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1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
1
1° SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO SUL
I SIMPÓSIO DE ÁGUAS DA AUGM
ANÁLISE DE DADOS HIDROLÓGICOS NA REGIÃO DO MUNICÍPIO DE
ALFREDO WAGNER/SC
Alexandre Alves 1,2; Masato Kobiyama 1,3; Roberto Valmir da Silva 1,4 & Tatiane Checchia 1,5
Resumo: O município de Alfredo Wagner vem sofrendo constantemente com inundações devido à
topografia acidentada da bacia hidrográfica na qual está inserido e ao manejo inadequado do solo,
resultando no desmatamento de encostas e matas ciliares e no assoreamento do rio. O objetivo deste
trabalho foi analisar os dados pluviométricos e fluviométricos na região a fim de contribuir em
futuros estudos e planejamentos. Foram adquiridos dados de sete estações pluviométricas e uma
fluviométrica. Com esses dados foi possível descrever os regimes das chuvas na região bem como o
regime fluviométrico do Rio Itajaí do Sul. Os principais resultados foram: gráficos de variações das
precipitações mensais e anuais, gráficos de intensidade de chuva, mapas com a distribuição espacial
e temporal da chuva e curvas de permanência das precipitações máximas e das descargas.
Palavras-Chave: precipitação, vazão do rio, Alfredo Wagner.
Abstract: The municipal of Alfredo Wagner has been suffering from floods due to the altered
topography of the watershed and the inadequate soil management, resulting in the deforestation on
the hillsides and riparian forests and in the reduction of river section. The objective of this work
was to analyze the rainfall and discharge data of the area in order to contribute in futures
investigations and planning. The data of seven rainfall stations and one river station were acquired.
With those data it was possible to describe the rainfall and discharge characteristics. The main
results were: graphs of variations of the monthly and annual precipitations, graphs of rain intensity,
maps with the space and temporary distribution of the rain and curves of permanence of the
maximum precipitations and of the discharges.
Key-words: Precipitation, discharge, Alfredo Wagner.
1 Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental Caixa postal: 476, Florianópolis, SC, 88.040-900, Fone: 331-9597 R:204, [email protected] 2 [email protected] 3 [email protected] 4 [email protected] 5 [email protected]
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
2
INTRODUÇÃO
O ciclo hidrológico consiste em diversos processos hidrológicos tais como precipitação,
interceptação, infiltração, percolação, escoamento do rio (vazão), e evapotranspiração. Entretanto, a
precipitação e a vazão são consideradas mais importantes processos hidrológicos e vêm sendo mais
monitoradas historicamente e mundialmente. Para iniciar o estudo hidrológico de uma região, a
maneira mais ordinária e fácil pode ser, então, analisar os dados pluviométricos e fluviométricos.
Segundo RIGHETTO (1998), qualquer variável hidrológica, quando analisada
experimentalmente, assumirá valores dependentes do local e do tempo e sujeitos às leis
probabilísticas. Por isso, a análise estatística é de fundamental importância para os estudos
hidrológicos. ASSIS NETO et al. (1996) disseram que a aplicação de técnicas estatísticas a dados
meteorológicos tem a vantagem de �compactar� o enorme volume de dados obtidos em uma estação
em uma simples tabela, ou uma equação, capaz de sumariar todas as informações de modo a
facilitar as deduções sobre os dados.
O objetivo deste trabalho foi analisar temporalmente e espacialmente os dados pluviométricos
e fluviométricos na região do município de Alfredo Wagner a fim de contribuir em futuros estudos
e planejamentos. Atualmente no município não consta nenhum estudo científico deste tipo.
Portanto, há uma necessidade de estudos nesta área para um desenvolvimento mais adequado da
região. Este estudo faz parte do projeto desenvolvido pelo Núcleo de Estudos da Água (NEA),
financiado pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e intitulado �Planejamento
Participativo de Recursos Hídricos na Região das Nascentes do Rio Itajaí do Sul�.
ÁREA DE ESTUDO
O município de Alfredo Wagner, localizado a 120 km da capital catarinense, Florianópolis,
está próximo às nascentes do Rio Itajaí do Sul, que fazem parte no Alto Vale do Rio Itajaí (Figura
1). O município possui uma área de 733,4 km2, e a sede urbana está cartograficamente localizada
na latitude Sul de 27º42�01�� e longitude Oeste de 48º59�30��.
