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1 Ano XXIII Nº 131 NOV/DEZ 2018 Notícias ensagem da Diretoria M

Ano XXIII Nº 131 Notícias NOV/DEZ 2018 M · 2018. 12. 7. · 6 Homenagem a pilotos de caça brasileiros O On September 11th, 1917 (First World War), the Brazilian born 2nd Lieutenant

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    Ano XXIIINº 131

    NOV/DEZ2018Notícias

    ensagem da DiretoriaM

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    n 13 de janeiro1927 - Criação da Arma de Aviaçãodo Exército.

    n 20 de janeiro1941 - Criação do Ministério daAeronáutica.

    1942 - Declarada a primeira turmade Aspirantes da Aeronáutica.

    1943 - Transferência do 1o RAV doCampo dos Afonsos para oaeroporto Bartolomeu de Gusmão,futura BASC e Ala 12.

    n 09 de fevereiro1970 - Ativação da Primeira Ala de

    gendaA

    apo-RádioPAssuntos Gerais e de Administração

    1 - Prêmio Pacau Magalhães Motta (PPMM)

    E xmos e Ilmos Associados, estamos atingindo o prazo limite (31 dedezembro) para o recebimento dos trabalhos para concorrerem aoPrêmio Pacau Magalhães Motta (PPMM). Estimulamos os senhores a nosencaminharem seus trabalhos, tanto para competir pelo prêmio, como paracompartilhamento entre nossos demais Sócios.

    Como já informamos, o objetivo do PPMM é “Estimular o estudo ea pesquisa de assuntos referentes à Aviação Militar de Combate” e ostrabalhos do Prêmio Pacau Magalhães Motta (PPMM 2018) podem sermandados para a ABRA-PC pelo e-mail e os

    Defesa Aérea (1ª ALADA), cujo 1ºComandante foi o Maj. PiragibeFleury Curado.

    n 11 de fevereiro2014 - Criado o 3º/3º Grupo deAviação (Esquadrão Flecha), comsede na Base Aérea de CampoGrande - MS.

    n 12 de fevereiro2004 - Primeiro voo de aviãoGloster com piloto brasileiro. Re-alizado pelo Maj. João Eduar-do Magalhães Motta (Chefe daCOMFIREM) com um piloto deprovas da companhia Gloster, emMoreton Valence, ao norte deLondres, Inglaterra.

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    trabalhos concorrentes não têmformato, tamanho ou estilo pré-estabelecidos.

    O PPMM é um prêmio anualem dinheiro, que foi criado em 11de março de 2003, com doaçãopara a ABRA-PC feita pelo Brigdo Ar João Eduardo de MagalhãesMotta (que foi Cmt do 1o GAC edo 1o/14o GAv, e manteve-secomo piloto de acrobacias quan-do na reserva).

    2 - Artigos para o ABRA-PC Notícias

    “C omer, coçar e escrever é só começar”, como diria minha avó. Notamos que os autores de trabalhos e artigos para publicaçãoem nosso boletim se repetem, naturalmente porque se motivaram a escreverpela primeira vez e descobriram o prazer de compartilhar experiências eescritos divertidos com os amigos.

    Esperando que a satisfação de escrever venha a atingir todos,informamos que os trabalhos e artigos que os senhores queiram encaminhar

    para o ABRA-PC Notícias podem serde qualquer teor, desde que sejamconsiderados interessantes pelosautores para os nossos associados epoderão ser enviados para aAssociação pelo endereço eletrônico ou.

    Por favor, não se esqueçam deincluir juntamente com seus artigos etrabalhos o nome completo e posto

    atual, além de ano, UAe, aeronave e cidade de realização do Curso deCaça do Autor.

    Brasão do PPMM, criado peloCel Duncan (falecido).

    Artigo para

    a

    ABRA-PC Notíc

    ias

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    3 - Cancioneiros da Caça

    I nformamos aos nossos associados que a ABRA-PC, em consonânciacom nossas atribuições estatutárias, voluntariou-se para assumir aconsolidação e distribuição dosCancioneiros da Caça (Ostensivo eConfidencial), com base nas diversasversões que iremos compilar a partir deagora.

    Sabemos que novas cançõescontinuam sendo feitas e queremospreservá-las. Solicitamos que ascontribuições para os dois Cancioneirossejam encaminhadas à Associação peloe-mail .

    Finalmente, solicitamos que,juntamente com as canções, sejamenviados também o nome do autor/autores, quando e qual o motivo da

    canção, etc. Enfim, que seja encaminhado um pequeno histórico dacomposição para o registro histórico.

    4 - Prêmios de Viagens para Shows Aéreos

    A ABRA-PC sorteia anualmente um prêmio de viagem dentre nossos associados para assistir a um Show/Feira Aérea no exterior. Alémdisso, a ABRA-PC também premia o Estagiário Padrão do 2o/5o GAv, acada ano, com a mesma viagem.

    Até o momento, as viagens têm sido para Farnborough (Inglaterra) eLe Bourget (França), e está em análise pela Diretoria, ainda dependendodos recursos disponíveis, a possibilidade de sorteio de um outro evento, aprincípio nos EUA.

    Para 2019, comunicamos que, face à disponibilidade financeira desteano, foram sorteados dois associados pelo sorteio da Loteria Federal 5.333de 03 de novembro de 2018 e 5.334, de 07 de novembro, para o prêmio de

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    viagem ao 53o Salão de Le Bourget, que se inicia em 17 de junho de 2019,como apresentado a seguir:

    Nota: Segundo o regulamento, só poderão concorrer ao sorteio os associadosque estejam em dia com as suas mensalidades.

    DemonstrativoFinanceiro Resumido

    Saldos em 31 de novembro de 2018Saldos ABRA-PCConta Corrente (Banco Real Conta nº.: 8703431) 5.198,66Fundos ABRA-PC - DI SUPREMO 219.505,20Subtotal recursos ABRA-PC 224.703,86

    Média das Receitas e DespesasMédia das Receitas 20.142,34Média das Despesas de Custeio 6.295,46Média de Despesas Eventuais 4.832,14Fundos Especiais (*)Fundo DI Peq Empresa (Prêmio Pacau) 83.274,23Subtotal dos Fundos Especiais 83.274,23

    (*) A origem desses recursos deve-se à doação de cem mil reais peloBrig Magalhães Motta à Associação Brasileira de Pilotos de Caça.

    1º - 86.1211º Sorteio2º - 05.6031º Sorteio3º - 02.9721º Sorteio4º - 15.9772º Sorteio5º - 43.6692º Sorteio

    121(Fundador 072)

    603(Efetivo 445)

    972(Efetivo 812)

    977(Efetivo 817)

    669(Efetivo 510)

    Ten Cel Marcos Cesar PONTESSócio em 10 de agosto de 1995Maj NÍCOLAS Silva Mendes

    Sócio em 04 de fevereiro de 2003Ten Peter Isottom HELFER

    Sócio em abril de 2015Ten Ícaro Bontempo FURTADO

    Sócio em 08 de janeiro de 2015Cap PLÍNIO Nunes Marcos

    Sócio em abril de 2005

    1º Efetivo

    2º Efetivo

    1º Suplente

    2º Suplente

    3º Suplente

    Nºs Sorteados Nº do Sócio Posto/Nome Obs.

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    Homenagem apilotos de caça brasileiros

    O On September 11th, 1917 (First World War), the Brazilian born 2nd Lieutenant OscarLennox McMacking, a six victories ACE was shotdown flying a Sopwith Camel and killed on an aerialcombat against one of the greatest aces of theGerman Empire (Werner Voss, flying a Fokker Dr.I).

    The Country and the McMacking Family are eternally in debt withTenente Brigadeiro do Ar, Nivaldo Luiz ROSSATO, the Brazilian Air ForceCommanding Officer, that approved with Human eyes and Historicalbackground our humble petition to Honor this FIRST Brazilian Ace (ofonly three that achieved acedom).

    Yesterday, the great-nephew of the Ace received, in London, theOrdem do Mérito Aeronáutico (OMA) - or Order of Aeronautical Merit -on HIS NAME, posthumously.

    The Brazilian Air Force (FAB) do keep Honoring Brazilian Air Heroes,no matter in which Air Forces they flew and died on.

    Next 23rd October, probably the greatest Brazilian Military Pilotever, will receive a similar Brazilian Air Force Award (Medal) too, this is

    From: Adriano Silva BaumgartnerDate: Sexta, 19 de outubro de 2018 às 10:26Subject: Posthumous Award of 2nd/Lt. Oscar Lennox McMacking -Brazilian First ACE ever - KIA (Kill In Action) 1917

    DEAR ALL,

    Sopwith Camele Fokker Dr I

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    Wing Commander Cosme Lockwood Gomm, DSO,DFC (RAFO 34123), who achieved three victories andone probable victory, as a night-fighter pilot (onBeaufighters).

