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Revista Tempo Amazônico - ISSN 2357-7274| V. 3 | N.1 | julho-dezembro de 2015 | p. 128-158 Análise das cunhagens do Revista Reino Unido de Portugal, Tempo Brasil e Algarves na coleção Amazônico do Museu Histórico Nacional Paula Moura Aranha * Pedro Colares Heringer ** Resumo: as moedas são excelentes fontes para a compreensão de um determinado período histórico, pois carregam consigo um valioso conjunto de informações acerca de aspectos econômicos, políticos e culturais do corpo social que as gerou e consumiu. Neste artigo, os autores analisam um conjunto de moedas do período do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), presentes na Coleção de Numismática do Museu Histórico Nacional, sob o ponto de vista do objeto enquanto fonte documental. Através da consulta a catálogos especializados, levantamento de acervo em reserva técnica e análise de atributos instrínsecos e extrínsecos do material selecionado, e com base nos conceitos de cultura material e musealização, pretendeu-se entender o significado e o contexto da simbologia presente na numária desse Reino Unido. Palavras-chaves: Numismática; Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves; Museu Histórico Nacional; cultura material Abstract: coins are excellent sources for understanding a particular historical period because they carry a rich set of information about economical, political and cultural aspects of the society that generated and consumed them. In this article, the authors analyze a set of coins of the United Kingdom of Portugal, Brazil and Algarves period (1815- 1822), present in the Numismatic Collection of the National History Museum, from the point of view of the object as a documentary source. Through consultation with specialized catalogs, collection survey in storage, analysis of the intrinsic and extrinsic attributes of the selected material, and based on the concepts of material culture and musealization, we sought to understand the meaning and the context of the simbolic aspects present in the coins of this United Kingdom. Keywords: Numismatic; United Kingdom of Portugal, Brazil and Algarves; National History Museum; material culture * Mestranda em História pela Uerj, especializada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e graduada em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Museóloga do Ibram, lotada no Museu Histórico Nacional. Responsável pelo setor de Numismática do mesmo museu. Pesquisadora em Museologia, Numismática e seus desdobramentos. ** Museólogo do setor de Numismática do Museu Histórico Nacional/Instituto Brasileiro de Museus/Ministério da Cultura. Graduado em Museologia pela UNIRIO, Mestre em Arqueologia pelo Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional/UFRJ. Áreas principais de interesse: Numismática; Conservação de acervos; Arqueologia e Patrimônio.

ANPUH-PR - Análise das cunhagens do · 2019. 7. 2. · moedas do Brasil ̶ desde o período colonial até o meio circulante atual ̶ incluindo moedas comemorativas, provas de cunho

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Revista Tempo Amazônico - ISSN 2357-7274| V. 3 | N.1 | julho-dezembro de 2015 | p. 128-158

Análise das cunhagens do Revista Reino Unido de Portugal,

Tempo Brasil e Algarves na coleção Amazônico do Museu Histórico Nacional

Paula Moura Aranha* Pedro Colares Heringer**

Resumo: as moedas são excelentes fontes para a compreensão de um determinado período histórico, pois carregam consigo um valioso conjunto de informações acerca de aspectos econômicos, políticos e culturais do corpo social que as gerou e consumiu. Neste artigo, os autores analisam um conjunto de moedas do período do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), presentes na Coleção de Numismática do Museu Histórico Nacional, sob o ponto de vista do objeto enquanto fonte documental. Através da consulta a catálogos especializados, levantamento de acervo em reserva técnica e análise de atributos instrínsecos e extrínsecos do material selecionado, e com base nos conceitos de cultura material e musealização, pretendeu-se entender o significado e o contexto da simbologia presente na numária desse Reino Unido. Palavras-chaves: Numismática; Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves; Museu Histórico Nacional; cultura material

Abstract: coins are excellent sources for understanding a particular historical period because they carry a rich set of information about economical, political and cultural aspects of the society that generated and consumed them. In this article, the authors analyze a set of coins of the United Kingdom of Portugal, Brazil and Algarves period (1815-1822), present in the Numismatic Collection of the National History Museum, from the point of view of the object as a documentary source. Through consultation with specialized catalogs, collection survey in storage, analysis of the intrinsic and extrinsic attributes of the selected material, and based on the concepts of material culture and musealization, we sought to understand the meaning and the context of the simbolic aspects present in the coins of this United Kingdom. Keywords: Numismatic; United Kingdom of Portugal, Brazil and Algarves; National History Museum; material culture

* Mestranda em História pela Uerj, especializada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e graduada em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Museóloga do Ibram, lotada no Museu Histórico Nacional. Responsável pelo setor de Numismática do mesmo museu. Pesquisadora em Museologia, Numismática e seus desdobramentos. ** Museólogo do setor de Numismática do Museu Histórico Nacional/Instituto Brasileiro de Museus/Ministério da Cultura. Graduado em Museologia pela UNIRIO, Mestre em Arqueologia pelo Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional/UFRJ. Áreas principais de interesse: Numismática; Conservação de acervos; Arqueologia e Patrimônio.

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Introdução

Neste trabalho analisaremos a imagética do Reino Unido de Portugal, Brasil e

Algarves utilizada na produção monetária da época, com intuito de reunirmos exemplos do

que o poder real intencionava transmitir à sociedade neste contexto histórico específico. Para

tanto, foram selecionados exemplares pertencentes às coleções de moedas portuguesas e

brasileiras do acervo de numismática do Museu Histórico Nacional, localizado no Rio de

Janeiro, Brasil.

Acreditamos que este artigo possa ajudar o leitor a conhecer um pouco melhor esse

período histórico tão importante para o desenrolar dos acontecimentos que, menos de uma

década mais tarde, levariam o Brasil à sua independência. Entendendo a moeda como uma

eficiente plataforma de controle social e afirmação do poder real, o estudo das mensagens

contidas na produção monetária, através da análise dos elementos imagéticos que nela

constam, nos ajudam a reconhecer o que, para o Estado, deveria ser considerado como o

conjunto de símbolos oficiais do período e seu significado.

A Coleção de Numismática do Museu Histórico Nacional

A Coleção de Numismática do Museu Histórico Nacional é a maior do gênero

existente na América Latina e uma das mais importantes do mundo. Atualmente está

distribuída em diversas tipologias: moedas, valores impressos, medalhas, ordens honoríficas,

filatelia e sigilografia, contabilizando mais de cento e quarenta e cinco mil objetos. O núcleo

original desta coleção foi formado a partir de 1880, na Biblioteca Nacional, e transferido, em

1923, para o recém-fundado Museu Histórico Nacional. A este núcleo agregou-se inúmeras e

valiosas doações tanto de instituições, como Casa da Moeda, Arquivo Nacional, Museu

Nacional e Museu da Marinha, quanto feita por particulares, como Pedro Massena, Guilherme

Guinle, Eugênio Vergara Caffarelli, entre muitos outros. Dentre as doações feitas por

particulares, destaca-se aquela realizada pelo colecionador português, Comendador Antônio

Pedro de Andrade, que, devido à qualidade, volume e antiguidade dos objetos ̶ dentre eles

moedas e medalhas brasileiras e estrangeiras, principalmente portuguesas, assim como

exemplares da Antiguidade, como moedas gregas e romanas ̶ é considerada por muitos como

a mais importante doação particular já feita ao Setor de Numismática do Museu Histórico

Nacional.

