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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (78-179), 2014 ISSN 18088597 ANÁLISE POSTURAL DE ALUNOS DE 10 A 12 ANOS DO COLÉGIO ESTADUAL AMÉRICO ANTUNES, EM SÃO LUÍS DE MONTES BELOS/GO 1 Lindieime de Freitas Borges 2 Rosimeire Barroso Rodrigues² Pedro Henrique F. Valente 3 Mariane Santos Nogueira 4 Rafael Ferraz Araújo 5 Fernanda A. Vargas de Brito e Alves 6 Ana Paula F. Monteiro 7 Aleandro Geraldo Alves 8 RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi identificar as alterações posturais existentes no ambiente escolar e suas causas em alunos de 10 a 12 anos do Colégio Estadual Américo Antunes na cidade de São Luís de Montes Belos-GO. Trata-se de um estudo transversal, qualitativo observacional e descritivo. Para levantamento dos dados foram utilizados um questionário das atividades de vida diária e ficha de avaliação postural. Os escolares foram observados em posição ortostática na vista anterior, lateral e posterior. No quadro álgico 61,54% dos alunos relataram dor. Nas alterações posturais observou-se incidência de 76,92% de desalinhamento de cabeça; 61,54% de ombro assimétrico à esquerda e 38,46% à direita;92,31% de assimetria do triângulo de talles e posição clavicular; 53,85% de assimetria em EIAS e 46,15% em crista ilíaca; 46,15%de curvatura lateral da coluna;84,62% de anormalidade da curvatura fisiológica da cervical, 84,62%da torácica; 76,92%de anormalidade na lombar.A carga imposta aos alunos por meio do transporte do material escolar e a maneira como se sentam, dentro e fora da escola, influenciam em sua postura, podendo causar disfunções posturais. PALAVRAS - CHAVE: Alterações posturais; desvios posturais; escolares; posturas POSTURAL ANALYSIS OF STUDENTS FROM 10 TO 12 YEARS OF AMERICO ANTUNES STATE COLLEGE IN SÃO LUIS MONTES BELOS/GO¹ ABSTRACT: Introduction: The purpose of this study was to identify the postural changes in the environment school students and their causes in students eight to 12 years of Americo Antunes State College of São Luis de Montes Belos-GO. Methods: This is a qualitative observational and descriptive cross- sectional. For data collection, a questionnaire of activities of daily living and postural evaluation form were used, students were observed in the standing position in anterior view, lateral and posterior. Results: Under pain 61.54% of students reported pain state. Postural changes in the observed incidence of 76.92% of misaligned head, shoulder asymmetrical 61.54% to 38.46% left and right, 92.31% of the asymmetric triangle of tall and position clavicular, 53, 85% of asymmetry in ASIS and the iliac crest at 46.15%, 46.15% of spine lateral curvature, 84.62% of abnormal physiological curvature of cervical, thoracic of 84.62%, 76.92% of abnormality lower back. Conclusion: The burden on students through the transportation of school supplies and the way as someone sit, inside and outside of school influence on posture, may cause postural dysfunctions. The adoptions of preventive measures are suggested in the school environment to prevent 1 Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. 2 Acadêmicas do curso de Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected] 3 Colaborador, Fisioterapeuta, Esp. e Docente da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected] 4 Colaboradora, Fisioterapeuta, Esp. e Docente da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected] 5 Colaborador, Fisioterapeuta, Esp. e Docente da Faculdade Montes Belos.Email: [email protected] 6 Colaboradora, Fisioterapeuta, Mestre, Coordenadora e Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected] 7 Co-orientadora, Fisioterapeuta, Esp. e Docente da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected] 8 Orientador, Fisioterapeuta, Mestre e Docente da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected]

ANÁLISE POSTURAL DE ALUNOS DE 10 A 12 ANOS DO COLÉGIO

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Page 1: ANÁLISE POSTURAL DE ALUNOS DE 10 A 12 ANOS DO COLÉGIO

Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (78-179), 2014 ISSN 18088597

ANÁLISE POSTURAL DE ALUNOS DE 10 A 12 ANOS DO COLÉGIO ESTADUAL

AMÉRICO ANTUNES, EM SÃO LUÍS DE MONTES BELOS/GO1

Lindieime de Freitas Borges2 Rosimeire Barroso Rodrigues²

Pedro Henrique F. Valente3 Mariane Santos Nogueira

4

Rafael Ferraz Araújo5 Fernanda A. Vargas de Brito e Alves

6

Ana Paula F. Monteiro7 Aleandro Geraldo Alves

8

RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi identificar as alterações posturais existentes no

ambiente escolar e suas causas em alunos de 10 a 12 anos do Colégio Estadual Américo

Antunes na cidade de São Luís de Montes Belos-GO. Trata-se de um estudo transversal,

qualitativo observacional e descritivo. Para levantamento dos dados foram utilizados um

questionário das atividades de vida diária e ficha de avaliação postural. Os escolares foram

observados em posição ortostática na vista anterior, lateral e posterior. No quadro álgico

61,54% dos alunos relataram dor. Nas alterações posturais observou-se incidência de 76,92%

de desalinhamento de cabeça; 61,54% de ombro assimétrico à esquerda e 38,46% à

direita;92,31% de assimetria do triângulo de talles e posição clavicular; 53,85% de assimetria

em EIAS e 46,15% em crista ilíaca; 46,15%de curvatura lateral da coluna;84,62% de

anormalidade da curvatura fisiológica da cervical, 84,62%da torácica; 76,92%de

anormalidade na lombar.A carga imposta aos alunos por meio do transporte do material

escolar e a maneira como se sentam, dentro e fora da escola, influenciam em sua postura,

podendo causar disfunções posturais.

