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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO NÚCLEO DE DESIGN ANIERY MORAES DE LIMA CRUZ USO DE CORANTES NATURAIS EM ACESSÓRIOS FEMININOS. Caruaru, PE 2013

ANIERY MORAES DE LIMA CRUZ USO DE CORANTES …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

NÚCLEO DE DESIGN

ANIERY MORAES DE LIMA CRUZ

USO DE CORANTES NATURAIS EM ACESSÓRIOS FEMININOS.

Caruaru, PE

2013

ANIERY MORAES DE LIMA CRUZ

USO DE CORANTES NATURAIS EM ACESSÓRIOS FEMININOS.

Monografia apresentada a Universidade Federal de

Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste como pré-

requisito para a obtenção de conclusão do curso de Design.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Dorivalda Santos Medeiros Neira.

Caruaru, PE

2013

Catalogação na fonte

Bibliotecária Simone Xavier CRB4 - 1242

C955u Cruz, Aniery Moraes de Lima.

Uso de corantes naturais em acessórios femininos. / Aniery Moraes de Lima Cruz. - Caruaru: O Autor, 2013.

66f; il.; 30 cm. Orientadora: Dorivalda Santos Medeiros Neira Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA. Design, 2013. Inclui bibliografia 1. Design. 2. Artesanato. 3. Corante natural. 4. Tingimento têxtil. I. Neira,

Dorivalda Santos Medeiros. (orientadora). II. Título. 740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2013-21)

4

______________________________________ Profa. Dorivalda Santos Medeiros Neira (Orientadora)

____________________________________

Profª. Andrea Fernanda de Santana Costa (1º Examinador)

______________________________________ Profa. Andrea Barbosa Camargo (2º Examinador)

5

Agradecimentos

É difícil agradecer a todas as pessoas, pois muitas contribuíram de alguma forma

para conclusão dessa etapa, primeiramente agradeço a todos de coração.

Agradeço a Deus por ter me dado forças durante todo curso e ter iluminado meu

caminho durante as viagens diárias de Recife até Caruaru.

Aos meus pais e toda minha família que me deram apoio e não mediram esforços

para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.

Á professora Dorivalda Santos Medeiros Neira, pela paciência nas orientações e

incentivo que tornou possível a conclusão desta monografia.

A todos os professores do curso, que foram muito importantes na minha vida

acadêmica e no desenvolvimento desta monografia, agradeço especialmente a

professora Andréa Costa pela amizade, pelo incentivo e apoio durante todo curso.

Aos amigos e colegas que fiz durante o curso, principalmente pelo companheirismo.

A minhas amigas que entenderam o meu empenho e sempre me apoiaram nos

momentos de falta de estímulo me ajudando a renovar as forças.

Agradeço MUITO a todos os companheiros de viagem, pois tornaram minhas

viagens diárias muito mais divertidas, sem eles não sei se estaria concluindo o

curso.

Aos motoristas que possibilitam o deslocamento diário de estudantes até a

UFPE/CAA.

A comunidade de Barra do Riachão - PE que me auxiliou no desenvolvimento dessa

monografia.

6

Resumo

Este estudo consiste em analisar o desempenho dos corantes naturais, com o

objetivo de verificar a possibilidade do seu uso em acessórios femininos, definindo

qual melhor alternativa para obter uma coloração satisfatória e com boa solidez.

Objetivando desenvolver um tingimento natural aceitável para o uso, foram feitas

pesquisas bibliográficas sobre corantes naturais, indústria têxtil, fibras têxteis,

beneficiamento têxtil e tingimentos, como resultado final foi definida uma receita para

o tingimento natural indicado para os tecidos com composição 100% algodão e

aplicado em produtos confeccionados pela comunidade de Barra do Riachão- PE

como alternativa ao tingimento de corantes químicos.

Palavras-chave: Design e Artesanato, Corante Natural, Tingimento Têxtil.

Abstract

This study consists in analyzing the performance of natural dyes, with the

objective to verify the possibility of their use in women's accessories, defining which

best alternative to obtain a satisfactory coloring and with good solidity. Aiming

develop one natural dyeing acceptable for use, Bibliographic searches were done on

natural dyes, textile industry, textile fibers, textile processing and dyeing, the final

result was defined as a recipe for dyeing natural fabrics composition 100% cotton

and implemented on products confectioned by community Barra do Riachão- PE as

alternative of the dyeing with chemical dyes.

Keywords: Design and Craft, Natural Dye, Textile Dyeing.

7

SUMÁRIO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................... 8

1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO .................................................................................. 9

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 10

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 10 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 10

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 11

3.1 A INDÚSTRIA TÊXTIL E SEUS PROCESSOS ................................................................ 11 3.2 AS FIBRAS TÊXTEIS E SUA CLASSIFICAÇÃO .............................................................. 12 3.2.1 O ALGODÃO ...................................................................................................... 14 3.3 BENEFICIAMENTO TÊXTIL ...................................................................................... 19 3.3.1 PROCESSOS DO BENEFICIAMENTO TÊXTIL ............................................................ 19 3.3.2 OS PROCESSOS DE BENEFICIAMENTO TÊXTIL E O MEIO AMBIENTE .......................... 21 3.3.3 TINGIMENTO TÊXTIL ........................................................................................... 24 3.3.4 CORANTES TÊXTEIS ........................................................................................... 26

4. INTERVENÇÃO DO DESIGN NO ARTESANATO E A RELAÇÃO COM CORANTES NATURAIS. .......................................................................................... 38

5. METODOLOGIA .................................................................................................. 45

5.1 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO .......................................................................... 48 5.1.1 FASE DE PREPARAÇÃO ....................................................................................... 48 5.1.2 FASE DE GERAÇÃO ............................................................................................ 48 5.1.2.1PROCESSO DE TINGIMENTO (REALIZAÇÃO) ........................................................ 50 5.1.3 FASE DE AVALIAÇÃO .......................................................................................... 53 5.1.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS OBTIDOS E RECOMENDAÇÕES ............... 58 5.1.5 FASE DE REALIZAÇÃO ........................................................................................ 59

6. CONCLUSÕES ................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

8

1. CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1 Introdução

A indústria têxtil é uma das indústrias mais importantes para economia

mundial, sua cadeia produtiva apresenta várias etapas, desde a produção da fibra

têxtil até o produto final, que são as peças prontas para o uso.

Essa indústria também se destaca pelos impactos ambientais que gera,

principalmente na etapa de tingimento, onde os despejos de algumas indústrias são

jogados diretamente na natureza.

O uso de corantes naturais para tingimento pode ser uma alternativa para

alguns tipos de tecidos, essa técnica é conhecida há muitos anos e durante muito

tempo foi a única alternativa usada para atribuir cores a tecidos e alimentos, seu uso

era feito de forma artesanal sem nenhum padrão de qualidade. Mas, com o passar

do tempo, foi substituído pelos corantes sintéticos que são mais práticos, e

produzem um tingimento mais uniforme.

Contudo, o uso dos corantes sintéticos causa muitas preocupações,

principalmente com relação ao meio ambiente, já que, o efluente gerado traz consigo

uma alta carga poluidora, uma vez que 90% dos produtos químicos utilizados no

beneficiamento têxtil são eliminados após cumprirem seus objetivos (SILVA, 1994).

Devido ao alto grau de poluição causado pelo uso de produtos químicos na

indústria têxtil, o uso dos corantes naturais tem sido muito procurado devido a sua

biodegradabilidade e sua baixa toxidade. Além do apelo pela sustentabilidade,

fazendo com que produtos da moda possuam aspectos mais naturais e menos

ofensivos a natureza. Com isso, produtos artesanais também ganham espaço,

fazendo com que comunidades possam aumentar suas rendas com a confecção

desses produtos, como é o caso da comunidade Barra do Riachão - PE, que produz

boleros, blusas e xales, com fios de algodão, artesanalmente. O trabalho

desenvolvido por essa comunidade serviu como alternativa apresentada nesse

trabalho, onde é possível unir técnicas artesanais com o design, gerando produtos

mais sustentáveis e com uma tendência atual.

O trabalho apresenta um modelo de tingimento natural que pode ser usado

como método para o desenvolvimento de outros processos de tingimento com

9

corantes naturais em tecidos com composição 100% algodão, pois apresentou um

resultado satisfatório.

1.2 Justificativa do trabalho

Este trabalho experimental apresenta as seguintes justificativas como principais

motivos do seu desenvolvimento:

A possibilidade do desenvolvimento de produtos com design

diferenciado.

Agregação de valor através do apelo pela sustentabilidade e o natural.

Obter uma alternativa de tingimento com menos impacto ambiental, já

que são usados corantes e mordentes1 naturais.

Redução do uso de produtos químicos.

1 Mordentes são substâncias que são usadas para auxiliar na fixação do corante na fibra. Estas

substâncias eram conhecidas como “mordentes”. Este nome foi considerado apropriado porque se acreditava que as substâncias aplicadas “mordiam” o corante e prendia-o na fibra.” (PICCOLI, 2008)

10

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Utilizar meios alternativos ao tingimento têxtil, possibilitando opções e

conceitos inovadores no design de moda.

