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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS Programa de Pós-graduação em Administração – PROPAD Ely Lemos de Oliveira Análise dos fatores organizacionais que dificultam a implantação de ERP em empresas Atacadistas da Cidade de Manaus Recife, 2009

Análise dos fatores organizacionais que dificultam a ... · Avaliar os diferentes fatores organizacionais que dificultam a implantação de ERP nas empresas atacadistas do ramo farmacêutico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS Programa de Pós-graduação em Administração – PROPAD

Ely Lemos de Oliveira

Análise dos fatores organizacionais que dificultam a implantação de ERP em empresas Atacadistas

da Cidade de Manaus

Recife, 2009

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3

Ely Lemos de Oliveira

Análise dos fatores organizacionais que dificultam a implantação de ERP em empresas Atacadistas

da cidade de Manaus.

Orientador: Dr. Décio Fonseca. Dissertação apresentada na área de MTI, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco em convênio com a Universidade do Norte - Uninorte.

Recife, 2009

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Oliveira, Ely Lemos de Análise dos fatores organizacionais que dificultam a implantação de ERP em empresas atacadistas da Cidade de Manaus / Ely Lemos de Oliveira. - Recife : O Autor, 2009.

97 folhas : fig., quadro, abrev. e siglas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Administração, 2009. Inclui bibliografia e apêndice.

1. Tecnologia da informação. 2. Sistema de recuperação da informação. 3. Controle organizacional. 4. Administração de empresas. 5. Grandes empresas (Manaus). I. Título.

658 CDU (1997) UFPE 658 CDD (22.ed.) CSA2010-055

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6

Dedico este trabalho aos meus pais Maria José e Ludovico e ao meu filho Igor.

7

Agradecimentos

À Maria José e Ludovico, Margarida e Auxiliadora, meus pais e tias, por me

ensinarem o valor do conhecimento e se sacrificarem para que eu tivesse acesso ao

mesmo.

Ao Igor, meu filho, da compreensão pela ausência. A Eliana Girão, minha esposa,

pelo incentivo para buscar novos conhecimentos, ingressar no mestrado, e pela paciência

na aceitação das ausências constantes em decorrência desta busca de conhecimento.

À professora Jaci que me incentivou e encorajou para o exame de seleção para o

mestrado.

Ao professor Décio Fonseca que me acompanha e orienta nesta árdua jornada.

Ao professor Marco Aurélio Portella de Macêdo pela atenção dada à busca por

conhecimentos teóricos.

Aos amigos Washington Girão e Janinha Girão pela ajuda por terem me abrigado

na sua casa em Recife.

Aos amigos Emili de Leon e Emilia pela amizade e por não me deixarem desistir

antes do fim.

Aos membros da Banca Examinadora, pela contribuição para a melhoria deste

instrumento de pesquisa e crescimento profissional.

À todos os meus amigos, que me ajudaram direta e indiretamente durante todo o

processo do mestrado e que mesmo longe torceram por esta conquista.

À todas as pessoas aqui não citadas, que me ajudaram direta ou indiretamente

para a construção deste trabalho e da minha vida profissional.

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Resumo

A tecnologia da informação tem contribuído de forma significativa para as organizações desenvolverem uma maior competitividade. O uso de sistemas de informação integrado também conhecidos como sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) passou a ser largamente utilizado pelas empresas. Com a idéia de integrar todos os setores, ganhar eficiência e ser mais competitivas, as organizações buscam estas ferramentas achando que apenas implantando um sistema obterão os benefícios apresentados por esta tecnologia. No entanto, uma série de fatores organizacionais podem contribuir de forma negativa para a implementação do ERP nas organizações. Desse modo, foi realizado um estudo de caso com utilização de abordagem interpretativa, em duas empresas atacadistas do ramo farmacêutico na cidade de Manaus, para avaliar diferentes fatores organizacionais que dificultam a implantação de ERP. O ERP foi visto como contribuindo de modo substantivo para mudanças estratégicas vivenciadas por estas organizações.

Palavras-chaves: Implementação de sistemas de informação ERP. Fatores organizacionais e empresas atacadista.

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Abstract

The information of technology has been contributing in a very meaning way for enterprises and organizations to develop a better competitiveness. The use of integrated information systems also known as ERP (Enterprise Resource Planning) is now widely used by companies. In order to integrate all departments, improve the efficiency and increasing the competitiveness, the companies have been searching these tools figuring that by implementing this kind of system they will obtain all the benefits provided by this technology. However, several characteristics of the organization may contribute negatively for the implementation of ERP in it. Thus, it was realized a case study by using the interpretative approach in two wholesale companies from the pharmaceutical branch in the city of Manaus to evaluate different organizational characteristics that make the implementation of the system ERP unfeasible. The ERP was seen as an important contributor for strategic changes of these organizations. Key-words: Implementation of ERP information systems. Organizational characteristics and wholesale companies.

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Sumário

1 Introdução 14 1.1 Problema de Pesquisa 16 1.2 Objetivos 16 1.2.1 Objetivo Geral 16 1.2.2 Objetivos Específicos 16 1.3 Justificativas 17 1.3.1 Justificativa pelo aspecto de sistema de informação ERP 17 1.3.2 Justificativa pelo aspecto das Empresas Atacadistas 17 2 Fundamentação Teórica 19 2.1 Características de uma empresa do setor Atacadista 19 2.2 Sistemas de Informação e ERP 26 2.3 Critérios para avaliar o processo de implantação de ERP de acordo com seu ciclo de vida

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2.3.1 Decisão e Seleção 30 2.3.2 Implementação 33 2.3.3 Utilização 36 2.4 Fatores Organizacionais Críticos na implementação de sistemas de informação ERP.

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3 Procedimentos Metodológicos 45 3.1 Delineamento da Pesquisa 48 3.2 Coleta de Dados 50 3.3 Análise dos Dados 53 4 Análise Dos Resultados 56 4.1 A Empresa Alfa 56 4.2 A Empresa Beta 60 4.3 Utilização da Tecnologia da Informação pelas empresas Alfa e Beta 64 4.4 Percepção dos Gestores de empresas Atacadistas sobre os sistemas ERP. 69 4.4.1 Características dos Gestores 69 4.4.2 Os gestores e os sistemas 70 4.3 Fatores Organizacionais que dificultam a implementação de sistemas ERP encontrados nas empresas Alfa e Beta

73

5 Considerações Finais 81 5.1 Confrontos com os Objetivos Específicos 81 5.2 Limitações 84 5.3 Sugestões para estudos futuros 85 6 Referências APÊNDICES – Roteiro de Entrevista

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Lista de Quadros

Quadro1 Ciclo de Vida de Sistema Linear 29 Quadro2 Uso das tecnologias da informação nas empresas Atacadistas de Manaus 64 Quadro3 Caracteristicas dos gestores das empresas Atacadistas de Manaus 69 Quadro4 Fatores que influenciam a implementação de um ERP nas empresas Alfa e

Beta

73

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Lista Única de Figuras e Tabelas e Gráficos

Fig.1 Processo Básico de Troca 21 Fig.2 Ciclo de vida de um sistema ERP 30 TABELA1 Resistência a Sistemas de Informação 44 Gráfico 1 Faixa Etária dos Gestores nas empresas atacadistas de Manaus 70

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Lista de Siglas

ERP Enterprise Resource Planning - Sistemas de Informação Integrados PMEs Pequenas e Médias Empresas SI Sistemas de Informação SO Sistema Operacional IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística TI Tecnologia da Informação SGDB Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados EDI Electronic Data Interchange – Transferência Eletrônica de Dados BI Business intelligence – Ferramenta (Sistema) de Tomada de Decisão MRP Material Requirement Planning –Sistema de Planejamento das

Necessidades de Materiais ABAD Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores IGA Independent Grocers Alliance (Aliança de Varejos Independentes) ECR Efficient Consumer Response (Resposta Eficiente ao Consumidor)

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o mundo passou a seguir uma tendência em que fatores

ambientais, organizacionais e tecnológicos ditam um contexto de negócio altamente

competitivo no qual os clientes tornam-se cada vez mais importantes para as

organizações. No entanto, tais fatores sofrem mudanças de forma imprevisíveis o que

acarreta pressão sobre as organizações que buscam alternativas para aumentar a

produtividade, aumento da qualidade de produtos e serviços, melhoria do relacionamento

com o cliente, melhoria do processo de tomada de decisão, formulações de novas

estratégias e flexibilidade no acompanhamento das mudanças provindas de tais fatores.

McGree e Prusak (1994, p. 3), afirmam que “numa economia de informação, a

concorrência entre as organizações baseia-se em capacidade de adquirir, tratar, interpretar

e utilizar informações de forma eficaz”. Desta forma, o uso da informação passa a ser

primordial para sobrevivência à medida que as empresas sabem utilizá-las. Para Robbins

(2002, p. 151), “tanto a qualidade quanto a rapidez da tomada de decisão dependem

fundamentalmente da qualidade e da disponibilidade das informações”.

No final do século XX, grandes organizações passaram a utilizar Sistemas de

Informação (SI) que evoluíram para os ERP (ENTERPRISE RESOURCE PLANNING),

também conhecido como Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, nos quais a

integração entre os módulos foi o grande responsável por seu sucesso. Nesse período,

estes sistemas eram extremamente caros, viáveis somente às empresas de grande porte.

Com o passar do tempo as grandes corporações fizeram suas escolhas sobre os sistemas a

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serem adquiridos e implementados. A necessidade de integração da informação tem

ocorrido também nas empresas atacadistas, crescendo ainda mais o mercado de

fornecimento de ERP.

Esta pesquisa está dividida em cinco capítulos. A definição do problema, os objetivos

gerais e específicos, bem como as justificativas para a escolha do presente estudo

compõem o Capítulo1. O referencial teórico que norteia a pesquisa está divididos em

quatro grandes tópicos temáticos relacionados e desenvolvidos ao longo do Capítulo 2

em: Caracterização de empresa do setor atacadista, Distribuidora de produtos

farmacêuticos, Fatores organizacionais relevantes para implementação de sistemas de

informação, ERP: Características relevantes para o setor atacadista e Critérios para

avaliar o processo de implantação de ERP de acordo com seu ciclo de vida. O Capítulo 3

é dedicado aos procedimentos metodológicos, abordando desde o delineamento da

pesquisa até os cuidados metodológicos. O Capítulo 4 trata da análise dos resultados da

pesquisa. Por fim o Capítulo 5 é dedicado às considerações finais da pesquisa.

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1.1 Problema de Pesquisa.

Como as empresas atacadistas da cidade de Manaus superam as dificuldades para

implementarem as tecnologias de informação de sistemas de ERP?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar os diferentes fatores organizacionais que dificultam a implantação de ERP

nas empresas atacadistas do ramo farmacêutico na cidade de Manaus.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Identificar os critérios para avaliação de um ERP nas empresas atacadistas;

b) Analisar a visão dos gestores de empresas atacadistas do ramo farmacêutico em

relação à implantação de ERP;

c) Identificar quais aspectos são considerados relevantes para a gestão

organizacional nas empresas atacadistas em relação à tecnologia ERP;

d) Detalhar os fatores organizacionais que criam obstáculos na implementação de

sistema ERP.

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1.3. Justificativa

1.3.1 Justificativa pelo aspecto de sistema de informação ERP.

O presente estudo surgiu da necessidade de se compreender as dificuldades e

limitações para se implantar sistemas integrados ERP, a partir da experiência profissional

na qual participa diretamente de projetos de implementação de sistemas ERP. Apesar de

se encontrar uma literatura muita vasta sobre tecnologia da informação e sistemas ERP,

estas são geralmente focadas nas grandes estruturas organizacionais o que é vislumbrado

como um desafio para a implementação e uso em organizações de pequeno e médio

porte.

1.3.2 Justificativa pelo aspecto das empresas atacadistas A escolha das empresas atacadistas como foco desta pesquisa se

deu por elas possuírem um papel relevante no desenvolvimento econômico e social do

país. Vale ressaltar que estas empresas podem ser consideradas como elemento essencial

de promoção social, base da estabilidade política e força propulsora do desenvolvimento,

uma vez que se considere sua capacidade de incorporar tecnologia e gerar empregos

(TERENCE, 2002).

Muitos estudiosos empíricos citados pelo consultor da ABAD

Guilherme Tiezzi (2009) se restringem às empresas atacadistas como apenas um

seguimento produtivo, dificultando uma abrangência de análise quanto ao uso de

tecnologia, em detalhar as dificuldades vivenciadas quando se implementam ou usam um

sistema ERP. Isso pode ser considerado como uma justificativa relevante para a

18

realização desse trabalho, dando sua contribuição para Administração como ciência, o

que pode se tornar uma pesquisa de relevância acadêmica com intuito de gerar um melhor

entendimento de como os fatores organizacionais afetam à implantação destes sistemas

nas organizações.

19

2 Fundamentação Teórica

O presente capítulo tem como proposta apresentar a fundamentação teórica que

servirá de embasamento para o estudo realizado.

Em primeiro lugar, buscou-se identificar as características das empresas

atacadistas do ramo farmacêutico vislumbrando o papel dos sistemas de informação

contribuindo ativamente para a competitividade destas.

Em segundo lugar serão apresentados os Fatores organizacionais relevantes à

implementação de sistemas de informação identificados por autores da área.

Em terceiro lugar for demonstrado os critérios para avaliar o processo de

implantação de ERP através de seu ciclo de vida.

2.1 Características de uma empresa do setor atacadista

Segundo Cobra (1993, p. 298), “atacadista é toda pessoa física ou jurídica que

vende à varejista e a outros comerciantes, e/ou a indústrias, instituições e usuários

comerciais, mas que não realiza venda em grandes quantidades ao consumidor final”.

De acordo com a ABAD, atualmente existem vários formatos de empresas de

atacado no Brasil, classificados de acordo com a sua forma principal de atendimento aos

clientes: o atacadista distribuidor, distribuidor exclusivo, distribuidor especializado por

categoria (DEC), o atacadista de balcão e o atacado de auto-serviço. Outros mais recentes

já vão se firmando no mercado, como o operador logístico e o broker.

