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Ed. Especial 2018 Ano 34 | Estética e Cosmética

Ano 34 | Estética e Cosmética Ed. Especial 2018 · relaxamento profundo de todo o corpo, pois ele aumenta a oxigenação dos tecidos e consequentemente as dores, além de ajudar

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Ed.Especial

2018Ano 34 | Estética e Cosmética

Rua Alagoas, 2050 CEP 86082-430 - Fone (43) 3357-7405 - Londrina, Pr.

www.unifil.br

2018

CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA

ENTIDADE MANTENEDORA

INSTITUTO FILADÉLFIA DE LONDRINA

Diretoria:

Sr.a Ana Maria Moraes Gomes................................ Presidente

Sr. Getúlio Hideaki Kakitani.................................... Vice-Presidente

Sr.a Edna Virginia Castilho Monteiro de Mello........... Secretária

Sr. José Severino................................................... Tesoureiro

Dr. Osni Ferreira (Rev.).......................................... Chanceler

Dr. Eleazar Ferreira.................................................. Reitor

Revista Terra e Cultura: cadernos de ensino e pesquisa./ Centro Universitário Filadélfia. – Londrina, PR, v.1, n. 1. jun./dez. (1985-).

v. 33, nesp. 67, jun. 2018

Semestral. ISSN 0104-8112 Estética e Cosmética

1. Estética e Cosmetologia. 2. Educação superior - Periódicos. I. UniFil – Centro Universitário Filadélfia.

CDD 378.05

Bibliotecária Responsável Erminda da Conceição Silva de Carvalho CRB9/1756

CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA

REITOR

Dr. Eleazar Ferreira

PRÓ-REITOR DE ENSINO DE GRADUAÇÃO

Prof. Ms. Lupércio Fuganti Luppi

PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO E INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Prof. Dr. Mario Antônio da Silva

PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Ms. Francisco Carlos D'Emílio Borges

Coordenadores do Curso de Graduação

Administração Prof.a Ms. Denise Dias Santana

Agronomia Prof. Dr. Fábio Suano de Souza

Arquitetura e Urbanismo Prof. Ms. Ivan Prado Júnior

Biomedicina Prof.a Dr.a Karina de Almeida Gualtieri

C. Computação./ S. de Informação Prof. Ms. Sérgio Akio Tanaka

Ciências Contábeis Prof. Ms. Eduardo Nascimento da Costa

Design Gráfico Prof.a Esp. Cristiana Maria Conte Bouças

Direito Prof. Dr. Osmar Vieira

Educação Física Prof.a Ms. Rosana Sohaila T. Moreira

Enfermagem Prof.a Ms. Thaise Castanho da S. Moreira

Engenharia Civil Prof.a Ms. Carolina Alves do Nascimento Alvim

Estética e Cosmética Prof.a Ms. Mylena C. Dornellas da Costa

Farmácia Prof.a Ms. Fabiane Yuri Yamacita Borim

Fisioterapia Prof.a Ms. Heloisa Freiria Tsukamoto

Gastronomia Prof.a Esp. Cláudia Diana de Oliveira

Logística Prof. Esp. Pedro Antonio Semprebom

Medicina Veterinária Prof.a Dr.a Suelen Tulio de Córdova Gobetti

Nutrição Prof.a Ms. Lucievelyn Marrone

Psicologia Prof.a Dr.a Denise Hernandes Tinoco

Teologia Prof. Dr. Mário Antônio da Silva

REVISTA TERRA E CULTURA

EDIÇÃO ESPECIAL – 2018

GERENTE GERAL DA UNIFIL EAD

Paula Renata Ferreira

COORDENADORA ACADÊMICA

Profa Ms Camila Fernandes de Lima

COORDENADOR DE EXPANSÃO DE POLOS

Prof. Dr. Leandro Henrique Magalhães

Coordenadores de Cursos em EaD

Administração, Processos gerenciais e Marketing Cristiano Ferreira

Ciências Contábeis e Gestão Financeira Marlon Athos Marçal

Construção de Edifícios, Eletrotécnica Industrial,

Engenharias, Gestão de Produção Industrial e

Gestão de Qualidade

Adriano Rodrigues Siqueira

Gestão Ambiental, Gestão Comercial e Logística Pedro Semprebom

Gestão Pública e Serviços Jurídicos Priscila Vieira

História e Letras Ana Maria Valle Teixeira

Licenciatura em Educação Física Rosana Sohaila Teixeira Moreira

Negócios Imobiliários Thiago Moreno

Pedagogia Tácito Graminha Campois

Podologia Cleonice Aparecida Cartolari Figueiredo

Radiologia Juliana de Lucca

Serviço Social Adarly Rosana Moreira Goes

Teologia Emerson Macedo Patriota

Rua Alagoas, nº 2.050 - CEP 86.020-430

Fone: (43) 3375-7405 - Londrina - Paraná

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TERRA E CULTURA

Ano XXXIV - EDIÇÃO ESPECIAL

CONSELHO EDITORIAL

PRESIDENTE

Prof. Dr. Mário Antônio da Silva

CONSELHEIROS

Conselho Editorial Interno Conselho Editorial Externo

Prof.a Dr.a Damares Tomasin Biazin........................ Prof. Ms. Adalberto Brandalize

Prof.a Dr.a Denise Hernandes Tinoco....................... Prof.a Ms. Ana Claudia Cerini Trevisan

Prof.a Ms. Elen Gongora Moreira.............................. Prof.a Ms. Angela Maria de Souza Lima

Prof. Dr. Fábio Suano de Souza............................. Prof. Ms. Eduardo M. de Albuquerque Maranhão

Prof. Dr. Leandro Henrique Magalhães................ Prof.a Dr.a Gislayne Fernandes L. Trindade Vilas Boas

Prof. Dr. Marcos Roberto Garcia............................ Prof. Dr. João Juliani

Prof.a Ms. Maria Eduvirge Marandola...................... Prof. Ms. José Antônio Baltazar

Prof.a Dr.a Miriam Ribeiro Alves Maiola.................... Prof. Ms. José Augusto Alves Netto

Prof.a Dr.a Mirian Cristina Maretti............................... Prof. Dr. José Miguel Arias Neto

Prof.a Ms. Mirian Maria Bernardi Miguel.................. Prof.a Ms. Karina de Toledo Araújo

Prof.a Ms. Patricia Martins C. Branco....................... Prof. Dr. Lourival Antonio Vilas Boas

Prof.a Dr.a Selma Frossard Costa.............................. Prof. Ms. Marcelo Caetano de Cervec Rosa

Prof. Ms. Sérgio Akio Tanaka................................... Prof.a Ms. Maria Elisa Pacheco

Prof.a Ms. Silvia do Carmo P. Fachineeli................. Prof.a Ms. Patricia Queiroz

Prof.a Dr.a Suzana Resende Lemanski.................... Prof. Ms. Pedro Lanaro Filho

Prof. Dr. Rovilson José da Silva

Prof.a Ms. Silvia Helena Carvalho

Prof.a Ms. Elis Carolina de Souza Fatel

Prof. Dr. João Antonio Zequi

Prof. Dr. Rodrigo Duarte Seabra

Prof. Dr. Tiago Pellini

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

SUMÁRIO

AROMATERAPIA ASSOCIADA À MASSAGEM CLÁSSICA.............................11

SANTOS, V.R.; AMORESE, R.C.P.; BRENE, C.; MORAES, P.A.

REAÇÕES ADVERSAS AO USO DOS COSMÉTICOS EM ALUNOS DO

CAMPUS CANADÁ DO CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA (UNIFIL)

EM LONDRINA ...........................................................................................................21

SANTOS, R.N.; CRUZ, F.; COSTA, M.C.D.

INGESTA DE ÁGUA PARA HIDRATAÇÃO CUTÂNEA......................................34

SILVA, G.C.; MELO, M.F.R.

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DOS TRATAMENTOS

ESTÉTICOS PARA RUGAS DURANTE O INVERNO NAS CLÍNICAS DE

LONDRINA...................................................................................................................49

REIS, A.P.B.; SOUZA, R.C.

TRATAMENTO DE ESTRIA ALBA COM O USO DO

ELETROLIFTING........................................................................................................61

SILVA, T.M.; AMORESE, R.C.P.; SILVA, T.O.; BRENE, C.

AVALIAÇÃO DA CONDUTA DE BIOSSEGURANÇA DE

MAQUIADORES..........................................................................................................73

REZENDE, C.E.S.; FERREIRA, A.M.; OLIVEIRA, L.D.M..

BIOSSEGURANÇA NA ESTÉTICA DO CONHECIMENTO À PRÁTICA DAS

REGRAS ENTRE MANICURES E PEDICURES....................................................82

FESTI, A.C.P.; FERREIRA, A.M.; OLIVEIRA, L.D.M.

DELINEAMENTO DE SOBRANCELHAS E SUA

BIOSSEGURANÇA......................................................................................................92

COLUSSI, I.P.A.; LABS, T.C.; MUNHOZ, L.D.

A FUNÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO PÓS OPERATÓRIO

DE LIPOASPIRAÇÃO DE ABDÔMEN...................................................................105

CZELUSNIAK, C.F.; AMORESE, R.C.P.; SILVA, T.O.; MORAES, P.A.

EFICÁCIA DO COLÁGENO UTILIZADO COMO

NUTRICOSMÉTICO.................................................................................................112

TURCO, M.A.L.; MELO, M.F.R.

A MASSAGEM MODELADORA NO TRATAMENTO DE FIBRO EDEMA

GELÓIDE....................................................................................................................126

LU, C.C.B.; AMORESE, R.C.P.; SANTOS, F.C.R.; SILVA, T.O..

O USO DO ULTRA SOM NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA

GELÓIDE...................................................................................................................135

FERREIRA, C.; AMORESE, R.C.P.; SANTOS, F.C.R.; SILVA, T.O..

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ANTIOXIDANTES E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO COMBATE AOS

RADICAIS LIVRES....................................................................................................144

NUNES, B.B.V.; FERREIRA, A.M.; CRUZ, F.; SILVA, T.O.

BENEFÍCIOS DO USO DA VITAMINA A RETINOL NA PREVENÇÃO E

TRATAMENTO DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

FACIAL........................................................................................................................152

BERIGO, T.G.; PEREIRA,C.B.; SILVA, T.O.

A INFLUÊNCIA DA ACNE VULGAR NA AUTOESTIMA DOS

ADOLESCENTES.......................................................................................................169

TRINDA, B.C.; SILVA, T.O.; PEREIRA, C.B.; AMORESE, R.C.P.

PROCESSOS DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO...........................................183

SILVA, T.O.; FERREIRA, A.M.; AMORESE, R.C.P.; PEREIRA, C.B.

UTILIZAÇÃO DA VITAMINA C NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO

ENVELHECIMENTO CUTÂNEO...........................................................................194

SANTOS, R.P.; SILVA, T.O.; AMORESE, R.C.P.; PEREIRA, C.B.

EFICÁCIA DOS TRATAMENTOS PARA ESTRIAS: REVISÃO DE

LITERATURA.............................................................................................................209

VENTURIN, S.R.; TROSDORF, T.A.L.

O PADRÃO DE BELEZA IMPOSTO PELA SOCIEDADE E SUA INFLUÊNCIA

NA AUTOESTIMA E SAÚDE DE ESTUANTES UNIVERSITÁRIOS: ESTUDO

TRANSVERSAL.........................................................................................................222

RIBEIRO, B.C.; BOZINA, B.M.; LIMA, T.A.

MELANOMA E O USO DE FILTRO SOLAR COMO FORMA DE

PREVENÇÃO..............................................................................................................236

LABS, T.C.; VIVAN, R.H.F.; SILVA, T.O.; COSTA, M.C.D.

O USO DE FOTOPROTETORES NA PREVENÇÃO DO ENVELHECIMENTO

CUTÂNEO.....................................................................................................................241

MARTELLI, P.A.A.; SILVA, T.O.

AÇÃO DOS ÁCIDOS KÓJICO E MANDÉLICO NO TRATAMENTO DO

MELASMA...................................................................................................................252

BARDASSON, A.K.; PEREIRA, C.B.

PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO DO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DA

CLÍNICA ESCOLA DE ESTÉTICA DE UM CENTRO

UNIVERSITÁRIO.......................................................................................................266

YAMAMOTO, R.V.T.; GARAVELLO, C.R.G.

A INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES E COMPOSTOS BIOATIVOS NA

DOENÇA DE ALZHEIMER.....................................................................................283

KIKUCHI, G.; KUWAHARA, M.A.N.; FERNANDEZ, F.H.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ADICIONAIS NO CONTROLE DE

QUALIDADE DE CAPPUCCINO............................................................................302

DOMINGOS, A.S.; FERNANDEZ, F.H.

VERIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM DADOS

ANTROPOMÉTRICOS EM PROJETO SOCIAL DE LONDRINA-PR..............313

EDUARDO, B.C.C.; SOUZA, M.F.; KUWAHARA, M.A.N.; FERNANDEZ, F.H.

ÓLEO DE CÔCO E SUA INFLUÊNCIA NO TRATAMENTO DA

OBESIDADE................................................................................................................328

ROCHA, C.R.; FERNANDEZ, F.H.

USO DE SPIRULINA NA PERFORMANCE ESPORTIVA E QUALIDADE DE

VIDA.............................................................................................................................343

MACEDO, D.C.S.; FERNANDEZ, F.H.

ATUALIDADES SOBRE AS POSSÍVEIS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO

GOJI BERRY (Lyciumbarbarum and L.

chinese).........................................................................................................................359

PACE, P.V.; FERNANDES, F.H.

ATUALIDADES SOBRE TRATAMENTOS NA ALERGIA À LACTOSE EM

CRIANÇAS..................................................................................................................374

JUNIOR, J.C.F.; FERNANDEZ, F.H.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O USO INDISCRIMINDO DE

SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS, ESTIMULANTES E ANABOLIZANTES,

POR PRATICANTES DE

ACADEMIAS...............................................................................................................397

QUINTILHANO, K.P.; NAKAMURA, M.A.; FERNANDEZ, F.H.

OS EFEITOS QUE A ACNE VULGAR CAUSA NA PELE E COMO OS

TRATAMENTOS ESTÉTICOS AJUDAM EM SUA

MELHORA..................................................................................................................407

DUARTE, M.F.; PEREIRA, C.B.; AMORESE, R.C.P.; SILVA, T.O.

DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA PARA

DERMOCOSMÉTICOS EM CREME BASE LANETTE N® E CREME BASE

POLAWAX®...............................................................................................................422

RICARDO, C.A.M.; COSTA, M.C.D.; OLIVEIRA, S.P.L.F.; ARAKAWA, J.A.R

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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AROMATERAPIA ASSOCIADA À MASSAGEM CLÁSSICA

AROMATHERAPY ASSOCIATED WITH CLASSICAL MASSAGE

Vitoria Ribeiro dos Santos1

Roberta Chaves Penco Amorese2

Cleiciane Brene3

Perla Almeida de Moraes4

RESUMO

Atualmente o estresse vem afetando cada vez mais as pessoas, em consequência, aumenta o cansaço,

insônia, ansiedade, irritação e dores musculares no nosso corpo. Com tudo isso, podemos perceber como

a massagem clássica vem sendo procurada por diversas classes sociais, não tendo mais distinção de idade.

A massagem clássica pode trazer grandes benéficos para o nosso organismo, e o principal dele é diminuir

as dores musculares. Já a aromaterapia que utiliza substâncias aromáticas naturais, que são os óleos

essenciais, tem como objetivo de ajudar a melhorar as tensões que afetam o nosso dia, provocando um

bem-estar físico e psicológico. Quando esses dois tratamentos são associados, é possível ter um

relaxamento profundo de todo o corpo, pois ele aumenta a oxigenação dos tecidos e consequentemente as

dores, além de ajudar nos problemas respiratórios, ansiedade, depressão e muitos outros. O intuito deste

trabalho é mostrar como a massagem clássica e a aromaterapia podem e devem ser utilizadas no dia-a-dia.

Palavras-chaves: Massagem clássica; Aromaterapia; Óleo essencial; Camomila; Capim-limão; Lavanda.

ABSTRACT

Nowadays stress is affecting people more and more, as a result, it increases fatigue, insomnia, anxiety,

irritation and muscle pains in our body. With all this, we can see how the classic massage has been sought

by various social classes, having no further distinction of age. The classic massage can bring great

benefits to our body, and the main one of them is to decrease the muscular pains. The aromatherapy that

uses natural aromatic substances, which are the essential oils, aims to help improve the tensions that

affect our day, provoking a physical and psychological well-being. When these two treatments are

associated, it is possible to have a deep relaxation of the whole body, as it increases the oxygenation of

the tissues and consequently the pains, besides helping in respiratory problems, anxiety, depression and

many others. The purpose of this paper is to show how classic massage and aromatherapy can and should

be used in daily life.

Keyword: Classical massage; Aromatherapy; Essential oil; Chamomile; Lemongrass; Lavender.

INTRODUÇÃO

1 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR. 2 Professora Orientadora Fisioterapeuta,Especialista em Dermato Funcional, Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética

e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR 3 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR 4 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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Nos dias de hoje, percebemos como as tensões estão aumentando, o

nosso estresse se eleva e com ele vem a insônia, o cansaço, a irritação, a ansiedade e é

claro, as dores musculares. Percebemos que cada vez mais as pessoas se queixam das

dores musculares em diversas partes do corpo.

A massagem clássica vem com o intuito de melhorar essas dores,

ajudar a fortalecer e melhorar a elasticidade dos músculos, eliminar o ácido lático e

outras toxinas, melhorar a oxigenação nos tecidos e o tônus muscular (MOREN, 2009).

E a aromaterapia vem com o objetivo de ajudar também nas tensões

do dia-a-dia, provocando um bem-estar físico e psicológico.

A aromaterapia nada mais é que uma ciência e uma arte da terapia,

que utiliza substâncias aromáticas naturais, que são os óleos essenciais (MALUF,

2008).

Os óleos essenciais agem restaurando as energias e ajudam no

equilíbrio entre o corpo, mente e espírito (MALUF, 2008).

Cada óleo essencial tem suas propriedades e vai ser trabalhado de

forma única para cada cliente. Se uma pessoa quer relaxar, o óleo essencial deve conter

propriedades relaxantes, se uma pessoa quer ficar mais ativa, então o óleo essencial

deve conter propriedades estimulantes e assim por diante.

A massagem clássica se feita corretamente pode trazer grandes

benefícios para o nosso organismo, e quando não estiver recebendo uma massagem, é

possível associar a aromaterapia durante o dia, podendo ser como inalação, compressas,

nos banhos ou aromatizando um ambiente, só precisa escolher um óleo essencial com as

propriedades que se deseja.

Como estamos falando da massagem clássica e seu objetivo principal

que é o relaxamento, vamos também falar de óleos essenciais que também tem essa

mesma propriedade, esses óleos são o de camomila, capim-limão e lavanda.

Quando esses dois tratamentos são associados é possível ter um

relaxamento profundo, e em consequência todos os seus benefícios poderão ser bem

aproveitados.

O intuito desse trabalho é mostrar o que é a massagem clássica e

aromaterapia, para o que podem ser utilizados, os seus efeitos e suas propriedades.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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DESENVOLVIMENTO

Pele

A pele é essencial para o funcionamento adequado do organismo

(TAKANO, 2012).

É formada por tecidos de origem ectodérmica e mesodérmica que se

superpõem, a partir da superfície, em três estruturas distintas: a epiderme, a derme e a

hipoderme (KEDE, 2009).

A epiderme é uma estrutura em contínua renovação (FITZPATRICK,

2011). Trata-se de um epitélio escamoso estratificado e queratinizado e o queratinócito

é o seu principal constituinte celular. Podemos ressaltar a presença de pelo menos

outros três tipos celulares distintos: os melanócitos, as células de Langerhans e as

células de Merkel (TAKANO, 2012). Os queratinócitos se encontram organizados em

quatro camadas, de baixo para cima: a camada basal, a camada espinhosa, a camada

granulosa, a camada lúcida e a camada córnea (VELAZQUEZ, 2011). A epiderme tem

função de proteção, revestimento, absorção, transporte, excreção e percepção.

(BORGES, 2006).

A derme é um dinâmico tecido conjuntivo de suporte, constituído por

uma matriz extracelular que inclui variados tipos de colágeno, fibras do sistema elástico

e uma substancia fundamental, e estão intimamente associados a componentes celulares

representados principalmente por fibroblastos, macrófagos, células dendríticas dérmicas

e mastócitos. Em meio a derme, existem também anexos cutâneos com sua bainha de

tecido conjuntivo, músculos eretores de pelos, vasos sanguíneos e nervos, e seus órgãos

terminais (VELAZQUEZ, 2011). A derme consiste em duas camadas: a derme papilar e

derme reticular (VELAZQUEZ, 2011).

A hipoderme é a camada mais profunda da pele e tendo uma espessura

variável. Formada por células de gordura, tem como funções, proteção mecânica e

regularidade do relevo corporal. A hipoderme apoia e faz a união da pele ao resto do

corpo (BORGES, 2006). É formada por células adiposas e finos septos conjuntivos,

onde se encontram vasos e nervos (KEDE, 2009).

O tegumento tem como função criar uma barreira eficiente contra

agressões exógenas, de natureza biológica ou química, e ajuda a impedir a perda de

água e de proteínas para o exterior e, ainda assim, manter-se maleável (KEDE, 2009).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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A pele também age como órgão sensorial, participando do sistema

imunológico e exercendo funções, como regulação da temperatura corpórea, produção

de vitamina D, e a excreção de eletrólitos e outras substâncias. É considerado o maior

órgão humano, pois a sua extensão corresponde a uma área de 2 metros quadrados,

ainda que, represente menos de 15% do peso corporal (KEDE, 2009).

Na pele há também os anexos cutâneos, suas estruturas se originam

por invaginação da epiderme e na derme. São eles: folículo piloso, glândulas sebáceas,

glândulas sudoríparas e unhas (OLIVEIRA, 2008).

Sistema Muscular

O sistema muscular é responsável pelo movimento. Ele é formado por

células responsáveis pela contração e pelo relaxamento do órgão ativo do movimento, o

músculo. O músculo é composto por fibras musculares, e cada fibra muscular é

composta por células musculares (VAZ, 2014).

O tecido muscular é composto por células alongadas, fusiformes,

especializadas para realizar a função de contração e, por consequência, de movimento.

Outras propriedades, além da contratilidade, são a irritabilidade, condutividade,

extensibilidade e elasticidade (DI DIO, 2002).

O tecido corporal tem 4 funções, produzir movimentos do corpo,

como caminhar, correr, escrever, são alguns exemplos; estabilizar posições do corpo;

armazenar e mover substancias dentro do corpo; e produzir calor, quando há contração

de um músculo, ele produz calor (TORTORA, 2012).

Os músculos podem ser classificados como: músculo voluntário,

aquele que é controlado pela vontade do individuo, e músculo involuntário, que não são

controlados pelo individuo, mas pela ação do sistema nervoso central. Há também três

tipos de músculos: músculo não estriado (liso), músculo estriado cardíaco e músculo

estriado esquelético (VAZ, 2014).

Diminuição da Tensão Músculo Esquelética

Doenças nos músculos, tendões, ossos, articulações, fáscias

musculares e ligamentos são as causas mais frequentes de dores e que podem levar a

limitações no dia a dia do paciente. A dor músculo esquelética pode ocorrer e ser

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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agravadas por questões como o sexo, o físico, comportamento e condições de estresse

tanto familiar como por causa do trabalho (TEIXEIRA, 2001).

Fisiologicamente, quando ocorre a contração muscular, ocorrem

também processos químicos que liberam energia para a execução do movimento. Após

a contração e durante o relaxamento do músculo, as reservas de energia são

reconstituídas outra vez. Quando isso não ocorre, pode acontecer uma diminuição na

sua função (CIELO, 2014).

Ocorre um aumento na tensão muscular, pois o corpo quer sinalizar

alguma alteração em determinada parte do mesmo. Isso leva a uma sobrecarga que

proporciona prejuízos na funcionalidade corporal (CIELO, 2014).

Massagem Clássica

De forma geral, a massagem clássica é a mobilização dos tecidos

corporais através da mão ou objetos a fim de promover um relaxamento físico, muscular

e mental (SOUZA, 2014).

Os principais objetivos da massagem são fortalecer e melhorar a

elasticidade dos músculos; ajudar na flexibilidade; promover relaxamento, pois elimina

a congestão; fazer desintoxicação de ácido lático e outras toxinas, melhorar a circulação

e tônus muscular e aliviar dores e tensões musculares (MOREN, 2009).

Tem como principais manobras, o deslizamento superficial e o

profundo, amassamento, fricção, percussão, vibração (MORETTI, 2010).

E as manobras devem ser realizadas na direção do coração, ou seja, no

sentido centrípeto (PEREIRA, 2007).

A massagem desempenha três efeitos básicos: efeito mecânico, efeito

psicológico e efeito fisiológico (DOMENICO, 1998).

Esses efeitos estão ligados uns com os outros e são todos relevantes

(CASSAR, 2001).

O efeito mecânico refere-se às influências que a massagem exerce

sobre os tecidos moles que estão sendo manipulados. Porém, é difícil atribuir uma

técnica de massagem somente com efeito mecânico, pois com um único contato com a

pele, o paciente pode produzir outros efeitos. Entre os seus efeitos estão o alongamento

e relaxamento dos músculos, melhora da circulação sanguínea e linfática e ajuda a

movimentar conteúdos intestinais para frente (CASSAR, 2001).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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A massagem tem um efeito muito importante no estado psicológico do

paciente, e consequentemente, em seu comportamento emocional. O efeito do seu

relaxamento, que se dá no músculo, se estende para o corpo como um todo. Tem então

como objetivo primário, substituir sentimentos como tensão por calma. Por isso, até

depressão e raiva podem ser aliviados com a massagem (CASSAR, 2001).

E no efeito fisiológico há uma melhora do sistema cardiovascular,

ocasionando então hiperemia; ajuda a eliminar os metábolitos; a oxigenação nos tecidos

é aumentada; a nutrição nos tecidos é melhorada; e ocorre um melhor funcionamento do

sistema linfático (SOUZA, 2014).

A massagem clássica tem suas contra indicações, são elas, neoplasias,

processos inflamatórios, lesões na pele, alterações vasculares, diabetes descompensado,

hipotensão ou hipertensão descompensada, insuficiência cardíaca, insuficiência renal,

gravidez e período menstrual (VASCONCELOS, 2014).

Aromaterapia

Aromaterapia nada mais é que uma ciência e uma arte da terapia, que

utiliza substâncias aromáticas naturais – óleos essenciais. Ela tem como objetivo

trabalhar com o corpo de forma natural e holística (MALUF, 2008).

Os óleos essenciais agem no corpo restaurando as energias e fornece

um balanceamento entre corpo, mente e espírito (MALUF, 2008).

Óleos essenciais são substâncias naturais, extraídas das plantas, seja

em sua semente, raiz, caule, flor ou fruto (PEREZ, 2014).

Dependendo do seu uso, devem ser diluídos com óleos carreadores

por serem muito potentes (HOARE, 2010).

O óleo essencial traz muitos benéficos, porém, também tem suas

contra indicações como, não utilizar internamente ou na pele sem estar diluído, não

utilizar antes de exposição solar, em caso de gravidez, hipertensão, hipotensão,

epilepsia, doenças sistêmicas como câncer ou diabetes, áreas com infecção, inflamação

ou qualquer ferida aberta. Em caso de qualquer reação alérgica ou erupções cutâneas

interromper o uso do óleo imediatamente (MAREN, 2009).

A aromaterapia é atualmente muito popular por se tratar de uma

terapia relaxante que mostra ter grandes benefícios para melhorar o bem-estar e aliviar

as tensões do dia-a-dia (HOARE, 2010).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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Quando há uma exposição ao cheiro, ocorre uma estimulação das

terminações nervosas olfativas, que é onde ocorrem impulsos nervosos, dando origem a

reações psicológicas, intelectuais e fisiológicas (PEREZ, 2014).

Podemos observar que o segredo da aromaterapia está em seu

estímulo, desde a percepção do cheiro até as alterações sensoriais que são provocadas

no organismo (PEREZ, 2014).

Há várias maneiras de usar os óleos essenciais, entre elas estão, a

inalação, massagens, utilizar em vaporizadores, compressas, banhos, escalda-pés e

saunas (SOUZA, 2009).

Óleos Essenciais para Massagem Clássica

Camomila Alemã

Tem uma boa reputação como erva medicinal. É muito conhecido

pelo sua propriedade calmante e reconfortante (HOARE, 2010).

Além dessas propriedades, a camomila alemã também é anti-

inflamatório, cicatrizante, analgésico, fungicida, sudorífero e antitérmico (HOARE,

2010).

Pode ser utilizada na massagem, pois suas propriedades aliviam dores

musculares, ajuda na insônia, dores de cabeça e tensão nervosa (HOARE, 2010).

Esse óleo essencial não é irritante e nem tóxico, porém, deve ser usado

com cautela, pois pode causar dermatite (HOARE, 2010).

Capim-Limão

Tem um odor forte de limão, pode ser usado em perfumarias, como

aromatizador de ambiente e até mesmo como tempero de comida. É muito utilizado na

medicina indiana por tratar doenças infecciosas e febre, e também atua como sedativo

no sistema nervoso central (HOARE, 2010).

O capim-limão tem muitas propriedades, sendo elas, bactericida,

fungicida, inseticida, antidepressivo, analgésico, antioxidante, adstringente,

antimicrobiano, antitérmico, sedativo, e combate a fadiga (HOARE, 2010).

Pode ser utilizado na massagem, pois suas propriedades ajudam nas

dores musculares, nas dores de cabeça, exaustão nervosa ou qualquer problema

relacionado ao estresse, melhora a fadiga e ajuda na concentração (HOARE, 2010).

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Esse óleo não é tóxico, porém deve ser usado com cuidado, pois pode

ocorrer sensibilidade e irritação (HOARE, 2010).

Lavanda

O óleo essencial de lavanda é usado em tratamentos de mais de setenta

problemas de saúde (HOARE, 2010).

Era muito utilizado em banhos e considerado o purificador favorito

pelos antigos romanos. E desde o século XVIII, o óleo de lavanda é muito utilizado na

fabricação de perfumes, talcos e sabonetes (MALUF, 2008).

O óleo essencial de lavanda tem muitas propriedades, sendo elas,

antisséptico, analgésico, tônico, cicatrizante, anti-inflamatório, relaxante muscular,

adstringente, antidepressivo, desodorante, sedativo, calmante, ajuda na área emocional,

entre outros (MALUF, 2008). Ele também é antibacteriano, antiviral, antiespasmódico,

descongestionante, promove um equilíbrio e é reconfortante (HOARE, 2010).

É muito utilizado na massagem, pois tem ação anti-inflamatória,

ajudando então nas dores musculares. É muito benéfico para o sistema nervoso pelo seu

efeito calmante, pois ajuda na ansiedade, irritação, frustração e insônia (HOARE, 2010).

Ele não é tóxico ou irritante. Esse óleo essencial pode ser aplicado na

pele puro, ou seja, sem ser diluído (HOARE, 2010).

Aromaterapia associada à Massagem Clássica

Com uma combinação de aromaterapia e massagem clássica, temos

um processo completamente relaxante. Então os movimentos não devem ser severos e

nem repentinos, todo o processo deve ser suave e bem calmo (HOARE, 2010).

Tem como finalidade facilitar a absorção dos óleos essenciais. Tem

também como um dos principais movimentos, o deslizamento ou enffleurage, pois esse

movimento aquece a pele ao aumentar o suprimento de sangue no organismo (HOARE,

2010).

Quando a pele esta aquecida, maior será sua permeabilidade cutânea.

Então o ativo será absorvido com mais eficácia no tecido. O ativo é levado para o

sistema linfático, e em consequência para a corrente sanguínea, ou seja, ele circula por

todo o corpo e pode proporcionar efeitos em todo o organismo (SOUZA, 2009).

A massagem clássica é muito procurada principalmente pelo seu

efeito de relaxamento e a aromaterapia também (HOARE, 2010).

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A junção desses dois ativa as circulações linfáticas e sanguíneas, ajuda

o organismo a liberar as toxinas, auxilia no relaxamento dos músculos contraídos e no

alivio das dores (SOUZA, 2009).

Podemos ver que a aromaterapia junto com a massagem clássica,

trazem efeitos tanto na química quanto na fisiologia do corpo, mas possivelmente os

maiores efeitos estejam nos aspectos emocionais, espirituais e mentais (HOARE, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As tensões do dia-a-dia afetam cada vez mais as pessoas, não

existindo mais distinções de idade ou trabalho. Elas causam insônia, dores musculares,

fadiga mental e física, alterações de humor e várias outras coisas.

A massagem e a aromaterapia então vem para melhorar essas causas

com os seus efeitos da melhor maneira.

É possível com as técnicas de massagem, melhorar a oxigenação do

tecido e consequentemente as dores, além de seus outros efeitos.

Os óleos essenciais, se usado corretamente, também traz grandes

benefícios, além de seus efeitos relaxantes, podem ajudam em problemas respiratórios,

de pele, ansiedade, depressão e muitos outros.

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REAÇÕES ADVERSAS AO USO DOS COSMÉTICOS EM ALUNOS DO CAMPUS

CANADÁ DO CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA (UNIFIL) EM LONDRINA

ADVERSE REACTIONS TO THE USE OF COSMETICS IN STUDENTS FROM THE

CANADA CAMPUS OF THE UNIVERSITY CENTER PHILADELPHIA (UNIFIL) IN

LONDRINA

Rebeca Nigro dos Santos¹

Franciele Cruz²

Mylena C. Dornellas Costa³

RESUMO

As doenças alérgicas são caracterizadas pela ativação das células Th2, e produção exacerbada de IgE, isso

acontece devido aos indivíduos atópicos desenvolverem respostas fortes de Th2 e gerar IgE intensamente. Dentre

as reações de hipersensibilidade, somente as do tipo I e IV estão relacionadas a reações decorrentes de

cosméticos, devido à resposta imune estimulada. Dentre as reações publicadas, as dermatites alérgicas aos

cosméticos apresentam importante papel devido ao fato de que apresentam eminente importância médica.

Independentemente da reação adversa suscitada por cosmético e de qual cosmético, tal produto deve ter um grau

aceitável de segurança, pois as reações estão cada vez mais constantes, justamente porque o uso de cosméticos

vem aumento ao decorrer dos anos. Ainda que a maioria dessas reações não seja tão drástica e ordinariamente

são apresentadas na pele, existem ocorrências críticas publicadas. Desta forma, o presente estudo objetiva

apresentar os fundamentos fisiológicos do tratamento cosméticos, nas reações de hipersensibilidade,

relacionando aspectos técnicos e legais quando da ocorrência de reações de hipersensibilidade relacionada aos

cosméticos para então compreender as reações adversas causadas por cosméticos. Para o alcance do referido

objetivo, foi realizada uma pesquisa exploratória por amostragem em quarenta e quatro pessoas do sexo

feminino e masculino, sem delimitação de idade, que frequentam o curso de Estética e Cosmética no Campus

Canadá do Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL), no qual os indivíduos responderam oito perguntas

referentes ao assunto abordado no trabalho. Verificou-se que as respostas já foram as prováveis, confirmando a

existência de reações alérgicas à cosméticos, concluindo que ainda há muitas reações causados por cosméticos e

principalmente que não há o acionamento do sistema de notificação da agencia de vigilância sanitária.

Palavras-chave: Toxicologia, Reações alérgicas, Cosmetovigilância, Hipersensibilidade.

ABSTRACT

Allergic diseases are characterized by activation of Th2 cells and exacerbated production of IgE. It happens

because of the atopic individuals develop strong responses of Th2 and intensely generate the IgE. Among

hypersensitivity reactions, only the type 1 and 4 are associated to cosmetic reactions caused by the immune

stimulate response. Among the published reactions, the allergic dermatitis to cosmetics indicate an important

role because the fact that have present imminent medical importance. Independently of the adverse reactions by

cosmetic and which is the cosmetic the product must have an acceptable level of security, insofar as the reactions

are increasingly constant, even because the use of cosmetics has increased to over the years. Although most of

these reactions is not as drastic and are ordinarily presented in the skin, there are critical events published. Thus,

this study aims to present the physiological fundamentals of cosmetic treatment, in hypersensitivity reactions,

relating technical and legal aspects in the event of hypersensitivity reactions and then understand the adverse

reactions caused by cosmetics. To achieve the aims, an exploratory research was conducted for sampling in

forty-four female and male people, no definition of age, the people attended the course Aesthetics and Cosmetic

at Canada Campus in Philadelphia University Center (UNIFIL), the individuals answered eight questions about

the subject of study. The answers were already probable, confirming the existence of allergic reactions to

cosmetics, concluding that there are still many reactions caused by cosmetics and especially there is not

activation of the notification system of Health Surveillance Agency.

Keywords: Toxicology, Allergic Reactions, Cosmetovigilance, Hypersensitivity.

1 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR.

² Professora Orientadora, Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil

Londrina PR 3 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

Conceituada como o maior órgão do corpo humano e imprescindível à vida,

a pele representa uma ligação entre individuo, sociedade e ambiente físico. Representa a vida

de cada pessoa, possui total aptidão para falar por si, e em muitas ocorrências pelos demais

órgãos, propagando resposta inflamatória, infecciosa, poder de vitalidade e saúde

(DOMANSKY; BORGES, 2012).

Considerando a importância da pele em relação à homeostase humana, cabe

destacar que as afecções da pele se constituem em um problema estratégico. Nesse sentido,

qualquer processo lesivo merece especial atenção. Considerando o especial recorte deste

estudo, o qual remete às reações alérgicas causadas por procedimentos estéticos e produtos

cosméticos, há de se destacar que muitos destes processos ocorrem na condição de efeitos

adversos. Os efeitos adversos que certos cosméticos podem causar quando utilizados são

conhecidos e relatados desde séculos. Julga-se que cerca de 20% da população ocidental sofre

algum tipo de alergia (SOUZA et al., 2010)

Dentre os efeitos adversos ocasionados pelos procedimentos estéticos, as

reações alérgicas são uma categoria muito frequente. As reações alérgicas apoderam-se de

mecanismos imunológicos que podem ou não ser mediados pela IgE Imunoglobulina E), que

normalmente é localizada em reações de hipersensibilidade (PEREIRA; MOURA;

CONSTANT, 2008)

Pode-se caracterizar uma alergia pelo aumento da capacidade de os

Linfócitos B de sintetizarem a imunoglobulina do isótopo IgE contra os antígenos que se

introduzem no organismo por via respiratória, ingestão ou permeação da pele. O tema é vasto

e decorrente a isto, é possível ter diversos fatores envolvidos no processo de alergia

desencadeado como resposta anormal a algum componente, o próprio processo imunológico,

herança genética ou por anormalidades metabólicas (MOREIRA, 2006).

Devido ao aumento do uso de cosméticos no Brasil, a preocupação com a

eficácia e principalmente com a segurança desses produtos deve ser reforçada mesmo aqueles

cosméticos que apresentem baixo índice de reações adversas relatadas que causem danos à

saúde. Para avaliar essas prováveis reações que podem ser manifestadas pelos produtos a

Legislação Brasileira exige a comprovação da eficácia e segurança do produto cosmético

(CHIARI et al., 2012).

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Pode-se dizer que o uso de cosméticos em geral é universal, considera-se

que tais produtos possuam um grau admissível de segurança. Apesar da maioria das reações

adversas não serem tão drásticas e normalmente está relacionada à pele, existem episódios de

casos graves relatados na literatura. Sendo assim Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(Anvisa) passou a fortalecer a vigilância, denominando então esse processo de

cosmetovigilância, consequentemente criado o Sistema de Notificação em Vigilância

Sanitária (NOTIVISA) para queixas de eventos adversos e tóxico (HUF et al., 2013).

Este trabalho visa, portanto, apontar a fisiologia do tratamento cosmético de

forma que seja possível compreender as reações de hipersensibilidade subsequentes se assim

causadas para assim ter conhecimento sobre a cosmetovigilância e NOTIVISA.

METODOLOGIA

Este estudo enquadra-se como uma pesquisa exploratória de campo.

Adotou-se para análise a perspectiva quantitativa de caráter exploratório a qual é definida

como uma pesquisa que visa apenas levantar dados sobre um determinado objeto, delimitando

assim uma área de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto

(SEVERINO, 2007). Tem objetivo de propiciar uma visão geral a respeito de determinado

acontecimento, visando à elaboração de problemas mais precisos para estudos ulteriores

(BIAZIN, 2016).

A presente pesquisa foi realizada com acadêmicos do curso de Estética e

Cosmética do ano de 2016, regularmente matriculados em um Centro Universitário do

município de Londrina, região norte do Estado do Paraná.

Para a seleção de sujeitos do estudo, adotou-se a técnica de amostragem

probabilística de 30%. Desta forma, a amostra foi composta por quarenta e quatro pessoas do

sexo feminino e masculino sem delimitação de idade, que realizam o curso de Estética e

Cosmética no Campus Canadá do Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL). Os indivíduos

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual consta o que seria

realizado, e logo após assinar o indivíduo ficou com uma via. O pesquisador se compromete

em garantir que as informações pessoais concedidas para a pesquisa serão preservadas em

confidência e somente o pesquisador e orientador terá acesso.

Para a coleta de dados, adotou-se um questionário de autoria da

pesquisadora, composto de zero pergunta abertas, oito perguntas fechadas e duas perguntas

semiabertas (apêndice B).

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Em relação às normas éticas em pesquisa, o presente estudo adotou o

anonimato dos sujeitos, o termo de consentimento livre e esclarecido e o projeto de pesquisa

foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do Centro Universitário Filadélfia, sob

protocolo número 112068/2015, com número de CAAE 50693715.3.0000.5217

DESENVOLVIMENTO

Anatomia e fisiologia da pele

Conceituada como o maior órgão do corpo humano e imprescindível à vida,

ela representa uma ligação entre indivíduo, sociedade e ambiente físico. A pele é um órgão

externo, que reveste e protege o organismo humano. Seu nome anatômico internacional é

cútis; compõe 10-16% do peso do corpo, 1,5 a 2,0 m² de superfície e espessura variável desde

as pálpebras a planta dos pés (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).

A pele exerce inúmeras funções, como a auto reparação, proteção mecânica,

barreira química, foto proteção, termo regulação, imunidade, produção de vitamina D,

depuração, eliminação de toxinas, entre outras. Considerada praticamente impermeável à

água, ela necessita de nutrição e hidratação, por isso está concentrado 30% do sangue na pele,

com a função de oxigenar, nutrir, entre outras. (RESENDE; BACHION; ARAUJO, 2006). A

pele humana é dividida incialmente em duas camadas: epiderme, sendo a mais externa e

derme, camada interna ou intermediária. Abaixo da derme há um tecido subcutâneo

denominado tecido conjuntivo gorduroso ou hipoderme, sendo essa tecnicamente externa,

porém relacionado funcionalmente (DOMANSKY; BORGES, 2012).

Epiderme

A epiderme é a camada mais externa, não possui vascularização, constituída

de tecido epitelial pavimentoso estratificado e células que se renovam a partir da sua primeira

camada, a basal ou germinativa, diferenciando-se constantemente. (HAHN, 2001; ROSA;

RODRIGUES; SOUZA, 2014).

As principais células que compõem a epiderme são os queratinócitos,

melanócitos e células de Langerhans. Glândulas sudoríparas (écrinas e apócrinas), glândulas

sebáceas e folículo piloso são anexos cutâneos que estão localizados na pele, e juntamente

com a pele fazem parte do sistema tegumentar (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).

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Derme

A derme é rica em material fibrilar de três tipos: fibras elásticas, fibras

colágenas e fibras reticulares, compreendem um verdadeiro gel rico em mucopolissacarídeos.

Subdividida em derme papilar (faz divisão com a epiderme) e reticular (camada abaixo),

sendo a principal diferença a forma em que as fibras se entrelaçam (NORONHA et al., 2004,

SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

A derme domicilia as estruturas anexiais da pele, glândulas sudoríparas

écrinas e apócrinas, folículos pilossebáceos e o musculo eretor do pelo. Apresentam-se, ainda,

suas células próprias, fibroblastos, histiócitos, mastócitos, células mesenquimais

indiferenciadas e as células de origem sanguínea, leucócitos e plasmócitos. Em diferentes

quantidades também estão na derme vasos sanguíneos, linfáticos e estruturas nervosas

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).

Mecanismos de Hipersensibilidade

Segundo os imunologistas britânicos Philip Gell e Robin Coombs, reações

de hipersensibilidade podem ser definidas como respostas inflamatórias específicas geradas

pela atuação dos mecanismos de hipersensibilidade; essas reações são habitualmente

categorizadas de acordo com o tipo de reposta imunológica e o mecanismo efetor autor da

lesão celular e tecidual (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2013).

Tipos de hipersensibilidade Imunopatologia dos mecanismos Mecanismos de lesão tecidual e

apresentação clínica

Tipo I (imediata ou anafilática) Anticorpos IgE Mastócitos e seus mediadores

(aminas vasoativas, mediadores

lipídicos, citocinas); urticária,

angioedema, anafilaxia, etc.

Tipo II (citotoxicidade mediada

por anticorpos)

Anticorpos IgM e IgG contra

micro-organismos da superfície da

célula ou da matriz extracelular

Opsonização e fagocitose das

células. Recrutamento de fagócitos

mediados pelo receptor Fc e

complemento; citopenias,

tireoidite, etc.

Tipo III (citotoxicidade mediada

por imunocomplexos)

Complexos imunes de antígenos

circulantes e imunoglobulinas IgM

e IgG

Recrutamento e ativação de

leucócitos mediados por receptor

Fc e complemento; vasculites, etc

Tipo IV (citotoxicidade mediada Células T CD4+ (inflamação Inflamação mediada por citocinas,

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por linfócitos T) mediada por citocinas)

Linfócito T citotóxico CD8+

(citólise mediada por célula T)

recrutamento e ativação de

leucócitos, morte celular direta;

dermatites, etc.

Tabela 1 - Mecanismos de hipersensibilidade

Fonte: (VOLTARELLI, 2009)

As doenças de hipersensibilidade acontecem em indivíduos que possuem

uma forte predisposição genética para o desenvolvimento de tal atopia. No caso da

hipersensibilidade tipo I esses indivíduos possuem linfócitos B com maior quantidade de IgE

em sua superfície que quando entram em contato com o alérgeno (que é como são chamados

os antígenos na hipersensibilidade imediata), as IgE reconhecem, endocitam, processam e

externalizam tal agressor , logo em seguida os linfócitos T auxiliar (Th2) reconhecem o

mesmo, ligam-se ao TCR em ligação ao CD4+ (linfócito T "helper") que juntos formam um

complexo, ocorrendo assim a sinalização parácrina, que concumina no LT excretando

interleucina IL-4 para sinalizando ao LB inicial (REBORDÃO et al, 2005; ENSINA, 2009).

Os problemas nas doenças de hipersensibilidade relacionam-se à resposta

desencadeada e mantida de forma desapropriada e exacerbada, com lesão tecidual. O

problema é que uma vez que a resposta imunológica é iniciada, é difícil manter o seu controle

ou interrompê-la, portanto as doenças de hipersensibilidade propendem a se tornarem crônicas

(ROITT; RABSON, 2011).

Referente à hipersensibilidade mediada por anticorpos, ou

hipersensibilidade tipo II, pode-se dizer que são produzidas tanto por anticorpos que se ligam

a antígenos em certas células ou em tecidos extracelulares, como por complexos antígeno-

anticorpo que são formados na circulação e são depositados na parede do vaso sanguíneo.

Anticorpos IgG e IgM podem causar traumatismo tecidual devido a ativação do sistema

complemento, recrutando células inflamatórias, interferindo nas funções de células normais

(VOLTARELLI, 2009).

As doenças mediadas por complexos imunes, ou hipersensibilidade do tipo

III, é resultado da deposição de complexos imunes nos tecidos e vasos sanguíneos; os

complexos imunes que causam a doença podem ser tanto de anticorpos ligados a antígenos

próprios como a antígenos estranhos. As características da doença dependem do local da

deposição dos complexos imunes. Consequentemente, esse tipo de doença predispõe a atacar

diversos tecidos e órgãos, sendo alguns deles propensos, como rins e articulação (LUZ, 2009).

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As reações de hipersensibilidade do tipo IV, ou doenças causadas por

linfócitos T são caracterizadas pela citotoxicidade mediada por linfócitos T. Ocorre de

maneira que o linfócito CD4+ secreta citocinas que reúne células de defesa, e em algumas

desordens mediadas pelas células CD8+ que eliminam células que carregam antígenos

adjuntos ao complexo principal de histocompatibilidade de classe I (MHC). Essas células

podem ser ou não específicas para micro-organismos estranhos, sendo que a lesão causada

pode estar entremeada de uma forte resposta imunológica contra antígenos principalmente

intracelulares, que são resistentes à extirpação por fagócitos e imunoglobulinas

(VOLTARELLI, 2009).

Somente as reações de hipersensibilidade tipo I e IV estão associadas a

reações contra cosméticos, devido à resposta imunológica desencadeada. Na

hipersensibilidade do tipo anafilática, a urticária é um exemplo de reação resultante da

resposta imune. No caso da hipersensibilidade mediada por linfócitos T, as dermatites, como a

atópica de contato e alérgica, são as principais manifestações clínicas consequentes da

resposta imunológica (BROOKS et al., 2012).

Podemos dizer que a dermatite atópica, que é desencadeada pela

hipersensibilidade tipo IV, é uma doença complexa onde interage a genética, a estrutura

própria da pele que é uma característica destes doentes devido à alteração da função de

barreira, os distúrbios imunológicos e não imunológicos, sendo vários fatores participantes da

sua patogênese (RODRIGUES et al., 2011).

As dermatites de contato irritativas representam 80% dos casos de

dermatites de contato, enquanto que as dermatites alérgicas totalizam 20%. Dentre as reações

indesejadas, relatadas na literatura, as dermatites alérgicas aos cosméticos apresentam

importante papel por apresentarem destacada importância médica. Essas reações podem

aparecer em sítios distintos e/ou no próprio local de aplicação, podendo se manifestar por

eritema, edema e secreção com formação de crostas, elas podem advir desde substâncias

contidas nos produtos ou pela própria resposta imunológica do paciente (VOLTARELLI,

2009).

Toxicologia

Não é fácil categorizar um efeito como tóxico, ou seja, a partir de que ponto

determinado efeito biológico passa a ser tóxico, porém entende-se por efeito tóxico a entidade

química capaz de provocar danos a um sistema biológico, modificando seriamente uma

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função ou levando-o à morte, por meio de interação físico-química. O efeito toxicante está

relacionado tanto ao prisma qualitativo quanto quantitativo. No ponto de vista quantitativo

considera-se que toda substância, riscosa em certas porções, pode ser desprovida de risco em

porções menores. No prisma qualitativo, pode-se considerar que uma substância nociva para

uma espécie, pode ser carente de perigo para outra espécie (OGA; CAMARGO;

BATISTUZZO, 2008).

Uma vez ocorrido o contato sensibilizante, reações alérgicas podem decorrer

da evidenciação de doses muito baixas desses produtos. Entretanto, reações alérgicas são

dose-dependentes. A maioria desses produtos, assim como seus metabolitos, não são

razoavelmente grande para serem reconhecidos pelo sistema imunológico como uma

substância estranha, assim é necessário que essa molécula se ligue com uma proteína

endógena para formar o antígeno. Essa molécula formada é denominada hapteno e tem

capacidade de induzir a produção de anticorpos. A exposição conseguinte ao mesmo produto

resulta na interação antígeno-anticorpo, podendo provocar então a alergia (KLAASSEN;

WATKINS, 2012).

Cosmetovigilância

O sistema de Cosmetovigilância foi criado para facilitar a comunicação

sobre problemas decorrentes do uso, defeitos de qualidade ou efeitos indesejáveis dos

produtos a que se refere e para melhorar o acesso do consumidor as informações sobre esses

produtos. Através do sistema de Cosmetovigilância, as empresas fabricantes e/ou

importadoras de produtos cosméticos deverão ter registro de todos os relatos feitos pelos

consumidores em relação a problemas causados por cosméticos, e avaliá-los. A partir dessa

avaliação devem ser tomadas medidas com o intuito de garantir a qualidade e segurança do

produto em questão. No caso de situações que impliquem em risco à saúde do usuário, as

empresas deverão notificar à Anvisa sobre o relato (ANVISA).

O NOTIVISA é o sistema informatizado nacional para o registro de

problemas relacionados ao uso de tecnologias e de processos assistenciais, por meio do

monitoramento da ocorrência de queixas técnicas de medicamentos e produtos para a saúde,

incidentes e eventos adversos, com o propósito de fortalecer a vigilância pós-uso das

tecnologias em saúde, e na vigilância dos eventos adversos assistenciais (ANVISA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Dentre os entrevistados, quarenta e três eram do sexo feminino e somente

um do sexo masculino. Com relação à idade, somente trinta e nove dos voluntários

forneceram tal informação para a pesquisa e a idade variou de dezessete a trinta e seis anos,

obtendo a média de vinte e dois anos.

Quando questionado se o voluntário faz uso de algum tipo de cosmético

diariamente, 100,0% afirmaram que sim, no entanto 4,5% não especificaram quais são os que

fazem uso.

Apesar de Silva et al (2004), afirmar que a incidência de doenças alérgicas

vem crescendo nas últimas décadas como decorrência de predisposição familiar e fatores

ambientais, como se apresenta na tabela seguinte (Tabela 2), vinte e três entrevistados

confirmaram já ter apresentado reação alérgica a algum tipo de cosmético, contudo vinte e um

dos voluntários relataram não apresentar qualquer tipo de reação alérgica a algum cosmético.

Determina, portanto a partir das respostas dada, que não há uma diferença relevante sobre as

respostas como era esperado.

Já apresentou algum tipo de reação alérgica a algum cosmético? Frequência % % Válido

Sim 23 52,3 52,3

Não 21 47,7 47,7

Total 44 100,0 100,0

Tabela 2 – Manifestação de algum tipo de reação alérgica a algum cosmético.

Fonte: Autor, 2016.

Quando questionados se alguém na família apresenta ou já apresentou

qualquer reação alérgica a um cosmético, de todos os entrevistados vinte e um afirmaram que

sim, dez pessoas garantiram que não e treze pessoas não souberam responder à pergunta.

Até há pouco tempo, os cosméticos não apresentavam riscos ou danos à

saúde, ou se os apresentavam, facilmente não eram considerados (CHIARI et al, 2012). Com

base na afirmação do autor, pode-se compreender que a dificuldade em considerar uma reação

como alérgica ou não a algum cosmético, devido ao fato que não havia relatos consideráveis

de tal afecção até pouco tempo atrás.

De entre os cosméticos que induzem essa reação adversa, o desodorante e a

maquiagem foram os cosméticos mais relatados, como desencadeadores de reações de

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

30

hipersensibilidade a cosméticos. Graças às informações cedidas, é possível analisar que

50,0% das pessoas notaram que a pele não se apresentava íntegra após a reação alérgica,

sendo as alterações mais presentes, a vermelhidão, o ardor e a coceira. Dos vinte e três

voluntários que afirmaram ter sofrido reação alérgica, apenas uma pessoa não descreveu como

a pele se apresentou após a reação.

Dentre as quarenta e quatro pessoas questionadas, apenas oito indicaram ter

feito o uso de algum tipo de medicamento para a alergia decorrente do uso de cosmético. O

uso de medicamentos tópicos (pomada, géis ou loções antialérgicas) foi a opção mais

assinalada (50,0%), associada em dois casos com o uso de medicamentos via oral

(comprimidos) (25,0%).

Na busca da prevenção de alergia causada por cosméticos não registrados na

ANVISA, a intenção da pergunta seguinte foi evitar a falta de conhecimento sobre tal

informação, primeiramente na hora da compra, ou senão quando o produto for ser utilizado.

Quando você compra algum cosmético, observa se o mesmo

possui registro na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância

Sanitária)?

Frequência % % Válido

Sim 14 31,8 31,8

Não 30 68,2 68,2

Total 44 100,0 100,0

Tabela 3 – Observação se o produto a ser utilizado possui registro na ANVISA.

Fonte: Autor, 2016.

Graças a essa pergunta é possível constatar que a maioria dos entrevistados

(68,2%), não observa se o produto possui registro na ANVISA, e somente quatorze pessoas

(31,8%) afirmaram fazer esse tipo de informação.

Considerando que as reações adversas a cosméticos são capazes de também

acontecer pelo uso inadequado, por desvios de qualidade, rotulagem e comunicação do

produto, esses pontos devem também ser examinado no exercício da Cosmetovigilância

(ANVISA).

CONSIDERACÕES FINAIS

Dentre as reações indesejadas, descritas na literatura, as alergias aos

cosméticos apresentam importante papel por ostentarem destacada importância médica. O

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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estudo das alergias em cosmetologia é significativo para a prevenção e prestação dos

primeiros cuidados ao paciente vítima de efeitos colaterais dos produtos de uso tópico. Não

obrigatoriamente o paciente com reações adversas consumiu o produto incorretamente, pois

cada indivíduo é singular, e as defesas da pele podem não diferenciar determinadas

substâncias como inertes, e começar processos que tendem a eliminá-las. Assim, entende-se a

importância de registrar todo relato de uso de produtos do paciente, a fim de não voltar a

realizar erros de prescrição.

Neste estudo aqui sucedido foi possível comprovar que há muitos casos de

reações adversas aos cosméticos em indivíduos que fazem o uso destes, e que há diversas

maneiras da pele de apresentar perante tal reação, sendo essa reação manifestada localizada

em sua maioria, se apresentando como vermelhidão, coceira e ardor. Graças aos resultados

obtidos das tabelas, conclui-se que os cosméticos mais utilizados diariamente dentre as opções

fornecidas foram o protetor solar, perfume e desodorante e a incidência das reações alérgicas

são presentes principalmente após o uso de cosméticos do tipo perfume, desodorante e

maquiagem.

Embora não seja o foco deste estudo, é importante ressaltar a questão

preocupante da automedicação devido às reações alérgicas, outro fator importante que vale ser

ressaltado é em relação ao número de produtos que não possuem registro na ANVISA, e

graças a NOTIVISA essas informações se torna mais acessível.

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INGESTA DE ÁGUA PARA HIDRATAÇÃO CUTÂNEA

WATER INTAKE FOR SKIN HYDRATION

Gabriella Coelho e Silva3

Mirela Fulgencio Rabito-Melo4

RESUMO

O presente estudo tem por objetivo demonstrar o impacto da ingesta de água na manutenção da hidratação

cutânea para um aspecto saudável. Para tanto, foram descritos a fisiologia da pele e a origem e importância da

água na composição do organismo para entendimento dos processos relacionados ao equilíbrio hídrico. A

pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica para levantamento e análise do que já foi publicado

sobre o tema e justificada pela busca do entendimento da relação entre ingesta de água como fator relevante na

manutenção da hidratação cutânea. Os resultados obtidos sugerem que a ingesta de água causa impacto positivo

na hidratação cutânea.

Palavras-chave: Ingesta de água; hidratação cutânea; envelhecimento; organismo.

ABSTRACT

This study aims to demonstrate the impact of water intake in maintaining skin hydration for a healthy

appearance. For that, it was described the physiology of the skin and the origin and importance of water in body

composition for understanding the processes related to water balance. The survey was conducted through

literature review for research and analysis of what has been published on the subject and justified by the pursuit

of understanding of the relationship between water intake as a relevant factor in maintaining skin hydration. The

results suggest that the water intake has a positive impact on skin hydration.

Keywords: Ingestion of water; skin hydration; aging; body.

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a maior parte do organismo humano é constituída de água e por esta

razão, o equilíbrio hídrico é essencial para a fisiologia humana. A água presente no organismo

é originada de três fontes: da água presente nos alimentos, a produzida no processo

metabólico e a que o indivíduo ingere (PALMA et al, 2012). A água que entra no organismo

tem que ser o suficiente para compensar as excreções, ou seja, a perda de água pela

transpiração, respiração, urina e fezes (SIZER; WHITNEY, 2003).

A água possui funções indispensáveis para o organismo humano. Em condições

climáticas e dieta normais, uma pessoa adulta necessita, para a queima diária de 2000 calorias,

3 Graduação em Tecnólogo em Estética e Cosmética

4 Farmacêutica, Doutora em Ciências Farmacêuticas – Docente do Programa de Pós-Graduação em Estética

Corporal e Facial, do Programa de Pós-graduação em Cosmetologia Clínica, do Curso de Graduação de Farmácia, Enfermagem e Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

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ingerir entre 2 a 3 litros de água para manter o equilíbrio do organismo (WILLETT, 2002;

SIZER, WHITNEY, 2003). A pele representa cerca de 15% do peso corporal do ser humano e

concentra 20% a 35% do conteúdo total de água do organismo (GIAVAROTTI, 2009).

A quantidade de água ingerida possui um papel importante na hidratação cutânea

impedindo a desidratação do estrato córneo e os sintomas de uma pele ressecada

(LEONARDI, 2008; PUJOL, SUZUKI, 2011).

Frente à importância daágua na hidratação do organismo e sendo a pele um órgão

que concentra uma significativa quantidade de água, estapesquisa buscaráconhecer a

importância da ingesta de água na manutenção da hidratação cutânea para um aspecto

saudável e justifica-se na busca do entendimento da perda e retenção de água na superfície

cutânea.

No decorrer da pesquisa pretende-se alcançar objetivos mais específicos, como

destacar a importância da água na composição do organismo bem como sua necessidade

basal, pesquisar sobre o equilíbrio hídrico do organismo, descrever a fisiologia da pele,

investigar os fatores de hidratação e permeabilidade cutânea, pesquisar sobre a interferência

do envelhecimento na hidratação cutânea e orientar sobre a ingesta adequada de água para o

equilíbrio hídrico do organismo visando amanutenção hídrica da pele para um aspecto

saudável.

A abordagem teórica foi organizada em tópicos iniciando pela estrutura e fisiologia

da pele, seguido tópicos que abordam a importância da água para o organismo humano e seu

papel na hidratação cutânea. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica que abrangeu

estudos já tornados públicos como periódicos, livros, pesquisas, monografias, teses e

dissertações.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica que para Ribeiro e Souza

(2004) “consiste no exame da literatura científica, para levantamento e análise do que já se

produziu sobre determinado tema”.

A opção pela pesquisa bibliográfica deu-se em razão desta propiciar o estudo do

tema sob um enfoque que conduza a considerações inovadoras sobre a importância da ingesta

de água para a hidratação da pele e na manutenção de um aspecto saudável. Esta pesquisa

abrange bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo como periódicos, livros,

pesquisas, monografias, teses e dissertações disponibilizadas nas Bibliotecas da UniFil

Central (campus JK) e Setorial (campus Canadá) e sites Scielo e Google Acadêmico.

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36

A busca bibliográfica inicial (para definição do assunto-problema) aconteceu nos

meses de junho a agosto do ano de 2015, sendo a mesma realizada por meio físico e por

sistema informatizado de busca, cujo critério adotado para seleção das publicações foi o

período dos últimos 13 anos acerca da discussão sobre a temática.

Os critérios básicos de seleção das publicações foram os que apresentaram o artigo

na íntegra, na língua portuguesa ou inglesa e abordoutemas relacionados à anatomia e

fisiologia da pele, a água no organismo humano, o envelhecimento cutâneo, a hidratação da

pele e a importância da ingesta de água para a manutenção da hidratação utilizando os

seguintes descritores: pele, anexos cutâneos, água, permeabilidade, hidratação cutânea,

envelhecimento cutâneo, desidratação cutânea e organismo, por exemplo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Pele

Todos os grupos de células que possuem estrutura e função semelhantes se definem

como um tecido. O tecido epitelial é um dos tecidos que compõem o organismo humano.

Dentro dele está o sistema tegumentar, constituída pela pele e seus anexos. A pele é um órgão

externo, com capacidade de regeneração em condições normais, que protege o organismo

revestindo-o e delimitando-o. Sua plasticidade é determinada pela sua flexibilidade e

resistência (GIAVAROTTI, 2009; RIZZO, 2012).

Cerca de15% do peso corporal do homem corresponde à pele, sendo 70% do seu

peso (desconsiderando tecido adiposo) composto de água. Além disso, concentra 20% do

conteúdo total de água do organismo (GIAVAROTTI, 2009).

A pele exerce diversos papéis no organismo, dentre eles, a manutenção da

homeostase, a proteção das variações advindas do meio externo funcionando como uma

barreira química, imunológica, microbiana e física contra radiações elétricas e térmicas;

captação de informações sensoriais dolorosas, térmicas e tátil; realização de secreções

glandulares, agindo também como sinalizadora sexual e, ainda, a sintetização da vitamina D

(GIAVAROTTI, 2009;PIAZZA, 2012).

Atualmente, considera-se que a pele é composta por epiderme e derme. A hipoderme,

antes considerada a terceira camada da pele, localizada abaixo da derme, não possui

descontinuidade estrutural com esta, como o que ocorre entre epiderme e derme por meio da

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lâmina basal que as separam, passando a ser a hipoderme considerada uma camada de gordura

subcutânea (GIAVAROTTI, 2009).

Epiderme

A epiderme está localizada acima da derme, sendo assim, a camada mais externa da

pele. É formada por células epiteliais escamosas, estratificadas e queratinizadas que são

unidas pelos desmossomos. Atua como barreira no organismo contra a entrada de substâncias

estranhas e protegendo-o do ambiente externo, além de evitar a perda de nutrientes, eletrólitos

e água. Sua espessura varia entre 0,06mm e 1,3mm possuindo maior espessura em locais com

mais peso e abrasão. Possui em sua composição quatro principais células: os queratinócitos,

os melanócitos, células deLangerhans e células de Merkel (GIAVAROTTI, 2009; PIAZZA,

2011; RIZZO, 2012).

A epiderme é dividida em subcamadas criadas pelo processo de queratinização,

sendo elas, da mais externa até mais profunda: camada córnea, camada lúcida, camada

granulosa, camada espinhosa e camada basal. Em especial, a camada lúcida é mais expressiva

e abundante em regiões palmoplantares. A epiderme não possui irrigação sanguínea direta

sendo os nutrientes transportados por difusão capilar (GIAVAROTTI, 2009; PIAZZA, 2011;

RIZZO, 2012).

Derme

A Derme é uma camada da pele localizada abaixo da epiderme. Quando comparada à

epiderme, a derme é relativamente pobre em células. É constituída por tecido conjuntivo,

substância fundamental amorfa (SFA), fibras colágenas e elásticas, vasos sanguíneos e

linfáticos, músculo liso, nervos e anexos cutâneos. Sua espessura varia de 0,6 mm e 3 mm

possuindo maior espessura no dorso do corpo e mais grossa nos homens (GIAVAROTTI,

2009; PIAZZA, 2011; RIZZO, 2012).

A derme subdivide-se em camada papilar e camada reticular não possuindo um

limite distinto entre elas. A camada papilar está adjacente à epiderme enquanto a camada

reticular está localizada entre camada papilar e camada de gordura subcutânea. A camada

subcutânea de gordura é responsável pela união da derme à estruturas subjacentes, como

ossos e músculos. A camada papilar se constitui de tecido conjuntivo frouxo, havendo nesta

uma predominância de células e feixes de colágeno finos dispostos perpendicularmente à

superfície. Na camada reticular os feixes de colágeno são mais grossos e ondulados

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dispostosde modo paralelo à superfície cutânea (GIAVAROTTI, 2009; PIAZZA, 2011;

RIZZO, 2012).

Camada subcutânea de gordura

A camada subcutânea de gordura, localizada abaixo da derme, é formada por tecido

adiposo constituído de células adiposas, ácidos polissacarídeos, que realizam a lubrificação do

tecido e cordões fibrosos, chamados de trabéculas interlobulares, originados da

dermeresponsáveis por sua sustentação. Sua espessura varia de acordo com sua localização e

idade. Esse tecido é ricamente vascularizado e possui como principais funções o

armazenamento de energia, o isolamento térmico, a proteção contra choques mecânicos e o

preenchimento de espaços internos, além de modelar o corpo, participando nas diferenças

entre o corpo feminino e masculino (LEONARDI, MATHEUS, 2008; GOMES, DAMAZIO,

2009).

Estruturas associadas à pele

A pele possui estruturas que promovem um melhor desempenho a ela. Dentre essas

estão as unhas, os pelos, as glândulas sudoríparas, ceruminosas e sebáceas, os vasos e os

nervos. Essas estruturas executam funções vitais para o corpo, como proteção, por exemplo, e

estão dispostas nas camadas cutâneas (GOMES, DAMÁZIO, 2009; PIAZZA, 2011).

Importância da água na composição do organismo

A molécula de água é uma substância composta por dois átomos de hidrogênio e um

de oxigênio que se ligam por covalência e tem característica polar (SERAFIM et al, 2004;

RIZZO, 2012).

Conforme Douglas (1999) apud Serafim et al (2004) o conteúdo total de água é

denominado o solvente aquoso de todos os líquidos do organismo, tanto dentro como fora das

células.

A água é a substância de maior abundância presente nas células vivas, cerca de 60%

a 80%, compondo 60% do peso corporal. Quando refere-se à sobrevivência, sua importância é

menor, apenas, que a presença do oxigênio para manutenção da vida. (SERAFIM et al, 2009).

A água possui funções indispensáveis, são elas: o transporte de nutrientes, a

preservação da temperatura corporal, a limpeza de metabólitos do sangue, a diluição de

vitaminas, minerais e outras moléculas pequenas e a lubrificação nas articulações, olhos,

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espinha dorsal e outros locais que ocorrem choques mecânicos (SIZER, WHITNEY, 2003;

RIZZO, 2012).

Diferentes circunstâncias causam variação na distribuição de água no organismo,

entretanto, o total de água presente no corpo mantém-se relativamente constante (SERAFIM

et al, 2009).

Necessidades basais de água

A água constitui parte integral do organismo. Uma pessoa pode sobreviver por um

período de meses ou anos com a falta de outro nutriente, porém sobrevive poucos dias sem a

água (SIZER, WHITNEY, 2003).

O volume de água varia no organismo, principalmente em mulheres no período

menstrual que apresentam maior retenção de líquido. A retenção hídrica pode acontecer

também em indivíduos com uma dieta rica em sal (sódio). Isso poderá causar mudanças

significativas na balança, pois a quantidade de água pode mudar do dia para a noite, mudando,

consequentemente, o peso corporal do indivíduo (SIZER, WHITNEY, 2003).

Para Willett (2002) “Uma pessoa comum precisa de cerca de um mililitro de líquido

para cada caloria queimada. Isso corresponde cerca de 125 calorias ou oito copos de cerca de

225 ml para uma dieta de 2.000 calorias diárias.” Essa quantidade pode variar de acordo com

a umidade, temperatura, alimentação e prática de atividade física.

Alguns mecanismos como a saciedade e a sede controlam a ingesta de água. Esse

controle é feito através da concentração do sangue, podendo atrair a água das glândulas

salivares ocasionando a sensação de boca seca e o desejo de ingerir água, pode gerar impulsos

pelo hipotálamo ativando o controle do centro da sede ou ainda pelo hipotálamo solicitar dos

rins a liberação de água para a corrente sanguínea. Quando ocorre a maior concentração do

sangue o organismo passa a excretar menos líquido e necessitar de maior quantidade de água

até que seja refeito o equilíbrio hídrico. Para que não haja um desequilíbrio é fundamental

ingerir água ao sentir sede, antes mesmo de senti-la e ingerir o suficiente até que se observe

uma coloração clara na urina (WILLETT, 2002; SIZER, WHITNEY, 2003).

Para evitar uma perda exacerbada de líquido, o organismo possui diferentes

mecanismos que agem através de vários hormônios, das passagens nasais, dos rins e da pele a

fim de manter o balanço hídrico no corpo, todavia, a perda de água ocorre diariamente e exige

uma ingesta correspondente ao que foi perdido para manutenção do equilíbrio (WILLETT,

2002; SIZER, WHITNEY, 2003).

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Permeabilidade cutânea

A permeabilidade cutânea se resume basicamente em sua capacidade de permitir a

passagem de substâncias através de sua superfície atingindo estruturas mais profundas,

podendo chegar até a corrente sanguínea (GOMES, DAMAZIO, 2009; GIAVAROTTI,

2009).

De acordo com Ferreira e Beninatto (1998) apud Serafim (2009) “Com exceção do

tecido ósseo, no qual a água é mantida encapsulada, existe um intercâmbio constante entre os

líquidos intra e extracelulares através das membranas das células”.

A principal barreira de permeabilidade cutânea é o estrato córneo pelo seu elevado

teor de lipídios, pelas suas células queratinizadas e a quantidade de apêndices, tornando-se,

desse modo, a camada menos permeável da epiderme. Apesar disso, o estrato córneo também

é responsável por proteger a epiderme do ambiente externo e impedir a perda excessiva de

água, sendo assim, manter sua hidratação se revela importante condição para determinar sua

aparência saudável, manter sua integridade e conservar sua permeabilidade adequada

(LEONARDI, 2008; GIAVAROTTI, 2009; PUJOL, SUZUKI, 2011).

A penetração de substâncias na pele através da difusão do ativo pode ocorrer por três

vias, são elas: a via transepidérmica (ocorre de forma intercelular ou extracelular); via de

glândula sudorípara (ocorre no ducto da glândula sudorípara); e via transanexiais (ocorre no

folículo piloso e nas glândulas sebáceas) (LEONARDI, 2008; GOMES, DAMAZIO, 2009).

Posto que as características do estrato córneo tenham papel importante na permeação

da pele, o veículo na qual é empregado a substância tem influência considerável. Quando este

contém agentes promotores de absorção, facilitam e aumentam a permeabilidade, por alterar

de modo reversível, a resistência natural do estrato (LEONARDI, 2008).

Alguns fatores podem interferir no nível de permeabilidade cutânea para a passagem

de substâncias pela pele. São eles: fatores biológicos, fisiológicos, cosmetológicos; e físico-

químicos. Fazem parte desses fatores características como a espessura da epiderme, o nível de

hidratação da pele, o fluxo sanguíneo da região, a concentração, solubilidade, veículo, tempo

de exposição e peso molecular do cosmético, capacidade de difusão, pH, entre outros. E

alguns procedimentos estéticos podem auxiliar nessas características como a limpeza de pele,

o peeling, a alteração de pH e hidratação profunda, por exemplo (GOMES, DAMAZIO,

2009).

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Hidratação da pele

O maior órgão do corpo humano, a pele, trata-se de um órgão externo que protege o

meio interno de todos os tipos de agentes agressores e é submetida a fatores que diminuem a

quantidade de água no estrato córneo como o vento, a baixa umidade relativa do ar, o sol, a

temperatura, as substâncias tensoativas desengordurantes em excesso, os solventes orgânicos,

algumas doenças (hipotireoidismo, eczema, psoríase e dermatoses) e loções com elevado teor

alcóolico que comprometem a integridade orgânica e colocam em risco a qualidade do manto

hidrolipídico, causando a desidratação da pele (BORGES, 2006; GOMES, DAMAZIO, 2009;

PUJOL, SUZUKI, 2011).

A hidratação cutânea é definida como a capacidade que a pele tem de reter água

pelas trocas com o meio ambiente e pelo estrato córneo. Essa hidratação depende de vários

fatores, que irão preservar a quantidade de água no estrato córneo (20% a 35%) impedindo

sua desidratação, evitando os sintomas de uma pele ressecada. Tais fatores são: o transporte

de água que ocorre das camadas inferiores para o estrato córneo; a umidade e temperatura do

ambiente; a velocidade do processo de queratinização; a composição e quantidade da emulsão

de hidratação natural da pele (HPN) e a quantidade de água ingerida(LEONARDI, 2008;

GOMES, DAMAZIO, 2009; PUJOL, SUZUKI, 2011).

A água localizada no estrato córneo pode ter sua origem exógena (quando provém da

umidade relativa do ar) e endógena (quando oriunda da água ingerida que através da difusão

celular é levada até a superfície cutânea e derme). É possível concluir através disso que

indivíduos que vivem em regiões de clima seco demonstram maior nível de desidratação na

pele por terem sua hidratação exógena afetada ocasionando, além disso, a aceleração do

processo de envelhecimento (GOMES, DAMAZIO, 2009)

A hidratação natural da pele pode ocorrer essencialmente no organismo de dois

modos sendo eles através dos produtos das glândulas sudoríparas (água e íons de potássio,

sódio, cloreto, ureia, ácido úrico e amônia) e glândulas sebáceas (ésteres de colesterol,

colesterol, triglicerídeos e ácidos graxos livres) que são formadores do manto hidrolipídico e

através da sintetização de substâncias emanadas da decomposição dos ceratinócitos que se

unem ao manto hidrolipídico e formam o HPN que conta com elevado poder de higroscopia

que retém as moléculas de água provenientes da absorção de um cosmético, da transpiração e

perspiração ou, até mesmo, a água captada do ar atmosférico impedindo que elas evaporem

(GOMES, DAMAZIO, 2009; PUJOL, SUZUKI, 2011).

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Segundo Borges (2006) e Fernandes (2008) os mecanismos de hidratação da pele

consistem em conservar sua emulsão natural podendo ser realizada por meio da superfície

cutânea, pelos umectantes e oclusivos e de maneira intracelular, pelos ativos do HPN. São

eles:

Hidratação por Umectação: A hidratação por umectação ocorre através de

agentes higroscópicos, retendo a água na superfície da pele. Além de hidratarem a pele

também mantém a propriedade hidratante de uma emulsão cosmética. Entre os melhores

agentes umectantes estão o colágeno, por ter sua cadeia molecular rica em radicais

hidroxiprolina e prolina e os polialcoóis como o propilenoglicol e glicerol, principalmente.

Geralmente são associadas matérias-primas umectantes com oclusivas a fim de melhorar a

propriedade hidratante do produto e garantir umidade maior no local.

Hidratação em Nível Celular (HPN): A formação das substâncias do HPN

acontece durante o processo de queratinização na camada granular onde ocorre a

decomposição de querato-hialina em proteína fibrila que se decompõe em seus aminoácidos:

ureia, Ácido Pirrolidona Carboxílico (PCA), ácido hialurônico, lisina, ácido málico, ácido

lático, pentaglycans, etc. Esses aminoácidos em conjunto formam o HPN. O HPN

solubilizado na parte oleosa e aquosa do epitélio dá origem ao manto hidrolipídico. A

hidratação a nível celular é obtida pela concentração dos princípios ativos do HPN que agem

na estrutura celular. Também possuem propriedade higroscópica, como os alfahidroxiácidos.

Os princípios ativos mais ultilizados nesse mecanismo de hidratação são: PCA, ácido lático,

ácido hialurônico, ureia e sulfato de condroitina e quando associados a agentes oclusivos de

origem animal e vegetal e agentes umectantes recuperam as propriedades naturais e reidratam

a pele.

Hidratação por Oclusão: A hidratação por oclusão impede que a água presente

na pele evapore por meio de uma película que é formada na pele pelos óleos vegetais, animais

ou modificados. Eles permeiam o epitélio e aprisionam as moléculas de água que estão no

estrato córneo originadas da maturação celular. São indicados porque além de proporcionarem

oclusão leve e reduzir perda de água, também dão textura aveludada e maciez a pele. Os óleos

mais usados em cosmetologia são: óleo de semente de uva, óleo de amêndoas, óleo de jojoba,

óleo de macadâmia, lanolina-etoxilada, ácido mirístico, ácido esteárico, ceras vegetais ou

animais e lanolina.

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Consequências de uma pele desidratada

A desidratação no organismo ocorre quando há um desequilíbrio dos fluidos

corporais e suas causas são, basicamente, a eliminação excessiva de suor e urina e a

diminuição da ingesta hídrica. Quando acontece a nível cutâneo possui como principal

característica o ressecamento (RIBEIRO, 2006; GOMES, DAMAZIO, 2009).

É comum pessoas de pele seca apresentarem a pele desidratada, porém, é importante

diferenciar que na pele seca se observa a falta de umectação e água adequada nas camadas da

epiderme enquanto na pele desidratada nota-se falta de umidade na derme. Portanto, a

desidratação pode se manifestar em todos os tipos de pele em qualquer momento da vida e

pode estar ligada a fatores internos e externos, como, por exemplo: o estresse, sexo, idade,

contato com solventes orgânicos e detergentes e algumas doenças (dermatite, ictiose,

psoríase) (RIBEIRO, 2006; GERSON, 2011; ALVES et al, 2012).

A pele desidratada torna-se descamativa, fina, com aspecto esticado, seca, áspera e

menos elástica. Ingerir bastante água e tratá-la com hidratantes a nível celular (HPN),

umectantes e oclusivos podem minimizar os efeitos negativos e recuperar a umidade

adequada na derme (BORGES, 2006; MILAN, 2007; GOMES, DAMAZIO, 2009).

Interferência do envelhecimento na hidratação da pele

O envelhecimento é um processo de degradação progressiva do organismo onde

ocorre o decréscimo da capacidade de reserva e funcionamento dos órgãos do corpo. O seu

início e gravidade dependerão de várias causas endógenas e exógenas na qual o indivíduo

esteve exposto durante toda a vida. Essas causas classificam o envelhecimento em intrínseco,

referente às causas endógenas e extrínseco que está ligado às causas exógenas (RIBEIRO,

2006; LEONARDI, 2008; PIAZZA, 2011, RODRIGUES 2012).

Para Ribeiro (2006) e Gomes, Damazio (2009) o envelhecimento recebe duas

classificações básicas, são elas:

Envelhecimento intrínseco: também chamado de cronológico, todos os

indivíduos estão sujeitos. Determinado por fatores genéticos ocorrendo lentamente. Nesse tipo

de envelhecimento a pele apresenta-se seca, sem manchas, suave, frágil, transparente, com

rugas finas, leve atrofia e perda de elasticidade.

Envelhecimento extrínseco: também chamado de fotoenvelhecimento é

observado em áreas expostas as radiações ultravioletas. Nessa classificação a pele apresenta

manchas escuras (hiperpigmentação) ou claras (hipopigmentação) e rugas mais profundas. No

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início a pele é espessa e, possivelmente, se torna atrófica. A maioria dos danos causados pela

radiação UV ocorre nas duas primeiras décadas de vida sendo cumulativo durante a vida.

O envelhecimento extrínseco se sobrepõe ao intrínseco sendo 85% das rugas uma

consequência da exposição ao sol (RIBEIRO, 2006; GOMES, DAMAZIO, 2009).

Algumas alterações são observadas na pele com o processo de envelhecimento, uma

delas é a deficiência de renovação celular, redução na eficiência da circulação e diminuição na

produção de hormônios. Seus principais sinais são manchas, rugas, perda de luminosidade e

pele seca. Essas mudanças atingem a hidratação da pele por afetarem diretamente o HPN

tornando-a fina, seca, enrugada e menos firme. Somando ao espessamento do estrato córneo a

retenção de água não acontece como antes e sua permeabilidade reduzida dificulta a absorção

da umidade do ambiente e ativo de cosméticos hidratantes (LEONARDI, 2008; GOMES,

DAMAZIO, 2009; PIAZZA, 2011).

Com o avanço da idade a água corporal diminui gradativamente e os idosos podem

chegar a ter de 40% a 50% apenas do seu peso corporal composto por água. Essa diminuição

ligada ao sistema circulatório deficiente e a menor taxa de suor, prejudica a adaptação a

mudanças de temperatura, tornam o idoso mais suscetível ao estresse pelo calor aumentando o

risco de desidratação (SERAFIM et al, 2004; SOUZA et al, 2007; GOMES, DAMAZIO,

2009; RODRIGUES, 2012).

Relação entre ingesta de água e hidratação cutânea

Embora Wolf e colaboradores (2010), através de um estudo de revisão sobre a

relação entre o consumo de água e a hidratação da pele, não tenham encontrado provas

científicas dessa associação, considerando-a mito. Um estudo recente de Palma et al (2012),

quantificouo impacto dietáriode água comprovando alteração significativa na hidratação

profunda e superficial da epiderme.

No estudo realizado por Palma et al (2012), intitulado “Relação entre a ingestão

dietária de água e a hidratação cutânea”, foram selecionadas 11 mulheres saudáveis, com

idade entre 22 e 34 anos, não fumantes, sem medicação tópica ou sistêmica e com interesse e

disponibilidade para participar da pesquisa. As voluntárias foram separadas em dois grupos

baseados no valor médio de água total consumido onde o grupo 1 foi constituído de cinco

voluntárias, com consumo médio de água de 1700,4 mLe o grupo 2, constituído de seis

voluntárias, o consumo médio foi de 3420,4mL.

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Ao longo do estudo as voluntárias concordaram em permanecer com os hábitos de

higiene e cuidados corporaisnas áreas em estudo (mão, antebraço, perna, fronte e zona

zigomática)e manter o padrão de sua alimentação. Também se comprometeram a não aplicar

produtos de higiene ou cuidado corporal nas zonas citadas nos dias das mensurações que eram

feitas a partir da bioimpedância para quantificar a água intra e extracelular (PALMA et al,

2012).

Palma et al (2012), levaram em conta o Valor Dietário de Referência para mulheres

(DietaryReferenceValue – DVR) presente na EuropeanFoodSafetyAuthory (EFSA) de 2L/dia

e acrescentaram esse valor ao conteúdo normal de cada voluntária durante um mês,

incorporando a média do Grupo 1 = 1700,4 + 2000,0 e ao Grupo 2 = 3420,4 + 2000,0.

No fim do estudo foi possível concluir que se tratando de hidratação cutânea

superficial, o grupo 1 obteve aumento significativo em zona de fronte e antebraço, tanto na

metade do estudo (15 dias) quanto no fim (30 dias), e nas outras áreas foi observado aumento

significativo somente ao fim dos 30 dias; enquanto o grupo 2 obteve aumento apenas em zona

frontal no final do estudo. Já na hidratação cutânea profunda o grupo 1 demonstrou aumento

de hidratação em mão, antebraço, zona zigomática e perna, e o grupo 2 demonstrou apenas

em zona frontal e perna (PALMA et al, 2012).

Considerando que o valor adicional de água (2L/dia) não afeta o volume de

distribuição de água no organismo esses resultados revelam que as alterações na fisiologia da

pele podem estar relacionadas diretamente com o aumento da ingesta de água introduzido,

sendo importante frisar que esses resultados foram observados principalmente em áreas

menos hidratadas. Quando se trata de hidratação profunda foi possível analisar que as

alterações obtidas na hidratação superficial repercutem na hidratação profunda sugerindo que

aporte maior de água pode causar melhoria nos processos fisiológicos da pele sendo possível

concluir, através desse estudo, a primeira evidência de uma relação direta entre ingesta de

água e hidratação cutânea (PALMA et al, 2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo buscou-se apresentar a fisiologia da pele sendo esta o maior órgão do

corpo humano e responsável pela proteção do organismo, revestindo-o e delimitando-o

(GIAVAROTTI, 2009; RIZZO, 2012). A pele corresponde a 15% do peso corporal e

concentra 20% do conteúdo total de água no organismo (GIAVAROTTI, 2009). A água é a

substância de maior abundância no organismo constituindo 70% do peso corporal e tem

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menos importância, apenas, que o oxigênio para manutenção da vida (GIAVAROTTI, 2009;

SERAFIM et al, 2009). Para evitar sua perda exacerbada o organismo possui mecanismos que

agem através das passagens nasais, rins, pele e hormônios a fim de manter o equilíbrio

hídrico, ainda assim, o corpo perde água diariamente e exige uma ingesta correspondente para

manutenção do equilíbrio (WILLETT, 2002; SIZER, WHITNEY, 2003).

A pele é exposta diariamente a fatores que prejudicam sua hidratação e colocam em

risco a qualidade do manto hidrolipídico, um deles é o envelhecimento que diminui

gradativamente o percentual de água no peso total do indivíduo deixando-o mais suscetível a

desidratação que traz como consequências uma pele descamativa, fina, com aspecto esticado,

seca, áspera e menos elástica (SERAFIM et al, 2004; BORGES, 2006; GOMES, DAMAZIO,

2009; PUJOL, SUZUKI, 2011; RODRIGUES, 2012). Por outro lado, fatores como o

transporte de água, a umidade, a temperatura, o processo de queratinização, a composição e

quantidade da HPN e a quantidade de água ingerida mostram-se importantes coadjuvantes na

manutenção da hidratação cutânea (LEONARDI, 2008; GOMES, DAMAZIO, 2009; PUJOL,

SUZUKI, 2011).

Considerando os resultados do estudo em questão, por meio de revisão bibliográfica,

foi possível concluir que a ingesta de água demonstrou impactos positivos na hidratação

cutânea e revelou a importância do aumento da ingesta hídrica para uma melhora do aspecto

da pele. Em razão da pouca disponibilidade de estudo in vivo específico sobre o assunto dessa

pesquisa aponta-se a necessidade de maior atenção da academia sobre o tema.

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AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DOS TRATAMENTOS

ESTÉTICOS PARA RUGAS DURANTE O INVERNO NAS CLÍNICAS DE

LONDRINA

QUANTITATIVE AND QUALITATIVE EVALUATION OF AESTHETIC

TREATMENTS FOR WRINKLES DURING WINTER IN LONDRINA CLINICS

Ana Paula Bomba dos Reis1

Renata Carolini de Souza2

RESUMO

A pele, o maior órgão externo do nosso corpo, é muito vulnerável ao envelhecimento, levando ao

aparecimento de rugas que, no entanto, podem ser amenizadas com os tratamentos existentes. Neste

estudo, foram avaliados quantitativa e qualitativamente, através de questionários, os tratamentos para

rugas durante o inverno em duas clínicas de estética na cidade de Londrina. Foram observados que

durante o inverno a busca por tratamentos para rugas é grande, principalmente por mulheres na faixa

etária de 31 a 50 anos. A maioria dos pacientes se expõem ao sol muitas vezes ao dia, não usam protetor

solar e são fumantes, no entanto afirmam beber, no mínimo, quatro copos de água por dia. A maioria

estava insatisfeita com as rugas, e para tratar, buscaram o peeling, seguido por radiofrequência,

eletrolifting e microcorrente. Após esses tratamentos, a maioria ficou satisfeita com os resultados e

pretendem mantê-los. Contudo, é notável o grande interesse das pessoas em melhorar a aparência das

rugas buscando tratamentos eficazes, aumentando sua autoestima.

Palavras-chave: Pele, Envelhecimento cutâneo, Rugas.

ABSTRACT

The skin, the largest external organ of our body, is very vulnerable to aging, leading to the appearance of

wrinkles that, however, can be softened with existing treatments. In this study, the treatments for wrinkles

during winter in two aesthetic clinics in the city of Londrina were quantitatively and qualitatively

evaluated through questionnaires. It was observed that during the winter the search for treatments for

wrinkles is great, mainly by women in the age group from 31 to 50 years. Most patients expose

themselves to the sun many times a day, do not wear sunscreen and are smokers, however they claim to

drink at least four glasses of water a day. Most were dissatisfied with wrinkles, and to treat, they sought

peeling, followed by radiofrequency, electrolytic and microcurrent. After these treatments, most were

satisfied with the results and intend to maintain them. However, it is notable that people are keen to

improve the appearance of wrinkles by seeking effective treatments, increasing their self-esteem.

Keywords: Skin, Skin aging, Wrinkles.

1 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil

Londrina PR. 2Professora Orientadora, Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário

Filadélfia – Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento natural dos indivíduos recebe o nome de senescência,

um processo progressivo e irreversível com alterações em todo organismo (Vieira,

2007; Teixeira e Guariento, 2010), inclusive a pele. A pele é o órgão mais extenso do

corpo humano, que exerce várias funções, tais como proteção contra agentes externos e

agressões, controle de temperatura, metabolismo de vitamina D, funções sensoriais,

entre outros (Vaz, 2014). O envelhecimento cutâneo pode ser intrínseco, relacionado

com a genética de cada indivíduo e extrínseco, causado pela exposição ao sol, poluição,

tabagismo, entre outros (Ribeiro, 2006). As rugas surgem quando o colágeno fica mais

rígido, ocorre uma diminuição de elasticidade, decadência do tecido conjuntivo e

desidratação da pele (Oliveira e Gomes, 2014). As rugas podem ser dinâmicas ou de

expressão que aparecem com o movimento resultante da contração muscular; estáticas

ou profundas que são resultantes da fadiga das estruturas da pele; superficiais que são

finas penetrando a epiderme, e gravitacionais que resultam da flacidez da pele (Guirro e

Guirro, 2004). O aparecimento das rugas é inevitável, no entanto, pode ser amenizado

através de diversos tratamentos não invasivos que existem atualmente, como o peeling

(Bagatin et al., 2009), radiofrequência (Silva et al., 2014), eletrolifting (Barbosa e

Campos, 2013), microcorrente (Macedo e Tenório, 2015) e o uso de cosméticos que

contenham ativos como vitaminas antioxidantes e outros (Ferreira et al., 2016).

METODOLOGIA

Neste trabalho, duas clínicas de estética, após autorização prévia, foram

utilizadas para a coleta de dados, sendo a Clínica de Estética UniFil e a Clínica de

Estética Beleza Real, ambas localizadas na cidade de Londrina, Paraná, Brasil. Para a

análise quantitativa foram realizadas coletas de dados referentes ao número total de

procedimentos realizados para a região facial (voltados para rugas) corporal e capilar no

mês de julho de 2017.

Para a avaliação qualitativa, foram considerados apenas os tratamentos

para rugas. Foram avaliadas um total de 100 pacientes após terem realizado algum

procedimento estético para rugas. Desse total, 50 pacientes foram da clínica de estética

da UniFil e 50 da clínica Beleza Real durante todo o mês de julho de 2017. Para isso, os

pacientes responderam a um questionário incluindo perguntas sobre idade, sexo, hábitos

de vida, satisfação com procedimento, entre outros. Os pacientes responderam ao

questionário de forma voluntária sem a necessidade de identificação após receberam

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uma via do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para ser melhor

informado e dar o seu consentimento na participação da pesquisa, que obteve aprovação

do Comitê de Ética 60706316.1.0000.5217.

Após a coleta, os dados das duas clínicas foram misturados e foram

realizadas as análises e interpretação com a utilização do programa Microsoft Office

Excel para disposição dos dados em gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise quantitativa dos tratamentos estéticos

A área da estética é muito importante para a economia brasileira, visto

que sempre está em constante crescimento e movimenta o mercado nas vendas de

produtos cosméticos, realização de procedimentos, além de ser responsável pelo

emprego de milhares de pessoas. Com o constante crescimento da tecnologia há

também o aumento de inovações na área da estética cada vez mais eficientes, inclusive

aqueles direcionados ao tratamento das rugas (Barros e Oliveira, 2017).

Neste estudo, foram avaliados nas clínicas pesquisadas os tratamentos

estéticos mais procurados e foi observado que a grande maioria da procura (52%) foi

para a região facial para rugas, seguida por corporal (29%) e capilar (19%) (Figura 1).

Esses resultados eram esperados, pois, no inverno a intensidade dos raios ultravioletas

são menores, o que facilita a recuperação da pele após a realização de procedimentos

faciais mais abrasivos. A aplicação de ácidos no rosto, por exemplo, agride a epiderme e

promove sua renovação, deixando-a muito sensível ao sol (Bagatin et al., 2009). Além

disso, sabemos que no inverno muitas pessoas diminuem a preocupação com o corpo e

cabelo, visto que, com o frio há menor exposição do corpo em praias ou piscinas, que

também agridem muito os fios de cabelo.

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Figura 1- Porcentagem dos tratamentos estéticos procurados no inverno nas clínicas de estética em

Londrina.

Análise qualitativa dos tratamentos para rugas

A preocupação com a boa aparência é algo natural, porém atualmente

têm se notado um grande aumento nessa preocupação, onde muitas pessoas dedicam

grande parte do seu tempo e dinheiro com ela (Barros e Oliveira, 2017). O passar dos

anos pode se tornar algo traumático para alguns devido o aparecimento das rugas no

rosto, que, por sua vez, acabam se submetendo a cirurgias plásticas que, muitas vezes,

levam a deformação da face. No entanto, sabemos que existem tratamentos que

amenizam muito as rugas e as linhas de expressão (Souza et al., 2007) e, além disso, o

indivíduo permanece com naturalidade e beleza preservados. Essa procura sempre foi

maior no sexo feminino, embora saibamos que isto está mudando atualmente, neste

estudo, através dos questionários aplicados, nós observamos a predominância das

mulheres com 77%.

O aparecimento das rugas geralmente ocorre a partir dos 30 anos de

idade. Isso acontece devido a vários fatores interligados, sendo um deles a menor

atividade dos fibroblastos na produção dos constituintes da matriz extracelular. Isso é

algo natural, no entanto, outros fatores associados como o tabagismo e exposição solar

prolongada podem agravar as rugas na pele (Ribeiro, 2006). Foram observados que a

maioria dos pacientes (61%) que procuraram tratamentos para rugas estão na faixa

etária entre 31 a 50 anos (Figura 2). Esse resultado era esperado já que é nesta faixa

etária que as rugas começam a aparecer e permanecem tendendo a aumentar,

preocupando muito os pacientes deste grupo pois o aparecimento da primeira ruga ou

linha de expressão pode assustar muito. A faixa etária entre 51 a 70 anos apresenta

indivíduos com maior quantidade de rugas e flacidez na pele e, de certa forma, já estão

Facial 52%

Capilar 19%

Corporal 29%

Tratamentos procurados

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mais habituados com essa nova situação, no entanto procuram os tratamentos para

amenizar e prevenir o aumento, assim, este grupo apresentou grande quantidade de

pacientes (28%). Já a faixa etária entre 18 a 30 anos foi menos abundante (11%) pois os

pacientes deste grupo provavelmente possuem rugas ainda bem suaves ou linhas de

expressão quase imperceptíveis, portanto buscando a prevenção (Figura 2).

Figura 2.Gráfico demonstrando a faixa etária dos pacientes pesquisados.

Como é sabido, a exposição ao sol apresenta inúmeros benefícios à saúde

dos seres vivos, entretanto é recomendada em determinados horários onde a intensidade

dos raios solares ultravioleta são menores (Rezende et al., 2015). No entanto, a

exposição solar fora desses períodos, prolongada e sem proteção adequada favorece o

envelhecimento, queimaduras, além de ser responsável por doenças da pele, como o

câncer (Araujo e Souza, 2008). Os raios ultravioleta degradam as fibras colágenas e

elásticas da pele, permitindo o aparecimento das rugas (Simis e Simis, 2006). Neste

estudo, foram constatados que 61% dos pacientes se expõem ao sol até 2 vezes ao dia e

27% o dia todo (Figura 3). As pessoas, de alguma forma são expostas ao sol, seja no

horário de trabalho ou nos afazeres do dia-a-dia, e isso é algo natural. No entanto, a

exposição prolongada, como o dia todo, e ainda sem proteção é muito prejudicial a pele.

Apenas 12% dos pacientes relataram não se exporem ao sol, o que também é prejudicial

já que o sol auxilia, por exemplo, na síntese de vitamina D (Rezende et al., 2015). Dessa

maneira, é necessário a conscientização sobre a exposição solar com moderação e

proteção.

18 a 30 11%

31 a 50 61%

51 a 70 28%

0%

Faixa etária

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54

Figura 3.Gráfico demonstrando a frequência de exposição solar pelos pacientes.

A proteção solar com a utilização dos filtros solares é imprescindível

para prevenção de rugas (Araujo e Souza, 2008), principalmente nas pessoas que se

expõem ao sol o dia todo e todos os dias. Foi observado que a maioria dos pacientes

(38%) relataram não usar filtro solar (Figura 4). Esse resultado é preocupante pois,

como dito anteriormente, o sol gera vários malefícios, como o fotoenvelhecimento, e a

melhor forma de prevenção é a utilização de protetor solar. No entanto, muitas vezes,

algumas pessoas não acreditam na importância do seu uso, outras esquecem, ou até

mesmo não tem condição financeira para adquirir o produto. Em contrapartida, 28%

relataram usar apenas 1 vez ao dia e 14% usam mais de 2 vezes ao dia (Figura 4). Isso

seria o ideal, usar o protetor 3 vezes ao dia em situações normais do dia-a-dia. No

entanto, em situações de lazer como praia e piscina seu uso deve ser reforçado sempre

que sair da água. Assim, deve-se reforçar a importância da utilização do protetor solar,

prevenindo o envelhecimento precoce e outras doenças graves da pele.

Figura 4. Gráfico demonstrando a utilização de filtro solar pelos pacientes.

