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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL Anielly Covari Härter ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE CONTÍNUA ATRAVÉS DE MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS Santa Maria, RS 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

Anielly Covari Härter

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE

CONTÍNUA ATRAVÉS DE MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS

Santa Maria, RS 2016

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Anielly Covari Härter

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE CONTÍNUA

ATRAVÉS DE MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Civil.

Orientador: Magnos Baroni

Santa Maria, RS 2016

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Anielly Covari Härter

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE CONTÍNUA ATRAVÉS DE MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Civil.

Aprovado em 19 de dezembro de 2016:

____________________________________ Magnos Baroni, Dr. (UFSM)

(Presidente/Orientador)

___________________________________

Talles Augusto Araújo, Me. (UFSM)

___________________________________ José Mario Doleys Soares, Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS

2016

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AGRADECIMENTOS

Á Deus em primeiro lugar, que me deu força, saúde e determinação, provando

todos os dias que é o alicerce da minha vida.

Ao Cauã, meu companheiro e melhor amigo, por demonstrar-se incansável ao

meu lado, mesmo quando tudo parecia desmoronar. Pelo carinho e amor sem

medidas.

Ao meu pai, por me apoiar nas decisões, mesmo quando pareciam loucura.

Pelo exemplo de caráter e ser humano que és.

Ao meu vô, pelos olhares serenos, pelos abraços e pelos sorrisos, capazes de

acalmar qualquer coração.

Ao tio Jimo e a tia Ligiane, pelo apoio financeiro e emocional.

Ao meu orientador, professor Magnos, pela dedicação, atenção e,

principalmente paciência, com aqueles que tentam ser, um dia, uma parcela do

exemplo de profissional que és.

À Universidade Federal de Santa Maria e a todo corpo docente do curso de

Engenharia Civil, pela oportunidade de formação profissional.

Ao Eng. Marlos e Eng. Fernando, pelo apoio, flexibilização dos horários de

trabalho, e compreensão a minha dedicação nas atividades da graduação.

A todos que colaboraram para a realização deste trabalho, agradeço de

coração.

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RESUMO

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE CONTÍNUA ATRAVÉS DE MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS

AUTORA: Anielly Covari Härter ORIENTADOR: Magnos Baroni

O presente trabalho aborda a análise de provas de carga estática e da capacidade de carga em estacas do tipo hélice contínua, projetadas e executadas para dois

edifícios residenciais, localizados na cidade de Toledo/PR. O perfil geotécnico da OBRA 1 é composto basicamente de argila, alterações com cores mescladas e

consistência variando de mole a rija. O perfil geotécnico da OBRA 2 tem predominância de argila de cor avermelhada, de consistência rija a dura. Como parte dos estudos, foi determinada a capacidade carga da estaca hélice contínua com

diâmetro de 600 mm e 17 m de comprimento para a OBRA 1 e, 800mm e 16m de comprimento para a OBRA 2, com cargas de trabalho de 70tf e 250 tf,

respectivamente. Os resultados das provas de carga estáticas foram comparados àqueles estimadas através dos métodos semi-empíricos de Aoki e Velloso (1975), Décourt-Quaresma (1978, 1996), Teixeira (1996) e Antunes e Cabral (1996). Os

parâmetros e coeficientes foram adotados nos cálculos foram baseados nas campanhas de sondagem SPT realizadas anteriormente a concepção do projeto. Os

dados fornecidos pela prova de carga estática realizados em estacas teste no início da obra, foram analisados conforme as recomendações da vigente NBR 6122/2010. Para a OBRA 2, de uma forma geral, os resultados das provas de carga foram bem

superiores às previsões dos métodos semi-empíricos. Já para a OBRA 1, os resultados das provas de carga foram muito próximo ás previsões calculadas através

dos métodos semi-empíricos. Palavras-chave: Estaca Hélice Contínua. Prova de Carga Estática. Capacidade de

carga. Métodos Semi-empíricos.

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ABSTRACT

ANALYSIS OF LOAD CAPACITY IN CONTINUOUS PROPELLER PILES USING SEMI-EMPIRICAL METHODS

AUTHOR: Anielly Covari Härter ADVISOR: Magnos Baroni

This Article brings the subject of the analysis of Static load tests and the load capacity in Continuous propeller piles, designed and built for two residential buildings, situated

on the city of Toledo/PR. The OBRA 1 geotechnical profile is basically made out of clay, alternating the colors merged and the consistency ranging from soft to hard. The

OBRA 2 geotechnical profile is made in its majority out of a reddish clay, with both hard and soft consistency. As a part of the studies, it was determined the continuous propeller cutting load capacity with the diameter of 600mm and 17m in length for OBRA

1, and an 800mm wide and 16m in length propeller for OBRA 2, with workloads of 70tf and 250tf, respectively. The results of the Static load test were compared to the results

estimated using the semi-empirical methods of Aoki and Velloso (1975), Décourt-Quaresma (1978, 1996), Teixeira (1996) and Antunes and Cabral (1996). The parameters and coefficients adopted on those calculations were based on the SPT

survey campaigns carried out previously to the design of the project. The data provided by the Static load test stakes at the beginning of the work were analyzed according to

the recommendations of the current NBR 6122/2010. For OBRA 2, in a general way, the Static load test results were very superior to the ones predict by the semi-empirical methods. In the other hand, the results for the Static load test for OBRA 1 were

extremely close to the expected, according to the semi-empirical methods. Keywords: Continuous Propeller Piles. Static Load Testing. Load Capacity. Semi-

empirical Methods.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Principais tipos de fundações superficiais ............................................. 15

Figura 2 - Principais tipos de fundação profunda, (a) estaca, (b) tubulão (c) caixão

........................................................................................................................................ 16

Figura 3 - Sondagem SPT .......................................................................................... 19

Figura 4 - Definição de Nspt....................................................................................... 20

Figura 5 - Equipamento de execução de estaca de hélice contínua................... 22

Figura 6 - Retirada manual do solo confinado entre as lâminas da hélice de

perfuração ..................................................................................................................... 23

Figura 7 - Sequência executiva da Estaca Hélice Contínua................................. 24

Figura 8 - Parcela da Resistência que constituem a capacidade de carga ....... 25

Figura 9 - Adensamento de argila por aterro........................................................... 27

Figura 10 - Execução da Prova de Carga Estática ................................................ 32

Figura 11 - Curva carga x recalque na prova de carga de estática ..................... 33

Figura 12 - Esquema do ensaio PIT ......................................................................... 35

Figura 13 - Registro de velocidade no ensaio PIT de uma estaca danificada e de

uma estaca normal ...................................................................................................... 36

Figura 14 - Edifícios Torres do Lago......................................................................... 45

Figura 15 - Locação dos furos de sondagem SPT na OBRA 1............................ 46

Figura 16 - Perfil de sondagem SPT da OBRA 1 ................................................... 48

Figura 17 - Perfil de sondagem SPT da OBRA 2 ................................................... 50

Figura 18 - Prova de carga estática realizada na OBRA 1 ................................... 51

Figura 19 - Extensômetros analógicos usados na PCE da OBRA 1................... 52

Figura 20 - Curva carga x recalque da PCE da OBRA 1 ...................................... 54

Figura 21 - Curva carga x recalque da PCE da OBRA 2 ...................................... 55

Figura 22 - Capacidade de carga sem a consideração de um fator de segurança da

estaca da OBRA 1 ....................................................................................................... 57

Figura 23 - Capacidade de carga com F.S. global da estaca da OBRA 1 ......... 58

Figura 24 - Capacidade de carga com fator de segurança parcial da estaca da OBRA

1 ...................................................................................................................................... 59

Figura 25 - Resistência de ponta sem fator de segurança para a estaca da OBRA 1

........................................................................................................................................ 59

Figura 26 - Resistência de ponta com fator de segurança parcial para a estaca da

OBRA 1.......................................................................................................................... 60

Figura 27 - Atrito lateral sem o uso de fator de segurança para estaca da OBRA 1

........................................................................................................................................ 61

Figura 28 - Atrito lateral com o uso de fator de segurança parcial para a estaca da

OBRA 1.......................................................................................................................... 61

Figura 29 - Atrito negativo (kN) em uma camada de 4 metros para a estaca da OBRA

1 ...................................................................................................................................... 63

Figura 30 - Capacidade de carga sem F.S e considerando o atrito negativo para a

estaca da OBRA 1 ....................................................................................................... 63

Figura 31 - Atrito lateral sem F.S. e considerando o atrito negativo para a estaca da

OBRA 1.......................................................................................................................... 64

Figura 32 - Atrito lateral com F.S. parcial e considerando o atrito negativo da estaca

da OBRA 1 .................................................................................................................... 64

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Figura 33 - Capacidade de carga com F.S parciais e considerando o atrito negativo

da estaca da OBRA 1.................................................................................................. 65

Figura 34 - Capacidade de carga com fator de segurança global e considerando o

atrito negativo para a estaca da OBRA 1................................................................. 65

Figura 35 - Comparativo da capacidade de carga de carga da estaca da OBRA 1

com e sem a consideração do atrito negativo......................................................... 66

Figura 36 - Capacidade de carga sem fator de segurança para a estaca da OBRA 2

........................................................................................................................................ 69

Figura 37 - Capacidade de carga com fator de segurança global para a estaca da

OBRA 2.......................................................................................................................... 69

Figura 38 - Capacidade de carga com fatores de segurança parciais para a estaca

da OBRA 2 .................................................................................................................... 71

Figura 39 - Resistência de ponta com fator de segurança parcial para a estaca da

OBRA 2.......................................................................................................................... 71

Figura 40 - Atrito lateral com fator de segurança parcial para a estaca da OBRA 2

........................................................................................................................................ 72

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação do solo segundo SPT ...................................................... 21

Tabela 2 - Valores de βξ por Long e Healy (1974)................................................. 29

Tabela 3 - Coeficiente K e razão de atrito α ............................................................ 39

Tabela 4 - Fator de correção F1 e F2 ....................................................................... 40

Tabela 5 - Coeficiente característico do solo C ...................................................... 41

Tabela 6 - Valores do fator α em função do tipo de estaca e do tipo de solo.... 42

Tabela 7 - Valores do fator β em função do tipo de estaca e do tipo de solo .... 42

Tabela 8 - Valores de α e β para o método de Teixeira ........................................ 43

Tabela 9 - Fatores 𝛽1′ e 𝛽2′ do método de Antunes e Cabral ............................. 44

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

1.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 11

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................... 12 1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 12 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 14

2.1 FUNDAÇÕES ..................................................................................................... 14 2.1.1 Tipos de fundações.................................................................................. 14 2.1.2 Classificação do Solo .............................................................................. 16 2.1.3 Investigações geológica para projetos de fundações (SPT) ........ 18

2.2 ESTACA HÉLICE CONTÍNUA ........................................................................ 21 2.3 CAPACIDADE DE CARGA .............................................................................. 25

2.3.1 Atrito Lateral e Resistência de Ponta.................................................. 26 2.3.2 Atrito Negativo .......................................................................................... 27 2.3.3 Efeito de grupo em Estacas ................................................................... 30

2.3.4 Recalques ................................................................................................... 30

2.4 ANÁLISE DE DESEMPENHO DE ESTACAS .............................................. 31 2.4.1 Prova de carga estática .......................................................................... 31 2.4.2 Prova de carga dinâmica ........................................................................ 34 2.4.3 Ensaio PIT (Pile Integrity Test) ............................................................ 35

2.5 MÉTODOS PARA PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA ................ 37 2.5.1 Método de Aoki-Velloso .......................................................................... 37

2.5.2 Método Décourt-Quaresma.................................................................... 40 2.5.3 Método Teixeira ......................................................................................... 42 2.5.4 Método de Antunes e Cabral ................................................................. 43

3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 45

3.1 MATERIAIS ........................................................................................................ 45 3.1.1 Edificações Analisadas........................................................................... 45 3.1.2 Características geológicas do local das obras ................................ 46 3.1.3 Investigações geotécnicas do terreno ............................................... 46

3.1.4 Prova de Carga Estática ......................................................................... 51

3.2 CÁLCULO CAPACIDADE DE CARGA .......................................................... 55 4 RESULTADOS ........................................................................................................ 57

4.1 RESULTADOS PARA A OBRA 1 ................................................................... 57 4.2 RESULTADOS PARA A OBRA 2 ................................................................... 68

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 74 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 76

ANEXO 1 ....................................................................................................................... 78 ANEXO 2 ....................................................................................................................... 79 ANEXO 3 ....................................................................................................................... 81

ANEXO 4 ....................................................................................................................... 83 ANEXO 5 ....................................................................................................................... 85

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1 INTRODUÇÃO

A escolha do tipo de fundação está vinculada a fatores técnicos, como análise

estrutural e fatores econômicos. Um dos principais desafios da construção civil

moderna é o tempo de execução de uma obra, nesse contexto, a escolha da fundação

(infraestrutura) pode ser um fator decisivo.

Além disso, essa escolha está ligada a fatores naturais, como a Geologia e

Geotecnia, pois a engenharia de fundações não é uma ciência exata, pelo contrário,

está propensa diretamente ao comportamento do solo. Nesse contexto, a adequada

identificação do solo se torna imprescindível para uma estimava do sistema solo-

estaca mais próximo possível da realidade.

Com a densificação das construções em âmbito urbano, a interferência de uma

nova construção nas fundações vizinhas, tem sido um fator determinante na escolha

da fundação, o que torna a estaca hélice contínua altamente competitiva, pela

ausência de vibrações e ruídos a edificações vizinhas. Outras características positivas

são a alta produtividade e não ser afetada pelo nível do lençol freático, podendo ser

executada abaixo do nível de água, fatores que vêm contribuído para o aumento dessa

prática.

A prática ainda pode ser considerada recente no Brasil, datando o início da

década de 90, fazendo-se necessário melhores estudos a fim de, conhecer o

desempenho dessa estaca em solos brasileiros. Com o intuito de avaliar a estaca

hélice contínua, vários autores propuseram parâmetros e coeficientes de adaptação,

para estaca de hélice contínua, nos métodos semi-empíricos tradicionais de estimativa

da capacidade de carga.

Na etapa de dimensionamento de uma estaca, um dos fatores mais importantes

é capacidade da estaca de resistir as cargas verticais, até um certo limite,

representada pela condição de ruptura. Essa capacidade de carga, que pode ser

entendida como capacidade de “suporte” da estaca, foi pesquisada por inúmeros

autores que teoricamente a definiram através de métodos. Alguns deles, Aoki e

Velloso (1975), Décourt-Quaresma (1978, 1996), Teixeira (1996) e Antunes e Cabral

(1996) serão abordados nesse trabalho.

1.1 OBJETIVO GERAL

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O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de desempenho

de estacas hélice contínua, através de uma análise de dois edifícios residenciais

localizados na cidade de Toledo/PR. Para tanto, será calculado a capacidade de carga

mobilizada pela estaca, posteriormente confrontando-os com os resultados dos

ensaios de carregamento estático realizados no local da obra.

Pretende-se então, neste trabalho, verificar com conhecimentos acadêmicos, o

possível comportamento de estacas hélice contínua pelos métodos semi-empíricos

existentes no Brasil, no que se refere à capacidade de carga.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Apresentar revisão bibliográfica sobre fundações profundas, dando enfoque

maior na técnica de execução de estacas escavadas por hélice contínua. Abordar

tópicos como vantagens e desvantagens, etapas construtivas, fatores relevantes da

sequência executiva, importância de investigação geotécnica

- Expor revisão literária sobre aspectos de importante verificação em fundação

profunda, como atrito negativo e efeito de grupo, e de controle de desempenho de

estacas, como prova de carga estática, ensaio de carregamento dinâmico e ensaio

PIT (Pile Integrity Testing).

- Apresentar revisão bibliográfica dos métodos semi-empíricos adotados para

obtenção da capacidade de carga de estacas, descrevendo métodos existentes e as

características individuais destes, assim como parâmetros físicos utilizados nos

cálculo.

- Aplicação da revisão bibliográfica apresentada para cálculo dos métodos para

obtenção da capacidade de carga, assim como a descrição dos cálculos realizados;

- Análise comparativa dos resultados obtidos de capacidade de carga pelos

métodos semi-empíricos e considerações pertinentes a respeito dos resultados

encontrados no estudo.

1.3 JUSTIFICATIVA

A escolha do tema deste trabalho é justificada devido ao interesse pessoal

acerca da Engenharia de fundações, motivada por considerar a fundação uma etapa

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13

de enorme importância na construção civil. Aliado ao fato, do crescente uso de estacas

hélice contínua no Brasil e pelas grandes vantagens oferecidas por essa técnica.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O primeiro capítulo contempla a introdução do trabalho, apresentando os

objetivos, a justificativa e a estrutura do trabalho.

