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Ano 14 Ed 165 Fev 2014

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Jornal de Umbanda Sagrada

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  • Pgina - 2 Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014

    Diretor Responsvel: Alexandre Cumino - Tel.: (11) 5072-2112E-Mail: [email protected]: Av. Dr. Gentil de Moura, 380 Ipiranga So Paulo - SP

    Diagramao, Editorao e Arte: Laura Carreta - Tel.: (11) 9-8820-7972E-Mail: [email protected]

    Reviso: Marina B. Nagel CuminoE-Mail: [email protected]

    Diretor Fundador: Rodrigo Queirz Tel.: (14) 3019-4155 E-mail: [email protected]

    Consultora Jurdica: Dra. Mirian Soares de Lima Tel.: (11) 2796-9059

    Jornalistas Responsveis:Wagner Veneziani Costa - MTB:35032 Marina B. Nagel Cumino - MTB: SC-01450-JP

    expediente:

    uma obra filantrpica, cuja misso contribuir para o engrandecimento da religio, divulgando material teo-l gico e unificando a comunidade Umbandista.

    Os artigos assinados so de in-teira res ponsabilidade dos auto-res, no refletindo necessariamente a opinio deste jornal.

    As matrias e artigos deste jor nal podem e devem ser reproduzidas em qualquer veculo de comunicao. Favor citar o autor e a fonte (J.U.S.).

    Nossa capa:

    Produzida por: UMBANDA EU CURTOwww.facebook.com/umbandaeucurto

    O JORNAL DE UMBANDA SAGRADAno vende anncios

    ou assinaturas

    A PALAVRA DO EDITOR

    Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]

    EU sou UMBANDISTA

    A IDENTIDADE de umbandista, na maioria das vezes, algo que deve ser criado, por meio de cultura, informao e fundamentao da f religiosa na Umbanda.

    Se o praticante, adepto ou frequen-tador no se sentir umbandista no ir criar para si esta identidade. Temos ainda um problema no Brasil, a Igreja catlica criou a identidade de catlico mesmo para quem no frequenta e no acredita no catolicismo. Assim, as pessoas acreditam que ser catlico no tem nada a ver com crena e sim com um rtulo, uma forma de etiqueta, que lhe foi colocado por meio do batismo e que s pode assumir outro rtulo se passar por uma desrotulao e nova rotulao. Um problema, afinal, pertencer a uma religio de fato tem a ver com sua crena, sua f, seus valo-res, sua verdade e claro, com certeza, sua prtica.

    E assim temos milhares, ou milhes de pessoas, que acreditam na Umban-

    da, frequentam a Umbanda, tem sua verdade na Umbanda, encontraram seus valores na Umbanda e ainda carregam um rtulo de catlico. Afinal, este um rtulo de comodidade, ao se afirmar catlico, evita-se qualquer conversa sobre religio, no h mais nada a ser dito.

    Caso algum queira questionar, se encerra o assunto dizendo que cat-lico no praticante e que, inclusive, um pouco espiritualista ou esotrico.

    Agora, para afirmar uma iden-tidade Umbandista, preciso saber explicar o que Umbanda, preciso estar pronto para as reaes mais preconceituosas, preciso ter sua f fundamentada, preciso estar seguro do que a Umbanda. Para afirmar esta identidade, preciso mais que apenas frequentar, preciso conhecer. A Umbanda no deve vir como um rtulo. Muitos procuram a Umbanda e querem logo se batizar para trocar de rtulo e, quando lhe perguntam

    sua religio, dizem: sou umbandista, batizado e confirmado!

    Seja, sim, umbandista, mas no carregue isso como um novo rtulo, seja umbandista por amor, conscincia e conhecimento de causa. Seja um-bandista por reconhecer sua verdade na Umbanda, seja umbandista por

    crer na Umbanda, seja umbandista por viver a Umbanda de corpo, alma e corao.

    Quando isto acontecer de fato, ento, encha o peito de ar e diga com todas as letras de forma bem aberta e clara, com orgulho: EU sou UMBANDISTA!!!

  • Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014 Pgina -3

    Histria da Magiana Umbanda

    Por RUBENS SARACENI - Contatos: [email protected]

    QUANDO SE FALA EM MAGIA, a maioria das pessoas fica em silncio, ou porque sabe pouco sobre, ou porque teme co-mentar sobre ela, como se algo de ruim possa acontecer-lhe.

    O fato que, muito antes de existir qualquer religio organizada, as socie-dades primitivas se serviam da magia quando se fazia necessrio, sendo que pessoas dotadas de determinadas facul-dades medinicas ou paranormais sempre se destacaram nos Cls familiares ou tribais nos primrdios das atuais civiliza-es, pessoas estas que se sobressaiam na magia, tal como os guerreiros que se sobressaam nas guerras mais hbeis traziam as melhores prezas.

    O que precisamos salientar sobre a magia que ela um recurso concedido por Deus humanidade desde os seus primrdios, quando as pessoas moravam em cavernas ou em abrigos de pau-a--pique, para se protegerem das doenas, do clima e das perigosas feras que as rondavam querendo devor-las.

    No devemos ver nas praticas mgi-cas antigas algo atrasado, porque elas estavam em acordo com o estgio evolu-tivo de ento. No existia uma noo bem definida sobre a Criao e sobre Deus, mas, sim, o que era do conhecimento

    geral que, em certos locais, existiam certos poderes, que neles residiam e que s atendiam a quem conseguia v-los, oferend-los e reverenci-los corretamente.

    Foram surgindo os locais tidos como Sagrados, onde os Deuses da Natureza se manifestavam e eram vistos por alguns privilegiados possuidores da clarividncia, que adquiriram alguns conhecimentos e que recebiam determinadas ordens orientadoras de como deveriam proceder para serem auxiliados e para auxiliarem outras pessoas.

    Da surgiram os primeiros mdiuns ou intermediadores entre Deuses e os homens.

    Essas pessoas eram importantes para seus cls ou tribos e iam adquirindo um vasto conhecimento prtico de Magia, que aplicavam para as mais diversas necessi-dades das tribos, desde a cura de doenas at o afastamento de espritos malignos que vinham perturbar seus conhecidos ou afins encarnados, tal como acontece at hoje, mesmo com essas prticas mgicas iniciais tendo se transformado em religies elaboradssimas, todas ritu-alizadas nos seus pormenores e j com vastos tratados ticos, morais, religiosos e filosficos.