Não 12%

Até 2X ao dia

61%

Dia inteiro 27%

Exposição ao sol

Não 58%

1X ao dia 28%

Mais de 1X ao dia 14%

Uso de filtro solar

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Sabemos que o aparecimento das rugas é multifatorial e, além da

exposição solar prolongada e sem fotoproteção, outros fatores como a poluição e o uso

de cigarro são fatores determinantes. O cigarro possui diversas substâncias tóxicas,

como a nicotina e ainda a presença de radicais livres em sua fumaça que agridem

diretamente as células e a matriz extracelular de diversos tipos de tecidos do corpo,

levando ao aparecimento de inúmeras doenças e ainda acelerando o envelhecimento

provocando a formação de rugas na pele (Suehara, Simone e Maia, 2006). Estima-se

que atualmente o número de fumantes no Brasil vem diminuindo gradativamente devido

ao grande acesso à informações para conscientização dos prejuízos causados pelo

cigarro (Silva et al., 2014). No entanto, neste estudo, foi observado que uma pequena

parcela dos pacientes (38%) não fazem uso de cigarro, e a grande maioria (43%)

relataram que fumam até um maço por dia e 19% fumam mais de 1 maço por dia

(Figura 5). Esse resultado é muito preocupante visto que o cigarro causa muitos

prejuízos para os fumantes e para aqueles que inalam a fumaça (Moutinho, 2013). Além

disso, como dito anteriormente, os componentes do cigarro aceleram o envelhecimento.

Por isso, esse resultado torna-se contraditório quanto aos pacientes pesquisados, já que

estão buscando tratamentos para rugas, no entanto, continuam agredindo sua pele com

os efeitos negativos do cigarro.

Figura 5. Gráfico demonstrando a utilização de cigarro pelos pacientes.

Outra forma saudável e natural de melhorar o aspecto da pele é a ingestão

de água em quantidade razoável durante o dia. A água é essencial ao corpo, auxilia na

eliminação de agentes tóxicos ao corpo e ajuda na hidratação pele, trazendo melhor

aspecto das rugas (Palma et al., 2012). Levando em consideração um copo de água de

200 ml, foram avaliados a quantidade de água ingerida pelos pacientes durante o dia. A

Não 38%

Até 1 masso por

dia 43%

Mais de 1 masso por

dia 19%

Uso de cigarro

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maioria dos pacientes (52%) relataram beber mais de 8 copos e os outros 48% bebem

até 4 copos de água por dia (Figura 6). Esses resultados são excelentes, pois a ingestão

de água é fundamental e quando associada aos tratamentos estéticos para rugas traz

ainda mais benefícios visíveis à pele.

Figura 6. Gráfico demonstrando a quantidade de copos de água ingeridos por dia (copo de 200 ml).

Foram pesquisados também os tratamentos estéticos mais procurados

pelos pacientes nas clínicas, cujos são reconhecidos como muito eficazes para as rugas.

A maioria da procura (39%) foi para peeling; 27% para radiofrequência; 21% para

eletrolifting e 13% para microcorrente (Figura 7). Como observado anteriormente neste

estudo, nos períodos de clima frio (inverno) há preferência para tratamentos na área

facial, visto que em dias quentes o sol é mais intenso e, nestes tratamentos, a mínima

exposição solar pode prejudicar os resultados.

No período da pesquisa o clima estava bem frio, o que está diretamente

relacionado com a maior quantidade de pessoas realizando peeling, que é um tratamento

muito eficaz, porém abrasivo e o paciente não deve ser exposto ao sol. Os demais

tratamentos realizados não possuem restrição à exposição solar, no entanto, como

constatado, a maioria das pessoas realiza procedimentos no rosto nessa época fria do

ano.

0%

Até 4 copos 48%

Mais de 8 copos 52%

Quantidade de água ingerida

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Figura 7. Gráfico demonstrando a porcentagem dos procedimentos estéticos realizados pelos pacientes.

Grande parte das pessoas não está feliz com sua aparência, apontando

defeitos em regiões onde, muitas vezes, visivelmente não apresenta problemas. Essa

busca constante pela perfeição, que muitas pessoas apresentam, pode não fazer bem

para o indivíduo. Entretanto sabemos que a aparência da pele com relação às rugas pode

ser muito melhorada com os tratamentos estéticos associados a bons hábitos. Esta

pesquisa apontou que a maioria dos pacientes (61%) possui pouca satisfação com a

aparência do rosto quanto as rugas e apenas 1% está completamente satisfeito. 28%

apresenta satisfação moderada e 10% muita satisfação. Este resultado mostra como as

pessoas estão insatisfeitas com a aparência, mantendo a preocupação constante em se

adequarem aos padrões de beleza propostos pela sociedade. Devido ao desejo em se

tornarem mais belos, os pacientes buscaram os tratamentos mencionados na figura 7.

Após a realização dos tratamentos, foi observado que a maioria dos

pacientes (44%) apresentou um grau moderado de satisfação com o resultado, 42%

muito satisfeito, 4% completamente e 10% pouco satisfeito (Figura 8). Quanto à

satisfação dos amigos e familiares com a aparência do rosto quanto às rugas após o

tratamento, foram observados que a maioria (45%) também apresentou-se muito

satisfeito, 36% com grau moderado de satisfação, 6% completamente satisfeito e 13%

pouco satisfeito.

Esses resultados confirmam a eficácia dos tratamentos realizados, e

mostraram como a confiança e a autoestima dos pacientes aumentaram, já que eles

próprios e outras pessoas de sua convivência reconheceram a mudança positiva

conquistada com o procedimento.

Peeling 39%

Eletrolifting

[PORCENTAGEM]

Microcorrentes 13%

Radiofrequência 27%

Procedimento estético realizado

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Figura 8. Gráfico demonstrando a satisfação dos pacientes com a aparência do rosto quanto às rugas após

o tratamento.

Quanto ao desejo do paciente em continuar o tratamento, 99% apresentou

o desejo em continuar e apenas 1% não gostaria (Figura 9). Esse resultado já era

esperado, pois sabemos o quanto as rugas incomodam, deixando uma aparência de pele

envelhecida, e a maioria dos pacientes querem continuar o tratamento para obter ainda

melhores resultados, visto que em apenas uma sessão os resultados aparentes são menos

notáveis do que em várias. Assim, mesmo aqueles pacientes que se disseram

insatisfeitos com a aparência após o tratamento desejam continuar porque reconhecem a

eficácia.

Figura 9. Gráfico demonstrando o desejo dos pacientes em continuarem realizando o procedimento para

as rugas.

Contudo, foi observado que a procura por procedimentos estéticos contra

as rugas é muito grande, principalmente no inverno por pacientes mulheres na faixa

0%

Pouco 10%

Moderado 44%

Muito 42%

Completamente 4%

Satisfação após o tratamento

Sim 99%

Não 1%

Desejo de continuar o tratamento estético

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etária de 31 a 50 anos. A maioria se expõem ao sol mais que duas vezes ao dia, não

usam protetor solar e são fumantes, porém, afirmaram beber, no mínimo, quatro copos

de água por dia. A maioria não estava satisfeita com a aparência do rosto quanto as

rugas, e para tratar, a maioria buscou o peeling, seguido por radiofrequência,

eletrolifting e microcorrente. Após esses procedimentos, a maioria ficou satisfeita e

pretendem manter os tratamentos. Assim, a melhora da aparência da pele quanto às

rugas através de tratamentos eficazes vêm aumentando a autoestima e confiança de

muitas pessoas. Entretanto, também é necessário investir no aumento da informação

para a população de Londrina sobre o envelhecimento precoce que poderia ser evitado

levando em conta algumas medidas simples no dia-a-dia. E, além disso, deve-se

informar aos pacientes insatisfeitos com a aparência sobre os melhores tratamentos para

rugas conforme a época do ano.

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61

TRATAMENTO DE ESTRIA ALBA COM O USO DO ELETROLIFTING

TREATMENT OF STRIAE ALBA WITH THE USE OF ELETROLIFTING

Tayliane Moraes da Silva¹

Roberta Chaves Penco Amorese²

Talita Oliveira da Silva3

Cleiciane Brene4

RESUMO

As estrias são consideradas um distúrbio estético, onde ocorre um rompimento das fibras elásticas e

colágenas na derme. Há fortes evidências de que sua etiologia seja multifatorial, isto é, além dos fatores

endócrinos e mecânicos, existe uma predisposição genética devido a expressão individual de genes

responsáveis pela formação de colágeno e elastina. Um dos métodos de tratamento realizado nas estrias é

o eletrolifting, cuja finalidade é a reorganização das fibras colágenas e a reparação tecidual. A

estimulação microgalvânica associada à inflamação aguda decorrente do trauma da agulha desencadeia

um processo inflamatório, estimulando a produção de fibroblastos e uma neovascularização nas estrias,

melhorando seu aspecto. Este trabalho tem como finalidade apresentar o eletrolifting como tratamento nas

estrias albas.

Palavras-chave: Corrente galvânica; Eletrolifting; Estrias; Estrias albas.

ABSTRACT

Striae are considered an aesthetic disorder, where a rupture of elastic and collagen fibers occurs in the

dermis. There is strong evidence that its etiology is multifactorial, that is, in addition to the endocrine and

mechanical factors, there is a genetic predisposition due to the individual expression of genes responsible

for the formation of collagen and elastin. One of the treatment methods performed in the striae is

electrolifting, whose purpose is the reorganization of the collagen fibers and tissue repair. Microgalvanic

stimulation associated with acute inflammation due to needle trauma triggers an inflammatory process,

stimulating the production of fibroblasts and a neovascularization in the striae, improving its appearance.

The purpose of this work is to present electrolifting as a treatment in striae alba.

Keywords: Galvanic current; Electrolifting; Striae; Striae alba.

INTRODUÇÃO

O ser humano, em especial as mulheres, se depara com alterações

como a estria, devido ao seu crescimento, mudanças na puberdade, gravidez, entre

outras causas, que podem permanecer mesmo após os acontecimentos citados acima,

possuindo um tratamento ainda mais difícil quando chegam em sua fase final.

____________________

¹ Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia

² Professora Orientadora – fisioterapeuta especialista em dermato funcional; docente do curso de estética

e cosmética Unifil Londrina PR 3 Professora coautora - docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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4 Professora coautora –Fisioterapauta, docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

As estrias são formadas através dos danos que ocorrem na derme

decorrente de um estiramento contínuo da pele, ultrapassando os limites da capacidade

de elasticidade da mesma. As fibras da derme se rompem, formando a lesão, que varia

de coloração de acordo com seu grau de evolução (OLIVEIRA, 2008; RIBEIRO, 2010).

Acredita-se que há uma combinação de fatores predisponentes que

desencadeiam o aparecimento das estrias. Segundo Guirro e Guirro, 2002, existem três

teorias que justificam seu aparecimento, sendo: teoria mecânica, endocrinológica e

infecciosa.

A teoria mecânica se dá pelo estiramento da pele resultando no

rompimento das fibras elásticas e colágenas da derme, dando origem às estrias. A teoria

endocrinológica está relacionada com o uso terapêutico de hormônios adrenais corticais

para tratamento das mesmas. E a infecciosa é a teoria que menos possui adeptos, já que

a teoria endocrinológica explica o surgimento das estrias devido o tratamento realizado

à base de corticoides, concluindo então, que o tratamento seria o fator desencadeante do

processo de formação das estrias (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

É possível ver como a procura de tratamentos para estrias tem

aumentado, entre os vários tipos de tratamentos, temos o eletrolifting. O aparelho utiliza

a corrente contínua/galvânica, sendo a intensidade constante em valor e sentido. A

técnica é invasiva, porém superficial, reunindo os efeitos do eletrodo em forma de

agulha junto ao efeito da corrente contínua, cujo objetivo é promover um processo

inflamatório, restabelecendo de forma satisfatória a integridade dos tecidos (BORGES,

2006; GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Por ser decorrente de vários fatores, as estrias estão presentes na

maioria das pessoas, independente do sexo. Devido a isso, a procura para amenizar as

mesmas aumenta cada vez mais, pois interferem tanto na estética como na autoestima

do ser humano. Esse trabalho teve como finalidade analisar, através de uma revisão

bibliográfica com utilização de dados em livros para a realização de estudos, a atuação

do eletrolifting no tratamento de estrias albas, explicando a fisiologia das estrias, bem

como suas causas e incidências, conhecer o aparelho de eletrolifting, sua ação e efeitos,

como também suas indicações e contraindicações e apontar os efeitos da corrente

galvânica que busca, através de um processo inflamatório, melhorar o aspecto das

estrias, bem como, sua coloração e espessura, melhorando a autoestima do paciente,

pelos resultados satisfatórios.

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DESENVOLVIMENTO

Pele

Em um indivíduo adulto, a pele pesa cerca de 4 a 5 kg, que cobre uma

área de aproximadamente 2 m². A mesma é levemente úmida, suave, macia e um pouco

ácida, considerando uma pele saudável. É formada por cerca de 50% a 70% de água

(GERSON et al., 2012).

A pele é um órgão essencial para o funcionamento adequado do

organismo. Mantém contato amplo e direto com o meio externo, exercendo inúmeras

funções vitais (TAKANO, 2012).

O sistema tegumentar é composto por três camadas, sendo elas:

epiderme, derme e hipoderme (COSTA, 2009).

Epiderme: camada mais externa, onde atua como barreira protetora

contra o ambiente externo, possui poros dos folículos pilossebáceos e das glândulas

(que se originam na derme, mas são apêndices da epiderme). É composta por cinco

camadas (ou estratos) epiteliais: camada córnea sendo a mais superficial, camada lúcida,

camada granulosa, camada espinhosa e a mais profunda é a camada basal (GARTNER,

2010).

Derme: sistema integrado de tecido conectivo que compõe a maior

parte da pele, determina sua elasticidade, flexibilidade e força de tensão. É subdividida

em derme papilar e derme reticular. A derme papilar faz fronteira com a epiderme, já a

reticular é um tecido conectivo denso e irregular que garante a força e a elasticidade da

pele, e é composta principalmente de colágeno do tipo I (FITZPATRICK, 2011).

A derme possui componentes como: fibroblastos, células dendríticas

dérmicas, macrófagos e mastócitos. Da matriz extracelular incluem: colágeno, elastina e

substância fundamental (HARRIS, 2009).

O colágeno é o principal componente do tecido conjuntivo dérmico,

uma das mais fortes proteínas naturais. Foco de muitas pesquisas antienvelhecimento e

também alvo de muitos produtos e procedimentos na pele (BAUMANN, 2004).

As fibras colágenas são as mais abundantes, são inelásticas,

compostas por fibrilas colágenas, onde estas possuem um arranjo em zigue-zague da

proteína tropocolágeno, composta de três cadeias α (GARTNER, 2010).

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Já as fibras elásticas dérmicas são compostas por quantidades

variáveis de microfibrilas e elastina. Essas fibras estão localizadas na periferia dos

feixes colágenos e fazem com que a pele volte ao normal após serem esticadas ou

deformadas (BAUMANN, 2004).

Hipoderme: constituída pelo tecido adiposo, confere regulação de

temperatura e termo isolamento, provisão de energia, proteção e suporte e também

funciona como depósito nutricional (HARRIS, 2009).

Estrias

Descrita como entidade clínica a centenas de anos, sua primeira

descrição histológica foi encontrada na literatura médica em 1889 (AZULAY et al.,

2009).

Os primeiros sintomas das estrias são: prurido, dor (em alguns casos),

erupção papular plana e levemente rosada. Dispõem-se paralelamente umas às outras e

seguem as linhas de clivagem, também chamada de Langer ou tensão. Demonstram

bilateralidade, ou seja, distribuem-se simetricamente em ambos os lados (GUIRRO e

GUIRRO, 2002).

Elas se formam devido aos danos que ocorrem na derme, consequente

de alguma deformação da pele, há uma distensão contínua da mesma, que ultrapassa os

limites da sua capacidade de contração, ou seja, sua elasticidade. As fibras de colágeno

e elastina da derme desarranjam-se ao redor do local onde ouve o rompimento,

formando uma lesão. A pele então inicia um processo de recuperação (RIBEIRO, 2010).

O processo inflamatório pode ser intenso, mononuclear e

principalmente perivascular. Pode edemaciar a derme, além das alterações se

estenderem por até 3 cm além da borda da estria , ocorre elastólise e desgranulação de

mastócitos, há um afluxo de macrófagos em torno das fibras elásticas fragmentadas. Já

na fase tardia, a epiderme se encontra aplainada, atrófica; na derme, as fibras elásticas

estão muito alteradas, e as colágenas se colocam em feixes paralelos à superfície, na

direção afetada pela força de distensão (AZULAY et al., 2009).

São hipertróficas quando se tornam mais altas que a superfície da pele,

e hipotróficas quando se tornam mais baixas que a superfície da pele. Podem também

variar de cor devido seu grau de evolução, sendo classificadas em rosadas ou iniciais,

atróficas e nacaradas (OLIVEIRA, 2008).

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Estrias Rosadas: fase inicial, a fibra elástica apresenta-se

estriada, ainda há um processo inflamatório. É observado por transparência a intensa

circulação capilar da derme subpapilar (BRANCO, 2009).

Aparecem discretamente elevadas, pois há um edema ocasionado pelo

processo inflamatório, justificando muitas vezes o prurido no local, nessa fase inicial as

estrias se apresentam eritematosas, violáceas ou rubras, resultante da circulação presente

na mesma, consequente do processo inflamatório (AZULAY et al., 2009).

Estrias Atróficas: possuem aspecto cicatricial, linha flácida central

e hipocrômica. As fibras elásticas dispõem-se enoveladas e algumas podem estar

rompidas, ocorre uma desorganização no colágeno, e os anexos da pele ainda estão

preservados. (BRANCO, 2009).

A atrofia se dá pela diminuição de espessura da pele, pois ocorre

redução do número e volume de seus elementos, representada por adelgaçamento,

pregueamento, secura, menor elasticidade e rarefação dos pelos, decorrente da ação

hormonal sobre o fibroblasto (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Estrias Nacaradas: após alguns meses, as estrias apresentam

tonalidade branco-nacarada, possuem uma flacidez central, são cobertas por epitélio

pregueado, os anexos não se encontram mais presentes, a maior parte das fibras

elásticas se encontram rompidas, ocorre evolução das lesões para fibrose (AZULAY et

al., 2009).

Existem três teorias que tentam justificar o aparecimento das mesmas

(BARROS, 2016).

Teoria Mecânica: teoria mais aceita. O estiramento da pele resulta

no rompimento das fibras elásticas e colágenas da derme, dando origem às estrias.

Sendo assim, a distensão abdominal consequente da gravidez seria a causa das estrias na

gestante (striae gravidarun), assim como o “estirão de crescimento” em adolescentes, a

deposição de gordura em obesos, e o fattening slimming “efeito sanfona”, por regimes

de emagrecimento repetitivos (RIBEIRO, 2010).

Podem aparecem nas mamas tanto pela lactação, como pela colocação

de próteses mamárias, onde ocorrerá o aumento da mama e consequente estiramento da

pele. Está relacionada também com a prática de exercícios físicos extremos,

fisiculturismo, onde ocorre o aumento da massa muscular (AZULAY et al., 2009).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

66

Teoria Endocrinológica: explica que o aparecimento das estrias

em patologias está relacionado com o uso terapêutico de hormônios adrenais corticais

para tratamento da mesma (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

É associada também à comprometimentos hormonais, como por

exemplo na Síndrome de Cushing e Marfan, devido ao aumento de glicocorticoides, e

conticoterapias intensivas. Uso tópico ou sistêmico de corticosteroides, e o uso de

substâncias andrógenas, que são encontradas em anabolizantes (BARROS, 2016).

Teoria Infecciosa: não possui muitos adeptos, já que a teoria

endocrinológica o surgimento das estrias devido o tratamento realizado à base de

corticoides, concluindo então, que o tratamento seria o fator desencadeante do processo

de formação das estrias (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Além das teorias ainda existe os fatores genéticos, nesse caso, os

genes determinantes para formação do colágeno, elastina e da fibronectina estão

diminuídos em pacientes portadores de atrofia linear cutânea, o que ocasiona alteração

no metabolismo do fibroblasto (BARROS, 2016).

Exposição solar em excesso também causa alterações nas fibras de

colágeno e elastina através da ação dos raios UV, comprometendo suas propriedades

(RIBEIRO, 2010).

As estrias podem ser encontradas tanto no sexo feminino como no

masculino, porém é mais predominante nas mulheres, cerca de 3 a 6 vezes a mais que

nos homens. A maior incidência ocorre na adolescência, pois está associada ao aumento

na excreção do 11-oxisteróide e do 17-cetosteróide (principal andrógeno adrenal)

(AGNE, 2011).

Para prevenir as estrias, adquirir hábitos saudáveis é essencial, como:

manter o corpo em forma; ter uma alimentação balanceada e uma boa ingesta hídrica;

evitar a automedicação também é um cuidado muito importante, pois existem alguns

remédios que interferem no peso, metabolismo e hormônios (PEREIRA, 2007).

Corrente Galvânica

Definida como movimento das cargas de mesmo sinal que se

deslocam no mesmo sentido, com uma intensidade fixa. O termo corrente contínua (CC)

ou corrente direta indica que a intensidade da corrente é constante em valor e em

sentido (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

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67

Os tecidos biológicos possuem uma grande quantidade de íons

positivos e negativos dissolvidos nos líquidos corporais, eles são colocados em

movimento ordenado por um campo elétrico polarizado aplicado na superfície da pele.

O movimento dos íons dentro dos tecidos tem como consequências, primeiramente

físicas e consequentemente químicas (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Os efeitos são: produção de calor; eletrólise; eletrotônus;

vasodilatação; aumento da ação de defesa; endosmose (eletrosmose); analgesia;

estimulação nervosa; anti-inflamatório; estimulante circulatório (BORGES, 2010).

A corrente é aplicada por meio de eletrodos, sendo dispostos de

acordo com o efeito que se deseja. É constituída por um polo negativo: vasodilatador,

alcalino, hidrata os tecidos, causa hiperemia e sangramento, menos germicida,

estimulante, não corrói os metais e causa dor na congestão; e um polo positivo sendo:

analgésico, sedativo e vasoconstritor, ácido, desidrata os tecidos, causa isquemia, detém

sangramentos, mais germicida, sedativo, corrói os metais por oxidação e alivia dor na

congestão (COSTA, 2009).

Eletrolifting

Eletrolifting é uma técnica desenvolvida em 1952, que tem por

finalidade produzir um levantamento na pele e estruturas adjacentes, devido a isso

surgiu à expressão lifting. A técnica é invasiva, porém superficial, reunindo os efeitos

do eletrodo em forma de agulha junto ao efeito da corrente contínua. Além de

Eletrolifting, a técnica pode ser chamada de “Galvanopuntura” ou

“Microgalvanopuntura” (BORGES, 2006).

O aparelho utiliza a corrente contínua com intensidade em

microampères. Além da corrente contínua, pode-se utilizar a corrente contínua pulsada

com frequência elevada (BORGES, 2006).

A corrente é distribuída em dois eletrodos de tamanho, forma e

características bem distintas. O eletrodo em forma de placa grande denominado como

eletrodo passivo é ligado ao polo positivo do aparelho (AGNE, 2011).

Há também um eletrodo com uma agulha acoplada em um “porta-

agulhas” em forma de caneta, denominado como eletrodo ativo ligado ao polo negativo

do aparelho. É utilizada uma agulha fina, rígida e pontiaguda para que penetre na pele

com facilidade, medindo no máximo 4 mm (BORGES, 2006).

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68

O objetivo do procedimento puntural do eletrolifting é provocar uma

lesão tecidual. Juntamente aos efeitos galvânicos da microcorrente contínua, é

produzido um processo inflamatório, responsável pelo efeito de reparo nas estrias

(BORGES, 2006).

Estudos mostram que após sessões de eletrolifting ocorre um aumento

dos fibroblastos jovens, neovascularização e retorno da sensibilidade dolorosa,

consequentemente melhorando o visual da pele, próximo ao aspecto normal (BORGES,

2006).

Além das rugas e estrias, o eletrolifting também pode ser indicado em

tratamentos de hidratação; nutrição e revitalização; seborreia e edema (OLIVEIRA,

2014).

É contraindicado a aplicação do eletrolifting em clientes que

apresentam níveis elevados de glicocorticoides, endógenos ou exógenos, por exemplo,

na síndrome de Cushing, a terapia não deve ser realizada, pois os resultados serão

inferiores para a cliente. No caso das estrias durante a gravidez, o tratamento é realizado

quando os níveis hormonais regridem aos níveis anteriores à gravidez. Na puberdade,

por se tratar de um período de grandes alterações hormonais, alguns autores acreditam

ser a causa das estrias, devido a isso o tratamento não pode ser efetuado (BORGES,

2006).

Não tomar sol com o processo inflamatório ativo, pois pode manchar a

pele. Estimular sobre feridas recentes ou processo inflamatório ativo ocorre

agravamento ou cronificação do processo. Alergia ou irritações a corrente elétrica,

hipersensibilidade dolorosa, são fatores que podem dificultar ou impedir a técnica

(BORGES, 2006).

Também são contraindicações, neoplasias; lesões cutâneas no local,

diabetes descompensados, pois os mesmos possuem uma dificuldade maior de reparo

tecidual; marca-passo cardíaco; hiper/hipotensões descompensadas e epilepsia

(OLIVEIRA, 2014).

A Ação do Eletrolifting nas Estrias Albas

A coloração varia de acordo com seu grau de evolução, no início se

apresentam rosadas, já na fase tardia as estrias possuem coloração branca nacarada

(OLIVEIRA, 2008).

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As estrias brancas/albas não possuem processo inflamatório, tornando

seu tratamento mais lento. Há uma flacidez central, são cobertas por epitélio pregueado,

os anexos não se encontram mais presentes, a maior parte das fibras elásticas se

encontram rompidas, ocorre evolução das lesões para fibrose (AZULAY et al., 2009;

BRANCO 2009).

Os fibroblastos possuem uma capacidade de replicação baixa,

podendo ser modificada em resposta a estímulos controlados. Eles retêm a capacidade

de se dividirem, assim como o tecido epitelial e o tecido conjuntivo. Na estria o

fibroblasto está quiescente, e o estímulo elétrico de baixa intensidade mostrou-se

eficiente para aumentar sua replicação, as fibras e substâncias produzidos pelo mesmo

(BORGES, 2006).

Ocorre um acentuado aumento do número de fibroblastos jovens, uma

neovascularização e retorno da sensibilidade dolorosa após algumas sessões de

estimulação elétrica, consequentemente melhora o aspecto da pele, próximo ao normal

(AGNE, 2011).

O método é invasivo, mas superficial, e o processo de regeneração da

estria está baseado na compilação dos efeitos intrínsecos e extrínsecos da corrente

contínua e dos processos envolvidos na inflamação aguda (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

A técnica consiste na estimulação das estrias, até obter hiperemia e

edema preenchendo todo o trajeto da lesão. Em relação à intensidade da corrente,

utiliza-se cerca de 70 a 100 microampères, porém, os valores variam de acordo com a

sensibilidade do cliente. (BORGES, 2006).

A puntura é realizada de seis a dez pontos por centímetros lineares, de

forma que a introdução da agulha na pele seja paralela. O tempo de estância da agulha

em cada perfuração varia, porém não se deve ultrapassar três segundos (AGNE, 2011).

A agulha é introduzida entre as camadas da epiderme, mais

precisamente no estrato espinhoso, devido a isso não haverá sangramento, pois a agulha

não atinge a derme (BORGES, 2006).

Tendo em vista que o processo inflamatório é absorvido entre 2 a 7

dias, essa técnica deve ser realizada normalmente uma vez por semana, com a finalidade

de facilitar esse processo e evitar o risco de desenvolver uma inflamação crônica

desencadeada pela persistência do estímulo inflamatório agudo (BORGES, 2006).

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A inflamação é a resposta imediata à lesão, os primeiros sinais são

vermelhidão, edema, calor e dor. Na fase aguda ou precoce, dura entre 24 e 48 horas,

seguida de uma fase subaguda ou tardia que dura entre 10 e 14 dias (WATSON, 2009).

O momento fundamental da inflamação é a vasodilatação onde ocorre

a hiperemia e calor. Em seguida a região tratada é preenchida por um exsudato

inflamatório composto de leucócitos, eritrócitos, proteínas plasmáticas e fáscias de

fibrina (BORGES, 2006).

O resultado pode variar em diferentes indivíduos, porém o tratamento

pode ser bem eficaz, desde que controlada as variáveis, diferenciando o número de

sessões de acordo com a cor da pele, idade, tamanho das estrias, etc., sempre realizando

uma boa avaliação. Geralmente os resultados positivos aparecem após a primeira

aplicação (AGNE, 2011; GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Alguns aspectos devem ser observados em relação à prática clínica:

quando a resposta inflamatória permanece entre 3 e 4 dias, o resultado tende a ser

melhor; pacientes que possuem dificuldades na cicatrização não obtém o resultado

esperado; em relação a coloração das estrias, no começo interfere nos resultados, pois as

vermelhas respondem melhor ao estímulo do que as brancas; nos pacientes com pele

escura, a regeneração tende a ser mais rápida que nos pacientes de pele clara (BORGES,

2006).

Não é recomendado outro tratamento associado ao eletrolifting, pois

pode haver ação anti-inflamatória, com exceção do uso de protetores solares, devido a

exposição ao sol que pode causar alterações discrômicas na pele (BORGES, 2006).

Pode ser aplicado no pós tratamento imediato, cosméticos específicos,

como vitamina C, fatores de crescimento, que vão estimular a produção do colágeno.

Indicados também no uso home care. No pré-tratamento, mais especificamente três

semanas antes, é indicado realizar um preparo da pele, para que a mesma responda

melhor ao tratamento. O pré-tratamento tem a finalidade de uniformizar a camada

córnea; descompactar os queratinócitos para melhor permeação dos princípios ativos;

reduzir a produção de melanina, evitando a hiperpigmentação das estrias; estimular o

metabolismo, melhorando o ritmo de produção do colágeno (BARROS, 2016).

Considerações Finais

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Atingir o padrão de beleza imposto pela sociedade faz com que as

pessoas não se sintam satisfeitas com o corpo, buscando cada vez mais melhorar a

aparência. As estrias são desagradáveis tanto no ponto de vista do indivíduo que a

possui, como para a sociedade. Sendo assim tratamentos para melhorar as mesmas são

procurados diariamente.

Por serem lesões tegumentares adquiridas, as estrias possuem difícil

tratamento, principalmente quando já estão brancas, pois não há processo inflamatório

como nas estrias rosadas. Várias técnicas são utilizadas atualmente para o tratamento

das estrias, porém não é comprovada a eliminação total das mesmas.

O eletrolifting é uma técnica utilizada no tratamento das estrias, o

estímulo físico da agulha junto com a estimulação da corrente galvânica, promove um

processo de reparação, através do processo inflamatório que foi proporcionado.

Os resultados são satisfatórios, pois há uma melhora comprovada em

todos os aspectos das estrias: cor, tamanho e espessura.

REFERÊNCIAS

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AVALIAÇÃO DA CONDUTA DE BIOSSEGURANÇA DE MAQUIADORES

EVALUATION OF THE BIOSECURITY CONDUCT OF MAKEUP ARTISTS

Carla Eloisa Silva Rezende¹

Adrielly Michely Ferreira2

Luana Delgado Munhoz de Oliveira3

RESUMO

O trabalho no setor da beleza cresce a cada dia, com isso surgiram muitos cursos profissionalizantes e

assim como na saúde, a rotina de maquiagem deve seguir normas de biossegurança. Quando seguidas

corretamente conseguimos evitar a contaminação de materiais como também a transmissão de possíveis

doenças entre profissional/cliente ou vice-versa. O objetivo foi avaliar a conduta de biossegurança de

maquiadores. Realizou-se uma pesquisa exploratória comparativa com maquiadores. As informações

foram obtidas por meio de um questionário composto de 18 perguntas. Ao final foi obtida uma amostra de

28 questionários completos coletados por profissionais e feita uma avaliação de frequência e cruzamento

de informações, realizando uma análise descritiva dos dados obtidos. Como resultado 71,4% dos

entrevistados respondeu ter conhecimento sobre biossegurança, porém quando questionados quanto ao

procedimento de limpeza e desinfecção correto apenas 3,6%, correspondente a um indivíduo, respondeu

seguir as técnicas corretamente. Levantou-se também que 53,6% dos indivíduos apresentam formação

superior, 42,9% o ensino médio completo e 3,6% apenas o ensino fundamental. Os resultados se

mostraram relevantes entre o escasso conhecimento de biossegurança empregado no universo da

maquiagem.

Palavras-chaves: saúde; maquiagem; beleza; limpeza; desinfecção.

ABSTRACT

The work in the beauty industry is growing every day, it appeared many professional courses and as well

as in health, makeup routine should follow biosecurity standards. When followed correctly could prevent

contamination of materials but also the transmission of possible diseases among professional / client or

vice versa. The objective was to evaluate the conduct of makeup artists biosecurity. We conducted a

comparative exploratory research with makeup artists. The information was obtained through a

questionnaire composed of 18 questions. At the end it was obtained a sample of 28 completed

questionnaires collected by professionals and made a frequency of evaluation and crossing information,

performing a descriptive analysis of the data obtained. As a result 71.4% of respondents reported having

knowledge about biosecurity, but when asked about the cleaning procedure and proper disinfection only

3.6%, corresponding to an individual, said following the techniques correctly. It also raised that 53.6% of

people have higher education, 42.9% completed secondary education and 3.6% only primary education.

The results were significant between poor knowledge of biosecurity employed in the makeup universe.

Keywords: health; makeup; beauty; cleaning; disinfection.

___________________________ ¹Discente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil

²Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil. 3Mestre em Microbiologia- Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário

Filadélfia – Unifil.

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INTRODUÇÃO

O profissional maquiador deve adotar condutas de biossegurança, pois

todo o processo de trabalho envolve probabilidade de riscos biológicos, químicos,

físicos e ergômetros.O trabalho como maquiador envolve todos os riscos, mas em

particular o risco biológico se sobre sai. Com esse conhecimento torna-se

imprescindível na aplicação das técnicas na rotina de trabalho, garantindo assim a

segurança.

O contato direto com o cliente se dá por meio das mãos, com isso é

necessária uma higienização e antissepsia das mesmas, para que assim não haja

infecções cruzadas. Como sabemos nossa pele é colonizada por micro-organismos, que

se chama microbiota natural. Com isso temos a microbiota residente, que são bactérias

encontradas normalmente em nossa pele, unhas, folículos pilosos e entre os dedos, elas

podem causar danos em indivíduos imunodeprimidos ou após cirurgias. E também

apresentamos a microbiota transitória que são bactérias adquiridas por contato com o

ambiente, essas são responsáveis por infecções mais sérias (HINRICHSEN, 2004).

Os pincéis são considerados como artigos semicríticos, pois entram

em contato com pele não integra do indivíduo ou com mucosas íntegras. Requerem

limpeza e desinfecção. Sendo assim, Ramos (2009) afirma que os pincéis são de uso

individual e para ser reutilizado necessita de limpeza e desinfecção. Que de acordo com

o autor deve-se: Mergulhar os pincéis sujos em uma cuba, contendo solução de 0,5% de

detergente enzimático ou xampus para cabelos normais (diluição conforme do

fabricante), deixar de molho por 5 minutos. Após, massagear as cerdas a fim de retirar

restos de produtos e sujidades, enxaguar abundantemente com água corrente. Deixar

secar naturalmente, com secador de cabelos ou em estufa para esse fim (no máximo

50ºC), borrifar álcool 70º e secar naturalmente.Produtos como álcool, solventes

limpadores de pincéis, água morna e sabão são necessários para a limpeza e desinfecção

dos pincéis com resíduos.

Para evitar a contaminação direta dos produtos, utiliza-se uma paleta e

espátula para a retirada de produto da embalagem para assim poder ser aplicado na

cliente (SCHNEIDER, 2010). Diante do cenário apresentado, foi avaliada a conduta de

biossegurança de maquiadores de Londrina-PR.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através de uma pesquisa exploratória

comparativa com maquiadores, na cidade de Londrina-PR, no período de 13 de abril de

2016 a 29 de junho de 2016. As entrevistas foram realizadas por meio de um

questionáriocomposto por 18 perguntas que variam entre questões alternativas e

dissertativas sobre conhecimento e seguimento das normas de biossegurança na prática

da maquiagem. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

Humanos da UniFil, identificada pelo número de registro: CAAE-

50693815.0.0000.5217. Obteve-se a autorização de cada profissional, por meio do

termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Os dados obtidos foram

digitalizados para uma planilha do programa Microsoft Excel2010 e realizados

avaliação de frequência e cruzamento de informações, realizado por fim uma análise

descritiva dos dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os entrevistados, 96,4% afirmaram ter realizado cursos

profissionalizantes (Tabela 1) e quando perguntados se nos cursos foi ensinado sobre as

normas de biossegurança (Tabela 2), 50% responderam não e 46,4% que “sim, foi

ensinado”.

Tabela 1 – Realização de curso profissionalizante por maquiadores da cidade de Londrina-PR

Você realizou cursos para se profissionalizar

como maquiador? Frequência % % Válido

Não 1 3,6 3,6

Sim 27 96,4 96,4

Total 28 100,0 100,0

Tabela 2 – Ensinamento sobre biossegurança à maquiadores de Londrina-PR

Se “sim” na questão anterior, foi ensinado sobre

biossegurança? Frequência % % Válido

Não realizou o curso 1 3,6 3,6

Não foi ensinado 14 50,0 50,0

Sim foi ensinado 13 46,4 46,4

Total 28 100,0 100,0

Tendo em vista esse conhecimento, foi pedido que explicassem do que

se trata a biossegurança, como mostra a Tabela 3, 67,9% dizem que a biossegurança

evita a transmissão e contaminação de clientes e apenas 3,6%, equivalente a um

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indivíduo acredita que a biossegurança é a segurança em todos os sentidos, do

profissional e cliente.

Tabela 3 – Conhecimento das técnicas de Biossegurança por profissionais maquiadores na cidade de

Londrina-PR

Se sim dê uma breve explicação do que se

trata? Frequência % % Válido

Evitar transmissão/ contaminação de clientes 19 67,9 95,0

Segurança dos maquiadores e clientes 1 3,6 5,0

Total 20 71,4 100,0

Não tem conhecimento 8 28,6

Total 28 100,0

O que é confirmado por Ramos (2010), que defende que com o

seguimento das normas de biossegurança há uma minimização de riscos químicos,

biológicos, físicos e acidentes ergonômicos para o profissional e cliente.

Sobre o conhecimento das normas de biossegurança na maquiagem

71,4% demonstravam ter conhecimento. Porém quando questionados sobre o processo

que empregam na limpeza dos pincéis de maquiagem (Tabela 4), 50% responderam

utilizar somente limpador para pincéis.

Sendo que a forma mais eficaz seria a limpeza com o limpador

comercial específico, lavagem com água e sabão e álcool 70% sendo esta forma citado

por apenas um entrevistado. Ramos (2010) afirma que a desinfecção dos pincéis pode

ser feita com detergente enzimático ou xampus para cabelos normais, massageando para

retirar as sujidades e detritos de produtos, deixar secar naturalmente, com secador de

cabelos ou estufa (máximo de 50ºC), borrifar álcool 70% e secar naturalmente.

Tabela 4 – Procedimento de limpeza dos pincéis realizados por maquiadores de Londrina-PR

Descreva como você realiza a limpeza dos

pincéis de maquiagem: Frequência % % Válido

Lavagem 4 14,3 14,3

Lavagem+ alcool 70 1 3,6 3,6

Limpador de pincéis 14 50,0 50,0

Limpador de pincéis + lavagem 2 7,1 7,1

Limpador de pincéis+ alcool 70 1 3,6 3,6

Limpador de pincéis+ lavagem + alcool 70 1 3,6 3,6

Limpador de pincéis+lavagem 5 17,9 17,9

Total 28 100,0 100,0

Analisando o cruzamento de dados dos procedimentos de limpeza

com o ensino sobre biossegurança nos cursos, transpareceu que 50% dos profissionais

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utilizam somente o limpador comercial por sua facilidade de uso e rapidez de remoção

de sujidades superficiais, assim, esse grupo afirmou que lhes foi transmitido

informações sobre biossegurança, mas podemos ver que de modo errôneo, sendo o

procedimento correto citado por apenas 3,6% com a remoção de sujeira superficial com

o limpador comercial, lavagem com sabão para limpeza mais profunda das cerdas e

aplicação de álcool 70% para a diminuição da carga microbiana, com estes

procedimentos os materiais se tornam mais seguros.

Os participantes disseram conhecer as normas, porém apenas 42,9%

alegam aplicar procedimentos de biossegurança na rotina de trabalho, é um percentual

baixo já que é de extrema importância.

Dentre os participantes, 89,3% acha necessário limpar seus materiais,

sendo que para 85,7% é importante desinfetar os pincéis. Visto que a frequência de

higienização é alegada ser feita após o uso por 60,7% e de 1 a 2 vezes na semana com

39,3%.

Avaliando a chance de transmissão de doenças durante a maquiagem

(Tabela 6), 42,9% responderam que acreditam sempre existe chance, 32,1% que as

vezes pode acontecer transmissões e 25 % em que a maioria das vezes pode ocorrer.

Conseguimos avaliar que o conhecimento das normas influencia positivamente nos

profissionais durante seu trabalho, pois dos 42,9%, 83,3% conhecem as normas e as

aplicam corretamente.

Os cruzamentos de dados mostrados nas Tabelas 5 e 6 mostram que os

cursos conseguem transmitir o conhecimento dos perigos de possíveis doenças que

podem ser transmitidas, assim como quando não ensinado os profissionais apresentar

uma conduta incorreta.

Tabela 5–Cruzamento de dados entre o conhecimento de biossegurança e chance de transmissão de

doenças

Você tem conhecimento sobre as normas

biossegurança para maquiagem?

Você acha que existe chance de

transmissão de doenças durante a

maquiagem? Total

Às vezes Maioria

da vezes Sempre

Não 62,5% 12,5% 25,0% 100,0%

55,6% 14,3% 16,7% 28,6%

Sim 20,0% 30,0% 50,0% 100,0%

44,4% 85,7% 83,3% 71,4%

Total 32,1% 25,0% 42,9% 100,0%

100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

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A Tabela 6 mostra que a transmissão de doenças durante a maquiagem

se relaciona com o que é ensinado aos profissionais nos cursos profissionalizantes, 50%

dos entrevistados têm o conhecimento correto de que sempre é possível que haja

transmissões, porém outros 50% tem o mesmo conhecimento, mas não lhes foi ensinado

em cursos, mostrando que eles buscam conhecimento por outros meios.

Tabela 6–Correlação entre o ensinamento de biossegurança e transmissão de doenças

Se “sim” na questão anterior, foi

ensinado sobre biossegurança?

Você acha que existe chance de transmissão de

doenças durante a maquiagem? Total

Às vezes Maioria das vezes Sempre

Não realizou o curso 100,0% 100,0%

14,3% 3,6%

Não foi ensinado 50,0% 7,1% 42,9% 100,0%

77,8% 14,3% 50,0% 50,0%

Sim foi ensinado 15,4% 38,5% 46,2% 100,0%

22,2% 71,4% 50,0% 46,4%

Total 32,1% 25,0% 42,9% 100,0%

100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Com isso conseguimos analisar que 78,6% sempre avalia a pele da

cliente para constatar sua integridade, como descrito por Pereira (2009) que a

integridade cutânea pode se apresentar alterada por perda total ou parcial do tecido ou

por modificação da estrutura, a qual comprometa a função de “barreira”.

Sendo assim, a Tabela 7 mostra que ao realizar a maquiagem a pele

deve estar integra e limpa, caso esteja machucada, ao receber os produtos pode gerar

uma irritação e sensibilidade por conta da pele lesada e a deposição de produtos

químicos em seu interior.

Tabela 7–Cruzamento de dados entre o conhecimento de biossegurança e análise de integridade cutânea

Você tem conhecimento sobre as

normas biossegurança para

maquiagem?

Antes de iniciar uma maquiagem você analisa a

pele da sua cliente a fim de avaliar se está íntegra

(sem machucados)? Total

Às vezes Maioria das vezes Sempre

Não 12,5% 87,5% 100,0%

33,3% 31,8% 28,6%

Sim 15,0% 10,0% 75,0% 100,0%

100,0% 66,7% 68,2% 71,4%

Total 10,7% 10,7% 78,6% 100,0%

100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

79

Dos entrevistados, 96,4% responderam que, caso a cliente apresente

os lábios machucados com aparência de herpes labial, utilizariam materiais descartáveis,

e 3,6% realizariam a maquiagem como de costume (Tabela 8). BASTIANI e MELLA

(2008) afirmam que a transmissão do vírus do herpes se dá por via oral ou respiratória,

sendo assim imprescindível o uso do material descartável e EPI.

Isso mostra que os profissionais precisam se atualizar e estudar sobre

doenças e suas transmissões.

Tabela 8 – Cruzamento de dados entre conhecimento de biossegurança e herpes labial de maquiadores de

Londrina-PR

Você tem conhecimento

sobre as normas

biossegurança para

maquiagem?

Caso a cliente apresente um machucado nos lábios com

aspecto de herpes, porém a mesma diz que não é como

deve proceder? Total

Realiza a

maquiagem como

de costume

Realiza a maquiagem, porém com

materiais descartáveis (esponjas e

pincéis descartáveis)

Não 100,0% 100,0%

29,6% 28,6%

Sim 5,0% 95,0% 100,0%

100,0% 70,4% 71,4%

Total 3,6% 96,4% 100,0%

100,0% 100,0% 100,0%

Quando falamos de doenças contagiosas, entra em questão a

conjuntivite, como mostrado na Tabela 9, 64,3% dos participantes responderam que ao

se deparar com uma cliente que apresente ou suspeite da doença, utilizam materiais

descartáveis, 66,7% tem o conhecimento dos perigos da doença, porém executam seu

trabalho, expondo a si próprio e a outros indivíduos. Apenas 33,3% disseram não tem

conhecimento algum de biossegurança e que executam a maquiagem como de costume.

O autor Sammarco (2004) afirma que a alta transmissibilidade da

conjuntivite e se dá por meio do contato direto com secreções oculares de uma pessoa

infectada e de maneira indireta por meio de superfícies, instrumentos ou soluções

contaminadas. Sendo assim a tabela também mostra uma parcela dos indivíduos com

25% que não realizariam a maquiagem por seu alto grau de contágio, e dentre valor,

57,1% tem conhecimento das normas e 42,9% não o tem, porém conhecem os riscos

que a doença traz.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

80

Tabela 9 – Cruzamento de dados entre o conhecimento de biossegurança e conjuntivite de maquiadores

de Londrina-PR

Você tem

conhecimento sobre

as normas

biossegurança para

maquiagem?

Sua próxima cliente senta em sua cadeira e você percebe que

seu olho está vermelho e a mesma relata que está com

conjuntivite, como deve proceder?

Total Realizo a

maquiagem, pois não

posso perder cliente

Realizo a

maquiagem com

materiais

descartáveis

Não realizo a

maquiagem, pois a

doença é muito

contagiosa

Não 12,5% 50,0% 37,5% 100,0%

33,3% 22,2% 42,9% 28,6%

Sim 10,0% 70,0% 20,0% 100,0%

66,7% 77,8% 57,1% 71,4%

Total 10,7% 64,3% 25,0% 100,0%

100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Com os dados da Tabela 10 pudemos constatar que dentre os

profissionais (10,7%) que alegam realizar normalmente a maquiagem, 66,7% não

tiveram aulas sobre a biossegurança em seus cursos profissionalizantes, e que 33,3%

tiveram informações, mostrando que essa parcela de profissionais deve realizar uma

reciclagem e buscar conhecimentos.

Tabela 10 - Cruzamento de dados entre conjuntivite e ensinamentos de biossegurança

Se “sim” na questão

anterior, foi ensinado

sobre biossegurança?

Sua próxima cliente senta em sua cadeira e você percebe

que seu olho está vermelho e a mesma relata que está com

conjuntivite, como deve proceder?

Total Realizo a

maquiagem, pois

não posso perder

cliente

Realizo a

maquiagem com

materiais

descartáveis

Não realizo a

maquiagem, pois a

doença é muito

contagiosa

Não realizou o curso 100,0% 100,0%

5,6% 3,6%

Não foi ensinado 14,3% 57,1% 28,6% 100,0%

66,7% 44,4% 57,1% 50,0%

Sim foi ensinado 7,7% 69,2% 23,1% 100,0%

33,3% 50,0% 42,9% 46,4%

Total 10,7% 64,3% 25,0% 100,0%

100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Como resposta a questão relacionada ao descarte do material utilizado,

64,3% respondeu fazê-lo em lixo comum. De acordo com a RDC Nº 306, o

gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde se dá por grupo A, que são substâncias

infectantes, grupo B substâncias químicas, grupo C substâncias com presença de

radiação, grupo E com resíduos perfurocortantes e grupo D que são resíduos com

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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destinação a reciclagem ou reutilização. Dentre a segregação do grupo D, temos papeis,

metais, vidros, plásticos e resíduos orgânicos. Com os dados da pesquisa concluímos

que os profissionais maquiadores apresentam um conhecimento muito escasso em

relação às normas de biossegurança. Não conseguem diferenciar limpeza e desinfecção

dos materiais, utilizando técnicas falhas, já que a maioria dos entrevistados alega utilizar

somente o spray de limpeza comercial que só promove a remoção de sujidade e detritos.

Também podemos concluir que existe a preocupação em realizar

procedimentos seguros, porém vimos que os cursos feitos por eles não abordar

corretamente o tema, deixando os profissionais e clientes expostos à contaminação de

doenças.

REFERÊNCIAS

BASTIANI D. D., MELLA E. A. C.: Avaliação do Nível de Conhecimento dos

Alunos de Uma Instituição de Ensino Superior Sobre o Herpes Simples Disponível

em:<http://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/806> Acesso

em: 29 ago. 2016.

HINRICHSEN, S. L..Biossegurança e controle de infecções: risco sanitário

hospitalar.Medsi, 2004.

PEREIRA, M. M. F. I.: Estudo in vivo do impacto biológico de diferentes materiais

de penso sobre a integridade cutânea. Tese de mestrado. Universidade de Lisboa,

Faculdade de Farmácia, 2009.

RAMOS, J. M. P. Biossegurança em estabelecimentos de beleza e afins. São Paulo:

Atheneu, 2010.

RDC/ANVISA nº 306, de 7 de dezembro de 2004.

Revista Saúde e Pesquisa, v. 1, n. 2, p. 137-143, maio/ago. 2008 – ISSN 1983-1870.

SAMMARCO, G. N. et al. Análise epidemiológica da conjuntivite viral após

estratégias de controle em Pompéia-Sp. SaBios-Revista de Saúde e Biologia, [S.l.],

v. 9, n. 1, p. 6-10, mar. 2014. ISSN 1980-0002. Disponível em:

<http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/sabios2/article/view/1404/569>.

Acesso em: 29 ago. 2016.

SCHNEIDER, E. M.; REIS, M.; THIVES, F..TENDÊNCIA DO MERCADO DA

MAQUIAGEM: Conceito da Arte e da Tecnologia, é livro ou artigo?2010.

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82

BIOSSEGURANÇA NA ESTÉTICA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA DAS

REGRAS ENTRE MANICURES E PEDICURES

BIOSECURITY IN THE AESTHETIC: OF KNOWLEDGE TO THE PRACTICE OF

THE RULES BETWEEN MANICURES AND PEDICURES

Ana Carolina do Prado Festi¹

Adrielly Michely Ferreira2

Luana Delgado Munhoz de Oliveira3

RESUMO

As preocupações com a beleza e bem-estar levam as pessoas na busca cada vez maior dos centros de

Estética. Dentre os serviços oferecidos nesses locais há o trabalho da manicure e pedicure, que pode

expor cliente e profissional a acidentes com materiais perfuro-cortantes e micro-organismos podendo

ocasionar doenças infectocontagiosas. Esses riscos podem ser prevenidos pelo seguimento correto das

regras de Biossegurança, padronizadas pelos órgãos competentes, o uso de Equipamento de Proteção

Individual é o principal. No intuito de, principalmente, levantar dados sobre o conhecimento e adesão das

normas de biossegurança na cidade de Apucarana/PR, foi realizada uma pesquisa com 16 profissionais,

voluntárias, manicures e pedicures, que responderam a um questionário contendo 46 questões sobre:

higienização das mãos, procedimentos de esterilização, uso de equipamentos de proteção individual e

outros pontos relacionados. Todos os entrevistados alegaram lavar as mãos depois de utilizar o banheiro,

75% sempre lavam entre um atendimento. Alguns entrevistados, mesmo sabendo dos riscos, não fazem o

uso correto e contínuo dos EPI´s. Todas as entrevistadas afirmaram fazer a esterilização dos artigos

críticos (alicate e afastadores de cutículas) e a limpeza do material antes de submetê-lo a esterilização.

Pudemos observar que a maioria dos manicures/pedicures entrevistados não cumprem os procedimentos

corretos de biossegurança, mesmo conhecendo as regras.

Palavras-chaves: EPI, higienização das mãos, salão de beleza, normas de higiene, segurança no trabalho.

ABSTRACT

The concern about beauty and welfare drives people to increasingly search the Aesthetics centers. Among

the services offered in these places, there’s the work of the manicure and pedicure, which can expose the

customer and the Professional to accidents with Sharp materials and micro-organisms and may cuase

infectious diseases. These risks can be prevented by following correctly the biosafety rules, standardized

by the competent organs, the use of Indvividual Protection Equipamentbeeing the main one. In order to,

mainly, collect data about the knowledge and accession of the biosecurity rules on the city of

Apucarana/PR, it was made a research with 16 professionals, volunteers, manicures and pedicures, that

answered a questionary with 46 questions about: hand sanitization, sterilization procedures, use of

individual protection equipaments and other realated topics. All the interviewees claimed to have washed

their hands after using the bathroom, 75% allways wash their hands between one attendance and another.

Some interviewees, even knowing the risks, don’t do the correct and continuous use of the IPE’s. All the

interviewees said that they do the sterilization of the critical items (pliers and cuticles retractors) and the

cleaning of the material before submit it to the sterilization. We could see that most of the

manicures/pedicures interviewed do not meet the correct procedures of biosecurity.

Keywords: IPE, hand sanitization, beautysaloon, hygienerules, safety a twork.

___________________________ ¹Discente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil

²Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil. 3Mestre em Microbiologia- Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário

Filadélfia – Unifil.

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83

INTRODUÇÃO

Com o crescimento das áreas de Estética e Cosmética, o mercado de

trabalho exige profissionais que estejam cada vez mais capacitados e informados, não só

para aplicação dos serviços oferecidos, mas também com cuidados às normas de

biossegurança. Apesar disso, esse crescimento não tem sido seguido da qualificação

profissional adequada, o que expõe o trabalhador e a clientela atendida por ele

(GERSON, 2001 apud HALAL, 2011).

Dentre os vários serviços prestados na Estética estão os de manicure e

pedicure. Segundo Moren (2009), manicures cuidam das mãos e das unhas para que elas

fiquem com um aspecto limpo e bem cuidado e pedicures cuidam dos pés e suas unhas

para que sejam saudáveis. O profissional desta área fica exposto a muitos riscos: de

acidentes, ergonômicos, físicos, químicos e os biológicos que mais preocupam os

agentes de saúde (BRASIL, 1995).

Os riscos biológicos estão relacionados com a transmissão de micro-

organismos e de doenças como: hepatite B, hepatite C, HIV (vírus da imunodeficiência

humana) e também as micoses, as quais estão submetidas profissionais e clientes. Essas

patologias são disseminadas por meio de materiais utilizados em diversos

procedimentos que não são devidamente esterilizados.

Esses podem ser evitados seguindo as normas de biossegurança que é

caracterizada por: “Biossegurança é a condição de segurança alcançada por um conjunto

de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às

atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”

(FIOCRUZ, 2002).

Sendo, assim com o aumento dos riscos de contaminações por micro-

organismos o intuito desse trabalho será foi avaliar o nível de conhecimento e adesão

das normas de biossegurança em salões de beleza e centros de estética que oferecem

esses serviços, através da aplicação de questionários em Apucarana-PR.

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através de uma pesquisa exploratória

comparativa com manicures/pedicures que foi conduzida em estabelecimentos de beleza

localizados na cidade de Apucarana-PR. A coleta de dados foi realizada no período de 2

meses, de março a maio de 2016.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

84

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

Humanos da UniFil, com o númerode Registro: CAAE- 50697715.2.0000.5217.

Para seleção dos estabelecimentos buscou-se aqueles com alvará de

funcionamento, com a ajuda da Prefeitura Municipal de Apucarana foram mapeados

todos os salões com o alvará, endereço e número de telefone.

As entrevistas foram realizadas por meio de visita aos

estabelecimentos e somente mediante permissão dos proprietários e concordância do

profissional em responder as perguntas.

O questionário foi composto por 46 perguntas que variam entre

alternativas e dissertativas sobre Biossegurança no ambiente de trabalho. Junto ao

mesmo, havia um termo que foi assinado pelo profissional alegando que ele concorda

com os termos da pesquisa e que suas respostas serão mantidas em sigilo (vistas

somente pela estudante que aplicou o questionário e sua orientadora para a coleta dos

resultados).

Foram coletados resultados dos questionários que estavam completos

(com todas as respostas preenchidas) e legíveis. Os dados obtidos foram digitalizados

para uma planilha do programa Microsoft Excel2010 e analisados estatisticamente com

o software IBM SPSS (versão 23.0) por análise de frequência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na vigilância sanitária do município de Apucarana, em 2015,

totalizava 246 estabelecimentos estéticos cadastrados, destes foram procurados pelo

presente trabalho 111, dos quais 25 não forneciam o serviço de manicure e/ou pedicure,

40 não foram encontrados, 26 não existiam mais e 4 pessoas se negaram a participar da

pesquisa.

Ao final foram obtidos 16 questionário, respondidos em sua totalidade

por pessoas do sexo feminino. A variável de idade foi de 21 a 51 anos gerando uma

média de 35 anos. Quanto à escolaridade, a maioria das entrevistadas possuía ensino

médio completo.

A carga horária de trabalho das participantes variou de 2 a 12 horas

por dia e o tempo de atuação na área foi de menos de 2 a 35 anos. A formação

profissional foi realizada por meio de curso profissionalizante em 62,5% dos casos ou

treinamento informal com amigos ou parentes em 37,5%.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

85

Quando questionadas quanto ao significado das normas de

Biossegurança todas alegaram ter conhecimento das mesmas.

Todas disseram que lavam as mãos depois de utilizar o banheiro, 75%

disseram que sempre lavam as mãos entre um atendimento e outro, enquanto as outras

25% executam essa prática na maioria das vezes. Sobrinho e colaboradores (2014), em

uma avaliação do conhecimento e práticas de biossegurança em uma amostra de

profissionais de beleza de Goiânia-Goiás, demonstraram que 27% de todos os

entrevistados (manicures, cabeleireiros e esteticistas) declararam que não lavam as mãos

antes e/ou após o atendimento de cada cliente, sendo a adesão adequada de 50,4% entre

as manicures.

Na realização de uma pesquisa voltada para a percepção dos

consumidores de serviços de beleza em relação às normas de biossegurança utilizadas

em estabelecimentos da área, houve relatado de que 80% (n=110) dos entrevistados

observam a higienização das mãos dos profissionais antes e depois de cada

procedimento, sendo que 20% (n= 27) não observam, sendo um percentual ainda

elevado de não observância deste procedimento (SOUZA et al., 2007).

A lavagem das mãos é executada por 11 (68,8%) das profissionais

sempre com o uso de sabonetes líquido, porém apenas 8 (50%) delas relataram que

nunca utilizam sabonete em barra, pode-se supor que as outras 3 que não fizeram esse

relato, usariam sabonete em barra ou já usaram alguma vez. Apenas 2 (12,5%)

manicures sempre usam sabonete em barra.

Nos serviços de saúde, recomenda-se o uso de sabão líquido, tipo refil,

devido ao menor risco de contaminação do produto (BRASIL, 2007).

Os agentes anti-sépticos são substâncias aplicadas à pele para reduzir

o número de agentes da microbiota transitória e residente, entre os principais anti-

sépticos estão: alcoóis, clorexidina, compostos de iodo etc. (BRASIL, 2007).

Das 16 entrevistadas, 62,5% responderam sempre utilizar álcool 70%

após a lavagem das mãos, 18,8% na maioria das vezes e 18,8% às vezes.

Apenas 11% das manicures/pedicures relataram usar álcool 10% no

estudo de Oliveira e colabores (2014) que discutem sobre adesão às medidas de

biossegurança relacionadas à hepatite B por manicures.

Ao serem questionadas sobre o uso de luvas descartáveis apenas 6

(37,5%) sempre as utilizam, porém, 5 delas fazem a troca da luva após cada cliente e

apenas 1 faz a troca somente 2 vezes ao dia.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

86

Houve relatos de 3 (18,8%) que as usam as vezes, 2 destas, quando utilizam, fazem a

troca após cada cliente e apenas 1 faz a troca somente uma vez ao dia. E ainda há 3

(18,8%) participantes que raramente fazem o uso das luvas, 2 não responderam a

frequência da troca e 1 relatou, que quando utiliza, faz a troca após cada cliente.

Em estudo realizado no município de São Paulo por Oliveira (2009),

cerca de 80% das profissionais manicures e/ou pedicures não utilizam luvas de

procedimento para atendimento aos clientes. Já no trabalho de Souza e

colaboradores (2007), 76% dos consumidores observaram o uso de luvas pelo

profissional.

A utilização de máscaras é ignorada por mais da metade (56,3%). das

entrevistadas no presente trabalho e apenas 18,8% sempre as utilizam, apenas uma faz a

troca a cada cliente.

A máscara é utilizada em procedimentos e servem para proteger as

mucosas dos olhos, nariz e boca de respingos (OPPERMANN e PIRES, 2003).

Apesar dos óculos de proteção e touca serem de relevância importante

para execução dos serviços das manicures e/ou pedicures, podemos observar que seu

uso não é realizado já que apenas 2 profissionais relataram que sempre fazem o uso de

óculos, sendo eles próprio para correção da visão que necessitam para realização do

serviço, caso contrário não utilizariam. As que responderam maioria das vezes (1) e

raramente (1) também procedem da mesma maneira. Apenas 1 entrevistada utiliza touca

e a mesma faz a troca do utensílio a cada cliente.

O uso de barreiras protetoras como luvas, aventais, máscara, gorros e

óculos irão reduzir as chances de exposição da pele e das mucosas a materiais

infectados (RAMOS, 2009).

Os jalecos/aventais são utilizados com a frequência de sempre por

25% entrevistadas, na maioria das vezes por 6,3% e as vezes por 12,3%. A troca do

utensílio foi a cada cliente (6,3%) e uma vez por dia (31,3%).

Na pesquisa realizada por Eufrásio e colaboradores (2011) sobre o uso

de EPI por profissionais de manicure e pedicure, foi constatado de que 41%, quase

metade dos colaboradores, faziam o uso de avental ou jaleco.

Sapatos fechados, que devem ser aderidos por esses profissionais, são

utilizados sempre por apenas 4 colaboradoras.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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Quando perguntados se os clientes levam seus próprios kits de

manicure, houve somente um relato (6,3%) de que há essa pratica sempre, 31,3% na

maioria das vezes, 37,5% as vezes, 12,5% raramente e 12,5% nunca.

Apenas 1,7% dos entrevistados disseram que a maioria dos clientes

possuía seu próprio “kit”, nessas situações, 89,4% consistiam de alicate e

afastador/espátula de eponíquio; 45,5% do palito; 22,6% de esmalte; 8,1% de toalha de

tecido e 7,7% de hemostático, na tese realizada por Garbaccio (2013) sobre

conhecimento e adesão às medidas de biossegurança entre manicures e pedicures.

Algumas entrevistadas, mesmo sabendo dos riscos, não fazem o uso

correto e contínuo dos EPI´s, 6,3% delas pensam em economizar, 12,5% em poupar

tempo e, infelizmente, mais da metade (56,3%) relatam que não é necessário. A

pergunta ficou sem resposta por 18,8% delas (algumas das que sempre utilizam EPI).

Ainda sobre os Equipamentos de Proteção Individuais, o uso deles

causa incômodo ou desconforto em pelo menos 43,8% das profissionais, enquanto 25%

alegaram que não lhe causa nenhum tipo de desconforto e 31,3% não faz o uso.

Garbaccio (2013) ainda encontra outros motivos para a não utilização

de EPI pelas manicures entrevistadas em sua pesquisa, sendo as principais justificativas:

a causa de incômodo e desconforto durante o uso (38,3%), seguido de alergia 25,1%,

julgamento de que a atividade que realizam não as expõem a sangue e ferimentos

(10,6%), por trabalhar no ramo há muito tempo e nunca se acidentar (5,1%).

Quase todas as participantes (81,3%) não fazem a utilização de sapato

fechado e roupa branca durante seu trabalho. O uso de sapatos fechados durante os

procedimentos foi assinalado apenas por uma pessoa (EUFRASIO et al., 2011).

Dos equipamentos utilizados pelas manicures/pedicures o palito, que

se for de madeira deve ser trocado a cada cliente, e se for de metal deve ser utilizado em

apenas um cliente e depois esterilizado antes de ser manuseado novamente, é utilizado

corretamente (apenas em 1 cliente) pela maioria das profissionais (12). Apenas 1 utiliza

em 2 clientes e 3 usam o mesmo palito em inúmeros cliente (5 ou mais).

A lixa de unhas que também deve ser utilizada apenas em um cliente,

tem seu uso correto por 11 das profissionais. Duas profissionais utilizam em 2 clientes e

3 em 5 ou mais clientes.

Na sua pesquisa sobre procedimentos de biossegurança adotados por

profissionais prestadores de serviço de manicure, pedicures e outros profissionais,

Cortelli (2012) relatou que 17 manicures e pedicures, ou seja, 42,5% do total dos

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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pesquisados, afirmaram reutilizar lixa e/ou palito. Além de que, constatou-se por meio

do relato de 03 manicures e pedicures, ou seja, 7,5% dos entrevistados possuem o

costume de colocar palito de madeira no esterilizador. E até o hábito de limpar o palito

de madeira com álcool e reutilizar.

O uso de protetores plásticos para bacia é utilizado por quase todas as

entrevistadas. Apenas uma (6,3%) das que utilizam, alegou que usa o mesmo material

em 2 clientes, onze (68,8%) delas usam em apenas uma cliente e depois descartam.

Quatro (25%) afirmaram que não fazem o uso desse tipo de protetor plástico. Apenas

duas delas contaram esse método já foi substituído por algo que traz a elas economia e

também um impacto menos agressivo ao meio ambiente.

Ao serem questionadas sobre utilização de bacias ou recipientes para

colocar mãos ou pés dos clientes mergulhadas em água, 14 (87,5%) assinalaram que

fazem o uso, enquanto 2 (12,5%) não utilizam. Com base nessas respostas, pode-se

supor que duas das entrevistadas utilizam algum recipiente sem o protetor plástico.

Oliveira (2009), em sua tese da pós graduação, além de ter pesquisado

sobre prevalência de hepatite B e C em manicures e/ou manicures do município de São

Paulo, também procurou saber sobre a adesão dessas profissionais às normas de

biossegurança. Foram 100 entrevistadas, apenas 7 (7%) utilizavam sacos plásticos para

proteção das bacias e cubas.

Em relação ao descarte de resíduos, nove (56,3%) das profissionais

jogam fora os materiais descartáveis em um lixo próprio, sete (43,8%) infelizmente

jogam no lixo comum. Também foram questionadas sobre separação do lixo em:

biológico, reciclável e perfuro-cortantes, sendo que nove (56,3%) fazem a separação

correta do lixo e sete (43,8%) não fazem.

Garcia e colaboradores (2007) disseram que 77% dos locais por eles

entrevistados realizam as etapas de separação, acondicionamento e armazenamento dos

resíduos químicos e orgânicos, os outros 23% não fazem a separação coletando todo o

lixo em um único local, sem identificação e devido armazenamento.

Todas as entrevistadas afirmaram fazer a esterilização dos artigos

críticos (alicate e afastadores de cutículas) e a limpeza do material antes de submetê-lo a

esterilização. Nove das profissionais executam a limpeza com álcool 70%, duas utilizam

germicidas, uma faz o uso de detergente enzimático, uma com sabão comum e álcool e

uma com álcool 70% ou acetona. Duas pessoas não responderam essa questão.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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Apesar do processo de descontaminação ser de elevada importância,

Gabaccio e Oliveira (2013), no estudo “Risco oculto no segmento de Estética e beleza:

uma avaliação do conhecimento dos profissionais e das práticas de biossegurança nos

salões de beleza”, relataram que apenas 3,3% de suas entrevistadas aderem ao método

recomendado (detergente enzimático).

Os métodos de esterilização tiveram respostas variadas. Houve relatos

de que somente o álcool 70% já seria eficaz, por isso 18,8% (3) das profissionais não

assinalaram nenhuma resposta para essa questão, já que a mesma não continha a opção

do álcool 70%. A estufa fica em primeiro lugar com 37,5% (6) das participantes

utilizando como o método mais preciso, a autoclave é bem recebido por 18,8% (3)

delas, o forninho por 12,5% (2) e a fervura por apenas 6,3% (1). Uma (6,3%) das

entrevistadas faz o uso de fervura seguido da utilização da autoclave.

Moraes e colaboradores (2012) em “Hepatite B: conhecimento dos

riscos e adoção de medidas de biossegurança por manicures/pedicures de Itaúna/MG”

disseram que dos seus 127 entrevistados, 83% utilizam como método de esterilização a

estufa, 11,3% a autoclave, 2,1% a panela de pressão, 0,9% álcool, 0,9% álcool e água

fervente, 0,9% formol e 0,9% um composto a base de amônio e formol chamado

Germekil.

Grande parte das colaboradoras (10) fazem a frequência de

esterilização do material entre uma cliente e outra, o que seria o modo correto. Seis

delas fazem o procedimento apenas uma vez ao dia. Por isso é ideal que esses materiais

(alicates, afastadores de cutícula) sejam de uso individual ou que cada cliente traga seu

próprio kit (BRASIL, 2012).

Após a esterilização o material deve ser armazenado em local

adequado, para que ele continue estéril até o seu uso. Porém, na prática pudemos

observar que isso não acontece, as respostas para esse quesito foram muito variadas.

Depois de esterilizados, os materiais críticos devem ser

acondicionados em lugar limpo, seco, livre de pó e insetos (BRASIL, 2012).

REFERÊNCIAS

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DELINEAMENTO DE SOBRANCELHAS E SUA BIOSSEGURANÇA

DESIGN OF EYEBROWS AND ITS BIOSAFETY

Iara Palmira Anhaia Colussi 1;

Tania Cristina Labs2;

Luana Delgado Munhoz3

RESUMO

O presente trabalho consiste em explorar e detalhar as técnicas do delineamento de sobrancelhas e a

biossegurança que ocorre neste procedimento, desde a história das sobrancelhas. As técnicas expostas

neste trabalho proporcionarão não somente as profissionais da área, como para os clientes uma noção das

diversas formas de como realizar o trabalho mais adequado para cada cliente ficando ciente de como é

constituído a pele e o pêlo, sua cor a geometria e anatomia da face, o nervo trigêmeo, no qual é localizado

próximo as sobrancelhas. Esse trabalho demonstra a melhor forma de delinear cada formato de

sobrancelha com cada tipo de personalidade utilizando as técnicas de visagismo e fisiognomonia. Em

vista disso, a biossegurança aplicada a essa área se faz importante e necessária, a fim de desenvolver os

procedimentos com maior segurança e eficácia. A pesquisa é de caráter qualitativo, sua metodologia é

baseada em livros, sites, jornais e trabalhos acadêmicos compatíveis com este estudo. Atualmente,

sobrancelhas buscam naturalidade.

Palavras-chave: Design,Embelezamento do Olhar,Higiene.

ABSTRACT

The work present consists in explore and detail the techniques of the eyebrow design and the biosafety

that occurs in this progress, since the story of eyebrows. The technical exposed in the work will provide

not only professionals in the area as for the customers a notion of various forms how to do the job more

suitable for each client as is constituted the skin and the fur, your color is geometry and anatomy of face,

the trigeminal nerve that is localizated next the eyebrow. This work demonstrates in the best form of

outline each format of eyebrow with each face type of personality using the techniques Ofvisagism and

physiognomy. In view this, the biosafety applies to this area if it is important and necessary, in order to

develop the procedures with greater security and efficiency. The search is of qualitative character, your

methodology based on books, site, newspapers and academy work compatible with this study.

Keywords: Design, Beautifying the look, Hygiene.

¹ Graduada do Curso Superior de Tecnologia de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil, Londrina PR 2 Docente do Curso Superior de Tecnologia de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil, Londrina PR 3 Mestre em Microbiologia – Docente do Curso Superior de Tecnologia de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia –

Unifil, Londrina PR

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INTRODUÇÃO

As tendências na área da beleza sofrem progressos constantes com o

passar dos anos tendo a finalidade de despertar ainda mais o interesse dos

consumidores. A técnica de delineamento de sobrancelhas é uma delas que proporciona

uma harmonia com o rosto resguardando o ar de naturalidade, possui várias técnicas que

buscam atender a necessidade de cada pessoa.

As individualidades dos conceitos de beleza devem ser respeitadas,

pois cada indivíduo transmite sua força, dinamismo, autocontrole e harmonia, além da

autoestima (VIGARELLO, 2004).

O profissional dessa área deve estar atento a alguns aspectos básicos, a

fisiologia da pele, do pêlo, como ocorre a formação da sua cor, a geometria e anatomia

da face, ter conhecimento das técnicas de visagismo e a fisiogonimia para realizar o

melhor formato de cada sobrancelha e o modo que se realiza o procedimento de

delineamento utilizando os matérias que mais convém em cada procedimento como

pinça, ceras, hennas, lápis e sombra e em alguns casos a micropigmentação.

O aspecto da biossegurança em cada procedimento também deve ser

levado em consideração, pois consiste em atos voltados a prevenção de doenças no

ambiente de trabalho. E realizar corretamente a higienização das mãos antes e depois de

cada procedimento.

Convém salientar que para Costa e Costa 2002, a biossegurança é uma

ação educativa que através da associação de conhecimentos técnicos harmoniza

segurança da saúde não só do homem mais do meio ambiente em geral.

Sendo assim esse trabalho teve como finalidade exemplificar as

diferentes técnicas que avivam o embelezamento das sobrancelhas, assim como os

materiais e utensílios utilizados evidenciando as corretas técnicas de biossegurança e

seu conceito em cada técnica.

DESENVOLVIMENTO

Fisiologia da pele

A pele é composta por três camadas a epiderme, derme e a hipoderme

para alguns autores a hipoderme não é mais considerada a terceira camada da pele

(GUIRRO e GUIRRO, 2004).

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Segundo Souza (2004) a pele é a estrutura de revestimento de todo o

corpo humano e tem as funções de proteção contra a perda de água, o atrito e a entrada

de micro-organismos.

Para Vaz (2008) uma das funções da pele é a sensibilidade onde se

pode sentir calor, frio, tato e a dor através de receptores especializados: receptores

Krauser: que significa o frio; receptores Ruffini: Calor; Discos de Merkel: tato e

pressão; receptores de Vater-Pacini: pressão; receptores de Meissnwer: tato e as

Terminações Nervosas que é referente a dor.

Fisiologia do pêlo

Os pêlos desenvolvem-se dos folículos pilosos, se originam de uma

invaginação da epiderme e envolve sua base na área da derme conhecida como papila

dérmica (DAWBER,1996).

Vaz, (2008) diz que os pêlos possuem uma estrutura queratinizada que

sofrem diversos processos de renovação constante. No entendimento de Dawber e Neste

(1996) os folículos são inclinados em sentido horizontal da derme.

Estão distribuídos em quase todo o nosso corpo, e apresentam

desenvolvimento diferentes em certas regiões, com isso desempenham importante papel

de proteção especialmente quando anexados às aberturas naturais do corpo (GUIRRO e

GUIRRO, 2004).

Estrutura Óssea Facial

De acordo com Vaz (2008) o sistema esquelético é formado por 206

ossos interligados que formam uma armadura do corpo humano. O conjunto de ossos é

uma estrutura forte, sustenta o corpo, protege órgãos maiores e permite a realização de

movimentos, é formado pelo osso um tecido vivo irrigado e drenado por vasos

sanguíneos e nervos além de proteção os ossos armazenam cálcio e outros minerais e

produzem células de sangue (DI E DIO, 1996).

Estrutura Muscular Facial

Segundo Konrat, (2008) a musculatura do corpo humano se divide em

três categorias; músculos esqueléticos (estriados) são comandados pela vontade,

músculos viscerais (lisos) funcionam independentemente da nossa vontade e uma

categoria a parte é os músculos cutâneos localizados na face (músculos mímicos).

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A face possui, em média, 80 músculos que se contraem de acordo com

o estado emocional e que possuem propriedades como a contratilidade, a elasticidade e

a coordenação. Estes músculos, principalmente os responsáveis pela expressão facial

situam-se logo abaixo da pele, formando uma camada quase única. Desta forma, a

contração destes movimenta a cútis provocando depressões caracterizadas por linhas ou

fossas perpendiculares à direção das fibras musculares (BARBOSA, 2013).

Fisiogonomia

A fisiognomonia é a área do conhecimento que estuda os traços e

expressões do rosto, tentando entender e reproduzir as sensibilidades, decifrando

desejos e paixões, mostrando defeitos e qualidades, forças e fraquezas. (COURTINE;

HAROCHE, 1988).

Se caracterizou por constantes tentativas de revelar e desvendar a

linguagem das expressões faciais, apesar de percebidas como naturais estas expressões

forram aprendidas e transmitidas social, cultural e historicamente (FOUCAULT, 1989).

Cada rosto tem uma expressão facial e pode ser dividido em três

partes a área superior corresponde à testa. A segunda área vai das sobrancelhas à raiz do

nariz, a terceira inicia-se na raiz do nariz e vai até o final do queixo (PELLOZZO, 2008;

MARTINEZ, 1997).

Visagismo

Segundo Hallawell (2006), visagismo é um termo que vem da palavra

visage, que em francês significa rosto, o termo visagismo surgiu em 1936 pelo francês

Fernand Aubry, para mostrar a importância de valorizar a beleza de cada pessoa,

analisar as características físicas como formato do rosto, tons de peles e feições.

Um dos conceitos em visagismo se refere a uma suposta possibilidade

de leitura de uma imagem humana, expressa por meio das linhas da face (JUNG, 2008).

Uns dos recursos de harmonização dessas particularidades são

compostas de face, cabelo, maquiagem e sobrancelhas dos quais o é o trabalho de um

visagista de acordo com Hallawell (2009).

Por sua vez, as sobrancelhas elas podem tanto embelezar como

destruir a harmonia do rosto, Dependera muito da forma que ela sera delineada ou

construída. Para a construção ideal é necessário que se analisem bem as sobrancelhas

observando se o traçado desequilibra o rosto de alguma forma, se altera a expresso da

face, pois sempre o resultado final deve ser de favorecê-las (FEIJÓ, 2009).

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História das sobrancelhas

Da forma anatômica as sobrancelhas são um elemento de proteção

para o globo ocular, formando por um alinhamento de pelos, a tendência é ficarem mais

espessas para a proteção do mesmo e não harmoniosas esteticamente. Santos (2007)

continua dizendo que a retirada de pêlos foi sendo associada a cada década e seguida

por um padrão de moda, a partir do século XX essa técnica foi confirmada com fim de

embelezar a feição do rosto.

Segundo Duarte (2008), em 1910 para se expressar no cinema mudo

os atores utilizavam as sobrancelhas, as atrizes as depilavam-nas totalmente e depois a

pintavam conforme o papel interpretado.

Essa pequena parte do corpo da a expressão ao rosto, realça a beleza

natural e da personalidade para cada indivíduo, as sobrancelhas fornecem um equilíbrio

dos traços (LIZ, 2006).

As sobrancelhas revelam como o ser humano catalisa sua energia para

o mundo exterior (MARTINEZ, 2009).

Formatos de Sobrancelhas e de Rostos

De acordo com Valverde (2002) o que melhor define a beleza e

qualifica sua expressão é a sobrancelha. Sendo assim existem instruções para se atingir

a desejada sobrancelha perfeita. O formato da sobrancelha pode ser levantadas, caídas,

curtas, longas e retas (HALLAWELL, 2006).

De acordo com (HALLAWELL, 2006) os formatos de

rostosexistentes são: o rosto hexagonal lateral reta, rosto hexagonal base reta, rosto

triangular, rosto losango, rosto retangular, o quadrado, rosto redondo e o formato oval.

Como já foi dito, há uma variedade de formatos de rosto, estudar a

morfologia do rosto não é uma novidade em si, segundo Quedi (2008), é uma pratica há

mais de cinco mil anos, originada no Egito como a finalidade de traçar o perfil dos

imperadores.

Delineamento de sobrancelha

Existem várias maneiras para delinear as sobrancelhas, devendo

respeitar os limites sem tirar em excesso, deixando assim o formato natural do rosto e

das sobrancelhas. As sobrancelhas merecem cuidados, pois são elas que dão a expressão

de um rosto (MARTINEZ, 2009).

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Deve se levar em conta o traçado natural e iniciar o procedimento com

a que tenha alguma falha, pois a outra não deverá de tanto cuidado, basta que fique em

harmonia com a primeira (DOURADO, 2007).

De acordo com Molinos (2002), se há diferença de altura nas

sobrancelhas deve-se retirar pêlos inferiores da mais baixa, para suspendê-la e os

superiores da mais alta para abaixá-la.

Materiais Utilizados no Delineamento de Sobrancelhas

Para começar o trabalho, os materiais utilizados são: uma pinça

adequada, paquímetro que serve para medir a sobrancelha, lápis para fazer as

demarcações dos pontos, tesourinha de ponta reta que tem a finalidade de aparar os

pêlos quando grandes, escovinha para pentear a sobrancelha e algodão para sobrepor o

gel de limpeza inicial e ir limpando os pêlos já extraídos (ZANQUIM, 2007).

Henna: Colorações de Sobrancelha

Segundo Montana (2010) henna é extraída de uma planta chamada

Lawsoniainermis, esse corante é muito utilizado na Índia e no Norte da África. Na

Índia, a tatuagem com henna é usada pelas mulheres para épocas de festividades, no dia

do seu casamento entre outras datas.

A Henna própria para sobrancelhas é uma técnica que permite

preencher falhas e dar destaque no olhar, até gestantes podem usar, pois é um produto

natural (COSTA, 2015).

Existe algumas variações de coloração dos pêlos, porem apenas três

pigmentos estão presentes o amarelo, castanho e o preto, a junção destes pigmentos

resultam em variações de cores, cada pessoa possuem uma coloração de acordo com sua

variação genética (GUIRRO, GUIRRO, 2004).

Essa técnica ajuda especialmente as mulheres loiras naturais de pele

clara que possui cílios claros, dando percepção de serem ralos ou melhores de certa

idade que a pigmentação dos fios já estão ficando brancos, é feito com uma tinta própria

para cílios e sobrancelhas (VANDERLINDE, 2016).

Lápis e Sombra

Para definir ou apenas preencher os fios pode–se utilizar lápis ou

sombras, um retoque sutil para equilibrar o traçado, ele ainda ressalta que deve-se usar

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uma sombra mais clara que o pêlos das sobrancelhas respeitando a cor dos cabelos

Molinos, (2002).

Se a opção for lápis deve ser utilizado com muito cuidado pois pode

deixar um traço muito artificial. Marchi (2014), comenta que usar lápis 6B, ou qualquer

outro lápis que não seja especifico para pele e sobrancelhas, pois pode causar alergias,

irritações na pele e em alguns casos até a queda dos fios.

Micropigmentação

Segundo Costa (2015), na micropigmentação os pigmentos são

neutralizados que com isso evitam a mudança de cor e o risco de esverdear. São

colocados na camada mais superficial da pele, com o auxílio de um demógrafo e

agulhas descartáveis, não é correto chamar de maquiagem definitiva, pois esse termo é

usado para tatuagens que o pigmento atinge a camada da derme.

O procedimento tem duração média de 1 a 2 anos, podendo ser

retocado após esse tempo, os pigmentos mais claros tendem a durar menos que os mais

escuros (QUEIROZ, 2015).

As sobrancelhas compactas usam a técnica de micropigmentação mais

antiga, apenas preenche a sobrancelha de forma uniforme para corrigir as falhas, fica

mais forte e marcada (LOPES, 2014).

As sobrancelhas fio a fio se tornaram para ser uma alternativa mais

natural, antes de iniciar o procedimento, o profissional faz o design da sobrancelha para

definir como será o desenha é feito com vários tons de pigmentos para desenhar os fios

com perspectiva e profundidade, deixando a sobrancelha com uma aparência muito

natural (QUEIROZ, 2015).

Possui no mercado também a técnica esfumada, semelhante a técnica

de maquiagem que utilizada a sombra, essa técnica é indicada para quem quer realçar

um pouco mais a sobrancelhas e buscam definição no formato, cada ano vão surgindo

novas técnicas para agradar a vontade do cliente (AMARAL, 2016).

Biossegurança na área de sobrancelhas

A biossegurança está unida pelo conceito de boas práticas que

constituem o conjunto de ações que permitem um sistema de qualidade de uma

empresa, essas práticas compreendem de um lado o cumprimento das diretrizes e

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normas para o controle dos processos e de outro as condutas por parte de todos

(RAMOS, 2009).

Costa e Costa (2002) completa que a Biossegurança é uma ação

educativa que com a junção de conhecimentos técnicos propicia a segurança da saúde

do homem e do meio ambiente. A visão da Biossegurança é ampla sendo um conjunto

de normas e procedimentos como Normas Regulamentadoras e legislações orientadas

pela ANVISA, o Ministério da Saúde e do Trabalho, Fundação Oswaldo Cruz, entre

outras instituições.

Tipos de Riscos

Segundo (RAMOS, 2009) o risco é uma probabilidade de ocorrer um

evento bem definido no espaço e no tempo, que causa danos à saúde, as unidades

operacionais ou dano econômico.

Portaria do Ministério do Trabalho, (1978) afirma que a cinco tipos de

riscos:

Riscos de Acidente: Qualquer fator que coloque o trabalhador em

situação de perigo, ou que possa afetar sua integridade. Exemplo: maquinas e

equipamentos sem proteção.

Riscos Ergonômicos: Qualquer fator que altere as características

físicas ou mentais do trabalhador, afetando sua saúde. Exemplo: ritmo excessivo de

trabalho, monotonia.

Riscos Físicos: Formas de energia que possam estar expostos os

trabalhadores. Exemplo: radiação, umidade, vibrações.

Riscos Químicos: Produtos que penetrem no organismo pela via

respiratória. Exemplo: Poeira, fumaça, gases.

Riscos Biológicos: Exposição as bactérias, fungos, vírus e outros, na

estética o risco biológico incluem qualquer material contaminado com microrganismos.

Exemplo: sangue, anexos cutâneos pelo cabelo e pele não íntegra (RAMOS, 2009).

Equipamentos de Proteção Individual

Segundo Soares, (2015) o risco de transmissão microbiana torna-se

maior quando se desconhecem e não se adere às medidas de biossegurança que incluem

a utilização adequada dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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Os (EPI´s) agem como barreira protetora, afim de, evitar o contato do

profissional com o material biológico, é um produto ou dispositivo de uso individual do

trabalhador BRASIL (1978).

Todo profissional deve conhecer os riscos aos quais estarão expostos

no ambiente de trabalho. Na área da saúde não é diferente (TEDORO, 2011). Para se

realizar o delineamento corretamente utilizam-se luvas descartáveis promovendo uma

barreira mecânica para as mãos do profissional e para a pele do cliente (RAMOS, 2009).

Higienização das Mãos

A higienização das mãos pode ser nomeada como antissepsia, a qual

através de agentes antimicrobianos elimina-se microrganismo presentes em tecidos

vivos (HIRATA, MANCINI, 2002; TEIXEIRA, VALLE, 1996).

A higienização das mãos do profissional é apenas um dos meios para a

prevenção de doenças na cabine de estética, realizando todas as condutas de

Biossegurança não so garante uma postura profissional, mas tornam os procedimentos

mais seguros (OPPERMANN, 2003).

Biossegurança no Delineamento de Sobrancelhas

Logo após de colocar os EPIs e realizar a higienização das mãos, o

procedimento de esterilização continua na pele da cliente com álcool 70%, posicionar os

materiais já esterilizados, apontar o lápis na frente da cliente, e realizar o procedimento.

Se for preencher com sombra, henna ou coloração, colocar a medida do que for utilizar

em um recipiente descartável ou lavável junto aos pincéis ou espátulas para o uso de

cada cliente. No término do processo deve-se descartar os materiais não reutilizáveis e

colocar os restantes em processo de esterilização (ROMAM, 2016).

Segundo Barros (2012) uma micropigmentação começa realizando os

mesmos procedimentos só com mais proteção nos utensílios que estão dispostos sobre a

bancada colocá-los em cima de uma camada de plástico de PVC, como os borrifadores,

demógrafo, fonte de energia e embalagens das tintas, usar somente para tal finalidade e

de procedência conhecida, durante o procedimento evitar manusear objetos que não

estejam protegidos pelo plástico PVC e sempre trocar as luvas ao retornar ao

procedimento.

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Estetização dos Materiais Utilizados

As pinças, tesouras e outros utensílios de metais, devem ser lavados

escovados com sabão, em água corrente, álcool 70% ou clorexidina e colocados na

autoclave, em seguida o material deve ser guardado em embalagem apropriada

constando a data da esterilização e nome de quem preparou o material, a embalagem

deve ser aberta sempre na frente do cliente (FIORENTINI, 2012).

Recipientes de plásticos, cubas e espátulas que podem ser utilizados

na epilaçao com cera ou na aplicação de henna a higienização desses utensílios é retirar

o excesso de produto com papel, depois descartar no lixo em seguida lavar com agua

detergente comum e esponja, secar com uma toalha limpa, friccionar etanol 70°Gl com

um papel toalha e logo em seguida guardar em local fechado, limpo e seco (RAMOS,

2009).

Na higienização dos pinceis que utilizamos como a escovinha de

sobrancelhas e o pincel que se usa na passagem de sombra nas sobrancelhas ou até

mesmo na passagem da henna, Ramos (2009) completa dizendo que por possuir cerdas

delicadas o produto para sua limpeza é o detergente enzimático mergulhar os matériais

sujos em uma cuba e deixar de molho durante cinco minutos, massagear as cerdas em

seguida enxaguar e deixar secar naturalmente.

E Takeiti (2000) concluiu que artigos como agulha, lâminas de

navalhas e palitos de madeira e os EPI’s, como luvas, toucas e máscaras são de uso

individuais não podendo ser reaproveitado em outros clientes.

CONCLUSÃO

Esse estudo apresenta conceitos que não são somente para as

profissionais da área mais sim para todos utilizam dessa técnica, as sobrancelhas são

mais que um simples detalhe no rosto, marcam o olhar, valorizam maquiagens,

demonstram expressões e sentimentos variados, existem várias formas e medidas que

podem ser utilizadas emseu delineamento, mas o importante é encontrar a harmonia de

cada rosto, pois não somos números exatos e sim seres humanos perfeitos com suas

imperfeições, sempre cuidando para que a biossegurança esteja presente em cada

procedimento.

Por isso o uso de medidas de referência e o passo-a-passo são tão

importantes, o mais importante é educar-se para formar um olhar críticoque não

depende só do uso das técnicas corretas, mas também das vivências que vão

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

102

acontecendo no decorrer do exercício de suas atividades e principalmente da

sensibilidade do profissional.

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A FUNÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO PÓS- OPERÁTORIO

DE LIPOASPIRAÇÃO DE ABDÔMEN

THE FUNCTION OF MANAUL LYMPHATIC DRAINING IN THE POST-

OPERATIVE LIPOASPIRATION OF ABDOMEN

Cristina Ferraz Czelusniak1

Roberta Chaves Penco Amorese2

Talita Oliveira da Silva3

Perla Almeida de Moraes4

RESUMO

O curso de Tecnologia em Estética e Cosmética vem acabando com o empirismo dos tratamentos

estéticos uma vez que atua na comprovação cientifica dos métodos e técnicas utilizadas para o tratamento

de várias patologias, decorrentes do pós-operatório cirúrgico como a lipoaspiração. O presente trabalho

tem por finalidade identificar a importância da utilização da Drenagem Linfática Manual e seus efeitos

fisiológicos no pós-operatório á cirurgia de lipoaspiração, sendo um recurso terapêutico, que tem como

objetivo promover efeitos sobre a pele, a regulação dos sistemas afetados, diminuição da dor,

desobstrução dos linfonodos, tendo o benefício de diminuir a probabilidade de aderências, fibroses,

queloides, seroses e nódulos adiposos.

Palavras – chaves: Drenagem Linfática manual, lipoaspiração, pós-operatório

ABSTRACT

The course of Technology in Aesthetics and Cosmetics has been ending the empiricism of aesthetic

treatments since it acts in the scientific verification of the methods and techniques used in the treatment of

various pathologies, arising from post-surgery such as liposuction. The aim of this study is to identify the

importance of the use of Lymphatic Drainage Manual and its physiological effects in the postoperative

period to liposuction surgery, being a therapeutic resource that aims to promote effects on the skin,

regulation of affected systems, decrease Pain, and lymph node clearance, with the benefit of decreasing

the likelihood of adherence, fibrosis, keloids, seroses and adipose nodules.

Keywords: Lymphatic Drainage Manual, liposuction, postoperative

INTRODUÇÃO

A mulher ideal é aquela com um corpo impecável e bela, estes requisitos são

influenciados pela mídia e a sociedade, por isso aumentou muito a procura de cirurgias

plásticas como a lipoaspiração, que vai contribuir para a promoção do equilíbrio e da

harmonia dos pacientes em relação à imagem corporal.

1Cristina Ferraz Czelusniak- Acadêmica do curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filádelfia – Unifil Londrina PR 2Roberta Chaves Penco Amorese - Fisioterapeuta- Docente do curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filádelfia –

Unifil Londrina PR 3Talita Oliveira da Silva - Docente do curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filádelfia – Unifil Londrina PR 4 Perla Almeida de Moraes - Docente do curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filádelfia – Unifil Londrina PR

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O sucesso do tratamento de qualquer patologia depende essencialmente do seu

pleno conhecimento, para poder alcançar os objetivos idealizados, sem riscos de

complicações inesperadas.

A cirurgia plástica vem contribuindo para a promoção do equilíbrio e da

harmonia dos pacientes em relação a imagem corporal (Garcia 2010)

Uma cirurgia plástica não depende só de um bom cirurgião, mas também deve

ser considerados todos os cuidados do pré e pós-operatório para se ter um resultado

adequado e sem complicações.

A lipoaspiração proporcionará a remodelagem do contorno corporal e a

satisfação de quem procura este procedimento, não deve ser considerada como um

método de redução de peso ou alternativo á dieta e exercícios, mas como um

procedimento de escultura do corpo, o candidato ideal é o paciente saudável, próximo

do seu peso ideal, que tem depósitos adiposos desproporcionais localizados e resistentes

ao exercício e a dieta para se obter um bom resultado no pós-cirúrgico deve ser incluído

a drenagem linfática manual.

A drenagem linfática manual funciona devido a pressão mecânica que elimina

o excesso de líquido e diminui a probabilidade de aderências, fibroses, queloídes e

seroses.

Este trabalho tem por finalidade elucidar a importância da drenagem linfática

manual e seus efeitos fisiológicos no pós-operatório imediato de lipoaspiração, também

seus efeitos terapêuticos de prevenção e minimização de traumas cirúrgicos, edemas,

dor e hematomas.

Trata-se de um trabalho realizado através de uma revisão bibliográfica que

caracteriza-se na utilização de dados em livros, artigos, e sites científicos, dando base

para realizar os estudos.

DESENVOLVIMENTO

Estrutura da pele

A pele é um órgão que protege o corpo do meio externo, sendo uma barreira

eficiente, possui a função de permeabilidade, proteção contra agentes infecciosos,

termorregulação, sensibilidade, proteção a radiação ultravioleta(UV), cura e

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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regeneração de ferimentos, proporcionando a aparência física externa (FITZPATRICK,

2011)

É o maior e mais pesado órgão do corpo tendo função física, química, e

biológica (GARTNER, 2007)

Constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo, seu teor de água é de cerca

de 70% do peso livre de tecido adiposo, contendo perto de 20% do conteúdo total de

água do organismo sua espessura situa-se entre 0,5 a 4 milímetros (GUIRRO, 1996)

A pele é essencial para se ter um funcionamento adequado do organismo,

exerce inúmeras funções vitais é uma complexa interação entre células e tecidos

proporcionando o equilíbrio homeostático (RODRIGUES, 2012)

Possui três camadas a Epiderme sendo a mais visível dando proteção, adesão, a

Derme como maior elemento estrutural e a Hipoderme dando um isolamento térmico e

integridade mecânica (FITZPATRICK, 2011)

A Hipoderme isola o corpo, serve como uma reserva de energia, forra e protege

a pele permitindo a mobilidade em estruturas de suporte, os adipócitos formam a maior

parte dos conteúdos de células na hipoderme estão organizados em lóbulos definidos

por septos de tecido conectivo fibroso lugar que se localiza os nervos, vasos e linfáticos

(FITZPATRICK, 2011)

Tecido Adiposo é um tipo especial de conjuntivo onde observa a

predominância de células adiposas os Adipócitos, este tecido é o maior depósito

corporal de energia, sob a forma de triglicerídeos (JUNQUEIRA, 2008)

SISTEMA LINFÁTICO

Sistema Linfático consiste de um sistema vascular, constituído por um

conjunto particular de capilares, vasos coletores e troncos linfáticos, por linfonodos que

servem como filtros do líquido coletado pelos vasos, e pelos órgãos linfoides, que

incluem as tonsilas, baço e o timo encarregados de recolher, na intimidade dos tecidos o

líquido intersticial e enviar ao sistema vascular sanguíneo (GUIRRO, 1996)

O Sistema Linfático contribui para a homeostasia, pois drena o líquido

intersticial, faz transporte de lipídios da dieta, fornece mecanismos de defesa contra

doenças (TORTORA, 2012)

As artérias e veias do sistema de vasos sanguíneos formam uma circulação

completa ou fechada que é impulsionada pelo coração, já o sistema de vasos linfáticos

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108

forma apenas uma meia circulação que se inicia cegamente no tecido conjuntivo e passa

sobre os linfonodos desembocando no sistema nervoso pouco antes do coração, o fluxo

linfático é impelido principalmente pela contração dos linfangions, mas também através

da respiração e atividades musculares (HERPERTZ, 2013)

A formação do sistema linfático está relativamente associada a uma conexão

direta com o sistema circulatório, está entrelaçado em meio aos vasos sanguíneos e

artérias, que em conjunto permitem as trocas gasosas (GARCIA, 2010)

È composto por um líquido chamado linfa, vasos sanguíneos chamados de

vasos linfáticos onde fazem o transporte da linfa a inúmeras estruturas e órgãos

contendo tecido linfático e medula óssea vermelha, na qual as células tronco se

desenvolvem em diversos tipos de células sanguíneas, incluindo os linfócitos

(TORTORA, 2012).