O segundo capítulo, refere-se a revisão bibliográfica sobre as características e

o processo executivo da estaca hélice contínua, dos equipamentos utilizados, assim

como as vantagens e desvantagens deste tipo de fundação. Apresenta-se também

revisão sobre investigação geotécnica com SPT, atrito negativo e efeito de grupo,

prova de carga estática, prova de carga dinâmica e ensaio PIT (Pile Integrity Testing),

e os métodos de previsão de capacidade de carga estudados.

O terceiro capítulo contempla comentários sobre o caso estudado, localização

das obras, algumas características geológicas da região, os resultados dos ensaios

de carregamento estático realizados, bem como os parâmetros adotados nos cálculo

de estimativa da capacidade de carga.

No quarto capítulo, apresenta-se os resultados dos métodos de previsão de

capacidade carga, as análises realizadas e algumas considerações gerais sobre estes

resultados em cada uma das obras.

No quinto capítulo, mostra-se as principais conclusões obtidas através das

análises realizadas no capítulo anterior.

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14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 FUNDAÇÕES

Fundação é um elemento construídos para estabelecer a base sobre a qual é

construído uma edificação, contemplando as cargas aplicada pela obra e a resposta

do solo e estas solicitações, com o objetivo de sustentar o conjunto, absorvendo seu

carregamento e transferindo-o para o terreno (HACHICH,1996).

Para o dimensionamento de uma fundação, deve-se conhecer as

características do elemento de fundação utilizado para que atenda os requisitos

segurança, conforto e qualidade de execução, dentro de um projeto de Engenharia.

De acordo com NBR 6122/2010 a fundação é classificada como superficial

(rasa ou direta) ou profunda.

2.1.1 Tipos de fundações

Este subitem apresenta os aspectos relevantes da classificação de fundações,

esclarecendo de forma resumida os principais tipos empregados na prática da

Engenharia de fundações no Brasil. Maiores informações sobre a metodologia

construtiva, parâmetros de projeto, aplicabilidade, vantagens, desvantagens e

características podem ser encontrados na NBR 6122/2010 e em bibliografias como

VELLOSO e LOPES (2010) e HACHICH (1998).

Fundação superficial (rasa ou direta), segundo a NBR 6122/2010, é um

elemento de fundação com profundidade de assentamento inferior a duas vezes a

menor dimensão de projeto, onde a carga é transmitida ao terreno através da base da

fundação. Nessa classificação estão incluídas sapatas, blocos e radiers.

As sapatas são fundações de concreto dimensionadas de modo que as tensões

de tração nela produzidas não sejam resistidas pelo concreto, mas sim pelo emprego

da armadura. Os blocos são fundações de concreto dimensionadas para que as

tensões de tração transmitidas a ele sejam resistidas pelo concreto, sua forma pode

ser observada na Figura 1. A fundação tipo Radier é um tipo de fundação superficial

que abrange parte ou todos os pilares de uma estrutura, distribuindo todo o

carregamento ao terreno (VELLOSO e LOPES, 2010).

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15

Fonte: Velloso e Lopes (2010).

A NBR 6122/2010 define fundação profunda como o elemento de fundação que

possui profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no

mínimo 3,0 metros, salvo justificativa. O elemento transmite a carga ao terreno, e isso

pode ser feito através da base da fundação (resistência de ponta) ou por sua superfície

lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas situações. Fundações

profundas são mais utilizadas quando há ocorrência de solos de alta

compressibilidade ou baixa capacidade de carga e também são utilizadas em

edificações de grande porte. Nessa categoria incluem-se as estacas, tubulões e

caixões, sendo esse último, uma técnica com pouca aplicabilidade, a qual não é citada

por norma.

Tubulão é um tipo de fundação profunda, escavada no terreno e onde, pelo

menos, em sua etapa final, acontece a descida de operário, a qual se faz necessária

para executar o alargamento de base ou a limpeza de fundo da escavação. Nesse

tipo de fundação, as cargas são transmitidas ao solo pela ponta (área da base) e/ou

pelo fuste.

Figura 1 - Principais tipos de fundações superficiais

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16

A Estaca é o elemento de fundação profunda executada inteiramente por

equipamentos e ferramentas, sem a descida de pessoas na cava em qualquer

momento da execução. Podem ser utilizados materiais como madeira, aço, concreto

pré-moldado e concreto moldado in loco. Existem diferentes técnicas construtivas,

entre as mais utilizadas estão: estaca Strauss, estaca raiz, estaca Franki, estaca

mista, estaca rotativa e estaca hélice contínua monitorada. Como o presente trabalho

tem como foco a execução de estacas tipo hélice contínua, objetivou-se a elaboração

de uma revisão bibliográfica mais abrangente para esse item, que consta no subitem

2.2.

Fonte: Velloso e Lopes (2010).

2.1.2 Classificação do Solo

De acordo com HACHICH (1998), os solos são muito distintos entre si e

respondem de forma muito variável. Por isso, toda experiência já adquirida pelas

gerações na prática de fundações sempre relaciona os parâmetros ao tipo de solo.

TERZAGHI em 1936 já havia constatado que não era possível aplicar aos solos as

leis teóricas como era feito para o concreto e o aço. Pelo contrário, o conhecimento

do comportamento deste material disposto pela natureza e, de natureza heterogênea,

era consideravelmente mais complicado.

O objetivo da classificação dos solos, sob o ponto de vista da engenharia, é

poder estimar o comportamento do material ou simplesmente poder definir qual o tipo

de investigação geotécnica mais apropriada para a análise do comportamento de um

Figura 2 - Principais tipos de fundação profunda, (a) estaca, (b) tubulão (c) caixão

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17

solo. Embora existam diversas formas de classificação, baseadas em diferentes

parâmetros, o sistema de classificação mais aceito na área de Engenharia de Solos é

a baseada no tipo e no comportamento das partículas que constituem o solo (PINTO,

2006; CRAIG, 2007).

Solos granulares possuem granulação grosseira, ou seja, a porcentagem de

finos presentes (material passado na peneira nº 200 – 0,075mm) é menor que 50%.

São classificados em pedregulho ou areia (grossa, média e fina) em função da

porcentagem de fração de granulometria. Uma característica dos solos granulares é

a graduação, podem ser “bem graduados” – em que há predominância de

determinado diâmetro – ou “mal graduados” – onde a ocorrência de diâmetros é

diversa e esparsa – ao longo da curva granulométrica. Um solo “bem graduado” pode

significar melhor comportamento do solo para obras de engenharia, pois as partículas

pequenas ocupam os vazios criados pelas partículas maiores, resultando em menor

compressibilidade e maior resistência (PINTO, 2006; CAPUTO E CAPUTO, 2015).

Os solos de granulação fina são aqueles em que a porcentagem de finos é

superior a 50% e são classificados em siltes e argila ou solos orgânicos. Essa

classificação não é baseada só na porcentagem de fração granulométrica, mas

também na atividade do solo, representada pelos índices de consistência com a

utilização da carta de plasticidade desenvolvida por Casagrande (PINTO, 2006).

Areias são bastante permeáveis e, quando submetidas a carregamento de

obras de engenharia, ocorre a dissipação das pressões neutras. Por isso, a resistência

das areias é definida pelas tensões efetivas. A resistência das areias pode ser

determinada em ensaios de cisalhamento direto e ensaios de compressão triaxial.

Areias fofas apresentam maiores deformações e areias compactas sofrem menores

recalques (PINTO, 2006; ORTIGÃO, 2007).

Solos argilosos possuem baixa permeabilidade, daí a importância do

conhecimento da resistência de carregamento drenado e não drenado. A resistência

de uma argila depende do índice de vazios, que é resultado das tensões atuais e

passadas e da estrutura da argila.

Argilas normalmente adensadas têm comportamento semelhante ao das areias

fofas, lento aumento de tensão axial com a deformação e diminuição do volume

durante o carregamento. Já as argilas pré-adensadas têm comportamento semelhante

ao das areias compactas, rápido acréscimo da tensão axial, resistência de pico para

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pequenas deformações, queda da resistência após o valor máximo e aumento de

volume durante o carregamento.

O que diferencia realmente o comportamento de argilas e areias é a

compressibilidade quando solicitadas a tensões confinantes, ou seja, as argilas

sofrem redução de índice de vazios acima das tensões de pré-adensamento, o que

não ocorre com as areias (PINTO, 2006; CAPUTO E CAPUTO, 2015).

Algumas vezes a indicação da origem do solo é tão ou mais útil do que a

classificação baseada na granulometria. Pela origem, os solos podem ser

classificados em residuais ou transportados.

Solos residuais são aqueles que estão localizados no próprio local onde tiveram

sua formação geológica. São comuns em regiões tropicais favoráveis a degradação

mais rápida da rocha. Dentro do grande grupo dos solos residuais estão incluídos o

solo saprolítico, o solo residual maduro e a rocha alterada. Quanto aos solos residuais,

é relevante a indicação da rocha mãe, pois ela condiciona a composição física do solo.

Solos residuais de basalto têm predominância argilosa, os de gnaisse são siltosos e

os de granito são formados de areia média, silte, argila, entre outros (PINTO, 2006;

ORTIGÃO, 2007).

Solos transportados, como o próprio nome já diz, foram transportados por

algum agente do seu local original de formação. Esse agente também condiciona as

características do solo. Solos que têm como agente de transporte a gravidade são

coluvionares, formados por materiais muito diversos e sujeitos a movimento de

rastejo. Já aqueles formados do carreamento pela água são aluvionares e sua

constituição depende da velocidade das águas quando acontece a disposição. Solos

aluvionares podem ter granulometria distinta, podem ser arenosos ou argilosos

(PINTO, 2006).

2.1.3 Investigações geológica para projetos de fundações (SPT)

O concreto e o aço empregados na construção civil com função estrutural são

materiais artificiais e, por isso, podem ser fabricados com controle para atender as

características especificadas. O solo, porém, é um material natural e, portanto, tem

comportamento muito variável quanto à composição e ao comportamento sob carga.

Características como consistência, compacidade, resistência e deformabilidade

podem ter uma variabilidade dentro do maciço, o que leva a uma heterogeneidade

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tridimensional. Dessa maneira, em projetos de fundações a análise do solo é tão

importante e, dentro desse contexto, a investigação geotécnica tem por objetivo

descobrir as condições que a natureza está oferecendo (CINTRA, 2013).

Qualquer edificação necessita de uma investigação geotécnica preliminar,

constituída, no mínimo, por sondagens a percussão (SPT) com o objetivo de

determinar a estratigrafia e a classificação dos solos, a posição do nível d’água e a

medida do índice de resistência à penetração (Nspt). As medidas normativas para a

execução de Sondagens de simples reconhecimento com SPT são encontradas na

NBR 6484/1980.

O Standard Penetration Test (SPT) constitui a investigação mais utilizada na

prática corrente da geotecnia no Brasil e no mundo, especialmente em fundações,

devido à simplicidade e à economia, permitindo uma indicação da densidade de solos

granulares, também aplicado à identificação da consistência de solos coesivos e

mesmo de rochas brandas. As vantagens desse ensaio com relação aos demais

compreendem a simplicidade do equipamento, o baixo custo e a obtenção de um valor

numérico de ensaio que pode ser relacionado com métodos empíricos de cálculo de

projeto (SCHNAID e ODEBRECHT, 2010).

A perfuração é realizada por trado espiral e/ou circulação de água, utilizando-

se um trépano de lavagem como ferramenta de escavação. Amostras representativas

do solo são coletadas a cada metro de profundidade por meio de amostrador-padrão,

de diâmetro externo de 50mm, conforme ilustrado na Figura 3.

Fonte: Schnaid e Odebrecht (2010).

Figura 3 - Sondagem SPT

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20

O procedimento de ensaio consiste na cravação deste amostrador, usando um

peso de 65,0 kg, caindo de uma altura de 750mm. O valor Nspt é o número de golpes

necessários para fazer o amostrador penetrar 30cm, após uma cravação inicial de

15cm, conforme ilustra a Figura 4 (SCHNAID e ODEBRECHT, 2010).

Fonte: Cintra e Aoki (2013).

Na prática da engenharia existe uma unanimidade a respeito de questões

relativas a "ensaios bem ou mal feitos", má prática, vícios executivos, entre outros.

Alguns fatores podem desencadear resultados diferentes para sondagens realizadas

no mesmo local, além da influência do equipamento, devem-se reconhecer os efeitos

das condições do solo na resistência à penetração (SCHNAID e ODEBRECHT, 2010).

A principal aplicação da sondagem SPT é a determinação do perfil de subsolo

e a identificação tátil-visual das camadas do solo a partir do material recolhido pelo

amostrador-padrão. O sistema de classificação apresentado na Tabela 1, muito

utilizado no Brasil e recomendado pela NBR 7250/1982 – identificação e descrição de

amostras de solo obtidas em sondagens de simples reconhecimento – é baseado no

índice de resistência à penetração (SCHNAID e ODEBRECHT, 2010).

Figura 4 - Definição de Nspt

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Fonte: Velloso e Lopes (2010).

Segundo HACHICH (1996), é primordial a determinação do nível de água,

durante a sondagem. Quando estiver ocorrendo o processo de perfuração e houver

ocorrência de nível de água, interrompe-se o trabalho e anota-se a profundidade.

2.2 ESTACA HÉLICE CONTÍNUA

Apesar do início do uso da técnica da estaca tipo hélice contínua datar a década

de 50, nos Estados Unidos, somente a partir da década de 80 que houve um

significante desenvolvimento dessa prática, tornando-se atrativa na Europa

principalmente pelo baixo custo. No Brasil, somente a partir dos anos 90 que esse tipo

de fundação progrediu em relação à tecnologia disponível, pela importação de

equipamentos e seu uso se difundiu pelo país (HACHICH, 1996). Segundo NETO

(2002), aos poucos pode-se notar a diminuição do uso das estacas escavadas,

concomitantemente com o aumento das estacas hélice contínua, cujo uso tem-se

estendido além de simples elementos de fundações, como o uso em paredes de

contenção contíguas ou secantes.

As estacas hélice contínua apresentam muitas vantagens, segundo HACHICH

(1996), uma delas é a alta produtividade, o que diminui substancialmente o

cronograma da obra. Outro benefício é que o processo de execução não provoca

distúrbios e vibrações típicos dos equipamentos geralmente utilizados para estacas

cravadas. O equipamento de percussão permite perfuração em solos com SPT acima

de 50 e a perfuração não gera detritos poluídos por lama bentonítica, eliminando os

Tabela 1 - Classificação do solo segundo SPT

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inconvenientes relacionados à disposição final desse material. Outra prerrogativa é a

grande variedade de solos em que pode ser utilizado este tipo de estaca. Porém,

HACHICH (1996) ressalva que para subsolos contendo camadas de areia fofa

submersa é necessário reavaliar a sua utilização e também na presença de rochas e

matacões.

Segundo a NBR 6122/2010, a hélice contínua é uma estaca de concreto

moldada in loco, executada através da introdução no terreno de um trado helicoidal

contínuo, com movimento de rotação. O concreto é injetado pela haste central do

trado, ao mesmo tempo em que acontece a sua retirada. Imediatamente após o

lançamento do concreto é colocada à armadura.

Na extremidade inferior da hélice existem dentes, que são importantes para a

penetração em solos mais resistentes. O torque mínimo da mesa rotativa e do guincho

usados na perfuração é definido de acordo com o diâmetro da estaca e da resistência

do solo. A perfuração acontece sem que haja, em momento algum, a retirada da hélice

do furo, conforme Figura 5. A ponta da haste é fechada por uma tampa metálica, com

o objetivo de impedir entrada de água e de solo no concreto. No início da concretagem

essa tampa se abre por consequência do peso do concreto (NETO, 2002).

Fonte: Fungeo.

Figura 5 - Equipamento de execução de estaca de hélice contínua

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23

Atingida a profundidade desejada com a perfuração, o concreto então é

bombeado pela haste central, e o trado é retirado de forma lenta e contínua.

Concomitantemente, é feita a retirada manual do solo (ver Figura 6) contido entre as

lâminas do trado, sem rotação ou girando lentamente no sentido da perfuração

(MAGALHÃES, 2005).

Fonte: Magalhães (2005).

De acordo com NETO (2002), o concreto é injetado sob pressão positiva da

ordem de 50 a 100kPa. O concreto bombeado normalmente apresenta as seguintes

características: Resistência característica (fck) de 20MPa; Consumo mínimo de

cimento de 400 a 450kg/m³; Agregados: areia e pedrisco, ou brita 0; Slump

(abatimento) de 20 a 24cm; Fator água-cimento (a/c) de 0,53 a 0,56 e permitido o uso

de aditivos.