PALAVRAS - CHAVE: Alterações posturais; desvios posturais; escolares; posturas

POSTURAL ANALYSIS OF STUDENTS FROM 10 TO 12 YEARS OF

AMERICO ANTUNES STATE COLLEGE IN SÃO LUIS MONTES BELOS/GO¹

ABSTRACT: Introduction: The purpose of this study was to identify the postural changes

in the environment school students and their causes in students eight to 12 years of Americo

Antunes State College of São Luis de Montes Belos-GO. Methods: This is a qualitative

observational and descriptive cross- sectional. For data collection, a questionnaire of

activities of daily living and postural evaluation form were used, students were observed in

the standing position in anterior view, lateral and posterior. Results: Under pain 61.54% of

students reported pain state. Postural changes in the observed incidence of 76.92% of

misaligned head, shoulder asymmetrical 61.54% to 38.46% left and right, 92.31% of the

asymmetric triangle of tall and position clavicular, 53, 85% of asymmetry in ASIS and the

iliac crest at 46.15%, 46.15% of spine lateral curvature, 84.62% of abnormal physiological

curvature of cervical, thoracic of 84.62%, 76.92% of abnormality lower back. Conclusion:

The burden on students through the transportation of school supplies and the way as someone

sit, inside and outside of school influence on posture, may cause postural dysfunctions. The

adoptions of preventive measures are suggested in the school environment to prevent

1 Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia da

Faculdade Montes Belos. 2 Acadêmicas do curso de Fisioterapia da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected]

3 Colaborador, Fisioterapeuta, Esp. e Docente da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected]

4 Colaboradora, Fisioterapeuta, Esp. e Docente da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected]

5 Colaborador, Fisioterapeuta, Esp. e Docente da Faculdade Montes Belos.Email: [email protected]

6 Colaboradora, Fisioterapeuta, Mestre, Coordenadora e Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Montes

Belos. Email: [email protected] 7 Co-orientadora, Fisioterapeuta, Esp. e Docente da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected]

8 Orientador, Fisioterapeuta, Mestre e Docente da Faculdade Montes Belos. Email: [email protected]

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (79-179), 2014 ISSN 18088597

progression and worsening of postural changes during adolescence and adulthood.

KEYWORDS: Postural changes. Postural Deviations. Posture. School.

INTRODUÇÃO

A coluna vertebral é formada por

33 vértebras dispostas ao longo do tronco,

dividida e classificada em sete cervicais,

12 torácicas, cinco lombares, cinco sacrais

fundidas em um osso único, o sacro, e

quatro coccígeas, fundidas formando o

cóccix (SOUZA, 2001).

A coluna tem como funções

proteger a medula espinhal, base de apoio

e mobilidade para a cabeça, fixar a

musculatura e permitir mobilidade ao

tronco, porém, sua principal função é

suportar o peso da maior parte do corpo

transmitindo-o para o quadril por meio da

articulação sacroilíaca (DANGELO &

FATTINI, 2005). Cada vértebra é separada pelos discos

intervertebrais os quais transmitem força,

facilitam e controlam a flexibilidade da

coluna vertebral. As vértebras, os discos

intervertebrais, os ligamentos e músculos

oferecem uma boa estabilidade para coluna

(DALLEY & MOORE, 2001).

Em uma vista lateral, observa-se

três curvaturas na coluna vertebral, a

lordose cervical, cifose torácica e lordose

lombar. Estas permitem à coluna maior

elasticidade ao andar e saltar, tornando-se

mais eficaz na absorção de choques.

Denomina-se curvatura primária, as

curvaturas torácica e sacral, pois são

formadas na vida embrionária. As

secundárias são as curvaturas cervical e

lombar, estas aparecem quando a criança

consegue sustentar a cabeça e ficar na

posição ortostática (SOUZA, 2001).

As curvaturas anormais como

hiperlordose, hipercifose e retificação são

resultantes de posturas incorretas no

período de desenvolvimento ou disfunções

no indivíduo (DALLEY & MOORE,

2001). A escoliose é caracterizada pela

anormalidade da curvatura lateral. Pode ser

classificada em estrutural acompanhada de

rotação das vértebras e o teste de Adams

positivo. Já a escoliose postural ou não-

estruturalé observadaquando o indivíduo se

mantém de pé ou sentado em uma posição

inadequada, por longo período de tempo,

porém não tem rotação vertebral (MAGEE,

2005).