LIPOASPIRAÇÃO

A Lipoaspiração é um método cirúrgico utilizado para retirar tecido adiposo de

regiões do corpo humano, com auxílio de instrumental apropriado são utilizadas cânulas

(KEDE, 2009)

Neste procedimento cirúrgico e realizada a retirada de gordura, por meio de

cânulas introduzidas por incisões em pontos estratégicos na pele (CALVI, 2008)

A lipoaspiração deve ser considerada não como um método de redução de peso

ou alternativo á dieta e exercícios, mas como um procedimento de escultura do corpo, o

candidato ideal é o paciente saudável, próximo do seu peso ideal, que tem depósitos

adiposos desproporcionais localizados e resistentes ao exercício e a dieta

(FITZPATRICK, 2011)

Não é uma cirurgia para emagrecer, é indicada para melhorar a forma e

eliminar certas gorduras localizadas que são difíceis de serem corrigidas apenas com o

exercício físico e dieta (MARTINS, 2005)

Técnicas de Lipoaspiração

O Posicionamento apropriado do paciente é essencial para a segurança e a

eficácia da remoção do tecido adiposo. Manobras e posicionamentos específicos

diferem de acordo com o alvo anatômico e são usados para evitar traumatismo a

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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estruturas anatômicas importantes, e otimizar o acesso das cânulas aos depósitos

adiposos (FITZPATRICK, 2011)

Devem ser realizados todos os cuidados de assepsia, antissepsia, colocação de

campos cirúrgicos estéreis e equipamento necessário para monitoração cardiovascular,

oxigênio e medicamentos necessários em caso de intercorrências (KEDE, 2009)

O tratamento pós cirúrgico sugerido é a utilização de cinta e faixas elásticas

por um período de um a dois meses, drenagem linfática manual, atividade física após 15

dias, vestimentas leves e soltas, tendo como objetivo dermato-funcional em diminuir

edema e esquimose, diminuir a dor, evitar ou tratar as fibroses e as aderências existentes

no tecido (GARCIA, 2010)

DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL

A Drenagem linfática manual estimula uma função fisiológica que tem como

objetivo a evacuação de dejetos e o transporte de elementos nutritivos, por intermédio

de canalizações denominadas vasos linfáticos, é uma técnica de massagem utilizada

para favorecer a circulação dita de ‘Retorno’ (LEDUC, 2007)

Este método de massagem acelera o fluxo linfático, sendo que os movimentos

são sempre realizados em direção do fluxo linfático, por meio dos movimentos feitos na

drenagem linfática manual ocorre um aumento de entrada de líquidos do interstício,

também de proteínas intersticiais livres nos linfáticos iniciais, ou seja, a produção da

linfa aumenta, essa mobilização de proteínas intersticiais não organizada é a única

possibilidade de prevenir o progresso de uma fibrose proteica (HERPERTZ, 2013)

Drenagem linfática Manual tem como objetivo no edema linfático de drenar o

excesso de fluído acumulados nos espaços intersticiais, de forma a manter o equilíbrio

de pressões tissulares e hidrostáticas (GUIRRO, 1996)

Efeitos fisiológicos da drenagem linfática são a melhora do metabolismo, da

circulação sanguínea, da oxigenação tecidual, da circulação linfática e auxílio na

eliminação de toxinas (VASCONCELOS, 2008)

Métodos utilizados na drenagem linfática manual o método Leduc, método

Vodder e método Godoy (BORGES, 2010)

EFEITOS DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO PÓS-

CIRURGICO DA LIPOASPIRAÇÃO

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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A drenagem linfática manual realizada no pós-operatório de lipoaspiração

promove uma grande melhora no desconforto e do quadro álgico, por melhorar a

congestão tecidual, para regeneração dos vasos e nervos lesionados, facilitando a

reabsorção do edema, do hematoma, contribui também para o retorno precoce da

normalização da sensibilidade cutânea local (BORGES, 2010)

A Drenagem linfática é um recurso no processo de cicatrização é feita como

prevenção das cicatrizes hipertróficas e dos queloides que constituem um problema

estético significativo e são de tratamento problemático (GUIRRO, 1996).

CONCLUSÃO

A lipoaspiração é muito utilizada para retirada do tecido adiposo

proporcionando a remodelagem do contorno corporal de uma forma menos agressiva ao

tecido conjuntivo, sendo um procedimento que provoca lesões no sistema linfático,

vascular e arterial, no pós cirúrgico é recomendado a drenagem linfática manual por

facilitar a absorção do edema por meio do mecanismo de ação do sistema linfático.

Para se obter resultados desejáveis é indicado o mais cedo possível começar

com está técnica de massagem com movimentos finos, suaves, superficiais, monótonos,

que tem como objetivo promover efeitos sobre a pele, a regulação dos sistemas

afetados, diminuição da dor, desobstrução dos linfonodos, tendo o benefício de diminuir

a probabilidade de aderências, fibroses, quelóides, seroses e nódulos adipócitos.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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EFICÁCIA DO COLÁGENO UTILIZADO COMO NUTRICOSMÉTICO

EFFECTIVENESS OF COLLAGEN USED AS NUTRICOSMETIC

Mariana Alves Lo Turco5

Mirela FulgencioRabito Melo6

RESUMO

Com diferentes formas de apresentação, como cápsulas, sachês e até mesmo balas, o colágeno é um

aliado para o aspecto jovem e saudável da pele. Constituinte de 70% da massa seca da pele é produzido

pelos fibroblastos, células da derme. Tal camada é subjacente à epiderme, e possui colágeno em

quantidades significativas, sendo este conjunto de aminoácidos relevantes para a presente pesquisa. Com

o nom6e derivado das palavras gregas kolla (cola) e gennan (produzir) o colágeno é uma das mais fortes

proteínas naturais, capaz de conferir elasticidade e flexibilidade à pele. Com o passar da idade, em

decorrência do envelhecimento intrínseco e extrínseco, há menor atividade dos fibroblastos e, como

consequência surgem os sinais do envelhecimento cutâneo como rugas, linhas de expressão e flacidez;

sinais indesejáveis para uma parcela significante da população. A fim de buscar formas de barrar ou

retardar o envelhecimento cutâneo foram lançados no mercado os nutricosméticos. O colágeno

hidrolisado ingerido pela via oral estimula a atividade dos fibroblastos, sendo necessário no mínimo 8

gramas diários deste aminoácido que irá contribuir para maior formação do colágeno, gerando efeitos

benéficos para uma pele em homeostase.

Palavras-chave: Derme; Envelhecimento cutâneo; Fibroblastos; Colágeno

ABSTRACT

Found shaped like capsules, powdered and even in candies and beverages, collagen is an important allied

in the health and youthfulness of the skin. Constituent of 70% of the dry mass of the skin, it is produced

by fibroblasts - dermal cells. This layer is the one that underlies the epidermis and presents significant

amounts of collagen fibers, which are relevant to the research. With the name derived from the Greek

words kolla (glue) and Gennan (produce), collagen is one of the strongest natural proteins and it’s capable

of conferring elasticity and flexibility to the skin. As the years go by, due to the intrinsic and extrinsic

aging, there is less activity of fibroblasts and, as a consequence, there starts to appear the signs of skin

aging such as wrinkles, fine lines and sagging; undesirable signals to a significant part of the population.

In order to seek ways to stop or slow the skin aging, Food Industry allied to the Cosmetics launched on

the market nutricosmetics. The collagen ingested orally stimulates the activity of fibroblasts, being

necessary at least 8 grams daily of the protein that will contribute to a greater formation of the collagen,

resulting in the beneficial effects for a skin in homeostasis and harmony.

Keywords: Dermis; Skin aging; Fibroblasts; Collagen.

5 Acadêmica do Curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filaldélfia – UNIFIL

6 Docente do Curso de Farmácia e de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - UNIFIL

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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1 INTRODUÇÃO

Encontrado em forma de cápsulas, pulverizado e até mesmo em balas

e bebidas, o colágeno é um importante aliado para a saúde e jovialidade da pele. Mesmo

não sendo sintetizado na epiderme, é esta a camada que apresentará os efeitos

vantajosos do colágeno. A proteína é produzida pelos fibroblastos, que são células

presentes na derme, camada esta que é subjacente à epiderme, e apresenta quantidades

significantes das fibras colágenas, as quais serão de relevância para esta pesquisa.

Apesar da composição atípica, sendo até mesmo, considerado uma

fonte proteica pobre para as necessidades humanas, o colágeno é responsável por

diversas funções, entre elas, fornecer resistência e ancoragem para o tecido tegumentar.

Com o decorrer dos anos, a atividade dos fibroblastos é diminuída, acarretando na

menor síntese do colágeno. Além disso, a radiação ultravioleta é outro fator contribuinte

para a degradação dessa fibra.

Com a necessidade e a imposição dos padrões de beleza, o

envelhecimento aparente é indesejável para grande parte da população. Rugas, linhas de

expressão e flacidez são ocasionadas, dentre outras razões, pelo déficit de colágeno na

pele. Afim de explorar o desejo de barrar ou retardar o envelhecimento, a Indústria

Alimentícia aliada à Indústria Cosmética lançou no mercado os nutricosméticos, que

fornecem “beleza de dentro para fora”. O colágeno como tal, estimula a atividade dos

fibroblastos, contribuindo para maior formação de fibras, acarretando nos efeitos

benéficos para uma pele em harmonia.

O presente trabalho busca compreender se o colágeno realmente atua

como um eficiente nutricosmético além de esclarecer o papel desta fibra para o

organismo.Além da suplementação do colágeno, também é relevante compreender a

necessidade da ingesta de vitamina C e outras proteínas concomitantemente.Por fim,

será realizada uma pesquisa de mercado em relação aos produtos à base de colágeno,

visto que estes são encontrados em abundância em farmácias, lojas de produtos naturais

e de suplementos. É pertinente que seja compreendida a atuação do colágeno no

organismo, para que no momento da compra a escolha seja coerente e exerça a função

para qual foi destinada: prevenir e/ou melhorar as marcas do envelhecimento.

2 DESENVOLVIMENTO

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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Envelhecimento Cutâneo

Uma pele mais fina, seca e com rugas é visualizada quando esta

apresenta sinais de envelhecimento cutâneo. Segundo a Sociedade Brasileira de

Dermatologia (SBD) (2016) o envelhecimento está associado à taxa mais lenta de

renovação celular, à redução da rede vascular e glandular além da perda de tecido

fibroso. Aliadas concepções de Bagatin (2008) e da SBD (2016), foram classificados

dois tipos de envelhecimento: o intrínseco e o extrínseco.

O envelhecimento intrínseco ou também conhecido como cronológico

é natural e inerente ao ser humano (BAGATIN, 2008). Tem como principal

característica a inatividade dos fibroblastos, acarretando na não produção das fibras

estruturais, necessitando obrigatoriamente de estimulação (HIRATA; SATO; SANTOS,

2004). A pele envelhecida intrinsicamente apresente rugas finas e atrofia, pois, ocorre a

elastose da derme reticular (BAGATIN, 2008).

Como envelhecimento extrínseco entendemos aquele que é

relacionado à fatores externos, como alimentação, poluição, álcool, cigarro e

principalmente a exposição aos raios ultravioletas – fotoenvelhecimento - acarretando

em 80% dos sinais visíveis do envelhecimento cutâneo (SCOTTI; VELASCO, 2003;

SBD, 2016). A pele envelhecida extrinsecamente tem a camada córnea espessa com

rugas profundas de aspecto áspero (TOSTI et al, 2009). Tratando-se de

fotoenvelhecimento, todas as teorias e mecanismos tem ligação com este

envelhecimento.

Colágeno

Com o nome derivado das palavras gregas kolla (cola) e gennan

(produzir) (GERSON, 2011) o colágeno é uma das mais fortes proteínas naturais.

Constitui 70% da massa seca da pele e é responsável por conferir elasticidade e

durabilidade à pele (BAUMANN, 2004). Além disso, o colágeno também é encontrado

nos ossos, tendões, veias, cartilagens, dentes, músculos e camada córnea dos olhos.

É sintetizado, preferencialmente, pela principal célula da derme, o

fibroblasto. Contém cadeias peptídicas dos aminoácidos glicina, prolina, alanina, lisina,

hidroxilisina e hidroxiprolina organizadas paralelas a um eixo, formando as fibras de

colágeno. A sequência de aminoácidos, normalmente é uma unidade tripeptídica, como

exemplo glicina-X-hidroxipolina ou glicina-X-prolina, onde X é um dos aminoácidos

padrão encontrados no colágeno, descritos na Tabela 2. A união de três cadeias

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diferentes presentes na molécula do colágeno, dá origem ao procolágeno (SILVA;

PENNA, 2012).

Tabela 1 – Composição aminoacídico do colágeno (equivalente em 100g)

AMINOÁCIDOS QUANTIDADE NO COLÁGENO (%)

Lisina* 4,3

Histidina 0,9

Arginina 8,8

Ácido aspártico 5,7

Treonina* 1,5

Serina 3,4

Ácido glutâmico 11,7

Prolina 13,0

Glicina 18,0

Alanina 9,1

Valina* 2,6

Metionina* 1,0

Isoleucina* 1,3

Leucina* 3,3

Tirosina 0,5

Fenilalanila* 2,1

Hidroxiprolina 12,0

Hidroxilisina 1,1

* – Aminoácidos essenciais

Fonte: ARTN; BERALDO [2008]

Possui aproximadamente 300 nm de comprimento e 1,5 nm de

largura, e peso molecular de 300.000 Da (SILVA; PENNA, 2012). Suas moléculas têm

facilidade em polimerizar-se e assim dão origem a diferentes tipos de colágeno, os quais

desempenham funções diferentes de acordo com a localização (CHAMPE; HARVEY;

FERRIER , 2009).

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Produção de Colágeno

A formação do colágeno ocorre principalmente para a formação de

tecido embrionário ou durante o preparo para regeneração (SILVA; PENNA, 2012).

Segundo David Elder (2011), parte da biossíntese do colágeno ocorre da seguinte

forma:

Começa no interior do fibroblasto através da organização das

três cadeias polipeptídicas pró-alfa, em uma tripla hélice, a

qual constitui a molécula pró-colágeno. Após a secreção para o

meio extracelular, as cadeias polipeptídicas pró-alfa de cada

molécula de pró-colágeno são encurtadas em 30 a 40% através

da remoção dos peptídios terminais nas extremidades carboxi e

amino, realizada pela ação de duas enzimas produzidas pelo

fibroblasto: a peptidase carboxiterminal e a peptidase

aminoterminal.

A estrutura do colágeno é relativamente simples e insolúvel em água,

visto que possui aminoácidos hidrofóbicos. Apesar de ser extremamente fundamental

para a pele como um todo, após os 30 anos há uma diminuição de 1% ao ano do

conteúdo global de colágeno por unidade de área de superfície (BAUMANN, 2004;

OLIVEIRA et al., 2010; RODRIGUES, 2009). Além da diminuição do conteúdo global,

há maior degradação do colágeno já existente no organismo. Outra problemática em

relação com o colágeno são as colagenoses, que possuem ligação com doenças de

características auto-imunes como esclerose sistêmica progressiva, lúpus eritematoso

sistêmico e síndrome de Sjögren (ALMEIDA; SANTANA, 2010; DUARTE, 2011;

FREITAS et al., 2005; WOLWACZ JUNIOR, 2003; SILVA; MULLER, 2008 apud

GONÇALVES et al., 2015)

Estrutura do Colágeno

O colágeno apresenta em sua constituição aproximadamente 30% de

glicina, 12% de prolina, 11% de alanina, 10% de hidroxiprolina e 1% de hidroxilisina e

aminoácidos polares (PRESTES, 2013). É uma tripla hélice alongada que situa

aminoácidos na superfície de sua molécula. Consiste em um rígido bastão, que possui

cerca de 1000 aminoácidos presentes em cada uma das três cadeias alfa. Essas cadeias

estão ligadas entre si por pontes de hidrogênio (CHAMPE; HARVEY; FERRIER ,

2009).

É classificado em não fibroso (formador de rede), fibroso (estriado),

micro fibrilar (filamentoso) e associado às fibrilas (GOLÇALVES et al., 2015). Tem

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como unidade básica o tropocolágeno. Existem 6 tipos principais de colágeno, que

variam na composição, antigenicidade - isto é, capacidade de estimular ou formar um

anticorpo- (ELDER, 2011), diâmetro, comprimento, estrutura molecular, concentração e

localização (DUARTE, 2011).

Proteínas e Vitamina C: coadjuvantes na produção do colágeno

Apesar da produção de colágeno ser natural ao organismo humano,

algumas pesquisas apresentaram a importância de aliar o colágeno com isolados

proteicos (ZIEGLER; SGARBIERI, 2009) e à vitamina C (MANELA-AZULAY et al,

2003; PHILLIPS; COMBS ; PINNELL , 1994).

As proteínas do soro do leite auxiliam na produção de colágeno, pois

este é deficiente em aminoácidos essenciais (ZIEGLER, 2006) precisando do

complemento nutritivo que o isolado proteico é capaz de fornecer. É válido ressaltar que

apenas a suplementação do colágeno hidrolisado é capaz de colaborar para a síntese e a

secreção do colágeno no organismo. Porém, quando aliado as proteínas do soro do leite,

há inúmeros benefícios comprovados. Como exemplo dessas beneficies, há as

propriedades protetoras e reparadoras de tecido conjuntivo e as imunoestimulatórias e

antioxidantes (ZIEGLER; SGARBIERI, 2009).

O Ácido Ascórbico, conhecido como vitamina C, é co-fator da lisil e

prolilhidroxilases, ambas enzimas importantes para a síntese do colágeno pois permitem

a formação e estabilização do colágeno tripla-hélice. O Ácido Ascórbico é capaz de

auxiliar este processo pois tanto lisil quanto prolilhidroxilases são enzimas férricas, e o

papel da vitamina C é prevenir a oxidação do ferro, não deixando as enzimas inativas

(MANELA-AZULAY et al., 2003).

Outro estudo sobre a contribuição da Vitamina C na síntese do

colágeno, apresenta que o ácido ascórbico é capaz de estimular a proliferação celular,

vencendo a capacidade proliferativa inferior dos fibroblastos em idosos (PHILLIPS;

COMBS ; PINNELL , 1994). Manela-Azulay e colaboradores (2003) traz que a dose

recomendada de Vitamina C é de 100mg por dia, sendo maior em casos específicos

como gravidez, amamentação e para fumantes.

Nutricosméticos

Aliadas a indústria cosmética à alimentícia, há a formação dos

nutricosméticos. A união destas áreas pode ser explicada pela redução da distância entre

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estes campos, devido ambas terem como objetivo beneficiar a aparência física

(ANUNCIATO, 2011). A intersecção destas indústrias, os nutricosméticos, são

caracterizados por fornecer “beleza de dentro para fora”. Podem ser comercializados em

forma de pílulas, comprimidos, alimentos, líquidos e até balas (DRAELOS; ABIHPEC,

2010). A ação dos nutricosméticos se dá por meio da suplementação de princípios

ativos (compostos concentrados), como exemplo, aminoácidos, vitaminas, minerais,

ácidos graxos e antioxidantes (FIGUEIREDO, 2012). Os consumidores utilizam-se

desta classe para que além da beleza física, também sejam prevenidas doenças.

Colágeno como nutricosmético

Na década de 90, os primeiros nutricosméticos a serem vendido no

Brasil foram cápsulas a base de colágeno (NICOLATTI, 2012). Atualmente, do

colágeno nativo são extraídos três derivados do colágeno: fibra de colágeno, colágeno

hidrolisado e colágeno parcialmente hidrolisado (gelatina). Diferenciam-se nos

processos de extração, nos quais altera-se o tempo e a temperatura para obtenção destes

derivados (PRESTES, 2013).

Há o interesse no uso da gelatina por esta ter a capacidade de formar

gel estável e reversível. É obtida do tecido conjuntivo de animais, tendo maior

concentração em ligamentos de juntas ósseas e cartilagens (ALMEIDA; SANTANA,

2010; BANDEIRA et al., 2011; VELOSO, 2003). A fibra de colágeno é obtida através

das camadas internas do couro bovino providas dos fibroblastos. Para o colágeno nativo

formar esta fibra, é necessário um tratamento alcalino a base de hidróxido de cálcio

(SANTANA etal. (2012); MÁXIMO; CUNHA, 2010 apud PRESTES, 2013).

O mais utilizado como nutricosmético é o colágeno hidrolisado,

devido a sua capacidade de retenção de água e alto valor protéico. É extraído de ossos

ou da pele de animais utilizando-se enzimas ou água com 50° a 60° (PRESTES, 2013).

O processo de hidrólise, é utilizado para obter da macromolécula, no caso o colágeno,

aminoácidos e peptídeos. Na pesquisa de Rodrigues (2009), células que foram tratadas

com o colágeno hidrolisado, tiveram aumentos significativos em 48 horas na produção

desta proteína. Além disso, independentemente do tamanho da molécula do colágeno,

foi perceptível uma melhora na adesão celular. Então, seja gelatina ou o colágeno

hidrolisado, ambos contribuem para a biossíntese do colágeno. Outra questão levantada

pelo autor, foi que os efeitos causados pela ingestão do colágeno não são apenas pelo

aumento do consumo dos aminoácidos, mas sim pela relação proteína-específico. Como

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conclusão de Rodrigues, a ingesta do colágeno hidrolisado não apresenta citotoxicidade

além de induzir a proliferação celular.

Além de colaborar com a pele, o colágeno hidrolisado é capaz de

auxiliar no crescimento de cabelo e unhas (PEDROSO, 2009). Por fazer parte de 95%

da composição óssea, a suplementação do colágeno hidrolisado contribui para a

conservação, resistência e composição dos ossos (JACKIX, 2009).

A tese de mestrado de Zague (2015) foi capaz de comprovar que,

apesar de não atuar na proliferação de fibroblastos, a suplementação feita com Colágeno

Hidrolisado é capaz de “(...) (a) estimular a biossíntese do precursor e da proteína

colágeno tipo I e (b) inibir a atividade das enzimas MMP-1 e MMP-2”. Estas enzimas

são metaloproteinases da matriz e degradam matriz extracelular e membrana basal.

Além disso, clivam colágeno tipo I, III e VII (um dos mecanismos do envelhecimento).

Tais afirmações foram feitas após pesquisas em modelo de cultura tridimensional (3D)

de equivalente dérmico. Além desta comprovação, também foi possível perceber que até

mesmo concentrações pequenas de colágeno podem estimular o metabolismo de peles

fotoexpostas, tendo até efeitos mais pronunciados nestas células do que em peles

fotoprotegidas. Também foi inferido que a suplementação do colágeno eleva o conteúdo

de colágeno tipo I, fornecendo nutrientes construtores e peptídeos reguladores da

atividade celular.

Segundo Arnt e Beraldo (2008), a apresentação hidrolisada do

colágeno tem o peso molecular semelhante ao da água, sendo assim, é absorvido pelo

duodeno sem alterações. Outra questão levantada é que o turn over do colágeno é de

360 dias, levando este tempo para ser refeita 50% da proteína presente no corpo; com

isso, a melhora da pele com a suplementação do colágeno é feita à longo prazo.

Através da pesquisa realizada por Porfírio e Fanaro (2015) é

conclusivo que, apesar de não haver um consenso sobre a dosagem do colágeno

hidrolisado a ser suplementada, 8 gramas diárias apresentam aumento da concentração

de prolina e glicina. Para casos de osteoartrite e osteoporose, a dosagem de 12 gramas

diárias promove melhora significa nos sintomas destas patologias.

Na área da Estética e Cosmética ainda existem discussões sobre a

efetividade de nutricosméticos contendo colágeno. Um destes produtos é o

nutricosmético em foco nesta pesquisa, o colágeno. Muitos profissionais observam na

prática a eficácia da suplementação do colágeno, porém, ainda há pesquisas divergentes

no meio acadêmico. Apesar disto, os resultados da prática ganham embasamento em

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novas pesquisas que afirmam e comprovam a real efetividade do colágeno hidrolisado

para o combate ao envelhecimento cutâneo.

A pesquisa de mercado a seguir contribuirá para que esses

profissionais compreendam a diversidade nutricosméticos contendo colágeno

disponíveis no mercado. Além deste aspecto, será perceptível a variedade deste

nutricosmético e as dificuldades do cliente em escolher o produto adequado.

Formas de apresentação

A pesquisa de mercado fomentou outra questão: quais são as formas

de apresentação possíveis do colágeno? No mercado há desde águas aromatizadas com

colágeno e até mesmo chocolate com a proteína na composição. Esta pesquisa não

busca explicitar detalhadamente a ação e as diferenças na absorção de tais produtos,

porém é importante salientar que alguns não terão o efeito que o Colágeno Hidrolisado

em pó apresenta, já que este produto possui a quantidade suficiente da proteína em sua

composição. Além da quantidade insuficiente, o excesso de açúcar nestes produtos pode

contribuir para o processo de glicação, co-responsável do envelhecimento cutâneo,

sendo divergente ao efeito desejado do colágeno.

Pesquisa de mercado

Com intuito de checar se as necessidades do cliente são atendidas com

os colágenos comercialmente disponíveis, a tabela abaixo foi elaborada com dados de

uma loja localizada no centro de Londrina, Paraná. Para análise foram escolhidas

diferentes marcas com abordagens cosméticas distintas.

Tabela 2 - Colágenos disponíveis no mercado Produto Forma de apresentação Ingestão diária recomendada

A Cápsula 4 cápsulas = 1,5g de proteína

B Comprimido 2 a 3 comprimidos = 2,7g de proteína

C Cápsula 4 cápsulas = 1,2g de proteína

D Cápsula 4 cápsulas = 1,3g de proteína

E Cápsula 4 cápsulas = 1,3g de proteína

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F Cápsula 3 cápsulas = 3g de proteína

G Pó 2 medidas = 9g de proteína*

H Pó 1 colher de sopa = 8,1g de proteína*

I Pó 1 colher de sopa = 8,1g de proteína*

J Pó 1 colher de sopa = 8g de proteína*

K Pó 2 medidas = 9g de proteína*

L Pó 1 colher de sopa = 9g de proteína*

M Pó 2 medidas = 9g de proteína*

N Sachê Sachê com 18g = 3,5 de proteína**

*Dissolver em 200ml de água, leite, suco ou iogurte **Dissolver em 100ml de água fria ou gelada ou em leite desnatado Fonte: Autor (2017)

Através da pesquisa de mercado, foi constatado a inúmera gama de

produtos contendo colágeno à venda. A problemática desta variedade é que nem todos

suprem as necessidades do organismo, que foram descritas na presente pesquisa. Todos

os colágenos em cápsula e o sachê analisados não possuem a quantidade mínima efetiva

para ação benéfica, pois possuem apenas de 1,2g a 3g de proteína em sua composição;

de acordo com os estudos de Porfírio e Fanaro (2015) a ingestão diária deveria ser

superior à 8g. Já o colágeno hidrolisado em pó (amostras G,H,I,J,K,L,M) apresentam de

8g a 9g de proteína, atingindo a dose mínima diária recomendada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Questionamentos sobre a real eficácia da ingestão do colágeno são

feitas pelos consumidores e até mesmo no meio acadêmico. Falta de estudos

aprofundados sobre o assunto contribuem para o pensamento cético de alguns

estudiosos e leigos, porém atualmente há pesquisas com resultados favoráveis sobre a

utilização do colágeno como nutricosmético.

Esses resultados mostram que é possível retardar o efeito da perda do

conteúdo de colágeno, e consequentemente, atrasar ou tornar mais sutis os sinais de

envelhecimento cutâneo. A suplementação com essa proteína também pode contribuir

para tratamentos de osteoporose.

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A ação do colágeno é possível devido sua composição atípica,

contendo aminoácidos essenciais além dos não essenciais, que tem suas concentrações

diminuídas com o passar dos anos e assim, precisam ser suplementados. Além disso, a

ingestão fornece toda a constituição necessária para a formação do colágeno, o que é um

fator decisivo considerando a rotina acelerada e alimentação inadequada de grande parte

da população.

Mesmo apresentando benefícios clínicos e estudos científicos

apontando para a utilização deste nutricosmético, mais pesquisas acerca do assunto são

necessárias.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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A MASSAGEM MODELADORA NO TRATAMENTO DE FIBRO EDEMA

GELÓIDE

THE MODELING MASSAGE IN THE TREATMENT OF FIBROUS EDEMA

GELOID.

Carina Cristina Borges da Lu¹

Roberta Chaves Penco Amorese²

Franciele Cruz Rocker dos Santos3

Talita Oliveira da Silva4

RESUMO

O Fibro Edema Gelóide é uma afecção estética que atinge muitas mulheres, com maior incidência em

indivíduos de raça branca se comparado com a raça negra. Não é uma desordem estética grave, mas

indesejada pelas mulheres, causando problemas emocionais pela aparência que desencadeia na pele, de

“casca de laranja”. O aparecimento da patologia está relacionado com hábitos rotineiros como dieta

desequilibrada, sedentarismo, obesidade, uso de anticoncepcionais e hábitos sociais como tabagismo e

álcool. A afecção estética é um distúrbio do tecido adiposo, não inflamatório que degenera o tecido que

provoca alterações na matriz intersticial, na circulação sanguínea, e na hipertrofia de adipócitos que

resultam em fibrose cicatricial. Acomete principalmente a região pélvica, membros inferiores e abdômen.

A massagem modeladora tem como objetivo trabalhar regiões localizadas do corpo, com a intenção de

reduzir medidas e melhorar o aspecto do Fibro Edema Gelóide, através de movimentos como:

amassamento, pinçamento, rolamento e deslizamento superficial e profundo permitindo a hiperemia do

local, com o objetivo da melhora na circulação sanguínea, redução de edema e diminuição de fibrose. O

presente estudo tem como objetivo, analisar os graus do Fibro Edema Gelóide e suas formas clínicas e a

melhora da afecção com a massagem modeladora.

Palavras-chaves: Fibro Edema Gelóide; Massagem Modeladora; Tecido Adiposo.

ABSTRACT

Fibroid edema is an aesthetic condition that affects many women with a higher incidence in white

individuals compared to the black race. It is not a serious aesthetic disorder, but undesired by women,

causing emotional problems by the "orange peel" appearance on the skin. The pathology onset is related

to some routine habits such as unbalanced diet, sedentary lifestyle, obesity, use of contraceptives and

social habits such as smoking and alcohol. Aesthetic disease is a non-inflammatory adipose tissue

disorder that degenerates tissue causing changes to the the interstitial matrix, blood circulation, and

hypertrophy of adipocytes resulting in scarring fibrosis. It mainly affects the pelvic region, lower limbs

and abdomen. The modeling massage aims to work on localized regions of the body to reduce measures

and improve the appearance of fibrous geloid edema, through movements such as: kneading, pinching,

rolling superficial and deep slip allowing the hyperemia of the place seeking improvement in blood

circulation, reduction of edema and decreased fibrosis.

The present study aimed to analyze the degree of swelling fibrous gelloid and clinical forms of the

disease, and the improvement of the affection with the molding (modeling) massage.

Key words: fibrous geloid edema; Modeling Massage; Adipose tissue.

_____________________________________________

¹ Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia ² Professora orientadora: Fisioterapeuta; Especialista em dermato funcional e docente do curso de estética e cosmética Unifil

Londrina PR 3 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR 4 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

O aparecimento do Fibro Edema Gelóide está vinculado a inúmeros

fatores como dieta desequilibrada, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas e

tabagismo. A patologia tem graus de evolução, quando não visualizamos a olho nu e

temos uma pequena hipertrofia classificamos como Grau I; se as irregularidades

conhecidas como “casca de laranja” forem vistas somente com a contratura muscular

temos o Grau II; já se as mesmas irregularidades forem vistas sem a contratura muscular

somente com o paciente em posição ortostática e com menção de dores na região da

fibrose, diagnosticamos o Grau III; e no Grau IV da disfunção estética encontramos

grandes nódulos, visíveis sem qualquer contração muscular e com relato de fadiga em

membros inferiores e edema.

E ainda diagnosticamos algumas formas clínicas da patologia como a

consistência dura que acomete jovens mesmo praticantes de atividades físicas, porém o

aspecto de “casca de laranja” não é visível. Na forma flácida verificamos em pessoas

que perdem peso bruscamente, onde a pele parece sacudir conforme o movimento e

posição do indivíduo. Quando encontramos jovens utilizando anticoncepcionais

verificamos que a forma de se apresentar seria edematosa. Já na condição de Fibro

Edema Gelóide misto, encontramos quando em uma determinada região temos a forma

flácida e em outra região do corpo temos a afecção mais firme.

Um dos tratamentos utilizados para amenizar ou reverter o problema é

a massagem modeladora, que tem como finalidade trabalhar regiões localizadas do

corpo. Esculpindo o corpo em regiões que concentram gordura reduzindo medidas,

possui ação termogênica, desintoxicante, e vasodilatadora e melhora a nutrição tecidual

podendo ter seus efeitos prorrogados até as próximas 48 horas da execução da

massagem.

Usamos basicamente os movimentos da massagem clássica, porém

com mais vigor e pressão através dos movimentos de amassamento, pinçamento,

rolamento e deslizamento superficial e profundo.

O procedimento deve ser avaliado para cada paciente com cautela,

com algumas contra indicações podem acarretar problemas ao paciente ao invés de

melhora. Devemos ficar atentos a casos de hipertensão e hipotensão descompensadas,

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diabéticos descontrolados, lesões na pele, gravidez, neoplasias, pós-operatório imediato

e alterações vasculares.

DESENVOLVIMENTO

Pele

A pele é um órgão complexo protege o nosso corpo do ambiente em

que vivemos e promove interação com o meio. Ela é muito mais que escudo estático e

impenetrável contra agentes externos, a pele promove a barreira física de

permeabilidade evitando a perda e absorção de água, proteção contra agentes

infecciosos, termorregulação, sensibilidade, proteção a radiação ultravioleta (UV), cura

e regeneração de ferimentos proporcionada pelas células de defesa imunológica contidas

no tecido epitelial, pois ela participa do sistema imunológico, além da aparência

externa. (FITZPATRICK, 2011).

A pele corresponde a menos de 15% do peso do corpo, onde é

considerado o maior órgão do corpo humano, e sua extensão corresponde a dois metros

quadrados. Sendo dividida em três estruturas distintas como a epiderme, a derme e a

hipoderme. (KEDE, 2009).

É uma estrutura em contínua renovação, sendo capazes de gerar os

chamados anexos, derivados da epiderme com unidades pilossebácea, unhas e glândulas

sudoríparas. Varia em espessura de 0,4 a 1,5 mm enquanto a espessura completa da pele

é de 1,5 a 4,0 mm. A epiderme é composta de um epitélio estratificado pavimentoso,

sendo constituída de várias camadas de células que se achatam, sendo elas: camada

basal, camada espinhosa, camada granular, camada lúcida e camada córnea.

(FITZPATRICK, 2011).

A derme é subdividida em uma camada papilar uma camada reticular

mais profunda. Ela contém a maior parte das estruturas vivas da pele sendo responsável

pela elasticidade e resistência. Contendo corpúsculos sensoriais táteis, terminações

nervosas e receptores de frio e calor. Seus vasos sanguíneos são responsáveis pela

nutrição e pela oxigenação das células dérmicas e epidérmicas. A derme é formada por

fibras colágenas, elásticas e substância amorfa, todas produzidas pelos fibroblastos.

(BORGES, 2010)

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

129

A porção papilar tem maior número de fibroblastos e capilares do que

a derme reticular, e as fibras colágenas do tipo III são mais finas e não se agrupam em

feixes, como ocorre na reticular e se encontra logo abaixo da epiderme. Já os feixes de

colágeno da derme reticular são formados por colágeno do tipo I, correm em vários

sentidos, de forma que são cortados na longitudinal, transversal e obliquamente, porém

encontrados em planos paralelos a superfície cutânea, se encontra entre a derme papilar

e o tecido adiposo subcutâneo. (KEDE, 2009)

A hipoderme é a camada mais profunda da pele, se encontra abaixo da

derme, formada por tecido adiposo, ou seja, são inúmeras células de gordura sob a

forma de triglicerídeos e também composta por tecido frouxo (tecido mais flexível e

pouco resistente a tração). (SAMPAIO, 2008)

Tecido adiposo

O tecido adiposo é dividido em duas camadas, sendo a camada mais

superficial chamada de areolar; formada de células globulares, túrgidas e superpostas.

Na camada lamelar encontramos células menores e dispostas em lâminas e reservam em

maior volume a gordura em excesso. Que se encontra dividida por uma lamina chamada

de fáscia superficial. (SILVA, 2010)

Conforme os lóbulos ou células de gordura aumentam este arcabouço

conjuntivo não se altera, o que faz com que o local fique pequeno para manter os

lóbulos e eles repuxam o local como se fizessem relevos na pele e a celulite aparece,

nomenclatura que habitualmente chamamos celulite, porém sendo corretamente

chamado de Fibro Edema Gelóide. (KEDE, 2009)

Em pessoas de peso normal, o tecido adiposo corresponde de 20-25%

do peso corporal em mulheres e 15-20% em homens. (COSTA, 2009)

Existem dois tipos de células adiposas, a mais comum que é amarela

chamada de unilocular e o pardo ou multilocular. A função do tecido adiposo amarelo

ou unilocular é o armazenamento e balanço energético, é o resultado de uma ingesta rica

em carboidratos, energia utilizada em jejuns prolongados por exemplo. (COSTA, 2009)

Encontramos o tecido adiposo pardo no desenvolvimento fetal, A

célula multilocular contém muitas mitocôndrias onde a energia produzida pelas

mitocôndrias é dissipada em forma de calor, em vez de armazenar na forma de

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

130

adenosina trifosfato (ATP) como na célula unilocular. Sendo importante para a

regulação térmica de humanos e recém nascidos. (BORGES, 2010)

Fibro Edema Geloide

A lipodistrofia ginóide é um distúrbio do tecido adiposo,

principalmente após a adolescência, não é inflamatório, e provoca uma irregularidade da

superfície da pele. (SAMPAIO, 2008)

Pode ser considerada uma patologia multifatorial que degenera o

tecido adiposo em fases, que provoca a alteração da matriz intersticial, estase na

microcirculação (interrupção de vasos) e hipertrofia de adipócitos (crescimento

excessivo das células) onde evolui para fibrose cicatricial. (KEDE, 2009)

O desenvolvimento do Fibro Edema Gelóide tem maior incidência em

indivíduos de raça branca se comparado as raças negras e amarelas. E podemos

encontrar algumas evidências clínicas na apalpação da disfunção estética como:

aumento da espessura do tecido celular subcutâneo; maior consistência tecidual; maior

sensibilidade à dor; diminuição da mobilidade por aderências aos planos mais

profundos. (GUIRRO, 2002)

Atinge cerca de 90% das mulheres, dando um aspecto a pele de “casca

de laranja”, o que trás para a mulher um constrangimento e infelicidade. (STEINER,

2010)

O Fibro Edema Gelóide é uma alteração topográfica, que acomete

principalmente a região pélvica, membros inferiores e abdômen das mulheres.

(BORGES, 2010)

O acúmulo de gordura nestas regiões aumenta após os 18 anos pelo

estímulo estrogênico, com o intuito de armazenar energia para a gravidez, lactação e

também responsável pela silhueta feminina. (BORGES, 2010)

O tratamento surtirá efeito se estiverem associada à dieta do

indivíduo, que deve ser equilibrada e balanceada, e com a prática de atividade física, a

ausência desta associação ao tratamento estético pode permitir o retorno da disfunção

estética. (BORGES, 2010)

Existem alguns outros fatores que também contribuem para o

aparecimento da lipodistrofia ginóide, a gravidez, o uso de anticoncepcionais,

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

131

menopausa, varizes, microvasos, o uso de medicamentos a base de corticóides, pois o

mesmo contribui para a retenção de líquidos. Roupas justas e saltos altíssimos, que

prejudicam a circulação sanguínea. (STEINER, 2010)

Classificação do Fibro Edema Gelóide

Classificamos clinicamente o Fibro Edema Gelóide em quatro graus,

Grau I Não é visível a olho nu sendo fisiologicamente normal, vemos uma hipertrofia

pequena da camada areolar, permeabilidade capilar e pequenas hemorragias. Grau II As

irregularidades na pele são vistas somente com a contratura muscular. Grau III As

irregularidades são visíveis mesmo em repouso, onde já começam a parecer com “casca

de laranja”. Grau IV É mais grave e podemos ver nesta fase nódulos maiores e sinais de

grande aderência como “furos” maiores. (COSTA, 2009)

Formas Clínicas do Fibro Edema Gelóide

Segundo Kede (2009), temos outra classificação da patologia de

acordo com a estrutura da pele. Dura, acomete jovens mesmo com atividade física

regular, a aparência de “casca de laranja” só aparece ao beliscar a pele. Flacida,

Acometem sedentários ou pessoas que perdem rápido o peso, freqüente após os 30 anos.

Edematosa, Aparece em jovens que usam anticoncepcionais, a aparência de “casca de

laranja” é precoce com difícil reversão. Mista, É a evolução de formas antigas do Fibro

Edema Gelóide (FEG). Onde pode ser firme nas coxas e flácido no abdômen.

Massagem Modeladora

A massagem modeladora tem como objetivo trabalhar regiões

localizadas do corpo, buscando a redução de medidas e melhorando o aspecto do Fibro

Edema Gelóide com a mobilização de gordura. (VASCONCELOS, 2009)

A massagem modeladora nos permite esculpir o corpo em pontos onde

a gordura se concentra. Com ação termogênica, desintoxicante, reorganizadora,

vasodilatadora e linfocinética, têm a sua ação agindo por até 48 horas. (FRANÇA,

2016)

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132

Os movimentos utilizados neste tipo de massagem basicamente são os

mesmos da massagem relaxante, porém efetuados com mais intensidade e pressão.

Utilizamos para realizar as manobras, cosméticos com principio ativo ou não.

(VASCONCELOS, 2009)

Os efeitos fisiológicos provenientes da massagem modeladora são

vasodilatação, melhora da oxigenação, nutrição tecidual, sistema linfático e eliminação

de metabólitos. (VASCONCELOS, 2009)

No tecido adiposo a massagem objetiva aumentar a circulação

sanguínea e provocar o esvaziamento das células, (a lipólise), devido os movimentos

produzimos calor, dando maior mobilidade ao conteúdo da célula permitindo assim que

o mesmo seja eliminado do nosso corpo pelas vias excretoras. Quando aumentamos à

circulação sanguínea a gordura tende a diminuir. (FRANÇA, 2016)

Indicações da Massagem Modeladora

Usamos a massagem com o propósito de modelar o corpo, reduzir

medidas, gordura localizada e Fibro Edema Gelóide. (VASCONCELOS, 2009)

Contra Indicações da Massagem Modeladora

Porém, não devemos efetuar a massagem modeladora em pessoas com

processo inflamatório, processos infecciosos, hipertensão/hipotensão descompensada,

diabetes descontrolada, gestantes (em abdômen), lesões na pele, pós-operatório

imediato, neoplasias e alterações vasculares como (Varizes, flebite, trombose,

telangectasias). (VASCONCELOS, 2009)

Manobras de Massagem Modeladora

Podemos realizar sessões de massagem modeladora de 45 a 60

minutos. As manobras de massagem são basicamente: amassamento, pinçamento,

deslizamento superficial e profundo e rolamento. (BECK, 2009)

Massagem Modeladora Para o Tratamento de Fibro Edema Geloide

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A massagem facilita a circulação de retorno onde se encontrava lenta

e estagnada. (SEUBERT, 2008)

A massagem modeladora trabalha de forma localizada, melhorando

assim a aparência do Fibro Edema Gelóide do local, a massagem ativa a circulação

sanguínea, devido os movimentos rápidos, repetitivos e vigorosos. (FRANÇA, 2016)

O fluxo sanguíneo quando está lento proporciona a lipogênese e

quando o mesmo se encontra rápido ativa a lipólise, ou seja, o gasto energético ou perca

de gordura, importante para amenizar a patologia. (KEDE, 2009)

CONCLUSÃO

Analisamos que a massagem proporciona inúmeros benefícios no

tratamento do Fibro Edema Gelóide com resultados importantes para a solução do

problema. Pois a massagem modeladora melhora o aspecto desagradável da pele da

cliente, trazendo satisfação pessoal e desejo de se olhar novamente no espelho, deixando

a pele mais uniforme diminuindo o aspecto “casca de laranja”.

Conclui-se que a massagem modeladora tem um papel importante e

significativo no tratamento do Fibro Edema Gelóide, proporcionando um tratamento

indolor ao paciente.

REFERENCIAS

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KEDE, Maria Paulina Villarejo; SABATOVICH, Oleg. Dermatologia estética. 2. ed.

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O USO DO ULTRA-SOM NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE

THE USE OF ULTRASOUND IN THE TREATMENT OF FIBRO EDEMA

GELOIDE

Claudinéia Ferreira7

Roberta Chaves Penco Amorese8

Franciele Cruz Rocker dos Santos3

Talita Oliveira da Silva4

RESUMO

O fibro edema gelóide, é uma afecção funcional da derme e hipoderme, onde há alterações topográficas

na pele, deixando-a com aparência desagradável ao ponto de vista estético, podendo afetar a paciente

psicologicamente, acomete a maioria da população feminina, É comumente localizado em regiões de

quadril, glúteo e coxa, e seu início se dá após a puberdade devido dentre outros fatores ao fator hormonal.

Cabe aos profissionais Tecnólogos em Estética e Cosmética, conhecer sobre a etiologia do fibro edema

gelóide, saber fazer a avaliação correta para o tratamento adequado. O ultra-som é uma tecnologia que

através dos seu efeitos fisiológicos consegue uma grande melhora funcional dos tecidos cutâneos e

subcutâneos com isso há um aumento na circulação de fluidos intracelulares e extracelulares

promovendo a retirada de catabólitos e melhorando a nutrição local.

Palavras-chaves: Fibro edema gelóide; Ultra-som; Estética e cosmética.

ABSTRACT

The Fibrosis Edema Geloide is a functional affection of the dermis and hypodermis, which is a

topographic change in the skin, leaving it with a bad appearance, which can affect the patient

psychologically and affect the majority of the female population. Usually located in the hip, gluteal and

thigh regions, and normally began after puberty due to the hormonal factor. It is up to the professional

technologists in Aesthetics and Cosmetics, to know about the etiology of the fibrosis edema geloide, to

make the correct evaluation for the appropriate treatment. Ultrasound is a technology that uses a

physiological effect that is capable to do a great functional improvement of the skin and subcutaneous

tissues, with the increasing in the intracellular circulation and extracellular fluids promoting the

withdrawal of catabolites and improving the local nutrition.

Key words: Ultrasound; Fibrosis Edema Gelóide, Aesthetics and Cosmetcis

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

7 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR. 8 Professora Orientadora Fisioterapeuta,Especialista em Dermato Funcional, Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética

e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil Londrina PR 3 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR 4 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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Atualmente padrão cultural de beleza que vem sendo vinculada pela

mídia e sociedade, contribuindo para o descontentamento das mulheres com o próprio

corpo, e segundo BORGES 2016 que beleza também exige pele lisa, uma pele integra

sem imperfeiçoes estéticas sem nenhum identificador de Fibro Edema Gelóide. E o

Fibro Edema Gelóide afeta cerca de 85% a 98% das mulheres de todas as raças após a

puberdade, devido a fatores hormonais modificando o aspecto da pele deixando com

aparência de casca de laranja.

Esta afecção não é somente estética, mas também pode causar dores

intensas dependendo do grau que se encontra, abalando também o psicológico e

qualidade de vida da cliente. Muitos termos já foram empregados para indicar celulite,

mas o Fibro Edema Gelóide é o mais utilizado pela literatura científica, por simular

melhor definição. (BORGES, 2016)

Alterações circulatórias que geram edema local que impede as trocas

metabólicas, onde há modificação dos adipócitos, e compressão da microcirculação, são

as principais características do Fibro Edema Gelóide que, além disso, gera

espessamento não inflamatório atingindo principalmente as regiões de glúteos e coxa.

(PEREZ, 2014)

É um processo gradual, ele piora com o tempo, para que possa ter uma

regressão do Fibro Edema Gelóide, os médicos indicam que seja feito o tratamento nos

primeiros cinco anos do seu surgimento, e se o tratamento iniciar antes dos 40 anos de

idade, melhor será os resultados. (PEREIRA, 2007)

E essa busca pela beleza padronizada, faz com que tenha um aumento

de procura por tratamento, aumentando assim as clinicas de estéticas, obrigando os

profissionais esteticistas a buscar conhecimentos e recursos cada vez mais avançados e

que de resultados satisfatório para seus clientes.

O ultra-som terapêutico tem sido muito habitual nas áreas de

fisioterapia dermatofuncional e profissionais de estética, devido a grande resposta a

algumas afecções. (KAMIZATO, 2014)

Na estética o ultra-som utilizado é de 3MHz pela sua capacidade de

penetrar cerca de 2 a 4 centímetros de profundidade, chegando a camada hipodérmica e

age diretamente nos Fibro Edema Gelóide e na gordura localizada. (PEREIRA, 2007)

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Este estudo foi uma revisão bibliográfica, e foi realizado pesquisas em

livros no período de março de 2016 a junho de 2017, e o objetivo foi compreender os

benefícios do Ultra-som no uso do tratamento do Fibro edema Gelóide.

Com o uso do ultra-som no tratamento de Fibro Edema Gelóide os

resultados são obtidos através do seu efeito fisiológico principalmente ação

tixotropica e a capacidade de conduzir substâncias conhecida como fonoforese.

(COSTA, 2009)

DESENVOLVIMENTO

PELE

A pele é a parte externa do corpo, um órgão de revestimento, que tem

diversas funções importantes para o bom funcionamento do organismo, ele forma uma

barreira para proteger o organismo contra micro-organismo externo, manter a regulação

do organismo em constante equilíbrio, regulação de temperatura corporal, absorver os

raios ultravioletas (UV), capacidade de capturar estímulos e reparar danos e de interagir

com o sistema imunológico. (RODRIGUES 2012)

Constituída por células, divide-se em duas partes (camada epiderme e

derme). Há também uma terceira camada, que é o tecido adiposo onde não faz parte da

pele, mais há uma relação entre elas, pois muito das vezes elas tendem a responder

juntamente em alguns processos. (LEVER, 2011)

A epiderme é a parte visível da pele, um tecido constituído por células

justapostas; epitélio estratificado e cornificado, que estão em constante renovação e tem

a capacidade de gerar os anexos epiteliais. (FITZPATRICK, 2011).

A derme é a maior porção da pele e determina a sua flexibilidade,

elasticidade e força de tensão, tem a função de proteger o corpo de ferimentos

mecânicos, forma uma barreira para a água e auxilia na manutenção da temperatura

corpórea, tem receptores de estímulos sensoriais e interagem no repara e remodelamento

da pele após ferimentos. É um sistema integrado de tecido conjuntivo com elementos

fibrosos filamentosos e células que acomodam redes nervosas e vasculares, os anexos

derivado da epiderme, e contêm tipos de células resistentes e células circulantes do

sistema imune. (FITZPATRICK, 2011)

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O tecido adiposo é um tipo especializado de tecido conjuntivo onde a

maior parte das células são células adiposas. (JUNQUEIRA, 2008), as células adiposas

são reservatórios de gordura sobre forma de triglicerídeos segundo COSTA, 2009, e

estão em contato com a porção profunda da derme, sendo que o seu conjunto forma a

hipoderme, e são encontrada sobre as redes de colágeno. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)

FFIBRO EDEMA GELÓIDE

Para definir o fibro edema gelóide (FEG), deve-se entender bem a

discordância do termo para esta alteração patológica. Conhecida como celulite, palavra

de origem latina; celulite quer dizer inflamação do tecido celular ao qual não define

adequadamente. No inicio o termo subcutâneo era acrescentando ao nome fibro edema

gelóide, onde distinguia a hipoderme como o único tecido envolvido, o que é um erro,

tendo em vista que as alterações acometem em diversos graus o tecido cutâneo e

adiposo ocorrendo nesta disfunção uma série de alterações estruturais na derme, na

microcirculação e nos adipócitos, sendo assim desconectado o termo subcutâneo do

nome. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)

Atualmente há indicativos que o principio das transformações se da

na matriz intersticial, mediante as alterações bioquímica dos mucopolissacarídeos e

proteoglicanos, que sofrem uma hiperpolimeração, onde a matriz tem a sua viscosidade

aumentada havendo prejuízo de suas principais funções. (KEDE, 2009)

O Fibro Edema Gelóide trata-se de um tecido mal oxigenado e

subnutrido, desorganizado e sem elasticidade, resultante de um mal funcionamento do

sistema circulatório e das contínuas transformações do tecido conjuntivo, As alterações

que ocorrem no nível tecidual são divididas em quatro fases. (GUIRRO, GUIRRO,

2002)

Na primeira fase ocorre à estase venosa e permeabilidade capilar

irregular, na segunda fase há uma organização progressiva e colagenização do exsudato

plasmático havendo o aumento da estase, na terceira fase o fibroblasto produz

elementos fibrosos inelásticos que se intercalam, dividindo a hipoderme em

compartimentos com múltiplos alvéolos, havendo a organização dos adipócitos em

micronódulos e na quarta fase é um processo fibrocicatricial com alterações nos

capilares onde os micronódulos comprimem as arteríolas e os nervos, e as fibras

conjuntivas aderem à pele. (COSTA, 2009)

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

139

É difícil garantir a verdadeira causa, pois seria impossível isolar a

influência de cada fator, que provavelmente desencadeia o processo do Fibro Edema

Gelóide, que são os fatores predisponentes, os determinantes e os condicionantes, onde

somados contribuem para o aparecimento destas alterações,.(GUIRRO, GUIRRO,

2002)

Com embasamento nos aspectos clínicos, para avaliar o Fibro Edema

Gelóide, os médicos dividiram as em quatro graus. (KEDE, 2008)

• Grau I: ainda não é visível, sendo percebida somente através da

compressão do tecido entre os dedos. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)

• Grau II: na palpação e contração e visivelmente aumentada.

(COSTA, 2009)

• Grau III: É totalmente visível, e na palpação é possível sentir os

nódulos fibrosos apresenta dor à palpação. (COSTA, 2009)

• Grau IV: Possui uma grande ondulação da camada

dermoepidermica, devido a fibroesclerose das trabéculas do conjuntivo. (COSTA, 2009)

Compreende-se por forma clinica do Fibro Edema Gelóide o aspecto

visível as manifestações aparentes condicionadas pelas texturas das próprias lesões,

(GUIRRO, GUIRRO, 2002), e as formas clinicas apresentadas são: Fibro Edema

Gelóide Consistente, Brando ou Difuso, Edematoso , Misto, Puro e Composto

ULTRA-SOM

O ultra-som são ondas sonoras em que direção de propagação é a

mesma que a direção da vibração, essas onda sonoras não podem ser perceptível ou

ouvido humano. (MACHADO, 2002)

O aparelho de ultra-som terapêutico compõe de um console, onde

existe um circuito apropriado que recebe a corrente elétrica comercial transformando-a

em oscilações elétricas de alta frequência. As oscilações são encaminhadas ao

transdutor (cabeçote) que é composto por um cristal piezelétrico, que podem produzir

ultra-son de forma continua e pulsada. (BORGES, 2006)

Na oscilação contínua, o efeito que prevalece é o térmico e na

oscilação pulsada é o efeito não térmico. (MACHADO, 2002)

Os cristais sofrem alterações quando recebem corrente elétricas,

havendo compressão e dilatação dos cristais. Pressão a qual sobre os cristais provoca a

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

140

emissão de ondas ultra-sônicas com frequência idêntica a corrente recebida ou que

incide sobre o cristal dentro do transdutor. (MACHADO, 2002)

Nos transdutores terapêuticos o material utilizado é a cerâmica de PZT

(titanato zirconato de chumbo), o qual se deforma na presença de um campo elétrico

onde a forma variando de acordo com o pulso. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)

A frequências de oscilação do cristal piezelétrico provocam uma

frequência de 1 MHz ou 3 MHz, onde são utilizados de acordo com a profundidade de

estrutura a ser irradiada. (COSTA, 2009). Segundo GUIRRO, GUIRRO (2002), a

intensidade varia entre 0,1 e 3 Wcm2 (watts por centímetro quadrado), e os aparelhos

mais compatível para pratica clinica varia entra 0,01 a 2,0 Wcm2.

No interior dos aparelho de ultra-som há um circuito que controla a

intensidade das oscilações elétricas, que controla o grau de oscilação do cristal e

consequentemente a amplitude da ondas sonora. (BORGES, 2006)

A Área de Radiação Efetiva (ERA) está relacionada com a dimensão

do cristal piezelétrico, geralmente a área é menor que a área física da face metálica do

transdutor, que pode girar em torno de 3cm2 a 4cm

2 podendo variar de acordo com o

tratamento terapêutico. (BORGES, 2010)

São utilizados nas aplicações do ultra-som terapêutico agentes de

acoplamento, evitando que o mesmo se propague pelo ar fazendo com que os meios

envolvidos (metal e pele), pareçam iguais para que a maior quantidade de intensidade

incidente seja transmitida. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)

O ultra-som provoca o efeito mecânico onde há uma micromassagem

celular, e que é responsável por quase todo os efeitos da terapia ultra-sônica, e que

consiste em produzir tanto no modo continuo como no pulsado. Já o efeito tixotrópico

constitui na condição que apresenta certos líquidos onde a viscosidade diminui quando

são agitadas mecanicamente. E o ultra-som tem a capacidade de modificar substancias

em estado de maior consistência transformando em estado gelatinoso. (BORGES, 2006)

O efeito térmico pode ser obtido quando a temperatura do tecido é

elevada para entre 40ºC e 45ºC por no mínimo cinco minutos, causando efeitos

desejáveis como alivio de dor redução da rigidez articular e aumento do fluxo

sanguíneo. (KITCHEN, 2003).

O USO DO ULTRA-SOM NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELOIDE

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A utilização do ultra-som no tratamento de fibro edema gelóide, esta

relacionado aos seus efeitos fisiológicos associado a sua capacidade de veiculação de

substâncias através da pele. (GUIRRO, GUIRRO, 2002)

Segundo COSTA (2009), o utra-som utilizado no tratamento de fibro

edema gelóide é o de frequência de 3 MHz, e a intensidade varia de 0,8 a 1,2 W/cm2

no

modo pulsado, e quando utiliza a fonoforese a intensidade e de 0,8 W/cm2. Para

BORGES (2006), o ultra-som 3MHz de modo continuo é utilizado para ser realizado

com fonoforese devido a maior ação tixotrópica.

E os efeitos fisiológico do ultra-som no tratamento de fibro edema

gelóide são: ação tixotrópica sobre géis, despolimerização das substancias

fundamentais; deslocamento de íons; aumento da permeabilidade das membranas;

melhor reabsorção de líquidos e aperfeiçoamento da irrigação sanguínea e linfática;

aumenta a produção e melhora a orientação das fibras de colágenas do tecido

conjuntivo. (COSTA, 2009)

A micromassagem causada pelo ultra-som controlam e ajudam o

retorno venoso e linfático, favorecendo a reabsorção do acúmulo de liquido e irritantes

tissulares. (MACHADO, 2002)

O ultra-som tem efeitos fibrolíticos que ameniza a esclerose tecidual

com as ficção moleculares, além disso causa uma despolimerização ou fragmentação

das moléculas grandes de modo a diminuir a viscosidade do meio, que no fibro edema

gelóide encontra-se aumentada.(KUHNEN, 2010)

O efeito tixotrópico do ultra-som, que tem a capacidade de amolecer

estruturas com maiores consistências físicas (nódulos celulítico), permitindo o aumento

da elasticidade tecidual e a diminuição da consistência tecidual fibrótica. (BORGES,

2006)

O efeito térmico produzido pela ultra-som, é capaz de aumentar o

fluxo sanguíneo, e permeabilidade das membranas e a extensibilidade dos tecidos ricos

em fibras de colágenos. (BORGES, 2006)

O Efeito mecânico faz uma micromassagem nos tecidos aumentando a

circulação de fluidos intra e extracelulares, promovendo a toca de nutrientes e

eliminação de catabólitos, havendo também o aumento da permeabilidade da membrana

celular antecipando os processos osmóticos. (COSTA, 2006) O principal beneficio na

terapia ultra-sônica no tratamento de fibro edema gelóide é a neovascularização

melhorando assim o aumento da circulação local, o rearranjo e aumento das fibra de

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colágenos, melhoras da propriedades mecânicas do tecido e ação tixotrópica.

(BORGES, 2006)

CONCLUSÃO

Através desta pesquisa bibliográfica, pode conhecer melhor todo o

sistema tegumentar, o tecido adiposo, o mecanismo de formação do Fibro Edema

Gelóide, sobre o ultra-som e seus mecanismos de ação e o efeitos terapêutico

principalmente no tratamento do Fibro Edema Gelóide. Assim pode-se fazer a

orientação adequada, indicar o melhor tratamento para obter bons resultados.

O ultra-som é uma ferramenta de grande auxilio para os profissionais

da estética usar no tratamento de Fibro Edema Gelóide, e para melhor aproveitamento

de seus benefícios tem que aprofundar melhor no conhecimento sobre os processos que

envolvem este procedimento e utilizar de maneira correta. Os profissionais não podem

somente comprar um aparelho, tem que capacitar-se, pois este quando usado de maneira

inadequada e sem o conhecimento pode não se obter o resultado desejado ou mesmo

colocar os clientes em risco.

O ultra-som tem a habilidade de inserir agentes farmacologicamente

ativo através da pele, auxiliando no tratamento, e para isso tem que conhecer os fármaco

que melhor atua no fibro edema gelóide, e que tenha a ação lipolítica e estimulante da

circulação.

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ANTIOXIDANTES E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO COMBATE AOS

RADICAIS LIVRES.

ANTIOXIDANTS AND THEIR CONTRIBUTIONS TO COMBAT FREE

RADICALS

Bárbara Bruna Viera Nunes¹

Adrielly Michely Ferreira2

Franciele Cruz3

Talita Oliveira da Silva4

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo demonstrar a função e atuação dos antioxidantes com relação aos

radicais livres, os quais são considerados um dos grandes causadores de envelhecimento cutâneo. Os

radicais livres lesam as células saudáveis ocasionando danos ao funcionamento das mesmas. Os

resultados desse processo podem ser observados através dos primeiros sinais de envelhecimento precoce

até o câncer de pele. Buscando prevenir e remediar tais efeitos deletérios ocasionados pelos radicais livres

é que atualmente muitos dos cosméticos tendem a ter em suas formulações antioxidantes. A vitamina C

que além de ser indispensável na síntese de colágeno é um potente antioxidante que atua no interior das

células protegendo-as do estresse oxidativo, ela vem sendo utilizada cada vez mais nos cosméticos

podendo ser associada a outras substâncias e outros antioxidantes como a vitamina E. Taninos e

flavonóides também entram nesta categoria de antioxidantes e um dos mais conhecidos e utilizados é o

chá verde que pode agir de seis maneiras diferentes, tais quais são: sequestradores direto de radicais

livres, regulação decrescente de radicais livres, eliminação de pioneiros dos radicais, quelante de metais e

aumento dos antioxidantes endógenos. Existem diversas maneiras de se beneficiar dos efeitos dos

antioxidantes bem como através de uma aplicação tópica ou oral, no entanto nenhuma das opções é

dispensável afinal eles previnem o processo de senescência e também futuras patologias.

Palavras – chave: antioxidantes, radicais livres, envelhecimento.

ABSTRACT

The current study has as a goal to demonstrate the function and acting of antioxidants related to free

radicals, which are considered one of the biggest causes of skin aging. Free radicals damage healthy cells

leading to problems on their functioning. The results of this process can be observed through the first

signs of early skin aging to skin cancer. Seeking to prevent and remedy such harmful effects caused by

the radicals, is that nowadays, cosmetics tend to have antioxidants in their formulations. Vitamin C,

besides being essential in the synthesis of collagen is a powerful antioxidant that acts inside of cells

protecting them from oxidative stress, it has been used in large scale in cosmetics, it can also be

associated to some other substances and other antioxidants such as vitamin E. Tannins and

flavonoids are also in this antioxidant category and one of the most known is the green

tea .It can age in six different ways, which are straight captor from free radicals,

decreasing adjustments of free radicals, disposal of groundbreaking radicals, metal

chelating and increasing of endogenous antioxidant. There are several ways to benefit

from the antioxidants effects as well as through a topic or oral application, however,

any of options are dispensable, after all, they prevent the senescence process and

future pathologies.

Key words : antioxidants , free radicals , aging.

________________________ ¹Discente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil ²Docente Orienradora, Docente do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil. 3Docente Co-orientadora do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil. 4Docente Co-orientadora do Curso de Graduação de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia – Unifil.

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INTRODUÇÃO

A pele é um órgão complexo no qual interações celulares e moleculares

reguladas de modo preciso governam muitas das agressões provindas do meio ambiente.

É constituída por vários tipos de células interdependentes responsáveis pela manutenção

de sua estrutura normal. (ROTTA, 2008).

Envelhecer é uma realidade que todos os indivíduos apresentam em suas vidas.

Não apenas as mulheres mas os homens também querem exibir uma ele bonita e

saudável, e isso tornou-se uma preocupação, onde as pessoas acabam por explorar

diversas maneiras de retardar esse processo que não há como extinguir de nossas vidas.

Existem inúmeras outras como, por exemplo, a teoria do envelhecimento por meio dos

radicais livres que são substâncias extremamente oxidativas onde suas moléculas são

instáveis e altamente reativas a oxigênio onde procuram estabilizar-se lesando células

saudáveis. Não tendo apenas atuação no envelhecimento precoce os radicais livres

também têm atuação em vários tipos de cânceres, porém o combate aos radicais livres é

possível através de substancias antioxidantes que podem ser produzidos em nosso

próprio organismo e até mesmo encontrados em alimentos e produtos cosméticos graças

ao conhecimento já existente e a tecnologias atuais.

Para evitar esse processo de depleção celular, a pele possui seu próprio

mecanismo de defesa tais como: enzimas, vitaminas e agentes quelantes de íons

metálicos. Entretanto a capacidade protetora desse mecanismo diminui com o

envelhecimento, então compostos exógenos como antioxidantes e compostos fenólicos

reforçam a proteção natural pela limitação das reações oxidativas. Os antioxidantes

presentes em extratos de plantas vem atraindo cada vem mais a atenção dos

consumidores e o uso de plantas com propriedades terapêuticas também chama a

atenção dos pesquisadores.

Além dessa tese do tempo há inúmeras outras que favorecem o envelhecimento,

por exemplo, a teoria dos radicais livres que são substâncias extremamente oxidativas

onde suas moléculas são instáveis e altamente reativas a oxigênio onde procuram

estabilizar-se lesando células saudáveis. Não tendo apenas atuação no envelhecimento

precoce os radicais livres também têm atuação em vários tipos de cânceres, porém o

combate aos radicais livres é possível através de substancias antioxidantes que podem

ser produzidos em nosso próprio organismo e até mesmo encontrados em alimentos e

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produtos cosméticos por intermédio das tecnologias atuais que são empregadas nas

formulações.

METODOLOGIA

Trabalho efetuado através de pesquisa bibliográfica que e reine informações e

dados para construção de uma linha de pesquisa a partir da proposta relacionada ao tema

em questão.

REVISÃO GERAL DE LITERATURA

Tipos diferentes de envelhecimento cutâneo:

O envelhecimento pode ser definido por multifatores que envolvem desde

genética, fatores ambientais e comportamentais que provocam um conjunto de

alterações ligadas a morfologia, fisiologia e bioquímica da pele e que consequentemente

são inevitáveis, no entanto podem ser retardados. Assim há uma queda das funções

normais que compõem o organismo, além do aparecimento de indesejáveis

modificações na aparência do tecido cutâneo (RIBEIRO 2010)

Rebello (2010) ressalta que o envelhecimento intrínseco pode ser considerado

como algo natural e com o passar dos anos deixa o organismo com um déficit de suas

funções normais, assim as pessoas ficam mais susceptíveis a patologias. Ainda enfatiza

que esse processo pode ser chamado de envelhecimento cronológico, dado a suas

características interligadas com o tempo vivido por uma pessoa.

O envelhecimento intrínseco nada mais é que o envelhecimento natural de todos

os órgãos inclusive a pele. Os aspectos de uma pele naturalmente envelhecida são mais

notados na parte interna dos braços rente ás axilas, uma pele mais fina, onde

elasticidade quase não é encontrada e a flacidez é ressaltada, de rugas finas, todavia sem

alterações de superfície e manchas (GOMES, 2009).

Viera (2003) diz que o envelhecimento extrínseco do tecido tegumentar é uma

resposta de agressões externas submetidas pelo ser humano, dentre as que mais se

destacam por colaborar de maneira significativa com tal resposta estão os raios

ultravioletas advindos da luz solar, dos quais podem ser responsáveis pelo processo de

envelhecimento

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Teorias relacionadas ao processo de senescência

Genética: essa teoria trabalha com conceitos de Leonard Hayflick, que afirma

que o envelhecimento é ocasionado por intermédio do desgaste das células devido a

produção programada de células que levam a senescência (GOMES,2009).

Erro-catástrofe: também baseada na teoria genética onde a perda das funções

dos genes devido a erros na transcrição do RNA gera versões de proteínas responsáveis

pelo acúmulo de proteínas desfiguradas não viáveis (GOMES, 2009)

Telômeros: o envelhecimento também pode ser acelerado devido a incapacidade

da DNA-polimerase de transcrever a sequência final da base da fita de DNA dos

cromossomos, assim sendo diminuídos a cada mitose o tamanho dos telômeros que são

sequências repetitivas de nucleopeptídios encontradas no final dos cromossomos

disparando o processo genuíno do envelhecimento (GOMES, 2009).

Glicação: é o excesso de glicose circulante no corpo, onde o organismo não dá

conta de metabolizar todo esse açúcar ali presente, assim ocorre a ligação dessa glicose

excessiva com lipídeos e proteínas havendo o enrijecimento de proteínas e fibras e

também alterando a funcionalidade de fibroblastos e queratinócitos (GOMES,2009).

Teoria das Reações Cruzadas de Macrocélulas: baseada na tese da

ortomolecular, afirma-se que trilhões de moléculas definidas formam a estrutura

humana do qual o equilíbrio se dá devido a preservação da normalidade. No entanto se

reações cruzadas ocorrem, há nas moléculas a perca de suas características, gerando

alterações tissulares que pré dispõem o surgimento do envelhecimento (GUIRRO 2004).

Radicais Livres: são átomos desemparelhados, ou seja, incompletos que buscam

por completar-se e isso os torna reativos e agressivos danificando células saudáveis, por

capturar elétrons de outras moléculas, são altamente oxidantes. Na mitocôndria

acontecem combinações de moléculas de oxigênio com outras moléculas que resultam

na energia que nosso organismo necessita para manter o funcionamento, porém a

molécula de oxigênio tem uma espécie reativa em seu metabolismo (ERMO) que

geralmente é neutralizada na mitocôndria devido a entrada de quatro elétrons e a

redução tetravalente que ocorre, toda via a falha dessas reduções que o oxigênio sofre

resultam nos radicais livres por terem que ceder o elétron solitário e ficando impares,

incompletos sem par tornam-se instáveis, oxidativos e na busca de estabilizarem-se, eles

atacam quais quer células, no entanto não são todas as espécies reativas do metabolismo

do oxigênio que são nocivos para o organismo devido à falta de um elétron em sua

última camada. Temos a presença de espécies reativas (ânion superóxido, peróxido e

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oxigênio singlet) que participam de reações que produzem radicais livres assim que

entram em contato com a luz ultravioleta sendo tóxicos para algumas células e proteínas

atuando diretamente no DNA, provocando desde aceleramento no envelhecimento até

patologias. Os radicais livres se ligam a várias estruturas adulterando seu

funcionamento como por exemplo ao se ligarem a fibroblastos geram alteração a sua

produção de fibras, e ao se unirem aos fosfolipídios das membranas alteram a

permeabilidade da mesma, também provocam um aumento na atividade do ativador da

proteína-1 (AP-1) incrementando a geração de metaloproteinase sucedendo em

destruição do colágeno. Draelos (2009) ainda relata que o estresse oxidativo induz o

fator de transição nuclear kapa-B (FN-kB) que produz numerosos mediadores

inflamatórios reforçando o envelhecimento cutâneo, ademais afetando não apenas

colágeno mais assim como fibroblastos da derme atua em RNAm da elastina

evidenciando as alterações de elastose que são encontradas nas peles fotoenvelhecidas.

Sendo produzidos pelo metabolismo celular aeróbico os radicais livres podem ser

resultado também de fatores externos como tabagismo, estresse, álcool, radiação,

poluição, drogas e dietas.

Antioxidantes

O termo antioxidantes se refere a compostos que tem a finalidade de reagir

diretamente com os agentes oxidantes, assim como os radicais livres, esses compostos

possuem a capacidade de doar elétrons, realizando uma inativação dos radicais livres.

(BAUMAN 2004)

Kelly e Gomes(2009) relatam e também confirmam que os antioxidantes atuam

oferecendo elétrons que os radicais livres necessitam para se estabilizarem. De acordo

com Shami et al (2004) os antioxidantes neutralizam a ação dos radicais livres e

revertem os danos por eles ocasionados.

Costa (2009) relata que com a idade avançada a quantidade de antioxidantes

presentes no organismo diminui significativamente, por isso é interessante que haja uma

suplementação e administração dessas substâncias, bem como as vitaminas, minerais e

aminoácidos, o que é considerado um meio de prevenção.

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Substâncias com Caracteristicas Antioxidantes

Vitamina C:

A vitamina C não pode ser produzida pelos seres humanos, pois eles não são

capazes de sintetizar a enzima responsável pela produção da mesma, portanto deve-se

haver a ingestão dessa vitamina. Entretanto é importante salientar que existe um limite

na absorção da vitamina C pelo mecanismo de transporte ativo no intestino, devido a

isso o uso tópico dessa vitamina vem sendo cada vez mais estudado. Está vitamina é

muito instável todavia é indispensável. (DRAELOS 2009).

São utilizadas três formas da vitamina C, a forma ativa o ácido ascórbico que já

não é mais tão utilizado devido ao aspecto amarelado que a formulação ficava após

exposição ao ar (oxidação do ácido deidroascórbico), por este motivo utilizam-se os

derivados dessa vitamina como: ascorbil-6-palmitato e o fosfato de ascorbil magnésio

que são mais estáveis, porém o que se destaca é o fosfato de ascorbil magnésio que é

estável em soluções e em emulsões. Seu desempenho como antioxidante se dá devido a

atuação dessa vitamina no compartimento aquoso da célula, onde protege as estruturas

intracelulares do estresse oxidativo doando sequencialmente elétrons, após a doação do

segundo elétron ela se torna o ácido deidroascórbico, que pode ser reciclado e revertido

novamente a ácido ascórbico devido a enzima ácido deidroascórbico redutase.

Importante também para a biossíntese do colágeno a vitamina C (ascorbato) atua de

maneira de co-fator para a prolil e lisil hidroxilase que são enzimas responsáveis por

estabilizar e fazer a conexão entre as fibras de colágeno (DRAELOS 2009)

Vitamina E:

A vitamina E pode ser encontrada em diversos vegetais, entre eles, estão

sementes, milho, nozes, óleos, farinha de trigo integral, margarina e em algumas carnes

e laticínios. Ela pode ser chamada de tocoferol, ela é um antioxidante solúvel em

lipídeos primários presentes na pele, além de conferir proteção as células no que diz

respeito ao estresse oxidativo. (BAUMANN 2003)

De acordo com Draelos (2009) a utilização conjunta de vitamina E e vitamina C em

aplicações tópicas, revela um melhor desempenho para os mais diversos tratamentos.

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ÁCIDO α-LIPOICO

Conforme Gerson(2012) o ácido α-lipoico é uma molécula hidrossolúvel, porém

também lipossolúvel, além do seu poder como antioxidante ele recupera a função de

outros similares a si. Produzido tanto por plantas como por animais o ácido α-lipoico

tende a fazer ligações covalente com prótons por meio de lisina e com isso apenas uma

pequena porção do α-lipoico cai na circulação. Quando livre é metabolizado

rapidamente pelo fígado tendo por tanto 30 minutos de meia vida no sangue.

Draelos(2009) menciona que sua aplicação tópica é interessante, já que sua molécula é

pequena e invariável, portanto sendo absorvida perduravelmente, pesquisadores

constataram que tanto os queratinócitos quanto os fibroblastos conseguiram metabolizar

o α-lipólico.

Chá verde

O chá verde também conhecido como chá preto ou até mesmo “Green tea”

origina-se da planta Camellia sinensis. De folhas simples, intercaladas, completas, de

margem serreada e com textura coreácea, apresentam flores pequenas, brancas e

geralmente tem de quatro a cinco pétalas. Sobre a composição química da Camellia

sinensis seus principais constituintes são polifenóis entre os quais estão presentes

flavonóides e catequinas. Administrados tanto para o uso tópico quanto para ingestão

oral, devido a sua ação antioxidante obtém-se, portanto, uma ação direta nas desordens

estéticas como por exemplo no envelhecimento intrínseco e extrínseco causada pela

ação dos radicais livres. (DRAELOS 2009)

CONCLUSÃO

Nos dias atuais é indispensável um bom cuidado com a aparência ou com a

saúde, o envelhecimento se tornou algo prioritário a ser tratado, portanto é indispensável

atualizar-se e sempre estar atento as novidades e pesquisas relacionadas ao assunto em

questão, para que haja conhecimento e discernimento do que há de melhor para ser

usado. Sabe-se que não vem sendo fácil conciliar os deveres do dia a dia com os

cuidados pessoais, devido a correria do cotidiano, sem contar que lidamos com diversos

outros fatores externos que contribuem de maneira negativa com o processo de

senescência, bem como os raios ultravioletas que estimulam o processo de oxidação da

pele e sintetizam radicais livres que são moléculas instáveis.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

151

Consequentemente a busca de elétrons por parte dos radicais livres danifica

algumas células e interage com o DNA das mesmas, gerando mutação celular. No

tecido cutâneo os primeiros sinais de envelhecimento podem ser observados através do

surgimento de manchas hiperpigmentadas ou hipopigmentadas, linhas de expressão,

flacidez tissular, etc. Com isso cada dia mais encontram-se no mercado produtos

cosméticos com propriedades antioxidantes a fim de combater os radicais livres e os

malefícios causados pelos mesmos.

Por intermédio dessa pesquisa notou-se que a aplicação tópica de vitaminas com

poder antioxidante pode prevenir e tratar o processo de envelhecimento cutâneo, pois

quando essas substâncias ativas estão bem concentradas e são aplicadas na pele elas tem

a capacidade de fortalecer o epitélio e permitem uma ação farmacodinâmica através de

seus mecanismos de ação e propriedades terapêuticas conferindo efetividade do

tratamento proposto.

REFERÊNCIAS

BAUMANN, Leslie. Dermatologia cosmética: princípios e prática. Rio de Janeiro:

Revinter, 2004.

COSTA, Eronita de Aquino. Nutrição biomolecular e radicais livres. Petrópolis: Vozes,

2009.

DRAELOS, Zoe Diana; DOVER, Jeffrey S.; ALAM, Murad; Rodrigues, Denise Costa.

Cosmecêuticos. 2 ed Rio de Janeiro: Elsevier, 2009

GERSON, Joel et al. Fundamentos de estética. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

GOMES, Rosaline Kelly. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. 3. ed.

São Paulo : Livraria Médica Paulista,2009.

REBELO, Tereza. GUIA DE PRODUTOS COSMÉTICOS. 7ª edição, São Paulo

Senac, 2010.

RIBEIRO, Cláudio de Jesus. Cosmetologia Aplicada a Dermoestética. 2ª edião, São

Paulo Pharmabooks, 2010.

VIEIRA, Fabiano Nadson Magacho. Mecanismos moleculares do envelhecimento

cutâneo: dos cromossomos às rugas. São Paulo: Artes Medicas, 2007.

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BENEFÍCIOS DO USO DA VITAMINA A – RETINOL, NA PREVENÇÃO E

TRATAMENTO DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO FACIAL

BENEFITS OF THE USE OF VITAMIN A - RETINOL IN THE PREVENTION AND

TREATMENT OF FACIAL SKIN AGING

Tamirys G. Berigo¹

Cleiciane Brene Pereira2

Talita Oliveira da Silva³

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo, abordar os benefícios da utilização da vitamina A – Retinol, na

prevenção e tratamento do envelhecimento cutâneo facial, onde cada vez mais podemos observar uma

sociedade preocupada em parecer mais jovem, e com o aumento da expectativa de vida, os idivíduos

buscam constantemente por estes cuidados estéticos e dermatológicos. O envelhecimento é um processo

natural, onde ocorrem diversas alterações na pele, onde os principais componentes responsáveis pela

firmeza e elasticidade da pele são comprometidos, as fibras de colágeno e elastina. O colágeno torna-se

aos poucos mais rígido, e a elastina vai perdendo sua elasticidade natural. O número de fibras elásticas e

de outros componentes do tecido conjuntivo cai consideravelmente, formando as tão temíveis rugas e

linhas de expressão. Estas alterações causam os primeiros sinais do envelhecimento, e frente às inovações

e modificações do mercado, com mecanismos e ativos diferenciados que podem prevenir e/ou tratar o

envelhecimento cutâneo facial, cada vez mais os indivíduos buscam meios de optar por tratamentos

menos agressivos, porém com resultados eficazes, de curto prazo. Este estudo teve como objetivo analisar

e abordar o uso da vitamina A –retinol, na prevenção e tratamento do envelhecimento cutâneo facial, com

intuito de apresentar seus benefícios, indicações e contraindicações, e em quais porcentagens pode ser

utilizado na área da Estética com segurança, visando obter melhores resultados, uma vez que menos

invasivos e se trabalhados como forma de prevenção, obtém-se excelentes resultados, uma vez que a

vitamina A é extremamente rejuvenescedora.

Palavras-chaves: Vitamina A, Retinol, Envelhecimento Cutâneo.

ABSTRACT

The objective of this study is to address the benefits of using vitamin A -

Retinol in the prevention and treatment of facial skin aging, where we can increasingly observe a society

concerned with looking younger and with increasing life expectancy, the individuals are constantly

seeking this aesthetic and dermatological care. Aging is a natural process where there are several changes

in the skin where the main components responsible for the firmness and elasticity of the skin are

compromised, collagen and elastin fibers. The collagen gradually becomes stiffer, and the elastin loses its

natural elasticity. The number of elastic fibers and other connective tissue components falls considerably,

forming the fearsome wrinkles and lines of expression. These changes cause the first signs of aging, and

in the face of innovations and changes in the market, with differentiated mechanisms and assets that can

prevent and / or treat facial skin aging, individuals are increasingly seeking ways to opt for less

aggressive treatments, with effective, short-term results. This study aimed to analyze and approach the

use of vitamin A-retinol in the prevention and treatment of facial skin aging in order to present its

benefits, indications and contraindications, and in which percentages can be used in the area of esthetics

with safety, in order to obtain better results, since they are less invasive and if worked as a form of

prevention, excellent results are obtained, since vitamin A is extremely rejuvenating.

Keywords: Vitamin A, Retinol, Skin Aging.

__________________

¹ Esteticista e Cosmetóloga, Pós graduada em Cosmetologia Clínica.

² Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, docente do Programa de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial e Curso

Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR. ³ Esteticista e Cosmetóloga, Especialista em estética Facial e Corporal, docente do Curso de Estética e Cosmética da Unifil,

Londrina-PR.

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153

INTRODUÇÃO

O envelhecimento ocorre desde os nossos primeiros momentos de

vida. Causas naturais e fatores externos contribuem para que a pele com o passar do

tempo fique desgastada e com suas funções inviabilizadas. Os fatores que contribuem

para esse processo se tornar cada vez mais acelerado são, uso e desgaste, condições

imunitárias, glicação de proteínas, ação dos radicais livres, exposição à radiação solar,

entre outros.

É um processo dinâmico e imutável que atinge a todos os sistemas do

organismo. Rugas e flacidez representam a aparência senil da pele resultando em

alterações a nível molecular. As modificações do colágeno, proteína fundamental do

tecido conjuntivo, são as principais responsáveis pelas evidências anatômicas deste

processo. O estudo da senilidade ajuda a compreender alterações estruturais e funcionais

que ocorrem durante o envelhecimento (FARIA, et al.,1995).

Frente às modificações do mercado, com mecanismos diferenciados

que podem prevenir ou tratar o envelhecimento cutâneo facial, como por exemplo, a

utilização do Retinol, que será discutido neste trabalho, com o intuito de apresentar seus

benefícios, indicações e contraindicações, e em quais porcentagens pode ser utilizado na

área da Estética com segurança, visando obter melhores resultados, uma vez que menos

invasivos, a procura por estes tratamentos se torna cada vez maior. Esse agente

farmacológico, principalmente para a aplicação tópica na pele, é capaz de realizar

diferenciação das células epiteliais, com excelentes resultados no tratamento de acne

vulgar e principalmente no envelhecimento extrínseco (fotoenvelhecimento) por

promover a manutenção das condições normais em uma ampla variedade de tecidos

epiteliais, agindo diretamente na síntese de colágeno, espessamento da epiderme,

diminuição dos grânulos de melanina na camada basal e compactação do extrato córneo

(GUIRRO, GUIRRO, 2002).

DESENVOLVIMENTO

Anatomofisiologia da pele

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154

Para o funcionamento adequado do organismo a pele é essencial. Ela

mantém contato direto com o meio externo, exercendo inúmeras funções vitais.

Constitui um flexível e ágil revestimento da superfície corpórea, sendo uma barreira

importante em lesões externas iniciais. Além disso, mediante a complexa interação de

células e tecidos, atua no equilíbrio homeostático, na fotoproteção, na reparação, como

órgão sensorial, se relaciona e é integrada com o sistema imunológico de maneira direta

(RODRIGUES, 2012).

O que diferencia a pele dos demais sistemas epiteliais, é que ela fica

inteiramente exposta a um ambiente externo e extremamente agressivo, sendo assim,

pode ser considerada como fronteira que intermedia o organismo com o ambiente, uma

vez que os demais sistemas epiteliais estão protegidos da radiação solar e interpéries

(HARRIS, 2009).

Quando saudável, é ligeiramente úmida, suave, macia e um tanto

ácida. Ela é mais grossa nas palmas das mãos e planta dos pés ao passo que na pálpebra

está sua parte mais fina. Apresenta dois compartimentos, sendo a mais externa

epiderme, que trata se de um epitélio escamoso estratificado e queratinizado, onde o

queratinócito é o seu principal constituinte e, a camada mais interna derme, formada

principalmente, por um colágeno espesso e fibras elásticas. Aparentemente estão

separadas, representando duas camadas funcionalmente interdependentes. Abaixo da

pele encontra-se a hipoderme, ou tecido subcutâneo, que tem sua constituição

predominante por adipócitos (RODRIGUES, 2012; JOEL et al, 2012).

Junção Dermoepidémica

É constituída por uma camada de células basais, que repousam sobre

uma membrana basal, sua função é fornecer adesão da epiderme com a derme,

mantendo a permeabilidade necessária às trocas destes dois componentes (KEDE;

SABATOVICH, 2009). Possui em sua composição elementos epidérmicos, seu polo

basal possui queratinócitos, e elementos membranosos e fibrilares da derme papilar

(RIVITTI; SAMPAIO, 2008). Seus componentes da membrana basal são

macromoléculas colágenas (tipo IV, VII) e não colágenas; laminina, fibronectina,

entactina, heparansulfato, e são sintetizadas pelos queratinócitos basais e pelos

fibroblastos dérmicos (SOUZA; VARGAS, 2009).

Derme

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155

De origem mesodérmica é subdividida em dois componentes: Derme

papilar e derme reticular. Está localizada logo abaixo da epiderme e é constituída por

um tecido conjuntivo extremamente vascularizado. Formada por fibras colágenas e

elásticas, e substâncias fundamentais amorfa, que são produzidas pelos fibroblastos

(KEDE; SABATOVICH, 2009). Sua rede de fibras elásticas e colágenas dão força e

sustentação à pele, os vasos sanguíneos e linfáticos, conferem nutrição e irrigação, as

glândulas sudoríparas regulam a temperatura, e as glândulas sebáceas hidratam e

lubrificam; os folículos pilosos atuam como canal, por onde o sebo e o suor atingem a

superfície da pele; já as fibras nervosas, são sensíveis as condições de dor, pressão e

temperatura. A derme e a epiderme estão interligadas através da faixa dermoepidérmica

(PANDOLFO, 2011).

Envelhecimento Cutâneo

É praticamente impossível datar o inicio do envelhecimento por que

sua velocidade e características variam de individuo para indivíduo, porém, a qualidade

com que o individuo envelhece, está ligada com a qualidade de vida, desde a infância,

adolescência e vida adulta. Vários fatores são decisivos neste processo, retardando-o ou

acelerando-o; dentre eles podemos citar: o tabagismo, alimentação, sedentarismo,

estresse, obesidade, poluição, ação direta dos radicais livres, entre outros (VIEIRA,

2007; PIAZZA, 2011; STEINER, 2010).

A teoria dos Radicais livres ainda é a mais aceita. Os radicais são

moléculas reativas e instáveis, sua instabilidade se dá por possuir um número ímpar em

sua órbita mais externa. Sua reatividade se dá por conta da variação de estruturas

químicas, temperatura e concentração de outras moléculas ao seu redor. O átomo com a

quantidade ímpar de elétrons em sua camada procura outro elétron, roubando de outro

átomo vizinho, tentando formar um par em sua órbita, e por meio de reações químicas

danificam o organismo, atacando e destruindo as células. São formados por células que

dependem de oxigênio para sobreviver e sua principal via de reprodução é a respiração

celular. Podem ser classificados como: radical livre redutor (doador de elétrons), radical

livre oxidante (recebe elétrons), e radical livre oxidante redutor (recebe e doa elétrons)

(PIAZZA; et al.;2011). Sua ação se dá através de fontes endógenas e exógenas. Fontes

endógenas: oxigênio que respiramos é o principal produtor de radicais livres, quando

respiramos ele entra em reação com materiais biológicos, originando reações em cadeia,

sendo muito agressivo, degenerando as células saudáveis. Fontes exógenas: associam-se

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a radição (UV- raio x), metais pesados, tabagismo, estresse emocional, alcoolismo,

excesso de atividades físicas, alimentação rica em gordura e embutidos, entre outros

(PANDOLFO, 2011).

Envelhecimento intrínseco, biológico ou cronológico. está ligado ao

tempo vivido por cada individuo. Com o passar dos anos todos nós vamos tendo um

declínio nas funções do organismo, alterações estruturais, e diminuição geral de

vitalidade. Processo este universal e irreversível (REBELLO, 2010). Neste tipo de

envelhecimento um dos fatores determinantes é o fator genético, causando danos

estéticos menores, sendo mais lento, suave e gradual. No cronoenvelhecimento, também

como é chamado, a pele em geral não possui deformidades e é lisa. Apresentando linhas

de expressão, geralmente uma pele que não apresenta manchas, suave, seca, com perda

de elasticidade e apresentando rugas finas, porém preservando os padrões geométricos

normais da pele (BAUMANN et AL.; 2004).

Diferentemente da causa intrínseca, no envelhecimento extrínseco,

fatores externos, principalmente a exposição excessiva ao sol, poluentes, falta de

fotoproteção, fumo, álcool, são alguns fatores que potencializam o déficit da vitalidade.

Fatores esses que levam a um envelhecimento precoce (REBELLO, 2010). A Pele

envelhecida extrínsicamente, apresenta os sinais dos efeitos da exposição total à

radiação ultravioleta ao longo da vida, sendo elas UVA, UVB e UVC, principais fontes

que decorrem o fotoenvelhecimento, pois sua ação é cumulativa, e ocasionam

hiperpigmentações, rugas profundas, flacidez, lesões pigmentares, como efélides,

lentigos, lesões despigmentadas, como hipomelanose gutata, e possivelmente câncer de

pele. Embora outros fatores externos influenciem no fotoenvelhecimento, a exposição

solar inadequada é responsável por 80% do envelhecimento cutâneo precoce. Os

resultados da ação cumulativa do sol aparecem principalmente em áreas expostas como:

face, tórax, braços, antebraços e mãos; o aspecto da pele varia de um indivíduo para o

outro, o que depende muito do tipo de pele, e do tempo de exposição a radiação solar

(BAUMANN, 2004; PIAZZA, 2011; PANDOLFO, 2011).

As alterações cutâneas provocadas pelo envelhecimento intrínseco,

são diferentes das alterações do envelhecimento extrínseco.

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Alterações cutâneas Envelheciemento Intrínseco Envelhecimento Extrínseco

Rugas Finas Profundas

Camada córnea Inalterada Afilada

Células displásicas Poucas Muitas

Fibras de colágeno Pequena alteração no tamanho e

na organização

Grande alteração no tamanho e

na organização

Fibras elásticas Reorganizadas Diminuição da produção

Aumento da degeneração

Folículo capilar Diminuição do folículo capilar e

do filamento normal

Diminuição do numero e da

estrutura: perda capilar

Melanócitos Normal Diminuição do numero de

melanócitos e de melanina

Glândulas sebáceas e

sudoríparas

Diminuição do número de

glândulas

Diminuição do número de

glândulas: pele seca

Junção dermoepidérmica Leve achatamento Importante achatamento

Microvasculatura Área reduzida Telângectasias

Alterações benignas Ceratose seborreica Ceratose seborreica

Alterações pré-malignas - Ceratose actnínea

Alterações malignas - Carcinoma basocelular

Carcinoma espinocelular

Quadro 1: Alterações causadas pelo envelhecimento intrínseco e extrínseco

FONTE: (Montagner & Costa, 2009)

A estrutura da pele fica comprometida no processo de envelhecimento

cutâneo, pois há um aumento na expressão de proteínas, o que por sua vez promove a

degradação de colágeno da matriz, ocorrem também algumas alterações cutâneas que

atingem diferentes camadas da pele e do tecido adiposo, comprometendo assim suas

propriedades. Estas alterações são provocadas pela diminuição da capacidade de

proliferação das células, e também por sua redução de capacidade biossintética, o que

diminui a síntese da matriz extracelular da derme (HARRIS, 2003).

Contudo há muitas diferenças entre uma pele cronoenvelhecida e uma

pele fotoenvelhecida, principalmente em níveis moleculares. Porém algumas alterações

podem ser observadas nos dois tipos de envelhecimento. Mudanças como redução do

tempo de vida celular, diminuição da resposta a fatores de crescimento, interrupção da

síntese da matriz extracelular e elevação da atividade proteolítica, sendo que estas

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alterações são mais evidentes no fotoenvelhecimento. Por conta de todas essas

modificações a pele torna-se mais fina, menos flexível, menos tensa e menos elástica

(HARRIS, 2003).

Na epiderme há diminuição acentuada na atividade biossintetica dos

queratinócitos, o que compromete o fator natural de hidratação cutânea, por conta da

diminuição dos teores de filalagrina, proteína que compõe os grânulos de queratoialina,

principal fonte de aminoácidos que compõe o fator de hidratação natural (FHN)

(HARRIS, 2003). A epiderme apresenta um afinamento com uma redução da camada

córnea, e descamações em suas extremidades. Ocorre também um comprometimento na

função de barreira da pele, pela diminuição da produção de lipídios, ceramidas, ácidos

graxos e colesterol. Essas modificações podem levar a epiderme a ter uma perda

transepidermal de água, promovendo ressecamento na pele e presença de fissuras

(RIBEIRO, 2010; GOMES; DAMAZIO 2009).

Ocorre a diminuição do numero de queratinócitos e células de

langerhans, assim como o número de melanócitos e a síntese de melanossomos,

gerando menor pigmentação. Em áreas expostas ao sol, os melanócitos se tornam mais

ativos, formando manchas e hiperpigmentações. Os corpúsculos de Meissner e Paccini,

também têm suas funções reduzidas (RIBEIRO, 2010; GOMES; DAMAZIO 2009).

Na derme encontramos diminuição do colágeno VII causa o

achatamento da interface derme-epiderme, com perda das papilas dermais, o colágeno

VII é o responsável pela manutenção das estruturas papilares (HARRIS, 2003). Essa

redução da aderência entre as células causa um alargamento nos espaços intracelulares,

diminuindo o número de melanócitos ativos e células de Langerhans. Também há a

diminuição na produção do colágeno IV, que é responsável pela firmeza do tecido

(HARRIS, 2003; BATISTELA et al.,2007).

Ocorre uma redução na atividade dos fibroblastos, que por sua vez

gera uma diminuição nos teores de colágeno e elastina. O aumento na degradação destas

proteínas, compromete as propriedades mecânicas da pele, ocorre também um

espessamento irregular, fragmentação e desorganização com a condensação das fibras

de eulanina(componente elástico) (HARRIS,2003). As alterações na derme são as

principais responsáveis pelo aparecimento de rugas e flacidez na pele. Os impactos

causados diretamente no turgor da pele provem da redução de ácido hialurônico e

sulfato de dermanato que diminuem o conteúdo de água na derme, há a diminuição

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também na quantidade de material proteíco e polissacarídeospresentes nesse tecido

(RIBEIRO, 2010; BATISTELA et al., 2007).

Com o processo de envelhecimento o colágeno se torna menos solúvel

e compacto, formando ligações cruzadas entre as macromoléculas, com isso há também

uma diminuição significativa do colágeno na derme, sendo acentuadas nas áreas

expostas à radiação solar (RIBEIRO, 2010; HARRIS, 2003).

O tecido conjuntivo da derme é o que mais sofre no processo de

fotoenvelhecimento, em consequência da ação da radiação UV. Por conta desta ação

pode-se observar um aumento da síntese de fibras elásticas anormais, onde a elastina

encontra-se espessa, emaranhada, degradada e, por fim se degenera, dando origem a

massa amorfa, que se acumula na derme (elastose) (GOMES, DAMAZIO, 2009;

RIBEIRO 2010).

Principais mecanismos na prevenção do envelhecimento

Segundo STRUZTZEL, (2007), o índice de radicais livres pode

aumentar, por conta da falta de vitaminas essenciais como a vitamina A, E, C e alguns

oligoelementos como zinco, cobre e selênio, onde observa-se a relação entre o aumento

de radicais livres e o envelhecimento.

Ingestão de vitaminas com propriedades antioxidantes, trazem

benefícios como limitar as reações e lesões induzidas pela ação dos radicais livres,

alguns alimentos que contém vitaminas C, E e A, clorofila, flavonoides, carotenoides,

curcumina e outros, são capazes de contribuir para a inibição da ação dos radicais livres,

protegendo as células destes agentes. Podemos citar como excelentes sequestrantes de

radicais livres as vitaminas C, E e o betacaroteno (BIANCHI, ANTUNES,1999).

De origem orgânica, as vitaminas são essenciais em pequenas

quantidades para realizar reações metabólicas específicas no interior da célula, e

fundamentais para a manutenção da saúde e crescimento normal do indivíduo, são

obtidas basicamente dos alimentos, algumas vitaminas são absorvidas em forma de

provitaminas, sendo convertidas em sua forma ativa dentro do organismo (GUIRRO,

GUIRRO, 2002).

Um dos principais aliados na prevenção e tratamento do

envelhecimento cutâneo, é a utilização de dermocosméticos, com o avanço da

tecnologia atual, há uma grande variedade de ativos dermocosméticos que melhoram o

aspecto da pele, retardando os sinais do envelhecimento. São os maiores responsáveis

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pela prevenção e pelo tratamento de peles envelhecidas, contribuindo para a diminuição

dos radicais livres, promovendo a hidratação da camada córnea, clareando manchas e

melhorando o metabolismo dérmico e epidérmico, por sua vez atenuando rugas e linhas

de expressão (RIBEIRO, 2010).

VITAMINA A - RETINOL

Vitamina A – principal responsável pelo crescimento de células

epiteliais, mantendo sua integridade e estabilizando as membranas. Pode ser encontrada

em ovos, peixes, fígado, vegetais verdes, laranjas e tomates (STRUZTZEL, 2007).

A vitamina A é essencial para o ser humano, e foi a primeira vitamina

a ser reconhecida. Faz parte das vitaminas lipossolúveis e é encontrada na natureza em

alimentos de origem animal, e em alimentos de origem vegetal estão em forma de pro

vitaminas A, denominadas de carotenoides ou betacarotenos. Dentro do grupo de

betacarotenos, os que não são considerados pro vitamina A são as zeaxantinas, a luteína

e o licopeno (PENTEADO,2003).

Amplamente distribuída em tecidos vegetais e também encontrada em

alimentos de origem animal, como manteiga, gema de ovos e fígado, a vitamina A é

conhecida como retinol, e possui em sua fórmula química C20H25O; já seus derivados

são denominados retinóides. Está relacionada com a hiperproliferação da epiderme, na

pele, com o aumento do estrato córneo, espinhoso e granuloso. Desta maneira os efeitos

estimulantes da vitamina A e seus derivados tendem a combater as mudanças que

ocorrem com o envelhecimento. De acordo com estudos, aplicações tópicas de

derivados do retinol, observou-se uma melhora na elasticidade da pele, lembrando que o

palmitato de retinol é um dos mais estáveis ésteres derivados da vitamina A

(LEONARDI, 2008).

Segundo GUIRRO e GUIRRO, (2012), a vitamina A tem duas

funções principais, dependendo da terminação de seu grupo. A manutenção de uma

variedade de tecidos epiteliais, e a manutenção da visão normal, em especial a noturna.

Se houver uma função aldeído no lugar de álcool no grupo polar terminal da molécula

de vitamina A, tem-se o retinal, essencial para a visão noturna. Caso haja um grupo

carboxila, tem-se o ácido retinóico, um metabólito da vitamina A, cuja função

específica está na diferenciação de células epiteliais.

Segundo alguns autores relatam, três gerações de vitamina A são

conhecidas até o momento:

a) - Não Aromáticos : Ésteres de vitamina A, tretinoína, isotretinoína.

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b) - Monoaromáticos : Etretinato, acitretina, motretinida.

c) - Poliaromáticos : Adapaleno, tazarodeno.

Os ésteres de vitamina A tem sido usados como componentes de

formulações cosméticas. Notou-se que o papel dos retinóides na regulação do

desenvolvimento da pele, o que tem maior desempenho é o ácido retinóico(tretinoína),

portanto a a atividade da vitamina A palmitato e da oxidação do retinol em ácido

retinóico (STNEINER 1998).

