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Ano XXXI Nº 375 novembro de 2020 “ É Clara princesa / no país da escuridão acesa” (Clara, de Geral- do Carneiro e Francis Hime) Ótima surpresa para os leito- res: os que gostam de música de qualidade, os que admiram a extra- ordinária arte de Clara Nunes (1942- 1983), os que gostam de narrativas brasileiras bem contadas, com a espontaneidade da memória. Aca- ba de ser lançado “CLARA NUNES nas memórias de sua irmã dindinha Mariquita”, parceria entre Maria Gonçalves da Silva e Josemir No- gueira Teixeira, filósofo, professor e poeta. PubIicação da Editora Jagua- tirica, o livro reúne memórias da irmã de Clara, que a criou desde a infân- cia, quando a cantora ficou órfã. Clara nasceu em 1942, na cidade de Paraopeba, Distrito de Cedro, Minas Gerais. Anos depois, o distri- to emancipou-se e recebeu o nome de Caetanópolis. Da vida de Clara ainda menina, brincando livre entre pássaros e árvores e começando a cantar na escola e no coral da igre- ja, as memórias trazem testemunho verdadeiro, com cenas curiosas, te- cidas num fio de linha vivo, íntegro e vibrante. Um relato que somente Maria Gonçalves da Silva poderia apresentar. As memórias criam pontos de conexão entre literatura, psicologia, sociologia e história, abrindo portas para o conhecimento das condições de uma época, um grupo social, uma cidade, um país. No caso de uma grande artista como Clara Nunes, intérprete, pesquisadora e compo- sitora de enorme talento, expressi- vidade, rigor estético, que fez opção pela música brasileira, é inconteste a relevância deste livro, que traz o retrato da menina Clara Francisca, do modo como lidou com os inúme- ros desafios de vida e se transfor- mou numa das maiores estrelas bra- sileiras. Sensível e tenaz, sempre esteve consciente de que nascera para realizar uma missão com a sua voz de cristal. Foi filha caçula de um músico popular, instrumentista res- peitado na cidade, Manoel Pereira de Araújo, conhecido como “Mané Serrador”, violonista que organiza- va as Folias de Reis e tocava diari- CLARA NUNES: ÉTICA E SENSIBILIDADE INCOMUM Beatriz Helena Ramos Amaral BEATRIZ HELENA RAMOS AMARAL, Doutoranda em Comunicação e Semiótica e Mestre em Literatura, autora de Peixe Papiro e A Transmutação Metalinguística na Poética de Edgard Braga, entre outros. amente em casa. Uma curiosidade: Clara tinha dois anos quando per- deu o pai. Foi a única dos irmãos que não teve a oportunidade de aprender música com ele. Mas a genética favoreceu a caçula, que en- cantou o Brasil e o mundo. Como bem salienta a historia- dora Sílvia Brügger, no prefácio ao livro, o papel de Dona Mariquita “em relação aos legados da irmã famo- sa é a de uma guardiã de memóri- as. Memórias materializadas em objetos que hoje formam o acervo do Memorial Clara Nunes, mas que por muitos anos foram cuidados, so- bretudo, em razão do sentimento que a unia à sua irmã caçula .” O conjunto de mais de nove mil itens, troféus, prêmios, vestimentas, aces- sórios, estátuas, objetos pessoais, livros, peças de decoração, discos, acervo fotográfico, artigos de jornal, revistas, vídeos, cartas, depoimen- tos, hoje “permitem a quem visita o Memorial ou pesquisa em seu acer- vo refletir sobre questões importan- tes da história e da cultura brasilei- ra” (S. Brügger, p.10, prefácio). O autor memorialista dispõe de dupla possibilidade: oferece uma visão da história, mas personaliza- da. Apresenta história particular e pessoal de que também é persona- gem e narrador. Nestas memórias, escritas com a colaboração de Jo- semir Nogueira Teixeira, a autora traz fatos, confidências e impres- sões. Os temas se desprendem de um capítulo e são retomados nou- tro, trazendo surpreendentes rela- tos da vida de Clara, seu casamen- to com o poeta, compositor e escri- tor Paulo César Pinheiro, a assina- tura do contrato com a gravadora Odeon (EMI), em que gravou 16 ál- buns individuais, além de quase 100 compactos-simples. Sempre procu- rada para entrevistas, Maria Gon- çalves da Silva decidiu compartilhar com o público a história de seu con- vívio com a cantora. Contextualização importante da vida de Clara, o texto é compos- to de 38 capítulos e de um caderno iconográfico de imagens da família e do início de carreira, quando, vi- toriosa em Minas Gerais no concur- so “A VOZ DE OURO ABC”, a canto- ra ganhou programa de rádio em Belo Horizonte, e, depois, um pro- grama de TV intitulado “Clara apresenta”. Esta fase de sua profissionaliza- ção antecede a ida da para o Rio de Janeiro, onde as- sinou contrato com a gra- vadora Odeon, iniciou sua produção fonográfica, construiu brilhante trajetó- ria, conquistou a liderança em vendagens de discos, recebeu prêmios, fez tur- nês no exterior, lançou ál- buns em outros países, ca- sou-se com o poeta e com- positor Paulo César Pinhei- ro, gravou 16 LPs, e cerca de uma centena de com- pactos simples, fez espetá- culos memoráveis (“Poeta, Moça e Violão”, com Toquinho e Vi- nícius de Moraes, “Brasileiro Profis- são Esperança”, ao lado de Paulo Gracindo, com texto de Paulo Pon- tes, crônicas de Antônio Maria, can- ções de Dolores Duran e direção de Bibi Ferreira) espetáculos próprios, como “O Canto das Três Raças” e “Clara Mestiça”, todos de notório êxito. A grande revelação do livro de Maria Gonçalves da Silva é a cons- trução do retrato da fulgurante e sensível Clara de modo distinto do perfil de uma obra biográfica. Os leitores têm a possibilidade de com- preender o quanto a sensibilidade da intérprete floresceu na família. A cada retorno à sua terra, Clara, tra- zia consigo generosidade e delica- deza que surpreendiam e emocio- navam a própria irmã. Destaca-se também o primoroso trabalho do Prof. Josemir Nogueira Teixeira ao transpor os relatos para a forma de livro. Organizou as entrevistas com foco narrativo de primeira pessoa, “onde sobressai a fala da entrevis- tada como depoente e narradora”, diante de um interlocutor oculto. Dis- curso direto e indireto, dinamismo e velocidade estruturam o texto. Re- lembra Nogueira Teixeira: “Ser é ser como memória. [...] Memória não é história; a verdade da memória não é uma verdade histórica, mas um substrato sobre o qual se pode construir a narrativa histórica.” A obra é realização do Instituto Cla- ra Nunes e do Programa em Exten- são Memorial Clara Nunes da Uni- versidade Federal de São João del- Rei. A capa tem concepção de Herik Rafael Oliveira e fotografia do Stu- dio Jeane. Na contemporaneidade, o es- tudo da memória insere-se na esfe- ra da transdisciplinaridade, em que diferentes áreas do conhecimento interpenetram-se construtivamente. Este livro de memórias sobre a ex- cepcional intérprete afirma a identi- dade – tão rara - entre ser e obra. “Clara: uma luz que se acendeu. Fogo, era o fogo de Xangô”, diz a canção que Francis Hime e Geral- do Carneiro dedicaram à estrela. Que este livro encante os leitores e abra portas para a compreensão e expansão do amplo e belíssimo le- gado da excepcional Clara Nunes. Oxalá ! Livro: CLARA NUNES NAS MEMÓRIAS DE SUA IRMÃ DINDINHA MARIQUITA - 270 páginas. Autores: Maria Gonçalves da Silva e Josemir Teixeira Nogueira. Editora Jaguaritica. Para comprar: Instituto Clara Nunes: (31)3714-6702 e [email protected] e Jaguatirica: (21)4141-5145 e [email protected] Clara Nunes divulga ção

