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ANÁLISE DE CICLOS COMBINADOS COM DIFERENTES FLUIDOS
Bruna dos Santos Lazéra Wanke
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Marcelo José Colaço
Rio de Janeiro
Março de 2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
ANÁLISE DE CICLOS COMBINADOS COM DIFERENTES FLUIDOS
Bruna dos Santos Lazéra Wanke
PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.
Aprovado por:
________________________________________________
Prof. Marcelo José Colaço; D.Sc. (Orientador)
________________________________________________
Prof. Hélcio Rangel Barreto Orlande; D.Sc.
________________________________________________
Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz; Ph.D.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARÇO DE 2019
i
Wanke, Bruna dos Santos Lazéra
Análise de Ciclos Combinados com diferentes Fluidos
/ Bruna dos Santos Lazéra Wanke. – Rio de Janeiro:
UFRJ/ Escola Politécnica, 2019.
VIII, 64 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Marcelo José Colaço
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia Mecânica, 2019.
Referências Bibliográficas: p. 47-48.
1. Introdução. 2. Revisão Bibliográfica. 3. Cálculo do
Ciclo Combinado. 4. Simulação 5. Resultados 6.
Conclusões. I. Marcelo José Colaço II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Mecânica. III. Análise de ciclos combinados
com diferentes fluidos.
ii
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a minha família, especialmente aos meus pais Bodo e
Marcia, pelo constante carinho, exemplo e motivação. Agradeço também aos meus
irmãos, Peter e Leo, pelo afeto. Agradeço a todos os meus professores, responsáveis pela
minha educação e formação, sem os quais também não teria chegado ao final da
graduação.
Agradeço também a Victor Esteves, pela amizade sincera e conversas durante a
faculdade, que sempre serviram como apoio e orientação. Agradeço também aos meus
colegas, Jõao Paulo Samu, Lucas Aquino e Guido Graça pelas risadas no dia-a-dia das
aulas na UFRJ. Agradeço às minhas amigas Tainá Wandelli e Lívia Coutinho, por todo
carinho e companheirismo durante o intercâmbio. Agradeço especialmente a Vivian
Oliveira Costa, por ser uma grande amizade todos esses anos e alguém com quem sempre
pude contar.
Desejava ter mais tempo para reviver todos esses bons momentos vividos na
graduação dos quais vocês fizeram parte. Em especial, agradeço ao meu Professor
orientador, Marcelo Colaço, por toda orientação e pelo apoio que foram o máximo neste
último ano.
iii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
ANÁLISE DE CICLOS COMBINADOS COM DIFERENTES FLUIDOS
Bruna dos Santos Lazéra Wanke
Março/2019
Orientador: Marcelo José Colaço
Curso: Engenharia Mecânica
Motivado pelo aumento da demanda de energia e tendências de desenvolvimento
tecnológico de plantas de geração térmica mais eficientes e capazes de utilizar fluidos
alternativos, e além disso, pelas questões econômicas e ambientais da geração de energia,
este projeto de graduação apresenta uma análise de ciclos combinados com três fluidos
diferentes na turbina a vapor: água, n-pentano e dióxido de carbono. Inicialmente, a
influência das temperaturas e pressões na eficiência e na potência dos ciclos foram
analisadas. Com base nesta análise, os ciclos foram otimizados pelo método do gradiente
conjugado escrito em Python. Finalmente, os resultados mostram as vantagens e
desvantagens da utilização de cada fluido. Além disso, outras aplicações desses fluidos
para geração de energia são discutidas com base na literatura existente.
Palavras-chave: Ciclo de Rankine orgânico, eficiência térmica, ORC transcrítico, ciclo
combinado Brayton ORC, otimização.
iv
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Mechanical Engineer.
ANALYSIS OF COMBINED CYCLES WITH DIFFERENT FLUIDS
Bruna dos Santo Lazéra Wanke
March/2019
Advisor: Marcelo José Colaço
Course: Mechanical Engineering
Motivated by increasing energy demand and technological development trends of more
efficient thermal generation facilities capable of using alternative fluids, and also by the
economic and environmental issues of energy generation, this graduation project presents
an analysis of combined cycles with three different fluids in the steam turbine: water, n-
pentane and carbon dioxide. Initially, the influence of temperatures and pressures on the
efficiency and power of the cycles were analyzed. Based on this analysis, the cycles were
optimized by the conjugate gradient method written in Python. Finally, the results show
the advantages and disadvantages of using each fluid. In addition, other applications of
these fluids for power generation are discussed based on the existing literature.
Keywords: organic Rankine cycle, thermal efficiency, transcritical ORC, combined
Brayton ORC cycle, optimization.
v
Sumário
1. Introdução ................................................................................................................. 1
1.1. Geração termoelétrica no Brasil............................................................................. 1
1.2. Metodologia ........................................................................................................... 5
2. Revisão bibliográfica ................................................................................................ 6
2.1. Ciclos combinados ............................................................................................. 6
2.2. Ciclo Brayton ..................................................................................................... 7
2.3. Ciclo Rankine .................................................................................................... 8
2.4. Fluidos orgânicos versus água ........................................................................... 9
2.5. Seleção do fluido orgânico............................................................................... 11
2.6. Ciclos transcríticos e modificações .................................................................. 13
3. Cálculo do ciclo combinado .................................................................................... 15
3.1. Cálculo do ciclo de Brayton ............................................................................. 16
3.2. Cálculo do ciclo Rankine ................................................................................. 17
3.3. Cálculo do ciclo combinado............................................................................. 20
4. Simulação ................................................................................................................ 22
4.1. Método de otimização ...................................................................................... 22
4.2. Linguagem e bibliotecas .................................................................................. 24
4.3. Programação .................................................................................................... 26
4.4. Análise gráfica do ciclo combinado ................................................................. 28
4.4.1. Influência da razão de compressão............................................................... 28
4.4.2. Influência da temperatura e pressão de evaporação ..................................... 31
4.4.3. Influência das pressões e temperaturas de extração ..................................... 36
5. Resultados ............................................................................................................... 39
5.1. Otimização da eficiência .................................................................................. 39
5.2. Otimização do trabalho .................................................................................... 43
6. Conclusões .............................................................................................................. 46
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 47
Apêndice A: Programa ................................................................................................... 49
Apêndice B: Gráficos das otimizações ........................................................................... 62
vi
Índice de Figuras
Figura 1: Capacidade instalada nas usinas em MW [4].................................................... 2
Figura 2: Combustíveis principais utilizados nas UTEs [4] ............................................. 3
Figura 3: Ciclo Termodinâmicos utilizado nas UTEs brasileiras [4]. .............................. 4
Figura 4: Ciclo combinado básico .................................................................................... 6
Figura 5: Ciclo de Brayton básico e diagrama T-s ........................................................... 7
Figura 6: Ciclo Rankine básico e diagrama T-s ............................................................... 8
Figura 7: Curvas de saturação para diferentes tipos de fluidos ...................................... 10
Figura 8: Ciclos transcríticos .......................................................................................... 14
Figura 9: Ciclo combinado simulado ............................................................................. 15
Figura 10: Fluxograma da otimização ............................................................................ 26
Figura 11: Eficiência e trabalho do ciclo Brayton em função de rp ............................... 28
Figura 12: Ciclo combinado- eficiência e trabalho do n-pentano .................................. 29
Figura 13: Ciclo de Brayton com rp=8 ........................................................................... 30
Figura 14: Ciclo de Brayton com rp=20 ......................................................................... 30
Figura 15: Ciclo combinado H2O - influência de P10 e T10 ............................................ 31
Figura 16: Ciclo combinado C5H12 - influência de P10 e T10 .......................................... 32
Figura 17: Cp em função da temperatura ....................................................................... 33
Figura 18: Ciclo combinado - influência de T10 no n-Pentano ....................................... 33
Figura 19: Ciclo combinado - influência de T10 no CO2 ................................................ 34
Figura 20: Ciclo combinado CO2 – influência de Ta, e Tb ............................................ 35
Figura 21: Ciclo combinado CO2 – influência de P11 e P12 ........................................... 35
Figura 22: Ciclo combinado H2O - influência de P11, P12 e rp ....................................... 36
Figura 23: Ciclo combinado C5H12 - influência de P11, P12 e rp ..................................... 37
Figura 24: Ciclo combinado CO2 - influência de P11, P12 e rp ........................................ 37
Figura 25: Ciclo Rankine CO2 com eficiência otimizada ............................................... 40
Figura 26: Ciclo Rankine CO2 com eficiência otimizada - ampliado na região de
expansão da figura 26 ..................................................................................................... 41
Figura 27: Ciclo Rankine H2O com eficiência otimizada ............................................... 42
Figura 28: Ciclo Rankine C5H12 com eficiência otimizada ............................................ 43
Figura 29: Ciclo Rankine CO2 com trabalho otimizada ................................................. 44
Figura 30: Ciclo Rankine C5H12 com trabalho otimizado .............................................. 45
Figura 31: Ciclo Rankine H2O com trabalho otimizado ................................................ 45
vii
Índice de Tabelas
Tabela 1: Pontos críticos e limites máximos de simulação de vários fluidos .................. 9
Tabela 2: Fluidos orgânicos comuns e aplicações .......................................................... 12
Tabela 3: Resumo dos parâmetros de simulação ............................................................ 21
Tabela 4: Variáveis do ciclo combinado em cada simulação ......................................... 38
Tabela 5: Resultados da otimização da eficiência .......................................................... 39
Tabela 6: Resultados da otimização do trabalho ............................................................ 43
viii
Índice de Abreviaturas e Siglas
BWR – Back Work Ratio
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
GEE – Gases de Efeito Estufa
GIS – Geographic Information System
HRSG – Heat Recovery Steam Generator
ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico
ORC – Organic Rakine Cycle
SEB – Sistema Elétrico Brasileiro
SIN – Sistema Interligado Nacional
UTE – Usina termoelétrica
1
1. Introdução
1.1. Geração termoelétrica no Brasil
A crescente demanda por energia elétrica, o custo da energia e questões
ambientais apontam para a necessidade do desenvolvimento de tecnologias para geração
de eletricidade descentralizada e mais sustentável. A diversificação da matriz energética
é necessária, não só para atender à crescente demanda da população, como também para
impulsionar o desenvolvimento da economia com uma energia de menor custo e mais
limpa. Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a projeção da carga de energia
para o Brasil em 2026 é de 91.160 MW médio e uma demanda máxima instantânea de
120.808 MW para todo o SIN (Sistema Interligado Nacional) [1].
O Sistema Elétrico Brasileiro (SEB) tem características próprias, pois o Brasil
com dimensões continentais, possui longas linhas de transmissão e tem a predominância
da geração hidrelétrica, incluindo usinas com capacidade de regularização e bacias
hidrográficas em diferentes regiões que se complementam. A grande participação da
energia hidrelétrica contribui para que o país tenha uma das matrizes elétricas mais
renováveis do mundo. A geração térmica no país funciona de forma a complementar a
hidrelétrica e a evitar o vertimento excessivo nos reservatórios das hidrelétricas [2].
Assim, as Usinas Termoelétricas (UTE) são importantes para aumentar a capacidade e
confiabilidade de geração de energia do SIN. O órgão responsável por otimizar os
recursos energéticos do SIN é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
As UTEs suprem uma fração significativa da energia elétrica no Brasil. Segundo
o Balanço Energético nacional de 2017, as termoelétricas contribuíram com 34,4% da
geração elétrica do país em 2015 e com 28,4% em 2016, queda que acompanhou a
diminuição da oferta interna de petróleo e derivados neste ano [2].
O combustível mais comum nas termoelétricas é o gás natural, contribuindo com
34,4% da geração termoelétrica, seguido pela biomassa com 31%, nuclear com 9,6%,
derivados do petróleo com 14% e carvão e derivados com 11% [3]. O gás natural é
considerado como um combustível de “queima limpa”, pois emite menos CO2 que outros
combustíveis fósseis, e além disso, UTEs a gás natural têm flexibilidade de operação para
2
atender cargas de ponta. Por isso, as UTEs a gás natural são utilizadas para complementar
a geração de energia pelas fontes renováveis intermitentes [2].
As Figuras 1, 2 e 3 a seguir ilustram a geração termoelétrica no Brasil de acordo
com dados do Instituto de Energia e Meio Ambiente de 2016 [4], que não incluem as usinas
nucleares. As Figuras foram feitas com o software QGIS, onde GIS significa Geographic
Information System. Ao total, as 88 UTEs somam uma capacidade instalada de 29.414 MW.
Conforme a Figura 1, a maioria das UTEs está mais concentrada na região sudeste e no
litoral do país. A Figura 2 mostra os principais combustíveis utilizados nas UTEs, tais como
o gás natural, já mencionado, calor de outros processos, carvão mineral, gás de alto forno,
gás de refinaria, óleo combustível, óleo diesel e outros.