A tretinoína (forma trans do ácido retinóico) foi o primeiro retinóide a

ser sintetizado e tem sido usado em produtos tópicos, para o tratamento da acne e para o

tratamento do fotoenvelhecimento (ELSON 1997). A isotretinoína (forma cis do ácido

retinóico) tem sido usada por via oral e tem apresentado muita efetividade contra acnes

severas (STEINER 1998)

De acordo com estudos, a vitamina A tem inúmeras funções, tendo

uma grande importância para a visão normal, conservação e desenvolvimento de tecidos

epiteliais, distinção tissular, reprodução, desenvolvimento embrionário, crescimento e

desempenho imune. No que se refere aos carotenoides pode-se mencionar o papel de

atividade pró-vitamina A, a fotoproteção, a relação com radicais livres e a modulação

imunológica. Essa vitamina é compassiva à oxidação na presença de luz, inconstante ao

calor e em meio ácido, e constante em meio alcalino. Igualmente os carotenoides são

estruturas muito instáveis e podem ser transformados ou parcialmente extinguidos pelas

mesmas circunstâncias e também pela presença de oxigênio, esse desgaste traz a perda

da atividade pró-vitamina A. Os carotenoides têm atividade antioxidante, e o

betacaroteno é o mais notório e estudado em benefício de seu potencial antioxidante

(DOLINSKY, 2009; PENTEADO, 2003).

Além dessa propriedade antirradicais livres, a vitamina A compartilha

do processo de desenvolvimento da pele, cabelo e unhas, age na queratinização e incita

a microcirculação cutânea. Recentemente conseguiram-se formas mais estáveis e ativas

desta substância, de modo a acrescer seu potencial de ação (SCOTTI; VELASCO,

2003; STEINER, 2002).

Como já citado anteriormente, radicais livres são moléculas instáveis,

quando não acham qualquer outro radical livre para se conectar na tentativa de

conseguir estabilidade, detêm elétrons de outras moléculas saudáveis. A molécula do

qual o elétron foi subtraído se é modificada então em outro radical livre, dando origem a

uma reação em cadeia, que afetará muitas células, podendo ter caráter indefinido, se não

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existir a interferência dos antioxidantes. Este processo é denominado de oxidação, e

gera morte celular (NEDEL, 2005). Determinadas classes de radicais livres são: radical

superóxido,oxigênio singleto , óxido nítrico, radical hidroxila, peroxinitrito e radical

semiquinona. Dentre esses formatos reativos de oxigênio a que proporciona baixa

capacidade de oxidação é o radical superóxido (DOLINSKY, 2009).

Os carotenoides têm a capacidade de desativar o oxigênio singleto e

neutralizar radicais peroxil, diminuindo a oxidação do DNA e lipídios, que está ligada á

doenças degenerativas, como doenças cardíacas e câncer. A função antioxidante

fundamental dos carotenóides é a desativação do oxigênio singleto. O betacaroteno atua

sobre as células imuno-competentes, aumentando os linfócitos T e as células killers, a

partir dessas propriedades é possível que o beta caroteno tenha uma atividade

antienvelhecimento. (DOLINSKY, 2009; SCOTTI; VELASCO, 2003).

A principal função dos retinóides na pele está relacionada a

hiperproliferação da epiderme com o aumento do estrato espinhoso e granuloso. Alguns

retinóides sistêmicos também produzem estas mudanças, mas precisam de uma maior

quantidade para o mesmo efeito (STEINER,1998).

Os efeitos estimulantes da vitamina A e de seus derivados, na pele,

tendem a se opor às mudanças que ocorrem no envelhecimento. A pele envelhecida

apresenta epiderme mais fina, a camada de queratina também se apresenta de forma fina

e mal formada, e a camada granular é reduzida a uma única camada de células contendo

grânulos de queratina. Todos estes sinais de atividade celular reduzida tendem a ser

revertidos através da aplicação tópica de doses adequadas de vitamina A. Estudos

apontam que a aplicação tópica de 10000 Ul/g de vitamina A palmitato, melhora a

elasticidade da pele. A unidade de medida da vitamina A é Unidade Internacional (UI),

sendo que 1 UI contém 0,5 mg de palmitato de retinol e 0,3 mg de retinol (STEINER,

1998).

De modo geral, a vitamina A aplicada topicamente, será estimuladora

da pele tanto mitoticamente como metabolicamente, portanto ela tem como principal

característica a função de manter a pele com uma aparência mais jovem. Além de ser

essencial e fundamental para o desenvolvimento normal da pele a vitamina A também

contribui para o crescimento e manutenção dos ossos, dentes, glândulas, cabelos e

unhas. Sua contribuição é para que a pele permaneça lisa e com suas propriedades de

barreira de água preservadas. Esta última característica faz com que a vitamina A seja

muito utilizada em problemas sazonais/ ambientais (PENTEADO, 2003).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

163

PENTEADO (2003), cita que para obter mais efeitos superiores à

administração oral das mesma, ela deve ser aplicada topicamente, pois ocasionam maior

concentração da respectiva substância ativa na pele, fortalecendo o epitélio e permitindo

a ação farmacodinâmica mais efetiva.

Em 1962, STTUTGEN, fez a primeira avaliação clínica da vitamina A

associada à doença hiperqueratolítica (PERSONELE et al 1998). Em 1968,

KLIGMAN,fez a primeira avaliação da vitamina A em alterações da pele,

principalmente no envelhecimento precoce da pele causado pela radiação

solar(PERSONELE et al 1998). Recentemente Elis, em 1990, relatou em estudo clínico

e microscópico, que o uso tópico da tretinoína( vitamina A ácida) melhora o aspecto da

pele envelhecida. Notou-se que houve uma melhora relacionada à compactação do

estrato córneo, aumento da camada granular com maior espessura da epiderme, aumento

no número da mitose dos queratinócitos, e presença de glicosaminoglicanas.

Através destes estudos, foi possível observar clinicamente uma

diminuição acentuada das rugas e vincos, e uma melhora na textura e elasticidadea pele

(PERSONELLE 1998).

Porém, para que seus benefícios sejam mais eficazes, é necessário que

as vitaminas e seus derivados realizem a permeação cutânea destas substâncias ativas

(LEONARDI & MAIA CAMPOS 1997).

O efeito dos retinóides é amplamente conhecido. O ácido retinóico é a

substância mais utilizada para este fim, na concentração de 0,01% a 0,1%, em diversos

tipos de veículos, resultando na melhora da camada espinhosa assim como clareamento

das manchas e também neoformação de colágeno (STEINER 1998).

Alguns autores citam diversos tratamentos associados a vitamina A e

seus derivados. RACHEL & JAMORA 2003, relatam que a combinação da tretinoína

com outras substâncias ativas é bastante eficaz para o tratamento do envelhecimento

cutâneo, citam que a aassociação de peeling com ácido tricloroacético, creme emoliente

com 0,05% de tretinoína e loção de ácido ascórbico foi benéfica no tratamento da pele

fotoenvelhecida, a tretinoína também tem sido utilizada nas formulações anti acne, por

possuir ação comedolítica. Sua aplicação tópica pode aumentar a sensibilidade à luz, por

isso recomenda-se a utilização de filtro solar durante o tratamento. A aplicação diária de

creme a base de tretinoína a 0,1% apresenta uma melhora significativa em rugas finas e

hiperpgmentação em aproximadamente 16 semanas ORFANOS et al (1997 apud Souza,

2015)

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164

No Brasil fazem parte da lista C2 da portaria 344 (sujeitas à

notificação de receita especial), os seguintes retinóides: acitretina, adapaleno,

isotretinoína, tretinoína. (Portaria 344/ MS)

ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015) relatam que os retinóides

possuem diferentes aplicabilidades. O palmitato de vitamina A, tretinoína, isotretinoína,

motretinida, adapaleno e tazarotene são retinóides usados topicamente enquanto que

tretinoína, isotretinoína, etretinato e acitretina são retinóides usados por via sistêmica.

No plasma humano O grau correspondente à vitamina A pode variar

de 0,35 a 0,75 mg/l . O ácido retinóico é o maior metabólito proveniente da oxidação da

vitamina A. Os estereoisômeros tretinoína e isotretinoína são componentes encontrados

naturalmente no soro humano ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015). Ao contrário

dos ésteres de vitamina A que são estocados no fígado, o ácido retinóico não é estocado

sendo rapidamente excretado. O nível normal no plasma humano varia de 0,5 a 1,2 mg/l

para a tretinoína e de 0,8 a 2,4 mg/l para a isotretinoína ORFANOS et al (1997 apud

Souza, 2015).

Os retinóides endógenos não estão envolvidos em doenças comuns da

pele, como acne e psoríase. Porém a hipervitaminose A prejudica a pele. Em humanos,

0,8 a 1 mg (ou 2400 a 3000 UI) de vitamina A é necessária por dia (1UI=0,3mg).

Contudo a intoxicação de vitamina A pode ocorrer quando a dieta diária de vitamina A

excede 18000 a 60000 UI/dia, no caso de crianças e 50000 a 100000 UI/dia, no caso de

adultos, por alguns meses ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015).

Mulheres grávidas e mulheres com idade para engravidar não devem

usar vitamina A oralmente na concentração superior a 10000 UI/dia (VAHLQUIST &

ROLLMAN 1990, ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015).

A aplicação tópica dos retinóides evita seus efeitos tóxicos, sendo

assim, eles têm sido extremamente empregados em formulações dermatológicas;

principalmente a tretinoína, como exemplo no caso de acne, queratose actínica, etc

ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015).

Ratos com uma dieta deficiente em vitamina A apresentam tecidos

que secretam muco queratinizado, ocorrendo outras mudanças na maioria dos tecidos

epiteliais do corpo dos animais. Alguns tecidos são mais sensíveis à deficiência de

vitamina A que são, traquéia, glândulas salivares, córnea, testículos e a pele.

ORFANOS et al (1997 apud Souza, 2015).

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165

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Envelhecer é um processo natural pelo qual todas as pessoas passam

na vida e não tem como evitar, além das funções fisiológicas, a pele exerce papel na

autoestima do ser humano. Todos querem viver muito e manter uma aparência jovial,

por isso devemos ter bons hábitos alimentares e um estilo de vida saudável, esses

fatores amenizam as marcas do tempo, e são hábitos fundamentais para a prevenção do

envelhecimento cutâneo, além de aumentar as chances de viver mais e sentir-se melhor

e mais jovem. Por isso, a utilização da tópica da vitamina A na associação da prevenção,

controle e tratamento ao envelhecimento cutâneo, além de uma alimentação rica em

antioxidantes como a vitaminas A, entre outras vitaminas, é a melhor forma de

prevenção aos efeitos nocivos dos radicais livres em excesso, pois as vitaminas atuam

inibindo a ação destes radicais, além de atuarem efetivamente no processo de renovação

celular, das fibras de colágeno e elastina, sendo extremamente rejuvenescedora e eficaz.

Também faz parte da prevenção do envelhecimento cutâneo e formação de radicais

livres evitar exposições excessivas ao sol, mas apenas uso tópico de dermocosméticos,

ácidos e produtos a base de vitamina A, e a reposição de vitaminas não trará a finalidade

desejada se não forem integradas a uma alimentação balanceada, exercícios físicos

moderados e horas adequadas de sono. Pelo contrário, determinados antioxidantes em

demasia podem até mesmo produzir mais radicais livres (STRUTZEL et al., 2007).

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A INFLUÊNCIA DA ACNE VULGAR NA AUTOESTIMA DOS

ADOLESCENTES

THE INFLUENCE OF ACNE VULGARIS IN SELF-ESTEEM OF.

Bruna Camila Trinda¹

Talita Oliveira da Silva²

Cleiciane Brene Pereira3

Roberta Chaves Penco Amorese4

RESUMO

A acne vulgarmente conhecida como “espinha”, é uma doença inflamatória crônica que se desenvolve no

folículo pilossebáceo, podendo ser encontrada em todas as raças e sexos. É causada por múltiplos fatores

e se divide em quatro graus diferentes de lesões. Geralmente seu surgimento ocorre na puberdade,

podendo ter uma variação de pessoa para pessoa. A explicação do aparecimento na puberdade se dá

devido à presença de hormônios sexuais, pois é nesta fase que estes hormônios começam a ser

produzidos. A acne tem tratamento podendo ser na forma de tratamento tópico ou medicações orais, tendo

sempre como principal finalidade reduzir a produção de sebo. O estudo deste trabalho teve por finalidade

estudar a influência que a acne vulgar apresenta na autoestima dos adolescentes. Este trabalho foi

realizado através de uma revisão bibliográfica qualitativa exploratória descritiva com a utilização de

livros, artigos relacionados ao assunto. No período da adolescência ocorrem mudanças nas quais os

jovens começam a se descobrir, despertando então uma necessidade de agradar um ao outro, ocorrendo,

portanto efeitos psicológicos com uma maior facilidade decorrente da acne, pois a imagem é

extremamente importante nesta etapa da vida. A acne pode ser uma perturbação na vida dos adolescentes,

fazendo com que ocorram problemas emocionais tendo como consequência agravamentos como

tendência suicida e depressão.

Palavras-chaves: Acne Vulgar, Adolescentes, Autoestima.

ABSTRACT

Acne, commonly known also as "pimple" is a chronic inflammatory disease that develops in the

pilosebaceous follicle, which can be found in all races and sexes, being caused by multiple factors, it is

divided into four degrees of different injuries. Its appearance is usually at puberty, and may have a

variation from person to person. The explanation of the emergence at puberty occurs due to the presence

of sex hormones, because puberty is that these hormones begin to be produced. Acne and treatment can

be in the form of topical treatment or oral medications, always having as main purpose to reduce sebum

production. The study of this work had intended to study the influence that acne vulgaris displays on self-

esteem of adolescents. This work was conducted through a literature review descriptive exploratory

qualitative with the use of books, articles related to the subject. In the period of adolescence occur

changes in which young people begin to find out, so one need to be pleasing each other, occurring so

psychological effects with greater ease as a result of acne, because the image is extremely important at

this stage of life. Acne can be a disruption in the lives of teenagers, causing emotional problems occur

resulting in worsening as suicidal and depressed.

Keywords: Acne Vulgaris, Teenagers, Self-esteem.

_____________________________________________

¹ Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia

² Professora orientadora: Estetacosmetóloga; Especialista em estética facial e corporal e docente do curso de estética e cosmética

Unifil Londrina PR 3 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR 4 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

A acne vulgar é uma dermatose crônica podendo caracterizar-se como

sendo uma doença do folículo pilossebáceo, sendo comum na puberdade, ocorrendo

prioritariamente no sexo masculino, e também ocorrendo no sexo feminino. A acne

vulgar afeta algumas áreas específicas do corpo como face e tronco, sendo mais comuns

em adolescentes (WOLFF e JOHNSON, 2011).

A causa da acne pode ser multifatorial, porém quatro fatores são

fundamentais para o aparecimento da mesma como a inflamação dérmica, a supressão

da propagação do Propionibacterium acnes, a hiperprodução da glândula sebácea e por

fim a hiperqueratinização folicular (COSTA, et al., 2008).

Fontana, et al., (2010) destaca que a acne está diretamente relacionada

com a autoestima e representa uma enorme preocupação na vida dos adolescentes, sabe-

se que é nesta fase da vida que ela se dá início. Para uma grande parte dos adolescentes

isso vem se tornando um agravante problema.

A adolescência é tomada por grandes transformações decorrentes das

atividades hormonais que se tornam comum nesta fase. Estas transformações ganham

influências na mudança de comportamento na vida destes jovens, favorecendo então o

aparecimento da acne, fazendo com que o caso se torne mais agravante a ponto de

comprometer psicologicamente este indivíduo, tendo uma grande interferência em sua

qualidade de vida (FONTANA et al., 2010).

Para Harris, (2009) podemos levar em conta que a “saúde

psicossocial” de cada pessoa é muito dependente da aparência e aceitação de sua pele

pelos outros integrantes do grupo social a qual pertence.

Saber lidar com esse caso se torna um desafio para os profissionais da

saúde, pois tratamos não só a beleza externa como também cuidamos do estado

psicológico de cada cliente/paciente, nos momentos futuros de sua vida onde quer que

se apresente (GERSON, et al., 2011).

DESENVOLVIMENTO

Pele

A pele ou sistema tegumentar é considerado o maior órgão do corpo

humano. De acordo com Leonardi (2008) ela ocupa uma área de 2m², constituindo

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aproximadamente 10 a 15% do peso total do nosso corpo, já Gerson, et al. (2011) cita

que em um adulto comum pode ter o peso de 4 a 5 kg.

Este órgão tem várias funções, porém de acordo com Gerson, et al.,

(2011) a pele possui seis principais funções, sendo elas absorção, secreção, proteção,

sensação, excreção e regulação do calor.

Segundo Ribeiro (2010) existem outras funções que podemos

destacar deste órgão como: absorção da radiação ultravioleta (UV), síntese da vitamina

D, absorção e eliminação de substâncias químicas, além da estética.

Dentre todas as funções citadas a que mais ganha destaque é a proteção

física, pois toda a superfície externa do nosso corpo é revestida por este órgão. Harris

(2009) cita que a pele também tem como função fazer uma manutenção de sua própria

integridade e também da integridade do organismo, além de diferenciar a pele dos

demais sistemas epiteliais.

Acne

Quando a puberdade surge, ela vem acompanhada pela patologia que

vulgarmente é conhecida por “espinha”, porém trata-se da acne. A acne, no grego Akhne

tem como significado eflorescência, ou ponto de elevação, isto é, uma erupção causada

sobre a pele (RIBEIRO, 2010; DAL GOBBO, 2010).

Trata-se de uma doença inflamatória crônica, que desenvolve no

folículo pilossebáceo, ocasionando em diversas pessoas, sendo causada por múltiplos

fatores. Geralmente seu surgimento é na puberdade, em ambos os sexos (KEDE e

SABATOVICH, 2009).

De acordo com Pimentel (2011) a acne vulgar atinge uma variedade

de pessoas entre 11 a 23 anos, estando relacionada à presença de hormônios sexuais.

portanto explica-se o caso do aparecimento na puberdade, pois é nesta fase que iniciam

a produção de hormônios.

Esta patologia chega a atingir aproximadamente 95% da população

jovem. O ápice de desenvolvimento da acne acontece na idade entre 14 e 17 anos para

as meninas e 16 a 19 para os meninos, nos rapazes isto é mais comum e age com mais

rigor. Ao decorrer dos anos ela tende a desaparecer, porem ainda se manifesta de

alguma forma em 12% das mulheres e 3% dos homens adultos (RIBEIRO, 2010).

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Dal Gobbo (2010) cita que por mais que a acne não seja uma doença

que podemos relacionar com a morte ela pode muitas vezes provocar alterações na pele

podendo resultar em lesões ou perda de tecido.

A acne vulgar é uma patologia dermatológica não contagiosa e

benigna, atingindo principalmente o rosto, a região do tórax tanto posterior, quanto

anterior por se tratarem de regiões mais ricas em glândulas sebáceas (PIMENTEL,

2011; DAL GOBBO, 2010).

Ela pode se manifestar por dois tipos de lesões, lesões inflamatórias e

comedões, tendo a base folicular ambos. Os comedões podem ser abertos, denominados

cravos pretos e podem ser fechados sendo denominados como cravo branco. As lesões

classificadas inflamatórias evoluem do comedão (ELDER, 2011).

“Existe uma tendência hereditária à acne, transmitida por genes

autossômicos dominantes. O tamanho da glândula sebácea, sua atividade na puberdade

e a queratinização anômala folicular podem ter influência genética” (PIMENTEL, 2011,

p. 280).

Existem alguns fatores que juntos causam a doença da acne, como a

produção de sebo pelas glândulas sebáceas, a hiperqueratinização folicular, a

colonização bacteriana do folículo, a liberação de mediadores da inflamação no folículo

e derme adjacente (CORREA et al., 2010).

Manifestações clínicas da acne vulgar

A acne é mais propicia a ocorrer no rosto, tendo uma menor

incidência em região superior das costas, ombros e peito. O quadro clínico da acne pode

ser de diversas lesões, tendo uma resposta individual aos fatores etiopatogênicos,

portanto a gravidade, as lesões e o número apresentados serão variados (BONETTO, et

al, 2004; ROTTA, 2008).

As lesões da acne vulgar podem ser divididas em não inflamatória

que podem ser os comedões tanto o aberto como o fechado, além das pápulas e pústulas

e como uma forma mais grave sendo considerada inflamatória podendo ocorrer a

formação de nódulos e cistos (papulopustulosa, pústula e nódulo-cística) (KEDE e

SABATOVICH, 2009; RODRIGUES, 2012; BONETTO, 2004).

Nas fases iniciais pode-se observar o microcomedão, estes produzem

uma dilatação folicular, não inflamatória (BAUMANN, 2004).

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173

Os comedões podem ser caracterizados como abertos ou fechados, os

fechados também conhecidos como cravo branco apresentam uma lesão esbranquiçada

podendo ser semelhante ao milium em algumas situações, geralmente com 1 a 3 mm, já

o comedão aberto apresenta o acúmulo de células queratinizadas, a cor é escura devido

à presença de melanina proveniente dos melanócitos concentrando-se então somente na

extremidade do folículo sebáceo, as lesões são planas e ligeiramente elevadas, sendo

visível à superfície da pele, sendo capaz de alcançar um diâmetro de 5 mm (DAL

GOBBO, 2010; KEDE e SABATOVICH, 2009; VAZ, 2003; BONETTO, et al., 2004;

BRENNER, et al., 2006).

“Embora haja uma longa lista de possíveis causas para os comedões, o

mecanismo da formação espontânea do comedão é desconhecido” (BAUMANN, 2004,

p. 58).

As pústulas contêm lesões purulentas inflamadas tendo uma cor rosa,

sendo dolorosa quando apalpadas. Muito comum que haja cicatriz e formação de crostas

quando rompidas, o ato de romperem pode ocorrer espontaneamente (KEDE e

SABATOVICH, 2009; DAL GOBBO, 2010).

As pápulas podem ocorrer dependendo da amplitude da inflamação,

podendo ter um aspecto rosado ou avermelhado tendo presença de seborreia geralmente

intensa. Essas lesões podem chegar até 55 mm (KEDE e SABATOVICH, 2009;

ROTTA, 2008).

Quando a reação inflamatória é alta atingindo a profundidade do

folículo pilossebáceo e rompendo a parede folicular ocorre a formação de nódulos

(BONETTO, et al., 2004; BRENNER, et al., 2006; KEDE e SABATOVICH, 2009).

Os cistos são lesões mais profundas que não são pustulosas, porém são

extremamente dolorosas apresentando uma cor rósea. Podem deixar cicatrizes e

espontaneamente drenam a secreção purulenta (DAL GOBBO, 2010).

Classificação da acne

A acne pode ser classificada em dois tipos: a acne não inflamatória, quando

há somente a presença de comedões sem apresentar sinais inflamatórios e acne

inflamatória dependendo das características das lesões apresentadas, compreendendo

formas clínicas e os graus (PIMENTEL, 2011).

Grau I : O grau I representa uma forma mais leve da acne, conhecida como acne

comedogênica, é caracterizada pela existência dos comedões abertos ou

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174

fechados, além do microcomedão, no entanto pústula inusitadas e alguma

pápulas são consideradas como grau I. Não há presença de processo inflamatório

nesta fase (RIBAS, et al., 2008; GERSON et al., 2011; PIMENTEL, 2011).

Grau II: Acne inflamatória ou pápulo-pustulosa, onde os comedões abertos vão

se associar as pápulas com a presença ou não de eritema inflamatório e as

pústulas de conteúdo purulento, o quadro pode ser variado contendo poucas ou

muitas lesões (ZUCHETO, et al.,2011; RIBAS, et al., 2008; PIMENTEL, 2011).

Grau III: Este grau tem a acne chamada de nódulo-cística, há presença de

comedões abertos, pústula e pápulas e de seborreia, além de cistos e nódulos

podendo ocorrer formação de pus em seu interior. Nesta fase apresenta-se uma

intensa reação inflamatória devido à ruptura da parede folicular (DAL GOBBO,

2010; ZUCHETO, et al., 2011; RIBAS, et al., 2008; PIMENTEL, 2011;

ROTTA, 2008).

Grau IV: Acne conglobata, na qual há uma formação de fístulas e abscessos que

drenam pus, nunca é de forma leve, este grau é difícil tratamento e há presença

de comedões, pápulas, pústulas e grandes e numerosos nódulos purulentos,

podendo evoluir para cicatrizes e queloides, sendo mais comuns em homens do

que mulheres (GERSON, et al., 2011; PIMENTEL 2011; ROTTA, 2008)

(Figura 12).

Grau V: Conhecida como acne fulminans ou fuminante, trata-se da forma mais

grave da acne. As lesões são predominantes em peito e costas podendo

rapidamente se tornar ulcerativas e quando curam formam cicatrizes. Além dos

sintomas e sinais que encontramos na acne conglobata a acne fulminante pode

ocasionar sintomas como emagrecimento, febre, eritema inflamatório ou necrose

das lesões. Atinge mais pessoas do sexo masculino sendo rara em nosso meio

(FITZPATRICK, 2011; ROTTA, 2008; PIMENTEL, 2011).

Tratamentos para acne vulgar

O tratamento deve ser adequado à extensão do problema, como por

exemplo, nos casos que apresentam uma situação mais severa, são necessários a

associação de medicamentos (sob orientação médica). Mesmo após a melhora do

quadro, é importante lembrar que acne é um problema crônico, portanto necessita-se

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175

sempre de um acompanhamento, sendo uma forma de prevenção e para que os

resultados possam se manter (PIMENTEL, 2011).

“O tratamento realizado pelo profissional de estética é local e não

medicamentoso” (DAL GOBBO, 2010, pg.120).

Para que se inicie o tratamento da acne vulgar, é necessário que se

inicie a extração dos comedões, fechados e abertos com objetivo de prevenir uma

inflamação, obtendo-se o sucesso para o tratamento, ao término do processo

inflamatório faz-se necessário a prevenção contra a formação dos mesmos sendo feita

com o uso de peelings que irão produzir uma descamação evitando que se formam

tampões córneos (DAL GOBBO, 2010).

A limpeza de pele é um dos principais tratamentos realizados em

cabine para o combate e melhora da acne, pois este procedimento irá retirar as

impurezas, e controlar a secreção sebácea, além de promover uma renovação celular da

camada córnea (GERSON, et al., 2011).

Higienização, esfoliação, tonificação, emoliência, extração, utilização

da eletroterapia (alta frequência) e loção calmante são os passos básicos indispensáveis

na realização deste procedimento, respeitando a necessidade de cada pele, utilizando-se

sempre de todas as técnicas de higiene, para que consiga obter um resultado satisfatório

(DAL GOBBO, 2010).

Tratamento da Acne Vulgar

Pimentel, 2011 cita uma grande variedade de ácidos que podem

auxiliar no tratamento da acne, são eles:

Peróxido de benzoíla: Este ácido diminui bactérias, sendo comedolítico.

Podendo ser usado em concentrações de 2,5%, 5% e 10%.

Ácido Retinóico: Este ácido é derivado da vitamina A, sendo ceratolítico,

desfazendo os comedões, pois ele aumenta o turn-over e as mitoses das células

basilares, além de produzir neoformação de vasos na papila dérmica.

Porém este ácido é utilizado apenas por médicos (LACRIMANTI,

2009).

Enxofre de ácido salicílico e resorcina: Estes ácidos são usados como esfoliantes

tendo uma ação queratolítica.

Ácido azelaico a 20 %: Este ácido possui ação comedolítica e antibacteriana.

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176

De acordo com (WIPPEL, et al., 2009), o ácido glicólico também é um

ácido eficiente no tratamento da acne vulgar, pois ele apresenta uma ação queratolítica.

Ele ainda ressalta que o ácido glicólico diminui a oleosidade e a população do

Propionibacterium acnes.

Segundo Lacrimanti, 2009, o ácido glicólico tem mais utilidade em

pessoas de fototipo I e II, além de possuir uma rápida penetração e tem a finalidade de

hidratar a pele.

De acordo com Borges, 2006 o desincruste é muito utilizado para peles

seborreicas, pois tem como função retirar o excesso de sebo além de possuir uma ação

eletroquímica. Os efeitos polares da corrente galvânica nos proporciona a limpeza de

substâncias gordurosas encontradas em nossa pele.

O método de desincrustação tem como por objetivo auxiliar no

processo de limpeza de pele, ajudando na remoção de comedões. Este método acontece

por meio da transformação do sebo existente sobre a pele em sabão pela reação de

saponificação. O desinscrusti utiliza-se de corrente do tipo galvânico e esta

característica permite que o aparelho atinja o sebo da pele (PEREIRA, et al., 2011).

Construção da identidade do adolescente

De acordo com Ferreira, et al., 2003, a adolescência inicia-se na

puberdade, e é marcado com pelo acontecimento de mudanças físicas, já o final da

adolescência por mudanças sociais, isto é, quando o indivíduo conclui as funções

desenvolvimentos do período.

A passagem da infância para a vida adulta é marcado por um período

muito importante, o da adolescência, este período é fundamental e o mais importante na

construção da identidade do ser humano. É na adolescência que o jovem faz uma

observação de si mesmo analisando e julgando sua própria identidade á respeito do que

pensa e de que outros pensam (LUCIENE, 2011).

A tarefa mais importante na adolescência é a construção da identidade,

pois é um passo fundamental da transição da vida jovem para a vida adulta. Com a

construção da identidade é possível distinguir quais são realmente os verdadeiros

valores do indivíduo e qual o caminho que ele deseja seguir (FERREIRA, et al., 2003).

No momento em que a adolescência chega, o indivíduo desperta

questionamentos sobre as ideações realizadas nos momentos sucedidos na infância,

neste período ocorrem diversas modificações fisiológicas específicas da puberdade, o

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177

adolescente deve discernir qual a escolha a ser tomada em virtude das novas situações

encontradas na vida aproximadamente adulta. Ocorre uma confusão na identidade

provocada por uma série de perturbações psicológicas, que o adolescente em uma busca

de encontrar uma identidade neste caminho de busca ocorrem muitas incógnitas á

respeito do que ser na vida, como agir, para onde ir e escolhas, junto á isso uma série de

fatores externos influenciam para essas decisões sejam tomadas, como outras pessoas, a

mídia e desenvolvimento como um todo no espaço em que o adolescente está inserido

(LUCIENE, 2011).

A identidade do adolescente é organizada através de identificações

onde sua família é a base para que o adolescente apresente uma melhor formação

psicológica possível, sendo seguida de influências fora da família como professores,

amigos e ídolos (LUCIENE, 2011 apud OUTEIRAL, 2003; DEBORTOLI, 2002).

A identidade se apresenta de forma continua, pois o adolescente se

reconhece como sendo um sujeito inacabado. O adolescente faz uma percepção de si

demonstrando um caráter flexível e transitório da identidade (LUCIENE, 2011).

Autoestima

De acordo com Branden, 2001 a autoestima é a junção do auto-

respeito com a autoconfiança, tornando-se o pensamento que temos de nós, um auto

conceito formado por valores e potências que influem diretamente em nossa capacidade

de vivenciar da melhor forma possível as situações adversos na vida. A autoestima é a

chave para o sucesso, ou para o fracasso e também é essencial para que possamos nos

compreender, e analisar o potencial máximo e mínimo dos pontos positivos e negativos

de nossa personalidade.

A autoestima é várias atitudes, decorrente de pensamentos que cada

pessoa possui sobre si mesmo, um grande fator que influencia essas atitudes é o mundo

ao seu redor e a criação de cada um. Isso irá gerar as atitudes que são tomadas em nosso

dia a dia e os pensamentos de autoestima no decorrer de nossas vidas de forma positiva

ou negativa (MOSQUERA e STOBÃUS, 2006).

O sentimento autoestima está ligada com a autoimagem, além de ter

relação com a autoconfiança, a pessoa que apresenta uma melhor autoestima estabelece

uma maior confiança em decisões e atitudes a serem tomadas (ILHA, et al., 2009).

Branden, 2001 separa a autoestima em três estágios, citando que ela

pode ser elevada, baixa e média, conceituando então a seguinte forma, a pessoa que

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178

apresenta uma autoestima baixa sente-se “inadequado à vida, como pessoa”, quando o

indivíduo apresenta uma média autoestima a pessoa sente-se inadequado ou adequado

como pessoa, tendo então uma oscilação de comportamento e por fim a autoestima

elevada que assim como ILHA, et al., 2009, ele cita que ao ter uma autoestima elevada

o indivíduo sente-se “adequado a vida”, tendo assim uma confiança sentindo- se

competente à vida.

No desenvolvimento humano a adolescência é um período essencial,

pois nesta fase as identidades psíquicas e físicas passarão por transformações, podendo

ser por muitas vezes se tornar influenciadoras no comportamento na fase adulta

(MENESES; BOUZAS, 2009).

De acordo com Teixeira et al., 2012 no período da adolescência

ocorrem mudanças e nessas mudanças os jovens começam a se descobrir, despertando

então uma necessidade de estar agradando-se um ao outro, ocorrendo portanto efeitos

psicológicos com uma maior facilidade decorrente da acne, pois a imagem é

extremamente importante nesta etapa da vida. “Uma das consequências mais importante

da acne vulgar é o impacto expressivo na qualidade de vida dos adolescentes”

(FONTANA et al., 2010, pg.11).

Uma patologia como a acne, sendo tão agressiva à pele podendo deixar

cicatrizes, pode resultar da vida dos adolescentes sentimentos autodepreciadores sendo

reforçados por experiência de rejeição e maledicência de outras pessoas (TEIXEIRA et

al., 2012).

A acne pode atrapalhar o padrão da vida dos adolescentes sendo um

agravante, ocasionando problemas emocionais se tornando extremamente agravante a

ponto do adolescente entrar em depressão (SAMPAIO e RIVITTI, 2007).

A acne pode ser uma perturbação na vida dos adolescentes, fazendo

com que ocorra problemas emocionais tendo como consequência agravamentos como

tendência suicida e depressão (FONTANA et al., 2010).

O adolescente no modo em geral, está sujeito aos efeitos psicossociais

negativos da acne, mesmo que as lesões sejam mais leves (MENESES e BOUZAS,

2009; TEIXEIRA et al., 2012).

Coelho, 2006 também destaca que a rigidez da doença não tem relação

com as alterações psicológicas apresentadas, pois a acne causa uma baixa autoestima

não somente em graus elevados, mas também em adolescentes que apresentam acne

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grau II e até o grau I, que são uma, manifestação de acne menos severa. Essas alterações

psicológicas que são apresentadas pode-se destacar sintomas como depressão ansiedade.

Segundo um estudo citado por Ribas, et al., 2008 alguns sentimentos

foram mencionados em relação à acne como a ansiedade, desgosto por ter a presença da

acne, temor de que a acne não cesse e frustação em relação a aparência. Pode-se

considerar então que os sentimentos que são transmitidos por pessoas acometidas por

esta patologia devem ser de suma importância.

Hoje em dia a imagem vem sendo explorada pela mídia mostrando e

escravizando pessoas em busca de um ideal de beleza, deixando de fora as pessoas com

qualquer índice de acne, esta não é bela, causando então um problema neurológico nos

que as tem (TEIXEIRA et al., 2012; FONTANA et al., 2010).

Se preocupar com a aparência se torna comum, e está empregado em todas

as classes e idades, por isso que ao serem acometidos pela acne em casos maiores

podem levar o adolescente ao um isolamento social, e, além disso, indivíduos que

apresentam a acne evitam uma exposição, além de manipular continuamente as lesões,

chegando até à uma piora do quadro. “Todos esses fatores, somados a ansiedade e

depressão podem por sua vez agravar a acne fechando um circulo vicioso de causa e

efeitos” (FONTANA et al., 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este estudo apresentado, podemos concluir que a aparência física tem

uma grande influência na vida dos adolescentes. No mundo de hoje, a aparência física

pode interferir em vários fatores, como por exemplo, na hora de procurar um emprego,

ou se relacionar com as pessoas.

Mesmo a acne sendo tão comum em nosso meio, afetando a maioria dos

adolescentes da população, é uma patologia que deve ser tratada com muita cautela, o

tratamento passa a ser delicado, pois além de cuidar das lesões e da aparência, o

profissional da estética deve também cuidar do emocional, trabalhando, portanto sempre

em conjunto com outros profissionais.

Pode-se constatar que os recursos estéticos para acne vulgar promovem de

forma significativa à melhora na qualidade de vida de indivíduos que buscam melhor

autoaceitação, inserção no mercado de trabalho, e também na melhora da autoestima.

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180

Conclui-se, portanto, que os procedimentos estéticos podem ter grande influência no

processo de melhora da autoestima dos adolescentes com acne vulgar.

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PROCESSOS DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

CUTANEOS AGING PROCESS

Talita Oliveira da Silva ¹

Adrielly Michely ]ferreira²

Roberta Chaves Penco Amorese3

Cleiciane Brene Pereira4

RESUMO

O envelhecimento cutâneo é uma alteração natural a todo ser humano, podendo ocorrer de forma natural

ou ainda devido a agentes externos que estamos expostos, como a radiação solar. O envelhecimento age

nas camadas da pele de forma que suas camadas e estruturas fiquem prejudicadas, a prevenção e o

tratamento atenuam o agravamento da mesma. O objetivo desse estudo foi compreender a etiologia do

envelhecimento cutâneo a partir de referenciais teóricos que o embasam. Este é um fenômeno em que o

aparecimento varia de pessoa para pessoa e ocorre de forma gradativa. Para tanto, a pesquisa pautou-se na

compreensão da anatomia e fisiologia da pele até o envelhecimento cutâneo propriamente dito, sua

etiologia, sintomatologia e diagnóstico. O envelhecimento da pele é atualmente uma grande preocupação

das pessoas. A busca por métodos que previnem tal processo ou ainda atenue os sinais do envelhecimento

tem sido tema de vários estudos e interesse de muitas pessoas. Assim, entende-se que o envelhecimento

cutâneo se caracteriza como um processo multifatorial, onde diversos aspectos contribuem para seu

desenvolvimento, sendo ele precoce ou não, é importante na área da estética que se analise todos estes

fatores, pois são através deles que os protocolos podem ser elaborados de forma que se alcance um

resultado satisfatório e eficaz, contribuindo assim não só para a melhoria da pele, como também para a

autoestima do cliente.

Palavras-chave: Envelhecimento; Estética; Prevenção.

ABSTRACT

The aging skin is a natural alteration, and is common to all population. It can be by natural form or caused

by external agent that we are exposed, like solar radiation. The ageing acts in layers skin transforming the

structure and de layers, important part against ageing. The study objective the comprehension of etiology

of skin aging by theory bibliographic. This phenomenon occurs in the different cases, being personal and

stepwise. For this propose, this study is based by comprehension of skin anatomy and physiologic state

until de aging in facts, and your etiology, symptomology and diagnose. This phenomenon is causing so

much preoccupation in population. For those, the search for preventive or mitigating methods is rising, so

there are a lot studies being conducted. Therefore, the skin aging is a multifactorial process, so many

aspects are involved in development. It could be development earlier or not. For esthetic area is important

analyze all factors involved, as the protocols will be develop by them. By this way, the result can be

better, more satisfactory and effective, bringing back the self-esteem by the improvement of the skin.

Keywords: Aging; Esthetic; Preservation.

_____________________________________________

¹ Professora: Estetacosmetóloga; Especialista em Estética Facial e Corporal e docente do curso de estética e cosmética Unifil

Londrina PR

² Professora Coautora docente do curso de Estética e Cosmética Unifil Londrina PR 3 Professora Coautora docente do curso de Estética e Cosmética Unifil Londrina PR 4 Professora Coautora docente do curso de Estética e Cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento cutâneo se caracteriza pelas alterações fisiológicas

adquiridas no decorrer do processo evolutivo. As oscilações de hormônios durante o

ciclo da vida predispõem a nossa pele ao envelhecimento (RIBEIRO, 2010).

Atualmente a preocupação com a pele e a saúde tem aumentado

significativamente, com isso a busca por novas técnicas e tecnologias de cuidados e

prevenção ao envelhecimento são temas de estudos para muitos profissionais na área da

saúde. A área da estética atualmente não lida somente com o supérfluo e com

necessidades estéticas de embelezamento, mas anda lado a lado com a medicina e muito

próximo à dermatologia. Cabe a esteticista uma boa avaliação para detectar as

necessidades do paciente para com o tratamento escolhido.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2016) o

envelhecimento é um processo de degradação da pele, o qual também depende da

passagem do tempo. Este processo é uma das causas mais frequentes na população, pela

falta de precaução, exposição à radiação ultravioleta, os quais auxiliam o

desenvolvimento precoce. Como o envelhecimento cutâneo é uma das maiores

preocupações da sociedade com relação à estética, há uma procura constante de

tratamentos com o objetivo de combater e minimizar as rugas adquiridas com o tempo.

Dessa forma, este trabalho tem como objetivo compreender a etiologia

do envelhecimento cutâneo a partir de referenciais teóricos que o embasam. Para tanto,

analisou-se a a anatomia e fisiologia da pele até o envelhecimento cutâneo propriamente

dito, sua etiologia, sintomatologia e diagnóstico.

DESENVOLVIMENTO

ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

Considerada o maior órgão do corpo humano, a pele exerce diversas

funções, Sampaio e Rivitti (2014, p.01) destacam que ela é “o manto de revestimento do

organismo, indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio

exterior”. Sua composição se dá a partir de inúmeras funções, variando desde a proteção

mecânica e contra a luz, imunovigilância e metabolismo de nutrientes para reparo

(ELDER, et al., 2011).

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Uma porcentagem de 15% referente ao valor total do peso do

indivíduo corresponde a este órgão, que sofre constantemente alterações em sua

composição ao passar do tempo, mas que representa um grande papel na regulação do

organismo, devido sua recepção sensorial e de barreira (BORGES e SCORZA, 2016).

O sistema tegumentar é composto de pele, glândulas, pelos e unhas,

essas estruturas irão contribuir para manter a pele protegida do meio externo, e estes

trabalhando em conjunto constituem o tegumento (TORTORA e DERRICKSON,

2016).

Segundo Vanputte, Regan e Russo (2016, p.140) a “epiderme é a

camada superficial da pele, consiste em tecido epitelial, e resiste à abrasão na superfície

e reduz a perda de água pela pele e assim repousa sobre a derme, uma camada de tecido

conjuntivo”. Abaixo destas se encontra a hipoderme ou tela subcutânea, formada por

tecidos conectivos: adiposo e areolar, e se caracteriza como um local de armazenamento

de gordura (TORTORA e DERRICKSON, 2016). Essa camada não é verdadeiramente

uma parte da pele, mas, devido à sua íntima relação anatômica e sua tendência a

responder juntamente com a pele a processos patológicos ela é também discutida

(ELDER, et al., 2011).

A epiderme é composta por vários tipos celulares, sendo eles os

queranócitos, melanócitos, células de Langerhans e de Merkel (ELDER, et al., 2011).

Borges e Scorza (2016) destaca que a epiderme é composta de 80% de queratinócito

este também chamado de corneócito, seu importante papel nesta camada se dá pela

responsabilidade constante de renovação da pele, já as células de Langerhans compõem

cerca de 2% a 8% esta estrutura, e pertencem ao sistema imunológico, o restante da

porcentagem é de 3% das células de Merkel onde atuam na identificação de tato,

estiramento da pele e pressão (receptor), e o restante é composto pelos melanócitos onde

cerca de 5% a 10% são responsáveis por produzir pigmento.

Segundo Vanputte, Regan e Russo (2016, p.140) esta camada “é um

epitélio escamoso estratificado e está separada da camada dérmica subjacente por uma

membrana basal, ela não é grossa como a derme e não apresenta vasos sanguíneos”.

Os autores Borges e Scorza (2016) destacam em seu livro que esta

camada “pode ser subdividida em cinco componentes, a camada basal, espinhosa,

granulosa, lúcida e a córnea, onde cada uma desempenha importantes funções

anatômicas e fisiológicas”, estas citadas da camada mais profunda até a superficial

formam a estrutura da epiderme.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

186

O estrato basal é considerada a camada mais profunda da epiderme,

ela consiste em um epitélio cuboide localizado acima da membrana basal

(ANDERSON, 2014). A membrana basal é uma estrutura que proporciona a união entre

a camada epidérmica e a derme subjacente (ELDER, et al., 2011). É essencialmente

germinativa e origina as demais camadas que compõem a epiderme, a partir da

diferenciação celular que ocorre de maneira progressiva, é possível observar então que

ela sempre estará exercendo uma intensa atividade mitótica (SAMPAIO e RIVITTI,

2014).

É nesta camada que as células dão início à diferenciação celular, e

passam por alterações morfológicas e bioquímicas, produzindo células novas que irão se

deslocar para as sucessivas camadas. Elas se distanciando passam pelo processo da

morte o que acarreta a queratiniação que mantém a impermeabilização e manutenção da

camada (BORGES e SCORZA, 2016).

Estrato espinhoso é formado por células escamosas ou espinhosas,

com características poliédricas, que vão se achatando de maneira progressiva em

direção à superfície (SAMPAIO e RIVITTI, 2014), representa a camada mais espessa

da epiderme, localizada acima da basal, apresentando fileiras de queratinócitos, este

nome se dá devido às células possuírem aspecto de espinhos (BORGES e SCORZA,

2016). É também chamada de Malpighi, nela as células de Langerhans estão

disseminadas (GOMES E DAMAZIO, 2009). Os prolongamentos dessas células

apresentam semelhança aos espinhosos, devido a isso seu nome, os espinhos das células

adjacentes se interdigitam entre si e através de desmossomos elas se aderem umas às

outras, com as células do estrato basal e germinativo (GARTNER e HIATT, 2012).

Já o estrato granuloso é formado por três a cinco camadas de

queratinócitos achatados que estão passando pelo processo de apoptose, os núcleos e

outras organelas dos queratinócitos começam a sofrer um processo de degeneração

(TORTORA e DERRICKSON, 2016). Constituída por fileiras de células achatadas e

nucleadas carregadas por grânulos de querato-hialina, onde conforme aumentam seu

tamanho o núcleo irá se desintegrando e acarretando assim à morte celular (BORGES e

SCORZA, 2016). Recebe este nome por possuir grânulos protéicos de querato-hialina,

constituída por células poligonais achatadas com longos eixos e são orientadas de

maneira paralela (VANPUTTE, REGAN, RUSSO, 2016).

A camada lúcida ou estrato lúcido segundo Anderson (2014) aparece

apenas em regiões como a palma da mão e planta dos pés. É composta por ceratinócitos

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187

escamosos firmemente aglomerados. Segundo Borges e Scorza (2016) é considerada

suplementar, presente apenas em regiões com mais espessuras. O estrato lúcido

“consiste em 3 a 5 camadas de queratinócitos mortos claros achatados, contendo

grandes quantidades de queratina” (TORTORA e DERRICKSON, 2016, p.101).

Por fim, o estrato córneo segundo Elder et al. (2011) ao contrário das

células nucleadas das outras camadas epidérmicas, os remanescentes celulares do

estrato córneo normal são anucleados e achatados. A espessura dessa camada muda de

região para região, e é onde os queratinócitos concluem o processo de maturação

celular, apresentando uma descamação e desidratação da capa córnea (BORGES, 2016).

De acordo com Applegate (2012) a queratina que se encontra neste estrato é resistente e

impermeável à água, devido a isto proporciona ao mesmo tempo uma proteção evitando

a passagem de água e de substâncias insolúveis do meio externo para o interno do

organismo.

A camada córnea é composta por vinte e cinco ou mais camadas de

células mortas escamosas, elas se sobrepõem e são unidas por desmossomos, por fim

estes se partem e assim ocorre a descamação (VANPUTTE, REGA e RUSSO, 2016).

As células então são descartadas de maneira contínua e passam a ser substituídas pelas

células dos estratos mais profundos, como já citados (TORTORA e DERRICKSON,

2016).

Já a derme é formada por tecido conjuntivo denso. Em relação à

epiderme tem característica mais espessa e sua composição se dá por fibras de colágeno

e elastina, responsáveis tanto pela resistência quanto pela elasticidade da pele. Esta

camada diferente da epiderme possui vascularização (APPLEGATE, 2014).

Denominada como camada de sustentação intermediária, onde a

epiderme é fixada através do tecido conjuntivo, formada por células chamadas de

fibroblastos, encarregados por produzir fibras de colágeno e elastina, e a matriz

extracelular compõe também esta estrutura. Encontra-se na derme macrófagos,

mastócitos e linfócitos, onde estes possuem papeis referentes às defesas imunológicas

(BORGES e SCORZA, 2016).

A presença de matriz extracelular atua na regeneração do tecido,

interação de colágeno e no processo de cicatrização, através da constituição de colágeno

e elastina imersos em gel hidrofílico. Os fibroblastos que fazem parte dos componentes

da derme se destacam como a célula principal, onde é responsável por produzir fibras de

colágeno, elastina, proteoglicano e ácido hialurônico, além destes possui forte

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188

participação no processo de reparação tecidual, tendo esta tamanha importância existem

fatores como a poluição, tempo de exposição ao sol, alimentação e uso de tabaco que

podem diminuir estas ações, fazendo com que estes fibroblastos percam de forma

significativa suas funções (BORGES e SCORZA, 2016; GOMES e DAMAZIO, 2009).

A derme abriga também os anexos cutâneos, estes responsáveis por

diversas funções e muitas vezes responsáveis por alterações estéticas, dentre eles se

encontram a glândula sebácea e sudorípara, folículos pilosos, músculo eretor do pelo e

nervos (SAMPAIO e RIVITTI, 2014).

A derme papilar possui abundância de matriz extracelular e vasos

sanguíneos, porém menor quantidade de colágeno e elastina, e estas fibras se encontram

dispersas, já os vasos sanguíneos apresentam pequeno calibre. Está localizada abaixo da

camada basal sendo separada por uma estrutura chamada lâmina basal (BORGES e

SCORZA, 2016; GOMES e DAMAZIO, 2009). As fibras presentes nesta camada

proporcionam formação de papilas dérmicas, que se moldam em cones epiteliais da

epiderme. Já a derme reticular apresenta fibras de colágeno densas, e as de elastina são

espessas e longas, estas dispostas de maneira paralela (FILHO e BARROS, 2016).

A hipoderme é localizada abaixo da derme reticular, composta por

células adiposas responsáveis pelo armazenamento de gordura, separadas por septos

conjuntivos. Assim como a epiderme e derme, esta estrutura possui também

especificações, esta camada apresenta ois tipos de tecido adiposo, o unilocular e o

multilocular (BORGES e SCORZA, 2016).

Esta região é muito irrigada devido à grande quantidade de vasos

sanguíneos, é responsável também pela metabolização de hormônios. Proporciona ação

de isolamento térmico, proteção contra choques mecânicos, e modelagem da estrutura

corporal (FILHO e BARROS, 2016).

Ainda, segundo Rodrigues (2012) a epiderme dá origem aos anexos

cutâneos, estes abrigados na derme, sendo eles as glândulas sebáceas, sudoríparas,

folículo piloso e unhas.

ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

O envelhecimento é definido como um processo dinâmico e

progressivo, no qual há modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas,

psicológicas, e funcionais, que colaboram para a perda gradual da capacidade de

adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e,

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189

consequentemente, maior incidência aos processos patológicos, considerando também

como sendo perda da capacidade funcional e de reservas do organismo, com mudanças

da resposta celular aos estímulos, a perda da capacidade de reparação e a predisposição

a doenças, com desencadeamento considerado de forma multifatorial (BORGES, 2016).

Caracterizado como um fenômeno gradativo e difícil de ser definido,

seu aparecimento varia de uma pessoa para outra, sendo assim conforme o decorrer do

tempo ocorre uma deficiência na capacidade funcional da pele, e também na reserva de

órgãos do corpo humano, tornando-o assim vulnerável a doenças. O envelhecimento

esta ligado com hábitos de vida de cada indivíduo e também nos cuidados que são

submetidos à pele, estes que podem retardar o processo de envelhecimento cutâneo

(GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Quando a pele já esta passando pelo processo de envelhecimento

ocorre a diminuição da síntese de proteínas, estas que acarretam dificuldades na

formação e degradação do colágeno, acarretando a perda de elasticidade ocasionado

pela degradação do colágeno como já dito, o que gera um aspecto de pele enrugada e

flácida. As glândulas sudoríparas e sebáceas diminuem suas funções, e

consequentemente ocorre a diminuição da lubrificação da pele resultando então em uma

pele seca, com presença de manchas, e com capacidade de reparação comprometida

(GUIRRO e GUIRRO, 2002; GOMES e DAMAZIO, 2009).

O envelhecimento cutâneo é um processo biológico e cronológico, há

a presença de radicais livres, os quais são espécies químicas constituídas de um átomo

ou associação dos mesmos, possuindo um elétron desemparelhado em sua órbita mais

externa e resultam no estresse oxidativo o que acarreta a aceleração do processo de

envelhecimento cutâneo (HIRATA; SATO; SANTOS, 2004).

Por ser um fenômeno multifatorial pode ser dividido de duas

maneiras, envelhecimento intrínseco e extrínseco. O envelhecimento intrínseco ocorre

devido ao desgaste natural do organismo, ou seja, é o envelhecimento causado pela

idade, ele é cronológico. Não pode ser evitado, é algo que já se espera, pois suas

alterações são ligadas ao tempo de vida, devido a isso é possível notar a pele sem

manchas, seca, suave, com leve atrofia, frágil, com perda da elasticidade e com rugas

finas (GOMES, DAMAZIO, 2009; RIBEIRO, 2010). Fatores como gravidade,

alterações hormonais, estresse, alterações do ambiente e até a perda de peso podem

interferir nesse processo (KEDE, SABATOVICH, 2009).

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190

O envelhecimento intrínseco ou também conhecido como cronológico

é natural e inerente ao ser humano (BAGATIN, 2008). Tem como principal

característica a diminuição da atividade de fibroblastos, acarretando na não produção

das fibras estruturais, necessitando obrigatoriamente de estimulação (HIRATA, SATO e

SANTOS, 2004). A pele envelhecida intrinsecamente apresenta rugas finas e atrofia,

pois ocorre a elastose da derme reticular (BAGATIN, 2008).

As células envelhecidas têm menor capacidade de captação de

nutriente, de replicação e de reparo de lesões, a pele intrinsecamente envelhecida é lisa

sem deformações, com linhas de expressão acentuadas, mas com preservação de

padrões geométricos normais (BORGES, 2016).

Hirata, Sato e Santos (2004) explica que o envelhecimento

cronológico cutâneo, ocorre a modificação do material genético por meio de enzimas,

alterações protéicas e a proliferação celular decresce, como consequência o tecido perde

elasticidade e capacidade de trocas aquosas e a replicação do tecido fica menos

eficiente; ocorre também a oxidação química e enzimáticas envolvendo a formação de

radicais livres que aceleram o fenômeno de envelhecimento.

O envelhecimento extrínseco ou fotoenvelhecimento surge em áreas

que ficam expostas ao sol, devido à ação de raios ultravioletas, estas modificações são

notadas a longo prazo, causado pela exposição solar sem proteção, onde na pele nota-se

rugas profundas e manchas escuras conhecidas como lentigo actínico ou

hiperpigmentação. No início a pele é espessa, mas em alguns casos a pele pode se tornar

atrófica, apresentando telangectasias (KEDE, SABATOVICH, 2009; RIBEIRO, 2010).

É conhecido como o principal responsável pelo envelhecimento precoce pois surge a

partir dos 25 anos, é cumulativo ao longo da vida, onde através dos danos causados

quando criança ou no período de adolescência se acumulam e se manifestam em idades

mais avançadas. Lembrando que fatores como poluição e tabaco podem acelerar

também este processo (RIBEIRO, 2010).

Ele é relacionado a fatores externos, como alimentação, poluição,

álcool, cigarro e principalmente a exposição aos raios ultravioletas –

fotoenvelhecimento – acarretando em 80% dos sinais visíveis do envelhecimento

cutâneo (SCOTTI; VELASCO, 2003; SBD, 2016). Tratando-se de fotoenvelhecimento,

todas as teorias e mecanismos tem ligação com este envelhecimento.

A radiação UV é a região do espectro eletromagnético emitido pelo

sol que compreende os comprimentos de ondas de 100nm a 400nm; a radiação UVA

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191

tem como comprimento de onda 320nm a 400nm com penetração mais profunda,

atingindo tecidos dérmicos, danificando queratinócitos da epiderme e fibroblastos da

derme, age diretamente na geração de radicais livres e dependendo da pele e da

intensidade da radiação o eritema a ser causado é mínimo, responsável por dois fatores

do envelhecimento a indução de melanoproteinases da matriz que reduzem o colágeno,

e mutação genética que induz ao câncer; a radiação UVB possui comprimento de onda

de 280nm a 320nm com alta energia e penetração superficial, ocasiona queimaduras

solares e é responsável pelo envelhecimento precoce, a exposição à essa radiação causa

lesões no DNA e aumenta o risco de mutações que se manifestam em forma de câncer

(BORGES, 2016).

Suehara, Simone e Maia (2006) afirma que as características do

envelhecimento facial causado em tabagistas são bastante intensas e determinadas por

alterações nas fibras de colágeno na derme profunda, afirmando o motivo das rugas

serem mais profundas; além disso o cigarro é responsável pela vasoconstrição que

ocasiona a diminuição do fluxo sanguíneo; ocorre também uma hipóxia tissular

significativa onde um único cigarro desencadeia uma vasoconstrição cutânea por mais

de 90 minutos; ocorre a isquemia crônica dos tecidos gerando lesão das fibras elásticas e

diminuição da síntese do colágeno.

Com o envelhecimento a epiderme tem sua renovação comprometida,

os queratinócitos ficam menos ativos, há uma diminuição na produção do cimento

celular, o que acarreta prejuízo na barreira de proteção e alteração na penetração de

ativos. Ocorre também uma diminuição da atividade de alguns melanócitos e os que

continuam ativos produzem melanina em excesso, o que leva à formação de manchas. A

derme também sofre alterações, o fibroblasto tem sua atividade diminuída causando

prejuízo as fibras levando a perda de flexibilidade, elasticidade e resistência (COSTA,

2016).

Considerações Finais

Envelhecer é um processo inevitável e natural, mas que é possível

envelhecer de uma forma saudável e manter uma pele bonita, prevenindo-se de fatores

externos que aceleram esse processo e através de cuidados com a pele.

Verificou-se que a pele é constituída de três camadas, a epiderme, a

derme e a hipoderme, e conhecê-la é essencial para a compreensão do processo de

envelhecimento, porque através dela que o corpo em suas funções fisiológicas se

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expressa e também é a partir dela que o corpo tem seu contato com o mundo exterior.

Ela é afetada de modo multifatorial, por elementos internos, inclusive as emoções, e por

elementos externos, o que se inclui a poluição, raios solares, cigarro, dentre outros.

Atualmente tem-se um crescimento da população idosa no Brasil e no

mundo, e isto implica não só na busca por um envelhecimento saudável, como também

a busca por procedimentos estéticos a fim de minimizar os efeitos do tempo. Conhecer

os processos de envelhecimento nesse sentido é essencial para o profissional da estética,

porque além de realizar a prevenção desse envelhecimento pode atenuar as linhas de

expressões e rugas adquiridas no tempo, permitindo que as pessoas aumentem sua

autoestima e tenham uma vida com mais qualidade.

Com isso, é necessário que se entenda a fisiologia que envolve o

processo do envelhecimento, onde assim será possível realizar uma análise de cada caso

e poder identificar que tipo de princípio ativo melhor se adequa a disfunção.

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194

UTILIZAÇÃO DA VITAMINA C NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO

ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

USE OF VITAMIN C IN THE PREVENTION AND TREATMENT OF SKIN AGING

Roany Pereira Dos Santos ¹

Talita Oliveira da Silva²

Roberta Chaves Penco Amorese3

Cleiciane Brene Pereira4

RESUMO

A pele é uma importante capa de proteção contra agressões exógenas que reveste toda estrutura corporal e

exerce diversas funções fisiológicas importantes, suas características marcantes torna o envelhecimento

mais visível, mesmo em indivíduos jovens. Entretanto, a preocupação com a beleza faz com que os

profissionais na área da saúde busquem alternativas para retardar os sinais da idade, então, o presente

trabalho tem por finalidade apresentar, por meio da revisão bibliográfica, a utilização da vitamina C na

prevenção e tratamento do envelhecimento cutâneo. O envelhecimento da pele é um processo biológico

natural que todos estão submetidos, sendo dividido em processos distintos, um chamado envelhecimento

intrínseco, e o outro envelhecimento extrínseco ou foto-envelhecimento, caracterizado por danos

decorrentes da radiação ultravioleta. A excessiva exposição a esta radiação resulta na produção de

radicais livres, que são moléculas reativas que em excesso no organismo promove várias alterações

levando ao envelhecimento precoce, porém são neutralizados por substâncias denominadas de

antioxidante. A vitamina C possui grande ação antioxidante combatendo o excesso de radicais livres,

ajudando na manutenção da integridade das células fornecida ao organismo de forma oral e de forma

tópica, sendo empregada a vários tratamentos com finalidade de atrasar os sinais da idade auxiliando a

prevenção do envelhecimento cutâneo.

Palavras-chave: Envelhecimento; Radicais Livres; Ácido Ascóbico.

ABSTRACT

The skin is an important guard against exogenous assaults that covers the whole body structure and has

several important physiological functions, their striking features becomes the most visible aging even in

young individuals. However the concern with beauty, causes the health professionals seek alternatives to

slow the signs of age, the present work aims at presenting through the use of bibliográfia review vitamin

C in the prevention and treatment of skin aging. So the aging skin, is a natural biological process that

everyone is subjected, being divided by different processes, one called intrinsic aging, and the other

called extrinsic aging or photo-aging, characterized by damage caused by ultraviolet radiation. That

Mr.ershon is the exposure to this radiation, results in the production of free radicals which are reactive

molecules that when in excess in the body promotes several changes leading to premature aging, but are

neutralized by antioxidant named substances. Vitamin C has great action antioxidade fighting excess free

radicals, helping to maintain the integrity of the cells, provided the body of orally and topically, being

employed to several treatments in order to delay the signs of age in which AIDS in preventing skin aging.

Keywords: Aging; free radicals; ascóbico acid.

_____________________________________________

¹ Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia ² Professora orientadora: Estetacosmetóloga; Especialista em Estética Facial e Corporal e docente do curso de estética e cosmética

Unifil Londrina PR 3 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR 4 Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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195

INTRODUÇÃO

Atualmente, os cuidados com a pele estão crescendo constantemente.

Tanto homens quanto mulheres se preocupam cada vez mais com sua beleza e

juventude. Com isso, o mercado tem investido em produtos novos contendo princípios

ativos que retardam o envelhecimento por inibir à ação dos radicais livres (CAYE;

RODRIGUES; SILVA, 2008).

As consequências do envelhecimento cutâneo são visíveis, já que a

pele apresenta características bem marcantes e evidentes, sendo possível perceber

mesmo em indivíduos jovens. Sinais do envelhecimento que podem ser demonstrado

por meio da aparência pálida e desvitalizada, seguida de rugas, flacidez, inelasticidade,

além do ressecamento e da diminuição da sua espessura (SOUZA; JUNIOR, 2011).

A vitamina C tem sido grande referencial nos tratamentos estéticos

por ser uma substância essencial no metabolismo celular, além de ser um potente

antioxidante natural que age contra os efeitos dos radicais livres formados pela

exposição solar. Ela é uma vitamina hidrossolúvel e termolábel, que os seres humanos

são incapazes de sintetizar, sendo fornecida ao organismo de duas formas: por via oral,

com a ingestão de alimentos e medicamentos que contenham a vitamina; ou por forma

tópica com a utilização de cremes e assemelhados (BARROS; BOCK, 2012).

Consequentemente, pelo grande interesse de uma aparência mais

jovem, os profissionais da estética têm investido ainda mais em produtos que retardam

os sinais da idade. A vitamina C, por apresentar vários efeitos fisiológicos, está cada vez

mais presente na dieta adequada de cada indivíduo e empregada em diversos

tratamentos com o objetivo de tratar e prevenir o envelhecimento cutâneo (ARANHA;

BARROS; MOURA, 2000).

DESENVOLVIMENTO

ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

A pele é o maior órgão do corpo humano, que corresponde

aproximadamente a 15% do peso corporal. Um órgão de revestimento complexo,

constituída por vários tipos celulares responsáveis pela manutenção de sua estrutura,

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também como o único órgão que apresenta sistema imunológico próprio

(RODRIGUES, 2012).

O Tecido tegumentar é um sistema que envolve todo o corpo humano,

com função de mediação do ambiente interno e externo, estando suscetível a receber

todas as influências de dentro e de fora do corpo. Portanto, a pele pode ser considerada

uma capa de proteção que reveste toda estrutura corporal, assim, se algo não vai bem no

organismo pode ser manifestado por meio de mudanças na aparência no órgão. A pele é

composta de três camadas principais: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo, cada

camada possui características e funções específicas (ARAUJO; MEJIA, 2012).

ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

O conhecimento da anatomia e fisiologia da pele é fundamental para a

compreensão dos processos patológicos, para melhor indicação de métodos diagnósticos

e terapêuticos. O corpo humano sofre desgastes e alterações fisiológicas naturais

produzindo várias condições, que podem ser consideradas os primeiros sinais do

envelhecimento, mas também podem ser causadas por fatores externos (GOMES,

2009).

O envelhecimento é um processo biológico natural, envolvendo

alterações neurobiológicas estruturais, funcionais e químicas, que incidem também

sobre o organismo fatores ambientais e socioculturais, como qualidade de vida, dieta,

sedentarismo e exercício físico, que estão ligados ao envelhecimento sadio ou

patológico (SANTOS, 2009).

Com frequência, classifica-se o envelhecimento como um estado de

terceira idade, contudo envelhecer não é um estado e sim um processo de degradação

progressiva e diferencial que decorre do tempo, ou seja, um processo natural que todos

nós estamos submetidos, sendo um processo de morte do organismo (PUJOL, 2011).

As alterações do envelhecimento vão depender da qualidade de vida

de cada indivíduo e também dos fatores intrínsecos e extrínsecos (SCOTTI; VELASCO,

2003 apud OLIVEIRA, 2011).

Envelhecimento Intrínseco

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Para Baumann (2004), o envelhecimento intrínseco reflete a

constituição genética de um indivíduo que resulta da passagem do tempo. É inevitável e

caracterizada por uma pele envelhecida lisa sem deformidades, com linhas de expressão

exageradas, mas preservação dos padrões geométricos normais da pele.

Como qualquer outro órgão do corpo, a pele começa a envelhecer a

partir dos vinte anos, devido a algumas mudanças, muitas delas programadas

geneticamente. O envelhecimento intrínseco é decorrente do desgaste natural do

organismo, causado pelo passar dos anos sem a interferência do meio externo. A

aparência é a da pele idosa encontrada na parte interna dos braços próximo a axila,

sendo uma pele fina com pouca elasticidade apresentando rugas finas, porém sem

manchas ou alterações na sua superfície (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

Segundo Santos (2013), o envelhecimento intrínseco é um processo de

envelhecimento natural, caracterizada pela diminuição das funções vitais do corpo,

reduzindo o poder de renovação celular, respostas imunológicas ineficientes e demais

comprometimentos do funcionamento normal do corpo, em decorrência a essas

alterações em toda estrutura celular, o organismo torna-se mais vulnerável, inclusive

mudando a transcrição genética de diversas proteínas, enzimas e moléculas de DNA,

que ficam deficientes em suas funções, sendo um envelhecimento lento, suave e

gradual.

Envelhecimento Extrínseco

Baumann (2004) relata que o envelhecimento extrínseco é causado

por fatores externos como fumo, álcool, alimentação inadequada e exposição ao sol que

designa o envelhecimento prematuro da pele. A pele envelhecida extrinsecamente

aparece em áreas mais expostas como face, tórax e braços, resultado de uma excessiva

exposição à radiação ultravioleta. Uma pele foto-envelhecida inclui rugas, lesões

pigmentadas, como sardas, lentigos e áreas de hiperpigmentação.

O foto-envelhecimento surge a partir dos 25 anos de idade é o

principal responsável pelo envelhecimento precoce, pois sua ação a longo prazo faz

surgir os sinais de pele envelhecida. Essas alterações caracterizam-se por uma aparência

de pele espessa, áspera e pálida que, aos poucos vai se tornando sulcada (GOMES,

2009).

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De acordo com Draelos (2009), o foto-envelhecimento ocorre

predominantemente dentro da epiderme e derme superior (Papilar). Estudos histológicos

demonstram que a exposição aos raios ultravioletas rompe as estruturas normais do

tecido conjuntivo da derme. A derme é composta principalmente de colágeno tipo I,

portanto, a exposição aos raios UV diminui o colágeno e a elastina, alterando a estrutura

de ligações cruzadas do colágeno e elastina na matriz dérmica, as Glicosaminoglicanas

(GAGs), que compõe a matriz extracelular, são moléculas de polissacarídeo que se

ligam a água formando um polímero hidratado preenchidos no espaço entre as fibras

proteicas que auxilia na sustentação do tecido cutâneo. Na pele envelhecida, as GAGs

são depositadas de forma errada no tecido, causando o surgimento de rugas,

hiperpigmentação e frouxidão na pele. Embora no envelhecimento cronológico também

ocorra essas alterações, a pele foto-envelhecida se diferencia pela presença de elastose

solar.

As alterações histológicas provocadas pelo foto-envelhecimento são

inúmeras, em que se nota na epiderme o adelgaçamento da camada espinhosa e um

achatamento da junção dermoepidérmica, os queratinócitos tornam-se resistentes a

apoptose, ficando suscetíveis as mutações do DNA, o número de melanócitos também

se reduz alterando a densidade melanocítica, com isso favorece o surgimento de

efélides, nevos e hipomelanose gotada (MONTAGNER; COSTA, 2009).

Os fatores que influenciam no processo de envelhecimento são a idade

e a exposição a radiação ultravioleta, também pode-se citar o tabagismo, a ação

excessiva dos radicais livres, e nas mulheres o hipoestrogenismo, principalmente no

período da menopausa tem uma participação evidenciada no envelhecimento

(ARAUJO; MEJIA, 2012).

O excesso de exposição solar pode comprometer a saúde cutânea,

danificando algumas células, e muitas vezes causando danos irreversíveis como no caso

dos tumores de pele. O sol emite vários tipos de radiações, sendo a ultravioleta (UV) a

mais danosa, ela se divide em ultravioleta A, B e C, esta última fica retida na camada de

ozônio. As radiações UVB atingem a epiderme e provocam o eritema, ou seja, causam

vermelhidão na pele, as radiações UVA atinge a derme, ocasionando o bronzeamento da

pele e alterações nas fibras de colágeno e elastina (LEONARDI, 2009).

Com o avanço da idade, pode ocorrer o aumento das espécies reativas

de oxigênio, de maneira que há diminuição das defesas antioxidantes, levando a

sobrecarga de ROS. Consequentemente, quantidades excessivas destes compostos

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podem reagir com várias estruturas celulares e proteínas, contribuindo para o

surgimento de certas alterações cutâneas (RIBEIRO, 2010).

Na pele, em especial a face e o dorso das mãos, que mais se expõem

ao sol, os melanócitos podem sofrer alterações, formando manchas com bordas

irregulares e cor variável de marrom claro a escuro. Em consequência, a pele fica mais

sensível, exposta a inflamações e escoriações associadas às mudanças fisiológicas da

epiderme e derme (RIBEIRO; ALVES; MEIRA, 2009).

Kede e Sabotovich (2009) relatam que o envelhecimento é um

processo contínuo que não só afeta a aparência, mas também as funções cutâneas. No

entanto, nem todas as pessoas envelhecem na mesma velocidade, destacando que fatores

intrínsecos, extrínsecos, hábitos de vida e exposição crônica ao sol aceleram o processo

de envelhecimento.

Rugas

As rugas podem ser classificadas como: superficiais e profundas. As

superficias são aquelas que desaparecem após o estiramento da pele, já as rugas

profundas não sofrem alteração quando a pele é estirada (KED; SABATOVICH, 2004

apud SOUZA; BRAGANHOLO, 2007).

Segundo Pereira e Mejia S.M (apud Guirro;Guirro, 2004), as rugas

são classificadas como estáticas, dinâmicas e gravitacionais. As estáticas são

consequência da fadiga de algumas estruturas da pele, causadas pelas repetições de

movimentos ou a ausência deles; as dinâmicas são as linhas de expressão decorrente de

movimentos repetitivos e mimica facial; e as gravitacionais são causadas pela flacidez

de pele, ou seja, afrouxamento das estruturas da pele.

Esses sinais são consequências do processo fisiológico de decadência

das funções do tecido conjuntivo, em que o colágeno vai tornando-se mais rígido, com

uma porcentagem perdida anualmente e uma diminuição no número de ancoragem de

fibrilas, as fibras elásticas perdem sua força de elasticidade, há uma diminuição das

glicosaminoglicanas associada a redução de água, que consequentemente diminui a

adesão, migração, desenvolvimento e diferenciação celular (SADICK, 2002 apud

ARAUJO; MEJIA, 2012).

Teorias do Envelhecimento Cutâneo

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Para Scotti e Velasco 2003 apud Santos, 2013 existem várias teorias

para compreender o processo do envelhecimento que abordam pontos em comum, as

quais devem causar e acelerar os danos resultantes do avanço da idade, mas a teoria

mais conhecida é a dos radicais livres, eles são uma das principais causas do

envelhecimento.

Durante o envelhecimento ocorre a modificação do material genético

por enzimas, alterações protéicas e a proliferação celular aumenta. Consequentemente, o

tecido perde elasticidade e a capacidade de regular as trocas aquosas e a replicação do

tecido se torna menos eficaz. As oxidações químicas envolvendo a formação de radicais

livres aceleram o processo de envelhecimento. Os radicais livres são moléculas

constituída de um átomo que possui um elétron desemparelhado na sua órbita mais

externa, e para se manterem estáveis precisam doar ou retirar um elétron de outra

molécula (HIRATA et al., 2004).

As reações de glicosilação nas alterações de proteínas são também

consideradas um dos principais mecanismos causadores do envelhecimento celular. Esta

teoria sugere que as alterações da proteína pela glicose levam a formação de ligações

cruzadas do colágeno, que são características nos indivíduos idosos (MOTA;

FIGUEIREDO; DUARTE, 2004).

Alguns estudos demonstram que os produtos resultantes das reações

de glicosilação, conhecidos como AGEs, são fatores importantes no envelhecimento

cutâneo, pois possuem capacidade de inativar as proteínas existentes na pele, como

colágeno e elastina. Essas reações vão aumentando com a idade, pois há uma perda de

sensibilização a insulina, consequentemente conduz ao aumento da glicemia, levando

maior reação de glicosilação (RUIVO, 2014).

Segundo Agostinho (2004), na teoria imunológica do envelhecimento

o declínio dos bio-marcadores de imunidade marca a destruição activa, deixando o

organismo sujeito ao seu próprio sistema imunitário, que chega a reagir contra si mesmo

como se o próprio organismo fosse um agente estranho.

Esta teoria do envelhecimento está relacionada aos fatores genéticos,

ou seja, a velocidade que um indivíduo envelhece é predeterminada pelos seus genes, ou

então os genes determinam quanto tempo as células viverão. Alguns defendem que as

células do nosso organismo, após certo número de divisão celular (mitose), está

geneticamente programadas para morrer. Portanto, a medida que essas células morrem,

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os órgãos começam a apresentar mau funcionamento e não conseguem preservar as

funções biológicas necessárias para a manutenção da vida (CANCELA, 2007).

Teoria do uso e desgaste baseia-se na ideia de que o envelhecimento é

o resultado do acúmulo de agressões ambientais do dia a dia, as quais ocasionam a

diminuição da capacidade do organismo em recuperar-se totalmente em que os

ferimentos, as infecções entre outras agressões se somariam ao longo dos anos do

indivíduo, essas lesões provocam alterações nas células, tecidos e órgãos,

desencadeando o envelhecimento. Atualmente, pode-se considerar Uso e Desgaste não

como uma teoria, mas um aspecto relevante para auxiliar outras teorias no que diz

respeito ao desgaste de um órgão relacionado com a idade, sem se transformar em um

fato causal do envelhecimento (FRIES; PEREIRA, 2011).

VITAMINA C

A Vitamina C foi descoberta nos estudos realizados para detectar a

substância existente nas frutas e verduras, que impediam a proliferação do escorbuto

entre os marinheiros. Durante as longas viagens, os homens do mar se alimentavam de

carne bovina e não incluíam frutas e verduras na dieta, originando o escorbuto que

comprometia as articulações e provocava inflamações nas gengivas, perda dos dentes e

hemorragias causada pelo rompimento das paredes dos vasos sanguíneos, o sistema

imunológico deteriorava-se até que o indivíduo morresse. Em 1938, o ácido ascórbico

foi aceito como nome químico da Vitamina C para referir-se a sua função na prevenção

do escorbuto (ARANHA; BARROS; MOURA, 2000).

Os radicais livres gerados pela irradiação solar e outros agentes

externos causam vários malefícios para a pele, resultando em fotoenvelhecimento e

fotocarcinogênese. O organismo humano protege-se de forma natural utilizando de

antioxidantes que neutralizam os efeitos desses radicais livres. Com isso, a Vitamina C

é o antioxidante mais abundante no organismo, principalmente na pele, conhecida como

um potente neutralizador de radicais livres (AZULAY et al., 2003).

Durante muitos anos tentou-se isolar a vitamina C na sua forma pura.

O médico Albert Szentgyorgyi conseguiu isolar esta vitamina em 1928 e descobriu que

sua fórmula era C6H8O6. A vitamina C ocorre naturalmente em alimentos sob duas

formas: a forma reduzida (ácido L-ascórbico) e a forma oxidada ou ácido

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desidroascórbico, as duas formas são fisiologicamente ativas e são encontradas nos

tecidos orgânicos (ARANHA; BARROS; MOURA, 2000).

O ácido ascórbico participa dos processos de respiração celular,

produção de colágeno, é extremamente importante na cicatrização dos tecidos

orgânicos, favorece a circulação sanguínea prevenindo coágulos, aumenta as defesas

imunológicas, auxilia na prevenção das doenças degenerativas como o câncer, e reduz

os efeitos de algumas substâncias alergênicas, além de possuir um grande efeito

clareador (GOMES, 2009).

O ácido ascórbico é uma vitamina hidrossolúvel, que age como um

antioxidante, detoxificando os radicais livres das células e combatendo os processos

oxidativos, é um grande aliado na prevenção do envelhecimento da pele. Esta substância

pode ser fornecida ao organismo de duas maneiras: via oral, ingerido por meio de

alimentos ou medicamentos que contenham a vitamina, ou de forma tópica, sendo

aplicado em cremes ou produtos semelhantes (BARROS; BOCK, 2012).

A aplicação tópica da vitamina C pode melhorar a elasticidade e

firmeza da pele, a sua aplicação regular pode reduzir os sinais da idade, linhas de

expressão e flacidez cutânea, elevando a tonicidade da pele, deixando-a mais brilhante e

macia e não é fotossensibilizante. Com isso, essa vitamina é bem aceita pelo sistema

imunológico e suas reações alérgicas são raras, e logo nas primeiras semanas de uso

pode-se sentir uma temporária sensação de formigamento no local aplicado

(LEONARDI, 2008).

A vitamina C é necessária para a síntese de colágeno, porque atua

como cofator nas reações de hidroxilação de prolina e lisina, importantes aminoácidos

do tecido conjuntivo que promovem uma melhor sustentação a pele. Porém, além da

função antioxidante e do seu importante papel na síntese de colágeno, outro benefício

atribuído para a vitamina C é a redução da produção de pigmentos melânicos, inibindo a

ação da tirosinase, principal enzima reguladora das reações de formação desses

pigmentos. Portanto, o uso da vitamina C tem sido sugerido como agente

despigmentante, quando aplicado de forma regular (GOLÇALVES; CAMPOS, 2006).

Sua ação despigmentante atua por mecanismo redutor, estimulando a

inversão das reações de oxidação, que convertem a dopa em melanina e dopa em

dopaquinona, reduzindo a síntese de melanina (RIBEIRO, 2010 apud CASAVECHI;

SEVERINO, 2015).

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Tem-se utilizado a Vitamina C e seus derivados em nanosfera,

talasferas com o objetivo de diminuir a oxidação e melhorar a sua eficácia. As

nanosferas de vitamina C são cápsulas mais microscópicas que as talasferas, e são

capazes de conservar e liberar gradativamente a vitamina C. As embalagens que

contenham a vitamina devem ser muito bem escolhidas a fim de prolongar a vida útil do

ativo, ou seja, quanto menor o contato do oxigênio com a vitamina C, maior será a sua

durabilidade (LEONARDI, 2008).

Barros e Bock (2012) postulam que o uso tópico da vitamina C pode

ter importantes efeitos no antienvelhecimento, corrigindo perdas estruturais e funcionais

da pele, sendo demonstrado em uma pesquisa realizada com algumas voluntárias, que

aplicaram um creme contendo 3% de vitamina C no seu antebraço, por quatro meses no

inverno. O resultado foi que a região tratada com o creme contendo a vitamina sofreu

aumento da atividade proliferativa da epiderme e do número de vasos sanguíneos novos,

com isso, a vitamina C pode estar relacionada à regeneração da epiderme, tendo um

efeito foto protetor na pele. No entanto, na França foi comprovado que a aplicação

tópica de creme contendo 5% da vitamina melhorou a aparência da pele foto danificada,

por ativar a síntese de fibras elásticas dérmicas, aumentando a densidade e diminuindo

assim a profundidade de sulcos dérmicos.

De acordo com Draelos (2009), além da vitamina C tópica, a

suplementação oral da vitamina pode ser útil para a foto proteção e prevenção do câncer

de pele. Mas pacientes tomando suplementos de vitamina C demonstraram um aumento

significativo da vitamina no plasma e na pele, contudo as vitaminas não proporcionaram

nenhum efeito protetor contra queimadura solar, ao contrário, dois estudos relataram

proteção contra eritema induzido por radiação UV após a suplementação com vitamina

C e E. Portanto, os benefícios da suplementação oral podem ser aumentados em uma

terapia combinatória.

Considerações Finais

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou a análise de como

a vitamina C e de seus derivados contribui para a prevenção e tratamento do

envelhecimento cutâneo.

De modo geral, o envelhecimento é um processo biológico natural e

normal que todos estão submetidos. Suas alterações vão depender da qualidade de vida

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de cada indivíduo, de alguns fatores intrínsecos decorrente do desgaste natural do

organismo, e ser acelerado por fatores extrínsecos, como exposição excessiva ao sol,

tabagismo, sedentarismo e uma alimentação inadequada que irá desencadear rugas,

hiperpigmentações, flacidez e uma pele espessa e seca. Entretanto, a vitamina C tem

sido utilizada em vários produtos cosméticos por apresentar importantes efeitos

fisiológicos à pele, como a inibição da melanogênese proporcionando um efeito

clareador, síntese de colágeno promovendo maior sustentação e elasticidade para a pele,

bem como seu efeito antioxidante neutralizando a ação dos radicais livres (ROS)

gerados pela radiação ultravioleta.

Portanto, os resultados foram satisfatórios e os efeitos da vitamina C e

de seus derivados tem sido comprovado. Contudo, evitar exposições excessivas ao sol,

ter uma alimentação balanceada, horas adequadas de sono e praticar exercícios físicos

moderados ainda é importante para prevenir e retardar os sinais do envelhecimento

cutâneo.

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EFICÁCIA DOS TRATAMENTOS PARA ESTRIAS: REVISÃO DE LITERATURA

EFFICACY OF TREATMENTS FOR STRETCHES: LITERATURE REVIEW

Stephanye Rentz Venturini1

Talitha Allegretti de Lima Trosdorf2

RESUMO:

Conhecida como atrofia tegumentar adquirida, popularmente chamada de estria, acomete em grande parte as

mulheres, podendo ser encontradas também em homens, porém, com menos incidência. A pele com essa

aferição apresenta modificações nas fibras de colágeno, na substancia fundamental amorfa e nos fibroblastos.

Podemos denominá-las de estrias rubra ou alba conforme as suas características. Os primeiros estudos

alegavam que o problema era meramente do estriamento cutâneo, porém, com o aprofundamento dos

estudos, verificaram-se controvérsias, onde fortes fatores indicaram evidências que o aparecimento é

multifatorial, além de fatores endocrinológicos, mecânicos, infecciosos e até mesmo de predisposição

genética. O objetivo foi apresentar os tratamentos para estrias mais eficazes, para o qual foi realizada revisão

de literatura com buscas em bases de dados científicas e acervos físicos. A pesquisa foi realizada de

julho/2016 a agosto/2017, foram utilizados 13 livros, 1 Trabalho de Conclusão de Curso e 13 artigos

científicos que foram selecionados para esta revisão. Todas as técnicas apresentadas são vastamente

utilizadas na área de estética, contudo para um resultado satisfatório é necessário que exista uma escolha

ideal do protocolo, verificando sempre a resposta ao tratamento que está diretamente ligada com as

características da pele estriada e as características do próprio cliente/paciente.

PALAVRAS CHAVE: Estrias, Tratamento, Estética.

ABSTRACT:

Known as acquired tegumentary atrophy, medically as striae atrophicae, popularly known as stretch marks or

striae, assault mainly women, but it is also found in men, with fewer incidences though. The dermis with it

presents modification in the collagen fibers, in the amorphous base substance and in the fibroblasts. It can be

denominated as reddish or bluish streaks according to they’re characteristics. The first researches claimed

that the problem was merely a scarring of the skin, however with deepen studies there are some controversy

where strong factors give evidences that it is multifactorial, beyond endocrinological, mechanical, infectious

and even genetic predisposition. The objectives to present more effective treatments to striae, into realize a

review of the literature with research on the scientific databases and physical collections. The research was

developed from July 2016 to August 2017, based on 13 books, 1 research paper and 13 scientific articles. All

the technic presented is vastly used in the esthetic area, however for a satisfactory result it is demanding to

have the proper protocol choice, always verifying the results to it, that is directly connected to the

characteristic of scarring of the skin to the patients/clients’s as well.

KEYWORDS: Striae, Treatment, Esthetic.

¹ Discnete do Curso Superior em Estética e Cosmética - Unifil Londrina PR

² Orientadora e docente do Curso de Estética e Cosmética Unifil Londrina PR

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INTRODUÇÃO

Dias (2013), estrias são lesões atróficas da pele, em geral bilaterais, formadas

devido ao rompimento das fibras elásticas presentes na derme em virtude da ocorrência de

uma força tensão. Acomete homens e mulheres, nestas com maior incidência a partir da

puberdade. Localizam-se principalmente em seios, glúteos e abdômen.

Para Guirro e Guirro (2004) A pele estriada apresenta modificações nas fibras

colágenas, na substancia fundamental amorfa e nos fibroblastos. As formas dos

fibroblastos também variam nas diferentes lesões, sendo a formula globular predominante

na estria e a forma estrelada predominante na lesão senil e na cicatriz. As estrias são

classificadas como atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear a princípio avermelhada,

depois esbranquiças e abrilhantada, raras ou numerosas, paralelamente umas às outras,

indicando um desequilíbrio elástico localizado, ou seja, uma diminuição de espessura da

pele, portanto, uma lesão da pele.

Agnes (2013), define a estria como sendo uma atrofia tegumentar adquirida,

apresentando menor elasticidade quando comparada a pele normal e desprovida de pelos e

glândulas sudoríparas. A sua coloração das estrias tem relação com o tempo de

aparecimento. No início são avermelhadas ou rosadas, devido a resposta inflamatório

associada a vasodilatação, sendo denominadas de estrias rubra sem depressão cutânea

significativa. Com o tempo ocorre a redução da microcirculação, diminuindo

acentuadamente a formação de colágeno e fibras elásticas assim promovendo um aspecto

rugoso e de coloração esbranquiçada. Também, existem estrias que se desenvolvem desde

o início com coloração esbranquiçadas.

Este estudo teve por objetivo descrever a fisiopatologia das estrias e apresentar os

tratamentos estéticos maisutilizados para as estrias.

METODOLOGIA

Realizou-se uma revisão de literatura, com buscas em bases de dados científicos, sites e

acervos físicos. Incluiu-se na pesquisa artigos, Trabalhos de Conclusão de Curso e livros

condizentes ao tema e de boa qualidade e confiabilidade, a fim de levantar material que

apontava para os tratamentos estéticos das estrias.

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RESULTADO E DISCUSSÃO

As buscas foram realizadas nas bases de dados livros, artigos, trabalho de

conclusão de curso e acervos físicos das Bibliotecas. Foram encontrados 15 livros, 3

Trabalhos de Conclusão de Curso e 20 artigos científicos sobre o tema. Destes, 13 livros, 1

Trabalho de Conclusão de Curso e 13 artigos científicos foram selecionados para esta

revisão. Os materiais excluídos foram devido à baixa qualidade ou por não serem

pertinentes aos objetivos da pesquisa. As buscas foram realizadas de julho/2016 a

agosto/2017.

Estrutura da Pele

Elder (2011) mostra que a pele é dividida em duas camadas, que são

aparentemente separadas: a camada epiderme e a camada derme; porém, o seu

funcionamento é em conjunto.

Rodrigues (2012) afirma que a epiderme é formada por quatro camadas, basal,

espinhosa, granulosa e córnea, que representam etapas diferentes do processo de

ceratinização. A camada basal é formada por uma linha de ceratinócitos cúbicos/colunares

de escasso citoplasma, que mostram citoceratinas de 5 e 14 e exibem atividades

proliferativa/mitótica. Já a camada espinhosa é formada por um mosaico de ceratinócitos,

que apresentam citoceratinas de 1 a 10 no citoplasma. Na camada granulosa sua formação

é por ceratinócitos achatados, contendo grânulos irregulares de cerato-hialino, onde sua

espessura é diferente, proporcional à camada córnea. Os grânulos de cerato-hialino dão

origem a matriz interfibrilar e à banda marginal. A ação desses elementos dá o resultado de

uma ceratina “macia”, que descama mediante uma reação enzimática. A camada córnea é

formada por uma rede de ceratinócitos anucleados (“escamas”), que contêm grandes

espaços claros intracelulares, que fornecem uma barreira de permeabilidade de grande

importância para a manutenção do fluído corpóreo e o equilíbrio homeostático. A

dificuldade de difusão de moléculas pela camada córnea ajuda impedir a entrada de

ocasionais antígenos que provavelmente acarretariam em reações inflamatórias, mas com

tudo, diminui a eficácia de medicamentos aplicados topicamente. O ciclo celular do

ceratinócito dura por volta de 30 dias, sendo 13 dias aproximadamente para a diferenciação

da camada basal a córnea e mais 13 dias para a descamação. Pode-se encontrar na região

palmoplantar, uma fina e homogenia camada que é chamada de Lúcida.

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Rotta (2008) relata que a camada derme de origem mesodérmica, apresenta

espessura de 15 a 40 vezes maior que a epiderme. É dividida em duas porções: a derme

papilar ou perianexia (fina) e a derme reticular (grossa). A derme papilar é composta por

colágeno fino, fibras elásticas delicadas e capilares imersos em abundantes substâncias

fundamentais. A substância fundamental é composta basicamente de ácido hialurônico,

condroetina e dermatan-sulfato. Já a derme reticular é formada por espessas fibras de

colágeno paralelas à superfície e fibras elásticas mais grossas que as da derme papilar.

Segundo Kede e Sabatovich (2009), a vascularização da pele acontece por meio

de dois plexos, sendo eles: o plexo superficial e o plexo profundo. Os plexos são paralelos

à superfície cutânea e são ligados por vasos comunicantes colocados perpendiculares. O

plexo superficial está na porção superficial à derme reticular, com arteríolas pequenas, de

camada muscular descontinua, e delas partem alças capilares, com sangue arterial, que vão

a sentido de decida até o topo de cada papila dérmica e voltam como capilares venosos. Já

o plexo profundo está na base da derme reticular, que é formado por arteríolas e vênulas de

parede muscular contínua. Os plexos são ligados, pois das arteríolas do plexo profundo

sobem os vasos comunicantes que novamente se arborizam no plexo superficial.

De acordo Kede e Sabatovich (2009), no tecido adiposo subcutâneo sua formação

é de células adiposas e finos septos conjuntivos, onde estão localizados também vasos e

nervos. Os septos são contínuos com feixes colágenos da derme reticular, onde estão

ligados entre si e assim, formam uma rede que separa grupos de adipócitos em camada

superpostas de lóbulos e se ligam na fáscia muscular subjacente.

Na definição de Kede e Sabatovich (2009), a pele pode sofrer diversas alterações

comprometendo sua integridade e aparência, e dentre elas estão: cicatrizes que podem ser

atróficas e hipertróficas (trauma ou inflamação persistente e recorrente acarretando em um

atraso na reparação tecidual), acne vulgar (doença crônica, multifatorial e inflamação da

unidade pilossebácea), melasma (máculas acastanhadas variando do claro ao negro, de

bordas irregulares, reticuladas e simétricas), lipodistrofia ginoide (conhecida como celulite

é uma patologia multifatorial, que resulta na degradação do tecido adiposo) e a estrias

(rompimento das fibras elásticas da derme).

Segundo Oliveira (2014), o rompimento do colágeno e elastina da fibra da pele

acarreta a formação de estrias. As estrias podem variar de cor de acordo com o estágio de

evolução que se encontraram. Quando ocorre o rompimento da pele, a estria tem a cor

avermelhada e após algum tempo ficam esbranquiçadas ou com uma coloração mais clara

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que a de início (geralmente tende a ficar com a coloração mais clara de que a pele do

indivíduo). Existem dois tipos de estrias: as hipertróficas, que são as que se tornam mais

altas do que a superfície da pele; e as hipotróficas, que são as que se tornam mais baixas

que a superfície da pele, formando assim uma depressão.

O seu tratamento tem o objetivo de melhorar a circulação do local, a hidratação e

a estimulação dos fibroblastos. Alguns tratamentos indicados são: esfoliação física,

mecânica ou química, ionização, microcorrentes, alta frequência, vaculterapia, eletrolifting

e microdermoabrasão (OLIVEIRA, 2014). Dessa forma, devido à grande incidência de

estrias e busca por seu tratamento, o presente estudo irá abordar os principais tratamentos

bem como sua eficácia.

Estrias

Segundo Vazin (2011) o termo estria foi dito a primeira vez em 1898, sendo as

estrias atróficas, striae distensae ou popularmente conhecidas como estrias, onde podem

ser definidas como um processo degenerativo cutâneo, sendo este benigno e que variam a

cor conforme a fase evolutiva (Maia 2011).

De acordo com Guirro e Guirro (2004), a estria é classificada como uma atrófica

tegumentar adquirida, de aspecto linear, sinuoso, com um ou mais milímetros de largura,

no início são avermelhadas ou rosadas, pois possui aspecto inflamatório, enquanto a

coloração rosada se dá pela superdilatação das fibras elásticas e rompimento de alguns

capilares sanguíneos, que podem ter sinais clínicos como pruridos e dor, onde erupção é

plana e levemente edematosa. Logo após, vão se esbranquiçando e nacarando, e nesta fase

possuem flacidez centrar, recoberta por epitélio pregueado, sendo desprovidas de anexos

cutâneas, com fibras elásticas rompidas, onde as lesões evoluem-se para fibrose. Únicas ou

várias, localizadas paralelamente umas às outras ou perpendiculares às linhas de fenda da

pele, indicam um desequilíbrio elástico, ou seja, uma diminuição de espessura da pele,

assim caracterizando uma lesão da pele. A pele estriada exibe alterações nas fibras

colágenas, na substância fundamental amorfa e nos fibroblastos.

Segundo Agne (2013), qualifica a estria sendo uma atrofia tegumentar adquirida,

com menor elasticidade quando comparado à pele normal, que não possui pelos e

glândulas sudoríparas. Sua coloração tem total relação com o tempo de surgimento. No

início são avermelhadas ou rosadas, provavelmente devido à resposta inflamatória

associada à vasodilatação, sendo denominadas de estria rubra (estria rubrae). Sem

depressão cutânea significativa, com o tempo ocorre a diminuição da microcirculação,

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redução acentuada do colágeno e de fibras elásticas apresentando um aspecto rugoso e de

coloração esbranquiçada.

Kede e Sabatovicha (2004) afirmam que uma tendência das estrias se distribuírem

simetricamente em ambos os lados que se foram, aparecem cerca de três a seis vezes a

mais no gênero feminino, se sobressaindo na faixa etária dos 14 aos 20 anos e durante a

gravidez; sendo 55% a 65% em mulher e 15% a 20% em homes, recentemente se tem

observado o surgimento das estrias em mulheres que fazem a reposição hormonal

(menopausa). Nas mulheres, as localizações mais predominantes são os glúteos, abdômen,

mamas, e face lateral dos quadris, enquanto em homens, predominam no dorso, região

lombo sacra e parte externa das coxas. Sua evolução clínica tem estágios bem semelhantes

aos de formação de uma cicatriz, com lesões ativas, eritema e nenhuma depressão aparente,

originada por diversos fatores, porém, existem algumas teorias que tentam esclarecer a sua

etiologia.

Para Guirro e Guirro (2004), os primeiros indícios apontavam que o surgimento

era um problema decorrente meramente do estriamento cutâneo. Contudo, com o passar

dos anos e com os novos estudos, levam os pesquisadores a controvérsia, pois a evidências

que mostram o aparecimento de estrias é multifatorial, além de fatores endócrinos,

mecânicos, infecciosos e também uma predisposição genética e familiar. Ainda assim, a

causa exata ainda é desconhecida e incerta, entretanto, existem algumas teorias que

justificam o seu aparecimento, sendo elas a Teoria mecânica, endócrina, infecciosa e

predisposição genética:

Teoria mecânica: Os indícios que a excessiva deposição de gordura no tecido

adiposo repentinamente, ocorre danos às fibras elásticas e colágenas da pele. Com base

nestes fatos, a distensão abdominal promovida pelo crescimento do feto causa estria na

gestante, assim como o “estirão de crescimento” na puberdade, deposição de gordura no

obeso e atividade física vigorosa. Não existem evidências de que a hidratação da pele por

meio de cosméticos pode prevenir o aparecimento de estrias. Guirro e Guirro (2004).

Teoria endócrina: Demonstra que o estriamento da pele e deposição de gordura é muito

simplista. Vários autores postulam uma relação entre os esteroides tópicos ou sistêmicos.

Na adolescência, período mais representativo de uma estimulação “andrenocorticoidal”,

“Sindrome de Cushing Fisiológica”, com sinais evidentes de alterações no nível de

hormônios corticoides, esses distúrbios acontecem pela hiperatividade do córtex da adrenal

assim determinam as manifestações clinicas da mesma. Guirro e Guirro (2004). Teoria

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infecciosa: Encontram-se relatos onde processos infecciosos podem provocar danos as

fibras elásticas, que podem originar estrias. O aparecimento de estrias em jovem após febre

tifoide, reumática e outras infecções hepatopatias crônicas, hepatite crônica, síndrome de

Marfan, pdeuxantoma elástico e síndrome de buscheke-Ollendorf. (Kede e Sabatovich

2004) Predisposição genética: Os fatores genéticos estão ligados na etiologia da estria,

assim, indicando que as gêneses determinantes para a formação do colágeno e elastina

sejam menores em pacientes portadores da atrofia linear cutânea, causando então uma

alentação no metabolismo do fibroblasto (MAIA, 2009).

A estria é descrita na maior parte da literatura como uma lesão irreversível, na

qual, essa informação é embasada em exames histológicos, que mostram diminuição no

número e volume dos elementos da pele, rompimento de fibras elásticas, pele delgada,

redução da espessura da derme, com fibras colágenas separadas entre si. No centro da lesão

há poucas fibras elásticas, enquanto na periferia, estas se encontram onduladas e agrupadas

(LIMA, PRESSI, 2005).

Quando pensado em tratamentos para estrias, deve-se levar em consideração

algumas informações que são extremamente importantes para um melhor resultado como a

idade, tamanho, localização, tempo de aparecimento da lesão e capacidade reacional do

paciente com a etiologia da lesão. Os principais objetivos do tratamento devem ser o

aumento da microcirculação e a espessura da derme, além de acelerar o crescimento e a

espessura da epiderme, estimular a produção sebácea e restaurar o manto lipídico, para um

maior grau de hidratação cutânea e estimulação dos fibroblastos (BORGES, SCORZA,

2016).

Na área da estética, existem diversas técnicas disponíveis, que podem amenizar o

aspecto ou até torná-las quase imperceptíveis. As técnicas podem ser realizadas

isoladamente ou em conjunto umas com as outras, potencializando o resultado.