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Destacam-se no acervo do museu três núcleos de grande importância: a Coleção de

moedas do Brasil ̶ desde o período colonial até o meio circulante atual ̶ incluindo moedas

comemorativas, provas de cunho e ensaios; coleção de moedas de Portugal e colônias, que

conta com cunhagens desde Afonso I até a república, além das colônias portuguesas da Ásia e

África; e por último, a coleção de moedas da Antiguidade, desde a criação da moeda metálica

até o império bizantino.

A musealização das moedas na coleção do Museu Histórico Nacional

É importante fazer uma breve apresentação do processo de musealização das moedas

que serão analisadas neste trabalho e de como as práticas que envolvem esse processo são

essenciais tanto para a preservação, quanto para a ampliação de informações acerca desses

objetos.

De acordo com André Desvallées e François Mairesse “a musealização é a operação

de extração, física e conceitual, de uma coisa de seu meio natural ou cultural de origem,

conferindo a ela um estatuto museal – isto é, transformando-a em musealium ou musealia, em

um ‘objeto de museu’ que se integre no campo museal”.1 A partir desta ideia verificamos que

o objeto retirado do seu contexto original e transferido para o museu recebe um novo papel,

de documento material, que traz consigo o testemunho autêntico do seu meio social, de sua

realidade original, ou seja, torna-se fonte de estudo e referência “a outros espaços, tempos e

significados”.2

No entanto, o processo de musealização não diz respeito apenas à ação de retirar o

objeto do seu uso cotidiano e transforma-lo em “objeto de museu”. As práticas exercidas após

uma criteriosa seleção são um importante fator de sua preservação. Segundo Marília Cury, a

musealização é entendida como “uma série de ações sobre os objetos, quais sejam: aquisição,

pesquisa, conservação, documentação e comunicação”.3

Essas ações são extremamente importantes e devem ser seguidas criteriosamente e de

acordo com a política da instituição. Antes da aquisição das peças devemos realizar uma

1 DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François (Ed.). Conceitos-chave de Museologia. Tradução e comentários de Bruno Brulon Soares e Marília Xavier Cury. São Paulo: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2013, p. 57. 2 MENESES, Ulpiano Bezerra de. A exposição museológica: reflexões sobre pontos críticos na prática contemporânea. Ciências em Museu. Belém, n. 4, 1992, p.111. 3 CURY, Marília Xavier. Exposição: concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2005, p. 26.

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investigação sobre seu histórico, autenticidade e capacidade de testemunho. Essa triagem se

faz essencial para que possamos formar um conjunto documental representativo do

determinado assunto, escolhendo quais objetos farão ou não parte desse seleto conjunto.

Lembramos que “todo objeto não preservado e não registrado é condenado à inacessibilidade

e à perda”.4 O processamento técnico do acervo, que envolve as atividades ligadas à

preservação e documentação dos bens, é, portanto, uma prática que objetiva assegurar o

acesso.

A procedência de grande parte das moedas que formam a coleção do museu histórico

nacional são coleções particulares ou institucionais. Por isso, esses objetos já haviam sido

retirados de circulação e de seus meios originais, sendo rearranjados de acordo com os

critérios de seus possuidores. Ao serem incorporados à coleção do museu, receberam um

status de bem cultural musealizado e passaram pelas etapas de processamento técnico, para

que pudessem ser reorganizadas de acordo com os métodos de trabalho utilizados no período

de sua aquisição, onde se formou um sistema documental coerente e expressivo. Essas

atividades constroem gradativa e constantemente o conjunto de dados acerca da coleção de

numismática do MHN de modo a transformá-la em suporte informacional e garantir o acesso

aos pesquisadores e visitantes. Assim, entendemos que a musealização das moedas que

circularam no período do denominado como Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves

possibilitou, além da preservação dos objetos, em si, novas perspectivas de estudo baseadas

no seu uso como elemento de transmissão de ideias.

A moeda como fonte documental

A moeda é fundamental para a dinâmica das sociedades urbanizadas e pode ser

entendida como um objeto de grande valor patrimonial devido às informações obtidas através

da análise de seus atributos intrínsecos e extrínsecos. Deve ser considerada como um

documento primário. Justamente por sua capacidade de permanecer quase completamente

inalterada frente à ação do tempo, graças à natureza durável do seu material, ela nos

possibilita o contato com uma realidade passada tornando-se importante suporte

informacional de caráter histórico, artístico, geográfico e econômico acerca do corpo social

4 LOUREIRO, Maria Lucia de Niemeyer Matheus; LOUREIRO, José Mauro Matheus. Documento e musealização: entretecendo conceitos. Midas [Online], 1, 2013. Disponível em: http://midas.revues.org/78 ; DOI : 10.4000/midas.78.

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que a gerou e consumiu. Nela podemos ver imagens e legendas escolhidas pelos governantes

de sua época que chegaram até os nossos dias mantendo seu caráter original, possibilitando a

identificação de sua data e local de produção. Toda moeda possui informações sobre a língua,

a forma de governo, a cultura e a situação econômica, que nos ajudam a entender o tempo de

sua criação, emissão e circulação. Por tratar-se de um item cotidiano, usado como forma de

medida e valoração de atividades comerciais, que, por sua vez, são relações elementares da

vida urbana, a moeda, para além de sua função primeira, pode ser entendida como um

dispositivo informacional do Estado, pois: “na antiguidade constituía o único suporte móvel

para fazer propaganda e enviar mensagens de maneira rápida à população que estava perto e à

que estava longe, posto que a moeda, por seu valor intrínseco, era querida em qualquer

âmbito”.5

Neste sentido, feitos, faces, expressões e palavras de afirmação eram transmitidas à

população de modo geral colaborando para a afirmação da identidade de um grupo e o

consequente reconhecimento da figura de autoridade que os regula e representa.

Cada vez mais observamos o diálogo da História com a Arqueologia, através dos

estudos de cultura material, como um olhar alternativo à tradição da documentação textual,

pois “a tendência das ciências humanas tem sido privilegiar a multiplicação de objetos, de

abordagens e, consequentemente, de fontes de informação”.6 A perspectiva histórica

tradicional tem sua metodologia limitada pela tipologia de fontes escritas comumente

utilizadas, que tendem a relatar pontos de vista específicos e carregados de subjetividade

acerca de um determinado assunto.

A documentação clássica, escrita ou visual, pode englobar amplos sectores da cultura material, mas só dá deles uma imagem reflectida, subjectiva e já interpretada, necessitando, portanto, de certa prudência. Com o próprio material, que se pode tocar, examinar e interpretar sem o perigo de erro devido à subjectividade da documentação.7

5 GARCÍA-BELLIDO, Maria Paz. La moneda, libro en imágenes de la ciudad. In: Olmos, Romera (ed.). La

sociedad ibérica a través de la imagen. Madrid: Ministerio de Cultura, 1992, p. 237 (tradução nossa). 6 FUNARI, Pedro Paulo. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes

Históricas. 2.e.d., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2010, p. 25. 7 BUCAILLE, Richard ; PESEZ, Jean-Marie. Cultura material. In: Enciclopédia Einaudi. Lisboa, IN-CM, 1989,

vol.16. Homo — Domesticação — Cultura Material, p. 11.

