69
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CIÊNCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS - PPGCSB Clarissa Oliveira Muniz Lacerda ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA PREMATURIDADE EM RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMOS DE UMA MATERNIDADE DO VALE DO SÃO FRANCISCO Petrolina 2016

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

UNIVERSIDADE FEDERAL DO

VALE DO SÃO FRANCISCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CIÊNCIAS DA SAÚDE E

BIOLÓGICAS - PPGCSB

Clarissa Oliveira Muniz Lacerda

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA

PREMATURIDADE EM RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMOS DE UMA

MATERNIDADE DO VALE DO SÃO FRANCISCO

Petrolina 2016

Page 2: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

CLARISSA OLIVEIRA MUNIZ LACERDA

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA

PREMATURIDADE EM RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMOS

DE UMA MATERNIDADE DO VALE DO SÃO FRANCISCO

Trabalho apresentado a Universidade Federal do

Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus

Petrolina, como requisito para obtenção do título de

Mestre em Ciências, com ênfase na linha de

pesquisa: Saúde, Sociedade e Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Gláucio Bezerra Brandão

Co-orientadora: Profa. Dra. Márcia Bento Moreira

Petrolina - PE

2016

Page 3: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da UNIVASF.

Bibliotecária: Luciana Souza Oliveira CRB5/1731

Lacerda, Clarissa Oliveira Muniz

L131a

Análise da retinopatia da prematuridade em recém-nascido pré-termos de uma maternidade do Vale do São Francisco/ Clarissa Oliveira Muniz Lacerda. -- Petrolina, 2016.

68 f.: il. ; 29 cm. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde e Biológicas) -

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Petrolina, Petrolina, PE, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Gláucio Bezerra Brandão.

1. Retinopatia da prematuridade. 2. Recém-nascido prematuro 3. Recém-nascido Peso baixo. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco.

CDD 618.92

Page 4: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CIÊNCIAS DA SAÚDE E

BIOLÓGICAS - PPGCSB

FOLHA DE APROVAÇÃO

Clarissa Oliveira Muniz Lacerda

ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA

PREMATURIDADE EM RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMOS

DE UMA MATERNIDADE DO VALE DO SÃO FRANCISCO

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências com ênfase na linha de pesquisa: Saúde, Sociedade e Ambiente, pela Universidade Federal do Vale do São Francisco.

Aprovada em: 23 de Fevereiro de 2016.

Banca Examinadora

_____________________________________

Prof. Dr.Gláucio Bezerra Brandão-UNIVASF

_____________________________________

Prof. Dr. José Carlos de Moura-UNIVASF

_____________________________________

Profa. Dra. Káthia Marise Borges Sales-UNEB

Page 5: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

DEDICATÓRIA

À minha mãe Rosangela por sempre acreditar em meus sonhos e se fazer

presente em todos eles com todo amor, dedicação, incentivo, apoio e carinho, não

importando a distância nem as dificuldades encontradas. Agradeço a Deus pela

oportunidade de crescimento e amadurecimento através dos seus ensinamentos, do

seu exemplo de mulher e de profissional! Obrigada por ser uma mãe tão maravilhosa

e por fazer parte de mais esta conquista em minha vida!

Ao meu esposo Rodrigo por uma vida compartilhada, por encher os meus

dias com amor e alegria, pela compreensão nos momentos de ausência, pela

paciência e pelo apoio constante durante toda a realização deste trabalho. Obrigada

por estar sempre ao meu lado me dando força para seguir em frente. Sem você

nada faz sentido para mim. Amo você!

A Anselmo por estar presente em todos os momentos importantes da minha

vida, torcendo pela minha felicidade e realização; pelos conselhos e pelo exemplo

de retidão e honestidade.

À minhas queridas irmãs Luciana, Roseane e Selma por torcerem sempre

por mim, pela relação de amor e carinho que temos e pela certeza de que estaremos

sempre juntas. Vocês são muito importantes para mim!

Page 6: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

AGRADECIMENTO ESPECIAL

À Profa. Dra. Márcia Bento Moreira, co-orientadora deste trabalho a qual

tenho imensa admiração e respeito como mulher e profissional. Obrigada pela

orientação criteriosa, pelos ensinamentos, pelo entusiasmo estimulante, pela

competência, pelo carinho maternal, pela paciência e atenção.

Ao meu querido irmão Bruno por estar sempre disposto a me ajudar, pelo

apoio infinito nos momentos em que mais encontrei dificuldade, pela disponibilidade,

pelo incentivo constante e pelo carinho!

Page 7: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Vale do São Francisco por ter me aberto as

portas para a realização desta pós-graduação.

Ao Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas por

contribuir para a minha formação e possibilitar mais conhecimento.

Ao Prof. Dr. Gláucio Bezerra Brandão por ter aceitado orientar meu

trabalho e fazê-lo com dedicação, auxiliando sempre que necessário. Obrigada pela

paciência e pelos ensinamentos valiosos.

À Paulina, secretária Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas, por

todo carinho, por estar sempre sorridente ao me receber, por ter me ajudado sempre

que necessitei.

Ao Hospital Dom Malan-IMIP, por ser a fonte da coleta dos dados.

À Dra Angélica Guimarães, diretora de ensino e pesquisa do Hospital Dom

Malan-IMIP por me permitir realizar este trabalho na instituição.

À Dra Marta Virgínia Ribeiro Brito Marques, oftalmologista do Hospital

Dom Malan-IMIP por ter me recebido com todo carinho, pelo conhecimento

compartilhado e pelo valoroso trabalho realizado!

À Gleice de Sá Agra, enfermeira gerente do Alojamento Canguru- Hospital

Dom Malan- IMIP pelo carinho e atenção que me recebeu sempre, pelo auxílio com

os prontuários e por ter me dado informações importantes do funcionamento da

triagem.

À Rejane Cristiany Lins de França Pereira, enfermeira da educação

permanente do Hospital Dom Malan-IMIP pelo apoio sempre que necessário e pela

atenção.

Aos meus queridos mestres por contribuírem para minha formação e me

inspirarem sempre nos caminhos da Medicina e da Oftalmologia : Dr Miguel Zaidan,

Dr Carlos Maciel e Dra Cláudia Utagawa.

Aos professores do programa Pós-graduação Ciências da Saúde e

Biológicas pelo acréscimo das experiências, pelo auxílio e disponibilidade.

Aos colegas do programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e

Biológicas pela convivência e aprendizado.

Ao meu pai Ailton pelo nosso reencontro nesta vida, pelo carinho e pela

torcida.

Page 8: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

À minha avó Rosalva por me abençoar com suas orações e se fazer

presente em minha vida com muito carinho e amor.

Ao meu inesquecível Avô Miguel por estar sempre presente em minhas

lembranças mais doces e continuar vivendo em meu coração.

À minha Tia Rosenildes pela ajuda e pelo carinho de sempre.

À minha amiga e irmã do coração Tattiane, pelas palavras de conforto e

carinho, por estar sempre disposta a me ouvir e pela linda relação de amizade que

construímos ao longo dos anos.

Ao meu querido afilhado Lucas por alegrar os meus dias, por se fazer

presente na vida da Dinda mesmo à distância, fazendo com que meu amor por você

cresça a cada dia.

Aos amigos queridos Walter e Cida pelo carinho de sempre e pela torcida.

À Dona Maria pelo cuidado, carinho e preocupação que sempre teve

comigo!

A todos que direta indiretamente contribuíram para a realização desta

pesquisa.

Page 9: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

Cada um de nós compõe a sua história Cada ser em si

Carrega o dom de ser capaz E ser feliz.

(Almir Sater)

Page 10: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

RESUMO

Objetivos: analisar prospectivamente prontuários de recém-nascidos (RNs)

pré-termos quanto à ocorrência de Retinopatia da Prematuridade (ROP) em uma

maternidade pública da região do Vale do São Francisco. Materiais e Métodos: foi

realizada uma análise estatística qualitativa descritiva com caracterização

generalizada de 223 prontuários médicos dos recém-nascidos pré-termos com idade

gestacional ≤ 32 semanas e/ou peso ao nascimento ≤ 1.500g no Hospital Dom

Malan (HDM) durante o período de janeiro de 2014 a julho de 2015. Resultados: da

amostra estudada, 123/223 (55%) foram do sexo feminino e 100/223 (45%) do

masculino; o peso entre os RNs variou de 635g a 1945g e a idade gestacional de 23

a 38 semanas; 179/223 (80%) recém-nascidos fizeram uso de O2 após o nascimento

e 44/223 (20%) não fizeram, sendo que destes 80% 151/179 (84%) foram

diagnosticados com ROP; do total da amostra (223) um número de 171 prontuários

(77%) registraram presença de ROP para um número de 52 (23%) negativos para

ROP; desse total 121/171 (71%) apresentaram ROP em estágio 1, 29/171 (17%) no

2 e 21/171 (12%) no 3; sendo que dos diagnosticados 21/171 (12%) necessitaram

de tratamento com laser e 150/171 (88%) não precisaram. Conclusão: Este estudo

identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan

(HDM), onde os principais fatores de risco estão relacionados ao baixo peso ao

nascimento, prematuridade e uso de oxigênio.

Palavras chave: Retinopatia da Prematuridade. Recém-Nascido Prematuro. Idade Gestacional. Baixo Peso.

Page 11: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

ABSTRACT

Objective: prospectively analyze newborn records (RNs) preterm regarding the

occurrence of retinopathy of prematurity (ROP) in a public maternity of the Vale do

São Francisco region. Materials and Methods: It was conducted a qualitative

descriptive statistical analysis with generalized characterization of 223 medical

records of newborns preterm infants with gestational age ≤ 32 weeks and / or birth

weight ≤ 1,500 g at the Hospital Dom Malan (HDM) during the period January 2014

to July 2015. Results: 123/223 (55%) of the sample were female and 100/223

patients ( 45 %) were male ; weight among newborns ranged from 635g to 1945g

and gestational age 23-38 weeks; 179/223 (80%) newborns made use of O2 after

birth and 44/223 (20%) did not, and of these 80 % 151/179 (84% ) were diagnosed

with ROP ; of the total sample (223 ) a number of records 171 ( 77%) reported the

presence of ROP for a number of 52 (23% ) negative for ROP ; this total 121/171 (71

%) had ROP stage 1 , 29/171 (17%) 2 and 21/171 (12%) 3 ; being that of diagnosed

21/171 ( 12 %) required treatment with laser and 150/171 (88%) did not need

.Conclusion: This study has identified a high incidence of ROP in the Maternity

Hospital Dom Malan ( HDM ) , where the main risk factors are related to low birth

weight , prematurity , and oxygen.

Key Words: Retinopathy of Prematurity. Premature Newborn. Gestational Age. Low Weight.

Page 12: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. RN pré-maturo em berço aquecido. ........................................................... 24

Figura 2. Arquitetura e perimetria retiniana. .............................................................. 26

Figura 3. Retina Normal ............................................................................................ 27

Figura 4. Camadas e células da retina. ..................................................................... 29

Figura 5. Neuroarquitetura da retina. ........................................................................ 30

Figura 6. Vascularização da retina periférica. ........................................................... 31

Figura 7. ROP Estágio 1- linha de demarcação ........................................................ 33

Figura 8. ROP Estágio 2- Crista ................................................................................ 33

Figura 9. ROP Estágio 3 - Crista com proliferação vascular extra-retiniana. ............ 34

Figura 10. ROP Estágio 4 - Descolamento parcial da retina extrafoveal. .................. 34

Figura 11. ROP estágio 5 - Descolamento total da retina. ........................................ 35

Figura 12. Representação esquemática do fundo de olho. ....................................... 36

Figura 13. Blefarostato para recém-nascido.............................................................. 38

Figura 14. Oftalmoscópio binocular indireto. ............................................................. 38

Figura 15. Lente positiva 20 dioptrias. ....................................................................... 39

Figura 16. Identador .................................................................................................. 39

Figura 17. Retina após fotocoagulação à laser. ........................................................ 41

Figura 18. Alojamento Canguru. ................................................................................ 46

Figura 19. Composição da Amostra .......................................................................... 48

Figura 20. Porcentagem do Gênero dos RNs que Constituíram a Amostra .............. 49

Figura 21. Idade Gestacional e peso ao nascimento ................................................ 49

Figura 22. Gráfico RNs que necessitaram de suporte de O2. ................................... 50

Figura 23. Gráfico RNs diagnóstico ROP .................................................................. 51

Figura 24. Estágios ROP ........................................................................................... 52

Figura 25. ROP tratamento ....................................................................................... 53

Figura 26. Uso de O2 e ROP .................................................................................... 54

Figura 27. Uso de O2 e Estágios ROP ...................................................................... 55

.............................................................................................................................