20

É de grande importância, caracterizar os tipos de empresas atacadistas, destacando

em que formato as empresas do presente estudo estão inseridas, para tanto, buscou-se

detalhar o seguimento atacadista nos seguintes formatos:

a) ATACADO: agente de distribuição que compra e vende produtos de fornecedores da

indústria, com os quais não possui vínculo (formal ou informal) de exclusividade de

produtos e/ou de território.

b) DISTRIBUIDOR: agente de distribuição que compra e vende produtos de

fornecedores da indústria, com os quais possui vínculo de exclusividade de produtos e/ou

de território.

Obs. No mercado brasileiro há diversas empresas que atuam como atacadistas para um

determinado grupo de fornecedores ao mesmo tempo em que atuam como distribuidores

para um outro grupo de fornecedores. Essas empresas devem ser caracterizadas como

empresas atacadistas e distribuidores.

c) OPERADOR DE VENDAS: agente de distribuição que desempenha as funções de

vendas, trabalho no ponto de vendas, cobrança e pós-vendas, pelas quais recebe sua

remuneração.

d) OPERADOR LOGÍSTICO: agente de distribuição que desempenha as funções de

armazenagem e distribuição física, pelas quais recebe sua remuneração.

e) OPERADOR DE COMPRAS: agente de distribuição que desempenha a função de

negociação com fornecedores para outras empresas, pela qual recebe sua remuneração.

21

Obs. Em geral a indústria remunera os operadores de vendas através de um percentual

(%) estipulado sobre o faturamento. Já a remuneração de operadores logísticos pode

envolver uma série de formas: por atividade (pallet, picking) por unidade, % valor

faturamento, valor fixo/ tonelada, % do custo da operação e outros.

Partindo de pressuposto que as empresas com características de Atacadista e

Distribuidor possuem um grau de complexidade maior em relação às demais empresas

deste setor devido ao dinamismo com que atuam nas relações com fornecedores e

clientes, esta pesquisa buscou investigar os fatores organizacionais encontrados nestas

organizações que criam obstáculo à TI na implementação de sistemas ERP.

Segundo Nunes (2001), uma empresa que faz parte do setor atacadista distribuidor

de produtos industrializados se caracteriza como intermediária entre a base consumidora

e a indústria, no processo de atravessamento de mercadorias. O processo básico de trocas

pode ser esquematizado conforme se mostra na Figura 1:

Figura 1 – Processo básico de trocas Fonte: Nunes, (2001, p.10)

22

Nesse processo de intermediação de produtos farmacêuticos, os atacadistas

distribuidores adquirem mercadoria junto aos laboratórios farmacêuticos representada na

figura 1 pela indústria e prestam serviço distribuindo ao varejo e aos consumidores finais.

Para o consultor da ABAD, Guilherme Tiezzi, em entrevista dada em um

workshop promovido pelo Sindiatacadistas dia quatro de julho de 2009 em Porto alegre,

o setor atacadista vem passando por mudanças. Uma delas é representada pelo

consumidor. Os hábitos de consumo estão mudando, havendo um grande aumento de

inserção das classes C, D e E no mercado. Elas possuem hábitos de compra diferentes das

classes A e B, principalmente no que diz respeito à localidade de compra e fidelização do

canal. É uma população que adquire bens de consumo em bairros, em lojas de

vizinhança, na média de duas a três vezes por semana. Compram em pequenas

quantidades. E isso fez com que toda a estrutura do varejo tivesse que se adaptar a esse

novo mercado. Em função disso, as lojas alteraram sua forma de planejamento, operação

e formato. Em conseqüência, toda a cadeia de logística se remodelou para ter mais

organização de fluxo. As grandes redes, por exemplo, começaram a investir em lojas de

vizinhança, o que foi muito positivo. Desde 2001, o pequeno e médio varejista, que são

os clientes do atacado, vêm crescendo, ganhando espaço. Já representam 53% da

distribuição nacional segundo a ABAD. Esta mudança requer estratégias flexíveis que

sem uso de TI, dificulta sua execução.

Outra mudança, se da pela tendência à concentração no setor. Grandes empresas

vêm dominando o mercado do comércio – atacado e varejo, o que traz a necessidade de

23

haver mais competitividade, pois é preciso ter respostas rápidas, estruturas flexíveis para

responder a essa mudança de mercado.

Rojo (1998), já alertava para a crise do setor atacadista, devido ao aumento da

concorrência pela entrada de empresas estrangeiras no setor e também pelos processos de

fusões e aquisições ocorridas neste período. A crise econômica mundial dos dois últimos

anos teve impactos negativos em todos os setores e devem ser levados em consideração

para estudos de fenômeno que exijam investimentos, que é o caso da implementação de

TI.

Diante deste cenário, empresas do setor atacadista distribuidor, buscam seguir a

tendência do mercado. O setor atacadista distribuidor deverá trabalhar algumas

estratégias, conforme Frazelle e Goelzer (1999), para assegurar a sua continuidade e o

cumprimento de sua missão, a saber:

a) IGA - Independent Grocers Alliance (Aliança de Varejos Independentes), aliança

nascida nos EUA, na década de 1920, para acelerar a expansão do pequeno e do médio

varejo, com o compromisso de atender bem a comunidade;

b) ECR - Efficient Consumer Response (Resposta Eficiente ao Consumidor), como um

dos maiores esforços desenvolvidos pelos supermercadistas na busca do melhor

relacionamento com a indústria, visando reduzir custos e oferecendo melhor atendimento

ao consumidor;

c) Gestão de recursos humanos – o varejo como empregador tem relevância por utilizar a

mão-de-obra de forma intensiva, mas com seu processo de modernização desde o início

da década de 1990, a qualificação e as novas exigências de conhecimento da mão-de-obra

aumentaram;

24

d) Gerenciamentos operacionais – deve-se reconstruir os processos na ordem de

exigência dos interesses do negócio. É função da área operacional construir uma base

sólida, à qual serão agregadas as outras áreas: gerenciamento por categorias, mix, espaço,

precificação, recepção de produtos, circulação, estoque, layout, promoção e gôndola.

e) EDI – Eletronic Data Interchange (Intercâmbio Eletrônico de Dados), para efetuar a

troca eletrônica de informações e documentos entre parceiros, feita com o mínino de

interferência humana;

f) Logística – é uma ferramenta no processo de reabastecimento contínuo no ponto de

suprimento, atendendo sempre à necessidade de vendas;

g) Satisfação do consumidor – buscar uma forma de atendê-lo de maneira ágil, segura,

conhecendo suas preferências, analisando sua satisfação em promoções, preço, qualidade,

atendimento e fidelidade. Deve-se estar atento ao que mais impacta na decisão de

comprar e o que espera quando decide comprar;

h) Participação em eventos – participar de eventos do setor e acompanhar as inovações

tecnológicas, comerciais, etc.

Trabalhando essas estratégicas integradas à adoção de novas tecnologias de informação,

aliadas a ajustes dos processos e controles operacionais, o setor atacadista distribuidor

poderá alcançar ou manter seu diferencial competitivo num mercado de economia

globalizada.

Segundo Montebeller (2002), para alcançar vantagem competitiva, os atacadistas

necessitam desenvolver modelos de controles operacionais estruturados, alicerçados em

tecnologias que permitem a tomada de decisões de forma oportuna, atual, e constante.

Porter (1986) afirma que, desenvolvendo modelos operacionais de controles para dar

25

suporte à tomada de decisões, a organização contempla e influencia o comportamento e o

desempenho da concorrência, dos fornecedores, dos clientes, e dos parceiros. Diante

desse cenário, os sistemas de informação representado na maioria das vezes por ERP

apresentam-se como principal opção para estas empresas.

O setor atacadista distribuidor está sendo considerado por especialistas em

administração e por estudiosos do setor, como Kotler (1994) e Dias (1996), como um dos

mais promissores ramos de atividades. Isto ocorre devido ao fato de necessitar de

progressiva especialização de mão-de-obra, e de avanço na área tecnológica, apoiadas em

sistema de informação capaz de fornecer informações em tempo real que auxilia à

tomada de decisão. Através disso, Filardi, Angeloni e Cozzatti (2009), buscaram

investigar a influência do modernismo na escolha de um sistema ERP como ferramenta

de gestão, diante de um cenário em que a busca constante pela conquista e retenção do

cliente originou um mercado literário de curandeiros e gurus da gestão, ganhando

generosos espaços nas estantes das livrarias, vendendo fórmulas mágicas em uma

tentativa de transformar a gestão de negócios em ciência exata. Com isso, constataram

que As razões que influenciaram a escolha das ferramentas de gestão citadas pelos respondentes

são as seguintes: incentivo da direção e pressão de mercado aparecem em 60% das respostas em

seu estudo.

Neste capítulo foi demonstrado o conceito de empresas

atacadistas, sua estrutura, como se caracterizam e como atuam no Brasil, além disso,

foram apresentadas suas necessidades e expectativas que as mesmas apostam em sistemas

de informação.

26

2.2 Sistemas de Informação e ERP

A Tecnologia da Informação foi responsável por mudanças na forma de como as

empresas gerenciam seus negócios. Os sistemas de informação trouxeram grandes

benefícios às organizações contribuindo diretamente na redução de custo com

retrabalhos, integração dos módulos cujo reflexo é o ganho de agilidade sob o contexto

geral, além da informação em tempo real que contribui para tomada de decisão, o que

permite uma vantagem competitiva sob as empresas que não possuem tal ferramenta.

Para Ludmer e Filho (2005, p.1), sistemas de informação (SI), ”[...] é um campo de

estudo que se preocupa com uma variedade de questões multifacetadas, inerentes ao

desenvolvimento, uso e implicações das tecnologias de informação e comunicação nas

organizações”. Antes esta era uma realidade apenas das grandes indústrias

multinacionais. Com o passar do tempo os ERP passaram a ser utilizados por pequenas e

médias empresas e implementados em vários seguimentos inclusive no atacado. Diante

desse aspecto, este capítulo buscará investigar como os sistemas ERP estão sendo usados

nas Empresas atacadistas do seguimento farmacêutico.

Um sistema ERP não representa o fim para os problemas de uma empresa, mas

uma ferramenta que deve ser utilizada de forma estratégica pelas mesmas.

Apesar de ser criado para atender necessidades da área de manufatura industrial, o

sistema ERP vem sendo utilizado em organizações dos mais variados seguimentos.

Lemos et al. (2006) apud Gartner Group estipulou que os sistemas ERP deveriam incluir

módulos de contabilidade, finanças, vendas, distribuição, gerenciamento de materiais,

dentre outros, sendo fundamental que todos eles trabalhassem de maneira integrada.

27

Algumas empresas de software desenvolveram sistemas procurando, principalmente,

implementar as técnicas de MRP (Material Requirement Planning) e, posteriormente,

MRP II voltadas para a produção. Gradativamente, estas empresas passaram a incorporar

mais módulos e funcionalidades aos seus sistemas, passando a contemplar as atividades

administrativas e comerciais, dando origem aos ERP.

No final do século XX, houve uma crescente disseminação dos sistemas ERP. As

principais razões deste fenômeno se deram por conta de pressões sofridas pelas empresas

em decorrência de um mercado globalizado e competitivo, obrigando a buscar eficiência,

agilidade na operação, uso das informações integradas em todos os níveis, internos e

externos à empresa, como: bancos, fornecedores, clientes e parceiros.

Esta integração é vista por Davenport (1998) de forma positiva, e ressalta que em

algumas indústrias, esses sistemas aperfeiçoaram o fluxo de informações através da

cadeia de suprimento de tal modo, que se tornaram um padrão operacional.

Na opinião de Souza (2000, p.3):

[…] outro apelo dos sistemas ERP é a disponibilização de conhecimentos acumulados a respeito de diferentes maneiras de realizar processos. Isso decorre do fato de as empresas fornecedoras se utilizarem de modelos de processos obtidos através de estudos e comparação em diversas empresas (benchmarking), as chamadas “melhores práticas”. Este conhecimento é agregado à empresa no processo de implantação. Estas melhores práticas, em associação à integração dos departamentos, podem permitir reduções de mão-de-obra indireta, principalmente nos setores administrativos da empresa.

Segundo Lima et al. (2000), a adoção de um ERP afeta a empresa

em todas as suas dimensões culturais, organizacionais ou tecnológicas. Esse sistema

controla toda empresa, da produção às finanças registrando e processando cada fato novo

28

na engrenagem corporativa e distribuindo a informação de maneira clara e segura em

tempo real.

Para Schmitt (2004), ERP pode ser confundido com um sistema de informação

comum, sua interface é similar a de outros aplicativos, porém, o importante é diferenciar

um ERP pelas suas vantagens de integridade de informações com relação aos outros

sistemas de informação.

[...] o objetivo final [da integração da empresa por meio de sistemas informatizados] não é interligar os sistemas informatizados existentes ou que serão implementados no futuro, mas sim construir com um todo empresarial coerente a partir das várias funções que se originam da divisão do trabalho nas empresas (ALSÈNE,1999, op.cit. SOUZA e ZWICKER, apud SACCOL e SOUZA 2003, p.66).

Neste capitulo foi tratado sobre os impactos das mudanças nas

empresas através da TI com a implementação de suas estratégias e ferramentas. Foi

também tratado o uso e benefícios dos sistemas de informação e ERP . Na próxima

sessão serão tratados os critérios para avaliação do processo de implantação de Sistemas

ERP e em particular em empresas atacadistas.

29

2.3 Critérios para avaliar o processo de implantação de ERP.

O ciclo de vida de um sistema representa as etapas pelos quais passa o processo

de desenvolvimento e utilização de sistemas de informação. Da sua forma tradicional, o

ciclo de vida de um sistema possui as etapas de levantamento de requisitos, escopo do

projeto, análises de alternativas, projeto do sistema, codificação, testes, conversão de

bancos de dados e manutenção. Existem dois modelos de ciclo de vida: o linear e o de

prototipação.

No linear, as etapas são executadas em seqüências sem que haja retrocesso. No

modelo de prototipação à medida que o produto é incrementado são realizados revisões

nestes modelos. É demonstrado abaixo o quadro 1 com modelo linear proposto por Lucas

(1985).