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Portanto, a análise de outras fontes documentais, através da perspectiva dos estudos de

cultura material, pode servir como metodologia de pesquisa para que seja possível almejar

outra forma de compreensão sobre o passado.

De acordo com Ulpiano Menezes, “o que importa é se temos elementos suficientes

para compor, instaurar, definir um sistema documental, que é produzido pela operação de

conhecimento do historiador [...] um sistema orgânico, passível de leitura”.8 Deste modo, as

cunhagens podem ser interpretadas como instrumentos passíveis de análise multidisciplinar

visando o entendimento de diferentes esferas de um determinado contexto histórico de modo a nos

permitir inferir padrões de comportamento social e econômico. Munidos com este pensamento,

encontramos no estudo da imagética contida nas moedas portuguesas e brasileiras do período

compreendido entre 1815 e 1822, um meio paralelo de estudo da ideologia de Estado durante

o contexto de existência do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves.

O meio circulante do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves

As primeiras cunhagens portuguesas foram feitas no reinado de D. Afonso I (1128-

1185) e a partir de então as moedas passariam a ser um dos atributos indispensáveis da

soberania. A partir da publicação das Ordenações Afonsinas, no século XV, foi assegurado o

direito régio exclusivo da cunhagem, considerando falsas as moedas feitas sem ordenação do

governante. Já no Brasil, eram encontradas diferentes moedas em seu território até a

inauguração da primeira Casa da Moeda da Bahia, em 1694, criada com a finalidade da

emissão da moeda provincial e regida pelo mesmo regime monetário da Casa da Moeda de

Lisboa.

No século XIX, após a transferência da corte portuguesa para o Brasil, D. João, ainda

como Príncipe Regente, alterou as relações existentes entre as duas regiões, elevando o Brasil

à mesma categoria de Reino e criando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Não

trataremos dos detalhes desta ação, mas deixamos claro que este feito modificou não apenas a

vida cotidiana no Brasil, mas de um modo geral, de todo o novo reino, pois reconheceu a

importância do Brasil como um centro de suas decisões políticas. No ano seguinte à elevação,

o Príncipe Regente deixou clara sua intenção de oficializar simbolicamente a união dos

8 MENESES, Ulpiano Bezerra de. A exposição museológica: reflexões sobre pontos críticos na prática

contemporânea. Ciências em Museus, Belém, n. 4, 1992, p. 109.

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Reinos através da Carta de Lei emitida em 13 de maio de 1816, em que foram criadas as

armas ao Reino do Brasil incorporando-as ao escudo real existente anteriormente, formando

assim o as Armas de Portugal, Brasil e Algarves:

Faço saber aos que a presente carta lei virem, que tendo sido servido unir os meus Reinos de Portugal Brazil e Algarves, para que juntos constituissem, como effectivamente constituem um só e mesmo Reino, é regular e consequente o incorporar em um sí Escudo Real as Armas de todos os tres Reinos (...) e occorrendo que para este effeito o meu Reino do Brazil ainda não tam Armas que caracterisem a bem merecida preeminencia a que me aprouve exaltal-o: Hei por bem, e me praz ordenar o seguinte. I. Que o Reino do Brazil tenha por Armas uma esphera armillar de ouro em campo azul. II. Que o escudo real Portugues, incripto na dita esphera armillar de ouro em campo azul, com uma Corôa sobreposta, fique sendo de hoje em diante as armas do Reino Unido de Portugal e do Brazil e Algarves, e das mais partes integrantes da minha Monarchia. III. Que estas novas armas sejam por conseguinte as que uniformemente se hajam de empregar em todos os estandartes, bandeiras, sellos reaes e cunhos de moedas, assim como em tudo mais em que até agora se tenha feito uso das armas precedentes [...].9

Em Portugal, os tipos monetários passam por alterações assim que D. João VI é

aclamado rei, em 1818. Na cunhagem brasileira, a legenda com o título “Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves”, substitui a anterior em uma emissão especial de 1816, formada

por somente cinco moedas (20, 40, 960, 4.000 e 6.400 réis). No entanto, seria apenas em 1818

que se padronizariam as emissões com a imagética estabelecida para o novo Reino, que

permaneceriam assim até a independência do Brasil, em 1822. Para demonstrar a utilização

destes elementos, escolhemos exemplares representantes das três casas que emitiram moedas

neste período em território brasileiro: Casa da Moeda da Bahia, Rio de Janeiro e Minas

Gerais, além disso, ainda selecionamos exemplares portugueses emitidos pela casa da moeda

de Lisboa.

Tanto no Brasil quanto em Portugal, a unidade básica de valor era o “real”, com o

plural “reais”, comumente chamado de “réis”. O “real” entrou em vigor em Portugal

substituindo o “dinheiro” no início do século XV. Foi estabelecido no Brasil, ainda no período

de dominação portuguesa, com sua denominação alterada definitivamente para “réis”.

No período do Reino Unido, os metais escolhidos para a produção monetária seguiam

o padrão dos metais utilizados nas cunhagens mundiais. O ouro, metal abundante no Brasil no

9 PORTUGAL, Carta de Lei de 13 de maio de 1816.

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século XVIII e responsável pelo período de riqueza para Portugal, foi utilizado nas moedas de

maiores valores. A prata foi outro metal importante nos períodos anteriores em todo o mundo

e com grande circulação no Brasil, graças as moedas de colônias espanholas que entravam no

território brasileiro devido ao comércio. O cobre e o bronze, utilizados em moedas de menor

valor, tornaram-se extremamente necessários para o comércio local e transações rotineiras,

pois não havia uma maneira do comércio se manter apenas com as moedas de grandes

valores.

A produção de moedas em Portugal possuía um padrão de valores diferenciado

daquele utilizado em território brasileiro. O quadro abaixo apresenta os valores praticados no

Brasil e em Portugal durante o período em questão, assim como os metais associados às

moedas.

Quadro 1 - Valores das amoedações utilizadas durante o período do Reino Unido

Brasil Portugal

Moedas de Ouro

Moedas de Ouro

• 6.400 réis (Peça) réis • 4.000 réis

• 6.400 réis (Peça) • 3.200 réis (Meia Peça) • 1.600 réis (Escudo) • 1.200 réis (Quartinho) • 800 réis (Meio Escudo) • 480 réis (Cruzado Novo – Pinto)

Moedas de Prata Moedas de Prata

• 960 réis (3 Patacas) • 640 réis (2 Patacas) • 320 réis (Pataca) • 160 réis • 80 réis

• 480 réis (Cruzado Novo) • 240 réis (12 Vinténs) • 120 réis (6 Vinténs) • 100 réis (Tostão) • 60 réis (3 Vinténs) • 50 réis (Meio Tostão)

Moedas de Cobre e Bronze Moedas de Cobre e Bronze

• 80 réis (LXXX) • 75 réis, • 40 réis (XL) • 37 ½ réis, • 20 réis (XX) • 10 réis (X)

• 40 réis (Pataco)* • 10 réis (X) • 5 réis (V) • 3 réis (III)

* Dentre as moedas listadas, a de 40 réis, o “Pataco”, é a única feita de bronze.