Ano XXXI Nº 375 novembro de 2020 CLARA NUNES: ÉTICA E

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Ano XXXI Nº 375 novembro de 2020

“ É Clara princesa / no país daescuridão acesa” (Clara, de Geral-

do Carneiro e Francis Hime)

Ótima surpresa para os leito-res: os que gostam de música dequalidade, os que admiram a extra-ordinária arte de Clara Nunes (1942-1983), os que gostam de narrativasbrasileiras bem contadas, com aespontaneidade da memória. Aca-ba de ser lançado “CLARA NUNESnas memórias de sua irmã dindinhaMariquita”, parceria entre MariaGonçalves da Silva e Josemir No-gueira Teixeira, filósofo, professor epoeta. PubIicação da Editora Jagua-tirica, o livro reúne memórias da irmãde Clara, que a criou desde a infân-cia, quando a cantora ficou órfã.Clara nasceu em 1942, na cidadede Paraopeba, Distrito de Cedro,Minas Gerais. Anos depois, o distri-to emancipou-se e recebeu o nomede Caetanópolis. Da vida de Claraainda menina, brincando livre entrepássaros e árvores e começando acantar na escola e no coral da igre-ja, as memórias trazem testemunhoverdadeiro, com cenas curiosas, te-cidas num fio de linha vivo, íntegroe vibrante. Um relato que somenteMaria Gonçalves da Silva poderiaapresentar.

As memórias criam pontos deconexão entre literatura, psicologia,sociologia e história, abrindo portaspara o conhecimento das condiçõesde uma época, um grupo social, umacidade, um país. No caso de umagrande artista como Clara Nunes,intérprete, pesquisadora e compo-sitora de enorme talento, expressi-vidade, rigor estético, que fez opçãopela música brasileira, é incontestea relevância deste livro, que traz oretrato da menina Clara Francisca,do modo como lidou com os inúme-ros desafios de vida e se transfor-mou numa das maiores estrelas bra-sileiras. Sensível e tenaz, sempreesteve consciente de que nascerapara realizar uma missão com a suavoz de cristal. Foi filha caçula de ummúsico popular, instrumentista res-peitado na cidade, Manoel Pereirade Araújo, conhecido como “ManéSerrador”, violonista que organiza-va as Folias de Reis e tocava diari-

CLARA NUNES: ÉTICA E SENSIBILIDADE INCOMUMBeatriz Helena Ramos Amaral

BEATRIZ HELENA RAMOSAMARAL, Doutoranda em

Comunicação e Semiótica eMestre em Literatura,

autora de Peixe Papiro eA Transmutação Metalinguística

na Poética de Edgard Braga,entre outros.

amente em casa. Uma curiosidade:Clara tinha dois anos quando per-deu o pai. Foi a única dos irmãosque não teve a oportunidade deaprender música com ele. Mas agenética favoreceu a caçula, que en-cantou o Brasil e o mundo.

Como bem salienta a historia-dora Sílvia Brügger, no prefácio aolivro, o papel de Dona Mariquita “emrelação aos legados da irmã famo-sa é a de uma guardiã de memóri-as. Memórias materializadas emobjetos que hoje formam o acervodo Memorial Clara Nunes, mas quepor muitos anos foram cuidados, so-bretudo, em razão do sentimentoque a unia à sua irmã caçula.” Oconjunto de mais de nove mil itens,troféus, prêmios, vestimentas, aces-sórios, estátuas, objetos pessoais,livros, peças de decoração, discos,acervo fotográfico, artigos de jornal,revistas, vídeos, cartas, depoimen-tos, hoje “permitem a quem visita oMemorial ou pesquisa em seu acer-vo refletir sobre questões importan-tes da história e da cultura brasilei-ra” (S. Brügger, p.10, prefácio).

O autor memorialista dispõe dedupla possibilidade: oferece umavisão da história, mas personaliza-da. Apresenta história particular epessoal de que também é persona-gem e narrador. Nestas memórias,escritas com a colaboração de Jo-semir Nogueira Teixeira, a autoratraz fatos, confidências e impres-sões. Os temas se desprendem deum capítulo e são retomados nou-tro, trazendo surpreendentes rela-tos da vida de Clara, seu casamen-to com o poeta, compositor e escri-tor Paulo César Pinheiro, a assina-tura do contrato com a gravadoraOdeon (EMI), em que gravou 16 ál-buns individuais, além de quase 100compactos-simples. Sempre procu-rada para entrevistas, Maria Gon-çalves da Silva decidiu compartilharcom o público a história de seu con-vívio com a cantora.

Contextualização importanteda vida de Clara, o texto é compos-to de 38 capítulos e de um cadernoiconográfico de imagens da famíliae do início de carreira, quando, vi-toriosa em Minas Gerais no concur-so “A VOZ DE OURO ABC”, a canto-ra ganhou programa de rádio emBelo Horizonte, e, depois, um pro-

grama de TV intitulado“Clara apresenta”. Estafase de sua profissionaliza-ção antecede a ida da parao Rio de Janeiro, onde as-sinou contrato com a gra-vadora Odeon, iniciou suaprodução fonográf ica,construiu brilhante trajetó-ria, conquistou a liderançaem vendagens de discos,recebeu prêmios, fez tur-nês no exterior, lançou ál-buns em outros países, ca-sou-se com o poeta e com-positor Paulo César Pinhei-ro, gravou 16 LPs, e cercade uma centena de com-pactos simples, fez espetá-culos memoráveis (“Poeta,Moça e Violão”, com Toquinho e Vi-nícius de Moraes, “Brasileiro Profis-são Esperança”, ao lado de PauloGracindo, com texto de Paulo Pon-tes, crônicas de Antônio Maria, can-ções de Dolores Duran e direção deBibi Ferreira) espetáculos próprios,como “O Canto das Três Raças” e“Clara Mestiça”, todos de notórioêxito.

A grande revelação do livro deMaria Gonçalves da Silva é a cons-trução do retrato da fulgurante esensível Clara de modo distinto doperfil de uma obra biográfica. Osleitores têm a possibilidade de com-preender o quanto a sensibilidadeda intérprete floresceu na família. Acada retorno à sua terra, Clara, tra-zia consigo generosidade e delica-deza que surpreendiam e emocio-navam a própria irmã. Destaca-setambém o primoroso trabalho doProf. Josemir Nogueira Teixeira aotranspor os relatos para a forma delivro. Organizou as entrevistas comfoco narrativo de primeira pessoa,“onde sobressai a fala da entrevis-tada como depoente e narradora”,diante de um interlocutor oculto. Dis-curso direto e indireto, dinamismo evelocidade estruturam o texto. Re-lembra Nogueira Teixeira: “Ser é sercomo memória. [...] Memória não éhistória; a verdade da memória nãoé uma verdade histórica, mas umsubstrato sobre o qual se podeconstruir a narrativa histórica.” Aobra é realização do Instituto Cla-ra Nunes e do Programa em Exten-são Memorial Clara Nunes da Uni-

versidade Federal de São João del-Rei. A capa tem concepção de HerikRafael Oliveira e fotografia do Stu-dio Jeane.

Na contemporaneidade, o es-tudo da memória insere-se na esfe-ra da transdisciplinaridade, em quediferentes áreas do conhecimentointerpenetram-se construtivamente.Este livro de memórias sobre a ex-cepcional intérprete afirma a identi-dade – tão rara - entre ser e obra.“Clara: uma luz que se acendeu.Fogo, era o fogo de Xangô”, diz acanção que Francis Hime e Geral-do Carneiro dedicaram à estrela.Que este livro encante os leitores eabra portas para a compreensão eexpansão do amplo e belíssimo le-gado da excepcional Clara Nunes.Oxalá !