    WE DO (AND WILL) REMEMBER THEM.I do THANK YOU ALL, who in the last years

    have helped me through this long road of remembering,writing about, and Honoring those forgotten BrazilianHeroes that flew (and died) with the R.F.C. and R.A.F.,both in WW1 and WW2.

    Most humbly yours,Adriano S. Baumgartner, ASV 00.344

    From: Adriano Silva BaumgartnerDate: Quinta, 25 de outubro de 2018 às 11:27Subject: Condecoração Post-Morten do Wing Commander Cosme LockwoodGomm, DSO, DFC - 23 de outubro de 2018

    Exma. Diretoria da ABRA-PC,No último dia 23 de outubro, com céu

    CAVOK e temperatura elevada, Dona IreneGomm (84 anos), sobrinha mais velha dofalecido Wing Commander Cosme LockwoodGomm, DSO, DFC (RAFO 34123)recebeu, postumamente a Ordem do MéritoAeronáutico, em nome do herói falecido.

    Somos todos eternamente gratos edevedores do Exmo. Sr. Comandante daAeronáutica, o Tenente Brigadeiro do Ar,Nivaldo Luiz Rossato, por esta lembrança

    que foi outorgada a dois heróis patrícios, cujapetição de condecoração lhe foi submetida,em 01 de fevereiro de 2018.

    Estes dois nomes (até então esquecidos),que hoje se perpetuam no seio da Ordem doMérito Aeronáutico na FAB, são:

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    - o 2nd Lieutenant Oscar Lennox McMacking foi oprimeiro Ás Brasileiro de todos os tempos, na Primeira GuerraMundial, com seis vitórias aéreas, falecido em combate contra oÁs Alemão Werner Voss da Jasta 10, voando um Fokker Dr1, em11 de setembro de 1917; e

    - o Wing Commander Cosme LockwoodGomm, DSO, DFC (RAFO 34123), primeiro brasileiro areceber a Distinguished Service Order, na RAF, em junho de1943. Foi o primeiro comandante do 467 Squadron e faleceuderrubado pela Flack alemã em 16 de agosto de 1943.

    Em 17 de março de 1941, o Wing Commander Gommfoi transferido para o 604o Esquadrão (County of Middlesex), subordinadoao 10o Grupo do Comando de Caças, voando o bimotor Bristol Beaufighter1F em missões de caça noturno.

    Essa versão estava equipada com radar A. I. Mk.IV, quatro canhõesHispano de 20 mm no ventre e seis metralhadoras Browning .303 nasasas. Usavam pintura preta fosca com códigos em cinza azulado.

    Nesse Esquadrão Gomm completou seu primeiro turnode missões como caçador-noturno, quehavia começado no 77o Esquadrão, eabateu três Heinkel He 111 em missõesnoturnas, com mais uma vitória provável.

    Este número, excetuando-se PierreClostermann e outro aviador brasileiro

    que obteve quatro vitóriasconfirmadas, o torna oterceiro maior aviadorbrasileiro com vitórias emcombate na Segunda GuerraMundial, voando com a RoyalAir Force (temos ainda oHauptmann Egon Albrecht,no seio da Luftwaffe comcerca de 25 vitórias aéreas).

    Atenciosamente,Adriano S. Baumgartner, ASV 00.344

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    lássicos da Aviação de CaçaCF-14 Tomcat

    Dados obtidos em pesquisa na internet

    O F-14 Tomcat foi um caça supersônico com dois motores a jatoturbofan, asas de geometria variável e com dois tripulantes (umpiloto e um operador de sistemas - RIO). Foi projetado e produzido pelaGrumman Aerospace Corporation para a Marinha dos Estados Unidos.

    Em trinta e cinco anos de serviço ativo operando em porta-aviões, oF-14 foi responsável pela defesa aérea da frota e tinha como missãosecundária a escolta de outras unidades aéreas em missões de ataque.

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    Curiosamente, no final da sua vida operacional o Tomcat veio a seruma extraordinária plataforma para a função de ataque ao solo com precisão,mas foi desativado pela Marinha dos Estados Unidos em 2006.

    Origens do Projeto do F-14:Na década de 50 a McDonnell Douglas fez uma proposta ao governo

    norte americano de um avião que fosse capaz de defender as embarcaçõesamericanas contra ataques realizados por bombardeiros soviéticos de longoalcance.

    O projeto foi interrompido no final de 1960, mas seus princípiosbásicos foram usados pela General Dynamics no desenvolvimento do F-111B, de geometria variável, que voou em 1965 e deveria atender requisitosda USAF, para um interceptador, e da NAVY, para um caça de defesa dafrota, mas resultou em uma aeronave muito pesada.

    Assim, em outubro de 1967 a Grumman Aerospace Corporationapresentou à NAVY a proposta de um projeto completamente novo, menore mais leve, que conservava o radar Hughes AN/APG-71 e os mísseisPhoenix, porém com desempenho superior ao F-111B, que viria a serchamado F-14A

    O F-14A Tomcat em seuprojeto básico foi um biplace emtandem impulsionado por doisturbofans Pratt & Whithney TF-30-P-414 de 9.480 Kg deempuxo, com pós queimadores,com entradas de ar quadradas,com geometria variável eescapamento também variável.

    A Grumman produziu oTomcat de 1970 até 1992, sendoo último um modelo F-14D, em20 de julho de 1992.

    1o Acidente:O voo inaugural foi em 21

    de dezembro de 1970 com opiloto Bob Smyth e Bill Miller noassento traseiro. Entretanto,

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    nove dias depois o avião caiu (os pilotos se ejetaram) devido à perda doscomandos de voo, causada por fadiga na tubulação hidráulica. O materialdos tubos foi substituído por titânio e o segundo protótipo voou em maiode 1971.

    2o e 3o Acidentes:Em 30 de junho de 1972 Bill Miller morreu quando seu avião (de

    número 10) caiu no mar durante um treino para uma demonstração e, em

    20 de julho de 1973, um F-14 com pilotos da Marinha incendiou-se aocolidir com um míssil Sparrow de treinamento, que ele mesmo havia lançado(os pilotos ejetaram). A partir deste acidente o propulsor do AIM-7 passoua ser mais potente.

    Geometria variável do F-14O F-14 Tomcat foi o segundo avião produzido em série no Ocidente

    a usar geometria de enflechamento variável. O projeto de suas asas foibaseado em desenvolvimento da NASA, que tinha a função de minimizar

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    a variação na estabilidade do aparelho, à medida que as partes móveis semovimentavam.

    Essa tecnologia oferecia vantagens especiais para um caça naval.Com o enflechamento mínimo (20º no bordo de ataque), o F-14 tem bomdesempenho de decolagem e aterrissagem, grande raio de ação subsônicae elevada autonomia para patrulhamento aéreo.

    Já com enflechamento máximo (68º), ele tinha admirável desempenhosupersônico e nas penetrações em alta velocidade e baixa altitude. O F-14possuía ainda uma posição de super enflechamento (75º), que reduzia sua

    envergadura para permitir melhoracomodação no hangares dos porta-aviões.

    Refinamentos tecnológicosdo F-14:

    A superfície triangular móvelexistente no bordo de ataque da partefixa de cada asa é um dos refinamentos

    do F-14. Sua finalidade era compensar o deslocamento do centroaerodinâmico para trás em velocidades muito altas.

    Abrindo automaticamente ao máximo em Mach 1,5, essa superfícietambém podia ser operada manualmente, para melhorar a manobrabilidadedo F-14.

    O radar Hughes AN/APG 71 podia atuar nas configurações de pulsoe pulso-Doppler, que permitia monitorar 24 alvos simultaneamente,enquanto acoplava e lançava mísseis contra seis desses alvos. Podiadetectar bombardeiros a 315 km (170 NM), caças a 215 km (116 NM) epequenos mísseis teleguiados de cruzeiro a mais de 120 km (65 NM).

    ESQDAs de F-14 da NAVY e seus “nomes”:Os F-14A começaram

    a ser entregues à NAVY emoutubro de 1972. As duasprimeiras Esquadrilhas VF-1 e VF-2 foram embarcadasno porta-aviões Enterpriseem setembro de 1974.