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Metodologia de seleção do acervo

A seleção dos exemplares constantes deste trabalho de pesquisa seguiu as seguintes

etapas metodológicas: consulta à referência bibliográfica; consulta ao inventário do Setor de

Numismática do Museu Histórico Nacional; checagem das peças do acervo; documentação

fotográfica das peças selecionadas e realização de ficha descritiva das mesmas.

Em primeiro lugar foi feita uma consulta aos catálogos numismáticos com o intuito de

levantar todos os tipos monetários que circularam no Brasil e em Portugal durante o período

compreendido entre 1815 e 1822, quando ambos faziam parte do contexto político do Reino

Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Após o levantamento bibliográfico, procedeu-se à consulta ao inventário de acervo do

Setor de Numismática do MHN com objetivo de verificar se havia exemplares dos tipos

monetários reconhecidos nas consultas aos catálogos.

Uma vez levantadas as peças do período citado constantes no inventário do Setor,

iniciou-se a conferência dos itens selecionados com o objetivo de escolher, dentre às

duplicatas, aquelas em melhor estado de conservação para facilitar os trabalhos de fotografia e

descrição das moedas.

As moedas em melhor estado de conservação foram higienizadas, fotografadas e

posteriormente agrupadas por material e data. Como algumas séries mantiveram-se

praticamente inalteradas durante o período de duração do Reino Unido, optou-se por não

repetir fotografias de exemplares que, apesar de apresentarem datas diferentes, utilizaram

modelo de cunho muito similar, conhecidas como variantes. Para cada um dos exemplares

selecionados foi feita uma ficha contendo as fotografias, descrição do anverso e reverso, o

valor da moeda, seu peso e diâmetro, bem como a indicação de seu material constituinte.

Análise das moedas

Após a análise das moedas selecionadas notamos a predominância de três elementos

imagéticos: a Cruz, as Armas do Reino e a Esfera Armilar. Ainda percebemos a alteração da

legenda, em que o nome “Brasil” foi inserido onde antes apareciam apenas Portugal e

Algarves. Pode-se perceber, ainda, a mudança na titulação de D. João, que figurava

anteriormente como Príncipe Regente e é apresentado na nova legenda como Rei D. João VI.

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O uso da Cruz de Cristo deveu-se à forte atuação da Ordem de Cristo durante o

período da expansão portuguesa. Em reconhecimento às ações da Ordem, D. Duarte ordenou

que as armadas levassem estandartes com as Armas Reais sobre a Cruz de Cristo em suas

velas, deste modo, essa cruz tornou-se um símbolo sagrado dos navegantes de Portugal.

Assim, quando os portugueses chegaram ao que seria o território do Brasil, trouxeram consigo

uma bandeira branca com a imagem da Cruz de Cristo vermelha em seu centro e, ao pisarem

em terra firme, nomearam as terras recém-descobertas Terra de Vera Cruz, ou Terra de Santa

Cruz.

A Cruz de Cristo, portanto, está associada ao território brasileiro desde o primeiro

momento da chegada dos portugueses e viria a figurar na emissão nacional desde o fim do

século XVII, nas primeiras cunhagens da Casa da Moeda da Bahia, em 1695. Durante o

período de existência do Reino Unido, este símbolo figura no reverso das moedas de 60(Ar),

120(Ar), 240(Ar), 480(Ar), 480 (Au) e 1200(Au) réis. Nas moedas cunhadas em solo

brasileiro, a Cruz de Cristo está presente no reverso de todas as nossas moedas de prata (80,

160, 320, 640 e 960 réis) posicionada sob as armas do Reino Unido (escudo português sobre

esfera armilar, encimado por coroa real). As moedas de 50 e 100 réis – cunhadas em Portugal

– mantiveram os campos do anverso e reverso com a mesma estrutura desde 1688, portanto,

as amoedações deste valor utilizam um modelo de cruz diferente, a cruz de São Jorge. Este

modelo de cruz pode ser visto também nas moedas brasileiras de 4.000 réis.

A esfera armilar, originalmente, foi um instrumento de astronomia amplamente

utilizado nas navegações. Trata-se de um complexo sistema de ilustração do movimento dos

astros em que as armilas – aros de metal que formam a esfera – indicam importantes marcos

referenciais como os trópicos e o Equador. O início da utilização deste instrumento como

símbolo remonta aos tempos do reinado de D. Manuel I, que o adotou como empresa ou

emblema pessoal. O rei utilizava a esfera armilar em todos os meios possíveis de divulgação,

como cartas, mapas, artes, arquitetura, entre outros. Os sucessores de D. Manuel mantiveram

o uso da esfera que, por ter sido empregada intensamente, acabou por tornar-se um símbolo

nacional de Portugal. Alguns domínios ultramarinos portugueses foram marcados com este

elemento e no Brasil não foi diferente. Podemos confirmar este uso observando a primeira

série de moedas cunhadas sob ordem de D. Pedro II de Portugal, entre 1695 e 1702, na Casa

da Moeda da Bahia, onde a esfera armilar é representada sobre uma cruz de Cristo nos

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reversos de todas as moedas produzidas em prata. O mesmo aconteceu em grande parte da

produção monetária de colônias portuguesas do Oriente.

Como já mencionado, as Armas do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves foram

criadas logo após a elevação do Brasil à categoria de reino. Formou-se por união das Armas

do reino de Portugal e Algarves com as recém-criadas Armas do Brasil, que tomaram a forma

de “uma esfera armilar de ouro em um campo azul”, conforme apontado anteriormente

através do trecho da Carta de Lei de 13 de maio de 1816. As Armas do novo reino ficaram,

portanto, identificadas por um escudo com 5 escudetes no campo (representação original de

Portugal) e 7 castelos na bordadura (representando o território de Algarves), sobre uma esfera

armilar, encimados por uma coroa real fechada.

Para obtermos uma melhor compreensão sobre as mensagens transmitidas pelo poder

real através das moedas é preciso voltar nossa atenção para além dos símbolos ali constantes e

mapearmos, ainda, as inscrições contidas nas legendas. Dentre as trinta e uma moedas que

compõe nosso universo de pesquisa, existem somente cinco variações do texto contido nas

legendas, conforme podemos observar no quadro abaixo:

Quadro 2 - Legendas e significados presentes no meio circulante do Reino Unido

Inscrição conforme

moeda

Inscrição sem

abreviações

Significado

“JOANNES. VI. D. G.

PORTUG.BRASIL. ET.

ALGARB. REX” 10

JOANNES SEXTUS DEI GRATIA PORTUGALIÆ

BRASILIÆ ET ALGARBIORUM REX

D. João sexto, por graça de Deus, Rei de Portugal e do

Brasil e Algarves

“IN HOC SIGNO

VINCES” IN HOC SIGNO VINCES Por este sinal vencerás

“SUBQ SIGN NATA

STAB”

SUBQUO SIGNO NATA STABILI

Sob esse sinal nasceu e permanecerá

“PECUNIA. TOTUM

CIRCUMIT. ORBEM”

PECUNIA TOTUM CIRCUMIT ORBEM

O dinheiro circula pelo mundo todo

“UTILITATI PUBLICÆ” UTILITATI PUBLICÆ Utilidade pública

Em primeiro lugar, podemos observar que a inscrição “JOANNES SEXTUS DEI

GRATIA PORTUGALIÆ BRASILIÆ ET ALGARBIORUM REX” está presente no anverso

de praticamente11 todas as moedas do período estudado. A face principal das moedas da época

cumpria o papel de informar aos cidadãos que “JOANNES SEXTUS” (D. João VI), por “DEI 10 As moedas analisadas apresentam breves alterações no modo de abreviação desta legenda. 11 Com excessão do Cruzado Novo (Pinto) português.