Livro: CLARA NUNES NASMEMÓRIAS DE SUA IRMÃ

DINDINHA MARIQUITA - 270 páginas.Autores: Maria Gonçalves da Silva eJosemir Teixeira Nogueira. EditoraJaguaritica. Para comprar: Instituto

Clara Nunes: (31)3714-6702 [email protected] e

Jaguatirica: (21)4141-5145 [email protected]

Clara Nunes

divulga

ção

Periodicidade: mensal - www.linguagemviva.com.brEditores: Adriano Nogueira (1928 - 2004) e Rosani Abou Adal

Rua Herval, 902 - São Paulo - SP - 03062-000Tels.: (11) 2693-0392 - 97358-6255

Distribuição: Encarte em A Tribuna Piracicabana, distribuído aassinantes, bibliotecas, livrarias, entidades, escritores e faculdades.

Impresso em A Tribuna Piracicabana -Rua Tiradentes, 647 - Piracicaba - SP - 13400-760

Selos e logo de Xavier - www.xavierdelima1.wix.com/xaviArtigos e poemas assinados são de responsabilidade dos autoresO conteúdo dos anúncios é de responsabilidade das empresas.

Página 2 - novembro de 2020

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Ficava na rua 13 de maioa casa dos meus avós.No outono, o vento fazia

rodopiar a poeira e as folhas, en-quanto as crianças cantavam demãos dadas uma ciranda: “_ O anelque tu me deste/ Era vidro e se que-brou/ O amor que tu me tinhas/ Erapouco e se acabou.” Sentia todamelancolia desses versos: o anelque deveria ser um vínculo, uma ali-ança, o símbolo de uma união fiel elivre, era falso, um afeto sem forçae sem palavra. Foi jogado do altode uma torre no mar do esqueci-mento, engolido por um peixe, porum turbilhão de desejos.

Foi talvez uma lembrança forteassim que inspirou a escritora AnaLuísa Escorel (1944...) a concebero romance Anel de Vidro. Quatropersonagens numa ciranda, expon-do a liquefação de suas relações ín-timas. Compromisso, família, trai-ções, armadilhas, genealogias, he-rança. Todos vítimas de um adulté-rio, numa trama em que o anel sequebrou em estilhaços de dor e re-núncia.

Na mesma rua da minha infân-cia, havia uma pequena mercearia,que chamávamos, nesta terra defronteira, de “bolicho”. No bolicho,vendiam-se pedaços de doce de figoou goiaba, cobertos de açúcar, comum anel pendurado. Um tinha umapedra vermelha como rubi, outroverde como esmeralda e outro bri-lhava como diamante. Fazia coleçãodeles. Colocava-os nos dedosolhando minhas mãos de longe,num gesto feminino e egocêntrico.Às vezes os beijava. Como o poetaportuguês Mário de Sá-Carneiro(1890-1916), que se suicidou, malsaído da adolescência, escreveu nopoema “Dispersão”: “Eu beijo asminhas mãos brancas.../Sou amor epiedade/ Em face dessas mãos bran-cas... Tristes mãos longas e lindas.”

Raquel Naveira

ANEL DE VIDROMeu avô observava a cena e

dizia sorrindo: “ - Está com a mãocheia de anéis? Parece o Josetti.”

O Josetti era um tipo popular,dos anos setenta, que vivia vagan-do pela cidade. Foi descrito por Ulys-ses Serra (1906-1972), num livroque marcou a literatura sul-mato-grossense, Camalotes e Guavirais:“Josetti era um vaganau diferente.De família ilustre, tinha cordura emansuetude. O riso comedido e ogesto ainda elegante repontavamdos andrajos que o cobriam. Usavaoito, dez, doze e mais anéis em cadamão, de latão e pechisbeque, umaverdadeira manopla.” Talvez usas-se tantos anéis porque perdera amulher amada e ganhara em trocaum destino infeliz.

Recordo-me quando veio a no-tícia da morte de Josetti, numa ma-drugada fria, nas escadarias do Edi-fício Korndorfer, primeira galeria delojas no centro, um marco da mo-dernidade. Encontraram-no enrege-lado com seus anéis.

Guardei os anéis de vidro numacaixinha de veludo, que um dia de-sapareceu. Eram anéis que me uni-am a um esposo místico. Que meisolavam e me tornavam escrava deum amo absoluto. Com aquelesanéis eu abria portas, entrava emcastelos e cavernas. Fizera atravésdeles um pacto com poderes mági-cos.

Do carro, observo os umbraisconservados da casa de meus avós.Ouço ainda a cantiga de roda: “Oanel que tu me deste era vidro e sequebrou...” O amor dentro de mimfulge como ouro. É laço que nadapode romper.

R. Major Basílio, 441 - Cjs. 10 e 11 - Mooca - São PauloTel.: (11) 2601-2200 - [email protected]

Roberto Scarano

Trabalhista -Cível - Família OAB - SP 47239

Advogado

Raquel Naveira é escritora,crítica literária, professora

universitária, vice-presidenteda Academia Sul-Mato-

Grossense de Letras e Mestreem Comunicação e Letras pela

Universidade PresbiterianaMackenzie, de São Paulo.

Durante a pandemia,eterna luta entre Deuse o Diabo, as ideias vi-

eram-me à cabeça como uma epi-fania. Preço alto, milhares de mor-tes, preço terrível, o heroísmo daMedicina contra a arma maldita doCorona-vírus. Não há ideia de cas-tigo ou salvação, apenas fatos, re-alidade da condição humana. Deusnos deu inteligência e o livre arbí-trio. Cada um escolhe o caminho esua luta. A não opção é, evidente-mente, mais cômoda. Clarividênciaé trabalho e o comprar briga entreo coração, a alma e a inteligênciatambém; mornidão é agradável.Mas com que direito podemos evi-tar o chamado, a epifania? É umpresente de Deus. E como Ele exis-te não temos o direito de ignorá-lo.Por isso, que quando a ideia sur-giu, incômoda como mosca bendi-ta, o remédio é aceitá-la. E entãoresolvi atender o chamado.

Adeus noites tranquilas, adeuso manso sono, comodismo só pen-sar na minha história comum, damulher que perdeu o doce compa-nheiro? Dia 24 de maio, agora, de2020, ele faleceu, não de Covid-19;seu coraçãozinho, tão grande e

O Chamado (ou Epifania) Ely Vieitez Lisboa amoroso, em vida, parou, aos 86

anos. Ele se foi assim, mansamen-te. Sofri e ainda sofro com a tragé-dia inesperada, mas já chorei demaise então surgiu uma ideia luminosa:Não será dele, do Amado, meu Anjoda Guarda que, do lado de lá, já vis-lumbrou tudo?! Senti-me privilegia-da, escolhida, feliz com a hipótese(sempre as hipóteses...), descobriraos oitenta e cinco anos, uma saídapara o mistério, que, como diz Drum-mond, o profético, “se não há por-ta”?

Esperei emocionada o dia che-gar (por que o relógio é tão lento?!) para começar minha grande pesqui-sa com a cura do meu desequilíbrio.Fazer a consulta para a cura do meudesequilíbrio (até hoje os médicosnão conseguiram). Fazer uma con-sulta mexendo com os cristais deminha cabeça e voltar a andar comdesenvoltura. Adeus bengala!Adeus ajuda da minha cuidadoraRita de Cássia Moraes. Sem ela aquarentena seria o inferno. Deusabriu-me uma porta? Que eu sejacorajosa, deixando o comodismo eaprendendo a acreditar, sendo me-nos cética. Vamos à luta! Aceito amissão.Ely Vieitez Lisboa é escritora.

elyvieitez@ uol.com.br

Página 3 - novembro de 2020

Livro de estreia de AndréOsório, “Observação dagravidade” (Ed. Guerra e

Paz, Lisboa, 2020) revela-nos um jo-vem autor português que aos vinte eum anos impõe-se por uma preco-ce, mas plena maturidade criativa.Esse conjunto de poemas resulta nãoapenas do olhar imerso num lirismomuito peculiar, mas também de umaintrospecção metafísica.