Page 13: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

LISTA DE ABREVIATURAS

CBO: Conselho Brasileiro de Oftalmologia

DAP: Diâmetro Ântero-posterior

FRL: Fibroplastia Retrolental

HDM: Hospital Dom Malan

IG: Idade Gestacional

IGF-I: Fatores regulados pelo Oxigênio

g: gramas

O2: Oxigênio

PN: Peso ao Nascimento

PSI: Pronto-socorro Infantil

RN: Recém-nascido

RNs: Recém-nascidos

RNP: Recém-nascido Pré-termo

ROP: Retinopatia da Prematuridade

UNIVASF: Universidade Federal do Vale do São Francisco

UTI: Unidade de Terapia Intensiva

UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

VEGF: Fator de Crescimento do Endotelial Vascular

Page 14: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15

2.1 A ROP e sua trajetória histórica no Brasil ................................................................... 15

2.2 A Retinopatia da Prematuridade ................................................................................. 21

2.3 Anatomia e Embriologia da retina ............................................................................... 25

2.4 Patogênese e Fatores de risco ................................................................................... 31

2.5 Estadiamento e Classificação ..................................................................................... 32

2.6 Exame e Diagnóstico.................................................................................................. 37

2.7 Tratamento ................................................................................................................. 39

2.8 Cegueira e Fatores Socioeconômicos ........................................................................ 42

3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 44

3.1 Geral .......................................................................................................................... 44

3.2 Específicos ................................................................................................................. 44

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 45

4.1 Local de Realização do Estudo .................................................................................. 45

4.2 Tamanho Amostral ..................................................................................................... 46

4.3 Critérios de Inclusão ................................................................................................... 46

4.4 Critérios de Exclusão.................................................................................................. 47

4.5 Dados Coletados e Análises ....................................................................................... 47

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 48

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 57

PERSPECTIVAS FUTURAS ..................................................................................... 58

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59

ANEXOS ................................................................................................................... 63

ANEXO A – Formulário Grupo ROP Brasil ....................................................................... 64

ANEXO B – Carta de Anuência ........................................................................................ 66

ANEXO C – Carta de Aprovação do Comitê de Ética ....................................................... 67

Page 15: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

13

1. INTRODUÇÃO

A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma das maiores causas de

cegueira infantil; está relacionada à uma vasculopatia proliferativa retiniana em

recém-nascidos pré-termos de baixo peso, que cursa com alteração na arquitetura

retiniana e consequente acometimento parcial ou total da visão. A etiologia é

multifatorial, mas o fornecimento de oxigênio suplementar é decisivo no

estabelecimento da doença (LERMANN et al, 2006; GOOD et al., 2005; GRAZIANO,

2005).

A dimensão de cegueira causada pela ROP está relacionada diretamente

aos cuidados neonatais tidos ao nascimento, tais como: disponibilidade de recursos

humanos, equipamentos especializados para o mapeamento oftalmológico, acesso e

qualidade de atendimento, assim como pela existência de centros especializados

que possuam programas de triagem, tratamento e monitoramento contínuos aos

RNs até que estejam em condições oftalmológicas para receber alta médica

(LERMANN et al, 2006).

A ROP tem uma prevalência maior em recém-nascidos pré-termos cujas

características principais são baixo peso (menor ou igual a 1.500g) e idade

gestacional menor ou igual há 32 semanas; critérios estes repassados pelas

diretrizes brasileiras para o exame e tratamento da Retinopatia da Prematuridade,

que foram estabelecidas a partir do I Workshop de ROP, ocorrido na cidade do Rio

de Janeiro no ano de 2002. (FORTES FILHO, 2006)

A visão é um dos sentidos que proporciona interações importantes para o

desenvolvimento do ser humano nas relações que desenvlve com o mundo onde se

encontra inserido após o nascimento, seja nas suas formas de percepção ou de

comunicação. (GRAZIANO, 2002; GRAZIANO; LEONE, 2005)

Essas percepções através da visão interferem principalmente no

desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial das crianças, sendo que nesses

aspectos a acuidade visual normal ou deficiente é determinante para o

reconhecimento das formas dos objetos e do meio no qual os sujeitos estão

inseridos. (GRAZIANO; LEONE, 2005)

O comprometimento parcial ou total da visão ocasiona muitos desconfortos

para a saúde visual do indivíduo e interfere de modo significativo em sua inserção

Page 16: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

14

social onde o estímulo visual se torna cada vez mais intenso, a exemplo das mídias

televisivas e digitais e de novas formas de relacionamentos que as mesmas estão

proporcionando nessas últimas décadas. (FORTES FILHO, 2006)

Sendo assim, o diagnóstico precoce de doenças que causam alterações ou

déficit visual nos recém-nascidos possibilita o tratamento ou a prescrição de

recursos óticos ou de estimulação, que permitam futuramente uma maior integração

da criança com o ambiente no qual está inserida e prevenindo desse modo o

aumento da taxa de crianças cegas no país. (GRAZIANO; LEONE, 2005; QUINN,

2007)

Neste sentido, objetiva-se com o presente estudo analisar prospectivamente

prontuários de recém-nascidos (RNs) pré-termos quanto à ocorrência de Retinopatia

da Prematuridade (ROP) em uma maternidade pública da região do Vale do São

Francisco e, especificamente, relacionar e analisar os dados preenchidos no

formulário ROP Brasil utilizado pelos especialistas, bem como os procedimentos

médicos-oftalmológicos utilizados nos RNs e o monitoramento na região desses

pacientes diagnosticados com ROP.

Page 17: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A ROP e sua trajetória histórica no Brasil

A visão proporciona aos sujeitos e principalmente às crianças, percepções

importantes para o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial, sendo que

nesses processos a acuidade visual normal ou deficiente é determinante para o

reconhecimento das formas dos objetos e do meio no qual estão inseridos.

(GRAZIANO, 2002).

Outros aspectos também a serem considerados em se tratando da visão

infantil, são o desenvolvimento motor e a forma de comunicação que podem ser

prejudicados considerando que os comportamentos sociais são transmitidos através

do feedback visual (GRAZIANO, 2002).

Nessa perspectiva, o diagnóstico precoce de algumas doenças que causam

alterações ou déficit visual nos recém-nascidos possibilita o tratamento ou a

prescrição de recursos óticos ou de estimulação, que permitam futuramente uma

maior integração da criança com o ambiente no qual está inserida, agindo desse

modo de forma preventiva em relação ao surgimento de transtornos decorrentes da

baixa da acuidade visual que podem culminar na cegueira infantil.

Entre as principais causas da cegueira e baixa de acuidade visual em

crianças destacam-se as retinopatias, que são alterações causadas na retina por

diversos fatores que podem ser genéticos, congênitos ou adquiridos. Entre as

Retinopatias mais frequentes em crianças destaca-se a Retinopatia da

Prematuridade-ROP, responsável pela cegueira que acomete cerca de 600 crianças

por ano nos EUA e em muitos países desenvolvidos. (PROCIANOY, 1997; FORTES

FILHO et al, 2007)

No Brasil, existe uma estimativa que de um total de 1.500 crianças nascidas

pré-termo de muito baixo peso apresentem risco de desenvolver a ROP na sua

forma mais grave, aumentando desse modo pelo menos 500 novos casos de

cegueira por ano (TOMÉ et al., 2011)

Estima-se que 16 mil recém-nascidos desenvolvam a ROP por ano e que

cerca de 562 evoluam para cegueira. Esse dado estimado apresenta um quadro

significativo de que sendo uma doença tratável na maioria dos casos, a ROP quando

Page 18: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

16

diagnosticada precocemente e tratada pode evitar a cegueira ou baixa visão nas

crianças. (FORTES FILHO et al, 2007)

É difícil determinar o quantitativo de crianças com deficiência visual ou

cegueira decorrente da ROP no Brasil, devido a inexistência de um programa

nacional de diagnóstico ou de tratamento. Existem algumas iniciativas em unidades

públicas e privadas de saúde, mas que utilizam critérios diferentes para a realização

de diagnóstico e tratamento. (LERMANN; FORTES FILHO; PROCIANOY, 2006;

QUINN, 2007)

Neste contexto, são registrados a nível nacional poucas experiências na

implementação de programas de ROP e consequentemente existe um número de

dados reduzido, considerando a população brasileira atual e também as crianças

que potencialmente poderão apresentar cegueira decorrente dessa doença. Nesse

sentido, em 2002 apenas cidades como Recife e Rio de Janeiro haviam

implementado programas dessa natureza. (GRUPO ROP, 2002; GRAZIANO;

LEONE, 2005)

Vale destacar que a importância da doença como problema de saúde

pública foi discutida a partir do ano de 2002, no período de realização do I Workshop

sobre Retinopatia da Prematuridade ocorrido no Instituto Brasileiro de Oftalmologia-

IBOL no Rio de Janeiro, datado de 3 a 5 de outubro e que contou com o apoio do

Programa Visão 2020- da Agência Internacional de Prevenção da cegueira-IAPB.

(LERMANN; FORTES FILHO; PROCIANOY, 2006; QUINN, 2007)

A organização do evento foi da IAPB, do Instituto Vidi, do Conselho

Brasileiro de Oftalmologia-CBO, da Sociedade Brasileira de Pediatria-SBP e com o

apoio financeiro de várias instituições como a Christtoffel-Blinden Mission, Opto

Eletrônica, Hoya e Alcon. (LERMANN; FORTES FILHO; PROCIANOY, 2006;

QUINN, 2007)

No evento houve a participação de sessenta e sete representantes de 17

cidades entre os quais foram identificados, oftalmologistas, pediatras,

fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, ortoptistas, advogado e especialista em

telemedicina. (GRUPO ROP, 2002)

Na época foram discutidas também outras questões como a necessidade de

registro de dados relacionados à comprovação de que crianças brasileiras

apresentam cegueira causada pela ROP, dados esses fundamentais para a

Page 19: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

17

implementação de um programa de triagem e alinhamento para unificação dos

critérios usados por programas já existentes. (GRUPO ROP, 2002)

Ficou registrado nas discussões realizadas durante o I Workshop sobre

Retinopatia da Prematuridade, que as crianças nascidas pré-termos na maioria das

cidades não eram examinadas para diagnóstico da ROP aumentando desse modo a

ocorrência de deficiência visual grave ou da cegueira infantil. (GRUPO ROP, 2002)

Assim, é importante a compreensão de que programas de triagem neonatal

devem se tornar referência nacional para o diagnóstico da ROP, considerando ainda

os dados vistos no I Workshop em 2002, onde ficou registrado que:

15.000 prematuros nasceram com risco de desenvolver ROP em 2001. Considerando-se que 7,5 % destes evoluíram para doença limiar e 50% deles ficariam cegos sem tratamento, chegou-se ao número aproximado de crianças cegas/ano no país, com um custo socioeconômico elevado, por ser a ROP uma doença que causa dano severo a visão, mas passível de tratamento. Calcula-se que o número de crianças afetadas dobrará nos próximos 20 anos caso medidas de prevenção não sejam tomadas (PROCIONOY, p. 2, 2006).

Após análise dos dados e das questões apresentadas no I Workshop, foi

implementado um projeto de prevenção da cegueira pela ROP, cuja metodologia

indicada consiste em realizar atendimentos semanais sistemáticos aos recém-

nascidos pré-termos indicados para triagem neonatal e posterior acompanhamento

ambulatorial até o completar o primeiro ano de vida. (ZIN, 2007)

Dando continuidade às discussões originadas em 2002, acontece o II

Workshop em 2004 no período de 3 a 4 de dezembro no Rio de Janeiro, sendo

novamente realizado no Instituto Brasileiro de Oftalmologia e contando com o apoio

do Programa Visão 2020. Esse encontro foi organizado também pelo IAPB, pelo

CBO, SBP, incluindo a participação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Pediátrica-SBOP, contando com o apoio financeiro de instituições como a

Christtoffel-Blinden Mission, Opto Eletrônica, Hoya e Alcon.

Sendo assim, foi realizada uma avaliação sobre o alcance dos objetivos

traçados no I Workshop, uma atualização da epidemiologia da doença, dos fatores

relacionados ao diagnóstico e tratamento. Segundo consta no relatório do II

Workshop (2004), os critérios de triagem para o peso de nascimento menor ou igual

a 1.500 g e idade gestacional menor ou igual a 32 semanas, foram sugeridos pela

Page 20: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

18

Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, Conselho Brasileiro de Oftalmologia

e Sociedade Brasileira de Pediatria.

Após 2004, a SBP recebeu como produto do II Workshop um questionário

direcionado as unidades neonatais públicas e privadas para coleta de dados sobre

diagnóstico e tratamento da ROP, a ocorrência da doença e as dificuldades para

realização dos exames oftalmológicos.