2.2 Objetivos específicos

Oportunizar o uso de métodos de tingimento menos agressivos ao ambiente;

Realizar testes com corantes naturais, seguindo uma metodologia, em uma

mesma matéria prima, criando alternativas para o uso de corantes naturais em

acessórios femininos;

Incentivar e propor o uso de corantes naturais para uma diferenciação no

design das peças confeccionadas em uma comunidade de artesãs

pernambucanas, buscando uma conscientização no uso de métodos

sustentáveis em suas produções.

Incentivar através de oficinas de tingimento e de técnicas de design o uso de

produtos e processos mais sustentáveis em suas produções.

11

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 A indústria têxtil e seus processos

A indústria têxtil está presente principalmente em países do terceiro mundo,

motivado pelo desinteresse do setor em investir na renovação tecnológica, em parte

pelo interesse econômico tido pelo uso de mão de obra barata, (NASCIMENTO,

2003). Para esse autor, as indústrias procuram investir na produção têxtil nos países

de terceiro mundo, porque os países de primeiro mundo estão passando de

economia de indústrias para bens de serviço.

Ainda que a presença da indústria têxtil esteja em sua maioria em países de

terceiro mundo estima-se que nos próximos três anos o comércio têxtil e de

confecção no mundo alcance a cifra de US$ 856 bilhões, o Brasil participa com 0,6%

deste valor, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de

Confecções (ABIT). Além de gerar emprego, pois nenhum setor da indústria de

transformação tem maior potencial de gerar empregos do que o setor têxtil e de

confecção (CONCHON, 1999).

Nos processos de transformação das fibras (Figura 01), está o processo de

fiação, que transforma as fibras em fios, esses fios são direcionados para a

tecelagem e malharia que são responsáveis pela transformação dos fios em tecidos,

em seguida passam pelos processos de acabamento e tingimento, responsáveis

pela coloração dos tecidos, amaciamentos entre outros beneficiamentos até chegar

à confecção finalizando o processo.

Na etapa de tingimento se destaca o uso dos corantes têxteis, que no Brasil

representam um consumo (por habitante) de aproximadamente 350 gramas de

corantes por ano, importando 158,4 mil toneladas (correspondente a US$ 515

milhões) em 2007 e exportou, no mesmo período, 62 mil toneladas (equivalente a

US$ 145 milhões) de corantes e pigmentos. (SANTOS; et al, 2011).

12

Fibras têxteis

Fibras Naturais

Fibras Manufaturadas

Inserção de estratégias de marketing e design

Têxtil Transformação

Mercado

Agropecuária

Mineração Amianto

Linho, sisal, seda, lã, algodão, juta

Fiação

Tecelagem

Malharia

Celulose

Petroquímica

Eteno

RaiomPoliéster PoliacrilicoNáilonElastano

Polímero Natural

Polímero Sintético

Atacado e varejo

Representante comercial

Exportações

Acabamento

Confecção

Figura 01 – Configuração básica da cadeia produtiva têxtil e de confecções Fonte: IEL (adaptada), (2013).

3.2 As fibras têxteis e sua classificação

As fibras são consideradas por Martins (1997), as principais matérias primas

no setor têxtil sejam elas naturais ou manufaturadas.

Entende-se por Fibra Têxtil, todo elemento de origem artificial ou natural, constituído de macromoléculas lineares, que apresente alta proporção entre seu comprimento e diâmetro e cujas características de flexibilidade, suavidade e conforto ao uso, tornem tal elemento apto às aplicações têxteis. (Fonte: Resolução CONMETRO 01/01)

Na indústria têxtil as fibras passam por várias etapas até que elas se

transformem em tecido. As fibras são responsáveis pelas principais características

dos tecidos, como capacidade de reter calor, afinidade ou não com água ou

tendências de amarrotar (TREPTOW, 2003).

As fibras manufaturadas são produzidas através de processos industriais,

essas fibras são subdivididas em fibras produzidas a partir de polímeros naturais e

polímeros sintéticos. Alguns exemplos de fibras manufaturadas são: viscose,

acetato, triacetato (Polímero natural), poliéster, poliamida, acrílico, elastano

(Polímero sintético).

As fibras têxteis naturais na Figura 02 são as que podemos encontrar na

natureza, e podem ser subdivididas em fibras vegetais, animais e minerais. Alguns

13

exemplos de fibras naturais são: seda, lã, lhama (animal), algodão, linho, sisal e

coco (vegetal), amianto (mineral).

Segundo Chataignier (2006) as fibras vegetais são as mais usadas na

tecelagem e nos trançados artesanais, como: cestas, chapéus, bolsas e esteiras. As

fibras de origem animal são as que dão origem aos tecidos mais antigos como a lã e

a seda. As fibras minerais normalmente são mais usadas em alguns detalhes

específicos de algumas peças, entre as fibras minerais a mais conhecida é o

amianto, que é constituído por fibras extremamente finas e longas além de

produzirem um pó que é facilmente inalado podendo causar graves problemas de

saúde.

Figura 02 - Classificação das fibras têxteis naturais Fonte: Sinditêxtil (2012).

Em um contexto atualizado, Hejazi; et al (2011) mostraram que existe uma

preocupação com o meio ambiente, tendo a consciência que os recursos não

renováveis estão com tempo contado, sendo necessário o uso de meios mais

ecológicos para que o planeta sofra menos com os impactos industriais.

De acordo com Oliveira (2009), em resolução, a ONU (Organização das

Nações Unidas) declarou oficialmente o ano de 2009 como o ano mundial das fibras

naturais, as razões são várias; desde esclarecer sobre a sua importância até

estimular o seu uso, nessa resolução é abordada a variedade de fibras naturais

14

produzidas em muitos países, sendo fonte de renda para agricultores, na Figura 03

alguns produtos que são produzidos a partir das fibras naturais, contribuindo para

erradicação da pobreza.

Figura 03– Produtos artesanais feitos com fibras naturais Fonte: https://www.google.com.br/search?q=artesanato%20com%20fibras %20naturais, acesso dia

23/04/2013

O mercado das fibras têxteis se encontra praticamente dividido meio-a-meio

entre as fibras naturais e as manufaturadas. Dentre as naturais, o algodão

predomina em absoluto (DOLZAN, 2004).

3.2.1 O Algodão

O algodão (Figura 04) é uma planta das regiões tropicais, sua altura varia de

acordo com o clima entre 1,5 metros a 6 metros e seu período vegetativo é de cinco

a sete meses, dependendo da quantidade de calor recebido (PEZZOLO, 2007) além

de ser uma fibra natural, de origem vegetal.

A base de nossa indústria têxtil é o algodão, representa 70% do total de fibras

industrializadas no país, o consumo de fibra têxtil per capita no Brasil é estimado em

15

7,0 kg de algodão por ano, por habitante, sendo maior do que a média mundial.

(SANTOS, 2006)

.

Figura 04 - Fruto do algodão

Fonte: http://ojogodalusofonia.wordpress.com/paises/angola/flora/; acesso dia 23/04/2013

A utilização da fibra de algodão pelo homem remonta há séculos, sendo que

os primeiros fragmentos de tecido datam mais de sete mil anos (ASSAD et al., 2010)

A cultura do algodão no Brasil é uma atividade caracterizada por ciclos de expansão e declínio seculares. Quando os portugueses chegaram às terras que hoje constituem o Brasil, o algodão, em sua espécie arbórea (Gossypium hirsutum L.r. marie galante), já era conhecido dos moradores locais. Porém, sua exploração como cultura comercial teve início por volta de 1750, no Maranhão. (ASSAD et al., 2010)

As fibras de algodão passam por vários processos até que sejam

transformadas em fios ou tecidos. De acordo com Vainsencher (2009) as principais

etapas são:

1. Descaroçamento: é o método de separar as fibras de algodão a partir das

sementes.

2. Spinning: etapa na qual são feitos os fios de algodão a partir da fibra, com

diferentes títulos.

3. Tecelagem e malharia: é o processo mais importante para obter o tecido.

Na tecelagem são entrelaçados os fios da trama (transversais) e urdume

(longitudinais) formando o tecido plano, na malharia os fios são

entrelaçados sempre no mesmo sentido, formando o tecido de malha.

4. Acabamento e tratamento dos tecidos: após tecer a fibra do algodão, este

passa por beneficiamentos, até que se chegue ao estado final do produto.

16

Figura 05 - Algodão desde a colheita até o fio Fonte: PortugalTêxtil.com; Unitika.com (2013).

As principais vantagens comparativas do algodão em relação às fibras

manufaturadas decorrem principalmente do conforto proporcionado, favoráveis aos

países de clima quente, além de serem biodegradáveis.

Essa fibra tem como principais características, de acordo com Rolim (2011) a

facilidade de manuseio, toque suave, confortável e secagem rápida. Apresenta

capacidade de rápida absorção, baixa tendência a provocar reações alérgicas e boa

resistência ao uso e lavagens.

Por ser a fibra mais importante e a mais usada no Brasil e no mundo o tecido

com composição 100% algodão foi escolhido, para realização dos testes usando os

corantes naturais selecionados nessa pesquisa, por ter maior afinidade química

entre produtos naturais.