Dividido em três seções – Gra-vuras, Observação da Gravidade eMuseologia – sua cartografia poéticapercorre múltiplos cenários numa re-visita àqueles sítios que são referên-cias para a construção de sua per-sonalidade e de sua criação literária.Espaço, tempo e memória alinhavamuma cartografia sensorial, a partir deuma aguçada sensibilidade e de umanostalgia que vasculham os espaçosdomésticos, a partir do qual reverbe-ra um amplo campo de referênciaspessoais e literárias.

Permeado por um eu lírico nadaexacerbado e uma reflexão sobre suarelação com os mundos que o cer-cam (o geográfico, o afetivo, o psico-lógico), o autor desnuda as camadasde sua precoce, mas intensa experi-ência vivencial, sem a tentação doconfessional.

No trânsito por universos e at-mosferas que oferecem matéria ecircunstância para uma poesia demergulho em um presente repleto depassados ainda tão recentes, a infân-cia e a adolescência são os emula-dores melancólicos de uma identida-de que se quer resgatar e de umaancestralidade que busca reafirmar.Como no poema “A apanha da con-quilha”, a delicada escritura de AndréOsório remete-nos àquele sentimen-to já expresso por Carlos Drummondde Andrade - É o menino em nós/ oufora de nós/ recolhendo o mito – e quehabita o seu inconsciente familiar,social e humano e projeta-se cominegável carga metafórica e onírica,culminando num sutil inventário exis-tencial.

Entre poemas mais longos eversos que optam pela economia demeios, a poesia de André Osórioconstrói-se a partir de imagens docotidiano e palmilha um imaginárioque flerta com outros campos artísti-

INVENTÁRIO DE UM DESASSOSSEGORonaldo Cagiano O silêncio tem falado alto.

Discordamos.É sua função ficar quieto.

Insistente,ele arrasta memórias

como quem puxa seu trenzinhode estimação.

Tapo os ouvidos,inutilmente.

Silêncios conhecem o caminhodos sentidos.

lho do autor, em contínuo processo,requer uma insularidade necessáriapara alcançar o esmero da palavrafinal. Em “Poema” o autor declara-ocomo seu regaço, o território em quemais se sente à vontade, o seu re-fúgio estimulante, dele extraindo aseiva elaborada de uma rica escri-tura, pois “A sua arte é a de auscul-tar o vazio/ pela artéria de dentro” e,numa solidão luminosa, alimentarsua fome de dizer.

A poesia que inaugura a galá-xia literária de André Osório é origi-nal, límpida e epifânica: disseminasua força gravitacional como obra dedimensão superior, que impulsiona“um voltar às raízes,/ à terra...”, poiso autor compreende, na complexi-dade das escrevivências, que sem-pre se está a realizar um encontrode contas com a vida, as relações eas pessoas, eis que “aí reside omundo. Aí ele escapa”. E nas “inter-mitências” entre o chegar e partir,entre o visto, o vivido e o sentido, in-trojeta-se o espelho que agudiza osdilemas da caminhada, mas “os fa-róis esquadrinham/ o seu reflexo” eo poeta, com seu facho, se apazi-gua nos amplos espectros de suapoesia, essa arte que, no dizer deJean-Claude Pinson (“Para que ser-ve a poesia hoje?”), é “uma físicarepleta de incerteza”, instância que“faz vibrar em nós a corda enigmáti-ca do tempo, isso mesmo em quese mostra mais inescrutável.”

cos (como a mú-sica, o cinema, asartes plásticas).Diáfana, a lingua-gem que bebenessas várias fon-tes estéticas es-parrama-se poruma intertextuali-dade, evidência deseu repertório deleituras tanto literá-rias quanto domundo, ao mes-mo tempo em quenota-se um equilí-brio entre forma econteúdo, a pre-sença de harmo-nia e ritmo na híbri-da construção po-ética, por todos os ângulos, estrutu-rada com rigor, densidade temáticae cristalinidade verbal.

“Observação da gravidade” éuma radiografia dos escaninhos fa-miliares, de onde emula suas mira-gens e pressiona o gatilho da me-mória, por meio do que escreve umabiografia coletiva a partir dos mun-dos que se formaram ou agora sãoreinventados em chave de catarse.Osório mira-se pelo “olho de umacasa/ que olha para dentro”, espa-ço mí(s)tico, lúdico e telúrico peloqual vislumbra um mapa do desas-sossego, na rota de sensações eexplosão dos sentidos, beiral deonde o poeta pinta com as palavrasa caleidoscópica gravura de seupercurso humano e social movidopela inquirição. Compõe, assim, umfecundo museu de preciosidades aorastrear questões que lhe são es-senciais em meio aos labirintos,conflitos e demandas contemporâ-neas, com o amálgama de um inti-mismo sem afetações, que conver-ge numa arquitetura poética, em quea exegese da realidade interior seconecta com a semântica do mun-do exterior e conflituoso, prospectan-do-lhes as minúcias, num exercí-cio depurado e numa dicção povoa-da de símbolos.

O desvelo com o valor e a fun-ção da arte também está expressonesse livro, como se lê em “Aus-chwitz”, sintomaticamente uma ale-goria da necessidade de se estabe-lecer uma espécie de campo deconcentração textual, onde o traba-

Ronaldo Cagiano é escritorbrasileiro e crítico literario.

Reside em Portugal.

André Osóriod

ivulgaçã

o

DESACORDOFlora Figueiredo

Flora Figueiredo é escritora,cronista, poeta, jornalista,

tradutora e compositora. Autorade Chão de Vento, Limão Rosa,

Florescência, entre outroslivros. Exerceu o cargo de

Vice-presidente da Associaçãodas Jornalistas

e Escritoras do Brasil.

O VIOLÃORaymundo Farias de Oliveira

Há uma ternura infinitano violão que murmuraturbilhões de segredosna dança dos dedos...

dedos divinosdançando no braço do pinho

como se fossem meninosbrincando à luz do luar...melodias e harmonias

e acordes colorindo a belezada poesia escondida

no bojo do violão!Ele que vive

a maior parte de sua vidano silêncio e na solidão.

Crianças pele e ossoa morrer de fomeem todo o Planeta,seus governantesem plena luxúria.

Rosani Abou Adal

Raymundo Farias de Oliveira éescritor, poeta e procurador

do Estado aposentado.

Página 4 - novembro de 2020

Economista e advogada, amineira Zilah Corrêa deAraujo dedicou-se ao

exercício profissional em paralelo àprodução ficcional sob o pseudôni-mo de Bárbara de Araujo. Nessecampo publicou cinco livros, todoseles premiados, o que representafato inusitado em nossas letras.

Nascida em Campo Belo(1916), a autora residiu por muitotempo em São João Del-Rei, ondeo pai exerceu o cargo de promotorpúblico. Transferiu-se em seguidapara o Rio de Janeiro, fixando-sedepois em Belo Horizonte. Iniciou acarreira literária divulgando contosatravés das revistas “Cigarra” e “OCruzeiro”, publicando nesta, comofolhetim, o romance Uma flor so-bre o muro, editado posteriormenteem livro (1955) laureado pela Aca-demia Mineira de Letras. A narrati-va se passa em São João Del-Rei,tendo como personagem principaluma moça ingênua e tímida, vindade pequena cidade do interior como pai viúvo, contratado para lecio-nar História num colégio da cidade.Residindo de início numa pensão,faz amizade com a filha da dona,jovem arguta e moderna, que tentaatualizá-la nas vestes e nas ideias.Acompanha-a porem memórias dainfância, onde avulta a figura damãe, ora displicente, ora atormen-tando-a com humilhações. Não en-tende o porquê de ter sido compa-rada à avó que, sempre alheia aomarido, administrou imensas terrasde propriedade rural, com forte gê-nio autoritário e atitudes indepen-dentes. (Algumas semelhanças des-se caráter rígido seriam utilizadasmais tarde pela autora para comporo perfil da protagonista central deoutro romance). Mesclam a narrati-va descrições da paisagem da his-tórica cidade, como igrejas, festejotradicionais, pontes, chafarizes esobrados antigos, em especial o lo-calizado no largo de São Francis-co, no qual teriam residido o incon-fidente Alvarenga Peixoto e Bárba-ra Heliodora.