Na sequência, acontece em 1 de dezembro de 2005 o III Workshop de

Retinopatia da Prematuridade na cidade de São Paulo no Hospital Albert Einstein,

contando com o apoio de todos os conselhos e patrocinadores que participaram dos

eventos anteriores, sendo acrescida a participação da fundação Israelita Hospital

Albert Einstein. (GRUPO ROP, 2005)

Foram registrados sessenta e um participantes e um total de 21 cidades,

contando pela primeira vez com a participação de uma organização não

governamental Christoffel-Blinden-Mission-CBM, além dos oftalmologistas,

pediatras, representantes dos conselhos habituais e da Secretaria Municipal de

Saúde de São Paulo, dando prosseguimento as ações iniciadas nos eventos

anteriores. (GRUPO ROP, 2005)

Durante os trabalhos desenvolvidos foram apresentados os relatos de

experiências dos programas de ROP das cidades de Recife, Rio de Janeiro, São

Paulo, Fortaleza, Belém e do Hospital Albert Einstein, o relatório do II Workshop e

“as perspectivas futuras- novos projetos”. (GRUPO ROP, 2005)

O formulário resultante do trabalho dos dois últimos grupos seria

disponibilizado nos sites da SBP e SBOP, assim como foi também destacada a

importância de um banco de dados a ser patrocinado. (GRUPO ROP, 2005)

Continuando a linha do tempo, acontece em 2006, o IV Workshop no

Instituto da Visão-UNIFESP, mais uma vez em São Paulo no dia 18 de novembro,

contando com a participação dos conselhos envolvidos e com o apoio dos

financiadores da causa. (GRUPO ROP, 2006)

Entretanto, nesse encontro apenas participaram trinta e cinco representantes

de 16 cidades, havendo registro de enfermeiras além dos oftalmologistas, pediatras,

representantes dos conselhos, CBM e das Secretarias Municipais de são Paulo e do

Rio de Janeiro. Interessante destacar a presença de mais um membro da equipe de

saúde como as enfermeiras considerando que no III Workshop os kits de divulgação

Page 21: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

19

foram destinados a também a esses profissionais e aos familiares. (GRUPO ROP,

2006)

Um fato importante a ser destacado, é que o formulário padrão a ser

utilizado nos programas de prevenção da cegueira pela ROP teve o seu formato

definido neste Workshop, onde foram identificados também os problemas que

estavam interferindo para a realização da pesquisa a nível nacional. (GRUPO ROP,

2006)

Vale registrar que a média de cidades brasileiras participantes durante a

realização dos Workshops foi em torno de 16 a 21, um número ainda reduzido

refletindo desse modo a necessidade da implementação das ações de prevenção a

cegueira por ROP no país. (GRUPO ROP,2006)

Durante os Workshops houve também a participação de países como a

Colômbia com dados apresentados de Bucaramanga no I Workshop e pelo grupo

Argentino no IV Workshop quando foram apresentados os resultados do Ministério

de Saúde daquele país, segundo consta nos relatórios divulgados pelo CBO.

Foram encaminhados nos Workshops outros procedimentos para divulgação

e conscientização da problemática em questão, como a criação de um pôster da

ROP para ser distribuído pela SBP, bottons para identificar os participantes do

programa e também foram realizadas discussões a respeito da ideia de elaboração

de panfletos informativos destinados aos pais, esses últimos a serem produzidos em

2007 e por fim a criação de um banco de dados piloto. (GRUPO ROP, 2006)

A criação o banco de dados piloto consiste numa estratégia importante para

que o Ministério da Saúde no Brasil, assim como já acontece na Argentina, possa

desenvolver em parceria com os órgãos representativos envolvidos nas discussões

sobre a ROP, um programa de prevenção primária equivalente, que conseguiu

reduzir a incidência grave da doença em 54% na sua população. (GRUPO ROP,

2006)

Existe atualmente o registro de que alguns bancos de dados que foram

iniciados por centros de saúde localizados em cidades como Belém, São Luís, Rio

de Janeiro e Ribeirão Preto, que precisam ser compilados e ampliados com a

participação de outras instituições parceiras. (GRUPO ROP, 2006)

No Brasil, existe registro de três unidades neonatais públicas que realizam

um programa de ROP em Recife. Em Fortaleza há quatro unidades de saúde do

governo, em Belém ocorre em duas unidades neonatais de tratamento intensivo e no

Page 22: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

20

Rio de Janeiro funciona em seis unidades do governo com plano de expansão para

mais três unidades. (GRUPO ROP, 2006)

Em São Paulo das 54 maternidades existentes apenas quatro não possuem

o programa de exames; São Luis conta com três unidades públicas e concluindo o

mapeamento do programa a nível nacional, há o registro de duas unidades

neonatais em Joinville. (GRUPO ROP, 2006)

Ao analisar a abrangência do programa de ROP a partir da realização do I

Workshop, fica evidente a sua ampliação gradativa, mas ainda se torna necessária a

incorporação de todas as regiões do país nesse processo de expansão, na tentativa

de prevenir a cegueira que pode acometer um número significativo de crianças

brasileiras.

A partir desse entendimento, fica evidente que as limitações para a

consolidação de uma ação nacional ou de um programa de prevenção a cegueira

infantil são muitas, como as até aqui apresentadas, sendo que as soluções são

consideradas complexas.

Em relação aos critérios de realização dos exames há registros de que não

existe a observação das diretrizes brasileiras na maioria das unidades de saúde

pesquisadas, algumas utilizam padrões variados e muitas ainda não realizam o

exame oftalmológico na maioria das UTIs neonatais. (FORTES FILHO et al, 2007)

O panorama apresentado reflete a importância da realização de pesquisas

para registro de ocorrência da doença nas diversas cidades e regiões do país,

considerando os relatórios dos Workshops nacionais realizados a partir de 2002,

voltados para a discussão dessa temática.

Sendo assim, a cegueira relacionada a doenças como a Retinopatia da

Prematuridade-ROP que ocorre em recém-nascidas pré-termos é uma realidade,

devido a sobrevivência cada vez maior de crianças prematuras em países que

apresentam níveis de desenvolvimento humano considerados intermediários

(QUINN, 2015).

A orientação dada a partir das diretrizes nacionais para a prevenção da ROP

é que o exame oftalmológico seja realizado em todos os recém-nascidos que

apresentem baixa idade gestacional, menor ou igual a 32 semanas e peso de

nascimento igual ou menor a 1.500g, critérios estipulados de acordo com as

diretrizes britânicas e recomendados para o Brasil. (GRAZIANO; LEONE, 2005; ZIN,

2007)

Page 23: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

21

A indicação inicial é que seja realizado nos recém-nascidos pré-termos de

muito baixo peso e baixa e muito baixa idade gestacional, o exame oftalmológico

sob a oftalmoscopia binocular indireta e dilatação das pupilas deverá ser realizado

entre a 4ª e a 6ª semana de vida. (GRAZIANO, 2002; ZIN, 2007)

O acompanhamento das crianças, com ou sem diagnóstico de ROP, deverá

ocorrer sistematicamente até a normalização da vascularização da retina que poderá

acontecer até após o sexto mês pós- nascimento e mantido até a o segundo ano de

vida. Esse procedimento é importante para a realização do tratamento preventivo da

cegueira infantil ocasionada pela ROP, como para outras alterações oculares

relacionadas à prematuridade. (ZIN, 2007)

Entretanto, a implementação de programas para identificação e tratamento

da ROP ainda são deficitários no país, pois existe uma série de interações de

natureza complexa que necessitam ser muito bem articuladas e criteriosas, entre

médicos pediatras/neonatologistas, oftalmologistas e órgãos governamentais.

(FORTES FILHO, 2007)

2.2 A Retinopatia da Prematuridade

Caracterizada como uma doença vascular, a Retinopatia da Prematuridade

pode ocorrer em recém-nascidos prematuros que apresentam muito baixo peso

(<1.500g) e são expostos a concentração alta de oxigênio. (FORTES FILHO,

2006)

As retinopatias são alterações que acometem a retina que é uma estrutura

caracterizada por ser uma lâmina de tecido neural fina e semitransparente que

reveste a parte interna dos dois terços posteriores da parede do globo ocular.

(GRAZIANO; LEONE, 2003)

A retina não apresenta vasos sanguíneos até o quarto mês de gestação,

sendo que no oitavo mês os vasos crescem em direção a periferia no disco óptico,

mas só complementam o seu desenvolvimento até um mês após o nascimento de

crianças nascidas a termo. (FORTES FILHO, 2006)

Crianças nascidas a termo completam o período mínimo de gestação

enquanto os recém-nascidos pré-termos são prematuros. A retina sem completar o

seu estágio de vascularização adequado nos recém-nascidos pré-termos se torna

exposta aos danos causados pelo uso do oxigênio nas incubadoras, segundo dados

Page 24: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

22

comprovados através de pesquisas realizadas na área médica da Oftalmologia.

(FORTES FILHO et al, 2011)

Nesse caso, havendo um insulto vascular retiniano existe uma

neoproliferação vascular onde as novas células formadas se organizam numa

disposição característica da ROP, que pode em situações consideradas extremas

causar a cegueira infantil. (BRITO; VEITZMAN, 2000)

Apesar da maior incidência da ROP em recém-nascidos pré-termo, nem

todos desenvolvem essa enfermidade, pois existem outros fatores que podem

causar complicações graves com deslocamento da retina como o glaucoma, catarata

e atrofia do globo ocular. (FORTES FILHO, 2006)

Zin et al. (2007), orienta que todas as crianças nascidas pré-termo que

apresentem peso igual ou inferior a 1.500g e que foram medicadas com

suplementação prolongada de oxigênio devem ser acompanhadas e diagnosticadas

em relação a retinopatia da prematuridade.

A cegueira causada pela ROP é considerada por Quinn (2007), como uma

tragédia que poderia ser evitada por existirem tratamentos eficientes e eficazes

capazes de reduzir de forma significativa a morbidade visual e considerando que já

existe um conhecimento relevante em relação a doença a partir de estudos

multicêntricos abrangentes.

Em consonância com o entendimento de Quinn, existem registros históricos

datados em meados da década de 40, que apresentam aspectos importantes para o

entendimento da evolução e tratamento da doença considerada hoje de proporções

epidêmicas no Brasil.

Inicialmente denominada de Fibroplastia Retrolental-FRL por Terry em 1942,

a atual ROP foi descrita como uma doença decorrente do crescimento anormal de

um tecido fibroblástico e de vasos sanguíneos situados na parte posterior do

cristalino causando em crianças prematuras a cegueira bilateral.

A FRL passou a ser a partir da década de 50 a principal causa da cegueira

infantil detectada nos países desenvolvidos se tornando por esse motivo objeto de

estudo, o que ocasionou a ampliação dos conhecimentos produzidos sobre essa

patogenia. (BONOTTO; MOREIRA; CARVALHO, 2007)

Nessa evolução histórica ocorreu a substituição da terminologia de FRL

proposta por Terry na década de 40 pela da ROP que em 1951 foi apresentada por

Page 25: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

23

Healh e prevalece até a atualidade. (FORTES FILHO, 2007; BONOTTO; MOREIRA;

CARVALHO, 2007)

Outro aspecto importante a ser considerado em relação à diminuição da

incidência da ROP é datada entre os anos 1954 e 1970, período em que o uso do

oxigênio para os procedimentos com crianças pré-termos foi reduzido, devido a

estudos desenvolvidos que constataram a relação entre o uso do oxigênio

imediatamente após o nascimento e o aumento do diagnóstico da ROP, indicando

um relação associada entre a hiperoxemia, que é o uso prolongado do oxigênio e o

diagnóstico da ROP. (BONOTTO; MOREIRA; CARVALHO, 2007; FORTES FILHO et

al, 2011)

A redução do uso do oxigênio ocasionou uma interpretação falsa de que a

doença estivesse controlada havendo nesse período o aumento da mortalidade em

recém-nascidos e das comorbidades entre os sobreviventes, sendo que para cada

caso de cegueira por ROP prevenido, existiam 16 mortes prematuras registradas

nos EUA. (FORTES FILHO, 2006)

Esse período compreendido entre a descrição da doença até o início da

década de 60 ficou sendo denominado como "a primeira epidemia da ROP". Logo

após esse espaço de tempo e a década de 70, ocorreu novamente o uso intensivo

do oxigênio em prematuros que apresentaram um maior índice de sobrevivência,

mas houve também o aumento de registro da enfermidade. (FORTES FILHO, 2006)

Page 26: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

24

Figura 1. RN pré-maturo em berço aquecido.