Outra opção natural e bastante difundida é o algodão colorido, sua utilização

é mais sustentável, pois elimina a etapa de tingimento de sua produção, as fibras

apresentam tons que variam do creme ao marrom escuro, do verde oliva ao

alaranjado.

O algodão colorido na Figura 06, também está ganhando espaço no cenário

têxtil mundial, tendo em vista que esse algodão apresenta uma proposta mais

sustentável, além de ser um produto diferenciado, dispensando o uso de processos

químicos e poluentes do tingimento, além da enorme quantidade de água utilizada

nos banhos de tingimentos que pode ser economizada.

17

Figura 06- Plantação de algodão colorido Fonte: http://blogemdia.com/rio-20-algodao-colorido-da-paraiba-e-destaque-no-pavilhao-brasil/;

acesso dia 23/04/2013.

“O algodão colorido não é novidade: incas, paquistaneses e egípcios conheciam técnicas pra produzi-lo por volta de 2.500 a.C., mas a fibra era muito frágil pra aguentar o tecimento dos fios. Com o aprimoramento da mistura de genes de diversos tipos de algodoeiros, hoje é possível fazer tudo com o algodão colorido, com a vantagem de pular o tingimento, uma das piores etapas da produção têxtil para o meio ambiente.” (FONSECA; BELTRÃO; SANTANA, 2003)

O algodão colorido tem bastante utilização no artesanato do nordeste do

Brasil e em ornamentação, roupas, tapeçarias, colchas, lençóis, almofadas, redes,

entre outros produtos (Figura 07). O estado da Paraíba vem se destacando pela

cultura do algodão colorido, cujo preço sai pelo dobro do algodão branco (LEVY;

WOLFFENBÜTELL, 2003).

18

Figura 07 - Produtos produzidos com o algodão colorido Fonte: www.onordeste.com acesso em 26/03/2013

De acordo com Fonseca; Beltrão e Santana (2003), a cultura do algodão

colorido, especificamente na região do semiárido nordestino, se apresenta como

uma alternativa extremamente viável, sob os pontos de vista econômico, social e

ecológico e, portanto, de maior valor agregado.

A maior vantagem competitiva do algodão colorido é o fato dele dispensar

uma fase do beneficiamento têxtil que é a preparação para o tingimento, processo

que utiliza produtos químicos, que podem causar danos à saúde e ao meio ambiente

se utilizados de forma incorreta.

19

3.3 Beneficiamento têxtil

O beneficiamento têxtil engloba todas as etapas de transformação do tecido

quanto á aparência, capacidade de absorção de água, aumento de resistência entre

outros (ALCÂNTARA, 1995). Ou seja, tem o intuito de melhorar as características

dos tecidos, fibras e fios, antes ou depois da confecção, atribuindo maciez, já que,

em seu estado cru, os tecidos não são dotados de boa aparência.

O beneficiamento têxtil compreende um conjunto de atividades que reunidas

fazem com que o produto final tenha as características exigidas pelos consumidores,

esse conjunto de atividades pode ser dividido de acordo com Chataignier (2006),

para melhor compreensão de suas etapas:

Beneficiamento primário (preparação): entendido como conjunto de

operações destinadas a eliminar as impurezas das fibras têxteis e

prepará-las para o tingimento, estamparia e acabamento final.

Beneficiamento secundário:

a) Tingimento: tornar os materiais têxteis coloridos.

b) Estamparia: aplicar desenhos coloridos ao material têxtil.

Beneficiamento terciário: conjunto de processos que objetivam dar ao

material têxtil melhor estabilidade dimensional, melhor toque e

características especiais como: impermeabilidade, tratamento anti-

chamas entre outros.

3.3.1 Processos do beneficiamento têxtil

Após os processos de limpeza do fio, eles passam por outros processos de

beneficiamento, que visam principalmente, a preparação do fio para sua coloração

total ou parcial por exemplo. Alguns processos do beneficiamento são:

Engomagem - Interfere diretamente na produção da tecelagem, esse processo tem

a finalidade de proporcionar ao fio do urdume maior resistência mecânica exigida na

fabricação dos tecidos nos teares. Com este processo se consegue um melhor

estiramento do tecido que está sendo trabalhado (MARTINS, 1997).

20

Desengomagem - É a etapa onde é retirada a goma do tecido, colocada

anteriormente no processo de engomagem. O processo é feito através de lavagens

feitas nos tecidos ou no processo de cozimento (REGINA, 2002).

Mercerização - É aplicado no fio ou no tecido uma solução alcalina, proporcionando

maior brilho ao fio além de proporcionar maior afinidade aos corantes e aumento de

resistência (AFONSO, 1985).

Alvejamento - As fibras usadas na indústria têxtil em seu estado natural apresentam

uma coloração amarelada, o alvejamento tem a finalidade de eliminar o amarelado

das fibras e eliminar outras impurezas que ainda possam existir (REGINA, 2002).

Branqueamento óptico - Adiciona produtos que refletem raios azulados ou

amarelados proporcionando uma cor ainda mais branca aos tecidos. Esse

branqueamento óptico é o responsável pelos brancos quase fosforescentes

comumente vistos sob a luz negra (PEZZOLO, 2007).

Navalhagem – Retirada, através de corte, das fibras que ficam salientes na

superfície dos tecidos. Essas pontas de fibras (fibrilas), além de darem um toque

áspero, causariam problemas na estamparia (PEZZOLO, 2007).

Tingimento e estamparia - De acordo com Pezzollo (2007), o tingimento e a

estamparia são considerados beneficiamentos secundários. A tintura proporciona a

cor, por meio de corantes, a estamparia é o processo pelo qual se imprime

determinados desenhos nos tecidos.

Acabamento - Confere aos tecidos propriedades únicas, capaz de modificar a sua

aparência. Alguns exemplos de acabamento são: antichama, antimanchas,

antiparasitas, aplicação de amaciantes, entre outros (REGINA, 2002).

Todas as etapas descritas fazem parte do beneficiamento têxtil, desde a

preparação começando com o substrato têxtil até o efluente sendo despejado nas

estações de tratamento, após cumprirem suas funções no beneficiamento (Figura

08).

21

Figura 08 - Etapas características do processamento de tecidos de algodão e sintéticos Fonte: REGINA, Kátia (2002).

Os processos supracitados geram resíduos que são descartados no

meio ambiente, esses despejos são poluentes, portanto é necessário que se tenha a

adoção de práticas mais sustentáveis nas indústrias têxteis, já que a degradação

dos compostos químicos usados é muito lenta.

3.3.2 Os processos de beneficiamento têxtil e o meio ambiente

Devido aos efluentes gerados após as etapas de beneficiamento (Figura 09),

constantemente surge a preocupação, por parte tanto das indústrias como dos

próprios consumidores, em evitar ou diminuir esses despejos no meio ambiente.

22

Figuras 09 - Efluentes de lavanderias no Agreste pernambucano descartados no meio ambiente.

Fonte: http://meio-ambiente.divulgueconteudo.com/483613-toritama-pe acesso em 26/03/2013

De acordo com Freitas (2002), o processo de beneficiamento têxtil gera

poluição com despejos sólidos, líquidos e gasosos, mas são os efluentes que

causam maior contaminação do meio ambiente. Para tanto se faz necessária a

conscientização principalmente dos empresários em propor soluções para tratar os

efluentes que são despejados na natureza, tornando-o menos agressivo ao meio

ambiente (Figura 10).

23

Figura 10 - Comparação de efluente bruto com o efluente tratado Fonte: http://www.redetec.org.br/inventabrasil/efinqui.htm; acesso em 04/042013

Existem várias hipóteses para a diminuição da poluição causada pelos

efluentes, como a construção de estações de tratamento (Figura 11) além de outros

exemplos como:

- Controle do uso da água, logo haveria uma redução da quantidade dos

despejos.

- Substituição, sempre que possível, de produtos químicos por produtos

naturais.

- Preocupação das indústrias em tratar o efluente antes de descartá-lo,

desenvolvendo estações de tratamento capazes de evitar que os

despejos poluam o meio ambiente.

- Reaproveitamento de banhos de corantes para novos tingimentos.

24

Figura 11 - Estação de tratamento da Brandili têxtil Fonte: http://www.midiamoda.com.br/noticias/vermais/categoria/industria/noticia/brandili-textil-

investe-no-planeta; acesso em 23/03/2013

No que se refere ao consumo da indústria, o setor têxtil consome

aproximadamente 15% da água, sendo a tinturaria e o acabamento as etapas do

processo produtivo têxtil mais contaminante se comparadas com a fiação e a

tecelagem (TOLEDO, 2004 apud TWARDOKUS, 2004).

3.3.3 Tingimento têxtil

Com o objetivo de modificar a coloração da fibra, fio ou tecido, o tingimento

têxtil é uma etapa muito importante na indústria têxtil.

O tingimento é considerado um beneficiamento secundário e tem por

finalidade proporcionar cor aos tecidos, mediante o uso de corantes. (PEZZOLO,

2007).

As características esperadas de um tigimento satisfatório segundo Alcântara

(1995) são as seguintes:

-Afinidade: o corante deve fazer parte da fibra após o tingimento.

-Igualização: a cor deve ser uniforme em todo material têxtil

-Resistência: resistir aos agentes desencadeadores do desbotamento

como a lavagem, o suor, a luz natural e artificial entre outros.