Entretanto, antes de iniciar qualquer tratamento estético, é de extrema importância

a avaliação do paciente/cliente. Para o tratamento das estrias é necessário levar em

consideração localização, profundidade (hipertrófica ou atrófica), tamanho, largura,

coloração, tempo (quando apareceu), teoria do surgimento, tratamentos anteriores, etnia,

gravidez, sobrepeso, alimentação, ingesta hídrica, afecção associada, uso de

medicamentos, hidratação da pele, cicatrização, diabetes, queloides, alergia, exercícios, se

tem exposição ao sol e se faz uso de protetor solar. (TOSCHI, 2004).

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Tratamentos

Segundo Souza (2005), sugere-se que antes de inicializar qualquer tratamento

tanto para estrias atróficas ou não, deve realizar um preparo da pele, que deve inicializar

três semanas antes do tratamento em questão, a fim de uniformizar a camada córnea. Sua

sugestão é que se aplique sobre as estrias uma emulsão com ácido retinoico 0,09% a 0,1%

ou ácido glicólico 10%; utilizando durante a noite retirando totalmente com agua pela

manhã em casos de exposição ao sol ou fototipos de pele 4 a 6 devemos substituir por

ácido mandélico 10%.

A vitamina C ou também conhecida como ácido ascórbico é um recurso

terapêutico que podemos utilizar no tratamento para estrias. Isso, graças ao poder vital que

a vitamina C tem sobre o funcionamento das células, onde o ácido ascórbico é capaz de

estimular a proliferação celular, e também a síntese do colágeno pelos fibroblastos

dérmicos.A aplicação pode ser potencializada com o uso da iontoforese ou associadas a

técnicas, por exemplo, a microgalvanopuntura (eletrolifting) (PINNELL, 2001).

Para Lober (1987) e Song (2004), o peeling é um recurso terapêutico que faz

descamação que podemos utilizar no tratamento para estrias, essa técnica promove uma

esfoliação da pele a ser tratada com o uso de agentes químicos e/ou físicos, que são

classificados de acordo com a profundidade atingida.

Muito superficial: chamado também de esfoliação, sua função é remover parte ou

a totalidade da camada córnea, não produzindo lesão na camada granulosa. Superficial: faz

uma “destruição” somente na epiderme, podendo atingir somente a camada granulosa,

como também a espinhosa e basal, nunca alcançando o plano dérmico. Médico: a lesão que

ocorre estende-se por toda a epiderme e também na derme superficial ou papilar. Profundo:

atinge com totalidade da epiderme, derma papilar, estendendo-se até a derme reticular.

Segundo Borges e Scorza (2016), cada classificação tem sua indicação e cuidado

específico, para as estrias usamos o chamado peeling superficial, que são os epidérmicos e

não apresentam riscos de complicação ao cliente, porém, podem ocorrer algumas reações

transitórias como ardência, queimação, eritema e edema. No uso para estrias podemos

fazer a função tanto do peeling físico e químico como o uso separadamente. Para um

melhor resultado devemos iniciar o procedimento com um peeling físico, que irá atuar

como esfoliante da epiderme.

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O tratamento baseado no uso de peeling tem como objetivo o desencadeamento

de um processo inflamatório, por meio da lesão física ou química, fazendo assim, uma

estimulação na neoformação vascular e em toda a produção de colágeno e elastina.

Peeling físico: chamado de peeling de cristal ou microdermoabrasão é utilizado

nas estrias e apresentam ótimos resultados. Nada mais é do que uma esfoliação sobre pele

com microcristais de óxido de alumínio, com o auxílio de um equipamento que possibilita

a regulação dos níveis de esfoliação sob a pressão assistida. Temos como objetivo desse

recurso à remoção rapidamente de células envelhecidas e a estimulação de geração de

células novas e novo colágeno, fazendo assim com que a pele tenha um aspecto mais suave

e saudável.. É indispensável o uso de filtro solar e evitar ao máximo a exposição ao sol.

(BORGES, SCORZA, 2016).

Peeling de diamante: a objetividade dessa terapia é a revitalização da pele. O

aparelho utilizado é o de vacuoteparia acoplado com uma ponteira “diamantada”, assim

fazendo uma esfoliação controlada das subcamadas da epiderme, pode ocorrer também

uma hiperemia no local após a aplicação da terapia. (BORGES, SCORZA, 2016).

Peeling químico: é consiste na utilização de uma ou mais substancias químicas

isoladas ou combinadas, a fim de uma “destruição” controlada da epiderme assim

posteriormente obtendo uma revitalização. Os ácidos mais indicados para essa terapia são

ácido glicólico, mandélico e retinoico. O tempo de permanência do ácido na pele depende

do cliente mais em medica de 5 a 8 minutos e devemos neutralizar com uma solução a base

de bicarbonato de sódio, para obter bons resultados em média são realizadas 10 sessões

com um intervalo de 7 dias entre uma sessão e outra. Devemos realizar alguns cuidados

pós peeling que são uso de filtro solar a cada 3 horas, evitar puxar, cocar ou retirar crostas

do local. Em geral no dia seguinte do peeling a pele pode apresentar uma leve

vermelhidão, dois dias uma fina descamação que pode durar em média 3 a 5 dias (o cliente

deve aguardar todo o processo descamativo que dura em média 5 dias, para realizar a

próxima sessão) (SONG, 2004).

A Microgalvanopuntura (Eletrolifting) é um método minimamente invasivo, com

um estimulo mecânico de uma agulha juntamente com o efeito da microcorrente

polarizada, produz um desencadeamento do processo de reparação, assim fazendo uma

estimulo na produção de colágeno na área afetada e restabelece a integridade dos tecidos

(SANTOS, 2003). Neste tratamento existe um aparelho especifico que tem um eletrodo

ativo em forma de agulha, acoplado no polo negativo da microcorrente, e um eletrodo

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dispersivo (placa metálica ou borracha de silicone), acoplado no polo positivo e que deve

ficar próximo a área de tratamento. Para realização da terapia a pele deve estar totalmente

limpa com álcool 70%, as agulhas são introduzidas de forma individual sobre as estrias e

seu objetivo e causar hiperemia/edeme em todo o seu trajeto. Só se realiza outra sessão

após o cessar do processo inflamatório, normalmente um intervalo de 7 dias, evitando um

processo inflamatório crônico. (BORGES, 2010).

Já a Carboxiterapia é uma técnica que faz uso do gás carbônico através de

administração subcutânea conforme (LOPEZ, 2005).

Tem eficácia comprovada sobre a melhora da elasticidade cutânea, assim, o

aumento e reorganização das fibras elásticas e colágenas da pele. Em poucas sessões pode

se observar a melhoria de qualidade na textura e firmeza da pele, bem como

homogeneidade de coloração e relevo das estrias (WORTHINGTON, 2006).

Apresenta diminuição na dimensão e na coloração, independentemente do tempo

de existência ou da coloração (LOPEZ, 2005).

O Microagulhamento (Terapia de Indução de Colágeno) faz uso de rollers ou

canetas contendo microagulhas. Essa terapia provoca uma lesão uniforme por meio de

micro perfurações, que fazem a estimulação da regeneração e cicatrização da pele

rapidamente a partir do seu interior, com isso fazendo uma resposta de recuperação

tecidual, que estimula o fibroblasto a sintetizar novas fibras de colágeno e elástico, com

isso melhorando o aspecto das estrias. A lesão que é causada por essa terapia ocorre de

modo uniforme, preservando a integridade da epiderme, com isso evitando hipercromias

comuns com outros tratamentos para a estria em pelas negras. Além disso, podemos obter

uma melhora também na densidade da epiderme através da liberação do fator de

crescimento epidérmico (SETTERFIELD, 2010).

Pode ser utilizada em conjunto com a vitamina A, C, E e fatores de crescimento

pois essa técnica faz com que os ativos tenha mais facilidade de permeação, assim

potencializando o seu resultado (SETTERFIELD, 2010).

A Striort® é uma técnica patenteada onde se tem associação de procedimentos

realizados pelo profissional e em home care, seu objetivo é o aumento da microcirculação

dérmica, acelerando o crescimento epidérmico, estimulando a produção sebácea,

restaurando o manto hidrolipidico, atingindo um maior grau de hidratação cutânea,

aumentando a espessura da epiderme e da derme, estimulando os fibroblastos e

reconstituindo a fibra elástica.

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O método Striort® é a junção da vacuoteparia e produtos ortomoleculares

específicos. O produto ortomolecular tem as seguintes propriedades terapêuticas:

termogênico, enzimático, vasodilatador, lipolítico, ortomolecular, desintoxicante,

emulsificante, reorganizador, linfocinêtico. No home care, a cliente faz uso de um sabonete

hidratante especifico, o sabonete é usado duas vezes ao dia durante o banho, sua finalidade

é ajudar na cicatrização e estimulação dos fibroblastos para regeneração da fibra de

colágeno. Já os hidratantes irão ajudar no processo de cicatrização das estrias, deve-se usar

de três a cinco vezes ao dia. Recomenda-se não expor ao sol durante 15 dias. O tratamento

deve ser repetido a cada 21 dias, respeitando assim o ciclo fisiológico do colágeno.

Número de sessões pode variar de acordo com a resposta da pele, porém três sessões já são

suficientes para um resultado (BORGES, SCORZA, 2016).

O método Striort® é uma marca registrada, isso significa que é um protocolo (não

pode ser alterado). Porém, o uso da técnica de vacuoteparia com junção de ativos tem

resultados significativos para esse tratamento, graças ao poder de hipervascularização,

estimulação dos fibroblastos, auxilia na melhora da penetração de ativos e a melhora do

aspecto das estrias. (YAMAGUCHI, 2005).

CONCLUSÃO

Todas as técnicas apresentadas são amplamente utilizadas, sendo que as escolhas

por cada técnica pelo profissional da área juntamente com o cliente levam em consideração

fatores como: quantidade de estrias, características das estrias, tempo de aplicações,

número de sessões necessárias, dor e investimento necessário.

Cabe lembrar ainda, que apesar dos protocolos existentes e recomendações de uso

para cada técnica, deve ser montado plano de tratamento coerente para cada cliente a fim

de buscar maiores resultados. Também, é muito importante salientar que como se trata de

um processo inflamatório “provocado” e “controlado”, este controle possui limitações

quanto a recuperação do paciente/cliente e o número de sessões necessárias pode variar

bastante de pessoa para pessoa.

Quando as estrias são tratadas logo de início do aparecimento com a coloração

avermelhada os planos de tratamento e/ou protocolos podem apresentar uma grande

melhora na espessura/largura e coloração, as técnicas informadas nesse trabalho podem ser

usadas isoladamente ou em conjunto a fim de obter um melhor resultado.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

220

Para que se tenha um bom resultado, é necessário que exista uma interação dos

métodos utilizados para esse fim para que a escolha do protocolo seja o ideal, verificando

sempre a resposta ao tratamento que está diretamente ligada com as características da pele

estriada e as características do próprio cliente/paciente.

Mesmo sem protocolos definidos, é certo afirmar que a lesão causada na pele

estriada pelo tratamento traz evidencias de melhora no aspecto da mesma. Logo, com essa

revisão bibliográfica, podemos concluir que as eletroterapias, uso de ácidos possuem uma

importante atuação na restauração da pele, porem necessitamos de mais estudos científicos

nessa área tão vasta.

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222

O PADRÃO DE BELEZA IMPOSTO PELA SOCIEDADE E SUA INFLUÊNCIA

NA AUTO-ESTIMA E SAÚDE DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS:

ESTUDO TRANSVERSAL

THE STANDARD OF BEAUTY IMPOSED BY THE SOCIETY AND ITS

INFLUENCE IN THE

SELF ESTEEM AND HEALTH OF UNIVERSITY STUDENTS: CROSS-

SECTIONAL STUDY

Bruna Caroline Ribeiro9

Bianca Marques Bozina10

Talitha Allegretti de Lima11

RESUMO:

Nos dias atuais a mídia tem influenciado muito em uma idealização de corpos perfeitos, causando assim

uma insatisfação das pessoas com sua própria aparência (BOHM, 2004, SCHNEIDER, 2011). Devido a

pressa, muitas optam por fazerem uma cirurgia plástica estética ao invés de realizarem exercícios físicos

associados a uma alimentação balanceada. Mas até aonde vai o limite da praticidade para a saúde? (ALVES,

2009, BRAGA, 2007, REVISTA VEJA, 2013). O objetivo desta pesquisa foi verificar quais as

preocupações de estudantes universitários com a própria aparência e saúde, e conhecer o que está em

primeiro lugar, beleza ou a saúde. Esta pesquisa transversal foi desenvolvida em setembro de 2015, com

aplicação de questionário a estudantes universitários. Observou-se preocupação com a saúde e aparência,

onde esta última está em evidência pela população estudada, com insatisfações e desejos de mudança.

Também foi notada a tendência em seguir os padrões impostos pela mídia.

PALAVRAS-CHAVE: Estética, Saúde, Beleza, Mídia.

ABSTRACT:

Nowadays the media has influenced much in an idealization of perfect bodies, thus causing dissatisfaction

of the people with their own appearance (Bohm, 2004 SCHNEIDER, 2011). Because of the rush, many

choose to make a plastic surgery instead of performing physical exercises associated with a balanced diet.

But how far will the limit of practicality for health? (ALVES, 2009 BRAGA, 2007 REVIEW SEE, 2013).

The objective of this research was to verify the concerns of university students with their appearance and

health, and to know what is first, beauty or health. This cross-sectional study was conducted in September

2015, with a questionnaire to university students. There was concern with the health and appearance,

where the latter is highlighted by the study population, with dissatisfactions and desires for change. It was

also noted the tendency to follow the standards imposed by the media.

KEYWORDS: Esthetics, Health, Beauty, Media.

9 Graduada em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia – UniFil. E-mail: [email protected]. 10 Graduada em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia – UniFil. E-mail: [email protected]. 11 Docente Especialista dos cursos de Estética e Cosmética e Fisioterapia – Centro Universitário Filadélfia – UniFil. E-mail:

[email protected].

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223

INTRODUÇÃO

O padrão estético de beleza vem desde a idade média. Com o passar dos anos ele

vem se alterando de acordo com a cultura de cada povo. Na idade média o corpo

feminino era virginal e delicado, rosto liso, traços regulares, quadris arrebitados, boca

vermelha e cabelos lisos. No século XIII, o padrão de beleza estava relacionado a santas

medievais, as mulheres eram bem magras. No renascimento mudou novamente o

padrão, as mulheres era mais gordinhas, assim representavam a fertilidade. No

romantismo a mulher considerada bela era pura, pálida, com cabelos longos e escuros.

Em 1980 aparecem as mulheres que eram “bem cuidadas”, onde o padrão era de

mulheres altas, seios elevados e pernas compridas. Nos anos 1990 os corpos magros,

quase irreais viraram ideal de beleza (ANDRADE, 2011).

Ao longo dos anos a mulher vem adquirindo direitos e mudando sua postura e

atuação na sociedade. Elas estão se especializando, através de estudos e qualificações

profissionais, promovendo, assim, um melhor planejamento familiar e conquistando

maior respeito e admiração, pois estão conquistando uma posição atuante e fora de casa

(SILVA, 2014).

Os padrões de beleza que existem atualmente não estão direcionados apenas para

mulheres, homens também estão apresentando uma insatisfação com sua imagem

pessoal. Eles apresentam uma preocupação em ficarem fortes, mesmo já apresentando

corpos fortes. Com essa preocupação eles acabam fazendo o uso de anabolizantes, que

são prejudicais a saúde. Além de musculação também procuram clínicas de estética

para fazerem limpeza de pele, botox, massagens, depilação a laser, entre outros

tratamentos (ALVES, 2009).

A visão que as pessoas têm sobre a própria imagem pessoal, geralmente, é

distorcida e cheia de insatisfações. Isto pode colocar a saúde em risco devido às atitudes

que essas pessoas poderiam tomar para encaixar seu corpo ao padrão de beleza que ela

acha bom (VIEIRA, 2010).

As pessoas acreditam que sendo magras todos os seus objetivos serão

alcançados, buscando assim dietas e tratamentos que as vezes não representa saúde,

apenas realização pessoal, auto estima e satisfação (BOHM, 2004, SCHNEIDER,

2011).

Em prol da saúde, vemos que, a pratica de atividade física está completamente

ligada em se ter uma boa qualidade de vida. A atividade física tem se mostrado um dos

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

224

componentes mais importantes para se ter uma vida saudável, praticando com

regularidade ela previne e melhora algumas doenças, como, melhora do estresse e

depressão; ansiedade; melhora do humor; bem-estar físico e psicológico; tem-se um

melhor funcionamento do organismo geral; disposição física e mental aumentam; entre

outros benefícios. Se a pratica começar na adolescência a atividade física traz benefícios

à saúde esquelética, ao controle de pressão e obesidade, benefícios esses preventivos e

dando uma melhor qualidade de vida (SABA, 1998, SAMULSKI, 2003, TASSITANO,

2007).

Mesmo sabendo desses benefícios há muitas pessoas que não praticam nenhum

tipo de atividade física, causando assim o sedentarismo, aumentando o risco de

apresentar problemas circulatórios, problemas cardiovasculares, aumento da massa de

gordura corporal entre outros (SABA, 1998, SAMULSKI, 2003, TASSITANO, 2007).

Além da realização de atividades físicas, todos nós precisamos de orientações

medicas para se ter uma boa qualidade de vida. Eles nos auxiliam a ter uma vida mais

saudável, ter hábitos corretos no dia a dia, nos ajudam a prevenir doenças, entre outros.

Antes mesmo de começar a praticar atividade física é necessária uma consulta medica

para saber se estamos ou não aptos à prática de exercícios.

Porém, com a correria do dia a dia algumas pessoas buscam o médico apenas

para conseguir uma prescrição de receita para que uma certa dor passe logo. Mas

correto seria se procurássemos uma clínica médica com maior frequência, para fazer

exames periódicos, por exemplo. Esses exames são de extrema importância, pois os

fazendo com frequência conseguimos descobrir qualquer doença que surja logo no

início, conseguindo assim tratar rapidamente com maiores chances de sucesso.

Percebe-se que um grande número de homens e de mulheres coloca a beleza a

frente da saúde. Mais de 1.700 pacientes fazem cirurgia plástica no Brasil a cada dia e

estimasse que foram realizadas mais de 640 mil cirurgias plásticas no Brasil no ano de 2010.

Quase todas as pessoas acham que existe algum lugar no corpo para melhorar, mas ao invés

de procurarem soluções mais saudáveis, como por exemplo, a prática de exercícios físicos e

uma alimentação balanceada, optam por fazerem cirurgias de reparação.

Em pesquisa feita em 2013 comprovou que o Brasil já ocupa o segundo lugar em

número de cirurgias plásticas estéticas no mundo, sendo a lipoaspiração a cirurgia mais

comum no país. De forma simplificada, a lipoaspiração é uma cirurgia que visa a redução da

gordura localizada podendo ser realizada em várias partes do corpo. Existem outros métodos

que também visam a redução da gordura localizada, como por exemplo, os exercícios

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225

físicos. É claro que a lipoaspiração é um método de perda de gordura localizada muito mais

rápida que a prática de exercícios físicos, mas qual das duas seria a mais saudável? Qual das

duas traria mais benefícios a saúde da pessoa?

Atualmente as pessoas andam com pressa e tudo o que procuram é a praticidade. Por

isso muitas optam por fazerem uma cirurgia plástica estética ao invés de ficarem meses

fazendo exercícios físicos associados a uma alimentação balanceada. Mas até aonde vai o

limite da praticidade para a saúde? (ALVES, 2009, BRAGA, 2007).

O objetivo de um esteticista é ressaltar os pontos fortes, reduzir os pontos fracos

e saber orientar os clientes sobre qual é o melhor tratamento para a sua queixa; diferente

de um profissional que não sabe quais são os seus limites com o cliente e age de forma

irresponsável sem se preocupar com a saúde do mesmo (PUELKER, 2011).

Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi verificar quais as preocupações de

estudantes universitários com a própria aparência e saúde, e assim, conhecer o que esta

população coloca em primeiro lugar: a beleza ou a saúde.

METODOLOGIA

Esta pesquisa transversal foi desenvolvida em setembro de 2015, com aplicação

de questionário a estudantes universitários do Centro Universitário Filadélfia – Unifil,

Londrina-Paraná.

Para a composição da amostra foi realizado cálculo amostral baseando-se no

número total de estudantes da instituição chegando a distribuição apontada na Tabela 1.

Após, foi feita a distribuição por curso, anos de formação e períodos, bem como alunos

dos sexos masculino e feminino. Dessa forma, a amostra foi composta por estudantes

com idade superior a 18 anos, de todas as áreas de conhecimento, do primeiro ao último

ano de cursos, dos períodos matutino, integral e noturno.

Tabela 1: Distribuição amostral.

ÁREA POPULAÇÃO MARGEM DE ERRO: 3%

NÍVEL DE CONFIANÇA: 95%

Agrárias 780 107

Engenharia 449 61

Exatas 157 21

Humanas 600 82

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Saúde 1879 257

Sociais aplicadas 2196 300

Tecnologia 678 93

TOTAL 6739 922

Os participantes foram informados e esclarecidos sobre os objetivos do estudo

e os que concordaram em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

Os estudantes responderam a questionário auto-aplicável especifico,

estruturado, montado pelas pesquisadoras com características sócio-demográficas,

antecedentes pessoais e questões pertinentes aos objetivos da pesquisa.

O projeto de pesquisa foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em

Pesquisa com Seres Humanos do Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL, conforme a

Resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi aprovado com o

número do comprovante 065311/2015.

Todos os participantes tiveram suas identidades preservadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa foram analisados estatisticamente e foi utilizado teste

de Qui-quadrado e o de Correlação de Spearman, onde o p-valor dos testes são menores

que 0,05, podemos dizer que uma variável depende da outra e elas estão

correlacionadas. Primeiramente foram observadas as distribuições em relação a sexo,

faixa etária e renda familiar (TABELAS 2, 3 e 4).

Tabela 2: Distribuição por sexo.

Sexo Frequência % % Válido

Masculino 367 39,8 39,8

Feminino 555 60,2 60,2

Total 922 100,0 100,0

Tabela 3: Faixa etária.

Faixa etária Frequência % % Válido

Até 20 anos 339 36,8 37,0

de 21 a 25 anos 444 48,2 48,4

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de 26 a 30 anos 117 12,7 12,8

de 31 a 40 anos 14 1,5 1,5

de 41 a 50 anos 2 0,2 0,2

Acima de 50 anos 1 0,1 0,1

Total 917 99,5 100,0

Sem resposta 5 0,5

Total 922 100,0

Tabela 4: Renda.

Renda Frequência % % Válido

Até R$ 961,50 26 2,8 2,8

De R$ 962,50 a R$ 1.416,00 37 4,0 4,0

De R$ 1.417,00 a R$ 2.169,50 164 17,8 17,8

De R$ 2.170,50 a R$ 3.947,50 215 23,3 23,3

De R$ 3.948,50 a R$ 7.252,00 426 46,2 46,2

Acima de R$ 7.252,00 54 5,9 5,9

Total 922 100,0 100,0

Com relação ao perfil dos estudantes, verificou-se que a maior frequência da

população é mulher (60,2%), com faixa etária entre 21 a 25 anos (48,4%), com renda de

R$ 3.948,50 a R$ 7.252,00 (46,2%). Verificou também que a maior parte da população

não é bolsista (54,4%). Isso indica que é uma população jovem com uma renda familiar

relativamente alta.

Com relação aos cursos e turnos da universidade, observou-se que a área com

maior número de alunos é sociais aplicadas (32,5%) e o curso de direito (13,0%). O

turno com maior frequência de alunos é o noturno (58,4%), onde pode se dizer que é um

turno com alunos que não apenas estudam, e sim fazem algo a mais, como por exemplo,

trabalhar.

Na análise sobre o nível de importância que a população universitária tem com a

aparência e saúde observou-se que 41% consideram a beleza bastante importante e 40%

se preocupa bastante com a própria aparência. Ainda, 64% consideram a saúde muito

importante, mas 40% se preocupa bastante com ela.

O sexo feminino ainda encontrasse com uma preocupação maior com a

aparência, sendo que 65,7% das mulheres consideram a beleza bastante importante e

65,2% das mesmas se preocupam bastante com a aparência. Porém, no teste de

correlação não houve diferença significativa (TABELA 5).

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Tabela 5: Correlação entre os sexos.

Sexo

Total

Chi-Square

Tests

P ( > 0,05)

Sperman

P ( > 0,05) Masculino Feminino

O quanto você

considera sua beleza

importante?

Bastante 34,3% 65,7% 40,8% 0,000 0,000

O quanto você se

preocupa mais com sua

beleza (aparência)?

Bastante 34,8% 65,2% 40,2% 0,000 0,000

O quanto você

considera sua saúde

importante?

Muito 36,2% 63,8% 64,4% 0,016 0,002

O quanto você se

preocupa mais com sua

saúde?

Bastante 37,7% 62,3% 40,2% 0,154 0,162

Foi observado que 60,5% dos homens entrevistados nunca frequentaram uma

clínica de estética, e 51,2% nunca realizaram um tratamento estético. Com relação a

alguma intervenção cirúrgica estética em seu corpo o sexo masculino aparece com um

percentual menor que o sexo feminino, sendo 43,6% comparado com 86,3% para as

mulheres. Isso nos mostra que os homens estão mais satisfeitos com o próprio corpo do

que as mulheres.

Tabela 6: Tratamentos estéticos.

Sexo

Total

Chi-Square

Tests

P ( > 0,05)

Sperman

P ( > 0,05) Masculino Feminino

Você já realizou

tratamento estético?

Não 51,2% 48,8% 61,4% 0,000 0,000

Sim 21,6% 78,4% 38,6%

Já fez alguma

intervenção cirúrgica

estética em seu corpo?

Não 43,6% 56,4% 87,3%

0,000 0,000 Sim 13,7% 86,3% 12,7%

Faria alguma alteração

estética em seu corpo?

Não 59,0% 41,0% 57,9%

0,000 0,000 Sim 13,4% 86,6% 42,1%

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229

De acordo com a pesquisa, os tratamentos estéticos que a população

universitária mais realizou foram limpeza da pele com 38% e peeling com 10%

aproximadamente. Entre os procedimentos cirúrgicos mais realizados estão a prótese

mamária com e rinoplastia, com 4% e 1% respectivamente. Porém, quando

questionados se fariam alguma alteração estética estes valores subiram drasticamente,

apontando a prótese mamária com 41%, rinoplastia com 11% e, agora com a

lipoaspiração presente com 14%. Aqui, entre os 58% da população que faria alguma

mudança no corpo, as mulheres representaram 87%. Isso nos mostra que não só a

preocupação com a beleza está presente como também a insatisfação com o próprio

corpo, principalmente entre o público feminino.

Corroborando com a insatisfação percebida no sentimento da necessidade de

procedimentos estéticos cirúrgicos, podemos notar mais áreas corporais que estes jovens

não gostam quando comparadas as áreas corporais que gostam (TABELAS 7 e 8). Uma

das partes que eles mais gostam (3,4%) e menos gostam (3,9%) são as mamas, parte

esta que também apareceu como a área em que as universitárias mais fizeram (4,2%) e

mais querem fazer (40,8%) procedimento estético (colocação de silicone). Outra parte

do corpo que apareceu bastante foi a barriga, onde 19,8% da população não gosta, e

também apontou ser uma região na qual os voluntários querem fazer procedimentos

para melhorar a aparência.

Tabela 7: Áreas de maior satisfação.

Indique a parte do corpo que mais gosta: Frequência % % Válido

Pernas 160 17,4 18,0

Rosto 128 13,9 14,4

Olhos 94 10,2 10,6

Braços 64 6,9 7,2

Glúteos 47 5,1 5,3

Boca 54 5,9 6,1

Seios 30 3,3 3,4

Tabela 8: Áreas de menor satisfação.

Indique a parte do corpo que menos gosta: Frequência % % Válido

Barriga 174 18,9 19,8

Pés 143 15,5 16,3

Pernas 84 9,1 9,5

Nariz 76 8,2 8,6

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230

Mãos 47 5,1 5,3

Glúteos 45 4,9 5,1

Seios 34 3,7 3,9

Apesar de os estudantes entrevistados dizerem que a saúde é muito importante, a

maioria (37,9%) respondeu que vai ao médico as vezes e apenas quando estão doentes

(67%). Isso nos faz pensar que estes estudantes tem saúde e não adoecem com

frequência. Porém, quando comparadas estas mesmas respostas para homens e

mulheres, estas tem maior preocupação com a estética e também saúde, sendo que 67%

afirmou ir ao médico as vezes enquanto mais de 70% dos homens disseram nunca vai ao

médico.

Além do acompanhamento médico, outros fatores nos mostram como os

indivíduos cuidam da sua saúde. Alimentação adequada e dietas alimentares, e prática

de atividade física são de suma importância para a saúde e afeta também a estética.

Já que além dos cuidados estéticos, a satisfação com o próprio corpo também foi

abordada, os estudantes foram questionados sobre qual a maior dificuldade para

conseguir a satisfação estética (TABELA 9). É muito provável que esses estudantes, por

desempenharem outras atividades, relatem sentir maior dificuldade em manter uma

alimentação saudável e a falta de tempo como principais fatores.

Tabela 9: Dificuldades para alcançar a satisfação com o próprio corpo.

Qual seria o maior obstáculo para alcançar um corpo

satisfatório? Frequência % Válido

Manter uma alimentação saudável/ dieta 177 19,4

Dieta e exercícios físicos 34 3,7

Preguiça e comodismo 81 8,9

Falta de força de vontade 41 4,5

Praticar atividade fisica 34 3,7

Dedicação/ foco/conscientização 25 2,7

Determinação e disciplina 36 3,9

Falta de dinheiro 97 10,6

Falta de tempo 230 25,2

Apesar disso, justamente os cuidados com a alimentação e a prática de

exercícios físicos foram apontados como necessários para conseguir um corpo

satisfatório por 35,5% dos estudantes.

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231

Como os valores para a variável nível de satisfação com seu corpo foi

significativo (TABELA 10), foi utilizado o Mann-Whitney Test, onde a média das

pontuações entre homens e mulheres não eram iguais. Como a média dos homens foi de

7,11 e das mulheres 6,69, pode-se dizer que os homens estão significativamente mais

satisfeitos com seu corpo do que as mulheres.

Tabela 10: Satisfação com o próprio corpo.

Significância. P (> 0,05)

Qual o nível de satisfação com seu corpo? 0,001

Qual o nível de satisfação com sua aparência? 0,450

Qual o nível de satisfação com seu corpo? 0,079

O Kruskal-Wallis Test, que é utilizado para testar mais de duas variáveis, foi

realizado o teste para ver o nível de significância da faixa etária da população

universitária. Foi possível observar que o nível se significância foi maior que 0,05,

sendo assim possível ver que a faixa etária da população não teve diferença

significativa.

Tabela 11: Significância por faixa etária.

Chi-

Square

df Significância

P ( > 0,05)

Qual o nível de satisfação com seu corpo? 5,679 5 0,339

Qual o nível de satisfação com sua

aparência? 4,493 5 0,481

Qual o nível de satisfação com a sua saúde? 3,020 5 0,697

Para saber a significância entre as áreas da universidade manteve-se o Kruskal-

Wallis Test, no qual se resultou que as medias de pontuação de pelo menos um dos 7

grupos não eram iguais, realizando assim uma análise de pares (2 em 2) das áreas para

saber onde houve diferença significativa:

Nas áreas de agrárias e humanas, foi visível uma variável no nível de satisfação

com a saúde de p-valor 0,047, onde podemos afirmar que os alunos de agrárias

(7,64) estão mais satisfeitos que os de humanas (7,16).

Na área de engenharia e humanas, foi possível ver que o nível de satisfação com

a aparência foi de p-valor 0,047, e de p-valor 0,026 com relação a nível de

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

232

satisfação com saúde. Portanto as médias de pontuação entre os dois não são

iguais. Este dado indica que os alunos de humanas estão mais satisfeitos com a

aparência, já que a média foi de 7,27 contra 6,92, em contra partida os alunos de

engenharia (7,63) estão mais satisfeitos com a saúde do que os alunos de

humanas (7,16).

Na variável nível de satisfação com saúde nas áreas de humanas e saúde, o p-

valor foi 0,010. Os alunos da área da saúde estão mais satisfeitos do que os

alunos de humanas. Onde a área da saúde está com média de 7,62 e os de

humanas está com 7,16.

Variável entre as áreas de sociais aplicadas e humanas, o p-valor foi 0,000, onde

sócias aplicadas (7,81) estão mais satisfeitas que a área de humanas (7,16).

A correlação entre humanas e tecnologia, a significância com relação a

satisfação com a saúde foi p-valor 0,030, onde a área de tecnologia (7,61) se

encontra mais satisfeitos que a área de humanas (716).

Nas áreas de saúde e tecnologia, o nível de satisfação com a aparência é de p-

valor 0,026, portanto os alunos de tecnologia (7,51) estão mais satisfeitos do que

os alunos da área da saúde (7,12).

Com relação a nota que os alunos atribuíram para o nível de satisfação com o

corpo e aparência, observamos na tabela a seguir a nota mínima e a nota máxima,

concluindo assim que muitos alunos não estão satisfeitos consigo e também que muitos

estão muitas satisfeitos (TABELA 12).

Tabela 12: Pontuação para satisfação pessoal.

ÁREA N Mínimo Máximo Média

Agrárias Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 107 4 10 7,04

Qual o nível de satisfação

com sua aparência? 107 5 10 7,36

Engenharia Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 60 2 10 6,83

Qual o nível de satisfação

com sua aparência? 60 1 10 6,92

Exatas Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 21 2 10 7,29

Qual o nível de satisfação 21 3 10 7,05

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233

com sua aparência?

Humanas Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 82 0 10 6,48

Qual o nível de satisfação

com sua aparência? 82 0 10 7,27

Saúde Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 257 0 10 6,77

Qual o nível de satisfação

com sua aparência? 257 1 10 7,12

Sociais

aplicadas

Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 300 0 10 6,90

Qual o nível de satisfação

com sua aparência? 300 0 10 7,37

Tecnologia Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 94 0 10 6,97

Qual o nível de satisfação

com sua aparência? 94 0 10 7,51

Na tabela 13, observa-se a correlação entre o sexo da população nas notas

atribuídas. Podemos observar que para ambos os sexos há grandes variações.

Tabela 13: Correlação entre satisfação pessoal e sexo.

ÁREA N Mínimo Máximo Média

Masculino Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 366 0 10 7,11

Qual o nível de satisfação

com sua aparência? 366 0 10 7,37

Feminino Qual o nível de satisfação

com seu corpo? 555 0 10 6,69

Qual o nível de satisfação

com sua aparência? 555 0 10 7,20

Com relação aos padrões de beleza que a mídia impõe na sociedade os

resultados obtidos foram interessantes. Observamos as seguintes informações: 212

alunos são de alguma forma a favor e 710 alunos não são a favor desses padrões.

Quando analisamos as respostas observamos que essa maioria que diz não seguir

a mídia relata que acham exagerados, preconceituosos, desnecessários, inalcançáveis,

agressivos e nocivos à saúde. Se pararmos para pensar nos padrões que nos sãos

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

234

impostos, vemos que há certo exagero e falta de preocupação com a saúde, onde é

sempre necessário ser magra não pela saúde e sim pela aparência. Nos mostram sempre

tratamentos cirúrgicos para modificarmos nossos corpos, no qual na maioria das vezes

não é necessária esta alteração. As pessoas acabam sendo induzidas por esses padrões,

seja um simples batom, uma aplicação de botox ou até cirurgias de alto risco a saúde.

Porém, também tivemos como respostas dos estudantes que estes não seguem os

padrões por falta de tempo e dinheiro, observando então que eles querem sim seguir

estes modelos.

Existem padrões que são mostrados pela mídia que podemos seguir

tranquilamente, como por exemplo uma alimentação saudável, uma roupa que está na

moda, gostos musicais, coisas simples que não prejudicam a nossa saúde.

Com relação aos alunos que dizem seguir os padrões, uma boa parte deles

respondeu que seguem para não serem excluídos da sociedade. Com esta afirmação,

vemos que há uma preocupação com relação ao que as pessoas pensam umas das outras.

Outra parte diz seguir estes padrões impostos pela mídia pois melhora a auto-estima, se

sentem bem, e que funciona como incentivo para ter uma vida melhor. Os mesmos

participantes que pensam assim, afirmaram também que, os padrões são exagerados e

abusivos.

Nenhuma das respostas obtidas com relação aos que seguem os padrões

disseram que seguem à “risca” o que os é imposto, apenas seguem a parte saudável

desses padrões, como prática de atividades físicas, alimentação e modas.

CONCLUSÃO

Após a análise dos dados coletados concluiu-se que, a preocupação da população

em análise é de fato maior com a saúde, porém mostrou dar mais importância em seu

dia-a-dia com a aparência. As mulheres se preocupam mais tanto com sua saúde como

estética. Os homens estão mais satisfeitos com o próprio corpo.

A maior preocupação da população em analise com relação ao corpo está

relacionada basicamente em cirurgias plásticas estéticas, aonde a prótese mamária vem

com maior frequência, corroborando com o apresentado pela mídia como padrão

estético.

De uma forma geral os resultados obtidos na amostra toda foram de resultados

significativos e importantes para saber o que a população jovem pensa e como está

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

235

agindo com relação às alterações estéticas e padrões de beleza impostos pela mídia. A

maioria dos estudantes não segue os padrões de beleza exagerados que a mídia nos

impõe, mas se preocupam se estão “encaixados” na sociedade com relação à beleza.

REFERÊNCIAS

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1, jan. 2009.

ANDRADE, NS, GONÇALVES, CM, BRETAS, SM. Padrões estéticos e transtornos

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http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0804.pdf. Acesso em 27/10/2014. 2011.

BOHM, Camila Camacho. Um peso, uma medida. O padrão de beleza feminina

apresentado por três revistas brasileiras. São Paulo: Uniban, 2004. 100p.

BRAGA, PD, MOLINA, MCB, CADE, NV. Expectativas de adolescentes em relação

a mudanças do perfil nutricional. Rev.Ciência e Saúde Coletiva. 12(5), p.1221-1228,

2007.

FERREIRA, FR, Algumas considerações acerca da medicina estética. Rev.Ciência e

Saúde Coletiva. 15(1), p. 67-76, 2010.

PUELKER, SMC.Ícones da estética: um apanhado histórico. Rev. Personalité. Ano

XIV. Nº 73. 2011.

SABA, Fabio. A importância da atividade física para a sociedade e o surgimento

das academias de ginástica. Rev. Brasileira de Atividade Física e Saúde. Vol. 3, nº 2.

1998.

SAMULSKI, DM, NOCE, F. A importância da atividade física para a manutenção

da saúde e os principais fatores que motivam professores, alunos e funcionários de

duas universidades brasileiras a praticarem exercícios. Rev. Brasileira de Atividade

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TASSITANO, RM, BEZERRA, J, TENORIO, MCM, COLARES, V, BARROS, MVG,

HALLAL, PC. Atividade física em adolescentes brasileiros: uma revisão sistemática.

Rev. Bras. Cineantropom Desempenho Hum. 2007; 9:60-5.

VIEIRA, Isabela. Adolescentes com peso normal acham-se gordas. Diário da saúde,

2010.

WITT, JSGZ, SCHNEIDER, AP. Nutrição Estética: valorização do corpo e da beleza

através do cuidado nutricional. Rev. Ciência e Saúde Coletiva. 16(9), p.3909-3916,

2011.

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236

MELANOMA E O USO DE FILTRO SOLAR COMO FORMA DE

PREVENÇÃO

MELANOMA AND THE USE OF SOLAR FILTER AS A FORM OF PREVENTION

Tânia Cristina Labs

12

Rosália Hernandes Fernandes Vivan13

Talita Oliveira da Silva14

Mylena Cristina Dornellas da Costa4

RESUMO

A incidência de melanoma tem aumentado na população branca. Vemos como prevalência a íntima

relação com a patogênese desencadeada entre outros fatores por riscos ambientais como a exposição de

raios solares desde a infância, de forma acumulativa de doses elevadas de radiação ultravioleta, que

podem causar um dano maior a pele como o câncer. Sendo, portanto responsáveis pelo envelhecimento

precoce e manchas na pele. A prevenção bem como o diagnóstico precoce tem proporcionado uma

diminuição do número de óbitos promovidos pela doença. Perante a relevância que é prevenção

objetivamos este trabalho, visando fomentar a utilização do filtro solar como forma de prevenção. Para

tanto buscamos conceituar a discussão mediante busca de material bibliográfico para fundamentar a

discussão sobre o tema.

Palavras-chave: Filtro solar. Radiação ultravioleta. Prevenção. Raios solares. Câncer de pele.

ABSTRACT

The incidence of melanoma has increased in the white population. We see as prevalence the intimate

relationship with the pathogenesis triggered among other factors by environmental risks such as the

exposure of solar rays from childhood, in a cumulative form of high doses of ultraviolet radiation that can

cause a greater damage to the skin like cancer. Being therefore responsible for the premature aging and

blemishes on the skin. Prevention as well as early diagnosis has provided a decrease in the number of

deaths promoted by the disease. Given the importance of prevention, we aim to promote the use of

sunscreen as a prevention method. For this, we seek to conceptualize the discussion by searching for

bibliographical material to substantiate the discussion about the theme.

Keywords: Solar filter. Ultraviolet radiation. Prevention. Sun rays. Skin cancer.

12 Mestre em Educação e Saúde - Faculdade Medicina de Marília, Docente do Programa de Pós-Graduação Estética Corporal e

Facial do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR. 13 Mestre em Patologia Experimental - Universidade Estadual de Londrina, Docente do Programa de Pós-Graduação Estética

Corporal e Facial e Farmacologia do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR. 14 Especialista em Estética Facial e Corporal - Universidade Paranaense Unipar e Docente do Curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR. 4Mestre em Biotecnologia, Docente do Curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.,

Docente do Programa de Pós-Graduação Estética Corporal e Facial do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR, Docente do Programa de Pós-Graduação Cosmetologia Clínica do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

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237

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento deste trabalho teve como disparador de estudos sobre a ligação entre

a utilização do protetor solar como forma de prevenção do melanoma. O melanoma faz

parte do grupo de tumores malignos dos melanócitos que pode apresentar metástases

linfogênicas e hematogênicas. A prevenção através de filtro solar tem se mostrado

eficaz principalmente na utilização precoce, ou seja, desde a infância.

Compreender a patogênese facilita o entendimento em relação à utilização do filtro

solar, sendo esta uma forma de diminuir o número de casos da doença.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada através da revisão bibliográfica tendo como fonte

artigos científicos e livros e uma limitação temporal de edição do ano de 2005 a 2016,

tumores de pele não melanomas foram excluídos do referencial teórico deste trabalho.

DESENVOLVIMENTO

O câncer de pele melanoma é responsável por 4% das neoplasias

malignas. Este tipo de neoplasia tem origem nos melanócitos.

Melanócitos: Os melanócitos provêm da crista neural e migram

para a epiderme durante o desenvolvimento embrionário. Cerca de 10% das células da

camada basal são melanócitos. Nos melanócitos é produzida a melanina, pigmento mais

importante da pele, mas que também é encontrado na retina, cóclea e na substância

cinzenta cerebral (OLIVEIRA FILHO, 2001).

Melanogênese: A síntese do melanócito denominada

melanogênese, inicia-se com a tirosina, que por meio da ação da enzima tirosinase é

dissociada em dopa e dopaquinona. Passando por outros produtos intermediários, são

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238

produzidas duas formas de melanina: a eumelanina e a feomelanina (RÖCKEN et al.,

2014).

No complexo de golgi, a melanina é armazenada em melanossomos e

após, via de expansões celulares longas é cedida aos queratinócitos. Um melanócito

pode abastecer de melanina, cerca de 30 a 40 queratinócitos (CHORILLI, 2006).

Disposição dos melanossomos nos queratinócitos é variável em

relação a pessoa de pele clara e escura.

As distintas cores da pele se devem diferenças sutis na melanogênese.

Elas dependem da estrutura bioquímica da melanina e dos melanossomos, mas não da

quantidade de melanócitos.

Os cabelos castanhos ou pretos contêm eumelanina, ao passo que a

coloração loura e avermelhada do cabelo deve-se a presença da feomelamina. Nos

cabelos ruivos, ocorre adicionamento tricominas (RÖCKEN et al., 2014).

A eumelanina fornece proteção contra radiação ultravioleta (UV),

promove o que denomina um “efeito guarda-sol” mecânico, protegendo as células

melanócitos de lesão em seu ácido desoxirribonucleico (DNA) dos efeitos nocivos da

radiação ultravioleta (CALLEGARI, 2006).

Filtro solar: Décadas atrás, as nações egípcias, gregas e romanas

tinham como padrão de beleza a pele clara, sendo esta considerada como marca de

nobreza, pois a classe social inferior a nobreza, não tinham tal alvura já que os trabalhos

manuais eram realizados em exposição à radiação solar (NASCIMENTO, 2008).

Entretanto com a modernização e a revolução Industrial aconteceu

uma grande transformação no comportamento das pessoas, introduzindo um novo

padrão de beleza onde a pele bronzeada representava a saúde. Na década de 1930, este

padrão de beleza se tornou mais evidente através da estilista Coco Chanel que propagou

o bronzeamento da pele em seus trabalhos (NASCIMENTO, 2008). Desde então teve

início em paralelo a preocupação com os efeitos oriundos da exposição à radiação solar,

desta forma ocorreu um aumento de pesquisas sobre o assunto, originando na produção

do primeiro protetor solar, uma emulsão composta por cinamato de benzila e salicinato

(CALLEGARI, 2006).

E assim outras substâncias foram sendo manipuladas com o objetivo

de absorver a radiação ultravioleta e transformá-la em uma forma que não seja

prejudicial à pele ou mesmo a radiação ultravioleta.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

239

Os filtros solares podem ser classificados em: filtros solares físicos e

filtros solares químicos.

Em relação aos filtros solares físicos, são produzidos com substância

de origem mineral, como o óxido de zinco (ZnO ) ou dióxido de titânio (TiO2), sendo o

efeito deste filtro a absorção ou refração da radiação ultravioleta (FLOR et al., 2007). A

composição dos filtros solares químicos se difere dos físicos, pois são compostos por

substâncias formadas por moléculas orgânicas que tem capacidade de absorver a

radiação ultravioleta e transformá-la em radiação inofensiva ao ser humano

(CALLEGARI, 2006).

A utilização de filtro solar promove se utilizada sistematicamente e

principalmente precocemente em relação à idade cronológica do indivíduo, uma

atenuação dos efeitos nocivos da radiação como: envelhecimento precoce de pele, mas

principalmente do surgimento de células cancerígenas promovida de mutações no DNA

celular dos melanócitos.

A relação intensiva de exposição à radiação e a cor da pele favorece

ao surgimento de mutações no genoma celular, ou seja, no DNA celular.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vemos a evidência através desse trabalho que o protetor solar atua na

patogênese, atenuando fatores de riscos ambientais dentre eles a radiação ultravioleta,

que tem efeito nocivo se o indivíduo se expuser a ela por um período cronológico

sistemático e sem proteção. Doses elevadas e intermitentes de radiação ultravioleta

desde a infância podem promover principalmente em pessoas de pele clara e ruiva,

alterações no DNA celular, desencadeando a formação de células cancerígenas, como

tumores dos melanócitos, tendo como exemplo o melanoma.

Pessoas de pele clara possuem em menor quantidade a eumelanina,

tornando-as mais propensas a lesão celular no DNA. Portanto a utilização de protetor

solar deve ser indicado a todas as pessoas como forma de prevenção a danos da pele

dentre eles ao dano no genoma celular e, portanto na promoção do câncer de pele como

o melanoma. Ressaltamos que este trabalho apenas salientou a patogênese do tumor dos

melanócitos o melanoma, relacionando-o ao fator de risco ambiental ligado à radiação

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

240

ultravioleta, não menos importante outros fatores da patogênese devem ser

considerados.

O filtro solar é uma das principais formas fotoprotetoras que deve ser

utilizada sistematicamente. Tornando-se, portanto o seu uso de grande relevância nos

cuidados com a pele. Não só como forma de prevenção ao câncer de pele, mas também

de outras lesões oriundas da radiação solar.

REFERÊNCIAS

CALLEGARI, I.C. Fotoprotetores II. In: GARCIA, B.G.B.C.; STALKED, E.V.R.S;

VIEIRA, IR; CALLEGARI, I.C.; CALDAS, L.S.C.; MENDES, P.H.O.; TAVARES,

R.F.C.; XAVIER, Z.N. Cosmiatria: Manual Dermatológico Farmacêutico. 1ª edição.

Guarapuava: Grafael, 2006, cap. 9, p.235-289.

CHORILLI, M.; UDO, M.S.; CAVALLINI, M.E.; LEONARDI, G.R. Desenvolvimento

e estudos preliminares de estabilidade de formulações fotoprotetoras contendo Granulux

GAI-45 TS®. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 27, n. 3, p. 237-246, 2006.

FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A. Protetores Solares. Quim.Nova,

Araraquara, v.30, n.1, p.153-158, 2007.

NASCIMENTO, M.S. Proteção solar: mercado quente. Revista de Negócios da

indústria da Beleza – Edição temática: Proteção Solar, n. 7, p.7-8, 2008.

OLIVEIRA FILHO, J. Estrutura e função da pele. In: CUCÉ, L.C.; NETO, C.F.

Manual de dermatologia. 2 a edição. São Paulo: Atheneu, 2001, cap. 1, p. 1-11.

RÖCKEN, Martin et al. DERMATOLOGIA: Texto e Atlas. Porto Alegre: Artmed,

2014. 406 p.

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241

O USO DE FOTOPROTETORES NA PREVENÇÃO DO ENVELHECIMENTO

CUTÂNEO

THE USE OF PHOTOPROTECTORS IN THE PREVENTION OF CUTANEOUS

AGING

Pryscilla Ayhumi Aymori Martelli1

Talita Oliveira da Silva2

RESUMO

O envelhecimento é um processo dependente do tempo, deteriorativo, progressivo e irreversível,

influenciado por fatores intrínsecos e principalmente extrínsecos como o fotoenvelhecimento. Ocorre

simultaneamente por todo o corpo, mas é clinicamente evidenciado pela pele. A pele envelhecida tem

sinais como rugas, rugosidade, palidez, manchas e perda de elasticidade. Embora dependamos da luz do

Sol para regular nosso ritmo circadiano, sintetizar vitamina D e estabelecer rotinas sociais, o Sol emite

radiação ultravioleta capaz de desequilibrar a homeostase e destruir a arquitetura histológica da pele,

causando fotoenvelhecimento que tem efeito cumulativo responsável por cerca de 85% do

envelhecimento clínico observado. O Brasil é um dos países com as mais altas incidências de radiação

solar, onde torna-se quase impossível não se expor ao Sol. Portanto, a maneira preventiva mais eficaz de

evitar o fotoenvelhecimento é usar filtros solares orgânicos e inorgânicos, disponíveis nos fotoprotetores

de cosméticos.

Palavras-chaves: Pele, Fotoenvelhecimento, Prevenção, Filtro Solar.

ABSTRACT

Aging is a time-dependent, deteriorating, progressive and irreversible process, influenced by intrinsic and

mainly extrinsic factors such as photoaging. It occurs simultaneously throughout the body, but is

clinically evidenced by the skin. Aged skin has signs like wrinkles, roughness, pallor, blemishes and loss

of elasticity. Although we rely on sunlight to regulate our circadian rhythm, synthesize vitamin D, and

establish social routines, the sun emits ultraviolet radiation capable of unbalancing homeostasis and

destroying the histological architecture of the skin, causing photoaging that has a cumulative effect

accounting for about 85% of observed clinical aging. Brazil is one of the countries with the highest

incidence of solar radiation, where it is almost impossible not to expose to the Sun. Therefore, the most

effective preventive way to avoid photoaging is to use organic and inorganic sunscreens, available from

photoprotectors of cosmetics.

Keywords: Skin, Photoaging, Prevention, Solar Filter.

____________________________________________

¹ Professora Especialista em Docência no Ensino Superior, docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

² Professora Coautora docente do curso de estética e cosmética Unifil Londrina PR

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242

INTRODUÇÃO

O atual aumento da expectativa de vida dos brasileiros faz com que os mesmos

se preocupem em manter uma aparência jovem por mais tempo. Envelhecer é um

processo tempo dependente que ocorre naturalmente em todos os seres humanos e é

percebido principalmente na pele. A pele é maior e mais pesado órgão do corpo humano

sendo responsável pela aparência externa de todos os indivíduos. Seu aspecto influencia

diretamente nosso comportamento físico e relacionamento psicossocial.

O processo de envelhecimento é influenciado por fatores intrínsecos que

podem ser chamados de cronológicos, sendo inevitável, e já esperado biologicamente.

Já os fatores extrínsecos do envelhecimento são causados principalmente pelo

fotoenvelhecimento ou exposição solar em função da radiação ultravioleta que possui

efeito cumulativo responsável por cerca de 80 a 90% do envelhecimento clínico

observado.

Os danos solares podem ser prevenidos através do uso correto de filtros

solares. Os filtros solares são ativos farmacêuticos fotoprotetores de caráter orgânicos e

inorgânicos encontrados em cosméticos fotoprotetores disponíveis no mercado

brasileiro em diversas apresentações cosméticas.

DESENVOLVIMENTO

Pele

A pele possui uma função estética e sensorial responsável pela atração física e

social dos indivíduos. Suas características influem diretamente na vida (HARRIS,

2003), além disso, seu aspecto está associado diretamente à saúde (VIEIRA, 2007). Ela

proporciona uma cobertura para o corpo e é contínuo com as membranas mucosas ao

nível do ânus, orifícios externos do sistema urogenital, mucosas do sistema respiratório

e gástrico ao nível do nariz e lábios, bordas e região interna das pálpebras, meato

auditivo externo além de recobrir a superfície externa da membrana timpânica

(GARTNER; HIATT, 2007).

O tegumento é o maior e mais pesado órgão do corpo humano, composto por

duas camadas, a epiderme, que é externa, composta por epitélio estratificado

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

243

pavimentoso queratinizado derivado do ectoderma, e a derme, situada logo abaixo da

epiderme, composta de tecido conjuntivo denso não modelado derivado do mesoderma.

Logo abaixo da pele temos a hipoderme que é formada por tecido conjuntivo frouxo e

que não faz parte da pele, mas constitui a mesma em seu conceito anatômico cobrindo

todo o copo em diferentes quantidades (GARTNER; HIATT, 2007).

Os folículos pilosos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e unhas são

anexos e derivados da pele e provêm funções especializadas de proteção e sensibilidade

(FITZPATRICK, 2011). A pele contém ainda receptores de estímulos de dor, pressão,

toque e temperatura sendo o maior órgão sensitivo do corpo humano (ZHANG, 2001).

Dentre as diversas funções da pele a mais importante é a de formar barreira de

proteção entre o meio interno e o meio externo do organismo, protegendo o corpo de

agressões físicas, químicas e biológicas do ambiente (FITZPATRICK, 2011). Além da

proteção ela é responsável pela percepção sensorial, excreção de suor, absorção da

radiação ultravioleta, regulação da temperatura corporal, síntese de vitamina D, defesa

imunológica do organismo e forma uma barreira impermeável à água e outros

compostos (GARTNER; HIATT, 2010), possui capacidade de regeneração e cura

ferimentos além de ser a principal aparência física externa dos indivíduos

(FITZPATRICK, 2011).

Podemos classificar a pele em espessa ou delgada de acordo com a espessura

da epiderme. A epiderme espessa reveste as palmas das mãos e as plantas dos pés. Essas

regiões recebem o nome de pele glabra e apresentam cinco camadas: estrato córneo,

estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal. Enquanto a pele

delgada e as demais regiões do corpo apresentam apenas três ou quatro dessas camadas

(GARTNER; HIATT, 2010). A epiderme é composta por quatro tipos de células: os

queratinócitos, os melanócitos, as células de Langerhans e as células de Merkel

(GARTNER; HIATT, 2010). A pele espessa é desprovida de folículos pilosos e

glândulas sebáceas, em contrapartida a pele delgada não apresenta estrato lúcido e o

estrato granuloso também não é encontrado em todas as regiões da pele delgada

(GARTNER; HIATT, 2007).

A derme está localizada entre a epiderme e a hipoderme e se divide em duas

camadas, uma superficial denominada papilar e outra profunda chamada de reticular.

Diferentemente da epiderme a derme apresenta um sistema de rede de vasos sanguíneos,

vasos linfáticos e nervos (FITZPATRICK, 2011). Possui também uma malha fibrosa

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

244

tridimensional que tem por função promover resistência de tensão e tração de todas as

direções, composta por fibras colágenas (ZHANG, 2001).

Residem na derme as células: fibroblastos, macrófagos e mastócitos

(FTIZPATRICK, 2011). Possui ainda nervos receptores tais como as inúmeras

terminações nervosas livres que são receptores de estímulos sensoriais além de

Corpúsculos de Meissner, Vater-Pacini, Krause e Ruffini (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

2008).

Envelhecimento

O homem, como todos os organismos multicelulares, possui um tempo limitado

de vida que pode ser divido em três fases de acordo com as mudanças fisiológicas que

decorrem com o tempo. A primeira fase á a de crescimento e constitui no

desenvolvimento dos órgãos e aquisição de habilidades funcionais. A segunda é a fase

de reprodução caracterizada pela capacidade do indivíduo se reproduzir garantindo a

evolução e perpetuação da espécie. E por último temos a fase do envelhecimento onde

ocorre um declínio da capacidade funcional do organismo, porém tais perdas aparecem

ainda antes da fase adulta, pois não há uma separação rígida entre essas três fases

(HARRIS, 2003).

O envelhecimento trata-se de uma deterioração tempo dependente progressiva

do organismo e decorrente de alterações moleculares e celulares que desencadeiam

alterações orgânicas levando a diminuição funcional da capacidade dos órgãos do corpo,

incluindo a pele, em executarem suas funções normais e de respostas adaptativas às

mudanças ambientais, resultando possivelmente em doenças e morte (MONTAGNER;

COSTA, 2009).

O envelhecimento cutâneo se manifesta geralmente a partir dos 30 anos de

idade, que é o período que a pele começa a perder sua capacidade de homeostase e

aumenta sua vulnerabilidade resultando em alterações estéticas (RIBEIRO, 2010). Entre

os 20 e 30 anos ocorre um aumento na perda de água pela pele, o que altera o nível de

hidratação. A diminuição de colágeno e elastina provoca a diminuição de firmeza e

resistência sendo a fase onde as primeiras rugas e manchas podem aparecer. A partir dos

30 e 40 anos os primeiros sinais da ação da gravidade se revelam e a pele se torna mais

seca, sensível e ocorre o aparecimento de linhas suaves na área dos olhos. Acima dos 40

anos de idade a pele se afina e diminui a secreção de sebo (KEDE; SABATOVICH,

2009).

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245

No processo de envelhecimento cutâneo ocorre um declínio lento progressivo do

funcionamento, respostas adaptativas, sistema de defesa e arquitetura estrutural da pele

que muitas vezes é agravado por lesões ambientais, tais como a exposição solar. A

genética, o tipo de pele, a senescência celular, o dano ao DNA, o dano oxidativo, os

hábitos alimentares, os vícios, enfim, diversos fatores intrínsecos e extrínsecos estão

envolvidos no processo de envelhecimento da pele (FITZPATRICK, 2011).

O envelhecimento intrínseco também conhecido como envelhecimento

cronológico, genético ou biológico esta atribuído à passagem do tempo e se manifesta

por alterações fisiológicas que causam declínio funcional do organismo,

consequentemente maior vulnerabilidade às doenças e danos (FITZPATRICK, 2011) e

atinge igualmente todos os órgãos incluindo a pele (VIEIRA, 2007).

Existe uma relação inversamente proporcional entre a taxa metabólica e a vida

de um organismo. Todos os indivíduos estão susceptíveis a esse envelhecimento tempo

dependente, porém de maneira individual, uma vez que a genética, o fototipo, as

respostas imunes entre outros interferem intimamente neste processo (RIBEIRO, 2010).

O envelhecimento extrínseco esta atribuído a hábitos individuais que podem

retardar ou acelerar a mortalidade (RIBEIRO, 2010). A alimentação, a prática regular de

atividades físicas, o consumo moderado de bebidas alcoólicas como o vinho tinto, pode

ser capaz de postergar o envelhecimento e contribuem diretamente no aumento da

qualidade de vida do indivíduo (Sociedade Brasileira de Dermatologia, 2012),

aumentando expectativa de vida em até 14 anos (RIBEIRO, 2010).

Além de todas as mudanças clínica resultantes do processo do envelhecimento

cronológico, no processo de envelhecimento extrínseco outras alterações como manchas

escuras ou hipocromicas, rugas profundas e telangiectasias contribuem para o aspecto

envelhecido da pele (RIBEIRO, 2010).

Radiação Solar e interação cutânea

De acordo com Fitzpatrick (2011), as radiações visíveis e ultravioleta (UV) se

incidem na superfície da pele onde parte destas radiações é refletida e se espalham, seja

de maneira direta, em nível epidérmico ou em nível dérmico. Outra parte é absorvida

pelos cromóforos da pele em várias camadas e uma terceira parte se transmite para

camadas profundas até que a energia do feixe incidente tenha se dissipada. Uma

pequena fração de radiação é absorvida e reemitida em comprimentos de onda longos

com florescência.

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246

A radiação visível e UV são capazes de produzir alterações bioquímicas e

celulares levando a uma resposta clínica agudas: bronzeamento e queimaduras que

acontecem em curto prazo e crônicas: fotoenvelhecimento e câncer que ocorrem em

longo prazo. O DNA, as proteínas e outros componentes epidérmicos absorvem ondas

com comprimento menor que 320 nm. A radiação UVA chega até a derme papilar e é

mais penetrante que a UVB. Apenas 15% da radiação UVB é capaz de atingir a camada

basal (FITZPATRICK, 2011).

As radiações UVB e UVA interagem de diferente maneira no nosso organismo

sendo capazes de induzir eritema e pigmentação. A pigmentação ou bronzeamento pode

ser classificado como bronzeamento imediato (BI) também chamado fenômeno de

Meirowsky, que é produzido minutos após a exposição solar e persiste até 24 horas, ou

bronzeamento tardio (BT) que se iniciam após 2-3 dias de exposição e tem duração

média em semanas a meses, neste caso ocorre a melanogênese e a transferência da

melanina aos queratinóticos. A radiação UVB tem uma capacidade 1.000 vezes maior

de induzir eritema se compararmos com a radiação UVA (KEDE; SABATOVICH,

2009).

A exposição à radiação UV é capaz de induzir a diminuição da concentração de

antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos como alfa tocoferol, ubiquinol, glutationa,

ácido ascórbico e catalase. Além de estimular a perda de água transpidermal, alterar as

funções morfológicas e imunes da pele local, diminuir o número de células de

Langerhans, deprimir a atividade celular natural killer, alterar a microcirculação

cutânea, induzir eritema, agravar as hipercromias e promover a hiperqueratinização

(RIBEIRO, 2010).

Exposição solar e o fotoenvelhecimento

A exposição solar é a principal causa do envelhecimento extrínseco,

responsável por cerca de 80 a 90% total do envelhecimento observado na pele

(STEINER, 2007). O fotoenvelhecimento se dá em função da radiação

ultravioleta (FITZPATRICK, 2011) e é notável principalmente nas áreas que ficam mais

expostas como face, mão e braços (RIBEIRO, 2010). A exposição à radiação solar

provoca um processo cumulativo progressivo de deterioração (MONTAGNER;

COSTA, 2009). Os danos solares referentes a duas primeiras décadas de vida se

manifestarão e serão observados clinicamente no futuro ao longo da vida. Não é

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247

impossível reverter o envelhecimento, uma vez instalado, o que podemos fazer é

melhorar a aparência minimizando o aspecto típico desta fase da vida (RIBEIRO, 2010).

A maioria da absorção da radiação ultravioleta A (UVA) resulta no dano

oxidativo levando à geração de espécies reativas de oxigênio e radicais livres. E a

radiação ultravioleta B (UVB) é diretamente absorvida pelo ácido desoxirribonucleico

(DNA) celular (FITZPATRICK, 2011).

O fotoenvelhecimento ou dermatoheliose é caracterizado por aspereza, rugas

profundas, púrpuras, atrofia epidérmica, áreas fibróticas despigmentadas, alteração na

matriz extracelular (VIEIRA, 2007), irregularidade na pigmentação, sardas, lentigos,

endurecimento, telangiectasias, ressecamento e perda da elasticidade. Histologicamente

a pele apresenta uma derme com fibras de colágenos degradadas e desorganizadas,

acúmulo de material elástico alterado e proteoglicanos, além de anormalidades

qualitativas e quantitativas (FITZPATRICK, 2011). Estudos demonstraram que a

incidência de radiação solar sobre a pele causa efeitos negativos e o envelhecimento

prematuro, contudo o uso de fotoprotetor é primordial para a manutenção e prevenção

do fotoenvelhecimento (ANVISA, 2010).

Protetor Solar

De acordo com Kede e Sabatovich (2009), o primeiro protetor solar

comercialmente disponível surgiu em 1936 na França, desenvolvido por Eugene

Schueller fundador da L’Oreal. Em 1940, a FDA (Food and Drug Administration, USA)

passou a regulamentar os produtos com substâncias fotoprotetoras. Logo depois, em

1941, o PABA (ácido para-aminobenzóico) foi patenteado, tornando-se a substância

mais encontrada nos protetores solares. Entretanto na década de 1970, os produtos

PABA-free ganharam grande projeção tendo em vista a grande incidência de reações

alérgicas ao mesmo.

Filtros solares são substâncias capazes de absorver, refletir e dissipar a radiação

no espectro UV. Mundialmente existem três nomenclaturas utilizadas nos ativos UV

presente nos protetores, sendo que no Brasil vigora a INCI (International Nomenclature

of Cosmetics Ingredients), a mesma utilizada na União Europeia, enquanto que nos

Estados Unidos se utiliza a FDA (Food and Drug Administration) (KEDE;

SABATOVICH, 2009).

Podemos classificar os protetores solares de acordo com seus mecanismos de

ação. Seguindo essa linha de raciocínio podemos dividi-los em duas categorias

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principais, os filtros orgânicos ou filtros químicos e inorgânicos ou físicos. Outra

classificação pode ser a despeito do espectro de absorção em que divide os filtros em

absorvedores e refletores/refratores de radiação UVA e/ou UVB (RIBEIRO, 2010).

Tendo em vista essa última forma de classificação, pode se dizer que os filtros

orgânicos são os absorvedores de radiação e dos filtros inorgânicos são refletores de

radiação (FLOR et al., 2007).

Fator de Proteção UVB e UVA

O FPS (Fator de Proteção Solar) foi desenvolvido pelo austríaco Franz Greiter

em 1962 e adotado nos Estados Unidos em 1978 (FITZPATRICK, 2011). Consiste na

única medida atualmente padronizada no mundo (DRAELOS et al., 2009), se refere

primordialmente a proteção contra radiação UVB tendo como ponto de aferição o

eritema, definido pela razão entre a dose de eritema mínima de uma pele protegida e a

dose de eritema mínima de uma pele desprotegida.

O fator de proteção UVA ou PPD (Persistente Pigment Darkening) é definido

como a razão entre a dose de pigmentação mínima na pele protegida e a dose de

pigmentação mínima na pele sem proteção sendo avaliado após 3 a 24 horas.

Diferentemente do método de avaliação para radiação UVB, ainda não existe um

método aceito mundialmente como padrão de avaliação de proteção contra radiação

UVA afirma (FITZPATRICK, 2011). Segundo Kede e Sabatovich (2009), como a UVA

quase não provoca eritema, os efeitos mais visíveis e mensuráveis da UVA é a

pigmentação cutânea imediata ou fenômeno de Meirowsky.

Classificação de filtros solares

De acordo com Ribeiro (2010), filtros físicos ou inorgânicos são aqueles

compostos por pós inertes e opacos. Os mais importantes e mais utilizados são o oxido

de zinco e dióxido de titânio. Também são utilizados com menor frequência o cério,

talco, caulim e zircônio entre outros. Tais substâncias protegem através de sua

deposição sobre a pele e agem refletindo ou dissipando a radiação que incide sobre a

mesma. Contudo há o inconveniente inestético, pois confere um visual branco difícil de

ser disfarçado (RANGEL; CORREA, 2002).

CABRAL et al. (2011) apud SALGADO et al. (2004) afirma que, tanto os

óxidos brancos quanto os óxidos coloridos absorvem determinados comprimentos de

onda e refletem radiação. Todavia, os óxidos coloridos amarelo, vermelho e preto

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249

absorvem algumas bandas de região visível, mas possui baixa absorção da região UV,

tornando-se menos eficientes como filtro físico.

Para FLOR et al. (2007), por apresentarem o menor potencial de irritação, os

filtros físicos representam a forma mais segura de se proteger, sendo recomendado para

crianças e pessoas sensíveis. Nas palavras de Kede e Sabatovich (2009), isso se dá, pois,

além de fotoestáveis, os bloqueadores inorgânicos são atóxicos, não penetrando no

extrato córneo da epiderme e, por conseguinte, não são absorvidos de forma sistêmica.

Draelos et al. (2009) conclui que os filtros químicos são aqueles capazes de

absorver, refletir e dissipar a radiação no espectro UV em comprimento de onda entre

290-900nm. Cabral et al. (2011) apud Draelos et al. (1999), ainda complementa que,

95% da radiação UV de comprimento entre 290-320nm são absorvidas pelos filtros

orgânicos. Essas substâncias trabalham absorvendo a radiação UV como fótons de

energia luminosa e as transformando em radiação inofensiva de comprimento longo

inofensiva ao ser humano que são reemitidos em forma de calor.

Segundo Ribeiro (2010), os filtros orgânicos são compostos aromáticos,

conjugados com um grupo carbonila. Na maioria dos casos possui um grupo doador de

elétrons (amina ou metoxila) na posição orto ou para do anel aromático. Os filtros

químicos, diferentemente dos filtros físicos tem a vantagem de formar filme totalmente

transparente após a aplicação.

CONCLUSÃO

Este trabalho buscou esclarecer e reforçar pontos que atualmente estão em

evidência sobre o fotoenvelhecimento através de pesquisas e revisões de literatura. Por

meio dele, foi possível estabelecer a importância do uso de filtro solares na prevenção

do fotoenvelhecimento. A evidência levantada sobre o processo de envelhecimento da

pele, do dano causado pela exposição à radiação solar e a importância do uso do filtro

solar como forma de proteção ao envelhecimento precoce, serve de base para

profissionais que atuam na área de estética e cosmética revejam suas práticas quanto à

indicação do uso de fotoprotetores.

O envelhecimento é um fato inevitável que atinge todos os indivíduos. Porém

sua apresentação clínica na pele é agravada prioritariamente pela fotoexposição.

Existem no mercado brasileiro apresentações cosméticas, designados protetores solares,

destinadas para proteção à radiação ultravioleta A e B que quando aplicado

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corretamente são capazes de dissipar e absorver a radiação solar ultravioleta de formar

efetiva e prevenir disfunções estéticas causadas pelo fotoenvelhecimento.

Espera-se com este trabalho estimular a realização de novos estudos que

possam ser definitivos que o uso do fotoprotetores como o melhor método preventivo

para o envelhecimento cutâneo.

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252

AÇÃO DOS ÁCIDOS KÓJICO E MANDÉLICO NO TRATAMENTO DO

MELASMA

REACTION OF KOJIC AND MANDELIC ACID ON MELASM TREATMENT

Alana Karina Bardasson¹

Cleicane Brene Pereira²

RESUMO

A procura por procedimentos estéticos está crescendo de forma constante, pois os padrões de beleza

influenciam de forma intensa as relações interpessoais, tendo a discriminação estética como um dos seus

principais problemas, ainda que pouco discutida, mas que pode gerar problemas pessoais e sociais. O

melasma é uma dermatose frequente, adquirida que surge em áreas expostas a radiação ultravioleta,

atinge principalmente mulheres e na maioria dos casos afeta a vida do indivíduo de forma negativa. São

poucos procedimentos com resultados satisfatórios e duradouros, tendo o peeling químico como uma das

formas de tratamento mais antigas, que se trata da aplicação de um ou mais ácidos na pele a fim de gerar

destruição seletiva das camadas de pele e em seguida regeneração do tecido,O objetivo do presente

trabalho foi verificar por meio de levantamento bibliográfico o efeito da ação dos ácidos Kójico e

Mandélico no tratamento do melasma, por meio de artigos científicos, TCC, sites e revistas científicas,

ambos de fontes confiáveis. Os alfahidroxiácidos Kójico e Mandélico possuem características

despigmentantes e diferentes mecanismos de ação, podendo ser utilizados no tratamento desta dermatose.

Seus efeitos no tratamento são significativos e se mostram duradouros quando se realiza a manutenção

correta.

Palavras-chaves: Melasma. Ácido Kójico. Ácido Mandélico. Peeling Químico.

ABSTRACT

The looking for esthetic procedures is constantly growing up, as the beauty patterns influence intensely

the interpersonal relations, having the esthetic discrimination one of its main problems, not discussed yet,

but able to create personal e social issues. The melasm is a frequent dermatosis, acquired and comes up in

areas exposed to UV radiation, strikes mostly women and usually it affects negatively in the individual

life. There are few procedures with satisfying and enduring results, the chemical peeling is one of the

most ancient procedures, which is the application of one or more acids on the skin in order to generate a

selected destruction of skin layer following with a regeneration of the tissue. The objective of the present

work was to verify by means of a bibliographical survey the effect of the action of Kojic and Mandelic

acids in the treatment of melasm, through scientific articles, TCC, websites and scientific journals, both

from reliable sources. The alpha-hydroxi-acids Kojic and Mandelic have depigmentantion characteristics

and differents action mechanism, it can be used for the treatment of this dermatosis. Its effects on the

treatment of melasm are significant and are long lasting when performed correctly.

Keywords: Melasm, Kojic Acid, Mandelic Acid, Chemical Peeling.

_____________________

¹ Esteticista e Cosmetóloga, e-mail: [email protected] ² Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, docente do Programa de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial e Curso

Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

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INTRODUÇÃO

O profissional da estética lida com a saúde e o bem-estar do indivíduo,

sendo estas questões delicadas que exigem dedicação e disciplina, ética, estudo e

responsabilidade. A estética pode ser conceituada atualmente como a ciência que busca

harmonia exterior tendo em mente que este é o reflexo do interior (GOMES, 2009).

Estudar, conhecer e definir os melhores recursos para tratamento de uma disfunção

confere ao profissional um leque de possibilidades e caminhos que levem a um melhor

resultado.

Em um mundo extremamente competitivo quanto à beleza física, a

aparência tornou-se algo de grande importância na sociedade atual, portanto, as

alterações inestéticas, principalmente faciais como o melasma, causam transtornos ao

bem-estar dos indivíduos, muitas vezes privando-o do convívio social.

O melasma, trata-se de uma hipercromia causada pela ação metabólica

dos melanócitos aumentada, atinge grande parte da população acarretando problemas de

auto-estima e insatisfação com a própria aparência.

Um dos recursos utilizados para melhorar a aparência e qualidade da

pele são os peelings químicos, estes que estão entre as mais antigas formas de

rejuvenescimento e são capazes de melhorar e/ou corrigir discromias pigmentares,

rugas, textura da pele, cicatrizes superficiais, bem como outras alterações da pele

provenientes do envelhecimento ou não. Os ácidos, considerados peeling químico, são

substâncias que possuem pH inferior ao da pele proporcionando esfoliação. Devem ser

utilizados de forma adequada para não acarretar problemas e/ou sequelas graves como

cicatrizes, infecções e discromias irreversíveis.

O ácido Kójico é considerado um excelente despigmentante por sua

ação antitirosinase, sendo muito utilizado para tratamento de hipercromias, assim como

o ácido Mandélico que também age na inibição da síntese de melanina, como também

na mancha já formada.

Os peelings químicos com ativos despigmentantes são uma excelente

proposta para tratamento de hipercromias em geral, são procedimentos que apresentam

bom resultado na melhora do aspecto das máculas, amenizando as irregularidades na

tonalidade da pele.

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DESENVOLVIMENTO

Anatomofisiologia da pele

A pele é considerada um dos maiores órgãos do corpo humano,

recobre toda a superfície corporal (BORGES, 2006), sua histologia é complexa

(ELDER, LEVER; 2011). Atua funcionalmente semelhante a um envoltório de proteção

ao meio externo, age como uma barreira evitando a penetração de substâncias estranhas

e nocivas ao organismo, como também controla a perda de fluidos corporais (ARAUJO;

MEJIA. 2014), faz a proteção do organismo contra os efeitos nocivos da radiação

ultravioleta, e atua na síntese de vitamina D (HARRIS, 2009).

É dividida em duas camadas que são funcionalmente

interdependentes, epiderme e derme. Composta por inúmeras células que possuem

diversas funções como: imunovigilância, metabolismo de nutrientes para reparo

(ELDER, LEVER; 2011), como também proteção contra perda de água excessiva,

contra atrito, atua na termorregulação e recebe estímulos do ambiente (BORGES, 2006).

Existe uma terceira camada, o tecido adiposo subcutâneo, não é

considerado parte da pele, mas além de ter relação anatômica, possui tendência a

responder juntamente com a pele a inúmeros processos (ELDER, LEVER; 2011).

Para HARRIS (2009), a pele exerce funções estéticas e sensoriais, tais

como a sensibilidade, maciez, coloração, aparência e odores, sendo tais funções as

responsáveis pela atração social e física de cada indivíduo.

A pele é o órgão mais evidente do corpo humano, atua como marcador

real da idade cronológica e tais alterações cutâneas adquiridas com o passar do tempo

atingem maiores dimensões do que a coloração e textura, é importante também para o

psiquismo do indivíduo, pois a pele está profundamente associada à atitude social,

sendo considerada parte fundamental da imagem pessoal passada aos outros indivíduos

(GOMES, 2009).

A epiderme, classificada como epitélio estratificado pavimentoso

queratinizado, é composta de células sobrepostas. A espessura da pele varia de acordo

com as regiões do corpo (BORGES, 2006) e está num constante processo de renovação,

que ocorre ao longo de vinte e oito dias (AUGUSTO, et al. 2009).

A epiderme contém cinco tipos de células que são histologicamente

distintas umas das outras, estas estão organizadas de forma a serem (ARAUJO; MEJIA.

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2014) divididas em cinco camadas, sendo estas: basal, espinhosa, granulosa, lúcida e

córnea (AUGUSTO, et al. 2009).

Possui como seus principais componentes os queratinócitos, que são

células especializadas na produção de queratina, porém, existem outras células

presentes, como os melanócitos, células de Langerhans e as células de Merkel. Não

apresenta rede vascular direta, portanto, é nutrida pela permeação de nutrientes

provenientes da derme através de capilaridade (HARRIS, 2009).

A derme é um tecido conjuntivo que serve de apoio à epiderme

(BORGES, 2006). Contém anexos cutâneos glandulares (glândulas sebáceas e

sudoríparas) e córneos (pelos e unhas), abriga nervos e terminações nervosas, vasos

sanguíneos e linfáticos (ARAUJO; MEJIA. 2014), é composta por substância

fundamental amorfa e fibroblastos que produzem colágeno e elastina, proteínas que dão

sustentação ao tecido (AUGUSTO, et al. 2009).

Melanócito

Os melanócitos são células dendríticas, sua função é a produção de

melanina, pigmento que dá a cor a pele e aos pelos (HARRIS, 2009). Não estão fixos na

epiderme como os queratinócitos pelos desmossomos, e quando há um pequeno

desnível na posição dos melanócitos em relação à camada basal, estes se projetam

ligeiramente em direção à derme (MIOT et al, 2009).

Figura 1 Disposição dos melanócitos na epiderme e sua leve projeção para a derme.

Fonte: MIOT et al, 2009.

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A melanina é constituída por um polímero nitrogenado insolúvel de

alto peso molecular, é extremamente densa e forma o pigmento que dá a cor a pele e

possui função protetora, de forma a filtrar e absorver as radiações ultravioletas. Em seu

processo de síntese o elemento inicial é a tirosina, considerada um aminoácido

essencial. Esta sofre atuação da enzima tirosinase (complexo enzimático cúprico-

proteico sintetizado nos ribossomos e armazenado nos melanossomas), na presença de

oxigênio molecular a tirosinase oxida a tirosina em dopa (dioxifenilalanina) e a mesma

em dopaquinona (MIOT et al, 2009).

A tirosinase é a principal enzima envolvida no processo de formação

da melanina, utiliza o cobre como co-fator e atua como responsável pela conversão de

tirosina em dopa e depois em dopaquinona (PONZIO, 2005).

A eumelanina é um pigmento marrom, polímero, alcalino e insolúvel,

a feomelanina é um pigmento amarelado, alcalino e solúvel, a síntese de ambas é

determinada pela presença ou ausência de cisteína (glutationa). Em sua ausência, a

dopaquinona é convertida em ciclodopa (leucodopacromo) e depois em dopacromo, este

é degradado em duas vias, a que forma DHI (dopa,5,6 diidroxiindol), encontrada em

maior proporção e outra que forma DHICA (5,6 diidroxiindol-2-ácido carboxílico) em

menor quantidade, sendo que este processo é catalisado pela dopacromo tautomerase

(enzima) e por fim os diidroxiindois são oxidados em eumelanina. Na presença de

cisteína ocorre reação da mesma com dopaquinona e gera 5-S-cisteinildopa, que é

oxidada e produz feomelanina (MIOT et al, 2009).

Melasma

Trata-se de uma hipermelanose comum, adquirida que surge em áreas

fotoexpostas (RITTER, 2011). O nome melasma tem origem derivada do grego

“melas”, cuja definição é negro (RIBEIRO, 2010), um outro termo menos utilizado é

cloasma, derivado de “cloazen”, também do grego, que tem como significado “ser

verde” (PONZIO, 2005).

A pele que apresenta melasma pode exibir um aumento de expressão

de receptores de estrógenos, portanto, essa discromia ocorre principalmente na classe

feminina, sendo mais rara nos homens (RIBEIRO, 2010), é comum o acometimento de

mulheres por essa dermatose em idade fértil, entre 30 aos 55 anos de idade (PONTES;

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257

MEJIA. 2015) A gravidade do melasma é determinado pela intensidade na coloração da

mancha, homogeneidade e extensão da mesma (RITTER, 2011).

Suas manifestações mais comuns acometem áreas como: região

frontal, malar, queixo e lábios superiores (RIBEIRO, 2010), sendo raramente

encontrada no nariz e pálpebras (PONTES; MEJIA. 2015). A área dos olhos é

raramente acometida por melasmas (HARRIS, 2009).

É caracterizado por máculas de coloração acastanhadas, claras ou

escuras, acomete principalmente a face e, ocasionalmente nos braços e colo. Possui

limites imprecisos e apresentam-se apenas em áreas expostas ao sol, com característica

simétrica (RIBEIRO, 2010), podem ser de intensidade variada desde o quase

imperceptível até muito acentuada (PONTES; MEJIA. 2015).

A hipercromia consiste na atividade metabólica dos melanócitos

aumentada, tais células apresentam mais prolongamentos e melanossomas, mas o

aumento mais significativo se dá na quantidade de melanina presente na epiderme e

derme. Na epiderme há maior acúmulo de melanina principalmente na camada basal e,

na derme, pode ser encontrada nos macrófagos presentes nas regiões médias e

superficiais da derme (RIBEIRO, 2010). Para Ikino (2013), na pele acometida pelo

melasma ocorre aumento da expressão do hormônio estimulador de melanócito-α (α-

MSH).

O hormônio α-MSH também é chamado de α-melanocortina,

composta por um neuropeptídeo de treze aminoácidos, é encontrado nos melanócitos,

macrófagos, neutrófilos, queratinócitos, células B e T, células natural killer e demais

células epiteliais. Ele possui alta afinidade com o receptor MC-1 (melanocortin

receptors ou receptor de melanocortina) que se encontra expresso na superfície de

células como os melanócitos, queratinócitos e fibroblastos, e desempenha um papel

importante na regulação da melanogênese e pigmentação da pele (TEMP, 2013).

Segundo Souza (2013), na pele o hormônio citado anteriormente atua

na síntese de eumelanina e regulação da proliferação e diferenciação dos melanócitos e

queratinócitos.

A radiação ultravioleta B, também chamada de UVB, atua

estimulando a síntese do hormônio estimulador de melanócito-α que ao se ligar ao

receptor MC-1 leva a proliferação dos melanócitos e ao aumento da síntese de melanina,

sendo que alguns achados imunohistoquímicos apresentam de forma sugestiva uma

intensa imunorreatividade deste hormônio na pele com melasma, considerando um dos

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

258

maiores fatores relacionados a origem da doença. Há evidências de expressão do

hormônio α-MSH na pele que possui melasma e que este é uma peça chave na

hiperpigmentação da mesma (LOZER; DAVID; 2013).

Segundo Ritter (2011), o surgimento do melasma está associado aos

níveis aumentados do hormônio estrogênio, devido a seu surgimento ou piora durante a

gestação, uso do anticoncepcional oral, terapia de reposição hormonal e período de

menopausa.

Estudos in vitro mostram que os melanócitos possuem receptores de

estrogênio e o hormônio estradiol aumenta os níveis de enzimas relacionadas a

melanogênese (RITTER, 2011). Supõe-se que o melasma pode ser induzido pelo

estrogênio e a presença de receptores para o mesmo na superfície dos melanócitos

estimula as células a sintetizarem melanina em maior quantidade (LOZER; DAVID;

2013).

São descritos na literatura três tipos de melasma de acordo com o local

de depósito do pigmento melânico, sendo eles: epidérmico, dérmico e misto, na maioria

dos casos o padrão é o misto (PONTES; MEJIA. 2015).

No melasma epidérmico ocorre uma concentração maior de melanina

na camada basal, dentro dos melanócitos e queratinócitos da epiderme, proporcionando

uma coloração acastanhada. No melasma dérmico os pigmentos melânicos são

encontrados na derme dentro do melanófagos, ou seja, macrófagos repletos de melanina

e o pigmento presente varia do castanho, azulado e até acinzentado (PONTES; MEJIA.

2015).

Segundo a distribuição das manchas existem três padrões clínicos do

melasma reconhecidos: centrofacial, malar e mandibular. O padrão centrofacial é o mais

comum, as áreas acometidas são a testa, as bochechas, lábio superior e mento, já o

padrão malar acomete as regiões malares e nariz, o padrão mandibular acomete o ramo

mandibular (PONTES; MEJIA. 2015).

As causas do melasma ainda são muito discutidas e dentre os fatores

potenciais existem: radiação ultravioleta, predisposição genética, gravidez, tratamentos

hormonais, cosméticos com efeitos hiperpigmentadores, estrógenos e possivelmente

progéstogenos também podem atuar no desencadeamento do melasma (ARAUJO;

MEJIA. 2014).

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259

TRATAMENTO

Em alguns casos os quadros de melasma afetam negativamente a vida

do indivíduo de forma a abalar sua autoestima e comprometer sua vida social e

profissional (ANTUNES, DUARTE; 2010).

O tratamento de hiperpigmentações e demais desordens pigmentares é

feito à base de substâncias com funções despigmentantes e/ou clareadoras da pele

(ARAUJO; MEJIA. 2014), deve visar o clareamento das máculas sem efeitos adversos,

tais como: hiperpigmentação pós-inflamatória, hipopigmentação e cicatrizes

(ANTUNES, DUARTE; 2010).

Peeling

A palavra peeling é originada do verbo “to peel” do inglês, que tem

como significado pelar, esfolar, desprender, descamar (GOMES, 2009). Este

procedimento compreende o estímulo a renovação celular na camada basal seguido por

reação inflamatória no tecido fazendo com que haja ativação dos mediadores

inflamatórios, estes provocam a síntese de colágeno e consequente reparação do tecido

afim de melhorar o aspecto da pele (PIMENTEL, 2008).

Para Borges (2006), o peeling químico, quimioesfoliação ou

dermopeeling como é chamado, é a aplicação de um ou mais produtos de ação

esfoliante na pele, causando destruição epidérmica e/ou dérmica, para em seguida

ocorrer a regeneração dos tecidos.

A aplicação do peeling resulta em variáveis graus de lesão na pele,

atingindo epiderme e derme, dependem da intensidade e do tipo do produto químico

utilizado. A descamação produzida é resultado de uma esfoliação parcial da pele de

forma controlada, a regeneração da epiderme e derme que foram lesadas segue pela

migração do epitélio de anexos cutâneos (ARAUJO; MEJIA. 2014).

Para Borges (2006), a utilização inadequada de ácidos pode acarretar

sequelas graves como hipercromias, cicatrizes, infecções e discromias irreversíveis. O

percentual do produto a ser utilizado no procedimento dependerá do quadro clínico e do

tipo de ácido, pois quanto menor seu pH, maior a irritabilidade provocada a pele e

quanto maior seu percentual, maior será sua concentração.

Segundo Pimentel (2008), a classificação do peeling se dá por

Superficial, Médio e Profundo. O superficial age nas lesões mais superficiais da

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

260

epiderme provocando leve descamação, não apresenta riscos de complicações ao

paciente, podendo ser utilizado em qualquer área corporal.

O peeling médio tem atuação em queratose actínia, manchas e rugas

de média profundidade, provocam descamação intensa removendo parcial ou totalmente

a epiderme (PIMENTEL, 2008).

O peeling profundo é indicado para rejuvenescer a pele, obtendo um

aspecto tonificado e livre de manchas e rugas. Atinge as camadas mais profundas da

pele e destruição total da epiderme, leva a formação de crostas que se desprendem em

até 21 dias (PIMENTEL, 2008).

Dentre as indicações para o peeling químico estão: melasma, rugas e

rejuvenescimento, melanoses, acne e suas sequelas, hiperpigmentação pós-inflamatória,

queratoses actíneas, cicatrizes atróficas, queratose, estrias e clareamento geral da pele

(GUERRA et al, 2013).

É contraindicado em peles com feridas abertas, infecções ativas

(exemplo: herpes), escoriações, gravidez, histórico de queloides e/ou cicatrizações

anormais, rosácea, cirurgias faciais recentes, dermatites de contato atópica e seborreica

(ARAUJO; MEJIA. 2014), casos de estresse com escoriações neuróticas, fotoproteção

inadequada, históricos de hiperpigmentação pós-inflamatória permanete, uso de

isotretinoína a menos de seis meses e dificuldade em seguir e compreender as

orientações ditadas pelo profissional (GUERRA et al, 2013).

O indivíduo em tratamento não deve se expor ao sol para prevenir

efeitos indesejados como o agravamento e/ou surgimento de hiperpigmentações e

também o envelhecimento precoce da pele. Portanto é obrigatória a utilização do

fotoprotetor ao menos três vezes ao dia, independente da época do ano (ARAUJO;

MEJIA. 2014).

Ácido Kójico

O ácido Kójico, é um excelente agente despigmentante, possui ação

antioxidante, antitirosinase e potencializa a fagocitose leucocitária, não possui efeito

irritativo, citotóxico (DEPREZ, 2007) e fotossensibilizante, obtido pela fermentação de

carboidratos por Aspergillus ssp (RIBEIRO, 2010)

Seu mecanismo de ação ocorre pela inibição da enzima tirosinase (que

está associada à formação da melanina) (DEPREZ, 2007), pela quelação de íons de

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

261

cobre no sítio ativo da tirosinase, ou seja, é uma inibição não-competitiva, que inibe sua

ação (RIBEIRO, 2010); também induz a redução de melanina e seu monômero

precursor chave (BORGES, 2006).

O ácido Kójico possui grande destaque entre as demais substâncias

clareadoras e, ao lado de sua ação tópica, não há estudos que demonstrem efeitos

colaterais e sistêmicos de sua absorção (SATO, 2007), porém percebe-se maior

sensibilidade em indivíduos que já utilizaram despigmentantes por mais de um ano

(MARTINS; OLIVEIRA, 2014).

Ácido Mandélico

O ácido Mandélico é um alfa-hidroxiácido extraído de amêndoas

amargas, é considerado de maior peso molecular. A pele o absorve lentamente, levando

a minimização dos transtornos comuns com a aplicação dos ácidos e favorecendo um

efeito uniforme (PIMENTEL, 2008), possui semelhança com a ácido salicílico por

proporcionar ação anti-séptica (BORGES, 2006).

Quando comparado aos outros ácidos, este provoca menor grau de

descamação, possui uso seguro em todos os tipos de pele e provoca menos irritação à

pele (PIMENTEL, 2008), pode ser utilizado com segurança em todos os fototipos de

pele num intervalo com cerca de quinze a vinte dias respeitando a tolerância do paciente

(BORGES, 2006).

Nas hiperpigmentações, o ácido em questão age na inibição da síntese

de melanina na formação da mancha, bem como na mancha já formada, cuja melanina

já está depositada atuando na remoção de pigmentos hipercrômicos (PIMENTEL,

2008).

Segundo Caetano; Oliveira (2015), o ácido mandélico utilizado para

tratamento de melasma apresentou resultados satisfatórios, melhora na textura da pele,

irregularidades e clareamento, porém o autor ressalta que é necessário mais estudo a

respeito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

262

Os padrões de beleza sempre existiram e influenciam intensamente as

relações interpessoais. A discriminação estética ainda é pouco discutida, porém pode

gerar problemas pessoais e sociais.

As causas do aparecimento do melasma ainda são discutidas, mas os

principais fatores são a exposição solar, predisposição genética, além de ser associada a

níveis aumentados do hormônio estrogênio pois pode aparecer ou piorar durante a

gravidez, tratamentos hormonais, uso de anticoncepcional oral e período de menopausa.

Os ativos estudados possuem ação depigmentante, tratando-se dos

alfahidróxiacidos Kójico e Mandélico. Sendo o primeiro um excelente agente

despigmentante, obtido pela fermentação de carboidratos por Aspergillus ssp, não

possui efeito irritativo, citotóxico e fotossensibilizante, seu mecanismo de ação ocorre

pela inibição da enzima tirosinase pela quelação de íons de cobre no sítio ativo da

mesma, sendo uma inibição não-competitiva.

Não há estudos que demonstrem efeitos colaterais e sistêmicos de sua

absorção, e seu efeito é possível ser notado entre duas a quatro semanas de uso contínuo

ou em aplicações repetidas sob forma de peeling em cabine. Muitas vezes é utilizado

como produto home care para manutenção dos resultados.

O ácido Mandélico é considerado o ácido de maior peso molecular, ou

seja, a pele o absorve lentamente favorecendo um efeito uniforme na pele, provoca

menor grau de descamação, possui uso seguro em todos os fototipos de pele e provoca

menos irritação. Atua na inibição da síntese de melanina e na mancha já formada

atuando na remoção de pigmentos hipercrômicos por esfoliação da pele.

Atua no clareamento da mancha e melhora da textura da pele de forma

lenta e eficaz, diminuindo os riscos de efeitos adversos e agravamento da dermatose.

Ambos os ácidos estudados promovem ação despigmentante com

mecanismos de ação diferentes, com a vantagem de não possuírem ação citotóxica e se

apresentarem menos irritativos para a pele. Podem ser utilizados juntos (por se tratarem

de alfahidróxiacidos) ou separadamente em todos os tipos de pele como agente de

peeling ou como produto de uso home care para sustentar os resultados e realizar sua

manuntenção.

A quantidade de sessões utilizadas de peeling em cabine para obter

efeitos satisfatórios irá variar de um indivíduo para outro, pois cada caso deverá ser

avaliado corretamente e os resultados devem ser observados no decorrer do tratamento.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

263

É interessante utilizar produtos que possuem efeito despigmentante sem agredir

profundamente a pele, sua ação deve ser gradativa, pois produtos agressivos podem

causar efeitos indesejados como o aparecimento e agravamento de hiperpigmentações.

No melasma a célula melanócito encontra-se sensibilizada e caso o

estímulo a mesma se apresente intensificado por agressões externas pode haver o “efeito

rebote”, que se trata de uma hiperpigmentação aumentada, de forma a dificultar o

tratamento.

Porém, ainda se faz necessário mais estudos a respeito dos resultados

obtidos com esses ativos na pele acometida por melasma.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

266

PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO DO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DA

CLÍNICA ESCOLA DE ESTÉTICA DE UM CENTRO UNIVERSITÁRIO

PROPOSAL OF CONSTRUCTION OF THE MANUAL OF GOOD PRACTICES OF

THE CLINICAL SCHOOL OF AESTHETICS OF A UNIVERSITY CENTER

Rosimeire Veiga Teixeira Yamamoto1

Célia Regina Goes Garavello2

RESUMO

O objetivo deste estudo foi contribuir para a construção de um Manual de Boas Práticas para Clinica

Escola de Estética de um Centro Universitário, de acordo com a Normativa Brasileira NBR 16383/2015.

O instrumento de coleta de dados foi uma lista de avaliação em boas práticas higiênico-sanitárias,

elaborada a partir da ABNT NBR 16383/2015, para serviços de beleza. Os resultados demonstraram que

58,14% dos itens avaliados, encontravam-se em conformidade ao considerar que não há um manual de

rotinas e condutas estabelecidas de acordo com as normas recentemente recomendadas para área da

beleza e estética. Todas as não conformidades levantadas por meio do checklist foram colocadas em um

plano de ação que propôs medidas corretivas para as devidas adequações. A Lista de verificação

(checklist), também orientou na construção do Manual de Rotinas e Procedimentos (Manual de Boas

Práticas), o qual descreve as rotinas e os procedimentos operacionais padronizados (POPs) em que estão

envolvidos os discentes, professores e funcionários. A implantação do manual de rotinas e procedimentos,

bem como dos POPs e documentação visam à educação em Biossegurança e também tem a intenção de

servir como um modelo de orientação aos futuros tecnólogos em Estética e Cosmética, no exercício

profissional, dentro das normas e regulamentos sanitários que devem ser seguidos e conhecidos.

Palavras-chave: Manual de Boas Práticas. Checklist. Procedimento Operacional Padronizado (POP).

Biossegurança.

ABSTRACT

The objective of this study was contribute with the construction of a Good Practice Manual for the School

Clinic of Aesthetic from University Center, in accordance with Brazilian Regulation NBR 16383/2015.

The data collection instrument was a list of evaluation for hygienic-sanitary practices, elaborated from

ABNT NBR 168383/2015, for aesthetic issues. The results showed that 58,14% of the evaluated items

were in conformity, when considering that there is no routine and conducts manual established according

to the recently recommended norms for the area of beauty and aesthetic. All for aesthetic issues. The

results showed that 58,14% of the evaluated items were in conformity, when considering that there is no

routine and conducts manual established according to the recently recommended norms for the area of

beauty and aesthetic. All nonconformities raised through the checklist were placed in an action plan that

proposed targets for appropriate adjustments. The checklist also guided the construction of Routine and

Procedures manual (Good Practice Manual), which describes routines and Standard Operating Procedures

(SOPs) involving students, teachers and staff. The implementation of the routine and practices manual, as

well as the SOPs and documentation aim at Biosecurity education and also intends to serve as a guidance

model for future technologists in Aesthetic and Cosmetics, at professional practice, within sanitary norms

and regulations which should be known and followed.

Keywords: Good Practice Manual. Checklist. Standard Operating Procedure (SOP), Biosecurity.

______________

1 Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

2 Orientadora: Mestre em Microbiologia - Docente do Curso Superior de Tecnologia em Estética e

Cosmética e Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

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267

1. INTRODUÇÃO

Este estudo foi realizado com o objetivo de disponibilizar ferramentas para

contribuir com o processo de construção de um manual de orientações e procedimentos,

ou seja, Manual de Boas Práticas, direcionado exclusivamente para a área da estética e

beleza, visando garantir a qualidade e segurança dos procedimentos realizados por toda

a equipe de docentes, funcionários e alunos da Clinica escola de Estética de um Centro

Universitário.

Nos ambientes de ensino onde são realizadas às aulas práticas e também nos

estágios profissionalizantes os estudantes, docentes e funcionários, convivem com os

equipamentos, produtos de natureza química, amostras biológicas, além dos resíduos

gerados nessas atividades, sendo assim imprescindível o conhecimento em

biossegurança e em boas práticas higiênico sanitárias, bem como a sua aplicação para

evitar os riscos inerentes às atividades práticas.