Quadro 1 – Ciclo de Vida de Sistema Linear Fonte: Adaptado por Lucas (1985)

30

Souza e Zwicker (2000) tratam de forma mais resumida, dividindo o ciclo de vida

de um sistema ERP em decisão e seleção, implementação e utilização, conforme figura 2:

Figura 2. Ciclo de vida de um sistema ERP. Fonte: Souza e Zwicker (2000) Adaptado.

O modelo de ciclo de vida dos ERP de Souza e Zwicker (2000) foi utilizado como

referência para esta pesquisa e foi dividido em três fases, decisão e seleção;

implementação e utilização. As empresas que foram analisadas que possuem sistemas

ERP optaram por outro tipo de passagem da fase de implementação para fase de

utilização, como será tratado mais adiante.

2.3.1 Decisão e Seleção

Para Souza e Swicker (2008), esta é a etapa no qual a empresa

decide implementar um sistema ERP como solução de informática e escolhe o

31

fornecedor. O fornecedor pode ser externo ou interno, caso a empresa opte por

desenvolver o sistema com sua própria equipe. Nessa fase devem ser levadas em

consideração várias questões, por exemplo: Davenport (1998) analisa a decisão sob o

ponto de vista da compatibilidade entre a organização e as características dos sistemas

ERP. Caso não haja esta compatibilidade de uma das partes, um terá que se adaptar ao

outro, o que pode gerar uma série de problemas, ou o contrário, o sistema possuir

parâmetros capazes de se adaptar aos processos da empresa.

Pressionadas pelo mercado a serem mais competitivas, as empresas logo se

deparam com um dilema: adquirir um pacote pronto de sistema de gestão empresarial ou

desenvolver seu próprio ERP. “Geralmente as decisões de compras de uma organização

envolvem muitas pessoas, incluindo aquelas que possuem o poder de decisão pela

compra do que os colaboradores consumirão” (SOLOMON 2002, p. 282). Mas nem

sempre estas pessoas têm a visão da real necessidade da empresa, o que pode vir a tornar-

se um problema futuro.

Oliva et. al. (2006) relatam que a decisão de aquisição de um sistema integrado de

gestão, baseado em tecnologia ERP, requer que os executivos responsáveis pela tomada

de decisão considerem uma série de variáveis relativas ao ambiente interno e externo da

empresa (será discutido em um tópico mais adiante), porém, uma delas é a decisão por

comprar um sistema ou desenvolvê-lo. “Caso a empresa opte por comprar um pacote

pronto, pode vir a sofrer um dos maiores problemas dos Sistemas de gestão integrada

ERP que sempre foi o fato de exigirem que a empresa se adapte ao ERP, em vez do ERP

se adaptar à empresa”. (OLIVA et. al., 2006, p.2). Para uma empresa que tem seus

processos definidos, é necessário buscar alternativas junto ao ERP para implementar seus

32

processos e é importante que isso seja investigado antes de tomar a decisão pela aquisição

de um pacote ERP. A boa prática de implementação recomenda que os processos

praticados na empresa sejam reformulados através de uma reengenharia de processos

para que os mesmos possam encaixar-se no formato daqueles já internalizados no sistema

adquirido.

Já na concepção de Davenport (2002), os sistemas ERP têm seu desenvolvimento

orientado a processos, objetivando torná-los mais eficazes. Se uma empresa tem bons

processos internos, tenderá a partir deles, a ter melhores possibilidades de construir suas

vantagens competitivas. Por outro lado, uma empresa com processos ineficientes e não

integrados, geralmente, tem mais dificuldade em implementar estratégias e

conseqüentemente, adquirir vantagens competitivas duradouras. Nesta visão, o ERP é

totalmente dependente dos processos para dar resultados que levem a organização a obter

vantagens providas deste sistema. Colangelo Filho (2001) defende a importância de

levantar todos os processos de negócio da organização, registrando-os para análises de

um determinado sistema integrado antes da implantação do ERP, pois assim podem-se

detectar falhas e corrigi-las no percurso da implantação.

Hecht (1997) apresenta critérios que podem auxiliar nessa escolha: adequação da

funcionalidade do pacote aos requisitos da empresa, arquitetura técnica do produto, custo

de implementação, qualidade do suporte pós-venda, saúde financeira e visão de futuro do

fornecedor. Estes podem servir como um norte para empresas interessadas na aquisição

de um pacote ERP, nesta fase é de extrema importância que a empresa seja criteriosa,

pois se decidir por um pacote e voltar atrás na próxima fase, certamente amargará

prejuízos consideráveis.

33

2.3.2 Implementação

Constitui a segunda fase proposta por Souza e Swicker (2008), e pode ser

definida como o processo pelo qual os módulos do sistema são colocados em

funcionamento em uma empresa, o que envolve a adaptação dos processos de negócios

ao sistema, a parametrização e eventual customização.

Nesta fase, Colangelo Filho (2001) defende a importância de levantar todos os

processos de negócio da organização, registrando-os para análises mais adiante. Será

investigado se houve tal registro e se os representantes dos setores relataram de forma

clara seus processos. Na visão de Davenport (2000), esta fase requer atenção, pois é uma

fase de negociação com a alta cúpula. É de extrema importância que seja tratado assuntos

como a complexidade do projeto, choques organizacionais e os custos do projeto. As

práticas de processo devem ser revistas e analisadas sem descartar a idéia de passar por

uma reengenharia de processo.

Souto et. al (2006) identificam que muitas organizações não

possuem seus processos documentados e levantam a necessidade de registrá-los,

buscando a padronização dos processos e por conseqüência, minimizar a influência de

um indivíduo em particular junto a um sistema de informação. Com os processos

padronizados e documentados facilita a multiplicação da informação, não se prendendo a

um indivíduo, ou seja, um mecanismo de replicar conhecimento como sugere Sedera et.

al (2004).

Cassarro (1999) considera o registro dos processos existentes

antes da entrada do sistema como ponto relevante de um aspecto macro no projeto de

34

implantação. Caso haja um sistema já existente, é necessário fazer um levantamento de

todos os seus processos, identificando seus pontos fortes para mantê-los, e fracos para

buscar a solução neste novo sistema. Para isso, é necessário receber uma realimentação

dos usuários do sistema a ser substituído. Diferente de Cassaro, Welti (1999) afirma que,

para esta fase, o projeto será visto com menor grau de complexidade e com uma

necessidade reduzida de pessoas envolvidas. Porém percebeu-se que, alguns supervisores,

colocaram empecilhos em relatar suas tarefas, outros iam mais além e solicitavam

implementações que não condiziam com seu departamento.

Colangelo Filho (2001) salienta que para se verificar toda a infra-

estrutura do cliente tais como máquinas e equipamentos, sistema de comunicação,

instalações elétricas buscando alcançar condições ideais para manter o sistema em

produção, os investimentos e colaboração da direção são de extrema importância.

Percebe-se nesta fase pouca participação dos usuários finais, tornando dependentes da

direção da organização. A entrevista que foi utilizada como instrumento de coleta de

dados buscou investigar se a organização disponibilizou condições adequadas ao sistema

ERP.

Souza e Swicker (2008) consideram como a fase mais crítica dentro de um ciclo

de vida de um sistema, pois é nesta fase que surgem as dificuldades decorrentes de

mudanças organizacionais e que implicam alterações nas tarefas e responsabilidades de

indivíduos e departamentos e transformações entre diversos departamentos. É de extrema

importância que a alta direção esteja envolvida nesta fase, a fim de evitar conflitos entre

os envolvidos.

35

Outro ponto que deve ser levado em consideração é a maneira como foi feito para

o início das operações do sistema ERP, no qual se expõe as opções de modelo de

passagem para fase de utilização podendo ser através do big-bang (entrada em

funcionamento de todos os módulos em todas as divisões simultaneamente) ou small-

bang (entrada em funcionamento de módulos sucessivamente em cada uma das divisões)

e implementação em fases no qual os módulos vão sendo posto em produção por fase.

Ainda nesta fase é indispensável o “treinamento que se constitui em uma atividade vital

da implantação. O pessoal de SI, tais como consultores do usuário, devem se certificar

que os usuários finais sejam treinados para operar o novo sistema ou a sua implantação

fracassará”. (O’BRIEN 2004, p. 345).

A disseminação do conhecimento para os usuário pode ser vista como um

problema se levado em consideração que as pequenas e médias empresas têm a política

de treinamento ineficiente e inadequada, pois tem dificuldade em manter mão-de-obra

qualificada na opinião de Cândido et al (2000).

Lemos e Pereira (2006) ressaltam que algumas organizações optam por treinar

somente alguns usuários para serem multiplicadores de informação, e alertam ser um

risco de insucesso do projeto ERP.

Em um de seus estudos Swicker e Souza (2008) constataram que os treinamentos

dados aos usuários não foram suficientes, pois foram dados com o objetivo de exercer as

rotinas de cada usuário sem considerar a visão geral dos processos em que aquela função

estaria inserida. E isso trará um problema para a fase seguinte.

Partilhando da idéia de Marques e Lazzarini Neto (2002), o

treinamento deve ser visto como uma das fases mais importantes e mais crítica para qual

36

devem ser preparados os usuários não somente para usarem o sistema que entrará em

produção, mas, conscientizá-los e motivá-los da importância do mesmo.

2.3.3 Utilização

E por fim, a fase de utilização, na qual o sistema já foi posto em produção e já faz

parte do dia-a-dia da empresa.

Para Orlikovski e Hofman (1997), a dificuldade é de conhecer de antemão todas

as possibilidades de uso de novas tecnologias de informação na empresa. Com relação ao

sistema, os usuários somente irão conhecer as dificuldades a partir da fase de utilização

quando os problemas aparecerão. Para Swicker e Souza (2008), este conhecimento só se

estabelece após o tempo de uso continuado da tecnologia.

Mesmos que a empresa seja criteriosa na fase de decisão e escolha, e

implementação do sistema, muitos dos problemas só aparecerão com a utilização do

sistema, quando os departamentos estiverem trabalhando de forma compartilhada e isso

deve ser administrado para que os mesmos não fiquem sem resolução, causando assim

um problema maior e comprometendo os resultados do sistema.

Na próxima sessão serão abordados os fatores organizacionais críticos na

implementação de sistemas ERP que é um dos pontos centrais deste trabalho.

37

2.4 Fatores Organizacionais críticos na implementação de Sistemas ERP

Os motivos para implementar um Sistema ERP são os mais variados possíveis.

Para Colangelo Filho (2001, p. 30) existem três motivos que levam uma empresa a

implementar Sistemas ERP: negócios, legislação e tecnologia. Neto e Borges (2006)

acrescenta mais dois motivos: Institucionais e Sociais.

Bergamaschi (1999, p. 131), constatou em pesquisa realizada em 43 empresas de

diversos ramos de atividade, que a necessidade de integrar informações (100%) é

principal razão motivadora. Outras razões motivadoras foram também destacadas como

necessidades de informações gerenciais (86%, 42 indicações); redesenho dos processos

(88%, 25 indicações); busca de vantagem competitiva (83%, 29 indicações).

O que se confirmou com a pesquisa sobre a adoção e implementação de Sistemas

ERP, Wood Jr e Caldas (2000) que afirmam que as razões podem ser reais ou

substantivas e institucionais e que nas empresas pesquisas por estes autores a maioria dos

motivos se deu pela integração de processos e informações (95%) que é uma razão

substantiva; seguida pelo acompanhamento da tendência do mercado (90%) que é uma

razão institucional.

Os motivos para implementar um ERP podem ser considerados um pré-requisito

para se alcançar bons resultados. Partindo do princípio que a está em busca de um sistema

e não sendo obrigada a usar um sistema para cumprimento de leis como prevê Colangelo

Filho (2001) que cita como um dos motivos a Legislação.

38

Para Neto e Borges (2006) Os motivos institucionais envolvem o

sistema institucional da empresa, onde acionistas e proprietários determinam a visão,

missão, crenças e valores da empresa. Nestes motivos verifica-se que as forças externas

que atuam na empresa influenciam a sistema institucional da empresa nas razões para

implementar Sistemas ERP. Quanto aos motivos relacionados à legislação, as razões são

voltadas a atender as exigências legais e fiscais da área de atuação da empresa. Já os

motivos de negócios têm razões vinculadas à gestão econômico-financeira e competitiva

da empresa. Para os motivos tecnológicos as razões voltam-se diretamente as questões

do conjunto da utilização da Tecnologia de Informação. Por fim, os motivos sociais, as

razões relacionam-se diretamente a cultura organizacional, o clima organizacional, e os

valores informais da empresa.

Bergamaschi e Reinhard (2000) apresentam alguns fatores motivadores para

implementação de sistemas integrados ERP: A possibilidade de se ter um sistema único,

atualizado com as últimas novidades tecnológicas e de negócios, com todos os dados da

empresa centralizados em um único banco de dados e permitindo a tomada de decisão

rápida, a possibilidade de se fazer uma reengenharia de processos. Outros diversos fatores

são citado como fatores importantes para a decisão de se iniciar um projeto ERP

(LIEBER E JAYNES, 1995; MANUFACTURING SYSTEMS IT GLOSSARY, 1998;

STEVENS, 1997; THE BEST STUFF BILL GATES DOESN’T OWN, 1997; WESTON,

1998).

De acordo com o último parágrafo, os fatores apresentados por alguns autores não

correspondem com o que se busca nesta pesquisa, mas certamente influenciam e motivam

os usuários a agirem no decorrer da implementação.

39

Pode-se destacar como os fatores organizacionais críticos mais citados na

literatura clássica da área: missões claras e definidas; apoio da alta administração;

usuários capazes e envolvidos; planejamento detalhado do projeto; gerente de projeto

com habilidades necessárias; presença de consultoria externa; e mudanças no processo de

negócio (GROVER, 1995; LARSEN E MYERS, 1997; BANCROFT, 1998; PINTO E

SLEVIN, 1988).

Para Vasconcellos e Hemsley (1997, p.3), a estrutura de uma empresa é um fator

relevante e pode ser definida como o resultado de um processo de distribuição da

autoridade e especificação e atividades, desde os níveis mais baixos até a alta

administração, acompanhado do delineamento de um sistema de comunicação, o que

permite que as pessoas realizem as atividades e exerçam a autoridade que lhes é atribuída

para a realização dos objetivos organizacionais.

