166
Tese apresentada à Divisão de Pós-Graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências do Programa de Estudos de Mestrado, no Curso de Engenharia de Infra-Estrutura de Aeronáutica, Área Transporte Aéreo e Aeroportos. Luiz Antonio Tozi Análise do Transporte Aéreo Como Modal Exportador de Produtos Perecíveis Termicamente Sensíveis: Aplicação ao Caso do Mamão Papaia Brasileiro. Tese aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados: Prof. Dr. Carlos Muller Orientador Prof. Dr. Homero Santiago Maciel Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Campo Montenegro São José dos Campos, SP – Brasil 2005

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Tese apresentada à Divisão de Pós-Graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências do Programa de Estudos de Mestrado, no Curso de Engenharia de Infra-Estrutura de Aeronáutica, Área Transporte Aéreo e Aeroportos.

Luiz Antonio Tozi

Análise do Transporte Aéreo Como Modal Exportador de

Produtos Perecíveis Termicamente Sensíveis:

Aplicação ao Caso do Mamão Papaia Brasileiro.

Tese aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados:

Prof. Dr. Carlos Muller Orientador

Prof. Dr. Homero Santiago Maciel Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Campo Montenegro

São José dos Campos, SP – Brasil

2005

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II

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Divisão Biblioteca Central do ITA/CTA

Tozi, Luiz Antonio Análise do transporte aéreo como modal exportador de produtos perecíveis termicamente sensíveis:aplicação ao caso do mamão papaia brasileiro / Luiz Antonio Tozi. São José dos Campos, 2005. 144f. Tese de mestrado – Curso de Engenharia de Infra-Estrutura de Aeronáutica, Área Transporte Aéreo e Aeroportos – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2005. Orientador: Prof. Dr. Carlos Muller. 1. Transporte aéreo. 2. Cadeia do frio 3. Perecíveis. 4. Logística. I. Centro Técnico Aeroespacial. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica – ITA/IEI. II.Título

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA – TOZI, Luiz Antonio. Análise do transporte aéreo como modal exportador de produtos perecíveis termicamente sensíveis: aplicação ao caso do mamão papaia brasileiro. 2005. 144f. Tese de mestrado em engenharia de Infra-estrutura de Aeronáutica – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos. CESSÃO DE DIREITOS – NOME DO AUTOR: Luiz Antonio Tozi TÍTULO DO TRABALHO: Análise do transporte aéreo como modal exportador de produtos perecíveis termicamente sensíveis: aplicação ao caso do mamão papaia brasileiro. TIPO DO TRABALHO/ANO: Tese / 2005 É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta tese e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese pode ser reproduzida sem a autorização do autor. ___________________________ Luiz Antonio Tozi Rua Ezequiel Martins Pereira, 21 – Residencial Esplanada do Sol 12.244-800 - São José dos Campos - SP

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III

Análise do Transporte Aéreo Como Modal Exportador de

Produtos Perecíveis Termicamente Sensíveis:

Aplicação ao Caso do Mamão Papaia Brasileiro.

Luiz Antonio Tozi

Composição da Banca Examinadora:

Profa. Lígia Maria Soto Urbina - Presidente - ITA

Prof. Carlos Muller- Orientador - ITA

Prof. Fernando Augusto Silva Marins - FEG/UNESP

Prof. Protógenes Pires Porto - ITA

Prof. Anderson Correa - ITA

ITA

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IV

“ Dedico este trabalho a minha esposa Walkiria,

meus filhos Luiz Vitor e Luiz Henrique, e aos meus pais”

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V

Agradecimentos

Agradeço acima de tudo a Deus, nosso Pai. Porém agradeço, em especial, a generosidade do

Prof. Porto por ter recebido o aluno e as idéias, e ao Prof. Carlos Muller, por sua acolhida

amiga e inestimável orientação.

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VI

Resumo

O mamão papaia, sendo um produto perecível sensível à temperatura, além de ter sua validade

comercial limitada pelo tempo, possui a marcante característica de ter seu valor comercial

reduzido, ou anulado, quando submetido a processos logísticos que o exponham por algum

período a condições de temperatura desfavoráveis. Este trabalho destina-se a identificar e

avaliar as principais fontes de incertezas que permeiam os elos da cadeia logística da

exportação via aérea do mamão papaia brasileiro. O ferramental que permitiu acesso aos

objetivos baseou-se na metodologia de análise de cadeias de suprimento de produtos

alimentícios desenvolvida em Van der Vorst, 2000. Tal metodologia foi aplicada a um

cenário, resultado de ampla pesquisa, que retrata os processos logísticos envolvidos na cadeia

de exportação de mamão papaia via aérea.

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VII

Abstract

The papaya, being a temperature sensible perishable product, besides having its commercial

validity limited by the time, possess the characteristic to have its commercial value reduced,

or annulled, when submitted to logistic processes that display it, for some period, to not

favorable conditions of temperature. This work is destined to identify and to evaluate the main

sources of uncertainties that existing in the logistic scenario, result of an ample research, of

the papaya exportation through Brazilian airports.

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VIII

Sumário

Índice de Figuras

Índice de Tabelas

Glossário

1 INTRODUÇÃO 01

1.1 Objetivo 01

1.2 Motivação do Trabalho 01

1.3 Metodologia 03

1.4 Estrutura do Trabalho 05

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 06

2.1 Ferramental Teórico: Introdução a Cadeias de Suprimento 06

2.1.1 Evolução do pensamento logístico 06

2.1.2 A geração de valor e a cadeia de suprimentos 07

2.1.3 Objetivos estratégicos do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos 08

2.1.4 Uma Teoria para a Estrutura Logística das Organizações 09

2.1.5 Definição de cenário aplicada à análise de cadeias de suprimento 11

2.2 Metodologia Para Análise de Cadeias de Suprimentos de Alimentos 11

2.2.1 Introdução ao ferramental para análise da cadeia de suprimento de

produtos agrícolas perecíveis

11

2.2.2 Incertezas na cadeia de suprimentos 12

2.2.3 Fontes de incertezas na cadeia de suprimento 12

2.2.4 Tipologia das fontes de incertezas nas cadeias de suprimento 12

2.2.5 Princípios de avaliação de cadeias de suprimento 14

2.2.6 Indicadores de desempenho na cadeia de suprimento 15

3 CENÁRIO DA EXPORTAÇÃO POR VIA AÉREA DE MAMÃO PAPAIA 18

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IX

BRASILEIRO

3.1 Apresentação da Estrutura Conceitual para Construção do Cenário da

Cadeia de Suprimentos

18

3.2 Mapeamento dos sistemas logísticos da exportação via aérea do mamão

papaia brasileiro

19

3.2.1 Dimensionamento da rede de participantes da cadeia de exportação via

aérea de mamão papaia

20

3.2.3 Características da exportação via aérea de mamão Papaia 22

3.2.3.1 Características do Produto 22

3.2.3.2 Características da Demanda 24

3.2.3.3 Características da operação de distribuição 25

3.2.4 Análise crítica das estratégias de posicionamento logístico 28

3.3 Descrição da Demanda e Capacidade de Transporte Aéreo Ofertada para

Exportação de Mamão Papaia

31

3.3.1 A demanda por transporte aéreo de carga perecível com destino

internacional

31

3.3.2 A demanda por transporte aéreo para exportação de mamão papaia 39

3.3.2.1 Aspectos Técnicos que influem na Demanda pelo Transporte Aéreo 42

3.3.3 Evolução da Oferta de Transporte Aéreo 45

3.3.3.1Método de cálculo para obtenção da oferta global de transporte aéreo 45

3.3.3.1 Determinação da oferta de transporte aéreo 45

3.3.4 Análise crítica da evolução da oferta e demanda no caso do mamão 51

3.4 Verificação da Cadeia do Frio 57

3.4.1 Apresentação do “Cool Chain Quality Indicator” - CCQI 58

3.4.2 Desenvolvimento da pesquisa sobre a cadeia do frio 60

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X

3.4.3 Modelo para Aplicação da Metodologia CCQI 63

3.4.4 Apresentação dos resultados obtidos 66

3.4.5 Observações complementares 69

3.4.5.1 Atividades de embalagem, unitização e armazenagem no Packing

House – Processos 1 e 2

69

3.4.5.2 Transporte rodoviário refrigerado e suas características - Processo 3 70

3.4.5.3 Atividades no terminal de exportação aérea e área de aproximação de

aeronaves - Processos 4 e 5

71

3.4.5.4 Atividades do transportador aéreo – Processo 75

4 AVALIAÇÃO DAS FONTES DE INCERTEZAS PRESENTES NO

CENÁRIO DA CADEIA LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO POR VIA

AÉREA DO MAMÃO PAPAIA BRASILEIRO

76

4.1 Incertezas na cadeia de exportação 76

4.2 Verificação das fontes de Incertezas internas aos processos logísticos

envolvidos na exportação via aérea de mamão papaia

77

4.3 Indicadores de desempenho 79

4.4 Avaliação das fontes de incertezas presentes na cadeia logística de

exportação, via aérea, do mamão papaia

79

4.4.1 Avaliação da fontes de incerteza inerentes às atividades de embalagem,

unitização e armazenagem no Packing House - Processos 1 e 2

80

4.4.2 Avaliação das fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte

rodoviário refrigerado e suas características- Processo 3

82

4.4.3 Avaliação das fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte

aéreo internacional - Processos 4,5 e 6

84

4.5 Resumo das avaliações 88

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XI

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 89

5.1 Conclusões 89

5.2 Recomendações para futuros trabalhos 90

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 92

Anexo I Tabelas Mestre contendo os questionários sobre a cadeia do frio 95

Anexo II Introdução ao Transporte Aéreo de PPTS 117

Anexo III Aspectos mercadológicos, fisiológicos e sanitários dos PPTS

relevantes ao Transporte Aéreo

124

Anexo IV Produção do mamão papaia para exportação 132

Anexo V Requisitos físicos exigidos na importação de mamão pelos EUA,

Canadá, Reino Unido e Holanda

143

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XII

Índice de Figuras

Figura 01: Participação em peso de produtos perecíveis no mercado

internacional de carga aérea em 2002.

03

Figura 02: Taxa de crescimento da quantidade de toneladas transportadas no

mercado mundial de carga aérea.

03

Figura 03: Segmentos de maior crescimento no mercado de carga aérea

mundial.

04

Figura 04 : Participantes de cadeia logística de exportação do mamão papaia. 20

Figura 05: Evolução da densidade de valor do mamão papaia por modal

exportador.

23

Figura 06: Demanda mensal de mamão papaia em 2004. 25

Figura 07: Mamão refrigerado em caixas de 3,5 kg, em caminhões com capac.

para 1232 caixas.

26

Figura 08: Evolução do valor pago pelo frete aéreo com destino a Amsterdam

comparado a evolução da densidade de valor.

27

Figura 09: Composição do preço final do mamão papaia exportado para os

EUA.

28

Figura 10: Evolução da participação de perecíveis no total da carga aérea com

origem no Brasil e destino ao exterior.

34

Figura 11: Evolução da carga aérea perecível exportada comparada à evolução

total de carga aérea embarcada ao exterior.

35

Figura 12: Densidade de valor dos grupos de perecíveis exportados via aérea

em 2003.

36

Figura 13: Matriz da participação percentual dos grupos de perecíveis na 36

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XIII

quantidade de carga aérea perecível exportada, quando analisada por peso,

através de aeroportos brasileiros no passado recente.

Figura 14: Matriz da participação percentual dos grupos de perecíveis na

quantidade de carga aérea perecível exportada, quando analisada por peso,

através de aeroportos brasileiros em 2003.

37

Figura 15 Matriz da participação percentual dos grupos de perecíveis que

compõem a carga aérea perecível exportada, quando analisada pelo valor

auferido com a exportação, em dólares, FOB aeroportos brasileiros.

38

Figura 16: Evolução das quantidades exportadas de mamão papaia por modal. 39

Figura 17: Evolução da participação do modal aéreo na exportação de mamão

papaia.

40

Figura 18: desenho da ULD P1P. 44

Figura 19: Configuração de carga dos porões do B 767-300. 46

Figura 20: Evolução da capacidade volumétrica mensal ofertada para

exportação com base nos dados dos Hotrans.

48

Figura 21: Oferta semanal média de transporte aéreo em ULDs por continente

em 2004.

50

Figura 22: Demanda semanal média por ULDs de mamão papaia por

continente no ano de 2004.

50

Figura 23: Porcentagem de ocupação média de carga (cargo load factor) de

algumas companhias aéreas em 2004.

50

Figura 24: Comparação da capacidade ofertada com o volume ocupado pela

demanda de mamão papaia exportado, por continentes no ano de 2004.

51

Figura 25: Evolução da capacidade de carga aérea para exportação comparada 52

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XIV

à evolução do total de carga aérea destinada ao exterior do Brasil.

Figura 26: Evolução das tarifas do transporte aéreo mundial. 53

Figura 27: Evolução do número de decolagens com origem no Brasil e destino

ao exterior.

53

Figura 28: Evolução da participação do volume ofertado por aeronaves

cargueiras.

54

Figura 29: Matriz da carga perecível exportada por países sul americanos. 56

Figura 30: Modelo EPC simplificado da cadeia de suprimentos do mamão

papaia exportado via aeroportos brasileiros.

62

Figura 31: Perspectiva da evolução mundial de carga aérea. 118

Figura 32: Participação de produtos perecíveis no mercado internacional de

carga aérea no mundo em 2002.

118

Figura 33: Quadro de tempo para rosas de corte. 122

Figura 34: Desempenho da cadeia logística de flores quanto ao nível de

temperatura.

122

Figura 35: Processos naturais de senescência e deteriorização de produtos

agrícolas.

130

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XV

Índice de Tabelas

Tabela 01: Tipologia das fontes de incertezas / aspectos relevantes. 14

Tabela 02: Indicadores Chave de Desempenho (KPI) na cadeia de suprimento de

perecíveis.

16

Tabela 03: Quantidades de mamão papaia exportadas por aeroportos brasileiros, em

2004.

21

Tabela 04 - Período de conservação por temperatura de armazenamento de acordo

com o estádio de maturação na colheita.

24

Tabela 05: Estimativa de valores de frete total pago, incluindo sobretaxa de

combustível.

27

Tabela 06: Total geral anual de carga aérea embarcada em aeroportos brasileiros

com destino internacional.

32

Tabela 07: Evolução da exportação via aérea anual de produtos perecíveis

termicamente sensíveis.

34

Tabela 08: Tarifas de frete IATA. 38

Tabela 09: Quantidades demandadas de transporte por modal exportador de mamão

papaia.

40

Tabela 10: Demanda estimada por transporte aéreo e rodoviário estimada por

aeroporto em 2004.

41

Tabela 11: Evolução da demanda via aérea de mamão papaia por país importador. 42

Tabela 12: Volume disponível para ULDs por aeronave. 47

Tabela 13: Evolução da capacidade volumétrica ofertada por todos os vôos

regulares internacionais comparada à demanda por transporte aéreo de papaia.

49

Tabela 14: Capacidade volumétrica ofertada por vôos regulares internacionais, 49

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XVI

comparada à demanda por transporte aéreo de mamão papaia por aeroporto, em

2004.

Tabela 15: Benchmark para certificação através do CCQI. 60

Tabela 16: A capacidade volumétrica para armazenamento refrigerado disponível. 67

Tabela 17: Sumário dos Resultados obtidos através da metodologia proposta pelo

CCQI.

68

Tabela 18: Valor cumulativo das tarifas de armazenagem e capatazia de carga a ser

exportada. 74

74

Tabela 19: Incertezas da cadeia de suprimento do mamão papaia para exportação e

suas principais fontes.

78

Tabela 20: Indicadores Chave de Desempenho (KPI). 79

Tabela 21: Avaliação das fontes de incertezas inerentes às atividades de embalagem, unitização e armazenamento no Packing House.

81

Tabela 22: Classificação das estradas brasileiras. 83

Tabela 23: Avaliação das fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte

rodoviário refrigerado.

84

Tabela 24: Freqüência de partidas ao exterior, relacionada com a quantidade de

posições de paletes aéreos ofertados semanalmente por aeroporto, na média de 2004.

86

Tabela 25: Avaliação das fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte

aeéreo internacional.

87

Tabela 26: Resumo das avaliações. 88

Tabela 27: Tabela nutricional. 132

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XVII

Glossário

Aeronaves mistas – Aeronaves que podem levar passageiros e carga aérea simultaneamente.

Apron handling – Área de aproximação das aeronaves.

AWB – Airway Bill- Conhecimento de embarque de carga aérea. Documento emitido pela

companhia de transporte que atesta o recebimento da carga, as condições de transporte e a

obrigação de entregá-la ao destinatário legal por meio e local previamente determinado.

Belly cargo – Carga aérea transportada nos porões de aeronaves de passageiros.

Benchmarking – Marcos referenciais - Processo sistemático usado para estabelecer metas

para melhorias no processo, nas funções, nos produtos etc., comparando uma empresa com

outras ou com metas pré-estabelecidas.

Bi-trem ou treminhões - É o conjunto formado por um caminhão normal ou cavalo mecânico

mais semi-reboque, engatado em 2 reboques, formando assim um conjunto de três carrocerias

puxadas por um só caminhão.

Bioética - estudo dos problemas éticos suscitados pelas pesquisas biológicas e pelas suas

aplicações por pesquisadores, médicos, etc".

Biossegurança – Campo de estudo voltado para o controle e a minimização de riscos

advindos da prática de diferentes tecnologias, seja em laboratório ou quando aplicadas ao

meio ambiente. A Biossegurança é regulada em vários países do mundo por um conjunto de

leis, procedimentos ou diretivas específicas.

Brix – Unidade de medida de sólidos solúveis. Usado como indicador de palatabilidade das

frutas.

Bulk cargo – Carga a granel ou solta, sem padrão de unitização.

Caminhão trucado ou truck – Veículo rodoviário de transporte de carga dotado de um eixo

adicional, terceiro eixo, a fim de aumentar sua capacidade de carga.

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XVIII

Cargo load factor – Indica uma taxa de ocupação que mede o aproveitamento dos porões de

carga das aeronaves.

Cavalo-mecânico / carreta - É o conjunto monolítico formado pela cabine, motor e rodas de

tração do caminhão. Pode ser engatado em vários tipos de carretas e semi-reboques, para o

transporte.

CCQI – Cool Chain Quality Indicators - O indicador de qualidade Cool Chain Quality

Indicator (CCQI), desenvolvido conjuntamente pela Cool Chain Association e pela

certificadora Germanischer Lloyd. Esta estruturado de forma a permitir uma avaliação dos

principais elos participantes da cadeia logística da exportação de perecíveis por via aérea,

quanto às precauções tomadas para garantir a manutenção da cadeia do frio.

Cross docking - São sistemas de distribuição nos quais produtos recebidos no depósito ou no

centro de distribuição (CD) não são armazenados, mas sim preparados para serem enviados

aos pontos de venda de destino.

DAC – Departamento de Aviação Civil.

Dollies – Reboque destinado a realizar o transporte da carga aérea entre o armazém e a

aeronave.

Estádio de colheita – Indicador do estágio de maturação do papaia através da análise da

coloração da superfície da casca.

Etileno – De fórmula molecular C2H4, é um gás produzido pelo metabolismo de algumas

frutas, e que as sensibiliza, acelerando os processos de maturação e de senescência.

FOB - Free On Board - Preço sem frete incluso posto a bordo. Denominação da cláusula de

contrato segundo a qual o frete não está incluído no custo da mercadoria. Existem algumas

variações: -FOB porto de embarque, FOB aeroporto, FOB local fronteiriço. Quando o porto

de embarque ou aeroporto ou local fronteiriço for o local de entrega da mercadoria. Portanto,

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XIX

o frete interno até o aeroporto e as despesas com desembaraço aduaneiro estão computadas

neste valor. Assim, todas as despesas e riscos até a entrega da mercadoria no local combinado

são de responsabilidade do exportador.

Fuel tankering – Procedimento destinado ao armazenamento adicional de combustível nos

tanques da própria aeronave.

Fuel surcharge – Tarifa adicional cobrada para suportar elevações no preço dos

combustíveis.

Giro de estoque – Quociente de vendas anuais sobre o investimento médio em estoque para

um mesmo período de tempo.

IATA – International Air Transport Association- Uma associação internacional de

empresas aéreas , que estipula um valor referencial máximo, o representa o limite superior de

tarifa que um empresa aérea associada pode cobrar pelo frete da carga à um certo destino.

ICAO - Anexo 18 - International Civil Aviation Organization - Agência da ONU

responsável por estabelecer regras e fiscalizar ações no setor da aviação civil internacional.

As disposições contidas no Anexo 18 à Convenção de Chicago, dispõem sobre as instruções

técnicas relativas à segurança do transporte aéreo de carga perigosa e radioativa.

KPI – Key Performance Indicator – indicadores chave de desempenho.

LD-1 - Contêiner aeronáutico com capacidade de acomodar até 4,9 m3 de carga.

Narrow body – Aeronaves que possuem corredor único entre as fileiras de assentos de

passageiros.

NCM –Nomenclatura comum do mercosul.

Packing house - É a unidade Agro-industrial responsável pela recepção, armazenamento,

classificação, embalagem e expedição das frutas produzidas.

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XX

Palete – Equipamento de transporte que oferece uma superfície de dimensões padronizadas

para os diversos usuários da cadeia, sobre a qual se processa o arranjo das mercadorias, a fim

de que as unidades de carga tenham a mesma base.

PPTS – Produtos Perecíveis Termicamente Sensíveis.

Produtos climatéricos - São aqueles que, logo após o início da maturação, apresentam rápido

aumento na intensidade respiratória, ou seja, as reações relacionadas com o amadurecimento e

envelhecimento ocorrem rapidamente e com grande demanda de energia, responsável pela

alta taxa respiratória.

SECEX - Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior (MDIC).

Serviço de handling - Serviços que compreêndem todas as atividades de manuseio e controle

de ULDs, paletização, despaletização, e atividades ligadas ao embarque e desembarque de

cargas no pátio de estacionamento de aeronaves.

SISCOMEX - Sistema Integrado de Comércio Exterior –. Trata-se de um sistema

informatizado de registro, acompanhamento e controle computadorizado de informações de

comércio exterior, administra do pelos órgãos gestores do comércio exterior do Brasil.

System Approach – Práticas de pré e pós-colheita que promovem a garantia de que os frutos

exportados estejam livres da mosca-das-frutas.

TACT - The Air Cargo Tariff – Publicação da IATA que oferece todas as informações,

regras e tarifas que devem ser praticadas para o transporte de carga aérea internacional.

Trade off – Análise de compensações entre incertezas.

ULD – Unit Load Device – São paletes aeronáuticos, ou seja, equipamentos que possuem

dimensões padronizadas de forma a adaptar-se adequadamente ao espaço disponível nos

porões das aeronaves.

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XXI

VLC – Veículo leve de carga.

Vôo charter – São vôos fretados e não regulares.

Wide body – Aeronaves que possuem mais de um corredor entre as fileiras de assentos de

passageiros.

Yield – Tarifa por passageiro quilômetro ou unidade de carga quilômetro.

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1Objetivo.

O objetivo da pesquisa é a realização de diagnósticos sobre os processos

envolvidos no sistema logístico de exportação por via aérea de produtos perecíveis

termicamente sensíveis. Em especial, analisar as capacidades e incertezas existentes na cadeia

logística de exportação do mamão papaia pelo modal aéreo.

Não faz parte do escopo deste trabalho verificar toda a cadeia de suprimento do mamão

papaia exportado. O foco do estudo será dirigido apenas às incertezas de distribuição

associada à logística de exportação através dos aeroportos brasileiros. Nesse sentido, a

pesquisa buscará analisar quais as estratégias logísticas gerenciais adotadas pelos principais

atores; compreender os principais fatores que mais influenciam a utilização do transporte

aéreo como modal exportador de papaia; e avaliar o grau de comprometimento apresentado,

por cada componente da cadeia logística de exportação do mamão papaia, com a preservação

da cadeia do frio.

1.2Motivação do Trabalho.

O segmento agroindustrial exportador Brasileiro representa uma parcela da economia que

possui um grande potencial de expansão, repercutindo em incrementos na geração de divisas

para o país.

Segundo Anefalhos et al (2003) e Faveret et al (1998) a atividade agrícola voltada à

exportação de produtos perecíveis é uma atividade intensiva em mão-de-obra, com

capacidade de gerar grande aumento de postos de trabalho no campo e conseqüente

distribuição de renda, promovendo o desenvolvimento social do País. E o transporte aéreo é

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2

considerado, tecnicamente, um excelente modal de transporte para a exportação de produtos

perecíveis a longa distância (Gayet et al.,1995).

É preciso observar que enquanto o governo formula programas de estímulo às vendas

externas, a ineficiência de processos logísticos e falhas na infra-estrutura de transporte operam

como um gargalo às exportações, encarecendo os produtos brasileiros.

Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), "melhorar a logística brasileira

terá o mesmo efeito de uma desvalorização cambial para as exportações, com a vantagem de

não causar inflação" (Siqueira, 2003). A redução das impedâncias logísticas é essencial para

que o Brasil possa desenvolver sua economia, e alcançar uma competitividade mais estável e

duradoura no comércio internacional.

O desenvolvimento sócio-econômico mundial tem formado uma cultura de valorização dos

produtos agroindustriais frescos. A conscientização coletiva de que o consumo de alimentos

saudáveis, com baixo teor de gorduras e colesterol, alta concentração de vitaminas e fibras

está associado com elevação da qualidade de vida, têm levado ao crescimento do hábito de

consumir produtos naturais, como frutas e verduras. Também os avanços demográficos, como

envelhecimento da população, famílias com várias pessoas com fonte de renda, casas

menores, e mudanças de conceitos e valores sociais, têm gerado demanda por produtos

frescos e com maior valor agregado.

Frutas, legumes, verduras, carnes resfriadas e flores são exemplos de produtos agro-

industriais perecíveis. Entende-se por carga perecível aquela de valor comercial limitado pelo

tempo, que pode estar sujeita à deterioração ou se tornar inútil se houver atraso na entrega. A

carga perecível pode exigir armazenamento e transporte em condições de refrigeração para

estender sua vida comercial.

A Figura 01 mostra que a carga perecível constituiu 14% do total da quantidade de carga

aérea transportada no mundo em 2002.

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Figura 01: Participação em peso de produtos perecíveis no mercado internacional de carga

aérea em 2002.

Fonte: Helms, 2003.

A Figura 02 ilustra o comportamento esperado do segmento de perecíveis comparado à

evolução da carga aérea em geral.

A Figura 03 mostra que o transporte de perecíveis representa um dos segmentos da carga

aérea que apresentam maior crescimento no mundo (Helms, 2003)

Figura 02: Taxa de crescimento da quantidade de toneladas transportadas no mercado

mundial de carga aérea.

Fonte: Air Cargo Word, 2005

Nesse contexto, é cabível procurar avaliar se a atual estrutura logística que atende ao modal

aéreo exportador brasileiro está adequada para responder de forma eficiente à demanda por

transporte aéreo gerada pelo incentivo à exportação de produtos agro industriais perecíveis e

termicamente sensíveis.

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Previsão de crescimento dos principais segmentos de carga aérea.

Período 2004 à 2009

7.5206.079

4.894 4.8642.767

01.0002.0003.0004.0005.0006.0007.0008.000

Equ

ipam

ento

sde

cap

ital

Pro

duto

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Per

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Milh

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Figura 03: Segmentos de maior crescimento no mercado de carga aérea mundial.

Fonte: Air Cargo Word, 2005.

1.3Metodologia.

Com o propósito de analisar as incertezas internas à cadeia logística de exportação por via

aérea de mamão papaia, este trabalho faz uso de uma metodologia de análise de cadeias de

suprimentos de produtos alimentícios propostas em Van der Vorst (2000).

A construção do cenário de uma cadeia de suprimentos, segundo Hoekstra & Romme (1992),

Ballegooie & De jong (1992) e Hills (1993) depende da descrição e análise, principalmente,

das estratégias logísticas observadas; do comportamento da demanda no mercado em questão;

e do uso de técnicas especiais adequadas à logística de cada produto.

Assim, a aplicação das ferramentas de análise de cadeias de suprimento de alimentos, ao

cenário que descreve a cadeia logística de exportação via aérea de mamão papaia, conforme

aponta Van der Vorst (2000), permite a determinação e análise das principais fontes de

incertezas presentes na cadeia logística em questão.

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1.4Estrutura do Trabalho.

No Capitulo I faz-se a introdução, apresentando o objetivo e a motivação do trabalho.

No Capitulo II, busca-se suporte na literatura para esclarecer conceitos sobre cadeia de

suprimentos, logística e suas metas. E em seguida, apresenta-se a metodologia que servirá de

base para a análise do cenário descrito pelos processos logísticos associados à exportação do

mamão papaia.

O Capítulo III apresenta a estrutura usada para a construção do cenário no qual se dá a

exportação, via aérea, do mamão papaia brasileiro, e está dividido em três partes:

• Em sua primeira parte dedica-se ao estudo da cadeia logística do transporte aéreo do

mamão, procurando identificar suas principais características, quanto aos aspectos do produto,

da demanda e de distribuição. Na conclusão da primeira parte apresenta as estratégias de

posicionamento dos agentes logísticos frente a essas características.

• Na segunda parte desenvolve-se um estudo sobre a demanda por transporte aéreo de

produtos perecíveis, mais especificamente a do mamão papaia. Em seguida, apresenta a

capacidade ofertada de transporte aéreo e suas principais tendências evolutivas que afetam a

exportação de papaia.

• A terceira parte encerra a construção do cenário das operações logísticas associadas à

exportação por via aérea do papaia, além disso, fez-se a verificação do grau de

comprometimento dos participantes nos processos com a preservação da cadeia do frio.

O Capitulo IV realiza o diagnóstico e avaliação das fontes de incerteza que permeiam o

cenário que descreve a exportação do mamão papaia brasileiro, através do ferramental de

análise de cadeias de suprimento de produtos alimentícios apresentado em Van der Vorst,

2000.

O capítulo V fecha o trabalho apresentando as conclusões e sugestões para futuros trabalhos.

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2 REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA.

Neste capítulo será feita uma revisão da base de conhecimentos que dão suporte a esse

trabalho. Num primeiro momento será discutido o ferramental teórico em que se apóiam

alguns conceitos sobre cadeia de suprimentos, logística e seus objetivos. A segunda parte

focaliza a atenção na metodologia empregada para análise dos processos logísticos envolvidos

na cadeia de suprimento de alimentos.