Figura 1: Capacidade instalada nas usinas em MW [4]
3
Figura 2: Combustíveis principais utilizados nas UTEs [4]
As UTEs utilizam turbinas para gerar energia e a cada tipo de turbina está associado
um ciclo termodinâmico, sendo o ciclo Brayton para turbinas a gás e o ciclo Rankine para
turbinas a vapor. Existem também combinações dos dois ciclos, chamados ciclos
combinados. As UTEs com ciclos combinados têm as maiores eficiências, pois o calor dos
gases de exaustão da turbina a gás é reaproveitado na turbina a vapor.
A Figura 3 mostra os ciclos termodinâmicos utilizados nas UTEs. O ciclo
termodinâmico mais comum é realizado com motor a combustão. Das 88 UTEs pesquisadas
28 utilizam motor a combustão. O segundo ciclo termodinâmico mais frequente é o
combinado, totalizando 21 UTEs.
4
Figura 3: Ciclo Termodinâmicos utilizado nas UTEs brasileiras [4].
Além de muito utilizados, os ciclos combinados têm maior eficiência. Assim, para
uma mesma quantidade de energia produzida, consome-se menos combustível e emite-se
menos GEE (Gases de Efeito Estufa) em comparação aos demais ciclos. Além disso, é
possível que no futuro se desenvolvam tecnologias de captura de carbono, reduzindo ou
mitigando as emissões [2]. Por essas razões, o ciclo combinado é estudado no presente
trabalho, que propõe e avalia modificações para aumentar sua eficiência.
Este trabalho propõe modificações na arquitetura dos ciclos utilizando aquecedores
de contato e de superfície. Outra modificação proposta consiste em trocar a água na turbina
a vapor do ciclo combinado por fluidos orgânicos, abordagem essa que será usada neste
trabalho para comparar o desempenho de diversos ciclos combinados.
Os fluidos orgânicos foram escolhidos para estudo por terem capacidade de gerar
energia a partir de calor de baixa temperatura, sendo adequados não somente para ciclos
combinados, como também para reaproveitar o calor de outros processos ou ainda em
fontes renováveis de energia como combustão de biomassa e concentradores solares
térmicos [5] [6] [7].
5
1.2. Metodologia
Para implementação dessa proposta, primeiramente, foi feita uma revisão dos ciclos
Brayton e Rankine clássicos, que juntos formam o ciclo combinado. Em seguida, foi feito
um estudo sobre o ciclo Rankine com fluidos orgânicos, com foco em dois aspectos
principais: os critérios de seleção dos fluidos e as suas aplicações. Ao final, os três fluidos
selecionados para comparação são a água, n-pentano e o CO2.
Cada componente do ciclo combinado foi modelado considerando a primeira e
segunda leis da termodinâmica e hipóteses simplificadores. Para o cálculo e otimização dos
ciclos combinados a linguagem de programação utilizada foi Python 3.6.5 e a base de dados
foi Coolprop [8].
Uma análise gráfica foi realizada previamente à otimização e para tal foi necessária
a programação dos gráficos com mais duas bibliotecas: Numpy [9] e Matplotlib [10]. O
método de otimização é o do gradiente conjugado. As funções otimizadas são a eficiência
e o trabalho do ciclo combinado. Os resultados de cada ciclo são analisados e as vantagens
e desvantagens de cada ciclo discutidas. Ao final são apresentadas as conclusões deste
trabalho.
6
2. Revisão bibliográfica
2.1. Ciclos combinados
Um ciclo combinado consiste em dois ou mais ciclos, arranjados de forma que um
ciclo possa reaproveitar calor rejeitado de outro, melhorando o desempenho do conjunto.
Classicamente, o primeiro ciclo é o ciclo Brayton, que gera a maior parte da energia na
turbina a gás. O ciclo de Brayton básico tem eficiência de 30 a 40 %, podendo chegar até
cerca de 50% com modificações no ciclo básico.
O ciclo de Brayton combinado com um ciclo Rankine a vapor pode chegar a
eficiências da ordem de 60% [11]. A troca do vapor d’água do ciclo Rankine por um fluido
orgânico, naturalmente, determina diferentes eficiências e justamente por isso serão
comparadas neste trabalho. A Figura 4 mostra um ciclo combinado simples.
Figura 4: Ciclo combinado básico
7
2.2. Ciclo Brayton
O ciclo de Brayton ideal básico é composto por um compressor de ar, uma câmara
de combustão e uma turbina de expansão, sendo apresentado na Figura 5. Primeiramente o
ar é comprimido no compressor de 1 a 2. Depois segue para a câmara de combustão, onde
a temperatura se eleva, podendo superar 1000 °C, sob pressão constante de 2 a 3. Em
seguida, o gás é expandido na turbina produzindo trabalho tanto para acionar o compressor
de 3 a 4 como para gerar trabalho de 4 a 5. Após a expansão, a temperatura cai, mas ainda
é bastante elevada, da ordem de 550 °C, podendo esse calor ser aproveitado para evaporar
água ou algum outro fluido [4], [11], [12].
Figura 5: Ciclo de Brayton básico e diagrama T-s
Os gases da combustão do ciclo Brayton vão para uma caldeira de recuperação,
onde se dá o elo entre o ciclo de Brayton e de Rankine. A caldeira recupera o calor dos
gases transferindo-o ao vapor, sendo chamada de HRSG (Heat Recovery Steam Generator).
A partir do vapor produzido no HRSG a turbina a vapor gera mais trabalho.
Quando a água é substituída por fluidos orgânicos, deve-se tomar cuidado com a
temperatura máxima de operação. Considerando uma caldeira ideal, a água pode ser
aquecida até os 550 °C dos gases de exaustão. Já outros fluidos orgânicos não podem
alcançar tal temperatura, pois se degradam em temperaturas menores, por volta de 300 °C.
Neste caso a caldeira é substituída por um evaporador que utiliza um óleo térmico
intermediário para transferir calor sem superaquecer os fluidos orgânicos [6] [12].
8
2.3. Ciclo Rankine
O ciclo Rankine ideal básico é composto pelo evaporador, uma turbina a vapor, um
condensador e uma bomba, podendo ser visto na Figura 6. Primeiramente a água, ou outro
fluido, é bombeada de 1 a 2, sendo comprimida. O fluido segue então para o evaporador,
onde recebe calor à pressão constante de 2 a 3. A temperatura em 3 pode ser igual ou maior
que a temperatura de vapor saturado. Em seguida, o fluido expande na turbina de 3 a 4
realizando trabalho e vai para o condensador, onde rejeita calor à pressão constante de 4 a
1, fechando o ciclo.
Figura 6: Ciclo Rankine básico e diagrama T-s
Em um ciclo Rankine ideal o bombeamento e a expansão são processos
isentrópicos, isto é, reversíveis e adiabáticos. Além disso, não ocorrem quedas de pressão
no condensador e no evaporador. Portanto nestes equipamentos a pressão é constante.
O ciclo orgânico de Rankine é semelhante ao ciclo de Rankine clássico com vapor
d’água. A diferença entre os dois está essencialmente no fluido de trabalho e outras
diferenças nos parâmetros de operação, como a temperatura e pressão de evaporação, que
são consequência da mudança de fluido. Com fluidos orgânicos facilmente se alcança
pressões e temperaturas acima do ponto crítico do fluido, sendo chamados ciclos
transcríticos e supercríticos, enquanto que o ciclo Rankine descrito se enquadra na
classificação de subcrítico.
9
2.4. Fluidos orgânicos versus água
Um fluido orgânico é constituído de moléculas orgânicas, que em sua maioria
possuem átomos de carbono em ligações covalentes com hidrogênio, classificação em que
se encaixam os hidrocarbonetos. Os fluidos orgânicos usados em ciclos Rankine têm
propriedades termodinâmicas diferentes da água e normalmente ponto de ebulição menor.
Justamente por evaporarem mais facilmente, o aproveitamento de calor de mais baixa
temperatura é possível.
A água e fluidos orgânicos têm propriedades muito diferentes entre si, que implicam
em vantagens e desvantagens. A temperatura crítica da água é 374 °C e a pressão crítica é
de 22 MPa. Outros fluidos como dióxido de carbono (CO2) têm a temperatura e a pressão
crítica menores, respectivamente 31 °C e 7,4 Mpa. Assim, é muito mais fácil operar o ciclo
termodinâmico com CO2 na região supercrítica e desta forma não ocorre mudança de fase
na caldeira. A Tabela 1 compara a água com vários fluidos orgânicos, onde se observa que
as temperaturas e pressões críticas são menores que as da água. Além disso, a tabela mostra
os limites máximos em que as a biblioteca utilizada, Coolprop [8], fornece as propriedades
dos fluidos.
Tabela 1: Pontos críticos e limites máximos de simulação de vários fluidos
Fluido Tcr (K) Pcr (MPa) Tmax (K) Pmax (MPa) Fórmula
1 Água 647,10 22,06 2000 1000,0 H2O
2 Dióxido de carbono
304,13 7,38 2000 800,0 CO2
3 Etanol 514,71 6,27 650 280,0 C2H6O
4 Etilbenzeno 617,12 3,62 700 60,0 C8H10
5 n-pentano 469,70 3,37 600 69,0 C5H12
6 R11 471,06 4,39 625 100,0 CCl3F
7 R134a 374,21 4,06 455 70,0 C2F3H3
8 Tolueno 591,75 4,13 700 500,0 C7H8
9 Isobutano 407,82 3,63 575 35,0 C4H10
10 Isohexano 497,70 3,04 550 1000,0 C4H11
Fonte: [8]
10
Fluidos podem ser classificados em secos, isentrópicos ou úmidos. A água é um
fluido do tipo úmido, pois tem a inclinação da curva de vapor saturado negativa no
diagrama T-s. Fluidos secos têm essa inclinação positiva e fluidos isentrópicos têm essa
inclinação nula. A Figura 7 exemplifica esta definição, sendo o n-pentano um fluido seco,
o R142b isentrópico e a água um fluido úmido.
Figura 7: Curvas de saturação para diferentes tipos de fluidos
A água por ser um fluido úmido tende a se condensar ao expandir na turbina,
formando gotículas que provocam a erosão das pás da turbina. Por isso, o vapor d’água
normalmente é superaquecido, sendo a temperatura mínima da entrada na turbina de 450
°C [5] [11]. Entretanto, ao superaquecer, as tensões térmicas também aumentam nas pás da
turbina. Nesse sentido, fluidos secos como o n-pentano são melhores, pois a expansão se
dá inteiramente na fase de vapor, não necessitando de superaquecimento.
A variação da entalpia específica dos fluidos orgânicos durante a expansão
normalmente é menor. Por isso, a turbina tem somente um estágio em geral. Em ciclos
Rankine a vapor d’água, a turbina possui diversos estágios de expansão, onde a cada estágio
a pressão cai, realizando mais trabalho. Já a massa específica dos fluidos orgânicos é maior
e, consequentemente, seus equipamentos necessitam de menos espaço.
Quanto à eficiência, a do ciclo a vapor é mais alta, cerca de 30% e pode chegar a
40% dependo da complexidade da planta. Já ciclos Rankine orgânicos têm eficiências mais
11
baixas, que não costumam exceder 24% [5] [6]. Essa diminuição na eficiência tem diversas
causas, dentre elas o fato do trabalho de compressão da bomba em fluidos orgânicos ser
maior do que em comparação com a água.
Ocorre que em ciclos Rankine orgânicos transcríticos ou supercríticos, a bomba não
é uma bomba comum, como as usadas para água, mas sim um equipamento de compressão.
A medida BWR (Back Work Ratio) é a razão entre o trabalho consumido pela bomba (ou
compressor) e o produzido pela turbina. Enquanto no ciclo a vapor o BWR é de 0,4 %, em
ciclos orgânicos o BWR está entre 2 a 3 %, podendo chegar a 10% para fluidos de
temperaturas críticas mais baixas [13].
A água é um fluido conveniente, pois além de baixo custo é abundante em
comparação aos fluidos orgânicos. Ela é não tóxica, não inflamável e não causa grandes
impactos ambientais. Além disso, tem baixa viscosidade, acarretando em uma perda de
carga pequena. Fluidos orgânicos podem ser tóxicos, inflamáveis e se degradar em altas
temperaturas. Por isso, uma seleção cuidadosa dos fluidos orgânicos deve ser feita.
2.5. Seleção do fluido orgânico
A seleção do fluido de trabalho depende de fatores técnicos e econômicos. Dentro
do contexto de aplicação, o fluido deve ser selecionado para que a eficiência térmica e o
trabalho líquido sejam os maiores possíveis. A temperatura de evaporação e de
condensação são limitadas pela fonte térmica disponível e pela temperatura ambiente
respectivamente. Normalmente são feitas várias simulações para classificar os fluidos
quanto ao desempenho [13].
A temperatura de evaporação não deve ser muito menor do que da fonte de calor,
para maximizar o aproveitamento da fonte. A temperatura de evaporação também
influencia no desempenho da bomba, como já explicado. Quanto menor a temperatura de
evaporação, menor BWR do ciclo e maior a eficiência [13]. A temperatura de evaporação
também vai influenciar na massa específica e consequentemente no tamanho dos
equipamentos.