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    No início dos anos 80 a Marinha estadunidense pretendia adquirirum total de 521 aeronaves, para equipar dezoito Esquadrilhas, mesmocom a produção da Grumman limitada a 30 aeronaves por ano. As UnidadesAéreas de F-14 foram as seguintes:

    VF-1 Wolfpack, VF-2 Bounty Hunters, VF-11 Red Rippers, VF-14 TopHatters, VF-21 Freelancers, VF-24 Fighting Renegades, VF-31 Tomcatters, VF-32 Swordsmen, VF-33 Starfighters, VF-41 Black Aces, VF-51 Screaming Eagles,VF-74 Bedevilers, VF-84 Jolly Rogers, VF-101 Grim Reapers, VF-102Diamondbacks, VF-103 Sluggers, VF-111 Sundowners, VF-114 Aardvarks,VF-124 Gunfighters, VF-142 Ghostriders, VF-143 Pukin’ Dogs, VF-154 BlackKnights, VF-191 Satan’s Kittens, VF-194 Red Lightnings, VF-201 Hunters,VF-202 Superheats, VF-211 Fighting Checkmates, VF-213 Black Lions, VF-301 Devil’s Disciples, VF-302 Stallions, VX-4 Evaluators

    O F-14 na NASA:A NASA utilizou de modo temporário dois F-14A Tomcat na Base

    Aérea de Edwards. O primeiro, com número da NASA 991, foi utilizadona investigação do voo a baixa altitude e ângulos de ataque em condiçõesde voo axiais assimétricas, entre 08 de agosto de 1979 e setembro de 1985,quando foi devolvido à NAVY.

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    A segunda unidade, com número NASA 834, foi utilizada entre 08de abril de 1974 e setembro de 1987, na pesquisa de atitudes e transiçãode voo relacionadas com a utilização das asas de geometria variável.

    O NASA 991 teve diversas adições para os testes: um APU extraacionado com bateria, um probe de testes no nariz, canard hidráulicos eum paraquedas de emergência para parafusos.

    O programa NAVY/NASA incluiu 212 voos, resultando emconsideráveis melhoramentos nas qualidades de voo com grande ângulode ataque do F-14 que, todavia, só foram incorporadas no F-14D, quasequinze anos depois.

    Variantes do F-14:- F-14A: Versão de série para a NAVY e Força Aérea Iraniana, com

    dois turbofans Pratt & Whitney TF-30-P-412A de 9.480 kg de empuxo epós queimadores (521 aeronaves para a NAVY e 80 aeronaves para oIran).

    - F-14A TARPS: Igual ao F-14A, mas modernizado para inclusão doTARPS no ventre da fuselagem (49 conversões planejadas). O TARPS(Tactical Airborne Reconnaissance Pod System) consiste num sistema que contémuma câmara KS-87B, outra panorâmica KA-99 e um varredor infravermelhoAAD-5. A NAVY planejava equipar alguns F-14 com casulos dereconhecimento TARPS, substituindo temporariamente os Rockwell RA-5C Vigilante e Vought RF-8G Crusader.

    - F-14A: Versão de série para a NAVY e Força Aérea Iraniana, comdois turbofans Pratt & Whitney TF-30-P-412A de 9.480 kg de empuxo epós queimadores (521 aeronaves para a NAVY e 80 aeronaves para oIran).

    - F-14B: Igual ao F-14A, mas com turbofans Pratt & Whitney F401com pós-queimadores e 12.745 kg de empuxo.

    - F-14C: F-14B, com eletrônica aperfeiçoada.- F-14D: F-14B proposto com otimização para combate a curto e

    médio alcance, estrutura aerodinâmica simplificada, radar leve e semmísseis Phoenix.

    - Super Tomcat: Designação dada ao F-14A com turbinas GeneralElectric F101DFE de 13.150 kg de empuxo em lugar das P&W TF-30.

    - ECN-11648: F-14 do programa NASA/NAVY.

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    Características do F-14:• Tripulação: 2 (piloto e operador de sistemas - RIO);• Fabricante: Grumman Aerospace Corporation;• Preço p/ unidade: 38 milhões de dólares (F-14A - preços da década de1970);• Propulsão:- F-14A - Dois turbofans Pratt& Whitney TF30-P-414A,com 68kn de potência estáticae 112kn com pós-combustão(34.154 lbs); e- F-14B/D - Dois turbofansGeneral Electric-F110-GE-400, com 73,9kn de potênciaestática e 120,49kn com pós-combustão (56.400 lbs);• Armamento: O canhão M61-A1 (com seis canos rotativos) do F-14 foidesenvolvido para combate aéreo a curta distância ou mesmo para ataqueao solo. Tinha cadência de até 6.000 tiros por minuto e munição suficientepara 10 segundos de rajada;• Velocidade máxima: Mach 2.34 (2,485 km/h);• Velocidade de cruzeiro: Mach 0.72;• Velocidade de aproximação: 231,5 km/h (135 KT);• Quantidade produzida: 712;• Peso vazio: 19.838 kg (43.700 lb);• Peso máximo de decolagem: 33.720 kg (74.300 lb);

    • Alcance (MTOW):2.960 km (1.600 NM);• Teto máximo:15.500 m (50.900 ft);• Primeiro voo: 21 dedezembro de 1970;• Introdução: 22 desetembro de 1974; e• Desativação: 22 desetembro de 2006.

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    O F-14A no Iran:Em maio de 1972, Richard Nixon visitou o Xá Mohammad Reza

    Pahlevi e ofereceu o F-14A ou o F-15 Eagle para evitar o sobrevoo doIran pelos MIG-25 Foxbat (voos provavelmente em contrapartida a voosde reconhecimento da Força Aérea Imperial e da própria USAF sobre oterritório soviético).

    Os F-14A Tomcat (denominados Persian Cat) foram a aeronaveescolhida e os EUA venderam 80 aeronaves para o Iran na década de 70.

    Todavia, com a queda do Xá na Revolução Iraniana, os EUAinterromperam a assistência técnica e o suprimento de peças de reposiçãopara o Iran. Os F-14 continuam em atividade no Irã, contudo édesconhecido o número de unidades operacionais, bem como em quecondições se encontram.

    Potenciais compradores do F-14:Além do Iran, seis outros clientes mostraram interesse no F-14: Arábia

    Saudita, Israel, Japão, Austrália, Canadá e Espanha. Os três primeiros paísesoptaram pelo F-15 Eagle e os três últimos acabaram escolhendo o F/A-18Hornet.

    A Grumman esperava conseguir um número apreciável de vendaspara o seu F-14, especialmente para a Arábia Saudita. Porém, a preferênciado Pentágono fez pender a decisão para o lado da McDonnell Douglas e oseu F-15 Eagle, que conseguiu exportações superiores a 400 aeronaves,entre os três primeiros países citados. O preço de aquisição e o custo damanutenção do F-14 teriam afastado os outros potenciais clientes.

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    Pouso sem trem de F-14 em Recife:Em 24 de março de 1990, um F-14 do porta-aviões USS America,

    teve problemas com o abaixamento da bequilha, e alternou o pouso para oaeroporto de Recife. Durante o trajeto, o Tomcat foi escoltado por um A-6, que voltou para o navio após o pouso de emergência, que inclusiveinterditou a pista principal do aeródromo entre as 09:00 e 16:00 daqueledia.

    Um C-2 Greyhound e um CH-46 Seaknight trouxeram do porta-aviões os técnicos e o material necessário para os reparos e o F-14 Tomcat,com nova bequilha e radome, voltou já no dia seguinte para o USS America.

    Inspeção externa do F-14:A: Canhão, Probes, Bequilha, Pod IR/TV e Radome.B e H: Entrada de Ar.C e G: Spoilers, Trem principal e Reservatórios Hidráulicos.

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    D e F: Asas, Slats, Flaps ePilones 1 e 8.E: Profundores e Leme, Com-pensadores, Escapamentos,Gancho e Freio de Mergulho.I: Pilones 2 a 7J: Asas, Bleed Doors e Canopy.

    Desativação dos F-14:Com o final da Guerra Fria, a missão primária de defesa da frota do

    F-14 começou a ser substituída cada vez mais por missões de ataque.Todavia, apesar de o Tomcat ter se provado uma competente plataformapara tal, o Boeing F/A-18E/F Super Hornet lhe era superior em todosos aspectos, exceto alcance e velocidade máxima (vale notar), sendomais confiável e de melhor custo/benefício.

    Assim, a Marinha estadunidense desativou o venerável GrummanF-14 Tomcat em 22 de setembro de 2006, depois de mais de trinta anos deserviço, devido ao custo e esforço de manutenção necessário para mantê-lo voando.

    Após a sua desativação, os F-14 foram enviados para o 309th AerospaceMaintenance and Regeneration Group junto à Base Aérea de Davis-Monthanno Arizona. Diferentemente de outras aeronaves, todos os F-14 desativadosforam de imediato destruídos, prevenindo assim que os seus componentes

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    pudessem vir a cair em mãos erradas e servir como peças de reposiçãopara manter operacionais os exemplares vendidos ao Iran na década de1970.