2.1Ferramental Teórico: Introdução a Cadeias de Suprimento.

2.1.1 Evolução do pensamento logístico.

Historicamente, a logística vinha sendo vista como um assunto que não merecia maiores

atenções pelas empresas, e as atividades logísticas, como ordens administrativas, transportes,

entregas, e controle de inventário, eram tratadas como funções separadas ou atividades que

requeriam gerentes distintos e isolados com suas próprias metas que maximizavam seus

próprios objetivos.

Atualmente, a logística é encarada pelas empresas como um processo que adiciona valor e que

apóia diretamente o objetivo principal da empresa, que são o de ser altamente competitiva no

atendimento ao cliente, ser competitiva em preço, em qualidade e em termos de flexibilidade

de responder às demandas do mercado. Ocorreu uma mudança de foco, o qual deixou de ser

produto-orientado, para gerar uma cadeia de suprimento cliente-orientada, isto é, que penetra

profundamente nos desejos do cliente, para compreender suas necessidades, cultura, mercado

e organização.

No estágio de desenvolvimento atual do pensamento logístico, acredita-se que a condição de

se operar com desempenho sub-ótimo em uma ou duas atividades de distribuição deve ser

aceita, quando as economias obtidas das atividades restantes reduzem o custo total de

distribuição. Um exemplo útil pode ser obtido do caso em que os custos de inventário e de

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estoque são reduzidos consideravelmente pelo uso do transporte aéreo, que é rápido, porém

mais caro, ao invés de adotar-se o marítimo, que é mais barato, porém lento.

A integração da cadeia de suprimentos, corrente acima (upstream) a partir do consumidor

final representa também uma mudança de atitude, procurando afastar-se da visão de conflito

de adversários, procurando a cooperação e sustentação mútuas. Outra questão que ganhou

relevância, foi a inclusão da responsabilidade social no projeto de novos sistemas logísticos,

como as questões ambientais, de bioética e de biossegurança.

2.1.2A geração de valor e a cadeia de suprimentos.

O propósito de uma cadeia de suprimentos é gerar valor para o consumidor final, satisfazendo

também os outros integrantes da cadeia.

Simultaneamente à criação de valor ao consumidor, é essencial criar valor para os acionistas,

ou seja gerar lucro e crescimento para a empresa.

O conceito “adição de valor” surgiu no trabalho Cadeia de Valor, Porter, 1985, que descreve

as principais atividades das organizações. O valor criado por estas atividades menos os custos

de executá-los representava a margem de lucro da organização. O valor é a quantidade de

recurso que os compradores estão dispostos a pagar pelo que a organização fornece e é

medido pela receita total.

A cadeia de valor de uma organização é um sistema baseado em atividades interdependentes.

A execução de uma atividade impacta nos custos ou eficácia das outras atividades. A visão de

Porter é que a cadeia de valor pode ser usada para identificar e entender as fontes de

vantagens competitivas de uma organização e como elas se relacionam com a criação de valor

para os clientes.

A cadeia de valor fornece uma maneira sistemática de examinar as atividades não somente de

uma companhia individualmente, mas também as atividades do conjunto de companhias

componentes da cadeia de suprimentos. Os fornecedores não somente entregam produtos, mas

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também podem influenciar o desempenho da empresa de várias formas, pois muitos produtos

passam através da cadeia de valor de vários fornecedores.

Partindo deste raciocínio, pode-se afirmar que cada firma participa de pelo menos uma cadeia

de suprimento, com pelo menos um fornecedor e um comprador. Uma cadeia de suprimentos

começa no consumidor final e segue corrente acima através dos atores envolvidos na cadeia.

Neste trabalho, acatando a definição de Van der Vorst (2000), a cadeia de suprimentos será

definida como uma rede de atividades (físicas ou de decisão) conectadas pelos fluxos do

material e de informação que cruzam fronteiras organizacionais.

2.1.3Objetivos estratégicos do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos.

O objetivo no gerenciamento de cadeia de suprimentos é sincronizar as exigências do cliente

com o fluxo de material dos fornecedores a fim efetuar um balanço entre: oferecer elevado

padrão de serviço ao cliente, com baixo investimento de estoque e baixo custo unitário.

Assim, a partir da decisão das empresas de utilizar os processos de seus fornecedores, suas

tecnologias e capacidades como vantagens competitivas, surgiu o conceito de Gerenciamento

de Cadeias de Suprimentos (SCM- Supply Chain Management).

Assim, Van der Vorst (2000) define que Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos consiste

no planejamento integrado, na coordenação e controle de todos os processos e atividades

logísticas dos negócios envolvidos na cadeia de suprimentos, a fim de entregar maior valor ao

consumidor final com o menor custo à cadeia de suprimentos, procurando satisfazer a todos

que integram a cadeia de suprimentos.

A partir da visão apresentada de cadeia de suprimento, neste trabalho adotou-se a seguinte

definição de gerenciamento logístico oferecida pelo “The Council of Suplly Chain

Management Professionals” (Lambert et al.,1998):

“Gerenciamento logístico é uma parte do gerenciamento da cadeia de suprimentos que planeja, executa, e

controla de forma eficiente, o efetivo fluxo e armazenagem de bens, serviços e informações pertinentes, desde o

ponto de origem ao ponto final de consumo, a fim de atender os requisitos dos consumidores.”

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Como conseqüência dessa visão, a gerência da logística de transportes, sobre a luz do

Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, deve procurar:

-melhorar a visibilidade e reduzir as incertezas da demanda;

-consolidar o conceito de cross docking e centros de distribuição;

-redução dos custos de transporte;

-a substituição do estoque físico por informações, onde o sistema de transporte faz o papel de

armazém em conjunto com eficientes sistemas de informação.

Cabe ressaltar que, além da logística, há necessidade de grande coordenação entre as demais

atividades e processos dentro e entre as organizações participantes da cadeia de suprimentos.

Não somente os processos logísticos, mas também todos os outros processos do negócio estão

envolvidos em operar-se sob uma coordenação interna e externa.

2.1.4Uma Teoria para a Estrutura Logística das Organizações.

De acordo com Persson (1995 apud Van der Vorst, 2000) todos os negócios podem ser

descritos como uma série de processos, envolvendo a transformação de entradas em saídas, na

forma de transações (de bens, informação ou fluxo de dinheiro) entre fornecedores e clientes.

A partir da visão que sistema é um conjunto estruturado de objetos e/ou atributos que se

relacionam em seu ambiente, com um determinado propósito (Wilson, 1993 apud Van der

Vorst, 2000), uma cadeia de suprimentos pode ser entendida como um grande sistema, que

compreende diversos subsistemas (empresas) que se relacionam entre sí.

Para que cada sistema possa cumprir sua função, um processo ocorre, tal que transforma

entradas em algum outro tipo característico de saída.

Historicamente, as empresas tendiam a ser muito focadas apenas no resultado final de uma

atividade individual tal como: vendas aumentadas, defeitos reduzidos, ou aumentar sua

lucratividade; representando uma abordagem funcional para os problemas logísticos.

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Recentemente, ocorreu um deslocamento nesse foco, passando de uma abordagem mais

funcional, para uma abordagem de processo (Christopher, 1992 apud Van der Vorst, 2000). A

diferença chave entre a aproximação funcional tradicional, e a aproximação de processo é

que, neste último, o foco de cada processo está nas exigências do cliente final e a firma está

organizada em torno destes processos. Assim, é crucial a identificação dos processos que

adicionam valor na cadeia de suprimentos (isto é, que focalizam nas exigências do cliente

final), e seus relacionamentos durante a cadeia de suprimentos.

De acordo com Christopher (1992, 1998 apud Van der Vorts, 2000), atividades logísticas

devem ser controladas como processos, ao invés de uma série de atividades individuais, a fim

de se obter o melhor desempenho para o cliente. Os processos são as estruturas pelas quais

uma organização faz o que é necessário para produzir maior valor para seus clientes. Um

processo é definido como séries específicas de atividades de trabalho, através do tempo e do

espaço, com um começo e um fim, e com entradas e saídas claramente identificadas.

(Davenport, 1993 apud Van der Vorts, 2000). Conseqüentemente, uma medida importante de

um processo é a satisfação do cliente final com respeito à saída resultante do processo.

2.1.5 Definição de cenário aplicada à análise de cadeias de suprimento.

Porter (1985) define cenário como uma visão internamente consistente de como o futuro pode

vir a ser. Esta definição refere-se mais propriamente à mudanças no ambiente, mas também à

mudanças no próprio panorama dos sistemas atuais.

Van der Vorst (2000) amplia esse conceito e define cenário como uma visão efetiva,

consistente e possível, ou seja, um panorama dos sistemas logístico integrantes da cadeia de

suprimentos.

O cenário passa então a ser entendido como uma estrutura através da qual pode-se vislumbrar

todo o conjunto de incertezas que influenciam o desempenho da cadeia de suprimento

descrita.

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11

2.2 Metodologia Para Análise de Cadeias de Suprimentos de Alimentos.

2.2.1 Introdução ao ferramental para análise da cadeia de suprimento de produtos agrícolas

perecíveis.

A elaboração de um cenário constitui a base para aplicação do ferramental analítico

apresentado em Van der Vorst (2000). Tal cenário deve ser construído através de informações

e conhecimentos adquiridos a partir do processo de busca por informações sobre os processos

logísticos envolvidos na cadeia logística.

Em sua tese, nos capítulos 3 e 4, Van de Vorst (2000) apresenta uma metodologia de pesquisa

destinada a analisar cadeias de suprimentos de produtos alimentícios através da construção de

cenários que descrevam seus sistemas logísticos.

Tal metodologia tem sido empregada em trabalhos destinados à análise da logística de

transporte de produtos perecíveis, como foi o caso de Sá, Claro e Caixeta (2002), que

focalizaram a cadeia de suprimento holandesa de flores de corte destinadas à exportação via

modal aéreo.

2.2.2 Incertezas na cadeia de suprimentos.

A incerteza pode ser identificada como uma variável chave para explicar o comportamento

organizacional das empresas, de tal forma que se não houvesse nenhuma incerteza, o

desempenho da cadeia de suprimento tenderia a ser ótimo. Assim quanto mais incertezas

estiverem relacionadas ao processo, maiores poderão ser os desperdícios.

A presença da incerteza na cadeia de suprimento estimula o responsável pelas decisões a criar

instrumentos de segurança com respeito a tempo, a capacidade ou inventário, o que pode

impedir um bom desempenho da cadeia de suprimento, pois estes instrumentos restringem

desempenhos operacionais e anulam vantagens competitivas.

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2.2.3 Fontes de incertezas na cadeia de suprimento.

De uma forma geral, o nível de incerteza de uma tarefa ou decisão a ser tomada é função das

incertezas presentes no ambiente externo, no sistema interno de uma organização, ou do

desempenho requerido.

Assim, as incertezas permeiam todo o sistema logístico. São exemplos de incertezas: má

coordenação entre os participantes; falhas de comunicação; problemas de infra-estrutura;

incertezas causadas pelas características dos produtos (a perecibilidade de produtos

alimentícios e sua falta de homogeneidade); características tecnológicas dos processos;

hábitos de consumo; etc.

2.2.4 Tipologia das fontes de incertezas nas cadeias de suprimento.

As incertezas estão relacionadas com as tarefas a serem executadas ou com as decisões a

serem tomadas.

No caso da logística, a tarefa a ser executada pode ser, por exemplo, a execução de uma

ordem (pedido), que resulte em tarefas relacionadas a garantir a disponibilidade de

capacidades ou de produtos, e tarefas relacionadas a entregar a ordem (realizar a entrega do

pedido). Assim, o nível de incerteza da tarefa depende da qualidade das informações

disponíveis sobre o ambiente da tarefa.

Do ponto de vista da logística, Persson (1995), Sheombar (1995) e Van Donselaar (1989)

distinguem quatro tipos de incertezas:

1. A incerteza do suprimento - é incerteza relacionada à entrega dos materiais ao centro de

produção, in natura ou embalados, a tempo, na quantidade correta e de acordo com as

especificações exigidas (Ex: qualidade ou preço).

2. A incerteza de distribuição/logística - relacionada às exigências do cliente, refere-se à

combinação entre as características da demanda e as características do produto;

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3. A incerteza de processo - é incerteza relacionada ao sistema de produção. Por exemplo,

existência da disponibilidade da capacidade adequada para produzir um produto em

particular, ou a existência de disponibilidade de matéria-prima suficiente.

4. A incerteza do planejamento e controle - é incerteza relacionada às estruturas de

planejamento e de comunicação. Por exemplo, incertezas a respeito da exatidão dos níveis de

inventário, ou as incertezas a respeito dos desejos do consumidor, se são comunicados

corretamente e em tempo hábil.

Todos os quatro tipos de incertezas variam em função de três aspectos principais: quantidade,

qualidade e tempo.

Na pagina seguinte, observa-se a Tabela 01, adaptado de Van der Vorst (2000), resultante do

relacionamento das principais incertezas em função dos aspectos: quantidade, qualidade e

tempo.

Tabela 01: Tipologia das fontes de incertezas e aspectos relevantes.

Incerteza / Aspecto Quantidade Qualidade Tempo Suprimento Quantidade exigida Qualidade exigida Lead time* do

fornecedor Demanda Qual quantidade será

exigida pelo cliente por tipo de produto

Qual especificação será exigida pelo cliente por tipo de produto

Lead time exigido pelo cliente

Processo Rendimento e produção de sucata; Prejuízos

Qualidade dos produtos produzidos; Qualidade do produto após armazenamento

Throughput** de produção; Tempo de armazenamento;

Planejamento e Controle Disponibilidade de informações;

Precisão das informações;

Throughput** de informações;

*Lead time: é o tempo para que um serviço seja totalmente executado, desde sua solicitação até sua entrega. **Throughput: fluxo, quantidade total de trabalho realizado num determinado tempo.

2.2.5 Princípios de avaliação de cadeias de suprimento.

A fim de acessar em que nível a cadeia de suprimento descrita alcançou seus objetivos, faz-se

necessário lançar mão de indicadores de desempenho.

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De acordo com Bowersox e Closs (1996), os objetivos de atividades de análise de

desempenho em logística é monitorar o desempenho das operações a fim de identificar

oportunidades para melhorar sua eficiência e eficácia.

Os indicadores de desempenho relacionam o processo com seus fatores do sucesso, isto é, os

fatores que são decisivos ao sucesso de uma companhia ou de um processo. Eles fornecem à

gerência as evidências da eficiência e da eficácia dos processos.

Assim, os indicadores de desempenho (KPI) podem ser definidos como características

operacionais dos processos e comparam a eficiência e/ou a eficácia de um processo ou

sistema com uma norma ou meta de valores.

O desempenho da cadeia de suprimento está associada ao grau com que ela cumpre as

exigências dos usuários finais com respeito aos indicadores de desempenho ao longo do

tempo, e com respeito ao custo total da cadeia de suprimento.

O estabelecimento de indicadores de desempenho em uma cadeia de suprimento requer que

cada parte envolvida concorde com a definição de cada medida e do seu método de cálculo.

2.2.6 Indicadores de desempenho na cadeia de suprimentos.

Van der Vorst(2000) aponta que Konrad e Mentzer (1991) e Caplice e Sheffi (1994) discutem

três formas primárias de medidas que podem ser usadas para capturar o desempenho de um

processo de transformação:

-utilização (input real /input esperado), por exemplo horas de capacidade de máquina

usada / disponível);

-produtividade (output real / input real, por exemplo: processos executados / horas

trabalhadas);

-eficácia (output real /output esperado) por exemplo: número de entregas on-time /

total esperado de entregas).

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As medidas da utilização e da produtividade são medidas baseadas em eficiência, sendo

consideradas na literatura, melhores que as baseadas em tempo ou baseadas em custo, para

análise de toda a cadeia de suprimento.

A literatura consultada, Caplice e Sheffi (1994), aponta que na prática, a maioria das medidas

de eficácia seguem duas linhas:

1. Pontualidade da entrega e disponibilidade; e

2. Condição do produto.

A tendência é sempre seguir para medidas de desempenho mais integradas: medida de um

processo inteiro ou série dos processos através das diversas áreas funcionais da cadeia de

suprimento.

De acordo com Persson (1995), o valor para o consumidor é criado alcançando ou excedendo

as expectativas do cliente em três dimensões:

1) Tempo de resposta (disponibilidade dos produtos e dos serviços);

2) Qualidade (de acordo com exigências); e

3) Eficiência de custo (ou produtividade no processo da distribuição).

Van der Vost (2000), baseado em Persson (1995), Christopher (1992), Caplice e Sheffi

(1994), Lewis e Naim (1995), Slack et al. (1998), Groves e Williams (1997), identificou a

seguinte lista de Indicadores Chave de Desempenho (KPI) genéricos para a cadeia de

suprimento de alimentos perecíveis.

Tabela 02: Indicadores Chave de Performance (KPI) na cadeia de suprimento de perecíveis: Indicador de Desempenho Explicação Disponibilidade do produto na prateleira

Presença de grande variedade e de nenhumas falta no estoque

Qualidade do produto Vida útil restante do produto (tempo de prateleira)

Tempo de Resposta Tempo de ciclo da ordem na cadeia de desempenho. Desde a solicitação até a entrega do pedido.Flexibilidade

Confiabilidade da entrega (Nível de Responsabilidade)

Manter os prazos e as quantidades requeridas no pedido.

Custo total da cadeia de suprimento Soma dos custos de todas organizações envolvidas na cadeia de suprimentos.

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16

Ao avaliar cenários da cadeia de suprimento são necessárias interações entre várias medidas

de desempenho que, geralmente têm dimensões diferentes, e freqüentemente não podem ser

otimizadas simultaneamente.

Segundo apontam Hoover e Perry (1989), existem três aproximações para este dilema:

1. Fazer interações (trade-offs) implícitas entre as medidas. Fazer alterações indiretas;

2. Fazer trade-offs explícitos, combinando todas as medidas, através do uso de uma dimensão

comum, tal como o custo, ou pela da aplicação de pesos para cada medida através de uma

função agregada. As técnicas para fazer trade-offs explícitos entre várias medidas de

desempenho são conhecidas como técnicas de análise para tomada de decisão por múltiplos-

atributos (multiple-attribute) ou múltiplos-objetivos (multiple-objective);

3. Otimizar a medida de maior interesse enquanto confina os outros parâmetros dentro de

alguma escala aceitável mínima. Uma vez que uma solução ótima é encontrada, um ou mais

dos parâmetros confinados podem ser relaxados. O responsável pelas decisões pode então

pesar o custo de relaxar os parâmetros de encontro à melhoria resultante na função objetiva.

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17

3 CENÁRIO DA EXPORTAÇÃO VIA AÉREA DE MAMÃO PAPAIA BRASILEIRO.

3.1 Apresentação da Estrutura Conceitual para Construção do Cenário da Cadeia de

Suprimentos.

Van der Vorst (2000), no desenvolvimento de sua metodologia, citando Hoektra & Romme

(1992); Ballegooie & De Jong (1992) e Hills (1993), afirma que a construção do cenário de

uma cadeia de suprimentos depende da descrição e análise de um certo número de elementos,

que estão listados a seguir:

1. Estratégias adotadas frente à cadeia de suprimentos.

2. Comportamento da demanda do mercado em questão.

3. Técnicas a serem empregadas para adequar os processos da cadeia de suprimento às

características do produto; Ex: Uso de técnicas especiais devido à perecibilidade do

produto.

Deve-se lembrar que o objetivo deste trabalho é analisar apenas os processos associados à

logística de exportação do mamão papaia através dos aeroportos brasileiros. Desta forma, não

faz parte do escopo deste estudo verificar toda a cadeia de suprimento do mamão papaia.

Assim, fundamentado na estrutura supra citada, proposta por Van der Vorts (2000), a

elaboração do cenário será focada na descrição dos elementos oriundos da cadeia de

distribuição e logística de exportação por via aérea de mamão papaia brasileiro. E será

construída em três etapas.

Cada etapa será suportada pela descrição e análise dos seguintes elementos:

1. Analisar as estratégias gerenciais adotadas pelos atores da cadeia de exportação do

mamão papaia frente às variáveis logísticas de decisão e às posições tomadas na

direção de aumentar a integração dos processos de produção com a logística de

transporte do mamão.

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18

2. Evolução da demanda e capacidade ofertada de transporte de carga aérea para

exportação de mamão papaia.

3. Avaliação da aplicação das técnicas relacionadas à manutenção da cadeia do frio a fim

de preservar os requisitos comerciais e sanitários do mamão papaia exportado através

dos aeroportos brasileiros.

3.2.Mapeamento dos sistemas logísticos da exportação via aérea do mamão papaia

brasileiro.

Nessa etapa, será feito o mapeamento dos processos logísticos envolvidos na exportação por

via aérea do mamão papaia brasileiro. O estudo do mapeamento partirá com um breve

histórico das exportações de mamão papaia, seguido da descrição do sistema logístico através

de seu posicionamento frente às variáveis logísticas de decisão. A descrição do sistema

logístico procura determinar quem são e qual o papel dos participantes; e quais as principais

características do produto e dos processos que têm influência sobre a exportação via aérea de

mamão papaia.

Histórico:

A exportação brasileira de mamão desenvolveu-se a partir da década de 80. Os principais

centros importadores em potencial na Europa Ocidental receberam um pacote de informações

veiculado por meios de comunicação e em grandes feiras e salões de produtos alimentícios.

Na década de 90, quando foi oferecido para degustação com grande valorização de suas

características organolépticas em cadeias de varejo, o consumo de mamão na Europa começou

a se popularizar, e atingiu a massa consumidora, principalmente na França, Inglaterra e

Alemanha. Identificou-se o transporte aéreo como sendo uma ferramenta logística

fundamental para abertura e consolidação desses mercados.

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19

3.2.1. Dimensionamento da rede de participantes da cadeia de exportação de mamão papaia.

A rede de participantes na cadeia logística do mamão papaia exportado via aérea pode ser

representada a partir dos atores que entram em contato com o fluxo da mercadoria.

Figura 04: Participantes de cadeia logística de exportação do mamão papaia.

Exportadora de Frutas

Representam o principal elo da cadeia logística de exportação de mamão, são responsáveis

pela comercialização, recebem a programação de compra do importador, realizam os

processos de produção, análise e rastreabilidade do produto. Em muitos, casos emitem o

AWB ( Airway Bill), ou conhecimento de embarque de carga aérea, na sua própria sede.

Em sua maioria, contam com plantações próprias de papaias, que abastecem boa parte de suas

exportações diárias, e o que lhes falta é comprado de produtores rurais cadastrados da região.

Estão situados, principalmente, em Linhares, no norte do Espírito Santo, embora também haja

produtores no Sul da Bahia.

Empresas de Transporte Rodoviário

A principal tarefa das empresas de transporte rodoviário é realizar o transporte refrigerado dos

frutos de mamão papaia ao longo do percurso que vai dos packing house das exportadoras até

o terminal de carga dos aeroportos.

Em alguns casos, a exportadora de fruta possui frota própria, ou mantém transportadores

autônomos da própria região produtora, que sob contrato, disponibilizam seus veículos com

compartimento de carga frigorificada. Em alguns casos, os baús refrigerados dispõem de

adaptações para paletes aéreas.

Exportadora de frutas Transportador rodoviário Aeroporto Cias aéreas

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Porém, a tendência atual é procurar utilizar-se de empresas de frete que ofertam espaço para

carga frigorificada em veículos que estão retornando para a região sul e sudeste do país. Esses

veículos transportam principalmente laticínios, entubados, e outros alimentos industrializados

do sul para o norte do Brasil, e precisam encontrar carga de retorno para não voltarem da

região norte vazios.

Aeroportos

Nos aeroportos, em geral no terminal de carga para exportação, ocorre o armazenamento

durante o período de espera pelo horário do vôo, desembaraço, consolidação da carga e espera

pelo carregamento do avião.

Também o transporte para o terminal aéreo e manuseio e embarque da carga na aeronave são

atividades logísticas desempenhadas nos aeroportos.

A partir dos dados da Tabela 03, foram selecionados os aeroportos internacionais de

relevância para a pesquisa.

Tabela 03: Quantidades de mamão papaia exportadas por aeroportos brasileiros, em 2004. Aeroporto Internacional Demanda em kg

Galeão - RJ 8.422.604 Guarulhos - SP 5.594.156 Salvador - BA 1.149.741 Fortaleza - CE 367.136 Natal - RN 335.035 Recife - PE 305.714 Viracopos -SP 28.734

Fonte: Aliceweb, 2005 Companhias Aéreas

As companhias aéreas são as responsáveis pela condução da carga do aeroporto de origem ao

aeroporto de destino, garantindo sua integridade física e documental.

São representadas por todas as companhias que operam vôos internacionais com origem no

país, e autorizados pelo DAC, e que ofertam espaço para transporte aéreo internacional de

carga.

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21

3.2.3 Características da exportação por via aérea de mamão papaia.

As características, sejam do produto, dos processos, ou das redes de distribuição, influenciam

de forma direta as decisões relacionadas ao sistema logístico das empresas. Isto é, determinam

quais estratégias gerenciais de posicionamento logístico permitem aumentar a eficiência da

cadeia de suprimentos, através da integração dos processos de produção e logística, de modo a

minimizar o custo total para a obtenção de um determinado nível de serviço entregue ao

consumidor final.

3.2.3.1Características do Produto.

a) Densidade de valor:

Nesse texto a densidade de valor é definida como a razão entre o valor do produto FOB* no

porto de embarque e o peso, ou seja:

Densidade de valor = Valor FOB/peso.

Com base na média de preços praticada em 2004, obteve-se o seguinte quadro :

Densidade de valor (FOB aeroporto - aéreo)

Densidade de valor (FOB porto – marítimo)

Densidade de valor US$ 0,69 / Kg US$ 0,79 / Kg Fonte : CACEX/Aliceweb, 2004

A Figura 05, a seguir, descreve como tem evoluído no passado recente a densidade de valor

do mamão papaia exportado. A influência que o modal de transporte possui sobre a

densidade de valor, FOB no porto de embarque, será discutida no item 3.3 posteriormente.

0,78

0,95 0,980,88

0,81 0,75 0,70 0,69

0,910,78

0,71 0,760,89

0,81 0,78 0,780,820,88

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Us$

/Kg

(FO

B p

orto

de

emba

rque

)

Aéreo Marítimo

Figura 05: Evolução da densidade de valor do mamão papaia por modal exportador Fonte: Aliceweb, 2005.

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*FOB - Livre a Bordo (Free on Board)- (FOB porto de embarque, FOB aeroporto, FOB local fronteiriço) : quando o porto de embarque ou aeroporto ou local fronteiriço for o local de entrega da mercadoria. Portanto, o frete interno até o aeroporto e as despesas com desembaraço aduaneiro estão computadas neste valor. Assim, todas as despesas e riscos até a entrega da mercadoria no local combinado são de responsabilidade do exportador. b) Grau de perecibilidade:

O grau de perecibilidade é definido como o inverso do seu tempo de validade comercial, ou

seja, 1/dias de validade comercial;

A perecibilidade dos produtos é fator de extrema importância na tomada das decisões relativas

ao posicionamento logístico e a gestão de estoques.

A Tabela 04 descreve o grau de perecibilidade do mamão papaia como função do estádio de

maturação da colheita e da faixa temperatura de armazenamento em dias de valor comercial

remanescente. O mamão não fica mais doce depois de retirado da planta-mãe. Quanto mais

maduro for colhido mais saboroso ele será e mais apreciado pelo consumidor. As normas de

classificação americanas exigem 11,5° Brix mínimo para o mamão comercializado in natura.

As normas brasileiras para polpa de mamão na indústria exigem, no mínimo, 10,0° Brix. As

medidas do teor de sólidos solúveis medidos em Brix servem de indicador para o teor de

açúcar e palatabilidade em mamões. (FRUTISERIES, 2000)

Tabela 04 - Período de conservação por temperatura de armazenamento de acordo com o estádio de maturação na colheita.

Estádio de colheita

System Approach

Refrigeração à 12ºC e

90% umidade relativa.

(dias de valor comercial

remanescente)

Temperatura ambiente (26ºC)

(dias de valor comercial

remanescente)

Grau de Perecibilidade

com auxilio de

refrigeração.

0 Sem valor Sem valor -

1 25 dias 5 a 7 dias 0,040

2 21 dias 3 a 5 dias 0,047

Fonte: Entrevista com exportadores.

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c) Grau de obsolescência:

O grau de obsolescência é definido como sendo o inverso do ciclo de vida do produto, ou

seja: 1/ciclo de vida do produto.

O tempo do ciclo de vida dos produtos é um fator fundamental para a estruturação da cadeia

logística. O mamão por ser um produto natural, não tem um ciclo de vida determinado.

Portanto, pode-se considerar o grau de obsolescência do mamão papaia igual a zero.

d) Tempo de produção:

A colheita do mamão é um processo contínuo e iniciando-se a partir do oitavo mês após a

semeadura (FRUTISERIES, 2000).

3.2.3.2Características da Demanda.

a) Amplitude das Vendas

A sazonalidade da exportação dos produtos é analisada a partir da Amplitude das Vendas.

Este indicador é obtido pelo resultado da divisão da venda mensal máxima pela venda mensal

mínima de um produto. AV = Venda Max/Venda Min.

No Brasil, o mamão papaia é disponível o ano todo, e é possível ofertá-lo continuamente no

mercado externo.

Exportação mensal de mamão papaia

0500.000

1.000.0001.500.0002.000.0002.500.0003.000.0003.500.0004.000.000

jan fev mar abr

maio jun julh

agos se

tou

tno

vde

z

Meses do ano de 2004

KG

Figura 06: Demanda mensal de mamão papaia em 2004. Fonte: Aliceweb, 2005.

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A partir dos valores ilustrados no gráfico pode-se calcular a amplitude das vendas para o ano

de 2004.AV = 3.397.693/2.459.247 = 1,38

A exportação regular, além de habituar os diferentes consumidores ao seu uso, permite que o

fruto não represente apenas um produto alternativo no período de inverno, mas também uma

opção durante a safra dos produtos locais.

3.2.3.3Características da operação de distribuição.

Normalmente, a dimensão desempenho associada à distribuição é uma função do tempo

médio de entrega, e sua variabilidade, e também do nível médio de perdas e danos que

ocorrem durante o transporte. O nível de preço, ou custo de frete, deve ser compatível com

um dado desempenho esperado.

a) Valor do frete:

- Transporte Rodoviário.