A postura é uma relação dinâmica

onde os elementos do corpo, sobretudo os

músculos esqueléticos, se ajustam

respondendo aos estímulos recebidos. Uma

boa postura é dada quando há um controle

musculoesquelético, protegendo as

estruturas de sustentação do corpo de

traumas ou alterações progressivas

(DELIBERATO, 2002). Na postura ideal

se deve ter o mínimo de contrações

musculares para manter essa boa postura e

não apresentar nenhum sintoma doloroso

(CONTRI et al., 2009).

Em uma postura ideal, a coluna

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (80-179), 2014 ISSN 18088597

vertebral se encontra com curvaturas

normais e os ossos dos membros inferiores

apresentam alinhados de forma a sustentar

o peso. O posicionamento neutro da pelve

acarreta um bom alinhamento do abdômen,

tronco e membros inferiores. O tórax e a

coluna se posicionam adequadamente

levando ao bom funcionamento dos órgãos

respiratórios (BRAGA et al., 2009). O grande aumento de problemas posturais

na população mundial, seja em adultos ou

crianças, é resultado da sobrecarga na

coluna vertebral. As adequações posturais

adotadas durante toda a vida são

influenciadas por exemplos incorretos,

com os quais se convivem e que acabam

sendo integrados ao cotidiano (REGO &

SCARTONI, 2008). Existe também, o fato

de algumas crianças entrarem sem

alterações musculoesqueléticas no

ambiente escolar e saírem posteriormente

com a postura comprometida (MORO,

2005).

Algumas alterações posturais têm

sua origem na fase de crescimento e

desenvolvimento corporal. Durante esse

período as crianças estão sujeitas a

modificações estruturais na coluna, em

especial, os relacionados à utilização de

mochilas e as posturas viciosas, como

assistir televisão, utilizar o computador e

“vídeo game”. Comportamentos como

estes podem levar à alterações posturais

tanto laterais como ântero-posteriores

(CANDOTTI et al., 2007).

O processo de evolução do corpo

humano passa por várias alterações durante

o crescimento e desenvolvimento físico e

ao buscar o equilíbrio compatível com as

novas proporções, causa modificações e

adaptações para a adequação ao centro de

gravidade que influencia a postura corporal

(NETO et al., 2007). Os fatores que levam

essas alterações são: a hereditariedade, a

questão cultural, a indumentária (salto alto,

sapato apertado), o mau hábito como

carregar mochilas e bolsas pesadas, o

estado psicológico, a diminuição da força

muscular global, presença de patologias, os

traumatismos e deficiências associadas

(DELIBERATO, 2002).

Cada indivíduo possui

características influenciadas pelo seu

biotipo quanto ao sistema

musculoesquelético, além de sofrer

influências de fatores externos,

especialmente quando criança. A coluna

pode sofrer alterações quando exposta a

vícios posturais, sobrepeso corporal,

atividades físicas insuficientes ou

incorretas, deficiências nutricionais,

anomalias congênitas e adquiridas,

distúrbios psicológicos, alterações

respiratórias e musculares. Logo, posturas

biomecanicamente errôneas são fatores

agravantes, que geram dor e deformidades

da coluna, sobretudo em escolares durante

a fase de desenvolvimento. Se for realizado

diagnóstico precoce dessas alterações

posturais, as mesmas estão sujeitas a

correções antes de apresentar uma estrutura

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (81-179), 2014 ISSN 18088597

prejudicial (FORNAZARI et al.,

2006). As alterações posturais decorrentes das

posturas incorretas são distúrbios anátomo-

fisiológicos, manifestados comumente no

período de adolescência e pré-

adolescência, por ser nessa fase que há o

estiramento de crescimento do indivíduo

(MARTTELLE & TRAEBERT, 2006). A

criança com idade de sete aos 12 anos

sofre alterações na postura em busca de um

equilíbrio ajustável às mudanças de seu

corpo, a postura tende a adequar-se ao seu

estilo de vida, logo, todos seus hábitos

posturais, serão refletidos quando adulto

(CANDOTTI et al., 1998).

Casos de alterações posturais da

coluna vertebral na adolescência crescem

consideravelmente, por ser um período em

que o adolescente está exposto a

sobrecargas, como mochilas escolares de

forma assimétrica e inadequadas ou até

mesmo a permanência na posição sentada,

ficando em posturas incorretas por longo

período de tempo (GRAUP et al., 2010).

Abiomecânica da coluna vertebral não é

favorável quando se trata em permanecer

por longos períodos na posição sentada,

manter posturas estáticas fixadas e realizar

movimentos repetitivos (BRACCIALLI &

VILARTA, 2000).