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Alfredo Wagner localiza-se na Serra Geral, faixa de transição entre o litoral e o planalto
catarinense, possuindo um ecossistema de transição, caracterizando-se pela beleza natural e
exuberante de sua paisagem e pela abundância de recursos hídricos. A paisagem típica do contexto
local é caracterizada pela topografia acidentada e fundos de vale extensos e estreitos. No entanto, a
intensa ação antrópica, pelo manejo inadequado dos recursos naturais e do solo, tem potencializado
a ocorrência de enchentes e o comprometimento da qualidade das águas locais (SEIBT, 2002).
Este município possui as nascentes de três rios, o Rio Caeté (principal nascente do Rio Itajaí
do Sul), Águas Frias, e Adaga. O encontro destes três rios, quase no mesmo local, forma o Rio Itajaí
do Sul, um dos três componentes da grande bacia do Rio Itajaí-Açu. O centro urbano do município
está localizado justamente nesta junção, num fundo de vale, que proporciona e caracteriza a
freqüente ocorrência de enchentes, potencializadas pelas chuvas orográficas que ocorrem nas
cabeceiras destes rios, decorrentes do encontro das massas de ar Polar e Tropical Atlântica, às quais
a Serra Geral serve de anteparo (Figura 2). O Clima local se classifica como mesotérmico úmido,
com verões quentes, sem estação seca definida. As chuvas predominam na primavera e no verão,
sendo sua media anual em torno de 1700 mm. A temperatura média anual é de 19°C, oscilando
entre 2°C negativos e 30°C positivos. É comum a ocorrência de geadas no inverno. A umidade
relativa do ar média é de 85%. (SEIBT, 2002; CHECCHIA et al., 2004).
Figura 1 � Localização do Município de Alfredo Wagner.
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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O monitoramento de dados hidrológicos, ou seja, pluviométricos e fluviométricos, desta
região vem sendo realizado pela EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
Santa Catarina S.A.) e pela ANA (Agência Nacional das Águas). Esses dados estão
disponibilizados via Internet pela ANA.
MATERIAIS E MÉTODOS
Identificação e caracterização das estações existentes
A partir do site <http://hidroweb.ana.gov.br>, que é de responsabilidade da ANA, foi
realizado um levantamento das estações pluviométricas e fluviométricas existentes na região com
séries históricas adequadas e consistentes. Foi constatado que dentro do município de Alfredo
Wagner existem duas estações pluviométricas e uma estação fluviométrica que estão em
funcionamento e com séries consistentes de dados (sem grandes falhas e com grandes períodos de
medição).
Alfredo Wagner
Legenda:
Município de Alfredo Wagner
Mapa com hidrografia e divisão política
0 Km 10 Km 20 Km
Divisão Política dos MunicípiosLocalização do Centro Urbano
Hidrografia
Figura 2 - Mapa com a hidrografia, divisão política e localização do centro municipal.
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Foram utilizados os dados das cinco estações vizinhas mais próximas do município e mais
duas estações localizadas dentro do município, totalizando sete estações pluviométricas para a
analise. Além destas sete estações pluviométricas, foram utilizadas para elaboração dos mapas de
isoietas mais seis estações mais afastadas do município para obtenção de melhores resultados em
termo de análise espacial. As características das estações utilizadas são mostradas na Tabela 1.
Para facilitar a identificação das estações, cada uma recebeu um código diferente do fornecido
pela ANA. As estações pluviométricas analisadas com maior ênfase foram as de P1 até P7 e a
Fluviométrica é a F1.
Tabela 1 � Descrição das estações hidrológicas analisadas
Código na ANA Nome Rio Município Operadora Latitude Longitude Altitude
(m)
Área de Drenagem
(km2)
Período de Dados
P1 02749007 LOMBA ALTA Rio Itajaí-Açu ALFREDO WAGNER EPAGRI -27:43:50 -49:22:58 550 - 01/1941 -
12/2000
P2 02749037 SALTINHO Rio Itajaí do Sul ALFREDO WAGNER EPAGRI -27:41:00 -49:21:55 454 - 01/1976 -
12/2000
P3 02849021 URUBICI Rio Canoas URUBICI CPRM -27:59:19 -49:34:39 997 - 09/1976 - 12/2001
P4 02749020 RANCHO QUEIMADO
Rios Tubarão, Araranguá e ...