A busca pela Qualidade e Biossegurança se tornou um tema fundamental em

todos os setores da economia, principalmente na área social, onde instituições de saúde

e ensino se esforçam na busca da excelência no atendimento a seus clientes e alunos. Os

avanços tecnológicos, rigor nas legislações e progresso científico, têm contribuído para

o aumento da qualidade e diminuição dos riscos de acidentes, porém, os riscos de

acidentes ainda existem e para minimizá-los é necessário desenvolver no ambiente de

trabalho a cultura da Biossegurança, avaliar a biossegurança no contexto global da

instituição, como ocorre com os processos de qualidade, aplicar, de forma planejada, as

ferramentas da qualidade para avaliação e correção do sistema de biossegurança

(COSTA, 2000, p. 20).

Entre os elementos causadores de acidentes podemos citar os riscos físicos,

químicos, ergonômicos e biológicos. O reconhecimento e identificação desses riscos

possibilitam à comunidade acadêmica tomar medidas no sentido de minimizar ou

mesmo eliminar esses riscos. A elaboração de um Manual de Boas Práticas tem por

objetivo orientar funcionários e alunos na identificação e eliminação dos riscos (SILVA

et al., 2015).

As atividades desenvolvidas em um estabelecimento de beleza podem gerar

riscos, que podem ser classificados como riscos biológicos, químicos, físicos,

ergonômicos e de acidentes (RAMOS, 2009). Os estabelecimentos de beleza podem

oferecer riscos de contaminação e propagação de doenças infectocontagiosas para seus

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268

usuários se não seguirem as normas de biossegurança. Os riscos de contaminações

podem ser variados e cumulativos tanto para os profissionais como para os clientes

(ROCHA SOBRINHO et al., 2014, p.349).

As orientações para a construção de Manual de Boas Práticas já estão bem

estabelecidas para a área da saúde que contemplam, mais especificamente, os ambientes

de laboratórios clínicos com as boas práticas de laboratório, os serviços em saúde como

os hospitais com suas precauções universais e o setor de produção de alimentos com as

boas práticas de fabricação de alimentos.

A legislação existente é muito voltada á área da saúde e biotecnologia, sendo

ainda deficiente na área da Cosmetologia e Estética e até recentemente não existiam

diretrizes específicas para a área da beleza e estética.

Em 2015 a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em parceria

com o Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),

elaboraram um guia de implementação de normas técnicas de salão de beleza (ABNT,

2015a).

Este Guia surgiu da necessidade de organizar e estruturar os negócios do

segmento da beleza e estética (ABNT, 2015a, p. 2) por meio da aplicação de normas

técnicas, entre elas a NBR 16383 (ABNT, 2015b), que especifica os requisitos de Boas

Práticas que visa estruturar os processos e procedimentos dos serviços de acordo com as

boas práticas de atendimento aos clientes e com as boas práticas higiênico-sanitárias

aplicáveis ao setor.

De acordo com a ABNT deve-se implantar no ramo da estética o programa de

boas práticas no qual se inclui a adoção do Manual de Boas Práticas. Este manual é um

documento que descreve as operações realizadas pelo estabelecimento, incluindo, no

mínimo, os requisitos sanitários dos edifícios, a manutenção e higienização das

instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o

controle integrado de vetores e pragas urbanas, a capacitação profissional, o controle da

higiene e saúde dos colaboradores e parceiros, o manejo de resíduos e o controle e

garantia da qualidade do atendimento (ABNT, 2015a).

Boas práticas são normas de procedimento que visam alcançar um determinado

padrão de qualidade em serviços ou produtos, e sua eficácia e efetividade dever ser

avaliadas por intermédio de inspeção ou investigação (SILVA JR, 2014, p. 177).

O Manual de Boas Práticas determina a criação dos POPs (ABNT, 2015a).

POP é um documento que orienta de forma clara os passos de como executar as tarefas

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

269

de forma padronizada. O POP registra as etapas da tarefa, quem é o responsável, os

materiais necessários para a execução e também a periodicidade em que devem ser

realizadas essas tarefas. Todos os funcionários, docentes e alunos devem seguir as

orientações registradas no POP, pois é um documento aprovado pelo estabelecimento,

por meio de um profissional responsável. O Manual de Boas Práticas e os POPs devem

ficar acessíveis para consulta a todos os funcionários, docentes e alunos (BRASIL,

2004).

Por meio da implementação da NBR 16383 (ABNT, 2015b) será possível

adequar-se à ação da Vigilância Sanitária, e intensificar o acompanhamento de possíveis

práticas higiênico-sanitárias inadequadas durante os atendimentos.

A Vigilância Sanitária exige que os estabelecimentos garantam aos clientes

segurança nos atendimentos e faz exigências específicas quanto a infraestrutura do

estabelecimento, procedimentos realizados, esterilização dos materiais, biossegurança e

outros itens. Sendo assim para que seja liberado o funcionamento do estabelecimento é

necessário o Alvará Sanitário ou Licença Sanitária que é um documento expedido pelo

órgão sanitário Municipal, Estadual ou do Distrito Federal que libera o funcionamento

dos estabelecimentos que exerçam atividades sob o regime da Vigilância Sanitária

(PIATTI, 2013, p. 31).

Não foi encontrado na literatura trabalhos que descrevessem a implantação do

manual de boas práticas em clínicas de estética de acordo com a ABNT (2015a), sendo,

portanto, esta uma questão pouco difundida e que precisa ser discutida e vivenciada nas

IES que oferecem cursos de graduação em Estética e Cosmética.

Dessa forma, o desenvolvimento do Manual de Boas Práticas, adequado à

realidade de um ambiente de ensino, poderá servir como modelo de gestão, a partir de

sua implantação, a ser seguido pelos futuros profissionais em seu ambiente de trabalho,

além de contribuir para a adesão as práticas de biossegurança, as quais são de extrema

importância, no sentido de levar a adoção de uma postura diferenciada e proativa em

relação á prática dos procedimentos operacionais padronizados (POPs), visando à

segurança individual e coletiva e o respeito com o meio ambiente.

2. METODOLOGIA

Para a elaboração das etapas que levaram a proposta de construção do manual

de boas práticas da clinica escola de estética, foram seguidas ás diretrizes da NBR

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

270

16383 (ABNT, 2015b (ABNT/CB-057), pela Comissão de Estudos de Salão de Beleza

(CE-057:0) que foi elaborada no Comitê Brasileiro de Higiene Pessoal, Perfumaria e

Cosméticos 05.001).

2.1 Local de Estudo

Esta pesquisa foi conduzida no período de Novembro de 2016 a Setembro de

2017 na Clinica Escola de Estética de um Centro universitário.

A Clínica escola está instalada na cidade de Londrina/PR, em local de fácil

acesso, o que favorece a logística na utilização deste espaço tanto pelos discentes quanto

docentes e a comunidade da IES.

2.2 ETAPAS PARA A CONSTRUÇÃO DO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

2.2.1 Diagnóstico Situacional da Clinica Escola de Estética

Inicialmente, para a elaboração do manual foi realizado um diagnóstico

situacional, através da aplicação de um Cheklist (Figura 1), o qual consistiu de uma lista

de itens usados para avaliar as boas práticas, que verificou as condições higiênico-

sanitárias do edifício onde está instalada a clínica, a manutenção e higienização das

instalações, equipamentos, mobiliários e utensílios, higiene, saúde e capacitação dos

funcionários e equipe, além do manejo dos resíduos gerados durante as rotinas. Este

instrumento foi elaborado exclusivamente para a clínica de estética baseado na NBR

16383 (ABNT, 2015b) e a lista de verificação foi composta de 129 itens que incluíram

todos os requisitos adotados para avaliar se as normas sanitárias estavam sendo

atendidas e praticadas.

Os itens submetidos à avaliação foram pontuados como Sim, quando o

requisito estava em conformidade com as normas da ABNT e Não, quando indica uma

não conformidade, isto é, o requisito avaliado não estava de acordo as normas e Não

Aplicável, quando o item foi considerado não pertinente ao local pesquisado.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

271

Figura 1 – Modelo de lista de Verificação - Checklist

Fonte: A Autora, 2017.

2.2.2 Elaboração do Plano de Ação

Após a aplicação do checklist e da identificação das não conformidades foi

desenvolvido um plano de ação, o qual foi inserido no checklist (Figura 1). No plano de

ação foram descrito as propostas para adequação de cada item avaliado e que apresentou

alguma não conformidade, levando em consideração as normas de biossegurança.

2.2.3 Elaboração dos Procedimentos Operacionais Padronizados

Os POPs foram descritos com o objetivo de estabelecer as instruções para a

realização de operações rotineiras e específicas realizados na clínica.

Os procedimentos operacionais padronizados (POP) devem conter no mínimo

as instruções sequenciais das operações e a frequência de execução, especificando o

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272

nome, o cargo e/ ou função dos colaboradores responsáveis pelas atividades (ABNT,

2015a, p.14).

Os procedimentos operacionais padronizados (POP) elaborados seguindo a

ABNT (2015a) foram: POP Higienização de instalações, equipamentos e mobiliários,

POP Higienização dos utensílios, POP Produtos cosméticos, POP Manejo de resíduos.

Além dos POPs citados acima, outros foram elaborados para atender as

especificidades da clínica escola. Ao final da elaboração, os POPs são aprovados,

datados e assinados pelo responsável do estabelecimento (RAMOS, 2019, p. 161).

3.2.5 Proposta de construção do Manual de Boas Práticas

O Manual de Boas Práticas foi construído de acordo com as seguintes

características da clinica escola de estética: sua localização, área física, recursos

humano, controle higiênico-sanitário, seus equipamentos, utensílios e os procedimentos

realizados na clínica. Por meio dos resultados do checklist e do plano de ação (Figura 1)

é que foi possível desenvolver o manual para clínica escola. Este consistiu da descrição

detalhada da clínica escola e de seus processos, enfatizando especialmente os aspectos

higiênico-sanitários e seus relativos Procedimentos Operacionais Padronizados (POP).

Durante toda a pesquisa acompanhou-se toda a rotina da clínica escola e os

procedimentos realizados nas aulas práticas, para a elaboração do manual de Boas

Práticas e os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CHECKLIST

Após a aplicação do checklist, de acordo com os resultados obtidos foi possível

verificar quais requisitos estavam em conformidade e não conformidade com as normas

da NBR 16383 (ABNT, 2015b). Dos itens analisados 58,14% encontravam-se em

conformidade e 34,11% não conforme, os restantes dos itens não se aplicavam ao local

de estudo (Gráfico 1). Estes dados orientaram a elaboração do plano de ação que

também consta do roteiro de checklist na Figura 1.

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273

Gráfico 1 – Porcentagem de itens da lista de Avaliação de Boas Práticas que

apresentaram em Conformidades e não Conformidades.

Fonte: A autora, 2017.

Estes resultados indicam que a execução das rotinas da clínica escola e as

orientações dadas por meio da coordenação da clínica e equipe docente encontram-se

dentro de um padrão regular ao considerar que 58,14% dos itens avaliados estão sendo

cumpridos (Gráfico 1) e que não há um manual de rotinas e condutas estabelecidas de

acordo com as normas recentemente recomendadas para área da beleza e estética. Esta

classificação foi baseada em Sacool et al., (2006), devido a inexistência de uma

classificação específica para a área da beleza.

Saccol et al. (2006) desenvolveu e validou a Lista de Avaliação para Boas

Práticas em Serviços de Alimentação baseada na RDC 216/04/ANVISA e considera

como Grupo 1: Bom – os estabelecimentos que atendem entre 76 e 100% dos itens

avaliados; Grupo 2: Regular – entre 51 e 75%; e Grupo 3: Deficiente – entre 0 e 50%

dos itens avaliados para validar a adequação as Boas Práticas. Esta lista é composta por

182 itens divididos em 12 blocos: 1) Edificações, instalações, equipamentos, móveis e

utensílios; 2) Higienização de instalações, equipamentos, móveis e utensílios; 3)

Controle integrado de vetores e pragas urbanas; 4) Abastecimento de água; 5) Manejo

de resíduos; 6) Manipuladores; 7) Matérias primas, ingredientes e embalagens; 8)

Preparação do alimento; 9) Armazenamento e transporte do alimento preparado; 10)

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

274

Exposição ao consumo do alimento preparado; 11) Documentação e registro; e 12)

Responsabilidade.

Para a clínica escola de Estética foi elaborada uma lista de Avaliação de Boas

Práticas (checklist), de acordo com NBR 16383 (ABNT, 2015b), com 129 itens

divididos em 10 requisitos. A Tabela 1 apresenta os itens avaliados por meio do

checklist e os resultados que foram obtidos após sua aplicação.

Tabela 1 – Itens Avaliados no checklist.

Itens Avaliados Nº de

Itens

Nº Itens Não

Conformes

% de Itens

Não

Conformes

1) Edificação, leiaute e

instalações físicas

49 14 29%

2) Controle integrado de

vetores e pragas

3 2 67%

3) Suprimento e uso de água 6 1 17%

4) Manejo de resíduos 6 4 67%

5) Equipamentos, mobiliários e

utensílios

16 4 25%

6) Higienização de instalações,

equipamentos, mobiliários e

utensílios

6 1 17%

7) Hábitos higiênicos e saúde

dos docentes, alunos e

equipes

14 8 57%

8) Equipamentos de proteção

individual (EPIs) e coletivos

(EPCs)

9 1 11%

9) Produtos cosméticos 11 1 9%

10) Documentação 9 8 89%

TOTAL 129 44

Fonte: A autora, 2017.

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275

Os resultados da Tabela 1 demostram que edificação, leiaute e instalações

físicas apresentaram, dos 49 itens avaliados, 29%, de não conformidades, é importante

ressaltar que nestes quesitos as ações corretivas estão vinculadas a investimentos

financeiros que dependem, portanto da IES para serem realizados. Ao se analisar as não

conformidades verificou-se que as principais foram: avarias no imóvel devido ao

desgaste como infiltrações, umidade, bolores; ralo sem mecanismo de vedação.

Foi observado que a Clínica escola está localizada em área central, sem focos

de contaminação, sem objetos em desuso, sem acúmulo de lixos. Vagas de

estacionamento, vaga para deficiente físico. Tem acesso direto e independente e entrada

para cadeirantes. O piso é liso, lavável, de fácil higienização. As paredes e divisórias e

portas são de cor branca, com pintura lavável. Janelas e escadas em adequado estado de

conservação e higiene.

As instalações sanitárias todas possuem papel toalha, não reciclável, sabonete

líquido, álcool 70% em gel. Há coleta frequente de lixo e presença de avisos com os

procedimentos para lavagem das mãos. Estas são independentes da área de

aula/treinamento. Também existem lavatórios exclusivos para lavagem das mãos nas

áreas de aula/treinamento com presença de avisos com os procedimentos para lavagem

das mãos.

A Clínica escola conta com boa iluminação natural e direta. Luminárias com

proteção adequada contra quebras e em adequado estado de conservação. Para melhor

conforto térmico são disponibilizados ventiladores e sistema de ar condicionado. O

Esgoto sanitário é público e de responsabilidade da Sanepar.

O Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas apresentou-se 67% de não

conformidade. Este é executado por empresa especializada e legalizada para aplicação

de tratamento químico das áreas internas. A empresa especializada deve emitir

certificado de garantia do serviço, o qual precisa ser renovado periodicamente,

comprovando a execução do serviço. Embora haja as rotinas que garantem este controle,

os registros não são arquivados na clínica escola, sendo assim, o certificado da

realização deste controle deve permanecer na clínica escola e arquivado em local

adequado e de fácil acesso. Os registros são uma das principais formas de demonstrar a

conformidade com os requisitos da ABNT NBR 16383. Também não há descrito e

implantado o POP para está rotina.

Quanto ao Suprimento e uso de água, esta é de natureza pública e é fornecida

pela Sanepar. Devido à água utilizada nos processos do estabelecimento ser proveniente

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

276

de rede pública, não há necessidade de realizar controle interno de potabilidade da água.

Entretanto este item apresentou 17 % desconforme, porque os registros de higienização

do reservatório não são arquivados na clínica escola. A higienização do reservatório de

água é feita a cada seis meses, por empresa especializada.

O item Manejo de Resíduos apresentou 67% de não conformidades. Embora a

clínica-escola possua recipientes de coleta de resíduos de fácil higienização e transporte,

realizam-se retiradas frequentes dos resíduos da área de processamento, estes não são

devidamente identificados, possui recipientes sem tampas e os resíduos são separados

apenas nas categorias de lixo comum, reciclável e perfurocortante, havendo ausência de

um plano de gerenciamento de resíduos, portanto da separação correta do lixo em

contaminado, químico, perfurocortante, reciclável e comum.

Os produtos químicos utilizados nas rotinas da clínica escola, não são

considerados lixo químico tóxico, podendo suas embalagens, após serem lavadas em

água corrente, descartadas no lixo reciclável e as sobras no esgoto sanitário.

A clínica escola, também atende a comunidade da IES (docentes e

funcionários) em todas as suas especialidades, incluindo as técnicas de tingimento

capilar (colorimetria), sendo assim é gerado lixo químico proveniente dos frascos

contendo tinturas. Este material não é armazenado na clínica, mas o funcionário é o

responsável por fornecer os produtos necessários ao atendimento e a clínica a

responsável pelo descarte do produto, ressaltando a necessidade da implantação do

sistema de separação e descarte deste resíduo químico.

Outro resíduo gerado no decorrer das atividades de ensino na clínica escola,

são os resíduos perfurocortantes, os quais são devidamente descartados em recipientes

rígidos do tipo descarpak.

Em estabelecimentos de saúde assim como na área da estética, há a geração de

lixos que necessitam de acondicionamento adequado como forma de minimizar os

riscos de contaminação de toda a equipe e do meio ambiente. Para que haja um correto

gerenciamento de resíduos e para que os lixos não sejam dispostos em locais

inadequados, é necessária a identificação das lixeiras, e que as mesmas possuam tampa

e pedal. Os resíduos infectantes devem ser acondicionados em sacos brancos, além das

lixeiras serem identificadas como lixo infectante e com uma relação de resíduo a serem

descartados nas mesmas (OPPERMANN; PIRES, 2003). Na estética facial, alguns

exemplos deste grupo são as luvas, toucas, algodão, gaze e lençóis descartáveis

contaminados com material biológico (RAMOS, 2009).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

277

Quanto aos equipamentos, mobiliários e utensílios dos 16 itens avaliados, 4

(25%) foram avaliados como não conformes, a clínica-escola possui equipamentos e

mobiliários em número adequado, dispostos de forma a permitir acesso e higienização

adequados. Os equipamentos se encontram em adequado estado de conservação e

possuem registro nos órgãos competentes (ANVISA), porém não passam por

manutenção/calibração preventiva.

No item higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios,

somente um item estava em não conformidade (17%). A clínica-escola possui

responsáveis pela operação de higienização, comprovadamente capacitados, realizam a

higienização com frequência adequada e uso de produtos de higienização regularizados

pelo Ministério da Saúde em quantidade suficiente e diluídos de acordo com as

instruções recomendadas pelo fabricante, porém não possuem registros da higienização.

Hábitos higiênicos e saúde de docentes, alunos e equipe, 57% encontravam-se

não conformes. Os docentes, colaboradores e alunos se apresentam em condições de

saúde e higiene adequadas, com vestimentas compatíveis à atividade exercida,

conservadas e limpas e em conformidade com as normas vigente. Docentes e

funcionários realizam exames de saúde periodicamente e apresentam-se com as

vacinações em dia devidamente comprovados através de carteira de vacinação

Docentes, colaboradores e a grande maioria dos alunos se apresentam com

unhas curtas e sem esmaltes coloridos e sem adornos que prejudiquem a realização dos

procedimentos, porém às vezes alguns discentes apresentam-se com unhas compridas e

coloridas, calças jeans ripped (calças rasgadas) e uso de adornos como pulseiras, anéis e

relógios.

A clínica-escola possui cartazes de orientação de lavagem das mãos próximos

aos lavatórios. Docentes, colaboradores e alunos recebem instruções adequadas sobre

matéria higiênico-sanitária, contudo alguns alunos entram nos laboratórios e se

posicionam para as aulas e procedimentos sem antes lavar as mãos nas salas de apoio.

Evidenciando a importância de estabelecer rotinas e controles por meio da implantação

do Manual de Boas Práticas higiênico-sanitárias.

Quanto aos Equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletivos (EPCs)

este item apresentou 11% de não conformidade. Quanto ao uso de EPIs, o corpo

docente e técnico tem se mostrado atento a esse respeito, orientando os alunos a fazerem

uso de jaleco, sapato fechado, touca, luvas e máscaras. O uso de óculos de proteção não

é um item exigido, porém seria importante incorporar este item aos EPIs visto que

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

278

existe o risco de contaminação ocular por fluidos contaminados como sangue,

exsudatos, secreções e substâncias químicas atingirem diretamente os olhos. A mucosa

ocular é mais sensível e apresenta menor barreira que a pele (RAMOS, 2009, p. 120).

A clínica-escola se apresenta em conformidade com as normas, fazendo uso

dos EPCs necessários, que são extintores de incêndio devidamente identificados e

dentro do prazo de validade e placas de sinalização.

Para o item Produtos cosméticos dos 11 itens avaliados apenas um (9%)

apresentou-se não conforme. Os produtos cosméticos utilizados na clínica-escola são

armazenados em local adequado, dentro do prazo de validade, regularizados pela

ANVISA, porém não existe uma planilha de controle desses itens. Os cosméticos são

utilizados de acordo com diagnóstico prévio realizado junto a cada aluno/modelo. Não

se realiza fracionamento ou diluição de produtos e as ceras para depilação são derretidas

nas termoceras e divididas em porções colocadas nas cubetas maleáveis para a

realização das aulas, descartando as sobras ao término do procedimento.

Com a aplicação da lista de verificação pode-se verificar que os itens que mais

comprometeram o bom desempenho da Clínica escola em boas práticas com 89% de

não conformidade foram à falta de Documentação e Registro e a falta do Manual de

Boas Práticas descrito e implantado.

Todas estas ocorrências podem ser facilmente corrigidas por meio da descrição

dos POPs e sua implantação, além de treinamentos periódicos em biossegurança. Para

todas as não conformidades foram sugeridas as medidas corretivas no plano de ação

(Figura 2).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

279

Figura 2 – Modelo de Plano de Ação Apresentando as não conformidades e medidas

corretivas.

3.2 PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) encontram-se descritos

no manual de Boas Práticas, bem como toda a documentação. A Figura 3 apresenta o

POP de Lavagem das mãos.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

280

Figura 3 – POP de Lavagem das Mãos.

3.3 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

Após analise dos dados obtidos foi possível elaborar uma proposta de

construção do Manual de Rotinas e Procedimentos para a clínica escola (Figura 4) e em

conjunto com o plano de ação, este será a ferramenta que auxiliará no processo de

implantação do manual pela coordenação da clínica escola.

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281

Figura 4 – Manual de Boas Práticas para Clínica Escola de Estética

Para o processo de implantação deve-se determinar um responsável por

executar a implantação do Manual de Boas Práticas e para a execução das medidas

corretivas apresentadas no plano de ação. Após a implantação do manual, este deve ser

apresentado aos alunos e professores por meio de treinamento em Biossegurança.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento e a implantação de um Manual de Boas Práticas poderá ser

uma referencia para os docentes, alunos, funcionários na orientação de práticas seguras

nas aulas e estágio supervisionado, aplicando a biossegurança para evitar especialmente

os riscos biológicos inerentes as atividades desenvolvidas na clínica escola. Além de ser

um diferencial em qualidade a partir da implantação dos POPs de higiene ambiental,

Manejo de resíduos e a documentação o qual pretende auxiliar na direção e coordenação

da clínica escola.

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282

REFERÊNCIAS

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serviços. Rio de Janeiro. 2015. 15 p.

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RAMOS, Janine Maria Pereira. Biossegurança em estabelecimentos de beleza e afins.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

283

A INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES E COMPOSTOS BIOATIVOS NA

DOENÇA DE ALZHEIMER

THE INFLUENCE OF NUTRIENTS AND BIOACTIVE COMPOUNDS IN

ALZHEIMER'S DISEASE

Greice Kikuch

1

Mirtz Ayumi Nakamura Kuwahara2

Flavia Hernandez Fernandez3

RESUMO

A doença de Alzheimer (DA), principal causa de demência no mundo e sobretudo entre os idosos, é uma

doença neurodegenerativa progressiva e irreversível, que se manifesta por um crescente agravamento das

funções cognitivas, motoras e das atividades da vida diária (AVD). Os principais fatores de risco são a

idade e os fatores genéticos, e na falta de um tratamento farmacológico capaz de reverter este distúrbio, a

investigação tem procurado avaliar o papel da nutrição ao nível da sua prevenção, bem como no atraso da

sua progressão. Inúmeras investigações sugerem que a ingestão de determinadas vitaminas, antioxidantes

e ácidos graxos polinsaturados (AGPI´s) ômega-3 podem influenciar o risco de desenvolver a doença.

Porém, uma vez que nada foi comprovado com absoluta certeza, recomendações específicas para prevenir

a DA não poderão ser efetuadas. Ainda assim, a promoção de hábitos alimentares que beneficiam o

estado de saúde geral dos indivíduos e previnem outras doenças poderá, também, ser benéfica na redução

do risco de desenvolver esta doença. Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica realizada sobre os

nutrientes e compostos como os flavonoides, ômega 3, resveratrol presentes em alimentos, com objetivo

de associá-los com a prevenção e ao tratamento da patologia buscando assim, um melhor entendimento

sobre os benefícios de uma ingestão adequada destes alimentos ricos em antioxidantes. Portanto, cabe ao

nutricionista, dentro de equipas interdisciplinares, avaliar o estado ponderal e nutricional dos doentes,

bem como a presença de co-morbilidades, determinando medidas que promovam uma nutrição adequada

e auxilie na promoção da qualidade de vida.

Palavras-Chave: Alzheimer. Envelhecimento. Tratamento nutricional, Antioxidantes

ABSTRACT

Alzheimer's disease (ad), the main cause of dementia in the world and particularly among the elderly, is a

progressive and irreversible neurodegenerative disease, which manifests itself by a growing deterioration

of cognitive functions, and motor activities of daily living (ADLS). The main risk factors are age and

genetic factors, and in the absence of a pharmacological treatment able to reverse this disorder, research

has sought to assess the role of nutrition in terms of prevention, as well as delay its progression.

Numerous investigations suggest that the intake of certain vitamins, antioxidants and polyunsaturated

fatty acids (PUFA ´ s) – omega-3 can influence the risk of developing the disease. However, since

nothing was proven with absolute certainty, specific recommendations for the prevention of cannot be

made. Still, the promotion of eating habits that benefit the overall health status of individuals and prevent

other diseases may also be beneficial in reducing the risk of developing this disease. This study this is a

literature review carried out on the nutrients and compounds such as flavonoids, Omega 3, resveratrol

present in foods, in order to associate them with the prevention and treatment of Pathology seeking thus a

better understanding of the benefits of an adequate intake of these foods rich in antioxidants. Therefore,

the nutritionist, within interdisciplinary teams, assess the weight and nutritional status of patients, as well

as the presence of co-morbidities, determining measures to promote adequate nutrition and assist in

promoting the quality of life

Keywords: Alzheimer's. Aging. Nutritional treatment, Antioxidants

1 Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: [email protected]) 2 Docente do Departamento de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: [email protected])

3 Docente do Departamento de Farmácia e Estética do Centro Universitário Filadélfia – UniFil (e-mail: [email protected])

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284

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o aumento significativo de idosos tem sido considerado um

fenômeno global. O envelhecimento é considerado um processo natural, irreversível que

ocorre durante toda vida desde o nascimento até a morte, muitas modificações ocorrem

no organismo do indivíduo acompanhado de declínios das funções biológicas,

psicológicas, mentais, cognitivas e motoras, sendo um processo multifatorial (AVERSI;

RODRIGUES; PAIVA, 2009).

O envelhecimento acelerado e acentuado da população está associado ao

aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tornando um grande

problema de saúde pública (ESCOTT-STUMP, 2011). Atualmente, um dos grandes

desafios para geriatria é a doença de Alzheimer (DA) considerado a mais comum nessa

fase da vida, pois está associada à idade, deixando de ser uma doença rara (INOUYE;

PEDRAZZANI; PAVARINI, 2010). Mas já se sabe que existem indivíduos com 30

anos ou mais que apresentam a patologia, porém a maior prevalência continua sendo

em indivíduos acima de 65 anos de idade (ARRUDA; ALVAREZ; GONÇALVES,

2008).

A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, irreversível, os

primeiros sintomas é a perda de memória e a evolução da doença é dividida em três

estágios como a inicial, leve e moderado (TAVARES; CARVALHO, 2012). A

patologia está relacionada com o envelhecimento cerebral onde há perda da conexão

sináptica dos neurônios, devido o acúmulo da proteína beta amilóide e o depósito de

placas senis (SERENIKI; VITAL, 2008). Há o desequilíbrio entre os radicais livres e as

enzimas que defendem o organismo, esse equilíbrio é fundamental para um bom

funcionamento do cérebro (COSTA, 2011).

O estresse oxidativo ocasionado pela DA pode afetar o estado nutricional do

indivíduo com a demência (PEREIRA, 2012), a nutrição exerce um papel fundamental

na prevenção e no controle das doenças não transmissíveis (DCNT), sendo essencial o

consumo dos alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatório para o

controle do estresse oxidativos, ocasionados pelos radicais livres no organismo

(VARGAS et al., 2013).

De acordo com a evolução da doença, o estado nutricional piora gradativamente

por dificuldade em se alimentar, por piora na mastigação, deglutição dos alimentos

necessitando de cuidados nutricionais (STÜRMER, 2013).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

285

O presente estudo buscou identificar através de uma revisão literária os

diferentes alimentos que possuem propriedades antioxidantes e que possam influenciar

positivamente no controle e prevenção da doença de Alzheimer.

METODOLOGIA

A pesquisa bibliográfica é fundamental para definir a linha que deseja seguir

sendo o primeiro passo para iniciar qualquer tipo de pesquisa científica, é necessário

definir palavras chaves, autores, periódicos, autores e anos a ser trabalhado

(CONFORTO; AMARAL; SILVA, 2011). É realizada a partir do levantamento de

referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como

livros, artigos científico e páginas de web sites.

O estudo trata-se de um trabalho de conclusão de curso (TCC) com o título

relacionado a influência dos alimentos na Doença de Alzheimer, com tópicos

explicativos sobre a patologia. A pesquisa realizada é uma revisão bibliográfica com

coletas de informações através de livros de nutrição, artigos científicos nacionais e

internacionais nas bases de dados do Scielo, Medline e Bireme e Pubmed e Sociedade

Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) no período de 2007 a 2014, utilizando-se

os descritores demência, Alzheimer, idosos, antioxidantes, compostos bioativos e

alimentação.

DOENÇA DE ALZHEIMER (DA)

A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, onde há presença de

uma demência, com déficits em mais de duas áreas cognitivas (SERENIKI;

VITAL,2008). Resultam em deficiência progressiva e incapacitação das atividades, e os

primeiros sintomas clínicos é a perda de memória (HOLANDA et al.,2012).

Foi descrita pela primeira vez em 1907 por um médico psiquiatra alemão

chamado Alois Alzheimer que veio a falecer em 1915 com uma endocardite reumática e

insuficiência renal (MIRANDA et al., 2014), ele relatou o caso da paciente August D.

de 51 anos de idade, que foi levado à atenção médica devido a um quadro de delírio, aos

poucos obteve perda de memória e pouco tempo depois apresentou paralisia, ataxia e

desorientação espacial, e outros sintomas típico da DA. Após quatro anos e meio a

paciente faleceu e após a autópsia em seu cérebro confirmou a presença de lesões,

placas estranhas e fibras retorcidas (VARGAS et al., 2013).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

286

A Doença de Alzheimer é considerada multifatorial, seu diagnóstico específico

depende da análise das diferentes manifestações clínicas e de exames complementares

(SHIMODA; LIRA, 2007).

A taxa de incidência de novos casos da DA é parecido para ambos os sexos, mas

percebe-se que a taxa de prevalência em mulheres é maior por viverem mais tempo do

que os homens, sendo a idade um dos fatores que mais levam a desenvolver a doença

(ESCOTT-STUMP, 2011).

A Doença de Alzheimer é a principal causa de dependência funcional. Estudos

revelam um aumento anual constante da taxa de mortalidade em idosos com mais de 60

anos, no Brasil está associada também a vários fatores de risco, como as doenças não

transmissíveis (TEIXEIRA et al., 2015).

Projeções de prevalência e incidência indicam que ocorrerá um crescimento

elevado do número de pessoas com demência em países em desenvolvimento que estão

em transição demográfica, esses estudos epidemiológicos possuem grande importância

para orientar políticas de saúde pública (GUTIERREZ et al., 2014).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil há uma proporção

de 32 milhões de idosos, assim considerado o sexto país no mundo com maior número

de pessoas com faixa etária em torno de 60 anos, estima-se que até o ano de 2025 esse

número aumente chegando aproximadamente a 2 bilhões de idosos em todo mundo

(AVERSI; RODRIGUES; PAIVA 2009).

No Brasil a taxa estimada de idoso com a DA é de 7,7 por 1000 pessoas ao ano

(SCHMIDT, 2013), ainda não se tem um número concreto, mas estima-se que 500 mil

pessoas sejam acometidas pela doença, aumentando assim os custos que podem chegar

a 200 bilhões de reais (ILHA et al., 2014).

Quanto mais idoso o indivíduo se apresenta no momento do diagnóstico, menor

será sua sobrevivência, aumentando assim a alta mortalidade; ao contrário de um

diagnóstico precoce e uma faixa etária menor que apresentam uma sobrevida duas vezes

maior do que o grupo mais idoso (CAIXETA., 2012). A prevalência aumenta de 0,6%

no sexo masculino e 0,8% no sexo feminino aos 65 anos de idade, até atingir o valor de

36% no sexo masculino e 41% no feminino aos 95 anos de idade (GONÇALVES;

CARMO, 2012).

Os estudos realizados e descritos pelo médico alemão Alois Alzheimer no

cérebro de doentes, têm sido a base da investigação para conseguir identificar a causa da

doença de Alzheimer nos pacientes (ESCOTT-STUMP, 2011).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

287

Embora a patologia seja multifatorial sua etiologia ainda é desconhecida, mas

vários mecanismos já foram descritos como sendo envolvidos na causa da demência,

como fatores genéticos, metabólicos, reações inflamatórias, estresse oxidativo, proteínas

plasmáticas e cerebrais (CERA et al.,2014). Há um aumento da incidência da doença em

idosos a partir dos 65 anos de idade, duplicando a cada cinco anos, outros fatores

relacionados são a baixa escolaridade, o estilo de vida sedentário, algumas situações

patológicas como traumatismo craniano, diabetes mellitus e a depressão (PINTO et al.,

2009).

Outro fator de risco para o desenvolvimento da DA segundo os estudos e a

exposição a metais pesados, como o alumínio (Al). É um metal abundante no meio

ambiente, responsável por processos neurofisiológicos que afeta o tecido nervoso. O

contato com o Al é inevitável pois está presente na alimentação, no solo , no ar e

principalmente na água (FERREIRA et al., 2008).

Para o desenvolvimento da doença de Alzheimer cada fator citado pode

contribuir para o seu surgimento, mas ainda não se sabe como cada causa leva ao

comprometimento das funções neuronais (BUSNELLO, 2007).

Sua fase inicial é confundida com os problemas da idade, porém é fundamental o

diagnóstico precoce para o retardo do processo e para fornecer um auxilio ao paciente e

sua família (SILVA, 2007).

A doença de Alzheimer não tem cura é caracterizada por uma forma de

demência que compromete sua integridade física, mental e social, e atinge o sistema

nervoso central. Há presença elevada de marcadores biológicos como a proteína beta-

amiloide (Aβ) no cérebro e diversos tipos de placas senis, acúmulo de filamentos

anormais da proteína tau e consequente formação de novelos neurofibrilares (NFT), há

redução dos números de neurônios e da conexão sináptica, ativação da glia e a partir da

inflamação vão surgindo os sinais clínicos da doença (SERENIKI,2008).

Segundo Caixeta (2012) as fibras retorcidadas encontradas é consequência de

uma alteração química na proteína fosfo-tau, quando esta proteína é modificada

quimicamente promove o mau funcionamento dos micros túbulos ocasionando a morte

das células cerebrais e o acúmulo de beta-amiloide que ocasiona vários eventos

deletérios para os neurônios, levando a disfunção mitocondrial e aumento do estresse

oxidativo anormal e de reposta inflamatória.

Quando há formação das placas senis, a Aβ encontra-se em altas concentrações e

vão se acumulando e provocando lesões no córtex cerebral, as fibras amiloidais

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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insolúveis são formadas no cérebro, as quais podem agregar-se ao zinco e ao cobre,

agravando assim, a toxicidade neuronal. (SERENIKI, 2008). Os sintomas de depressão

são muito comuns na DA e pode estar relacionado com a disfunção colinérgica e dos

componentes vascular (SILVA, 2007).

Em nível celular, a DA está associada à redução das taxas de acetilcolina (ACh)

no processo sináptico, diminuindo a neurotransmissão colinérgica cortical, além de

outros neurotransmissores como noradrenalina, dopamina, serotonina, glutamato e

substância P em menor extensão (NITZSCHE; MORAES; TAVARES, 2015).

A progressão da doença ocasiona graves consequências ao cérebro, há perda dos

prolongamentos neuronais, atrofia cerebral, diminuindo assim seu peso e volume.

Ocorre também o comprometimento da conectividade, diminuição do metabolismo e da

capacidade de recuperação neuronal (SÁ; ENGELHARDT, 2012). Alguns estudos

apontam que pessoas com poucas funções físicas apresentam um risco maior de

desenvolver a doença (ESCOTT-STUMP, 2011).

A perda da conexão sináptica citada pode ser responsável pelas manifestações

clínicas existentes nos pacientes com dificuldade de encontrar palavras, principalmente

nomes próprios, que pode preceder o aparecimento do declínio da capacidade de

memorização por anos (SILVA, 2007).

A neurodegeneração causada pela DA pode estar associada com o DNA

mitocondrial, quando encontradas em disfunção contribui para o declínio do estado

neurodegerativo do cérebro (FELDHAUS,2010). O estresse oxidativo leva a mutações

no DNA mitocondrial responsáveis pelas alterações na senescência, são produzidas

pelos radicais livres que se apresentam estáveis e reativos, sendo o oxigênio (O2) no

estado fundamental e o óxido nítrico (NO) que colaboram para sua produção

(CARDOSO; CAZOLLINO, 2009).

É importante o entendimento da fisiopatologia da doença para obter um

diagnóstico precoce para novas terapias que visem à origem da doença (ESCOTT-

STUMP, 2011).

É uma doença neurodegenerativa que causam incapacidade física e cognitiva

parcial ou total do portador de Alzheimer, os sintomas não são iguais para todas as

pessoas, é influenciado pela personalidade, estado físico e estilo de vida (COSTA,

2011).

Na maioria dos casos, os primeiros sinais da doença são a perda de memória por

afetar principalmente a parte frontal do cérebro, ocorrendo também diminuição no

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estado de orientação, atenção, raciocínio, fala e dificuldade nas atividades diária, falta

de apetite, além de causar alterações no temperamento e afetar o emocional

(LUZARDO, 2006). Outros sintomas da DA são os sintomas neuropsiquiátricos não

cognitivos, que incluem ansiedade, agressão, delírio, excitação ou apatia, desinibição ou

depressão (TORRAO et al.,2012).

Os pacientes com a DA associada com a depressão possuem maior dependência

na execução das atividades do cotidiano e maiores episódios de agitação (VITAL et al.,

2012). Os sintomas comportamentais e psicológicos do idoso com a doença de

Alzheimer são bastante comuns ao longo da evolução do quadro, e estão entre as

principais causas de sobrecarga do cuidador do paciente com a demência, relacionando-

se a maiores níveis de estresse nestes cuidadores (FONSECA et al.,2008).

A evolução da doença é gradativa e irreversível, é classificado em três estágios

como inicial, intermediário e avançado. No estágio inicial apresenta diminuição do

desempenho das tarefas e uma leve perda de memória, mas ainda se encontra

independente (TAVARES; CARVALHO, 2012).

Nos estágios moderados o comprometimento mental é maior com dificuldade

em reconhecer as pessoas, lembrar-se de fatos recentes, apresentam quadros de

agressividade e problemas fisiológicos como continência urinária e fecal, necessitando

de assistência de uma cuidadora ou familiar para realizar as tarefas da vida diária

(INOUYE; PEDRAZZANI; PAVARINI 2010).

Nos estágios terminais, as funções cerebrais já estão deterioradas em

aproximadamente oito a dozes anos, comprometendo todas as funções, podendo levar o

indivíduo a complicações como riscos de quedas, úlceras por pressão, entre outras

(XIMENES, 2014). Nesta fase pode necessitar de assistência integral por se tornarem

dependente, pois há um grave comprometimento das funções cognitivas prejudicando

sua qualidade de vida (POLTRONIERE; CECCHETTO; SOUZA, 2011).

Os idosos com demência apresentam grande risco nutricional, gerando uma série

de mudanças nos hábitos por apresentarem perda de autonomia que o tornam distraídos

e lentos durante a refeição, com dificuldades na mastigação, deglutição e de

deslocamentos para o preparo das refeições e desordens, isso leva a uma baixa ingestão

alimentar e hídrica levando a maiores taxas de mortalidade nesta faixa etária

(STURMER et al., 2013). A deglutição prejudicada conhecida como disfagia, é comum

em pacientes com a doença de Alzheimer, afetando de 28 a 32% desses pacientes, os

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estudos apontam que quanto maior a gravidade da doença maior o risco de disfagia

(GONÇALVES; CARMO, 2012).

Outro fator associado ao envelhecimento e a demência é a sarcopenia, definida

como a perda da massa e força na musculatura esquelética, o indivÍduo se encontra

vulnerável a risco, como quedas, fraturas, incapacidade e em alguns casos dependência

total prejudicando ainda mais o indivíduo com a patologia (SILVEIRA, 2012).

O diagnóstico da DA é feito através da análise dos sintomas juntamente com a

exclusão de possíveis causas relacionadas a outras patologias, através de exames

clínicos, laboratoriais (APRAHAMIAN; MARTINELLI; YASSUDA, 2009). Pode ser

realizado também através de exames de sangue, Tomografia Computorizada (TC),

Tomografia Computadorizada de Perfusão por Emissão de Fóton (SPECT), Tomografia

por Emissão de Positrão (PET) e Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

(RODRIGUES, 2011).

Porém, o diagnóstico final só se deve após a biópsia cerebral que analisa se há

alterações histológicas da doença como inúmeras placas neuríticas e fibras retorcidas no

hipocampo e neo córtex do encéfalo do possível ou portador da doença de Alzheimer

(GONÇALVES; CARMO, 2012).

O tratamento da doença de Alzheimer não tem como objetivo buscar a cura, mas

sim melhorar a qualidade de vida e a progressão dos sinais e sintomas da patologia

(SILVA, 2007).

O tratamento pode ser realizado por meio de medicamentos específicos e o uso

de tranquilizantes suaves nos casos de ansiedade ou agitação, porém não existe ainda

nenhum tratamento que tenha efeitos de reverter ou parar a progressão da DA, assim

alguns estudos trazem os inibidores das colinesterases como um fármaco que tem

demonstrado efeitos benéficos no atraso da progressão das manifestações clínicas da

doença (COSTA, 2009). Porém, nos estágios avançados não há um fármaco ou

tratamento eficaz para seu controle total. São necessários tratamentos não

farmacológicos, com acompanhamento de uma equipe multiprofissional e a assistência

de forma integral de uma cuidadora, pois com o agravamento dos sintomas no decorrer

dos anos, o paciente se encontra totalmente dependente (SILVA et al., 2010).

Nos diversos estágios da doença é fundamental o acompanhamento dos

profissionais da saúde, necessitando de uma integração com médicos, nutricionistas,

fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistente social e

enfermeiros (OLIVEIRA; DELLAROZA, 2010). Os cuidados de enfermagem são

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importantes no auxílio do uso correto dos medicamentos, cuidados com a pele,

hidratação, e no manejo das intercorrências clínicas (XIMENES al et ., 2014).

O tratamento também contribui para melhorar o estado físico e mental do

portador de Alzheimer, sendo essencial trabalhar com a estimulação mental e física,

com a presença da família e do cuidador nos processos terapêuticos.O paciente deve ser

estimulado a realizar tarefas do dia a dia, ter uma vida social, realizar exercícios físicos

e de memória, com objetivo de retardar a evolução da doença (INOUYE; OLIVEIRA,

2013).

O tratamento voltado para a melhora nutricional do portador da DA baseia-se em

melhorar a cognição motora e o comportamento alimentar, implementando alguns

hábitos dietéticos como servir as refeições em locais agradáveis, realizar as refeições

junto com a família, fracionar e incentivar a ingestão de alimentos. Algumas mudanças

podem ser essenciais para melhorar a qualidade de vida e o estado de ânimo do idoso,

influenciando positivamente no seu tratamento (STÜRMER et al., 2013).

Em todas as fases da vida é fundamental uma boa nutrição, mas há uma

preocupação voltada para o envelhecimento saudável quando associado a estados

patológicos, pois o envelhecimento é considerado complexo, com a presença de estresse

oxidativo, onde há alterações degenerativas. As alterações ocorrem em todas as partes

do corpo com alterações funcionais no organismo do idoso (AVERSI; RODRIGUES;

PAIVA, 2009).

O paciente com a demência tem seu estado nutricional afetado de forma drástica,

seja por risco de baixo peso ou sobrepeso, devido a perda de apetite ou a recusa em se

alimentar, compulsão por determinados alimentos ou alterações na capacidade de

mastigar, digerir e absorver os alimentos, ficando mais vulneráveis a desnutrição,

desidratação e aspiração. As doenças degenerativas prejudicam as necessidades

orgânicas de proteínas e de calorias, podendo estar associadas à inapetência, causada

pela própria doença, por determinados medicamentos e por dificuldades na alimentação,

levando a um comprometimento da nutrição dos idosos (TAVARES; CARVALHO,

2012).

De acordo com Busnello (2007) os estudos demonstraram que, quando

comparados a um grupo de pessoas sem a patologia, os que possuem a demência

apresentaram diferenças no estado nutricional com quadro de perda de peso e uma

ingestão calórica inadequada.

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Principalmente nos casos de riscos que os idosos possuem dificuldade em se

alimentar, desta forma é necessário um suporte nutricional para promover hábitos

alimentares saudáveis, melhorando assim seu estado nutricional (ESCOTT-STUMP,

2011). Deve-se evitar a ingestão de alimentos que contribuam para a progressão da

doença como os alimentos ricos em açúcares, ácidos graxos saturados, álcool e

carboidratos simples (GOES, 2012). A dieta do paciente com a DA deve ser variada

com propriedades antioxidantes, branda ou semi branda para proporcionar a facilidade

na deglutição e com alta densidade calórica e ricas em fibras para melhorar o hábito

intestinal, pois nessa fase da vida se encontra lenta (FRAGA; PEDROTI; BICAS,

2011).

Os antioxidantes são considerados substâncias capazes de retardar ou inibir a

oxidação de substratos, envolve o sistema enzimático exógeno e endógeno, sua ingestão

está relacionada a casos de diminuição da doença de Alzheimer (MORAES et al., 2009).

A vitamina E possui efeito protetor nas membranas celulares, na sua ausência os

radicais livres catalisam a peroxidação dos ácidos graxos polinsaturados (AGPI)

ocasionando danos tanto as membranas quanto ao DNA, as melhores fontes são óleos

vegetais, sementes, cereais integrais, abacate, frutas vermelhas, legumes e vegetais de

folhas escuras (SILVA; 2007). A vitamina C (ácido ascórbico) atua como proteção do

cérebro, tem como função a neuromodulação e envolvimento na angiogênese

prevenindo problemas neuropsicológicos. Recomenda-se a ingestão diária deste

micronutriente através de uma dieta rica em frutas principalmente as cítricas, e o

consumo de legumes e vegetais (OLIVEIRA, 2015).

O selênio se destaca pela sua função de antioxidante contra ação nociva de

metais e aumento da resistência pelo sistema imunológico. Estudos realizados com

idosos com demência verificaram níveis reduzidos desse mineral. As fontes alimentares

são frutos do mar, peixes,carnes e a castanha do Brasil, considerada a melhor fonte de

selênio, contendo grandes quantidades de compostos fenólicos que promovem a

neutralização dos radicais livres (CARDOSO, 2014).

O ômega 3, ácido eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) é uma

ácido graxo poli-insaturado, considerado um alimento funcional essencial ao nosso

organismo (ZANARDO; SPEXOTO; COUTINHO, 2014). Auxiliam na manutenção de

níveis saudáveis de triglicerídeos, na diminuição do risco de depressão, nos processos

inflamatórios, na proteção de doenças vascular, alergias, artrite e principalmente na

degeneração neurológica do envelhecimento (BARBALHO, 2011).

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Os estudos apontam que os portadores da DA apresentam baixas concentração

de DHA no cérebro, essa deficiência é devido o estresse oxidativo que a doença causa

através dos radicais livres, o baixo consumo está associado a maiores riscos de

desenvolvimento da patologia. O consumo regular de ômega 3 auxilia na regulação do

organismo evitando a produção da beta amiloide, modificando reações inflamatórias e

imunes e possuindo efeito neuroprotetor, diminuindo assim os sintomas da doença

como melhora do raciocínio e aprendizagem (ZANARDO; SPEXOTO; COUTINHO,

2014).

Para alcançar os benefícios esperados, deve-se ingerir regularmente os alimentos

ricos em ômega 3, encontrados em óleos vegetais, oleaginosas, como a amêndoa e a

castanha, verduras, frutas e vegetais de folhas verdes, cereais, linhaça, e principalmente

em peixes como, atum, anchova, carpa, arenque, salmão e sardinha (VIDAL, 2012).

Recomenda-se duas refeições a base de peixe por semana para obter uma

alimentação saudável ou optar por suplementos alimentares de óleo de peixe

diariamente, para atingir a ingestão recomendado através de 1 a 3 cápsulas ao dia

(SANTOS, 2013; MORAES; LUNA, 2014).

Apesar de todos os benefícios do ômega 3 não é recomendado uma ingestão

maior que 3000 mg/dia, deve se limitar-se a 10% do valor calórico total podendo

ocorrer reações adversas relacionado ao controle glicêmico e a riscos de sangramento.

Os efeitos colaterais da alta dosagem de suplementação de Ômega-3 estão relacionados

com o trato gastrointestinal, podendo ocorrer sintomas como diarreia leve, indigestão e

náuseas, que podem ocorrer em 4% em dosagens < 3 g/dia e em até 20% em dosagens

de 4g/dia (COSTA, 2009).

Os flavonoides são substâncias naturais que possuem atividades biológicas como

ação anti-inflamatória e antioxidante, possuindo inúmeros compostos e se diferem pela

sua estrutura química e características particulares, são obtidas diariamente pela

alimentação (SILVA, 2007).

A quercetina é considerada o flavonoide mais abundante da natureza e o que

possui mais propriedades farmacológicas, por apresentar um grande efeito antioxidante

e anti-inflamatório devido ainibição da ciclo-oxigenase (COX2) e do óxido nítrico

(BARROS, 2012). Estão presentes em vegetais e frutas como brócolis, cebola roxa,

couve, frutas vermelhas, tomate e na maçã, com alta concentração na casca

(MACHADO, 2012). Em um estudo realizado para analisar a concentração de

quercetina nos alimentos foi demonstrado que os chás comercializados como o preto,

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verde e a erva mate possuem alto teor de quercetina, assim como na acerola, pitanga

(HUBER; AMAYA, 2008).

O resveratrol tem sido alvo de inúmeras pesquisas, por apresentarem diferentes

ações biológicas, como ação anticoagulante, anti-inflamatória, antitumoral e atua como

antioxidantes como forma direta, inibindo os radicais hidroxila (HO*) e peróxido de

hidrogênio (H2O2) bloqueando as suas atividades ou de forma indireta através da

modulação de sistemas pró ou antioxidante. O resveratrol pode reduzir os níveis das

placas de β-amilóide e impedir a formação dos agregados de fibrilas e assim auxiliar na

prevenção da doença de Alzheimer (MACHADO, 2012).

Esse flavonoide é presente principalmente na uva, alguns estudos mostram os

benefícios do seu consumo e derivados além de possuir outros flavonoides como a

quercetina presente em sua casca. As que mais possuem propriedades de resveratrol são

as uvas Vitisvinifera, V. labrusca, V. muscadine, porém a concentração maior está na

película que contém 50 a 100 ug/g (COMACHIO; TOLEDO, 2011). Recomenda-se o

consumo de até duas taças de vinho ou 125 a 480 ml de suco de uva por dia, associado a

uma dieta balanceada para que seu consumo traga benefícios a saúde (MARCON,

2014).

Estudos realizados com o chocolate amargo que possui alta concentração de

cacau e pouca de açúcar, foi visto que possuem benefícios por apresentarem

flavonoides, mas se consumidos adequadamente sem excesso, ajudam na memorização

de idosos com DA (NOGUEIRA; KIHARA; PASCHON, 2015) e possuem outros

benefícios para o cérebro como afastar o sono, dar disposição e previne a depressão,

gera sensação de bem-estar e melhora o humor (SILVA, 2007).

Outro fruto que possui flavonoide é o açaí, rico em antocianinas presentes nas

frutas coloridas da natureza, segundo os estudos o consumo desse alimento traz

benefícios para saúde, combate o envelhecimento celular, os danos oxidativos, melhora

a função cerebral e auxilia no tratamento de desordens neurológicas, sendo um potente

antioxidante (KOLEVSKI, 2012). Também apresenta um importante papel como

inibidor das enzimas mediadoras de processos inflamatórios (BERNARD; FUNCHAL,

2011).

A coenzima Q10 (CoQ10) um composto lipossolúvel com absorção lenta, faz

parte da cadeia transportadora de elétrons e apresenta grande quantidade na

mitocôndria, principalmente nos órgãos que necessitam de muita energia como o

coração e o cérebro, no envelhecimento há diminuição dos níveis de coenzima Q10. É

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possível aumentar esse composto através da alimentação, porém não é o suficiente para

conseguir suprir as necessidades, por que somente 10% é absorvida no trato

gastrointestinal (OLIVEIRA, 2012). Possui algumas funções como proteger o cérebro

do envelhecimento natural e ao ingerir a coenzima Q10 auxilia para que as células

cerebrais rejuvenesçam contribuindo para prevenção da DA. São fontes alimentares

espinafre, sardinha, carnes, peixes gordos e soja (ESCOTT-STUMP, 2012).

A colina é essencial para preservar a integridade estrutural, possui efeito sobre

os neurotransmissores sendo a maior fonte metil da dieta. Sua baixa concentração

plasmática tem sido associadas a elevadas concetrações de amino transferase e esteatose

hepática. É encontrada nos alimentos nas formas livre esterificada como fosfocolina,

glicerofosfocolina e esfingomielina (COZZOLINO, 2012).

Para controlar o estresse oxidativo é fundamental o sistema de defesa

antioxidante, envolve dois tipos, enzimáticos (superóxido dismutase, catalases,

glutationaperoxidase e sistemas tioredox) e não enzimáticos (glutationa, melanina,

melatonina,-tocoferol e o ácido lipóico) que possuem a função de proteger o

organismo aumentando a imunidade (BRITO, 2012).

Os antioxidantes enzimáticos tem como função principal eliminar as espécies

reativas e pequenos desvios fisiológicas, o não enzimático é essencial para fortalecer a

imunidade fornecendo ao organismo resistência ao estresse oxidativo e proteção de

macromoléculas (BRITO, 2012) e estão distribuídos ptincipalmente nos alimentos

vegetais (SANTOS et al., 2014).

A glutationa é o principal antioxidante no citoplasma, possui papel determinante

na resposta imune, é uma enzima fundamental para a regeneração da glutationa reduzida

e atua na proteção contra o estresse oxidativo (CARREIRA, 2009; RESCHKE et al.,

2015).

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal existente no

cérebro (TALBOTT, 2008), possui propriedades lipossolúveis e sua produção é obtida

por ambientes escuros. Com o envelhecimento os niveis de melatonina diminuem e

quando associado a distúrbios neurológicos se encontram bem mais diminuídos

(PACHECO et al., 2013). É considerada um antioxidante, protege as células contra o

estresse oxidativo e evita lesão oxidativo no DNA, uma fonte alimentar desse hormônio

é o leite de cabra produzido a partir da ordenha noturna (ESPESCHIT et al., 2014).

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296

A α-tocoferol é a forma ativa da vitamia E, com aproximadamente oito

estereoisômeros, possui efeito antioxidantes sobre as células protegendo as membranas

celulares dos danos ocasionados pelos radicais livres e inibi a peroxidação lipídica

sendo uma das principais consequências do estresse oxidativo (CALIMAN;

OLIVEIRA, 2007; VARGAS, 2013). Encontrados em plantas, sementes e

principalmente em óleos vegetais, gérmen ou farelo de glúten, porém a sua forma mais

utilizada e através da suplementação (FOGAÇA; SANTANA, 2009).

O ácido lipóico é um composto normalmente sintetizado pelo fígado, é um

antioxidante que possui a capacidade de inibir os radicais livres prevenindo a

degeneração nervosa como a DA, pode ser obtida pela dieta ou pela síntese mitocondrial

(ANDRADE et al, 2010). É encontrado na mitocôndria que participa do ciclo de krebs e

nos alimentos como espinafre, tomate e brócolis, obtendo uma rápida absorção e uma

melhora intelectual e neuropsicomotora (MORAES et al., 2009).

Atualmente há muitos tratamentos para DA utilizando o consumo de

antioxidantes naturais, como os compostos fenólicos existentes nas plantas. Os chás

naturais são ricos em catequinas, flavonoídes e possuem propriedades antioxidantes e

sequestrantes dos radicais livre (MORAES et al., 2009).

O ginkgo biloba é uma planta medicinal que tem sido considerado um produto

fitoterápico no tratamento de pacientes com a doenca de Alzheimer (NETO et al.,

2014). Seu uso está relacionado com a melhora do desempenho da memória, na

capacidade de aprendizagem e possui efeito protetor nos neurônios (CHAVES;

FERREIRA,2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que está comumente presente na

vida dos idosos com aumento progressivo na incidência. A qualidade do

envelhecimento é resultado do estilo de vida que o indivíduo leva, desta forma a terapia

nutricional tem como objetivo prevenir e auxiliar no controle da doença de Alzheimer.

Cabe ao nutricionista, dentro de equipes interdisciplinares, avaliar o estado ponderal e

nutricional dos doentes, bem como a presença de co-morbilidades, determinando

medidas que promovam uma adequada nutrição do doente, previnam a perda ou o

aumento de peso, desidratação, combatam a disfagia e deficiências nutricionais

inerentes à doença que conduzem, por sua vez, à diminuição da qualidade de vida dos

mesmos. Para tal, através do contato próximo com o doente e cuidador, a monitorização

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

297

da ingestão alimentar e, se necessária, a prescrição de suplementos calórico-proteicos

e/ou de vitaminas e ômega 3, deverá fazer parte do tratamento da DA.

O consumo de nutrientes e compostos com função antioxidantes são de suma

importância quando ingeridos habitualmente para obtenção do efeito na prevenção

contra o estresse oxidativo. São propostas, também, algumas recomendações

nutricionais, pois por apresentarem uma ingestão diminuída, pacientes com Alzheimer,

necessitam uma dieta balanceada, incluindo quantidade adequada de proteínas, fibras,

vitaminas e minerais, principalmente o cálcio, ácido fólico, vitaminas C e E, e vitaminas

do complexo B. Com o estudo realizado, foi possível observar a variedade de alimentos

que são benéficos e o quanto é importante para saúde humana ter uma alimentação

saúdavel no decorrer da vida, auxiliando o organismo a ter uma boa imunidade para

prevenir de possíveis doenças.

Porém, sugere-se novos estudos com aplicação prática com portadores de

Alzheimer para avaliar o consumo diário dos compostos bioativos a longo prazo,

mostrando assim, seus reais benefícios e mudanças na qualidade de vida.

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302

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ADICIONAIS NO CONTROLE DE

QUALIDADE DE CAPPUCCINO

ADDITIONAL MICROBIOLOGICAL ANALYZES IN THE QUALITY CONTROL

OF CAPPUCCINO

Anderson da Silva Domingos1

Flávia Hernandez Fernandez2

RESUMO

A importância do controle de qualidade nas empresas de alimentos vem se destacando ao longo dos anos,

muitas organizações têm procurado profissionais experientes para essa função com o objetivo único de

aumentar a segurança de seus produtos e a credibilidade juntos aos seus clientes. Através de selos de

qualidade os produtos podem destacar-se no mercado, sendo pré requisito para a importação destes, a

paises como Oriente médio ou países de primeiro mundo que prezam por produtos comprovadamente de

alta qualidade. Baseado nessas informações surgiu o interesse por pesquisar um produto que tem crescido

no mercado nacional, o cappuccino, esse contém vários componentes que necessitam um cuidado

específico na produção, como por exemplo a escolha do leite. Estudando tal componente observa-se que

sua produção tem muitos fatores de risco, por se tratar de um produto animal o cuidado deve ser

redobrado, desde a escolha do animal, do qual o leite será extraído, até o consumo final. Foi devido á essa

fragilidade do cappuccino e seus componentes que o interesse por este estudo foi despertado, pois muitos

ingredientes desta bebida podem ser facilmente contaminados afetando a saúde dos consumidores. A

pesquisa busca compartilhar os resultados encontrados em análises de amostras da bebida, realizadas com

o objetivo de identificar crescimento de microorganismos, com alto grau de patogeniscidade, visto que

este fato pode causar risco à saúde do ser humano. Para realização do referido experimento utilizou-se

metodologia padrão para análises em alimentos, baseada nos procedimentos utilizados em empresa de

grande porte na região norte do Paraná. Os testes executados durante a realização desta pesquisa foram:

Bolores e leveduras, Contagem Total de Bactérias Aeróbias Mesófilas, Coliformes Totais e Estafilococos.

Foram encontrados resultados satisfatórios, pois se enquadram dentro das especificações da ANVISA.

Palavras-chave: Análises em Alimentos; Análise Microbiológica; Cappuccino; Patogenese;

ABSTRACT

The importance of quality control in food companies has been highlighting over the years, many

organizations have been searching for experienced professionals for this function with the purpose

of increasing the safety of their products and the credibility with their customers. Through quality

certification schemes that grants a stamp on the product so it stands out in the market, or else they are

condition to be able to work in restricted places like countries of the Middle East or developed

countries that prize for proven high-quality product. Based on this information came the interest to

research a product that has grown in the current market, cappuccino, it contains several components that

requires specific care in production, such as one of its ingredients milk. Moreover by reviewing this

component, it is observed that its production has many risk factors, as a product from animal source it

must be used with extra care, from the choice of the animal, from which the milk will be extracted, until

the final consumption. The interest of this study was due to the high risk of the ingredients that

compose the cappuccino, since many ingredients of this beverage can be easily contaminated

affecting the health of consumers. The importance of quality control in food companies has been

highlighting over the years, many organizations have been searching for experienced professionals for

this function with the purpose of increasing the safety of their products and the credibility with their

customers. Through quality certification schemes that grants a stamp on the product so it stands out in the

market, or else they are condition to be able to work in restricted places like countries of the Middle East

1Aluno de graduação do quinto ano do curso de Farmácia do Centro Universitário Filadelfia – Unifil – [email protected] 2 Docente de graduação do curso de Farmácia do Centro Universitário Filadelfia – Unifil – [email protected]

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or developed countries that prize for proven high-quality product. Based on this information came the

interest to research a product that has grown in the current market, cappuccino, it contains several

components that requires specific care in production, such as one of its ingredients milk. Moreover by

reviewing this component, it is observed that its production has many risk factors, as a product from

animal source it must be used with extra care, from the choice of the animal, from which the milk will be

extracted, until the final consumption. The interest of this study was due to the high risk of the ingredients

that compose the cappuccino, since many ingredients of this beverage can be easily contaminated

affecting the health of consumers. The research aims to identify the growth of microorganisms from

analyzes of cappuccino samples, with a high degree of pathogenicity, since it has a direct impact on

human health. For the accomplishment of this experiment, a standard methodology was used for food

analysis, based on the procedures used in a large company in the northern region of Paraná. The tests

were performed for: Molds and yeasts, Total Count of Mesophyll Aerobic Bacteria, Total Coliforms and

Staphylococci. All results are specifically exposed at the end of this work, beforehand it is reported that

they were satisfactory, since they fit within the specifications of ANVISA.

Keywords: Analyses in Food; Microbiological analysis; Cappuccino; Pathogenesis;

INTRODUÇÃO

As bactérias, bolores e leveduras são microrganismos de maior

destaque em deteriozação e como eventuais patógeno ao homem, por isso a importância

de um bom controle de qualidade, avaliando as boas práticas de fabricação.

O interesse em realizar uma pesquisa com foco principal no

cappuccino veio da observação do aumento da popularidade, e consumo desta bebida no

Brasil. Assim buscou-se evidenciar os resultados dos testes realizados em cinco

amostras de cappuccino. O objetivo em realizar estas análises é a investigação de

presença de microorganismos que possam afetar a saúde dos indivíduos consumidores

deste produto.

Para alcançar o referido objetivo determinou-se o teste Bolores e

Leveduras para compor a bateria de análises. Segue descrição sobre a estrutura do bolor,

que pode ser encontrado neste tipo de pesquisa, de acordo com FRANCO e

LANDGRAF (2003):

A estrutura básica dos bolores é formada por filamentos denominados hifas,

que, em conjunto, formam o micélio. Hifas podem ser septadas, isto é,

divididas em células que intercomunicam-se através de poros, e não septadas

(ou cenocíticas), com os núcleos celulares dispersos ao longo de toda a hifa.

O micélio pode ter duas funções distintas: promover a fixação do bolor ao

substrato (micélio vegetativo) e promover a reprodução, através da produção

de esporos (micélio reprodutivo). Os bolores podem reproduzir-se

sexualmente (fungos perfeitos) ou assexualmente (fungos imperfeitos), ou

ainda pelos dois processos, simultaneamente. O micélio dos bolores é

responsável pelo aspecto característico das colônias que formam. Estas

colônias podem ter um aspecto cotonoso, ser secas, úmidas, compactas,

aveludadas, gelatinosas, com variadas colorações. Normalmente, uma análise

macroscópica da colônia formada é suficiente para a identificação de, pelo

menos, o gênero ao qual o bolor pertence (p.3 e 4).

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304

Outros fatores importantes de análise são as leveduras, que avaliam-se

em conjuto com os bolores, e os demais testes escolhidos, que serão especificados no

decorrer desta pesquisa.

Observando as contribuições acadêmicas dos últimos anos tem-se

percebido que falar sobre a qualidade dos alimentos é algo que está ganhando

importância e lugar nas mais diversas discussões, porém chegar à uma definição ainda é

um trabalho em construção. Dentro desta temática encontram-se os orgãos

fiscalizadores e de registros que reconhecem um produto como adequado de acordo com

determinações especificas. Neste caso temos a ANVISA, por exemplo, a qual realiza

registro de diversos produtos:

O registro é o ato legal que reconhece a adequação de um produto à

legislação sanitária, e sua concessão é dada pela Anvisa. É um controle feito

antes da comercialização, sendo utilizado no caso de produtos que possam

apresentar eventuais riscos à saúde. Para que os produtos sujeitos à vigilância

sanitária sejam registrados, é necessário atender aos critérios estabelecidos

em leis e à regulamentação específica estabelecida pela Agência. Tais

critérios visam minimizar eventuais riscos associados ao produto. Cabe à

empresa fabricante ou importadora a responsabilidade pela qualidade e

segurança dos produtos registrados junto à Anvisa (ANVISA, 2016).

O objetivo deste trabalho não consiste em aprofundar-se no quesito

dos registros, porém esta informação é de grande valia para que o consumidor possa ter

maior confiabilidade na qualidade do produto adquirido e fazer compreender os

resultados dos testes análiticos aplicados as amostras, com intuito de levar informações

a população, de forma geral, sobre a qualidade dos produtos consumidos no dia a dia do

indivíduo brasileiro.

METODOLOGIA

O produto utilizado foram 5g de mistura de cappuccino tradicional,

em cinco amostras distintas, estas eram compostas pelos seguintes ingredientes: açucar,

leite em pó desnatado, composto lácteo com gordura vegetal sabor de leite (soro de

leite, gordura vegetal, xarope de glucose, leite, concentrado proteico de soro, regulador

de acidez bicarbonato de sódio, emulsificante, mono e diglicerídeos de ácidos graxos e

aromatizantes), café solúvel, soro de leite, cacau, espessantes carragena,

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305

carboximetilcelulose sódico, antiumectante, fosfato tricálcico e regulador acidez

dipotássico.

A metodologia descrita a seguir refere-se aos testes utilizados durante

o processo de pesquisa, sem ordem cronológica específica de realização: Teste de Bolor

e Leveduras, como mencionado na introdução o bolor refere-se a um microorganismo

passível de ser identificado no produto utilizado na pesquisa; as leveduras podem ser

definidas “[...] como fungos cuja forma predominante é unicelular. Podem ser esféricas,

ovóides, cilíndricas ou triangulares. Algumas são bastante alongadas formando

filamentos semelhantes às hifas dos bolores” FRANCO e LANDGRAF (2003).

A preparação das Placas para a identificação dos bolores e leveduras

se deu utilizando o meio de cultura rosa bengala, este foi diluído em água destilada e

autoclavado até sua esterilização, após ser retirado da autoclave foi repousado em banho

maria até o resfriamento, em seguida adicionado em Placas de Petri, aguardou-se a

solidificação, e ao atingir este ponto estava à disposição para ser inoculado (SILVA,

JUNQUEIRA, SILVEIRA, 2010).

Meios de cultura utilizados:

Solução de Diluição - Solução Tampão Fosfato (PBS):

Agar Dichloran Rosa de Bengala Cloranfenicol – DR:

Utilizou-se método para Contagem de Bolores e Leveduras em

amostras sólidas e líquidas. O resultado foi expresso em UFC/mL para amostras

líquidas e UFC/g para amostras sólidas. Cada colônia obtida na placa inoculada 0,1mL

na diluição 1:10 representou 100UFC/g ou mL, para se obter contagem menor que 100

UFC, foram utilizadas três placas com 0,3mL e uma placa com 0,1mL, o resultado

obtido formando as colônias encontradas em todas as placas considerando a diluição.

Outro teste utilizado no processo foi Coliformes Totais, este tem por

objetivo identificar determinadas bactérias, de acordo com FRANCO e LANDGRAF

(2003), compreende-se o teste como “bactérias da família Enterobacteriaceae, capazes

de fermentar a lactose com produção de gás, quando incubados a 35-37°C, por 48 horas.

São bacilos gram-negativos e não formadores de esporos.” (p. 28, 2003).

Reagentes e Diluentes:

Água destilada;

Solução Tampão Fosfato – PBS ;

Informações retiradas das embalagens dos produtos analisados.

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306

Meio de Cultura – Rapid E.coli 2 Agar / Chromocult Agar;

Álcool Etílico 70%.

Os equipamentos necessários para o teste de Coliformes Totais são os

mesmos utilizados para o teste de Bolores e Leveduras. Na sequência segue a descrição

do preparo dos materiais, meios e reagentes:

A água utilizada para o preparo de meios e reagentes deve ser destilada/Milli-Q

ou de qualidade equivalente;

Seu transporte até o laboratório de microbiologia deve ser feita em recipiente

inerte, vidro neutro ou polietileno e deve ser coletada no momento do uso não

podendo ficar estocada;

Quanto as diluições Seriadas (Amostras sólidas e líquidas),o número

de diluições necessárias, depende do nível de contaminação esperado e deve ser tal que

permita na contagem total em placas, elas devem apresentar um número de colônias

entre 25 e 250 para contagem total ou 15 e 150 na contagem de bolores e leveduras.Para

a obtenção da diluição 1:100 (10-2

), utilizou-se 1mL da primeira diluição (10-1

) para

9mL do diluente PBS. Para a obtenção da diluição 1:1000 (10-3

) foram utilizados os

mesmos procedimentos..

Foram realizados testes de Contagem Total de Bactérias Aeróbicas

Mesófilas, este referem-se à qualidade sanitária dos alimentos. Os equipamentos e

materiais se assemelham aos utilizados nas avaliações anteriores.

Ainda seguindo as orientações baseadas em SILVA, JUNQUEIRA e

SILVEIRA (2010), o processo de preparação dos meios de cultura os reagentes e

diluentes foram:

Água destilada;

Solução Tampão Fosfato ;

Meio de Cultura Plate Count Agar, PCA

Cloreto 2,3,5 Trifeniltetrazolium.

Por fim realizou-se a contagem de Estafilococos, de acordo com

SILVA JUNQUEIRA e SILVEIRA (2010), estes “são bactérias esféricas, que formam

colônias de células aderidas umas às outras, ora encadeadas, aos pares ou formando

correntes, ora agrupadas em forma de cachos, o que deu origem a seu nome”. Neste

processo os materiais e equipamentos também correspondem aos utilizados nos testes

anteriores. Os Reagentes e Diluentes:

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

307

Água destilada;

Solução Tampão Fosfato (PBS);

Meio de Cultura – Baird Parker;

Emulsão de Gema de Ovo Telurito;

STAPHCLIN LÁTEX - Teste de aglutinação em látex;

Método para Contagem de Estafilococos aureus em Amostras de

alimentos sólidos e líquidos. Contou-se apenas as colônias típicas de Estafilococos

aureus que são circulares, pretas ou cinza escuras, lisas, convexas, com bordas perfeitas,

massa de células esbranquiçada nas bordas, rodeadas por uma zona opaca e/ou um halo

transparente se estendendo para além da zona opaca. Os resultados foram expressos em

UFC/mL para amostras líquidas e UFC/g para amostras sólidas. Realizou-se a

confirmação da colônias típicas através do teste de coagulase (aglutinação em látex). Os

termos “Negativo”, “Ausente/0,1g” e < 10UFC/g são equivalentes para as placas que

não foram observadas crescimento de colônia. Posteriormente foi aplicado o teste de

confirmação das colônias típicas - Teste de coagulase. Sob fonte de luz branca

incidente, a leitura e interpretação dos resultados foram conduzidas da seguinte forma:

TESTE NEGATIVO: Suspensão homogênea opaca, Ausência de Aglutinação

(Igual observado no controle Negativo);

TESTE POSITIVO: Suspensão límpida com grumos grandes e bem visíveis

(Igual observado no controle Positivo);

Mediante as informações acima descritas foi possível compreender a

rotina de realização dos testes escolhidos para compor este estudo. A escolha dos teste

e a metodologia podem variar de acordo com a linha de pesquisa/pesquisador.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Qualidade é um termo bastante utilizado na atualidade e tem se

tornado muito abrangente tanto para o ponto de vista dos consumidores quanto para a

indústria de alimentos em compreender as exigências dos mesmos. Os consumidores

referem-se à qualidade como aquilo que o satisfaz e também que o produto oferecido

esteja dentro de suas especificações. Já para a indústria esse termo refere-se como as

propriedades de um produto que lhe conferem condições de satisfazer as necessidades

do consumidor, sem causar agravos a sua saúde (HEGEDUS, 2000).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

308

A segurança é, portanto, uma característica da qualidade dos

alimentos, para Machado et al. (2009) alimento seguro é aquele que além de apresentar

as propriedades nutricionais esperadas pelo consumidor, não lhes causa danos à saúde,

não lhe tira o prazer que o alimento deve lhe oferecer, não lhe rouba a alegria de

alimentar-se correta e seguramente.

Para a indústria alimentar, em todas as etapas da cadeia de

abastecimento, a principal prioridade é evitar a contaminação dos seus produtos, para

isso as empresas presam fortemente pelas boas práticas de fabricação (BPF) e sistemas

de análises de perigos e pontos críticos de controle (APPCC). Com a utilização desses

controles de qualidade dos produtos fabricado, é possível garantir a qualidade e

segurança durante o processamento, através de análises microbiológicas.(SENAI,2017)

A preocupação com a segurança dos alimentos é um desafio em

função de problemas que podem comprometer a saúde do consumidor. A segurança dos

alimentos está relacionada com a presença de perigos físicos, químicos e biológicos,

com níveis cabíveis no alimento, sem causar um efeito adverso a saúde humana (DIAS

et al.2010).

A qualidade microbiológica dos alimentos está condicionada,

primeiro, à quantidade e ao tipo de microrganismos inicialmente presentes

(contaminação inicial) e depois à multiplicação destes germes no alimento. A qualidade

das matérias - primas e a higiene (de ambientes, manipuladores e superfícies)

representam a contaminação inicial.

O tipo de alimento e as condições ambientais regulam a multiplicação.

Os fatores inerentes ao alimento são denominados parâmetros intrínsecos, como por

exemplo, o pH e a atividade de água (Aa) e os fatores inerentes ao ambiente são

denominados parâmetros extrínsecos, como a temperatura, a umidade relativa(UR ) e a

presença de gases. Tais fatores podem ser ótimos ou limitantes, interferindo

sobremaneira na multiplicação de microrganismos, inclusive os patogênicos

transmitidos por alimentos (PERETTI, ARAUJO et al., 2010).

Na presente pesquisa foram avaliados Coliformes Totais, Bolores e

Leveduras e Estafilococos. As bactérias são um dos grupos mais conhecidos e

numerosos. Podem ser deteriorantes, quando causam alterações nas propriedades

sensoriais (cor, cheiro, sabor, textura, viscosidade etc.) ou patogênicas, que causam

doenças. Os fungos, divididos em fungos filamentosos (bolores) e leveduras. Sua

ocorrência é mais comum em alimentos com baixo percentual de água e/ou elevada

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

309

porção de lipídios. Os fungos são os principais perigos biológicos destes alimentos. Seu

risco está na produção de micotoxinas por algumas espécies. Estes compostos ao serem

ingeridos, acumulam-se no organismo, causando uma série de transtornos, desde

ataques ao fígado a alguns tipos de câncer. Em sua maior parte, o grupo de

microrganismo mais associados aos perigos biológicos são as bactérias e os fungos

(FORSYTHE, 2013).

Os Coliformes totais são bactérias do grupo coliformes, sendo a

maioria pertencente ao gênero Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter,

apesar disso vários outros gêneros e espécies pertencem ao grupo. Além disso, são

bacilos Gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de

esporos, capazes de crescerem na presença de sais biliares ou agentes tensoativos e que

fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35 ± 0,5°C em 24-48 horas.

Além de serem encontradas em fezes, elas podem ocorrer no meio ambiente, em águas

com altos teores de material orgânico, solo ou vegetação em decomposição

(SANCHEZ, 2015).

A presença de bolores e leveduras viáveis e em índice elevados nos

alimentos pode fornecer várias informações tais como, condições higiênicas deficientes

de equipamentos, multiplicação no produto em decorrência de falhas no processamento

e/ou estocagem e matéria–prima com contaminação excessiva. A Contagem de bolores

e leveduras é aplicável principalmente, na análise de alimentos ácidos, com pH menos

que 4,5, alimentos parcialemente desidratados e farinhas.

Já o Staphylococcus aureus é uma bactéria que apresenta a forma de

cocos aparecendo aos pares no exame microscópico. É um gram positivo, sendo que

algumas cepas produzem uma toxina protéica altamente termo-estável que causa a

doença em humanos. A multiplicação da bactéria em alimentos armazenados em

temperaturas inadequadas produz a toxina mencionada anteriormente A variedade

nutricional e a possibilidade de se desenvolverem em diferentes condições ambientais

fazem com que a S. aureus cresçam com facilidade em vários alimentos, sendo dos

principais veículos causadores de toxinfecção alimentar, pois sua presença está

associada a práticas de higiene e manipulação inadequadas, além de lesões na

pele(FRANCO, 2003; SANCHEZ, 2015). .

A tabela1 abaixo refere-se aos valores encontrados nos testes

realizados nos blends de Cappuccino avaliados.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

310

DATA

PRODUÇÃO

LOTES

QUALIDADE

EMBALAGENS

CONTAGEM

TOTAL

COLIFORMES

TOTAIS

BOLOR E

LEVEDURA

STAPHYLOCOCCUS

20/08/16

Cappuccino A

-

Tradicional

Pouch 100g

1.200

<10

<10

<10

20/08/16

Cappuccino B

-

Tradicional

Pouch 100g

2.500

<10

<10

<10

24/08/16

Cappuccino C

-

Tradicional

Pouch 100g

1.800

<10

<10

<10

24/08/16

Cappuccino D

-

Tradicional

Pouch 100g

1.600

<10

<10

<10

24/08/16

Cappuccino E

-

Tradicional

Pouch 100g

2.400

<10

<10

<10

Tabela 1 – Resultado de análise de cappuccino

Mediante as informações expostas pode-se considerar que a pesquisa

alcançou resultado satisfatório, considerando informações da legislação. , baseando-se

na Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001, a qual sinaliza que o número de

Staphylococcus deve estar abaixo de 10², e nos produtos avaliados todos apresentam

estes microorganismos abaixo de 10² (ANVISA, 2001).

Os resultados de Contagem total ficou em um valor considerado

baixo em relação a outros produtos que contém ingredientes parecidos com que foram

analisados, sendo assim dentro do esperado.

Nas análises de bolor e levedura, Coliformes totais e Estafilococos

obtivemos um valor compatível com a segurança do produto que é <10, ou seja, dentro

do especificado pela ANVISA ,qualquer valor acima de <10 seria motivo de suspensão

do lote.Lembrando que a ANVISA só exige analises de Estafilococos para o cappuccino

a demais analises foram feitas para investigar e colaborar,a qualidade da produção e as

boas práticas na sua fabricação. As análises foram conduzidas dentro de padrões rígidos

de qualidade.Para todas as amostras testadas foram utilizados meios de culturas com

correto procedimento de esterilização,utilizando um branco para garantia do

processo.Foram testadas duplicação de todas as amostras, as vidrarias como

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

311

erlenmeyer,ponteiras dos pipetadores automáticos,placas de petri de procedência

comprovada e autoclave com seus controles diários de funcionamentos atualizados.

CONCLUSÃO

Na produção de alimentos, é essencial que medidas apropriadas sejam

tomadas para garantir a segurança e a estabilidade do produto durante toda a sua vida de

prateleira. Para tanto, novas técnicas de processamento foram introduzidas com o

objetivo de aumentar a qualidade dos produtos, tais como processamentos térmicos

mais brandos, aquecimentos em microondas e técnicas de processamento que envolve

altas pressões. A prática de analisar microbiologicamente produtos finais tem sido

realizada durante décadas. É importante salientar que os testes microbiológicos devem

ser realizados como parte do sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de

Controle (APPCC), mais precisamente, na etapa de verificação.

A realização desta pesquisa permitiu observar que os procedimentos

de Boas Práticas de fabricação (BPF) para fabricação do cappuccino adotadas pelas

empresas são adequadas e eficientes uma vez que em nenhuma amostra foi verificada

existência de contaminação e os microorganismo encontrados estavam em números

muito abaixo do considerado seguro. Destaca-se como dito anteriormente,que neste

estudo foram feitas análises (teste) adicionais áqueles exigido pela Anvisa,certificando

assim,a qualidade do produto.

Existem outras possibilidades de estudo que podem ser exploradas

por indivíduos com sede de conhecimento, e apreço pelo bem estar da população. No

entanto os resultados aqui encontrados são de grande valia, e por este mortivo serão

apresentados em eventos acadêmicos pertinentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agência Nacional de Vigilância Sanitária no uso da atribuição que lhe confere o art. 11,

inciso IV, do Regulamento da ANVISA aprovado pelo Decreto 3029, de 16 de abril de

1999, em reunião realizada em 20 de dezembro de 2000. Resolução - RDC nº 12, p. 29

de 2 de janeiro de 2001.

ANVISA. O que é o registro de produtos sujeitos a vigilância sanitária?. Disponível em:

<http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-utorizacoes/alimentos/produtos/registro>.

Acesso em: 08 11 2016.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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DIAS, J.; HEREDIA,L.;UBARANA,F.;LOPES E. Implementação de sistemas de

qualidade e segurança dos alimentos. 1. ed. Londrina, 2010.

FRANCO, Bernadette D. Gombossy de Melo. LANDGRAF, Mariza. Microbiologia dos

Alimentos. São Paulo: Atheneu. 2003.

FORSYTHE,STEPHEN J.. Microbiologia da Segurança Dos Alimentos. Artmed: 2ª Ed.

2013. 424p.

HEGEDUS C.E.N. A Compreensão da percepção da qualidade pelo consumidor como

base para a definição de estratégias pelas empresas e suas cadeias de fornecimento:

dissertação de mestrado, catálogo USP, março 2000.183 p pág 2

MACHADO, A. D.; STRAPAZON, M. A.; MASSING, L. T.; MOREIRA, D. G.;

POSSAMAI, G. A.; GABRIEL, C. M.; NOVAIS, R. L. B. Condições higiênico-

sanitárias nos serviços de alimentação de Organizações Não Governamentais de

Toledo/PR. Nutrire:rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São

Paulo, SP, v. 34, n. 3, p. 141-151, dez. 2009.

PERETTI, A. P. R., ARAUJO, W. M. C. Abrangencia do requisito segurança em

certificados de qualidade de cadeia produtiva de alimentos no Brasil. Gestão e

Produção, v. 17, n. 1, p. 35-49, 2010

SANCHEZ, P. S. Atualização em Análises Microbiológicas em Águas Minerais. São

Paulo, Apostila. 2015. 62p

SENAI. Serviço nacional de aprendizagem industrial. A importância das Boas práticas

de Fabricação e do sistema APPCC. Disponível em www.alimentos.senai.br. Acessado

em abril de 2017.

SILVA, Neusely; JUNQUEIRA, Valeria C.A. SILVEIRA, Neliane F.A. et al. Manual

de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água. 4 Ed. São Paulo: Varela.

2010.

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313

VERIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM DADOS

ANTROPOMÉTRICOS EM UM PROJETO SOCIAL DE LONDRINA-PR

NUTRITIONAL STATUS VERIFICATION OF CHILDREN WITH

ANTHROPOMETRIC DATA IN A SOCIAL PROJECT LONDRINA -PR

Bruna Carolina Costa Eduardo*

Maiara Fernanda de Souza**

Mirtz Ayumi Nakamura Kuwahara***

Flávia Hernandez Fernandez****

RESUMO

Este estudo tem como objetivo verificar o estado nutricional em crianças com dados antropométricos em um

projeto social de Londrina-PR. Foram avaliadas 48 crianças, sendo 60,40% do sexo feminino e 39,60% do sexo

masculino, dos períodos matutino e vespertino, com a faixa etária de 6 a 12 anos de idade que frequentaram o

Projeto social na cidade de londrina-PR, foram submetidos a análise das medidas antropométricas, utilizando o

critério nacional da Organização Mundial da Saúde (OMS), com os indicadores IMC/Idade, estatura/idade,

peso/idade e a porcentagem de gordura de acordo com Frisancho. Verifica-se em relação ao peso, tendo como

dados mais relevantes no sexo masculino na faixa etária de 9 a 10 anos com 28,60% (n=2) classificados em

sobrepeso, já o IMC apresentou maiores valores de percentual 28,60% (n=2) em crianças com a faixa etaria de 9

a 10 anos que encontram-se na faixa da obesidade. A prevalencia de %GC foi na faixa etária de 9 a 10 anos no

sexo masculino com 28,60% (n=2) classificados em obesidade. Observa-se um elevado nível de crianças que

apresentam percentual de gordura acima dos padrões recomendados, em relação a faixa etária e sexo.Tendo

assim estes índices de obesidade aumentados, é importante o monitoramento dos indicadores do estado

nutricional e da composição corporal e que a família seja orientada sobre uma alimentação saudável pois os

hábitos da família são o principal fator determinante da alimentação da criança.

Palavras-Chave: Antropometria. Estado Nutricional. Crianças. IMC. %GC

ABSTRACT

This study aims to determine the nutritional status of children with anthropometric data in a social project of

Londrina. 48 children were assessed, 60.40% female and 39.60% male, the morning and afternoon, with the age

group 6-12 years old who attended the social project in the city of London-PR were subjected to analysis of

anthropometric measurements using the national criteria of the World Health Organization (WHO), with BMI

indicators / Age, height / age, weight / age and the percentage of fat according to Frisancho There is relative to

weight , with the most relevant data in males aged 9- 10 years, with 28.60% ( n = 2) classified as overweight

because the BMI had higher percentage values of 28.60% ( n = 2) in children with the age range 9-10 years are

in the obesity range. The prevalence of % BF was in the age group 9-10 years in males with 28.60% ( n = 2)

classified as obese. There has been a high level of children with fat percentage above the recommended

standards with respect to age group and so sexo.Tendo these increased rates of obesity , the monitoring of

indicators of nutritional status and body composition is important and that the family is oriented on a healthy diet

because the family habits are the main factor determining child's diet.

Keywords: Anthropometry. Nutritional status. Children. BMI. % BF

* Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: [email protected].)

** Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: [email protected].)

*** Docente do Departamento de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: [email protected])

**** Docente do Departamento de Estética e Farmácia do Centro Universitário Filadélfia - UniFil (e-mail: [email protected])

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

314

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos a população brasileira está passando por uma transição

nutricional, a desnutrição é considerado um problema preocupante, porém teve sua ocorrência

diminuída e houve um aumento significativo no sobrepeso e obesidade infantil, sendo de

extrema importância a elaboração de estratégias para o combate com uma intervenção

precoce, pois reduziria mais a gravidade de doenças relacionadas a esta desordem nutricional

(FLORES et al., 2013).

Segundo Kac (2003) a transição nutricional pode ser entendida como a passagem da

desnutrição para a obesidade, sendo o fenômeno no qual ocorre uma inversão nos padrões de

distribuição dos problemas nutricionais de uma dada população. A obesidade hoje não se

restringe somente em um problema presente nos países ditos desenvolvido, pois atinge cada

vez maiores parcelas dos estratos populacionais menos beneficiados.

A antropometria é altamente utilizada, mas é importante que exista uma garantia da

qualidade na coleta das medidas por meio de técnicas e instrumentos adequados para que os

dados coletados sejam fidedignos (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2009). Envolve a

obtenção de medidas físicas de um indivíduo para relacioná-las com um padrão que reflita o

seu crescimento e desenvolvimento. Diagnostica tanto a má nutrição por déficit quanto por

excesso (ROSSI, 2008).

O peso é o indicador mais sensível do estado nutricional utilizado para a avaliação do

estado nutricional de crianças, devendo ser usado em conjunto com outros parâmetros, pois o

aumento de peso pode significar o aumento de tecido adiposo, crescimento dos ossos e dos

músculos ou aumento do conteúdo de água corporal (edema), desta forma, esta medida é

passível de erro em sua interpretação (ROSSI, 2008).

A altura é considerada indicadora das condições de vida de uma população, sendo

que seu déficit pode indicar inadequações nutricionais de longa duração. Pode ser usada em

associação com peso corporal, compondo o índice de massa corporal na avaliação do estado

nutricional (DUARTE, 2007).

O índice de massa corporal (IMC) é o índice de grande eficácia, pois possui grande

utilidade para o rastreamento do sobrepeso e baixo peso, além de apresentação boa correlação

com a gordura corporal, este índice é útil tanto para avaliações transversais como

longitudinais (TIRAPEGUI, 2011).

Em relação à porcentagem de gordura corporal (%GC), a maior proporção é

localizada no tecido subcutâneo. A medida de pregas cutâneas tem sido muito utilizada

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

315

devido a sua fácil utilização, elevada precisão e custo relativamente baixo em comparação às

outras técnicas. Sua exatidão e precisão dependem do tipo de compasso utilizado, da

familiarização dos avaliadores com as técnicas de medida e da perfeita identificação do ponto

anatômico a ser medido (SANTANNA, PRIORE, FRANCESCHINI, 2009).

O estado nutricional das crianças vem se modificando com o aumento da prevalência

de sobrepeso, sendo que muitas vezes os hábitos que levam a esta prevalência são decorrentes

das influências alimentares de seus pais e do ambiente escolar. Contudo, a avaliação

antropométrica é primordial para obtenção do diagnóstico e posterior intervenção com

educação nutricional, sendo também importante uma adequada classificação para que os

indicadores do estado nutricional não sejam superestimados ou subestimados.

Desta forma, este estudo tem como objetivo verificar o estado nutricional em

crianças com dados antropométricos em um projeto Social na cidade de Londrina- PR.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado através de uma pesquisa de campo, trata-se de um

estudo transversal.

O planejamento de uma pesquisa de campo é uma atividade de busca e coleta de

dados que diagnostica e faz previsões do cenário futuro, esse planejamento pode prever os

passos ou etapas de uma atividade que se pretende desenvolver. Os projetos de pesquisa de

acadêmica têm especificidades, porque buscam respostas para problemas que necessitam de

solução em longo prazo, um bom planejamento do projeto pode contribuir para o

desenvolvimento e qualidade de vida brasileira (SILVEIRA, 2010).

O estudo transversal são estudos em que a exposição ao fator ou causa está presente

ao efeito no mesmo momento ou intervalo de tempo analisado, pode ser usado como um

estudo analítico, ou seja, para avaliar hipóteses de associações entre exposição ou

características e evento. Como os estudos transversais descrevem uma situação ou fenômeno

em um momento não definido, eles são importantes guias para tomadas de decisões no setor

de planejamento de saúde (HOCHMAN, 2005).

A amostra foi integrada por 48 crianças, sendo 29 do sexo feminino e 19 do sexo

masculino, dos períodos matutino e vespertino, com a faixa etária de 6 a 12 anos de idade que

frequentaram o Projeto no ano de 2014, na região leste, da cidade de Londrina/PR. A

avaliação antropométrica dos alunos foi realizada pelas pesquisadoras de nutrição

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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participantes do projeto de extensão com foco social, multiprofissional na instituição com a

avaliação do peso, estatura, e dobras cutâneas tricipital e subescapular.

De acordo com a padronização das técnicas, o peso foi mensurado em balança

Mecânica TEC-05- Techline, as crianças foram pesadas pela manhã, vestindo roupas leves e

descalças. Para a aferição da estatura, foi utilizada fita métrica inextensível de 150 cm, fixada

em uma parede lisa sem rodapé, onde as crianças foram avaliadas em pé, descalças, com os

braços estendidos ao longo do corpo e cabeça mantida em plano. O IMC foi determinado pela

razão entre o peso e a estatura: IMC = peso (kg) /estatura (m²). Na avaliação da %GC foi

utilizado adipômetro da marca Lange para aferir as pregas cutâneas, tricipital e subescapular.

O estado nutricional foi avaliado de acordo com o critério nacional da Organização

Mundial da Saúde (OMS) do ano de 2012 utilizando os indicadores IMC/Idade,

estatura/idade, peso/idade e a porcentagem de gordura de acordo com Frisancho (1990).

O projeto de extensão foi aprovado pelo Comitê de Ética para Seres Humanos sob o

número 372.696. As crianças que foram avaliadas apresentavam o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido – TCLE devidamente assinado pelo responsável.

Os dados foram tabulados no Microsoft Office Excel 2007 e transferidos para o

programa SPSS na versão 23.0. for Windows e adotado p < 0,05. Para a análise dos dados foi

aplicado o Chi-Square Tests para verificação da associação e o Test Spearman Correlation

para verificar a correlação entre o IMC e %GC; e o Peso e %GC.

RESULTADO E DISCUSSÃO

A amostra foi integrada por 48 alunos do sexo feminino (n=29) e masculino (n=19),

dos períodos matutino e vespertino, com a faixa etária de 6 a 12 anos de idade que frequentam

e participam de um projeto de Extensão no Meprovi Pequeninos na região leste, da cidade de

Londrina/PR no ano de 2014. Foram utilizados os dados de peso, altura, IMC, %GC (prega

cutânea tricipital e subescapular), coletados pelas pesquisadoras do curso de nutrição e

classificados de acordo com o critério nacional (OMS, 2012).

No gráfico 1 abaixo, verifica-se que do total de 48 alunos houve uma predominância

do sexo feminino de 60,40% (n=29), e em relação ao sexo masculino correspondeu a 39,6%

(n=19).

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MASCULINO

FEMININO

60,40%

39,60%

SEXO

Gráfico 1- Porcentagem de alunos de acordo com o sexo masculino e feminino em um projeto Social de

Londrina-PR, 2015.

Conforme o gráfico 2 no que diz respeito a faixa etária, do total de 48 alunos,

observa-se que a maioria 39,60% (n= 19) possui idade entre 9 a 10 anos, 35,40% (n=17) estão

acima de 10 anos e 25,00% (n= 12) correspondem a faixa etária de até 8 anos de idade.

Gráfico 2- Porcentagem de alunos segundo faixa etária em um projeto Social de Londrina-PR, 2015.

De acordo com o gráfico 3 em relação a estatura, na faixa etária de até 8 anos para o

sexo feminino, a predominância é de 62,50% (n=5) na faixa de normalidade para estatura,

porém 12,50% (n=1) está na faixa de muito baixo para a idade, 25,00% (n=2) encontram se

com a estatura acima da normalidade para a idade. Para o sexo masculino 50,00% (n=2) se

acima 10 anos 9 a 10 anos até 8 anos

10,00%

5,00%

0,00%

até 8 anos

9 a 10 anos

acima 10 anos

25,00%

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%

15,00%

35,40%

39,60% 45,00%

40,00%

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

318

encontram na faixa de normalidade, enquanto 25,00% (n=1) está baixo para a idade, e 25,00%

(n=1) alto para a idade.

Na faixa etária de 9 a 10 anos para o sexo feminino 83,30% (n=10) correspondem à

faixa de normalidade, 8,30% (n=1) está baixo para idade, e 8,30% (n=1) muito baixo para a

idade. Já no sexo masculino 71,40% (n=5) também se encontram nesta faixa, porém 28,60%

(n=2) estão classificados alto para a idade.

Observa-se que nesta faixa etária apresensam-se os maiores índices para as crianças

acima de 10 anos para o sexo feminino estão em sua maioria 44,40% (n=4) na faixa de

estatura classificados como alto para a idade, e no sexo masculino a predominância também

nesta faixa é de 37,50% (n=3).

Grafico 3- Porcentagem de classificação da estatura dos alunos do sexo masculino e feminino segundo faixa

etária em um projeto Social de Londrina-PR, 2015.

Em um estudo do tipo transversal realizado em escolas de ensino fundamental do

município de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, no ano de 2009, foram avaliadas 897

crianças (445 meninos e 452 meninas) matriculadas em 38 escolas, 6 urbanas e 32 rurais. A

prevalência de baixa estatura encontrada na amostra foi de 1,60%, das 14 crianças, 11 eram

pertencentes a escolas da área rural, além disso, 8 eram do sexo masculino. Neste estudo,

correlaciona-se a ausência do pai à baixa estatura, pois a presença de mais de uma figura

ofereça proteção e recursos para subsidiar uma boa nutrição e consequente bom crescimento

das crianças (SANTOS 2012).

12,50%

37,50%

25,00%

71,40%

28,60%

25,00%

50,00%

25,00%

22,20%

22,20%

44,40%

11,10%

12,50%

62,50%

25,00%

Acima de 10

anos

De 9 a 10

anos

Masculino

Até 8 anos Acima de 10

anos

De 9 a 10

anos

Feminino

8,30%

8,30%

83,30%

12,50% Muito Baixo

Baixo

Normal

Alto

Muito Alto

Até 8 anos

90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%

ESTATURA

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

319

Da mesma forma em nosso estudo foram encontrados percentuais de crianças

classificadas com baixa e muito baixa estatura, que podem estar relacionados com fator de

deficiência nutricionais a longo prazo.

No gráfico 4 em relação ao peso, observa-se que na faixa etária até 8 anos para o

sexo feminino, 25,00% (n=2) estão eutróficas, já a prevalência para risco de sobrepeso é de

37,50% (n=3), e com 12,50% (n=1) classificados como sobrepeso, já em relação às

classificações de risco de baixo peso e baixo peso houve uma mesma prevalência de 12,50%

(n=1). Para o sexo masculino 100% encontram-se eutróficos. Na faixa etária de 9 a 10 para o

sexo feminino 66,70% (n=8) estão eutróficas, porém 25,00% (n=3) apresentam sobrepeso. No

sexo masculino 71,40% (n=5) estão eutróficos, enquanto 28,60% (n=2) encontram-se com

sobrepeso.

Tendo como dados mais relevantes faixa etária de 9 a 10 para o sexo masculino

28,60% (n=2) encontram-se com sobrepeso.

Em relação ao critério nacional da OMS do ano de 2012, não classifica indicadores

de peso para crianças na faixa etária acima de 10 anos de idade.

Grafico 4- Porcentagem de classificação de peso dos alunos do sexo masculino e feminino segundo faixa

etária em um projeto Social de Londrina - PR, 2015.

