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ANÁLISE DE VIABILIDADE E RISCO
ECONÔMICO DE INVESTIMENTO NA
MODERNIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
EM UMA EMPRESA DE ALIMENTAÇÃO
COLETIVA
MARCOS VENICIO BRAZ DE ASSIS (UNIARA )
Claudio Luis Piratelli (UNIARA )
ANDRE LUIZ FRANCO (UNIARA )
Antonio Agide Mota Junior (UNIARA )
Cleber Peres (UNIARA )
A mudança ocorrida no ambiente competitivo das empresas tem
provocado atualmente a necessidade de inovação na estratégia de
gestão. Em ralação as indústrias, estas estratégias estão na maioria
das vezes atreladas a necessidade de modernizaçção dos processos
produtivos, na busca pela melhoria da produtividade, qualidade e
menores custos de produção. As empresas de alimentação coletiva,
estão entre aquelas que têm sofrido significativamente o impacto desta
dificuldade e, devido a problemas em seus processos produtivos
provocados pela falta de modernização da produção, tem incorrido em
margem de lucro reduzida e problemas de padrão de qualidade. O
objetivo deste trabalho foi analisar a viabilidade econômica e riscos de
investimento em uma empresa de alimentação coletiva, utilizando-se
para este estudo, os métodos tradicionais de análise de investimentos
da engenharia econômica (EE) em conjunto com a Simulação de
Monte Carlo (SMC). Foram definidos três cenários para o problema
em questão: otimista, pessimista e mais provável - sobre os quais
foram perturbadas, distintamente, variáveis como demanda de
produção, faturamento, preço de vendas, despesas operacionais, custos
de produção - considerando para uma análise final, uma taxa mínima
de atratividade de 17,50% aa. Os resultados indicaram um risco de
100% para o cenário pessimista, nenhum risco para o otimista e
51,50% de risco para o cenário mais provável. Concluiu-se através
desta pesquisa, que os métodos de análise de investimentos, quando
aplicados de forma ortodoxa e sem a aplicação de simulações, não são
suficientes para apurar os riscos em projetos de investimentos.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
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Palavras-chave: Engenharia Econômica. Análise de Risco. Simulação
de Monte Carlo. Alimentação Coletiva.
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1. Introdução
Devido a constante mudança ocorrida no mundo corporativo, principalmente no contexto da
globalização, as empresas foram inseridas em um ambiente de grande competição. Neste
cenário, os gestores são obrigados a buscar através da otimização dos recursos disponíveis,
meios para superar as dificuldades geradas por esta nova conjuntura. Segundo Hilgert (1997),
Bruni Famá e Siqueira (1998), a situação das empresas quando envolve um mercado
globalizado e forte concorrência, exige dos gestores habilidades e competências específicas
para lidar com as frequentes decisões sobre novos investimentos, pois neste ambiente, é
necessário atingir maior produtividade, melhor qualidade e menores custos de produção.
Dentro do segmento de alimentação coletiva, setor escolhido para realização desta pesquisa,
Proença (1999), Avelato e Araújo (2009) afirmam que, a busca por melhores condições
competitivas, tem motivado as empresas a realizar revisões dos processos produtivos,
considerando que o ambiente de trabalho neste segmento é marcado por um ritmo intenso de
trabalhos manuais, gerados principalmente pela obsolescência dos equipamentos. Esta
situação demonstra a necessidade de investimento em novos equipamentos neste setor.
De acordo com Casarotto Filho e Kopittke (2010), a análise a ser feita antes de se realizar
novos investimentos deve ser condicionada a uma boa taxa de desconto. Sendo assim, os
métodos da Engenharia Econômica (EE) são imprescindíveis para realização deste tipo de
análise.
Minardi (2004) e Hartman (2011), enfatizam que os métodos da EE devem ser aplicados de
forma rigorosa e com realização de análise de riscos, pois quando aplicados de forma
tradicional não levam em consideração as variáveis que impactam nas decisões de
investimentos.