    As necessidades continuam as mesmas at hoje. Na verdade, nada mudou sob o sol ou sob a lua desde que esse mundo existe.

    Todos os mdiuns e todos os magos realizam ritos mgicos envoltos em um de-terminado grau de cerimonialismo religioso para auxiliarem seus seguidores. Afinal, invocaes mgicas passaram a receber o nome de rezas fortes, de oraes milagrosas, e nada mais.

    Ao bem da verdade, s os nomes hu-manos dados aos seres divinos que foram substitudos ou mudados no decorrer dos tempos, porque seus poderes de auxiliar--nos tambm no mudaram.

    A partir do entendimento de que os poderes divinos so imutveis, externos e esto posicionados no plano divino de fren-te para toda a criao e esto aprimorando a evoluo de todos os seres criados por Deus, ento s temos que conhec-los e a eles recorrer quando precisamos.

    E magia isto: Invocar os poderes divinos nos momentos de necessidade!

    Este texto foi livremente editado por Alexandre Cumino, a partir do texto

    original que se encontra na ntegra no site: www.colegiodeumbanda.com.br

    A UMBANDA uma religio mgica por excelncia!

    Como religio, ela vem cumprindo sua misso redentora acolhendo em seus templos todas as pessoas que encon-tram nela uma forte afinidade espiritual, doutrinria e religiosa, assim como vem acolhendo e amparando todos os espritos que encontram nela uma senda luminosa para evolurem ou para, atravs dela, socorrerem os necessitados.

    A identificao das pessoas com os ritos e prticas umbandistas algo na-tural e, pouco tempo depois de comear a frequentar um centro, elas comeam a

    Por RUBENS SARACENI - Contatos: [email protected]

    entender os significados dos seus ritos, dos seus cantos e das magias benficas que so realizadas pelos Guias durante os passes, assim como comeam a se bene-ficiar dos poderes dos Orixs atravs de prticas simples e fceis de serem feitas, seja em suas casas ou em algum dos pontos de foras da natureza.

    Entre as muitas prticas umbandistas com fundos mgicos, citamos estas:

    Os cantos ou pontos cantados.Os pontos riscados (Magia da Pemba).Os cruzamentos.As defumaes.

    Os banhos de ervas.

    Os amacis.

    As oraes mgicas.

    Os passes.

    Os transportes e descarregos.

    O uso da fumaa de charutos.

    As oferendas.

    Os trabalhos com os Orixs.

    Os trabalhos com os Guias espirituais.

    Os trabalhos com as foras da esquerda.

    Os trabalhos com os elementos.

    Os trabalhos com rezas e oraes.

    A Umbanda e a Magia

  • Pgina - 4 Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014

    Boiadeirona UmbandaPelo mdium FBIO DO AMARAL - Contatos: [email protected]

    O mdium e o palcoPor DOUGLAS RAINHO - Contatos: [email protected]

    Peregrino do amanhecerPor ELIZABETH ZAPPELINI - Contatos: [email protected]

    QUANDO O MDIUM deixa de servir para ser servido?

    muito comum, infelizmente, vermos irmos de jornada caindo nas garras do egocentrismo, da vaidade e do orgulho. Esquece-se que somos apenas instrumentos da espirituali-dade, que os conselhos dados, que as palavras de consolo proferidas, que os passes energticos, que os trabalhos magsticos, no so fora ou poder do mdium, mas, sim, ma-nipulao das energias provenientes do guia comunicante.

    Porm, vemos muitos, que comeam quietos, mas que, com o tempo, passam a achar que seu

    mentor o melhor, que o outro ig-norante, que os outros esto fazendo tudo errado e que so incapazes.

    Pior ainda quando se pensa que ningum mais sabe agir a no ser ELE mesmo. O Ego grita nesse momento, tentando se libertar e dominar o pobre instrumento que a espiritualidade tentou trabalhar. Ele v seus mentores e guias operarem verdadeiras faanhas atravs de seu aparelho medinico, v pessoas que chegam chorando aos ps dos guias sarem rindo e resolverem suas vidas, curas sendo proporcionadas, e assim acreditam que ELES que detm o poder em suas mos, e que so autossuficientes.

    Eis que comeam as aberraes, os shows, giras viram espetculos, e os mentores, j no mais podendo se sintonizar adequadamente com seu aparelho medinico, se afastam. Veja bem, no o mentor que se afasta na realidade, mas o instrumento de comunicao se torna to grosseiro e to imprprio que incapaz do mentor se familiarizar com suas emanaes energticas. Ento, outros espritos que se sintonizam a essas energias se apro-ximam, com intenes no to nobres.

    Ento a culpa do obsessor? No! Pois nem sempre so obsesso-res que fazem esse tipo de trabalho, mas a prpria psique desequilibrada do mdium que toma a frente dos

    trabalhos, passando este a agir como se estivesse manifestando um mental alheio. Porm ele.

    Eis porque a reforma interior to importante para todos os m-diuns, nefito ou ancio, experiente ou iniciante. A reforma interior vital para uma boa conduta medinica, pois precisamos compreender e aceitar que somos apenas o receptculo de mentais alheios, e se assim o somos, devemos esperar sintonizar espritos comprometidos com a Lei Maior e a Justia Divina.

    A moral duvidosa expe um alvo para o baixo astral e as frequncias negativas. A primeira lio a aprender

    que no somos os detentores do poder; a segunda lio que deve ser aprendida simultaneamente que no devemos jamais julgar quem pede ajuda.

    No se julgue O porta-voz dos mortos, eis que voc apenas um dos muitos porta-vozes. O mdium no est em uma casa s para servir de instrumento para as dores dos outros, mas tambm para suas, para aprender e para evoluir, coibindo suas prprias paixes desvirtuadas.

    Mediunidade no incorporar um esprito, mas incorporar os valores que esse esprito representa: com-paixo e humildade.

    MINHA SAGA to longa quanto a criao do mundo. Vou resumir para no cansar.