Em um estudo transversal, realizado no Estado de Pernambuco, Região Nordeste do

Brasil, realizou-se a antopometria para avaliar os determinantes do excesso de peso conforme

PESO

120,00%

100,00%

80,00%

60,00%

40,00%

20,00%

0,00%

Até 8 anos De 9 a 10

anos

Feminino

Acima de

10 anos Até 8 anos

De 9 a 10

anos

Masculino

Acima de

10 anos

28,60% 25,00% 12,50% Sobrepeso

37,50% Risco de Sobrepeso

71,40% 100,00% 66,70% 25,00% Normal

12,50% Risco de Baixo Peso

0,00% 0,00% 8,30% 12,50% Baixo Peso

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

320

os procedimentos técnicos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A

amostra final totalizou 1.484 indivíduos, na estratificação por sexo, 611 (42,6%) eram do sexo

masculino e 824 (57,4%), do feminino, a prevalência de excesso ponderal foi de 13,3% (n =

191), sendo 9,5% de sobrepeso e 3,8% de obesidade, entretanto os percentuais foram

ligeiramente superiores nas meninas e entre os adolescentes (10-19 anos) (MOREIRA et al,

2012).

Ao contrario do estudo de Moreira (2012), nesta pesquisa foram encontrados

percentuais ligeiramente superiores no sexo masculino em relação ao excesso de peso .

Segundo POF (2008-2009), a prevalência de excesso de peso em meninos era

moderada em 1974-1975 (10,9%), aumenta para 15,0% em 1989 e chegando 34,8% em 2008-

2009. Padrão semelhante de aumento do excesso de peso é observado em meninas: 8,6%,

11,9% e 32,0%, respectivamente. A evolução da prevalência de obesidade nos dois sexos se

repete, analisando a evolução do excesso de peso e da obesidade verifica-se um aumento

explosivo de 1989 a 2008- 2009.

No gráfico 5 segundo IMC, na faixa etária até 8 anos para o sexo feminino, observa-se

que 75,00% (n=6) estão eutróficas, já os que estão classificados como sobrepeso e obesidade

apresenta a mesma prevalência de 12,50% (n=1). Para o sexo masculino 100%se encontram

eutróficos.

Na faixa etária de 9 a 10 anos para o sexo feminino, 83,30% (n=10) encontram-se

eutroficas, e 16,70% (n=2) com obesidade. No sexo masculino 71,40% (n=5), estão

eutróficos, e 28,60% (n=2) encontram-se na faixa da obesidade.

Para as crianças acima de 10 anos no sexo feminino 77,80% (n=7) apresentam-se

eutróficas e 22,20% (n=2) com sobrepeso. No sexo masculino 62,50% (n=5) estão eutróficos,

e 25,00% (n=2) sobrepeso, e 12,50% (n=1) obesidade.

Segundo os dados aperesenta predominância o IMC em crianças acima de 10 anos

no sexo feminino em 22,20% (n=2) com sobrepeso e no o sexo masculino na faixa etária de 9

a 10 anos 28,60% (n=2) encontram-se na faixa da obesidade.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

321

Grafico 5- Porcentagem de classificação de indice de massa corporal por faixa etária dos alunos do sexo

masculino e feminino segundo faixa etária em um projeto Social de Londrina-PR, 2015

Em um estudo realizado em escolas da rede pública da cidade de Juiz de Fora - MG,

a amostra foi integrada por 241 meninas (50,2%) e 239 meninos (49,8%), através de avaliação

do IMC, segundo sexo e idade e de acordo com os parâmetros da OMS, 18% dos escolares

foram considerados obesos, sendo 10,4% entre meninas e 7,6% entre meninos. Para o

sobrepeso identificou-se um total de 7,5% e 13,1% para o sexo feminino e masculino,

respectivamente (RODRIGUES et al., 2011).

Neste estudo houve predominância de obesidade nas meninas e sobrepeso nos

meninos, ocorrendo o inverso em nosso estudo.

Em outro estudo realizado em 2005, com 6156 escolares sendo 3.268 (53,1%) do

sexo masculino e 2.888 (46,9%) do sexo feminino, com idade de 6 a 16 anos, de 15 escolas da

rede municipal de ensino da cidade de Maringá-PR. O estado nutricional dos escolares foi

avaliado por meio do índice de massa corporal (IMC). A maioria (62,2%) dos escolares foram

classificados eutróficos, já excesso de peso e obesidade foi verificado em 24,1% semelhante

nos dois gêneros, e com prevalência maior no grupo etário dos 6 aos 8 anos de idade.

Desnutrição e risco para desnutrição foi encontrado em 13,6% dos escolares, sendo mais

prevalente no grupo etário de nove a 11 anos e 12 a 16 anos (FANHANI; BENNEMANN,

2011).

12,50% 28,60% 16,70% 12,50%

62,50%

25,00%

71,40% 100,00% 77,80%

22,20%

83,30% 75,00%

12,50%

Risco de Desnutrição

Normal Sobrepeso

Risco de Obesidade

Obesidade

Acima de 10

anos

De 9 a 10

anos

Masculino

Acima de 10

anos Até 8 anos

De 9 a 10

anos

Feminino

Até 8 anos

1,2

1

0,8

0,6

0,4

0,2

0

IMC

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

322

Em relação ao IMC em nosso estudo não houve nenhuma criança classificada com

risco de desnutrição e desnutrição, porém a maioria também se encontram na faixa da

normalidade, mas devemos nos atentar aos índices de excesso de peso.

Em pesquisa recente divulgada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), destaca que na faixa etária de 5 a 9 anos no sexo masculino a prevalência

de excesso de peso no IMC (sobrepeso + obesidade) foi de 34,8%, enquanto nas meninas foi

de 32%. Na faixa etária de 10 a 19 anos, o excesso de peso em meninos correspondeu a 21,7%

e nas meninas 19,4%. Esses valores foram parecidos dos que os observados no presente

estudo, indicando o sexo masculino com maior prevalência de excesso de peso, exceto na

faixa etária até os 8 anos de idade em que na sua totalidade se encontram eutróficos.

Assim como no nosso estudo, observa-se que houve predominância de excesso de

peso nos meninos.

Analisando o gráfico 6, referente a %GC verificou-se que na faixa etária de até 8

anos no sexo feminino, 50,00% (n=4) da população avaliada estão eutróficos, porém observa-

se que as 3 classificações de sobrepeso, em risco de obesidade, obesidade e desnutrição

apresentam a mesma prevalência com 12,50% (n=1). Observa-se que aqueles que estão acima

do peso ideal totalizam 37,5%. Na mesma faixa etária no sexo masculino 25,00% (n=1) se

encontra em risco de desnutrição.

Na faixa etária de 9 a 10 anos no sexo feminino 75,00% (n=9) encontram-se

eutróficas, enquanto 16,70% (n=2) estão classificados em obesidade e 8,30% (n=1) em

sobrepeso. Em relação ao sexo masculino 71,40% (n=5) estão eutróficos, sendo que 28,60%

(n=2) estão na faixa da obesidade.

As crianças acima de 10 anos do sexo feminino 66,70% (n=6) encontram-se

eutroficas, enquanto 33,30% (n=3) apresentam risco de obesidade. No sexo masculino

75,00% (n=6) estão eutróficos, porém as duas classificações obesidade e risco de obesidade

apresentam a mesma prevalência de 12,50% (n=1).

Neste estudo observa-se que em relação a prevalencia de %GC na faixa etária de 9 a

10 anos no masculino 28,60% (n=2) estão na faixa da obesidade as crianças acima de 10 anos

do sexo feminino 33,30% (n=3) apresentam risco de obesidade.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

323

Grafico 6- Porcentagem de classificação da gordura corporal dos alunos do sexo masculino e feminino segundo faixa

etária em um projeto Social de Londrina- PR, 2015.

Quanto a verificação da gordura corporal excessiva na infância, um ponto relevante

refere-se a precocidade com que podem surgir os efeitos danosos a saúde, associados á

obesidade, além das relações existentes entre a obesidade infantil e seu prolongamento até a

vida adulta (PEREIRA, 2010).

No estudo realizado em Irati- Paraná, no ano de 2009 com 87 escolares entre 11 e 13

anos de idade, sendo 43 (49,4%) do sexo masculino e 44 (50,6%) do sexo feminino, para

determinar o estado nutricional foram realizadas as medidas antropométricas peso, estatura e

dobras cutâneas (tricipital e subescapular). Entretanto, 32,5% dos meninos e 41% das meninas

apresentam índices de gordura corporal acima dos valores recomendados, ainda 16,3% dos

meninos apresentaram baixos índices de gordura corporal podendo estar associados à

desnutrição (PEREIRA, 2010).

Assim como no nosso estudo houve predominância de GC acima do recomendado

nas meninas, porém GC abaixo do recomendado ocorreu em ambos os sexos na faixa etária

até 8 anos de idade.

Verificou-se que acordo com o quadro 1, de um total de 48 alunos avaliados,

verifica-se que em relação ao IMC, 10,40% estão classificadas como sobrepeso, sendo que

12,50% 28,60% 16,70%

33,30%

75,00%

12,50%

71,40%

25,00%

75,00% 66,70% 75,00%

8,30%

12,50%

50,00%

12,50%

12,50%

12,50%

Risco de Desnutrição

Normal

Sobrepeso

Risco de Obesidade

Obesidade

Acima de

10 anos

De 9 a 10

anos

Masculino

Acima de

10 anos Até 8 anos

De 9 a 10

anos

Feminino

Até 8 anos

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%

%GC

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

324

destes em relação a %GC, 80,00% encontra-se com risco de obesidade e 20,00% com a %GC

na faixa da normalidade. De 12,50% classificados em obesidade para o IMC,

100%apresentam %GC de obesidade. Contudo, deve se atentar para este grupo composto por

77,10% de alunos considerados como eutróficos segundo o IMC, sendo que destes em relação

a %GC apresentou níveis acima da normalidade com 5,40% classificados como sobrepeso e

2,70% com risco de obesidade.

Neste caso foi identificada associação (ˣ2p=,000) e correlação (r=,816; p=,000)

entre as variáveis IMC e %GC.

Classificação IMC (OMS)

Total Classificaç

ão %GC Fisancho

Risco de Desnutrição

Magreza

Normal

Sobrepeso

Risco de Obesidade

Obesidade

Normal 77,10%

2,70% 2,70% 86,50%

5,40% 2,70%

Sobrepeso

10,40%

20,00%

80,00%

Obesidade

12,50%

100,00%

Total 100%

Quadro 1- Correlação entre IMC e porcentagem de gordura dos em um projeto Social de Londrina-PR,

2015.

De acordo com Teixeira et al. (2012), com intuito de verificar a prevalência de

excesso de peso através do IMC e %GC (prega tricipital e subescapular), realizou a avaliação

antropométrica de 526 crianças e adolescentes (292 meninos e 234 meninas) com idade entre

5 e 17 anos, da cidade de Santos - SP. O estudo permitiu a observação de pontos falhos no

IMC, pois 15,1% da amostra considerada normal apresentou gordura corporal além dos níveis

de normalidade, podendo estar associada com alta prevalência de alterações

cardiometabólicas, síndrome metabólica e outros fatores de risco cardiovasculares.

Os indicadores antropométricos IMC e %GC através das dobras cutâneas, são de

grande importância para a classificação do estado nutricional em crianças, apresentam como

característica básica a facilidade de coleta dos dados e simplicidade na interpretação de seus

resultados, além de que sua utilização possui relação direta com a incidência de doenças

crônico-degenerativas, uma vez que, estão cada vez mais presentes nas faixas etárias mais

precoces (JANUÁRIO, 2008).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

325

CONCLUSÃO

No presente estudo, verificou-se em relação ao peso, tendo como dados mais

relevantes no sexo masculino na faixa etária de 9 a 10 anos com 28,60% (n=2) classificados

em sobrepeso, já o IMC apresentou maiores valores de percentual 28,60% (n=2) em crianças

com a faixa etaria de 9 a 10 anos que encontram-se na faixa da obesidade. A prevalencia de

%GC foi na faixa etária de 9 a 10 anos no sexo masculino com 28,60% (n=2) classificados

em obesidade. Observa-se um elevado nível de crianças que apresentam percentual de gordura

acima dos padrões recomendados, em relação a faixa etária e sexo.

Apesar da predominância da eutrofia, existem fatores de risco para o

desenvolvimento do sobrepeso e obesidade que são preocupantes nas crianças e merecem

maior atenção, ressalta-se a importância do monitoramento dos indicadores do estado

nutricional e da composição corporal da população em questão, para assim, permitir

direcionar intervenções preventivas com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento

nutricional infantil.

Estes índices elevados de excesso de peso possivelmente podem estar relacionados

aos indicadores de problemas sociais, a falta de participação da família, provavelmente, a

baixa escolaridade dos pais podem influir em diversos aspectos da vida da criança, tais como

maior exposição a alimentação de baixa qualidade e ao sedentarismo, seja por menor acesso a

alimentos saudáveis, informações adequadas ou pela menor capacidade de discernir entre o

que é considerado saudável.

Importante que toda a família seja orientada para uma alimentação saudável, através

de palestras para pais e alunos nas escolas, panfletos educativos, pois isto pode ajudar a

criança a crescer com bons hábitos, pois o primeiro e principal fator alimentar da criança são

os hábitos da família.

Os resultados deste estudo apontam a necessidade de uma pesquisa para a

investigação dos fatores familiares e socioeconômicos, e de que forma podem interferir na

alimentação e no estado nutricional da criança.

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328

ÓLEO DE CÔCO E SUA INFLUÊNCIA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

COCONUT OIL AND ITS INFLUENCE IN THE TREATMENT OF OBESITY

Cesar Rodrigues da Rocha *

Flávia Hernandez Fernandez **

RESUMO

Há um aumento significativo da prevalência da obesidade em diversas populações do mundo, incluindo o

Brasil. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente,

estilos de vida e fatores emocionais. O uso de auxiliares no emagrecimento como fitoterápicos,

nutracêuticos e medicamentos alopátipos é crescente. A utilização do óleo de coco como redutor de

gorduras, tem sido estudada ao longo dos anos. O presente estudo de revisao, tem por objetivo, a real

influencia do óleo de coco no emagrecimento. Fica claro que, apesar das diversas teorias positivas sobre o

óleo de coco, os estudos ainda são escassos e controversos, tanto para o perfil lipídico quanto para o

emagrecimento.

PALAVRAS CHAVE: óleo de coco, coconut oil, obesidade, termogênese. Lipídios, obesidade.

ABSTRACT

There is a significant increase in the prevalence of obesity in various populations of the world, including

Brazil. The etiology of obesity is multifactorial and complex, resulting from the interaction of genes,

environment, lifestyle, and emotional factors. The use of aids in weight loss and herbal medicines,

nutraceuticals and alopátipos drugs is growing. The use of coconut oil and fats reducer, has been studied

over the years. This study revision, aims, the real influence of coconut oil in weight loss. It is clear that,

despite several positive theories about coconut oil, studies are still scarce and controversial, both for lipid

profile and for weight loss.

KEYWORDS: coconut oil, coconut oil, obesity, thermogenesis. Lipids, obesity.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores

problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões

de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de

crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderia chegar a 75 milhões, caso nada

seja feito.

*Discente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Filadélfia – UniFil. ** Docente do Departamento de Farmácia e Estética do Centro Universitário Filadélfia – UniFil (e-mail: [email protected])

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

329

Nas últimas décadas a população brasileira experimentou intensas

transformações nas suas condições de vida, saúde e nutrição. Dentre as principais

mudanças destaca-se a ascensão do excesso de peso e obesidade que avançam em todas

as faixas etárias e classes sociais, com impacto significativo nas mulheres inseridas nos

estratos de menor renda. A Pesquisa de orçamentos Familiares (POF) 2008-2009,

realizada em parceria entre IBGE e Ministério da Saúde (MS), analisando dados de 188

mil brasileiros em todas as idades Nota-se, ainda a difusão da obesidade em todas as

regiões geográficas, especialmente, no meio urbano. Neste levantamento 50% dos

homens e 48% das mulheres se encontram com excesso de peso, sendo que 12,5% dos

homens e 16,9% das mulheres apresentam obesidade (ABESO 76 – Outubro 2010 –

Edição Especial).

Há uma semelhança entre países latino-americanos. Todas essas transformações

tem imposto ao campo da saúde no que se refere ao aumento de indivíduos com

sobrepeso e obesidade nas últimas décadas. O assunto tem gerado grande importância

para estudiosos de nutrição, em busca de uma solução.

A obesidade pode ser definida de forma resumida, como o armazenamento de

gordura no organismo associado a riscos para a saúde devido a sua relação com várias

complicações metabólicas (WORD HEALTH ORGANIZATION, 1995). A base da

doença é o processo indesejável do balanço energético positivo, resultando em ganho de

peso. No entanto, a obesidade é definida em termos de excesso de peso. O índice de

massa corporal (IMC) é o índice recomendado para a medida da obesidade em nível

populacional e na prática clínica. Este índice é estimado pela relação entre o peso e a

estatura, e expresso em kg/m2 (MENDONÇA, ANJOS, 2004).

Há indícios de que ácidos graxos de cadeia média possam aumentar o gasto

celular de energia e desta forma contribuir para a manutenção do peso corporal

(PAPAMANDJARIS, ET AL., 1998). Os lipídios, quando consumidos em excesso,

promovem o aumento da concentração plasmática de ácidos graxos livres, modificam o

metabolismo lipídico e estimulam a expressão gênica de proteínas presentes nas

mitocôndrias que produzem energia sob a forma de calor, processo conhecido como

termogênese. As Unclouped Protein (UCP) ou proteínas desacopladoras, são as

principais responsáveis pela termogênese do organismo, contribuindo fortemente para o

aumento do gasto energético diário, que por sua vez, contribui para o emagrecimento e

mudanças na composição corporal (BOSCHINI GARCIA, 2005).

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330

Sabe-se que os lipídeos apresentam elevado valor calórico e o seu consumo

excessivo contribui expressivamente para o desenvolvimento de excesso de peso e

acúmulo de gordura corporal. Ademais, a íntima relação entre este acúmulo de gordura

no tecido adiposo, principalmente depositado na região abdominal, e complicações

cardiovasculares, dislipidemias, resistência à ação da insulina e o diabetes mellitus tipo

2 tem sido apontada por diversos autores (LERARIO et al., 2002; RIBEIRO FILHO et

al., 2006).

Entretanto, estudos recentes têm chamado atenção ao perfil de ácidos graxos na

gordura da dieta, uma vez que ácidos graxos monoinsaturados ω-9, bem como

poliinsaturados ω-6 e ω-3 podem apresentar vários efeitos benéficos no tratamento ou

prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis e suas comorbidades,

particularmente, a adequada proporção na dieta – em torno de 2:1 a 4:1 de ω-6 e ω-3,

respectivamente (MARTIN et al., 2006; HIRATSUKA et al., 2008). Desta maneira,

alimentos e suplementos nutricionais utilizando ácidos graxos têm sido os alvos da

indústria e da mídia não especializada, incentivando o consumo de produtos os quais,

possivelmente, modificariam o balanço entre a lipogênese e a oxidação lipídica e, assim,

poderiam reduzir ou reverter os efeitos negativos ocasionados pela adiposidade

abdominal. Dentre os produtos do gênero disponíveis à comercialização, podemos citar

como exemplo o óleo de coco.

Em um estudo realizado por WATKINS, et al. (1996), mostra a importância do óleo de

coco denominado como extra virgem pelo fato de possuir um índice de acidez inferior a

0,5%. Além disso, o teor de gordura saturada do óleo de coco é semelhante ao do leite

humano, o que significa que ela é de fácil digestão, gerando energia rapidamente .

É um óleo de origem vegetal rico em vitamina E, e ácidos graxos essenciais

como o ômega 9, ácido láurico e cáprico, de fácil digestão, gera muita energia

ajudando o Sistema Imunológico. É também de grande importância saber usá-lo na dose

correta, do contrário sua ação torna-se negativa por ser um óleo e quando consumido em

excesso, torna-se prejudicial à saúde. Dentre os diversos benefícios apresentados a

termogênese é a mais comentada, no entanto não se pode deixar de lado o restante (Vaz

et al, 2014).

Estudos apontam que o óleo de coco, tem a capacidade de reduzir os níveis de

LDL, balancear os níveis do bom colesterol no sangue (HDL) por apresentar fácil

metabolização e baixa capacidade de oxidação. (SANTOS, 2013). O óleo de coco tem

classificação de gordura saturada ou seja uma gordura dura, com esta classificação

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deveria ser sólido em temperatura ambiente, porém, é líquido pois predominam os

ácidos graxos de cadeia média (AGCM) sendo maioria em sua composição

(RODRIGUES, 2012).

Os triglicerídeos de cadeia média (TCM), são tipos de lipídios saturados,

constituídos por três ácidos graxos de cadeia média ligados a uma molécula de glicerol,

numa cadeia de seis a doze átomos de carbono (Leser e Alves, 2010). O triglicerídeos

de cadeia média possui uma velocidade de absorção mais rápida do que os triglicerídeos

de cadeia longa, já que utiliza o sistema porta-hepático para chegar ao fígado, não

necessitando da reesterificação no sistema linfático. Além disso, a entrada dos ácidos

graxos de cadeia média na mitocôndria não depende do sistema de transporte ligado à

carnitina. Quando suplementado, o triglicerídeo de cadeia média aumenta a taxa de

oxidação de lipídios, e, uma vez consumido, 90% é oxidado em 24 horas (Boschini e

Garcia, 2005).

Em função do crescente percentual de indivíduos obesos no Brasil e no

mundo, viu-se a necessidade de realização de um estudo atualizado sobre real eficácia

da utilização do óleo de coco, como coadjuvante no tratamento dessa doença.

OBESIDADE X ÓLEO DE COCO

A obesidade é considerada atualmente uma patologia com fatores de maior

risco das doenças com agravos não transmissíveis, considerada uma doença crônica,

multifatorial pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo, fator de risco

para diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, distúrbios reprodutivos em

mulheres, relacionada também com alguns tipos de câncer e problemas respiratórios.

Prevenir e diagnosticar ainda precoce a obesidade é importante para redução de

morbimortalidade, principalmente por ser um fator de risco para outras doenças, é

necessário buscar promoção da saúde para melhorar a qualidade de vida, pessoas obesas

sofrem por serem excluídas da estética promovida pela sociedade atual, isto resulta em

depressão e solidão.

O consumismo, a vida agitada, falta de tempo para fazer uma alimentação

adequada são fatores que também contribuem para o aparecimento da obesidade, assim

como transformações econômicas, tecnológicas e genéticos tornando assim uma questão

social e ao mesmo tempo complexa entre corpo, saúde, alimento e atividade física.

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332

Os dados são alarmantes e não batem com as informações divulgadas pelo

Vigitel 2014 no início do ano, quando o governo anunciava uma estabilização nos

índices de sobrepeso e obesidade na casa dos 52,5%. No levantamento realizado pelo

IBGE, o índice beira os 60%. Cerca de 82 milhões de pessoas apresentaram o IMC igual

ou maior do que 25 (sobrepeso ou obesidade). Isso indica uma prevalência maior de

excesso de peso no sexo feminino (58,2 %), que no sexo masculino (55,6%). O dados

anunciados pelo IBGE traduzem a urgência de se pensar políticas públicas adequadas à

prevenção e tratamento do sobrepeso e obesidade.

De acordo com o estudo, o excesso de peso aumenta com a idade, de modo mais

rápido para os homens, que na faixa de 25 a 29 anos chega a 50,4%. Contudo, nas

mulheres, a partir da faixa etária de 35 a 44 anos a prevalência do excesso de peso

(63,6%) ultrapassa a dos homens (62,3%), chegando a mais de 70,0% na faixa de 55 a

64 anos. A partir dos 65 anos de idade, observa-se um declínio da prevalência do

excesso de peso, tanto no sexo masculino quanto no feminino, sendo mais acentuada

nos homens, que na faixa etária de 75 anos e mais corresponde a 45,4% contra 58,3%

do sexo feminino.

Os dados mostraram ainda que a obesidade acomete um em cada cinco

brasileiros de 18 anos ou mais em 2013 (20,8%), sendo que o percentual é mais alto

entre as mulheres (24,4% contra 16,8% dos homens). Em dez anos, a obesidade entre

mulheres de 20 anos ou mais passou de 14,0% em 2003, segundo a Pesquisa de

Orçamentos Familiares (POF), para 25,2% em 2013, de acordo com a PNS. Entre os

homens, o crescimento foi menor, de 9,3% para 17,5%. O acúmulo de gordura

abdominal também foi mais frequente no sexo feminino, atingindo 52,1% das mulheres

e 21,8% dos homens. O oposto ocorre em relação à pressão arterial, cuja elevação foi

mais comum entre os homens (25,3%) que entre as mulheres (19,5%), atingindo 22,3%

da população no momento da entrevista.

Uma em cada quatro mulheres de 18 anos ou mais de idade (24,4%) era obesa

em 2013, enquanto, entre os homens, o percentual era de 16,8%. Isso significa que essas

pessoas tinham índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30, obtido através da

divisão do peso pelo quadrado da altura. A obesidade chegou a 32,2% nas mulheres

com idade de 55 a 64 anos, contra 23,0% nos homens.

Já o déficit de peso em adultos com 18 ou mais anos foi de 2,5 % (2,1% para homens e

2,8% para mulheres), ficando abaixo do limite de 5,0% esperado em qualquer

população para indivíduos constitucionalmente magros. A estratificação da população

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adulta por grupos de idade indica que a prevalência de déficit de peso só ultrapassa os

5,0% apenas para mulheres com idade entres 18 e 24 anos (6,8%), sendo que para os

homens desta faixa etária a prevalência de déficit de peso (4,6 %) é a maior dos grupos

de idade, porém não chega a 5,0%. Indicando com isso a não exposição à desnutrição da

população adulta, como um todo.

Enquanto 52,1% das mulheres tinham uma circunferência da cintura maior ou

igual a 88 cm, o que caracteriza obesidade abdominal, 21,8% dos homens media 102 cm

ou mais nessa parte do corpo. O excesso de gordura abdominal está associado ao risco

de doenças cardiometabólicas, como obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Com

relação à circunferência da cintura aumentada por grupos de idade, observa-se que

conforme aumenta a idade ela tende a ficar mais elevada, tanto no sexo feminino quanto

no masculino, ultrapassando 70,0% das mulheres acima de 55 anos de idade e a 35,0%

no caso dos homens.

Entre 2003 e 2013, a obesidade entre mulheres de 20 anos ou mais de idade

passou de 14,0% (de acordo com a POF 2002-2003) para 25,2% (segundo a PNS), um

aumento de 11,2 pontos percentuais (p.p.). Entre os homens, houve um menor

crescimento, de 9,3% para 17,5%, uma diferença de 8,2 p.p. Em relação ao excesso de

peso, também houve um aumento contínuo tanto para os homens (de 42,4% para

57,3%) quanto para as mulheres (de 42,1% para 59,8%). Por outro lado, houve declínio

contínuo do déficit de peso, tanto para homens (de 2,8% para 1,9%) quanto para

mulheres (de 4,9% para 2,5%).

São muito as variáveis no processo de ganho de peso, a obesidade exógena é

responsável por 95 a 98% dos casos e apenas um percentual muito baixo (2 a 5%) tem

como causas as síndromes genéticas que evoluem com obesidade (Prader-Willi,2013).

Através da biologia molecular vem sendo feito algumas elucidações desta patologia,

fisiológico-bioquímica são estudadas as variações do balanço energético . É considerado

um distúrbio do metabolismo energético em que ocorre acúmulo excessivo de energia,

sob forma de trIglicerídeos no tecido adiposo. Os estoques de energia no organismo são

regulados pela ingestão e pelo gasto energético, quando há equilíbrio entre a ingestão e

o gasto energético, o peso corporal é mantido, um pequeno balanço positivo acarreta

baixo incremento de peso, mas o desequilíbrio crônico entre a ingestão e o gasto levará

à obesidade ao longo do tempo.

Os fatores causais da obesidade estão ligados à excessiva ingestão de energia, ao

reduzido gasto ou a alterações na regulação deste balanço energético . Os avanços no

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campo da biologia molecular começaram a ocorrer a partir da observação de mutações

em genes de camundongos obesos e, com isso, novas vias de regulação do peso corporal

foram descobertas. Existem numerosos componentes já identificados que participam da

regulação do peso corporal, mas os papéis precisos de cada um ainda não foram

determinados.

É considerada uma patologia para ser tratada pela atenção básica do Sistema

Único de Saúde (SUS), onde a proposta de intervenção na reversão do quadro de

excesso de peso à nível populacional e também individual, envolve programa sobre

alimentação, atividade física, corpo e saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) previne quanto ao aumento de

consumo de produtos industrializados e de consumo de alimentos in natura ou

minimamente processados. É recomendado buscar o balanço energético e o peso

saudável, limitar o consumo de gorduras, aumentar o consumo de frutas, legumes e

verduras, cereais integrais e oleaginosas (amêndoas, castanha), limitar o consumo de

açúcares livres, limitar o consumo de sal (sódio) de todas as fontes e assegurar que o sal

seja iodado. Lembra também que as pessoas possam realizar seu direito à escolha, é

necessário garantir a disponibilidade de alimentação adequada ou seja deve ser

oferecido refeições saudáveis, saborosas, em ambiente agradáveis, em restaurantes

comerciais ou institucionais, creches, escolas, hospitais para que seja adequado em

qualquer espaço público que ofereça refeições. Com estas medidas de promoção de

alimentação saudável devem se adequar aos diferentes espaços públicos como as redes

de ensino e saúde, meios de comunicação em massa, indústrias, locais de

comercialização de alimentos, organizações sociais e governamentais. A obesidade

pode ser considerada de caráter multifuncional abrangendo questões biológicas às

históricas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e porlíticas ( Cadernos de Atenção

Básica, 2006)

A floração do coqueiro acontece com cinco anos após plantado, na sequência

após a fertilização, o fruto amadurece no prazo de 12 meses e surge a polpa sólida,

também chamada copro que possui uma consistência de 60-70% de óleo (KUMAR,

2011).

No coco é encontrado em cada 100 gramas íons inorgânicos, sódio 42 mg,

potássio 290 mg, cálcio 44 mg, magnésio 10 mg e fósforo 9,2 mg (WFFIONG et al.,

2010). A água de coco é rica em vitaminas do complexo B, a cada ml encontramos:

ácido nicotínico B3 0,64 ug, ácido pantotênico B5 0,52 ug, biotina 0,02 ug, riboflavina

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menos que 0,01 ug, ácido fólico 0,003 ug, quantidade pequenas de tiamina B1 e

piridoxina B6 (CHAN et al., 2006). É também encontrado açúcares, vitamina C,

aminoácidos livres, fitoesteróis (auxina, 1-3-difeniluréia, citocina) enzimas (fosfatase

ácida, catalase, desidrogenase, diástase, peroxidase, RNA polimerases) e fatores

promotores de crescimento (YOUNG et al., 2009).

Fazem parte os ácidos graxos saturados, capróico, caprílico, láurico, mirístico,

palmítico, esteárico, e araquídico. Ácidos graxos insaturados encontrados são: oléico,

palmioléico, e linolênico (ASSUNÇÃO et al., 2009).

O coco e o óleo de coco (Coco nucifera) são importantes fontes naturais de

gorduras saturadas, especialmente de ácido láurico (C12:0). Em respeito à dislipidemia,

sabe-se que gorduras sólidas saturadas ricas em ácido láurico resultam em perfil lipídico

mais favorável do que uma gordura sólida rica em ácidos graxos trans(MENSINK et al.,

2003; ROOS & KATAN, 2001). Em relação aos demais tipos de gorduras saturadas,

especialmente ácido mirístico e palmítico, o ácido láurico apresenta maior poder em

elevar LDL-C, bem como HDL-C62. Entretanto, esse efeito parece não ser a causa do

aumento da prevalência de DCV de acordo com estudos realizados na Ásia, onde o óleo

de coco representa até 80% da gordura consumida em algumas regiões(Lipoeto et al.,

2004; LIPOETO,1997).

No Brasil, um ensaio clínico mostrou redução da relação LDL:HDL, aumento do

HDL-C e redução da circunferência abdominal no grupo que utilizou óleo de coco

(ASSUNÇAO et al., 2009) . Apesar dos potenciais benefícios do óleo de coco no HDL,

os estudos experimentais comprovam o efeito hipercolesterolêmico do coco e seus

subprodutos, como o recente estudo com cobaias que comparou óleo de coco com azeite

de oliva e óleo de girassol. O grupo tratado com óleo de coco apresentou aumento

significativo da fração não HDL e triglicérides(LECKER et al., 2010).

De acordo com a característica da polpa e a técnica utilizada para a extração da

gordura pode-se obter óleos com diferentes qualidades. A polpa do fruto pode ser

submetida ao processo de secagem (sob exposição à luz solar ou em equipamentos

específicos) e prensada de forma mecânica, até a obtenção do óleo. Após, o produto

sofre os processos de refinamento, descoloração e desodorização (refining, bleaching,

and deodorizing - RBD), durante os quais o óleo é submetido a elevadas temperaturas e

purificação com solventes químicos. Como produto final tem-se o óleo de coco

refinado, ou copra. Em virtude do aquecimento, alguns compostos benéficos, como

tocoferóis, tocotrienóis, polifenóis e outros antioxidantes podem se encontrar em

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quantidades significativamente reduzidas, se comparado ao óleo de coco virgem

(NEVIN; RAJAMOHAN, 2004; O’BRIEN, 2009; MARINA et al., 2009).

O óleo de coco virgem, de acordo com as normas estabelecidas no manual

Philippine National Standards (PNO), é feito a partir da polpa fresca e madura, por

métodos naturais ou mecânicos, com ou sem aquecimento, porém sem o uso de

solventes químicos para refinamento.

Com a prensagem da polpa madura e fresca, obtém-se uma emulsão leitosa, a

qual precisa ser separada para a obtenção do óleo. Esta separação pode ser realizada por

centrifugação, ação enzimática, fermentativa ou por resfriamento, congelamento e

posterior descongelamento em banho-maria. Em virtude do uso de técnicas que não

requerem elevadas temperaturas e agentes químicos para refinamento, este tipo de óleo

conserva os compostos antioxidantes presentes no fruto e suas características naturais

(MANSOR et al., 2012; PHILIPPINES, 2004; APCC, 2009).

Embora apresente um importante conteúdo de antioxidantes, busca-se a

utilização do óleo de coco em virtude do tipo de lipídeo que o compõe: o ácido graxo de

cadeia média (AGCM). Classificados como saturados, estes ácidos possuem entre seis e

12 carbonos em sua cadeia (FIGUEIREDO-SILVA et al., 2012). O ácido láurico, um

AGCM, corresponde a 50% da composição de ácidos graxos do óleo de coco, seguido

por quantidades consideráveis de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como os

ácidos cáprico, capróico e caprílico (ZAKARIA et al., 2011), o que torna o óleo de coco

um alimento com baixas quantidades de ácidos graxos essenciais, como os ácidos

linoléico e linolênico (IPPAGUNTA et al., 2011). Os AGCM apresentam algumas

peculiaridades no que se refere ao metabolismo hepático e seus mecanismos de ação, e

tais peculiaridades seriam responsáveis pelo efeito benéfico na adiposidade abdominal e

perfil lipídico.

Diferentemente dos ácidos graxos de cadeia longa, AGCM não requerem a ação

transportadora dos quilomícrons via sistema linfático para alcançarem os tecidos-alvo,

ou seja, os ácidos graxos de cadeia média percorrem a circulação diretamente pelo

sistema portal, o que facilita a metabolização hepática e oxidação mitocondrial

(FIGUEIREDO-SILVA et al., 2012). Ademais, em se tratando da oxidação

mitocondrial, estes ácidos graxos seriam favorecidos por não dependerem de carnitina

palmitoiltransferase-1 (CPT-1), enzima-chave que facilita a entrada do ácido graxo na

mitocôndria para sua posterior oxidação, ao converter o acil-CoA à acilcarnitina (GAO

et al., 2013).

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Em virtude da sua composição predominantemente de ácidos graxos saturados,

há uma preocupação em relação a alterações no perfil bioquímico que este óleo poderia

promover, potencialmente elevando o risco de doença cardiovascular. Os achados

obtidos em estudos iniciais com o óleo de coco corroboravam esta ideia. Entretanto,

críticas surgiram em relação à metodologia adotada, dentre elas o uso de gordura

hidrogenada de coco – a qual apresenta maior estabilidade para o uso culinário, porém

contém elevadas quantidades de ácidos graxos trans que favorecem o desenvolvimento

de dislipidemias e doenças cardiovasculares – e a adoção de dietas controle fonte de

ácidos graxos poliinsaturados – amplamente descritos na literatura como eficazes

agentes redutores de colesterol sanguíneo ( FERANIL et al., 2011).

O óleo de coco é muito utilizado na indústria de cosmético, é um óleo base

para muitos produtos farmacêuticos e também para a produção de biocombustível

através da utilização de ésteres metílicos (KUMAR, 2011).

O uso do óleo de coco no tratamento da obesidade deve-se em virtude de seu

alto teor de ácidos graxos de cadeia média, pois estes lipídios são facilmente oxidados

ao invés de armazenarem no tecido adiposo, diminuindo a taxa do metabolismo basal

(LIAU et al., 2011).

Estudo sobre o óleo de coco feito na Faculdade Federal de Alagoas para verificar

os perfis bioquímicos e antropométricos de mulheres com circunferência de cintura

menor que 88 cm (apresentando gordura abdominal ) foi realizado um estudo

randomizado duplo-cego, o ensaio clínico envolveu 40 mulheres com idade entre 20-40

anos. Foram alimentadas com suplimentos diários (uma colher com 30 ml) de óleo de

feijão de soja (grupo S) e óleo de coco (grupo C) por um período de 12 semanas e

mantiveram dieta hipocalórica equilibrada com caminhada de 50 minutos por dia.

Coletado os dados da primeira semana (T1) e na segunda semana (T2). Diminuido o

consumo energético e a quantidade de carboidratoos ingeridos para os dois grupos,

aumentando o consumo de proteína e fibra e ingestão de lipídios ficando inalterado. O

T1 não apresentou alteração nas características bioquímicas e antropométricas.Já no T2

C pode ser constatado um nível mais alto de HDL (48,7 ± 2,4 vs 45,00 ± 5,6; P = 0,01)

e menor LDL: HDL (2,41 ± 0,8 vs. 3,1 ± 0,8; P = 0,04). Foram observados também

reduções no IMC de ambos os grupos em T2 (P <0,05) e no grupo C apresentaram

uma redução no WC (P = 0,005). Observado no grupo S um aumento (P <0,05) no

colesterol total, colesterol LDL e LDL: HDL, enquanto que o HDL diminuído (P =

0,03).

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No estudo realizado por Cunningham (2011), observou que quando consumido

moderadamente o ácido láurico, principal componente do óleo de coco, associado a uma

dieta equilibrada, favorece o aumento nas concentrações de HDL-c e,

consequentemente, promove um acréscimo sobre os valores de colesterol total – efeito

observado no estudo atual e em coelhos (Soni et al., 2010)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados com o uso do óleo de coco são satisfatórios, desde que sejam

realizado em conjunto com pratica de exercícios físicos e controle alimentar

acompanhados de um profissional da área de nutrição e/ou médica, como observou-se

na analise de alguns estudos realizados. Portanto, conclui-se que suplementação

dietética com óleo de coco pode auxiliar na redução na obesidade abdominal Porém

não fica claro o beneficio do uso de óleo de coco para melhora consistente do perfil

lipídico e glicêmico, sendo os resultados encontrados em diferentes pesquisa, ainda

contraditórios. Faz-se necessário a realização de estudos clinicos randomizados, com

tamanho e tempo adequados para que se possa avaliar o real efeito do óleo de coco,

permitindo assim conclusões mais precisas.

É importante ter em mente que a gordura saturada do óleo de coco, mesmo que com

melhor composição que outras fontes de gordura saturada, deve ter seu consumo

restrito. Ainda é válida a recomendação de que uma dieta de alta qualidade para saúde

deve limitar a ingestão de gordura saturada (7% do valor calórico total da dieta),

substituir gordura saturada por monoinsaturada e poliinsaturada, aumentar o consumo

de ômega 3, fibras solúveis, vegetais e frutas.

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343

USO DE SPIRULINA NA PERFORMANCE ESPORTIVA E QUALIDADE DE

VIDA

USE OF SPIRULINA IN SPORTIVE PERFORMANCE AND QUALITY OF LIFE

Débora Costelini Simões de Macedo*

Flavia Hernandez Fernandez**

RESUMO:

A Spirulina está sendo cada vez mais usada na alimentação humana e animal. Esta cianobactéria é uma

rica fonte de proteínas, vitaminas e minerais, ácidos graxos poli-insaturados, entre outros nutrientes,

sendo seu principal uso como suplemento alimentar. Dentre as ações da Spirulina, são comprovadas sua

efetividade na inibição de alguns tipos de vírus, sua ação no tratamento do câncer, diminuição dos

lipídios, glicose e pressão sanguínea, redução de peso em obesos, melhora da flora intestinal e resposta

imunológica, proteção renal contra metais pesados e fármacos, além de efeito rádio protetor e eficiência

no combate à desnutrição. Em vista disso, o objetivo deste trabalho foi estudar e relatar os efeitos da

Spirulina na saúde como um todo e também na melhora da performance esportiva e qualidade de vida.

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, realizada em bases de dados como SciELO, Medline e Lilacs,

datados entre 1981 e 2017, no período de janeiro a novembro de 2017. Concluiu-se a partir dos dados

analisados que a Spirulina pode ser usada no tratamento de várias patologias, assim como para a melhora

da performance esportiva e qualidade de vida.

Palavras-chave: Spirulina; Performance esportiva; Estratégias nutricionais; Suplementos alimentares;

Microalga Spirulina.

ABSTRACT:

Spirulina is being increasingly used in food and feed. This cyanobacterium is a rich source of proteins,

vitamins and minerals, polyunsaturated fatty acids, among other nutrients, being its main use as a food

supplement. Among Spirulina's actions, its effectiveness in the inhibition of some types of virus, its action

in the treatment of cancer, decrease of lipids, glucose and blood pressure, weight reduction in obese,

improvement of intestinal flora and immune response, renal protection against heavy metals and drugs, as

well as a protective radio effect and efficiency in the fight against malnutrition. In view of this, the

objective of this study was to study and report the effects of spirulina on health as a whole and also on the

improvement of sports performance and quality of life. It is a bibliographical research, carried out in

databases such as SciELO, Medline and Lilacs, dating between 1981 and 2017, from January to

November 2017. It was concluded from the data analyzed that Spirulina can be used in the treatment of

several pathologies, as well as for the improvement of sports performance and quality of life.

Keywords: Spirulina; Sports performance; Nutritional strategies; Food suplements; Cyanobacteria.

*Discente do curso de Nutrição da Unifil, Londrina - Paraná

**Orientador, Docente do Curso de Estática e Cosmética e Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná

.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

344

1. INTRODUÇÃO

Recentemente, um dos organismos aquáticos que tem recebido

destaque, devido as suas diversas atividades biológicas é a Spirulina platensis, também

conhecida como Arthrospira platensis, uma alga verde azulada de forma helicoidal,

com comprimento de 0,2 a 0,5mm. A Spirulina apresenta alto teor de proteínas (65 a

70% do seu peso seco), contém todos os aminoácidos essenciais, é uma fonte rica em

vitamina B12, minerais, ácidos graxos essenciais, 15% de carboidratos complexos além

dos pigmentos fotossintéticos que apresentam uma variedade de propriedades

farmacológicas (RAPOSO et al., 2013; MARLES et al., 2011; KU et al., 2013).

A Spirulina tem sido utilizada mundialmente na alimentação humana

e animal, assim como na obtenção de aditivos utilizados em formas farmacêuticas e

alimentos. Esta microalga é uma fonte rica em proteínas, carboidratos, lipídios, minerais

(Ca, Mg, Fe, P, K e I), betacaroteno, vitamina E e vitaminas do complexo B

(AMBROSI et al., 2008).

A cianobactéria Spirulina possui elevado teor de proteínas em sua

biomassa e é facilmente cultivada devido à sua alta produtividade. O elevado número de

ribossomos em sua estrutura celular permite maior síntese de proteínas do que a de

células vegetais ou animais (BOROWITZKA, 1995). Sua biomassa pode ser utilizada

em alimentos por possuir certificado GRAS (Generally Recognized As Safe) do FDA

(Food and Drug Administration) (FDA, 2003).

As proteínas da microalga Spirulina contêm todos os aminoácidos

essenciais e seu valor nutritivo é comparável em relação à proteínas convencionais

utilizadas na suplementação alimentar, o que as fazem uma potencial alternativa para

nutrição humana (BECKER, 2007; CHRONAKIS; MADSEN, 2011).

Além do elevado valor nutritivo e propriedades funcionais que a

biomassa de Spirulina possui, é possível obter peptídeos a partir da mesma. O processo

de hidrólise das microalgas pode gerar peptídeos com atividade biológica, como ação

anti-inflamatória, antioxidante e hipocolesterolêmica. As propriedades nutricionais da

Spirulina tem sido relacionadas com possíveis atividades terapêuticas, caracterizando-a

no âmbito dos alimentos funcionais e nutracêuticos (PAN et al., 2015; VO et al., 2013;

LISBOA, 2013).

As proteínas da microalga Spirulina Podem ser utilizadas em

alimentos e suplementos alimentares, destinados aos indivíduos que necessitem de uma

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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dieta rica em proteínas. Além disso, a hidrólise enzimática dessas proteínas pode

proporcionar melhorias na qualidade functional e nutricional, além da liberação de

peptídeos que podem ser benéficos à saúde (KARKOS et al. 2011).

A Spirulina pode ser indicada como suplemento nutricional em

regimes para obesidade, alcoolismo, fadiga, carência de vitaminas e minerais e durante

a convalescença de processos patológicos ou cirúrgicos. Utilizada na suplementação de

atletas, para melhor desempenho físico e dieta alimentar. As indústrias PET também

utilizam a Spirulina para suplementação de animais. Como suplemento alimentar e

auxiliar nos regimes de emagrecimento recomenda-se usar de 500mg a 2g três vezes ao

dia, antes das refeições. Como suplemento alimentar para atletas, as doses podem

aumentar até 5g ao dia (KALAFATI et al., 2010).

A biomassa microbiana usada como alimento fonte de proteínas vai ao

encontro da atual preocupação mundial pela implementação de estratégias agrícolas

mais produtivas e menos impactantes (MARCHESAN et al., 2007).

Essa é a cianobactéria mais estudada em todo o mundo. No Brasil,

pesquisas estão sendo conduzidas para sua utilização como aditivo alimentar em

diferentes produtos e também na merenda escolar (MORAIS et al., 2009).

O objetivo desta revisão foi estudar o uso de Spirulina na performance esportiva e

qualidade de vida; elucidar as propriedades funcionais e o valor nutritivo e relatar o

efeito do treinamento de força e da suplementação com Spirulina platensis

PROPRIEDADES NUTRICIONAIS DA SPIRULINA

Atribui-se grande importância nutricional à Spirulina devido à

variedade de macro e micronutrientes que contém. Pode-se dizer que a Spirulina é um

alimento com maior variedade de nutrientes por unidade de peso, sendo que 20g desta

microalga são suficientes para satisfazer as necessidades nutricionais do organismo

humano. Estudos demonstraram que esta cianobactéria apresenta teor proteico em torno

de 60% de proteína bruta além de vitaminas, minerais e diversas substâncias bioativas

(PHANG, 2000).

A utilização da Spirulina na alimentação deve-se à sua composição

química, que por sua vez, proporciona efeitos nutricionais e potencialmente funcionais

ao consumidor (MORAIS, 2008). Conforme a FDA (2003) esta microalga apresenta em

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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sua constituição 53-62% de proteínas; 17-25% de carboidratos; 4-6% de lipídios; 8-13%

de minerais e 3-6% de umidade.

Quanto à digestibilidade, o fato de as cianobactérias não possuírem

celulose em sua parede celular como as microalgas eucarióticas favorece o

aproveitamento de nutrientes, o que pode melhorar a qualidade proteica. Com relação à

composição de carboidratos, a parede celular da Spirulina é constituída por 86% de

polissacarídeos digeríveis (HABIB, 2008).

A Spirulina apresenta elevado conteúdo proteico e é considerada uma

das fontes mais ricas de pró- vitamina A (betacaroteno) e de ferro absorvível, além de

apresentar altos níveis de vitaminas e outros minerais, compostos fenólicos, ficocianina,

ácido gama-linolênico e outros ácidos graxos essenciais (VON DER WEID et al.,

2000).

Entre os constituintes da Spirulina, destacam-se as vitaminas do

complexo B, minerais, proteínas de alta qualidade, antioxidantes β-caroteno e vitamina

E. Há também presença de ácidos graxos poli insaturados, especialmente o ácido gama

linolênico. A presença destes compostos permite que a microalga seja utilizada também

para fins terapêuticos (COLLA et al. 2004).

O gênero Spirulina está classificado como alimento complementar e

como sendo uma fonte rica de nutrientes, tais como vitaminas B, ficocianina, clorofila,

vitamina E, ómega-6 e muitos minerais, tais como potássio, cálcio, crómio, cobre, ferro,

magnésio, manganésio, fósforo, selénio, sódio e zinco. A Spirulina possui dez vezes

mais β-caroteno quando comparado com qualquer outro alimento, e mais vitamina B12

do que alguma planta fresca ou alimento de origem animal. No que diz respeito aos

carboidratos, a Spirulina é principalmente composta por glucose, ramnose, manose,

xilose, e galactose, sendo utilizada como suplemento na perda de peso, controle da

diabetes e hipertensão (KIM, 2015).

O conteúdo proteico da Spirulina atinge 60-70% do seu peso seco.

Estas proteínas apresentam excelente qualidade com um índice balanceado de

aminoácidos essenciais. As proteínas presentes possuem alto poder de digestibilidade,

em torno de 70%. Entre os aminoácidos não essenciais presentes na Spirulina estão:

alanina, arginina, ácido aspártico, cistina, ácido glutâmico, glicina, histidina, prolina,

serina e tirosina. Entre os aminoácidos essenciais, estão a isoleucina, a leucina, a lisina,

a metionina, a fenilalanina, a treonina e a valina (BELAY et al., 1993; HENRIKSON,

1995).

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De acordo com Deman (1981) e Carvajal (2009) as proteínas da

Spirulina contêm todos os aminoácidos essenciais. Relativamente a estes aminoácidos,

contudo, apresentam maior valor quando comparadas a cereais. O perfil de aminoácidos

da Spirulina encontrado por Morais et al. (2008) é satisfatório, pois os percentuais de

aminoácidos presentes na cianobactéria estão próximos aos padrões estabelecidos pela

FAO, além disso mostram-se muito superiores a outros alimentos, como soja e feijão.

Os ácidos graxos reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde

como essenciais são o ácido linoléico, o alfa-linolênico, o gama-linolênico e o

araquidônico. O ácido gama-linolênico se destaca entre os ácidos graxos que compõe a

Spirulina, pois representa de 20 a 25% dos lipídios presentes na mesma (HENRIKSON,

1995; ALONSO & MAROTO, 2000).

Dentre os ácidos graxos presentes na Spirulina encontram-se em

maior proporção o ácido palmítico, o linoléico e o oléico (BECKER, 2004). Pesquisas

realizadas por Colla (2002), Sánchez et al. (2003) e Bertolin et al. (2009) relatam a

expressiva presença do ácido gama-linolênico (GLA). Este ácido graxo essencial está

relacionado ao tratamento e prevenção de várias doenças. O ácido linoléico contribui na

redução de colesterol no sangue, podendo auxiliar na redução do risco da ocorrência de

doenças cardiovasculares.

As vitaminas que estão presentes na Spirulina são a biotina, o ácido

fólico, o inositol, as vitaminas B12, B6 , B3 , B2 , B1 e E, além do ácido pantotênico. A

quantidade de vitamina E presente é de aproximadamente 190 mg/Kg de Spirulina.

(HENRIKSON, 1995). Segundo Becker (2004) a Spirulina apresenta vitaminas A e C,

importantes antioxidantes naturais, e ácido fólico (B9), o qual é necessário para a

formação de células e bom funcionamento de alguns órgãos. Esta cianobactéria destaca-

se, sobretudo, pelo seu conteúdo de vitamina B12, difícil de encontrar em dietas

vegetarianas. De acordo com Jassby (1988), apenas 1,8g de Spirulina alcançaria o valor

de RDA (Recommend Dietary Allowances) para a vitamina B12, importante fator para

a formação das células vermelhas do sangue.

Os carotenoides são hidrocarbonetos de natureza terpênica, portanto

formam um grupo de substâncias com estrutura insaturada. São um grupo de pigmentos

naturais responsáveis pelas cores amarela, laranja e vermelha, solúveis em solventes

orgânicos. O β-caroteno é um carotenoide encontrado na Spirulina e em outras algas,

estando em maior concentração nas algas verdes. Este pigmento é conhecido como

provitamina A, já que é convertido em retinol (vitamina A). Possui atividade

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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antioxidante, sendo um dos principais carotenoides que neutralizam os radicais livres

(RAMÍREZ, 2006).

No que diz respeito ao teor vitamínico, o β-caroteno compreende 80%

do conteúdo de carotenoides da Spirulina. Um estudo com cinco mil crianças indianas

que receberam uma dose diária de um grama de Spirulina demonstrou diminuição da

deficiência crônica de vitamina A de 80% para 10%, após cinco meses de tratamento.

Este carotenoide extraído de microalgas já vem sendo aplicado comercialmente como

corante natural, antioxidante, provitamina A, e em ensaios clínicos contra doenças

degenerativas, visando o tratamento de morbidades de grande impacto social e

econômico, como as neoplasias (SESHADRI, 1993).

Os minerais presentes na Spirulina são: cálcio, fósforo, magnésio,

ferro, zinco, cobre, cromo, manganês, selênio, sódio e potássio, sendo que os principais

são o cálcio (1,3 a 1,4 g/Kg de Spirulina), o fósforo (6,7 a 9,0 g/ Kg de Spirulina) e o

potássio (6,4 a 15,4 g/Kg de Spirulina) (HENRIKSON, 1995). Segundo Jassby (1988) a

quantidade de ferro destaca-se em relação aos demais. O mesmo autor relata que 12g de

Spirulina seriam suficientes para suprir as necessidades do mineral no organismo.

Conforme dados dispostos por FDA (2003) cada 3g de Spirulina contém 1,3mg de ferro.

A Spirulina é um produto totalmente de origem biológica. Consiste na

biomassa seca da cianobactéria Arthrospira platensis, considerada com GRAS, podendo

ser adicionada em alimentos preparados na quantidade de 0,5-3g/porção (FDA, 2003).

As espécies S. platensis e S. maxima são as mais estudadas para

consumo humano por apresentarem perfil nutricional que as torna ideal como

suplemento alimentar, pois substituem satisfatoriamente as fontes artificiais de

nutrientes, por combinar diversos constituintes de maneira equilibrada (RICHMOND,

1990; VONSHAK, 1997).

Em trabalho de revisão publicado por Belay et al. (1993), são citados

vários estudos cujos resultados indicam um grande potencial para o uso farmacológico

desta cianobactéria. São citados efeitos contra tumor bucal, hipertensão, efeitos tóxicos

de radiações e obesidade, atribuindo a esta cianobactéria um conjunto de propriedades

que dificilmente podem ser encontradas simultaneamente em um único produto natural.

Em virtude disso, a biomassa de Spirulina foi apontada como sendo de grande interesse

para a pesquisa de moléculas bioativas.

Um fato muito interessante é que Spirulina já foi inclusive utilizada

como fonte de alimento e suplemento primordial em programas espaciais da NASA

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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(National Aeronautics and Space Administration), agência do Governo americano

encarregada de pesquisa e desenvolvimento da exploração ESPACIAL (THAAKUR &

JYOTH, 2007).

Em relação aos benefícios para a saúde humana, a Spirulina apresenta

benefícios cardiovasculares que são essencialmente resultado da sua atividade

antioxidante, anti-inflamatória e hiperlipidêmica. De acordo com um estudo

(CHAMORRO et al, 2002), já foi provado in vivo e in vitro que a Spirulina é eficaz no

tratamento de certas alergias, anemia, cancro, hepatotoxicidade, doenças virais e

cardiovasculares, hiperglicemia, hiperlipidemia, imunodeficiência e processos

inflamatórios.

A Spirulina tem sido estudada como parte do tratamento de pacientes

com câncer, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, e também na inibição da

replicação do vírus HIV, gordura hepática, baixos níveis de hemoglobina, lipídios

séricos elevados e melhora da microbiota intestinal e do sistema imune (HAYASHI et

al., 1994).

Um estudo conduzido por Becker et al. (1986) com pacientes

ambulatoriais obesos, constatou que uma dieta suplementada com 2,8 g de Spirulina,

três vezes ao dia, num período de quatro semanas, resultou em discreta redução do peso

corporal. Tal efeito está relacionado com o aumento da atividade da lipase lipoprotéica

(LPL), já que esta hidrolisa os triacilgliceróis retirando os ácidos graxos dos

quilomícrons, e também atua sobre o VLDL (NELSON, 2002).

A LPL é a principal enzima no processo de hidrólise dos

triacilgliceróis circulantes e atua na modulação das reservas de gordura. Outro

mecanismo pode estar associado à redução de peso proporcionada pela Spirulina é o

efeito da proteína na saciedade. Segundo alguns autores, a elevação do nível de

aminoácidos plasmáticos, observada após a ingestão de proteínas, estimula a liberação

de hormônios anorexígenos e insulina, os quais irão atuar sobre o centro da saciedade,

resultando na redução do apetite (Lang et al., 1998; Paiva et al., 2007; Dâmaso &

Nascimento, 1998).

Grinstead et al. (2000) conduziram um experimento com as mesmas

condições utilizadas por Becker et al. (1986), uma dieta suplementada com 2,8 gramas

de Spirulina três vezes ao dia, ao longo de quatro semanas, e verificaram significativa

redução do peso corporal de porcos obesos. Tais efeitos foram vinculados ao aumento

da atividade da lipase lipoproteica, mas poderiam também estar associados ao efeito da

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proteína na saciedade, já que a Spirulina contém alto conteúdo proteico, e segundo

algumas fontes, o acréscimo do nível de aminoácidos plasmáticos estimula a liberação

de hormônios anorexígenos e de insulina, os quais possuem importantes papéis no

controle da saciedade (PAIVA et al., 2007).

O seu principal emprego é na alimentação, principalmente na forma

de pílulas ou tabletes de Spirulina prensada. E por ser um alimento rico e por se

expandir ao contato com a água do corpo, o consumo desta bactéria confere uma

sensação de saciedade que inibe a fome (DERNER et al., 2006).

Ravi et al. (2010), em seu trabalho de revisão sobre as propriedades

imunomoduladoras e antioxidantes de Spirulina, ressaltaram, entre outros efeitos, a

estimulação da produção de citocinas e anticorpos, a promoção da atividade de

macrófagos, linfócitos T e B, incluindo principalmente as células Natural killers (NK).

Dados expostos pelo mesmo trabalho relataram que o pigmento ficocianina exerceu

atividade modulatória do sistema imune por meio de um efeito inibitório sobre a

liberação de histamina pelos mastócitos durante a resposta alérgica. Além disso, esse

pigmento também suprimiu o crescimento de células tumorais, promovendo a atividade

das células NK e induzindo linfócitos do baço a produzirem o fator de necrose tumoral

TNF-α. Essas evidências justificam as pesquisas para investigar benefícios da Spirulina

como coadjuvante em enfermidades que cursam com imunodepressão ou

hipersensibilidade.

Efeitos positivos da administração de Spirulina sobre o sistema

imunológico foram citados por Pérez et al. (2002) em experimento in vitro com sangue

humano. A administração experimental de ficocianina (pigmento extraído da Spirulina)

por via oral em camundongos ocasionou aumento na atividade dos linfócitos do grupo

tratado em relação ao grupo controle, o que sugere uma forma de estimulação do

sistema imunológico. Além disso, a ingestão diária de ficocianina manteve ou acelerou

as funções celulares normais, o que pode vir a prevenir malignidades como o câncer ou

inibir seu crescimento (DAINIPPON, 1983).

Os pigmentos carotenoides estão presentes em quantidades superiores

a outras fontes conhecidas na natureza e as ficobilinas podem fortalecer o sistema

imunológico, aumentando a resistência do organismo humano contra doenças

(SRIVASTAVA, 2008)

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A Spirulina pode apresentar efeito positivo no aumento da viabilidade

de microrganismos como Bifidobacterium e Lactobacillus, presentes na flora intestinal

(BELAY et al., 1993; PELCZAR et al., 2005).

Tsuchihashi et al. (1987) demonstraram que a ingestão de Spirulina

com a dieta na dose de 5% durante 100 dias, elevou a população de Lactobacillus no

ceco de ratos, três vezes mais do que no grupo controle, o qual não foi alimentado com

a cianobactéria. Comparando-se o grupo tratado com o grupo controle os autores

concluíram que a importância do ceco na absorção de nutrientes foi aumentada em 13%,

que a população de Lactobacillus aumentou 327% e que a quantidade de vitamina B1

absorvida no ceco foi ampliada em 43%. Salientou-se que a microalga não fornece a

vitamina, e sim aumenta sua absorção. Sendo assim, este estudo sugere que ingerir

Spirulina aumenta a quantidade de Lactobacillus no intestino e pode tornar a absorção

de vitamina B1 e de outras vitaminas provenientes da alimentação, muito mais eficiente

(TSUCHIHASHI et al., 1987; BELAY et al., 1993).

A Spirulina apresenta propriedades antioxidantes, devido a presença

de compostos fenólicos, favorecendo o seu uso como alimento funcional (TANTAWY,

2011).

A indústria de alimentos está buscando o uso de agentes naturais

antimicrobianos e antioxidantes, isolados de plantas, fungos e algas marinhas, para

substituir os aditivos sintéticos em alimentos, uma vez que estes trazem efeitos

prejudiciais à saúde. Dentre as fontes naturais que vêm sendo citadas pelo efeito

funcional, associadas à capacidade de prevenir processos oxidativos, encontra-se a

Spirulina (KAY, 1991; MIRANDA et al., 1998; BERMEJO et al., 2008).

Estudos têm avaliado a atividade antioxidante de microalgas frente a

diferentes modelos toxicológicos, incluindo as cianobactérias Spirulina. Os compostos

responsáveis por essa atividade antioxidante são os carotenoides, tocoferóis, compostos

fenólicos e, mais recentemente, as ficobiliproteínas aloficocianina, ficocianina e

ficoeritrina que são os principais pigmentos acessórios das cianobactérias.

(MADHYASTHA et al., 2009; COLLA et al., 2008; GE et al., 2006)

A despeito dos conhecidos mecanismos antioxidantes exercidos por

carotenoides, tocoferóis e compostos fenólicos, há três hipóteses principais para que as

ficobiliproteínas exerçam seu efeito protetor. A primeira seria devido à própria estrutura

química de tetrapirrólicos lineares que atuariam como nucleófilos, neutralizando as

espécies reativas de oxigênio e nitrogênio; essa hipótese tem sido demonstrada tanto in

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

352

vitro, quanto in vivo. A segunda seria devida às propriedades quelantes de minerais, e a

terceira envolveria o incremento do sistema enzimático antioxidante, detectado pelo

aumento da atividade detoxificadora da catalase (GALLARDO, 2010).

Muitos estudos que investigam os benefícios da Spirulina o fazem

através da análise da biomassa integral, mas somente alguns têm como foco os extratos

ou compostos isolados, sendo que estes se concentram prioritariamente sob os extratos

do pigmento ficocianina. Mais estudos devem ser conduzidos nesse sentido, para que

sejam mais bem compreendidas as propriedades antioxidantes dos demais compostos

bioativos presentes na biomassa de Spirulina.

Um estudo recente demonstrou que ratos alimentados com Spirulina

absorveram 60% mais ferro do que os que utilizaram o suplemento sulfato ferroso

(HABIB, 2008). Já para humanos, o trabalho de Selmi et al. (2011), conduzido com

quarenta voluntários de ambos os sexos, de cinquenta anos ou mais, que não possuíam

histórico de doenças crônicas, evidenciou um aumento constante dos valores médios de

hemoglobina corpuscular média em indivíduos de ambos os sexos.

A terapia medicamentosa da anemia por via oral frequentemente

apresenta efeitos colaterais, principalmente gastrointestinais, como náuseas, vômitos,

epigastralgia, diarreia e constipação; em aproximadamente 10% a 40% dos pacientes, a

intolerância é tão intensa que inviabiliza o tratamento 30. Sendo assim, a suplementação

com Spirulina para prevenção e como coadjuvante no tratamento de indivíduos

anêmicos deve ser considerada, pois esta morbidade se configura como um dos

principais problemas de saúde pública do Brasil e do mundo, afetando de acordo com a

OMS (Organização Mundial da Saúde) 1/3 da população do planeta (OMS, 2001).

Oropeza et al. (2009), revisando o efeito dietético da Spirulina na

reatividade vascular, em anéis de aortas extirpadas de ratos Wistar magros e obesos,

relataram que a cianobactéria modula a síntese e a liberação de compostos bioativos

pelo endotélio, promovendo vasodilatação pela síntese e liberação de óxido nítrico e do

eicosanoide vasodilatador prostaciclina, sobrepondo-se à síntese de eicosanoides

vasoconstritores, como prostaglandina H2 e tromboxano.

No âmbito esportivo os estudos são escassos. As evidências

encontradas até o momento apontam para redução de lesão muscular induzida por

exercício físico em ratos (HUANG et al., 2000) e em humanos (LU et al., 2006) e o

retardo da fadiga durante exercício de endurance, ambos investigando o efeito crônico

da alga.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

353

O exercício intenso pode induzir a peroxidação lipídica conduzindo a

problemas como a inativação de enzimas de membrana celular, necrose das fibras

musculares, liberação de enzimas celulares para o sangue, diminuição da efetividade do

sistema imune e progressão de doença crônico-degenerativa. Um aumento da atividade

sérica de enzimas como creatina quinase (CK), lactato desidrogenase (LDH) e aspartato

aminotransferases (AST) tem sido usada como marcador de lesão tecidual (FINAUD et

al., 2006). O alto teor de antioxidantes presentes na Spirulina pode oferecer proteção

contra as consequências da ação dos radicais livres, minimizando assim, o processo de

peroxidação lipídica (ESTRADA, 2001).

No entanto, o papel da Spirulina como fonte nutricional diante das

altas cargas de treino dos atletas modernos, particularmente na prevenção da proteólise

ainda não tem sido investigado até o presente momento. Apesar disso, já tem sido

observado atualmente uma grande comercialização da Spirulina como suplemento

nutricional para atletas, mesmo diante da escassez de dados científicos sobre o seu papel

no esporte.

Para atletas e praticantes de atividade física que adotam uma dieta

vegetariana e/ou vegana, a Spirulina é uma fonte alternativa de proteína de alto valor

biológico, podendo ser utilizada para complementar o aporte proteico.

Para Belay et al. (1993), o consumo diário de Spirulina necessário

para suprir as recomendações de aminoácidos essenciais em um adulto seria de 25 g/dia.

Já foi sugerido que a ingestão diária de Spirulina de 6 g/dia para um adulto seria

caracterizado como alto consumo; 3 g/dia, consumo médio e 3 - 12 g/mês, baixo

consumo sendo a ingestão contemporânea de 1 – 5 g/dia 23. Estudos clínicos recentes

indicam que uma ingestão de cerca de 10 g/dia por seis meses não induziu efeitos

adversos (YAMANI, 2010).

Em maio de 2009 a Spirulina passou a fazer parte da Lista de Novos

Ingredientes (enquadrada nos Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais

e/ou de Saúde, Novos Alimentos/Ingredientes, Substâncias Bioativas e Probióticos)

aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a qual limita a sua ingestão

diária em 1,6g por indivíduo (BRASIL, 2009).

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

354

Os trabalhos analisados apontam resultados favoráveis quanto ao

potencial nutricional da biomassa de Spirulina. Os estudos sobre a Spirulina disponíveis

na literatura versam principalmente sobre seus componentes, que possuem uma

diversidade de atividades, tornando-a um excelente suplemento alimentar e uma fonte

potencial na prevenção e no tratamento de várias enfermidades.

Os dados encontrados em estudos mostram que a Spirulina se

apresenta como uma substância que merece ser investigada no âmbito esportivo, pois o

seu uso mostra-se benéfico na microbiota intestinal, no efeito antioxidante, no aumento

de hemoglobinas, melhora na performance esportiva e coadjuvante no emagrecimento.

Apesar desses dados, é importante destacar que uma dieta equilibrada

é precedente e essencial ao estabelecimento do estado nutricional adequado. Nenhum

alimento pode ser considerado como solução isolada para o tratamento e a redução de

riscos associados a qualquer doença crônica não transmissível.

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359

ATUALIDADES SOBRE AS POSSÍVEIS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DO GOJI

BERRY (Lyciumbarbarum and L. chinense)

UPDATES ON THE POSSIBLE FUNCTIONAL PROPERTIES OF GOJI BERRY

(Lyciumbarbarum and L. chinense)

Paulo Vinicius Pace *

Flávia Hernandez Fernandez**

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo relacionar os possíveis benefícios do Goji Berry com sua ação

antioxidante, assim como procurar relações da fruta com a perca de medidas. A metodologia aplicada

envolveu pesquisas em artigos relacionados com as propriedades da fruta, sua composição e sua relação

com o organismo. Dos estudos avaliados, muitos indicaram o Goji como uma fruta de alta concentração

de polissacarídeos, betacarotenos e vitaminas, tendo a vitamina C em maior destaque. Suas ações

antioxidantes foram bem relacionadas com a prevenção de patologias cardíacas assim como a prevenção e

tratamento de acometimentos oculares. Contudo, ainda não é possível afirmar de que o Goji Berry possui

ações capazes de reduzir medidas já que não existem estudos significativos comprovando tal ação.

Palavras-chaves: Antioxidantes;Lyciumbarbarum; Lyciumchinense.

ABSTRACT

This research aimed to relate the possible benefits of the Goji Berry with its antioxidant action as well as

look for fruit relations with weight reduction. The methodology involved in research articles related to

fruit properties, its composition and its relation to the organism. Of the assessed studies, many indicated

the Goji Fruit as a high concentration of polysaccharides, beta-carotene and vitamins, and vitamin C in

the spotlight. Its antioxidant actions were well related to the prevention of heart diseases as well as the

prevention and treatment of eye affections. However, it is not possible to state that the Goji Berry has

actions that reduce weight as there are no significant studies proving such action.

Keywords: Antioxidants; Lyciumbarbarum; Lyciumchinense.

1. INTRODUÇÃO

Mundialmente conhecido como “super fruta”, o Goji Berry

(Lyciumbarbarum) é considerado um dos alimentos funcionais, se não o maior, com

melhor função antioxidante segundo a tabela ORAC (Oxigen Radical

AbsorbanceCapacity), desenvolvida pela TuftsUniversity, Boston, USA, onde

determina a capacidade oxidante dos alimentos a cada 100 g (GOIA

INTERNATIONAL, 2011).

*Discente do curso de Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná

**Orientador, Docente do Curso de Estática e Cosmética e Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná

.

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360

Apesar dos poucos estudos desse alimento, seu conhecimento vem

sendo difundido no Oriente a mais de 2500 anos onde acreditava-se que poderia

fornecer longevidade para aqueles que se alimentassem da fruta. Originária do leste

asiático, o Lyciumbarbarum é pertencente à família das Solanaceae, assim como a

pimenta, a batata, o tomate, dentre outros alimentos indispensáveis para a

alimentação. Sua fruta possui uma coloração vermelha escura e formato oblongo

podendo medir até 2 cm e acompanha um sabor levemente adocicado (POTTERAT,

2010).

Os estudos mais recentes mostraram que o Goji Berry é rico em

aminoácidos, fibras, vitaminas, minerais, ácidos graxos insaturados, antioxidantes e,

principalmente, em polissacarídeos (LUO et al., 2006).Tais componentes são

responsáveis pelas ações de antienvelhecimento, anti-inflamatória, anti-hipertensiva,

anti-glicêmica, anticancerígena, por reduzir o colesterol ruim (LDL) e ainda

combater a impotência sexual. Estudando sua composição mais afundo, foi notado

substâncias de grande importância onde é possível citar as vitaminas antioxidantes

A, C e E; zeaxantina; luteína; beta-caroteno; riboflavina (vitamina B2) e compostos

fenólicos.

Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de relacionar as

propriedades funcionais do Goji Berry, bem como seus compostos bioativos, com a

redução de peso em pessoas obesas e com sobrepeso por meio de revisões

bibliográficas e discussões comparativas dentre os artigos e livros pesquisados, bem

como inúmeros efeitos benéficos ao organismo, descritos por diversos autores. O

Objetivo deste estudo, foi estudar as possíveis propriedades funcionais do Goji

Berry e relacionar a composição química do Goji Berry com as possíveis

propriedades funcionais.

2. METODOLOGIA

A pesquisa bibliográfica engloba toda e qualquer bibliografia tornada

pública em relação ao tema em estudo. Colocando o pesquisador em contato direto com

toda a informação disponível sobre o tema escolhido. Consiste no levantamento de

dados de variadas fontes oferecendo meios para definir e resolver, não somente

problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas. Sendo assim a pesquisa

bibliográfica não é considerada uma repetição do que já foi pesquisado, pois propicia o

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

361

exame de um tema sob uma nova abordagem, chegando a conclusões inovadoras

(MARCONI; LAKATOS, 2003).

A revisão da literatura é uma parte vital do processo de investigação.

Aquela envolve localizar, analisar, sintetizar e interpretar a investigação prévia (revistas

cientificas, livros, atas de congressos, resumos, etc.) relacionada com a sua área de

estudo; é, então, uma análise bibliográfica pormenorizada, referente aos trabalhos já

publicados sobre o tema. A revisão da literatura é indispensável não somente para

definir bem o problema, mas também para obter uma ideia precisa sobre o estado atual

dos conhecimentos sobre um dado tema, as suas lacunas e a contribuição da

investigação para o desenvolvimento do conhecimento.Como nos informam Cardoso et

al (p. 7, 2010) “cada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos

investigadores que o precederam e, só então, compreendido o testemunho que lhe foi

confiado, parte equipado para a sua própria aventura” Devido á constante evolução dos

conhecimentos, deve-se começar por rever os trabalhos mais recentes primeiro e recuar

no tempo.

A pesquisa foi realizada através de revisão bibliográfica feita com

artigos nacionais e internacionais obtidos das bases de dados SciELO, MEDLINE,

EBSCO, Google acadêmico, revistas e livros com o intuito de realizar uma analise

critica sobre as propriedades funcionais do Goji Berry e tendo como palavras-chave

utilizadas: Goji Berry, antioxidantes,Lyciumbarbarum eLyciumchinense.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O estudo da composição química do Goji Berry foi focado nas

propriedades antioxidantes e imunomodulatórias no contexto de doenças relacionadas à

idade incluindo aterosclerose, neurodegeneração e diabetes.

Segundo Potterat (2009) as frutas do Goji Berry, em sua maior parte,

são constituídas de polissacarídeos ou LBP (Lyciumbarbarumpolysaccharides), estes

por sua vez são constituídos de uma complexa mistura de polissacarídeos e

proteoglicanas. Sua porção glicosídica é constituída pela arabinose, glicose, galactose,

manose, ramnose, xilose, e/ou ácido galacturônico.

Os carotenoides encontrados nas frutas são o segundo maior grupo de

metabólitos encontrados, depois dos polissacarídeos, tendo como representante

principal o dipalmitato de zeaxantina, constituindo cerca de 56% de todos os

carotenoides encontrados(PIAOet al., 2005). Em menor escala foram identificados a β-

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362

criptoxantina, β-caroteno, monopalmitato de zeaxantina e zeaxantina livre. Nas

sementes foram identificados os mesmos compostos, tendo a zeaxantina como o

carotenoide mais abundante, constituindo cerca de 83% de sua totalidade.

Nas frutas também foram identificados vitaminas, principalmente a

riboflavina, tiamina e ácido ascórbico. Dentre os flavonoides encontrados se destacam a

miricetina, quercetina e o kaempferol. No óleo essencial doGoji Berryforam

identificados o ácido hexadecanoico, o ácido linoleico, β-elemene, o ácido miristico e

etilhexadecanoato(LE; CHIU; NG,2007).Os aminoácidos livres encontrados constituem

de 1% a 2,7% da fruta, tendo a prolina como o mais abundante. A taurina, o ácido γ-

aminobutírico e a betaina identificados constituem a menor porção de

aminoácidos(CAOet al., 2003; CHEN et al., 1991). A atropina, considerada um

constituinte tóxico, também foi identificada na composição do Goji Berry, contudo a

concentração encontrada – de 19 ppb – foi dada como irrelevante para que haja algum

efeito tóxico significativo(POTTERAT, 2009).

Na raiz foram identificados compostos fenólicos como os flavonoides

apigenina, acacetina, luteolina, kampferol e quercertina. A vitamina C e a betaína foram

identificadas em menor quantidade que nas frutas, mas ainda sim de forma

significativa(YAHARA et al., 1993). A atropina também foi identificada, contudo numa

concentração que se aproxima à aquela encontrada na fruta do Goji Berry e, assim, não

oferecendo riscos de toxicidade.

Pouco se sabe da composição das folhas e flores do L. barbarum. Para

tanto foram estudadas as que pertenciam à espécie L. chinense, por esta ser a qual mais

se aproxima da composição química da Lyciumbarbarum.Em sua folhas foram

identificados dois compostos chamados de withanolideos A e B. Ambos possuem ação

anti-inflamatória e são mais comumente encontrados na espécie Withaniasomnifera.

(IMAI et. al., 1963).

Outro grupo de interesse e que compõe a maior parte das folhas são os

flavonoides. As agliconasapigenina, quercertina, acacetina, luteolina e a 5,7,3′-

trihydroxy-6,4′,5′trimethoxyflavone constituem a maioria dos flavonoides. Também

foram identificados os carotenoides luteína e β-caroteno(ZOU, 2002).

Contudo, segundo as pesquisas realizadas, ainda há controvérsias em

relação à composição do Goji Berry. Em algumas revisões foram encontrados relatos de

determinados compostos pertencentes à fruta, enquanto em outras esses mesmos

compostos não são relacionados e muito menos citados.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

363

A fruta, sensação da indústria de alimentos saudáveis no Brasil e de

outros países, é um dos ingredientes mais conhecidos da tradicional medicina chinesa,

onde é apreciada por ser a fruta da longevidade, sendo indicada para a visão, para o

fígado, para estimular o sistema imunológico, o sistema vaso circulatório, o

desempenho sexual, além de inúmeras outras indicações.O Goji Berry é utilizado como

um alimento funcional e algumas pesquisas chinesas mostraram que dentre as funções

da fruta estão a proteção da visão, melhoria da libido e prevenção do reumatismo. Foi

verificado ainda que a planta age de forma significativa no sistema imunológico, possui

ainda ação protetora contra a radiação solar, atua também como potente antioxidante,

sendo eficaz no antienvelhecimento, possui propriedades imunomoduladoras inibindo o

crescimento tumoral e finalmente atua de forma importante na proteção da retina de

indivíduos diabéticos que são acometidos pela retinopatia (MING et. al., 2009;

ABDULLAH, 2012).

Submetida a inúmeras pesquisas para analisar suas propriedades, os

cientistas se surpreenderam ao constatar que a Goji Berry é um dos alimentos mais

nutritivos que se tem conhecimento em todo o planeta, com um grande número de

aminoácidos, vitaminas,ácidos graxos insaturados, antioxidantes e sendo especialmente

rica em polissacarídeos. Com tantas substâncias importantes, as pesquisas se

intensificaram e a lista dos benefícios da fruta para a saúde do corpo humano é extensa.

Contudo, não é só para a saúde que as propriedades da Goji Berry podem auxiliar, elas

também são comprovadamente eficientes para a beleza do corpo e da face.

As vitaminas são componentes indispensáveis para a manutenção do

organismo. Possuem diversos benefícios por onde é possível citar as ações antioxidante,

anticolesterolêmica, imunomodulatória, dentre outros benefícios. O Goji pode ser

considerado uma das frutas mais ricas em vitaminas já estudadas, podendo ser citados a

riboflavina, tiamina e, principalmente, o ácido ascórbico sendo este encontrado em

maior concentração do que nas laranjas.

Os antioxidantes presentes na fruta têm uma importância fundamental

no combate ao envelhecimento da pele, estimulando a renovação das células. As bagas

de Goji também são responsáveis pelo emagrecimento de seus usuários, e os resultados

podem ser percebidos em poucos meses, sem a necessidade de dietas ou outros métodos

associados, pois entre as suas propriedades também está a aceleração do metabolismo

do corpo humano (NIU et.al., 2008).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

364

Os alimentos antioxidantes são muito importantes para a saúde

humana. Estudos realizados recentemente apontam que o Goji Berry possui

componentes antioxidantes como: zeaxantina e luteína; vitaminas A, C e E.; riboflavina

(vitamina B2); beta-caroteno e taurina( SONG et.al., 2012).

O Goji Berry possui inúmeros efeitos benéficos para a saúde. Dentre

eles é possível citar os efeitos protetores para a retina por meio dos carotenoides

encontrados na fruta, raiz e folhas.

A zeaxantina é o carotenoide mais abundante no Goji Berry, ela é

responsável pela manutenção de diversas regiões do organismo. É capaz de proteger a

mácula ocular contra os efeitos do envelhecimento, possui ações antioxidantes e

imunomodulatórias onde são capazes de causar ação protetora contra o câncer por meio

de mecanismos de sequestro de radicais livres, inibição da proliferação celular, aumento

da diferenciação celular via retinoides, estimulação da comunicação entre as células e

aumento da resposta imune (ZAINEet al., 2014).

A zeaxantina e a luteína são dois carotenoides, com estrutura química

parecida, são seletivamente absorvidos do sangue pela retina, estão amplamente

relacionados com a proteção contra a degeneração macular e catarata, eles possuem uma

capacidade de filtração de luz, tem sido proposto como protetor da mácula lútea contra

problemas foto-oxidativos. A vitamina A atua na diferenciação celular e exerce uma

função protetora no olho(OLIVEIRA, 2006;STAHL; SIES, 2013; MARTINS et.al.,

1999).

O Beta-caroteno é precursor da produção de vitamina A; é uma fonte

ótima de antioxidante que se armazena em camadas de gordura. Isso significa que ele

protege os olhos, pois, os elementos neurais da retina são envolvidos por bainhas de

gordura onde são necessárias a proteção com antioxidantes. A taurina contribui para

funções fisiológicas importantes no organismo servindo como antiarrítmicos,

propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e tem função na retina (SARNI etal.,

2010).

O β-caroteno é um carotenoide com atividade pró-vitamina A de suma

importância para a proteção da retina além de agir como um excelente antioxidante

eliminador de oxigênio siglete, uma forma energizada, mas sem carga do oxigêno,

sendo tóxica para o organismo. Devido a esse fator, o beta-caroteno é capaz de

combater o estresse oxidativo principalmente em regiões como o coração e fígado

demonstrando um aumento significativo na relação GSH/GSSG. Quando o miocárdio

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

365

sofre alguma agressão os radicais livres acabam por participar da remodelação

ventricular, causando a conhecida fibrose intersticial. Estudos mostram que o estresse

oxidativo induz à síntese de colágeno, produzindo, consequentemente, fibrose no tecido

cardíaco (NOVOetal., 2013). Nesse sentido, o carotenoide é capaz de atenuar a

produção de colágeno causando, assim, uma redução na formação da fibrose intersticial.

A proteção imunitária não pode ser atribuída a um ou outro dos

excipientes menores no suco de Goji Berry, pera e suco de maçã, nem o teor de

vitamina C, nem o conservante e parecia ser uma propriedade da Goji Berry. Atividade

antioxidante na pele foi demonstrada pela proteção significativa em 5% do suco de Goji

Berry contra a peroxidação lipídica induzida por radiação UVA. Além disso, os dois

indutíveis conhecidos endógenos pelos antioxidantes, heme oxigenase-1 e de

metalotioneina, foram encontrados por serem envolvidos na proteção foto imune. Os

resultados sugerem que o consumo do sumo poderia proporcionar fotoproteção

adicional para os seres humanos susceptíveis(REEVE et.al., 2010).

Outra vitamnina de grande importância encontrada é avitamina E, que

atua diminuindo os estragos feitos pelos radicais livres e estão associadas à prevenção

de doenças como; artrite, câncer, envelhecimento e catarata. A ausência de Riboflavina

(vitamina B2) no organismo pode originar lesões nos olhos, na pele, boca, queda de

cabelo(ARANHA et al., 2000; ANICETO et al., 2000).

O ácido ascórbico (vitamina C) participa de vários processos do

metabolismo, formação de colágeno , e também de processos de oxido-redução,

inativando radicais livres. Sua ação antioxidante está relacionada com o aprisionamento

de peróxidos tóxicos e com a estabilização de radicais livres, protegendo lipídios,

proteínas e outros biocomponentes do dano oxidativo.

No organismo humano, a Vitamina C é absorvida pelo intestino pela

ação dotransporte dependente de sódio, sendo que também pode ocorrer, mas em menor

proporção,na boca e no estômago. A taxa de absorção da Vitamina C proveniente de

suprimentos émaior que 80% em adultos e, após a absorção, é transportada para os

tecidos e o excesso éexcretado na urina. Embora seja distribuída por todo o corpo, sua

concentração se dá nasglândulas adrenais e hipófise, no cérebro, nos olhos, neutrófilos e

linfócitos (OLIVEIRA, 2010).

Quanto aos benefícios ao organismo, o ácido ascórbico atua

prevenindo danos e doenças, como as cardiovasculares, certas complicações pré-natais,

tumores malignos, inflamações, catarata, mal de Parkinson e Alzheimer, bem como

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366

aceleração do processo de envelhecimento celular. Atua ainda junto à formação de

tecido conjuntivo e transporte de íons (OLIVEIRA, 2010).

A riboflavina, mais conhecida como vitamina B2, é encontrada

naturalmente na forma de coenzimas flavina adenina dinucleotídeo (FAD) e

flavinamononucleotídeo (FMN) ligadas à proteínas. Essas coenzimas são liberadas no

estômago através do meio ácido. No intestino delgado, por meio da ação das

pirofosfatases e fosfatases, ocorre a liberação da riboflavina(SOUZAet al., 2005).

A vitamina B2 é precursora das coenzimas FAD e FMN, onde estas

são consideradas importantes participantes da cadeia transportadora de elétrons. Fora as

coenzimas, a riboflavina também é capaz de originar flavinas, substâncias que se

mantêm ligadas às enzimas, as quais atuam na catálise de importantes reações como as

relacionadas ao reparo do DNA.

A riboflavina possui uma ligação importante no metabolismo de

lipídios, assim como na degradação de drogas e xenobióticos via

hidroxilaçãomicrossomal. Seus cofatores são de extrema importância para sua ação

antioxidante, por serem utilizados pela glutationaredutase, uma enzima importante

pertencente ao sistema de proteção contra espécies reativas de oxigênio (ROS) geradas

pelas células (SOUZA et al., 2005).

Atualmente, a riboflavina vem sendo utilizada em muitos

procedimentos oftálmicos como o chamado “cross-linking” do colágeno corneanocom a

vitamina B2. Essa técnica consiste em enrijecer o tecido corneano através da luz UVA

onde esta, associada a riboflavina, cria novas ligações entre as moléculas de colágeno

adjacentes, produzindo aumento na espessura da córnea bem como sua maleabilidade. A

riboflavina é utilizada como um fotomediador onde cria radicais livres que induzem

novas ligações entre fibrilas de colágeno. Tal restruturação ocasiona o aumento da força

biomecânica da córnea. O método de “cross-linking” é comumente recomendado para

casos degeneração marginal pelúcida, ceratocone e ectasias iatrogênicas após cirurgias

refrativas com laser (GADELHAet al., 2009).

A tiamina (vitamina B1) é uma vitamina essencial para o

desenvolvimento do organismo, pois a mesma é responsável por vias metabólicas

importantes sendo utilizada como co-fator para três enzimas, sendo elas a transcetolase,

α-cetoglutaratodesidrogenase e a piruvatodesidrogenase (OLIVEIRA, F. 2006). Tais

enzimas são fundamentais para a geração de energia celular, além de atuarem

indiretamente na síntese de lipídeos e nucleotídeos (AZEVEDO, 2010).

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A transcetolase é uma importante enzima na via das pentoses e

essencial na síntese de ácidos nucleicos e de NADPH, onde o mesmo participa

produção de esteróides, ácidos graxos, aminoácidos, certos neurotransmissores, bem

como a glutationa; α-cetoglutaratodesidrogenase e piruvatodesidrogenase regulam o

nível de piruvato e lactato nas células e auxiliam na geração de ATP através do ciclo do

ácido cítrico com a produção de NADH (OLIVEIRA, 2006).

Pelo fato da tiamina ser uma vitamina essencial para o organismo,

uma vez que não pode ser produzida pelo mesmo, sua baixa ingestão implica em sérias

deficiências neurodegenerativas. A escassezde vitamina B1 poderá resultar na doença

conhecida como Encefalopatia de Wernicke, cujos principais sintomas são:

oftalmoplegia, ataxia, perda de memória, confusão mental e hipoatividade da marcha e

da postura(AZEVEDO, 2010).

Os flavonoides são outras substâncias de grande importância

encontradas no Goji Berry. Seus inúmeros benefícios os fizeram ser estudados mais a

fundo nos últimos 10 anos até os dias atuais.

Dos benefícios mais conhecidos podemos citar suas

atividadesbioquímicas, fisiológicas e farmacêuticas, incluindo, além das atividades

antioxidantes, as ações vasodilatadoras, antiinflamatórias, antibactericidas, imuno-

estimulantes, e efeitos antialérgicos e antivirais.

As enzimas proteinaquinase C, fosfodiesterase, fosfolipase,

lipoxigenase e ciclooxigenase são capazes de exercer atividade anti-inflamatória por

controlarem a formação de mediadores biológicos responsáveis pela ativação de células

endoteliais e células especializadas envolvidas na inflamação. Quanto à atividade

antimicrobiana, estudos já comprovaram que a quercetina e hesperidina inibem a

infecção e a replicação do herpes, polioviros, vírus da parainfluenza, ente outros

(OLIVEIRA, 2010;TRIPOLIet al., 2007).

Os flavonoides também possuem uma significativa ação contra o

câncer. Sua capacidade de proteger o DNA contra a luz UV, neutralizar radicais livres

capazes de gerar mutações na célula, podem também, ainda, afetar a atividade

enzimática envolvida na transdução da mitogênese regulando a proliferação das enzimas

quinase, fosfatase e fosfodiesterase (OLIVEIRA,

2010;HASSIMOTTO;GENOVESE;LAJOLO, 2005)

Sua capacidade antioxidante está relacionada com a habilidade de

sequestrar espécies oxidativas como o ânion peróxido, radicais hidroxilas e radicais

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peroxilas, além de quelar metais. Em testes In vitro, são capazes de prevenir a oxidação

das LDL (OLIVEIRA, 2010/ HASSIMOTTO; GENOVESE; LAJOLO, 2005).

Portanto, as aplicações do Goji Berry são extensas em virtude do seu

incomparável potencial antioxidante e do seu efeito imunoestimulante adicional.

Numerosos estudos sugerem o Goji Berry como adjuvante nos tratamentos do câncer e

nas doenças do fígado e dos testículos. Goji Berry também pode ser um forte aliado na

prevenção do envelhecimento e auxilia no emagrecimento. Não é a toa que Goji Berry é

a primeira da lista secular de ervas medicinais da China(YU,etal., 2006).

O Goji Berry é uma fruta rica em diversos micronutrientes

essenciais para a manutenção e bom funcionamento do organismo. Na tabela a

seguir estão separados os nutrientes com maior abundância encontrados na fruta,

sementes, raízes e folhas do Goji por autor.

Autor (ano) Micronutriente Função

Zaine, L. et al. (2014) Zeaxantina

Anticancerigena e protetora da mácula

ocular por.

Novo R. et al.(2013) β-caroteno

Pró vitamina A, protetora da retina e

proteção do coração e fígado contra

radicais livres

Souza, A. C. S. et al.

(2005)

Riboflavina (Vit. B2)

Precursora de coenzimas e flavinas,

degradação de drogas e xenobióticos,

antioxidante.

Gadelha, D. N. B.et al.

(2009)

Utilização em cross-linking como

adjuvante.

Oliveira, F., (2006) Tiamina (Vit. B1)

Co-fator para enzimas importantes do

metabolismo.

Oliveira, R. (2010) Ácido Ascórbico

(Vit. C)

Sequestrante de radicais livres,

proteção cardiovascular,

anticancerígena, neuroprotetora, anti-

inflamatória e protetora ocular.

Oliveira, R. (2010) Flavonoides atividades antioxidantes,ações

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vasodilatadoras, anti-inflamatórias,

antibactericidas, imunoestimulantes,

efeitos antialérgicos e antivirais.

De acordo com os estudos realizados, não foi possível encontrar

comprovação cientifica quanto a ação antiglicêmica ou de melhora no quadro de

impotência sexual. Somente citaçõesno artigo de Luo et al. (2006), porém sem

explicação do possível mecanismo de ação ou relação com compostos bioativos

presentes no Goji Berry.

Estudos realizados apontaram que o Goji Berry é uma fruta com altas

concentrações de polissacarídeos, vitaminas, flavonoides e carotenoides. Foi encontrada

uma grande relação entre os carotenoides com doenças oculares, proteção contra o

câncer, e ainda agem contra os radicais livres gerados pelo metabolismo do organismo.

As vitaminas são outro grupo de grande importância quando se trata de ação

antioxidante e manutenção do organismo. As vitaminas B2 e B1 são fundamentais para

o metabolismo, ambas também são capazes de combater radicais livres, além de serem

importantes para a geração de enzimas responsáveis tanto pela geração de energia

quanto pela degradação de substâncias tóxicas externas.

A vitamina C é o composto mais abundante encontrado na fruta do

Goji Berry, sendo sua concentração até 500 vezes maior do que a de uma laranja

comum. Suas funções benéficas para o organismo são quase ilimitadas. É capaz de

combater radicais livres, previne o escorbuto, possui ação anti-inflamatória, protetora

ocular, protetora cardiovascular dentre outros benefícios, sendo que todos eles estão

relacionados à sua capacidade de sequestrar radicais livres.

Os flavonoides em geral, possuem uma ótima ação antioxidante,

sendo estes capazes de sequestrar o ânion óxido gerado pelo metabolismo e tendo como

consequência a proteção do organismo contra ações mutagênicas advindas da luz UVA

que a longo prazo poderão causar carcinomas. Em questão às ações antioxidantes, o que

difere cada um dos flavonoides seria a concentração em que estes precisam ter para

gerar a ação antioxidante e sua estrutura molecular. Formas glicosiladas em geral

possuem menor atividade do que agliconas e, por exemplo, o kampferol só terá

atividade antioxidante quando sua concetração estiver entre 60 e 100 μmol L-1

.

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Ao se falar de perda de peso, não há estudos que apontam essa

capacidade de redução de medidas. O que se sabe é pela possível presença de fibras

capazes de causar o emagrecimento, contudo não há comprovações desse efeito.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados verificou-se que o Goji Berry é uma

planta com uma grande variedade de funções. Ela é considerada um alimento funcional,

com alto valor nutritivo e possui propriedades antioxidantes de grande relevância. Foi

verificada a existência de diversos componentes com função antioxidante na fruta, e

esta propriedade de acordo com os estudos proporciona melhora na integridade da

retina, está relacionada com a prevenção e auxilia no tratamento de alguns tipos de

câncer, além de estar relacionada com a prevenção do envelhecimento celular. No

entanto, seu mecanismo de ação ainda não foi amplamente elucidado. Outro relato que

chamou atenção foi com relação a interação medicamentosa pela potencialização do

efeito anticoagulante da varfarina. Sugere-se então que mais estudos sejam feitos nesta

planta de forma sistemática e prática para que com base em dados comprobatórios suas

indicações possam ser mais efetivas, pontuais e ela possa realmente ser utilizada de

forma racional e difundida.

No que se refere a ação antiglicêmica possivelmente deve-se ao fato,

de que esta fruta, sendo rica em fibras, auxilie na redução da absorção de açúcar e

gordura, porém não se pode afirmar com segurança, pois faltam estudos aprofundados

que comprovem este efeito.

Na questão do combate à impotência, seu efeito foi constatado em

ratos onde foi notável o aumento do libido e da qualidade e quantidade de esperma dos

mesmos. Contudo, não há estudo que indique uma relação concisa entre os

componentes do Goji Berry com a melhora da impotência.

Popularmente tem-se dito que o Goji Berry é capaz de reduzir a

gordura corporal devido a sua ação “termogênica”, no entanto muitos estudos não

constataram e, muito menos, citaram a possibilidade desse efeito. Por esse fato e muitos

outros que é recomendado sua ingestão mediante consulta médica.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

374

ATUALIDADES SOBRE TRATAMENTOS NA ALERGIA À LACTOSE EM

CRIANÇAS

UPDATES ON TREATMENTS IN LACTOSE ALLERGY IN CHILDREN

José Carlos Fulgêncio Junior*

Flávia Hernandez Fernandez**

RESUMO

Alergias alimentares ainda constituem um problema significativo para muitas famílias, com sérias

consequências físicas, social e financeiras. A intolerância à lactose é um fenômeno diferente da alergia ao

leite. Os sintomas da intolerância são apenas digestivos, enquanto os da alergia podem afetar o sistema

respiratório e a pele. Dentre as intolerâncias alimentares as mais comuns são as provocadas

principalmente pela lactose. A intolerância à lactose é uma síndrome onde o paciente apresenta após

ingestão da lactose sintomas gastrointestinais como diarréia, dor abdominal, flatulência e naúseas..

PALAVRAS-CHAVE: Alergias alimentares. Intolerância alimentar.Lactose

ABSTRACT

Food allergies remain a significant problem for many families, with serious physical consequences, and

financial partners. Lactose intolerance is a different phenomenon of milk allergy. The symptoms of

digestive intolerance are just as allergy may affect the respiratory system and the skin, for example.

Among the most common food intolerances are caused mainly by lactose. Lactose intolerance is a

syndrome where the patient presented after ingestion of lactose gastrointestinal symptoms such as

diarrhea, abdominal pain, flatulence and nausea. It is important to remember that lactose intolerance

should not be called lactose allergy.

Keywords: Food allergies , lactose, food intolerance.

INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Alergias (OMA), as alergias alimentaressão

definidas como reações de hipersensibilidade que se iniciam por

mecanismosimunológicos específicos, como por exemplo, a ativação que ocorre

mediada por anticorpos da classe Imunoglobulinas-E (IgE) (THOMAS, 2003).

Apenas oito tipos de alimentos são responsáveis por aproximadamente 90% das

reações alérgicas: leite, ovo, amendoim, frutos do mar, peixe, castanhas, soja e trigo.

Cerca de 75% da população mundial apresentam um distúrbio na digestão, denominado

de intolerância a lactose (IL). Mais de 50% dos adultos no mundo são intolerantes à

lactose. (TÉO, 2002; BERNE, 2004; DELGADO, 2010)

*Discente do curso de Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná

**Orientador, Docente do Curso de Estática e Cosmética e Farmácia da Unifil, Londrina - Paraná

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375

Na Europa a prevalência de alergia à proteína do leite de vaca (APLV) no

primeiro ano de vida é de 2% a 3%, e, aos 6 anos de vida, cai para 1% (KOLETZKO et

al., 2012). Em estudo realizado no Brasil, concluiu que a incidência de APLV é de 2,2%

e a prevalência é de 5,7% (SPOLIDORO et al., 2005). No tocante à intolerância à

lactose, a incidência no Brasil é de 44,11%, sendo que o maior número de casos novos

foi encontrado em crianças de zero a dez anos com 23,71% de incidência, ocorrendo em

menor frequência em indivíduos à partir dos 40 anos, expressando o menor percentual

depois dos 60 anos com 6,71% (PEREIRA FILHO; FURLAN, 2004). Portanto, viu-se a

necessidade de esclarecer as principais diferenças entre a IL e a APLV, bem como seu

tratamento.

Segundo Mattar (2012), a lactase é uma enzima responsável pela digestão da

lactose, já se encontra presente nos fetos durante a gestação e está localizada na

extremidade das vilosidades da mucosa do intestino delgado. Na maioria da população

mundial após o desmame, há um declínio gradual na atividade da lactase.

(AURICCHIO, 2000).