O objetivo do presente trabalho foi analisar a viabilidade e risco econômico de investimento
na modernização de equipamentos em uma empresa de alimentação coletiva. O estudo da
viabilidade econômica foi realizado por meio das ferramentas tradicionais da EE, sendo, o
Valor Presente Líquido (VPL), Payback (PB), Taxa Interna de Retorno (TIR), Valor Anual
Uniforme Equivalente (VAUE) e o Benefício Custo (B/C). Para análise de riscos, utilizou-se a
aplicação da Simulação de Monte Carlo (SMC), sendo perturbadas variáveis como: demanda
de produção, faturamento, preço de venda, despesas operacionais, mão-de-obra direta de
produção, custos indiretos de produção e índices inflacionários.
Este artigo está estruturado da seguinte forma: A seção 2 trata do referencial teórico sobre o
mercado de alimentação coletiva; sobre métodos tradicionais de análise da viabilidade
econômica em investimentos; análise de riscos e incertezas e; Simulação de Monte Carlo
(SMC). A seção 3 trata da metodologia. A seção 4 trata da caracterização do caso; estudo e
resultados da viabilidade econômica; aplicação e análise de resultados da SMC na empresa
objeto deste estudo. A seção 5 trata das considerações finais.
2. Referencial Teórico
2.1. Mercado de Alimentação Coletiva
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Segundo Abreu, Spinelli e Pinto (2009), a alimentação coletiva é caracterizada pelo
desenvolvimento de atividades de alimentação e nutrição que podem ocorrer de forma
comercial, como restaurantes; ou institucionais, que ocorrem dentro das empresas-clientes. O
presente trabalho foi desenvolvido nesta segunda categoria de atividade.
Matos (2000) afirma, que o segmento de alimentação coletiva aumentou sua
representatividade na economia global devido ao ritmo que a vida moderna proporcionou as
pessoas. Claro, Levy e Bandoni (2009) corroboram afirmando que dentre as principais
evidências desta consideração, pode embasar-se no número de refeições consumidas fora do
domicílio. As Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF), do instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) comprovam este crescimento também no Brasil.
Segundo ABERC (2015), o setor de alimentação coletiva atingiu em 2015 no Brasil um
faturamento de R$17,8 bilhões, em 13.500 cozinhas industriais. Atualmente são 920 empresas
prestadoras de serviços neste setor, com 195 mil profissionais empregados.
As Tabela 1 e, 2 demonstram algumas informações sobre o setor no Brasil:
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A respeito deste segmento, a ABERC (2015) apresenta algumas considerações sobre a
margem de lucro, que sofreu redução nos últimos anos, sendo que um dos problemas
identificados, refere-se a falta de modernização dos equipamentos de produção.
Sant’Ana, Azeredo e Castro (1994), Proença (1999) e Avelato e Araújo (2009) também
destacam que o segmento de alimentação coletiva no Brasil tem sofrido com a obsolescência
dos equipamentos de produção. Esta evidência é clara quando compara-se a tecnologia
utilizada no Brasil com outros países mais desenvolvidos, especialmente o Estados Unidos e a
França. No Brasil existe uma cobrança por produtividade neste segmento, entretanto, as
empresas não oferecem boas condições de trabalho em termos de ambiente, equipamentos e
processos adequados. Nestes termos, pode-se afirmar que produtividade não depende apenas
das competências do trabalhador, mas também dos equipamentos, materiais e ambiente para
realização do trabalho. Este fato reforça a importância do presente trabalho, uma vez que a
implementação de novos equipamentos permitira a empresa atingir melhores condições
competitivas.
A inflação na categoria de alimentos também gerou nos últimos anos um significativo
aumento, agravando ainda mais a situação. A tabela 3 e figura e 1 demonstram as diferenças
entre o IPC-Fipe Geral e o IPC-Fipe Alimentação.
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Figura 1: Gráfico comparativo entre IPC-Fipe Geral e IPC-Fipe Alimentação
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados coletados pelo site: www.fipe.org.br
Outro comparativo foi realizado entre o IPC-Fipe Alimentação e o Índice Nacional de Preço
ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme tabela 4 e respectiva figura 2.
Figura 2: Gráfico comparativo entre IPCA e IPC-Fipe Alimentação
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Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados coletados nos sites: www.fipe.org.br e www.ibge.gov.br
2.2. Métodos Tradicionais de Análise de Viabilidade Econômica em Investimentos
Em análise de investimentos, Martins (2000) salienta que na previsão dos fluxos de caixa,
deve ser considerado o desconto do custo de capital pelo valor da TMA previamente definida.