RANCHO QUEIMADO EPAGRI -27:40:21 -49:00:22 820 - 04/1976 -
12/2000
P5 02749027 ANITAPOLIS Rios Tubarão, Araranguá e ... ANITAPOLIS EPAGRI -27:54:43 -49:07:55 500 - 07/1972 -
12/2000
P6 02749017 BARRAGEM SUL Rio Itajaí-Açu ITUPORANGA EPAGRI -27:30:07 -49:33:11 370 - 08/1970 -
12/2000
P7 02749034 LEOBERTO LEAL Rio Alto Braço LEOBERTO
LEAL EPAGRI -27:30:27 -49:17:15 700 - 01/1976 -12/2000
F1 83105000 SALTINHO Rio Itajaí do Sul ALFREDO WAGNER EPAGRI -27:41:02 -49:21:47 454 483 09/1974 -
06/2002
Os dados das estações foram homogeneizados para o mesmo período cronológico, onde foram
analisados dados dos anos de 1976 a 2000 para todas as estações, totalizando 25 anos de dados
históricos. Preenchimento de falhas
Algumas estações possuiam falhas nas séries históricas. As falhas maiores que um mês foram
descartadas, já as falhas de alguns dias foram preenchidas com os dados das outras seis estações de
acordo com o recomendado por SANTOS et al. (2001):
(1)
Onde Px é o valor de chuva que se desejava determinar, Nx é a precipitação média anual do posto x,
NA, NB, NC, ND, NE, NF são respectivamente, as precipitações médias anuais dos seis postos vizinhos
analisados e PA, PB, PC, PD, PE e PF são respectivamente, as precipitações observadas no instante
que o posto x falhou.
+++++= F
F
xE
E
xD
D
xC
C
xB
B
xA
A
xx P
NNP
NNP
NNP
NNP
NNP
NNP
61
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Análise de consistência dos dados
Foram gerados gráficos com curvas duplo-acumulativas para cada estação com o intuito de
detectar eventuais erros de consistência nos dados históricos. Para cada estação foi traçado um
gráfico onde nos eixos das abscissas foi colocado o total de chuva média acumulada de todas as
estações analisadas e no eixo das ordenadas o total de chuva acumulada da estação em análise. Isso
foi realizado para cada estação pluviométrica analisada.
Todas as retas dos gráficos apresentaram os valores de coeficiente de variação (R2) maior ou
igual a 0,9994, como mostra a Figura 3, o que significa que as séries históricas não apresentaram
erros significativos.
Descrição do regime das chuvas e descargas a partir dos dados históricos
Com o auxílio do software HIDRO 1.0.9 (ANA, 2003) foi possível organizar os dados e
calcular diretamente alguns parâmetros estatísticos. Posteriormente os dados e os índices obtidos
com a ajuda do HIDRO foram agrupados em planilha eletrônica para cálculo dos demais
parâmetros estatísticos e para elaboração de gráficos.
Elaboração de mapas com isoietas
Utilizando um software gráfico através do gradeamento geoestatístico de Kriging, foram
elaboradas as isoietas sobre os mapas da região.
R2 = 0,9994
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
0 10000 20000 30000 40000
M édia A cumulada das Est ações [ mm]
P4
Figura 3 � Curva duplo-acumulativa de precipitações da Estação P4
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Descrição do regime pluviométrico
Foi observado que as estações próximas ao litoral tiveram um maior volume precipitado. Os
valores médios de chuva mensal e anual para cada estação são apresentados na Tabelas 2.
Tabela 2 � Precipitação mensal e anual.