A armadura deve ter forma de gaiola e ser enrijecida para facilitar a penetração

no concreto. São instaladas por gravidade, por compressão de um pilão ou vibração.

NETO (2002) cita que a colocação da armadura por golpes de um pilão é a mais

utilizada na prática brasileira.

De acordo com Velloso e Lopes (2010), as estacas hélice contínua submetidas

somente a esforços de compressão levam uma armadura, em geral, com 4 m de

Figura 6 - Retirada manual do solo confinado entre as lâminas da hélice de perfuração

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24

comprimento (abaixo da cota de arrasamento). Em contrapartida, estacas submetidas

a esforços transversais ou de tração, é comum armaduras de maior comprimento (de

12 e até 18 m), e executadas com concretos especiais. Uma representação da

sequência executiva está exposta na Figura 7.

Fonte: Empresa Brasfond.

A NBR 6122/2010 cita alguns aspectos relevantes na execução de estaca

hélice contínua. Um deles é que o equipamento de escavação deve ser nivelado para

garantir a centralização e o alinhamento da estaca e a perfuração deve ser contínua,

por rotação, até a cota prevista. O controle da concretagem é importante, deve ser

realizado até a superfície do terreno, com pressão controlada pelo operador,

garantindo que não haja interrupção do fuste.

Existem diversos equipamentos para o monitoramento da execução da estaca

hélice contínua, um comumente utilizado é o sistema computadorizado Taracord.

Esse tipo de equipamento fornece alguns dados durante a execução da estaca, como

por exemplo: profundidade, tempo, inclinação da torre, velocidade de penetração do

trado helicoidal, velocidade de rotação da mesa rotativa, torque, velocidade de retirada

Figura 7 - Sequência executiva da Estaca Hélice Contínua

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da hélice, volume de concreto lançado e pressão de lançamento do concreto

(HACHICH, 1996).

2.3 CAPACIDADE DE CARGA

Cada elemento de fundação por estaca possui uma capacidade para resistir às

cargas verticais, até um certo limite, representada pela condição de ruptura. Essa

capacidade de carga pode ser definida como o valor da força correspondente à

máxima resistência estrutural do material que a estaca pode oferecer ou do valor

representativo da condição de ruptura do sistema em termos geotécnicos.

O desenvolvimento de tensões resistentes ao longo do fuste da estaca e junto

a sua ponta nos permite separar a resistência em duas parcelas: a resistência por

atrito lateral e a resistência de ponta (ver Figura 8). Logo, a capacidade de carga das

estacas é dada pela soma das parcelas de atrito lateral e de ponta, que dependem do

tipo de terreno, do diâmetro e do comprimento da estaca (CINTRA & AOKI, 2010).

Fonte: Cintra e Aoki (2010).

Existem vários métodos para previsão da capacidade de carga de estacas e,

esses valores encontrados por meio de cálculos, podem ser comparados com valores

Figura 8 - Parcela da Resistência que constituem a capacidade de carga

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26

experimentais obtidos em ensaios de carregamento estático ou dinâmico realizados

após o término do processo construtivo da estaca (CINTRA & AOKI, 2010).

A NBR 6122/2010 recomenda a verificação da capacidade de carga durante a

execução das fundações e, para isso, existem os métodos estáticos (prova de carga

estática) e os ensaios de carregamento dinâmico, que serão abordados mais

detalhadamente no subitem seguinte.

A grandeza fundamento para o projeto de fundações por estacas é a carga

admissível ou a carga resistente de projeto, obtida a partir de provas de carga estática.

Essas provas de carga devem ser especificadas em projeto e executadas no início da

obra para que seja possível fazer adequações no projeto para as demais estacas. As

provas de carga devem ser realizadas até uma carga mínima de duas vezes a carga

admissível prevista em projeto.

No item 8.2 da NBR 6122/2010 é possível consultar outros fatores relevantes

para a sua determinação.

2.3.1 Atrito Lateral e Resistência de Ponta

O atrito lateral entre solo e estaca ocorre quando há um deslocamento relativo

entre o solo e a estaca. Quando a estaca recalca mais do que o solo, há ocorrência

do atrito positivo, que contribui para a capacidade de carga da estaca. Porém, quando

o solo recalca mais, tem-se o atrito negativo, que age como uma sobrecarrega na

estaca (VELLOSO E LOPES, 2010).

No caso de estacas construídas em solo argiloso, a resistência lateral

representa a tensão de adesão do solo ao fuste da estaca que pode ser calculada em

função da própria coesão não drenada da argila (CINTRA & AOKI, 2010).

Também é de conhecimento acadêmico que, devido ao efeito de arqueamento

nas áreas, o atrito lateral local não cresce indefinidamente com a profundidade, mas

atinge um valor crítico em certa profundidade dependendo se a areia for fofa ou

compacta (CINTRA E AOKI, 2010). Segundo MORETTO (1972), é possível supor que

qualquer que seja a compacidade relativa da areia, o atrito lateral aumenta

linearmente até uma profundidade igual a 15 vezes o diâmetro da estaca,

permanecendo constante e igual ao valor crítico para profundidades maiores.

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27

Já a resistência de ponta pode ser considerada como a capacidade de carga

de uma fundação direta, onde deve ser considerado a resistência e o comportamento

do solo localizado abaixo da cota de implantação da estaca.

CINTRA E AOKI (2010) explica ainda que a mobilização de ponta e de atrito

lateral ocorrem desde o início do carregamento, porém, quando o atrito atinge o valor

máximo, geralmente a resistência de ponta ainda não é significativa. Além disso, a

resistência de atrito lateral pode atingir um valor máximo e, posteriormente, diminuir

para um valor residual.

2.3.2 Atrito Negativo

O atrito lateral é considerado negativo quando o recalque do solo for maior que

o recalque da estaca. Esse fenômeno acontece quando o solo está em processo de

adensamento, que pode ser provocado pelo seu próprio peso, por sobrecargas, por

rebaixamento do lençol freático, pelo amolgamento da camada mole compressível,

dentre outras causas. Quando a ação do atrito negativo for significativa, ela deve ser

considerada no dimensionamento da fundação (ABNT NBR 6122,2010).

De acordo VELLOSO E LOPES (2010) o caso mais frequente de atrito negativo

se dá quando estacas atravessam uma camada de argila mole sobre a qual foi

depositado um aterro. A argila mole sofre o processo de adensamento, ocasionado

recalques e o atrito negativo, que se desenvolve ao longo das camadas de aterro e

de argila mole, conforme ilustrado na Figura 9.

Figura 9 - Adensamento de argila por aterro

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Fonte: Velloso e Lopes (2010).

Segundo Velloso e Lopes (2010), todos os casos de ocorrência de atrito

negativo decorrem do amolgamento de camadas de solo de baixa permeabilidade,

como argilas moles. Tal fenômeno é capaz de levar a estaca à ruptura por perda da

capacidade de carga do solo.

Há uma certa profundidade onde os recalques são iguais, denominada de ponto

neutro, ponto de divisão entre a parcela de atrito negativo e positivo. Quando existe

apenas uma camada de argila mole acima do solo competente, o ponto neutro se situa

na base dessa camada ou um pouco acima.

A compressão do fenômeno do atrito é simples, já a quantificação é bem

complexa. Em método simples, supõem-se que o ponto neutro está na base da

camada de argila mole e em utilizar uma expressão para o cálculo do atrito em

condições drenadas. Essa hipótese é possível, pois o amolgamento se trata de um

fenômeno proveniente do processo de adensamento e atinge o valor máximo na

condição drenada.

Para uma estaca isolada ou em grupo esparso pode-se adotar a equação de

LONG E HEALY (1974):

𝜏𝑛 = 𝐾. tan 𝛿 . 𝜉. 𝜎′𝑣𝑜 = 𝛽𝜉𝜎′𝑣𝑜 (1)

Onde: 𝛽 = 𝐾. tan 𝛿;

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𝜉= fator que considera a redução da tensão verticial efetiva geostática em decorrência da transferênc ia

de carga do solo para as estacas (alívio de tensão vertical);

𝜎′𝑣𝑜 = tensão vertical efetiva geostática na profundidade em estudo.

As sugestões para valores de 𝛽𝜉 estão na Tabela 2:

Solo βξ

Argilas 0,20 a 0,25

Siltes 0,25 a 0,35

Areias 0,35 a 0,50

Fonte: Velloso e Lopes (2010).

A tensão efetiva do solo na profundidade em estudo pode ser obtida através do

Princípio das Tensões Efetivas de TERZAGHI:

𝜎′𝑣𝑜 = 𝜎𝑣𝑜 − 𝑢 (2)

Onde 𝜎𝑣𝑜 é a tensão total do solo e 𝑢 é a poropressão ou pressão neutra, e são

expressas respectivamente por:

𝜎𝑣𝑜 = 𝛾. 𝑍 (3)

𝑢 = 𝛾𝑤 . 𝑍 (4)

Onde: 𝛾 = peso específico do solo;

𝑍 = profundidade, em metros;

𝛾𝑤 = peso específico da água.

O valor do atrito negativo será:

𝑃𝐴𝑁 = 𝜏𝑛. 𝑈. ∆𝐿 (5)

Sendo 𝑈 o perímetro da estaca e ∆𝐿 a espessura da camada.

Tabela 2 - Valores de βξ por Long e Healy (1974)

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Segundo a NBR 6122/2010, no caso de estacas em que se prevê a ação do

atrito negativo, a carga admissível (𝑃𝑎𝑑𝑚) deve ser determinada pela expressão:

𝑃𝑎𝑑𝑚 = (𝑃𝑃 +𝑃𝐿

𝐹𝑆) − 𝑃𝐴𝑁 (6)

Onde: 𝑃𝑃 = parcela correspondente á resistência de ponta na ruptura

𝑃𝐿 = parcela correspondente á resistência por atrito lateral positivo

𝑃𝐴𝑁 = parcela correspondente ao atrito lateral negativo.

𝐹𝑆 = fator se segurança global.

2.3.3 Efeito de grupo em Estacas

A NBR 6122/2010 define efeito de grupo de estacas como o processo de

interação dos diversos elementos que constituem uma fundação ao transmitirem ao

solo as cargas que lhes são aplicadas. Essa situação de interação acarreta uma

superposição de tensões, onde o recalque do grupo normalmente é diferente do

recalque do elemento, caso esteja solitário. De acordo com CINTRA E AOKI (2010),

os grupos de estacas apresentam sempre recalques superiores aos de uma estaca

isolada, submetida a uma mesma carga.

Segundo VELLOSO E LOPES (2010), da mesma forma faz com que a

capacidade de carga seja diferente da capacidade de carga daquele elemento isolado.

Dependendo da forma de execução do elemento de fundação e do tipo do terreno o

efeito de grupo pode ser benéfico ou o contrário.

Elementos que são executados muito próximos, tem comportamento

semelhante à de um bloco, composto pelas fundações com o solo. Entretanto, o solo

não participa do atrito lateral nas estacas internas quando há a formação desse bloco,

o que não é prejudicial para a fundação, por isso, o espaçamento mínimo entre as

estacas deve ser obedecido, a fim de evitá-lo.

2.3.4 Recalques

Recalques são basicamente os deslocamentos verticais, de cima para baixo,

que as fundações sofrem ao serem solicitadas por algum carregamento. Para

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monitorar o recalque, observam-se esses deslocamentos como a mudança de uma

posição em relação a um sistema fixo de referência.

Contudo, o valor limite de recalques admissíveis é uma questão subjetiva,

recomendado pela norma que seja definido pelo engenheiro projetista. De acordo com

a NBR6122/2010, a carga admissível, determinada através da extrapolação da curva

carga-recalque, é considerada como aquela que provoca recalques que não sejam

prejudiciais à estrutura da obra, oferecendo segurança contra a ruptura ou

escoamento do maciço ou do próprio elemento estrutural de fundação. Esses valores

limites para o deslocamento de fundações devem considerar fatores como: a

confiabilidade do método que esses deslocamentos aceitáveis foram estabelecidos, a

velocidade dos recalques e movimentos do terreno de fundação, o tipo de estrutura e

material da construção, tipo de fundação, natureza do solo, finalidade da obra e

influência de edificações vizinhas.

CINTRA E AOKI (2010) citam que, observações experimentais revelam que a

mobilização máxima do atrito é atingida para baixos valores de recalque da estaca,

entre 5 e 10mm, independente do tipo de estaca e do diâmetro do seu fuste.

Na prática de fundações, é possível considerar valores de recalques

admissíveis para fundações em estacas, recomendados por Meyerhof (1976): 25mm

para estacas em areia e 50mm para estacas em argila, considerando o efeito de

grupo. No caso de estacas isoladas, 15mm para estacas em areia e 25mm para

estacas em argila (CINTRA & AOKI, 2010).

2.4 ANÁLISE DE DESEMPENHO DE ESTACAS

2.4.1 Prova de carga estática

A NBR 12131/2006 prescreve o método de prova de carga em estacas com o

objetivo de avaliar seu comportamento carga x deslocamento e estimar suas

características de capacidade de carga. A execução deste ensaio auxilia também na

determinação da resistência do terreno ou do próprio elemento de fundação, além da

previsão de futuros recalques. A prova de carga consiste em aplicar esforços estáticos

crescentes na estaca e registrar os respectivos deslocamentos gerados por essa

carga. Esses esforços podem ser axiais, de tração ou compressão, ou transversais.

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A execução do ensaio consiste em aplicar cargas conhecidas no topo da estaca

em incrementos sucessivos e de mesma magnitude, etapa denominada de estágio de

carga. Esses estágios são monitorados concomitantemente com o monitoramento do

encurtamento elástico do fuste e o recalque da ponta da estaca, até que seja atingida

a ruptura (CINTRA, 2013).

A aplicação progressiva da carga no topo da estaca acarreta a mobilização da

resistência, que promove o seu equilíbrio. Atingir a ruptura significa alcançar a máxima

resistência mobilizável, a de atrito e a de ponta, com recalques incessantes (CINTRA,

2013).

O dispositivo de aplicação de carga é formado por um ou mais macacos

hidráulicos, que devem ter capacidade ao menos 10% maior que o máximo

carregamento do ensaio e funcionam em sistema de ação e reação, conforme

representado na Figura 10. A cada estágio de carga, o valor da resistência mobilizada

é quantificado e, pelo princípio da ação e reação, é igual à carga aplicada.

Fonte: Empresa Fungeo.

O método mais utilizado na prática de fundações é o do carregamento lento,

representado pela sigla SML (carga mantida lenta), em que o sistema estaca solo é

submetido à aplicação de carga estática em estágios crescentes, com incrementos

iguais, limitado a 20% da carga de trabalho prevista em projeto, em que em cada

Figura 10 - Execução da Prova de Carga Estática

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estágio é mantido a carga até a estabilização dos recalques ou por um intervalo

mínimo de 30 minutos.

Segundo a norma NBR 12131/2006, a estabilização dos deslocamentos ou

recalques ocorre quando a diferença entre as leituras no instante t e t/2 resultar em

até 5% do deslocamento ocorrido no estágio anterior. A ruptura do sistema estaca-

solo é caracterizada quando um pequeno acréscimo de carga provoca um grande

recalque, denominado de carga estática última.

A Figura 11 contém o formato típico da curva carga (P) x recalque (∆), sendo P

a carga aplicada no topo da estaca e ∆ o recalque do topo da estaca. Essa curva

passa pelos pontos referentes ao final de cada estágio (recalques estabilizados).

Fonte: NBR 6122/2010.

Para o controle de desempenho de estaca hélice contínua, a Tabela 6 da NBR

6122/2010 torna obrigatória a execução de prova de carga estática em obras que

tiverem um número de estacas superior a 100 e sempre no início da obra. Quando o

número total de estacas ultrapassar 100, devem ser executadas provas de carga em

no mínimo 1% das estacas.

A carga máxima pretendida no ensaio é definida pela NBR 6122/2010 como

duas vezes a carga admissível prevista em projeto, no caso de ensaios executados

no início da obra, totalizando 10 estágios ou 1,6 vezes a carga admissível para ensaios

realizados para avaliação de desempenho. Embora a norma vigente permita o uso de

um fator de segurança igual a 1,6 para estacas com prova de carga estática. CINTRA

Figura 11 - Curva carga x recalque na prova de carga de estática

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(2013) sugere que não seja utilizado um fator de segurança inferior a 2, mesmo nas

provas de carga realizadas na fase de projeto ou no início da obra.

O desempenho é considerado satisfatório, então, quando o fator de

segurança for de no mínimo 2,0 com relação à carga de ruptura obtida na prova de

carga e quando o recalque na carga de trabalho for admissível pela estrutura.