Samanez (1999) reforça ainda a necessidade de considerar os fluxo de caixa pelos valores
incrementais, uma vez que representa a rentabilidade líquida do projeto.
Segundo Casarotto Filho e Kopittke (2010), a TMA representa o valor que o investidor
prescinde com outras possibilidades de investimento, ou seja, “a nova proposta para ser
atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações
correntes e de pouco risco”.
Sobre os métodos tradicionais de análise de investimentos da EE, Assaf Neto e Lima (2010)
define o VPL como o valor resultante da diferença entre os resultados previstos de fluxos de
caixa e os valores do investimento. Já o VAUE, segundo Silva e Fontes (2005) refere-se a
parcela periódica que seja equivalente ao s resultados do VPL, considerando a vida útil do
projeto.
Samanez (1999) apresenta dentre outros métodos, o payback e o B/C, sendo o primeiro,
aquele que analisa o período que decorre entre o dispêndio até a remuneração do capital, e o
segundo definido como indicador que resulta dos benefícios gerados em comparação com o
valor do investimento. Em relação a TIR, Casarotto Filho e Kopittke (2010) conceitua como
sendo a taxa que condiciona o VPL de um fluxo de caixa ser igual à zero ou nulo.
Abensur (2012) apresenta em seus estudos, os métodos de VPL, TIR e PB e salienta que os
resultados obtidos através destes métodos, devem ser analisados como parte de um processo
integrado e não verificados isoladamente, pois isto amplia a visão do gestor no processo
decisório.
Para maiores aprofundamentos conceituais, sugere-se ler: Gitman (2002), Samanez (2009),
Casarotto Filho e Kopittke (2010) e Assaf Neto e Lima (2010).
2.3. Análise de Riscos e Incertezas
Segundo Gitman (2002) “o risco em seu sentido fundamental, pode ser definido como a
possibilidade de prejuízo financeiro”. Já a incerteza, segundo Samanez (1999) ocorre quando
a influência dos fatores externos são imprevisíveis e desconhecidas.
Segundo Gollier (2010), para o risco associado às diferentes estratégias de análise de
investimentos, os valores de cada projeto deve ser analisados separadamente depois e
compará-los para estimar o prêmio dos riscos envolvidos.
Hartman (2011) observou através da análise de publicações na área de engenharia econômica,
que nas últimas décadas ocorreu uma tendência de publicações de artigos discutindo questões
relacionadas à análise de riscos. Isto se deve às mudanças do ambiente externo, que reflete
diretamente às variáveis dos projetos de investimentos.
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Coates e Kuhl (2003) e Armaneri, Õzdagoglu e Yalçinkaya (2010), indicam a SMC como um
método eficaz para analisar os problemas da EE, pois permite determinar os níveis de riscos
dos projetos e auxilia os investidores a tomar as decisões em ambientes de incertezas.
2.4. Revisão da Bibliografia Sobre a Simulação de Monte Carlo (SMC)
Segundo Brealey, Myers e Allen (1992) a SMC é um técnica que permite considerar todas as
combinações possíveis de variáveis e examinar a distribuição total dos resultados através de
probabilidades.
Para Samanez (1999), a SMC é o método estatístico que permite simular valores para análise
dos fenômenos que influenciam os resultados futuros. Em análise de investimentos, a SMC
permite analisar os valores projetados para determinadas variáveis através de amostragens.
Lane et al.(2013), identificou em seus estudos uma certa fragilidade no método do VPL,
quando aplicado de forma ortodoxa, ou seja, sem análise de riscos. Isto por que o valor do
VPL pode a princípio apresentar viabilidade econômica, porém quando aplicado em conjunto
com a SMC, apresentar probabilidade de riscos. Esta argumentação está calcada nos
resultados obtidos através de estudo realizado em uma mineração de ouro no continente
africano.
Liou, Huang e Chen (2012) aplicaram a SMC sobre valores de VPL apurados em estudos
sobre projetos do setor público-privado em Taiwan, e concluíram que os métodos tradicionais
da EE se mostram eficazes em análise de investimentos quando, porém quando aplicados em
conjunto com a SMC para análise de riscos.