Ainda entristecida com a parti-da da amiga para o Rio de Janeiro,a jovem recobra aos poucos a es-tabilidade emocional, animada porobter colocação definitiva como pro-fessora primária e por descobrir afi-nal o amor.

A PREMIADA ESCRITORA BÁRBARA DE ARAUJONo mesmo ano de 1955 sairia

outro romance da autora, sob o tí-tulo de Loja de ilusões e agracia-do com o prêmio “Júlia Lopes de Al-meida” da Academia Brasileira deLetras. Suas cenas transcorremnuma inominada metrópole de lar-gas avenidas com trânsito intensoe numerosos edifícios comerciais.No andar térreo de um deles locali-za-se o epicentro da história, movi-mentado salão de beleza onde tra-balha a manicure Neusa, protago-nista principal da trama. Diligente eesforçada, ela ajuda a sustentar acasa com irmãos menores, filhos dosegundo casamento da mãe. O pa-drasto, irresponsável e alcoólatra,abandona o lar de tempos a tem-pos, para viver com a amante. Re-torna sempre, protestando emen-dar-se, mas voltando a ausentar-senum vai-e-vem constante. Frequen-tam o salão damas da sociedade,que participam de “diz-que-disses”,comentários e confissões íntimas.Cada cabeleireira e manicure pos-sui também sua história e problemasparticulares. A mais culta e inteligen-te delas exerce influência sobreNeusa, que decide continuar os es-tudos, para um dia mudar de profis-são. Uma das freguesas, detestadapor todas, mas bem tratada pelasfuncionárias por sua condição eco-nômica social elevada, tem o hábitode perguntas indiscretas sobre avida alheia com críticas sobre aspessoas. Considerando-se ofendi-da por uma resposta, deixa de com-parecer ao salão. Então convidaNeusa para fazer-lhe as unhas emsua mansão. As visitas se repeteme nasce do convívio um tímido na-moro com “filho” (na realidade so-

brinho) da milionária, um rapaz he-sitante e dependente. Ao descobrira relação a tia se opõe, face à con-dição social da manicure. Os doispassam então a se encontrarem àsescondidas. O jovem tenta inutil-mente mudar a posição da mada-me, que se mantêm irredutível. Elerompe por fim a submissão criandocoragem para comparecer à forma-tura da namorada. A insubordina-ção, ainda que representasse atoisolado, reacende a esperança docasal em concretizar o sonho de umdia vir a se casar. O título do livroderiva da “filosofia” do dono do sa-lão, para quem a finalidade do re-cinto está em acalentar as ilusõesdas frequentadoras de manter amocidade, ou retardar a marcha davelhice, através de tinturas, pente-ados e massagens. A habilidade daautora intercala à narrativa episó-dios paralelos incitantes, que man-têm o interesse do leitor do começoao fim do romance.

Em 1969 E oferecerás a tuaoutra face foi galardoado com o“Prêmio Nacional do Romance”, daAcademia Paulista de Letras. Tra-ta-se da obra de maior densidadedramática de Bárbara de Araujo e ade mais numeroso elenco de per-sonagens e coadjuvantes. A açãoprincipal se passa no ambiente daFazenda Paineiras, região de OuroPreto, a partir da segunda metadedo século XIX. Na propriedade, sedede imenso latifúndio vive a famíliade velho patriarca, sua esposa, umaprole de oito filhos e grande escra-varia. Única mulher entre a irman-dade, Maria Emília desde menina semostra autêntica e independente,para desgosto dos pais e comentá-

rios dos vizinhos, por participar debanhos coletivos de cachoeira ecavalgar à maneira masculina. Osmodos da jovem levam à decisãopaterna de mandá-la educar-senum colégio de freiras em Marianae, principalmente, para adquirir pos-turas adequadas. Ao retornar, elapassa a adotar duplo comportamen-to, revelando-se por vezes uma per-feita dama e, em outras, voltandoaos hábitos antigos, inclusive ves-tindo-se com as roupas dos irmãospara cavalgar. A estas alturas come-çam a aparecer pretendentes à suamão, formando extensa lista manti-da em segredo. O pai sofre aciden-te, ficando cego e inutilizado. Comsua morte, Maria Emilia passa aadministrar as propriedades combraço forte. Casa-se com o filho dotabelião da vila, um artista nato de-dicado à escultura. A mulher o sub-juga por completo. Audaciosa, ad-quiri parte da herança deixada aosirmãos, com capital obtido por em-préstimo mediante hipoteca. Parasaldá-la, amplia as atividades pro-dutivas com fabricação de queijos,aguardente e criação de gado. Che-ga a viajar sozinha para negociarboiadas. Os vizinhos passam entãoa respeitá-la. Algumas tragédias edesentendimentos acontecem nafamília. A poderosa senhora passaa desconfiar do envolvimento domarido com uma escrava, afastan-do-o da relação conjugal. Despre-zado, ele mergulha em profundodesgosto e passa a perambular so-zinho pelos campos, de madrugada.Afinal sofre acidente pela queda deuma ponte que ruíra à sua passa-gem. Os escravos atribuem o fato auma armadilha montada pelo ciu-mento feitor, que foge. Enquantoisso o senhor definha, vindo a mor-rer, apesar dos desvelos da espo-sa, que se arrepende de o ter repe-lido. .

Não obstante cenas comumen-te encontradas em inúmeras outrasobras do gênero, a autora incor-pora ao romance ingredientes pe-culiares, que lhe conferem origina-lidade, e explora com maestria temaligado ao matriarcado, até entãopouco usual em nossas letras.

Premiado pela Prefeitura Mu-nicipal de Belo Horizonte, o roman-ce A flor do tempo (1972) não tempersonagens principais, como nosanteriores, todas centradas em fi-guras femininas. Apresenta cunhoeminentemente social ao mostrar as

Rui Ribeiro

Página 5 - novembro de 2020

disparidades entre os habitan-tes de morro e aqueles de umametrópole. Os favelados lutampela sobrevivência, usandotoda a sorte de expedientes, in-cluindo a criatividade de meno-res que pedem esmolas, batemcarteiras e realizam pequenastarefas, como a de lavar car-ros, levar recados entre outrascavações. Há de tudo na comu-nidade carente, desde o temi-do feiticeiro, até a prostituta eo comerciante turco, instaladoem suas imediações. As águasviolentas de uma tempestadedestrói barracos, deixando aspessoas ao desabrigo, com aperda de todos seus trastes. Aícresce o espírito de solidarie-dade, com ações de ajuda mú-tua. Um vendedor de algodãodoce foi o mais prejudicado. So-corrido pelo compadre, funcio-nário morador na cidade, con-segue por interferência deste, em-prego e um lote para construção denovo barraco. Como sempre ocor-re em tais situações, teve que pro-meter angariar votos entre os fa-velados para a reeleição do pre-feito e eleição de seu chefe de ga-binete, candidato a vereador.