25

-Economia: o tingimento deve ter todas as características anteriores sem

ultrapassar as quantidades estritamente necessárias de corante, produtos

auxiliares, e tempo de realização.

De acordo com Alcântara (1995) o processo de tingimento se divide em três

etapas: a montagem, a fixação e o tratamento final. Na montagem o corante é

transferido da solução para a superfície da fibra. Na fixação ocorre a reação entre o

corante e a fibra. No tratamento final, é feita a lavagem para a retirada do excesso

de corante.

De acordo Rech e Scheidmandel (2010) o tingimento pode ser feito direto na

fibra, neste caso é mais usado para fibras longas (lã) e filamentos. O tingimento de

fios é mais indicado para produção de tecidos listrados. Já o em tecido favorece a

obtenção de cores mais uniformes e menos desperdício de corantes.

Os processos de tingimento de tecidos por Rech e Scheidmandel (2010) são:

1. Processo descontínuo ou por bateladas: indicado para lotes menores, ou com

pouca produção. Na mesma máquina podem ser feitos todos os processos de

preparação, alvejamento, tingimento e lavagem.

2. Processo semi-contínuo: impregnação do tecido com banho de tingimento,

após este processo o tecido fica em repouso por algumas horas para a

reação do corante e posterior lavagem.

3. Processo contínuo: indicado para grandes metragens ou lotes que requerem

maiores produções. A reação do corante com a fibra é acelerada com a

adição de vapor e temperatura. Com isso o tecido pronto para tingir entra na

máquina e sai tinto e lavado.

Atualmente, o tingimento é um dos fatores fundamentais no sucesso

comercial dos produtos têxteis, por isso a indústria a cada dia vem se modernizando

e investindo nessa área (Figura 12).

A tecnologia moderna utilizada no tingimento consiste de dúzias de etapas que são escolhidas de acordo com a natureza da fibra têxtil, características estruturais, classificação e disponibilidade do corante para aplicação, propriedades de fixação compatíveis com o destino do material a ser tingido, considerações econômicas, etc (GUARATINI; ZANONI, 1999).

26

Figura 12 – Máquina de tingimento na indústria têxtil Matec ltda. Fonte: Têxtil Matec Ltda,(2013).

O processo de tingimento do tecido muitas vezes é mais tóxico do que a

própria produção do mesmo. Portanto existem muitas empresas preocupadas com

toda a cadeia produtiva e buscam alternativas que sejam menos prejudiciais ao meio

ambiente para o tingimento têxtil.

3.3.4 Corantes têxteis

Há muitos anos, o homem usa de corantes para decoração de objetos, em

utensílios, em pinturas e principalmente para o tingimento de fios e tecidos.

Segundo Pezzolo, (2007) em 1856 um químico Willian Henry Pekin, na

tentativa de sintetizar um medicamento, sem querer, acabou criando um corante de

cor púrpura, a malveína. Esse foi o primeiro de uma lista de corantes sintéticos.

Existem também os pigmentos que são responsáveis pelas cores das plantas,

animais e quase todos os tipos de células, como as da pele, olhos, cabelo, etc., eles

podem ser naturais e sintéticos além de serem praticamente insolúveis onde são

aplicados (BRAGA, 2011).

De acordo com Meza (2010), os pigmentos não são considerados corantes,

pois têm afinidade com as fibras, mas não reagem quimicamente. São aplicados

superficialmente às fibras ou aos tecidos por processo de estampagem, e fixados

através de um adesivo ou resina.

27

Os corantes têxteis têm como principal finalidade conferir cor as fibras e

tecidos, de acordo com Correia (1994 apud FREITAS, 2002), os corantes são

geralmente moléculas pequenas compostos de dois grupos: um cromóforo, que é

responsável pela cor e um funcional, que reage quimicamente, unindo o corante a

fibra.

De acordo com Braga (2011) os corantes podem ser definidos como:

- Corantes naturais: Obtidos de vegetais ou eventualmente de animais.

- Corantes sintéticos: Obtidos por processo de síntese, com composição

química definida.

- Corantes sintéticos semelhantes aos naturais: Suas estruturas químicas são

semelhantes aos naturais, porém são sintetizados em laboratório.

Os corantes de acordo com Braga (2011) podem ainda ser classificados de

acordo com sua estrutura química ou de acordo com o método que ele é fixado a

fibra têxtil, os principais grupos de corantes classificados pelo modo de fixação são

os seguintes:

- Corantes Reativos: Possuem alta solubilidade em água e o estabelecimento de

uma ligação covalente2 entre o corante e a fibra, principalmente o algodão.

(FREITAS, 2002)

- Corantes Básicos: São solúveis em água e aplicados geralmente em fibras

acrílicas (TROTMAN, 1975 apud SOARES, 1998).

- Mordentes: No grupo incluem-se muitos corantes naturais, esse corante se liga à

fibra têxtil por meio de um mordente, o qual pode ser uma substância orgânica ou

inorgânica (SOARES, 1998).

2 A ligação covalente é um tipo de ligação química caracterizada pelo compartilhamento de um ou

mais pares de elétrons entre átomos Fonte: ATKINS, Peter. LORETTA, Jones. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente; tradução Ricardo Bicca de Alencastro. – 3ª Ed. – Porto Alegre: Bookman, 2006.

28

-Corantes ao enxofre: Uma característica principal desta classe é presença de

enxofre na molécula. São insolúveis em água, mas dissolve numa solução de sulfito

de sódio ou hidrossulfito de sódio(TROTMAN, 1975 Apud SOARES, 1998).

- Corantes diretos: Podem ser aplicados, em solução aquosa, diretamente sobre as

fibras. Este processo é especialmente aplicável à lã e à seda (BRAGA, 2011).

- Corantes Azóicos: São compostos coloridos, insolúveis em água, que são

realmente sintetizados sobre a fibra durante o processo de tingimento (BRAGA,

2011) normalmente aplicado e fibras celulósicas como viscose.

- Corantes Ácidos: São solúveis em água. No processo de tintura, o corante

previamente neutralizado em solução contendo cloreto, acetato, entre outros, se liga

à fibra através de uma troca iônica envolvendo o par de elétrons livres das fibras

proteicas. Fornecem uma ampla faixa de coloração e grau de fixação (BRAGA,

2011).

- Corantes a cuba: Também chamados de corantes à tina e de redução, são

insolúveis em água. A maior aplicação deste tipo de corante tem sido a tintura de

algodão (FREITAS, 2002).

- Corantes dispersos: São suspensões de compostos orgânicos finamente divididos

insolúveis em água. São aplicados em fibras sintéticas, como poliéster, nylon, e

fibras acrílicas (SOARES, 1998).

-Corantes Branqueadores: São também chamados de branqueadores ópticos ou

mesmo branqueadores fluorescentes. São aplicados para diminuir a aparência

amarelada das fibras (BRAGA, 2011).

Cada corante têxtil apresenta uma afinidade maior com determinada fibra

(Quadro 01) e a escolha certa da fibra usada faz toda diferença no tingimento.

29

Quadro 01 - Classificação de corantes e pigmentos segundo a utilização por

substrato.

CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A UTILIZAÇÃO POR SUBSTRATO

Corantes Principais Campos de Aplicação

Branqueadores ópticos

Detergentes, fibras naturais, fibras artificiais,

fibras sintéticas, óleos, plásticos, sabões,

tintas e papel.

À Cuba Sulfurados Fibras naturais e fibras artificiais

À Tina Fibras naturais

Ácidos Alimentos, couro, fibras naturais, fibras

sintéticas, lã e papel.

Ao Enxofre Fibras naturais

Azóicos Fibras naturais, fibras sintéticas.

Básicos Couro, fibras sintéticas, lã, madeira e papel.

Diretos Couro, fibras naturais, fibras artificiais e papel.

Dispersos Fibras artificiais e fibras sintéticas

Mordentes Alumínio anodizado, lã, fibras naturais e fibras

sintéticas.

Reativos Couro, fibras naturais, fibras artificiais e papel.

Fonte: Associação Brasileira da Indústria Química, (2011).

A forma de fixação da molécula do corante a essas fibras de acordo com

Braga (2011) geralmente é feita em solução aquosa e pode envolver basicamente 4

tipos de interações: ligações iônicas, de hidrogênio, de Van der Waals e covalentes.

- Interações Iônicas - São tingimentos baseados em interações mútuas entre o

centro positivo dos grupos amino e carboxilatos presentes na fibra e a carga

iônica da molécula do corante ou vice-versa.

- Interações de Van der Waals - São tingimentos baseados na interação

proveniente da aproximação máxima entre orbitais π do corante e da

molécula da fibra, de tal modo que as moléculas do corante são “ancoradas”

firmemente sobre a fibra por um processo de afinidade, sem formar uma

30

ligação propriamente dita. Esta atração é especialmente efetiva quando a

molécula do corante é linear/longa e/ou achatada e pode assim se aproximar

o máximo possível da molécula da fibra.

- Interações de Hidrogênio - São tinturas provenientes da ligação entre átomos

de hidrogênio covalentemente ligados no corante e pares de elétrons livres de

átomos doadores em centros presentes na fibra.