Ignorar os valores reais de capacidade de carga oriundos da prova de

carga traz uma consequência grave que é o desconhecimento do fator de segurança

da fundação. Segundo CINTRA (2013), o fator de segurança 𝐹𝑆 é definido pela relação

entre os valores médios de resistência e solicitação:

𝐹𝑆 =𝑅𝑚𝑒𝑑

𝑆𝑚𝑒𝑑 (7)

A realização de várias provas de carga em quantidade representativa possibilita

a determinação de um valor médio de resistência, necessário para o cálculo do fator

de segurança global real, que permite a análise de confiabilidade da fundação, com a

estimativa de probabilidade de ruína, conforme aponta CINTRA E AOKI, 2010.

2.4.2 Prova de carga dinâmica

De acordo com a NBR 13208/2007, o ensaio de carga dinâmica é um ensaio

que a partir da imposição de um carregamento dinâmico visa a estimativa da

capacidade de carga, que é feita com análise fundamentada na teoria da equação da

onda.

O ensaio tradicional consiste na aplicação de força de impacto constante no

topo da estaca, capaz de provocar um deslocamento permanente ou mobilizar a

resistência das camadas de solo nas quais a estaca atravessa. O sistema é formado

pelo peso (martelo) caindo de uma mesma altura, sobre o sistema de amortecimento

instalado, de forma que o impacto seja aplicado, centrado e axial ao topo da estaca.

O ciclo de impactos é de normalmente 10 golpes de energia aproximadamente

constantes e a análise é feita para um carregamento, ou seja, um impacto

representativo no ensaio cíclico (CINTRA, 2013).

Para a estaca hélice contínua, o ensaio dinâmico é realizado após a sua

concretagem, respeitando o prazo mínimo de sete dias de sua execução. No topo da

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estaca concreta-se um bloco de coroamento, que receberá os golpes do martelo e

onde serão instalados os transdutores, que são os dispositivos usados para obtenção

das respostas de ensaio dinâmico. Os sinais são captados por meio de sensores dos

transdutores instalados em posição oposta no fuste do elemento a ser testado, de

onde podem ser obtidas medidas de aceleração, de velocidade ou de deslocamento

(NBR 13208/2007).

No que se refere à quantidade de ensaios dinâmicos, a NBR 6122/2010 permite

substituir uma prova de carga estática por cinco ensaios de carregamentos dinâmicos.

Trata-se de um ensaio vantajoso quanto ao custo e à duração, que possibilita a

avaliação da capacidade de carga de uma maior amostra de estacas de uma obra.

Outras vantagens dizem respeito à possibilidade de obtenção separada das parcelas

de resistência lateral e de ponta do sistema estaca-solo e também à verificação da

integridade da estaca (CINTRA, 2015).

2.4.3 Ensaio PIT (Pile Integrity Test)

Um problema frequente em estaqueamentos é a verificação da

integridade da estaca após a sua execução. No caso de estacas hélice contínua, uma

complicação de execução é que podem ter sofrido estrangulamento de fuste com o

concreto ainda fresco (VELLOSO E LOPES, 2010).

O ensaio P.I.T. “Pile Integrity Test” é realizado em fundações profundas

para avaliar a integridade de estacas com relação a possíveis problemas construtivos,

tais como falhas de concretagem, trincas, fissuras, rupturas além de variações

seccionais de fuste. O esquema do ensaio está representado na Figura 12.

Figura 12 - Esquema do ensaio PIT

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Fonte: Rausche, Likins e Ren-Kung (1992).

De acordo com CINTRA (2013) o PIT (Pile Integrity Test) é um ensaio dinâmico

de pequena deformação, é feito com um golpe de martelo manual aplicado no topo da

estaca, onde está instalado o acelerômetro, que é fixado por meio de cera especial.

Em seguida, são aplicados golpes com um martelo de massa entre 0,5kg e 5kg,

conforme o tamanho da estaca.

Os sinais obtidos no acelerômetro são interpretados por um equipamento PIT.

Pelo registro do tempo em que a onda de tensão gerada pelo golpe volta ao topo da

estaca, é possível detectar o trecho íntegro da estaca (VELLOSO E LOPES, 2010).

De acordo com os níveis de sinais obtidos, é possível saber se houve

mudanças nas condições do fuste, como variação da seção ou descontinuidade,

conforme o exemplo da Figura 13. Esse ensaio também pode ser utilizado para

determinação do comprimento de fundações desconhecidas (CINTRA, 2013).

Figura 13 - Registro de velocidade no ensaio PIT de uma estaca danificada e de uma estaca normal

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37

Fonte: Likins (2000).

Segundo a pesquisa de POLIDO (2013), 53% dos profissionais utilizam

o ensaio PIT para controle tecnológico de integridade do fuste das estacas hélice

continua. E uma das razões de muitos ainda não utilizarem o teste PIT seria a falta de

uma normatização brasileira do ensaio, principalmente no que se refere à

interpretação de resultados e relatórios. Como não há uma norma brasileira, as

empresas e profissionais costumam usar a norma internacional ASTM – D5882-07 –

Standard Test Method for Low Strain Impact Integrity Testing of Deep Fundations.

2.5 MÉTODOS PARA PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA

2.5.1 Método de Aoki-Velloso

O método Aoki-Velloso (1975) é um procedimento semi-empírico para

determinação da capacidade de carga em estacas. Ele foi baseado nos ensaios de

penetração estática de cone (CPT - Cone Penetration Test) com luva de atrito (de

Begemann). Para permitir o uso com o ensaio de SPT, Aoki e Velloso (1975)

desenvolveram uma correlação linear entre os ensaios de CPT e SPT para cada tipo

de solo. Por isso, esse método depende de uma boa caracterização por sondagem do

tipo de solo, apesar de não levar em conta a eficiência do ensaio SPT.

Com já citado, a capacidade de carga (R) é formada pelas parcelas de

resistência lateral (RL) e de ponta (Rp), logo, temos:

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38

𝑅 = 𝑅𝐿 + 𝑅𝑃 (8)

A resistência de ponta é definida como:

𝑅𝑃 = 𝑟𝑃 . 𝐴𝑃 (9)

Onde 𝑟𝑃 é a capacidade de carga do solo na cota de apoio do elemento de

fundação e 𝐴𝑃 é a área da seção transversal da ponta.

A resistência lateral da estaca é definida como:

𝑅𝐿 = 𝑈 . ∑ (𝑟𝐿 . ∆𝐿)𝑛𝑛1 (10)

Onde, 𝑈 é o perímetro da seção transversal, ∆𝐿 é a espessura da camada, 𝑟𝐿 é

a tensão média de atrito lateral na camada de espessura ∆𝐿 e 𝑛 é o número de

camadas.

As duas incógnitas geotécnicas (𝑟𝐿 𝑒 𝑟𝑃) são correlacionadas com ensaio CPT,

por meio dos valores 𝑞𝐶, que é a resistência de ponta de cone, e 𝑓𝑆 que é a resistência

lateral unitário da luva.

𝑟𝑃 = 𝑞𝐶

𝐹1 (11)

𝑟𝐿 = 𝑓𝑆

𝐹2 (12)

𝐹1 e 𝐹2 são coeficientes de transformação, que leva em conta o efeito escala e

o tipo de estaca. Como no Brasil o ensaio CPT não é tão utilizado quanto o SPT, o

valor da resistência de ponta 𝑞𝐶 pode ser substituído por uma correlação com o 𝑁𝑠𝑝𝑡

(CINTRA & AOKI, 2010).

O método de Aoki e Velloso (1975) é considerado semi-empírico por

necessitar dos parâmetros estatísticos experimentais K e 𝛼 para transformar o índice

𝑁𝑆𝑃𝑇 e o tipo de solos em resistência de ponta e atrito lateral, o que é feito por meio

das expressões:

𝑞𝐶 = 𝐾. 𝑁𝑆𝑃𝑇 (13)

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O que permite expressar o atrito lateral também em função do 𝑁𝑆𝑃𝑇 com o

coeficiente da razão de atrito (𝛼):

𝛼 =𝑓𝑆

𝑞𝐶 (14)

O que nos leva a:

𝛼 . 𝑞𝐶 = 𝑓𝑆 = 𝛼 .𝐾 . 𝑁𝑆𝑃𝑇 (15)

As expressões anteriores de 𝑟𝑃 e 𝑟𝐿 podem ser reescritas da seguinte forma:

𝑟𝑃 = 𝐾.𝑁𝑃

𝐹1 (16)

𝑟𝐿 = 𝛼 .𝐾 .𝑁𝐿

𝐹2 (17)

Onde 𝑁𝑃 é o índice de resistência a penetração na cota de apoio da ponta da

estaca e, 𝑁𝐿 o índice de resistência a penetração médio da camada de solo de

espessura ∆𝐿. Portanto, a capacidade de carga de um elemento de fundação isolado

pode ser estimada através da fórmula semi-empírica:

𝑅 =𝐾.𝑁𝑃

𝐹1 . 𝐴𝑃 +

𝑈

𝐹2. ∑ (𝛼 .𝐾 .𝑁𝐿 .∆𝐿)𝑛

1 (18)

O coeficiente 𝐾 e a razão de atrito 𝛼 dependem do tipo de solo e provêm dos

estudos dos autores desse método, conforme demonstra a Tabela 3.

Solo K (𝑴𝑷𝒂) α (%)

Areia 1,00 1,4

Areia siltosa 0,80 2,0

Areia siltoargilosa 0,7 2,4

Areia argilosa 0,6 3,0

Tabela 3 - Coeficiente K e razão de atrito α

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40

Areia argilossiltosa 0,5 2,8

Silte 0,40 3,00

Silte arenoso 0,55 2,2

Silte arenoargiloso 0,45 2,8

Silte argiloso 0,23 3,4

Silte argiloarenoso 0,25 3,0

Argila 0,20 6,0

Argila arenosa 0,35 2,4

Argila arenossiltosa 0,30 2,8

Argila siltosa 0,22 4,0

Argila siltoarenosa 0,33 3,0

Fonte: Aoki e Velloso (1975).

Os fatores de correção 𝐹1 e 𝐹2 estão expostos na Tabela 4.

Tipo de estaca 𝑭𝟏 𝑭𝟐

Franki 2,50 5,00

Metálica 1,75 3,5

Pré-moldada 1,75 3,5

Fonte: Aoki e Velloso (1975).

Na década de 70, quando o método Aoki e Velloso foi proposto, ainda

não se executada estaca tipo hélice contínua. Com o passar do tempo, surgiram

aperfeiçoamentos para esses fatores. Como citado por Velloso e Lopes (2010), em

estudos realizados na UFRJ foram recomendados o uso de 𝐹1 = 2 e 𝐹2 = 4,0.

2.5.2 Método Décourt-Quaresma

O método Décourt-Quaresma (1978) determina a capacidade de carga de

estacas a partir do ensaio SPT. As parcelas 𝑅𝑃 e 𝑅𝐿 da capacidade de carga 𝑅 de um

elemento de fundação por estaca são:

𝑅𝑃 = 𝑟𝑃 .𝐴𝑃 (19)

Tabela 4 - Fator de correção F1 e F2

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41

𝑅𝐿 = 𝑈. 𝑟𝐿 .∆𝐿 (20)

Para o cálculo da resistência de ponta, é considerado o valor de N a média

entre o valor correspondente a ponta da estaca, o imediatamente anterior e o

imediatamente posterior.

𝑟𝑃 = 𝐶. 𝑁𝑃 (21)

Onde C é o coeficiente característico do solo, dado pela Tabela 5.

Tipo de solo C (kPa)

Argila 120

Slite argiloso 200

Slite arenoso 250

Areia 400

Fonte: Decóurt e Quaresma (1978).

Para o cálculo do atrito lateral (𝑟𝐿 ) não são considerados os valores de N usados

para estimativa da resistência de ponta e adotam-se os limites de 3 ≤ 𝑁𝐿 ≤ 15 e com

os valores restantes é feito uma média. Valores menores que 3 devem ser

considerados igual a 3, e maiores que 50 devem ser considerados 50. Então, podemos

calcular 𝑟𝐿 em kPa:

𝑟𝐿 = 10. (𝑁𝐿

3+ 1) (22)

Décourt, em 1996, introduziu os fatores α na resistência de ponta e β na

resistência lateral, para aplicação do método a estacas escavadas, estacas hélice

contínua e raiz, resultando na seguinte fórmula para a capacidade de carga:

𝑅 = 𝛼.𝐶. 𝑁𝑃.𝐴𝑃 + 𝛽. 10.(𝑁𝐿

3+ 1) . 𝑈. 𝐿 (23)

Tabela 5 - Coeficiente característico do solo C

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42

Os valores propostos para α e β estão nas Tabelas 6 e 7, respectivamente:

Tipo de Solo

Tipo de estaca

Escavada

em geral

Escavada

(bentonita)

Hélice

contínua Raiz

Injetada

sob altas

pressões

Argilas 0,85 0,85 0,3* 0,85* 1,0*

Solos

intermediários 0,6 0,6 0,3* 0,6* 1,0*

Areias 0,5 0,5 0,3* 0,5* 1,0*

*valores apenas orientativos diante do reduzido número de dados disponíveis.

Fonte: Décourt (1996).

Tipo de estaca

Tipo de Solo Escavada

em geral

Escavada

(bentonita)

Hélice

contínua

Raiz Injetada sob

altas

pressões

Argilas 0,8* 0,9* 1,0* 1,5* 3,0*

Solos

intermediários

0,65* 0,75* 1,0* 1,5* 3,0*

Areias 0,5* 0,6* 1,0* 1,5* 3,0*

*valores apenas orientativos diante do reduzido número de dados disponíveis.

Fonte: Décourt (1996).

2.5.3 Método Teixeira

Teixeira, em 1996, propôs uma espécie de equação unificada para a

capacidade de carga, em função de dois parâmetros, α e β:

𝑅 = 𝑅𝑃 + 𝑅𝐿 = 𝛼.𝑁𝑃. 𝐴𝑃 + 𝛽. 𝑁𝐿.𝑈.𝐿 (24)

Tabela 6 - Valores do fator α em função do tipo de estaca e do tipo de solo

Tabela 7 - Valores do fator β em função do tipo de estaca e do tipo de solo

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43

Onde: 𝑁𝑃 = valor médio do índice de resistência à penetração medido no intervalo de 4 diâmetros acima

da ponta da estaca e 1 diâmetro abaixo;

𝑁𝐿 = valor médio do índice de resistência à penetração ao longo do fuste;

𝐴𝑃= área da ponta ou base;

𝐿 = comprimento da estaca.

O parâmetro α é usado em função do tipo de solo e de estaca. Já o parâmetro

β é empregado para cálculo da resistência de atrito lateral e depende apenas do tipo

de estaca. Os valores sugeridos para α e β encontram-se na Tabela 8.

Solo↓ Tipo de

Estaca* → I II III IV

Valores de α

(tf/m²) em

função do tipo

de solo

(4<N<40)

Argila siltosa

11 10 10 10

Silte Argiloso 16 12 11 11

Argila arenosa 21 16 13 14

Silte arenoso 26 21 16 16

Areia argilosa 30 24 20 19

Areira siltosa 36 30 24 22

Areia 40 34 27 26

Areia com

pedregulhos 44 38 31 29

Valores de β (tf/m²) em função do tipo de estaca 0,4 0,5 0,4 0,6

*Tipos de estaca: I – Estacas pré-moldadas de concreto e perfis metálicos; II

– Estacas tipo Franki; III – Estacas escavadas a céu aberto; IV – Estacas raiz

Fonte: Teixeira (1996).

2.5.4 Método de Antunes e Cabral

Segundo Velloso e Lopes (2010), foram propostos alguns métodos para

previsão da capacidade de carga de estacas hélice contínua, como o método de

Antunes e Cabral (1996), que apresentaram previsões seguras para cargas de ruptura

de até cerca de 250tf, de acordo com o estudo de Francisco (2001).

Tabela 8 - Valores de α e β para o método de Teixeira

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Esse método é baseado em resultados do ensaio SPT, com base em

informações obtidas em nove provas de carga estáticas realizadas em estacas com

diâmetro de 35, 50 e 75 cm; fazendo uma comparação entre 2 (dois) métodos

semiempíricos tradicionais, Décourt & Quaresma (1978) e Aoki & Velloso (1975).

O método de Antunes e Cabral (1996) sugere a fórmula:

𝑅 = 𝛽2′ . 𝑁. 𝐴𝑃 + 𝛽1

′ .𝑁. 𝑈.∆𝐿 (25)

Os valores de 𝛽1′ e 𝛽2

′ encontram-se na Tabela 8.

Solo 𝜷′𝟏 (%)

𝜷′𝟐

Areia 4 – 5 2 – 2,5

Slite 2,5 – 3,5 1 – 2

Argila 2 – 3,5 1 – 1,5

𝛽′1𝑁 e 𝛽′

2𝑁𝑏 em Kgf/cm² e 𝛽′

2𝑁𝑏≤ 40 kgf/cm²

Fonte: Velloso e Lopes (2010).