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GRATIA” (por graça de Deus), era o “REX” (Rei) dos territórios de “PORTUGALIÆ

BRASILIÆ ET ALGARBIORUM” (Portugal, Brasil e Algarves). Em outras palavras, nas

práticas comerciais cotidianas todos os usuários da moeda – ferramenta criada e regulada pelo

Estado – eram constantemente lembrados da figura da autoridade real, da extensão de seus

domínios e de sua associação com o poder divino. Associação esta, que pode ter suas raízes

traçadas até a idade média, e que tem, no século XVII, através das teorias do direito divino de

Bodin e Bussoet e da figura de Luís XIV, o “Rei Sol” francês, seu exemplo mais conhecido.

A inscrição “IN HOC SIGNO VINCES”, presente na grande maioria das moedas

cunhadas em Portugal no período, tem o papel de fortalecer a conexão entre o poder real e a

religião. O signo ao qual a inscrição – cuja tradução é: “Por este sinal vencerás” – se refere é a

Cruz de Cristo, que segundo a tradição teria aparecido, em sonho, ao imperador romano

Constantino I, no início do século quarto, na noite anterior à sua vitória sobre Magêncio na

disputa pelo controle do império romano do ocidente, no episódio que ficou conhecido como

Batalha da Ponte Mílvia. É interessante notar que a cruz, referência divina, figura somente nas

moedas de prata e ouro, o que torna possível inferirmos que o cobre, por ser um metal de

valor inferior, não fosse considerado material digno de carregar o símbolo máximo do

catolicismo.

A inscrição “SUBQUO SIGNO NATA STABILI” está presente no reverso da série de

moedas de prata conhecidas como “Patacas”. O signo ao qual a inscrição – cuja tradução é:

“Sob esse sinal nasceu e permanecerá” – se refere é a Cruz de Cristo sobreposta por uma

esfera armilar e escudo de armas de Portugal. Antes da criação do reino unido, as primeiras

moedas fabricadas em solo brasileiro – a mando da coroa portuguesa – na casa da moeda da

Bahia, em 1695, carregavam em seu reverso somente a Cruz de Cristo sobreposta por esfera

armilar acompanhadas da mesma legenda. O sinal, ao qual às inscrições dizem respeito, é o

conjunto composto, originalmente, pela cruz e pela esfera, e tem seu significado diretamente

relacionado ao conteúdo simbólico desses dois elementos conforme nos aponta Seixas:

A moeda provincial de prata, cunhada na oficina monetária da Baía entre 1695 e 1702, abrangia seis espécies, cujos valores de circulação eram de 640, 320, 160, 80, 40 e 20 réis. No reverso de todas estas espécies, figurava um tipo uniforme, tendo uma cruz de Cristo (comum à moeda da Metrópole) sotoposta a uma esfera armilar, cantonada pela legenda “SVBQ. SIGN. NATA. STAB.”. A legenda remete, num complexo jogo de palavras, para o nascimento do Brasil sob o signo da cruz (tanto pela introdução do Cristianismo como pelo próprio topónimo fundacional) e da

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esfera armilar (tomada portanto como símbolo dos reinados de D.Manuel I e, talvez, de D. João III).12

Dentre todas as amoedações analisadas do período do Reino Unido de Portugal, Brasil

e Algarves, apenas a moeda portuguesa de 40 réis, conhecida como “Pataco”, apresenta uma

legenda única, cujo uso não se repete em nenhum outro valor: “UTILITATI PUBLICÆ”.

Estas palavras, que podem ser traduzidas como “utilidade pública” ou “para utilidade

pública”, tem relação direta com o propósito de criação da moeda. Esta pesada moeda de

bronze foi um recurso utilizado desde 1811, pelo Estado português, para sanar problemas

econômicos de ordens variadas.

As amoedações com valores de 10, 20, 37 ½, 40, 75 e 80 réis, cunhadas em cobre, a

partir de 1818 no Brasil, apresentavam no reverso a legenda: “PECUNIA TOTUM

CIRCUMIT ORBEM”, que pode ser traduzida como “o dinheiro circula pelo mundo todo”.

Por possuírem menor valor comercial, essas moedas eram, certamente, as mais vistas pela

grande maioria da população. Não há uma explicação definitiva para a seleção dos dizeres

destes valores, mas a questão da circulação do dinheiro pode, entretanto, ser associada à

intenção do Estado sob duas óticas diferentes: a primeira diz respeito à afirmação frente aos

súditos acerca da grandiosidade dos domínios da Coroa que, à época, espalhavam-se por 4

continentes; em segundo lugar, a legenda em questão pode ser encarada como uma orientação

para a dinamização da economia através da circulação da moeda, haja visto que em diferentes

ocasiões tanto a capital quanto as colônias passaram por dificuldades devido à escassez de

meio circulante.

Uma questão que foge ao teor das legendas, mas é de importante compreensão para o

pesquisador que se depara com as moedas produzidas em território Português, durante o

período em questão, é o acréscimo percentual dos seus valores. Algumas amoedações da

época – como mostra o quadro abaixo – apresentavam valores diferentes dos praticados.

12 SEIXAS, Miguel Metelo. As Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Olisipo, Lisboa, II série, n.º 14, 2001, p. 116.

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Quadro 3 - Conversão de valores das moedas cunhadas em Portugal

Valor constante na moeda Valor praticado

“XXXX” 50 réis

“LXXX” 100 réis

“200” 240 réis

“400” (prata) 480 réis

“400” (ouro) 480 réis

“1000” 1200 réis

Essa diferença, entre o que consta na moeda e seu valor de mercado, deve-se a uma

legislação expedida pelo Rei Pedro II de Portugal mais de um século antes de nosso período

de estudo. Em 4 de agosto de 1688, o então rei português levantou em 20% o valor das

moedas de prata e ouro correntes do reinado. O objetivo desta mudança conta no próprio

conteúdo da lei: “desejando dar remedio aos damnos, que actualmente padecem meus

vassallos na reducção das moedas de prata cerceadas, & nas de ouro das fabricas antiguas, que

mandei correr a pezo, emquanto senaõ reduziaõ”.13

Não cabe aqui discutir as questões econômicas que levaram à criação da supracitada

legislação que alterou o valor corrente das moedas14, tampouco discutir os motivos de sua

longa vigência. Cabe-nos tentar minimizar a confusão causada, em consequência da mesma,

no momento de apreciação das moedas.

Considerações finais

Em um contexto em que a grande maioria da população era analfabeta e os

domínios vastos, distantes e, portanto, habitados por grupos com referenciais culturais

totalmente distintas, os símbolos adotados pelo Estado certamente tiveram papel de destaque

na afirmação do Poder Real e na configuração de um sentimento – ainda que frágil – de

unidade entre os territórios. Neste sentido, a moeda, talvez o mais cotidiano dos itens da vida

13 PORTUGAL, Lei monetária de 4 de agosto de 1688. 14 Para melhor compreensão destes aspectos, consultar: LIMA, Fernando Carlos Greenhalgh de Cerqueira. A lei de cunhagem de 4 de agosto de 1688 e a emissão de moeda provincial no Brasil (1695-1702): um episódio da história monetária do Brasil. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, n. 9(2), maio/agosto, 2005, p. 385-410.