    Apesar de oficialmente o último voo de um F-14 da NAVY terocorrido em 22 de setembro de 2006, o último voo ocorreu de fato em04 de outubro do mesmo ano. O avião era um F-14D e foi o últimoTomcat (ou Super Tomcat, como o modelo D também era conhecido)construído, com número de série BuNo16403, em 20 de julho de 1992.Aquele último capítulo da vida do F-14 na Marinha estadunidense foifechado, quando o BuNo 164603 foi transferido em voo para o FarmingdaleRepublic Airport e em seguida levado para ser exibido em frente à fábricada Northrop Grumman.

    Referências:• NATOPS Flight Manual F-14A (NAVAIR 01-F14AAA-1)• NATOPS Technical Manual Airborne Weapons/Stores F-14A/B/D (NAVAIR 01-F14AAA-75)

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    ara refletirP

    A Força Aérea Brasileira utiliza, com pequenas diferenças, os mesmos códigos da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para classificarsuas aeronaves. Vale lembrar que em alguns casos, uma mesma aeronavepode ser chamada pela designação dada pelo fabricante, pela Força Aéreado país de origem, pela denominação da Força Aérea Brasileira ou atémesmo pelo apelido dado pelos pilotos (Mirage III, F-103E ou “Jaca!”).

    Para relembrarmos, as siglas da FAB para indicar os diferentes tiposde aeronaves são:

    • A - avião de ataque.• C - avião de transporte.• F - avião de caça (combate, interceptação, superioridade aérea).• H - helicóptero.• K - avião de reabastecimento aéreo.• L - avião de ligação e observação.• P - avião de patrulha.• R - avião de reconhecimento, alerta antecipado, sensoriamento

    remoto, levantamento aerofotogramétrico.• S - avião de busca e salvamento.• T - avião de treinamento.• U - avião de emprego geral (utilitário).• Z - planador.

  • 21

    Em casos especiais, para aviões de funções múltiplas oudiferenciadas, as siglas utilizadas pela FAB são:

    • AT - avião de treinamento com capacidade de ataque.• CH - helicóptero de transporte.• EC - avião de transporte modificado para cumprir missões

    eletrônicas.• EU - avião de emprego geral (utilitário) modificado para cumprir

    missões eletrônicas.• KC - avião de transporte equipado também como reabastecedor

    aéreo.• RC - avião de transporte equipado também para missões de

    reconhecimento.• RT - versão de reconhecimento de avião de treinamento.• SC - versão de busca e salvamento de avião de transporte.• TZ - planador de treinamento.• UH - helicóptero de emprego geral.• UP - versão utilitária de avião de patrulha.• VC - avião de transporte executivo.• VH - helicóptero de transporte executivo.• XC - versão laboratório de avião de transporte.

    Além disso, a designação individual das aeronaves segue umcódigo numérico e cada aeronave possui um número de matrícula, nacasa de milhar, de acordo com o critério abaixo:

    • 0 e 1 - aviões de treinamento (AT, RT, T)• 2 - aviões de transporte, reconhecimento ou emprego geral (C,

    EC, KC, R, RC, U, VC, XC)• 3 - aviões de ligação e observação (L)• 4 - aviões de caça (F)• 5 - aviões de ataque (A)• 6 - aviões de busca e salvamento (S, SC)• 7 - aviões de patrulha (P)• 8 - seguido de algarismos diferentes de 0 e 1, helicópteros (H, CH,

    TH, UH, VH)Obs: O milhar 5, anteriormente reservado para os aviões

    bombardeiros, passou, desde a entrada em serviço dos jatos A-1(EMBRAER AMX) em 1989, a identificar os aviões de ataque.

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    Miss Universo 63no Esqd PAMPA

    orum nº 72F

    Em 1963 o Concurso de Miss Universo tinha grande audiência naTV. Foi quando uma gaúcha, Ieda Maria Vargas, ganhou esse título para oBrasil. Em homenagem, na sua chegada a Porto Alegre foi escoltada pelosF-8 do 1o/14o GAv.

    Posteriormente, a Miss Universo 1963 visitou a, então, Base Aéreade Canoas, e tirou esta foto com os pilotos do ESQD PAMPA.

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    O 1º GpAvCana

    Segunda Guerra MundialO 1º GpAvCa foi formado em 18 de dezembro de 1943, composto

    por pilotos da FAB, voluntários. Seu Oficial Comandante foi o, então, MajAv Nero Moura.

    O Grupo tinha um efetivo de 350 homens, incluindo 43 pilotos, efoi primeiramente enviado ao Panamá para ser treinado comounidade de caçapela USAAF em ae-ronaves P-40. Nodia 11 de maio de1944, no primeiroCurso de Caça feitopor aviadores brasileiros, o Grupo foi declarado operacional e passou aoperar de forma independente nas missões de proteção à Zona do Canal.

    Em 22 de junho de 1944, o Grupo foi enviado aos EUA para umcurso de conversão operacional no Republic P-47D Thunderbolt, aviãoque iria equipar oGrupo durante a Se-gunda Guerra Mun-dial na Itália.

    O 1º GpAvCaembarcou para a Itáliaem 19 de setembro de1944, chegando emLivorno no dia 06 de outubro. Passou então a fazer parte, juntamente comoutros três Esquadrões dos EUA, do 350th Fighter Group USAAF, u-nidade que foi formada em 1º de outubro de 1942, na Inglaterra.

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    Símbolo do 1º Grupo de Aviação de CaçaO símbolo (ou “bolacha”) do 1º GpAvCa foi idealizado pelos Ten

    Av Rui Moreira Lima, Ten Av José Rebelo Meira de Vasconcelos, Ten AvLima Mendes e pelo Cap Av Fortunato C. de Oliveira, e desenhado poreste último, quando do deslocamento do Grupo para a Itália, a bordo donavio transporte UST Colombie.

    Originalmente, a “bolacha” era oval e sua composição pode serdescrita, conforme as palavras do próprio autor, como segue:

    “A moldura auriverde simboliza o Brasil; O campo rubro sobre o qual se situao avestruz guerreiro representa o céu de guerra ondecombatiam os pilotos de caça; A parte inferior,onde está pousada a figura principal, são asnuvens brancas, o chão do aviador ; Oescudo azul com a constelação do Cruzeirodo Sul é o símbolo usual que caracterizaas Forças Armadas do Brasil ; Oavestruz representa o piloto de caçabrasileiro, tendo como inspiração afisionomia do Ten Av Lima Mendes, comseu perfil aquilino, e ainda o estômagodos veteranos do 1ºGpAvCa; O quepebranco caracteriza mais nitidamente a suanacionalidade (parte do uniforme da FAB,à época); A arma empunhada pelo avestruzé a representação do poder de fogo do P-47,com suas oito metralhadoras .50; O dístico“Senta a Púa!” é o grito de guer ra do 1ºGpAvCa”.

    Vale notar que o risco, à direita, que é encimado pela explosão de umobus, foi acrescentado posteriormente, quando o 1º GpAvCa entrou emcombate, e representa a incessante e certeira ação da artilharia antiaéreainimiga que fustigava os caçadores no teatro italiano (tal adição só foipintada nas aeronaves recebidas como reposição por perdas).

    O uso de um avestruz como símbolo dos pilotos de caça brasileirosremonta ao início da década de 40, quando pilotos brasileiros foram

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    enviados aos Estados Unidos para transladarem, por via aérea, as inúmerasaeronaves adquiridas pelo Brasil, tanto de combate como de treinamento.

    A estada naquele país trouxe aos pilotos novidades quanto aos hábitosalimentares: feijão açucarado (baked beans), ovos e leite em pó, dentreoutros. O então Cel Av Geraldo Guia de Aquino comparou-os a um bandode avestruzes e o apelido pegou.

    O grito de guerra “Senta a Púa!” foi sugerido pelo então Ten Av Rui,o qual ouvira-o do então Cap Av Firmino Alves de Araujo, na Base Aéreade Salvador; era uma expressão que concitava os companheiros esubordinados a cumprirem rapidamente as missões e ordens que delerecebiam. Ficou sendo, para a FAB, o equivalente ao “Tally-Ho!” britânicoe ao “A la chasse!” dos franceses.

    Em ação!Os pilotos brasileiros voaram inicialmente, a partir de 31 de outubro

    de 1944, como elementos de esquadrilhas dos esquadrões norte-americanosdo 350th FG. A partir do dia 11 de novembro, o Grupo passou a montarsuas próprias operações, voando a partir de sua base em Tarquinia, usandoo indicativo de chamada Jambock1.

    O Grupo era dividido em quatroesquadrilhas, Vermelha, Amarela,Azul e Verde. Cada esquadrilha eracomposta por 12 pilotos aproxi-madamente, os quais voavam emconjunto desde o seu treinamento noPanamá.

    Cada piloto usava uma “echar-pe” nas cores de sua esquadrilha. OCmt do Grupo, Ten Av Cel NeroMoura (que foi promovido durante ocurso no Panamá) e alguns de seusoficiais não eram ligados a qualquer esquadrilha e suas aeronaves eramprateadas.