- Interações Covalentes - São provenientes da formação de uma ligação

covalente entre a molécula do corante contendo grupo reativo e resíduos

nucleofílicos da fibra.

Os corantes têxteis são amplamente comercializados e consumidos no Brasil,

mas é necessário que se tenha o devido cuidado com relação ao seu descarte, pois

de acordo com Bertolini e Fungaro (2011) são consumidos cerca de 20 t/ano de

corantes pela indústria têxtil e cerca de 20% são descartados como efluentes, a

principal razão desse descarte é a fixação incompleta dos corantes á fibra durante o

tingimento. É necessário que exista uma conscientização para que esses efluentes

sejam devidamente tratados antes de serem jogados na natureza além de usar

meios mais naturais como os corantes naturais, sempre que possível, nos

tingimentos têxteis.

Os corantes naturais surgem nesta pesquisa como uma alternativa aos

corantes sintéticos, uma vez que, comparativamente, ao impacto ambiental,

apresentam menos problemas.

Em nível de processo de aplicação, estes corantes pertencem a um dos

seguintes grupos, corantes diretos a cuba ou dos que necessitam de mordentes

(SANTOS, 2009).

Os corantes naturais são usados para tingimento em tecidos compostos de

fibras naturais, principalmente o algodão. Porém, com o advento de novas fibras no

mercado e com a possibilidade de se utilizar tingimentos que não dependessem de

recursos naturais, o uso de corantes naturais foi praticamente extinto, sendo usado

atualmente principalmente em artesanato.

O tingimento natural é utilizado desde os primórdios da humanidade, porém

foram superados pelos corantes sintéticos, que são mais práticos, porém, altamente

impactantes ao meio ambiente (DINIZ, FRANCISCATTI e SILVA, 2011).

31

A arte de pintar com corantes naturais também se apresenta na cultura

indígena (Figura 13), essa é uma manifestação muito antiga, para obter as cores,

preta, azul, os tons de marrons e vermelhos, os índios cultivam as plantas e fazem a

extração do corante das folhas, sementes, polpas ou cascas. Dentre os corantes

utilizados podemos citar o fruto do urucuzeiro, urucum, outro corante muito usado

pelos indígenas é da seiva do fruto do jenipapo. (PINTO, 1999).

Figura13: Uso de corantes naturais pelos índios Fonte: http://www.cientistadidatico.com.br acesso em 05/04/2013

Dentro dessa linha de corantes, o universo vegetal revela-se como a fonte

mais poderosa, capaz de criar tons e semitons improváveis até para química de

última geração (CHATAIGNIER, 2006).

Entretanto, seu uso deve ser feito com cautela para que não cause o

esgotamento da planta como ocorreu com o pau-brasil, árvore cuja madeira tinha um

extrato vermelho que foi bastante usado na Europa para tingir tecidos da elite. Tão

forte foi a exploração que sua marca ficou no nome do país (CAVALCANTE, 2010).

O primeiro registro escrito conhecido que faz referências aos corantes naturais e à

sua utilização na China, data de 2600 a.C.(PEZZOLO, 2007).

Ainda podemos encontrar resquícios da utilização dos corantes naturais na

antiguidade, nas Figuras 14 e 15.

32

Figura 14 - Fragmento do manto da Virgem de Thuir, Espanha século XII.

A trama do fundo desta seda foi tingida com quermes3.

Fonte: Tecidos: História, tramas, tipos e usos, p. 177

Figura 15 - Manto de cavaleiro tinto com cochonilha

4, da Armênia século VI d.c

Fonte: Tecidos: História, tramas, tipos e usos, p. 179.

3Excrescência vermelha e redonda, formada pela fêmea do pulgão sobre as folhas de uma espécie

de carvalho, e de que se extrai uma cor escarlate, utilizada na indústria. Disponível em: http://www.lexico.pt/quermes/, acessado dia 03/10/2012 ás 18h11min.

4 Cochonilha - Nome dado aos insetos hemípteros da família dos coccídeos, muito perniciosos às plantas cultivadas. (Uma espécie mexicana forneceu durante muito tempo um corante, o carmim). Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx?pal=cochonilha, acessado dia 03/10/2012 ás 18h28min.

33

Muitos designers e artesãos procuram o uso da técnica de tingimento natural,

nas Figuras 16, 17 e 18, para sua produção, principalmente por se tratar de um

tingimento menos agressivo ao meio ambiente além de atender aos consumidores

que visam a sustentabilidade.

Figura 16 - Vestido da estilista Flávia Aranha Fonte: www.flaviaaranha.com; acesso em 26/03/2013

Figura 17 - Vestido da marca 2 primas Fonte: http://blogs.diariodepernambuco.com.br/alvorocadas/?m=20110609; acesso em 26/03/2013

34

Figura 18 - Desfile Osklen verão 2011 Fonte: http://gnt.globo.com/moda/desfiles/Osklen--Verao-2011-.shtml; acesso em 26/03/2013

De acordo com Diniz, Franciscatti e Silva (2011) os processos usados até os

dias atuais de tingimento seguem duas formas, a tintura a frio, que pode ser cha-

mada de fermentação, e a tintura a quente, a qual é usada também nas indústrias,

onde o tecido ou fio é imerso em um banho que contém o corante, o qual é extraído

na forma artesanal pela fervura das plantas em água.

As tinturas a quente obtêm um melhor resultado, pois o banho prolongado juntamente com a temperatura alta facilita a impregnação do corante nas fibras, o banho tem que ter temperatura constante e deve-se mexer o tecido para evitar que entre em contato com o recipiente em calor, pois sem esses cuidados o banho pode resultar em manchas no tecido (PEZZOLO, 2007).

Entre as principais fontes para obtenção de corantes naturais no Quadro 02 e

Figura 19, estão as plantas (folhas, flores e frutos), animais (insetos) e micro-

organismos (fungos e bactérias) (MENDONÇA, 2011). Esses materiais podem ser

facilmente encontrados em serrarias, marcenarias, mercados e feira livre, sítios,

chácaras, parques, plantações e hortas, lugares onde se vendem ervas, plantas

medicinais e jardins botânicos.

35

Figura 19 - Corantes naturais usados na produçao artesanal da comunidade de Chincheros – Peru Fonte: pelasruasecabides.blogspot.com acesso em 05/03/2013

Quadro 02 – Relação de algumas plantas usadas para produção de corantes naturais

Planta Parte da planta

Vermelho / rosa Cedro rosa Serragem

Cochinila (Inseto)

Canela Casca

Amora preta Fruto

Amendoim Pele das sementes

Nogueira Casca

Pau-brasil Serragem

Laranja Côco Fibra do fruto

Girassol Flor

Urucum Semente

Marrom

Jabuticabeira Fruto e casca

Cafeeiro Pó

Acácia Casca, serragem

Pau-campeche Casca,serragem

Cerejeira Casca

Castanheiro Folhas

Marrom avermelhado Aroeira Casca

Catuaba Galhos, folhas e frutos

Acácia negra Casca

36

Angico Casca

Barbatimão Casca

Cajueiro Casca e folha

Nogueira Casca

Amarelado

Açafrão da terra Raiz

Arnica Raiz, folhas e flores

Jacarandá Casca

Amoreira Folhas

Calêndula Flores

Camomila Folhas

Maçã Casca

Cebola Casca

Eucalipto Serragem

Figueira Folhas

Jaqueira Serragem

Quaresminha do campo Galhos e folhas

Romã Cascas

Verde

Espinafre Folhas

Malva Toda planta

Capim santo Folhas

Urtiga Folhas

Alfafa Folhas

Louro Folhas

Erva-mate Folhas

Eucalipto Folhas

Azul / violeta

Repolho roxo Folhas

Couve roxa Fruto

Uva preta Folhas

Arruda brava Fruto

Jenipapeiro Serragem

Pau-campeche Serragem

Cinza Erva-doce Galhos

Fonte: Estudio Etnobotanico, Plantas Tintoreas.

Os corantes naturais usados para o tingimento na maioria das vezes não

apresentam uma boa fixação e solidez, portanto é necessário o uso de fixadores

para que a cor tenha uma maior durabilidade, para isso existem os mordentes que

auxiliam na fixação da cor na fibra, eles são indispensáveis na indústria de tinturaria

uma vez que quando o corante é aplicado diretamente na fibra muitas vezes não

tem a fixação esperada, portanto, usa-se o mordente para maior fixação.

37

“A maioria dos corantes naturais, na época medieval, não era capaz de produzir cores permanentes em têxteis. As fibras necessitavam ser preparadas para a recepção dos corantes através da impregnação de óxidos de metais, tais como o alumínio, o ferro ou o estanho. Estas substâncias eram conhecidas como “mordentes”. Este nome foi considerado apropriado porque se acreditava que o óxido “mordia” o corante e prendia-o na fibra.” (PICCOLI, 2008)

De acordo com Pezzolo (2007), os corantes têxteis devem ter afinidade com o

tecido ou fio, pois há corantes que agem em certas fibras e em outras fibras não,

assim alguns produtos químicos podem ser usados para aumentar a afinidade.

A utilização de mordentes é muito antiga, sabe-se que populações da Índia,

da América, do Egito e da Grécia antiga já usavam o alúmen de potássio como

mordente (ARAÚJO, 2005).