Por ser o mamão um produto vivo e altamente perecível, seu transporte deve ser feito em

veículo dotado de sistema de refrigeração. Para este tipo de transporte, necessita-se da

instalação de uma infra-estrutura de frio, que permita a pré-refrigeração dos frutos, já que

estes veículos não têm capacidade refrigeradora para o abaixamento da temperatura da carga.

Preço de frete rodoviário:

O quadro abaixo retrata o último preço pesquisado, indicando uma elevação no frete com

destino a São Paulo.

Produto Origem UF Destino UF R$/t R$/t.Km mamão papaia ( *) Linhares ES Rio de Janeiro RJ 138,88 0,2067 mamão papaia ( *) Linhares ES São Paulo SP 187,50 0,1881

(*) Mamão refrigerado em caixas de 3,5 kg, em caminhões truck com capac. para 1440 caixas Fonte: Sifreca Esalq - Período de 19/02/2005 a 25/03/2005

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A Figura 07, a seguir, mostra a evolução do preço do frete rodoviário frigorificado, com

origem na região produtora Linhares (ES) e como destino o aeroporto de Guarulhos (SP).

Evolução dos valores de frete Linhares(ES) - São Paulo(SP)

0,11470,1178

0,1225

0,1273

2001 2002 2003 2004

Valores médios praticados no mês de agosto de cada ano

R$/

ton.

Km

Figura 07: Mamão refrigerado em caixas de 3,5 kg, em caminhões com capac. para 1232 caixas.

Fonte: Sifreca Esalq.

- O transporte aéreo.

Embora seja considerado como o melhor meio de transporte para a comercialização de

produtos perecíveis a longa distância, o transporte aéreo, tem como desvantagem o seu alto

custo de transporte (US$/ton .km) , quando comparado com o marítimo, em geral 3 vezes

menor, como se pode ver na Tabela 05.

Tabela 05: Estimativa de valores de frete total pago, incluindo sobretaxa de combustível.

Modal Origem Destino Us$/Kg min Us$/Kg max Us$/Kg méd Us$/t.Km Aéreo São Paulo Miami 1,15 1,20 1,18 0,18 Aéreo São Paulo Amsterdam 1,20 1,50 1,35 0,14

Marítimo Refrigerado Salvador Miami 0,35 0,40 0,38 0,06 Marítimo Refrigerado Salvador Hoterdan 0,33 0,38 0,35 0,04

Fonte: Estimativa do exportadores, Abril/2005.

Nota-se que redução dos descontos concedido às tarifas de frete para o transporte aéreo de

mamão no passado recente, elevou o preço do frete aéreo ao ponto deste ultrapassar a própria

densidade de valor do produto exportado, conforme verificado na Figura 08, a seguir.

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Estimativa da evolução dos valores do frete aéreo e densidade de valor

0,650,78

1,35

0,88 0,810,70 0,69

1,15

0,000,200,400,600,801,001,201,401,60

1999 2001 2003 2005

Us$

/Kg

Frete Aéreo Densidade de Valor

Figura 08: Evolução do valor pago pelo frete aéreo com destino a Amsterdam comparado a evolução da densidade de valor.

Fontes: Entrevista com exportadores em out/2003 e abril/2005; Aliceweb 2005.

b) Tempo de Resposta (considerando apenas o tempo de distribuição).

Neste trabalho, o tempo de distribuição refere-se ao tempo médio de entrega do produto para

o cliente, a contar do momento que deixa a exportadora de frutas. A partir de entrevistas com

exportadores (outubro/2003 e abril/2005), obteve-se:

Transporte Aéreo = não superior a 2 dias.

Transporte Marítimo = não inferior a 12 dias.

c) Percentual do valor final do produto agregado pela cadeia de Transporte.

Este índice mostra o percentual médio do preço final do mamão papaia, exportado para os

EUA, agregado pela logística do transporte aéreo. Segundo entrevista com exportadores,

realizada em junho de 2004, o valor é aproximadamente 57 %.

A Figura 09, a seguir, ilustra a composição do preço final do mamão papaia exportado para os

Estados Unidos.

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Composição do preço final do papaia exportado para os EUA

Logística de Transporte

57%

Outros Fatores43%

Figura 09: Composição do preço final do mamão papaia exportado para os EUA. Fonte: Entrevista com exportadores em junho de 2004.

3.2.4Análise crítica das estratégias de posicionamentologístico.

De posse das características logísticas do Segmento Exportador de Mamão Papaia, pode-se

realizar uma análise, baseado no modelo usado no artigo Posicionamento Logístico de

Empresas Brasileiras, Wenke (2001), que indica as relações esperadas entre as características

do produto, dos processos, ou das redes de distribuição, e as estratégias gerenciais de

posicionamento logístico pode-se chegar as seguintes conclusões sobre as decisões gerenciais

de posicionamento logístico da cadeia do mamão papaia exportado:

Planejamento do Fluxo de Produtos.

A decisão de como planejar o fluxo de produtos está relacionada à definição da política de

produção. Quando o ponto de penetração do pedido do consumidor na cadeia de suprimentos

está próximo do produtor, ou seja, a decisão sobre fluxo de produtos está mais próxima do

consumidor final, dizemos que o fluxo é PUXADO, e que o produto é produzido “contra-

pedido”. Ex: Dell computers. Já quando o ponto de penetração do pedido do consumidor final

está longe do produtor, ou seja, a coordenação da produção está em um elo mais próximo do

produtor, dizemos que o fluxo de produtos é EMPURRADO. Assim os produtores antecipam-

se no tempo (não aguardam o pedido do consumidor), e produzem para “estoque”.

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No caso do mamão papaia, a colheita só começa a ser realizada oito meses depois da

semeadura, e os processos de produção pós-colheita, com destino à exportação são realizados

a partir de compra programada, baseada em contratos de suprimento, realizada por grandes

redes varejistas ou distribuidores internacionais. Esses contratos são baseados em previsão

dos compradores quanto a volumes e quantidades a serem entregues em datas agendadas ao

longo de um certo período de tempo. Ou seja, acontece uma antecipação no tempo, e

produção para estoque. Indicando que trata-se de uma produção empurrada. Assim, se não

houver demanda suficiente para absorver a produção no mercado externo, parte da produção é

desviada para o mercado interno.

Rede Logística e alocação de estoques.

Ao longo da cadeia logística de exportação de mamão papaia, não existem pontos

intermediários de estoque. O mamão sai do exportador, passa por um centro de distribuição

do importador (menos de 24h), em processo de cross docking, e vai direto para os pontos de

vendas, onde será exposto ao consumidor.

Em conformidade com Wenke (2001), quanto mais perecível for o produto, mais rápido ele

deve ser consumido e, portanto, deve estar localizado mais próximo do consumidor final,

ocorrendo descentralização do estoque. Assim, o mamão papaia, por ter elevado grau de

perecibilidade, é armazenado diretamente nas gôndolas, normalmente refrigeradas, dos

diversos pontos de distribuição varejista.

Da mesma forma, a Wenke (2001) aponta que produtos com baixa densidade de valor, caso

do mamão papaia, apresentam características de antecipação de espaço e descentralização de

estoques, para redução dos custos de armazenamento.

O mamão papaia, que possui alto grau de perecibilidade, é caracterizado por ser um produto

de consumo imediato, fazendo com que os elos posteriores da cadeia de suprimentos

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demandem uma maior agilidade e freqüência de entrega, exigindo maior número de remessas

de carga, e conseqüentemente maior o giro de estoque. Para serem capazes de atender a estes

requisitos, as exportadoras de frutas, antecipam-se no tempo, produzindo para estoque. Além

do mais, o grau de obsolecência da fruta sendo indeterminado, aliado a baixa sazonalidade,

refletida pela pequena amplitude das vendas, facilita a tomada de decisão de produzir

antecipando-se no tempo.

Decisão de Transporte terrestre.

No caso do modal rodoviário, ocorre a necessidade de veículos dotados de compartimento de

carga frigorificada, em virtude das grandes distâncias dos centros produtores aos aeroportos e

da elevada temperatura ambiente. Embora o preço do frete frigorificado seja maior, as perdas

associadas ao transporte como carga seca o tornam inviável para o setor exportador de mamão

papaia.

Existe demanda para utilização de frete de retorno, aproveitando veículos dotados de

compartimento de carga frigorificada, retornando do norte e nordeste do país, porém a falta de

centros consolidadores de carga refrigerada nos aeroportos, atua como impedância a essa

operação.

Decisão de transporte sobre o modal exportador.

O sistema logístico da exportação do mamão papaia é marcadamente caracterizado pelo alto

grau de perecibilidade, e necessidade de proximidade entre o produto e consumidor final,

gerando alto giro de estoque. Sob essa visão, o modal de transporte aéreo é o mais adequado à

exportação de mamão papaia, em virtude do baixo tempo de percurso e elevada freqüência de

viagens, o que confere maior agilidade, confiabilidade e rapidez para as entregas.

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30

É digno de nota ressaltar a existência do dilema da baixa densidade de valor do mamão

contrastando com a tarifa do frete aéreo, que reflete seu alto nível de serviço logístico.

Conclui-se então, ser necessário verificar a influência que o binômio oferta e demanda por

espaço para carga aérea possa ter sobre tal dilema.

3.3 Descrição da Demanda e Capacidade de Transporte Aéreo Ofertada para

Exportação de Mamão Papaia.

Na primeira parte desta etapa, é feito um trabalho procurando determinar qual a demanda por

transporte aéreo exercida pelos produtos perecíveis termicamente sensíveis destinados à

exportação no Brasil. Em seguida, é apresentada a série histórica da demanda por transporte

exportador, realizada pelo mamão papaia. E, através da análise dos resultados obtidos, é

verificada a relevância do mamão papaia exportado, para esse segmento de mercado.

Num segundo momento são discutidos os aspectos técnicos, como temperatura, pressão,

umidade relativa, e unitização de carga, e suas influências mais importantes sobre o transporte

aéreo do mamão.

A terceira parte desta etapa apresenta um método de cálculo para determinação da oferta de

transporte aéreo, a fim de buscar as características da oferta de espaço para exportação de

carga por via aérea no Brasil.

Finalmente, a etapa se encerra com a discussão dos resultados obtidos.

3.3.1A demanda por transporte aéreo de carga perecível com destino internacional.

Para medir a participação dos PPTS no mercado do transporte de carga aéreo destinada à

exportação no Brasil, foi empregada a seguinte proposta:

1) Pesquisa e determinação do total geral da carga embarcada com destino internacional, em

toneladas, em todos os vôos regulares, não regulares e charters, dos anos de 1996 a 2003 em

todos os aeroportos do Brasil obtidos através dos Boletins de Informações Gerais da

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INFRERO, dos respectivos anos. Dessa forma foram obtidos os valores mostrados na

Tabela06:

Tabela 06: Total geral anual de carga aérea embarcada em aeroportos brasileiros com destino internacional.

Ano Total de carga de embarcada – internacional (kg)

1996 165.134.984 1997 186.108.671 1998 180141194 1999 214.074.041 2000 241.015.309 2001 241.647.630 2002 271.502.690 2003 278.696.379

Fonte: Boletins de Informações Gerais, Infraero; 2004.

2) Levantamento da quantidade, em toneladas, dos produtos perecíveis termicamente

sensíveis exportados através dos aeroportos brasileiros nos anos de 1996 a 2003. As

informações foram obtidas da Secretaria do Comercio Exterior (SECEX), e a pesquisa foi

desenvolvida através do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via

Internet, denominado ALICE-Web, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (MDIC), que fornece os dados estatísticos das exportações e importações brasileiras.

O ALICE-Web é atualizado mensalmente, quando da divulgação da balança comercial, e tem

por base os dados obtidos a partir do Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX),

sistema que administra o comércio exterior brasileiro.

Os produtos perecíveis considerados nesta análise referem-se apenas a produtos

agroindustriais frescos, minimamente processados, ou processados para exportação e não

industrializados, compreendendo os produtos das seguintes Seções da Nomenclatura Comum

do MERCOSUL (NCM):

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32

Seção 1: Animais vivos e produtos do reino animal

Capítulos : 2 – carnes e miudezas comestíveis; códigos NCM de 02010000 a

02109900;

3- peixes e crustáceo; moluscos e outros invertebrados aquáticos;

código NCM de 03010000 a 03079900;

Seção 2 : Produtos do reino vegetal

Capítulos : 6- plantas vivas e produtos de floricultura; códigos NCM de 06010000

a 06049900;

7- produtos hortículas, plantas, raízes e tubérculos, comestíveis; códigos

NCM de 07010000 a 07149000;

8- frutas, cítricos e melões; códigos NCM de 08010000 a 08140000;

Os parâmetros utilizados na consulta ao sistema ALICE-Web foram: mercadoria exportada,

via aérea, detalhada por mercadoria NCM, detalhada por aeroporto, nos períodos de 01 de

janeiro a 31 de dezembro de cada ano em análise.

Seguindo a proposta de cálculo, foram obtidos os resultados expostos na Tabela 07:

Tabela 07: Evolução da exportação via aérea anual de produtos perecíveis termicamente sensíveis. kg kg kg kg kg kg kg Outras frutas Mamão papaia Hortaliças Carnes Peixes Plantas e flores Total 1996 3.286.744 3.574.328 67.122 1.853.835 3.813.421 522.427 13.117.877 1997 4.781.027 6.738.778 96.290 1.993.782 4.637.279 484.119 18.731.275 1998 5.480.107 9.005.940 570.352 2.036.734 5.982.348 463.284 23.538.765 1999 5.039.942 14.607.221 893.414 2.671.220 10.065.712 564.730 33.842.239 2000 5.142.787 19.882.267 763.899 3.926.562 9.991.229 661.131 40.367.875 2001 4.225.442 21.126.903 293.206 4.645.452 10.913.714 826.999 42.031.716 2002 4.348.611 24.421.590 194.971 5.089.212 13.400.395 1.051.644 48.506.423 2003 5.068.354 19.532.774 566.686 5.147.795 13.915.915 1.336.413 45.567.937

Fonte: Aliceweb, 2005.

Em seguida, o resultado da razão entre a carga aérea total de PPTS exportado e o total geral

de carga aérea exportada, foi representado na Figura 10:

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33

Participação dos PPTS no Total de Carga Aérea Embarcada - Exportação

0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%

10,00%12,00%14,00%16,00%18,00%20,00%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Figura 10: Evolução da participação de perecíveis no total da carga aérea com origem no Brasil e destino ao exterior.

Fonte: Aliceweb com elaboração do autor.

A partir do resultado da aplicação foi possível observar que:

- A participação dos PPTS no total de carga aérea embarcada com destino à exportação

apresentou forte evolução, dobrando no período analisado, passando de 7,94 % em 1996, para

16,35 % em 2003. Assim, demonstram ter uma participação relevante no volume total da

carga aérea exportada.

- A taxa de crescimento da carga de perecíveis exportada tem sido superior a média da carga

aérea em geral. A Figura 11, a seguir, busca ilustrar o crescimento do transporte via aérea de

perecíveis para exportação e o crescimento da carga aérea exportada em geral, permitindo a

visualização da diferença entre as taxas de crescimento médio.

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34

Evolução da Carga Aérea Perecivel Exportada X Total de Carga Aérea Embarcada ao Exterior

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

100.000.000

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Kg

Carga aérea perecível - Proj lin Carga aérea total/10 proj linCarga aérea perecível Carga aérea total/10

Figura 11: Evolução da carga aérea perecível exportada comparada à evolução total de carga aérea embarcada ao exterior.

Fonte: Aliceweb, 2005; Infraero, 2004. A seguir serão apresentadas outras conclusões importantes para o transporte aéreo de

perecíveis que podem ser extraídas do resultado dessa aplicação. Elas são derivadas da análise

do quadro das exportações de perecíveis por via aérea em relação à quantidade transportada

(kg) e em relação ao valor auferido com a exportação dos produtos (em dólares), FOB

aeroportos de embarque brasileiro. Tal relação permitiu encontrar a densidade de valor dos

diversos grupos de produtos perecíveis exportados através dos aeroportos brasileiros.

- A Figura 12 mostra que as frutas são os grupos de perecíveis com as menores densidades de

valor.

Densidade de valor dos grupos de perecíveis exportados via aérea em 2003

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

Mamãopapaia

Outrasfrutas

Hortaliças Carnes Peixes Plantas eflores

Us$/

kg

Figura 12: Densidade de valor dos grupos de perecíveis exportados via aérea em 2003.

Fonte: Aliceweb.

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35

Porém, na Figura 13 está refletido que no passado recente os grupos das frutas têm sido os

maiores utilizadores em quantidade de quilogramas transportados dentre os grupos de

perecíveis que têm utilizado o modal aéreo para exportação.

Evolução da participação percentual, em peso, dos perecíveis exportados via aérea

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Plantas e flores Peixes CarnesHortaliças Outras frutas Mamão papaia

Figura 13: Matriz da participação percentual dos principais grupos de perecíveis na quantidade de carga aérea perecível exportada, quando analisada por peso, através de

aeroportos brasileiros no passado recente. Fonte: Aliceweb, 2005.

O mamão papaia é a fruta que mais tem demandado transporte aéreo nos últimos anos. A

Figura 14 mostra a participação do papaia na quantidade (kg) total de produtos perecíveis

exportados através dos aeroportos brasileiros em 2003.

Percentual da participação do papaia no total de kg de perecíveis exportados através dos

aeroportos brasileiros em 2003

43%

11%1%11%

31%

3%Mamão papaia Outras frutas Hortaliças CarnesPeixes Plantas e flores

Figura 14: Matriz da participação percentual dos grupos de perecíveis na quantidade de carga aérea perecível exportada, quando analisada por peso, através de aeroportos brasileiros em

2003. Fonte: Aliceweb.

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36

As companhias aéreas internacionais têm imunidade anti-trust para fixar suas taxas de frete.

Essas taxas de frete são sugeridas pela IATA – International Air Transport Association, uma

associação internacional de empresas aéreas que estipula um valor referencial máximo,

representando o limite superior de tarifa que um empresa aérea associada deve cobrar pelo

frete da carga a um certo destino.

Essas taxas de frete são, em geral, fixadas tendo como referencial a densidade de valor do

produto, e uma quantidade mínima a ser transportada.

Tabela 08: Tarifas de frete IATA de Guarulhos para Amsterdam.

Item Peso Taxa Moeda Identificação do Item 7 1000 1.74 USD Frutas e vegetais 6 500 1.95 USD Bebidas, molhos e alimentos

9702 500 2.27 USD Artigos de enfermagem; artigos florais, bulbos, sementes,plantas e flores.

9703 500 2.46 USD Tecidos, acessórios de vestuário, fibras e couro. 9710 300 2.53 USD Papeis fotográficos, e foto-sensíveis.

9725 300 2.53 USD Veículos, acessórios, máquinas, ferramentas, cutelaria, motores e peças.

9706 300 2.72 USD Equipamentos elétricos, eletro-domésticos, fitas. 9712 300 2.72 USD Brinquedos, jogos e artigos esportivos.

9705 300 2.77 USD Equipamento p/ processamento de dados, equipamento p/ escritório, e acessórios.

9709 300 2.77 USD Produtos químicos, drogas, cosméticos, farmacêuticos, e artigos de toilet.

9713 300 2.85 USD Instrumentos musicais. 9722 500 2.91 USD Minerais - excluindo ligas preciosas.

9727 300 2.91 USD Equipamentos opticos, acessorios; instrumentos científicos, equipamentos de laboratório.

9716 300 2.96 USD Artigos pessoais - não para revenda.

9717 300 2.96 USD Esculturas, cristais, bijuterias, e ornamentos não preciosos.

7127 100 4.09 USD Livros, cartões postais. 9720 500 4.59 USD Artigos para aquario, peixes vivos.

Fonte: Adaptado de TACT on line, abril de 2005.

Conforme visto na Tabela 08, as taxas de frete aplicáveis a frutas e alimentos vegetais são as

mais baixas determinadas pela IATA, e são aplicáveis ao transporte de grandes quantidades.

Assim, pode-se concluir que o transporte de frutas e vegetais é, sob o ponto de vista da

eficiência, menos rentável para a companhia aérea que a média da carga aérea regular. A

relevância do mamão papaia para as exportações por via aérea de produtos perecíveis

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37

continua em destaque mesmo quando a análise volta-se para a quantificação do valor auferido

com a exportação dos produtos perecíveis, em dólares, FOB aeroportos brasileiros.

Percentual do valor auferido com exportações

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Plantas e floresPeixesCarnesHortaliçasOutras frutasMamão papaia

Figura 15 Matriz da participação percentual dos grupos de perecíveis que compõem a carga

aérea perecível exportada, quando analisada pelo valor auferido com a exportação, em dólares, FOB aeroportos brasileiros.

Fonte: Aliceweb, 2005.

Como mostra a Figura 15, as divisas resultantes das exportações aérea de papaia nos últimos

anos da análise representaram mais que o dobro arrecadado pelas outras frutas, e consolidou-

se como o terceiro segmento, dentre o grupo de perecíveis, que mais arrecadou com

exportações partindo de aeroportos brasileiros.

3.3.2A demanda por transporte aéreo para exportação de mamão papaia.

A quantidade total, em toneladas, de mamão papaia (NCM 08072000) exportados através dos

aeroportos brasileiros nos anos de 1996 a 2004, foi obtida através de informações da

Secretaria do Comércio Exterior (SECEX), e a pesquisa foi desenvolvida através do Sistema

de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet, denominado ALICE-Web, do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Os valores referentes à exportação através de modal rodoviário, não foram considerados, pois

representam uma parcela muito pequena, sempre inferior a meio por cento (0,5%) do total

exportado, e o sistema logístico envolvido em seu transporte está mais associado ao sistema

usado para distribuição ao mercado interno.

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38

Evolução da Exportação de Papaya por Modal

05.000

10.00015.00020.00025.00030.00035.00040.00045.000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Tone

lada

s

AEREA MARITIMA Total A+ M

Figura 16: Evolução das quantidades exportadas de mamão papaia por modal.

Fonte: Aliceweb,2005

A demanda por transporte exportador de mamão papaia está representada na Figura 16, e

estampada na Tabela 09. A evolução da participação do modal aéreo no transporte do mamão

papaia exportado está ilustrado na Figura 17, a seguir.

Evolução da participação do modal aéreo na exportação de mamão papaya

63%

87%93% 96% 94% 93%

86%

50% 45%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1.996 1.997 1.998 1.999 2.000 2.001 2.002 2.003 2.004

Figura 17: Evolução da participação do modal aéreo na exportação de mamão papaia. Fonte: Aliceweb,2005

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39

Tabela 09: Quantidades demandadas de transporte por modal exportador de mamão papaia. Ano AÉREA

(Toneladas) MARÍTIMA (Toneladas)

TOTAL (Toneladas)

1996 3.574 2.073 5.648 1997 6.739 1.050 7.789 1998 9.006 685 9.691 1999 14.607 584 15.191 2000 19.882 1.338 21.220 2001 21.127 1.499 22.626 2002 24.422 4.024 28.446 2003 19.533 19.584 39.117 2004 16.203 19.607 35.810

Fonte: Aliceweb, 2005.

A partir da quantidade exportada e da Amplitude das Vendas (que aponta que o mamão

papaia é disponível, continuamente, o ano todo), é possível associar a regularidade da

exportação com a necessidade de alta freqüência de remessas de cargas, permitindo uma

simplificação da logística de distribuição assumindo que a exportação do mamão ocorre de

forma linear e uniforme, distribuída ao longo dos 365 dias do ano.

A unidade padrão de transporte aéreo do mamão papaia é o palete. A paletização padrão

usada na exportação via aérea do mamão é composto por 144 caixas de peso liquido 3,5 kg a

4,0 kg e peso bruto de 4,5kg em média. O palete possui base de madeira de 1200mm por

1000mm, e altura total de 1630mm, pesando aproximadamente 650 kg no total.

O equipamento aeronáutico (ULD - Unit Load Device) que recebe os paletes de mamão são os

paletes aéreos. Em geral um ULD acondiciona 5 paletes de mamão. No jargão dos

exportadores, 5 paletes de mamão compõem uma posição aérea.

Também no transporte rodoviário, a posição aérea é usada como referência para a capacidade

de carga. É definido que um conjunto cavalo/carreta pode transportar 4 posições (~13.000kg)

e um caminhão trucado, dotado de terceiro eixo, pode carregar duas posições (~6.500kg).

Assim, a Tabela 10 oferece estimativa, para as demandas de transporte de mamão papaia nos

aeroportos internacionais brasileiros em 2004.

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40

Tabela 10: Demanda estimada por transporte aéreo e rodoviário estimada por aeroporto em 2004.

Aeroporto Demanda Anual Demanda Linearizada Demamanda por Transporte Internacional Kg ULDs ULDs Rodoviário

Galeão – RJ 8.422.604 2.592 7 por dia de 2 carretas a 4 truck por dia Guarulhos – SP 5.594.156 1.721 5 por dia de 2 carretas a 3 truck por dia Salvador – BA 1.149.741 354 1 por dia até 1 truck por dia Fortaleza – CE 367.136 113 2 a 3 por semana de 1 carreta a 2 truck por semana Natal – RN 335.035 103 2 por semana 1 truck por semana Recife – PE 305.714 94 2 por semana 1 truck por semana Viracopos –SP 28.734 9 menos de 1 por mês eventual

Fonte: Aliceweb

Outro aspecto relevante refere-se à demanda de mamão papaia por país importador. Com

auxilio da Tabela 11, vista a diante, conclui-se que há maior demanda de papaia via aérea pelo

continente europeu, seguido de longe pela América do Norte. América do Norte e a Europa

são os continentes melhor servidos por vôos partindo do Brasil.

Tabela 11: Evolução da demanda (kg) via aérea de mamão papaia por país importador.

2004 2003 2002 2001 2000 1999 ÁFRICA 931 1.338 2.475 4.700 300 0 CABO VERDE 352 338 475 ANGOLA 579 1.000 2.000 4.700 300 AMÉRICA DO SUL 12.851 25.704 2.016 69.120 75.516 66.402 ARGENTINA 12.851 25.704 2.016 69.120 75.516 66.402 AMÉRICA DO NORTE 4.120.596 6.944.633 9.110.276 7.880.295 6.822.757 4.195.546 ESTADOS UNIDOS 3.603.860 5.744.738 6.980.945 5.879.275 4.988.644 3.059.500 CANADA 516.736 1.199.895 2.129.331 2.001.020 1.834.113 1.136.046 EUROPA 12.068.742 12.561.099 15.306.823 13.172.788 12.983.694 10.345.273 ESPANHA 1.431.901 602.361 783.002 627.119 905.371 795.426 DINAMARCA 2.814 5.544 3.822 FRANCA 856.616 933.295 767.614 919.567 1.076.265 1.132.929 ITALIA 555.060 419.633 360.018 276.908 209.318 135.576 LUXEMBURGO 60.410 21.000 504 HOLANDA 1.629.723 3.578.916 4.676.193 3.189.225 2.702.569 1.657.756 PORTUGAL 3.263.930 2.331.423 2.926.751 2.686.972 2.539.737 1.810.658 REINO UNIDO 2.280.239 2.584.109 3.122.608 2.713.051 2.708.942 2.217.893 SUICA 924.841 937.204 980.635 858.478 728.743 587.154 NORUEGA 384 ALEMANHA 1.066.022 1.150.782 1.674.543 1.866.320 2.070.445 1.900.193 AUSTRIA 2.376 2.937 504 12.726 BELGICA 12.138 32.334 36.256 90.636 Total 16.203.120 19.532.774 24.421.590 21.126.903 19.882.267 14.607.221

Fonte: Aliceweb, 2005.

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41

Praticamente não existe demanda por transporte aéreo de papaia para a América do Sul, Ásia

e África, embora a América do Sul também seja um destino muito freqüente de aeronaves

provenientes de aeroportos brasileiros.

Nota-se também, que no passado recente importantes centros de distribuição de perecíveis,

marcadamente, Amsterdam na Europa e Miami nos EUA, reduziram suas importações via

aérea de papaia substituindo-as pelas importações via transporte marítimo. Buscar

compreender tal fenômeno faz parte do escopo desta pesquisa e as conclusões podem ser

alcançadas no item 3.3.4.

3.3.2.1 Aspectos Técnicos que influem na Demanda pelo Transporte Aéreo.

A demanda por um dado tipo de transporte está relacionada com a dimensão desempenho. O

desempenho é o resultado de uma função subjetiva da associação do valor do frete e de

aspectos técnicos pertinentes ao modal de transporte.

No Anexo III encontra-se a descrição dos aspectos fisiológicos, mercadológicos, e sanitários

de produtos agro-industriais perecíveis sensíveis à temperatura, oferecendo algumas

condições de contorno para o transporte de produtos agrícolas frescos que a logística do

transporte aéreo deve atender.

No transporte aéreo os aspectos técnicos mais importantes são o tempo, a temperatura , a

pressão atmosférica e a umidade relativa.

Tempo

A redução do tempo do transporte é sem dúvida o fator mais importante no transporte aéreo

do mamão, uma vez que mesmo os vôos intercontinentais completam-se em até 14 horas.

Esse fator faz com que a preocupação com a conservação de mamão durante o transporte seja

minimizada, e torne-se secundária.

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42

Temperatura

A temperatura durante o vôo pode ser controlada nos diferentes compartimentos das

aeronaves. Porém o compartimento principal de cargas é em geral responsável pelo transporte

de 70% dos produtos. Os aviões pressurizados têm capacidade instalada para manter durante o

vôo temperaturas na faixa de até 7 °C em dias extremamente quentes (38°C ao nível do mar)

até 25°C em dias extremamente frios (-50°C ao nível do mar).Também possuem condições de

renovar até 40 metros cúbicos de ar fresco por minuto, ou seja, renovar várias vezes o volume

total de ar por hora. Isso torna o transporte aéreo de mamão, altamente recomendado do ponto

de vista técnico.

Pressão atmosférica

Durante o vôo a pressão atmosférica no interior dos aviões será sempre inferior ao valor

reinante ao nível do mar, estando em torno de 600 a 650 mmHg. Nesta condição há uma

tendência de aumento da taxa de perda de água pelas frutas da ordem de 20%.

Umidade relativa

A umidade relativa do ar no interior dos aviões será sempre baixa, o que contribui para

aumentar a taxa de perda de água pelas frutas quando transportadas por via aérea.

Porém, conforme citado acima, a grande velocidade em que se completa o transporte aéreo do

mamão torna os infortúnios gerados pelas condições atmosféricas dos porões de carga menos

importante na sua conservação.