A pressão de evaporação também influencia a escolha do fluido. Em geral, quanto
maior a pressão, maior a eficiência do ciclo. Entretanto o custo dos equipamentos na prática
12
vai limitar a pressão máxima. Recomenda-se que a pressão de condensação esteja acima da
atmosférica para evitar infiltração. Na temperatura ambiente alguns fluidos orgânicos tem
a pressão de condensação acima da atmosférica, entretanto outros como hexano e tolueno
condensam em pressões menores.
Além de fluidos secos, são desejáveis propriedades como baixa viscosidade e alta
condutividade para favorecer a transferência de calor no evaporador. Existem também
critérios de segurança que consideram a inflamabilidade e toxicidade. Critérios ambientais
consideram o potencial de aquecimento global, ou Global Warming Potential (GWP) e
potencial de empobrecimento de Ozono, ou Ozone Depletion Potential (ODP) [12]. Assim,
o uso de fluidos orgânicos leva a questões de segurança relacionada a inflamabilidade no
caso dos hidrocarbonetos e ambientais no caso dos derivados halogenados [14].
Critérios de segurança, sustentabilidade, técnicos e econômicos podem ser
estabelecidos para eliminação durante a seleção de fluidos, enquanto que a eficiência e o
trabalho líquido, para otimizar a seleção. Alguns fluidos orgânicos que são usados
comercialmente atualmente estão na Tabela 2 a seguir com suas respectivas aplicações.
Tabela 2: Fluidos orgânicos comuns e aplicações
Fluido Aplicação
HFC-134a Geotérmica
HFC-245fa Recuperação de calor
n-pentano Solar e geotérmica
Solkatherm Recuperação de calor
OMTS Combustão de biomassa
Tolueno Recuperação de calor
Fonte: [13]
Ciclos ORC podem ser utilizados também em regiões isoladas, como, por exemplo,
o sistema proposto para a cidade de Cujubim em Rondônia [7]. O sistema híbrido de
geração de eletricidade, constituído de painéis fotovoltaicos, motor a Diesel, baterias e um
ciclo ORC foi otimizado para atender ao perfil de demanda energética da cidade. Além de
reduzir a quantidade de painéis fotovoltaicos, esse sistema também reduz emissões [7].
Outra aplicação possível é em navios utilizados pela indústria petrolífera, também
conhecidos como FPSO (Floating Production Storage and Offloading). Um ciclo ORC
pode ser integrado ao sistema de recuperação de calor, diminuindo o consumo de
combustível em 15% [15].
13
2.6. Ciclos transcríticos e modificações
Ciclos transcríticos apresentam características do ciclo Brayton e do ciclo Rankine.
Como a pressão de condensação está abaixo da crítica, a rejeição de calor ocorre com
condensação. A compressão ou bombeamento ocorre entre a pressão de condensação e a
pressão de evaporação, que está acima da pressão crítica. A absorção de calor ocorre sem
passar pela região de mudança de fase e a expansão ocorre na fase gasosa.
Os primeiros ciclos críticos estudados foram com CO2, pois o estado supercrítico é
facilmente atingido devido à sua temperatura crítica muito baixa, de 31 °C. Além disso é
uma substância bastante estável. Entretanto, a pressão crítica do CO2 é relativamente alta
em comparação a outros fluidos orgânicos. Ciclos transcríticos com CO2 operam com
pressões máximas acima de 20 Mpa [16]. Assim, o uso de CO2 como fluido orgânico
normalmente é tratado como um caso à parte dos ORCs.
Ciclos com CO2, propostos por Angelino [17], possuem eficiências iguais ou
superiores a plantas a vapor. Por exemplo, a uma temperatura de evaporação 700 °C,
pressão de evaporação de 20,26 Mpa e temperatura de condensação de aproximadamente
15 °C, é possível alcançar 50% de eficiência [17]. Como já mencionado, quanto menor a
temperatura de resfriamento, maior a eficiência. No caso de ciclos com CO2, o resfriamento
é ainda mais importante, pois bombear um líquido de 1 a 2 necessita menos trabalho que
comprimir um gás.
A Figura 8 mostra dois ciclos transcríticos. Dependendo das propriedades dos
fluidos, o ciclo será mais parecido com o ciclo 8(a), como o CO2, que tem a temperatura
crítica baixa e a expansão é na fase gasosa. Grande parte da eficiência dos ciclos com CO2
se dá pela regeneração de uma grande quantidade de calor da corrente quente, que sai da
turbina no ponto 4 para aquecer o que sai da bomba em 2 [16] [17].
14
Figura 8: Ciclos transcríticos
Fluidos como, por exemplo, n-pentano, tolueno, iso-butano e iso-pentano têm a
temperatura crítica mais alta em comparação ao CO2, entre 134,7 °C e 219,6 °C, e sua
expansão ocorre na região de vapor. Assim, seus ciclos são mais parecidos com o ciclo em
8(b). Em contrapartida, as pressões críticas dos fluidos citados são mais baixas, entre 3,0 e
4,1 Mpa.
Os ciclos transcríticos usados para recuperação de calor têm a vantagem de que a
transferência de calor para o evaporador é mais eficiente, pois ao não passarem por uma
mudança de fase à temperatura constante, existe uma melhor compatibilidade entre a fonte
de calor e o fluido de trabalho [5]. Outro aspecto a se considerar é a variabilidade da
temperatura da fonte de calor. No caso da energia solar, que tem perfil de temperatura
variável , as instalações de CO2 podem competir com as de ciclo a vapor convencionais
graças à maior flexibilidade, dentre outras vantagens como turbomáquinas e arranjo mais
simples da planta [14]. Assim, ciclos com CO2 são uma alternativa não somente aos ciclos
ORC como também aos ciclos a vapor convencionais. Por isso, tais ciclos também foram
escolhidos para comparação neste trabalho.
As modificações introduzidas no ciclo combinado para aumentar a eficiência são as
mesmas e foram testadas igualmente para cada fluido: n-Pentano, CO2 e água. A
regeneração é uma das modificações mais empregadas em ciclos Rankine e consiste na
extração de vapor que sai da turbina a uma pressão intermediária, para entrar em um
aquecedor de contato, onde o fluido é pré-aquecido antes de ir para o evaporador. É possível
fazer múltiplas extrações para aumentar mais ainda a eficiência, mas o quanto a
regeneração vai melhorar a eficiência do ciclo depende do tipo de fluido [5].
15
3. Cálculo do ciclo combinado
O ciclo combinado proposto para simulação é constituído por um ciclo de Brayton
com regeneração e um ciclo Rankine transcrítico com extração de vapor. A maioria dos
ciclos orgânicos são utilizados em aplicações com calor a baixa temperatura, normalmente
menor que 350 °C. Porém a temperatura típica dos gases da turbina a gás supera os 450 °C
[12]. A regeneração no ciclo de Brayton tem o propósito de aumentar sua eficiência e,
além disso, como a temperatura dos gases de exaustão diminui, reduz-se o risco de
superaquecimento e de degradação dos fluidos orgânicos. A Figura 9 mostra o ciclo
combinado.
Figura 9: Ciclo combinado simulado
Para os cálculos da simulação foi assumido que o sistema está em regime
permanente e que não há queda de pressão no regenerador, câmara de combustão,
evaporador e condensador. A temperatura ambiente é de 300 K e a pressão ambiente é de
101,3 kPa. As eficiências isentrópicas assumidas para a compressão e expansão no ciclo de
Brayton são respectivamente 89% e 90%. O ponto 1 é conhecido, sendo sua temperatura e
pressão respectivamente 300 K e 1 atm.
16
3.1. Cálculo do ciclo de Brayton
O ciclo de Brayton tem 4 processos de 1 a 7 que ocorrem no compressor,
regenerador, câmara de combustão e nas turbinas.
Compressor: considera-se compressão adiabática de 1 a 2. O ar entra em 1 à
pressão e temperatura ambiente. A pressão em 2 é definida a partir da razão de pressões rp,
uma das variáveis do problema, definida como a razão entre as pressões na equação (1).
Com a pressão em 2 definida é possível calcular a entalpia ideal em 2 h2i. A partir
desta e da eficiência do compressor, calcula-se o trabalho realizado pelo compressor (wc) e
o ponto 2 pelas equações (2) e (3).
𝑟𝑝 =𝑃2𝑃1
(1)
𝜂𝑐 =ℎ2i − ℎ1ℎ2 − ℎ1
(2)
𝑤𝑐 = ℎ1 − ℎ2 (3)
Regenerador: neste equipamento há a adição de calor sob pressão constante no
regenerador de 2 a 3 (6 a 7). Os gases de exaustão que saem em 6 são usados para pré-
aquecer o ar de 2 a 3. O cálculo do ponto 6 depende das definições da turbina. A eficiência
da regeneração ηreg foi assumida de 75%, sendo definida pela equação 4. O ponto 3 e 7 são
calculados pelas equações (4) e (5).
𝜂𝑟𝑒𝑔 =ℎ3 − ℎ2ℎ6 − ℎ2
(4)
ℎ6 − ℎ7 = ℎ3 − ℎ2 (5)
Câmara de combustão: a combustão é modelada como uma adição de calor a
pressão constante de 3 a 4. A pressão em 4 é igual a em 3 e a temperatura em 4 é assumida
como 1500 K. Portanto, o estado 4 é conhecido. Assim é possível calcular, pela equação
(6), o calor que entra no ciclo qhB.
𝑞ℎ𝐵 = ℎ4 − ℎ3 (6)
17
Turbinas: são equipamentos que promovem a expansão de 4 a 5 e de 5 a 6.
Primeiramente a expansão na turbina ocorre para acionar o compressor, em seguida a
expansão na turbina de potência gera trabalho. Com o trabalho do compressor e o ponto 4
conhecidos, o ponto 5 pode ser calculado pela equação (7). O trabalho da turbina de
potência e o ponto 6 da turbina a gás são calculados a partir do ponto 5 e da eficiência da
turbina, assumida em 90%, pelas equações (8) e (9).
𝑤𝑡 = −𝑤𝑐 = ℎ4 − ℎ5 (7)
𝜂𝑡𝑝 =ℎ5 − ℎ6ℎ5 − ℎ6𝑖
(8)
𝑤𝑡𝑝 = ℎ5 − ℎ6 (9)
O trabalho líquido é a soma de todos os trabalhos realizados. O trabalho do
compressor e turbina se cancelam na equação (10), de forma que o trabalho líquido é o
realizado pela turbina de potência, conforme a equação (11).
𝑤𝑙𝐵 = 𝑤𝑐 + 𝑤𝑡 + 𝑤𝑡𝑝 (10) 𝑤𝑙𝐵 = 𝑤𝑡𝑝 (11)
3.2. Cálculo do ciclo Rankine
O ciclo Rankine básico é constituído por uma bomba, evaporador, turbina a vapor
e condensador. Com as extrações de vapor em duas pressões diferentes, são adicionadas
duas bombas e dois aquecedores de contato. O ciclo Rankine possui 8 processos de 9 a 18
que ocorrem no evaporador, turbina a vapor, condensador, nas 3 bombas e nos dois
aquecedores.
Turbina a vapor: será suposta uma expansão em diferentes pressões. Na turbina a
vapor a entrada é o ponto 10, que é calculado a partir da temperatura e pressão de
evaporação, ambas variáveis do modelo.
As saídas da turbina são dadas pelos estados 11, 12 e 13 em diferentes pressões. As
pressões de extração em 11 e 12 também são variáveis do problema e a pressão em 13 é a
pressão de condensação à temperatura ambiente, assumida como 300 K. Assumindo uma
eficiência isentrópica do 90%, é possível calcular os pontos 11, 12 e 13 pela equação (12).
18
O cálculo da saída da turbina depende do título X, ou seja, se a expansão resulta em
uma mistura de vapor e líquido com título X menor que 1, ou se a expansão ocorre
totalmente em vapor, com título X igual a 1. A equação 13 define o título x11 e as equações
(14) e (15) expressam o cálculo em cada caso.
𝑠10 = 𝑠11 = 𝑠12 = 𝑠13 (12)
𝑋11 =𝑠11 − 𝑠11𝑙𝑖𝑞.𝑠𝑎𝑡
𝑠11,𝑣𝑎𝑝.𝑠𝑎𝑡 − 𝑠11,𝑙𝑖𝑞.𝑠𝑎𝑡(13)
𝑠𝑒 𝑥11 = 1 → 𝑉𝑎𝑝𝑜𝑟 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 → ℎ11 = 𝑓(𝑃11, 𝑠11) (14) 𝑠𝑒 𝑥11 < 1 → 𝑉𝑎𝑝𝑜𝑟 𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 → ℎ11 = 𝑓(𝑋11, 𝑠11) (15)
O raciocínio para os pontos 12 e 13 é análogo. O trabalho da turbina então pode ser
calculado pela equação 16. As frações de vapor extraídas à pressão 11 e 12 são
respectivamente y1 e y2, cujo cálculo é efetuado nos aquecedores de contato.