De acordo com Pezzolo (2007) muitas substâncias foram usadas como

fixadores da cor desde urina até o vinagre, mas ao longo dos anos as misturas

usadas como mordentes foram sendo aprimoradas.

Pode ser usado antes, durante ou após o tingimento, resultando em variações

em seu resultado final, mas é fundamental no tingimento natural, garantindo uma

melhor uniformidade e maior durabilidade da cor no tecido, tornando o produto tinto

mais atrativo e com uma melhor qualidade comercial.

38

4. INTERVENÇÃO DO DESIGN NO ARTESANATO E A RELAÇÃO COM

CORANTES NATURAIS.

O mercado que valoriza o uso de produtos naturais e artesanais vem

buscando novas formas de inovar em suas produções, visando o consumo que é

crescente, além da preocupação ambiental e econômica.

A maioria dos produtos artesanais é confeccionada em cooperativas de

artesãs, mas, devido a transformações constantes e exigências do mercado os

produtos precisam se adequar, para que suas produções continuem gerando renda.

É nesse cenário que o designer se encaixa ajudando o artesão em suas produções

sem que deixem de transmitir sua originalidade.

De acordo com Abbonizio (2009) a junção do design e artesanato se justifica

por meio da adaptação do artesanato às exigências de mercado (estética, produtiva,

qualidade, custos), e de novas atitudes do artesão frente ao trabalho, de modo a

ampliar a possibilidade de inserção dos produtos em novos mercados comerciais

(Figura 20).

Figura 20 - Produção da cestaria cana- brava em Goiana-PE, intervenção de design de O imaginário.

Fonte: http://www.oimaginario.com.br/; acesso em 23/03/2013

Para parte prática dessa pesquisa, foi possível desenvolver um trabalho em

conjunto com a comunidade Barra do Riachão, do Agreste Pernambucano, com a

39

utilização de uma metodologia de design que facilitou o desenvolvimento do

trabalho. Essa escolha foi feita, pois os produtos confeccionados pelas artesãs

atendiam aos requisitos esperados, que seria a produção de acessórios artesanais

com materiais naturais que poderiam ser tintos naturalmente, além da facilidade de

acesso a comunidade no período da pesquisa, já que a Universidade Federal de

Pernambuco Campus Agreste contribui na intervenção de design, oferecendo

oficinas para capacitação das artesãs, através de projetos de extensão. Entre as

oficinas realizadas estão as de modelagem, tingimento natural e embalagem.

A comunidade Barra do Riachão está situada no município de São Joaquim

do Monte, de acordo com o IBGE (2010) o município está localizado no estado de

Pernambuco com a área territorial de 242,63 km², distante da capital em 124,00 km².

Sendo muito importante para o município, tendo em vista que nela existe uma

associação, que é responsável pela maior parte produtiva do local, as atividades

giram em torno, principalmente, das atividades agrícolas e das atividades realizadas

com o fio de algodão, onde a cooperativa de artesãs denominada Arte Calango,

trabalha com a confecção artesanal de redes de pesca e produzem artigos de

vestuário e acessórios com o ponto original da rede de pesca.

Desde 2009, a Cooperativa participa da Fenearte (Figura 21), uma feira de

artesanato que valoriza e difunde a riqueza cultural do Nordeste, além de estimular o

potencial de crescimento dos artesãos. Essa participação reafirma o crescimento da

"Arte Calango", que em 2012 conta com mais de 35 artesãs.

40

Figura 21- Estande da comunidade na Fenearte Fonte: Arquivos pessoais, (2013).

A pesquisa realizada na comunidade com tingimento natural contribui

principalmente na intervenção de design, oferecendo oficinas para capacitação das

artesãs e melhoramento dos artigos produzidos (Figura 22), proporcionando uma

nova possibilidade de tingimento.

41

Figura 22 - Produtos produzidos pela comunidade Fonte: http://artecalango.com.br (2013).

Além de sugerir uma nova maneira de tingimento, foram sugeridas técnicas

de tratamento do fio antes de receber a coloração, tais como o alvejamento e a

lavagem da matéria-prima, visando a melhoria de problemas como falhas na

coloração das peças.

A influência do designer foi feita em conjunto com as artesãs, para que não

causasse uma descaracterização do artesanato, de forma a valorizar o produto

como objeto de consumo diminuindo assim a extinção dessa atividade e visando

uma maior vantagem comercial.

A intervenção traz consigo características sustentáveis, como afirma

Abbonizio (2009) quando diz que a ação de design no artesanato apresentaria

benefícios ambientais nos produtos e processos produtivos.

Neste panorama está a moda, que a cada dia contribui com a valorização do

artesanato frente as suas produções (Figuras 23 e 24), dessa forma o artesanato

42

pode ser difundindo em larga escala, já que a moda desencadeia no consumidor um

desejo generalizado, pois suas ideias e propostas tem um grande poder de

comunicação.

Segundo a consultora Chiara Gadaleta, do blog modaspot5, a moda precisa

sempre de inovação e novas informações, pois as pessoas não querem comprar

apenas mais uma bolsa de palha ou um colar de capim dourado. Para o artesanato

ganhar sustentabilidade econômica, as comunidades precisam ser capazes de criar

um produto que as lojas tenham interesse em comprar e o consumidor deseje ter. As

pessoas precisam querer ter aquela peça porque ela é bonita e tem qualidade.

Figura 23 - Bolsas de palha da marca Laci Baruffi Fonte: http://todaela.uol.com.br acesso em 26/03/2013

Figura 24- Fashion Rio 2012 vestido em macramê no desfile de Alexandre Herchcovitch. Fonte: vilamulher.terra.com.br acesso em 26/03/2013

5 Disponivel em: <http://modaspot.abril.com.br/news/valorizar-o-artesanato-e-fundamental-para-um-mercado-

de-moda-mais-sustentavel> Acesso dia 26 de março de 2013

43

O respeito ao meio ambiente está cada vez mais em evidência, muitos

estilistas buscam materiais como: fibras naturais e tinturas naturais para suas

coleções, entre eles Oskar Metsavath com a grife Osklen (Figura 25), que faz o uso

do tingimento natural em suas produções.

Figura 25 - Desfile da coleção oceans da Osklen São Paulo Fashion Week, verão 2011.

Fonte: 2primas.wordpress.com; acesso em 26/03/2013

A estilista Flávia Aranha além de usar o tingimento natural (Figura 26) utiliza

também o algodão orgânico.

Figura 26 - Peça da estilista Flavia Aranha tinta naturalmente

Fonte: http://sersustentavelcomestilo.com.br; acesso em 26/03/2013

44

Portanto a junção do artesanato e design contribui de forma positiva para a

sustentabilidade além de contribuir para a inclusão dos menos favorecidos e a

promoção da igualdade social.

É importante destacar que a intervenção do design não substitui as tradições

da comunidade, mas tenta agregar valor aos produtos com o uso de práticas mais

sustentáveis.

Visando desenvolver um produto socialmente benéfico e economicamente

viável, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida da comunidade, foi

necessário do designer, uma ação interdisciplinar, aplicando uma metodologia de

desenvolvimento de produto que permita minimizar os problemas, relacionados ao

tingimento das peças, como as falhas na coloração e o desperdício dos corantes

usados.

45

5. METODOLOGIA

Existem várias definições de metodologias de design, e essas definições

mostram variadas visões de diferentes autores, portanto dessa forma temos

diferentes maneiras de realizar projetos com diferentes métodos.

Löbach (2001) comenta que o Design poderia ser deduzido como uma ideia,

projeto ou plano para a solução de um problema, e o ato de Design, então, seria dar

corpo à ideia e transmiti-la aos outros.

Bomfim (1995) descreve que metodologia é “a ciência que se ocupa do

estudo de métodos, técnicas ou ferramentas e de suas aplicações na definição,

organização e solução de problemas teóricos e práticos”, sendo a Metodologia de

Design a disciplina que se ocupa da aplicação de métodos a problemas específicos

e concretos.

Segundo Munari (2008) o método de projeto não é mais do que uma série de

operações necessárias, dispostas em ordem lógica, ditada pela experiência.

Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se pelo uso da metodologia de

Löbach (2001), sua metodologia é dividida nas fases (Figuras 27 e 28):

46

Figura 27 - Método proposto por Lobach. Fonte: Lobach (2001, p. 140).

47

Figura 28 - Etapas de um projeto de design segundo Lobach. Fonte: Lobach (2001, p. 142).

Essa metodologia foi considerada eficiente para o desenvolvimento do

projeto, pois Löbach diferente de outros autores sugere ao leitor, desenvolver sua

própria maneira de projetar.

Para auxiliar na pesquisa também foi necessário o uso da metodologia

experimental.

Para Kerlinger (1980), um experimento é um estudo no qual uma ou mais

variáveis independentes são manipuladas e no qual a influência de todas ou quase

todas as variáveis relevantes possíveis não pertinentes ao problema é reduzida ao

mínimo. A característica principal desse método são os experimentos, onde existe a

tentativa de produzir efeitos diferentes através das manipulações.

Além das metodologias citadas acima as revisões bibliográficas foram

fundamentais para a construção da pesquisa.