Consolidação da Carga

Os paletes de mamão, que possuem base de madeira de 1200mm por 1000mm, e altura total

de 1630mm, pesando aproximadamente 650 kg, durante o processo de consolidação da carga,

são acondicionados em paletes aéreos padronizados, ou ULD (Unit Load Device).

As ULDs de maior utilização no transporte aéreo do mamão são:

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43

-Palete aéreo P1P: dimensões externas 3180mm (125”) x 2240mm (88”) com 1625mm (64”)

de altura; utilizado no porão de carga das seguintes aeronaves B767, B747 , B777 , MD11,

A300, A330, e A340; comportando até 5 paletes de mamão. Vide Figura 18.

-Palete aéreo PMC: dimensões externas 3180mm (125”) x 2438mm (96”) com 1625mm (64”)

de altura; utilizado no porão de carga das seguintes aeronaves B767, B747, B777, MD11,

A300, A330, e A340; comportando até 5 paletes de mamão.

-Palete aéreo P6P: 3180mm(125”) x 2438(96”) mm com 2438(96”) mm de altura ; no

compartimento principal das seguintes aeronaves B767, B747 , B777 , MD11, A300, A330, e

A340; comportando até 5 paletes de mamão.

Figura 18: desenho da ULD P1P Fonte: British AirWays, 2004

3.3.3Evolução da Oferta de Transporte Aéreo.

3.3.3.1Método de cálculo para determinação da oferta global de transporte aéreo.

A fim de encontrar qual o volume anual total ofertado pela indústria do transporte de carga

aérea destinado à exportação no Brasil, foi criado o seguinte método de cálculo:

a) Obtenção junto às autoridades aeronáuticas de arquivos que forneçam informações sobre a

freqüência de todas as rotas internacionais que possuíram uma perna com origem em

aeroporto brasileiro e destino em um aeroporto estrangeiro.

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44

b) Verificação das características de todos os aparelhos operados regularmente nessas rotas, e

por meio de consulta aos dados técnicos fornecidos pelo fabricante, determinação da sua

capacidade de carga.

c)Assim, a determinação do volume total ofertado se dá pela somatória, rota a rota, da

multiplicação da freqüência do vôo de uma rota (números de vôos), pela capacidade de carga

do avião, operado na rota.

3.3.3.2 Determinação da oferta de transporte aéreo.

Seguindo o método de cálculo proposto acima, foram empreendidos os seguintes passos:

a)Através do CGNA – Centro de Gerenciamento e Navegação Aérea – obteve-se todos os

HOTRAN´s mensais dos anos de 1999 a 2004. O HOTRAN (horário de Transporte), é um

documento onde a autoridade aeronáutica civil, DAC, formaliza a concessão de uma linha

aérea regular, que é a ligação de um ponto de origem a um ponto de destino, com horários,

freqüências e escalas pré-estabelecidas. No HOTRAN, além das informações básicas, ainda

constam o equipamento utilizado, e o número de assentos oferecidos. Em algumas

circunstâncias pode ocorrer o compartilhamento da rota, ou Code Share, porém será

considerado como ofertada todas as linhas formalizadas no HOTRAN.

b)Através de análise das configurações de carga, apontadas pelo Airplane Characteristics for

Airport Planning, disponibilizado pelos fabricantes de cada aparelho, pode-se determinar qual

a quantidade de paletes aéreos, passíveis de serem utilizados no transporte de mamão papaia,

(conforme descrito no item 3.2.1), que podem ser transportados em cada modelo de aeronave.

Optou-se por adotar o volume como unidade de medida da capacidade de carga das

aeronaves, em consonância com o praticado pelos Airplane Characteristics for Airport

Planning, porque é uma medida invariável para a mesma aeronave. O que não ocorre com o

peso da carga, que, em geral, pode variar muito em função de vários fatores, como: distância

da etapa, necessidade de armazenamento de combustível (fuel tankering), taxa de ocupação

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45

dos assentos em aeronaves mistas, elevação, temperatura e comprimento de pista dos

aeroportos, entre outros.

De forma geral, conforme ilustra a Figura 19, os elementos básicos que limitam a capacidade

volumétrica de carga nos compartimentos das aeronaves são dois:

-Suas dimensões internas, principalmente a altura dos porões de carga;

-As dimensões da porta de acesso ao compartimento de carga.

Figura 19: Configuração de carga dos porões do B 767-300. Fonte: Boeing, 2003.

Para o transporte internacional de mamão papaia, são considerados neste trabalho apenas os

porões de carga munidos de porta de acesso adequada aos paletes aéreos tipo P1P, PMC ou

P6P de aeronaves wide body, e a cabine principal (main deck) de aeronaves cargueiras.

Assim, para determinação da oferta de carga aérea utilizável para exportação de mamão

papaia foram desconsiderados todos os porões de carga dos aparelhos narrow body, aqueles

que têm corredor único entre as fileiras de assentos de passageiros, os porões de carga solta

(bulk cargo), e os porões de carga de aparelhos wide Body com porta de acesso inadequada

aos paletes aéreos usados na exportação do mamão papaia.

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46

Tabela 12: Volume disponível por aeronave.

Aeronave Assentos Paletes P1P 88' x 125' x 64' Volume (11,7 m3) m3

A300 F 0 4+13 152,1 A300 269 4 46,8

A300-600 289 4 46,8 A300-600 F 0 4+14 210,6 A310-200 237 3 35,1 A310-300 0 3 35,1 A330-200 293 9 105,3 A330-300 335 11 128,7 A340-200 303 9 105,3 A340-300 335 11 128,7 A340-500 313 10 117 A340-600 380 14 163,8

B707 F 0 13 152,1 B727-200 F 0 10 117 B747-200 452 15 175,5

B747-200 F 0 15+28 503,1 B747300 452 15 175,5 B747400 400 15 175,5

B747400 F 0 15+29 514,8 B757 F 0 15 175,5

B767200 162 3 35,1 B767300 211 4 46,8

B767300 F 0 4+16 234 B767400 340 5 58,5 B777-200 270 10 117 B777-300 285 14 163,8

DC10 242 5 58,5 DC10 - 30 F 0 5+22 315,9

MD11 297 6 70,2 MD11 F 0 6+26 374,4

Fonte: Airplane Characteristics for Airport Planning, Boeing, Airbus.

c) O HOTRAN oferece a freqüência semanal de cada vôo. Para se obter a oferta anual média

foi adotado o seguinte procedimento:

-determinação da oferta semanal, através da multiplicação do número de vôos ofertados na

semana pela capacidade volumétrica ofertada por aparelho.

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47

-determinação da oferta diária média através da divisão da oferta semanal por 7 (sete), que

corresponde aos dias da semana.

-multiplicação da oferta diária média pelo número de dias corridos de cada mês.

-somatória das ofertas médias mensais do ano em questão.

1 5 0 . 0 0 01 6 0 . 0 0 01 7 0 . 0 0 01 8 0 . 0 0 01 9 0 . 0 0 02 0 0 . 0 0 02 1 0 . 0 0 02 2 0 . 0 0 02 3 0 . 0 0 02 4 0 . 0 0 02 5 0 . 0 0 0

jan/

99

jul/9

9

jan/

00

jul/0

0

jan/

01

jul/0

1

jan/

02

jul/0

2

jan/

03

jul/0

3

jan/

04

jul/0

4

M 3

Figura 20: Evolução da capacidade volumétrica mensal ofertada para exportação com base nos dados dos Hotrans.

Fonte: Elaboração do autor.

A partir dos valores demandados em quilogramas, extraídos da Tabela 09, foi possível

determinar a quantidade demandada pelo mamão, em metros cúbicos, através do seguinte

artifício:

1 palete pesa 650 kg;

1 ULD comporta 5 paletes;

Peso líquido da carga embarcada no ULD = 650 kg x 5 = 3250 kg;

Volume padrão de um ULD = 11,7 m3

Dessa forma, foram obtidos os dados e valores apresentados nas Tabelas 13 e 14 e nas Figuras

21, 22, 23 e 24, a seguir:

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48

Tabela 13: Evolução da capacidade volumétrica ofertada por todos os vôos regulares internacionais comparada à demanda por transporte aéreo de mamão papaia.

A B= 11,7 x A C D = 11,7 x C E F = C/A

Ano Volume ofertado em ULDs.

(vôos regulares)

Volume ofertado em m3

(Vôos regulares)

Quantidade demandada em ULDs

Quantidade demandada em

m3

Load Factor de carga médio

Indústria nacional *

Participação noaproveitamentoda oferta pelo mamão papaia

1999 196.500 2.299.055 4.495 52.586 49 % 2,29 % 2000 191.881 2.245.008 6.118 71.576 57 % 3,19 % 2001 219.383 2.566.786 6.501 76.057 66 % 2,96 % 2002 212.209 2.482.852 7.515 87.918 71 % 3,54 % 2003 207.600 2.428.923 6.010 70.318 75 % 2,90 % 2004 214.097 2.504.938 4.986 58.331 Nd 2,33 %

Fontes: Aliceweb e Hotran/DAC com elaboração do autor, 2005. *Apenas esta estatística (E) refere-se aos dados da indústria nacional, indicando um valor médio de aproveitamento entre as toneladas quilômetros oferecidas e aproveitadas pagas, em todas operações internacionais de empresas brasileiras, conforme indicado no Anuário Estatístico do DAC. Tabela 14: Capacidade volumétrica ofertada por vôos regulares internacionais, comparada à demanda por transporte aéreo de mamão papaia por aeroporto, em 2004.

Aeroporto Decolagens Oferta Regular

Anual Demanda anual

Participação do papaia no

aproveitamento da oferta do aeroporto

A B B/A (x 100%) Internacional semanais ULDs kg ULDs Oferta regular

Galeão - RJ 151 56.931 8.422.604 2.592 5% Guarulhos - SP 302 122.194 5.594.156 1.721 1% Salvador - BA 9 1.903 1.149.741 354 19% Fortaleza - CE 3 463 367.136 113 24% Natal - RN 1 154 335.035 103 67% Recife - PE 7 1.080 305.714 94 9% Viracopos -SP 48 65.057 28.734 9 0%

Fontes: Aliceweb e Hotran/DAC com elaboração do autor, 2005.

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49

Figura 21: Oferta semanal média de transporte aéreo em ULDs por continente em 2004.

Fonte: Dados dos Hotran com elaboração do autor, 2005.

Figura 22: Demanda semanal média por ULDs de mamão papaia por continente no ano de 2004.

Fonte: Dados do Aliceweb, com elaboração do autor, 2005.

Figura 23: Porcentagem de ocupação média de carga (cargo load factor) de algumas

companhias aéreas em 2004. Fonte: Air Cargo Word, 2005.

Oferta semanal média de paletes aéreos por continente em 2004

403; 9%

1260; 27%

1263; 27%

1554; 34%

107; 2%69; 1%

AsiaAmérica Central AfricaAmérica do sul América do Norte Europa

Demanda semanal média de paletes aéreos de mamão papaia em 2004

0; 0%0; 0%0; 0%0; 0%122; 25%

356; 75%

AsiaAmérica Central AfricaAmérica do sul América do Norte Europa

Load factor de carga em 2004

66,7% 78,7%66,6%

86,6%

68,2% 68,8%80,0%

72,1%84,6%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

Lufthansa KLMAir France Swiss

Cathay PacificLan Cargo

Varig IbériaLuxcargo

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50

Capacidade x Demanda por Continente em 2004

69 107

403

1260 1263

1554

0 0 0 0122

356

0200400600800

10001200140016001800

Asia AméricaCentral

Africa América dosul

América doNorte

Europa

Pal

etas

aér

eas

por s

eman

a

Capacidade Demanda

Figura 24: Comparação da capacidade ofertada com o volume ocupado pela demanda de mamão papaia exportado, por continentes no ano de 2004.

Fonte: Dados do Hotran e Aliceweb com elaboração do autor, 2005.

3.3.4 Análise crítica da evolução da oferta e demanda no caso do mamão.

A partir de uma análise comparativa resultante da confrontação dos dados obtidos sobre a

oferta de transporte aéreo, com as informações disponíveis sobre a demanda de transporte

para exportação do mamão papaia chega-se às seguintes conclusões:

- A participação do papaia na ocupação do total dos espaços de carga destinado a exportação é

pequena, orbitando entre 2 e 4 por cento. Porém, quando analisado a ocupação dos volumes

de carga aérea ofertados aos principais mercados de destino, sua importância é revelada. A

Figura 24 mostra que o papaia ocupa aproximadamente 20 por cento da capacidade de carga

regular ofertada com destino à Europa, e 10 por cento da capacidade de carga regular ofertada

com destino aos Estados Unidos. Sendo o aeroporto do Galeão o ponto de embarque mais

usado pelos exportadores de mamão papaia, conforme mostra a Tabela 14. A Europa é o

destino de 75 por cento das exportações via aérea, conforme visto na Figura 22. Também a

figura 24 indica que não houve aproveitamento por parte dos exportadores de mamão papaia

dos espaços para cargas oferecidos nos vôos regulares com destino à Ásia, África e América

do Sul.

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51

- Houve, nos últimos anos, um aumento do load factor de carga. O crescimento da capacidade

ofertada foi inferior ao crescimento da demanda por carga aérea em geral.

Evolução da Capacidade x Demanda

050000

100000150000200000250000300000350000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Capacidade volumétrica ofertada (*10 m3)Demanda total por carga aérea (ton)Linear (Demanda total por carga aérea (ton))Linear (Capacidade volumétrica ofertada (*10 m3))

Figura 25: Evolução da capacidade de carga aérea para exportação comparada à evolução do total de carga aérea destinada ao exterior do Brasil.

A Figura 25, acima, ilustra que o crescimento do espaço ofertado para exportação de carga

aérea tem crescido a taxas inferiores ao crescimento da demanda, representada pela

quantidade, em toneladas, de carga aérea exportada através dos aeroportos brasileiros no

passado recente. Tal fato pode ser visto como explicador do aumento do load factor de carga

registrado na coluna E da Tabela 13.

Um efeito imediato do aumento do load factor e diminuição do espaço de carga ocioso é a

elevação nos fretes aéreos. A tendência de recuperação do valor das tarifas de frete é também

verificada no mundo todo, conforme visto na figura 26 na página seguinte.

O mamão não é uma carga vista como preferencial pelas empresas aéreas, pois seu frete se

baseia na menor tarifa proposta pela IATA (vide Tabela 08). Assim o transporte aéreo do

mamão tem sido prejudicado, pois a partir de 2001, vem ocorrendo sucessivas reduções dos

descontos concedidos às tarifas de frete aéreo do papaia.

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52

Figura 26: Evolução das tarifas do transporte aéreo mundial. Fonte: Boeing, 2005.

- Embora tenha havido crescimento no volume ofertado para exportação, como mostra as

figuras 20 e 25, o número total de decolagens com destino ao exterior do Brasil decresceu, no

período analisado (vide Figura 27).

Evolução do Número de decolagens com destino ao exterior.

0

100

200

300

400

500

600

jan/

99

mai

/99

set/9

9

jan/

00

mai

/00

set/0

0

jan/

01

mai

/01

set/0

1

jan/

02

mai

/02

set/0

2

jan/

03

mai

/03

set/0

3

jan/

04

mai

/04

set/0

4

Figura 27: Evolução do número de decolagens com origem no Brasil e destino ao exterior. Fonte: Dados do Hotran com elaboração do autor, 2005.

Tal fato ocorreu em função da redução na freqüência de vôos mistos, já que a freqüência de

vôos cargueiros subiu, reduzindo a oferta de belly cargo. É sabido que o frete em porões de

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53

aeronaves mistas costuma ser mais barato. Este evento é prejudicial aos exportadores de

mamão, que praticamente só exportam sua carga utilizando-se dos porões de aeronaves

mistas.

Complementarmente, o papaia foi desfavorecido pela redução da oferta de viagens. Sua alta

perecibilidade demanda grande agilidade e freqüência de entregas a fim de deixar o produto

mais tempo próximo ao consumidor.

- Aumentou a participação de cargueiros na oferta, conforme aparece na Figura 28. A

composição da oferta de espaço para exportação de carga aérea foi caracterizada pela

evolução da capacidade ofertada por aeronaves puramente cargueiras e também por um

aumento da capacidade média de carga das aeronaves.

Evolução da participação de aeronaves cargueiras no volume de carga ofertado para exportação.

0,000,050,100,150,200,250,300,350,400,450,50

jan/

99

mai

/99

set/9

9

jan/

00

mai

/00

set/0

0

jan/

01

mai

/01

set/0

1

jan/

02

mai

/02

set/0

2

jan/

03

mai

/03

set/0

3

jan/

04

mai

/04

set/0

4

%

Figura 28: Evolução da participação do volume ofertado por aeronaves cargueiras.

Fonte: Dados do Hotran com elaboração do autor, 2005.

O aumento da capacidade ofertada por cargueiros reflete o crescimento, no período analisado,

do transporte aéreo de cargas. Tal fato é indicado pelo aumento constante do cargo load

factor das empresas. Assim houve um despertar de interesses por parte da indústria de

transporte de carga aérea. Por outro lado, o fenômeno do aquecimento do transporte aéreo de

carga, nesse primeiro momento, mostra-se desfavorável ao transporte aéreo de mamão papaia.

As empresas que operam aeronaves cargueiras têm preferência por cargas de maior valor

agregado, com maior densidade de valor e que podem pagar tarifas mais altas.

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54

Como resultado final, observa-se que a partir do ano de 2001, começou a tendência de

redução dos descontos concedidos à tarifa do frete aéreo do mamão papaia. Assim, o preço

pago pelo transporte aéreo passou a avançar sobre a lucratividade dos exportadores de

mamão, desestimulando o uso do modal aéreo.

Assim, a redução dos descontos nas tarifas, e a crise do petróleo que causou a aplicação do

adicional de combustível (fuel surcharge) podem ser responsabilizados pela queda do uso do

transporte aéreo. O mamão papaia passou a priorizar a utilização do transporte marítimo, cujo

valor do frete é aproximadamente um terço do aéreo.

Porém, para adaptar-se à logística marítima, a colheita da fruta deve ser antecipada do estádio

2 para o estádio 1 a fim de reduzir seu grau de perecibilidade. Tal ação tem como

conseqüência uma queda na qualidade do produto. O teor de açúcar é reduzido quando a fruta

é colhida mais cedo, causando desaprovação em alguns mercados, principalmente o norte

americano, e sujeitando o produto a uma possível redução da sua densidade de valor em

função da perda de qualidade.

Figura 29: Matriz da carga perecível exportada por países sul americanos. Fonte: YDL, 2003.

Complementarmente, realizando uma breve analise da demanda por transporte aéreo na

América do Sul, observa-se uma fragilidade imposta por uma forte relação de dependência

dos embarques aéreos de perecíveis, com origem em países sul americanos e destino no

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55

continente europeu, com um determinado produto o que evidencia uma importante

vulnerabilidade do setor. A Figura 29 ilustra o fenômeno supra relatado a partir de

informações do ano de 2002.

Realizando essa mesma análise para o caso brasileiro, verifica-se que a matriz de carga aérea

perecível exportada pelo Brasil em unidade de massa (kg) tem acompanhado esse modelo,

sendo, o mamão papaia, o produto perecível que mais demandou por transporte aéreo no caso

brasileiro (vide Figura 13). Porém quando analisada a mesma matriz, mas por unidade

monetária (US$), verifica-se uma melhor distribuição entre os diversos grupos de perecíveis,

colocando a posição do transporte aéreo de perecíveis exportados pelo Brasil em uma

condição de maior estabilidade (vide Figura 15).

Finalmente, é importante ressaltar que mesmo sendo o curto período de trânsito da mercadoria

a principal vantagem competitiva do transporte aéreo, o uso do tempo como variável de

controle não é suficiente para manter a qualidade de produtos altamente perecíveis, como o

mamão.

Os frutos estão expostos a condições desfavoráveis, principalmente desvios de temperatura,

durante o transporte para o terminal aéreo, e durante o período de espera e manuseio da carga

no aeroporto, desembaraço alfandegário, embarque nas aeronaves e problemas de over time,

que envolve problemas de horário de mão de obra disponível, como feriados e fins de semana.

Indo mais além, se por um momento observar-se o transporte de carga aérea interno ao Brasil,

analisando as estatísticas do DAC, salta aos olhos que uma característica comum da frota de

aeronaves cargueiras operantes no Brasil é a sua elevada idade média. Os aparelhos, como

727-100 e 200, DC 8,737-200, e DC-10-300, são do início dos anos 70 e tendem a gerar

atrasos em virtude da elevada necessidade de manutenção.

Assim, são vários os fatores que reforçam a necessidade de controlar a temperatura dos

produtos aero-transportados. O desenvolvimento de uma cultura voltada para manutenção da

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56

cadeia do frio nos terminais de carga aérea, principalmente nos de

exportação, é de grande importância para a preservação da qualidade dos produtos, evitando

que percam valor durante o processo de transporte.

3.4 Verificação da Cadeia do Frio.

A manutenção da cadeia do frio na logística de exportação de frutos desempenha papel de

fundamental importância na preservação do valor comercial da mercadoria, procurando:

1) reduzir a atividade biológica do produto;

2) diminuir a atividade dos microrganismos; e

3) minimizar a perda de água do produto.

A temperatura é o principal fator na manutenção da qualidade. Segundo a Lei de Vant´Hoff,

(Cantillano, 2002), para cada 10° C de aumento de temperatura a velocidade das reações

biológicas de um produto colhido aumenta, em média, de duas a três vezes.

Conseqüentemente, o valor comercial e seu tempo de prateleira são inversamente

proporcionais à velocidade das reações biológicas do produto. Informações complementares

podem ser vistas no Anexo II, onde é detalhado o transporte aéreo de produtos perecíveis

sensíveis à temperatura, em especial, a necessidade da implantação da cadeia do frio. Na

seqüência, será introduzido um método de cálculo proposto para quantificar a qualidade da

cadeia do frio nos principais elos envolvidos na logística de exportação por via aérea do

mamão papaia. Em seguida, será utilizada uma ferramenta que auxilia a determinação dos

principais processos, e em que momentos da cadeia ocorrem eventos, nos quais o controle

térmico afeta a qualidade do produto exportado. Logo após, aplica-se às tabelas de avaliação

aos principais processos, obtendo-se os quadros de resultados.

Esta etapa da construção do cenário se encerra com o relato das principais observações,

oriundas da aplicação da metodologia aos agentes ligados aos processos analisados.

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57

3.4.1 Apresentação do Cool Chain Quality Indicator.

Em julho de 2004 foi publicado o indicador de qualidade Cool Chain Quality Indicator

(CCQI), desenvolvido conjuntamente pela Cool Chain Association e pela certificadora

Germanischer Lloyd .

Este indicador foi estruturado de forma a permitir uma avaliação dos principais elos

participantes da cadeia logística da exportação de perecíveis por via aérea, quanto às

precauções tomadas para garantir a manutenção da cadeia do frio. Ou seja, quantificar a

preocupação em exercer um controle profissional sobre a temperatura usando meios

adequados de manuseio, armazenagem e transporte.

O CCQI estabelece um sistema ferramental auditável, focado nas medidas gerenciais

desejáveis para se procurar manter as condições ambientais adequadas para a correta

preservação das propriedades dos PPTS (produtos perecíveis termicamente sensíveis).

Permitem a realização de benchmarking entre os mesmos tipos de operações em diferentes

organizações.

Os padrões do CCQI atendem cada um dos principais elos que integram a cadeia logística da

exportação, chamados de processos.

Foram desenvolvidos critérios para avaliar as seguintes processos:

-Transporte rodoviário;

-Armazenagem de longo prazo (período maior que 24 h);

-Armazenagem de curto prazo;

-Manuseio na área de aproximação de aeronaves dos aeroportos;

-Transporte em aeronaves;

Os critérios e indicadores dos CCQI foram desenvolvidos sob uma aproximação baseada em

riscos, levando em consideração perigos ou ameaças relevantes à conservação de PPTS.

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58

Dessa forma o CCQI oferece uma medida de qualidade ao pessoal encarregado, aos

equipamentos, instalações e métodos empregados. Os valores são determinados através dos

índices obtidos das “tabelas mestre”, com valores variando de 0 a 100. Valores menores

indicam baixa qualidade da cadeia do frio durante as operações, resultando em alto risco de

desvio de temperatura. E valores mais altos sinalizam que existe alta qualidade da cadeia do

frio, com baixo risco de desvio de temperatura. A Tabela 15 exprime os valores mínimos de

pontos que devem ser alcançados para que um processo seja considerado suficientemente

adequado, pelos critérios adotados pelo CCQI, à manutenção da cadeia do frio.

Tabela 15: Benchmark para certificação através do CCQI.

Processo CCQI - Benchmark Armazenagem de curto prazo; 65 Armazenamento de longo prazo (>24h); 60 Transporte em caminhões; 60 Apron Handling em aeroportos; 55 Transporte em aeronaves; 65

Fonte: Cool Chain Quality Indicator Standard de 01 de junho de 2004.

Embora o CCQI seja uma ferramenta capaz de quantificar as precauções tomadas para

garantir a manutenção da cadeia do frio, ele não prevê em seus questionários meios de

mensuração da capacidade de armazenamento instalada. Assim foram adicionadas algumas

questões às tabelas-mestre propostas pelo CCQI a fim de capacitá-las a capturar essa

informação.

Todas as tabelas-mestre enviadas e respondidas pelas organizações que participaram deste

trabalho, que estão qualificadas mais adiante, estão organizadas e disponíveis para consulta no

Anexo I.

3.4.2 Desenvolvimento da pesquisa sobre a cadeia do frio.

Tendo adotado o CCQI modificado como base para os critérios de avaliação de desempenho

da cadeia do frio. Foram construídas tabelas, chamadas de tabela-mestre, a fim de serem

enviadas aos principais representantes dos elos participantes da cadeia logística da exportação

do mamão papaia.

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59

Objetivando determinar quais os principais processos, e em quais momentos da cadeia

ocorrem eventos que afetam a qualidade do produto exportado, foi empregado a ferramenta

chamada Event Process Chain (EPC), proposta por Kim (1995) , que é uma técnica de

modelagem baseada no tempo e local em que decisões sobre processos que afetam a

satisfação do cliente final são tomadas.

Os requisitos físicos exigidos na importação de mamão papaia pelos EUA, Canadá, Reino

Unido e Holanda podem ser vistos no Anexo V, e os processos empregados na produção do

mamão papaia destinado à exportação estão detalhados no Anexo IV.

O uso do EPC é particularmente útil na determinação de gargalos nas atividades logísticas e

apresenta quatro elementos:

Evento: Mudança em alguma situação percebida em determinado ponto no tempo,

representado por um circulo com um nome.

Processo: Uma atividade ou série de atividades que ocorrem no tempo, como resposta a

eventos, representado por um retângulo com um nome ou verbo.

Ramificação: Uma divisão condicional de um fluxo de processos em múltiplos sub-fluxos,

baseado em uma decisão sobre uma variável, representado por um losango com diversas

saídas.

Espera: uma demora significante antes do início de um evento ou processo devido uma fila ou

outra condição desfavorável.

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60

Figura 30:Modelo EPC simplificado da cadeia de suprimentos do mamão papaia exportado via aeroportos brasileiros.

pedido

interpretação dopedido

plantaçãopropr ia

s uf icient e

pedido

produção no campo ponto decolheita

colheita

pedido

ponto decolheita colheitaprodução no campo

chegada do

produt os

pedido

não

sim

sim

não

Seleçãoao mercado

processopos-colheit

a

processopós-colheitarefrigerado

EUA

Europa

análiselaboratorial

reprovado

aprovado

armazenamentofrigorificado

carregamento do

cam inhão emdoc a

ref r igerada

baúrefr ig erado

perdade valor

manutenção do

valor

transporterodoviário

terminalde

ex port aç ão

refrigerado

não

sim

não

sim

perdade v alor

manutenção do

va lor

manuseioconsolidaçãoarmazenagem

embarque

mantemcadeia do fr io

não

sim

w

w

w

perdade valor

manutenção do

va lor

carregamento doavião apron

handling

aviãocarrega

do

w

mantem acadeia do fr io

manutenção do

valor

perdade valorsim não

w

transporte aéreo

recebimentodo pedido

Gerapedido

importador

produtor rural

Exportadora de frutas

transportador rodoviário

aeroporto

cia aérea

6 horas12 horas 16 horas 2 horas 2 horas 12 horas

tempo

local

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61

3.4.3 Modelo para Aplicação da Metodologia CCQI.

A partir da representação dos processos logísticos da cadeia de suprimento do mamão papaia

através do modelo EPC, determinaram-se seis processos onde a preocupação em manter a

cadeia do frio pode afetar o desempenho do sistema logístico, através da manutenção do valor

agregado ao produto, como segue:

Processo 1 - Refrigeração durante o processamento de pós-colheita no packing house, em

especial os processos de embalagem, paletização e translado às câmaras frigoríficas;

Processo 2 - Período de armazenamento em câmaras frigoríficas no packing house, e

embarque em docas refrigeradas;

Processo 3 - Refrigeração durante o transporte rodoviário;

Processo 4- Refrigeração durante o manuseio, consolidação, desembaraço e espera no

terminal de exportação do aeroporto;

Processo 5 - Condicionamento durante o carregamento da aeronave (apron handling), no

aeroporto;

Processo 6 – Condicionamento durante o transporte aéreo.

Assim, o modelo proposto para aplicação da metodologia CCQI, empregado para a avaliação

dos principais elos participantes da cadeia logística da exportação via aérea de papaia está

exposto no quadro abaixo:

Ator Processo Tabela-Mestre Exportadora de frutas Processamento de pós-colheita

(embalagem e paletização); Armazenagem de curto prazo;

Exportadora de frutas Armazenamento em câmara frigorífica;

Armazenamento de longo prazo (>24h);

Transportador rodoviário / Exportadora de frutas

Transporte rodoviário; Transporte em caminhões;

Aeroporto/ Cia aérea Manuseio, consolidação, desembaraço e espera no terminal de exportação;

Armazenagem de curto prazo;

Aeroporto / Cia de Handling Carregamento da aeronave; Apron Handling em aeroportos; Cia aérea Transporte aéreo Transporte em aeronaves; Seguindo o modelo proposto para avaliação da cadeia do frio, foi encaminhado um único

conjunto de questionários, composto pelas tabelas-mestre apropriadas, ao responsável pela

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62

logística de cada organização que representa os atores integrantes dos elos da cadeia de

exportação do mamão papaia brasileiro. Cada companhia aérea participante foi representada

por um piloto integrante de seus quadros, com experiência no transporte de carga, os quais

forneceram as respostas ao questionário.