𝑤𝑡𝑣 = ℎ10 − 𝑦1ℎ11 − 𝑦2ℎ12 − (1 − 𝑦1 − 𝑦2)ℎ13 (16)
Condensador: será suposta uma rejeição de calor à pressão constante de 13 a 14.
O ponto 14 é o estado de líquido saturado na temperatura de resfriamento de 300 K e o
calor rejeitado qlR é calculado como:
𝑞lR = ℎ13 − ℎ14 (17)
Bombas: promovem a compressão de 14 a 15, 16 a 17 e 18 a 9. As pressões são
conhecidas e o trabalho real pode ser calculado para eficiência isentrópica assumida de
80% analogamente ao compressor pelas equações (18) a (21).
𝜂𝑏 =ℎ15𝑖 − ℎ14ℎ15 − ℎ14
=ℎ17𝑖 − ℎ16ℎ17 − ℎ16
=ℎ9𝑖 − ℎ18ℎ9 − ℎ18
(18)
𝑤𝑏1 = (ℎ14 − ℎ15)(1 − 𝑦1 − 𝑦2) (19) 𝑤𝑏2 = (ℎ16 − ℎ17)(1 − 𝑦1) (20)
𝑤𝑏3 = (ℎ9 − ℎ18) (21)
Aquecedores de contato: as frações mássicas y1 e y2 são calculadas a partir da
primeira lei da termodinâmica aplicada aos aquecedores 1 e 2 pelas equações (22) e (23).
𝑦1ℎ11 + (1 − 𝑦1)ℎ17 = ℎ18 → 𝑦1 =ℎ18 − ℎ17ℎ11 − ℎ17
(22)
(1 − 𝑦1 − 𝑦2)ℎ15 + 𝑦2ℎ12 = (1 − 𝑦1)ℎ16 → 𝑦2 =(1 − 𝑦1)(ℎ16 − ℎ15)
(ℎ12 − ℎ15)(23)
19
Evaporador: será considerada uma transferência de calor à pressão constante. O
calor transferido entre os fluidos é calculado pela equação (25). Como os fluidos são
diferentes, deve-se levar em conta a vazão mássica de cada um no evaporador, uma vez que
a unidade da entalpia é definida por unidade de massa da substância.
𝑞ℎ̇𝑅 = ℎ10 − ℎ9 (24)
𝑄ℎ̇𝑅 = �̇�𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟(ℎ10 − ℎ9) = �̇�𝑔𝑎𝑠(ℎ7 − ℎ8) (25)
Para a simulação foi considerado que a vazão do ciclo de Brayton é unitária (1 kg/s).
A razão entre as vazões mássicas de vapor e gás, rm, é definida pela equação (26) e calculada
então pela equação (27).
𝑟𝑚 =�̇�𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟
�̇�𝑔𝑎𝑠(26)
𝑟𝑚 =ℎ7 − ℎ8ℎ10 − ℎ9
(27)
Para evitar a condensação, a temperatura em 8 não pode cair abaixo de 150 °C
(403,15 K) e foi assumida uma diferença de 10 K entre 8 e 9. Portanto os pontos 8 e 9
também são conhecidos. Essa diferença de temperatura é a diferença entre o fluido orgânico
que entra no HRSG em 9 e o ar que sai do trocador de calor 8, também conhecida como
temperatura de approach em caldeiras. Como, pela segunda lei da termodinâmica, o calor
deve ser transferido do ar mais quente para o fluido orgânico, mais frio, essa diferença de
temperatura sempre será maior que zero. Quanto menor essa diferença, maior a área de
troca de calor [18].
A temperatura de evaporação T10 é limitada pela temperatura em 7 ou pela
temperatura máxima admitida para o fluido orgânico. O trabalho líquido realizado pelo
ciclo Rankine é calculado pela soma do trabalho das bombas e da turbina a vapor.
𝑤𝑙𝑅 = 𝑤𝑡𝑣 + 𝑤𝑏1 + 𝑤𝑏2 + 𝑤𝑏3 [𝑘𝐽
𝑘𝑔𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟] (28)
20
3.3. Cálculo do ciclo combinado
O trabalho do ciclo combinado é a soma dos trabalhos líquidos dos dois ciclos
tomando o devido cuidado com as unidades. O calor que entra no ciclo combinado é calor
adicionado na câmara de combustão de 3 a 4.
𝑞ℎ = ℎ4 − ℎ3 (29)
𝜂 =𝑃𝑜𝑡
𝑄34̇=�̇�𝑔𝑎𝑠𝑤𝑙𝐵 + �̇�𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑤𝑙𝑅
�̇�𝑔𝑎𝑠𝑞ℎ(30)
𝜂 =𝑤𝑙𝐵 + 𝑟𝑚𝑤𝑙𝑅
𝑞ℎ(31)
A tabela 3 resume as variáveis, os valores constantes, as hipóteses e os limites da
simulação empregados neste trabalho. No caso da simulação do CO2, como a pressão das
bombas está acima da crítica, são adicionadas duas variáveis Ta e Tb, definidas como o
aumento de temperatura nos aquecedores de contato conformes as equações (32) e (33).
𝑇𝑎 = 𝑇16 − 𝑇15 (32)
𝑇𝑏 = 𝑇18 − 𝑇17 (33)
21
Tabela 3: Resumo dos parâmetros de simulação
Resumo dos parâmetros de simulação
Variáveis 𝑟𝑝, 𝑇10, 𝑃10, 𝑃11, 𝑃12, 𝑃13
Se pressões de extração acima da crítica:
𝑇𝑎, 𝑇𝑏
Constantes Pressões:
𝑃1 = 𝑃6 = 𝑃7 = 𝑃8 = 𝑃13 = 𝑃14 = 101,3 𝑘𝑃𝑎
Temperaturas:
𝑇1 = 𝑇14 = 300 𝐾
𝑇4 = 1500 𝐾
Eficiências:
𝜂𝑐 = 89%
𝜂𝑡 = 𝜂𝑡𝑝 = 90%
𝜂𝑏 = 80%
Hipótese de
pressão constante
𝑃2 = 𝑃3 = 𝑟𝑝𝑃1
𝑃12 = 𝑃15 = 𝑃16
𝑃11 = 𝑃17 = 𝑃18
𝑃9 = 𝑃10
Limites de pressão
e temperatura
𝑃10 > 𝑃𝐴𝐶2 > 𝑃𝐴𝐶1 > 1 𝑎𝑡𝑚
𝑇8 = 𝑇9 + 10 𝐾
𝑇7 > 𝑇8 > 150 °𝐶
𝑇10 < 𝑇7 , 𝑇𝑚á𝑥
22
4. Simulação
4.1. Método de otimização
A otimização foi feita pelo método do gradiente conjugado, um aperfeiçoamento do
método steepest descent. Este método é um algoritmo de otimização usado para encontrar
o mínimo da função objetivo U(x). Seja X o vetor das variáveis, α o passo e d a direção de
procura. A cada iteração k, as variáveis da função variam proporcionalmente ao passo e em
direção ao mínimo local conforme as equações (34) a (36).
𝐗 = {𝑋1, 𝑋2, …𝑋𝑁} (34)
𝐝 = −∇𝑈(𝑿𝑘) + 𝛾𝑘𝐝k−1 (35)
𝐗𝐤+𝟏 = 𝐗𝐤 + αk𝐝𝐤 (36)
O coeficiente de conjugação γ é definido pela equação (37). A cada iteração é
calculado novo γ a partir do anterior, exceto na primeira iteração, em que γ é nulo.
𝛾𝑘 =‖∇𝑈(𝐗k)‖
2
‖∇𝑈(𝐗k−1)‖2(37)
As funções a serem otimizadas são a eficiência e o trabalho do ciclo combinado. As
variáveis a serem otimizadas em ambas são a razão de pressões (rp), temperatura de
evaporação e as pressões de extração, totalizando quatro variáveis. Como deseja-se
encontrar o trabalho e eficiência máximos, o método do gradiente é aplicado às mesmas
funções invertendo-se lhes o sinal, ou seja:
max (𝜂(𝑟𝑝, 𝑇10, 𝑃11, 𝑃12)) = min (−𝜂(𝑟𝑝, 𝑇10, 𝑃11, 𝑃12)) (38)
max (𝑤(𝑟𝑝, 𝑇10, 𝑃11, 𝑃12)) = min (−𝑤(𝑟𝑝, 𝑇10, 𝑃11, 𝑃12)) (39)
23
O princípio do método baseia-se em que a partir de um ponto inicial, chute inicial
X0, a função U(X0) decresce mais rapidamente no sentido oposto ao do gradiente calculado
neste mesmo ponto. O gradiente é o vetor das derivadas parciais de cada variável no ponto
X de cada iteração k. Como as funções não são conhecidas analiticamente, a derivada de
cada é calculada por diferenças finitas.
∇𝑈(𝐗) =
(
𝑈(𝑥1 + 𝛿, 𝑥2, . . , 𝑥𝑛)
𝛿𝑈(𝑥1, 𝑥2 + 𝛿, . . , 𝑥𝑛)
𝛿⋮
𝑈(𝑥1, 𝑥2, . . , 𝑥𝑛 + 𝛿)
𝛿
)
(40)
O critério de parada é a precisão desejada calculada como a diferença entre o último
e o penúltimo valor obtidos e foi definido como 10-5. Alternativamente, o programa também
para quando o número máximo de mil iterações é atingido. É possível que alguma das
variáveis não convirja, pois, a função sempre cresce ou decresce com ela, não existindo um
valor ótimo. Justamente para esses casos deve-se impor um número de iterações máximo
ou um limite máximo para essa variável. Por isso foi feita uma análise através de gráficos
para prever o comportamento das variáveis.
24
4.2. Linguagem e bibliotecas
A linguagem de programação utilizada foi Python, que é uma linguagem código
aberto (Open Source). Três bibliotecas foram utilizadas no programa: CoolProp [8],
Numpy, [9] e Matplotlib [10].
O CoolProp é uma biblioteca de livre acesso que implementa equações de estado
para 122 substâncias. O CoolProp é compatível com diversas linguagens de programação.
O comando ou função essencial é a PropsSI, que retorna a propriedade de estado desejada
a partir de outras duas fornecidas e o tipo de fluido. Precisa normalmente de 6 inputs, sendo
eles 4 strings e 2 valores das propriedades no sistema SI de unidade.
No programa a função PropsSI foi renomeada para find para facilitar a escrita. Por
exemplo, para calcular a entalpia do ar a 300 K e 1 atm, o comando no Python é:
>>> from CoolProp.CoolProp import PropsSI as find
>>> find('H','T',300,'P',10**6,'air')
424280.78504494106
A entalpia retornada é de 424281 J/Kg.
A função também pode ser utilizada para calcular propriedades da substância como
ponto crítico, triplo e pressões e temperaturas máximas admissíveis. Nesse caso a função
precisa de apenas duas entradas: o fluido e a propriedade desejada. Por exemplo, a seguir
calcula-se a temperatura crítica do CO2, retornando 304.1282 K.
>>> find('CarbonDioxide','Tcrit')
304.1282
As outras duas bibliotecas, Matplotlib e Numpy, foram utilizadas para gerar os
gráficos e escrever o algoritmo de otimização, ambas de acesso livre também. O NumPy é
o pacote utilizado para computação científica com Python e possui diversas funções
utilizadas nesse trabalho, tanto na elaboração dos gráficos como no algoritmo de
otimização. As funções mais utilizadas do módulo Numpy (np) são: np.linspace, np.array,
np.meshgrid, np.reshape, np.linalg.norm e np.clip. Para plotar os gráficos foram utilizadas
as seguintes funções do módulo Matplotlib: fig.add_subplot, fig.plot, plot_surface. A
25
seguir cada uma das funções é descrita e seus inputs obrigatórios. Existem também outros
inputs que são opcionais:
• np.linspace(início,fim,elementos): retorna lista de números igualmente espaçados
dado o número inicial (início), número final (fim) e o número de elementos
(elementos).
• np.array(objeto):cria um objeto do tipo array, que pode ser uma lista de números,
strings ou combinações de ambos.
• np.meshgrid(array_x,array_y): retorna uma matriz de coordenadas a partir dos
eixos x (array_x) e y (array_y) gerados com a função np.array.
• np.reshape(x_size,y_size): utilizada junto com meshgrid, a função retorna a matriz
das coordenadas com o número de linhas e colunas desejados. Assim, para a
plotagem, o número de linhas é o tamanho do vetor de coordenadas em x (x_size) e
o número de colunas é o tamanho do vetor em y (y_size).
• np.linalg.norm(vetor): retorna a norma do vetor. Essa função foi utilizada no
método do gradiente conjugado.
• np.clip(x,xmin,max): substitui o valor do número x por xmax, caso x seja maior que
xmax, ou substitui o valor de x por xmim, caso x seja menor que xmin. Utilizada
para limitar as variações das variáveis otimizadas no método do gradiente
conjugado.
• fig.plot(x,y): cria gráficos a partir dos vetores x e y. Possui outras configurações de
cor e estilo.