Em outras palavras, estruturar é agrupar recursos humanos e materiais em

unidades e definir autoridade, atividades e processos de comunicação para essas

unidades, integrando-as de forma a permitir o alcance dos objetivos da empresa de forma

eficiente e eficaz. Uma das razões de se implementar um sistema, visa estruturar seus

processos para integração das informações em um único local facilitando assim a tomada

de decisão.

Vele ressaltar que estes autores realizaram seus trabalhos a mais de dez anos e

isso para um fenômeno que muda a todo instante é muito, além de levar em consideração

alguns fatores que surgiram após estes estudos, tais como o “bug do milênio”, as

mudanças de estratégia que as organizações adotaram em função da globalização que na

40

época era algo novo. Diante desse aspecto é importante buscar em trabalhos recentes que

fatores organizacionais criam obstáculo para implementação de sistema de informações.

Borges e Neto (2006), constataram em seus estudos que três fatores considerados

de efeito muito positivo em todos os complexos industriais:

· Aumento de nível de qualidade das informações: por qualidade referimo-nos

aqui à rapidez e à confiabilidade com que a informação necessária é disponibilizada.

· A importância do apoio da consultoria para acompanhamento e auxílio na

implementação de Sistemas ERP: Possui know how para conduzir a organização durante

a implementação

· Mudanças na cultura organizacional com maior grau de profissionalismo.

Taurion (1999) ressalta que o processo de seleção do sistema é pragmático, mas rigoroso

o suficiente para evitar uma escolha errada. Uma falha nesse sentido pode resultar no uso

de processos e tecnologia totalmente inadequados à cultura e operação do negócio, o que,

com certeza, comprometeria o desempenho da empresa.

Nah e Delgado (2006), trataram em seus estudos os fatores críticos

organizacionais da implementação de sistemas ERP.

· Visão e Plano de Negócio;

· Seleção e Analise Técnica do Sistema de informação;

· Contratação de Uma Consultoria Externa;

· Gerencia de Mudanças;

· Gerenciamento de Projeto;

· Comunicação;

· Habilidade da equipe de gestão de projeto.

41

Na pesquisa realizada nos Estados Unidos em companhias governamentais por

Nah e Delgado (2006), constataram que a visão e o plano de negócio bem definido foi um

fator considerado determinando para o sucesso da implementação do Sistema SAP R/3

ERP naquela ocasião, seguidos pela importância de selecionar e analisar os recursos

técnicos de um sistema, presença de uma consultoria externa para auxiliar na

implementação do sistema, criação de uma gerencia de mudanças, gerenciar os projetos

existentes na organização, controle de comunicação em todos os níveis, e habilidade dos

condutores do projeto de implementação.

Serpa (2006), identificou quinze fatores organizacionais críticos para a

implementação do sistema ERP SAP R/3 na Petrobrás, local que realizou sua pesquisa:

· Apoio da alta gerência;

·Alinhamento estratégico;

·Seleção de fornecedores;

· Reengenharia de processo;

·Participação, envolvimento do usuário e cultura organizacional;

·Consultoria e equipe dedicada;

·Tomada de decisão;

·Treinamento;

·Comunicação interna e externa;

·Plano, escopo e Cronograma do projeto;

·Diagnóstico preventivo de problema;

·Configuração do software e customizações;

·Estratégia adequada para implantação do ERP;

42

·Sistema legado;

·Integridade e acurácia dos dados.

Jóia e Magalhães (2007), salientam sobre a importância que deve ser considerada

a resistência dos usuários em relação aos sistemas de informação.

O termo “resistência a sistemas de informação”, utilizado pelos autores nesse

artigo, inclui todos os casos tanto de não uso quanto de uso inadequado de sistemas de

informação pelos potenciais usuários do mesmo.

Para Markus (1983, p.431), há três vetores alternativos, derivados da visão geral

de resistência desenvolvida por (KLING, 1980), geradores da resistência a sistemas de

informação.

O primeiro vetor pressupõe que pessoas ou grupos resistem a sistemas de

informação por fatores de ordem pessoal. Exemplos desse vetor são, por exemplo: a

ausência de treinamento, o medo de computadores e a falta de utilidade percebida pelo

usuário em relação ao sistema.

O segundo vetor assume que pessoas ou grupos resistem por questões

relacionadas ao design do sistema. Sistemas sem flexibilidade, com interface gráfica e

usabilidades percebidas como fracas, demasiadamente complexos e projetados

inadequadamente tendem a ser rejeitados ou subutilizados pelos usuários.

Para o terceiro vetor, as pessoas ou grupos resistem aos sistemas devido à

interação entre características relacionadas ao sistema e características relacionadas ao

contexto organizacional. Exemplos desse vetor interação poderiam ser: sistemas que

centralizam o controle de dados sofrem resistência em organizações com estruturas de

43

autoridade descentralizada ou sistemas que equilibram a distribuição de poder nas

organizações serão resistidos por aqueles que o detêm.

Markus (1983) reconhece a existência de diversos desdobramentos para o vetor

interação, isso porque os ambientes organizacionais podem variar muito, destacando duas

perspectivas: a variante sócio-técnica e a variante política.

A variante sócio-técnica focaliza a distribuição de responsabilidades para tarefas

organizacionais entre os vários níveis hierárquicos. Novos sistemas de informação podem

levar a uma nova divisão de trabalho e de funções e responsabilidades, distinta da então

existente na organização. Assim, sistemas podem ser vistos como propiciadores de

mudanças organizacionais (KLING, 1980; MARKUS, 1983; ORLIKOWSKI & ROBEY,

1991; JOIA, 2006).

Na variante política, a resistência pode ser explicada como um produto da

interação entre atributos de design do sistema com a distribuição intra-organizacional de

poder e status.

Nessa variante, os sistemas são desenvolvidos e implementados com o principal

objetivo de influenciar o poder entre diferentes subunidades organizacionais, apesar dos

esforços de fazer parecer que seu propósito existencial seja puramente racional (KLING,

1980; MARKUS, 1983; JOIA, 2006).

A Tabela 1, a seguir, resume as principais características das três abordagens da

resistência a sistemas de informação, apresentadas anteriormente.

44

Tabela 1. Resistência a Sistemas de Informação Fonte: A partir de Markus (1983) e Joia (2006)

Bergamaschi e Reinhard (2008), elegeram fatores críticos de acordo com a fase de

implementação do sistema, utilizando-os os seguintes fatores: missões claras e bem

definidas, apoio da alta administração, usuários capazes e envolvidos, planejamento

detalhado do projeto, gerente de projeto com habilidades necessárias, presença de

consultoria externa, mudanças no processo de negócios. Sendo que para a primeira fase

de projeto a presença de consultoria externa foi considerada pelos entrevistados como um

fator mais importante. E na fase seguinte de projetos, a existência de missões claras e

bem definidas passou a ser considerada mais importante.

Neste capítulo buscou-se identificar todos os fatores organizacionais que criam

obstáculo na implementação de sistema de informação ERP, levando em consideração

obras clássicas na área e trabalhos recentes que passaram por eventos que certamente tem

uma relação com a implantações de ERP nas organizações, tais como, o bug do milênio,

Nota Fiscal Eletrônica (NFE), speed.

45

3 Procedimentos Metodológicos

Considerando a natureza do problema em estudo, optou-se pela pesquisa

qualitativa, pois esta é particularmente orientada para a exploração, descoberta e lógica

indutiva (PATTON, 2002, p.55). Segundo o autor, a análise indutiva começa com

observações específicas e se desenvolve na busca de obter padrões gerais. Categorias ou

dimensões de análise surgem de observações à medida que o pesquisador identifica

padrões que existem no fenômeno em investigação. Como enfatiza Patton (2002, p.55), a

análise indutiva contrasta com a abordagem hipotético-dedutiva de projetos

experimentais, que requerem a especificação das principais variáveis e o estabelecimento

de hipóteses específicas de pesquisa antes da coleta de dados. A estratégia do desenho

indutivo é permitir que importantes dimensões de análise surjam de padrões encontrados

nos casos em estudo, sem pressupor antecipadamente quais serão as mesmas.

De acordo com Patton (2002), os métodos qualitativos permitem investigação em

assuntos selecionados em grande profundidade e atenção cuidadosa a detalhes, contexto e

nuances. Desta forma, a coleta de dados em métodos qualitativos não precisa estar

restringida por categorias analíticas pré-determinadas.

Além disso, a pesquisa qualitativa é particularmente relevante em sistemas de

informação para compreender usuários e processos (ORLIKOWSKY; BAROUDI, 1991;

WYNN, 2001), categorias fundamentais envolvidas com o problema de dinâmica de

interações dos ERP com o conhecimento organizacional. Outro elemento que justifica a

escolha é o nível de incerteza associado com o fenômeno em estudo, que é um importante

fator na escolha dos métodos qualitativos de pesquisa (THRAUTH, 2001). Além do mais

46

os métodos apresentam abertura adequada para fazer justiça à complexidade do objeto em

estudo. A meta da pesquisa concentra-se menos em testar o que já é conhecido e mais em

descobrir o novo e desenvolver teorias empiricamente embasadas (FLICK, 2004).

Conforme Myers (2004), qualquer pesquisa é baseada em pressupostos sobre o

que constitui pesquisa válida e que métodos de pesquisa são apropriados. Segundo o

autor, os pressupostos filosóficos mais importantes a serem explicitados são os

relacionados às bases epistemológicas que orientarão a pesquisa.

Na visão de Orlikowsky e Baroudi (1991), há três lentes através das quais as

pesquisas em SI são conduzidas e que influenciam os métodos utilizados:

Positivismo: Os estudos são conduzidos com a premissa de existência a priori de

relacionamentos fixos dentro do fenômeno que são tipicamente investigados através de

instrumentação estruturada. Estes estudos são principalmente direcionados para o teste de

teorias.

Interpretativismo: Os estudos assumem que as pessoas criam e associam seus próprios

significados subjetivos e inter-subjetivos à medida em que interagem com o mundo ao

redor das mesmas. A intenção é o entendimento da estrutura profunda de um fenômeno e

aumentar o entendimento do mesmo de acordo com situações contextuais e culturais.

Estudos Críticos: Buscam criticar o status quo, através da exposição do que se acredita

que está profundamente assentado e das contradições estruturais dentro dos sistemas

sociais. Através desses conhecimentos busca transformarem condições sociais restritivas

ou alienantes.

Klein e Myers (2001) enfatizam a importância de definir de forma explícita o que

significa pesquisa interpretativa e efetuar distinções claras entre pesquisa qualitativa e

47

interpretativa. A pesquisa qualitativa pode ser positivista, interpretativa ou crítica,

dependendo dos pressupostos filosóficos associados com o pesquisador. Os pressupostos

fundamentais para os interpretativistas é que a maior parte do conhecimento é obtida, ou

pelo menos filtrada, através de construções sociais, significados compartilhados,

documentos, ferramentas e outros artefatos. A pesquisa interpretativa não pré-define

variáveis dependentes e independentes, mas focaliza a complexidade da percepção

humana perante as situações. Conforme Walsham (1993), métodos interpretativos de

pesquisa em SI visam produzir um entendimento do contexto de sistemas de informação

e o processo através do qual o sistema de informações influencia e é influenciado pelo

contexto. A escolha da abordagem interpretativa é, portanto, consistente com o

reconhecimento de que os modelos tradicionais de pesquisa têm sido incapazes de lidar

com um mundo organizacional cada vez mais complexo e turbulento (RODRIGUES

FILHO; LUDMER, 2005) e com o objetivo de contribuir para o conhecimento

emancipatório em sistemas de informação (LUDMER et al., 2002).

Segundo Klein e Myers (2001) existem vários métodos de pesquisa interpretativa,

entre os quais: experimentos interpretativos, análise de linguagem, estudos de caso

aprofundados e etnografias, pesquisa-ação e grounded theory. Os autores destacam que

tanto a pesquisa-ação como a grounded theory, da mesma forma que no estudo de casos,

pode ser conduzida de forma positivista ou interpretativa.

Diferenças detalhadas sobre a realização de estudos positivistas e

interpretativistas podem ser encontrados em Trauth e Jessup (2000).

Quanto à visão epistemológica, esta pesquisa será de natureza interpretativa,

considerando o interesse em analisar os fatores organizacionais que impactam na

48

implementação de sistemas de informação ERP nas organizações do setor atacadista de

acordo com premissas de que as pessoas criam e associam seus próprios significados

subjetivos à medida que interagem com o mundo ao redor das mesmas, assim como a

intenção de gerar um entendimento da estrutura profunda de um fenômeno e aumentar o

entendimento do mesmo de acordo com situações contextuais e culturais

(ORLIKOWSKY; BAROUDI ,1991).

3.1 Delineamento da pesquisa

A estratégia de pesquisa a ser utilizada é o estudo de caso interpretativo em

profundidade. Benbasat, Goldstein e Mead (1987) justificam a utilização do estudo de

caso em sistemas de informação, considerando a natureza e a complexidade do processo a

ser estudado, às possibilidades da abordagem para obter uma visão geral do problema, de

gerar teorias a partir da prática e de ser adequado para situações que são novas e mudam

rapidamente. O método de estudo de caso é adequado para a compreensão das interações

entre as inovações relacionadas com a tecnologia da informação e contextos

organizacionais (MYERS, 2004).

Dado que se pretendeu investigar a fatores organizacionais com o uso dos ERP,

buscou-se seguir as recomendações de Klein (2002), que considera que o estudo de casos

pode ser adaptado para o propósito de investigar o conhecimento de aplicações, desde

que haja preocupações em analisar como diferentes praticantes percebem problemas,

como estes comunicam e representam os mesmos e quais as fontes de conhecimento

utilizadas na resolução.

49

Os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões

do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os

acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em

algum contexto da vida real (YIN, 2003, p.19).

Estudos de caso interpretativo em profundidade envolvem freqüentes visitas ao

objeto de estudo durante um razoável período de tempo e requerem interações estreitas

entre o pesquisador e o fenômeno investigado (WALSHAM, 1995).