Fonte: Imagem produzida pela autora

Acontecia então "a segunda epidemia da ROP" que possibilitou uma melhor

compreensão da fisiopatogênia e diagnóstico da doença antes do desenvolvimento

das suas complicações irreversíveis. (FORTES FILHO, 2006)

A partir da década de 80 até os dias atuais ocorre "a terceira epidemia da

ROP", imersa em um desenvolvimento científico e tecnológico da Medicina e da

Neonatologia que tem proporcionado um aumento da sobrevivência de recém-

nascidos pré-termos de 8% para 35% em decorrência dos processos de fertilizações

assistidas que geram o aumento de partos múltiplos (FORTES FILHO, 2006).

Esses fatores que caracterizam a atual epidemia da ROP são considerados

importantes para conhecimento e divulgação no âmbito da Medicina Preventiva, mas

embora sejam realizados todos os procedimentos indicados, algumas crianças

poderão ser vitimadas pela doença devido a alguns serviços não contarem com a

presença de especialistas em Oftalmologia. (BRITO; VETZMAN, 2000, FORTES

FILHO et al, 2011)

A realização do exame de recém-nascidos ainda no berçário é considerada

de vital importância e alguns autores como Graziano (2002), afirmam que é

Page 27: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

25

necessário estabelecer o exame oftalmológico como rotina, assim como são feitos

outros tipos de procedimentos para identificar alterações congênitas em crianças

nascidas a termo.

Apesar do entendimento da importância do exame oftalmológico nos casos

acima citados, o conceito de prevenção da cegueira ainda é muito recente nas

unidades neonatais e caso esse procedimento se tornasse rotina poderia resultar de

forma significativa na redução do número de crianças cegas em consequência da

ROP, na população brasileira. (GRAZIANO, 2007)

Após o diagnóstico e tratamento da ROP é necessário o acompanhamento

sistemático das crianças acometidas pela doença por um oftalmologista durante o

seu desenvolvimento, para a garantia da saúde ocular. (GRAZIANO, LEONE, 2005)

Nesse sentido, os pais ou responsáveis legais das crianças acometidas pela

doença devem ser informados da gravidade das suas consequências como o risco

maior de haver descolamento da retina tardio em casos de ROP grave e da

importância do acompanhamento constante do oftalmologista durante o período

considerado adequado para o sucesso do tratamento. (ZINN, 2007)

A partir desse entendimento foram implantados em 2002 projetos de

prevenção da cegueira pela ROP visando o atendimento a prematuros triados no

grupo de risco desde o nascimento, articulado com um programa ambulatorial de

seguimento no período de até um ano de vida (FORTES FILHO et al, 2007).

Os profissionais da área médica que tratam da cegueira causada pela ROP

em crianças pequenas, tentam conscientizar a população em geral da importância

do diagnóstico e tratamento dessa doença que acomete os recém-nascidos pré-

termos colocando-a num patamar de problema de saúde pública nacional.

(GRAZIANO, 2002)

2.3 Anatomia e Embriologia da retina

Alguns conceitos básicos da anatomia e da embriologia da retina são

importantes para a compreensão das alterações ocasionadas pela Retinopatia da

Prematuridade que podem culminar na cegueira infantil.

A retina é um tecido neural transparente, complexo, com várias camadas e

fina. Mede aproximadamente 0,1 mm de espessura na região da ora serrata, 0,2mm

no equador e 0,56mm adjacente à cabeça do nervo óptico. Ela recobre

Page 28: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

26

anteriormente os 2/3 posteriores do globo ocular e está fixada ao vítreo na região da

ora serrata e no disco óptico. A ora serrata divide a parte óptica da retina (2/3

posteriores) da parte cega, 1/3 anterior que se relaciona com o corpo ciliar e íris

(Figura 2). (PUTZ, 2011, p. 371)

Figura 2. Arquitetura e perimetria retiniana.

Fonte: Netter, 2006

Na região da retina óptica podem ser identificadas a papila ou disco óptico,

por onde entram a veia e a artéria central da retina e por onde sai o nervo óptico.

Temporal ao nervo está localizada a mácula, onde tem-se a melhor acuidade visual.

É uma região com múltiplas células ganglionares. Na mácula há uma depressão

central chamada de fóvea, região mais fina da retina, que não possui células

ganglionares (Figura 3). (PUTZ, 2011, p. 371)

Page 29: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

27

Figura 3. Retina Normal

Fonte: www.mdsaude.com

O período embrionário compreende a implantação do embrião no

endométrio até a 8a semana de gestação. Posteriormente se inicia o período fetal,

que termina no momento do parto. Na formação do embrião humano participam três

folhetos germinativos: o ectoderma, o mesoderma e o endoderma, responsáveis

pela formação de tecidos e órgãos. No desenvolvimento embriológico do olho existe

apenas a participação do ectoderma e do mesoderma, o ectoderma não participa

desse processo. (PUTZ, 2011, p. 237)

A retina é uma estrutura derivada do ectoderma neural. A formação ocular

se inicia a partir do 22o dia de gestação, quando ocorre a formação do embrião

tridérmico e do sulco óptico. A partir do 22o até o 30o dia ocorre a formação da

vesícula óptica primária e, do 30o ao 60o dia o cálice óptico. (PUTZ, 2011, p.238)

Ao nascimento a visão da criança é precária devido à imaturidade das

estruturas cerebrais e retinianas e a movimentação incompleta dos olhos. Para que

a visão se desenvolva corretamente, é necessário além da formação anatômica e

fisiológicas normais, que haja estímulo visual adequado. (FORTES FILHO, 2006)

Portanto, qualquer desvio de desenvolvimento ocular deverá ser identificado

e corrigido precocemente, principalmente nos três primeiros meses de vida, que são

considerados como período crítico. (FORTES FILHO, 2006)

Page 30: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

28

O diâmetro antero-posterior (DAP) do olho do recém-nascido tem

aproximadamente 16mm. Ele possui três fases de crescimento, atingindo 20,3 mm

DAP nos primeiros 18 meses de vida; cresce 1,1mm entre 2 a 5 anos de idade, e

mais 1, 3mm entre 5 a 13 anos. Atingindo cerca de 23-24mm DAP na idade adulta.

(GRAZIANO; LEONE, 2005)

A formação da retina se inicia do polo posterior para a ora serrata e da

camada interna para a externa, finalizando sua formação no nono mês de gestação.

A diferenciação retiniana se inicia a partir da sétima semana de gestação. (FORTES

FILHO, 2006)

A partir da camada interna do cálice óptico se formarão duas camadas

nucleares: a neuroblástica interna e externa. A camada neuroblástica interna é a

primeira a se diferenciar, originando as células ganglionares. A partir do terceiro mês

a camada neuroblástica externa inicia sua diferenciação, originando os cones e os

bastonetes. As células ganglionares migram para a porção interna da retina em

formação, formando a camada de células ganglionares. A camada plexiforme interna

se forma a partir da região acelular deixada pelas células ganglionares. (PUTZ,

2011, p.247; VAUGHAN; ASBURY; RIORDAN-EVA, 2003, p.178)

A partir do 4o mês surge a camada plexiforme externa. A camada nuclear

interna se formará a partir das células entre a camada plexiforme externa e a interna.

A camada nuclear externa é a última a se formar e é composta por cones e

bastonetes. (PUTZ, 2011, p.248)

A mácula é a última estrutura a se formar e é mais espessa devido ao

acúmulo de células ganglionares. Com o posterior deslocamento destas células,

forma-se uma depressão macular central, denominada fóvea. A zona de melhor

acuidade visual está localizada na região da mácula, que é uma região avascular e

mais escura. (PUTZ, 2011, p.248)

Após finalização da diferenciação a retina será composta por 10 camadas,

localizadas da parte mais interna (em contato com o vítreo) em direção à porção

mais externa, sendo elas: Membrana limitante interna, Camada de fibras nervosas,

Camada de células ganglionares, Camada plexiforme interna, Camada nuclear

interna, Camada plexiforme externa, Camada nuclear externa dos núcleo dos

fotorreceptores, Membrana limitante externa, Camada de fotorreceptores (cones e

bastonete) e Epitélio pigmentar da retina (Figura 4). (PUTZ, 2011, p.378; VAUGHAN;

ASBURY; RIORDAN-EVA, 2003, p.178)

Page 31: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

29

Figura 4. Camadas e células da retina.

Fonte: Netter, 2006

A camada limitante interna está em contato íntimo com o vítreo e é

composta por células de Muller, fibras colágenas do corpo vítreo e

mucopolissacarídeos. A camada de fibras nervosas é formada pelos axônios

amielínicos das células ganglionares, células gliais e células de Muller. Ela é mais

espessa próxima ao nervo óptico e mais fina na região da periferia da retina. (PUTZ,

2011, p.378)

A camada de células ganglionares é composta pelos corpos das células

ganglionares e é mais espessa na região macular e desparece na região da fóvea. A

composição da camada plexiforme interna é através de prolongamentos dendríticos

das células ganglionares e de axônios das células bipolares da camada nuclear

interna. A camada nuclear interna é composta de núcleos de neurônios de

associação e dos neurônios bipolares. Na camada plexiforme externa ocorre a

sinapse dos dendritos das células bipolares com as células fotorreceptoras (Figura

5). (PUTZ, 2011, p.378)

Page 32: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

30

Figura 5. Neuroarquitetura da retina.

Fonte: Netter, 2006

A camada nuclear externa é composta pelos corpos celulares dos cones e

bastonetes. São cerca de 7 milhões de cones e 120 milhões de bastonetes

presentes. Os cones possuem uma forma mais cônica, predominam na mácula, são

utilizados na visão mais detalhada e são receptivos às cores azul, verde e vermelho.

Enquanto que os bastonetes são células mais finas e alongadas, que funcionam

melhor com baixa iluminação, sendo responsáveis pela visão noturna. São

encontrados em toda retina, excluindo a área da fóvea. ((PUTZ, 2011, p.378)

A membrana limitante externa é formada por um conjunto de células gliais,

responsáveis pela sustentação da retina. A camada de fotorreceptores está ligada

intimamente ao epitélio pigmentar e é composta por prolongamentos externos dos

fotorreceptores. (PUTZ, 2011, p.378)

O epitélio pigmentar da retina está localizado entre a retina e a coroide. É

formado por uma camada de células cúbicas, que possuem elevada quantidade de

melanina. Isso faz com que somente sejam excitados os receptores atingidos pelo

estímulo luminoso. Desta forma a imagem aumenta sua nitidez. Esta camada possui

importantes funções além da manutenção da nitidez da imagem. Ela também é

responsável pelo transporte de íons e líquidos, troca térmica, metabolismo da

vitamina A renovação do segmento externo dos fotorreceptores e promoção da

adesão retiniana, dentre outras. (PUTZ, 2011, p.378)

As artérias retinianas nasais se desenvolvem primeiramente, por volta da

32ª semana de gestação, enquanto que a retina temporal completa a sua

vasculogênese na 40ª semana ou logo após o nascimento. Desta forma a ROP é

Page 33: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

31

mais acentuada na retina temporal, onde os vasos são mais imaturos. (FORTES

FILHO, 2006)

2.4 Patogênese e Fatores de risco

Durante o processo de formação embrionária do olho, a vascularização da

retina nasal se completa ao redor da 32ª semana de IG, enquanto a retina temporal

completaria sua vasculogênese ao redor da 40ª semana, ou logo após o nascimento

a termo. (BORGES FILHO, 2006). (Figura 6)

.

Figura 6. Vascularização da retina periférica.

Fonte: Kanski, 2007

A ROP se desenvolve quando este processo é prejudicado, podendo ocorrer

uni ou bilateralmente. Existem diversos fatores de risco para ROP. Porém há uma

dificuldade em se estabelecer uma relação de causa e efeito entre a maioria deles,

principalmente pela instabilidade clínica dos recém-nascidos pré-maturos, cujos

parâmetros alteram constantemente. Em um estudo realizado com 74 RNs com peso

ao nascimento menor que 1.500g e idade gestacional inferior a 30 semanas, pode -

se verificar que os níveis de glicose sanguínea não interferiram na ocorrência ou não

da ROP nem em seu desenvolvimento. (NICOLAVEA; SIDORENKO, IOSIFOVNA,

2015)

Page 34: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

32

Dentre os inúmeros fatores de risco possíveis de serem identificados, pode-se

destacar: prematuridade extrema, baixo peso ao nascimento e oxigenioterapia

prolongada e em altos níveis. (GRAZIANO; LEONE, 2005; FORTES FILHO 2006)

A ROP está relacionada como o fator de crescimento do endotélio vascular

(VEGF) e fatores não regulados pelo oxigênio (IGF-I), que inibem a vascularização

da retina quando em níveis baixos, e estimulam a neovascularização patológica da

retina quando em excesso. (FORTES FILHO, 2006).