3. Metodologia
Os método empregado neste artigo foi o de modelagem e simulação, realizado através de um
modelo específico, onde foram analisados as respostas das simulações para mensurar os riscos
do investimento em análise. Este estudo foi realizado por meio do software @RISK 6.3 da
Palisade.
Segundo Silva (1981) a técnica de simulação é caracterizada pela construção de modelos
matemáticos a fim de buscar, através de tratamento computadorizados de dados, gerando uma
solução mais precisa para os problemas.
Para aplicação da SMC foram realizadas perturbações das seguintes variáveis, conforme
distribuições triangulares em 3 cenários – otimista, pessimista e mais provável – considerando
para cada um diferentes TMAs (15%aa, 17,5%aa e 20%aa).:
Demanda de Mercado;
Preço de Vendas;
Custo de Matéria Prima;
Custo do Gás GLP;
Custo Indireto de Produção;
Gastos Operacionais;
Custo de Mão de Obra;
Custo de Aluguel.
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4. Caracterização do Caso
A empresa pesquisada está localizada no interior do estado de São Paulo e atua com prestação
de serviços de alimentação coletiva desde 1993. Iniciou suas atividades atendendo o setor
sucroenergético e expandiu para empresas do ramo metalúrgico e hoje atua nos mais diversos
segmentos de empresa na região. Em relação ao processo produtivo, a empresa se encontra
em grandes dificuldades, possuindo poucos recursos tecnológicos para produção das
refeições, utilizando-se ainda de panelas, fogões convencionais, caldeirões, chapas, fritadeiras
manuais, equipamentos estes, que poderiam ser substituídos por outros com melhores
tecnologias, possibilitando ampliação do mercado na região de atuação.
4.1. O investimento
Os valor necessário para modernização do processo produtivo da empresa objeto deste estudo,
foi apurado em R$ 1.080.000,00, considerando equipamentos e utensílios e ainda R$
320.000,00 para readequação do prédio e instalação destes equipamentos, perfazendo um total
de R$ 1.400.000,00.
4.2. Estudo da Viabilidade Econômica
O estudo da viabilidade econômica, foi realizado com aplicação dos principais métodos da EE
(VPL, PB, TIR, VAUE e B/C). O fluxo de caixa líquido incremental foi apurado conforme
tabela 5 e as variáveis consideradas para os incrementos anuais estão expostas na tabela 6.
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4.3. Resultados do Estudo da Viabilidade Econômica
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Nota-se através da tabela 7 que em relação ao cenário otimista, considerando os três valores
de TMA, o investimento mostrou-se viável do ponto de vista econômico, pois todos os
indicadores utilizados indicaram aprovação do investimento.
A tabela 8 apresenta o cenário pessimista, também para três valores de TMA. Porém, os
resultados apurados apontam inviabilidade econômica em todos os indicadores. Neste caso, e
considerando este cenário, o investimento não deveria ser realizado.
Nota-se através da tabela 9 que pelo cenário mais provável, considerando os três valores de
TMA, o investimento poderia ser realizado, pois todos os métodos da EE empregados neste
estudo, indicam viabilidade econômica .
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4.4. Aplicação da Simulação de Monte Carlo
A aplicação da SMC para o presente trabalho foi realizada com base nos valores de VPL,
considerando três cenários: otimista, pessimista e mais provável. Para cada cenário
apresentado, foram aplicadas três valores de TMA (15% aa, 17,5%aa e 20%aa).
4.4.1. Receita Operacional Bruta
A estimativa de crescimento em relação a demanda de produção e vendas foi apurada a partir
da possibilidade de modernização dos equipamentos de produção, sendo considerados os
percentuais de incrementos anuais de acordo com a tabela 10. Os valores foram estimados
pelos próprios gestores da empresa e análise de mercado que foram realizados junto a
associação brasileira das empresas de refeições coletivas (ABERC).
Ainda em relação a receita de vendas, deve-se considerar a previsão de aumento anual nos
preços de vendas das refeições, que foi baseada na variação do custo da matéria prima. Este
gasto ocorre de acordo com o IPC-Fipe Alimentação e da mão de obra direta de produção
(MOD) de acordo com o dissídio da categoria. Estes dois valores perfazem o fator cálculo
para precificação das refeições e a atualização ocorre anualmente. Para aplicação da SMC em
cada cenário, foram considerados valores mínimo, intermediário e máximo, conforme tabela
11.