    Em tempos perdidos na histria, uma caravana de ciganos passava por um local esquecido por Deus, onde a peste tomava conta. O nobre senhor das terras no sabia mais o que fazer: morria o gado, as plantaes pereciam e o povo passava fome. O chefe da ca-ravana foi pedir licena para acampar apesar da triste situao. Embora relu-tante, o senhor das terras concordou.

    Passados alguns dias, novamente o chefe cigano foi visitar o fidalgo e disse que tinha a cura para tal des-graa. Aps longa conversa, ambos de

    acordo, o cigano mandou limpar todo o mato s margens do riacho e atar fogo, eliminando as ervas daninhas que envenenavam as guas e o solo. Disse que era a maneira de agradecer a hospedagem.

    A jovem senhora, esposa do no-bre, se encantou com o cigano. Porm, esse, sempre respeitoso, jamais traiu a confiana do hospedeiro. Mas o cime tomou conta e houve uma luta entre o fidalgo e o cigano. Na luta, o senhor caiu e morreu. O cigano, embora ino-cente, foi morto pelos homens do local.

    Em um novo tempo, um cocheiro corcunda, todo torto, miservel, vivia entre os cavalos na estrebaria em uma

    vila. Vivia de esmolas. Certa vez, um nobre senhor pediu ao cocheiro que o levasse at a beira do rio onde iria pegar uma embarcao. Quando che-garam, ele desceu e falou ao cocheiro: Hoje suas dores acabaro.

    Na volta, o coche bateu em uma pedra e caiu no rio. O corcunda de-sapareceu. Era o amanhecer de uma nova era. O cigano/cocheiro voltava s suas terras, junto com seu povo. Hoje ele um guardio da luz, chamado de EXU GATO.

    Assim conto minha histria. Um peregrino em busca da iluminao. No sou o diabo. Sou um filho de Deus como voc.

    O TEMPO minha morada, no importa se no passado, no presente, ou no futuro. Porque minha fora no tempo est. Junto ao tempo, posso agir na f, justia, lei, cura, vida e mais.

    Posso estar na mata, na caatinga, no pampa, em terras alagadas, no rio ou no mar. Ando pelas montanhas, pela mata, na praia,no ar, no fogo, na terra, no importa, onde precisar, l vou estar. Montado em meu cavalo a cavalgar, com meu lao carrego para onde merecer aquele que eu pego.

    Assim eu sou, e assim ns somos! O tempo nossa morada! Eu sou, ns somos, Boiadeiros na umbanda! Jetru!

  • Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014 Pgina -5PAI OXSSI

    QUALQUER DIA um timo dia para se morrer, pessoas morrem todos os dias. No somos privilegiados, temos de morrer um dia para abrir espao queles que viro. Eu quero ser cre-mado e minhas cinzas desprezadas em lugar apropriado no aceito que fiquem rezando sobre minhas cinzas. Vocs, meus filhos e meus parentes queridos, sigam as suas vidas e sejam felizes. A morte apenas o final do ciclo da vida. No me venham com supersties falsas. - este foi o ltimo discurso de Dr. Adauto, um ateu con-victo, que morreu aps anos de luta contra um cncer de medula.

    Morreu como viveu: convicto aos seus ideais. Homem srio e respeitado, fez uma carreira sbria. Profissional invejado por sua destreza no acmulo de conhecimentos, era temido por subalternos; no admitia o erro; lutou a vida inteira pela vida, dizia a quem viesse com agrados que era apenas um bom mecnico da

    Evoluo s ocorre quando existem mudanasPor MRCIO MARTINS MOREIRA - Contatos: [email protected]

    EVOLUO s ocorre quando existem mudanas. Na estagnao, nunca haver evoluo.

    O que se pede Divindade? Evo-luo. Evoluo pessoal, evoluo da humanidade, evoluo do planeta.

    A gente pede mudanas e acredi-ta, primeira vista, que as mudanas devem ocorrer no plano fsico: mudar de emprego, mudar de casa, etc.

    Mas as mudanas mais impor-tantes so as mudanas que ocorrem dentro de ns mesmos, as mudanas internas. Mudanas na f,orma de ver as coisas, na forma de valorizar

    os grupos aos quais se pertence, na forma de ver a sociedade em que se est. Devido a estas mudanas, mui-tas coisas perdem o sentido e outras tomam uma dimenso muito maior.

    Isso mostra claramente que ire-mos sair da tal Zona de Conforto, que exatamente o que acontece quando buscamos evoluo. No que estas mudanas acontecero sem esforo ou sem dor, mas sem elas no haver crescimento. H que se enfrentar as mudanas e suas eventuais dores para desfrutar de algo novo e belo.

    Toda essa teoria sobre mudana e evoluo tem um impacto relativamen-

    te pequeno quando comparada sua aplicao prtica na vida. E por serem, a teoria e a prtica, to diferentes que, muitas vezes, h um medo em permitir que as mudanas ocorram. Claro que o futuro duvidoso, principalmente quando se vislumbra transformaes frente. Mas neste momento que devemos perceber que no estamos, e NUNCA ESTIVEMOS, sozinhos.

    Nossa imensa famlia espiritual est ao nosso lado, intuindo e am-parando, mostrando os caminhos mais seguros e retos para nossa jornada. S o fato de perceber que esta famlia est presente e atuante

    j nos faz questionar: Por que medo de mudar?. Em alguns momentos, este medo pode fazer com que no ouamos estes verdadeiros amigos, mas eles esto sempre fazendo de tudo para auxiliar nossa caminhada.

    Considero o Colgio Pena Branca como um holofote que contm muitas lmpadas. Um holofote maior ter ainda mais lmpadas e certamente iluminar muito mais. claro que esta luminosidade, maior e mais intensa, atrair seres iluminados que iro juntar sua luz nossa, mas tambm atrair seres com pequena luminosida-de a fim de se beneficiarem da pujante

    luz do holofote. Seja como for, assim como o holofote foi idealizado e feito para brilhar, esta casa tambm tem este objetivo: BRILHAR! Deixemos que a Luz brilhe to intensa quanto possvel. Unamos nossas luzes indi-viduais. Deixemos que nossos guias, mestres e mentores falem atravs de ns, trazendo a este mundo ainda mais luz.