O recém-nascido pré-maturo é submetido a uma situação de hiperóxia ao

nascimento, que gera vasoconstricção e obliteração vascular. Com isso, ocorre uma

isquemia periférica na retina, levando à interrupção definitiva da formação vascular.

Quando a concentração de oxigênio é mantida em níveis elevados por um maior

período de tempo, haverá um aumento na produção de VEGF, que estimulará a

neosvascularização da retina e complicações decorrentes da ROP. (FORTES

FILHO, 2006)

2.5 Estadiamento e Classificação

A ROP é classificada conforme o estágio evolutivo, a localização e a

extensão da doença e a presença ou não de doença plus. De acordo com o estágio

evolutivo, a ROP é dividida em cinco estágios: Estágio 1: ocorre uma isquemia

periférica da retina e a presença de uma linha tortuosa de demarcação entre a retina

vascularizada e a retina isquêmica (Figura 7). (FIELDER et al, 2014; FORTES

FILHO, 2006)

Page 35: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

33

Figura 7. ROP Estágio 1- linha de demarcação

Fonte: Kanski, 2007

Estágio 2: a linha de demarcação se eleva formando uma crista acima do

plano da retina (Figura 8).

Figura 8. ROP Estágio 2- Crista

Fonte: Kanski, 2007

Estágio 3: presença de neovascularização por cima da crista elevada,

podendo ocorrer hemorragia retiniana (Figura 9).

Page 36: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

34

.

Figura 9. ROP Estágio 3 - Crista com proliferação vascular extra-retiniana.

Fonte: Kanski, 2007

Estágio 4: descolamento tracional parcial da retina, com o crescimento de

neovasos sobre a hialoide, gerando uma contração do vítreo.

4A: descolamento parcial da retina, sem afetar a mácula (Figura 10)

4B: descolamento parcial da retina, afetando a mácula

Figura 10. ROP Estágio 4 - Descolamento parcial da retina extrafoveal.

Fonte: Kanski, 2007

Page 37: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

35

Estágio 5: descolamento total da retina (Figura 11)

Figura 11. ROP estágio 5 - Descolamento total da retina.

Fonte: Kanski, 2007

De acordo com a localização, divide-se em Zona I, que é centralizada a

partir da papila, extende-se até um raio equivalente à duas vezes a distância entre a

papila e a mácula, Zona II que é concêntrica à zona I, com raio equivalente à

distância entre o nervo óptico e a ora serrata nasal, Zona III que é toda área externa

temporal à zona II, é a mais acometida pela ROP por ser a zona que por último

completa sua vascularização (Figura 12). (FIELDER, 2014; ZIN et al, 2007)

Page 38: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

36

Figura 12. Representação esquemática do fundo de olho. Fonte: Zinna, 2007.

Classifica-se a extensão das alterações de acordo com as horas do relógio

(1 hora para cada 30º de retina acometidos). A doença plus ocorre quando há uma

tortuosidade vascular no polo posterior, indicando a presença de doença ativa

progressiva. Na doença limiar ocorre neovascularização em 5 horas contínuas ou 8

horas somadas entre as zonas I ou II com ocorrência de doença plus. (ZIN et al,

2007, FIELDER et al, 2014)

Nos EUA, no período entre janeiro de 1986 e novembro de 1987 foi

realizado um estudo multicêntrico de crioterapia para ROP (CRYO-ROP) que avaliou

4.099 recém-nascidos prematuros com peso menor que 1.251g, onde a prevalência

de ROP foi identificada em 65,8%. No Brasil, um estudo realizado por Fortes Filho

(2007) em um hospital universitário com 300 RNP com PN menor e/ou igual a

1.500g ou com IG menor e/ou igual a 32 semanas no período compreendido entre

outubro de 2002 e junho de 2006. Foi identificado ROP em 74 (24,67%) crianças,

onde 33 (11%) apresentaram ROP 1, 23 (7,67%) ROP 2, 16 (5,33%) ROP 3, 1

(0,33%) ROP 4 e 1 (0,33%) ROP 5.

Page 39: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

37

2.6 Exame e Diagnóstico

No processo de realização dos exames para triagem inicial dos recém-

nascidos pré-termos são utilizados os formulários recomendados pelas diretrizes

brasileiras para diagnóstico da ROP com os critérios apresentados a partir do I

Workshop realizado em 2002, no Rio de Janeiro. Estipulou-se que todos os

prematuros com PN menor igual a 1.500g e/ou IG menor igual a 32 semanas

deverão ser examinados. (ZIN et al, 2007; GRAZIANO; LEONE, 2005)

O primeiro exame deverá ser realizado entre a 4ª e a 6ª semana de vida,

pois antes desse período não apresentam visibilidade adequada do fundo de olho

devido à vascularização da córnea, cristalino ou corpo vítreo. (FORTES FILHO,

2006)

Com a inserção dos dados clínicos, a partir desse momento, tem-se os

prontuários médicos que referenciam o diagnóstico do tipo de ROP e a previsão de

acompanhamento e tratamento a ser realizado. Nesses prontuários são registrados

dados como sexo, peso de nascimento, idade gestacional, a ocorrência de

transfusões, a utilização ou não de oxigênio e o tempo de uso, a presença ou não de

ROP e o seu estadiamento, marcação para realização dos exames de rotina e os

encaminhamentos necessários para o tratamento da ROP. (FORTES FILHO, 2006;

QUINN, 2007)

O exame deverá ser realizado por oftalmologista experiente, por se tratarem

de crianças instáveis clinicamente, que possam necessitar de suporte respiratório,

além de terem reflexo óculo-cardíaco bem desenvolvido. Dessa forma, o exame

oftalmológico, o uso de colírios, do blefarostato e o stress do manuseio podem gerar

apnéia e bradicardia. Devido a essa instabilidade cardio-respiratória grande, uma

equipe de neonatologia deverá acompanhar, caso seja necessário um atendimento

emergencial. Uma hora antes do exame são administrados colírios de tropicamida

0,5% e fenilefrina 2,5% uma gota a cada dez minutos, por três vezes para que se

dilate as pupilas. Colírios anestésicos são também utilizados previamente. (FORTES

FILHO, 2006)

Para a abertura das pálpebras, utiliza-se um blefarostato para recém-

nascido (Figura 13).

Page 40: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

38

Figura 13. Blefarostato para recém-nascido.

Fonte: Imagem produzida pela autora

O mapeamento de retina ou oftalmoscopia indireta é realizada através de

oftalmoscópio binocular indireto, um aparelho colocado na região frontal do

examinador e que possui uma potente fonte de luz (Figura 14), sendo necessário o

uso de uma lente positiva condensadora para visualização do FO (Figura 15).

Figura 14. Oftalmoscópio binocular indireto.

Fonte: Imagem produzida pela autora

Page 41: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

39

Figura 15. Lente positiva 20 dioptrias.

Fonte: Imagem produzida pela autora

O uso desse aparelho proporciona uma visão ampla da periferia da retina e

estereoscópica. O indentador escleral é utilizado na maioria das vezes e auxilia na

mobilização do globo ocular (Figura 16).

Figura 16. Identador

Fonte: Imagem produzida pela autora

Para realização do exame o ambiente deverá estar na penumbra para

melhor visualização do FO.

2.7 Tratamento

Segundo Ávila (2011, p.207) “a ROP sofre regressão espontânea em 85%

dos casos. Apenas 7% das crianças nascidas com peso abaixo de 1.251g

desenvolverão doença limiar”. A involução da ROP é detectada quando se observa o

Page 42: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

40

surgimento de retina saudável e de vascularização retilínea no sentido da retina

avascular.

Quando isso ocorre, necessita-se o acompanhamento até os dois anos de

idade, com o objetivo de reduzir as possíveis alterações oculares que possam

ocorrer. Pois, cerca de 20% das crianças acometidas pela ROP desenvolverão

doença cicatricial. (GRAZIANO; LEONE, 2007)

Um estudo realizado por TOMÉ et al (2011) com 148 crianças no período de

1º de julho de 2005 a 30 de junho de 2001 na UTI neonatal do Hospital das Clínicas

da Universidade Federal de Uberlândia, das 66 (44,6%) identificadas com ROP, 15

(10%) necessitaram de tratamento. Obtendo o mesmo resultado em um estudo

realizado por BONOTTO et al (2007), onde 286 RNP foram examinados no período

de junho de 1992 a junho de 1999 na Maternidade Darcy Vargas, em Joinville. Dos

58 RNs identificados com ROP, 6 (10%) necessitaram de tratamento.

Nos casos em que há progressão da ROP, indica-se o tratamento com laser

ou crioterapia. A evolução da patologia é identificada: Zona I: qualquer estágio com

doenças plus; Zona I: estágio 3, sem plus; Zona II: estágio 2 ou 3 com plus. Nos

anos 90, utilizou-se basicamente a crioterapia para ablação da retina periférica como

tratamento da ROP, por ter um custo menor e estar disponível na maioria dos

serviços de oftalmologia. Sua ação na regressão da ROP era altamente eficiente,

porém o seu uso gerava danos à esclera e consequentes complicações. (FORTES

FILHO, 2006)

O tratamento de escolha mais utilizado é a fotocoagulação transpupilar da

retina periférica com laser de argônio ou de diodo (Figura 17). O uso do laser em

comparação à crioterapia, tem-se mostrado mais eficiente e menos traumático ao

olho. Apesar da possibilidade de complicações como: hemorragia retiniana, lesão de

íris e córnea, surgimento de catarata, fotocoagulação da mácula. (GRAZIANO;

LEONE, 2005)

Page 43: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

41

Figura 17. Retina após fotocoagulação à laser.

Fonte: Kanski, 2007

Deve-se levar em consideração a condição clínica do RN, pois a intervenção

podendo gerar apnéia e parada respiratória. O procedimento pode ser realizado em

centro cirúrgico ou na unidade de terapia intensiva neonatal, sob sedação

anestésica e anestesia tópica ou sob anestesia geral. A criança deverá ser

monitorizada e supervisionada por anestesista ou neonatologista. Após a

intervenção, é indicado o uso de colírios antibióticos e esteroides por cerca de 10

dias. (ZIN et al, 2007)

Nos estágios 4 e 5, onde há descolamento parcial e total respectivamente,

indica-se a vitrectomia. Nestes estágios somente cerca de 10% dos pacientes

operados apresentarão uma boa acuidade visual. Dessa forma, tratamento para

ROP deverá ser realizado em até 72 horas após a identificação do estágio com

indicação de intervenção, pela possibilidade de progressão em curto espaço de

tempo. Os pais ou responsáveis devem ser comunicados e orientados quanto a

necessidade de intervenção rápida. Desta forma, após a autorização prévia deles, a

criança deverá ser submetida ao procedimento. (FORTES FILHO, 2006; ZIN et al,

2007)

Os anti fatores de crescimento endotelial (anti VEGF) têm sido utilizados

como monoterapia ou como tratamento adjunto da ROP. Segundo estudo realizado

por Gunay et al (2015) a aplicação intravítrea de bevacizumabe (anti VEGF), em

comparação ao uso de laser, num estudo retrospectivo demonstrou ser útil no

tratamento de ROP. Erol et al (2015) comparou a eficácia entre dois anti VEGF, o

ranibizumabe e bevacizumab, em um estudo retrospectivo com 20 pacientes em

tratamento da ROP tipo 1. A progressão foi maior em pacientes que fizeram uso de

ranibizumabe.

Page 44: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

42

2.8 Cegueira e Fatores Socioeconômicos

Para se avaliar a visão são utilizados dois parâmetros: a acuidade visual (a

maior capacidade de discriminar dois pontos a uma determinada distância) e o

campo visual (a amplitude do espaço percebido pela visão). (ÁVILA; ALVES,

NISHI,2015)

Considera-se cegueira parcial ou cegueira legal, conforme decreto nº 5.296

de 2 de dezembro de 2004, acuidade visual menor ou igual a 20/400 no melhor olho

com a melhor correção ou campo visual menor que 20º. A baixa visão ocorre quando

a acuidade visual no melhor olho e com a melhor correção óptica estiver entre 20/60

e 20/400. A amaurose ou cegueira total é diagnosticada quando há perda total da

visão, sem percepção luminosa. (ÁVILA; ALVES, NISHI,2015)

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, existe atualmente o

registro de cerca de 39 milhões de indivíduos portadores de cegueira na população

mundial. Há uma estimativa que 246 milhões de pessoas apresentam perda visual

moderada ou severa, sendo que 90% delas vivem em países em desenvolvimento.