48

5.1 Desenvolvimento do projeto

5.1.1 Fase de preparação

Nessa fase é necessário o conhecimento do problema, ou seja: é necessário

pesquisar maneiras de desenvolver formas criativas de tingimento natural para

serem usadas em artigos de acessórios femininos. Foram feitas coletas de dados de

pesquisas na área e essas informações foram analisadas a fim de atender as

necessidades do objetivo final.

Nas pesquisas iniciais foram levadas em consideração: a necessidade da

pesquisa, a relação da pesquisa com o meio ambiente, a análise dos materiais

usados e dos processos usados para obter o tingimento, assim como o uso de

materiais simples de fácil obtenção.

Como resultado da fase de preparação foi possível visualizar o problema da

pesquisa. O objetivo final foi encontrar uma forma criativa de desenvolver um

tingimento natural satisfatório para ser usado em acessórios femininos, além de

testar métodos já existentes de tingimento natural.

5.1.2 Fase de geração

Nesta fase, o trabalho começou a ser realizado na prática, já que até então só

tinham sido feitas pesquisas bibliográficas. Após a análise das técnicas já existentes

de tingimento natural, na fase de preparação, foi possível desenvolver uma receita

para que os testes fossem feitos a fim de conseguir os resultados satisfatórios da

pesquisa, a receita final foi uma adaptação, das receitas apresentadas no livro:

Corantes Naturais da Flora Brasileira. A adaptação foi necessária, com vistas á

aplicação do estudo e realização.

Na fase de geração foram selecionados os materiais e os métodos ou receitas

de tingimento.

Inicialmente, foi necessária a escolha do tecido que receberia o tingimento e

realiação dos testes até obtenção do resultado final. O tecido escolhido foi o algodão

cru, conhecido comercialmente como algodãozinho, que atende as exigências

iniciais e apresenta a composição de 100% algodão.

49

O tecido (substrato) foi cortado em quadrados (40x40cm) na Figura 29, e

posteriormente feito o acabamento com uma costura lateral para que o tecido não

viesse a desfiar durante os processos de alvejamento e tingimento.

Figura 29 – Tecido, algodão cru, com medida 40X40 Fonte: Autora (2013).

Foram escolhidos dois corantes para os testes (Figura 30), a casca de cebola,

facilmente encontrada em feiras livres, já que são descartadas e o açafrão, uma

especiaria obtida a partir da secagem da raiz da cúrcuma (Crocus Sativus L.), que,

após a secagem, é moída. O pó obtido é utilizado como corante ou condimento de-

vido à sua cor amarela e brilhante. A cúrcuma é uma planta herbácea originaria da

Índia, que foi introduzida no Brasil pelos colonizadores. É muito usada na culinária,

em tingimentos e na indústria farmacêutica (DINIZ, FRANCISCATTI e SILVA, 2011).

Usaram-se esses corantes, pois apresentam uma pigmentação forte, além de ser um

produto obtido naturalmente.

50

Figura 30 – Açafrão em pó e casca de cebola seca Fonte: http://mardasgarrafas.blogspot.com.br/2012/02/mares-de-cebolas.html; acesso em 05/03/2013

Foram escolhidos três mordentes para os testes, o sal e o vinagre comumente

usados em tingimentos domésticos e o alúmen de potássio, que é usado desde o

princípio do uso de corantes naturais.

A receita selecionada para o tingimento foi a que usa a fervura da matéria

prima para obtenção dos corantes.

5.1.2.1 Processo de tingimento (Realização)

Alvejamento

É necessário que o substrato receba um alvejamento, pois se eliminam as

impurezas da fibra e melhora-se a superfície da fibra para prepará-la para as

operações de tingimento.

Para a obtenção de um alvejamento satisfatório foram necessários, três

banhos de água fervente durante 30 minutos em uma panela de alumínio, com a

seguinte composição: a cada litro de água eram colocados 100ml de água sanitária,

da marca Igual.

Primeiramente, foram colocados em uma panela de alumínio no fogo, 6 litros

de água e 600ml de água sanitária, após fervura foram colocados os tecidos e

retirados após 30 minutos, depois de retirados do fogo e frio foi feito o enxágue,

esse processo foi repetido 3 vezes até que se obtivesse o alvejamento esperado e

satisfatório para as experiências seguintes.

51

Após o alvejamento o tecido apresentou aspecto esperado para receber o

tingimento (Figura 31) e um encolhimento no sentido do comprimento e na largura,

cerca de 2cm.

Figura 31 – Tecido antes e após e alvejamento Fonte: Autora (2013).

Mordentagem

Foram preparadas soluções contendo água morna para auxiliar a abertura da

fibra e penetração do mordente, as proporções (Tabela 1) para cada litro de água

foram:

Tabela 1: Quantidade usada para preparação do mordente

Sal Vinagre Alúmen

10 gramas 15 ml 15ml

Fonte: Cartilha de Tingimento Vegetal: teoria e prática sobre tingimento com corantes naturais, (FERREIRA 2005) adaptada.

O tecido foi deixado no banho contendo o mordente durante 30 minutos, e em

seguida, ainda morno, foi submetido ao tingimento.

52

Tingimento

Os matérias usados foram:

- Balança digital da marca Brinox, para medir a quantidade de material usado

- Colher de pau, para mexer o tecido durante o banho

- Panela de alumínio

- Jarra com indicação de medidas

- Peneira, para retirar o material da água antes de colocar o tecido.

- Recipiente, para deixar o tecido de molho para penetração do corante na

fibra.

- Luvas, para não ter contato com corante nem outro material.

- Sabão neutro, para lavar o tecido após o tingimento

Para realização e acompanhamento dos tingimentos foi elaborado o Quadro 3

com a quantidade de matéria-prima e os devidos mordentes usados.

Quadro 3 - Distribuição dos tingimentos

Fonte: Autora (2013).

Corante

Mordente

Amostra antes do tingimento

Casca de cebola (50g)

Açafrão em pó (50g)

Vinagre

Sal

Alúmen de Potássio

53

Com o tecido já alvejado e com mordente é iniciado o processo de tingimento,

colocou-se o material usado para o tingimento (casca de cebola ou açafrão em pó)

na água para ferver, foi usada uma panela de alumínio em todas as etapas do

tingimento, para não variar as cores entre as receitas. Após a fervura, o material foi

retirado da água (cascas de cebola ou açafrão em pó), colocou-se o tecido e deixou

fervendo por mais 30 minutos. O tecido foi deixado no banho de corante durante 24

horas e após foi feito o enxágue com sabão neutro. O tecido foi secado a sombra

(Figura 32).

Figura 32 - Tecidos tintos secando a sombra Fonte: Autora (2013).

5.1.3 Fase de avaliação

Nessa etapa da metodologia foram feitos os testes para analisar e selecionar

a melhor alternativa, é nessa fase que o produto recebe a nova proposta de

tingimento.

Para avaliar a fixação dos corantes, foram feitos testes de solidez, tendo em

vista que a solidez pode ser definida como uma menor ou maior capacidade de

resistência da cor ao uso (luz, lavagem, água etc.), ou aos processos posteriores ao

tingimento (acabamento, termofixação, vaporização, mercerização etc.) (NAVARRO,

2007).

A norma NBR 10187/1988 citada por Navarro (2007), define solidez da cor

como a resistência da cor nos materiais têxteis a diferentes agentes, aos quais

possam ser expostos durante sua fabricação e ao uso subsequente.

54

De acordo com Neves (2000) na avaliação da solidez de cor de tecidos ou

vestuário, a mudança da cor original (desbotamento) e/ou manchamento ou

transferência de cor no tecido de teste padrão podem ser medidas pela comparação

visual do corpo de prova testado para mudança de cor e manchamento e a escala

de transferência cromática.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui normas

regulamentadoras sobre a solidez:

– NBR10315 - Materiais Têxteis – Determinação de solidez de cor a água;

– NBR10187 - Regras gerais para efetuar ensaios de solidez de cor em materiais

têxteis;

– NBR10188 - Materiais Têxteis – Determinação da solidez de cor à ação do ferro de

passar a quente;

– NBR10316 - Materiais Têxteis – Determinação da solidez de cor à água do mar;

– NBR9398 - Materiais Têxteis – Determinação da solidez de cor à limpeza a seco;

– NBR8431 - Materiais Têxteis – Determinação da solidez de cor ao suor;

– NBR8432 - Materiais Têxteis – Determinação da solidez de cor à fricção;

– NBR10317 - Materiais Têxteis – Determinação da solidez de cor ao manchamento

com água;

– NBR10597 - Materiais Têxteis – Ensaio de solidez da cor à lavagem;

– NBR12018 - Materiais Têxteis – Determinação da solidez de cor à água clorada;

Neste estudo, os testes de solidez não foram possíveis de serem realizados

de acordo com as normas citadas, pois o acesso a equipamentos técnicos e as

próprias normas não foi viável. Portanto, os ensaios foram realizados com

equipamentos domésticos, já que a aplicação da pesquisa é dar retorno a

comunidade e que as mesmas artesãs possam realizar esses testes.