• ax.add_subplot(linhas,coulnas,índice): gera uma figura com dois ou mais gráficos.
O número de linhas e de colunas definem em quantas partes a figura é dividida e o
índice define a posição do gráfico. Por exemplo, ax.add_subplot(2,2,1) produz uma
figura dividida em quatro partes onde o próximo comando fig.plot adiciona um
gráfico no primeiro quadrante.
26
• fig.plot_surface(x,y,z): cria gráficos tridimensionais a partir dos vetores x e y ,
processados pelas funções np.reshape e np.meshgrid, e o vetor z.
4.3. Programação
Com Python é possível calcular a eficiência e o trabalho dos ciclos Brayton e Rankine.
As funções para cada ciclo foram criadas em arquivos diferentes e podem ser usadas
separadamente do método de otimização. Na verdade, o programa é constituído de diversas
funções que funcionam separadamente e são chamadas pelo método de otimização quando
necessárias. A Figura 10 mostra as principais funções e como foram utilizadas na
otimização.
Figura 10: Fluxograma da otimização
As funções de ambos os ciclos, Brayton e Rankine, têm seus resultados combinados
e em seguida, antes da otimização e a cada etapa da otimização os seus valores são
limitados. Ou seja, a cada iteração da otimização, verifica-se se um valor atingiu um valor
máximo ou mínimo do intervalo de otimização para determinar o próximo valor. Se durante
a otimização for atingido o critério de parada, que pode ser a precisão desejada ou o número
máximo de iterações estipulado, o resultado é processado e são criados os diagramas T-s
de cada ciclo, como indicado pelas setas verdes. Se não for atingido o critério de parada, a
otimização prossegue de acordo com o método do gradiente conjugado. Assim, são
recalculados os valores como indicam as setas vermelhas e assim são realizadas quantas
iterações forem necessárias.
27
Outro cuidado durante a programação foi com erros relacionados à termodinâmica
do ciclo. Alguns mecanismos foram criados para impedir que valores errados de
temperatura e pressão fossem escolhidos. Por exemplo, caso o ciclo Rankine retorne, uma
eficiência negativa ou maior que 100%, o valor da eficiência é substituído por uma variável
nula e assim seus valores não aparecem nos gráficos de superfície a serem apresentados no
próximo capítulo. Vários erros foram definidos para o cálculo dos ciclos, conforme os
exemplos a seguir, que podem ser vistos no programa no apêndice A.
#Brayton
if T7<403.15:
print('erro T7<403.15')
n=np.nan
w=np.nan
if T7<T2:
print('erro T7<T2')
n=np.nan
w=np.nan
#Rankine
if y1<0 or y1>1:
print('erro: y1')
n=np.nan
if y2<0 or y2>1:
print('erro: y2')
n=np.nan
if n<0 or n>1:
print('erro: n')
n=np.nan
28
4.4. Análise gráfica do ciclo combinado
Com base na revisão bibliográfica, foram selecionados três fluidos diferentes para
utilização no ciclo Rankine do ciclo combinado. O primeiro é água pois é o mais comum e
serve para comparação com os outros casos. O ciclo da água é um ciclo subcrítico. O
segundo fluido é o n-pentano, que é um fluido comum utilizado para recuperação de calor
de baixa temperatura e o ciclo é transcrítico. O terceiro fluido é o CO2, também em um
ciclo transcrítico. O método de otimização exige um chute inicial. Quanto melhor o chute
inicial, menor o número de iterações e o tempo de otimização. Por isso foi feita uma análise
gráfica do comportamento da eficiência e do trabalho para cada substância em função das
variáveis escolhidas para otimização.
4.4.1. Influência da razão de compressão
A razão de compressão no ciclo Brayton tem grande influência na eficiência e no
trabalho realizado por este ciclo e, consequentemente, no ciclo combinado. A razão de
compressão tem normalmente um valor que otimiza a eficiência. Entretanto, esse valor não
é o mesmo que otimiza o trabalho conforme mostra a Figura 11 com a eficiência e o
trabalho do ciclo Brayton em função de rp.
Figura 11: Eficiência e trabalho do ciclo Brayton em função de rp
29
Para entender o que esperar da otimização do ciclo combinado, foi feita a Figura 12
a seguir, que mostra o efeito da variação da razão de compressão no ciclo combinado com
o n-pentano. Para gerar os gráficos, foram assumidos valores para que o ciclo operasse na
região crítica. As pressões P10, P11 e P12 valem respectivamente 4 MPa, 2 MPa e 0.5 MPa.
A temperatura T10 foi assumida como 500 K, abaixo da temperatura máxima do n-pentano
(600 K). Verifica-se que otimizar a eficiência e o trabalho vai resultar em valores diferentes
para cada rp. Na otimização da eficiência, rp deve convergir para um número entre 8 e 10.
Entretanto, na otimização do trabalho, rp não converge ou converge para 20 ou mais.
Comportamento parecido também foi observado para os ciclos combinados com água e o
CO2.
Figura 12: Ciclo combinado- eficiência e trabalho do n-pentano
Outro dado importante sobre a razão de compressão é que seu valor tem um limite
máximo na realidade. Por isso, nas simulações, o valor de rp foi otimizado para a eficiência
máxima, porém limitado para a otimização do trabalho como 22. Valores de rp muito altos,
maiores que 22, resultam em uma maior temperatura na saída do compressor.
Consequentemente, a regeneração com os gases de exaustão da turbina a gás se torna
impossível, uma vez que os gases que saem da turbina não estão mais a uma temperatura
alta o suficiente para pré-aquecer o ar que sai do compressor para entrar na câmara de
combustão. Assim, não faria sentido a modificação proposta de regeneração para aumentar
a eficiência do ciclo Brayton. Os diagramas T-s nas Figuras 13 e 14 para diferentes valores
30
de rp mostram como que as temperaturas T2 e T3 se aproximam conforme a razão de
compressão aumenta.
Figura 13: Ciclo de Brayton com rp=8
Figura 14: Ciclo de Brayton com rp=20
31
4.4.2. Influência da temperatura e pressão de evaporação
A seleção da temperatura e pressão de evaporação, respectivamente P10 e T10, é
importante não só para garantir que o ciclo esteja na região de interesse, subcrítica ou
transcrítica, como também para determinar o chute inicial adequado. No caso da água,
quanto maior T10 e P10, maior a eficiência, conforme mostrado pela Figura 15. Assim, a
pressão máxima de P10 foi limitada a 4 MPa.
A temperatura T7, temperatura de saída do ciclo Brayton, foi utilizada para limitar a
temperatura T10 no ciclo Rankine. Sendo T10 limitada a 668 K durante a otimização da
eficiência e a 749 K na otimização do trabalho justamente por causa dos valores de rp
diferentes, esperados para cada caso. Quando a razão de compressão é maior, caso da
otimização do trabalho, ocorre um maior aquecimento durante a compressão e, portanto,
ao sair do recuperador no ciclo Brayton, estão a uma maior temperatura para aproveitar no
ciclo Rankine.
Figura 15: Ciclo combinado H2O - influência de P10 e T10
32
Na análise do n-pentano, um comportamento parecido da influência de P10 foi
verificado. Entretanto, a temperatura não se comporta da mesma forma. Como o objetivo
deste trabalho é estudar o ciclo transcrítico com n-pentano, foram analisadas temperaturas
de evaporação acima da crítica. Conforme pode ser observado pela Figura 16, a eficiência
tende a diminuir com o aumento da temperatura de evaporação no intervalo escolhido.
Figura 16: Ciclo combinado C5H12 - influência de P10 e T10
A possível explicação para esse comportamento é que o aumento da temperatura de
evaporação, provoca o aumento da entalpia h10 e consequentemente a quantidade de vapor
diminui de acordo com as equações 26 e 27, produzindo menos trabalho e reduzindo a
eficiência do ciclo combinado. Assim, no caso do n-pentano, a temperatura T10 deve estar
acima e próxima da crítica (469,7 K ou 196,5 ℃). De fato, a maioria dos ciclos transcríticos
com fluidos orgânicos estudados trabalha em temperaturas próximas à crítica [6] [5] [12]
[13]. A Figura 17 mostra os valores de Cp (Calor específico a pressão constante) em função
da temperatura. O Cp da água apresenta comportamento diferente dos demais fluidos, cujas
pressões estão acima da crítica.
33
Figura 17: Cp em função da temperatura
Outra observação da Figura 16, é que para pressões acima da crítica, 3,37 MPa,
existe um ponto de inflexão da superfície gerada, indicando que existe uma temperatura
ótima de evaporação. Para poder ver mais detalhadamente, foi feita a Figura 18, que mostra
a eficiência em função da temperatura para diferentes pressões no ciclo com n-pentano.
Figura 18: Ciclo combinado - influência de T10 no n-Pentano
34
A pressão máxima do n-pentano foi limitada a 4 MPa, que é igual a da água e acima
da crítica do n-pentano. Assim, existem dois ciclos com a mesma pressão máxima, porém,
com substâncias diferentes. A temperatura máxima do n-pentano foi limitada a 600 K para
evitar degradação. Entretanto, espera-se que durante a otimização da eficiência, T10
convirja para próximo da temperatura crítica.
O dióxido de carbono também se comporta de forma parecida, ou seja, o aumento
da pressão e diminuição da temperatura, dentro do intervalo estudado, provoca o aumento
da eficiência do ciclo combinado. A Figura 19 mostra a superfície gerada para o dióxido
de carbono. Para o CO2 foi estabelecida uma pressão de evaporação máxima de 20 MPa,
uma pressão típica para ciclos com CO2 [17] [16]. A temperatura máxima de evaporação
foi definida da mesma forma que da água, pois o CO2 também não se degrada com a
temperatura dentro do intervalo utilizado neste trabalho.
Figura 19: Ciclo combinado - influência de T10 no CO2
A relação entre a eficiência do ciclo combinado com CO2 e as temperaturas é mais
complicada, pois existem mais duas variáveis, definidas como Ta e Tb, que representam o
aumento da temperatura nos aquecedores de contato. A Figura 20 mostra que quanto maior
Ta, maior a eficiência se Tb estiver entre 10 e 20 ℃. Esses valores dependem também das
pressões de extração escolhidas, P11 e P12, e não é uma regra. Além disso, na Figura 20
35
também pode ser visto que o valor de rp também influencia na eficiência máxima e é difícil
prever um comportamento para o ciclo com CO2 durante a otimização.
Figura 20: Ciclo combinado CO2 – influência de Ta, e Tb
rp = 20 (azul) e rp=15 (laranja)
Figura 21: Ciclo combinado CO2 – influência de P11 e P12
rp = 20 (azul) e rp=15 (laranja)
36
4.4.3. Influência das pressões e temperaturas de extração
Por último foi analisada a influência das pressões de extração no ciclo combinado.
No caso da água, é eficiência é maior quando P12 e P11 são menores, dentro do intervalo
escolhido. Quando P11 é cerca de 1,60 MPa, existe um ponto máximo para o valor de P12.
A Figura 22 mostra a eficiência conforme as pressões variam e, além disso, verifica-se que
o comportamento é semelhante para valores diferentes de rp.
Figura 22: Ciclo combinado H2O - influência de P11, P12 e rp
rp = 16 (azul) e rp=8 (laranja)
No caso do n-pentano, existe um ponto máximo conforme mostrado na Figura 23 e
os valores de P11 e P12 que otimizam as funções desejadas devem ser encontrados pelo
algoritmo de otimização. As pressões de extração, tanto para o n-pentano, quanto para a
água e o dióxido de carbono, tiveram seus valores de máximo e mínimo limitados, de forma
que, P12 não seja maior que P11 e P11 não seja maior que P10.
37
Figura 23: Ciclo combinado C5H12 - influência de P11, P12 e rp
rp = 16 (azul) e rp=8 (laranja)
Finalmente, no caso do dióxido de carbono, fixando-se as demais variáveis,
verifica-se a partir da Figura 24 que as maiores eficiências ocorrem para valores maiores
de P11 e valores menores de P12, isto é, assumindo que a pressão máxima P10 vale 20 MPa.
Figura 24: Ciclo combinado CO2 - influência de P11, P12 e rp
rp = 16 (azul) e rp=8 (laranja)
38
Devido à complexidade da otimização do ciclo com CO2, foram fixadas as
temperaturas Ta e Tb, sendo Ta igual a 140 K e Tb igual a 15 K, porque foram os valores
encontrados que trazem altas eficiências para o ciclo. As variáveis otimizadas para cada
função, trabalho e a eficiência, e os seus respectivos chutes iniciais e limites são resumidos
para cada fluido na Tabela 4 abaixo.