Obteve-se a participação das seguintes instituições através de e-mail, fax ou contato

telefônico:

• Exportadora de frutas – Tabelas-mestre: armazenagem de curto prazo;

Armazenamento de longo prazo (>24h); Transporte em caminhões;

Caliman Agrícola S/A.

Gaia Importação e Exportação Ltda.

Para a aplicação nas exportadoras de frutas, a pesquisa envolveu três questionários:

A “tabela-mestre armazenamento de curto prazo” avaliando o processamento de pós-colheita

no packing house, em especial os processos de embalagem, paletização e traslado às câmaras

frigoríficas.

A “tabela-mestre armazenamento de longo prazo (>24h)” avaliando período de

armazenamento em câmaras frigoríficas no packing house, e embarque em docas refrigeradas;

A “tabela-mestre transporte em caminhões”, avaliou os equipamentos usados no transporte e o

comprometimento do pessoal envolvido, com a manutenção da cadeia do frio, quando o

produtor é o próprio transportador.

As empresas participantes da pesquisa são as maiores do Brasil. Sendo as principais

exportadoras dentre um conjunto de 5 empresas que juntas realizam 85 por cento das

exportações de mamão papaia brasileiro.

• Transportador rodoviário- Tabela-mestre: Transporte em caminhões;

Rodoviário Schio Ltda

Martin Brower Comércio, Transporte e Serviços Ltda

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Para as transportadoras especializadas em carga frigorificada, que ofertam frete de retorno, foi

aplicada a “tabela-mestre transporte em caminhões” composta por um conjunto de questões

que buscam avaliar os equipamentos usados no transporte e o comprometimento do pessoal

envolvido, com a manutenção da cadeia do frio durante o transporte.

As empresas selecionadas que participaram da pesquisa são empresas de destaque nacional e

representam o alto nível de especialização exigido no transporte de carga frigorificada.

• Aeroporto/ Cia aérea – Tabelas-mestre: Armazenagem de curto prazo; Apron

Handling em aeroportos;

VARIG Logística S/A – Gerência de logística do Galeão.

Infraero - Gerência de logística dos seguintes aeroportos internacionais:

Fortaleza; Natal; Recife; Salvador; Rio de Janeiro; Viracopos; Guarulhos.

Para a aplicação nos aeroportos, a pesquisa foi dividida em dois questionários:

1- A “tabela-mestre armazenamento de curto prazo", estuda o desempenho da cadeia do frio

nos locais destinados ao manuseio da carga, envolvendo: descarregamento dos caminhões,

formação dos paletes aéreos, e local de armazenamento enquanto aguarda a chegada da

autorização de embarque.

2-A “tabela-mestre área de Aproximação de aeronaves", visa avaliar a preservação da cadeia

do frio durante transporte da carga do terminal até a aeronave, e sobre a infra-estrutura da área

de aproximação da aeronave.

As empresas participantes são as maiores do setor. A Infraero dirige os terminais de carga

aérea de exportação de todos os aeroportos analisados, exceção feita ao do Galeão.

No Aeroporto do Galeão, a Infraero não tem envolvimento com a carga exportada. Nesse

aeroporto, a Varig Logística é a responsável pelo manuseio de aproximadamente 60 por cento

da carga aérea exportada, segundo informações da gerência de logística de carga desse

aeroporto.

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• Cia aérea – Tabela-mestre: Transporte em aeronaves;

TAM Linhas Aéreas S/A;

VARIG Viação Aérea Riograndense.

Para aplicação nas companhias aéreas, foi utilizada a “tabela-mestre transporte em aeronaves”

composta por questões que procuram avaliar os procedimentos de informação, e treinamento

oferecidos aos pilotos e load masters (profissonal responsável pela alocação da carga nos

porões das aeronaves), e também informações sobre a refrigeração da carga em aeronaves.

Segundo dados do Anuário estatístico do DAC, a Varig, transportou 33 % da carga aérea com

origem no Brasil e destino ao exterior no ano de 2003. Sendo a empresa mais representativa

nessa atividade, nesse ano. A TAM transportou 2 % da carga.

3.4.4 Apresentação dos resultados obtidos.

A fim de avaliar a capacidade e o desempenho dos processos logísticos orientados para

exportação de produtos perecíveis termicamente sensíveis, realizados pelos agentes

envolvidos no transporte aéreo, buscou-se identificar impedâncias, verificando o grau de

comprometimento com a manutenção da cadeia do frio, e analisar suas capacidades

confrontadas com o desempenho dos demais componentes da cadeia logística de exportação

por via aérea de mamão papaia.

Todas as tabelas-mestre enviadas e respondidas pelas organizações, que serviram de base para

a elaboração das Tabelas 16 e 17, estão organizadas e disponíveis para consulta no Anexo I.

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65

Tabela 16: A capacidade volumétrica para armazenamento refrigerado disponível.

EXPORTADORES DE FRUTAS Capacidade de armazenamento refrigerado

Caliman Gaia

m3 m3

960 2163

VEÍCULOS DE TRANSPORTE DE LONGA DISTÂNCIA Número de veículos ofertados, que possuem capacidade de refrigeração do compartimento de carga.

Transportadores

Caliman MB Brasil Schio

3 conjuntos cavalos/carretas 67 (cavalo/carreta), 1 bi-trem, 19 trucks e

1 veículo leve de carga. 360 cavalos/carretas, e 150 trucks

Capacidade de carga individual desses veículos

4 posições ou 14 toneladas 4 posições ou 14 ton.; 8 posições ou 24

ton.; e 2 posições ou 7 ton. 4 posições ou 14 ton.; e

2 posições ou 7 ton. Obs:Cada carreta leva 4 posições ou 14 toneladas e cada truck (caminhão trucado, com terceiro eixo) leva 2 posições ou 7 toneladas de papaia. Uma posição = 11,7m3 INSTALAÇÃO DE ARMAZENAGEM E MANUSEIO DOS AEROPORTOS Existe área refrigerada disponível para exportação.

INFRAERO Varig Log

Fortaleza Natal Recife Salvador Galeão Viracopos Guarulhos Galeão

sim sim não Misto não sim não sim

flores peixe Exportação

A capacidade de armazenamento refrigerado para exportação

m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3

700 70 0 34,09 0 55 0 120

6 P1P 10 P1P

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66

Tabela 17: Sumário dos Resultados obtidos através da metodologia proposta pelo CCQI

Packing House - Instalações para armazenagem de curto período (menos de 24h) pontos Caliman Gaia

Total 100 97 95

Packing House - Instalações para armazenagem de longo prazo (mais de 24h) pontos Caliman Gaia

Total 100 89 90

Transporte Rodoviário - veículos de transporte de longa distância Transportadores

pontos Caliman MB

Brasil Schio

Total 100 74 81 98

Terminal de exportação aérea INFRAERO Varig Log

Instalações para armazenagem de curto período (menos de 24h) pontos Fortaleza Natal Recife Salvador Galeão Viracopos Guarulhos Galeão

Total 100 52 40 12 53 0 51 14 74

Área de aproximação de aeronaves - Apron Handle

pontos Fortaleza Natal Recife Salvador Galeão Viracopos Guarulhos

Total 100 44 43 32 37 50 43 43

Transporte em aeronaves Cias Aéreas

pontos VARIG TAM

Total 100 70 70

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67

3.4.5 Observações complementares.

Tendo adotado aplicação da metodologia da proposta pelo CCQI como base para os critérios

de avaliação de desempenho da cadeia do frio, pode-se fazer as seguintes observações que

complementam a composição do cenário da exportação via aérea de mamão papaia:

3.4.5.1 Atividades de embalagem, unitização e armazenagem no Packing House- Processos 1

e 2;

A elevada pontuação obtida pelos processos executados pelas exportadoras de frutas, denota a

grande preocupação com a preservação da cadeia do frio. O mamão é embalado e paletizado

em ambiente com refrigeração adequada. Existem câmaras frigoríficas adequadas e

suficientes para o estoque temporário do produto. O estoque é inventariado e sendo aplicada a

técnica do primeiro que entra é o primeiro que sai, e quando algum palete está próximo a

ultrapassar o prazo previsto para exportação, é desviado para consumo no mercado interno.

As docas para carregamento dos caminhões são refrigeradas, e os baús dos caminhões

acoplam-se às portas de saída para evitar a troca de calor com o ambiente externo.

Existe uma grande preocupação da indústria do transporte de perecíveis quanto ao elemento

refrigerante empregado no equipamento de refrigeração, pois o uso de refrigerantes

considerados não seguros, como a amônia, pode, em caso de vazamentos, contaminar os

produtos. As exportadoras de frutas declararam usar refrigerante seguro em suas instalações

frigoríficas,

Como processam em suas instalações apenas um tipo de produto, o mamão papaia, a faixa de

temperatura de condicionamento é estreita de 10 a 12 graus Celsius. A fim de evitar a

variação da temperatura, as exportadoras de frutas possuem geradores de energia para o caso

de interrupção no fornecimento por parte da concessionária. Fazem uso de termógrafos e

termômetros montados na instalação para acompanhar e registrar a temperatura de

armazenamento ao longo do tempo.

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As exportadoras de frutas, no papel de detentoras da propriedade do produto ao longo dos

processos logísticos de exportação de mamão papaia, são as principais fomentadoras dos

programas de qualidade voltados à preservação da cadeia do frio.

Estas empresas realizam programas de treinamentos e instruções voltados para a capacitação

de seus funcionários e colaboradores, bem como realizam investimentos em equipamentos,

como termômetros portáteis e termógrafos. Mais além, as exportadoras possuem laboratórios

para testar e fazer o acompanhamento dos frutos, garantindo sua rastreabilidade.

3.4.5.2 Transporte rodoviário refrigerado e suas características - Processo 3;

O transporte frigorificado de frutos vem assumindo um caráter muito profissional ao longo

dos anos. A conscientização dos transportadores da importância da preservação da cadeia do

frio durante o trajeto vem ganhando espaço. As atitudes de desrespeito com a cadeia do frio,

como o desligamento dos equipamentos frigoríficos para economizar combustível, não

ocorrem mais.

Atualmente as empresas de transporte possuem alto grau de comprometimento com a cadeia

do frio, conforme comprova a elevada pontuação auferida pela metodologia. São altos os

investimentos: em veículos de transporte, garantido oferta de frete suficiente, em

equipamentos de refrigeração e termometria, e no treinamento de motoristas e auxiliares. Tal

preocupação com a cadeia do frio se reflete no comprometimento de parte da receita bruta do

frete com a temperatura e o estado da fruta no ponto de destino.

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3.4.5.3 Atividades no terminal de exportação aérea e área de aproximação de aeronaves -

Processos 4 e 5;

De forma geral, nenhum aeroporto brasileiro oferece condições adequadas para exportação de

produtos perecíveis termicamente sensíveis, como o mamão papaia, quando analisado sob a

ótica da manutenção da cadeia do frio.

Porém, não existe uniformidade nas características das instalações disponíveis nos aeroportos

pesquisados.

O aeroporto de Fortaleza possui 700 m3 de volume de armazenamento frigorificado, porém tal

espaço é reservado para exportação de flores.

O aeroporto de Natal oferece 70 m3 de câmara frigorífica para carga já paletizada em

equipamento aeronáutico, comportando 6 paletes aéreos. Porém, em geral, o ambiente

frigorificado é utilizado para a exportação de pescado resfriado, que representa o principal

produto perecível de exportação que utiliza o aeroporto.

Salvador apresenta duas pequenas câmaras frigoríficas de 16,03 m3 que são compartilhadas

com o setor de exportação.

Recife e Guarulhos não dispõem de câmara frigorífica para exportação.

O Galeão, no Rio de Janeiro, não dispõe de terminal de exportação. Ou seja, em nenhum

momento a autoridade aeroportuária, a Infraero, se torna responsável por qualquer tipo de

carga com destino a exportação. Desta forma, a carga de exportação é encaminhada aos

terminais das próprias companhias aéreas. No caso do Rio de Janeiro, foi avaliado o terminal

da Varig Log. Sendo o maior operador logístico daquele aeroporto, oferece 120 m3 de

câmaras frigoríficas, que comportam até 10 paletes aéreos. Este foi o único terminal de

exportação, envolvido na pesquisa, que oferece condições adequadas, sob a ótica da cadeia do

frio, para exportação de produtos termicamente sensíveis.

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Viracopos, em Campinas, dispõe de um container marítimo frigorificado de 55 m3 , que pode

ser usado como câmara frigorífica pelos exportadores mediante programação. Porém, em abril

de 2005 aguardava a inauguração de novas e modernas instalações frigoríficas com grande

porte.

- Equipamentos e manuseio no terminal de exportação e área de aproximação das aeronaves.

Para que uma mercadoria seja exportada através dos aeroportos administrados pela Infraero,

exceto o Galeão, o exportador, deve providenciar o envio da carga ao terminal de exportação

acompanhado da documentação do Siscomex e do conhecimento de carga aérea (AWB).

A companhia aérea informa a Infraero como deve ser feito o acondicionamento, e a unitização

da carga em equipamento aeronáutico adequando ao porão da aeronave que realizará o

transporte.

A Infraero deixa sob a responsabilidade do despachante de carga, a verificação da condição da

carga, sua temperatura e estado antes de passar a ser a depositária da carga.

A carga deve aguardar que o despachante desembarace os documentos junto à Receita

Federal, e Ministério da Agricultura, provando satisfazer os requisitos sanitários, e comprovar

os pagamentos das tarifas de exportação e o recolhimento da tarifa de armazenagem no

aeroporto. A partir de então a carga fica liberada para o embarque.

A companhia aérea providencia a programação do embarque da carga, indicando qual carga

deverá ser embarcada em cada vôo, através do manifesto de embarque.

O prestador de serviço de handling, traz a documentação necessária para a liberação da carga

que será embarcada. Nesse ponto a carga passa para a responsabilidade da empresa de

handling, que através de dollies (carrinhos) abertos , transportam a carga para ser embarcada

nas aeronaves por meio de equipamentos especiais chamados loaders.

No que tange à exportação de mamão papaia, as atividades aeroportuárias acima descritas

ocorrem em temperatura ambiente, sem nenhum controle térmico, tanto de climatização,

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quanto de medição ou acompanhamento do estado da carga. Não existe espaço climatizado

nos terminais de exportação para o manuseio e consolidação da carga, nem termômetros

portáteis para uso dos funcionários.

A administradora aeroportuária, vende seus serviços procurando oferecer como vantagem

competitiva a coordenação entre os agentes logísticos envolvidos na exportação, resultando na

redução do tempo de exposição à temperatura ambiente. Assim um limite de tempo é

estabelecido, em geral de 6 a 12 horas antes da confirmação do embarque, como o prazo

máximo para que a mercadoria adentre o terminal de exportação. Na tentativa de amenizar os

efeitos da falha na cadeia do frio, são oferecidas tomadas elétricas, na tensão de 380V, para

que sejam conectados os equipamentos de refrigeração dos transportadores rodoviários, que

somente poderão deixar a área da plataforma do terminal de exportação após a saída do vôo.

A retenção do transportador rodoviário é parte das medidas de contingência adotadas pela

Infraero. Pois como a capacidade de refrigeração no terminal de exportação é muito limitada,

ou não existe, quando da impossibilidade da carga seguir ao destino conforme o programado,

ela deve voltar aos compartimentos refrigerados dos veículos dos transportadores rodoviários.

Através das IT´s , Instruções de Trabalho, os funcionários que lidam diretamente com a carga

recebem algum tipo de instrução sobre cargas perecíveis. Porém, tais instruções são muito

influenciadas pelo Anexo 18 da ICAO, que trata de cargas perigosas e contaminantes.

- As Tarifas Aeroportuárias de Armazenagem e de Capatazia, sobre cargas a serem

exportadas;

Toda carga que adentra o terminal de exportação da Infraero deve pagar uma taxa pelos

serviços aeroportuários prestados, conforme a Tabela 18 vista mais a diante. A Tarifa,

definida no Inciso IX, do Art. 2º da Portaria No 18/GC-2, DE 14/01/2000 , não abrange os

serviços de:

I - carregamento e/ou descarregamento de aeronaves e outros veículos;

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II - transporte de cargas entre a aeronave e o TECA e vice e versa;

III - ovação e/ou desova de contêineres; e

IV - paletização e/ou despaletização de carga.

Com exceção do aeroporto do Galeão, onde a Infraero não dispõe de terminal de exportação

de carga, todos os demais aeroportos pesquisados cobram esta taxa.

Tabela 18: Valor cumulativo das tarifas de armazenagem e capatazia de carga a ser exportada.

PERÍODOS DE ARMAZENAGEM SOBRE O PESO BRUTO VERIFICADO1º - Até o 2º dia US$ 0.02 por quilograma 2º - A partir do 3º dia, por dia US$ 0.02 por quilograma

OBS. : 1 - Cobrança mínima: US$ 10.00 (dez dólares); 2 - Os valores são cumulativos; 3 - Acréscimo de 20% (vinte por cento) para a carga frigorificada, animal vivo, planta e semente; e 4 - Acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) para a carga radioativa, inflamável, explosiva, corrosiva, assim como aquelas nocivas à saúde.

Fonte: PORTARIA No 18/GC-2, DE 14/01/2000.

A Tabela 18 ilustra a portaria que regula a cobrança. Tal portaria determina que quando a

natureza da carga exigir cuidados ou instalações especiais, os preços das Tarifas de

Armazenagem e de Capatazia serão acrescidos de 20% (vinte por cento), para a carga

frigorificada, animal vivo, planta e semente, e de 50% (cinqüenta por cento), para a carga

radioativa, inflamável, explosiva, corrosiva, assim como aquelas nocivas à saúde.

E ainda, o Artigo 16 da mesma portaria determina que o Adicional de Tarifa Aeroportuária -

ATAERO, criada pela Lei 7.920, de 12 de dezembro de 1989, com percentual estipulado em

50% (cinqüenta por cento), incida sobre as Tarifas Aeroportuárias de Armazenagem e de

Capatazia.

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73

3.4.5.4 Atividades do transportador aéreo – Processo;

De forma geral, as companhias aéreas demonstraram estar capacitadas, sob a ótica da cadeia

do frio, para o transporte de mamão papaia.

Os paletes aéreos são os principais equipamentos aeronáuticos usados no acondicionamento

da maioria dos produtos perecíveis e toda a carga de mamão papaia é acondicionada nesse

equipamento. Porém uma superior proteção ao produto durante o transporte aéreo poderá ser

obtido através de uso de contentores isotérmicos que são construídos de tal forma que suas

estruturas se adaptem perfeitamente ao contorno interno dos aviões, e ou contentores

refrigerados mecanicamente ou funcionando a base de gelo seco.

Porém, foi constatado na pesquisa, que mesmo em aeronaves dotadas de controle da

temperatura nos porões, não são informados aos comandantes, qual a temperatura ideal para o

transporte dos produtos perecíveis embarcados. Tal comunicação ocorre apenas quando existe

algum animal vivo nos porões de carga.

A logística de transporte de perecíveis, empregada pelas companhias aéreas, adota o tempo de

transporte como variável de controle. Sendo a temperatura da carga, normalmente, não

controlada.

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74

4 AVALIAÇÃO DAS FONTES DE INCERTEZAS PRESENTES NO CENÁRIO DA

CADEIA LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO POR VIA AÉREA DO MAMÃO PAPAIA

BRASILEIRO.

Esse capítulo dedica-se a análise das incertezas internas ao cenário que descreve a cadeia

logística de exportação aérea do mamão papaia. Para tanto faz uso das ferramentas de análise

de cadeias de suprimentos de alimentos propostas em Van der Vorst (2000).

Sua aplicação permite a determinação e a análise das principais fontes de incertezas presentes

na cadeia logística em questão.

4.1 Incertezas na cadeia de exportação.

As fontes de incertezas podem ser vistas como as variáveis logísticas de decisão. E são as

incertezas que impedem que o desempenho da cadeia logística seja ótimo.

Incertezas inerentes ao produto.

Algumas fontes de incertezas são inerentes ao produto, fazem parte de sua natureza, não

podem ser eliminadas, e acabam por influenciar o comportamento das demais variáveis

atuando como condições de contorno.

No caso do mamão papaia, as fontes mais relevantes de incerteza inerente ao produto são:

- Alto grau de perecibilidade, com muita sensibilidade à variação de temperatura;

- Fragilidade do produto – estragos causados por danos mecânicos;

- Variações biológicas em virtude de localização (solo) e clima favoráveis, e fatores aleatórios

como variações climáticas, e pragas.

- Riscos de contaminações - perigos biológicos e químicos; contaminação cruzada por etileno.

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75

4.2 Verificação das fontes de Incertezas internas aos processos logísticos envolvidos na

exportação via aérea de mamão papaia.

A literatura de referência, Van der Vorst (2000), distingue quatro tipos dominantes de

incertezas internas à cadeia de suprimentos de alimentos perecíveis, as quais são influenciadas

por três aspectos principais: quantidade, qualidade, tempo.

1) A incerteza de suprimento- relacionada à aquisição dos materiais, e entrega in natura no

packing house para serem processados;

2) A incerteza de distribuição/logistica- relacionada às exigências do cliente. Refere-se à

combinação entre as características da demanda e as características do produtos;

3) A incerteza de processos- relacionada ao sistema de produção;

4) a incerteza do planejamento e controle- relacionada às estruturas de planejamento e de

comunicação.

Neste ponto cabe reafirmar que o objetivo deste trabalho é analisar apenas os processos

associados à logística de exportação do mamão papaia através dos aeroportos brasileiros.

Desta forma, não faz parte do escopo deste estudo verificar toda a cadeia de suprimento do

mamão papaia. Por tanto, o foco da análise será dirigido apenas às fontes oriundas da

incerteza de distribuição e logística.

Tendo ao fundo o cenário da exportação por via aérea do mamão papaia, que foi construído ao

longo do Capítulo III, a partir da construção da Tabela 19 onde são relacionadas as incertezas

versus os aspectos de quantidade, qualidade e tempo, chega se à identificação das principais

fontes de incertezas internas ao processos logísticos e de distribuição.

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76

Incerteza/Aspecto Quantidade Qualidade Tempo Fontes de incerteza Suprimentos(aquisição) A quantidade dos

produtos disponíneis no packing house é suficiente para atender aos pedidos?

A qualidade dos produtos disponíneis no packing house é adequada para atender requisitos dos pedidos?

Os produtos chegarão a tempo ao packing house para atender os pedidos?

-Disponibilidade de frutos para atender a demanda; -Distância dos produtores rurais ; -Custo de aquisição/plantio do fruto; -Variabilidade da qualidade do fruto; -Desconhecimento da quantidade que será pedida pelo cliente;

Distribuição / logística de exportação via aérea;

A quantidade de produto no estádio de maturação que será possível ser entregue está de acordo com o requisitado no pedido?

A qualidade do produto entregue ao cliente corresponde à requerida no pedido?

Estarão os produtos sendo armazenados adequadamente preservando sua qualidade?

Os prazos de entrega requeridos serão suficientes para a entrega do produto especificado pelo modal escolhido?

-Distância dos packing house aos pontos de embarque internacional; -Condições da malha rodoviária disponível; -Oferta ou diponibilidade de armazenagem em ambiente refrigerado; -Oferta de transporte rodoviário refrigerado e suas características; -Oferta de transporte aéreo internacional e suas características; -Disponibilidade de infra-estrutura aeroportuária comprometida com a cadeia do frio; -Comprometimento dos operadores logísticos com a cadeia do frio;

Processo Poderá ser processados

no packing house a quantidade de produtos suficientes para atender ao pedido?

Poderá ser os produtos processados obtendo a qualidade requerida pelo pedido?

Os produtos poderão ser processados pelo packing house a tempo de cumprir o requisito do pedido.

-Variabilidade no frutos vindos de fornecedores diferentes; -Diferença na percepção do fruto por parte dos selecionadores humanos -Rendimento no processamento de frutas (frutas/hora) no packing house limitado pelo tratamento fitossanitário e pré-refrigeração; -Stress sofrido pela fruta durante os processos pós-colheita (fitossanitário e pré-refrigeração);

Planejamento e controle

A seqüência planejada de quantidades de produtos a ser entregue ao packing house pode ser alterada devido à pressa em outros pedidos?

É possível saber a quantidade de produto sendo processado no packing house para atender cada pedido?

É possível ter controle sobre a qualidade dos produtos que estão sendo processados para cada cliente.

As informações recebidas , de modo interpessoal ou automatizadas, estão corretas?

Ocorre demora para que as informações sobre os pedidos cheguem ao setores responsáveis por seu atendimento?

Ocorre demora para se resolver como o pedido será atendido?

As informações sobre alterações nos pedidos são distribuídas a tempo?

- Recebimento de pedidos de ultima hora (urgência); -Conhecimento do status do pedido (ciência sobre o andamento do pedido); -Correta compreensão dos pedidos e ordens de controle; -Tempo necessário para que o pedido se transforme em ordem de produção;

Tabela 19 : incertezas da cadeia de suprimento do mamão papaia para exportação e suas principais fontes.

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77

4.3 Indicadores de desempenho.

Os indicadores de desempenho são usados para avaliar as dimensões mais críticas que

contribuem mais diretamente para o sucesso ou fracasso da atividade de exportação do papaia

brasileiro.

O uso de indicadores chave de desempenho (KPIs - Key Performance Indicators) constitui

pratica comum na análise de eficiência de um sistema ou processo. Seguindo a literatura de

referência, Van de Vorst (2000), foi adotado o uso dos indicadores mostrados na Tabela 20

para analisar o efeito das fontes de incerteza sobre a performance da cadeia logística

associada à exportação de papaia.

Tabela 20: Indicadores Chave de Desempenho (KPI) . Indicador de desempenho Explicação Disponibilidade do produto na prateleira Evitar desabastecimento de produto; Qualidade do produto Vida útil restante do produto (tempo de prateleira), na condição

requerida para consumo; Tempo de Resposta Tempo de ciclo do pedido. Desde a solicitação até a entrega do

pedido. Flexibilidade; Responsabilidade (confiabilidade na entrega) Manter os prazos e as quantidades requeridas no pedido; Custo total Soma dos custos totais da logística de distribuição do produto;

4.4 Avaliação das fontes de incertezas presentes na cadeia logística de exportação, por

via aérea, do mamão papaia brasileiro.

A partir da construção da Tabela 19 onde foram relacionadas as incertezas versus os aspectos

de quantidade, qualidade e tempo, foi possível identificar as principais fontes de incertezas.

Essas fontes de incertezas, que podem representar impedâncias aos processos logísticos

envolvidos na exportação via aérea de papaia, devem ser avaliadas através do uso dos

indicadores de desempenho citados.

As fontes de incertezas que sensibilizarem negativamente os KPIs serão vistas como as

primeiras candidatas a um processo de redesenho, devendo ser objeto de estudo para

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78

minimizar seus efeitos, a fim de reduzir os gargalos de desempenho do sistema logístico em

questão.

A seguinte legenda será usada para organizar a classificação dos impactos sobre a cadeia:

+ impacto positivo sobre a cadeia de suprimento;

0 nenhum impacto sobre a cadeia de suprimento;

- impacto negativo sobre a cadeia de suprimento;

? impacto desconhecido sobre a cadeia de suprimento;

Contudo, é preciso lembrar que a exata medida em que as fontes de incertezas afetam a

logística de exportação só poderiam ser estabelecidas por uma análise quantitativa. Porém, tal

análise apenas será possível quando houver condições que permitam uma integração mais

estreita com os participantes da cadeia.

4.4.1 Avaliação da fontes de incerteza inerentes às atividades de embalagem, unitização e

armazenagem no Packing House - Processos 1 e 2.

a)Distância dos packing house aos pontos de embarque internacional;

A localização geográfica dos packing house estão sujeitos às condições de solo, clima, e

fitosanitárias que atendem a produção do mamão. Assim, a região de Linhares, no norte do

Espírito Santo atende a esses requisitos, porém esta distante mais de 600 quilômetros do

aeroporto internacional mais próximo, o Galeão, no Rio de Janeiro. Instalados no final de

2000, em Natal, no Rio Grande do Norte, novos packing houses, foram estrategicamente

localizados para facilitar a logística de exportação marítima do mamão, aproveitando-se das

propriedades agrícolas favoráveis.

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79

b) Oferta ou disponibilidade de armazenagem e manipulação da carga em ambiente

refrigerado;

As condições de armazenamento, a capacidade volumétrica das câmaras frigoríficas e a

manipulação dos produtos nos packing house são adequadas para preservação das

características comerciais do mamão, conforme verificado nas Tabelas 16 e 17.

c) Comprometimento organizacional com PPTS -com o fornecimento de instruções,

equipamento e treinamento ao pessoal envolvido.

Foi verificado que existe um forte comprometimento com a manutenção da qualidade e da

cadeia do frio nas atividades que ocorrem nos packing houses, capacitando seus quadros de

funcionários através da realização de treinamentos e aparelhamento adequado. O que é

comprovado pela obtenção de selos de qualidade como: EUREGAP que traduz a

responsabilidade com as Normas para Boas Práticas Agrícolas definidas pela comunidade

européia; ISO 9001 e 14001 (normas das séries ISO 9000 e ISO 14000), visando a Qualidade

para o cliente e a minimização de impactos ambientais; o selo do IBD (Instituto

BioDinâmico) que atesta o compromisso com produtos orgânicos.

Tabela 21: Avaliação das fontes de incertezas inerentes às atividades de embalagem, unitização e armazenamento no Packing House. Fontes de incerteza / KPI

Dis

poni

bilid

ade

Qua

lidad

e

Tem

po d

e R

espo

sta

Con

fiabi

lidad

e na

en

trega

Cus

to to

tal

Fontes de incerteza inerentes às atividades de embalagem, unitização e armazenagem no Packing House:

Distância dos packing house aos pontos de embarque internacional.

- - - - -

Oferta ou disponibilidade de armazenagem e manipulação da carga em ambiente refrigerado.

+ + + + -

Comprometimento organizacional com PPTS -com o fornecimento de instruções, equipamento e treinamento ao pessoal envolvido.

+ + + + -

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80

4.4.2 – Avaliação das fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte rodoviário

refrigerado e suas características- Processo 3.

a) Condições da malha rodoviária disponível;

A Tabela 22 ilustra a pesquisa realizada pela Cepea/Esalq-USP publicada na edição de abril

de 2004 pela revista Hortifruti Brasil, onde foram determinadas quais as principais vias de

acesso de produtos agro industriais e quais as condições dessas estradas. O mesmo estudo

aponta que, no futuro, a BR - 101 e a BR -116 podem não comportar adequadamente o

escoamento da oferta da fruticultura irrigada do nordeste em direção às grandes capitais do

sudeste.