Tabela 9 - Fatores 𝛽1′ e 𝛽2

′ do método de Antunes e Cabral

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3 ESTUDO DE CASO

Após as definições de conceitos, será realizado um estudo de caso com o

objetivo de ilustrar e contextualizar o tema, estreitar os fundamentos teóricos sobre

engenharia de fundação e geotecnia com os resultados reais obtidos em campo.

Desta maneira, o presente capítulo destina-se a descrever informações

preponderantes ao estudo proposto, tais como a edificação, sua localização,

características geológicas e geotécnicas, assim como o cálculo da capacidade de

carga de uma estaca hélice contínua através de diferentes métodos semi-empíricos.

3.1 MATERIAIS

3.1.1 Edificações Analisadas

A edificação denominada de OBRA 1, é um Edifício residencial,

construído na cidade de Toledo, no estado do Paraná. É um empreendimento de alto

padrão, conforme ilustração arquitetônica da Figura 14.

Fonte: Fungeo (2016).

A OBRA 2 é também um Edifício residencial, localizado na mesma cidade. Não

há maiores informações arquitetônicas sobre a edificação.

Figura 14 - Edifícios Torres do Lago

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3.1.2 Características geológicas do local das obras

O município de Toledo está situado na região Oeste do Paraná. Tal região

localiza-se no terceiro planalto paranaense, também chamado de planalto de

Guarapuava. O solo apresenta-se revestido de uma camada de arenitos, a região tem

características de rochas eruptivas e dos tipos de solos a ela correspondentes. O solo

é do tipo latossolo roxo, com boa capacidade de retenção de água e permeabilidade.

3.1.3 Investigações geotécnicas do terreno

Conforme supracitado, para toda obra de fundação é imprescindível o

conhecimento da estratigrafia do terreno através de sondagens, sejam elas via SPT

(Standard Penetration Test), CPT (Cone Penetration Test) ou qualquer outra técnica

de investigação “in situ” através de coleta de amostras indeformadas.

Para a OBRA 1 foram realizados 13 (treze) furos de sondagem do tipo SPT,

perfazendo um total de 273,35 metros perfurados, respeitando a distribuição e os

métodos executivos, segundo a NBR 6484/2001 – Sondagens de simples

reconhecimento com SPT. A locação dos furos de sondagem encontra-se na Figura

15.

Fonte: Fungeo.

Figura 15 - Locação dos furos de sondagem SPT na OBRA 1

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De acordo com o laudo fornecido pela empresa responsável pela execução do

reconhecimento geotécnico do terreno, as perfurações foram executadas pelo

processo de percussão e lavagem com circulação de água, revestidas com tubo de

aço com 2½” de diâmetro. As amostras foram extraídas com amostrador de diâmetro

interno e externo respectivamente iguais a 1.3/8”e 2”, sendo que as medidas de

resistência à penetração são de 30 cm do amostrador no subsolo, provocado pela

queda de um peso de 65 Kg e de uma altura constante de 75 cm.

Para a avaliação dessa resistência do solo foi cravado 45 cm, constatando-se

o número de golpes necessários à cravação contínua e sucessiva a cada parcela de

15 cm, sendo nos perfis individuais a soma de golpes da 2ª e 3ª parcelas de 15 cm.

Os treze furos de sondagens apresentaram camadas homogêneas e com as

seguintes considerações:

Na primeira camada perfurada a argila tem cor marrom avermelhada,

sem textura interna e consistência muito mole a mole, com espessura variando

entre 0 e 4,45 metros;

Na região mais central do terreno temos aterro na primeira camada, com

espessura variando entre 0 e 4,45 metros;

Na segunda camada perfurada a argila possui cor marrom abegeada,

alterações com cores mescladas, percolações com cores escuras e

amareladas. A consistência varia desde média à dura. A espessura deste tipo

de solo varia em geral entre 4,45 e 8,45 m.

Na terceira camada, há argila de cor marrom alaranjada, percolações

com cores variadas e com consistência rija. A espessura deste tipo de solo

varia em geral entre 8,45 e 12,45 m.

Na quarta camada, há argila de cor marrom clara e consistência média

à dura. A espessura deste tipo de solo varia em geral entre 12,45 e 15,45 m.

Na quinta camada, tem-se argila de cor marrom variegada e de

consistência dura. A espessura deste tipo de solo varia em geral entre 15,45 e

25,45 m.

O nível do lençol freático foi encontrado a uma profundidade média de

2,11 metros no dia da perfuração.

Salienta-se que as sondagens não foram executadas até o impenetrável.

Os autores não possuem informações sobre o motivo da paralização dos

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ensaios em profundidades distintas. A cota máxima de realização dos furos de

sondagem variou entre 20 e 25,45 metros.

O perfil de sondagem escolhido para comparativo com os resultados da prova

de carga é o referente ao furo de SPT nº 11, representado na Figura 16. Esse perfil

foi escolhido pela autora, por não haver projeto ou relatório que cite a localização exata

da estaca teste, contudo este perfil representa as características gerais médias de

todos os boletins SPT realizados.

Figura 16 - Perfil de sondagem SPT da OBRA 1

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49

Na OBRA 2, foram realizados furos de sondagem da mesma maneira descrita

para a OBRA 1, executados pela mesma empresa e seguindo as normativas da NBR

6484/2001. O perfil de sondagem que mais se aproxima da estaca onde foi realizada

a prova de carga estática, segundo a empresa responsável, é o furo de SPT nº 01,

representado na Figura 17.

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50

De acordo com o perfil de sondagem, a classificação do solo em cada camada

foi:

Na primeira camada, temos argila de cor avermelhada, ocorrência de

grânulos de quartzo, e de consistência mole á rija. A espessura deste tipo de

solo varia em geral entre 0 e 9,45 m;

Figura 17 - Perfil de sondagem SPT da OBRA 2

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51

Na segunda camada, temos argila e tonalidade marrom avermelhada,

alterações pontuais esbranquiçadas, percolações com cores claras, ocorrência

de grânulos de quartzo, e de consistência rija. A espessura deste tipo de solo

varia em geral entre 9,45 e 10,45m;

Na terceira camada, temos argila a argila siltosa, tonalidade roxa,

alterações amareladas e pontuais esbranquiçadas, percolações com cores

mescladas ocasionalmente em forma de feixes, e de consistência rija a dura. A

espessura deste tipo de solo varia em geral entre 10,45 e 25,45m;

O nível do lençol freático foi encontrado a uma profundidade inicial de

5,50 metros, e final de 10,70 metros.

3.1.4 Prova de Carga Estática

Conforme estabelecido pela norma NBR 12131/1991, a prova de carga consiste

em aplicar esforços estáticos crescentes à estaca à medida que ocorre o registro de

deslocamentos correspondentes. Esse ensaio, conforme abordado no capítulo 2, tem

o objetivo de fornecer elementos para avaliar seu comportamento carga x

deslocamento e estimar suas características de capacidade de carga, lembrando que

as informações sobre a sua realização foram fornecidas pela empresa responsável.

Foi realizada uma prova de carga à compressão, do tipo lenta (SML). A estaca

é do tipo hélice continua, com diâmetro de 600 mm e profundidade de 17m. É uma

estaca pertencente a um pilar cuja carga de trabalho máxima em cada estaca foi

estimada pelo projetista em 70 tf.

O sistema do ensaio é formado por: macaco hidráulico devidamente

calibrado; bomba hidráulica; relógio comparador (extensômetros analógicos); viga e

tirantes de reação, bem como porcas, contraporcas e chapas de aço de travamento;

vigas de referência; estaca de compressão e estacas de tração com tirantes, conforme

ilustrado na Figura 18.

Figura 18 - Prova de carga estática realizada na OBRA 1

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52

Nas estacas testadas à compressão foram aplicadas cargas por macaco

hidráulico apoiado sobre o bloco de coroamento da estaca, que reagem tracionando

as barras de aço posicionadas nas estacas de reação e comprimindo o sistema de

vigas metálicas apoiadas sobre o bloco da estaca central.

Os deslocamentos verticais provocados durante os carregamentos foram

medidos, simultaneamente, no topo do bloco de coroamento, através de quatro

extensômetros analógicos, posicionados um em cada extremidade do bloco. Estes

instrumentos foram instalados em 2 vigas de madeira de referência. Os extensômetros

foram posicionados um em cada extremidade do bloco, conforme a Figura 19.

Figura 19 - Extensômetros analógicos usados na PCE da OBRA 1

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53

O sistema de carregamento foi composto por um macaco hidráulico com

capacidade de 200 tf, ligado a uma unidade hidráulica com bombeamento de óleo

hidráulico de 1L/min, motor de 5cv e pressão máxima de 600 bar.

O sistema de reação foi composto por uma barra de tirante de 20 mm inserida

em cada estaca de tração. A viga de reação era constituída por dois perfis de aço

Gerdau HP 310 x 125, reforçados por enrijecedores, unidos nas mesas por chapas de

aço. Os enrijecedores foram utilizados para evitar esmagamento da alma dos perfis,

além de soldagem entre os perfis com penetração devido à espessura da aba dos

mesmos.

Os ensaios foram realizados com devida atenção a cada detalhe, verificando

possíveis interferências e tomou-se o cuidado com a calibração, tanto das bombas,

quanto dos macacos e extensômetros. As planilhas com os resultados obtidos nesse

ensaio encontram-se no ANEXO 1 e serão discutidos no capítulo 4.

A Figura 20 apresenta os resultados no gráfico de carga x recalque da prova

de carga realizada na OBRA 1. Para análise da carga de ruptura desse projeto, a

empresa informou que foi utilizado o método da interseção das tangentes.

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54

É possível visualizar na Figura 20 que a curvatura nos últimos estágios

transforma-se em um segmento linear não vertical, chamada de curva aberta.

Segundo CINTRA (2013), isso significa que a carga aplicada poderia aumentar

continuamente com recalques crescentes, que não haveria qualquer indício de

ruptura, nem física, nem nítida ou, de um limite para a mobilização da resistência do

sistema estaca-solo. Para que fique caracterizada a ruptura da estaca, é necessário

baixo acréscimo de carga com elevadas deformações.

A carga máxima do ensaio aconteceu em 83 tf e o recalque apresentado de

2,24 mm.

Na OBRA 2, foi realizada a prova de carga estática com as mesmas

características de equipamentos e etapas executivas, executadas pela mesma

empresa. Seguindo a normativa do item 6.2.1.2.2 da NBR 6122/2010, a prova de

carga foi levada até uma carga mínima de duas vezes a carga admissível prevista em

projeto, que era de 250tf. A estaca é do tipo hélice continua, com diâmetro de 800 mm

e profundidade de 16m. A carga máxima atingida no ensaio foi de 600tf, atingindo uma

deformação de 10,01mm nessa etapa.

A Figura 21 apresenta os resultados no gráfico de carga x recalque

(deformação) da prova de carga realizada na OBRA 2, e é possível interpretar que da

mesma forma que para a OBRA 1, não houve indício de ruptura, nem física nem nítida.

Essa curva passa pelos pontos referentes ao final de cada estágio (recalques

estabilizados) e os degraus representam a trajetória de carga entre os estágios de

Figura 20 - Curva carga x recalque da PCE da OBRA 1

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55

carregamento. As planilhas com os resultados obtidos nesse ensaio encontram-se no

ANEXO 2 e serão discutidos, posteriormente, no capítulo 4.

3.2 CÁLCULO CAPACIDADE DE CARGA

Este subitem é dedicado ao dimensionamento da Capacidade de carga de

estacas hélice contínua baseada na teoria dos métodos semi-empíricos propostos por

Aoki e Velloso (1975), Décourt-Quaresma (1978, 1996), Teixeira (1996) e Antunes e

Cabral (1996), descritos no capítulo 2. Criou-se uma planilha Excel, a fim de se obter

de maneira simplificada e precisa os resultados de cálculo para cada método, essas

planilhas encontram-se no ANEXO 3, 4 e 5. Os valores de NSPT, bem como os

parâmetros geotécnicos utilizados na formulação destes métodos, foram obtidos

através dos resultados dos ensaios SPT expostos no subitem 3.1.3

Para o cálculo da capacidade de carga em ambas as estacas, os valores de

NSPT maiores que 50, foram considerados iguais 50. Essa abordagem, provavelmente

implica na diminuição das resistências na extremidade inferior da estaca,

caracterizando-se assim, como uma medida conservadora na mensuração da

capacidade de carga.

Segundo a empresa responsável pela execução da estaca da OBRA 1, não

foram realizados cortes ou aterros para compatibilização entre a cota da boca do furo

da sondagem e a cota de implantação da edificação. Contudo, na OBRA 2, a cota de

Figura 21 - Curva carga x recalque da PCE da OBRA 2

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56

implantação da estaca foi 8 metros abaixo da cota da boca do furo do SPT, ou seja,

foi realizado corte de 8 m do terreno para implantação da edificação.

Para a OBRA 1, nas camadas compressíveis, foi calculado o atrito negativo de

acordo com a revisão teórica exposta no subitem 2.3.3. Para o peso específico do solo

nas camadas de argila mole, foi adotado o valor de 13kN/m³. Para a OBRA 2, não foi

calculado atrito negativo por não possuir camada expressiva de solo mole a partir da

cota de implementação da estaca.

Em todos os métodos, a capacidade de carga (R) é formada pelas parcelas de

resistência lateral (RL) e de ponta (Rp), logo, temos:

𝑅 = 𝑅𝐿 + 𝑅𝑃 (8)

Para os cálculos com método de Aoki e Velloso (1975), o coeficiente 𝐾 e a

razão de atrito 𝛼 foram usados, respectivamente, os valores 200 kN/m² e 6%, para as

camadas de argila, 220 kN/m² e 4%, para a camada de argila siltosa. Os valores dos

fatores de transformação adotados foram: 𝐹1 = 2 e 𝐹2 = 4,0.

Para o método Décourt-Quaresma modificado por Décourt (1996), seguindo as

indicações do método, foram adotados os valores: C = 120, α = 0,30 e β = 1,00.

Para o método de Teixeira (1996), os parâmetros usados foram α = 100,00

kN/m² e β = 4,00 kN/m².

Para o método de Antunes e Cabral (1996), os valores de 𝛽1′ e 𝛽2

′ arbitrados

foram 3,3 kgf/m² e 1,5 kgf/m², respectivamente.

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57

4 RESULTADOS

A partir dos parâmetros e métodos de cálculo expostos no capítulo 3, serão

apresentados os resultados obtidos para a estimativa da capacidade das estacas das

obras 1 e 2.

4.1 RESULTADOS PARA A OBRA 1

Conforme supracitado, na OBRA 1, a estaca possui diâmetro de 600 mm e

profundidade de 17m e a carga de trabalho máxima corresponde a 686,47 kN (70 tf).

A carga máxima do ensaio de carregamento estático aconteceu em 813,95kN (83tf).

Para efeito de contextualização e análise, serão expostos em todos os gráficos os

valores da carga de trabalho e da carga máxima atingida na prova de carga estática.

Considerando que a camada superior é composta por colo compressível, ela

será desconsiderada no cálculo do atrito lateral da estaca. Em uma segunda análise,

será estimada a magnitude do atrito negativo nesta camada. Sem a consideração de

um fator de segurança no dimensionamento, os resultados, em kN, foram:

Figura 22 - Capacidade de carga sem a consideração de um fator de segurança da estaca da OBRA 1

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58

Nota-se na Figura 22, que a maior capacidade de carga total sem minoração

através dos fatores de segurança é obtida pelo método de Aoki-Velloso (1975),

nitidamente superior a resultante da prova de carga estática e da carga de trabalho

da estaca. Nessa situação, permite-se interpretar que tal método possui caráter

menos conservador frente ao demais, embora, para a carga de trabalho, todos os

métodos se mostrem satisfatórios. Os métodos de Décourt-Quaresma (1996), Teixeira

(1996) e Antunes e Cabral (1996), fornecem resultados similares, apresentando

respectivamente 96,0%, 109,42% e 101,36% da prova de carga estática.

Para efeito de carga admissível, foram analisadas duas hipóteses.

Primeiramente, utilizando o fator de segurança global igual a 2, sugerido pela NBR

6122/2010. Desta forma, obtiveram-se os seguintes valores:

Nessa situação, o método semi-empírico que gerou valor superior e próximo a

carga admissível adotada em projeto, foi o método Aoki e Velloso (1975). Os métodos

Décourt-Quaresma (1996), Teixeira (1996) e Antunes e Cabral (1996) mostraram

resultados muito próximos entre si, com o uso do fator de segurança global, porém,

distantes da carga de trabalho adotada em projeto.