    Que possamos, com a guia de nosso Pai Oxal, iluminar ainda mais toda a humanidade. E como perguntou um Exu: Voc tem medo de mudanas? Ento voc est com medo de evoluir?

    Uma nova estrada, com muito mais vidaPor ANTNIO BISPO - Contatos: [email protected]

    mquina humana e tinha obrigao de fazer um bom servio, mas o de-sempenho da mquina depende muito mais do condutor.

    Dr. Adauto apagou-se para a exis-tncia no plano existencial da matria. E agora desperta no mundo espiritual, e isto um choque para quem convic-tamente viveu renegando tudo que se mostra agora ao seu esprito eterno.

    Ele recebido por um esprito de feio sria, pele avermelhada, que irradia luz em seu olhar, vestido em tnica branca. Esta viso deixa Adauto perplexo, sem saber o que pensar. So tantos questionamentos em sua mente, que Adauto quase entra em desespero. O esprito se apresenta:

    - Ol, Adauto. Sou seu amigo Chicopete, amigo do Sol. Eu vim te receber e te esclarecer em tudo que possa.

    -Voc Deus?

    - No, Adauto. Sou apenas um amigo seu que, em sua breve estadia na terra, permaneceu invisvel ao seu lado. Estou aqui para te ajudar neste teu despertar.

    - Estou confuso, no sei o que pensar, no sei o que falar, ou pergun-tar. Chicopete, voc parece um ndio vestido de monge, que lugar este? Como pode?

    - Olhe a sua volta, amigo!

    Adauto olha sua volta e v lindas paisagens plcidas e confortantes, e percebe que as palavras de seu anfi-trio, apesar de sua aparncia silvcola, so claras, coesas e lhe transmitem paz. Adauto agora repensa todas as blasfmias que ditou em vida para ratificar seu atesmo e sente vergonha.

    Chicopete diz:

    - Amigo, voc est num lugar no plano espiritual preparado para o despertar dos espritos que, por

    merecimento, alcanaram este nvel dentro do mundo espiritual.

    - Mas eu vivi como um ateu. Como pode eu ser merecedor de algo aqui, agora?

    - Amigo, voc cumpriu muito bem o que se props, que foi salvar vidas. Voc foi sempre coerente com suas convices , honesto em seus prop-sitos e justo em suas aes.

    - Mas eu nunca rezei nem creditei nada a Deus. Eu sempre reneguei tudo isto que voc agora me mostra como verdadeiro. Como posso ser merecedor deste sentimento de que estou sendo invadido? Eu sinto minha mente se abrindo e meu corao sen-do inundado. No sei explicar o que sinto, mas me sinto pleno .

    Neste momento, seu esprito cho-ra. Chicopete lhe fala:

    - Amigo, voc, em sua existncia na matria, no se curvou parar re-

    zar, mas cultuou qualidades divinas, e Deus virtude ativa, no devoo passiva.

    - Sim, agora vejo alm do vu que me cobriu na terra. Como posso ser til agora que meus conhecimentos se mostram to nfimos?

    - Amigo, tem uma grande escola aqui no astral, onde tenho convico voc encontrar uma linha onde sua energia , sua fora, seus conhecimen-tos , sero muito bem aproveitados. Voc aceita, amigo?

    - Claro que sim. O que este lugar?

    - um lugar onde todos que quei-ram trabalhar em prol da evoluo do esprito so bem vindos. Voc ver. Mais que isto, sentir este lugar em suas entranhas astrais. Este lugar sa-grado se chama ARUANDA e a minha morada. Venha comigo, meu amigo, meu irmo. Temos algo a ensinar, e temos muito a aprender, juntos.

  • Pgina - 6 Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014

    Filho de F, Respeite o preceito

    TODA PROFISSO, todo esporte, toda lei, toda religio tem seus preceitos. Parece-me que a vida humana e social regida dentre outras coisas de preceitos.

    No diferente na Umbanda. Todo umbandista, do mais veterano ao mais novato, sabe dos preceitos bsicos para participar de um trabalho espiritual e talvez uma das poucas coisas que so igualmente presentes em todos templos de Umbanda, diferenciando apenas um ou outro preceito mais especfico de templo a templo.

    Embora seja algo de conhecimen-to comum, observamos muitos negli-genciarem preceitos fundamentais, ou seja, de fundamento. Vivemos um perodo novo na Umbanda, de muita comunicao, de farta informao, estudos e acessos, no entanto, o nus disso muitas vezes a confuso, a disperso ou mesmo a negao daquilo que tradicionalmente funda-mental em detrimento de uma nova conscincia.

    Hoje encontramos discursos infla-mados, e at mesmo bem construdos, querendo desconstruir preceitos que so o que so porque foram assim en-sinados pelos espritos na Umbanda.

    Alegar, parafraseando Jesus, que

    Por RODRIGO QUEIROZ- Contatos: [email protected]

    PRECEITO: s.m. Aquilo que se aconselha fazer ou praticar; regra, ensinamento: os preceitos da religio. Ao de prescrever; prescrio. Religio. Norma ou mandamento. (Etm. do latim: praeceptum.i)

    o mais importante o que sai pela boca e no o que entra, validando comer carne e beber lcool em dias de trabalho espiritual uma grande falta de entendimento bsico sobre o que preceito, bem como um ato de ignorncia diante a mstica da religio.

    Sei que existem preceitos sem precedente e outros bem exagerados, talvez na minha tica, pois no os pratico em meu Templo, porm o fato de eu no conhecer ou praticar no invalida um preceito particular.

    Realmente precisamos distinguir o que preceito e o que superstio, talvez seja a onde nos esbarramos com muitos conflitos.

    Preceitos so orientaes impor-tantes para nortear e conectar o fiel numa dinmica mais profunda com sua espiritualidade.

    Muitas vezes, pode parecer at purgativo e, quanto mais difcil pare-cer um preceito, mais eficcia reflexiva ele oferece ao fiel.

    Pois , na proibio daquilo que lhe rotineiro em funo de algo maior, lhe faz refletir sobre a dife-rena entre o Sagrado e o Profano, sobre sua capacidade de dedicao e comprometimento, sobre a sua

    disponibilidade em ser mais eficiente e mesmo sobre a real importncia da religio na sua vida. J vi muitos casos de pessoas se reformarem ao observar com dedicao os preceitos.