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urbana, tornou-se o veículo ideal para a comunicação da ideologia da Coroa, ou pelo menos,

para impor o reconhecimento de seu poder a seus súditos às vezes tão distantes.

Encarar a moeda – especialmente as anteriores ao século XX – como um simples

instrumento destinado a facilitar a troca comercial é, portanto, observar um mero aspecto

utilitário do objeto, frente ao amplo leque de informações ali dispostas. Uma análise histórica

orientada a problematização do objeto – no caso, as moedas – como fonte documental nos

permite perceber características cruciais do contexto sociopolítico do Reino Unido, tais como:

a proximidade entre o Estado e a Igreja, a necessidade de difusão da imagem do regente, a

escassez das cunhagens e a afirmação dos domínios territoriais.

Aliar documento e objeto, forma e uso, contexto e informação, de modo a

construir um discurso baseado em evidências e o mais distante possível da subjetividade,

assim como tornar este produto acessível e palatável para o público geral, é um compromisso

que deve estar sempre regendo as atividades das instituições de cultura e aqueles que ali

prestam serviços.

O período histórico do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves já foi

amplamente estudado e debatido com base nas fontes historiográficas tradicionais. Porém,

acreditamos que ainda há muito a muito a ser construído – ou desconstruído – sobre esse

momento de nossa história. Nesse capítulo, intencionamos encarar a moeda como fonte

primária de informação de modo a fornecer dados que julgamos ser de grande importância

para futuras pesquisas.

Referências bibliográficas

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CURY, Marília Xavier. Exposição: concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2005.

DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François (Ed.). Conceitos-chave de Museologia. Tradução e comentários de Bruno Brulon Soares e Marília Xavier Cury. São Paulo: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2013.

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FUNARI, Pedro Paulo. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 2.e.d., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2010.

GARCÍA-BELLIDO, Maria Paz. La moneda, libro en imágenes de la ciudad. In: Olmos, Romera (ed.). La sociedad ibérica a través de la imagen. Madrid: Ministerio de Cultura, p. 237-249, 1992.

GUARNIERI, Waldisa Russio Camargo. Conceito de cultura e sua inter-relação com o patrimônio cultural e a preservação. Cadernos Museológicos, Rio de Janeiro, n. 3, p. 7-12, 1990.

LIMA, Fernando Carlos Greenhalgh de Cerqueira. A lei de cunhagem de 4 de agosto de 1688 e a emissão de moeda provincial no Brasil (1695-1702): um episódio da história monetária do Brasil. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, n. 9(2), 385-410, maio/agosto, 2005.

LOUREIRO, Maria Lucia de Niemeyer Matheus; LOUREIRO, José Mauro Matheus. Documento e musealização: entretecendo conceitos. Midas [Online], 1, 2013. Disponível em: URL: http://midas.revues.org/78 ; DOI: 10.4000/midas.78 .

MENESES, Ulpiano Bezerra de. A exposição museológica: reflexões sobre pontos críticos na prática contemporânea. Ciências em Museus, Belém, n. 4, p. 103-120, 1992.

NASCIMENTO, Rosana. O objeto museal como objeto de conhecimento. Cadernos de

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SEIXAS, Miguel Metelo. As Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Olisipo, Lisboa, II série, n. 14, 2001, p. 110-127.

SOUSA, Rita Martins de. Moeda e Estado: políticas monetárias e determinantes da procura (1688-1797). Instituto Superior de Economia e Gestão. Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa: Iseg, 2001.

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ANEXO

1805-1817, Casa da Moeda do Rio - Ouro

Anverso

Reverso

6400 Réis 1816 Ouro Ø32,14mm Peso 14,34g

Anverso:

No campo Busto do Príncipe

Regente D. João VI, orientado à

direita, orlado pela legenda

JOANNES. D. G. PORT. BRAS. ET.

ALG. P. REGENS, e letra

monetária “R”.

* Série especial com inclusão do

Brasil na legenda

Reverso:

Escudo nacional português encimado

por Coroa Real

1818-1824, Casa da Moeda de Lisboa - Ouro

Anverso

Reverso

6400 Réis 1819 Ouro Ø31,5mm Peso 14,34g

Anverso:

No campo Busto do Príncipe

Regente D. João VI, orientado à

direita, orlado pela legenda

JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.

ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, Brasão do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves, encimado

pela Coroa Real, ladeado por ramos de

café e tabaco entrelaçados nas

extremidades inferiores.

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1805-1817, Casa da Moeda do Rio de Janeiro - Ouro

Anverso

Reverso

4000 Réis 1816 Ouro Ø35,01mm Peso 8,06g

Anverso:

No campo, escudo nacional

português encimado por Coroa

Real e ladeado, à esquerda, pelo

valor 4000 entre pontos e, à

direita, por três florões entre

pontos. Na orla, a legenda

JOANNES. D. G. PORT. BRAS. ET.

ALG

* Série especial com inclusão do

Brasil na legenda

Reverso:

No campo, cruz grega vazada envolta

por caderna de crescentes

entrelaçadas. Na orla, o ano, 1816,

ladeador por florões, e a legenda

PRINCEPS. REGENS. ANNO

1818-1822, Reino Unido, Casa da Moeda do Rio de Janeiro - Ouro

Anverso

Reverso

4000 Réis 1819 Ouro Ø27mm Peso 8,06g

Anverso:

No campo, Brasão do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves, encimado pela Coroa

Real, ladeado por ramos de café

e tabaco que se cruzam nas

extremidades inferiores sobre o

valor 4000.

Reverso:

No campo, cruz grega vazada envolta

por caderna de crescentes

entrelaçadas. Na orla, o ano, 1819,

ladeado por florões, e a legenda

JOANNES.VI.D.G.PORT.BRAS.ET.ALG.REX

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1818-1821, Quartinho, Reino Unido, Casa da Moeda de lisboa - Ouro

Anverso

Reverso

1200 Réis 1819 Ouro Ø18mm Peso 2,69g

Anverso:

No campo, Brasão do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves, encimado pela Coroa

Real que dividem a disposição

do valor, 1000, de modo que os

dois primeiros algarismos

estejam à esquerda das armas e

da coroa e os dois últimos, à

direita. Na orla a inscrição

JOANNES. VI. D. G. PORT.

BRASIL. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, Cruz de Jerusalém com

florões nas angulações. Na orla, o ano,

1819, ladeado por florões, e a legenda

IN.HOC.SIGNO.VINCES

1818-1821, ½ Escudo, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Ouro

Anverso

Reverso

800 Réis 1818 Ouro Ø17mm Peso 1,79g

Anverso:

No campo, busto laureado de D.

João VI, orientado à direita. Na

legenda a inscrição JOANNES.

VI. D. G. PORT. BRASIL. ET. ALG.

REX.

Reverso:

No campo, Brasão do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves, encimado

pela Coroa Real, ladeado por ramos de

café e tabaco que se cruzam nas

extremidades inferiores.