    Nota:1 Jambock: Reza a lenda que, em africâner, dialeto da África do Sul, denominaum chicote feito de couro de rinoceronte.

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    ossos Líderes, nossos Mestresnossos Mitos

    NN.R.: Durante os tempos, convencionou-se chamar de Ás aquele pilotoque tivesse ao menos cinco vitórias em combates aéreos. Enquantoaguardamos sugestões de nossos associados ()sobre pessoas relevantes para serem incluídas nesta Seção, continuamosnossa série sobre Ases famosos.Começamos com o Galland, na edição 130. Nesta, vamos dar continuidadecom o autor da outra assinatura no hangar do Zepellin, esta já depredada,mas cuja restauração e preservação também estão sendo buscadas pelaABRA-PC.

    Pierre Henri Clostermann1921 - 2006

    Curitibano nasceu em 28 defevereiro de 1921, filho do Cônsulda França. Aos 16 anos de idade, jáno Rio de Janeiro, brevetou-se noAeroclube do Brasil (à épocainstalado no Campo de Manguinhos,hoje Vila do João), no Rio de Janeiro.

    Nos EUA, em 1940, formou-seem engenharia (Ryan College –CALTEC Inst).

    Com a capitulação da França em14 de junho de 1940, incentivadopelo seu pai, Pierre Clostermann,cruzou o Atlântico para Liverpool,na Inglaterra, onde ofereceu seusserviços à RAF.

    Foi enviado a Cranwell (Escolade Formação de Pilotos da RAF),onde recebeu seu brevet inglês noinício de 1943, sendo incorporado

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    ao “Esquadrão 341 ALSACE”, dasForças Francesas Livres.

    Durante um combate, foiabatido e amerissou no Canal daMancha, mas retornou ao combateem 13 de maio de 1943.

    Voava o Spitfire MK IX e já em27 de julho de 43 obtém suas duasprimeiras vitórias em combate,abatendo duas aeronaves FW 190.

    Em 1944 foi transferido para oEsquadrão 602, onde passou a voaro seu famoso Tempest, quedenominou de “Le Grand Charles”,que o acompanhou durante todo orestante da campanha aérea. Valenotar ainda que foi o primeiro pilotoAliado a pousar em solo pátriofrancês após o Dia-D.

    O Serviço Médico tentou retirá-lo do voo, mesmo apesar de umpouco antes haver abatido trêsaeronaves inimigas no mesmo dia,pelo que recebeu a DFC.Inconformado, recorreu ao Gen DeGaulle, que conseguiu seu retornoà atividade aérea na Linha deFrente.

    Em janeiro de 1945, PierreClostermann foi transferido para oEsquadrão 274 na Holanda, voandoainda o Tempest MK V. Foi umperíodo difícil, pois, após doismeses de operação, somente ele emais dois pilotos sobreviveram aoscombates e à Flack alemã.

    Em 24 de março de 1945 foiferido na perna pela Flack e depoisde um pouso de barriga com seuavião danificado, foi hospitalizadopor uma semana.

    Teve que saltar de paraquedaspela primeira vez em 12 de maio de1945, quando um Tempest em voorasante colidiu com suaEsquadrilha, derrubando as quatroaeronaves, com a morte dos outrostrês pilotos.

    Em suas 432 missões de guerra,Clostermann foi creditado com 23vitórias, 19 aeronaves no solo, 14vitórias compartilhadas, cincoprováveis e mais oito danificados,a maioria contra Caças inimigos.Tornou-se o maior Ás francês e oPiloto de Caça Aliado maiscondecorado na II Guerra Mundial.

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    Retirou-se do serviço ativocomo Coronel Aviador em 27 dejulho de 1945 e, como Engenheirotrabalhou na Cessna Aviation e naMarcel Dassault, e participou dacriação da Reims Aviation.

    Após a Guerra, em 1946, PierreClostermann foi eleito Deputado doParlamento francês, onde serviuoito mandatos. Posteriormente,alistou-se na Armé de L’Air e voouainda 116 missões comoControlador Aéreo Avançado, entre1956 e 57, na Guerra da libertaçãoda Argélia.

    Lançou os seguintes livros: OGrande Circo (com tradução daEditora Flamboyant, 1961); Fogo noCéu (com tradução da EditoraFlamboyant, 1966); e Episódios daGuer ra Aérea na Argélia (comtradução da Editora Flamboyant,1961).

    Visitou o Brasil em 1950 edeixou seu autógrafo na parede do1º Grupo de Caça, Base Aérea deSanta Cruz, no hangar do Zeppelin.

    Faleceu em 22 de março de2006, com 85 anos, emMontesquieu-des-Albères, França.

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    1241

    stória informal da CaçaE

    Foto de uma formação com dois F-16, um A-1, umF-5E e um Mirage, por ocasião da Operação Tigre II em

    Natal, em 1995, onde foram realizadas missões com grande quantidade deaeronaves (na época denominadas “Gorilas”, hoje “Pacotes”).

    Durante a Operação, foram realizados ataques a Maxaranguape comquatro A-1, escoltados por duas duplas de F-16 e F-5 ou F-16 e F-103,sendo eventualmente interceptados (com direito a combates aéreos) emdois trechos da navegação por duas duplas similares.

    Aproveitando a oportunidade, consultamos aqui nossos associados,para descobrirmos se alguém sabe quem foram os pilotos brasileiros nessafoto. Informações para o e-mail ou.

    OperaçãoTigre II

    Natal - 1995

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    2Estamos no crescente fértil - um local onde a presença humana é

    muito antiga. É a época em que os seres humanos estão deixando de sercaçadores e coletores e passando a ser agricultores.

    Estamos em um vale onde existem quatro grupamentos humanos,sejam eles tribos ou famílias diferentes. Com relação às suas capacidadescomo agricultores, força física e habilidades para luta consideremos aseguinte distribuição:1. Produtivos e fortes;2. Produtivos e fracos;3. Não produtivos e fortes;4. Não produtivos e fracos.

    Os produtivos e fortesvivem relativamente em paz ebem alimentados, os nãoprodutivos e fortes, devido aoinsucesso na agricultura para nãopassar fome dominam pela forçaos produtivos e fracos e escravizam os não produtivos e fracos. Incentivadospelo seu sucesso no uso da força consideram a possibilidade de atacar edominar os produtivos e fortes.

    Com o passar dos anos, depois de vários conflitos, terminam por seorganizarem como um único agrupamento humano para lidarem com outrosagrupamentos humanos semelhantes dos vales vizinhos.

    Em suma, a guerra, a solução dos problemas para a sobrevivênciapela violência, é uma atividade tão antiga como o próprio ser humano.

    Uma breveHistória

    da Guerra

    “A sociedade é fruto dainsegurança, é a

    representação físicado pacto que fazem entre si

    os homens para suaproteção.”

    Protágoras

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    A estorinha acima mostra os primeiros passos dados pelos sereshumanos na direção de se organizarem socialmente. São os primeiros passosdo processo civilizatório.

    Possivelmente os textos mais antigos que tratam da guerra são doschineses. Para eles a guerra não era um instrumento da política, tampoucoera um fim em si mesma. A guerra era vista como um mal apesar de ser,muitas vezes, necessária devido às imperfeições do mundo.

    Nosso objetivo, hoje, é meditar sobre a guerra, este fenômeno social,exatamente por ser uma atividade humana que acontece com um motopróprio.

    Nós concordamos com Van Creveld, que em seu livro “TheTransformation of war”, afirmou que: “é axiomático afirmar quenenhuma atividade humana pode realmente ocorrer sem umacompleta compreensão de seus princípios” e, assim sendo, tal estudoda guerra é importante.

    Pelo caráter introdutório do trabalho vamos privilegiar uma maioramplitude em detrimento da profundidade na abordagem do assunto.

    Sun Tzu é o mais famoso escritor e General chinês a tratar da guerra.Ele pode ou não ser uma figura histórica, não há como saber isto comcerteza, mas ele é sem dúvida uma lenda. A ele são atribuídas as afirmações:

    • “Um Senhor pode ou não gostar dos negócios militares: mas,não se preparar para a guerra é faltar com seu dever”;

    • “A guerra é de vital importância para o Estado”.Essas são algumas de suas muitas ideias, que aparecem em seu livro

    “A arte da guerra”.Como ilustrado na nossa narrativa inicial e ampliando a visão de

    Protágoras, o Estado é o resultado do choque do homem com a naturezae com o próprio homem. A existência do Estado é inexorável, ele é oinstrumento da tribo, da nação para organizar a vida comum e promover asatisfação das necessidades bem como trazer uma boa vida para todos.

    Devido à inevitabilidade do surgimento do Estado e da guerraentre os diferentes Estados há quem veja a evolução da capacidadedo Estado como uma resposta às exigências da guerra.