Em pesquisas relacionadas a testes de solidez identificaram-se os testes de

resistência á luz solar, resistência à lavagem doméstica e resistência ao calor do

ferro de passar, esses testes apesar de serem feitos em laboratório pela indústria

têxtil, poderia ser reproduzido com equipamentos domésticos a fim de se obter uma

comparação das amostras tintas após os testes.

55

- Solidez a lavagem doméstica

O teste de solidez foi feito baseando-se na metodologia de Neves (2000),

algumas modificações foram necessárias por não ter acesso aos equipamentos

usados nos laboratórios têxteis.

Para o teste de solidez a lavagem doméstica utilizou-se uma máquina de

lavar doméstica da marca Brastemp Ative! (11kg) com a água na temperatura

ambiente. O sabão usado foi o sabão de coco líquido da marca ROMA composição:

detanolamida de ácido graxo de coco, ácido graxo de babaçu, lauril éter sulfato de

sódio, glicerina, hidróxido de potássio, cloreto de sódio, polímero acrílico,

conservante, fragrância e água. O tecido tinto foi colocado para lavagem na máquina

com 100ml de sabão. Após a lavagem o tecido secou na sombra e foi devidamente

identificado para comparação com a amostra original. Esse procedimento de

lavagem foi feito com todas as amostras tintas

- Solidez à luz solar

De acordo com Mello (2011), a luz do sol contém radiações de vários níveis

de energia, sendo a radiação ultravioleta a mais energética e mais destrutiva para as

moléculas de pigmento, pois destrói o grupo químico responsável pela cor.

O teste de exposição à luz solar pode apresentar variações de acordo com a

época do ano em que a amostra ficar exposta, a amostra usada no teste ficou

exposta do dia 05/03/2013 das 12h:30min até o dia 08/03/2013 ás 12h:30min.

A amostra ficou exposta por três dias, considerando um tempo de exposição

muito fraco de acordo com a Norma DIN54003/ 1963 (apud Mello, 2011).

1. Solidez à Luz muito fraca (Menos de uma semana)

2. Solidez à Luz fraca (De uma a duas semanas)

3. Solidez à Luz média (De três semanas a um mês)

4. Solidez à Luz bastante boa (De seis semanas a dois meses)

5. Solidez à Luz boa (De dois a quatro meses)

6. Solidez à Luz muito boa (Em torno de seis meses)

7. Solidez à Luz excelente (Em torno de um ano)

56

8. Solidez à Luz excepcional (De um a dois anos)

- Solidez ao calor (ferro de passar)

O teste de solidez a calor (ferro de passar) foi feito usando um ferro

doméstico na temperatura indicada para o algodão. O tecido ficou exposto a essa

temperatura durante 3 minutos

Logo, o Quadro 4 e Quadro 5 foram elaborados para acompanhar os testes

que seriam feitos com tecidos tintos, comparando os seus resultados a fim de

escolher o tingimento que apresentasse a melhor proposta para ser aplicado no

produto final.

Quadro 4 – Quadro de distribuição dos testes realizados com a casca de cebola Testes

Mordente

Amostras

originais

Resistência à

lavagem doméstica

Resistência à luz

solar (durante 3

dias)

Resistência ao

calor do ferro de

passar

Sal

Vinagre

Alúmen

de

potássio

Fonte: Autora(2013)

57

Nos testes realizados com a casca de cebola todos os mordentes

apresentaram um resultado satisfatório, sendo o sal o mordente que apresenta

maior solidez comparando com a amostra original. O teste que apresentou uma

maior variação na tonalidade foi o teste de lavagem, mas foi considerada uma

variação normal.

Quadro 5 – Quadro de distribuição dos testes realizados com o açafrão em pó

Testes

Mordente

Amostras

Originais

Resistência à

lavagem

doméstica

Resistência à

luz solar

(durante 3 dias)

Resistência ao

calor do ferro de

passar

Sal

Vinagre

Alúmen

de

potássio

Fonte: Autora(2013)

Nos testes realizados com o açafrão o mordente que apresentou melhor

resultado foi o sal, seguido pelo vinagre e alúmen de potássio. Os resultados obtidos

usando o sal como mordente apresentaram uma variação considerada satisfatória já

com o alúmen de potássio houve uma variação maior principalmente quando

submetidos aos testes de solidez à lavagem doméstica e à luz solar.

58

5.1.4 Considerações sobre os resultados obtidos e recomendações

Os procedimentos feitos com as amostras para identificação do melhor

tingimento usando açafrão em pó e cascas de cebolas secas e como mordente sal,

vinagre e alúmen de potássio resultaram em amostras com várias tonalidades

diferentes, mesmo com a variação acontecendo apenas com os mordentes, foi

possível obter variações de tonalidades com os corantes usados.

Verificou-se que o método de tingimento feito a partir da fervura da matéria-

prima (corante) com água se mostrou bastante eficiente. O resultado que se mostrou

mais eficaz foi o realizado com a casca de cebola que mesmo com a variação do

mordente obteve uma boa solidez aos testes realizados, diferente do resultado

obtido com o açafrão em pó, que apresentou uma variação maior quando submetido

aos testes de solidez.

Com relação ao mordente todos apresentam melhor aproveitamento com as

cascas de cebola, porém o que tivemos melhor resultado comparando tanto a cebola

quanto o açafrão foi o sal, apresentou uma fixação da cor uniforme do corante no

tecido, enquanto os outros corantes tiveram um resultado inferior.

Para uma maior durabilidade e conservação das peças tintas naturalmente é

necessário que se tenha alguns cuidados: não misturar peças de cores diferentes na

lavagem, lavar sempre com sabão neutro ou sabão de coco, não usar alvejante,

enxaguar bem, e secar à sombra.

A partir desses resultados percebe-se que é possível fazer o uso de corantes

naturais de forma artesanal em fibra de algodão, usando como fixadores produtos de

baixo impacto ambiental; contudo é importante que ensaios mais detalhados sejam

feitos, pois o resultado que se obteve representa um número muito pequeno diante

das possibilidades oferecidas pelos corantes naturais.

59

5.1.5 Fase de realização

A partir dos resultados obtidos nos testes realizados, foi possível aplicar a

receita do tingimento natural nas peças confeccionadas pela comunidade (Figura 33)

de artesãs. O banho de tingimento escolhido para o produto final foi o que usa a

casca de cebola como corante e o sal como mordente, pois foi o que apresentou

melhor aproveitamento em todos os testes realizados.

A receita escolhida para o tingimento mostrou uma variação na tonalidade,

tendo em vista que o material usado foi diferente, proporcionando uma variação na

absorção do corante, pois as fibras dos cordões usados nos tingimentos são mais

abertas favorecendo a absorção do corante.

Figura 33 – Amostra tinta com a casca de cebola e o mordente sal Fonte: Autora (2013).

60

Figura 34 – Produto antes e após o tingimento, com cascas de cebolas e sal como mordente. Fonte: Autora (2013).

O corante também foi aplicado em outras peças, na Figura 35 verificamos

algumas peças de diferentes armações tintas com o corante natural.

Figura 35 – Outras opções de ponto confeccionado pelas artesãs. Fonte: Autora (2013).

61

Com o intuito de valorizar os produtos da comunidade, foram confeccionadas

embalagens (Figura 36) como sugestão, a embalagens foram tintas com o corante

natural.

Figura 36 – Sugestão de embalagem para os artigos confeccionados com o corante natural Fonte: Autora (2013).

Frente aos resultados a escolha dos produtos que receberiam o tingimento foi

feita em função do uso e forma de conservação. Tendo em vista que acessórios de

moda requerem uma movimentação e exposição a produtos químicos, a água nas

lavagens e utilização do calor menor que o vestuário, e os corantes naturais, mesmo

sendo aplicados em fibras que são tintas com facilidade, têm uma dificuldade de

fixação e manutenção de cor. O brilho desse corante em comparação com os

corantes sintéticos, praticamente inexiste.

62

6. CONCLUSÕES

Com esse trabalho conclui-se que é possível obter, a partir de corantes

naturais, um tingimento capaz de resistir a lavagens e exposição à luz solar, por

exemplo.

Contudo, verificou-se que apenas dois corantes não são suficientes para dizer

se é possível usar o corante natural como substituto dos corantes sintéticos, para

isso é necessário que sejam feitas mais pesquisas e testes com auxílio de

profissionais de outras áreas, como química, para um resultado mais técnico.

Pode-se dizer que as junções do design e o tingimento natural com o

artesanato são satisfatórios, trazendo benefícios principalmente para comunidades

que vivem do artesanato, criando novas oportunidades de artigos com cores

diferenciadas que estimulam o uso e a compra do produto. Tendo em vista que a cor

é fator determinante na hora da compra além de tornar o produto mais interessante.

A metodologia usada para desenvolver esse trabalho se mostrou bastante

eficiente, respondendo aos questionamentos do início da pesquisa, e fornecendo

como produto uma receita capaz de fornecer um corante extraído de fontes naturais.

Por fim o uso dos corantes naturais se mostrou uma técnica que merece ser

estudada e aprofundada, pois apesar de ser usada há muitos anos ainda existem

aspectos que podem ser melhorados e só se pode alcançar essa melhoria com

estudos focados nesses corantes. O seu uso exige muito cuidado e paciência já que

é uma técnica onde é necessário usar o tempo para que se obtenha um resultado

satisfatório.

63

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