Sobre a definição e seleção de unidades de análise, Patton (2002, p.228-230) ressalta que

a questão-chave na seleção e decisões sobre as unidades de análise apropriadas é verificar

o que se espera estar apto para dizer ao final do estudo.. O presente trabalho se enquadra

como estudo de casos múltiplos, pois foram analisadas com profundidade duas

organizações do setor atacadista do seguimento farmacêutico. A unidade de análise é,

portanto, duas empresas Atacadistas e distribuidores de produtos farmacêuticos com ERP

em uso dentro de seu contexto histórico e social na organização selecionada. A seleção

foi intencional, em função de facilidades de acesso.

A opção pelas duas empresas Atacadistas de produtos farmacêuticos ocorreu em

função de características diferenciais relevantes das mesmas em relação implementação

de um sistema ERP, pois após um período de implementação do sistema ERP estas

organizações alcançaram resultados extremamente opostos.

50

3.2 Coleta de dados

É importante registrar a grande dificuldade enfrentada para encontrar uma

empresa disposta a participar de um estudo com a temática proposta. Uma das empresas

selecionadas, comércio atacadista de produtos farmacêutico, não aprovou a realização dos

estudos após vários meses buscando a autorização junto à direção.

Posteriormente, foi concedida a autorização para realizar os estudos com a

condição de manter sigilo sobre a identidade das empresas que iriam participar desse

estudo e não fazer uso de gravador. Foi, então, definido um gerente responsável pela

supervisão dos trabalhos e agendamento das reuniões na Alfa (denominação utilizada de

modo a manter os requisitos de sigilo acordados).

A outra empresa do mesmo seguimento também apresentou dificuldades para

realização do estudo, visto que, na visão de seu diretor, uma investigação aprofundada de

fatores organizacionais poderia demonstrar suas fraquezas, e seu maior temor era que este

material fosse parar nas mãos de seus concorrentes. Após algum tempo tentando

convencê-lo de que o estudo era importante até mesmo para serem detectadas falhas não

identificadas para que possa no futuro ser corrigidas. Com isso também obtivemos

autorização na condição do sigilo de identidade, representado neste trabalho como Beta

(denominação utilizada de modo a manter os requisitos de sigilo acordados).

Inicialmente foi desenvolvido um estudo exploratório através de entrevistas com

os Diretores, Gerentes administrativo, pessoas ligadas à área de informática e alguns

usuários, além de leitura de documentos sobre as organizações, estrutura, processos e

ambiente de tecnologia da informação.

51

Foi utilizado para as entrevistas um roteiro geral, que foi apresentado para os

participantes, (ver apêndice A) de modo a facilitar as conversações. Em seguida foram

coletados dados referentes a cada uma das áreas selecionadas nas duas organizações,

principalmente através de entrevistas semi-estruturadas e anotações de campo pelo

pesquisador. O roteiro seguiu uma estrutura geral, mas foi adaptado para cada entrevista

de modo a captar aspectos específicos da área ou que precisassem de esclarecimentos em

função de reuniões de levantamento anteriores. As falas nas respostas às perguntas

dirigidas sobre o “quais os maiores problemas de TI na empresa em que trabalha” foram

as mais ricas na produção de associações com o conhecimento organizacional.

Vale salientar que em estudos de caso interpretativos, as entrevistas constituem as

principais fontes de dados, considerando que é através deste método que o pesquisador

pode melhor acessar as interpretações dos participantes (WALSHAM, 1995). As

entrevistas foram realizadas com os entrevistados a cima citado em 4 (quatro meses).

Foram pessoas que exerciam cargos similares nas duas organizações dos quais foi

possível entrevistar os diretores, gerentes administrativos, gerente de informática, e

usuário com mais tempo de serviço das empresas Alfa e Beta, entrevistados 6 (seis)

gerentes. Cada entrevista durou de 1(uma) à 2 (duas) horas. Alguns dos entrevistados

foram entrevistados mais de uma vez.

A não autorização da gravação das entrevistas exigiu agilidade do pesquisador

para efetuar as anotações e preparar as memórias de entrevistas. Apesar do tempo

adicional, acredita-se que o não ter usado o gravador permitiu um maior clima de

abertura para os entrevistados desenvolverem suas respostas. Vale ressaltar também que,

52

apesar das preocupações com o sigilo na divulgação dos resultados, houve uma relação

de plena confiança entre o pesquisador e os entrevistados.

Ao preparar cada memória também foi realizado todo um trabalho de confecção

de notas interpretativas. Estas notas foram preparadas ao longo de vários dias decorridos

entre as reuniões. A coleta de dados, portanto, foi realizada de forma interativa, isto é, os

insights gerados a partir da coleta de dados em uma entrevista anterior direcionaram as

coletas de dados em fases seguintes. Assim, houve sobreposição da coleta de dados com a

análise de dados (EINSEHARDT, 1989), com o propósito de fundamentar os temas e

achados aos dados levantados.

Para capturar a atmosfera informal da companhia e dos processos a ser estudado,

assim como para percepção melhor do contexto, o papel de “pesquisador envolvido” foi

desempenhado na condução dos trabalhos (WALSHAM, 1995). Através desta postura

obtiveram-se facilidades para acessar dados que normalmente não são compartilhados

com pessoas de fora da organização e também permitiu a contínua discussão das

interpretações do pesquisador com as pessoas pesquisadas. Agindo dessa forma, foi

possível obter respostas diretas e evitar interpretações e entendimentos errôneos. De

acordo com o princípio da interação entre pesquisadores e pesquisados (KLEIN;

MYERS, 1999), este procedimento permite que se reflita criticamente sobre as

interpretações e como elas foram construídas. Isto foi facilitado pelas interações

constantes com os entrevistados nas empresas Alfa e Beta, pela realização de mais de

uma reunião de levantamento com alguns entrevistados e através das discussões dos

resultados do levantamento com o orientador.

53

Na coleta de dados foram seguidas as recomendações de Lamb e Kling (2003)

sobre a necessidade de tratar os usuários de tecnologia da informação e comunicação

como atores sociais, possibilitando a geração de perguntas sobre com quem cada ator está

interagindo, sobre que assuntos, com que finalidades, com quais recursos.

3.3 Análise de dados

O papel do pesquisador interpretativo é apresentar sua interpretação das

interpretações de outras pessoas (WALSHAM, 1995). O objetivo da análise em estudos

interpretativos em sistemas de informação é produzir um entendimento do contexto e das

interações entre o contexto e os sistemas de informação. A qualidade da análise deriva da

força com que a explanação do fenômeno é embasada na interpretação dos dados

(DARK; SHANKS; BROADBENT, 1998).

Conforme Myers (2004), a linha comum em todos os modos qualitativos de

análise é que estes principalmente lidam com análise de textos (verbais ou escritos).

Segundo o autor, uma das principais abordagens para análise de textos é a hermenêutica,

que tanto é uma visão filosófica que dá o suporte para o Interpretativismo, como é um

modo específico de análise para compreender dados textuais. Hermenêutica é

fundamentalmente dirigida para os significados de textos ou analogias textuais, que de

diversos modos apresentam-se de forma confusa, incompleta, obscura ou aparentemente

contraditória. A interpretação, no sentido relevante para a hermenêutica, é fazer sentido

de um objeto de estudo, interagindo entre o entendimento do objeto como um todo e

entendimento de suas partes, buscando trazer à tona o senso ou coerência subjacente. O

objetivo do uso da análise hermenêutica em um estudo de sistemas de informação é tentar

54

fazer sentido do todo e dos relacionamentos entre pessoas, a organização e a tecnologia

da informação (MYERS, 2004).

Considerando os objetivos do estudo, a natureza das questões de pesquisa e a

visão epistemológica assumida, a análise de dados foi realizada principalmente com base

na perspectiva hermenêutica. Esta perspectiva também possibilita condições adequadas

para investigar e explicar o conhecimento tácito embutido nas práticas de trabalho

(GEANELLOS, 2000), que é um dos pontos importantes associados ao estudo.

Explanações detalhadas sobre o uso de hermenêutica na análise de dados em

estudos interpretativos podem ser encontradas em Geanellos ( 2000), Thompson (1997 ) e

Lee (1994).

Para realização da análise hermenêutica buscou-se seguir os princípios para

condução de estudos interpretativos estabelecidos por Klein e Myers (1999) que

contribuem para a qualidade: princípio fundamental do ciclo hermenêutico, princípio da

contextualização, princípio da interação entre os pesquisadores e a matéria em estudo,

princípio da abstração e generalização, princípio do raciocínio dialético, princípio das

múltiplas interpretações e princípio da suspeição. Em grande parte o exercício destes

princípios foi facilitado pelo espaço de tempo entre as reuniões e ao esforço dedicado na

interpretação das mesmas.

As análises buscaram efetuar as interconexões entre as especificidades da

implementação do ERP nas organizações dos informantes e a temática geral proposta

nesta pesquisa, que é a análise dos fatores organizacionais que dificultam a

implementação de ERP, seguindo a tradição interpretativa de modo geral e, de forma

mais particular, o princípio de abstração e generalização (KLEIN; MYERS, 1999).

55

Nas atividades de análise foram utilizados procedimentos para construção de

categorias, codificação de dados qualitativos e uso de tabelas, conforme as orientações de

Miles e Huberman (1994).

56

Análise dos Resultados_____________________

O presente capítulo tem como objetivo mostrar a análise dos resultados da

presente pesquisa. Ao longo da análise, procurou-se aproveitar as contribuições de cada

um dos entrevistados, buscando observar aspectos similares, complementariedades e

distinções entre as diversidades de percepções. No sentindo de reforçar as análises,

algumas das opiniões dos entrevistados foram transcritas no formato de citações literais.

A análise dos resultados é apresentada tomando por base os domínios que foram

sugeridos e que emergiram dos próprios dados. Estes domínios apresentandos a seguir,

possuem ligações com os objetivos específicos por representarem um esforço de

operacionalizá-los e atingí-los. Além disso, os domínios, também, possuem ligação com

o tema proposto e com a fundamentação teórica apresentada.

Os resultados desta pesquisa iniciar-se-á pela caracterização das empresas atacadistas

selecionadas para o estudo, aqui denominadas de Alfa e Beta.

Em seguida, são apresentados e discutidos os resultados de acordo com os objetivos

específicos da pesquisa de dissertação.

4.1 A Empresa Alfa

Fundada em 1991, hoje com sua matriz em Manaus/AM e com cerca de 450

empregados, a Empresa Alfa atua em todos os estados da região norte onde a logística é

considerada complexa, com lugares de difícil acesso.

57

A gestão empresarial da Alfa está focada no atendimento dos clientes

institucionais e privados, pessoas jurídicas e físicas através de suas redes de varejo.

• Clientes Públicos: Hospitais, Fundações, Prefeituras e ONGs e etc;

• Privados: Drogarias, Clínicas e Hospitais Particulares.

As dificuldades na gestão da empresa pela ausência de informações confiáveis,

bem como problemas no software ERP que não disponibiliza alguns recursos primordiais

como, por exemplo, informações confiáveis, custo correto, fechamentos contábeis, regras

de negócios flexíveis à política da empresa, o que se julgou o sistema ERP incapaz de

suprir as necessidades da empresa.

O Diretor da Alta relata que, em 2008, a empresa comprou o sistema integrado

atual que no papel, supriria todas as necessidades da empresa além de aprimorar seus

processos.

[...] Após um período depois da compra, percebemos que o sistema não atendia as necessidades da empresa, e a burocracia para e complexidade para operá-lo era outro problema que ganhamos (Diretor Financeiro).

O Diretor Comercial escolheu o fornecedor do Sistema ERP em uma feira

especializada no seu seguimento. A integração total e automática entre os módulos,

integração com a empresa contábil e suporte técnico local foram alguns dos fatores que

influenciaram a escolha da fornecedora de Sistemas de Gestão Empresarial ERP além de

ser o sistema que seu concorrente utiliza.

As principais dificuldades percebidas pela empresa quanto à utilização do ERP foram segundo seu gerente de TI:

58

• Confiabilidade e credibilidade das informações; • Complexidade para desempenhar as tarefas de rotinas; • Erros constantes; • Suporte técnico lento; • Custo alto com suporte; • O sistema não é flexível a realidade tributária da Zona Franca de Manaus.

Na Alfa, foram identificados departamentos responsáveis pela área comercial

institucional, comercial farma e varejo, logística, administrativa, finanças, contabilidade e

fiscal, tecnologia da informação, entre outras.

A área comercial possui três supervisores (institucional, farma e varejo). O

supervisor institucional, é responsável por uma equipe de 8 colaboradores que atuam em

licitação de uma carteira de quase mil instituições por toda região norte.

[...] Precisamos de um sistema que nos dê a informação certa em tempo hábil, só assim podemos ser competitivos utilizando o pregão eletrônico – Sistema de licitação on-line do Governo do Estado do Amazonas. Perdemos algumas licitações importantes em função desse sistema (Supervisor Institucional).

O supervisor farma responde por uma equipe de dez vendedores que vendem

para as drogarias do estado do Amazonas.

[...] Nossa maior dificuldade é com estoque que nunca bate. Deixamos de entregar produtos por não encontrarem a mercadoria no estoque e depois de um tempo alguém encontra. Isso certamente irá vencer e o mais grave é que deixamos de vender. [...] Em relação ao Sistema preciso automatizar minha equipe, porém, se não ajustarem o estoque, eu terei um outro problema, pois venderei o que não posso entregar, primeiro estamos esperando fazer isso para depois implementar essa força de venda automatizada em palm’s (Supervisor Farma).

E por fim o supervisor de varejo, responde por vinte seis (26) lojas (drogarias) de

duas bandeiras distribuídas no estado do Amazonas.

[...] Sentimos grande dificuldade para implementar estratégias nas lojas, pois segundo a TI, não é possível, Trabalhar com preços diferenciados de loja para loja, promoções diversas em cada loja, são

59

alguns exemplos simples que fazemos no dia-a-dia e não é possível fazer com esse sistema. Isso é inadmissível (Supervisor Varejo).

Na Alfa, constatou-se uma que a maioria dos colaboradores entrevistados possui

pouco tempo de casa, o que pode representar um grande nível de rotatividade o e um

problema para disseminar o conhecimento tanto do sistema como das tarefas rotineiras,

visto que não foram detectadas políticas de treinamentos.