    Basicamente o Estado tem duas funções primordiais: umafunção econômica e uma função de segurança, e usa da política, daestratégia e da logística para executá-las.

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    Acredito já ser evidente que estudar a guerra não é apenas “coisa demaluco ou de gente belicosa”, mas é uma atividade de suma importânciapara se estabelecer uma estratégia nacional e garantir que o Estado atinjaseus objetivos.

    Como vamos apenas darum voo rasante na história, nósvamos nos limitar a comentar avisão que alguns destacadosautores possuíam sobre aguerra. Não vamos comentarsobre táticas e manobras a nãoser que o comentário contribua,de alguma forma, para ilustrara visão do autor em questão.

    Por longo tempo nahistória, a guerra foi um instrumento do Senhor, do Rei ou do Imperadorpara satisfazer quaisquer que fossem seus desejos. O exército e o povodeviam marchar para a guerra e/ou produzir recursos para mantê-la semter o direito de opinar sobre seu objetivo.

    Pode-se citar como exceção as Cidades Estado gregas onde haviauma discussão envolvendo a elite e os cidadãos sobre o propósito da guerrae na República Romana onde as guerras eram travadas para satisfazer aambição expansionista da elite romana.

    Essa característica perdurou até meados do Século XVII quando,com a assinatura de vários tratados entre as nações ocidentais, destacando-se dentre eles o Tratado de Westphalia, surge o atual sistema internacionale o Estado-Nação como é conhecido hoje.

    O Pensamento chinêsSão conhecidos vários autores chineses da antiguidade, sendo Sun

    Tzu, que já mencionamos, o mais famoso dentre eles. Segundo Sun Tzu“a guerra é de vital importância para o Senhor e,portanto os negócios militares devem serestudados.”

    Para os chineses a guerra é um mal, muitas vezesnecessário, mas um mal, é um desvio da harmonia

    ““O Estado é produto doshomens que, estando

    impossibilitados de bastarem-se a si próprios e tendo

    necessidade de umainfinidade de coisas, se

    associam para obter ajuda.”Platão

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    cósmica ou dao. “Dao somente pode ser restaurado por dao”, portanto serávitorioso na guerra aquele que tiver maior virtude.

    “Somente será forte aquele que se engajar numa batalha por umacausa justa.”

    Dao e favor do universo à parte, os escritos de Sun Tzu e dos outrosautores também apresentavam aspectos práticos a serem considerados parao sucesso nas batalhas; por exemplo: a meteorologia, o terreno, o comando,a doutrina... Porém, uma vez que a violência era uma perturbação do daoela deveria ser minimizada.

    São observações de Sun Tzu:• Nenhum estado jamais se beneficiou com uma guerra longa;• Diplomacia é o melhor método de se resolver uma disputa;• O uso de truques (assassinato e corrupção) está em segundo

    lugar;• Manobra em terceiro lugar;• Em último lugar o cerco ou a batalha.Na cultura chinesa a esperteza na guerra era mais importante do que

    a força bruta e a melhor guerra é aquela que nunca ocorreu. O melhorcomandante deveria ser antes um sábio do que ser violento e brutal.

    Gregos e RomanosHá um grande número de autores entre gregos e romanos, mas poucos

    fizeram uma abordagem abstrata e filosófica da guerra. A grande maioriatratou apenas dos aspectos práticos. Infelizmente dentre os grandes generaiscomo: Alexandre, Scipio e Cesar, apenas Cesar deixou registros de suasbatalhas nos seus Comentarii de bello Gallico.

    GregosDentre os autores gregos temos: Heródoto, que escreveu sobre a

    guerra com os persas; Homero, que escreveu sobre a guerra com Troia, eTucídides que escreveu sobre a guerra do Peloponeso.

    A história da guerra do Peloponeso, narrada por Tucídides, mereceuma atenção especial por tratar-se de uma guerra entre duas cidades estado– Atenas e Esparta – um aspecto que a torna semelhante a guerras maisrecentes.

    Segundo Tucídides, a guerra, resultado de um confrontopolítico entre duas potências gregas, ocorreu devido ao temor de Espartae seus aliados de sucumbirem ante o poderio ateniense. Foi uma guerraterrível, principalmente para o perdedor – Atenas.

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    Homero foi o autor da Ilíada, narrando a história da guerra de Troia.Há controvérsia sobre essa guerra, se ela foi de fato um evento históricoou se trata de uma ficção. A segunda hipótese é reforçada pelo estilo literáriousado por Homero.

    Gostaria apenas de destacar um aspecto dessa narrativa sobre a guerra,trata-se de mostrar as características contrastantes entre a estratégiade Aquiles, uma estratégia voltada para o uso da força e o confrontodireto na busca de uma batalha decisiva e a estratégia de Ulisses,voltada para o uso da esperteza, do engano, da manobra e desomente aceitar o confronto direto numa condição de vantagem.

    A opção por uma ou por outra estratégia está sempre à disposição docomandante e não se pode, a priori, descartar o uso de uma ou da outra.

    RomanosOs romanos da república sempre se empenharam em guerras de

    conquista, devido à ambição de sua elite. Foi um povo guerreiro pornatureza e em um século conquistaram toda península itálica. A históriade Roma é relativamente bem conhecida, mas não há nenhum tratado decunho filosófico sobre a guerra de autor romano.

    Além de Júlio Cesar, autor dos “Comentários sobre a guerra daGália”, há outros dois autores que merecem menção:

    • Frontinus – cujo trabalho sobre a arte da guerra foi perdidorestando o livro “Stratagemata” que trata dos aspectos práticos e técnicosda guerra.

    • Vegetius – que com seu trabalho “Epitoma rei militaris”também trata exclusivamente dos aspectos práticos da guerra.

    A leitura de Frontinus e Vegetius principalmente era mandatória,segundo os melhores autores de assuntos militares, até o Século XVIII.

    Na minha opinião a mensagem que os romanos nos deixaram sobre aguerra pode ser facilmente reconhecida pela observação do comportamentode seus generais e legionários em todas suas campanhas.

    Nenhum inimigo dos romanos jamais teve dúvida da ferocidade comque eles lutariam. As legiões romanas eram máquinas de matar e não defazer prisioneiros.

    Quando cercados pelos romanos era sabido que o cerco somenteterminaria de uma de duas formas, i. e., com a derrota total de um dosdois lados. Vide o cerco de Massada e vide a conclusão das Guerras Púnicas

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    contra Cartago, o final foi uma vitória indiscutível dos romanos: DelendaCartago est.

    Esta característica da guerra, de escalada sem controle da violência,foi reconhecida pelo grande filósofo da guerra Von Clausewitz. Hoje nomundo dito civilizado, há um esforço inútil e hipócrita de tentar limitar aviolência, coisa que os romanos nunca fizeram. A “pax romana” foi mantidagraças à ferocidade de suas legiões.

    Do Século XVI ao XIXO período entre os Séculos XVI e XIX foi quando um pensamento

    mais esclarecedor foi desenvolvido. Vários são os autores dessa época,muitos deles soldados profissionais que produziram trabalhos excepcionais.Vamos comentar sobre aqueles que consideramos mais relevantes.

    Maquiavel – O “fiorentino” Maquiavel foi um burocrata, diplomatae político e seu famoso livro: O Príncipe foi tão influente a ponto decausar termos como maquiavelismo e maquiavélico, que significamcomportamento mau e pessoa má respectivamente.

    “O príncipe”, seu masterpiece, foi escrito como um manual para ogovernante, recomendando um comportamento baseado unicamente nopróprio interesse, completamente amoral e destituído de qualquer virtude.O seu tratado sobre a Arte da Guerra, apesar de ser menos conhecidohoje, também fez muito sucesso.

    Ele valorizava o modo romano de fazer guerra e ele tentou deduziros princípios inseridos na história militar romana para mostrar suaaplicabilidade no seu tempo, em especial ele valorizava o fato das legiõesromanas serem constituídas de cidadãos romanos. Por essa razão eledefendia ardorosamente o uso do soldado cidadão (conscrito)substituindo o mercenário que era comumente usado então.

    Machiavel pode ser considerado o pai da política como ciência,para ele a prática da política deve ser baseada num realismo frio e não naprocura de um ideal ilusório. Ele entendia perfeitamente a relação entre aguerra e a política e a necessidade de um exército competente e poderosopara prover segurança e liberdade de manobra para a diplomacia.

    A conexão e o inter-relacionamento entre as instituições políticase militares é, talvez, a mais importante e revolucionária ideia deMachiavel. Na sua percepção, uma vez que a vida do Estado depende daexcelência de seu exército, as instituições políticas devem ser organizadas

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    de forma a propiciar condições favoráveis ao funcionamento dasorganizações militares.

