores e das causas que
lhe estão associadas das consequentes implicações educativas,
perspetivam-se modelos de avaliação e de intervenção de natureza
funcional facilitadores da inclusão e da transição para a vida ativa.
Avaliação e
Intervenção em
Multideficiência
A UC caracteriza os pressupostos básicos na educação de alunos com
multideficiência (MD), a avaliação, a planificação e a intervenção,
focando-se a comunicação e organização das aprendizagens, as
tecnologias de apoio, a organização dos ambientes de aprendizagem e as
respostas educativas no ensino regular.
Pretende-se desenvolver competências de avaliação e intervenção, numa
perspetiva centrada em experiências da vida real e na comunicação,
facilitadora da participação ativa e do envolvimento destes alunos em
interações sociais e na aprendizagem
Práticas de
Educação Inclusiva
Esta UC tem uma forte componente prática, envolvendo a intervenção em
contextos educativos. Os conteúdos programáticos incluem: i)
procedimentos e instrumentos de avaliação da criança, da qualidade dos
contextos educativos e familiares da adequação das respostas educativas;
ii) e processos de elaboração de programas de intervenção adaptados às
características e necessidades do real.
Pretende-se que os mestrandos desenvolvam competências de observação
e de avaliação de crianças e jovens com necessidades educativas especiais
e dos contextos educativos onde se integram, bem como capacidades de
equacionar processos de intervenção pedagógica e de avaliar os seus
resultados.
2.º ano – 3.º e 4.ª semestre
Unidade Curricular Sinopse
Metodologias de
Investigação II
A UC inclui dois módulos, com objetivos diferenciados, mas,
relacionados.
Módulo A: desenvolver e fundamentar processos qualitativos de análise e
discussão de dados;
Compreender os fundamentos e os processos operativos de diferentes
técnicas de recolha de informação:
questionário, entrevista e observação; conhecer e operacionalizar a técnica
da análise de conteúdo.
Módulo B: identificar problemáticas de estudo na área em estudo;
conceber e concretizar roteiros de fundamentação teórico-analítica e
teórico-metodológica adequados ao tema de investigação escolhido, com
base nos critérios de produção académica e científica;
Projeto de Intervenção ou
Dissertação
O projeto será elaborado pelos formandos,
individualmente, a partir de questões identificadas no seu contexto
profissional, em escolas onde se encontrem colocados ou noutras situações
educativas.
O apoio teórico e metodológico à elaboração do Projeto será assegurado
através do Seminário de Apoio e ainda através do acompanhamento e
orientação tutorial de um docente do Curso.