O clima organizacional da Alfa se demonstrou no período em que o pesquisador

estava visitando na presença da diretoria tranqüilo, mas que se tornou tenso à medida que

iniciaram- se as entrevistas, no qual se pode constatar que os colaboradores trabalhavam

sob pressão o que dificultava na realização das entrevistas. Ameaças por parte de seus

superiores foram constatadas indiretamente quando foram acompanhadas as rotinas de

alguns entrevistados.

Sobre a cultura da organização da Alfa, pode-se identificar uma cultura

centralizada, onde todas as decisões são tomadas apenas pela direção, o que pode tornar

uma estrutura engessada e ao mesmo tempo descaracteriza o papel de supervisor e

gerentes. Outro aspecto cultural identificado como relevante para este estudo, foi o fato

de ser uma empresa de estrutura familiar, e que as opiniões dos dirigentes, pai (Diretor

Financeiro), mãe (Diretora Administrativa) e filho (Diretor Comercial), divergem quase

sempre, e que estas transparecem para toda a empresa.

Através disso, foram identificados nas entrevistas, colaboradores com afinidades

profissionais com um dos diretores, e quando, suas solicitações não eram aceitas,

recorriam ao outro, gerando assim atritos entre eles.

[...] Para se aprovar alguma melhoria aqui, é necessário ter jogo de cintura !!.. Ex. Se você quer algo para melhoria mas que represente um

60

custo elevado, deve-se recorrer ao diretor comercial pois ele entende mais da parte técnica (Ouvinte não identificado).

Não foi identificada a função do entrevistado para manutenção de seu cargo na

empresa.

De acordo com alguns depoimentos, nos últimos três anos a

empresa teve um crescimento brusco, devidos alguns negócios bem sucedidos em

licitação e que os controles e processos não acompanharam tal crescimento.

4.2 A Empresa Beta

Fundada em 1994, hoje com sua matriz em Manaus/AM e cerca de 1.300

empregados, a Empresa Beta atua em uma região onde os clientes possuem perfis

diferenciados e a logística é complexa, com lugares de difícil acesso. A Beta aceitou o

desafio de abastecer as cidades mais longínquas do Estado do Amazonas, tanto pela

malha rodoviária, com escassas rodovias, em sua maioria de terra batida, quanto pelo

transporte fluvial, o mais utilizado na região e, em alguns casos, pelo transporte aéreo, o

único meio para chegar a áreas quase inacessíveis

A gestão empresarial da Beta está focada na satisfação do cliente. Para tanto,

possui atendimento diferenciado e total rastreabilidade e controle de seus produtos. Além

disso, efetua constantes investimentos em inovação tecnológica e capacitação

profissional.

As dificuldades na gestão da empresa pela ausência de um ERP completo, bem

como problemas no software anterior, que não disponibilizava alguns recursos

61

primordiais como, por exemplo, atualização de saldo final para saldo inicial e geração de

relatórios contábeis (balanços, DRE, entre outros), levaram a necessidade de implantar

um sistema integrado que pudesse atender tanto a legislação, como também fatores

envolvendo a geração de relatórios em Excel, pdf e bloco de notas, um dos recursos mais

utilizados pela empresa.

O gerente Administrativo da Beta relata que, em 2005, a empresa buscava uma

solução para aprimorar a gestão de seus processos.

[...] Procurávamos uma solução que trouxesse maior agilidade e eficiência para a gestão da nossa empresa, onde tivesse a facilidade na estrutura de relatórios, filtros, localização de lançamentos através de contas contábeis, por valores, históricos, datas, documentos, etc. Ao procurar essa solução, desejávamos aprimorar os controles das áreas contábeis e fiscais e promover a integração entre contas a pagar, contas a receber, contabilidade e controle patrimonial (Gerente Adm).

O departamento de controladoria da Beta levou cerca de três meses analisando

várias propostas antes de optar pelo fornecedor do ERP. A integração total e automática

entre os módulos, integração com a empresa contábil e suporte técnico local foram alguns

dos fatores que influenciaram a escolha da fornecedora de Sistemas de Gestão

Empresarial ERP.

Os principais ganhos percebidos pela empresa quanto à utilização do ERP foram:

• Confiabilidade e credibilidade das informações; • Ganho de tempo nos processos; • Tranquilidade e segurança administrativa; • Suporte técnico de ótima qualidade.

Os resultados positivos apareceram em cerca de três meses de utilização do ERP.

[...] Tivemos um retorno financeiro quase que imediato do investimento com a solução do Sistema ERP, uma vez que conseguimos atingir nossos objetivos. Não podemos deixar de lembrar também que a

62

integração do sistema ERP com outro software já utilizado na empresa foi um diferencial", complementa o (Gerente de TI).

Na Beta, foram identificados departamentos responsáveis pela área comercial,

relacionamento com clientes, redes de varejo, logística, administrativa, finanças,

controladoria, contabilidade e fiscal, tecnologia da informação, entre outras. A área

comercial, que é a maior, lida principalmente com marketing, vendas corporativas

públicas e privada e vendas varejo.

A área de vendas corporativas conta com o suporte de trinta de consultores

distribuídos pela cidade de Manaus e dez consultores quem atuam em todos os municípios do

estado do Amazonas, e nos estados do Pará, Roraima, Acre e Porto Velho e não utilizam

serviços de terceiros.

[...] Toda equipe de venda, está atuando com recursos de automação capaz de levar agilidade e eficiência aos clientes de difícil localidade. Isso foi outro diferencial que conquistamos graças ao nosso sistema integrado (Diretor).

A área de vendas varejo está voltada para o mercado pessoa física e cumpre um papel

essencial, Esta área atua através de 42 (quarenta e duas) drogarias de uma única rede.

[...] É muito desgastante gerir quarenta e duas drogarias sem ajuda da Tecnologia da Informação. Antes de implantar o sistema ERP, as mesmas tinham sistemas, mas não nos forneciam informações confiáveis, além de não ser integrado. Posso afirmar que não tivemos prejuízo, mas com certeza, deixamos de ganhar muito dinheiro. Hoje tenho todas as informações que preciso do grupo resumido em uma tela em tempo real, que me ajuda a tomar decisão (Diretor).

Na Beta, há uma grande preocupação com a manutenção de funcionários-chave,

considerando o contexto atual de falta de fidelização:

[...] Se você vê algum potencial na pessoa, investimos... e esta pessoa pode lhe largar a qualquer hora... Isso é um risco, mas preferimos correr este risco e trabalhar o colaborador que trabalharmos com pessoas desqualificadas e sem preparo. Quando apresentamos está forma de

63

trabalho. O colaborador em potencial com a intenção de sair, pensa duas vezes, pois sabe que dificilmente encontrará outra empresa do nosso seguimento que faz isso (Diretor) .

Esta preocupação motivou a montagem de um projeto específico para retenção de

talentos nas áreas administrativa e operacional.

O clima organizacional é reconhecido como excelente, assim como a valorização

do pessoal de gerência:

A Beta tem uma política muito interessante. Dar oportunidade aos colaboradores

de cargos inferiores. Várias pessoas que ocupam cargos de gerência começaram com

cargos inferiores.

Sobre a cultura da organização, ao se abordar este tema, o gerente relacionou de

imediato com confiança e respeito humano:

[...] A cultura é muito boa, nosso diretor e os gerentes estão abertos a todos, não temos dificuldades de encontrá-los e de mostrar nossas dificuldades e evoluções (Usuário).

A alta dedicação da direção geral em questões relacionadas com a cultura

organizacional, passando continuamente mensagens que julga oportuna, assim como a

coordenação das áreas através de constantes e-mails e encontros informais foram

observados por este pesquisador em várias ocasiões.

64

4.3 Utilização da Tecnologia da informação pelas empresas Alfa e Beta.

A partir da entrevista semi-estruturada, foi possível identificar separando as

empresas, e como elas utilizam a tecnologia da informação como consta no quadro 2.

Empresas TIs Sistema da Informação

TIs Comunicação

TIs Armazenamento

Outras

Empresa Alfa

ERP, que controla todos os departamentos exceto, contabilidade, recursos humanos e custos

e-mail/ Internet/ intranet/Msn

Sistema de de gerenciamento de banco de dados

Rádio frequencia e automação de força de venda

Empresa Beta

ERP que controlam todos os departamentos da empresa, os módulos que faltavam foram integrados à outros sistemas

e-mail/ Internet/ intranet

Sistema de de gerenciamento de banco de dados

Rádio frequencia e automação de força de venda

Quadro 2 – Uso das tecnologias da informação nas empresas Atacadistas de Manaus. Fonte: Fell (2009) adaptado.

De modo geral foi possível observar que as empresas investigadas fazem uso de

Internet. A possível explicação para esta acessibilidade é que mesmo com o custo alto em

algumas regiões que estão localizadas estas empresas, a Internet tornou-se necessária

para as organizações desempenharem suas tarefas.

A empresa Alfa não possui um gerenciamento sob as atividades de TI. Com

apenas dois colaboradores para atender a uma demanada de 250 computadores e quase de

450 usuários a empresa enfrenta grande dificuldade na manutenção do parque de

máquinas e dos usuários que utilizam um sistema integrado de gestão empresarial de uma

empresa fornecedora nacional que tem sede no Rio de Janeiro no qual seu ERP possui os

seguintes módulos: financeiro, tesouraria, caixa, faturamento, call-center, telemarketing,

gerencia, wms, custos, BI (Business Intelligence), fiscal, cadastro, parametros e não

possua módulos de contabilidade e recursos humanos. Estes setores utilizam outros

65

sistemas que realizam apenas as tarefas departamentais e não são integrados a nenhum

outro sistema, e por consequência, esses setores sofrem tendo que inserir os dados

manualmente o que gera uma grande insatisfação por parte dos colaboradores que

trabalham sob pressão, não conseguindo, atender a demanda dos serviços requisitados

nesses setores. Por outro lado há insatisfação da diretoria que tem estes departamentos

como críticos, com o alto índice de horas extras e pouca produtividade. Conforme

depoimentos de um usuário e diretor da empresa Alfa:

[...] depois que implantaram este sistema, as cobranças aumentaram e estamos trabalhando muito mais pois o sistema não colabora, ele é muito burocrático. [...] A diretoria não dar o “braço a torcer” assumindo seus erros (Usuário).

[...] Alguns setores ainda resistem às mudanças ocasionadas pelo sistema, o que está ocasionando redução de produtividade (Diretor).

Com relação a comunicação, usa-se e-mail e internet, uma rede interna entre as

filiais (intranet) que dá suporte na integração das filiais à matriz e auxilia os gestores a

obterem informação do grupo em tempo real. Cada usuário utiliza msn (Messenger -

programa de mensagem instantânea on-line). Na visita realizada na empresa Alfa,

constatou-se através do depoimento do Analista de Sistema que a grande maioria dos

usuários empregam grande parte do tempo usando o MSN, o qual serve como ferramenta

para comunicação interna entre os colaboradores; clientes e fornecedores e assuntos de

interesses particulares.

[...] não adianta proibir! já vizemos isso e não deu certo, a produtividade caiu significantemente e os usuários alegaram que o msn é uma ferramenta prática que agiliza na comunicação. [...] muitos aproveitaram dessa abertura e passam a maioria do tempo batendo papo(Analista de Sistema da Empresa Alfa).

66

Em termos de armazenamento, a empresa A conta com um SGDB (Sistema de

Gerenciamento de Banco de Dados) na plataforma microsoft, o SQL Server Enterprise

que não utiliza todos os seus recursos, pois o mesmo não está licenciado e isso prejudica

algumas rotinas do sistema tais como backup diário, cálculo de custo médio de produto,

cálculo de curvatura, cálculo de rentabilidade, além do banco de dados parar

constantemente com problema na atualização em uma de suas ferramentas responsáveis

pelos relatórios do sistema.

Entre outras tecnologia observadas na empresa Alfa, destaca-se a

utilização de rádio frequência para realização de conferência cega de entrada de

mercadoria integrado ao módulo wms (workflow manager system) ou sistema de

gerenciamento logístico. Outra tecnologia que a empresa está implantando é a força de

venda, na qual disponibilizará aos vendedores aparelhos portateis smartphone com a

finalidade de retirar o pedido diante do cliente com a possibilidade de se ter a informação

do estoque on-line. Como exemplo pode-se saber quantas unidades do produto x tem no

estoque. Em seguida será transmitido esse pedido direto para o setor de análise de crédito

evitando assim um retrabalho como o que hoje ocorre, uma vez que o vendedor tem que

passar o pedido p/ uma teleoperadora digitar no sistema novamente o que já foi feito pelo

vendedor caracterizando assim um retrabalho. no entanto encontra-se parado esperando

pela aquisição dos equipamentos de palm’s.

Em comparação com a Alfa, a Beta, possui um departamento de

TI com políticas bem implantadas, estando os equipamentos de acordo com as exigências

da consultoria, o que reflete em uma melhor estrutura de TI. O quadro de pessoas

também é insuficiente se comparado com as atividades da mesma, mas existe um

67

planejamento que vem sendo aplicado, com ajuda de uma empresa de consultoria de TI

externa, espera-se superar algumas dificuldades. O sistema ERP é o mesmo nas duas

organizações, porém a Alfa, continua com problemas com integração do sistema,

módulos sem uso e informações inconsistentes geradas pelo sistema.

A Beta superou estes problemas com a ajuda da empresa de consultoria contratada

que agregou experiência no projeto de implantação detectando o que considerava como

risco e eliminando-os logo na fase de implantação. Hoje o sistema de gestão empresarial

supre a necessidade da empresa interagindo com outros sistemas. A preparação das

pessoas para receber o novo sistema foi outro fator relevante que diferenciou as duas

empresas. A Beta, teve a preocupação em discutir com seus colaboradores e convencê-los

de que o novo sistema traria ganhos não somente para a organização como para os

colaboradores, tanto na obtenção de experiência de um novo sistema, quanto na redução

de retrabalhos. A direção da Beta, se fez presente em todas as decisões tomadas na

implantação do sistema e isso conta como fator determinante para o sucesso da

implementação do sistema ERP.

Dentro das políticas implantadas na Beta, a retirada de MSN das máquinas dos

usuários foi um dos elementos que sofreu mais resistência por parte dos mesmos. Uma

reunião antecipada ao bloqueio com a presença dos diretores, fizeram com que esta

resistência fosse minimizada e assim obtiveram a total atencão dos usuários focados para

as atividades de rotina dos seus departamentos.