Na cidade, há personagenscomo a moça funcionária de umaloja de departamentos, filha de pro-fessor culto e inteligente, profundoconhecedor de línguas, como o la-tim e o grego. Alcoólatra contumaz,entretanto, consome em bebidas opouco que ganha lecionando. Onamorado da jovem atua como jor-nalista, alem de ser sócio de peque-na empresa de publicidade. Porsua iniciativa é promovido concur-so de televisão para premiar crian-ça da favela. Equipe de reporta-gem sobe ao morro, provocandocomentários favoráveis e contrári-os entre os moradores. Os fatossucedem por ocasião do Natal,quando lojas oferecem donativosaos pobres. Formam-se entãolongas filas às portas dos estabe-lecimentos comerciais. Outra figu-ra de relevo no enredo é um médi-co renomado e rico. Não obstante,pratica atos beneméritos socorren-do pessoas carentes no hospitalque dirige. Solteirão convicto, pos-sui várias amantes mas passa anoite de Natal sem a companhia denenhuma delas, chamado às pres-sas para operação cirúrgica deemergência. Enquanto isso, irma-nados, os moradores da favela fes-tejam a data, conformados com odestino, resumindo esperanças nafrase “Deus dá jeito para tudo”.

Embora conquistasse em 1961o prêmio “João Alphonsus” da Se-cretaria de Educação do Estadode Minas Gerais, O bezerro deouro só seria publicado nove anosdepois. Compõem-se de doze his-tórias curtas, que o crítico Temísto-cles Linhares classificou como de li-nha machadiana e de tendênciasintrospectivas. Apesar da variaçãonos temas destacam-se pela unida-de de concepção e pelo estilo ca-racterístico.

Um dos contos mais expressi-vos da autora consta de antologiaelaborada pela Editora do Escritor.Tem o título de “A estante” e des-creve o caminho percorrido por lite-rato estreante, desde a buscaexaustiva de técnica nova paradesenvolvimento da obra. Viriam emseguida os custos da impressão grá-fica e do lançamento entre amigos,tudo feito às próprias expensas,mediante empréstimo bancário. De-pois, a humilhante perambulação delivraria em livraria e a recusa dos li-vreiros, com “... aquela história deque, nessa época, era difícil venderficção”. Por fim a resignação de terque estocar quase a totalidade dosvolumes no quarto de pensão onderesidia, além da despesa extra nacompra de estante para abrigá-los.

Se o contexto ficcional da nar-rativa reproduz a realidade de mui-tos principiantes no ofício, não seaplicaria à escritora mineira. Ao queparece, não houve dificuldades mai-ores para a edição e distribuição deseus livros.

É difícil ser árabe neste mundoEm que a humanidade enlouqueceu.A Era de Aquário era bobagem,Um sonho que jamais aconteceu.

O futuro lindo que a genteEsperava com tanta impaciênciaChegou na forma de um triste presenteEm que nos faltam a alegria e a inocência.

É difícil ser árabe neste mundoEm que os fanatismos escondem o rosto de DeusQue deveria brilhar na sua imagemEm nós, seres humanos, filhos seus.

Mas árabes não são os terroristasQue cortam cabeças numa ação fanática.Os verdadeiros árabes são artistas,Amantes das flores e da Matemática.

Os verdadeiros árabes são as pontesQue ligaram o Oriente e o Ocidente.Não é possível esquecer as fontesQue irrigaram de saber a nossa mente.

Aristóteles, pelos árabes preservado.A rosa amarela trazida da China.Comunicação entre mundos - o legadoCom que o povo árabe nos fascina.

Um verdadeiro árabe não é terrorista,Como um verdadeiro alemão não é nazista.Essas coisas são momentos de infelicidadeQue envilecem a história da humanidade.

É difícil ser humano neste mundoE caminhar por ele sem feri-lo.Isto só vai mudar quando aprendermosA não nos servirmos de Deus,Porém, servi-lo.

Escrevo isso com muita tristezaDepois de tudo o que ocorreu na França.Mas, acredite, amiga, com certezaDesilusão não é desesperança.

Tudo isso vai passar :As almas pesarosasUm dia vão viver num mundo que sorri

E voltaremos todos a pensarNos árabes das rosas,Ancestrais da poetisa Rosani.

01/11/2020.Árabe não é sinônimo de muçulmano,

Nem muçulmano o é de terrorista.Lutemos todos por um mundo mais humano,

Crente ou ateu, mas humanista.

Para Rosani, com fraterno amor.Olivia Ikeda

Olivia Ikeda é escritora, poeta e advogada. Foi uma daspoetas homenageadas do 33º Psiu Poético.

Rui Ribeiro é escritor,advogado e crítico literário.

Página 6 - novembro de 2020

Capa e o projeto gráfico de Xavier

Prefácio de Raquel Naveira

Sebo Brandão:https://www.estantevirtual.com.br/brandaojr/rosani-abou-adal-manchetes-em-versos-1920679020

Manchetes em versos

Rosani Abou Adal

Carolina Ramos

Carolina Ramos é trovadora, professora,artista plástica, poeta, contista, cronista emusicista. Membro da Academia Santistade Letras, Academia Feminina de Letras,

União Brasileira dos Trovadores e doInstituto Histórico e Geográfico de Santos.

não peçamque eu mate as pedrasquando muitoposso de bom prazer evitá-lasdestruí-lasseria negar ao corpo caminhos...se não quero tropeçarcontemplá-las em seus relevose acolhê-las ao olharpode ser o início de um viversem que petrifiquemoso jeito criança de tocar a vida

Cada qual (a seu modo) todos burlamos odesconforme da morte. Maria Lúcia Dal Farra

Acorda Bela Adormecida!Ouve o clamor de teu Príncipeao beijar teu rosto amado!

Achega-te à imensa roda dos que te amamque se reúnem em precesno altar da esperança!

Volta com vigor para a tua lida,teu trabalho não está findo,e há muito a completar!

Desperta Bela Adormecida!Vem ouvir o rufar dos tambores,daqui e d’além mar.Eles te conclamam à alegre festa,porque, por fim, venceste a guerra!

A paisagem da cidadegrita por mudanças.

Prédios incríveiscomo cristas

erguem-se contra o céu.Chaminés ousadas

expelem tranquilamentefumacinhas venenosas

manchando o céu celeste.

Postes, antenasfios elétricos e botõezinhoscronometram o progresso

da humanidade.As plantas, como as pessoas

tentam viver,conviver, sobrevivercom as artimanhasda modernidade.

Quando eu canto no silêncio da noite,eu digo das manhãs que vêm do mar.

Não há claridade onde eu não me afoite.É o rei da luz que eu quero visitar.Que me dê paz a vida, não açoite.Sereno eu só me sinto em tal lugar.Que a plenitude, portanto, me acoite

E eu beba a inspiração que vêm do ar.Eu preciso cantar essas manhãs

que gravam-me luzeiros na memória.Pois das estrelas elas são irmãs.Que divinas maravilhas louçãs.

Que venturosas sensações de glória.Que Deus seja louvado em meus afãs.

O INVENTOR

Cel.: (11) 97382-6294 - [email protected]

Revisão -

Aulas Particulares

Profa. Sonia Adal da Costa

PEDRAS

Carlos Pessoa Rosa é escritor, poeta,médico, novelista, cronista, contista e

editor do site www.meiotom.art.br.

Carlos Pessoa Rosa

PROGRESSODjanira Pio

Djanira Pio é escritora, poeta e contista.

BELA ADORMECIDAAmaryllis Schloenbach

Amaryllis Schloenbach é escritora,poeta, jornalista e advogada.

Cantando asmanhãs de júbilo

Desde cedo, sonhava ser um diaum inventor famoso de verdade!

E alimentava a doce fantasia,no enlevo de servir à humanidade!

Cresceu ao acalanto da poesiae ao vê-la sucumbir à realidade,

sentiu que a fibra, aos poucos, lhe fugiadando morada às sombras da saudade!

Velho e cansado, em fuga da amargura,acomodou-se... a conquistar afetose a descobrir tesouros de ternura!

Nessa humilde renúncia às próprias glórias,rodeado de filhos e de netos,

nada mais foi que um inventor de histórias!...

Márcio Catunda

Márcio Catunda é escritor, poeta,compositor, letrista e diplomata.