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1818, 1819 e 1821, Escudo, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Ouro

Anverso

Reverso

1600 Réis 1821 Ouro Ø20mm Peso3,58g

Anverso:

No campo, busto laureado de D.

João VI, orientado à direita. Na

legenda a inscrição JOANNES. VI.

D. G. PORT. BRASIL. ET. ALG.

REX.

Reverso:

No campo, Brasão do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves, encimado

pela Coroa Real, ladeado por ramos de

café e tabaco que se cruzam nas

extremidades inferiores.

1818-1821, Cruzado Novo (Pinto), Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Ouro

Anverso

Reverso

480 Réis 1821 Ouro Ø14mm Peso 1,07g

Anverso:

No campo, a inscrição JOAN VI,

encimada por Coroa Real e

ladeada por ramos de louro que

se cruzam na extremidade

inferior. No exergo, abaixo dos

ramos, o valor, “400”.

Reverso:

No campo, Cruz de Jerusalém com

florões nas angulações. Na orla, o ano,

1821, ladeado por florões, e a legenda

IN.HOC.SIGNO.VINCES

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S/D, Meio Tostão, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata

Anverso

Reverso

50 réis S/D Prata Ø17mm Peso 1,53g

Anverso:

No campo, o valor XXXX,

encimado por Coroa Real e dois

florões posicionados na altura

do diadema. Um florão entre

pontos abaixo do valor. Na orla

a inscrição JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRASIL. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, cruz grega com florões nas

angulações. Na orla, um florão entre

pontos na parte superior e a legenda IN

HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras

separadas por florões.

S/D, Três Vinténs, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata

Anverso

Reverso

60 Réis S/D Prata Ø18mm Peso 1,84g

Anverso:

No campo, Brasão do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves, encimado pela Coroa

Real. Na orla a inscrição

JOANNES. VI. D. G. PORT.

BRASIL. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, Cruz de Jerusalém com

florões nas angulações. Na orla, três

florões na parte superior e a legenda IN

HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras

separadas por florões.

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S/D, Tostão, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata

Anverso

Reverso

100 réis S/D Prata Ø22mm Peso 3,06g

Anverso:

No campo, o valor LXXX,

encimado por Coroa Real e dois

florões posicionados na altura

do diadema. Um florão entre

pontos abaixo do valor. Na orla

a inscrição JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRASIL. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, cruz grega com florões nas

angulações. Na orla, um florão entre

pontos na parte superior e a legenda IN

HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras

separadas por florões.

S/D, Seis Vinténs, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata

Anverso

Reverso

120 Réis S/D Prata Ø23,5mm Peso 3,67g

Anverso:

No campo, Brasão do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves, encimado pela Coroa

Real. Na orla a inscrição

JOANNES. VI. D. G. PORT.

BRASIL. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, Cruz de Jerusalém com

florões nas angulações. Na orla, três

florões na parte superior e a legenda IN

HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras

separadas por florões.

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1818, 1820 e 1821, 12 Vinténs, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata

Anverso

Reverso

240 Réis 1818 Prata Ø29,5mm Peso 7,34g

Anverso:

No campo, Brasão do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves, encimado pela Coroa

Real e ladeado, à esquerda, pelo

valor, 200, entre florões e, à

direita, pela data, 1818, também

entre florões. Na orla a

inscrição JOANNES. VI. D. G.

PORTUG. BRASIL. ET. ALGARB.

REX.

Reverso:

No campo, Cruz de Jerusalém com

florões nas angulações. Na orla, três

florões na parte superior e a legenda IN

HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras

separadas por florões.

1818-1825, Cruzado Novo, Reino Unido, Casa da Moeda de Lisboa - Prata

Anverso

Reverso

480 Réis 1820 Prata Ø35mm Peso 14,68g

Anverso:

No campo, Brasão do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves, encimado pela Coroa

Real e ladeado, à esquerda, pelo

valor, 400, entre florões e, à

direita, pela data, 1820,

também entre florões. Na orla a

inscrição JOANNES. VI. D. G.

PORTUG. BRASIL. ET. ALGARB.

REX.

Reverso:

No campo, Cruz de Jerusalém com

florões nas angulações. Na orla, três

florões na parte superior e a legenda IN

HOC SIGNO VINCES, sendo as palavras

separadas por florões.

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1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata

Anverso

Reverso

960 Réis 1818 Prata Ø40mm Peso26,80g

Anverso:

No campo o valor, 960,

encimado por coroa real

arrematada de cruz latina

singela, ladeado por dois ramos

frutificados de louro que se

cruzam na parte inferior. Abaixo

do valor constam a data, 1818, e

a letra “R”, que remete à casa

da moeda do Rio de Janeiro,

ladeada por dois florões.

Legenda: JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRAS. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, cruz pátea sobreposta por

esfera armilar e escudo de portugal

(armas do Reino Unido de Portugal,

Brasil e Algarves). Apresenta a legenda

“SUBQ. SIGN. NATA. STAB.” com as

expressões posicionadas entre os

braços da cruz

1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata

Anverso

Reverso

640 Réis 1818 Prata Ø37mm Peso 17,92g

Anverso:

No campo o valor, 640,

encimado por coroa real

arrematada de cruz latina

singela, ladeado por dois ramos

frutificados de louro que se

cruzam na parte inferior. Abaixo

do valor constam a data, 1818, e

a letra “R”, que remete à casa

da moeda do Rio de Janeiro,

ladeada por dois florões.

Legenda: JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRAS. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, cruz pátea sobreposta por

esfera armilar e escudo de portugal.

Apresenta a legenda “SUBQ. SIGN.

NATA. STAB.” com as expressões

posicionadas entre os braços da cruz

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1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata

Anverso

Reverso

320 Réis 1819 Prata Ø31mm Peso 8,96g

Anverso:

No campo o valor, 320,

encimado por coroa real

arrematada de cruz latina

singela, ladeado por dois ramos

frutificados de louro que se

cruzam na parte inferior. Abaixo

do valor constam a data, 1818, e

a letra “R”, que remete à casa da

moeda do Rio de Janeiro,

ladeada por dois florões.

Legenda: JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRAS. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, cruz pátea sobreposta por

esfera armilar e escudo de portugal.

Apresenta a legenda “SUBQ. SIGN.

NATA. STAB.” com as expressões

posicionadas entre os braços da cruz

1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata

Anverso

Reverso

160 Réis 1818 Prata Ø25mm Peso 4,48g

Anverso:

No campo o valor, 160,

encimado por coroa real

arrematada de cruz latina

singela, ladeado por dois ramos

frutificados de louro que se

cruzam na parte inferior. Abaixo

do valor constam a data, 1818, e

a letra “R”, que remete à casa

da moeda do Rio de Janeiro,

ladeada por dois florões.

Legenda: JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRAS. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, cruz pátea sobreposta por

esfera armilar e escudo de portugal.

Apresenta a legenda “SUBQ. SIGN.

NATA. STAB.” com as expressões

posicionadas entre os braços da cruz

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1818-1822, Patacas, Casa da Moeda do Rio, Prata

Anverso

Reverso

80 Réis 1818 Prata Ø20mm Peso 2,24g

Anverso:

No campo o valor, 80, encimado

por coroa real arrematada de

cruz latina singela, ladeado por

dois ramos frutificados de louro

que se cruzam na parte inferior.