As duas empresas analisadas acima possuem muitas características em comum,

pois têm o mesmo sistema de gestão empresarial implantado há mais de um ano, fazenm

parte do mesmo seguimento. Noentanto, se diferem por atitudes, ações que levaram estas

68

organizações a obterem resultados tão diferentes. Analisando sob um aspecto macro,

pode-se julgar que a contratação de uma empresa de consultoria em implementação de

tecnologias da informação contribuiu de forma positiva para alcance de melhores

resultados na fase de implementação.

69

4.4 Percepção dos gestores das empresas atacadistas sobre sobre os sistemas ERP

Neste capítulo, foram apresentadas as informações extraídas

através da entrevista com os dirigentes e gestores de empresas atacadistas de Manaus

para analisar quais são as percepções dos gestores no uso de TI tendo como aspecto

principal a implementação de sistemas integrado de informação ERP nas atividades

organizacionais dirárias. Para análise de percepção dos gestores, para Machado (2002) é

relevante destacar o perfil de cada um dos entrevistados conforme é destacado abaixo:

4.4.1 Caracteristicas dos Gestores

Foram analisados apenas os entrevistados que exercem cargo de

gerência e diretoria nas quatros empresas pesquisadas conforme é destacado no quadro 3.

Empresas Cargo Sexo Idade média

Grau de Instrução

Diretor M 38 Superior incompleto Gestor Adm M 45 Superior Completo

Alfa

Supervisores 55 Superior incomplento Diretor M 42 Pós-graduado Gestor Adm M 40 Pós-graduado

Beta

Superior M 35 Pós graduado Quadro 3 – Caracteristicas dos gestores das empresas Atacadista de Manaus Fonte: pesquisador (2009)

Os gestores das empresas pesquisadas apresentam caracteristicas muito

semelhantes em termo de sexo e faixa etária. Todos são do sexo masculino e estão entre

38 e 55 anos o que não é uma diferença expressiva como pode ser observado no gráfico 1

a seguir:

70

Gráfico 1 – Faixa etária dos gestores nas empresas atacadistas de Manaus Fonte: Pesquisador (2009)

Em termos gerais pode-se constatar evidências relacionadas entre o grau de

instrução e os resultados alcançados através de tecnologia de informação (TI), pois nas

empresas que possuem sistemas de informação, os resultados melhores foram obtidos

pela organização que os gestores possuem nível de instrução mais elevados, o que

constata-se que a formação acadêmica também prepara os gestores para o uso de TI o que

auxilia nas tarefas cotidianas da organização.

4.4.2 – Os Gestores e os sistemas

Os sistemas computacionais são responsáveis por mudanças significativas às

empresas com o aumento da competitividade e a criação de uma vantagem estratégica

Idade média

0

10

20

30

40

50

60

Alfa Beta

71

(BASU; MUYLLE, 2003). Baseado neste aspecto, os gestores criam expectativas de

como os sistemas ERP podem contribuir para os negócios.

A busca de se conseguir competitividade através de processos

mais eficientes com apoio de tecnologia da informação é o objetivo dos gestores quando

se cogita implantar um sistema de informação. Para Fell (2009), esta vantagem só é

alcançada a medida que são realizados investimentos em TI. Nos casos investigados,

percebeu-se que as organizações que mais investiram em tecnologia da informação,

obtiveram melhores resultados.

Além dos recursos financeiros, faz-se necessário investimento no fator humano

através da capacitação da mão-de-obra e disseminação do conhecimento, o que defende

Ludmer (2006) em sua tese que buscou compreender a dinâmica das interações da

tecnologia ERP. Trabalhar as pessoas para operar determinada tecnologia é um diferencial

que a empresa Beta exerceu e obteve destaque em relação a Alfa, uma vez que, esta

implantou o mesmo sistema e obteve resultados inferiores. Sob a ótica do gestor da Alfa,

foi feito investimento na ferramenta errada, pois gastaram muito e não obtiveram os

resultados que fora prometidos.

Ao comparar as duas empresas, constaouse que ambas possuem estruturas

verticalizadas nas quais suas diretorias centralizam todas as decisões causando assim um

engessamento do processo decisório. Isto influenciou para que a Alfa não extraisse

ganhos com o sistema implantado, pois além de centralizadora, percebeu-se que os

gestores evitam solicitar investimentos da diretoria temendo fortes críticas e muitas

vezes preferem fracassarem e atribuir a culpa à direção que é responsável por todos os

investimentos. Neste aspecto a Beta, apesar de ter uma estrutura também verticalizada,

72

sua diretoria possui um perfil mais democrático, onde os gestores e líderes participam de

forma compartilhada para decisões tomadas, e algumas ideias que levaram a superar as

dificuldades do sistema partiram dos colaboradores. Isso serviu como parâmetros para os

resultados entre as duas organizações.

73

4.5 Fatores organizacionais que dificultam a implantação do sistema ERP nas empresas Alfa e Beta.

Neste tópico, serão identificados fatores organizacionais que dificultam a

implantação de sistemas de informação ERP citados por referências clássicas da área.

Para elaboração do quadro 4, buscou-se identificar os fatores críticos mais

referenciados e mensurá-los através de informações extraídas das entrevistas e

observações diretas feita pelo pesquisador nas empresas Alfa e Beta.

Constatação

Item

Fatores Críticos Organizacionais

Pesquisas Realizadas Alfa Beta

1 Motivos pelos quais levam a empresa a buscar um sistema

(Lieber e Jaynes (1995); Stevens (1997); The Best stuff Bill Gates doesn’t own (1997); Manufacturing Systems IT Glossary (1998); Weston (1998);Bergamaschi (1999); Wood Jr & Caldas (2000); Colangelo Filho (2001); Neto e Borges (2006); Bergamaschi e Reinhard (2008);

Legislação

Estratégico

2 Falta de Apoio da Alta Administração

(Grover, 1995; Larsen e Myers, 1997; Bancroft, 1998; Pinto e Slevin, 1988; Serpa,2006; Bergamaschi e Reinhard,2008 ). Alto Médio

3 Missões claras e definidas (Grover, 1995; Larsen e Myers, 1997; Bancroft, 1998; Pinto e Slevin, 1988;Nah e Delgado,2006; Bergamaschi e Reinhard 2008). Não Médio

4 Usuários capazes e envolvidos (Grover, 1995; Larsen e Myers, 1997; Bancroft, 1998; Pinto e Slevin, 1988; Serpa,2006; Bergamaschi e Reinhard, 2008 ). Baixo Alto

5 Gerente de projeto com habilidades necessárias

(Grover, 1995; Larsen e Myers, 1997; Bancroft, 1998; Pinto e Slevin, 1988;Nah e Delgado, 2006). Alto Alto

6 Presença de consultoria externa

(Grover, 1995; Larsen e Myers, 1997; Bancroft, 1998; Pinto e Slevin, 1988);Borges e Neto (2006);Nah e Delgado (2006); Bergamaschi e Reinhard (2008).

Não

Sim

7 Mudanças e alinhamento no processo de negócio

(Grover, 1995; Larsen e Myers, 1997; Bancroft, 1998; Pinto e Slevin, 1988; Serpa,2006;Bergamaschi e Reinhard,2008 ). Não Não

8 Estrutura e Processos

Taurion (1999); Saccol, Macadar & Soares (org..Souza & Saccol, 2003); Seldin (2003); Pastor & Esteves (2000); Nielsen (2002); Nicolau (2003); Wall & Seifert (2003); Daneva (2004).Vasconcellos e Hemsley (1997)

Não definida

Definido

9 Nível de qualidade das informações

Cidral e Abreu (2001); Davenport (2002); Ozaki & Vidal(2001); Saccol, Macadar & Soares (org..Souza & Saccol, 2003); Souza (2000); Deloitte Consulting (1999).Borges e Neto (2006),

Baixo

Médio

Quadro 4 – Fatores que influenciam a implementação de um ERP nas empresas Alfa e Beta Fonte: Autor (2009).

74

Item

Fatores Críticos Organizacionais

Pesquisas Realizadas Constatação

10 Mudanças na Cultura Organizacional

Taurion (1999);Souza,Macadar & Soares (org.Souza & Saccol, 2003); Seldin (2003); Nielsen (2002); Pastor & Esteves (2000); Nah, Lau & Kuang (2001); Gambôa & Bresciani Filho (2003); Daneva (2004); Davenport (2002); Morton (1991);Borges e Neto (2006)

Alto

Baixo

11 Seleção e Analise Técnica do Sistema de informação Nah e Delgado (2006) Baixo Médio

12 Gerencia de Mudanças Nah e Delgado (2006) Não Não

13 Gerencia de Projetos Nah e Delgado (2006) Sim Sim

14 Motivação e comportamento dos colaboradores

Kling, 1980; Markus, 1983; Orlikowski & Robey, 1991; Schmidt & Pinheiro (2004); Standish Group (2003); Gambôa & Bresciani (2003); Nah, Lu & Kuang (2001); Cidral & Abreu (2001), Seldin (2003); Jóia (2006);Jóia e Magalhães (2007).

Não

Sim

15 Flexibilidade nos processos de gestão

Saccol, Macadar & Soares (org..Souza & Saccol, 2003); Davenport (2002); Holland & Light (1999); Colteleer (2003); Donovan (2000). Baixa Total

16 Consistência na tomada de decisão

Correa et. al (2001); Bemardo & Onusic (2000); Wood Jr & Caldas (2000); Bergamaschi (1999). Baixa Média

17 Legislação

Não Atende Atende

Quadro 4 (Continuação)– Fatores que influenciam a implementação de um ERP nas empresas Alfa e Beta - Fonte: Autor (2009).

Relacionado ao item 1, que trata dos Motivos pelos quais levaram as empresas

Alfa e Beta a buscarem um sistema ERP. Foi constatado que as duas organizações

pretendiam integrar seus setores para obterem informações consolidadas evitando assim o

retrabalho, o que coincide com a pesquisa realizada por Bergamaschi (1999, p. 131). No

entanto, os dirigentes da Alfa tinham visões diferentes em relação aos dirigentes da Beta

em relação à aquisição do sistema. Para os dirigentes da Alfa, o principal motivo da

aquisição de um ERP era atender a legislação local vigente o que demonstra que os

mesmos ainda não estavam preparados para os impactos causados por um sistema

integrado de gestão empresarial. Para os dirigentes da Beta, o principal motivo era

estratégico, no qual a intenção era tornar seus processos mais flexíveis, para atender uma

75

demanda maior de clientes dentre outros motivos não mencionados como trata Colangelo

Filho (2001). Diante disso, constatou-se o seguinte:

• Diferentes visões e motivos que impulsionaram as empresas Alfa e Beta a

implementarem um sistema ERP;

• A empresa Beta mais preparada estruturalmente que a Alfa para

implementar um sistema de alta complexidade;

• Tornou-se claro as dificuldades dos dirigentes da Alfa em compartilhar

informações estratégicas com os gerentes de projetos no início da

implementação, o que acarretou muitas insatisfações dos mesmos quando

o sistema entrou em produção.

No item 2. A Falta de apoio da Alta Administração foi constatada nas duas

empresas, levando em consideração que apenas o patrocínio do sistema e a presença em

algumas reuniões do projeto de implantação não são suficientes para considerar apoio. O

pesquisador julga como apoio da alta cúpula, além de estar presente e participando da

implementação do sistema, ações muitas vezes enérgicas são necessárias para se manter o

foco no cronograma e no projeto final do sistema, o que não ocorrem nas duas empresas

caracterizadas pela ausência de seus dirigentes. Vale ressaltar como um fato agravante na

empresa Alfa, que em muitas ocasiões a direção agiu de forma contrária aos

planejamentos e cronograma do sistema, e dando razão aos que tinham interesses

contrários à implementação do ERP. Com isso, pode-se observar:

76

• Colaboradores com interesses contrários ao sistema reforçavam junto à

diretoria falhas ou dificuldades do mesmo, visando destruir a imagem do

ERP;

• Surgimento de grupos informais contrários ao sistema;

• Boicotes em treinamentos;

No item 3. Não foram identificadas missões claras e definidas na Alfa. Na Beta

havia, mas muitas vezes não era cumprida, contatou-se através de algumas reuniões

importantes para se tratar do andamento do projeto que foram transferidas e algumas até

esquecidas pela diretoria, como citou o (Gerente de Projeto).

No item 4 que julga, usuários capazes e envolvidos, de um modo geral, a empresa

Beta superou a Alfa que enfrentou sérios problemas relacionados a aceitação do sistema,

motivamos por algumas lideranças contrárias ao sistema e muitas vezes apoiadas por

alguns dos dirigentes, vários colaboradores não se interessaram em treinar e aprender a

manusear o sistema.

No item 5 em que as habilidades do Gerente de projeto podem ser

um fator que influencia no resultado final da implementação de um sistema ERP, não foi

considerado visto que nas duas empresas tratadas neste estudo de casos, o gestor de

projeto da empresa fornecedora de software foi a mesma pessoa, e que apesar dos

resultados tão divergentes entre as duas empresas, as falhas foram alertadas à Alfa que

pouco agiu para coibir.

No item 6 em que Presença de consultoria externa também é indicada por vários

autores como benéfico à implementação de um ERP foi seguida apenas pela Beta. A Alfa

77

não achou necessária pois tinha uma visão minimizada dos impactos causados pela

implementação de um ERP. Para esta empresa, apenas o treinamento do sistema era

suficiente para alcançar os resultados almejados, e que a consultoria seria mais um custo

desnecessário.

No item 7, não foram detectados Mudanças e alinhamento no processo de negócio

em nenhuma das empresas pesquisadas.

No item 8 relacionado à Estrutura e Processos, constatou-se na empresa Beta

processos bem definidos e estruturados, departamentos trabalhando de forma integrada,

ao contrário da Alfa que foram constatadas diversas falhas de processos que facilitam

desvio de mercadoria, como foi observado que vários vendedores retiram produtos do

estoque para demonstração em clientes, sem que haja um controle de cautela para essas

saídas.