Na fase escolar a coluna tem maior

exposição às alterações, pois o indivíduo

passa um grande período nesse ambiente,

portanto, a utilização adequada de

mochilas deve ser analisada e

estudada.Quando a carga da mochila é

posicionada na região posterior do corpo, o

centro de gravidade desloca

posteriormente, sobre a base de apoio. Para

poder compensar tal alteração, a criança

efetua uma inclinação do tronco e da

cabeça para frente aumentando a contração

dos músculos posturais para suportar a

carga da mochila (RAMPRASAD &

RAGHUVEER, 2010).

Levando em consideração que a

mochila é um dos meios mais práticos e

utilizados de transporte do material

escolar, deve-se adotar cuidados com a

carga e a maneira de como é sustentada,

principalmente no período de crescimento

do indivíduo (MONTEBELO et al., 2008).

A maneira correta de transportar o material

escolar é com apoio bilateral (BENINI &

KAROLCZAK, 2010).

Os escolares transportam em suas

mochilas, um peso superior à capacidade

de sua estrutura musculoesquelética,

causando várias alterações posturais

(CARNEIRO & MOREIRA, 2005). O

peso ideal das mochilas escolares deve ser

entre 10 a 15% da massa corporal

(MONTEBELO et al., 2008). Outro fator influenciador na alteração

postural é a postura adotada ao se sentar.

Atualmente as crianças são de 4 cm a 5 cm

mais altas do que no passado, porém, os

móveis não foram adaptados a essa

mudança. Em uma sala de aula encontram-

se escolares com alturas variadas, no qual

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (82-179), 2014 ISSN 18088597

as cadeiras não estão ajustadas aos

mesmos. Os alunos mais altos adotam uma

postura sentada, relaxada, com flexão

exagerada do quadril, levando auma

inclinação pélvica posterior e flexão a

coluna lombar. A postura sentadarelaxada,

desleixada, o acento da cadeira inclinado

posteriormente, a mesa de estudo baixa e

plana, causam um posicionamento

assimétrico o pode ocasionar alterações

posturais (REGO&SCARTONI, 2008).

Ao sentar em uma cadeira, a

postura correta é apoiando no encosto e os

pés apoiados no chão. A cadeira escolar

não é ajustável à estatura dos alunos,

tornando-se incômodo permanecer

sentados na mesma posição durante horas.

Naturalmente os estudantes procuram

posturas que não os incomodam, sendo

estas impróprias para a saúde postural,

mesmo entendendo qual é a postura correta

de se sentar (BENINI & KAROLCZAK,

2010).

As alterações posturais levam a

várias conseqüências na coluna vertebral

por diversas causas. A dor ocorre devido a

sobrecarga, à diminuição de amplitude de

movimento por desequilíbrio na

flexibilidade, a fraqueza e fadiga muscular

por má postura sustentada por longo

período, a alteração da percepção

sinestésica do alinhamento do corpo, por

hábito errôneo e pela incapacidade de

corrigir a postura (FORNAZARI et al.,

2006).

Dentro do ambiente escolar as

queixas e alterações mais comuns entre os

alunos são a cervicobraquialgia, a

lombociatalgia, escoliose, a presença de

dores vertebrais, a hiperlordose lombar,

protusão de cabeça e ombro, problemas

respiratórios, contraturas e retrações

musculares, diminuição da força muscular

global e da resistência à fadiga

(DELIBERATO, 2002).

Acredita-se que para diminuir o alto

índice de alterações posturais no adulto, é

necessário um trabalho que abranja todo

um plano preventivo e educacional,

visando às mudanças de hábitos

inadequados (BRACCIALLI &

VILARTA, 2000).

Diante da problemática ocasionada

pela má postura, é de grande importânciaa

prevenção, a detecção precoce e correção

das alterações posturais na infância, para

uma melhor qualidade de vida quando

adulto. Este período de desenvolvimento

do sistema músculo-esquelético é crítico,

com maior probabilidade de desvios

posturais na coluna vertebral. A fase

escolar é a ideal para recuperar as

alterações da coluna de forma mais eficaz,

após esta, tem-se um pior prognóstico

(MARTELLI & TRAEBERT, 2006).

A fisioterapia oferece orientações

que visam evitar as atividades que

favorecem o aparecimento de alterações da

coluna vertebral, podendo prevenir e

diagnosticar o desenvolvimento das

mesmas (VASCONCELOS et al., 2010).

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (83-179), 2014 ISSN 18088597

É de suma importância a

identificação das alterações posturais e

suas causas no período escolar, pois é

nessa fase que a coluna vertebral sofre

alterações na busca de um equilíbrio do

corpo e a postura tende a adaptar-se ao

estilo de vida. As alterações posturais

podem levar a dores, trazendo desconforto

ao indivíduo, comprometendo o

rendimento escolar e a qualidade de vida

dos alunos. Assim, o presente estudo tem

por objetivo identificar as alterações

posturais existentes no ambiente escolar e

suas possíveis causas.