    Na verdade a visão de Machiavel sobre a natureza do poder nuncafoi ultrapassada, ela continua tão atual hoje como o foi há quinhentosanos e sua visão sobre a natureza da guerra e a função dos militares naestrutura social que inspiraram suas ideias transcendem seu tempo nahistória.

    Sec XVI e Sec XVII “A revolução militar”Como reunir um exército capaz de ser um instrumento confiável

    sempre foi um problema. No final do Século XV, com a influência deMachiavel, o estudo dos métodos militares romanos passou a ser umafonte de inspiração para resolver este problema.

    A insistência de Machiavel na disciplina com base na hierarquia ecompetência militar adquirida pela ordem unida e treinamento teve umagrande influência na formação de uma força de combate eficaz na Holandana sua guerra contra os espanhóis. Nessa força de combate foi criado umnovo tipo de soldado profissional e líder de combate combinandoexcelência em combate e valores morais e sociais

    Justus Lipsus, um admirador de Machiavel, insistia nalealdade e obediência do soldado a serviço do Estado. A guerra,segundo Lipsus, não era ou não é um ato descontrolado deviolência, mas o emprego da força comandada por uma autoridadelegítima no interesse do Estado e as dimensões moral e social seriamos parâmetros fundamentais para os militares.

    A “revolução militar” ou uma completa e fundamental mudança naguerra e nos exércitos aconteceu a partir da segunda metade do SéculoXVI. Isso aconteceu devido à introdução do mosquete, da artilharia e daprofissionalização dos exércitos.

    Seguindo Machiavel as figuras notórias responsáveis por essarevolução seriam: Maurice of Nassau, Gustavus Adolfus eMontecuccoli. Foi essa revolução que resultou em exércitos, como os deainda hoje, baseados em disciplina, subordinação hierárquica e obrigaçãosocial.

    • Maurice of Nassau – é considerado o pai do corpo de oficiaisdos exércitos europeus. Ele mudou o etos da profissão, pois consideravacomando como resultado da confiança da nação, com a autoridade derivada

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    de uma comissão outorgada pelo Estado, assim como ocorre na estruturade comando moderna.

    • Gustavus Adolfus (Rei da Suécia) – Suas práticasadministrativas e operacionais foram largamente imitadas e maisdo que qualquer outro General de seu tempo dominou os várioselementos que constituem a liderança em combate. Ele foi mais umcomandante prático do que um teorista.

    • Raimondo Montecuccoli – Mestre na guerra de manobra,competente administrador e um intelectual. Ele foi o primeiro teorista atentar compreender a guerra em todos os seus aspectos tanto técnicosquanto humanos.

    Antes de passar para os Séc. XVIII e XIX gostaria de mencionar ostrabalhos de Frederico o Grande. Esse grande soldado e Rei da Prússiapersonificou o que de melhor poderia haver no mundo militar antes daRevolução Francesa. Ele deixou cinco trabalhos importantes:

    ü Principes generaux de la guerre;üTestament politique;üTestament militaire;üElements de castrametrique et tactique;üE um poema sobra a arte da guerra.

    Originalmente esses trabalhos foram considerados secretos pois eramdirecionados ao treinamento dos oficiais prussianos.

    Em função dessa preocupação na educação de seus oficiais, no finaldo Sec XVIII os oficiais passaram a ser comissionados após cursoem Academias Militares, e mais tarde frequentavam curso emEscolas de Estado Maior. Os graduados nessas instituições de ensinomilitar se tornaram então o alvo dos autores de obras literárias sobre teoriamilitar.

    Século XIXA segunda metade do Século XVIII e o Século XIX foram um período

    criativo de ideias sobre a guerra, até porque com o surgimento dasAcademias e Escolas Superiores de assuntos militares o consumo dessematerial aumentou.

    Um dos primeiros tratados sobre os princípios da guerra e estratégiafoi elaborado por um oficial prussiano: Adam Henrich Dietrich VonBullow, e seu trabalho “Spirit of the modern system of war” foipublicado em 1799.

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    Nesse momento a estratégia já não era a arte de conduzir a guerraanalisando o campo de batalha montado num cavalo, isso começava a serfeito em cima de uma mesa usando mapas, já que mapas adequadoscomeçavam a ficar disponíveis.

    Von Bullow desenvolveu a teoria de base de operação, linhas deavanço e linhas de suprimento e os textos sobre estratégia passaram a seassemelhar a textos de geometria.

    O seu trabalho tratava, de fato, de um sistema para conduzir asoperações de guerra. Ele foi o primeiro a organizar o campo de batalhacom a utilização de bases de operações, objetivos das operações e linhasde operações.

    Antoine Henri Jomini foi o sucessor direto de Von Bullow. Jominiera suíço e foi Chefe do Estado Maior do Marechal Ney. Elecostumava chamar a estratégia de “Les grandes operations deguerre”. Assim como Von Bullow, ele procurava um “sistema” queorientaria o comandante na condução das operações.

    Ele foi o primeiro a chamar a região onde ocorriam as operações deTeatro de Operações. Seu trabalho sobre estratégia foi publicado em 1805e nesse trabalho ele incluiu os aspectos políticos da guerra.

    Tanto Jomini quanto Von Bullow mostram, em seus trabalhos, umavisão coerente com a visão mecanicista do mundo em voga no SéculoXVIII devido à filosofia de Descartes e Newton.

    Essa visão racional, que buscava um “sistema” que fosse capaz deorientar o comandante para atingir seus objetivos teve seus críticos e omais importante, dentre eles, foi outro oficial prussiano – Georg HenrichVon Berenhorst.

    Von Berenhorst publicou seu trabalho “Reflections on the art of war”entre 1796 e 1799. Segundo Von Berenhorst exércitos não eram máquinase a estratégia não era uma questão de cálculos, sua visão já refletia a visãohumanística, que surgia na filosofia, em contraposição ao cartesianismo.

    Ele e Jomini ocupavam polos opostos. Os dois pontos de vista seriamunidos pelo grande escritor ocidental sobre a arte e a ciência da guerra –Carl Von Clausewitz.

    Clausewitz não foi apenas mais um soldado com boas ideias,ele foi um filósofo de uniforme, ele procurou responder duas questões:

    üO que é a guerra?üQual o propósito da guerra?

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    Não vou me enveredar numa análise crítica das ideias de Clausewitz.Acredito ser um imperativo categórico fazer isso em todo trabalho quevise uma análise abrangente e detalhada da guerra, porém esse não é onosso propósito.

    A nossa pretensão é apenas fazer um “voo rasante” para cobrir maisterritório num menor tempo em detrimento do aprofundamento. Entretanto,alguma coisa é obrigatório dizer e, portanto, devo mencionar que de acordocom Clausewitz: “A guerra é o exercício ou a prática da violência eda força, livre de qualquer lei, regra ou restrição, exceto aquelasque forem convenientes para alcançar o objetivo político”.

    Cotejando sua famosa frase: “A guerra é apenas a continuação dapolítica do estado por outros meios”. Infelizmente, neste caso o portuguêsé pobre de palavras e não nos ajuda na apreciação das ideias de Clausewitz.Temos duas expressões em inglês, “politics” e “policies” e ambas sãotraduzidas por “políticas” em português, então, para esclarecimento, naversão em inglês a palavra usada é “policy” e portanto, para Clausewitz, aguerra não é uma política mas um procedimento da política.

    Século XXA ofensiva alemã de agosto de 1914 foi a materialização de um século

    de desenvolvimento do pensamento militar e prática da guerra. Os alemães,segundo a crença reinante, considerando que a ofensiva era a mais forteforma de guerra, esperavam um final rápido.

    Porém, devido à evolução do armamento, como por exemplo ametralhadora, a defesa se mostrou uma forma de guerra bem mais forte.Em consequência as operações na frente de batalha chegaram a umaestagnação que durou anos e custou milhões de vidas.

    Assim como o telégrafo e o transporte ferroviário foram os fatorestecnológicos que influenciaram as guerras na segunda metade do SéculoXIX, pelo menos três fatores tecnológicos importantes influenciaram aguerra de 1914 a 1918, foram eles: a motorização das tropas terrestres, aevolução das armas de tiro rápido e o avião. Nenhuma dessas tecnologiaschegaram a contribuir de forma decisiva nessa guerra mas, o mesmo nãopode ser dito nos conflitos posteriores.

    Com a estagnação da linha de frente e como os aviões evoluíamrapidamente ficou evidente, para alguns visionários, que a arma aérea ouo nascente emprego do poder aéreo seria a forma de vencer futuras guerras.

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    Mesmo hoje ainda há dúvidas ou ignorância entre muitosGenerais de como deve ser o emprego do poder aéreo, e mesmoentre profissionais do ramo há dúvidas se o poder aéreo mudoua estratégia da guerra ou apenas as táticas.