    Numa tica litrgica, preceitos tm, portanto, o objetivo que religar (religare) o fiel com o Sagrado. No entanto, como na Umbanda existem questes mais complexas, considera-mos o plano das energias e todos e tudo como energia, ento os preceitos contemplam as particularidades que viabilizam maior sutilizao e purifica-o do campo energtico e magntico daqueles que participam do trabalho espiritual.

    Perceba que, em nenhum mo-mento, digo que os preceitos servem apenas aos mdiuns, embora muitos acreditem que sejam. Um erro. Os preceitos servem para todos que compem o corpo interno de traba-lhadores da Gira, ou seja, mdiuns, cambones, curimba e todos com qualquer outra funo, que estejam participando diretamente do trabalho espiritual. Portanto, somente a con-sulncia est livre das orientaes preceituais. Ento compreenda que os preceitos no so opcionais e tem fundamento.

    Abaixo listo alguns preceitos bsicos e comuns.

    Banho de Ervas - antes de ir para o Templo, tem como objetivo limpar e sutilizar o campo energtico em camadas mais superficiais. O modo de preparo e as ervas a serem utilizadas especfico a cada Templo;

    Carne - no comer carne 24hs antes do trabalho espiritual no mni-mo 24hs. E todo tipo de carne. Tem como objetivo minimizar os impactos vibratrios densos mais internos ocasionados pela ingesto destes alimentos. A carne impregnada de energia densa, por conta do sangue, muitas vezes do sofrimento no abate e criao. Sua digesto tambm lenta e isso altera nosso metabolismo e faz concentrar muita energia na digesto. O perodo mais crtico mesmo nas primeiras 24hs;

    Ingesto Alcolica - o elemento etlico potencialmente densificador vibratrio e magntico, impregnando o campo urico de uma energia de-sestabilizadora. Aps ingerir bebida alcolica, desde que moderadamente, demora cerca de 24hs para ser me-tabolizado pelos chakras e o padro vibratrio se restabelecer;

    Relao Sexual - evitar relao sexual 24hs antes dos trabalhos.

    Muitos questionam que se praticam o sexo com parceiro fixo, cheio de amor, ento deveria ser revisto este preceito. Esta ideia tem como prece-dente uma viso errada do sexo de que seria ele algo nocivo. Mas no se trata nada disso.

    A observao deste preceito se d, pois, com ou sem amor, na relao sexual o campo energtico em todas escalas inundado pela energia do parceiro, alterando completamente a estrutura magntica do seu campo vibratrio, o que dificulta a fuso magntica entre as entidades e os indivduos. Aps 24hs j ter sido metabolizado e restitudo o padro magntico do indivduo.

    Existem muitos outros preceitos mais especficos. Aqui pontuei su-perficialmente os quatro bsicos que encontraremos em qualquer templo.

    Sendo assim, fica o alerta para que voc, filho de f da Umbanda, observe, respeite e pratique com empenho os preceitos. Isso lhe dar maior conscincia religiosa, maior entrosamento espiritual e uma das dinmicas construtoras de uma espiritualidade religiosa mais refinada.

    Ser Umbandista contemplar em prtica diria com amor, tudo aquilo que aprendemos no Templo.

  • Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014 Pgina -7

    Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]

    O Livro da Criao

    O LANAMENTO de Rubens Saraceni, O Livro da Criao, apresenta um olhar Umbandista para a compreen-so de Olorum (Deus) e os Orixs (Divindades) na origem de Tudo e na cosmologia Umbandista. Este novo livro representa uma contribuio inestimvel para a construo da Teologia de Umbanda Sagrada.

    Precisamos aprender a pensar a Umbanda com cabea umbandista

    Isto quer dizer: pensar a nossa prpria realidade a partir da Umban-da e pensar a Umbanda por meio de uma realidade umbandista, e desta forma alcanar uma viso de mundo umbandista, que algo urgente para a sobrevivncia e independncia de nossa religio.

    Se continuarmos pensando o mundo de uma forma esprita, cat-lica ou candomblecista, a Umbanda continuar em segundo plano como, apenas, uma prtica medinica, me-diunismo, e no como a religio que de fato e de direito.

    Esta tomada de posio ne-cessria para que a Umbanda seja respeitada como religio. Sabemos que a Umbanda uma religio, no en-tanto, que religio esta que continua pensando e interpretando o mundo, a vida e a si mesma por meio de ou-tras religies? No existe segurana doutrinria, teolgica ou racional

    para o praticante que desconhece os fundamentos de sua prpria religio.

    A Umbanda se encontra hoje em um ponto de amadurecimento em que preciso encontrar a sua viso de mundo. Isto algo que todas as reli-gies mais antigas j passaram. Todas as religies beberam do conhecimento e sabedoria de outras religies em sua formao e, com o tempo, foram desenvolvendo e encontrando a sua prpria teologia, sua prpria viso de mundo e de si mesma.

    Na Umbanda, hoje, por meio da obra e da mediunidade de Rubens Saraceni, temos a grata oportunidade de ver um rico material teolgico au-tenticamente umbandista.

    Nos seus mais de cinquenta ttulos psicografados e publicados, Rubens Saraceni j vem apresentando os fundamentos da religio de Umbanda Sagrada. E agora, o contedo deste volume nos parece chegar como um amadurecimento de sua prpria obra. Mais uma vez, vamos constatar que tudo tem a hora certa para acontecer. Eis que est em nossas mos todo um conjunto de conhecimentos e fundamentos para pensar Olorum e os Orixs com uma viso totalmente umbandista.

    Entre tantas revelaes sobre Olorum e os Orixs presentes neste livro, uma das questes que mais me chama a ateno a explicao que apresenta o Todo a partir do lado

    interno e do lado externo da criao. O lado interno, totalmente desconhe-cido, o lado interno de Olorum, j o lado externo sua exteriorizao por meio das realidades divina, natural e espiritual.