1. Metodologia

A presente pesquisa trata-se de um

estudo transversal, qualitativo

observacional e descritivo. Empregou

estratégias de busca nas bases de dados da

literatura médica mundial, incluindo

LILACS, PubMed e SCIELO. O estudo foi

realizado no Colégio Estadual Américo

Antunes, localizado na cidade de São Luís

de Montes Belos – GO. A populaçãofoi de

100 indivíduos, do período vespertino do

Ensino Fundamental. O critério de inclusão

era escolar de 10a 12anos de idade, de

ambos os sexo, devidamente matriculados

na instituição e que apresentasse o termo

de consentimento livre e esclarecido

(ANEXO I), assinado pelo responsável. A

amostra para o estudo foi de 17 alunos,

matriculados no 6º ano do ensino

fundamental,seguindo o critério de

inclusão. Desta, apenas 13 alunos se

dispuseram a realizar o estudo. Houve um

esclarecimento na íntegra sobre o método

aplicado, orientando-os quanto aos direitos

de privacidade, recusa e desistência, e ao

final os responsáveis assinaram um Termo

de Consentimento Livre Esclarecido

(ANEXO I).

Foram excluídos do estudo

indivíduos abaixo de 10 e acima de 12

anos, não matriculados, alunos que se

recusaram ou os pais não permitiram serem

avaliados, o escolar que tinha algum tipo

de deficiência física que impossibilite a

avaliação postural. O projeto de pesquisa foi submetido ao

Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade

União Goyazes, Trindade-GO - CEP/FUG

conforme o protocolo Nº 040/2011-2 e

aprovado no dia 27 de agosto de 2011. O

estudo não é um procedimento invasivo,

porém apresenta risco devido à

possibilidade de exposição das imagens

dos indivíduos. Todos os dados coletados

serão mantidos em sigilo, no qual terão

acesso apenas os pesquisadores envolvidos

na pesquisa,os mesmos ficarão arquivados

por cinco anos e após, reciclados conforme

orientação Resolução CNS N. 196/96. Os

preceitos éticos legais foram considerados

conforme rege a resolução 196/96, do

Conselho Nacional de Ética de Saúde

10/10/96 (Brasil, 1996), o qual trata das

recomendações éticas quando a realização

envolve seres humanos.

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (84-179), 2014 ISSN 18088597

As avaliações foram divididas em

duas etapas. Na primeira os escolares

foram submetidos a um questionário sobre

suas atividades de vida diária (AVD’s) (APÊNDICE I), no qual foi lido por um

responsável pela pesquisa juntamente com

todos os alunos. Em um segundo momento

foi mensurado o peso dos alunos e de suas

mochilas, para tal, foi utilizado uma

balança analógica da marca Plenna. As

avaliações foram realizadas através de uma

ficha de avaliação postural (APÊNDICE

II), com roupas apropriadas, sendo estas,

short para os meninos e top e bermuda as

meninas.

Na vista anterior foi analisado a

postura da cabeça, ombros, triângulo de

talles, posição da clavícula, espinha ilíaca

ântero-superior (EIAS), Crístas ilíacas,

joelhos, patelas e pés. Na vista posterior

analisou-se a postura da cabeça, ombros,

escápulas, coluna vertebral e pés. Na vista

lateral direita e esquerda observou-se a

postura da cabeça, ombros, curvaturas da

coluna, pelve, joelhos e pés. Na flexão do

tronco observou-se a presença de

gibosidade.

Ao verificar algum tipo de alteração

postural, transcreveu-se um comunicado

endereçado aos responsáveis (APÊNDICE

III) para encaminhamento do aluno ao

médico ortopedista.

Ao final do estudo foi ministrada

uma palestra na sala referente à pesquisa

com tema de conscientização da

importância de corrigir posturas viciosas

adquiridas no período escolar, focando nas

principais alterações verificadas na

pesquisa.

2. Resultados

Após a análise dos dados obtidos

nas avaliações posturais e nos

questionários, estes foram transcritos em

figuras demonstrando os resultados

encontrados de todos os indivíduos

avaliados, quanto à vista anterior, posterior

e lateral, os hábitos de vida diária na escola

e em casa, os dados obtidos são

independentes do sexo do indivíduo.

2.1 Questionário das atividades de vida

diária (AVD’s)

Foi mensurado o peso corporal e

posteriormente o peso das mochilas. Após

análise foi constatado que 53,85% das

mochilas estavam acima do peso ideal que

deve ser abaixo de 10% do peso corporal

(Figura 1).

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (85-179), 2014 ISSN 18088597

60%

50%

40%

Acima de 10% 30%

Dentro do adequado 20%

10%

0%

Figura 1: Peso corporal x Peso das mochilas

De acordo com a forma que os

alunos transportam as mochilas, foi obtido

que 61,54% utilizam apoio bilateral,

23,08% apoio unilateral esquerdo e 15,

38% utilizam apoio unilateral direito

(Figura 2).

70%

60%

Apoio Bilateral

50%

40%

Apoio unilateral E

30%

Apoio unilateral D

20%

10%

0%

Figura 2: Apoio da mochila

Na análise da postura sentada, em

sala de aula, foi verificado que 61,54%

apoiam membro superior não-dominante

na cadeira, 15,38% em postura de

semiflexão de tronco e 23,08% semi-

deitados na cadeira (Figura 3). Em relação

ao lado dominante, 92,32% predomina o

hemicorpo direito e 7,69% o esquerdo.