4.4.2. Tributação
A tabela 12 demonstra os percentuais de tributos incidentes para este estudo, sabendo-se que a
SMC foi aplicada sobre a variabilidade destes valores através dos incrementos anuais das
variáveis intrínsecas neste estudo.
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4.4.3. Custo do Produto Vendido (CPV)
4.4.3.1 Matéria Prima
As distribuições triangulares para o gasto com matéria prima, foram elaboradas com base na
previsão das variações de demanda e do IPC-Fipe Alimentação previsto para os próximos seis
anos. Estes valores foram considerados como incrementos anuais e utilizados para aplicação
da SMC para os cenários otimista, pessimista e mais provável. Para aplicação da SMC em
cada cenário, foram considerados valores mínimo, intermediário e máximo, conforme tabela
13.
4.4.3.2. Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)
Os valores propostos para distribuição triangular em relação ao consumo e respectivo custo do
GLP estão de acordo com a previsão de incrementos anuais do índice de preço ao consumidor
amplo (IPCA). A SMC foi aplicada considerando cenário otimista, pessimista e mais
provável, sendo que para cada cenário foram aplicados valores mínimo, intermediário e
máximo (tabela 14).
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4.4.3.3. Mão de Obra Direta de Produção (MOD)
Os valores propostos para distribuição triangular em relação ao custo da MOD estão de
acordo com a previsão de incrementos anuais dos valores do dissídio da categoria. Foram
considerados cenários otimista, pessimista e mais provável para esta análise. Para aplicação
da SMC, foram considerados para cada cenário um valor mínimo, intermediário e máximo
(tabela 15).
4.4.3.4. Custo Indireto de Produção
Os valores das distribuições triangulares para esta modalidade de gastos estão expostas
conforme a seguir:
a) Gastos gerais de fabricação, distribuição triangular conforme tabela 14;
b) Salário da supervisão de produção, distribuição triangular conforme tabela 15 e;
c) Custo com aluguel, distribuição triangular conforme tabela 16.
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Para aplicação da SMC, em relação aos custos indiretos de produção, foram considerados os
valores mínimo, intermediário e máximo para cada cenário.
4.4.3.5. Despesas Operacionais
As despesas operacionais estão classificadas em dois tipos de gastos, sendo que, para os
gastos com pessoal , os valores das distribuições triangulares estão de acordo com a tabela 15,
e para os demais gastos, de acordo com a tabela 14. Para aplicação da SMC foram
considerados valores mínimo, intermediário e máximo para cada cenário.
4.5. Resultados da Aplicação da SMC
Na aplicação da SMC, foram considerados três valores de TMA, que estão de acordo com a
expectativa de retorno dos investidores, conforme tabela 17 e os resultados da aplicação da
SMC sobre os valores apurados de VPL para cada cenário estão expostos por meio das
figuras 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Figura 3: VPL - Cenário Otimista k=15%aa
Fonte: Elaborado pelo autor
A análise otimista, considerando uma TMA de 15% a.a., demonstra pela figura 3, que para
este cenário não haveria nenhum risco de investimento, pois todos os valores obtidos
aleatoriamente através das simulações, apontam um valor de VPL maior que zero.
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Figura 4: Gráfico VPL - Cenário Otimista k=17,5%aa
Fonte: Elaborado pelo autor
A figura 4 mostra que mesmo aumentando a TMA para 17,50% a.a., os resultados obtidos no
cenário otimista continuam não apresentar riscos para o investimento em análise, pois todos
os valores apontam para resultados de VPL maior que zero.
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Figura 5: Gráfico VPL - Cenário Otimista k=20%aa
Fonte: Elaborado pelo autor
A figura 5 mostra que para uma TMA para 20,00% a.a., os resultados continuam apresentar
risco zero, pois todos os valores obtidos aleatoriamente através da análise probabilística
apontam para valores de VPL maior que zero.