Em um segundo momento, foi feita uma análise utilizando os fatores de

segurança parciais de 4 e 1,3, sugeridos pelo método de Décourt-Quaresma (1978),

Figura 23 - Capacidade de carga com F.S. global da estaca da OBRA 1

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59

diferenciados quanto à parcela de resistência de ponta e de atrito lateral,

respectivamente. Com essas sugestões de fatores de segurança parciais aplicado a

todos os métodos, obtiveram-se os seguintes resultados:

Conforme pode ser visualizado na Figura 24, com os fatores de segurança

parciais, o método de Teixeira (1996), determinou uma capacidade de carga

aproximadamente 30% menor que a média dos métodos, que foi de 590,52 kN. Os

métodos de Décourt-Quaresma (1996) e Antunes e Cabral (1996) foram os que

apresentam valores mais próximos à média. O método de Aoki e Velloso (1975)

novamente forneceu valores superiores e satisfatórios, se o parâmetro considerado

for a carga de trabalho.

É possível observar que mesmo desconsiderando o atrito negativo, os valores

encontrados para previsão capacidade de carga média com a utilização do fator de

segurança global e parcial, são inferiores a carga de trabalho da estaca.

Realizada a análise isoladamente para as parcelas de atrito e de ponta,

obtiveram-se os resultados expostos nas Figuras 25 e 26.

Figura 24 - Capacidade de carga com fator de segurança parcial da estaca da OBRA 1

Figura 25 - Resistência de ponta sem fator de segurança para a estaca da OBRA 1

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60

O método de Antunes e Cabral (1996) é extremamente conversador para a

parcela da resistência de ponta, seguido do método de Décourt-Quaresma (1996).

O fato da estaca hélice contínua se enquadrar na categoria de uma estaca

escavada, o item 8.2.1.2 da vigente NBR 6122/2010, recomenda que no máximo 20%

da carga admissível da estaca seja suportada pela ponta. Os métodos de Aoki e

Figura 26 - Resistência de ponta com fator de segurança parcial para a estaca da

OBRA 1

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61

Velloso (1975) e Teixeira (1996) não atendem a essa especificação, nos quais 22,41%

e 23,65% representam a resistência de ponta, respectivamente.

A resistência de ponta calculada pelo método de Antunes e Cabral (1996),

representa apenas 0,40% da capacidade de carga total da estaca e,

consequentemente, esse mesmo método é o que tem maior representatividade do

atrito lateral. Os métodos de Décourt-Quaresma (1996) e Aoki e Velloso (1975) apesar

de semelhante no valor de atrito lateral, a participação na capacidade de carga total é

diferente, com 92,30% e 77,05%, respectivamente. Esse comportamento pode ser

observado nas Figuras 27 e 28.

Figura 27 - Atrito lateral sem o uso de fator de segurança para estaca da OBRA 1

Figura 28 - Atrito lateral com o uso de fator de segurança parcial para a estaca da OBRA 1

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62

O fato do método de Teixeira (1996) possuir uma participação do atrito lateral

inferior aos demais métodos, justifica a menor capacidade de carga total com o uso

dos fatores de segurança parciais, já que o maior dos fatores de minoração de

segurança adotado é o lateral. Fato esse que o caracteriza como o mais conservador

no cálculo do atrito lateral.

Além dos resultados de cálculos, é possível notar que a resistência obtida por

prova de carga estática executada na fase de adequação do projeto, não foi levada

até o mínimo de duas vezes a carga admissível prevista em projeto, segundo a

recomendação do item 6.2.1.2.2 da NBR 6122/2010. Essa circunstância, somada a

não inclusão da resultante de atrito negativo, pode ser interpretada como preocupante

para a segurança da estaca ou da obra como um todo.

Por esse motivo, foi considerado o efeito do atrito negativo sobre a estaca da

OBRA 1, em uma camada de 4 metros, pelo método de Long e Healy (1974), conforme

o item 2.3.2. Os resultados foram:

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63

Para esse caso, sem o uso fator de segurança global, obtiveram-se os

seguintes para o cálculo da capacidade de carga:

Nota-se na Figura 30 que com os valores do atrito negativo, os resultados dos

métodos Décourt-Quaresma (1996), Teixeira (1996) e Antunes e Cabral (1996) estão

relativamente próximos entre si, e equivalem a 93%, 106,7% e 98,66%, do valor da

prova de carga, respectivamente. O método de Aoki e Velloso (1975), resultou em

171,7% da prova de carga.

Prof. (m) SPT 11 SOLO ϒ (Kn/m³): βɛ:TENSÃO

TOTAL

PORO

PRESSÃO

TENSÃO

EFETIVA

ATRITO

NEGATIV

Σ ATRITO

NEGAT.1 - argila mole 13,00 0,20 13,00 10,00 3,00 1,13 1,13

2 - argila mole 13,00 0,20 26,00 20,00 6,00 2,26 3,39

3 - argila mole 13,00 0,20 39,00 30,00 9,00 3,39 6,79

4 4 argila mole 13,00 0,20 52,00 40,00 12,00 4,52 11,31

ATRITO NEGATIVO (kN)

Figura 29 - Atrito negativo (kN) em uma camada de 4 metros para a estaca da OBRA

1

Figura 30 - Capacidade de carga sem F.S e considerando o atrito negativo para a estaca da OBRA 1

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64

Como já citado no item 2.3.3, o valor da parcela da resistência de ponta não é

afetada pelo atrito negativo, mas a parcela de atrito lateral sofre decréscimo, conforme

a Figura 31.

E os resultados obtidos para o atrito lateral com o uso do fator de minoração

parcial de 1,4, foram:

Figura 31 - Atrito lateral sem F.S. e considerando o atrito negativo para a estaca da OBRA 1

Figura 32 - Atrito lateral com F.S. parcial e considerando o atrito negativo da estaca da OBRA 1

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65

Os valores resultantes para estimativa da capacidade de carga da estaca da

OBRA 1 com a utilização dos mesmos fatores de segurança parciais adotados

anteriormente e a participação do atrito negativo, foram:

A simulação considerada mais conservadora e segura para esse caso, com o

atrito negativo e o fator de segurança global, fornece os seguintes resultados:

Figura 33 - Capacidade de carga com F.S parciais e considerando o atrito negativo da estaca da OBRA 1

Figura 34 - Capacidade de carga com fator de segurança global e considerando o

atrito negativo para a estaca da OBRA 1

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Conforme visto na Figura 34, o único método que apresenta capacidade de

carga próxima aos valores adotados como admissíveis no projeto é o Aoki e Velloso

(1975).

Os métodos de Décourt-Quaresma (1996), Teixeira(1996) e Antunes e Cabral

(1996) fornecem valores para a capacidade de carga dessa estaca consideravelmente

inferiores á carga de trabalho, mas com valores relativamente próximos entre si, com

uma média de 410,53 kN. No caso, por exemplo, de consideração do valor médio

desses 3 métodos como a carga admissível prevista em projeto, o resultado da prova

de carga estática estaria muito próximo da recomendada pela norma. Se a previsão

do método de Antunes e Cabral (1996), igual a 406,87kN, fosse escolhida como a

carga admissível de projeto, a prova de carga estática deveria ser levada até um valor

de 813,74kN, resultado esse, muito similar ao do resultado da mesma, que foi de

813,95kN. Salienta-se que a prova de carga não foi realizada até a ruptura da estaca

e, por esse motivo, não é possível estimar qual seria a real capacidade de carga que

deveria ser adotada no projeto.

Fazendo uma comparação entre a previsão da capacidade de carga sem a

consideração do atrito negativo e com o atrito negativo, considerando o fator de

segurança global recomendado pela NBR 6122/2010, tem-se o seguinte gráfico:

Figura 35 - Comparativo da capacidade de carga de carga da estaca da OBRA 1 com e sem a consideração do atrito negativo

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O comportamento observado na figura 35 foi que magnitude desse atrito

negativo não é representativa na capacidade de carga total mobilizada pela estaca

em nenhum dos métodos semi-empíricos.

A partir do perfil de sondagem SPT na Figura 13, é possível observar que a

cota de assentamento da estaca está sobre um Nspt igual a 24, porém a camada

antecedente tem um Nspt de 5, e a camada subsequente possui um Nspt igual a 18.

Além disso, o relatório de sondagem nos mostra que esse ensaio foi levado até uma

profundidade de 22 metros, com um Nspt = 27 nessa cota.

Abre-se alguns questionamentos referentes ao encerramento do ensaio de

investigação geotécnica realizado para essa obra. A NBR 6484/2001 preconiza que o

processo de sondagem por SPT pode ser finalizado quando:

a) em 3 m sucessivos, se obtiver 30 golpes para penetração dos 15 cm iniciais

do amostrador-padrão;

b) em 4 m sucessivos, se obtiver 50 golpes para penetração dos 30 cm iniciais

do amostrador-padrão; e

c) em 5 m sucessivos, se obtiver 50 golpes para a penetração dos 45 cm do

amostrador-padrão.

Na prática das sondagens geotécnicas, valores Nspt maiores que 30, com

algumas camadas de repetição, pressupõe-se tratar de um solo de boa resistência.

Segundo recomendação de HACHICH (1998), para que a capacidade de ponta

máxima seja adquirida a estaca deve penetrar aproximadamente cinco diâmetros na

camada portante, camada na qual deverá ter uma espessura mínima de outros cinco

diâmetros sob a ponta da mesma.

Uma solução cabível seria considerar a estaca como flutuante, ou seja, uma

estaca de fundação que transmite as cargas de estrutura pelo atrito lateral do solo,

sem precisar atingir uma camada resistente. Para essa hipótese, a configuração se

assemelharia com a Figura 27, onde o método de Antunes e Cabral (1996) fornece

resultados muito próximos ao resultado da prova de carga estática. Porém, a carga

de trabalho máxima da estaca deveria ser de 401,78kN, para um fator de segurança

global igual a 2.

No que se refere à utilização dessa prática em solos moles, segundo a

experiência de POLIDO (2013), a estaca hélice em perfil geotécnico com a presença

de solo confinado, de resistência ao cisalhamento não drenada (Su) maior do que

20kPa, tem ocorrido normalmente, sem maiores problemas. Já para solos muito mole,

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68

com resistência ao cisalhamento não drenada (Su) variando de 10 a 20kPa, requer um

maior controle executivo. A utilização de hélice contínua em solos muito mole

superficial, como aterros, pode ocorrer redução de seção durante o processo

executivo, devido à movimentação lateral de solo. Por isso, para solos muito mole o

uso desse tipo de estaca não é interessante.

Sobre a escolha do melhor método para previsão da capacidade de carga em

estaca hélice contínua, a pesquisa “Questões sobre Estaca Hélice Contínua” sobre

Tecnologia de Estaca Hélice Contínua, realizada pela Coordenação do CTF 2013

(ABMS), realizou um levantamento com profissionais brasileiros que atuam na área.

Os profissionais foram questionados sobre quais os métodos semi-empíricos,

analíticos, teóricos, semi-empíricos com provas de carga e/ou ensaio dinâmico que

eles mais utilizavam para estimativa da capacidade de carga de estacas hélice

contínua. Os métodos mais citados foram: Décourt e Quaresma (32%), Aoki e Veloso

(20%), Alonso (17%) e Antunes e Cabral (9%). É possível analisar por essa pesquisa

que ainda não há um método predominante entre os projetistas de estacas para

estimativa da capacidade de carga em hélice contínua (POLIDO, 2013).

A autora reitera que de maneira alguma busca criticar tanto a preferência pelo

método semi-empíricos, bem como a decisão dos parâmetros que foram utilizados

para o dimensionamento dessa estaca. Todos os questionamentos aqui levantados

são baseados em informações deduzidas, formando um cenário hipotético que pode

ser distante da realidade. É de responsabilidade do engenheiro projetista, a escolha

do método de melhor se enquadre às condições impostas pelo sistema solo-estaca e

pelo projeto, decisões essas que possuem significativas influências no resultado final.

E como já citado, o perfil de sondagem nº 11 foi escolhido pela autora, por não

haver projeto ou relatório que cite a localização exata da estaca teste, e por ser uma

boa amostra do perfil que o terreno apresenta em geral. Assumindo assim, o risco de

os resultados obtidos não serem fiéis à realidade.

4.2 RESULTADOS PARA A OBRA 2

Conforme supracitado, na OBRA 2, a estaca possui diâmetro de 800 mm e

profundidade de 17m, a carga nominal corresponde a 2451,66 kN. A carga máxima

do ensaio de carregamento estático aconteceu em 5884,00 kN. Seguindo a sequencia

adotada para a Obra 1, serão expostos em todos os gráficos os valores da carga de

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69

trabalho e da carga máxima atingida na prova de carga estática. Destacando que para

a OBRA 2, a estaca não sofre influência relevante de atrito lateral negativo no seu

dimensionamento, devido ao corte de 8m realizado para implementação da estaca,

justamente devido à presença de camadas de aterro de argila mole.

Para os cálculos de previsão de capacidade de carga sem a utilização de um

fator de segurança, obtiveram-se os seguintes resultados:

Pode-se notar na Figura 36 que Aoki e Velloso (1975) é o método menos

conversador e, Décourt-Quaresma (1996) caracteriza-se como o mais conservador.

Porém, a estimativa da capacidade de carga de uma estaca sem a utilização

de um fator de segurança não está de acordo com o recomendado NBR 6122/2010.

Por isso, para efeito de carga admissível, foi analisado os resultados com efeito de

um fator de segurança igual a 2. Desta forma, os valores encontrados foram:

Figura 36 - Capacidade de carga sem fator de segurança para a estaca da OBRA 2

Figura 37 - Capacidade de carga com fator de segurança global para a estaca da

OBRA 2

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70

No caso da Figura 37, os métodos semi-empíricos fornecem uma média de

capacidade de carga de 2408,19 kN, resultado esse, semelhante ao da carga nominal

da estaca. Aoki e Velloso (1975) se mantém como o método menos conservador,

representando 155,36% da carga nominal, e 52,49% do resultado do ensaio de

carregamento estático.

Com os resultados, é possível interpretar que o método de Aoki e Velloso

(1975) forneceu uma previsão compatível com a prova de carga da estaca, podendo

ser escolhido como o método de dimensionamento da mesma, e sugerindo que a

carga solicitante dessa estaca poderia ser superior ao 2451,66 kN, sem afetar sua

segurança.

Caso o método escolhido para estimativa da capacidade de carga fosse

Décourt-Quaresma (1996), o resultado sugere um superdimensionamento de 19,32%

para essa estaca. Da mesma forma, Antunes e Cabral (1996) sugerem resultados

17,03% menores que a carga solicitante da estaca. Já o método de Teixeira (1996)

resultou em uma capacidade de carga próxima a carga solicitante, com uma diferença

mínima de 3,27%.

Em um segundo momento, foi utilizado fatores de segurança parciais de 4 e

1,3, sugeridos pelo método de Décourt-Quaresma (1978), diferenciados quanto à

parcela de resistência de ponta e de atrito lateral, respectivamente. Com essas

sugestões de fatores de segurança parciais aplicado a todos os métodos, obtiveram-

se os seguintes resultados:

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71

Com os fatores de segurança globais, constatam-se na Figura 38 que todos os

resultados obtidos pelos métodos são superiores a carga de trabalho dessa estaca.

Fazendo uma comparação estatística entre os métodos calculados e o resultado da

prova de carga estática, constata-se que representam 43,93% para Décourt-

Quaresma (1996), 59,14% para Aoki e Velloso (1975), 49,99% para Teixeira e 52,86%

para Antunes e Cabral.

Verificando a representatividade das parcelas de atrito lateral e de ponta, foi

encontrado os seguintes valores:

Figura 38 - Capacidade de carga com fatores de segurança parciais para a estaca da

OBRA 2

Figura 39 - Resistência de ponta com fator de segurança parcial para a estaca da OBRA 2

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72

Conforme é possível observar na Figura 39, o método de Antunes e Cabral

(1996) é extremamente conversador para a parcela de resistência de ponta, seguido

do método de Décourt-Quaresma (1996), mesmo comportamento observado para a

estaca da OBRA 1.

Verificando a recomendação da norma para que no máximo 20% da carga

admissível da estaca seja suportada pela ponta, apenas o método de Aoki e Velloso

(1975) não atende a essa especificação, no qual 22,29% representam a resistência

de ponta.

Figura 40 - Atrito lateral com fator de segurança parcial para a estaca da OBRA 2

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73

A resistência de ponta calculada pelo método de Antunes e Cabral (1996)

representa apenas 0,30% da capacidade de carga total da estaca.