Abaixo do valor constam a data,

1818, e a letra “R”, que remete

à casa da moeda do Rio de

Janeiro, ladeada por dois

florões. Legenda: JOANNES. VI.

D. G. PORT. BRAS. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, cruz pátea sobreposta por

esfera armilar e escudo de portugal.

Apresenta a legenda “SUBQ. SIGN.

NATA. STAB.” com as expressões

posicionadas entre os braços da cruz

1820-1823, Casa da Moeda da Bahia, Cobre

Anverso

Reverso

80 Réis 1820 Cobre Ø41mm Peso 28,68g

Anverso:

No campo o valor, LXXX,

encimado por coroa real. Abaixo

do valor constam a data, 1820,

ladeada por florões, e a letra

“B”, que remete à casa da

moeda da Bahia, ladeada por

dois pontos. O valor, a data e a

letra monetária encontram-se

envoltos por colar de pérolas

cuja parte superior é sobreposta

pela coroa real. Legenda:

JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.

ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, as armas do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a

legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.

ORBEM”

Revista Tempo Amazônico

Revista Tempo Amazônico - ISSN 2357-7274| V. 3 | N.1 | julho-dezembro de 2015 | p. 128-158

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1818, 1819 e 1821, Casa da Moeda de Minas Gerais, Cobre

Anverso

Reverso

37,5 Réis 1819 Cobre Ø30mm Peso 7,17g

Anverso:

No campo o valor, 37 e 1/2 ,

ladeado por florões e encimado

por coroa real. Abaixo do valor

constam a data, 1819, e a letra

“M”, que remete à casa da

moeda de Minas Gerais, ambos

entre pontos. O valor, a data e a

letra monetária encontram-se

envoltos por colar de pérolas

cuja parte superior é sobreposta

pela coroa real. Legenda:

JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.

ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, as armas do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a

legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.

ORBEM”

* Reverso Invertido

1818, 1819 e 1821, Casa da Moeda de Minas Gerais, Cobre

Anverso

Reverso

75 Réis 1819 Cobre Ø35mm Peso 14,34g

Anverso:

No campo o valor, 75, ladeado

por florões e encimado por

coroa real. Abaixo do valor

constam a data, 1819, ladeada

por florões, e a letra “M”, que

remete à casa da moeda de

Minas Gerais, entre pontos. O

valor, a data e a letra monetária

encontram-se envoltos por colar

de pérolas cuja parte superior é

sobreposta pela coroa real.

Legenda: JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRAS. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, as armas do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a

legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.

ORBEM”

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1818-1822, Casa da Moeda do Rio de Janeiro, Cobre

Anverso

Reverso

10 Réis 1818 Cobre Ø25mm Peso 3,58g

Anverso:

No campo o valor, X, ladeado

por florões e encimado por

coroa real. Abaixo do valor

constam a data, 1818, ladeada

por florões, e a letra “M”, que

remete à casa da moeda de

Minas Gerais, entre pontos. O

valor, a data e a letra monetária

encontram-se envoltos por colar

de pérolas cuja parte superior é

sobreposta pela coroa real.

Legenda: JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRAS. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, as armas do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a

legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.

ORBEM”

1818-1822, Casa da Moeda do Rio de Janeiro, Cobre

Anverso

Reverso

XL Réis 1818 Cobre Ø35mm Peso 14,34g

Anverso:

No campo o valor, XL, ladeado e

entremeado por florões e

encimado por coroa real. Abaixo

do valor constam a data, 1818,

ladeada por florões, e a letra

“R”, que remete à casa da

moeda do Rio de Janeiro, entre

pontos. O valor, a data e a letra

monetária encontram-se

envoltos por colar de pérolas

cuja parte superior é sobreposta

pela coroa real. Legenda:

JOANNES. VI. D. G. PORT. BRAS.

ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, as armas do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a

legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.

ORBEM”

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1818-1822, Casa da Moeda do Rio de Janeiro, Cobre

Anverso

Reverso

XX Réis 1818 Cobre Ø30mm Peso 7,17g

Anverso:

No campo o valor, XX, ladeado e

entremeado por florões e

encimado por coroa real. Abaixo

do valor constam a data, 1818, e

a letra “R”, que remete à casa

da moeda do Rio de Janeiro,

com ponto à esquerda. O valor,

a data e a letra monetária

encontram-se envoltos por colar

de pérolas cuja parte superior é

sobreposta pela coroa real.

Legenda: JOANNES. VI. D. G.

PORT. BRAS. ET. ALG. REX.

Reverso:

No campo, as armas do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves. Apresenta a

legenda “PECUNIA. TOTUM. CIRCUMIT.

ORBEM”

1818, Casa da Moeda de Lisboa, Cobre

Anverso

Reverso

III Réis 1818 Cobre Ø25mm Peso 4,30g

Anverso:

No campo, as armas do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves encimada por Coroa

Real. Apresenta a legenda

“JOANNES.VI.DEI.GRATIA”

Reverso:

No campo o valor, III, encimado por florão,

e a data 1818, arrematada por florão,

ambos entre ramos de louro entrelaçados

na extremidade inferior. Na orla a legenda

“✤PORTUGALIÆ.BRASILIÆ.ET.ALGARB.REX”

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1818, 1819,1820, 1823 e 1824, Casa da Moeda de Lisboa, Cobre

Anverso

Reverso

V Réis 1820 Cobre Ø30mm Peso 5,7g

Anverso:

No campo, as armas do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves encimada por Coroa

Real. Apresenta a legenda

“JOANNES.VI.DEI.GRATIA”

Reverso:

No campo o valor, V, e a data 1820 - sendo

os dois primeiro algarismos posicionados à

esquerda do valor e os dois últimos, à

direita -, entre ramos de louro entrelaçados

na extremidade inferior. Na orla a legenda

“✤PORTUGALIÆ.BRASILIÆ.ET.ALGARB.REX”

1818, 1819,1820, 1822, 1823 e 1824 Casa da Moeda de Lisboa, Cobre

Anverso

Reverso

X Réis 1819 Cobre Ø35mm Peso 12g

Anverso:

No campo, as armas do Reino

Unido de Portugal, Brasil e

Algarves encimada por Coroa

Real. Apresenta a legenda

“JOANNES.VI.DEI.GRATIA”

Reverso:

No campo o valor, X, e a data 1819 - sendo

os dois primeiro algarismos posicionados à

esquerda do valor e os dois últimos, à

direita -, entre ramos de louro entrelaçados

na extremidade inferior. Na orla a legenda

“✤PORTUGALIÆ.BRASILIÆ.ET.ALGARB.REX”

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1819-1825, Pataco, Casa da Moeda de Lisboa, Bronze

Anverso

Reverso

40 Réis 1820 Cobre Ø36mm Peso 38,40 g

Anverso:

No campo, busto laureado de

D. João VI, orientado à direita.

No exergo, a data, 1820. Na

orla, a inscrição

JOANNES.VI.D.G. PORT. BR.

ET. ALG. R.

Reverso:

No campo, as armas do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves encimada por

Coroa Real. No exergo, o valor, 40. Na orla, a

inscrição “UTILITATI PUBLICAE”