Tabela 4: Variáveis do ciclo combinado em cada simulação Fluido Função
n-pentano Eficiência Trabalho
Chutes iniciais 𝑟𝑝 = 8
𝑇10 = 485 𝐾
𝑃10 = 3,4 𝐾𝑃𝑎
𝑃11 = 1 𝑀𝑃𝑎
𝑃12 = 500 𝐾𝑃𝑎
𝑟𝑝 = 15
𝑇10 = 485 𝐾
𝑃10 = 3,4 𝐾𝑃𝑎
𝑃11 = 1 𝑀𝑃𝑎
𝑃12 = 500 𝐾𝑃𝑎
Limites 7 ≤ 𝑟𝑝 ≤ 9
480 ≤ 𝑇10 ≤ 600
2 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 4 𝑀𝑃𝑎
1 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃11 ≤ 2 𝑀𝑃𝑎
0.2 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 1 𝑀𝑃𝑎
7 ≤ 𝑟𝑝 ≤ 22
480 ≤ 𝑇10 ≤ 600
2 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 4 𝑀𝑃𝑎
1 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃11 ≤ 2 𝑀𝑃𝑎
0.2 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 1 𝑀𝑃𝑎
Água Eficiência Trabalho
Chutes iniciais 𝑟𝑝 = 8
𝑇10 = 665
𝑃10 = 3 𝑀𝑃𝑎
𝑃11 = 1,5 𝑀𝑃𝑎
𝑃12 = 500 𝐾𝑃𝑎
𝑟𝑝 = 15
𝑇10 = 665
𝑃10 = 3 𝑀𝑃𝑎
𝑃11 = 1,5 𝑀𝑃𝑎
𝑃12 = 500 𝐾𝑃𝑎
Limites 7 ≤ 𝑟𝑝 ≤ 9
500 ≤ 𝑇10 ≤ 668
2 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 4 𝑀𝑃𝑎
0.5 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃11 ≤ 2 𝑀𝑃𝑎
0.1 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 1 𝑀𝑃𝑎
7 ≤ 𝑟𝑝 ≤ 22
500 ≤ 𝑇10 ≤ 749
2 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 4 𝑀𝑃𝑎
0.5 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃11 ≤ 2 𝑀𝑃𝑎
0.1 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 1 𝑀𝑃𝑎
Dióxido de
Carbono
Eficiência Trabalho
Chutes iniciais 𝑟𝑝 = 8
𝑇10 = 630
𝑃10 = 20 𝑀𝑃𝑎
𝑃11 = 17 𝑀𝑃𝑎
𝑃12 = 9 𝐾𝑃𝑎
𝑟𝑝 = 15
𝑇10 = 630
𝑃10 = 20 𝑀𝑃𝑎
𝑃11 = 17 𝑀𝑃𝑎
𝑃12 = 9 𝐾𝑃𝑎
Limites 7 ≤ 𝑟𝑝 ≤ 9
600 ≤ 𝑇10 ≤ 668
21 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 19 𝑀𝑃𝑎
16 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃11 ≤ 18 𝑀𝑃𝑎
8 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 10 𝑀𝑃𝑎
7 ≤ 𝑟𝑝 ≤ 22
600 ≤ 𝑇10 ≤ 749
21 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 19 𝑀𝑃𝑎
16 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃11 ≤ 18 𝑀𝑃𝑎
8 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑃10 ≤ 10 𝑀𝑃𝑎
39
5. Resultados
Os resultados completos das otimizações podem ser vistos no Apêndice A. Como
esperado, alguns valores convergiram e outros tenderam para os limites de máximo e
mínimo estipulados. O número de iterações e o comportamento de cada variável pode ser
visto no apêndice B.
5.1. Otimização da eficiência
Na Tabela 5 a seguir são apresentados os principais resultados das otimizações dos
três fluidos.
Tabela 5: Resultados da otimização da eficiência
Água n-pentano Dióxido de Carbono
Eficiência 62,20% 57,98% 63,83%
Trabalho do ciclo combinado (kJ/Kgar)
472,35 437,05 486,48
Trabalho ciclo Rankine (kJ/Kgvapor da substância)
859,85 69,31 25,58
Razão de pressões(rp) 8,87 8,45 9,0
T10 (K) 665,10 485,09 612,89
P10 (MPa) 4,0 4,0 19,0
P11 (MPa) 0,97 1,48 18,0
P12 (MPa) 0,13 0,59 8,0
Massa especifica (kg/m3) 13,82 184,48 166,92
Razão mássica (kgvapor/kgar)
0,12 0,97 4,41
Os resultados de cada ciclo são bem diferentes. O ciclo de maior eficiência é o ciclo
combinado com CO2, seguido pela água e o ciclo de menor eficiência é o com n-pentano.
Para entender melhor as diferenças entre os resultados, foram feitos os diagramas T-s do
ciclo Rankine de cada substância.
40
As Figuras 25 e 26 mostram o ciclo Rankine com CO2, cuja alta eficiência de 39,98 %
foi obtida e por isso o ciclo combinado é tão eficiente. Entretanto, conforme o previsto, P10,
P11 e P12 estão nos limites impostos na otimização. Além disso, os valores de P10 e P11,
bem como os de P12 e P13, são próximos.
Os valores de y1 e y2 do ciclo com CO2 são respectivamente 0,22 e 0,60, que juntos
somam 0,82, ou seja, uma fração grande de CO2 é utilizada nos aquecedores de contato.
Assim, a alta eficiência ocorre devido às extrações na turbina e às compressões
intermediárias de 16 para 17 e 18 para 9, como mostrado na Figura 26.
O trabalho do ciclo combinado com CO2 também é maior de todos e a massa específica
do CO2, calculada em função de T10 e P10, é a mais alta dentre todos os fluidos. As pressões
desse ciclo também são as mais altas, sendo cerca de 5 vezes maiores do que as necessárias
para o vapor d’água e o n-pentano. Outra característica importante do ciclo é que a expansão
ocorre somente no estado gasoso.
Figura 25: Ciclo Rankine CO2 com eficiência otimizada
41
Figura 26: Ciclo Rankine CO2 com eficiência otimizada - ampliado na região de expansão
da figura 26
O ciclo com água apresentou uma eficiência intermediária de 62,2%. O diagrama
do ciclo Rankine com a água pode ser visto na Figura 27, onde uma eficiência de 35,32%
foi obtida. Os valores de y1 e y2 desse ciclo são respectivamente 0,13 e 0,10, também
menores que para o CO2. A quantidade de vapor de água necessária é de 0,1 (kg de vapor
para kg de ar), quantidade menor do que o valor de 4,41 encontrado para o CO2.
A água tem a menor das massas específicas, 13,8 kg/m3 à temperatura T10 e P10,
entretanto, em compensação, o trabalho realizado pelo ciclo Rankine é de 859,85 kJ/kg de
água. Quanto à expansão, ela ocorre parcialmente na região de vapor e líquido.
42
Figura 27: Ciclo Rankine H2O com eficiência otimizada
O n-pentano apresentou a menor eficiência, de 58,0%. O ciclo Rankine
correspondente também apresentou a eficiência mais baixa, de apenas 23,97%. A Figura
28 mostra o ciclo Rankine. A temperatura T10 encontrada para o ciclo Rankine fica bem
próxima ao ponto crítico. Os valores de y1 e y2 valem respectivamente 0,32 e 0,20, ou seja,
uma fração de 0,52 do n-pentano é usada nos aquecedores de contato.
A massa específica do n-pentano é de 184,5 kg/m3, mais próxima a do CO2. Já a
fração mássica encontra-se entre as da água e o CO2, com um valor de 1. A temperatura T10
do ciclo com a água e o CO2 são mais elevadas, porém a temperatura com o n-pentano
chega a apenas 485,1 K. Aumentar a temperatura de evaporação do n-pentano não tem um
grande efeito na eficiência do ciclo Rankine e no ciclo combinado. O n-pentano, por outro
lado, une duas características desejáveis: a pressão máxima é igual à da água, 4,0 MPa, e a
expansão é seca.
43
Figura 28: Ciclo Rankine C5H12 com eficiência otimizada
5.2. Otimização do trabalho
Na Tabela 6 a seguir são apresentados os principais resultados das otimizações dos
três fluidos.
Tabela 6: Resultados da otimização do trabalho
Água n-pentano Dióxido de Carbono
Eficiência 60,07% 55,41% 61,51%
Trabalho do ciclo combinado (kJ/Kgar)
515,54 486,79 527,95
Trabalho do ciclo Rankine (kJ/Kgvapor da substância)
956,64 71,32 26,05
Razão de Pressões (rp) 22,0 19,53 22,0
T10 (K) 749,0 486,79 613,87
P10 (MPa) 4,0 4,0 19,0
P11 (MPa) 0,97 1,48 18,0
P12 (MPa) 0,13 0,60 8,0
Massa especifica (kg/m3) 11,99 171,01 166,58
Razão mássica (kgvapor/kgar) 0,14 1,21 5,7
44
Os resultados da otimização do trabalho apresentam valores maiores do trabalho
realizado, entretanto a eficiência do ciclo sempre cai. O ciclo que produz mais trabalho, e
também mais eficiente, é o ciclo combinado com CO2, seguido pela água e o n-pentano.
Comparando-se os valores obtidos entre a otimização da eficiência e do trabalho, a variável
que tem resultado mais diferente é a razão de pressões, que passa de valores entre 8,4 e 9,0
para 19,5 e 22. Como previsto, a razão de pressões do ciclo Brayton deve ser alta para
produzir mais trabalho.
As Figuras 29, 30 e 31 mostram os ciclos Rankine correspondentes a cada ciclo
combinado. As eficiências dos ciclos Rankine com CO2 e n-pentano e suas variáveis
otimizadas não mudam muito com relação ao caso anterior da otimização da eficiência. O
ciclo com água também é parecido, porém a temperatura de evaporação atinge o limite
máximo, o que é possível pois a água não se degrada como, por exemplo, o n-pentano. Já
o aumento da temperatura de evaporação não tem tanto efeito no ciclo com CO2.
Figura 29: Ciclo Rankine CO2 com trabalho otimizada
45
Figura 30: Ciclo Rankine C5H12 com trabalho otimizado
Figura 31: Ciclo Rankine H2O com trabalho otimizado
46
6. Conclusões
Os ciclos apresentam diferentes vantagens e desvantagens. Considerando-se apenas
a eficiência, o CO2 é o melhor fluido. Entretanto, ao se considerar outros aspectos na
comparação entre os três ciclos, chega-se à conclusão que dependendo do tipo de aplicação
e das prioridades desejadas, um fluido pode ser melhor que o outro. O dióxido de carbono
apresentou alta eficiência, porém também é o que trabalha em maiores pressões, o que leva
ao aumento de custos. A determinação do ciclo que tem menores custos, e assim maior
retorno econômico, depende de uma análise econômica detalhada.
O ciclo combinado com a água apresenta uma boa eficiência, pressões mais baixas, e
além disso, é uma tecnologia mais comumente utilizada. O ciclo com n-pentano apresentou
a mais baixa eficiência. O n-pentano não pode atingir altas temperaturas sem se degradar.
Assim, o ciclo combinado não é tão eficiente quanto o ciclo com CO2 ou vapor. Isso indica
o que já acontece na prática: o uso do n-pentano é adequado na utilização de recuperação
de calor de baixa temperatura e fontes geotérmicas. Então, se por um lado, o ciclo
combinado com n-pentano não é tão eficiente, um ciclo Rankine com n-pentano é adequado
para aproveitamento de outras fontes de calor com temperaturas mais baixas.
O ciclo Rankine com a água pode ser utilizada para reaproveitar calor, entretanto, o n-
pentano apresenta vantagens como atingir o ponto crítico em baixa temperatura e expansão
seca na turbina. Além disso, no reaproveitamento de calor o fator importante não é a
eficiência do ciclo Rankine em si, porém o aumento da eficiência de todo o sistema,
inclusive se este é um ciclo combinado. Além disso, existem vários outros fluidos orgânicos
sendo estudados, suas possíveis misturas de fluidos e de ciclos adequados para cada tipo de
aplicação.
A abundância e o baixo custo dos combustíveis fósseis e as altas eficiências das
termoelétricas não favorecem empreendimentos de energias renováveis. Entretanto, tendo
em vista um cenário em que a demanda de energia aumenta, bem como o endurecimento
de leis ambientais, o uso de fluidos orgânicos tem potencial de aplicação em ciclos
combinados, na recuperação de calor de outras indústrias e na energia a solar térmica no
Brasil.
47
Referências Bibliográficas
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para os próximos 10 anos (2017-2026),” Rio de Janeiro, 2017.
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http://www.coolprop.org/dev/general_information.html. Acesso em 31 Jan. 2019,
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Application for Waste Heat Recovery,” Sustainability, vol. 9, nº 1973, pp. 1-26,
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48
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Thermophysical Property Evaluation and the Open-Source Thermophysical
Property Library CoolProp,” Industrial & Engineering Chemistry Research., vol.
53, nº 6, pp. 2498-2508, 2014.