Consequentemente, esse mesmo método é o mais conservador na delimitação do

atrito lateral da estaca. Os métodos de Décourt-Quaresma (199) e Teixeira (1996)

mostram um comportamento semelhante na parcela de atrito lateral, conforme

demonstrado na Figura 40.

Para a estaca da OBRA 2, os valores encontrados para a capacidade de carga

pelos métodos semi-empíricos não mostram grandes discrepâncias entre si, e

atendem as solicitações do projeto, o que permite interpretar que não há problemas

ou situações hipotéticas de insegurança para essa estaca.

Pelo contrário, é possível observar ligeiro superdimensionamento para a estaca

da OBRA 2, tanto com o uso dos fatores de segurança parciais, quanto com o fator

de segurança global. Relembrando a consideração que foi feita pela autora para as

camadas portantes do perfil de sondagem, de utilizar um índice de penetração máximo

igual a 50, caracterizando-se assim, como uma medida conservadora na mensuração

da capacidade de carga. Suposição essa, atribuída as camadas resistentes existentes

no terreno da OBRA 2, que possuem um NSPT que varia de 62 a 125, conforme a

Figura 14. Ou seja, é possível dizer que esse superdimensionamento é, na realidade,

superior ao apresentado. A cota de assentamento da estaca, na profundidade de 24

metros, equivale a um NSPT de 75, realidade que aumenta consideravelmente a

resistência de ponta, e consequentemente a capacidade de carga total dessa estaca.

Além disso, conforme a curva carga x recalque da Figura 18, é possível notar

que a prova de carga estática foi levada até um carregamento de 600tf, sem que

houvesse ruptura da estaca. Esse carregamento máximo representa 240% da carga

nominal, o que permite interpretar que a capacidade de carga admissível desta estaca

é ainda maior, e a capacidade de carga adotada em projeto poderia ser aumentada

durante a execução da obra.

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74

5 CONCLUSÃO

Na elaboração de projetos de fundação, a maneira mais comum de se

estabelecer cargas de trabalho de estacas e suas profundidades, é baseada em

métodos semi-empíricos tradicionais. Essas formulações, que levam em

consideração parâmetros correlacionados de dados de investigações geotécnicas a

e geometria das peças de fundação, muitas das vezes não se adequam aos locais

de interesse devido às variações diversas no perfil geotécnico, associada a

correlações não realizadas para o tipo de solo daquela região. Por isso, essas

metodologias podem apresentar discrepâncias entre os valores teóricos e reais,

conforme foi possível observar nos resultados, o que se faz necessário a realização

de provas de carga para avaliar o real comportamento da fundação.

Em relação à utilização da prática de estaca hélice contínua no Brasil, segundo

experiências executivas, já foi considerada de custo elevado, mas atualmente, devido

a sua alta produtividade e ao aumento da demanda, se tornou usual. Seu emprego

em áreas densamente urbanizadas, devido ao baixo grau de ruídos e vibrações

gerados, além da elevada produtividade empregada no processo executivo inclusive

com elevado nível de água, culmina na redução do cronograma de obra e,

consequentemente, na redução do custo final do empreendimento.

O desempenho de estacas hélice contínua é bastante influenciado pelo

processo executivo adotado, tornando de suma importância além do

acompanhamento completo na fase de execução, a verificação da qualidade e

desempenho pós execução. Para isso, observou-se que o ensaio PIT (Pile Integri ty

Tester) ainda é a solução mais empregada para análise da integridade de estacas.

Esse controle, é realizado também através de provas de cargas estáticas e dinâmicas,

ou ensaios de nega e repique elástico, e têm contribuído para verificação do

desempenho e previsão da capacidade de carga em estacas, o que vêm aumentando

a confiabilidade construtiva desta prática.

As análises dos resultados das previsões da capacidade de carga através dos

quatro métodos semi-empíricos estudados permitiram algumas conclusões a respeito

da determinação da carga admissível de fundação em estaca hélice contínua. As

principais conclusões foram:

- Apesar do princípio utilizado por todos os autores para a formulação dos

métodos ser bem parecido, alterando basicamente os valores dos coeficientes, há

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75

uma grande variabilidade nos resultados encontrados através deles, o que indica a

necessidade de maiores estudos para os parâmetros de cálculo para cada tipo de

solo, e principalmente, específicos para estaca hélice contínua;

- A análise atesta a enorme influência de uma adequada escolha geotécnica e

a adoção de valores apropriados da cota de assentamento da estaca e diâmetro;

- A influência do atrito negativo sobre a estaca da OBRA 1 foi de

aproximadamente 2,7%, apresentando-se assim, como insignificante no valor final da

capacidade de carga mobilizada.

- O método de Antunes e Cabral (1996) se mostrou extremamente conversador

para a parcela de resistência de ponta, seguido do método de Décourt-Quaresma

(1996);

- Referente a capacidade de carga total mobilizada, conclui-se para este estudo

de caso, que o método de Aoki-Velloso (1975) possui caráter menos conservador,

seguido de Teixeira (1996), enquanto que Décourt-Quaresma (1996) e Antunes e

Cabral (1996), um caráter conservador.

- Quanto a decisão do uso de fatores de segurança parciais ou fator de

segurança global, pode-se observar que não houve diferença significativa nos

resultados.

- Seria interessante, para uma melhor conclusão sobre a segurança da estaca,

analisar os recalques desse tipo de fundação, que é um dos requisitos da NRB

6122/2010 para a verificação da segurança do ponto de vista geotécnico, que se

subdivide em estado limite último de ruptura (estaca-solo) e estado limite último de

utilização (recalques).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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78

ANEXO 1

RESULTADOS DA PROVA DE CARGA ESTÁTICA DA ESTACA DA OBRA 1:

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79

ANEXO 2

RESULTADOS DA PROVA DE CARGA ESTÁTICA DA ESTACA DA OBRA 2:

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80

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81

ANEXO 3

RESULTADOS DA ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA PARA A OBRA 1-

SEM A CONSIDERAÇÃO DO ATRITO NEGATIVO:

Prof. (m) SPT 11

1 -

2 -

3 -

4 4

5 4

6 4

7 3

8 10

9 7

10 8

11 8

12 11

13 17

14 15

15 15

16 5

17 24

18 18

19 18

20 21

21 21

22 27

Crp

(kN/m2)Rp (kN) Σ N NL rL (kN/m2) RL (kN) Σ RL

Rtotal

(kN)

Radm=

R/FS (kN)

120,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

120,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

120,00 160,00 13,57 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 13,57 6,79

120,00 320,00 27,14 4,00 1,00 0,00 0,00 0,00 27,14 13,57

120,00 480,00 40,72 8,00 1,60 15,33 28,90 28,90 69,62 34,81

120,00 440,00 37,32 12,00 2,00 16,67 31,42 60,32 97,64 48,82

120,00 680,00 57,68 15,00 2,14 17,14 32,31 92,63 150,31 75,16

120,00 800,00 67,86 25,00 3,13 20,42 38,48 131,12 198,98 99,49

120,00 1000,00 84,82 32,00 3,56 21,85 41,19 172,31 257,13 128,56

120,00 920,00 78,04 40,00 4,00 23,33 43,98 216,29 294,33 147,16

120,00 1080,00 91,61 48,00 4,36 24,55 46,27 262,56 354,16 177,08

120,00 1440,00 122,15 59,00 4,92 26,39 49,74 312,30 434,44 217,22

120,00 1720,00 145,90 76,00 5,85 29,49 55,58 367,88 513,78 256,89

120,00 1880,00 159,47 91,00 6,50 31,67 59,69 427,57 587,04 293,52

120,00 1400,00 118,75 106,00 7,07 33,56 63,25 490,82 609,57 304,79

120,00 1760,00 149,29 111,00 6,94 33,13 62,44 553,26 702,55 351,27

120,00 1880,00 159,47 135,00 7,94 36,47 68,75 622,01 781,47 390,74

120,00 2400,00 203,58 153,00 8,50 38,33 72,26 694,26 897,84 448,92

120,00 2160,00 183,22 171,00 9,00 40,00 75,40 769,66 952,88 476,44

121,00 2359,50 200,14 192,00 9,60 42,00 79,17 848,83 1048,97 524,48

122,00 2562,00 217,32 213,00 10,14 43,81 82,58 931,41 1148,72 574,36

123,00 2952,00 250,40 240,00 10,91 46,36 87,39 1018,80 1269,20 634,60

Décourt-Quaresma

Prof. (m) SPT 11

1 -

2 -

3 -

4 4

5 4

6 4

7 3

8 10

9 7

10 8

11 8

12 11

13 17

14 15

15 15

16 5

17 24

18 18

19 18

20 21

21 21

22 27

K (Kn/m²) α (%) F1 F2RP por

metrorL (Kn) Σ RL qc Rp (Kn)

Rtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

220,00 0,04 2,00 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

220,00 0,04 2,00 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

220,00 0,04 2,00 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

220,00 0,04 2,00 4,00 0,00 0,00 0,00 880,00 124,41 124,41 62,20

200,00 0,06 2,00 4,00 22,62 12,00 22,62 800,00 113,10 135,72 67,86

200,00 0,06 2,00 4,00 22,62 12,00 45,24 800,00 113,10 158,34 79,17

200,00 0,06 2,00 4,00 16,96 9,00 62,20 600,00 84,82 147,03 73,51

200,00 0,06 2,00 4,00 56,55 30,00 118,75 2000,00 282,74 401,50 200,75

200,00 0,06 2,00 4,00 39,58 21,00 158,34 1400,00 197,92 356,26 178,13

200,00 0,06 2,00 4,00 45,24 24,00 203,58 1600,00 226,19 429,77 214,88

200,00 0,06 2,00 4,00 45,24 24,00 248,81 1600,00 226,19 475,01 237,50

200,00 0,06 2,00 4,00 62,20 33,00 311,02 2200,00 311,02 622,04 311,02

200,00 0,06 2,00 4,00 96,13 51,00 407,15 3400,00 480,66 887,81 443,91

200,00 0,06 2,00 4,00 84,82 45,00 491,97 3000,00 424,12 916,09 458,04

200,00 0,06 2,00 4,00 84,82 45,00 576,80 3000,00 424,12 1000,91 500,46

200,00 0,06 2,00 4,00 28,27 15,00 605,07 1000,00 141,37 746,44 373,22

200,00 0,06 2,00 4,00 135,72 72,00 740,79 4800,00 678,58 1419,37 709,69

200,00 0,06 2,00 4,00 101,79 54,00 842,58 3600,00 508,94 1351,51 675,76

200,00 0,06 2,00 4,00 101,79 54,00 944,36 3600,00 508,94 1453,30 726,65

200,00 0,06 2,00 4,00 118,75 63,00 1063,11 4200,00 593,76 1656,88 828,44

200,00 0,06 2,00 4,00 118,75 63,00 1181,87 4200,00 593,76 1775,63 887,81

200,00 0,06 2,00 4,00 152,68 81,00 1334,55 5400,00 763,41 2097,96 1048,98

Aoki-Velloso

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82

Prof. (m) SPT 11

1 -

2 -

3 -

4 4

5 4

6 4

7 3

8 10

9 7

10 8

11 8

12 11

13 17

14 15

15 15

16 5

17 24

18 18

19 18

20 21

21 21

22 27

Σ N NLβ

(kN/m²)rL(Kn) Σ RL Nponta

α

(kN/m²)Rp

Rtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

0,00 0,00 4,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00

0,00 0,00 4,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00

0,00 0,00 4,00 0,00 0,00 1,00 100,00 28,27 28,27 14,14

4,00 1,00 4,00 0,00 0,00 2,00 100,00 56,55 56,55 28,27

8,00 1,60 4,00 12,06 12,06 3,00 100,00 84,82 96,89 48,44

12,00 2,00 4,00 15,08 27,14 3,75 100,00 106,03 133,17 66,59

15,00 2,14 4,00 16,16 43,30 5,25 100,00 148,44 191,74 95,87

25,00 3,13 4,00 23,56 66,86 6,00 100,00 169,65 236,51 118,25

32,00 3,56 4,00 26,81 93,67 7,00 100,00 197,92 291,59 145,80

40,00 4,00 4,00 30,16 123,83 8,25 100,00 233,26 357,09 178,55

48,00 4,36 4,00 32,90 156,73 8,50 100,00 240,33 397,06 198,53

59,00 4,92 4,00 37,07 193,80 11,00 100,00 311,02 504,82 252,41

76,00 5,85 4,00 44,08 237,88 12,75 100,00 360,50 598,38 299,19

91,00 6,50 4,00 49,01 286,89 14,50 100,00 409,98 696,87 348,43

106,00 7,07 4,00 53,28 340,17 13,00 100,00 367,57 707,74 353,87

111,00 6,94 4,00 52,31 392,48 14,75 100,00 417,05 809,52 404,76

135,00 7,94 4,00 59,88 452,35 15,50 100,00 438,25 890,61 445,30

153,00 8,50 4,00 64,09 516,44 16,25 100,00 459,46 975,90 487,95

171,00 9,00 4,00 67,86 584,30 20,25 100,00 572,56 1156,86 578,43

192,00 9,60 5,00 90,48 674,78 19,50 101,00 556,86 1231,64 615,82

213,00 10,14 6,00 114,71 789,49 21,75 102,00 627,27 1416,76 708,38

240,00 10,91 7,00 143,94 933,43 17,25 103,00 502,36 1435,80 717,90

Teixeira

Prof. (m) SPT 11

1 -

2 -

3 -

4 4

5 4

6 4

7 3

8 10

9 7

10 8

11 8

12 11

13 17

14 15

15 15

16 5

17 24

18 18

19 18

20 21

21 21

22 27

β'1

(kgf/m²)rL (Kn) Σ RL

β'2

(kgf/m²)Rp

Rtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

3,30 0,00 0,00 1,50 0,00 0,00 0,00

3,30 0,00 0,00 1,50 0,00 0,00 0,00

3,30 0,00 0,00 1,50 0,00 0,00 0,00

3,30 0,00 0,00 1,50 1,70 1,70 0,85

3,30 24,88 24,88 1,50 1,70 26,58 13,29

3,30 24,88 49,76 1,50 1,70 51,46 25,73

3,30 18,66 68,42 1,50 1,27 69,70 34,85

3,30 62,20 130,63 1,50 4,24 134,87 67,43

3,30 43,54 174,17 1,50 2,97 177,14 88,57

3,30 49,76 223,93 1,50 3,39 227,33 113,66

3,30 49,76 273,70 1,50 3,39 277,09 138,54

3,30 68,42 342,12 1,50 4,67 346,78 173,39

3,30 105,75 447,87 1,50 7,21 455,08 227,54

3,30 93,31 541,17 1,50 6,36 547,53 273,77

3,30 93,31 634,48 1,50 6,36 640,84 320,42

3,30 31,10 665,58 1,50 2,12 667,70 333,85

3,30 149,29 814,87 1,50 10,18 825,05 412,52

3,30 111,97 926,83 1,50 7,63 934,47 467,23

3,30 111,97 1038,80 1,50 7,63 1046,43 523,22

3,30 130,63 1169,43 1,50 8,91 1178,33 589,17

3,30 130,63 1300,05 1,50 8,91 1308,96 654,48

3,30 167,95 1468,00 1,50 11,45 1479,45 739,73

Antunes e Cabral

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83

ANEXO 4

RESULTADOS DA ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA PARA A OBRA 1-

COM A CONSIDERAÇÃO DO ATRITO NEGATIVO:

Prof. (m) SPT 11

1 -

2 -

3 -

4 4

5 4

6 4

7 3

8 10

9 7

10 8

11 8

12 11

13 17

14 15

15 15

16 5

17 24

18 18

19 18

20 21

21 21

22 27

Crp

(kN/m2)Rp (kN) Σ N NL

rL

(kN/m2)RL (kN) Σ RL

Rtotal

(kN)

Radm=

R/FS (kN)