(BRITO; VEITZMAN, 2000)

De acordo com a Classificação Internacional de Doenças - CID, a cegueira é

identificada pelo CID -10, havendo uma estimativa da OMS que cerca de 19 milhões

de crianças menores de 15 anos tenham alterações visuais, sendo que deste

universo, 12 milhões de casos poderiam ser diagnosticados e tratados

preventivamente. (ÁVILA; ALVES, NISHI,2015; BRITO; VEITZMAN, 2000)

Ainda de acordo com os dados registrados existem cerca de 1,5 milhão de

crianças portadoras de cegueira irreversível, sendo que dois terços destas morrem

até dois anos após a perda da visão. Entre esse número considerável de 12 milhões

de crianças com cegueira previsível, encontram-se casos relacionados a ocorrência

da Retinopatia da Prematuridade – ROP, que se destaca entre outras doenças que

podem ocasionar a cegueira infantil. (BRITO; VEITZMAN, 2000)

A cegueira tem profundas consequências humanas e socioeconômicas. Os

custos de perda de produtividade, da reabilitação e da educação dos cegos

constituem um fardo econômico significativo para o indivíduo, a família e a

sociedade. Os custos gerados pela deficiência visual são divididos em: diretos,

indiretos e intangíveis. (TALEB, 2012)

Page 45: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

43

Os custos diretos são aqueles contabilizados no tratamento, que incluem

medicações, internações, procedimentos, serviços médicos, pesquisa. Os custos

indiretos estão associados às consequências geradas pela alteração ocular, como

perda de renda dos deficientes e de seus cuidadores, alterações necessárias para

adaptação da moradia, reabilitação e morte precoce. Os custos intangíveis são

aqueles de difícil mensuração, pois são decorrentes do sofrimento no aspecto físico

e/ou psíquico de cada indivíduo acometido. (BRITO, VEITZMAN, 2000)

O indicador AVAQ (anos de vida ajustados pela qualidade) é uma medida

que incorpora incapacidade física com qualidade de vida. O valor 1 é dado para

cada ano com saúde, enquanto zero para a morte. A baixa visual gera uma perda de

0,2, enquanto que a cegueira a perda é de 0,6. A ROP tem um AVAQ de

aproximadamente 82 pontos, sendo uma das mais altas pontuações dentre as

doenças oftalmológicas. Visto que é uma patologia que acomete recém-nascidos,

com expectativa de vida de muitas décadas. (TALEB, 2012; BRITO, VEITZMAN,

2000)

A ROP é mais prevalente em países desenvolvidos enquanto que cerca de

90% das pessoas com deficiência visual habitam países em desenvolvimento.

Sendo que 60% dos casos de cegueira poderiam ser evitados e 20% dos casos de

cegueira já instalados são recuperáveis. Os países em desenvolvimento apresentam

uma prevalência maior de cegueira evitável do que em países desenvolvidos.

Pensando em uma forma de amenizar o número de cegos no mundo, a OMS

juntamente com a Agência Internacional para Prevenção da Cegueira (IAPB)

lançaram um programa em 1999 com o objetivo de reduzir os casos de cegueira

evitáveis até o ano de 2020: o Programa Visão 2020. (QUINN, 2007; ÁVILA; ALVES,

NISHI,2015)

Através deste programa foram implementadas medidas para população de

baixa renda, visando a redução da cegueira. Dentre elas, realização de cirurgias de

catarata, fornecimento de vitamina A, vacinação contra o sarampo, aumento do

compromisso político e financeiro, compartilhar programas internacionais funcionais,

além de outras. (ÁVILA; ALVES, NISHI, 2015)

Page 46: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

44

3. OBJETIVOS

3.1 Geral

Realizar uma análise prospectiva dos prontuários de recém-nascidos pré-

termos quanto à ocorrência de Retinopatia da Prematuridade (ROP) em uma

maternidade pública da região do Vale do São Francisco.

3.2 Específicos

Relacionar e analisar os dados preenchidos no formulário ROP Brasil utilizado

pelos especialistas no Hospital Dom Malan, bem como os procedimentos médicos-

oftalmológicos utilizados nos RNs e o monitoramento na região dos pacientes

diagnosticados com ROP.

Page 47: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

45

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Local de Realização do Estudo

Foi realizado, durante o período de janeiro de 2014 a julho de 2015, um

estudo prospectivo envolvendo prontuários de recém-nascidos atendidos na

Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e Berçário Infantil do Hospital Dom

Malan/ Gestão IMIP Hospitalar, situado na cidade de Petrolina/PE.

O Hospital Dom Malan-HDM foi inaugurado em 13 de setembro de 1931

como hospital geral, realizando atendimentos à população do Vale do São

Francisco; e integra a rede interestadual de saúde dos estados de Pernambuco e

Bahia, realizando atendimentos para mais de 40 municípios da região.

A partir do ano de 2008 passou a cuidar exclusivamente da saúde da criança

e da mulher sob administração de uma Organização Social - OS, o Instituto de

Medicina Integral Professor Fernando Figueira-IMIP; e foi denominado hospital de

referência na triagem e acompanhamento da Retinopatia da Prematuridade (ROP)

na região.

O hospital possui 260 leitos distribuídos da seguinte forma: 10 leitos de UTI

pediátrica (6 leitos neonatais e 4 pediátricos), 10 de UTI obstétrica (única do interior

do nordeste, inaugurada em setembro de 2010), 6 do alojamento canguru, 15 de alto

risco obstétrico, 3 da ginecologia, 10 da oncoginecologia, 12 do alojamento

patológico, 48 do alojamento conjunto, 40 da pediatria, 5 da cirurgia pediátrica, 5 da

oncopediatria, 2 da sala de parto, 4 do bloco cirúrgico, 27 da unidade neonatal, 14

do pronto-socorro infantil (PSI) e 14 da triagem obstétrica.

Possui equipe multiprofissional formada por médicos, enfermeiros,

psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais. Por mês são

realizados cerca de 500 partos na unidade, 4 mil atendimentos de urgência, 80

cirurgias ginecológicas e 2.800 atendimentos ambulatoriais.

Em 2010 foi inaugurada uma Casa de Apoio com 10 leitos para mães que

estejam com filhos internados na UTI pediátrica. O hospital possui também um

Banco de Leite materno com capacidade para 30 atendimentos por dia.

Os exames de triagem e acompanhamento da ROP são realizados

sistematicamente por oftalmologistas pertencentes ao corpo clínico deste hospital,

no espaço físico selecionado para o Alojamento Canguru, no primeiro andar, uma

vez por semana, às quartas-feiras (Figuras 18).

Page 48: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

46

Figura 18. Alojamento Canguru.

A) sala para realização do projeto Canguru e mapeamento de retina e B) local onde se encontram os equipamentos utilizados no alojamento: 1) berço aquecido, 2) balança e 3) berço para exame físico. Fonte: Imagens produzidas pela autora.

As crianças prematuras examinadas com diagnóstico de ROP são

encaminhadas no prazo de até 72 horas para a Fundação Altino Ventura- FAV,

localizada em Recife, instituição referência no estado para tratamento da ROP. O

transporte da criança e de seu acompanhante legal é feito através de ambulância

disponibilizada pela secretaria de saúde.

Quando o tratamento é finalizado, o paciente retorna para acompanhamento

com oftalmologista no Hospital Dom Malan, que fará o monitoramento até que a

criança apresente condições oftalmológicas de receber alta médica. A partir da alta

médica os prontuários são arquivados e os pais são orientados a realizar o

acompanhamento do seu filho ambulatoriamente com oftalmopediatra. No entanto,

nem todas as crianças continuam este monitoramento com o especialista.

4.2 Tamanho Amostral

Foram utilizados como amostra para esta pesquisa todos os prontuários dos

recém- nascidos pré-termos encaminhados para avaliação oftalmológica no Hospital

Dom Malan no período de janeiro de 2014 a julho de 2015, totalizando 234

prontuários médicos.

4.3 Critérios de Inclusão

Foram utilizados como critérios de inclusão os seguintes quesitos: a) ser

prematuro nascido na instituição ou b) proveniente de transferência de maternidades

de regiões circunvizinhas, c) ser de qualquer sexo (masculino ou feminino), d)

Page 49: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

47

possuir peso de nascimento-PN igual ou menor a 1.500g ou e) ter tido Idade

Gestacional-IG menor ou igual a 32 semanas.

4.4 Critérios de Exclusão

Os critérios de exclusão deste estudo foram os seguintes: a) os prontuários

dos recém-nascidos (RNs) que apresentaram malformações neurológicas, b)

apresentassem síndromes genéticas e c) que evoluíram a óbito antes do exame

oftalmológico inicial e d) os prontuários de RNs que não atenderam aos critérios de

inclusão supracitados.

4.5 Dados Coletados e Análises

Foram coletados e analisados os dados presentes nos prontuários em

relação às seguintes variáveis: sexo dos RNs, peso ao nascimento, a idade

gestacional ao nascimento, se fez ou não uso de oxigênio após o nascimento,

diagnóstico ou não de ROP, o estágio de desenvolvimento da ROP (quando

diagnosticada), casuística de RNs que fizeram uso de O2 e apresentaram

diagnóstico positivo para ROP; se houve o acompanhamento médico com

mapeamento de retina nos RNs positivos para ROP; quantos destes necessitaram

da realização ou não de tratamento e em que local este tratamento foi realizado.

Sendo realizada uma análise estatística qualitativa descritiva com

caracterização generalizada da amostra utilizando as variáveis supracitadas. Para as

descrições dos pesos, IG, fornecimento de oxigênio, diagnóstico e estágio de

desenvolvimento da ROP foram confeccionados gráficos e tabelas simples e

divididos conforme a variável em questão, aos quais não foi aplicado teste

estatístico.

Page 50: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

48

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período de janeiro de 2014 a julho de 2015 foi realizado a leitura e

análise de 234 prontuários sendo selecionado um total de 223/234 (95%) prontuários

que atendiam aos critérios de inclusão; uma minoria (11/234 prontuários) foi excluída

(5%) decorrente do não cumprimento destes critérios (Figura 19). Durante a leitura

minuciosa e coleta de informações contidas nos 223 prontuários que constituíram a

amostra desta pesquisa foi possível constatar a realização do exame oftalmológico

em todos eles (100%).

Figura 19. Composição da Amostra

Gráfico de pizza apresentando a porcentagem alcançada para a composição da amostra após análise de 234 prontuários sendo selecionado um total de 223/234 (95%) prontuários que atendiam aos critérios de inclusão; uma minoria (11/234 prontuários) foi excluída (5%) decorrente do não cumprimento destes critérios. Fonte: Dados da autora.

A figura 20 apresenta a porcentagem do gênero dos recém-nascidos pré-

termos que constituíram a amostra; possibilitando a constatação de que durante o

período estudado que 55% (123/223) eram do sexo feminino e 45% (100/223) do

sexo masculino.

95%

5%

Composição da Amostra

Incluídos Excluídos

Page 51: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

49

Figura 20. Porcentagem do Gênero dos RNs que Constituíram a Amostra

Gráfico de pizza apresentando a porcentagem do gênero dos recém-nascidos pré-termos que constituíram a amostra; possibilitando a constatação de que durante o período estudado que 55% (123/223) eram do sexo feminino e 45% (100/223) do sexo masculino. Legenda: RNs = Recém-Nascidos. Fonte: Dados da autora.

A ocorrência da ROP se aproxima do percentual de 50% em ambos os

sexos analisados nos prontuários o que indica que a doença provavelmente

independe desse fator.

O peso apresentado pelos RNs durante o período do presente estudo foi

convertido em média e mediana e correlacionado aos períodos de idade gestacional

ao qual compreendia (Figura 21) ao nascimento.

Figura 21. Idade Gestacional e peso ao nascimento

Tabela apresentando a Idade Gestacional (IG), média e a mediana do peso dos recém-nascidos nos

diferentes períodos de IG.

Peso ao Nascimento (g)

IG (Semanas) Média Mediana

23-26 992 1000

27-30 1171 1185

31-33 1321 1330

34-36 1276 1365

≥ 37 1260 1260 Fonte: Dados da autora.

A figura 22 apresenta a porcentagem de RNs que necessitaram do suporte

de oxigênio (O2) após o nascimento; um total de 80% (179/223) fizeram uso de O2 e

Page 52: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

50

apenas 20% (44/223) não fez. Deve-se levar em consideração o registro na literatura

da relação existente entre o uso de O2 e a ocorrência da ROP.

Figura 22. Gráfico RNs que necessitaram de suporte de O2.

Gráfico de pizza apresentando a porcentagem de recém-nascidos pré-termos que necessitaram do suporte de oxigênio (O2) após o nascimento; um total de 80% (179/223) fizeram uso de O2 e apenas 20% (44/223) não fez. Legenda: RNs = Recém-Nascidos. Fonte: Dados da autora.