Tabela 22: Classificação das estradas brasileiras. Produto Origem Estrada Principal Nota Banana Miracatu - SP Br- 116/ Rod. Regis Bittencout 2 Cebola Irecê – BA Br- 116 1 Mamão Itabela -BA Br- 101 1 Melão Mossoró - RN Br- 101 1 Tomate Caçador -SC Br- 101 2

Uva Petrolina PE /Juazeiro-BA Br- 116 1 Manga Petrolina PE /Juazeiro-BA Br- 116 1,5 Batata Pouso Alegre - MG Rod Fernão Dias 2,5

Classificação das Estradas: Nota 1 - Estrutura precária: a estrada não é totalmente asfaltada e possui trechos com muitos buracos, atrasando a viagem em até um dia em comparação ao trajeto em vias de boa qualidade. Nota 2 - Estrutura baixa: buracos, pouco acostamento, postos policiais insuficientes para garantir a segurança, nenhuma iluminação e sinalização limitada. Nota 3 - Estrutura média: apesar dos poucos buracos, a segurança é precária e a iluminação deixa a desejar. Mais da metade do trajeto possui pista dupla. Nota 4 - Estrutura média/elevada: nenhum buraco, porém com asfalto irregular em alguns trechos e pouca segurança. A maior parte do percurso é feita em pista dupla e a sinalização é boa. Nota 5 - Estrutura elevada: ótima qualidade de asfalto e pista totalmente duplicada; boa segurança e excelente iluminação. Fonte: HORTIFRUTI BRASIL - ABRIL/2004

Assim, a má qualidade das rodovias eleva os custos de frete e as perdas do setor de frutas,

principalmente em função de atrasos na entrega. De fato, o prolongamento da duração da

viagem reduz o tempo de prateleira do produto e prejudica a manutenção da regularidade da

entrega do produto, interferindo no planejamento das vendas.

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81

b) Oferta de frete rodoviário ao ponto de embarque internacional;

Embora menos de 10% do total de hortifrutícolas seja transportado em ambiente refrigerado

(Silva et al, 2004), existe oferta suficiente de frete frigorificado retornando do nordeste com

destino à região sudeste e sul. Essa carga de retorno se deve a produtos industrializados de

laticínios e embutidos refrigerados que são produzidos nas regiões sul e sudeste e que são

levados à comercialização nas regiões norte.

Assim, a preferência pela terceirização do transporte do mamão ocorre em função dos altos

custos envolvidos na conservação da frota (estrutura adequada, manutenção do caminhão,

impostos), e às despesas com mão-de-obra.

Em geral, o preço do frete frigorificado é 15% superior ao de carga seca (Schio, 2005).

Porém, em virtude dos ganhos em escala, quanto maior a distância, menor o preço do frete por

quilometro rodado. Contudo, existem limitações, pois não se pode perder de vista que quanto

maior a distância percorrida, principalmente em condições precárias, maiores serão os gastos

indiretos como o desgaste do caminhão e a segurança do produto e do condutor, limitando o

preço do frete.

É importante ressaltar que para utilizar-se dos benefícios de usar carga de retorno, os

exportadores de mamão passaram a sofrer com a falta da infra-estrutura aeroportuária, pois ao

utilizar carga de retorno, onde os baús refrigerados das carretas normais não dispõem de

roletes adaptados ao transporte de paletes aeronáuticos, passaram a deixar a unitização da

carga de mamão sobre o equipamento aeronáutico aos cuidados dos terminais de exportação

dos aeroportos, que não dispõem de instalações climatizadas.

c) Comprometimento organizacional do transportador rodoviário com PPTS.

Em geral, as empresas prestadoras de serviços de transporte rodoviário que oferecem frete de

retorno estão adaptadas a atender às normas de qualidade de grandes aglomerados industriais,

que representam marcas como Danone, Sadia, entre outras, a quem atendem prioritariamente.

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82

Assim, estas empresas de transporte estão condicionadas a dedicar especial atenção à

preservação da cadeia do frio.

Tabela 23: Avaliação das fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte rodoviário refrigerado. Fontes de incerteza / KPI

Dis

poni

bilid

ade

Qua

lidad

e

Tem

po d

e R

espo

sta

Con

fiabi

lidad

e na

en

trega

Cus

to to

tal

Fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte rodoviário refrigerado e suas características

Condições da malha rodoviária disponível. - - - - -

Oferta de frete rodoviário ao ponto de embarque internacional. + + + + -

Comprometimento organizacional do transportador rodoviário com PPTS.

+ + + + -

4.4.3Avaliação das fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte aéreo

internacional - Processos 4,5 e 6.

a) Desempenho do transporte aéreo internacional;

O desempenho é o resultado de uma função subjetiva da associação do valor do frete e de

aspectos técnicos pertinentes ao modal de transporte.

A redução do tempo do transporte é sem dúvida o fator técnico mais importante no transporte

aéreo do mamão, uma vez que mesmo os vôos intercontinentais completam-se em questões de

horas.

Porém, a estrutura tarifária constitui-se, aparentemente, na principal barreira à utilização do

modal aéreo, em virtude da baixa densidade de valor do mamão papaia.

b) Oferta de transporte aéreo internacional em unidades aeroportuárias;

Vários parecem ser os aspectos da oferta de transporte aéreo internacional que afetam a

demanda por este modal quando se trata de produtos perecíveis.

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83

c) Volume total de carga aérea ofertado pelo aeroporto;

O tamanho da oferta é resultado da combinação da freqüência de partidas internacionais com

a composição da oferta de carga, que varia em função do tipo de aeronaves: cargueiras ou

mistas.

- Freqüência de vôos; A elevada perecibilidade da fruta exige alta freqüência de envios,

valendo-se da oferta de partidas diárias para suprir os vários mercados consumidores

internacionais.

- Composição da oferta do frete de carga: aeronaves cargueiras ou mistas;

O crescimento da industria exportadora do mamão papaia esteve associado com o uso de

espaço em porões de carga de aviões de passageiros. A elevada freqüência deste tipo de

operação, a grande variedade de destinos internacionais, e melhores tarifas são os principais

fatores que orientam a demanda para aeronaves mistas. A remuneração pelo transporte aéreo

de vegetais e frutas costuma ser menor que a de outros tipos de carga, o que reduz o interesse

de se transportar esse tipo de carga em aeronaves cargueiras (vide Tabela 08).

Tabela 24 : Freqüência de partidas ao exterior, relacionada com a quantidade de posições de paletes aéreos ofertados semanalmente por aeroporto, na média de 2004.

Aeroporto Oferta Regular Semanal Internacional decolagens ULDs

Guarulhos - SP 302 2.376 Viracopos -SP 48 1.265 Galeão - RJ 151 1.107 Manaus - AM 15 266 Porto Alegre -RS 17 184 Confins - MG 16 152 Curituba -PR 10 100 Belém - PA 4 74 Salvador - BA 9 37 Foz do Iguaçu - PR 7 28 Recife - PE 7 21 Fortaleza - CE 3 9 Natal - RN 1 3

Fonte: Hotran, 2004.

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84

É evidente a possibilidade de uma correlação entre o número de passageiros transportados

com destinos internacionais, com o volume total de carga aérea ofertado pelo aeroporto para o

transporte de mamão. Assim como, uma maior demanda por embarque internacional de carga,

em um aeroporto, tende a atrair maior freqüência de vôos, conforme visto na Tabela 24.

Porém, a elevação da taxa de ocupação do espaço de carga, pode levar a uma redução nos

descontos oferecidos no frete aéreo, dificultando o transporte por via aérea do mamão papaia.

d) Infra estrutura aeroportuária voltada para a manutenção da cadeia do frio;

As falhas na cadeia do frio durante as atividades aeroportuárias afetam negativamente todos

os demais elos da cadeia. A logística de recebimento de carga, baseada no horário

programado de embarque, diminui a agilidade do transporte rodoviário, restringindo a

flexibilidade. E a necessidade de permanecer com os veículos no terminal de exportação por

até 12 horas, ou mais, em caso de atraso, aumenta o custo do frete. A falta de adequados

ambientes refrigerados durante as atividades de consolidação de carga e armazenagem de

curto período comprometem a qualidade do produto, e reduzem seu prazo de validade

comercial, pondo em risco a confiabilidade de toda cadeia logística de exportação do mamão

pela falta de equipamentos e procedimentos de verificação e controle da temperatura da carga

no aeroporto.

e) Tarifas Aeroportuárias de Armazenagem e de Capatazia, sobre cargas exportadas;

Toda carga que adentra o terminal de exportação da Infraero deve pagar uma taxa pelos

serviços aeroportuários prestados. Com exceção do aeroporto do Galeão, todos os demais

aeroportos pesquisados cobram esta taxa, que passa de Us$ 0,03 por kg de mamão exportado,

em abril de 2005.

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85

Tendo em vista a baixa densidade de valor do mamão papaia, a taxa aeroportuária chega a

representar quase 5% do valor do produto, reduzindo sua competitividade no mercado

internacional, sem gerar nenhuma agregação de valor ao consumidor final em virtude da falha

na cadeia do frio.

f) Comprometimento da companhia aérea com a cadeia do frio: O reduzido o tempo de

viagem é a principal vantagem competitiva do transporte aéreo. Porém, algumas falhas no

controle da temperatura durante as atividades desempenhadas pelas companhias aéreas podem

levar à redução da qualidade e do tempo de prateleira do produto.

Tabela 25: Avaliação das fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte aeéreo internacional. Fontes de incerteza / KPI

Dis

poni

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Tem

po d

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Fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte aéreo internacional;

Desempenho do transporte aéreo internacional. + + + + -

Freqüência de vôos. + + + + +

Composição da oferta do frete de carga: aeronaves mistas. + + + + +

Infra estrutura aeroportuária voltada para a manutenção da cadeia do frio.

+ + + + -

Tarifas Aeroportuárias de Armazenagem e de Capatazia, sobre cargas a serem exportadas.

0 0 0 0 -

Comprometimento da companhia aérea com a cadeia do frio. 0 + 0 + ?

4.5 Resumo das avaliações.

A avaliação das fontes de incertezas presentes na cadeia logística de exportação do mamão

papaia através dos aeroportos brasileiros pode ser resumido na Tabela 26, a seguir:

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Tabela 26: Resumo das avaliações

Fontes de incerteza / KPI

Dis

poni

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e

Tem

po d

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espo

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Con

fiabi

lidad

e na

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trega

Cus

to to

tal

Fontes de incerteza inerentes às atividades de embalagem, unitização e armazenagem no Packing House:

Distância dos packing house aos pontos de embarque internacional.

- - - - -

Oferta ou disponibilidade de armazenagem e manipulação da carga em ambiente refrigerado.

+ + + + -

Comprometimento organizacional com PPTS -com o fornecimento de instruções, equipamento e treinamento ao pessoal envolvido.

+ + + + -

Fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte rodoviário refrigerado e suas características:

Condições da malha rodoviária disponível. - - - - -

Oferta de frete rodoviário ao ponto de embarque internacional. + + + + -

Comprometimento organizacional do transportador rodoviário com PPTS.

+ + + + -

Fontes de incerteza inerentes às atividades de transporte aéreo internacional:

Desempenho do transporte aéreo internacional. + + + + -

Freqüência de vôos. + + + + +

Composição da oferta do frete de carga: aeronaves mistas. + + + + +

Infra-estrutura aeroportuária voltada para a manutenção da cadeia do frio.

+ + + + -

Tarifas Aeroportuárias de Armazenagem e de Capatazia, sobre cargas a serem exportadas.

0 0 0 0 -

Comprometimento da companhia aérea com a cadeia do frio. 0 + 0 + ?

Legenda:

+ impacto positivo sobre a cadeia de suprimento;

0 nenhum impacto sobre a cadeia de suprimento;

- impacto negativo sobre a cadeia de suprimento;

? impacto desconhecido sobre a cadeia de suprimento;

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5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

Embora se trate de um tema de estudo relativamente novo, o transporte aéreo de produtos

perecíveis é importante para o fortalecimento do mercado de carga aérea brasileiro, conforme

visto nas Figuras 10 e 11.

Uma parcela do setor agroindustrial da economia brasileira depende da evolução cultural e

tecnológica dos agentes aeronáuticos, que, no momento, estão defasados, conforme ilustram

as Tabelas 16 e 17, em relação às demais instituições comprometidas com a preservação da

cadeia do frio.

Ficou claro, como mostra a Tabela 26, que os benefícios de se investir na infra-estrutura

aeroportuária de cadeia do frio, por si só, não representa a certeza da obtenção de melhores

resultados relacionados ao aumento de demanda. A análise dos indicadores de desempenho,

realizada na Tabela 26, indica que outras fontes de incerteza, também participam de forma

importante na explicação do comportamento da demanda.

Sob o ponto de vista da exportação do mamão papaia, o aeroporto do Galeão, como pôde ser

calculado com base nos dados da Tabela 14, concentrou em 2004 mais de 50% dos envios

deste produto. Assim, em consonância com os resultados estampados nas Tabelas 16 e 17, que

retratam a cadeia do frio, conclui-se que esse é o aeroporto que atualmente reúne as condições

mais favoráveis para a exportação do mamão papaia, agregando mais valor ao produto

exportado para o consumidor final.

O principal gargalo às exportações por via aérea de mamão papaia na atualidade, pode ser

representado pela Figura 08, que descreve a redução dos descontos concedidos pelas

companhias ao frete aéreo do mamão.

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O desenvolvimento do mercado de perecíveis aponta novas oportunidades no futuro. Pode-se

citar, por exemplo, a crescente demanda por produtos frescos prontos para o consumo, pré-

embalados com alta agregação de valor, que pode fortalecer o mercado exportador que

abastece o hemisfério norte.

Para que o crescimento da carga aérea perecível seja sustentável, faz-se necessário apressar o

desenvolvimento de novos conhecimentos e técnicas. O uso da inovação tecnológica a serviço

da manutenção da cadeia do frio, como a instalação do RFID (um método de identificação de

itens unitários usando rádio freqüência), resulta no aumento da competitividade da carga aérea

perecível frente ao modal marítimo, através da agregação de valor à carga. Do mesmo modo,

colocar a indústria brasileira do transporte de carga aérea em condições de igualdade com o

desenvolvimento logístico e tecnológico alcançado pela agro-indústria exportadora do país é

um desafio para o futuro.

É nesse contexto que esse estudo pretendeu se inserir, ciente da dificuldade de caminhar por

novos caminhos, mas procurando contribuir para o desenvolvimento deste promissor campo

de pesquisa do transporte aéreo de carga.

5.2 Recomendações para futuros trabalhos

A partir deste estudo, pode-se deixar como recomendação o desenvolvimento de modelos que

ajudem a explicar os processos de escolha envolvidos na exportação de produtos perecíveis.

Na área de transportes, freqüentemente são aplicados dois modelos clássicos para a

representação de processos de escolha, seja de modal, rota, ou outra decisão. São eles os

modelos LOGIT e PROBIT.

Esses modelos consideram que o processo de escolha de um usuário é regido por uma função

de decisão, caracterizada por variáveis explicativas próprias de cada uma das alternativas

disponíveis.

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Conforme é largamente empregado nas aplicações conhecidas na área de transportes, a função

de decisão pode ser representada como uma função linear nas variáveis de decisão. Assim,

tomando as fontes de incerteza, avaliadas na Tabela 23, como variáveis logísticas de decisão,

pode-se procurar criar modelos que expliquem o comportamento da demanda por transporte

de carga aérea perecível.

Em se conseguindo dados quantitativos suficientes, pode-se criar modelos que ajudem na

tomada de decisões sobre a escolha de:

• Quais aeroportos brasileiros poderiam receber investimentos, por parte da autoridade

aeronáutica, que incentivem a manutenção da cadeia do frio;

• Quais aeroportos os empresários poderiam selecionar para exportação de perecíveis.

Mais além, poderia ser proposta a realização de uma análise quantitativa que ajudasse a

justificar, ou não, a opção do exportador pelo modal aéreo ao invés do marítimo. E, a partir

daí, buscar uma análise da relação custo x benefício de se investir na adequação da cadeia do

frio à logística associada ao transporte aéreo.

Na aérea de infra-estrutura de aeroportos, sugere-se o voltar a atenção ao estudo do

dimensionamento do terminal de exportação aérea de produtos perecíveis, e à determinação

dos equipamentos aeroportuários necessários para sua operação.

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THE BOEING COMPANY. Airplane characteristics for airport planning – B 747-400. Seattle: Boeing Commercial Airplane Division, 1994. THE BOEING COMPANY. Airplane characteristics for airport planning – B 757. Seattle: Boeing Commercial Airplane Division, 1999. THE BOEING COMPANY. Airplane characteristics for airport planning – B 737. Seattle: Boeing Commercial Airplane Division, 1988. THE BOEING COMPANY. Airplane characteristics for airport planning – B 767-200-300. Seattle: Boeing Commercial Airplane Division, 1989. THE BOEING COMPANY. Airplane characteristics for airport planning – B 767-400. Seattle: Boeing Commercial Airplane Group, 2000. THE BOEING COMPANY. Airplane characteristics for airport planning – B 777-200-300. Seattle: Boeing Commercial Airplane Group, 2000. THE BOEING COMPANY. Airplane Characteristics for Airport Planning – B 777-200ER-300ER. Seattle: Boeing Commercial Airplane Group, 2001. ESTADOS UNIDOS. Congresso Americano. Report on geographycally disvantaged farmer and ranchers. Washington, DC, 2003. Disponível em: <http://www.ams.usda.gov/tmd/export/publications.htm>. Acesso em: 14 out 2004. VAN DER VORST, J. G. A. J. Effective food supply chain: generating,modeling and evaluating supply chain scenarios. 2000. PhD Thesis - Dept. of Social Sciences, Wageningen University. YDL MANAGEMENTS CONSULTANTS. New growth segments for the air cargo industries. In: AIR CARGO ECONOMICS CONFERENCE, 4., 2004, Prague. Proceedings... Prague: [s.n.], 2004. Disponível em: <http://www.coolchain.org>. Acesso em 23 out 2004. WELBY, E; MACGREGOR, B. Agricultural export transportation handbook. Washington, DC, 2004. Disponível em: <http://www.ams.usda.gov/tmd/export/publications.htm>. Acesso em: 14 out 2004. WENKE, P. Posicionamento logístico de empresas brasileira. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 2001. Disponível em: <http://www.coppead.ufrj.br/pesquisa/cel/new/fr-public.htm>. Acesso em: 24 out 2004. WILSON, B.W. Systems: concepts, methodologies and applications. 2.ed. New York: JohnWiley & Sons, 1993.

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Anexo I: Tabelas-Mestre contendo os questionários sobre a cadeia do frio.

PACKING HOUSE

Instalações para armazenagem de curto período (menos de 24h)

Caliman Gaia

Informações sobre a instalação de armazenagem e manuseio ou centros de distribuição

1 Distância aproximada dos Aeroportos Internacionais das seguintes regiões metropolitanas pontos ?

Favor indicar as distâncias aos aeroportos que utiliza. (Se possuir mais de um armazém, indicar todas) Km

Rio de Janeiro – 660 660

São Paulo- 997 997

Campinas-

Recife-

Fortaleza-

Salvador- 1067 * 1067 *

* Pouco usado

2 Zonas de temperatura controlada disponíveis em graus centígrados ?

(Obs:nesta questão mais de uma resposta será cabível)

+18...+22 3

+10...+15 3

0 ...+4 3

< -18 3

somente manuseia "commodities" na faixa de temperatura que a instalação disponibiliza 12 12 12

3 Instalações especiais para manuseio e armazenagem de produtos alimentício e não alimentício ?

os produtos são armazenado/manuseado no mesmo ambiente 0

os produtos são armazenado/manuseado em ambientes separados 2

não se aplica - armazena/manuseia apenas uma categoria de produtos 2 2 2

4 Instalações especiais para manuseio e armazenagem de vegetais e frutas sensíveis ao etileno ?

os produtos são armazenado/manuseado no mesmo ambiente - pode ocorrer contaminação cruzada 0

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os produtos são armazenado/manuseado em ambientes separados - não ocorre contaminação cruzada 2

não se aplica - armazena/manuseia apenas uma categoria de produtos 2 2 2

5 No caso de produtos congelados ?

não podem ser re-congelados se necessário 0

podem ser re-congelados se necessário 2

não se aplica 2 2 2

6 O espaço usado para consolidação da carga ou paletização é ?

não controlado termicamente 0

controlado termicamente 10 10 10

7 As portas de acesso aos ambientes refrigerados são ?

desprovidos de meios que previnam a perda de calor 0

automáticas,ou de acionamento rápido,ou equipada com cortinas ou equivalentes 2 2 2

8 As operações de carga e descarga sõa promovidas através de ?

rampas abertas 0

docas que oferecem proteção aos produto em relação ao ambiente externo 2 2 2

9 As empilhadeiras usadas no interior do ambiente refrigerado são ?

à gás ou diesel sem os filtros e catalizadores certificados contra emissão de poluentes 0

elétricas ou manuais ou a gás e diesel providos de filtros e catalizadores certificados. 4 4 4

Informações sobre o sistema de refrigeração

1 O suprimento de energia para o maquinário de refrigeração é através ?

de uma única linha de força 0

pelo menos 2 linhas de força 2

provido de um gerador adicional de emergência 4 4 4

Desconhecido 0

Não se aplica 0

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2 O tipo de refrigerante usado e no sistema de refrigeração é ( risco de contaminação) ?

amonia (NH3) - expansão direta 0

amonia (NH3) - sistema secundário de CO2 1

amonia (NH3) - expansão indireta (sistema Brine) 2

Refrigerante seguro - expanção direta 3 3 3

refrigerante seguro - expanção indireta 4

Desconhecido 0

Não se aplica 0

3 A localização dos componentes que contem o liquido refrigerante é ?

sistema de amônia com válvulas e dutos dentro do ambiente refrigerado 0

sistema de amônia com válvulas e dutos fora do ambiente refrigerado, mas em espaço próximo 1

sistema de amônia com válvulas e dutos em ambientes externos (ex. no telhado) 2

todos os outros refrigerantes seguros em qualquer disposição 2 2 2

Desconhecido 0

Não se aplica 0

4 A localização da sala de máquinas de refrigeração e o refrigerante usado ?

sistema de amônia localizado em sala diretamente ligada ao ambiente refrigerado 0

sistema de amônia localizado em sala distante e sem conexão direta ao ambiente refrigerado 1

todos os outros sistemas usando refrigerante seguro em qualquer disposição 2 2 2

Desconhecido 0

Não se aplica 0

5 Em caso de mal funcionamento ou falta de energia no sistema de refrigeração ?

nenhum alarme é acionado 0

um alarme local é acionado 2 2 2

Desconhecido 0

Não se aplica

6 Em caso de desvio na temperatura do ambiente refrigerado ?

nenhum alarme é acionado 0

um alarme local é acionado 2 2 2

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Desconhecido 0

Não se aplica

7 A temperatura nos ambientes refrigerados é ?

não medida por nenhum instrumento 0

medida por um termômetro portátil 2

medida por um termômetro montado na instalação 4 4

medido e documentada com um dispositivo apropriado 8 8

Desconhecido 0

Não se aplica

Informações organizacionais

1 Sobre as instruções fornecidas e equipamentos desponibilizadas aos funcionários ? Obs: apenas nesta questão mais de uma resposta será cabível)

instruções sobre o manuseio e armazenagem de produtos perecíveis sensíveis (PPTS) 2 2 2

instruções sobre contaminação cruzada de PPTS 2 2

instruções sobre verificação da temperatura no recebimento da mercadoria 2 2 2

termômetros portáteis são fornecidos ao funcionários p/ verificação durante o manuseio 6 6 6

2 Os serviços prestados pela instituição estão disponíveis ? apenas ocasionalmente 0

durante o horário comercial 2

de acordo com a necessidade do cliente, incluindo todas as horas do dia caso necessário - plantão 4 4 4

3 ações tomadas após falha no sistema de refrigeração ? ações dependem da decisão ou experiência dos trabalhadores do armazém 0

é chamado um responsável p/ prestar assistência apenas durante o horário comercial 3

as ações serão de acordo com um plano de resposta emergencial previamente implantado 6 6 6

4 Treinamento do pessoal envolvido no manuseio de PPTS não há treinamento especializado em perecíveis 0

há treinamento especializado ocasionalmente ou superficialmente 4

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treinamento se dá de acordo com um planejamento, incluindo medidas de emergência 8 8 8

5 manutenção técnica das instalações frigoríficas e isolamentos térmicos ? o reparo ou manutenção se da quando ocorre mal funcionamento 0

o reparo ou manutenção segue um cronograma planejado de manutenção preventiva 6 6 6

6 Manutenção higiênica ? a limpeza da área refrigerada ocorre quando os funcionários julgam ser necessária 0

a limpeza da área refrigerada é baseada em procedimentos ou contratos, em intervalos regulares 4 4 4

Total 100 97 95

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PACKING HOUSE

Instalações para armazenagem de longo prazo (mais de 24h)

Informações sobre a instalação de armazenagem. Caliman Gaia

1 Capacidade de armazenamento refrigerado m3 m3 960 2163

2 O isolamento térmico dos ambientes refrigerados é (coloque "1" na resposta adequada) ?

antigo (mais de 10 anos) 0

novo (menos de 10 anos) sem revestimento interno e externo 2

novo (menos de 10 anos) com revestimento interno e externo 4 4 4

3 O espaço usado para consolidação da carga ou paletizaçao é ?

não controlado termicamente 0

controlado termicamente 4 4 4

4 As portas de acesso aos ambientes refrigerados são ?

desprovidos de meios que previnam a perda de calor 0

automáticas,ou de acionamento rápido,ou equipada com cortinas ou equivalentes 3 3 3

5 As operações de carga e descarga são promovidas através de ?

rampas abertas 0

docas que oferecem proteção aos produto em relação ao ambiente externo 4 4 4

6 As empilhadeiras usadas no interior do ambiente refrigerado são ?

a gás ou diesel sem os filtros e catalisadores certificados contra emissão de poluentes 0

elétricas ou manuais ou a gás e diesel providos de filtros e catalisadores certificados. 5 5 5

Informações sobre o sistema de refrigeração

1 O suprimento de energia para o maquinário de refrigeração é através ?

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de uma única linha de força 0

pelo menos 2 linhas de força 3

provido de um gerador adicional de emergência 6 6 6

não se aplica 0

2 O tipo de refrigerante usado e no sistema de refrigeração é ( risco de contaminação) ?

amônia (NH3) - expansão direta 0

amônia (NH3) - sistema secundário de CO2 1

amônia (NH3) - expansão indireta (sistema Brine) 2

Refrigerante seguro - expansão direta 3 3 3

refrigerante seguro - expansão indireta 4

Desconhecido 0

Não se aplica 0

3 A localização dos componentes que contem o liquido refrigerante é ?

sistema de amônia com válvulas e dutos dentro do ambiente refrigerado 0

sistema de amônia com válvulas e dutos fora do ambiente refrigerado, mas em espaço próximo 2

sistema de amônia com válvulas e dutos em ambientes externos (ex. no telhado) 4

todos os outros refrigerantes seguros em qualquer disposição 4 4 4

Desconhecido 0

Não se aplica 0

4 A localização da sala de máquinas de refrigeração e o refrigerante usado ?

sistema de amônia localizado em sala diretamente ligada ao ambiente refrigerado 0

sistema de amônia localizado em sala distante e sem conexão direta ao ambiente refrigerado 2

todos os outros sistemas usando refrigerante segura em qualquer disposição 4 4 4

Desconhecido 0

Não se aplica 0

5 Em caso de mal funcionamento ou falta de energia no sistema de refrigeração ?

nenhum alarme é acionado 0

um alarme local é acionado 3 3 3

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um alarme monitorado remotamente é acionado 5

Não se aplica 0

6 Em caso de desvio na temperatura do ambiente refrigerado ?

nenhum alarme é acionado 0

um alarme local é acionado 3 3 3

um alarme monitorado remotamente é acionado 5

Não se aplica 0

7 A temperatura nos ambientes refrigerados é ?

não medida por nenhum instrumento 0

medida por um termômetro portátil 1

medida por um termômetro montado na instalação 2 2

medido e documentada com um dispositivo apropriado 5 5

medido, documentada e enviado com dados automaticamente enviados para central de monitoramento 7

Não se aplica 0

Informações organizacionais

1 Sobre as instruções fornecidas e equipamentos disponibilizadas aos funcionários ?

Obs: apenas nesta questão mais de uma resposta será cabível)

instruções sobre o manuseio e armazenagem de produtos perecíveis sensíveis (PPTS) 2 2 2

instruções sobre contaminação cruzada de PPTS 2 2

instruções sobre verificação da temperatura no embarque da mercadoria 2 2 2

termômetros portáteis são fornecidos ao funcionários p/ verificação durante o manuseio 6 6 6

2 registros, inventário, rastreabilidade e controle do tempo de prateleira dentro do armazém ?

não há registro das mercadorias armazenadas 0

há registro manual do inventário e da posição dos bens 4 4

banco de dados eletrônico do inventário, posição e tempo de prateleira remanescente dos bens 6 6

3 ações tomadas após falha no sistema de refrigeração ?

ações dependem da decisão ou experiência dos trabalhadores do armazém 0

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é chamado um responsável p/ prestar assistência apenas durante o horário comercial 3

as ações serão de acordo com um plano de resposta emergencial previamente implantado 5 5 5

4 Treinamento do pessoal envolvido no manuseio de PPTS ?

não há treinamento especializado em perecíveis 0

há treinamento especializado ocasionalmente ou superficialmente 4

treinamento se dá de acordo com um planejamento, incluindo medidas de emergência 8 8 8

5 manutenção técnica das instalações frigoríficas e isolamentos térmicos ?

o reparo ou manutenção se da quando ocorre mal funcionamento 0

o reparo ou manutenção segue um cronograma planejado de manutenção preventiva 8 8 8

6 Manutenção higiênica ?

a limpeza da área refrigerada ocorre quando os funcionários julgam ser necessária 0

a limpeza da área refrigerada é baseada em procedimentos ou contratos, em intervalos regulares 6 6 6

TOTAL 100 89 90

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105

TRANSPORTE RODOVIÁRIO

VEICULOS DE TRANSPORTE DE LONGA DISTÂNCIA Transportadores Caliman MB Brasil Schio

1 Qual o número de veículos ofertado por sua empresa, que possuem capacidade de refrigeração do compartimento de carga?

3 conjuntos

cavalos/carretas

67 (cavalo/carreta), 1 bi-trem, 19 trucks e 1 vlc.