49
Apêndice A: Programa
I. Ciclo Brayton e diagrama T-s
import CoolProp.CoolProp as CP
from CoolProp.CoolProp import PropsSI as find
from matplotlib import pyplot as plt
from mpl_toolkits.mplot3d import axes3d
import numpy as np
def Brayton(rp):
f="air"
T1=300
P1=101325
h1=find('H','T',T1,'P',P1,f)
s1=find('S','T',T1,'P',P1,f)
Pcr=find(f,'pcrit')
#compressor
P2=rp*P1
s2i=s1
h2i=find('H','S',s2i,'P',P2,f)
nc=0.89
wc=(h1-h2i)/nc
h2=h1-wc
s2=find('S','H',h2,'P',P2,f)
T2=find('T','H',h2,'P',P2,f)
#camara de combustao
T4=1500
P4=P2
h4=find('H','T',T4,'P',P4,f)
s4=find('S','T',T4,'P',P4,f)
#turbina
nt=0.9
wt=-wc
h5=h4-wt
h5i=h4-wt/nt
s5i=s4
P5i=find('P','H',h5i,'S',s5i,f)
P5=P5i
T5=find('T','H',h5,'P',P5,f)
s5=find('S','H',h5,'P',P5,f)
#turbina de potencia
ntp=0.9
s6i=s5
P6i=P1
h6i=find('H','P',P6i,'S',s6i,f)
h6=h5-nt*(h5-h6i)
P6=P1
T6=find('T','P',P6,'H',h6,f)
s6=find('S','P',P6,'H',h6,f)
K=1000
wtp=(h5-h6)/K
wlb=wtp
#Regenerador
nreg=0.75
h3=h2+nreg*(h6-h2)
P3=P2
T3=find('T','H',h3,'P',P3,"air")
s3=find('S','H',h3,'P',P3,"air")
50
P7=P6
h7=h6-(h3-h2)
T7=find('T','H',h7,'P',P7,"air")
s7=find('S','H',h7,'P',P7,"air")
qh=(h4-h3)/K
n=wlb/qh
if T7<403.15:
print('erro T7<403.15')
n=np.nan
w=np.nan
if T7<T2:
print('erro T7<T2')
n=np.nan
w=np.nan
T=np.array([T1,T2,T3,T4,T5,T6,T7])
P=np.array([P1,P2,P3,P4,P5,P6,P7])
h=np.array([h1,h2,h3,h4,h5,h6,h7])/K
s=np.array([s1,s2,s3,s4,s5,s6,s7])/K
return (n,wlb,T,P,h,s,qh)
#Graficos TxS
def TS_brayton(rp):
f='Air'
K=1000
plt.figure()
#curvas isobaricas
T=np.linspace(300,1600,1000)
Outputs=Brayton(rp)
P=Outputs[3]
for pi in P:
Siso=[]
for ti in T:
Siso.append(find('S','P',pi,'T',ti,f)/K)
plt.plot(Siso,T-273.15,'g',linewidth=0.5)
plt.text(max(Siso),max(T)-
273.15,str(round(pi/10**6,2)),fontsize=6)
#pontos
n=Outputs[0]
s=Outputs[5]
T=Outputs[2]
for i in range(len(T)):
plt.plot(s[i],T[i]-273.15,'ro')
plt.text(s[i],T[i]-273.15,str(i+1),color='k')
plt.text(5.5,2000,'[Mpa]',fontsize=6)
plt.title('Ciclo Brayton ('+str(round(n*100,2))+'%)')
plt.xlabel('Entropia [KJ/Kg/K]')
plt.ylabel('Temperatura [oC]')
plt.savefig('TS_Brayton'+str(round(rp))+'.png')
plt.close()
return
51
II. Ciclo Rankine e diagrama T-s
import CoolProp.CoolProp as CP
from CoolProp.CoolProp import PropsSI as find
from matplotlib import pyplot as plt
from mpl_toolkits.mplot3d import axes3d
import numpy as np
def Rankine(T10,P10,P11,P12,f='nPentane',rp=0,Ta=0,Tb=0):
Pcr=find(f,'pcrit')
#Turbina
nt=0.9
h10=find('H','P',P10,'T',T10,f)
s10=find('S','P',P10,'T',T10,f)
s11i=s10
s12i=s10
s13i=s10
#ponto 11
if P11<Pcr:
s11v=find('S','P',P11,'Q',1,f)
s11l=find('S','P',P11,'Q',0,f)
Q11=(s11i-s11l)/(s11v-s11l)
if Q11<=1:
h11i=find('H','P',P11,'Q',Q11,f)
elif Q11>1:
h11i=find('H','P',P11,'S',s11i,f)
else:
h11i=find('H','P',P11,'S',s11i,f)
h11=h10-nt*(h10-h11i)
T11=find('T','P',P11,'H',h11,f)
s11=find('S','P',P11,'H',h11,f)
#ponto 12
if P12<Pcr:
s12v=find('S','P',P12,'Q',1,f)
s12l=find('S','P',P12,'Q',0,f)
Q12=(s12i-s12l)/(s12v-s12l)
if Q12<=1:
h12i=find('H','P',P12,'Q',Q12,f)
elif Q12>1:
h12i=find('H','P',P12,'S',s12i,f)
else:
h12i=find('H','P',P12,'S',s12i,f)
h12=h10-nt*(h10-h12i)
T12=find('T','P',P12,'H',h12,f)
s12=find('S','P',P12,'H',h12,f)
#Condensador
T14=40+273.15
if f=='carbondioxide':T14=300
P14=find('P','T',T14,'Q',0,f)
T14=T14-1#pra nao dar erro
#turbina ponto 13
P13=P14
s13v=find('S','P',P13,'Q',1,f)
s13l=find('S','P',P13,'Q',0,f)
Q13=(s13i-s13l)/(s13v-s13l)
if Q13<=1:
h13i=find('H','P',P13,'Q',Q13,f)
elif Q13>1:
h13i=find('H','P',P13,'S',s13i,f)
h13=h10-nt*(h10-h13i)
T13=find('T','P',P13,'H',h13,f)
s13=find('S','P',P13,'H',h13,f)
52
#bomba 1
nb=0.8
h14=find('H','P',P14,'T',T14,f)
s14=find('S','P',P14,'T',T14,f)
s15i=s14
P15=P12
h15i=find('H','P',P15,'S',s15i,f)
wb1=(h14-h15i)/nb
h15=h14-wb1
T15=find('T','P',P15,'H',h15,f)
s15=find('S','P',P15,'H',h15,f)
#bomba 2
P16=P12
if P16<Pcr:
h16=find('H','P',P16,'Q',0,f)
s16=find('S','P',P16,'Q',0,f)
T16=find('T','P',P16,'Q',0,f)
else:
T16=T15+Ta
h16=find('H','P',P16,'T',T16,f)
s16=find('S','P',P16,'T',T16,f)
P17=P11
s17i=s16
h17i=find('H','P',P17,'S',s17i,f)
wb2=(h16-h17i)/nb
h17=h16-wb2
T17=find('T','P',P17,'H',h17,f)
s17=find('S','P',P17,'H',h17,f)
#bomba 3
P18=P11
if P18<Pcr:
h18=find('H','P',P18,'Q',0,f)
s18=find('S','P',P18,'Q',0,f)
T18=find('T','P',P18,'Q',0,f)
else:
T18=T17+Tb
h18=find('H','P',P18,'T',T18,f)
s18=find('S','P',P18,'T',T18,f)
P9=P10
s9i=s18
h9i=find('H','P',P9,'S',s9i,f)
wb3=(h18-h9i)/nb
h9=h18-wb3
T9=find('T','P',P9,'H',h9,f)
s9=find('S','P',P9,'H',h9,f)
#Aquecedor de contato 2
y1=(h18-h17)/(h11-h17)
#Aquecedor de contato 1
y2=((1-y1)*(h16-h15))/(h12-h15)
#Eficiencia
wtv=h10-y1*h11-y2*h12-(1-y1-y2)*h13
qh=h10-h9
wb1=(h14-h15)*(1-y1-y2)
wb2=(h16-h17)*(1-y2)
wb3=(h18-h9)
wlr=wtv+wb1+wb2+wb3
n=wlr/qh
if y1<0 or y1>1:
print('erro: y1')
n=np.nan
if y2<0 or y2>1:
53
print('erro: y2')
n=np.nan
if n<0 or n>1:
print('erro: n')
n=np.nan
K=1000
T=np.array([T9,T10,T11,T12,T13,T14,T15,T16,T17,T18])
P=np.array([P9,P10,P11,P12,P13,P14,P15,P16,P17,P18])
h=np.array([h9,h10,h11,h12,h13,h14,h15,h16,h17,h18])/K
s=np.array([s9,s10,s11,s12,s13,s14,s15,s16,s17,s18])/K
return(n,wlr/K,T,P,h,s,y1,y2,wtv/K,wb1/K,wb2/K,wb3/K,qh/K) #KJ/Kg
vapor
def TS_rankine(T10,P10,P11,P12,f='nPentane',rp=8,Ta=0,Tb=0):
plt.figure()
tcr=find(f,'Tcrit')
Outputs=Rankine(T10,P10,P11,P12,f,rp,Ta,Tb)
#linhas de saturacao
T=Outputs[2]
T14=T[5]
T=np.linspace(T14-10,tcr,1000)
Slsat=[]
Svsat=[]
K=1000
for ti in T:
Slsat.append(find('S','T',ti,'Q',0,f)/K)
Svsat.append(find('S','T',ti,'Q',1,f)/K)
Slsat=np.array(Slsat)
Svsat=np.array(Svsat)
plt.plot(Slsat,T-273.15,'navy',Svsat,T-273.15,'navy')
#curvas isobaricas
T=np.linspace(T14-10,T10+10,1000)
P=Outputs[3]
for pi in P:
Siso=[]
for ti in T:
Siso.append(find('S','P',pi,'T',ti,f)/K)
plt.plot(Siso,T-273.15,'g',linewidth=0.5)
plt.text(max(Siso),max(T)-
273.15,str(round(pi/10**6,2)),fontsize=6)
#pontos
T=Outputs[2]
n=Outputs[0]
s=Outputs[5]
for i in range(len(T)):
plt.plot(s[i],T[i]-273.15,'ro')
plt.text(s[i],T[i]-273.15,str(i+9),color='k')
plt.text(5.5,2000,'[Mpa]',fontsize=6)
plt.title('Ciclo Rankine ('+str(round(n*100,2))+'% '+f+')')
plt.xlabel('Entropia [KJ/Kg/K]')
plt.ylabel('Temperatura [oC]')
s='TS_Rankine_'+f+'_'+str(round(P10/10**6,1))+'_rp'+str(int(float(rp)))+
'.png'
plt.savefig(s)
plt.close()
return
54
III. Ciclo combinado
from CoolProp.CoolProp import PropsSI as find
from matplotlib import pyplot as plt
import numpy as np
from Brayton import Brayton
from Rankine import Rankine
from CO2 import co2
def Combinado(f,rp,T10,P10,P11,P12,Ta=0,Tb=0):
B=Brayton(rp)
R=Rankine(T10,P10,P11,P12,f,rp,Ta,Tb)
K=1000
qhb=B[6]
wlb=B[1]
wlr=R[1]
#rm=razao massica=vapor/gas
#ciclo rankine
h9=R[4][0]
h10=R[4][1]
h7=B[4][6]
P8=101325
T9=B[2][0]
T8=T9+10
if T8<403.15:
T8=403.15
h8=find('H','T',T8,'P',P8,"air")/K
s8=find('S','T',T8,'P',P8,"air")/K
rm=(h7-h8)/(h10-h9)
#limites
Tmax=find('Tmax',f)
T7=B[2][6]
if T10>T7:
print('erro T10>T7')
n=np.nan
w=np.nan
if T10>=Tmax:
print('erro T10>Tmax')
n=np.nan
w=np.nan
if T8<T9+10:
print('erro T8')
n=np.nan
w=np.nan
#eficiencia
wlc=wlb+wlr*rm #KJ/Kgar
n=wlc/qhb
return (n,wlc,rm,T8,P8,h8,s8,qhb)
55
IV. Gradiente conjugado
Nota: N e W são as funções que calculam a eficiência e o trabalho, respectivamente,
e garantem que as variáveis não passem dos limites estipulados. Maxn e maxw são as
funções que aplicam o método do gradiente conjugado para otimização do trabalho
respectivamente.