Figura 6: Gráfico VPL - Cenário Pessimista k=15%aa
Fonte: Elaborado pelo autor
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Na figura 6, os valores de VPL apurados no cenário pessimista, considerando uma TMA de
15% a.a, apresenta um risco de 100%, pois os resultados apontam valores de VPL menores
que zero. Neste caso, considerando que este é o menor valor de TMA considerado neste
estudo, qualquer valor de TMA aplicado acima de 15% a.a, reduziria ainda mais os valores de
VPL e o investimento continuaria sendo inviável economicamente. Desta forma, não foram
realizadas simulações para outros valores de TMA.
Figura 7: Gráfico VPL - Cenário mais Provável k=15%aa
Fonte: Elaborado pelo autor
A análise do cenário mais provável, considerando uma TMA de 17,50% a.a., aponta através
da figura 7, um risco de 44,40%. O gráfico aponta ainda uma probabilidade 55,60% de VPL
ser maior que zero.
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Figura 8: Gráfico VPL - Cenário mais Provável k=17,5%aa
Fonte: Elaborado pelo autor
A análise do cenário mais provável, considerando uma TMA de 17,50% a.a., demonstra
através da figura 8, apresenta um risco de 51,50%. Sendo assim, o gráfico aponta para uma
probabilidade de 48,50% de VPL ser maior que zero.
Figura 9: Gráfico VPL - Cenário mais Provável k=20%aa
Fonte: Elaborado pelo autor
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A análise do cenário mais provável, considerando uma TMA de 20% a.a., demonstra através
da figura 9, que neste caso haveria um risco de 58,60%. O gráfico evidencia ainda uma
probabilidade 41,40% de VPL ser maior.
5. Considerações Finais
O objetivo deste trabalho foi analisar a viabilidade econômica e os riscos de se investir na
modernização dos equipamentos de produção em uma empresa de alimentação coletiva. Ao
final do trabalho e mediante os resultados apurados, notou-se pela perspectiva econômica
apurada a partir da aplicação dos métodos da EE, o projeto apresentou viabilidade econômica
para o cenário otimista e mais provável, porém quando aplicado uma previsão mais
conservadora, considerando um cenário pessimista, o projeto se mostrou inviável. No entanto,
com base na revisão da literatura, pode-se concluir que a aplicação dos métodos da EE,
quando ocorre de forma tradicional, não se mostra totalmente eficaz quanto se trata de análise
de riscos e incertezas , sendo necessário para este fim, a aplicação da SMC sobre as variáveis.
Após sucessivas distribuições probabilísticas pela SMC, foram apurados riscos de 100% para
o cenário pessimista e 51,50% para o mais provável, considerando uma TMA média de
17,50% a.a. Já o cenário otimista não apresentou risco neste estudo. Considerando o cenário
econômico nacional e internacional que evidencia uma notável crise, sugere-se para pesquisas
futuras uma abordagem com aplicação da teoria das opções reais que contempla uma
flexibilidade gerencial, possibilitando aos investidores aguardar o momento mais propicio
para realização dos investimentos, quando inseridos em um ambiente de riscos.
REFERÊNCIAS
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capital. Gestão & Produção, v. 19, n. 4, p. 747-758, 2012.
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unidades de alimentação e nutrição: um modo de fazer. São Paulo: Editora Meth, 2009.
ARMANERI, Özgür; ÖZDAĞOĞLU, Güzin; YALÇINKAYA, Özgür. An integrated decision support approach
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Mathematics, 234(8), 2530-2542, 2010
ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Fundamentos de Administração Financeira. São Paulo:
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE REFFEIÇÕES COLETIVAS. ABERC. São Paulo, 2015.
http://www.aberc.com.br/mercadoreal.asp?IDMenu=21, Acesso em 09 de Junho de 2015.
V CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO. GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA
SUSTENTABILIDADE. Niteroi, RJ, Brasil, 2009. AVELATO, Hilda; ARAÚJO, Elenice Maria Gonçalves de.
Gestão, organização e condições de trabalho.
BRASIL. Presidência da República, Casa Civil. Lei nº 9.718, DE 27 de novembro de 1998, aplica-se no âmbito
da legislação tributária federal, relativamente às contribuições para os Programas de Integração Social e de
Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e à Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social – COFINS, 1998.
BRASIL. Governo do Estado de São Paulo. Decreto nº 51.597, de 23 de Fevereiro de 2007, Institui regime
especial de tributação pelo Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações
de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS para contribuintes que
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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
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