70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%

0%

Semiflexão de tronco com apoio do membro não dominate

Semiflexão de tronco

Semideitado

Figura 3: Postura sentada X posicionamentos do membro superior e coluna.

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (86-179), 2014 ISSN 18088597

Com relação ao quadro álgico dos

alunos, os dados foram obtidos de forma

subjetiva, através de questionários, onde

38,46% relataram não apresentar quadro

álgico, 61,54% relataram dor na coluna,

destes 23,08% apresentam dor na região

cervical, 23,08% na região lombar e

15,38% na região sacral (Figura 4).

70%

60%

50% Presente

40% Ausente

30% Região cervical

20% Região lombar

10% Região sacral

0%

Presença de dor Localização da dor

Figura 4: Presença ou não do processo álgico relacionado à localização na coluna vertebral.

Quanto ao posicionamento adotado

ao dormir, foi constatado que 53,85% dos

entrevistados dormem em decúbito lateral,

23,08% em decúbito ventral, 7,69% em

decúbito dorsal e 15,38% alternando os

decúbitos. Quanto ao colchão, 76,92%

relataram que o colchão utilizado é firme e

23,8% que o mesmo se deforma (mole)

(Figura 5).

80%

70%

60% Decúbito lateral

50% Decúbito ventral

40% Decúbito dorsal

30% Posição variadas

20% Firme

10% Mole

0%

Posiçao ao dormir Colchão

Figura 5: Posições adotadas ao dormir e sensação do colchão utilizado.

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (87-179), 2014 ISSN 18088597

De acordo com os dados obtidos do

questionário, todos os entrevistados

assistem televisão, destes 61,54% assistem

deitados no sofá, 15,38% deitados no chão,

15,38% sentados no sofá e 7,7% sentados

na cama (Figura 6).

70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%

0%

Figura 6: Posição adotada frente à televisão.

Deitado no sofá

Deitado no chao

Sentado no sofá

Sentado na cama

Ao analisar a proporção dos

indivíduos que fazem uso de computador

ou vídeo games, observou-se que 69,23%

fazem uso desses equipamentos, e apenas

30,77% não utilizam nenhum deles.

Quanto ao tempo em que os

indivíduos se mantém frente à televisão,

foi verificado que 53,85% não se dão conta

do tempo que ficam, 7,69% permanecem

por uma hora diária, 7,69% duas horas

diárias, 15,38% três horas diárias, 7,69%

quatro horas diárias e 7,69% seis

horas diárias. Quando se trata do

computador ou vídeo games, 15,38% se

mantém por uma hora, 15,38% por duas

horas, 7,7% por três horas, 7,7% por quatro

horas, 15,38% por seis horas diárias e

7,69% não sabem relatar o tempo em que

ficam em frente a estes últimos (Figura 7)

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (88-179), 2014 ISSN 18088597

60%

50%

Não sabem

40%

1h

30% 2h

20%

3h

10%

4h

0%

6h

TV

Computador ou Video Game

Figura 7: Tempo gasto em frente à televisão, computador ou vídeo game.

Os indivíduos foram questionados

quanto à postura adotada para realizar as

atividades escolares que levam para casa,

76,92% utilizam a postura sentada com

apoio dos membros superiores na mesa,

15,38% sentam-se no sofá para fazer a

atividade e 7,7% fazem as mesmas

deitados na cama (Figura 8).

80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

Posição Adotada

Sentado com apoio na mesa

Sentado no sofá

Deitado na cama

Figura 8: Posição que realiza os exercícios escolares em casa

2.2 Avaliação Postural Vista

Anterior

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (89-179), 2014 ISSN 18088597

Das estruturas avaliadas,

observou-se alterações consideráveis

na cabeça, ombro, clavícula,

triângulo de Talles e pelve.

Quanto à cabeça 23,08%

apresentaram cabeça alinhada,

15,39% cabeça rodada com

inclinação à direita, 38,46% cabeça

rodada à direita, 7,69% cabeça

rodada à esquerda, 7,69% cabeça

inclinada à direita e 7,69% cabeça

inclinada à esquerda (Figura 9).

40%

Rodada à direita

30% Alinhada

Rodada e inclinada à direita

20% Rodada à esquerda

Inclinada à direita

10% Inclinada à esquerda

0%

Figura 9: Posição da cabeça em vista anterior.

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (90-179), 2014 ISSN 18088597

Com relação ao ombro, foi

verificada assimetria em todos os

indivíduos avaliados, destes 61,54%

apresentaram assimetria à esquerda (ombro

esquerdo mais elevado) e 38,46%

assimetria à direita (ombro direito mais

elevado) (Figura 10).