    S esta forma de pensar o univer-so e a criao j nos apresenta chaves de interpretao que nos permitem um olhar que privilegia e explica a presen-a de Olorum e dos Orixs no incio de tudo. E o que nos surpreende a riqueza de detalhes e informao com que o autor espiritual vai explicando e desdobrando questes pertinentes Criao. De forma minuciosa, vamos passando a ter uma viso umbandista sobre Olorum e os Orixs Originais. Sim, uma viso umbandista!

    Temos aqui uma Teologia de Umbanda que identificamos como Teologia de Umbanda Sagrada, a qual, importante que se diga, prope que toda a Umbanda seja sagrada, pois no h uma Umbanda Sagrada e outra Profana. Utilizar o termo Um-banda Sagrada uma homenagem e referncia ao mentor espiritual de boa parte desta Teologia, o Preto-velho Pai Benedito de Aruanda, que sempre se refere Umbanda, toda Ela, como Umbanda Sagrada.

    Esta Teologia segue uma vertente popular, uma linguagem simples, fcil e acessvel. Esta uma Teologia para quem quer entender a Umban-da em seus fundamentos bsicos que ainda esto sendo explicados

    luz da Umbanda. Para ns, isto o mais importante: receber do astral as explicaes da Umbanda luz da Umbanda. Ou seja a Umbanda explica a Umbanda!

    Todas as religies so boas. A melhor religio aquela que faz de voc uma pessoa melhor. Seguir uma religio e sua verdade uma escolha.

    Voc pode receber este material como uma revelao da Umbanda para os umbandistas, ou pode conti-

    nuar pensando e crendo por meio dos valores de outras religies.

    A escolha sua, sempre. Por isso, a Umbanda uma religio to livre, nossos mentores no oferecem o que h de melhor para nossas vidas, ainda assim, a escolha de pegar estas sementes sempre nossa.

    Aproveite cada gota deste nc-tar, receba e plante estas sementes, adube com amor e cresa junto com a Umbanda Sagrada.

  • Pgina - 8 Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014

    Por MARCEL OLIVEIRA - Contatos: [email protected]

    Apague a luz,acende a vela

    Terreiro deUmbanda

    Terreiro Embaixada da AruandaNo tumulto da Humanidade; Territrio da Caridade ondeS se faz o que Oxal manda. Terreiro porto seguro, abenoado cais celeiro de Alimento Espiritual;Terreiro canteiro de Obras Astrais Templo, Escola, Farmcia e Hospital Terreiro fortaleza e abrigo de toda gente oficina do Carter e da Mente;Terreiro manso humilde,Terreiro casebre imponente Terreiro cristal minsculo, Que reflete a ImensidoTerreiro lmpada da F acesa no Santurio do Corao Terreiro teatro e consultrioOnde Doutor de saber notrioNa forma de Preto Velho simplrio,Semeia a Paz e a Mansido Terreiro sntese da Raa Humana; Fonte de Luz de onde emanaAlegria, Paz, Amor, Harmonia e Compaixo Terreiro chakra que gira como girassol no veroGirando a Roda da Vida, No sentido da Evoluo Terreiro portal de comunicao, ponto de encontro do DestinoTerreiro elo de ligaoEntre o Humano e o Divino Terreiro Espao SagradoOnde o Tempo desapareceAo som de um ponto cantado A mais linda Prece Terreiro, mesmo pequenino, Abraa o mundo inteiro...Se o planeta uma Aldeia, Seu Paj o Caboclo brasileiro!

    TENHO NOTADO AINDA, uma grande falta de informao acerca de Exu em nossa amada Umbanda.

    Muitas opinies, muitas divergncias, muitas discusses e muitas verdades se-param Exu de seu verdadeiro posto e sua verdadeira natureza.

    Escrevo este texto porque, alm das centenas de perguntas que me fazem a respeito de Exu, participei de vrios debates que no levaram a nada e s fortaleceram a discrdia entre irmos que trabalham com os Exus, porem o enxergam de maneira totalmente diferente das vises de outros irmos.

    Conversando em uma oportunidade com um irmo que j faz um trabalho h muitos anos na Umbanda, ele me disse que absolutamente errnea a viso de novos umbandistas acerca de Exu, disse que Exu um esprito desequilibrado e que no tem luz suficiente para trabalhar ou aconselhar ningum, pois, como um esprito trevoso pode trabalhar em uma religio e ajudar pessoas? Este irmo ainda disse que Exu vem ao seu terreiro como escravo de preto-velho e caboclo onde, a sim, executa as ordens de quem sabe o que faz e tem sabedoria e luz para executar um trabalho espiritual.

    Nesta ocasio, ouvi tudo como um verdadeiro ouvinte que tambm sou, agradeci pela conversa e fui embora sem dizer minha opinio para no haver de-bate, pois este irmo realmente trabalha h muitos anos na religio e tudo o que eu falasse naquela conversa no serviria para nada, porque, segundo ele mesmo, sou um beb imaturo e tinha muito o que aprender de Umbanda ainda e que poderia

    aprender com ele, pois ele, sim, seguia a Umbanda Pura.

    Em outra ocasio, participei de uma discusso entre amigos em um grupo fe-chado no Facebook sobre Exu e, lgico que no deu certo, pois existiam, naquela ocasio, duas frentes de debates: uma dizia que Exu o que , e que no pode-mos romantizar sua figura, chamando-o de guardio e achando que ele tem uma luz e um grau, assim como Caboclos e Pretos--Velhos, s que trabalhando na esquerda; a outra frente dizia o contrrio, que Exu guardio, sim, e que muitos, inclusive, j possuem um grau elevadssimo e que, por isso mesmo, chefiavam falanges de trabalho na esquerda para ajudar mais almas ainda a sarem de seus negativismos mais rapidamente.

    Outro debate que entrei (e este foi o ltimo, pois vi realmente que debater acerca de algo, quando querem apenas discutir, perda de tempo), foi se Exu pode falar palavro, ou no, se Exu pode usar capa em um terreiro, ou no, se Exu dbio, isto , faz o bem e o mal, ou no, se Exu na Quimbanda mais poderoso que na Umbanda, se Exu... se Exu... se Exu... se Exu. E nunca chega-remos a um consenso universal sobre quem Exu!