A lactose é um dissacarídeo formado por dois monossacarídeos, galactose e

glicose, que se encontram presentes no leite dos mamíferos, sendo o principal

carboidrato; importante fonte de energia do ser humano durante o primeiro ano de vida,

fornecendo quase metade das necessidades energéticas totais da criança (TROELSEN,

2005).

Segundo Tsabouri(2014)a IL é um fenômeno diferente da alergia ao leite. Os

sintomas da intolerância são apenas digestivos, onde após a ingestão de alimentos

contendo lactose, os indivíduos começam apresentar sintomas gastrointestinais, como

por exemplo,diarreia, dor abdominal, flatulência e náuseas. Já os sintomas da alergia ao

leite, desencadeiam uma reação que ativa o sistema imunológico podendo afetar o

sistema respiratório e a pele. Dentre as intolerâncias alimentares, as mais comuns são as

provocadas pelos dissacarídeos, representadas principalmente pela lactose. É importante

lembrar que intolerância à lactose não deve ser chamada de alergia à lactose.

O objetivo desta revisão foi realizar revisão bibliográfica sobre as mais

variedades formas de tratamento do paciente com alergia à lactose (IL).

ALERGIA À PROTEINA DO LEITE DE VACA E INTOLERÂNCIA A LACTOSE

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

376

Segundo Heyman (2006) as intolerâncias alimentares (IA) são muito mais

comuns do que alergias alimentares. Clinicamente, é importante distinguir as diferenças

que existe entre elas. A intolerância ao dissacarídeo lactose é a reação adversa a

alimentos mais comum; a maioria dos casos resulta de uma redução na lactase intestinal

de causa genética. Essa intolerância é causada por um transtorno que ocorre na mucosa

intestinal que incapacita a digestão da lactose e absorção deste carboidrato devido a

baixa atividade da enzima lactase ou pela sua baixa produção. Essa enzima hidrolisa a

lactose liberando dois monossacarídeos; galactose e glicose, se isso não ocorrer no

intestino delgado, a lactose que não foi hidrolisada atrai água e eritrócitos, que

promovem uma fermentação na parede do intestino, podendo levar a um desconforto

abdominal e diarreia.

A prevalência da alergia alimentar é maior nos primeiros anos de vida. Na

infância, as taxas de prevalência situam-se entre 2,5 e 8%. Entre os lactentes, o principal

alimento desencadeante de alergia é a proteína do leite de vaca. Cerca de 60% das

crianças com alergia à proteína do leite de vaca apresentam reações alérgicas mediadas

por IgE, 25% delas mantêm essa sensibilidade até a segunda década de vida e, em 35%

dos casos, esses pacientes também irão manifestar alergia a outros alimentos. Nos

adultos, essa prevalência atinge 5% da população(ZANIN, 2002).

Spolidoroet al. (2005) realizou um inquérito epidemiológico em consultórios de

30 gastroenterologistas pediátricos de 20 cidades de 11 estados nas 5 regiões brasileiras,

e mostrou a suspeita de alergia alimentar em 7,3% das 9.478 crianças consultadas

durante quarenta dias (período do estudo), o leite de vaca estava envolvido em

aproximadamente 540 crianças, ou seja, em 77% das suspeitas de alergia. Sendo assim,

a incidência e a prevalência da suspeita de APLV foram 2,2% e 5,7% respectivamente.

Uma meta-análise realizada como parte do programa EuroPrevall, mostrou uma

prevalência de 2% a 3% no primeiro ano de vida, e a partir dos seis anos esta

prevalência cai para menos de 1% (KOLETZKO et al., 2012).

O risco da alergia aumenta em 40%, quando um familiar de primeiro grau (pais

ou irmãos) é alérgico. Apesar de sua alta prevalência, o prognóstico da alergia é

positivo, com chances de recuperação total e desaparecimento dos sintomas entre os 3 e

4 anos de idade (ANTUNES; PACHECO, 2009).

Estudos epidemiológicos demonstram uma menor prevalência de IL em

populações predominantemente pecuárias, em relação aqueles que dependem mais da

agricultura, conforme apresentado no Quadro 1.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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Quadro1: Prevalência de hipolactasia primária do adulto em diferentes populações

Fonte: Mattar; Mazo, 2010

A complexidade da ocorrência de hipolactasia vem sendo investigada em

populações multiétnicas, visando descrever a prevalência desta característica em países

onde possivelmente existe miscigenação, o que dificulta a extrapolação de estimativas

de populações etnicamente mais “puras” (no sentido de haver menor miscigenação) para

populações com alto grau de intra-variabilidade étnica.(DELGADO et al., 2010)

No caso do Brasil, a conhecida miscigenação e variabilidade geográfica existente

na população evidencia tanto a necessidade de se estudar a distribuição de perfis

genéticos associados ahipolactasia quanto o potencial de pesquisa no sentido de

identificar perfis genéticos complexos, pois o estudo destes quanto a sua relação com

algum fenótipo representa uma contribuição importante na elucidação da relação entre

genética e doença, ou outras condições (DELGADO et al., 2010).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

378

ALERGIA À PROTEINA DO LEITE DE VACA

Atualmente, na maioria dos países vem sendo observado um aumento na

prevalência de alergias alimentares (AA) e mudança importante nos padrões de sua

apresentação. Verifica-se um maior reconhecimento de reações tardias aos antígenos

alimentares, alergia a proteínas presentes no leite materno e associação com distúrbios

da motilidade, como refluxo gastroesofágico e constipação (BENHAMOU, 2009).

Embora as alergias tenham uma base genética, o desenvolvimento de doenças

alérgicas depende de uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais, e a

nutrição do lactente, pode ser considerada um fator essencial.(MARTIN, 2010)

A Academia Européia de Alergia e Imunologia (EAACI) publicou uma revisão

da nomenclatura de alergia alimentar. A reação adversa a alimentos inclui qualquer

reação anormal após a ingestão de alimentos e pode ser o resultado de intolerância

alimentar (hipersensibilidade alimentar não-alérgica) ou hipersensibilidade alimentar

(alergia alimentar) (JOHANSSON, 2001).

De uma maneira geral, a AA é observada com maior frequência em populações

de risco, como as que possuem algum tipo de desnutrição, em estados de

imunodeficiências. Pacientes desnutridos apresentam anormalidades do sistema imune

(SI) e sua função alterada, propiciando a instalação e o agravamento de infecções e

doenças(CHANDRA, 2000).

A denominação intolerância alimentar se aplica quando a patogênese não

envolve uma resposta imunológica; é uma resposta adversa do organismo ao alimento,

como no caso de alterações metabólicas (por exemplo, deficiência da falta de produção

de enzima lactase no indivíduo) (JOHANSSON, 2001).

A prevalência de deficiência a lactase é a mais elevada (85 a 100%) em

asiáticos, negros e nativos americanos. Na maioria dos indivíduos que sofrem com a

falta de lactase, queixam-se de gases e diarreia logo após a ingestão de leite ou laticínios

(GIONCHETTI, 2000).

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Tolerância Oral x Alergia Alimentar

Tecido Linfóide

Intestinal

Antígenos RESPOSTA Antígenos

IMUNOLÓGICA

Predisposição familiar

Maturidade imunológica

Permeabilidade de mucosa

Tipo de alimento/leite materno

Microbiota, ambiente

FISIOLÓGICA PATOLÓGICA

TOLERÂNCIA ORAL ALERGIA ALIMENTAR

Figura 1 Alergia Alimentar

Fonte: VANDENPLAS, 2007

O sistema imunológico é formado por células que podem atuar de maneiras

diferentes:

- podem agir diretamente sobre os agentes nocivos, configurando a chamada

imunidade celular; e

- podem produzir substâncias que inativam, à distância, os invasores,

denominada imunidade humoral.

A função do SI no organismo é a defesa contra microorganismos infecciosos,

mas, em uma percepção mais abrangente, configura reações contra substâncias

estranhas, além de microorganismos nocivos. A atividade do SI é classificada em

natural e adaptativa (SICHERER, 2000).

Sabe-se que a imunidade natural já se encontra desde o nascimento.

(AURICCHIO, 2000). É basicamente celular e bioquímica e combate qualquer agente

“estranho” que invada o organismo, seja ele vírus, uma bactéria, um protozoário,

produtos químicos, tóxicos ou qualquer outra substância estranha. Participam na

imunidade natural: superfícies epiteliais, secreções antimicrobianas, células fagocitárias,

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

380

linfócitos natural-killer, proteínas componentes do sistema complemento, mediadores

de reações inflamatórias e citocinas (WILSON, 2002).

A imunidade adquirida desenvolve-se gradualmente ao longo da vida, conforme

entramos em contato com os vários antígenos do ambiente à nossa volta, incluindo-se os

agentes infecciosos e substânciasnão-microbianas.

Scrimshaw (2000) descreve sobre algumas alterações da defesa imune em

pessoas com deficiência nutricionais.

Menor eficiência da defesa “mecânica” em pele e mucosas

Menor capacidade bactericida

Menor produção de febre

Menor número de linfócitos B

Imunoglobulinas séricas: normais ou aumentadas

Menores níveis locais de IgA

Menor produção de muco

Menor eficiência da função depurativa de células ciliares

Síntese insuficiente e deficiência de complemento

Menor capacidade microbicida, especialmente para Gram –

Comprometimento da resposta celular a parasitas intracelulares

Menores níveis circulantes de linfócitos T

Menor produção de interleucinas

Menor capacidade de cicatrização

Maior susceptibilidade às infecções por parasitas

intracelular.

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Quadro 2 - Classificação das manifestações clínicas das doenças alérgicas classificadas pelo

mecanismo imunológico

Fonte: Sicherer; Sampson, 2010.

A hipersensibilidade imediata (tipo I) envolvendo anticorpos IgE são as mais

bem caracterizadas. Os anticorpos IgE ligam-se a receptores de alta afinidade nos

mastócitos e nos basófilos. Os mastócitos estão presentes em todas as superfícies de

contato com o meio ambiente, como a pele, o trato respiratório e o trato gastrointestinal.

Quando os alérgenos reagem com os anticorpos IgE ligados aos mastócitos, são

liberados mediadores químicos como histamina, as prostaglandinas, os leucotrienos e

outros. Esses mediadores causam vasodilatação, contração dos músculos lisos e

secreção de muco e prurido, configurando os sintomas clássicos de alergia alimentar

imediata(KOVALENKO, 2001).

As alergias alimentares mediadas pela IgE, em comparação às não mediadas, são

de mais fácil diagnóstico e o seu mecanismo imunológico é melhor correspondido

(FIOCCHI, 2010).

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

382

Em indivíduos geneticamente predispostos, a exposição à alérgenos alimentares

(geralmente glicoproteínas), por via inalatória, cutânea ou parenteral, ocasiona a

produção de anticorpos IgE-específicos. Após a sensibilização, os anticorpos circulantes

se ligam aos receptores de alta afinidade nas superfícies dos mastócitos e basófilos e a

receptores de baixa afinidade nos mastócitos, linfócitos, eosinófilos e plaquetas.

Contatos posteriores com o alérgeno alimentar induzem a ligação com as moléculas de

IgE específicas deflagrando uma cascata de eventos intracelulares, que culminam com a

liberação de mediadores pré-formados e neoformados, responsáveis pelas diferentes

manifestações alérgicas (SICHERER, 2006).

As reações não mediadas por IgE envolvem a participação de outros isotipos,

IgG, IgA e IgM, e geralmente a apresentação clínica é retardada, prevalecendo em

lactentes e em pacientes e em pacientes com doenças inflamatórias do tubo digestivo.

Reações imunológicas por imunocomplexos dependem da quantidade de alérgeno

consumida e iniciam-se poucas horas depois da ingestão.

Geralmente se manifestam com sintomas tardios envolvendo preferencialmente

o trato gastrintestinal. Os mecanismos imunológicos envolvidos ainda permanecem

obscuros. Evidências sugerem que sejam mediadas por células T (reação de

hipersensibilidade tipo IV). Fazem parte deste grupo: coloproctite, proctite ou

proctocoliteeosinofílica ou alérgica, enterocolite induzida por proteína e a

hemossiderose pulmonar (HUSBY, 2008).

4.2.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO-LABORATORIAL

O diagnóstico da APLV é fundamentado em quatro pilares:

– anamnese e exame físico;

– dieta de restrição;

– testes para detecção de IgE específica (in vivo e in vitro);

– teste de provocação oral (TPO)

Na anamnese e exame físico, o diagnóstico da APLV se inicia com a suspeita e

termina com o teste de provocação oral Frente ao relato de reações adversas

relacionadas ao leite, uma detalhada história clínica pode facilitar muito o diagnóstico.

Neste sentido, o médico deve estar ciente que existe grande chance de distorção dos

sintomas por parte do paciente e seus cuidadores.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

383

Há evidências de que 50% a 90% das presumidas alergias alimentares não são

realmente alergias quando corretamente investigadas por TPO2. Sintomas subjetivos

devem ser ainda maior foco de suspeitas, uma vez que, conforme discutido nos

capítulos anteriores, as manifestações clássicas são objetivas e de origem cutânea,

respiratória e/ou do trato gastrintestinal. Alguns dados da anamnese são de particular

importância:

– idade de início;

– natureza, frequência e reprodutibilidade dos sintomas;

– tempo entre ingestão e aparecimento das reações;

– quantidade de leite necessária para deflagrar sintomas;

– forma de preparação do leite/alimento contendo leite (in natura?, processado?);

O paciente já havia ingerido leite (sob diferentes formas) antes desta reação? O alimento

já havia sido ingerido outras vezes sem ocasionar sintomas? Os sintomas referidos já se

manifestaram outras vezes, sem a ingestão do alimento?

– época da última reação;

– influência de fatores externos (exercícios, uso de medicamentos);

– recordatório alimentar;

– dados antropométricos;

– histórico da alimentação (duração do aleitamento materno, fórmulas infantis

recebidas, idade de introdução de alimentos sólidos);

– efeito de dietas de restrição (soja, fórmulas hidrolisadas, dieta materna durante

o período de lactação);

– intervenções terapêuticas;

Após a administração de medicamentos para controle, por quanto tempo ainda

persistiram os sintomas? Diferentes fenótipos clínicos são descritos na APLV: alguns

pacientes apresentam sintomas apenas quando ingerem leite cru, e outros apresentam

manifestações também com o alimento processado, configurando um quadro clínico

mais grave. A investigação clínica detalhada e exame físico são excelentes fontes de

informação sobre a natureza das reações adversas a alimentos. No entanto, a anamnese

isolada não estabelece o diagnóstico de APLV2. Da mesma forma, o exame físico deve

ser criterioso na busca de sinais consistentes com reações alérgicas ou comorbidades

relacionadas à APLV (outros sinais de atopias, prejuízo nutricional), mas também não

institui o diagnóstico per se(BLOOM, 2008 a/ BLOOM, 2012 b) .

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Fluxograma de tratamento da alergia ao leite de vaca IgE mediada em lactentes

(Adaptado de Fiocchi A. et al. e Koletzko S. et al.)

Figura 2 Fluxograma de tratamento da alergia ao leite de vaca IgE mediada em lactentes

Fonte: Adaptado de Fiocchi A. et al. e Koletzko S. et al., s/d

4.2.2 Tratamento

Uma vez estabelecido o diagnóstico da AA, a forma racional de terapia é a

eliminação total do alimento causador. Essa ação necessita de considerável tempo e

esforço para educar o indivíduo. É preciso ensinar os pais ou a própria pessoa a ler os

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

385

rótulos dos alimentos para garantir a exclusão das muitas formas ocultas de alimentos

comuns(KOERNER, 2004).

O objetivo global do tratamento com a dieta de exclusão é evitar o aparecimento

de sintomas e proporcionar à criança melhor qualidade de vida e crescimento e

desenvolvimento adequados.

Existe também uma alternativa que pode ajudar no tratamento dessas pessoas,

essa alternativa é conhecida como a “dieta da eliminação”. Na dieta de eliminação, os

alimentos suspeitos são eliminados por duas semanas ou até que os sintomas

desapareçam. Os alimentos a serem eliminados são aqueles que apresentam maior

incidência de reações. A tabela abaixo apresenta um exemplo desta dieta.

Quadro 3: Dieta de eliminação

Grupo de alimentos Permitidos Evitados

Leite e derivados Substitutos do leite, como Todos os lacticínios

extrato de soja, de arroz derivados de vaca,

e amêndoas cabra e ovelha

Principais fontes Arroz, batata-doce, batata- Trigo

De carboidratos inglesa, polvilho, aipim

Carnes e leguminosas Peixes do mar, ovos, feijões, Carne bovina,

ervilha, lentilhas, grão-de-bico, suína, caprina e

soja ovina

Verduras Todas, exceto tomate Tomate

Frutas Todas, exceto cítricas Cítricas (laranja,

limão, lima, toranja

e morango

Sementes oleaginosas Amêndoas, castanha-de-caju, Amendoim,

linhaça, noz pecã, semente de pistache e

abóbora, semente de girassol, castanha-do-pará

noz comum

Gorduras e óleos Óleos refinados: canola, soja, Margarina,

arroz. Óleos não refinados: manteiga, molhos

oliva, gergelim, linhaça prontos, óleo de

girassol e óleo de

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386

milho

Açúcares Stévia e frutose Açúcar refinado ou

mascavo, mel,

xarope de milho e

adoçantes artificiais

Bebidas Água, sucos de frutas e chás Café, chá preto,

chá mate,

chá-da-índia,

álcool, refrigerante,

e cacau

Fonte: CARVALHO. GP. Anuário de nutrição clínica e funcional. (2005) pág. 11

É importante salientar que muitas vezes, embora com mecanismos

fisiopatológicos diferentes, ambas as reações podem apresentar sintomas semelhantes.

Um exemplo desta situação é a alergia às proteínas do leite de vaca (APLV), assim

denominada por envolver mecanismos imunológicos, e a intolerância à lactose. Nesta

última ocorre a falta da lactase, enzima do epitélio

intestinal que degrada a lactose em monossacarídeos para absorção. Na ausência desta

enzima pode ocorrer a fermentação da lactose nãoabsorvida, causando diarreia,

distensão e dores abdominais, caracterizando a intolerância à lactose, doença esta sem

envolvimento do sistema imunológico (MATTAR, 2012).

Segundo Meyer et al. (2012), as etapas do tratamento da APLV, após o correto

diagnóstico, estão descritas abaixo:

avaliação da condição nutricional;

dieta de exclusão do LV e derivados com substituição apropriada;

educação continuada para família e cuidadores;

Leitura e interpretação da rotulagem,

Cuidado com ambientes de alto risco (p. ex. escolas, praças de

alimentação, festas, entre outros),

Orientação quanto a reações graves,

Promoção da qualidade de vida,

Orientação nutricional individualizada

Não menos importantes estãoos probióticos, prebióticos e simbióticos utilizados

no tratamento e prevenção da alergia às proteínas do leite de vaca. Milhares de espécies

colonizam o trato gastrintestinal (TGI) humano e é fácil inferir que existe importante

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correlação entre flora e desenvolvimento do TGI, incluindo a maturação do sistema

imunológico desta região (VYAS; RANGANATHAN, 2012).

A microbiota intestinal, entre outras ações, auxilia na manutenção do equilíbrio

entre tolerância e inflamação em um conceito definido como eubiose. A disbiose, ou

seja, o desbalanço da interação entre flora e indivíduo pode ser a base ou o adjuvante a

uma série de doenças do mundo moderno destacando-se: doença inflamatória intestinal,

obesidade, hipertensão e maior risco de doenças alérgicas (HAPFELMEIER et

al.,2010).

A presença de um microbioma adequado resulta em proteção imunológica, sem

gerar um intenso processo inflamatório. Sabe-se hoje que pacientes alérgicos

apresentam diferenças na composição do microbioma em número e diversidade de

espécies e, diante de todos estes novos conhecimentos, a possibilidade de modulação

desta flora parece interessante no controle das doenças alérgicas.

A intolerância à lactose congênita é herdada e autossômica recessiva, sendo uma

condição extremamente grave. Caso não seja diagnosticada precocemente pode levar ao

óbito. O recém-nascido apresenta diarreia líquida ao ser amamentado ou receber

fórmulas contendo lactose. Com dieta restritiva de lactose os sintomas desaparecem e

esses recém-nascidos têm crescimento normal. Bebês que apresenta este distúrbio

devem ser alimentados por fórmulas que contenham sacarose ou frutose em vez de

lactase. A diferença entre a hipolactasia primária do adulto e a intolerância à lactose

congênita é molecular: na hipolactasia, a enzima lactase é normal, mas diminui a

expressão ao longo da vida; na intolerância a enzima lactase está ausente(ROBAYO,

2007).

Já a Intolerância à lactose primáriaé uma deficiência na enzima lactase, também

conhecida como β-glicosidade e β-galactosidade, que é responsável pela digestão da

lactose de laticínios e outras fontes disponíveis. Esse distúrbio pode se manifestar logo

depois da ingestão de leite, raramente aparece em recém-nascidos e crianças pré-

maturas e desaparece quando o leite é eliminado da dieta(ROBAYO, 2007).

Enquanto que a Intolerância à lactose secundária é uma complicação de doenças

intestinais associadas com pequenos danos na mucosa que leva a uma diminuição na

atividade da enzima lactase. (ROBAYO, 2007)

Os principais sintomas da intolerância à lactose e os sintomas característicos da

alergia a proteína do leite de vaca serão listados na tabela a seguir.

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Tabela 1: Características diferenciais entre intolerância a lactose e alergia à proteína do leite de vaca.

Fonte: GIONCHETTI et al, 2000.

Estes sintomas surgem sempre que o paciente ingere alimentos com leite ou

derivados, incluindo sorvetes, iogurtes e queijos. Diante de um quadro clínico que leve

a suspeita de intolerância à lactose, deve-se iniciar a investigação diagnóstica por uma

anamnese dirigida, seguida de exame físico detalhado e testes que avaliem a digestão e

absorção desse carboidrato. Os exames complementares mais comuns são; teste de

tolerância com sobrecarga oral de lactose, o teste de hidrogênio (TEVES, 2001).

Alguns alimentos podem provocar diarreia em pessoas sensíveis. Entre eles:

leite, doces em grande quantidade, feijão, comidas gordurosas, como frituras ou

gorduras de origem animal. Procurar investigar se algum alimento está relacionado à

diarreia apresentada. Orientar o consumo de alimentos cozidos, evitando os crus e as

fibras. Frutas e hortaliças devem estar cozidas. Evitar o consumo de doces e gorduras.

Indicar pequenas refeições, aumentando a frequência gradativamente.

Indicar o consumo de alimentos ricos em potássio, como banana, batata e

carnes brancas. Há perda de potássio em grandes proporções nos casos de

diarreia. Em diarreias crônicas, é necessário fazer o monitoramento

laboratorial.

Indicar soro caseiro, soro de reidratação oral ou bebidas isotônicas para

manter o equilíbrio hidroeletrolítico do organismo. A água de coco pode ser

usada e é bastante eficaz.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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Contraindicar o consumo de leite até o desaparecimento dos sintomas.

Coalhadas, iogurtes e queijos podem ser consumidos em pequenas

quantidades.

Aumentar a ingestão de líquidos, evitando, assim, a desidratação.

Alimentos probióticos, especialmente os leites fermentados com

lactobacilos, auxiliam na recuperação da flora intestinal.

Tomar sempre que possível as medicações após as refeições.

Os testes de tolerância à lactose são realizados com desafio, o paciente ingere de

25g a 50g de lactose e se avalia os sintomas por duas a três horas. A técnica mais

difundida nos laboratórios de análises clínicas é a por curva glicêmica. Nesta técnica, é

coletada a glicemia em jejum e depois é feita uma curva. Se o paciente absorver a

lactose, a glicemia deve se elevar de 1,4 mmol/l ou mais (RIDEFELT, 2005).

O teste respiratório do hidrogênio expirado é considerado padrão-ouro para o

diagnóstico de intolerância à lactose. O paciente tem que fazer o preparo na véspera, só

podendo ingerir dieta não fermentativa com restrição total de lactose, sem fumar (o

cigarro aumenta o hidrogênio expirado). Deve também evitar antibióticos por um mês

antes do exame (a presença da flora bacteriana é essencial para a produção do

hidrogênio), não pode fazer exercícios físicos (aumentam o hidrogênio expirado) e tem

que se apresentar para o exame com jejum de 10 a 12 horas, podendo ingerir água. A

sensibilidade do exame é de 80% a 92,3% e a especificidade 100% com 25g de lactose,

desde que o preparo esteja correto (MATTAR, 2012).A flora bacteriana fica com

atividade diminuída em pH ácido (é esse o pH das fezes quando se dá a fermentação da

lactose), podendo neste pH o exame ser falso-negativo. O exame se baseia na produção

de hidrogênio pela fermentação da lactose não absorvida: o hidrogênio entra na corrente

sanguínea e é expirado pelo pulmão. O paciente sopra o basal, ingere a lactose, e depois

sopra novamente após 60, 90, 120, 150 e 180 minutos, sendo considerado o exame

positivo quando ocorre aumento de hidrogênio expirado em 20 ppm (partes por milhão)

em relação ao valor basal (HUSBY, 2008).

O paciente intolerante relata sintomas durante o exame, geralmente coincidindo

com aumento do hidrogênio expirado. A leitura é feita em cromatógrafo gasoso

específico para o hidrogênio. Em aproximadamente 15% dos pacientes predomina flora

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390

produtora de metano: Methanobrevibactersmithii, o hidrogênio não se eleva. Os

pacientes com flora produtora de metano têm sintomas mais leves. (OLDS, 2003)

O tratamento da intolerância à lactose consiste basicamente na retirada ou

diminuição desse açúcar da dieta, o que leva ao desaparecimento progressivo dos

sintomas. Uma das grandes preocupações com a redução da lactose da alimentação é a

garantia do fornecimento de quantidade apropriada de proteínas, cálcio, riboflavina e

vitamina D, cuja maior fonte é o leite e seus derivados (UGGIONI, 2006).

Para evitar os prejuízos nutricionais decorrentes da exclusão total e definitiva da

lactose da dieta, após exclusão inicial de lactose, geralmente é recomendada a sua

reintrodução gradual de acordo com o limiar sintomático de cada indivíduo.Nesta fase,

algumas medidas não farmacológicas podem auxiliar na elevação deste limiar e

contribuir para adaptação à lactose, como por exemplo, a sua ingestão junto com outros

alimentos, o seu fracionamento ao longo do dia e o consumo de produtos lácteos

fermentados e maturados. (MONTALTO, 2006).Caso estas medidas não funcionem

para reduzir os sintomas de intolerância à lactose, medidas farmacológicas podem ser

adotadas. A terapia de reposição enzimática com lactase exógena (+β-galactosidase),

obtida de leveduras ou fungos, constitui uma possível estratégia para a deficiência

primária de lactose. Estes preparados comerciais de “lactase”, quando adicionados a

alimentos que contenham lactose ou ingeridos com refeições com lactose, são capazes

de reduzir os sintomas e os valores de hidrogênio expirado em muitos indivíduos

intolerantes à lactose. Entretanto, estes produtos não são capazes de hidrolisar

completamente toda a lactose da dieta com resultados variáveis em cada paciente.

As “lactases” exógenas estão disponíveis comercialmente na forma líquida e em

cápsulas e tabletes, e possivelmente as diferentes preparações não são equivalentes. A

enzima solúvel pode ser adicionada ao leite que é então refrigerado de um dia para o

outro antes do uso (porém pouco prático para uso frequente). Existem também leites

comerciais com baixo teor de lactose (pré-incubado com lactose já hidrolisada), porém

não estão amplamente disponíveis em muitos restaurantes e lanchonetes.

Apesar dos trabalhos enfatizarem a eficácia das formulações líquidas de

“lactase” na melhora dos sintomas e na redução do hidrogênio expirado, a taxa real de

eficácia apresenta resultados discrepantes, que decorrem do tipo de microorganismo

utilizado, da contribuição da atividade residual da lactase da mucosa intestinal, e da

dose de reposição utilizada (ROSADO, 2014).

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391

CONSIDERAÇOES FINAIS

Os mecanismos relacionados à prevenção e desenvolvimento das doenças

alérgicas são multifatoriais. São estratégias com algum impacto na prevenção de alergia

alimentar: o estímulo ao parto normal; contraindicar o tabagismo; estimular o

aleitamento materno; orientar uma alimentação complementar variada, equilibrada e

saudável, a partir do sexto mês (evitar a introdução precoce, antes do quatro meses, ou

tardia, a partir dos sete meses de novos alimentos); incentivar o consumo regular de

alimentos fonte de ômega 3 e de frutas, verduras e legumes em todas as idades e evitar o

uso indiscriminado de antibióticos e de antiácidos.

A alergia às proteínas do leite de vaca é uma reação de hipersensibilidade às

PLV, onde intervêm mecanismos imunológicos e que pode incluir reações mediadas ou

não mediadas por IgE. Os principais alergênicos presentes no leite de vaca são a β-Lg,

α-Lac e as caseínas.

Os sintomas podem ocorrer minutos, horas ou dias após a exposição às PLV e os

mais frequentes são os cutâneos (50 a 70%), seguidos dos gastrointestinais (50 a 60%)

e, por último, os respiratórios (20 a 30%). O correto diagnóstico de APLV é de especial

importância, uma vez que evita restrições alimentares desnecessárias, prevenindo

consequências ao nível do desenvolvimento da criança. O diagnóstico pode ser feito

através de vários testes, como história clínica e exame físico, testes laboratoriais, dieta

de eliminação e prova de provocação oral. Apesar da variedade de meios de

diagnóstico, a confirmação do diagnóstico apenas pode ser conseguida através da prova

de provocação oral, antecedida por uma dieta de eliminação de 2 a 4 semanas. O

algoritmo de diagnóstico varia entre os lactentes amamentados e os lactentes

alimentados com fórmulas e também com a severidade dos sintomas.

Atualmente não existe cura para a APLV, no entanto, vários são os tratamentos

existentes, como dieta de eliminação, fórmulas hipoalergênicas, indução de tolerância

oral e tratamento de emergência. Um conhecimento aprofundado desta patologia e a

intervenção precoce de todos os profissionais de saúde é essencial para o sucesso na sua

prevenção, demonstrando ser a melhor forma de tratamento. Será ainda pertinente

abordar a dúvida que tem vindo a ser levantada recentemente: será que o aumento da

poluição poderá estar relacionado com o aumento da sensibilização aos alérgenos

alimentares, sendo responsável pelo aumento da incidência de alergias alimentares. Esta

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

392

é uma questão que permanece por esclarecer e mais estudos são necessários para que se

possam obter conclusões sustentadas.

A intolerância a lactose é uma afecção comum em crianças e adultos, sendo

essencial um diagnóstico precoce e a instituição de tratamento. Os testes usados no

diagnóstico para a má absorção de lactose incluem o teste de hidrogênio expirado

(padrão ouro), teste de tolerância oral à lactose, dentre outros. O tratamento consiste na

retirada de leite e produtos lácteos da dieta para se obter remissão dos sintomas.

A exclusão total e definitiva da lactose da dieta deve ser evitada, pois pode

acarretar prejuízo nutricional de cálcio, fósforo e vitaminas, podendo estar associada

com diminuição da densidade mineral óssea e fraturas. A terapia de reposição

enzimática com lactase exógena obtida de leveduras ou fungos, constitui uma possível

estratégia para a deficiência primária de lactose.

Pelo exposto, podemos concluir que a intolerância à lactose é uma doença que

afeta aproximadamente 50% da população e o tratamento é principalmente nutricional.

Portanto o desenvolvimento de novos produtos sem lactose ou a utilização de enzimas

exógenas é campo fértil para novas pesquisas.

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REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE O USO INDISCRIMINADO DE

SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS, ESTIMULANTES E ANABOLIZANTES,

POR PRATICANTES DE ACADEMIAS

BIBLIOGRAPHICAL REVIEW ON THE INDISCRIMINATED USE OF

NUTRITIONAL, STIMULATING AND ANABOLIZING SUPPLEMENTS BY

ACADEMIC PRACTICE

Kamila Pinto Quintilhano*

Mirtz Ayumi Nakamura*

Flavia Hernandez Fernandez**

RESUMO

Este trabalho é uma revisão bibliográfica sobre estudos e legislações que tratam sobre o crescente

consumo de suplementos alimentares, estimulantes e anabolizantes no Brasil. A portaria nº. 222 de 24 de

março de 1998 refere-se a suplementos como alimentos formulados e elaborados para praticantes de

atividades físicas, desde que não apresentem ação terapêutica ou tóxica. (BRASIL, MINISTERIO DA

SAÚDE, 1998). Atualmente os suplementos alimentares tem tido uma procura muito grande por alunos

de academias, com finalidades estéticas e ergogênicas buscando uma melhoria no seu rendimento durante

a execução do exercício. (GOMES GS ET AL , 2008). Os suplementos são utilizados por atletas e

frequentadores de academia de ginástica com o objetivo de alcançar resultados rápidos. A falta de

informação e a utilização sem orientação podem representar riscos à saúde dos indivíduos, por isso é

importante o consumo com prescrição de um especialista. Os suplementos nutricionais são indicados às

pessoas que não conseguem suprir suas necessidades nutricionais apenas através de alimentação

balanceada, não devendo ser utilizados como a principal fonte de nutrientes de uma dieta. Esse estudo

apresenta, portanto, as leis que regulamentam a fabricação e consumo de suplementos, bem como as

ações fiscalizadoras e os produtos proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no

Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Suplementos Alimentares; Academias, esteroides, anabolizantes

ABSTRACT

This work is a literature review on studies and legislation that deal with the increasing consumption of

dietary supplements, stimulants and anabolics in Brazil. The ordinance no. 222 of March 24, 1998 refers

to supplements as foods formulated and prepared for practitioners of physical activities, provided they do

not present therapeutic or toxic action. (BRASIL, MINISTRY OF HEALTH, 1998). Currently, dietary

supplements have had a great demand by students of academies, with aesthetic and ergogenic purposes

seeking an improvement in their performance during the execution of the exercise. (GOMES GS ET AL,

2008). Supplements are used by athletes and gymgoers to achieve quick results. Lack of information and

unguided use can pose a risk to the health of individuals, so it is important to use prescription with a

specialist. Nutritional supplements are indicated to people who can not meet their nutritional needs only

through balanced diet and should not be used as the main source of nutrients in a diet. This study

therefore presents the laws that regulate the manufacture and consumption of supplements, as well as the

enforcement actions and products banned by the National Sanitary Surveillance Agency (ANVISA) in

Brazil.

KEYWORDS: Food Supplements; Academies, steroids, anabolics

*Acadêmicas do curso de Nutrição da Unifil, Londrina – Paraná. **Orientadora e docentes dos cursos de Nutrição, Estética e Cosmética e Farmácia da Unifil , Londrina - Paraná

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398

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios do esporte, esportistas, os competidores, treinadores

médicos, procuram inexoravelmente determinadas substâncias “milagrosas” que

melhorem a performance de atletas. Hoje, denota-se a importância da nutrição para a

melhoria do desempenho no esporte. Os atletas gregos, em 580 A.C. já adotavam dietas

mais voltadas para o esporte em questão, referencia Grandjean (1997), e no século XIX

preconizava-se a dietoterapia para o tratamento e prevenção de doenças.

A dieta dos atletas Gregos e Romanos se constituía em vegetais, contendo

legumes, frutas, cereais e vinho diluído em água. Milo de Cróton, renomado e vitorioso

lutador grego, consumiu até 9kg de carne, 9kg de pão e 8,5L de vinho por dia, nos Jogos

Olímpicos da Antiguidade. Um verdadeiro festival para honrar os Deuses. Ele foi um

dos primeiros atletas a dar atenção à alimentação e a ter sua rotina de treinamentos

catalogados (GOSTON, 2009).

O crescente uso de suplementos alimentares e anabolizantes se alastra a cada dia

devido à pressão da sociedade e da alienação provocada pela mídia em seu

merchandising. As academias são os locais que facilitam a propagação desses padrões

estéticos estereotipados, como o corpo magro, com baixo percentual de gordura ou com

alto volume e músculo tonificados. Os jovens fisicamente ativos estão mais

preocupados com a aparência física e com o peso ao invés do desempenho físico, sendo

estes os usuários mais frequentes de suplementos alimentares. Entretanto, o uso de

suplementos pelos jovens dá-se pelo apelo do marketing e à pressão da mídia, sendo em

grande maioria orientados por colegas e treinadores, em geral sem nenhum grau de

conhecimento científico (HIRSCHBRUCH et al. 2008).

A necessidade de atingir resultados rápidos tem exacerbado o uso de tais

substâncias que prendem a atenção, estando hoje, facilmente comercializadas em todo o

mundo. Por conseguinte, a grande quantidade de produtos disponíveis e o fácil acesso

aos mesmos é um fator que pede discussões e atitudes a serem tomadas (GOSTON,

2009).

Os frequentadores de academias rotineiramente costumam associar o aumento de

sua massa muscular e corporal, ao consumo estupendo de proteínas, porém não há

diferenciação das necessidades protéicas entre praticantes de atividade física e pessoas

sedentárias. (DAMILANO, 2006). Alves e Lima (2009), demonstram que o uso de

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

399

suplementos, na maioria das vezes, ocorre sem a devida orientação, sendo produtos de

indicações de colegas, treinadores, revistas, sites na internet e de ouvir dizer nas

academias de ginástica.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – que é o órgão

responsável pela Regulamentação desses produtos no Brasil – vem, nos últimos anos,

aumentando a Regulamentação da Suplementação Nutricional no Brasil 84 Acta de

Ciências e Saúde Número 02 Volume 01 2013 e a sua atuação através de determinações

legais e controle de todo o processo de fabricação e venda de suplementos alimentares.

Ela tem por finalidade criar um sistema que permita que os produtos cheguem ao

consumidor com qualidade e segurança. (CARVALHO et al., 2007).

Atualmente, no Brasil, os suplementos esportivos são agrupados em diversas

categorias, tais como: repositores eletrolíticos, alimentos protéicos, alimentos

compensadores, entre outros. Porém, esse agrupamento não define o que se entende por

suplemento esportivo, ou seja, quais são as suas particularidades (BACARAU, 2001).

“Nos EUA, o senado aprovou em 1994, o chamado Dietary Supplemts Health na

Education Act que um produto pode ser considerado como suplemento, quando: for um

produto (que não o tabaco) utilizado com o intuito de suplementar a dieta e que

contenha um ou mais dos seguintes ingredientes: uma vitamina, um mineral, uma erva

ou outro tipo de planta, um aminoácido, alguma substância dietética capaz de

aumentar o conteúdo calórico total da dieta, ou um concentrado, metabólico,

constituinte, extrato, ou combinação desses nutrientes; for produzido para ser ingerido

na forma de pílulas, cápsulas, tablete ou como líquido; não for produzido para uso

convencional como alimento ou como único item de uma refeição ou dieta; for um

produto em cujo rotulo apareça a denominação de suplemento dietético; incluir

substâncias como drogas novas aprovadas, antibióticos ou produto biológico

licenciado, comercializado como suplemento dietético ou alimento antes da aprovação,

certificação ou licença para ser utilizada como medicamento” (BACURAU, 2001)

Os praticantes de atividades se preocupam apenas com a beleza externa e com o

formato do corpo, esquecendo-se da saúde. Usam todos os artifícios para deixar o corpo

lindo, afinal é isto que a grande maioria das pessoas quer. Quando se tem um corpo bem

definido e com massa muscular, a pessoa é notada em qualquer lugar, o que aumenta a

autoconfiança e autoestima. Existem pessoas que se sacrificam para ter um corpo

bonito, com horas de academia, dietas e regimes nutricionais.

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Já outros, realizam o sonho do corpo perfeito, fazendo uso de métodos nada

saudáveis, como o uso esteroides anabolizantes, que são prejudiciais à saúde, causando

vários efeitos adversos como algumas características femininas nos homens e vice

versa, levando a afinação da voz em homens e engrossamento da voz nas mulheres e

muitas vezes atrapalhando o desenvolvimento sexual. O uso abusivo de anabolizantes

também pode causar aumento de pressão sanguínea, acne devido à estimulação das

glândulas sebáceas, crescimento excessivo do coração, níveis elevados de colesterol

ruim, arritmia cardíaca, cãibras, câncer, cansaço, comportamento agressivo, crescimento

anormal dos cabelos, esterilidade irreversível, náuseas e vômitos frequentes, insônia.

Os esteroides androgênicos anabólicos (EAA) são substâncias quimicamente

semelhantes à testosterona e que teriam a propriedade de aumentar a força e a massa

muscular. Apesar do uso terapêutico, os EAA estão associados a uma série de efeitos

nocivos, e não obstante, são alvos de abuso pelos competidores e mais recentemente

difundido em ambiente de prática de exercícios físicos, em geral.

No passado, esteroides anabolizantes foram utilizados como recursos

ergogênicos sem qualquer preocupação por parte de muitos atletas. Isto foi copiado

pelos esportistas que tiveram como exemplo esses grandes atletas (GOSTON, 2009).

JUSTIFICATIVA

O projeto em questão justifica-se pelo fato que normalmente não existe a

necessidade da suplementação alimentar por parte dos praticantes de exercícios físicos

que buscam a performance e o corpo perfeito. Somente a prática regular de exercícios

físicos aliados à uma alimentação adequada e um bom descanso podem otimizar os

resultados esperados sem a utilização de suplementos alimentares.

A suplementação alimentar sem a devida orientação nutricional e médica pode

trazer alguns efeitos maléficos, como por exemplo: as proteínas quando ingeridas em

quantidade superior a que o organismo necessita, podem sobrecarregar o fígado e os

rins, e também se transformarem em gorduras que posteriormente serão armazenadas

nos adipócitos.

O consumo de suplemento alimentar pode variar entre os tipos de exercícios

físicos, aspectos culturais, faixas etárias e sexo. Poucos estudos se referem ao tipo,

tempo e quantidade de suplementos usados, mas parece ser comum que as doses

recomendadas sejam excedidas.

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

401

PROBLEMA

Na década de 50 descobriu-se que o exercício físico trazia benefício ao coração;

isso aumentou significativamente a procura pela atividade física, chegando ao seu ápice

nos anos 80, provocando uma invasão nas academias, também pelo modismo e a busca

do corpo perfeito imposto pela mídia; forma-se um importante componente terapêutico

para o controle e tratamento de doenças cardiovasculares, obesidade, distúrbios

musculoesqueléticos, doenças respiratórias, depressão e ansiedade. Todavia, para que o

exercício físico seja coerente e enriquecedor, são necessários que instrutores e

praticantes tenham conhecimentos relativos à sua prática (INTERNATIONAL

FEDERATION OF SPORTS MEDICINE - IFSM, 1989).

Também tem se disseminado a utilização de suplementos, compostos à base de

carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais, e principalmente aminoácidos,

comercializados e consumidos indiscriminadamente, sem orientação competente, sem

que se conheçam seus efeitos, muitos dos quais ainda estão sob investigação

(HOFFMAN et al., 2008; CARVALHO et al, 2008).

Na atualidade, evidências médicas denotam que a suplementação alimentar pode

ser benéfica para um pequeno grupo de pessoas, que são os atletas competitivos, cuja

dieta não atende as necessidades nutricionais. Nesses casos, comprovada a deficiência

de um nutriente, é indicado o aumento da sua ingestão, através da alimentação habitual

e da utilização de suplementos. Porém, tem-se constatado que adolescentes envolvidos

em atividade física ou atlética estão usando cada vez mais suplementos (ALVES &

LIMA, 2009).

OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo demonstrar o crescimento do mercado de

suplementos nutricionais e a importância do consumo consciente de suplementos,

esteroides e anabolizantes que sejam regulamentados e registrados de acordo com as

legislações estabelecidas, considerando o aumento no consumo de tais produtos, os

possíveis riscos da ingestão indiscriminada e as ações fiscalizadoras. Discutir alguns

aspectos de forma a favorecer a divulgação de informações seguras sobre a utilização e

a atuação de profissionais de saúde nesta área, objetivando os principais pontos

relevantes para uma melhor adequação nutricional é o foco do presente artigo.

METODOLOGIA

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

402

Para a construção deste trabalho de revisão bibliográfica, foram selecionados

livros, artigos e leis e utilizados os seguintes termos como descritor de busca:

suplemento nutricional, suplemento dietético, ergogênicos, atletas, legislação,

Vigilância Sanitária. A revisão foi realizada com artigos publicados a partir do ano de

1999 ao ano de 2012, pesquisados na base de dados da Birene, por meio dos serviços da

MEDLINE, SCIELO, LILACS, e também para completar a legislação vigente no Brasil,

foram utilizadas as determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Foram

consultados artigos científicos, livros acadêmicos, Leis, Decretos e sites.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo a sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, a ingestão elementar de

suplementos proteicos acima das necessidades diárias recomendadas para um atleta, da

qual devem ser gerenciadas por uma alimentação balanceada, não determina o aumento

de massa muscular extra nem aumento do desempenho, isso acarreta em uma

discordância de opiniões que se é construída com base nesta “necessidade extrema” de

alto consumo de proteínas, sendo colocado á margem o restante de macro e

micronutrientes.

Baseado nas pesquisas de HIRSCHBRUCH et al 2008, os homens consomem

mais suplementos do que as mulheres, e os adolescentes tendem a usar mais

suplementos do que os adultos jovens, visto que adolescentes inevitavelmente acaba

tendo uma alta influência pelo fato que estão em processo de crescimento, podendo ter

consequências posteriormente, caso se utilizado de maneira incorreta.

É destacado em sua pesquisa que a maior parte dos usuários de suplementos são

praticantes de exercícios há mais de um ano, em um índice de 60%, onde de maioria dos

indivíduos pesquisados se exercitam por estética e saúde, porém existe a associação

entre o uso de suplementos e a disputa como finalidade de exercício.

Segundo o que foi catalogado por ARAÚJO et al, 2008, pesquisando 150

praticantes de atividades físicas, deste total numérico, 42 fazem o uso de suplementos,

entre os 42 indivíduos que utilizam suplementos, 20 (13,33%) consomem pelo menos

um suplemento, sendo 14 (70%) do gênero masculino e 6 (30%) do gênero feminino. A

suplementação de aminoácidos tem sido avaliada com o objetivo de melhorar a função

muscular. Existem evidências de que o aumento dos aminoácidos de cadeia ramificada

deve diminuir a relação e retardar o início da fadiga. Porém outras linhas de pesquisas

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

403

discutem o efeito da suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada para

aprimorar o desempenho de resistência.

Alguns estudos propõem que aminoácidos específicos aumentam a liberação do

hormônio do crescimento no sangue pela hipófise anterior, podendo resultar em um

aumento da massa isenta de gordura e da força, porém, o efeito da suplementação de

aminoácidos essenciais no desempenho físico é discordante, e de maioria não mostra

benefícios na performance (ARAÚJO et al, 2008)

A utilização de suplementos alimentares está frequentemente ligada aos

benefícios que eles proporcionam, de fato aos objetivos que os indivíduos pretendem

atingir com o uso do mesmo. Em um estudo das pessoas que utilizavam suplementos,

73,80% objetivava o ganho de massa muscular, 16,66% a melhora do condicionamento

físico e 9,52% utilizavam com outra finalidade, os frequentadores de academia, 59,60%

tinha como finalidade a hipertrofia muscular, enfatizando o foco que se era esperado, no

controle do aumento de tônus muscular (LOLLO e TAVARES in put, 2009)

Atualmente, a maioria dos praticantes (especialmente as mulheres) se exercita

para controlar o peso e não para melhorar o condicionamento físico, isso ocorre em

detrimento da supervalorização da magreza e da forma física, ressaltando o número de

indivíduos que consomem suplementos sem conhecer a finalidade do produto,

especialmente frisados os proteicos e de vitaminas e minerais (HIRSCHBRUCH et al

2008).

Os amigos e leigos por consequência acabam sendo fonte importante de

indicação de suplementos. Médicos e nutricionistas são os únicos profissionais

legalmente habilitados para a prescrição de suplementos. O médico indica mais

suplementos que o nutricionista, porém, a maioria desses são vitaminas e minerais. Em

outros estudos, a indicação de suplementos pode ser feita pelo médico e nutricionista na

mesma proporção, mais pelo nutricionista ou pelo médico, de fato, a questão que se

deve procurar o profissional da saúde para que seja feito o acompanhamento do

praticante para que ocorra tudo em homeostase.

Conforme o que se é recomendado pela American Dietetic Association, qualquer

recomendação para atletas e esportistas deve ser baseada em dados científicos atuais e

em suas necessidades individuais. Os suplementos devem ser utilizados com cautela e

somente após revisão cuidadosa de sua legitimidade e da literatura corrente sobre os

ingredientes que constam no rótulo do produto; eles não devem ser recomendados até

que se faça uma avaliação da saúde, da dieta, das necessidades nutricionais, do uso atual

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

404

de suplementos e drogas e das necessidades energéticas do indivíduo. O profissional

capacitado para fazer essas avaliações é o nutricionista.

A popularidade dos suplementos alimentares vem proliferando espantosamente

tanto no meio esportivo como nas academias de musculação, isso se é detectado ao

crescente estímulo na prática de exercícios físicos desde a adolescência ao adulto, onde

o levantamento de peso foi apontado como a atividade que se mais é vinculada ao uso

de suplementos proteicos, tanto para homens (96,96%), como para mulheres (88,89%)

(ARAÚJO E SOARES in put, 2009).

CONCLUSÃO

A suplementação alimentar sem a devida orientação nutricional e médica pode

trazer alguns efeitos maléficos, como por exemplo: as proteínas quando ingeridas em

quantidade superior a que o organismo necessita, podem sobrecarregar o fígado e os

rins, e também se transformarem em gorduras que posteriormente serão armazenadas

nos adipócitos. O consumo de suplemento alimentar pode variar entre os tipos de

exercícios físicos, aspectos culturais, faixas etárias e sexo. Poucos estudos se referem ao

tipo, tempo e quantidade de suplementos usados, mas parece ser comum que as doses

recomendadas sejam excedidas. Portanto, o projeto em questão justifica-se pelo fato que

normalmente não existe a necessidade da suplementação alimentar por parte dos

praticantes de exercícios físicos que buscam a performance e o corpo perfeito. Somente

a prática regular de exercícios físicos aliados à uma alimentação adequada e um bom

descanso podem otimizar os resultados esperados sem a utilização de suplementos

alimentares.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

407

OS EFEITOS QUE A ACNE VULGAR CAUSA NA PELE E COMO OS

TRATAMENTOS ESTÉTICOS AJUDAM EM SUA MELHORA

THE EFFECTS THAT ACNE VULGAR CAUSES ON THE SKIN AND HOW THE

AESTHETIC TREATMENTS HELP IN ITS IMPROVEMENT.

Manoela Ferrarini Duarte1

Cleiciane Brene Pereira2

Roberta Chaves Penco Amorese³

Talita Oliveira da Silva³

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a revisão de literatura sobre acne vulgar abordando os efeitos que

a mesma causa na pele e como os tratamentos estéticos podem auxiliar em sua melhoria, através do

entendimento de sua formação, estágios e evolução. Caracteriza-se como uma doença inflamatória

crônica que acomete a unidade pilossebácea, variando conforme duração e intensidade. Fatores genéticos,

hormonais e emocionais podem interferir no desenvolvimento das lesões, estas que ocorrem por quatro

etapas, sendo elas a hiperqueratinização do folículo, hipersecreção sebácea, proliferação de

microrganismo e presença de mediadores inflamatórios. Esta patologia não acomete apenas mudanças na

fisiologia da pele, mas também na autoestima do paciente, com isso este trabalho tem como finalidade

compreender a composição da pele, aprofundando nos conceitos, fisiopatologia e classificação da acne

vulgar, uma afecção comum principalmente em adolescentes, mas que pode persistir ou se desenvolver na

fase adulta. Para amenizar as lesões causadas é possível hoje encontrar no mercado estético tratamentos

que auxiliam na sua melhoria de acordo com cada grau apresentado e suas características.

Palavra chave: Acne Vulgar, Lesões, Autoestima.

ABSTRACT

The present work aims to review the literature about acne vulgaris addressing the effects that the same

causes in the skin and how the aesthetics treatments can assist in its improvement, through the

understanding of its formation, stages and evolution. It is characterized as a chronic inflammatory disease

that affects the pilosebaceous unit, varying according to duration and intensity. Genetic factors, hormonal

and emotional may interfere in the development of lesions, these occurring in four stages, such as

hyperkeratinization of the follicle, sebaceous hypersecretion, proliferation of microorganism and presence

of inflammatory mediators. This patology not only affects changes in the physiology of the skin, but also

in the patient's self-esteem, with this, this work aims to understand the composition of the skin, deepening

the concepts, pathophysiology and classification of acne vulgaris, a common condition mainly in

adolescents, but which may persist or develop in adulthood. To soften the lesions,it is possible today to

find in the aesthetic market treatments that help in its improvement according to each degree presented

and its characteristics.

Keyword: Acne Vulgaris, Lesion, Self-esteem.

_______________________________ 1 Tecnóloga em Estética e Cosmética pelo Centro Universitário Filadélfia. 2 Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, docente do Programa de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial e Curso

Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

³ Fisioterapeuta Especialista em Dermato Funcional, docente do curso de Estética e Cosmética da Unifil, Londrina-PR.

³ Esteticista e Cosmetóloga, Especialista em estética Facial e Corporal, docente do Curso de Estética e Cosmética da Unifil,

Londrina-PR.

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408

INTRODUÇÃO

A acne vulgar é caracterizada como uma patologia que se desenvolve através

de uma inflamação na unidade pilossebácea, é muito comum em adolescentes, pois sua

maior incidência se dá no período da puberdade devido a estímulos hormonais, estes

que se destacam como um dos principais fatores desencadeantes da acne vulgar, onde

conforme sua produção sendo esta intensa ou não, os graus são distinguidos

(RODRIGUES, 2012).

As lesões acneiformes podem surgir em qualquer fase da vida acometendo

adolescentes e adultos, é destacado um desequilíbrio hormonal, onde este estimula de

maneira excessiva a glândula sebácea a produzir seu conteúdo, acarretando na formação

de um tampão folicular, fazendo com que o ambiente se torne propício para a

colonização de microrganismos presente na microbiota natural do corpo, estando em

destaque a Propionibacterium acnes. A presença desta bactéria acaba gerando uma

irritação no canal folicular, e posteriormente uma inflamação, é a partir da intensidade

inflamatória que as lesões mais graves são evidenciadas (BORGES e SCORZA, 2016;

SAMPAIO e RIVITTI, 2014).

A acne vulgar pode ser desencadeada por fatores genéticos e emocionais, onde

quanto maior for a porcentagem de acometimento familiar, mais grave o grau da acne se

torna, e quanto mais elevado o nível de estresse, maior o número de lesões

desenvolvidas (SOUTH-PAUL, MATHENY e LEWIS, 2014). A esta patologia elenca-

se cinco graus, sendo eles a acne não inflamatória, papulopustulosa, nodulocística,

conglobata e fulminante, conforme vão evoluindo eleva-se o número e características

das lesões, sendo estas os microcomedões, comedões abertos e fechados, pápulas,

pústulas, nódulos e abcessos podendo ser desenvolvido em casos mais graves cicatrizes

desconfigurantes, que atuam com forte influência na autoestima do indivíduo acometido

(SAMPAIO e RIVITTI, 2014).

As lesões atingem principalmente a região facial, devido a grande quantidade

de glândulas sebáceas, e é assim que os problemas emocionais vão se desenvolvendo,

por se tratar de uma região tão exposta as lesões fazem com que adolescentes muitas

vezes se isolem do convívio social criando um sentimento de inferioridade e limitando

sua aceitação.

Os tratamentos da acne vulgar variam conforme as lesões apresentadas, tendo

como principal objetivo o controle dos fatores etiopatogênicos, sendo eles a

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

409

hiperqueratinização do folículo, hipersecreção sebácea, proliferação de microrganismos

e inflamação, controlando estes elementos a evolução dos quadros, e a prevenção de

possíveis cicatrizes profundas e inestéticas são evitadas. Em casos acima do grau

nodulocístico é necessário um trabalho em conjunto com dermatologista devido às

lesões apresentarem um grande processo inflamatório, com presença de edema, dor,

coceira e em quadros graves a leucocitose.

DESENVOLVIMENTO

Considerada o maior órgão do corpo humano, a pele exerce diversas funções,

sendo caracterizada como manto de revestimento do organismo que atua isolando os

componentes orgânicos do meio externo (SAMPAIO e RIVITTI, 2014, online). Sua

composição se dá a partir de inúmeras funções, variando desde a proteção mecânica e

contra a luz, imunovigilância e metabolismo de nutrientes para reparo (ELDER, et al.,

2011). Uma porcentagem de 15% referente ao valor total do peso do indivíduo

corresponde a este órgão, que sofre constantemente alterações em sua composição ao

passar do tempo, mas que representa um grande papel na regulação do organismo,

devido sua recepção sensorial e de barreira. Pode-se chamar a pele de órgão

imunológico, devido aos seus elementos celulares, sendo eles mastócitos, células

dendríticas, e queratinócitos onde estes agem como proteção a agentes agressores

externos e internos (BORGES e SCORZA, 2016).

A pele consiste em duas camadas de tecido, sendo elas a camada externa

epiderme e a interna a derme, estas apoiadas em estruturas subjacentes através de uma

terceira camada, a hipoderme. A epiderme se caracteriza como a camada superficial da

pele que consiste em tecido epitelial resistente à abrasão e responsável por reduzir a

perda de água pela pele, ela dá origem aos anexos cutâneos, estes abrigados na derme,

sendo eles as glândulas sebáceas, sudoríparas, folículo piloso e unhas (VANPUTTE;

REGAN; RUSSO, 2016). Esta camada pode ser subdividida em cinco componentes,

caracterizada como camada basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea, sendo estas

citadas da mais profunda até a superficial (BORGES e SCORZA, 2016). A derme é

formada por tecido conjuntivo denso, e em relação a epiderme apresenta característica

mais espessa, e sua composição se dá por fibras de colágeno e elastina, responsáveis

tanto pela resistência quanto pela elasticidade da pele, esta camada diferente da

epiderme possui vascularização (APPLEGATE, 2014).

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410

A hipoderme é composta por células adiposas responsáveis pelo

armazenamento de gordura, trata-se de uma região muito irrigada devido à grande

quantidade de vasos sanguíneos, atua como isolante térmico, proporciona modelagem

para a estrutura corporal e protege contra choques mecânicos (FILHO e BARROS,

2016).

A acne vulgar caracteriza-se como um distúrbio da unidade pilossebácea

ocasionada por diversos fatores, ou seja, sua patogenia é considerada multifatorial,

possui variações apresentadas em graus, e a partir das lesões desenvolvidas, ocorre

presença de comedões, pápulas, pústulas, cistos e como consequência formação de

cicatrizes (BOLOGNIA, SCHAFFER e JORIZZO, 2015).

É considerada uma doença inflamatória, que acarreta lesões principalmente em

região de face, pescoço e tronco, ou seja, áreas em que apresentam grande quantidade

de glândula sebácea, onde esta se encontra hipertrofiada. Estas lesões podem surgir na

puberdade ou fase adulta, sendo desenvolvidas em ambos os sexos podendo variar sua

intensidade, apresentando desde pústula à lesões intercomunicantes, estas que muitas

vezes interferem na autoestima, podendo permanecer por um determinado tempo e

reincidir, mas também evoluir e persistir por um longo período (BORGES e SCORZA,

2016; SAMPAIO e RIVITTI, 2014).

Fatores hormonais possuem forte influência no aparecimento dessas lesões,

sendo muitas vezes conhecida como doença da puberdade devido o seu auge no período

da adolescência, onde 85% de jovens entre 12 e 24 anos apresentam algum quadro de

acne vulgar, mas como já dito esta doença pode persistir, 35% das mulheres e 20% dos

homens na faixa etária dos 30 anos, e cerca de 26% das mulheres e 12% dos homens as

mesmas persistem até os 40 anos (BORGES e SZORZA, 2016; BOLOGNIA,

SCHAFFER e JORIZZO, 2015). Em homens esta doença quando comparado com o

sexo feminino é considerada mais intensa devido a influência de andrógenos, onde na

faixa etária de 16 a 19 anos é comum o aparecimento destas lesões, e no sexo feminino

as idades de 14 a 17 anos são as que a doença atinge seu auge (BORGES e SCORZA,

2016; COSTA, et al. 2007).

A doença tem implicação psicossocial importante, principalmente os casos de

acne moderada a grave, cujos pacientes podem apresentar ansiedade, insegurança,

depressão, sofrimento psíquico e isolamento social. Para os indivíduos acometidos que

acabam manipulando as lesões a grande resposta inflamatória à bactéria envolvida na

formação da acne pode desencadear cicatrizes permanentes e desconfigurantes,

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aumentando ainda mais o desconforto e incômodo dos mesmos (BORGES e SCORZA,

2016; RODRIGUES, 2012).

A causa da acne vulgar se da por diversos fatores, dentre eles se destacam os

genéticos, influências androgênicas, estresse emocional, estados hiperandrogênicos este

conhecido como síndrome do ovário policístico (SOUTH-PAUL, MATHENY e

LEWIS, 2014). Diversos estudos comprovaram que o tamanho, número e atividade das

glândulas sebáceas são hereditários, e os adolescentes que apresentam esta afecção

trazem consigo influências familiares, desde acne moderada aos casos mais intensos

(BOLOGNIA, SCHAFFER e JORIZZO, 2015).

O desenvolvimento das lesões acneiformes ocorre devido a uma

hiperqueratinização no canal folicular, que resulta na obstrução desta região, assim são

desenvolvidos os comedões, onde os fechados apresentam coloração esbranquiçada, e

os abertos coloração enegrecida. O folículo piloso possui característica alargada, com

um tampão de queratina obstruindo seu infundíbulo, devido a essa obstrução ocorre o

processo inflamatório, criando assim lesões irregulares como pápulas, as lesões são

reflexo do rompimento dos folículos (HAMMER, MCPHEE, 2015; SAMPAIO e

RIVITTI, 2014).

Devido ao sebo alojado no canal pilossebáceo, ocorre a proliferação da

Propionibacterium acnes, esta que se trata de uma bactéria presente na microbiota

normal, mas que devido ao ambiente propício a mesma é encontrada em excesso. A

bactéria então libera seus elementos para células de defesa, as enzimas que foram

liberadas proporcionam um enfraquecimento da parede folicular promovendo seu

rompimento, e através da liberação de reagentes inflamatórios são desenvolvidas as

pústulas. Quando a inflamação se torna intensa resulta em cicatrizes profundas

(HAMMER e MCPHEE, 2015). Nota-se que devido a todos estes processos, a

etiopatogenia da acne vulgar se dá por quatro fatores, sendo eles a hiperqueratinização

folicular, hipersecreção sebácea, colonização de microrganismos e mediadores

inflamatórios.

Esta afecção é então dividida em inflamatória e não inflamatória, e através

desta classificação que os graus são distinguidos, os sintomas apresentados por esta

doença variam de acordo com o tipo de pele e organismo do indivíduo, os mais comuns

são dor, coceira, irritação local, e inflamações com prurido, podendo causar sintomas

mais graves, como febre e em quadro mais altos dores nas articulações (SAMPAIO e

RIVITTI, 2014; RODRIGUES, 2012).

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412

A classificação da acne vulgar se dá em cinco graus, onde estes apresentam

variações, o I apresenta comedões abertos ou fechados, com mínimas lesões

inflamatórias, o grau II já apresenta lesões inflamatórias como pápulas e pústulas,

comedões abertos e fechados e presença de seborreia, grau III, traz consigo além das

alterações do grau dois presença de nódulos e abcessos, o grau IV além de todas as

lesões do grau três, apresenta ainda fístulas, cicatrizes atróficas e/ou queloideanas, já o

grau V é uma forma rara, com um elevado processo inflamatório, onde há presença de

febre, edema, dor, e leucocitose (BORGES e SCORZA, 2016).

Pápulas, pústulas e nódulos são exemplos de lesões inflamatórias, podendo

haver progressão de um tipo de lesão para outro, e quando agravada ocorre a formação

cicatricial. Através do extravasamento do conteúdo presente no canal folicular, ocorre

liberação de mediadores inflamatórios que irão combater tal inflamação e quanto maior

for esta, maior é o grau da acne e consequentemente mais grave se torna as lesões

cicatriciais (MONTAGNER e COSTA, 2010).

Devido a tamanha inflamação em casos mais avançados ocorre a formação de

cicatrizes inestéticas, como as hipertróficas, queloideanas, atróficas e a ice pick.

Cicatrizes hipertróficas e queloideanas se caracterizam pela proliferação excessiva de

fibroblastos e colágeno como resposta para a lesão tecidual, mas a principal diferença

entre elas é que a hipertrófica não ultrapassa a borda da lesão, já a queloidena sim

(BOLOGNIA, SCHAFFER e JORIZZO, 2015).

O tratamento desta afecção é realizado a partir das características das lesões

que variam entre comedões abertos e fechados, pápulas, pústulas, nódulos e abcessos,

estas são desenvolvidas devido as alterações como à hiperqueratinização folicular,

hipersecreção sebácea, presença de microrganismos e inflamação. Quanto antes as

alterações forem tratadas e controladas cicatrizes inestéticas são evitadas, e fatores

psicológicos não se agravaram (KADUNC et al. 2012). O tipo de ativo utilizado e o

tratamento variam de um caso para o outro, Rodrigues (2012), ressalta que o tratamento

depende da intensidade das lesões, mas que o objetivo se dá pela redução significativa

da produção de sebo, de modo que previna a formação de microcomedões e comedões,

evitando que assim estes evoluam para um processo inflamatório.

A limpeza de pele é um procedimento realizado com aplicação de cosméticos

através de etapas específicas, com a pretensão de diminuir a oleosidade, remover as

células mortas e sujidades que levam a obstrução do folículo, este processo responsável

pela formação de comedões. É o processo inicial para o início de qualquer tratamento,

TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

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pois é ela quem proporciona uma higienização profunda do tecido. (BORGES e

SCORZA, 2016).

As etapas para esta limpeza se dá primeiramente pela higienização, esfoliação,

emoliência, extração, desinfecção, máscara, tonificação e finalização, em cada uma

destas os cosméticos devem ser específicos para esta doença, levando em consideração

que se a oleosidade for retirada de maneira exagerada um efeito rebote poderá surgir,

agravando ainda mais o caso, e as glândulas sebáceas secretaram ainda mais seu

conteúdo (BORGES e SCORZA, 2016; RODRIGUES, 2012). Os ativos utilizados na

limpeza de pele acneica possuem muitas vezes ação anti-inflamatória, antisséptica e

calmante. O agente deve ser não irritante, não alergênico e também não comedogênico,

sendo assim cuidados especiais sempre devem ser tomados em peles acneicas

(OLIVEIRA, 2017; RODRIGUES, 2012).

A higienização se caracteriza como o primeiro passo, onde todo o excesso de

sujidade e oleosidade são removidos, quanto mais alto for o pH do cosmético utilizado

mais dilatados os poros irão ficar, e quando mais baixo menos dilatados, destacando que

quanto mais dilatados estiverem mais eficaz se torna a higienização, deve ser dada

preferência para sabonetes à base de ácido salicílico e enxofre, ambos atuam na

remoção de crostas, excesso de suor e gordura, sem proporcionar irritação para a pele

(BORGES e SCORZA, 2016; RODRIGUES, 2012). A esfoliação promove uma

descamação da camada córnea, proporcionando uma melhor penetração de sucessivos

cosméticos que aceleram o processo da renovação celular, e proporcionam também a

desobstrução do canal folicular, com redução da hiperqueratinização, esta etapa previne

o desenvolvimento de comedões, e assim consequentemente evita a formação de

pápulas e pústulas. Em acne grau I, pode-se fazer uso de esfoliantes à base de

polietileno, já em grau II o mesmo não é recomendado. Para pele que apresenta uma

grande quantidade de pápula e pústula recomenda-se esfoliantes enzimáticos, onde seus

ativos são à base de abacaxi (bromelina) e mamão (papaína) (BORGES e SCORZA,

2016). A emoliência proporciona uma higienização através do uso de uma substância

emoliente conhecida como trietanolamina, nesta etapa ocorre o amolecimento de

comedões e dilatação dos poros, o que facilita a retirada dos mesmos, e previne a

formação de lesões acneicas (HOCHHEIM, DALCIN e PIAZZA, 2011).

A extração é a etapa da limpeza de pele, onde todo o sebo que está obstruindo

o folículo será retirado, assim estes sendo desobstruídos ativos permeiam com

facilidade e também ocorre uma diminuição da produção de sebo auxiliando muito no

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tratamento, pois consequentemente ocorre também a diminuição de microrganismos na

região. Em casos de pústulas é aconselhado exercer uma leve pressão sobre o local,

drenando o conteúdo purulento, o que facilita o esvaziamento da lesão. As lesões

internas como a pápula, nódulo e o cisto não devem ser manipuladas (BORGES e

SCORZA, 2016; HOCHHEIM; DALCIN; PIAZZA, 2011). A desinfecção pode ser

realizada através da utilização do aparelho de altafrequência, com funções bactericida,

bacteriostático, fungicida e antisséptico, mas também pode-se fazer o uso de cosméticos

que apresentam ativos com ação anti-inflamatória e antisséptica como os tônicos e

adstringentes a base de hamamélis e melaleuca (BORGES e SCORZA, 2016).

As máscaras com base em gel são mais indicadas para clientes com acne por

serem livres de óleo, mas as que são mais utilizadas após a limpeza são aquelas ricas em

ativos cicatrizantes, anti-inflamatório, antisséptico, antisseborréico e descongestionante

são as mais utilizadas em peles acneicas, estas trazem em sua formulação muitas vezes a

aloe vera, camomila, calêndula, hortelã, hamamélis e argila (HOCHHEIM, DALCIN e

PIAZZA, 2011). A tonificação atua corrigindo o pH da pele, e proporcionando uma

normalização no diâmetro dos óstios, ou seja, sua contração. Como a pele fica sensível

devido as anteriores etapas é recomendado tônicos calmantes a base de camomila e

calêndula, e ativos adistringentes, antissépticos e anti-inflamatório destacando a

hamamélis. A finalização é feita com a utilização de filtro solar com fator de

fotoproteção de no mínimo 15, sendo o recomendado para pele acneícas soluções “oil

free”, ou seja, livre e óleo. É orientado sempre ao cliente reaplicar o cosmético entre

duas e duas horas, pois devido às lesões presentes pode haver o desenvolvimento de

hipercromias agravando o aspecto da pele (BORGES e SCORZA, 2016). Existem

diversos produtos destinados para a finalização da limpeza de pele, como cosméticos

secativos e cicatrizantes, onde estes complementarão o tratamento, mas mesmo após seu

uso é indispensável a utilização do fotoprotetor (HOCHHEIN, DALCIN e PIAZZA,

2011).

O desincruste para pele acneicas é muito indicado pois possui como objetivo

estético a retirada de maneira suave dos incrustados na superfície epidérmica, que, em

linguagem estética, reproduz e ou/ significa limpar. Esta terapia utiliza de uma solução

desincrustante à base de sódio, tendo como exemplo o lauril sulfato de sódio, que atua

realizando uma saponificação dos óstios emulsionando a secreção sebácea, e quando

este cosmético é associado à corrente galvânica o mesmo consegue retirar o sebo que se

encontra acumulado. A corrente elétrica deste aparelho possui uma passagem contínua

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de elétrons, ou seja, a presença de correte é constante e possui polaridade determinada:

o polo positivo e negativo. Para evitar o efeito rebote, esta terapia deve respeitar um

intervalo de quinze dias, e a duração de aplicação gira em torno de 5 à 10 minutos. Em

peles oleosas e seborreicas é interessante a associação desta terapia antes da limpeza de

pele, pois facilita a extração de comedões, e atua no controle da secreção sebácea.

Através de seus benefícios como o destamponamento do folículo, eliminação de

encrustados e aumento da permeação de ativos esta terapia resulta em um tratamento

satisfatório em peles acneícas (BORGES e SCORZA, 2016; BORGES, 2010).

O termo peeling se distingue do verbo inglês “to peel” que traz o significado

de descamar, pelar, desprender e esfolar, e devido a estas definições nota-se que o termo

peeling promove uma ação de esfoliação e descamação com o intuito de proporcionar à

pele uma renovação celular através do uso de substâncias químicas que apresentam

agentes que podem apresentar em suas fórmulas ácidos com o pH <5, sendo este

inferior ao da pele, e isso faz com que ocorra uma esfoliação química com o propósito

de melhorar o aspecto da pele, atuando diretamente em sua viscosidade, elasticidade,

textura e coloração, estimulando novas células para reparar o tecido lesado (KEDE e

SABATOVICH, 2003; PIMENTEL, 2008).

A lesão é ocasionada com a solução ácida de maneira controlada e programada,

e isto se dá através do tempo que o produto ficará em contato com a pele, resultando na

amenização da afecção tratada, destacando as alterações actínicas e cicatrizes mais

superficiais ocasionadas pela acne vulgar. O desejo quando se faz uso de ácidos é

ocasionar um afinamento do estrato córneo, diminuição da oleosidade e aumento da

espessura da epiderme (BORGES e SCORZA, 2016).

Os profissionais de estética podem atuar apenas com peelings superficiais, ou

seja, apenas na camada da epiderme, mas em relação aos médios e profundos, podem

auxiliar em conjunto com médico preparando a pele para peelings mais fortes. Fatores

como concentração do ácido, forma e tempo de aplicação, tipo de pele, pH da solução,

estrutura molecular e preparo da pele determinam a profundidade da lesão, o tipo de

pele é um dos fatores que interferem também na penetração do ácido, onde uma pele

oleosa apresenta maior resistência ao esfoliante e uma pele seca já não possui tanta. As

regiões de aplicação são de grande importância, pois existem áreas que são mais

sensíveis como, por exemplo, cantos da boca e nariz, sulco nasogeniano e pálpebras

inferiores, ao contrário de áreas com dobras, onde nestas regiões não há tanta

sensibilidade, nas regiões com maior sensibilidade a penetração é mais alta o que pode

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ocasionar uma lesão não desejada. É necessário sempre antes de um peeling uma

preparação para a pele receber o ácido, pois uma pele íntegra responde melhor ao

processo de regeneração (BORGES e SCORZA, 2016).

O ácido quando passado sob a pele promove uma estimulação da epiderme

causando efeito no estrato córneo proporcionando sua remoção, isso permite uma

melhor penetração do ativo, e conforme o mesmo for infiltrando nas sucessivas camadas

ocorre o processo inflamatório, ou seja, mediadores são acionados para reparam tal

região sintetizando as fibras de colágeno, e por fim resultando na reparação tecidual.

Exemplos de ácidos utilizados no peeling químico são destacados o glicólico,

mandélico, salicílico, retinóico e hidroquinona. Peeling químico possui forte indicação

em manchas pós inflamatórios de acne e em acne ativa grau II, onde casos como este

podem ser tratados ou indicados para a prevenção. Lesões como ferimentos e herpes

ativa são contraindicações do peeling químico, assim como alergia ao produto, regiões

de mucosa e peles bronzeadas (BORGES e SCORZA, 2016; PIMENTEL, 2008).

Ácido glicólico é considerado um AHA, se origina da extração da cana-de-

açúcar, indicado para acnes comedogênica, peelings, rugas finas e fotoenvelhecimento,

utilizado em uma concentração de até 10% atua na redução da espessura da epiderme,

acarretando uma renovação celular e melhorando a hidratação (GOMES e DAMAZIO,

2009). Recomendado para qualquer tipo de pele devido a sua alta segurança, utilizado

em acne, sequelas de acne, manchas senis e ceratoses actínicas. Sua ação ao ser

utilizado em peelings superficiais se confirma quando o cliente relata sensação de

prurido, ardor apresentando um eritema leve (BORGES e SCORZA, 2016). A utilização

do ácido glicólico proporciona um espessamento da epiderme, compactação do extrato

córneo, depósito de colágeno, e para que um bom resultado seja alcançado é necessário

repetições de sessões com intervalos que variam conforme a concentração do ativo,

podendo ser semanal, quinzenal ou mensal (PIMENTEL, 2008).

O ácido mandélico apresenta ação de renovação celular, é considerado um

AHA, sua origem se dá a partir da hidrólise do extrato da amêndoa amarga. Apresenta

um peso molecular maior quando comparado ao glicólico, e devido a isso sua

permeação é mais lenta e regular, com incômodo de ardências e prurido minimizados.

Devido a sua característica não irritante a descamação é menor em relação aos outros

alfahidroxiácidos, e assim a restauração do tecido epitelial se torna mais rápida

(JAHARA, 2010). Apresenta funções como antisséptica, regenerador da epiderme, ação

ceratolítica, esfoliante e anti-inflamatória indicado para acne inflamatória não cística, ou

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seja, para grau II. Nos processos infecciosos de acne o ácido mandélico atua barrando

bactérias evitando que assim novas lesões sejam formadas, e que as já presentes não

entrem em um quadro evolutivo, possui também um grande papel no tratamento de

sequelas de acne devido atuar diretamente no processo de cicatrização (BORGES e

SCORZA, 2016).

Já o ácido salicílico pertence à família beta-hidroxiácido (BHA), podendo este

ser encontrado em várias essências naturais em forma de ésteres, originado das cascas

do salgueiro traz consigo ações queratolítica, queratoplástica, antisséptica, anti-

inflamatória e bacteriostática (BORGES e SCORZA, 2016; GOMES e DAMAZIO,

2009; WARREN, 2015). Através de suas propriedades queratolíticas ocorre um

afinamento da pele, e isto impede a contaminação de bactérias devido o controle de

oleosidade, o mesmo age ainda como hidratante, sendo assim proporciona uma melhor

penetração do ativo (FONSECA e MEJIA, 2014).

A solução de Jessner se trata de uma sinergia de ácido salicílico à 14%, de

ácido lático (85%) à 14% e de resorcinol à 14%, estes vinculados à etanol 95%, devido

todos estes proporcionarem efeito esfoliante atuam de forma significativa em acne

comedogênica (BORGES e SCORZA 2016). Ela age rompendo a barreira da pele, e

assim as substâncias presentes na solução são absorvidas com mais facilidade. É muito

indicada para cicatrizes de acne, pois proporciona o efeito queratolítico, ou seja, atua

desobstruindo os infundíbulos glandulares sebáceos (ALMEIDA DE SÁ, 2006 apud.

GOMES, 2009).

Devido as lesões ocasionadas pela acne vulgar, as mesmas desenvolvem

problemas psíquicos, e acabam interferindo no convívio social dos indivíduos que

apresentam tais lesões, onde a baixa autoestima é uma consequência ocasionada e deve

ser levada em consideração, pois, tal patologia pode tornar a vida social limitada,

podendo gerar distúrbios psicossociais. A autoimagem é um fator estético com suma

importância, pois lesões da acne acabam limitando indivíduos em sua própria aceitação,

podendo acarretar mudança de humor, complexo de inferioridade e ansiedade

(LOUZADA, et. al., 2009). Impactos como depressão, e ansiedade em adolescentes com

acne vulgar são aspectos que interferem muito na qualidade de vida destes indivíduos, e

que não há relação dos sintomas mentais com a gravidade dos graus, ou seja, impactos

como estes podem ocorrer tanto em lesões presentes na acne grau I quanto na acne grau

V (SOUTOR e HORDINDKY, online, 2015).

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Segundo Figueiredo (2011) a região com maior desenvolvimento de acne é a

face, onde esta se destaca como a área mais exposta quando se diz respeito a

comunicação social, e isso pode ocasionar uma revolta nos adolescentes. O autor relata

que em torno de 70% dos adolescentes que apresentam as lesões da acne vulgar

confirmam que sofrem rejeição em relação ao convívio social, e isso destaca o motivo

da baixa autoestima e também da depressão (apud. CASTANHA e SANTIS, 2015).

É possível notar que além do problema cutâneo a acne vulgar pode acarretar

ainda mais complicações do que as lesões, exemplo disto é a fobia social, e sabendo que

as lesões podem residir ou se agravar em relação ao quesito agravamento a acne vulgar

quando manipulada ou quando em estágio avançado pode vir a desenvolver cicatrizes

desconfigurantes, estas que possuem também uma enorme implicação social (KALIL,

2011). Nota-se que em casos mais graves ela deve ser tratada não só apenas por

dermatologistas. É necessário um acompanhamento em conjunto com psicólogo, pois

ambos auxiliarão em um tratamento mais eficaz, amenizando não só as lesões estéticas,

mas também as mentais e psicológicas.

CONCLUSÃO

A afecção da acne vulgar causa diversas alterações na pele e traz consigo um

desconforto ao indivíduo em que as lesões acneiformes se desenvolvem, além dos danos

teciduais ela interfere profundamente na autoaceitação, e na autoestima do mesmo,

devido acometer a maioria das vezes a região facial, uma superfície totalmente exposta

que sofre forte influência no convívio social, exemplo desta tamanha interferência é o

isolamento de adolescentes, e enfraquecimento de sua relação interpessoal. A acne

vulgar não distingue sexo ou idade, acomete uma grande parte da população em

qualquer fase da vida, desde a adolescência até a fase adulta, possuindo diferentes graus

de acometimento desde leve a intensos dependendo da intensidade inflamatória, fatores

como os genéticos, hormonais e estresse interferem no desenvolvimento das lesões, é

preciso que fatores como este sejam tratados, pois são através deles que a acne se

intensifica ou não.

Devido à sociedade nos dias de hoje se encontrar cada vez mais preocupada

com a aparência física, nota-se quanto é importante um bom tratamento para garantir a

autoestima das pessoas acometidas por esta patologia, e quanto antes tratada a afecção é

retardada e cicatriz inestéticas são evitadas. Sendo assim, este trabalho destaca o quanto

a acne vulgar interfere no tecido tegumentar, e na aceitação do indivíduo, e também

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419

relata a importância dos tratamentos estéticos, onde estes auxiliam na melhora das

lesões.

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TERRA E ECULTURA – Edição Especial nº 67 ISSN 0104-8112

422

DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA PARA

DERMOCOSMÉTICOS EM CREME BASE LANETTE N® E CREME BASE

POLAWAX®

DEVELOPMENT AND ACCELERATED STABILITY STUDY FOR

DERMOCOSMETICS IN LANETTE N® BASE CREAM AND POLAWAX® BASE

CREAM

Camila Andrezza Marcucci Ricardo*

Mylena Cristina Dornellas Costa**

Sandra Prestes Lessa Fernandes Oliveira***

Janice Aparecida Rafael Arakawa*****

RESUMO:

Há atualmente um aumento da exigência em relação à qualidade dos cosméticos e sua eficácia o que

levou ao desenvolvimento de múltiplas formulações. Dessa forma necessita se de estudos que ampliem o

conhecimento sobre a estabilidade de diferentes bases das formulações. Nesse estudo foram

desenvolvidas formulações para tratamento de celulite e avaliou-se a estabilidade físico química em um

período de 90 dias tendo como Creme Base as formulações Lanette e Polawax. Foram realizados testes

como avaliação das características organolépticas, pH, e o teste de centrífuga, as amostras foram

monitoradas no período de até 90 dias em diferentes temperaturas. Evidenciou suaves alterações no

aspecto, na coloração e no odor das formulações que permaneceram em temperatura elevada a partir de

T7 e T15 mas não sofreram separação de fases. Dessa forma, concluiu-se que ambas as amostras são

estáveis.

PALAVRAS CHAVE: Biodegradável. Cosmético. Esfoliante. Pele.

ABSTRACT:

There is currently an increase in the requirement regarding the quality of cosmetics and its effectiveness

which has led to the development of multiple formulation. In this way, we need studies that increase the

knowledge about the stability of different bases of formulations. In this study, formulations were

developed for the treatment of cellulite and the physical chemical stability was evaluated over a period of

90 days having as base cream the formulations Lanette and Polawax. Tests were performed such as

evaluation of the organoleptic characteristics, pH, and the centrifuge test, the samples were monitored in

the period of up to 90 days at different temperatures. It showed mild changes in appearance, color and

odor of the formulations that remained at elevated temperature from T7 and T15 but did not undergo

phase separation. Thus, it was concluded that both samples are stable.

Key-words: Stability, quality control, Lanette® N, Polawax.

______________________________________ *Farmacêutico Generalista pela UNOPAR, Londrina PR **Mestre em Biotecnologia – Docente do Programa de Pós-Graduação em Estética Corporal e Facial, do curso de Graduação de

Farmácia e Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Filadélfia - Unifil, Londrina PR.

***Mestre em Ciência e Tecnologia do Leite - Docente do curso de Farmácia da UNOPAR, Londrina PR. ****Doutora em Fármaco e Medicamentos– Docente do curso de Farmácia do Centro Universitário Filadélfia – UniFil, Londrina

PR e UNOPAR, Londrina PR.

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos houve um grande aumento na preocupação com a

boa aparência física em toda a população, desse modo, houve também um aumento da

procura por diferentes recursos cosméticos para as mais variadas disfunções

dermatológicas. Entre as disfunções mais comuns está a Hidrolipodistrofia Ginóide

HLDG, conhecida popularmente como celulite (CUNHA, COSTA, ROSADO, 2006). A

HLDG está presente entre 80-90% das mulheres, causando alteração no relevo cutâneo,

com alterações morfológicas, histoquímicas, bioquímicas e estruturais no adipócito

como é possível visualizar na figura 1 (REIS DOS SANTOS, et al., 2011).

Figura 1 – Lipodistrofia Ginóide.

Fonte: Dermatologia Estética, Revista e Ampliada, 2009.

As alterações decorrentes dessa disfunção dermatológica ocorrem

na camada mais profunda e mais interna da pele, a hipoderme também conhecida como

a camada do tecido adiposo subcutâneo (REIS DOS SANTOS, et al., 2011; CUNHA,

COSTA, ROSADO, 2006).

A hipoderme é composta por tecido conjuntivo, localizado abaixo

da derme onde é possível encontrar uma grande massa de adipócitos. As células

adiposas possuem vacúolos preenchidos por lipídios (triglicerídeos) que constituem

assim, grandes reservas energéticas para o organismo. O tecido conjuntivo, constituído

por fibras de colágeno e poucas fibras elásticas, como continuação da derme, agrupa

essas células adiposas em lóbulos (CUNHA, COSTA, ROSADO, 2006).

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Em breve síntese, a HLDG irá modificar a estrutura histológica

do tecido, por estímulo hormonal, que promove a polimerização excessiva dos

glicosaminaclicanos causando edema pericapilar e interadipocitário, aumento da

pressão intersticial, compressão de veias, vasos linfáticos e nervos, dificultando as

trocas metabólicas e drenagem linfática. Como consequência do estimulo hormonal os

fibroblastos aumentam a síntese de colágeno e elastina aumentando o conteúdo

protéico do nódulo de celulite resultando na estrutura histológica irregular (REIS DOS

SANTOS, et al., 2011; CUNHA, COSTA, ROSADO, 2006).

Os autores Rawling (2006) e Reis dos Santos et al. (2011)

descrevem que existem atualmente diversas formas empregadas ao tratamento da

HLDG e que entre elas a mais usada envolve os produtos cosméticos com substâncias

ativas (com ação vaso protetora, antiinflamatória, estimuladora de micro circulação

periférica e agentes lipolíticos). Adicionalmente o tratamento pode ser com massagem

que reduz o edema melhorando a condição histológica.

As primeiras fórmulas desenvolvidas eram compostas essencialmente por extratos de

plantas e substâncias venotônicas, porém, com eficácia reduzida. Dessa forma, cresceu

o incentivo à indústria ao desenvolvimento de novas fórmulas cosméticas e com

diferentes substâncias cosmetológicas ativas. Através do setor industrial, com pesquisa

e desenvolvimento, foi possível a criação de produtos mais sofisticados e com melhores

resultados (CUNHA, COSTA, ROSADO, 2006; RAWLINGS, 2006).

Segundo aquosa ou oleosa. As emulsões são dispersões

compostas por duas fases imiscíveis entre si, podem ser água ou óleo, as fases são

estabilizadas com a presença de emulsificantes que atuam na interface óleo e água

(FRANGE e GARCIA, 2010).

Os tensoativos possuem grupos lipofílicos e hidrofílicos o que

confere a esse grupo uma característica anfifílica, são classificados de acordo com sua

carga: não iônicos, aniônicos que em solução aquosa se dissociam liberando íons

carregados negativamente e catiônicos onde em solução aquosa se dissocia liberando

cátions positivos (ANSEL, 2000; AULTON, 2008).

A legislação brasileira estabeleceu altos padrões de qualidade

para os produtos cosméticos que são firmados nas Boas Práticas de Fabricação. Em

virtude destas normas, o controle de qualidade se dedica a assegurar a qualidade dos

produtos através da execução de todos os ensaios que são imprescindíveis para

disponibilizar o produto no mercado (BRASIL, 2008).

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Cada componente adicionado às formulações pode interferir na

estabilidade dos produtos manipulados. Os três tipos de instabilidade mais comuns que

podem ser detectados em emulsões são o creaming, floculação e quebra ou

desestruturação da emulsão.

Precedente a execução de todos os ensaios para liberação do

produto ao mercado, já assegurados pelo controle de qualidade, existe a necessidade de

comprovação da estabilidade da fórmula a ser liberada. Nesse sentido o estudo de

estabilidade desenvolvido para produtos cosméticos tem a finalidade de indicar o grau

de sua estabilidade nas mais variadas condições a que ele esteja sujeito (BRASIL, 2004;

BRASIL, 2008).

O objetivo geral desse estudo foi realizar o Estudo de

Estabilidade Acelerado. Como os testes estão na fase de desenvolvimento do produto

auxiliam na determinação da estabilidade e avaliar a compatibilidade da formulação

com o material de acondicionamento.

2. METODOLOGIA

Os ensaios foram realizados no laboratório de Tecnologia

Farmacêutica da UNOPAR unidade Piza, para realização do teste de estabilidade foram

utilizadas duas formulações, uma Emulsão Aniônica, o Creme Base Lanette® N e uma

Emulsão não iônica, o Creme Base Polawax, sendo ambas as formulações

desenvolvidas e preparadas por uma farmácia magistral, escolhida aleatoriamente,

situada em Londrina/ Paraná. Todas as matérias primas utilizadas para fabricação das

emulsões foram grau farmacêutico empregando-se substâncias e proporções conforme

indicado nas tabelas 1 e 2.

O acondicionamento das amostras ocorreram em suas

embalagens originais, as amostras A1 (Creme Base Lanette® N) e B1 (Creme Base

Polawax) foram acondicionadas em estufa Gehaka 400/3 MDE a 40ºC ±2, equanto as

amostras A2 (Creme Base Lanette® N) e B2 (Creme Base Polawax) foram

acondicionadas em temperatura ambiente devendo ser monitorada, aceitando variação:

30ºC ±2 sob abrigo da luz, calor e umidade para padrão de comparação (ISAAC et al.,

2008; BRASIL, 2004).

Prista (1990) as emulsões podem ser caracterizadas como fórmulas

semi sólidas que possuem substâncias medicamentosas incorporadas em sua fase

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Tabela 1 – Composição das Amostras Creme Base Lanette® N

Substância Concentração (preparo para 60G)

Extrato de Castanha da Índia 5%

Extrato de Centella Asiática 5%

Nicotina de Metila 0,2%

Adipol 1%

Lanette® N q.s.p. 60g

Fonte: Da autora.

Tabela 2 – Composição das Amostras Creme Base Polawax

Substância Concentração (preparo para 60G)

Extrato de Castanha da Índia 5%

Extrato de Centella Asiática 5%

Nicotina de Metila 0,2%

Adipol 1%

Polawax q.s.p. 60g

Fonte: Da autora.

O Creme Base Lanette® N é uma cera auto emulsionante

aniônica, pode ser descrita como uma emulsão O/A estável. Confere emoliência e

hidratação para a pele sendo largamente usado em farmácias de manipulação e

indústrias, pois, possui grande aceitação pelos consumidores assim como pelos

prescritores das formulações. O Lanette® N forma emulsões de carga negativa, dessa

forma é incompatível com ativos e adjuvantes que possuem carga positiva o que pode

acarretar quebra da formulação (MAPRIC, 2007).

O Creme Base Polawax difere em notáveis características

quando comparados às ceras auto emulsionantes mais antigas. É uma emulsão O/A com

característica não iônica, assim possui grande progresso sobre os produtos anteriores.

Designada como cera auto emulsionante suave, não é afetada pela presença de

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eletrólitos de outras substâncias, assim é um sistema estável para incorporação de

diversos ativos. É tolerante a eletrólitos e promove a hidratação da pele (FARMACAM,

2014; FERREIRA, 2010).

Para o Estudo de Estabilidade Acelerado, as amostras (A1, A2,

B1 e B2) foram analisadas em triplicata nos tempos descritos como T0, T1, T7 dias,

T15 dias, foi ainda executado nos tempos descritos como T30 dias, T45 dias, T60 dias e

T90 dias como apresenta na tabela 3 (MONTEIRO e SILVA, VALARINI,

LEONARDI, 2013; BRASIL, 2004; FRANGE, GARCIA, 2010).

Tabela 3– Período de Avaliação das Amostras em Triplicata

Amostras Tempo de Análise das Amostras

A1 T0 T1 T7 T15 T30 T45 T60 T90

A2 T0 T1 T7 T15 T30 T45 T60 T90

B1 T0 T1 T7 T15 T30 T45 T60 T90

B2 T0 T1 T7 T15 T30 T45 T60 T90

Fonte: Da Autora.

Os parâmetros analisados para cada amostra foram:

características organolépticas, características físico-químicas como pH e o teste de

centrifuga. Os valores finais foram apresentados como média aritimética dos testes

realizados em triplicata (ISAAC et al., 2008).

2.1. Características Organolépticas

Para a caracterização organoléptica as principais características

das amostras foram classificadas de acordo com aspecto, coloração, odor e sensação ao

tato (LEONARDI, GASPAR, MAIA CAMPOS, 2002).

2.2. Características Físico Químicas

2.2.1. Determinação do pH

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As formulações foram analisadas quanto aos valores de pH

utilizando o equipamento pHmetro, Analisador de Solução Ácida e Básica (pH) Tecnal

TEC2. Para a análise, diluiu-se 1,0 g da emulsão em 9,0 g de água destilada a

temperatuda de 25⁰c ±2⁰c (diluição 1:10). As amostras foram homogeneizadas

manualmente e a seguir, o pH foi determinado pela inserção do eletrodo (MONTEIRO e

SILVA, VALARINI, LEONARDI, 2013; BRASIL, 2004).

2.2.2. Teste de Centrífuga (Separação e Sedimentação)

No teste de centrífuga, 4,0 g do Creme Base Aniônico Lanette®

N (amostras A1 e A2) e Creme Base Não Iônico Polawax (amostras B1 e B2) foram

centrifugadas a 3000 rpm, a 25ºC por 30 minutos, utilizando centrífuga Evlab Macro

EV 04 . Em seguida avaliou-se visualmente a amostra, a estabilidade do sistema foi

verificada com a manutenção da homogeneidade da formulação (MONTEIRO e

SILVA, VALARINI, LEONARDI, 2013; BRASIL, 2004).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram organizados em tabelas, sendo o

estudo de estabilidade avaliados durante o período de armazenamento de T0,T1, T7,

T15, T30, T45, T60 e T90 dias.

Para avaliação dos parâmentros analisados , utilliza-se das siglas

IM (para intensamente modificado), M (para modificado), LM (para levemente

modificado) e N para normal (BRASIL, 2004). As tabelas a seguir apresentam os

resultados relativos a característica organoléptica (aspecto, coloração, odor e tato)

Tabela 4 – Características Organolépticas Apresentadas Pelas Emulsões Estudadas de Acordo

com o Aspecto

Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B1 B2

T0 N N N N

T1 N N N N

T7 N N LM N

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T15 LM N LM N

T30 LM N LM N

T45 LM N LM N

T60 LM N LM N

T90 M N M N

Fonte: Da Autora.

As amostras que apresentaram estabilidade foram as amostras

A2 e B2. As alterações na amostra A1 e B1 se caracterizaram por leve endurecimento

da superfície do creme a partir do T15 para A1 e a partir de T7 para B1. É sugerido que

essas alterações sejam resultantes da perda de água por evaporação devido ao período

na estufa, que ocorre de modo mais intenso na superfície da formulação. Como existe

perda de água ocorre um proporcional aumento na concentração das substâncias menos

voláteis e geralmente mais consistentes (SOUZA, FERREIRA, 2010 apud BIANCO &

LIMA, 2007; FERREIRA, 2002). Porém a amostra A1 resistiu aproximadamente 7 dias

a mais que a amostra B1 na perda de água na presença de calor.

Tabela 5 – Características Organolépticas Apresentadas Pelas Emulsões Estudas de Acordo com

Coloração

Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B1 B2

T0 N N N N

T1 N N N N

T7 N N LM N

T15 LM N LM N

T30 LM N LM N

T45 LM N LM N

T60 LM N LM N

T90 M N M N

Fonte: Da Autora.

Alterações de coloração foram observadas nas amostras que

permaneceram em estufa. A amostra A1 a partir do tempo T15 e B1 a partir do tempo

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T7, as amostras A1 e B1 apresentaram endurecimento da superfície e coloração amarela

escuro perdendo a coloração característica bege clara. Sugere-se que essa mudança

ocorreu devido a temperatura de armazenamento que desencadeou a reação de oxidação

levando a alteração da cor (FERREIRA, 2002). Novamente percebe se alteração da

amostra B1 mais precoce que a A1.

Tabela 6 – Características Organolépticas Apresentadas Pelas Emulsões Estudadas de Acordo com Odor

Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B1 B2

T0 N N N N

T1 N N N N

T7 LM N LM N

T15 LM N LM N

T30 LM N LM N

T45 LM N LM N

T60 LM N LM N

T90 LM N LM N

Fonte: Da Autora.

Verificou-se alteração de odor na amostra A1 e B1 a partir do

tempo T7 de acordo com a tabela 6. Sugere-se que essa alteração pode ser decorrente da

presença da substância ativa Nicotinato de Metila, um éster do álcool metílico e do

ácido nicotínico. Essa substância é solúvel em água e álcool etílico e possui grande

capacidade de evaporação, sendo mais elevada em casos de armazenamento em altas

temperaturas (BRASIL, 2005). Esta alteração deve se provavelmente ao ativo e não à

base.

Tabela 7 – Características Organolépticas Apresentadas Pelas Emulsões Estudadas de Acordo com

Sensação ao Tato

Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B2 B2

T0 N N N N

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T1 N N N N

T7 N N N N

T15 N N N N

T30 N N N N

T45 N N N N

T60 N N N N

T90 N N N N

Fonte: Da Autora.

De acordo com a tabela 7 não houve alteração em relação ao

teste de Sensação ao Tato em nenhuma das amostras, o leve endurecimento da

superfície e a alteração de coloração não influenciaram na Sensação ao Tato das

amostras.

Tabela 8 – Resultados Apresentados no Teste de Centríguga

Tempo (Dias) Amostras

A1 A2 B2 B2

T0 N N N N

T1 N N N N

T7 N N N N

T15 N N N N

T30 N N N N

T45 N N N N

T60 N N N N

T90 N N N N

Fonte: Da Autora.

O teste de centrífuga simula o aumento da força de gravidade

fazendo com que as partículas se movam em seu interior com a finalidade de visualizar

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a precipitação ou separação de fases, esses dois casos são denominados quebra da

emulsão o que é considerado fator grave de instabilidade. De acordo com a tabela 8, nos

testes realizados com as amostras as mesmas não apresentaram separação de fase

(coalescência, cremeação ou floculação) após a centrifugação, durante todo o tempo de

estudo. Logo, ambas apresentaram-se aptas para o prosseguimento do estudo (BRASIL,

2004; AULTON, 2008).

Gráfico 1 – Relação de pH e Tempo de Realização do Estudo de Estabilidade Acelerado

Fonte: Da Autora.

O equilíbrio de pH para estabilidade das formulações é

imprescindível, uma vez que o fármaco se encontra disperso em meio que contém água

onde este interfere diretamente na degradação dos fármacos, através de reações de

hidrólise e oxidação. Conforme evidenciado no gráfico 1 não houve variações

significativas de pH (FERREIRA, 2002), pois as mesmas permaneceram estáveis em

todo o tempo de análise, exceto quando armazenado em estufa pois de modo geral

houve uma pequena diminuição no pH.

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Após a análise dos resultados dos testes realizados, é possível

afirmar que a temperatura elevada influência diretamente a estabilidade da formulação.

As referidas alterações ocorreram a partir do tempo T15 para a amostra A1 e a partir de

T7 para amostra B1, onde se pode observar endurecimento da superfície, formação de

película, alteração na coloração e odor perceptível.

4. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos evidenciaram que as características

químicas dos emulsionantes utilizados na preparação das duas emulsões testadas, visam

sucesso na obtenção de sistemas cineticamente estáveis inclusive na presença dos ativos

incorporados na formulação.

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