    Assim como é impossível falar da guerra sem mencionarClausewitz, é impossível falar de poder aéreo sem referir-se a GiulioDouhet e Hugh Trenchard, e tanto um quanto o outro eramdefensores da primeira hipótese, isto é o poder aéreo proporcionauma nova estratégia para a guerra.

    De fato a guerra foi fundamentalmente mudada com oadvento do poder aéreo e o comandante que não souber comousá-lo não terá sucesso, exceto se o comandante oponente ajudá-lobastante.

    Uma definição atual do poder aéreo seria a capacidade de projetaruma força de combate usando uma plataforma no ar ou no espaço. Épossível, portanto, imaginar o que isto significa em termos de ciência,tecnologia, indústria, infraestrutura, sistemas logísticos, organização,pessoal e etc...

    Como nosso objetivo é tratar da guerra e não do poder aéreo devoresistir à tentação de fazê-lo. O emprego do poder aéreo é um assuntovasto e nesse século que se passou desde seu aparecimento tornou-se umpoderoso instrumento da guerra para obtenção e manutenção dos interessesda nação. Por esta razão merece um tratamento especial e deve ficar parauma outra ocasião.

    Porém, para não ser injusto com os dois pioneiros e visionários dopoder aéreo gostaria de mencionar: sobre Giulio Douhet – que ele foi oprimeiro a escrever seriamente sobre o poder aéreo e seu efeito na guerrae na sua visão aquele que controlasse o ar também controlaria asuperfície.

    Sobre Hugh Trenchard – reconhecido como o pai da Real ForçaAérea Britânica – que ele foi um enfático defensor do poder aéreoestratégico. Tanto para Trenchard quanto para Douhet o avião é uma armaessencialmente ofensiva.

    Para Trenchard o gol da ofensiva aérea deve ser, desde o início dashostilidades, paralisar a indústria, transportes e comunicação do inimigo.

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    Considerando esse objetivo a seleção de alvos se torna umaatividade primordial.

    Gostaria de reproduzir um texto extraído do livro “Theend of the beginning: on the application of aerospace power”.É um livro publicado pelo Departamento de Defesa dosEstados Unido da América de autoria do Major Douglas W.Kiely – USAF.

    “The last decade of the Twentieth Century was verygood for aerospace power. The 1990’s began with aconvincing demonstration of modern campaigning in theGulf War and ended with a victory over Serbia that

    removed their military forces from Kosovo and paved the way for theentry of peace-keepers”.

    That the victory was won in the absence of ground campaign surprised sometraditional airpower skeptics. Noted military historian John Keegan remarked, “Nowthere is a new turning point to fix in the calendar: june 3, 1999 whenthe capitulation of President Milosevic proved that war can be wonby airpower alone”.

    Portanto, se havia alguma dúvida de que o poder aéreo mudoucompletamente a face da guerra já não há justificativa para não aceitareste fato.

    Entretanto, não foi apenas o poder aéreo que provocoumudanças na guerra. O desenvolvimento de armas de destruiçãoem massa, tecnologia de informações, comunicação, sistemaslogísticos e outros avanços tecnológicos são fatores que tornaminaceitáveis as perdas para todas as partes em conflito se se trataremde grandes potências.

    Esta situação levou Martin Van Creveld a fazer a seguinte afirmaçãoem seu livro “The transformation or war”: “A ghost is stalking the corridorsof General Staffs and Defense Departments all over the developed world– the fear of military impotence, even irrelevance.”

    Realmente a capacidade destrutiva dos novos sistemas de armas podeter afastado o risco de conflitos armados diretos entre as grandes potências.Este conflito tem ocorrido e continuará ocorrendo na periferia das áreasde influência destas nações.

    Depois da II Guerra Mundial o mundo não se tornou, de formaalguma, um local mais pacífico, na verdade as guerras continuaram a ocorrer

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    como sempre ocorreram. Porém, na sua maioria foram conflitos de baixaintensidade. Isto é: conflitos em menor escala sem a participação de grandesexércitos e sem o emprego de grande número de armamento pesado esofisticado por todas as partes em conflito.

    Mas, nem por isso deixaram de ser sangrentos. Importante ressaltarque neste tipo de conflito “tamanho não é documento” e grandes potênciassofreram derrotas expressivas.

    Vários nomes são atribuídos aos conflitos de baixa intensidade:terrorismo, insurgência, guerrilha e até combate ao crime organizado. Nãoimportando o nome, este é o tipo de conflito mais importante atualmente,principalmente porque, neste caso, poderio militar é irrelevante.

    Um grande problema relacionado ao conflito de baixa intensidade écomo e quando concluir que os objetivos foram atingidos e uma vitória foiobtida, normalmente devido à natureza das forças envolvidas não há umarendição e um encerramento definido.

    A melhor maneira de se consolidar uma vitória foi demonstrada pelosromanos contra os cartagineses. Entretanto, hoje tal forma de vitória seráconsiderada desumana. Portanto, é muito mais importante hoje do queoutrora entender a guerra. Isto é, sem sombra de dúvida, essencial para aadoção de uma estratégia eficaz para determinação de quando os objetivosforam atingidos.

    Apesar de a guerra nem sempre envolver dois estados e dois exércitos,ela ainda é a condução da política por meio da violência e já que “DelendaCartago est” não pode ser o efeito desejado, incluir o uso da violênciadeve ser feito com muita sabedoria.

    Como já afirmamos, o objetivo deste trabalho é fazer uma abordagemsuperficial na história para ver como a guerra foi entendida e conduzidaem cada tempo e assim poder projetar uma imagem de como ela deve servista hoje.

    Esperamos que isto seja uma introdução para futuros estudos sobreo assunto. Francamente, eu não vejo, no âmbito das nossas organizaçõesde defesa nacional, uma ideia clara sobre as nossas hipóteses de guerra ede como devemos nos preparar.

    Acredito ser muito difícil, se não impossível, obtermos êxito emqualquer conflito sem antes entendermos perfeitamente tal conflito. Semeste entendimento o estabelecimento de uma estratégia e de uma logísticaadequadas para o sucesso será impossível.

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    Foi por falta dessa visão da guerra e de quando a vitória foi conseguidaque, mesmo tendo derrotado o inimigo na guerra revolucionária dos anos60 aos anos 80 uma vitória definitiva não foi obtida.

    A humanidade está longe de atingir o fim da história e o tempoem que os leões viverão em paz com os cordeiros. Como Platãoescreveu, as únicas pessoas que não precisam se preocupar com aguerra já morreram.

    Na verdade pode ser que o ser humano nunca consiga uma paz eterna,simplesmente porque a ambição por grandes coisas e a violência está noseu DNA. Gostaria, portanto, de encerrar como comecei, citando VanCreveld: “É axiomático afirmar que nenhuma atividade humanapode realmente ocorrer sem uma completa compreensão dosprincípios envolvidos”.

    É por esta razão que procurar entender a guerra não é umaopção.

    Bibliografia:VAN CREVELD, Martin. Transformation of War. Free Press. Edição do Kindle.FREEDMAN, SIR LAWRENCE. Strategy: A History. Oxford University Press. Edição doKindle.VAN CREVELD, Martin. A History of Strategy: From Sun Tzu to William S. Lind. CastaliaHouse. Edição do Kindle.HUNTINGTON, Samuel P. The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order.Simon & Schuster. Edição do Kindle.GOVERNMENT, U.S. The Paths of Heaven: The Evolution of Airpower Theory - Douhet,World War I and II, William Mitchell, Naval Theories, Continental Europe, Air Corps,deSeversky, Nuclear Strategy, Boyd, Warden, NATO. Progressive Management. Edição doKindle.GOVERNMENT, U.S.; Military, U.S.; Defense (DoD), Department of. The End of theBeginning: On the Application of Aerospace Power in an Age of Fractured Sovereignty,Trends 2020, Demography, Technology, Military, Social, Operations with Blurred Boundaries.Progressive Management. Edição do Kindle.GOVERNMENT, U.S.; Military, U.S.; Defense (DoD), Department of; Air Force (USAF),U.S.. Airpower, Afghanistan, and the Future of Warfare: An Alternative View - Assessingthe Air-Ground Relationship, Precision Strike, Change in Land Combat, Force Intensification,Doctrine Impact. Progressive Management. Edição do Kindle.PARET, Peter. CRAIG, Gordon A. GILBERT, Felix. Makers of Modern Strategy fromMachiavelli to the Nuclear Age.

    Gilberto Pedrosa Schittini – Ten Cel Av (Ref)Piloto de Caça de 1971, em TF-33 no 1o/4o GAv, em Fortaleza

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    Associação Brasileira de Pilotos de CaçaPraça Marechal Âncora, 15-A - Castelo

    Rio de Janeiro - CEP 20021-200www.abra-pc.com.br - [email protected]