à beira rioentalho o poema

palmo a palmoescuto a alma dos peixes

o passo dos pássaros

à sombrauma nave de sonhos

espanta meus assombros

nunca outroraaguardamos tanto

pelo anúncio da aurora

Dinovaldo Gilioli é escritor, poeta eativista cultural e diretor de Cultura do

Sindicato dos Eletricitários deFlorianópolis – Sinergia.

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Débora Novaes de Castro

Antologias:

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL -MOMENTOS - CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO -

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Opções de compra: 1.www.deboranovaesdecastro.com.br, LIVROS.2. E-mail: [email protected] 3. Correio: Rua Ática, 119

- ap. 122 - Jd. Brasil - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

LivrosResgate Livros & Autores, de Rui Ribeiro,

Edição do Autor, São Caetano (SP), 136 páginas.ISBN: 978-65-00-7640-0.O autor é escritor, advogado, crítico literário,

jornalista, historiador e pesquisador de Música e Li-teratura.

Colaborou na imprensa paulista com artigossobre autores, compositores e intérpretes.

A obra reúne 26 textos sobre autores esqueci-dos da nossa Literatura. A maioria dos artigos fo-ram publicados no jornal Linguagem Viva.

Rui Ribeiro: [email protected]

Fantasia, poemas de Napoleão Valadares,André Quicé Editor, Brasília (DF), 158 páginas.

O autor é escritor, poeta, advogado, membroda Academia de Letras do Brasil, da AcademiaBrasiliense de Letras, Associação Nacional de Es-critores e do Instituto Histórico e Geográfico do Dis-trito Federal.

A obra abriga sonetos, triolés, haicais, tankas,aldravias, circunstanciais, paródias e outros poe-mas.

Napoleão : [email protected]

A UNIÃO BRASILEIRA DEESCRITORES RJ - UBE-RJcongrega número ilimitado

de associados titulares efetivos, mem-bros correspondentes nacionais e inter-nacionais, autores de obras literárias,jornalísticas, científicas ou culturais.

Na UBE-RJ, cinco mulheres es-critoras são fundadoras, em 56 funda-dores: Alice Leonardos da Silva Lima,Dinah Silveira de Queiroz, Eneida deMoraes, Stella Leonardos e Zora Sel-jan.

Jorge Amado foi o primeiro vice-presidente da UBE-RJ, na década de1960. Vindo de Paris coordenou, pelaUBE-RJ, a Primeira Feira de Livros, combarraquinhas de livros com seus auto-res, dando origem ao 1º Festival Brasi-leiro de Escritores, no Shopping Centerde Copacabana, em 25/07/1960. Nosestandes, ficaram Jorge Amado, ZéliaGattai, Antonio Olinto e sua esposa ZoraSeljan e o famoso padrinho, GrandeOtelo vendendo livros. Visitada pelo Pre-sidente Juscelino Kubitschek.

O sucesso foi tanto que quandoDeputado Federal, Jorge Amado fez dadata, 25 de julho, o “Dia do Escritor”.

O Festival Brasileiro de Escritores,promovido pela UBE-RJ, se repetiu pormais dois anos. Depois se tornou anu-al com algumas editoras assumindo oempreendimento. Hoje são as Bienaisdo Livro.

Graças ao Presidente João Fagun-des de Menezes a UBE-RJ foi incluídana Federação Latino-Americana de So-ciedade de Escritores, com sede emCaracas, Venezuela, honra que só anossa entidade possui no Brasil.

Na gestão de Edir Meirelles, apartir de 2007, houve intensa moderni-zação na entidade. E a seu convite, façoparte da Diretoria da UBE-RJ, desde2008, já se passaram 12 anos.

Edir Meirelles, no Jubileu de Ouroda UBE-RJ, afinado com a cultura lite-rária realizou o Congresso Brasileiro deEscritores da Língua Portuguesa, crioua Medalha Jorge Amado para destaca-dos escritores e a Revista RenovArteem prosa e verso.

A revista da UBE-RJ teve e temproposta de edição de publicação anu-al. Em 2018 acorreu a edição comemo-rativa de seus 10 anos, nos 60 anos daUBE-RJ. A RenovArte tem promovido adivulgação da UBE-RJ e seus escrito-res em outras associações, academi-as, bem como em outros Estados e noExterior onde tem sido distribuída comgrande aceitação. É um dos nossos car-tões de visita pela qualidade editorial eliterariedade.

25 Anos de Poesia - ouvindo o silêncio,poemas de Sonia Sales, Editora, Kelps, Goiânia(GO), 425 páginas. ISBN: 9786586148565.

A autora é escritora, poeta, ensaísta, membrotitular da Academia Carioca de Letras, da Acade-mia Luso Brasileira de Letras, do Instituto Históri-co e Geográfico de São Paulo, da Sociedade Eçade Queiroz - Rio e do PEN Clube do Brasil.

A obra reúne 382 poemas em comemoraçãoaos 25 anos de carreira poética da autora dos li-vros A Chama Breve, Da Essência ao Divino, Ou-vindo o Silêncio, Girassóis Maduros, Os Dedosda Morte e Sol Desativado. Abriga banco de ima-gens e textos sobre os seus poemas que foramenviados por renomados escritores do Brasil.

Sonia Sales: [email protected]

Valiosos Parceiros caminham co-nosco. Nosso intercâmbio com a Soci-edade Nacional de Agricultura - SNA, aRede Mídia /Jornal Sem Fronteiras, oPEN Clube do Brasil, a ACL, a FALARJ,o ICCA, o Centro Cultural Clube MonteLíbano, entre outros, tem potencializa-do a manutenção de nossos encontrosliterários, seminários e programaçõesculturais, sociais integrando escritorescom a sociedade e a cultura brasileira.

As atividades anuais da UBE-RJfazem importantes conexões culturaiscom as comunidades de escritores, sãoelas: Troféu Rio, Troféu Rosa de Pínda-ro, Medalha Jorge Amado - 2008 a 2017e Medalha Gilberto Freyre - 2018 e2020, que entendemos ser a oportuni-dade de divulgação e promoção de es-critores e da entidade. A UBE-RJ, atra-vés de seus concursos e premiaçõestem reconhecido talentos literários e re-velado novos escritores em todo o Bra-sil e Exterior. Premiar nos ConcursosInternacionais e Internos, nos PrêmiosAnuais de Diretoria ou ainda as home-nagens com medalhas são momentosque visam reconhecer escritores lusó-fonos de destaque literário nacional,pela excelência de suas obras.

No Seminário Internacional En-contro das Américas UBE-RJ/Rede Mí-dia/Jornal Sem Fronteiras e parceiro,que está no seu sexto ano - 2015/RJ,2016/RN, 2017/ARGENTINA, 2018/RJe 2019/RJ - palestras e conferênciaspossibilitaram escritores exteriorizaremideias e projetos. Esse grande intercam-bio tem resultado em publicações e in-terações continuadas.

A União Brasileira de EscritoresRJ possui equipe executiva muito com-prometida que se concentra em plane-jar e elaborar os diversos projetos quefazem parte dos empreendimentos cul-turais da nossa Instituição, atuação queacima de tudo, valoriza a literatura comoinstrumento de expansão da língua por-tuguesa para o aprimoramento dos es-critores efetivos e correspondentes, bemcomo descobre novos talentos nos seusdiversos trabalhos notáveis. Esses afa-zeres contínuos, em equipe, muito têmajudado a nossa instituição em vencerdesafios e implementar inovações comoa utilização virtual em concursos, reu-niões e solenidades.

Nos seus 11 anos a revista daUBE-RJ, a RenovArte é um dos fortessímbolos da União Brasileira de Escri-tores RJ, UBE-RJ e tem marcado épo-ca, feito e mostrado a nossa históriacomo instrumento de divulgação da cul-tura da UBE-RJ.