Precipitação [mm] Desvio Padrão [mm] Estação
Média Mensal Média Anual Média Mensal Média AnualP1 131,7 1580,3 78,6 329,5 P2 120,6 1446,3 73,2 340,7 P3 130,6 1575,1 73,6 341,0 P4 163,8 1972,5 103,0 408,2 P5 165,2 1982,8 98,6 361,4 P6 126,4 1516,5 77,3 324,6 P7 129,4 1553,9 76,5 326,0
Média 138,2 1661,1 83,0 347,4
O ano foi dividido em duas estações climatológicas, uma estação chuvosa e a outra estação
seca. De acordo com a Figura 4, onde mostra as médias dos totais de precipitação em cada mês, foi
notado que os meses de setembro a fevereiro foram caracterizados como período chuvoso e de
março a agosto como período de seca. Analisando o número médio de dias de chuva em cada mês e
o número médio de dias consecutivos sem chuva de cada mês, como mostram as Figuras 5 e 6, fica
mais evidente essa divisão. Entretanto, essa diferença de precipitação durante o ano é bem pequena
comparada a outras regiões do país, o período chuvoso na região representa em torno de 60% do
total de chuva anual, enquanto na região do pantanal esse valor chega a 85% do total anual (PNMA,
1997).
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMeses
Prec
ipita
ção
Men
sal [
mm
]
P1
P2
P3
P4
P5
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P7
Média
Figura 4 � Variabilidade sazonal das precipitações mensais médias de cada estação.
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Outra diferença entre o período chuvoso e seco é o tipo de precipitação, percebe-se no gráfico
da variação mensal da intensidade de chuva diária (Figura 7) que no mês de julho nos dias em que
ocorre chuva o valor da intensidade é maior que nos outros meses, apesar da precipitação total
nesse mês ser menor em comparação aos meses da estação chuvosa. No período chuvoso a
precipitação é predominantemente ocasionada por massas de ar úmido vindas do litoral, e no
período seco as precipitações são causadas por massas de ar úmido vindas do oeste e frentes frias
vindas do sul. Também pode-se observar na Tabela 3 que nos meses de maio e julho os coeficientes
de variação são bem elevados, significando que nesses meses a variação da precipitação para cada
ano é bem elevada em comparação aos outros meses, sendo meses propícios a ocorrência de
enchentes.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Dias
com
Chu
va
P1
P2
P3
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P5P6
P7
M édia
Figura 5 � Dias de chuva por mês.
0
2
4
6
8
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14
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Dias
Con
secu
tivos
Sem
Chu
va
P1
P2
P3
P4
P5P6
P7
M édia
Figura 6 � Número de dias consecutivos sem chuva em cada mês.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Inte
nsid
ade
Méd
ia M
ensa
l (m
m/d
ia)
P1
P2
P3P4
P5P6
P7
M édia
Figura 7 � Intensidade média de chuva por mês
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Tabela 3 � Variabilidade sazonal da precipitação média (em mm) para cada estação analisada.
Estação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez P1 196,4 165,3 106,8 85,9 108,9 99,6 150,1 121,1 136,7 151,9 115,0 142,5 P2 162,4 153,8 98,1 82,8 97,5 93,3 141,7 113,8 121,9 140,8 105,5 135,7 P3 170,0 165,1 109,6 94,9 113,6 102,0 146,4 118,1 137,1 137,6 123,0 149,3 P4 281,7 256,8 160,8 99,1 114,6 90,7 139,6 111,1 158,8 199,1 151,1 210,7 P5 247,8 244,5 181,5 104,4 122,0 99,3 142,6 127,3 150,4 152,1 158,7 226,7 P6 175,3 162,0 114,2 87,5 100,9 98,3 127,3 125,4 123,9 137,5 109,8 142,3 P7 180,7 174,8 111,3 88,6 108,2 94,8 135,6 114,8 130,3 148,3 121,6 144,7
Média 202,0 188,9 126,0 91,9 109,4 96,9 140,5 118,8 137,0 152,5 126,4 164,6 Coef. de Var.
Médio 0,43 0,44 0,39 0,54 0,76 0,51 0,86 0,68 0,49 0,45 0,51 0,48
A Figura 8 mostra a série histórica de precipitação total anual de cada estação analisada.
Percebe-se que se mantém um padrão, não existindo tendência de mudança, a não ser por variações
cíclicas que existiam até o ano de 1993, onde ocorre um ano com precipitação baixa e dois anos
consecutivos com aumento da precipitação, tendendo a ter um ciclo a cada três anos, a não ser pelo
pico do ano de 1983 quando ocorreram várias enchentes em todo o estado e após 1993 quando essas
tendências se desfizeram, talvez por causa das mudanças climáticas globais, podendo isso ser tema
para futuros estudos na região. Esse episódio de 1983 pode ser considerado como um evento secular
ou até milenar.