    O certo : cada um faz aquilo que acredita e trabalha da forma que seu esclarecimento acerca deste mistrio lhe capacitar. E tambm devemos lembrar que nossa viso acerca da espiritualidade e da vida como um todo , e sempre ser, a nossa viso, e no uma viso compar-tilhada na ntegra pelos demais, pois cada um tem uma formao, um DNA,

    um conjunto de fatores que nos torna nicos perante o Criador. E, sendo assim, impossvel todos sentirem igual, crerem igual ou partilharem de uma opinio em todos os detalhes.

    Da boca para fora, podemos concordar com um monte de coisas, porm sentimos muitas vezes uma contrariedade, mas no mostramos para que a harmonia seja feita em um grupo ou um local de trabalho, no assim? Ento, por que seria diferente em um grupo espiritual?

    Deveria, sim, ser muito diferente. Deveramos acabar de uma vez por todas com todas as mscaras e expor tudo o que pensamos na ntegra. Porm, no temos coragem e, muitas vezes, sabemos que quem est ouvindo no est preparado para ouvir, ou quem diz tambm no gosta que falem a verdade com ele.

    Ento, diria que Exu to grandioso que trabalha inclusive estes aspectos negativos que acabei de mencionar. Se ele sofre algum preconceito por parte dos iluminados e moralistas de planto, ele nem liga, pois sabe quem e sabe seu poder de atuao.

    Devemos repensar se vale mesmo a pena vestir um manto de ouro de tolo, elitizarmos nossos vocabulrios e nossa tez para mostrar aos outros como somos iluminados, ou sermos como Exu: natural, vitalizador, dinmico, gil, forte, sbio, esperto, envolvente, ocultador, etc.

    Melhor dar uma gargalhada na en-cruzilhada, do que rezar em um templo apenas para mostrarmos para os outros e para ns mesmos o quanto somos me-lhores que os outros e mais evoludos.

    Mensagem de Z FIRMINO DO BONFIMPelo mdium VANDERLEI ALVESContatos: [email protected]

  • Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014 Pgina -9

    Pedir para a espiritualidade eservir na espiritualidadeInspirado por V MARIA DE ARUANDApor LCIO FRANCISCO DOS SANTOS - Contatos: [email protected]

    O Estudo, o Conhecimentoe o PoderPor BRUNO STANCHI - Contatos: [email protected]

    SABEMOS que a Umbanda uma religio onde no h dogmas, nem mesmo tabus, isso significa que ns, umbandistas, de-vemos ser, e somos, livres, significa que nossa religio no castradora.

    Porm, ao contrrio do que possa parecer, sermos livres nos torna muito mais responsveis, unicamente respon-sveis, seja por nossos pensamentos, seja por nossos atos, razo porque ser livre requer conhecimento.

    certo que para que possamos adquirir conhecimento, necessrio que estejamos desnudados de preconceitos e com a mente aberta e livre para rece-bermos novas informaes e associ-las quelas que j possumos. Acreditar ser conhecedor de tudo e que j no h mais nada a ser aprendido, demonstra arro-gncia, prepotncia e, o que pior, traz grande prejuzo, ao passo que nos tira a oportunidade de conhecer e aprender o novo e de aprimorar o que j se conhece.

    Franois Marie Arouet, mais conhe-cido como Voltaire (1694/1778), filsofo iluminista francs, afirmava que difcil libertar os tolos das armas que eles veneram.

    O conhecimento um poder em si, mas para que adquiramos tal poder necessrio o estudo. certo que no podemos abrir mo da prtica, mas ne-nhuma boa prtica afasta a necessidade da teoria, ao contrrio, o estudo deve preceder prtica, para que no se corra o risco de se perder justamente pela falta do conhecimento.

    Portanto, ns umbandistas, justa-mente por no estarmos subjugados a dogmas ou tabus, no devemos abrir mo do estudo, que caminho seguro para obtermos o conhecimento.

    Devemos procurar no estudo o ali-mento de nossa f, pois se o alimento que sacia nossa fome, o estudo que sacia nossa fome de conhecimento, e qual

    o ser humano que no tem fome de conhecimento? Sim, pois o conhecimento tambm um caminho da evoluo e a evoluo, por sua vez, o sentido amplo da vida!

    Pois do contrrio, se no fosse para evoluirmos, qual sentido teria nossas vidas?

    O conhecimento a luz que desfaz as trevas da ignorncia, devendo ser aspirao do homem, razo pela qual Plato afirmava: podemos facilmente perdoar uma criana que tem medo do escuro; a real tragdia da vida quando os homens tm medo da luz.

    Manter-se na ignorncia pode ser cmodo ao tolo, que no se arrisca, pre-fere manter-se numa posio de conforto, porm, no o faz crescer, avanar, evoluir. com esse sentimento que devemos se-guir em frente, convidando nossos irmos a seguirmos juntos, com sentimento de gratido e respeito!

    Templo de douTrina umbandisTaPai Oxal e Pai Ogum

    Rua Tiet, 600 - Vila VivaldiRudge Ramos - S.B. do Campo

    Tel. (11) 4365-1108 - partir das 13h00

    Desenvolvimento meDinico

    O JORNAL DE UMBANDA SAGRADAno vende anncios ou assinaturas

    QUINTA-FEIRA: Das 20h00 s 22h00SBADO: das 14h00 s 16h00

    www.paioxalapaiogum.com.br

    sAceRDcioTERA-FEIRA: Das 20h00 s 22h00

    mAGiA DivinA DAs sete cRUZes sAGRADAsSBADO: das 10h00 s 12h00

    muito comum de se notar, nos lugares onde se praticam as religies que lidam diretamente com a Espiritualidade (Umbanda, Candombl, Kardecismo, etc.), pessoas que vo apenas para pedir. E os pedidos so os mais variados que se possa imaginar: cura para enfermi-dades (fsicas e espirituais), melhora de emprego, ou no prprio emprego, pedido para que o relacionamento pessoal seja melhorado (mas tanto o homem como a mulher que integram essa relao no buscam se melhorar). Enfim, esses so alguns dos tipos de pedidos feitos para a Espiritualidade, na inteno de que se realizem.