A figura 23 apresenta os dados obtidos nos prontuários analisados em

relação ao diagnóstico da ROP no universo da amostra selecionada. 171/223 (77%)

recém-nascidos pré-termos examinados apresentaram ROP em algum dos estágios

que a doença pode apresentar. Enquanto que 52/223 (23%) não foram

diagnosticadas com ROP.

Page 53: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

51

Figura 23. Gráfico RNs diagnóstico ROP

Gráfico de pizza apresentando a porcentagem de recém-nascidos pré-termos positivos ou negativos para ROP após análise oftalmológica. Foram positivos 171/223 (77%) em algum dos estágios que a doença pode apresentar, enquanto que 52/223 (23%) não foram diagnosticadas com ROP. Legenda: RNs = Recém-Nascidos e ROP = Retinopatia da Prematuridade.Fonte: Dados da autora.

Percebe-se a partir dos dados coletados dos prontuários médicos que a

ocorrência da ROP nos recém-nascidos pré-termos apresenta um percentual

considerado relevante de 77% em comparação com 23% de não ocorrência da ROP.

Desse modo, fica evidente a importância do monitoramento a ser realizado

pela equipe de saúde da maternidade pesquisada, em relação ao diagnóstico e

tratamento dos RNs durante o período de internação e também do monitoramento e

o tratamento dos RNs acometidos pela ROP em parceria com outras unidades de

saúde local e/ou estadual especializadas na área de oftalmologia. No caso do HDM

a parceria acontece com a Fundação Altino Ventura, que fica localizada na cidade

de Recife, que é referência no estado de Pernambuco para tratamento de ROP.

Os dados dos pacientes e dos procedimentos médicos são registrados nos

formulários elaborados e padronizados a partir das discussões realizadas nos

Workshops de Retinopatia da Prematuridade nacionais ocorridos a partir de 2002 e

de acordo com as diretrizes estabelecidas para os programas de prevenção da ROP

no Brasil.

Na maternidade em estudo, os exames oftalmológicos são realizados por

especialistas que fazem parte do corpo médico da unidade de saúde, obedecendo

aos padrões do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de

Page 54: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

52

Oftalmopediatra; que asseguram a continuidade do atendimento aos recém-nascidos

pré-termos na maternidade do Hospital Dom Malan.

Sendo assim, além do diagnóstico da ROP também foram identificados três

dos cinco tipos de estadiamentos da doença na população estudada: 121/171 (71%)

apresentaram o estágio 1 da doença, 29/171 (17%) estágio 2 e 21/171 (12%)

estágio 3; não havendo registro da ROP nos estágios 4 e 5 (Figura 24).

Figura 24. Estágios ROP Gráfico de pizza apresentando a porcentagem de recém-nascidos pré-termos examinados e identificados com ROP, sendo 121/171 (71%) que apresentaram o estágio 1, 29/171 (17%) estágio 2 e 21/171 (12%) estágio 3. Não foram identificadas RNs com ROP nos estágios mais graves da doença o 4 e 5. Legenda: RNs = Recém-Nascidos e ROP = Retinopatia da Prematuridade. Fonte: Dados da autora.

Os estágios 4 e 5 representam um grau mais avançado da doença, com

descolamento parcial e total da retina respectivamente; possivelmente o não

tratamento ou complicações posteriores a esse tratamento nos estágios mais leves

pode permitir a evolução da doença aos estágios mais graves. O fato da não

identificação destes estágios sugere que o plano de acompanhamento aos RNs, o

tratamento e o monitoramento realizado nos recém-nascidos com diagnóstico

positivo para ROP no Hospital Dom Malan tenha sido eficiente e efetivo, durante o

período estudado.

Dos 171 RNs diagnosticados com graus variados de ROP, um total de

21/171 (12%) necessitou de tratamento com laser e 150/171 (88%) não precisaram;

Page 55: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

53

durante o acompanhamento médico com mapeamento de retina os 88% que não

foram tratados evoluíram para regressão da ROP e os demais foram encaminhados

a uma unidade especializada para acompanhamento até que apresentassem

condição oftalmológica de alta médica (Figura 25).

Figura 25. ROP tratamento

Gráfico de pizza apresentando a porcentagem de recém-nascidos pré-termos diagnosticados com ROP que necessitaram ou não de tratamento. Um total de 21/171 (12%) necessitou de tratamento com laser e 150/171 (88%) não precisaram. Legenda: RNs = Recém-Nascidos e ROP = Retinopatia da Prematuridade. Fonte: Dados da autora.

Esses dados foram semelhantes ao encontrado por Bonotto et al 2007, onde

cerca de 6 crianças correspondente a 10%, necessitaram de tratamento com

fotocoagulação a laser enquanto que cerca de 52 crianças correspondente a um

percentual de 90% regrediram a ROP espontaneamente. Diferente do que foi

apresentado por Tomé et al (2011), onde cerca de 23% dos RNs identificados com

ROP necessitaram da fotocoagulação a laser demonstrando que pode haver uma

variação na ocorrência da necessidade do tratamento em estudos realizados.

Na figura 26 pode ser observada a porcentagem dos RNs que necessitaram

de oxigênio e foram diagnosticados com ROP. Dos 179 RNs que foram submetidos

ao uso de oxigênio, 151 (84%) apresentaram ROP. Cada porcentagem relacionada

ao estágio da doença.

Nesta figura 26 é possível identificar também uma aproximação entre a

ocorrência da ROP (77%) e da utilização do oxigênio (80%), uma vez que 84%

Page 56: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

54

(151/179) dos RNs que fizeram uso de O2 apresentaram ROP. Esses dados

corroboram com a literatura consultada que revela que o uso de oxigenioterapia em

alta concentração por um longo período de tempo seja um fator de risco importante

para o surgimento e desenvolvimento da ROP.

Figura 26. Uso de O2 e ROP

Gráfico de pizza apresentando a porcentagem de recém-nascidos pré-termos que necessitaram do uso de O2 e foram diagnosticados com ROP. Um total de 151/179 (84%) RNs apresentaram ROP. Legenda: RNs = Recém-Nascidos e ROP = Retinopatia da Prematuridade. Fonte: Dados da autora.

Pode-se verificar na figura 27 a porcentagem de RNs que necessitaram do

uso de oxigênio e que foram diagnosticados com ROP, cada porcentagem

relacionada ao estágio da doença.

84%

16%

Uso de O2 e ROP

Sim Não

Page 57: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

55

Figura 27. Uso de O2 e Estágios ROP Gráfico de pizza apresentando a porcentagem de recém-nascidos pré-termos que necessitaram do uso de O2 e foram diagnosticados em algum estágio da ROP. Um total de 98/151 (65%) RNs apresentaram ROP no estágio 1, 33/151 (22%) apresentaram ROP 2 e 20/151 (13%) ROP 3. Legenda: RNs = Recém-Nascidos e ROP = Retinopatia da Prematuridade. Fonte: Dados da autora.

Continuando a análise, seguem os dados referentes à utilização de oxigênio

nos recém-nascidos pré-termos num percentual de 80% enquanto apenas 20% dos

prematuros não foram submetidos a esse procedimento médico. Os dados estão em

concordância com a literatura, onde os estudos apontam que cerca de 80% dos

recém-nascidos pré-termos são submetidos à oxigenoterapia que garante o aumento

da sobrevida dessas crianças prematuras, mas que por outro lado potencializa a

ocorrência da ROP devido ao uso intensivo do referido gás. O uso prolongado do

oxigênio e em altos níveis logo após o nascimento dos prematuros permite uma

relação proporcionalmente direta entre este uso de oxigênio e o aumento do

diagnóstico da ROP. Segundo Fortes Filho et. al., (2011) a hiperoxemia provoca uma

superprodução de fator de crescimento endotelial vascular -VEGF, que estimula a

neovascularização patológica da retina.

Na sequência são apresentados os dados obtidos em relação à ocorrência

da ROP cujo percentual apontado nos dados é de 77% enquanto o da não

ocorrência da doença ficou em 23%. Estudos mostraram valores diversos em

relação à prevalência de ROP. Um estudo multicêntrico de crioterapia para a ROP

(CRYO-ROP) detectou ROP em 65,8% dos 4.099 RNs estudados nos EUA no

período entre janeiro de 1986 e novembro de 1987. No Brasil, Tomé et al., em 2011

estudaram 148 RNs com PN menor ou igual a 1.500g e/ou IG menor ou igual a 32

65%

22%

13%

Porcentagem de RNS que necessitaram de O2 e forasm diagnosticados em algum estágio da ROP

ROP 1 ROP 2 ROP 3

Page 58: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

56

semanas durante o período de 1º de julho de 2005 a 30 de junho de 2007, sendo

que o diagnóstico de ROP foi encontrado em 66 (44,6%).

Analisando comparativamente os dados das figuras 23, 24 e 26 evidencia-se

uma aproximação dos percentuais encontrados entre o uso dos altos índices de

oxigênio e a ocorrência da ROP havendo uma pequena variação de 3% entre o uso

do oxigênio que apresentou um percentual de 80% quando comparado com a

incidência da ROP que registrou um percentual de 77% em relação aos recém-

nascidos pré-termos, estando desse modo, comprovada a relação entre a ocorrência

da ROP e o uso de suporte de oxigênio em altos níveis, como descrito por Fortes

Filho et al (2006).

Os exames oftalmológicos para prevenção da ROP são realizados nos

recém-nascidos pré-termos na maternidade em estudo como rotina. Entretanto a

realidade os programas de triagem nenonatal estão restritos às capitais e poucos

hospitais universitários. Desta forma, se a triagem de cegueira pela ROP fosse

implantada em maior escala, o número de cegueira infantil decorrente da ROP

reduziria. Esse aspecto é considerado de importância fundamental como afirma

autores como Graziano (2002) assim como acontece com outros procedimentos

ligados aos prematuros e considerando que o conceito da prevenção da cegueira

ainda é muito recente nas unidades neonatais.

Page 59: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

57

CONCLUSÃO

Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do

Hospital Dom Malan (HDM), onde foi encontrado um percentual de 77% em

prontuários de recém-nascidos com peso ≤ 1.500g e idade gestacional ≤ 32

semanas, no período de janeiro de 2014 a julho de 2015, contribuindo desse modo

para o registro de dados da doença na região do Vale do São Francisco.

Dos recém-nascidos identificados com Retinopatia da Prematuridade, 71%

apresentaram o estágio 1 da doença, 17% estágio 2 e 12% estágio 3; não havendo

registro da ROP nas formas graves da doença (estágios 4 e 5). Neste estudo 12%

dos RNs identificados com ROP necessitaram de tratamento, enquanto que 88%

regrediu espontaneamente.

Constatou-se que os fatores de risco da ROP como o baixo peso ao

nascimento, a prematuridade e a oxigenioterapia estão relacionados com a

ocorrência da doença.

O HDM possui um programa de triagem neonatal para prevenção e detecção

precoce da ROP, conforme diretrizes nacionais preconizadas. Desta forma, é

necessário que sejam realizados estudos nacionais para verificar as diferenças

regionais da doença no Brasil e para que sejam desenvolvidas políticas públicas

para evitar esse tipo de cegueira infantil prevenível.

Page 60: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

58

PERSPECTIVAS FUTURAS

Além da análise dos dados obtidos a partir dos prontuários e dos

procedimentos médicos realizados nos recém-nascidos pré-termos, foram

verificados os elementos do formulário original utilizado para registro da ROP e ficou

constatado, que no atual protocolo da ROP do Grupo ROP Brasil não há campos

que contemplem a situação de vulnerabilidade econômica das famílias dos recém-

nascidos monitorados, fato este que deve ser considerado uma vez que a maioria da

população brasileira se encontra nesse patamar de estratificação social,

principalmente na região Nordeste do país.

A inclusão de um campo como este poderá contribuir com dados para

entendimento da situação socioeconômica das famílias das crianças diagnosticadas

com ROP e mapear as áreas de incidência da doença.

Desta forma, se possibilitaria pensar em políticas públicas ou ações

integradas entre as unidades ou órgãos públicos da Região do Vale do São

Francisco que atendessem as famílias de baixa renda que não pudessem arcar com

o acompanhamento ambulatorial pós-tratamento da ROP.

Além disso, deveria ser dada a continuidade ao acompanhamento de

possíveis complicações visuais futuras em consequência da ROP, em ambulatório

especializado com oftalmopediatra. Este acompanhamento pode não ocorrer por

não existir um local de referência conveniado pela rede pública de saúde que

promova este tipo de atendimento.

Como uma possibilidade de contribuição, essas famílias poderiam ser

acompanhadas por um núcleo estruturado na UNIVASF articulado com o curso de

Medicina na área de Oftalmologia, em parceria com o HDM e com os poderes

públicos regionais para que se pudesse dar continuidade ao acompanhamento

oftalmológico dos RNs diagnosticados com a ROP até os dois anos de idade e para

além deles às crianças que assim fosse necessário. Com essa possibilidade

tornando-se realidade haveria uma ação interdisciplinar em prol da redução da

cegueira prevenível infantil causada pela retinopatia da prematuridade.