0
500
1000
1500
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2500
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Anos
Pre
cipi
taçã
o A
nual
[mm
]
P1
P2
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Média
Figura 8 - Variabilidade da precipitação anual.
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Nenhuma outra grande tendência de mudança climática foi observada ao longo desses 25 anos
analisados, havendo sempre variações anuas normais, como se observa nas Figuras 9, 10 e 11 que
mostram respectivamente a intensidade de chuva diária média por ano, o número de dias com chuva
por ano e o número máximo de dias consecutivos sem chuva por ano.
0
5
10
15
20
25
1976
1978
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1982
1984
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1992
1994
1996
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2000
Anos
Inte
nsid
ade
Méd
ia A
nual
(mm
/dia
)
P1
P2
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P4
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M édia
Figura 9 � Intensidade média de chuva por ano
0
50
100
150
200
250
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
Anos
Dias
com
Chu
va
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
M édia
Figura 10 � Dias de chuva por ano.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
Anos
Dias
Con
secu
tivos
Sem
Chu
va
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
M édia
Figura 11 � Número de dias consecutivos sem chuva em cada ano.
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Isoietas
Foram gerados três mapas com isoietas, um para a precipitação total anual (Figura 12), um
mapa de precipitação mensal de janeiro (Figura 13) e um para junho (Figura 14). Percebe-se, de
acordo com a Figura 12, que nas estações P4 e P5 o volume de chuva acumulado no ano é bem
maior que nas outras estações. Essa diferença também é observada na Figura 13. Isso ocorre porque
que as chuvas vindas do litoral caiam com mais intensidade nesse local devido a aumento de
altitude. No período de estiagem (de abril a setembro), como mostra a Figura 14, esse evento não
ocorreu, a maioria da chuva que chega na região vem do sul ou do oeste do estado junto com as
frentes frias. Com isso a precipitação, além de ser em menor quantidade, é mais distribuída pela
região. Mas como citado anteriormente, no período de estiagem foi quando ocorreram a maioria das
enchentes, devido às precipitações nesse período serem de curta duração, mas de grande
intensidade.
Nas regiões mais altas do município a precipitação foi bem maior que na sede urbana que fica
nas áreas mais baixas do município, como mostram as Figuras 12 e 13.
Alfredo Wagner
MAPA 1 Legenda: Localização das Estações Pluviométricas Utilizadas
Isoietas
Divisão Política dos Municípios
Município de Alfredo Wagner e Vizinhanças
Mapa de IsoietasPrecipitação Anual
0 Km 10 Km 20 Km
Figura 12 - Mapa com isoietas de precipitação total anual na região de Alfredo Wagner.
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
12
Alfredo Wagner
20 Km10 Km0 Km
Mapa de IsoietasPrecipitação Mensal
Mês de JaneiroMunicípio de Alfredo Wagner
e Vizinhanças
Divisão Política dos Municípios
Isoietas
Localização das Estações Pluviométricas UtilizadasLegenda:MAPA 2
Figura 13 - Mapa com isoietas de precipitação mensal no mês de janeiro.
Alfredo Wagner
MAPA 7Legenda: Localização das Estações Pluviométricas Utilizadas
Isoietas
Divisão Política dos Municípios
Município de Alfredo Wagner e Vizinhanças
Mapa de IsoietasPrecipitação Mensal
Mês de junho
0 Km 10 Km 20 Km
Figura 14 - Mapa com isoietas de precipitação mensal no mês de junho.
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Curvas de permanência de precipitações diárias máximas anuais
Abaixo são apresentadas as curvas de permanência (Figuras 15 e 16) das precipitações diárias
máximas anuais referentes aos dados históricos do período entre 1976 a 2000 de duas estações, uma
localizada dentro do município de Alfredo Wagner, próxima a sua sede urbana e com uma altitude
de 550 metros (P1), e outra localizada no município de Rancho Queimado a uma altitude de 820
metros (P4). Foi observado que na estação dentro do município de Alfredo Wagner somente 20%
das precipitações diárias máximas anuais são superiores a 90 mm, mas na estação P4 esse número
passa a ser em torno de 140 mm. Para a região das nascentes dos Rios Adaga, Caeté e Águas Frias a
curva de permanência da estação P4 é a que melhor representa o regime pluviométrico em
consideração à altitude local.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0%
Pre
cipi
taçã
o D
iári
a M
áxim
a [m
m]
Figura 15 � Curva de permanência de precipitações diárias máximas anuais (estação P1)
0
50
100
150
200
250
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0%
Prec
ipita
ção
Máx
ima
Diár
ia [m
m]
Figura 16 � Curva de permanência de precipitações diárias máximas anuais (estação P4).