    Agora vamos abordar a segunda frase do ttulo: servir na Espiritualidade. Para muitas pessoas, a palavra servir traz a ideia de submisso, ser inferior, semiescravo, quando, na realidade,

    revela o quanto o ser que decidiu servir ao prximo, de preferncia com AMOR, elevado e forte. elevado, pois a sua viso fez com que enxergasse algo a mais que a competio nossa do dia-a--dia gera como normal e imutvel. E forte ele tambm o para conseguir sustentar a diferena que a sua atitude de servir gerou em relao maioria das pessoas que no servem (nem a nada e nem a ningum).

    Em dado momento da minha frequ-ncia no terreiro que trabalho hoje, como consulente em busca de ir pedir algo para a Espiritualidade, alm dos convites que entidades me faziam, para passar pro lado de c, no meu ntimo, comeou a surgir a ideia: Chega de pedir e receber, hora de doar! Mas doar o qu? -pergun-tava a mim mesmo. Doar a minha energia, pela inteno dos meus sentimentos

    e pela vibrao que eles gerar! Alm, claro, da contribuio financeira mensal, e tambm a contribuio para as festas tradicionais de Umbanda.

    Posso dizer hoje, sem sombra de dvidas, que SERVIR na Espiritualidade muito melhor que s PEDIR para a Espiritualidade. Toda vez que se PEDE algo, a chance do EGO estar predomi-nando no pedido enorme. E quando se serve na Espiritualidade, o Ego tende a diminuir muito, pois a prpria Espiritu-alidade nos recebe e nos abraa, para ir nos mostrando, ao longo do tempo, que o que precisamos para melhorar (servir), muitas vezes NO o que queremos (pedir).

    Desejo a todos que possam vir a ler este artigo, paz, luz e ax nos seus caminhos!

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  • Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014 Pgina -11

    Por ADRIANO CAMARGO - [email protected] | www.erveiro.com.br

    Ervas para a esquerdaESPAO DO ERVEIRO

    O MAIOR DESAFIO de escrever sobre as ervas passar para o papel, transformar em pala-vras, o sentimento que aflora ao manipul-las. Sabemos que, no contexto religioso, h regras para essa manipulao. O preparo dos banhos e defumaes requer ligao a esse contexto e respeito s essas regras.

    No entanto, as ervas esto disposio dos que se conduzem pelo amor e bom senso. Respondem ao propsito do seu manipulador e colocam-se como poder realizador na vida humana.

    Identificar a relao Erva x Orix uma arte e os grandes artistas tm contribudo signifi-cativamente para nossa cultura. importante lembrarmos que o que vale nessa identificao o ponto de vista. A partir do ponto de vista que se estabelece essa relao. Se o mani-pulador, em seu contexto religioso, no cultua nossa amada me orix Egunit Oro In, como ele poderia identificar uma erva ligada a essa me? Muito da identificao das ervas passou pelo crivo do bom senso, cultura, ponto de vista, conhecimentos, habilidade e atitudes dos seus identificadores.

    Uma erva que foi usada em seu aspecto negativo para paralisar a evoluo de algum, naturalmente pode ser associada erroneamente a Exu, pois a ele se atribuem todos os aspectos negativos dos seus evocadores humanos. No entanto, essa erva pode pertencer a um orix de direita, a Oxal, por exemplo, e ser manipu-lada por Exu apenas em seu aspecto negativo. Isso mais comum do que imaginamos.

    Associar, atribuir e definir uma erva como sendo de Exu, Pomba Gira ou Exu-Mirins, no mnimo passvel de analise mais profunda, pois esses Mistrios Divinos respondem pelos aspectos negativos de toda a criao.

    Podemos, sim, associar ervas a essas entidades, e defini-las como preferenciais. Essa preferncia se d principalmente pela velocidade que responde em sua ativao. Existem ervas que respondem mais ou menos rpido, dependendo do Orix, linha de trabalho, ou melhor, a energia de propsito a qual submetida. Vou dar um exemplo: a rosa branca atribuda a Oxal, tradicionalmente, certo?

    Todas as rosas so de Oxum. O que define seu melhor (ou mais rpido) envolvimento vibratrio o pigmento contido em suas p-talas, que indicam seu campo energtico de ao, resumindo, seu Orix. Ento temos, rosa branca de Oxum e de Oxal. Mas tambm possvel oferendar Me Iemanj, assim como caboclos, pretos-velhos e crianas aceitam essa rosa como oferenda.

    Assim funciona uma erva de Exu. Sendo o manipulador dos aspectos energo-magnticos negativos dos elementos, poderia at mani-pular uma rosa branca. Mas a velocidade que essa rosa responderia iria contra os propsitos de Exu.

    J a rosa vermelha exatamente igual. Pertence a Oxum por definio, manipulada por Pomba Gira em seu aspecto estimulador, mas pode ser associada tambm s vibraes gneas.

    Pomba Gira tira das rosas vermelhas em velocidade incrvel aquilo que precisa para seus trabalhos no plano material. Sendo assim, a associao natural de rosa vermelha com Pombagira est corretssima. Mas podemos oferendar Me Oxum e outras mes orixs com rosas vermelhas, ok. Vamos dar algumas ervas preferenciais dessas vibraes esquerda:

    ORIX EXUErvas preferenciais: Casca de alho,

    casca de cebola, aoita cavalo, dand, pinho roxo, entre muitas outras.

    Verbos atuantes: Vitalizar, desvitalizar, escurecer, sufocar, extinguir, arrastar, atrofiar, separar, dividir, cair, cobrar, convencer, obstruir, tapar, etc.

    ORIX POMBAGIRAErvas preferenciais: Patchouly, malva

    rosa, rosa vermelha, canela, amora, hibisco, pitanga, entre muitas outras.

    Verbos atuantes: Estimular, desestimu-lar, desenvolver, alegrar, esterilizar, excitar, etc.

    ORIX EXU MIRIMErvas preferenciais: Casca de alho,

    casca de cebola, carapi, laranja seca, limo, aoita cavalo, dand, pinho roxo, entre muitas outras.

    Verbos atuantes: Ganhar, ocultar, com-plicar, descomplicar, desenrolar, etc.

  • Pgina - 12 Jornal de Umbanda Sagrada - Fevereiro/2014