360 cavalos/carretas,

e 150 trucks

2 Qual a capacidade de carga desses veículos? ? m3 Toneladas

Obs cada carreta leva 4 posições totalizando 14,5 toneladas. Cada truck leva 2 posições totalizando 7,25 toneladas de papaia 4 posições ou

14,5 ton de 32 a 60 8 a 14 e 24 a 28

Informações sobre equipamentos de transporte rodoviário usados para transporte de longas distâncias

1 Classificação do isolamento térmico do veículo ? ? ? O equipamento de transporte é parcialmente isolado ou não isolado 0

O equipamento de transporte é totalmente isolado,entretanto a capacidade de isolamento (valor k) é desconhecido ou indicado somente pelo fabricante 15 15 15

O equipamento de transporte é totalmente isolado, e a capacidade de isolamento (valor k) é certificado por um especialista 20

O equipamento de transporte é totalmente isolado, e a capacidade de isolamento (valor k) é certificado por um especialista, e é re-inspecionado regularmente 24 24

2 O sistema de refrigeração instalado no veículo a fim de resfriar o espaço de carga é ? ? ? nenhum 0

sistema eutético (ex: gelo seco) ou baseado em gás liquefeito (ex:LN2) 12

unidade de refrigeração mecânica independente, com a capacidade líquida de refrigeração não certificada 20 20

unidade de refrigeração mecânica com motorização independente, e com a capacidade líquida de refrigeração certificada por especialista capacitado. 24 24 24

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106

3 o veículo é equipado com com sistema de renovação de ar ? ? ? não 0

Veículo especializado em determinada mercadoria Ex: produtos industrializados embalados, frutas in natura, etc 0 0

sim 2 2 2

4 veículo com comprimento do compartimento de carga superior a 6m possui sistema forçado de circulação do ar interno ? ? ?

não 0

sim 3 3 3 3

não aplicável se menor que 6 m 3

5 Sobre o monitoramento e documentação da temperatura no compartimento de carga ao longo do tempo ?

o veículo não dispõe de termômetros instalados permanentemente nem de nenhum sistema de documentação da temperatura 0

o veículo é equipado com termômetro instalado 1 1

o veículo é equipado com algum sistema que mede e documenta a temperatura ao longo do tempo, ou uso de termógrafos. 5 5 5

o veículo é equipado com algum sistema que mede e documenta a temperatura ao longo do tempo e transmite os dados ao escritório central automaticamente 7

Informações organizacionais

1 São fornecidas aos motoristas instruções sobre ? ? ? Obs: apenas nesta questão mais de uma resposta será cabível)

o transporte de produtos perecíveis sensíveis à temperatura (PPST) 2 2 2 2

procedimento de carga e descarga de PPST 2 2 2 2

verificação e checagem da temperatura ao longo do transporte e quando do carregamento da mercadoria 2 2 2 2

2 Os motoristas, ou um encarregado, dispõe de termômetros para checar e registrar a temperatura da carga antes de embarcá-la no veículo ? ? ?

não 0

sim 6 6 6 6

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107

3 Os veículos dispõem de equipamentos de otimização de rota ?

não 0 0 0

sim 2 2

4 ações tomadas após falha no sistema de refrigeração ou falha mecânica do veículo ? ? ? ações dependem da decisão ou experiência do morador 0

é chamado um responsável p/ prestar assistência apenas durante o horário comercial 5 5

as ações serão de acordo com um plano de resposta emergencial previamente implantado 10 10 10

5 Treinamento do motorista envolvido no manuseio de PPST ? ? ? não há treinamento especializado em perecíveis 0

há treinamento especializado ocasionalmente ou superficialmente 4 4

treinamento se dá de acordo com um planejamento, incluindo medidas de emergência 8 8 8

6 manutenção técnica do veículo ? ? ? o reparo ou manutenção se da quando ocorre mal funcionamento 0

o reparo ou manutenção segue um cronograma planejado de manutenção preventiva 2 2 2 2

7 manutenção técnica do sistema de refrigeração e isolamento térmico ? ? ? o reparo ou manutenção se da quando ocorre mal funcionamento 0

o reparo ou manutenção segue um cronograma planejado de manutenção preventiva 3 3 3 3

8 Manutenção higiênica ? ? ? a limpeza do compartimento de carga refrigerada ocorre quando o motorista julgar ser necessária 0

a limpeza do compartimento de carga refrigerada é baseada em procedimentos ou contratos, ocorrendo em intervalos regulares 3 3 3 3

TOTAL 100 74 81 98

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TERMINAL DE EXPORTAÇÃO AÉREO INFRAERO Varig Log

Instalações para armazenagem de curto período (menos de 24h) Fortaleza Natal Recife Salvador Galeão Viracopos Guarulhos Galeão

Informações sobre a instalação de armazenagem e manuseio do Aeroporto

Pontos

1 Existe área refrigerada disponível para exportação sim/não ? sim/não ? sim/não ? sim/não ? sim/não ? sim/não ? sim/não ? sim/não ?

sim sim não sim não sim não sim

flores peixe Mixto

exportação

2 É sabido qual capacidade de armazenamento refrigerado para exportação m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3 m3

700 70 34,09 55 120

6 p1p 10 p1p

3 Zonas de temperatura controlada disponíveis em graus centígrados ? ? ? ? ? ? ? ?

(Obs: apenas nesta questão mais de uma resposta será cabível)

+18...+22 3 3 3 3 3 3

+10...+15 3 3 3 3 3 3

0 ...+4 3 3 3 3 3 3

< -18 3 3 3 3

somente manuseia "commodities" na faixa de temperatura que a instalação disponibiliza 12

4 Instalações especiais para manuseio e armazenagem de produtos alimentício e não alimentício: ? ? ? ? ? ? ? ?

os produtos são armazenado/manuseado no mesmo ambiente 0 0 0

os produtos são armazenado/manuseado em ambientes separados 2 2 2 2 2 2

não se aplica - armazena/manuseia apenas uma categoria de produtos 2

5 Instalações especiais para manuseio e armazenagem de vegetais e frutas sensíveis ao etileno: ? ? ? ? ? ? ? ?

os produtos são armazenado/manuseado no mesmo ambiente - pode ocorrer contaminação cruzada 0 0 0 0

os produtos são armazenado/manuseado em ambientes separados, ou separadamente - não ocorre contaminação cruzada 2 2 2 2 2

não se aplica - armazena/manuseia apenas uma categoria de produtos 2

6 No caso de produtos congelados ? ? ? ? ? ? ? ?

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não podem ser re-congelados se necessário 0 0 0 0 0 0 0

podem ser re-congelados se necessário 2 2

não se aplica 2

7 O espaço usado para consolidação da carga ou re-acondicionamento é ? ? ? ? ? ? ? ?

não controlado termicamente 0 0 0 0 0 0 0 0

controlado termicamente 10

8 As portas de acesso aos ambientes refrigerados são ? ? ? ? ? ? ? ?

desprovidos de meios que previnam a perda de calor 0 0

automáticas,ou de acionamento rápido,ou equipada com cortinas ou equivalentes 2 2 2 2 2

9 As operações de carga e descarga sõa promovidas através de ? ? ? ? ? ? ? ?

rampas abertas 0

docas que oferecem proteção aos produto em relação ao ambiente externo 2 2 2 2 2 2 2 2

10 As empilhadeiras usadas no interior do ambiente refrigerado são ? ? ? ? ? ? ? ?

a gás ou diesel sem os filtros e catalisadores certificados contra emissão de poluentes 0

elétricas ou manuais ou a gás e diesel providos de filtros e catalisadores certificados. 4 4 4 4 4 4

Informações sobre o sistema de refrigeração

1 O suprimento de energia para o maquinário de refrigeração é através ? ? ? ? ? ? ? ?

de uma única linha de força 0 0

pelo menos 2 linhas de força 2

provido de um gerador adicional de emergência 4 4 4 4 4

não se aplica 0 0 0

2 O tipo de refrigerante usado e no sistema de refrigeração é ( risco de contaminação) ? ? ? ? ? ? ? ?

amônia (NH3) - expansão direta 0

amônia (NH3) - sistema secundário de CO2 1

amônia (NH3) - expansão indireta (sistema Brine) 2

Refrigerante seguro - expansão direta 3

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refrigerante seguro - expansão indireta 4

Desconhecido 0 0 0 0 0 0

não se aplica 0 0 0

3 A localização dos componentes que contem o liquido refrigerante é ? ? ? ? ? ? ? ?

sistema de amônia com válvulas e dutos dentro do ambiente refrigerado 0

sistema de amônia com válvulas e dutos fora do ambiente refrigerado, mas em espaço próximo 1

sistema de amônia com válvulas e dutos em ambientes externos (ex. no telhado) 2

todos os outros refrigerantes seguros em qualquer disposição 2

Desconhecido 0 0 0 0 0 0

não se aplica 0 0 0

4 A localização da sala de máquinas de refrigeração e o refrigerante usado ? ? ? ? ? ? ? ?

sistema de amônia localizado em sala diretamente ligada ao ambiente refrigerado 0

sistema de amônia localizado em sala distante e sem conexão direta ao ambiente refrigerado 1

todos os outros sistemas usando refrigerante segura em qualquer disposição 2

Desconhecido 0 0 0 0 0 0

não se aplica 0 0 0

5 Em caso de mal funcionamento ou falta de energia no sistema de refrigeração ? ? ? ? ? ? ? ?

nenhum alarme é acionado 0 0 0 0 0 0

um alarme local é acionado 2

não se aplica 0 0 0

6 Em caso de desvio na temperatura do ambiente refrigerado ? ? ? ? ? ? ? ?

nenhum alarme é acionado 0 0 0 0 0 0

um alarme local é acionado 2

não se aplica 0 0 0

7 A temperatura nos ambientes refrigerados é ? ? ? ? ? ? ? ?

não medida por nenhum instrumento 0

medida por um termômetro portátil 2

medida por um termômetro montado na instalação 4 4 4 4 4 4

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medido e documentada com um dispositivo apropriado 8

não se aplica 0 0 0

Informações organizacionais

1 Sobre as instruções fornecidas e equipamentos disponibilizadas aos funcionários ? ? ? ? ? ? ? ?

Obs: nesta questão mais de uma resposta será cabível)

instruções sobre o manuseio e armazenagem de produtos perecíveis sensíveis (PPTS) 2 2 2 2 2 2 2 2

instruções sobre contaminação cruzada de PPTS 2 0 2

instruções sobre verificação da temperatura no recebimento da mercadoria 2 2 0 2

termômetros portáteis são fornecidos ao funcionários p/ verificação durante o manuseio 6 6 0 2

6

2 Os serviços prestados pela instituição estão disponíveis ? ? ? ? ? ? ? ?

apenas ocasionalmente 0

durante o horário comercial ou limite de funcionamento 2 2 2

de acordo com a necessidade do cliente, incluindo todas as horas do dia caso necessário 4 4 4 4 4 4

3 ações tomadas após falha no sistema de refrigeração ? ? ? ? ? ? ? ?

ações dependem da decisão ou experiência dos trabalhadores do armazém 0

é chamado um responsável p/ prestar assistência apenas durante o horário comercial 3 3 3

as ações serão de acordo com um plano de resposta emergencial previamente implantado 6 6 6 6

não se aplica 0 0 0

4 Treinamento do pessoal envolvido no manuseio de PPTS

não há treinamento especializado em perecíveis 0

há treinamento especializado ocasionalmente ou superficialmente 4 4 4 4 4 4 4

treinamento se dá de acordo com um planejamento, incluindo medidas de emergência 8 8

5 manutenção técnica das instalações frigoríficas e isolamentos térmicos ? ? ? ? ? ? ? ?

o reparo ou manutenção se da quando ocorre mal funcionamento 0 0 0

o reparo ou manutenção segue um cronograma planejado de manutenção preventiva 6 6 6 6

não se aplica 0 0

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6 Manutenção higiênica ? ? ? ? ? ? ? ?

a limpeza da área refrigerada ocorre quando os funcionários julgam ser necessária 0 0 0

a limpeza da área refrigerada é baseada em procedimentos ou contratos, em intervalos regulares 4 4 4 4

não se aplica 0 0 0

Total 100 52 40 12 53 0 51 14 74

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ÁREA DE APROXIMAÇÃO DAS AERONAVES

Informações sobre as instalações e equipamentos de manuseio dos Aeroportos Internacionais - EXPORTAÇÃO

Fortaleza Natal Recife Salvador Galeão Viracopos Guarulhos

1 Os produtos perecíveis termicamente sensíveis são transportado do armazém à aeronave através de: ? ? ? ? ? ? ?

empilhadeiras 0

dollies abertas ou caminhonetes com carroceria aberta, ou equipamento similar 3 3 3 3 3 3 3 3

caminhonetes com baús fechados e não isolados 7

caminhonete ou outro equipamento com baú fechado e isolado termicamente (sem controle de temperatura) 15

caminhonete ou outro equipamento com baú fechado e isolado termicamente com controle de temperatura 20

2 Local adequado para armazenagem destinado a proteger a carga perecível durante o tempo de espera pelo carregamento ? ? ? ? ? ? ?

não disponível 0 0 0 0 0 0

área externa coberta ou guarda sol disponível 7 7 7

um armazém fechado e coberto disponível 10

armazém que ofereça controle térmico, ou, um equipamento de carregamento com controle de temperatura disponível 20

3 A localização do centro de manuseio esta no lado ar ? ( Sem obstáculos ou alfândegas no caminho até a aeronave) ? ? ? ? ? ? ?

não 0

sim 8 8 8 8 8 8 8 8

4 As vias de acesso ao "apron" são: ? ? ? ? ? ? ?

não pavimentadas 0

pavimentadas mas em más condições 4

pavimentadas e em boas condições 6 6 6 6 6 6 6 6

acesso direto à aeronave sem uso de vias de acesso ou 6

5 Existe um "apron" dedicado a carga? (pontos de embarque dedicados diminuem congestionamento e tempo de carga) ? ? ? ? ? ? ?

não 0 0 0 0

sim 6 6 6 6 6

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Informações organizacionais

(Obs:próxima questão mais de uma resposta será cabível)

1 São fornecidas instruções específicas ao pessoal envolvido no manuseio e carga de perecível sobre: ? ? ? ? ? ? ?

procedimentos básicos no trato de produtos perecíveis termicamente sensíveis 10 10 10 10 10 10 10 10

como proceder para diminuir os desvios de temperatura no caso de atrasos e prolongamento do tempo de espera 20

2 Treinamento do pessoal envolvido no manuseio de perecíveis ? ? ? ? ? ? ?

não há treinamento especializado em perecíveis 0

há treinamento especializado ocasionalmente ou superficialmente 5 5

treinamento se dá de acordo com um planejamento, incluindo medidas de emergência para atrasos ou mudança de rota 10 10 10 10 10 10 10

Total 100 44 43 32 37 50 43 43

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TRANSPORTE EM AERONAVES

Informações organizacionais Cias Aéreas pontos VARIG TAM

1 O comandante é informado da lista de todos os produtos perecíveis sensíveis a temperatura(PPTS) a bordo, incluindo a temperatura recomendada para sua perfeita conservação ? ? ?

não 0

não, informado apenas a temperatura recomendada para animais vivos 0 0 0

sim 10

2 Os responsáveis pelo carregamento e disposição da carga ao longo da aeronave receberam treinamento sobre como lidar com PPTS ? ? ? não 0

sim 30 30 30

3 Os responsáveis pelo carregamento e disposição da carga ao longo da aeronave dispõe de termômetros portáteis para checar a temperatura da carga de PPTS quando necessário ? ? ?

não 0 0 0

sim 10

TOTAL A 50 30 30

Informações sobre equipamentos da aeronave 01

DC-10 cargo A330-200

1 sobre o tipo de controle de temperatura nos compartimentos de carga ? ? ? não a qualquer tipo de controle: não há capacidade de controlar a temperatura. Tanto no solo, como em vôo 0

controle básico de temperatura: existe uma chave tipo liga/desliga para controlar a temperatura em algum compartimento de carga da aeronave. Tanto no solo,como em vôo 15

Controle ótimo de temperatura: existe vários ajustes que permitem o exato controle, fazendo que a temperatura desejada seja mantida tanto no solo, quanto em vôo, apenas no compartimento principal. 30 30

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Controle ótimo de temperatura: existe vários ajustes que permitem o exato controle, fazendo que a temperatura desejada seja mantida tanto no solo, quanto em vôo, em todos compartimentos de carga. 30 30

2 Existe na cabine de comando um mostrador que indica a temperatura do compartimento de carga ? ? ? não 0

sim, somente do porão principal 10 10

sim 10 10

3 Compartimentos de carga que dispõe de temperatura controlada possuem dispositivos que registrem a variação da temperatura ao longo do tempo ? ? ?

não 0 0 0

sim 10

TOTAL B1 50 40 40

Informações sobre equipamentos da aeronave 02 B 707 cargo

1 sobre o tipo de controle de temperatura nos compartimentos de carga ? ? ? não a qualquer tipo de controle: não há capacidade de controlar a temperatura. Tanto no solo, como em vôo 0

controle básico de temperatura: existe uma chave tipo liga/desliga para controlar a temperatura em algum compartimento de carga da aeronave. Tanto no solo,como em vôo 15

Controle ótimo de temperatura: existe vários ajustes que permitem o exato controle, fazendo que a temperatura desejada seja mantida tanto no solo, quanto em vôo, apenas no compartimento principal. 30 30

Controle ótimo de temperatura: existe vários ajustes que permitem o exato controle, fazendo que a temperatura desejada seja mantida tanto no solo, quanto em vôo, em todos compartimentos de carga. 30

2 Existe na cabine de comando um mostrador que indica a temperatura do compartimento de carga ? ? ? não 0 sim, somente do porão principal 10 10

sim 10

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3 Compartimentos de carga que dispõem de temperatura controlada possuem dispositivos que registrem a variação da temperatura ao longo do tempo ? ? ?

não 0 0 sim 10

TOTAL B1 50 40 TOTAL { A + [(∑Bn)/n]} 100 70 70

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Anexo II :

Introdução ao Transporte Aéreo de PPTS.

Luiz Antonio Tozi Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica

Instituto Tecnológico de Aeronáutica

II.1 Introdução

Entende-se por carga perecível aquela de valor comercial limitado pelo tempo, por estar

sujeito à deterioração ou se tornar inútil se houver atraso na entrega. A carga perecível pode,

ou não, exigir armazenamento e transporte em condições de refrigeração. A determinação de

algum tratamento especial deve ser solicitada pelos responsáveis pela carga, de acordo com as

necessidades específicas do produto.

No presente trabalho o foco das atenções está voltado para produtos agroindustriais, com vida

de prateleira relativamente curta, como frutas frescas, flores, produtos animais, e vegetais para

os quais o tempo em trânsito é um fator crítico na determinação de qual método de transporte

deve ser empregado.

O transporte via aérea desse tipo de produto vem aumentando progressivamente (Inbound

Logistics, 2002) em virtude do rápido tempo em trânsito. O transporte de perecíveis e

produtos sensíveis à temperatura, é um dos mercados de transportes que apresentam maior

crescimento e representa o maior grupo unitário de commodity transportado via aérea

(Helms,2003).

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119

Figura 31: Perspectiva da evolução mundial de carga aérea.

Fonte: Adaptado de Adaptado de Helms, 2003.

Figura 32: Participação de produtos perecíveis no mercado internacional de carga aérea no

mundo em 2002.

Fonte: Adaptado de Helms, 2003.

Entretanto o custo pela movimentação via aérea é bem superior aos outros modais, como o

marítimo. Produtos agroindustriais que podem ser transportados pelo ar são os de maior valor

agregado, altamente perecíveis ou enviados em pequenos volumes (amostras).

Muitas vezes, os produtos perecíveis são enviados em contêineres, ou paletes não

refrigerados, o que requer uma estreita coordenação entre os aeroportos de origem e destino a

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fim de proteger os produtos quando há atraso nos vôos. Instalações providas de câmaras

frigoríficas são necessárias nos aeroportos para garantir a qualidade dos produtos (Welby,E;

Macgregor,B.2004).

A carga aérea pode transitar de três diferentes maneiras: em aeronaves que combinam

passageiros e carga; em aeronaves puramente cargueiras; ou em vôos charter. É sabido que

vôos de passageiros/carga e vôos cargueiros tem escalas de frequência de horários e destinos

previamente programados. Enquanto que vôos charter são essencialmente aeronaves de

aluguel, sem destinos e horários pré-definidos.

As companhias aéreas internacionais têm imunidade anti-trust para fixar suas taxas de frete.

As taxas de frete são fixadas pela IATA – International Air Transport Association- , uma

associação internacional de empresas aéreas , que estipula um valor referencial máximo, o

representa o limite superior de tarifa que um empresa aérea associada pode cobrar pelo frete

da carga à um certo destino. Porém, as companhias aéreas podem negociar livremente taxas

menores que a estabelecida pela IATA. As taxas de frete aplicáveis a produtos vegetais e

frutas determinadas pela IATA (vide tabela TACT) são, por definição, sempre menores que a

média da tarifa de frete estipulada para a carga regular (IATA, 2005).

II.2 Requisitos para o transporte de carga a aérea perecível.

Um prestador de serviço de transporte de carga deve garantir que o produto chegue ao

consumidor final no seu destino em excelentes condições. Tratando-se de produtos de

natureza perecível cuidados especiais devem ser tomados, e as seguintes operações precisam

ser consideradas como muito importantes (Welby;Macgregor,2004):

- embalagem, acondicionamento e etiquetagem;

- controles ambientais como temperatura e umidade;

- boa manutenção dos equipamentos de transporte; e

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121

- técnicas de embarque, desembarque, e monitoramento da carga.

É importante ressaltar que mesmo sob as melhores circunstâncias, a qualidade do produto

pode apenas ser mantida, nunca melhorada durante o transporte. O produtor deve procurar

disponibilizar sempre mercadorias de melhor condição possível afim de:

- obter maior tempo de prateleira;

- permitir mais tempo para o transporte, armazenamento, e comercialização;

- satisfazer os importadores, distribuidores e consumidores;

- aumentar a frequência e repetição de suas vendas e lucros;

- expandir mercados.

Para se atingir os objetivos do produtor a cadeia de transporte deve proteger os produtos de

(Macgregor,1987):

- manuseio impróprio durante os processos de carga e descarga;

- compressão devido ao excesso de peso sobre as embalagens;

- impactos, vibrações e movimentações da carga durante o trajeto;

- perda ou ganho de elementos do ou para o ar ambiente à sua volta;

- temperatura e umidade maiores ou menores que a recomendada;

- contaminação cruzada ou odores advindos de outros produtos ou resíduos.

Assim, condições apropriadas de embalagem, controle ambiental, e adequados equipamentos

de transporte são essenciais para garantir a chegada da mercadoria ao destino em boas

condições.

II.3 Propostas da Cadeia do frio.

Objetivando garantir que o produto perecível termicamente sensível chegue em excelentes

condições ao consumidor final, além do tempo de transporte, que deve ser o menor possível, é

necessário também o controle de fatores ambientais, como umidade e principalmente,

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temperatura. Ao controle da temperatura ao longo de todo processo de manuseio, transporte, e

distribuição do produto é dado o nome de Cadeia do Frio, ou do inglês Cool Chain.

A Cadeia do Frio é necessária para manter padrões sanitários e agregar maior valor ao produto

através da manutenção da aparência, sabor, qualidade, tempo de exposição em prateleira e

durabilidade pós-venda, garantindo satisfação ao consumidor. Um exemplo bastante

conhecido é o caso das rosas de corte vendidas em todo o mundo. Após expostas e vendidas

as flores devem permanecer em condições satisfatórias pelo menos por uma semana.

Os produtos perecíveis termicamente sensíveis requerem atenção muito específica e

coordenada, assim como manuseio especial por parte de cada um dos prestadores de serviços

logísticos. No caso de quebra em algum nível de serviço especificado, sejam níveis de

temperatura inaceitáveis, incorreto manuseio ou incapacidade de atender às restrições de

tempo designadas para cada estágio do transporte, o produto pode ser danificado, ser

rejeitado pelas autoridades de controle sanitário, torna-se inadequado para uso ou consumo

humano, ou possuir menor, ou nenhum valor para o usuário final (Welby;Macgregor,2004).

Figura 33: Quadro de tempo para rosas de corte.

Fonte: Adaptado de U. S. Floral Products.

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123

Figura 34: Desempenho da cadeia logística de flores quanto ao nível de temperatura.

Fonte: Adaptado de Dubai Flower Center

O sistema de informação utilizado antes, durante e depois do despacho da carga, bem como,

claras definições de procedimentos requeridos por cada prestador de serviço que participa da

cadeia de transporte são de essencial importância. Porém elementos externos à cadeia

logística, como os usuários dos serviços, e autoridades governamentais, a saber, autoridades

aeroportuárias, Fiscais sanitários, agentes de alfândega, devem possuir melhor compreensão

das necessidades especiais e critérios específicos requeridos para esse tipo de transporte aéreo

(Welby,E; Macgregor,B.,2004).

O resultado pela atenção aos critérios de transporte de cada produto ao longo da cadeia

logística de transporte garante alto grau de agregação de valor ao produto quando entregue

nas condições desejadas pelo consumidor (Helms, 2003).

Embora a tecnologia de transporte ideal para ser empregada pelo setor exportador de produtos

agroindustriais altamente perecíveis e sensíveis a temperatura seja a cadeia do frio, associada

ao transporte aéreo. Novas tecnologias concorrentes vêm sendo estudadas e testadas. Como o

uso da cadeia do frio associada a bio-reguladores (mcp1) e/ou a atmosfera controlada, que

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124

poderiam estender a vida útil do produto, permitindo o transporte marítimo com reduzidas

perdas, mantendo níveis aceitáveis de qualidade, padrões sanitário e de tempo de prateleira

(Fonseca, at al, 2003).

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125

Anexo III:

Aspectos mercadológicos, fisiológicos e sanitários dos PPTS relevantes ao

Transporte Aéreo.

Luiz Antonio Tozi Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica

Instituto Tecnológico de Aeronáutica

III.1 A evolução da demanda por produtos naturais frescos.

“A mulher viu que a Árvore era boa ao apetite e formosa à vista, e que essa árvore era desejável para adquirir

discernimento. Tomou lhe o fruto e comeu. Deu-o também ao seu marido, que com ela estava e ele comeu. Então

abriram -se os olhos dos dois e perceberam que estavam nus.” (Gênesis 3,6-7a).

Ao longo da história, o fascínio do ser humano por frutas e alimentos frescos é tão marcante

que há milênios vem sendo incorporado à diversos símbolos, sempre relacionados ao prazer,

beleza, e saúde.

O desenvolvimento sócio-econômico tem formado uma cultura de valorização dos produtos

agroindustriais frescos. A conscientização coletiva de que o consumo de alimentos saudáveis,

com baixo teor de gorduras e colesterol, alta concentração de vitaminas e fibras esta associado

com elevação da qualidade de vida, tem levado ao crescimento do hábito, de consumir

produtos naturais, como frutas e verduras.

Os avanços demográficos, como envelhecimento da população, famílias com varias pessoas

com fonte de renda, casas menores, e mudanças de conceitos e valores sociais, tem feito

surgir demanda por produtos frescos e com maior valor agregado.

Pelo conceito de individualização das massas, Van der Vorst (2000) afirma que o

comportamento de compra de cada consumidor muda constantemente, é imprevisível e difere

de individuo para indivíduo. Porém, quando se trabalha com o coletivo de consumidores Van

der Vorst (2000), a sugere as seguintes tendências:

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1- Necessidade simplificar a preparação do alimento e aumentar a facilidade de comer (mais

refeições resfriadas, semi-prontas e lanches);

2- Existência de demanda crescente por alimentos refinados e por alimentos estrangeiros,

cosmopolitanos e étnicos (exemplo, pratos italianos e asiáticos);

3- Maior ênfase no bem estar físico e mental, tendo por resultado um deslocamento para

refeições mais leves e mais saudáveis (menos gordura, açúcar, e carne), maior diversidade na

escolha dos alimentos, e um aumento no consumo de pratos vegetarianos (alimentos

funcionais). Além disso, os consumidores querem os alimentos mais frescos e naturais. E têm

dúvidas sobre os produtos alimentares produzidos com a ajuda de biotecnologia e

conservados por meio de atmosferas controladas;

4-O desejo de uma convivência maior relacionada à alimentação. Isto é, comer mais ao ar

livre, e preparar as refeições em casa para os entes queridos.

5- A referência social, pois internacionalmente, o maior consumo de produtos frescos e

naturais esta diretamente associado a pessoas com maior poder de compra.

Outra vertente do desenvolvimento apontada por Van der Vorst (2000) do consumo de

produtos naturais esta associada à evolução da estrutura do mercado mundial.A globalização,

gerando pressão para diminuição de barreiras comerciais e desenvolvimento de zonas

econômicas multinacionais, com um maior número de competidores no mercado, facilitam a

aquisição de mercadorias no mercado global. Esses e outros desenvolvimentos

mercadológicos coincidem com a prática de novas estratégias competitivas por parte das

organizações líderes. Esses efeitos de abertura de mercados, entrada de novos competidores

aliada à elevação de exigências sobre alimentos nos critério de saúde e contaminação do meio

ambiente, levam a novos desafios gerenciais, requerendo o uso de ingredientes de primeira

linha e confiáveis. Resultando produtos padronizados, que possam levar a economias de

escala na sua produção e distribuição.

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127

Uma terceira corrente desenvolvimentista que afeta a dinâmica da demanda por produtos

frescos são os avanços na tecnologia de processos e de informação.

Avanços tecnológicos em processos refletem-se em novas técnicas de preparo,

processamento, empacotamento, embalagens, condicionamento, transportes. Descobertas de

novas bio-tecnologias estão começando a mudar a natureza de produtos de alimentícios.

A manipulação genética pode construir resistência a doenças em plantas, e parece reduzir a

necessidade de herbicidas e os pesticidas – que é um fator crítico para os interesses do

consumidor interessado na segurança do alimento (bio-segurança) e do ambiente. Além disso,

sementes melhoradas e novos métodos de produção conduzem a um aumento substancial nos

rendimentos da produção agrícola.