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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Dados Fluviométricos
A Figura 17 mostra as variações das vazões em cada mês do ano. Percebe-se que as médias
das máximas são muito elevadas em comparação a médias. Isso porque a topografia do terreno
causa uma baixa capacidade de retenção da bacia aumentando assim a velocidade do escoamento,
ocasionando com qualquer chuva mais elevada ou intensa, grandes picos de vazão. E com o
desmatamento que ocorreu na região para o cultivo de cebola e milho, principalmente nas encostas
e nas matas ciliares, essa capacidade de retenção foi ainda mais agravada, causando mais prejuízos
a natureza e conseqüentemente a comunidade em que nela vive.
Os valores mais extremos ocorreram nos meses de maio, junho e setembro, exatamente os
meses em que se têm em média as menores precipitações. Nesses meses que ocorre uma grande
variação anual, quando em alguns anos ocorrem grandes eventos, por causa das massas de ar frio
vindas do sul e da formação de ciclones extra-tropicais. Com isso esse período é o mais propício a
ocorrerem grandes enchentes.
Na Figura 18 são mostradas as curvas de permanência dos dados de vazões média diárias com
intervalos de aproximadamente 10 anos para cada curva, totalizando três décadas sucessivas. Nota-
se um aumento da acentuação da curva de cada década, isso significa que os eventos extremos estão
ficando mais freqüentes. Mas, se observar a Figura 19, que apresenta as mesmas curvas de
permanência, mas em função da vazão máxima ocorrida em cada década, percebe-se que em
comparação aos picos ocorridos em cada década, no ultimo intervalo analisado houve uma melhora
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMeses
Vaz
ão (m
3 /s) M édia das
M áximas
M édias
M édia dasM ínimas
Figura 17 � Gráfico com os valores médios das vazões máximas, médias e mínimas (estação F1)
1° Simpósio de Recursos Hídricos do Sul I Simpósio de Águas da AUGM
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na acentuação da curva, isso devido ao grande reflorestamento com pinus ocorrido no município no
lugar dos campos de altitude nativos e em parte da floresta nativa.
.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste trabalho foi possível realizar uma caracterização do regime hidrológico da
região, bem como fornecer parâmetros para dimensionamentos de projetos de engenharia e
elaboração de planos de desenvolvimento da região.
O desmatamento que ocorreu na região há vários anos pode ter aumentado os picos de vazões,
com isso as chances de ocorrerem enchentes na região são mais elevadas. Mas o reflorestamento de
pinus que vem ocorrendo desde a última década, pode ter ajudado a diminuir esses picos de vazões,
diminuindo com isso as chances de enchentes na bacia hidrográfica. Mas esse reflorestamento por
050
100150200250300350400450500
0 20 40 60 80 100
Permanência (%)
Vazã
o (m
3 /s) 1974 a 1983
1984 a 1992
1993 a 2002
Figura 18 � Curvas de Permanência e dados de vazão média diária (estação F1)
0102030405060708090
100
0 20 40 60 80 100
Permanência (%)
% d
a va
zão
máx
ima
1974 a 1983
1984 a 1992
1993 a 2002
Figura 19 � Curvas de permanência de dados de vazão média diária (estação F1)
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estar ocorrendo em área nativa pode estar prejudicando em outros aspectos sobre a bacia
hidrográfica, devendo ser feitos estudos mais aprofundados.
Entretanto, vale ressaltar que com o início de operação dos novos sensores, que estão sendo
instalados pelo projeto de pesquisa �Planejamento Participativo de Recursos Hídricos na Região das
Nascentes do Rio Itajaí do Sul�, será possível fazer estudos mais aprofundados sobre os regimes
hidrológicos, principalmente na previsão de enchentes, e também na instalação de sistemas de
alerta, já que o município tem historicamente grandes problemas com inundações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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