70%

60%

50%

Assimetria à E

40%

Assimetria à D

30%

20%

10%

0% Figura 10: Assimetria dos ombros em vista anterior

Ao analisar o triângulo de Talles e

a posição clavicular, foi constatado

assimetria 92,31% dos indivíduos

avaliados (Figura 11).

100%

90%

80%

70%

60%

Assimétrico

50%

40%

Simétrico

30%

20%

10%

0%

Triângulo de talles

Posição Clavicular

Figura 11: Análise do triângulo de Talles e posição da clavícula em vista anterior.

Em relação à avaliação da pelve

houve desnivelamento na espinha ilíaca

ântero-superior (EIAS) em 53,85% dos

avaliados e em relação à crista

ilíaca,46,15%apresentaram

alteração(Figura 12).

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (91-179), 2014 ISSN 18088597

60%

50%

40%

30%

Assimetrica

20%

Simétrica

10%

0%

EIAS

Crísta Ilíaca

Figura 12: Desnivelamento da EIAS e crista ilíaca em vista anterior

2.3 Vista Posterior

Nesta posição foi avaliada cabeça, ombros,

escápulas e coluna vertebral. Quanto à

cabeça e ombros os dados obtidos em

vista anterior foram confirmados. Na

análise da posição escapular 100% dos

avaliados se encontram com assimetria.

Na coluna vertebral observou-se a

presença de curvatura lateral não-

fisiológicas em 46,15% dos avaliados, o

que indica provável diagnóstico de

escoliose. Foi utilizado o teste de Adams e

evidenciada gibosidade em 15,38% dos

avaliados (Figura 13).

50%

40%

Curvatura Lateral

30%

Gibosidade

20%

10%

0%

Provável Presença de Escoliose

Figura 13: Curvatura lateral não-fisiológica em vista posterior.

2.4 Vista Lateral

As estruturas avaliadas em vista

lateral foram cabeça, ombros, coluna

vertebral e pelve. 76,92% dos avaliados

apresentaram cabeça protusa, 7,7% cabeça

retraída e 15,38%cabeça alinhada. Em

relação ao ombro, 76,92% apresentaram

ombros protusos e 23,08% ombros

alinhados (Figura 14).

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (92-179), 2014 ISSN 18088597

80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

Cabeça Ombro

Figura 14: Alterações da cabeça e ombros em vista lateral.

Protuso

Alinhado

Retraido

Quanto às alterações

relacionadas às curvaturas

fisiológicas da coluna vertebral, foi

verificado alterações na coluna

cervical, dorsal e lombar. 15,38% dos

avaliados se encontravam em

condição fisiológica na região

cervical, 76,92% apresentaram

hiperlordose cervical e 7,7% cervical

retificada. Quanto à cifose dorsal foi

observado que 69,23% dos indivíduos

apresentavam curvatura fisiológica,

30,77% apresentaram hipercifose

dorsal. Já na lordose lombar houve

um número maior de alterações, onde

23,07% dos avaliados apresentaram

curvatura fisiológica, 53,84%

encontraram em hiperlordose lombar

e 23,08% apresentaram lombar

retificada (Figura 15).

90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

Lordose cervical Cifose dorsal Lordose lombar Figura 15: Alterações posturais da coluna vertebral em vista lateral.

Fisiológica

Hiper

Retificada

15

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Na região pélvica, os resultados

indicam que 53,84% dos avaliados

apresentaram pelve em anteversão e 23,

07% em retroversão (Figura 16).

60% 50% 40% 30% 20% 10%

Anteversão

Retroversão

0%

Pelve Figura 16: Alterações relacionadas à anteversão e retroversão pélvica.

3. Discussão

Na vista lateral constatou-se uma

prevalência significativa na postura da

cabeça e ombros, no qual 76,92% dos

avaliados apresentaram protusão de cabeça

e ombro, o quepode ser indicativo de uma

postura inadequada adotada ao sentar ou

deitar. Rego & Scartoni (2008), em seu

estudo realizado em salas do 5º e 6º ano do

Ensino Fundamental, evidenciou protusão

de ombros em 36% dos indivíduos e 24%

de anteriorização da cabeça.

Um dado significativo observado

nesta pesquisa foi o número da ocorrência

de assimetria doombro, sendo 61,54% com

assimetria à esquerda e 30,77% à direita.

Contri et al., (2009), realizou um estudo

com 465 indivíduos, obtendo um

percentual de 72% de ombros assimétricos.

Quanto à vista anterior constatou

que dos 13 alunos avaliados 15,39%

apresentaram a cabeça rodada e inclinada à

direita, 38,46% rodada à direita, 7,69%

rodada à esquerda, 7,69% inclinada à

direita e 7,69% inclinada à esquerda.

Divergindo,Brum et al., (2008) verificou

em seu estudo que a maioria dos escolares

não apresentaram desvios quanto a cabeça

na vistaanterior.