Parabéns Ubeanos,Juçara Valverde

Vice-presidente da UBE-RJ

2020 - UNIÃO BRASILEIRA DEESCRITORES RJ - UBE- RJ 62 ANOS

Juçara Valverde

Página 8 - novembro de 2020

Notícias

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Poesia Reunida - Paulo Co-lina, Editora Ciclo Contínuo Edito-rial, obra publicada em saudaçãoao septuagésimo aniversário dePaulo Colina (1950-1999), reúne otrabalho do poeta publicado emtrês livros nas décadas de 1980 e90. Editada por Eunice Souza eMarciano Ventura, com apresenta-ção do jornalista e escritor Oswal-do de Camargo, e posfácio do pes-quisador e crítico de literatura Ri-cardo Riso.

Anne Weber, escritora e tra-dutora, foi agraciada com o PrêmioGerman Book Prize. Autora da bio-grafia de Anne Beaumanoir intitu-lada Annette, ein Heldinnenepos(Annette, uma heroína épica, emtradução livre).

A Editora Aleph promovecampanha em prol do combate àsqueimadas no Pantanal. Quem fi-zer doação a uma entidade que tra-balhe na defesa da região poderádisponibilizar sem ônus o e-book doromance Os despossuídos e umwallpaper, de Ursula K. Le Guin,agraciada com o prêmio Nebula.Os interessados deverão enviar ocomprovante da doação [email protected].

Autonomia Universitária –30 anos no Estado de São Pau-lo, de Edson César dos SantosCabral e João Eduardo Lopes Quei-roz, foi lançada pela EditoraUNESP. A obra reúne 14 artigos deautores que são referência na edu-cação e no direito a respeito dosmúltiplos desdobramentos dotema abordado.

divulga

ção

A Fundação Editora UNESPlançou 20 livros digitais que estãodisponíveis gratuitamente no for-mato ePub, com opção de impres-são sob demanda. As obras sãoeditadas pela parceria firmada en-tre a Pró-Reitoria de Pós-Gradua-ção da UNESP e a Fundação Edi-tora da UNESP, através dos pro-gramas PROPG-FEU e o PROPG-CAD. www.editoraunesp.com.br

Tônio Caetano, laureadocom o Prêmio SESC de Literaturana categoria Contos, lançou Terranos cabelos pela Editora Record.

Alice Walker lançou A tercei-ra vida de Grange Copeland, Edi-tora José Olympio, com Traduçãode Carol Simmer e Marina Vargas.Alice foi agraciada com o PrêmioPulitzer de 1983 pelo livro A cor púr-pura. A obra revela o cotidiano deuma família negra no Sul dos Es-tados Unidos, por três gerações.

Ana Pacheco lançou Ponha-se no seu lugar!, Coleção Vaga-Lume através dos tempos, pelaEditora Ática. Jiro Takahashi e oescritor Luiz Puntel são os ideali-zadores da coleção.

A Sharjah International Lite-rary Agency, primeira agência lite-rária dos Emirados Árabes Unidos,foi anunciada na abertura da 39ªedição da Feira Internacional do Li-vro de Sharjah realizada no dia 4de novembro.

Mary del Priore, escritora ehistoriadora, lançou Sobreviventese guerreiras pela Editora Planeta.A obra apresenta a história da mu-lher brasileira de 1500 a 2000, dasindígenas, afrodescendentes, es-cravas, empregadas, amas de lei-te, feministas homossexuais e in-tegrantes do movimento LGBTQI+;de Cláudia Lessin Rodrigues eAída Curi à Daniella Perez e Mari-elle Franco.

Vítor Aguiar e Silva, profes-sor, teórico e escritor português, foiagraciado com o Prêmio Camões2020. O laureado é pesquisador daliteratura portuguesa dos séculos16 e 17 e um dos autores da Peti-ção em Defesa da Língua Portu-guesa Contra o Acordo Ortográfi-co. Autor de Teoria da Literatura,entre outras obras. Receberá aimportância de 100 mil euros. Em2019 foi agraciado o compositor eescritor Chico Buarque.

Autobiografia Precoce, dePatrícia Galvão (1910 - 1962), es-crita em 1940, foi lançada pelaCompanhia das Letras. A obraabrange aspectos pessoais, polí-ticos, literários, artísticos da vidada escritora, artista, militante polí-tica e tradutora.

Caê Guimarães, laureadocom o Prêmio SESC de Literatura2020, lançou o romance Encontrovocê no oitavo round pela EditoraRecord.

Marcelo Martins Silva lan-çou, pela Diadorim Editora, A ma-téria inacabada das coisas, poe-mas produzidos entre 2019 e 2020.

O 6º Prêmio Abeu divulgou arelação dos final istas emwww.premioabeu.com.br/. O prê-mio tem como objetivo incentivara qualificação das edições daseditoras universitárias e fomentara produção técnico-científica. Ascategorias que concorreram foramCiências Humanas, Ciências So-ciais, Ciências da Vida, CiênciasNaturais e Matemáticas, CiênciasSociais Aplicadas e Linguística,Letras e Artes; além de Projeto Grá-fico e Tradução, categoria introdu-zida em 2019.

O Prêmio Jabuti, promovidopela Câmara Brasileira do Livro, di-vulgou os cinco finalistas emwww.premiojabuti.com.br/

Eça de Queiroz, Agitador noBrasil e O Caso eu Conto como oCaso foi, de Paulo Cavalcanti, fo-ram lançados pela CEPE Editora.Cavalcanti nasceu em 25 de maiode 1915 (Olinda - PE) e faleceu nodia 31 de maio de 1995, em Recife(PE). Escritor, promotor público, jor-nalista e advogado. Foi deputadoestadual por duas vezes e verea-dor do Recife pelo PCB, em 1992.www.cepe.com.br

Guadalajara, cidade mexica-na, foi escolhida a Capital Mundialdo Livro, em 2022, pela UNESCO.O evento está previsto para se ini-ciar em 23 de abril de 2022.

Mulheres Quilombolas, anto-logia organizada por Selma dosSantos Dealdina, foi lançada peloSelo Sueli / Jandaíra. A obra reúnetextos de 18 mulheres que nasce-ram e viveram em comunidades qui-lombolas espalhadas pelo Brasil.Os trabalhos abordam uma plurali-dade de eixos temáticos apresen-tados – de violência doméstica aeducação.

O XIII Festival de Poesias deDois Córregos, promovido peloInstituto Usina de Sonhos, com otema Poesia a Arte do Encontro,realizado no dia 16 de outubro, comtransmissão ao vivo nas mídias so-ciais, disponibiliza vídeos individu-ais dos 27 poetas homenageadosno Facebook. POETAS HOMENA-GEADOS: Acre – Luisa Galvão Les-sa, Alagoas – João Gomes de Sá,Amapá – Joãozinho Gomes, Ama-zonas – Dori Carvalho, Bahia –José Inácio Vieira de Mello, Ceará-Mailson Furtado Viana, Espírito San-to – Renata Bonfim, Goiás – AliceSpíndola, Maranhão - Daniel BlumePereira de Almeida, Mato Grosso doSul - Raquel Naveira, Mato Grosso-Lucinda Nogueira Persona, MinasGerais – Aroldo Pereira, Pará – Al-fredo Garcia, Paraíba – RicardoBezerra, Paraná - Antonio ThadeuWojciechowski, Pernambuco –Cacá Lopes, Piauí – Diego MendesSousa, Rio de Janeiro – EduardoTornaghi, Rio Grande do Norte – Nil-dinha Freitas, Rio Grande do Sul –Oscar Henrique Marques Cardoso,Rondônia – José Danilo Rangel,Roraima – Eliakin Rufino, SantaCatarina – Dinovaldo Gilioli, SãoPaulo – Rosani Abou Adal, Sergipe– Izabel Nascimento, Tocantins –Eliosmar Veloso e Distrito Federal -Luciana Martins. https://www.facebook.com/Usina-de-So-nhos-253037314824361

Paulo Colina