Item 9. Em função dos cadastros incompletos, somados ao desinteresse dos

colaboradores e dirigentes, a qualidade de informações fornecidas pelo sistema ERP na

empresa Alfa é considerado baixa, sendo utilizada apenas a nível operacional. A Beta

pode considerada bem mais preparada que a Alfa, salientando o apoio da consultoria

externa mais o interesse de seus colaboradores em suprir o sistema de dados ricos, a boa

qualidade de informação fornecida pelo sistema, mas podendo melhorar à medida que os

gestores de um modo geral colocarem em prática as ferramentas de apoio à decisão.

Item 10. Na Alfa percebeu-se um grande impacto na cultura organizacional

quando se implementou o sistema ERP. Espelhada a uma cultura de empresa familiar

onde seu patriarca se mostra contrário à tecnologia, ainda utilizando seus controles

manuais. Através deste fato observou-se que os colaboradores com interesse contrário ao

78

ERP obtinham apoio do patriarca, gerando assim conflitos com seus sócios e herdeiros.

Na Beta, os impactos foram minimizados, através tanto da presença da consultoria,

quanto do interesse e visão de seus gestores.

No item 11, Seleção e Análise Técnica do Sistema de informação, a Alfa

encontrou o fornecedor de seu ERP em uma feira nacional especializada da área, e fez o

convite para demonstração o que ocorreu em um dia. O foco principal na ocasião, era

suprir as necessidades da legislação local vigente, o que não pode ser considerado como

um processo de seleção e análise técnica do sistema. No caso da Beta, fizeram um

levantamento dos fornecedores nacionais de software de sua área, e enviou um

representante para conhecer três fornecedores e seus produtos comparando-os com os

processos da empresa. Posteriormente, os fornecedores fizeram a apresentação de seus

produtos para todos os envolvidos na sede da empresa Beta, o que não foi suficiente para

julgar o programa, mas já se teve uma idéia das ferramentas que se pretendia adotar.

Foram levantados todos os pontos fracos e fortes de cada sistema, que serviram como

parâmetro para a implementação do sistema escolhido.

No item 12, Não constatamos em nenhuma das duas empresas a presença do

gerenciamento de mudanças.

No item 13. A gerencia de projeto foi o mesmo para as duas empresas Alfa e

Beta, o que não serve como parâmetro visto que as empresas alcançaram resultados

totalmente divergentes.

No item 14. Motivação e comportamento dos colaboradores, outro fator

considerado relevante para o resultado da implementação, mas também que depende das

ações tomadas pela direção. Na Alfa, encontrou-se muitos colaboradores desmotivados

79

não apenas com o sistema implantado, mas com uma série de outros problemas não

mensurados nesse estudo tais como atrasos salariais, não remuneração das horas extras

causadas com a implementação do sistema e a falta de reconhecimento dos gestores e

dirigentes para com os colaboradores envolvidos neste processo, que pode influenciam

para atitudes favoráveis ou não ao sistema ERP. Na Beta, percebeu-se que os

colaboradores estavam satisfeitos com o sistema.

Item 15. Através de alguns depoimentos de gestores e dirigentes da empresa Alfa

em que os mesmos classificam o sistema como inflexível contabilmente, buscou-se

investigar o que seria uma flexibilidade contábil para aqueles entrevistados, e constatou-

se que as críticas eram voltadas ao sistema por não ter como burlar o fisco. Constatou-se

também que a flexibilidade nos processos de gestão dessa empresa não são satisfatórios

em virtude que esta não possui seus processos definidos. Na Beta, estão satisfeitos com o

mesmo e que através deles conseguiram novos mercados.

Item 16. Na Alfa pelo pouco uso do sistema a nível estratégico, a consistência de

informações para tomada de decisão é considerada muito baixa. Já na Beta o

desenvolvimento ainda não é suficiente, mas já é considerado como satisfatório.

Item 17. Sistema ERP relacionado à Legislação – Na Alfa por alguns motivos já

mencionados o sistema não é funcional, segundo sua diretoria. Para a empresa Beta, o

sistema atende todo seu processo voltado para a parte legal.

Após a análise individual dos dezessete itens nas duas empresas, constatou-se que

as ações tomadas por seus dirigentes foram determinantes para o resultado da

implantação do ERP em empresas atacadistas. Do total de dezessete (17) itens, (Motivos

80

pelos quais levam a empresa a buscar um sistema, Falta de Apoio da Alta Administração,

Missões claras e definidas, Usuários capazes e envolvidos, Estrutura e Processos,

Mudanças na Cultura Organizacional, Motivação e comportamento dos colaboradores,

Flexibilidade nos processos de gestão e Consistência na tomada de decisão), nove (9)

fizeram a diferença apenas com atitudes dos dirigentes e influenciaram no resultado final.

Diante desse aspecto, as ações da direção é vista como fator central e pode influenciar de

forma positiva ou negativa em outros fatores.

Constatou-se também, um crescimento muito rápido das empresas estudadas,

devido à grandes vendas para órgãos públicos, e ao mesmo tempo a falta know-how de

seus diretores o que pode explicar a carência de conhecimento gerencial para a condução

da organização em um processo de implementação de sistema ERP.

81

5 Considerações Finais

A proposta deste capítulo é apresentar as considerações finais desta dissertação.

No decorrer deste trabalho, informações relevantes foram obtidas sobre o papel e as

dificuldades de se implantar sistemas ERP em empresas Atacadistas. Também serão

abordados os confrontos com os objetivos específicos, limitações presentes no estudo e

apresentação de sugestões para futuros estudos e reflexões.

5.1 Confrontos com os Objetivos Específicos

O primeiro objetivo proposto nesta pesquisa foi identificar os critérios para avaliação

de um ERP nas empresas Atacadistas Alfa e Beta da cidade de Manaus. Apresentando os

critérios de acordo com o ciclo de vida de um sistema ERP em Decisão e Seleção,

Implementação e Utilização, que destaca-se os seguintes critérios: levantamento de todos

os processos de negócio da organização, na fase seguinte destaca-se o treinamento dos

envolvidos e na fase final o suporte técnico para manutenção do sistema.

O segundo objetivo específico proposto foi analisar a visão dos gestores das empresas

Alfa e Beta com relação à implantação de ERP, a partir da qual, chegou-se à seguinte

conclusão:

• Constatou-se uma relação entre o grau de instrução dos gestores e dirigentes e a

aceitação de tecnologia mediante a um sistema de informação ERP. Percebeu-se

que os entrevistados que possuíam maior qualificação acadêmica eram mais

abertos à implantação e uso de sistemas ERP em relação aos demais;

82

• Os gestores da empresa Alfa estavam mais preocupados com os controles para

minimizar as perdas e desvios de seu capital, enquanto os da empresa Beta

buscavam maior eficiência e serem mais competitivos com o uso dos sistemas

ERP.

No terceiro objetivo específico, no qual foi proposto identificar quais aspectos são

considerados relevantes para a gestão organizacional nas empresas atacadistas em relação

ao que esperam de um sistema ERP, encontraram-se os seguintes resultados:

• Pouca preparação das pessoas que iriam fazer uso do sistema

ERP, não somente com relação ao treinamento de tal ferramenta, como também, com

relação à conscientização dos benefícios que o mesmo traria tanto para a organização

quanto para os usuários que obteriam experiência ao trabalhar com as melhores práticas

para desempenhar suas funções;

• O envolvimento da diretoria na implementação do sistema é outro

aspecto relevante. Percebeu-se que nem sempre é possível devido ao envolvimento dos

gestores e dirigentes nos processos. Preocupados em buscar novos mercados, comprar,

estocar e vender minimizam seu tempo para acompanhar e apoiar o desenvolvimento e

implementação do sistema;

• A integração dos departamentos é outro aspecto relevante do

sistema ERP que depende da estrutura organizacional para se obter êxito. Nesta pesquisa

pode-se observar que este elemento foi citado por alguns entrevistados como fator

benéfico, pois tende a eliminar os retrabalhos aumentando a eficiência dos setores, além

de se obter a informação necessária de forma integrada em várias unidades

departamentais em tempo real (on-line). Para outros entrevistados, esta integração

83

recebeu duras críticas sob o aspecto não funcional diante da ineficácia dos processos

quando um usuário erra ou deixa de fazer suas funções que refletirá em outros setores.

E por último, o quarto objetivo específico proposto foi detalhar os fatores

organizacionais que dificultam a implementação de sistemas ERP nas empresas

atacadistas.

Dos 17 fatores críticos organizacionais podemos destacar os que mais influenciaram

nas análises das empresa Alfa e Beta foram: a Estratégia da organização, as Pessoas e a

influência da cultura, a Gestão da Informação, os Processos, a Estrutura Organizacional e

Infra-Estutura e Gestão de TI.

Pode-se também constatar através de relatos de dirigentes de empresas que pediram

para não serem identificados, no qual confessaram que a grande dificuldade de se adquirir

um sistema de informação se dá por conta de que os sistemas não são flexíveis

contabilmente, dificultando assim, os negócios das empresas. Acredita-se que este pode

ser um dos fatores de grande relevância que dificultam a implantação de um sistema nas

empresas atacadistas, pois foi citado por mais de uma empresa, no entanto, não foi

encontrado em estudos pesquisados sobre o tema, o que pode contribuir para estudos

futuros. Acredita-se também que, nesta pesquisa não foram somente encontrados os

fatores organizacionais que dificultam a implementação de tecnologia ERP nas

organizações, mas também, foi possível compreender que uma implementação de um

sistema ERP depende de mudanças em todos os níveis da organização.

84

Neste trabalho, onde o foco foi analisar os fatores organizacionais

que dificultassem a implementação de um sistema ERP, se faz necessário considerar a

crise econômica mundial vivenciada por estas organizações nos últimos meses que

contribuiu negativamente e influenciou nos resultados desta pesquisa.

E por fim, constatou-se que mesmo comparando organizações do

mesmo seguimento, mesma estrutura física, com faturamento aproximado, as relações

que as mesmas estabelecem com as mudanças impostas pela tecnologia da informação

podem ser diferentes.

5.2 Limitações

Apesar de fornecer elementos contextualizados e a possibilidade de rica

interpretação do fenômeno (COOPER; SCHINDLER, 2003), a abordagem qualitativa

sofre críticas por caráter de capacidade para validação e generalização (KAPLAN;

DUCHON, 1998).

Em termos de limitações encontradas na pesquisa de campo deve-se mencionar:

Uma amostra restrita em número de duas empresas atacadistas que

disponibilizaram tempo e pessoas para que esta pesquisa fosse realizada. No entanto,

estas empresas são representativas na região considerada;

O número restrito de entrevistas obtidas devido a poucas autorizações concedidas

e pouco tempo dos entrevistados e colaboradores;

Nem todas as pessoas puderam ser entrevistadas no ambiente organizacional e as

pessoas que deram entrevistas no ambiente organizacional não foram autorizadas a

85

mostrar in loco ao pesquisador as tecnologias que estavam mencionando em seus

depoimentos;

Apenas uma empresa concordou em mostrar alguns documentos relacionados ao

tema na condição de não divulgar claramente o nome da mesma nesta pesquisa o que

pode comprometer para os resultados alcançados.

A crise econômica foi considerada outra limitação, sob aspecto da escassez dos

recursos financeiros impossibilitando assim aquisição de recursos de TI.

Outra limitação do presente estudo é que o mesmo, em virtude de estar inserido

em um contexto local, não pode ser generalizado a outras organizações do estado ou país,

até por se tratar de estudo de caso.

5.3 Sugestões para estudos futuros

Espera-se que a análise dos resultados obtidos na pesquisa possa contribuir para

estudos futuros que aborde o tema de fatores organizacionais que dificultam a

implantação de sistemas ERP em organizações atacadistas

Como proposta de ampliar o conhecimento sobre o assunto abordado, são

apresentados algumas sugestões:

- Estudar a implantação e uso de sistema ERP em atacadistas de outras regiões e

estados, comparando os resultados com este estudo;

- Realizar um estudo mais abrangente que considere como os estados que

possuem políticas de tecnologia da informação influenciam as empresas atacadistas.

86

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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.

VASCONCELLOS E.; HEMSLEY J. R. Estruturas das organizações: estruturas tradicionais, estruturas para inovação, estrutura matricial. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.

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APENDICES

Roteiro de Entrevista

1. Tecnologia

1.1 A empresa possui recursos de TI necessários para o uso de sistemas de informação (Redes, Banco de Dados, Internet, Computadores, Aplicações, Pessoas)?

1.2 Os recursos de TI atendem as necessidades da empresa?

1.3 Os aplicativos existentes (desenvolvidos ou adquiridos) são integrados?

1.4 A TI está localizada em que setor, ou possui unidade própria?

2. Custos

2.1 A empresa dispõe de recursos necessários para investir em tecnologia de

informação?

2.2 A empresa usa sistemas para gerenciar os seus custos?

2.3 A empresa investe em qualificação de profissionais de TI, os mesmos são

contratados, estagiários ou terceirizados?

2.4 Existe um orçamento definido para TI?

3.Gestão

3.1 O processo de aquisição de hardware e software é discutido com pessoal de TI?Existe terceirização de TI? Em que áreas de TI?

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3.2 Existe gestão de TI? Existe Planejamento de TI? O planejamento de TI é integrado ao da empresa?

3.3 Existe um plano periódico de treinamento para uso de TI?

3.4 As informações geradas pelos sistemas de informação da empresa são usadas nos níveis operacionais e/estratégicos da empresa?

4. Cultural/Política

4.1 O pessoal administrativo usa TI sistematicamente? Existe uma boa aceitação ou reação dos usuários aos aplicativos existentes? As pessoas reagem normalmente às mudanças?

4.2 A implantação de novos sistemas sofrem resistência por algum integrante ou área da empresa?

4.3 A direção da empresa considera TI como estratégico ou como custo?

4.4 Como são decididos os processos de aquisição relativos a TI? As políticas de TI são definidas pelos setores administrativos, pelo pessoal de TI ou pela alta direção?

5.Gerais

5.1Quais os maiores problemas de TI na sua empresa?

5.2 Como TI contribui ou pode contribuir para o negócio da sua empresa?

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5.3 Como funciona a comunicação do pessoal de TI com as demais áreas da empresa?