Page 61: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

59

REFERÊNCIAS

ÁVILA, Marcos; LAVINSKY, Jacó; MOREIRA JUNIOR, Carlos Augusto. Retina e Vítreo. Série Oftalmologia Brasileira. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura, 2011. p. 203-211 p. ______, Marcos; ALVES, Milton Ruiz; NISHI, Mauro. As condições de saúde ocular no Brasil-CBO. 2015. Disponível em: http://www.sbp.com.br/%20show_%20item2.cfm?id_categoria=22&id_detalhe=1824& tipo_detalhes Acesso em: 25 nov. 2015 BLENCOWE, Hannah; LAWN, Joy E.; VAZQUEZ Thomas; FIELDER, Alistair; GILBERT, Clare. Pediatr. Res., v.74, n.s1, p.35-49, 2013. BONOTTO, Ligia Beatriz; MOREIRA, Ana Tereza Ramos; CARVALHO, Denise Siqueira. Prevalência de retinopatia da prematuridade em prematuros atendidos no período de 1992-1999 em Joinville (SC): avaliação de riscos associados-“screening”. Arq. Bras. Oftalmol., v.70, n.1, p.55-61, 2007. ______, Ligia Beatriz; MOREIRA, Ana Tereza Ramos; CHUFFI, Silvia; SCKUDLAREK, Maria Bittencourt. Comparative study of visual functions in premature pre-school children with and without retinopathy of prematurity. Arq. Bras. Oftalmol., v.77, n.1, p.34-9, 2014. BRASIL. Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 03 de dez. 2004. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm>. Acesso em: 24 de nov.de 2015. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Atenção à saúde do recém-nascido: Guia para profissionais de Saúde. Cuidados com o recém-nascido pré-termo técnico. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. V.4. ______. Conselho Nacional de Saúde.Ministério da Saúde. Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012. Regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 13 de jun. 2013 Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2013/06_jun_14_publicada_resolucao.html>. Acesso em: 19 de nov. 2015. BRITO, Patrícia Ribeiro; VEITZMAN, Sílvia. Causas de cegueira e baixa visão em crianças. Arq. Bras. Oftalmol., v.63, n.1, p.49-54, 2000. CARRION, Juliana Zimmermann; FORTES FILHO. João Borges; TARTARELLA, Marcia Beatriz. Prevalence of retinopathy of prematurity in Latin America. Clin. Ophtalmol., v.5., p.1687-95, 2011.

Page 62: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

60

CHAUDHARI, Sudha; PATWARDHAN, Vidyadhar; VAIDYA, Umesh; KADAM, Sandeep; KAMAT, Aarti. Retinopathy os Prematurity in a Tertiary Care Center-Incidence, Risk Factors and Outcome. Indian Pediatrics, v.5., p.219-22, 2009. EROL, Muhammet Kazim; COBAN, Deniz Turgut; SARI, Esin Sogutlu; BILGIN, Ahmet Burak; DOGAN, Berna; OZDEMIR, Ozdemir; TUNAY, Zuhal Ozen. Comparision of intravitreal ranibizumab and bevacizumab treatment for retinopathy of prematurity. Arq. Bras. Oftalmol., v.78, n.6, p.340-3, 2015. FIELDER, Alistair; BLENCOWE, Hannah; O’CONNOR, Anna; GILBERT, Clare. Impact of retinopathy of prematurity on ocular structures and visual functions. Arch Dis Child Fetal Neonatal., v.100, n.2, p.179-84, 2014. FORTES FILHO, João Borges. Retinopatia da prematuridade. Rev. Bras. Oftalmol., v.65, n.4, p.246-58, 2006. ______, João Borges; BARROS, Cristiano Koch; COSTA, Marlene Coelho da; PROCIANOY, Renato Soibelmann. Resultado de um programa de prevenção da cegueira pela retinopatia da prematuridade na região Sul do Brasil. J. Pediatr., v.83, n.3, p.209-16, 2007. ______, João Borges; ECKERT, Gabriela Unchalo; VALIATTI, Fabiana Borba; COSTA, Marlene Coelho da; BONOMO, Pedro Paulo; PROCIANOY, Renato Soibelmann. Prevalência e fatores de risco para a retinopatia da prematuridade: estudo com 450 pré-termos de muito baixo peso. Rev Bras. Oftalmol., v.68, n.1, p.22-9, 2009. ______, João Borges; ECKERT, Gabriela Unchalo; VALIATTI, Fabiana Borba; COSTA, Marlene Coelho da; BONOMO, Pedro Paulo; PROCIANOY, Renato Soibelmann. Prevalence of retinopathy of prematurity: an institutional cross-sectional study of preterm infantes in Brazil. Rev. Panam. Salud Publica, v.26, n.3, p.216-20, 2009. ______, João Bores; ECKERT, Gabriela Unchalo; TARTARELLA, Marcia Beatriz; PROCIANOY, Renato Soibelmann. Prevention of retinopathy of prematurity. Arq. Bras. Oftalmol., v.74, n.3, p.217-21, 2011. ______, João Borges. Medidas preventivas em Retinopatia da Prematuridade (ROP). In SILVEIRA, Rita de Cássia (org) Segmento Ambulatorial do Prematuro de Risco. São Paulo: SBP, 2012, p. 73-75. Disponível em: <www.sbp.com.br/pdfs/Seguimento_prematuro_ok.pdf> Acesso em: 13 de nov. 2015 GONÇALVES, Eduardo; NÁSSER, Luciano Sólia; MARTELLI, Daniella Reis; ALKMIM, Isadora Ramos; MOURÃO, Thalita Veloso; CALDEIRA, Antônio Prates; MARTELLI JÚNIOR, Hercílio. Incidence and risk factors for retinopathy of prematurity in a Brazilian reference service. Sao Paulo Med. J., v. 132, n.2, p.85-91, 2014. GOOD, W.V.; HARDY, R.J.; DOBSON, V.; PALMER, E.A.; PHELPS, D.L.; QUINTOS, M.; TUNG, B. Early Treatment for Retinopathy of Prematurity Cooperative

Page 63: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

61

Group. The incidence and course of retinopathy of prematurity: findings from the early treatment for retinopathy of prematurity study. Pediatrics, v.116, n.1, p.15-23, 2005. GRAZIANO, Rosa Maria. Exame oftalmológico do recém-nascido no berçário: uma rotina necessária. J. Pediatr., v.78, n.3, p.187-8., 2002. ______, Rosa Maria; LEONE, Cléa Rodrigues. Problemas oftalmológicos mais frequentes e desenvolvimento visual do pré-termo extremo. J. Pediatr., v.81, n.1, p.S95-100, 2005. Grupo Retinopatia da Prematuridade Brasil. Relatório do I Workshop Retinopatia da Prematuridade. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2002. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/ show_ item2.cfm?id_categoria=22& id_detalhe=1824& tipo_detalhes>. Acesso em 27 de set. 2015. Grupo Retinopatia da Prematuridade Brasil. Relatório do III Workshop Retinopatia da Prematuridade. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2005. Disponível em: <http://www.prorop.com.br/files/arq_ptg_6_1_216.pdf>. Acesso em: 27 set. 2015. Grupo Retinopatia da Prematuridade Brasil. Relatório do IV Workshop Retinopatia da Prematuridade. Sociedade Brasileira de Pediatria. 2007. Disponível em: <https://www.yumpu.com/pt/document/view/24866978/iv-workshop-de-retinopatia-da-prematuridade-conselho-brasileiro->. Acesso em: 27 set 2015 GUNAY, Murat; CELIK, Gokhan; GUNAY, Betul Onal; AKTAS, Alev; KARATEKIN, Guner; OVALI, Fahri. Evaluation of 2-year otcomes following intravitreal bevacizumab (IVB) for aggressive posterior retinopathy of prematurity. Arq. Bras. Oftalmol., v.78, n.5, p.300-4, 2015. INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA- IMIP. Disponível em:http://www1.hdm.imip.org.br Acesso em 25 set. 2015. KREUTZ, Carla Meira; BOSA, Cleonice Alves. “Um sonho cortado pela metade...”: Estudo de caso sobre o impacto da prematuridade e da deficiência visual do bebê na parentalidade. Estud. Psicol., v.18, n.2, p.305-13, 2013. LERMANN, Viviane Levy; FORTES FILHO, João Borges; PROCIANOY, Renato Soibelmann. Prevalência de retinopatia da prematuridade em recém-nascidos de muito baixo peso. J. Pediatr., v.82, n.1, p.27-32, 2006. MESSA, Alcione Aparecida; MATTOS, Ricardo Belfort; ARECO, Kelsy Catherina Nema; SALLUM, Juliana Maria Ferraz. Vision-related quality of life in children with retinopathy of prematurity. Arq. Bras. Oftalmol., v.78, n.4, p.224-8, 2015. NICOLAEVA, Galina, V.; SIDORENKO, Evgeny, I.; IOSIFOVNA, Amkhanitskaya Lyubov. Influence of the blood glucose level on the development of retinopathy of prematurity in extremely premature children. Arq. Bras. Oftalmol., v.78, n.4, p.232-5, 2015.

Page 64: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

62

PINHEIRO, Aline Macêdo; SILVA, Wallace Andrino da; BESSA, Cíntia Glenda Freitas; CUNHA, Hélida Machado; FERREIRA, Maria Ângela Fernandes; GOMES, Alexandre Henrique Bezerra. Incidência e fatores de risco da retinopatia da prematuridade no Hospital Universitário Onofre Lopes, Natal (RN) - Brasil. Arq. Bras. Oftalmol., v.72, n.4, p.451-6, 2009. PROCIANOY, Renato Soibelmann. Retinopatia da prematuridade: uma doença solicitando a atenção do neonatologista. J. Pediatr., v.73, n.6, p.361-2, 1997. PUTZ, Carla. Oftalmologia: ciências básicas. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2011. 237-386 p. QUINN, Graham E. Retinopatia da prematuridadeno Brasil: um problema emergente. J. Pediatr., v.83, n.3, p.191-3, 2007. SCHUMANN, Raphael de Faria; BARBOSA, Adauto Dutra Moraes; VALETE, Cristina Ortiz. Incidência e gravidade da retinopatia da prematuridade e sua associação com morbidade e tratamentos instituídos no Hospital Universitário Antonio Pedro, entre 2003 a 2005. Arq. Bras. Oftalmol., v.73, n.1, p.47-51, 2010. SHINSATO, Rogério Neri; PACCOLA, Letícia; GOLÇALVES, Walusa Assad; BARBOSA, José Carlos; MARTINEZ, Francisco Eulógio; RODRIGUES, Maria Lourdes Veronese; JORGE, Rodrigo. Frequência de retinopatia da prematuridade em recém-nascidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Arq. Bras. Oftalmol., v.73, n.1, p.60-5, 2010. TALEB, Alexandre. As condições de saúde ocular no Brasil - CBO, São Paulo: Ed. Walprint, 2012 Disponível em: http://www.sbp.com.br/%20show_%20item2.cfm?id_categoria=22&id_detalhe=1824& tipo_detalhes. Acesso em: 27 set. 2015. TOMÉ, Virgínia Amélia Vaz; VIEIRA, Janaína Fernandes; OLIVEIRA, Leonardo Bruno de; PINTO, Rogério de Melo Costa; ABDALLAH, Vânia Olivetti Steffen. Estudo da retinopatia da prematuridade em um hospital universitário. Arq. Bras. Oftalmol., v.74, n.4, p.279-282, 2011. VAUGHAN, Daniel; ASBURY, Taylor; RIORDAN-EVA, Paul. Oftalmologia Geral. São Paulo: Atheneu, 2003. 178-189p. ZINN, Andrea; FLORÊNCIO, Telma; FORTES FILHO. João Borges; NAKANAMI, Célia Regina; GIANINI, Nicole; GRAZIANO, Rosa Maria; MORAES, Nilva. Proposta de diretrizes brasileiras do exame e tratamento de retinopatia da prematuridade (ROP). Arq. Bras. Oftalmol., v.70, n.45, p.875-883, 2007.

Page 65: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

63

ANEXOS

Page 66: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

64

ANEXO A – Formulário Grupo ROP Brasil

Page 67: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

65

Page 68: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

66

ANEXO B – Carta de Anuência

Page 69: ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DA RETINOPATIA DA …...Conclusão: Este estudo identificou uma alta ocorrência da ROP na Maternidade do Hospital Dom Malan (HDM), onde os principais fatores

67

ANEXO C – Carta de Aprovação do Comitê de Ética