Os avanços na tecnologia da informação (TI) tem sido de suma importância para o

desenvolvimento de novas atividades logísticas. Através do uso de código de barras, leitores

óticos e sistemas eletrônicos de intercâmbio de dados, Ocorre o aumento das informações,

facilita a coordenação de atividades e obtenção de informações detalhadas sobre as demandas

e preferências do consumidor final.

III.2 Aspectos e principais características do mercado mundial de produtos

agroindustriais.

De acordo com a revista Hortifrutbrasil, de maio de 2004, conhecer o mercado internacional

constitui um desafio para os produtores, principalmente os brasileiros. Alguns países

desenvolvidos na Europa, e principalmente o Japão e os Estados Unidos, apesar de serem os

grandes importadores mundiais, não permitem, que a boa parte dos produtos frescos

brasileiros, ultrapassem suas barreiras, legais e sanitárias as quais protegem seu mercado. E,

por estarem localizados em zonas climáticas temperadas, as preferências destes mercados

estão dirigidas a produtos próximos à sua tradição cultural. Ainda de acordo com a revista

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Hortifrutbrasil, de maio de 2004, para que ocorra maior aceitação e crescimento do mercado

mundial de produtos frescos e tropicais, a FAO, fundação das Nações Unidas para questões de

alimentação, sugere que os países em desenvolvimento tomem ações para aumentar a

eficiência da cadeia de suprimentos de seus produtos. Ou seja, Melhor a eficiência nos

processos de produção, conservação refrigerada, embalagens, transporte, comercialização e

informação (TI) são fundamentais, para a assegurar maior aceitação, difusão e distribuição

dos seus produtos.

As principais aspectos que caracterizam do mercado mundial de produtos frescos, adaptado de

Faveret et al(1998), e que continuam em voga atualmente, podem ser resumidas em:

1)Qualidade

As exigências de qualidade traduzem-se em padronizações globalizadas que ultrapassam os

requisitos nacionais. Os padrões de qualidade mais importantes, referem-se :

a) Quanto ao valor inerente ao produto: aspecto, sabor e coloração, de modo que atenda às

expectativas do consumidor; e

b) Quanto a padrões de comercialização: uniformidade (tamanho e formato), que afetam os

processos de embalagem, transporte, exposição e visualização; e sanidade que influencia na

comestibilidade, tempo de prateleira e aparência.

2)Regulações Fitossanitárias

São instrumentos importantes de regulação para o comércio internacional de produtos

alimentares. Os países impõem restrições ao trânsito de alimentos para evitar possíveis efeitos

contaminantes sobre consumidores e, especialmente, sobre suas regiões produtoras. Ressalta-

se que os países com instrumentos de controle mais rigorosos são justamente os que

representam os maiores mercados – Estados Unidos, União Européia e Japão –, o que torna

extremamente seletivo o acesso de novos exportadores aos fluxos de comércio internacional.

3)Barreiras Protecionistas

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O comércio internacional de produtos agroindustriais é um dos mais restritivos. Os produtos

enfrentam barreiras tarifárias e não-tarifárias nos países desenvolvidos. Os principais

instrumentos protecionistas utilizados por alguns dos importadores são: exigências de

qualidade mínima; privilégio a certos países (bananas entre a União Européia e ex-colônias);

importação limitada por cotas, ou proibida, durante o período de safra local; imposição de

preços mínimos para as importações; garantia de preço melhor para produtores locais, e

obrigatoriedade de licença prévia para os importadores.

4)Estrutura Produtiva

A produção de frutas, verduras e flores são predominantemente, realizadas por pequenas e

médias propriedades e, em virtude da intensidade no uso da mão-de-obra, muito maior que

nas culturas de grãos, apresenta economias de escala relativamente limitadas. A produção de

frutas para exportação é baseada na pequena propriedade com sistema de comércio acoplado a

grandes companhias ou estruturas governamentais, que organizam a colocação do produto no

mercado internacional.

5)Dominância de Grandes Empresas Exportadoras

A produção das grandes empresas, é, com freqüência, realizada através da sub-contratação de

produtores menores. Ainda que as grandes companhias possuam grandes áreas próprias. As

atividades estendem-se da pesquisa de variedades à logística de transporte, passando pela

definição de normas de qualidade e pela propaganda.

6) Fortalecimento das Grandes Cadeias de Varejo

O setor de varejo vive um processo mundial de concentração. Os hipermercados ganharam

fatias de mercado das feiras e pequenas lojas. Este movimento tem resultado em aumento das

exigências de qualidade e prazos; redução da margem de lucro dos agentes intermediários e

produtores.

7) Redução da Sazonalidade da Oferta.

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Em virtude da busca global por mercadorias, apoiada pela evolução de tecnologias de

conservação e transporte, existe uma tendência de ampliação da oferta de produtos frescos

para além dos períodos sazonais tradicionais de oferta. Isto se da pela possibilidade de

distribuição de produtos frescos produzidos em outro hemisfério do planeta. Assim ocorre a

redução das janelas de mercado, quando os produtos de climas temperados de contra-

estação,produzidos no Hemisfério Sul, abastece os países do Norte na entressafra.

8) Demanda Novos Produtos

As grandes cadeias de distribuição, no afã de aprimorar seus sistemas logísticos, reduzir

custos e conquistar mais clientes, têm requerido o fornecimento de novos e diferenciados

produtos. O que tem ampliado as oportunidades para os produtos tropicais, que passam a

compor esses novos pacotes de produtos.

III.3 Os aspectos fisiológicos e a logística de transportes de produtos agroindustriais

frescos.

A principal característica dos produtos naturais vegetais, como as frutas, hortaliças e flores, é

sua condição de tecido vivo. Na planta-mãe, os produtos vegetais estão submetidas a uma

serie de mudanças físicas, químicas, bioquímicas e fisiológicas as quais continuam após sua

colheita. A respiração e transpiração são exemplos de processos que continuam na fase pós-

colheita. As mudanças que ocorrem na colheita e pós-colheita não podem ser impedidas,

sendo apenas controladas com certas limitações (Cantillano,2002).

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Figura 35: Processos naturais de envelhecimento e deteriorização de produtos agrícolas

Fonte: Adaptado de Cargofresh Tecnologies

Todo organismo vivo desenvolve processos biológicos essenciais a partir de reservas

acumuladas durante o período em que permaneceram ligadas à planta. O processo em que tais

reservas são convertidas em energia é chamado de respiração, com a liberação de calor além

de CO2 e vapor de água. Tal quantidade de calor depende de vários fatores onde a temperatura

tem papel destacado. E, quanto maior essa atividade, menor será o período de disponibilidade

comercial do produto com a qualidade requerida (Cortez et al., 2002).

O grau de maturação da fruta na colheita afeta significativamente a sua qualidade e

condiciona o período de armazenamento. Os fatores de pós-colheita como o processo de

colheita, o ponto de colheita, a temperatura e a umidade relativa de armazenamento, os níveis

de gases na atmosfera controlada (oxigênio e dióxido de carbono), interferem na qualidade

final da fruta (Cantillano,2002). Frutas colhidas muito verdes são de menor tamanho, e de

pouco sabor. Quando colhidas muito maduras são susceptíveis a podridões, a rápida perda de

qualidade e a uma menor vida de prateleira. Por esse motivo, as frutas devem ser colhidas no

ponto ótimo de colheita, definidos por índices de maturação específicos para cada fruta e

logística de transporte.

A taxa respiratória em frutos climatérios (aqueles que continuam seu processo de

desenvolvimento de maturação após a colheita) depende de fatores como a temperatura, a

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produção de etileno( hormônio regulador do amadurescimento) pelo fruto e a composição da

atmosfera na qual o fruto é conservado (Sá et al 2002). Sendo que quanto maior a temperatura

maior a taxa respiratória. O controle do etileno se da pela renovação de ar interno, ou em

transportes mais longos, através do uso de filmes plásticos associados a saches com o material

absorvedor de etileno no seu interior (Cortez et al., 2002).

Os danos mecânicos também aumentam a taxa respiratória produzindo mudanças associadas

á maturação e a produção de etileno.

Outra característica fundamental dos produtos vegetais é o seu conteúdo de água, que irá

influenciar sua resistência às mudanças de temperatura e susceptibilidade ao ataque de

microrganismos, danos mecânicos e desidratação. Sendo que 5% de perda de peso causa

enrugamento, ressecamento e amolecimento, afetando a qualidade(Cantillano,2002).

O fenômeno biológico que ocorre nos tecidos que se dá pela passagem de vapor de água é a

transpiração. Após a colheita, não há reposição de água, assim ocorre a perda da turgescência,

com a conseqüente alteração no aspecto e redução na qualidade, além de perda de peso. Que,

em outras palavras, representa menor valor comercial (Sá et al 2002).A intensidade desse

processo está relacionada com vários fatores, como temperatura, umidade relativa e

velocidade do ar.

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Anexo IV:

A Produção do Mamão Papaia Para Exportação.

Luiz Antonio Tozi Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica

Instituto Tecnológico de Aeronáutica

IV.1 Características do mamão

A exportação brasileira de mamão desenvolveu-se a partir da década de 80. Os principais

centros importadores em potencial na Europa Ocidental receberam um pacote de informações

veiculado por meios de comunicação e em grandes feiras e salões de produtos alimentícios.

Na década de 90, quando foi oferecido para degustação com grande valorização de suas

características organolépticas em cadeias de varejo, o consumo de mamão na Europa

começou a se popularizar, e atingiu a massa consumidora, principalmente na França,

Inglaterra e Alemanha.

Porção de 100 gramas

Vitaminas A / IU 175

Carboidratos (g) 10

Calorias (kcal) 39 Ácido Ascórbico

(mg) 56

Cálcio (mg) 20

Fósforo (mg) 16

Proteínas (g) 0,6

Gordura (g) 0,1

Ferro (mg) 0,3

Niacina (mg) 0,3

Tiamina (mg) 0,04 Riboflavina (mg) 0,04

Tabela 27: Tabela nutricional.

Fonte: Caliman Agrícola, 2004.

O fruto é essencialmente sem gordura e de baixa caloria, o mamão papaia tem duas vezes

mais vitamina C que as laranjas e sete vezes menos calorias que as bananas, e apenas a

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metade de um mamão papaia possui, no mínimo, 50% da necessidade diária de vitamina C de

um adulto. O mamão papaia é utilizado amplamente em dietas alimentares pelo seu valor

nutritivo e digestivo. Os frutos são também fonte de papaína. A papaína é uma enzima

produzida apenas pelo mamão papaia, que quebra as cadeias protéicas facilitando sua

absorção, e atuando também com propriedades antiinflamatórias e cicatrizante.

No Brasil, o mamão papaia é disponível o ano todo, e é possível ofertá-lo continuamente no

mercado externo. A exportação regular, além de habituar os diferentes consumidores ao seu

uso, permite que o fruto represente um produto alternativo, principalmente no período de

inverno, como também, durante a entre safra dos produtos locais.

O mamão, por ser um fruto altamente perecível, pode apresentar um alto nível de perda na

fase pós-colheita, variando de 5 % até 30 %, atribuídos principalmente a injúrias mecânicas,

provenientes de atrito, compressão. Muitas das vezes a fruta colhida não chega ao ponto de

utilização final, incorrendo em perdas pós-colheita, que podem chegar a 100%, devido à

deterioração provocada por senescência, desordens fisiológicas – como resposta a estresses,

incidência de patógenos, ataque de insetos e injúrias mecânicas. Em geral, esses problemas

são devidos principalmente ao manuseio, uso de embalagens e transporte inadequados.

IV.1.1 Tipos de cultivares

Quanto aos cultivares os mamões podem ser classificados em:

Formosa:

1) Tainung nº1

2) Tainung nº2

Havaí (Solo) – conhecido como papaias ou papaias:

1) Sunrise Solo

2) Improved Sunrise Solo Line 72/12 (Golden)

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IV.2 Processo de produção no campo

Para os processos relacionados à produção no campo do mamão papaia, os seguinte

procedimento foram apontados pela publicação Frutisséries,(2000) do Departamento de

Projetos Especiais do Ministério da Integração.

• Localizar o plantio em regiões de grande insolação, com temperaturas variando de 22 a 26 °C. Em regiões de

pluviosidade baixa ou irregular é indispensável a suplementação de água através de irrigação;

• utilizar sementes de boa procedência para formação das mudas. Na coleta, selecionar as matrizes e retirar

adequadamente as sementes dos frutos maduros;

• instalar os viveiros em locais isolados, longe de campos velhos ou abandonados infectados por viroses. Para

manutenção da qualidade das mudas irrigar, desbastar, pulverizar preventivamente e aclimata-las antes do

plantio;

• plantar em solos areno-argilosos , profundos, bem drenados e com pH variando de 5,5 a 6,5. Evitar baixadas e

locais sujeitos ao encharcamento que possibilitam a asfixia das raízes e favoreçam o aparecimento da podridão

do pé;

• manter as plantas em níveis nutricionais adequados, baseando as adubações em análise de solo e foliar;

• transplantar três mudas por cova, para após 3 meses, realizar a sexagem, deixando uma planta hermafrodita por

cova;

• monitorar e controlar as pragas (ácaros, moscas-das-frutas, pulgões e cochonilhas), as doenças viróticas

(mosaico ou mancha anelar, amarelo letal e meleira), as fúngicas (podridão do pé, antracnose, varíola, podridão

peduncular e mancha chocolate), nematóides-das-galhas, distúrbios fisiológicos (mancha fisiológica) e ervas

daninhas;

• ao primeiro sinal de aparecimento das viroses, aplicar o manejo integrado da doença, pois não existem medidas

curativas para as plantas infectadas nem são conhecidas, até o momento, cultivares comerciais resistentes à

doença;

• proteger o pomar com quebraventos, para evitar danos aos frutos e tombamento das plantas;

• a partir do início da frutificação, desbastar os frutos, deixando um a dois frutos por axila, eliminando os

defeituosos, pequenos, atacados por pragas e doentes.

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IV.3. Processo de colheita

IV.3.1 Ponto de colheita

O mamão precisa ser colhido maduro para ter um bom sabor. Ele não fica mais doce depois

de retirado da planta-mãe. Quanto mais maduro for colhido mais saboroso ele será e mais

apreciado pelo consumidor. As normas de classificação americanas exigem 11,5o Brix

mínimo para o mamão comercializado in natura. As normas brasileiras para polpa de mamão

na indústria exigem, no mínimo, 10,0o Brix. As medidas do teor de sólidos solúveis medidos

em Brix servem de indicador para o teor de açúcar e palatabilidade em mamões. A colheita do

mamão é um processo contínuo e dar-se início a partir do oitavo mês após a semeadura

(FRUTISERIES, 2000), e apresenta frutos em fases de maturidade fisiológica diferenciada,

com flores e frutos em vários estágios de desenvolvimento.

A colheita pode ser realizada o ano todo, mas é necessário, o domínio do ponto de colheita, já

que o mamão é uma fruta de padrão respiratório climatérico, isto é, cujo processo de

maturação continua após a colheita.

A base para determinação do estágio de maturação mais adotada pelos exportadores tem sido

a fornecida pelo System Approach”, conceito que integra a adoção de práticas de pré e pós-

colheita desenvolvido pelo INCAPER, no norte do Espírito Santo, que garante que o fruto a

ser exportado está livre da mosca-das-frutas, atendendo as exigências quarentenárias do

mercado americano, permitindo à aquela região vender seus produtos nos Estados Unidos.

Este sistema auxilia os colhedores quanto aos estágios de maturação na colheita e varia

conforme o tipo de mercado a que se destinam os frutos. Consideram-se os seguintes critérios:

Estágio 0 - fruto crescido e desenvolvido (100% verde);

Estágio 1 - fruto com até 15% da superfície amarela;

Estágio 2 - frutos com até 25% da superfície amarela (1/4 madura);

Estágio 3 - frutos com até 50% da superfície amarela;

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Estágio 4 - frutos com 50 a 75% da superfície amarela;

Estágio 5 - frutos com 100% da superfície amarela.

A decisão do ponto de colheita varia conforme as exigências de mercado, distância, condições

de transporte e armazenamento. Pesquisas apontadas por Sá et al, 2002, mostram a

importância do ponto de colheita na qualidade do fruto. Frutos colhidos em estágio de

maturação adequada são de melhor qualidade, as propriedades organolépticas são melhores,

como o aroma, sabor e maciez da polpa e teor de sólidos solúveis, sendo o tempo de prateleira

relativamente prolongado. Quando colhidos mais maduros possuem ótima qualidade, devendo

ser utilizado tecnologia de conservação pelo uso do frio. Corre-se o risco de as perdas

poderem ser maiores devido à baixa resistência física dos frutos. Por outro lado, quando os

frutos são colhidos imaturos, a maturação é prejudicada e podem ter valor comercial reduzido

ou anulado.

Os frutos destinados à exportação são colhidos no estágio 2, principalmente os destinados

para os Estados Unidos, enquanto para a Europa, considera-se até o estágio 4; e para o

mercado interno, varia conforme a distância do mercado consumidor e o tempo de

comercialização da fruta. Em geral os produtores que possuem tecnologia de conservação

pelo uso do frio, muitas vezes colhem seus frutos mais maduros, buscando assim melhor

qualidade organoléptica.

IV.3.2. Colheita.

A partir do oitavo mês da semeadura, tem início a produção comercial.A produtividade média

em áreas irrigadas é de 60 t/ha para mamão Havaí e 125 t/ha para mamão Formosa;

• os colhedores e operadores devem ser treinados para evitar danos aos frutos e protegidos

com luvas e camisas de manga comprida, a fim de evitar queimaduras provocadas pelo látex e

contaminações ao fruto.

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• os frutos devem ser colhidos manualmente 4 a 6 meses após o florescimento, conforme o

tipo de mercado. A colheita é feita dependendo do solicitado pelos compradores, mas

geralmente são colhidos no estádio de maturação I e II (frutos menos suscetíveis ao ataque das

moscas-das-frutas). O tamanho dos frutos não interfere na colheita, pois no packing house

(barracão de embalagem) são separados por maturação e tamanho.No caso do mamão papaia,

os frutos não devem ser colhidos com menos de 9,0 Brix;

• a colheita é realizada destacando- se os frutos por torção até a ruptura do pedúnculo, e em

locais onde ocorrem podridões pedunculares nos frutos, é usada uma faca para auxiliar a

destacar a fruta da planta; Para os mamoeiros de porte baixo, os frutos são facilmente

colhidos. Já para as plantas de maior porte são usados: escadas com proteção de borracha,

plataformas hidráulicas conectadas ao trator ou a vara de colheita. Os frutos podem ser

transportados por reboques de colheita com capacidade para 18 caixas de 16 kg até um

entreposto, onde as caixas contendo os mamões são rapidamente carregados em caminhões, e

transportados, a baixa velocidade, da lavoura ao packing house.

IV.4 Processos pós-colheita

Após a colheita, as caixas são trazidas para o packing house. Na chegada, elas são

descarregadas em um tanque contendo água clorada (concentração de 1,5 ppm), passam por

um jato de água pura, escovadas, manualmente,ou por um sistema de rolos com jatos de água

pura, e finalmente secas.

No barracão de embalagem são efetuadas as seguintes operações conforme o destino da fruta:

secagem, seleção, classificação, aplicação de cera, polimento, tratamento fitossanitário,

acondicionamento, paletização, pré-resfriamento e armazenamento refrigerado;

A seleção consiste em eliminar as frutas que apresentam defeitos. Um operador faz a seleção,

retirando os frutos que porventura tenham chegado do campo com tamanho pequeno, má

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formação, manchas, marcas ou danos provocados por insetos, defeitos mecânicos e estádio de

maturação inadequado ao mercado de destino;

Após esse procedimento, os frutos são levados a uma máquina classificadora, que os separa

por peso e tamanho, sendo recebidos numa mesa com divisões para cada peso e tamanho.

Geralmente apresenta divisão de 4 a 13, sendo 4 significa que apenas 4 frutos completam uma

caixa de 3,5 kg e, que 13, exige 13 frutos para completar a caixa.

Logo após, os frutos são novamente selecionados e separados por qualidade e tamanho em

caixas plásticas de diferentes cores, sendo que os melhores frutos, na maioria das vezes e

dependendo da demanda, são destinados aos EUA e os outros são destinados a Europa e

mercado interno.

Quando o produto destina-se a exportação, a próxima etapa é efetuar o tratamento

hidrotérmico, em ambientes totalmente selados para evitar a contaminação por insetos, as

caixas são imersas em água a 48°c ± 1,0 c durante 20 minutos, para controlar doenças de pós-

colheita. Posteriormente os frutos são resfriados a 10°c durante 17 minutos, ou 6a8°c por 15

minutos.

Nos frutos destinados a Europa, ainda é necessário a aplicação de fungicida, o Sportak (300

mL / 100 L de água) / 2 minutos.

A seguir vem o pré resfriamento, processo que visa retirar o calor que o fruto traz do campo.

A finalidade da pré-refrigeração é reduzir rapidamente os processos metabólicos, como a

respiração e a deterioração, através da diminuição da temperatura do fruto, preparando-o para

o transporte ou armazenamento refrigerado. Com a pré-refrigeração há redução da perda de

peso. O período entre a colheita e a pré-refrigeração deve ser o menor possível, e no caso do

mamão, não deve exceder de 6 a 12 horas. Nesse processo as caixas são estocadas em câmara

fria submetidas a ar forçado a 9°c por aproximadamente um dia.

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A etapa seguinte é o embalamento. Os frutos são levados para a sala de embalagem e ali são

envolvidos em papel de seda, ou pequenas redes polietileno expandido, e colocadas nas caixas

de papelão, que em geral são dimensionadas para 3,5 kg de mamões. Tais caixas devem

possuir pelo menos 5% da área das laterais correspondendo aberturas, que permitam para a

passagem de ar entre as embalagens. Essas aberturas devem estar dispostas de tal maneira a

coincidir com as aberturas de todas as embalagens, quando feita a paletização, para que ocorra

a passagem de ar frio para refrigeração, e gás carbônico, oxigênio e etileno para sua

manutenção metabólica.

As caixas recebem selos identificadores, que permitirão a rastreabilidade do produto, e que

contém informações obrigatórias, proporcionando confiabilidade ao cliente, pois nas etiquetas

aparece o nome do produtor e/ ou local da produção e possuem informações a respeito da

origem, nome do produto, peso líquido, número de unidades, data da embalagem, peso bruto,

nome e endereço ou código do exportador ou embalador e produtor, sobre a origem do

produto,e o talhão de onde os frutos foram colhidos .

IV.4.1 Processo de Armazenamento

Na seqüência, as caixas são levadas para outra câmara fria a 10°C , onde são paletizadas .

Cada palete pesa aproximadamente 650 kg , tem 1200mm por 1000mm de base com 1630mm

de altura sendo composto por em geral 144 caixas de 3,5 kg. Os paletes destinados aos EUA

devem ser telados e inspecionados e lacrados pela autoridade sanitária. Os destinados a

Europa, não necessitam de telagem e lacração. Além disso a câmara de armazenamento dos

frutos destinados aos EUA, deve ser separada da dos frutos destinados a Europa ou ao

mercado interno.

O armazenamento refrigerado tem como objetivos: 1) reduzir a atividade biológica do fruto;

2) diminuir a atividade dos microrganismos; e 3) minimizar a perda de água do fruto. Durante

o armazenamento refrigerado a temperatura é o principal fator na manutenção da qualidade.

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Para cada 10o C de aumento de temperatura a velocidade das reações biológicas de um

produto colhido aumenta de duas a três vezes (Lei de Vant´Hoff). O tempo de prateleira é

inversamente proporcional à velocidade das reações biológicas do produto. A temperatura

mínima de segurança para a conservação do mamão para que não tenha dano de frio é de 7ºC,

devendo sempre que possível ser seguido pelo controle da umidade relativa em torno de 90%

a 95% para evitar a perda de água, e da taxa de renovação do ar para dispersar o etileno.

Falhas no controle da temperatura podem acarretar sintomas de dano de frio como depressões,

falha no amadurecimento, deterioração e sabor estranho, ou rápida senecência e perda de

valor comercial quando a temperatura é superior a 15ºC.

IV.4.2 Processo de fiscalização pelo ministério da agricultura em convênio com o FDA.

Essa fiscalização visa a manutenção da qualidade e a sanidade dos frutos exportados para os

EUA. O fiscal inspeciona diariamente todos os processos, desde a produção no campo,

avaliando os frutos quanto a infestação de mosca-das-frutas, e a presença de frutos com

estágio de maturação maior que III que atraem mosca-das-frutas e as plantas com sintomas de

doenças como meleira ou mosaico; no packing house, o agrônomo mede a temperatura da

água nos tanques de tratamento térmico, e avaliam todos os paletes com destino aos EUA em

relação a presença de insetos ou pragas quarentenárias. Os paletes destinados aos EUA só são

aceitos pelas autoridades sanitárias americanas se estiverem com o lacre do Ministério da

Agricultura do Brasil, devidamente telados e acompanhados do respectivo documento

fitossanitário.

IV.4.3 Analise laboratorial.

Os packing houses devem estar providos de um laboratório onde são feitas análises dos frutos.

A análise consiste em amostrar frutos que chegam ao setor de embalagem colocando-os nas

prateleiras do laboratório e avaliando-se, a cada semana, as condições fitossanitárias, o teor de

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sólidos solúveis totais (°Brix) , a consistência e coloração da polpa que são anotados em

formulário próprio.

4.4.4 Transporte Rodoviário

Por ser o mamão um produto vivo e altamente perecível, seu transporte deve ser feito em

veículo dotado de sistema de refrigeração. O transporte refrigerado do mamão gera elevado

custo. Porém, este tipo de transporte traz como benefício um melhor padrão de qualidade para

os frutos, além da inexistência ou considerável redução dos níveis de perdas. A temperatura

de transporte deve ser de 10 a 12°C e a umidade relativa de 90-95%. Para este tipo de

transporte, necessita-se da instalação de uma infra-estrutura de frio, que permita a pré-

refrigeração dos frutos, já que estes veículos não tem capacidade refrigeradora para o

abaixamento da temperatura da carga.

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Anexo V:

Requisitos Físicos Exigidos na Importação de Mamão Pelos EUA, Canadá,

Reino Unido e Holanda.

Luiz Antonio Tozi Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica

Instituto Tecnológico de Aeronáutica

Segundo o International Tropical Fruits Network (ITFNet,2004) os principais requisitos

físicos exigidos pelos EUA, Canadá, Reino Unido e Holanda para a importação de mamões da

a variedade Solo, que inclui o mamão papaia, são:

Características: Casca verde amarelada, polpa amarelo-laranja profundo. A fruta

hermafrodita deve ser em forma de pera e a fêmea uniformemente redonda; a fruta

hermafrodita é preferida. Toda a fruta deve parecer fresca com nenhuma mancha,

descoloração, ou amadurecimento desigual. O índice mínimo do açúcar deve ser 12 Brix (11,5

é aceito), e a polpa deve ter textura uniforme. Uma pequena cavidade da semente é

recomendada.

Tamanho: As frutas de tamanhos diferentes são separadas e embaladas de acordo com o peso,

tendo por resultado contagens diferentes por a caixa. A seguinte escala do peso é usada para

uma caixa de peso líquido de 4 a 3,5 Kg, para a frutas fêmeas e hermafroditas: Pequeno: 13 à

16 frutas (308 a 250 gramas); Médio: 9 à 12 frutas (440 a 330 gramas); e grande: 6 à 8 frutas

(666 a 500 gramas).

Condições: - nenhuma mancha de latex ou restos na superfície; - nenhuma ferida mecânica ou

afundamento; - nenhuma cicatriz ou resíduo de insetos ou de pulverizadores; e - nenhuma

fruta acima do estágio requerido no pedido indicado pela cor da casca.

Exigências de mercado: A maioria de importadores preferem a fruta hermafrodita pequena e

de tamanho médio com 50 a 70 por cento de coloração de amarelo na chegada. Alguns

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importadores aceitam a fruta fêmea pequena. Os supermercados e importadores específicos

requerem fruta de tamanho médio e grande, particularmente para mercados étnicos ou de

restaurantes. A fruta hermafrodita é preferida porque a fruta fêmea apresenta grande tamanho

da cavidade das sementes e é mais suscetível aos danos mecânicos.

Manipulação em países importadores: Os papaias devem ser armazenados entre 10oC a

12oC. As temperaturas abaixo desta escala causarão os ferimentos do frio e a deterioração

rápida na qualidade da fruta. Para induzir amadurecimento, os manipuladores devem

armazenar os papaias entre 18oC a 25oC e tratá-lo com o etileno em 100 porções por milhão

(0.01 por cento) por 24 horas. Os papaias não maduros são sensíveis ao etileno e começarão o

amadurecimento se armazenado com produtos produtores de etileno. Similarmente, os papaias

maduros produzem o etileno e causarão a deterioração em produtos armazenados ou

transportados em conjunto que sejam etileno-sensíveis.

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FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO

1. CLASSIFICAÇÃO/TIPO

TM

2. DATA

22 de novembro de 2005

3. DOCUMENTO N°

CTA/ITA-IEI/TM-010/2005

4. N° DE PÁGINAS

144 5. TÍTULO E SUBTÍTULO:

Análise do transporte aéreo como modal exportador de produtos perecíveis termicamente sensíveis: aplicação ao caso do mamão papaia brasileiro.

6. AUTOR(ES):

Luiz Antonio Tozi 7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES): Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica – ITA/IEI

8. PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

Transporte aéreo; Cadeia do frio; Perecíveis; Logística. 9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:

Transporte aéreo; Bens perecíveis; Logística (administração); Alimentos; Estudo de casos; Exportações; Transportes; Administração

10. APRESENTAÇÃO:X Nacional Internacional ITA, São José dos Campos, 2005 144 páginas

11. RESUMO:

O mamão papaia, sendo um produto perecível sensível à temperatura, além de ter sua validade comercial limitada pelo tempo, possui a marcante característica de ter seu valor comercial reduzido, ou anulado, quando submetido a processos logísticos que o exponham por algum período a condições de temperatura desfavoráveis. Este trabalho destina-se a identificar e avaliar as principais fontes de incertezas que permeiam os elos da cadeia logística da exportação via aérea do mamão papaia brasileiro. O ferramental que permitiu acesso aos objetivos baseou-se na metodologia de análise de cadeias de suprimento de produtos alimentícios desenvolvida em Van der Vorst, 2000. Tal metodologia foi aplicada a um cenário, resultado de ampla pesquisa, que retrata os processos logísticos envolvidos na cadeia de exportação de mamão papaia via aérea.

12. GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO( ) RESERVADO( ) CONFIDENCIAL( ) SECRETO