from Ciclo_combinado import Combinado
from Rankine import Rankine
from Brayton import Brayton
import numpy as np
from numpy import linalg
from matplotlib import pyplot as plt
from CoolProp.CoolProp import PropsSI as find
def N(f,X):
if f=='nPentane':
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
[rp,T10,P10,P11,P12]=[np.clip(rp,7,22),np.clip(T10,480,600),np.clip(P10,
2,4),np.clip(P11,1,2),np.clip(P12,0.2,1)]
X=[rp,T10,P10,P11,P12]
n=-Combinado(f,rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[0]*100
if f=='water':
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
[rp,T10,P10,P11,P12]=X=[np.clip(rp,7,22),np.clip(T10,500,668),np.clip(P1
0,2,4),np.clip(P11,0.5,2),np.clip(P12,0.1,1)]
X=[rp,T10,P10,P11,P12]
n=-Combinado(f,rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[0]*100
if f=='carbondioxide':
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
[rp,T10,P10,P11,P12]=[np.clip(rp,7,9),np.clip(T10,600,668),np.clip(P10,1
9,21),np.clip(P11,16,18),np.clip(P12,8,10)]
X=[rp,T10,P10,P11,P12]
n=-
Combinado(f,rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6,Ta,Tb)[0]*100
return(n,X)
def W(f,X):
if f=='nPentane':
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
[rp,T10,P10,P11,P12]=[np.clip(rp,7,22),np.clip(T10,480,600),np.clip(P10,
2,4),np.clip(P11,1,2),np.clip(P12,0.2,1)]
X=[rp,T10,P10,P11,P12]
w=-Combinado(f,rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[1]
if f=='water':
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
[rp,T10,P10,P11,P12]=X=[np.clip(rp,7,22),np.clip(T10,500,749),np.clip(P1
0,2,4),np.clip(P11,0.5,2),np.clip(P12,0.1,1)]
X=[rp,T10,P10,P11,P12]
w=-Combinado(f,rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[1]
if f=='carbondioxide':
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
56
[rp,T10,P10,P11,P12]=[np.clip(rp,7,22),np.clip(T10,600,749),np.clip(P10,
19,21),np.clip(P11,16,18),np.clip(P12,8,10)]
X=[rp,T10,P10,P11,P12]
w=-Combinado(f,rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6,Ta,Tb)[1]
return(w,X)
def dN(f,X):
n0=N(f,X)[0]
dn=[]
a=10**(-8)
for i in range(len(X)):
d=a*X[i]
X.insert(i,X[i]+d)
X.pop(i+1)
ni=N(f,X)[0]
dni=(ni-n0)/d
dn=dn+[dni]
X.insert(i,X[i]-d)
X.pop(i+1)
return (dn)
def dW(f,X):
n0=W(f,X)[0]
dn=[]
a=10**(-8)
for i in range(len(X)):
d=a*X[i]
X.insert(i,X[i]+d)
X.pop(i+1)
ni=W(f,X)[0]
dni=(ni-n0)/d
dn=dn+[dni]
X.insert(i,X[i]-d)
X.pop(i+1)
return (dn)
def maxn(f='nPentane',X0=[8,485,3.4,1,0.5]):
n0 = N(f,X0)
LX=[X0]
Ln=[n0]
d=[0]*len(X0)
k=0
a=0.01
erro=1
while erro>0.00001 and k<1000:
X=[]
for i in range(len(X0)):
if k==0:
gama=0
else:
gama=(np.linalg.norm(dN(f,LX[k]))**2)/(np.linalg.norm(dN(f,LX[k-1]))**2)
d[i]=-dN(f,LX[k])[i]+gama*d[i]
Xi=[LX[k][i]+a*d[i]]
X=X+Xi
Xk=N(f,X)[1]
LX=LX+[Xk]
n=-N(f,LX[k])[0]
Ln.append(N(f,X))
erro=abs(N(f,LX[k])[0]-N(f,LX[k-1])[0])
57
k=k+1
x=np.linspace(0,k,k+1)
LX=np.transpose(LX)
fig=plt.figure()
for i in range(len(X)):
fig.add_subplot(len(X),1,i+1)
plt.plot(x,LX[i])
plt.subplots_adjust(top=0.80,hspace=0.3)
plt.tight_layout()
plt.savefig('maxn'+'_'+f+'.png')
plt.close()
print('n: '+str(n))
print('X: '+str(Xk))
return(Xk)
def maxw(f='nPentane',X0=[15,485,3.4,1,0.5]):
w0 = W(f,X0)[0]
LX=[X0]
Lw=[w0]
d=[0]*len(X0)
k=0
a=0.01
erro=1
while erro>0.00001 and k<1000:
X=[]
for i in range(len(X0)):
if k==0:
gama=0
else:
gama=(np.linalg.norm(dW(f,LX[k]))**2)/(np.linalg.norm(dW(f,LX[k-1]))**2)
d[i]=-dW(f,LX[k])[i]+gama*d[i]
Xi=[LX[k][i]+a*d[i]]
X=X+Xi
Xk=W(f,X)[1]
LX=LX+[Xk]
w=-W(f,LX[k])[0]
Lw.append(W(f,X))
erro=abs(W(f,LX[k])[0]-W(f,LX[k-1])[0])
k=k+1
x=np.linspace(0,k,k+1)
LX=np.transpose(LX)
fig=plt.figure()
for i in range(len(X)):
fig.add_subplot(len(X),1,i+1)
plt.plot(x,LX[i])
plt.subplots_adjust(top=0.80,hspace = 0.3)
plt.tight_layout()
plt.savefig('maxw'+'_'+f+'.png')
plt.close()
print('w: '+str(w))
print('X: '+str(Xk))
return(Xk)
58
V. Simulação
print("n-Pentano\n")
print("Otimizacao da eficiciencia")
X=maxn('nPentane',[8,485,3.4,1,0.5])
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
print("razao de pressoes(rp): "+str(rp))
print("T10: "+str(T10)+" K")
print("P10: "+str(P10)+" MPa")
print("P11: "+str(P11)+" MPa")
print("P12: "+str(P12)+" MPa")
print("Massa especifica: "+str(find('D','T',T10,'P',
P10*10**6,'nPentane'))+" kg/m3")
print("Eficiencia ciclo combinado:
"+str(100*Combinado("nPentane",rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[0])
+" %")
print("Trabalho:
"+str(Combinado("nPentane",rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[1])+"
KJ/Kg_ar")
print("razao massica:
"+str(Combinado('nPentane',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[2])+"\n
")
print("Otimizacao do trabalho")
X=maxw('nPentane',[15,485,3.4,1,0.5])
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
print("razao de pressoes(rp): "+str(rp))
print("T10: "+str(T10)+" K")
print("P10: "+str(P10)+" MPa")
print("P11: "+str(P11)+" MPa")
print("P12: "+str(P12)+" MPa")
print("Massa especifica: "+str(find('D','T',T10,'P',
P10*10**6,'nPentane'))+" kg/m3")
print("Eficiencia ciclo combinado:
"+str(100*Combinado("nPentane",rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[0])
+" %")
print("Trabalho:
"+str(Combinado("nPentane",rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[1])+"
KJ/Kg_ar")
print("razao massica:
"+str(Combinado('nPentane',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[2])+"\n
")
print("agua\n")
print("Otimizacao da eficiciencia")
X=maxn('water',[8,665,3,1,0.5])
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
print("razao de pressoes(rp): "+str(rp))
print("T10: "+str(T10)+" K")
print("P10: "+str(P10)+" MPa")
print("P11: "+str(P11)+" MPa")
print("P12: "+str(P12)+" MPa")
print("Massa especifica: "+str(find('D','T',T10,'P',
P10*10**6,'water'))+" kg/m3")
print("eficiencia:
"+str(100*Combinado("water",rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[0])+"
%")
59
print("Trabalho:
"+str(Combinado("water",rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[1])+"
KJ/Kg_ar")
print("razao massica:
"+str(Combinado('water',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[2])+"\n")
print("Otimizacao do trabalho")
X=maxw('water',[15,665,3,1,0.5])
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
print("razao de pressoes(rp): "+str(rp))
print("T10: "+str(T10)+" K")
print("P10: "+str(P10)+" MPa")
print("P11: "+str(P11)+" MPa")
print("P12: "+str(P12)+" MPa")
print("Massa especifica: "+str(find('D','T',T10,'P',
P10*10**6,'water'))+" kg/m3")
print("Eficiencia ciclo combinado:
"+str(100*Combinado("water",rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[0])+"
%")
print("Trabalho:
"+str(Combinado("water",rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[1])+"
KJ/Kg_ar")
print("razao massica :
"+str(Combinado('water',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6)[2])+"\n")
Ta=140
Tb=10
print("CO2\n")
print("Eficiciencia")
X=maxn('carbondioxide',[8,630,20,17,9])
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
print("razao de pressoes(rp): "+str(rp))
print("T10: "+str(T10)+" K")
print("P10: "+str(P10)+" MPa")
print("P11: "+str(P11)+" MPa")
print("P12: "+str(P12)+" MPa")
print("Massa especifica: "+str(find('D','T',T10,'P',
P10*10**6,'carbondioxide'))+" kg/m3")
print("Eficiencia ciclo combinado:
"+str(100*Combinado('carbondioxide',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6
,Ta,Tb)[0])+" %")
print("Trabalho:
"+str(Combinado('carbondioxide',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6,Ta,
Tb)[1])+" KJ/Kg_ar")
print("razao massica:
"+str(Combinado('carbondioxide',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6,Ta,
Tb)[2])+'\n')
print("Trabalho")
X=maxw('carbondioxide',[15,630,20,17,9])
[rp,T10,P10,P11,P12]=X
print("razao de pressoes(rp): "+str(rp))
print("T10: "+str(T10)+" K")
print("P10: "+str(P10)+" MPa")
print("P11: "+str(P11)+" MPa")
print("P12: "+str(P12)+" MPa")
print("Massa especifica: "+str(find('D','T',T10,'P',
P10*10**6,'carbondioxide'))+" kg/m3")
60
print("eficiencia ciclo combinado:
"+str(100*Combinado('carbondioxide',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6
,Ta,Tb)[0])+" %")
print("Trabalho:
"+str(Combinado('carbondioxide',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6,Ta,
Tb)[1])+" KJ/Kg_ar")
print("razao massica:
"+str(Combinado('carbondioxide',rp,T10,P10*10**6,P11*10**6,P12*10**6,Ta,
Tb)[2]))
VI. Resultados da otimização
>>>
RESTART: C:\Users\bruna\AppData\Local\Programs\Python\Python37-
32\Scripts\Projeto final\Gradiente_conjugado.py
n-Pentano
Otimizacao da eficiciencia
n: 57.982099031834736
X: [8.44630819376838, 485.08920207476825, 4.0, 1.439628966728446,
0.5908347783503153]
razao de pressoes(rp): 8.44630819376838
T10: 485.08920207476825 K
P10: 4.0 MPa
P11: 1.439628966728446 MPa
P12: 0.5908347783503153 MPa
Massa especifica: 184.48120164174577 kg/m3
Eficiencia ciclo combinado: 57.98210710649202 %
Trabalho: 437.0486511904936 KJ/Kg_ar
razao massica: 0.966824452527919
Otimizacao do trabalho
w: 469.78089192069757
X: [19.529109259419847, 486.79435541915416, 3.9999999837077214,
1.476402297856927, 0.6023120042397583]
razao de pressoes(rp): 19.529109259419847
T10: 486.79435541915416 K
P10: 3.9999999837077214 MPa
P11: 1.476402297856927 MPa
P12: 0.6023120042397583 MPa
Massa especifica: 171.01261694940678 kg/m3
Eficiencia ciclo combinado: 55.41498929297577 %
Trabalho: 469.7808999399022 KJ/Kg_ar
razao massica: 1.2113502477529463
agua
Otimizacao da eficiciencia
n: 62.20283465141866
X: [8.87391220972929, 665.0974718770096, 4.0, 0.9704895057348839,
0.12632520141526232]
razao de pressoes(rp): 8.87391220972929
T10: 665.0974718770096 K
P10: 4.0 MPa
P11: 0.9704895057348839 MPa
P12: 0.12632520141526232 MPa
Massa especifica: 13.823802040464184 kg/m3
eficiencia: 62.20284452187514 %
61
Trabalho: 472.93565165781564 KJ/Kg_ar
razao massica: 0.11637272065411274
Otimizacao do trabalho
w: 515.5434048668901
X: [22.0, 749.0, 4.0, 0.9660460421033433, 0.13169656740998514]
razao de pressoes(rp): 22.0
T10: 749.0 K
P10: 4.0 MPa
P11: 0.9660460421033433 MPa
P12: 0.13169656740998514 MPa
Massa especifica: 11.99440463802421 kg/m3
Eficiencia ciclo combinado: 60.07047597349098 %
Trabalho: 515.5434063433997 KJ/Kg_ar
razao massica : 0.14250675300500765
CO2
Eficiciencia
n: 63.82891481371904
X: [9.0, 612.8925949986102, 19.0, 18.0, 8.0]
razao de pressoes(rp): 9.0
T10: 612.8925949986102 K
P10: 19.0 MPa
P11: 18.0 MPa
P12: 8.0 MPa
Massa especifica: 166.92284492065295 kg/m3
Eficiencia ciclo combinado: 63.82888666996107 %
Trabalho: 486.47731025905 KJ/Kg_ar
razao massica: 4.411944571156979
Trabalho
w: 527.9502069556897
X: [22.0, 613.8752842984949, 19.0, 18.0, 8.0]
razao de pressoes(rp): 22.0
T10: 613.8752842984949 K
P10: 19.0 MPa
P11: 18.0 MPa
P12: 8.0 MPa
Massa especifica: 166.58249421096693 kg/m3
eficiencia ciclo combinado: 61.51463206436102 %
Trabalho: 527.9376006345731 KJ/Kg_ar
razao massica: 5.709389596375998
62
Apêndice B: Gráficos das otimizações
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