Rego & Scartoni (2008),

constataram na vista posterior presença de

curvatura lateral da coluna em 51% dos

avaliados. No teste de Adams evidenciou-

se gibosidade em 51% dos escolares. Já

Barbosa et al., (2005) em sua pesquisa,

verificou no teste de Adams, prevalência

de 48,4% de alterações posturais laterais

em alunos de 10 a 15 anos de idade. No

presente estudo foi encontradopresença de

curvatura lateral em 46,15 % dos alunos, e

ao realizar o Teste de Adams, foi

evidenciada a gibosidade em 15,38 % dos

avaliados.

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Nas alterações das curvaturas

fisiológicas da coluna vertebral, foi

verificado uma predominância na lordose

lombar onde 53,84% dos avaliados

apresentaram hiperlordose e apenas

23,07% apresentaram retificação.

Divergindo desta pesquisa, Graup et al.,

(2010), identificaram 90,9% de retificação

na coluna lombar e apenas 9,1% com

hiperlordose.Brum et al.,

(2008),observaram que 11% dos avaliados

apresentam hiperlordose e 15% apresentam

lombar retificada.

Na avaliação da coluna torácica,

69,23% dos indivíduos apresentaram

curvatura fisiológica e 30,77% hipercifose

dorsal. Brum et al., (2008) e Lópes e Pinto

(2001), respectivamente, encontraram

normalidade na região torácica de 90% e

87,8% dos escolares avaliados.

No presente estudo 61,54% dos

avaliados apresentaram algia em alguma

região da coluna vertebral, destes 23,08%

sentem dor na região cervical, 23,08% na

lombar e 15,38% na região sacral e

nenhum relatou dor em região dorsal.

Carneiro & Moreira (2005), relataram em

seu estudo que 66,6% dos entrevistados

apresentaram queixa de dor. Graup et al.,

(2010), relataramque de 280 alunos

avaliados, 49,6% responderam ter dor

lombar.

Quanto à pelve, a anteversão

pélvica está presente em 53,84% dos

escolares, onde está associado com a

hiperlordose lombar em 53,84% dos

avaliados.

O desnivelamento pélvico na vista

anterior foi de 53,85% em EIAS e de

46,15% nas cristas ilíacas dos indivíduos

avaliados. Rego & Scartoni (2008),

observou em seu estudo o desnivelamento

da EIAS em 51% dos avaliados. Contri et

al., (2009), ao comparar as alturas das

cristas ilíacas, notou que de 205 homens

9% apresentaram assimetria e de 260

mulheres 8% demonstraram assimetria.

Não foi possível correlacionar neste

estudo, o lado que os alunos transportam a

mochila com o de assimetria do ombro,

pois 61,54% dos avaliados apresentaram o

lado esquerdo mais elevado, onde 61,54%

dos indivíduos transportam a mochila com

apoio bilateral.

Levando em consideração que

61,54 % dos avaliados transportam a

mochila com apoio bilateral e ao mensurar

o peso corporal e posteriormente à mochila

escolar dos alunos, foi verificado que

53,85% das mochilas se encontraram com

o peso acima do ideal. Logo, podemos

correlacionar com o ombro protuso, pois

76,92% dos avaliados apresentaram

protusão do ombro.

Na presente pesquisa foi constatada

que 61,54% dos avaliados se sentam

apoiando os braços na cadeira para o lado

não dominante (esquerdo), 15,38%

curvado na cadeira e 23,08% se sentam

semi-deitado. Correlacionando o lado de

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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 3, 2015, p (95-179), 2014 ISSN 18088597

dominância de cada escolar e a

assimetria do ombro quanto à vista anterior

e posterior, é possível perceber que há uma

relação entre esses dados, pois 61,54% dos

alunos apresentaram maior elevação à

esquerda e apenas 38,46% à direita

Conclusão

Com base nos dados obtidos neste

estudo, foram classificados os desvios

posturais existentes, correlacionando com

suas possíveis causas. Através deste

procedimento, notou-se que a postura é um

segmento complexo, influenciada por

vários fatores e causas específicas das

alterações posturais, e só podem ser

determinadas após estudos mais

minuciosos.

Nesta pesquisa pode ser

demonstrado, que a carga imposta aos

alunos através do transporte do material

escolar e a maneira como se sentam,

dentro e fora da escola, influenciam

expressivamente em sua postura, podendo

ser um fator etiológico e potencializador

das disfunções posturais.

Após analisar os questionários de

atividade de vida diária e as avaliações

posturais, observa-se que o modo de se

posicionar frente à TV, de se sentar na

cadeira escolar e o peso das mochilas,

influenciaram na queixa de dor da coluna

vertebral e alterações da mesma, mais

especificamente na região cervical e

lombar.

Já a maneira como os alunos se

sentam na cadeira durante as aulas pode

estar proporcionando a presença da

curvatura lateral na coluna, juntamente

com o desalinhamento do ombro. Quanto

ao peso da mochila, notou-se que o peso

acima do ideal, mesmo sendo transportada

com apoio bilateral, tem propensão de

desenvolver ombros protusos,

anteriorização da cabeça e a hiperlordose

lombar, porém esta última também pode

apresentar uma relação com as alterações

naturais do crescimento nessa fase da vida.

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