120,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

120,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

120,00 160,00 13,57 0,00 0,00 13,57 6,79

120,00 320,00 27,14 4,00 1,00 27,14 13,57

120,00 480,00 40,72 8,00 1,60 15,33 28,90 28,90 69,62 34,81

120,00 440,00 37,32 12,00 2,00 16,67 31,42 60,32 97,64 48,82

120,00 680,00 57,68 15,00 2,14 17,14 32,31 92,63 150,31 75,16

120,00 800,00 67,86 25,00 3,13 20,42 38,48 131,12 198,98 99,49

120,00 1000,00 84,82 32,00 3,56 21,85 41,19 172,31 257,13 128,56

120,00 920,00 78,04 40,00 4,00 23,33 43,98 216,29 294,33 147,16

120,00 1080,00 91,61 48,00 4,36 24,55 46,27 262,56 354,16 177,08

120,00 1440,00 122,15 59,00 4,92 26,39 49,74 312,30 434,44 217,22

120,00 1720,00 145,90 76,00 5,85 29,49 55,58 367,88 513,78 256,89

120,00 1880,00 159,47 91,00 6,50 31,67 59,69 427,57 587,04 293,52

120,00 1400,00 118,75 106,00 7,07 33,56 63,25 490,82 609,57 304,79

120,00 1760,00 149,29 111,00 6,94 33,13 62,44 553,26 702,55 351,27

120,00 1880,00 159,47 135,00 7,94 36,47 68,75 622,01 781,47 390,74

120,00 2400,00 203,58 153,00 8,50 38,33 72,26 694,26 897,84 448,92

120,00 2160,00 183,22 171,00 9,00 40,00 75,40 769,66 952,88 476,44

121,00 2359,50 200,14 192,00 9,60 42,00 79,17 848,83 1048,97 524,48

122,00 2562,00 217,32 213,00 10,14 43,81 82,58 931,41 1148,72 574,36

123,00 2952,00 250,40 240,00 10,91 46,36 87,39 1018,80 1269,20 634,60

Décourt-Quaresma

Prof. (m) SPT 11

1 -

2 -

3 -

4 4

5 4

6 4

7 3

8 10

9 7

10 8

11 8

12 11

13 17

14 15

15 15

16 5

17 24

18 18

19 18

20 21

21 21

22 27

K (Kn/m²) α (%) F1 F2RP por

metrorL (Kn) Σ RL qc Rp (Kn)

Rtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

220,00 0,04 2,00 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

220,00 0,04 2,00 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

220,00 0,04 2,00 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

220,00 0,04 2,00 4,00 0,00 880,00 124,41 124,41 62,20

200,00 0,06 2,00 4,00 22,62 12,00 22,62 800,00 113,10 135,72 67,86

200,00 0,06 2,00 4,00 22,62 12,00 45,24 800,00 113,10 158,34 79,17

200,00 0,06 2,00 4,00 16,96 9,00 62,20 600,00 84,82 147,03 73,51

200,00 0,06 2,00 4,00 56,55 30,00 118,75 2000,00 282,74 401,50 200,75

200,00 0,06 2,00 4,00 39,58 21,00 158,34 1400,00 197,92 356,26 178,13

200,00 0,06 2,00 4,00 45,24 24,00 203,58 1600,00 226,19 429,77 214,88

200,00 0,06 2,00 4,00 45,24 24,00 248,81 1600,00 226,19 475,01 237,50

200,00 0,06 2,00 4,00 62,20 33,00 311,02 2200,00 311,02 622,04 311,02

200,00 0,06 2,00 4,00 96,13 51,00 407,15 3400,00 480,66 887,81 443,91

200,00 0,06 2,00 4,00 84,82 45,00 491,97 3000,00 424,12 916,09 458,04

200,00 0,06 2,00 4,00 84,82 45,00 576,80 3000,00 424,12 1000,91 500,46

200,00 0,06 2,00 4,00 28,27 15,00 605,07 1000,00 141,37 746,44 373,22

200,00 0,06 2,00 4,00 135,72 72,00 740,79 4800,00 678,58 1419,37 709,69

200,00 0,06 2,00 4,00 101,79 54,00 842,58 3600,00 508,94 1351,51 675,76

200,00 0,06 2,00 4,00 101,79 54,00 944,36 3600,00 508,94 1453,30 726,65

200,00 0,06 2,00 4,00 118,75 63,00 1063,11 4200,00 593,76 1656,88 828,44

200,00 0,06 2,00 4,00 118,75 63,00 1181,87 4200,00 593,76 1775,63 887,81

200,00 0,06 2,00 4,00 152,68 81,00 1334,55 5400,00 763,41 2097,96 1048,98

Aoki-Velloso

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84

Prof. (m) SPT 11

1 -

2 -

3 -

4 4

5 4

6 4

7 3

8 10

9 7

10 8

11 8

12 11

13 17

14 15

15 15

16 5

17 24

18 18

19 18

20 21

21 21

22 27

Σ N NLβ

(kN/m²)rL(Kn) Σ RL Nponta

α

(kN/m²)Rp

Rtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

0,00 0,00 4,00 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00

0,00 0,00 4,00 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00

0,00 0,00 4,00 1,00 100,00 28,27 28,27 14,14

4,00 1,00 4,00 2,00 100,00 56,55 56,55 28,27

8,00 1,60 4,00 12,06 12,06 3,00 100,00 84,82 96,89 48,44

12,00 2,00 4,00 15,08 27,14 3,75 100,00 106,03 133,17 66,59

15,00 2,14 4,00 16,16 43,30 5,25 100,00 148,44 191,74 95,87

25,00 3,13 4,00 23,56 66,86 6,00 100,00 169,65 236,51 118,25

32,00 3,56 4,00 26,81 93,67 7,00 100,00 197,92 291,59 145,80

40,00 4,00 4,00 30,16 123,83 8,25 100,00 233,26 357,09 178,55

48,00 4,36 4,00 32,90 156,73 8,50 100,00 240,33 397,06 198,53

59,00 4,92 4,00 37,07 193,80 11,00 100,00 311,02 504,82 252,41

76,00 5,85 4,00 44,08 237,88 12,75 100,00 360,50 598,38 299,19

91,00 6,50 4,00 49,01 286,89 14,50 100,00 409,98 696,87 348,43

106,00 7,07 4,00 53,28 340,17 13,00 100,00 367,57 707,74 353,87

111,00 6,94 4,00 52,31 392,48 14,75 100,00 417,05 809,52 404,76

135,00 7,94 4,00 59,88 452,35 15,50 100,00 438,25 890,61 445,30

153,00 8,50 4,00 64,09 516,44 16,25 100,00 459,46 975,90 487,95

171,00 9,00 4,00 67,86 584,30 20,25 100,00 572,56 1156,86 578,43

192,00 9,60 5,00 90,48 674,78 19,50 101,00 556,86 1231,64 615,82

213,00 10,14 6,00 114,71 789,49 21,75 102,00 627,27 1416,76 708,38

240,00 10,91 7,00 143,94 933,43 17,25 103,00 502,36 1435,80 717,90

Teixeira

Prof. (m) SPT 11

1 -

2 -

3 -

4 4

5 4

6 4

7 3

8 10

9 7

10 8

11 8

12 11

13 17

14 15

15 15

16 5

17 24

18 18

19 18

20 21

21 21

22 27

β'1

(kgf/m²)rL (Kn) Σ RL

β'2

(kgf/m²)Rp

Rtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

3,30 1,50 0,00 0,00 0,00

3,30 1,50 0,00 0,00 0,00

3,30 1,50 0,00 0,00 0,00

3,30 1,50 1,70 1,70 0,85

3,30 24,88 24,88 1,50 1,70 26,58 13,29

3,30 24,88 49,76 1,50 1,70 51,46 25,73

3,30 18,66 68,42 1,50 1,27 69,70 34,85

3,30 62,20 130,63 1,50 4,24 134,87 67,43

3,30 43,54 174,17 1,50 2,97 177,14 88,57

3,30 49,76 223,93 1,50 3,39 227,33 113,66

3,30 49,76 273,70 1,50 3,39 277,09 138,54

3,30 68,42 342,12 1,50 4,67 346,78 173,39

3,30 105,75 447,87 1,50 7,21 455,08 227,54

3,30 93,31 541,17 1,50 6,36 547,53 273,77

3,30 93,31 634,48 1,50 6,36 640,84 320,42

3,30 31,10 665,58 1,50 2,12 667,70 333,85

3,30 149,29 814,87 1,50 10,18 825,05 412,52

3,30 111,97 926,83 1,50 7,63 934,47 467,23

3,30 111,97 1038,80 1,50 7,63 1046,43 523,22

3,30 130,63 1169,43 1,50 8,91 1178,33 589,17

3,30 130,63 1300,05 1,50 8,91 1308,96 654,48

3,30 167,95 1468,00 1,50 11,45 1479,45 739,73

Antunes e Cabral

Page 85: Anielly Covari Härter - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_ANIELLY COVARI HARTER.pdf · Anielly Covari Härter ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE

85

ANEXO 5

RESULTADOS DA ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA PARA A OBRA 2:

Prof. (m) SPT 11

1 13

2 14

3 14

4 15

5 16

6 17

7 21

8 31

9 33

10 35

11 36

12 44

13 47

14 50

15 50

16 50

17 50

18 50

Crp

(kN/m2)Rp (kN) Σ N NL

rL

(kN/m2)RL (kN) Σ RL

Rtotal

(kN)

Radm=

R/FS (kN)

120,00 1620,00 244,29 13,00 13,00 53,33 134,04 134,04 378,33 189,17

120,00 1640,00 247,31 27,00 13,50 55,00 138,23 272,27 519,58 259,79

120,00 1720,00 259,37 41,00 13,67 55,56 139,63 411,90 671,27 335,63

120,00 1800,00 271,43 56,00 14,00 56,67 142,42 554,32 825,75 412,88

120,00 1920,00 289,53 72,00 14,40 58,00 145,77 700,09 989,62 494,81

120,00 2160,00 325,72 89,00 14,83 59,44 149,40 849,49 1175,21 587,60

120,00 2760,00 416,20 110,00 15,71 62,38 156,78 1006,27 1422,47 711,23

120,00 3400,00 512,71 141,00 17,63 68,75 172,79 1179,05 1691,76 845,88

120,00 3960,00 597,15 174,00 19,33 74,44 187,10 1366,15 1963,31 981,65

120,00 4160,00 627,31 209,00 20,90 79,67 200,22 1566,38 2193,69 1096,85

120,00 4260,00 642,39 245,00 22,27 84,24 211,72 1778,10 2420,50 1210,25

120,00 5080,00 766,05 289,00 24,08 90,28 226,89 2005,00 2771,04 1385,52

120,00 5640,00 850,49 336,00 25,85 96,15 241,66 2246,66 3097,15 1548,57

120,00 5880,00 886,68 386,00 27,57 101,90 256,11 2502,77 3389,45 1694,73

120,00 6000,00 904,78 436,00 29,07 106,89 268,64 2771,41 3676,19 1838,10

120,00 6000,00 904,78 486,00 30,38 111,25 279,60 3051,01 3955,79 1977,90

120,00 6000,00 904,78 536,00 31,53 115,10 289,27 3340,29 4245,07 2122,53

120,00 6000,00 904,78 586,00 32,56 118,52 297,87 3638,16 4542,93 2271,47

Décourt-Quaresma

Prof. (m) SPT 11

1 13

2 14

3 14

4 15

5 16

6 17

7 21

8 31

9 33

10 35

11 36

12 44

13 47

14 50

15 50

16 50

17 50

18 50

K (Kn/m²) α (%) F1 F2RP por

metrorL (Kn) Σ RL qc Rp (Kn)

Rtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

200,00 0,06 2,00 4,00 98,02 39,00 98,02 2600,00 653,45 751,47 375,73

200,00 0,06 2,00 4,00 105,56 42,00 203,58 2800,00 703,72 907,29 453,65

200,00 0,06 2,00 4,00 105,56 42,00 309,13 2800,00 703,72 1012,85 506,42

200,00 0,06 2,00 4,00 113,10 45,00 422,23 3000,00 753,98 1176,21 588,11

200,00 0,06 2,00 4,00 120,64 48,00 542,87 3200,00 804,25 1347,11 673,56

200,00 0,06 2,00 4,00 128,18 51,00 671,04 3400,00 854,51 1525,56 762,78

200,00 0,06 2,00 4,00 158,34 63,00 829,38 4200,00 1055,58 1884,96 942,48

200,00 0,06 2,00 4,00 233,73 93,00 1063,11 6200,00 1558,23 2621,34 1310,67

200,00 0,06 2,00 4,00 248,81 99,00 1311,93 6600,00 1658,76 2970,69 1485,35

200,00 0,06 2,00 4,00 263,89 105,00 1575,82 7000,00 1759,29 3335,11 1667,56

200,00 0,06 2,00 4,00 271,43 108,00 1847,26 7200,00 1809,56 3656,81 1828,41

200,00 0,06 2,00 4,00 331,75 132,00 2179,01 8800,00 2211,68 4390,69 2195,34

200,00 0,06 2,00 4,00 354,37 141,00 2533,38 9400,00 2362,48 4895,86 2447,93

200,00 0,06 2,00 4,00 376,99 150,00 2910,37 10000,00 2513,27 5423,65 2711,82

200,00 0,06 2,00 4,00 376,99 150,00 3287,36 10000,00 2513,27 5800,64 2900,32

200,00 0,06 2,00 4,00 376,99 150,00 3664,35 10000,00 2513,27 6177,63 3088,81

200,00 0,06 2,00 4,00 376,99 150,00 4041,34 10000,00 2513,27 6554,62 3277,31

200,00 0,06 2,00 4,00 376,99 150,00 4418,34 10000,00 2513,27 6931,61 3465,81

Aoki-Velloso

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86

Prof. (m) SPT 11

1 13

2 14

3 14

4 15

5 16

6 17

7 21

8 31

9 33

10 35

11 36

12 44

13 47

14 50

15 50

16 50

17 50

18 50

Σ N NL β (kN/m²) rL(Kn) Σ RL Nponta α (kN/m²) RpRtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

13,00 13,00 4,00 130,69 130,69 6,75 100,00 339,29 469,98 234,99

27,00 13,50 4,00 135,72 266,41 10,25 100,00 515,22 781,63 390,81

41,00 13,67 4,00 137,39 403,80 14,00 100,00 703,72 1107,52 553,76

56,00 14,00 4,00 140,74 544,54 14,75 100,00 741,42 1285,96 642,98

72,00 14,40 4,00 144,76 689,31 15,50 100,00 779,11 1468,42 734,21

89,00 14,83 4,00 149,12 838,43 17,25 100,00 867,08 1705,51 852,75

110,00 15,71 4,00 157,98 996,41 21,25 100,00 1068,14 2064,55 1032,27

141,00 17,63 4,00 177,19 1173,59 25,50 100,00 1281,77 2455,36 1227,68

174,00 19,33 4,00 194,36 1367,95 30,00 100,00 1507,96 2875,92 1437,96

209,00 20,90 4,00 210,11 1578,06 33,75 100,00 1696,46 3274,52 1637,26

245,00 22,27 4,00 223,91 1801,97 37,00 100,00 1859,82 3661,79 1830,90

289,00 24,08 4,00 242,11 2044,08 40,50 100,00 2035,75 4079,83 2039,92

336,00 25,85 4,00 259,83 2303,92 44,25 100,00 2224,25 4528,16 2264,08

386,00 27,57 4,00 277,18 2581,09 35,25 100,00 1771,86 4352,95 2176,48

436,00 29,07 4,00 292,21 2873,30 36,75 100,00 1847,26 4720,56 2360,28

486,00 30,38 4,00 305,36 3178,67 37,50 100,00 1884,96 5063,62 2531,81

536,00 31,53 4,00 316,97 3495,64 37,50 100,00 1884,96 5380,59 2690,30

586,00 32,56 4,00 327,28 3822,92 37,50 100,00 1884,96 5707,88 2853,94

Teixeira

Prof. (m) SPT 11

1 13

2 14

3 14

4 15

5 16

6 17

7 21

8 31

9 33

10 35

11 36

12 44

13 47

14 50

15 50

16 50

17 50

18 50

β'1

(kgf/m²)rL (Kn) Σ RL

β'2

(kN/m²)Rp

Rtotal =

Rl+Rp

Radm =

R/FS

3,30 107,82 107,82 1,50 9,80 117,62 58,81

3,30 116,11 223,93 1,50 10,56 234,49 117,24

3,30 116,11 340,05 1,50 10,56 350,60 175,30

3,30 124,41 464,45 1,50 11,31 475,76 237,88

3,30 132,70 597,15 1,50 12,06 609,22 304,61

3,30 140,99 738,15 1,50 12,82 750,97 375,48

3,30 174,17 912,32 1,50 15,83 928,15 464,08

3,30 257,11 1169,43 1,50 23,37 1192,80 596,40

3,30 273,70 1443,12 1,50 24,88 1468,00 734,00

3,30 290,28 1733,41 1,50 26,39 1759,79 879,90

3,30 298,58 2031,98 1,50 27,14 2059,13 1029,56

3,30 364,93 2396,91 1,50 33,18 2430,08 1215,04

3,30 389,81 2786,72 1,50 35,44 2822,16 1411,08

3,30 414,69 3201,41 1,50 37,70 3239,11 1619,55

3,30 414,69 3616,10 1,50 37,70 3653,80 1826,90

3,30 414,69 4030,79 1,50 37,70 4068,49 2034,24

3,30 414,69 4445,48 1,50 37,70 4483,18 2241,59

3,30 414,69 4860,17 1,50 37,70 4897,87 2448,93

Antunes e Cabral